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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
FATORES CRÍTICOS A SEREM CONSIDERADOS NAS
ANÁLISES ECONÔMICAS DE PROJETOS DE PRODUÇÃO DE
PETRÓLEO E GÁS
Por: Leonardo Albuquerque Presler Cravo
Orientador
Prof. Luiz Cláudio Alves
Rio de Janeiro
2010
2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
FATORES CRÍTICOS A SEREM CONSIDERADOS NAS
ANÁLISES ECONÔMICAS DE PROJETOS DE PRODUÇÃO DE
PETRÓLEO E GÁS
Apresentação de monografia à Universidade
Candido Mendes como requisito parcial para
obtenção do grau de especialista em Gestão de
Projetos
Por: Leonardo Albuquerque Presler Cravo
3
AGRADECIMENTOS
Gostaria de agradecer a amiga
Danielle Fernandes, que me incentivou
a entrar neste curso.
4
DEDICATÓRIA
Gostaria de dedicar este trabalho aos
meus pais Geraldo e Marize. Sem eles
este trabalho não seria possível.
5
RESUMO
O objetivo deste estudo é mostrar alguns fatores relevantes que devem
ser considerados para uma análise correta do Fluxo de Caixa dos projetos de
E&P (Exploração e Produção) das empresas produtoras de Petróleo e Gás no
Brasil. Encontrar uma nova reserva de Petróleo ou Gás não é sinônimo de
Lucro garantido. É necessário avaliar os Custos Operacionais para a
Exploração, os Investimentos (que na área de Petróleo e Gás são bastante
altos), a Carga Tributária Brasileira, Fatores Externos como Taxa de Câmbio, o
Preço do Óleo/Gás que será produzido e vendido, e o cálculo do VPL do
Projeto. Todos estes itens serão descritos e detalhados no decorrer desta
monografia.
6
METODOLOGIA
A metodologia utilizada baseou-se em leitura de manuais empresariais,
leitura da legislação que regulamenta as atividades de E&P no Brasil e
consulta de materiais disponíveis na internet.
7
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I – Sobre Análise Econômica 09
CAPÍTULO II – Mecanismos da Análise Econômica 11
CAPÍTULO III – Custos e Despesas em Projetos de E&P 19
CAPÍTULO IV – Tributação do Petróleo 22
CAPÍTULO V – Meio Ambiente 29
CAPÍTULO VI – Utilização de Capital de Terceiros 33
CONCLUSÃO 39
BIBLIOGRAFIA 40
ÍNDICE 41
FOLHA DE AVALIAÇÃO 44
INTRODUÇÃO
8
Com o passar do tempo a concorrência entre empresas tem se tornado
mais acirrada, exigindo métodos cada vez mais sofisticados na disputa pelos
mercados. Saber investir corretamente os recursos disponíveis em Projetos
realmente rentáveis é a chave do sucesso das organizações.
Hoje se fala bastante em Gestão de Projetos, que é a aplicação do
conhecimento, habilidades, ferramentas e técnicas às atividades do projeto a
fim de atender aos seus requisitos. Mas como saber de antemão se um projeto
será suficientemente rentável a um a empresa? Em quanto tempo a empresa
irá recuperar o investimento realizado?
A resposta para estas questões é: Fazer uma Análise Econômico-Financeira
correta dos Projetos de Investimentos das Empresas.
9
CAPÍTULO I
SOBRE ANÁLISE ECONÔMICA
Analisar a viabilidade econômico-financeira de um projeto significa
estimar e analisar as perspectivas de desempenho financeiro do produto
resultante do projeto. Essa análise é de certa forma iniciada na própria
definição do portfólio, na fase de Planejamento Estratégico do Produto, pois,
ao escolher um dos produtos para ser desenvolvido, acredita-se, que com os
dados disponíveis até então, na viabilidade econômico-financeira de seu
projeto.
Na atividade do Planejamento do Projeto, são definidos os principais
indicadores financeiros do projeto relacionados com o produto final, tais como
o custo do produto, as previsões de retorno do investimento e a análise de
suas características, o Valor Presente Líquido – VPL, a Taxa Interna de
Retorno – TIR, Método do payback e o Fluxo de Caixa esperado com o novo
produto.
Essa análise da viabilidade econômico-financeira realizada durante o
Planejamento do Projeto é a referencia inicial para as fases seguintes, no
desenvolvimento do produto propriamente dito, torna-se um dos critérios mais
importantes para se manter a decisão de executar o projeto.
Existe a necessidade de uma revisão periódica dessa analise ao longo
do projeto, pois na atividade de Planejamento do Projeto, estão disponíveis
apenas informações preliminares, e, portanto, passives de mudanças, sobre o
ambiente em que o produto irá ser inserido. À medida que as fases do
desenvolvimento vão ocorrendo, aproximam-se as condições reais do
momento de lançamento do produto, e, portanto, vão aumentando as certezas
quanto as características que o produto deve adotar, sua atividade e
receptividade no mercado, as condições desse mercado (concorrência efetiva,
10surgimento de novas tendências, mudanças econômicas etc), e sua relação
quanto a preço/volume. Sendo assim, a análise de viabilidade econômico-
financeira pode ser refinada e confrontada com a inicialmente planejada, para
efeitos de aprendizado quanto à capacidade de previsão no início de um
projeto.
Essa revisão da viabilidade econômico-financeira ocorre ao final de cada
uma das fases do desenvolvimento do produto. Pode também ocorrer a
qualquer momento, quando grandes modificações ao projeto assim
demandarem, para se verificar se o produto continuará financeiramente viável
ou não.
O principal elemento que justifica a existência de uma empresa é a geração
de lucro. Para os investidores, porém, não basta que o projeto tenha um
resultado positivo. Para um projeto de desenvolvimento ser atrativo, é preciso
que a quantidade de lucro gerado, o retorno do projeto, seja melhor do que
aquele que a empresa poderia obter com outros investimentos, por exemplo,
aplicando no mercado financeiro. Portanto, a essência da avaliação
econômico-financeira é medir o retorno do projeto de maneira comparável com
outros investimentos.
CAPÍTULO II
11
MECANISMOS DA ANÁLISE ECONÔMICA
O primeiro passo para a realização da análise econômica é a montagem do
fluxo de caixa, isto é, a definição do fluxo de entradas e saídas de dinheiro
durante o ciclo de vida planejado para o produto.
2.1 Fluxo de Caixa
De acordo com Martinovich, fluxo de caixa é um instrumento gerencial
fundamental na tomada de decisões empresariais. Seus objetivos são a coleta
e a organização dos dados e a geração de subsídios, para a análise de
desempenho financeiro e para a realização de previsões orçamentárias. Os
três componentes principais de um fluxo de caixa são:
Por mais complexos e diferentes que sejam os projetos a serem
analisados, todos eles podem ser representados por um fluxo de caixa, ou
seja, entradas e saídas de capital, divididas em várias categorias e dispostos
em um horizonte temporal.
A análise empresarial de um projeto deve se fundamentar na avaliação de
seu fluxo de caixa líquido, cuja estimativa baseia-se no conceito de análise
incremental, que pressupõe a comparação de duas situações:
• fluxo de caixa da empresa com o projeto;
• fluxo de caixa da empresa sem o projeto.
Assim, a análise do projeto deve considerar o impacto dos investimentos,
custos operacionais, tributos e da receita entre as duas situações.
O resultado é o fluxo de caixa líquido, que apresenta o investimento, os custos
e os ganhos adicionais previstos em relação a não se realizar o investimento
que o projeto gera ao longo de sua vida econômica. Analisando-se o projeto
dessa forma, os indicadores econômicos evidenciarão seus méritos dentro de
12uma visão integrada, ou seja, seu impacto sobre a situação econômico-
financeira da empresa.
Inicialmente, a análise do fluxo de caixa líquido do projeto deve ser feita
sem considerar a possibilidade de financiamento específico ao projeto, pois,
dessa forma, pode-se avaliar a rentabilidade intrínseca do projeto. Nessa ótica,
considera-se que o projeto não irá alterar a estrutura de capital da empresa e
irá obter benefícios fiscais médios já obtidos normalmente no financiamento da
empresa.
Deve-se, portanto, efetuar a análise empresarial de projetos de
investimento, inicialmente, sem considerar o financiamento específico ao
projeto, pois, caso contrário, ao se incorporarem os efeitos dos financiamentos
no fluxo de caixa líquido, pode-se aprovar um projeto com baixa rentabilidade
econômica em virtude da mistura dos fluxos financeiros e econômicos, que
apresentam riscos diferentes, estar melhorando seus indicadores.
Uma vez que o projeto demonstre sua viabilidade econômica sem a
utilização de financiamento específico e na medida em que o planejamento
financeiro identifique uma fonte potencial de captação de recursos de terceiros
em condições mais favoráveis que as condições convencionais de mercado,
pode-se estruturar e analisar o fluxo de caixa do financiamento, cujo risco está
ligado ao risco de crédito do emissor da dívida e não ao risco do projeto.
O intervalo para o cálculo do Fluxo de Caixa depende da duração do ciclo
de vida do produto. Um produto industrial em geral é planejado para ficar
alguns anos no mercado e, por isso, o período utilizado é normalmente anual.
Calculados esses valores, eles serão somados, obtendo-se um valor final do
fluxo de dinheiro esperado na empresa.
2.2 Valor Presente Líquido – VPL
13Método para análise de investimentos que determina o valor presente de
pagamentos futuros. Este método consiste em uma fórmula matemático-
financeira em que o valor dos investimentos e do fluxo de caixa atual e futuro
são convertidos para um valor equivalente na data atual por meio de uma taxa
de conversão. Esta conversão é devido ao fato do poder aquisitivo do dinheiro
sofrer alterações com o passar do tempo.
A taxa de conversão utilizada neste método é a Taxa Mínima de
Atratividade (TMA). O Valor Presente Líquido de um projeto de investimento
possui as seguintes possibilidades de resultado:
• Maior do que zero: significa que o investimento é economicamente
atrativo, pois o valor presente das entradas de caixa é maior do que o
valor presente das saídas de caixa.
• Igual a zero: o investimento é indiferente, pois o valor presente das
entradas de caixa é igual ao valor presente das saídas de caixa.
• Menor do que a TMA: o investimento não é economicamente atrativo,
pois seu retorno é superado pelo retorno de um investimento sem risco.
O VPL é o melhor critério de seleção ou ordenação de oportunidades de
investimento, quando não há restrições orçamentárias. Entre vários projetos, o
mais atrativo é aquele que tem maior Valor Presente Líquido.
2.3 Taxa Interna de Retorno – TIR
14Estabelece a taxa econômica necessária para igualar o valor de um
investimento com seus retornos futuros. Significa a taxa de remuneração que
deve ser fornecido pelo projeto de modo que este iguale o seu investimento,
após um período. A TIR é calculada utilizando-se a mesma fórmula descrita
anteriormente, porém igualando-se o VPL a zero e utilizando a TIR como
incógnita de taxa de conversão. A TIR é comparado com a TMA da empresa
para verificar o desempenho do projeto, podendo ser:
• Maior do que a TMA: significa que o investimento é economicamente
atrativo.
• Igual à TMA: o investimento está economicamente numa situação de
indiferença.
• Menor do que a TMA: o investimento não é economicamente atrativo,
pois seu retorno é superado pelo retorno de um investimento sem risco.
A TIR, isoladamente, não é uma medida de atratividade do investimento,
não podendo ser usada diretamente como critério de seleção ou ordenação de
oportunidades de investimento. Entre vários investimentos, o melhor será
aquele que tiver a maior TIR.
2.4 Taxa Mínima de Atratividade – TMA
Para se avaliar o fluxo de caixa líquido do projeto, levando-se em conta
o valor do dinheiro no tempo, o risco e o retorno mínimo relativos ao segmento
de negócio, será necessário determinar uma taxa de desconto, a qual servirá
de base para o cálculo dos indicadores econômicos do projeto.
A TMA pode ser definida como a taxa de desconto que exige o retorno
mínimo do projeto em análise, em função do seu risco de mercado, de modo a
assegurar a remuneração do capital próprio e do capital de terceiros.
2.5 VPL X TIR
15
Para projetos independentes e não excludentes, os métodos da TIR e
do VPL levam à mesma decisão de rejeição ou aceitação do projeto, pois
sempre que o VPL>0 a TIR>TMA e vice=versa, o mesmo acontecendo para
VPL<0 com TIR<TMA.
2.6 Método do Payback
O payback é um dos métodos mais simples e, talvez por isso, de
utilização muito difundida. Consiste, essencialmente, em determinar o número
de períodos necessários para recuperar o capital investido. Tendo essa
avaliação, a administração da empresa, com base em seus padrões de tempo
para recuperação do investimento, no tempo de vida esperado do ativo, nos
riscos associados e em sua posição financeira, decide pela aceitação ou
rejeição do projeto.
A forma mais fácil de calculá-lo é simplesmente acumulando as
entradas e saídas e determinando o período em que houve a transição de um
valor positivo para negativo.
2.7 Investimento no novo produto
Corresponde aos gastos necessários para a geração de benefícios a
longo prazo. É a quantidade de dinheiro gasta para o desenvolvimento das
especificações e preparação para a produção do produto.
2.8 Receitas
Corresponde a estimativa de venda de produtos e subprodutos gerados
pela produção. Para o cálculo dessa estimativa deve-se levar em consideração
fatores como: preço final e demanda dos produtos.
• Preço final do produto: Esse valor vai depender do mercado, no qual se
deseja vender o produto, do produto produzido, e do lucro esperado
pelo fabricante.
16• Demanda dos produtos: Esse valor vai depender do produto (produtos
com alto valor agregado geralmente possuem um volume de venda
menor), do mercado e da fatia de mercado que esse produto almeja
atingir, do preço de venda, da analise locacional e de mercado.
Para estimar a receita, é preciso estimar o valor da demanda dos produtos,
em seguida, multiplicá-lo pelo preço final estimado. Além da receita gerada
com as vendas outros fatores podem entrar na receita, como: subsídios
governamentais, financiamentos e valor residual do investimento.
2.9 Custos e despesas de produção
São os valores gastos diretamente e indiretamente para a produção e
comercialização do produto. Os custos são os gastos com um bem ou serviços
utilizados para a produção de outros bens.
Os principais custos são os seguintes:
• Matérias primas, equipamentos, materiais auxiliares;
• Mão-de-obra direta;
• Consumo de energia elétrica, de água e de combustível;
• Manutenção, seguros, aluguéis, diversos.
• As despesas são os gastos como um bem ou serviços utilizados para
obtenção de receita.
As principais despesas são:
• Despesas com vendas, financeiras e administrativas;
• Salários do pessoal;
• Impostos e taxas.
17Convém diferenciar custos e despesas de produção bem dos
investimentos, o que muitas vezes pode ser difícil. Por exemplo, os gastos de
uma operação na produção que visa produzir uma peça do protótipo é
investimento. O gasto da mesma operação em uma peça idêntica, após a
liberação do lote piloto, que será comercializada deve ser já apropriada como
custo direto, a ser contabilizado naquele produto específico.
2.10 Tributos
A consideração de todos os dados e informações concernentes aos
tributos que incidirão sobre o investimento, as receitas e os custos
operacionais de um projeto é fundamental na Análise Empresarial, pois a
determinação da carga tributária a ser incorrida é imprescindível para o
cálculo correto dos indicadores econômicos.
2.11 Recomendações para análise de viabilidade econômica
Cada um dos indicadores financeiros resulta em informações diferentes,
que podem ser utilizados de maneira complementar. O VPL é um método que
fornece uma boa noção do montante que será obtido com o projeto, isto é, o
valor que será captado, porém, ele não permite uma comparação fácil com
outros investimentos. Esse aspecto é grande vantagem da informação obtida
na TIR, que fornece um valor facilmente comparável. Mas existem projetos que
retornam um bom montante (VPL altamente positivo) e rentáveis (TIR acima da
taxa de atratividade)mas cujo período de retorno de investimento é longo,
significando que a empresa terá de amargar um bom período de prejuízo até a
obtenção do lucro. Portanto, sugerimos o cálculo desses três indicadores.
É importante destacar que todos os métodos anteriormente citados
dependem de estimativas: da demanda do produto pelo mercado, sua
expectativa de crescimento, do preço de venda do produto aceito pelo
18consumidor final, dos custos envolvidos na produção do produto, sendo
essencial a participação e o comprometimento de diferentes partes da
organização, principalmente do marketing, engenharias e vendas.
CAPÍTULO III
CUSTOS E DESPESAS EM PROJETOS DE E&P
3.1 Custos operacionais
São os custos inerentes ao processo de produção. Os fixos são aqueles
que oneram o fluxo de caixa independentemente do nível de produção
adotado. Os custos semi-fixos são aqueles que variam em patamares,
conforme o nível de operação do projeto. Já os custos variáveis têm correlação
direta com o nível de produção, a exemplo de gastos com catalisadores,
19produtos químicos, energia elétrica, vapor, matéria-prima, transporte de óleo
cru por navios e etc.
3.2 Overhead
São os custos concernentes às atividades relacionadas ao projeto, não
ligadas diretamente à produção, mas que envolvem a utilização de recursos
humanos, materiais, financeiros e etc. Exemplos: custos administrativos,
custos de venda e financeiros ligados a um projeto e não relacionados à
atividade produtiva. Os itens de overhead não gerados pela execução do
projeto, não devem entrar na análise econômica do projeto, uma vez que se o
projeto não for realizado, o custo irá ocorrer de qualquer maneira.
3.3 Despesas de vendas
Despesas relacionadas aos gastos de promoção e de distribuição dos
produtos vendidos, tais como: publicidade, marketing, uso de canais de
comercialização etc.
3.4 Direito de uso da tecnologia
Despesas atribuídas ao pagamento da licença pelo uso da tecnologia
desenvolvida por terceiros. Geralmente, são calculados mediante um
percentual da receita do projeto ou mediante um valor fixo pago integralmente
em determinada data ou distribuído ao longo de um período.
3.5 Despesas de seguros
Despesas referentes ao prêmio cobrado pela empresa seguradora a fim
de se obter o direito de indenização em decorrência de qualquer evento que
20ocasione perda ou dano de um bem objeto de seguro ou pelas perdas ou
danos que este venha a ocasionar a terceiros.
Para efeito de análise, devem ser considerados dois tipos de seguro: de
construção e de operação.
• O seguro de construção destina-se a cobrir os riscos decorrentes da
obra e inclui, geralmente, cobertura para danos materiais, transporte,
responsabilidade civil e atraso no início das operações. O custo do
seguro de construção varia em função do local, tipo e prazo da obra
• O seguro de operação visa cobrir riscos, tais como incêndios e
explosões.
3.6 Fatores operacionais
Nível percentual em que opera o projeto, em um determinado período
de tempo, em relação ao máximo técnico permitido. No seu cálculo, entram em
consideração fatores como: necessidade de paradas para manutenção da
planta ou de equipamentos; capacidade de absorção da produção pelo
mercado. Dessa forma, a quantidade anual produzida é determinada em
função do número de dias de operação por ano, tecnicamente possíveis,
multiplicado pela produção em cada dia de operação. Tal fator deve ser usado
no cálculo da receita e dos custos variáveis estimados.
21
CAPÍTULO IV
TRIBUTAÇÃO DO PETRÓLEO
4.1 Tributos na Análise de projetos
O Planejamento Tributário visa minimizar a incidência de tributos sobre
um dado projeto, permitindo melhorar seus indicadores econômicos. Além
disso, objetiva pleitear benefícios fiscais em diferentes níveis de governo –
municipal, estadual e federal – como contrapartida de benefícios sociais
relacionados ao projeto.
22A questão tributária em análise de projetos é muito complexa por várias
razões. Em primeiro lugar, a legislação é extremamente dinâmica, implicando,
muitas vezes, mudanças não só nas alíquotas dos tributos como também na
sua base de incidência.
Em segundo lugar, por vezes, a legislação não é clara, nem didática,
implicando na necessidade de análise por um especialista da área, como, por
exemplo, o caso de incentivos fiscais.
Em terceiro lugar, os tributos que seguem o princípio da não-
cumulatividade, como o IPI – Imposto sobre Produtos Industrializados, o ICMS
– Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços, e as Contribuições
destinadas ao PIS – Programa de Integração Social e a COFINS –
Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social apresentam
possibilidades de compensações de créditos fiscais que dependem de uma
série de fatores que precisam ser devidamente analisados.
Portanto, quando houver dúvida quanto à possibilidade de recuperação
desses tributos, é recomendável assumir, no caso básico da avaliação do
projeto, a premissa de que esses créditos não serão recuperados e efetuar,
adicionalmente, uma análise de sensibilidade considerando a possibilidade de
recuperação desses tributos. A tributação incide em todas as fases dos
projetos.
Na compra de materiais e de equipamentos no País:
• IPI - Imposto Sobre Produtos Industrializados:
Alíquotas previstas na Tabela de Incidência do IPI - TIPI, variáveis em
função da essencialidade dos produtos, de acordo com a classificação
fiscal do produto na TIPI;
• ICMS - Imposto Sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços;
• PIS – Programa de Integração Social;
23• COFINS – Contribuição Para Financiamento da Seguridade Social.
Na contratação de serviços no País:
• ISS - Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza:
As Alíquotas deste imposto são variáveis em função do tipo de serviço e
do município onde este será executado;
• PIS/COFINS.
Na importação de máquinas e de equipamentos:
• II - Imposto de Importação:
Alíquotas previstas na Tarifa Aduaneira Brasileira – TAB. Varia em
função da origem da importação.
• IPI - Imposto Sobre Produtos Industrializados:
Vide observações no item “Na compra de materiais e de equipamentos
no País:”
• ICMS - Imposto Sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços:
Vide observações no item “Na compra de materiais e de equipamentos
no País:”
• PIS/COFINS.
• AFRMM - Adicional de Frete para Renovação da Marinha Mercante:
Navegação de longo curso, % sobre o valor do frete; Cabotagem
(origem e destino em portos brasileiros), % sobre o valor do frete;
Navegação fluvial e lacustre, % sobre o valor do frete.
• Despesas Aduaneiras:
Taxas pagas à repartição alfandegária até o momento do desembaraço
da mercadoria.
Remessa de recursos para o exterior para pagamento de prestação de
serviços:
24
• IRRF - Imposto de Renda Retido na Fonte, incide sobre os seguintes
serviços: Serviços Técnicos e Assistência Técnica, Royalties (Patentes),
Fretes Internacionais; e Afretamentos.
• CIDE – Serviços/Contribuição Sobre a Intervenção no Domínio
Econômico:
Incide sobre a remessa de recursos para o exterior para pagamentos de
royalties (contratos de transferência de tecnologia) e serviços
contratados do exterior.
• IOF - Imposto sobre Operações Financeiras:
Incide nas operações de Câmbio, no entanto, a alíquota está reduzida a
zero.
Na comercialização dos produtos finais no País:
• ICMS, IPI, PIS/COFINS:
Estes impostos seguem a mesma regra estabelecida para as aquisições
no país. Vide observações no item “Na compra de materiais e de
equipamentos no País:”
• CIDE – Combustíveis:
Incide sobre as vendas de determinados produtos (GLP, gasolina, diesel
e óleo combustível), com alíquotas variáveis. Não incide sobre as
operações com gás natural.
No resultado do projeto:
• IRPJ - Imposto de Renda da Pessoa Jurídica;
• CSLL - Contribuição Social sobre o Lucro Líquido.
O IR e a CSLL são tributos corporativos. Quando seus montantes relativos
a um projeto específico forem negativos em determinado ano, isso significa
uma redução nos montantes corporativos desses tributos a serem pagos.
25
Considerando-se que o PIS e a COFINS incidem sobre todas as compras
de materiais e equipamentos, bem como na contratação de serviços, seus
valores, nesses casos, devem estar incluídos nas estimativas de preços
desses itens. Esses tributos, entretanto, não incidem sobre tais itens quando
se tratar de compras e contratações no exterior.
4.2 Participações Governamentais
Pagamentos a serem efetuados pelos concessionários das atividades
de exploração e produção de petróleo e gás natural, compreendendo: bônus
de assinatura; royalties; participação especial; ocupação ou retenção de área.
Baseado no Decreto número 2705, de 3/8/98, que define critérios para
cálculo e cobrança. Além das participações governamentais, existe o
pagamento da taxa do superficiário ao proprietário da terra, no caso de
concessões terrestres.
4.2.1 Bônus de assinatura
Montante ofertado para obter a concessão e pago no ato da assinatura
em parcela única pelo licitante vencedor, não podendo ser inferior ao valor
mínimo fixado pela Agencia Nacional do Petróleo – ANP – no edital de
licitação; o bônus é passível de dedução do IRRF a ser pago de acordo com as
unidades produzidas na área em cada ano em relação ao total de produção
estimado para a área durante todo o período da concessão.
4.2.2 Royalties
Compensação financeira devida pelos concessionários de exploração e
produção de petróleo e de gás natural paga mensalmente e calculada pela
multiplicação do equivalente a um percentual do volume total de produção de
26petróleo e gás natural, incluídos o consumo próprio e a queima de gás (exceto
por motivos de “segurança e comprovada necessidade operacional”), excluída
a reinjeção, pelos respectivos preços de referência:
• Preço de referência do petróleo - média ponderada dos preços de
venda, desde que maior ou igual ao mínimo estabelecido pela ANP –
baseada em uma cesta de quatro petróleos similares e cotados no
mercado internacional.
• Preço de referência do gás natural - média ponderada dos preços de
venda estabelecidos em contrato, excluindo tributos sobre a venda e
deduzindo as tarifas de transporte até os compradores.
4.2.3 Participação especial
Compensação financeira extraordinária nos casos de grandes volumes
de produção ou de grande rentabilidade:
• Calculada com base em alíquotas progressivas sobre a receita líquida
de produção trimestral: receita bruta menos royalties, investimentos na
exploração e demais investimentos não depreciáveis, custos
operacionais, depreciação e tributos diretamente relacionados à
operação do campo;
• A alíquota aplicável varia, é estabelecida em função do volume de
produção e de acordo com a localização da lavra (terra, águas “rasas” e
profundas), é decrescente; Com o número de anos de produção (1, 2,
3 ou mais) e com o volume de produção, é crescente.
4.2.4 Pagamento pela ocupação ou retenção de área
27Apurado a cada ano civil e pago em janeiro do ano seguinte, prevê
valores por km2 que são fixados no edital e no contrato de concessão, sendo
aplicáveis nas fases de exploração, desenvolvimento e produção. O valor será
baseado nas características geológicas e na localização da bacia sedimentar.
4.3 Regime aduaneiro especial
As atividades de pesquisa e de lavra das jazidas de petróleo e de gás
natural podem receber o benefício do Regime Aduaneiro Especial de
Exportação e Importação para os equipamentos que ingressam
temporariamente no país, de propriedade de empresas estrangeiras, ou para
equipamentos nacionais vendidos a empresas estrangeiras para posterior
ingresso no país. O objetivo é incentivar essas atividades no país,
suspendendo o Imposto de Importação, o Imposto sobre Produtos
Industrializados e o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços, no
caso de admissão temporária. O prazo de permanência do bem é o do contrato
de comodato, leasing operacional, locação ou de prestação de serviços.
4.4 Recomendações
Considerando que a legislação tributária é extremamente dinâmica e
que a estimativa adequada da carga tributária incidente em um dado projeto
requer uma boa compreensão de vários aspectos tributários (fatos geradores
dos tributos, base de cálculo, forma de cálculo e isenções possíveis).
28
CAPÍTULO V
MEIO AMBIENTE
5.1 Conceituação
A Lei nº 6.938/81, que estabelece a Política Nacional do Meio Ambiente,
no art. 3º, I, define juridicamente meio ambiente como: "o conjunto de
condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica,
que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas".
O conceito de meio ambiente é totalizador. Embora seja possível falar
em meio ambiente marinho, terrestre, urbano, essas facetas são parte de um
todo sistematicamente organizado, no qual as partes, reciprocamente,
dependem umas das outras e em que o todo é sempre comprometido cada vez
que uma das partes é modificada.
29A preocupação da sociedade com os impactos sobre o meio ambiente,
causados pelo crescimento econômico acelerado e o aumento populacional,
levou à criação de uma legislação restritiva e ao desenvolvimento de algumas
modalidades de avaliação ambiental de projetos. No Brasil, a Constituição
Federal – Cap.VI, Art. 225, IV– e a Resolução do CONAMA 237/97 são os
fundamentos legais básicos do meio ambiente em nível federal, uma vez que
existem legislações em nível estadual e municipal.
A Avaliação Ambiental Estratégica tem por objetivo aperfeiçoar os
processos de decisão, principalmente aqueles que dizem respeito a
investimentos e estratégias de ações, consubstanciadas em políticas, planos e
programas de governo. Essa avaliação surgiu das necessidades inerentes à
aplicação da avaliação de impacto ambiental, tais como, escolhas de
localização, de tecnologias e de investimentos. Trata-se de avaliação de médio
e longo prazos.
A Avaliação de Impacto Ambiental está restrita à área de influência do
projeto, verificada nas relações de causa e efeito a partir de ações específicas
do projeto, com nível de precisão acurado, e estabelece as medidas
mitigadoras dos impactos negativos, entre as quais as de natureza técnica e os
equipamentos de controle, avaliando a eficiência de cada uma delas.
A Avaliação Ambiental Econômica tem por objetivo a valoração dos
custos e dos benefícios relativos ao meio ambiente, verificando se o projeto
contribui ou não para um desenvolvimento sustentável. Essa avaliação requer
técnicas específicas para a mensuração dos benefícios e custos provenientes
do projeto.
5.2 Procedimentos legais
Para enquadrar um projeto nas exigências dos órgãos fiscalizadores do
meio ambiente, devem-se cumprir as seguintes etapas:
30
5.2.1 Licença prévia
Instrumento legal obrigatório na fase preliminar de elaboração de planos
e de estudos pela Companhia, quando ainda não se investiu
significativamente, não se tendo, às vezes, sequer efetivado a compra do
terreno, nem detalhado o processo a empregar ou o método de tratamento e
disposição dos efluentes.
Essa licença visa ao estabelecimento de condições tais que o
empreendedor possa prosseguir em seus planos com segurança, contratando
e detalhando seu projeto com base na Licença Prévia concedida.
Esta fase corresponde a um comprometimento mútuo, por parte da empresa e
do Estado, de que determinado empreendimento será viável caso sejam
observados certos pré-requisitos específicos inerentes à proteção ambiental,
todos apontados no Estudo Prévio de Impacto Ambiental e respectivo Relatório
de Impacto Ambiental.
Dada a influência dos custos de proteção ao meio ambiente nos
diferentes empreendimentos, conclui-se pela conveniência, além da
obrigatoriedade prevista na Constituição Federal, dos estudos prévios exigidos
e da conseqüente obtenção da Licença Prévia.
5.2.2 Licença de instalação
A montagem, a instalação de equipamentos ou a construção de unidade
produtiva de atividade ainda potencialmente poluidora, sem a obtenção da
Licença de Instalação ou sem a observância das condições nela expressas,
dará ensejo à penalidade prevista em lei. A Licença de Instalação deverá
descrever todas as atividades seqüenciais até as condições de testes pré-
operacionais.
315.2.3 Licença de operação
Deverá ser solicitada tanto para atividades existentes quanto para as
novas. No caso de atividades novas, a Licença de Operação deverá preceder
a entrada em operação de qualquer atividade potencialmente poluidora. A
operação sem Licença de Operação ou a inobservância das suas condições
dará origem à penalidade. Para instalações existentes, será definido, em cada
caso, um prazo de carência, devidamente acertado entre a empresa e o órgão
licenciador, para se regularizar a situação.
5.3 Recomendações
Na Análise de Projetos de Investimento, devem ser considerados os
investimentos em tecnologia, equipamentos e instalações necessários à
atividade operacional do projeto de modo a mitigar os efeitos negativos sobre o
meio ambiente.
Outro fator que deve ser considerado é a localização ótima da planta.
Através do exame da legislação ambiental, do passivo ambiental existente e do
grau de pressão comunitária de cada região de interesse do projeto, deve-se
selecionar a localização cujos prazos para concessão de licenças e cujos
investimentos adicionais requeridos apresentem, em conjunto, os melhores
indicadores econômicos para o projeto, pois o atraso na conclusão do projeto
implica grande deterioração desses indicadores.
A determinação a priori das medidas a serem tomadas, o cumprimento
dos trâmites e das avaliações previstos na legislação ambiental, o bom
relacionamento com as autoridades ambientais e com as entidades
representativas da comunidade da área de influência do projeto são
procedimentos relevantes para o seu desenvolvimento. Tais ações trazem
benefícios, pois possibilitam otimizar os prazos para obtenção de licenças,
32adequar o projeto a exigências de proteção ambiental solicitadas pelas
autoridades e pela comunidade, o que permite selecionar a melhor localização
para a implantação do projeto.
CAPÍTULO VI
UTILIZAÇÃO DE CAPITAL DE TERCEIROS
Existem várias maneiras de obter recursos de terceiros com vistas à
realização de um projeto. As modalidades mais usuais são: Financiamento
Corporativo, Project Finance, Leasing, Débito Conversível e Parceria.
6.1 Financiamento corporativo
Trata-se de uma operação de financiamento convencional, em que a
operação fica registrada no balanço da própria empresa, a qual oferece
sempre garantias corporativas ao financiador.
6.2 Project finance
Project Finance é uma modalidade de financiamento, que consiste na
criação de uma nova unidade econômica ou uma SPE (Sociedade de
Propósito Específico). Os credores vêem o fluxo de caixa futuro desta unidade
como fonte primária de recursos para o re-pagamento dos empréstimos e os
ativos como única garantia.
33O projeto (empreendimento) é uma unidade econômica específica.
Seus ativos e o fluxo de caixa são segregados da entidade patrocinadora (a
parte que deseja desenvolver e financiar o projeto - empreendedor do projeto).
Os contratos são elaborados sob medida para as características específicas do
fluxo de caixa do projeto (empreendimento). Essa unidade será a proprietária
dos ativos do projeto e disponibilizará os ativos para a patrocinadora (por
exemplo, através de arrendamento mercantil destes ativos), que terá, ao
término de certo período, a opção de compra desses ativos e/ou da totalidade
das ações.
Para se alcançar uma estrutura autêntica de project finance, o
empreendimento deve ser tratado como negócio auto-suficiente. A
estruturação se inicia pelo plano de negócio. Questões tais como: “Quem vai
adquirir os produtos?”, “Qual a quantidade?”, “Por qual preço e por quanto
tempo?”, devem ser respondidas para orientar a estruturação. Portanto o
estruturador do project finance deve participar da elaboração do plano de
negócio. Normalmente aplica-se em projetos virtuosos geradores de fluxo de
caixa e que podem, assim, se auto-financiar.
No financiamento com base em projeto, mostra-se muito importante a
identificação dos riscos e seus mitigantes, visto que a dívida do projeto será
paga através de seu fluxo de caixa futuro. A prática de Project Finance permitiu
identificar os 16 riscos mais freqüentes:
• Risco de Abastecimento e Transporte;
• Risco de Mercado;
• Risco de Moeda Estrangeira;
• Risco Tecnológico;
• Risco Operacional;
• Risco de Gerenciamento;
• Risco Ambiental;
• Risco de Infra-estrutura;
• Risco de Força Maior;
34• Completion Risk;
• Risco de Engenharia;
• Risco Político;
• Riscos dos Promotores e Investidores;
• Risco da Taxa de Juros;
• Risco de Sindicato;
• Risco Legal.
6.2.1 Compartilhamento de risco
É ponto crítico a análise dos diferentes riscos do projeto. Uma das
vantagens do Project Finance,é permitir o compartilhamento de riscos entre as
várias partes envolvidas no projeto. Isto se torna vantajoso quando os riscos
são de tal magnitude que seria impraticável ou imprudente que uma única
parte os assumisse. Desta forma, a estrutura do Project Finance permite a
alocação dos riscos para as partes mais capazes de avaliá-los e de absorvê-
los. Isto significa que o risco será tomado pelo que tem mais capacidade de
reduzir sua freqüência ou severidade, maior acesso aos meios de mitigação e
que possa gerar uma cobrança de prêmio de risco menor. Desta forma a
escolha dos parceiros é muito importante para a eficácia do project finance.
6.2.2 Necessidade de contratos
Investidores normalmente se mostram relutantes em assumir riscos
significativos, ou outros riscos não baseados na capacidade do projeto cumprir
com seus compromissos financeiros. Para os riscos não cobertos pelas
garantias oferecidas, os investidores são compensados por um spread, que é
função da classificação de risco da empresa pagadora.
Conseqüentemente, o Project Finance requer a elaboração de uma rede
de arranjos de garantia para isolar os investidores dos riscos associados ao
projeto. Geralmente estes arranjos de garantia são as obrigações contratuais
35das entidades envolvidas no projeto, que podem ser os patrocinadores, os
fornecedores de matérias-primas, os compradores da produção do projeto.
Tais arranjos necessitam de um ambiente onde contratos sejam instrumentos
confiáveis e respeitados, pois neles baseiam-se todas as garantias de divisão
de riscos e responsabilidades. Desta forma, torna-se fundamental para o
sucesso da estruturação contratual do Project Finance:
• Definir os principais parâmetros que determinarão os fluxos de caixa do
projeto;
• Identificar e neutralizar as condições que podem afetar a estabilidade
dos fluxos de caixa do projeto, já que estes determinarão a capacidade
creditícia do Projeto.
6.2.3 Expansão da capacidade de alavancagem do patrocinador
O Project Finance pode expandir a capacidade de alavancagem dos
patrocinadores, pois permite estruturar um projeto de forma que sua dívida não
constitua uma obrigação financeira (juros) direta.
6.3 Leasing
É uma operação na qual é cedido um bem por locação/arrendamento
em troca de uma remuneração. Enquanto no aluguel o cedente tem intenção
de conservar a propriedade do bem ao término do contrato, no leasing uma
cláusula pode prever a intenção de transferência do bem. O leasing
operacional é mais parecido com o aluguel (improvável transferência do bem),
enquanto que o leasing financeiro é um tipo especial de financiamento
(provável transferência do bem).
Alternativamente, é possível definir leasing como uma operação de
financiamento vinculada à aquisição de um determinado bem, na qual o bem
permanece de propriedade do cedente até o final do contrato, quando então,
se for contratualmente previsto, é transferido para o "tomador do empréstimo"
36mediante o pagamento de um valor residual, previamente estimado no
contrato.
Conceitualmente uma operação de leasing pode ser tratada como custo
operacional (leasing operacional, aluguel) ou como financiamento de capital
(leasing financeiro). De acordo com o USGAAP (“Financial Accounting
Standards Board”, volume 1, FAS 13, “Criteria for Classifying Leases”), se
ocorrer pelo menos um dos cinco critérios a seguir resumidos, é caracterizado
o leasing financeiro:
• Transferência de propriedade prevista ao final do contrato por valor de
barganha (irrisório);
• O contrato tenha uma opção de compra por valor muito abaixo do valor
justo de mercado;
• O termo do contrato corresponder a 75% ou mais do tempo de vida útil
do bem;
• O valor presente das parcelas de pagamento (líquido de taxas,
manutenção, seguro, etc.) for maior ou igual a 90% do valor de mercado
do bem;
• Haja o envolvimento do tomador do leasing com a constituição do ativo,
já que o torna responsável pelo completion risk (USGAAP).
Do ponto de vista da legislação brasileira, entretanto, o leasing não é
considerado um empréstimo e, sendo assim, não entra no cálculo do
endividamento. As principais diferenças do leasing financeiro e do
financiamento tradicional estão na área fiscal. No leasing, a legislação fiscal
brasileira permite a dedução imediata do total dos pagamentos devidos no
cálculo do imposto de renda. Já no financiamento, permite-se apenas a
dedução imediata dos juros e dedução, ao longo do tempo, da depreciação do
bem, se for destinado à aquisição de equipamentos.
37Outra vantagem fiscal do leasing (operacional ou financeiro) é a dedução
na receita tributária para efeito de cálculo da Participação Especial para
campos de petróleo de grande produção, conforme a Portaria 10/ANP de
13/01/1999. Já no caso do financiamento tradicional, não é permitida a
dedução dos juros e encargos financeiros, sendo permitida apenas a dedução
da depreciação dos bens.
Do ponto de vista fiscal, será mais atraente aquela opção que apresentar o
menor custo líquido. Contudo, uma vantagem do leasing é que, não sendo
formalmente um empréstimo, não entrará no cálculo do endividamento da
empresa do ponto de vista da legislação brasileira.
6.4 Débito Conversível
É uma forma híbrida de financiamento, onde geralmente os credores
têm a opção de converter debêntures em ações, em determinados momentos
e sob condições pré-estabelecidas na emissão dessas debêntures
conversíveis. Por ter essa opção de conversão, os juros são geralmente bem
menores (muitas vezes é cerca da metade) do que os de financiamento
corporativos não conversíveis em ações. Outra vantagem é a redução dos
custos de agenciamento que se reflete na prática em termos de possuírem
menos cláusulas restritivas do que as obrigações simples, o que parece
comprovado pela evidência empírica.
6.5 Parcerias
Uma outra maneira de obter recursos de terceiros é por intermédio da
formação de parcerias com outras empresas, dividindo custos, riscos e
retornos. Um fator de motivação adicional são as oportunidades que os
potenciais parceiros poderão oferecer como a contrapartida de participação em
outros projetos, a transferência de uma determinada tecnologia, o know-how
de atuação em outro segmento de negócio e em outro país, etc.
38
CONCLUSÃO
A definição das premissas é o ponto mais estratégico para se realizar a
análise de viabilidade. As premissas englobam as previsões da demanda
futura no tempo; o preço de se conseguirá praticar; o custo resultante da
operação e basicamente as taxas que servirão de referência no futuro. Não é
fácil prever todas essas informações e por isso são consideradas premissas
para a análise. Calcular o fluxo de caixa depois de todas essas definições “é
mais fácil”.
A análise da viabilidade econômica normalmente é realizada no início do
desenvolvimento de produto e raramente é “revisitada”. Não tem sentido
financeiro recalcular o investimento, pois o dinheiro gasto não volta mais.
Porém, uma simulação de toda a análise, ajustando as premissas e verificando
de novo os indicadores pode fornecer uma visão de quanto a empresa “acerta”
nas suas previsões.
Monitorar a análise de viabilidade é importante para se tomar decisões
durante o desenvolvimento para saber se aquele projeto ainda é viável ou não
diante de possíveis mudanças das premissas.
39
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
YERGIN, D. O Petróleo: Uma História de Ganância, Dinheiro e Poder.
São Paulo: Página Aberta, 1994.
DAMODARAN, A. Avaliação de Investimentos. Rio de Janeiro:
Qualitymark,1997.
ANP, Legislação Agência Nacional de Petróleo Versão 7. 2010.
PETROBRAS, Manual de Análise Empresarial de Projetos de Investimento. Rio
de Janeiro: 2009.
www.anp.gov.br, Participações Governamentais e de Terceiros, acesso em
26/03/2010.
www.portaldeconhecimentos.org.br, Análise de Viabilidade Econômica, acesso
em 05/03/2010.
ÍNDICE
40
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATÓRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMÁRIO 7
INTRODUÇÃO 8
CAPÍTULO I
SOBRE ANÁLISE ECONÔMICA 09
CAPÍTULO II
MECANISMOS DA ANÁLISE ECONÔMICA 11
2.1 – Fluxo de Caixa 11
2.2 – Valor Presente Líquido – VPL 13
2.3 – Taxa Interna de Retorno – TIR 14
2.4 – Taxa Mínima de Atratividade – TMA 14
2.5 – VPL X TIR 15
2.6 – Método do Payback 15
2.7 – Investimento no novo produto 15
2.8 – Receitas 16
2.9 – Custo e despesas de produção 16
2.10 – Tributos 17
2.11 – Recomendações para análise econômica 17
CAPÍTULO III
CUSTOS E DESPESAS EM PROJETOS DE E&P 19
3.1 – Custos operacionais 19
3.2 – Overhead 19
3.3 – Despesas de vendas 19
3.4 – Direito de uso da tecnologia 20
3.5 – Despesas de seguros 20
3.6 – Fatores operacionais 20
41CAPÍTULO IV
TRIBUTAÇÃO DO PETRÓLEO 22
4.1 – Tributos na análise de projetos 22
4.2 – Participações governamentais 25
4.2.1 – Bônus de assinatura 26
4.2.2 – Royalties 26
4.2.3 – Participação especial 27
4.2.4 – Pagamento pela retenção de área 27
4.3 – Regime aduaneiro especial 27
4.4 – Recomendações 28
CAPÍTULO V
MEIO AMBIENTE 29
5.1 – Conceituação 29
5.2 – Procedimentos legais 30
5.2.1 – Licença prévia 30
5.2.2 – Licença de instalação 31
5.2.3 – Licença de operação 31
5.3 – Recomendações 32
CAPÍTULO VI
UTILIZAÇÃO DE CAPITAL DE TERCEIROS 33
6.1 – Financiamento corporativo 33
6.2 – Project finance 33
6.2.1 – Compartilhamento de risco 35
6.2.2 – Necessidades de contratos 35
6.2.3 – Expansão da capacidade do patrocinador 36
6.3 – Leasing 36
6.4 – Débito conversível 38
6.5 – Parcerias 38
CONCLUSÃO 39
BIBLIOGRAFIA 40
ÍNDICE 41
FOLHA DE AVALIAÇÃO 44
42
43
FOLHA DE AVALIAÇÃO
Nome da Instituição: Universidade Cândido Mendes
Pós-Graduação Lato Sensu
Instituto A Vez do Mestre
Título da Monografia: FATORES CRÍTICOS A SEREM CONSIDERADOS
NAS ANÁLISES ECONÔMICAS DE PROJETOS DE
PRODUÇÃO DE PETRÓLEO E GÁS
Autor: Leonardo Albuquerque Presler Cravo
Data da entrega: 13 de abril de 2001
Avaliado por: Prof. Luiz Cláudio Alves Conceito: