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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
CURSO DE PSICOLOGIA
A percepção de pessoas que vivem com o Diabetes Mellitus tipo 2
sobre a doença e o tratamento
CAMILA SEIBT DE OLIVEIRA
Itajaí, (SC) 2010
CAMILA SEIBT DE OLIVEIRA
A percepção de pessoas que vivem com o Diabetes
Mellitus tipo 2 sobre a doença e o tratamento
Monografia apresentada como requisito
parcial para obtenção do titulo de Bacharel em
Psicologia da Universidade do Vale do Itajaí
Orientador: Prof. Giovana Delvan Stuhler.
Itajaí SC, 2010.
AGRADECIMENTOS
Aos meus pais Hélio Lino de Oliveira e Sônia Maria Seibt de Oliveira, pelo imenso
amor, apoio em todas as horas e por me proporcionarem os dois melhores exemplos
e as melhores oportunidades.
Ao meu irmão, Marcelo Seibt de Oliveira, pelo amor e risadas compartilhadas.
Às minhas avós, Elsa Moroni Seibt (in memorian) e Luzia Idalina da Conceição, pelo
amor e pelos sábios ensinamentos.
Ao Nickolas, por me ensinar o que é amor incondicional.
Ao Felipe Nóbrega Jardim, pelo apoio, carinho e momentos especiais
compartilhados.
Ao meu tio Luiz Afonso Canedo Medeiros, pelo amparo em um momento difícil,
permitindo a continuidade do meu sonho.
À amiga Carla Luisa Werlang, pela amizade, companheirismo, apoio nos momentos
necessários e inúmeras alegrias compartilhadas.
À minha orientadora, Giovana Delvan Stuhler, pela paciência e compreensão, pelo
carinho e comprometimento com este trabalho.
Aos avaliadores, Maria Celina Ribeiro Lenzi e Eduardo José Legal, pela
disponibilidade em contribuir com suas sugestões, em prol da qualidade desta
produção.
Aos participantes, que demonstraram disponibilidade em dividir suas
vivências ao fazer parte do estudo.
Obrigada!
4
SUMÁRIO
RESUMO ................................................................................................................... .5
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ .6
2 EMBASAMENTO TEÓRICO ................................................................................. 10
2.1 Doenças Crônicas.................................................................................................10
2.2 Diabetes Mellitus...................................................................................................11
2.2.1 Diabetes Mellitus tipo 2......................................................................................12
2.2.2. Convivendo com o Diabetes Mellitus tipo 2......................................................14
2.2.3 Tratamento para o Diabetes Mellitus tipo 2.......................................................17
2.3 A educação em saúde..........................................................................................19
3 ASPECTOS METODOLÓGICOS ...........................................................................22
3.1 Participantes da pesquisa.....................................................................................22
3.2 Instrumento...........................................................................................................23
3.3 Procedimentos para a coleta de dados................................................................24
3.4 Procedimentos para a análise dos dados.............................................................25
3.5 Procedimentos Éticos..........................................................................................26
4 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS .....................................27
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 51
7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................55
8 APÊNDICES ......................................................................................................... 63
5
A PERCEPÇÃO DAS PESSOAS QUE VIVEM COM O DIABETES MELLITUS TIPO 2 SOBRE A
DOENÇA E O TRATAMENTO
Orientador: Giovana Delvan Stuhler Defesa: Dezembro de 2010
Resumo:
O Diabetes Mellitus tipo 2 é um distúrbio metabólico caracterizado pela resistência insulínica, que se apresenta de forma mais tardia e tem seu desenvolvimento associado à interação entre fatores genéticos e ambientais, como alimentação desequilibrada, estilo de vida sedentário e presença de eventos estressantes. O tratamento para o Diabetes Mellitus busca o controle glicêmico e é feito por meio do uso da medicação necessária e da adoção de mudanças comportamentais desenvolvidas a partir de uma educação adequada sobre a doença e o tratamento. Esta pesquisa teve por objetivo conhecer a percepção de pessoas que vivem com o Diabetes Mellitus tipo 2 acerca da doença e do tratamento. Participaram deste estudo 10 pacientes atendidos por equipes de Estratégia de Saúde da Família do município de Itajaí. Para a coleta de dados foi utilizada uma entrevista semi-estruturada, e a análise de dados foi feita de acordo com a análise de conteúdo temático categorial. No material textual foram selecionadas 148 unidades de registro, as quais originaram cinco categorias: definição e possíveis causas; diagnóstico e reações; aprendizagem; mudanças e tratamento. Observou-se que os participantes compreendem o diabetes como uma doença sem cura, que requer controle tendo em vista as complicações ocasionadas pelo diabetes. As causas foram relacionadas a fatores hereditários e patologias anteriores. Sobre o tratamento constatou-se um predomínio do uso da terapia medicamentosa comparado ao controle alimentar e a realização de atividade física. Observou-se uma dificuldade nos participantes em compreender as explicações fornecidas pelos profissionais de saúde sobre a doença e seu tratamento. Os participantes demonstraram que a doença crônica os leva a modificar suas expectativas em relação ao futuro, percebendo-se muitas vezes aprisionados em uma rotina imposta pela condição de serem pessoas doentes.
PALAVRAS-CHAVE: DIABETES MELLITUS TIPO 2. PERCEPÇÃO. TRATAMENTO.
ÁREA DE CONHECIMENTO: 7.07.00.00-1 – PSICOLOGIA
SUB-ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: 07.02.04.07 – ESTADOS SUBJETIVOS E EMOÇÃO
Membros da Banca
______________________________________
Professora convidada: Maria Celina Ribeiro Lenzi
______________________________________
Professor Convidado: Eduardo José Legal
________________________________________ Professora Orientadora: Giovana Delvan Stuhler
1 INTRODUÇÃO
De acordo com relatório da Organização Mundial de Saúde, o número de
pessoas com condições crônicas (doenças não transmissíveis, distúrbios mentais de
longo prazo e algumas doenças transmissíveis como HIV/AIDS), tem se elevado
vertiginosamente em todo o mundo e espera-se uma progressão ainda maior nas
próximas décadas. O intenso crescimento das doenças crônicas não transmissíveis
(DCNT), grupo que compreende majoritariamente doenças cardiovasculares,
diabetes, câncer e doenças respiratórias, tem causado grande preocupação dado
seu impacto sócio econômico. Além dos encargos financeiros, elas trazem
implicações previsíveis e significativas que devem ser consideradas (OMS, 2003).
Achutti e Azambuja (2004) descrevem que em 2001, no Brasil, de acordo com
dados da Organização Pan-Americana de Saúde, as DCNT foram responsáveis por
62% das mortes e 39% de hospitalizações registradas pelo SUS.
Os autores supracitados ainda salientam que as DCNT acometem cerca de
75% da população adulta. Os fatores de risco relacionados a estas doenças estão
ligados ao estilo de vida, às exposições no ambiente de trabalho e a fatores variados
que podem interagir ou acentuar com outros preexistentes, como a obesidade, o
sedentarismo, o consumo de álcool e drogas, e fatores de ordem psicossocial.
No grupo das DCNT encontra-se o Diabetes Mellitus (DM), uma doença
metabólica caracterizada pela hiperglicemia e associada a complicações, disfunções
e insuficiência de vários órgãos, que pode resultar de defeitos da secreção e/ou
ação da insulina envolvendo processos patogênicos específicos (BRASIL, 2006).
O DM é um distúrbio crônico que apresenta elevadas taxas de morbi-
mortalidade, afetando grande parte da população. No Brasil existem
7
aproximadamente seis milhões de pessoas com a doença, sendo que destas,
acredita-se que quase a metade desconheça o diagnóstico pela falta da
manifestação dos primeiros sintomas. Estima-se também, que em 2020 possam
existir 11 milhões de diabéticos (MAIA; CAMPOS, 2005).
O DM é classificado em dois principais grupos: DM tipo 1, sendo que nesse
caso os pacientes dependem da administração de insulina para a sobrevivência, e o
DM tipo 2, alternando entre resistência a insulina predominante até a deficiência
relativa de insulina. Neste tipo, ao menos inicialmente, os pacientes não necessitam
da administração de insulina para sobreviver (DAMIANI, 2000).
A patogênese da DM tipo 2 é complexa e existem vários subtipos da doença,
sendo que o mais frequente é caracterizado por manifestar-se de forma mais tardia
e ter seu desenvolvimento associado à interação entre fatores genéticos e
ambientais, como alimentação desequilibrada e um estilo de vida sedentário (REIS;
VELHO, 2002).
Para o tratamento e controle da doença, considera-se necessário uma dieta
específica, baseada na restrição de alimentos ricos em carboidratos, gorduras e
proteínas, atividade física regular, uso adequado da medicação e integração de
alguns comportamentos na rotina diária, os quais ocasionarão uma incorporação do
tratamento no estilo de vida do paciente, levando-o ao autocontrole do DM e
consequentemente ao aumento na sua qualidade de vida (ASSUNÇÃO; URSINE,
2009).
A compreensão da população quanto aos fenômenos relacionados à sua
saúde é um dos aspectos que interfere na qualidade de vida. O conhecimento sobre
sua doença pode ser útil, evitando o surgimento de um agravo e influenciando na
busca pelo tratamento do quadro clínico já estabelecido (BORGES et al., 2009).
8
Brito et al. (2008) destacam que de acordo com a Organização Mundial da
Saúde (OMS), qualidade de vida é a percepção do indivíduo sobre sua posição na
vida, considerada no contexto da cultura e dos valores nos quais vive e elabora seus
objetivos, expectativas, padrões e preocupações. Sendo assim, a percepção que o
paciente tem de sua doença e seu tratamento interfere nas suas condições de
saúde, assim como em outros aspectos gerais de sua vida.
O tipo e características da doença, o progresso do quadro clínico, a
motivação pessoal, a aceitação da condição crônica e o apoio familiar são variáveis
essenciais no tratamento do DM tipo 2. Sendo o Diabetes uma doença de caráter
assintomático, as estratégias devem abranger os aspectos sociais e emocionais que
fazem parte da vida do paciente e o orientam em relação à própria saúde. É
importante que ocorra um resgate das experiências que o diabético possui, para que
em conjunto com os profissionais da saúde e a sua família, ele próprio construa as
estratégias para lidar com a doença, tendo em vista que a informação é uma forma
eficaz de se lidar com as incertezas e os desconfortos frente ao diagnóstico de uma
condição mórbida, da qual não se tem uma perspectiva de cura (SANTOS et al.,
2005).
Programas educativos, mobilização de pessoas e incorporação de
conhecimentos e atitudes sobre a doença podem fazer parte destas estratégias, já
que favorecem as mudanças de comportamento e assim possibilitam reduzir as
complicações da doença. É importante que os pacientes com DM tenham
conhecimentos e compreensão adequados sobre sua doença, para assim conseguir
assumir um autogerenciamento da sua condição crônica (TORRES; HORTALE;
SCHALL, 2005).
9
Os estudos que contemplam a percepção de pacientes com DM tipo 2 são
importantes, pois contribuem na elaboração de ações de prevenção, na melhoria da
qualidade de vida e na redução de encargos financeiros. Os resultados obtidos
podem apontar aspectos essenciais a novas estratégias para a prestação de uma
assistência adequada, que se preocupe com a compreensão do paciente no seu
processo de viver com a doença.
Contribuir para a melhoria da qualidade de vida de pessoas com DM deve ser
uma preocupação do profissional de Psicologia, respeitando os interesses dos
pacientes e auxiliando-os na busca pelo bem-estar através de alternativas
adequadas, ampliando assim a expectativa de vida destas pessoas.
Diante disso, o presente estudo teve como objetivo conhecer a percepção que
as pessoas que vivem com o DM tipo 2 tem da doença e do tratamento, buscando
contribuir para o planejamento de ações de saúde que envolvam estratégias para a
redução do risco e controle da doença voltadas a esta população.
2 EMBASAMENTO TEÓRICO
2.1 Doenças Crônicas
De acordo com Ide e Chaves (1992), o número de Doenças Crônicas (DC)
vem crescendo no mundo inteiro, influenciado diretamente pela aceleração do
desenvolvimento industrial e urbano, tendo em vista que estas doenças estão
relacionadas com as condições de vida, trabalho e consumo da população.
A definição de DC com maior aceitação foi proposta pela Comissão de
Doenças Crônicas de Cambridge, em 1957 e descreve como sendo todas as
doenças que apresentam uma ou mais das seguintes características: permanência
ou presença de incapacidade residual, mudança patológica não reversível no
sistema corporal, necessidade de treinamento especial do paciente para a
reabilitação e previsão de um longo período de supervisão, observação e cuidados
(MARTINS; FRANCA; KIMURA, 1996).
Os autores ainda destacam que a DC pode começar como uma condição
aguda, apresentando prolongamento através de episódios de exacerbação e
remissão. E mesmo sendo possível o seu controle, alguns eventos e restrições que
o tratamento impõe podem ocasionar alterações importantes no estilo de vida dos
pacientes (MARTINS; FRANCA; KIMURA, 1996).
Elas dividem-se em doenças crônicas transmissíveis e doenças crônicas não
transmissíveis (DCNT), as quais são consideradas uma das principais causas de
morte no Brasil. Entre as doenças que fazem parte deste último grupo estão os
cânceres, as cardiovasculares, as doenças respiratórias crônicas e o Diabetes
Mellitus, objeto deste estudo, especificamente o DM tipo 2 (REGO et al., 1990).
2.2 Diabetes Mellitus
O DM é um distúrbio metabólico caracterizado pela falta de insulina e/ou sua
incapacidade de agir adequadamente. Acredita-se que mecanismos que envolvem a
destruição auto-imune das células beta-pancreáticas e a resistência dos tecidos
periféricos possam ser os causadores do diabetes. A Organização Mundial de
Saúde (OSM) estima que a cada ano surjam 798.000 novos casos, devido ao
crescimento e envelhecimento da população, sedentarismo e alimentação
desequilibrada (LOJUDICE; SOGAYAR, 2008).
As internações por DM têm registrado números elevados, sendo que são
gastos aproximadamente R$ 33 milhões por ano, com hospitalizações através do
SUS (Sistema Único de Saúde), tendo em vista a severidade das complicações
relacionadas à doença (BRASIL, 2006).
De acordo com a Sociedade Brasileira de Diabetes o DM está dividido em DM
tipo 1 e tipo 2, Diabetes Gestacional e Diabetes decorrente de outros fatores
específicos, como os defeitos genéticos, as doenças e induzido por fármacos e
agentes químicos (GUIMARÃES; TAKAYANAGUI, 2002).
O DM tipo 1 é uma doença auto-imune causada pela destruição das células
beta produtoras de insulina. Seu surgimento ocorre quando o organismo para de
produzir insulina, ou a produz em pequenas quantidades, tornando-se necessária a
administração diária da insulina para uma vida saudável. No DM tipo 2 as células
não conseguem metabolizar glicose suficiente da corrente sanguínea, podendo ou
não ser necessária a administração de insulina. Já o diabetes gestacional é a
alteração das taxas de açúcar no sangue que aparece ou é detectada pela primeira
vez na gravidez, podendo persistir ou desaparecer depois do parto (NORWOOD;
INLANDER, 2000).
12
Os autores supracitados ainda destacam que os critérios diagnósticos para o
DM estabelecidos pela Associação Americana de Diabetes (ADA) são confirmados
se o exame demonstrar duas amostras colhidas em dias diferentes, com resultado
igual ou acima de 126mg/dl, ou quando a glicemia aleatória estiver igual ou acima de
200mg/dl na presença de sintomas.
Alguns sintomas que o DM pode apresentar são a poliúria, a polidipsia, a
polifagia, a perda involuntária de peso, os distúrbios visuais e os distúrbios do
aparelho genitourinário. Ressalta-se que o DM apresenta-se como uma doença
assintomática em grande número dos casos, de forma que a hipótese clínica é feita
a partir da análise dos fatores de risco para o DM e posterior exame (BRASIL, 2006).
2.2.1 Diabetes Mellitus tipo 2
No DM tipo 2 o organismo produz a insulina pelo pâncreas, porém as células
adiposas e musculares são incapazes de absorvê-la, anomalia a qual é chamada de
resistência insulínica. A incidência da doença é maior após os 40 anos e acredita-se
que exista maior prevalência de um fator hereditário no seu surgimento do que no
DM tipo 1. Ela também é de 8 a 10 vezes mais comum que o tipo 1 e seus principais
sintomas são as infecções freqüentes, as alterações visuais, sede excessiva,
cansaço, dificuldades na cicatrização de feridas, o formigamento nos pés e a
furunculose (NORWOOD; INLANDER, 2000).
Também chamado de DM não insulino-dependente ou de DM estável do
adulto, o DM tipo 2 uma forma da doença muito associada à predisposição genética
e familiar, ao estilo de vida e aos fatores ambientais da pessoa, sendo que a maioria
dos pacientes é obesa. Fatores de risco cardiovasculares somados a intolerância à
13
glicose favorecem problemas com doenças cardiovasculares em 80% dos casos
(OLIVEIRA; MILECH, 2004).
Segundo Ortiz e Zanetti (2000), a frequente ascensão do diabetes, em
especial o DM tipo 2, pode estar relacionada à maior taxa de urbanização, ao
aumento da expectativa de vida, industrialização, dietas hipercalóricas, às mudanças
de estilos de vida tradicionais para modernos, à inatividade física e obesidade. As
manifestações crônicas da doença são as causas mais comuns de hospitalização,
tornando-se responsáveis por invalidez e incapacitação para o trabalho.
Sobre os fatores ambientais modificáveis, os quais demonstram um papel
fundamental no grande aumento no número de portadores do DM tipo 2, Lyra et al.,
(2006) destacam os seguintes:
- Obesidade: o sobrepeso/obesidade é um fator cada vez mais percebido na
atualidade, sendo que pessoas que apresentam obesidade abdominal têm maior
risco para o desenvolvimento do DM tipo 2;
- Fatores dietoterápicos: o surgimento do DM tipo 2 está diretamente relacionado à
composição alimentar. Indivíduos que consomem dietas contendo frutas, vegetais,
peixes, aves e grãos demonstram uma redução significativa no risco para o
desenvolvimento da doença;
- Sedentarismo: o exercício físico aumenta a captação de glicose mediada pela
insulina na musculatura esquelética, além de ocasionar outros benefícios, os quais
reduzem significativamente o risco de desenvolvimento ou incidência do DM tipo 2;
- Tabagismo: não existe uma relação direta entre o DM e o cigarro, porém, estudos
descrevem uma maior incidência da doença entre os fumantes, relacionada ao fato
de que o cigarro contribui para o aumento da gordura abdominal;
14
- Stress psicossocial: estudos comprovam que indivíduos com baixo nível de suporte
emocional diante de eventos estressantes não desejados demonstram um aumento
do risco para o desenvolvimento do DM tipo 2.
Muitos casos da doença são marcados pelo aparecimento de complicações
crônicas como a retinopatia, a nefropatia, a neuropatia, a doença arterial
coronariana, a doença cerebrovascular e vascular periférica, as quais têm como
consequência os problemas cardiovasculares e renais, a cegueira, a amputação de
membros, assim como a perda na qualidade de vida para as pessoas com a doença
e seus familiares. Acredita-se que através do controle intensivo destes fatores
ambientais modificáveis e do uso de medicamentos, estas complicações podem ser
reduzidas pela metade. É essencial que a pessoa com diabetes seja capaz de
identificar os aspectos da doença para que possa lidar com a prevenção ou manejo
destas complicações (BRASIL, 2006).
O DM é uma doença que assume um significativo encargo emocional e
econômico, principalmente quando mal controlada, tendo em vista que os custos
estão relacionados ao tratamento, e que ela compromete a qualidade de vida e
sobrevida dos pacientes e familiares. Uma das alternativas consideradas eficazes
são ações de saúde que contemplem estratégias de redução de risco e controle da
doença, tendo em vista que a educação em saúde como medida de prevenção é
uma ferramenta importante para o paciente e proporciona também a redução dos
custos com a doença (MCLELLAN et al., 2007).
2.2.2 Convivendo com o Diabetes Mellitus
Conviver com o DM é um desafio, pois requer adaptação constante tanto em
relação ao tratamento, como aos limites que esta doença pode impor.
15
É no cotidiano das pessoas com DM que a experiência de adoecimento é tecida e onde os sentidos e significados dessa vivência são construídos. É nesse cenário também que são criadas formas de viver e gerenciar essa condição crônica, permeadas por um querer viver espontâneo, sempre no coletivo, que reordena o tempo e o espaço, permitindo o enfrentamento do destino e a angústia da finitude (FARIA & BELLATO, 2009, p 3).
Lacroix e Assal (2003) descrevem o aceitar a doença crônica como um
processo de maturação, sendo que o diagnóstico afeta as pessoas diferentemente,
de acordo com a percepção de cada indivíduo. No caso da DM tipo 2, o qual em sua
maioria é diagnosticado em exames de rotina, algumas pessoas demonstram
despreocupação, já que acabam não percebendo as implicações que acompanham
este diagnóstico.
Os mesmos autores supracitados ainda ressaltam as diferentes fases que o
paciente pode enfrentar durante este processo, descritas a seguir:
- Negação ou recusa: Nesta fase, o paciente pode apresentar uma reação de
descrença, a qual pode tornar-se um mecanismo para lidar com a ansiedade,
impossibilitando que a pessoa apresente comportamentos para manter-se sadio.
A situação da doença costuma ser minimizada, já que o DM acaba não sendo
considerado um “problema”. Frases características desta etapa: “Um pedaço só não
vai fazer mal”; “Mais tarde eu procuro o médico”; “Minha diabetes não é séria”; “Eu
só tomo comprimidos, não injeções”.
- Revolta ou Raiva: A doença é compreendida como uma “injustiça recebida”,
sendo que o paciente questiona-se: “Por que comigo?”; “O que eu fiz de errado para
ter que passar por isto?”.
16
Trata-se de um sentimento pouco reconhecido pelos profissionais da área da
saúde. Esta fase demonstra que ainda há pouca consciência acerca da doença e
consequentemente das adaptações ao processo de conviver com a doença.
- Barganha: Nesta fase o paciente está consciente da necessidade de
mudanças em seu comportamento, porém, negocia quanto a esta realização,
concedendo o menor tempo possível ao seu tratamento, ou justificando os seus
comportamentos.
- Tristeza / Depressão: O paciente pode apresentar episódios depressivos, ou
encontrar-se triste, tendo em vista que está ciente de sua condição, reconhecendo
que não poderá mais viver como anteriormente. Deve-se estar atento para a
evolução destes quadros de tristeza.
- Aceitação: Nesta etapa os pacientes apresentam um melhor equilíbrio
emocional, pois conseguem conviver com a doença, podendo adaptar-se com maior
facilidade ao tratamento. Reconhecem que a doença pode significar riscos, os quais
podem ser evitados.
Em relação a esta última fase, destaca-se o trabalho de Silva (2000),
apresentando cinco diferentes adaptações ao processo de conviver com o DM tipo
2: viver sem prazer; viver mantendo o diabetes sob controle; viver na esperança de
uma vida melhor; viver em conflito e viver como se não tivesse diabetes.
A percepção da doença pelo paciente é influenciada pela fase que está sendo
vivenciada, pois além da alteração no organismo, o DM altera a realidade social, na
qual novos papéis devem ser aprendidos para um viver mais saudável inserir-se em
seu cotidiano (FRANCIONI; SILVA, 2007). E é na sua rotina diária que o paciente
experienciará o adoecimento, acompanhado de sentidos e significados, os quais
tecerão a percepção do paciente em relação a sua vivência com a doença, criando
17
formas de gerenciar a sua condição. O seu dia-a-dia, marcado pelas perdas
cotidianas ao relembrar a sua vida anterior, deverá ser composto de novas formas
para o seu viver, a partir de suas escolhas (FARIA; BELLATO, 2009).
Mais do que aceitar a doença, é importante que o paciente sinta-se capaz de
continuar a viver com as mudanças que o DM proporcionou (FARIA; BELLATO,
2009).
2.2.3 Tratamentos para o Diabetes Mellitus tipo 2
O tratamento para o DM tipo 2 tem como objetivo o controle glicêmico e de
acordo com a Sociedade Brasileira de Diabetes também o alívio dos sintomas, a
melhoria na qualidade de vida, a prevenção das complicações crônicas e o
tratamento de doenças associadas (GUIMARÃES; TAKAINAGUI, 2002).
As autoras ainda apontam que o tratamento básico para o DM é feito através
da adoção de mudanças comportamentais desenvolvidas a partir de uma educação
adequada sobre a doença e o tratamento.
Com o passar dos anos, tendo em vista que o DM tipo 2 é uma doença
evolutiva, a maioria dos pacientes passa a fazer uso de tratamento farmacológico,
sendo a metformina um dos medicamentos mais utilizados. Existem várias opções
terapêuticas que podem ser usadas isoladamente ou associadas, como
sensibilizadores da ação de insulina (metformina, tiazolidinedionas), anti-
hiperglicemiantes (acarbose), secretagogos (sulfoniluréias, repaglinida, nateglinida),
drogas anti-obesidade, e a administração de insulina (Araújo; BRITO; CRUZ, 2000).
O sucesso no tratamento do paciente diabético depende também de como ele
lida com a sua condição de saúde, o quanto conhece as suas possibilidades e
limites, assim como os espaços que possui para expressar-se e a partir daí construir
18
as formas de lidar com a sua doença, definindo metas e caminhos, utilizando os
recursos que estão disponíveis (FRANCIONI; SILVA, 2007).
A adesão ao tratamento está diretamente ligada no quanto o comportamento
do paciente está relacionado às orientações fornecidas pelos profissionais de saúde.
Estudos realizados em 2001 demonstraram que apenas 25% dos pacientes
diabéticos que receberam orientações quanto à prática de atividade física realizaram
algum tipo de atividade; e dos pacientes que receberam orientações quanto à dieta,
apenas metade seguiu as orientações recebidas (FRANCIONI; SILVA, 2007).
Os profissionais da saúde devem considerar que muitas dificuldades do
cotidiano do paciente são resultantes de práticas de atenção que não fazem sentido
para ele, tendo em vista que desconsideram a sua realidade vivida (FARIA;
BELLATO, 2009).
A educação para a saúde é uma opção terapêutica muito importante no
tratamento para o DM tipo 2. Como afirma Silva et al. (2004 apud OLIVEIRA;
MILECH, 2004), educar uma pessoa com DM é uma atividade dinâmica e ativa, que
capacita o paciente para lidar melhor com o auto cuidado e o autocontrole da
doença, modificando seu estilo de vida e tornando-se mais independente.
A adesão das mudanças necessárias para uma melhor qualidade de vida da
pessoa que vive com DM tipo 2 depende muitas vezes da percepção e motivação
que ela tem da sua doença e do seu tratamento. Ações em saúde só serão tomadas
quando a pessoa acreditar na suscetibilidade em contrair um dano, assim como nas
consequências que podem surgir de tal ação e de que forma isso pode reduzir a
ameaça da doença (LESCURRA; MAMEDE, 1990 apud VIEIRA, 2006).
19
2.3 A educação em saúde
A educação em saúde deve ser considerada a base do tratamento do DM, de
forma que os pacientes possam, através do conhecimento adquirido, incorporar os
cuidados à sua rotina de vida. Estas ações educativas podem atuar proporcionando
a motivação dos pacientes para adquirirem conhecimentos e desenvolver
habilidades, as quais se tornem ferramentas para o convívio com situações
decorrentes deste distúrbio crônico. Ressalta-se desta forma a importância do apoio
psicológico junto ao paciente e a família (VIEIRA, 2006).
A DC é mais do que a soma de vários eventos específicos que ocorrem no curso de uma doença; ela é um relacionamento entre momentos específicos e esse curso crônico. É assimilada na vida da pessoa, contribuindo assim para o desenvolvimento de uma vida onde a doença torna-se inseparável de sua história de vida (LENARDT; OLIVEIRA; TUOTO, 2003, p. 55).
A Organização Mundial de Saúde reconhece o DM como um grande problema
de saúde desde 1991, propondo a partir daí inúmeros programas de intervenção
baseados na educação em saúde (ASSUNÇÃO; SANTOS; VALE, 2005). É
essencial que o planejamento destes programas considere os resultados de estudos
como o de Assunção (2009), o qual destaca a existência de divergências entre as
colocações dos profissionais de saúde e reais percepções dos pacientes em relação
à doença.
De acordo com Sandoval (2003), o Brasil destaca trabalhos realizados com
pacientes diabéticos, planejados em sua grande maioria através do ponto de vista
do profissional da saúde, desconsiderando crenças, valores e até mesmo o cotidiano
destas pessoas. Ainda assim, deve-se destacar que o modelo de atenção à saúde
utilizado é o modelo biomédico, sendo que as intervenções desenvolvem-se em sua
20
grande maioria à partir da visão do profissional de medicina, apresentando pouca
participação do paciente ou de equipes multidisciplinares, os quais poderiam
apresentar abordagens diferenciadas.
Parecem existir dois mundos, os quais não conseguem comunicar-se, sendo
que de um lado há o paciente com DM que não compreende a complexidade do
tratamento e no outro os profissionais, que não se envolvem com a complexidade do
viver com a doença (FRANCIONI; SILVA, 2007).
Tyson (2006) aponta a necessidade do profissional de saúde estabelecer boa
comunicação com os pacientes, conhecendo suas percepções acerca da doença,
para somente a partir destes resultados planejar intervenções que possam levar ao
alcance dos objetivos do paciente com diabetes. Desta forma, idéias errôneas
poderão ser desmistificadas e substituídas por conhecimentos adequados e
segurança emocional.
Os conhecimentos e habilidades dos profissionais não serão úteis se estes
não souberem atuar de acordo com as percepções do paciente sobre a doença,
buscando proporcionar a partir destes conhecimentos, a motivação para a aderência
ao tratamento e o controle metabólico, assim como o aumento na qualidade de vida
(TYSON, 2006).
O ser humano é o sujeito maior do processo individual e coletivo de mudança. Sendo assim as ações educativas que partem do viver cotidiano do ser humano, numa visão concreta da realidade na qual está inserido, permite reflexões conjuntas entre o profissional e o indivíduo, na tentativa de reforçar os seus conhecimentos ou reformular a compreensão dessa realidade (MARTINS, 1996, p. 28).
A educação em saúde é uma ferramenta fundamental no “lidar com a doença”
para o diabético, proporcionando a prevenção e promoção do seu viver saudável.
Fundamental também é a elaboração de estratégias que tenham este foco, e que
21
utilizem como ferramenta base as percepções que o paciente tem de sua doença,
assim como os aspectos que envolvem o cotidiano deste. A atuação voltada a este
olhar torna possível a compreensão de que o DM é uma doença que permite que a
pessoa influencie decisivamente no seu futuro (SANDOVAL, 2003).
3 ASPECTOS METODOLÓGICOS
Esta pesquisa constitui-se como descritiva, já que busca conhecer a realidade
sem interferir nela para modificá-la.
Para Vieira (2002) este tipo de pesquisa preocupa-se com a descoberta e
observação de fenômenos, objetivando descrevê-los, classificá-los e interpretá-los,
expondo características de uma população, sem o compromisso de explicar o
fenômeno que descreve, mesmo que sirva como base para a explicação.
3.1 Participantes da pesquisa
A amostra foi selecionada por conveniência. Participaram da pesquisa 10
pessoas que atenderam aos seguintes critérios: possuir diagnóstico de DM tipo 2;
com idade igual ou maior de 40 anos; cujo tratamento não tenha iniciado com
prescrição de insulina. Porém, não foram excluídas pessoas que no decorrer do
tratamento: (a) tiveram prescrição de insulina; (b) freqüentaram no mínimo duas
consultas no período do último ano; (c) realizaram a última consulta a no máximo
seis meses do início da data de coleta de dados; (d) cujos resultados dos exames
(glicose, colesterol, triglicérides, hemoglobina glicada) na data do último retorno,
encontram-se dentro dos limites mínimos considerados para normalidade.
Cabe ressaltar que os participantes estão cadastrados no SIAB [Sistema de
Informação da Atenção Básica] do município, e atendidos pelas equipes de
Estratégia Saúde da Família (ESF) 1 das micro áreas 2, 3, 4 e 8 (bairros Promorar e
Fazenda).
1 O município, que possui uma população estimada em 170 mil habitantes, conta com 37 equipes
responsáveis pela cobertura de 70% dos atendimentos realizados pela Secretaria da Saúde do Município.
23
Para melhor visualização, apresenta-se a seguir um quadro contendo os
dados de identificação dos participantes, como sexo, idade, estado civil,
escolaridade, profissão e se faz uso de insulina como forma de tratamento.
Quadro 01 – Dados de identificação das participantes.
Participantes
Identificação Sexo Idade Estado
Civil
Esc
ola
rid
ade1
Profissão
Faz
ap
licaç
ão d
e
insu
lina
Participante 01 M 74 a. Casado EFI Aposentado Não
Participante 02 F 67 a. Viúva EFI Do lar Não
Participante 03 M 82 a. Casado NF Aposentado Não
Participante 04 F 50 a. Casada NF Pensionista
(INSS) Sim
Participante 05 F 53 a. Casada EFI Do lar Não
Participante 06 M 57 a. Casado EFI Motorista Não
Participante 07 F 76 a. Viúva EFI Do lar Não
Participante 08 F 61 a. Casada EFI Do lar Não
Participante 09 M 57 a. Casado EFI Vigilante Não
Participante 10 F 52 a. Casado EFI Do lar Não
.
3.2 Instrumento
O instrumento utilizado para a coleta de dados foi uma entrevista semi-
estruturada (Apêndice 1), cujo roteiro buscou investigar definição e causas do DM
tipo 2 para os participantes; reação diante do diagnóstico; aprendizagem; mudanças
Legenda: 1 EF = Ensino Fundamental
EFI = Ensino Fundamental Incompleto
NF: Nunca frequentou a escola
24
que a doença ocasionou; como é o tratamento (vantagens e desvantagens) e
estratégias para o controle da doença.
A entrevista semi estruturada é uma técnica de coleta de informações através
da qual o entrevistador organiza um conjunto de questões, apoiadas em teorias e
hipóteses sobre o tema estudado, oferecendo liberdade e espontaneidade
necessárias para que se possa falar livremente sobre assuntos que vão surgindo,
enriquecendo assim a investigação. Desta forma, o entrevistado segue
espontaneamente sua linha de pensamento e experiências a partir do foco principal
colocado pelo entrevistador e participa da elaboração do conteúdo da pesquisa
(ALVES-MAZZOTTI; GEWANDSZNAJDER, 1999; PADUA, 2000).
3.3 Procedimentos para coleta de dados
Inicialmente foi estabelecido contato com a coordenação das equipes de
Estratégia Saúde da Família e em seguida com os coordenadores das equipes de
ESF que funcionam nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) de Itajaí-SC, local onde
os pacientes com DM tipo 2 são atendidos. A coordenação das equipes autorizou a
realização do estudo, mediante a assinatura do termo de autorização (Apêndice 2),
seguindo a Resolução do Conselho Nacional de Saúde (CNS 196/96), e de posterior
aprovação do estudo no Comitê de Ética de Pesquisa com Seres Humanos.
A pesquisadora fez um levantamento dos pacientes que atenderam aos
critérios de participação da pesquisa e selecionou os 10 participantes. Após esta
definição, a pesquisadora acompanhou os agentes de saúde em visitas domiciliares
para apresentar a cada um a proposta da pesquisa detalhadamente, assim como o
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (Apêndice 3). As entrevistas foram
25
gravadas e posteriormente transcritas, e aconteceram nas residências dos
participantes.
Os resultados obtidos serão divulgados aos coordenadores, bem como aos
participantes, através de relatório.
3.5 Procedimento para Análise de Dados
Após transcrição e leitura do material textual, os resultados foram analisados
a partir da análise de conteúdo temático categorial, uma das técnicas que de acordo
com Bardin (1977 apud CAMPOS, 2004), é um método de análise das
comunicações que utiliza procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do
conteúdo das mensagens, procurando identificar os núcleos de sentido de uma
comunicação, sendo que a presença desses núcleos tem um significado para o
objetivo analítico escolhido.
Para a análise de conteúdo temático categorial, Oliveira (2008) destaca as
seguintes etapas: Leitura flutuante, intuitiva, ou parcialmente orientada do texto;
Definição de hipóteses provisórias sobre o objeto estudado e o texto analisado;
Determinação das unidades de registro (UR); Marcação no texto do início e final de
cada UR observada; Definição das unidades de significação ou temas; Análise
temática das UR; Análise categorial do texto; Tratamento e apresentação dos
resultados e Discussão dos resultados e retorno ao objeto de estudo.
Os resultados foram analisados à luz de pressupostos teóricos do modelo de
crença na saúde, compreendendo a existência de algumas variáveis que influenciam
o comportamento de saúde adotado pelo indivíduo, como a percepção da sua
suscetibilidade, da severidade e a percepção dos benefícios e barreiras existentes.
26
Este modelo é permeado pelas percepções do paciente de sua situação de
saúde e não na dos profissionais de saúde.
3.6 Procedimentos Éticos
Esta pesquisa foi realizada, respeitando os princípios da resolução nº 196/96
de 10 de outubro de 1996 do CNS (Conselho Nacional de Saúde), da resolução nº
016/200 de 20 de dezembro de 2000 do CFP (Conselho Federal de Psicologia) e
dentro das normas do Conselho de Ética e Pesquisa, cientes de que os
procedimentos são de vital importância para o processo da pesquisa.
Como a pesquisa envolve seres humanos, antes da coleta de dados, os
sujeitos assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Os dados
coletados foram mantidos em sigilo, a participação dos sujeitos foi voluntária e os
valores éticos, morais, sociais e religiosos foram respeitados.
27
4 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
De posse do material transcrito, foram selecionadas 148 unidades de registro,
as quais deram origem às unidades de significação ou temas, que foram agrupados
em cinco categorias:
1) Definição e Possíveis causas: O que é e como surge? Nesta categoria
estão expostas as percepções dos participantes acerca da doença e suas possíveis
causas.
2) Diagnóstico e Reações: Eu sou diabético... Esta categoria destaca a
chegada e apresentação do diagnóstico, assim como reações relacionadas.
3) Aprendizagem: Falando sobre a doença: relaciona relatos sobre formas de
aprendizagem e comunicação acerca da doença.
4) Mudanças: Convivendo com a doença crônica: Contempla as mudanças
na rotina diária ocasionadas pelo diabetes, assim como características percebidas
com o decorrer da doença.
5) Tratamento: Pode me ajudar? Esta última categoria abrange as formas,
adaptação e aderência ao tratamento, além de estratégias para o controle e ou/
convívio com a doença.
Para uma maior compreensão serão expostas a seguir, as unidades
referentes a cada categoria, bem como a discussão das mesmas:
1ª Categoria: Definição e Possíveis causas: O que é e como surge?
A percepção que o paciente com DM tipo 2 constrói está relacionada com o
conhecimento que recebe acerca da doença e na vivência com os diferentes
aspectos que influenciam este processo. Conhecer o DM e receber suporte para
28
lidar com todas estas questões é essencial para que se torne possível aceitar a
condição e realizar o tratamento adequadamente.
Os participantes demonstram perceber o diabetes como uma doença crônica,
sem cura e que requer controle. Não demonstraram conhecer muitos aspectos
clínicos da doença, porém evidenciaram preocupação com complicações da
patologia, conforme explicitado nas falas abaixo:
“(...) eu vou ter que viver com ela, (o DM), o resto da vida e isso é fogo.”
(Participante 4)
“Eu tenho ela como um câncer que não tem cura, mas tem controle.” (Participante 9)
“(...) que eu saiba, não tem cura, não adianta, mas tem que controlar, é obrigado a
controlar senão dá problema depois.” (Participante 2)
“(...) uma doença que eu tenho que cuidar, se eu não cuidar deixa cego, deixa tolo e
qualquer doença que tenha junto com o DM piora. Aí é caixão e eu estou muito
jovem para ir pro caixão.” (Participante 7)
As unidades de registro apresentam conteúdos que estão parcialmente de
acordo com a literatura conforme apontam Smeltzer e Bare (2002), ao afirmarem
que o DM tipo 2 é um distúrbio metabólico caracterizado pela deficiência na
produção de insulina, uma doença sem cura e que requer controle intensivo, adesão
ao tratamento adequado e mudanças comportamentais.
A presença de preocupações com complicações também demonstra
pertinência aos dados apresentados por vários autores, como Faeda e Leon (2006),
29
ao ressaltarem que caso o controle adequado não ocorra, o DM pode evoluir de
complicações clínicas freqüentes às complicações tardias, as quais podem até
mesmo atingir órgãos vitais.
Silva et al. (2003) ainda pontuam que o principal problema clínico da doença
são as complicações, sendo que não há nenhum órgão que não possa ser afetado,
impactando significativamente a vida dos pacientes. Os mesmos autores ressaltam
que a percepção da DC pode não ser incompatível para alguns pacientes como a
boa saúde. Assim, as falas citadas podem também estar indicando que para os
participantes a doença enquanto problema só estaria presente quando as
complicações ocorrem.
Outro participante também demonstrou esta mesma preocupação com as
complicações, e ainda relacionou a descrição da doença aos aspectos
assintomáticos do diabetes, expondo através do seguinte relato:
“É uma doença que não dói, não incomoda a gente, mas causa problemas nos
organismos, rins e tudo futuramente.” (Participante 6)
Mesmo relacionando a sua definição de diabetes à percepção acerca da
presença dos sintomas, o participante supracitado apresenta a compreensão
adequada quanto ao fato de que não sentir a doença, não a torna inexistente.
Consoante a isto, Souza (2003) menciona que o DM tipo 2 surge
silenciosamente, sem dar sinal ou sintoma perceptível, sendo que só torna-se
conhecido após exames clínicos. Em alguns casos isto ocorre após anos de
evolução da doença, existindo até mesmo complicações associadas, as quais
podem evoluir se o paciente passar a ignorá-las pela falta da dor (SOUZA, 2003).
30
Um dos participantes, mesmo reconhecendo o DM como uma doença
incurável, relacionou a cura com o poder de Deus, demonstrando certa descrença
no tratamento indiciado pelo médico, fato este evidenciado em sua fala:
“É uma doença incurável, só Deus para curar, a gente sabe que vai conviver com ela
pro resto da vida.” (Participante 6)
Pliger e Abreu (2007) compreendem estes comportamentos como formas de
suporte para adaptar-se às remodelações e enfrentar a condição crônica, com
utilização de mecanismos de defesa, mantendo a esperança.
Quando questionados sobre os conhecimentos acerca das causas da doença,
os participantes não citaram hábitos anteriores. Dois participantes percebem a
relação com fatores hereditários. Seguem algumas ilustrações destes relatos:
“(...) É hereditário, de família. Eu perdi tio, tia, primo.” (Participante 5)
“Na minha família quase todos tem diabetes.” (Participante 4)
A hereditariedade é um fator presente em vários estudos que procuram
conhecer as causas do DM tipo 2, como o realizado por Ortiz e Zanetti (2001),
destacando que mais do que 50% dos participantes relatam ter familiares diabéticos,
e destes 20,2% afirmam ter familiares de primeiro grau diabéticos. Os familiares de
1º. grau de pacientes diabéticos possuem entre 2 a 6 vezes mais chances de
desenvolver a doença do que pacientes familiares sem este histórico (ORTIZ &
ZANETTI, 2001).
31
Dois participantes relacionam o surgimento do DM tipo 2 à outras doenças,
conforme exposto nas unidades abaixo:
“Depois que eu fui operado, (operação do fígado), apareceu diabetes, colesterol,
pressão alta. Apareceu tudo depois.” (Participante 1)
“Eu sempre tive problemas, como pressão alta e eu vivia no médico porque eu tenho
incontinência urinária. O problema do meu DM está acontecendo por causa disso
mesmo.” (Participante 10)
Não existem estudos que comprovem esta relação expostas nas falas, pelo
contrário, pesquisas afirmam que o DM pode ser considerado um fator de risco para
outras complicações. Pace et al. (2003) ressaltam que o diagnóstico do diabetes
ocorre concomitante a outras patologias, sendo que na América Latina
aproximadamente 50% dos novos casos de diabetes já vem acompanhados de
complicações, muitas vezes outras patologias em evolução avançada, as quais
acabam sendo relacionadas erroneamente por pacientes e familiares ao surgimento
do diabetes.
2ª Categoria - Diagnóstico e Reações: Eu sou diabético...
Receber o diagnóstico de DM tipo 2 requer apoio e suporte. As reações
emocionais do paciente diante de sua doença são tão importantes quanto os dados
fisiológicos, tendo em vista que a condição de doente crônico abrange todos os
aspectos da vida do indivíduo e estes fatores influenciarão a forma pela qual ele
32
vivenciará o diabetes. É essencial que eles sintam-se acolhidos e possam trabalhar
os diversos sentimentos que o “sou diabético” agrega.
Os resultados da pesquisa demonstraram os diversos sentimentos
experimentados pelos participantes após o diagnóstico.
Apenas um dos participantes relatou ter recebido o diagnóstico de forma
otimista, e demonstra ter optado pelo tratamento como estratégia para lidar com a
doença, fato este evidenciado em sua fala:
“Eu reagi numa boa. Quando eu fiz (o exame) e veio a confirmação, já veio bem alto
então já comecei a tomar os remédios.” (Participante 10)
Contudo, outros participantes demonstraram certo impacto ao receber o
diagnóstico, porém, igualmente ao relato exposto anteriormente, citam o tratamento
como estratégia utilizada, sugerindo que as reações iniciais tão angustiantes, foram
transformadas por meio da reflexão sobre sua condição, dando lugar a um
sentimento de aceitação e busca pelo bem-estar. As falas abaixo ilustram estes
comportamentos:
“Eu fiquei assim, eu com diabetes? Mas se estou tenho que tratar.” (Participante 8)
“Eu me senti assim, preocupada. Agora eu estou tratando.” (Participante 7)
“Não, nunca passou na minha cabeça que eu iria ter. Mas quando eu vi que tinha eu
comecei a tratar.” (Participante 2)
33
Receber este diagnóstico pode ativar muito medo e ansiedade, que poderão
ou não se tornar obstáculos na adaptação da condição exposta, tendo em vista que
neste estado é difícil incorporar muitas informações. Esses obstáculos emocionais
devem ser compreendidos e trabalhados pela equipe de saúde, resultando na
melhor aceitação da doença (PÉRES; FRANCO; SANTOS, 2008).
Silva e Zago (2005) por sua vez, complementam que a atuação do
profissional no repasse do diagnóstico é crucial para ajudar o paciente a
compreender-se nessa nova realidade de pessoa doente. É importante que ele não
se sinta sozinho e possa exprimir seus sentimentos, assim como clarificar qualquer
dúvida que possa surgir ao receber a notícia. A fala a seguir ressalta sentimentos de
desespero e medo ao deparar-se com suas percepções em relação ao diabetes.
“Eu sou novo ainda e o diabetes é uma coisa que mata, daí fiquei desesperado, me
desesperei muito.” (Participante 9)
Diferentemente dos participantes supracitados, um relatou ter uma reação
diferente, sentindo-se deprimido com relação à doença, aspecto este que pode
tornar-se relevante na adesão ao tratamento.
Doherty, James e Roberts (2000) apontam que o estado depressivo pode
levar a diminuição na motivação do paciente em cuidar-se ao seguir as orientações
do profissional de saúde, dificultando assim o controle glicêmico.
“[...] eu fui na Dra., ela fez os exames e deu que eu estava com diabetes. Comecei a
entrar em depressão, fiquei muito depressiva.” (Participante 5)
34
Péres, Franco e Santos (2008), mencionam que se o diagnóstico de uma
doença crônica vem acompanhado de um estado de depressão, os sentimentos de
perda e tristeza se intensificam, podendo tornar-se altamente destrutivos.
Para Moreira et al. (2003), as dificuldades para adaptar-se na condição da
doença crônica vem muitas vezes associada a sintomas depressivos, prejudicando
todo o funcionamento do indivíduo, o que resulta na não adesão do tratamento e
possíveis complicações da doença.
3ª Categoria - Aprendizagem: Falando sobre a doença.
Conhecer a doença e obter informação qualificada compõe fatores relevantes
para a vida do paciente com DM tipo 2, podendo favorecer a adesão correta do
tratamento e a prevenção de complicações. Questões emocionais atuam muitas
vezes na relação entre a informação e transformação do conhecimento em algo
aplicável no cotidiano.
Torna-se importante que o paciente entenda as informações recebidas e
tenha possibilidades de discutir e sanar dúvidas, bem como sentir-se acolhido e
seguro. A percepção que o paciente tem de sua doença é construída a partir da
clareza entre as informações que recebe e como ele lida com os diversos
sentimentos que a doença proporciona.
Paul e Fonseca (2001) ressaltam que o repasse de informações é uma
condição básica na tomada de decisões do paciente frente a sua doença,
possibilitando a autonomia e o enfrentamento das dificuldades.
Um estudo com diabéticos realizado em Florianópolis por Xavier, Bittar e
Ataíde (2009), evidenciou que os profissionais de saúde raramente correspondem às
expectativas dos pacientes, os quais buscam o diálogo e possibilidades abertas para
35
suas decisões, que podem não estar coerentes com os desejos dos profissionais,
mas são aquelas que consideram contribuir para o seu viver saudável. Estes
resultados estão de acordo com os relatos dos participantes desta pesquisa, ao
demonstrarem insegurança nas informações recebidas, sendo que o profissional da
saúde é o principal canal de informação do paciente a respeito de sua doença.
Seguem algumas unidades que explicitam o exposto acima:
“(...) eu não converso com ninguém, porque a gente não tem nada disso, só vai no
médico e diz: está assim; ele troca o remédio e pronto.” (Participante 10)
“Eu não sei entender o médico, que diz está trezentos e pouco e aumentou.”
(Participante 4)
Muitos pacientes deixam os serviços de saúde com muitas dúvidas, sem
saber seguir o tratamento aconselhado (SARAFINO, 2002). Trabalhos citados por
Xavier, Bittar e Ataíde (2009), demonstram que a maioria dos participantes gostaria
de receber mais informações pelos profissionais de saúde. No entanto, os autores
ressaltam que pode haver relação entre a necessidade de informações e o tipo de
envolvimento que o paciente tem com a doença, ou seja, aquele que se mostra mais
comprometido com o tratar-se tende a buscar mais informações e questionar os
profissionais mais intensamente.
Alguns participantes demonstram ainda, conforme explicitado em suas falas,
a relação entre a percepção sobre a doença e o tratamento com as suas vivências:
36
“(...) eu nunca procurei uma pessoa assim, que informa a gente sobre o que é a
diabetes. Nunca procurei assim um médico, um psiquiatra, uma psicóloga do
diabetes, porque eu já sei, eu já conheço o diabetes, tenho parente que morreu e
experiência pra saber o que é.” (Participante 9)
“Muita gente falou que o diabetes é uma doença triste, danada, que chega dar
cegueira na pessoa. Tem gente que até já morreu do diabetes.” (Participante 3)
“As pessoas falam que tem isso pra tomar pro diabetes... têm uma folha natural,
umas pomadas, umas coisas que a gente faz um chá. E tem também a berinjela que
é para o diabetes e para o colesterol.” (Participante 7)
A forma de viver com a doença é um processo construído integrando
conhecimentos, os quais interferem e vão sendo modificados pelos novos
conhecimentos (XAVIER; BITTAR; ATAÍDE, 2009).
As unidades citadas anteriormente condizem com o estudo de Francioni e
Silva (2007), o qual salienta que o paciente diabético, na sua dinâmica ampla de
viver com a doença, pode agir associando conhecimentos para manutenção ou
conquista do “viver saudável”.
Torna-se importante ressaltar que o profissional de saúde deve considerar as
percepções e crenças dos pacientes, e contribuir a partir daí para o aumento do
conhecimento da doença, ao modificar crenças e percepções que impliquem de
forma negativa na saúde (BENNETT, 2002).
37
Nas falas de alguns participantes é possível identificar que o conhecimento
acerca do DM é construído através de informação por meio de comunicação
(televisão, informativos visuais):
“Leio... se eu vejo um cartaz escrito sobre o diabetes eu vou lá ler (...)” (Participante
5)
“Às vezes passa na televisão explicando como é a receita para a doença e às vezes
eu sigo (...).” (Participante 1)
As falas supracitadas corroboram com a pesquisa de Xavier, Bittar e Ataíde
(2009), a qual evidenciou que os meios de comunicação expressam influência
significativa na apreensão de conhecimento sobre a doença.
Para os autores, especialmente a televisão, ao produzir imagens, atua
repassando informações, as quais são recebidas como forma de ser e estar no meio
em que vivem. Porém, parece que esta forma de comunicação não tem sido efetiva,
tendo em vista que campanhas expostas na mídia, buscando o auto cuidado por
pacientes diabéticos têm sido insuficientes para motivar as mudanças necessárias
que devem ser incorporadas à rotina das pessoas (ATAÍDE; BITTAR; XAVIER,
2009).
4ª Categoria – Mudanças: Convivendo com a doença crônica.
Por tratar-se de uma DC, o paciente diabético reage de diferentes formas e
enfrenta várias fases, as quais compreendem tanto aspectos biológicos da doença
quanto aspectos emocionais da construção do seu processo de viver com o DM.
38
Estas fases contemplam mudanças na sua vida, transformações que estão
diretamente ligadas ao processo clínico futuro. Seguem alguns relatos,
posteriormente discutidos, que exemplificam as diferentes mudanças:
“É bem difícil, porque se você se machuca já custa a sarar e o teu corpo dói, parece
que você bota ponto de agulha no corpo.” (Participante 10)
“Quando o diabetes está alto me da moleza no corpo, dores nas juntas. Eu sinto dor
no corpo que nunca tive na minha vida, então já evito comer doçura para ficar bom.”
(Participante 9)
Estas unidades demonstram o modo pelo qual o paciente integra os seus
conhecimentos de convivência com o DM e percepção de sintomas com a
identificação de alterações glicêmicas, possibilitando assim a distinção e
consequente ação no controle da doença. Porém, outras patologias podem estar
associadas, acabando por confundir o paciente e agravando o seu quadro, caso as
ações de controle estejam equivocadas. Sendo assim, é possível perceber que a
convivência com DM abrange tanto os dados técnicos, orientações médicas e as
sensações de bem-estar (BARSAGLINI, 2008).
Já Chiozza (2007) traz uma hipótese complementar, ao afirmar que as
pessoas que vivem com DM tipo 2 demonstram uma característica psicológica em
comum, a fantasia insulino-pancreática inconsciente, descrevendo em sentido
figurado, há a idéia de que a insulina ativa a glicose da mesma forma de que um
fósforo acende um carvão. Assim, o paciente acaba relacionando o “mau
funcionamento” do seu organismo à má metabolização da glicose.
39
Os fatores que influenciam o DM tipo 2 são aprendidos por meio da
convivência com a doença, seja seguindo as recomendações necessárias ou as
transgredindo. Estas orientações assumem um caráter de normas e a sua
desobediência acaba acarretando um peso moral, gerando alterações emocionais
(BROOM; WHITTAKER, 2004). Um dos participantes expõe este tipo de situação:
“Quando está alto (o diabetes) eu não posso comer aquilo que quero (...) se eu fico
nervosa o diabetes sobe e a pressão também.” (Participante 2)
Em alguns casos a doença significa ter que abrir mão do seu recurso de
sobrevivência, ou seja, do seu próprio corpo. Desta forma, algumas atitudes para a
saúde só são tomadas quando a capacidade para o trabalho está sendo afetada. A
dor física ocasiona dores também no sofrimento psíquico, econômico e social
(PÉRES, FRANCO & SANTOS, 2008).
Concomitante a isto, encontram-se os relatos de dois participantes:
“(...) Por causa da doença, vai fazer cinco anos que eu estou encostada, (afastada
pelo INSS, por motivo de doença).” (Participante 4)
“Eu vejo o diabetes como uma doença normal, só que a gente não pode extrapolar,
porque quem vai se ferrar sem trabalhar é eu, é a família, eu tenho medo é disso. É
sofrer e ficar inútil, ainda mais eu que não posso parar.” (Participante 8)
40
Como já foi destacado anteriormente, conviver com a doença abrange, além
de questões meramente clínicas/biológicas, interferências de forma significativa nos
aspectos emocionais e sociais da pessoa.
Péres, Franco e Santos (2008), destacam o quanto essa vivência revela
relações de conflito com o emocional e social, tendo em vista que o paciente ao se
sentir doente, deixa de realizar atividades através das quais se reconhece
participante do contexto em que vive, como a atividade laboral.
Em alguns casos, o paciente pode desenvolver estratégias diferentes para
lidar com estes conflitos, como por exemplo, a negação, conforme expõe a unidade
a seguir:
“Pra te falar a verdade eu não lembro que eu tenho diabetes.” (Participante 3)
Este tipo de comportamento capacita o paciente a sentir que os sintomas
percebidos não são importantes, assim como a visita ao médico, a adesão ao
tratamento e a adoção do papel de doente são atitudes desnecessárias, já que a
doença acarreta um peso grande na sua vida, e ignorar o seu difícil manejo parece
ser mais fácil (SOUZA, 2003).
O uso da negação como mecanismo de defesa varia de acordo com o
indivíduo e sua bagagem cultural e familiar, mas em todos os casos prejudica o
tratamento, causando danos ao paciente (LACROIX; ASSAL, 2003).
5ª Categoria - Tratamento: Pode me ajudar?
O tratamento para o DM tipo 2 busca o controle glicêmico e a prevenção de
complicações através do uso de medicamentos adequados, dietas específicas e
41
realização de atividades físicas. Souza (2003) denonima estes aspectos como a
tríade terapêutica, sendo que o desequilíbrio de um afeta diretamente o outro.
Panarotto et al. (2008) citam diversos estudos nos quais o tratamento limita-
se à “tomada da medicação prescrita”, sendo que apenas a minoria dos usuários
consegue atingir as metas propostas, uma vez que estas requerem intervenções
complexas e interação entre o profissional da saúde e o paciente diabético. Estes
dados vão de acordo com os resultados desta pesquisa, tendo em vista que a
maioria dos participantes demonstra relacionar o tratamento somente ao uso
adequado dos medicamentos, conforme orientação médica, tornando isto um hábito.
É importante que as informações acerca desta ação estejam claras ao pacientes,
para que assim possam praticar o auto cuidado. Algumas falas explicitam tal fato:
“Tomo meu medicamento certinho, que eu tenho que tomar. (...) eu já me acostumei,
já me habituei, é isso que eu faço” (Participante 8)
“Para mim tudo é normal, então para onde eu vou já levo junto os remédios.”
(Participante 2)
“Se eu não estivesse tomando os remédios que eu estou tomando hoje, eu já não
estaria mais viva.” (Participante 5)
Presumindo que as indicações terapêuticas estejam de acordo com a doença
e o indivíduo, a não aderência ao tratamento torna-se uma perda da oportunidade de
saúde, conforme coloca Horne (2000). Além disso, o comportamento negativo diante
da execução do tratamento implica no prolongamento do sofrimento frente à doença,
42
assim como constantes visitas ao médico, maior tempo para recuperação e
possíveis hospitalizações (WHO, 2001).
A percepção adequada da doença e dos benefícios do tratamento contribui
diretamente na motivação do paciente para tratá-lo. As pessoas que aderem ao
tratamento são aquelas que reconhecem ter responsabilidade na doença, assim
como os benefícios que as mudanças de comportamento podem trazer (SOUZA,
2003).
Para Marks et al. (2000), quanto mais a medicação está de acordo com o
sistema de crenças do paciente, maior será a adesão ao tratamento. Informações
repassadas pelos profissionais de saúde podem criar novas ou desmistificar antigas
percepções do paciente.
Diante disto, observou-se que alguns pacientes percebem o tratamento como
algo que não faz efeito, gerando assim pensamentos negativos e percepções
distorcidas, as quais podem comprometer ainda mais o seu estado clínico. As falas a
seguir explicitam isto:
“Eu estou seguindo há quanto tempo o tratamento e só estou piorando. Antes meu
diabetes não era tão alto assim, tomando os remédios ele está assim.” (Participante
1)
“Tem hora que da vontade de desistir. Quando você toma e faz efeito, é animador;
mas tu estar toda picada como eu estou, tomando os remédios e não fazer o
efeito...” (Participante 4)
43
Nesta última fala, ressalta-se o uso da insulina como forma de tratamento.
McMahon e Arky (2007) alertam quanto à resistência ao uso desta substância
também pelos pacientes de DM tipo 2, já que demonstram medo da dor, da
hipoglicemia, do aumento de peso e das dificuldades de manejo ao utilizar o
medicamento.
Tratando-se de tratamento de uma DC, outro aspecto importante a ser
ressaltado é que ele não compreende um período curto de tempo ou um evento
único, podendo durar toda a vida (SOUZA, 2003).
Péres, Franco e Santos (2008), comentam que as decisões das pessoas
acerca do tratamento estão relacionadas com seus sentimentos, pensamentos e
valores e outros aspectos psicossociais que predispõem às ações, como na
afirmação demonstrada no relato abaixo:
“Eu já pensei em parar tudo e morrer de uma vez, morrer eu já vou mesmo, se eu
parasse, (o tratamento), eu já morria de uma vez e descansava.” (Participante 10)
A vontade de viver e controlar os sintomas pelo paciente torna-se essencial,
assim deve-se compreender todos os aspectos do paciente no seu viver com a
doença, até mesmo em seu desejo de lutar e comprometer-se com a própria vida,
elemento fundamental, especialmente diante de condições crônicas de saúde
(PÉRES; FRANCO; SANTOS, 2008).
Um dos participantes ressaltou a sua dificuldade na leitura, e consequente
coordenação do uso do medicamento, podendo ser um fator que desmotiva o
44
tratamento, caso não receba informações adequadas para que possa construir uma
estratégia de utilização, conforme ilustra o relato abaixo:
“Pra mim é ruim, porque eu não sei ler, se eu soubesse ler daí era mais fácil. Eu
chego à médica e ela diz: você não esta tomando os remédios certos, e eu ou
tomava demais ou tomava de menos.” (Participante 1)
Vasconcelos et al. (2005) salientam que a terapia medicamentosa deve ir
além do discurso rígido abrangendo mais do que somente o fármaco, assim como as
condições de escolaridade, as condições econômicas, o apoio social, dentre outros
aspectos.
O tratamento do DM tipo 2 também está diretamente relacionado ao controle
alimentar realizado pelos pacientes, prática a qual que deve estar adequada a
realidade vivida por cada um, para que possa fazer sentido, sendo realmente
inserida às mudanças comportamentais do diabético. O ato de comer, além da
ingestão de nutrientes, engloba fatores culturais e emocionais.
Apóstolo, Rodrigues e Olvera (2007), com base no modelo de crenças da
saúde, destacam que no comportamento alimentar do paciente processos
emocionais interagem com valores socioculturais da alimentação, mostrando-se o
ato de comer como mais importante do que o reconhecimento cognitivo de que a
ingestão de certos alimentos elevam o nível de glicose no sangue. Sendo assim, o
indivíduo come por uma obrigação social. As percepções e valores que atribui a esta
ação é que irão determinar o quanto ela pode estar relacionada à melhoria da sua
saúde.
45
Em pesquisa realizada por Peres, Franco e Santos (2006), os autores
apontam as dificuldades no seguimento da dieta prescrita para pacientes com DM
tipo 2, já que relacionam-se aí alguns significados, como a perda do prazer de comer
e beber, a restrição da autonomia e o cerceamento da liberdade para alimentar-se
como e a hora que desejar, provocando assim um viver triste. Estes resultados vão
de encontro aos relatos dos participantes desta pesquisa, os quais demonstram a
importância deste fator em suas vidas e dificuldade em seguir a dieta prescrita,
percebendo esta atitude com uma imagem negativa e uma punição.
Os participantes não relacionam esta mudança a um ganho na qualidade de
vida, mas sim a uma perda, por se tratar de uma dieta restritiva, percebendo um
enorme espaço entre a dieta orientada e a dieta possível de ser realizada. Os
trechos a seguir exemplificam tais situações:
“Não faço dieta porque se eu for fazer a dieta que o médico manda ele vai me tirar
tudo, todos os alimentos meus. Ele vai tirar tudo, é claro.” (Participante 9)
“É terrível, porque eu sou uma pessoa que gosta de saborear bastante as coisas (...)
você faz um doce e não pode comer, isso é o que mais prejudicou, me impede de
muitas coisas.” (Participante 5)
“Eu prefiro ficar sem comer, porque eu não consigo comer, enjoa todo dia aquela
comida (alimentação de acordo com orientação médica).” (Participante 4)
“(...) eu disse: meu Deus porque que agora eu tenho um trocadinho pra comprar e
não posso comer.” (Participante 7)
46
Alguns participantes afirmam que em alguns momentos não conseguem
resistir às restrições da dieta e acabam por permitir-se “comer um pouquinho”. As
citações abaixo demonstram este tipo de comportamento:
“(...) você não poder comer certas coisas, mas às vezes eu como, dou uma
provadinha.” (Participante 7)
“Acontece às vezes um churrasquinho e eu dou uma escapadinha.” (Participante 6)
Na maioria dos casos os pacientes demonstram olhares negativos às
proibições e restrições imposta pelo DM. Assim, utilizam momentos de negação
como válvulas de escape, aliviando a ansiedade causada (PÉRES, FRANCO &
SANTOS, 2008).
Um dos participantes relatou relacionar a dieta restritiva a algo que poderia
não fazer bem à sua saúde, levando-o à morte.
“Pra eu fazer a dieta e tirar tudo que eu estou comendo, eu vou passar fome daí que
a diabetes vai atacar de vez meu organismo e vou enfraquecer e em cinco ou seis
meses vou morrer.” (Participante 9)
É possível relacionar esta unidade com a colocação de Campos (1982 apud
Peres; Franco; Santos, 2006), o qual evidencia que alguns grupos preferem
alimentos que são considerados “fortes”, fornecendo a sensação de saciedade por
um longo tempo. Além disso, a alimentação relacionada ao trabalho impõe a
47
necessidade de ingestão de uma grande quantidade de alimentos, tendo em vista a
conhecida expressão popular, a qual diz que “saco vazio não para em pé”.
Dentre estes aspectos, fatores financeiros também foram citados por dois
participantes como dificultadores, ou seja, um estímulo negativo para a realização da
dieta conforme orientação. Fato este, evidenciado nas unidades a seguir:
“Porque se eu quiser comer o alimento que tem que ser pra diabético eu não tenho
dinheiro pra comprar. Os alimentos sem açúcar são caros.” (Participante 9)
“(...) eu não tenho condições de manter a comida de diabetes, não tenho dinheiro
pra isso. Para manter as comidas que tem pra diabetes de coisa integral são caras e
eu não posso. Mas se eu não comprar essas comidas e ficar só no arroz logo eu
morro, daí enfraquece. Então quer dizer, é melhor eu continuar do jeito que eu estou
(...) não tem condições.” (Participante 1)
Este tipo de dificuldade apresenta-se também em outras pesquisas, como a
realizada por Cazarini et al. (2002), destacando que as dificuldades financeiras para
a aquisição dos alimentos apropriados ao tratamento do DM tipo 2 foi uma das
variáveis que dificulta a adesão de diferentes hábitos alimentares. Pode-se citar
ainda a pesquisa de Péres, Franco e Santos (2006), a qual demonstrou que a
condição financeira é um estímulo negativo ao comportamento alimentar orientado,
aspecto que não deve ser desconsiderado no planejamento e execução de ações de
saúde.
48
Diante da DC existem muitas opções de tratamento, além do que é prescrito
pelo profissional de saúde; tais opções acabam sendo utilizadas como estratégias
na construção do lidar com a doença pelo paciente.
A percepção do diabético com relação a sua doença e tratamento possui
aspectos diferenciados da equipe de saúde, sendo assim, o conhecimento de
práticas populares de saúde é uma opção de auto cuidado, a qual deve ser discutida
com o paciente (XAVIER; BITTAR; ATAÍDE, 2009).
A utilização destas práticas, acima citadas, apareceu nos resultados desta
pesquisa, sendo que dentre as opções, a utilização de chás foi relatada pela maioria.
Alternativas diferentes também foram citadas pelos participantes, demonstrando
expectativa na possível melhora das condições da doença. As citações abaixo
demonstram essas estratégias:
“Tudo que eu sei que eu vou melhorar eu tomo, amora branca que é bom pro
diabetes. Assim, se eu vou à casa de um amigo meu e ele diz: estou tomando tal
coisa pra diabete e eu estou me sentindo bem, eu tomo também, por uma, duas
semanas. Aí eu paro e continuo com o outro remédio e assim vai indo.” (Participante
9)
“(...) eu vou à casa de ervas e eles dizem que é pra diabetes sem contra-indicação,
aí eu tomo.” (Participante 5)
Ao utilizarem os chás, de acordo com os conhecimentos da medicina popular,
muitas pessoas acreditam na sua eficiência diante da doença, mesmo sem
49
comprovação científica. Outros utilizam frente ao argumento de que “mal não faz”
(SILVA et al., 2006).
A unidade que será apresentada abaixo expõe a observação entre aparentes
situações de stress e o DM tipo 2. Inúmeras pesquisas reconhecem esta relação,
sendo que episódios semelhantes desempenham importante participação na doença
e o controle desta situação pode influenciar de maneira significativa no tratamento
(SILVA et al., 2004).
“Agora eu estou deixando mais de lado os meus problemas (...) se tu se incomodar
ficar nervosa, agitada e não se tranqüilizar um pouco, não se ajudar o DM sobe e eu
sinto que eu fico bem ruim.” (Participante 2)
Com relação aos exercícios físicos, apesar de suas vantagens, sabe-se que
grande parte da população é inativa ou realiza níveis insatisfatórios para a saúde
(FECHIO; MALERBI, 2004). Em estudos realizados com pacientes com DM tipo 2,
observa-se que eles dificilmente seguem as orientações quanto a este tipo de
atividade. De acordo com uma pesquisa realizada por Paces, Nunes e Ochoa-Vigo
(2006), a população diabética não considera a realização de exercícios físicos
relevantes em seu tratamento. Igualmente, os resultados de Araújo (2004) e
Gleeson-Kreig (2006) explicitam que mesmo com a existência de inúmeras
informações quanto aos benefícios dos exercícios para o paciente diabético, a
realização efetiva e contínua ainda é pequena.
Os dados supracitados corroboram com os resultados desta pesquisa, os
quais demonstram que apenas um dos participantes relata intenção na realização de
50
caminhada e todos afirmam não realizar nenhum tipo de exercício físico contínuo.
Fato este, explicitado nas duas falas que seguem:
“(...) uma coisa que eu não faço é esperar o ônibus eu vou a pé.” (Participante 8)
“Eu não faço nenhum tipo de ginástica.” (Participante 9)
De modo geral, os participantes demonstram desconhecer uma justificativa
consistente para tal, parecendo não compreender os exercícios físicos como
essenciais ao tratamento.
51
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este estudo teve como objetivo conhecer a percepção de pessoas que vivem
com o DM tipo 2 sobre a sua doença e o tratamento. De acordo com o dicionário de
língua portuguesa de Aulete (1958), percepção é o ato ou efeito de perceber, colher
impressões através dos sentidos.
Ter uma doença crônica como o DM é uma condição que vai além do simples
receber um diagnóstico, assumir um rótulo e tratar-se. É entrar em contato com
sentimentos diferentes, ter que se reconhecer e reencontrar-se em uma nova etapa,
modificando as expectativas em relação ao futuro e muitas vezes percebendo-se
aprisionado a uma nova rotina encoberta por ansiedade, medos e possíveis
frustrações, antes de tornar-se uma possibilidade de viver com qualidade.
Através deste estudo foi possível observar a importância das percepções que
estes sujeitos têm sobre a doença, através de reinterpretações elaboradas, a partir
do discurso do profissional de saúde sobre a etiologia, integrando-o às vivências
anteriores, ao conhecimento popular e emoções que surgem e são elaboradas no
convívio com o DM. Apesar de demonstrarem desconhecer muitos aspectos clínicos,
reconhecem como uma doença sem cura, a qual requer tratamento para a
possibilidade de um viver mais saudável, evitando complicações citadas pela maioria
dos participantes.
Quanto às causas da doença, aspectos hereditários foram citados. Também
foi possível apontar algumas distorções, tendo em vista que alguns sujeitos
relacionam esse surgimento a transtornos anteriores e não há estudos que
comprovem tal relação. Este resultado pode relacionar-se ao momento do
diagnóstico, que na maioria dos casos ocorreu durante e realização de outros
52
tratamentos ou idas a consultas que a priori possuíam outros focos. Este fato sugere
pouco conhecimento dos sintomas do DM tipo 2.
Receber o diagnóstico foi associado a diversos sentimentos e reações,
evidenciado a importância do acolhimento e compreensão pelo profissional de
saúde, tendo em vista que o comportamento humano é complexo e o paciente deve
ser visto como um todo, e não apenas um sintoma ou patologia.
As atitudes e comportamentos que o sujeito terá no decorrer do seu conviver
com a doença abrange outros aspectos além do cognitivo, tornando-se relevante
considerar suas disposições emocionais, culturais e sociais neste processo.
Quanto às informações sobre a doença, os sujeitos relatam dificuldade em
compreender as explicações do profissional de saúde. Este canal de comunicação,
entre profissional e paciente parece ser um caminho ainda cheio de obstáculos, não
garantindo necessariamente a mudança de comportamentos desejáveis. O
conhecimento adquirido é reelaborado pelo sujeito através das suas experiências,
para então tornar-se ou não aplicável.
Parece ser essencial que a troca de informações ocorra integrando o saber
científico e o popular, tornando possível que o paciente possa atribua significado ao
conhecimento que está recebendo, o que reforça a atitude positiva no enfrentamento
do diabetes.
As repercussões da doença se refletem nas diversas esferas da vida destes
participantes, sendo que o diabetes revelou causar um impacto negativo na vida
biopsicossocial da maioria.
Sendo o DM tipo 2 sem tratamento absoluto satisfatório, permanecendo
desde a sua manifestação até os últimos anos de vida, os sujeitos percebem esta
convivência como desagradável e em alguns casos penosa. Relatam interferência
53
tanto nos aspectos emocionais, como nas relações sociais, seja a mudança nas
rotinas cotidianas diante dos hábitos alimentares, como dificuldades nas condições
de trabalho.
A percepção sobre a doença, a qualidade das informações recebidas e as
atitudes diante do processo de conviver com o diabetes inferem diretamente na
adesão ao tratamento e a motivação para o auto cuidado.
Os sujeitos não demonstram um grau elevado de atenção com o tratamento,
e o restringem a terapia medicamentosa, sendo o controle alimentar descrito como
orientação de difícil manutenção, tanto pelo fator econômico, como por seu caráter
restritivo.
Em relação ao exercício físico, nenhum dos participantes cita realizá-lo,
parecendo ser uma atividade sem significado, sugerindo hipóteses relacionadas aos
seguintes fatores: idade, percepção negativa ou distorcida diante das orientações
repassadas e dificuldades para viabilizar mudanças na vida.
Constatou-se a utilização de diferentes estratégias para lidar com o diabetes,
como o uso de chás ou desenvolvimento de tentativas para o controle de situações
estressantes, as quais acreditam influenciar nos aspectos clínicos da doença.
O uso destas estratégias não convencionais apresenta-se como tentativa de
auto cuidado e sugere certa descrença ao tratamento orientado, o qual não é
realizado adequadamente por nenhum dos participantes.
A percepção que o paciente tem da doença influencia diretamente na sua
motivação para o auto cuidado, tendo em vista que os participantes que
demonstraram distorções cognitivas em relação ao DM tipo 2 apresentaram posturas
resistentes em relação ao tratamento.
54
Conforme exposto na literatura, programas de educação em saúde parecem
ser eficientes estratégias à estes pacientes, possibilitando o aumento do
conhecimento sobre a doença e tratamento adequado, contribuindo assim para que
se envolvam ativamente neste processo, obtendo qualidade de vida e prevenindo as
complicações crônicas.
É provável que, se não houvesse distorções nas percepções dos
participantes, e se compreendessem o benefício da ação para a redução das
complicações, os comportamentos seriam modificados de forma mais intensa.
Igualmente, o profissional de saúde poderia agir abordando o paciente sem manter o
foco nas proibições e limitações, facilitando o acesso a informação e considerando
os aspectos sociais, emocionais e crenças.
Acredita-se que o presente trabalho contribuiu para uma maior compreensão
das percepções dos pacientes com DM tipo 2, no entanto, novos estudos com uma
amostra maior e que explorem outras dimensões, como a rede de apoio, podem
trazer resultados importantes quanto a doença e seu tratamento.
55
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XAVIER, A. T. F.; BITTAR, D. B.; ATAIDE, M. B. C. Crenças no autocuidado em
diabetes: implicações para a prática. Texto contexto - enferm., Florianópolis, v. 18,
n. 1, Mar. 2009 .
7 APÊNDICES
APÊNDICE A – INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS
Identificação do participante
Nome
Data de Nascimento
Idade
Sexo
Escolaridade
Profissão
Sit. Familiar/conjugal
Dados clínicos do participante
Faz administração de insulina?
1- O que é o diabetes para você?
2- Há quanto tempo você descobriu ter diabetes e como reagiu?
3- Em sua opinião, como surge o diabetes numa pessoa?
4- Onde aprendeu sobre o diabetes e com quem?
5- Depois da descoberta do diabetes, o que mudou em sua vida?
6- Como é o tratamento para o diabetes? E como você o faz?
7- Quais são as vantagens e desvantagens de seguir o tratamento?
8- Você possui estratégias para controlar o diabetes?
APÊNDICE B
TERMO DE AUTORIZAÇÃO
Exmo(a) Sr(a) Coordenador(a) das equipes de Estratégia Saúde da Família:
______________________________________________________________
Eu, Camila Seibt de Oliveira, acadêmica do curso de Psicologia da UNIVALI,
venho requerer através deste a autorização para realizar coleta de dados de
pacientes com Daibetes Mellitus tipo 2 que são atendidos nas três Equipes de
Estratégia Saúde da Família localizadas entorno da Univali.
Estes dados subsidiarão o trabalho de conclusão de curso exigido para a
obtenção do diploma de psicólogo do Curso de Psicologia da Univali, intitulado “A
percepção de pessoas que vivem com o Diabetes Mellitus tipo 2 sobre a doença e o
tratamento”, orientado pela professora Giovana Delvan Stuhler.
Itajaí, ___ de ___ de 2009.
______________________________________
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APÊNDICE C
TERMO DE CONCENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
APRESENTAÇÃO
Gostaria de convidá-lo (a) para participar de uma pesquisa intitulada: A
percepção de pessoas que vivem com o Diabetes Mellitus tipo 2 sobre a doença e o
tratamento, cujo objetivo é conhecer a percepção de pessoas acerca da doença e o
tratamento.
Sua tarefa consistirá na participação em uma entrevista. Quanto aos aspectos
éticos, gostaria de informar que:
a) A entrevista será gravada para depois ser transcrita, sendo que seus dados
pessoais serão mantidos em sigilo, garantindo o seu anonimato;
b) Os resultados dessa pesquisa serão utilizados somente com finalidade
acadêmica podendo vir a ser publicado em revistas especializadas, porem,
como explicados no item (a) seus dados pessoais serão mantidos em
anonimato;
c) Não há respostas certas ou erradas, o que importa é sua opinião;
d) A aceitação não implica que você estará obrigado a participar, podendo
interromper sua participação a qualquer momento, mesmo que já tenha
iniciado, bastando, para tanto, comunicar aos pesquisadores;
e) Você não terá direito a remuneração, pois sua participação é voluntária.
f) Esta pesquisa é de cunho acadêmico e não visa uma intervenção imediata;
g) Durante a participação, se tiver alguma reclamação, do ponto de vista ético,
você poderá contatar com o responsável por esta pesquisa.
h) Ao final da pesquisa os dados serão devolvidos por meio de um relatório
i) Durante a participação, se tiver alguma reclamação, do ponto de vista ético,
você poderá contatar com o responsável por esta pesquisa.
65
j) Esta pesquisa pretende contribuir com ações que se preocupem com a
compreensão do paciente no seu processo de viver com a doença.
Pesquisador responsável: Giovana Delvan Stuhler e Camila Seibt de Oliveira
E-mail:e [email protected]
Curso de psicologia da Universidade do Vale do Itajaí-CCS
R. Uruguai, 448 – bloco 25b
Caso aceite participar, por favor, preencha os dados a seguir:
IDENTIFICAÇÃO E CONSENTIMENTO
Eu_________________________________________________________________
______________
declaro estar ciente dos propósitos da pesquisa, da maneira como será realizada e
no que consiste minha participação. Diante dessas informações, aceito participar da
pesquisa.
Assinatura:____________________________________
Data de nascimento: ____________________________