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UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA FACULDADE DE MEDICINA CURSO DE FISIOTERAPIA Camilla Corrêa Assad Danilo Ferreira Maia O EFEITO DO NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA E DO ALINHAMENTO ARTICULAR SOBRE A SINTOMATOLOGIA DE VOLUNTÁRIOS COM BURSITE TROCANTÉRICA Juiz de Fora 2009

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA

FACULDADE DE MEDICINA

CURSO DE FISIOTERAPIA

Camilla Corrêa Assad

Danilo Ferreira Maia

O EFEITO DO NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA E DO ALINHAMENTO ARTICULAR

SOBRE A SINTOMATOLOGIA DE VOLUNTÁRIOS COM BURSITE TROCANTÉRICA

Juiz de Fora

2009

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA

Camilla Corrêa Assad

Danilo Ferreira Maia

O Efeito do nível de atividade física e do alinhamento articular sobre a

sintomatologia de voluntários com bursite trocantérica

Trabalho de Conclusão de Curso apresentada ao Curso de Fisioterapia da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Juiz de Fora como requisito parcial à obtenção do título de Graduação em Fisioterapia

Orientadora: Profa. Ms. Jennifer Granja Peixoto

Juiz de Fora

2009

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Assad, Camilla Corrêa.

O efeito do nível de atividade física e do alinhamento articular sobre a

sintomatologia de voluntários com bursite trocantérica / Camilla Corrêa

Assad. – 2009.

63 f. : il.

Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Fisioterapia)–

Universidade Federal de Juiz de Fora, Juiz de Fora, 2009.

1. Ortopedia. 2. Pelve. 3. Atividade física. I. Maia, Danilo Ferreira. II.

Título.

CDU 617.3

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus pela oportunidade de concluir o curso de Fisioterapia. À nossa

orientadora, Jennifer Granja Peixoto, pela dedicação à orientação desta pesquisa. À

minha dupla, Camilla Corrêa Assad, imprescindível para a realização deste estudo. Aos

professores Diogo Simões Fonseca e Vanusa Caiafa Caetano, pela composição da

banca avaliadora. Aos voluntários do estudo, por colaborarem com o nosso

aprendizado e crescimento profissional. Aos meus pais, João Maia e Solange, aos quais

sou eternamente grato e que o mérito desta conquista é tanto meu quanto de vocês.

Aos meus irmãos, Cícero e Douglas, pelo longo caminho percorrido juntos. Aos amigos

de turma: Camilla, Isabelle, Amanda, Jaqueline, Douglas, Taymara, Beatriz, Leonardo,

Leandro, Marília, Alana, Alyne, Lillian e Alessandra, pelos cinco anos inesquecíveis! Aos

amigos do segundo grau: Geovane (Tizil), Maraíza, Pierry, Bruno (Chuxu), Thales

(Zelito), Douglas (Sandy) e Sandro (Spring) pela presença constante. Aos amigos de

faculdade: Fran, Felipe, João Pedro (Calourinho), Rapha, Paola, Daniel (01), Maíra,

Guilherme (Shampoo), Rafael (Panda), Carlos Henrique (Cidão), Lucas e Juliane (Ju),

que fizeram, deste, um caminho mais fácil e melhor.

Danilo Ferreira Maia

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a todos aqueles que, de perto ou nem tão perto assim, fizeram desta

realização algo possível. Agradeço a nossa orientadora, Jennifer Granja Peixoto, por

nos dar a oportunidade desse convívio tão enriquecedor. Aos membros da banca, Diogo

Simões Fonseca e Vanusa Caiafa Caetano, por contribuírem com o nosso trabalho com

suas experiências e conhecimentos. Aos voluntários, que tornaram esse trabalho

possível. E, mais importante, tenho que agradecer ao Danilo pela paciência e por se

propor a realizar esse trabalho com uma dupla nada ansiosa. Não posso deixar de

agradecer a todos os amigos da faculdade por todos os momentos pelos quais

passamos e pelo caminho que trilhamos juntos durante esses cinco anos.

Principalmente, agradeço à Taymara, amiga de todas as horas, que sempre me apoiou

e esteve presente em qualquer que fosse a situação durante estes anos. Aos meus

amigos Natália, Deborah e Juan, obrigada pela paciência e por me compreenderem

quando, às vezes, o convívio não era tão freqüente quanto gostaríamos que fosse. Ao

meu namorado Diego, obrigada pelo amor, carinho e incentivo. Agradeço a todos os

meus familiares que acompanharam toda essa trajetória, sempre acreditando e

incentivando. Em especial, agradeço ao meu irmão Bruno por ser meu exemplo de força

de vontade e perseverança, e por me apoiar sempre. Aos meus pais, Christina e Marco,

obrigada pela formação que me deram. É graças a vocês que estou aqui hoje.

Camilla Corrêa Assad

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RESUMO

A bursite trocantérica é uma doença pouco estudada e, desta forma, há carência na

literatura sobre as alterações biomecânicas dos membros inferiores (MMII) em relação

ao nível de atividade física (NAF) destes indivíduos. O objetivo deste estudo foi

relacionar o alinhamento da pelve e das articulações dos MMII com o NAF em

voluntários portadores de bursite trocantérica. Foram recrutados 5 voluntários do sexo

feminino com diagnóstico médico de bursite trocantérica há, no máximo, 6 meses, e que

não estivessem em tratamento fisioterápico. Foram avaliados o IMC, a intensidade da

dor pela Escala Visual Analógica (EVA), e o comprimento dos MMII, além de ter sido

realizado o teste de Ober para verificar a presença de contratura da banda iliotibial.

Posteriormente, foi aplicada a versão brasileira do Questionário Internacional de

Atividade Física (IPAQ) para avaliar o NAF. A avaliação do alinhamento da pelve e dos

MMII, foi realizada por intermédio de fotogrametria e do SAPO (Software para Avaliação

Postural). Foram realizadas estatísticas descritivas, além de testes de Spearman’s rho

e de Wilcoxon no nível de significância α= 0,05. De acordo com os resultados, houve

correlação entre intensidade da dor e IMC (rho= 0,975, p= 0,005), idade e ângulo Q no

MI sintomático (rho= -0,949, p= 0,014), intensidade da dor e ângulo Q esquerdo (rho= -

0,921, p= 0,026), e IMC e ângulo Q esquerdo (rho= -0,975, p= 0,005) . Os testes de

diferença não revelaram resultados significativos. A análise exploratória evidenciou que

as voluntárias apresentavam inclinação anterior da pelve em condições funcionais e

uma relação inversa entre o NAF e a sintomatologia dolorosa. Pode-se concluir,

portanto, que a retração da banda iliotibial, o alinhamento da pelve no plano frontal, a

dominância, o comprimento dos MMII e o IMC, de forma isolada, não são fatores

preditivos para que a doença ocorra. No entanto, este último parece agravar a

intensidade da dor e gerar a necessidade de estratégias motoras de ajustamento nos

joelhos. A inclinação da pelve no plano sagital, no entanto, parece ser fator

predisponente. Além disso, um maior NAF parece gerar uma menor sintomatologia

dolorosa.

Palavras-chave: Bursite trocantérica. Nível de atividade física. Inclinação pélvica.

Alinhamento articular. Dor.

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ABSTRACT

The trochanteric bursitis isn’t well studied and thus there is a lack in the literature about

the biomechanical changes of the lower limbs related to physical activity level of these

individuals. The aim of this study is to relate the alignment of the pelvis and of the joints

of the lower limbs with the physical activity level in volunteers with trochanteric bursitis. A

total of 5 female volunteers with trochanteric bursitis diagnosed in the last 6 months

without a physical therapy treatment. An assessment of the body mass index (BMI), pain

intensity by the visual analogic scale (VAS) and the length of the lower limbs was done.

Also, the Ober’s test was performed in order to verify the presence of shortening of the

iliotibial. The Brazilian version of the International Physical activity Questionnaire (IPAQ)

was applied in order to assess physical activity level. The evaluation of the pelvic and

lower limb joints alignment was performed by photogrammetry and the Software for

Postural Evaluation (SAPO). It was done a descriptive analysis statitiscs, Spearman´s

rho and Wilcoxon tests with a significance level α=0,05. The outcomes revealed there

were correlation between pain intensity and BMI (rho= 0,975, p= 0,005), age and

symptomatic lower limb Q angle (rho= -0,949, p= 0,014), pain intensity and left Q angle

(rho= -0,921, p= 0,026), BMI and left Q angle (rho= -0,975, p= 0,005). The difference

tests did not reveal significant results. The exploratory analysis showed that the

volunteers have presented anterior pelvic tilt in functional conditions and an inverse

relation between physical activity level and pain symptoms. Therefore, we concluded that

the Iliotibial band retraction, the pelvic alignment in a frontal plane, dominance, the lower

limb length and the BMI, alone, are not predictors factors for the disease’s occurrence.

However, BMI seems to increase the pain intensity and bring forth the necessity of motor

strategies of knees adjustments. The tilt of the pelvis in the sagittal plane, however,

seems to be a predisposing factor. Furthermore, a greater physical activity level seems

to generate a less pain

Keywords: Trochanteric bursitis. Physical activity level. Pelvic tilt. Articular alignment.

Pain.

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LISTA DE DESENHOS E FOTOGRAFIAS

Fotografia 2 - Foto em perfil mostrando a voluntária com inclinação pélvica

posterior no plano sagital, sem sapatos de salto alto .................................………...

38

Fotografia 3 - Foto em perfil mostrando a voluntária com inclinação pélvica

anterior no plano sagital, com sapatos de salto alto ................................................

39

Desenho 1 - Escala Visual Analógica ......................................................................

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - Valores percentuais de freqüência do Nível de Atividade Física nos

voluntários avaliados ...................................................................................……....

28

Gráfico 2 - Relação entre o nível de atividade física (IPAQ) e a sintomatologia

dolorosa dos voluntários avaliados .................................................................….....

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Estatística descritiva das variáveis de desfecho e de confusão dos

voluntários avaliados ......................................................................................….......

27

Tabela 2 - Resultados dos testes de correlação de Spearman’s rho e seus

respectivos níveis de significância estatísticos nos voluntários avaliados,

comparando-se os lados sintomático e não sintomático ................................…......

29

Tabela 3 - Resultados dos testes de correlação de Spearman’s rho e seus

respectivos níveis de significância estatísticos nos voluntários avaliados,

comparando-se os lados direito e esquerdo ...............................…..........................

30

Tabela 4 - Teste de diferença de Wilcoxon do alinhamento da pelve e dos joelhos

entre os lados sintomático e não sintomático dos voluntários avaliados …………...

31

Tabela 5 - Teste de diferença de Wilcoxon do alinhamento da pelve e dos joelhos

entre os lados direito e esquerdo dos voluntários avaliados ................……………..

31

Tabela 6 - Relação do alinhamento da pelve nos planos frontal e sagital com o

IMC dos voluntários avaliados ...................................................................…...........

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Tabela 7 - Relação do alinhamento da pelve nos planos frontal e sagital com o

IMC dos voluntários avaliados ....................................................................…..........

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AR

EIAS

EIPS

EVA

GTPS

IMC

IPAQ

MI

MMII

NAF

OA

TAT

Artrite Reumatóide

Espinha ilíaca ântero-superior

Espinha ilíaca póstero-superior

Escala visual analógica

Greater trochanteric pain syndrome

Índice de massa corpórea

International Physical Activity Questionnaire

Membro inferior

Membros inferiores

Nível de atividade física

Osteoartrite

Tuberosidade anterior da tíbia

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................

2 OBJETIVOS .........................................................................................................

2.1 Objetivo geral .......................................................................................................

2.2 Objetivos específicos ...........................................................................................

3 HIPÓTESES ........................................................................................................

4 MATERIAIS E MÉTODOS ..................................................................................

4.1 Levantamento Bibliográfico ..................................................................................

4.2 Caracterização da Amostra ..........…...............................................…..................

4.3 Avaliação Inicial ....................................................................................................

4.4 Avaliação do alinhamento da pelve e das articulações dos MMII ........................

4.5 Avaliadores ...........................................................................................................

4.6 Análise Estatística ...............................................................................................

5 RESULTADOS .....................................................................................................

5.1 Descrição da amostra .........................................................................................

5.2 Análise inferencial ................................................................................................

6 DISCUSSÃO ........................................................................................................

7 CONCLUSÃO ......................................................................................................

REFERÊNCIAS ....................................................................................................

APÊNDICES .......................................................................................................

ANEXOS ..............................................................................................................

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1. INTRODUÇÃO

A bursa é uma cavidade fechada revestida internamente por esparsas células

mesenquimais, similares as sinoviais, que facilita a função de deslizamento, reduzindo

a fricção entre ligamentos e tendões sobre proeminências ósseas ou com tecidos

adjacentes. A maioria das bursas origina-se na embriogênese, mas durante a vida

podem se formar outras em resposta ao estresse, como na inflamação e ou no trauma

e, algumas, podem até mesmo se hipertrofiar para executar melhor sua função

(MOREIRA e CARVALHO, 2000). Existem 78 bursas em cada lado do nosso corpo.

Ocasionalmente, uma bursa pode comunicar-se com uma articulação adjacente

(WEST, 2000).

Quando há inflamação de alguma dessas bursas, tem-se o quadro denominado

bursite. As paredes da bursa se inflamam, logo se degeneram, rompem e, assim, a

bursa passa a se comunicar com a articulação. Isto ocorre mesmo nos casos em que

havia, previamente, uma comunicação anormal (GOLDING, 1996).

O trauma crônico, doenças auto-imunes como a artrite reumatóide (AR) e a

síndrome reativa, doenças por depósito de cristais, como a gota, doenças infecciosas

como a tuberculose e, inclusive, situações sem causas aparentes podem desencadear

a doença (GOLDING, 1996).

A literatura, no entanto, não oferece informações sobre a prevalência dessa

doença. Entretanto, observa-se com muita freqüência na prática clínica que a maior

parte dos pacientes com diagnóstico médico de bursite, que são encaminhados ao

serviço de fisioterapia para atendimento, tem bursite trocantérica ou bursite

subdeltoídea. Há ainda, casos de bursite pré-patelar, calcanear e olecraniana. Essas,

no entanto, são menos freqüentes.

Segundo Shbeeb et al (1996) a bursite trocantérica, especificamente, tem seu

pico de incidência entre a 4ª e a 6ª décadas de vida, mas casos têm sido relatados em

todas as faixas etárias. O mesmo autor afirma, ainda, que as mulheres são mais

afetadas havendo uma proporção de dois a quatro casos para cada ocorrência no

sexo oposto.

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Na região do trocânter maior do fêmur existem usualmente três bursas, a bursa

do músculo glúteo mínimo, a bursa subglútea média e a bursa subglútea máxima.

Desta forma, qualquer inflamação ou irritação destas bursas pode resultar nos

sintomas de bursite trocantérica. Esta está freqüentemente associada com o

microtrauma repetitivo causado por uso ativo dos músculos que se inserem no

trocânter maior. Isso resultará em alterações degenerativas dos tendões, músculos ou

tecidos fibrosos. Assim, alterações na biomecânica do membro inferior (MI) em

conjunto com alterações da mecânica dos músculos do quadril podem predispor ao

desenvolvimento desta condição (SHBEEB e MATTENSON, 1996).

Há, ainda, a possibilidade de ocorrência do quadro em função da fricção entre o

trocânter maior e a banda iliotibial durante a flexão e a extensão ativa do quadril

(BAKER et al, 2007). O “quadril saltador externo” é resultado de um espessamento da

banda iliotibial ou do estalo do tendão do glúteo máximo sobre o trocânter maior. A

fricção repetitiva entre o trocânter maior e a banda iliotibial pode, a todo tempo, causar

inflamação da bursa interposta, levando a uma bursite trocantérica secundária (TIBOR

e SEKIYA, 2008).

O início da dor na bursite trocantérica em geral é insidioso. O quadro álgico

aumenta com a abdução resistida ou ativa e a rotação externa da coxa devido à

inserção do grupo muscular comprometido na região do trocânter maior.

Conseqüentemente, com freqüência existe bastante dor à palpação profunda atrás ou

acima do trocânter maior. O paciente também pode se queixar de agravamento do

problema quando se deita sobre o lado afetado, na transição para a posição de pé,

sentado com a perna afetada cruzada e com subida de escadas, corrida, ou em outras

atividades de impacto, e ou ao caminhar. Além disso, pode fazer referência desta na

face lateral da coxa e nas nádegas (DAVID e LLOYD, 2001; WILLIAMS e COHEN,

2009).

É relativamente comum, entretanto, que outras condições musculoesqueléticas

apareçam associadas com a bursite trocantérica. Como exemplo pode-se citar a

osteoartrite (OA) ipsilateral ou contralateral da articulação coxofemoral; artrite

degenerativa da coluna lombar; doença degenerativa dos discos intervertebrais da

coluna lombar; doença degenerativa nas articulações dos joelhos; dor crônica na

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região inferior da coluna de causa biomecânica e discrepância de membros inferiores

(MMII).

Adicionalmente, a fraqueza dos músculos de quadril e coxa após cirurgia do

quadril ou discal; hemiparesias, radiculopatia ou outros problemas neurológicos;

obesidade; fibromialgia; artroplastia total da articulação coxofemoral; amputação de

MI; pé plano e tendinite dos rotadores externos da coxofemoral também podem ser

comorbidades associadas. Embora muitas dessas condições sejam freqüentemente

relacionadas à bursite trocantérica, nenhuma tem sido bem estudada e, por isso, a

natureza exata dessa relação é incerta (SHBEEB e MATTENSON, 1996; BAKER et al,

2007; TIBOR e SEKIYA, 2008; DAVID e LLOYD, 2001; WILLIAMS e COHEN, 2009;

TORTOLANI et al, 2009).

Além disso, existem, também, doenças que geram situações clínicas similares

às da bursite trocantérica. Desta forma, é necessário que seja feito um adequado

diagnóstico diferencial já que a dor na face lateral da coxa pode ser causada por

várias doenças, dentre as quais pode-se citar a síndrome da faceta lombar, a doença

articular da coluna lombar ou dos quadris, dor referida da articulação toracolombar e

coluna lombar superior, compressão de um nervo periférico, distensão da musculatura

abdutora, com freqüência o glúteo médio, e dor na fáscia lata (DAVID e LLOYD, 2001;

WILLIAMS e COHEN, 2009; TORTOLANI et al, 2009). Nos idosos, a fratura do fêmur

por estresse também é uma possível causa de dor na coxa (DAVID e LLOYD, 2001).

Em 1985, Rasmussen e Fano estabeleceram o critério inicial para o diagnóstico

de bursite trocantérica. Este consta da presença de dor lateral no quadril, tensão

distinta em volta do trocânter maior e a necessidade de mais um dos critérios

restantes: dor no extremo de rotação, abdução ou adução, teste especial de Patrick-

Fabere positivo; dor pseudoradiculopática irradiando abaixo da região lateral da coxa.

No entanto, os autores não levaram em consideração as muitas bursas presentes no

trocânter maior e as tendinoses que poderiam representar a geração de dor na parte

lateral do quadril (WILLIAMS e COHEN, 2009).

Segundo Lequesne et al (2008), que nomeiam o quadro de tendinobursite

trocantérica, esses sinais clássicos para o diagnóstico dessa patologia são

desproporcionais ao valor diagnóstico, especialmente quando há lesão tendínea. Por

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isso, estes autores realizaram um estudo que objetivou avaliar o valor diagnóstico de

dois testes envolvendo a reprodução de dor espontânea durante a contração da

musculatura abdutora da coxa com 1) apoio monopodal mantido durante 30 segundos

e 2) realinhamento resistido do quadril rodado externamente em determinadas

condições posturais. Como conclusão, os autores verificaram que estes dois testes

clínicos modificados obtiveram boa sensibilidade e especificidade para avaliar a

tendinobursite trocantérica.

Sendo assim, é importante salientar que o termo clínico usado para denominar

a condição, ou seja, bursite trocantérica, sugere que esses pacientes terão líquido

distendendo a bursa (BLANKENBAKER et al, 2008). No entanto, muitos autores têm

verificado ausência de patologia na bursa sugerindo que a condição de bursite

trocantérica deva ser renomeada para “greater trochanteric pain syndrome” (GTPS) ou

síndrome de dor do trocânter maior (tradução livre) (BLANKENBAKER et al, 2008;

ALVAREZ-NEMEGYEI e CANOSO, 2004; BIRD et al, 2001; KONG et al, 2007). Os

achados do estudo de Kingzett-Taylor et al (1999) corroboram esta afirmação visto

que somente 40% dos pacientes tinham discretas coleções líquidas nas bursas. Em

contraste, encontraram 22 pacientes com lesão do músculo glúteo médio, 13

pacientes com tendinopatia do glúteo médio e 10 pacientes com tendinopatia do glúteo

mínimo. Similarmente, Bird et al (2001) avaliaram 24 pacientes com GTPS na qual a

distensão da bursa trocantérica foi identificada em 2 deles e ocorreu em associação

com achados de tendinopatia. Tais lesões tendíneas também foram encontradas em

estudos realizados por Lequesne et al (2008, 2006). Conseqüentemente, estes

autores sugerem que a bursite não é freqüentemente vista em pacientes com GTPS.

Portanto, a GTPS pode ser caracterizada pela associação de várias condições

e, em seu estudo, Segal et al (2007) verificaram que o sexo feminino, a tensão da

banda iliotibial, a OA, a dor no joelho e a dor lombar estão entre estas. Em função

disto, especialistas têm descrito que a bursite trocantérica é mais prevalente nas

mulheres, freqüentemente associada com sobrecarga mecânica posterior e obesidade

(ROWAND et al, 2009; CALLAGHAN et al, 1998), e muitas vezes com redução da

amplitude de movimento (ADM) de rotação interna da coxa (KLIPPEL e DIEPPE,

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1998). Contudo, outros autores sugerem que esse prejuízo da rotação interna da coxa

não é normalmente associado com a dor trocantérica (CALLAGHAN et al, 1998).

Muito embora não esteja claro o mecanismo para o aumento de GTPS nas

mulheres, este pode se referir à anatomia em função da borda pélvica ser alargada

nestas alterando, desta forma, a força de tração da banda iliotibial (WILLIAMS e

COHEN, 2009; BIRD et al, 2001). Pode, também, dizer respeito à fisiologia visto que

pode haver efeitos dos hormônios sobre a bursa gerando irritação e dor. Diferenças no

nível ou no tipo de atividade entre mulheres e homens também devem ser

consideradas como possíveis fatores que podem interferir na incidência desta doença

(BIRD et al, 2001).

No que diz respeito ao tratamento, a maioria dos autores relata como

tratamento conservador a injeção local de esteróides, o uso de drogas analgésicas e

antiinflamatórias não-esteroidais e o repouso relativo. É solicitado, desta forma, que o

paciente reduza seu nível de atividade e permaneça mais tempo no leito (GOLDING,

1996; ROWAND et al, 2009; ALVAREZ-NEMEGYEI e CANOSO, 2004; BIRD et al,

2001; WEISE et al, 2004; FARR et al, 2007; GABRIEL, 2001; COSSERMELLI, 1972;

LITTLE, 1979; KARPINSKI e PIGGOTT, 1985; SAYEGH et al, 2004).

Outras intervenções incluem um programa de fisioterapia que pode constar de

eletroterapia de alta freqüência, microondas e ondas curtas, mobilizações passivas em

caso de haver limitação articular, o que nem sempre acontece e, se houver uma

diminuição da força muscular, o que ocorre sempre nos processos crônicos, é indicado

a realização de exercícios resistidos e de facilitação neuromuscular proprioceptiva

(COSSERMELLI, 1972). Já a eletroterapia local, como por exemplo, a energia

eletromagnética pulsátil e o ultra-som, pode ser útil para aliviar os sintomas. Além

disso, é importante examinar o quadril e a coluna lombar e tratar qualquer problema

subjacente que, por ventura, seja detectado. Por outro lado, em alguns casos, uma

avaliação biomecânica completa pode gerar informações que levem à necessidade de

se recomendar modificações nos calçados, o que pode melhorar a dor nos quadris,

alterando a orientação do membro inferior (DAVID e LLOYD, 2001). Entretanto, em

caso de ocorrência de dor muscular o tratamento sugerido é o uso de compressas de

gelo por 20 minutos várias vezes ao dia, além do uso de ultra-som ou da iontoforese.

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São dadas, também, recomendações para que o paciente altere as suas atividades

diárias para diminuir, com isso, o estiramento do músculo glúteo médio. Exercícios de

fortalecimento são prescritos, em seguida, para este mesmo músculo (BEWYER e

BEWYER, 2003).

Entretanto, após um período mínimo de seis meses, se houver falha do

tratamento conservador, procedimentos operativos têm sido descritos. Entre estes

estão as bursectomias, a ressecção e a liberação da banda iliotibial ou uma ressecção

de uma porção do trocânter maior (BAKER et al, 2007; WEISE et al, 2004).

Apesar de alguns autores considerarem que há uma correlação entre bursite

trocantérica e alterações biomecânicas (DAVID e LLOYD, 2001; WILLIAMS e COHEN,

2009; ROWAND et al, 2009), não foram encontrados estudos que comprovem que a

mecânica da pelve e do membro inferior pode influenciar no aparecimento dessa

condição.

Sendo assim, observa-se que a literatura em relação à bursite trocantérica é

escassa, principalmente no que diz respeito aos mecanismos desencadeantes e ao

tratamento.

Existem sugestões com relação a estes mecanismos sem, contudo, possuir

suporte científico através de estudos clínicos randomizados. Com isso, o manejo do

quadro ocorre de forma empírica, pois com a carência de informações, principalmente

sobre os mecanismos causais de origem mecânica, não há embasamento para que o

tratamento seja realizado de forma a atuar na origem da doença.

Em virtude do acima exposto, faz-se necessário que novos estudos avaliem as

condições mecânicas nos indivíduos acometidos, pois a partir do momento em que

essas origens mecânicas forem definidas, haverá a possibilidade de reversão do

quadro sintomatológico através de melhora do alinhamento biomecânico. Com isso, o

impacto social será menor, uma vez que o indivíduo retornará as suas atividades

diárias e laborais, além da redução com os custos do tratamento, assim como o

número de recidivas.

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2. OBJETIVOS

2.1. GERAL

Correlacionar o alinhamento da pelve e das articulações dos MMII com o nível de

atividade física (NAF) em voluntários portadores de bursite trocantérica.

2.2. ESPECÍFICOS

1. Avaliar e analisar o alinhamento da pelve e das articulações dos MMII em

voluntários portadores de bursite trocantérica em postura ortostática.

2. Analisar a relação do alinhamento da pelve de voluntários portadores de bursite

trocantérica com o índice de massa corpórea destes.

3. Analisar a relação do nível de atividade física com a sintomatologia apresentada por

voluntários portadores de bursite trocantérica.

4. Analisar o comprimento dos MMII em voluntários portadores de bursite trocantérica

e a relação deste com o alinhamento da pelve e das articulações dos MMII.

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3. HIPÓTESES

H01 – Não há alteração no alinhamento da pelve e das articulações dos MMII em

voluntário portadores de bursite trocantérica em postura ortostática.

H02- Não há relação entre o alinhamento da pelve e o índice de massa corpórea em

voluntários portadores de bursite trocantérica

H03- Não há relação entre o nível de atividade física e a sintomatologia apresentada

por voluntários portadores de bursite trocantérica

H04- Não há alteração no comprimento dos MMII em voluntários portadores de bursite

trocantérica.

H05 – Não há relação entre o comprimento dos MMII e o alinhamento da pelve e das

articulações dos MMII em voluntários portadores de bursite trocantérica.

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4. MATERIAIS E MÉTODOS

4.1 Levantamento Bibliográfico:

Inicialmente foi realizado um levantamento bibliográfico para verificar a

disponibilidade de publicações referentes ao tema abordado no presente estudo.

Sendo assim, essa busca encontra-se explicitada visto que foi detectado um déficit na

quantidade e tipo de enfoque dos estudos.

Uma busca inicial por artigos científicos publicados foi realizada nas bases de

dados PUBMED, MEDLINE, SCIELO, LILACS e PEDro, sem limites nesta para data

de publicação ou tipo de estudo. As palavras-chave “trochanteric bursitis”, “greater

trochanteric bursitis” e “greater trochanteric pain syndrome” foram utilizadas, de forma

isolada e ou associada com “physical therapy” e “biomechanics”, a partir da utilização

do operador booleano AND.

Como resultados desta pesquisa foram encontrados na base de dados

PUBMED 152 artigos relacionados à palavra-chave “trochanteric bursitis”, 56

publicações relacionadas à “greater trochanteric bursitis” e 35 relacionadas a “greater

trochanteric pain syndrome”. Quando essas palavras-chave foram associadas a

“physical therapy”, os resultados foram 13, 7 e 4 artigos, respectivamente. A

associação com “biomechanics” resultou em 4, 3 e 1 artigos, na mesma ordem de

palavras-chave.

Utilizando a palavra-chave “trochanteric bursitis” na base de dados MEDLINE,

obteve-se um resultado de 72 artigos. Para “greater trochanteric bursitis” foram

encontrados 31 artigos, e 29 artigos na pesquisa com “greater trochanteric pain

syndrome”. Realizando a associação com “physical therapy”, esses resultados foram

reduzidos a 6, 4 e 2 artigos, respectivamente. Utilizando a associação com

“biomechanics” foi encontrado 1 artigo relacionado a palavra-chave “greater

trochanteric pain syndrome”.

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Na base de dados LILACS, foram encontrados 2 artigos com a palavra-chave

“trochanteric bursitis” utilizada de forma isolada.

As pesquisas nas bases SCIELO e PEDro não obtiveram resultados para

nenhuma das palavras-chave.

Visto que em cada uma das bases de dados, fazendo-se uso dos descritores e

booleano acima relacionados, houve uma repetição dos artigos encontrados, foram

selecionados e fichados 22 artigos diretamente relacionados ao tema abordado na

pesquisa, os quais foram utilizados para a realização desta. Esta busca foi realizada

no período de setembro de 2008 a novembro de 2009, sendo repetida mensalmente.

4.2. Caracterização da amostra:

Para a realização deste estudo transversal, foram recrutados 5 voluntários

avaliados e diagnosticados pelo Serviço de Reumatologia e de Ortopedia do Hospital

Universitário/ Centro de Atenção à Saúde da Universidade Federal de Juiz de Fora

(HU-CAS/UFJF) com bursite trocantérica, e encaminhados para o Serviço de

Fisioterapia deste.

Participaram deste estudo 5 voluntários do sexo feminino, com idade média de

47 anos ± 9,62, e com marcha independente que haviam recebido diagnóstico médico

de bursite trocantérica ou síndrome de dor no trocânter maior há seis meses, no

máximo, e que aceitaram participar da pesquisa, assinando o Termo de

Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) (Apêndice 1), devidamente aprovado pelo

comitê de ética (Anexo 1) da instituição, e o Termo de Autorização para Utilização da

Imagem (Apêndice 2) quando necessário.

Foram excluídos do estudo indivíduos sob tratamento fisioterápico, aqueles que

estivessem fazendo uso de antiinflamatório hormonal via oral ou aqueles que tinham

recebido infiltração local deste nos últimos 3 meses. Foram excluídos, também,

aqueles que apresentavam histórico de doença inflamatória e ou degenerativa crônica

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na articulação coxofemoral e aqueles que se submeteram à cirurgia nesta articulação,

seja no lado sintomático ou não.

4.3 Avaliação inicial:

As medidas de peso e altura foram realizadas utilizando-se a balança digital da

marca LÍDER® do modelo P-150 C. A partir destes valores foi feito o cálculo de índice

de massa corpórea (IMC) através da fórmula IMC = Peso / Altura ².

A sintomatologia dolorosa foi avaliada através da Escala Visual Analógica (EVA)

(Anexo 2), no qual o participante foi questionado sobre a intensidade da dor, no dia da

avaliação, no quadril mais sintomático, em caso de acometimento bilateral. Esta

escala graduada em centímetros varia de zero, quando não há dor, a dez quando esta

é insuportável.

Com o objetivo de verificar se havia contratura da banda iliotibial, foi realizado o

teste de Ober, de acordo com os procedimentos descritos por Melchione e Sullivan

(1993).

Foi feita, também, a mensuração do comprimento dos MMII utilizando-se uma

fita métrica graduada em milímetros, uma maca e uma caneta para demarcar as

estruturas ósseas palpadas, conforme procedimentos válidos descritos por Beattie et

al (1990).

Por fim, foi avaliado o NAF fazendo-se uso do International Physical Activity

Questionnaire - IPAQ (Anexo 3) (MATSUDO et al, 2001; BENEDETTI et al, 2004).

Este questionário foi validado no Brasil pelo Centro de Estudos do Laboratório de

Aptidão Física de São Caetano do Sul (CELAFISCS) em 2001.

A coleta desses dados foi feita por meio de entrevista pessoal, na qual se

aplicou o questionário que avalia a freqüência, em dias, e a duração, em minutos, das

atividades realizadas por mais de dez minutos contínuos durante uma semana normal.

Neste trabalho, utilizou-se a versão longa do questionário, que inclui quatro

componentes de atividade física: atividade física no trabalho, atividade física como

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meio de transporte, atividade física em casa (trabalho, tarefas domésticas e cuidados

com a família) e atividade física no lazer (exercício físico, esporte, recreação),

classificadas em vigorosas, moderadas e leves, de acordo com a intensidade,

segundo o relato dos indivíduos. A classificação do NAF foi obtida somando-se a

freqüência e duração de todas as atividades, categorizando-se, posteriormente, os

participantes segundo o NAF em sedentários, insuficientemente ativos, ativos e muito

ativos.

Os dados obtidos na avaliação inicial foram registrados em uma ficha individual

(Apêndice 3).

4.4. Avaliação do alinhamento da pelve e das articulações dos MMII:

Instrumentos:

Foram utilizados o software SAPO versão 0.68 (FAPESP, 2008), uma câmera

fotográfica digital Kodak C743, um tripé, um degrau de madeira com altura de 15 cm,

largura de 30 cm e comprimento de 60 cm, um fio de prumo, folha de papel pardo,

uma caneta, fita adesiva dupla face e marcadores cutâneos esféricos.

Procedimento:

O voluntário estava usando vestimenta apropriada, e foi orientado a dar dois

passos, posicionando-se com os pés paralelos sobre a folha de papel pardo, em uma

posição de passo interrompido, ou seja, parada funcional, na qual foi marcado o

posicionamento dos pés. Esta folha de papel pardo foi colocada sobre o degrau e o

voluntário se posicionou sobre ela, com os membros superiores em uma flexão de

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120° de antebraço. A câmera foi posicionada a 2 metros de distância do voluntário e a

uma altura de cerca da metade da estatura do voluntário, no qual foram feitas

marcações cutâneas na espinha ilíaca ântero-superior (EIAS), na espinha ilíaca

póstero-superior (EIPS), no trocânter maior do fêmur, na interlinha articular do joelho,

no centro da patela, na tuberosidade anterior da tíbia (TAT)e no maléolo lateral. Um fio

de prumo foi afixado no teto de tal forma que passasse ao lado esquerdo do corpo do

voluntário. Este prumo capturado na foto serviu como referencial para a análise digital,

visto que foi através dele que se calibrou o alinhamento vertical da imagem.

As fotografias foram feitas em apoio bipodal nas vistas anterior e em perfil em

ambos os lados, totalizando 3 fotografias. Com o intuito de garantir a boa qualidade

das imagens, foi utilizado o temporizador como procedimento de captura destas.

Depois de realizadas as fotografias, as imagens foram descarregadas em um

computador com o software SAPO instalado e foram analisadas com o intuito de

averiguar o alinhamento da pelve e das articulações dos MMII.

Os dados obtidos nessa análise foram registrados na Ficha de Avaliação

(Apêndice 2).

4.5. Avaliadores

Neste estudo, dois avaliadores treinados e experientes realizaram testes de

confiabilidade intra-examinador das medidas a serem coletadas. Assim, os valores do

índice de correlação intraclasse (ICC) encontrados foram de 0,999 para massa

corporal, 0,999 para altura, 0,998 para IMC, e para a intensidade da dor pela EVA,

0,974. Para o teste de Ober, comprimento do MI, e a classificação segundo o IPAQ, foi

encontrado um ICC de 1,00. Já para a inclinação pélvica no plano frontal o ICC foi de

0,913, inclinação pélvica no plano sagital no lado dominante, 0,929, alinhamento do

joelho dominante no plano frontal (ângulo Q), 0,982, e alinhamento do joelho

dominante no plano sagital, 0,939.

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Além disso, o avaliador responsável pela mensuração do alinhamento da pelve

e das articulações dos MMII estava cego quanto as demais avaliações realizadas

neste estudo.

4.6. Análise estatística

Fazendo-se uso do software Statistical Package for Social Sciences (SPSS®)

versão 15.0, inicialmente foram realizadas estatísticas descritivas para todas as

variáveis analisadas. Em seguida, foram realizados testes de distribuição de

normalidade de Kolmogorov-Smirnov para todas as variáveis de desfecho. Houve

distribuição normal destas; como, no entanto, tratou-se de uma amostra de número

muito reduzido, optou-se por realizar testes não paramétricos. Foram utilizados o teste

de correlação de Spearman’s rho, e o teste de diferença de Wilcoxon. Para todas as

análises citadas anteriormente foi considerado um nível de significância α ≤ 0,05.

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5. RESULTADOS

5.1. Descrição da amostra

Todos os voluntários avaliados eram do sexo feminino. Destes, 3 tinham

diagnóstico médico de bursite trocantérica no lado esquerdo e 2 no lado direito.

Adicionalmente, todos relataram ter o membro inferior direito como membro

dominante.

Inicialmente, foi realizada estatística descritiva das variáveis de desfecho

numéricas alinhamento pélvico e de joelho nos planos frontal (ângulo Q) e sagital, e

sintomatologia dolorosa, além das variáveis de confusão idade, tempo de diagnóstico,

IMC e diferença de comprimento dos MMII. Os valores das medidas de tendência

central das variáveis supracitadas estão dispostos na Tabela 1.

Em seguida, foi realizada análise exploratória, por meio de gráfico, da variável

de desfecho nominal NAF, avaliado pelo IPAQ, que pode ser observado no Gráfico 1.

Dos 5 voluntários avaliados, 1 foi classificado como “sedentário”, nenhum como

“insuficientemente ativo”, 2 como “ativo” e 2 como “muito ativo”.

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Tabela 1: Estatística descritiva das variáveis de desfecho e de confusão dos

voluntários avaliados (n=5)

ANÁLISE EXPLORATÓRIA

Média Desvio-

padrão

Mínimo Máximo

Idade (em anos) 47 ± 9,62 31 54

Tempo de diagnóstico (em meses) 4,40 ± 2,19 2 6

IMC (em kg/m2) 25,26 ± 5,47 20,02 34,29

Diferença de comprimento dos MMII (em

cm)

0,46 ± 0,43 0,00 1,00

Sintomatologia dolorosa 5,40 ± 1,82 3 7

Alinhamento pélvico no plano frontal (em

graus)

0,84 ± 1,23 - 0,50 2,70

Alinhamento pélvico no plano sagital no

lado sintomático (em graus)

6,50 ± 5,81 - 1,00 13,00

Alinhamento pélvico no plano sagital no

lado não sintomático (em graus)

7,30 ± 6,06 - 1,00 15,00

Ângulo Q do lado sintomático (em graus) 22,40 ± 6,95 17,00 34,00

Ângulo Q do lado não sintomático (em

graus)

21,80 ± 9,93 14,00 35,00

Alinhamento do joelho no plano sagital no

lado sintomático (em graus)

182,60 ± 3,91 179,00 189,00

Alinhamento do joelho no plano sagital no

lado não sintomático (em graus)

185,60 ± 4,39 180,00 192,00

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Gráfico 1: Valores percentuais de freqüência do NAF nos voluntários avaliados (n=5)

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5.2. Análise inferencial

Foi realizado o teste de distribuição Kolmogorov-Smirnov que revelou que todas

as variáveis de desfecho apresentavam distribuição normal.

Como, no entanto, a amostra coletada foi pequena, realizou-se testes

inferenciais não paramétricos.

Primeiramente, foram realizados testes de correlação de Spearman’s rho para

assegurar que nenhumas das variáveis de confusão estava gerando impacto sobre as

de desfecho na amostra estudada.

Os resultados encontrados revelaram que há uma correlação positiva e forte

entre dor e IMC, e negativa e forte entre idade e ângulo Q do MI sintomático (Tabela

2).

Tabela 2: Resultados dos testes de correlação de Spearman’s rho e seus respectivos

níveis de significância estatísticos nos voluntários avaliados (n = 5), comparando-se os

lados sintomático e não sintomático.

TESTE DE SPEARMAN’S RHO

Coeficiente de correlação Valor de p

Intensidade da dor e IMC 0,975 0,005†

Idade e ângulo Q no MI sintomático - 0,949 0,014†

† Nível de significância α ≤ 0,05

Quando esse mesmo teste de correlação foi realizado com os valores dos

alinhamentos dos MMII direito e esquerdo, observou-se uma correlação positiva e forte

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entre a intensidade da dor e o IMC, e uma correlação negativa e forte entre a

intensidade da dor e o ângulo Q esquerdo, e IMC e ângulo Q esquerdo (Tabela 3).

Tabela 3: Resultados dos testes de correlação de Spearman’s rho e seus respectivos

níveis de significância estatísticos nos voluntários avaliados (n = 5), comparando-se os

lados direito e esquerdo.

TESTE DE SPEARMAN’S RHO

Coeficiente de correlação Valor de p

Intensidade da dor e ângulo Q E - 0,921 0,026†

IMC e ângulo Q E - 0,975 0,005†

† Nível de significância α ≤ 0,05

Foi realizado o teste de diferença de Wilcoxon para avaliar a diferença da

simetria pélvica no plano sagital, e dos joelhos nos planos frontal e sagital, entre os

lados sintomático e não sintomático. Como resultado, foi verificado que não houve

diferença significativa entre os lados para nenhuma das variáveis. Os valores de Z e p,

obtidos no teste, podem ser visualizados na Tabela 4. Essa mesma análise da

diferença foi realizada entre os lados direito e esquerdo, não havendo, da mesma

forma, diferença significativa entre os dimídios (Tabela 5).

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Tabela 4: Teste de diferença de Wilcoxon do alinhamento da pelve e dos joelhos entre

os lados sintomático e não sintomático dos voluntários avaliados (n = 5).

TESTE DE WILCOXON

Valor de Z Valor de p

Inclinação pélvica no plano sagital no lado sintomático

e não sintomático

- 0,921 0,357

Alinhamento dos joelhos no plano frontal no lado

sintomático e não sintomático

- 0,406 0,684

Alinhamento dos joelhos no plano sagital no lado

sintomático e não sintomático

- 1,841 0,066

Tabela 5: Teste de diferença de Wilcoxon do alinhamento da pelve e dos joelhos entre

os lados direito e esquerdo dos voluntários avaliados (n = 5).

TESTE DE WILCOXON

Valor de Z Valor de p

Inclinação pélvica no plano sagital nos lados direito e

esquerdo

- 0,552 0,581

Alinhamento dos joelhos no plano frontal nos lados

direito e esquerdo

- 0,271 0,786

Alinhamento dos joelhos no plano sagital nos lados

direito e esquerdo

- 0,736 0,461

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O teste de Wilcoxon também foi realizado com o objetivo de verificar se havia

diferença significativa entre os comprimentos do MI sintomático e do não sintomático,

o que não foi detectado. Os valores de Z e p estão listados na Tabela 6.

Tabela 6: Teste de diferença de Wilcoxon do comprimento dos membros inferiores dos

voluntários avaliados (n = 5).

TESTE DE WILCOXON

Valor de Z Valor de p

Comprimento do MI sintomático e do não sintomático - 0,365 0,715

A análise da relação entre o NAF (IPAQ) e a sintomatologia dolorosa dos

voluntários foi feita através do gráfico de linha abaixo, no qual verificou-se que quanto

maior o nível de atividade, menor a sintomatologia dolorosa (Gráfico 2).

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Gráfico 2: Relação entre o NAF (IPAQ) e a sintomatologia dolorosa dos voluntários

avaliados

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O teste de Spearman’s rho foi feito para verificar a relação da diferença de

comprimento dos MMII com o alinhamento da pelve e dos joelhos, nos planos frontal e

sagital. Como resultado, não houve correlação entre as variáveis supracitadas.

Com o objetivo de analisar a relação do alinhamento da pelve nos planos frontal

e sagital com o índice de massa corpórea dos voluntários avaliados, foi realizado o

teste de Spearman’s rho, no qual não foi verificada nenhuma correlação entre as

variáveis de alinhamento pélvico nos planos frontal e sagital e o IMC (Tabela 7).

Tabela 7: Relação do alinhamento da pelve nos planos frontal e sagital com o IMC dos

voluntários avaliados (n=5)

TESTE DE SPEARMAN’S RHO

Coeficiente de

correlação

Valor de p

IMC e inclinação pélvica no plano frontal 0,62 0,27

IMC e inclinação pélvica no plano sagital do lado

sintomático

0,30 0,62

IMC e inclinação pélvica no plano sagital do lado não

sintomático

0,40 0,51

Com relação ao teste de Ober, utilizado com o objetivo de verificar se havia

contratura da banda iliotibial, todos os voluntários apresentaram resultados negativos,

tanto para o lado sintomático quanto para o lado não sintomático.

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6. DISCUSSÃO

Com base nos resultados encontrados neste estudo, pode-se inferir que,

aparentemente, não há relação entre a dominância do MI e a ocorrência de bursite

trocantérica, visto que, apesar de todos os voluntários apresentarem MI direito

dominante, 60% possuíam acometimento no dimídio esquerdo. Isso pode indicar uma

não linearidade entre a sobrecarga e o lado acometido, a qual poderia ser melhor

avaliada com a medida da porcentagem de descarga de peso nos MMII. É possível,

também, que o lado não dominante, por apresentar um menor preparo, ou seja, por

ser menos utilizado do que o lado dominante, tenha tecidos menos capazes de resistir

às tensões que são impostas a todo o sistema musculoesquelético e, em função disto,

apresente maior freqüência de sintomatologia e desenvolvimento da doença do que o

lado dominante.

Com relação à média da idade e a variação desta encontradas no presente

estudo, mesmo tratando-se de uma amostra pequena, há uma concordância com a

literatura, pois, segundo Shbeeb et al (1996), a bursite trocantérica tem seu pico de

incidência entre a 4ª e a 6ª décadas de vida. No entanto, há casos relatados em todas

as faixas etárias. Esse aumento do número de casos a partir dos 30 a 40 anos pode

ser explicado por algumas mudanças deletérias que ocorrem no tecido conjuntivo,

levando a uma descendência da composição corporal de colágeno (BAILEY et al,

1998; FREEMONT e HOYLAND, 2007; BUCLWALTER et al, 1993). Esta fragilidade

gera uma redução da elasticidade muscular, além de diminuição das propriedades

tensionais do complexo ligamento-osso e alteração dos componentes do tecido

sinovial, dentre outros, aumentando a probabilidade de lesão, mesmo que não haja um

aumento da demanda (MARTIN e BUCKWALTER, 2002).

Nesta amostra, aparentemente, não há influência do IMC com a ocorrência da

doença, visto que há uma variabilidade muito grande deste índice entre os voluntários

avaliados. Assim, o IMC de forma isolada não é, aparentemente, uma variável

determinante. Porém, pode ser que esta se associe à outras variáveis para que,

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juntas, expliquem em uma análise estatística multivariada, a ocorrência da doença,

visto que ela se relaciona com as variáveis dor e o ângulo Q.

Assim, foi encontrada uma correlação forte e positiva entre IMC e intensidade

da dor, ou seja, existe uma relação diretamente proporcional entre essas variáveis. De

fato, segundo Heim et al (2009), existe uma alta prevalência e incidência de dor

musculoesquelética em adultos que apresentam IMC elevado, tanto em homens

quanto em mulheres. De acordo com estes autores, esses indivíduos possuem um alto

risco para desenvolver algum tipo de morbidade de membros inferiores que gere uma

sintomatologia dolorosa em comparação com indivíduos da mesma idade, porém com

IMC normal. Afirmam, ainda, que a obesidade é mais comumente uma causa do que

uma conseqüência do desenvolvimento da dor. Desta forma, esta relação entre IMC e

intensidade da dor em indivíduos com bursite trocantérica pode ser explicada pelo

aumento de demanda gerado em função do aumento da massa. Esse aumento pode,

inclusive, associar-se a uma diminuição da capacidade do aparato muscular

necessária para a estabilização das articulações gerando, assim, lesões e seus

conseqüentes sintomas. Esta redução da capacidade do aparato musculoesquelético

pode se dar, além disso, pela própria ocorrência do sobrepeso/obesidade, em função

de uma redução do nível de atividade do indivíduo, gerando um círculo vicioso para o

agravamento do quadro.

A análise exploratória dos dados acerca do comprimento dos MMII demonstra

uma pequena variação no comprimento destes entre 0 a 1 cm. Além disso, os

resultados não revelaram diferença estatisticamente significativa entre o comprimento

do membro sintomático comparativamente ao lado não sintomático. De fato, de acordo

com a literatura, valores de diferenças entre os MMII de 2 cm a 3 cm (GURNEY, 2002)

são aceitáveis. Adicionalmente, o estudo realizado por Segal et al (2008), envolvendo

1430 indivíduos com diagnóstico de GTPS, verificou que a diferença de comprimento

dos MMII não é um fator determinante para a ocorrência de bursite trocantérica.

O alinhamento pélvico no plano frontal apresentou pequena variação em graus,

demonstrando que há ocorrência de báscula para ambos os lados, sintomático e não

sintomático. Além disso, os resultados negativos do teste de Ober indicam que não há

contratura da banda iliotibial nos voluntários avaliados no presente estudo. Mesmo se

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houvesse, no estudo realizado por Faria et al (2006), foi demonstrado que o

encurtamento da banda iliotibial, isoladamente, parece não influenciar o alinhamento

pélvico no plano frontal, havendo, entretanto, outros fatores que podem estar

envolvidos e que precisam ser identificados. É provável, desta forma, que a báscula da

pelve esteja associada ao comprimento dos MMII e ou à descarga de peso assimétrica

entre eles, não sendo, em conseqüência, fator isolado e de suma relevância para a

gênese da doença. A mesma abstração deve ser feita, paralelamente, ao

encurtamento da banda iliotibial.

O alinhamento pélvico no plano sagital variou de inclinação posterior (1°) à

inclinação anterior (13°) no lado sintomático. No entanto, a única voluntária com

inclinação posterior (Fotografia 1) utiliza sapato de salto alto funcionalmente. Desta

forma, resolveu-se avaliar novamente esta voluntária fazendo uso de sapatos de salto

e, assim, pôde-se observar que, nestas condições há uma inclinação anterior de 7,4º

(Fotografia 2). Em função destes resultados, infere-se que o indivíduo deve ser

avaliado em condições reais de utilização funcional e que a inclinação pélvica anterior

pode ser um fator predisponente de bursite trocantérica. De fato, é possível que o

músculo tensor da fáscia lata, que se insere proximalmente na EIAS e no lábio externo

da crista ilíaca, e distalmente no trato iliotibial, ao atritar-se com o trocânter maior do

fêmur, devido a uma inclinação pélvica anterior, possa predispor o indivíduo à lesão.

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Fotografia 1: Voluntária com inclinação pélvica posterior no plano sagital, sem sapatos

de salto alto.

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Fotografia 2: Voluntária com inclinação pélvica anterior no plano sagital, com sapatos

de salto alto.

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Paralelamente, os resultados demonstram que a inclinação pélvica anterior vem

acompanhada de uma hiperextensão dos joelhos, que ocorre em função de um

momento extensor nos mesmos, o que pode, dependendo do caso, também gerar

sintoma e doença articular degenerativa.

Concomitantemente, sabe-se que o aumento da inclinação anterior da pelve

gera um aumento da curvatura lombar, a qual ocorre na tentativa de transferir o peso

do corpo para trás e corrigir o deslocamento anterior do centro de gravidade (DAY et

al, 1984). Assim, em longo prazo, esta alteração da postura levaria a um desequilíbrio

das forças atuantes na coluna lombar, exercendo sobre ela uma sobrecarga indevida.

Conseqüentemente, o uso crônico de sapato de salto alto pode ser um dos principais

motivos de dor lombar (SACCO et al, 2003), além de, como vimos, ser um possível

fator para o desenvolvimento de bursite trocantérica.

Em contrapartida, não há diferença na angulação pélvica no plano sagital entre

os lados sintomático e não sintomático, indicando que não há presença de torção

pélvica nos voluntários avaliados.

Em todos os voluntários avaliados, verificou-se que os valores do ângulo Q,

tanto no dimídio sintomático quanto no não sintomático, foram elevados, ou seja,

superiores a 14° (INSALL et al, 1976). Embora não tenham sido encontradas, nos

resultados, relações entre os ângulos Q e o alinhamento da pelve no plano sagital,

provavelmente em função de a amostra ter sido insuficiente para que este efeito tenha

aparecido, pode-se fazer uma associação entre estas variáveis.

Assim, um aumento na inclinação anterior da pelve poderia levar a uma maior

rotação interna de coxas e, como conseqüência, a um aumento na angulação dos

joelhos no plano frontal. Além disso, de forma inversa, um aumento da angulação dos

joelhos no plano frontal e uma hiperextensão dos mesmos geraria uma maior rotação

interna da coxa e, assim, uma maior inclinação anterior da pelve. Não há, desta forma,

como se determinar onde ocorreu o primeiro evento, haja vista que este pode ter tido

início na coluna ou até mesmo nos pés e ter gerado, conseqüentemente, alterações

ascendentes e ou descendentes.

Cabe, desta forma, ressaltar que qualquer condição que altere o alinhamento

articular nos MMII ou até mesmo na coluna e que gere, como contrapartida, alterações

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no alinhamento da pelve, ou seja, que gere um aumento na inclinação anterior da

pelve, poderia predispor ao aparecimento de sintomatologia dolorosa na região

trocantérica. Assim, o terapeuta ao se confrontar com um paciente portador desta

síndrome, deve avaliá-lo de forma completa e não apenas localmente. O que ele usa

do seu aparato musculoesquelético e a forma como acontece a compensação deve

ser considerado para que se possa determinar quais são os fatores realmente

relevantes na determinação desta doença e do quadro sintomatológico.

Concomitantemente, os resultados apontam para uma relação entre idade e

ângulo Q do MI sintomático que implica em uma maior angulação deste no plano

frontal conforme há um decréscimo na idade. Pode-se, desta forma, supor que esta

seja uma provável estratégia motora utilizada por indivíduos mais jovens, ou seja, que

estes acabam por gerar uma sobrecarga no joelho ipsilateral ao lado afetado, o que

lhes aumenta o desvio angular no plano frontal. Assim, em função da sintomatologia

dolorosa no quadril, o indivíduo sobrecarregaria a articulação do joelho. Contudo, pode

ser que este maior desvio angular seja característica prévia à doença. Neste caso,

poderia ser-lhe imputada a causa da condição desenvolvida no quadril, em função do

aumento da inclinação anterior gerada como conseqüência.

Faz-se necessário ressaltar, no entanto, que muitos estudos têm demonstrado

que a hipermobilidade articular decresce com a idade, além de ser mais freqüente em

mulheres (HUDSON et al, 1998; BIRD et al, 1978; JESSE et al, 1980). Neste estudo,

cuja amostra foi feminina em sua totalidade, houve, como já informado anteriormente,

uma grande freqüência de hiperextensão dos joelhos. Isso pode sugerir uma frouxidão

articular antecessora ao processo patológico agora instalado e, neste caso, explicar

uma predileção pela utilização de extremos da amplitude articular para a sustentação

da carga.

Paralelamente, quando as análises de correlação foram feitas em relação ao

lado direito e esquerdo, obtiveram-se resultados díspares daqueles encontrados

quando a análise levou em consideração o lado sintomático e não sintomático. Assim,

houve uma relação entre IMC e ângulo Q esquerdo, que é negativa e forte, e que

determina que quanto maior o IMC, menor o ângulo Q no dimídio esquerdo. Infere-se

à partir daí, que um indivíduo com um IMC maior, talvez necessite de estratégias

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motoras de ajustamento diferenciadas. Uma hipótese passível de ser elencada é a de

que, quanto maior o IMC, menor a carga atribuída ao dimídio não dominante e, desta

forma, menor a angulação sagital do joelho deste lado em conseqüência da redução

da sobrecarga e da demanda de estabilização. Outra, em contrapartida, é a de que um

maior IMC sobrecarregaria mais outras estruturas e ou articulações, reduzindo assim a

demanda sobre o joelho. Além disso, há que se considerar que a maioria dos

voluntários apresentava-se sintomático do lado não-dominante. Conseqüentemente,

pode ser que a sintomatologia dolorosa da região pélvica tenha gerado estratégias

defensivas e, como conseqüência, reduzido a sobrecarga deste lado, reduzindo,

assim, a angulação no joelho. Esta relação, no entanto, não apareceu quando o IMC

foi relacionado com os lados sintomático e não sintomático.

Ainda em relação aos resultados dos dados dos dimídios direito e esquerdo,

houve uma correlação forte e negativa entre intensidade da dor e ângulo Q esquerdo.

Isto significa dizer que quanto maior a dor, menor o ângulo Q do lado esquerdo, que se

trata do membro não dominante dos voluntários avaliados. Embora o percentual de

descarga de peso entre os membros não tenha sido avaliado, é possível que esta seja

maior no MI direito. Então, muito embora a dominância entre membros não pareça ser

fator preditivo para a ocorrência da doença, ela pode gerar um agravamento da

sintomatologia dolorosa, caso represente, de fato, maior demanda.

Por fim, os dados sobre a variável NAF, obtidos a partir de análise exploratória,

parecem demonstrar que esta variável, de forma isolada, não determina a ocorrência

de lesão, visto que há voluntários sedentários e muito ativos com diagnóstico firmado.

Assim, é razoável ponderar-se que não é a quantidade de sobrecarga imposta ao

aparato musculoesquelético o fator que deve ser levado em consideração, pelo

terapeuta, em sua avaliação. Em contrapartida, a relação existente entre a quantidade

de sobrecarga imposta ao aparato e a capacidade deste talvez seja imprescindível de

se conhecer. Assim, é possível que outras variáveis se associem ao NAF, inclusive as

que não foram alvo de avaliação neste estudo, para gerar explicação suficiente acerca

desta condição patológica que afeta a região dos quadris.

De fato, pela observação da relação inversa existente entre a variável

intensidade da dor e o NAF, nota-se que quanto mais ativo o indivíduo, menor a

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sintomatologia apresentada por ele. Isto pode significar que o indivíduo mais ativo

possua um melhor aparato musculoesquelético, com melhor estabilidade articular,

apresentando menor intensidade de dor com a doença. Há, entretanto, que se

ressaltar que este melhor aparato pode ser prévio a ocorrência da lesão, possibilitando

a realização daquele nível de atividade, o que mantém, de forma cíclica, o seu nível de

condicionamento. Além disso, pode ter sido gerado pela execução imperativa de tal

atividade. O estudo realizado por Dugan et al (2009) fornece informação que vem ao

encontro desta premissa, visto que demonstra que mulheres fisicamente ativas

possuem menos dor no corpo, havendo, desta forma, um impacto positivo em seu

desempenho físico. Por sua vez, há que se considerar que o indivíduo sedentário

apresente um aparato musculoesquelético menos eficiente para adequar-se à

demanda, apresentando uma maior intensidade da dor. No entanto, como já

explicitado, não é possível determinar a relação de causa e conseqüência entre estas

condições visto que o sedentarismo pode levar a uma piora da sintomatologia

dolorosa, mas o contrário também pode ser verdadeiro.

Observou-se, também neste estudo, que o voluntário que foi classificado como

“sedentário”, segundo o IPAQ, foi também o que apresentou maior intensidade da dor,

além do IMC mais alto. É possível, desta forma, que haja uma inter-relação entre estas

três variáveis de tal forma que o estilo de vida sedentário pode contribuir para a

obesidade, e esta pode gerar uma tendência a exacerbar a incapacidade do aparato

musculoesquelético dos indivíduos de lidar com as cargas sobre ele impostas e, como

conseqüência, haver a ocorrência de uma sintomatologia dolorosa. Este pressuposto

encontra eco na literatura que informa que a inatividade física tem um papel importante

no desenvolvimento de ganho de peso e, com isso, as pessoas que possuem algum

tipo de incapacidade, por serem menos ativos ou até mesmo, inativos, têm os índices

de obesidade significativamente maiores (DIJKEN et al, 2008; RYAN et al, 2009;

PIECHOTA et al, 2009).

Portanto, é de extrema relevância que o fisioterapeuta fique atento ao nível de

condicionamento de seus pacientes para possibilitar, com a implementação de um

tratamento individualizado, condições para que haja um incremento da qualidade do

aparato musculoesquelético, uma melhora na forma como este é utilizado em

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situações de sobrecarga e em programas que também prevejam intervenções que

diminuam o excesso de peso, caso ele exista. Sobretudo, faz-se necessário que o

programa de reabilitação preveja a necessidade de se intervir nas condições de

estabilidade lombopélvicas, caso a pelve esteja excessivamente inclinada

anteriormente, para o nível de atividade executado e para a capacidade da

musculatura de sustentação. Não obstante, é mister que as condições ascendentes e

ou descendentes sejam levadas em consideração quando da avaliação da pelve e que

sobre elas seja feita intervenção específica, em caso de necessidade.

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7. CONCLUSÃO

Conclui-se, a partir dos resultados obtidos, que a bursite trocantérica, de fato,

apresenta uma incidência maior a partir da 4ª década de vida e que a dominância, o

comprimento dos MMII e o IMC não são fatores determinantes, de forma isolada, para

a ocorrência desta doença. Este último, entretanto, parece agravar a intensidade da

dor e gerar a necessidade de estratégias motoras de ajustamento nos joelhos.

Além disso, pacientes com este diagnóstico, não tem, necessariamente,

retração da banda iliotibial e nem alteração do alinhamento da pelve no plano frontal.

No entanto, o alinhamento no plano sagital, ou seja, a inclinação anterior, parece ser

um fator predisponente, visto ser esta uma condição similar na totalidade da amostra

avaliada, quando de sua posição funcional. Contudo, esta inclinação da pelve não vem

acompanhada, necessariamente, de torção da mesma. Adicionalmente, a idade do

indivíduo, aparentemente, parece determinar a estratégia motora por ele utilizada,

visto que os mais jovens tendem a aumentar o desvio angular do joelho do MI

sintomático em relação aos demais indivíduos.

Há, também, alta freqüência de hiperextensão dos joelhos e de desvio angular

no plano frontal dos mesmos. Por fim, quanto maior o NAF, menor a sintomatologia

dolorosa apresentada. Isto pode indicar que os indivíduos com melhores aparatos

musculoesqueléticos lidam melhor com as dificuldades impostas pela doença e,

conseqüentemente, conseguem dispor de estratégias motoras mais eficientes e, por

isto mesmo, geradoras de menor sintoma.

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APÊNDICE 1

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO AOS

VOLUNTÁRIOS COM BURSITE TROCANTÉRICA

O efeito do nível de atividade física e do alinhamento articular sobre a sintomatologia de

voluntários com bursite trocantérica

RESPONSÁVEIS:

Pesquisadores: Camilla Corrêa Assad

Danilo Ferreira Maia

Orientadora: Profa. Ms. Jennifer Granja Peixoto

INSTITUIÇÃO: Universidade Federal de Juiz de Fora

Curso de Fisioterapia da Faculdade de Medicina

ENDEREÇO: Departamento de Fisioterapia

Centro de Ciências da Saúde

Campus Universitário - Bairro Martelos – Cep: 36036-330

Fone: 3229-3738 Fax: 3229– 3843

Eu, ____________________________________________________________________,

RG de número _______________________________________estou sendo convidado (a) a

participar deste estudo denominado “O efeito do nível de atividade física e do alinhamento

articular sobre a sintomatologia de voluntários com bursite trocantérica”, cujo objetivo é

analisar o efeito do nível de atividade e do alinhamento da pelve e dos membros inferiores

sobre a sintomatologia de voluntários com bursite trocantérica.

Como voluntário (a), responderei, inicialmente, a um questionário, e terei minhas pernas,

meu peso e minha altura medidos. Além disso, será analisado o alinhamento das minhas

articulações por fotografias que serão tiradas de frente, de costas e de perfil, estando eu com

uma vestimenta adequada que permita a marcação de alguns pontos ósseos na minha pele.

Concordo que as fotografias sejam tiradas e fui informado que as fotos e demais informações

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serão mantidas em sigilo e têm somente o objetivo de contribuir para a pesquisa em questão.

Fui alertado (a) de que, da pesquisa a se realizar, posso esperar alguns benefícios, tais

como obter maiores informações sobre as possíveis causas da bursite que foi diagnosticada, o

que pode vir a ajudar futuramente no meu tratamento e no de outras pessoas que sofrem com

a mesma doença.

Recebi, por outro lado, os esclarecimentos necessários sobre os possíveis desconfortos,

tais como sensaçao de fadiga ou cansaço em virtude de ter que ficar em pé. Além disso, me

foram relatados os riscos decorrentes da minha participação que, segundo a resolução em

vigor, são caracterizados como mínimos.

Fui informado (a), além disso, de que posso me recusar a participar deste estudo, ou

retirar meu consentimento a qualquer momento, sem precisar me justificar e sem que para

isso eu sofra qualquer tipo de retaliação por parte dos pesquisadores ou qualquer prejuízo à

assistência que venho recebendo.

Também fui esclarecido (a) de que terei acesso a todas as informações e esclarecimentos

que eu julgar necessários e de que isto pode ocorrer em qualquer tempo da realização desta

pesquisa. Além disso, me foi informado que em função da minha participação não receberei

qualquer vantagem financeira, tampouco terei qualquer gasto. No entanto, se eu tiver qualquer

prejuízo à minha saúde comprovadamente causado pela minha participação neste, receberei

tratamento adequado que será de responsabilidade dos pesquisadores.

Enfim, tendo sido orientado e esclarecido sobre o conteúdo deste termo, manifesto

meu livre consentimento em participar.

Juiz de Fora, ____ de ______________________ de 2009.

___________________________________________________

Nome e assinatura do paciente ou seu responsável legal

_____________________________________________________

Nome e assinatura do responsável por obter o consentimento

_____________________________________________________

Testemunha

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Camilla Corrêa Assad Danilo Ferreira Maia

Pesquisadora Pesquisador

_________________________________

Jennifer Granja Peixoto

Orientadora

Em caso de dúvidas com respeito aos aspectos éticos deste estudo, você poderá consultar o

CEP- COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA/UFJF

CAMPUS UNIVERSITÁRIO DA UFJF

PRÓ-REITORIA DE PESQUISA

CEP 36036.900

FONE: (32) 3229- 3788

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APÊNDICE 2

TERMO DE AUTORIZAÇÃO PARA UTILIZAÇÃO DE IMAGEM

Eu, ___________________________________________ RG:____________________

autorizo a veiculação de minha imagem, através de fotos, no projeto para realização do TCC

“O efeito do nível de atividade física e do alinhamento articular sobre a sintomatologia de

voluntários com bursite trocantérica”, dos graduandos em fisioterapia Camilla Corrêa Assad e

Danilo Ferreira Maia, sob orientação da professora Jennifer Granja Peixoto, bem como em

apresentações e publicações de natureza técnico-científicas.

Assinando este termo de consentimento, eu estou indicando que eu concordo em

participar deste estudo.

Juiz de Fora, _____de ________________de 2009.

_____________________________________

Assinatura do voluntário

_____________________________________

Testemunha

Responsáveis:

_______________________________ _______________________________

Camilla Corrêa Assad Danilo Ferreira Maia

Pesquisadora Pesquisador

_______________________________

Profª Jennifer Granja Peixoto

Orientadora

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APÊNDICE 3

Ficha de Avaliação

Nome: _________________________________________________________________

Data de Nascimento: ____________ Sexo: ( ) Masculino ( ) Feminino

Data da avaliação: _____________

Avaliação Inicial

• Peso: ______ kg • Altura: ______ cm

• IMC: ______ kg/cm²

• Intensidade da dor – EVA: ______

• Teste de Ober Modificado: ( ) Positivo ( ) Negativo

• Comprimento dos MMII:

Direito cm Esquerdo cm

• Classificação do Nível de Atividade Física – IPAQ:

( ) Sedentário ( ) Insuficientemente ativo ( ) Ativo ( ) Muito ativo

Avaliação do alinhamento da pelve e das articulações dos MMII

Apoio bipodal

Medida

em graus Inclinação pélvica – vista anterior Inclinação pélvica – perfil D Inclinação pélvica – perfil E Ângulo Q D Ângulo Q E Alinhamento do joelho D no plano sagital Alinhamento do joelho E no plano sagital Ângulo tíbio-társico D Ângulo tíbio-társico E

Apoio monopodal Direito Medida em graus

Inclinação pélvica – vista anterior Inclinação pélvica – perfil D Alinhamento do joelho D Ângulo Q D Ângulo tíbio-társico D

Apoio monopodal Esquerdo Medida em graus

Inclinação pélvica – vista anterior Inclinação pélvica – perfil E Alinhamento do joelho E Ângulo Q E Ângulo tíbio-társico E

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ANEXO 1

PARECER DE APROVAÇÃO DO COMITÊ DE ÉTICA DA UNIVERSIDADE

FEDERAL DE JUIZ DE FORA

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ANEXO 2

Pergunta: “Quanto está a sua dor hoje de 0 a 10, sendo que 0 é sem dor e 10 é uma dor insuportável?”

Desenho 1: Escala Visual Analógica (EVA)

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ANEXO 3

QUESTIONÁRIO INTERNACIONAL DE ATIVIDADE FÍSICA – IPAQ

Forma longa, semana usual /normal, adaptado por Benedetti et al.

As perguntas estão relacionadas ao tempo que você gasta fazendo atividade física em uma semana

normal/habitual

DAS QUESTÕES 1B A 4C O QUADRO ABAIXO DEVERÁ ESTAR DISPONÍVEL

Dia da _ Tempo horas/min__ Semana manhã tarde noite

Dia da _ Tempo horas/min__ Semana manhã tarde noite

2ª feira

6ª feira

3ª feira

Sábado

4ªfeira

Domingo

5ª feira

XXXXXX

DOMÍNIO 1 – ATIVIDADE FÍSICA NO TRABALHO: Este domínio inclui as atividades que você faz no seu trabalho

remunerado ou voluntário, e as atividades da universidade, faculdade ou escola (trabalho intelectual). Não incluir as

tarefas domésticas, cuidar do jardim e da casa ou tomar conta da sua família. Estas serão incluídas no Domínio 3.

1a. Atualmente você tem ocupação remunerada ou faz trabalho voluntário fora de sua casa?

( ) Sim ( ) Não – Caso você responda não, vá para o Domínio 2 - Transporte

As próximas questões relacionam-se com toda atividade física que você faz em uma semana

normal/habitual, como parte do seu trabalho remunerado ou voluntário. Não inclua o transporte para o

trabalho. Pense apenas naquelas atividades que durem pelo menos 10 minutos contínuos dentro do

seu trabalho.

Para responder às questões lembre que: 4atividades físicas vigorosas são aquelas que precisam de um grande esforço físico e que fazem respirar muito mais forte que o normal. 4atividades físicas moderadas são aquelas que precisam de algum esforço físico e que fazem respirar um pouco mais forte que o normal. 4atividades físicas leves são aquelas em que o esforço físico é normal, fazendo com que a respiração seja normal.

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1b. Quantos dias e qual tempo (horas e minutos) durante uma semana normal você realiza atividades VIGOROSAS

como: trabalho de construção pesada, levantar e transportar objetos pesados, cortar lenha, serrar madeira, cortar

grama, pintar casa, cavar valas ou buracos, subir escadas como parte do seu trabalho remunerado ou

voluntário, por pelo menos 10 MINUTOS CONTÍNUOS?

___ horas ___ min. ___ dias por semana ( ) Nenhum. Vá para a questão 1c.

1c. Quantos dias e qual tempo (horas e minutos) durante uma semana normal você realiza atividades

MODERADAS, como levantar e transportar pequenos objetos, lavas roupas com as mãos, limpar vidros, varrer ou

limpar o chão, carregar crianças no colo, como parte do seu trabalho remunerado ou voluntário, por pelo

menos 10 MINUTOS CONTÍNUOS?

___ horas ___ min. ___ dias por semana ( ) Nenhum. Vá para a questão 1d.

1d. Quantos dias e qual tempo (horas e minutos) durante uma semana normal você CAMINHA NO SEU

TRABALHO remunerado ou voluntário, por pelo menos 10 MINUTOS CONTÍNUOS? Por favor, não inclua

o caminhar como forma de transporte para ir ou voltar do trabalho ou do local que você é voluntário.

___ horas ___ min. ___ dias por semana ( ) Nenhum. Vá para o Domínio 2 – Transporte.

DOMÍNIO 2 – ATIVIDADE FÍSICA COMO MEIO DE TRANSPORTE

Estas questões se referem à forma normal como você se desloca de um lugar para o outro, incluindo seu grupo de

convivência para idosos, igreja, supermercado, trabalho, cinema, lojas e outros.

2a. Quantos dias e qual tempo (horas e minutos) durante uma semana normal você ANDA DE ÔNIBUS E

CARRO/MOTO?

___ horas ___ min. ___ dias por semana ( ) Nenhum. Vá para a questão 2b.

Agora pense somente em relação a caminhar ou pedalar para ir de um lugar a outro em uma semana normal.

2b. Quantos dias e qual tempo (horas e minutos) durante uma semana normal você ANDA DE BICICLETA para ir

de um lugar para o outro pelo menos 10 MINUTOS CONTÍNUOS? (Não inclua o pedalar por lazer ou exercício)

___ horas ___ min. ___ dias por semana ( ) Nenhum. Vá para a questão 2c.

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2c. Quantos dias e qual tempo (horas e minutos) durante uma semana normal você CAMINHA para ir de um lugar

para o outro, como: ir ao grupo de convivência para idosos, igreja, supermercado, médico, banco, visita ao amigo,

visinho e parentes por pelo menos 10 MINUTOS CONTÍNUOS?

(NÃO INCLUA as caminhadas por lazer ou exercício)

___ horas ___ min. ___ dias por semana ( ) Nenhum. Vá para o Domínio 3.

DOMÍNIO 3 – ATIVIDADE FÍSICA EM CASA OU APARTAMENTO: TRABALHO, TAREFAS DOMÉSTICAS E

CUIDAR DA FAMÍLIA

Esta parte inclui as atividades físicas que você faz durante uma semana normal/habitual dentro e ao redor de sua

casa ou apartamento. Por exemplo: trabalho doméstico, cuidar do jardim, trabalho de manutenção da casa e cuidar

da sua família. Novamente pense somente naquelas atividades com duração por pelo menos 10 MINUTOS

CONTÍNUOS.

3a. Quantos dias e qual tempo (horas e minutos) durante uma semana normal você faz Atividades Físicas

VIGOROSAS AO REDOR DE SUA CASA OU APARTAMENTO (QUINTAL OU JARDIM) como: carpir,

cortar lenha, serrar madeira, pintar casa, levantar e transportar objetos pesados, cortar grama, por pelo menos 10

MINUTOS CONTÍNUOS?

___ horas ___ min. ___ dias por semana ( ) Nenhum. Vá para a questão 3b.

3b. Quantos dias e qual tempo (horas e minutos) durante uma semana normal você faz atividades MODERADAS

AO REDOR DE SUA CASA OU APARTAMENTO (QUINTAL OU JARDIM) como: levantar e carregar pequenos

objetos, limpar a garagem, serviço de jardinagem em geral, por pelo menos 10 MINUTOS CONTÍNUOS?

___ horas ___ min. ___ dias por semana ( ) Nenhum. Vá para a questão 3c.

3c. Quantos dias e qual tempo (horas e minutos) durante uma semana normal você faz atividades LEVES AO

REDOR DE SUA CASA OU APARTAMENTO como: carregar pesos leves, limpar vidros e/ou janelas, lavar roupas

a mão, limpar banheiro e o chão, por pelo menos 10 MINUTOS CONTÍNUOS?

___ horas ___ min. ___ dias por semana ( ) Nenhum. Vá para o Domínio 4.

DOMÍNIO 4 – ATIVIDADES FÍSICAS DE RECREAÇÃO, ESPORTE, EXERCÍCIO E DE LAZER

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Este domínio se refere às atividades físicas que você faz em uma semana normal/habitual unicamente por

recreação, esporte, exercício ou lazer. Novamente pense somente nas atividades físicas que você faz por pelo

menos 10 minutos contínuos. Por favor não inclua as atividades que você já tenha citado.

4a. Sem contar qualquer caminhada que você tenha citado anteriormente, quantos dias e qual tempo (horas e

minutos) durante uma semana normal, você CAMINHA (exercício físico) no seu tempo livre por PELO MENOS

10 MINUTOS CONTÍNUOS?

___ horas ___ min. ___ dias por semana ( ) Nenhum. Vá para a questão 4b.

4b. Quantos dias e qual tempo (horas e minutos) durante uma semana normal, você faz atividades VIGOROSAS

no seu tempo livre, como: correr, nadar rápido, musculação, canoagem, remo, enfim, esportes em geral, por pelo

menos 10 minutos contínuos?

___ horas ___ min. ___ dias por semana ( ) Nenhum. Vá para a questão 4c.

4b. Quantos dias e qual tempo (horas e minutos) durante uma semana normal, você faz atividades MODERADAS

no seu tempo livre, como: pedalar em ritmo moderada, jogar voleibol recreativo, fazer hidroginástica, ginástica

para terceira idade, dançar, ... por pelo menos 10 minutos contínuos?

___ horas ___ min. ___ dias por semana ( ) Nenhum. Vá para o Domínio 5.

DOMÍNIO 5 – TEMPO GASTO SENTADO

Estas últimas questões são sobre o tempo que você permanece sentado em diferentes locais, como por exemplo:

em casa, no grupo de convivência para idosos, no consultório médico e outros. Isso inclui o tempo sentado

enquanto descansa, assiste a televisão, faz trabalhos manuais, visita amigos e parentes, faz leituras, telefonemas e

realiza as refeições. Não inclua o tempo sentado durante o transporte em ônibus, carro, trem e metrô.

5a. Quanto tempo, no total, vocês gasta sentado durante UM DIA de semana normal?

UM DIA ___ horas ___ minutos

Dia da semana Um dia

Tempo horas/min. manhã tarde noite

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5b. Quanto tempo, no total, vocês gasta sentado durante UM DIA de final de semana normal?

UM DIA ___ horas ___ minutos

Dia da semana Um dia

Tempo horas/min. manhã tarde noite

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CLASSIFICAÇÃO DO NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA - IPAQ

SEDENTÁRIO: Não realizou nenhuma atividade física por pelo menos 10 minutos contínuos durante a

semana.

INSUFICIENTEMENTE ATIVO: Realiza atividade física por pelo menos 10 minutos por semana, porém

insuficiente para ser classificado como ativo. Pode ser dividido em dois grupos:

A) Atinge pelo menos um dos critérios da recomendação.

a) Freqüência: 5 dias /semana OU

b) Duração: 150 min / semana

B) Não atingiu nenhum dos critérios da recomendação

Obs. Para realizar essa classificação soma-se a freqüência e a duração dos diferentes tipos de

atividade (CAMINHADA + MODERADA + VIGOROSA)

ATIVO: Cumpriu as recomendações:

a) VIGOROSA: ≥ 3 dias/sem e ≥ 20 minutos por sessão

b) MODERADA OU CAMINHADA: ≥ 5 dias/sem e ≥ 30 minutos por sessão

c) Qualquer atividade somada: ≥ 5 dias/sem e ≥ 150 minutos/sem

(CAMINHADA + MODERADA + VIGOROSA)

MUITO ATIVO: Cumpriu as recomendações e:

a) VIGOROSA: ≥ 5 dias/sem e ≥ 30 minutos por sessão OU

b) VIGOROSA: ≥ 3 dias/sem e ≥ 20 minutos por sessão + MODERADA e/ou CAMINHADA: ≥ 5

dias/sem e ≥ 30 minutos por sessão