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1
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
GESTÃO PARTICIPATIVA
Autora: Ana Paula Jacintho
Orientador
Profª. Mary Sue Pereira
Rio de Janeiro
2011
2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
GESTÃO PARTICIPATIVA
Apresentação de monografia à Universidade Candido
Mendes como requisito parcial para obtenção do grau
de especialista em Administração e Supervisão Escolar.
Por: Ana Paula Jacintho.
3
AGRADECIMENTOS
Aos amigos, família e professores que
acreditaram em mim e contribuíram para a
realização de um sonho.
4
DEDICATÓRIA
Sempre ao meu esposo (Anderson) e minha
amada filha (Julia), pelas horas de ausência
e por sempre confiar na minha capacidade.
5
RESUMO
O trabalho de memória monográfica que apresento incide sobre a temática
gestão participativa.
O mesmo consiste numa reflexão teórica sobre o modelo de gestão
participada nas escolas.
O objetivo primordial é refletir sobre a pertinência e os desafios que o
modelo de gestão participada coloca às nossas escolas procurando conhecer o
grau de coerência entre o discurso e a forma como se materializa na prática
educativa.
Sendo a gestão participativa indispensável para uma gestão aberta na
escola, a sua focalização em termos científicos é necessário, refletir, questionar e
construir na escola um clima de participação de todos os atores envolvidos, ou
seja, buscando uma escola para todos, e onde todos sentem-se integrados.
6
METODOLOGIA
A pesquisa apresentada é de caráter bibliográfico onde será feita a leitura
de determinados autores, para que possa possibilitar uma boa sustentação
teórica. Com esses dados pretendo chegar a conclusão de hipóteses que foram
levantadas.
7
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 8
CAPÍTULO I – Gestão Democrática 10
CAPÍTULO II – Gestão Participativa 22
CAPITULO III – O Papel do Gestor 36
CONCLUSÃO 50
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 51
ÍNDICE 53
FOLHA DE AVALIAÇÃO 54
8
INTRODUÇÃO
O presente trabalho propõe uma reflexão sobre a gestão escolar a partir de
uma perspectiva de participação de todos os protagonistas da unidade escolar, ou
seja, direção, professores, alunos, pais e comunidade em geral.
Nas últimas décadas, os acontecimentos no mundo se aceleraram em tal
ordem e com tamanho grau de intensidade, a ponto de colocar em dúvida nossas
próprias convicções. Aquele antigo modelo de sociedade estável e conservadora
já não se justifica mais no turbilhão de inovações sociais, econômicas, culturais e
tecnológicas que se aperfeiçoam a cada dia. É preciso que se veja a educação
com uma dimensão de totalidade da realidade social, se quisermos construir um
futuro sem os males do passado e com diretrizes mais confiáveis.
A partir dos conhecimentos adquiridos, precisamos fazer uma análise
consciente, e verificar até que ponto a prática pedagógica pode ou deve ser
aperfeiçoada.
As reflexões e questionamento, no espaço educativo, especialmente quanto
à forma de administração da escola, a concepção das pessoas diretamente
envolvidas no processo educacional sobre a qualidade das práticas escolares e a
possibilidade de estabelecer parâmetros confiáveis de qualidade dos serviços
educacionais, originou o tema do presente estudo, gestão participativa: A chave
para o sucesso escolar.
9No século da ciência, o planeta se contorce para sustentar a avalanche de
informações e transformações que alteram a rotina da humanidade.
Seus ventos não trouxeram, excepcionalmente, comodidade; todavia,
encurtaram distâncias, liquefizeram culturas, desvendaram os segredos dos
povos, facilitaram a vida...Abriram vácuos, incertezas.Idéias e comportamentos
entram em colisão.Tamanho alvoroço se alarga para todos os setores,
principalmente para a escola, que exige otimismo e iniciativa dos gestores para
atingir a meta da formação de uma sociedade coerente em tempo de
astigmatismo.
O desafio maior é edificar a escola ideal que impulsione o sistema
educacional, governo, educadores e especialistas a discutirem alternativas,
romperem obstáculos, contradizerem conjeturas e confrontarem com a resistência
de uma sociedade que sonha com melhoria, mas não se organiza para obter uma
educação formadora.
Fortalecer as bases de ensino é uma necessidade tão emergente que
incomoda muitos, pois a gestão participativa descentraliza poderes, ramificando as
discussões de medidas e mudanças que dissolve os ranços, desagregam o
sistema de méritos e influencias políticas para implantar um modelo democrático –
flexivo é um grande desafio.
Para realizar esse sonho, é imprescindível despertar a comunidade escolar
para sanar um problema que exige a participação de todos, pois supera o maior
desafio do terceiro milênio, que é o equilíbrio para conquistar a sustentabilidade,
exige da educação modificações emergentes, porque, como veículo intercessor,
obrigatoriamente deverá se reestruturar para confrontar como tal realidade. É
preciso idoneidade para traçar metas com a sociedade, os educadores e
educandos. É nessa parceria que o gestor com visão do futuro projeta resultado
envolvendo a comunidade para esse fim por meio da capacidade administrativa e
da moderação para gerenciar os conflitos.
Precisamos de gestores com espírito empreendedor, líderes com senso de
justiça. Gestores que tracem estratégias seguras e planos reais, que tenham o
10mínimo de respeito com os educadores e dignidade com os educandos, que
acreditem na força da educação para transformar vidas, que modifiquem a
realidade através de critérios que correspondam às suas expectativas de cidadão.
Para conquistar esses princípios, a comunidade deve exigir que o gestor
seja mais do que um intercessor, mas um articulador que interligue a escola com a
comunidade e com o mundo, para que o educando se guie pelos caminhos da
realização por meio de projetos e estratégias que criem alternativas pedagógicas,
administrativas e sociais. O entrosamento do coordenador pedagógico com
educadores, educandos e gestores é essencial. Somente assim teremos uma
escola cumpridora do seu papel social.
Não basta fazer movimentos, para provocar mudanças. Temos que mudar
para modificar o nosso meio, porque a educação em si não tem poderes para
modificar o mundo, mas a educação, em nós, ganha dimensões gigantescas a
ponto de transformar vidas, principalmente se a comunidade escolar se organiza
para esse fim.
Mesmo com as estruturas abaladas pela deficiência de valores diluídos pelo
desrespeito e pela carência de caráter de amor ao próximo, que vulnerabiliza os
nossos educandos, não devemos atribuir essa situação aos problemas sociais,
políticos e econômicos, mas à insuficiência de atitudes coerentes por partes das
autoridades competentes, que, na maioria das vezes, chega ao descaso,
caracterizando a falta de políticas educacionais.A gestão eficaz não é um sonho, é
um ideal ao alcance de toda a comunidade que tenha interesse de se organizar
para atingir objetivo. Basta torná-la um fato no cotidiano da escola.
CAPÍTULO I
GESTÃO DEMOCRÁTICA
11
Muito se tem falado sobre a gestão democrática do ensino e partição
popular nas escolas, bandeira que atualmente acompanha a luta dos setores mais
progressistas da área da educação, por entenderem que a possibilidade de se
estender o atendimento assegurar os recursos para escola pública e melhorar a
qualidade do ensino, passa pelo processo de democratização da escola.
Entretanto, é preciso analisar com profundidade os pressupostos teóricos e
políticos que acompanham as propostas, notadamente aquelas que nasceram no
seio dos aparelhos do Estado, não se podendo desprezar, segundo BASTOS
(1999), “os problemas subjacentes à participação dos usuários dos serviços
públicos educativos, pais – cidadãos e trabalhadores – de uma sociedade,
tradicionalmente marcada pela subordinação econômica e pela exclusão política e
cultural”.
Ressalte-se que a presença de usuários no interior da escola não constitui
novidade histórica. Na década de 1920 e início da década de 1930 as teses
reformistas educacionais já defendiam a abertura da escola à participação da
comunidade. Muito embora essas propostas estivessem voltadas apenas para a
educação destinada às “massas”, pois, para os reformistas, no ensino destinado
às elites prevalecia a harmonia entre o conteúdo da ação pedagógica e os setores
sociais que a ela tinham acesso.
Para GOHN (1997), a gestão democrática, tendo sido institucionalizada
parcialmente como princípio ou diretriz constitucional, e não tendo sido definidos
os mecanismos participativos, abriu uma brecha para futuras lutas e movimento
dos profissionais da educação.
Anísio Teixeira (1997, p.33-35) foi o primeiro administrador público a
relacionar democracia com administração da educação. Seu projeto de educação
concebia a escola como o único caminho para democracia. Esse movimento de
democratização foi vetado pelas forças políticas que preparavam o Estado Novo.
A partir da década de 1970, sob a égide do regime autoritário, essa
“participação” passou a ser compulsória, com a obrigatoriedade da criação de
12canais como as Associações de Pais e Mestres, subordinados a regras
burocráticas, numa espécie de “cidadania sob controle”.(BASTOS 1999 – p.48).
Foi também na década de 1970 que recomeçaram, no interior das lutas
populares, o movimento pela democratização da administração escolar, quando
alguns governantes, sentindo-se pressionado, efetivaram eleições para diretores
de escola, uma realidade atualmente presente em boa parte dos estados
brasileiros.
A literatura sobre gestão democrática reconhece que a vida organizacional
contemporânea é altamente complexa, assim como seus problemas. Segundo
Lück (1998), no final da década de 1970, os educadores e pesquisadores de todo
o mundo iniciaram um processo de maior observação quanto ao impacto da
gestão participativa na eficácia das escolas enquanto organizações. Ao notarem
que era impossível para o diretor solucionar sozinho todos os problemas e
questões relativas à sua escola, passaram a adotar a abordagem participativa
fundada no princípio de que, para a organização ter sucesso é necessário que os
diretores busquem o conhecimento específico e a experiência dos seus
companheiros de trabalho. Os diretores participativos baseiam-se no conceito de
autoridade compartilhada, por meio da qual o poder é delegado a representantes
da comunidade escolar e as responsabilidades são assumidas em conjunto.
A discussão a respeito das formas de administrar tem passado
obrigatoriamente pela questão da participação principalmente a partir de 1968,
significando uma importante revisão dos pressupostos teóricos do taylorismo, cujo
padrão de relacionamento autocrático, hierárquico e formalista passou a ser
substituído por valores contemporâneos, como flexibilidade, tolerância com as
diferenças, relações mais igualitárias, justiça e cidadania. Esse comportamento
pode ser explicado a partir das mudanças culturais que o mundo todo passou a
pós a Segunda Guerra Mundial.
Muitas são as classificações de teóricos de diversas tendências que
procuram compreender, através de pesquisas, esse fenômeno. Para alguns que
se basearam numa análise empobrecida e mecânica do marxismo pode-se
13perceber a participação como uma seqüência de tipos definidos e evolutivos
dentro do processo mais amplo dos conflitos no campo da produção que,
iniciando-se nas lutas sindicais, passaria pelas comissões de fábrica, conselhos,
co-gestão, chegando até a auto-gestão generalizada; para outros, de uma linha
mais conservadora, a preocupação é classificar o fenômeno, nunca se chegando a
um consenso quanto à definição de participação no trabalho, nem como aferir sua
intensidade e abrangência. Segundo FERREIRA (1998), a discussão se enriquece
quando pesquisadores alguns com formação em engenharia decidem tentar
verificar o que está acontecendo no interior das organizações, em vez de se
preocupar com macroexplicações. Porém, segundo o mesmo autor, a partir de
uma perspectiva mais recente que enfatiza a atual (ou suposta...) valorização da
dimensão da aparência e a intranscendentalidade dos valores, a participação se
confunde com todas as formas de organização possíveis, convivendo nesta colcha
de retalhos aparentemente absurda que caracterizaria a pós-modernidade.
A escola é um universo específico cuja realidade, bem como a ação das
pessoas que nela atuam, só pode ser compreendida a partir de um conhecimento
prévio. Sabe-se que a escola pública tem uma intensa relação com a comunidade,
principalmente por lhe dar com a enorme heterogeneidade cultural brasileira,
atuando num Brasil real, onde existe miséria, pobreza em todos os sentidos,
significando que a gestão democrática no âmbito da escola pública é uma relação
entre desiguais, onde nem sempre a comunidade está preparada nem mesmo
para o próprio exercício da cidadania, sendo a participação na administração da
escola garantida, pelo menos teoricamente, por meio do funcionamento do
Conselho de Escola, que foi adotado com sentido de dotar a escola de autonomia
para poder elaborar e executar seu projeto educativo.
Segundo FERREIRA (1998), toda e qualquer organização que tente
implantar e desenvolver práticas de natureza participativa vive sob a constante
ameaça da reconversão burocrática e autoritária dos seus melhores esforços. As
razões para isto são diversas: história de vida dos membros, supervalorização
ideológica das formas tradicionais de gestão, demandas políticas difíceis de
14conciliar, etc. Para o autor, um ponto deve ser destacado: a participação se funda
no exercício dos diálogos entre as partes. Esta comunicação ocorre, em geral,
entre pessoas com diferentes formações e habilidades, ou seja, entre agentes
dotados de distintas competências para a construção de um plano coletivo e
consensual de ação.
Sabemos que a escola, pela sua natureza, é um lugar de inúmeras e
diversificadas práticas, sendo que estas não se sustentam sem uma concepção de
sociedade ou de mundo. Daí, essa diversidade de práticas está em permanente
movimento no cotidiano da escola, seja para o seu êxito ou para o seu fracasso.
As práticas de gestão constituem parte importante desse cotidiano que não deve
servir apenas para controlar, mas principalmente, para estimular novos
conhecimentos, ou seja, as relações de poder devem ir além do administrativo,
fazendo-se presente no pedagógico e materializando-se nas relações profissionais
do currículo. Neste sentido, a gestão democrática tem que atingir todas as esferas
da escola, chegando até a sala de aula, que ao contrário do que muitos pensam,
não é apenas um local de conteúdos, mas também o lugar de disputa pelo saber,
da construção da subjetividade e da educação política.
Para Lück, em organizações democraticamente administradas – inclusive
escolas – os funcionários são envolvidos no estabelecimento de objetivos, na
solução de problemas, na tomada de decisões, no estabelecimento e manutenção
de padrões de desempenho e na garantia de que sua organização está atendendo
adequadamente às necessidades do cliente. Ao se referir a escolas e sistema de
ensino, o conceito de gestão democrática envolve, além de professores e outros
funcionários, os pais , os alunos e qualquer outro representante da comunidade
que esteja interessado na escola e na melhoria do processo pedagógico.
A introdução do processo eleitoral para a escolha de dirigentes escolares,
trouxe para dentro da escola a disputa política, com conflitos e divergências
inerentes ao processo democrático. Poder participar da escolha de diretores de
escola através do voto direto, foi uma grande conquista daqueles que sempre
lutaram pela democratização do ensino.
15É bem verdade, porém, que as eleições, por si só não resolvem todos os
problemas na gestão escolar, pois existem os eleitos que não correspondem às
expectativas dos leitores fazendo-nos refletir que o voto popular não é a única
fonte de participação na democratização do poder, pois existe outra fonte de
democracia, decorrente do voto, que é a participação nas decisões.
É, portanto, necessário à existência de conselhos escolares atuantes, que
junto com a comunidade, tragam para o cotidiano escolar vozes diferentes e
discordantes, pois embora pareçam assustadores para alguns dirigentes, trata-se
de elementos importantes no conjunto das relações democráticas, porque fazem
refletir e provam que a realidade não é homogenia e está sempre em movimento.
Segundo BASTOS (1999), o debate, o movimento e as práticas
administrativas compartilhadas estão sinalizando três posturas distintas no
cotidiano escolar. Há aqueles dirigentes que se posicionaram conscientemente em
relação às práticas compartilhadas no administrativo e no pedagógico, e procuram
construir coletivamente um novo projeto de escola pública; existem outros
dirigentes que não discordam da participação e do ambiente criativo
desencadeado pela gestão democrática, mas temem que a escola não esteja
preparada para a prática das decisões compartilhadas. Para esses dirigentes, as
normas constituem a base do funcionamento da escola. E, finalmente podemos
observar que o cotidiano escolar é propício para a manutenção de um bom grupo
de dirigentes que foram eleitos, por não haver ninguém que queira assumir a
direção da escola. São dirigentes céticos em relação às propostas de gestão
democrática.
Vale salientar que a perspectiva de gestão democrática do ensino, ainda
segundo BASTOS (1999), abre para a comunidade da escola o compromisso de
reeducar o seu dirigente, e colocar diante dele a necessidade de administrar a
escola com as representações de todos os seguimentos dela.
O trabalho compartilhado pressupõe a formação de equipe, que é uma
dimensão básica do estilo de gestão compartilhada. Para Lück (1998), o diretor
eficaz é um líder que trabalha para desenvolver uma equipe composta por
16pessoas que conjuntamente são responsáveis por garantir o sucesso da escola.
Para ele, a ênfase principal da liderança está no papel do ensino, pois o líder deve
ajudar a desenvolver as habilidades nos outros, para que compartilhem a gestão
da unidade.
Cabe, portanto, aos profissionais da educação aos alunos, pais e
comunidade, consciente da necessidade de um projeto democrático de educação,
organizarem-se e forma a pressionar e exigir do diretor o compromisso com a
participação de todos na construção de uma escola democrática.
No Brasil, a prática administrativa, em especial a administração escolar,
apresenta-se continuamente conformada com a situação, fundamentando-se na
coação e na imposição legal e burocrática. É uma tradição herdada do
autoritarismo e dos interesses dominantes. Desta forma, por muitas décadas a
administração, principalmente na escola pública, foi orientada através da ação
administrativa em direção ao centralismo burocrático, sem se preocupar com o
trabalho participativo.
Porém, a partir das pressões de professores organizados, alunos e da
sociedade civil em geral, iniciados no ano de 1978, exigindo novos rumos às
práticas administrativas da educação, o provimento de cargos de administração foi
se fazendo através de eleições diretas. Dali em diante foi desaparecendo a figura
do diretor com cargo quase vitalício e que decidia tudo de forma autoritária e
centralizada, para dar lugar à administração participativa, em forma de colegiado,
exigindo o envolvimento de todos nos processos de tomada de decisão.
Apesar de todo esse avanço, “esse movimento foi engendrado no conjunto
da sociedade, no chamado período de `abertura política´, recebendo no seu
transcurso a influência das práticas políticas do país, freqüentemente marcadas
pelo clientelismo político e pelo corporativismo de interesses.” (FORTUNA, 1998).
Para FORTUNA, existe e sempre deverá existir uma insatisfação com os
processo de democratização, especialmente na realidade escolar, levando se em
conta que os sujeitos decepcionam-se com a democracia, porque esperam dela
um resultado, um fato acabado, uma conclusão. Entretanto, deve-se levar em
17conta que se trata de um processo em constante evolução e que não se pode
desconsiderar a dimensão subjetiva das práticas dos atores envolvidos, com seus
valores, suas concepções, suas imagens, seus desejos, seus fantasmas, enfim,
com toda a sua história de vida, que entra como dote que cada um traz consigo
para o intercâmbio entre essas relações.
Apesar de todos os movimentos em defesa da gestão democrática, ainda
existe uma boa parcela daqueles que atuam na educação que insistem em não
acreditar que a ampliação dos mecanismos da participação seja capaz de delinear
uma nova trajetória para elevação da qualidade do ensino com sua efetiva
extensão àqueles setores mais oprimidos de nossa sociedade.
O ceticismo desses setores não lhes deixa enxergar que os modelos
centralizados, burocráticos, mutilador do trabalho do professor em sala de aula e
sem a participação das forças que atuam na sociedade, só tem contribuído, como
a própria história tem nos demonstrado, para aniquilar a educação pública no
Brasil. É inaceitável que essa forma arcaica de conduzir os rumos do ensino ainda
seja defendida por profissionais da educação, em nome do comodismo, do medo
do novo e da falta de compromisso com a quebra de velhos paradigmas.
Nunca é demais enfatizar que jamais existirá qualquer canal institucional
que venha a ser criado no sistema de ensino que, sozinho, transforme a qualidade
da educação. Nessa perspectiva, “a gestão democrática poderá constituir um
caminho real de melhoria da qualidade do ensino se for concebida, em
profundidade, como mecanismo capaz de alterar práticas pedagógicas” (BASTOS
1999).
Desta forma, a gestão democrática deve-se constituir como instrumento de
transformação das práticas escolares. A gestão e a melhoria da qualidade serão
expressões inócuas, se não houver uma direção predisposta às mudanças, se não
houver uma nova proposta pedagógica capaz de romper com toda e qualquer
prática autoritária, visto que as principais características da gestão participativas
são, segundo Lück (1998): compartilhamento de autoridade; delegação de poder;
responsabilidades assumidas em conjunto; valorização e mobilização da sinergia
18de equipe; canalização de talentos e iniciativas em todos os seguimentos da
organização; e compartilhamento constante e aberto de informações.
É, necessário, sobretudo, que o gestor escolar dê plena liberdade ao
professor para que crie as condições para uma ampla reformulação de práticas
educacionais, em busca de um novo modelo pedagógico através de um projeto
coletivo que pressuporá a presença de alunos, pais e demais protagonistas da
sociedade.
É bem verdade que essa trajetória poderá ser permeada por avanços e
recuos. Não deixarão de existir as dificuldades nessa interação e será preciso
romper com práticas enraizadas. Não há dúvidas, porém, que esse processo
enriquecerá a atividade educativa, com avanços significativos na qualidade do
ensino, a partir de uma profunda reflexão alimentada pelos problemas concretos
enfrentados na sociedade, construindo-se, assim, novas relações sociais num
espaço público de decisão e discussão, sem a tutela do Estado.
Para o alcance do êxito da democratização da escola, é preciso que se
levem em consideração não só os aspectos políticos e sociais externos à escola,
mas também os internos que inviabilizam qualquer discussão sobre sua
democratização, tais como: qualidade de acesso e a permanência.
É importante destacar que as dificuldades encontradas no processo da
administração escolar constituem-se também em estratégias que poderão manter
a escola com boa imagem diante da comunidade, ressaltando a integração e a
interação das equipes, dos funcionários e dos professores na convivência com os
alunos e pais, reforçando a relação participativa entre a escola e comunidade.
Essa relação é resultante de um ambiente promissor concretizado por eleito
multiplicador nas relações estabelecidas que permeiem o foco de estudo da
gestão escolar.
Também a participação tanto de professores quanto de estudantes e ainda
de funcionário em processo de sinergia gera um clima favorável com influência
direta no desenvolvimento das atividades. Isso pode ser explicado pelas variáveis,
que intervêm na composição do clima da organização escolar.
19Já quanto ao aspecto comportamental, grupal, expresso por funcionários,
este deve ser analisado em relação à participação e em que momento ele é
reconhecido na escola, destacando também a necessidade de o gestor
educacional estar mais próximo da equipe pedagógica, valorizando o coletivo.
Neste momento cabe assinalar que há necessidade de mudanças na
articulação do pedagógico e do administrativo, para que se possa propiciar uma
prática pedagógica qualitativamente atualizada, criando, desta forma, um clima de
participação efetiva de toda comunidade escolar nas decisões administrativas e
pedagógicas, porém, quando se descentraliza o poder é quando se confia e se
acredita em um trabalho de equipe.
Diante deste contexto, entende-se que a educação é o ponto de chegada e
de partida da administração escolar, sendo função essencial do gestor escolar
entender o processo educacional. Portanto, o próprio trabalho pedagógico é que
vai estabelecer os padrões da administração. Daí a necessidade de a escola
discutir e apresentar o aspecto pedagógico para a equipe administrativa, de modo
que se estreitem tais relações e se suscite sua valorização.
O clima organizacional instalado nas escolas propicia a participação, traz
novas tessituras de relações que se efetuam dinamicamente. Trata-se da
modalidade de atuação que conquista espaços e autonomia na construção
coletiva do projeto pedagógico da escola, priorizando a ação do gestor de forma
descentralizada, mas com co-participação e comprometimento da comunidade
escolar. Isso leva às mudanças no processo de modo que se legitime que cada
setor escolar deve definir seus próprios recursos, de acordo com as diretrizes
traçadas, diferenciando-se da ação desconcentrada que permite apenas a
distribuição de tarefas, porém, com o poder de decisão centralizado no dirigente
da escola.
A autonomia pode interferir na eficácia do processo administrativo escolar,
sendo um dos princípios centrais das políticas educativas da década de 90, trata-
se de dotar as escolas com os meios para responderem de forma útil aos desafios
cotidianos.
20A liderança organizacional é um dos fatores que contribuem para o alcance
da escola eficaz, e é o líder quem irá promover estratégias adequadas de atuação
e participação de todos os envolvidos no processo educativo. Nessa perspectiva,
autonomia implica, por um lado, a responsabilidade dos profissionais, dos alunos,
dos pais e da comunidade e, por outro lado, a preocupação de aproximar o centro
de decisão da realidade escolar.
A liderança da escola pode ser reforçada pela própria equipe de trabalho,
priorizando assim um ambiente democrático, favorecendo a participação dos
diversos atores que compõem o processo educativo, em que a coesão e a
qualidade de uma escola dependem, em larga medida, da existência de uma
liderança organizacional efetiva e reconhecida, que promova estratégias
adequadas de atuação e estimulem o empenho individual e coletivo na realização
dos projetos de trabalho.
A liderança organizacional deve ser legitimada por uma tomada de decisões
e participação colegiada, envolvendo o conjunto da comunidade educativa na
definição e na salvaguarda dos objetivos próprios do estabelecimento de ensino.
Destaca-se a necessidade da presença da liderança, aliada ao
desenvolvimento da gestão democrática, para uma efetiva participação da escola
e dos demais segmentos da comunidade.
Por outro lado, a participação nos diferentes níveis dos atores que
compõem a gestão da escola deve ser estimulada pelo gesto, sendo assim
moralmente desafiados a responder competentemente aos reclamos da sociedade
contemporânea.
Um novo sentido é dado para a administração da escola no que concerne à
formação de profissionais que irão atuar na formação de seres humanos desde o
ensino fundamental até o ensino superior, pois eles terão a responsabilidade de
formar cidadãos capazes de enfrentar com dignidade e possibilidades a
complexidade do mundo moderno.
Entende-se a administração da educação como uma instância inerente à
prática educativa, que abrange o conjunto de normas / diretrizes e práticas /
21atividades que garantem, de um lado o significado ou o sentido histórico do que se
faz e, de outro lado, a unidade do conjunto na diversidade de sua concretização, e
que a administração da educação engloba políticas, planejamento, gestão e
avaliação da educação.
Assim, a gestão democrática implica principalmente repensar a estrutura de
poder da escola, tendo em vista sua descentralização e democratização. A
socialização do poder propicia a prática da participação coletiva, a qual atenua o
individualismo; amplia a reciprocidade; elimina gradativamente a exploração;
propicia a solidariedade, suprimindo a opressão pela autonomia, que anula a
dependência dos órgãos intermediários os quais elaboram políticas educacionais
para que a escola seja mera executora.
A busca da gestão democrática inclui, inicialmente, uma ampla participação
dos representantes dos diferentes segmentos da escola nas decisões e ações
administrativas – pedagógicas ali desenvolvidas.
Dessa forma, dada a possibilidade de se praticar à gestão escolar como
uma administração modernizada e atualizada em seus aspectos internos e
externos, isso significa romper gradativamente com a ótica do controle excessivo
sobre as coisas, as pessoas e as ações, inserindo a participação com exigência
ou como condição imprescindível ao processo democrático ensejado.
Inúmeras experiências de participação são, portanto, realizadas, sem que
tenham um sentido político-democrático, ou sentido pedagógico de transformação.
É por esse motivo que o conceito e a prática concreta da participação devem ser
particularmente analisados quando se considera a questão da gestão escolar.
22
CAPÍTULO II
GESTÃO PARTICIPATIVA
O destaque “participativo” refere-se à filosofia de cooperação e união entre
todos os seus participantes, dirigentes, funcionários, gerando um perfil de família
unida. Assim, para que a gerência participada ocorra de forma vantajosa é
necessário o envolvimento dos trabalhadores na vida da escola, e quando maior
for o seu envolvimento, mais se sentirão donos e parte da vida escolar e estarão
prontos a ajudar a alcançar os objetivos preconizados.
23Este sistema resulta na integração entre trabalhadores, instituições e
comunidade. Para isto, antes de qualquer coisa, é preciso que os próprios
gestores/ diretores percebam a real importância dos funcionários dentro da
organização. Por outro lado, percebam que é com esta relação de convivência
dentro das organizações que se consegue civilizar o processo de
desenvolvimento, identificando interesses convergentes entre a base e o topo nas
organizações. Só assim se desperta a verdadeira cidadania para se chegar ao
objetivo primeiro e último da gestão participativa: a melhoria da qualidade de vida
de todos.
Quando todos os intervenientes do processo se envolvem no planejamento
da vida organizacional, aumenta a produtividade e a motivação bem como os
resultados, permitindo a seus dirigentes tomadas de decisões estratégicas mais
seguras.
Define-a como um conjunto de princípios e processos que defendem e
permitem o envolvimento regular e significativo dos trabalhadores na tomada de
decisão. Partindo desta perspectiva é imprescindível, enfatizar a necessidade da
participação ativa dos trabalhadores na definição das metas e objetivos; na
resolução de problemas; no processo de tomada de decisão; no acesso à
informação e no controle da execução são aspectos considerados fundamentais.
A gestão participativa é uma forma de gestão que cria condições para a
participação dos diferentes membros ou atores de uma organização, no sentido de
favorecer a execução de um trabalho coletivo, interativo e progressivamente mais
autônomo entre os diversos intervenientes escolares (direção, os professores, os
alunos, os pais e encarregados de educação e a comunidade em geral).
Considera-se que este desenvolvimento recente da gestão participativa ficou a
dever, essencialmente, a dois tipos de fatores:
• Primeiro, no domínio das teorias da administração e da análise organizacional,
mostrando que já existem vários estudos que revelam a importância do individuo
(da sua racionalidade, da sua autonomia e das suas estratégias) nas
organizações;
24• Segundo, no domínio das práticas de gestão empresarial onde se tem assistido à
influência crescente dos princípios e modelos japoneses, com a criação de
dispositivos de desenvolvimento empresarial, baseados na partilha de
responsabilidades pelas equipes de trabalho, com o aparecimento dos círculos de
qualidade como forma de associar voluntariamente os trabalhadores à resolução
de problemas e ao processo de tomada de decisão, com o desenvolvimento do
trabalho em equipe, com a co-gestão participativa na escola.
Hoje em dia existe um largo consenso quanto à necessidade de introduzir
formas de gestão participada nas organizações (publicas ou privadas, industriais
ou de serviços, lucrativos ou sem fim lucrativo), embora, as motivações passam a
ser diversa.
A participação é uma forma de cidadania e é entendida como “a capacidade
de colaboração” ativa dos atores na planificação, direção, avaliação, controle e
desenvolvimento dos processos sociais e organizacionais. A participação pode ser
abordada numa outra perspectiva mais personalizada como “um processo
(consensual e conflitual), um modo de contribuir para a construção da
organização, sacrificando, até certo ponto, os objetivos singulares e pessoais e a
liberdade e autonomia individuais.
Ser parte e participar são coisas completamente distintas. Enquanto parte,
o cidadão afirma a sua autonomia pessoal contra outros particulares ou contra a
coletividade; mas já enquanto participante, ele representa e afirma o interesse de
um grupo, participa na publicação democrática e aparece como portador de uma
função no todo coletivo. Daí podem reafirmar que a gestão participativa exige que
os participantes sejam ativos e dinâmicos. De nada vale implementar uma gestão
participada se todos os participantes não estão envolvidos no mesmo. Pois, a
participação na gestão de uma escola é considerada como: poder real de tomar
parte ativa na elaboração e desenvolvimento do processo educacional, tanto no
nível institucional como no nível social mais amplo, de todos atores que intervêm
no processo educacional, ou seja, alunos, pais e responsáveis, docentes e
representantes da comunidade. Também, podemos dizer que a participação é um
25processo educativo tanto para os diretores / gestores como para os demais
membros da comunidade escolar e local. Ela permite confrontar idéias,
argumentar com base em diferentes pontos de vista, expor novas percepções e
alternativas (Ferreira. 2000, 30).
A escola, como sabemos, é um espaço de diversidade de pessoas e não
só, daí a necessidade de trabalharmos de forma cooperativa, onde valorizamos o
pensar e o fazer coletivo e cada um se sintam parte integrante deste processo.
Devemos entender que quando participamos ativamente na vida da escola
conseguimos entender as relações humanas, e posteriormente sentimo-nos
preparados para enfrentar e solucionar os problemas e os conflitos. Mas, também
participamos na vida da escola como forma de exercer a democracia, buscando
sempre a construção de uma sociedade dinâmica, solidária e democrática.
A gestão participativa na organização é uma forma de dar vez e voz a todos
os intervenientes escolares. E para conseguirmos de forma eficiente, o importante
é ter sempre presentes os pontos básicos: a prender a aprender, para inovar; criar
uma visão compartilhada; planejar a transição, a análise organizacional, a
colaboração ambiental e potencialização de si e dos outros, para que a gestão
seja uma soma de esforços individuais e grupais em busca do aperfeiçoamento
permanente da organização e dos seus recursos humanos.
Os atores da gestão participativa nas escolas, a gestão das escolas e dos
sistemas de ensino deve contar com a participação de pais e encarregados de
educação, alunos e professores (comunidade escolar), mas também com
representantes das associações do poder público e da comunidade local.
Quando referirmos à gestão participativa nas escolas, estamos a falar
essencialmente do envolvimento dos trabalhadores na gestão, o que no caso da
escola, quer dizer, em primeiro lugar, dos professores. Pois estes constituem, em
princípio, uma força de trabalho altamente especializada e qualificada que em
muitos casos se aproxima de um corpo profissional. Mas, também existem outros
fatores que justificam o envolvimento dos docentes na gestão das escolas.
26Numa organização como a escola, a gestão é uma dimensão do próprio ato
educativo. Cabe assim aos docentes escolares, definir os objetivos, selecionar as
estratégias, planificar, organizar, coordenar, avaliar as atividades e os recursos, ao
nível da sala de aula, ou ao nível da escola no seu conjunto, são tarefas com
sentido pedagógico e educativo evidente, mas igualmente ligadas à função
participativa na vida escolar. Por outro lado, a redefinição da profissão docente e
as próprias mudanças nos modelos e práticas do ensino, têm valorizado a
abordagem do professor como um gestor de situações educativas. O professor já
não é um mero transmissor de conhecimentos, mas um facilitador da
aprendizagem do aluno e cria condições para a aprendizagem. Por tudo aquilo
que realçamos, o professor desempenha um papel central para a gestão de uma
escola e para a sua adequação aos objetivos educacionais. Todavia, podemos
dizer que a gestão do ensino e das escolas é uma tarefa complexa que exige
conhecimentos específicos, no domínio da administração educacional, e que
deveria fazer parte da formação inicial e contínua de cada professor, em função da
natureza dos cargos que exercesse e das tarefas pelas quais se
responsabilizasse.
Em muitos setores nomeadamente ligados à administração da educação,
ainda é dominante a concepção do aluno como produto do trabalho dos
professores e da atividade da escola. Assim sendo, leva-nos a pensar que esta
concepção está ligada aos modelos e práticas de gestão tradicional, consideradas
“aquelas que negavam as pedagogias novas, progressistas, inovadores e
modernos, ao nível das concepções, dos métodos e das técnicas pedagógicas,
das formas organizativas e disciplinares”. Mas, hoje em dia vivemos num mundo
dinâmico, onde o aluno é visto como um “cliente” e o professor como um
“Prestador de serviços”. Por isso, devemos sempre ter nas nossas mentes que “o
aluno é está intrínseco à produção do próprio ato educativo”. E se pretendemos
envolvê-los no processo de gestão participada, devemos considerá-los como se
fossem trabalhadores, no sentido de defender a participação dos mesmos.
27Na verdade, se optarmos por uma concepção pedagógica atualizada, “os alunos
são considerados, não como objetos da formação, mas sim como sujeitos da
formação”, isto leva-nos a pensar que devemos valorizar cada aluno como sujeito
ativo da escola capaz de oferecer apoio e cooperar com a escola em busca da
melhoria do desenvolvimento da mesma. Por isso, a escola deve criar condições
para que os alunos sejam autores do seu próprio crescimento (físico, psíquico,
intelectual, afetivo, moral etc.).
A escola deve envolvê-los, criando iniciativas e formas de participação; que
os alunos devem ser ouvidos, em todos os assuntos que lhe digam respeito pelos
professores, diretores de turma e órgãos de administração e gestão da escola. Daí
a necessidade de oferecer-lhes oportunidades de cooperação no processo e na
organização escolar. Do ponto de vista da gestão participativa, não basta dizer
que a participação dos alunos na gestão das escolas é uma aprendizagem da
cidadania, mas, além disso, a participação dos alunos na gestão das escolas é
uma condição essencial para a própria aprendizagem.
Hoje em dia existem estudos muito apurados sobre a participação dos pais
e encarregados de educação na vida da escola e a sua contribuição para o
progresso do aluno.
A relação entre a família e a escola constitui um elemento funcional e
dinâmico na vida da escola, pois, proporciona benefícios para os pais e
encarregados de educação, para os alunos e para a própria escola, de uma forma
geral. Para que exista uma colaboração entre a escola e a família é necessária
fazer com que aquela seja aberta a esta, no sentido dos pais e encarregados de
educação terem a oportunidade de intervir, envolvendo nas atividades e
colaborando nos projetos da escola (Marques. 1991,12). Com certeza, quando os
pais participam ativamente na escola, valorizam mais o trabalho de todos os
intervenientes escolares (os professores, os alunos a direção), isto também
contribui para o desenvolvimento pessoal dos próprios pais, desenvolvendo-lhes
competências de cidadania, aumentando a sua informação e motivação perante o
meio que o rodeia. Assim, podemos fazer a seguinte consideração: a escola
28constitui um espaço de partilha dos saberes, onde os representantes de pais e
encarregados de educação têm uma tarefa a desempenhar de forma, colaborando
com a mesma, mas também partilhando com os outros pais e encarregados de
educação a informação recebida. Assim, se cria na escola uma entrada e saída de
informação com vista à melhoria de interação e desenvolvimento de todos.
Como é sabido, hoje em dia a escola deve estar aberta à comunidade e a
sociedade em geral e uma forma de abertura é criar parceria com a autarquia, no
sentido, de beneficiar a organização e o funcionamento da escola. A participação
de representantes da autarquia na gestão da escola justifica-se numa perspectiva
de parceria e traduzindo uma co-responsabilização real de elemento da sociedade
local no funcionamento da escola e na concretização dos seus objetivos. Os
elementos da autarquia na gestão da escola devem acontecer quando à medida
que houver iniciativas concretas que envolvam a escola e os serviços autárquicos.
Instrumentos e práticas de gestão escolar que favoreçam a participação.
Definiremos aqui cinco pilares sobre os quais deve assentar, a nosso ver, uma
gestão escolar participativa: a construção do projeto político pedagógico a adoção
de uma dinâmica funcional descentralizada, a envolvência da comunidade
educativa no processo de tomada de decisão, o investimento na construção de um
clima e cultura organizacional favorável e desenvolvimento de boas praticas de
participação e comunicação.
Hoje em dia um dos problemas que se colocam à gestão é a reduzida
margem de autonomia de que, goza na resolução dos aspectos fundamentais ao
funcionamento da escola sendo que a autonomia da escola constitui na atualidade
um tema central para a dinâmica da escola. Consideramos que a autonomia é um
conceito que exprime sempre um certo grau de relatividade. Somos mais, ou
menos, autônomos. Podemos ser autônomos em relação a umas coisas e não em
relação a outras. A autonomia é, por isso, uma maneira de gerir, orientar, as
diversas dependências em que os indivíduos e os grupos de gestão participativa
na escola encontra-se, assim ligado umbilicalmente ao conceito de autonomia.
Enquanto instrumento de planejamento e gestão dá origem à autonomia e,
29conseqüentemente, a concretiza. Pois, a autonomia só se concretizará
plenamente quando surge como o processo e o produto de uma planificação
orientada, intencional e, muito importante, desejada. Esta planificação, assumida
pelo projeto político pedagógico tem que ter em conta a definição de um sentido
para a ação comum, uma gestão participativa e uma explicitação de valores
comum.
Só assim a escola conseguirá apropriar-se autonomamente do seu espaço
próprio para se afirmar perante a comunidade que a envolve. O projeto político
pedagógico deve ser capaz de procurar antever o futuro, deve ter em conta o
indeterminado, deve ser capaz de se adaptar às dificuldades que vão surgindo,
para as ultrapassar, avaliando permanentemente a sua ação. Por isso, o projeto
político pedagógico deve ser fruto da discussão participada e consensual de uma
comunidade educativa que o deseja; deve ser autônomo, mas não independente.
O projeto político pedagógico permite passar do desejo da ação, do "eu" ao "nós",
é um instrumento gerador de descentralização e de participação.
O projeto político pedagógico, participação e autonomia são indissociáveis.
O projeto educativo é o instrumento organizacional de expressão da vontade
coletiva da escola-comunidade educativa que dá sentido útil à participação e a
corporização operativa da autonomia da escola comunidade.
A construção da escola que queremos necessita de uma real participação de toda
a comunidade na construção do projeto político pedagógico; requer liberdade,
autoridade e competência profissional dos professores; exige poder de decidir
porque só decidindo se alcança a autonomia.
A descentralização constitui um outro aspecto bastante relevante numa
organização que se quer participativa. Efetivamente para que uma escola seja um
local de participação e caminhe para a democracia, o gestor / diretor enquanto
pessoa chave necessita, porém, de realizar uma transição da figura
do gestor/ autoritário para a figura do educador dirigente.
O gestor escolar tem de se conscientizar de que ele, sozinho, não pode
administrar todos os problemas da escola. O caminho é a descentralização, isto é,
30o compartilhamento de responsabilidades com alunos, pais, professores e
funcionários.
Nesta era de mudança, as organizações que descentralizam (delegam)
autoridade permitem que os gestores tomem decisões importantes, ganhem
aptidões e evoluam na organização. Por terem o direito de tomar decisão sobre
um vasto leque de questões, os gestores desenvolvem competências que lhes
permitem enfrentar os problemas. Abordando a questão da descentralização
dentro da gestão participativa, podemos dizer que o processo decisório deve ser
totalmente delegado e descentralizado, as informações totalmente compartilhadas,
sendo a comunicação deve observar os princípios de clareza, coerência e
adequação. É claro que devemos delegar tarefas, mas também temos de controlar
todos os aspectos para que a delegação seja um trabalho de responsabilidade,
mas também de partilha.
A tomada de decisões como oportunidade de uma gestão participativa
A teoria clássica de decisão defende o princípio de que a tomada de decisão
resulta de um processo racional, através do qual os dirigentes escolhem a melhor
das alternativas (entre as existentes), para atingir os objetivos pretendidos. A
tomada de decisão é sobre tudo meios e não fim. O processo através do qual um
gestor tenta atingir um determinado estado desejado, ou seja, as respostas a um
determinado problema. Deve ser um processo dinâmico, influenciado por muitas
forças, incluindo o ambiente organizacional e o conhecimento, a capacidade e a
motivação do gestor.
O processo de tomada de decisões envolve diferentes intervenientes da
organização em que cada pessoa participa conscientemente e racionalmente
escolhendo entre as alternativas mais ou menos racionais; cada pessoa decide
em função de sua percepção das situações. Fazendo retrospectiva da situação,
refere que no processo de tomada de decisões, percorrem-se alguns passos
específicos que contribuem para decisões de alta qualidade: Identificar e definir o
problema (é fazer um diagnóstico da organização, mostrando os seus pontos
fortes e fracos, as ameaças e as oportunidades).
31 Desenvolver soluções alternativas (uma vez definido o problema, é
necessário desenvolver alternativas exeqüíveis, soluções potenciais, e ter as
conseqüências possíveis de cada alternativa).
Avaliar soluções alternativas (significa, uma vez desenvolvidas devem ser
avaliadas e comparadas).
Em cada situação de decisão, o propósito da tomada de decisão é:
escolher a alternativa que vaticine os resultados mais favoráveis e evite os menos
favoráveis.
Dentro deste contexto podemos analisar condições de certeza (o dirigente
tem o conhecimento absoluto do resultado de cada alternativa; condições de
incerteza. Escolher a alternativa visa resolver um problema para se atingir um
objetivo predeterminado. Significa que a decisão não é um fim em si, mas apenas
um meio para atingir um fim).
Implementar a decisão, ou seja, uma decisão deve ser eficazmente
implementada para que se atinja o objetivo para o qual foi tomada.
Avaliar e controlar significa, que uma gestão eficaz implica medições
periódicas dos resultados. Se existirem desvios quando se comparam resultados
atuais com o planejado, é necessário proceder às alterações. Após a
implementação da decisão, o gestor/ diretor não pode presumir que o resultado
venha a satisfazer o objetivo inicial. Daí a necessidade de um sistema de controle
e avaliação para garantir que os resultados obtidos são coerentes com o
planejado a quanto da tomada de decisão.
A tomada de decisão não é um processo fixo, mas um processo seqüencial,
onde os gestores percorrem um certo número de etapas que ajudam a pensar o
problema e a desenvolver estratégias alternativas. As etapas não precisam ser
aplicadas de forma rígida, o seu valor reside na capacidade de obrigar os
dirigentes a estruturar o problema de uma forma coerente.
A teoria clássica de decisão defende o princípio de que a tomada de
decisão resulta de um processo racional, através do qual os dirigentes escolhem a
melhor das alternativas (entre as existentes), para atingir os objetivos pretendidos.
32Mostrando que o processo racional de tomada de decisão desenvolve-se ao longo
das seguintes lógicas: definição de objetivos; Identificação das alternativas;
avaliação das alternativas; avaliação e controle.
No processo de tomada de decisões, o dirigente deve analisar todas as
alternativas possíveis e escolher aquela que permite maximizar a ação face aos
objetivos desejados. Assim, podemos entender que o processo de tomada de
decisão é interativo e racional. Quando falamos da gestão participativa, também
pensamos na participação de todos os intervenientes no processo de tomada de
decisões. Muitas pesquisas têm revelado que “as decisões consensuais com cinco
ou mais participantes são melhores do que as decisões individuais”, pois em
conjunto, ou seja, em grupo existe maior probabilidade de criatividade na tomada
de decisões todos os intervenientes devem participar e, de inicio, para encorajar a
participação, deve evitar-se a avaliação das idéias individuais.
Gestão constitui de princípios e práticas decorrentes que afirmam ou
desafirmam os princípios que as geram. Estes princípios, entretanto não são
intrínsecos à gestão como a concebia a administração clássica, mas são
princípios sociais.
No entanto, a passagem de uma administração autoritária para uma
administração democrática e participativa é complexa e terá de enfrentar vários
desafios ou superar vários obstáculos, antes de produzir os resultados esperados.
Mas, o maior e mais difícil desafio a ser resolvido são fazer com que a
administração escolar, nas instituições de ensino atinja graus satisfatórios de
autonomia, que lhes garantam recursos e condições capazes de permitir a
implantação de novas idéias pedagógicas e administrativas surgida no coletivo.
Logo, sabendo da complexidade, e da dificuldade que as mudanças provocam,
uma vez que para se mudar de uma idéia / ação que não corresponde com a
realidade vigente para outra nova idéia / ação que exige a ruptura histórica na
prática administrativa da escola requer tempo e muita conscientização dos
profissionais. A exemplo disso LUCK (2000) nos diz:
33(...) nem sempre os membros da escola estiveram
preparados para formas complexas de ação e passam a
simplificá-la e a estereotipá-las, burocratizando-as e
estabelecendo, desnecessariamente, hierarquizar e
segmentação inadequada. (p. 88).
Portanto, toda mudança provocada no âmbito de qualquer instituição exige
muitas discussões dialética, para não evoluir para um grau de insatisfação onde
não exista espaço para discussões, questionamento e muito menos crítico. Por
isso a gestão participativa se constitui numa alternativa a administração
centralizada. É um tipo de gestão que se baseia na representação. Um conselho é
formado por representantes eleitos de todos os setores da entidade administrada,
com poderes não só consultivo, mas também normativo e até deliberativo. No
caso específico da escola, este conselho é formado por representantes dos
alunos, dos professores, funcionários, dos setores de apoio. Gestão participativa
parece, portanto, minimizar o aspecto coercitivo inerente à própria administração,
uma vez que as decisões não ocorrem unilateralmente de cima para baixo, mas
sim, ao contrário de baixo para cima, já que cada indivíduo participa direta ou
indiretamente, das decisões administrativas.
A gestão democrática da educação é um princípio consagrado pela
Constituição Federal de 1988, e abrange as dimensões pedagógicas,
administrativa e financeira da unidade educacional. As palavras de BASTOS
(2000), a respeito da gestão democrática são bastante esclarecedoras:
A gestão democrática restabelece o controle da
sociedade civil sobre a educação e a escola pública,
introduzindo a eleição de dirigentes escolares e os
conselhos escolares garante a liberdade de expressão,
de pensamento, de criação e de organização coletiva
na escola, facilita a luta por condições materiais para
34aquisição e manutenção dos equipamentos escolares
bem como por salários dignos a todos os
profissionais (p. 7).
Neste contexto, a gestão democrática exige a ruptura histórica na forma
estrutural como a escola vinha se organizando já que a democracia é o regime da
reflexibilidade, é o regime que se reflete e se decide em comum sobre o que se vai
fazer, tudo isso concerne à discussão sobre os objetivos políticos e das
instituições.
A gestão democrática prever a descentralização e um processo de autonomia
para as escolas poderem decidir questões referentes ao seu plano pedagógico,
material que quer utilizar e como administrar recursos financeiros, além de
transferir parte da responsabilidade sobre a administração, socializando todas as
decisões referentes à melhoria das escolas.
Assim, a participação dos diferentes segmentos da escola, formam os
chamados conselhos escolares ou colegiados e são peças fundamentais dessa
engrenagem. Os colegiados devem constitui-se num espaço de construção
coletiva em que determinado momento funcionará como uma arena onde
interesses distintos se confrontam; em outro momento constitui-se em um palco de
denuncias, ou em instâncias consagradas de certas práticas, decisões e propostas
em muitos outros, em um grupo de trabalho que pensa, elabora e determina os
rumos dessa escola. Para tanto, exige-se de todos que participam desse
processo.
A gestão democrática é, portanto, um fazer prático participativo, pois há
transformações dos sujeitos envolvidos. Daí para uma proposta se auto denominar
de revolucionária deve não apenas abalar as estruturas concretas da organização,
mas atuar com e para as pessoas, porque são elas e para elas que a organização
existe.
Segundo Marques (1981), a participação de todos nos diferentes níveis de
decisão e nas sucessivas fases de atividades é essencial para segurar o eficiente
35desempenho da organização. A flexibilidade de pessoas e da própria organização
permite uma abordagem aberta, facilitando a aceitação da realidade e permitindo
constantes reformulações que levam ao crescimento pessoal e grupal. A
dignidade do grupo, e de cada um, se faz pelo respeito mútuo.
Na sociedade, observa-se o desenvolvimento da consciência de que o
autoritarismo, à centralização, a fragmentação estão ultrapassados, por
conduzirem ao imobilismo, a instituições. A escola encontra-se, hoje, no centro de
atenções, isto porque se reconhece que a educação, na sociedade globalizada,
constitui grande valor estratégico para o desenvolvimento da humanidade.
As mudanças fazem com o que o gestor assuma um papel importante
nesse processo, visando à organização da escola, com recursos para promoção
de experiências de formação de seus alunos, tornando-os cidadãos participativos
na sociedade. O gestor não decide de forma arbitrária pela escola em que atua,
mas convida a comunidade para a elaboração do projeto político-pedagógico,
momento em que se discute, no coletivo, o dia-a-dia da escola em todos os
sentidos que lhe sejam inerentes. Procura a criar momentos de conscientização
da comunidade escolar, como um todo, para o fato de que os problemas
enfrentados no cotidiano escolar não estão dissociados da realidade social em
que a escola está inserida. Inclusive, pode fazer um trabalho com os professores
no sentido que revejam sua postura e atualize-se para melhor exercerem sua
função de agentes educativos e de transformação nesse contexto.
Em decorrência da situação exposta muda a fundamentação teórico-
metodológica necessária para a orientação compreensão do trabalho da direção
da escola, que passa a ser entendido como um processo de equipe, associado a
uma ampla demanda social por participação.
Além de procurar a participação dos professores na divisão de tarefas e
responsabilidades, assim como na elaboração do processo de decisão, o gestor
deve coordenar a animação e a circulação da informação, assim como o
treinamento em exercício dos professores.
36 A gestão participativa caracteriza-se por uma força de atuação consciente,
pela qual os membros da escola reconhecem e assumem seu poder de influenciar
na determinação da dinâmica dessa unidade escola, de sua cultura e de seus
resultados.
O que é gestão participativa?
O entendimento do conceito de gestão já pressupõe, em si,
a idéia de participação, isto é, do trabalho associado de
pessoas analisando situações, decidindo sobre seu
encaminhamento e agindo sobre elas em conjunto. Isso
porque o êxito de uma organização depende da ação
construtiva conjunta de seus componentes, pelo trabalho
associado, mediante reciprocidade que cria um “todo”
orientado por uma vontade coletiva. LUCK,1(996), p.37.
Sob a designação de participação, experiências são promovidas, muitas
das quais, algumas vezes, com resultados mais negativos do que positivos. Nelas
deve-se considerar a legitimidade do envolvimento de pessoas na determinação
de ações e da sua própria efetivação. Isto porque, em nome da construção de
uma sociedade democrática ou da realização de atividades que possibilitem e até
condicionem a sua participação. No entanto, existe a possibilidade de que essa
prática, dita moderna porque permite uma participação democrática, permaneça
ainda dentro do controle de pessoas e processos. Esta é a razão da análise do
que é realmente a gestão participativa.
A abordagem participativa na gestão escolar demanda maior participação
de todos os interessados no processo decisório da escola, envolvendo-os também
na realização das múltiplas tarefas de gestão. Esta abordagem também amplia a
fonte de habilidades e de experiências que podem ser aplicadas na gestão das
escolas.
37Por não haver uma única maneira de se implantar um
sistema participativo de gestão escolar, identificamos alguns
princípios gerais da abordagem participativa. Nos mais bem
sucedidos exemplos de gestão escolar participativa,
observou-se que os diretores dedicam uma quantidade
considerável de tempo à capacitação profissional e ao
desenvolvimento de um sistema de acompanhamento
escolar e de experiências pedagógicas pela reflexão – ação.
(LUCK, 1998, p.27).
CAPÍTULO III
O PAPEL DO GESTOR
Na década de 70 início dos anos 80, a orientação dos programas oficiais
para a educação nos aspectos relativos a administração escolar, congruente à
38influência tecnicista do texto legal, guiavam-se nas determinações da
administração científica do trabalho’, nos princípiosTaylorista e Fayolista.
É dentro dessa concepção que surgem os especialistas na organização do
trabalho na escola, produto, é claro, da diversificação da divisão do trabalho
escolar. É também por essa época que vão aparecer as habilitações para
Orientação, Supervisão e Administração Escolar no curso superior de pedagogia.
Conforme se observa na Lei 5692/71, capitulo V, artigo 33:
A formação de administradores, planejadores, orientadores, inspetores,
supervisores e demais especialistas de educação será feita em curso superiores
de graduação, com duração plena ou curta ou de pós – graduação.
O Administrador Escolar aparece nesse cenário como o especialista em
administrar uma espécie de gerente que coordena e controla o trabalho alheio,
recolhendo o saber de todos em suas mãos. Esse papel atribuído ao diretor, que a
partir daí assume a posição de especialista, contém em sua essência os princípios
Taylorista de gerência, como aquele que organiza, controla e administra. Aquele
que detém a concepção do trabalho planeja e controla a execução do mesmo,
concebendo o ato de administrar como a seleção de recursos para se atingir
determinados fins. Essa visão no campo educacional começa a mudar a partir da
década de 80, com a democratização da gestão escolar na tentativa de superar
procedimentos tradicionais baseado no clientelismo e corporativismo. Segundo
LUCK (2000).
“ Estas reformas abrangem um movimento para
democratizar a gestão e aprimorar a qualidade
educacional, traduzindo estratégias diversas. O
estabelecimento de colegiados ou conselhos
escolares, que incluem representantes dos
professores, dos funcionários, dos pais e o diretor da
escola, com autoridade deliberativa e poder
decisório, tem obtido níveis variados de sucesso”
39(p. 14).
Com o processo de democratização da gestão educacional, aprofunda-se o
debate em torno da figura do diretor. Eles estão sendo obrigados a deixar o estilo
tradicional de administrar, para adotar um novo modelo de administração
totalmente voltado e integrado à esfera pedagógica. Segundo essa ótica, todas às
ações administrativas, até as mais burocráticas, devem visar o produto final, que é
a educação. Uma outra visão que permeia o novo modelo de administração
escolar, é a eleição direta para diretores, algo impensável até bem pouco tempo
atrás. Mas que agora é realidade, a eleição direta para diretores, tem como maior
virtude a explicitação do debate no contexto da escola. Permite que os vários
segmentos que a compõem se manifestem e defendam seus interesses,
confrontem-se, pleiteiem e ao final, pela proeminência do debate cheguem a uma
dada convivência. O que se discute, o que se debate, o que se disputa é: quem
administra a escola.
Nesse contexto quebra-se um tradicionalismo que durante décadas tornou-
se imutável e impensável às mudanças, a rotina escolar. Esse novo gestor delega
poderes e responsabilidades aos outros parceiros para compartilhar as funções da
escola. Que antes era exclusivo da escola passa a ser discutido com a
comunidade. A participação dos pais torna-se um dos pontos chaves do processo
administrativo e pedagógico, acompanhando o desempenho de alunos e
professores, discutindo projetos dando sugestões, fiscalizando e em alguns casos
tomados decisões.
O diretor continua tendo o papel mais importante, pois fica com a missão de
identificar e mobilizar os diferentes talentos para que as metas sejam cumpridas.
E, principalmente conscientizar todos da importância da contribuição individual
para a qualidade da educação. Nessa nova realidade, cabe a ele desenvolver
algumas competências, como aprender a buscar parcerias, pensar em longo
prazo, trabalha com as diferenças e mediar conflitos, ter coragem para buscar
40soluções alternativas, está em sintonia com as mudanças da área e não perder de
vistas as metas educacionais.
Na História da Educação brasileira, a questão concernente à administração
escolar sempre esteve vinculada aos princípios e métodos utilizados na
administração de empresas.
Assim sendo o processo de transferência das teorias empresarias para o
interior das escolas, centrou-se nas idéias da “administração cientifica do
trabalho“, nos princípios Taylorista e Fayolista. Logo essas idéias tiveram
profundas implicações nas organizações escolares, assim as escolas passaram a
ser vistas como uma organização que deve promover a eficiência e produtividade.
Ao transpor as máximas das teorias administrativas para dentro do universo
escolar encontramos uma escola voltada para seus ambientes internos cujos
problemas, dificuldades e soluções: tinham como referência básica a sua
realidade interna.
E muitos dos profissionais ligados à educação apenas cumpriam tarefas,
meramente rotineiras e mecanicista para a realização do trabalho. Dentro desse
enfoque foi significativa a ausência de discursos nas organizações educacionais
sobre a natureza profunda do ser humano que educa e é educado, que administra
e é administrado, como atores estratégicos capazes de elaborar hipóteses sobre
seus parceiros, sabendo respeitar suas identidades, interesses desejos e projetos,
sobretudo, interpretando incessantemente os comportamentos dos outros.
Portanto, agindo como seres ativos que não absolvem passivamente o contexto
daí derivado a impossibilidade de vê-los apenas como trabalhadores e alunos que
devem desempenhar suas funções visando à produtividade e a eficiência e que,
necessariamente, deverão apresentar um produto acabado ao final do processo,
segundo o ritmo ditado pelo sistema. Esquecendo, portanto, os principais objetivos
do processo de ensino do qual as organizações escolares estão destinadas que é
promover a socialização, ampliar os conhecimentos, desenvolver o pensamento,
raciocínio entre outros. Mas felizmente percebe-se uma mudança no sentido de
reverter esse quadro delineado nas organizações escolares chama-se gestão
41participativa em constitui-se numa alternativa a organização clássica, e consiste
em conceber formatos organizacionais no âmbito da escola que promova a
educação participativa e a aprendizagem não autoritária.
A divisão do trabalho Taylorista deve ser substituída pela integração de
tarefas firmada no princípio da cooperação. Esta deve ser uma preocupação de
educadores, educandos, diretores e funcionários, de toda a sociedade.
Etimologicamente a palavra gestão vem do latim “gentio”, que por sua vez
vem de “genere” trazer em si, produzir. Gestão é o ato de administrar um bem fora
de si (alheio), mas também é algo que traz em si, porque nele está contido. É o
conteúdo deste bem é a própria capacidade de participação sinal maior de
democracia.
Gestão é administração, é direção, relaciona-se com atividade de
impulsionar uma organização a atingir seus objetivos, cumprir sua função
desempenhar seu papel.
No entanto, a passagem de uma administração autoritária para uma
administração democrática e participativa é complexa e terá de enfrentar vários
desafios ou superar vários obstáculos, antes de produzir os resultados esperados.
Mas, o maior e mais difícil desafio a ser resolvido são fazer com que a
administração escolar, nas instituições de ensino atinja grau satisfatório de
autonomia, que lhes garantam recursos e condições capazes de permitir a
implantação de novas idéias pedagógicas e administrativas surgida no coletivo.
Logo, sabendo da complexidade, e da dificuldade que as mudanças provocam,
uma vez que para se mudar de uma idéia / ação que não corresponde com a
realidade vigente para outra nova idéia / ação que exige a ruptura histórica na
prática administrativa da escola requer tempo e muita conscientização dos
profissionais. A exemplo disso LUCK (2000) nos diz:
(...) nem sempre os membros da escola estiveram
preparados para formas complexas de ação e passam a
simplificá-la e a estereotipá-las, burocratizando-as e
42estabelecendo, desnecessariamente, hierarquizar e
segmentação inadequada. (p. 88).
Portanto, toda mudança provocada no âmbito de qualquer instituição exige
muitas discussões dialética, para não evoluir para um grau de insatisfatoriedade
onde não exista espaço para discussões, questionamento e muito menos crítico.
Por isso a gestão participativa se constitui numa alternativa a administração
centralizada. É um tipo de gestão que se baseia na representação. Um conselho é
formado por representantes eleitos de todos os setores da entidade administrada,
com poderes não só consultivo, mas também normativo e até deliberativo. No
caso específico da escola, este conselho é formado por representantes dos
alunos, dos professores, dos funcionários, dos setores de apoio.
Gestão participativa parece, portanto, minimizar o aspecto coercitivo
inerente à própria administração, uma vez que as decisões não ocorrem
unilateralmente de cima para baixo, mas sim, ao contrário de baixo para cima, já
que cada indivíduo participa direta ou indiretamente, das decisões administrativas.
Nas escolas eficazes, os gestores agem como líderes pedagógicos, apoio o
estabelecimento das prioridades, avaliando os programas pedagógicos,
organizando e participando dos programas de desenvolvimento de funcionários e
também enfatizando a importância de resultados alcançados pelos alunos.
Também age como líderes em relações humanas, enfatizando a criação e a
manutenção de um clima escolar positivo e solução de conflitos, o que inclui
promover o consenso quanto aos objetivos e métodos, mantendo uma disciplina
eficaz na escola.
Deve-se ter em conta que a motivação, o ânimo e a satisfação não são
responsabilidades exclusivas dos gestores. Os professores e os gestores
trabalham juntos para melhorarem a qualidade do ambiente escolar, criando as
condições necessárias para o ensino e aprendizagem mais eficaz, identificando e
modificando os aspectos do processo do trabalho, considerados adversários da
qualidade do desempenho.
43A prática de liderança em escolas altamente eficazes excluem: apoiar o
estabelecimento com objetivos claros, propiciar a visão do que é uma boa escola e
encorajar os professores, de modo a auxiliá-los nas descobertas dos recursos
necessários para que realize adequadamente o seu trabalho.
LUCK (1996), elenca as dimensões de liderança relacionadas com as
escolas eficazes, que são: enfoque pedagógico do diretor, ênfase nas relações
humanas, criação do ambiente positivo, ações voltadas para metas claras,
realizáveis e relevantes, disciplina em sala de aula garantida pelos professores
capacitação em serviço voltada para questões pedagógicas e acompanhamento
contínuo das atividades escolares.
Nas escolas, onde há integração entre professores, tendem a ser mais
eficaz do que aquelas em que os professores se mantêm profissionalmente
isolados. A escola, os professores, tudo flui e tudo rende e a comunidade percebe
que naquele ambiente acontece a gestão participativa. As escolas bem dirigidas
exibem uma cultura de reforço mútuo das expectativas: confiança, interação entre
os funcionários e a participação na construção dos objetivos pedagógicos,
curriculares, e de prática em sala de aula.
A postura crítica na adoção de novas perspectivas deve somar-se a novas
formas de facilitar sua introdução no sistema escolar, o que exigirá uma cultura em
constante processo de auto-organização, um estado de experimentação, pesquisa
e análise de novos processos e, ao mesmo tempo consolidação via resolução
consistente de problemas encontrados no dia - a -dia.
O papel principal do gestor é saber acompanhar essas mudanças e tentar
ampliar a capacidade de realização da organização escolar, levando-a a atingir
seu potencial pleno e a torna-se uma instituição que traga orgulho profissional a
seus integrantes.
Segundo LUCK (1990), o gestor escolar tem como função precípua
coordenar e orientar todos os esforços no sentido de que a escola como um todo
produza os melhores resultados possíveis no sentido de atendimento às
necessidades dos educandos é a promoção do seu desenvolvimento.
44Dentro desta concepção o gestor, deve revestir-se de esforços voltados
para o desenvolvimento de conhecimentos, habilidades e atitudes, para que a sua
atuação participativa torne-se gradativamente mais eficiente.O gestor assume a
responsabilidade quanto à consecução eficaz da política educacional do sistema e
desenvolvimento pleno dos objetivos educacionais, organizando, dinamizando e
coordenando todos os esforços nesse sentido e controlando todos os recursos
para tal.
Devido a sua posição central na escola, o gestor, no desempenho do seu
papel, exerce forte influência sobre todos os setores e pessoas da escola.
LUCK (1990), relata ainda, que o gestor deve ter a habilidade de influenciar
o ambiente que depende, em grande parte, da qualidade e do clima escolar, do
desempenho do seu pessoal e da qualidade do processo ensino – aprendizagem.
A vivência de uma metodologia participativa em que as relações solidárias
de convivência pontificam, provocam, mesmo que lentamente, a concretização de
uma nova ordem social, iniciando pela parcela menor, que é a escola. Faz-se
necessário propiciar à comunidade escolar a vivência de uma nova dimensão da
vida social, na qual não participe só da execução, mas também da discussão dos
rumos da instituição escolar. Em outras palavras, sendo presença ativa e criativa
no ambiente escolar.
O clima relacional de uma escola provém, basicamente, dos educadores
que nela atuam. São eles que determinam as relações internas, através de
acolhimento, da aceitação, da empatia, da real comunicação, do diálogo, do ouvir
e do escutar, do partilhar interesses, preocupações e esperanças.
A gestão participativa preocupa-se em promover um clima de amor, de
fraternidade e de diálogo, que alimente o convívio, não só entre os professores,
mas destes com seus alunos, procurando estabelecer comunhão e compromisso.
Propicie integração e coesão, isto é, a vivência da comunhão entre o grupo de
educadores, podendo assim estabelecer atividades integradas, tais como:
partilhas, debates, reflexões sobre textos específicos, confraternizações, amigo
45secreto, manhãs ou tardes de formação, atividades coletivas, sempre com vistas a
criar e a desenvolver um clima integrador e dialógico.
O processo participativo visa envolver todas as pessoas da instituição
escolar na busca comum e na responsabilidade pelo todo da instituição.
Sabe-se que o grupo de professores pode transformar ou manter a
dinâmica de uma instituição. A força transformadora de uma escola está em seu
corpo docente e isso tudo dependerá do rumo e do auxílio do gestor.
Para que a gestão participativa aconteça é necessário segundo LUCK
(1998), seguir alguns passos iniciais que incluem:
1. Redigir um código de valores que represente o comprometimento
de todos da escola com gestão participativa. As frases que
abordam os valores podem, muitas vezes, ser apenas uma
estratégia do responsável por relações públicas. No entanto, se
uma frase for desenvolvida com base no debate de um grupo
numeroso de funcionários, pode agir como uma orientação sobre o
que a organização pretende alcançar. As pessoas podem ser
influenciadas e motivadas por um senso maior de propósito e as
frases sobre conceitos e valores podem direcionar este esforço.
2. Construir o comprometimento pessoal de cada pessoa envolvida
com a escola. Uma liderança forte é necessária para superar as
várias barreiras e dificuldades. Se o diretor e a equipe de apoio
não estiverem comprometidos, os professores sempre
questionarão se o envolvimento será levado a sério ou se ele é
realmente válido.
3. Promover a capacitação em serviço de professores e pais para
que desenvolvam as habilidades necessárias à atuação
participativa. Administrar participativamente, assim como ensinar,
é uma forma de arte, quando bem praticada. No entanto, a gestão
participativa baseia-se em habilidades em técnicas específicas. Ao
46desenvolver estas habilidades, os membros da escola necessitam
de tempo para aperfeiçoá-las. A gestão participativa pode parecer
confusa e atrapalhada para muitos, em um primeiro momento,
inclusive, parece tomar mais tempo do que o necessário. Por isso,
tantos os diretores quando os demais funcionários devem estar
dispostos a dedicar algum tempo e atenção para esta
aprendizagem, viabilizando a criação de um sistema de trabalho
com base na gestão participativa.
4. Circular a informação de cima para baixo na organização.
Consultar é um esforço de mão dupla. Se um diretor dá a
impressão que consultar significa apenas fornecer informações
aos superiores, então os demais funcionários podem se sentir
frustrados. No entanto, se este processo envolver a troca de idéias
entre o diretores e os professores, o ambiente será mais propício à
existência de consultas. E, embora nem todos os professores têm
o interesse em participar do processo decisório, a maioria gosta de
saber que alguns de seus colegas tomou parte no processo,
representando suas percepções.
A liderança participativa é uma estratégia empregada para
aperfeiçoar a qualidade educacional. É a chave para liberar a riqueza do ser
humano que está presa no sistema de ensino. Baseada no bom senso a
delegação de autoridades aqueles que estão envolvidos na produção de
serviços educacionais, é construída a partir de modelos de liderança
compartilhada, que são os padrões de funcionamento de organizações ao
redor do mundo, com alto grau de desempenho.
Saber ouvir opiniões diferentes e aprender a lidar com a diversidade
são características necessárias ao diretor para levar à frente uma proposta
de trabalho coletivo. Oferecer subsídios teóricos para elucidar dúvidas
47existentes ao comentar experiências conhecidas são algumas sugestões
para conduzir esse tipo de trabalho.
Através de um constante diálogo é que surge a certeza de que
faremos na escola uma gestão participativa.
A participação da comunidade escolar na elaboração de projetos
pedagógicos que a mesma pretenda desenvolver acontece a partir de
encontros e reuniões na própria escola.
Trazer a comunidade para o debate sobre a prática a ser viabilizada
no interior da escola, representa o ponto alto no processo de gestão
participativa, enquanto enfrentamento e negociação do caminho que
queremos dar para a educação no meio em que vivemos. A estratégia do
desenvolvimento e participação da comunidade externa no cotidiano
escolar conduz ao comprometimento maior desta para com o
desenvolvimento da escola, a transformação social e a construção da
democracia, enquanto gestão compartilhada.
Quando há participação e quando há gestão, essas conseguem
estabelecer espaço e clima para que todos os seus membros discutam e
decidam sobre os procedimentos a serem adotados e há também
compromisso e a responsabilidade pelo processo de transformação,
orientado o rumo que devemos tomar.
Quando defendemos a idéia de uma gestão participativa,
pressupomos a necessidade das existências de uma escola bem dirigida,
organizada pela vontade da maioria, que defenda uma atitude aberta e
democrática. Portanto, a comunidade escolar vê –se desafiada a promover
a combinação de liderança forte e atuante num processo participativo de
tomadas de decisões.
Segundo LUCK (1998), a gestão já pressupõe, em si, a idéia de
participação, isto é do trabalho associado de pessoas analisando situações,
decidindo sobre seu encaminhamento e agindo sobre elas em conjunto.
48No caso da gestão, participar significa atuar conscientemente dentro
do contexto no qual encontra-se inserido, mantendo-se informado ao
buscar dados necessários para fundamentar a elaboração de projetos, com
boas chances de sucesso e tomando parte no ato de gerir.
A tarefa do gestor é contribuir para a implementação das mudanças,
ajudando a criar um clima favorável na comunidade que cerca a escola. A
educação é um processo de construção de identidades e estas se
constituem pelo desenvolvimento da sensibilidade e pelo conhecimento do
direito a igualdade. Trata-se de um clima no qual cada um perceba que tem
responsabilidade por suas ações e sentimentos.
A gestão escolar, enquanto gestão participativa, é entendida neste
novo contexto como sendo um processo de tomada de decisão que envolve
todos os membros que compõem a comunidade escolar.
Participar significa atuar conscientemente no contexto no qual
encontra-se inserido, mantendo-se informado ao buscar dados necessários
para fundamentar e possibilitar a elaboração de estratégias racionais, com
boas chances de êxito e tomando parte do ato de gerir.
O trabalho coletivo possibilita a articulação entre os diversos
segmentos da comunidade escolar e é fundamental para sustentar a ação
da escola. É condição indispensável para que as atividades sejam
devidamente planejadas e avaliadas, tendo em vista a direção comum que
se pretende imprimir ao processo ensino aprendizagem.
Certamente, é grande o desafio do gestor em efetivar seu trabalho no
âmbito da ação participativa. Para tanto, cabe a ele viabilizar articulações
promovendo abertura no interior da escola para que professores, alunos e
pais, como um todo, possam participar e fazer parte do trabalho pedagógico
na sua totalidade. A gestão acontece quando o gestor informa os
professores sobre os acontecimentos da escola, criam uma atmosfera de
trabalho, permitindo que o quadro de funcionários opine e participe da
escola.
49O gestor deve atuar como um elo de ligação, gerindo e avaliando o
dia - a - dia da escola, podendo contar com sua equipe. As decisões
coletivas e abertura à participação da sociedade dentro da escola
possibilitam o acesso e a permanência da população à necessária e base
culturais e à formação, exigidas pelas condições das sociedades atuais.
Ao analisar o termo gestão, o elo associativo mental induz a idéia de
controle sobre processos ou pessoas. Adjetivando-se a palavra gestão,
acrescentando-se outra vertente de análise, hora denominada de
competência.
Atualmente, a competência administrativa e pedagógica é
representada pela forma como gestores respondem às necessidades da
sociedade e conseguem efetivamente exercer seu potencial em prol da
sociedade.
Para que isso ocorra, torna-se necessário primordialmente criar um
elenco de padrões de competência que inclua o domínio dos recursos
didáticos, pedagógicos e conhecimento de métodos, técnicas e habilidades
em administração geral, conjulgando-se a isso a implantação de um
sistema adequado que se englobe critérios de formação profissional, de
seleção e avaliação, de modo que se garanta o compromisso dos padrões
esperados de desempenho.
As transformações que surgiram tanto no interior do sistema de
ensino quanto no meio social, provocaram mudanças nas concepções da
educação, do papel da escola na sociedade e do papel do professor no
processo de aprendizagem. Dessa forma, constata-se, ainda, em traves na
administração e na autoridade do gestor escolar, indispensáveis ao
ajustamento dentro do grupo social.
A necessidade de autoridade, de um gestor escolar e que a
autoridade deste, está na capacidade de efetuar movimentos em direção à
realização dos objetivos escolares. Portanto, é necessário que esta
autoridade seja descentralizada.
50Nesse sentido, o diretor escolar transforma-se em um animador da
equipe responsável por estimular e regular os diferentes grupos e, nesta
qualidade, deve adquirir determinadas competências no domínio nas
relações humanas, de forma que se torne capaz de resolver os conflitos,
tomando os agentes locais, como pais, comunidade ou coletividade local,
para se tornarem parceiros ávidos de informação.
A escola já não pode limitar-se a uma simples instituição, mas
cooperar cada vez mais, com os outros setores da comunidade, com vistas
à preparação dos jovens para a vida social, familiar e profissional.
Neste processo, o desempenho de uma organização escolar
depende, em grande parte do “estilo de sua administração”. O diretor que
enfatiza a melhoria da qualidade do ensino, sua escola vive em clima de
questionamento, com estudos em conjuntos na busca de soluções para os
problemas decorrentes das contradições do sistema e das suas inúmeras
manifestações. Isso implica dizer que o diretor de escola torna-se um
verdadeiro ponto de referencia e constitui-se em um desencadeador
privilegiado de qualquer ação especifica que vise a melhoria da qualidade
de ensino.
O compromisso com a mudança define o olhar voltado para os fins
da educação, para o ensino, para o aluno e não para fidelidade ao sistema.
A coerência com este compromisso impulsiona a ação para a submissão,
com a relação estabelecida com a função reguladora e normativa, que
impõe uma base vindo de fora, em vez de auxiliar a construção de um
saber de coletividade, refletido e autoconstruido.
É evidente que a “dimensão do papel “ é realizada por meio da
autoridade atribuída ou delegada pelas atividades relacionadas ao seu
papel. Referencia esta que determina a qualidade e o nível de autoridade,
que qualquer individuo obtêm ou defende na hierarquia que lhe é conferida,
independentemente de o indivíduo dirigir os subordinados em suas
51atividades, pela posição correspondente, ou seja, autonomia e
competência.
Entre os gestores escolares, há variáveis que os diferenciam entre si,
assim como experiências, treinamentos, personalidades e aparência
pessoal.
Assim sendo, as bases da autoridade formal estão compreendidas
por legitimação, posição e sanções inerentes ao cargo, enquanto as bases
de autoridade funcional são compreendidas de competência profissional,
experiências e habilidades de relações humanas, que dão apoio ou
competem com autoridade formal.
Vale salientar que a posse e a utilização de uma base de autoridade
total de um gestor escolar parecem maiores do que a soma de suas partes.
A pertinência da afirmação ilustra a compreensão de que a escola
não pode desempenhar a função de educar um grande número de crianças
e jovens se o seu sistema de autoridade estiver em um estado de perpétua
mudança ou inconstância.
O poder da autoridade deriva da legitimidade da posição, enquanto a
autoridade deriva da competência pessoal.
A autoridade, a gestão escolar, pode ou deve ser exercida dentro de
uma organização escolar, com diálogo e confiança entre diretor, professor
e aluno, como principais responsáveis pela existência da autoridade com
qualidade e responsabilidade.
Agir com firmeza não significa sujeitar-se à mudança precoce, às
divisões ou aos desvios inconseqüentes. Não significa autoritarismo mas
uma firmeza compreendida como decisão tomada diante de um
planejamento administrativo coerente e responsável.
O diretor deve ser razoável incluindo condição de justiça sem
exigências desproporcionais, sem excessos, pois, diante da razoabilidade,
está a analise dos fatos.
52 Para ser consistente, deve-se ser coerente, por harmonia, sem
contradições.
Além das qualidades evidenciadas, outras poderiam ser acrescidas.
Portanto, desempenhando sua ação na escola ou na comunidade, o diretor
poderá encontrar, muitas vezes resistências vivas, bem como ter suas
atividades criativas criticadas ou questionadas, o que exigirá dele e da
equipe administrativa que o auxilia outras formas ou habilidades para obter
a mobilização do grupo com o qual atua. Esta consideração, muitas vezes,
explicita o óbvio, e toda inovação ou proposição de mudanças gera
dificuldades, não esquecendo que a boa qualidade do ensino depende da
boa gestão.
CONCLUSÃO
53
Sabe-se que a administração é uma atividade essencial em qualquer
organização, que requer habilidades tanto técnicas como políticas. Na
administração escolar, em particular, em que seja dado em foque a uma gestão
participativa, além dessas qualidades, impõe-se ao administrador uma
responsabilidade diferenciada.
O gestor é a figura principal da comunidade escolar que, além de ser um
administrador, deve ser educador. Com o papel de contribuir de forma efetiva para
estimulação e concretização do projeto político pedagógico da escola.
É preciso, portanto, buscar-se cada vez mais a participação de todos,
procurando tomar as decisões em forma de colegiado, envolvendo o maior
número possível de atores do processo ensino / aprendizagem, nunca
esquecendo dos pais como sujeitos ativos desse processo, que devem ser
incentivados e estimulados a dar a sua importante parcela de contribuição e a
sentir-se um membro efetivo da comunidade escolar.
Conclui-se, portanto, que na administração escolar, assim como na
administração de outras entidades, o êxito das ações empreendidas está
diretamente ligado ao exercício do poder de uma forma descentralizada, criativa e
inovadora, onde o famoso e tradicional organograma vertical sede lugar ao
organograma horizontal, em que não existem chefes e subordinados,
comandantes e comandados, mas sim gestores, empreendedores e
colaboradores, todos com papéis bem definidos e bem distribuídos, onde a
delegação de poderes e a tomada de decisões em conjunto fazem de cada
membro da organização um entusiasmado batalhador e co-responsável pelo seu
sucesso ou fracasso.
54
BIBLIOGRAFIA
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1985.
55TEIXEIRA, Anísio. Educação para a Democracia. Introdução à administração
educacional. 2. ed. Rio de Janeiro: Ed.UFRJ, 1997.
ÍNDICE
56
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATÓRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMÁRIO 7
INTRODUÇÃO 8
CAPÍTULO I
Gestão Democrática 10
CAPÍTULO II
Gestão Participativa 22
CAPÍTULO III
O Papel do Gestor 36
CONCLUSÃO 50
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 51
ÍNDICE 53
FOLHA DE AVALIAÇÃO 54
57
FOLHA DE AVALIAÇÃO
Nome da Instituição: Universidade Candido Mendes.
Título da Monografia: Gestão Participativa.
Autor: Ana Paula Jacintho.
Data da entrega: 27/01/2011
Avaliado por: Profª. Mary Sue Pereira Conceito: