Upload
lecong
View
213
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
Como estimular as habilidades básicas no pré-escolar
necessárias à alfabetização
Por: Paula Renata Brasil dos Santos
Orientador
Prof. Ms. Marco A. Larosa
Niterói
2005
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
2UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
Como estimular as habilidades básicas necessárias à
alfabetização
Apresentação de monografia à Universidade
Candido Mendes como condição prévia para a
conclusão do Curso de Pós-Graduação “Lato Sensu”
em Psicopedagogia. São os objetivos da monografia
perante o curso e não os objetivos do aluno.
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
3
AGRADECIMENTOS
....a Deus, meu esposo, meu pai, minha
mãe e amigos......
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
4
DEDICATÓRIA
.....dedico este trabalho à minha mãe ....
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
5
RESUMO
O estímulo das habilidades básicas no pré-escolar necessárias à
alfabetização é de suma importância para que não haja dificuldades de
aprendizagem na leitura e na escrita. Estas habilidades que deverão ser
estimuladas no pré-escolar são: imagem corporal, lateralidade, conhecimento
da direita e esquerda, orientação espacial, orientação temporal, ritmo, análise
síntese visual, coordenação viso-motora, memória cinestésica, habilidades
auditivas específicas e linguagem oral.
Portanto, este trabalho visa mostrar aos leitores, principalmente
professores do pré-escolar à alfabetização, como estimular as habilidades
básicas em crianças no período do pré-escolar necessárias à alfabetização.
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
6
METODOLOGIA
Os métodos que levaram ao problema proposto foram: pesquisa de
campo, pesquisa bibliográfica, observação do objeto de estudo e internet.
A pesquisa bibliográfica é utilizada no trabalho para consulta
aprofundada do tema proposto. A pesquisa de campo e observação do objeto
de estudo são utilizados e fornecidos por uma instituição creche-escola de
séries iniciais situada em Niterói. E, por fim, a internet com o intuito de fornecer
dados atuais sobre o tema.
A proposta deste trabalho objetiva-se mostrar como estimula as
habilidades básicas em crianças no período do pré-escolar necessárias à
alfabetização.
No último capítulo deste trabalho, são fornecidos alguns exemplos de
atividades para estimulação das habilidades básicas no pré-escolar.
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
7
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I 10
CAPÍTULO II 23
CAPÍTULO III 29
CONCLUSÃO 38
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 39
ÍNDICE 41
FOLHA DE AVALIAÇÃO 42
INTRODUÇÃO
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
8
A preocupação com a educação pré-escolar resulta da convicção de
que, os primeiros anos de vida de uma criança, são muito importantes,
definitivos para a sua evolução, ou seja, para a aprendizagem da leitura e da
escrita. É imprescindível que os responsáveis pela educação em nosso país
tomem, cada vez mais consciência do valor da educação pré-escolar e das
verdadeiras dimensões de seus efeitos e conseqüentemente, envidem os
esforços necessários para que um número cada vez maior de pré-escolares
recebam os estímulos que precisam nesta fase de seu desenvolvimento. Estes
pré-requisitos (habilidades básicas) podem ser definidos como determinados
conceitos que a criança deve adquirir durante o período pré-escolar que
facilitem na aprendizagem da leitura e da escrita.
Tais habilidades são: imagem-corporal, lateralidade, conhecimento de
esquerda e direita, orientação espacial, orientação temporal, ritmo, analise
sintaxe visual e auditiva, habilidades visuais especificas (percepção e
discriminação de semelhanças e diferenças, Constancia de percepção de
forma e tamanho, percepção de figura-fundo e memória visual),
acompanhamento visual, coordenação viso-motora, memória cinestesica,
habilidades auditivas especificas (discriminação de sons, discriminação
auditiva, figura-fundo, memória auditiva), linguagem oral (prolação ou
pronuncia, vocabulário e sintaxe oral).
A aquisição destas habilidades não se dá de forma espontânea com o
decorrer do tempo. É necessário que a criança seja submetida a um
treinamento programado e específico, de acordo com a fase de
desenvolvimento em que se encontra.
Quando somente aos sete anos se dá o ingresso da criança na escola,
além de haver sido desperdiçado um grande potencial humano, a tarefa do
professor torna-se muito mais difícil pois, ele precisa dotar as crianças dos
requisitos necessários para alfabetização.
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
9
Trabalhar na pré-escola as habilidades básicas que interferem no
processo de alfabetização poderá vir a ser excelente estratégia para evitar
problemas subseqüentes. Tais habilidades serão abordadas no decorrer deste
trabalho.
Na nova Lei de Diretrizes da Educação Nacional, Lei no. 9.394/96 de 20
de dezembro de 1996, encontra-se, entre outras, a seguinte referência voltada
à educação infantil: “A educação Infantil, primeira etapa da educação básica,
tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança até seis anos de
idade, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social...”.
Portanto, o espaço de ensino e aprendizagem com objetivos e
conteúdos próprios, deve proporcionar uma oferta educativa de qualidade para
capitalizar o potencial de aprendizagem das crianças menores, e ser uma
instancia de prevenção do fracasso escolar na alfabetização e primeiro grau.
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
10
CAPÍTULO I
As habilidades básicas necessárias para alfabetização.
Cada pré-requisito tem sua importância no processo de aprendizagem,
portanto será fornecido neste capítulo a definição de cada habilidade (pré-
requisito) necessárias à alfabetização.
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
11A noção de imagem corporal é fruto de uma longa progressão que
levou neurologistas, psiquiatras e psicólogos a se interrogarem sobre as
percepções do corpo, a integração do corpo como modelo e a forma da
personalidade.
A imagem corporal é uma habilidade que implica no conhecimento
adequado do corpo. Este conhecimento abrange: o conceito de corpo – o
conhecimento consciente e intelectual do corpo e a função de seus órgãos ( o
conhecimento de que tem duas mãos, duas pernas, cabelo, olhos, coração,
etc.); o esquema corporal – conhecimento resultante das experiências táteis e
das demais sensações que provém do corpo (o esquema corporal regula a
postura e equilíbrio); é a própria imagem corporal: que é a impressão que a
criança tem de seu corpo proveniente das experiências com o meio ambiente
(a imagem corporal pode ser inferida a partir dos desenhos da figura humana
que a criança realiza).
É através do corpo que a criança interage com o mundo. Desta forma, o
conceito de imagem corporal torna-se indispensável para qualquer tipo de
aprendizagem, pois é através de uma boa formação deste pré-requisito que a
criança torna o seu corpo um ponto de referência estável. É o seu corpo,
enquanto ponto de referência, que servirá como base para aprendizagem de
todos os conceitos indispensáveis à alfabetização, tais como: em cima,
embaixo; na frente, atrás; esquerdo, direito; alto, baixo,; assim como permitirá o
desenvolvimento do equilíbrio corporal e freio inibitório, ou seja, a capacidade
da criança dominar seus atos motores de acordo com as delimitações impostas
pela folha de papel, ou pelos contornos de um desenho, ou pelo ambiente.
A lateralidade é o uso preferencial de um lado do corpo para a
realização das atividades. Este uso preferencial refere-se ao olho, mão e pé
(alguns autores franceses colocam o ouvido mas, no Brasil, nas provas que
avaliam a lateralidade, não costuma ser levado em consideração). Assim,
existem indivíduos destros que são aqueles que utilizam a parte direita do
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
12corpo (olho, mão, e pé) para desenvolver e realizar as diferentes atividades. E,
existem indivíduos canhotos, que são aqueles que se utilizam da parte
esquerda do corpo. Além destas duas classificações, também, se podem
encontrar indivíduos com lateralidade contrariada, cruzada, indefinida e
ambidestros.
A lateralidade contrariada, como o próprio nome indica, refere-se às
pessoas, geralmente canhotos, que foram obrigados a mudar a preferência
manual devido às exigências (pressões) sociais e/ou familiares. Exemplo: Mãe
que não se conforma do filho ser canhoto e obriga-o a usar mais o seu lado
direito para realizar as atividades do seu cotidiano.
Fala-se em lateralidade cruzada quando não existe homogeneidade na
preferência de um dos lados do corpo. Por exemplo, indivíduos que têm o olho
direito, a mão esquerda e o pé direito dominantes, ou indivíduos que possuem
o olho esquerdo, a mão esquerda e o pé direito dominante, e assim por diante.
A diferença entre a lateralidade contrariada e a cruzada é que nesta
última, não ocorreu a pressão ambiental para mudar a preferência lateral. Se
essa pressão tivesse ocorrido, então, já não seria considerada cruzada mas,
contrariada.
O termo ambidestria é aplicado as pessoas que se utilizam de ambos os
lados do corpo com a mesma habilidade e destreza. A diferença entre
ambidestria e a lateralidade indefinida é que na primeira o indivíduo tem a
preferencial lateral definida mas, necessitando, pode utilizar-se com a mesma
habilidade e destreza do outro lado do corpo. Além disso, pode realizar alguma
atividade com uma parte do corpo e, outras atividades com a outra parte do
corpo ( por ex., escrever chutar, comer tocar violão, etc). Na lateralidade
indefinida, como se viu, não existe qualquer preferência lateral.
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
13Quirós (1975) afirmou que não existem pessoas ambidestras. De acordo
com este estudioso a ambidestria, quando era encontrada, referia-se as
pessoas, geralmente, canhotas que foram obrigadas a escrever com a mão
direita e, como conseqüência, passaram a utilizar as duas mãos com a mesma
habilidade. Hoje em dia, porém, está se acreditando na possibilidade da
existência de uma relação entre ambidestria e quociente de inteligência. Em
outras palavras, pensa-se que, o fato de se utilizarem as duas partes do corpo
com a mesma habilidade, acarretaria numa maior estimulação cerebral (já que
os dois hemisférios cerebrais trabalhariam continuamente) e, com isso,
aumentariam as potencialidades intelectuais do indivíduo. Estes estudos, no
entanto, ainda não estão terminados e, os resultados definitivos poderão ser
apreciados dentro de alguns anos. Fato curioso, no entanto, é que já
Aristóteles e Marco Aurélio aconselhavam o desenvolvimento do
ambidestrismo.
O cérebro humano é constituído por dois hemisférios cerebrais, um
hemisfério direito e outro esquerdo. A criança destra tem o hemisfério esquerdo
como dominante e, a criança canhota tem como dominante o hemisfério direito.
Esta inversão ocorre entre os hemisférios e os lados dominantes devido ao
cruzamento das fibras nervosas na altura do bulbo raquidiano.
Esta mesma idéia foi corroborada por Luria (1979) que afirma: “... no
homem um deles (hemisfério) é dominante e o outro dominado. (...) Por isto, o
hemisfério esquerdo desempenha papel dominante nos destros, enquanto nos
canhotos o papel dominante oblitera-se ou passa para o hemisfério direito.
(Medeiros, 1982)
O conceito de direita e esquerda é de suma importância para o
processo de alfabetização. Este conceito, intrinsecamente ligado ao conceito
de imagem corporal e de lateralidade, permite à criança distinguir o lado direito
e o lado esquerdo em si, nas outras pessoas e nos objetos.
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
14Segundo Ajuriaguerra, é esperado que por volta dos seis ou sete anos, a
criança consiga reconhecer em si mesma estas noções. Piaget, é da mesma
opinião e afirma que, a aquisição destas noções passa por três estágios
progressivos. No primeiro estágio, entre os cinco e oito anos de idade, a
criança consegue distinguir direito e esquerdo nela. O segundo estágio, entre
os oito e onze anos de idade, estas noções passam a ser percebidas do ponto
de vista do outro. A criança consegue distinguir qual o lado esquerdo e direito
em pessoas situadas na frente dela. O terceiro estágio, que compreende o
período entre onze e doze anos, a criança diferencia o lado esquerdo e direito
nos objetos. Quando se fala em orientação espacial, é necessário fazer a
diferenciação entre posição no espaço e relações espaciais.
Segundo Frostig e outros (1980), a posição espacial é “a relação entre
um objeto e o observador”. A criança com uma boa imagem corporal pode
perceber a posição que os objetos ocupam, usando como ponto de referência o
seu próprio corpo. Desta forma, ela consegue discriminar as diferentes
posições espaciais que os objetos ocupam e, compreender e assimilar os
diferentes conceitos relacionados com a posição espacial, tais como: atrás, à
frente; esquerdo, direito; em cima, embaixo, etc.
As relações espaciais, segundo os mesmos autores, referem-se à
“capacidade que um observador tem para perceber a posição de dois ou mais
objetos em relação consigo próprio e em relação de uns com os outros”. Este
conceito implica em perceber que uma caneta está tanto ao meu lado esquerdo
(corpo como referência), como ao lado esquerdo de um cinzeiro (objeto como
ponto de referência). Para a criança adquirir o conceito de relação espacial,
necessita ter adquirido o conceito de posição espacial.
Enquanto a orientação espacial está sempre relacionada às atividades
visuais, a orientação temporal relaciona-se à audição. Segundo Condemarín
e Blomquist (1970), quando se fala em tempo, sempre se engloba dois
conceitos fundamentais: duração e sucessão. Todos os fatos que ocorrem no
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
15tempo, apresentam uma certa duração (curta-longa-média) e uma determinada
sucessão, ou seja, uns acontecem antes e outros depois.
Além da criança precisar captar e discriminar a duração e a sucessão
dos sons, ela precisa, também, dominar determinados conceitos temporais, tais
como: ontem, hoje, amanhã, dias da semana, meses, anos, horas, estações do
ano, etc. A consciência destes conceitos vai permitir que a criança se oriente
no tempo durante a realização das atividades.
Devemos nos atentar que espaço e tempo formam um todo
indissociável: “ Isolados, eles não passam de abstrações, de fantasmas”, disse
Leon Brunschwicg. Todo e qualquer ato se desenrola num tempo e num
espaço definidos.
O ritmo está muito relacionado com o fator tempo, pois o ritmo consiste
numa sucessão de elementos sonoros no tempo e que obedecem a uma
determinada duração. De acordo com alguns autores, o ritmo é uma condição
inata do ser humano, e é suscetível de educação visto o sentido rítmico
apresentar-se muito desenvolvido em algumas crianças e, existirem adultos
com grandes dificuldades rítmicas.
Cumpre distinguir diferentes espécies de ritmo. Há os externos, aqueles
que organizam a sucessão de eventos naturais: ritmos das estações, dos dias,
das horas e do conjunto de fenômenos que lhes correspondem: claridade-
escuridão, calor-frio, germinação e floração, migração dos animais etc. A
importância de se trabalhar o ritmo durante o período pré-escolar é de fornecer
à criança, a percepção da ocorrência dos sons e das pausas (duração e
sucessão).
A Análise-síntese visual e audiva é um dos pré-requisitos mais
importantes para a aprendizagem da língua escrita. A língua portuguesa é uma
língua alfabética, ou seja, cada letra representa um determinado som. Desta
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
16forma, a leitura inicial ou decodificação das palavras impressas em um livro,
geralmente ocorre através de um processo analítico-sintético. A criança, ao ver
uma palavra, deve decompô-la em suas partes constituintes (análise) e
recompô-la, unindo as partes ao todo (síntese). Exemplo: palavra visualizada:
CANETA ; Análise: CA – NE – TA; Síntese: CANETA
O perfeito funcionamento dos olhos, já é, por si só, um pré-requisito
muito importante para o aprendizado da leitura e da escrita chama-se este pré-
requisito de habilidades visuais específicas. Além do sistema visual intacto, é
de suma relevância que a criança em idade pré-escolar, seja submetida a um
treinamento específico em percepção e discriminação de semelhanças e
diferenças; constância de percepção de formas e tamanhos; percepção de
figura-fundo e memória visual. A percepção e discriminação de semelhanças e
diferenças é um pré-requisito que tem como objetivo desenvolver as
habilidades de perceber as semelhanças e diferenças de tamanho, forma, cor,
posição e detalhes internos, entre os estímulos apresentados. Partindo de
objetos conhecidos, que apenas variam em detalhes bem notórios, a criança
deverá ser capaz de discriminar corretamente estímulos que apresentam
variações em detalhes sutis como é o caso das letras e das palavras.
Ao aprender a ler, a criança deverá ser capaz de prestar atenção e
assimilar tanto os detalhes internos das palavras (letras), como a configuração
geral da palavra, bem como a relação das partes com o todo – relação das
letras e sílabas com as palavras.
A constância de percepção de forma e tamanho é um pré-requisito que
tem como objetivo de levar a criança a perceber que um determinado objeto
permanece inalterado apesar da posição que ocupa no espaço – se está perto,
longe – ou independente do ângulo que é percebido.
A constância de tamanho, permite a criança perceber o tamanho como
constante mesmo que a imagem desse objeto tenha se tornado menor na
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
17retina. Um avião tem o mesmo tamanho no ar ou quando está parado na pista,
apesar da imagem na retina se apresentar menor quando está voando.
A constância de forma é a habilidade que permite o reconhecimento de
que as formas são as mesmas, apesar de olhadas por diferentes ângulos; um
carro continua um carro independente do ângulo que o observador ocupa.
A percepção de figura-fundo consiste na interação com o meio
ambiente somos “bombardeados” por uma grande quantidade de estímulos
tanto a nível visual, como a nível auditivo, ou tátil. Mas, nem todos esses
estímulos são percebidos significativamente, pois nosso cérebro faz uma
seleção do que está sendo percebido e assimilado e aquilo que deve ser
descartado. Esta seleção, é feita de acordo com o nosso interesse no
momento.
Ao assistirmos um filme na televisão, além do filme que vizualizamos
existem outros estímulos ambientais que estão presentes, como: a estante
onde fica a televisão, as cadeiras, as mesas, as pessoas, barulhos etc. Neste
caso o filme é o estímulo que centraliza nossos interesses e é para ele que a
nossa atenção está convergindo. O filme é a figura. Os demais estímulos
ambientais, por não despertarem nossa atenção, fazem parte do fundo.
A Memória visual é a capacidade do indivíduo reter com exatidão, a
longo ou a curto prazo uma série de estímulos apresentados visualmente. A
memória visual está em íntima relação com a atenção e com a figura-fundo.
O Acompanhamento visual refere-se ao deslocamento dos olhos ao
longo da linha, tanto no ato de ler como no ato de escrever. Para que a leitura e
a escrita se produzam com exatidão, é necessário, que os dois olhos convirjam
para o mesmo ponto, ou seja, a criança deve possuir uma boa visão binocular.
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
18No início da aprendizagem a criança move os olhos e forma
desordenada e em qualquer direção. Neste sentido, os olhos precisam ser
exercitados a seguir determinados traçados e direções.
Segundo Simpson (1973), os olhos devem primeiro mover-se em todas
as direções: vertical, horizontal, diagonal, em círculo, para depois perceberem
as linhas horizontais, as verticais as diagonais e circulares. Desta forma, a
percepção de figuras geométricas, de letras, palavras e frases, é mais exata e
efetiva quando os olhos conseguem mover-se em todas as direções possíveis.
Caberia, durante o período pré-escolar, a criança ser estimulada para a
realização destes movimentos oculares.
No final do século passado, oftalmologistas franceses e alemãs,
dedicaram-se ao estudo dos movimentos dos olhos durante o ato da leitura.
Usando o reflexo de um raio luminoso incidindo no olho, puderam registrar os
movimentos oculares, chegando à conclusão de que o movimento dos olhos
durante a leitura ( ao longo de uma linha impressa), não se dá de forma
contínua, mas através de saltos.
No nosso sistema de leitura e de escrita, os olhos devem deslocar-se no
sentido da esquerda para a direita. Nesse movimento, ocorrem saltos mais ou
menos longos, dependendo da habilidade de ler de cada leitor. Entre um salto
e outro, os olhos dão uma parada de curta duração. Estas paradas são
chamadas de ponto de fixação e é neste momento que realmente se faz a
leitura. Exemplo: O gato branco come peixe.
No início da alfabetização, os pontos de fixação ao longo da linha
ocorrem em número bastante elevado, mas à medida que o leitor vai
dominando o processo de ler, o número de pontos de fixação vai diminuindo
consideravelmente. O leitor adulto, pode englobar de uma só vez, várias
palavras ou mesmo várias frases.
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
19 A Coordenação viso-motora é um pré-requisito que implica na completa
integração entre a visão e os movimentos do corpo ( movimentos gerais ou
específicos dos membros).
Nas atividades motoras de correr, chutar, pular, são os olhos que
dirigem os movimentos dos pés. (Frostig e outros,1980). Já nas atividades de
arremessar uma bola com a mão, de escrever, de recortar, de desenhar, são
os olhos que dirigem os movimentos das mãos.
A Memória cinestésica é a capacidade da criança reter os
movimentos motores necessários à realização gráfica. À medida que a criança
entra em contato com o universo simbólico (leitura e escrita), vão ficando
retidos em sua memória, os diferentes movimentos necessários para o traçado
gráfico das letras. A memorização desses movimentos motores, permite a
acumulação das experiências motoras e impede o constante reaprender. No
início de aprendizagem da escrita, a criança costuma esquecer o traçado que
deve ser realizado para executar uma letra. Neste período, é comum o uso de
apoios visuais que indicam por onde iniciar o traçado do grafema e que
movimentos devem ser feitos. Aos poucos, estes apoios vão sendo esvaecidos
e, o movimento gráfico para realizar as letras, vai ficando registrado na
memória cinestésica.
Habilidades auditivas específicas é como a visão, o perfeito
funcionamento do sistema auditivo é de suma importância no processo de
aprendizagem. É através destes dois sistemas (visual e auditivo), que as
informações gráficas são recebidas e conduzidas ao cérebro para serem
analisadas, comparadas com outras informações e armazenadas na memória.
Especificamente em relação à audição, além do bom funcionamento
deste sistema, existe a necessidade que haja uma estimulação a nível de
discriminação de sons, figura-fundo e memória auditiva, para que o processo
de aprendizagem ocorra com facilidade.
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
20
A discriminação de sons consiste na capacidade de se perceber e
discriminar auditivamente e, sem ambigüidade, todos os sons existentes na
língua falada. Uma perfeita discriminação auditiva, pressupõe uma acuidade
auditiva íntegra, mas uma acuidade auditiva íntegra não implica na perfeita
discriminação dos sons. A discriminação auditiva, deve ser uma habilidade que
demande uma preocupação especial durante o período pré-escolar e, que seja
objeto de um treinamento específico de acordo com os níveis de dificuldade da
linguagem oral.
A definição dada para a habilidade figura-fundo, quando se abordou a
percepção visual, pode ser utilizada para o nível auditivo. Neste caso, a criança
precisa selecionar auditivamente os estímulos ambientais que necessitam de
uma atenção dirigida e, ignorar os demais. Suponhamos que estamos
conversando com um amigo numa rua movimentada rua de Niterói. Além dos
sons emitidos durante a conversa (palavras orais) ocorrem outros ruídos à
nossa volta: buzinas de automóveis, barulhos de espancamentos e de motores,
outros diálogos etc. Como o foco de interesse é a conversa com o nosso
amigo, os demais estímulos auditivos passam desapercebidos, ou seja, a
conversa é a figura e os demais ruídos ambientais constituem o fundo.
A discriminação correta de figura-fundo, permite que a criança durante
um ditado, ou durante uma explicação de um assunto, focalize sua atenção nas
palavras ou frases que estão sendo emitidas pela professora e, ignore os
restantes sons ambientais. Se a criança não consegue fazer corretamente esta
discriminação, dificilmente vai conseguir escrever palavras ditadas, ou ouvir as
explicações dadas, pois os barulhos que ocorrem no ambiente a distrairão.
Segundo Vallett (1977), a memória auditiva, permite a retenção e a
recordação das informações captadas auditivamente. Este fato, faz com que a
criança seja capaz de fixar e reproduzir, oralmente ou por escrito, as
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
21informações recebidas auditivamente e lembrar qual o som correspondente a
um símbolo gráfico visualizado.
Se, partirmos do princípio de que, a leitura e a escrita são os últimos
estágios de desenvolvimento da linguagem e que, a linguagem oral é uma
etapa anterior à linguagem escrita, então a linguagem oral, constitui um pré-
requisito que serve de alicerce à aprendizagem gráfica.
Quando se fala em linguagem oral, é preciso distinguir: a prolação ou
pronúncia; o vocabulário; e a habilidade de formular frases (sintaxe oral). Estas
três modalidades, dentro da linguagem falada, merecem uma atenção especial.
A prolação correta de palavras ou frases, é um pré-requisito muito
importante para a aprendizagem da linguagem escrita e, deve ser avaliada de
acordo com a idade cronológica da criança e de seu estágio de
desenvolvimento.
O vocabulário é a capacidade de falar palavras conhecendo seu
significado com base na própria experiência. Havia-se afirmado que a leitura
não é apenas, o relacionamento da palavra impressa ao respectivo som, mas a
compreensão do que está sendo decodificado. É neste sentido, que o
vocabulário desempenha um papel relevante na percepção do significado do
que é lido.
De acordo com Quirós e Della Cella (1965), ao ingressar na etapa de
alfabetização, uma criança deve ter um vocabulário compreensivo – palavras
que a criança fale e compreende o seu significado – de duas mil e quinhentas
palavras, o que lhe permite um bom desempenho a nível de aprendizagem.
A habilidade de formular frases oralmente ou sintaxe oral correta,
implica na perfeita elaboração mental das unidades básicas do pensamento,
que são as frases. Ao elaborar mentalmente a frase e ao articula-la, a criança
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
22deve respeitar a ordem de apresentação dos vocábulos, os tempos verbais, a
concordância nominal e os demais complementos.
Estas habilidades básicas ou pré-requisitos necessários para a
aprendizagem da leitura e escrita foram classificadas a partir de observações
feitas sobre comportamentos envolvidos nos processos de leitura e escrita.
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
23
CAPÍTULO II
Dificuldades encontradas quando não consegue
estimular corretamente as habilidades necessárias
para alfabetização.
A criança que não consegue desenvolver o pré-requisito necessário à
alfabetização que se chama imagem corporal, poderá ter sérios problemas em
orientação espacial e temporal; na aquisição dos conceitos em cima, embaixo;
dentro, fora; esquerdo,direito; horizontal, vertical, diagonal,etc, no equilíbrio
postural; dificuldades de se locomover num espaço predeterminado ou
escrever obedecendo os limites de uma folha.
Em termos de processo de aprendizagem, constata-se que as
dificuldades que surgem nas crianças com lateralidade não estimulada, refere-
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
24se: ao tipo de grafia ( geralmente, estas crianças, apresentam grande disgrafia
– letra feia); às dificuldades de orientação espacial quando utilizam a folha de
papel; às posturas inadequadas para escrever. Tanto as dificuldades de
orientação espacial, como as de postura inadequada, incidem diretamente
sobre a produção gráfica da criança.
Iniciar a aprendizagem da leitura e da escrita sem a aquisição do
conhecimento de direita e esquerda, pode implicar em confusões na orientação
espacial. A criança poderá apresentar dificuldades para discriminar letras que
diferem quanto à posição espacial, por exemplo: b – d, p – q. Assim, o aluno
poderá ler e escrever toba em vez de toda ou pueijo ao invés de queijo.
Uma outra dificuldade que pode aparecer é em relação ao sentido
direcional da leitura e da escrita. Em nossa sociedade, a leitura e a escrita,
realizam-se no sentido da esquerda para a direita. A criança que não possui
estas noções, tende a não respeitar esse sentido por não precisar
corretamente, o lado esquerdo e direito.
É comum, também, que a ausência desta habilidade, contribua para a
escrita especular ou “ escrita em espelho” . Esta escrita caracteriza-se pela
total rotação das letras, palavras ou números. Assim em vez da criança
escrever 5, escreve ; em vez de 36 escreve 63; em vez de “casa” escreve
“saca”.
As crianças que iniciam o processo de alfabetização sem possuírem as
noções de posição e orientação espacial, confundem letras que diferem quanto
à orientação espacial e têm dificuldades em respeitar a ordem de sucessão das
letras e das palavras nas frases.
Outras dificuldades que podem ocorrer devido à ausência deste pré-
requisito são: dificuldade para locomover os olhos durante a leitura,
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
25obedecendo ao sentido esquerdo-direito e salto de uma ou mais linhas. Na
escrita, não respeitar a direção horizontal do traçado, ocorrendo movimentos
descendentes ou ascendentes; não respeitar os limites da folha, acumulando
as palavras ao sentir que a folha vai terminar ou, continuando a escrever na
folha contígua. Já com relação ao meio ambiente, a criança pode apresentar
sérias dificuldades para se organizar, espalhando os seus utensílios escolares
ou roupas de forma desordenada, esbarramos objetos ou nas pessoas quando
se locomove e, indecisões quando tem de se desviar de um obstáculo não
sabendo para que lado ir, etc.
A ausência do pré-requisito orientação temporal, pode causar
dificuldades na pronúncia e na escrita de palavras, trocando a ordem das letras
ou invertendo-as (incapacidade de respeitar a duração e a sucessão das letras
dentro da palavra falada); dificuldades na retenção de uma série de palavras
dentro de uma história; má utilização dos tempos verbais; e problemas na
correspondência dos sons com as respectivas letras que os representam,
especialmente quando se trata de realizar ditado.
A falta da habilidade rítmica, pode ser a causa de uma leitura lenta e
silabada, já que a leitura é constituída por uma sucessão de elementos gráficos
que são traduzidos em elementos sonoros. A pontuação e a entonação que a
criança dá durante a leitura de um texto, também são conseqüências da
habilidade rítmica
Em relação à escrita, as dificuldades de ritmo, podem contribuir para o
fato da criança não respeitar os espaços em branco entre as palavras,
escrevendo duas ou mais palavras unidas; dificuldades no ordenamento das
letras dentro das palavras, ocasionando omissões, ou adições de sílabas; e
falhas na acentuação das palavras, especialmente durante a leitura.
As crianças que apresentam dificuldades no processo analítico-sintético,
poderão ter problemas em conseguir dominar o arranjo das letras ou sílabas
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
26para formar outras palavras, ou seja, reconhecer as sílabas que se repetem em
várias palavras diferentes e conseqüentemente, formar novas palavras.
Crianças com dificuldades em perceber a constância de tamanho e de
forma, poderão apresentar dificuldades no reconhecimento de figuras
geométricas, e no reconhecimento de palavras ou letras aprendidas, mas
inseridas em contextos diferentes e desconhecidos, ou quando escritas em
tipos diferentes de grafia – manuscrita, impressa.
Especificamente, em relação à escrita, a criança poderá ter dificuldades
em dirigir sua atenção para uma palavra ou grupo de palavras dentro de um
texto ou para letras dentro das palavras. No caso de dificuldade em percepção
de figura e fundo, as palavras ou letras serão percebidas de forma confusa o
que dificultará bastante a compreensão do que é lido ou escrito. Num caso
específico, as crianças poderão ter problemas em perceber com exatidão as
letras e as palavras impressas numa folha, pois a sua atenção perceptiva pode
alterar-se entre as palavras impressas e o branco da folha. Se existem falhas
na discriminação de figura – fundo e a atenção é dispersa, pouco ou nada se
conseguirá memorizar.
As dificuldades relacionadas ao movimento ocular dentro do pré
requisito chamado acompanhamento visual, são as causadoras de uma leitura
lenta e silabada caracterizada por inversões, omissões e adições de letras,
sílabas ou palavras. Ao mesmo tempo, é comum que as crianças que não
conseguem manter o movimento dos olhos ao longo das linhas, se percam no
meio do texto, leiam várias vezes a mesma linha ou palavra, ou apresentam
saltos de uma ou duas linhas quando têm que mudar a frase.
Já as crianças que não conseguem coordenar os movimentos da mão
com o movimento ocular, terão dificuldades em todas as atividades que
envolvem a coordenação viso-motora, olho-mão. Na escrita, a reprodução ou a
elaboração de letras, palavras ou figuras, torna-se algo impossível de ser
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
27realizado, pois os movimentos motores das mãos, não são guiados pela visão.
As crianças que apresentam estas dificuldades, quando têm que realizar
qualquer tipo de traçado, ficam sem saber por onde iniciar a execução gráfica
para obterem o símbolo gráfico visualizado.
A criança que apresenta dificuldades em reter os movimentos
necessários à realização das letras, enfrentará severos problemas na
realização das letras, enfrentará severos problemas na produção dos
movimentos gráficos para a execução das letras e palavras. Não conseguindo
reter o padrão motor, que vai permitir a automatização da escrita espontânea.
Na cópia, estas dificuldades caracterizam-se pelo fato da criança copiar cada
elemento isoladamente e, conseqüentemente pela grande lentidão em realizar
a tarefa.
As crianças com dificuldades em discriminar auditivamente sons
diferentes, não terão possibilidade de reproduzi-los com exatidão na leitura e
na escrita, pois será muito difícil associarem um som percebido erroneamente
com freqüência neste nível, são entre sons acusticamente próximos, tais como:
“f – v” ; “t – d” ; “ p – b”, etc.
Estas trocas, serão analisadas mais detalhadamente quando forem
abordados os distúrbios de aprendizagem relacionados à percepção auditiva.
As dificuldades mais comuns ligadas à memória auditiva, são as falhas
na retenção de palavras ou séries de palavras percebidas auditivamente, e as
falhas em associar os símbolos gráficos discriminados visualmente uma
palavra, compreender seu significado e, não são capazes de pronunciá-la
porque não lembram do som que a representa.
A criança que tem dificuldades em pronunciar corretamente as palavras,
poderá vir a encontrar sérios obstáculos no aprendizado da leitura e da escrita.
Por outro lado, se a criança apresenta problemas em associar sons que ouve,
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
28com os movimentos articulatórios necessários à sua reprodução oral, pode-se
esperar, que também apresente dificuldades em associar os sons falados e
ouvidos aos movimentos gráficos que os representam na linguagem escrita.
Crianças que apresentam um reduzido vocabulário oral poderão
apresentar problemas na compreensão dos materiais lidos, porque nem tudo o
que a criança vai conseguir decodificar terá correspondência com a sua
experiência vivida. Desta forma, a leitura torna-se uma atividade cansativa, pois
o vocabulário da criança não é suficiente para permitir que haja uma
compreensão e uma assimilação do conteúdo gráfico que é lido.
Geralmente, quando a criança apresenta erros de sintaxe oral, estes
repercutem também na sintaxe escrita. A realização escrita destas crianças
caracteriza-se por omissões de palavras ou pronomes, mudança na ordem de
apresentação dos vocábulos, erros de concordância nominal e verbal, uso
incorreto de pontuação.
Para concluir este capítulo, é importante reforçar que a ausência de
estimulação das habilidades básicas poderá acarretar todos estes distúrbios de
aprendizagem escritos nesta parte do trabalho.
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
29
CAPÍTULO III
Atividades para crianças inseridas no pré-escolar
com o objetivo de estimular as habilidades
necessárias para a alfabetização.
Este capitulo fornece para os leitores sugestões de atividades para
crianças inseridas na pré-escola adequadas para cada faixa etária com o
objetivo de estimular as habilidades necessárias para a aprendizagem da
leitura e escrita.
3.1) Atividades para a faixa etária de 2 à 3 anos:
Sabe-se que as características esperadas para esta faixa etária não
podem ser rigidamente estabelecidas, logo, o mais importante não é considerar
a idade cronológica, mas conhecer a criança nas suas potencialidades e
limitações, adequando-se ao seu ritmo próprio de desenvolvimento.
a) Estimulação da Imagem corporal:
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
30• Fazer brincadeiras que envolvam movimentos amplos e ritmados,
solicitando a indicação das partes de seu corpo e a observação do
mesmo no espelho;
• Ampliar seu conhecimento quanto às partes do seu corpo, pedindo
para a criança nomear partes do mesmo, através da pergunta: “ O
que é isto?” ;
• Solicitar que imite posturas de animais e de pessoas sem articular
cotovelo e pulsos;
• Identificar as partes do corpo de bonecos e figuras;
• Completar elementos do rosto humano usando um tabuleiro com
peças de cartolina (olhos, nariz, boca, orelhas)
b)Estimulação da Lateralidade:
• Motivar a criança a subir e descer sozinha escadas, sem apoio e
alternando os pés;
• Realizar alguma atividade com uma parte do corpo, exemplo: Chutar
bola, comer com talher, etc.
c)Estimulação da Orientação espacial:
• Levar a criança a colocar objetos “ em cima” e “embaixo” de mesas,
caixas a partir de solicitações verbais;
• Fazer com a criança brincadeiras que contenham ordens para que as
execute com o seu próprio corpo: senta, deita, fica de pé;
• Brincar com a criança em pequenos e grandes espaços, permitindo-
lhe observar um mesmo objeto nos distintos espaços e diferentes
prismas;
• Oferecer à criança tampinhas, caixas, cubos, para que faça linha, ou
trenzinhos com sentidos determinados. Exemplo: este trenzinho que
você construiu quer ir para o outro lado. Como é que se faz?
• Ajudar a criança a empilhar brinquedos pequenos, cubos, tampinhas,
rodinhas e moedas, estimulando a fazer torre;
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
31• Oferecer objetos iguais e de diferentes tamanhos, solicitando a
discriminar o ‘grande’ e o ‘pequeno’.
• Oferecer objetos de diversos tamanhos para que ela os coloque uns
dentro dos outros.
d)Estimulação da Orientação temporal:
• Proporcionar vivências verbalizadas sobre o dia e a noite, em função
de claro e escuro. Exemplo: De noite a gente dorme e de dia a gente
brinca;
• Ampliar a identificação de objetos e animais familiares incompletos;
• Estimular a criança a dar respostas antecipadas através de jogos de
adivinhar a seqüência de historinhas conhecidas de sua rotina diária.
e) Estimulação do Ritmo:
• Cantar para a criança ou colocar música para que ela possa dançar
com seu ritmo próprio;
• Oferecer-lhe instrumentos de ritmo, tanto de percussão como de
sopro.
f) Estimulação da Análise síntese visual e auditiva:
• Oferecer à criança tabuleiros com formas redondas, quadradas e
triangulares, estimulando-a a encaixá-las;
• Oferecer quebra-cabeças de objetos familiares, compostos por duas
partes, solicitando que os arme.
g) Estimulação da Percepção e discriminação de semelhanças e
diferenças:
• Oferecer objetos, estimulando a criança a identifica-los e a perceber
diferenças e semelhanças entre eles;
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
32• Oferecer gravuras diferentes e semelhantes, apontando as iguais e
diferentes;
• Oferecer à criança vários objetos possibilitando que os agrupe
conforme suas semelhanças (animais, carros, bonecos).
h) Estimulação da Memória visual:
• Brincar com jogos de memória com figuras apropriadas;
• Mostrar à criança fotografias de pessoas e objetos conhecidos,
estimulando que os reconheça em imagens;
i) Estimulação da Coordenação viso-motora:
• Oferecer massinha e plastilina, para modelá-los segundo modelos
simples (bolinhas, cobrinhas);
• Oferecer brinquedos iguais mas de tamanhos diferentes para que a
criança os encaixe.
J) Estimulação da Memória auditiva:
• Estimular que evoque situações ou acontecimentos pouco comuns,
algum tempo depois do ocorrido.
k) Estimulação da Linguagem oral e vocabulário:
• Colocar a criança em frente ao espelho, solicitando que identifique
alguns elementos corporais: mão, boca,cabelo, olho, nariz, pé,
orelha, joelho;
• Dar à criança figuras, livros, revistas, objetos, a fim de que identifique
cada vez maior número de elementos;
• Leva-la a identificar o som de objetos familiares: relógio, campainha,
avião;
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
33• Solicitar que responda, através de atividades, ordem como, fica de
pé, corre;
• Solicitar que aponte para objetos facilmente identificáveis pelo seu
uso. Ex: diante de uma caneca, bola e maçã, perguntar: “ O que
serve para comer?”, “ Onde se pode colocar água?”;
• Ampliar o vocabulário da criança, estimulando a aquisição de
palavras novas, fora do seu contexto familiar;
• Aceitar o jeito próprio da criança falar, mas repetir de forma correta;
• Incentivá-la a verbalizar suas necessidades fisiológicas, antes, no
momento, ou depois que as está fazendo;
• Mostrar álbuns de fotografias, gravuras de livros, que contenham
ações, solicitando que as verbalize de forma simples. Exemplo: Nenê
nanando;
• Ensinar versinhos, canções e contar muitas histórias para a criança;
• Mostrar gravuras que contenham vários objetos iguais para que
comece a falar esporadicamente os plurais;
• Estimular a criança para que verbalize a ação que está acontecendo
no momento.
3.2) Atividades para faixa etária de 3 a 4 anos:
É possível que uma criança de determinada idade não esteja em
condições de executar bem as atividades aqui propostas para esta faixa. Deve-
se, então, seguir as sugestões feitas para as faixas anteriores.
a) Estimulação da Imagem corporal:
• Solicitar à criança que brinque de encaixar os elementos de boneco
inteiro e após com suas quatro divisões (cabeça, tronco, braços e
pernas)
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
34b) Estimulação da Lateralidade – A partir de agora, passa a ser
importante observar a tendência para o uso de uma das mãos nas
atividades grafomotoras:
• Levar a criança a caminhar em cima de pranchas, riscos no chão
com um pé na frente do outro;
• Rasgar papel, num primeiro momento livremente e mais para o final
da fase em pedaços progressivamente menores, desta maneira
estimulando a destreza manual;
• Oferecer papel e tesoura (sem ponta) para a criança usar à sua
maneira.
c) Estimulação da Orientação espacial:
• Brincar com a criança proporcionando situações em que ela se
coloque: na frente, ao lado, longe, perto da pessoa que a atende;
• Oferecer objetos e brinquedos de seu interesse, solicitando que
coloque os mesmos em diferentes locais com relação a ela: na
frente, atrás, longe, perto;
• Conversar com a criança sobre a localização de objetos e lugares
familiares (“ onde é o trabalho do pai... onde é a tua cama...” );
• Ficar próximo à criança, solicitando que faça comparações: quem é
maior, quem é menor.
d) Estimulação da Orientação temporal:
• Contar histórias curtas para a criança, e após as mesmas solicite que
ela repita verbalmente a seqüência, inicialmente com ajuda de
gravuras, e no final da fase sem a presença de gravuras.
Acompanhar as histórias com gestos;
• Na creche, no início do dia, incentivar a criança a antecipar todas as
rotinas do dia (noção de depois);
• No final do dia, incentivar a criança a relatar a seqüência das suas
rotinas na creche, ajudando-a (noção de antes);
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
35• Conversar com ela sobre sua rotina diária, no sentido de relatá-la
numa seqüência. Exemplo: “ De manhã, quando a gente levanta o
que faz primeiro... e depois... “ e assim sucessivamente.
• Auxiliá-la na fixação das noções de dia e noite em termos de claro e
escuro. Exemplo: Quando é de noite é escuro, preto; de noite a gente
faz o quê?
e) Estimulação do ritmo:
• Levar a criança a se locomover em diferentes ritmos. Exemplo: imitar
como pula um sapo, como anda um cavalo, como anda uma
tartaruga, como voa um avião, um pássaro;
• Cantar canções com ritmo, acompanhando com gestos ou
movimentos rítmicos do corpo, estimulando a fazê-los conforme a
música, lenta ou rapidamente;
• Fazer a mesma atividade acima utilizando desta vez instrumentos
musicais, estimulando-a a dançar, saltar e pular com ritmo.
f) Estimulação da Análise-Síntese visual e auditiva:
• Continuar oferecendo à criança tabuleiros com formas redondas,
quadradas e triangulares, estimulando-a a preenche-los adequada e
mais rapidamente;
• Oferecer quebra-cabeças de objetos familiares e de formas
geométricas (redondo, quadrado e triângulo), compostos por três
partes, solicitando que os arme;
• No final da fase, mostrar figuras de objetos familiares, nos quais falta
uma parte, solicitando que identifique ou aponte aonde está faltando
uma parte;
g) Estimulação da percepção e discriminação de semelhanças e
diferenças:
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
36• Oferecer brinquedos ou objetos com semelhanças e diferenças em
cor, forma e tamanho, solicitando que reconheça os iguais, usando
uma classificação de acordo com a sua própria escolha;
• Dar brinquedos iguais, de tamanhos diferentes para que possa
colocá-los em seqüência, do maior ao menor e vice-versa.
h) Estimulação da memória visual:
• Levar a criança a lugares novos de seu interesse, como parques,
zoológicos, teatrinhos, mais tarde conversando com ela sobre o que
viu, o que mais a interessou e solicitando que os evoque.
i) Estimulação da coordenação viso-motora:
• Oferecer cubos de diversos tamanhos para fazer Torres (seqüência
vertical), trens (seqüência horizontal) e pontes (integração das duas
seqüências);
• Brincar de fazer construções com tijolinhos e tocos de madeira,
estimulando-a a empilhá-los;
• Pedir para amassar papel livremente, e mais tarde oferecer pedaços
progressivamente menores de papel, estimulando-a a amassá-los,
fazendo bolinhas com os mesmos;
• Oferecer revistas, livros, estimulando-a a folhear as páginas uma a
uma, para que adquira precisão nesta atividade.
j) Estimulação da linguagem oral e vocabulário:
• Ampliar o vocabulário da criança, estimulando a aquisição de
palavras novas, porém de seu contexto sócio-cultural;
• Estimula-la a empregar adequadamente os pronomes “eu”, “meu”,
“teu”.
• Incentiva-la a verbalizar o seu nome completo;
• Solicitar que relate, em ordem lógica ou cronológica, acontecimentos
de sua rotina. Exemplo: “levantou, tomou banho...”
• Cantar com ela canções familiares e ensinar canções novas;
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
37• Estimula-la a utilizar frases com elementos de ligações
(preposições), solicitando que relate suas experiências pessoais e a
rotina diária;
• Incentiva-la a aperfeiçoar o emprego de plurais;
• Fazer perguntas simples sobre noções esperadas na sua faixa etária;
• Aceitar que relate fatos imaginários;
• Mostrar objetos de cores variadas, ensinando-a o nome das cores
primárias;
• Estimular a comunicação através do jogo imaginativo. Exemplo:
brincar de telefonar;
As atividades sugeridas não constituem técnicas novas. O que se fez
neste capítulo foi uma sistematização daquilo que, instintivamente, algumas
mães fazem com seus filhos, sem se preocuparem com a função que estão
estimulando e mesmo sem saberem que significado tem isto no processo
evolutivo infantil.
CONCLUSAO
Aceita-se como pressuposto que a evolução da criança depende tanto
da maturação como da aprendizagem. Suas condições internas determinam o
quando e quanto ela é capaz de fazer, todavia o tipo de ambiente material e
social no qual a criança cresce adquire grande importância, uma vez que ele
constitui uma fonte de estímulos e experiências que acarretam um
desenvolvimento normal ou desviado, já que a criança é responsiva ao tipo de
estimulação que recebe.
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
38 O termo estimulação é aqui usado para designar o procedimento que
consiste em utilizar estímulos do ambiente, ricos em qualidade e quantidade,
de tal sorte que eles solicitem a criança a desenvolver seu potencial. Ela não
tem em vista o adiantamento de etapas evolutivas, mas sim proporcionar
condições para que a criança desenvolva-se adequadamente em cada estágio
maturativo, para que possa mais adiante, participar de uma classe de
alfabetização sem dificuldades.
Todavia, não basta organizar o ambiente e oferecer os estímulos para
que criança se desenvolva normalmente. O valor e a eficácia da estimulação
dependem basicamente do contexto afetivo em que esta se insere e da
qualidade do relacionamento do adulto com a criança. Uma estimulação só
será eficaz se realizada sobre a base do vínculo afetivo e de trocas amorosas;
sua execução mecânica e desvinculada de afeto, por mais tecnicamente
adequada que seja, não surtirá efeitos benéficos sobre a criança.
Para concluir, a estimulação proposta é dirigida à criança normal dentro
de um padrão global e integrado de desenvolvimento. Sua aplicação deve ser
regular e gradativa, isto é, os estímulos devem ser oferecidos em quantidade,
qualidade e na oportunidade certa, de forma simples e natural.
BIBLIOGRAFIA
ABERASTURY, A. A criança e seus jogos. Rio de Janeiro, Vozes, 1972.
ALMEIDA, R. M. Lateralidade, Maturidade para a leitura e escrita e rendimento
escolar de canhotos e destros. Tese de doutorado. São Paulo, 1965
BERNARD, K. E. & ERICKSON, M.L. Como educar crianças com problemas de
desenvolvimento. Porto Alegre, Globo, 1978.
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
39
BEE, H. A criança em desenvolvimento. São Paulo, Harper e Row do Brasil, 1977.
BELLOTI, T. e outros – Como preparar a criança para ler e escrever. Rio de Janeiro,
Livraria José Olympio Editora, 1978.
COSTALLAT, D. M. Psicomotricidade. Porto Alegre: Editora Globo, 1981
CRISTÓVÃO, P.W.; MACHADO, M. H. F. P.; CRISTOVÃO, V. M. R. Atendimento
médico pedagógico nos 3 primeiros anos de vida. Tema livre apresentado na 7a. jornada
Sul-Rio-grandense de Psiquiatria Dinâmica, Gramado, 1974.
DANTAS, J.B. Efeitos de estimulação escolar na realização de crianças em vários
estados nutricionais. Cadernos de Pesquisa, n.29, p.97 – 108, 1978
ERIKSON, E. H. Identidade, juventude e crise. Rio de Janeiro, Zahar, 1976 a
ERIKSON, E. H. Infância e sociedade. Rio de Janeiro, Zahar, 1976b.
FERREIRA, M. C. R. Interação entre fatores biológicos, sócio-econômicos e culturais
no desenvolvimento mental e desempenho da criança desnutrida. Cadernos de Pesquisa,
n29, p.37-48, 1979.
LEFÈVRE, Antonio. Exame neurológico evolutivo. São Paulo, Ed. De Livros Médicos,
1972.
MACHADO, M. H. P. F. A influência da ligação mãe-filho no comportamento
exploratório do bebê. Trabalho apresentado no Curso de Psicologia Comparada no
Loyola College, Baltimore, Maryland, USA, 1972.
MAHLER, M.; PINEL, F.; BERGHMANN, A. O nascimento psicológico da criança,
Rio de Janeiro, Zahar, 1975.
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
40
MARINHO, H. Pesquisa em estimulação essencial. Rio de Janeiro, Sociedade
Pestalozzi do Brasil, 1978.
MINIPLAN – APAE 1/73, Projeto. Estimulação precoce, 1975.
MORAIS, A. M. P.. Distúrbios da aprendizagem – Uma abordagem Psicopedagógica.
São Paulo, Edicon, 1997.
PIAGET, Jean. A construção do real na criança. Rio de Janeiro, Zahar, 1963.
PIAGET, Jean. O nascimento de inteligência na criança. Rio de Janeiro, Zahar, 1966.
RAMOS, A. M. G. P. Estimulação precoce; informações básicas aos pais e aos
profissionais. Brasília, Ministério de Educação e Cultura, Dep. De Documentação e
Divulgação, 1978.
SPINELLI, Mauro. Introdução aos distúrbios da comunicação; audição-linguagem, São
Paulo, Cortez e Moraes, 1979.
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATÓRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
41SUMÁRIO 7
INTRODUÇÃO 8
CAPÍTULO I
As habilidades básicas necessárias para alfabetização 10
CAPITULO II
Dificuldades encontradas quando não consegue
estimular corretamente as habilidades necessárias
para alfabetização 23
CAPÍTULO III
Atividades para crianças inseridas no pré-escolar
com o objetivo de estimular as habilidades
necessárias para a alfabetização 29
3.1) Atividades para faixa etária de 2 a 3 anos 30
3.2) Atividades para faixa etária de 3 a 4 anos 34
CONCLUSÃO 38
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 39
ÍNDICE 41
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
42
FOLHA DE AVALIAÇÃO
Nome da Instituição: Universidade Candido Mendes
Projeto A Vez do Mestre
Título da Monografia: Como estimular as habilidades básicas no pré-
escolar necessárias à alfabetização
Autor: Paula Renata Brasil dos Santos
Data da entrega: 27/01/2005
Avaliado por: Conceito: