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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA
CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS
DEPARTAMENTO DE ADMINISTRAÇÃO
CURSO DE GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO
DIFERENCIANDO UM PRODUTO NO PDV USANDO TÉCNICAS DE
MERCHANDISING
ERIC DE ARRUDA LIMEIRA
João Pessoa
Outubro 2018
ERIC DE ARRUDA LIMEIRA
DIFERENCIANDO UM PRODUTO NO PDV USANDO TÉCNICAS DE
MERCHANDISING
Trabalho de Conclusão de Curso
apresentado como parte dos requisitos
necessários à obtenção do título em Bacharel
(a) em Administração, pelo Centro de
Ciências Sociais Aplicadas, da Universidade
Federal da Paraíba/UFPB.
Professora Orientadora:
Prof.ª Dr.ª Fabiana Gama de Medeiros
João Pessoa
Outubro 2018
L732d Limeira, Eric de Arruda.
DIFERENCIANDO UM PRODUTO NO PDV USANDO TÉCNICAS
DE MERCHANDISING / Eric de Arruda Limeira. - João Pessoa, 2018.
23 f.
Orientação: Fabiana Gama de Medeiros.
Monografia (Graduação) - UFPB/CCSA.
1. Varejo. 2. Comoditização. 3. Psicologia das cores.
4. Preços psicológicos. 5. Gatilhos mentais.
I. Medeiros, Fabiana Gama de. II. Título.
UFPB/CCSA
Folha de Aprovação
Artigo Científico de graduação apresentado ao Centro de Ciências Sociais Aplicadas, da
Universidade Federal da Paraíba, como requisito para a obtenção do título de Bacharel(a)
em Administração.
Aluno: Eric de Arruda Limeira
Trabalho: DIFERENCIANDO UM PRODUTO NO PDV USANDO TÉCNICAS DE
MERCHANDISING.
Área de pesquisa: Marketing
Data de aprovação:
Banca examinadora
_____________________________________________________
Prof.ª Dr.ª Fabiana Gama de Medeiros
(Orientadora)
UFPB
_____________________________________________________
Prof. Dr. Nelsio Abreu
(Examinador)
UFPB
RESUMO
A partir de uma análise de dados secundários, foi identificado um cenário de alta
competividade no segmento varejista de móveis e eletrodomésticos. Como consequência
disso, foram observadas constantes brigas de preço, prática que não é enxergada
positivamente pelos players do mercado, devidos aos impactos nas margens dos produtos,
interferindo na liquidez do negócio. O presente estudo tem como objetivo discutir
possibilidades de tornar este segmento mais rentável, por meio da aplicação de técnicas
de visual merchandising e gerenciamento da expectativa de preço. Para isso, prezou pela
exploração da ciência do comportamento do consumidor, no intuito de identificar
oportunidades na subjetividade humana. Foram apresentadas as consequências da
comoditização e alta competitividade no segmento estudado, assim como as respectivas
oportunidades. Estas que foram observadas por meio de uma boa comunicação a respeito
dos produtos e promoções. A forma encontrada, via pesquisa, foi averiguar as possíveis
contribuições da psicologia e psicodinâmica das cores e suas implicações nos processos
emocionais e reacionais dos indivíduos. Da mesma maneira, foram analisados os efeitos
e a forma adequada de se aplicar os preços psicológicos, quais são os condicionantes e
requisitos. Ademais, foi investigado quais são as contribuições ciência da programação
neurolinguística, por meio da sua ferramenta de ancoragem, onde em paralelo foi
observado o nível de aderência do público alvo da pesquisa a diversos tipos de gatilhos
mentais, entre eles os gatilhos de escassez, urgência, prova social, por que e novidade.
Palavras-chave: varejo, comoditização, psicologia das cores, preços psicológicos,
gatilhos mentais.
ABSTRACT
From an analysis of secondary data, a scenario of high competitiveness in the retail
segment of furniture and household appliances was identified. As a consequence, there
were constant price fights, a practice that is not seen positively by market players, due to
the impacts on the product margins, interfering with the liquidity of the business. The
present study aims to discuss possibilities of making this segment more profitable,
through the application of techniques of visual merchandising and management of price
expectation. To this end, he praised the exploration of the science of consumer behavior,
in order to identify opportunities in human subjectivity. The consequences of
commoditization and high competitiveness in the segment studied were presented, as well
as the respective opportunities. These have been observed through good communication
regarding products and promotions. The form found, through research, was to ascertain
the possible contributions of psychology and psychodynamics of colors and their
implications in the emotional and reactional processes of individuals. In the same way,
the effects and the appropriate way of applying the psychological prices were analyzed,
which are the conditions and requirements. In addition, it was investigated the
contributions of science of neurolinguistic programming, through its anchoring tool,
where in parallel the level of adherence of the target public of the research to several types
of mental triggers was observed, among them the triggers of scarcity, urgency , social
proof, why is it new.
Keywords: retail, commoditization, color psychology, psychological prices, mental
triggers.
SUMÁRIO
1. Introdução ................................................................................................................ 1
2. Os fatores que o originaram o merchandising e suas aplicações ........................ 2
2.1. Os precedentes históricos da comoditização...................................................... 2
2.2. As técnicas de merchandising para o PDV ........................................................ 3
2.2.1. A psicologia das cores ................................................................................ 4
2.2.2. A programação neurolinguística e os gatilhos mentais .............................. 5
2.2.3. Os preços psicológicos ............................................................................... 6
3. O método .................................................................................................................. 7
4. Análise da pesquisa de campo ................................................................................ 8
4.1. Resultados sobre o impacto das cores dos cartazes de preço na decisão de
compra .......................................................................................................................... 8
4.2. Resultados sobre o impacto da aplicação ou não de preços psicológicos.......... 9
4.3. Resultados sobre a aplicação dos gatilhos mentais nos cartazes ....................... 9
5. Considerações finais .............................................................................................. 10
6. Referências bibliográficas..................................................................................... 12
7. Anexo ...................................................................................................................... 13
7.1. Instrumento de coleta ....................................................................................... 13
1
1. Introdução
O varejo é um segmento reconhecido pela intensidade de sua rotina, pela constante
dinâmica das estratégias dos players. Este fato tem sua origem na forte interação entre os
concorrentes, através das forças de ação e reação. Bem como no transcorrer dos anos, se
consolidou pela comercialização de produtos commodities, ou seja, sugere um grande
apelo à competitividade. Desse modo, cada varejista precisa buscar formas de diferenciar
seu produto mediante a ótica do consumidor, para que evite uma rota de briga estritamente
de preço. Em artigo, o autor Jorge Cataldo (2004) traz uma explanação técnica a respeito
das implicações da comoditização:
A comoditização dos bens tangíveis transacionados na economia é um
processo com causas ainda em estudo, mas com consequências evidentes no
nosso dia a dia. Uma combinação de excesso de oferta tecnológica e financeira
com um aumento brutal na produtividade das empresas vem derrubando,
notadamente, os preços e as margens praticadas pelos agentes de toda a
economia mundial. Numa interpretação bastante simplificada do fenômeno,
podemos pensar que tudo se passa como se a capacidade de produção dos bens
que fabricamos estivesse ao alcance de todos os agentes econômicos do globo
(CATALDO, 2004, apud PETTIS, 2001).
A princípio, só existem dois modos de mitigar os impactos da comoditização:
atribuir benefícios extras ao valor pago pelo cliente ou diminuir o preço a tal ponto que
se torne equivalente ou inferior, como sugeriu D’Aveni (2013, p.2). Por conseguinte, as
margens de lucro acabam reduzindo, mesmo que os custos de aquisição se mantenham
estáticos ou aumentem. Ao passar do tempo um produto rico, por si só, em benefícios,
torna-se indistinguível perante às ofertas dos concorrentes.
Em vista desse contexto, surge a motivação para estudar outras formas de
evidenciar o produto dentro do aspecto preço e, assim, rentabilizar o negócio. Para este
fim, foi pesquisado sobre fatores psicológicos capazes de estimular sentimentos que
impulsionam a decisão de compra do consumidor. Além disso, o vigente estudo tem o
intuito de entender a correlação entre a expectativa de preço desenvolvida pelo cliente,
com esses fatores psicológicos.
O contexto retratado até o momento, descreve a gradativa realidade do varejo
internacional. No entanto, o estudo estará direcionado exclusivamente ao varejo de
móveis e eletrodomésticos, considerando apenas as perspectivas do público alvo da
cidade de João Pessoa, no estado da Paraíba, Brasil.
Serão analisadas as aplicações da psicologia e psicodinâmica das cores, o uso de
programação neurolinguística e gatilhos mentais, além de observar os efeitos da utilização
ou não dos preços psicológicos. Dentro desse viés, todos os testes desses conceitos foram
aplicados a modelos padrões de cartazes de preço, característicos da vertente de varejo
estudado, viabilizando a observação das alterações de resultado, conforme são alterados
os métodos adotados para esta pesquisa.
Com o propósito de tornar os resultados da pesquisa consistentes, a ponto de pôr
em prática as metodologias no segmento estudado, o presente estudo tem como objetivo
geral identificar as aplicações mais adequadas das técnicas de merchandising, em cartazes
de preço, no varejo de móveis e eletrodomésticos. Os objetivos específicos são: a)
investigar quais combinações de cores são mais provocativas em cartazes de preço para
o público alvo do segmento; b) analisar a adesão ao uso dos preços psicológicos, em
cartazes de preço; c) identificar quais tipos de gatilhos mentais são mais eficientes, no
intuito de acelerar a decisão de compra do consumidor, em cartazes de preço.
2
No intuito de garantir a validade dos testes que se sucederão, referenciamos o
presente estudo em autores renomados em suas vertentes de pesquisa.
2. Os fatores que o originaram o merchandising e suas aplicações
Esse tópico é destinado para o embasamento teórico de todos os experimentos que
serão realizados na pesquisa. Também é o momento de apresentar o que os sábios das
linhas de conhecimentos a serem estudadas podem contribuir para a formação de uma
cosmovisão acerca das técnicas de merchandising aplicadas aos cartazes de preço.
2.1. Os precedentes históricos da comoditização
A Revolução Industrial foi um importante marco na história. A partir dela as
cidades se reorganizaram, várias leis precisaram ser ajustadas, a população se adequou a
uma nova forma de produzir riquezas e sustentar suas famílias. A Economia também se
reinventou criando novas linhas de estudos e métodos, como as análises do
comportamento de oferta e demanda, custos de oportunidade, entre outras transformações
oriundas da tal revolução.
Para o varejo, não foi diferente. Este que tem sua origem nas pequenas feiras e
bazares locais, tinha a informalidade como a principal característica. Por exemplo, essa
informalidade podia ser observada na ausência de preços nas mercadorias, que permitia
negociações bastante flexíveis entre vendedor e comprador. Todavia, a Revolução
Industrial, ocorrida entre os anos de 1840 e 1870, atendeu uma nova expectativa da
população, de possuir uma maior variedade e quantidade de produtos para tomar suas
decisões de compra. Desse modo, e, em consequência do aumento da demanda por
diferentes tipos de mercadoria, os moldes iniciais do varejo que conhecemos hoje foram
criados.
Para isso, as consequências imediatas foram a formalização dos pontos de venda,
por meio de sindicatos e associações, a aproximação dos centros comerciais às regiões de
maiores densidades populacionais e onde estavam localizadas as fábricas, e, por fim, o
aumento gradual da competitividade.
A fim de suprir às necessidades da nova rotina das sociedades, surgiu o varejo de
móveis e eletrodomésticos, ao qual nos ateremos no transcorrer deste artigo. Para este
segmento, a competitividade se tornou realidade em pouco tempo, com o aumento da
diversidade de fornecedores de produtos substitutos. A reincidência de fornecedores em
pontos de vendas concorrentes, deu sentido a um conceito conhecido como commodity.
Por conseguinte, os varejistas do segmento precisaram desenvolver estratégias de
diferenciação dos produtos, mesmo sendo estes das mesmas marcas, apresentando o
mesmo nível de serviço, até com o mesmo preço. Desse modo, chegou a um nível
altíssimo de competitividade entre si, e, por fim, exigiu maior competência dos gestores
desses varejos, no intento de montarem grandes equipes corporativas, para definição de
estratégias de diferenciação sólidas e com forte poder de adesão.
Para este fim, uma das vertentes desenvolvidas foi o Trade Marketing, oriundo da
ciência do Marketing, e tem por responsabilidade comunicar ao consumidor os
diferenciais de cada produto, usar fatores psicológicos em técnicas de motivação e criar
experiências no ponto de venda para acelerar a decisão de compra. Ademais, desenvolve
métodos de capacitação da força de vendas.
3
Portanto, no presente artigo discutiremos como podemos motivar o consumidor
por meio de impulsos de compra, apresentados em técnicas de psicologia das cores,
gatilhos mentais e o final 99.
2.2. As técnicas de merchandising para o PDV
No intuito de averiguar quais parâmetros são lícitos utilizar para discernir se o
consumidor de fato aumentou sua motivação, é de suma importância pontuar o que é a
motivação de compra, segundo Solomon (2002), refere-se ao motivo pelo qual o
consumidor decidiu se enveredar em uma jornada de compra, ou seja, ocorre antes iniciar
sua trajetória de consumo. No entanto, a motivação pode ter origens diversas, como: uma
motivação experiencial ou hedônica, que está relacionado a consumos como o de cinema,
podem possuir um caráter mais subjetivo, emocional, o que propicia a compra por
impulso; uma motivação utilitária, que condiz com a procura de um produto para
consumo específico, como as compras em supermercados ou farmácias, o que caracteriza
um consumo mais consciente e racional.
Entretanto, o domínio dessa ciência se faz imprescindível para que os varejistas
consigam estimular a subjetividade, mesmo que a motivação inicial do consumidor esteja
pautada no utilitarismo. Como grande exemplo disso, existem as práticas de
merchandising, exploradas principalmente em supermercados e farmácias que adotam
diversas mudanças ambientais, como iluminação, temperatura, layout, cores e imagens,
para interferir na subjetividade de um consumo primariamente utilitário, como é o de
mantimentos.
É de suma importância evidenciar que o conceito da ciência do Merchandising
flutuou no decorrer dos anos entre as perspectivas dos teóricos, todavia, em sua essência
se fortalece no conjunto de boas práticas do varejo, como um grande acelerador da tomada
de decisão do shopper, tornando-se cada vez mais robusto e complexo. Buttle (1984), o
definiu pela forma que os produtos são dispostos no PDV, a fim de suscitar o consumo,
ou mesmo como um “o vendedor silencioso”. Mais adiante, Masson e Wellhof (1997),
formularam quatro pilares do Merchandising, nos quais, o primeiro exige que a
mercadoria esteja disponível no PDV; em segundo lugar é preciso estar convenientemente
apresentável, pois aquilo que não pode ser visto, mantém-se no anonimato; o terceiro pilar
requer que o produto esteja em evidência, para que se torne expressivo na concepção do
consumidor; e, por fim, o quarto posto, entretanto não menos importante, é ocupado pelo
acompanhamento do ROI (retorno sobre o investimento). Ainda se tratando da referência
de Masson e Wellhof, concluem que a essência do Merchandising é proporcionar
rentabilidade ao produto dentro do estabelecimento.
Em 2002, Sant’Anna deu uma importante contribuição alertando para a relevância
do merchandising no planejamento da promoção do produto antes de o mercado recebe-
lo, a fim de torna-lo coerente às expectativas do shopper. Ainda sobre o merchandising,
Blessa (2008) argumentou que o considera a maneira mais eficaz para influenciar a venda,
pois a mensagem comunicada contém uma sinergia entre os três fatores indispensáveis
para concretização de uma venda: o cliente, o produto e o dinheiro.
Portanto, o esforço de marketing especificado nos parágrafos pregressos, é
justificado em cima da máxima defendida por Regina Blessa (2005), a qual determina
que 85% das compras são decididas dentro do Ponto de Venda (PDV). Em vista disso, a
aplicação das técnicas de Merchandising se tornam imprescindíveis para o
aproveitamento dessa estatística, potencializando a rentabilidade do varejo.
4
2.2.1. A psicologia das cores
Outro elemento importante para a decisão de compra do consumidor é a cor. Aliás,
não é de hoje que se discute a relevância das cores, o termo cor surgiu em Roma, e desde
então é utilizada para revelar a sensação visual advinda da natureza. Todavia, nos últimos
anos os estudos apontam a importância do uso da cor para interferir nas emoções do
consumidor. Farina (2006), afirma que o uso de imagens e recursos visuais é um dos
principais recursos para atrair a atenção do cliente, especialmente pela cor. Deste modo,
a aplicação das cores se consolidam como um artefato poderoso para acelerar a decisão
de compra, tendo conhecimento que cores quentes conseguem interferir até na percepção
de passagem do tempo.
Nessa perspectiva da relevância do uso das cores na tomada de decisão do cliente,
é importante pontuar o significado das cores perante o indivíduo. Por conseguinte, a
representação da cor não é algo concreto, sofrendo fortes influências do processo de
construção da sociedade, com suas nuances, especificidades e as experiências às quais
são submetidas. Segundo Pastoureau (1997), entre os vários elementos da simbologia das
cores, estão os códigos, sejam eles de natureza virtual, ou advindos de gestos, sons ou da
própria verbalização, que, por via de regra, são formadores da caracterização de uma
sociedade.
Ainda hoje não há evidências que justifiquem o porquê de o ser humano apresentar
reações nítidas e tangíveis acerca das cores, entretanto, existem pesquisas que
comprovam tais reações. Nos últimos anos da década de 1940, Max Luscher descobriu
por meio de pesquisas que a escolha de uma cor em detrimento de outra, está atrelada a
um estado mental e de equilíbrio hormonal. Em decorrência disso, a visão de cores e
combinações cromáticas proporcionam comportamentos emocionais e físicos reativos,
segundo Nunes (2013).
Segundo Kotler (2004), primeiramente é preciso identificar se o produto estudado
possui uma demanda estritamente racional. Pois, caso contrário, a cor terá um grande
poder de influência. Por exemplo, na escolha de objetos decorativos, o consumidor fará
um primeiro filtro das cores, pois considerando a possibilidade do objeto de desejo não
se encaixar às combinações existentes no ambiente o qual será inserido, dificilmente será
adquirido. Em decorrência disso, pode-se considerar que as cores têm um papel
significativo na decisão de compra, e por isso, é dever do varejista estudar suas
implicações no consumidor.
Desse modo as cores se tornam importante em qualquer fase da venda, seja na
concepção da embalagem dos produtos, nas quais devem haver a venda não só de seu
interior, mas da criação de um conceito, uma proposta de valor. Isto é, as cores ocupam
um papel relevante para atrair e persuadir o cliente, segundo Valdir (2005). Para a
publicidade e propaganda, o cenário não é diferente. Conforme Guimarães (2004) propõe,
a definição da cor a ser aplicada em uma peça publicitária deve variar de acordo com a
classe social do público alvo, assim como a faixa etária.
No que tange à psicodinâmica das cores, Mucchielli (1995) aponta que qualquer
pessoa em estado de tensão ou preocupação fica susceptível às estratégias adotadas pela
publicidade, inclusive ao jogo de cores aplicados. Desse modo, o ser humano fica
demasiadamente vulnerável à manipulação midiática proposta pelas propagandas, mesmo
que seja de maneira inconsciente.
5
2.2.2. A programação neurolinguística e os gatilhos mentais
O Ponto de Venda ainda reserva várias oportunidades para a aplicação de
metodologias que agregam ao trabalho fastidioso que é realizado pelas equipes de vendas.
Por isso, a estrutura de back office, a fim de facilitar esse trabalho deve usufruir de várias
ciências. Uma delas é a Programação Neurolinguística (PNL). Esta, que é sustentada por
duas direções, segundo Connor e Seymour (1995), que procedem do seguinte modo:
Primeiro, como processo de descoberta dos padrões de excelência em qualquer
campo. Segundo, como demonstração de maneiras eficientes de pensar e se
comunicar usada por pessoas excepcionais. Esses padrões e habilidades podem
ser utilizados independentemente ou no contexto de processos de modelagem
capazes de torna-los ainda mais poderosos. (CONNOR E SEYMOUR, 1995,
P. 21)
Dentro dessa definição, se pode enfatizar a importância da comunicação. A qual,
segundo Connor (1995), caso fosse destrinchada, identificaríamos que 55% dela é
composta pela linguagem corporal, 38% pelo tom de voz e apenas 7% pelo conteúdo, nas
situações de comunicação interpessoal. Se perpassarmos pela seara da comunicação
visual, outros elementos se sobressairão, como o uso das cores, que foi discorrido nos
parágrafos acima. E, para esse tipo de comunicação há uma importante ferramenta da
PNL: a ancoragem.
Em suma, a ferramenta de ancoragem se caracteriza pela definição de um ícone
que pode ser percebido por qualquer um dos cinco sentidos (olfato, gustação, tato, visão
e audição). Desse modo, a técnica de ancoragem consistirá em propagar estímulos
conhecidos, com a intenção de causar reações previstas no público alvo. Por exemplo, a
aplicação da técnica pode ser percebida, por meio de uma simples marca, uma frase que
represente um gatilho mental ou até um jingle marcante.
Dentro desse mesmo viés, temos a contribuição dos gatilhos mentais. Estes,
segundo Bullock (2014), costumam se caracterizar pela formação de atalhos cognitivos,
que influenciam o indivíduo a comprar produtos e aceitar notícias, mesmo que o fator
psicológico esteja atento a outros assuntos, ou seja, atuam no inconsciente. Assim sendo,
a persuasão pode ser muito mais rápida e eficiente caso sejam adotados gatilhos mentais
rápidos, diretos e apropriados ao perfil do público alvo.
É importante evidenciar que há diversas aplicações dos gatilhos mentais. E, uma
das grandes e poucas referências no assunto, Daniel Kanheman (2012) afirmou que as
pessoas costumam estimar mais àquilo que é escasso, atribuindo essa sentença ao fato de
que quanto mais inacessível algo for, mais raro e valioso se torna. Para argumentar sobre
o assunto, Kanheman realizou um estudo em que ofereceu o mesmo produto de duas
maneiras diferentes. Na primeira, concedeu 5% de desconto, na segunda afirmou ter
apenas 3 unidades do produto, e caso comprado agora, o cliente terá 5% de desconto. O
resultado foi que apenas 30% das pessoas compraram na primeira oferta, na segunda,
mais de 70%. Em outras palavras, a percepção de perda é 2,5 vezes mais relevante do que
a de ganho. Essa aplicação é chamada de Gatilho Mental de Escassez.
O ganhador do prêmio Nobel, Daniel Kanheman (2012), ainda pontuou sobre
outros tipos de gatilhos mentais. Como exemplo, existem os gatilhos de urgência, da
prova social, da novidade ou o gatilho do por que, entre inúmeros outros. Os resultados
dos gatilhos de urgência podem ser observados, devido ao fato das pessoas se sentirem
incapazes ao verem uma oferta com prazo curto e duração determinada, sem ter a
6
oportunidade de usufruírem dela. À vista disso, preferem comprar para concluírem por si
mesmo se era válido ou não o risco.
O gatilho da prova social, aproveita o ensejo de que o ser humano tem uma
constante necessidade de se sentir parte do local em que está, é, a também conhecida,
como sensação de pertencimento. Para validar essa afirmativa, foi realizado um estudo
por Milgram, Bickman e Berkovitz, (Carvalho, 2015, apud MILGRAM, BICKMAN,
BERKOVITZ, 1969), que fazia o seguinte teste, em três momentos: 1) uma pessoa para
na rua e olha para o céu: 40% das pessoas que passam em seguida também olham; 2) duas
pessoas param na rua e olham para o céu: 60% das pessoas que passam em seguida
também olham; 3) por fim, quatro pessoas param na rua e olham para o céu: 80% das
pessoas que passam em seguida também olham. Então, os apontamentos oriundos desse
experimento afirmam que o ser humano é extremamente influenciado a replicar atitudes
realizadas anteriormente pelos seus semelhantes.
Por fim, todo indivíduo carece de uma boa justificativa para tomar decisões. Foi
isso que apontou o estudo analisado por Robert Cialdini (2012), sobre os pedidos em uma
xerox. O estudo apontava sobre a importância de se ter um bom argumento para que uma
solicitação seja atendida. Para validar a tese, foram realizados dois testes: 1) um cliente
chega à fila de pedidos, e pede para que seja priorizado por ter apenas cinco páginas,
assim, 60% cederam a vez; 2) agora, o cliente afirma ter as cinco páginas, e está com
pressa, e o resultado aumentou para 94%. Desse modo, não apenas a solicitação que
mudou, mas a ela foi atribuído um motivo, o que aumentou significativamente o
resultado.
2.2.3. Os preços psicológicos
Pensando na comunicação de uma promoção, deve-se lembrar de um componente
importante do composto de marketing, o preço. Dentro dessa perspectiva, vale salientar
a aplicação do final do preço, que são os dígitos após a vírgula, os quais normalmente
carregam em si um forte apelo ao consumidor, na intenção de alterar a percepção de valor
sobre o produto (SCHINDLER; CHANDRASHEKARAN, 2004).
Isso posto, pode-se destacar que aplicação dessa tese vem passando processos de
maturação no decorrer dos anos, e, muito se deve ao fato de se incluir o aspecto do
comportamento do consumidor para as decisões de preço. Por meio de Monroe (1990),
esses estudos deram espaço para o surgimento da expressão “preço psicológico”, que
versa sobre os preços que terminam com final diferente de “0” após a vírgula, como é o
caso do final “99”. A diferença entre preços como “R$ 9,99 e R$ 10,00” são percebidas
de maneira mais acentuada do que a pequena diferença quantitativa, pois, segundo Stiving
(2000), muitos consumidores se atentam apenas aos dígitos à esquerda da vírgula.
No entanto, os efeitos dos preços psicológicos nem sempre serão totalmente
eficientes em seu propósito. É isso que sugere Bezerra e Leone (2013), ao afirmar que
essa tática é mais eficiente quando aplicada a produtos de baixo valor agregado, pois
pessoas com maior poder aquisitivo não se dedicariam a refletir sobre o preço como um
todo, atendo-se apenas aos valores iniciais. Essa falta de atenção, via de regra, se deve a
grande quantidade de informações que os consumidores são submetidos no PDV.
Stiving (2000), criou o pressuposto que os preços arredondados ou psicológicos
produzem efeitos diferentes conforme se alteram as categorias de preços. Para ele, os
produtos de maiores categorias – leia-se produtos mais caros – quando se aplicam preços
7
arredondados denotam mais qualidade. Enquanto isso, os preços psicológicos passam a
ideia de que a oferta é, de fato, imperdível.
Por outro lado, Stiving e Winer (1997), apontam que existem duas formas de
classificar a percepção do consumidor para a aplicação dos preços psicológicos. A
primeira classificação denomina-se efeito de nível, na qual os consumidores costumam
arredondar o preço para baixo, seguindo a referência dos números à esquerda da vírgula.
A segunda é chamada por efeito de imagem, quando os clientes atribuem significado aos
números que estão à direita da vírgula, interpretando-os como grandes descontos ou os
definem como produtos de baixo valor percebido.
Um dos motivos para a existência do efeito de imagem, é a memória do
consumidor. Este, que é exposto a inúmeras informações no PDV e fora dele, em sua vida
cotidiana, acaba reduzindo a quantidade de caracteres a serem memorizados, para evitar
a saturação. Os autores que falam sobre isso são Liang e Kanetkar (2006), que ainda
aponta para a existência de uma priorização sistemática, porém inconsciente do
consumidor, sobre os números à direita da vírgula. Prova disso é que em um estudo
realizado com o parâmetro do dólar, no qual o percentual de vendas aumentou na seguinte
proporção quando apresentaram o preço “0,99 versus 0,00”: o preço quebrado aumentou
5,2%, enquanto o valor arredondado subiu apenas 2,7% (MATOS, apud SCHINDLER E
KIBARIAN, 1996). Nesse mesmo viés, quando um prato foi apresentado por U$$ 6,99,
em sua maioria era lembrado por U$$ 6,00 e o efeito se repetia quando anunciado por
U$$ 7,99.
3. O método
O intuito inicial do estudo está pautado no desejo de investigar quais são as
reações do cidadão pessoense mediante a exposição de práticas relacionadas a psicologia
das cores, preços psicológicos versus preços arredondados, programação neurolinguística
e gatilhos mentais. O público alvo foi composto pelos consumidores do varejo de móveis
eletrodomésticos, no qual a cidade de João Pessoa possui marcas fortes como Armazém
Paraíba, Magazine Luiza, Casas Bahia, Ricardo Eletro, entre outros. Portanto, conforme
descrito nas entrelinhas do que foi posto acima, a pesquisa teve caráter exploratório, visto
que os interessados no resultado da pesquisa, desconheciam o cenário pessoense sobre os
construtos desenvolvidos no referencial teórico.
Além do caráter exploratório, a pesquisa possuiu um viés quantitativo, visto que
foi montado um questionário estruturado para a abordagem, possuindo questões de cunho
objetivo e outras a fim de entender padrões, desviando-se, um pouco, dos números. Para
a elaboração do questionário foram produzidas 24 imagens, apresentadas no apêndice, no
intento de explorar demasiadamente o aspecto visual dos entrevistados, simulando
cartazes de preço apresentados nas lojas.
Ao todo foram abordadas 118 pessoas, em diversos pontos focais de João Pessoa,
ou seja, foi uma pesquisa presencial, com o intuito de tornar a amostra heterogênea,
considerando as mais diversas camadas sociais e captar as impressões e reações do
público, respectivamente. Do total da amostra, o público feminino representou 57,6%,
enquanto os homens responderam 42,4% dos questionários.
Entre os respondentes, quando o questionamento era sobre o nível de escolaridade,
46,6% das pessoas declararam ter o ensino médio, 30,5% o ensino fundamental, 16,1% o
ensino superior, enquanto 6,8% da amostra revelou não ter estudos. A faixa etária que
prevaleceu foi a de pessoas que têm entre 26 e 35 anos, representando 33,9% da amostra,
8
em seguida, a faixa etária mais jovem do público alvo, que caracteriza as pessoas que têm
entre 18 e 25 anos, que alcançaram 30,5% de representatividade, apontando um empate
técnico na amostra com a primeiro grupo apresentado. A amostra foi completada com as
pessoas que têm entre 36 e 45 anos representando 16,9%, a faixa etária de 46 a 55 anos
com 10,2%, quem tem entre 56 e 65 anos ficou com 5,9% das respostas e, por fim, 2,5%
das pessoas tinham mais de 65 anos, revelando uma amostra bastante heterogênea,
atendendo às características comuns do público alvo do varejo de móveis e
eletrodomésticos.
Ao que tange às classes econômicas dos entrevistados, a predominância foi de
pessoas das classes D e E, representando 89,8% da amostra. Os demais respondentes
representavam as classes C e B.
4. Análise da pesquisa de campo
Neste tópico serão apresentados os dados obtidos por meio dos levantamentos,
além de uma análise dos resultados, que contará com o cruzamento entre os construtos
expostos no transcorrer do referencial teórico.
4.1. Resultados sobre o impacto das cores dos cartazes de preço na decisão de
compra
No intento de averiguar o comportamento do consumidor, no tocante à aplicação
das cores em cartazes de preço, foi apresentado a todos os entrevistados quatro tipos de
cartazes de preços. Os modelos representavam diversas práticas comuns no varejo
estudado no presente artigo. Todos os modelos possuíam a mesma estrutura de
background e informações. As únicas mudanças eram nas cores do background e a cor
do valor das parcelas. As informações apresentadas estavam contidas em uma logo que
tinha escrito “Big Sale”, seguida da expressão “com desconto”, além das informações
básicas sobre o produto, como nome e fabricante, o valor da parcela em evidência e o
valor total à margem direita do cartaz.
O primeiro modelo tinha um background todo amarelo, com um vazado branco
retangular do centro para baixo, com as informações sobre o produto em preto, tal como
o valor da parcela escrito na cor vermelha e o valor total em preto. O segundo modelo
tinha a mesma estrutura do primeiro, porém com o valor da parcela em preto. O terceiro
tipo de cartaz era caracterizado pelos contrastes em preto e branco. Finalmente, o quarto,
possuía um background todo amarelo, sem o espaço vazado em branco, com as demais
informações grafadas em preto. Para as finalidades deste artigo, chamaremos o modelo 1
por “modelo amarelo”, o modelo 2 por “modelo amarelo e preto”, o modelo 3 por
“modelo preto e branco” e o modelo 4 por “modelo amarelo e vermelho”.
Quando os entrevistados eram questionados a respeito de qual modelo mais
impulsionava a decisão de compra o modelo amarelo e vermelho foi o mais escolhido,
representando 75,9% das respostas. Em seguida, um empate técnico entre o modelo
amarelo e o modelo preto e branco, com 11,6% e 10,8%, respectivamente.
Esse resultado é amplamente amparado por vários teóricos da psicologia das
cores. As cores vermelha e amarela são conhecidas como cores que provocam excitação,
e isso advém da aceleração do metabolismo do corpo humano, o que tem como uma das
consequências, o estímulo (GADELHA, 2007, apud WILL, 2002). Por isso, os
entrevistados revelaram estar mais “impulsionados” a comprar. O amarelo, ainda possui
a peculiaridade de passar clareza, transparência e proximidade para o consumidor. Fatores
estes que podem ser facilmente associados aos gatilhos mentais da prova social, que estão
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atrelados a constante necessidade do homem de se sentir parte de um todo mais amplo
que sua própria existência (CARVALHO, 2015, apud MILGRAM, BICKMAN,
BERKOVITZ, 1969).
4.2. Resultados sobre o impacto da aplicação ou não de preços psicológicos
Conforme foi discorrido neste estudo, a visualização do preço é uma preocupação
de longas datas. E, para entender qual seria o posicionamento do público alvo estudado,
foi realizada a seguinte pergunta: “Em qual produto você entende que o preço é mais
competitivo dentro de sua categoria? ”. O resultado caminhou em conformidade ao que
apontou Monroe (1973), mesmo que partamos da premissa de que os preços psicológicos,
também conhecidos como preços quebrados, geram maior sensibilidade ao consumidor,
ainda não existe um consenso entre todas as linhas de pesquisa sobre o assunto.
O público pessoense manteve bastante equilíbrio entre as opções dispostas, que
tinham após a vírgula os seguintes números: “00”, “25”, “49” e “99”. No entanto, as
opções com final em “9” foram as que transmitiram a sensação de maior competitividade
e promoção. Juntas, as opções “49” e “99” alcançaram 70,6% de representatividade no
resultado total, possuindo participações em equivalência técnica.
Em seguida o resultado em “00” obteve boa aparição representando 17,6% do
resultado total, e por fim, o final “25” obteve 11,8%.
4.3. Resultados sobre a aplicação dos gatilhos mentais nos cartazes
O Ponto de Venda é recheado de informações, advindas de naturezas diversas. E,
nessa guerra pela atenção do cliente, se a exposição não o conduz de maneira precisa e
objetiva, a compra pode acabar sendo adiada. Cenário este, que não é interessante para os
varejistas, pois desse modo é passada a oportunidade para que um concorrente se
apresente melhor. Ademais, segundo Vestergaard (2000), os indivíduos têm desenvolvido
mecanismos de defesa, filtrando aquilo que aparentemente é mais relevante para os seus
interesses. Assim sendo, é papel do Visual Merchandising atingir o consumidor de
maneira assertiva e persuasiva.
Para este fim, analisamos quatro tipos de gatilhos mentais atrelados a produtos em
oferta: gatilhos de escassez, urgência, prova social e por que/novidade. Os dois primeiros
são os mais eficientes na missão de acelerar a decisão de compra, segundo os
entrevistados. A pergunta questionava “qual é o cartaz de preço que te faria decidir
comprar mais rápido”, com a ênfase para as frases que representavam os gatilhos mentais.
Desse modo, para atender ao ritmo do varejo, segmento que vem passando por
vários processos de melhorias para se tornar mais competitivo, conforme aponta Las
Casas e Garcia (2005), o gatilho de urgência é o mais indicado para fisgar a atenção do
consumidor com 39,8%. Todavia, este é quase tão eficiente quanto o gatilho de escassez
que obteve 38,1% da aprovação do público. A representatividade restante foi dividida
com 15,3% do gatilho de por que e, por fim, 6,8% para o gatilho de prova social.
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Quadro 1 - Tipos de gatilhos mentais apresentados aos entrevistados:
Gatilhos Mentais Feminino % Masculino % Total %
Última oportunidade (escassez) 9 7,6% 3 2,5% 12 10,1%
Agarre sua última chance
(escassez) 14 11,9% 19 16,1% 33 28,0%
Aqui é o seu lugar (prova social) 5 4,3% 3 2,5% 8 6,8%
É só hoje (urgência) 30 25,4% 13 11,0% 43 36,4%
Leve agora! Comprou levou
(urgência) 2 1,7% 2 1,7% 4 3,4%
Lançamento (novidade) 8 6,8% 10 8,5% 18 15,3%
Fonte: Dados do autor, 2018.
É importante salientar que, mesmo com os resultados apresentados antes do
Quadro 1, existe algumas nuances a serem exploradas ao minuciar a percepção dos
entrevistados, considerando o sexo. Os dois primeiros gatilhos representam escassez, mas
o segundo apresenta um comportamento desproporcional à amostra, visto que os homens
se sentem mais atraídos por gatilhos mais agressivos como “agarre sua última chance”.
Esse desvio de comportamento da amostra se repete quando analisamos o gatilho de
novidade.
5. Considerações finais:
A rotina do varejo mostra como cada player se movimenta para reagir a esse
cenário de alta competitividade e acelerada comoditização de quase todo o mix de
produtos das lojas. Entretanto, algumas práticas são nitidamente infundadas, desalinhadas
com as expectativas do público alvo, o que, na prática, acaba desencadeando uma série
de custos evitáveis, que não agregam no resultado final de uma empresa. Então,
considerando esse cenário desagradável, a vigente pesquisa cumpre o seu papel no sentido
de estreitar os caminhos a serem trilhados, a fim de promover uma empresa, do varejo de
móveis e eletrodomésticos, a um lugar de sucesso e realizando menos esforço
disfuncional.
Desse modo, a pesquisa apontou um fator de sucesso que é o emprego de cores
quentes e que são capazes de gerar sensações com potencial para se tornarem ações de
compra. É o caso da combinação do background amarelo com as informações dos valores
da parcela em vermelho. Além da mensagem de urgência e grande promoção, o amarelo
traz uma conotação de clareza na proposta, o que atribui mais transparência na relação
empresa versus cliente. Este fator é um grande diferencial para o sucesso das centrais de
relacionamento com cliente, que sofrem com a má interpretação dos clientes de
enunciados e manchetes veiculados no ponto de venda. As etiquetas com fundo
completamente amarelo também surgem como uma alternativa paliativa pela razoável
adesão dos entrevistados, quando questionados sobre se sentirem motivados a comprar
com este tipo de arte gráfica
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Quando o assunto é a aplicação de técnicas de ancoragem – na perspectiva de
programação neurolinguística – e gatilhos mentais, a pesquisa gerou vários
esclarecimentos. A exemplo temos a forte atração do público entrevistado pelos gatilhos
de urgência e escassez, utilizados de modo intuitivo na maioria dos varejos. Com os
insumos levantados pela pesquisa, é possível entender a frequência que deve ser aplicado,
as condições que podem ser explorados. Ainda houve grande contribuição entre a
diferenciação da adesão aos gatilhos conforme a diferença de sexo. Nesse cenário,
encontramos os homens mais provocados por gatilhos agressivos, enquanto as mulheres
se declararam mais atraídas por mensagens claras e mais suaves.
Entretanto, apesar dos resultados louváveis advindos da coleta de dados, o eixo
que desenvolvia a aplicação das técnicas de preços psicológicos, também conhecidas por
“sinais de preço”, sugerem um maior detalhamento. Os teóricos que versam sobre o
assunto criaram várias hipóteses. Entre elas, a associação do preço quebrado (psicológico)
a produtos de grandes ofertas ou de menor qualidade. A abordagem utilizada no
instrumento de coleta, no entanto, não permite ao pesquisador inferir se a hipótese é válida
para o público alvo estudado. Outro direcionamento oriundo dos teóricos, é a hipótese de
que os preços denominados redondos (final “00”) tem potencial para transmitir mais
qualidade a produtos de maior valor agregado. Do mesmo modo da hipótese anterior, não
foi possível testar esse argumento, na prática, com os entrevistados. Portanto, um estudo
com maior detalhamento nesse aspecto transmitirá maior segurança para varejistas que
desejem utilizar essa metodologia para aumentar a conversão das vendas.
Por fim, é importante salientar que dentro da projeção de mercado destrinchada
na contextualização inicial do artigo, a aplicação das técnicas de visual merchandising
nas etiquetas de preço é um importante passo para evoluir a comunicação com o shopper.
Desta maneira, os varejistas têm a possibilidade de melhor direcionar a jornada do cliente,
por meio da positivação dos produtos que geram maior vantagem competitiva. Todavia,
para uma preparação mais robusta em busca de competitividade e rentabilidade, outras
práticas devem ser exploradas.
É o caso da positivação no PDV, com informativos sobre os produtos; a criação
de pontos extras, no intento de salientar uma série de produtos que fortalecem a marca; a
própria layoutização do PDV, que pode e deve estar pautada na ciência do comportamento
do consumidor, para identificar tendências e aplicá-las na distribuição dos produtos; a
preparação da força de vendas, sendo munida de argumentos de vendas e técnico, e
acompanhada por indicadores sólidos, como os de taxa de conversão, por exemplo.
12
6. Referências bibliográficas:
O'CONNOR, Joseph; SEYMOUR, John. Introdução à programação neurolinguística:
como entender e influenciar as pessoas. São Paulo: Summus, 1995.
SOAVINSK, Elza. LOPES, Regiane. A contribuição da utilização das ferramentas da
PNL para os resultados em uma instituição bancária de Curitiba. vol.04, n°.23,
Curitiba, 2017. pp. 214-245
CREPALDI, Lideli. O universo das cores em Propaganda. In: XXIII Congresso
Brasileiro de Ciências da Comunicação- Intercom, 2000, Manaus, 2000.
Finais de preços na comunicação de posicionamento: uma análise de encarte no varejo.
Revista Pretexto. Belo Horizonte. v. 15, 2014.
STIVING, M. Price-Endings when Prices Signal Quality. Management Science, v. 46, n.
12, p. 1617-29.
BULLOCK, T. The Buzz on Buzzfeed: can the readers learn the news from lists?
Tuscaloosa, 2014. 127f. Dissertação (Mestrado em artes) - Departamento de Jornalismo
da Universidade do Alabama, Tuscaloosa, 2014. Disponível em: <
http://acumen.lib.ua.edu/content/u0015/
0000001/0001663/u0015_0000001_0001663.pdf >. Acesso em: 03 out. 2018.
SCHINDLER, R. M. Relative Price Level of 99-Ending Prices: Image Versus Reality.
Marketing Letters, v.12, n.3, p.239-247, 2001.
FARINA, Modesto; PEREZ, Clotilde; BASTOS, Dorinho. Psicodinâmica das cores em
comunicação. 5. ed. rev. e ampl. São Paulo: Edgard Blücher, 2006.
SOLOMON, Michael R. O Comportamento do Consumidor: comprando, possuindo e
sendo. 5ª. Edição. Porto Alegre: Bookman, 2002.
BLESSA, R. (2005). Merchandising no ponto-de-venda, Atlas, São Paulo.
COSTA, A. O Impacto do Merchandising e Promoção de Vendas na Farmácia. 2013.
Dissertação (Mestrado em Marketing) – Faculdade de Economia Universidade do Porto.
13
7. Anexo
7.1. Instrumento de coleta
Nos tópicos abaixo serão apresentadas as questões que compuseram o roteiro
estruturado da pesquisa.
1- Qual é o seu nível de escolaridade:
a. Não estudei;
b. Fundamental;
c. Médio;
d. Superior;
2- Qual é o seu sexo?
a. Feminino;
b. Masculino;
c. Outro;
3- Qual é a sua idade?
a. Tenho entre 18 e 25 anos;
b. Tenho entre 26 e 35 anos;
c. Tenho entre 36 e 45 anos;
d. Tenho entre 46 e 55 anos;
e. Tenho entre 56 e 65 anos;
f. Tenho mais que 66 anos.
4- Renda mensal familiar: Considere o salário mínimo de R$ 954,00.
a. Nenhuma renda;
b. Até 1 salário mínimo (R$ 954,00);
c. De 1 a 3 salários mínimos (de R$ 954,01 até R$ 2.862,00);
d. De 3 a 6 salários mínimos (de R$ 2.862,01 até R$ 5.724,00);
e. De 6 a 9 salários mínimos (de R$ 5.724,01 até R$ 8.586,00);
f. De 9 a 12 salários mínimos (de R$ 8.586,01 até R$ 11.448,00);
g. De 12 a 15 salários mínimos (de R$ 11.448,01 até R$ 14.310,00);
h. Mais de 15 salários mínimos (acima de R$ 14.310,01);
5- Qual bairro você mora? _____________________________________________
6- Você consome no varejo de móveis e eletrodomésticos? (Magazine Luiza,
Armazém Paraíba, Ricardo Eletro, Casas Bahia, etc)
a. Sim
b. Não
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7- Qual é o tipo de cartaz de preço que mais te impulsiona a comprar esta TV?
a. Foto de cartaz colorido e preço preto;
b. Foto de cartaz colorido e preço vermelho;
c. Foto de cartaz preto e branco com preço preto;
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d. Foto de cartaz amarelo e preço em preto;
8- Como você se sente mais motivado a comprar este Celular?
a. Foto de cartaz amarelo e preço preto;
b. Foto cartaz colorido e preço preto;
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c. Foto de cartaz preto e branco com preço preto;
d. Foto de cartaz colorido e preço vermelho;
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9- Entendendo que os produtos abaixo são diferentes, com características diferentes,
qual dos cartazes de preço você entende que o produto tem maior promoção:
a. Foto de cartaz colorido e preço preto para um celular;
b. Foto de cartaz colorido e preço vermelho para uma TV;
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c. Foto de cartaz amarelo e preço em preto para um fogão;
d. Foto de cartaz preto e branco com preço preto para um refrigerador;
10- Em qual produto você entende que o preço é mais competitivo dentro de sua
categoria?
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a. Produto com o preço em final “49”
b. Produto com o preço em final “25”
c. Produto com o preço em final “99”
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d. Produto com o preço em final “75”
e. Produto com o preço em final “00”
11- Qual informativo fixado ao cartaz de preço te faria decidir comprar mais rápido?
a. Última oportunidade;
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b. Agarre sua última chance;
c. Aqui é seu lugar!
d. É só hoje!
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e. Leve agora. Comprou levou!!
f. Lançamento!