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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA FACULDADE DE ARQUITETURA ESPECIALIZAÇÃO DE ARQUITETURA EM SISTEMAS DE SAÚDE ULRIKE CARRASCO DANTAS CUIDADOS DA ARQUITETURA PARA A HUMANIZAÇÃO DO PARTO: O CASO DA “MATERNIDADE DO DIVINO AMOR” SALVADOR - BAHIA 2010

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA FACULDADE DE ARQUITETURA

ESPECIALIZAÇÃO DE ARQUITETURA EM SISTEMAS DE SAÚDE

ULRIKE CARRASCO DANTAS

CUIDADOS DA ARQUITETURA PARA A HUMANIZAÇÃO DO

PARTO: O CASO DA “MATERNIDADE DO DIVINO AMOR”

SALVADOR - BAHIA

2010

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA FACULDADE DE ARQUITETURA

ESPECIALIZAÇÃO DE ARQUITETURA EM SISTEMAS DE SAÚDE

ULRIKE CARRASCO DANTAS

CUIDADOS DA ARQUITETURA PARA A HUMANIZAÇÃO DO

PARTO: O CASO DA “MATERNIDADE DO DIVINO AMOR”

Monografia apresentada a Curso de Especialização da Faculdade de Arquitetura da Universidade Federal da Bahia, como requisito parcial para a obtenção do Título de Especialista em Arquitetura em Sistemas de Saúde.

Orientador: Profº Dr. Fábio Bitencourt.

SALVADOR - BAHIA

2010

000.000 Dantas, Ulrike Carrasco 0000 Cuidados da Arquitetura para Humanização do Parto Normal: Caso

da “Maternidade do Divino Amor” – Salvador/BA/ Ulrike Carrasco Dantas - Salvador: Ulrike Carrasco Dantas, 2010. 52f.: il.

Monografia (Especialização) – Programa de Pós-Graduação em Arquitetura.

Universidade Federal da Bahia. Faculdade de Arquitetura, 2010.

1. Arquitetura Hospitalar 2. Arquitetura e Saúde I. Título II. Universidade Federal da Bahia. Faculdade de

Arquitetura III. Monografia.

ULRIKE CARRASCO DANTAS

CUIDADOS DA ARQUITETURA PARA A HUMANIZAÇÃO DO

PARTO: O CASO DA “MATERNIDADE DO DIVINO AMOR”

TRABALHO FINAL ESPECIALIZAÇÃO Submetida em satisfação parcial dos requisitos ao grau de

ESPECIALISTA DE ARQUITETURA EM SISTEMAS DE SAÚDE

à Câmara de Ensino de Pós-Graduação e Pesquisa

da Universidade Federal da Bahia

Aprovado: Comissão Examinadora

...........................................................

...........................................................

...........................................................

Data da Aprovação: ......./......./......... Conceito:

5

AGRADECIMENTOS

Agradeço principalmente a Deus, que me deu forças e condições para me

tornar a pessoa que sou hoje.

Agradeço à Minha Mã, e por me fazer sonhar, por todo, incentivo,

persistência e apoio incondicional. por ter me apresentado a Arquitetura

Hospitalar, com todos os méritos possíveis. Sem ela eu jamais conseguiria

concluir este curso e este momento não seria possível.

Agradeço à Minha filha, a pequena grande Luísa, por me dar forças e

objetivos na vida dia a dia.

Agradeço ao Profº. Dr. Antônio Pedro, por toda a dedicação e esforço para

o desenvolvimento deste curso.

Agradeço ao Profº. Dr. Fábio Bitencourt, meu orientador, que com todo

seu conhecimento e sabedoria muito contribuiu para este trabalho.

Agradeço também ao meu namorado, Abelardo, por me aturar e entender

quando estava estressada por causa das tarefas do curso, e a todos os

amigos e colegas de profissão, que me ajudaram, dando força e sanando as

dúvidas para o desenvolvimento desse trabalho.

6

RESUMO

Esta pesquisa trata do estudo dos detalhes arquitetônicos e da humanização para ambientes de

Centros Obstétricos em estabelecimentos assistenciais de saúde, que foi desenvolvido para a

monografia do curso de Especialização de Arquitetura em Sistemas de Saúde da Universidade

Federal da Bahia. O objetivo é identificar quais os detalhes arquitetônicos do espaço físico de

unidades de parto que possam contribuir para tornar o ambiente funcional, seguro e

humanizado. O trabalho foi desenvolvido através de entrevistas semi-estruturadas, realizadas

durante visitas a “Maternidade do Divino Amor”, localizada no município de Parnamirim, no

estado do Rio Grande do Norte, trazendo exemplos que ilustram como a arquitetura no

processo de humanização é importante. Foram observadas nos ambientes questões de conforto

ambiental, materiais de acabamento, mobiliários e instalações. Em seguida foi feita a análise

dos elementos encontrados comparando-os com as exigências das normas de estabelecimentos

assistenciais de saúde da ANVISA, observando os itens acima citados com relação aos

aspectos de funcionalidade, segurança e humanização. Sabe-se que os ambientes para a

realização do parto devem ter características específicas de acordo com sua especificidade,

respeitando as atividades exercidas em cada uma das fases e atentando para as relações que a

parturiente estabelece com o seu entorno. Neste sentido, este estudo visa contribuir com a

produção do conhecimento neste tema, representando um ganho acadêmico, permitindo

inspirar outros profissionais e estudiosos interessados por esta causa.

Palavras-chave: Arquitetura hospitalar, humanização, parto normal, Maternidade do Divino

Amor.

7

ABSTRACT

This research attends to the study of the architectural details and the humanization of the

environment in the Childbirth Centers in the health assistance establishments, which was

developed for the monograph of the Architecture´s Specialization in Health´s System of the

Federal University of Bahia. The objective is to identify which architectural details of

physical spaces in childbirth units may contribute in making the environment functional, safe

and humanized. This work was developed through half-structuralized interviews, carried

during visits in the Maternidade do Divino Amor, located in the city of Parnamirim in the

state of the Rio Grande do Norte, showing examples how the architecture is important in the

humanization procedure. It was observed in the environment issues of environmental comfort,

finishing materials, furnitures and installations. Following up, it was done an analysis of the

elements found comparing them with the demands of the norms on health assistance

establishment by ANVISA – Agência Nacional de Saúde (Health National Agency), observing

the items mentioned above with regards to the aspects of functionality, safety and

humanization. It is known that the environment for childbirth realization must have specific

characteristics according to its specified, respecting the activities developed in each of the

phases and taking into consideration the relationships that the woman in labor establish with

her surroundings. In this direction, this research seeks to contribute with the production of

knowledge on this theme, representing an academic gain, being an inspiration to others

professionals and studious interested by this cause.

Key words: hospital architecture, humanization, normal childbirth, Maternidade do Divino

Amor

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas

ANVISA Agência Nacional de Vigilância Sanitária

DATASUS Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde

DML Depósito de Material de Limpeza

EAS Estabelecimentos Assistenciais de Saúde

GM Gabinete do Ministro

MS Ministério da Saúde

NBR Norma Brasileira Revisada

RDC50 Resolução da Diretoria Colegiada de N.º 50

RN Rio Grande do Norte

SUS Sistema Único de Saúde

9

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Fluxograma Centro de Parto Normal – “PPP” 26

Figura 2: Fluxograma Centro obstétrico tradicional 26

Figura 3: Quadro de Dimensionamento 27

Figura 4: Planta Baixa do Pavimento Térreo da “Maternidade do Divino Amor” 37

Figura 5: Planta Baixa do Pavimento Superior da “Maternidade do Divino Amor” 38

10

LISTA DE FOTOS

Foto 1: Fachada Atual da “Maternidade do Divino Amor” 35

Foto 2: Perspectiva para a Fachada da “Maternidade do Divino Amor”. 35

Foto 3: Perspectiva proposta para Recepção Principal e Espera. 36

Foto 4: Recepção Principal e Espera 39

Foto 5: Recepção Principal e Espera 39

Foto 6: Sala de Espera para parturientes 39

Foto 7: Sala de Exame e Admissão 39

Foto 8: a Circulação do Centro Obstétrico, 40

Foto 9: Detalhes decorativos do Teto 41

Foto 10: Sala de Pré-parto 41

Foto 11, 12 e 13: Salas de Parto Normal 41

Foto 14: Área para cuidados do RN no Alojamento Conjunto 42

Foto 15: Detalhe decorativo no Alojamento conjunto 42

Foto 16, 17 e 18: UTI Neonatal e os detalhes decorativos 43

Foto 19 e 20: Circulação, Uso de cores 44

Foto 21: Rampa. Antes da Reforma 45

Foto 22: Rampa. Atualmente 45

Foto 23 e 24: Rampa com Painéis decorativos, imagens de Gestantes e bebês 45

11

SUMÁRIO

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS 9

LISTA DE TABELA E QUADROS E FIGURAS 10

LISTA DE FOTOS 11

APRESENTAÇÃO 12

1 INTRODUÇÃO 13

2 REFERÊNCIAL TEÓRICO 14

2.1 Assistência ao Parto 14

2.2 Humanização do Parto 16

2.2.1 Humanização no Atendimento 16

2.2.2 Humanização nos Ambiente 19

2.3 Normatização recomendada para projetos de Centros Obstétricos 22

2.3.1 Conforto higrotérmico e qualidade do ar 30

2.3.2 Conforto acústico 31

2. 3.3 Conforto visual 32

2.3.4 Condições ambientais de controle de infecção 33

3 ESTUDO DE CASO: “MATERNIDADE do DIVINO AMOR” 35

3.1 Resultados e discussões 46

3.2 Sugestões de Projetos para Humanizar a “Maternidade do Divino Amor” 47

4 CONCLUSÃO 50

REFERÊNCIAS 52

APÊNDICES 55

12

APRESENTAÇÃO

O presente trabalho consiste no último quesito de avaliação para obtenção do título de

Especialista em Arquitetura de Sistemas de Saúde, tendo como tema “Cuidados da Arquitetura

para Humanização do Parto Normal: Caso da Maternidade do Divino Amor”, projeto de arquitetura

desenvolvido por esta autora, no ano de 2006. Esse material foi dividido em duas partes, a

primeira destaca os tipos de parto existente, tendo como foco principal a humanização, através

de uma revisão bibliográfica. E a segunda parte apresenta as características físicas pertinentes

às unidades do centro obstétrico, destacando a unidade de parto normal, finalizando com a

apresentação do estudo de caso realizado na “Maternidade do Divino Amor”, instituição

publica localizada no município de Parnamirim, estado do Rio Grande do Norte, através de

observações in loco e entrevistas semi-estruturadas com profissionais envolvidos.

13

1. INTRODUÇÃO

No Brasil existem diversos tipos de edificações destinadas à realização do ato do parto

e a humanização sempre será necessária, desde uma simples casa de parto até grandes

Estabelecimentos Assistenciais de Saúde (EAS) para atendimento especializado de alto risco.

Este trabalho pretende analisar a relação entre o espaço construído e a questão da

humanização na assistência ao parto e nascimento. Através de uma revisão bibliográfica, dos

dados coletados in loco e do estudo de caso, busca-se avaliar a relação entre o espaço

construído e a humanização da assistência obstétrica, apontando problemas e indicando

soluções para ambientes que ajude a construir um espaço mais humanizado.

Bitencourt (2008) recomenda que o ambiente do nascer deve ser o mais acolhedor

possível, colorido, bem dimensionado, confortável, com áreas e detalhes aconchegantes.

Recomendações essas que vem se apresentando como uma preocupação na arquitetura

hospitalar. Dessa maneira a arquitetura pode representar parte fundamental para a

humanização do parto, seja ele natural ou cesáreo, qualificando espaços físicos e

influenciando diretamente na qualidade de uma vida inteira das parturientes e neonatos,

tornando o momento do nascer mais humano.

Neste contexto, levando em consideração a necessidade de tornar o EAS apto a

realizar esse tipo de procedimento com qualidade e relevância que o tema necessita inspirou e

motivou este trabalho na busca por soluções possíveis de adequação destas edificações às

necessidades atuais.

Como última etapa deste trabalho, os dados coletados foram avaliados e foram

indicadas diretrizes de projeto arquitetônico para humanizar para a “Maternidade do Divino

Amor”.

A RDC de Nº 50 (ANVISA, 2002), que dispõe sobre o Regulamento Técnico para

planejamento, programação, elaboração e avaliação de projetos físicos de estabelecimentos

assistenciais de saúde, norteará este trabalho, definindo as diretrizes para a elaboração de

projetos para Centros Obstétricos e descrevendo quais características a estrutura física precisa

ter. Este volume tem principalmente o intuito de promover a discussão e contribuir para o

desenvolvimento de bibliografia especifica sobre Centros Obstétricos, especificamente os

Centros de Parto Normais.

14

2 REFERÊNCIAL TEÓRICO

2.1 ASSISTÊNCIA AO PARTO

Segundo a Organização Mundial de Saúde, as gestantes devem ter seu parto no local

onde se sintam seguras e onde exista uma tecnologia apropriada para seu cuidado disponível,

com criterioso acompanhamento da evolução do trabalho de parto para que qualquer

intercorrência seja detectada precocemente, com encaminhamento oportuno para um serviço

de maior complexidade. Para as gestantes de baixo risco, esse local pode ser o domicílio,

centros de parto normal, ou serviços hospitalares sob responsabilidade de enfermeiras

obstetras/midwives (profissionais não médicos capacitados para assistência à gravidez, parto e

puerpério, podendo ser formados em cursos específicos ou terem formação prévia em

enfermagem) e/ ou de médicos obstetras. Independente do local, o cuidado deve estar focado

sempre nas necessidades da mulher e em sua segurança, respeitando ao máximo seus valores

culturais. Existem diversas formas ou modelos de organização da assistência ao parto no

mundo. Estes os modelos de atenção poderiam ser classificados em três tipos, determinado

pelo papel ocupado pela parturiente e pelas intervenções médicas realizadas na assistência

prestada (BRASIL, 2008). São eles:

1) o modelo médico ou tecnológico, altamente medicalizado, centrado no médico, com

marginalização do trabalho das parteiras, assistência a todos os tipos de parto (baixo ou alto

risco), com enfoque predominante do parto como “risco potencial”, com utilização intensiva

de novas tecnologias e altas taxas de cesariana e outras intervenções. Neste modelo o parto

ocorre em ambiente hospitalar. É encontrado, por exemplo, nos EUA, Irlanda, Rússia e Brasil;

2) o modelo natural, onde mulher que é considerada o foco das atenções. O parto é

visto como evento fisiológico normal que segue um curso natural. Abordagem humanizada

com trabalho mais autônomo de parteiras. As intervenções necessárias são mínimas, embora a

equipe deva estar alerta para qualquer sinal de complicação. Nesse modelo os partos são

acompanhados no domicílio ou centros de parto, por profissionais não médicos, sendo o uso

de intervenções mínimo. Encontrado, por exemplo, na Holanda, Nova Zelândia e países

escandinavos;

3) o modelo intermediário. Sendo uma mistura das duas abordagens citadas

anteriormente, chamado por muitos autores de modelo humanizado. Neste modelo os partos

15

ocorrem geralmente em ambiente hospitalar, com a participação de profissionais não médicos

na assistência aos partos de baixo risco, com estímulo à participação ativa da mulher e seus

familiares, e com uso mais restrito de intervenções médicas e de partos cesáreos. Exemplos da

Inglaterra, Canadá, Alemanha, Japão e Austrália.

Segundo Deep, o parto cesáreo ou cesariana é definido como a extração do feto através

de uma incisão na parede abdominal (laparotomia) e na parede uterina (histerotomia),

realizada geralmente quando o trabalho de parto está contra-indicado ou quando o parto

vaginal esteja comprometido, com segurança, num intervalo de tempo necessário para

prevenir o desenvolvimento de morbidade fetal e/ou materna maior do que aquela esperada

após o parto vaginal. As indicações materno-fetais são aquelas em que existe risco

significante para ambos. Para ele as cesarianas realizadas por indicações fetais têm em grande

parte o objetivo de minimizar a morbidade neonatal e possíveis conseqüências de um

sofrimento intraparto, trauma ou transmissão de uma infecção, bem como as apresentações

pélvicas, o sofrimento fetal, fetos de muito baixo peso e herpes genital ativo. As indicações

exclusivamente por fatores maternos são poucas, dentre elas, as obstruções vaginais por

tumores ou condilomas (infecção viral que pode produzir grande quantidade de verrugas)

(apud Brasil, 2008, p.13).

“Não existem dúvidas sobre a importância desse procedimento cirúrgico como uma tecnologia apropriada para o manejo de uma série de situações obstétricas específicas que necessitam da interrupção da gestação como a única maneira de preservar a saúde da mulher ou do feto. Esse recurso, de efeito benéfico tão claro e indiscutível, não é, todavia, ainda hoje acessível a uma grande parcela da população de mulheres das regiões menos desenvolvidas.” (BRASIL, 2001, p.34)

A partir da concepção de que o parto normal seria arriscado e de que a cesariana é uma

forma segura de nascer que os obstetras sentem-se seguros para ampliar de maneira tão

generalizada as indicações dessa cirurgia.

A elevação nas taxas de utilização da cesariana para a resolução do parto é um

fenômeno que vem ocorrendo em todo o mundo, embora tenha avançado mais genericamente

no continente americano e, mais especificamente, no Brasil, aonde chega a ser considerada

epidêmica. A Organização Mundial da Saúde teoricamente recomenda as taxas de cesárea

com nível máximo de 15% (BRASIL, 2001).

16

Em relação ao parto normal ou de baixo risco tem-se aquele parto que tem início

espontâneo, que é de baixo risco no início do trabalho de parto e que assim permanece até o

parto, em que o feto nasce espontaneamente em apresentação cefálica, com idade gestacional

entre 37 e 42 semanas completas, e em que após o parto mãe e bebê se encontram em boas

condições de saúde. Seguindo essa definição, cerca de 70% a 80% de todas as gestações

poderiam ser consideradas de baixo risco no início do trabalho de parto. Dados fornecidos

pela OMS (BRASIL, 2008).

2.2 HUMANIZAÇÃO do PARTO

Segundo Aurélio Buarque de Holanda Ferreira (aput, COELHO, 2003, p.18) o termo

Humanização se explica por: ato ou efeito de humanizar. Que por sua vez se traduz em: tornar

humano; dar condição humana a; tornar benévolo, afável, tratável.

Por humanização da assistência ao parto entende-se um processo que inclui desde a

adequação da estrutura física e equipamentos dos hospitais, até uma mudança de

postura/atitude dos profissionais de saúde e das gestantes.

Existe necessidade de modificações profundas na qualidade e humanização da

assistência ao parto nas maternidades brasileiras (BRASIL, 2001).

(...) o hospital hoje se apresenta como um ambiente hostil e de indiferença, onde as práticas médicas tratam da vida como “bem de consumo”,onde o tempo se torna o culpado de procedimentos que buscam acelerar o trabalho de parto, visando à liberação de um maior número de leitos para novas parturientes, “numa espécie de linha de montagem” (COELHO, 2003, p.2).

2.2.1 Humanização do Atendimento

A atenção adequada à mulher no momento do parto representa um passo indispensável para garantir que ela possa exercer a maternidade com segurança e bem-estar (...) A equipe de saúde deve estar preparada para acolher a grávida, seu companheiro e família, respeitando todos os significados desse momento (...) facilitar a criação de um vínculo mais profundo com a gestante, transmitindo-lhe confiança e tranqüilidade. A vivência que a mulher terá neste momento será mais ou menos prazeirosa, mais ou menos positiva, mais ou menos traumática, a depender de uma série de condições, desde aquelas intrínsecas à mulher e à gestação, até aquelas diretamente relacionadas ao sistema de saúde (BRASIL, 2001, P.38)

17

Humanizar o atendimento é reconhecer a individualidade das mulheres, o que

permite ao profissional estabelecer um vínculo com cada mulher e perceber suas necessidades

e capacidade de lidar com o processo do nascimento. Onde o profissional em lugar de

‘assumir o comando da situação’ passa a adotar condutas que tragam bem-estar e garantam a

segurança para a mulher e o bebê.

O Ministério da Saúde no documento “Parto, Aborto e Puerpério: Assistência

Humanizada à Mulher” recomenda que todas as mulheres recebam suporte durante todo o

trabalho de parto. Este suporte é geralmente constituído por alguns componentes que incluem:

- o suporte emocional (presença contínua, encorajamento, elogios);

- medidas de conforto físico (toque, massagem, banho, uso da água para analgesia, ingestão

de líquidos, etc..);

- informações sobre o progresso do trabalho de parto e formas de facilitar a evolução do

mesmo; e

- interlocução com a equipe, facilitando a comunicação da mulher e ajudando-a a expressar

suas preferências e escolhas.

Recomendam ainda que os serviços de pré-natal e os profissionais envolvidos devem

adotar as seguintes medidas educativas de prevenção e controle da ansiedade:

• manter o diálogo com a mulher e seu acompanhante, durante qualquer procedimento

realizado na consulta pré-natal, incentivando-os, orientando-os e esclarecendo-lhes as dúvidas

e seus temores em relação à gestação, trabalho de parto, parto e puerpério;

• informar sobre as rotinas e procedimentos a serem desenvolvidos no momento do trabalho

de parto e parto, a fim de obter colaboração por parte da parturiente e de seu acompanhante;

• promover visitas das gestantes e acompanhantes às unidades de referência para o parto, no

sentido de desmistificar e minimizar o estresse do processo de internação no momento do

parto;

• informar as etapas de todo o processo do trabalho de parto e parto, esclarecendo sobre as

possíveis alterações;

• adotar medidas para o estabelecimento do vínculo afetivo mãe filho e o início do

aleitamento materno logo após o nascimento;

18

• dar à gestante e seu acompanhante o direito de participar das decisões sobre o nascimento,

desde que não coloque em risco a evolução do trabalho de parto e a segurança da mulher e do

recém-nascido (BRASIL, 2001).

A relação da gestante com a equipe de saúde é considerada, por muitos autores, um

dos principais componentes da satisfação com o parto, sendo um dos fatores que mais afeta a

memória das mulheres em relação à experiência do parto e nascimento. Mulheres valorizam

conforto físico, suporte psicológico, cuidado personalizado, privacidade, e profissionais que

sejam responsivos às perguntas e que reconheçam as suas necessidades. Valorizam o bom

humor, dedicação e preocupação da equipe. Algumas atitudes dos profissionais como atenção,

orientação, presença constante, uso de terminologias compreensíveis, estabelecimento de uma

relação de segurança e confiança, e a facilitação no entendimento do cuidado fornecido

(BRASIL, 2008).

Para o Ministério da Saúde, o processo de humanização do nascimento, que inclui a

possibilidade de um acompanhante à parturiente, envolve necessariamente uma mudança de

atitudes do profissional de saúde, bem como uma mudança de atitude da instituição, que deve

estar estruturada e preparada para esta nova postura em relação à mulher e seu acompanhante.

Recomendações como respeito às suas praticas culturalmente significativas; o

estimulo à deambulação durante o trabalho de parto e a liberdade de escolha da posição a ser

adotada durante o parto, alem dos limites para intervenções medicas também foram

estabelecidas (BITENCOURT, 2008).

A presença do acompanhante é uma recomendação da OMS e do Ministério da

Saúde, e desde a aprovação da lei federal número 11.108 de 7 de abril de 2005, um direito de

todas as mulheres atendidas nos serviços do Sistema Único de Saúde, sejam eles próprios ou

contratados (BRASIL, 2008).

A maior parte dos serviços de obstetrícia hospitalares não é projetada para

acompanhantes, fisicamente não há espaço para que um participante leigo possa estar

acompanhando a mulher. A adequação física da rede hospitalar – para que a mulher possa ter

um acompanhante (também devidamente preparado) durante o trabalho de parto e para os

procedimentos de alívio da dor requer investimentos. Porem tem-se observado resistências

pelos os hospitais em modificar suas “rotinas” de obstetrícia, considerando ainda que poucos

são os que têm instalações adequadas para, por exemplo, permitir a presença de um

19

acompanhante para a gestante do SUS em trabalho de parto ou garantir sua privacidade

(BRASIL, 2001).

(...) a parturiente, o acompanhante, o visitante – constitui um grupo virtualmente forte, embora com características de grande vulnerabilidade em suas ações psicológicas. É igualmente representativa a capacidade de perceber o quanto o ambiente pode intimidar os profissionais de saúde – o médico, a enfermagem, todos os que mantenham uma relação fisicamente próxima de convivência (CARPMAM apud, BITENCOURT, 2008, p.10).

Existe também o acompanhamento por outra pessoa além do acompanhamento por

parente ou companheiro, geralmente por uma mulher, chamado “doula’. Ela presta constante

apoio a gestante e seu companheiro/acompanhante durante o trabalho de parto, podendo ter ou

não treinamento específico para isto, encorajando, aconselhando medidas para seu conforto,

proporcionando e orientando contato físico e explicando sobre o progresso do trabalho de

parto e procedimentos obstétricos que devem ser realizados. Estudos indicam que o

acompanhamento pela doula reduz a duração do trabalho de parto, o uso de medicações para

alívio da dor e o número de partos operatórios. No pós parto observou-se que as mães

apresentam menos depressão pós-parto e amamentam seus recém-nascidos nas primeiras seis

semanas de vida. Para ser ter uma pessoa treinada para acompanhamento do trabalho de parto

não é necessário um investimento grande e dispensando ainda uma infra-estrutura ou

aparelhagem especifica. As doulas devem fornecer ainda informações à parturiente sobre todo

o desenrolar do trabalho de parto e parto, intervenções e procedimentos necessários, para que

a mulher possa participar de fato das decisões acerca das condutas a serem tomadas durante

este período (BRASIL, 2001).

2.2.2 Humanização dos Ambientes

Nos últimos anos, diversos serviços nacionais e internacionais têm implantado modificações nos ambientes para assistência ao parto, buscando garantir um local confortável, acolhedor, e que garanta privacidade e segurança às parturientes. Essas modificações visam reduzir o medo e a ansiedade relacionados ao ambiente hospitalar, frequentemente percebido como um ambiente estranho, hostil e ameaçador para as mulheres. Sabe-se que o medo e ansiedade aumentam os níveis de adrenalina no sangue, que interfere com a evolução do trabalho de parto e aumentam a percepção da dor. As mudanças do ambiente para assistência ao trabalho de parto e parto também são favorecedoras para a adoção de práticas consideradas benéficas (...) o estímulo à movimentação e deambulação das parturientes, o uso de água para analgesia, e a liberdade de posição durante o período expulsivo (BRASIL, 2008, p.33).

20

Os ambientes destinados às atividades de atenção ao parto e ao nascimento devem

ser acolhedor, confortável e o mais silencioso possível, conduzindo ao relaxamento físico e

psicológico da parturiente, do acompanhante e equipe de profissionais e indicando ainda

qualidade da assistência. Como formas alternativas de abordagem que buscam desenvolver

potenciais e/ou restaurar funções corporais dos usuários tem o recurso da música e das cores,

a utilização de roupas confortáveis também é uma medida importante para favorecer o

relaxamento. (BRASIL, 2001, P.28).

O Centro de Parto Normal constitui-se em uma unidade de atendimento ao parto,

localizada fora do centro cirúrgico obstétrico. Dispõe de um conjunto de elementos destinados

a receber a parturiente e seus acompanhantes, de forma centrada em suas necessidades,

permitindo um trabalho de parto ativo e participativo, de acordo com as normas preconizadas

pelo Ministério da Saúde, conforme Portaria nº 985, de 5 de agosto de 1999. Diferencia-se dos

demais serviços de atenção obstétrica pelo emprego de práticas baseadas em evidências, e

segue as recomendações da Organização Mundial da Saúde. Eles surgiram com o objetivo de

resgatar o direito à privacidade e à dignidade da mulher ao dar à luz num local semelhante ao

seu ambiente familiar, e ao mesmo tempo garantir segurança à mãe e seu filho, oferecendo-

lhes recursos tecnológicos apropriados em casos de eventual necessidade, centrados sempre

nas necessidades da parturiente, com práticas e técnicas como exercícios perineais, banho

quente de imersão ou de chuveiro, deambulação, exercício de abaixa e levanta, cavalinho, e

parto na posição lateral, que visam reduzir danos perineais (MACHADO, 2004).

A criação dos CPNs foi uma conquista para a mulher e para a categoria profissional

de Enfermeiras Obstétricas. A preocupação do CPN é a adoção de boas práticas no parto e

nascimento, o que inclui o tratamento respeitoso do corpo da mulher e a valorização do

ambiente, como elemento terapêutico e facilitador de um processo fisiológico. O

acompanhamento contínuo do trabalho de parto de baixo risco por enfermeiras obstétricas

preserva a saúde materna e neonatal e reduz as taxas de operações cesarianas desnecessárias,

aproximando-as daquelas preconizadas pela OMS.

A humanização do parto contempla a criação das salas de parto, onde as parturientes

permanecem durante o trabalho de parto (fase de dilatação cervical), parto (expulsão fetal e

dequitação placentária) e puerpério imediato com seu acompanhante. Quando a evolução do

parto é normal, não ha indicação de transferência da parturiente do pré-parto para a sala de

parto no período expulsivo. Este ambiente é denominação "sala PPP", ou seja, de pré-parto,

21

parto e puerpério imediato. Essa estratégia tem se mostrado bastante efetiva na humanização

do parto e no incentivo ao parto normal, com conseqüente redução nos índices de cesárea.

Embora muitos hospitais disponham de salas específicas para o atendimento ao

parto, estas em geral têm um ambiente muito pouco acolhedor, sendo a transferência durante

o trabalho de parto muito desconfortável para a mulher. O Ministério da Saúde, em seu

manual sobre assistência ao parto, abortamento e puerpério, assim como o novo regulamento

técnico para funcionamento de serviços de atenção obstétrica e neonatal da ANVISA, a RDC

36/2008, recomendam a adoção de quartos PPP nos serviços de atenção ao parto como

estratégia de humanização do cuidado e de incentivo ao parto normal, com conseqüente

redução nos índices de cesárea.

Na assistência realizada nesse tipo de ambiente e comparando com o ambiente

tradicional, ou com a assistência ao trabalho de parto em ambientes convencionais ao “home-

like” (ambientes com adaptações que reduzem o aspecto hospitalar e aumentam a semelhança

com uma casa), foi encontrado menor uso de analgesia, parto vaginal espontâneo, menor

ocorrência de episiotomia e maior ocorrência de laceração. Algumas parturientes

entrevistadas darão preferência pelo mesmo ambiente num próximo parto, apresentaram

satisfação com a assistência. Os partos apresentaram mortalidade intraparto e neonatal

semelhantes aos partos de baixo risco que aconteciam em ambiente hospitalar e menor taxa de

intervenções médicas como uso de epidural, fórceps e cesarianas (BRASIL, 2008).

A assistência durante o mecanismo do parto deve acontecer em ambientes de fácil

locomoção e que a mulher possa ter ao seu lado a presença de uma pessoa de sua confiança. A

proposta de salas de parto natural próximo a salas de estar, que contenham equipamentos para

realização de exercícios que auxiliem no momento pré-parto, serviços de apoio (copa,

banheiro) e ainda pátios e jardins, podem trazer à mulher tranqüilidade, que é tão essencial

para cumprir o momento do parto.

As complicações que ocorrem em alguns partos, fazem necessária a existência em

maternidades de Unidade de Terapia Intensiva – Neonatal, para atendimento aos bebês com

complicações, e do Centro Obstétrico para a realização de partos cirúrgicos. Após o parto, na

maioria das instituições, as puérperas são levadas para os Alojamentos conjuntos. O

alojamento conjunto é fundamental para o incentivo do aleitamento materno, uma vez que a

mãe poderá oferecer o seu leite e satisfazer a criança sempre que ela demonstrar fome. Além

disso, o alojamento conjunto coletivo dá à mulher a oportunidade de observar outras mães no

cuidado com o filho (BRASIL, 2001).

22

2.3 NORMATIZAÇÃO RECOMENDADA PARA PROJETOS DE CENTROS

OBSTÉTRICOS

(...) o ambiente denominado centro obstétrico é conformado pela organização de salas para realização de recepção e admissão da parturiente; dos procedimentos inerentes ao trabalho de parto e pós-parto, das circulações e áreas complementares especificas e das de apoio (BITENCOURT, 2008, p.49).

Para a maior referência do tema da pesquisa tem-se a Resolução da Diretoria

Colegiada, RDC/ANVISA n. 50 de 21 de fevereiro de 2002, informa que para a elaboração de

Projetos de Estabelecimentos Assistenciais de Saúde devem ser seguidas às orientações

contidas nessa norma. A legislação que dimensiona todos os ambientes do Centro Obstétrico

(parto normal e cirúrgico) está inserida, especificamente, na Unidade Funcional 4 – Prestação

de Atendimento de Apoio ao Diagnostico e Terapia (ANVISA, 2002, P.41).

O EAS conforme a RDC 50/2002, exerce as seguintes atribuições:

1. Prestação de ATENDIMENTO ELETIVO EM ASSISTÊNCIA AMBULATORIAL;

2. Prestação de ATENDIMENTO IMEDIATO DE ASSISTÊNCIA À SAÚDE com

procedimentos de baixa, média e alta complexidade;

• casos sem risco de vida – Urgência

• casos com risco de vida – Emergência

3. Prestação de ATENDIMENTO DE ASSISTÊNCIA À SAÚDE EM REGIME DE

INTERNAÇÃO: Pacientes adultos, recém-nascidos até 28 dias (neonatologia) e pacientes em

regime de terapia intensiva;

4. Prestação de ATENDIMENTO DE APOIO AO DIAGNÓSTICO E TERAPIA: patologia

clínica, imagenologia, métodos gráficos, partos normais, cirúrgicos e intercorrências

obstétricas, atividades relacionadas ao leite humano;

5. Prestação de SERVIÇOS DE APOIO TÉCNICO – assistência alimentar, farmacêutica,

esterilização de material, médico, de enfermagem, laboratorial, cirúrgico e roupas;

6. Prestação de SERVIÇOS DE APOIO À GESTÃO E EXECUÇÃO

ADMINISTRATIVA;

7. Prestação de SERVIÇOS DE APOIO LOGÍSTICO – lavagem de roupas, armazenagem

de materiais e equipamentos, manutenção física e de equipamentos, guarda e retirada de

cadáveres, conforto e higiene, limpeza do edifício, segurança e vigilância condições de infra-

estrutura predial.

23

Em relação ao regulamento Técnico para Funcionamento dos Serviços de Atenção

Obstétrica e Neonatal tem-se a RDC/ANVISA N° 36, de 3 de Junho de 2008. Presente nesta

norma que:

O Serviço de Atenção Obstétrica e Neonatal deve dispor de infra-estrutura física baseada na proposta assistencial, atribuições, atividades, complexidade, porte, grau de risco, com ambientes e instalações necessários à assistência e à realização dos procedimentos com segurança e qualidade (BRASIL, 2008, p.4).

Todos os ambientes de um EAS deverão estar em conformidade com a norma NBR-

9050/1994 da ABNT, acessibilidade de pessoas portadoras de deficiências a edificações,

espaço, mobiliário e equipamentos urbanos.

Segundo a Lei 10.098 de 2000, pessoa portadora de deficiência ou com mobilidade

reduzida é aquela que temporária ou permanentemente tem limitada sua capacidade de

relacionar-se com o meio e de utilizá-lo. No artigo a lei estabelece que qualquer aprovação de

projetos arquitetônicos ou urbanísticos, concessão de alvará de funcionamento e emissão de

carta de “habite-se” deve ser atestado o atendimento às normas técnicas de acessibilidade,

legislação específica e as regras contidas no Decreto (BRASIL, 2000).

De acordo com a RDC 36/2008, os itens da RDC/ANVISA n. 50, de 21 de fevereiro

de 2002, referentes à atenção obstétrica e neonatal passam a vigorar da seguinte forma:

1 UNIDADE DE CENTRO OBSTÉTRICO (PARTOS CIRÚRGICOS E NORMAIS)

1.1 - Ambientes Fins

- Sala de acolhimento da parturiente e seu acompanhante;

- Sala de acolhimento da parturiente e seu acompanhante: sala com área mínima de

2,00m² por pessoa.

- Sala de exame e admissão de parturientes;

- A sala de admissão e os ambientes de apoio podem ser compartilhados com os

ambientes do centro de parto normal.

- Quarto PPP - ambiente com capacidade para 01 leito e banheiro anexo, destinado à

assistência à mulher durante o trabalho de parto, parto e pós-parto imediato (primeira hora

após a dequitação).

24

- Prever a instalação de barra fixa e/ou escada de Ling. E ainda bola de Bobat ou

cavalinho;

- O quarto PPP no centro obstétrico pode ser utilizado como pré-parto para as

pacientes com possibilidade cirúrgica.

- Quarto PPP: área mínima de 10,50m² e dimensão mínima de 3,20m, com previsão

de poltrona de acompanhante, berço e área de 4,00m2 para cuidados de higienização

do recém-nascido - bancada com pia. Prever instalações de água fria e quente,

oxigênio e sinalização de enfermagem .

- Banheiro para parturiente;

- Banheiro do quarto PPP: O banheiro deve ter área mínima de 4,80m², com

dimensão mínima de 1,70m. Instalação opcional de banheira com largura mínima de

0,90m e com altura máxima de 0,43m. No caso de utilização de banheira de

hidromassagem, deve ser garantida a higienização da tubulação de recirculação da

água. Quando isso não for possível, não deve ser ativado o modo de hidromassagem.

- Área para deambulação (interna ou externa);

- Área para deambulação: a área pode ser interna ou externa, preferencialmente

coberta, a fim de ser utilizada em dias de chuva ou sol.

- Posto de enfermagem;

- Um a cada 30 leitos. Área mínima de 6,00m², com instalações de água e elétrica de

emergência.

- Um a cada doze leitos de recuperação pós-anestésica com 6,00m². Instalações de

água fria e elétrica de emergência.

- Sala de serviço;

- uma sala de serviços a cada posto de enfermagem. Área mínima de 5,70m², com

instalações de água e elétrica de emergência.

- Área para prescrição médica;

- Área para prescrição profissional: área mínima de 2,00m².

- Área para anti-sepsia cirúrgica das mãos e antebraços;

- Prever instalação de duas torneiras por sala de parto cirúrgico. Caso existam mais

de duas salas cirúrgicas, prever duas torneiras a cada novo par de salas ou fração.

Área de 1,10m² por torneira com dimensão mínima de 1,00m.

- Sala de parto cirúrgico/curetagem;

25

- Área mínima de 20,00m² com dimensão mínima de 3,45m. Deve possuir uma mesa

cirúrgica por sala. Instalações de oxigênio, óxido nitroso, ar comprimido medicinal,

elétrica de emergência, vácuo clínico e climatização.

- Deve ser considerada uma sala de parto cirúrgico/curetagem para cada 3 salas de

parto normal ou fração nos casos da realização do parto cirúrgico ou procedimentos

de curetagem.

- Área de recuperação anestésica;

- Ambiente com no mínimo duas macas, com distância entre estas de 0,80m.

Distância entre macas e paredes, exceto cabeceiras de 0,60m. Espaço, junto ao pé da

maca para manobra, de no mínimo 1,20m. O número de macas deve ser igual ao

número de salas de parto cirúrgico. Instalações de água fria, oxigênio, ar comprimido

medicinal, elétrica de emergência, vácuo e climatização.

- Sala para AMIU*;

- Área mínima de 6,00m² com instalações de oxigênio, ar comprimido medicinal,

elétrica de emergência, vácuo clínico e climatização.

- Área de indução anestésica*.

- Prever área para no mínimo duas macas, com distância entre estas de 0,80m e entre

as macas e as paredes de 0,60m. Distância entre a cabeceira e a maca de 0,60m.

Espaço, junto ao pé da maca para manobra, de no mínimo 1,20m. Instalações de

oxigênio, óxido nitroso, ar comprimido medicinal, elétrica de emergência, vácuo

clínico, elétrica diferenciada e climatização.

1.2 - Ambientes de apoio

- Sala de utilidades;

- Banheiros com vestiários para funcionários e acompanhantes (barreira);

- Sala administrativa;

- Rouparia;

- Depósito de equipamentos e materiais;

- Depósito de material de limpeza;

- Agência transfusional, in loco ou não (em conformidade com o item 8.1.5.1 do Anexo I)*;

- Sala de estar e/ou reunião para acompanhantes, visitantes e familiares*;

- Sala de preparo de equipamentos/material*;

- Copa*;

26

- Sala de estar para funcionários*;

- Sanitários para acompanhantes - anexo à sala de estar*;

- Área de guarda de pertences*;

- Área para guarda de macas e cadeiras de rodas*.

*Ambientes citados como opcionais.

FLUXOGRAMA DO CENTRO DE PARTO NORMAL TIPO “PPP”

FLUXOGRAMA DO CENTRO OBSTÉTRICO (PARTOS CIRÚRGICOS E NORMAIS)

Figura 2: Fluxograma Centro obstétrico tradicional.. Fonte: AUTORA, 2010.

Figura 1: Fluxograma Centro de Parto Normal – “PPP” Fonte: AUTORA, 2010.

27

Figura 3: Quadro de Áreas segundo normatização. Desenvolvido pela AUTORA, 2010.

DIMENSIONAMENTO dos AMBIENTES PRINCIPAIS do CENTRO OBSTÉTRICO

UNIDADE/ AMBIENTE

RDC 50 SOMA SUS

AMERICAN INSTITUTE OF

ARQHITECTS (AIA)

ÁREA MÍNIMA ÁREA MÍNIMA ÁREA MÍNIMA

Sala de parto cirúrgico / curetagem

Parto cirúrgico = 20,0 m² com dimensão mínima = 3,45 m. * 1 a cada 3 salas de parto normal ou Fração;

20,00 m² com dimensão mínima = 3,45 m. * Área média: 20,20 m²

Parto cirúrgico = 33,45 m² com dimensão mínima = 4,88 m.

Sala de parto normal

Parto normal = 14,0 m² com dimensão mínima = 3,0 m.

14,00 m² com dimensão mínima = 3,00 m. * Área média: 17,60 m²

Parto normal = 27,87 m². * Deve haver comunicação direta com o Posto de Enf.

Sala para pré-parto/parto/pós-parto (PPP)

12,0 m² ou 14,0 m² (quarto + área com bancada para assistência de RN) dimensão mínima igual a 3,0m. Nº Max. de leitos por quarto = 1

12,00 m² ou 14,00 m² (quarto + área com bancada para assistência de RN) com dimensão mínima igual a 3,00 m. * Área média = 15,10 m²

PPP = 23,28m² com dimensão mínima = 3,96 m.

Sala de pós-parto / Quarto enfermaria ou Alojamento Conjunto

7,0m² por leito = quarto de 2 leitos 6,0m² por leito = enfermaria de 3 a 6 leitos (numero Max.) Distância entre leitos paralelos = 1m Distância entre leito e paredes: cabeceira = inexistente; pé do leito = 1,2 m; lateral = 0,5m Para alojamento conjunto, o berço deve ficar ao lado do leito da mãe e afastado 0,6 m de outro berço. * Mais área de 4,00m2 para cuidados de higienização do recém-nascido - bancada com pia por quarto

9,29 m² para situações com mais de 1 leito

11,15 m² para leitos individuais

Em sala com mais de 1 leito, deve existir o afastamento mínimo de 1,22 m entre leitos e 0,91 da parede mais próxima.

Sala de pré-parto 9,0 m²= individual 14,0 m² = 2 leitos Nº máximo de leitos por sala = 2

9,00 m²= individual 14,00 m² = 2 leitos * Área média: 15,80 m²

9,29 m²

Sala para assistência de R.N.

6,0 m² para até 2 salas de parto. Acrescer 0,8 m² para cada sala adicional

6,0 m² para até 2 salas de parto. Acrescer 0,8 m² para cada sala adicional * Área média: 7,20

13,94 m² * Os procedimentos de R.N. poderão ser realizados na própria Sala de Parto. Acrescentar 3,72 m².

Sala de exame, admissão e higienização de parturientes

8,0 m² 8,00 m² * Área média: 14,40 m²

11,15 m² * Deve ser projetado um banheiro completo para cada sala existente

FONTEs:

(ANVISA, 2002)

Site: http://portal.saude.gov.br/portal/aplicacoes/ somasus/dsp_principal.cfm?tp_pesquisa=atribuicao. Visitado em 25/09/2010

(BITENCOURT, 2008,p.53)

28

2. INTERNAÇÃO OBSTÉTRICA (PUÉRPERAS OU GESTANTES COM INTERCORRÊNCIAS)

2.1 - Ambientes Fins

- Quarto/enfermaria para alojamento conjunto ou internação de gestantes com intercorrências

(ambiente destinado a assistência a puérpera e seu recém nascido, após a primeira hora de

dequitação):

- Quarto/enfermaria de alojamento conjunto, áreas mínimas: quarto de 01 leito, 10,50

m², quarto de 02 leitos, 14,00 m² e enfermaria de 03 a 06 leitos, 6,00 m² por leito.

- Todos os quartos/enfermarias devem ter, ainda, área de 4,00m2 para cuidados de

higienização do recém-nascido - bancada com pia.

- Previsão de berço e poltrona de acompanhante, para cada leito de puérpera. O berço

deve ficar ao lado do leito da mãe e afastado 0,6 m de outro berço.

- Adotar medidas que garantam a privacidade visual de cada parturiente, seu recém

nascido e acompanhante, quando instalado ambiente de alojamento conjunto para

mais de uma puérpera.

Prever instalações de água fria e quente, oxigênio e sinalização de enfermagem.

- Banheiro (cada quarto deve ter acesso direto a um banheiro);

- Banheiro do quarto/enfermaria de alojamento conjunto: pode ser compartilhado por

até dois quartos de 02 leitos ou duas enfermarias de até 04 leitos cada.

- O banheiro comum a dois quartos/enfermaria deve ter um conjunto de bacia

sanitária, pia e chuveiro a cada 04 leitos, com dimensão mínima de 1,7 m. Deve

prever instalação de água fria e quente e sinalização de enfermagem.

- Posto de enfermagem;

- Um a cada 30 leitos. Área mínima de 6,00m², com instalações de água e elétrica de

emergência.

- Sala de serviço;

- Sala de exames e curativos.

- Quando existir enfermaria que não tenha subdivisão física dos leitos deve ser

instalada uma sala a cada 30 leitos. Área mínima de 7,50m² com instalações de água,

ar comprimido medicinal e elétrica de emergência.

2.2 - Ambientes de apoio

- Sala de utilidades;

- Área para controle de entrada e saída de pacientes, acompanhantes e visitantes;

29

- Área mínima de 5,00m2

- Quarto para plantonista (in loco ou não);

- Sanitário para funcionários;

- Depósito de equipamentos e materiais;

- Depósito de material de limpeza;

- Rouparia;

- Área de cuidados e higienização de lactente*;

- Sala administrativa*;

- Área para guarda de macas e cadeiras de rodas*;

- Sala de reuniões com a família ou de trabalhos em grupo*;

- Sala de estar para familiares, visitantes e acompanhantes*;

- Sanitário para acompanhantes - anexo à sala de estar*;

- Copa*.

*Ambientes citados como opcionais.

Em relação ao acesso a recursos assistenciais a RDC 36/2008 preconiza que serviço

deve dispor ou garantir o acesso, em tempo integral, aos seguintes recursos assistenciais,

diagnósticos e terapêuticos, de acordo com o perfil de demanda, tipo de atendimento e faixa

etária de cada instituição:

- Laboratório clínico;

- Laboratório de anatomia patológica;

- Serviço de ultrassonografia, incluindo Dopplerfluxometria;

- Serviço de ecocardiografia;

- Assistência hemoterápica (o Serviço de Atenção Obstétrica e Neonatal que realiza mais de

sessenta transfusões por mês deve ter uma agência transfusional em suas instalações)

- Assistência clínica cardiológica;

- Assistência clínica nefrológica;

- Assistência clínica neurológica;

- Assistência clínica geral;

- Assistência clínica endocrinológica;

- Assistência cirúrgica geral;

- Unidades de Terapia Intensiva adulto e neonatal.

30

- Banco de Leite Humano,

- Com disponibilidade de leite humano ordenhado pasteurizado - LHOP, conforme a

RDC/ANVISA n. 171, de 04 de setembro de 2006. O serviço deve obrigatoriamente

garantir acesso a esta unidade.

O Centro Obstétrico é dimensionado principalmente pelo o numero de sala de partos

normais e de procedimentos cirúrgicos (cesáreas curetagens e intervenções ginecológicas).

Este dimensionamento deve ser compatível com o estabelecimento hospitalar e o perfil

epidemiológico regional, evitando assim a ociosidade desses ambientes, face ao elevado curto

de investimento para se construir, equipa e manter esses ambientes.

De acordo com a RDC 50/2002 esse dimensionamento deve:

- deve ser considerada uma sala de parto para cada 20 leitos obstétricos ou fração, sendo que essa Sala poderá ser o ambiente onde se realizarão os demais procedimentos inerentes ao parto quando for adotada a técnica de “PPP”, na qual o Pré-parto, o Parto e o Pós-parto são realizados num mesmo local. - Deve ser considerada uma sala de parto cirúrgico/curetagem para cada 3 salas de parto normal ou fração nos casos da realização do parto cirúrgico ou procedimentos de curetagem (ANVISA apud, BITENCOURT, 2008, p.51).

Visando à contribuição arquitetônica para implantação da assistência humanizada em

serviços de saúde, destacamos os principais fatores ambientais que melhor podem promover a

compreensão do conceito de conforto ambiental: conforto higrotérmico e a qualidade do ar, conforto

acústico e conforto visual.

2.3.1 Conforto higrotérmico e a qualidade do ar

Nos Centros obstétrico desde ambientes como as salas de admissão até os centros

obstétricos, em função do tempo de permanência dos pacientes no mesmo, são considerados

ambientes funcionais que demandam sistemas especiais de controle das condições ambientais

higrotérmicas e de controle da qualidade do ar. E sendo assim, a RDC 50/2002 recomenda

que ambientes como estes necessite de condições especiais de temperatura, umidade e

qualidade do ar, devendo-se buscar as melhores condições das mesmas por meio de ventilação

e exaustão direta. Devem-se considerar as recomendações contidas na NBR 7256/2005, da

31

ABNT, nas Exigências básicas para as condições do ar ambiental em instalações de ar

condicionado e ventilação para unidades médico-assistênciais (BITENCOURT, 2008).

As instalações prediais devem proporcionar um conforto que atenda as necessidades

de todos os usuários específicos do centro obstétrico (parturiente, acompanhantes e

profissionais de saúde). Levando em consideração ainda fatores individuais, que mudam de

pessoa para pessoa, sejam eles físicos pessoais (resistência térmica do vestuário, metabolismo

e nível de atividade) ou parâmetros subjetivos como as condições metais (nervosismo,

ansiedade, por exemplo).

As salas de parto, por abrigarem pessoas de atividades distintas, e com igualmente distintas e especificas necessidades de temperatura ambiental, devem estar providas de aparelhos que utilizem controle automático do sistema de condicionamento do ar. Devem permitir o estabelecimento de temperatura compatibilizada com os intervalos e os segmentos das atividades ali desenvolvidas (BITENCOURT, 2008, p.80).

Bitencourt (2008) em seu livro “Arquitetura Ambiente de Nascer” enfatiza a

importância da vestimenta da parturiente. Ela teria um papel fundamental na construção de

uma barreira limitadora das trocas de calor por convecção, estabelecendo um limitante natural

da troca de energia e construindo um microclima em torno de si.

2.3.2 Conforto acústico

O ambiente hospitalar vive a paradoxal situação de ser ao mesmo tempo um local

que exige condições de conforto acústico especiais, com níveis de ruído que atendam às

recomendações estabelecidas pelas normas técnicas, grupos populacionais que o freqüenta

necessitam os menores níveis de ruído possíveis e, por outro lado, ser também, um local com

componentes de situações e equipamentos que produzem condições extremamente ruidosas.

A ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas define através da NBR

10152/1987 – “Níveis de ruído para conforto acústico”, os limites máximos de ruídos

admissíveis para ambientes diversos.

No centro obstétrico, as atividades inerentes ao parto normal fazem com que a

mulher, em função das dores provenientes do trabalho de parto, produza sons, gemidos e

gritos, com níveis de pressão sonora elevados, que incomodam os profissionais de saúde

responsáveis pelos procedimentos do parto e do nascimento e as outras parturientes presentes

no setor, bem como seus acompanhantes (Bitencourt, 2008).

32

Neste caso, os cuidados com os materiais de revestimento que podem contribuir com

o estabelecimento do conforto acústico no ambiente de nascer, representam uma das maiores

dificuldades dos planejadores. As manifestações naturais de dor durante o trabalho de parto

ensejam atenuantes que podem ser contemplados tanto através da utilização de pisos com

algum nível de absorção acústica - os revestimentos vinílicos - quanto pela utilização no teto

de materiais com espuma flexível de poliuretano com textura irregular, auto extinguível e com

densidade de até 30 kg/cm2.

No texto sobre “Materiais de acabamento em estabelecimentos assistenciais de

saúde”, escrito pelos arquitetos Flávio Bicalho e Regina Barcellos (BICALHO;

BARCELLOS, 2003, p.47), os revestimentos vinílicos aparecem como o mais recomendável

material existente para pisos. Flexíveis heterogêneos ou linóleos, disponíveis em mantas,

composto de resinas de PVC, pigmentos, fibra de vidro e plastificantes, eles possuem

características físicas de homogeneidade e de fácil aplicação, permitem uma boa limpeza e a

confecção do rodapé contínuo. Esses materiais podem ser aplicados em áreas críticas de

ambientes de saúde tais como UTIs, salas de exames, centros cirúrgicos e obstétricos.

Um problema tem sido em relação ao tipo de material de absorção acústica. Sua

constituição molecular vai de encontro às exigências de controle de higienização e ao controle

de infecções hospitalares na medida em que servem como refúgio dos indesejáveis

microorganismos (BITENCOURT, 2008).

2.3.3 Conforto Visual

Seguir os princípios da humanização valorizando o desenho do espaço, os elementos

funcionais e estéticos, com a adequada utilização da iluminação natural e artificial, o uso das

cores e, naturalmente, os aspectos vinculados ao conforto ambiental, acabam favorecendo

uma aproximação entre os serviços e o cliente. Importantes características quando se trata do

acolhimento em áreas tão necessitadas como as dos centros obstétricos.

O autor Fábio Bitencourt destaca a importância da inserção de aberturas para a

paisagem externa. Ele afirma que “as janelas devem ser consideradas como elementos

integradores entre a arquitetura - o abrigo - e a continuidade das atividades naturais da vida”.

Para o caso específico dos ambientes do centro obstétrico onde a parturiente em trabalho de

parto pode passar muitas horas enquanto não nasce o bebe, às condições de iluminação natural

provenientes da existência da janela, podem acrescentar valores de conforto visual muito mais

33

representativos, além da simples percepção ou orientação do tempo face ao ciclo circadiano

(BITENCOURT, 2003). O mesmo conforto visual que poderá representar, inclusive, o papel

de encorajador da ativa participação e consciência do processo do parto normal.

Em relação às recomendações de iluminação artificial para ambientes onde se adota

o “PPP” ou mesmo para espaços com atividades individualizadas, preconiza-se que a

iluminação seja o mais branda e indireta possível, alterando inclusive a própria recomendação

da NBR 5413/1992 – “Iluminância de Interiores”, da Associação Brasileira de Normas

Técnicas. Já para as salas de cirurgia, onde se realizam tarefas visuais muito especiais, a

norma estabelece a faixa de 10.000 a 20.000 lux como iluminação adicional a ser utilizada.

Outro fator que deve ser levado em consideração é o uso da cromoterapia. As cores

exercem influência no estado psicológico das pessoas e deve-se tirar partido desta constatação

na obtenção da melhoria da saúde dos pacientes e no bem estar dos funcionários e público em

geral. Na busca de um edifício mais "humano", que se pareça mais com o ambiente

residencial, deve, sem dúvida, pensar em uma escolha criteriosa das cores de paredes, pisos,

tetos, portas, balcões, etc.

2.3.4 Condições ambientais de controle de infecção

Critérios para projetos arquitetônicos de EAS que visa o bom desempenho quanto a

condições ambientais que interferem no controle de infecção de serviços de saúde. Essa

questão possui dois componentes técnicos, indispensáveis e complementares:

- Componente de procedimentos em relação a pessoas, utensílios, roupas e resíduos.

- Componentes arquitetônicos, referente a uma série de elementos comnstrutivos como:

padrões de circulação, sistemas de transportes de materiais, equipamentos e resíduos sólidos,

sistemas de renovação e controles das correntes de ar, facilidades de limpeza das superfícies e

materiais e instalações para controle de infecções (ANVISA, 2004, p.111).

Para lavagem das mãos, existem três tipos básicos de equipamentos que são

classificados como:

34

Lavatório - exclusivo para a lavagem das mãos. Normalmente é feito de louça,

podendo ser também metálico ou mesmo plástico. Possui pouca profundidade, ou seja, não

permite a lavagem de antebraços. Tem formatos e dimensões variadas. Pode ser inserido em

bancadas (de embutir, sobrepor ou de semi-encaixe) ou não;

Pia de lavagem - destinada preferencialmente à lavagem de utensílios. Pode,

entretanto, ser usada para a lavagem das mãos. As pias coladas nas bancadas, de tal forma que

bancada e pia formam uma única peça, pois elimina as frestas, que são difíceis de limpar;

Lavabo cirúrgico - usado para o preparo cirúrgico das mãos e antebraços. Deve

possuir profundidade suficiente, que permita a lavagem do antebraço sem que o mesmo toque

no equipamento. Já existem no mercado brasileiro diversas empresas que fabricam e vendem

esse produto no comércio. As mais usuais são feitos de aço inoxidável, mas existem também

os de resina plástica ou fibra de vidro.

Os Lavatórios / pias / lavabos cirúrgicos devem possuir torneiras ou comandos do

tipo que dispensem o contato das mãos quando do fechamento da água. Junto a estes deve

existir provisão de sabão líquido degermante, além de recursos para secagem das mãos.

Definições encontradas no texto sobre “Materiais de acabamento em

estabelecimentos assistenciais de saúde”, escrito pelos arquitetos Flávio Bicalho e Regina

Barcellos, Em CARVALHO, 2002.

35

3 ESTUDO DE CASO: MATERNIDADE DO DIVINO AMOR

A Maternidade do Divino Amor é especializada em Alto risco, com foco para

atendimentos de Urgência e Emergência (Média e Alta Complexidade) Materno Infantil

(Fotos 1 e 2). É de gerenciamento publico e considerada como maternidade de referência para

partos de risco, devido à necessidade de suprir a demanda do município de Parnamirim, a

maternidade faz pactuação com mais 39 municípios da Macrorregião. O município

pertencente à Macrorregião Metropolitana e dista apenas 12 km da capital do estado do RN.

Segundo dados fornecidos pela prefeitura, o município possui atualmente 130 mil habitantes.

Possui capacidade para prestar aproximadamente mil e quinhentos atendimentos e

realiza um total de aproximadamente trezentos e cinqüenta partos por mês. Dados que

indicam que a maternidade recebe um número de pacientes muito maior do que sua estrutura

está preparada para receber. Esta maternidade tem trabalhado para uma assistência obstétrica

e neonatal diferenciada, onde busca humanizar o parto e nascimento.

Foto 1

Foto 2

Fachada Atual da “Maternidade do Divino Amor”. Fonte: AUTORA, 2010.

Perspectiva para a Fachada da “Maternidade do Divino Amor”. Fonte: AUTORA, 2006.

36

A área total do edifício é 3.200 m², centralizados em um terreno plano de

aproximadamente 7.100,00 m². A maternidade foi implantada em um prédio projetado

anteriormente para uma unidade de pronto atendimento, que se estava desativado durante

muitos anos. Diante da necessidade de ampliação dos serviços de saúde e recursos financeiros

disponíveis, idealizou-se o projeto. A estrutura física passou por uma intensa reforma com a

ampliação de grande parte das unidades.

No que diz respeito ao projeto arquitetônico e seu programa, a maternidade possui

uma planta separada por setores definidos de acordo com sua localização e função, cortados

por uma circulação central que percorre toda a maternidade. Estes setores possuem um fluxo

bastante resolvido com relação às suas atividades e os demais setores com que se relacionam.

Prédio de dois pavimentos (Figuras 4 e 5, planta baixa do pavimento térreo e superior,

respectivamente). O acesso principal para o segundo pavimentos se faz através de uma rampa

ou elevador adaptado para macas. O bloco de serviços de apoio geral segue o fluxo da

circulação principal até a entrada dos funcionários e pátio de carga e descarga.

São representados pelas seguintes áreas: recepção, centro obstétrico, unidade

neonatal, apoio administrativo localizada no pavimento superior, apoio técnico e bloco de

enfermarias (separadas em duas alas, uma no térreo e outra localizada no pavimento superior).

Próximos às enfermarias existe um jardim abertos que permitem a ventilação dos

alojamentos, embora todas elas possuam aparelhos de ar condicionado tipo Split. Somente as

enfermarias do pavimento superior são consideradas ventiladas naturalmente.

O primeiro setor da maternidade corresponde área de desembarque, coberta por

marquise e com presença de jardineiras. Adentrando, logo se tem a recepção, os consultórios e

as salas de esperas e admissão. Na recepção esta localizado o balcão de atendimento e dela se

faz todo o gerenciamento do acesso aos

demais setores da maternidade por visitantes e

parturientes. Os ambientes da recepção e

salas de espera são humanizados e com um

belo padrão estético, tanto nos materiais de

acabamento como nos detalhes de

ambientação (Fotos 3, 4 e 5).

Foto 3 Perspectiva proposta para Recepção Principal e Espera.

Fonte: AUTORA, 2006.

37

38

39

Fotos 4 e 5

Existem duas esperas, uma para pacientes em geral e outra para parturientes ou

gestantes em caso de urgência. Ambas com capacidade bastante limitada. Esta segunda dá

acesso à sala de admissão, essa que vem sendo utilizada além de filtro para atendimento no

Centro Obstétrico como sala de exames de urgência geral (Foto 6). Nestas salas deveriam são

realizados apenas os exames que determinariam sem a parturiente seria internada ou liberada.

Esta sala possui um sanitário anexado, este que vem sendo utilizado também por profissionais

de saúde do setor (Foto 7).

Fotos 6 e 7

Recepção Principal e Espera. Fonte: AUTORA, 2010.

Ao Lado, Sala de Espera para parturientes, e Acima, Sala de Exame e Admissão. Fonte: AUTORA, 2010.

40

Seguindo a recepção está o Centro Obstétrico, dividido em unidade de parto normal e

centro cirúrgico. Nas circulações foram distribuídos detalhes no teto, relevos de gesso em

forma de círculos coloridos, com tons de lilases, humanizado também esses ambientes (Fotos

8 e 9).

Fotos 8 e 9

O acesso ao centro obstétrico se dá através de uma circulação independente e possui

os seguintes ambientes:

Unidade de Parto Normal:

- posto de enfermagem e uma área prescrição médica,

- duas salas de pré-parto (Foto 8) Três leitos separados por cortinas e com um

banheiro cada);

- duas salas de parto normal;

- área de escovação;

- sala de curetagem e com

- os ambientes de apoio como depósito de material de limpeza e sala de utilidades.

Centro Cirúrgico

- duas salas de partos cirúrgicos;

- área de escovação / lavabos cirúrgicos;

- sala de indução e recuperação anestésica com 4 macas;

- posto de enfermagem, localizado dentro da sala de recuperação anestésica

Ao Lado, a Circulação do Centro Obstétrico, e Acima, Detalhes decorativos do Teto. Fonte: AUTORA, 2010.

41

- estar médico;

- vestiário de barreira com dois banheiros (masculino e feminino);

- os ambientes de apoio como depósito de material de limpeza, sala de utilidades e

guarda de equipamentos.

Fotos 10

Fotos 11, 12 e 13

Salas de Parto Normal. Fonte: AUTORA, 2010.

Sala de Pré-parto Fonte: AUTORA, 2010.

42

Bem próximo ao acesso do centro cirúrgico estão as áreas de conforto dos

profissionais do nível superior.

Na seqüência temos o bloco das enfermarias, com os leitos de alojamento conjunto.

São cinco alojamentos com capacidade de seis leitos cada (total de trinta leitos), um posto de

enfermagem, área para prescrição, áreas para cuidados do recém nascido, sala de utilidades,

rouparia e deposito de materiais de limpeza. Entre esse bloco e a circulação principal há um

jardim aberto que funciona como área de estar para funcionários e área para ventilação e

iluminação direta das enfermarias.

O EAS possui 80 leitos com previsão de ampliação para mais 30 leitos internação.

Atualmente são 55 Leitos de Internação, 05 de UCI Materna, 10 Leitos de UTI e 10 de UCI

Neonatal.

A unidade de internação é dividida em duas alas. Uma no térreo e outra localizada no

pavimento superior com 25 leitos, distribuídos em quatro enfermarias. Esta ala conta também

com todos os ambientes de apoio citados acima. Os alojamentos conjuntos do pavimento

térreo possuem painéis decorativos e bancada para assistência ao R.N. (Fotos 14 e 15).

Fotos 14 e 15

Ao Lado, Área para cuidados do RN, e Acima, Detalhe decorativo no Alojamento conjunto. Fonte: AUTORA, 2010.

43

No próximo setor

estão agrupadas as atividades

relativas ao atendimento

neonatal e UCI Materna

(unidade de tratamento semi

intensivo materno). São duas

salas de neotatologia, uma

Unidade de tratamento

intensivo (Fotos 16, 17 e 18)

e a outra de tratamento semi-

intensivo possuindo dez e

leitos cada. Neste mesmo

bloco estão ainda os serviços

do lactário e nutrição enteral

e a central de material

esterilizado. Uma unidade de

banco de leite foi criada no

bloco anexo a maternidade

para prestar apoio à Unidade

Neonatal, com sala de

ordenha, pasteurização e

higienização.

Fotos 16, 17 e 18

UTI Neonatal e os

Detalhes decorativos

Fonte: AUTORA, 2010.

44

Seguindo o corredor de acesso principal, passando em frente às circulações verticais

(rampa e elevador) chega-se ao setor de apoio técnico, localizado no ultimo bloco do

pavimento térreo(Fotos 19, 20, 21, 22, 23 e 24). Com os serviços de nutrição e dietética, de

processamento de roupas, de apoio geral.

Fotos 19 e 20

O setor administrativo esta localizado no pavimento superior, possui uma escada de

acesso próprio, é nele que se executa a parte do serviço burocrático da maternidade, com

ambientes como a sala da direção geral, administrativa, coordenações, secretarias, sala de

recursos humanos, mini auditório e ainda o cartório.

Por fim, em um prédio anexo, porem totalmente interligado, esta localizado o Banco

de leite e o “Centro de Atenção à Saúde da Mulher e da Criança” com três consultórios gerais,

unidade de laboratório, salas de ultrassonografia, sala de vacinas e teste do pesinho, do teste e

triagem auditiva, serviço social, sala do aleitamento materno, contando ainda com recepção e

espera exclusivos. Além desses ambientes existe a “Casa da mamãe feliz”, este ambiente é

responsável pelo acolhimento das mães que receberam alta médica, mas encontram-se com

seus filhos internados na Unidade Neonatal.

Circulação, Uso de cores

Fonte: AUTORA, 2010.

45

Fotos 21 e 22

Fotos 23 e 24

Rampa. Antes da Reforma e A Rampa atualmente.

Fonte: AUTORA, 2010.

Rampa com Painéis decorativos, imagens de Gestantes e bebês.

Fonte: AUTORA, 2010.

46

3.1 RESULTADOS E DUSCUSSÕES

O roteiro de estudo foi realizado na forma de avaliação qualitativa e observacional.

Tendo como objeto principal os detalhes arquitetônicos da unidade de assistência ao parto

normal e cirúrgico. A visita foi realizada em uma maternidade publica no município de

Parnamirim/RN com aplicação de questionários aos profissionais de saúde do corpo clinico

do centro obstétrico (modelo em anexo).

O levantamento de dados foi realizado através da observação dos ambientes com

fotos e anotações dos pontos mais relevantes dentro do espaço construído.

No roteiro de observação foi destacado os aspectos essenciais relacionados as

soluções de conforto, dimensões, materiais de acabamento, climatização, cores, paisagismo,

iluminação natural e artificial, e harmonia dos ambientes. Na aplicação do questionário de

entrevista foi destacada a percepção dos profissionais de saúde em relação às condições do

ambiente de trabalho, sendo os entrevistados um médico obstetra, uma pediatra, e uma

enfermeira obstetra. Os pontos levantados enquanto percepções atuais foram:

> Pontos negativos:

- Falta de espaços do centro obstétrico;

- Salas de parto em não insuficiente para atender a grande demanda de partos;

- Inexistência de sala de conforto e estar para acompanhantes e familiares;

- Sala pequena para exame e admissão da paciente. Com apenas uma mesa de exame e

realizando mais procedimentos do que deveria. Atende não só as parturientes em trabalho de

parto, mas também a problemas de urgência de pacientes nos primeiros meses da gestação;

- Inexistência de uma copa de apoio para os funcionários e

- Sente falta de uma sala para assistência ao recém nascido. Afirmam que muitas vezes o RN

fica ocupando a sala de parto mesmo após a saída da mãe.

> Pontos positivos:

- Fluxos das unidades em geral. E o fluxo bem definido da parturiente, desde a entrada ate o

alojamento conjunto;

- Equipamentos de alta tecnologia;

- Cortinas divisórias para os leitos;

- Hotelaria hospitalar de qualidade.

47

3.2 DIRETRIZES DE PROJETOS PARA HUMANIZAR A “MATERNIDADE DO

DIVINO AMOR”

A elaboração do projeto arquitetônico para construção de estabelecimentos assistenciais de saúde é um processo complexo que deve buscar, invariavelmente, satisfazer a uma significativa diversidade de critérios técnicos e de compatibilidades físico-funcionais. A concepção da solução projetual, além de atender às demandas da tecnologia médica, às características geográficas regionais, à flexibilidade dos espaços determinada pelas variáveis epidemiológicas, deve contemplar, com fundamental relevância, a satisfação do usuário através do conforto ambiental em seus diversos aspectos (BITENCOURT, 2003, p.63).

A concepção de um projeto arquitetônico de alta complexidade deve seguir uma lista

de atividades necessárias a sua implantação. Todo projeto arquitetônico, seja ele de construção,

reforma ou ampliação, deverá seguir um minucioso programa físico-funcional, compreendendo

todos os itens de: programação arquitetônica, zoneamento, analise dos principais ambientes

quanto aos condicionantes de conforto (Condições higrotérmicas, acústicas, luminosas e

infecção hospitalar), definição dos detalhes arquitetônicos para encaminhamentos de

Instalações (elétrica, telefonia, proteção de descargas atmosféricas, hidrosanitária, Ar

condicionado, segurança, gases e som), definir Sistemas construtivos a serem utilizados, e até

chegar por fim, no ante-projeto propriamente dito.

Os ambientes tendem a responder à demanda de um programa pré-estabelecido.

Buscando encontrar soluções para abrigar as idéias das propostas provenientes das políticas

de humanização e criando os espaços onde elas possam se desenvolver. Sendo assim, alguns

destes ambientes podem ser identificados devido as suas particularidades e relação direta com

o que se propõe como um espaço humanizado.

Sala de Pré-parto, Parto e Pós-parto (PPP)

Criação das salas de PPP, ambientes no qual três procedimentos são realizados: pré-

parto, parto e pós-parto. O intuito de unir estes procedimentos em um mesmo ambiente visa

minimizar o penoso ato de transferência da parturiente de uma sala para outra. Estes

ambientes propiciam a parturiente à noção de bem estar e segurança, criando um ambiente

familiar e diferente do aspecto de uma sala de cirurgia. Estas salas individuais permitem

também a presença da família em todo o processo, sem tirar a privacidade do acontecimento.

Além de individuais, as salas PPP possuem sanitários próprios com banheira ou não, cama e

espaço suficiente para a parturiente movimentar-se o quanto quiser. Tudo para criar um

espaço próximo ao de um quarto de uma casa, tornando o ambiente familiar e aconchegante, e

48

mais humanizado. Após o parto a parturiente pode permanecer na sala para receber familiares

ficando no máximo de 12h às 24h na sala PPP, ou apenas nos momentos imediatos ao parto e

depois ser transferida para o alojamento conjunto, a depender da maternidade.

Pré-Parto

Criar novas áreas de atendimento separadas por boxes, este poderão funcionar como

sala de exames e admissão, leitos de pré-parto, e podendo até servir como boxes para parto,

no caso de um parto expulsivo. Priorizando os quesitos que diz respeito à privacidade,

possibilitando a presença de acompanhante do sexo masculino, que nos casos de pré-parto

coletivo é um fator problemático. O segundo ponto trata da não realização do deslocamento

desnecessário da parturiente da sala de pré-parto para a sala de parto, pois este deslocamento

em alguns casos torna-se muito doloroso e traumático à parturiente. Esta ala contará

banheiros, posto de enfermagem e com os ambientes de apoio necessários.

A presença de acompanhante de sexo masculino por diversas questões, pode causar constrangimento para outras parturientes. A questão relacionada ao barulho de dor ou da visão de alguma situação problemática pode gerar ansiedade desnecessária à parturiente que se encontra bem, e principalmente o desestímulo a deambulação. Novamente a privacidade aparece como um importante fator para o relaxamento da parturiente (COELHO, 2003, p.112).

Solarium e área livre para deambulação

Esse pátio seria um espaço descoberto com incidência de luz solar direta, com áreas

de paisagismo. Outra função deste espaço é de receber familiares nos horários de visita. O

pátio pode ser usado como elemento de ventilação e iluminação natural de ambientes que o

circundam, servindo principalmente como área para deambulação para as gestantes.

Sala de relaxamento

Localizada próximo ao pré-parto, a sala de relaxamento é um espaço com a

finalidade de auxiliar a parturiente, através de exercícios ou equipamentos, a diminuir a tensão

e estimular o trabalho de parto. Neste espaço seriam realizadas atividades terapêuticas para

melhorar as condições do parto, trabalhando tanto com a parturiente quanto com seu bebê, tal

como exercício com bola, que ajuda a colocar o bebê na posição correta para a hora do parto.

Poderia possuir um local com banheira, onde são feitos exercícios de relaxamento dentro da

água com ajuda de enfermeiros, diminuindo as dores das contrações da parturiente.

49

Enfermaria Canguru

O método Canguru consiste em retirar os bebês das incubadoras, desde que saudáveis, e mantê-los em contato pele a pele com a mãe, numa posição em que a cabeça fica próxima ao peito. Este nome é referencia à bolsa do mamífero australiano, na qual os filhotes que nascem sem condições de estabelecerem um contato direto com o meio externo permanecem em bolsas localizadas no colo do animal, até terem condições de se lançarem ao mundo. Usado desde 1979 em Bogotá e na Colômbia, o método Cuidado Mãe Canguru (CMC) consiste em colocar o bebê verticalmente entre os seios da mãe envolvidos por um tecido, favorecendo um maior contato entre os dois (COELHO, 2003, p. 37)

Estes ambientes têm como principal objetivo á o de acelerar a recuperação de bebês

prematuros, atuando diretamente no seu tratamento. As enfermarias para implantação do

Método Canguru deverão obedecer à norma para alojamento conjunto e ter acesso fácil ao

setor de cuidados especiais para neonatos. O número de leitos materno/berço, por enfermaria,

deverá ser de no máximo seis e para cada enfermaria são necessários dispositivos sanitários,

chuveiros, pia e recipiente com tampa para recolhimento de roupa usada.

Este serviço poderia ser implantado como solução de tratamento para recém nascidos

de médio risco em uma estrutura a ser ampliada.

Sala de atividades

A sala de atividades constitui um espaço destinado a promover atividades físicas e

educativas junto às pacientes da maternidade. Nela são realizados trabalhos que visam

preparar a gestante para o parto, seja através de exercícios, de dinâmicas coletivas e aulas

sobre o tema parto e nascimento. Nela também são realizadas atividades com familiares e a

participação de profissionais. Atualmente existe uma pequena sala para atividades referentes

ao aleitamento materno.

Sua estrutura é bastante simples, trata-se de uma sala com espaço que permita a

realização de atividades em grupo. Sem mobiliário fixo permitindo a flexibilidade do espaço e

variando de acordo com a atividade realizada no local. Necessita apenas cadeiras, bancada e

armários para a guarda de equipamentos. Em algumas salas podem existir objetos de

ginástica, como barras para alongamento fixadas nas paredes, tatames ou semelhantes para

atividades realizados no chão, entre outros. A presença de sanitário incorporado à sala de

atividades é de grande importância para a realização de atividades em grupo, já que por

motivos fisiológicos a gestante necessita constantemente utilizar o sanitário.

50

4 CONCLUSÃO

Diante da necessidade de propostas de mudanças, relacionadas ao atendimento

obstétrico, verificou-se em muitas das bibliografias consultadas um interesse por parte do

governo para reduzir as taxas de cesariana no setor público e qualificar a assistência ao parto

normal. Sendo fundamental uma assistência humanizada ao nascimento e ao parto e isso

significa um tipo de assistência que procure resgatar a posição central da mulher no processo

do nascimento. Uma assistência que respeite a dignidade das mulheres, sua autonomia,

individualidade e privacidade. E sendo assim necessária uma reavaliação da estrutura física na

tentativa de enquadrá-los dentro das novas políticas de atendimento obstétrico.

O Brasil apresenta um modelo de atenção ao parto centrado no modelo médico, com

uso intensivo de tecnologia e resultados perinatais ainda inferiores aos dos países

desenvolvidos.

A criação de ambientes que favoreçam o conforto da mulher no momento do parto é

papel importante para a arquitetura, levando-se em consideração as diversas soluções

encontradas pelas mulheres para cumprir este dever. O trabalho de uma equipe

multidisciplinar composta por médicos, enfermeiros, assistentes sociais, psicólogos, e

arquitetos seria de grande valor para o desenvolvimento de um programa e a criação de

ambientes que tornem o momento do parto, para a mulher e o bebê, um momento mágico.

(...) a palavra chave para a construção deste momento, talvez seja a individualidade. Levar esta palavra para cada espaço da maternidade, criando ambientes que sejam aconchegantes, onde haja a liberdade de movimento para a parturiente, onde ela possa andar e conversar com outras de igual situação quando queira, compartilhando suas alegrias e preocupações. Os espaços devem ter em vista a possibilidade de satisfazer as necessidades das parturientes como indivíduo, que a traga por inteiro para este acontecimento. Um espaço onde os ambientes promovam a criação de um momento especial e único, e que a maior preocupação seja a mulher e seu filho, pois é na individualidade que está à resposta para a construção de um projeto mais humanizado (COELHO, 2003, p.117)

Procurou-se ao final das análises dos questionários de entrevista avaliar os problemas

identificados nas unidades e propor alternativas que estivessem de acordo com as normas

consultadas e principalmente buscando espaços mais humanizados para todos os envolvidos,

parturientes e puérperas, recém nascidos, acompanhantes, profissionais de saúde envolvidos.

Em relação ao Estudo de Caso realizado no Centro Obstétrico da “Maternidade do

Divino Amor” concluímos que desde a criação do projeto os objetivos foram alcançados.

51

Mas, voltando para o olhar de um arquiteto especialista em sistemas de saúde, verificou-se

que após dois anos de funcionamento a maternidade tornou uma referencia regional em

assistência ao parto e os espaços criados anteriormente tornaram-se insuficientes para uma

grande demanda de pacientes. Conseqüentemente a super lotação e o estresse da equipe de

profissionais pela falta de ambientes mais humanizados deixam uma lacuna na arte de fazer o

parto e no ato do nascer.

Encerro esta monografia com a expressiva frase que o jornalista Agnélo Alves criou

para a inauguração desta maternidade:

“Esta casa foi edificada para festejar a vida de quem gera no amor outra vida, na concepção maternal como o mais belo mistério que só a fé explica. Que venham à vida, com o nosso carinho, os parnamirienses do futuro”.

52

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55

APÊNDICE

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