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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS FACULDADE DE FARMÁCIA OTÁVIO AUGUSTO MAZZONI COELHO RACTOPAMINA EM CARNE SUÍNA: VALIDAÇÃO DE MÉTODO POR ENSAIO DE IMUNOADSORÇÃO ENZIMÁTICA E ESTUDO DE OCORRÊNCIA Belo Horizonte, MG 2016

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS

FACULDADE DE FARMÁCIA

OTÁVIO AUGUSTO MAZZONI COELHO

RACTOPAMINA EM CARNE SUÍNA: VALIDAÇÃO DE

MÉTODO POR ENSAIO DE IMUNOADSORÇÃO

ENZIMÁTICA E ESTUDO DE OCORRÊNCIA

Belo Horizonte, MG 2016

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OTÁVIO AUGUSTO MAZZONI COELHO

RACTOPAMINA EM CARNE SUÍNA: VALIDAÇÃO DE

MÉTODO POR ENSAIO DE IMUNOADSORÇÃO

ENZIMÁTICA E ESTUDO DE OCORRÊNCIA

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciência de Alimentos da Faculdade de Farmácia da Universidade Federal de Minas Gerais, como requisito parcial à obtenção de grau de Mestre em Ciência de Alimentos. Área de concentração: Ciência de Alimentos Orientadora: Scheilla Vitorino C. de Souza Ferreira

Belo Horizonte, MG 2016

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Coelho, Otávio Augusto Mazzoni.

C672r

Ractopamina em carne suína: validação de método por ensaio de imunoadsorção enzimática e estudo de ocorrência / Otávio Augusto Mazzoni Coelho. – 2016.

119 f. : il.

Orientadora: Scheilla Vitorino C. de Souza Ferreira. Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Minas Gerais, Faculdade de Farmácia, Programa de Pós-Graduação em Ciência de Alimentos.

1. Validação intralaboratorial – Teses. 2. Ractopamina –

Teses. 3. Carne suína – Teses. 4. Teste imunoenzimático – Teses. I. Ferreira, Scheilla Vitorino C. de Souza. II. Universidade Federal de Minas Gerais. Faculdade de Farmácia. III. Título.

CDD: 664.07

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AGRADECIMENTOS INSTITUCIONAIS

Ao Programa de Pós-Graduação em Ciência de Alimentos (PPGCA) da Faculdade

de Farmácia (FAFAR) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

À Genese Produtos Diagnósticos Ltda pelo treinamento na operação do kit e pelo

fornecimento de equipamentos em comodato.

Ao Laboratório Nacional Agropecuário - Minas Gerais (LANAGRO-MG) do Ministério

da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), Pesquisadoras Andréa Melo

Garcia de Oliveira e Josefa Abucáter Lima, pelo fornecimento das amostras de carne

e análise confirmatória.

Ao Laboratório de Micologia e Micotoxinas do Instituto Octávio Magalhães (IOM) da

Fundação Ezequiel Dias (FUNED), Pesquisadores Marize Silva de Oliveira e

Fabiano Narciso Paschoal, pelo treinamento, auxílio e empréstimo de equipamento.

Aos laboratórios de Controle de Qualidade (LCQ-BIO) e de Hematolgia Clínica da

Faculdade de Farmácia da Universidade Federal de Minas Gerais, Profa. Isabela da

Costa César e Profa Maria das Graças Carvalho, pelo auxílio e empréstimo de

materiais e equipamento.

À Fundação Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior

(CAPES) e ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico

(CNPq) pela concessão da bolsa de mestrado.

À Biblioteca da FAFAR, Secretaria do Departamento de Alimentos da FAFAR/UFMG

e Secretaria do PPGCA pela assistência nas pesquisas bibliográficas e resolução de

questões administrativas.

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Ao Setor de Serviços Gerais/Apoio Didático da FAFAR/UFMG, Sr. Fernando e Sr.

Gilmar, pelo apoio logístico na coleta das amostras e assistência técnica durante a

execução das análises.

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AGRADECIMENTOS PESSOAIS

À Profª Dra Scheilla Vitorino Carvalho de Souza, pelos seis anos de orientações,

ensinamentos e amizade. Agradeço por compartilhar comigo os valores de uma vida

acadêmica, além de tanto conhecimento científico e profissional.

Ao Prof. Dr. Roberto Gonçalves Junqueira, cuja contribuição foi essencial ao longo

destes dois anos, tanto na sala de aula como, mais ainda, fora dela.

Aos professores do PPCGA da FAFAR/UFMG, por tanta dedicação a nós, discentes.

Aos amigos do Laboratório de Bromatologia - Unidade de Pesquisa Análise de

Alimentos (BRO-UPAA) da FAFAR/UFMG, pela ajuda de cada um neste trabalho e

pelo companheirismo de sempre.

Aos membros da comissão examinadora, Dra. Andréa Melo Garcia de Oliveira, Dra.

Raquel Linhares Bello de Araújo e Dr. Roberto Gonçalves Junqueira, pelo tempo

dedicado a esta dissertação e por suas tão prezadas sugestões e contribuições.

À minha sobrinha, Íris, por sempre me lembrar que praticamos a Ciência para deixar

uma realidade melhor aos que vieram e virão depois de nós.

À minha mãe, Vânia, à minha irmã, Letícia e à minha avó, Vera, por todo o apoio,

suporte e amor, pela compreensão das minhas ausências durante a elaboração

deste trabalho. Por saberem que mesmo longe não deixei de estar com elas em

pensamento e se esforçarem para estar comigo quando eu mais precisava.

À minha namorada, Bárbara, pelo amor e por ter estado ao meu lado ao longo de

todo este processo. Por ter me estimulado e ajudado tanto a entrar nesse projeto e

também a permanecer nele e finalizá-lo. Por me completar na vida e, com isso,

possibilitar que eu vá mais longe. Agradeço também a seus pais, Almir e Celi, pelo

amor e pelo incentivo ao longo de toda esta caminhada.

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Ao meu primo, Felipe, e a sua esposa, Stella, cuja hospitalidade em São Paulo foi

essencial para o início deste trabalho.

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RESUMO

A carne suína é a mais produzida e consumida no mundo, sendo o Brasil o quinto

maior produtor e quarto maior exportador do produto. A ractopamina (RCT) é um

agonista ß-adrenérgico e tem seu uso permitido como promotor de crescimento em

diversos países, incluindo o Brasil. No entanto, seu uso é proibido em países como a

China e a Rússia e na União Europeia. Existem casos em que resíduos de agonistas

ß-adrenérgicos resultaram em intoxicação alimentar. Dessa forma, mesmo nos

países onde o uso da RCT é permitido existem limites máximos. Vários métodos

analíticos, com diferentes técnicas, já foram descritos para determinação de resíduo

de RCT e seus metabólitos em tecido e fluidos animais. Para propósitos regulatórios,

tanto ensaios de triagem como confirmatórios são necessários. Na literatura recente

existem relatos de estudos de desenvolvimento de kits para determinação sensível e

seletiva de multi ß-agonistas e específicos para RCT. Contudo, em nenhum trabalho

foram realizadas validações completas e apropriadas para RCT em músculo suíno.

O presente estudo teve como objetivo validar um kit comercial para triagem de

resíduos de RCT em músculo de suínos e aplicá-lo em um estudo de ocorrência

desses resíduos em carne suína disponível no mercado de Minas Gerais, Brasil.

Amostras de músculo suíno adicionadas de RCT nas concentrações de 0,029 µg/kg

a 1,948 µg/kg, mais o branco, foram analisadas, em 30 replicatas em cada nível.

Embora o kit não tenha apresentado desempenho satisfatório numa abordagem de

validação quantitativa, ele foi eficaz para a detecção de resíduos de RCT em carne

suína. Taxa de falso-positivos nula e taxas de seletividade de 100,0 % foram

estimadas para as amostras brancas. Taxas de sensibilidade variaram entre 22,2 %

e 100,0 %, sendo alcançados 100,0 % de resultados positivos para todos os níveis

acima de 0,244 µg/kg, indicando sensibilidade do kit. Os valores de acordância e

concordância indicaram padronização adequada da metodologia para o nível 0 µg/kg

e acima de 0,244 µg/kg. O limite de detecção estimado foi de 0,190 µg/kg, a 90% de

confiabilidade. O kit foi seletivo em relação ao interferente clembuterol e robusto em

relação aos fatores tempo de agitação, tempo de centrifugação e temperatura de

evaporação do extrato. A análise de amostras comerciais demonstrou a

aplicabilidade do método, além da ocorrência de resíduos de RCT em 73 % das

amostras analisadas. Palavras-chave: validação intralaboratorial; qualitativa;

quantitativa; ractopamina; carne suína; ELISA.

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ABSTRACT

Pork is the most widely produced and consumed meat in the world and Brazil is the

fifth largest producer and fourth largest exporter of this product. Ractopamine (RCT)

is a beta-adrenergic agonist and is allowed as a growth promoter in several

countries, including Brazil and the United States. However, it is banned in countries

like China and Russia and in the European Union both as an additive as for

therapeutic purposes. There are cases in the literature in which residues of beta-

adrenergic agonists resulted in human food poisoning. Thus, even in countries where

the use of RCT is allowed there are regulated limits. Various analytical methods

employing different techniques have been described for determining RCT and its

metabolites residues in animal tissue and fluids. For regulatory purposes, both

confirmatory and screening tests are needed. In recent literature there are reports of

studies for the development of kits for sensitive and selective determination of multi

beta-agonists and specific to RCT. However, in none, there were complete and

appropriate validations for RCT in swine muscle. This study aimed to validate a

commercial kit for screening RCT residues in swine muscle and apply it in a study of

the occurrence of RCT residues in pork available on the market of Minas Gerais,

Brazil. RCT was added to swine muscle samples at concentrations from 0.029 µg/kg

to 1.948 µg/kg, plus blank, and were analyzed in 30 replicates at each level. Although

the kit have not had a satisfactory performance in a quantitative validation approach,

it was effective for the detection of RCT residues in pork. False positive rate of zero

and 100.0% selectivity rates were estimated for blank samples. Sensitivity rates

varied between 22.2% and 100.0%, and reached 100.0% positive results for all levels

above 0.244 µg/kg, indicating sensitivity. Calculated values of accordance and

concordance indicated adequate standardization of the method for level 0 µg/kg and

above 0.244 µg/kg. The limit of detection was estimated in 0.190 µg/kg, assuming a

90% reliability. The kit was selective in presence of clenbuterol and robust for the

head over head homogenization time, centrifugation time and extract evaporation

temperature. The analysis of commercial samples demonstrated the applicability of

the method and the occurrence of RCT residue in 73% of analyzed samples.

Keywords: in-house validation; quantitative; qualitative, ractopamine; pork; ELISA.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Países maiores importadores da carne suína brasileira, em mil toneladas,

em 2012. ....................................................................................................................... 23

Figura 2. Países maiores importadores de carne suína, em 2013, em toneladas. ....... 24

Figura 3. Países maiores exportadores de carne suína, em 2013, em toneladas. ....... 24

Figura 4. Consumo anual per capita de carne suína em uma década no Brasil, de

2005 a 2014. ................................................................................................................. 25

Figura 5. Países maiores consumidores de carne suína, em 2009, em toneladas. ...... 26

Figura 6. Projeção de consumo, produção e exportação de carne suína no Brasil até

2024. ............................................................................................................................. 27

Figura 7. Principais cortes da carcaça suína. ............................................................... 34

Figura 8. Faturamento da Indústria de Produtos para a Saúde Animal, no Brasil,

entre 2008 e 2014. ........................................................................................................ 35

Figura 9. Percentual do faturamento de produtos para saúde animal, em 2014, por

classe de produto. ......................................................................................................... 35

Figura 10. Grupos de animais aos quais foram destinados os produtos para saúde

animal comercializados no Brasil, em 2014. ................................................................. 36

Figura 11. Mecanismo de transdução de sinal de receptores ß-adrenérgicos. O

receptor ß-adrenérgico é ativado por um agonista e interage com a proteína Gs. A

proteína Gs estimula a adenilatociclase (AC) para converter adenosina trifosfato

(ATP) a adenosina monofosfato cíclico (cAMP), que age como um sinalizador

intracelular. Níveis aumentados de cAMP ativam a proteína quinase A (PKA) para

fosforilar várias enzimas e fatores regulatórios importantes na regulação metabólica. . 39

Figura 12. Fórmula estrutural da ractopamina. ............................................................. 41

Figura 13. Esquema representativo de um Ensaio de Imunoadsorção Enzimática

(ELISA) competitivo para pesquisa de antígeno. .......................................................... 57

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Figura 14. Representação esquemática dos poços da placa ELISA ............................ 77

Figura 15. Representação esquemática do delineamento experimental para a etapa

de avaliação dos parâmetros seletividade, recuperação, precisão e limites, na

abordagem quantitativa, e dos parâmetros taxas, região de perda de confiabilidade,

limite de detecção, acordância e concordância, na abordagem qualitativa. .................. 79

Figura 16. Representação esquemática do delineamento experimental para a etapa

de avaliação do parâmetro robustez. ............................................................................ 80

Figura 17. Representação esquemática do delineamento experimental para a etapa

de avaliação do parâmetro seletividade. ....................................................................... 81

Figura 18. Representação esquemática de ocorrência. ............................................... 84

Figura 19. Valores de acordância em função das concentrações estudadas de

ractopamina. .................................................................................................................. 91

Figura 20. Valores de concordância em função das concentrações estudadas de

ractopamina. .................................................................................................................. 92

Figura 21. Resultados experimentais (), curvas de desempenho (), equações e

coeficientes de determinação (R2) obtidos por regressão logística não linear do tipo

probito (a) e logito (b) para ractopamina (RCT). ............................................................ 93

Figura 22. Análise de cluster hierárquica - dendrograma com distâncias entre os

cortes para avaliação da influência dos diferentes cortes na detecção de

ractopamina. .................................................................................................................. 97

Figura 23. Análise de cluster hierárquica - dendrograma com distâncias entre os

fornecedores para avaliação da influência dos diferentes fornecedores na detecção

de ractopamina. ............................................................................................................. 98

Figura 24. Análise de cluster hierárquica - dendrograma com distâncias entre as

estações do ano para avaliação da influência da sazonalidade na detecção de

ractopamina. .................................................................................................................. 99

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Efetivo de suínos em cabeças e participações relativa e acumulada no

efetivo total, segundo as Unidades da Federação do Brasil, em 2014 .......................... 22

Tabela 2. Composição nutricional média da carne suína fresca e crua (continua) ....... 29

Tabela 3. Estudos de toxicidade aguda com ractopamina ............................................ 45

Tabela 4. Limites Máximos de Resíduos (LMR) para ractopamina no Brasil e em

outros países ................................................................................................................. 47

Tabela 5. Escopos e resultados do Programa Nacional de Resíduos (NRP) dos

Estados Unidos, nos anos de 2000 a 2015, considerando o analito ractopamina em

matrizes de suínos ........................................................................................................ 50

Tabela 6. Escopos e resultados do Plano Nacional de Controle de Resíduos em

Produtos de Origem Animal, do Brasil, nos de 2001 a 2014, considerando o analito

ractopamina em matrizes de suínos .............................................................................. 52

Tabela 7. Tabela de contingência 2 x 2 utilizada para cálculo das taxas de falsos

resultados, de seletividade, de sensibilidade e de confiabilidade .................................. 69

Tabela 8. Mapa de adição de solução padrão de ractopamina e de solvente de

extração para preparação das amostras nos diferentes níveis de concentração .......... 79

Tabela 9. Médias de recuperação e desvios padrão relativos, sob condições de

repetibilidade e precisão intermediária, obtidos na determinação de ractopamina em

músculo de suíno pelo kit 5061RACT ........................................................................... 87

Tabela 10. Taxas de falso-negativos, falso-positivos, de sensibilidade, de

seletividade e de confiabilidade obtidas na detecção de ractopamina em músculo de

suíno pelo kit 5061RACT............................................................................................... 90

Tabela 11. Acordância e concordância estimadas na detecção de ractopamina em

músculo de suíno pelo kit 5061RACT ........................................................................... 91

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Tabela 12. Taxas de falso-positivos, de falso-negativos e de confiabilidade obtidas

para amostras brancas e adicionadas de ractopamina, em nível com 100 % de

confiabilidade, na presença de clembuterol .................................................................. 94

Tabela 13. Taxas de confiabilidade estimadas nos diferentes tratamentos do

experimento de robustez para amostras adicionadas de ractopamina, em nível com

100 % de confiabilidade ................................................................................................ 94

Tabela 14. Resultados do estudo de ocorrência da ractopamina nos três cortes de

carne suína avaliados ................................................................................................... 95

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LISTA DE SIGLAS E ABREVIAÇÕES

AC Adenilatociclase

ACO Acordância

AOAC Association of Official Analytical Chemists

BRO-UPAA Laboratório de Bromatologia - Unidade de Pesquisa Análise de Alimentos

cAMP Monofosfato de Adenosina Cíclico

CCα Limite de Decisão

CCß Capacidade de Detecção

CGCRE Coordenação Geral de Acreditação

CIPLA Ensaio de Ligação por Proximidade Imunomagnética Competitiva

COMT Catecolaminas O-metil Transferases

CON Concordância

CPAA Coordenação de Produtos para Alimentação Animal

CPV Coordenação de Fiscalização de Produtos Veterinários

DDA Departamento de Defesa Animal

DIPOA Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal

ECL Imunossenssores de Eletroquimioluminescência

ELISA Ensaio de Imunoadsorção Enzimática

FAFAR Faculdade de Farmácia

FAO Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura

FDA Food and Drug Administration

FSIS Food Safety and Inspection Service

IDA Ingestão Diária Aceitável

IDR Ingestão Diária Recomendada

HCA Análise de Cluster Hierárquica

HPLC Cromatografia a Líquido de Alta Eficiência

INMETRO Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia

JECFA Comitê Científico Internacional de Especialistas em Aditivos Alimentares

LANAGRO Laboratório Nacional Agropecuário

LD Limite de Detecção

LMR Limite Máximo de Resíduo

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LQ Limite de Quantificação

MAPA Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

MRC Material de Referência Certificado

NOEL Limite de Dose Sem Efeito Observado

NRP National Residue Program

PCA Análise de Componente Principal

PCR Reação em Cadeia da Polimerase

PNCRC/Animal Plano Nacional de Controle de Resíduos em Produtos de Origem Animal

RCT Ractopamina

RPC Região de Perda de Confiabilidade

RSDr Desvio Padrão Relativo de Repetibilidade

RSDR Desvio Padrão Relativo de Reprodutibilidade

SINDAN Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para a Saúde Animal

SPR Ressonância Plasmônica de Superfície

TCF Taxa de Confiabilidade

TFN Taxa de Falsos Negativos

TFP Taxa de Falsos Positivos

TR-FIA Fluoroimunoensaio por Tempo Resolvido

TSB Taxa de Sensibilidade

TST Taxa de Seletividade

UPLC-MS/MS Cromatografia a Líquido de Ultra Eficiência Acoplada a Espectrometria de Massas

USDA United States Department of Agriculture

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SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS ....................................................................................................... 9 LISTA DE TABELAS ..................................................................................................... 11 1. INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 17 2. OBJETIVOS .............................................................................................................. 20 2.1 OBJETIVO GERAL .......................................................................................... 20

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ............................................................................ 20 3. REVISÃO DA LITERATURA ..................................................................................... 21 3.1 CARNE SUÍNA ................................................................................................. 21

3.1.1 ASPECTOS ECONÔMICOS ............................................................................ 21 3.1.2 ASPECTOS NUTRICIONAIS ........................................................................... 27 3.1.3 A CADEIA PRODUTIVA DA CARNE SUÍNA NO BRASIL ............................... 31 3.2 RESÍDUOS DE MEDICAMENTOS VETERINÁRIOS EM ALIMENTOS ........... 34

3.2.1 AGONISTAS BETA-ADRENÉRGICOS ............................................................ 38 3.2.2 REGULAMENTAÇÃO EM CARNE SUÍNA ...................................................... 46 3.2.3 PROGRAMAS DE MONITORAMENTO ........................................................... 48 3.3 MÉTODOS DE ANÁLISE ................................................................................. 53

3.3.1 PRINCIPAIS TÉCNICAS .................................................................................. 53 3.3.2 VALIDAÇÃO ..................................................................................................... 58

3.3.3 PARÂMETROS DE DESEMPENHO DA VALIDAÇÃO INTRALABORATORIAL PARA MÉTODOS QUANTITATIVOS ..................................... 60

3.3.4 PARÂMETROS DE DESEMPENHO DA VALIDAÇÃO INTRALABORATORIAL PARA MÉTODOS QUALITATIVOS ....................................... 69

4. MATERIAL E MÉTODOS .......................................................................................... 71 4.1 AMOSTRAS ..................................................................................................... 71 4.1.1 VALIDAÇÃO ..................................................................................................... 71

4.1.2 ESTUDO DE OCORRÊNCIA ........................................................................... 71 4.2 EQUIPAMENTOS ............................................................................................ 72

4.3 MATERIAIS ...................................................................................................... 73

4.4 REAGENTES, PADRÕES E OUTROS ............................................................ 74 4.5 SOLUÇÕES ..................................................................................................... 74 4.5.1 SOLUÇÕES FORNECIDAS PELO KIT ............................................................ 74

4.5.2 SOLUÇÕES PADRÃO DE RCT ....................................................................... 75

4.5.3 SOLUÇÕES PADRÃO DE CLEM .................................................................... 76 4.6 PROCEDIMENTO ANALÍTICO ........................................................................ 76 4.7 VALIDAÇÃO ..................................................................................................... 78

4.7.1 DELINEAMENTO EXPERIMENTAL ................................................................ 78 4.7.2 ANÁLISE DE DADOS ...................................................................................... 81

4.8 ESTUDO DE OCORRÊNCIA ........................................................................... 84 4.8.1 DELINEAMENTO EXPERIMENTAL ................................................................ 84 4.8.2 ANÁLISE DE DADOS ...................................................................................... 85

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................................ 86 5.1 VALIDAÇÃO ..................................................................................................... 86

5.1.1 ABORDAGEM QUANTITATIVA ....................................................................... 86

5.1.2 ABORDAGEM QUALITATIVA .......................................................................... 89 5.2 ESTUDO DE OCORRÊNCIA ........................................................................... 95 6. CONCLUSÕES ....................................................................................................... 100 7. PUBLICAÇÕES ....................................................................................................... 101

8. REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 102

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1. INTRODUÇÃO

A carne suína é a mais produzida e consumida no mundo, tendo China,

Estados Unidos, Alemanha, Espana e Brasil como os cinco maiores produtores

mundiais. O Brasil ocupa também a posição de quarto maior exportador de carne

suína no mundo (Faostat, 2015). No entanto, oito dos dez maiores importadores de

carne suína do mundo não figuram dentre os maiores importadores da carne

brasileira, demonstrando potencial para números ainda maiores na exportação

nacional.

O Brasil se destaca, ainda, no mercado mundial de produtos destinados à

saúde animal, com um faturamento anual crescente, que atingiu 4,42 bilhões de

reais no ano de 2014, incluindo produtos biológicos, antiparasitários,

antimicrobianos, terapêuticos, suplementos e outros (Sindan, 2015).

A ractopamina (RCT) é um agonista ß-adrenérgico e tem seu uso permitido

como promotor de crescimento, em 27 países, incluindo o Brasil e os Estados

Unidos. No entanto, seu uso é proibido em países como a China e a Rússia e na

União Europeia independente do propósito. Nessa última, o único ß-agonista com

uso permitido é o clembuterol (CLEM), desde que para fins terapêuticos e sob estrito

acompanhamento veterinário (Efsa, 2013).

A RCT foi o primeiro componente de sua classe a ter o uso aprovado pelo

Food and Drug Administration (FDA) como promotor de crescimento. A aprovação

pelo FDA para uso em suínos aconteceu em 2000, sob o nome comercial de

Paylean® (Elanco Animal Health, Greenfield, IN). Em 2003, foi aprovada para uso

em gado em terminação, sob o nome comercial de Optaflexx® (Elanco Animal

Health). No Brasil, cinco marcas de RCT têm seu uso autorizado como aditivo

alimentar para animais pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

(MAPA) (Freire et al., 2009; Brasil, 2014a; 2015a).

O ganho econômico com o uso de RCT faz com que o produto seja atrativo

para suinocultores e, talvez, criadores de outras espécies para as quais a RCT não

tem o uso aprovado (Shelver, Smith e Berry, 2000).

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Existem diversos casos bem documentados em que o uso ilegal de ß-

adrenérgicos resultou na intoxicação alimentar de humanos. Sem exceção, todos

esses incidentes foram causados pela toxicidade de um ß-agonista, o CLEM, mas

toda a classe de compostos é tratada com grande cautela pelas autoridades

regulatórias. Os sintomas ligados a essas intoxicações incluem tremores

musculares, taquicardia, nervosismo, cefaleia e mialgia durando até 40 horas

(Martínez-Navarro, 1990; Pulce et al., 1991; Salleras et al., 1995; Elliott et al., 1998).

Além de todos esses efeitos, há ainda a preocupação com a dessensibilização dos

receptores ß-adrenérgicos (Jecfa, 2004), o que é particularmente importante quando

se tratam de indivíduos asmáticos e, especialmente, em casos de crianças e idosos.

Dessa forma, mesmo nos países onde o uso da RCT é permitido existem

limites regulamentados. O limite recomendado pelo Codex Alimentarius para RCT

em músculo de suíno é de 10 µg/kg. O Brasil adota esse mesmo limite para tomada

de ação regulatória. Com a finalidade de monitoramento para exportação, o limite

estabelecido é de 0,1 µg/kg, determinado no Subprograma de Monitoramento em

Carnes (Bovina, Aves, Suína e Equina) Leite, Pescado, Mel e Ovos (Codex

Alimentarius, 2010; Brasil, 2014b).

Para propósitos regulatórios, tanto ensaios de triagem como confirmatórios

são usados visando à detecção de resíduos de substâncias permitidas e não

permitidas. Imunoensaios são ferramentas de triagem convenientes para a detecção

de analitos em diversas matrizes e têm vasta aplicação para determinação de

presença de toxinas ambientais, herbicidas, inseticidas, pesticidas e fármacos

(Shelver, Smith e Berry, 2000).

Imunoensaios são métodos recomendados para triagem por serem rápidos,

confiáveis e relativamente baratos (Shelver, Smith e Berry, 2000). Embora na

literatura existam estudos empregando ensaio de imunoadsorção enzimática (ELISA,

em inglês) para determinação sensível e seletiva de RCT em músculo suíno (Elliott

et al., 1998; Shelver, Smith e Berry, 2000; Shelver e Smith, 2002; Liu et al., 2014), os

processos reportados para validação destes ensaios são incompletos considerando

os parâmetros de desempenho avaliados (Thompson, Ellison e Wood, 2002; Souza,

2007; Gondim et al., 2014).

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19

Independentemente da técnica utilizada, todo o trabalho para manutenção de

uma estrutura de monitoramento da qualidade de alimentos, visando à segurança

alimentar, tem como base o grau de confiabilidade dos métodos analíticos utilizados.

Assim, os laboratórios e indústrias que realizam análises de resíduos de

medicamentos veterinários devem dispor de métodos devidamente validados e

monitorados (Gondim, 2012).

Neste contexto, o presente trabalho foi fundamentado na importância tanto da

validação de kits comerciais de ELISA para triagem de resíduos de RCT em músculo

de suíno, quanto da realização de estudos de ocorrência de resíduos deste agonista

ß-adrenérgico, mesmo que abaixo do limite para tomada de ação regulatória.

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20

2. OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL

Realizar a validação intralaboratorial de um kit de ELISA comercial para

triagem, de resíduos de RCT em músculo de suíno, empregando abordagens

quantitativa e qualitativa, e aplicar o kit validado em um estudo de ocorrência de

resíduos deste medicamento veterinário em diferentes cortes de carne suína

comercializados no estado de Minas Gerais, Brasil.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Validar um kit de ELISA comercial para determinação de resíduos de RCT em

músculo de suínos, empregando abordagem quantitativa na validação, com

avaliação dos parâmetros: seletividade, recuperação, precisão (sob condições de

repetibilidade e precisão intermediária), limite de detecção (LD), limite de

quantificação (LQ) e incerteza de medição.

Validar um kit de ELISA comercial para detecção de resíduos de RCT em

músculo de suínos, empregando abordagem qualitativa na validação, com

avaliação dos parâmetros: taxa de falso positivo (TFP), taxa de falso negativo

(TFN), taxa de sensibilidade (TSB), taxa de seletividade (TST), taxa de

confiabilidade (TCF), LD, região de perda de confiabilidade (RPC), acordância

(ACO), concordância (CON), seletividade complementar e robustez.

Aplicar o kit comercial validado em um estudo da ocorrência de resíduos de RCT

em diferentes cortes de carne suína comercializada no estado de Minas Gerais,

Brasil.

Avaliar a relação de fatores como tipo de corte, fornecedor e sazonalidade com a

detecção da RCT.

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21

3. REVISÃO DA LITERATURA

3.1 CARNE SUÍNA

3.1.1 ASPECTOS ECONÔMICOS

A carne suína é a mais produzida e consumida no mundo, correspondendo

em 2013 a 36 % do total de carne, ou seja, dos 310 milhões de toneladas em

equivalente carcaça. Este panorama é sustentado pela China, que é responsável

pelo consumo de mais de 50 % da produção mundial de carne suína (Faostat,

2015).

A produção mundial de carne suína no ano de 2013 foi de 113 milhões de

toneladas em equivalente carcaça, sendo China, Estados Unidos, Alemanha,

Espanha e Brasil os cinco maiores produtores no cenário mundial. Em termos de

comparação, a segunda carne mais produzida no mundo, nesse mesmo ano, foi a

carne de frango, representando uma produção mundial de 96,1 milhões de

toneladas, seguida da carne bovina, com uma produção mundial de 64 milhões de

toneladas (Faostat, 2015).

Nesse mesmo ano, a produção brasileira alcançou os 3,3 milhões de

toneladas (Faostat, 2015). Em 2012, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Paraná,

Minas Gerais e Mato Grosso compreenderam os estados maiores produtores com

790, 608, 525, 468 e 207 mil toneladas, respectivamente (Abipecs, 2014b). Tais

estados estão, naturalmente, entre aqueles com maior efetivo de suínos em

cabeças, como relacionado na Tabela 1.

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Tabela 1. Efetivo de suínos em cabeças e participações relativa e acumulada no

efetivo total, segundo as Unidades da Federação do Brasil, em 2014

Unidades da Federação Efetivo de suínos

em cabeças

Participações no efetivo total (%)

Relativa Acumulada

Paraná 6 394 330 16,9 16,9 Santa Catarina 6 178 702 16,3 33,1

Rio Grande do Sul 6 108 876 16,1 49,3 Minas Gerais 5 217 920 13,8 63,0

Goiás 2 016 940 5,3 68,3 Mato Grosso 1 840 910 4,9 73,2 São Paulo 1 404 470 3,7 76,9

Bahia 1 286 880 3,4 80,3 Maranhão 1 223 787 3,2 83,5

Mato Grosso do Sul 1 217 651 3,2 86,7 Ceará 1 188 106 3,1 89,8 Piauí 837 765 2,2 92,1 Pará 559 417 1,5 93,5

Pernambuco 514 500 1,4 94,9 Espírito Santo 307 124 0,8 95,7

Tocantins 273 703 0,7 96,4 Rio Grande do Norte 217 783 0,6 97,0

Rondônia 203 551 0,5 97,5 Distrito Federal 163 985 0,4 98,0

Alagoas 149 647 0,4 98,4 Paraíba 148 335 0,4 98,7

Acre 128 875 0,3 99,1 Rio de Janeiro 103 480 0,3 99,4

Sergipe 100 012 0,3 99,6 Amazonas 71 008 0,2 99,8

Amapá 43 594 0,1 99,9 Roraima 28 006 0,1 100,0

Brasil 37 929 357 100,0 - Fonte: adaptado de IBGE (2014).

Como demonstrado na Figura 1, o excedente exportado da produção

brasileira teve como principais destinos Ucrânia, Rússia, Hong Kong, Angola,

Cingapura, Argentina, Uruguai, Georgia, Haiti e Venezuela (Abipecs, 2014a), sendo

os três primeiros países detentores de mais de 73,5 % da importação da carne

brasileira.

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23

Figura 1. Países maiores importadores da carne suína brasileira, em mil toneladas,

em 2012.

Fonte: ABIPECS (2014a).

Os dados mais recentes de importação de carne suína indicam que, em 2013,

os países que mais importaram carne suína no mundo foram o Japão seguido de

Rússia, China, Coreia do Sul, Estados Unidos, França, Itália, México, Austrália e

Reino Unido (Faostat, 2015). O total de carne suína importada por esses dez países

em 2013 ultrapassou 3 milhões de toneladas (Figura 2). O fato de somente a Rússia

figurar dentre os importadores da carne suína brasileira sinaliza um potencial de

significativo aumento nas exportações da produção nacional pela abertura de novos

mercados. Alguns desses países, como exemplo a própria Rússia, proíbem o uso de

RCT e por isso os animais destinados a estes mercados devem ser tratados de

maneira segregada ao longo da cadeia produtiva.

138.666

127.070

124.701

45.534

28.171

23.386

20.639

9.907

6.606 6.55350.244

UCRÂNIA

RÚSSIA

HONG KONG

ANGOLA

CINGAPURA

ARGENTINA

URUGUAI

GEORGIA

HAITI

VENEZUELA

OUTROS

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Figura 2. Países maiores importadores de carne suína, em 2013, em toneladas.

Fonte: FAOSTAT (2015).

Os dados mais recentes de exportação de carne suína indicaram que, em

2013, os países que mais exportaram carne suína no mundo foram os Estados

Unidos seguidos de Alemanha, Canadá, Brasil, Espanha, Dinamarca, Holanda,

Polônia, França e Bélgica (Faostat, 2015). O total de carne suína exportada por

esses dez países em 2013 ultrapassou as 4,2 milhões de toneladas (Figura 3).

Figura 3. Países maiores exportadores de carne suína, em 2013, em toneladas.

Fonte: FAOSTAT (2015).

0

200

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No Brasil, o consumo de carne suína apresentou tendência de crescimento

entre 2005 e 2011, permanecendo estável desde então, chegando a

aproximadamente 14,6 kg/habitante, no ano de 2014 (Figura 4) (Abpa, 2016).

Figura 4. Consumo anual per capita de carne suína em uma década no Brasil, de

2005 a 2014.

Fonte: ABPA (2016).

O consumo total de carne suína no Brasil, em 2009, foi o sexto maior do

mundo, representando 2,4 milhões de toneladas. China, União Europeia, Estados

Unidos e Rússia tiveram consumo maior que o Brasileiro (Figura 5) (Aps, 2016).

11

11,5

12

12,5

13

13,5

14

14,5

15

15,5

2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014

Co

ns

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g)

Ano

Consumo (kg/hab)

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Figura 5. Países maiores consumidores de carne suína, em 2009, em toneladas.

Fonte: APS (2016).

Segundo projeções da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento

Econômico da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura

(OECD/FAO, em inglês) (2015), o consumo mundial de carne deve crescer,

anualmente, em uma média de 1,4 % até 2024, resultando em mais 51 milhões de

toneladas. O consumo de carnes de aves deve ter o maior crescimento, numa taxa

de 2 % ao ano, enquanto o consumo de carne suína deve crescer menos que 1 %

ao ano, sendo ultrapassado pelo mercado de carnes de aves.

A produção brasileira de carne deve continuar seu rápido crescimento na

próxima década. A depreciação do Real frente ao Dólar, a diminuição do preço da

ração, o melhoramento genético dos animais, assim como de sua saúde e nutrição,

devem sustentar essa expansão. A produção de carne suína no Brasil deve chegar a

4,3 milhões de toneladas em 2024 (Figura 6). Até esse ano, o consumo per capita

anual deve crescer 2 kg (Oecd/Fao, 2015).

0

10000

20000

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50000

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Figura 6. Projeção de consumo, produção e exportação de carne suína no Brasil até

2024.

Fonte: OECD/FAO (2015).

3.1.2 ASPECTOS NUTRICIONAIS

A carne suína magra fornece alta concentração de nutrientes em relação ao

seu valor energético. Uma porção de 100 g de lombo suíno aparado contribui

somente com 6 % das calorias numa dieta de 2000 kcal, sendo fonte de mais de

20 % da ingestão diária recomendada (IDR) de tiamina, vitamina B6, fósforo e

niacina, e fonte de entre 10 % e 20 % da IDR de riboflavina, potássio e zinco

(Abipecs, 2015).

A digestão de diferentes ácidos graxos tem influência marcante no

metabolismo lipídico, sendo muito importante na composição de lipoproteínas e na

produção de eicosanoides (Sant'ana, 2012). O equilíbrio entre ácidos graxos

insaturados e saturados constitui uma importante característica nutricional da carne

suína. Com um teor de ácidos graxos saturados inferior a 40 % e de ácidos

insaturados superior a 60 %, ela pode ser comparada à carne do frango. O perfil de

ácidos graxos da carne suína atende, assim, às recomendações nutricionais

relativas à diminuição de lipídios na alimentação, por meio da redução do aporte de

ácidos graxos saturados em favor dos ácidos graxos mono e poli-insaturados

(Abipecs, 2015).

0

1

2

3

4

520

00

20

01

20

02

20

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20

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20

23

20

24C

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0)

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Consumo Produção

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A qualidade nutricional das proteínas pode ser avaliada por diferentes

procedimentos de acordo com sua capacidade de fornecer aminoácidos essenciais,

ou seja, além de presentes na estrutura polipeptídica, esses aminoácidos devem

estar biodisponíveis para o organismo. Alguns fatores podem influenciar nessa

biodisponibilidade como conformação estrutural, presença de compostos

antinutricionais, efeito das condições de processamento e complexação com outros

nutrientes. Os alimentos de origem animal possuem proteínas consideradas

completas, ou seja, são de boa qualidade e suficientes para serem consideradas

fontes de aminoácidos essenciais para o organismo humano (Tirapegui, Castro e

Rossi, 2012). As proteínas da carne suína possuem um excelente valor biológico,

pois elas têm um aporte de aminoácidos essenciais em proporções favoráveis para

permitir as sínteses proteicas do organismo (Abipecs, 2015).

Do ponto de vista vitamínico, a carne suína se distingue essencialmente por

sua riqueza em vitaminas do complexo B e, particularmente, pela vitamina B1

(tiamina), que exerce um papel essencial na assimilação dos glicídios, transmissão

de influxos nervosos e funcionamento do sistema neuromuscular (Abipecs, 2015).

A composição nutricional média da carne suína encontra-se descrita na

Tabela 2.

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Tabela 2. Composição nutricional média da carne suína fresca e crua (continua)

Componente Teor por 100 g

Umidade (g) 49,83

Energia (kcal) 376

Energia (kJ) 1573

Proteína (g) 13,91

Lipídeos totais (g) 35,07

Cinzas (g) 0,72

Carboidratos por diferença (g) 0,00

Minerais

Cálcio (mg) 19

Ferro (mg) 0,69

Magnésio (mg) 13

Fósforo (mg) 155

Potássio (mg) 253

Sódio (mg) 42

Zinco (mg) 1,59

Cobre (mg) 0,055

Manganês (mg) 0,011

Selênio (μg) 28,4

Vitaminas

Vitamina C em ácido ascórbico total (mg)

0,4

Tiamina (B1) (mg) 0,595

Riboflavina (B2) (mg) 0,207

Niacina (B3) (mg) 3,846

Ácido pantotênico (B5) (mg) 0,526

Piridoxina (B6) (mg) 0,284

Folato total (μg) 4

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Tabela 2. Composição nutricional média da carne suína fresca e crua (conclusão)

Cianocobalamina (B12) (µg) 0,61

Retinol (A) (µg) 2

Vitamina E (alfa tocoferol) (mg) 0,29

Lipídeos

Ácidos graxos saturados (g) 12,440

Ácidos graxos monoinsaturados (g) 15,930

Ácidos graxos poliinsaturados (g) 3,800

Colesterol (mg) 74

Aminoácidos

Triptofano (g) 0,160

Treonina (g) 0,610

Isoleucina (g) 0,616

Lisina (g) 1,230

Metionina (g) 0,347

Cistina (g) 0,169

Fenilalanina (g) 0,547

Tirosina (g) 0,454

Valina (g) 0,454

Arginina (g) 0,911

Histidina (g) 0,509

Alanina (g) 0,832

Ácido Aspártico (g) 1,249

Ácido glutâmico (g) 2,062

Glicina (g) 0,868

Prolina (g) 0,672

Serina (g) 0,574 Fonte: USDA (2014).

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3.1.3 A CADEIA PRODUTIVA DA CARNE SUÍNA NO BRASIL

A cadeia produtiva de suínos do Brasil reúne mais de 50 mil produtores que

atuam em todos os tamanhos de granjas e nos vários sistemas de produção. Apesar

desse número, a produção de suínos em grandes unidades produtivas tem

aumentado significativamente. A estruturação da atividade em torno das

agroindústrias de abate e processamento de carne, sistema conhecido como

integração contratual ou de integração, permitiu o crescimento e a organização da

suinocultura brasileira. Nos principais sistemas, o suinocultor recebe animais,

insumos, assistência técnica e logística da agroindústria integradora e, por sua vez,

responde pelas instalações, mão de obra, água e energia elétrica, além da gestão

ambiental (Abcs, 2011).

Esse sistema responde por, aproximadamente, 65 % da produção brasileira.

O restante da produção é representado pelo mercado imediato, em que não há um

contrato de exclusividade com determinada agroindústria. Nele, o produtor é

responsável por organizar todos os elos da produção, desde o abastecimento de

matérias primas até a venda dos animais, sendo predominante em Minas Gerais,

São Paulo e no Nordeste (Abcs, 2011).

O MAPA, por meio da Coordenação de Fiscalização de Produtos Veterinários

(CPV) fiscaliza a fabricação, o comércio e o uso de produtos veterinários,

estabelecendo normas, regras e instruções que orientam produtores (grandes e

pequenos), veterinários e consumidores. Por meio desses instrumentos, é possível

incentivar o uso correto e consciente de produtos de uso veterinário legalizados e

também denúncias de comercialização de produtos irregulares. Já o registro de

aditivos para alimentação animal é coordenado pelo MAPA, por meio da Divisão de

Fiscalização de Aditivos, da Coordenação de Produtos para Alimentação Animal

(CPAA). Os aditivos nutricionais são registrados pela Superintendência do MAPA no

estado de jurisdição da empresa e o registro dos demais aditivos é realizado pela

Divisão de Fiscalização de Aditivos (Brasil, 2013a).

Os seguintes sistemas de manejo são aplicados à suinocultura: i) manejo

aplicado à reprodução; ii) manejo aplicado à maternidade; iii) manejo aplicado à

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creche; iv) manejo aplicado à recria e terminação; e v) manejo pré-abate dos suínos

(Abcs, 2011).

O manejo aplicado à reprodução leva em consideração, principalmente, as

condições das fêmeas (marrãs), como peso, idade, número de cios, vacinação para

doenças reprodutivas e alimentação (Abcs, 2011). O macho (cachaço) deve ser

mantido próximo às fêmeas, mas em áreas separadas, sendo a fêmea levada ao

cachaço no momento da cobrição e retirada logo após (Ferreira, Albanez e Mendes,

2012).

O manejo aplicado à maternidade abrange a fêmea depois de prenhe, em

relação a alojamento e alimentação pré-parto, cuidados e intervenções na indução e

assistência ao parto; a fêmea depois do parto, em relação à alimentação e profilaxia

de doenças relacionadas à maternidade; e os cuidados com os recém-nascidos

imediatamente no pós-parto e na primeira semana de vida, incluindo limpeza, corte

do cordão umbilical, corte de cauda, desgaste dos dentes e castração dos machos.

A alimentação é feita com o colostro nas primeiras seis horas e os leitões passam a

se alimentar de fubá de milho ou ração com dez dias de idade (Abcs, 2011; Ferreira,

Albanez e Mendes, 2012).

O manejo aplicado à creche se refere aos leitões de uma semana até 57 a 63

dias em relação à desmama e introdução de alimentação sólida, considerando os

diversos tipos de ração e as condições ambientais para essa fase (Abcs, 2011;

Ferreira, Albanez e Mendes, 2012).

O manejo aplicado à recria e terminação corresponde ao período entre a

saída da creche e o abate. A recria compreende a saída da creche até a metade do

peso de abate (50 kg a 60 kg de peso vivo) e a terminação vai deste peso até o peso

final de abate (100 kg a 120 kg de peso vivo). Na fase de terminação, a conversão

alimentar é um dos pontos mais importantes a serem monitorados, já que o custo de

alimentação pode chegar de 70 % a 80 % dos custos dessa fase. Além da

alimentação, nessa fase devem-se observar condições ambientais, fornecimento de

água e condições sanitárias (Abcs, 2011). Além disso, medicamentos profiláticos,

como vermífugos, são aplicados nessa etapa (Ferreira, Albanez e Mendes, 2012).

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33

Por fim, o manejo pré-abate é crítico devido à forte interação homem-animal.

Nessa etapa, devem-se tomar cuidados no pré-embarque como organização dos

animais, tomada de providências legais, submissão dos animais ao jejum, dentre

outras. No embarque, há cuidados com iluminação e posicionamento do camião, de

rampas de embarque e tábuas de manejo. Finalmente, o transporte representa uma

situação nova para os suínos podendo provocar medo e várias condições de

estresse, devendo ser feito por cautela e por motorista treinado (Abcs, 2011).

No mercado brasileiro, a forma de comercialização mais comum entre

frigoríficos e o varejo é conhecida como meia carcaça. O animal é abatido,

escaldado e depilado, retiram-se as vísceras e o pênis (no caso dos machos),

separa-se a carcaça em duas, retirando-se a medula espinhal, normalmente

deixando o rabo na meia-carcaça à direita. Outra forma cada vez mais comum de

comercialização do suíno entre a indústria e o varejo é a divisão da carcaça em seus

grandes cortes: i) dianteiro, correspondente a paleta e sobrepaleta; ii) parte central

do corpo do animal, incluindo carré e barriga com costela; e iii) pernil traseiro (Abcs,

2010).

Porém, o que interessa ao consumidor final são os cortes gastronômicos

usados para compor os pratos domésticos, destacados na Figura 7. Os principais

cortes dos suínos são nomeados de acordo com sua similaridade com a carcaça

bovina, incluindo: i) pernil traseiro, que inclui o coxão-mole (chã de dentro), o coxão

duro (chã de fora) e a alcatra; ii) o filé mignon (lombinho), porção entre a parte

central e o pernil traseiro; iii) a paleta, principal corte do pernil dianteiro; iv) a copa-

lombo, também conhecida como sobrepaleta, por sua localização, é anterior ao

lombo; v) o lombo, corte muito conhecido e já consagrado entre os consumidores

localizado acima da coluna vertebral; vi) a fraldinha, localizada junto à barriga

(pancetta); vii) a costela; viii) a suã, porção de carne junto à coluna vertebral; ix) o

ossobuco, porção próxima de cada joelho, e os joelhos, em si; e x) os pertences,

pés, focinho, orelha, papada, rabo e máscara (Abcs, 2010).

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34

Figura 7. Principais cortes da carcaça suína.

Fonte: adaptado de ABCS (2010).

3.2 RESÍDUOS DE MEDICAMENTOS VETERINÁRIOS EM

ALIMENTOS

Segundo dados do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para a Saúde

Animal (SINDAN), o continente americano detém 46 % do mercado mundial de

produtos destinados à saúde animal. Nesse contexto, o Brasil figura com um

faturamento anual crescente, que culminou em 4,42 bilhões de reais no ano de 2014

(Figura 8). Desse montante, 27 % pertencem à classe de produtos biológicos, 22 %

de antiparasitários, 17 % de antimicrobianos, 11 % de terapêuticos, 13 % de

suplementos e 10 % de outros produtos, nos quais estão incluídos os promotores de

crescimento (Figura 9). Destaca-se, ainda, que 12,6 % do montante comercializado

de produtos para a saúde animal foram destinados a suínos (Figura 10) (Sindan,

2015).

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35

Figura 8. Faturamento da Indústria de Produtos para a Saúde Animal, no Brasil,

entre 2008 e 2014.

Fonte: SINDAN (2015).

Figura 9. Percentual do faturamento de produtos para saúde animal, em 2014, por

classe de produto.

Fonte: SINDAN (2015).

2

2,5

3

3,5

4

4,5

5

2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014

Fa

tura

me

nto

(B

ilh

õe

s d

e R

ea

is)

Ano

27%

22%

17%

11%

13%

10%

Biológicos Antiparasitários Antimicrobianos

Terapêuticos Suplementos Outros

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36

Figura 10. Grupos de animais aos quais foram destinados os produtos para saúde

animal comercializados no Brasil, em 2014.

Fonte: SINDAN (2015).

O uso de medicamentos veterinários é de fundamental importância para a

sanidade e manejo animal e, consequentemente, na produção de alimentos de

origem animal. Medicamentos veterinários são empregados com propósitos

terapêuticos, profiláticos e como promotores de crescimento. Contudo, a

administração destes medicamentos, independente do propósito, pode acarretar a

presença de resíduos nos alimentos de origem animal, principalmente quando não

respeitadas as boas práticas. Considerando-se que um fármaco seja usado de

acordo com sua autorização de uso e que seus períodos de carência sejam

respeitados, os resíduos deixados por ele não devem ser nocivos e não devem

chegar aos alimentos em concentrações prejudiciais à saúde (Kennedy, Cannavan e

Mccracken, 2000).

Entretanto, outras vias devem ser consideradas com relação à presença de

resíduos de medicamentos em alimentos de origem animal. Durante a produção de

ração, os medicamentos podem ser carreados de preparações com fármacos para

preparações sem fármacos. É comum que bateladas que deveriam não conter

fármacos se contaminem com baixas concentrações do fármaco usado no preparo

53%

14%

14%

12%

7% 0%

Ruminantes Aves Cães e gatos Suínos Equinos Outros

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37

da ração medicamentosa. Esse efeito pode ser diminuído utilizando-se formulações

do medicamento na forma granular em vez de pó. A contaminação cruzada pode

ocorrer ainda em outras etapas como em caminhões de entrega que levem ração

medicamentosa e não medicamentosa e nos sistemas de alimentação das fazendas,

quando os cochos não são adequadamente limpos entre o uso desses dois tipos de

ração. A alimentação dos animais com essa ração contaminada, independentemente

de finalidade como terapêutico ou como promotor de crescimento, pode levar a

concentrações de resíduos acima do máximo permitido pela legislação (Kennedy,

Cannavan e Mccracken, 2000).

Outra rota provável para a ocorrência de resíduos de medicamentos em

alimentos é a transferência do fármaco de animal para animal por meio da ingestão

de fezes ou urina de animais tratados. A exposição, mesmo que breve, de animais

não tratados a excrementos de animais medicados em um manejo mal feito, no

transporte ou mesmo já no matadouro pode levar a resíduos acima dos limites

permitidos. Ainda como possibilidade de transmissão de animal para animal, pode-

se considerar, por exemplo, que resíduos sejam levados ao pelo de um animal por

contaminação por urina de outro, tratado com o fármaco, sendo detectado como

positivo. Há ainda a possibilidade de contaminação vinda do meio ambiente:

fármacos usados que são mal absorvidos podem ser excretados. Como é comum

que se usem as fezes animais na forma de fertilizantes, pode-se levar o fármaco à

fonte de alimento de animais que não deveriam recebê-lo (Kennedy, Cannavan e

Mccracken, 2000).

Medidas adotadas pelo produtor, distribuidor ou fabricante para mascarar o

uso de determinados fármacos podem incluir: uso de doses individuais muito baixas

pela combinação de diferentes produtos do mesmo grupo (por exemplo, diversos

andrógenos ou estrógenos em um coquetel); uso de doses muito baixas de

componentes de diferentes grupos, tendo efeitos adicionais ou sinérgicos (por

exemplo, corticosteroides e ß-agonistas em um coquetel); uso de produtos de difícil

análise devido à extensa metabolização (por exemplo, stanozolol); aplicação de

análogos sintéticos de promotores de crescimento conhecidos; e uso de produtos

não monitorados (Courtheyn et al., 2002). Shelver e Desutter (2015) demonstraram

que vegetais usados na alimentação animal podem se contaminar com RCT por

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38

meio do solo, sem efeito observado nas plantas, mas podendo chegar aos animais

em quantidades possivelmente detectáveis, dependendo da espécie vegetal.

3.2.1 AGONISTAS BETA-ADRENÉRGICOS

O desenvolvimento de agonistas ß2 é baseado em substituições na estrutura

de catecolaminas da norepinefrina e epinefrina. O anel catecol consiste em grupos

hidroxila nas posições 3 e 4 do anel de benzeno (Brunton, Chabner e Knollmann,

2010). Outros padrões de hidroxilação foram desenvolvidos para manter a atividade

no receptor ß e ainda serem muito resistentes à desativação pelas catecolaminas o-

metil transferases (COMT). Os resorcinóis, as saligeninas e os fenóis simples são ß-

agonistas que não são substratos para a COMT (Smith, 1998). Essas substâncias

fazem parte do grande grupo farmacológico das fenetanolaminas (Ferreira, 2009).

Para que um ß-agonista tenha atividade biológica, ele deve ter um anel

aromático de seis membros substituído, um grupo hidroxila ligado ao carbono ß na

conformação R, um nitrogênio carregado positivamente na cadeia lateral de

etilamina e um substituinte no nitrogênio alifático para conferir especificidade para o

receptor ß (Smith, 1998).

As fenetanolaminas compartilham características estruturais em comum, mas

nem todas elas são ß-agonistas: algumas são ß-agonistas, outras ativam receptores

α e outras são específicas para subclasses de receptores α ou ß. Mesmo dentro da

sub-família de ß-agonistas as características químicas e farmacocinéticas podem

diferir significativamente (Smith, 1998). No entanto, os efeitos das fenetanolaminas

são o aumento do ganho de peso, melhoramento da eficiência na alimentação, uma

carne mais magra e maior rendimento na produção animal (Moody, Hancock e

Anderson, 2000).

Uma resposta fisiológica é produzida quando um agonista ß-adrenérgico se

liga a um receptor ß-adrenérgico, como demonstrado na Figura 11, a ativação de

receptores ß-adrenérgicos ativa a proteína Gs e, consecutivamente, a

adenilatociclase, que converte adenosina trifosfato em monofosfato de adenosina

cíclico (AMP cíclico ou cAMP), um sinalizador intracelular. O cAMP se liga à

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subunidade regulatória da proteína quinase A (PKA) para liberar uma subunidade

catalítica. A regulação das enzimas intracelulares é feita pela PKA por meio de

fosforilação. Dessa forma, a ativação de receptores ß-adrenérgicos e a rota de

sinalização do cAMP levam à ativação de enzimas lipolíticas e inativação de

enzimas lipogênicas envolvidas na síntese de novo de ácidos graxos e triglicerídeos

(Mersmann, 1998). Uma grande concentração glicêmica no sangue é esperada

devido ao aumento da glicogenólise (Stoffel e Meyer, 1993). O aumento da atividade

da capastatina e a inibição das calpaínas levam à diminuição da degradação

proteica (Vedovatto et al., 2014).

Figura 11. Mecanismo de transdução de sinal de receptores ß-adrenérgicos. O

receptor ß-adrenérgico é ativado por um agonista e interage com a proteína Gs. A

proteína Gs estimula a adenilatociclase (AC) para converter adenosina trifosfato

(ATP) a adenosina monofosfato cíclico (cAMP), que age como um sinalizador

intracelular. Níveis aumentados de cAMP ativam a proteína quinase A (PKA) para

fosforilar várias enzimas e fatores regulatórios importantes na regulação metabólica.

Fonte: adaptado de Anderson, Moody e Hancock (2010).

Vários fatores, incluindo dieta, dosagem e duração do tratamento, idade e

peso do animal e sua genética podem influenciar positiva ou negativamente nos

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40

efeitos desejados com o uso das fenetanolaminas (Moody, Hancock e Anderson,

2000).

Outros mecanismos que podem contribuir para o aumento no ganho muscular

incluem o aumento no fluxo sanguíneo para o músculo esquelético (podendo

melhorar o processo de hipertrofia em virtude do maior aporte de nutrientes para

síntese de proteínas) e para o tecido adiposo, podendo melhorar a degradação dos

lipídeos. Além disso, há diminuição no nível plasmático da insulina e,

consequentemente, de seus efeitos (lipogênese, redução de lipólise e aumento de

glicogênio) (Vedovatto et al., 2014).

3.2.1.1 Histórico

A epinefrina foi utilizada pela primeira vez como boncodilatador no início do

século XX, enquanto a efedrina foi introduzida na medicina ocidental em 1924. O

grande progresso seguinte foi o desenvolvimento do isoproterenol, agonista seletivo

dos receptores ß, proporcionando um agente para a asma desprovido de atividade

nos receptores α (Brunton, Chabner e Knollmann, 2010).

ß-agonistas fenetanolamínicos têm um histórico de uso off-label (quando um

medicamento é utilizado para obtenção de efeitos além daqueles descritos na sua

indicação) por criadores de animais que esperam melhorar aspectos econômicos da

produção. Além disso, eles têm sido usados em grande extensão por fisiculturistas e

por criadores de animais de exposição no intuito de modificarem suas características

fenotípicas (Shelver e Smith, 2000; Shelver, Smith e Berry, 2000). O ß-agonista de

maior abuso é o CLEM (Shelver, Smith e Berry, 2000).

Doses de CLEM utilizadas como agente de reparticionamento são cinco a dez

vezes maiores que para uso terapêutico, assim como a duração do uso é mais

prolongada. No entanto, há indícios de que até doses mais baixas, inclusive na

janela terapêutica, têm influência no crescimento e na qualidade da carcaça de

bezerros e de gado (Kuiper et al., 1998).

No início dos anos 2000, o uso da RCT foi aprovado por órgãos regulatórios

de diversos países, como os Estados Unidos, Brasil, Venezuela, Colômbia,

Guatemala, República Dominicana e Filipinas (Shelver e Smith, 2002).

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A RCT foi o primeiro componente de sua classe a ter o uso aprovado pelo

FDA como promotor de crescimento. Foi aprovada pelo FDA para uso em suínos em

2000, sob o nome comercial de Paylean® (Elanco Animal Health, Greenfield, IN).

Em 2003 foi aprovada para uso em gado em terminação, sob o nome comercial de

Optaflexx® (Elanco Animal Health). No Brasil, as marcas Paylean®, Ractosuin (Ouro

Fino Saúde Animal Ltda), Ractop (HertapeCalier S Animal SA), Transuin

(Laboratórios Duprat Ltda) e Ractomax (VansilInd Com e ReprLtda) têm seu uso

como aditivos alimentares para animais autorizado pelo MAPA (Freire et al., 2009;

Brasil, 2015a).

3.2.1.2 Ractopamina

A RCT, cloridrato de 4-hidroxi-α-[[[3-(4-hidroxifenil)-1-

metilpropil]amino]metil]benzenemetanol pela União Internacional de Química Pura e

Aplicada (IUPAC, em inglês), é uma fenetanolamina agonista ß-adrenérgica que

contém dois estereocentros sendo comercializada como uma mistura dos quatro

estereoisômeros, apresentando-se na forma de diasteroisômeros: RS, SR e RR, SS

(Figura 12). O isômero RR é um cardiotônico potente em humanos e o responsável

pelo efeito de reparticionamento em ratos (Freire et al., 2009), sendo, também, o

mais eficaz em suínos (Mills, 2002).

Figura 12. Fórmula estrutural da ractopamina.

Fonte: adaptado de Zhang et al. (2009).

Estudos indicaram que a RCT tem propriedades agonistas significativas em

receptores ß2, mas apresenta atividade submáxima em receptores ß1, e não

apresenta interações significativas com receptores α (Colbert, Williams e Williams,

1991), ou seja, em termos de atividade fisiológica, a RCT é um agonista pleno do

receptor ß2, agonista parcial ß1 e não tem atividade agonista em receptor α (Smith,

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42

1998). Já em outros estudos a RCT se mostrou seletiva para os receptores ß1 em

contraste a outras fenetanolaminas que são seletivas para os receptores ß2 (Moody,

Hancock e Anderson, 2000). Essa contradição deve-se às diferentes atividades dos

diferentes isômeros da RCT. O isômero RR demonstra uma afinidade equivalente

tanto por receptores ß1 como por receptores ß2. Já os outros três isômeros têm

maior afinidade em receptores ß2 (Mills, 2002).

Ho et al. (2014), supondo que o risco em potencial de se ingerir carne

contendo RCT esteja associado com a biodisponibilidade e os resíduos em tecido,

estudaram a farmacocinética, biodisponibilidade oral e distribuição em órgãos de

ratos. Esse estudo demonstrou que a RCT tem uma farmacocinética não linear,

levando à suposição de que ela pode se acumular devido à saturação dos órgãos e

da eliminação renal. A biodisponibilidade oral foi de 2,99 %, sendo essa medida

realizada em plasma. A distribuição nos órgãos foi medida pela acumulação do

fármaco após administração intravenosa, sendo que a concentração foi decrescente

na seguinte ordem: rins, pulmões, baço, coração, fígado, músculo, plasma e cérebro,

supondo-se que a menor concentração no cérebro seja devida à barreira

hematoencefálica e a maior nos rins devida à eliminação, primariamente, renal,

graças à via de administração.

Em suínos, a eliminação de RCT ocorre de forma muito rápida, resultando

apenas em traços de resíduos nos tecidos. Após a suspensão da alimentação com

cloridrato de RCT, os resíduos sofreram depleção rapidamente em fígado, rins,

músculo, gordura, sangue e bile. Em urina, fígado e rins encontram-se os mesmos

quatro metabólitos da RCT: três monoglicuronídeos e um diglicuronídeo. Esses

mesmos metabólitos são encontrados em proporções semelhantes nos fígados e

rins de suínos, cães e ratos (Dalidowicz, Thomson e Babbitt, 1992).

Embora a metabolização da RCT seja rápida e ocorra depleção após

suspensão da dieta, no manejo de suínos, não há tempo de carência, ou seja, os

animais são alimentados com ração contendo RCT até a suspensão da alimentação

para o abate, de forma que os níveis nos tecidos ainda são detectáveis (Qiang et al.,

2007; Dong et al., 2011). Os metabólitos da RCT são detectados em urina, rins e

fígado. Shelver, Smith e Berry (2000) encontraram 1 % de reação cruzada para o

glicuronídeo A, 3,1 % para o B e 384 % para o C.

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43

Os efeitos da RCT na qualidade da carne suína estão associados à síntese

miofibrilar aumentada no ganho de carcaça e de massa magra. A RCT dietética

representa uma estratégia para maximizar os efeitos positivos da imunocastração

enquanto controla seus efeitos negativos, como o aumento de tecido adiposo. Desta

forma, a combinação de imunocastração e uso da RCT tem o potencial de aumentar

a qualidade da carne suína (Costa-Lima et al., 2014).

A diminuição de tecido adiposo na carcaça resulta em parte dos efeitos

diretos da RCT na conversão da glicose em triglicerídeos. A RCT media a resposta

celular por meio de receptores ß-adrenérgicos, ativando a adenilato-ciclase e a

proteína-quinase, afetando a atividade lipogênica por esses dois mecanismos (Wu,

Liu e Peng, 2014).

Os produtos oriundos de animais tratados com agonistas ß-adrenérgicos têm

colesterol e calorias reduzidas. A área necessária para plantar ingredientes de ração

para produção de carne é menor (Anderson, Moody e Hancock, 2010) e a retenção

de nitrogênio em tecido animal é maior, levando a menor excreção desse elemento

(Decamp et al., 2001).

3.2.1.3 Toxicidade

O CLEM foi inicialmente desenvolvido com meia-vida longa para tratamento

de doenças, principalmente, do trato respiratório. Essa condição é completamente

oposta ao desejável para uso em suplementação de ração, então, os ß-agonistas

mais recentes foram desenvolvidos com diferenças estruturais que resultam em

meia-vida mais curta e menor potência por via oral (Anderson, Moody e Hancock,

2010).

Apesar dos efeitos benéficos provados no desempenho do ganho de peso do

animal, existem diversos casos bem documentados em que o uso ilegal desses

compostos resultou na intoxicação alimentar de humanos (Martínez-Navarro, 1990;

Pulce et al., 1991; Salleras et al., 1995; Elliott et al., 1998). Tais relatos envolveram o

CLEM, embora toda a classe de compostos ß-agonistas seja vista com restrições

por órgãos regulamentadores, sendo muito improvável que algum dia seja aceita

como promotor de crescimento em países com tradição de regulamentação de

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44

alimentos pelo princípio da precaução, como os integrantes da União Europeia

(Elliott et al., 1998).

A aplicação em larga escala de agentes farmacologicamente potentes como

promotores de crescimento tem sido discutida na literatura, pois seu uso incorreto

pode levar a efeitos adversos imediatos em humanos (Kuiper et al., 1998). Produtos

cárneos, obtidos de animais alimentados com ß-agonistas podem representar um

risco à saúde do consumidor, com sintomas que incluem tremores musculares,

vômito, nervosismo e palpitações (He, Zhang e Yang, 2008).

Para se avaliar cada nova substância, exames e estudos toxicológicos são

conduzidos como parte de procedimentos complexos e desgastantes, determinando-

se toxicidades aguda e crônica. São feitos cálculos que incorporam consumo médio

daquela substância, levando a resultados na forma de ingestão aceitável que,

adicionada de uma margem de segurança, representará o limite máximo de resíduo

(LMR) daquela substância de forma que cada alimento não coloque a saúde do

consumidor em risco (Gowik, 2009).

O Comitê Científico Internacional de Especialistas em Aditivos Alimentares

(JECFA, em inglês), administrado pela FAO e pela Organização das Nações Unidas

(ONU) é responsável por avaliar os riscos e a segurança de aditivos alimentares,

cuidados no processamento, resíduos de medicamentos veterinários e agrotóxicos,

contaminantes e toxinas naturais. Além disso, esse comitê trabalha com avaliação

das exposição a diferentes substâncias e desenvolvimento e normalização de

métodos (Jecfa, 2016). Uma série de estudos de toxicidade aguda da RCT

administrada via oral em camundongos, ratos, cães e macacos foi avaliada pelo

comitê a fim de se reunirem parâmetros relacionados a esse fármaco (Jecfa, 2004).

Os resultados desses estudos se encontram sumarizados na Tabela 3.

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45

Tabela 3. Estudos de toxicidade aguda com ractopamina

Espécie Duração Via de

administração

Dose (mg/kg por

dia)

NOEL (mg/kg por

dia)

Camundongo (B6C3F1), 10 de cada sexo por grupo

3 meses Oral 0; 25; 125 ou

1250 Não identificada

Rato (Fisher 344), 20 de cada sexo por grupo

90 dias Oral

Machos: 0; 1,3; 13 ou 153

Machos: 1,3

Fêmeas: 0; 1,4; 14 ou 157

Fêmeas: 1,4

Macaco rhesus, dois de cada sexo por grupo

6 semanas Oral 0; 0,25; 0,5 ou 4 Não estabelecida

Macaco rhesus, três de cada sexo por grupo

90 dias Oral 0 ou 0,125 0,125

Macaco rhesus, dois de cada sexo por grupo

18 dias Inalatória

0; 0,38; 1,69 ou 23,8 de cloridrato

de ractopamina/m³

Não identificada

NOEL, em inglês: Limite de Dose Sem Efeito Observado. Fonte: (Jecfa, 2004).

Estudos de longo prazo em camundongos indicaram alterações discretas em

parâmetros hematológicos e clínicos além de leiomiomas e lesões não neoplásicas

de tecido mole no trato genital das fêmeas, dose dependentes. Nos estudos de

longo prazo com ratos, efeitos não significativos semelhantes àqueles encontrados

nos estudos com camundongos foram detectados além de cardiomiopatia, hipertrofia

de glândula salivária submandibular e hiperplasia de tecido mole uterino, sem

evidência significativa de tumores relacionados ao tratamento com a RCT. Nos

estudos com macacos, não houve efeitos toxicológicos, oftalmológicos ou

fisiológicos significativos. A avaliação da cinética de ligação da RCT aos receptores

ß levam à suspeita de que a exposição crônica aos resíduos deste fármaco em

tecidos comestíveis podem levar à dessensibilização desses receptores, diminuindo

a resposta à terapias com agonistas ß-adrenérgicos. Efeitos genotóxicos não foram

identificados (Jecfa, 2004).

Em um estudo para determinar a resposta farmacológica em humanos, a

farmacocinética da RCT foi determinada em seis voluntários adultos saudáveis do

sexo masculino por meio de 40 mg de cloridrato de RCT via oral. Por meio de

cromatografia a líquido de alta eficiência (HPLC, em inglês) com detecção

eletroquímica, a meia vida média determinada foi de 3,94 horas, não sendo

detectada após 24 horas, exceto em concentrações muito baixas em um voluntário.

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46

Apenas 2 % do que foi excretado não foi metabolizado. Os metabólitos na urina

foram conjugados monoglicuronídeos e monossulfatos, sendo este último aquele em

maior quantidade. Os resultados indicaram que a RCT é extensiva e rapidamente

metabolizada com uma biodisponibilidade oral de no mínimo 45,7 %, havendo

significante metabolismo de primeira passagem. Esses dados sugerem que a

distribuição, o metabolismo e a excreção deste fármaco são condizentes com a

farmacocinética e biotransformação observados em animais para outras

fenetanolaminas ß-adrenérgicas fenólicas, catecólicas e resorcinólicas (Jecfa, 2004).

Devido às respostas cardíacas agudas em estudos com humanos (mudanças

na sístole eletroquímica, no tempo de ejeção do ventrículo esquerdo e na velocidade

de encurtamento da fibra circunferencial) e utilizando um fator de segurança de 50,

sendo dez devido a variações individuais e cinco devido à necessidade de proteção

de indivíduos sensíveis foi estabelecido uma ingestão diária aceitável (IDA) de

1 µg/kg de massa corpórea baseada num limite de dose sem efeito observado

(NOEL, em inglês) de 67 µg/kg (Jecfa, 2004).

Contudo, o Painel dos Aditivos e Produtos ou Substâncias da Autoridade

Europeia para a Segurança dos Alimentos (EFSA, em inglês) emitiu, no entanto,

uma opinião científica considerando que o uso de um fator de segurança alto, como

o de 50, não deve compensar as incertezas associadas ao estudo que estabeleceu

o NOEL. Dessa forma, entende-se que não se pode estabelecer uma IDA e,

consequentemente, não foi recomendado o estabelecimento de um LMR na União

Europeia (Efsa, 2009).

3.2.2 REGULAMENTAÇÃO EM CARNE SUÍNA

Tanto a União Europeia como o Codex Alimentarius publicam normas, guias e

códigos de conduta que regulam a qualidade e as condições higiênicas dos

alimentos, estabelecendo limites para contaminação microbiológica, para

contaminantes e resíduos e para organismos geneticamente modificados (Gowik,

2009).

Na Tabela 4 são apresentados os limites máximos tolerados para RCT em

alguns países representativos no consumo mundial de carne suína. O Brasil, como

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47

pode ser visto na tabela, adota os limites recomendados pelo Codex Alimentarius

(Codex Alimentarius, 2012).

Tabela 4. Limites Máximos de Resíduos (LMR) para ractopamina no Brasil e em

outros países

País/Órgão Matriz LMR (µg/kg) Fonte

Brasil

Bovino - Músculo

10 para ação regulatória 0,1 para monitoramento

Brasil (2014b)

Suíno - Músculo

10 para ação regulatória 0,1 para monitoramento

Codex Alimentarius

Bovino - Músculo 10

Codex Alimentarius (2012)

Bovino - Fígado 40

Bovino - Rim 90

Bovino - Tecido adiposo 10

Suíno - Músculo 10

Suíno - Fígado 40

Suíno - Rim 90

Suíno - Tecido adiposo e pele 10

Estados Unidos

Bovino - Músculo 30

FDA (2014)

Bovino - Fígado 90

Peru - Músculo 10

Peru - Fígado 45

Suíno - Músculo 50

Suíno - Fígado 150

Vietnã

Bovino - Músculo 30

USDA (2008) Bovino - Fígado 90

Suíno - Músculo 50

Suíno - Fígado 150

Na União Europeia, a comercialização de carne contendo resíduo de RCT é

proibida (Ec, 1996b) assim como na União Euroasiática, sendo estabelecido o nível

de 0,1 µg/kg como o valor máximo permitido para limites de detecção dos métodos,

então, se um laboratório detectar RCT, mesmo abaixo desse nível, ele deve reportar

a amostra como positiva (Niño et al., 2015).

Os diferentes limites regulamentados nos diversos países levam, muitas

vezes à situações de impasses comerciais entre importadores e exportadores.

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48

Países que autorizam o uso da RCT acreditam que há evidência científica de que

resíduos de RCT presentes nos alimentos são seguros, dentro dos LMR. Eles

afirmam que a avaliação do JECFA (2004) aliada ao uso em mais de 25 países sem

efeitos danosos são suficientes para que haja um consenso internacional sobre a

aceitação dos limites estabelecidos pelo Codex Alimentarius (2012), sob um risco de

enfraquecimento das opiniões científicas baseadas em normas internacionais. Por

outro lado, a União Europeia e a China, na posição de maiores importadoras de

carne suína, afirmam que os estudos que existem atualmente são insuficientes para

suspenderem a proibição do uso da RCT, principalmente considerando-se hábitos

de ingestão e populações sensíveis não considerados até então (Alemanno e

Capodieci, 2012).

Em fevereiro de 2013, a Rússia proibiu a importação de carne contendo RCT,

não permitindo a entrada, naquele país, de carne suína ou bovina sem a

confirmação de o produto ser livre do fármaco (Siegner, 2013). Em março do mesmo

ano, a China passou a exigir análise de terceira parte para produtos suínos

americanos (Huffstutter e Baertlein, 2013).

Em outubro de 2013, a Rússia, o Cazaquistão e a Belarus proibiram a

importação de carne suína de dez empresas brasileiras (Efe, 2013). No entanto,

esse embargo não perdurou, sendo em que agosto de 2014 o governo russo

anunciou a proibição da importação de frutas, vegetais, carnes, peixes e laticínios

dos Estados Unidos, União Europeia, Austrália, Canadá e Noruega. Nessa mesma

ocasião, declarou que compensaria essa proibição com a importação de carne do

Brasil e de queijo da Nova Zelândia (Paulo, 2014).

Nas primeiras três semanas de setembro de 2014, a Rússia comprou 11,4 mil

toneladas de carne suína brasileira, 40 % das 24 mil toneladas exportadas pelo

Brasil (Rocha e Mendes, 2014).

3.2.3 PROGRAMAS DE MONITORAMENTO

Na União Europeia, cada Estado-Membro é obrigado a monitorar animais e

seus produtos para detecção de resíduos legais ou ilegais de medicamentos de uso

veterinário, assim como agrotóxicos e contaminantes ambientais, e a apresentar um

Plano Nacional de Monitoramento de Resíduos que leve em consideração a situação

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de cada um. Aspectos que devem estar incluídos nesses Planos são a descrição de

organizações e laboratórios envolvidos na implementação e execução do Plano,

substâncias que serão medidas, métodos analíticos, níveis de ação, espécies de

animais e quantidade amostral (relacionada ao número de animais abatidos no ano

anterior). Em março de 1996, no âmbito da União Europeia, a proibição de uso de

hormônios como promotores de crescimento foi estendida aos ß-agonistas e, a partir

de então, controles e sanções relacionados a seu uso ilegal têm se tornado mais

severos (Kuiper et al., 1998).

Nos Estados Unidos, o Programa Nacional de Resíduos (NRP, em inglês)

para Carnes, Aves e Derivados de Ovos é administrado pelo Departamento de

Agricultura dos Estados Unidos (USDA, em inglês), sendo que o Serviço de

Inspeção e Segurança alimentar (FSIS, em inglês) tem um programa determinado a

identificar, classificar e analisar contaminantes químicos em carnes, aves e

derivados de ovos. O FSIS publica os Planos de Amostragens de Resíduos, do

NRP, também chamados de Blue Book e os Resultados de Resíduos em Amostras,

conhecidos como Red Book (Eua, 2000).

O FSIS tem publicados, em sua página da web, os escopos e resultados do

NRP desde 2000 (Eua, 2000; 2001; 2002; 2003; 2004; 2005; 2007; 2008; 2009;

2011; 2012 ; 2013; 2014; 2015a; b; c). Os dados relativos à ocorrência de RCT em

suínos nesses relatórios estão resumidos na Tabela 5.

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Tabela 5. Escopos e resultados do Programa Nacional de Resíduos (NRP) dos

Estados Unidos, nos anos de 2000 a 2015, considerando o analito ractopamina em

matrizes de suínos

Ano Matriz Amostras analisadas

Amostras não conformes

Fonte

2000 -1 305 0 EUA (2000)

2001 -1 294 0 EUA (2001)

2002 -1 285 0 EUA (2002)

2003 Fígado 189 0 EUA (2003)

2004 -1 61 0 EUA (2004)

2005

Fígado 73 0

EUA (2005)

Músculo 1 0

2006 -1 12 0 EUA (2007)

2007 Fígado 270 15 (2,51 e 5 µg/kg) EUA (2008)

2008 -1 310 51 EUA (2008)

2009 -1 92 0 EUA (2011)

2010 -1 142 0 EUA (2012 )

2011 -1 298 11 EUA (2013)

2012 -1 333 11 EUA (2014)

2013 -1 23 31 EUA (2015a)

2014 -1 14 31 EUA (2015c)

Legenda: 1 não declarado (matriz ou resultados das amostras positivas); 2 animais de exposição. Limite detecção não reportado.

Para o ano de 2015, o plano de amostragem do NRP previu a análise de RCT

como um dos resíduos a serem pesquisados (Eua, 2015b).

No Brasil, o Plano Nacional de Controle de Resíduos em Produtos de Origem

Animal (PNCR/Animal), foi instituído pela Portaria Ministerial nº 51, de 06 de maio de

1986 e adequado pela Portaria Ministerial nº 527, de 15 de agosto de 1995. A

execução de suas atividades está a cargo do Secretário de Defesa Agropecuária

(SDA), cabendo ao Coordenador Geral gerenciar o cumprimento das metas

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estabelecidas na operacionalização do Plano, o qual comporta ainda uma Comissão

Técnica com Representantes do Departamento de Defesa Animal (DDA) e do

Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal (DIPOA) e um Comitê

Consultivo, constituído por representantes de órgãos Governamentais e Privados,

reconhecidamente envolvidos no contexto do PNCRC. O Plano desenvolve suas

atividades visando: i) conhecer o potencial de exposição da população aos resíduos

nocivos à saúde do consumidor, parâmetro orientador para a adoção de políticas

nacionais de saúde animal e fiscalização sanitária; e ii) impedir o abate para

consumo de animais oriundos de criatórios onde se tenha constatado violação dos

LMR e sobretudo, o uso de drogas veterinárias proibidas no território nacional

(Brasil, 1999).

O MAPA tem publicados, em sua página da web, os escopos do

PNCRC/Animal desde 2001 e os resultados desse programa desde 2003 (Brasil,

2001; 2002; 2003; 2004a; b; 2005a; b; 2006a; b; 2007a; b; 2008b; a; 2009b; a;

2010a; b; 2011b; a; 2012a; b; 2013c; b; 2014b; c; 2015b; c). Os dados relativos à

ocorrência de RCT em suínos, no Brasil, encontram-se sumarizados na Tabela 6.

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Tabela 6. Escopos e resultados do Plano Nacional de Controle de Resíduos em

Produtos de Origem Animal, do Brasil, nos de 2001 a 2014, considerando o analito

ractopamina em matrizes de suínos

Ano Matriz Amostras analisadas

Limite considerado

(µg/kg)

Amostras não

conformes Fonte

2002 a 2007 -1 -1 -1 -1

Brasil (Brasil, 2001; 2002;

2003; 2004a; b; 2005a; b; 2006a; b; 2007a; b; 2008a)

2008 Carne 66 10 0 Brasil (Brasil,

2008b; 2009b)

2009 Carne 62 10 0 Brasil (Brasil,

2009a; 2010a)

2010

Músculo 75 20 0

Brasil (Brasil, 2010b; 2011a) Urina 60 1 0

2011 Urina 116 -2 0 Brasil (Brasil,

2011b; 2012a)

2012 Urina 50 13 0 Brasil (Brasil,

2012b; 2013c)

2013

Urina 74 13 1 (1,47 µg/kg) Brasil (Brasil,

2013b; 2014c) Músculo 67 10 0

2014

Músculo 64 10 0

Brasil (Brasil, 2014b; 2015c) Urina 8 13 0

Legenda: 1 de 2002 a 2007 a RCT não foi incluída no escopo; 2 limite não estabelecido para o ano; 3 limite utilizado para validação do método, não sendo considerado para ação regulatória.

Para o ano de 2015, o escopo do PNCRC/Animal prevê a análise de 100

amostras de músculo suíno para ação regulatória e de 300 amostras para o

subprograma exploratório. Os limites que devem ser considerados para essas

análises são de 10 µg/kg e 0,1 µg/kg, respectivamente, conforme discriminado na

Tabela 4.

A escolha da matriz depende do objetivo do monitoramento, assim, em alguns

países são analisadas vísceras (fígado, rins, etc.) e em outros são analisados

somente músculo e urina, esta última útil no monitoramento do animal vivo. O

músculo é um tecido particularmente vantajoso para fiscalização porque é o tecido

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mais consumido e pode ser usado para análise tanto em amostras importadas como

domésticas (Kinsella et al., 2009).

Com exceção dos resultados reportados pelo MAPA não foram encontrados

estudos na literatura que tratassem do monitoramento de resíduos de RCT na carne

suína disponível no mercado nacional (Zhang et al., 2009; Consumer Reports

Magazine, 2016).

3.3 MÉTODOS DE ANÁLISE

3.3.1 PRINCIPAIS TÉCNICAS

Mesmo com o avanço nas técnicas de separação e detecção, o preparo de

amostra é uma etapa crítica do processo analítico e um preparo efetivo é essencial

para que se consigam resultados confiáveis e que se mantenham bom desempenho

dos equipamentos (Kinsella et al., 2009).

Previamente à detecção de ß-agonistas, um pré-tratamento e concentração

são necessários e inevitáveis devido à complexidade das matrizes das amostras e à

baixa concentração dos analitos nas mesmas. Vários métodos de extração de ß-

agonistas foram propostos como a extração líquido-líquido, extração em fase sólida,

polímeros molecularmente impressos, extração por dispersão da matriz em fase

sólida, micro-extração em fase líquida, micro-extração em fase sólida e micro-

extração em fase líquida com fibra oca. No entanto, problemas comuns a tais etapas

incluem volume e toxicidade dos solventes, complexidade e baixa capacidade de

extração (Huang, Chen e Yuan, 2013).

Para propósitos regulatórios, tanto ensaios de triagem como confirmatórios

são usados na detecção de resíduos de substâncias regulamentadas e ilegais.

Vários métodos analíticos já foram descritos para determinação de resíduo de RCT e

seus metabólitos em tecido e fluidos animais (He, Zhang e Yang, 2008). Esses

métodos incluem cromatografia a líquido com detecção eletroquímica (Turberg,

Rodewald e Coleman, 1996), cromatografia a gás acoplada a espectrometria de

massas (Bocca et al., 2003) , imunoensaios com anticorpos policlonais e

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monoclonais (Haasnoot et al., 1994; Elliott et al., 1998; Shelver e Smith, 2000;

Shelver, Smith e Berry, 2000; Shelver e Smith, 2002; 2003), imunossensores com

ressonância plasmônica de superfície e cromatografia a líquido acoplada a

espectrometria de massas (Churchwell et al., 2002; Shishani et al., 2003; Dickson et

al., 2005; Lafontaine et al., 2012). Neste contexto, os imunoensaios são ferramentas

de triagem convenientes para a detecção de analitos em diversas matrizes e têm

vasta aplicação para determinação de presença de fármacos (Shelver, Smith e

Berry, 2000), devido à sua rapidez, facilidade de uso, baixo custo, portabilidade em

campo e confiabilidade (Shelver e Smith, 2002). Para erradicar o abuso no emprego

de fármacos no manejo animal, tais métodos de detecção podem, ainda, ser

empregados em fazendas e abatedouros como ferramenta de triagem nas etapas

iniciais da cadeia produtiva (Kuiper et al., 1998).

Além dos imunoensaios clássicos, ELISA e imunoensaio de fluxo lateral,

métodos mais sensíveis baseados em anticorpos também têm sido usados para

detectar RCT, como fluoroimunoensaio por tempo resolvido (TR-FIA, em inglês),

imunossensor de eletroquimioluminescência (ECL, em inglês) e ensaio de ligação

por proximidade imunomagnética competitiva (CIPLA, em inglês) (Liu et al., 2014).

O TR-FIA emprega quelatos de lantanídeos como marcadores fluorescentes

fornecendo grande tempo de fluorescência e grande emissão quântica. Nesse

método, um sinal específico é detectado depois que sinais de ruído são extintos

(Shen et al., 2007).

O ECL se baseia em eletrodos de carbono acoplados a eletrodos de Ag/AgCl.

Os eletrodos de carbono são utilizados de forma que metade deles recebe

conjugados e a outra metade recebe somente os anticorpos de forma a funcionarem

como controles. Ao se aplicarem as amostras, mede-se o sinal elétrico proporcional

à concentração do analito (Li et al., 2013).

O CIPLA depende do reconhecimento simultâneo e próximo de partes de

sondas de proximidade. Essas sondas são conjugados de anticorpos de DNA ou

aptâmeros de nucleotídeos. Junto a um oligonucleotídeo receptor, uma molécula de

DNA se hibridiza numa estrutura que leva a DNA ligase a ligá-la covalentemente às

duas sondas mais próximas. Essas massas de moléculas podem, então, ser

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replicadas por reação em cadeia da polimerase (PCR, em inglês) enquanto os

ligantes não específicos e sondas que não reagiram não são replicados (Cheng et

al., 2012).

A análise por biossensor óptico usando ressonância plasmônica de superfície

(SPR, em inglês) tem sido usada para resíduos. A SPR causa a redução da

quantidade de luz refletida em um determinado ângulo de uma interface condutora

de índice de refração diferente. A ligação de uma molécula ao chip da superfície

muda o ângulo de reflexão da luz do chip e isso muda a refletância detectada e

medida. Quando a amostra é introduzida no sistema que contém o analito livre, ela

compete pelo anticorpo com o analito ligado covalentemente ao sensor, mudando o

ângulo de reflexão. A mudança no sinal é inversamente proporcional à concentração

do analito na amostra. Essa técnica tem a vantagem de envolver menor efeito de

matriz na resposta do detector, representando um fator importante na análise de

alimentos e de outras matrizes biológicas complexas (Shelver e Smith, 2003).

Imunossensores eletroquímicos também têm ganhado crescente atenção, já

que eles combinam alta especificidade dos imunoensaios tradicionais com baixos

limites de detecção e baixo custo dos sistemas de medida eletroquímicos (Shen e

He, 2007).

Os métodos que empregam ELISA, no entanto, ainda são amplamente

utilizados, havendo pesquisas recentes no intuito de melhorar o seu desempenho,

por exemplo, para RCT (Wang et al., 2015). Os imunoensaios enzimáticos permitem

determinação direta da interação antígeno-anticorpo pela medida da atividade

enzimática sobre um substrato, podendo ser classificados em homogêneos e

heterogêneos. Nos ensaios homogêneos, a atividade enzimática é alterada como

parte da interação imunológica, não havendo necessidade de separação dos

reagentes marcados livres daqueles ligados, ou seja, não apresentam etapas de

rinsagem. Nos ensaios heterogêneos, ao contrário, a atividade enzimática não é

alterada, sendo necessário separar os reagentes marcados (conjugados) que se

ligam à fase sólida daqueles que ficam livres, ou seja, as etapas de lavagens que

retiram os componentes não ligados e uma fase sólida na qual vão sendo fixados os

componentes que participam da interação. As enzimas mais comumente utilizadas

são a peroxidase e a fosfatase alcalina e os substratos devem ser específicos para a

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ação enzimática, mas, frequentemente, utilizam-se dois ou mais componentes: um

substrato propriamente dito e outro que sofre ação do produto resultante da ação

enzimática sobre o substrato (cromógeno) resultando em formação de cor (Vaz,

2007).

O ELISA baseia-se na imobilização de um do antígeno ou do anticorpo em

fase sólida, utilizando-se um conjugado (antígeno ou imunoglobulina (Ig), a

depender do que foi imobilizado em fase sólida) ligado a uma enzima (a exemplo

daquelas citadas acima), mantendo-se as atividades enzimática e imunológica. O

substrato forma um produto colorido que pode ser monitorado visualmente ou,

principalmente, por meio de espectrofotometria. Essa técnica pode ser utilizada,

portanto, para detecção ou quantificação tanto de antígenos como de anticorpos.

Para pesquisa de antígenos, os ensaios podem ser classificados em: i) competitivo

com antígeno marcado; ii) competitivo com anticorpo marcado; ou iii) captura de

antígeno (sanduíche). Na pesquisa de anticorpos, classificam-se em: i) indireto; ii)

captura de Ig classe específica; ou iii) sanduíche. As versões não competitivas são

muito empregadas tanto na detecção de antígenos quanto de anticorpos, enquanto

as competitivas são mais usadas para detecção quantitativa de antígenos. O método

de competição com antígeno marcado utiliza reagentes em quantidades limitadas e

o anticorpo utilizado deve ligar com a mesma avidez ao antígeno da amostra e ao

antígeno marcado (conjugado). O resultado positivo resulta em mínima coloração,

pois a quantidade de conjugado que se ligou ao anticorpo da fase sólida é

inversamente proporcional à quantidade de antígeno na amostra (Figura 13). Os

ensaios competitivos geralmente apresentam maior seletividade e menor

sensibilidade que os métodos não competitivos (Vaz, 2007).

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Figura 13. Esquema representativo de um Ensaio de Imunoadsorção Enzimática

(ELISA) competitivo para pesquisa de antígeno.

Fonte: adaptado de Wicker, Turberg e Coleman (1995).

Análises confirmatórias devem ser realizadas para amostras que derem

resultado positivo em um método de triagem. A utilidade de kits de imunoensaios em

análises de triagem leva em consideração, pecando-se pelo lado conservador, que

resultados falso-positivos são mais aceitáveis que resultados falso-negativos

(Wicker, Turberg e Coleman, 1995). O mais importante para uma etapa de triagem é

um número aceitavelmente pequeno de resultados falso-negativos (Kuiper et al.,

1998), por exemplo, até 5 % (Ec, 2002).

Desta forma, o uso de imunoensaios como análise confirmatória é

questionável, ainda mais se utilizado sem ser validado e por pessoal não treinado e

sem experiência. Em alguns casos, os limites de detecção desses ensaios

encontram-se em níveis muito próximos aos limites de ação (Niño et al., 2015). No

caso de laboratórios com volume considerável de análises, em que se possa

compensar os custos fixos de um método de alta tecnologia, muitas vezes prefere-se

trabalhar com espectrometria de massas, por chegar a ter um custo menor que os

kits ELISA, que são importados e podem cobrir um menor número de analitos em

cada amostra. Isso deve ser levado em consideração na decisão de se utilizar

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apenas o método confirmatório ou um método confirmatório aliado à realização de

uma triagem prévia (De Brabander et al., 2011; Niño et al., 2015).

3.3.2 VALIDAÇÃO

Para que se mantenha a segurança alimentar, o trabalho do laboratório deve

se basear em um alto grau de confiança nos métodos analíticos utilizados. Os

resultados dessas medidas levam a decisões sobre a comercialização do alimento e

são de alta importância em termos de políticas de saúde, além do alto impacto em

termos econômicos: fabricantes podem ter que realizar recall de produtos no varejo;

produtores rurais podem sofrer processos ou sanções administrativas e terem que

mudar seus procedimentos produtivos em casos de amostras detectadas como não

conformes. Caso os resultados que levem a essas ações sejam provados como

incorretos, o fabricante ou produtor teria direto de ressarcimento de recursos

indevidamente gastos, gerando maior morosidade ao sistema produtivo. Dessa

forma, não se pode afirmar exatamente qual o valor correto da concentração de um

analito em um produto, portanto, a questão é: quanto o resultado das medidas

realizadas pode ser visto como válido (Gowik, 2009).

Com o objetivo de confirmar que os métodos são apropriados para o uso

pretendido, o laboratório deve validar: i) métodos não normalizados; métodos ii)

criados/desenvolvidos pelo próprio laboratório; iii) métodos normalizados usados fora

dos escopos para os quais foram concebidos; e iv) ampliações e modificações de

métodos normalizados (Abnt, 2005).

A determinação de resíduos de medicamentos em matrizes de origem

biológica é sempre muito complexa. Exemplos de dificuldades observadas nas

análises são: i) alguns fármacos são extensamente metabolizados e os metabólitos

podem ser ainda desconhecidos ou não ter padrões disponíveis; ii) a recuperação

para determinados analitos pode ser muito menor que para outros do mesmo grupo

(exemplo: dentre os ß-agonistas); iii) a sensibilidade para um analito pode ser muito

menor que para outro dentro do mesmo grupo; e iv) a detecção de administração

exógena de hormônios naturais ainda é problemática (Courtheyn et al., 2002).

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O tipo de método e seu uso determinam o desempenho analítico das suas

características a serem avaliadas (Companyó et al., 2009). O responsável pela

análise deve decidir o grau de desempenho necessário a um método a ser

executado e validado, na maioria das vezes se baseando em regulamentos ou

referências técnicas. O desenvolvimento de um método que satisfaça determinado

desempenho desejado pode ser inviável economicamente para o laboratório, sendo

que, nesse caso, deve-se decidir por flexibilizar os parâmetros exigidos ou repensar

se a análise se justifica (Magnusson e Örnemark, 2014).

A validação de métodos traz benefícios adicionais ao laboratório que a

realiza. Ela fornece um conhecimento detalhado do método e detalhes de sua

execução, incluindo o reconhecimento das etapas críticas do processo. A validação

dá ao laboratório e a seus colaboradores uma maior confiabilidade em relação aos

seus resultados (Magnusson e Örnemark, 2014).

Há duas abordagens principais para a validação de métodos: a comparação

interlaboratorial (também chamada de estudo colaborativo ou cooperativo) e a

intralaboratorial. Independentemente da abordagem, é o laboratório usuário do

método que é responsável por garantir que ele seja adequado ao propósito e, se

necessário, por realizar estudos adicionais a fim de suplementar os dados pré-

existentes de validação. Se um método está sendo desenvolvido para usos diversos

(por exemplo, para ser publicado como um método normalizado), pode ser preferível

realizar uma comparação interlaboratorial. Dessa forma, se um método é validado

por uma instituição normativa, como a ISO ou AOAC, o laboratório usuário só

precisará verificar o desempenho do método, reduzindo muito a carga de trabalho

(Magnusson e Örnemark, 2014).

No entanto, nem sempre é viável ou necessário realizar a validação

interlaboratorial, bastando realizar-se a intralaboratorial. Algumas razões para se

optar por essa alternativa são garantir a viabilidade do método antes da organização

de um estudo colaborativo de alto custo, fornecer evidências da confiabilidade do

método quando o estudo colaborativo não for praticável e garantir que métodos

“comerciais” (“off-the-shelf”) validados estão sendo usados de forma correta. De toda

forma, o custo total para a comunidade laboratorial ao se realizarem diversos

estudos intralaboratoriais pode ser maior do que a realização de uma validação

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interlaboratorial seguida de verificações por cada laboratório que for aplicar o

método (Thompson, Ellison e Wood, 2002).

A validação de métodos é um requisito importante na prática das análises

químicas. A maioria dos químicos analíticos têm consciência dessa importância,

mas, como o porquê, quando e como validar nem sempre estão claros para eles,

alguns analistas veem a validação de método como algo que só pode ser realizado

em ensaios colaborativos. Se a validação intralaboratorial será aceita ou não para

propósitos regulatórios, vai depender das diretrizes envolvendo a área relacionada

àquele ensaio (Magnusson e Örnemark, 2014). Portanto, é de extrema importância

que as condições em que a validação foi realizada, como intervalos de tempo,

calibração, operadores e equipamento, sejam registradas (Gowik, 2009).

Guias internacionais foram publicados pela IUPAC no sentido de orientar

estudos de validação por processos interlaboratoriais (Horwitz, 1995) e

intralaboratoriais (Thompson, Ellison e Wood, 2002), embora no caso de métodos

para análises de resíduos de medicamentos veterinários o documento da União

Europeia tem sido um documento de consenso (Ec, 2002).

Os parâmetros a serem validados variam de acordo com a natureza

quantitativa ou qualitativa do método. Métodos quantitativos são aqueles que

determinam a quantidade ou a concentração de uma substância de forma a poder

exprimi-la por meio de um valor numérico com as unidades apropriadas e métodos

qualitativos são aqueles que identificam uma substância com base nas suas

propriedades químicas, biológicas ou físicas (Ec, 2002).

Dessa forma, a seguir, são relacionados e definidos os principais parâmetros

de desempenho relacionados à validação de métodos quantitativos e qualitativos.

3.3.3 PARÂMETROS DE DESEMPENHO DA VALIDAÇÃO

INTRALABORATORIAL PARA MÉTODOS QUANTITATIVOS

3.3.3.1 Aplicabilidade

Após a validação, a documentação deve fornecer, além das especificações de

desempenho: i) a identidade do analito, incluindo a especiação (exemplo: arsênio

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total); ii) a faixa de concentração coberta pela validação; iii) a especificação da faixa

de matrizes do material testado coberta pela validação (exemplo: frutos do mar); iv)

um protocolo descrevendo equipamento, reagentes, procedimento (incluindo

variações permitidas, como (100 ± 5) °C), calibração e procedimentos da qualidade,

além de cuidados especiais com a segurança; e a aplicação para o método,

incluindo a incerteza dos componentes críticos (por exemplo: análise de alimentos

para triagem (Thompson, Ellison e Wood, 2002).

3.3.3.2 Linearidade

A linearidade pode ser testada, informalmente, pela avaliação do gráfico de

resíduos produzidos pela regressão linear das respostas do método em diferentes

concentrações. Um padrão curvo sugere falta de ajuste devido a uma função de

calibração não linear. Um teste de significância pode ser realizado para comparar as

variâncias da falta de ajuste com aquelas devidas a erro puro. O coeficiente de

correlação é utilizado de forma errônea como indicativo de bom ajuste, sendo que

seu uso com essa finalidade não é recomendado. Após avaliar o ajuste com a

regressão linear simples, os resíduos devem ser examinados para identificação de

padrões óbvios. A heteroscedasticidade é bem comum e um padrão que a sugira

significa que outro tipo de regressão deve ser levado em consideração (Thompson,

Ellison e Wood, 2002). O procedimento proposto por Souza e Junqueira (2005)

orienta a avaliação da linearidade por meio do método dos mínimos quadrados

ordinários levando em consideração as premissas de normalidade,

homoscedasticidade e independência dos resíduos.

3.3.3.3 Efeitos da matriz

Uma amostra consiste do analito a ser medido, da matriz e de outros

componentes que podem ter algum efeito na medição, mas que não se quer detectar

ou quantificar (Souza, 2007).

A forma mais simples e fácil de montar uma curva de calibração é usando-se

padrões externos de calibração obtidos de uma série de soluções padrão do analito

em solvente. Entretanto, quando efeitos de matriz geram variações no sinal analítico,

os resultados obtidos por meio de curvas usuais preparadas com solventes

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apresentarão tendência (Companyó et al., 2009). Desta forma, para que curvas

usuais sejam empregadas é necessário que os efeitos de matriz sejam

demonstrados como não significativos. Os estudos dos efeitos de matriz são

delineados com o preparo de curvas de calibração de solventes e curvas de analito

em matriz, preparadas por adição do analito a soluções teste obtidas após o ensaio

das amostras nas mesmas condições dos procedimentos normais, para que as

quantidades e as características dos interferentes presentes no extrato final de uma

amostra sejam reproduzidas nas curvas (por exemplo: interferentes provenientes de

materiais, reagentes e soluções utilizados no preparo de amostras) (Thompson,

Ellison e Wood, 2002; Souza, 2007).

3.3.3.4 Seletividade

Segundo Companyó et al. (2009), seletividade significa a habilidade de um

método distinguir entre o analito e outra substâncias, ou seja, garantir que o

resultado só pode se originar do analito e não de outros fatores. Já Magnusson e

Örnemark (2014) consideram a definição dada por Vessman et al. (2001): é a

extensão em que um método pode ser usado para determinar analitos individuais em

misturas ou matrizes sem interferências de outros componentes de comportamento

similar. Na abordagem de Thompson, Ellison e Wood (2002), ela é o grau em que

um método pode quantificar o analito na presença de interferentes e, idealmente,

deveria ser avaliada para qualquer interferente que possa estar presente na

amostra, tomando-se cuidado, principalmente, para se avaliarem potenciais

interferentes que tenham estrutura química semelhante à do analito estudado.

Em geral, considera-se que os métodos analíticos são constituídos pela

análise propriamente dita que pode ou não ser precedida por um estágio de

extração. No estágio de análise, a concentração de um analito, normalmente, não é

medida diretamente. Em vez disso, uma propriedade específica é medida sendo,

portanto, crucial que se estabeleça que a propriedade medida é unicamente devida

ao analito e não a algo química ou fisicamente similar ou, ainda, advinda de uma

coincidência, levando a um erro no resultado da medição. Para a análise, portanto,

pode ser necessário o estágio de extração para aumentar a seletividade do sistema

de medição (Magnusson e Örnemark, 2014).

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3.3.3.5 Acurácia (veracidade e precisão)

A acurácia de um método (valor que expressa quão perto um único valor

medido se encontra do valor de referência) é estudada como duas componentes: a

veracidade e a precisão (Magnusson e Örnemark, 2014).

A veracidade é a expressão de quão perto a média de um número infinito de

medidas, produzidas por aquele método, está de um valor de referência. Como não

é possível realizar infinitas medições, a veracidade não pode ser expressa. Pode-se,

entretanto, realizar uma avaliação prática da veracidade em termos de tendência

que é oriunda dos erros sistemáticos inerentes ao método. Quatro abordagens estão

disponíveis para se estudar a tendência: i) análise materiais de referência

certificados (MRC); ii) análise materiais de referência; iii) estudo de recuperação

usando amostras adicionadas do analito; e iv) comparação com resultados obtidos

por outro método (Thompson, Ellison e Wood, 2002; Magnusson e Örnemark, 2014).

A melhor abordagem é a análise de um MRC contendo os analitos de

interesse na matriz do escopo em validação, mas a falta desse tipo de material na

área de resíduos de medicamentos veterinários torna essa situação inviável em

muitos casos. Assume-se, então, que o analito adicionado e o “naturalmente”

presente na matriz se comportam da mesma forma. Como esse procedimento é

questionável e não pode ser verificado de forma definitiva, deve-se reportar sempre

qual o tipo de abordagem usada nos estudos de veracidade para que isso possa ser

levado em consideração ao se compararem taxas de recuperação (Companyó et al.,

2009).

A proporção entre a quantidade de analito na porção original da amostra e

após seu tratamento é a recuperação (Companyó et al., 2009). Outras definições de

recuperação são dadas por Thompson, Ellison e Wood (2002): “diferença entre o

resultado da análise de um material adicionado de concentração conhecida do

analito e em seu estado original” e pela EC (2002): “percentagem da concentração

real de uma substância recuperada durante o processo analítico”.

A extração a ser realizada em uma amostra e as separações envolvidas

nesse processo, além de quaisquer outros passos no procedimento analítico para

matrizes complexas, podem levar às perdas de analito e, como consequência, a

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quantidade de analito presente na solução a ser medida é, normalmente, menor que

na amostra original (Companyó et al., 2009). Dessa forma, métodos analíticos nem

sempre medem todo o analito de interesse presente na amostra. O método deve ser

deliberadamente desenvolvido para determinar somente uma forma do analito. No

entanto, uma falha para determinar todo o analito presente pode levar a um

problema inerente ao método. De todo jeito, é necessário julgar a eficiência do

método em detectar todo o analito presente (Eurachem, 1998). Uma boa

recuperação não é garantia de veracidade, mas uma recuperação ruim indica falta

de veracidade (Thompson, Ellison e Wood, 2002).

Replicatas são essenciais para que se obtenham estimativas confiáveis das

características de desempenho de um método como precisão e tendência. O

planejamento envolvendo análise de replicatas deve levar em consideração todas as

variações possíveis na rotina de uso do método, devendo levar à determinação da

variabilidade típica e não da variabilidade mínima (Magnusson e Örnemark, 2014).

A precisão é o grau de concordância entre resultados de ensaios

independentes obtidos em condições específicas pré-estabelecidas. O valor da

precisão é geralmente expresso em termos de imprecisão e normalmente calcula-se

sob a forma de um desvio padrão do resultado do ensaio. Uma menor precisão é

indicada por meio de um elevado desvio padrão (Ec, 2002). Para estimativa da

precisão, devem ser consideradas as condições da menor e da maior variação

possíveis de se estudar para o método, repectivamente: i) a repetibilidade; e ii) a

reprodutibilidade (Magnusson e Örnemark, 2014).

A repetibilidade é a precisão de medição sob um conjunto de condições que

incluem o mesmo procedimento de medição, os mesmos operadores, o mesmo

sistema de medição, as mesmas condições de operação e o mesmo local, assim

como medições repetidas no mesmo objeto ou em objetos similares durante um

curto período de tempo (Inmetro, 2012).

A reprodutibilidade é a precisão de medição sob um conjunto de condições

que incluem diferentes locais, diferentes operadores, diferentes sistemas de medição

e medições repetidas no mesmo objeto ou em objetos similares (Inmetro, 2012).

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A precisão, então, depende da concentração do analito. Ela deve ser

determinada em pontos dentro da faixa de interesse, incluindo seus extremos

(Magnusson e Örnemark, 2014). A precisão pode ser obtida em uma enorme

variedade de condições, podendo levar à necessidade de se obterem dados

adicionais em que se variam as condições em que o método foi executado

(Thompson, Ellison e Wood, 2002).

Entre os dois extremos citados acima (repetibilidade e reprodutibilidade), está

a precisão intermediária, uma estimativa da variação nos resultados quando são

feitas medidas em um único laboratório, mas sob condições que variam mais que as

de repetibilidade. O objetivo é obter uma estimativa da precisão que reflita todas as

fontes de variação que ocorrerão em um laboratório em sua rotina normal (diferentes

analistas, longos períodos de tempo, peças diferentes de um equipamento, etc.)

(Magnusson e Örnemark, 2014)

3.3.3.6 Faixa de trabalho

A faixa de trabalho é o intervalo em que o método fornece resultados com

incerteza aceitável. O valor do limite inferior dessa faixa é o limite de quantificação.

Na extremidade superior, o limite é definido pela concentração em que

comportamento anômalo na sensibilidade analítica passa a ser observado

(Magnusson e Örnemark, 2014).

A faixa de trabalho do método, presente em seu escopo, relaciona-se com a

concentração do analito na amostra original e não no extrato. Ela é expressa, por

exemplo, em mg/kg para uma amostra sólida, mesmo que o equipamento dê uma

resposta em mg/L no extrato (Magnusson e Örnemark, 2014).

Dentro da faixa de trabalho pode existir uma faixa de resposta linear, onde há

uma relação linear entre a concentração do analito com o sinal de resposta. A

extensão dessa faixa deve ser determinada durante a avaliação da faixa de trabalho.

Somente a regressão linear é insuficiente para estabelecer essa faixa, devendo-se

aplicar testes mais objetivos como “goodness-of-fit” (Eurachem, 1998).

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3.3.3.7 Incerteza de medição

A incerteza de medição é um parâmetro que expressa uma faixa de valores

possíveis para um resultado de medição. A estimação da incerteza de medição leva

em consideração todos os componentes que interferem no resultado. Incertezas

associadas a cada componente devem ser combinadas de acordo com

procedimentos bem estabelecidos (Magnusson e Örnemark, 2014).

A abordagem formal para calcular a incerteza da medição é sua estimativa

por meio de uma equação ou modelo matemático. Os procedimentos descritos como

validação de métodos são planejados para garantir que a equação utilizada para

estimar um resultado, considerando erros aleatórios de todo tipo, é uma expressão

válida que engloba todos os erros conhecidos e que tenham efeitos significativos

naquele resultado (Thompson, Ellison e Wood, 2002).

3.3.3.8 Limites

Para analitos em concentrações baixas é importante saber qual é a menor

concentração do analito que pode ser detectada com confiança pelo método. A

importância dessa determinação vem do fato de que a probabilidade de detecção

não muda, de repente e imediatamente, de zero para um determinado valor

(Eurachem, 1998).

Existem vários experimentos possíveis para determinar os limites, incluindo

aqueles baseados na inspeção visual, na relação sinal/ruído, na média e desvio

padrão de leituras de amostras brancas, no desvio padrão, intercepto ou inclinação

da curva de calibração (Souza, 2007).

Para propósitos de validação, normalmente é suficiente fornecer o valor

aproximado do LD, sendo assim, sua expressão em três vezes o desvio padrão da

média das leituras da concentração zero é, em geral, bem aceita (Magnusson e

Örnemark, 2014). Em termos gerais, o LD é, portanto, a menor quantidade ou

concentração de um analito na amostra que pode ser distinguido de zero. Para

sistemas analíticos em que a faixa de validação não o inclua ou aborde, o LD não

deve ser parte da validação. É recomendável que, para a validação do

procedimento, a estimativa da precisão utilizada seja baseada em, pelo menos, seis

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determinações independentes do analito em concentração zero ou muito baixa

(Thompson, Ellison e Wood, 2002).

O LQ é a menor concentração em que um analito pode ser determinada com

desempenho aceitável, por exemplo, a concentração abaixo da qual o método não

opera com precisão aceitável (Thompson, Ellison e Wood, 2002). Na prática, o LQ é

calculado convencionalmente pela multiplicação do desvio padrão da média das

leituras da concentração zero por um fator kQ, sendo 10 o valor do kQ padrão

estabelecido pela IUPAC (Magnusson e Örnemark, 2014).

Dados obtidos entre o LD e o LQ, no entanto, têm o seu valor, não sendo

recomendável, muitas vezes, trabalhar-se com limites, sendo preferível que se

exprima a incerteza da medição como função da concentração e compará-la com

critérios de adequação do método (Thompson, Ellison e Wood, 2002).

O limite de decisão (CCα) e a capacidade de detecção (CCβ) são dois limites

analíticos. O CCα é o limite acima do qual a amostra é considerada não conforme

com uma probabilidade de erro α (5 %), crucial para métodos confirmatórios (Ec,

2002; Companyó et al., 2009).

O CCβ é a menor quantidade da substância que pode ser detectada,

identificada ou quantificada numa amostra com uma probabilidade de erro β, sendo

uma característica importante para métodos de triagem (Ec, 1996a; Companyó et al.,

2009). Quando não há limite permitido estabelecido para a substância, o CCß é a

concentração mais baixa a que o método é capaz de detectar amostras realmente

contaminadas. Quando existe esse limite estabelecido, o CCß é a concentração em

que o método é capaz de detectar concentrações no limite permitido. Em ambos os

casos, leva-se em consideração uma certeza estatística de 1-β (Ec, 2002).

3.3.3.9 Robustez

Todo método tem etapas em que, se não houver cuidado suficiente, haverá

um efeito significativo no desempenho do método, podendo levar à não adequação

ao seu propósito. Essas etapas devem ser identificadas, geralmente na etapa de

desenvolvimento do método e, se possível, sua influência no desempenho do

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método deve ser avaliada na forma de um teste de robustez (Magnusson e

Örnemark, 2014).

Estudar a robustez é avaliar a susceptibilidade de um método analítico a

alterações das condições experimentais com a introdução deliberada de pequenas

variações razoáveis e a observação das suas consequências, em relação às

condições experimentais que possam estar sujeitas a variações (por exemplo:

estabilidade dos reagentes, composição da amostra, pH, temperatura) (Ec, 2002).

Dessa forma, é possível identificar as variáveis responsáveis por efeitos

significativos e garantir que, durante a execução da análise, elas sejam controladas.

Essas variáveis podem, ainda, constituir pontos de melhoria do método (Magnusson

e Örnemark, 2014).

A maioria das mudanças não deve ter efeito no desempenho do método,

sendo possível variar várias de uma vez. Um experimento econômico é possível ao

se trabalhar com o fatorial fracionado de Youden. Exemplos de fatores que podem

ser abrangidos num teste de robustez são: concentração do reagente, pH de uma

solução, temperatura de uma reação, tempo de espera, etc. (Thompson, Ellison e

Wood, 2002).

3.3.3.10 Sensibilidade

Magnusson e Örnemark (2014) utilizam o termo “sensibilidade analítica”

definindo-o como a mudança na resposta intrumental correspondente à mudança na

quantidade medida, ou seja, está relacionada à inclinação da curva de resposta.

Esses autores, no entanto, ressaltam que a medida deste parâmetro não tem grande

importância.

De fato, a sensibilidade é uma medida arbitrária. Ela pode ser utilizada em

procedimentos de garantia da qualidade, por exemplo, mas não tem utilidade para

validação (Thompson, Ellison e Wood, 2002).

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3.3.4 PARÂMETROS DE DESEMPENHO DA VALIDAÇÃO

INTRALABORATORIAL PARA MÉTODOS QUALITATIVOS

É importante incluir um número significativo de amostras para se avaliar os

parâmetros de ensaios qualitativos. O planejamento desse tipo de validação, devido

a esse tipo de análise fornecer muito menos informações que os métodos

quantitativos, requer um grande número de medidas para se obterem resultados

com a mesma significância e certeza que os resultados de métodos quantitativos

(Gondim et al., 2014).

3.3.4.1 Taxas (falsos resultados, sensibilidade, seletividade e

confiabilidade)

Há dois tipos de resultados possíveis no teste qualitativo (positivo ou

negativo) e duas possíveis situações reais, pode-se construir uma tablela de

contingência 2x2 (Tabela 7) passível de ser utilizada na determinação das taxas de

falsos resultados, TST, TSB e TCF, podendo ser utilizada em diversos tipos de

bioensaios, incluindo imunológicos (Gondim, 2012).

Tabela 7. Tabela de contingência 2 x 2 utilizada para cálculo das taxas de falsos

resultados, de seletividade, de sensibilidade e de confiabilidade

Resultado do teste Analito Presente Analito Ausente Total

Positivo TP FP TP + FP

Negativo FN TN FN + TN

Total FN + TP FP + TN N Legenda: FP: quantidade de resultados falso-positivos; FN: quantidade de resultados falso-negativos; TP: quantidade de resultados positivos corretos; TN: quantidade de resultados negativos corretos; N: TP+FP+FN+TN. Fonte: Gondim (2012).

TFP é a percentagem de número de resultados falso-positivos (FP) em

relação aos total de negativos esperados. De maneira análoga, TFN é a

percentagem de número de resultados falso-negativos (FN) em relação ao total de

positivos esperados. A TSB se dá como a percentagem de TP em relação ao total de

positivos esperados enquanto a TST é a percentagem de TN em relação ao total de

negativos esperados. A TCF é calculada como o total de resultados (100%)

subtraído das taxas de falso-resultados (Gondim, 2012).

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3.3.4.2 Limite de detecção e região de perda de confiabilidade

O conceito de incerteza para análises qualitativas não pode ser expresso da

mesma forma que análises quantitativas. No primeiro caso, o termo perda de

confiança é proposto considerando as probabilidades de obtenção de falsos

resultados, portanto, uma RPC pode ser estimada por meio de um gráfico de

resultados positivos versus concentração do analito. O LD porde ser calculado como

o limite inferior ou superior da RPC dependendo do tipo de erro, α ou ß, considerado

(Gondim et al., 2014).

3.3.4.3 Acordância e concordância

A ACO representa a repetibilidade de uma análise qualitativa. Já a CON,

nesses mesmos termos, é a representação da reprodutibilidade. A ACO e a CON

podem diferir para o branco ou para amostras positivas dependendo da

concentração do analito, desssa forma, assim como a repetibilidade e a

reprodutibilidade, a ACO e a CON não medem a correlação da reposta com o valor

verdadeiro, mas sim se um determinado procedimento está suficientemente

padronizado (Gondim et al., 2014).

3.3.4.4 Robustez

Da mesma maneira que nos métodos quantitativos, a robustez envolve um

delineamento fatorial que avalia a influência de diferentes fatores ou variáveis. Esse

parâmetro deve ser estabelecido levando em consideração diferentes níveis do

analito por ser dependente da concentração (Gondim et al., 2014). O objetivo da

determinação da robustez é definir a fraqueza experimental do método qualitativo,

definindo-se quais os fatores que são críticos para se garantir a confiança na

resposta (Cárdenas e Valcárcel, 2005).

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4. MATERIAL E MÉTODOS

Os experimentos descritos no presente trabalho foram realizados no

Laboratório de Bromatologia - Unidade de Pesquisa Análise de Alimentos (BRO-

UPAA) da Faculdade de Farmácia (FAFAR) da UFMG.

As análises confirmatórias por cromatografia a líquido de ultra eficiência

acoplada a espectrometria de massas (UPLC-MS/MS) foram realizadas no

Laboratório Nacional Agropecuário em Minas Gerais (LANAGRO-MG) do MAPA com

LD de 0,1 µg/kg.

4.1 AMOSTRAS

4.1.1 Validação

Duas amostras de músculo suíno congeladas, totalizando aproximadamente

1,6 kg, armazenadas em sacos plásticos e provenientes de diferentes cortes, foram

recebidas na BRO-UPAA, fornecidas pelo LANAGRO-MG. No laboratório de origem,

foram obtidos resultados não detectados para RCT, por meio de método UPLC-

MS/MS validado.

As amostras foram descongeladas, limpas, com auxílio de faca, sobre tábuas

de corte de plástico, retirando-se películas, fáscia muscular, vasos sanguíneos e

gordura. Em seguida, as amostras foram cortadas nessas mesmas tábuas em

pequenos cubos e homogeneizadas em processadores até a formação de uma

massa homogênea que foi acondicionada em porções de 100 g em 11 embalagens

plásticas primárias do tipo ziplock, devidamente identificadas. Tais embalagens

foram lacradas e armazenadas sob congelamento entre -18 C e -24 C, em uma

embalagem secundária, também do tipo ziplock, até o momento das análises de

validação.

4.1.2 Estudo de Ocorrência

Amostras de músculo suíno, congeladas ou refrigeradas, variando de 1,2 kg a

3,5 kg, aproximadamente, provenientes de três diferentes cortes (costela, lombo e

pernil traseiro) foram obtidas no mercado de Minas Gerais, Brasil, no decorrer do

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ano de 2015 (com datas de fabricação que cobriram diferentes sazonalidades -

outono, inverno e primavera). Foram coletadas dez amostras de cada corte, de 18

diferentes fornecedores, totalizando 30 amostras. Em cada corte, cada uma das dez

amostras foi representativa de um fornecedor diferente, ou seja, os fornecedores não

se repetiram em um mesmo tipo de corte.

As amostras do estudo de ocorrência foram processadas, embaladas e

armazenadas como descrito em 4.1.1, até o momento das análises pelo kit validado.

4.2 EQUIPAMENTOS

- Agitador de tubo tipo Vortex (IkaMinishaker MS2 e Phoenix AP56).

- Agitador orbital (Phoenix, modelo AP22).

- Balança analítica com resolução 0,0001 g e capacidade máxima de 220,0000

g, calibrada por laboratório acreditado pela Coordenação Geral de

Acreditação (CGCRE) de acordo com a ABNT NBR ISO/IEC 17025, sob

número 0045 (Shimadzu AUX 220).

- Balança analítica com resolução 0,001 g e capacidade máxima de 310,000 g,

calibrada por laboratório acreditado pela CGCRE de acordo com a ABNT

NBR ISO/IEC 17025, sob número 0045 (Gehaka BK 300).

- Balões volumétricos de 50 mL e 100 mL, calibrados por laboratório acreditado

pela CGCRE de acordo com a ABNT NBR ISO/IEC 17025, sob número 0383.

- Centrífuga (Jouan, modelo BR4i).

- Concentrador de amostras (Tecnal, modelo Tecvap TE0194).

- Congelador ajustado em temperaturas entre -18 C e -24 C (Eletrolux FE 22).

- Cronômetro.

- Impressora matricial (EPSON ELX300).

- Leitora de placas ELISA com faixa 450 nm. (Biotek ELX800).

- Macropipeta de 1000 μL a 10000 μL, calibrada por laboratório acreditado pela

CGCRE de acordo com a ABNT NBR ISO/IEC 17025, sob número 0422 (HTL

LabSolutions LM10000).

- Micropipeta de 100 μL a 1000 μL, calibrada por laboratório acreditado pela

CGCRE de acordo com a ABNT NBR ISO/IEC 17025, sob número 0383

(Thermo Scientific Finnpipette® F3).

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- Micropipeta de 20 μL a 200 μL, calibrada por laboratório acreditado pela

CGCRE de acordo com a ABNT NBR ISO/IEC 17025, sob número 0486

(Thermo electron Corporation Finnpipette®).

- Micropipeta multicanal de 30 μL a 300 μL, calibrada por laboratório acreditado

pela CGCRE de acordo com a ABNT NBR ISO/IEC 17025, sob número 0486

(Eppendorf).

- Processador de amostras Cutter Sire.

- Processador de amostras Liquidificador Arno WWBC.

- Refrigerador ajustado em temperaturas entre 2 °C e 8 °C (Eletrolux DFF37

Premium).

- Termômetro digital tipo cabo sensor, com memória de máxima e mínima,

calibrado por laboratório acreditado pela CGCRE de acordo com a ABNT

NBR ISO/IEC 17025, sob número 0338 (Incotherm 7665.02.0.00).

- Termômetro digital tipo espeto, com memória de máxima e mínima, calibrado

por laboratório acreditado pela CGCRE de acordo com a ABNT NBR ISO/IEC

17025, sob número 0338 (Incotherm).

4.3 MATERIAIS

Todo material utilizado foi de primeiro uso e previamente lavado com detergente

neutro, rinsado com acetonitrila grau HPLC e seco.

- Béquer de vidro de 50 mL, 100 mL e 250 mL.

- Etiqueta para identificação de amostras e soluções.

- Faca de aço inox.

- Frasco de vidro âmbar com tampa de rosca para armazenamento de soluções

(25 mL e 250 mL).

- Funil de vidro.

- Garrafa lavadeira de teflon com capacidade para 500 mL.

- Luvas de nitrila descartáveis.

- Ponteira sem filtro de polipropileno translúcido descartável para micro e

macropipetas.

- Proveta de vidro de 25 mL e 500 mL (Laborglass)

- Tábua de corte de plástico.

- Tubo cônico de polipropileno de 15 mL com tampa de rosca tipo Falcon.

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4.4 REAGENTES, PADRÕES E OUTROS

- Acetato de etila grau HPLC (Sigma-Aldrich).

- Acetonitrila grau HPLC gradiente (Scharlab e Sigma Aldrich).

- Detergente neutro Extran (Merck).

- Kit Europroxima 5061RACT (insumos e planilha Europroxima Simplefit II).

- N-hexano grau HPLC (Sigma-Aldrich e Tedia).

- Padrão de CLEM Dr. Ehrenstorfer LOTE 20222 validade 02/2016.

- Padrão de RCT Dr. Ehrenstorfer LOTE 41001 validade 10/2018.

4.5 SOLUÇÕES

4.5.1 SOLUÇÕES FORNECIDAS PELO KIT

Para cada lote do kit foram preparadas novas soluções tampão de diluição,

conjugado e tampão de rinsagem, as quais foram utilizadas imediatamente após o

preparo.

4.5.1.1 Solução tampão de diluição

O tampão de diluição concentrado fornecido com o kit foi retirado da

refrigeração. Após atingir temperatura ambiente, foi agitado manualmente, de forma

vigorosa, até não apresentar precipitação do conteúdo. Foram medidos 20 000 µL

desse tampão e solubilizados em 60 000 µL de água ultrapura.

4.5.1.2 Solução de conjugado

O frasco de conjugado fornecido com o kit foi retirado da refrigeração. Após

atingir temperatura ambiente, teve todo o seu conteúdo reconstituído com 6 000 µL

de solução tampão de diluição e foi agitado, manualmente, até completa dissolução.

A solução foi protegida da luz até o momento de seu uso.

4.5.1.3 Solução tampão de rinsagem

O tampão de rinsagem concentrado fornecido com o kit foi retirado da

refrigeração. Após atingir temperatura ambiente, foram medidos 24 mL e

solubilizados em 456 mL de água ultrapura.

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4.5.2 SOLUÇÕES PADRÃO DE RCT

A solução padrão estoque de RCT foi preparada uma única vez. A partir dela

foram preparadas as soluções padrão intermediária e de trabalho A e B, a cada

bateria analítica.

4.5.2.1 Solução estoque - 100 µg/mL

Foram pesados 11,3 mg de cloridrato de RCT e transferidos para um balão

volumétrico de 100 mL. O volume foi completado com acetonitrila, seguido de

homogeneização manual. A solução foi transferida para frasco de vidro âmbar, com

tampa de rosca, devidamente identificado, e mantida sob temperatura de -18 C a -

24 C.

4.5.2.2 Solução intermediária - 1 µg/mL

Foram pipetados 1 000 µL da Solução Estoque para um balão volumétrico de

100 mL. O volume foi completado com acetonitrila, seguido de homogeneização

manual. A solução foi transferida para frasco de vidro âmbar, com tampa de rosca,

devidamente identificado, e mantida sob temperatura de -18 C a -24 C.

4.5.2.3 Solução de trabalho A - 1,25 ng/mL

Foram pipetados 62,5 µL da Solução Intermediária para um balão volumétrico

de 50 mL. O volume foi completado com acetonitrila, seguido de homogeneização

manual. A solução foi transferida para frasco de vidro âmbar, com tampa de rosca,

devidamente identificado, e mantida sob temperatura de -18 C a -24 C.

4.5.2.4 Solução de trabalho B - 10 ng/mL

Foram pipetados 500 µL da Solução Intermediária para um balão volumétrico

de 50 mL. O volume foi completado com acetonitrila, seguido de homogeneização

manual. A solução foi transferida para frasco de vidro âmbar, com tampa de rosca,

devidamente identificado, e mantida sob temperatura de -18 C a -24 C.

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4.5.3 SOLUÇÕES PADRÃO DE CLEM

As soluções padrão de CLEM foram preparadas uma única vez para a bateria

analítica dos estudos complementares de seletividade.

4.5.3.1 Solução estoque - 92,1 µg/mL

Foram pesados 10,59 mg de cloridrato de CLEM e transferidos para um balão

volumétrico de 100 mL. O volume foi completado com metanol, seguido de

homogeneização manual. A solução foi transferida para tubo do tipo Falcon, com

tampa de rosca, devidamente identificado, e mantida sob temperatura de -18 C a -

24 C.

4.5.3.2 Solução intermediária - 9,21 µg/mL

Foram pipetados 1 000 µL da Solução Estoque para um balão volumétrico de

10 mL. O volume foi completado com metanol, seguido de homogeneização manual.

A solução foi transferida para tubo do tipo Falcon, com tampa de rosca, devidamente

identificado, e mantida sob temperatura de -18 C a -24 C.

4.5.3.3 Solução de trabalho - 20 ng/mL

Foram pipetados 109 µL da Solução Intermediária para um balão volumétrico

de 50 mL. O volume foi completado com acetonitrila, seguido de homogeneização

manual. A solução foi transferida para frasco de vidro âmbar, com tampa de rosca,

devidamente identificado, e mantida sob temperatura de -18 C a -24 C.

4.6 PROCEDIMENTO ANALÍTICO

Uma alíquota de 1 g da amostra processada foi transferida para tubo cônico

tipo Falcon e adicionada de 4 000 µL de acetonitrila e de 500 µL de acetato de etila,

seguido de agitação em agitador de tubos tipo vortex por 1 min. Foi realizada

inversão em agitador orbital por 30 min, seguindo-se de centrifugação a 2 000 xg por

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10 min a (22,5 ± 2,5) °C. Foram transferidos 2 000 µL do sobrenadante para um

novo tubo cônico do tipo Falcon. O tubo foi levado à evaporação sob fluxo de ar

comprimido a, aproximadamente, 5 psi, em concentrador de amostras, com

temperatura do banho termostático ajustada para 50 °C. Após a evaporação

completa, o resíduo foi retomado em 500 µL de n-hexano e 500 µL de tampão de

diluição, seguido de homogeneização em agitador de tubos tipo vortex por 30 s. O

tubo foi levado à centrifugação a 2 000 xg por 10 min a (22,5 ± 2,5) °C.

As soluções padrão fornecidas com o kit foram retiradas da refrigeração. Após

atingirem temperatura ambiente, procedeu-se a aplicação de padrões e extratos de

amostras na placa de ELISA, conforme descrito a seguir. Foram pipetados 100 µL

do padrão zero, em duplicata, para os poços A1 e A2, para o branco (Figura 14).

Foram pipetados 50 µL do padrão zero, em duplicata, para os poços B1 e B2, para o

zero. Foram pipetados 50 µL de cada solução padrão da curva fornecida pelo

fabricante para os poços de C1 e C2 até H1 e H2. Foram pipetados 50 µL da

camada líquida inferior dos extratos de amostras para os poços restantes da placa,

de maneira aleatória.

Figura 14. Representação esquemática dos poços da placa ELISA

A1 A2 A3 A4 A5 A6 A7 A8 A9 A10 A11 A12

B1 B2 B3 B4 B5 B6 B7 B8 B9 B10 B11 B12

C1 C2 C3 C4 C5 C6 C7 C8 C9 C10 C11 C12

D1 D2 D3 D4 D5 D6 D7 D8 D9 D10 D11 D12

E1 E2 E3 E4 E5 E6 E7 E8 E9 E10 E11 E12

F1 F2 F3 F4 F5 F6 F7 F8 F9 F10 F11 F12

G1 G2 G3 G4 G5 G6 G7 G8 G9 G10 G11 G12

H1 H2 H3 H4 H5 H6 H7 H8 H9 H10 H11 H12

Foram adicionados 50 µL de conjugado em todos os poços, exceto A1 e A2

(Figura 14). A placa foi tampada e agitada com movimentos em oito por 10 s, sendo,

em seguida, incubada por 30 min em local escuro a (22,5 ± 2,5) °C. A placa foi

destampada e o conteúdo dos poços foi descartado. Em seguida, foi realizada a

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rinsagem da placa com 300 µL da solução tampão de rinsagem, descarte desta

solução e secagem, batendo-se a placa invertida sobre papel toalha absorvente até

completa secagem. Este procedimento foi repetido por três vezes. Foram pipetados

100 µL da solução de substrato para cada poço. A placa foi incubada por 15 min em

local escuro a (22,5 ± 2,5) °C. Foram pipetados 100 µL de solução stop para cada

poço e a leitura das absorbâncias foi realizada, imediatamente após, em leitora de

microplaca no comprimento de onda de 450 nm.

As leituras de absorbância medidas para soluções padrão e extratos de

amostras foram lançadas na planilha Europroxima Simplefit II para cálculo das

concentrações de RCT em µg/kg. Concentrações finais reportadas com o sinal ! na

referida planilha foram interpretadas como não detectadas. O critério do fabricante

foi considerar como não detectada toda amostra para a qual a leitura de absorbância

foi superior a maior leitura reportada para as replicatas da solução padrão de menor

concentração fornecida com o kit (0,0625 µg/kg) somada de 10 % (Europroxima,

2012).

4.7 VALIDAÇÃO

4.7.1 DELINEAMENTO EXPERIMENTAL

4.7.1.1 Seletividade, acurácia, incerteza e limites

Devido à indisponibilidade de MRC, amostras (alíquotas de 1 g da amostra

branca preparada para a validação) foram adicionadas de solução padrão de RCT,

em sete níveis de concentração, na faixa de trabalho declarada pelo fabricante do

kit, além do branco, conforme relacionado na Tabela 8. Cada nível de concentração

foi avaliado em 30 replicatas independentes, totalizando 240 ensaios, que foram

divididas em três baterias analíticas distintas, com dez replicatas cada, envolvendo

diferentes tempos e analistas, e empregando insumos de diferentes lotes. (Figura

15) (Ec, 2002; Souza, 2007; Souza, Pinto e Junqueira, 2007; Gondim et al., 2014).

Por motivos de capacidade operacional de alguns equipamentos, em cada

bateria analítica, as replicatas dos diferentes níveis de concentração foram

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separadas em quatro grupos de 20, sendo que todos os níveis estavam

representados de forma equilibrada nos diferentes grupos.

Tabela 8. Mapa de adição de solução padrão de ractopamina e de solvente de extração para preparação das amostras nos diferentes níveis de concentração

Concentração final de ractopamina

(µg/kg de tecido)

Concentração da solução de trabalho adicionada (ng/mL)

Volume da solução de trabalho

adicionado (µL)

Volume de acetonitrila na extração (µL)

0,0 - - 4 000 0,029 1,25 24 3 976 0,061 1,25 50 3 950 0,122 10 100 3 900 0,244 10 25 3 975 0,487 10 50 3 950 0,974 10 100 3 900 1,948 10 200 3 800

Figura 15. Representação esquemática do delineamento experimental para a etapa

de avaliação dos parâmetros seletividade, recuperação, precisão e limites, na

abordagem quantitativa, e dos parâmetros taxas, região de perda de confiabilidade,

limite de detecção, acordância e concordância, na abordagem qualitativa.

Legenda: N: nível de concentração de ractopamina; B: bateria analítica; N1: 0,029 µg/kg; N2: 0,061 µg/kg; N3: 0,122 µg/kg; N4: 0,244 µg/kg; N5: 0,487 µg/kg; N6: 0,974 µg/kg; N7: 1,948 µg/kg; R: replicata; E: ensaio.

4.7.1.2 Robustez

Para estudo da robustez, foi realizado delineamento fatorial envolvendo dois

níveis de três diferentes fatores, resultando em oito tratamentos, os quais foram

avaliados em oito replicatas cada, totalizando 64 ensaios. Todos os fatores

considerados foram da etapa de extração, incluindo: i) tempo de inversão em

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agitador orbital (25 min ou 35 min); ii) tempo das centrifugações (5 min ou 15 min); e

iii) temperatura do banho termostático na etapa de evaporação do solvente (45 °C

ou 55°C) (Figura 16). As replicatas de amostras submetidas aos diferentes

tratamentos foram adicionadas de solução padrão de RCT, no nível de concentração

0,244 µg/kg, por representar o LD do método na abordagem quantitativa e o menor

nível com 100 % de TCF na abordagem qualitativa da validação (Gondim et al.,

2014)

Figura 16. Representação esquemática do delineamento experimental para a etapa

de avaliação do parâmetro robustez.

Legenda - os tratamentos foram discriminados em função do tempo de inversão em agitador orbital, tempo de centrifugação e temperatura do banho, repectivamente, tratamento 1: 25 min, 5 min e 45 oC; tratamento 2: 25 min, 5 min e 55 oC; tratamento 3: 25 min, 15 min e 45 oC; tratamento 4: 25 min, 15 min e 55 oC; tratamento 5: 35 min, 15 min e 45 oC; tratamento 6: 35 min, 15 min e 55 oC; tratamento 7: 35 min, 5 min e 45 oC; e tratamento 8: 35 min, 5 min e 55 oC; B: bateria analítica; T: tratamento; R: replicata; E: ensaio.

4.7.1.3 Seletividade (complementar)

O estudo de seletividade complementar, por adição deliberada de interferente

em potencial, neste caso o CLEM, foi conduzido com amostras brancas e

adicionadas de RCT em 0,244 µg/kg (por representar o LD do método na

abordagem quantitativa e o menor nível com 100 % de TCF na abordagem

qualitativa da validação), sendo 10 replicatas por nível, totalizando 20 ensaios O

nível de concentração do provável interferente foi definido como o dobro daquele

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adicionado de analito, ou seja, 0,487 µg/kg (Figura 17) (Ec, 2002; Souza, 2007;

Gondim et al., 2014).

Figura 17. Representação esquemática do delineamento experimental para a etapa

de avaliação do parâmetro seletividade.

Legenda: B: bateria analítica; CLEM: clembuterol; RCT: ractopamina; R: replicata; E: ensaio.

4.7.2 ANÁLISE DE DADOS

4.7.2.1 Abordagem quantitativa

Após estimativa das concentrações de RCT nas amostras, as porcentagens

de recuperação foram calculadas, para as replicatas de cada nível de concentração

estudado. As porcentagens de recuperação médias de cada nível (n = 30) foram

estimadas após tratamento de outliers pelo teste de Grubbs (Souza, Pinto e

Junqueira, 2007). Os resultados foram considerados satisfatórios quando se

apresentaram entre 50 % e 120 % para amostras com teores menores ou iguais a

1 µg/kg e entre 70 % e 110 % para amostras entre 1 µg/kg e 10 µg/kg (Ec, 2002).

Os desvios padrão relativos de repetibilidade (RSDr) e de precisão

intermediária (RSDR) foram estimados, para esses mesmos níveis, por análise de

variância (n = 30). Foi realizada a verificação das premissas relativas aos resíduos

de recuperações: i) normalidade, pelo teste de Ryan-Joiner; e ii)

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homoscedasticidade, pelo teste de Brown-Forsythe (Souza, Pinto e Junqueira,

2007). O RSDr foi considerado aceitável quando menor ou igual a um terço do

desvios obtidos pelos modelos de Horwitz e Thompson e o RSDR foi aceitável

quando menor ou igual aos desvios estimados pelos modelos citados (Ec, 2002).

Os resultados obtidos para amostras brancas (n = 30) e para amostras

brancas (n = 10) e adicionadas de RCT (n = 10) na presença de CLEM foram

empregados para avaliação da seletividade, sendo considerados aspectos como

falsa identificação ou supressão do analito. O LD teórico foi calculado como sendo

igual à média das leituras das amostras brancas somada de três vezes o desvio

padrão da média, enquanto o LQ teórico foi definido como sendo igual à média das

determinações das amostras brancas somada de dez vezes o desvio padrão desta

média. Os limites do método foram estabelecidos como a menor concentração na

qual a RCT foi detectada em todas as replicatas de amostras adicionadas (LD) e a

menor concentração na qual a RCT foi determinada com precisão aceitável (LQ) (Ec,

2002; Souza, 2007).

Para estimativa da incerteza em cada nível de concentração, empregando

uma abordagem top-down, foi considerado como componente a incerteza-padrão

devida à precisão intermediária. Essa estimativa foi multiplicada pelo fator de

abrangência (k=2, para um nível de confiança aproximado de 95 %) para obtenção

da incerteza expandida associada aos resultados de medição (Ellison e Williams,

2012). As incertezas estimadas foram avaliadas frente aos critérios descritos pela

União Europeia para análises de contaminantes (Ec, 2006; 2011), devendo ser

inferiores à incerteza de medição máxima estimada (uf) estimada pela Equação 1:

𝑢𝑓 = √(𝐿𝐷/2)2 + (𝛼𝐶)2 (Eq. 1)

Sendo, LD: limite de detecção do método, C: concentração, α: fator numérico

dependente de C (0,2 para valores de C menores ou iguais a 50 µg/kg).

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4.7.2.2 Abordagem qualitativa

A validação segundo abordagem quantitativa do kit foi conduzida conforme

descrito por Gondim et al. (2014), envolvendo amostras positivas e negativas para

estimar TFP, TFN, TSB, TST, TCF, LD, RPC, ACO e CON e amostras na menor

concentração em que se obtiveram 100 % de resultados positivos, ou seja,

0,244 µg/kg.

4.7.2.3 Taxas, RPC, LD, ACO e CON

Para a abordagem qualitativa, foram considerados positivas as amostras

cujas concentrações finais foram reportadas na planilha Europroxima SimpleFit II e

negativas as amostras cujas concentrações finais foram indicadas com o sinal !.

Para cada nível de concentração, as taxas de falsos resultados, bem como

TST, TSB e TCF, foram calculadas por meio de tabelas de contingência (Gondim et

al., 2014).

Curvas de desempenho (porcentagem de resultados positivos versus

concentração de RCT em µg/kg) foram plotadas para estudo da RPC e do LD,

empregando modelos não lineares logito (Equação 2) e probito (Equação 3), sendo

considerados o perfil não tendencioso do gráfico de resíduos e o coeficiente de

determinação como critérios para escolha do modelo. A RPC foi representada pela

região entre 5 % e 95 % de resultados positivos (Ec, 2002), sendo o LD definido

como o extremo superior da RPC. Os parâmetros RPC e LD foram considerados

satisfatórios, quando abaixo do nível regulamentado para o analito (Gondim et al.,

2014) no Brasil.

𝑌 =100∙𝑎

1+𝑏∙𝑒−𝑐𝑥 (Eq. 2)

𝑌 =100∙𝑒𝑎+𝑏𝑥

1+𝑒𝑎+𝑏𝑥 (Eq. 3)

ACO e CON foram estimados por análise combinatória, para cada nível de

concentração estudado, e o método foi considerado suficientemente padronizado

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quando obtidos resultados de ACO maiores ou iguais a 0,8 fora da RPC

(possibilidade de um falso resultado em cada bateria analítica de 10 replicatas)

(Gondim et al., 2014).

4.7.2.4 Seletividade e robustez

A seletividade do método na presença do CLEM foi avaliada pela alteração na

TCF no menor nível de concentração para o qual tenha sido obtida TCF de 100 %,

sendo tolerado uma taxa de no mínimo 95 % na presença do potencial interferente.

De maneira similar, no estudo da robustez, foram consideradas robustos aqueles

tratamentos nos quais foram alcançadas TCF maiores ou iguais a 95 % (Gondim et

al., 2014).

4.8 ESTUDO DE OCORRÊNCIA

4.8.1 DELINEAMENTO EXPERIMENTAL

O kit validado foi empregado no monitoramento de resíduos de RCT em

amostras de carne suína coletadas no estado de Minas Gerais, Brasil, cobrindo

diferentes cortes, fornecedores e sazonalidades. As análises foram conduzidas em

duplicata dentro do prazo de validade definido pelos fabricantes (Figura 18).

Divergências entre resultados de duplicatas analíticas seriam resolvidas pela

repetição da análise, em replicata única, como contra-prova.

Figura 18. Representação esquemática de ocorrência.

Legenda: F: fornecedor; A: amostra; R: replicata analítica.

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4.8.2 ANÁLISE DE DADOS

A prevalência de RCT em carne suína foi avaliada. A influência dos cortes,

fornecedores e sazonalidade no resultado de RCT foi avaliada por meio de análise

de cluster hierárquica (HCA, em inglês) pelo critério de Ward (Ward, 1963) utilizando

análise de componente principal (PCA, em inglês) e distância de Mahalanobis.

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5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1 VALIDAÇÃO

5.1.1 ABORDAGEM QUANTITATIVA

A linearidade (ajuste ao modelo) e efeitos de matriz não foram estudados na

abordagem quantitativa de validação do presente trabalho, com a finalidade de

avaliar o desempenho do kit quando seguidas, de forma estrita, as orientações de

uso fornecidas pelo fabricante/fornecedor do kit. Isto porque tais condições

representariam a rotina de aplicação do kit por diferentes usuários. Dessa forma, não

haveria sentido em estudar tais parâmetros, uma vez que os usuários são orientados

a utilizarem as soluções padrão da curva de calibração e a planilha de cálculos,

contendo modelo para estimativa dos resultados, que são fornecidos junto ao kit.

Na Tabela 9, estão representados os valores estimados de porcentagem de

recuperação média e de desvios padrão relativos, após tratamento de outliers pelo

teste de Grubbs, para as amostras adicionadas de padrão de RCT, segundo a

abordagem quantitativa da validação.

Pelo teste de Grubbs foram detectados dois outliers apenas no nível de

concentração 0,122 µg/kg (p < 0,05).

Para os dois níveis de menores concentrações estudados (0,029 µg/kg e

0,061 µg/kg), não foi possível calcular a recuperação, pois os resultados obtidos

para todas as replicatas nestes níveis, empregando a planilha Europroxima Simplefit

II, foram não detectados.

No nível de concentração 0,122 µg/kg, a recuperação média foi de 30,3 %, ou

seja, menor que o critério mínimo de 50 % estabelecido pela CE. Nos níveis de

concentração de 0,244 µg/kg a 0,974 µg/kg, as recuperações médias estavam

compreendidas entre 50 % e 120 %, com média global de 62,60 %. O nível

1,948 µg/kg não atendeu ao critério preconizado de, no mínimo, 70 % (Ec, 2002).

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Para nenhum dos níveis avaliados foi observada precisão satisfatória, ou seja,

em todos os casos os DPRr e DPRR foram maiores que os limites máximos de

14,7 % e 22 %, respectivamente (Ec, 2002).

Tabela 9. Médias de recuperação e desvios padrão relativos, sob condições de

repetibilidade e precisão intermediária, obtidos na determinação de ractopamina em

músculo de suíno pelo kit 5061RACT

Concentração (μg/kg)

n Rm (%)

DPRr

(%) DPRR (%)

0,029 30 ND - -

0,061 30 ND - -

0,122 28 30,3 74,1 104,6

0,244 30 64,0 21,4 30,3

0,487 30 65,1 21,0 23,9

0,974 30 58,8 21,4 24,5

1,948 30 68,7 19,4 25,3

Legenda: n: número de observações após tratamento de outliers pelo teste de Grubbs; Rm: porcentagem de recuperação

média, com critério de aceitabilidade de 50 % a 120 % para amostras com teores menores ou iguais a 1 µg/kg e de 70 % a 110 % para amostras entre 1 µg/kg e 10 µg/kg (Ec, 2002); DPRr: desvio padrão relativo de repetibilidade, com critério de aceitabilidade máximo de 14,7 % (Ec, 2002); DPRR: desvio padrão relativo de precisão intermediária, com critério de aceitabilidade máximo de 22 % (Ec, 2002); ND: não detectado; Destacados em cinza os valores que se encontraram fora dos critérios de aceitabilidade.

Todas as 30 replicatas de amostras brancas, ou seja, sem adição de padrão

de RCT, apresentaram resultados não detectados. No estudo de seletividade

complementar, resultados não detectados também foram observados para todas as

dez replicatas de amostras brancas adicionadas de CLEM, indicando que o referido

composto não conferiu efeito potencializador na determinação de RCT. No caso das

outras dez replicatas de amostras, adicionadas de RCT e CLEM, 100 %

apresentaram resultados detectados para o referido analito, sugerindo que o CLEM

também não interferiu de maneira supressora em relação à RCT. Dessa forma, a

seletividade do kit foi demonstrada tanto pela ausência de resultados detectados nas

amostras brancas como pela não interferência do CLEM no estudo de seletividade

complementar.

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Os limites teóricos não puderam ser estimados, visto que respostas não

detectadas foram reportadas para todas as replicatas de amostras brancas.

Contudo, o LD do método foi definido como 0,244 µg/kg, menor nível no qual a RCT

foi detectada em todas as replicatas de amostras adicionadas. LQ do método

também não foi estabelecido, visto que os critérios de aceitabilidade para precisão

não foram alcançados pelo kit em nenhum nível de concentração avaliado.

Os valores estimados para as incertezas de medição pela abordagem top-

down incluíram incertezas expandidas de 60,6 %; 47,7 %; 48,9 % e 50,5 % para os

níveis 0,244 µg/kg; 0,487 µg/kg; 0,974 µg/kg; e 1,948 µg/kg, respectivamente. Tais

resultados encontraram-se acima dos valores de incerteza máxima estimados como

aceitáveis (53,9 %; 32,1 %; 23,6 % e 21,0 %, respectivamente) (Ec, 2006; 2011), o

que já seria esperado, dado que a precisão já se mostrara acima dos valores

máximos estabelecidos.

Zhang et al. (2009) desenvolveram um método ELISA para determinação

rápida de resíduos de RCT em produtos de origem animal e investigaram o efeito de

matriz. A matriz músculo suíno foi fortificada em três níveis (0,5 µg/kg; 2,0 µg/kg e

8,0 µg/kg), em triplicata, resultando em recuperações de 70,6 % a 76,7 % e DPR de

4,6 % a 10,2 %. Foi encontrado efeito de matriz quando o extrato em solvente

orgânico da amostra foi diluído até cinco vezes em tampão fosfato, sendo que o

aumento da diluição não diminuiu o efeito de matriz. As curvas de calibração

preparadas em extrato livre de RCT e somente em tampão fosfato foram

superpostas sem evidência de efeitos de matriz.

Zhang et al. (2012) desenvolveram e compararam dois ensaios ELISA

competitivos indiretos: o tradicional e outro utilizando amplificação por biotina-

estreptavidina (BA-ELISA). Para ambos, músculo suíno foi fortificado nas

concentrações de 0,16 µg/kg; 0,8 µg/kg e 4 µg/kg. Para o BA-ELISA, foram obtidas

recuperações de 75,0 % a 82,8 % com DPR de 3,5 % a 9,0 %, enquanto para o

ELISA tradicional, foram obtidas recuperações de 75,0 % a 83,5 % com DPR de

3,6 % a 8,1 %.

Dong et al. (2012) desenvolveram e avaliaram o desempenho de um

imunoensaio enzimático por quimioluminescência por meio da recuperação em

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carne suína de três níveis e triplicatas. As recuperações variaram de 94,7 % a

104,4 %, com DPR de 10 % a 15 %.

Pleadin et al. (2012) usaram um kit ELISA comercial (Ridascreen) para avaliar

a presença de RCT após retirada desse fármaco da alimentação de suínos. A

validação do método foi realizada para músculo em quatro níveis (2 µg/kg, 5 µg/kg,

10 µg/kg e 20 µg/kg), sendo seis replicatas por nível em três dias diferentes,

totalizando 72 ensaios. A recuperação variou de 79,2 % a 92,7 % com DPRr de

4,9 % a 8,3 % DPRR de 7,5 % a 11,5 %. O LD e o LQ foram estabelecidos em

0,4 µg/kg e 0,5 µg/kg, respectivamente.

Comparando-se os dados do presente estudo com aqueles reportados na

literatura para métodos de escopo similar, percebeu-se um pior desempenho

quantitativo do kit aqui analisado. Observou-se, contudo, que maioria dos trabalhos

referiu-se à validação de imunoensaios desenvolvidos pelos próprios autores e que,

em todos os casos, os delineamentos para a validação foram mais restritos. De

qualquer forma, para uma triagem quantitativa, a aplicação do kit seria questionável,

visto que não houve evidências de recuperação, precisão, limites e incertezas

aceitáveis nessa abordagem. Tais resultados indicaram uma provável aplicação do

kit em triagens qualitativas, conforme resultados a seguir.

5.1.2 ABORDAGEM QUALITATIVA

Conforme demonstrado na Tabela 10, houve uma tendência de aumento na

confiabilidade dos resultados em função do aumento nos níveis de RCT. Resultados

não detectados foram observados para todas as replicatas de amostras brancas,

levando a uma TST de 100,0 % e 0,0 % de TFN, ou seja, a uma taxa de

confiabilidade de 100,0 %. Nos níveis 0,029 µg/kg, 0,0614 µg/kg e 0,122 µg/kg,

foram obtidos valores de TFN de 75,0 %, 77,8 % e 40,0 %, respectivamente. Assim,

TSB e TCF tiveram variação de 22,2 % a 60,0 %. TFN de 0,0 % foram estimadas

nos níveis acima de 0,244 µg/kg, resultando em 100 % de TSB e TCF.

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90

Tabela 10. Taxas de falso-negativos, falso-positivos, de sensibilidade, de

seletividade e de confiabilidade obtidas na detecção de ractopamina em músculo de

suíno pelo kit 5061RACT

Concentração (μg/kg)

Parâmetro da Validação (%)

TFN/TFP TSB/TST TCF

0 0,0 100,0 100,0

0,029 75,0 25,0 25,0

0,061 77,8 22,2 22,2

0,122 40,0 60,0 60,0

0,244 0,0 100,0 100,0

0,487 0,0 100,0 100,0

0,974 0,0 100,0 100,0

1,948 0,0 100,0 100,0

Legenda: TFN = taxa de falso-negativos, para amostras positivas; TFP = taxa de falso-positivos, para amostras negativas; TSB = taxa de sensibilidade, para amostras positivas; TST = taxa de seletividade, para amostras negativas; TCF = taxa de confiabilidade. Destacados em cinza os valores que se encontraram fora da região de perda de confiabilidade.

O desempenho do kit pode ser considerado satisfatório, levando-se em

consideração os LMR para RCT no Brasil e em outros países (Tabela 4). No

entanto, confiabilidade de 60 % foi alcançada no nível 0,1 µg/kg, relativo ao limite de

monitoramento brasileiro e ao limite de detecção máximo estabelecido para controle

em países nos quais o uso da RCT é proibido.

Na Tabela 11 encontram-se relacionados os valores de ACO e CON

estimados para os oito níveis de concentração estudados. A ACO variou entre 0,5 e

1,0 e COM entre 0,4 e 1,0, com valores máximos (iguais a 1,0) no nível 0 µg/kg e a

partir do nível 0,244 µg/kg, indicando padronização adequado do método nesta

faixa.

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91

Tabela 11. Acordância e concordância estimadas na detecção de ractopamina em

músculo de suíno pelo kit 5061RACT

Concentração (μg/kg)

ACO

CON Bateria

analítica 1 Bateria

analítica 2 Bateria

analítica 3

0 1,0 1,0 1,0 1,0

0,029 0,5 0,8 1,0 0,6

0,061 0,5 1,0 1,0 0,6

0,122 1,0 0,5 0,6 0,4

0,244 1,0 1,0 1,0 1,0

0,487 1,0 1,0 1,0 1,0

0,974 1,0 1,0 1,0 1,0

1,948 1,0 1,0 1,0 1,0

Legenda: ACO = acordância; CON: concordância. Destacados em cinza os valores que se encontraram fora da região de perda de confiabilidade.

Nas Figuras 19 e 20, encontram-se apresentadas representações gráficas

dos valores de ACO e CON estimados em função da concentração de RCT.

Figura 19. Valores de acordância em função das concentrações estudadas de

ractopamina.

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

0 0,5 1 1,5 2Va

lor

de

ac

ord

ân

cia

RCT (µg/kg)

Bateria 1

Bateria 2

Bateria 3

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92

Figura 20. Valores de concordância em função das concentrações estudadas de

ractopamina.

Curvas de desempenho foram construídas, por regressão logística não linear,

empregando os modelos sigmoides logito e probito. Em ambos os casos o perfil do

gráfico de resíduos não foi tendencioso, sendo escolhido o modelo logito, por

apresentar maior coeficiente de determinação (Figura 21). Desta forma, a RPC foi

calculada entre 0,000 µg/kg e 0,218 µg/kg, considerando TCF entre 5 % e 95 %,

respectivamente, sendo o LD definido como o extremo superior da RPC, ou seja,

0,218 µg/kg. Tal limite cumpre com o LMR estabelecido no Brasil para RCT, embora

não cubra o limite adotado para programas de monitoramento. O limite estimado no

presente trabalho foi inferior ao LD de 0,4 µg/kg reportado por Pleadin et al. (2012)

na validação quantitativa de um kit ELISA comercial (Ridascreen).

Como o parâmetro LD é arbitrário, ou seja, dependente da probabilidade de

erro considerada para sua definição, foi realizada uma estimativa de qual seria a

probabilidade de resultados falso-negativos no nível regulamentado para

monitoramentos (0,1 µg/kg), resultando em aproximadamente 50 %. O fabricante

declara um LD de 0,1 µg/kg, embora não apresente o critério adotado para

determinação do referido limite (Europroxima, 2012).

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

0 0,5 1 1,5 2

Va

lor

de

co

nco

rdâ

nc

ia

RCT (µg/kg)

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93

Figura 21. Resultados experimentais (), curvas de desempenho (), equações e

coeficientes de determinação (R2) obtidos por regressão logística não linear do tipo

probito (a) e logito (b) para ractopamina (RCT).

Y=100×e-2,53+24,64x

1+e-2,53+24,64x; R²=0,9846

(a)

Y=100×1,01

1+12,42e-24,42x; R²=0,9848

(b)

No estudo de seletividade, 100 % das amostras adicionadas somente de CLEM

apresentaram resultados negativos, bem como 100 % daquelas adicionadas de RCT

e CLEM apresentaram resultados positivos. Dessa forma, não houve evidência de

que o CLEM interferiu nos resultados da análise (Tabela 12).

0

20

40

60

80

100

0,0 0,5 1,0 1,5 2,0

Res

ult

ad

os

po

sit

ivo

s (

%)

RCT (µg/kg)

0

20

40

60

80

100

0,0 0,5 1,0 1,5 2,0Res

ult

ad

os

po

sit

ivo

s (

%)

RCT (µg/kg)

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94

Tabela 12. Taxas de falso-positivos, de falso-negativos e de confiabilidade obtidas

para amostras brancas e adicionadas de ractopamina, em nível com 100 % de

confiabilidade, na presença de clembuterol

Concentração TFP (%) TFN (%) TCF (%)

CLEM (0,487 µg/kg) 0 - 100

CLEM (0,487 µg/kg) RCT (0,244 µg/kg)

- 0 100

Legenda: CLEM: clembuterol, RCT: ractopamina. TFP: taxa de falso-positivos, TFN: taxa de falso-negativos, TCF: taxa de confiabilidade. Critério de aceitabilidade: TCF maior ou igual a 90 %.

No estudo de robustez, não foi observada alteração na TCF em função dos

fatores e níveis estudados. Uma TCF de 100 % foi evidenciada para todos os

tratamentos de forma que tempos de agitação entre 25 min e 35 min, tempos de

centrifugação entre 5 min e 15 min e temperaturas de entre 45 °C e 55 °C na etapa

de concentração dos extratos poderiam ser praticados na execução das análises

sem comprometimento dos resultados (Tabela 13).

Tabela 13. Taxas de confiabilidade estimadas nos diferentes tratamentos do

experimento de robustez para amostras adicionadas de ractopamina, em nível com

100 % de confiabilidade

Tratamento Tempo de agitação

(min)

Tempo de centrifugações

(min)

Temperatura de

concentração (°C)

Resultados positivos

TCF (%)

Resultado

1 25 5 45 7 100 Robusto

2 25 5 55 8 100 Robusto

3 25 15 45 7 100 Robusto

4 25 15 55 8 100 Robusto

5 35 15 45 8 100 Robusto

6 35 15 55 8 100 Robusto

7 35 5 45 8 100 Robusto

8 35 5 55 8 100 Robusto

Legenda: TCF: taxa de Confiabilidade. Critério de aceitabilidade: TCF maior ou igual a 95 %. Nos tratamentos 1 e 3, foram obtidos 100% de TCF, mesmo com apenas 7 resultados positivos, devido a uma perda analítica em cada um desses níveis.

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95

5.2 ESTUDO DE OCORRÊNCIA

Não houve divergências entre resultados das duplicatas analíticas no estudo

de ocorrência. Dentre as 30 amostras de mercado analisadas, 22 (73 %)

apresentaram resultados positivos. Considerando os cortes, foram encontradas sete

amostras positivas para costela e pernil traseiro e oito amostras positivas para

lombo, representando 70 %, 70 % e 80 % de resultados positivos, por tipo de corte,

respectivamente (Tabela 14). Tais resultados indicaram uma prevalência

significativa de resíduos de RCT na carne disponibilizada no mercado de Minas

Gerais, Brasil.

Tabela 14. Resultados do estudo de ocorrência da ractopamina nos três cortes de

carne suína avaliados

Corte Amostras positivas

Número Percentual (%)

Costela 7 70

Lombo 8 80

Pernil traseiro 7 70

Total 22 73 Legenda: Número de observações: 10 por corte, 30 no total.

Tais resultados não podem ser comparados com aqueles publicados pelo

MAPA (Tabela 6), uma vez que no PNCRC não foram reportados resultados não

conformes para RCT em músculo suíno ao longo dos anos de monitoramento, pois o

critério do MAPA é declarar como não conformes os casos de violações ao limite de

10 µg/kg. No escopo de 2015, o MAPA incluiu a previsão de amostragem e análise

de 300 amostras de músculo suíno no Subprograma Exploratório para RCT, onde

esperam-se resultados próximos aos encontrados no presente estudo (Brasil,

2015b).

Numa pesquisa feita pela revista Consumer Reports Magazine foram

analisadas 240 amostras de carne suína do mercado dos Estados Unidos, sendo

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96

relatado 20 % de amostras positivas. No entanto, nenhuma amostra apresentou

resultado acima de 5 µg/kg (Consumer Reports Magazine, 2016). Essa prevalência é

menor do que os 73 % de resultados positivos encontrados no presente estudo de

ocorrência. A revista, entretanto, não declarou o método utilizado e seu LD ou as

condições de amostragem, além do fato que o estudo representa condições de um

país com indústria e hábitos de consumos diferentes dos brasileiros.

Zhang et al. (2009) analisaram sete amostras de músculo suíno, fornecidas

pelo Bureau de Inspeção e Quarentena de Importação e Exportação Tianjin, em

triplicata, e encontraram seis amostras negativas (abaixo do LD de 0,2 µg/kg) e uma

positiva (1,8 ± 0,13) µg/kg. Esse estudo foi realizado, entretanto, na China, onde o

uso de RCT é proibido, ou seja, naturalmente se espera menor prevalência desse

analito.

Como demonstrado nas Figura 22, 23 e 24, o estudo da influência dos

diferentes cortes nos resultados de detecção de RCT indicou que não houve

formação de agrupamentos que indicassem tendência maior de se encontrar RCT

em um determinado corte em detrimento de outro. Mesmo separando-se o

dendrograma em três clusters, os diferentes tipos de cortes aparecem distribuídos

entre eles. O mesmo acontece quando se tentam formar clusters considerando-se a

sazonalidade. Fica evidente que não há influência da estação do ano, já que as três

estações do ano estudadas estão presentes nos três clusters formados. Perfil

diferente foi evidenciado quando os resultados foram avaliados em função dos

diferentes fornecedores. Sete dos 18 fornecedores analisados, que apresentaram

resultados não detectados para RCT, foram agrupadas em um único cluster (verde)

e os demais clusters (azul e vermelho) foram representados por fornecedores que

tiveram amostras positivas para RCT. De fato a influência do fornecedor na

ocorrência de resíduos de RCT parece mais provável que do corte, visto que

diferentes cortes podem ser provenientes de um mesmo animal ou frigorífico

enquanto diferentes frigoríficos (fornecedores) podem ter políticas de manejo

distintas para seus fornecedores, especialmente nos casos de integração contratual.

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97

Figura 22. Análise de cluster hierárquica - dendrograma com distâncias entre os

cortes para avaliação da influência dos diferentes cortes na detecção de

ractopamina.

Cores diferentes indicam classes diferentes; C: costela, P: pernil; L: lombo;

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Figura 23. Análise de cluster hierárquica - dendrograma com distâncias entre os

fornecedores para avaliação da influência dos diferentes fornecedores na detecção

de ractopamina.

Cores diferentes indicam classes diferentes. A a R: letras indicativas dos 18 diferentes fornecedores.

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Figura 24. Análise de cluster hierárquica - dendrograma com distâncias entre as

estações do ano para avaliação da influência da sazonalidade na detecção de

ractopamina.

Cores diferentes indicam classes diferentes. O: outono; I: inverno; P: primavera.

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6. CONCLUSÕES

A validação do kit de ELISA comercial (RACTOPAMINE ELISA 5061RACT

EUROPROXIMA) para determinação de resíduos de RCT, empregando abordagem

quantitativa, indicou que o referido kit não foi adequado aos propósitos de uso pela

avaliação dos parâmetros de desempenho característicos de ensaios quantitativos

(recuperação, repetibilidade, precisão intermediária, limites e incerteza). Mesmo nos

níveis em que o método apresentou porcentagens médias de recuperação dentro

dos critérios de aceitabilidade preconizados por guias internacionais, os DPR se

mostraram muito acima dos limites estabelecidos, evidenciando precisão

inadequada.

A aplicabilidade do kit na detecção de resíduos de RCT em músculo de suíno

foi confirmada por meio da avaliação dos parâmetros de desempenho característicos

de ensaios qualitativos (taxas de falsos resultados, TSB, TST, TCF, RPC, LD, ACO,

CON e robustez).

Uma prevalência de 73 % foi observada pela análise de amostras de carne

suína coletadas no Estado de Minas Gerais, indicando que a RCT tem sido utilizada

no Brasil e que há exposição da população brasileira a esse fármaco. Não foram

evidenciadas tendências na detecção de RCT em função dos cortes e sazonalidade,

embora a detecção da RCT tenha sido influenciada pelos diferentes fornecedores.

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101

7. PUBLICAÇÕES

As referências das publicações deste trabalho encontram-se descritas a

seguir:

COELHO, O. A. M. ; OLIVEIRA, A. M. G. ; SOUZA, S. V. C. Abordagens Quantitativa

e Qualitativa na Validação Intralaboratorial de Kit Para Ractopamina em Carne

Suína: Resultados Preliminares. In: XIX Encontro Nacional e V Congresso Latino

Americano de Analistas de Alimentos, 2015, Natal. Resumo, 2015.

Page 103: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS · adrenergic agonists resulted in human food poisoning. Thus, even in countries where the use of RCT is allowed there are regulated limits. Various

102

8. REFERÊNCIAS

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______, Ed. Manual Brasileiro de Boas Práticas Agropecuárias na Produção de Suínos, p.140, 1 ed. 2011.

ABIPECS. Principais Destinos da Carne Suína Brasileira - Jan/Dez 2012. 2014a.

______. Produção Mundial de Carne Suína. 2014b.

______. Nutrientes. 2015. Disponível em: < http://www.carnesuinabrasileira.org.br/nutrientes.html >. Acesso em: 09 fev 2015.

ABNT. ABNT NBR ISO/IEC 17025:2005 - Requisitos gerais para a competência de laboratórios de ensaio e calibração. ABNT - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS: 31 p. p. 2005.

ABPA. Consumo per capta de Carne Suína (kg/hab). 2016. Disponível em: < http://abpa-br.com.br/setores/suinocultura/mercado-interno/porco/consumo-per-capita-de-carne-suina >. Acesso em: 27 jan. 2016.

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ANDERSON, D. B.; MOODY, D. E.; HANCOCK, D. L. Beta-Adrenergic Agonists. In: POND, W. G.;BELL, A. W., et al (Ed.). Encyclopedia of Animal Science. Nova Iorque: Marcel Dekker, 2010. p.104-107.

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APS. Consumo. 2016. Disponível em: < http://www.aps.org.br/mercado-suino/consumo.html >. Acesso em: 07 fev. 2016.

BOCCA, B. et al. Simultaneous Determination of Zilpaterol and Other Beta Agonists in Calf Eye by Gas Chromatography/Tandem Mass Spectrometry. Journal of AOAC International, v. 86, n. 1, p. 8-14, 2003. Disponível em: < http://www.ingentaconnect.com/content/aoac/jaoac/2003/00000086/00000001/art00002 >.

BRASIL. Instrução Normativa SDA nº 42, de 20 de dezembro de 1999. Brasília, p.51. 1999

______. PORTARIA N° 51, DE 17 DE DEZEMBRO DE 2001. MAPA - MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO. Brasília: 4 p. 2001.

______. PORTARIA Nº 78, DE 19 DE DEZEMBRO DE 2002. MAPA - MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO. Brasília: 2 p. 2002.

______. PORTARIA Nº 29, DE 10 DE MARÇO DE 2003. MAPA - MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO. Brasília: 2 p. 2003.

______. PORTARIA Nº 10, DE 29 DE JANEIRO DE 2004. MAPA - MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO. Brasília: 3 p. 2004a.

______. PORTARIA Nº 56, DE 11 DE AGOSTO DE 2004. MAPA - MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO. Brasília: 1 p. 2004b.

______. PORTARIA Nº 1, DE 7 DE JANEIRO DE 2005. MAPA - MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO. Brasília: 4 p. 2005a.

______. PORTARIA Nº 77, DE 17 DE JUNHO DE 2005. MAPA - MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO. Brasília: 1 p. 2005b.

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______. PORTARIA N° 220, DE 28 DE AGOSTO DE 2006. MAPA - MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO. Brasília: 2 p. 2006a.

______. PORTARIA Nº 50, DE 20 DE FEVEREIRO DE 2006. MAPA - MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO. Brasília: 11 p. 2006b.

______. INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 8, DE 30 DE MARÇO DE 2007. MAPA - MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO. Brasília.: 4 p. 2007a.

______. INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 9, DE 30 DE MARÇO DE 2007. MAPA - MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO. Brasília: 8 p. 2007b.

______. INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 9, DE 10 DE ABRIL DE 2008. MAPA - MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO. Brasília: 4 p. 2008a.

______. INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 10, DE 14 DE ABRIL DE 2008. MAPA - MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO. Brasília: 11 p. 2008b.

______. INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 14, DE 25 DE MAIO DE 2009. MAPA - MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO. Brasília: 10 p. 2009a.

______. INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 15, DE 25 DE MAIO DE 2009. MAPA - MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO. Brasília: 8 p. 2009b.

______. INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 6, DE 16 DE MARÇO DE 2010. MAPA - MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO. Brasília: 7 p. 2010a.

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______. INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 8, DE 29 DE ABRIL DE 2010. MAPA - MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO. Brasília: 11 p. 2010b.

______. INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 6, DE 25 DE FEVEREIRO DE 2011. MAPA - MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO. Brasília: 7 p. 2011a.

______. INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 24, DE 09 DE AGOSTO DE 2011. MAPA - MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO. Brasília: 12 p. 2011b.

______. INSTRUÇÃO NORMATIVA N° 7, DE 4 DE ABRIL DE 2012. MAPA - MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO. Brasília: 4 p. 2012a.

______. INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 11, DE 22 DE MAIO DE 2012. MAPA - MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO. Brasília: 16 p. 2012b.

______. Aditivos. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, 2013a. Disponível em: < http://www.agricultura.gov.br/animal/alimentacao/aditivos >. Acesso em: 29 jan. 2015.

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______. ADITIVOS MELHORADORES DE DESEMPENHO E ANTICOCCIDIANOS REGISTRADOS NA CPAA/DFIP. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, 2014a. Disponível em: < http://www.agricultura.gov.br/arq_editor/file/Alimenta%C3%A7%C3%A3o%20Animal/

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ADITIVOS%20AUTORIZADOS%20COMO%20MD%20e%20ANTICOCCIDIANOS%202014%20-%2001%20setembro%20-%20Portal%20MAPA.pdf >.

______. Instrução Normativa SDA nº 11, de 07 de maio de 2014. MAPA - MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO. Brasília, p.15. 2014b

______. PORTARIA SDA Nº 60, DE 07 DE MAIO DE 2014. MAPA - MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO. Brasília: 11 p. 2014c.

______. ADITIVOS MELHORADORES DE DESEMPENHO E ANTICOCCIDIANOS REGISTRADOS NA CPAA/DFIP. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, 2015a. Disponível em: < http://www.agricultura.gov.br/arq_editor/file/Alimenta%C3%A7%C3%A3o%20Animal/ADITIVOS%20AUTORIZADOS%20COMO%20MD%20e%20ANTICOCCIDIANOS%202015%20-%2025%20abril%20-%20Portal%20MAPA.pdf >. Acesso em: 25 jan. 2016.

______. INSTRUÇÃO NORMATIVA N° 13, DE 15 DE JULHO DE 2015. MAPA - MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO. Brasília: 8 p. 2015b.

______. PORTARIA SDA N° 22, DE 07 DE ABRIL DE 2015. MAPA - MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO. Brasília: 15 p. 2015c.

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