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Universidade de São Paulo
Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto
Trabalho de conclusão de curso
Avaliação do desajuste vertical e passividade de estruturas metálicas
sobre implantes soldadas a laser ou em monobloco.
Graduando: André Ricardo Fernandes Anderson
Orientadora: Renata Cristina Silveira Rodrigues Ferracioli
2018
Resumo
A precisão da adaptação marginal e a obtenção de um ajuste passivo
entre prótese e implantes sempre foi uma preocupação de dentistas e
pesquisadores, uma vez que estes fatores são responsáveis pela diminuição
da infiltração bacteriana, melhor distribuição de forças sobre os pilares, saúde
dos tecidos periodontais/peri-implantares e diminuição da perda óssea marginal
Sendo assim, objetivo deste estudo foi comparar a adaptação marginal e a
passividade de estruturas metálicas sobre implante com um elemento em
cantilever soldadas a laser ou fundidas em monobloco. Para realização deste
estudo foi confeccionado modelo mestre, simulando extremidade livre
mandibular, com o dente 44 em resina e 2 implantes hexágono externo
substituindo os dentes 45 e 46. Sobre estes implantes foram confeccionadas
20 próteses parciais fixas de 3 elementos estando o segundo molar em
cantiléver. Estas peças foram dividias em dois grupos: 10 com infraestruturas
obtidas por meio de fundição convencional em monobloco e 10, seccionadas e
soldadas a laser. A análise da passividade e do desajuste vertical foi realizada
nas infraestruturas no modelo mestre com o auxílio de microscópio óptico
comparador. As leituras foram realizadas em 3 diferentes condições
experimentais: (1) molar e pré-molar parafusados; (2) molar parafusado e pré-
molar solto e (3) molar solto e pré-molar parafusado. A primeira condição
experimental avaliou o desajuste propriamente dito e as duas outras
verificaram a passividade das infraestruturas. Os dados obtidos foram
submetidos ao teste T e pode-se observar que não houve diferenças
estatisticamente significantes entre a adaptação marginal nos casos de
estruturas soldadas a laser ou em monobloco. Porém, foram constatadas
diferenças estatisticamente significantes para a passividade, onde a prótese
parcial fixa soldada a laser foi mais passiva quando comparada com as peças
em monobloco.
Agradecimentos
Gostaria de agradecer primeiramente à Deus, por ter me dado a
oportunidade de estudar em uma instituição que é referência internacional, pela
saúde para poder percorrer esse caminho e por nunca ter me abandonado,
mesmo nos piores momentos.
Ao meu Pai Luciano, por ter me inspirado a seguir essa linda profissão,
servindo de exemplo como profissional de excelência que um dia quero ser,
pelos incontáveis conselhos e conversas, também pelo gigantesco esforço e
confiança depositada em mim durante esses anos, seu apoio e carinho foram
imprescindíveis
À minha Mãe Sandra, por ter sido sempre presente, com infinita
paciência desde os tempos de escola. A Sra. Me incentivou a alcançar meus
sonhos, e em meio as dificuldades sonhamos juntos, obrigado por me conduzir
pelo bom caminho.
Aos meus avós Miguel, Lúcia, Manoel, Jandyra e minha tia-avó Geni,
pelo exemplo de vida e caráter. Obrigado por sempre me acolherem neste
grande coração que vocês possuem.
À Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto, por me ensinar essa
profissão e ser minha casa durante esses 5 anos de graduação.
À minha turma a 89ª, pela convivência, aprendizado e pela oportunidade
de conhecer pessoas tão especiais. As dificuldades enfrentadas em conjunto
conservarão nossa amizade por toda a vida.
Aos meus amigos de república, a convivência tornou-nos irmãos,
obrigado pelos incontáveis bons momentos, todo o aprendizado e experiências
compartilhadas serão para a vida inteira.
À Profa Dra Maria da Glória Chiarello de Mattos, obrigado pelas
oportunidades, apoio e aprendizado sem a sua ajuda não seria possível
concluir este trabalho, admiro-a pelo seu caráter e por tudo o que fez por nossa
faculdade.
À Profa Dra Renata Cristina Silveira Rodrigues Ferracioli, por ter me
acolhido como orientado, obrigado por ter me ajudado tanto, sempre atenciosa
e paciente, seus ensinamentos foram essenciais para que eu pudesse
enfrentar os desafios deste tcc.
E, por fim, gostaria de agradecer a Raniel Fernandes Peixoto, Ana
Paula Macedo e Bruna Santos Honório Tonin, grandes profissionais que
sempre foram muito solícitos comigo, obrigado pela grande ajuda e paciência.
Sumário
1. Introdução 1
2. Objetivos 3
3. Metodologia 4
4. Análise dos dados 11
5. Resultados 11
6. Discussão 12
7. Conclusão 14
8. Referências 15
1
Introdução
A perda dentária prolongada traz como principal consequência a
reabsorção do osso alveolar e porções do osso basal devido à falta de estímulo
gerado aos tecidos periodontais, ocorrendo principalmente nas regiões
posteriores da mandíbula, predominando a reabsorção vertical (Telles et al.,
2004; Misch et al., 2001). Dessa forma, a reabilitação destas regiões com altura
óssea reduzida torna-se uma tarefa bastante complexa.
O uso de próteses suportadas por implantes aumentou
consideravelmente nos últimos anos em resposta às crescentes pesquisas
sobre os mecanismos biológicos da osseointegração (Bordereau, Bordereau,
1998; Misch et al., 2006) e, na maioria das vezes, considerando as altas taxas
de sucesso, é o tratamento de escolha na reabilitação de pacientes
desdentados totais e parciais (Wittneben et al., 2014).
Uma razão para repor os dentes ausentes pelos implantes dentais é a
manutenção do osso alveolar, podendo o implante transferir cargas de tração e
compressão ao osso circundante e ter como resultado, a não redução do
trabeculado ósseo que ocorre após a exodontia (Misch et al., 2011). Porém, a
reabilitação com implante somado a ausência do ligamento periodontal faz com
que o comportamento biomecânico seja diferente dos dentes naturais, o qual é
necessário estudo, a fim de garantir que estas forças sejam corretamente
transferidas para o osso, não excedendo a carga suportada pelo tecido ósseo.
Wolff, 1892 associou a neoformação do tecido ósseo com as cargas
transferidas, de modo que aumentando as tensões teria como resultado uma
maior formação óssea. Assim, com redução da tensão, seria observado uma
reabsorção prevalente, devido à ausência de estímulos ao osso. Entretanto,
posteriores estudos mostraram que sob tensões elevadas a reabsorção pode
ser observada (Frost, 1990). Riedy et al. em 1997 relatam que o excesso de
carga pode gerar tensões nocivas e se ultrapassarem a capacidade elástica do
osso, acarretariam em reabsorção óssea ao redor do implante. Sendo assim, a
transferência de carga satisfatória entre prótese e osso é crucial para o
planejamento do tratamento e longevidade da prótese sobre implante (Suedam,
2015).
2
A manutenção da crista óssea é essencial para o sucesso e longevidade
dos implantes. A perda óssea marginal tem sido constatada ao redor da porção
transmucosa do implante, e estudo têm sido realizados em busca de evitar esta
perda (Dohan et al.,2010). Pode-se citar como motivos para essa perda óssea
à margem do implante: a reflexão do periósteo durante a cirurgia, preparo da
osteotomia do implante, posição do micro espaço entre pilar e o corpo do
implante, micro movimento de componente do pilar protético, contaminação
bacteriana e tensões que levam a sobrecarga do implante (Chou et al., 1998).
A preocupação com a precisão da adaptação e a obtenção de um ajuste
passivo entre prótese e implantes é notória, uma vez que a adaptação passiva
destas, é responsável pela diminuição da infiltração bacteriana, melhor
distribuição de forças sobre os pilares, saúde dos tecidos periodontais/peri-
implantares e diminuição da perda óssea marginal (Pak et al., 2010), bem
como contribuirá para o sucesso em longo prazo das reabilitações protéticas
(Sahin, Çehreli, 2001; Barbosa et al., 2008; Mendes et al., 2013).
Apesar da inquestionável aplicabilidade e indicação das conexões
internas, principalmente o cone morse, é necessário a avaliação de cada caso
clínico, pois as principais desvantagens do hexágono externo apresentadas na
literatura são minimizadas em casos de próteses múltiplas (Pessoa et al, 2017).
Autores afirmam que assentamento passivo absoluto é muito difícil de
ser obtido e relatam a dificuldade de se definir adaptação passiva e quais
métodos devem ser utilizados para favorecê-la (Tan, 1995; Sahin, Cehreli,
2001). Do ponto de vista clínico, desadaptações inferiores a 100 μm são
aceitáveis, sem prejuízos ao sistema prótese-pilar-implante (Jemt et al., 1996).
Dois fatores são importantes na adaptação das próteses sobre
implantes: passividade e adaptação marginal. A passividade corresponde ao
posicionamento da infraestrutura sobre o implante ou pilar sem gerar forças. A
adaptação marginal é a posição da estrutura para com o implante e menor
distância vertical possível entre eles. Sendo assim, uma estrutura metálica com
adaptação marginal satisfatória pode não ser passiva. (Sahin, Çehreli, 2001;
Spazzin et al., 2009). Muitas vezes, para tentar corrigir e melhorar a adaptação
da estrutura metálica realiza-se secção e solda dos segmentos por soldagem
manual, a laser ou TIG. Mesmo assim, a peça poderá apresentar pequenos
3
desajustes em sua margem e como prejuízo tem-se uma estrutura
enfraquecida nos pontos de solda (Riedy et al., 1997; Ford, 2003).
A importância de uma adaptação marginal aceitável do ponto de vista
biológico entre estrutura e pilar em tratamentos reabilitadores com implantes
osseointegrados é enfatizada, e alternativas são sugeridas para alcançar o
equilíbrio do sistema. Materiais e técnicas como a solda laser (Bianchini, 2001;
Souza, 2000) são recomendados na literatura e aplicados clinicamente com
objetivo de minimizar os efeitos das distorções resultantes das etapas clínicas
e laboratoriais que induzem desajustes sobre cada componente em
decorrência do enceramento e contração do metal. Sabe-se que estruturas
metálicas confeccionadas em monobloco possuem uma adaptação marginal
insatisfatória e a solda a laser uma é alternativa interessante, pois apresenta
melhores resultados. (Silva et al, 2001).
A revisão de literatura de Monteiro et al. (2010) buscou níveis aceitáveis
de passividade e fatores que a alteram. Também foi alvo da revisão o
desajuste e suas classificações, metodologia de estudo e seus problemas,
além do quanto de desajuste pode ser tolerado. As informações obtidas
sugerem que, mesmo existindo a dificuldade de obter-se uma prótese com a
passividade absoluta, o profissional deve usar os recursos disponiveis para
oferecer melhores condições em seus tratamentos reabilitadores buscando um
nível aceitável de passividade clínica que não cause qualquer problema
biológico, estético e funcional ao paciente.
Objetivos:
O objetivo deste estudo foi avaliar a passividade e a adaptação marginal
de estruturas metálicas com cantiléver em monobloco ou soldada a laser
4
Metodologia:
Obtenção do modelo mestre
Foi confeccionado um modelo mestre em policarbonato (Plexiglas®,
Altuglas International, Philadelphia, EUA) no formato de bloco retangular (50 x
30 x 15 mm), contendo uma réplica em resina de um primeiro pré-molar inferior
(Luxatemp, DMG, Hamburgo, Alemanha) e dois análogos de implantes
(Neodent, Curitiba, PR, Brasil), correspondentes ao segundo pré-molar e ao
primeiro molar inferiores. Buscando simular a reabsorção óssea característica
das regiões posteriores da mandíbula, foi realizado desgaste adicional de 4 mm
de altura na região do segundo molar (Figura 1).
Com o auxílio de um paralelômetro, os análogos dos implantes (Figura
2A) e a réplica dos dentes (Figura 2B) foram fixados às perfurações,
paralelamente entre si, utilizando cola à base de cianoacrilato (Super Bonder®,
Loctite, São Paulo, SP, Brasil). Sobre os análogos dos implantes do tipo
hexágono externo, foram parafusados Mini Pilares Cônicos SF (1,0 mm,
Neodent - Figura 3), com torque de 32 N.cm.
Figura 1. A – Modelo mestre apresentando o primeiro pré-molar e os análogos dos implantes do tipo hexágono externo já fixados. B – Análogo do implante. C – Implante Titamax Cortical TI 3,75 x 9 mm.
A B C
5
Figura 2. Paralelômetro utilizado para fixação dos análogos dos implantes (A) e dentes (B).
Figura 3. Mini Pilar Cônico SF 1,0 mm para implantes do tipo hexágono externo.
Obtenção das infraestruturas
Para a obtenção das infraestruturas de Co-Cr (n=10) pelo processo de
fundição convencional, dois cilindros pré-fabricados com cinta metálica (Co-Cr)
e base rotacional (Cilindro em Co-Cr do mini pilar cônico, Neodent) foram
seccionados com disco de carborundum (5 mm de altura) e guiados por meio
de um paquímetro digital (Mitutoyo, Nagoya, Japão) (Figura 4 - A e B) para que
as alturas de corte ficassem padronizadas (Figura 4 - C e D). Na sequência,
estes cilindros foram adaptados sobre os Mini Pilares cônicos (Neodent) e
retidos por parafusos de trabalho (Neodent).
A B
6
Figura 4. A, B – Padronização da altura dos cilindros calcináveis seccionados com disco de carborundum. Cilindros calcináveis parafusados nos Mini Pilares antes (C) e após o corte (D).
Uma prótese parcial fixa (PPF) de 3 elementos com cantilever distal foi
encerada sobre estes cilindros. O enceramento foi reduzido em todas as faces,
o equivalente a pelo menos 1 mm (Figura 5), que seria o espaço necessário
para aplicação da cerâmica após a finalização, uma matriz em silicone (Silicone
azul, Polglass, Ribeirão Preto, SP, Brasil) foi obtida para ser utilizada
posteriormente, na fase de duplicação dos enceramentos das PPFs (Figura 5 -
B, C, D e E).
Figura 5. A – Enceramento da PPF. B, C, D e E – Confecção da matriz em
silicone para a padronização dos enceramentos.
A B
C D
A B
D
7
Assim, novos cilindros pré-fabricados com cinta metálica (Co-Cr) e base
rotacional (Neodent) foram parafusados sobre os minis pilares (Neodent)
com parafusos de trabalho, a matriz foi posicionada no modelo mestre e a
cera liquefeita em plastificador com controle digital de temperatura (Hotty
Led, Renfert GmbH, Hilzinger, Alemanha) mantida a 90º C foi injetada
(Figura 6), obtendo-se assim, o padrão de cera da infraestrutura metálica.
Após o resfriamento, a matriz foi removida e os enceramentos foram
avaliados cuidadosamente quanto à reprodução dos detalhes.
Figura 7. A – Plastificador com controle digital de temperatura. B – Cera liquefeita sendo inserida na matriz com auxílio de conta gotas
.
Este mesmo procedimento foi utilizado para a obtenção dos 10
enceramentos. Finalizados todos os enceramentos, os elementos 45 e 46 do
grupo com solda a laser foram individualizados com lâmina para futura
soldagem (Figura 7).
Figura 7. Lâmina acoplada em um delineador (A) para
individualizar os elementos 45 e 46 (B).
A B
A
B
C E
D
8
Sobre a superfície dos enceramentos, canais de alimentação pré-
fabricados (Pasom, São Paulo, SP, Brasil) foram posicionados numa angulação
aproximada de 45º. Os padrões de cera foram fixados com cera 7 às bases
formadoras de cadinho, pulverizados com spray redutor de tensão de superfície
(Waxit, DeguDent GmbH, Hanau-Wolfgang, Alemanha) e deixados para secar
em temperatura ambiente (Figura 8 A e B).
A inclusão foi realizada em revestimento Heat Shock (Dentaurm,
Ispringen, Alemanha), que foi manipulado a vácuo e vertido no anel, sob
vibração, para evitar a formação de bolhas (Figura 9C). Após cerca de 40
minutos, o anel de silicone foi removido e os revestimentos foram levados ao
forno elétrico para expansão do revestimento e eliminação da cera. Após meia
hora do final do ciclo foi realizada a fundição por chama oxigênio/GLP em
centrífuga com acionamento elétrico (EDG Equipamentos e Controles Ltda.,
São Carlos, SP, Brasil).
Figura 8. Enceramentos fixados à base formadora de cadinho (A) com anel de silicone posicionado (B) e preenchido com revestimento (C).
Após o processo de fundição e adequado resfriamento do revestimento,
as estruturas foram desincluídas e jateadas com microesferas de vidro (Knebel-
Kota, Cotia, SP, Brasil) de granulação de 50 µm (pressão de 60 libf/pol2)
(Figura 9 A). Os condutos de alimentação foram seccionados em torno de alta
rotação (Nevoni, NSR Indústria, Comércio e Representações LTDA, Jandira,
SP, Brasil) com discos abrasivos cut-off (Schelble, Petrópolis, RJ, Brasil)
(Figura 9 B) e apenas pequenos nódulos e irregularidades foram removidos
para permitir a adaptação das infraestruturas ao modelo.
A C B
9
Figura 9. A. Infraestruturas metálicas desincluídas. B. Disco abrasivo para secção.
Na sequência, estas infraestruturas fundidas pelo método convencional
e seccionadas foram posicionadas no modelo mestre, para conferência,
recebendo um torque de 10 N.cm (Figura 10).
Figura 10. Infraestrutura polida e parafusada sobre os mini pilares cônico, prontas para soldagem.
Soldagem a Laser
A partir da moldagem do modelo mestre em silicone (Polglass), um
modelo em gesso tipo IV (Durone IV, Dentisply, Petrópolis RJ, Brasil) com os
análogos do implante posicionados foi obtido. A região da crista óssea entre os
análogos foi desgastada de maneira a permitir a melhor visualização da região
a ser soldada. A máquina de solda a laser (Desktop, Dentaurum, Ispringen,
Alemanha) (Figura 11 A) foi ajustada em 310V e pulso de 9ms, realizando-se
inicialmente dois pontos de solda em regiões opostas e prosseguindo-se com
soldagem das regiões restantes, até preencher o risco de corte (Figura 11B ).
A B
10
Figura 11. A – Máquina de solda a laser. B – Infraestrutura metálica soldada.
Avaliação da passividade e do desajuste vertical
A análise da passividade e do desajuste vertical foi realizada nas
infraestruturas no modelo mestre. As leituras foram realizadas com o auxílio de
microscópio óptico comparador (DFC 250, Leica Microsystems, Wetzlar,
Alemanha) com precisão de 1 µm e aumento de 50× (figura12).
Figura 12. - Microscópio óptico comparador e software utilizados para
quantificação do passividade e desajuste
Seis pontos de cada elemento foram mensurados, sendo três em cada
face (vestibular e lingual), posteriormente foi realizada uma média de cada
dente. Para tanto, foi examinado o ajuste vertical entre a base do cilindro
protético e a base do Mini Pilar cônico, utilizando-se o método de Sheffield
(Eisenman, 1997), que consiste em executar as leituras em 3 diferentes
B C
A B
11
condições experimentais: (1) Molar e pré-molar parafusados – 10 N.cm; (2)
Molar parafusado e pré-molar solto e (3) Molar solto e pré-molar parafusado. A
primeira condição experimental avalia o desajuste propriamente dito e as duas
outras verificam a passividade das infraestruturas/PPFs.
Análise dos dados
Os dados obtidos foram submetidos à análise estatística por meio do
teste T para amostras independentes. Todas estas comparações foram feitas
usando o software IBM Statistical Package for Social Sciences (IBM SPSS,
versão 20.0, Chicago, IL, EUA), com um nível de significância de 5% (α<0,05).
Resultados
A estatística descrita das leituras realizadas nas diferentes situações é
apresentada na tabela 1.
Tabela 1 – Estatística descritiva para adaptação marginal em µm
Dentes Grupos N Média Desvio Padrão Erro padrão
Molar Mono 10 3,37 1,60 0,50
Laser 10 2,65 0,66 0,21
Pre-Molar Mono 10 2,72 1,00 0,32
Laser 10 4,20 2,09 0,66
TPM.Molar Mono 10 54,67 27,33 8,64
Laser 10 21,08 10,19 3,22
TM.PM Mono 10 60,93 27,82 8,80
Laser 10 15,05 13,65 4,32
Molar: ambos os dentes torqueados e leitura no molar
Pré-molar: ambos os dentes torqueados e leitura no pré-molar
TPM Molar: torque no pré-molar e leitura no molar
TM PM: torque no molar e leitura no pré-molar
12
Tabela 2 – Teste T para amostras independentes
Levene's Test
for Equality of
Variances
t-test for Equality of Means
F Sig. t df Sig. (2-
tailed)
Mean
Differen
ce
Std. Error
Difference
95% Confidence Interval
of the Difference
Lower Upper
Molar
Equal variances assumed 5,621 ,029 1,312 18 ,206 0,72 0,55 -0,43 1,86
Equal variances not assumed
1,312 11,950 ,214 0,72 0,55 -0,47 1,91
PreMolar Equal variances assumed 3,605 ,074 -2,029 18 ,057
-1,49 0,73 -3,02 0,05
Equal variances not assumed
-2,029 12,954 ,064 -1,49 0,73 -3,07 0,10
TPM.Molar Equal variances assumed 2,734 ,116 3,641 18 ,002
33,58 9,22 14,20 52,96
Equal variances not assumed
3,641 11,456 ,004 33,58 9,22 13,38 53,79
TM.PM
Equal variances assumed 5,144 ,036 4,683 18 <,001 45,88 9,80 25,30 66,47
Equal variances not assumed
4,683 13,095 ,000 45,88 9,80 24,73 67,04
Pelos resultados da análise estatística pode-se observar que quando
ambos parafusos estão apertados não houve diferença estatística entre os
grupos fundidos em monobloco ou soldados a laser. Quando só um dos
parafusos foi apertado pode-se observar diferença sendo que sempre o grupo
soldado a laser apresentou a melhor passividade.
Discussão
O assentamento passivo de uma estrutura metálica sobre implantes
consiste em posiciona-la sem que haja forças e esta posição proporcione uma
conexão ideal das interfaces estrutura e mini pilar. É um desafio nas
reabilitações protéticas a obtenção de uma passividade absoluta, autores
relatam tal dificuldade, ressaltando a necessidade de realizar técnicas para
melhorar a adaptação, visto que os diferentes procedimentos clínicos até a
obtenção da estrutura não são absolutamente precisos e sabe-se da expansão
volumétrica sofrida pela liga. (Tan, 1995; Sahin, Cehreli, 2001).
Já a adaptação marginal é a menor distancia vertical possível entre as
interfaces, levando em consideração que a estrutura é parafusada para a
obtenção desta posição, tal procedimento gera forças que a longo prazo podem
13
trazer prejuízos na longevidade do tratamento reabilitador (Sahin, Çehreli,
2001; Barbosa et al., 2008; Mendes et al., 2013), por conseguinte, uma
interface pode ter adaptação marginal satisfatória e não ser passiva (Sahin,
Çehreli, 2001; Spazzin et al., 2009).
É nessa tentativa de neutralizar as distorções e favorecer o ajuste
passivo, que alguns procedimentos e técnicas são realizados, como é o caso
da secção e soldagem, podendo a solda ser realizada por diferentes métodos,
como por exemplo a solda TIG, convencional ou a laser. As pesquisas
utilizando diferentes técnicas de soldagem objetivam a obtenção de resultados
de qualidade e também, de custo e de benefício ao profissional e paciente
(Matsumoto, 2011). Alguns estudos indicam que um desajuste igual ou inferior
a 120 µm é clinicamente aceitável (Gonzalo et al., 2008; Beuer et al., 2009;
Bayramoğlu et al., 2015), mas outros estudos apontam que o limite máximo é
de 100 µm (Reich et al., 2008; Keshvad et al., 2011). Sabe-se que a solda a
laser apresenta melhores resultados em comparação com a convencional
(Peçanha, 2009), devido a sua maior precisão, menor tempo de trabalho e
menor stress a estrutura, sendo seu processo menos artesanal e mais
automatizado (Sjögren et al 1988). Outro ponto a ressaltar é o difícil acesso,
domínio da técnica e alto custo desta solda (Stuker, Teixeira e Zani, 2005),
desfavorecendo-a mesmo sendo uma opção muito relevante na obtenção de
uma maior passividade.
Neste estudo, não foram observadas diferenças entre a adaptação
marginal das peças fundidas em monobloco com as soldadas a laser, assim
como (Simamoto et al., 2008), por outro lado, outros autores identificaram
diferença significante na adaptação até mesmo dentre diferentes tipos de solda
(Peçanha, 2009), entre monobloco e solda a laser (Alves, 2003), isso deve-se
ao fato de que (Simamoto et al., 2008), utilizou microscopia eletrônica de
varredura, método mais preciso se comparado ao microscópio mensurador de
(Alves, 2003) e microscópio óptico universal de medição (Peçanha, 2009), além
disso no presente estudo foi realizado o aperto de parafusos, tracionando a
estrutura e aproximando-a do mini pilar, em contrapartida gerando stress
residual (Bickford, 2007).
Também foi observado que a passividade obtida quando a estrutura foi
soldada a laser é diferente do que quando confeccionado em monobloco,
14
havendo uma maior passividade quando foi realizada a secção e posterior
soldagem, confirmando o resultado obtido por outros autores que recomendam
tal procedimento (Jemt, Línden, 1992) (Silva, 2001).
Então, é importante ressaltar que apesar de não ter sido observado
diferença estatisticamente significante entre os grupos quanto a adaptação
marginal, pode-se afirmar que os resultados obtidos estão dentro dos valores
aceitáveis descritos pela literatura. As estruturas metálicas soldadas a laser
apresentaram melhor passividade, sendo este método eficaz para melhorar a
qualidade e a longevidade de uma reabilitação envolvendo prótese sobre
implante. Deve-se ressaltar a necessidade da correta execução da soldagem,
para a obtenção de um resultado satisfatório de adaptação e passividade,
sendo estas imprescindíveis para o sucesso do tratamento.
Conclusão
-Não foi observado diferença estatisticamente significante entre a
adaptação marginal das peças fundidas em monobloco com as soldadas a
laser.
-Foi observado diferença estatisticamente significante entre a
passividade das peças fundidas em monobloco com as soldadas a laser, sendo
o grupo soldado a laser mais passivo.
15
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