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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU PROJETO A VEZ DO MESTRE A IMPORTÂNCIA DO DESENHO NO DESENVOLVIMENTO INFANTIL por Patricia Cotta da Silva Orientador Vilson Sérgio Rio de Janeiro 2006

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSUPROJETO A VEZ DO MESTRE

A IMPORTÂNCIA DO DESENHO NO DESENVOLVIMENTO INFANTIL

por

Patricia Cotta da Silva

Orientador

Vilson Sérgio

Rio de Janeiro

2006

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSUPROJETO A VEZ DO MESTRE

A IMPORTÂNCIA DO DESENHO NO DESENVOLVIMENTO INFANTIL

Apresentação de monografia

à Universidade Candido Mendes

como requisito parcial para a obtenção do grau de especialista em

Psicopedagogia.

Por

Patricia Cotta da Silva

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho aos meus

pais, que me deram todo o apoio

e ajuda financeira de que

precisava para concluir esse

curso tão almejado por mim. Pude

realizar um sonho de muito tempo

e ao meu namorado que deu a

força e estímulo para chegar até o

fim sem desistir. Para vocês o

meu muito obrigada por tudo.

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RESUMO

Desenho, primeira manifestação da escrita humana.

Continua sendo a primeira forma de expressão usada pela criança. É a

representação pela qual a criança lê o mundo, enxerga a vida e expressa

o que sente. Mas o que vemos por aí é um desprezo por parte dos

adultos e professores em relação ao desenho, que pode significar

muito mais que um simples rabisco, uma simples atividade em sala. É

o meio pelo qual a criança sente prazer, aprimora sua coordenação-

motora, e ainda, através de todas as etapas que vai passando,

exercita o desenvolvimento da escrita, que é o grande desfecho do

processo pelo qual a criança passa desde as suas primeiras

garatujas. E é isso que mostra este trabalho, seu desenvolvimento,

suas etapas, sua relação com a escrita e como ele pode ser visto por

nós adultos, ou seja, mostra a importância que o desenho tem no

desenvolvimento infantil.

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METODOLOGIA

A Metodologia que foi aplicada para a realização deste trabalho foi o

método dedutivo e a simples observação de desenhos de crianças de

faixa etária de 2 à 6 anos em uma escola de educação infantil, Centro

Educacional da Lagoa no Jardim Botânico, a qual eu trabalho como

professora do Jardim III. Além disso foi usada uma abordagem teórica

através de autores que estudaram sobre o desenho infantil, onde

permitiu que eu chegasse a uma determinada conclusão.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 7

CAPÍTULO l – O DESENHO INDIVIDUALIZADO 10

CAPÍTULO II - O DESENVOLVIMENTO DO DESENHO 15

CAPÍTULO IlI - A RELAÇÃO DO DESENHO COM A ESCRITA 28

CAPÍTULO IV - A ARTE E A CRIANÇA 34

CONCLUSÃO 39

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 42

ANEXOS 44

ÍNDICE 50

FOLHA DE AVALIAÇÃO 51

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INTRODUÇÃO

O homem, na história da humanidade, utilizou desenhos para

registrar seus sentimentos, emoções, ideais religiosos, necessidades e

ações, muito antes de usar símbolos para a escrita. Com a criança

também ocorre este processo, primeiro ela desenha e só depois passa

a escrever.

As pessoas tendem a expressar em seu desenho, de forma

involuntária, uma visão de si mesmos, tal como são ou como gostariam

de ser. Quando observa-se os desenhos de crianças, percebe-se a

transmissão de aspectos que eles talvez jamais verbalizaram.

O desenho infantil expressa o mundo interno da criança, sua

personalidade. Através dele pode-se conhecer seus pensamentos,

desejos, fantasias, medos e ansiedades. Pelo desenho constata-se

como ela percebe e compreende o mundo, havendo a expressão de

aspectos afetivos e cognitivos de sua personalidade. Com isso,

atribuo ao desenho infantil a importância da leitura de mundo da

criança através de suas produções que são carregadas de sentimentos e

valores que podem nortear sua comunicação num ambiente

educacional.

O olhar que a escola tem em geral é o olhar institucionalizado. A

formalização pretensa leva à estagnação precoce de representações de

pensamentos, a linguagem dos signos, expressão da individualidade

humana que poderiam ter outra abordagem nas escolas.

Essa abordagem consideraria não formalizável os processos do

pensamento como as emoções do tipo do medo, da alegria, da

felicidade e tantas outras que são da ordem do inconsciente. A razão

não deve ser considerada a rainha da síntese do pensamento humano.

Como se pode admitir que a criatividade das crianças seja

cortada na mais tenra idade?

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Ao examinarmos os desenhos infantis produzidos nas escolas,

constata-se que a criança desenha o que sabe, não o que vê, mas

ninguém responde as questões: Como se constitui o desenho da

criança? Como se articulam imaginação e conhecimento na constituição

do desenho?

Para responder a essas perguntas busca-se a teoria histórico-

cultural – em vários autores – o suporte técnico para a pesquisa,

fundada na observação dos diferentes modos como a criança desenha e

interpreta imagens.

Ao interagir com as crianças numa turma de educação infantil com

faixa etária de 2 a 6 anos, acompanhando-as no processo de produção

e leitura das imagens produzidas pude captar e demonstrar a riqueza

dos processos de constituição e interpretação do desenho infantil.

O objetivo deste estudo está voltado ao reconhecimento do

desenho infantil como atividade integradora da personalidade da

criança, estreitando a relação da mesma com o seu corpo, suas emoções,

seus conceitos e sua percepção. A partir deste enfoque percebemos a

importância do desenho na formação do homem como ser histórico e

social, por isso requer do educador uma formação adequada.

Esta proposta nos leva a refletir a prática avaliativa relacionada

ao desenho infantil, levando em conta que as avaliações equivocadas

podem desencadear bloqueios em todas as outras áreas de

conhecimentos. De modo contrário, uma atitude educacional que

respeite a expressividade da criança, gera um incentivo ao processo

criativo que trará desenvoltura na aprendizagem.

Portanto, crianças que vivem em ambientes culturais onde a arte

está presente cotidianamente, serão melhores produtores,

conhecedores e críticos do mundo.

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CAPÍTULO l

O DESENHO INDIVIDUALIZADO

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Todo ser humano é dotado de uma força criadora que se revela

através de vários meios de expressão. Assim a criança garatuja as

paredes ou desenha com gravetos na terra, modela naturalmente

com areia, conta e brinca de roda.

Essa necessidade natural de expressão representativa é

chamada Grafismo quando sobre uma superfície qualquer são feitas

com um objeto que trace.

O Grafismo serve como base para entender como a criança

desenvolve sua expressão artística. Desta forma ela é capaz de

transmitir sua percepção a cerca do mundo, apresentar uma idéia, um

pensamento ou mesmo uma lembrança. Estas marcas ou gestos estão

carregados de sentimentos subjetivos; muitas vezes não percebe-se

mas eles estão impregnados de emoções, conflitos, descobertas e

surpresas.

No decorrer do desenvolvimento gráfico pode-se perceber como

a composição vai modificando-se à medida em que a criança vai

ampliando o conhecimento do mundo a sua volta.

O desenho não é apenas a impressão sobre o papel, mas qualquer

marca impressa sobre uma superfície (tragetória dos dedos na poeira

dos móveis, risco feito com caco de tijolo ou carvão no chão, etc).

O desenvolvimento intelectual não se dá de maneira linear.

Trata-se de um processo dinâmico, caracterizado por idas e vindas.

As oscilações ocorrem devido à integração das conquistas precedentes

àquelas que a sucedem. Quando um resultado antigo reaparece

inserido numa nova atividade, sua signif icação muda, já que a etapa de

desenvolvimento não é a mesma. Uma das maiores dificuldades ao se

estudar o desenvolvimento infantil é ignorar as diferenças de

significado que um certo comportamento pode ter para o adulto e

para a própria criança. Sem tal cuidado, corre-se o risco de interpretar

algo que ela realiza conforme o modo adulto de pensar, já que

termina-se apenas à materialidade dos gestos e não ao sistema a que

eles pertencem no instante da sua manifestação. Ou seja, no processo

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evolutivo não há linearidade nem sobreposição de itens aprendidos

sucessivamente.

É importante esclarecer que não deve-se interpretar falsamente

as oscilações como indício de que, ao longo do desenvolvimento, a

criança está marcando passo ou regredindo. As idas e vindas

acontecem em virtude de reformulações constantes, que atingem a

organização interna das ações. As novidades combinam-se com as

aquisições anteriores e o resultado são reestruturações gerais do

conhecimento.

Tal como ocorre no domínio da linguagem cabe, no que

concerne ao Grafismo, a distinção entre uma conceituação ampla e uma

conceituação restrita ou limitada. Em abordagem ampla, grafismo

indica toda atividade motora comportando registros em superfícies

adequadas para recebê-los, entre essas atividades, são também

incluídas as que se possam produzir em qualquer dimensão de não

propositividade.

Mesmo em sentido limitado, a expressão Grafismo cobre duas

atividades distintas: a escrita e o desenho. A primeira, inclusive,

pode ser considerada como expressão de um processo evolutivo que

teve o segundo como ponto de partida. De qualquer modo, ambos

vão se definir pela presença de um propósito comunicativo. Por certo, a

intenção comunicativa não será tão explícita no desenho quanto se revela

ser na escrita. Mas está presente em ambas as produções. Diferenças

entre uma e outra das formas mencionadas existem muitas. Uma

escrita, por exemplo, supõe convenção. Supõe o assentimento coletivo.

Compõe e assume a condição de código. Implica decodificação.

O desenho, pelo menos frequentemente, pretende-se que seja

icônico. Visa, numa grande parte das vezes, a representar a

realidade. Em grande parte das vezes o desenho visa a representar

a realidade, deixa-se aberta a possibilidade de nem sempre assim se

consumar. Em muitos casos, efetivamente, excluem-se os propósitos

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representativos, vinculando-se a atividade gráfica muito mais à

imaginação do que a percepção.

A ocorrência do grafismo supõe condições que exigem e supõem a

análise do tema da linguagem.

Tais condições somente se revelam no homem e essa será a razão

pela qual nenhuma atividade gráfica poderá registrar-se em nível sub-

humano. Na verdade constitui-se o grafismo em forma peculiar.

Em plano estritamente individual e em linha evolutiva se poderá

sublinhar o fato de que a ocorrência do gesto gráfico sempre se

subordina à condições de maturação. Se condiciona e subordina à sua

evolução psicomotora – o desenho é um gesto que a criança repete por

que lhe agrada. “ Só o prazer do gesto é que conta” (Mèredieu, 1974).

O desenho, tal como a linguagem em geral, preenche várias

funções. Sem dúvida o que mais se menciona é a representativa. Ela se

impõe, na ordem do grafismo, com a mesma força com que, ao nível da

linguagem, se acentua a função de expressão do pensamento. Claro

que a função de representação não implica, nem supõe o processamento

de uma cópia servil do modelo escolhido. Haverá sempre nela

aspectos altamente expressivos de uma perspectiva individual, como,

por igual, ocorre na linguagem descritiva que nunca se revelará cheia

de impregnações subjetivas.

O desenho é o meio de representação que a criança se comunica

com o mundo adulto. Não podemos inverter essa posição, o adulto não

pode ver as primeiras tentativas da criança de se expressar como

sendo desenhos sem signif icados ou induzindo-as a desenharem

como ele.

Quando desenha, a criança expressa seu pensamento

utilizando-se também dos espaços matemáticos. O desenvolvimento

dessa representação permite análises no campo da psicologia, da

psicanálise e da sociologia. Essas análises se referem à individualidade

da criança. Permite, ao observar, a topologia, a geometria presentes

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num desenho, formular hipóteses sobre a motricidade, o sonho, a

cultura e outros dados presentes na vida de cada indivíduo.

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CAPÍTULO ll

O DESENVOLVIMENTO DO DESENHO

O desenho da criança não reproduz uma realidade material, mas

a realidade conceituada. Ou seja, o desenho da criança exprime o

conhecimento conceitual que ela tem de uma dada realidade.

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Conhecimento que é constituído socialmente e para o qual concorrem

memória, que possibilita o registro que é conhecido e conceituado, e

imaginação, que também está vinculada às experiências acumuladas pelo

sujeito.

Assim, os desenhos materializam as imagens mentais do que a

criança conhece e tem registrado na memória, com a contribuição da

imaginação. Ou seja, criança faz desenho pela observação, de memória e

imaginação.

O desenho infantil tem sido objeto de estudo de psicólogos,

entre outros especialistas, pelo fato de a representação gráfica ser

considerada um meio para o acompanhamento e a compreensão do

desenvolvimento da criança, constituindo um campo original de

estudos para a psicologia fazendo com que se redobrem as tensões

sobre o desenho infantil. O desenvolvimento nesse campo de estudo

se dá por conta de que a imagem, em todas as suas formas, vem

ocupando cada vez mais papel importante na comunicação e na interação

social.

As concepções da teoria histórico-cultural enfocadas indicam que

a figuração apresentada no desenho da criança representa a realidade

conceituada. Como a palavra constitui essa realidade e,

consequentemente, a figuração, a teoria de Vygotsky apresenta um

avanço no modo de interpretação do desenho.

Na perspectiva Piagetina, poder-se-á admitir que o

processamento da representação dos objetos que se dispõem à nossa

volta visa a possibilitar melhor assimilação de modo a se consumar a

condição de adaptação.

A condição expressiva do desenho e a projetiva, estão presentes

em todas as composições gráficas, pois estão presentes em todos os

padrões de comportamento.

Na verdade, não há um só padrão de conduta . Assim como o

propósito da linguagem, se poderá deduzir as características de

motivação e personalidade do falante, e também, em relação ao

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desenho, sua análise nos desvela todo um conjunto de atributos

daquele que a compõe e realizou.

Os primeiros trabalhos da criança, como consequência e extensão

de um gesto que deixa marca vigorosa em uma superfície, são seus

rabiscos. Mas, para Wallon (1942.p.57), existem diferentes

manifestações entre o gesto e seu traço. Para ele, a origem do

desenho está no gesto, mesmo quando o traço tenha começado de

modo casual.

Isso supõe uma regulação suficientemente exata do gesto ou, pelo

menos, uma intenção correspondente. Isto é, o sentimento dele ser

capaz disto. Sabemos que a precisão do gesto está ligada à

possibilidade, para os segmentos dos membros que o executam, de

encontrar apoio bastante firme no resto do corpo. Esta aptidão está

ligada às funções de equilíbrio e não é, sem dúvida, acaso, se as primeiras

garatujas da criança pertencem à mesma época que seus primeiros

passos, logo, as representações gráficas das crianças surgem

simultaneamente às suas representações gestuais.

Para Vygotsky, existe uma ação evidente entre elas:

“Os gestos estão ligados à origem dos signos

escritos, como um domínio dos rabiscos das crianças.

Em experimentos realizados para estudar o ato de

correr começa por demonstrar o movimento com os

dedos, encarando os traços e pontos resultantes no

papel como uma representação do correr”. (Vygotsky,

1989, p. 87)

No desenho de conceitos abstratos e complexos, as crianças

comportam-se da mesma maneira: elas não desenham, indicam, e o

lápis meramente fixa o gesto indicativo.

Os estudos da Wallon e Vygotsky que encaminham concepções

interacionistas da produção do conhecimento da arte são, portanto,

fundamentais para compreender-se como faz a construção deste saber

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e, no caso do desenho, principalmente pela ênfase na representação e

interação social.

Lowenfeld (1974, p.62), a partir de estudos empíricos,

apresentou uma reflexão sobre a atividade criadora da criança e os

estágios de seu desenvolvimento artístico. Para ele existe uma evolução

gráfica na criança, que vai se afirmando em algumas etapas de seu

crescimento, junto ao desenvolvimento intelectual, físico, emocional.

A garatuja, ou rabiscos, por exemplo, define-se entre as idades de 2

a 4 anos, a partir dos quais a criança já estará em condições de

desenvolver um estágio pré-esquemático (mais ou menos entre 4 a 7

anos). O período esquemático, ou aquele em que os desenhos têm

sentido mais lógico, corresponde à fase de 7 a 9 anos e assim

progressivamente, a criança adquire as noções mais elaboradas e os

seus desenhos vão se tornando mais próximos do mundo real.

Os desenhos das crianças apresentam essas características não

porque elas possuam uma forma de representação imatura, mas sim

porque estão no começo de um processo mental ordenado. Afirma-se

que, quanto mais detalhes existir no desenho, maior será a consciência

que essa criança tem das coisas que a rodeiam. A maneira de

representar as coisas é um indício das experiências que a criança tem

com elas. A imagem das coisas que as rodeiam se modificará à

medida que elas tiverem mais consciência das características

significativas de tais objetos.

De acordo com o pensamento cognitivista a criança vai

desenvolvendo conceitos à medida que vai crescendo e adquirindo

novas experiências. Luquet e Piaget, chegam a explicar as diversas

ordens de representações gráficas das crianças como etapas da formação

dos conceitos: assim, segundo Luquet (1969, p. 26), após o estágio da

garatuja, a criança passaria pelo estágio de “incapacidade

sintética”(crianças com idades entre 3 e 4 anos), caracterizado pelos

aspectos espontâneos e com intenção de representação, mas sem

correspondência com a percepção (figuras humanas representadas por

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um círculo e traços, por exemplo); depois viria o estágio do “realismo

intelectual”, quando a criança já é capaz de chegar à síntese gráfica,

desenhando tudo o que está presente no objeto, tanto os de ordem

como os invisíveis, e até reproduzir no desenho não só os elementos

concretos invisíveis, mas mesmo os elementos abstratos que só tem

existência no espírito do desenhista.

Para Luquet (1969, p. 22), f inalmente no estágio do “realismo

visual” (por volta dos 8 – 9 anos), é quando os desenhos mostram

preocupações, medidas, etc. Por esta relação entre a representação gráfica

e a formação de conceitos, a construção de círculos significaria um

caminho para abstração.

Luquet (1969, p.20) apresenta as fases de desenvolvimento do

desenho infantil submetidas à representação do real e caracterizadas

pelo realismo de uma forma absoluta: realismo fortuito, realismo

falhado, realismo intelectual e realismo visual.

A criança ao desenhar tem uma intenção realista. Refere-se a

essa intenção demonstrando, de acordo com seu ponto de vista, como

o realismo evolui nas diferentes fases do desenho infantil até chegar

ao realismo visual propriamente dito, que é o realismo do adulto.

Compara-se o realismo visual dos pintores. Quando estabelece que

a meta do desenho infantil é expressar sempre o real, dá-se ao termo

realista o mesmo sentido que o termo possui na história da arte, sem

considerar a diferença que há entre uma criança e um adulto. Pelo fato

de não se considerar os meios (o não conhecimento das técnicas de

pintura) que a criança possui para reproduzir o real, é que nomeia as

diferentes fases da evolução do desenho infantil, caracterizadas pelo

realismo.

A fase do realismo intelectual , relativa à crianças em idade ao

final da educação infantil, é a que mais me interessa. Dessa fase, o

autor apresenta uma análise mais racionalista do que espiritista: “Para

o adulto, um desenho, para ser parecido, deve ser como a fotografia

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do objeto”(1969, p. 159). Por isto pode ser considerado como o

realismo visual do adulto.

Na análise dessa fase Luquet diz: Na concepção infantil, pelo

contrário, um desenho, para ser parecido, deve conter todos os

elementos reais do objeto, mesmo invisíveis..” (1969, p. 159).

Remete-se ao fato de que a criança tem a intenção de ser realista

ou, melhor dizendo, tem a intenção de desenhar um determinado

objeto tal como ela o vê.

Já Mèredieu (1994), trata a representação da realidade por um

caminho que se estabelece com os inícios da figuração. Apresenta a

evolução do desenho não “como uma caminhada para uma figuração

adequada ao real, mas como uma desgestualização progressiva”

(1994, p. 23), do gesto ao traço ao signo, sendo que de uma etapa

para outra, a f igura do boneco, grafismo mais enriquecido, é um ponto

de transição fundamental.

Através das fases evolutivas do desenho infantil, conclui-se que

na fase em que o desenho se desenvolve do gesto ao traço, a figuração

se inicia com um desenho informal marcado por rabiscos que são

considerados atos motores, passa por um grafismo voluntário que dá a

criança imenso prazer – dada a descoberta de que sua ação de rabiscar

produz traços – e chega, finalmente, aos grafismos mais enriquecidos

em que o olho orienta o traçado. Agora, a criança já sabe combinar

figuras. Com base nessa combinação, as demais características do

desenho serão próprias da educação infantil.

Quando a criança já sabe desenhar fazendo a combinação de

figuras, surge a figura do boneco que representa a projeção do próprio

esquema corporal da criança. O que a criança desenha, portanto, é

sempre ela mesma, sua própria imagem refletida e difratada em

múltiplos exemplares.

O desenho do boneco marca, assim, a transição para a próxima

fase evolutiva do desenho: do traço do signo. Apresenta ema evolução

do desenho do boneco: boneco-batata, boneco-estrela, boneco-flor.

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A criança, ao desenhar o boneco dessas diferentes formas, apresenta

uma figuração humana mais evoluída. É o boneco gerando as outras

figurações e representando o signo, supondo ao mesmo tempo distinção

e aproximação entre um significado e um signif icante.

Por um processo de socialização, o desenho da criança vai

saindo do campo da imaginação para o campo da observação. O real é

assimilado ao eu.

Inicialmente, acomodada ao real, a figuração passa, agora, a

ficar subordinada a ele. Explica-se essa passagem como a mudança

da conduta de um desenho voltado do eu para um desenho

preocupado com o real. Logo, os desenhos das crianças vão se

tornando elementos de acesso ao universo adulto. O desenho da

criança, que agora passa a representar o real por meio do signo,

surge como uma possibilidade de narrar e transmitir mensagens.

A criança desenha aquilo que sabe do objeto e não aquilo que vê,

pelo fenômeno da transparência, por questões afetivas e experiênciais

com o objeto que desenha. Assim, quando a criança desenha uma

casa transparente contendo objetos e personagens, ela o faz porque

vive os objetos em simbiose uns com os outros; afetivamente ela não

os separa. A casa, nesse caso, é a representação de suas múltiplas

experiências e, portanto, indissociável dos objetos e dos personagens

que são apresentados no desenho.

Citado e exemplificado, o fenômeno da transparência demonstra

que a criança desenha de memória. A transparência é um fenômeno

característico do desenho infantil pelo qual ela não desenha o que vê,

mas aquilo que conhece e que está registrado na sua memória. Pelo

fenômeno da transparência, a criança apresenta aquilo que tem

significado e sentido para ela. Apresenta, dessa forma, o seu

conhecimento dos objetos reais. Desenhar de memória é uma

característica peculiar do desenho da criança em idade escolar.

A criança, quando deixa de representar o tronco do corpo no

desenho de uma figura humana, é porque, tecnicamente, ela está inábil,

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em conseqüência do estágio de seu desenvolvimento. Assim, a criança

desenhará as pernas e os braços saindo da cabeça e os membros não se

unem na forma que a criança está acostumada a ver em si própria e nos

seus semelhantes. Por causa de sua inabilidade não constitui um

problema. Satisfaz-se, com seu esquema figurativo. Em idade de

educação infantil, as crianças não estão preocupadas com a similaridade

dos seus desenhos diante dos objetos sociais e da natureza, porque

são mais simbolistas do que naturalistas. Por isso, contentam-se com

suas imagens figurativas e com seus significados.

Trata-se a transparência do desenho da criança como uma

narração gráfica em que o significado é fundamental na constituição da

figuração. A criança atribui significado à figuração e, pela palavra, que

constitui instrumento essencial para o conhecimento, ela interpreta o

que faz. Toda figura global que deixa transparecer outras figuras é

tratada de forma diferente na teoria em questão.

No caso do desenho, os significados são expressos não pelas

figuras, mas pela linguagem. Esta mediatiza as significações e o

reflexo do mundo.

Fases do desenho

2.1. Rabiscão ou Garatujas

Por volta de 1 a 3 anos a criança, que já consegue empunhar um

instrumento qualquer, começa a rabiscar em qualquer lugar, no papel,

na parede, na terra, na areia, etc. De início seus rabiscos não tem

significação intencional é apenas prazer sensório-motriz. Na medida que

ela descobre as possibilidades do material e de suas mãos, ela

coordena progressivamente os movimentos, em exercícios

individualmente seriados.

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Aos 12 meses quando lhe entregamos um lápis, ainda não sabe

que ele serve para rabiscar. Bate com ele na mesa, mete-o na boca,

até que, por acaso, a ponta marca o papel, fazendo pontos, furos e

alguns rabiscos. Eis o começo do grafismo. Nesta primeira fase

surgem vários tipos de rabiscos que representam uma evolução. A

princípio, dos movimentos descontrolados da criança resultam

garatujas, que demonstram movimentos sem direção que são os:

Rabiscos desordenados – fortes ou delicados, de acordo

com a personalidade infantil. A criança ainda não tem controle sobre

sua atividade motora e portanto, nessa fase, ela não é capaz de

realizar tarefas que requeiram adequada coordenação, com por

exemplo: comer, vestir, etc. Num dado momento ela descobre que há

relação entre seus movimentos e as marcas que deixa no papel.

Começa então, a repeti-los, a controlá-los conscientemente, para cima e

para baixo, para a direita e para a esquerda ou vice-versa.

Rabiscos longitudinais ou controlados – esses traços

seguem um vai – vem contínuo e ritmado sem que o lápis se levante

do papel, guardando para cada criança uma constância regular do

traçado, de direção e de posição. Ao conseguir controle dos movimentos,

ela, através dessa sensação de domínio, adquire confiança em si mesma

e passa a perceber, visualmente, o que fazia apenas por prazer

sensório-motor. A criança assegura esse domínio graças a constantes

repetições. A confiança que adquire estimula-a a explorar o traço,

variando e inventado movimentos mais complexos, dos quais

resultam:

Rabiscos circulares – obtidos com movimentos executados

com todo o braço. Essas etapas são altamente signif icativas para a

orientação infantil, pois é o momento em que se pode solicitar tarefas

que dependem de coordenação motora como: vestir, comer, entre

outras.

Em todas as garatujas, desde o começo, a criança expressa:

ternura, confiança ou agressividade e medo. Os adultos, menos

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avisados, não valorizam os rabiscos, pois lhes parecem sem sentido.

No entanto guardá-los é importante, pois eles representam a base

fundamental de toda a evolução gráfica futura. Aos poucos, a criança

começa a se interessar, cada vez mais, pelo resultado da atividade.

Rabiscos imaginativos – O pensamento começa a participar da

mesma. A criança começa a dar nome ao que faz. Nessa etapa deve-se

estimular o pensamento infantil a continuar a conversa, dialogando

com ela. O estímulo indireto ativa a ação, o movimento e a imaginação

das crianças. O encontro das linhas leva a descoberta de

semelhanças entre os traços e objetivos. Surgem as formas

enoveladas ou espirais e rabiscos diversos. De repente, ao fechar o

contorno, surge a célula.

Célula- é um estágio muito importante porque é a descoberta da

forma: “Bola”! – é a exclamação da criança que experimenta grande

satisfação ao descobrir a forma e sente que o adulto vê alguma coisa

em seus rabiscos e lhe dá aprovação. À medida que as células se

fecham, as formas se precisam. O desenho passa a ser

representativo de idéias. É o início da segunda fase.

2.2 – Figuração ou Pré-Esquemática

As crianças, mais ou menos entre 4 e 5 anos, neste período,

considerado um dos mais férteis da evolução do grafismo, começam a

empenharem-se, com desenvoltura na representação daquilo que

desejam exprimir. Surgem, formas identif icáveis, com significado

definido. É a descoberta entre desenho e realidade. A criança sente o

valor representativo do desenho, pois já começa a utilizá-lo como

expressão do pensamento, representando o mundo que a rodeia, as

suas vivências. Geralmente suas primeiras representações são: a figura

humana e a casa que são uma constante nos desenhos de todas as

crianças.

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25

Além das figuras, durante algum tempo, ainda aparecem

rabiscos com valor puramente acessório. Ela desenha, geralmente,

uma série de figuras sem relação lógica entre si, são as:

Figuras não relacionadas ou desconexas

Nesta etapa não se justif ica ainda o emprego de técnicas de arte

mais elaboradas. O que se processem em etapas sucessivas, e sim,

das que facilitem e consolidem as descobertas das crianças, na busca

do conceito – forma. A repetição, a prática, enriquecem e diversif icam

as formas. A criança vai, aos poucos, dominando os meios de

expressão gráfica, representando o que a emoção, a imaginação e o

pensamento elaboram e começa a relacionar as formas dentro de um

conjunto único, sendo assim o início da terceira fase.

2.3 – Cena

Começa entre os cinco e sete anos. O espaço é ordenado. A

manifestação do espaço ordenado surge com a linha de base – linha

que serve de apoio, base que sustenta tudo que se encontra preso

ou apoiado no solo: casa, árvores, pessoas, carros, etc. As figuras não

aparecem flutuando. No primeiro estágio:

Cena simples – há pouca variedade de elementos, pobreza de

detalhes e de utilização das cores. No segundo estágio:

Cena completa – há representação da linha de base e da parte

superior (céu, nuvem, sol, etc ). Maior número de elementos

logicamente relacionados e maior enriquecimento de detalhes.

Domínio do pensamento. A criança orienta sua atividade pelas suas

próprias idéias. Diz-se que isto surge quando a criança passa a sentir-

se como parte de um ambiente, incluindo-se nele (amadurecimento

social), menos egocentrismo, descentralização.

As crianças que chegam a ordenação do espaço, são capazes de

compreender o mecanismo da leitura e da escrita. Como vimos,

conforme a criança vai amadurecendo e suas vivências vão sendo

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enriquecidas, sua expressão artística vai acompanhando este

crescimento. O desenvolvimento gráfico é um processo natural,

composto de fases, pelas quais as crianças deverão passar vencendo

as etapas passo a passo. Dar figura para colorir ou recortar, linhas

pontilhadas para cobrir, pensando apressar o processo evolutivo, que

é um processo de desenvolvimento gradativo, só poderá paralisar ou

levar ao retrocesso do mesmo, trazendo inibições, frustrações ou falhas

e vícios futuros pela falta de continuidade desse processo. Qualquer

trabalho dirigido poderá levar a criança a extravasar e a compensar

através de comportamento agressivos ou trazer instabilidade

emocional porque ela perde a autoconfiança na sua capacidade de

expressão.

As concepções dos teóricos indicam, pelas suas explicações, que o

conhecimento é constituído pela complexidade da relação de múltiplos

fatores. Assim se a criança desenha o que conhece, a mesma

trajetória complexa da constituição do conhecimento explica a constituição

do desenho.

Pelas concepções apresentadas, vê-se que as atividades mentais

da criança são constituídas e desenvolvidas na complexidade de suas

múltiplas interações com a realidade conceituada, mediadas pelo “outro”

e pelos signos. Assim também constituídas, figuração e imaginação

fundem-se compondo o desenho da criança, que constitui um campo

de significações aberto às interpretações.

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27

CAPÍTULO III

A RELAÇÃO DO DESENHO COM A ESCRITA

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A cerca da dependência genético-histórica da escrita em relação ao

desenho, ela tem sido enfatizada sempre. O processo de simbolização

na escrita ideográfica escreve que o exame da evolução dos ideogramas

mostra que eles se iniciaram por cópias muito vizinhas da realidade e

que, por estilização progressiva, chegaram a símbolos que seriam

irreconhecíveis se ignorasse sua história.

A evolução posterior implicativa do abandono das formas

ideográficas por formas fonéticas decorreu da conjugação de vários

fatores. Esses estudos assinalam que a pura e simples representação

de objetos naturais como forma de linguagem escrita constitui técnica

original de comunicação.

Sem mencionar diretamente o problema, mas de qualquer

modo indiretamente contribuindo para sua colocação, também assinala-

se a prévia relevância de que se impregna o desenho em relação à

escrita. A referência surge quando as reflexões sobre o modo como se

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processa o desenvolvimento, se dá às formas de estocagem ou

armazenamento de informações.

A escrita se processa através de três estágios dos quais o

primeiro será puramente motor, o segundo icônico e o terceiro simbólico,

ocorrendo neste nível a incorporação da experiência em termos de

linguagem verbalizada. Nos segundo estágio, todavia, a experiência

melhor se incorpora na medida em que se proceda a sua tradução em

termos de representação formal.

Em relação ao grafismo do desenho, nota-se que os rabiscos

podem ser feitos em espaços reduzidos da folha ou ocupar quase toda

a extensão distribuindo-se em várias direções. Quando eles começam a

ser nomeados pelas crianças, ainda não há, para o adulto, nenhuma

identificação, possível entre o nome e a coisa designada, ainda está

distante do que possa ser posteriormente identif icado como figura

humana. Só que a qualidade dos traçados importa menos do que o

fato de a criança interpretá-los. Essa interpretação, juntamente com a

intencionalidade de representar algo, constitui critérios que nos

permitem falar em desenho propriamente dito, pouco impactando a

qualidade do grafismo observado (simples garatujas ou figuras).

Apesar do adulto achar que a criança, por não saber registrar os

símbolos gráficos da nossa escrita, só desenha, ela, desde pequena, já é

produtora de textos. Numa criança habituada desde cedo ao uso do

lápis e dos papéis que encontra em sua casa, podem-se encontrar

tentativas claras de escrever – diferenciadas das tentativas de

desenhar - desde a época das primeiras garatujas ou antes ainda.

Quanto ao grafismo da escrita há crianças que sabem apontar

onde está o desenho e onde está a escrita. Enfatiza-se, novamente o

que foi dito sobre o desenho. Também com respeito à escrita, a

qualidade do traçado importa menos do que o fato de a criança

produzir um tipo de marca quando escreve e outro tipo de marca

quando desenha. Esse é um avanço enorme, pois se trata do início da

diferenciação entre os grafismos desses dois sistemas representativos.

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30

Montessori (1995,p. 96), por exemplo, propõe que o ensino da

escrita seja precedido de certa convivência da criança com formas

muito espontâneas de desenho. Tais formas preparariam a criança

para o processo da aprendizagem.

A partir dessa diferenciação, se o professor estiver criando

condições para que a criança interaja com o material gráfico, poderá

perceber que aumenta o número de vezes em que aquelas linhas

serrilhadas aparecem. Criar condições para que a criança interaja com

o mateiral gráfico, significa o professor trazer para a sala de aula

livros, revistas, jornais, além de propor a escrita em diferentes

oportunidades. Pedir que as crianças escrevam seus nomes e

escrevam a respeito do que escolheram para desenhar. Não se trata

de pedir por pedir. É preciso tomar conhecimento da intenção da criança

subjacente àquilo que foi feito, ou seja, o professor deve ser

interlocutor.

Havendo uma atuação pedagógica direcionada para uma

participação ativa da criança em situações envolvendo a escrita e leitura,

pouco a pouco as linhas serrilhadas passarão a acompanhar os

desenhos como se fossem um complemento importante das figuras.

Desde o momento em que os rabiscos ou garatujas começam a

ser nomeados pela criança, a capacidade representativa se manifesta

em duas direções interligadas, a linguagem oral acompanha a atividade

do desenho, pois a criança tanto interpreta como antecipa o que

pretende realizar e os rabiscos começam a evoluir na direção das

primeiras figuras. A partir desse patamar, as garatujas se

diferenciam em desenho e escrita, sendo como fonte comum a esses

dois processos de aprendizagem os rabiscos iniciais.

A ligação entre o desenho e a escrita é também analisada segundo

Ferreiro e Teberosky (1999, p.126 ). Para elas, a definição dos limites

entre esses dois processos constitui um dos primeiros problemas que

a criança enfrenta na conquista da escrita e da leitura. De

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31

indiferenciados inicialmente, pouco a pouco os traçados gráficos se

diferenciam.

Acontece que tal diferenciação depende basicamente da intenção

da própria criança em fazer uma coisa ou outra. Com os avanços da

capacidade representativa, o desenho e a escrita seguem direções

próprias.

Atribui-se uma raiz comum ao desenho e à escrita, que estaria

ligada aos primórdios da capacidade representativa e não aos rabiscos

iniciais. Essa capacidade diz respeito à possibilidade de a criança

construir e agir sobre representações, compreendendo-as

paulatinamente como algo distinto dos referentes materiais. Sem o

desenvolvimento da capacidade de simbolizar que está na base das

funções conceituais, os conhecimentos não poderiam transcender o

plano das ações práticas.

Durante o desenvolvimento dos seus desenhos, há um

momento em que a criança começa a perceber que seus traços podem

representar algo, relacionando-os aos objetos. Depois estes

desenhos passam a representar linguagem escrita, em que a

representação de relações e significados individuais vão se convertendo

em sinais simbólicos abstratos.

A criança começa a criar algumas hipóteses do que é a escrita e

para que serve. Algumas crianças começam a representar seu nome

através de rabiscos ou desenhos, pois já sabe que escrever significa

juntar alguns símbolos.

Por f im, chega a conclusão de que a nossa fala é representada

por símbolos, que são as letras.

A complexidade do desenho infantil atinge o topo na escrita. .

A escrita continua também nos seus níveis de complexidade, a

ter na criança a melhor resposta de como aprender. Com o desenho,

cada rabisco é analisado até se chegar às formas da escrita.

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32

O desenvolvimento da escrita pode ser melhor explicado nas

seguintes fases:

3.1- Escrita indiferencia: A criança representa traçados

semelhantes para diferentes palavras. Ela pode dar vários nomes

aquele mesmo traçado. Também utiliza-se de grande quantidade de

caracteres semelhantes.

3.2- Diferenciação da escrita : Nesta fase, a criança utiliza-se

de quantidade e de diferentes caracteres para uma palavra . Para

garantir as diferenças entre os escritos, a criança utiliza as mesmas

letras, variando apenas a ordem. Normalmente utiliza as letras do

seu nome.

3.3- Hipótese silábica: A criança inicia a tentativa de

estabelecer o que ela fala com o que ela escreve. Ela atribui a cada

letra o registro de um som falado, ou uma sílaba.

Aqui é exigido da criança que se tenha um mínimo de caracteres

para se formar uma palavra.

3.4- Hipótese silábico-alfabética : Esta é a fase em que a

criança está quase se aprimorando das normas da escrita, mas ainda

com algumas contradições com o que ela houve com o que ela escuta.

3.5 Hipótese alfabética : Chega-se aqui com o conceito de

escrita adquirido, apenas faltando o domínio das regras da ortografia.

Nessa escrita alfabética e ideográfica o traço do desenho é um traço

mais f ino. A representação do pensamento já não ocupa, toda ou quase

toda, a folha do papel. É um desenho mais sutil, em que as linhas, as

retas, as fechadas e as abertas teimam em nos querer fazer cidadãos,

seres pensantes e alfabéticos, como se quer para todos.

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33

CAPÍTULO IV

A ARTE E A CRIANÇA

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34

A Arte é um meio para desabrochar, despertar as faculdades que

estão na criança em estado latente. Através dela a criança satisfaz uma

necessidade essencial. Uma das grandes virtudes das artes é

explorar as faculdades sensoriais das crianças. A expressão artística

pretende dar à vida da criança um papel compensador e indispensável.

Quantos adultos preencheram as lacunas de sua vida emotiva

procurando os prazeres da arte? Alguns contentam-se na

contemplação de belos objetos e obras de arte, mas estão presentes no

cotidiano da vida infantil ao rabiscar e desenhar no chão, na areia e

nos muros, ao utilizar materiais encontrados ao acaso (gravetos,

pedras, carvão), ao pintar os objetos e até mesmo seu próprio corpo, a

criança pode utilizar-se destas para expressar experiências sensíveis.

Tal como a música, as Artes são linguagens e, portanto, uma das

formas importantes de expressão e comunicações humanas, o que, por

si só, justifica sua presença no contexto da educação, de um modo geral,

e na educação infantil, particularmente.

4.1- O mundo plástico das crianças

O educador não deve fazer comparações entre duas crianças. Não

deve nem mesmo citar exemplos de outras.

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Não deve existir competições. Isto leva-se a uma reflexão muito

importante: os concursos são organizados, alguém classif ica, alguém

elimina e alguém recompensa. Mas o que permite julgar e qual o

critério de apreciação num desenho infantil? Julgar que o desenho de

uma criança possa ser melhor que o de outra é o mesmo que julgar a

alegria e a felicidade de crianças que brincam. Se do ponto de vista

do adulto é ingênua e inconsciente esta forma de julgamento, já do

ponto de vista da criança só poderá ser desastrosa. Desastrosa para a

criança que vemos. Mais desastrosa ainda é o julgamento para a

criança que se vê preterida. Como já foi dito o ato de criar é mais

importante que o trabalho realizado e qualquer crítica e análise que se

faça da atividade artística infantil só terá sentido se feita em relação ao

criador tanto em função do meio em que vive, quanto das suas condições

psicológicas.

Toda criança tem necessidade de se expressar livremente e fazê-

lo participar da alegria criadora, através de um clima de confiança é a

melhor recompensa que lhe pode dar o educador. É a arte, através de

seus símbolos, que dá curso ao ajustamento da vida à aprendizagem,

formal da escola, porque é fator de integração do desenvolvimento

harmonioso da personalidade. Por tudo isto, a criança precisa

participar da alegria de criar.

O desenho da criança não é um desenho do adulto mal sucedido.

Ele é um traço particular da criança, um traço em evolução. Cada criança

tem sua própria voz, sua própria escrita gráfica. Não se deve ensinar a

criança a desenhar. Física e psicologicamente a criança não é um adulto

em miniatura.

O primeiro gesto eficaz é este da criança pequena que cria, que

imprime seu pensamento no prazer, provocando sua alegria. A

experiência da expressão criativa vai contribuir para fixar e conduzir o

consciente e o subconsciente além dos conhecimentos das técnicas de

educação artística, uma vontade de ação, um desejo de realizar-se.

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36

A presença das Artes na Educação Infantil, ao longo da história,

tem demonstrado um descompasso entre os caminhos apontados

pela produção teórica e a prática pedagógica existente. Em muitas

propostas as práticas de Educação Artística são entendidas apenas como

meros passatempos em que atividades de desenhar, colar, pintar e

modelar com argila ou massinha são destituídas de significados.

O trabalho com Artes na Educação Infantil requer profunda atenção

no que se refere ao respeito das peculiaridades e esquemas de

conhecimento próprios à cada faixa etária e nível de desenvolvimento.

Isso significa que o pensamento, a sensibilidade, a imaginação, a

percepção, a intuição e a cognição da criança devem ser trabalhadas de

forma integrada, visando a favorecer o desenvolvimento das

capacidades criativas das crianças.

É assim que, por meio do desenho, que também é uma forma de

arte, a criança cria e recria individualmente formas expressivas,

integrando percepção, imaginação, reflexão e sensibilidade, que podem

então ser apropriadas pelas leituras simbólicas de outras crianças e

adultos.

Expressar-se através do desenho é colocar sua vida pra fora. A

través do desenho livre, ela desenvolve noções de espaço, tempo,

quantidade, sequência, apropriando-se do próprio conhecimento, que é

constituído respeitando seu ritmo.

Quando a criança começa a desenhar, ela pode estar pensando

em algo que já vivenciou e essa habilidade de pensar f ica estimulada

para criar com mais naturalidade, ao invés de caracterizar suas

marcas em figuras padronizadas. Ela colocará somente em seus

desenhos coisas que conhece e que está familiarizada, que tenham

um significado próprio para ela, tornando sua produção singular. Deixará

transparecer em suas produções, informações de uma vida e de um

pensamento interno e escondido dentro dela.

Os desenhos geralmente são produtos de uma experiência

acumulada ao longo de sua vida, e por meio de um prazer, algo que

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37

seja espontâneo como a arte de desenhar, a criança transporta para

fora todo o confronto que possa ter consigo mesma sem que

perceba.

Por isso, as produções gráficas ou plásticas de crianças, são muito

utilizadas por terapeutas, psicopedagogos e professores para

entender melhor o que está se passando com aquela criança que não

consegue dizer o que está errado. Isso não quer dizer que elas devam

ser interpretados, mas podem auxiliar no processo de busca de

soluções para certas dif iculdades.

Page 38: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PROJETO A … COTTA DA SILVA.pdfRESUMO Desenho, primeira manifestação da escrita humana. Continua sendo a primeira forma de expressão usada pela criança

38

CONCLUSÃO

Por meio deste trabalho procurei atentar para a situação aonde,

interpretar as figurações produzidas pelas crianças é um procedimento

comum dos adultos, cujas posições, no tratamento da atividade do

desenho, deixam entrever aspectos de suas leituras interpretativas.

O desenho da criança é o “lugar” do provável, do indeterminado,

das significações. Estas se tornam múltiplas e indefinidas pela própria

possibilidade da interpretação.

Na educação institucionalizada, duas posições dos adultos

merecem discussão: na primeira, as crianças são incentivadas a

desenhar para elaboração de trabalhos para as datas comemorativas,

na segunda, as crianças são colocadas para desenhar “livremente” com

o objetivo de ocupar um determinado espaço de tempo entre outras

coisas, podem ser interpretadas como indicadoras de que o desenho é

uma atividade prazerosa para toda criança. Experiências vividas ao

longo do meu estudo mostram que, devida a imposição por parte dos

educadores, nem todas as crianças sentem prazer em desenhar.

Esses movimentos devem ser sinônimos de prazer, de

ludicidade, porque para que eles existam, a construção do eu, da

personalidade com todos os conflitos e a própria aprendizagem

ocorra, é necessário uma busca constante, um encontro total com a

felicidade.

A atitude do professor deve ser de respeito e compreensão ao

potencial de criatividade de que ela é dotada. Desenhar para a criança

Page 39: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PROJETO A … COTTA DA SILVA.pdfRESUMO Desenho, primeira manifestação da escrita humana. Continua sendo a primeira forma de expressão usada pela criança

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é crescer. Logo o adulto poderá limitar, abafar ou matar por completo,

essa energia criadora, causando danos irreversíveis a personalidade

do futuro indivíduo.

O desenho precisa e deve ser sempre valorizado pelos

educadores e a importância desta valorização deve seer compreendida

e valorizada pelos pais, uma vez que toda aprendizagem tem o seu

valor e o desenho é uma forma de aprendizagem. Pois quando a

criança é valorizada naquilo que sabe sente prazer em aprender.

As pessoas que fazem parte do universo da criança e de quem

ela busca respeito e aprovação devem compreender o processo pelo

qual ela passa. Se esse progresso não for valorizado, a criança pode-

se sentir inferiorizada e incapaz, retraindo-se. Caso contrário, ela

seguirá auto-confiante e sabendo do que é capaz, acreditando em si

mesma.

Percebi que a beleza da criança, principalmente na Educação

Infantil, encontra-se na descoberta, pelas próprias atitudes, de

maneira individual, especial, já que cada ser é único.

Devemos rever nosso jeito de agir e ver as crianças para assim

mudarmos o ato de ensinar e aprender, fazendo com que a Educação

Infantil seja um local adequado, favorável à formação de cada criança.

Pensar positivamente as progressivas conquistas que a criança

alcança significa nos surpreendermos permanentemente com suas

realizações, e além disso, o que é essencial, com tal postura lhe

transmitimos auto confiança. A criança se sente capaz de criar e de

participar porque acredita nas próprias possibilidades de agir sobre o

mundo que a rodeia.

Abraçar o sonho da Pedagogia do Amor é colocar de lado o

egoísmo e fazer da relação professor-aluno um momento de

crescimento e troca. É saber que tudo que transmitimos não pode ser

imposto, pois assim sendo seria ensino. Educação engloba e supera o

ensino, pela razão deste ser apenas uma etapa do processo de

aprendizagem.

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Educação é mais do que transferência de conteúdos, necessita do

ambiente relacional onde haja respeito e diálogo para possibilitar a

compreensão do outro. Mas só compreenderemos o outro quando o

respeitarmos em sua diversidade.

Este trabalho é para você, comprometido com a educação,

psicopedagogo, orientador, supervisor, professor, aluno, um

instrumento de reflexão. Nele você perceberá que o ponto central de

nossos problemas em educação se encontra antes de tudo em nossos

corações.

“Não há educação sem medo. Nada se

pode temer da educação quando se

ama.”

(Paulo Freire)

Page 41: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PROJETO A … COTTA DA SILVA.pdfRESUMO Desenho, primeira manifestação da escrita humana. Continua sendo a primeira forma de expressão usada pela criança

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BIBLIOGRAFIA

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TEBEROSKY, Ana e FERREIRO, Emília. Psicogênese da língua

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43

ANEXOS

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ANEXO 1

Garatujas passando para a fase de célula

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ANEXO 2

Desenho célula ganhando detalhes e rabiscos para o início da produção

da figura humana

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ANEXO 3

Produção de figura humana através do boneco-batata com mais

detalhes como nariz, braços e pernas definidos e menos rabiscos.

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47

ANEXO 4

Figuração ou pré-esquemática. O desenho adquiri tronco e começa a se

iniciar a produção de uma cena a partir dos novos elementos.

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48

ANEXO 5

Produção de uma cena já completa.

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49

ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

DEDICATÓRIA 3

RESUMO 4

METODOLOGIA 5

SUMÁRIO 6

INTRODUÇÃO 7

CAPÍTULO l 10

O DESENHO INDIVIDUALIZADO

CAPÍTULO ll 15

O DESENVOLVIMENTO DO DESENHO

2.1 - Fases do desenho 23

2.1.1 - rabiscão ou garatuja 23

2.1.2 – figuração ou pré-esquemática 25

2.1.3 – cena 25

CAPÍTULO lll 28

A RELAÇÃO DO DESENHO COM A ESCRITA

3.1 – escrita indiferenciada 32

3.2 – diferenciação da escrita 32

3.3 – hipótese silábica 33

3.4 – hipótese silábico-alfabética 33

3.5 – hipótese alfabética 33

CAPÍTULO lV 34

A ARTE E A CRIANÇA

4.1 – o mundo plástico das crianças 35

CONCLUSÃO 39

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 42

ANEXOS 44

ÍNDICE 50

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50

FOLHA DE AVALIAÇÃO

Nome da Instituição: Universidade Candido Mendes

Título da monografia: A importância do desenho no desenvolvimento

infantil.

Autor: Patrícia Cotta da Silva

Data da entrega: 25/07/2006

Avaliado por: Vilson Sérgio

Conceito: