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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
CAMPUS DE SINOP
INSTITUTO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E AMBIENTAIS
CURSO DE AGRONOMIA
INFLUÊNCIA DE RETARDANTES DE FOGO NA GERMINAÇÃO DE
ESPÉCIES AGRÍCOLAS
LUCAS BARTOLOMEU SANTOS
SINOP – MT
Julho – 2019
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
CAMPUS DE SINOP
INSTITUTO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E AMBIENTAIS
CURSO DE AGRONOMIA
INFLUÊNCIA DE RETARDANTES DE FOGO NA GERMINAÇÃO DE
ESPÉCIES AGRÍCOLAS
LUCAS BARTOLOMEU SANTOS
ADILSON PACHECO DE SOUZA
Trabalho de Conclusão de Curso (TCC)
apresentado ao Curso de Agronomia do
ICAA/CUS/UFMT, como parte das
exigências para a obtenção do Grau de
Bacharel em Agronomia.
SINOP – MT
Julho – 2019
Dados Internacionais de Catalogação na Fonte.
Ficha catalográfica elaborada automaticamente de acordo com os dados fornecidos pelo(a) autor(a).
Permitida a reprodução parcial ou total, desde que citada a fonte.
S237i Santos, Lucas Bartolomeu.
Influencia de retardantes de fogo na germinação de espécies agrícolas / Lucas Bartolomeu Santos. -- 2019
34 f. : il. color. ; 30 cm.
Orientador: Adilson Pacheco de Souza. TCC (graduação em Agronomia) - Universidade Federal
de Mato Grosso, Instituto de Ciências Agrárias e Ambientais, Sinop, 2019.
Inclui bibliografia.
1. Incêndios agrícola. 2. processo germinativo. 3. polímero hidroretentor. 4. manejo do fogo. I. Título.
AGRADECIMENTOS
A Deus, por ter me iluminado e guiado pelo meu caminho em todos os momentos de
minha vida.
Aos meus pais Edilson de Souza Santos e Maria Herminda Bartolomeu Santos, por
serem minha inspiração, terem me proporcionado a oportunidade de cursar este curso
maravilhoso, e sempre me apoiarem e me aconselharem em todos os momentos.
A minha irmã, Luana Bartolomeu Santos por sempre me ajudar.
Aos meus orientadores, Prof. Dr. Adilson Pacheco de Souza e Profª Dra. Andréa
Carvalho da Silva por terem me dado a oportunidade, apoio e confiança em desenvolver este
trabalho. E por terem contribuído ao longo do meu desenvolvimento e aprendizado como
futuro profissional.
A Universidade Federal de Mato Grosso por proporcionar todo meu aprendizado
acadêmico ao longo da graduação.
Aos integrantes do grupo de pesquisa “Interações Ambiente e Planta”, que de alguma
forma, direta ou indiretamente me ajudou (Kalisto Natam, Daniela Borella, Elen Ximenes,
Leonardo Moura, Samuel) em especial a Josiane Keffer por ter me ajudado pacientemente no
início da implantação do experimento, e Mariana Pizzatto por sempre ter me auxiliado ao
longo deste trabalho.
Aos meus colegas, Bruno, Calebe, Mateus, Victor, Lauri, Júlio, Gabriel e Thallis que
sempre estiveram junto ao longo desta caminhada.
E em especial aos meus amigos que a faculdade proporcionou, Hercules Nogueira,
Alison Martins, Felipe Gomes e Rafael Carvalho, por sempre estarem juntos em todos os
momentos, demonstrando que quando trabalhamos em grupo podemos alcançar coisas
maiores na vida, obrigado por tudo!
Muito obrigado!
Sumário RESUMO .............................................................................................................................. 7
ABSTRACT ........................................................................................................................... 8
LISTA DE FIGURAS ............................................................................................................. 9
1. INTRODUÇÃO ..............................................................................................................11
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ..........................................................................................12
2.1 Desenvolvimento agrícola ......................................................................................12
2.2 Processo germinativo .............................................................................................12
2.3 Uso do fogo e de retardantes .................................................................................14
2.5 Espécies agrícolas .................................................................................................18
3. MATERIAL E MÉTODOS ..............................................................................................19
3.1 Testes de Germinação ...........................................................................................19
3.2 Variáveis analisadas ..............................................................................................21
3.3 Análise estatística ..................................................................................................22
4. RESULTADOS ..............................................................................................................23
4.1 Germinação (porcentagem, tempo médio e índice de velocidade) .........................23
4.2 Crescimento de plântulas .......................................................................................26
4.3 Biomassa das plântulas .........................................................................................27
5. DISCUSSÃO .................................................................................................................29
5.1 Phos-Chek WD 881: Germinação e Vigor ..............................................................29
5.2 Hold Fire: Germinação e Vigor ...............................................................................30
5.3 Polímero Hidroretentor: Germinação e Vigor ..........................................................31
6. CONCLUSÃO ...............................................................................................................32
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..............................................................................33
7
RESUMO
Foram desenvolvidos produtos para auxiliar no manejo de incêndios, porém esses produtos necessitam de avaliação quanto o seu dano no ambiente. Sendo assim, este trabalho busca avaliar a interação do processo fisiológico germinativo de sementes agrícolas sob diferentes concentrações de retardantes de fogo. O delineamento experimental foi inteiramente casualizado, com seis tratamentos: i) Polímero Hidroredentor nas concentrações de 0,0; 0,1; 0,25; 0,5; 0,75 e 1 g L-1; ii) Phos-Chek WD-881® nas concentrações de 0,0; 0,1; 0,3; 0,6; 0,8 e 1 ml L-1; iii) Hold Fire® nas concentrações de 0,0; 0,7; 0,9; 1,1; 1,3 e 1,5 m L-1; e quatro repetições de 100 sementes. Os testes de germinação foram conduzidos, em laboratório, em câmaras de germinação a 25 º C e fotoperíodo de 12 horas, por 7 e 14 dias (dependendo a espécie), as sementes foram acondicionadas em caixas plásticas de germinação sobre papel germitest. Os produtos Phos-Chek WD-881® influenciou negativamente a porcentagem de germinação e vigor do milheto, e diminui o crescimento da parte aérea do arroz, enquanto que nas outras espécies não foram afetadas, Hold Fire® reduz a porcentagem de germinação do milho, massa seca do sistema radicular do arroz e soja e também diminui o comprimento da parte aérea da cultura da soja, enquanto que o Polímero Hidroretentor apresentou resultados positivos, além de auxiliar no manejo do fogo, não causou toxidade às sementes das culturas sucessoras que geralmente estão no campo em época propícia a ocorrência de incêndios.
Palavras-Chave: Incêndios agrícola, processo germinativo, polímero hidroretentor, manejo do fogo.
8
ABSTRACT
Products have been developed to assist in the management of fires, however these products
require assessment as your damage to the environment. Therefore, this paper seeks assess
the interaction of the physiological process of agricultural seeds germination under different
concentrations of fire retardants. The experimental design was completely randomized design
with six treatments: (i)) Hidroredentor Polymer at concentrations of 0.0; 0.1; 0.25; 0.5; 0.75
and 1 g L-1; II) Phos-Chek WD-881® at concentrations of 0.0; 0.1; 0.3; 0.6; 0.8 and 1 ml L-1;
III) Hold Fire® at concentrations of 0.0; 0.7; 0.9; 1.1; 1.3 and 1.5 m L-1; and four replicates of
100 seeds. Germination tests were conducted in the laboratory, germination Chambers to 25
ºc and photoperiod of 12 hours, for 7 and 14 days (depending on the species), the seeds were
placed in plastic boxes germination on paper germitest. Phos-Chek products WD-881®
influenced negatively the percentage of germination and vigor of millet, and slows the growth
of the aerial part of the rice, while in the other species were not affected, Hold Fire® reduces
the percentage of germination of corn, dry mass of root system of rice and soybeans and also
decreases the length of the aerial part of the culture of soybeans, while the polymer
Hidroretentor presented positive results, as well assist in the handling of the fire, did not cause
toxicity to the crop seeds successors that are usually on the field in time propitious to fires.
Keywords: agricultural fires, germinal process, polymer hidroretentor, fire management.
9
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1: ENSAIO COM A CULTURA DO ARROZ ........................................................................... 20
FIGURA 2: SEMEADURA DE MILHETO (A) MILHO (B) E SOJA (C) ............ ERRO! INDICADOR NÃO
DEFINIDO.
FIGURA 3: PLÂNTULA ANORMAL DE MILHO AOS 14 DAS (A), PLÂNTULA NORMAL DE FEIJÃO
AOS 14 DAS (B), ANÁLISE DESTRUTIVA DO FEIJÃO AOS 14 DAS (C) .......................................... 22
FIGURA 4: SOLUÇÕES DOS PRODUTOS (ESQUERDA PARA A DIREITA, ORDEM CRESCENTE
NAS CONCENTRAÇÕES), POLÍMERO HIDRORETENTOR (A) PHOS-CHEK WD 881 (B) HOLD
FIRE (C)........................................................................................ ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO.
FIGURA 5: VARIÁVEIS DE GERMINAÇÃO DE ESPÉCIES AGRÍCOLAS EM FUNÇÃO DE
DIFERENTES CONCENTRAÇÕES DE PHOS-CHEK WD881. PORCENTAGEM DE GERMINAÇÃO
AOS 7 DIAS PARA O MILHETO E 14 DIAS PARA AS DEMAIS CULTURAS APÓS A SEMEADURA
(A), TEMPO MÉDIO DE GERMINAÇÃO (B), ÍNDICE DE VELOCIDADE DE GERMINAÇÃO – IVG (C).
** SIGNIFICATIVO AO NÍVEL DE 1% DE PROBABILIDADE, * SIGNIFICATIVO AO NÍVEL DE 5% DE
PROBABILIDADE, NS NÃO SIGNIFICATIVO. .............................. ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO.
FIGURA 6: VARIÁVEIS DE GERMINAÇÃO DE ESPÉCIES AGRÍCOLAS EM FUNÇÃO DE
DIFERENTES CONCENTRAÇÕES DE HOLD FIRE. PORCENTAGEM DE GERMINAÇÃO AOS 7
DIAS PARA O MILHETO E 14 DIAS PARA AS DEMAIS CULTURAS APÓS A SEMEADURA (A),
TEMPO MÉDIO DE GERMINAÇÃO (B), ÍNDICE DE VELOCIDADE DE GERMINAÇÃO – IVG (C). **
SIGNIFICATIVO AO NÍVEL DE 1% DE PROBABILIDADE, * SIGNIFICATIVO AO NÍVEL DE 5% DE
PROBABILIDADE, NS NÃO SIGNIFICATIVO. .............................. ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO.
FIGURA 7: VARIÁVEIS DE GERMINAÇÃO DE ESPÉCIES AGRÍCOLAS EM FUNÇÃO DE
DIFERENTES CONCENTRAÇÕES DE POLÍMERO HIDRORETENTOR. PORCENTAGEM DE
GERMINAÇÃO AOS 7 DIAS PARA O MILHETO E 14 DIAS PARA AS DEMAIS CULTURAS APÓS A
SEMEADURA (A), TEMPO MÉDIO DE GERMINAÇÃO (B), ÍNDICE DE VELOCIDADE DE
GERMINAÇÃO – IVG (C). ** SIGNIFICATIVO AO NÍVEL DE 1% DE PROBABILIDADE, *
SIGNIFICATIVO AO NÍVEL DE 5% DE PROBABILIDADE, NS NÃO SIGNIFICATIVO. ....................... 25
FIGURA 8: COMPRIMENTO DA PARTE AÉREA (A) E COMPRIMENTO DO SISTEMA RADICULAR
(B) DE PLÂNTULAS DE ESPÉCIES AGRÍCOLAS, EM FUNÇÃO DE DIFERENTES
CONCENTRAÇÕES DE PHOS-CHEK WD881. AOS 7 DIAS APÓS A SEMEADURA PARA O
MILHETO E 14 DIAS PARA AS DEMAIS CULTURAS. ** SIGNIFICATIVO AO NÍVEL DE 1% DE
PROBABILIDADE, * SIGNIFICATIVO AO NÍVEL DE 5% DE PROBABILIDADE, NS NÃO
SIGNIFICATIVO. ................................................................................................................................... 26
FIGURA 9: COMPRIMENTO DA PARTE AÉREA (A) E COMPRIMENTO DO SISTEMA RADICULAR
(B) DE PLÂNTULAS DE ESPÉCIES AGRÍCOLAS, EM FUNÇÃO DE DIFERENTES
CONCENTRAÇÕES DE HOLD FIRE. AOS 7 DIAS APÓS A SEMEADURA PARA O MILHETO E 14
DIAS PARA AS DEMAIS CULTURAS. ** SIGNIFICATIVO AO NÍVEL DE 1% DE PROBABILIDADE, *
SIGNIFICATIVO AO NÍVEL DE 5% DE PROBABILIDADE, NS NÃO SIGNIFICATIVO. ....................... 27
FIGURA 10: COMPRIMENTO DA PARTE AÉREA (A) E COMPRIMENTO DO SISTEMA RADICULAR
(B) DE PLÂNTULAS DE ESPÉCIES AGRÍCOLAS, EM FUNÇÃO DE DIFERENTES
10
CONCENTRAÇÕES DE POLÍMERO HIDRORETENTOR. AOS 7 DIAS APÓS A SEMEADURA PARA
O MILHETO E 14 DIAS PARA AS DEMAIS CULTURAS. ** SIGNIFICATIVO AO NÍVEL DE 1% DE
PROBABILIDADE, * SIGNIFICATIVO AO NÍVEL DE 5% DE PROBABILIDADE, NS NÃO
SIGNIFICATIVO. ................................................................................................................................... 27
FIGURA 11: BIOMASSA ACUMULADA DA PARTE AÉREA (A) E DO SISTEMA RADICULAR (B) DE
PLÂNTULAS DE ESPÉCIES AGRÍCOLAS, EM FUNÇÃO DE DIFERENTES CONCENTRAÇÕES DE
PHOS-CHEK WD881. AOS 7 DIAS APÓS A SEMEADURA PARA O MILHETO E 14 DIAS PARA AS
DEMAIS CULTURAS. ** SIGNIFICATIVO AO NÍVEL DE 1% DE PROBABILIDADE, * SIGNIFICATIVO
AO NÍVEL DE 5% DE PROBABILIDADE, NS NÃO SIGNIFICATIVO. ................................................... 28
FIGURA 12: BIOMASSA ACUMULADA DA PARTE AÉREA (A) E DO SISTEMA RADICULAR (B) DE
PLÂNTULAS DE ESPÉCIES AGRÍCOLAS, EM FUNÇÃO DE DIFERENTES CONCENTRAÇÕES DE
HOLD FIRE. AOS 7 DIAS APÓS A SEMEADURA PARA O MILHETO E 14 DIAS PARA AS DEMAIS
CULTURAS. ** SIGNIFICATIVO AO NÍVEL DE 1% DE PROBABILIDADE, * SIGNIFICATIVO AO
NÍVEL DE 5% DE PROBABILIDADE, NS NÃO SIGNIFICATIVO. ......................................................... 29
FIGURA 13: BIOMASSA ACUMULADA DA PARTE AÉREA (A) E DO SISTEMA RADICULAR (B) DE
PLÂNTULAS DE ESPÉCIES AGRÍCOLAS, EM FUNÇÃO DE DIFERENTES CONCENTRAÇÕES DE
POLÍMERO HIDRORETENTOR. AOS 7 DIAS APÓS A SEMEADURA PARA O MILHETO E 14 DIAS
PARA AS DEMAIS CULTURAS. ** SIGNIFICATIVO AO NÍVEL DE 1% DE PROBABILIDADE, *
SIGNIFICATIVO AO NÍVEL DE 5% DE PROBABILIDADE, NS NÃO SIGNIFICATIVO. ....................... 29
11
1. INTRODUÇÃO
Com o crescimento populacional e o desenvolvimento socioeconômico ocorre um
aumento na demanda de produtos agrícolas. Contudo, a busca por tecnologias que aumentem
a produtividade é imprescindível para evitar a abertura de novas áreas.
A utilização do fogo em reforma e/ou abertura de áreas para o setor agropecuário é
uma prática comum em regiões com potencial produtivo, pois essa alternativa de fato é um
método barato economicamente, entretanto, essa prática exige cuidados minuciosos para que
não cause desastres no ambiente, levando a um desequilíbrio da fauna e flora (LARA, 2007).
A área do cerrado está localizada em uma das regiões de maior desenvolvimento do
Brasil, com estações hídricas bem definidas (chuvosa e seca), sendo que na estação da seca,
aliado a baixa umidade do ar e temperaturas elevadas, geram-se condições propicias para a
ocorrência de incêndios ou a realização de queimas controladas. A queimada sem autorização
no Brasil é caracterizada por lei como crime, mas diversos e recorrentes são os casos de
queimadas de origem antrópicas ou até mesmo de origem mecânica, por desgastes ou
choques de peças de máquinas agrícolas (CORRÊA; MELLO, 2013).
Como ferramenta auxiliar no manejo do fogo, foram desenvolvidos e estão disponíveis
no mercado, produtos químicos que retardam e/ou inibem os componentes do triângulo do
fogo (comprimento da chama, velocidade de propagação e intensidade). A utilização desses
produtos ainda necessita de estudos aprofundados para definições quanto aos efeitos no
ambiente, pois, Silva-Filho (2017), afirma que podem causar diversos danos na comunidade
microbiana do solo, morte de peixes, organismos aquáticos e interferência na germinação das
espécies de plantas.
No Brasil não existe uma legislação normativa que regulamente a utilização desses
produtos no combate aos incêndios florestais, mas esses produtos estão disponíveis
comercialmente (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis -
IBAMA, 2018). Sendo assim, o presente trabalho objetivou avaliar se diferentes
concentrações de retardantes de fogo e de Polímero Hidroretentor influenciam no processo
germinativo de sementes agrícolas.
12
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 Desenvolvimento agrícola
O setor agrícola brasileiro vem se desenvolvendo cada vez mais, especialmente no
Bioma Cerrado e em transições com outros biomas, a partir da substituição de áreas extensas
que antes eram designadas à pecuária. Com o avanço da pecuária e agricultura aliado à
tecnologia empregada ao campo, o cenário do setor agropecuário vem se modificando. A
pecuária vem se tornando intensiva, com maior capacidade de animais em menores áreas, e
a agricultura está buscando métodos que possam diminuir os impactos ao meio ambiente,
consequentemente, aumentando a produtividade com maior eficiência.
Segundo Gomes et al. (2016) o Brasil saiu do patamar de importador de alimentos
para um dos maiores e mais importantes celeiros agrícolas do mundo, em menos de 40 anos.
É de fato o primeiro país a alcançar os grandes exportadores de grãos, como, Estados Unidos,
Canadá, Austrália, Argentina e União Européia. Esse crescimento, permitiu destacar-se como
sendo o único país de clima tropical entre os gigantes de produção de grãos.
Com base nos dados do censo agropecuário brasileiro (2006), 68% do crescimento na
produção nacional foi devido ao emprego de tecnologia na agricultura, com crescimento
significativo da pesquisa para entendimento da interação dos elementos e fatores no meio de
produção, afim de gerar alternativas de produção, e aumentar a produtividade com menores
efeitos negativos sobre o meio ambiente (GOMES et al., 2016). No cenário atual, o produtor
tem uma difícil missão de enfrentar os desafios de aumentar a produção na mesma extensão
de área, conservando os recursos naturais (LUIZ, 2013).
2.2 Processo germinativo
Taiz et al. (2017) definem que o processo germinativo, inicia-se com a absorção de
água pela semente seca, e finaliza com a emergência do eixo embrionário, no qual a radícula
emerge rompendo os tecidos da semente. Na descrição do processo, têm-se que após a
embebição, a semente aumenta seu tamanho e, consequentemente, ocorre a ativação do
metabolismo, transformando compostos insolúveis em compostos solúveis, seguido pela
respiração e a síntese de proteínas.
Morfologicamente o tegumento perde rigidez e se rompe, os tecidos de crescimento
se desenvolvem através da subsistência dos cotilédones, fornecendo reservas de nutrientes,
enzimas, proteínas e carboidratos até que a plântula se desenvolva em condições de nutrir-
se, tornando-se independente (FLORIANO, 2004).
Nas etapas iniciais de crescimento e de desenvolvimento, os fatores bióticos e
abióticos têm elevada influência no desempenho, até que a plântula se estabeleça no
13
ambiente. O sucesso da germinação é alcançado quando se obtêm plântulas vigorosas, do
ponto de vista econômico, com plenas condições de se tornar um indivíduo produtivo
(ARAÚJO et al., 2016).
Os fatores intrínsecos que podem interferir na germinação estão diretamente ligados
aos aspectos morfológico e fisiológico das sementes. Segundo Filho (2005) podem ser: i)
vitalidade e viabilidade da semente, que indica como característica a ocorrência da
germinação quando ocorre exposição em ambiente favorável, dando origem a um indivíduo
com bom vigor, sendo assim, com plenas condições de crescer, desenvolver e tornar um
indivíduo produtivo; ii) longevidade, que trata-se do período de tempo que a semente
permanece viva, desde que armazenada sob condições ideais; iii) grau de maturidade, que
varia entre as espécies, e diz respeito à capacidade da semente germinar antes de atingir a
maturidade fisiológica.
Filho (2005) ainda determina que, não menos importante que os outros fatores, devem
ainda ser considerados: i) sanidade, principal meio de transporte de patógenos entre locais
diferentes; ii) genótipo, que em conjunto com a interação com o ambiente da origem ao
fenótipo, característica genética dos descendentes; iii) e por fim, a dormência, período (curto
ou longo) em que a semente permanece em repouso, para que não germine em condições
desfavoráveis, garantindo assim a sobrevivência da espécie.
A interação da semente com o ambiente é essencial para o processo fisiológico da
germinação. A água, a temperatura e o oxigênio, são três fatores determinantes para que
ocorra este processo, desde que sejam em quantidade e intensidade adequadas, pois cada
espécie vegetal apresenta exigências distintas a estes fatores do ambiente. Ressalta-se ainda
que o excesso ou a falta desses fatores podem causar prejuízos ao processo germinativo,
como exemplo a salinidade.
A temperatura influencia a germinação através da ação sobre a velocidade de
absorção da água e no fornecimento de energia na forma de calor para as reações
bioquímicas (CARVALHO; NAKAGAWA, 2012). Ribeiro et al. (2012) estudaram o efeito da
temperatura na germinação de Enterelobium contortisiliqunn e Guazuma ulmifolia, e
observaram que o aumento da temperatura melhorou o desempenho da germinação dessas
espécies, indicando que a temperatura seja de grande influência na germinação e
desenvolvimento inicial da plântula.
Kerbauy (2004) afirma que a luz é o sinal indicador do ambiente para as sementes,
podendo causar a indução ou quebra da dormência, porém, Carvalho & Nakagawa (2012)
não consideram que a luz tenha algum efeito na germinação. Nesse sentido, Floss (2008)
classifica as sementes em três categorias, sendo: fotoblásticas positivas – maior capacidade
de germinar à luz; fotoblásticas negativas – germinam melhor no escuro; e fotoblásticas
14
neutras – germinam com a presença ou ausência da luz, sendo a maior parte das sementes
das plantas cultivadas.
Silva et al (2016) observaram efeitos significativos da luz no desenvolvimento inicial
de pinhão-manso (Jatropha curcas L.), antecipando em 2 dias a expansão dos cotilédones
quando o ensaio foi na ausência da luz, porém, na presença de luz, as plântulas apresentaram
coloração verde mais intensa. Esses autores observaram ainda que as plântulas germinadas
na ausência de luz apresentaram maiores tamanhos em altura, podendo ser explicado pela
falta de um estimulo luminoso, causando o estiolamento; posteriormente concluíram que a luz
tem efeito significativo após a germinação, na fase de crescimento, no qual a planta “busca”
luz para se autossustentar através da fotossíntese.
A água é considerada um importante reagente ou substrato para as reações celulares,
com destaque para a fotólise, processo inicial da fotossíntese (PIMENTEL, 2004). Masetto et
al. (2013) avaliaram a germinação de Urochloa ruziziensis em função da disponibilidade
hídrica e observaram que quanto maior o estresse hídrico, menor a germinação e o
desenvolvimento inicial de plântulas, gerando posteriormente prejuízos no estabelecimento
da cultura.
Quanto a toxidade de metais pesados para as plantas, Pereira et al. (2013), avaliaram
a fitotoxicidade do Chumbo (Pb), na germinação e outros parâmetros na cultura da alface, e
observaram que o Pb alterou os padrões de divisão celular causando anormalidade no
meristema apical das raízes, dando origem a alterações morfológicas das plântulas e
comprometendo o seu estabelecimento. Nesse mesmo sentido, Bottega et al. (2017) também
observaram que o aumento na concentração de cloreto de alumínio, diminuiu
significativamente a germinação de Niger (Guizotia abyssinica).
Ainda podem ser destacados alguns fatores químicos que promovem influências na
germinação. Souza et al. (2010), observaram que sementes de pinhão-manso expostas a
condições de estresse salino na fase de embebição, sofreram atraso no processo germinativo.
Salton et al. (2002) afirmaram a necessidade de cuidados com relação ao cloreto de potássio
aplicado na linha de semeadura, que pode causar danos à soja, visto que esse fertilizante é
um sal, e pode apresentar atrasos na germinação, emergência e redução na população de
plantas. Lacerda et al. (2005) frisaram ainda que alguns dessecantes podem deixar resíduos,
causando danos à germinação e redução no vigor das sementes.
2.3 Uso do fogo e de retardantes
O fogo desempenha um papel fundamental no cerrado, pois queimadas periódicas
estimulam a quebra de dormência de sementes, o rebrotamento, a ciclagem de nutrientes, a
frutificação e o estabelecimento de plântulas de diversas espécies (FIDELIS; PIVELLO, 2011).
15
Apesar da queima controlada ser eficaz e de baixo custo econômico na limpeza
agrícola, o negligenciamento de ações básicas de controle tem acarretado em perdas
ambientais imensas (LARA et al., 2007). Todavia, ressalta-se que apesar de serem
destacadas vantagens na prática das queimadas, as desvantagens são superiores, quando
mal manejada.
As condições climáticas do Cerrado se tornam críticas para ocorrência de incêndios
na estação seca, pois ocorrem associações entre baixa umidade relativa do ar, altas
temperaturas e maiores rajadas de vento. Visto que, esses fatores em conjunto com as
características dos materiais combustíveis vivos ou mortos, potencializam a propagação do
fogo (CORRÊA; MELLO, 2013).
A origem dos incêndios nas propriedades rurais pode ser natural, ou provocado pela
ação do homem, com grande destaque para os incidentes de origem mecânica, sendo
comuns em máquinas mal projetadas e/ou mal conservadas (CORRÊA; MELLO, 2013). Em
geral, a utilização do fogo é comum (por ser um método extremamente barato
economicamente), principalmente na abertura de novas áreas, manutenção de áreas
degradadas e invadidas por plantas daninhas por ser um método de baixo custo econômico.
O ponto chave (vantagem) da queimada é que além de eliminar a vegetação da área, ocorre
a liberação de nutrientes que estavam imobilizados no tecido vegetal ao solo, ficando
disponível de forma mais rápida às plantas que irão germinar e se desenvolver.
Moura (2007) afirma que a queima tem efeitos negativos diretos sobre as populações
de organismos que vivem na superfície do solo, contudo, há carência de estudos que visam
os conhecimentos sobre os efeitos do fogo sobre esses organismos. Mas sabe-se que o fogo
além de causar morte, expõe a biota á predação, enquanto a recolonização ocorre em poucos
grupos de forma lenta e restrita.
Durante o processo da combustão são liberados gases na atmosfera como CO2, CO,
CH4, N2O e NOx, que contribui para a poluição do ar atmosférico, favorecendo o aquecimento
global, que se dá pelo aumento da temperatura do globo terrestre. Este tema está sendo muito
discutido pela comunidade científica, em busca de alternativas que possam diminuir a
emissão desses gases na atmosfera (LIMA, et al., 2016).
Realizar queimadas sem autorização é considerado crime no Brasil. Segundo
Barradas (2017), a queima controlada consiste em manejar o fogo de forma racional. Com o
avanço de tecnologias de combate a incêndios, foram desenvolvidos produtos químicos que
inibem a propagação do fogo, chamados de retardantes de fogo. Estes produtos são
classificados de acordo com o tempo de duração residual, como de curta ou longa duração
(BARREIRO et al. 2016). Segundo este mesmo autor, os retardantes são basicamente
misturas de água e sais inorgânicos, normalmente presentes em fertilizantes agrícolas
16
(amônio, sulfatos e fosfatos), com alguns aditivos como agentes de espessamento ou uma
mistura de surfactantes, estabilizadores de espuma, agentes umectantes e solventes.
No Brasil, os estudos sobre os efeitos desses produtos no ambiente são escassos, e
em geral, foram realizados para avaliar exclusivamente a eficiência desses produtos em
combater e/ou inibir os incêndios. Segundo Song et al. (2014) após o uso do fogo, as taxas
de germinação ou emergência podem ser alteradas, indicando que é de extrema importância
estudos para determinar essas alterações, e inferir se são decorrentes de efeitos do fogo ou
do retardante utilizado para combatê-lo.
Couto-Vázques; González-Pietro (2006) estudaram a influência dos retardantes nas
propriedades químicas do solo e observaram um aumento do pH. Luna et al. (2007)
observaram que o uso de retardantes de longa duração reduziu a taxa de germinação de
sementes, indicando que o aumento da concentração do produto resultou na redução do
banco de sementes do solo, encurtando a variabilidade de espécies no ecossistema.
Song et al. (2014) realizaram um experimento aplicando três produtos com algumas
concentrações em função da germinação, com destaque para o produto Phos-Chek WD 881®
utilizado também neste presente trabalho. Esses autores observaram que para os três
produtos, independente das concentrações houve significância na redução da taxa de
germinação em teste no laboratório, mas não houve redução na taxa de germinação de
sementes em campo, todavia, as respostas de estresse em mudas foram estatisticamente
insignificantes. Nesse caso, os autores afirmaram que os retardantes de fogo são
possivelmente seguros para o meio vegetal, podendo ser usados para combater o fogo, mas
não atesta sobre a influência desses produtos em sistemas aquáticos, onde as informações
não são conhecidas.
Bell et al. (2005) observaram que a aplicação de retardante de longa duração (Phos-
Chek D75R) não apresentou significância na alteração na diversidade de espécies e cobertura
de folhagem, porém, notaram que principalmente os tratamentos com maiores concentrações
apresentaram infestação de plantas daninhas.
O produto Hold Fire® possui propriedades surfactantes biodegradáveis (SILVA-FILHO
2017), que segundo Felipe e Dias (2017) são compostos orgânicos anfipáticos e sua molécula
apresenta uma porção polar e outra apolar, tendo como grande característica, quando
adicionado a água, o acúmulo na superfície, diminuindo a força de coesão e reduzindo assim
a tensão superficial. A espuma formada por esses produtos na superfície da água,
teoricamente, diminui a penetração dos raios solares e reduz a solubilidade do oxigênio,
podendo provocar a morte de micro-organismos, peixes e plantas aquáticas.
Vargas; Roman (2006) citaram que as substâncias surfactantes são muito utilizadas
em aplicações de herbicidas, fungicidas e inseticidas, contribuindo positivamente para a
eficiência dos mesmos. Segundo eles, os surfactantes são divididos em dois grupos, não-
17
iônicos e iônicos, sendo que o primeiro tipo, não reage com os sais ou moléculas presentes
na água, não apresentando toxicidade às plantas, enquanto que o segundo, pode ocorrer
dissociação, e reagir com sais ou moléculas, formando outros compostos que podem ser
tóxico.
Em busca de novas alternativas, algumas pesquisas (uso como retardante de fogo)
têm sido desenvolvidas para aumentar o leque de utilização de polímeros hidroretentores.
Zonta et al. (2009) afirma que estes polímeros são arranjos de moléculas orgânicas, que
quando isento de umidade, possuem característica de ser granular e quebradiço. Porém ao
ser hidratado, o mesmo forma um gel de característica macia e elástica.
Os polímeros hidroretentores são capazes de absorver água em relação a sua massa
seca, podendo armazenar, e de maneira controlada, disponibilizar esses recursos hídricos à
planta, garantindo assim, que o estresse hídrico seja minimizado (YONEZAWA, 2017). Suriani
(2010) obteve resultados positivos ao utilizar o polímero hidroretentor como condicionador de
solo na cana-de-açúcar; Pelegrin et al. (2017) também obtiveram o mesmo resultado na
cultura da soja, aumentando assim o rendimento. Nicoletti et al. (2014) analisou
especificamente as raízes de Eucalyptus urograndis em função de doses de Polímero
Hidroretentor e observaram que o aumento da dose propiciou maior volume de raiz.
Yonezawa (2017) afirma que o uso de Polímero Hidroretentor pode aumentar a taxa de
germinação de sementes, mas vale lembrar que diversos fatores também influenciam na
germinação, como a composição química do polímero, a quantidade aplicada e a espécie.
2.4 Produtos retardantes utilizados
Foram utilizados neste estudo os retardantes de fogo Phos-Chek WD881® (ICL
Performance Products LP, St. Louis, MO, EUA), produto que consiste numa solução de
sulfonato de alfa olefina, 2,4-pentanodiol, 2-metil-, álcool laurílico e d-limoneno (ICL, 2015), e
classificado como retardante classe A de longa duração; Hold Fire® (Favaro; Perin Ind. E
Com. LTDA – ME, Vila Velha, ES, BR), produto composto de óleos orgânicos, polímero
higroscópico e surfactante, classificado como retardante classe A (Favaro; Perin, 2016) e
considerado como de curta duração; e o Nutrigel® (Polímero Hidroretentor (Agroterra
Insumos, São José do Rio Preto, SP, BR)), produto a base de MgCO3, CaCO3 e polímeros
(AGROTERRA, 2015), consistindo num hidrogel utilizado no manejo hídrico na agricultura.
Esses produtos químicos foram selecionados (Phos-Chek WD881® e Hold Fire®) para
a realização deste estudo pois estão disponíveis no comércio de combate a incêndio, visto
que não existem estudos para saber a influência no crescimento e desenvolvimento das
espécies agrícolas. O Polímero hidroretentor, podendo ser um produto alternativo no manejo
do fogo (Bordado & Gomes, 2007; Souza et al., 2012). E, principalmente devido a inexistência
de legislação que regulamente a utilização de retardantes de fogo (IBAMA, 2018), assim como
os efeitos desses produtos na vegetação de espécies agrícolas.
18
Visto que atualmente, ocorrem grandes incêndios em áreas ocupadas com resíduos
vegetais de milho no período seco, e que porventura, podem ocorrer aplicações de
retardantes de fogo no combate do incêndio. Em caso positivo de controle, áreas que
receberam caldas de água e retardante terão elevados percentuais de material combustível
remanescente, indicando que, em caso de movimentação do produto na palhada e solo, o
mesmo pode promover alterações no processo de germinação das culturas subsequentes e
estímulo ao crescimento de plantas invasoras.
2.5 Espécies agrícolas
Oryza sativa L. Comumente conhecido como arroz, é uma espécie herbácea, dentro
da classe Liliopsida (Monocotiledônea), ordem Poales, família Poaceae e gênero Oryza. O
arroz é uma gramínea anual, morfofisiologicamente sendo classificada no grupo de plantas
C3, com principal característica de se adaptar ao ambiente aquático, podendo então, ser
cultivada em ambiente alagado ou sequeiro (NUNES, 2008).
O feijoeiro (Phaseolus vulgaris) situa-se na classe das Magnoliopsida (Dicotiledônea),
sendo o mesmo pertencendo a ordem Fabales, família Fabaceae, e gênero Phaseolus. O
feijão é uma leguminosa anual, morfofisiologicamente classificado no grupo de plantas C3
(ARF et al., 2015).
O milheto (Pennisetum glaucum) pertence a classe Liliopsida (Monocotiledônea),
ordem Poales, família Poaceae e gênero Pennisetum. Planta anual, de clima tropical,
morfofisiologicamente classificado no grupo de plantas C4. O milheto é uma gramínea, muito
utilizado como opção de safrinha no cerrado, possibilitando rotação de cultura com a soja e
algodão, visto que essa cultura se adapta as condições de seca, tendo uma alta eficiência no
uso da água (DANTAS; NEGRÃO, 2010).
O milho (Zea mays L.) pertence a classe Liliopsida (Monocotiledônea), ordem Poales,
família Poaceae e gênero Zea. Planta anual, morfofisiologicamente classificado no grupo de
plantas C4. O milho é uma gramínea, produzido em larga escala no território brasileiro,
especificamente no cerrado é produzido em safrinha, sendo a principal cultura sucessora após
a colheita da soja (BARROS; ALVES, 2015).
A soja (Glycine max) pertence a classe Magnoliopsida (Dicotiledônea), ordem Fabales,
família Fabaceae, gênero Glycine. Planta anual, morfofisiologicamente classificada no grupo
de plantas C3. O grande sucesso desta cultura está intimamente ligado a associação das
bactérias fixadoras de nitrogênio com a espécie (NUNES, 2016).
19
3. MATERIAL E MÉTODOS
As sementes das cinco espécies agrícolas avaliadas (Arroz (Oryza sativa), Feijão
(Phaseolus vulgaris), Milheto (Pennisetum glaucum), Milho (Zea mays) e Soja (Glycine max))
foram obtidas junto a empresas produtoras de sementes da região de Sinop-MT. A pesquisa
foi realizada em cinco etapa do teste de germinação, sendo uma para cada espécie devido o
limite de espaço na câmara de germinação BOD, conduzida no Laboratório Ambiente e
Planta, da Universidade Federal de Mato Grosso, Campus de Sinop entre agosto de 2018 e
maio de 2019.
3.1 Testes de Germinação
Os testes de germinação com as cinco espécies agrícolas ocorreram em câmaras de
germinação vertical BOD, sob temperatura constante de 25º C e fotoperíodo de 12 horas
(figura 1). Os materiais utilizados como caixas tipo Gerbox e caixas plásticas de germinação,
foram esterilizados com hipoclorito de sódio. Pinças e/ou outros materiais utilizados no
manuseio, foram esterilizados com álcool 70%, visando diminuir a contaminação por
patógenos.
20
Figura 1: Ensaio com a cultura do arroz em câmara de germinação vertical BOD. Fonte: SANTOS, (2019)
O ensaio foi instalado em delineamento inteiramente casualizado, em esquema fatorial
com 5 concentrações diferentes para cada tratamento, com 4 repetições contendo 100
sementes cada, para cada espécie avaliada. Os tratamentos consistiram em três produtos
usados como retardantes de fogo, em diferentes concentrações (previamente definidas em
ensaios de campo que avaliaram esses valores no controle do fogo): i) Polímero Hidroredentor
(Nutrigel) nas concentrações de 0,1; 0,25; 0,5; 0,75 e 1 g L-1; ii) Phos-Chek WD-881® nas
concentrações de 0,1; 0,3; 0,6; 0,8 e 1 mL L-1; iii) Hold Fire® nas concentrações de 0,7; 0,9;
1,1; 1,3 e 1,5 mL L-1; iv) e testemunha, apenas água destilada para embebição do substrato.
As sementes foram acondicionadas (em caixas do tipo gerbox com dimensões:
11x11x3 cm para a cultura do milheto, arroz e bandejas plásticas de germinação com
dimensões: 18x18x7 cm para as espécies de feijão, milho e soja), (figura 2) sob papel
21
Germitest® embebido com as soluções das diferentes concentrações pré-estabelecidas dos
produtos, e a testemunha, na proporção de 2,5 vezes o peso do papel (BRASIL, 2009). Para
a reposição de umidade, utilizou-se água destilada conforme necessidade de cada repetição.
Figura 2: Semeadura de milheto (A) milho (B) e soja (C)
3.2 Variáveis analisadas
i) Porcentagem de germinação (PG em %): avaliada por meio da contagem aos 7 dias
para a cultura do milheto e 14 dias para as demais culturas após a instalação do experimento,
sendo consideradas germinadas as sementes que originaram plântulas normais (BRASIL,
2009).
ii) Índice de velocidade de germinação (IVG): a contagem foi realizada diariamente a
partir do dia seguinte da instalação dos experimentos, até o último dia de contagem. Foi
considerada semente germinada a que apresentou pelo menos 3 mm de protrusão da raiz
primária e coleóptilo da parte aérea. O índice de velocidade de germinação foi determinado
conforme Maguire (1962) (Equação1):
IVG =G1
N1+
G2
N2+⋯+
Gn
Nn (Equação 1)
em que: IVG é o índice de velocidade de germinação; G1, G2, Gn é o número de
plantas normais computadas na primeira, segunda até a última contagem; N1, N2, Nn é o
número de dias desde a semeadura até a primeira, segunda até a última contagem.
iii) Tempo médio de germinação (TMG em dias): obtido por meio de contagens diárias
das sementes germinadas até o sétimo dia para a cultura do milheto; para as demais culturas
até o décimo quarto dia após a semeadura, conforme Labouriau (1983) (Equação 2):
TMG =Σ(niti)
Σni (Equação 2)
22
em que: TMG é o tempo médio de germinação em dias; ni é o número de sementes
germinadas por dia, no intervalo entre cada contagem; ti é o tempo decorrido entre o início da
germinação e a sétima contagem; i é igual a 1, 2, ... n
iv) Comprimento das raízes (CR em cm) e da parte aérea (CA em cm) (Figura 3):
obtidas com auxílio de régua milimetrada aos 7 dias para a cultura do milheto e aos 14 dias
para as espécies do feijão, milho e soja, após a instalação do experimento.
v) Massa seca das raízes (MSR em g) e da parte aérea (MSA em g): as pesagens das
biomassas das plântulas foram realizadas em balança analítica de precisão (0,0001 g), em
seguida, o material vegetal foi colocado em estufa de circulação forçada de ar, sob
temperatura de 65ºC até obtenção de massa seca constante. Posteriormente o material foi
pesado e calculado valores de MSR e MSA, os resultados foram expressos em gramas por
plântula, de acordo com Nakagawa (1999).
3.3 Análise estatística
O delineamento experimental empregado foi o inteiramente casualizado. Os dados de
germinação e crescimento foram submetidos ao teste de normalidade de Shapiro-Wilk (p ≤
0,05), e posteriormente à análise de variância pelo teste F, quando significativo foram
realizadas as análises de regressão polinomial quadrática, obtidas para cada concentração,
por produto e por espécie, ao nível de 95% de confiança.
Figura 3: Plântula anormal de milho aos 14 DAS (A), plântula normal de feijão aos 14 DAS (B), análise destrutiva do feijão aos 14 DAS (C).
23
4. RESULTADOS
4.1 Germinação (porcentagem, tempo médio e índice de velocidade)
A porcentagem de germinação com solução de Phos-Chek WD 881 foi significativa
(p<0,01) apenas para sementes de milheto, apresentando comportamento polinomial
decrescente, indicando que o aumento inicial da concentração diminui a porcentagem de
sementes germinadas (Figura 5A).
A concentração de 0,8 mL L-1 apresentou a menor porcentagem de germinação
(75,2%) com uma redução de 15,3% no poder germinativo no milheto quando comparado à
testemunha (0,0 mL L-1) que apresentou 90,8% de plântulas germinadas normais.
Não foram observadas diferenças significativas no tempo médio de germinação (TMG)
independentemente da cultura para as concentrações de Phos-Chek WD881 (Figura 5B).
Quanto ao IVG, apenas nas sementes de milheto houve diferença a 1% de probabilidade
(Figura 5C), corroborando com o mesmo comportamento obtido na germinação.
24
Figura 4: Variáveis de germinação de espécies agrícolas em função de diferentes concentrações de Phos-Chek WD881. Porcentagem de germinação - %G aos 7 dias para o milheto e 14 dias para as demais culturas após a semeadura (A), tempo médio de germinação - TMG (B), índice de velocidade de germinação – IVG (C). ** Significativo ao nível de 1% de probabilidade, * Significativo ao nível de 5% de probabilidade, ns não significativo.
Já as aplicações de diferentes concentrações do produto Hold Fire (Figura 6)
permitiram efeitos significativos apenas para a porcentagem de germinação de sementes de
milho, visto que a testemunha (0,0 mL L-1) propiciou 98,8% de germinação, enquanto com a
maior concentração do produto permitiu germinação de 95,1% das sementes. Contudo,
ressalta-se que nesse caso, apesar da significância, os percentuais de germinação obtidos
são considerados elevados para a cultura. Para TMG e IVG não foram observadas influências
dos produtos e das suas concentrações, mesmo considerando o nível de significância de 5%.
Figura 5: Variáveis de germinação de espécies agrícolas em função de diferentes concentrações de Hold Fire. Porcentagem de germinação aos 7 dias para o milheto e 14 dias para as demais culturas após a semeadura (A), tempo médio de germinação (B), índice de velocidade de germinação – IVG
25
(C). ** Significativo ao nível de 1% de probabilidade, * Significativo ao nível de 5% de probabilidade, ns não significativo.
Nas soluções com Polímero Hidroretentor (Figura 7), as espécies obtiveram
significância apenas para a porcentagem de germinação (Figura 7A) de sementes de soja,
que apresentou 72,8 e 61,1 % de germinação a 0,0 e 0,76 g L-1, respectivamente. na maior
concentração (1,0 g L-1) ocorreu 62,3% de sementes germinadas (p<0,05). Para esse produto,
também não foram observadas diferenças no TMG (Figura 7B) e IVG (Figura 7C) para todas
as culturas.
Figura 6: Variáveis de germinação de espécies agrícolas em função de diferentes concentrações de Polímero Hidroretentor. Porcentagem de germinação aos 7 dias para o milheto e 14 dias para as demais culturas após a semeadura (A), tempo médio de germinação (B), índice de velocidade de germinação – IVG (C). ** Significativo ao nível de 1% de probabilidade, * Significativo ao nível de 5% de probabilidade, ns não significativo.
26
4.2 Crescimento de plântulas
O Phos-Chek WD881 afetou negativamente o crescimento da parte aérea de plântulas
de arroz (Figura 8A), o aumento das concentrações propiciou diminuição do comprimento da
parte área, com redução de até 16%, quando se compara 0,0 e 1,0 mL L-1 (p<0,01). Já o
produto Hold Fire apresentou diferenças (p<0,05) apenas para a redução do comprimento da
parte área de plântulas de soja (Figura 9A). Por conseguinte, as diferentes concentrações de
polímero hidroretentor não apresentaram nenhuma influência nas plântulas das cinco culturas
avaliadas (Figura 10).
Quanto ao comprimento da parte radicular, não foram observadas influências
significativas de nenhum produto retardante de fogo para as espécies estudadas.
Figura 7: Comprimento da parte aérea (A) e Comprimento do sistema radicular (B) de plântulas de espécies agrícolas, em função de diferentes concentrações de Phos-Chek WD881. Aos 7 dias após a semeadura para o milheto e 14 dias para as demais culturas. ** Significativo ao nível de 1% de probabilidade, * Significativo ao nível de 5% de probabilidade, ns não significativo.
27
Figura 8: Comprimento da parte aérea (A) e Comprimento do sistema radicular (B) de plântulas de espécies agrícolas, em função de diferentes concentrações de Hold Fire. Aos 7 dias após a semeadura para o milheto e 14 dias para as demais culturas. ** Significativo ao nível de 1% de probabilidade, * Significativo ao nível de 5% de probabilidade, ns não significativo.
Figura 9: Comprimento da parte aérea (A) e Comprimento do sistema radicular (B) de plântulas de espécies agrícolas, em função de diferentes concentrações de Polímero Hidroretentor. Aos 7 dias após a semeadura para o milheto e 14 dias para as demais culturas. ** Significativo ao nível de 1% de probabilidade, * Significativo ao nível de 5% de probabilidade, ns não significativo.
4.3 Biomassa das plântulas
Ao avaliar a massa seca da parte aérea, as concentrações do produto Phos-Chek
WD881 (Figura 11A) e Hold Fire (Figura 12A) não apresentaram influências para as plântulas
das cinco culturas avaliadas, mesmo ao nível de 5%.
28
Porém o tratamento com o Phos-Chek WD881 (Figura 11B), semelhante ao observado
para outras variáveis nas quais afetou significativamente as gramíneas, especificamente na
parte da raiz do milheto, (p<0,05) dada pela redução da massa seca da raiz de 0,01 a 0,006g
para as concentrações de 0,0 e 1,0 mL L-1. Já o Hold Fire (Figura 12B) influenciou as
biomassas seca da raiz das plântulas de arroz e soja, com o aumento das concentrações.
Visto que para a espécie do arroz apresentou 0,05g e 0,03g para as concentrações de 0,0 e
1,5 mL L-1, e a soja obteve 0,17g e 0,11g para as concentrações de 0,0 e 1,5 mL L-1.
As concentrações do Polímero Hidroretentor (Figura 13) influenciaram a massa seca
da parte aérea das plântulas de milho (Figura 13A), com tendência de crescimento com o
aumento das concentrações. Nesse caso, não houve influências na biomassa seca da raiz
(Figura 13B), independentemente da espécie.
Figura 10: Biomassa acumulada da parte aérea (A) e do sistema radicular (B) de plântulas de espécies agrícolas, em função de diferentes concentrações de Phos-Chek WD881. Aos 7 dias após a semeadura para o Milheto e 14 dias para as demais culturas. ** Significativo ao nível de 1% de probabilidade, * Significativo ao nível de 5% de probabilidade, ns não significativo.
29
Figura 11: Biomassa acumulada da parte aérea (A) e do sistema radicular (B) de plântulas de espécies agrícolas, em função de diferentes concentrações de Hold Fire. Aos 7 dias após a semeadura para o Milheto e 14 dias para as demais culturas. ** Significativo ao nível de 1% de probabilidade, * Significativo ao nível de 5% de probabilidade, ns não significativo.
Figura 12: Biomassa acumulada da parte aérea (A) e do sistema radicular (B) de plântulas de espécies agrícolas, em função de diferentes concentrações de Polímero Hidroretentor. Aos 7 dias após a semeadura para o Milheto e 14 dias para as demais culturas. ** Significativo ao nível de 1% de probabilidade, * Significativo ao nível de 5% de probabilidade, ns não significativo.
5. DISCUSSÃO
5.1 Phos-Chek WD 881: Germinação e Vigor
Visto que estudos para se obter informações sobre os efeitos dos retardantes de fogo
no ambiente são relativamente escassos, é de extrema importância determinar as alterações
dessas substâncias nos organismos (SONG, 2014). Nesse caso, houve redução na
porcentagem de germinação, que poderia influenciar diretamente na população de plantas da
30
cultura, e também redução do índice de velocidade de germinação (IVG), podendo fazer com
que as plântulas de milheto levem maior tempo para se estabelecerem no ambiente. Mas vale
ressaltar que as outras culturas avaliadas (arroz, feijão, milho e soja) não foram afetadas.
Esse produto é a base de surfactantes, que são moléculas que alteram a tensão
superficial da água (adesão e coesão), e que por sua vez podem permitir uma super-
hidratação, pois essas moléculas reduzem a hidrofobicidade dos lipídeos (CARRASCHI et al.,
2012), causando prejuízos às funções das células e alterando também o gradiente de
concentração osmótico a nível celular.
Neste contexto é importante salientar que, os resultados obtidos são em ambiente
controlado, no qual não ocorrem influências diretas da radiação solar, temperatura, microbióta
do solo, diminuição da concentração do produto por diluições decorrentes das chuvas, além
das interações das partículas do solo com a molécula do produto. Sendo assim, ao analisar
isoladamente a influência do Phos-Chek WD881 na germinação e vigor de sementes de
milheto, não seria recomendada a implantação da cultura, após a utilização desse produto.
Todavia, recomenda-se cautela, pois essa cultura normalmente é conduzida em sucessão a
cultura principal (safra), além de serem necessários estudos para se obter realmente os
efeitos do produto quando a plântula estiver se desenvolvendo em condições ambientais de
cultivo.
Apenas nas plântulas de milheto ocorreram reduções da massa seca da raiz, sendo
um indicativo de sensibilidade dessa cultura ao Phos-Chek WD881, reforçando os resultados
obtidos na porcentagem de germinação e IVG.
5.2 Hold Fire: Germinação e Vigor
Em busca de informações sobre a toxidade do retardante de incêndios Hold Fire ao
ambiente, são informações disponibilizadas, e não publicadas, de análises químicas
realizadas por laboratórios contratados pelo fabricante, nas quais foram observadas
fitotoxicidades em organismos aquáticos Daphnia magna; Desmodesmus subspicatus e Vibrio
fischeri.
Keffer (2019) em estudo semelhante a este trabalho avaliou os efeitos deste produto
na germinação de espécies florestais, e observou que o aumento da concentração de Hold
Fire, influencia negativamente na germinação de algumas espécies florestais, todavia, não
alterou o vigor de plântulas. De maneira semelhante, neste trabalho, o Hold Fire influenciou
apenas na germinação de sementes de milho, e não comprometeu o vigor de plântulas de
nenhuma das cinco espécies avaliadas.
Contudo, apesar do Hold Fire não apresentar toxicidade na maioria das espécies,
deve-se ter cautela na utilização, visto que o mesmo pode acarretar perda na porcentagem
germinativa de milho, podendo reduzir o estande de plantas na área, favorecendo o
31
estabelecimento de outras espécies, visto que a cultura ficará prejudicada, pois se reduz a
porcentagem de germinação, resultará em redução no estande de plantas. Porém vale
lembrar, que apesar de significativo estatisticamente, a porcentagem de germinação na maior
concentração, levando em consideração aspectos agronômicos, ainda continua a ser elevada
para a cultura do milho.
Para o Hold Fire a espécie do milho foi sensível na porcentagem de germinação.
Fazendo um paralelo entre os dois produtos Hold Fire e Phos-Chek, nota-se que os dois
produtos apresentam toxicidade na porcentagem germinativa em duas culturas muito
próximas (milho e milheto), classificados como subfamília dos Panicoideae. Podendo ter uma
relação entre essa semelhança taxonômica e os resultados obtidos, pois esses dois produtos
são a base de surfactantes aniônicos, que podem ter interferido de alguma maneira na
germinação dessas duas espécies.
5.3 Polímero Hidroretentor: Germinação e Vigor
Yonezawa (2017) afirmou que ao fazer o uso do polímero pode-se aumentar a taxa de
germinação de sementes. Pelegrin et al. (2017) encontraram resultado positivos na cultura da
soja, obtendo melhores rendimentos com o aumento da dose aplicada. Contudo neste
trabalho, apesar de ser em outro momento de desenvolvimento da cultura, foram observados
resultados contrários para a cultura da soja, reduzindo a porcentagem de germinação, mas
não houve alteração no vigor das plântulas germinadas em nenhuma das culturas, inclusive
da soja.
Entretanto vale lembrar que a cultura da soja tem a capacidade de recompor as falhas
de estande, pois apresenta alta plasticidade fenológica em suas características, adaptando
as condições ambientais, por conta de suas modificações na morfologia da planta (KOMATSU
et al., 2010).
Ao contrário dos outros produtos, o Polímero Hidrotentor apresentou resultados
promissores, visto que não influenciou negativamente no crescimento de plântulas em
nenhuma das espécies, inclusive aumentou a massa seca da parte aérea do milho. Esse
comportamento pode ser em função da natureza dos compostos químicos desse produto, pois
o mesmo contém CaO, CaCO3, MgO e MgCO3 (KEFFER, 2019). O cálcio e o magnésio
presente no produto podem ter contribuído para os resultados positivos na massa seca da
parte aérea do milho, visto que esses elementos minerais são essenciais para a nutrição das
plantas, e em quantidades adequadas, podem resultar em efeitos positivos (RAIJ, 1991).
Vale salientar que o trabalho foi desenvolvido em ambiente controlado, pois os resultados
negativos aqui encontrados podem não ser observados em condições de campo, pois se tem
a influência do ambiente na degradação do produto. Essa constatação foi obtida por Song et
al. (2014), no qual ao realizar o experimento em ambiente controlado, o produto apresentou
32
significância, mas em contrapartida, quando testou em campo não obteve resposta de
estresse em mudas.
6. CONCLUSÃO
Nas condições de testes de germinação em laboratório, conclui-se que:
O Phos-Chek WD881 influencia negativamente na porcentagem de germinação, índice
de velocidade de germinação e massa seca da raiz da cultura do milheto, demonstrando que
essa cultura é sensível ao produto. Também há influência no comprimento da parte aérea de
plântulas de arroz.
O Hold Fire reduz a porcentagem germinativa de sementes de milho, comprimento da
parte aérea e massa seca da raiz da soja, e massa seca da raiz do arroz.
Polímero Hidroretentor diminui a porcentagem germinativa da soja, porém aumenta a
massa seca da parte aérea do milho.
33
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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