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UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO UPE Faculdade de Ciências da Administração de Pernambuco FCAP Curso de Mestrado em Gestão do Desenvolvimento Local Sustentável ALDAROSA CARTAXO JÁCOME COLETA SELETIVA DE RESÍDUOS SÓLIDOS: BENEFÍCIOS E DESAFIOS DO PROGRAMA “NÃO VAI PELO RALO” EM JOÃO PESSOA - PB RECIFE PE 2012

UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO UPE … DE PERNAMBUCO – UPE Faculdade de Ciências da Administração de Pernambuco – FCAP Curso de Mestrado em Gestão do Desenvolvimento Local Sustentável

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UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO – UPE

Faculdade de Ciências da Administração de Pernambuco – FCAP

Curso de Mestrado em Gestão do Desenvolvimento Local Sustentável

ALDAROSA CARTAXO JÁCOME

COLETA SELETIVA DE RESÍDUOS SÓLIDOS: BENEFÍCIOS E DESAFIOS DO

PROGRAMA “NÃO VAI PELO RALO” EM JOÃO PESSOA - PB

RECIFE – PE

2012

ALDAROSA CARTAXO JÁCOME

COLETA SELETIVA DE RESÍDUOS SÓLIDOS: BENEFÍCIOS E DESAFIOS DO

PROGRAMA “NÃO VAI PELO RALO” EM JOÃO PESSOA - PB

Dissertação apresentado ao Programa de Mestrado

Profissional de Desenvolvimento Local Sustentável da

Faculdade de Ciências da Administração de

Pernambuco – FCAP/UPE, como requisito

complementar para a obtenção do grau de Mestre em

Desenvolvimento Local Sustentável.

Orientador: Dr. Fábio José Araújo Pedrosa.

RECIFE – PE

2012

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

Biblioteca Leucio Lemos

Faculdade de Ciências da Administração de Pernambuco – FCAP/UPE J17c Jácome, Aldarosa Cartaxo. Coleta seletiva de resíduos sólidos: benefícios e desafios do

programa “não vai pelo ralo” em João Pessoa - PB / Aldarosa

Cartaxo Jácome; orientador: Fábio José A. Pedrosa. – Recife, 2012.

130 f.: il. ; graf. –

Dissertação (Mestrado) - Universidade de Pernambuco,

Faculdade de Ciências da Administração de Pernambuco, Gestão do Desenvolvimento Local Sustentável, Recife, 2012.

1. Resíduos sólidos. 2. Coleta seletiva – benefícios e desafios. 3.

Reciclagem 4. Sustentabilidade. I. Pedrosa, Fábio José A. (orient).

II. Título.

628.312.1 CDU (2007)

18-2012

Edna Meirelles - CRB-4/1022

ALDAROSA CARTAXO JÁCOME

COLETA SELETIVA DE RESÍDUOS SÓLIDOS: BENEFÍCIOS E DESAFIOS DO

PROGRAMA “NÃO VAI PELO RALO” EM JOÃO PESSOA - PB

Dissertação apresentada ao programa de Pós-Graduação em Gestão do Desenvolvimento

Local Sustentável da Faculdade de Ciências da Administração – FCAP/ UPE, como requisito

complementar para obtenção do grau de Mestre em Gestão do Desenvolvimento Local

Sustentável.

Recife, 12 de dezembro de 2012

BANCA EXAMINADORA

Prof. Dr. Múcio Luiz Banja Fernandes

Prof. Dra. Maria Cristina Alves de Almeida

Prof. Dr. Arandi Maciel Campelo

Dedico esse trabalho a todos que

contribuíram para a sua realização.

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus pela força e fé lançada durante essa caminhada;

Ao meu pai pelas palavras de incentivo e confiança;

A minha mãe pelos sábios conselhos;

Aos meus irmãos pelo carinho;

Ao meu orientador, Prof. Fábio Pedrosa pelo apoio e contribuição dados durante essa jornada;

Ao meu namorado, Robinson, pela compreensão ofertada durante os momentos mais árduos;

Á Diretora do DEVAR, Sra. Carol Estrela, pela disponibilidade em contribuir para o sucesso

do trabalho;

A Janaina, Gorete, Eliane, Daniel, enfim, todos que fazem parte da equipe do Núcleo de

Educação Ambiental da EMLUR;

Ao meu chefe, Walter, pela generosidade despendida;

A Celinha pela paciência e prontidão;

A todos os professores do mestrado, pelo comprometimento e disposição.

“Pensar em sustentabilidade é pensar na

família, no próximo e em você mesmo.”

(Dijalma Augusto Moura)

RESUMO

O acúmulo do lixo tornou-se um problema de ordem sócioambiental e, diante disso, a

reciclagem de materiais ganhou ênfase como um dos meios mais eficazes de destinar

corretamente o resíduo utilizado. Materiais como o papel, o plástico, alumínio e o óleo vegetal

transformaram-se em matéria prima para a produção dos mais diversificados tipos de

produtos. O óleo vegetal que é largamente consumido pela população em geral pode ser

utilizado, por exemplo, como matéria prima na produção de biodiesel, sabão, detergente,

resinas e tintas. A produção do sabão é a mais caseira e, portanto, o processo mais simples de

fabricação. A reciclagem ainda é pouco difundida, porém, não menos importante, pois a sua

destinação incorreta acarreta impactos negativo significativos ao meio ambiente, social e

econômico. A partir disso, a Empresa Municipal de Limpeza Urbana da cidade de João

Pessoa, a EMLUR, desde 2008 desenvolve o programa de coleta de óleo “não vai pelo ralo”.

Ele tem como finalidade destinar corretamente o óleo utilizado pelos restaurantes, bares, bem

como pela população em geral. O programa possui um viés social significativo a partir do

forte trabalho de educação ambiental desenvolvidos nas comunidades cadastradas. Elas

adquirem uma nova perspectiva de ganho de renda extra por meio da produção do sabão

ecológico, desenvolvidos a partir do óleo utilizado recolhido pela autarquia. Diante da

relevância do programa para o desenvolvimento sustentável da cidade, observou-se a

importância de avaliá-lo quanto a sua eficácia e efetividade. A pesquisa abrangeu como

principais pontos a verificação da abordagem de divulgação utilizada nos estabelecimentos

alimentares, comunidades e público em geral, bem como a observância de sua estrutura física,

operacional e humana. Diante da amostra proposta foram aplicadas entrevistas em 48

estabelecimentos alimentares nos bairros de Manaíra, Tambaú, Cabo Branco e Bessa, além da

aplicação de formulários em uma das comunidades cadastradas ao programa. Com a análise

de todos os dados, a partir da utilização da ferramenta estratégica SWOT, foi possível levantar

os pontos fortes, fracos, oportunidades e ameaças do programa. Verificou-se que o seu

principal “gargalo” é a ausência de veículos próprios de coleta. Além disso, a divulgação do

programa prioriza os meios de comunicação de massa, acarretando numa deficiência de

publicidade junto os estabelecimentos alimentares. O trabalho coloca-se relevante, a partir do

momento que avalia a execução de um programa de coleta, contribuindo para a sua

manutenção e para a promoção de uma sustentabilidade local.

Palavras-chave: Reciclagem. Óleo vegetal. Avaliação. Sustentabilidade.

ABSTRACT

The accumulation of waste has become a problem of a socio-environmental and, before that,

the recycling of materials gained emphasis as one of the most effective means to properly

allocate the residue used. Materials such as paper, plastic, aluminum and vegetable oil turned

into raw material for the production of the most varied types of products. The vegetable oil

which is largely consumed by the general population can be used, for example, as raw

material for biodiesel production, soap, detergent, resins and paints. The production of soap is

the most home and therefore simpler process of manufacture. Recycling is still little known,

however, not least because its improper disposal entails significant negative impacts to the

environment, social and economic. From this, the Municipal Urban Cleaning Company of the

city of João Pessoa, the EMLUR since 2008 develops oil collection program "is not going

down the drain." It aims to correctly allocate the oil used by restaurants, bars as well as the

general population. The program has a significant social bias from strong environmental

education program developed in communities registered. They gain a new perspective to gain

extra income through the production of ecological soap, developed from used oil collected by

the municipality. Given the importance of the program for sustainable development of the

city, noted the importance of evaluating it as its efficiency and effectiveness. The survey

covered the main points of the verification reporting approach used in food establishments,

communities and the general public as well as the observance of its physical structure,

operational and human. Given the proposed sample interviews were held in 48 food

establishments in neighborhoods Manaíra, Tambaú, Cape Blanco and Bessa, besides the

application form in one of the communities enrolled in the program. With the analysis of all

data from the use of the SWOT strategic tool, it was possible to raise the strengths,

weaknesses, opportunities and threats of the program. It was found that the main "bottleneck"

is the absence of own collection vehicles. In addition, disclosure of the program prioritizes the

means of mass communication, resulting in a deficiency of the advertising to food

establishments. The work is relevant places, from the moment that evaluates the performance

of a collection program, contributing to the maintenance and promotion of a local

sustainability.

Keywords: Recycling. Vegetable oil. Evaluation. sustainability.

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Diagrama de insumo-produto e as principais dimensões de

desempenho......................................................................................................

16

Figura 2 – Modelo de gestão estratégica............................................................ 27

Figura 3 – Cores padrão de recolhimento dos resíduos............................................ 44

Figura 4 – Localização das áreas pesquisadas...................................................... 49

Figura 5 –. Praia de Tambaú na década de 60........................................................ 51

Figura 6 – Relação entre os aspectos da análise SWOT e o ambiente................. 63

Figura 7 – Comunidade do Timbó..................................................................... 66

Figura 8 – Divulgação do programa na comunidade do Timbó........................... 66

Figura 9 – Exposição dos materiais utilizados no processo de reciclagem.......... 68

Figura 10 – Comunidade Alto do Céu................................................................ 70

Figura 11 – Área de acondicionamento do resíduo............................................. 87

Figura 12 – Núcleo de educação ambiental........................................................ 88

Figura 13 – Homogeneização dos materiais........................................................ 88

Figura 14 – Formas para acondicionamento do composto.................................... 89

Figura 15 – Acondicionamento do composto....................................................... 89

Figura 16 – Manuseio inadequado durante o processo de reciclagem..................... 90

Figura 17 – Equipamentos de segurança individual............................................ 91

Figura 18 – Modelo de ponto de entrega voluntário................................................ 99

Figura 19 – PEV´s em uma estação de reciclagem.................................................. 100

Figura 20 – Depósitos de recolhimento conforme resolução 275/2001................... 100

Figura 21– Estação de reciclagem em supermercado sem o ponto de

recolhimento do óleo.............................................................................................

101

Figura 22 – Cestas de coleta seletiva em supermercado.......................................... 102

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – População total, urbana e rural......................................................... 21

Quadro 2 – Tipos de avaliação.......................................................................... 24

Quadro 3 – Objetivos da educação empreendedora............................................ 32

Quadro 4 – Cronologia dos nomes da cidade de João Pessoa.............................. 50

Quadro 5 – Ações ambientais desenvolvidas pela EMLUR................................ 78

Quadro 6 – Postos de coleta............................................................................. 98

Quadro 7 – Análise SWOT............................................................................... 104

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 – Cobertura de saneamento básico no Brasil...................................... 40

Gráfico 2 – Organograma da EMLUR............................................................... 55

Gráfico 3 – Distribuição dos estabelecimentos cadastrados no programa............ 57

Gráfico 4 – Sexo dos recicladores..................................................................... 70

Gráfico 5 – Ocupação profissional.................................................................... 71

Gráfico 6 – Grau de escolaridade...................................................................... 71

Gráfico 7 – Renda familiar................................................................................ 72

Gráfico 8 – Tempo de reciclagem..................................................................... 72

Gráfico 9 – Importância da venda do sabão........................................................ 73

Gráfico 10 – Participação em treinamento da EMLUR........................................... 74

Gráfico 11 – Nota de avaliação dos treinamentos............................................... 74

Gráfico 12 – Conhecimento dos impactos causados pela destinação incorreta do

óleo..................................................................................................................

75

Gráfico 13 – Distribuição dos estabelecimentos entrevistados por bairros.............. 79

Gráfico 14 – Litros de óleo recolhidos por quinzena.............................................. 80

Gráfico 15 – Percentual de estabelecimentos conhecedores do programa............ 80

Gráfico 16 – Meios de conhecimento do programa................................................ 81

Gráfico 17 – Destinações do resíduo por parte dos estabelecimentos não

cadastrados......................................................................................................

82

Gráfico 18 – Meios de divulgações utilizados pelas empresas coletoras................. 82

Gráfico 19 – Estabelecimentos que comercializam o resíduo.................................. 83

Gráfico 20 – Percepção dos impactos causados pela destinação incorreta do

resíduo............................................................................................................

84

Gráfico 21 – Produção acumulada de 2009.............................................................. 93

Gráfico 22 – Produção acumulada de 2010.............................................................. 94

Gráfico 23 - Produção acumulada de 2011............................................................. 95

Gráfico 24 – Novas adesões de estabelecimentos no programa............................... 95

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 14

2. OBJETIVO ................................................................................................................. 19

2.1 OBJETIVO GERAL ................................................................................................. 19

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ................................................................................... 19

3. REFERENCIAL TEÓRICO ....................................................................................... 20

3.1 POLÍTICAS PÚBLICAS PARA UM DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL 20

3.1.1 A urbanização e suas implicações socioambientais .......................................... 20

3.1.2 A mudança para um desenvolvimento sustentável ........................................... 22

3.1.3 O papel da administração pública ..................................................................... 23

3.1.4 Tipos de avaliação ................................................................................................ 24

3.1.5 A gestão pública no Brasil .................................................................................. 26

3.1.6 Educação Empreendedora..................................................................................31

3.2 CIDADANIA E EDUCAÇÃO AMBIENTAL ........................................................ 33

3.2.1 Interdisciplinaridade e educação ambiental ..................................................... 33

3.2.2 Sensibilidade e mobilização social ...................................................................... 34

3.3 O ÓLEO VEGETAL ................................................................................................ 35

3.3.1 História e definição .............................................................................................. 35

3.3.2 Os impactos causados pela destinação incorreta do resíduo ........................... 36

3.3.2.1 Aos recursos naturais .......................................................................................... 37

3.3.2.2 Aos cofres públicos ............................................................................................ 40

3.3.2.3 Aos domicílios .................................................................................................... 40

3.4 RECICLAGEM E COLETA SELETIVA ................................................................ 41

3.4.1 Geração de resíduos sólidos, coleta seletiva e reciclagem ................................ 41

3.4.1.1 Biodiesel ............................................................................................................. 46

3.4.1.2 Resinas e tintas ................................................................................................... 46

3.4.1.3 Sabão, detergente e produto de limpeza ............................................................. 47

4. CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO ...................................................... 48

4.1 PARAÍBA ................................................................................................................. 48

4.1.1 Caracterização da cidade de João Pessoa.......................................................... 50

4.1.2 Aspectos históricos ............................................................................................... 50

4.1.3 Aspectos Geográficos ........................................................................................... 51

4.1.4 Aspectos urbanos ................................................................................................. 51

4.2 BAIRROS ................................................................................................................. 52

4.2.1 Manaíra ................................................................................................................ 52

4.2.2 Bessa ...................................................................................................................... 52

4.2.3 Tambaú ................................................................................................................. 52

4.2.4 Cabo Branco ......................................................................................................... 52

4.3 A AUTARQUIA ESPECIAL MUNICIPAL DE LIMPEZA URBANA ................. 53

4.4 O PROGRAMA DE RECICLAGEM DE ÓLEO: O SABÃO ECOLÓGICO ......... 56

5. CLASSIFICAÇÃO METODOLÓGICA DA PESQUISA ......................................... 58

5.1 ATORES DA PESQUISA ........................................................................................ 59

5.1.1 Estabelecimentos alimentares ............................................................................. 59

5.1.2 Diretora do DEVAR ............................................................................................ 60

5.1.3 Recicladores ......................................................................................................... 61

5.2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ............................................................. 61

5.2.1 Leitura .................................................................................................................. 61

5.2.2 Dado visual: Fotografia ....................................................................................... 61

5.3 ANÁLISE DOS DADOS ......................................................................................... 61

5.3.1 SWOT ................................................................................................................... 61

6. RESULTADOS E DISCUSSÕES .............................................................................. 64

6.1 DIVULGAÇÃO E PUBLICIDADE ........................................................................ 64

6.1.1 Comunidades ........................................................................................................ 64

6.1.1.1 Comunidade do Timbó ....................................................................................... 64

6.1.1.2 Comunidade Porto João Tota – Bairro Alto do Céu ........................................... 69

6.1.2 Educação ambiental: EMLUR...........................................................................75

6.1.3 Estabelecimentos alimentares ............................................................................. 79

6.1.4 População em geral .............................................................................................. 84

6.2 ESTRUTURA FÍSICA ............................................................................................. 86

6.3 ESTRUTURA OPERACIONAL-VEÍCULOS COLETORES ................................ 93

6.4 PONTOS DE COLETA-SUPERMERCADOS ....................................................... 98

6.5 PONTOS FORTES, FRACOS, OPORTUNIDADES E AMEAÇAS DO PROGRAMA

....................................................................................................................................... 103

6.5.1 Pontos de destaque da SWOT ........................................................................... 105

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................... 109

7.1 CONCLUSÕES ....................................................................................................... 109

7.1.1 Principais benefícios do programa....................................................................111

8. BIBLIOGRAFIA ....................................................................................................... 112

APÊNDICE

A.1 – Entrevistas – Estabelecimentos Alimentares cadastrados.....................................123

A.2 – Entrevista – Estabelecimentos alimentares não cadastrados.............................................124

A.3 – Entrevista - Diretora do departamento de valorização e recuperação de

resíduos (DEVAR) da EMLUR...........................................................................................125

A.4 – Entrevista – Recicladores.........................................................................................127

16

1. INTRODUÇÃO

Consequência do aumento populacional, a urbanização desordenada e o aumento do

lixo constituem um dos grandes problemas contemporâneos do meio ambiente. Traz como

resultado a exclusão social, a miséria, a fome e a perda da qualidade de vida (SACHS, 2009).

Diante do cenário da desigualdade social, a população mais carente se vê obrigada a ocupar

áreas inapropriadas e arriscadas para a construção de suas moradias. Essas comunidades se

tornam excluídas e necessitadas das mínimas estruturas habitacionais, além de sofrerem um

atraso no acesso ao conhecimento educacional (SACHS, 2009).

Portanto, o aumento do lixo tornou-se num problema não só de ordem ambiental,

mas também de ordem social. Porém, o que poderia ser dito como inútil, não utilizável, na

verdade, possibilitou a criação de novos nichos e oportunidades de renda para milhares de

famílias. A gestão pública começou a atuar na implementação de ações voltadas à reciclagem

de materiais, tendo como objetivo a diminuição dos impactos ambientais ocasionados pela

utilização incorreta de armazenamento dos resíduos.

A coleta seletiva desenvolve-se como ferramenta de amenização do quantitativo de

resíduos destinados aos aterros sanitários. Ela visa separar o material passível de reutilização

de modo que o mesmo possa ser reinserido na cadeia produtiva, é a chamada logística reversa,

cada vez mais utilizada pelas empresas (GONÇALVES, 2003). A tecnologia atua como uma

aliada nesse processo de recuperação, promovendo uma maior quantidade e qualidade de

material reaproveitado (GALVÃO, 2000). Atualmente, existem vários tipos de produtos

passíveis de reciclagem, sendo os mais conhecidos: papel, metal, plástico, borracha e vidro.

Mas, existe um produto largamente consumido pela população que ainda necessita de um

maior esclarecimento sobre seu processo de coleta: o óleo vegetal. Os resíduos do óleo de

cozinha, na maioria dos casos, terminam sendo despejados pelo ralo, comprometendo os

canos e sistemas de estações de tratamento, além de contribuir no aumento do impacto

negativo causado ao meio ambiente.

No Brasil, o número de parcerias e programas ambientais voltados à reciclagem vem

crescendo. Atualmente, uma parceria que vem dando certo é a das Prefeituras com as

cooperativas locais de catadores. A implantação dessas parcerias possibilitou o envolvimento

padronizado e organizado dos catadores, impactando de maneira positiva nos aspectos social e

econômico.

Em João Pessoa, desde 2008, através da EMLUR (Empresa Municipal de Limpeza

Urbana), desenvolve-se o programa “não vai pelo ralo”, que tem como finalidade instruir a

população e os estabelecimentos comerciais da importância de dar um destino correto ao óleo

de cozinha usado, diminuindo a agressão causada ao meio ambiente. Através do material

coletado, os artesões da EMLUR e as comunidades cadastradas ao programa produzem o

sabão ecológico. A autarquia também promove oficinas de capacitação em feiras, escolas e

faculdades da capital.

17

A Coleta Seletiva pode ser feita de diferentes maneiras (dependendo da política

estabelecida pela administração local): porta a porta, pontos de entrega voluntária, unidades,

centrais de triagem ou através de catadores. Para Gonçalves (2003, p.20) há a necessidade de

uma transformação que possa despertar a responsabilidade individual sobre o lixo na

sociedade. Para que isso possa ocorrer, necessita-se de um maior esclarecimento e informação

sobre o processo de reciclagem. A formação de cidadãos informados induz num maior

controle aos possíveis impactos e transgressões ambientais.

Transcreve-se o que temos no Art. 225 §§ 1º, inciso VI, da nossa Constituição

Federal de 1988 sobre a educação ambiental:

Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso

comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público

e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras

gerações.

§ 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao poder público:

... VI - promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a

conscientização pública para a preservação do meio ambiente.

A educação ambiental, portanto, se estabelece como ferramenta para o

desenvolvimento de uma localidade. Manter um canal de comunicação governo/sociedade é

de suma importância para a construção de um cidadão ambientalmente consciente e apto a

avocar seus direitos e a atuar junto com o Poder Público como fiscal da lei.

O governo detém um papel importantíssimo na consolidação do desenvolvimento

sustentável, porque ele é o responsável pela regulamentação dos critérios ambientais

(BRUNS, 2010).

A base para o desenvolvimento de um processo eficaz de coleta seletiva se faz por

meio de um planejamento bem estruturado, no qual a política pública deve definir as leis e

fiscalizar seu cumprimento, ter uma atitude coerente e ser reorientada para o desenvolvimento

sustentável das cidades. Para Gonçalves (2003, p.49) a coleta seletiva deve ser planejada

considerando os três elos de sua cadeia: educação ambiental, logística e destinação.

Tendo em vista atingir um eficaz sistema de reciclagem, os três pontos citados

devem ser seguidos em ordem decrescente, funcionando em sintonia, sempre focando na

visão holística e interdisciplinar da ciência ambiental.

O monitoramento e a contínua avaliação de um programa de Governo são essenciais

para o alcance de melhores resultados, além de otimizar os recursos neles aplicados (COSTA,

2003). A utilização de uma gestão estratégica firma-se através dos conceitos dos 3E´s,

18

eficácia, eficiência e efetividade. O processo de avaliação possibilita o levantamento dos

aspectos quantitativos e qualitativos das Políticas Públicas. Diante disso, a Administração

impulsiona o autoconhecimento e uma visão externa do processo. O decreto nº 5.233, 6/10 de

2004, estabelece os seguintes conceitos sobre esse termo dos 3 E´s:

Eficácia: “É a medida do grau de atingimento das metas fixadas para um determinado projeto,

atividade ou programa em relação ao previsto".

Eficiência: “É a medida da relação entre os recursos efetivamente utilizados para a realização

de uma meta para um projeto, atividade ou programa frente a padrões estabelecidos".

Efetividade: “É a medida do grau de atingimento dos objetivos que orientaram a constituição

de um determinado programa, expressa pela sua contribuição à variação alcançada dos

indicadores estabelecidos pelo Plano Plurianual".

Eficácia: basicamente, a preocupação maior que o conceito revela se relaciona

simplesmente com o atingimento dos objetivos desejados por determinada ação

estatal, pouco se importando com os meios e mecanismos utilizados para atingir tais

objetivos. Eficiência: aqui, mais importante que o simples alcance dos objetivos

estabelecidos é deixar explícitos como esses foram conseguidos (TORRES, 2004,

p.175).

Para Maximiano (2000, p.114) a eficácia é a relação entre os resultados e os seus

objetivos, ou seja, é o alcance dos resultados almejados. Portanto, a visão de uma adequada

gestão deve transpassar o olhar quantitativo dos gastos para a adoção dos instrumentos

qualitativos (eficácia, eficiência e efetividade). Para Torres (2004, p.175) a efetividade detém

como principal foco a busca de oportunidades através da sensibilização da população local.

Portanto, ela visa detectar as reais necessidades da comunidade envolvida a fim de otimizar os

resultados pretendidos.

A figura abaixo retrata um diagrama envolvendo esses três termos de controle e suas

relações com o processo.

Figura 1 - Diagrama de insumo-produto e as principais dimensões de desempenho

Fonte: BRASIL, manual de auditoria do TCU, 2011

19

Relacionando ao objeto em questão, a eficácia é o quantitativo de óleo vegetal

utilizado recolhido, a efetividade, por ser mais abrangente, é o seu resultado na sociedade.

Portanto, o programa “não vai pelo ralo” tem como finalidade difundir a reciclagem do óleo

em sabão ecológico, bem como reafirmar o compromisso da EMLUR com a responsabilidade

social e o desenvolvimento sustentável, contribuindo com o meio ambiente e com a geração

de renda.

Diante da importância do programa para o desenvolvimento sustentável da cidade de

João Pessoa, torna-se relevante avaliar se o mesmo vem sendo implementado de forma eficaz

e efetiva. A partir disso, tem-se como finalidade acarretar numa maior propagação da

reciclagem do óleo de cozinha, bem como atuar na divulgação dos resultados do programa ao

Poder Público e a sociedade local.

O presente trabalho estrutura-se nos seguintes capítulos, a seguir detalhados:

Objetivos: Exposição do objetivo geral da pesquisa, bem como de suas

premissas específicas;

Referencial Teórico: Serviu de embasamento para o desenvolvimento da

pesquisa, iniciando por meio da explanação das políticas públicas voltadas para o

desenvolvimento sustentável, bem como a relação causa e efeito existente entre o processo de

urbanização acelerado e a imposição de uma mudança de gestão por parte da administração

pública. Em seguida, destaca-se a importância do cidadão nesse processo de transformação

através da utilização da educação ambiental como ferramenta de mobilização e sensibilização.

O terceiro tópico referencial exalta o resíduo, tema de estudo, o óleo vegetal, sua definição e a

história das sementes oleaginosas. Consequentemente, nesse tópico também foram ressaltados

os impactos causados pela destinação incorreta desse resíduo aos recursos naturais, aos cofres

públicos e aos domicílios. Por fim, o último tópico retrata a reciclagem como meio de dirimir

toda essa problemática e a coleta seletiva como meio mais eficaz de descarte dos resíduos.

Nesse último tópico também foram explanados os tipos de reciclagens possíveis a partir desse

resíduo, como o biodiesel, resinas e tintas e o sabão e seus derivados de limpeza;

Caracterização da área de estudo: Explana sobre a cidade de João Pessoa, seus

aspectos históricos, geográficos e urbanos. Destacando, em seguida, os bairros objetos da

pesquisa: Bessa, Manaíra, Tambaú e Cabo Branco, além das comunidades do Timbó e Porto

João Tota, esta localizada no bairro Alto do Céu. Por fim, o capítulo apresenta a história do

programa “não vai pelo ralo” e a Autarquia especial Municipal de Limpeza Urbana –

EMLUR.

20

Metodologia: Aborda o objeto de estudo da pesquisa, a metodologia utilizada

para o seu desenvolvimento, os atores pesquisados e as técnicas de coleta de dados utilizadas;

Resultado: Apresenta os resultados da pesquisa obtidos por meio dos dados

coletados através do levantamento dos dados primários e secundários;

Considerações finais: Apresenta as conclusões obtidas sobre o objeto de

pesquisa.

21

2. OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL

Analisar a efetividade e eficácia do programa “não vai pelo ralo” desde sua

implantação, em 2008, até o ano de 2011.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS:

Compreender a gestão e operacionalidade do modelo de coleta seletiva desenvolvido;

Identificar suas dificuldades e sugerir as ações corretivas necessárias ao programa;

Verificar os benefícios proporcionados pelas ações de educação ambiental e oficinas

de treinamento efetuadas pela EMLUR em duas comunidades carentes de João

Pessoa/PB.

22

3. REFERENCIAL TEÓRICO

3.1 POLÍTICAS PÚBLICAS PARA UM DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

3.1.1 A urbanização e suas implicações socioambientais

O processo de urbanização ganhou ênfase no país a partir do século XX através dos

movimentos migratórios. A priori aconteceu por meio da importação da mão-de-obra

estrangeira para o sul e o sudeste. Nas décadas posteriores houve a intensificação do

movimento campo-cidade ocorrendo, com isso, o inchamento das cidades e a transformação

da visão de um país agrícola para a visão de um Brasil industrializado (CASTRO, 2004,

p.27). Diante disso, as monoculturas começaram a se disseminar a fim de abastecer os grandes

centros, acarretando no aumento da captação das águas para irrigação (SADER, 2004, p.158).

A partir daí, observou-se as implicações que a urbanização provocou na cultura, na economia

e no meio natural.

A reforma urbana do Rio de Janeiro, chamada de “Regeneração”, foi a mais

importante em razão da cidade ser, na época, a capital federal. Outras cidades, contudo,

seguiram o mesmo caminho que foi inspirado na reforma de París, executada pelo urbanista

Barão de Haussmann, sob o comando de Napoleão III, entre 1850 e 1870. Manaus, Belém,

Porto Alegre, Curitiba, Santos, São Paulo, passaram pelas obras que conjugaram saneamento

com embelezamento e segregação territorial. O saneamento tinha como objetivo além das

medidas propriamente higiênicas, afastar das áreas centrais os pobres, mendigos e negros,

juntamente com seus estilos de vida. E o embelezamento consistia em dar a essas áreas um

tratamento estético e paisagístico que pressupunha a inexistência da pobreza. A solução do

problema de moradia da massa trabalhadora pobre, entretanto, não fazia parte desses projetos

de reforma urbana (CASTRO, 2004, p.27).

O foco das políticas urbanas daquela época era restrito a minoria abastada, e era

utilizada como ferramenta de segregação social. Logo, as disfunções urbanas começaram a

aparecer com o surgimento das primeiras favelas. A formação da sociedade brasileira

desenvolveu-se de forma paternalista, pois a responsabilidade era constantemente transferida

para as classes dominantes e para as oligarquias locais. Não havia, portanto, a consciência da

importância e da força que a coletividade representava para o sistema.

O aumento da urbanização provocou uma expansão habitacional acima do

planejamento urbano. A partir desta realidade as cidades foram moldando-se de acordo com o

acelerado crescimento imposto. Entretanto, esse tipo de crescimento acarretou em problemas

sociais sérios e diversificados, e absolutamente interrelacionados. Por exemplo, a

desigualdade social acarretou numa restrição de acesso à cultura, que provocou numa má

formação educacional, desencadeando numa perda de identidade e consciência com o meio

23

natural. Abaixo, a distribuição da população rural e urbana nas últimas décadas, bem como

seu percentual de urbanização.

Ano

1950

1960

1970

1980

1991

2000

2010

Total da população

51.944.397

70.992.343

94.508.583

121.150.573

146.917.459

169.590.693

190.732.694

Urbana

18.782.891

32.004.817

52.904.744

82.013.375

110.875.826

137.755.550

160.879.708

Rural

33.161.506

38.987.526

41.603.839

39.137.198

36.041.633

31.835.143

29.852.986

Urbanização (%)

36,2

45,1

56,0

67,7

75,5

81,2

84,3

Quadro 1: População total, urbana e rural

Fonte: Fundação IBGE (HTTP:IBGE.gov.br)

Para Jacobi (2000), o efeito negativo à natureza advém do impacto da urbanização ao

ecossistema. Essa consequência predatória retrata a falta de políticas habitacionais às cidades

brasileiras, favorecida com a invasão dos espaços inadequados para moradia, como

mananciais e áreas de proteção ambiental. A qualidade de vida e ambiental estão diretamente

ligadas as condições adequadas de moradia. Portanto, é imprescindível a efetivação de

Políticas Habitacionais eficientes e integradas a outras políticas, como a de saneamento, de

transportes urbanos e de infraestrutura social (JACOBI, 2000). Como exemplo de um risco a

qualidade de vida, temos o descarte inadequado dos resíduos sólidos. Ele é um dos piores

males as comunidades brasileiras, pois traz como consequências inúmeros efeitos como o

deslizamento de encostas, contaminação de águas de superfícies e subterrâneas, doenças, além

da poluição visual.

Nas sociedades contemporâneas, o aumento do lixo é inerente à condição humana. É

consequência do próprio crescimento urbano, e está interligado com a ideologia

desenvolvimentista, fruto da revolução industrial. Para Cavalcanti (2003), o atual modelo de

desenvolvimento promove a insustentabilidade, pois vai de encontro com o pensamento

ambientalista. A crise ecológica advém desta falta de equilíbrio, e é impulsionada pelo

capitalismo e pelos seus efeitos imperativos.

24

A partir desta realidade, o questionamento sobre o reaproveitamento, a reutilização e

o trabalho de conscientização da população sobre a diminuição do desperdício

tornou-se mais intenso e discutido (FIGUEIREDO, 1995, p.74).

Para Galvão (2000), o reaproveitamento do resíduo e a diminuição do consumo

descartável são importantes estratégias de combate a essa problemática ambiental. Essa

mudança de postura pode partir de uma visão singular, por meio de mudanças de hábitos, até

a diminuição do consumo de matérias-primas virgens.

3.1.2 A mudança para um pensamento sustentável

A defesa do meio ambiente era vista de forma incrédula, pois imperava o

pensamento do progresso econômico a todo custo e não havia espaço para o limite do

crescimento. Por conseguinte, a revolução ambiental e o consequente avanço intelectual não

foram acompanhados por ações planejadas. O meio ambiente foi analisado de maneira

especializada, não havia integração ao planejamento do todo, inexistindo a visão holística

sobre o conflito (DOWBOR, 2005, p.21).

O processo de um desenvolvimento voltado para a sustentabilidade ganhou ênfase a

partir da divulgação do relatório de Brundtland. O mesmo divulgou a expressão e a proposta

de um desenvolvimento econômico integrado a questão ambiental (MANO, 2005, p.95).

Posteriormente, esse processo ganhou força com a construção da Agenda 21. Ela foi um

importante documento fruto da conferencia Rio – 92, onde se firmou perspectivas de

cooperação entre governos, empresas e organizações não governamentais visando à

diminuição das problemáticas socioambientais (WIKIPÉDIA, 2012). Esses dois documentos

são à base dos preceitos do desenvolvimento sustentável, sendo importantes diretrizes de

aplicabilidade do conceito sobre suas várias dimensões.

A política de planejamento urbano propõe a harmonia entre crescimento, alocação de

espaços e diminuição dos impactos ao meio ambiente. Esse tipo de mudança política adveio

nas últimas décadas, por meio do avanço democrático e, consequentemente, da inclusão de

pensamentos firmados no planejamento ambiental dos projetos de desenvolvimento

(CAVALCANTI, 2009). Porém, a inclusão da visão ambiental nesse processo é uma

atividade complexa e dificultosa, e tem como principal ferramenta as legislações, como a lei

orgânica do município e o plano diretor, que foi previsto no § 1º do art.182 da CF/88:

O plano diretor aprovado pela Câmara Municipal, obrigatórios para cidades com

mais de vinte mil habitantes, é o instrumento básico da política de desenvolvimento

e de expansão urbana.

25

A expansão urbana está condicionada ao que dita o plano diretor, onde previamente

são estudadas as potencialidades e as deficiências associadas ao crescimento urbano, visando

o desenvolvimento sustentável das cidades. Portanto, o desenvolvimento deve estar associado

ao desenvolvimento local sustentável, planejamento e visão do futuro (CEZARE, 2007). Para

isso, o aperfeiçoamento cíclico e contínuo dos programas ambientais deve permear como

condicionante para o seu sucesso. Por meio desta estratégia possibilita-se a reflexão, novos

debates sobre o assunto, bem como possíveis ajustes no sistema (CEZARE, op. cit.).

3.1.3 O Papel da Administração Pública

A gestão da coisa pública deve ser orientada para a administração produtiva e

eficiente. Tratar de interesses suis generes exige competência, compromisso e principalmente

responsabilidade social por parte do gestor. Para Rotstein (2004, p.245) o cargo público exige

além de profissionalismo, humildade e equilíbrio psicológico, uma dose de consciência do

papel a ser desenvolvido, visando não criar um problema para cada solução, mas sim soluções

para cada problema.

Pensamos que a equipe de um programa ou projeto deve estar constantemente

questionando como tornar os processos que compõem o projeto mais eficiente. Para

isso, é necessário obter a informação, utilizá-la de maneira correta para descobrir os

problemas existentes, experimentar novas ideias, monitorar sua implementação e

avaliar os resultados (REICHLE, 2003, p.18).

Portanto, o processo de condução de um programa público deve ser uma atividade

periódica, imparcial e séria. A partir daí percebe-se que a avaliação pode gerar impactos

negativos para o governo e positivos para a oposição. Mas, o intuito da mesma não é agradar

ou desagradar ou atores interessados e sim firmar um resultado satisfatório e pautado em

dados válidos e confiáveis (REICHLE, 2003, p.29). Para Miranda (2002, p.42) as empresas,

os órgãos públicos e as instituições sem fins lucrativos necessitam de um contínuo

planejamento. Para ele, o mais utilizado por esses atores é o estratégico, abrangendo o

levantamento das estratégias globais e políticas de longo prazo. Já o planejamento tático é o

complemento do estratégico, sendo de médio alcance e visa dispor os recursos humanos e

materiais de uma organização em prol da gestão estratégica. E por último, o referido autor

destaca o planejamento operacional que tem como objetivo proporcional a máxima eficiência,

eficácia e efetividade do planejamento estratégico.

26

3.1.4 Tipos de avaliação

AVALIAÇÃO

FORMATIVA:

Tem como principal intuito

verificar se o programa

está sendo desenvolvido de

acordo com o planejado. O

processo de avaliação

inclui a detecção de falhas

e a exposição de

recomendações necessárias

para o ajuste das

atividades.

AVALIAÇÃO

SOMATIVA:

Constitui no principal

indicador da eficácia de um

programa, pois ela foca nos

resultados que o mesmo

vem proporcionando. A

partir de o resultado

atingido poder reaplicá-lo

em outras regiões e

aumentar, com isso, sua

continuidade.

AVALIAÇÃO

DIAGNÓSTICA:

Ela é precursora de um

programa e visa traçar um

desenho da situação atual,

tendo como finalidade

montar um programa para

suplantar as necessidades

encontradas.

Quadro 2: Tipos de avaliação

Fonte: montado pela autora a partir do livro de REICHLE, 2003.

Para Reichle (2003, p.45) o termo “avaliação” é visto de forma distorcida e

ameaçadora. A seguir serão destacados os principais conceitos errados sobre o processo de

avaliação, segundo o autor, bem como as considerações verdadeiras sobre os mesmos:

A avaliação se concentra nas falhas de um projeto e dá ênfase a resultados negativos.

A avaliação não tem como foco a busca de falhas, mas sim a detecção das

dificuldades enfrentadas pela equipe para o desenvolvimento eficiente das atividades diárias.

A partir disso, a avaliação busca o levantamento de recomendações visando o alcance das

soluções para o melhoramento da situação existente.

Avaliadores externos jamais poderão compreender nosso projeto e o que ele

significa.

Os avaliadores externos têm a seu favor a experiência profissional adquirida a partir

de avaliações desenvolvidas em outros projetos de características semelhantes. As técnicas

27

utilizáveis são adaptáveis a várias situações, porém coloca-se como indispensável o estudo

aprofundado do objeto a ser avaliado.

A avaliação vai utilizar recursos financeiros que farão falta para as atividades que o

projeto busca programar.

É certo que o processo de avaliação irá dispender recursos financeiros, mas a

avaliação deve ser entendida como um investimento.

A avaliação só é necessária para demonstrar àqueles que financiaram nosso projeto

de que os recursos foram utilizados nos fins determinados.

A avaliação não é somente para mostrar os resultados aos financiadores. Tem como

finalidade manter um controle de detecção e correção, mantendo assim a eficiência no

desenvolvimento das atividades e otimizando os resultados pretendidos.

A avaliação só deve ser iniciada ao final do projeto.

O gestor não deve esperar até o final para implementar o processo de avaliação.

Deve-se manter o pensamento de retroalimentação das atividades visando o êxito do projeto.

A avaliação não leva em conta que muitas vezes as soluções técnicas não são as

politicamente corretas.

Um avaliador sabe que a avaliação é um processo político, por isso busca-se levantar

a situação política real existente e quais as consequências que os resultados terão para os

interessados.

A administração pública paga um alto preço pela falta de cultura de planejamento.

Aliás, esse é um estigma carregado desde a educação básica, onde se prega o ensino

especificado. A metodologia separatista do conhecimento resulta no indivíduo inflexível a

mudanças e não complexo. De acordo com Rotstein (2004, p.247) no Brasil, o gerente da

coisa pública possui como principal qualidade a confiança de quem os indica. Porém, esse

critério de escolha não garante o desenvolvimento de uma boa gestão. Para o autor, o bom

gestor deve ter articulação e sensibilidade política, para que assim possa angariar fomentos

para pôr em prática o seu plano político com o mínimo de suporte e consistência. Mas,

infelizmente o que se vê é a execução de programas inconsistentes voltados a suprir seus

próprios interesses e colocando em risco a capacidade de investimento da nação.

28

O planejamento deve ser visto como um processo que exige a capacidade de fazer

julgamentos por vezes subjetivos, e através do qual se pretende antecipar o futuro. A

esta altura, pode-se dizer que os processos de avaliação funcionam como

ferramentas capazes de ajudar a construir cenários para o futuro (NOVAES, 2005,

p.103).

Para Kardec (2005, p.12) o processo benchmarking1 possibilita a exposição da visão

de futuro através da definição de metas. Portanto, esse método consiste na escolha de um

padrão referencial para servir de parâmetro no desenvolvimento do processo, de modo que

sirva como uma auto avaliação de suas competências perante seus concorrentes. A busca de

melhores práticas implica na sua rápida implantação, ou seja, além de detectá-las é primordial

colocá-las em atividade o quanto antes. Após estabelecer todos esses pontos: a situação atual,

as metas (projeção para o futuro) e as melhores maneiras para o seu desenvolvimento, é

importante firmar o plano de ação, ou seja, as ações, os responsáveis e os prazos. É preciso

manter uma estratégia concisa de ação, manter o foco das atividades e priorizar os processos

mais significativos para o ambiente.

Para medir o desenvolvimento de uma gestão é importante o estabelecimento de

indicadores para que se possa visualizar o alcance ou não das metas nos prazos estabelecidos.

O quantitativo de indicadores deve ser amplo de maneira a abranger os vários aspectos da

atividade empresarial, tendo na auditoria uma importante ferramenta de acompanhamento dos

resultados obtidos sobre o âmbito quantitativo e qualitativo (KARDEC, 2005, p.15).

3.1.5 A Gestão Pública no Brasil

A gestão pública no Brasil ganhou ênfase a partir da implantação da burocracia

“weberiana” com a criação do Departamento de Administração do Setor Público (DASP), em

1936 (PEREIRA, 2008, p.03). Dentre suas atribuições, o departamento possuía a finalidade de

realizar estudos sobre os departamentos e repartições, visando uma reestruturação sobre o

aspecto orçamentário, pessoal, institucional e público.

Para Botrel, Araújo e Pereira (2010), a gestão social se desenvolve no âmbito da

esfera pública, na qual se sobressaem as organizações públicas não estatais e o interesse

público da sociedade. Além disso, ela deve proporcionar condições à emancipação dos

indivíduos, baseando-se na democracia deliberativa, na formação da consciência crítica de

seres humanos dotados de razão.

1 Spendolini,1994, benchmarking é um processo contínuo e sistemático para avaliar produtos, serviços e

processos de trabalho de organizações que são reconhecidas como representantes das melhores práticas, com a

finalidade de melhoria organizacional.

29

Figura 2 - Modelo de gestão estratégica

Fonte: Estrada, 2007

A figura 2 demonstra um modelo de gestão estratégica. Ele é dinâmico, flexível e

adaptável ao cenário existente. Na etapa da formulação firma-se o planejamento, a longo

prazo, da organização, levando em consideração suas forças e fraquezas.

A implementação é a fase de executar as ações planejadas, sendo a etapa operacional

do ciclo de gestão. Ainda como pertencente à implementação, o controle estratégico é

desenvolvido por meio de comparações com os padrões anteriormente estabelecidos. Ele é o

objeto de medição e avaliação e tem como finalidade principal manter o aperfeiçoamento

contínuo de suas ações. Para isso, o ambiente organizacional deve possuir um eficiente

30

sistema de informações e um claro conhecimento do seu processo. A avaliação está

diretamente relacionada à última etapa do ciclo, a aprendizagem. Ela servirá como o

instrumento de retroalimentação e reordenação da organização.

Os recursos humanos possuem um papel primordial em qualquer empresa ou

instituição, principalmente na administração pública. Quando se planeja a gestão para o bom

desempenho, não se deve limitar os esforços na organização em si, mas sim ampliar o foco

para as pessoas que nela atuam. Para Pantoja (2010, p.18) o modelo de gestão estratégica de

pessoas inclui o levantamento de profissionais com perfis similares, bem como a quantidade

desses profissionais na instituição. É importante analisar a suficiência de especialistas, como

também a estrutura que os aparam. Ou seja, verificar a política de desenvolvimento

profissional existente. Para o autor, os principais aspectos que essa política deve abarcar

incluem:

A verificação das necessidades de recrutamento de pessoal existente:

Uma estratégia de desenvolvimento profissional que vise o aperfeiçoamento contínuo

de seu pessoal;

Uma política voltada para a progressão do funcionário, bem como para o suprimento

de suas capacidades:

A criação de critérios que objetivem o surgimento de carreiras que impulsionem o

desenvolvimento e o desempenho;

A realocação e redistribuição dos funcionários de maneira a adequar os perfis e

quantitativos necessários à organização.

Diante disso, coloca-se importante a figura do gestor de pessoas numa organização,

por conseguinte, a profissionalização do mesmo é indispensável para a correta execução

estratégica do RH. Para Pantoja (2010, p.20) constituem-se como um dos principais

instrumentos da gestão estratégica de pessoas: o planejamento dos recursos humanos; a gestão

de competências; a capacitação continuada com base em competências; e a avaliação de

desempenhos e de competências. Para o autor esses instrumentos estão interligados, pois, por

exemplo, o planejamento dos recursos humanos precisa da definição do perfil do profissional

necessário na organização, que é tarefa da gestão de competências, para a partir daí definir a

melhor alocação a ser dada a esses profissionais.

Como ferramenta de otimização de política pública, a intersetorialidade começou a

ser implantada na área da saúde, diante da diversidade dos problemas existentes na gestão

urbana da qualidade de vida. É uma estratégia que visa à diminuição das fragmentações

políticas, além do aumento da eficiência e do acúmulo de força na implementação das ações.

Diante dos bons resultados alcançados com esse tipo de ação, sua aplicação foi ampliada para

outras áreas passando a ser uma importante ferramenta de articulação entre as instituições

governamentais e a sociedade civil. Para Mendes (1996), as cidades saudáveis são aquelas em

que todos os atores, sejam públicos, privados e os cidadãos, trabalham em nome de um

objetivo comum: o interesse público. Portanto, onde exista uma aliança para transformar as

31

cidades em “cidades sustentadas”, exercitando as políticas integradas e intersetoriais e

incentivando a participação pública.

O índice de desenvolvimento sustentável de 2010, elaborado pelo IBGE, constatou

que o país mantém um discreto, porém gradativo aumento nos seus indicadores ambientais. O

maior contraste detectado encontra-se nas desigualdades sociais e regionais, lembrando que a

sustentabilidade engloba os aspectos social, econômico, ambiental e institucional do País.

Indubitavelmente, a prática das políticas setoriais integradas traz de vantagem à troca de

experiências técnicas e de saberes. Por conseguinte, traz de lado negativo o desafio de superar

as fragmentações, bem como manter o equilíbrio harmônico da logística entre as políticas

públicas (NASCIMENTO, 2010). Portanto, a integração das políticas torna-se primordial

para a eficiência no alcance do desenvolvimento sustentável. Neto (2004, p.129) expõe as

principais políticas integradas voltadas para a promoção de um meio sustentável:

Gestão da Política de Transporte;

Gestão da Política de Energia;

Gestão da Política de Telecomunicações e Telemática;

Gestão da Política de Gás;

Gestão da Política de Fomento à Ciência e à Tecnologia;

Gestão da Política de Fomento ao Turismo;

Gestão da Política de Fomento à Produção Rural;

Gestão da Política de Segurança Pública;

Gestão da Política de Saúde;

Gestão da Política de Educação;

32

Gestão da Política de Previdência Social;

Gestão da Política de Saneamento Básico;

Gestão da Política de Saneamento Ambiental.

Dentre todas as políticas citas, merecem um maior destaque as duas últimas. A

gestão de política de saneamento básico o tratamento e o abastecimento de água, bem como a

coleta e o tratamento de esgoto. A problemática da diminuição dos recursos hídricos torna

essa política fundamental para a manutenção dos seres humanos. É primordial a utilização de

uma gestão integrada com outras políticas correlacionadas como a de saúde pública, resíduos

sólidos, ambiental e urbana. As ações de saúde pública estão diretamente relacionadas ao

saneamento básico, conforme dito por Philippi Jr. (2005, p.3) elas devem abranger a

prevenção e o ataque a causa da doença. A Organização Mundial de Saúde define saneamento

do meio como o controle dos fatores externos maléficos, aqueles que possam interferir no

bem-estar físico, mental e social. Os principais óbitos infantis deve-se a doenças relacionadas

à falta de qualidade de vida. Para o mesmo autor, englobam o saneamento básico, o

abastecimento de água, o sistema de águas residuárias, a limpeza urbana e a drenagem urbana.

O tratamento das águas residuárias constitui numa das principais temáticas sobre

saneamento. Pode ser realizado através das seguintes técnicas:

Operações físicas unitárias: são aquelas realizadas por meio da aplicação do gradeamento,

mistura, sedimentação, flotação e filtração;

Operações químicas: são realizadas por meio da utilização de compostos químicos;

Operações biológicas: Processo de transformação da matéria orgânica em gases, águas ou

outros compostos por meio do despejo de microorganismos. Pode ser utilizado para a

remoção de areia, óleos e graxas.

Operações físico-químico: Nesse processo são utilizadas, dentre outros, a filtração, a osmose

reversa, a absorção em carvão ativado, a oxidação por ozonização, bem como a troca iônica.

Para Philippi Jr. (2003, p.469) outro ponto crucial para promover a eficiência dessa

temática de reuso é a disseminação de informações sobre o tema para a população em geral.

Grande parte não tem conhecimento sobre esse assunto, o que para o autor, pode gerar o

receio por parte das companhias em adotar essa alternativa de reuso.

33

Portanto, o investimento em saneamento no Brasil possui uma característica

fortemente pontual. Agravado pela ausência de delimitações claras de responsabilidades

entres os entes federativos.

A Gestão da Política de Saneamento Ambiental é abrangente e engloba, a

preservação da água, do solo, do ambiente visual e da disposição correta dos resíduos. Devido

à variedade de produtos é importante verificar o descarte correto de maneira a dirimir

possíveis impactos ao meio natural.

3.1.6 Educação Empreendedora

A formação de uma sociedade saudável deve transpassar o limite de uma educação

formal. Além do pensamento firmado sobre o aspecto acadêmico deve-se abranger uma visão

de futuro, ou seja, pautada numa educação voltada para a formação de indivíduos inovadores

(LOPES, 2010, p.06). Estimular o aumento de cidadãos empreendedores constitui numa das

alternativas para a diminuição dos desequilíbrios sociais, levando em consideração que esse

continua sendo um dos maiores desafios da atualidade. Para Lopes (2010, p.210) o impacto

dessa atividade no crescimento econômico de um país está diretamente ligado a motivação

recebida. Portanto, essa constitui a maior diferença da interferência positiva desses

profissionais inovadores no sucesso econômico dos países industrializados, como os EUA,

não percebida nos países emergentes, como o Brasil. Diante disso, a implantação de uma

educação empreendedora é um dos maiores desafios para o século XXI:

O empreendedorismo não está nas raízes da cultura nacional, marcada pela história

colonial. [...] A formação de novos gestores está ainda presa à visão utilitária e ávida

por resultados imediatos, sem dimensionar uma perspectiva social mais abrangente e

as possíveis consequências que certos projetos terão a médio e longo prazos

(LOPES, 2010, p.70-73).

Sobre seu aspecto histórico, o ensino do empreendedorismo surgiu nos Estados

Unidos, sendo focado para a administração de pequenas empresas. Porém, no ano de 1953, na

Universidade de Nova York, Peter Drucker, implantou no curso de empreendedorismo a

relevância do pensamento inovador (LOPES, 2010, p.6). No Brasil, o Professor Ronald

Degen foi o pioneiro na implantação de um curso de empreendedorismo, em 1981, sendo uma

das disciplinas do curso de especialização da Escola de Administração de Empresas de São

Paulo da Fundação Getúlio Vargas (LOPES, 2010, p.8). Hoje, a temática do curso é ainda

mais abrangente, incluindo aspectos como as parcerias com os variados atores sociais e as

políticas públicas de fomento. A história da Escola da Administração, portanto, se

desenvolveu de acordo com o ritmo do crescimento econômico do país.

34

Assim, o ensino do empreendedorismo reflete numa maneira de disseminá-lo,

visando o crescimento econômico de um país. De acordo com Lopes (2010 p.24, et al

Rabbior, 1990, Guimarães, 2002), constituem um dos objetivos da educação empreendedora:

Conscientizar a respeito do empreendedorismo e da carreira empreendedora, lançando

sementes para o futuro;

Influenciar/desenvolver atitudes, habilidades e comportamentos empreendedores;

Desenvolver qualidades pessoais relacionadas às competências necessárias para o

mundo moderno: criatividade, assumir risco e assumir responsabilidade;

Incentivar e desenvolver empreendedores;

Estimular a criação de negócios/novas iniciativas. Apoiar o desenvolvimento destas;

Gerar empregos;

Desenvolver conhecimentos, técnicas e habilidades focadas no mundo dos negócios e

necessários para a criação de uma empresa;

Auxiliar empreendedores e empresas, através de conhecimento e ferramentas, a

melhorar a sua competitividade.

Quadro3: Objetivos da educação empreendedora

Fonte: LOPES, 2010, p.24 et al Rabbior, 1990 em Guimarães, 2002

Porém, o estigma de formar profissionais para atuar em blocos organizacionais ainda

persiste sobre o ponto de vista acadêmico. Esse tipo de formação condiciona um pensamento

especializado, dificultando uma atuação holística, criando profissionais não adaptáveis a

realidade de seu país (LOPES, 2010, p.10).

Portanto, diante das constantes crises e instabilidades econômicas, o mercado foi

impulsionado a buscar novos critérios competitivos. Dentro do mesmo pensamento, Vaccaro

(2012, p.494) cita a nova economia como aquela relacionada a competitividade inovadora,

tendo como conceito de ordem a adaptabilidade diante dos vários cenários econômicos. Para o

autor, essa flexibilidade tornou-se condição necessária para a promoção de uma

sustentabilidade empresarial. Portanto, diante dessa nova perspectiva, o autor argumenta que

as novas economias abriram novos nichos de oportunidades, como o mercado dos reciclados.

Diante da cobrança com as questões ambientais, o mercado foi obrigado a se adequar a nova

realidade. Através do uso de novas tecnologias, esse mercado vem ampliando o número de

recicláveis, diminuindo os custos durante esse processo, bem como oferecendo produtos mais

resistentes. Com isso, esse mercado ainda tem muito para crescer, ainda mais a partir da

35

aprovação da Política Nacional de Resíduos Sólidos, que impulsiona a um maior

recolhimento dos resíduos.

3.2 CIDADANIA E EDUCAÇÃO AMBIENTAL

3.2.1 Interdisciplinaridade e Educação ambiental

A partir de 1960, o modelo de crescimento excessivamente econômico passou a ser

questionado e a educação ambiental começou a ganhar voz ativa por parte dos movimentos

ambientalistas. O modelo do “lucro pelo lucro” acarretava num ciclo vicioso negativo de

aumento de consumo, degradação e endividamento. A educação ambiental surgiu como a

ferramenta de disseminação do conhecimento, tendo como finalidade o aumento da

consciência ecológica e da diminuição desse ciclo vicioso.

O Brasil começou a participar do movimento ecológico de maneira discreta, coube a

esses incipientes movimentos levantarem bandeiras que o regime militar não podia

simplesmente fazer baixar (JUNIOR, 2011, p.402). O mundo começou a notar um crescente

aumento mobilizatório. Naquela época, surgiram várias correntes de movimentos ambientais:

Os Ambientalistas Realistas: Defendiam a utilização da gestão econômica como

ferramenta de inclusão ecológica gradual à sociedade.

Os Ambientalistas Fundamentalistas: Eram mais radicais, desconsideravam a

possibilidade de mudança por parte da população global; acreditavam na construção

de uma sociedade ecológica paralela.

Os Ecosocialistas: Acreditavam na inviabilidade de se construir uma sociedade

capitalista e socialista ecológica.

Os Ecocapitalistas: Possuem uma atitude mais otimista, não creditando consequências

catastróficas ao uso inadequado do meio natural.

Essa nova postura ativista social foi influenciada pela situação pós-guerra que existia

na época, além dos sequenciais desastres ambientais registrados naquele período. Para Milaré

(2007), a participação é característica intrínseca do exercício da cidadania. Nela devem-se

associar valores éticos e políticos, além do empenho por parte do coletivo para a realização

dos ideais e objetivos comunitários.

36

A educação ambiental foi definida na Conferência de Tibilisi, em 1977, como um

processo permanente, no qual o indivíduo e a comunidade passam a ter

conhecimento do meio ambiente, de forma a torná-los aptos a agir, individual ou

coletivamente, e a resolver problemas ambientais (MANO, 2005, p.93).

A educação ambiental surgiu intrínseca a valores éticos como um processo educativo

que conduz a um saber ambiental. Deve ter como norte a reafirmação e a promoção do sentido

de pertencimento e do sentimento de corresponsabilidade com os problemas ambientais

(SORRENTINO, 2005, p.87). O conceito de natureza passou por um processo de mudança,

através do entendimento do ser humano e da natureza como partes de um mesmo gênero.

Cavalcanti (1999, p.400) cita como fatores relevantes na educação ambiental, dentre outros, o

diálogo, o respeito as diferenças, a interdisciplinaridade, a sustentabilidade, a disciplina.

Portanto, a estratégia constitui fator importante no desenvolvimento das ações educativas que

deve ter como ápice o entrelaçamento contínuo e harmonioso dessas concepções

metodológicas. Percebe-se que a educação ambiental deve ser orientada para a

sustentabilidade, procurando alinhar os aspectos sociais, ambientais e econômicos. A atuação

da sociedade nas situações que lhes afligem gera um poder transformador e coletivo na gestão

pública (PHILIPPI JR, 2008, p.475).

A Política Nacional do Meio Ambiente possui como um dos seus princípios, a

educação ambiental (art. 2º, inciso X, da Lei nº. 6.938/81). Ela objetiva formar uma

consciência pública sobre a necessidade de preservação da qualidade ambiental e do

equilíbrio ecológico (art.4º, inciso V da Lei nº. 6.938/81). Para a garantia do mencionado

princípio, deve-se utilizar o instrumento da prestação de informações referentes ao meio

ambiente (art. 9º, XI, da Lei nº. 6.938/81). Para, Rezende (2010, p.115) o investimento na

capacitação popular voltada para o meio ambiente, firma-se como um compromisso social

inerente a instituição da educação formal. Esse aumento do conhecimento, de acordo com o

referido autor, permite uma maior participação das mesmas em prol de uma conservação e

preservação ambiental.

3.2.2 Sensibilização e Mobilização Social

Philippi Jr. (2009, p.475), ressalta o poder de mobilização que a coletividade possui,

intervindo de maneira consciente e crítica, a partir do aumento de conhecimento sobre a

educação ambiental. A partir dessa consciência, efetivamente a sociedade aplicará o poder

interventivo e modificativo, atuando numa postura crítica nas situações que lhes dizem

respeito e que dizem respeito a sua comunidade.

Por conseguinte, a responsabilidade socioambiental torna-se num princípio

primordial para se estabelecer um equilíbrio entre homem e natureza, pois uma nova

37

conscientização e mudança de postura acarretam numa aceleração e eficiência do processo de

coleta de materiais reutilizáveis.

A educação ambiental como formação de cidadania ou como exercício de cidadania

tem a ver, portanto, com uma nova maneira de encarar a relação homem/natureza. O

conceito de natureza passou a incluir os seres humanos que são, em essência, seres

sociais e históricos, e o conceito do homem passou a incluir a natureza biofísica

(CAVALCANTI, 1997, p.398).

A experiência vem demonstrando que a gestão participativa eleva os índices de

resultados, atuando de maneira positiva na comunidade e nos programas ambientais

desenvolvidos pelo Poder Público (GONÇALVES, 2003, p.78). A partir de necessidades

coletivas, os indivíduos são capazes de se mobilizar, seja por meio de associações, comitês e

ONGs para atingir objetivos sociais e de políticas públicas. Para Siqueira (2008, p.434)

“Todos os segmentos sociais têm muito a contribuir para que as políticas públicas ambientais

alcancem os seus propósitos, e é necessário que cada um tenha consciência disso". Diante da

relevância desses segmentos sociais, Dias (2011 p.202), reafirma que eles atuam como

articuladores quanto a organização, informação e preservação do meio natural. Para o referido

autor, o aumento da consciência ambiental implica numa maior busca de informações sobre o

aspecto ambiental.

3.3 O ÓLEO VEGETAL

3.3.1 História e Definição

O início do cultivo de sementes vem de milhares de anos atrás, quando o homem

garantia sua sobrevivência por meio da caça e as mulheres partiam para a atividade de coleta

de sementes, frutos e ramos. Atribui-se, portanto, as mesmas, o início da atividade de

agricultura (DIAMOND, 2001).

O óleo vegetal é produzido a partir de plantas, tendo como principais fornecedoras

dessa matéria-prima a soja, mamona, dendê, girassol, milho, linhaça, coco, babaçu,

amendoim, dentre outras. As sementes armazenam a maior concentração de energia solar

devido ao processo da fotossíntese. Elas absorvem por meio desta reação do ar, o carbono; da

água, o hidrogênio e o oxigênio; e da terra alguns nutrientes. Sendo composta pela seguinte

fórmula: C60H120O6.

38

Os óleos e gorduras são nutrientes importantes para o organismo humano. Do ponto

de vista nutricional, são a fonte de energia mais concentrada existente nos alimentos,

fornecem ao organismo os ácidos graxos essenciais, contribuem para a sensação de

saciedade, atuam como veículos das vitaminas lipossolúveis (A, D, E e K), tornam

os alimentos mais saborosos e apetitosos do ponto de vista sensorial e são

ingredientes importantes na formulação de inúmeros alimentos, como os diversos

tipos de pães, bolachas, cremes, sorvetes, produtos cárneos, dentre outros (FUCHS,

2006, p.79).

Regra geral, o óleo é extraído das sementes por esmagamento. Quando sólido fica

sob a forma de gordura e quando obtido por meio do esmagamento da polpa de frutos resulta

no azeite. O óleo é utilizado em larga escala pela população mundial, principalmente em

frituras, onde ocorre o processo de transferência de calor e massa. Quando colocado em altas

temperaturas, como as acima dos 200°C, ocorre a sua decomposição máxima. Portanto, o

aquecimento excessivo sob a intervenção do oxigênio atmosférico acelera a sua deterioração

(REDA, 2007, p.66). O óleo virgem é obtido do processo de extração do óleo a frio, que pela

temperatura baixa conserva todas as vitaminas, não desenvolve a acidez e transfere pouca

goma para o óleo (FUNCHS, 2006). Em contraponto, a extração a quente é feita pela prensa

ou laminadora por aquecimento até 150ºC. É um processo mais caro e complexo e requer

usinas maiores (FUNCHS, 2006).

A aplicabilidade do óleo vegetal é vasta, podendo ser utilizado na fabricação de

combustíveis, óleo lubrificante e hidráulico, tintas, na indústria de cosméticos, na alimentação

humana e ração animal. Por meio de sua reciclagem, o óleo utilizado serve de matéria para a

fabricação de sabão, amaciantes, aditivos para combustíveis e lubrificantes, glicerina, dentre

outros.

3.3.2 Os Impactos causados pela destinação incorreta do resíduo

Impacto ambiental é o processo de mudança no meio ambiente causado pela

interferência humana, podendo ser benéfica ou maléfica. Temos como exemplo de um

impacto positivo e negativo no meio, respectivamente, o aumento na qualidade das águas e a

supressão de elementos do meio natural (SÁNCHEZ, 2008, p.30). As séries ISO 14.000

surgiram em 1993, tendo como embasamento os regulamentos europeus sobre auditoria e

gestão ambiental e objetivam a formulação de normas ambientais a fim de padronizar os

procedimentos e atestá-los. O primeiro artigo da resolução n° 001, de 23 de janeiro de 1986

do Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA - dispõe sobre impacto ambiental:

39

Art.1°- Para efeito desta resolução, considera-se impacto ambiental qualquer

alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada

por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas que,

direta e indiretamente, afetam:

I- a saúde, a segurança e o bem-estar da população;

II- as atividades sociais e econômicas;

III- a biota;

IV- as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente;

V- a qualidade dos recursos ambientais (resoluçãon° 001/86, CONAMA).

Portanto, quando se fala em impacto ambiental não se deve restringir a questões

naturais, pois esse termo é muito mais amplo e engloba aspectos como a saúde pública, o

meio social e econômico.

3.3.2.1 Aos recursos naturais

O Brasil produz por ano aproximadamente nove bilhões de litros de óleo (ECÓLEO,

2011). Desse montante um terço é de produção de óleo comestível, porém menos 1% é

reciclado (ECÓLEO, 2011). E para onde vai todo o resto desse resíduo? Normalmente é

jogado diretamente nos solos ou nos rios, ou indiretamente, quando a região não é atendida

por um sistema de tratamento de esgotos, por meio da destinação nos ralos e nas pias dos

estabelecimentos públicos, privados ou domésticos. Essa poluição deve-se a própria

característica de insolubilidade do óleo com o meio aquoso. E que, ainda, por ser mais leve

que a água acaba emergindo e criando uma camada bloqueadora que impede a entrada de luz

e de oxigênio, alterando o ecossistema e eliminando algumas espécies da vida aquática

(ALMEIDA, 2002).

Outro impacto ocasionado pelo resíduo é a impermeabilização que ocasiona no solo,

impedindo a infiltração da água, destruindo a vegetação e contribuindo para a formação de

enchentes (ECOLEO, 2011). Aliás, essa constitui uma das calamidades mais frequentes que a

população brasileira tem enfrentado. Além dos transtornos ocasionados pela perda de bens

materiais e das vidas colocadas em risco, às enchentes comprometem os recursos públicos

com os prejuízos associados (TUCCI, 2001).

O óleo vegetal quando destinado incorretamente causa impactos maléficos ao meio

ambiente. Dentre as destinações mais comuns dadas ao resíduo utilizado é o ralo da pia ou

diretamente no próprio solo. Esse tipo de descarte provoca a poluição dos lençóis freáticos,

mananciais e dos rios, além de causar o entupimento das tubulações das redes de esgotos. As

consequências para o saneamento e a saúde pública são inúmeras como as doenças de

veiculação hídrica.

40

Rocha (2009 p.53), dispõe sobre as fontes externas causadoras de poluições que os

recursos hídricos podem sofrer, como as:

Fontes pontuais: rede de efluentes domésticos e industriais, derramamentos acidentais,

atividades de mineração, etc.

Fontes não pontuais: práticas agrícolas, deposições atmosféricas, trabalhos de

construção, enxurradas em solos, etc.

Fontes lineares: enxurradas em autoestradas.

O petróleo e seus derivados podem acidentalmente atingir corpos de água na fase de

extração, transporte, aproveitamento industrial e consumo. Entre os principais

efeitos danosos impostos ao meio ambiente estão à formação de uma película

superficial que dificulta as trocas gasosas entre o ar e a água, a vedação dos

estômatos das plantas e órgãos respiratórios dos animais, a impermeabilização das

raízes de plantas e a ação de substâncias tóxicas nele contidas para muitos

organismos (BRAGA, 2005, p.84).

As reservas de água possuem uma disponibilidade de 98% salgada e 2% doce,

portanto é um recurso restrito e limitado. Destes 2%, 87% estão condensados nas calotas

polares e geleiras. A agricultura é a atividade que maior consome os recursos hídricos

exigindo 85% dele, enquanto a indústria utiliza 10% e o uso doméstico 5% (DOWBOR, 2005,

p.27). Essa realidade ainda é agravada pela disposição incorreta de defensivos agrícolas,

resíduos industriais e esgotos domésticos. A poluição das águas traz como consequência

impactos às cidades, bem como aumento no problema da saúde pública. Nos países em

desenvolvimento o percentual de doenças atreladas ao consumo de água poluída é de 80%,

atingindo principalmente as crianças (DOWBOR, 2005, p.28).

Dentre as alternativas viáveis para a mudança deste cenário destacam-se o

desenvolvimento da capacidade de planejamento, aumentando o investimento na

infraestrutura hídrica; focar nas ações preventivas, pois elas são menos dispendiosas do que os

custos com recuperação; estabelecer uma visão ampla de saneamento urbano, como forma de

manter um atendimento uniforme e justo; privilegiar os espaços locais de ação, mantendo uma

maior proximidade do usuário com o Poder Público e resgatando a ação política para a área

local; desenvolver parcerias e promover uma mudança de cultura (DOWBOR, 2005, p.33).

Os atuais problemas que se destacam no âmbito dos recursos hídricos impõem a

necessidade de se procurar evitar que a crescente escassez da água possa constituir obstáculo

ao desenvolvimento econômico e social. A atenuação desses problemas só pode ser alcançada

através da implantação de uma adequada política de recursos hídricos que vise não só um

melhor aproveitamento da água disponível através da gestão das águas, mas também um

criterioso planejamento da utilização de medidas de incremento das disponibilidades hídricas

(ANDRADE, 2008, p.233).

41

Portanto, a gestão das águas adveio da necessidade de se articular o gerenciamento

dos recursos hídricos de forma heterogênea e atento aos problemas relacionados ao uso e

poluição. Ela é embasada por normas, regulamentos e diretrizes, sendo de exercício não só do

Poder Público, mas também do setor privado e das comunidades. A exemplo da lei 9.433 de

1997 que institui a política nacional de recursos hídricos e o sistema nacional de recursos

hídricos. O ordenamento afirma que a água é um bem econômico, justamente pela sua

finitude e essencialidade, e que todos têm direito a pleitear acesso a seus recursos, guardada as

devidas especificidades.

A boa governabilidade da água demanda, igualmente, a construção de sistemas de

gestões coerentes, constituídos por instituições, leis, conhecimentos específicos, práticas de

uso e de gestão e criação de modelos de administração adequados aos sistemas criados, com

participação e aceitação social e desenvolvimento de competências (DOWBOR, 2005, p.93).

A formulação de leis e parâmetros ambientais é primordial para o desenvolvimento dos

direitos e deveres das sociedades, bem como estabelecem a criação dos valores de referência.

A qualidade da água e dos seres que nela habitam pode ser ameaçada por sua poluição e

contaminação. As alterações das características da água desencadeiam num desequilíbrio em

toda cadeia, bem como na proliferação de doenças e mortes, causadas pela ingestão de

substâncias nocivas e pelo bloqueio de oxigênio no ambiente (BRANCO, 2004, p. 68). A

eliminação do oxigênio no meio aquoso desencadeada pela poluição por matéria orgânica,

como o óleo vegetal, ocorre através do processo de decomposição da matéria orgânica

(BRANCO, 2004, p.70). O impacto causado pelos compostos orgânicos só não é maior

devido à capacidade de autodepuração existente nos ambientes hídricos. Portanto, o manejo

de descarte do óleo inadequado é uma fonte pontual de contaminação das águas, pois

geralmente resulta em descargas diretas para os corpos d´águas.

Entende-se por poluição da água a alteração de suas características por quaisquer

ações ou interferências, sejam elas naturais ou provocadas pelo homem. Essas

alterações podem produzir impactos estéticos, fisiológicos ou ecológicos (BRAGA,

2005, p.82).

Porém, a degradação dos recursos intensifica-se nas áreas de aglomeração urbana

com baixa condição social, justamente por serem territórios providos das últimas vegetações

existentes nas cidades. Dentre as políticas implantadas no sentido de reverter esta realidade

destacam-se as que promovem o despertar das comunidades para os problemas ambientais, as

políticas que promovam a geração de renda e a diminuição da exclusão social existente.

Para Dowbor (2005, p.161) a informação constitui num importante canal de

comunicação para a formação da cidadania, não sendo menos importante do que a saúde, a

educação, etc. Portanto, o acesso a ela é ferramenta propulsora da mudança de

comportamento por parte de cada segmento da população, onde a falta de reflexão ambiental

nos coloca numa posição superficial de debate.

42

3.3.2.2 Aos Cofres Públicos

Além de evitar a contaminação, a destinação correta do óleo promove a proteção ao

meio ambiente, como também a diminuição nos gastos públicos com o desentupimento das

tubulações e dos canos. A malha de esgotamento no país é ainda é precária, embora tenha

havido um leve crescimento na sua cobertura, conforme dados do IBGE:

Gráfico 1 – Cobertura de saneamento básico no Brasil

Fonte: IBGE, Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios 2001 – 2009.

A pesquisa abrangeu o período de 2001 a 2009 dentre os domicílios particulares

permanentes que possuem rede coletora no Brasil. Em 2001 o percentual de cobertura

representava 45,36%, passando em 2005 para 48,05% e atingindo o resultado de 52,53% em

2009, conforme a Pesquisa Nacional de Saneamento Básico.

Deve-se considerar, porém, que a rede de coleta por si só não resolve o problema

sobre a ótica ambiental. O destino adequado do esgoto e seu tratamento constituem no grande

desafio hodierno para as cidades. Portanto, o despejo incorreto do óleo colabora na piora do

serviço de saneamento no Brasil, onde o bem-estar da população e o desenvolvimento ficam

comprometidos.

3.3.2.3 Aos Domicílios

Uma rede de esgotos é formada por tubos e caixas de concreto, elas se destinam a

manutenção e devem permanecer tampadas. A rede é o percurso que o esgoto irá passar até

chegar à estação de tratamento ou no meio ambiente, caso não haja o devido tratamento. Nos

domicílios, o impacto causado é o mesmo que nos dutos e nas redes públicas. O óleo gruda

nos canos e se acumula em forma de massa, com isso, aumentam-se os custos com o

43

desentupimento das caixas de gorduras, além de atraírem ratos, baratas e outros vetores

(NEZI, Sara Maria. Uhdre, Débora Figueiredo. Romero, Adriano Lopes. Em:<

http://www.fecilcam.br/nupem/anais_vi_epct/PDF/engenharias/01.pdf>. Acesso em: 22 de

março de 2012). Existem vários métodos caseiros utilizados para o desentupimento dos canos

domiciliares, sendo os mais comuns:

Água fervente:

A água fervente é eficiente no desentupimento de cano causado por gordura e não

agride o meio ambiente. Mas se atrelada à mesma gordura existir restos de comidas, cabelos e

outros dejetos, o procedimento se torna ineficiente.

Soda caustica e água fervente:

A soda cáustica é o nome popular do hidróxido de sódio e é utilizada para a fabricação, dentre

outros, de detergentes, biodiesel e papel (WIKIPEDIA, 2012). Mas, é usada popularmente

para a desobstrução dos encanamentos, justamente pela sua característica de ação corrosiva. É

um produto tóxico e impactante para o meio ambiente, portanto não é recomendado seu uso

(Em: <http://www.desentupircanos.net/como-desentupir-canos-com-soda-caustica/>. Acesso

em: 10 de março de 2012).

Sistema biológico de tratamento:

É composto por bactérias, microrganismos e enzima apropriados para a limpeza e

desentupimento das caixas de gorduras dos domicílios. Tem como função degradar as

gorduras e substâncias orgânicas acumuladas e as transformam em compostos inorgânicos,

como o gás carbônico, nitratos e sulfatos. Dentre os métodos aplicados, o sistema biológico

de tratamento é o procedimento mais ecologicamente correto de corroer a gordura acumulada

nos canos domiciliares. Ele elimina o material orgânico e as gorduras retidas, possibilita a

prevenção da permeabilidade das fossas, bem como diminui o mau odor e a atração de

baratas, moscas e ratos. Portanto, prevenir a poluição é bem mais viável do que arcar com os

seus prejuízos. Para isso, a mudança de procedimentos é uma das alternativas para promover a

eficiência do desenvolvimento das nossas atividades (BRAGA, 2005).

3.4 RECICLAGEM E COLETA SELETIVA

3.4.1 Geração de resíduos sólidos, coleta seletiva e reciclagem

Passada a fase do homem nômade, a figura do lixo começou a despertar

preocupação, principalmente sob o aspecto da destinação final. O que fazer com ele, que

44

destino dar aos resíduos das atividades humanas, tornou-se numa questão há cerca de dez mil

anos, quando, no alvorecer do período neolítico, o homem passou a se dedicar a produção

agrícola, à domesticação dos animais e ao desenvolvimento cultural (VIVEIROS, 2006, p.14).

A partir da revolução industrial, quando as fábricas começaram a produzir em grande

escala, e do crescimento acelerado das grandes metrópoles, foi-se surgindo à necessidade de

se estabelecer uma nova visão de alternativas de destinação final dos resíduos. Portanto, o

conceito “desenvolvimento sustentável” pauta-se sobre três dimensões: a econômica, a social

e a ambiental. A primeira firma a importância de se manter a viabilidade econômica da

empresa. Ou seja, o equilíbrio sustentável não deve dirimir o crescimento econômico, pois

nenhuma empresa sobrevive sem o retorno financeiro. O aspecto social abrange o viés

humano, ou seja, a qualidade de vida proporcionada à população através de incentivos de

integração social a camada menos favorecida, incentivando um desenvolvimento ambiental

saudável e equilibrado.

Para diminuir esse progressivo aumento de resíduos foi essencial o desenvolvimento

de planejamentos e técnicas voltadas para a reciclagem de materiais. Para Miller Jr. (2007,

p.453) a reciclagem é uma forma importante de coletar materiais residuais e transformá-los

em produtos úteis que podem ser vendidos no mercado, sendo a coleta a sua primeira etapa

física. A reciclagem proporciona geração de empregos e redução dos gastos com a limpeza

urbana e com os investimentos em aterros sanitários. A coleta do resíduo o eleva a categoria

de matéria prima. Através dela, o material é reintegrado ao ciclo produtivo e ao seu consumo,

além disso, a reciclagem ocasiona na integração da população carente ao mercado da coleta

seletiva, por meio de parcerias com o governo local, tornando-se primordial para a gestão dos

resíduos sólidos (FREITAS, 2007, p.22).

Observando essa realidade, a Política Nacional de Resíduos Sólidos foi aprovada após

dezenove anos de tramitação. A instituição da lei 12.305/10 significou um marco, e ela versa

principalmente sobre a destinação correta a ser dada aos resíduos, responsabilidades e atores

competentes. Surgiu como um instrumento facilitador da logística reversa, gestão integrada e

gerenciamento dos resíduos, como dispõe seu primeiro artigo:

Art. 1o Esta Lei institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos, dispondo sobre

seus princípios, objetivos e instrumentos, bem como sobre as diretrizes relativas à

gestão integrada e ao gerenciamento de resíduos sólidos, incluídos os perigosos, às

responsabilidades dos geradores e do poder público e aos instrumentos econômicos

aplicáveis.

No segundo capítulo do primeiro título do referido normativo é abordado uma série

de definições sobre conceitos relacionados com o assunto em questão, como reciclagem,

reutilização, resíduos sólidos e rejeitos. O segundo título adentra nos princípios e objetivos

dessa política, como a importância em se estabelecer uma percepção holística sobre a gestão

45

dos resíduos e de se firmar uma responsabilidade compartilhada. A referida norma estabelece

um ciclo de prioridade para o gerenciamento dos resíduos, sendo colocado em primeira escala

a sua não geração, seguida pela redução, reutilização, reciclagem, tratamento dos resíduos

sólidos e disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos.

Outra ação coercitiva por parte da União é que seus repasses de recursos, referentes a

gestão de resíduos, aos Estados poderá sofrer alguma limitação se o mesmo não tiver

elaborado o seu Plano Estadual de Resíduos Sólidos. Como já citado, o PNRS veio para

afirmar a responsabilidade na disposição correta do resíduo por parte dos fabricantes,

comerciantes e consumidores. Possibilitando, inclusive, o uso do incentivo econômico

àqueles consumidores que colaborarem com a coleta seletiva municipal. Sobre a

responsabilidade compartilhada, o artigo 30 dispõe o seguinte:

Art. 30. É instituída a responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos

produtos, a ser implementada de forma individualizada e encadeada, abrangendo os

fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes, os consumidores e os

titulares dos serviços públicos de limpeza urbana e de manejo de resíduos sólidos,

consoante as atribuições e procedimentos previstos nesta Seção.

Parágrafo único. A responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos

tem por objetivo:

I - compatibilizar interesses entre os agentes econômicos e sociais e os processos de

gestão empresarial e mercadológica com os de gestão ambiental, desenvolvendo

estratégias sustentáveis;

II - promover o aproveitamento de resíduos sólidos, direcionando-os para a sua

cadeia produtiva ou para outras cadeias produtivas;

III - reduzir a geração de resíduos sólidos, o desperdício de materiais, a poluição e

os danos ambientais;

IV - incentivar a utilização de insumos de menor agressividade ao meio ambiente e

de maior sustentabilidade;

V - estimular o desenvolvimento de mercado, a produção e o consumo de produtos

derivados de materiais reciclados e recicláveis;

VI - propiciar que as atividades produtivas alcancem eficiência e sustentabilidade;

VII - incentivar as boas práticas de responsabilidade socioambiental

( LEI Nº 12.305, DE 2 DE AGOSTO DE 2010).

Percebe-se a imposição de obrigações individuais, colocando esses atores como

responsáveis pelo ciclo de vida do produto. Um justo entendimento, pois sendo o meio

ambiente um recurso coletivo, os problemas a eles relacionados também devem ser.

A fim de facilitar a adesão por parte da população no processo de coleta seletiva

foram definidas as seguintes cores dos depósitos de recolhimento, de acordo com a resolução

nº 275 de 25 de abril de 2001, do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA):

46

Figura 3– Cores padrão de recolhimento dos resíduos

Fonte: elaborada pela autora a partir da resolução CONAMA, nº 275 de 25 de abril

de 2001.

VIDRO

MADEIRA

RESÍDUOS RADIOATIVOS

PAPEL E PAPELÃO

RESÍDUOS AMBULATORIAIS DE

SERVIÇOS DE SAÚDE

RESÍDUOS PERIGOSOS

PLÁSTICO

METAL

RESÍDUOS ORGÂNICOS

47

Gonçalves (2003, p.159) reafirma que a reciclagem é uma ferramenta fundamental

para o gerenciamento dos resíduos, mas não a coloca como a solução para a questão do lixo,

sim como uma grande aliada na otimização dos custos da sua cadeia operacional. A

implantação de um sistema de coleta seletiva demanda num custo inicial considerável, porém

reduz os dispêndios com saneamento e favorece sobre o aspecto da inclusão social.

Para Gonçalves (2003, p.85) o importante é a população ter o pensamento voltado

para os 3 Rs: reduzir o desperdício, reutilizar o que for possível e reciclar. O referido autor

argumenta que o investimento em educação é o melhor caminho para mudar o senso crítico

das pessoas e promover um comportamento mais sustentável. Sensibilizar para as questões

ambientais implica em dar ao indivíduo uma oportunidade de visualizar o todo. É importante

saber como funciona o processo das coisas que queremos mudar, para então fazermos a

diferença (GONÇALVES, 2003, p.87).

As cores são importantes, pois facilitam o despejo correto e torna o processo de

educação ambiental mais fácil e lúdico. Para Amorim (2008, p.01) a informação é o principal

instrumento de sensibilização das questões ambientais e significativo para a superação de uma

crise ambiental. Observa-se a variedade de origens de resíduos, podendo ser classificados

como (MANO, 2005, p.99):

Domiciliares: são os resíduos provenientes dos domicílios, como os restos de

alimentos, os jornais, os vidros e as latas de alumínio;

Comercial: são os produzidos pelos estabelecimentos comerciais, como o papelão, o

óleo, o plástico e as embalagens;

Público: são os utilizados pela população em geral e recolhidos pelas empresas

públicas, como os provenientes da limpeza urbana;

Hospitalar: os produzidos pelos hospitais, como as seringas, os remédios, descarte de

materiais cirúrgicos e os resíduos farmacológicos;

Industriais: são os produzidos pelas indústrias, sendo dos mais variados segmentos,

como os resíduos de materiais têxteis, vidros e plásticos;

Agrícola: advindos de atividades agrícolas, como as embalagens e os restos de

alimentos;

Entulho: advindos principalmente da construção civil.

Além disso, o lixo deve ser separado quanto à existência de umidade ou não e quanto

ao seu grau de contaminação, remetendo o pensamento para a coleta e reciclagem do óleo.

Até certo ponto, a falta de informação sobre qual destino correto dá-lo acarreta no aumento do

impacto causado ao meio ambiente. Portanto, o governo deve atuar na sociedade de maneira a

regular o alcance de resultados positivos nos programas desenvolvidos para a

sustentabilidade.

48

A política de governo para a sustentabilidade deve conter medidas para estimular

aqueles setores que efetivamente adicionem valor, contribuindo menos para a

depleção e degradação (CAVALCANTI, 1999, p.35).

A coleta seletiva na fonte diminui os custos com o processo, evita a contaminação e

aumenta a capacidade de reaproveitamento dos materiais coletados (RODRIGUES, 1998,

p.138). A relação participativa da sociedade com o ente público promove decisões de

planejamento e de gestão urbanas mais eficazes e realistas. O Poder Público deve promover o

desenvolvimento eficaz dos programas de reciclagem por meio de estratégias estruturadas

(TAMBELLINI, 2009).

Portanto, a implantação e o monitoramento da coleta seletiva exigem ações

planejadas do ambiente a ser objeto do processo de reciclagem, como por exemplo, a

definição de sua abrangência, levantamento dos projetos ambientais em andamento,

tecnologias disponíveis, mão-de-obra, estrutura física e estabelecimento de parcerias com

ONGs e comunidades locais.

3.4.1.1 Biodiesel

O biodiesel é o futuro substituto do diesel e pode ser produzido por meio do óleo de

cozinha utilizado. Ele passa por um processo de filtragem para retirar suas impurezas. Logo

em seguida, é submetido a um aquecimento de 60 a 70ºC e é levado a um reator onde se inicia

a mistura do metanol (CH3OH) com a soda cáustica (NaOH). A mesma vai funcionar como

catalizante da reação química. Ainda resulta-se do processo a glicerina como subproduto

(FUCHS, 2006).

Dentre os óleos vegetais aptos a serem transformados no combustível temos: grão de

amendoim, polpa do dendê, amêndoa do coco de dendê, amêndoa do coco da praia, caroço de

algodão, amêndoa do coco de babaçu, semente de girassol, baga de mamona, semente de

colza, semente de maracujá, polpa de abacate, caroço de oiticica, semente de linhaça, semente

de tomate, entre muitos outros vegetais em forma de sementes, amêndoas ou polpas

(PARENTE, 2003).

3.4.1.2 Resinas e Tintas

O óleo utilizado também pode ser matéria no processo de fabricação de resinas e

tintas, sem que tenha alterada a sua qualidade e durabilidade. Primeiro o óleo passa pela

decantação, que permite a separação de líquidos que não se misturam, em seguida vai para o

49

reator onde sofrerá as reações químicas e sua transformação em resina (Em:

<http://www.preservemt.com.br/?pg=noticia&cod=842>. Acesso em 18 julho 2011).

3.4.1.3 Sabão, detergente e produtos de limpeza

O sabão é um dos produtos mais utilizados na reciclagem do óleo usado, pois é um

processo relativamente fácil que permite sua fabricação em produção caseira. O processo é

realizado a partir da dissolução de 2 L de água, 1Kg de soda cáustica, ½ copo de sabão e 5ml

de óleo essencial, 4L de óleo. É importante mexer até ficar homogêneo, tendo essa receita o

rendimento de 36 sabões que pode ser feito também sob a forma pastosa ou em pó

(ALBERICI, 2003).

50

4. CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO

4.1 PARAÍBA

O Estado da Paraíba localiza-se na região Nordeste e possui como limítrofes os

Estados de Pernambuco, Rio Grande do Norte e Ceará. Com uma população de 3.766.528

habitantes, sendo uma área total de 56 439,838 km² (IBGE, 2010). Seu relevo possui

características bem diversificadas, com 135 km de faixa litorânea e importantes áreas de

reservas ambientais, a exemplo da Reserva Estadual do Buraquinho, a Reserva Biológica

Nacional Guaribas e o Parque Estadual Ponta do Cabo Branco (JÚNIOR, 2002, p.14). De

acordo com o Feliciano (2003), destacam-se as seguintes unidades morfológicas:

Baixada Litorânea;

Baixos Platôs Costeiros (tabuleiros);

Depressão Sublitorânea;

Planalto da Borborema;

Depressão Sertaneja;

Outras áreas cristalinas elevadas.

Possui uma vasta e variada vegetação, justamente pela característica de suas formas

de relevo e localização geográfica. A faixa úmida costeira é a faixa mais complexa em termos

de remanescentes, dentre as quais se encontram: vegetação pioneira das praias e dunas,

manguezais, cerrado, mata da restinga, mata atlântica e cerrado/mata atlântica. De acordo com

JUNIOR, p.14, 2002, possui as seguintes Zonas Fisiográficas: Litoral da mata, Seridó, Brejo,

Borborema Oriental, Borborema Central, Sertão Alto, Sertão de Piranhas e Sertão do Oeste. O

Estado é formado por onze bacias hidrográficas: Rio Paraíba; Rio Abiaí; Rio Gramame; Rio

Miriri; Rio Mamanguape; Rio Camaratuba; Rio Guaju; Rio Piranhas; Rio Curimataú; Rio

Jacu; e Rio Trairi (LIMA, 2009).

51

Figura 4: Localização das áreas pesquisadas

Fonte: dados cartográficos 2012 Google mapslink

52

4.1.1 Caracterização da cidade de João Pessoa

João Pessoa esta localizada na zona litorânea do Estado da Paraíba e pertence à

região Nordeste do Brasil. Possui como limítrofes, a Leste o oceano Atlântico, ao Norte a

cidade de Cabedelo, a Oeste as cidades de Santa Rita e Bayeux e ao Sul o município do

Conde. É a terceira cidade mais antiga do Brasil e possuiu vários nomes desde sua fundação

em 1585 (WIKIPEDIA, 2012).

4.1.2 Aspectos históricos

No final do século XVI, a expedição comandada pelo capitão João Tavares provocou

significativas mudanças à Paraíba. O capitão conseguiu firmar um pacto com o índio Piragibe,

morubixaba dos Tabajaras, selando a paz entre os Potiguaras e os Tabajaras. No dia 5 de

agosto de 1585, à margem direita do rio Sanhauá foi fundada a cidade Nossa Senhora das

Neves e João Tavares foi designado Capitão da Paraíba. Posteriormente foi chamada de

Filipéia de N.Srª das Neves, Frederica e Parahyba, mas o nome atual da capital do Estado

ainda estava por vir. Durante a revolução de 1930, a Paraíba envolveu-se com veemência

naquela cena política. A morte de João Pessoa, chefe de governo, provocou a alteração da

comarca e do nome da capital do Estado, que naquela época chamava-se Parayba, para João

Pessoa (Enciclopédia dos municípios Paraibanos, AB EDITORA LTDA, 2002, p.94).

Nome Período

Nossa Senhora das Neves 1585 – 1588

Filipéia de N.Srª das Neves 1588 – 1634

Frederica 1634 – 1654

Parahyba 1654 - 1930

João Pessoa 1930 – dias atuais

Quadro 4:Cronologia dos nomes da cidade de João Pessoa

Fonte: Enciclopédia dos Municípios Paraibanos, 2002.

53

4.1.3 Aspectos Geográficos

O município de João Pessoa possui uma área total de 210,551 km² e 723.514

habitantes (IBGE, 2010). Possui clima tropical nordeste oriental, com temperaturas

médias anuais de 26°C. Encontra-se a 47 metros acima do nível do mar, bem como a 132

km da segunda maior cidade do Estado, Campina Grande. Tem como áreas de exploração

turística a orla da cidade e sua zona central, conhecida como centro histórico.

4.1.4 Aspectos Urbanos

Nas décadas de 50, 60 e 70, os bairros da orla de João Pessoa sofreram expansão

urbana de forma significativa, pois até então a concentração urbana da cidade firmava-se nos

bairros centrais. Os primeiros loteamentos se concentraram na praia de Tambaú e foram se

estendendo posteriormente para as praias de Manaíra e Cabo Branco, seus bairros limítrofes

(MORAIS, p.67, 2009). O aumento no processo de urbanização nessa faixa litorânea se deu

pelo inicio da ocupação dessa região para veraneio.

Figura 5 – Praia de Tambaú na década de 60

Fonte: acervo do Google Imagens, 2012

54

Outro fator de grande importância para a urbanização desses bairros foi a construção

do Hotel Tambaú, no bairro de Tambaú, durante o governo de João Agripino (1966-1971). A

partir daí, a construção hoteleira virou cartão postal da cidade e impulsionou a demanda por

serviços de infraestrutura e equipamentos urbanos naquelas áreas (MORAIS, p.68, 2009).

4.2 BAIRROS

4.2.1 Manaíra

O bairro de Manaíra localiza-se na zona Leste da cidade de João Pessoa, sendo

limitado ao sul com o bairro de Tambaú e ao norte com o Bessa. Possui um número de 19.289

habitantes (IBGE, 2009), além de oferecer uma sólida infraestrutura de restaurantes, hotéis,

supermercados, colégios, praças arborizadas, possui uma forte característica residencial. É o

bairro mais verticalizado da cidade, possuindo um dos melhores índices de qualidade de vida.

4.2.2 Bessa

É localizado na zona Leste de João Pessoa, possuindo um número populacional em

2009, de acordo com o IBGE, de 13.096 habitantes, sendo considerado um bairro de

característica emergente. Encontram-se como limítrofes o bairro de Intermares, Aeroclube e

Renascer

4.2.3 Tambaú

O bairro de Tambaú situa-se entre as praias de Manaíra e a praia do Cabo Branco.

Sua orla é uma das áreas mais turísticas da capital, possuindo uma população de 6.782

habitantes (IBGE, 2009). O bairro é predominantemente comercial e residencial, sendo

marcado pela sua verticalização, fruto da especulação e do crescimento imobiliário da última

década.

4.2.4 Cabo Branco

55

Localiza-se no extremo Leste da cidade, tendo como principal Avenida, a Cabo

Branco, paralela à praia e muito utilizada para atividades recreativas, como corrida e ciclismo.

Com 5.439 habitantes, é uma das praias urbanas mais frequentadas pelos turistas, pois possui

o ponto mais oriental das Américas, a Ponta dos Seixas.

4.3 A AUTARQUIA ESPECIAL MUNICIPAL DE LIMPEZA URBANA

A EMLUR (Autarquia Especial Municipal de Limpeza Urbana), antiga URBAN -

Empresa Municipal de Urbanização, foi criada em 5 de julho de 1974 por meio da Lei

n°1.954, tendo como finalidade acelerar e desburocratizar as atividades de limpeza

desenvolvidas na época. É responsável pela limpeza urbana da capital e possui autonomia

financeira, patrimonial, administrativa e técnica. Dentre os valores da autarquia destacam-se:

compromisso com a ética e a transparência; respeito ao meio ambiente; responsabilidade

social. A autarquia busca a promoção do desenvolvimento sustentável em parceria com os

setores públicos, privados e não governamentais. Ela também tem como objetivo a atividade

da coleta de lixo, abrangendo a domiciliar, comercial, industrial e pública. Em 2005, a

autarquia elaborou seu plano estratégico, embasado em ferramentas de planejamento

estratégico, onde foi determinado, a seguinte visão da empresa de limpeza:

A EMLUR é referência no Brasil em gestão pública de limpeza urbana, voltada para

a beleza e o desenvolvimento sustentável de João Pessoa, tendo como suporte,

colaboradores capacitados e comprometidos, e parceiros confiáveis nos setores

públicos, privado e não-governamental (NETO, 2007, p.95).

A análise ambiental da autarquia nos remete aos seus fatores externos e internos.

Dentre as oportunidades levantadas pelo grupo estratégico em 2005, podem-se destacar:

reaproveitar os resíduos sólidos urbanos que possua potencial valor econômico; estimular a

busca por parcerias com outras entidades. Em contraponto, dentre as ameaças destacaram-se o

relevante desconhecimento das atribuições da EMLUR por parte da população e o

crescimento desordenado da cidade de João Pessoa (NETO, 2007, p.99). Dentre os pontos

fracos levantados na mesma época ressaltam-se o precário sistema de informática da autarquia

e a pouca divulgação dos serviços da EMLUR. Dentre os fortes, a prestação do serviço de

limpeza urbana com qualidade, eficiência e pontualidade, bem como seus programas sociais

(NETO, 2007, p.99).

As suas questões estratégicas referem-se ao levantamento de seus problemas. De

acordo com Neto (2007, p.102) naquela época, elas se concentravam em dois aspectos:

implementar serviços cada vez mais eficientes por meio da diminuição de seus custos e da

56

geração de renda, bem como atuar de maneira a fortalecer seus recursos humanos. Percebe-se

que são questões de ordem ainda hoje, até porque o planejamento visa a elaboração de

diretrizes a serem alcançadas a longo prazo e de maneira contínua . De acordo com o modelo

de gestão estratégica de Estrada (2007), a formulação das questões estratégicas finda a fase da

formulação da gestão. Adentrando, efetivamente, para a implementação e execução do

modelo, através do seu plano de ação. Esse tipo de postura de gestão adotada pela EMLUR

favorece para a elaboração de ações inovadoras, visando a reatroalimentação de todo o ciclo,

como se observa no modelo de Estrada (2007).

Sendo a coleta o principal caminho para o descarte adequado do resíduo, a autarquia

desenvolve por meio do projeto “Acordo Verde” um trabalho significativo nesse sentido. O

mesmo é desenvolvido de maneira diferente da forma tradicional de se fazer coleta, pois os

moradores se comprometem a separar o material e entregá-los aos agentes ambientais nos dias

pré-estabelecidos. A partir desta apresentação, coloca-se importante detalhar os níveis de

competência dessa autarquia de limpeza por meio de seu organograma. O mesmo tem como

maior competência funcional a superintendência, bem como dois pólos de execução: a

diretoria administrativa e financeira e a divisão operacional, conforme modelo em seguida.

57

Gráfico 2 – Organograma da EMLUR

SUPERINTENDÊNCIA

SECRETÁRIA PESSOAL CHEFE DE GABINETE

ASSESSORIA JURÍDICA COMISSÃO PERMANENTE DE

LICITAÇÃO

UNIDADE DE INFORMÁTICA ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO

SOCIAL

DIRETORIA ADMINISTRATIVA FINANCEIRA

DEPARTAMENTO DE

PESSOAL

DIVISÃO DE PESSOAL

DIVISÃO DE

CAPACITAÇÃO

DIVISÃO DE BEM

ESTAR SOCIAL

DIVISÃO DE CONTROLE DE

PAGAMENTO

DEP. CONTABIL E

FINANCEIRO

DIVISÃO DE

TESOURARIA

DIVISÃO DE

REGISTROS

CONTÁBEIS

DIVISÃO DE

COMERCIALIZAÇÃO

DIV.CONTROLE

DE PESSOAL

DIVISÃO OPERACIONAL

DEP. REMOÇÃO DE

RESÍDUOS SÓLIDOS

DEP. DE APOIO

TECNICO DE

PLANEJAMENTO

DEP. DE

VALORIZAÇÃO DE

RESÍDUOS SÓLIDOS

DIVISÃO DE REMOÇÃO

REGULAR

DIVISÃO DE VARRIÇÃO

E REMOÇÃO ESPECIAL

DIVISÃO DE

FISCALIZAÇÃO

SETOR DE

FISCALIZAÇÃO

DIVISÃO DE

INFORMAÇÕES

GERENCIAIS

DIVISÃO DE

ESTUDOS E

PESQUISAS

DIVISÃO DE

GEOPROCESSAMENT

O

DIVISÃO DE

EDUCAÇÃO

AMBIENTAL

DIVISÃO DE

RECICLAGEM

58

Fonte: EMLUR, 2012

O destaque em vermelho representa a estrutura do Departamento de valorização e

recuperação de resíduos sólidos – o DEVAR. Ele subdivide-se na divisão de educação

ambiental e na divisão de reciclagem. Dentre as realizações da EMLUR destacam-se (NETO,

2007):

Iniciou a construção do Cemitério Parque dos Ipês;

Recuperou a área do Distrito Mecânico e iniciou a sua construção;

Criou e implantou o PROPAM - Programa de Pavimentação por Ajuda

Mútua;

Instalou um centro de microfilmagem;

Adquiriu e instalou uma usina de reciclagem de lixo;

Prestou serviços a outras prefeituras do interior do estado, na área de

cadastro imobiliário e de pessoal; e

Absorveu parte do serviço de limpeza da cidade.

Quanto à responsabilidade pela destinação correta dos resíduos, a EMLUR tem como

dever promovê-la no âmbito domiciliar, comercial e Público. Os resíduos industriais, de

saúde, portos, aeroportos, terminais rodoviários e das atividades agrícolas ficam a cargo dos

próprios geradores. Atualmente, a capital já possui cinco núcleos de coleta (Cabo Branco,

Bessa, 13 de Maio, Jardim cidade Universitária e Mangabeira).

4.4 O PROGRAMA DE RECICLAGEM DE ÓLEO “O SABÃO ECOLÓGICO”

A EMLUR (Autarquia Especial Municipal de Limpeza Urbana), diante da

preocupação com o destino dado ao óleo de cozinha, desenvolve o programa de reciclagem de

óleo “não vai pelo ralo”. O programa iniciou em 2008 por meio da capacitação dos

funcionários da autarquia pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Paraíba

- IFPB. A priori, a reciclagem limitou-se ao próprio óleo produzido no restaurante da

EMLUR, mas, logo em seguida, a coleta foi expandida para as 74 barracas da orla de João

Pessoa, que até aquele momento descartavam erroneamente na areia o óleo utilizado (JOÃO

PESSOA, 2010).

59

Além da coleta, o programa desenvolve a educação ambiental e treinamentos em

comunidades carentes, tendo como finalidade a reciclagem do óleo em sabão. Tem como

objetivo promover a diminuição do impacto ambiental causado pela destinação incorreta do

óleo de cozinha que, além de entupir as encanações, polui o solo e a água dos rios. Cada litro

de óleo coletado transforma-se em 10 barras de sabão. O recolhimento do resíduo é feito pelos

agentes uma vez por semana nos pontos de coleta pré-estabelecidos pela EMLUR.

Parcerias como da EMLUR com as associações de catadores, ONGs, comerciantes e

barraqueiros viabilizam o aumento da adesão ao processo da coleta seletiva na capital. Até o

momento, João Pessoa possui cinco núcleos de coleta seletiva, distribuídos nos bairros do

Cabo Branco, Bessa, 13 de Maio, Jardim Universitário e Mangabeira, além do centro de

triagem. O programa coleta o óleo em 13 pontos, dentre eles grandes supermercados da

capital, como Hiper, Extra, Carrefour e Pão de Açúcar, além disso, até dezembro de 2011

possuía 62 comércios alimentares cadastrados. Verifica-se no gráfico a seguir, os cinco

bairros com os maiores números de bares e restaurantes filiados à coleta.

Gráfico 3 – Distribuição dos estabelecimentos cadastrados no programa

Fonte: EMLUR, 2011

Liderando o cadastro estão os quatro bairros mais turísticos da cidade. Além disso, a

cobertura de coleta do óleo engloba comércios alimentares distribuídos em 24 bairros de João

Pessoa.

Sobre o aspecto da educação ambiental, a EMLUR promove constantemente oficinas

de treinamento da fabricação do sabão ecológico em faculdades, feiras e comunidades. A

mesma já conta com 32 comunidades carentes cadastradas, que foram previamente treinadas,

e que hoje recolhem o óleo na autarquia para sua fabricação e venda.

60

5. CLASSIFICAÇÃO METODOLÓGICA DA PESQUISA

O processo metodológico adequado possibilita o alcance real do resultado de uma

pesquisa. A forma de sua aplicação deve ser guiada pela pergunta da pesquisa, bem como pela

sua estratégia e crença (POPE, 2009, p.12).

O eixo primário da pesquisa é analisar a eficácia e efetividade de um programa

público. Portanto, verifica-se que a pesquisa em questão é de cunho social, sendo quanti-

qualitativa, pois envolve um programa político que visa o interesse público, como também

possui caráter expositivo. De acordo com Richardson (2008, p.16) a pesquisa é uma

ferramenta de conhecimento e tem como objetivos favorecer a resolução de problemas, gerar

teorias ou avaliar as já existentes. O presente trabalho visa favorecer a resolução de

problemas, sendo uma avaliação formativa, conforme dito por Reichle (2003).

A pesquisa social geralmente induz a aplicação do método qualitativo, pois ele é a

forma mais apropriada de compreender a natureza de um determinado fenômeno social

(RICHARDSON, 2009, p.79). A aplicação desse método possibilita a interpretação dos

fenômenos existentes, ou seja, a adesão, organização e impacto do programa junto a seus

atores. Inicialmente, será feito o levantamento bibliográfico e a análise documental com o

propósito de embasar e estruturar o conhecimento sobre o objeto de estudo.

Diante das modalidades será classificada, de acordo com a natureza das fontes,

como bibliográfica. Pois o trabalho foi embasado e norteado a partir da utilização de artigos,

livros e documentos impressos. Como também será documental, pois foi utilizada como fonte

documentos internos e legais. Quanto a seus objetivos, como exploratória, pois exigiu a

constatação da realidade da gestão do programa “não vai pelo ralo” desenvolvido pela

EMLUR. Para Mattar, (2000, p.18) esse tipo de pesquisa proporciona ao pesquisador um

maior subsídio sobre o tema ou problema a ser tratado.

O conceito de eficiência não será abordado, pois a avaliação do uso dos recursos

financeiros no programa não será objeto de estudo. A pesquisa se limitará a observância dos

objetivos da coleta, resultados e impactos. O levantamento do atual cenário do programa trará

um maior discernimento do progresso do mesmo nesses quatro anos, além de proporcionar a

detecção de possíveis ajustes e melhoramentos na abordagem e no ciclo de gestão.

61

5.1 ATORES DA PESQUISA

Foram três os atores pesquisados, levando sempre como aspecto a direta relação que

os mesmos possuíam com o programa. Para o levantamento dos dados, foram utilizados os

mais variados instrumentos de coleta como a observação “in loco”, possibilitando, assim, a

captação de registros fotográficos no âmbito da pesquisa e a aplicação de entrevistas e

formulários, conforme descritos posteriormente.

5.1.1 Estabelecimentos alimentares

A avaliação da eficácia de um programa leva em consideração o alcance da meta

proposta, ou seja, de seu resultado - a coleta do óleo vegetal utilizado. Além do quantitativo

de resíduo recolhido, deve-se levar em consideração a qualidade do serviço ofertado. Sabendo

que os comércios alimentares são um dos principais utilizadores do resíduo, eles possuem um

importante papel no programa de coleta. O programa possuía, em 2011, sessenta e dois

estabelecimentos alimentares cadastrados. Número ainda pequeno diante dos 1.434 bares e

restaurantes registrados na capital, de acordo com a junta comercial do Estado, ressaltando

que foram considerados no quantitativo os restaurantes pertencentes aos hotéis da cidade.

Portanto, em 2011, os estabelecimentos cadastrados no programa representavam

aproximadamente 4,32% de seu universo. Deve-se levar ainda em consideração que a adesão

ao programa não implica numa mudança abrupta por parte da rotina desses estabelecimentos,

aliás, constitui num facilitador na disposição final a ser dada para esse resíduo.

Entende-se como estabelecimento, de acordo com o dicionário Aurélio, uma casa

comercial. Portanto, estabelecimento alimentar é uma casa comercial de alimentos. Visando

restringir o número de estabelecimentos alimentares a serem entrevistados, a pesquisa tomou

como base os bares e restaurantes cadastrados no guia da Associação Brasileira de bares e

Restaurantes, ABRASEL, 2011. Apesar do conceito de estabelecimento alimentar abranger a

categoria de lanchonetes, delimitou-se nas duas categorias citadas por serem as mais

estruturas e as que compõem a filiação da associação em questão. Além da primeira restrição,

foi utilizada a delimitação geográfica para os bairros turísticos da capital e de maior

concentração de bares e restaurantes.

Portanto, a fim de verificar o grau de conhecimento dos bares e restaurantes sobre o

programa de coleta do óleo, foram aplicadas entrevistas semi estruturadas aos

gerentes/responsáveis dos estabelecimentos alimentares (bares e restaurantes) filiados a

ABRASEL e localizados nos bairros do Cabo branco, Bessa, Manaíra e Tambaú. Essas

entrevistas também objetivaram verificar possíveis resistências de adesão à coleta por parte

62

dos estabelecimentos. A entrevista possuía dois modelos, um para os estabelecimentos que já

fossem credenciados ao programa, e o outro para o não credenciado.

A utilização de entrevistas semi estruturadas deve-se ao fato da mesma proporcionar

uma maior flexibilidade em seu roteiro e na diretriz de pesquisa a ser seguida pelo

entrevistador (LAKATOS, 2007, p.279).

5.1.2 Diretora do DEVAR

Num segundo momento, a fim de aprofundar o conhecimento do processo de gestão

desenvolvido pela autarquia, da estrutura existente no programa, além da detecção das

dificuldades e perspectivas de crescimento do mesmo, foi aplicada entrevista semi-estruturada

à diretora do departamento de valorização e recuperação de resíduos (DEVAR) da EMLUR.

Para Lakatos (1986), a entrevista despadronizada ou semi estruturada proporciona ao

entrevistado uma maior liberdade e adequabilidade no desenvolvimento da resposta.

Diante dos objetivos propostos, a entrevista tinha como objetivo possibilitar o

entendimento dos seguintes aspectos do programa “não vai pelo ralo”:

As estratégias de divulgação e publicidade utilizadas;

A estrutura física existente na autarquia;

O local de armazenamento das bombonas na autarquia;

As condições de uso das bombonas utilizadas;

A adequabilidade da localização das bombonas nos pontos de coleta: se elas são

fixadas em locais de grande circulação e em locais visíveis;

O quantitativo de veículos coletores;

A adequabilidade dos veículos coletores;

Os números de funcionários envolvidos no programa;

Se a autarquia fornece treinamentos periódicos aos funcionários;

Se os funcionários possuem funções específicas, delimitadas dentro do programa;

Se existe alta rotatividade de pessoal;

Qual a periodicidade da elaboração dos planos de ação;

Se existe a elaboração de relatórios de atividades.

63

Foi aplicada a observação como forma de obter a informação no momento de sua

ocorrência. É importante a utilização dessa técnica como forma de coletar os dados e obter as

provas “in loco”, além de detectar os comportamentos “forçados”. De acordo com Lakatos

(2008, p.76) essa técnica induz a apuração dos sentidos, sendo o ponto de partida da

investigação social.

5.1.3 Recicladores

Num terceiro momento, com o propósito de analisar a efetividade do programa e os

benefícios proporcionados pelo programa a esses atores, foram aplicados formulários aos

recicladores da comunidade “Porto João Tota” do bairro Alto do Céu, por ser uma das mais

organizadas na reciclagem do óleo em sabão, e por questões de acessibilidade. Para Lakatos

(2007, p.112) o formulário possui vantagens e desvantagens e constitui numa importante

ferramenta de investigação.

Além disso, foi utilizada a técnica de pesquisa observação na comunidade do Timbó

durante uma das ações de divulgação do programa. Para Lakatos (1986, p.64) a pesquisa de

campo não se limita só a coleta de dados, mas a uma sequência de procedimentos

preestabelecidos, tendo como intuito atingir o resultado proposto.

Portanto, diante da finalidade social pretendida pelo programa, observa-se que o

sabão desperdiçado diariamente pode ser fonte de lucro e ajuda no orçamento familiar, através

da promoção de uma renda extra às pessoas desempregadas ou aposentadas, além de

contribuir com a diminuição da agressão ao meio ambiente.

5.2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

5.2.1 Leitura

Para o aprofundamento do conhecimento foram utilizados os diversos tipos de

leitura: exploratória, seletiva, interpretativa, reflexiva ou crítica. De acordo com Andrade

(2010, p.08) elas tem como finalidade:

Exploratória: É uma leitura mais consciente, onde existe a sondagem das informações

previamente conhecidas;

Seletiva: Direciona as informações relevantes para a pesquisa. O trabalho de leitura é

utilizado de forma otimizada;

64

Interpretativa: Exige o julgamento dos dados coletados, conectando-os com os

problemas existentes, visando à busca de soluções.

Crítica ou reflexiva: Estuda os dados por meio da comparação, reflexão e julgamento

crítico.

5.2.2 Dado visual: Fotografia

Durante o período de pesquisa foi utilizada a captação fotográfica, possibilitando o

registro detalhado dos fatos.

5.3 ANÁLISES DOS DADOS

5.3.1 SWOT

Será utilizada na pesquisa a ferramenta estratégica SWOT como forma de analisar o

ambiente interno e externo, os pontos fortes, fracos, ameaças e oportunidades, bem como o

atual cenário do programa “não vai pelo ralo”. A análise SWOT é um modelo de avaliação da

posição competitiva de uma empresa no mercado, sendo uma ferramenta de foco qualitativo.

Ela possibilita um diagnóstico decorrente das variáveis internas e diretamente controláveis e

das variáveis externas e indiretamente controláveis (TOIVANNEN, 1999). Seu nome advém

das inicias das palavras inglesas strenght (força), weakness (fraqueza), opportunities

(oportunidades) e threats (ameaças). A força deve ser mantida e ampliada, tendo como

intuito aumentar sua vantagem competitiva. A fraqueza indica variáveis negativas no

ambiente operacional. As oportunidades são forças externas, portanto não controláveis

diretamente, porém positivas para a atuação estratégica. E as ameaças são fatores de

desvantagens externos, sendo barreiras de atuação. É uma ferramenta flexível a diversas

realidades e pode ser utilizada independente do tamanho do objeto de estudo (SERRA, 2004,

p.86).

65

Alavancagem

Limitações Vulnerabilidade

Problemas

Figura 6: Relação entre os aspectos da análise SWOT e o ambiente.

Fonte:adaptado de SERRA, 2004, p.87.

Diante do levantamento das quatro dimensões pode-se verificar os problemas (as

relações entre as fraquezas e as ameaças), a alavancagem (as relações entre as forças e as

oportunidades), as limitações (as relações entre as fraquezas e as oportunidades) e as

vulnerabilidades (relações entre as forças e as ameaças). Portanto, entendendo que qualquer

negócio possui cenários mutáveis, essa análise deverá ser feita constantemente devendo fazer

parte do seu ciclo de planejamento estratégico.

A partir daí será possível ter acesso a uma perspectiva mais sólida e transparente da

situação, direcionando para os ajustes necessários ao processo. A gestão de um programa de

coleta de resíduos deve abranger ações focadas e vontade política. O Poder Público deve

FORTES

OPORTUNIDADES

AMEAÇAS

FRAQUEZAS

66

fornecer infraestrutura, apoio técnico, transparência, divulgação dos resultados e educação

ambiental.

6. RESULTADOS E DISCUSSÃO

A seguir, serão retratados os resultados analisados a partir das técnicas de coleta de

dados aplicadas. Para melhor compreensão desse processo, o capítulo foi dividido sob a ótica

estratégia de divulgação, infraestrutura encontrada e operacional do programa. Assim, a

dissertação concebeu a construção dos pontos positivos e negativos do programa de coleta por

meio da utilização da ferramenta estratégica SWOT, possibilitando o levantamento do atual

cenário do programa “não vai pelo ralo”.

6.1 DIVULGAÇÃO E PUBLICIDADE

A correta divulgação e publicidade de um programa público é condição sine qua non

para sua durabilidade e seu sucesso. Ela é que irá nortear o alcance e o delineamento do

público alvo a ser atingido. A fim de analisar a estratégia de divulgação e publicidade

utilizada no programa, foi realizada uma entrevista com a Diretora do DEVAR, Sra. Carol

Estrela. Diante dos dados coletados detectou-se que não existe um cronograma pré-firmado de

divulgação do programa. A divulgação é contínua e permanente, porém é fechada de acordo

com os pedidos de treinamento solicitados pelas escolas, faculdades, comunidades,

associações.

Entende-se que a ação contínua é adequada, mas a falta de cronograma de atuação

impossibilita uma visão mais abrangente sobre o alcance da mesma. É importante que, além

de divulgar o programa nas associações, comunidades e instituições solicitantes, a atuação se

expanda para os potenciais desconhecedores do programa. Com essa postura, aumenta-se o

efeito de uma publicidade mais democrática e heterogênea, a partir da atuação dos agentes

ambientais naquelas localidades e entes não provocadores de agendamento.

Diante do observado, constataram-se estratégias eficazes e ineficazes em seu

processo. A pesquisa abrangeu a observação da divulgação do programa sob três dimensões:

comunidades, estabelecimentos alimentares e população local.

6.1.1 Comunidades

67

A divulgação do programa junto às comunidades se faz em parceria com outras

secretarias, através do projeto Estação de Serviços. Desde 2010, ele visa possibilitar um maior

benefício e participação comunitária, por meio da ação integrada do Poder Executivo

Municipal. Ou seja, os Órgãos municipais se unem num grande “mutirão de serviços”. Esse

tipo de estratégia de ação proporciona uma gestão articulada entre as secretarias e uma

otimização dos serviços prestados pela prefeitura à sociedade.

6.1.1.1 Comunidade do Timbó

Por conseguinte, como forma de verificar a abordagem de divulgação do programa nas

comunidades, tornou-se pertinente acompanhar in loco uma dessas atuações integradas da

EMLUR.

O município realizou no dia 21 de maio de 2011 uma ação integrada na comunidade

do Timbó, a Semana do Meio Ambiente. Contou com a participação de diversas secretarias,

como a de Meio Ambiente, Saúde, Desenvolvimento Social. Além participação da EMLUR,

Defesa Civil, SUDEMA, da sociedade e de movimentos pastorais, tendo como objetivo levar

a localidade os serviços prestados pelo município, através de uma ação integrada, além de

educação ambiental e cultura àquele povo.

A comunidade do Timbó faz parte do conjunto dos bancários, em João Pessoa. Os

Bancários localizam-se no sudeste da cidade e tem como zonas limítrofes a noroeste o Castelo

Branco, ao sul o Jardim Cidade Universitária, a leste a Costa do Sol, a oeste o Jardim São

Paulo, a sudoeste a Anatólia, e a nordeste o Altiplano e Cabo Branco.

A comunidade tem esse nome, pois é cortada pelo rio Timbó, afluente do Rio

Jaguaribe, o principal rio do município. A localização da comunidade é inadequada e favorece

a degradação deste rio, que consta como área de proteção especial no plano diretor da cidade.

Art.39. Zonas Especiais de Preservação são porções do território, localizadas tanto

na Área Urbana como na Área Rural, mas quais o interesse social de preservação,

manutenção e recuperação de características paisagísticas, ambientais, históricas e

culturais, impõem normas específicas e diferenciadas para o uso e ocupação do solo,

abrangendo:

III- os vales dos rios Jaguaribe, Cuiá, do Cabelo, Água Fria, Gramame, Sanhauá,

Paraíba, Tambiá, Mandacaru, Timbó, Paratibe, Aratú e Mussuré, na forma da Lei

Federal e Estadual (DECRETO Nº6.499, 2009).

Outro problema é a encosta na qual a comunidade se encontra, onde há risco de

deslizamento. Os moradores sofrem principalmente com a falta de saneamento básico2,

2 De acordo com a pesquisa realizada pelo Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento - SNIS, o

município de João Pessoa possuía uma cobertura de 38% em saneamento básico no ano de 2008.

68

habitações dignas, além de enchentes e lixo nas ruas, conforme se observa na figura da

comunidade a baixo:

Figura 7 : Comunidade do Timbó

Fonte: autora, 2012.

A partir disso, torna-se importante à intervenção do poder público na implementação

de ações sociais, educacionais e ambientais naquele meio. Os agentes ambientais promoveram

oficinas de educação ambiental voltadas para a reciclagem, especificamente por meio da

divulgação do programa “não vai pelo ralo” do sabão ecológico, facilitando assim a

comunicação entre a EMLUR e a população.

69

Figura 8 - Divulgação do programa na comunidade do Timbó

Fonte: autora, 2011

Durante a ação, os educadores ambientais distribuíram receitas de preparo do sabão e

utilizaram diversas abordagens, destacando-se diante do observado:

Utilização de uma abordagem didática e informativa, através da distribuição de

amostras de sabões e da receita de seu preparo. Esse tipo de abordagem é a mais utilizada nas

comunidades, pois de acordo com a Diretora do DEVAR a distribuição da amostra de sabão

causa um efeito mais positivo do que a simples panfletagem. De acordo com ela, muitas vezes

o receptor do material de divulgação não o lê, ou simplesmente o lê, mais logo em seguida o

joga fora. Para a mesma, a distribuição do sabão induz um maior interesse no programa e na

reciclagem, à medida que provoca a curiosidade e surpresa na transformação do óleo usado

num produto de boa qualidade e largamente consumido. A diretora reafirma que a

disseminação da informação é a base de um trabalho de conscientização ambiental, e que visa

à mudança de postura por parte da população alvo;

Utilização de uma abordagem demonstrativa, através da exposição dos materiais

necessários para a reciclagem e de sua preparação “in loco”. Essa abordagem facilita a

assimilação da receita por parte dos interessados, além de permitir o esclarecimento sobre o

seu processo no momento do preparo, dirimindo as possíveis dúvidas a esse respeito;

Utilização de uma abordagem esclarecedora, por meio da divulgação dos impactos

negativos ao meio ambiente ocasionado pelo descarte inadequado do óleo. É importante

abordar sobre suas implicações ambientais, pois a partir daí realmente se faz cumprir com o

papel da educação ambiental que é o de informar e conscientizar;

70

Por fim, utilização de uma abordagem motivadora, por meio da exposição das

possibilidades de se obter uma renda extra através da reciclagem, ou no mínimo, uma

economia doméstica. Constatou-se o interesse de parte da população sobre o programa de

reciclagem, bem como a aceitabilidade na viabilidade do mesmo.

Figura 9 - Exposição dos materiais utilizados no processo de reciclagem

Fonte: autora, 2011

É importante destacar que a própria falta de estrutura básica existente na comunidade

é uma barreira significativa para o desenvolvimento de uma nova postura sustentável. Mas,

percebe-se que o potencial aspecto econômico da reciclagem, bem como a assessoria da

EMLUR para a viabilização desse processo, são indutores positivos na cadeia.

Além disso, foi oferecido à população local oficinas de bijuterias com materiais

recicláveis e trabalhos plásticos com garrafas PET. Em relação aos serviços de saúde pode-se

medir a pressão arterial, a altura e calcular o peso. Também foi oferecido serviços de higiene

bucal até cortes de cabelo, bem como um mutirão de varrição nas vias da comunidade pelos

agentes ambientais da EMLUR.

Finalizando a abertura da Semana do Meio Ambiente naquela comunidade, a

apresentação do grupo de percussão da EMLUR “Baticumlata”. Esse grupo é formado por

agentes ambientais da autarquia, que utilizam como instrumento de percussão materiais

encontrados no lixo, como tonéis, baldes e vidros.

É relevante destacar a primordial relação da entidade religiosa, representada pela

Paróquia Menino Jesus de Praga e a comunidade. Esse tipo de relação entre a igreja e o

71

Estado vem embasado pelo princípio da cooperação, pois ambos os entes estão a dispor da

vocação social e pessoal, visando promover melhores condições de vida à população.

A vida moderna induz a atitudes descartáveis, onde o imediatismo e a

individualidade sobrepõem-se como barreiras ao processo sustentável. Mas, as conquistas

ambientais nas últimas décadas colocam-se como estimuladores de que ensinar pelo exemplo

e através de mobilizações, na verdade, amplifica a força individual numa força global. O

governo, no ciclo de gestão pública, destaca-se como principal regulador de práticas sociais e

de promoção de bem estar à população.

A ação política na comunidade do Timbó retrata uma população carente, porém

extremamente receptiva ao conhecimento e ao aprendizado. Contou com a adesão de todas as

faixas etárias, desde crianças, adultos e idosos. O trabalho educativo promovido pela

autarquia envolveu todos os espectadores para um saber ecológico e sustentável. Os

educadores ambientais, diante da consciência da realidade social ali presente, enfatizaram os

potenciais aspectos econômicos do programa “não vai pelo ralo”, como forma de manter o

estímulo e a mudança de postura para um despertar ecológico.

Esse tipo de estratégia intersetorial é democratizadora, pois possibilita à abertura de

novos espaços de participação, a constituição de novos sujeitos, a inclusão de novos atores

sociais no processo de decisão política e de gestão dos espaços públicos. Portanto, a relação

homem/natureza se resolve de maneira mais eficaz com o âmbito de integração das diversas

políticas sociais.

6.1.1.2 Comunidade Porto João Tota – Bairro Alto do céu

O bairro Alto do céu é marcado por construções desordenadas e precárias, alta taxa

de desemprego e criminalidade, tendo um dos índices de desenvolvimento humano – IDH –

mais baixos da cidade e uma população de 14.187 habitantes (IBGE, 2000). O bairro Alto do

Céu ainda é dividido em algumas comunidades, como a Porto João Tota. Essa comunidade é

uma das cadastradas ao programa “não vai pelo ralo”.

Os formulários foram aplicados em oito moradores que fazem a reciclagem do óleo

em sabão, no mês de abril de 2012. Ela teve como finalidade obter a percepção dos pontos

positivos e negativos do programa de acordo com a visão dos recicladores da comunidade. A

seguir, a foto de uma das ruas da comunidade, onde observa-se a ausência de pavimentação e

a precariedade das moradias.

72

Figura 10: Comunidade Alto do Céu

Fonte: autora, 2012

A seguir, serão levantados os aspectos relevantes obtidos por meio da pesquisa em

questão.

Predominância do sexo feminino na atividade de reciclagem:

Dos 8 recicladores, 6 são do sexo feminino, devido a própria característica

complementar de renda que a atividade possui, bem como pelo traço artesanal existente no

processo. Ver abaixo no gráfico:

Gráfico 4: Sexo dos recicladores

73

Predominância de desempregados e aposentados:

A maioria, 5 recicladores, está desempregada e faz “bico” para sobreviver. Dentre as

atividades informais estão a de vendedora ambulante e de catadora de resíduo, como o

alumínio. Conforme o gráfico a seguir.

Gráfico 5: Ocupação profissional

Faixa etária diversificada:

O público pesquisado não possuía uma faixa etária específica, perpassando desde

reciclador de 27 anos até a faixa dos 60 anos. A atividade de produção do sabão não implica,

portanto, a uma idade limite, pois o processo é caseiro e rápido.

A maioria possui grau de escolaridade fundamental incompleto:

Metade dos recicladores possui o nível fundamental incompleto, portanto constatou-

se um nível baixo de escolaridade, retrato das comunidades carentes do País. Ver no gráfico a

seguir:

0

1

2

3

4

5 SEM ESCOLARIDADE

FUNDAMENTALINCOMPLETO

FUNDAMENTALCOMPLETO

ENSINO MÉDIOINCOMPLETO

ENSINO MÉDIO COMPLETO

Gráfico 6: Grau de escolaridade

74

Renda média de até 1 salário mínimo:

Diante da falta de escolaridade, apenas 37,5% dos entrevistados ganham pelo menos

1 salário mínimo. Os outros 62,5% ganham até 1 salário por mês, tendo como fonte de renda a

informalidade. Verificar no gráfico a seguir.

0

1

2

3

4

5

6

ATÉ 1 SALÁRIO MÍN.

1 SALÁRIO MÍN.

Gráfico 7: Renda mensal

Grande parte produz o sabão há mais de 1 ano:

Quanto ao período que exercem essa atividade de reciclagem do óleo, 75%

responderam que o fazem há mais de 1 ano. Havendo um empate das respostas 1 a 2 anos,

bem como de 2 a 3 anos. Abaixo, o gráfico 8 demonstra o tempo que os entrevistados já

reciclam esse resíduo:

Gráfico 8: Tempo de reciclagem

Ressalta-se que não há uma continuidade regular durante o período, conforme um

dos entrevistados: “Eu faço o sabão quando dá. Tem mês que tem pouco óleo, além disso, a

75

gente tem dificuldade pra trazer o óleo para cá. Tem que depende de um carro do rapaz lá de

cima que também faz". Essa dificuldade de transporte do resíduo constitui, portanto, um

aspecto negativo no desenvolvimento regular do processo frente a esses atores.

Para a maioria a venda do sabão tem muita importância:

Para 62,5% dos recicladores, a renda extra obtida por meio da economia doméstica e

da venda do sabão possui muita importância, conforme o gráfico a seguir.

Gráfico 9: Importância da venda do sabão

Cada unidade do sabão é vendida a R$ 0,50 quando é comercializada casa a casa

dentro da comunidade. Quando ocorre para outras comunidades é vendida a R$ 0,70 a

unidade. “Eu tiro por mês uns R$ 27,00. Pra gente que ganha pouco é uma ajuda na compra

da comida. Só não faço mais porque o óleo acaba e aí não tem como fabricar”, disse uma das

entrevistadas. Apesar do pequeno lucro mensal, mas diante da baixa renda familiar, a venda

do sabão constitui uma fonte de complemento de renda para os recicladores desta

comunidade. Além disso, há um interesse em reciclar mais do que a demanda de resíduo

repassada.

A maioria já participou de algum treinamento ofertado pela EMLUR:

Visando verificar o índice de participação do grupo nos treinamentos ofertados pela

EMLUR, foi perguntado se eles já haviam frequentado os cursos de reciclagem desenvolvidos

pelo programa. 75% responderam que sim, tendo apenas como negativa de respostas os 25%

restantes. Ver gráfico abaixo:

76

Gráfico 10: Participação em treinamentos da EMLUR

Predominância de nota ótima para o treinamento do programa:

Dentre os 6 que responderam que já haviam frequentado algum curso ofertado pelo

programa, houve predominância de nota “ótima” para o nível do treinamento. Tendo ainda

nota “boa” por parte de aproximadamente 33% dos entrevistados, como demonstra o gráfico a

seguir.

Gráfico 11: Nota de avaliação dos treinamentos

A maioria dos recicladores possui conhecimento do impacto causado pela destinação

incorreta do resíduo;

75% dos recicladores possuem conhecimento dos malefícios que o despejo incorreto

do resíduo produz ao meio ambiente. Como se observa no gráfico abaixo:

77

Gráfico 12: Conhecimento dos impactos causados pela destinação incorreta do óleo

Diante do pesquisado nas comunidades do Timbó e Alto do Céu, percebe-se a

importância do trabalho desenvolvido pela autarquia municipal de limpeza urbana, a EMLUR.

Pois, através dessas atividades de aprendizagens ampliam-se as intervenções de

conhecimentos em localidades carentes, onde se predominam a exclusão e a falta de

oportunidade a novas perspectivas.

78

6.1.2 Educação Ambiental : EMLUR

A EMLUR desenvolve suas ações e campanhas ambientais por meio do

departamento de valorização e recuperação de resíduos sólidos, coordenado através da

Divisão de educação ambiental. São realizadas tanto ações sazonais, a exemplo da campanha

“cidade limpeza verão beleza”, quanto ações contínuas. As ações pontuais são recorrentes

naquelas atividades atípicas, que se tornam mais evidentes em determinados períodos, a

exemplo do verão.

Já a utilização de uma abordagem contínua, como a que acontece no programa

Acordo Verde, age como um facilitador na comunicação entre o público alvo e os agentes

ambientais, atuando de maneira mais próxima com a sociedade local. Esse programa teve

início no ano de 2007 e tem como finalidade ampliar a coleta seletiva na capital. O acordo

verde é uma parceria de coleta entre os moradores e a EMLUR, possui índices de

aceitabilidade, acima dos 90%, e tornou-se numa referência de ação ambiental. A

operacionalidade do programa é simples e desenvolvida a partir da atuação porta a porta dos

agentes ambientais, a fim de disseminar a importância de participar da coleta, sua

metodologia e os dias do recolhimento. A partir daí, firma-se um acordo simbólico entre os

dois atores, tendo como responsabilidade por parte dos moradores a separação dos resíduos

nos sacos distribuídos pela autarquia (SOARES, 2010, p.82). Esse tipo de troca aumenta a

probabilidade de fidelização ao programa, pois firma uma relação de confiança entre os

envolvidos. Abaixo, as campanhas desenvolvidas pela autarquia:

Santo de Casa faz Milagre: Direcionada para as escolas públicas e privadas da capital,

através da realização de palestras de conscientização e de preservação ambiental;

Coleta Alternativa: É uma ação de coleta de lixo naquelas comunidades onde não

passa o carro compactador da EMLUR, ou seja, aquelas de difícil acesso;

Cidade Limpeza, Verão Beleza: Campanha sazonal realizada nas praias, no verão, e

tem como finalidade distribuir panfletos e sacolas biodegradáveis de câmbio de carro para a

contenção dos resíduos.

Meu Bairro é Limpeza: projeto desenvolvido nos bairros da capital por meio da

atuação do Departamento de |Remoção de Resíduos, Varrição e Coleta (DEVAC) e do

Departamento de Valorização e Recuperação de Resíduos Sólidos (DEVAR). O primeiro

Departamento oferece serviços de varrição, roço, capinação e pintura e o segundo realiza

ações de cunho ambiental.

Usina de Beneficiamento de Resíduos: Voltada para o setor da construção civil, coleta

os entulhos de obras e promove a sua reutilização em novas construções civis da capital.

79

Coleta Seletiva e Acordo Verde: Metodologia de coleta embasada no compromisso de

coleta de resíduos entre os moradores e os agentes ambientais da EMLUR;

Sabão Ecológico: Programa voltado para a coleta do óleo vegetal utilizado e seu

repasse para as comunidades carentes da capital, a fim de proferir a sua reciclagem em sabão.

Limpeza de Rios: Ação voltada para as comunidades ribeirinhas, onde ocorre varrição,

roço, capinação e até limpeza em rios por meio da equipe aquática da autarquia;

Oficina de Reciclagem e Reaproveitamento: Desenvolvida por meio da oficina de

artes da EMLUR, tem como objetivo demonstrar a transformação do resíduo em uma obra de

arte e decoração. O trabalho da oficina de artes incentiva o reaproveitamento dos materiais,

como o plástico e o metal, em peças e esculturas. Os artesãos tanto ministram atividades

externas, em comunidades, empresas, órgãos públicos, eventos e instituições de ensino, como

também recebem visitantes dentro do seu espaço de artes no Departamento de valorização e

recuperação de resíduos sólidos.

Outra ação ambiental de ordem contínua é a realizada através do programa “não vai

pelo ralo”, como a que ocorre na Praça de alimentação de Tambaú, antiga feirinha. Desde

2011, a autarquia recolhe o resíduo nos depósitos de 200 litros que foram por ela cedidos.

Além disso, é realizada constantemente a capacitação dos comerciantes e a promoção de

palestras sobre reciclagem e coleta seletiva, a fim de proporcionar uma vida longa a essa ação

de coleta. O próximo quadro demonstra as metodologias desenvolvidas nas ações ambientais

da EMLUR, seus objetivos, os programas relacionados e o público-alvo a ser atingido.

80

METODOLOGIA

PÚBLICO ALVO

PROGRAMAS

RELACIONADOS

OBJETIVO

PALESTRAS

Estabelecimentos de ensino;

Empresas Privadas;

Feiras e Congressos

Moradores

- Santo de Casa faz Milagre

-Meu bairro é limpeza

As palestras visam a explanação dos

temas relacionados com os conceitos

dos 3 Rs - reduzir, reutilizar e reciclar

TEATRO DE

BONECOS

Estabelecimentos de ensino

-Meu bairro é limpeza

Transmitir, através de uma abordagem

lúdica, a disseminação da educação

ambiental. Além disso, o grupo de

teatro possui um mascote, o Limpinho

da Silva, visando uma maior interação e

comunicação com os espectadores.

OFICINAS DE

TREINAMENTO

Comunidades;

Estabelecimentos de ensino

-Não vai pelo ralo;

-Oficina de reciclagem e

reaproveitamento

Desenvolver cursos de

reaproveitamento dos resíduos sólidos

(vidro, papel, plástico, metal),

ensinando a população a transformar

lixo em peças de decoração com muita

criatividade

EXPOSIÇÕES

Eventos; Feiras e

Congressos

- Não vai pelo ralo;

-Oficina de reciclagem e

reaproveitamento

Demonstrar, por meio da exposição,

trabalhos da oficina de artes e do

programa do sabão ecológico. Através

disso, objetiva-se sensibilizar os

participantes sobre a reciclagem de

materiais.

AMOSTRAGENS

Comunidades;

População em geral

-Não vai pelo ralo

Distribuir a amostra do sabão ecológico,

visando o descarte adequado do resíduo.

Tem como objetivo incentivar o seu

reaproveitamento e diminuir o impacto

negativo causado nos solos e nos rios.

PERCUSSÃO

(BATICUMLATA)

Comunidades;

Estabelecimentos de ensino

-Não vai pelo ralo

Promover apresentações musicais nos

eventos da Emlur. O grupo, formado

por agentes da autarquia, utiliza

materiais de trabalho, a exemplo de

vassouras, baldes e latas como

instrumentos de percussão.

PANFLETAGEM

População em geral -Acordo verde

-Cidade Limpeza, Verão

Beleza

-Meu bairro é limpeza

Distribuir panfletos informativos sobre

ações da EMLUR para a população em

geral.

Quadro 5: Ações ambientais desenvolvidas pela EMLUR

Fonte: EMLUR, 2012

81

6.1.3 Estabelecimentos alimentares

A aplicação das entrevistas junto aos estabelecimentos alimentares teve como

finalidade avaliar a repercussão da divulgação do programa frente a esses atores. As

entrevistas nos estabelecimentos alimentares foram aplicadas nos meses de maio a julho de

2012. A amostra proposta totalizou em 48 estabelecimentos, porém ressalta-se que quatro

gerentes/responsáveis não foram entrevistados, ou por recusa, ou devido a sua ausência por

mais de três procuras durante a pesquisa in loco. O bairro de Manaíra possuía a maior

amostra, com 50% dos entrevistados. A própria característica do bairro justifica essa

tendência, sendo o mais populoso e de maior extensão dentre os pesquisados. Portanto, dos 48

estabelecimentos pesquisados, 24 eram do bairro de Manaíra, 12 do bairro de Tambaú, 7 do

bairro do Bessa e 5 do bairro do Cabo Branco, conforme se observar no gráfico a seguir:

BESSA 7

MANAÍRA 24

TAMBAÚ 12

CABO BRANCO 5

Gráfico 13 – Distribuição dos estabelecimentos entrevistados, por bairros

Fonte: autora, 2012

Ressalta-se que o tamanho do estabelecimento por si só não implica necessariamente

um indicador do quantitativo de consumo do resíduo. É importante verificar o tipo de

alimento que é preparado, se exige mais fritura, mais consumo de gordura. Por conseguinte, é

primordial levar em consideração para esse aspecto, o tipo de alimento preparado, ou seja, seu

ramo gastronômico.

Grande parte dos estabelecimentos usa a gordura hidrogenada na fritura, pois suporta

elevadas temperaturas e grandes quantidades de alimentos durante vários processos. A

hidrogenação é um processo que promove o endurecimento do óleo através da colocação do

átomo de hidrogênio nos pontos de instauração nos ácidos graxos (ANVISA, 2012).

A quantidade de utilização desse resíduo por quinzena resultou no gráfico abaixo,

sendo que doze estabelecimentos dentre os entrevistados utilizam entre 15 e 30 litros. Em

82

seguida, firmam-se nove estabelecimentos produtores de mais de sessenta litros de

óleo/quinzena.

Gráfico 14 – litros de óleo recolhidos por quinzena

Fonte: autora, 2012

Entende-se que esse setor é de fundamental importância para o eficaz

desenvolvimento do programa, devido à maior quantidade de óleo utilizada pelos mesmos. A

partir disso, a primeira pergunta feita aos entrevistados foi se eles conheciam o programa “não

vai pelo ralo”. Constatou-se o desconhecimento da existência do programa “não vai pelo ralo”

por aproximadamente 86% dos gerentes, como pode se observar no gráfico do percentual a

seguir:

Gráfico 15– percentual de estabelecimentos conhecedores do programa

Fonte: autora, 2012

Dos seis que conhecem o programa, três são cadastrados e dois são ex-parceiros da

autarquia e se desvincularam da mesma devido à falta de periodicidade e de qualidade do

serviço prestado. Ou seja, somente 9,09% dos bares e restaurantes pesquisados recolhem junto

com o programa. Inclusive, um deles enfatizou que chegou a ameaçar o despejo do resíduo

em local inapropriado caso a coleta não fosse cumprida no prazo estipulado. A propósito duas

frases obtidas por parte de outro gerente durante as entrevistas merecem destaque: “A

83

EMLUR não cumpria com os prazos de recolhimento, além disso, eles queriam que o pessoal

da cozinha fizesse a coa do resíduo.” Como também: “Havia queixas dos funcionários sobre a

sujeira deixada após a coleta do óleo”. Portanto, não havia uma satisfação por parte desses

gerentes quanto ao serviço prestado, na época, pelo programa “não vai pelo ralo”. De acordo

com o manual de saneamento da FUNASA de 2007, é primordial manter a regularidade do

serviço, pois ela serve de exemplo e estímulo para que os envolvidos na coleta colaborem

com o recolhimento.

Ainda sobre o grau de conhecimento, observou-se que a maioria dos gerentes não

tinha segurança sobre esse assunto. Diante disso, muitos se reportavam à equipe da cozinha

do estabelecimento, notando certa delegação dessa atividade.

A fim de verificar a abordagem de divulgação remetida aos bares e restaurantes, foi

perguntado para aqueles que responderam “sim” como eles tomaram conhecimento do

programa. Dos seis entrevistados que conheciam o programa, cinco responderam que foi por

meio da mídia e um não soube especificar. Portanto, as respostas foram ao encontro da

abordagem de publicidade priorizada pela gestão do programa, a mídia. Observou-se que

nenhum gerente respondeu que foi por meio de divulgação in loco, detectando uma

fragilidade em sua divulgação sobre esse aspecto, conforme gráfico abaixo:

Gráfico 16 – meios de conhecimento do programa

Fonte: autora, 2012

Entende-se que a divulgação por meio da mídia é uma importante ferramenta de

disseminação do programa, porém não deve ser a única. É importante utilizar a presença dos

agentes ambientais porta a porta nos estabelecimentos, pois assim, o programa poderá ser

mais explanado e especificado. Esse tipo de abordagem pode ser denominado uma venda

pessoal de serviço. Para Las Casas (1987), ela é uma das mais eficientes ferramentas de

comunicação em marketing e se baseia principalmente na adaptação da mensagem de acordo

com a necessidade da situação.

Por conseguinte, tornou-se importante verificar se a destinação final dada ao resíduo

pelos restaurantes e bares que não cadastrados. Aproximadamente 91% promovem a coleta

por outro meio, como a reutilização, a destinação para empresas específicas de coleta ou a

recicladores de comunidades, conforme o gráfico a seguir:

84

Gráfico 17 – destinações dos resíduos por parte dos estabelecimentos não cadastrados

Fonte: autora, 2012

Portanto, as empresas de coleta abarcam aproximadamente 63,63% de seu

recolhimento. Ademais, obteve-se como resposta de quatro dos entrevistados a “reutilização”.

O gerente de um desses estabelecimentos que reutilizam o óleo revelou que o usa na

combustão do forno a lenha. “o óleo utilizado aqui na pizzaria é pouco, pois ela não precisa

dessa demanda. Antigamente o dono, que é químico, fazia o sabão. Hoje, nós utilizamos o

resíduo no forno para melhorar a queima da madeira. Muitas vezes ela fica molhada e demora

em queimar, a gente joga o óleo por cima e ele ajuda a acender”.

A partir disso, diante do grande percentual de estabelecimentos que coletam o

resíduo junto a empresas particulares de coleta, verificou-se a importância de detectar a

estratégia utilizada por elas no processo de abordagem do serviço. Apenas 14,28% dos

entrevistados responderam não saber como começou a coleta com essas empresas, mas 75%

revelaram que foi por meio da abordagem pessoal dos responsáveis pela empresa coletora. Ou

seja, houve o oferecimento do serviço porta a porta. O restante dos entrevistados, 10,71%

responderam que tomaram conhecimento das empresas através de conhecidos, conforme o

disposto no gráfico 19. Verificou-se a importância da abordagem in loco, pois através dela as

empresas apresentaram o serviço e se ofereceram para recolher o resíduo.

Gráfico 18 – Meios de divulgação utilizadas pelas empresas coletoras

Fonte: autora, 2012

85

Diante disso, foi perguntado aos gerentes se alguém da EMLUR havia visitado o

local e explanado sobre o serviço de coleta do óleo. Surpreendentemente todos responderam

que “não”, ou seja, que nunca havia tido uma divulgação in loco do programa de coleta.

Dentre os estabelecimentos que recolhem através de empresas, dois eram parceiros e

cadastrados ao programa de coleta da EMLUR. Os gerentes creditaram a escolha pela troca do

prestador à qualidade e ao cumprimento do serviço prestado. De acordo com a fala do gerente

de um desses estabelecimentos: “Hoje não temos preocupação com a coleta, pois os

calendários de recolhimento são cumpridos. A empresa é extremamente profissional".

Portanto, havia descontentamento por parte desse gerente do serviço de coleta do óleo que era

oferecido pelo programa.

Notou-se que mais do que um aumento da conscientização ambiental por parte dos

gestores alimentares, a coleta é uma alternativa de se “livrar” do resíduo. Portanto, na visão de

alguns entrevistados a coleta do material possui somente caráter operacional. A partir disso,

tornou-se importante verificar, daqueles que destinam o resíduo para empresas coletoras,

quantos o comercializam, conforme gráfico abaixo:

Gráfico 19 – Estabelecimentos que comercializam o resíduo

Fonte: autora, 2012

Portanto, dos vinte e oito estabelecimentos que recolhem por meio de empresas

coletoras, a grande parte não vende o resíduo, o que caracteriza um aspecto favorável, pois se

supõe que o maior estímulo para o repasse do resíduo não é a contrapartida financeira ou por

meio de material de limpeza. Inclusive, dois restaurantes da amostra que antes faziam a venda

do óleo para uma empresa, hoje, repassam o material para recicladores. Dentre aqueles que

recebem uma contrapartida, aproximadamente 82,4% é através de dinheiro por cada litro

entregue e 17,6% se da por meio de material de limpeza.

A fim de verificar o grau de conhecimento das consequências causadas pela

destinação incorreta do resíduo, foram perguntados aos gerentes quais impactos essa ação

86

poderia ocasionar. Aproximadamente 52,29% dos gerentes responderam que o óleo causa a

contaminação e poluição das águas. Percebeu-se essa percepção como o maior número de

respostas devido à própria concepção de insolubilidade do óleo no meio aquoso, abaixo a

distribuição em percentual das respostas recebidas pelos entrevistados.

Gráfico 20 – Percepção dos impactos causados pela destinação incorreta do resíduo

Fonte: autora, 2012

Verificou-se, um percentual de 27,27% de respostas “não sei” por parte dos

entrevistados. Isso se deve a própria característica da entrevista aberta, sem alternativas

múltiplas escolhas, demonstrando um relevante desconhecimento dos gerentes sobre a

consequência do descarte incorreto do resíduo. O terceiro impacto mais respondido foi a

obstrução que provoca nos encanamentos, com 15,90%.

Quarenta e um estabelecimentos pesquisados não possuíam certificação ambiental.

Percebeu-se a falta de conhecimento sobre o assunto, fruto de uma carência de investimentos

em capacitações e cursos específicos sobre normas ambientais. Dentre os três gestores que

afirmaram possuir certificação, um deles é o restaurante de um hotel enquadrado como “trevo

verde”, obtido somente por hotéis sustentáveis.

6.1.4 População em geral

Ocorre pouca divulgação “corpo a corpo” do programa, ou seja, aquela feita por

meio da divulgação de panfletos. De acordo com a Diretora Carol Estrela essa estratégia é

pouco eficiente, pois as pessoas recebem o panfleto, mas ele não o chama a atenção. Portanto,

de acordo com ela, a maneira mais receptiva na divulgação é através de campanhas nas

comunidades, por meio da Estação de Serviços e através do preparo in loco do sabão, como

também por meio da entrega da amostra do sabão ecológico.

87

Diante disso, a maioria das campanhas de publicidades ocorre através dos meios de

comunicação de massa (rádio, televisão e jornal). A partir da utilização desse instrumento de

disseminação consegue-se atingir um maior número de receptores.

88

6.2 ESTRUTURA FÍSICA

O Departamento de Valorização e Recuperação de Resíduos Sólidos (DEVAR) é

responsável pelo desenvolvimento das atividades de educação ambiental e coleta seletiva da

EMLUR. Ele desenvolve suas atividades por meio de palestras, oficinas e capacitações para a

população em geral, empresas privadas e públicas e nas comunidades carentes da capital.

Com relação à infraestrutura empregada o departamento possui:

Diretoria:

Tem como finalidade, dentre outras, proceder a despachos, entrevistas e reuniões com atores

externos;

Sala de apoio operacional:

Destinada aos funcionários, onde são desenvolvidas as reuniões de execução, serviços

burocráticos e de expedição, bem como atividades de coordenação das operações em

andamento, agendamento de palestras, secretaria e terminais de computadores para consultas

e pesquisas.

Despensa:

Destinada à guarda de materiais de escritório, limpeza, produtos reciclados de divulgação,

equipamentos de segurança e de apoio;

Área de Serviço:

Área externa ao núcleo reservada para o acondicionamento dos depósitos de óleos recolhidos

até que sejam destinados às comunidades, conforme foto a seguir:

89

Figura 11 - Área de acondicionamento do resíduo

Fonte: autora, 2012

Diante do observado, o lugar reservado para o armazenamento temporário do resíduo

não é o ideal, pois expõem os depósitos a sol e chuva. Os óleos podem se deteriorar diante de

altas temperaturas, ou quando acondicionados por um extenso período, por isso recomenda-se

guardá-lo em um local protegido.

Não há um levantamento diário da quantidade de resíduo armazenada. Esse

procedimento de controle de entrada e saída é importante para disponibilizar aos recicladores

das comunidades a quantidade de litros em estoque, além de viabilizar a utilização do resíduo

conforme a ordem de chegada.

Núcleo de Educação Ambiental:

O Departamento possui um amplo espaço para a confecção de produtos reciclados

pelos artesãos da autarquia, como a produção de bijuterias, adereços de carnaval, a partir de

latas, lacres e garrafas PET. Direta e indiretamente existem 15 funcionários envolvidos, sendo

uma equipe multidisciplinar formada em sua maioria por estagiários do curso de engenharia

ambiental, bem como por pedagogos e psicólogos. Esse grupo multidisciplinar é importante,

pois proporciona a troca de saberes, uma vez que a especialização tende a verticularizar o

conhecimento e a dificultar a aceitabilidade de novas experiências.

A estrutura organizacional do departamento é simples, envolvendo como cargos

principais de controle a Diretoria e a Coordenação. Não existe uma segregação das atividades

administrativas e operacionais, inclusive transcrevem-se as palavras da própria diretora “Aqui

90

cada um faz de tudo um pouco”. Verificou-se a motivação da equipe e a vontade de realmente

desempenhar um bom processo, mas constataram-se as limitações estruturais nesse sentido.

Figura 12 - Núcleo de Educação Ambiental

Fonte: autora, 2012

Além dos produtos descritos acima, o ambiente é utilizado para a fabricação dos

sabões ecológicos. Eles são utilizados como amostras de divulgação nas diversas campanhas

do programa.

Na figura 13, ao lado, observa-se a

homogeneização dos materiais utilizados no

processo de reciclagem do óleo em sabão, pelos

agentes ambientais da autarquia, para utilização

em uma de suas campanhas de divulgação.

Figura 13 – Homogeneização dos materiais

Fonte: autora, 2012

91

Durante essa preparação foi utilizada como

forma de acondicionamento do composto, em

formato experimental, às formas usadas para a

fabricação de gelo caseiro, conforme pode se

observar na figura 14, ao lado.

Figura14 – Formas para acondicionamento do composto

Fonte: autora, 2012

Essas formas proporcionam um maior rendimento da receita, pois possuem menor

largura, sendo mais adequadas para a produção do produto em formato de amostra. Abaixo,

na figura 15, verifica-se o despejo do composto, o último passo da reciclagem.

Figura 15 - Acondicionamento do composto

Fonte: autora, 2012

O processo de reciclagem do óleo em sabão é relativamente simples, exigindo apenas

o uso de equipamentos de segurança, como luvas, calçados fechados, óculos de proteção e

máscara. Verifica-se que na figura 15 a agente ambiental não utiliza todos os equipamentos

citados, como os óculos e os calçados fechados. Ao decorrer da pesquisa, a partir de uma

conversa informal, a própria recicladora da figura declarou que já sofreu um grave acidente no

92

processo de reciclagem devido o contato direto da soda cáustica com seu olho. De acordo com

ela, sua visão ficou temporariamente prejudicada.

Ressalta-se que a despensa do departamento continha os óculos de proteção, mas o

mesmo não foi utilizado por resistência da agente. Diante disso, verificou-se a ausência em

estoque de apenas um item, as botas, levando em consideração que a não utilização do outro

equipamento foi de livre arbítrio da recicladora.

Nesse sentido, tornou-se pertinente questionar o porquê da não utilização dos óculos

protetores. A agente declarou que o mesmo a incomodava, pois era grande demais. Mesmo

sabendo dos riscos, verificou-se a postura incorreta, movida pelo “excesso de confiança” da

recicladora.

Outra ação errônea da recicladora foi o manejo dos depósitos sem a utilização de

luvas, durante um período do processo de reciclagem, conforme se observa na figura 14, a

seguir. O hidróxido de sódio, mais conhecido como soda cáustica, é altamente corrosivo. Em

contato com a pele e os olhos pode causar de sérias feridas até a perda permanentemente da

visão. Inclusive, a única recomendação posterior ao preparo do sabão é a sua utilização

somente após as primeiras 48 horas.

Figura 16 – Manuseio inadequado durante o processo de reciclagem

Fonte: autora, 2012

93

A partir daí, a fim de levantar os custos despendidos com a compra dos

equipamentos de proteção individual, procedeu-se uma pesquisa de mercado em abril de

2012, tendo como média os seguintes resultados:

Óculos de segurança para proteção – lente incolor: R$ 2,70

Respirador purificador de ar: R$ 0,89

Luva de proteção em borracha nitrílica: R$ 19,00

Botas em PVC: R$ 18,20

respirador purificador de ar óculos de segurança para proteção

– lente incolor

Luva de proteção em borracha nitrílica Botas em PVC

Figura 17 – Equipamentos de segurança individual

Fonte: EPI Brasil, 2012

94

Os óculos de segurança são utilizados para proteção dos olhos contra contato direto

da soda cáustica. Para proteção contra a inalação do reagente químico, principalmente no

momento da mistura da soda cáustica na água deve-se utilizar a máscara purificadora de ar. É

primordial a utilização de luvas de PVC, borracha, neoprene ou nitrílica, como forma de

proteger possíveis respingos durante o preparo. Além disso, é recomendável a utilização de

vestimentas compridas e calçados fechados, como botas.

95

6.3 ESTRUTURAS OPERACIONAIS- VEÍCULOS COLETORES

Verificou-se um baixo nível de operacionalidade na execução do programa, tendo

como maior agravante a ausência de uma estrutura automotiva condizente. Na verdade,

detectou-se que esse fator constitui no maior “gargalo” do programa, visto que nesses quatro

anos a coleta do óleo não possui uma periodicidade. O veículo de transporte é alugado sobre

contrato determinado, acarretando por diversas vezes no comprometimento da qualidade do

serviço prestado. Adiante, o gráfico 22 demonstra a produção acumulada do ano de 2009.

Gráfico 21 – Produção acumulada de 2009

Fonte: EMLUR

As coletas efetuadas começaram a ser quantificadas e monitoradas a partir de 2009.

Porém, no primeiro semestre deste ano foi priorizado o trabalho de divulgação e os cursos de

educação ambiental em escolas, faculdades e comunidades da capital. Verifica-se a ausência

total de recolhimento no mês de maio, bem como no mês de dezembro.

Numa conversa informal com um dos motoristas que já efetuou coleta no programa

em questão, a ausência de um carro permanente constitui a maior dificuldade na promoção do

programa: “A gente tem vontade de fazer, mas a falta de estrutura é grande. Não existe um

veículo próprio e quando o contrato termina a coleta é feita até por esse veículo gol”. “Não é

96

apropriado, suja o banco com o óleo e acaba não recolhendo o devido, pois o carro é

pequeno.”

De acordo com a Diretora do DEVAR, o veículo é utilizado tanto para a coleta do

resíduo (nas terças e quintas) no período diurno, como também para a divulgação do

programa. Diante disso, há períodos de não coleta pela falta do mesmo, ou por estar quebrado,

em manutenção ou por estar sendo utilizado em outras atividades da autarquia Abaixo, a

produção acumulada de 2010.

Gráfico 22 – Produção acumulada de 2010

Fonte: EMLUR

Em 2010, verifica-se uma maior uniformidade na coleta do resíduo. Destacando-se a

diminuição da produção nos meses de março, abril, novembro e dezembro também devido à

ausência de veículo adequado de coleta, de acordo com a Diretora desse período, Elma

Xavier. Portanto, o problema de transporte acaba comprometendo o cumprimento da coleta,

prejudicando os atores envolvidos ao programa.

Muitas vezes, o número de credenciados não implica o bom funcionamento de um

programa de coleta, pois a lacuna na periodicidade do recolhimento no período

predeterminado implica na falha do cumprimento do acordo, como também na quebra da

parceria e da confiança mútua, adiante o gráfico 24 da produção acumulada do ano de 2011, a

partir de dados fornecidos pela EMLUR.

97

Gráfico 23 – Produção acumulada de 2011

Fonte: EMLUR

Outro ponto a ser observado é o comprometimento na coleta em uma das estações de

maior produção do resíduo, o verão. Agravada pelo término do contrato do veículo do ano

anterior e pela demora na renovação do contrato do transporte para o novo ano.

Com o intuito de verificar o nível de cadastro de estabelecimentos alimentares

durante esses anos, elaborou-se o gráfico 25, a seguir, a partir de informações fornecidas pelo

coordenador do programa.

0

5

10

15

20

25

30

2008 2009 2010 2011

NOVAS ADESÕES

Gráfico 24 – Novas adesões de estabelecimentos no programa

Fonte: EMLUR

98

Conforme o gráfico, o número de novas adesões de estabelecimentos alimentares ao

programa sofreu uma considerável queda do ano de 2008 para 2009, indo de iniciais 13 novos

cadastros para 4 no ano seguinte.

Entretanto, em 2010 e 2011, o programa firmou respectivamente, 19 e 27 cadastros

com bares e restaurantes da cidade. Devendo-se tal fato à parceria firmada, a partir de 2010,

com a Secretaria do Meio Ambiente do Município (SEMAM) que condiciona a emissão da

licença ambiental, a comprovação, por meio de uma declaração, de que o estabelecimento esta

dando um descarte correto ao resíduo. A licença ambiental é um procedimento administrativo,

estabelecido Lei Federal 6.938/81, no qual o órgão competente, a SEMAM, emite a licença

para aqueles empreendimentos e atividades potencialmente poluidoras. Ela pode ser dividida

em quatro licenças: a Licença Prévia - LP, Licença de Instalação- LI, Licença de Operação -

LO e Licença de Localização- LL. A Prévia é observada na fase do planejamento do

empreendimento e visa a adequação da sua localização, ratificando a sua viabilidade

ambiental conforme o zoneamento ambiental do município. A de Instalação declara as

adaptações necessárias ao projeto, podendo ser autorizada, a partir daí, o início de sua

construção. A Licença de Operação é a última etapa, onde verifica-se sua adequação legal

após a sua construção. Tem validade de dois anos e poder ser renovada, por meio de pedido,

em até cento e vinte dias antes de sua expiração.

Art. 54. A Secretaria Municipal de Meio Ambiente, no exercício de sua competência

de controle ambiental, expedirá os seguintes atos licenciadores:

I – Licença de Localização (LL) requerida pelo proponente do empreendimento ou

atividade, para verificação de adequação aos critérios do zoneamento ambiental do

Município;

II – Licença Prévia (LP) concedida na fase preliminar do planejamento do

empreendimento ou atividade, aprova sua localização e concepção, atestando a

viabilidade ambiental e estabelecendo os requisitos básicos e condicionantes a serem

atendidos nas fases subseqüentes de sua implementação;

III – Licença de Instalação (LI) autoriza a instalação do empreendimento ou

atividade de acordo com as especificações constantes dos planos, programas e

projetos aprovados, incluídas as medidas de controle ambiental e demais

condicionantes;

IV – Licença de Operação (LO) autoriza a operação da atividade ou

empreendimento após a verificação do efetivo cumprimento do que consta das

licenças anteriores, com a estrita observância das medidas de controle ambiental e

dos condicionantes determinados para a operação e Licença de Ampliação (LA)

requerida pelo proponente do empreendimento ou atividade mediante apresentação

do projeto competente e do EIA/RIMA, quando exigido (Código Municipal do Meio

Ambiente de João Pessoa, LC 029/2002).

99

Para obter a licença, o interessado deve reunir a documentação necessária e entrar

com o processo junto a Secretaria Municipal do Meio Ambiente de João Pessoa. Dentre os

documentos necessários destacam-se: CNPJ da pessoa jurídica; cópia da licença ambiental

anterior, se houver; declaração da Prefeitura de que o estabelecimento se enquadra com a lei e

declaração de que o estabelecimento esta dando um destino adequado aos seus resíduos. A

par da documentação, o órgão competente irá proceder a sua vistoria e emitir o parecer

técnico. Estando tudo de acordo, o parecer será deferido e o órgão emitirá a referida licença.

Por fim, objetivando validar todo o procedimento, será dada publicidade a licença em jornal

de grande circulação. A comprovação de que o estabelecimento esta dando uma destinação

correta a seus resíduos dar-se-á através da declaração emitida pela EMLUR, por uma empresa

de recolhimento ou outra que comprove a destinação adequada do resíduo. Além disso,

periodicamente deve-se avaliar a empresa coletora de resíduos a fim de verificar sua

autorização de atividade.

Portanto, como se observa no gráfico da produção acumulada dos últimos anos, bem

como levando em consideração os depoimentos dos estabelecimentos parceiros e ex-parceiros

da coleta, verifica-se uma postura contraditória por parte da administração. O aumento de

bares e restaurantes cadastrados impulsionados pela obrigatoriedade imposta não reflete um

progresso do programa, mas sim um maior impacto negativo, devido à falha estrutural e

operacional existente no serviço de coleta.

100

6.4 PONTOS DE COLETA – SUPERMERCADOS

O programa “não vai pelo ralo” possui 13 pontos de coleta, sendo cinco núcleos

espalhados por bairros da capital, cinco supermercados, o Instituto Federal da Paraíba, a

EMLUR e a subprefeitura.

Com o propósito de verificar as condições de uso e a adequabilidade dos pontos de

entrega voluntária do programa, foi realizada uma pesquisa observatória nos PEV´s dos cinco

supermercados que compõem os postos de coleta. Ressalta-se a relevância desses

estabelecimentos para a promoção da coleta pela visibilidade, bem como pelo fluxo

diversificado de pessoas. Abaixo, o quadro referente à distribuição dos PEV´s.

Postos de Coleta

HIPER BR

PÃO DE AÇÚCAR

Extra

Núcleos de Coleta:

Bessa

Cabo Branco

JD Treze de Maio

JD CID Universitária

Mangabeira

Emlur

IFPB

Subprefeitura

Carrefour

Quadro 6: Postos de coleta

Fonte: EMLUR

A pesquisa de campo se iniciou no dia doze de abril de 2012, a partir da observação

in loco do primeiro supermercado. Após a procura dos PEV´s na entrada do estabelecimento,

101

foi procedida uma abordagem informal a um funcionário do estabelecimento a fim de

esclarecer a localização do ponto de coleta do óleo de cozinha. O mesmo respondeu que não

existia a coleta do referido resíduo, tendo a informação ratificada por outro funcionário do

refeitório do supermercado. Entretanto, após mais uma breve procura pelo estacionamento, o

PEV foi localizado. Porém, a localização do mesmo, no subsolo do supermercado, dificulta

sua visualização devido a pouca iluminação do local, conforme se observa na foto abaixo:

Figura 18 – Modelo de ponto de entrega voluntário

Fonte: autora, 2012

Outro ponto a ser levantado é o fato do refeitório do próprio supermercado não fazer

a coleta do óleo, conforme informação obtida por um funcionário da cozinha. De acordo com

o mesmo, a única coleta realizada é de papel, metal e plástico que é realizada por uma

empresa de reciclagem terceirizada do Recife.

O segundo supermercado visitado foi o único a possuir os PEV´s mais adequados,

conforme o manual do programa de reciclagem de óleo de fritura da SABESP, conforme se

observa na figura abaixo:

102

Figura 19 – PEV´s em uma estação de reciclagem

Fonte: autora, 2012

De acordo com o manual do programa de reciclagem de óleo de fritura da Empresa

de Saneamento Básico do Estado de São Paulo – SABESP, é recomendável que o recipiente

de recolhimento seja de plástico, por evitar vazamentos e deterioração corrosiva. O recipiente

deve ter tampa, permitindo o isolamento do material com o ambiente externo, sendo da cor

marrom de acordo com a Resolução 275/2001 da CONAMA.

A partir disso, constatou-se que somente o segundo supermercado observado, o Pão

de Açúcar, se enquadrou com as exigências descritas, inclusive possuindo a correta

identificação no recipiente.

Figura 20 – Depósitos de recolhimento conforme resolução 275/2001

Fonte: autora, 2012

103

No terceiro supermercado, existe uma estação de reciclagem de papel, vidro e metal.

Não foi observado um ponto de coleta de óleo utilizado conforme divulgado pelo programa

“não vai pelo ralo”, em veículos de mídia e no próprio site da EMLUR. De acordo com o

manual de saneamento da FUNASA, 2007, o PEV é uma das formas de execução da coleta

seletiva, sendo postos cadastrados onde a população em geral deposita seus resíduos.

Interessante destacar que existe um núcleo de sustentabilidade no estabelecimento que

promove palestras e treinamentos a seus funcionários. De acordo com os recursos humanos da

empresa existe a coleta do óleo utilizado em seu refeitório, mas efetuado por uma empresa

terceirizada da capital.

Figura 21– Estação de reciclagem em supermercado sem o ponto de recolhimento do óleo

Fonte: autora, 2012

No último supermercado pesquisado não se verificou a existência de estação de

reciclagem de nenhum tipo de resíduo. Observaram-se apenas as cestas de coleta seletiva para

uso interno dos clientes do estabelecimento, conhecidas de acordo com o manual de

saneamento da FUNASA, 2007, como cestos de calçadas.

104

Figura 22 – Cestas de coleta seletiva em supermercado

Fonte: autora, 2012

Não foi localizado nenhum ponto voluntário de recolhimento nesse último

supermercado, não condizendo, portanto, com o exposto sobre os pontos de cobertura das

PEVs.

Além disso, verificou-se que nos dois supermercados que possuem o recipiente de

coleta do óleo, eles o fazem em conjunto com os demais coletores de resíduos. Entende-se que

o ideal seria a fixação de um ponto à parte de coleta com banners se referindo ao programa

“não vai pelo ralo”, sua história, finalidade e ações ambientais. Dessa maneira, os PEV´s

seriam mais destacados, chamando a atenção para esse tipo de coleta menos conhecida e ainda

pouco exercida pela população em geral. Outra sugestão de otimização de publicidade seria a

busca de parcerias privadas, de maneira que as empresas pudessem participar das campanhas

de divulgação nos pontos de coleta. Elas receberiam um espaço de divulgação nos banners

dos PEVs, bem como espaço de publicidade nos panfletos utilizados nas ações locais. Em

contrapartida pela exposição de suas marcas, elas doariam materiais e equipamentos de

divulgação para o programa.

105

6.5 PONTOS FORTES, FRACOS, OPORTUNIDADES E AMEAÇAS DO PROGRAMA

A partir dos dados levantados utilizou-se a ferramenta SWOT a fim de verificar os

problemas e suas deficiências, bem como proceder estratégias de combate a esses efeitos

negativos. Ele exporá, portanto, de maneira concisa, os resultados obtidos a partir da vivência

das práticas da pesquisa, sendo uma importante fonte de monitoramento e acompanhamento

do processo desenvolvido pelo programa nesses últimos anos, conforme o exposto a seguir,

no quadro 7:

106

Fortes Fracos

Promoção da Educação Ambiental nas

comunidades por meio da ação integrada;

Possibilidade de uma renda extra para a população

carente da capital;

Multiplicidade de Profissionais envolvidos;

Uso dos meios de comunicação de massa na

divulgação e publicidade da campanha;

Notoriedade da Empresa Municipal de Limpeza

Urbana – EMLUR;

Redução dos custos do Poder público com

manutenção nas redes de esgoto.

Veículos não próprios.

Dificuldade de manter a periodicidade de

recolhimento.

Uso insuficiente de equipamentos de segurança

pelos agentes de reciclagem;

Inexistência de um sistema de atendimento;

Não constatação de PEVs em todos os cinco

supermercados parceiros do programa;

Não observância de padronização nos depósitos

dos PEVs;

Estratégia passiva na divulgação do programa nas

comunidades, faculdades e demais entidades;

Armazenamento temporário do resíduo em local

inapropriado;

Falta de veículo de apoio para o deslocamento do

óleo da EMLUR para as comunidades.

Utilização de veículo inapropriado em caráter de

emergência.

Oportunidades Ameaças

Fornecimento de novos cursos aos funcionários;

Formação de parcerias com empresas privadas nas

divulgações do programa nos PEV´s;

Maximização da propaganda “in loco” nos

estabelecimentos;

Instalação de PEV´s em outros locais de grande

movimento, como Shopping Center;

Fixar metas de recolhimento;

Criação de um mascote para as campanhas.

Implantar monitoramento do programa.

Mercado das Empresas Coletoras.

Satisfação/Fidelização dos clientes das Empresas

Particulares de coleta.

Quadro 7: Análise SWOT

Fonte: autora, 2012

107

6.5.1 Pontos de destaque da SWOT

A seguir comentamos individualmente cada ponto encontrado no programa “não vai

pelo ralo” por meio da análise SWOT.

Forças:

Promoção da Educação Ambiental nas comunidades por meio da ação integrada: A ação

integrada desenvolvida, a partir de 2010, constituiu num grande avanço de divulgação do

programa.

Possibilidade de uma renda extra para a população carente da capital: O programa possui

um relevante caráter social, possibilitando um ganho extra com a venda do sabão

reciclado.

Multiplicidade de Profissionais: A estrutura de capital humano existente possui as mais

variadas formações acadêmicas. Evitando o excesso de especificidade, possibilitando a

troca de experiências e a cooperação mútua.

Uso dos meios de comunicação na divulgação e publicidade da campanha: Os meios de

comunicação possuem um papel de destaque na disseminação do conhecimento, devido ao

papel de formador social e de propagador das grandes massas.

Notoriedade da Empresa Municipal de Limpeza Urbana – EMLUR: A autarquia de

limpeza possui uma boa reputação na cidade associada a várias campanhas ambientais,

além de possuir um serviço de limpeza de destaque.

Redução dos custos do Poder Público com manutenção nas redes de esgoto: A diminuição

da destinação inadequada do resíduo nos ralos das pias, implica para o poder público num

menor procedimento de manutenção e desobstrução de gordura nos dutos e canos de

esgoto.

Oportunidades:

Fornecimento de novos cursos aos funcionários: Recomenda-se o oferecimento de cursos

periódicos sobre segurança do trabalho e a capacitação de seus funcionários sobre o

aspecto da gestão ambiental. O fornecimento de treinamentos e capacitações aos

108

funcionários internos a autarquia, como forma de promover a disseminação do

conhecimento e sua qualificação.

Formação de parcerias com empresas privadas nas divulgações do programa nos PEV´s:

Promover parcerias com entidades privadas, a fim de maximizar o foco das ações de

publicidade nos pontos de entrega;

Maximização da propaganda “in loco”: Aumento da divulgação e promoção nos

estabelecimentos alimentares, como forma de maximizar as parcerias e manter uma

abordagem direta com público alvo de coleta;

Instalação de PEV´s em outros locais de grande movimento, como Shopping Center:

Promover a ampliação dos PEV´s para outros locais de grande visibilidade como os

shoppings da capital;

Fixar metas de recolhimento: É importante a fixação de metas de coleta a fim de

estabelecer parâmetros sobre o seu monitoramento e controle.

Criação de um mascote para as campanhas: A exemplo do que já existe nas outras ações

da EMLUR, criar um mascote específico para esse programa, como forma de destacá-lo e

realçar sua divulgação.

Implantar monitoramento do programa: Formar equipe para o monitoramento e

implantação de ações estratégicas de crescimento do programa.

Fraquezas:

Abordagem de divulgação: É importante a abordagem desenvolvida por meio da mídia,

porém, esta não deve ser a sua única fonte de disseminação. Recomenda-se a confecção de

materiais de publicidade como panfletos, adesivos e ímãs de geladeira, para as atividades

de divulgação “porta a porta” junto à população como forma de complementar a

divulgação do programa.

Veículos não próprios: O programa não possui veículo próprio, desencadeando numa série

de aspectos negativos e dificuldades no cumprimento das agendas de coleta. Adquirir

veículos específicos de coleta para o programa é primordial para firmar a qualidade de

atendimento ao cliente, além de ser um diferencial para qualquer empresa que anseia o

crescimento e a expansão. Portanto esse constitui no maior problema encontrado, sendo

109

suas aquisições condição essenciais de uma infraestrutura básica de coleta, de forma que

possa permitir ações continuadas de recolhimento.

Dificuldade de manter a periodicidade de recolhimento: A autarquia não consegue

cumprir as rotinas de coleta, ou pela ausência de veículo ou pela utilização do mesmo nas

outras atividades do programa, como as ações de educação ambiental;

Uso insuficiente de equipamentos de segurança: Constatação de uso insuficiente e

inadequado de equipamentos de segurança pelos agentes durante o processo de

reciclagem.

Inexistência de um sistema de atendimento: Ausência de um serviço de ouvidoria, 0800,

de maneira que possa servir como linha direta pela população a fim de tirar dúvidas,

acolher denúncias, bem como fornecer os calendários de treinamentos e palestras;

Não observância de padronização nos depósitos dos PEVs: Verificação de depósitos

variados nos pontos, destacando-se como mais adequado o modelo conforme a Resolução

275/2001 da CONAMA.

Estratégia passiva na divulgação do programa nas comunidades, faculdades e demais

entidades: Estratégia prejudicial, a medida que favorece as ações e treinamentos naqueles

entes que conhecem a existência do programa;

Armazenamento temporário do resíduo em local inapropriado: Área externa de

armazenamento favorece a alterações de temperatura do resíduo;

Falta de veículo de apoio para o deslocamento do óleo da EMLUR para as comunidades:

A locomoção de uma maior quantidade de óleo até as comunidades é realizada de maneira

dificultosa, sendo de responsabilidade dos recicladores o seu trajeto;

Utilização de veículo inapropriado em caráter de emergência: Por falta de veículo

permanente, o recolhimento do óleo nos estabelecimentos já chegou a ser realizado em

veículo inapropriado.

Ameaças:

Mercado das empresas coletoras: Provável dificuldade em estabelecer parcerias com

novos bares e restaurantes devido ao próprio mercado de empresas particulares de coleta.

Entende-se que o aspecto da finalidade ambiental é cumprido, porém não sobre o ponto de

vista social nas comunidades.

110

Satisfação/Fidelização dos clientes das Empresas Particulares de coleta: A atuação das

empresas particulares eleva o grau de qualidade dos serviços de coleta, pois a

periodicidade e o profissionalismo impõem um aumento na fidelidade do cliente.

111

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS

7.1 CONCLUSÕES

As políticas voltadas para a coleta de materiais promovem a melhoria da qualidade

de vida, favorecendo a própria condição de sobrevivência humana. Atualmente podemos

verificar a extensão da coleta de resíduos devido ao potencial crescimento social e econômico

que ela induz. O município de João Pessoa desenvolve constantes ações voltadas à promoção

da sustentabilidade, a exemplo do lançamento do plano diretor de turismo, que prevê um

turismo voltado para a preservação cultural, histórica e ambiental. Diante dessa perspectiva, a

finalidade do programa de coleta de óleo “não vai pelo ralo” se estabelece como uma

importante ferramenta para a manutenção de um desenvolvimento local sustentável, através

do controle do descarte inadequado desse resíduo.

Percebeu-se que a gestão do programa não prima pela cultura do planejamento, a

exemplo da inexistência de cronogramas em longo prazo nas ações de divulgação e

publicidade do programa. Esse tipo de postura é habitualmente verificada pela administração

pública e acarreta prejuízo na promoção das políticas públicas no nosso país.

As informações obtidas durante a pesquisa nos stakeholders3 e in loco foram

relevantes para levantar a gestão e operacionalidade desenvolvida, visando a avaliação de sua

eficácia e efetividade. Grande parte dos gerentes/responsáveis dos estabelecimentos

alimentares não conhece o programa. Foi detectada uma deficiência de divulgação em relação

a esses importantes atores de coleta. Entretanto, embora não exista parceria dessa maioria com

o programa, grande parte descarta corretamente o resíduo através de empresas particulares de

coleta.

A pesquisa detectou que a principal falha de abordagem na divulgação do programa

“não vai pelo ralo” perante os estabelecimentos alimentares é a ausência de sua publicidade in

loco, porta a porta. Apesar das destinações dos resíduos para empresas privadas de reciclagem

suprirem o aspecto ambiental, denotam a falta de seu alcance social, visto que essas empresas

visam o lucro e não são fornecedoras do resíduo para as comunidades.

Grande parte dos entrevistados estaria disposta a trocar a coleta efetuada pelas

empresas para a EMLUR. Para eles a coleta efetuada por meio do programa seria mais

interessante, pois tem como finalidade proporcionar uma melhora na qualidade de vida das

populações mais carentes. Porém, apesar da maioria estar disposta a aderir ao programa,

ressaltaram a preocupação na qualidade do serviço a ser ofertado. Para eles, a coleta deve ser

3 Para LEWIS, p.25, 2000, os stakeholders são os envolvidos com a atividade empresarial, ou seja, é qualquer

interessado com o seu objeto como os clientes, colaboradores, fornecedores, gerentes e pessoal.

112

cumprida dentro do período firmado. Portanto, o mercado das empresas coletoras eleva a

qualidade do serviço a ser prestado pela EMLUR.

Sobre o aspecto da divulgação para a população em geral, verificou-se a falta de

diversidade de materiais utilizados nas campanhas, como a ausência de panfletos atualizados.

Além disso, a gestão prioriza pela distribuição das receitas de preparo e das amostras dos

sabões ecológicos nas faculdades, escolas e comunidades. A educação ambiental

desenvolvida nas atuações junto às comunidades, por meio da ação integrada das várias

secretarias municipais, constitui numa estratégica positiva de divulgação perante esses atores.

Diante da observação de uma dessas ações verificou-se a boa receptividade e o envolvimento

da população carente local.

Não foram detectados todos os pontos de entrega voluntárias - PEV´s – fornecidos no

site da EMLUR. Em relação aos PEV´s nos supermercados, é recomendável a sua

padronização conforme o modelo explicitado pela resolução n°275/2001 do CONAMA.

Recomenda-se a fixação de banners e placas na entrada dos supermercados, para que assim

possa-se divulgar a existência da coleta do óleo, bem como o local de seu recolhimento.

Também, verifica-se a importância de divulgar a coleta para os funcionários do

estabelecimento, para que assim não incorra na divulgação incorreta de informações sobre o

programa. Além disso, a pesquisa verificou a importância em se firmar pontos de entrega em

outros locais de grande movimento e notoriedade, como os Shoppings, bem como a criação de

uma ouvidoria. O desenvolvimento de um mascote para esse programa seria um ponto

favorável para a sua divulgação, levando em consideração o aspecto lúdico que se associa

habitualmente às campanhas ambientais.

Por fim, o ponto de entrega voluntária do primeiro supermercado visitado não induz

a sua principal finalidade, a coleta de resíduos, pois à primeira vista, parece só uma

propaganda de coleta e reciclagem. Entende-se a necessidade de substituir esse tipo de PEV

pelas bombonas encontradas no segundo supermercado visitado, o Pão de Açúcar.

Em relação a sua operacionalidade, verificou-se um recolhimento irregular do óleo

nos anos de 2009 a 2011, causado principalmente pela inexistência de veículos coletores

permanentes no programa. Esse é o principal problema estrutural do mesmo, comprometendo

a sua regular operação e acarretando uma deficiência basilar na coleta do resíduo. Portanto

torna-se primordial para a continuidade do mesmo a disponibilização de veículos de coleta de

caráter permanente.

Houve um aumento considerável no número de novos cadastros nos anos de 2010 e

2011, provocado pela parceria firmada entre a Secretaria do meio Ambiente e a EMLUR. Ela

condiciona a licença ambiental à comprovação por parte do estabelecimento da destinação

adequada do resíduo. Porém, antes de qualquer ferramenta estratégica de propagação e

expansão do programa, é primordial o oferecimento de uma estrutura básica de coleta. A

ausência de um veículo permanente constitui no maior agravante para o seu desenvolvimento

eficaz. Impacto observado principalmente nas comunidades cadastradas que se firmam como

o pólo social de vitrine do programa.

113

O recolhimento abaixo do esperado e não contínuo acaba por quebrar a confiança

depositada pelos estabelecimentos alimentares, atingindo a eficácia do programa, a coleta do

óleo vegetal utilizado. Além disso, uma precária quantidade de óleo recolhido compromete a

sua função social junto as comunidades cadastradas. O óleo é utilizado como matéria prima

para a produção do sabão ecológico. A venda desse produto constitui uma renda extra para a

população carente que ali vive, tendo pela maioria, a informalidade como fonte de recursos.

Portanto, em relação ao seu impacto social, ou seja, a sua efetividade, as ações desenvolvidas

pelo programa nas comunidades constituem aspecto positivo no processo. Porém, a coleta

comprometida do óleo acarreta numa menor quantidade de resíduo repassada para os

recicladores e consequentemente resulta numa efetividade parcialmente prejudicada.

O programa “não vai pelo ralo” trata de um resíduo de reciclagem ainda pouco

conhecido, o que o torna numa significativa ação de cunho coletivo. Diante disso, a Empresa

Municipal de Limpeza deve investir em sua estrutura e visar a sua continuidade dentro de um

pensamento sustentável.

7.2 PRINCIPAIS BENEFÍCIOS DO PROGRAMA

Diminuição dos impactos causados pela destinação incorreta do resíduo;

Divulgação sobre os impactos sociais, ambientais e econômicos causados pela destinação

incorreta do óleo vegetal utilizado;

Abertura de novos nichos de mercado;

Possibilidade de renda extra para a população carente da capital;

Divulgação do programa por meio da intersetorialidade;

Promoção da educação ambiental;

Possibilidade de melhoria no bem estar das comunidades;

Diminuição dos gastos do poder público com a manutenção das redes de esgoto;

Promoção da ação mobilizatória e participativa da população;

114

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125

APÊNDICE

A.1 Entrevista – Estabelecimentos alimentares que forem cadastrados

Nome do estabelecimento:

Nível de escolaridade do Gerente/Responsável:

Número de funcionários:

Tempo de funcionamento:

1. Qual a quantidade aproximada de óleo vegetal utilizada pelo estabelecimento por mês?

2. Há quanto tempo é parceiro do programa?

3.O Senhor esta satisfeito com a parceria firmada?

4.Qual o local de armazenamento do resíduo no estabelecimento?

5. O senhor conhece quais impactos que a destinação incorreta do resíduo pode ocasionar ao

meio ambiente e ao meio urbano?

6. Como o senhor conheceu o programa “não vai pelo ralo”?

7. O estabelecimento pratica a coleta seletiva de outros resíduos? Caso positivo, quais?

8. O estabelecimento possui certificação ambiental? Se positivo, quais?

126

A.2 Entrevista – Estabelecimentos alimentares não cadastrados

Nome do estabelecimento:

Nível de escolaridade do Gerente/Responsável:

Número de funcionários:

Tempo de funcionamento:

1. O Senhor tem conhecimento do programa “não vai pelo ralo”? Se sim, porque não promove

a coleta do óleo em parceria com o mesmo?

2. O estabelecimento promove a coleta do óleo por outro meio? Informal qual.

3. Qual a quantidade aproximada de óleo vegetal utilizada pelo estabelecimento por mês?

4. Se a promove, qual o local de armazenamento e a destinação final dada ao resíduo?

5. Se não a promove, porque e qual a destinação final dada ao resíduo?

6. O Senhor conhece quais os impactos que a destinação incorreta do resíduo pode ocasionar

ao meio ambiente e ao meio urbano?

7. O Senhor que agora conhece o programa tem a intenção de cadastrar o estabelecimento e

aderir ao mesmo?

8. O estabelecimento pratica a coleta seletiva de outros resíduos? Caso positivo, quais?

9. O estabelecimento possui certificação ambiental? Se positivo, quais?

127

A.3 Entrevista - Diretora do departamento de valorização e recuperação de resíduos

(DEVAR) da EMLUR

1. Qual a periodicidade da divulgação do programa? Quais os locais de ação das campanhas?

2. Quais os tipos de materiais utilizados na divulgação?

3. Qual a periodicidade das oficinas de treinamento nas comunidades?

4. Qual o quantitativo de veículos coletores?

5. Qual a quantidade de bombonas de recolhimento nos pontos de coleta?

6. Qual a quantidade de funcionários envolvidos com o programa?

7. Existem capacitações periódicas com os funcionários do programa?

8. Existem claras definições dos trabalhos a serem executados pelos funcionários, bem como

segregações de funções?

9. Existe alta rotatividade de pessoal no programa?

10. Qual o local de armazenamento do óleo dentro da EMLUR?

11. Qual a freqüência da coleta do óleo?

12. Existe algum sistema de atendimento (ouvidoria, linha 0800)?

128

13. Como são definidos os cronogramas de atividades das ações a serem desenvolvidas

durante o ano?

14. Existe alguma atividade de monitoramento e avaliação? É desenvolvida alguma atividade

de controle interno no programa?

15. Existe parceria do programa com alguma organização da sociedade civil, sindicatos,

ONGS?

16. Existe a construção de relatório de atividades? Qual a freqüência de sua criação?

17. Quais as maiores dificuldades encontradas na adesão ao programa pela sociedade civil e

estabelecimentos alimentares?

18. Qual o fluxograma do processo de coleta do óleo?

129

A.4 Entrevista – Recicladores – Comunidade Alto do Céu

1. PROFISSÃO__________________

IDADE __________

2. SEXO: ( )MASC. ( )FEMIN.

3. GRAU DE ESCOLARIDADE:

( ) Sem escolaridade

( ) Fundamental incompleto

( ) Fundamental completo

( ) Ensino médio incompleto

( ) Ensino médio completo

( ) Superior incompleto

( ) Superior completo

4. PROFISSÃO: ________________________________

5. QUAL A SUA RENDA FAMILIAR:

( ) ATÉ 1 SALÁRIO MÍNIMO

( ) DE 1 À 2 SALÁRIOS MÍNIMOS

( ) MAIS DE 2 SALÁRIOS MÍNIMOS

6. HÁ QUANTO TEMPO REALIZA A RECICLAGEM DO ÓLEO:

( ) 0-1 ano

( ) 1-2 anos

( ) 2-3 anos

130

( ) +3 anos

7. QUANTO A VENDA DO SABÃO É IMPORTANTE PARA A SUA RENDA?

( ) MUITO

( ) REGULAR

( ) POUCO

8. VOCÊ JÁ PARTICIPOU DE ALGUM TREINAMENTO OFERTADO PELO

PROGRAMA “NÃO VAI PELO RALO”?

( ) sim

( ) não

9. EM CASO AFIRMATIVO, QUAL A NOTA QUE DARIA PARA AS OFICINAS DE

TREINAMENTO DE RECICLAGEM MINISTRADAS PELA EMLUR?

( ) ótima

( ) boa

( ) regular

( ) ruim

10. VOCÊ SABE QUAIS OS IMPACTOS QUE A DESTINAÇÃO INCORRETA DO

RESÍDUO PODE OCASIONAR?

( ) sim

( ) não

11. COMENTAR QUAIS:

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

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131

12. QUAIS AS MAIORES DIFICULDADES ENCONTRADAS PARA O AUMENTO DA

PRODUÇÃO DE SABÃO PELA COMUNIDADE?