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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS ESCOLA DE ENFERMAGEM PROGRAMA NACIONAL DE RESIDÊNCIA EM ENFERMAGEM OBSTÉTRICA ASSISTÊNCIA AO PARTO PRESTADA POR RESIDENTES EM ENFERMAGEM OBSTÉTRICA NA MATERNIDADE DO HOSPITAL RISOLETA TOLENTINO NEVES - BELO HORIZONTE/MG. ORIENTANDA: Ana Luiza Ribeiro Figueiredo Coura ORIENTADORA: Profª Dra. Marta Araújo Amaral BELO HORIZONTE 2015

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS ESCOLA DE ENFERMAGEM … FINAL ANA … · inserção do estudo foi: partos assistidos por residentes em enfermagem obstétrica, independente se

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Page 1: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS ESCOLA DE ENFERMAGEM … FINAL ANA … · inserção do estudo foi: partos assistidos por residentes em enfermagem obstétrica, independente se

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS

ESCOLA DE ENFERMAGEM

PROGRAMA NACIONAL DE RESIDEcircNCIA EM ENFERMAGEM OBSTEacuteTRICA

ASSISTEcircNCIA AO PARTO PRESTADA POR RESIDENTES EM ENFERMAGEM

OBSTEacuteTRICA NA MATERNIDADE DO HOSPITAL RISOLETA TOLENTINO NEVES -

BELO HORIZONTEMG

ORIENTANDA Ana Luiza Ribeiro Figueiredo Coura

ORIENTADORA Profordf Dra Marta Arauacutejo Amaral

BELO HORIZONTE

2015

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Ana Luiza Ribeiro Figueiredo Coura

ASSISTEcircNCIA AO PARTO PRESTADA POR RESIDENTES EM ENFERMAGEM

OBSTEacuteTRICA NA MATERNIDADE DO HOSPITAL RISOLETA TOLENTINO NEVES-

BELO HORIZONTEMG

Trabalho de conclusatildeo de curso apresentado ao

Programa de Residecircncia em Enfermagem Obsteacutetrica

ministrado pela Escola de Enfermagem da Universidade

Federal de Minas Gerais como requisito parcial para

obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Enfermeira Obstetra

Belo Horizonte

2015

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AGRADECIMENTOS

Nada nesta vida se faz sozinho Muitas pessoas foram fundamentais para que eu conseguisse ldquogestarrdquo

e ldquoparirrdquo esta residecircncia assim como este trabalho Reconheccedilo que natildeo foi faacutecil nem perfeito mas com

certeza valeu a pena

Agradeccedilo primeiramente a Deus por me conduzir e guiar por todas as becircnccedilatildeos e graccedilas concedidas

pela proteccedilatildeo pela minha vida e por tudo que faz parte dela Os planos do Pai satildeo perfeitos

Agradeccedilo do fundo do coraccedilatildeo a minha famiacutelia a meus amados pais Ronaldo e Magda minhas irmatildes

Mariana e Isabella meu namorado Tiago enfim a todos que me apoiaram e deram forccedilas para que eu

pudesse chegar ao meu objetivo

Meus sinceros agradecimentos a Professora Dra Marta Arauacutejo Amaral que mesmo encerrando sua vida

docente me aceitou como sua orientanda e com doccedilura me conduziu de forma leve e correta na

elaboraccedilatildeo deste trabalho

Minha gratidatildeo a Enfermeira Obstetra Ana Maria Magalhatildees Sousa pela impecaacutevel preceptoria e por ter

sido por muitas vezes fonte de inspiraccedilatildeo teoacuterica e praacutetica Os artigos compartilhados por vocecirc foram

fundamentais para meu trabalho

A amiga Baacuterbara Noelly que mesmo cursando a faculdade de medicina colaborou com a digitaccedilatildeo do

banco de dados e anaacutelise estatiacutestica O que seria de mim sem vocecirc minha amiga

As amigas que a residecircncia me presenteou minha gratidatildeo Ana Clara Priscila Flaacutevia Fabiana e

Bruna vocecircs foram fieacuteis companheiras nesta caminhada e a tornaram mais leve e feliz

Natildeo poderia deixar de agradecer a coordenaccedilatildeo e equipe da maternidade do HRTN Obrigada pela

acolhida pela possibilidade de aprendizado e pelo apoio para que este trabalho fosse realizado

Agradeccedilo tambeacutem as demais instituiccedilotildees que me abriram as portas e tanto me ensinaram

Finalmente minha eterna gratidatildeo a todas as mulheres e famiacutelias que me permitiram e permitem

participar de momentos tatildeo especiais quanto os satildeo os nascimentos de seus filhos Obrigada por me

permitirem descobrir o protagonismo da mulher o sentido da minha profissatildeo da humanizaccedilatildeo do

respeito e o valor imensuraacutevel que haacute em cada vida

4

SUMAacuteRIO

INTRODUCcedilAtildeO hellip 06

OBJETIVO 10

METODOLOGIA hellip 10

RESULTADOS hellip 14

TABELA 1 15

TABELA 2 17

DISCUSSAtildeO hellip 19

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS hellip 37

REFEREcircNCIAS 39

ANEXO 1 hellip 42

ANEXO 2 hellip 46

ANEXO 3 48

5

RESUMO

Trata-se de um estudo quantitativo retrospectivo que teve como objetivo descrever os indicadores

resultantes da assistecircncia ao parto normal prestada pelas enfermeiras residentes em enfermagem

obsteacutetrica (REO) da primeira turma da Escola de Enfermagem da UFMG na maternidade do Hospital

Risoleta Tolentino Neves em Belo Horizonte no periacuteodo de abril de 2013 a abril de 2014 Os dados foram

coletados a partir do livro de registro de partos assistidos pelas enfermeiras obstetras (EO) O criteacuterio de

inserccedilatildeo do estudo foi partos assistidos por residentes em enfermagem obsteacutetrica independente se

preceptorados por EO ou meacutedico obstetra As variaacuteveis de interesse foram idade materna nuacutemero de

gestaccedilotildees paridade idade gestacional posiccedilatildeo do parto episiotomia contato pele a pele presenccedila de

acompanhante analgesia farmacoloacutegica laceraccedilatildeo perineal e Apgar Os dados foram submetidos agrave

anaacutelise descritiva com caacutelculo da frequecircncia absoluta e relativa para as variaacuteveis categoacutericas e de desvio

padratildeo para as variaacuteveis contiacutenuas Dos 1434 partos assistidos por EO na maternidade do HRTN no

periacuteodo de 13 meses 714 foram com a participaccedilatildeo REO (498) A faixa etaacuteria predominante no estudo

foi de adultas jovens (695) seguida por adolescentes (202) Quanto ao nuacutemero de gestaccedilotildees 396

eram primigestas 298 secundigestas 143 tercigestas 161 tiveram quatro gestaccedilotildees anteriores

ou mais Multiacuteparas foram 557 e primiacuteparas 441 Quanto agrave idade gestacional encontraram-se partos

preacute-termo (63) termo (900) e poacutes-termo (04) e de idade gestacional desconhecida ou natildeo

informada (32) Em relaccedilatildeo agraves posiccedilotildees de parto a maior parte foi semi-sentada (647) seguida da

posiccedilatildeo no banquinho (168) Partos em posiccedilotildees natildeo supinas somaram aproximadamente 92 A taxa

de episiotomia foi 42 Na maior parte dos partos houve laceraccedilotildees de primeiro grau (460) e periacuteneo

iacutentegro (271) Laceraccedilotildees de terceiro (28) e quarto grau (02) apareceram em pequena proporccedilatildeo

O contato pele a pele na primeira hora de vida foi realizado em 944 Houve acompanhante familiar em

960 dos partos A analgesia farmacoloacutegica foi realizada em 166 por teacutecnica peridural e 11

raquidiana O Apgar no primeiro minuto foi gt 7 em 935 dos neonatos com meacutedia de 83 O Apgar no

quinto minuto foi gt7 em 991 dos RN com meacutedia de 93 Conclui-se que foram obtidos resultados

obsteacutetricos e neonatais favoraacuteveis com a atuaccedilatildeo das enfermeiras residentes na perspectiva da praacutetica

baseada em evidecircncia cientiacutefica e nos princiacutepios da humanizaccedilatildeo da assistecircncia A atuaccedilatildeo das

residentes reflete a praacutetica da preceptoria e o modelo institucional incorporado baseado em praacuteticas

humanizadas O incentivo agrave formaccedilatildeo de enfermeiras obstetras eacute fundamental para o fortalecimento da

categoria para maior inserccedilatildeo em espaccedilos onde a assistecircncia ao parto ainda eacute meacutedico-centrada para

mudanccedila do modelo obsteacutetrico hegemocircnico nacional e para melhoria da assistecircncia prestada agrave mulher

receacutem-nascido e famiacutelia

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INTRODUCcedilAtildeO

Desde o surgimento da Poliacutetica Nacional de Atenccedilatildeo Integral agrave Sauacutede da Mulher do Programa

de Humanizaccedilatildeo no Preacute-Natal e Nascimento no final da deacutecada de 1990 e do Pacto Nacional

pela Reduccedilatildeo da Mortalidade Materna e Neonatal em 2004 diversas accedilotildees de sauacutede vecircm

sendo direcionadas a esses segmentos populacionais de forma mais sistemaacutetica no Sistema

Uacutenico de Sauacutede (SUS) como parte dos esforccedilos intergovernamentais para reduccedilatildeo dos

indicadores de morbimortalidade materno e infantil (CAVALCANTI et al 2013)

A partir do entendimento de que a morbimortalidade materna e infantil satildeo eventos complexos

e portanto multifatoriais essas questotildees permanecem como um desafio para o paiacutes Alguns

fatores tecircm dificultado a melhoria desses indicadores tais como o financiamento insuficiente a

deficiente regulaccedilatildeo do sistema de sauacutede a fragmentaccedilatildeo das accedilotildees e dos serviccedilos de sauacutede

a organizaccedilatildeo dos serviccedilos e ainda a produccedilatildeo do cuidado que tende a ldquomedicalizarrdquo e

ldquointervirrdquo desnecessariamente nos processos de gestaccedilatildeo parto e nascimento (CAVALCANTI

et al 2013)

Em 1996 a Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede (OMS) publicou um guia no qual dividiu as praacuteticas

obsteacutetricas no parto normal a partir de evidecircncias cientiacuteficas em quatro categorias A ndash

Praacuteticas demonstradamente uacuteteis e que devem ser encorajadas B ndash Praacuteticas claramente

prejudiciais ou ineficazes e que devem ser eliminadas C ndash Praacuteticas que natildeo existem evidecircncias

para apoiar sua recomendaccedilatildeo e devem ser utilizadas com cautela ateacute que novas pesquisas

esclareccedilam a questatildeo D ndash Praacuteticas que satildeo frequentemente utilizadas de modo inadequado

Tomando como base essa categorizaccedilatildeo da OMS em 2001 o Ministeacuterio da Sauacutede (MS)

apresentou uma publicaccedilatildeo semelhante sobre as condutas e praacuteticas no parto normal

modificadas pelas novas evidecircncias cientiacuteficas disponiacuteveis (OMS 1996 BRASIL 2001)

A OMS (1996) refere-se agraves enfermeiras obstetras como aquelas que prestam mais

adequadamente e com melhor custo-benefiacutecio a assistecircncia agrave gestaccedilatildeo e ao parto normal

com competecircncia para avaliar riscos e reconhecer complicaccedilotildees

Segundo a Lei 7498 de 25 de junho de 1986 a qual regulamenta o exerciacutecio profissional da

enfermagem cabe ao profissional enfermeiro prestar assistecircncia de enfermagem agrave gestante

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parturiente e pueacuterpera acompanhamento da evoluccedilatildeo e do trabalho de parto assistecircncia ao

parto normal sem distoacutecia e ao receacutem-nascido Segundo o artigo 9ordm desta lei fica definido ainda

que agraves profissionais titulares de diploma ou certificados de Obstetriz ou de Enfermeira

Obsteacutetrica incumbe

I - prestaccedilatildeo de assistecircncia agrave parturiente e ao parto normal

II - identificaccedilatildeo das distoacutecias obsteacutetricas e tomada de providecircncias ateacute a chegada do meacutedico

III - realizaccedilatildeo de episiotomia e episiorrafia com aplicaccedilatildeo de anestesia local quando

necessaacuteria

Em meados dos anos de 1990 as enfermeiras obstetras comeccedilaram a se destacar no cenaacuterio

nacional ao adotarem em sua praacutetica assistencial as recomendaccedilotildees da OMS e do MS de boas

praacuteticas na assistecircncia ao parto (ANEXO 1) (OMS 1996) Gradativamente as enfermeiras

obstetras passaram a ocupar espaccedilos em diferentes instituiccedilotildees na assistecircncia ao parto em

conjunto com equipe multiprofissional

No Brasil estudos mostram que a presenccedila de enfermeiras obstetras reduz o excesso de

cesarianas desnecessaacuterias Em maternidades onde os partos satildeo assistidos por enfermeiras

obstetras ou obstetrizes a taxa de cesariana eacute 78 menor quando comparada aos hospitais

onde natildeo haacute presenccedila desse profissional no momento do parto Contudo apenas 16 dos

partos no paiacutes satildeo assistidos por tais profissionais em sua maioria pelo SUS (BATALHA

2015)

Para Sousa (2013) a adoccedilatildeo das boas praacuteticas assistenciais para o parto normal vem sendo

um dos grandes desafios para os serviccedilos e profissionais da sauacutede portanto permanecem

como objeto de avaliaccedilatildeo e discussatildeo em muitos estudos com o intuito de promover e

fortalecer o embasamento teoacuterico-cientiacutefico agrave praacutetica obsteacutetrica na perspectiva da humanizaccedilatildeo

e da formaccedilatildeo profissional voltada para a tais recomendaccedilotildees

Em 2000 a OMS estipulou Oito Objetivos de Desenvolvimento do Milecircnio (ODM) para 75

paiacuteses dentre os quais estaacute o Brasil Os objetivos 4 e 5 incluem respectivamente a reduccedilatildeo em

dois terccedilos da mortalidade na infacircncia (em crianccedilas menores de 5 anos) e a melhoria da sauacutede

materna com A) reduccedilatildeo em trecircs quartos da taxa de mortalidade materna com relaccedilatildeo ao niacutevel

8

observado em 1990 e B) universalizaccedilatildeo do acesso agrave sauacutede sexual e reprodutiva o que

envolve a assistecircncia ao parto por profissional capacitado (BRASIL 2014)

A taxa de mortalidade materna no Brasil no periacuteodo de 1990 a 2011 caiu em 55 passando de

141 para 64 oacutebitos por 100 mil nascidos vivos (BRASIL 2014) No ano de 2014 a OMS

divulgou um relatoacuterio sobre o andamento dos ODM nos paiacuteses participantes e com relaccedilatildeo a

mortalidade materna no Brasil entre os anos de 2000 e 2013 a queda foi de apenas 17

sendo o quarto mais lento dentre os 75 paiacuteses Eacute certo que natildeo se consiga atingir a meta de

35 mortes por 100000 NV pois o ritmo de queda eacute lento (OMS 2014)

Mesmo apoacutes a criaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas programas manuais e accedilotildees voltadas para

atenccedilatildeo aacute sauacutede da mulher receacutem-nascido (RN) e crianccedila como o incentivo a humanizaccedilatildeo da

assistecircncia ao parto e nascimento observa-se permanecircncia de taxas de mortalidade materna

elevadas no Brasil Soma-se a isto o modelo de assistecircncia obsteacutetrica predominantemente

medicalizado com pequena inserccedilatildeo de enfermeiras obstetras e com permanecircncia de praacuteticas

assistenciais sem base em evidecircncias cientiacuteficas na maior parte do paiacutes Um exemplo desse

contexto satildeo as elevadas taxas de cesarianas no Brasil atingindo a alarmante taxa de 52 em

2011 No setor puacuteblico esta taxa eacute de 46 e no privado 88 segundo dados da pesquisa

ldquoNascer no Brasil Inqueacuterito Nacional sobre Parto e Nascimentordquo da Fundaccedilatildeo Oswaldo Cruz

realizada entre os anos de 2011 e 2012 em todo territoacuterio nacional

Na tentativa de reverter este quadro o Ministeacuterio da Sauacutede elaborou em 2011 uma iniciativa

inovadora a estrateacutegia Rede Cegonha normatizada pela Portaria nordm 1459 A Rede Cegonha eacute

operacionalizada pelo SUS fundamentada nos princiacutepios da humanizaccedilatildeo e assistecircncia que

assegura agraves mulheres receacutem-nascidos e crianccedilas direitos tais como planejamento reprodutivo

atenccedilatildeo humanizada agrave gravidez parto e puerpeacuterio nascimento seguro crescimento e

desenvolvimento saudaacuteveis (BRASIL 2011)

Uma das diretrizes da Rede Cegonha consiste na mudanccedila do modelo da atenccedilatildeo aplicado ao

parto e ao nascimento com incentivo agraves praacuteticas voltadas para humanizaccedilatildeo baseadas em

evidecircncias cientiacuteficas Para a implementaccedilatildeo desse modelo eacute importante a intensificaccedilatildeo da

formaccedilatildeo e especializaccedilatildeo de profissionais em obstetriacutecia para que possam atuar no SUS

(BRASIL 2012)

9

Para atender a demanda de formaccedilatildeo destas profissionais foi criado o Programa Nacional de

Residecircncia em Enfermagem Obstetriacutecia (PRONAENF) uma iniciativa inovadora do governo

federal que forma enfermeiras obsteacutetricas nas regiotildees que aderiram agrave estrateacutegia Rede

Cegonha Participaram inicialmente 18 instituiccedilotildees de ensino em 13 unidades da federaccedilatildeo

com 156 bolsas financiadas pelo Ministeacuterio da Sauacutede e pelo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Os

profissionais atuam desde o preacute-natal e parto ateacute o nascimento e poacutes-parto dentro do

preconizado pela Rede Cegonha A estrateacutegia visa intensificar a assistecircncia integral agrave sauacutede

das mulheres e crianccedilas do planejamento reprodutivo ndash passando pela confirmaccedilatildeo da

gravidez parto puerpeacuterio ndash ateacute o segundo ano de vida do filho (BRASIL 2012)

Em marccedilo de 2013 a Escola de Enfermagem da Universidade Federal de Minas Gerais (EE-

UFMG) iniciou a primeira turma de residentes com 24 participantes desenvolvendo o ensino

cliacutenico em quatro campos de praacutetica Hospital das Cliacutenicas da UFMG (HC-UFMG) Hospital

Universitaacuterio Risoleta Tolentino Neves (HRTN) Hospital Sofia Feldman (HSF) sendo estas no

acircmbito hospitalar e Unidades de Sauacutede da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) no acircmbito da

atenccedilatildeo baacutesica Divididas entre os campos 24 enfermeiras residentes cumpriram carga horaacuteria

de 60 horas semanais sendo 48 horas de plantotildees e 12 horas de aulas teoacutericas na EEUFMG

Para Amorim e Gualda (2011) as mudanccedilas no modelo de ensino da enfermagem obsteacutetrica

satildeo fundamentais para a formaccedilatildeo ampla e de qualidade tanto no aspecto teoacuterico quanto

praacutetico Isso contribui para o desenvolvimento da atuaccedilatildeo competente e para o enfrentamento

do modelo assistencial hegemocircnico

O Programa de Residecircncia em Enfermagem Obsteacutetrica coordenado pela EEUFMG tem sido

desenvolvido em concordacircncia com estes princiacutepios e apesar das atividades praacuteticas terem

sido iniciadas em marccedilo de 2013 ateacute o momento natildeo foi realizada uma pesquisa para avaliar a

praacutetica obsteacutetrica das residentes na atenccedilatildeo ao parto normal nas maternidades envolvidas A

importacircncia da inserccedilatildeo das enfermeiras obstetras na assistecircncia a mulher em todo ciclo

graviacutedico puerperal na atenccedilatildeo ao parto normal na transformaccedilatildeo do modelo obsteacutetrico

hegemocircnico e na implementaccedilatildeo da praacutetica obsteacutetrica baseada em evidecircncias cientiacuteficas

confere relevacircncia a enfermagem obsteacutetrica como campo de pesquisa Considerando este

10

contexto propotildee-se um estudo sobre a assistecircncia ao parto normal prestada pelas enfermeiras

residentes da primeira turma da EE-UFMG na maternidade do Hospital Risoleta Tolentino

Neves na perspectiva de aprimorar o ensino a assistecircncia e a atuaccedilatildeo de futuras residentes

OBJETIVO

Descrever os indicadores resultantes da assistecircncia ao parto normal prestada pelas

enfermeiras residentes em enfermagem obsteacutetrica da primeira turma da Escola de Enfermagem

da UFMG na maternidade do Hospital Risoleta Tolentino Neves em Belo Horizonte no periacuteodo

de abril de 2013 a abril de 2014

METODOLOGIA

Estudo quantitativo restrospectivo desenvolvido na maternidade do HRTN em Belo Horizonte-

MG no periacuteodo de abril de 2013 a abril de 2014

Cenaacuterio

O Hospital Risoleta Tolentino Neves (HRTN) foi escolhido para este estudo dentre as demais

instituiccedilotildees de praacutetica da residecircncia por ser uma maternidade de referecircncia regional para

gestaccedilotildees de risco habitual por ter enfermeiras obstetras inseridas diretamente na assistecircncia

ao parto normal e por estar recebendo a primeira turma de residentes em enfermagem

obsteacutetrica na histoacuteria da instituiccedilatildeo

O hospital estaacute localizado na regiatildeo Norte de Belo Horizonte e mantem uma parceria de ensino

com a UFMG desde sua criaccedilatildeo A maternidade foi inaugurada em 30 de julho de 2007 e tem

como princiacutepio uma assistecircncia humanizada em que se valoriza o trabalho em equipe e um

ambiente que proporcione a mulher um atendimento diferenciado e com total seguranccedila Satildeo

assistidos em meacutedia 270 partos por mecircs com taxas de parto normal em torno de 80 Eacute

composta por dois leitos de pronto atendimento obsteacutetrico (admissatildeo) dois leitos de preacute-parto

(PP) trecircs leitos de PPP (preacutepartopoacutes) uma sala de litotomia e um centro ciruacutergico O

alojamento conjunto eacute composto por 25 leitos que recebem pueacuterperas receacutem-nascidos assim

11

como gestantes em tratamento cliacutenico 4 leitos ldquoCangururdquo para RN em ganho de peso 4 leitos

de internaccedilatildeo social para receber matildees com filhos internados na unidade de cuidados

progressivos aleacutem de uma Unidade de Cuidados Intensivos Neonatal (UCIN) A equipe de

enfermagem eacute composta por uma coordenadora 11 enfermeiras assistenciais 12 enfermeiras

obstetras e 54 teacutecnicos de enfermagem (PORTAL HRTN 2013)

As enfermeiras residentes atuam no centro obsteacutetrico em conjunto com equipe

multiprofissional a qual eacute composta por meacutedicos obstetras meacutedicos residentes em ginecologia

e obstetriacutecia anestesistas pediatras enfermeiras obstetras enfermeiros assistenciais e

teacutecnicos de enfermagem aleacutem de acadecircmicos de enfermagem e medicina da UFMG que

estagiam nesta instituiccedilatildeo Cada plantatildeo diurno ou noturno conta com duas enfermeiras

residentes que se dividem entre o bloco obsteacutetrico e o alojamento conjunto atuando

exclusivamente no local escalado portanto em todos os plantotildees haacute pelo menos uma

residente de enfermagem obsteacutetrica atuando na assistecircncia ao parto normal nesta

maternidade

A equipe presta assistecircncia baseada nos princiacutepios da humanizaccedilatildeo e do modelo colaborativo

Este modelo consiste na atuaccedilatildeo conjunta onde cada parte respeita a atuaccedilatildeo individual dos

membros da equipe que trabalha com metas e objetivos comuns As mulheres e suas famiacutelias

recebem acompanhamento multiprofissional com praacuteticas obsteacutetricas majoritariamente

baseadas em evidecircncias cientiacuteficas e na humanizaccedilatildeo da assistecircncia As parturientes satildeo

assistidas tanto por enfermeiras obstetras como por meacutedicos obstetras em todas as fases da

internaccedilatildeo A assistecircncia eacute compartilhada entre as diferentes categorias profissionais em

situaccedilotildees que variam desde a induccedilatildeo do trabalho de parto assistecircncia durante o trabalho de

parto parto nascimento ateacute o puerpeacuterio Os casos satildeo acompanhados de forma

compartilhada havendo comunicaccedilatildeo entre os membros da equipe Os partos normais podem

ser assistidos por residentes tanto enfermeiros como meacutedicos e ambos podem ser

preceptorados por enfermeiras obstetras ou meacutedicos obstetras o que permite uma atuaccedilatildeo

complementar entre as categorias que traz benefiacutecios ao serviccedilo e agrave parturiente Todos os

partos assistidos por enfermeiras obstetras satildeo registrados em um livro denominado ldquolivro de

registro de partos assistidos pelas enfermeiras obstetrasrdquo Os partos assistidos por residentes

em enfermagem obsteacutetrica tambeacutem satildeo registrados neste livro independente da preceptoria

12

mas eacute importante considerar que estes satildeo em sua maioria preceptorados por enfermeiras

obstetras

Fonte e coleta de dados

A fonte de informaccedilotildees para este estudo foi o ldquolivro de registro de partos assistidos pelas

enfermeiras obstetrasrdquo Os dados nele registrados satildeo data hora do parto nome da paciente

idade paridade idade gestacional posiccedilatildeo de parto realizaccedilatildeo de episiotomia e contato pele a

pele presenccedila de acompanhante se a parturiente recebeu analgesia e qual o tipo (peridural

raquianestesia) se houve laceraccedilatildeo perineal e qual o grau escore de Apgar do RN nome dos

profissionais que assistiram ao parto

O banco de dados foi constituiacutedo por 1434 partos registrados no livro no periacuteodo de treze

meses (abril de 2013 a abril de 2014) Os dados de cada parto foram digitados na iacutentegra no

programa Epi-Info versatildeo 353 Apoacutes a digitaccedilatildeo foram selecionados somente os partos que

atendiam ao criteacuterio para inserccedilatildeo no estudo parto assistido por residente em enfermagem

obsteacutetrica independente se preceptorado por enfermeira obstetra ou por meacutedico obstetra A

partir daiacute delimitou-se a populaccedilatildeo final deste estudo que foi de 714 partos Os dados natildeo

informados de cada variaacutevel foram excluiacutedos da amostra exceto na variaacutevel idade gestacional

Variaacuteveis de interesse

Apoacutes ter sido identificada a populaccedilatildeo deste estudo foram selecionadas onze variaacuteveis de

interesse sendo elas idade materna nuacutemero de gestaccedilotildees paridade idade gestacional

posiccedilatildeo do parto episiotomia contato pele a pele presenccedila de acompanhante analgesia

farmacoloacutegica laceraccedilatildeo perineal e escore de Apgar

A idade das mulheres assistidas pelas enfermeiras residentes foi classificada dentro do

intervalo de idade reprodutiva da seguinte forma

Entre 10 e 14 anos (adolescentes precoces)

Entre 15 e 19 anos (adolescentes)

13

Entre 20 e 34 anos (adultas jovens)

Acima de 35 anos (idade tardia)

Com relaccedilatildeo agrave paridade as mulheres foram divididas em primiacuteparas e multiacuteparas

No que se refere ao nuacutemero de gestaccedilotildees foram classificadas em primigestas secundigestas

tercigestas ou que tiveram quatro gestaccedilotildees anteriores ou mais

Com relaccedilatildeo aacute idade gestacional no parto a classificaccedilatildeo neste estudo foi

Preacute-termo (lt37 semanas)

Termo (entre 37 semanas e 41 semanas+6 dias)

Poacutes-termo (gt42 semanas)

Idade gestacional desconhecida natildeo informada

Na variaacutevel posiccedilatildeo de parto foram consideradas as seguintes posiccedilotildees semi-sentada sentada

no banquinho de coacutecoras em decuacutebito dorsal posiccedilatildeo litotocircmica em Gaskin decuacutebito lateral

em peacute e ajoelhada Em relaccedilatildeo agrave episiotomia contato pele a pele e presenccedila de

acompanhantes os dados foram classificados em SimNatildeo Quanto agraves laceraccedilotildees perineais foi

feita a seguinte classificaccedilatildeo periacuteneo iacutentegro laceraccedilatildeo de primeiro grau de segundo grau de

terceiro grau e de quarto grau Os dados sobre escore de Apgar foram divididos em lt7 e gt 7 no

primeiro e quinto minutos

Anaacutelise dos dados

As variaacuteveis foram submetidas agrave anaacutelise descritiva com caacutelculo da frequecircncia absoluta e

relativa para as variaacuteveis categoacutericas e de meacutedia e desvio padratildeo para as variaacuteveis contiacutenuas

Para o processamento e anaacutelise dos dados utilizou-se o software STATA (versatildeo 90)

14

Aspectos eacuteticos

Para realizaccedilatildeo do estudo o projeto de pesquisa teve aprovaccedilatildeo da Coordenaccedilatildeo do Programa

de Residecircncia em Enfermagem Obsteacutetrica da Escola de Enfermagem da Universidade Federal

de Minas Gerais

O estudo teve a anuecircncia da coordenaccedilatildeo da maternidade e foi aprovado pelo Nuacutecleo de

Ensino e Pesquisa (NEPE) do HRTN em 06082014 pelo parecer nordm 252014 conforme consta

no ANEXO 2

Foi aprovado pela Cacircmara Departamental do Departamento de Enfermagem Materno Infantil

(EMI) da EEUFMG em 10112014 conforme consta no ANEXO 3

RESULTADOS

No periacuteodo de treze meses de abril de 2013 a abril de 2014 foram registrados no livro 1434

partos Destes 714 foram com a participaccedilatildeo das residentes em enfermagem obsteacutetrica

representando 498 do total Os demais 720 partos (excluiacutedos da amostra) foram assistidos

pelas enfermeiras obstetras sozinhas ou com participaccedilatildeo de residentes em ginecologia e

obsteacutetrica acadecircmicos de enfermagem e medicina

Os resultados e sua distribuiccedilatildeo entre a variaacuteveis analisadas estatildeo representados nas tabelas a

seguir

15

TABELA 1

Perfil das gestantes assistidas por residentes em enfermagem obsteacutetrica em relaccedilatildeo a

idade materna paridade nuacutemero de gestaccedilotildees e idade gestacional Belo Horizonte MG

Variaacuteveis n

Idade Materna (anos)

10 ndash 14 6 08

15 ndash 19 144 202

20 - 34 498 695

gt 35 57 79

Paridade

Primiacuteparas 315 441

Multiacuteparas 398 557

Nuacutemero de Gestaccedilotildees

1 283 396

2 213 298

3 102 143

4 ou mais 115 161

Idade Gestacional

Preacute-termo (lt37 semanas) 45 63

Termo (37 - 41 semanas) 643 900

Poacutes-termo (gt 42 semanas) 3 04

Desconhecida natildeo informada 23 32

Variaacutevel N Meacutedia Desvio Padratildeo Miacutenimo Maacuteximo

Idade Gestacional 714 38 15 24 42

Idade Materna 705 24 60 14 44

16

Neste estudo a faixa etaacuteria predominante das mulheres assistidas por residentes em

enfermagem obsteacutetrica foi de adultas jovens com 695 seguida de adolescentes com 202

Os extremos etaacuterios adolescentes precoces e mulheres acima de 35 anos apareceram em

menor proporccedilatildeo sendo 08 e 79 respectivamente A meacutedia etaacuteria foi de 24 anos com

desvio padratildeo de 6 anos sendo que a menor idade encontrada entre as mulheres assistidas

por enfermeiras residentes foi 14 anos e a maior 44 anos

No que se refere ao nuacutemero de gestaccedilotildees o maior percentual foi de primigestas (396)

seguido das secundigestas (298) A partir daiacute observou-se diminuiccedilatildeo do percentual sendo

que tercigestas representaram 143 e o somatoacuterio das mulheres que tiveram quatro

gestaccedilotildees anteriores ou mais resultou em 161 O caso com maior nuacutemero de gestaccedilotildees

encontrado neste estudo foi de uma parturiente que estava em sua 13ordf gestaccedilatildeo

Com relaccedilatildeo agrave paridade as mulheres foram divididas em dois grupos primiacuteparas e multiacuteparas

sendo 441 e 557 respectivamente As mulheres que tiveram apenas uma gestaccedilatildeo ou

seja primigestas satildeo 396 e as primiacuteparas logo que natildeo tem partos vaginais anteriores satildeo

441 Isto evidencia que nem todas as primiacuteparas eram primigestas havendo abortamentos

ou gestaccedilotildees ectoacutepicas anteriores O somatoacuterio das mulheres que tiveram duas ou mais

gestaccedilotildees representou 602 Isso justifica o fato de haver maior percentual de multiacuteparas

quando se analisa paridade e ao mesmo tempo maior percentual de primigestas quando se

analisa nuacutemero de gestaccedilotildees entre as mulheres estudadas

17

TABELA 2

Indicadores da assistecircncia ao trabalho de parto e parto prestada pelas residentes em

enfermagem obsteacutetrica na maternidade do HRTN Belo Horizonte MG

Variaacuteveis N

Variaacuteveis n

Posiccedilatildeo do parto

Analgesia

Semi-sentada 462 647

Natildeo 587 822

Banquinho 120 168

Peridural 119 166

Coacutecoras 56 78

Raquidiana 8 11

Decuacutebito dorsal 23 32

Litotocircmica 20 28

Contato pele a pele

Sentada 9 12

Sim 674 944

Gaskin 7 09

Natildeo 34 47

Decuacutebito lateral 7 09

Em peacute 4 05

Acompanhante

Ajoelhada 2 02

Sim 686 960

Natildeo 27 37

Episiotomia

Sim 30 42

Apgar no 1ordm minuto

Natildeo 681 954

lt7 46 64

gt7 668 935

Laceraccedilatildeo

Natildeo 194 271

Apgar no 5ordm minuto

1ordm grau 329 460

lt7 6 08

2ordm grau 169 236

gt7 708 991

3ordm grau 20 28

4ordm grau 2 02

Variaacutevel N Meacutedia Desvio Padratildeo Miacutenimo Maacuteximo

Apgar no 1ordm minuto 714 83 13 0 10

Apgar no 5ordm minuto 714 93 07 0 10

18

Os resultados deste estudo mostram que a maioria dos partos assistidos por residentes em

enfermagem obsteacutetrica foram em posiccedilatildeo semi-sentada (647) as demais posiccedilotildees de parto

encontradas foram no banquinho (168) de coacutecoras (78) em decuacutebito dorsal (32) em

posiccedilatildeo litotocircmica (28) sentada (12) em Gaskin (09) em decuacutebito lateral (09) em

peacute (05) e ajoelhada (02) Considerando-se todas as posiccedilotildees de parto verticalizadas como

semi-sentada no banquinho Gaskin em peacute e ajoelhada encontrou-se uma taxa em torno de

92 de partos em posiccedilatildeo natildeo supina

A episiotomia foi realizada em apenas 420 dos partos Em 9538 dos casos as mulheres

foram poupadas deste procedimento Com relaccedilatildeo as laceraccedilotildees perineais a maioria das

mulheres apresentou laceraccedilotildees de primeiro grau (460) seguidas de periacuteneo iacutentegro

(271) Laceraccedilotildees de segundo grau acometeram 236 das mulheres Laceraccedilotildees graves

de terceiro grau (28) e de quarto grau (02) ocorreram em uma parcela pouco significativa

das mulheres assistidas pelas enfermeiras residentes

A analgesia farmacoloacutegica foi realizada em 177 das parturientes sendo em 166 por

teacutecnica peridural e 112 por teacutecnica raquidiana A analgesia farmacoloacutegica natildeo foi ofertada a

8221 das mulheres

O contato pele a pele na primeira hora de vida foi proporcionado a 9440 dos receacutem-

nascidos Em 47 a interaccedilatildeo pele a pele natildeo foi realizada

As parturientes contaram com a presenccedila de acompanhante familiar em 960 dos partos Os

partos sem acompanhante familiar representaram apenas 37

Os resultados sobre escore de Apgar foram gt7 no primeiro minuto em 935 dos neonatos e

gt7 no quinto minuto em 991 Tais dados mostram que a quase totalidade dos receacutem-

nascidos apresentava boas condiccedilotildees de vitalidade no primeiro e quinto minuto de vida

19

DISCUSSAtildeO

Idade materna Paridade Nuacutemero de gestaccedilotildees

Segundo o MS as mulheres em idade reprodutiva ou seja de 10 a 49 anos representam 65

do total da populaccedilatildeo feminina conformando um grupo social importante e que merece

atenccedilatildeo no que se refere agrave elaboraccedilatildeo de poliacuteticas de sauacutede (BRASIL 2011)

Silva (2009) cita que mulheres muito jovens ou muito idosas satildeo consideradas de maior risco

para resultados adversos e complicaccedilotildees gestacionais no parto e perinatais

A OMS considera gravidez na adolescecircncia aquela que ocorre em mulheres entre 10 e 19

anos sendo que gestantes com menos de 14 anos satildeo mais vulneraacuteveis e mais expostas agrave

morbimortalidade A gravidez na adolescecircncia estaacute relacionada aacute condiccedilotildees de escolaridade e

fatores socioeconocircmicos como escolaridade renda dentre outros e no que se refere aos

riscos os principais referidos por Santos at al (2014) satildeo prematuridade e baixo peso ao

nascer Jaacute Gravena (2013) refere que estatildeo relacionados agrave gravidez precoce riscos

aumentados ao receacutem-nascido de baixo peso ao nascer deficiecircncias de micronutrientes e

restriccedilatildeo do crescimento intrauterino levando a alteraccedilotildees na evoluccedilatildeo dessa gestaccedilatildeo e no

crescimento fetal o que pode resultar tambeacutem em parto prematuro

Cesar (2011) em estudo sobre gestaccedilatildeo na adolescecircncia encontrou 2018 de matildees

adolescentes e mostrou que estas estiveram de forma sistemaacutetica em desvantagem em

relaccedilatildeo agraves demais matildees tanto no que se refere a caracteriacutesticas socioeconocircmicas quanto na

assistecircncia recebida durante a gestaccedilatildeo e o parto Afirma que as adolescentes possuiacuteam pior

niacutevel de escolaridade e renda familiar viviam mais comumente sem companheiro realizaram

um menor nuacutemero de consultas de preacute-natal iniciaram estas consultas mais tardiamente

referiram com maior frequecircncia a presenccedila de anemia e corrimento vaginal patoloacutegico e foram

mais submetidas ao uso de foacutercipe e episiotomia Considerando-se as categorias adolescentes

precoces e adolescentes do presente estudo tem-se uma taxa de 210 proacutexima da

encontrada por Cesar (2011)

20

Mulheres entre 20 e 35 anos satildeo consideradas adultas jovens e apresentam resultados

obsteacutetricos e neonatais mais favoraacuteveis quando comparadas as adolescentes e a mulheres em

idade avanccedilada Neste estudo as adultas jovens representaram a maior parte da populaccedilatildeo

(695) Este achado corrobora para os resultados obsteacutetricos e neonatais favoraacuteveis aqui

verificados Gravena et al (2013) verificou em seu estudo que adolescentes e mulheres em

idade tardia tiveram probabilidade maior de parto cesaacutereo em relaccedilatildeo agraves adultas No que se

refere ao baixo peso ao nascer tanto as gestantes adolescentes quanto as em idade avanccedilada

apresentaram mais chance de possuiacuterem filhos receacutem-nascidos com baixo peso quando

comparadas as adultas

A taxa de fecundidade vem apresentando queda no Brasil nos uacuteltimos anos segundo dados do

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) em 2000 a taxa de fecundidade era de 24

filhos por mulher e em 2014 foi menor que 18 filhos por mulher (IBGE 2013) Dentre os vaacuterios

fatores que colaboraram para esta transiccedilatildeo na taxa de fecundidade encontram-se a

elaboraccedilatildeo e expansatildeo da estrateacutegia de sauacutede da famiacutelia e das poliacuteticas voltadas para a

mulher no ciclo graviacutedico puerperal principalmente a Poliacutetica Nacional de Direitos Sexuais e

Direitos Reprodutivos lanccedilada em 2005 e a Poliacutetica Nacional de Planejamento Familiar

elaborada em 2007 que permitiu as mulheres expansatildeo do acesso a informaccedilotildees sobre o

planejamento familiar reprodutivo e oferta de meacutetodos contraceptivos (BRASIL 2007)

Define-se gestaccedilatildeo tardia aquela que ocorre acima dos 35 anos e aquelas com mais de 45

anos satildeo consideradas gestaccedilotildees com idade materna avanccedilada Os nascimentos em mulheres

com 35 anos ou mais tem aumentado de forma consistente no Brasil tendecircncia observada

principalmente nos paiacuteses industrializados As mudanccedilas nos haacutebitos de vida como maior niacutevel

de escolaridade maior inserccedilatildeo no mercado de trabalho e na expectativa de vida da mulher

estimulam a postergaccedilatildeo do momento da primeira gravidez que acaba acontecendo em idades

superiores apoacutes serem atingidos outros objetivos de vida pessoais e profissionais Soma-se a

isso o advento da reproduccedilatildeo assistida que permite as mulheres engravidarem em idades mais

avanccediladas periacuteodo de comprovada diminuiccedilatildeo da fertilidade Haacute que se considerar que em

paiacuteses em desenvolvimento como o Brasil a maior parte das gestaccedilotildees tardias acontece em

situaccedilotildees de multiparidade o que tambeacutem envolve riscos (SILVA 2009)

21

A gestaccedilatildeo tardia apresenta risco similar a gestaccedilatildeo na adolescecircncia em alguns aspectos

conforme citado anteriormente e mais elevados em situaccedilotildees como abortamento espontacircneo

gravidez ectoacutepica anormalidades cromossocircmicas e malformaccedilotildees congecircnitas (SILVA 2009)

Gravena et al (2013) cita que nas mulheres com gestaccedilatildeo tardia tecircm sido observados mais

abortamentos espontacircneos e induzidos maior risco para mortalidade perinatal baixa vitalidade

do receacutem- nascido baixo peso ao nascer parto preacute-termo e fetos pequenos para idade

gestacional As gestaccedilotildees de mulheres de idade materna avanccedilada tecircm sido consideradas

como de alto risco em decorrecircncia principalmente da incidecircncia crescente de siacutendromes

hipertensivas ruptura prematura de membranas presenccedila de diabetes aleacutem de maior chance

do iacutendice de Apgar no quinto minuto ser menor que sete

Analisando os 1434 partos registrados no livro no mesmo periacuteodo e nos quais estatildeo incluiacutedos

os 714 partos das enfermeiras residentes o percentual de primiacuteparas e multiacuteparas foi de 415

e 583 respectivamente valores muito proacuteximos aos encontrados nos partos assistidos pelas

enfermeiras residentes

Idade gestacional

Conceitua-se gravidez preacute-termo aquela cuja idade gestacional encontra-se entre 22 e 37

semanas ou entre 154 a 259 dias (ACOG 2013) A prematuridade eacute um evento que afeta a

vida da famiacutelia e do RN de forma significativa envolvendo aspectos bioloacutegicos psicoloacutegicos e

sociais de difiacutecil mensuraccedilatildeo e que devem ser considerados pela equipe que assiste a famiacutelia

prematura (RAMOS 2009)

A prematuridade tem sido estudada como uma das causas importantes de mortalidade infantil

O receacutem-nascido imaturo apresenta desenvolvimento incompleto de oacutergatildeos como ceacuterebro e

pulmotildees aleacutem de limitaccedilatildeo da funccedilatildeo renal e imaturidade da funccedilatildeo hepaacutetica podendo sofrer

seacuterios comprometimentos ou intercorrecircncias (GRAVENA 2013) A literatura cita alguns fatores

de risco gestacionais associados agrave prematuridade tais como parto prematuro preacutevio gestaccedilatildeo

muacuteltipla histoacuteria materna de um ou mais abortos espontacircneos no segundo trimestre

comprimento cervical lt 30 cm baixo niacutevel socioeconocircmico idade materna lt18 anos ou gt40

22

anos primiparidade (mais frequente no primeiro filho) complicaccedilotildees maternas (cliacutenicas ou

obsteacutetricas) atividade fiacutesica aumentada tabagismo uso de cocaiacutena acompanhamento preacute-

natal inadequado ou ausente situaccedilotildees de alto estresse crescimento intrauterino restrito

(CIUR) anomalias congecircnitas polihidracircmnios ruptura prematura de membranas preacute-termo

(RPMPT) descolamento de placenta presenccedila de DIU mioma (particularmente submucoso ou

subplacentaacuterio) anomalias uterinas insuficiecircncia istmo-cervical infecccedilotildees maternas siacutendrome

antifosfoliacutepide trauma cirurgia (RAMOS 2009)

O American College of Obstetricians and Gynecologists (ACOG 2013) classifica a gravidez

aleacutem de 37 semanas da seguinte maneira

Termo precoce entre 37 semanas e 38 semanas e 6 dias

Termo completo entre 39 semanas e 40 semanas e 6 dias

Termo tardio entre 41 semanas e 41 semanas e 6 dias

Poacutes-termo 42 semanas em diante

Neste estudo a grande maioria dos partos assistidos pelas enfermeiras residentes foi de

gestaccedilotildees a termo (900) Tal fato se justifica pela maior atuaccedilatildeo da enfermagem obsteacutetrica

nas gestaccedilotildees de risco habitual A meacutedia de idade gestacional da amostra deste estudo foi de

38 semanas sendo a menor idade gestacional encontrada 24 semanas e a maior 42 semanas

Os partos preacute-termo e poacutes-termo ou seja de maior risco satildeo preferencialmente

acompanhados por meacutedico obstetra Eacute rotina da instituiccedilatildeo em estudo a induccedilatildeo do trabalho

de parto nas gestaccedilotildees acima de 41 semanas Tambeacutem por esse motivo pode-se justificar a

atuaccedilatildeo das enfermeiras residentes em menos de 05 de partos poacutes-termo

O ACOG define gestaccedilatildeo poacutes-termo ou gestaccedilatildeo prolongada como aquela que se estende

aleacutem de 42 semanas ou 294 dias de gestaccedilatildeo (ACOG 2013) Para Amorim (2010) as

gestaccedilotildees aleacutem de 42 semanas ocorrem em aproximadamente 5 dos casos jaacute as aleacutem de 41

semanas em cerca de 10 A causa mais comum de gestaccedilatildeo poacutes-termo eacute o erro de dataccedilatildeo

e quando realmente existe a causa eacute desconhecida sendo a primiparidade o principal fator de

risco associado Mais raramente outros fatores podem estar presentes como a anencefalia

23

deficiecircncia de sulfatase placentaacuteria feto do sexo masculino e predisposiccedilatildeo geneacutetica (BRASIL

2011) O maior temor relacionado agrave gestaccedilatildeo prolongada eacute de que ocorra insuficiecircncia

placentaacuteria com reduccedilatildeo do aporte de nutriente e oxigecircnio para o bebecirc o que pode acarretar

aumento da morbidade e mortalidade perinatal Com maior frequecircncia de morte perinatal

anormalidade da frequecircncia cardiacuteaca fetal intraparto eliminaccedilatildeo de mecocircnio macrossomia e

cesariana (AMORIM 2010)

No Brasil tem sido frequente a indicaccedilatildeo de cesariana quando a gestaccedilatildeo ultrapassa 40

semanas sobretudo no setor privado poreacutem esta conduta natildeo eacute corroborada por evidecircncias

Amorim (2010) em compilado sobre o tema cita uma revisatildeo sistemaacutetica publicada em 2003 na

qual concluiacuteram que a induccedilatildeo do parto a partir de 41 semanas quando comparada agrave conduta

expectante resultou em menor taxa de cesaacuterias (201 x 22) e de liacutequido amnioacutetico meconial

(224 x 277) poreacutem natildeo houve diferenccedila em termos de mortalidade perinatal escores de

Apgar admissatildeo em UTI neonatal e siacutendrome de aspiraccedilatildeo meconial Em 2012 outra revisatildeo

sistemaacutetica disponiacutevel na biblioteca Cochrane incluindo 22 ensaios cliacutenicos randomizados e

9383 mulheres submetidas aacute induccedilatildeo do parto mostrou reduccedilatildeo significativa do risco relativo de

morte perinatal e de cesariana Natildeo houve diferenccedila na taxa de natimortos ou de morte

neonatal nos dois grupos A incidecircncia da siacutendrome de aspiraccedilatildeo meconial foi menor no grupo

submetido agrave induccedilatildeo do parto poreacutem natildeo houve diferenccedila na frequecircncia de asfixia perinatal

baixos escores de Apgar e admissatildeo em UTI neonatal Os autores sugerem que a induccedilatildeo do

parto a partir de 41 semanas reduz as taxas de cesariana sem comprometer o prognoacutestico

perinatal Aleacutem disso o estudo mostrou maior satisfaccedilatildeo das gestantes submetidas agrave induccedilatildeo

do parto Recomenda-se que as mulheres sejam esclarecidas sobre riscos e benefiacutecios

associados agrave induccedilatildeo do parto a partir de 41 semanas (AMORIM 2010)

Posiccedilatildeo de parto

Os benefiacutecios da livre movimentaccedilatildeo da parturiente durante o trabalho de parto tais como a

reduccedilatildeo de sua duraccedilatildeo melhora do conforto materno e reduccedilatildeo do uso de analgeacutesicos satildeo

sustentados por evidecircncias cientiacuteficas (SOUSA 2013) A adoccedilatildeo de postura vertical e

movimentaccedilatildeo podem aleacutem de diminuir a dor materna facilitar a circulaccedilatildeo materno-fetal e a

descida do feto na pelve materna melhorar as contraccedilotildees uterinas e diminuir o trauma perineal

24

(SILVA 2011)

A OMS (1996) classifica como praacuteticas demonstradamente uacuteteis e que devem ser estimuladas

(categoria A) a liberdade de posiccedilatildeo e movimento durante o trabalho de parto e o estiacutemulo a

posiccedilotildees natildeo supinas durante o trabalho de parto Jaacute o uso rotineiro de posiccedilatildeo supina

(decuacutebito dorsal) durante o trabalho de parto e o uso de rotina da posiccedilatildeo de litotomia com ou

sem perneiras durante o trabalho de parto satildeo classificadas como praacuteticas claramente

prejudiciais e que devem ser eliminadas (categoria B)

Uma revisatildeo sistemaacutetica sobre assistecircncia ao segundo e terceiro periacuteodos do trabalho de parto

publicada em 2010 mostra que a posiccedilatildeo supina tem sido amplamente usada no segundo

periacuteodo do trabalho de parto contrariando a evidecircncia fisioloacutegica da reduccedilatildeo da eficiecircncia

uterina e do fluxo sanguiacuteneo placentaacuterio nessa posiccedilatildeo A posiccedilatildeo litotocircmica eacute ainda

recomendada em alguns tratados tradicionais de Obstetriacutecia mas as posiccedilotildees alternativas

incluem uma gama de posiccedilotildees que podem trazer benefiacutecios para o parto posiccedilatildeo lateral

(Sims) vertical (sentada semi-sentada de coacutecoras ou ajoelhada) e de quatro apoios A

imersatildeo em aacutegua durante o periacuteodo expulsivo do trabalho de parto aumentou o registro de

satisfaccedilatildeo por parte das parturientes no que diz respeito aos puxos mas ainda natildeo haacute

evidecircncias sobre os efeitos da imersatildeo em aacutegua no segundo estaacutegio especialmente sobre a

morbidade materna e neonatal (AMORIM 2010)

Estudos apontam que posiccedilotildees verticalizadas ou a posiccedilatildeo lateral associaram-se com reduccedilatildeo

da duraccedilatildeo do segundo periacuteodo do parto reduccedilatildeo nas anormalidades da frequecircncia cardiacuteaca

fetal bem como reduccedilatildeo de relatos de dor grave e episiotomia Ocorre no entanto maior perda

de sangue estimada (acima de 500 mL) sem repercussotildees cliacutenicas consideraacuteveis A conclusatildeo

dos revisores eacute que as mulheres devem ser encorajadas a parir na posiccedilatildeo que lhes for mais

confortaacutevel com o balanccedilo das evidecircncias a favor das posturas natildeo supinas (AMORIM 2010)

Mouta et al (2008) e Rocha Fonseca (2010) encontraram percentuais entre 50 e 78 de

posiccedilatildeo vertical em partos assistidos exclusivamente por enfermeiras obstetras em

maternidades puacuteblicas do Rio de Janeiro Em um CPN de Satildeo Paulo apenas 13 dos partos

foram assistidos em posiccedilatildeo horizontal contra 776 assistidos em posiccedilatildeo vertical (SOUZA

2011)

25

Sousa (2013) observou em seu estudo com 61 mulheres assistidas em Hospital da rede puacuteblica

de Belo Horizonte que mais de 75 pariram deitadas de costas com pernas levantadas sem

uso de perneiras As demais mulheres deram a luz em posiccedilatildeo de coacutecoras (98) deitada de

lado (66) sentadareclinada (66) ou Gaskin (16)

A maternidade do HRTN faz parte da rede de hospitais de Belo Horizonte que assinou o Termo

de Compromisso das Maternidades do SUS-BH estabelecido pela Comissatildeo Perinatal da

Secretaria Municipal de Sauacutede de Belo Horizonte (SMSA-BH) o qual estabelece metas para

diversos indicadores assistenciais objetivando humanizar a assistecircncia e reduzir as taxas de

cesariana nas maternidades da rede puacuteblica de Belo Horizonte No que se refere a posiccedilatildeo de

parto a SMSA-BH tem como meta que mais de 70 dos partos sejam realizados em posiccedilatildeo

natildeo supina Segundo dados institucionais fornecidos pela coordenaccedilatildeo da maternidade sobre

todos os partos do HRTN no mesmo periacuteodo deste estudo a taxa de partos em posiccedilatildeo natildeo

supina variou de 6202 em abril de 2014 a 8138 em abril de 2013

Diante dos resultados deste estudo eacute possiacutevel inferir que no HRTN a equipe incentiva e apoia o

uso de deambulaccedilatildeo e posiccedilotildees verticalizadas durante o trabalho de parto e periacuteodo expulsivo

As mulheres devem orientadas sobre os benefiacutecios da verticalizaccedilatildeo para a evoluccedilatildeo do

trabalho de parto No momento do parto deve haver incentivo agrave livre escolha da posiccedilatildeo dentro

das possibilidades da maternidade Ainda natildeo haacute disponibilidade de parto com imersatildeo em

aacutegua mas haacute quartos PPP (preacute-parto parto e poacutes-parto) com chuveiro bola suiacuteccedila banquinho

meia lua escada de Ling e espaccedilo fiacutesico que permite deambulaccedilatildeo Em alguns plantotildees a

equipe conta com a participaccedilatildeo das Doulas no cuidado agrave mulher em trabalho de parto

Os resultados deste estudo satildeo similares aos encontrados por Sousa (2013) o que mostra que

ambas as instituiccedilotildees componentes do SUS em Belo Horizonte que tem atuaccedilatildeo efetiva das

enfermeiras obstetras estimulam o parto em posiccedilotildees verticalizadas e provavelmente

respeitam a livre escolha da posiccedilatildeo de parto

O fato da maior parte dos partos serem em posiccedilatildeo semi-sentada gera certa inquietaccedilatildeo pois

26

sabe-se que esta posiccedilatildeo permite maior controle e melhor visibilidade sendo cocircmoda para o

profissional que assiste ao parto Outra justificativa possiacutevel para a grande porcentagem de

partos semi-sentada pode ser a falta de informaccedilatildeo eou orientaccedilatildeo das

mulheresacompanhantes sobre a possibilidade de parirem em outras posiccedilotildees que lhe sejam

confortaacuteveis Ressalta-se a necessidade de orientaccedilatildeo e incentivo quanto agrave liberdade de

posiccedilatildeo e sobre os benefiacutecios das posiccedilotildees verticalizadas para o trabalho de parto e periacuteodo

expulsivo desmitificando a claacutessica posiccedilatildeo de parto e empoderando-as a escolher a posiccedilatildeo

que lhes for mais confortaacutevel

Episiotomia

A episiotomia foi inicialmente proposta com o objetivo de facilitar o parto reduzindo o trauma

perineal e facilitando o reparo Entretanto natildeo obstante a indicaccedilatildeo de livros-texto sua

realizaccedilatildeo de rotina natildeo pode ser recomendada uma vez que existem vaacuterias evidecircncias de que

natildeo eacute necessaacuteria e de que pode ser prejudicial (AMORIM 2010)

Entre as principais morbidades relacionadas agrave episiotomia estatildeo a dor perineal e o

sangramento aumentado Nesses casos devido a urgecircncia os traumas perineais muitas vezes

satildeo suturados sem a boa visualizaccedilatildeo do local podendo produzir acidentes com lesatildeo no trato

geniturinaacuterio e nas estruturas do assoalho peacutelvico causando hipermobilidade uretral e prolapso

genital Apoacutes o parto tambeacutem podem surgir hematuacuteria incapacidade vesical e incontinecircncia

urinaacuteria (RIESCO et al 2011)

A OMS (1996) considera o uso liberal e rotineiro de episiotomia uma praacutetica claramente

prejudicial e que deve ser eliminada (categoria B) Embora os dados disponiacuteveis na literatura

revelem que a realizaccedilatildeo de episiotomia natildeo cumpre os objetivos que justificariam sua

realizaccedilatildeo de forma rotineira sejam eles a prevenccedilatildeo de lesotildees nas genitais da matildee ou na

cabeccedila do receacutem-nascido ainda hoje tal intervenccedilatildeo permanece sendo usada de forma

abusiva em muitas instituiccedilotildees de sauacutede

Em revisatildeo sistemaacutetica incluindo oito ensaios cliacutenicos (n=5541) observou-se que comparada

agrave episiotomia de rotina a episiotomia seletiva (com indicaccedilatildeo precisa) esteve associada com

27

menos trauma perineal grave menor necessidade de suturas menos complicaccedilotildees na

cicatrizaccedilatildeo e mais trauma perineal anterior Natildeo houve diferenccedila na frequecircncia de trauma

vaginal ou perineal grave dispareunia incontinecircncia urinaacuteria ou dor intensa Os revisores

recomendam que a episiotomia natildeo seja realizada rotineiramente e quando necessaacuteria seja

realizada com o consentimento poacutes-informaccedilatildeo da parturiente (AMORIM 2010)

Cesar (2011) encontrou ocorrecircncia meacutedia de episiotomia de 72 entre as 2557 gestantes

estudadas no Sul do Brasil Houve variaccedilatildeo de 86 entre as adolescentes e 66 entre as

demais matildees As taxas encontradas foram bastante elevadas principalmente entre as

adolescentes o que indica baixa incorporaccedilatildeo de praacuteticas baseadas em evidecircncia na

assistecircncia ao parto no cenaacuterio do estudo

Em contrapartida Sousa (2013) verificou em seu estudo em uma maternidade da rede puacuteblica

de Belo Horizonte iacutendice de episiotomia em torno de 11 e observou seguranccedila na praacutetica dos

profissionais de sauacutede envolvidos na assistecircncia ao parto da instituiccedilatildeo estudada no que se

refere ao uso seletivo desse procedimento e aos criteacuterios de utilizaccedilatildeo Tal instituiccedilatildeo tem

princiacutepios humanizados e grande inserccedilatildeo de enfermeiras obstetras na assistecircncia ao parto o

que pode tambeacutem ter justificado a baixa taxa de episiotomia encontrada

Considerando todos os partos realizados no HRTN no periacuteodo deste estudo a taxa de

episiotomia variou entre 90 em abril de 2013 a 149 em abril de 2014 A SMSA-BH tem

como meta de realizaccedilatildeo de episiotomia em menos de 30 dos partos vaginais Considerando

os 1434 partos assistidos por EO no mesmo periacuteodo a taxa de episiotomia foi de 46 o que

mostra uso criterioso do procedimento por parte desta categoria profissional

No presente estudo a taxa de episiotomia foi 42 Nestes casos a episiotomia pode ter sido

indicada devido a periacuteneo resistente no intuito de prevenir laceraccedilotildees graves mesmo que natildeo

haja respaldo cientiacutefico para tal praacutetica Tambeacutem em situaccedilotildees de estado fetal natildeo

tranquilizador durante o periacuteodo expulsivo jaacute com o feto em planos avanccedilados no intuito de

acelerar o nascimento ou mesmo por distoacutecia de ombro ou outra complicaccedilatildeo sendo uma

decisatildeo conjunta entre preceptor e residente Deve-se considerar que a baixas taxas de

28

episiotomia nos partos assistidos por enfermeiras residentes satildeo reflexo da atuaccedilatildeo da

preceptoria tanto de enfermeiras obstetras como de meacutedicos obstetras A episiotomia natildeo foi

realizada em 9538 dos partos o que mostra que as residentes em enfermagem obsteacutetrica

faziam uso seletivo do procedimento Um aspecto relevante deste estudo eacute que mesmo com a

baixa taxa de episiotomia encontrou-se pequenas taxas de laceraccedilotildees perineais de terceiro

(28) e quarto grau (028) Isso aponta para um modelo de assistecircncia obsteacutetrico com

incorporaccedilatildeo de praacuteticas baseadas em evidecircncias cientiacuteficas na maternidade do HRTN

Contato pele a pele

As praacuteticas referentes ao contato da matildee com seu bebecirc e ao aleitamento materno ainda na

sala de parto satildeo tambeacutem indicadores relevantes da qualidade da atenccedilatildeo ao parto

humanizado e segundo a OMS (1996) e MS (2001) deve ser encorajada no parto normal

(categoria A)

O passo quatro da Iniciativa Hospital Amigo da Crianccedila (IHAC) preconiza que os bebecircs que

tenham condiccedilotildees cliacutenicas favoraacuteveis permaneccedilam por pelo menos uma hora junto agrave pele da

matildee e que iniciem o aleitamento materno ainda na primeira meia hora apoacutes o nascimento

independentemente da via de parto (BRASIL 2010)

O contato pele a pele precoce melhora os resultados neonatais em termos de menor choro e

maior estabilidade cardiorrespiratoacuteria e aumenta significativamente o sucesso da

amamentaccedilatildeo sem efeitos negativos aparentes em curto e longo prazo segundo estudo de

meta-anaacutelise O contato pele a pele da matildee com o receacutem-nascido por pelo menos 30 minutos

na primeira hora de vida aleacutem de propiciar o envolvimento matildee-filho e o aleitamento materno

eacute um indicativo de que o parto transcorreu adequadamente Aleacutem disso favorece o viacutenculo

afetivo propiciando o reconhecimento entre matildee e filho pode aumentar a autoestima materna

diminuir a ansiedade melhorar os sentimentos de aceitaccedilatildeo do seu novo papel e a satisfaccedilatildeo

durante o processo de parto (MOORE et al 2012)

Apesar de o contato pele a pele ser uma praacutetica demonstradamente uacutetil e que deve ser

encorajada no parto normal especificamente tambeacutem pode e deve ser promovida no parto

29

operatoacuterio Sousa (2013) verificou em sua pesquisa que dos 89 receacutem-nascidos vivos o

contato precoce entre matildee e filho foi garantido em mais de 77 dos partos embora a maior

frequecircncia tenha ocorrido entre os filhos nascidos de parto normal

Na maternidade do HRTN o contato pele a pele eacute incentivado e apoiado por toda a equipe

multiprofissional sendo uma praacutetica consolidada conforme apontam os resultados deste

estudo As parturientes devem ser orientadas sobre os benefiacutecios desta praacutetica e preparadas

para receber seus RN apoacutes o nascimento A assistecircncia ao RN estaacutevel deve ser feita

preferencialmente no colo da matildee e quando houver necessidade de encaminhar o RN ao

berccedilo aquecido assim que este estabelecer condiccedilotildees favoraacuteveis deve retornar para o contato

pele a pele Assim como o contato pele a pele a amamentaccedilatildeo na primeira hora de vida

tambeacutem deve ser apoiada e estimulada respeitando o desejo da mulher

No presente estudo o contato pele a pele na primeira hora de vida foi realizado em 9440 dos

partos Os 475 em que natildeo foi realizado pode ter como justificativa o nascimento de um RN

deprimido sem condiccedilotildees cliacutenicas de permanecer com a matildee e que necessitaram de

assistecircncia pediaacutetrica seja reanimaccedilatildeo neonatal ou transferecircncia para unidade neonatal

Tambeacutem pode ter como justificativa impossibilidade materna ou desejo de natildeo realizar contato

pele a pele

Pela pactuaccedilatildeo da maternidade em estudo com a SMSA-BH a meta eacute que 100 dos receacutem-

nascidos vivos realizem contato pele a pele efetivo na primeira hora de vida Considerando

todos os partos realizados na instituiccedilatildeo no mesmo periacuteodo deste estudo este indicador variou

entre 905 em abril de 2013 a 960 em agosto de 2013 segundo dados institucionais

fornecidos pela coordenaccedilatildeo a maternidade Estes dados sinalizam boa incorporaccedilatildeo desta

praacutetica pela equipe mas indicam tambeacutem necessidade de melhoria para que seja atingida a

meta

Acompanhante

A presenccedila de acompanhante durante todo o periacuteodo de internaccedilatildeo eacute um direito conquistado

pelas mulheres assegurado na Lei nordm 111082005 regulamentado pelo Ministeacuterio da Sauacutede

30

pela Portaria nordm 24182005 portanto obrigatoacuterio em todas as instituiccedilotildees sejam elas puacuteblicas

ou privadas (BRASIL 2005) Esta praacutetica eacute classificada pela OMS como demonstradamente uacutetil

e que deve ser estimulada (categoria A)

A presenccedila do acompanhante durante o processo de parturiccedilatildeo pode proporcionar bem-estar

fiacutesico e emocional agrave mulher e benefiacutecios clinicamente significativos ao binocircmio matildee-filho Os

efeitos do suporte agrave mulher foram encontrados em recente meta-anaacutelise e estatildeo associados agrave

menor duraccedilatildeo do trabalho de parto uso de ocitocina reduccedilatildeo de cesariana e de partos

vaginais instrumentais diminuindo ainda a utilizaccedilatildeo de analgesia intraparto e melhorando os

iacutendices de Apgar no quinto minuto (SOUSA 2013)

Outros estudos destacam ainda a importacircncia do acompanhante quando este se envolve natildeo

soacute no apoio fiacutesico e emocional mas tambeacutem no desenvolvimento junto agrave parturiente de accedilotildees

como massagem auxiacutelio e encorajamento durante a deambulaccedilatildeo banho e tambeacutem no

periacuteodo expulsivo o que proporciona tambeacutem maior grau de satisfaccedilatildeo com o parto Sousa

(2013) verificou em sua pesquisa que quase a totalidade (922) das mulheres assistidas em

uma instituiccedilatildeo de sauacutede da rede puacuteblica de Belo Horizonte permaneceu com o acompanhante

de sua escolha durante o periacuteodo de internaccedilatildeo sendo a maioria o companheiro pai da

crianccedila (627)

No HRTN a presenccedila de acompanhante familiar de livre escolha eacute uma praacutetica consolidada

pela instituiccedilatildeo e apoiada pela equipe multiprofissional A valorizaccedilatildeo do acompanhante deve

acontece em todas as etapas da internaccedilatildeo durante o trabalho de parto os acompanhantes

podem ser encorajados a participar ativamente no apoio agrave parturiente ofertando meacutetodos

alternativos para aliacutevio da dor como massagens por exemplo No momento do parto quando

possiacutevel pode ser oferecido ao familiar que corte o cordatildeo umbilical o que pode ter grande

representaccedilatildeo simboacutelica para aquela famiacutelia No puerpeacuterio os acompanhantes devem ser

orientados junto aacute mulher sobre os cuidados com o RN aleitamento materno e como apoiar a

matildee na nova fase

No presente estudo houve acompanhante familiar em 960 dos partos assistidos pelas

enfermeiras residentes Partos sem acompanhante familiar foram apenas 37 Estes dados

31

corroboram com a afirmaccedilatildeo de que a presenccedila do acompanhante familiar eacute uma praacutetica

consolidada e respeitada pela equipe da maternidade do HRTN

Analgesia

Meacutetodos natildeo farmacoloacutegicos

A OMS (1996) recomenda que o uso de meacutetodos natildeo farmacoloacutegicos para aliacutevio da dor deve

ser privilegiado durante a assistecircncia ao trabalho de parto considerando-os como ldquopraacuteticas

reconhecidamente uacuteteis e que devem ser estimuladasrdquo Categoria A na recomendaccedilatildeo de boas

praacuteticas na assistecircncia ao parto

Entre as praacuteticas natildeo medicamentosas tem-se estudado o uso de acupuntura acupressura

hipnose teacutecnicas de relaxamento e respiraccedilatildeo aplicaccedilatildeo de frio e calor aromaterapia

aacuteudioanalgesia massagem deambulaccedilatildeo e banho de imersatildeo durante o parto (SILVA 2011)

Em um estudo de revisatildeo sistemaacutetica foram incluiacutedos 14 ensaios com 1448 parturientes que

utilizaram diferentes formas de tratamento para a dor (acupuntura hipnose audioanalgesia

aromaterapia massagem e relaxamento) A hipnose mostrou-se efetiva em termos de reduzir a

necessidade de meacutetodos farmacoloacutegicos para aliacutevio da dor aumentando o grau de satisfaccedilatildeo

materna Maior chance de parto vaginal e reduccedilatildeo da necessidade de analgesia A acupuntura

tambeacutem se associou a uma menor intensidade da dor e reduccedilatildeo do uso de ocitocina A eficaacutecia

de meacutetodos como acupressatildeo aromaterapia aacuteudioanalgesia relaxamento e massagem natildeo foi

ainda estabelecida sendo necessaacuterios ensaios cliacutenicos randomizados para avaliaccedilatildeo dessas

terapias complementares para aliacutevio da dor durante o trabalho de parto (PORTO 2010)

Deve-se considerar que o suporte contiacutenuo intraparto e as posiccedilotildees verticalizadas durante o

parto tambeacutem se associam agrave reduccedilatildeo da dor e maior grau de satisfaccedilatildeo materna como jaacute

demonstrado em revisotildees sistemaacuteticas A imersatildeo em aacutegua em banheiras ou similares durante

o trabalho de parto tem sido investigada como um meacutetodo de promoccedilatildeo de relaxamento e aliacutevio

da dor Em uma revisatildeo sistemaacutetica de 11 ensaios cliacutenicos a imersatildeo em aacutegua foi associada agrave

reduccedilatildeo no uso de analgesia e reduccedilatildeo no relato de dor sem prejudicar a duraccedilatildeo do trabalho

de parto as taxas de partos ciruacutergicos ou o bem-estar neonatal (PORTO 2010)

32

A SMSA-BH recomenda que os meacutetodos natildeo farmacoloacutegicos para aliacutevio da dor sejam ofertados

a 100 das mulheres em trabalho de parto De acordo com dados institucionais fornecidos

pela coordenaccedilatildeo da maternidade a oferta variou entre 7571 em julho de 2013 a 8778 em

julho de 2013 considerando todos os partos realizados na instituiccedilatildeo no periacuteodo de abril de

2013 a abril de 2014

No livro fonte de dados deste estudo a oferta de meacutetodos natildeo farmacoloacutegicos natildeo eacute registrada

natildeo sendo possiacutevel quantificar estes dados nos partos assistidos por REO mas pode-se inferir

que esta eacute uma praacutetica adotada pelas enfermeiras obstetras e residentes quando se observa

por exemplo as baixas taxas de analgesia farmacoloacutegica em torno de 16 nos partos

assistidos por estas profissionais

Meacutetodos farmacoloacutegicos

Classicamente vaacuterios meacutetodos farmacoloacutegicos foram propostos mas existe consenso

atualmente de que se algum meacutetodo farmacoloacutegico for indicado para aliacutevio da dor durante o

trabalho de parto a analgesia regional com peridural ou teacutecnica combinada (raquidiana e

peridural) deve ser empregada preferencialmente em relaccedilatildeo ao uso de opioacuteides sistecircmicos ou

analgesia inalatoacuteria A teacutecnica ideal para analgesia de parto deveria ter miacutenima ou ausente

transferecircncia placentaacuteria ausecircncia de efeitos sobre o fluxo sanguiacuteneo uteroplacentaacuterio efeitos

miacutenimos e reversiacuteveis sobre o feto e neonato ausecircncia de efeito ocitoacutecico ou tocoliacutetico e

ausecircncia de bloqueio motor (PORTO 2010)

Uma revisatildeo sistemaacutetica realizada em 2011 incluindo 38 estudos comprovou a eficaacutecia da

analgesia peridural para reduccedilatildeo da dor de mulheres durante o processo de parto mas

tambeacutem revelou maior risco de parto instrumental maior necessidade de ocitocina e aumento

da duraccedilatildeo do segundo estaacutegio do parto Natildeo houve associaccedilatildeo dessa intervenccedilatildeo com risco

de cesariana cefaleacuteia e escores de Apgar menores que sete no quinto minuto (AMORIM

2011)

Na maternidade em estudo a analgesia farmacoloacutegica seja por teacutecnica peridural ou

raquianestesia eacute considerada um direito da mulher de acordo com os princiacutepios da

humanizaccedilatildeo e eacute ofertada conforme desejo da parturiente apoacutes a oferta de diferentes meacutetodos

33

natildeo farmacoloacutegicos para aliacutevio da dor e sob orientaccedilotildees sobre os riscos e benefiacutecios do

procedimento ou nos casos em que haacute indicaccedilatildeo cliacutenica para realizaccedilatildeo do mesmo A teacutecnica

de analgesia empregada na instituiccedilatildeo permite na maior parte dos casos a deambulaccedilatildeo

movimentaccedilatildeo e uso concomitante de outros meacutetodos alternativos de aliacutevio da dor como

chuveiro Isto pode influenciar para o desfecho favoraacutevel dos partos conforme mostram as

evidecircncias sobre movimentaccedilatildeo e verticalizaccedilatildeo durante o trabalho de parto

A SMSA-BH recomenda a utilizaccedilatildeo de analgesia quando esgotados os recursos natildeo

farmacoloacutegicos para aliacutevio da dor em torno de 30 dos partos normais A proporccedilatildeo de parto

normal com analgesia variou de 141 em janeiro de 2014 e 279 em agosto de 2013

considerando todos os partos realizados na instituiccedilatildeo no mesmo periacuteodo deste estudo

Considerando os 1434 assistidos por EO no periacuteodo do estudo 147 recebeu analgesia por

teacutecnica peridural e 11 raquidiana Os demais 841 dos partos foi sem analgesia

farmacoloacutegica

No presente estudo a analgesia farmacoloacutegica foi realizada em 176 dos partos sendo 166

por teacutecnica peridural e 11 raquidiana Analgesia natildeo foi realizada em 822 dos partos

assistidos por REO Estes dados demonstram que a oferta de meacutetodos natildeo farmacoloacutegicos

para aliacutevio da dor pode ter sido influenciado positivamente na escolha da parturiente em

receber ou natildeo a analgesia farmacoloacutegica

Laceraccedilotildees perineais

Laceraccedilotildees perineais satildeo traumas em estruturas componentes da vagina que podem ocorrer

de forma espontacircnea durante a passagem do feto pelo canal de parto ou em decorrecircncia de

episiotomia as quais podem se prolongar

A laceraccedilatildeo de primeiro grau eacute aquela que natildeo atinge nenhum muacutesculo estendendo-se atraveacutes

da fuacutercula mucosa vaginal e da pele Jaacute a laceraccedilatildeo de segundo grau acomete os muacutesculos

perineais poreacutem sem lesatildeo do esfiacutencter retal A laceraccedilatildeo de terceiro grau atinge essa

estrutura e algumas vezes prolonga-se ateacute a parede anterior do reto Neste uacuteltimo caso em

que a parede do reto eacute comprometida por vezes utiliza-se o termo laceraccedilatildeo de quarto grau

As laceraccedilotildees de primeiro e segundo grau satildeo consideradas leves e laceraccedilotildees de terceiro e

34

quarto grau satildeo consideradas graves pois podem levar agrave incontinecircncia urinaacuteria e fecal sendo

estas uacuteltimas mais raras (REZENDE 2005)

A ocorrecircncia de laceraccedilotildees perineais no parto normal depende de diversos fatores que podem

estar relacionados agraves condiccedilotildees maternas ao feto ao parto em si e ao prestador de serviccedilo

Embora estes fatores natildeo estejam definitivamente estabelecidos existem evidecircncias indicando

o local do parto e o profissional que assiste a escolaridade materna a paridade a altura do

periacuteneo a duraccedilatildeo do segundo estaacutegio do parto a cicatriz perineal anterior a infusatildeo de

ocitocina a posiccedilatildeo no parto a analgesia farmacoloacutegica os puxos dirigidos as manobras de

proteccedilatildeo perineal o peso e o periacutemetro cefaacutelico do RN como fatores relacionados entre

outros Quanto a integridade perineal sua chance aumenta entre as mulheres com um ou mais

partos vaginais anteriores (RIESCO et al 2011)

Estudos tambeacutem tecircm buscado associaccedilatildeo entre a posiccedilatildeo materna no parto e as laceraccedilotildees

perineais Sousa (2013) verificou que a posiccedilatildeo deitada de lado juntamente com a posiccedilatildeo de

coacutecoras foram as que tiveram maior ocorrecircncia de laceraccedilotildees de primeiro grau principalmente

com 750 e 833 dos casos respectivamente Essas duas posiccedilotildees tambeacutem foram as que

mais favoreceram para que as mulheres tivessem laceraccedilotildees na pesquisa desenvolvida por

Souza (2011) em um CPN do Rio de Janeiro com incidecircncia de 502 nos partos assistidos

em posiccedilatildeo lateral e 696 naqueles assistidos de coacutecoras Em ambas pesquisas a posiccedilatildeo de

Gaskin foi a que teve menor incidecircncia de traumas perineais seguida da posiccedilatildeo

sentadareclinada

Entre as principais morbidades relacionadas estatildeo a dor perineal e o sangramento aumentado

Apoacutes o parto tambeacutem podem surgir hematuacuteria incapacidade vesical e incontinecircncia urinaacuteria A

disfunccedilatildeo geniturinaacuteria e sexual produzida pelo trauma perineal pode ser tambeacutem devida agrave

perda ou diminuiccedilatildeo do tocircnus muscular perineal Poreacutem esse achado contrasta com dados de

outros estudos os quais concluiacuteram que a via de parto a paridade a idade materna o peso do

receacutem-nascido (RN) e a episiotomia natildeo foram fatores determinantes para a reduccedilatildeo da forccedila

muscular perineal Considerando os problemas em curto prazo (perda sanguiacutenea necessidade

de sutura e dor perineal) e em longo prazo (disfunccedilotildees intestinais urinaacuterias e sexuais)

35

associados ao trauma perineal no parto sua prevenccedilatildeo reduccedilatildeo e reparaccedilatildeo adequada satildeo

fatores importantes para as mulheres e os profissionais que as assistem (RIESCO 2010)

Considerando os 1434 partos assistidos por EO em 304 houve periacuteneo iacutentegro 447

laceraccedilotildees de primeiro grau 228 laceraccedilotildees de segundo grau 195 de terceiro grau e

014 de quarto grau Tais resultados satildeo proacuteximos aos verificados neste estudo e

associados com as baixas taxas de episiotomia nos partos assistidos pelas enfermeiras

residentes corroboram com a recomendaccedilatildeo do uso seletivo da episiotomia como um praacutetica

favoraacutevel

Escore de Apgar

O momento de transiccedilatildeo da vida intrauterina para extrauterina eacute crucial para o desenvolvimento

do bebecirc e deve ser minuciosamente preparado e vivenciado Eacute indispensaacutevel que nos

primeiros minutos de vida do neonato seja realizada avaliaccedilatildeo completa e sistemaacutetica visando

identificar desvios da normalidade e que forneccedila agraves informaccedilotildees baacutesicas sobre a vitalidade e a

adaptaccedilatildeo do RN agrave vida fora do ventre materno (BARBOSA 2006)

A avaliaccedilatildeo realizada imediatamente apoacutes o parto eacute composta pelo o escore de Apgar sendo

complementada com a avaliaccedilatildeo do aspecto geral a medida dos sinais vitais e medidas

antropomeacutetricas O iacutendice de Apgar avalia cinco criteacuterios cliacutenicos cor da pele frequecircncia

cardiacuteaca irritabilidade reflexa respiraccedilatildeo e tocircnus muscular O RN eacute avaliado no primeiro e no

quinto minuto de vida e cada criteacuterio garante de 0 a 2 pontos desencadeando assim uma soma

adequada entre 7 e 10 pontos Quando a soma total resulta em 4 a 6 pontos sugere dificuldade

moderada do RN em adaptar-se e menor que 4 pode indicar sofrimento Julga-se assim o grau

de adaptaccedilatildeo imediata e o grau de depressatildeo neuroloacutegica do RN nos primeiros cinco minutos

de vida (SBP 2011)

O iacutendice Apgar tem sido pouco utilizado para avaliar a qualidade de assistecircncia ao parto sendo

considerado um indicador pontual aleacutem de natildeo ser utilizado para determinar o iniacutecio da

reanimaccedilatildeo neonatal No entanto sua aplicaccedilatildeo permite avaliar a resposta do neonato agraves

manobras realizadas e a eficaacutecia dessas manobras O Apgar no quinto minuto eacute mais utilizado

36

para avaliaccedilatildeo da adaptaccedilatildeo do RN por melhor representa-la se comparado ao Apgar de

primeiro minuto Se o escore eacute inferior a 7 no 5ordm minuto recomenda-se realizaacute-lo a cada cinco

minutos ateacute 20 minutos de vida Eacute necessaacuterio documentar o escore de Apgar de maneira

concomitante agrave dos procedimentos de reanimaccedilatildeo executados (SBP 2011)

Eacute importante considerar que um Apgar baixo natildeo eacute necessariamente resultado de uma

assistecircncia ao parto e ao neonato inadequada assim como um bom iacutendice de Apgar natildeo indica

boa qualidade assistencial ao binocircmio Este iacutendice entretanto eacute um bom indicador para

resultados perinatais a longo prazo aleacutem de ser considerado importante preditor da avaliaccedilatildeo

do bem-estar e do prognoacutestico inicial do receacutem-nascido A avaliaccedilatildeo imediata do RN pode ser

feita por pediatra ou outro profissional capacitado para prestar a assistecircncia necessaacuteria desde

o suporte baacutesico ateacute a reanimaccedilatildeo neonatal Na maternidade do HRTN o pediatra eacute o

profissional responsaacutevel pela assistecircncia ao RN na sala de parto A instituiccedilatildeo possui UTI

neonatal para onde satildeo encaminhados os RN que necessitam de cuidados especiacuteficos Os

neonatos que apresentam boa vitalidade satildeo colocados em contato pele a pele com as matildees e

apoacutes permanecem em alojamento conjunto ateacute a alta

Pela SMSA-BH a meta de Apgar lt7 no quinto minuto eacute no maacuteximo 3 Este indicador variou

entre 08 em fevereiro de 2014 a 24 em novembro de 2013 considerando todos os partos

realizados na instituiccedilatildeo no mesmo periacuteodo do estudo ou seja esteve sempre dentro da meta

estabelecida

No presente estudo as dados sobre escore de Apgar foram divididos em Apgar lt7 (644) e gt7

(9356) no primeiro minuto lt7 (084) e gt 7 (9916) no quinto minuto Tais dados mostram

que a quase totalidade dos RN apresentava boas condiccedilotildees de vitalidade no primeiro e quinto

minuto A este dado se associa o incentivo e a alta taxa de contato pele a pele precoce sendo

um dos fatores que contribuem para melhor adaptaccedilatildeo a vida extrauterina aleacutem de assistecircncia

qualificada aos RN que necessitam de cuidados especiacuteficos ou reanimaccedilatildeo

37

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Os resultados deste estudo evidenciam que a assistecircncia ao parto prestada pelas residentes

em enfermagem obsteacutetrica foi coerente com as recomendaccedilotildees de boas praacuteticas em todos os

aspectos analisados consolidando as evidecircncias literaacuterias sobre a assistecircncia ao parto

promovida por enfermeiras obstetras Foi possiacutevel observar maioria de partos em posiccedilotildees

verticalizadas uso seletivo de episiotomia com baixa incidecircncia de laceraccedilotildees perineais

graves alto iacutendice de contato pele a pele presenccedila de acompanhante na maioria dos partos

baixas taxas de analgesia farmacoloacutegica e escores de Apgar que demonstram boa vitalidade

fetal em quase todos os receacutem-nascidos Diante do exposto eacute possiacutevel concluir que a atuaccedilatildeo

das enfermeiras residentes em enfermagem obsteacutetrica contribuiu para a obtenccedilatildeo de

resultados obsteacutetricos e neonatais favoraacuteveis na maternidade do HRTN

Devido agrave forma de organizaccedilatildeo e registro dos procedimentos no livro utilizado para coleta de

dados natildeo foi possiacutevel avaliar algumas praacuteticas obsteacutetricas tais como uso de ocitocina

amniotomia oferta de meacutetodos natildeo farmacoloacutegicos para aliacutevio da dor oferta de liacutequidos

durante o trabalho de parto e uso de partograma Estes dados seriam importantes para uma

anaacutelise mais detalhada sobre a assistecircncia ao parto Os dados institucionais fornecidos pela

coordenaccedilatildeo da maternidade forneceram uma dimensatildeo de algumas destas praacuteticas na

maternidade contudo natildeo foi possiacutevel neste estudo avaliar quantitativamente tais

procedimentos somente nos partos assistidos por enfermeiras residentes Sugere-se ampliaccedilatildeo

dos indicadores no livro de registro e padronizaccedilatildeo no seu preenchimento para melhor

qualificaccedilatildeo dos dados da assistecircncia ao parto prestada elas enfermeiras obstetrasresidentes

A capacitaccedilatildeo profissional no modelo de residecircncia eacute intensa e exige dedicaccedilatildeo A extensa

carga horaacuteria praacutetica aliada agrave teoria satildeo determinantes para uma formaccedilatildeo qualificada e

humana das enfermeiras residentes A possibilidade de atuar efetivamente na assistecircncia em

conjunto com outras categorias profissionais enriquece a formaccedilatildeo abrangendo diferentes

fases e situaccedilotildees do ciclo graviacutedico-puerperal Eacute importante salientar que a capacitaccedilatildeo das

enfermeiras obstetras nesta modalidade pioneira de residecircncia soacute foi possiacutevel graccedilas ao

estiacutemulo governamental com recursos provenientes do programa Rede Cegonha e os

esforccedilos conjuntos da Escola de Enfermagem da UFMG e demais instituiccedilotildees envolvidas

38

Os resultados deste estudo evidenciam a incorporaccedilatildeo do modelo assistencial humanizado e

baseado em evidecircncias cientiacuteficas pela equipe do HRTN O modelo colaborativo de assistecircncia

obsteacutetrica pode gerar resultados favoraacuteveis e promissores com as atuaccedilotildees complementares

entre as diferentes categorias profissionais A praacutetica supervisionada durante todo o processo

de formaccedilatildeo e a avaliaccedilatildeo constante das habilidades adquiridas pelas residentes satildeo

fundamentais para a consolidaccedilatildeo do conhecimento para maior seguranccedila das aprendizes e

para a oferta de uma assistecircncia qualificada e humanizada a mulher receacutem nascido e famiacutelia

A instituiccedilatildeo que acolhe as enfermeiras residentes obteacutem retorno positivo pois a atuaccedilatildeo

preceptorada das mesmas resulta em assistecircncia qualificada que atende a perspectiva da

praacutetica baseada em evidecircncia cientiacutefica segura com baixo custo e bons resultados obsteacutetricos

e neonatais Os resultados da atuaccedilatildeo das enfermeiras residentes refletem o modelo

institucional incorporado o qual eacute transmitido as residentes pelos preceptores O incentivo a

formaccedilatildeo de enfermeiras obstetras eacute fundamental para o fortalecimento desta categoria

profissional para maior inserccedilatildeo destas profissionais em espaccedilos aonde a assistecircncia ao parto

ainda eacute meacutedico-centrada e para mudanccedila do modelo obsteacutetrico hegemocircnico nacional

39

REFEREcircNCIAS

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BRASIL Presidecircncia da Repuacuteblica Objetivos de Desenvolvimento do Milecircnio Relatoacuterio Nacional de Acompanhamento Coordenaccedilatildeo Instituto de Pesquisa Econocircmica Aplicada e Secretaria de Planejamento e Investimentos Estrateacutegicos supervisatildeo Grupo Teacutecnico para o acompanhamento dos ODM - Brasiacutelia Ipea MP SPI 2014 208 p il graacutefs mapas color

NASCER NO BRASIL inqueacuterito sobre parto e nascimento Cadernos de Sauacutede Puacuteblica Vol30 supl1 Rio de Janeiro 2014 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophpscript=sci_issuetocamppid=0102 Acesso em 15 de junho de 2015

CAVALCANTIPCS GARIBALDI D Jr VASONCELOS ALR Guerrero AVP Um modelo loacutegico da Rede Cegonha Physis Revista de Sauacutede Coletiva Rio de Janeiro 2013 23 [4] 1297-1316 CESAR JA et al Caracteriacutesticas sociodemograacuteficas e de assistecircncia a gestaccedilatildeo e ao parto no extremo sul do Brasil Cad Sauacutede Puacuteblica v 27 n 5 p 985-994 2011 DOMINGUES RMSM SANTOS EMS Leal MC Aspectos da satisfaccedilatildeo das mulheres com a assistecircncia ao parto contribuiccedilatildeo para o debate Cad Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro 2004 20 Sup 1S52-S62 COFEN Decreto nordm 9440687 Regulamentaccedilatildeo da Lei 749886 Fonte PORTAL EDUCACcedilAtildeO Disponiacutevel em httpwwwportaleducacaocombrenfermagemartigos1735decreto-n-94406-87-regulamentacao-da-lei-n-7498-865ixzz3duAFhlYV Acesso em 23062015 GRAVENA AAF PAULA MG MARCON SS CARVALHO MDB PELLOSO SM Idade materna e fatores associados a resultados perinatais Acta Paul Enferm 2013 26(2)130-5 IBGE Projeccedilatildeo da Populaccedilatildeo do Brasil - 2013 Disponiacutevel em

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41

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ROCHA CR FONSECA LC Assistecircncia do enfermeiro obstetra a mulher parturiente em busca do respeito a natureza Rev de Pesq cuidado eacute fundamental v 2 n 2 p 807-816 2010

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SOUZA DOM Partos assistidos por enfermeiras praacuteticas obsteacutetricas realizadas no ambiente hospitalar no periacuteodo de 2004 a 2008 2011 84f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) Faculdade de Enfermagem da Universidade do Estado do Rio de Janeiro Rio de Janeiro RJ 2011

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42

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ANEXO 1

RECOMENDACcedilOtildeES DE BOAS PRAacuteTICAS DE ASSISTEcircNCIA AO PARTO SEGUNDO

CLASSIFICACcedilAtildeO DO MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2001

CATEGORIA A - PRAacuteTICAS DEMONSTRADAMENTE UacuteTEIS E QUE DEVEM SER

ESTIMULADAS

Plano individual determinando onde e por quem o nascimento seraacute realizado feito em

conjunto com a mulher durante a gestaccedilatildeo e comunicado a seu maridocompanheiro

Avaliaccedilatildeo do risco gestacional durante o preacute-natal reavaliado a cada contato com o

sistema de sauacutede

Respeito agrave escolha da matildee sobre o local do parto

Fornecimento de assistecircncia obsteacutetrica no niacutevel mais perifeacuterico onde o parto for viaacutevel e

seguro e onde a mulher se sentir segura e confiante

Respeito ao direito da mulher agrave privacidade no local do parto

Apoio empaacutetico pelos prestadores de serviccedilo durante o trabalho de parto e parto

Respeito agrave escolha da mulher sobre seus acompanhantes durante o trabalho de parto e

parto

Fornecimento agraves mulheres sobre todas as informaccedilotildees e explicaccedilotildees que desejarem

Oferta de liacutequidos por via oral durante o trabalho de parto e parto

Monitoramento fetal por meio de ausculta intermitente

43

Monitoramento cuidadoso do progresso do parto por exemplo por meio do uso do

partograma da OMS

Monitoramento do bem-estar fiacutesico e emocional da mulher durante trabalho e parto e ao

teacutermino do processo de nascimento

Meacutetodos natildeo invasivos e natildeo farmacoloacutegicos de aliacutevio da dor como massagem e

teacutecnicas de relaxamento durante o trabalho de parto

Liberdade de posiccedilatildeo e movimento durante o trabalho de parto

Estiacutemulo a posiccedilotildees natildeo supinas durante o trabalho de parto

Uso rotineiro de ocitocina clampeamento tardio (1 a 3 minutos apoacutes o nascimento) e

traccedilatildeo controlada do cordatildeo durante o 3o estaacutegio do trabalho de parto

Condiccedilotildees esteacutereis ao cortar o cordatildeo

Prevenccedilatildeo da hipotermia do bebecirc

Contato pele a pele precoce entre matildee e filho e apoio ao iniacutecio da amamentaccedilatildeo na

primeira hora apoacutes o parto segundo as diretrizes da OMS sobre Aleitamento Materno

Exame rotineiro da placenta e membranas ovulares

CATEGORIA B - PRAacuteTICAS CLARAMENTE PREJUDICIAIS OU INEFICAZES E QUE DEVEM

SER ELIMINADAS

Uso rotineiro de enema

Uso rotineiro de tricotomia

Infusatildeo intravenosa de rotina no trabalho de parto

Cateterizaccedilatildeo venosa profilaacutetica de rotina

Uso rotineiro de posiccedilatildeo supina (decuacutebito dorsal) durante o trabalho de parto

44

Exame retal

Uso de pelvimetria por Raios-X

Amniotomia precoce de rotina para diminuir a duraccedilatildeo do trabalho de parto

Administraccedilatildeo de ocitoacutecitos em qualquer momento antes do parto de um modo que natildeo

permite controlar seus efeitos

Uso de rotina da posiccedilatildeo de litotomia com ou sem estribos durante o trabalho de parto

Esforccedilo de puxo prolongado e dirigido (manobra de Valsalva) durante o segundo

estaacutegio do trabalho de parto

Massagem e distensatildeo do periacuteneo durante o segundo estaacutegio do trabalho de parto

Uso liberal e rotineiro de episiotomia

Uso de comprimidos orais de ergometrina no terceiro estaacutegio do trabalho de parto com

o objetivo de evitar ou controlar hemorragias

Uso rotineiro de ergometrina parenteral no terceiro estaacutegio do trabalho de parto

Lavagem uterina rotineira apoacutes o parto

Revisatildeo uterina (exploraccedilatildeo manual) rotineira apoacutes o parto

CATEGORIA C - PRAacuteTICAS SEM EVIDEcircNCIAS SUFICIENTES PARA APOIAR UMA

RECOMENDACcedilAtildeO CLARA E QUE DEVEM SER UTILIZADAS COM CAUTELA ATEacute QUE

MAIS PESQUISAS ESCLARECcedilAM A QUESTAtildeO

Meacutetodos natildeo farmacoloacutegicos de aliacutevio de dor durante o trabalho parto como ervas

imersatildeo em aacuteguas e estimulaccedilatildeo dos nervos

Amniotomia e ocitocina precoce de rotina no primeiro estaacutegio do trabalho de parto para

prevenccedilatildeo de progresso inadequado do parto

Pressatildeo do fundo uterino durante o trabalho de parto

45

Manobras relacionadas agrave proteccedilatildeo do periacuteneo e ao manejo do poacutelo cefaacutelico no

momento do parto

Manipulaccedilatildeo ativa do feto no momento do parto

Estimulaccedilatildeo do mamilo para estimular a contratilidade uterina durante o terceiro estaacutegio

do trabalho de parto

CATEGORIA D - PRAacuteTICAS FREQUENTEMENTE USADAS DE MODO INADEQUADO

Restriccedilatildeo hiacutedrica e alimentar durante o trabalho de parto

Controle da dor por agentes sistecircmicos

Controle da dor por analgesia peridural

Monitoramento eletrocircnico fetal

Uso de maacutescaras e aventais esteacutereis durante a assistecircncia ao trabalho de parto

Exames vaginais repetidos ou frequumlentes especialmente por mais de um prestador de

serviccedilo

Correccedilatildeo da dinacircmica com utilizaccedilatildeo de ocitocina

Transferecircncia rotineira da parturiente para outra sala no iniacutecio do segundo estaacutegio do

trabalho de parto

Cateterizaccedilatildeo da bexiga

Estiacutemulo para o puxo quando se diagnostica dilataccedilatildeo cervical completa ou quase

completa antes que a mulher sinta o puxo involuntaacuterio

Clampeamento precoce do cordatildeo umbilical

Adesatildeo riacutegida a uma duraccedilatildeo estipulada do 2deg estaacutegio do trabalho de parto

Parto operatoacuterio e exploraccedilatildeo manual do uacutetero apoacutes o parto

46

ANEXO 2

47

48

ANEXO 3

49

Page 2: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS ESCOLA DE ENFERMAGEM … FINAL ANA … · inserção do estudo foi: partos assistidos por residentes em enfermagem obstétrica, independente se

2

Ana Luiza Ribeiro Figueiredo Coura

ASSISTEcircNCIA AO PARTO PRESTADA POR RESIDENTES EM ENFERMAGEM

OBSTEacuteTRICA NA MATERNIDADE DO HOSPITAL RISOLETA TOLENTINO NEVES-

BELO HORIZONTEMG

Trabalho de conclusatildeo de curso apresentado ao

Programa de Residecircncia em Enfermagem Obsteacutetrica

ministrado pela Escola de Enfermagem da Universidade

Federal de Minas Gerais como requisito parcial para

obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Enfermeira Obstetra

Belo Horizonte

2015

3

AGRADECIMENTOS

Nada nesta vida se faz sozinho Muitas pessoas foram fundamentais para que eu conseguisse ldquogestarrdquo

e ldquoparirrdquo esta residecircncia assim como este trabalho Reconheccedilo que natildeo foi faacutecil nem perfeito mas com

certeza valeu a pena

Agradeccedilo primeiramente a Deus por me conduzir e guiar por todas as becircnccedilatildeos e graccedilas concedidas

pela proteccedilatildeo pela minha vida e por tudo que faz parte dela Os planos do Pai satildeo perfeitos

Agradeccedilo do fundo do coraccedilatildeo a minha famiacutelia a meus amados pais Ronaldo e Magda minhas irmatildes

Mariana e Isabella meu namorado Tiago enfim a todos que me apoiaram e deram forccedilas para que eu

pudesse chegar ao meu objetivo

Meus sinceros agradecimentos a Professora Dra Marta Arauacutejo Amaral que mesmo encerrando sua vida

docente me aceitou como sua orientanda e com doccedilura me conduziu de forma leve e correta na

elaboraccedilatildeo deste trabalho

Minha gratidatildeo a Enfermeira Obstetra Ana Maria Magalhatildees Sousa pela impecaacutevel preceptoria e por ter

sido por muitas vezes fonte de inspiraccedilatildeo teoacuterica e praacutetica Os artigos compartilhados por vocecirc foram

fundamentais para meu trabalho

A amiga Baacuterbara Noelly que mesmo cursando a faculdade de medicina colaborou com a digitaccedilatildeo do

banco de dados e anaacutelise estatiacutestica O que seria de mim sem vocecirc minha amiga

As amigas que a residecircncia me presenteou minha gratidatildeo Ana Clara Priscila Flaacutevia Fabiana e

Bruna vocecircs foram fieacuteis companheiras nesta caminhada e a tornaram mais leve e feliz

Natildeo poderia deixar de agradecer a coordenaccedilatildeo e equipe da maternidade do HRTN Obrigada pela

acolhida pela possibilidade de aprendizado e pelo apoio para que este trabalho fosse realizado

Agradeccedilo tambeacutem as demais instituiccedilotildees que me abriram as portas e tanto me ensinaram

Finalmente minha eterna gratidatildeo a todas as mulheres e famiacutelias que me permitiram e permitem

participar de momentos tatildeo especiais quanto os satildeo os nascimentos de seus filhos Obrigada por me

permitirem descobrir o protagonismo da mulher o sentido da minha profissatildeo da humanizaccedilatildeo do

respeito e o valor imensuraacutevel que haacute em cada vida

4

SUMAacuteRIO

INTRODUCcedilAtildeO hellip 06

OBJETIVO 10

METODOLOGIA hellip 10

RESULTADOS hellip 14

TABELA 1 15

TABELA 2 17

DISCUSSAtildeO hellip 19

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS hellip 37

REFEREcircNCIAS 39

ANEXO 1 hellip 42

ANEXO 2 hellip 46

ANEXO 3 48

5

RESUMO

Trata-se de um estudo quantitativo retrospectivo que teve como objetivo descrever os indicadores

resultantes da assistecircncia ao parto normal prestada pelas enfermeiras residentes em enfermagem

obsteacutetrica (REO) da primeira turma da Escola de Enfermagem da UFMG na maternidade do Hospital

Risoleta Tolentino Neves em Belo Horizonte no periacuteodo de abril de 2013 a abril de 2014 Os dados foram

coletados a partir do livro de registro de partos assistidos pelas enfermeiras obstetras (EO) O criteacuterio de

inserccedilatildeo do estudo foi partos assistidos por residentes em enfermagem obsteacutetrica independente se

preceptorados por EO ou meacutedico obstetra As variaacuteveis de interesse foram idade materna nuacutemero de

gestaccedilotildees paridade idade gestacional posiccedilatildeo do parto episiotomia contato pele a pele presenccedila de

acompanhante analgesia farmacoloacutegica laceraccedilatildeo perineal e Apgar Os dados foram submetidos agrave

anaacutelise descritiva com caacutelculo da frequecircncia absoluta e relativa para as variaacuteveis categoacutericas e de desvio

padratildeo para as variaacuteveis contiacutenuas Dos 1434 partos assistidos por EO na maternidade do HRTN no

periacuteodo de 13 meses 714 foram com a participaccedilatildeo REO (498) A faixa etaacuteria predominante no estudo

foi de adultas jovens (695) seguida por adolescentes (202) Quanto ao nuacutemero de gestaccedilotildees 396

eram primigestas 298 secundigestas 143 tercigestas 161 tiveram quatro gestaccedilotildees anteriores

ou mais Multiacuteparas foram 557 e primiacuteparas 441 Quanto agrave idade gestacional encontraram-se partos

preacute-termo (63) termo (900) e poacutes-termo (04) e de idade gestacional desconhecida ou natildeo

informada (32) Em relaccedilatildeo agraves posiccedilotildees de parto a maior parte foi semi-sentada (647) seguida da

posiccedilatildeo no banquinho (168) Partos em posiccedilotildees natildeo supinas somaram aproximadamente 92 A taxa

de episiotomia foi 42 Na maior parte dos partos houve laceraccedilotildees de primeiro grau (460) e periacuteneo

iacutentegro (271) Laceraccedilotildees de terceiro (28) e quarto grau (02) apareceram em pequena proporccedilatildeo

O contato pele a pele na primeira hora de vida foi realizado em 944 Houve acompanhante familiar em

960 dos partos A analgesia farmacoloacutegica foi realizada em 166 por teacutecnica peridural e 11

raquidiana O Apgar no primeiro minuto foi gt 7 em 935 dos neonatos com meacutedia de 83 O Apgar no

quinto minuto foi gt7 em 991 dos RN com meacutedia de 93 Conclui-se que foram obtidos resultados

obsteacutetricos e neonatais favoraacuteveis com a atuaccedilatildeo das enfermeiras residentes na perspectiva da praacutetica

baseada em evidecircncia cientiacutefica e nos princiacutepios da humanizaccedilatildeo da assistecircncia A atuaccedilatildeo das

residentes reflete a praacutetica da preceptoria e o modelo institucional incorporado baseado em praacuteticas

humanizadas O incentivo agrave formaccedilatildeo de enfermeiras obstetras eacute fundamental para o fortalecimento da

categoria para maior inserccedilatildeo em espaccedilos onde a assistecircncia ao parto ainda eacute meacutedico-centrada para

mudanccedila do modelo obsteacutetrico hegemocircnico nacional e para melhoria da assistecircncia prestada agrave mulher

receacutem-nascido e famiacutelia

6

INTRODUCcedilAtildeO

Desde o surgimento da Poliacutetica Nacional de Atenccedilatildeo Integral agrave Sauacutede da Mulher do Programa

de Humanizaccedilatildeo no Preacute-Natal e Nascimento no final da deacutecada de 1990 e do Pacto Nacional

pela Reduccedilatildeo da Mortalidade Materna e Neonatal em 2004 diversas accedilotildees de sauacutede vecircm

sendo direcionadas a esses segmentos populacionais de forma mais sistemaacutetica no Sistema

Uacutenico de Sauacutede (SUS) como parte dos esforccedilos intergovernamentais para reduccedilatildeo dos

indicadores de morbimortalidade materno e infantil (CAVALCANTI et al 2013)

A partir do entendimento de que a morbimortalidade materna e infantil satildeo eventos complexos

e portanto multifatoriais essas questotildees permanecem como um desafio para o paiacutes Alguns

fatores tecircm dificultado a melhoria desses indicadores tais como o financiamento insuficiente a

deficiente regulaccedilatildeo do sistema de sauacutede a fragmentaccedilatildeo das accedilotildees e dos serviccedilos de sauacutede

a organizaccedilatildeo dos serviccedilos e ainda a produccedilatildeo do cuidado que tende a ldquomedicalizarrdquo e

ldquointervirrdquo desnecessariamente nos processos de gestaccedilatildeo parto e nascimento (CAVALCANTI

et al 2013)

Em 1996 a Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede (OMS) publicou um guia no qual dividiu as praacuteticas

obsteacutetricas no parto normal a partir de evidecircncias cientiacuteficas em quatro categorias A ndash

Praacuteticas demonstradamente uacuteteis e que devem ser encorajadas B ndash Praacuteticas claramente

prejudiciais ou ineficazes e que devem ser eliminadas C ndash Praacuteticas que natildeo existem evidecircncias

para apoiar sua recomendaccedilatildeo e devem ser utilizadas com cautela ateacute que novas pesquisas

esclareccedilam a questatildeo D ndash Praacuteticas que satildeo frequentemente utilizadas de modo inadequado

Tomando como base essa categorizaccedilatildeo da OMS em 2001 o Ministeacuterio da Sauacutede (MS)

apresentou uma publicaccedilatildeo semelhante sobre as condutas e praacuteticas no parto normal

modificadas pelas novas evidecircncias cientiacuteficas disponiacuteveis (OMS 1996 BRASIL 2001)

A OMS (1996) refere-se agraves enfermeiras obstetras como aquelas que prestam mais

adequadamente e com melhor custo-benefiacutecio a assistecircncia agrave gestaccedilatildeo e ao parto normal

com competecircncia para avaliar riscos e reconhecer complicaccedilotildees

Segundo a Lei 7498 de 25 de junho de 1986 a qual regulamenta o exerciacutecio profissional da

enfermagem cabe ao profissional enfermeiro prestar assistecircncia de enfermagem agrave gestante

7

parturiente e pueacuterpera acompanhamento da evoluccedilatildeo e do trabalho de parto assistecircncia ao

parto normal sem distoacutecia e ao receacutem-nascido Segundo o artigo 9ordm desta lei fica definido ainda

que agraves profissionais titulares de diploma ou certificados de Obstetriz ou de Enfermeira

Obsteacutetrica incumbe

I - prestaccedilatildeo de assistecircncia agrave parturiente e ao parto normal

II - identificaccedilatildeo das distoacutecias obsteacutetricas e tomada de providecircncias ateacute a chegada do meacutedico

III - realizaccedilatildeo de episiotomia e episiorrafia com aplicaccedilatildeo de anestesia local quando

necessaacuteria

Em meados dos anos de 1990 as enfermeiras obstetras comeccedilaram a se destacar no cenaacuterio

nacional ao adotarem em sua praacutetica assistencial as recomendaccedilotildees da OMS e do MS de boas

praacuteticas na assistecircncia ao parto (ANEXO 1) (OMS 1996) Gradativamente as enfermeiras

obstetras passaram a ocupar espaccedilos em diferentes instituiccedilotildees na assistecircncia ao parto em

conjunto com equipe multiprofissional

No Brasil estudos mostram que a presenccedila de enfermeiras obstetras reduz o excesso de

cesarianas desnecessaacuterias Em maternidades onde os partos satildeo assistidos por enfermeiras

obstetras ou obstetrizes a taxa de cesariana eacute 78 menor quando comparada aos hospitais

onde natildeo haacute presenccedila desse profissional no momento do parto Contudo apenas 16 dos

partos no paiacutes satildeo assistidos por tais profissionais em sua maioria pelo SUS (BATALHA

2015)

Para Sousa (2013) a adoccedilatildeo das boas praacuteticas assistenciais para o parto normal vem sendo

um dos grandes desafios para os serviccedilos e profissionais da sauacutede portanto permanecem

como objeto de avaliaccedilatildeo e discussatildeo em muitos estudos com o intuito de promover e

fortalecer o embasamento teoacuterico-cientiacutefico agrave praacutetica obsteacutetrica na perspectiva da humanizaccedilatildeo

e da formaccedilatildeo profissional voltada para a tais recomendaccedilotildees

Em 2000 a OMS estipulou Oito Objetivos de Desenvolvimento do Milecircnio (ODM) para 75

paiacuteses dentre os quais estaacute o Brasil Os objetivos 4 e 5 incluem respectivamente a reduccedilatildeo em

dois terccedilos da mortalidade na infacircncia (em crianccedilas menores de 5 anos) e a melhoria da sauacutede

materna com A) reduccedilatildeo em trecircs quartos da taxa de mortalidade materna com relaccedilatildeo ao niacutevel

8

observado em 1990 e B) universalizaccedilatildeo do acesso agrave sauacutede sexual e reprodutiva o que

envolve a assistecircncia ao parto por profissional capacitado (BRASIL 2014)

A taxa de mortalidade materna no Brasil no periacuteodo de 1990 a 2011 caiu em 55 passando de

141 para 64 oacutebitos por 100 mil nascidos vivos (BRASIL 2014) No ano de 2014 a OMS

divulgou um relatoacuterio sobre o andamento dos ODM nos paiacuteses participantes e com relaccedilatildeo a

mortalidade materna no Brasil entre os anos de 2000 e 2013 a queda foi de apenas 17

sendo o quarto mais lento dentre os 75 paiacuteses Eacute certo que natildeo se consiga atingir a meta de

35 mortes por 100000 NV pois o ritmo de queda eacute lento (OMS 2014)

Mesmo apoacutes a criaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas programas manuais e accedilotildees voltadas para

atenccedilatildeo aacute sauacutede da mulher receacutem-nascido (RN) e crianccedila como o incentivo a humanizaccedilatildeo da

assistecircncia ao parto e nascimento observa-se permanecircncia de taxas de mortalidade materna

elevadas no Brasil Soma-se a isto o modelo de assistecircncia obsteacutetrica predominantemente

medicalizado com pequena inserccedilatildeo de enfermeiras obstetras e com permanecircncia de praacuteticas

assistenciais sem base em evidecircncias cientiacuteficas na maior parte do paiacutes Um exemplo desse

contexto satildeo as elevadas taxas de cesarianas no Brasil atingindo a alarmante taxa de 52 em

2011 No setor puacuteblico esta taxa eacute de 46 e no privado 88 segundo dados da pesquisa

ldquoNascer no Brasil Inqueacuterito Nacional sobre Parto e Nascimentordquo da Fundaccedilatildeo Oswaldo Cruz

realizada entre os anos de 2011 e 2012 em todo territoacuterio nacional

Na tentativa de reverter este quadro o Ministeacuterio da Sauacutede elaborou em 2011 uma iniciativa

inovadora a estrateacutegia Rede Cegonha normatizada pela Portaria nordm 1459 A Rede Cegonha eacute

operacionalizada pelo SUS fundamentada nos princiacutepios da humanizaccedilatildeo e assistecircncia que

assegura agraves mulheres receacutem-nascidos e crianccedilas direitos tais como planejamento reprodutivo

atenccedilatildeo humanizada agrave gravidez parto e puerpeacuterio nascimento seguro crescimento e

desenvolvimento saudaacuteveis (BRASIL 2011)

Uma das diretrizes da Rede Cegonha consiste na mudanccedila do modelo da atenccedilatildeo aplicado ao

parto e ao nascimento com incentivo agraves praacuteticas voltadas para humanizaccedilatildeo baseadas em

evidecircncias cientiacuteficas Para a implementaccedilatildeo desse modelo eacute importante a intensificaccedilatildeo da

formaccedilatildeo e especializaccedilatildeo de profissionais em obstetriacutecia para que possam atuar no SUS

(BRASIL 2012)

9

Para atender a demanda de formaccedilatildeo destas profissionais foi criado o Programa Nacional de

Residecircncia em Enfermagem Obstetriacutecia (PRONAENF) uma iniciativa inovadora do governo

federal que forma enfermeiras obsteacutetricas nas regiotildees que aderiram agrave estrateacutegia Rede

Cegonha Participaram inicialmente 18 instituiccedilotildees de ensino em 13 unidades da federaccedilatildeo

com 156 bolsas financiadas pelo Ministeacuterio da Sauacutede e pelo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Os

profissionais atuam desde o preacute-natal e parto ateacute o nascimento e poacutes-parto dentro do

preconizado pela Rede Cegonha A estrateacutegia visa intensificar a assistecircncia integral agrave sauacutede

das mulheres e crianccedilas do planejamento reprodutivo ndash passando pela confirmaccedilatildeo da

gravidez parto puerpeacuterio ndash ateacute o segundo ano de vida do filho (BRASIL 2012)

Em marccedilo de 2013 a Escola de Enfermagem da Universidade Federal de Minas Gerais (EE-

UFMG) iniciou a primeira turma de residentes com 24 participantes desenvolvendo o ensino

cliacutenico em quatro campos de praacutetica Hospital das Cliacutenicas da UFMG (HC-UFMG) Hospital

Universitaacuterio Risoleta Tolentino Neves (HRTN) Hospital Sofia Feldman (HSF) sendo estas no

acircmbito hospitalar e Unidades de Sauacutede da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) no acircmbito da

atenccedilatildeo baacutesica Divididas entre os campos 24 enfermeiras residentes cumpriram carga horaacuteria

de 60 horas semanais sendo 48 horas de plantotildees e 12 horas de aulas teoacutericas na EEUFMG

Para Amorim e Gualda (2011) as mudanccedilas no modelo de ensino da enfermagem obsteacutetrica

satildeo fundamentais para a formaccedilatildeo ampla e de qualidade tanto no aspecto teoacuterico quanto

praacutetico Isso contribui para o desenvolvimento da atuaccedilatildeo competente e para o enfrentamento

do modelo assistencial hegemocircnico

O Programa de Residecircncia em Enfermagem Obsteacutetrica coordenado pela EEUFMG tem sido

desenvolvido em concordacircncia com estes princiacutepios e apesar das atividades praacuteticas terem

sido iniciadas em marccedilo de 2013 ateacute o momento natildeo foi realizada uma pesquisa para avaliar a

praacutetica obsteacutetrica das residentes na atenccedilatildeo ao parto normal nas maternidades envolvidas A

importacircncia da inserccedilatildeo das enfermeiras obstetras na assistecircncia a mulher em todo ciclo

graviacutedico puerperal na atenccedilatildeo ao parto normal na transformaccedilatildeo do modelo obsteacutetrico

hegemocircnico e na implementaccedilatildeo da praacutetica obsteacutetrica baseada em evidecircncias cientiacuteficas

confere relevacircncia a enfermagem obsteacutetrica como campo de pesquisa Considerando este

10

contexto propotildee-se um estudo sobre a assistecircncia ao parto normal prestada pelas enfermeiras

residentes da primeira turma da EE-UFMG na maternidade do Hospital Risoleta Tolentino

Neves na perspectiva de aprimorar o ensino a assistecircncia e a atuaccedilatildeo de futuras residentes

OBJETIVO

Descrever os indicadores resultantes da assistecircncia ao parto normal prestada pelas

enfermeiras residentes em enfermagem obsteacutetrica da primeira turma da Escola de Enfermagem

da UFMG na maternidade do Hospital Risoleta Tolentino Neves em Belo Horizonte no periacuteodo

de abril de 2013 a abril de 2014

METODOLOGIA

Estudo quantitativo restrospectivo desenvolvido na maternidade do HRTN em Belo Horizonte-

MG no periacuteodo de abril de 2013 a abril de 2014

Cenaacuterio

O Hospital Risoleta Tolentino Neves (HRTN) foi escolhido para este estudo dentre as demais

instituiccedilotildees de praacutetica da residecircncia por ser uma maternidade de referecircncia regional para

gestaccedilotildees de risco habitual por ter enfermeiras obstetras inseridas diretamente na assistecircncia

ao parto normal e por estar recebendo a primeira turma de residentes em enfermagem

obsteacutetrica na histoacuteria da instituiccedilatildeo

O hospital estaacute localizado na regiatildeo Norte de Belo Horizonte e mantem uma parceria de ensino

com a UFMG desde sua criaccedilatildeo A maternidade foi inaugurada em 30 de julho de 2007 e tem

como princiacutepio uma assistecircncia humanizada em que se valoriza o trabalho em equipe e um

ambiente que proporcione a mulher um atendimento diferenciado e com total seguranccedila Satildeo

assistidos em meacutedia 270 partos por mecircs com taxas de parto normal em torno de 80 Eacute

composta por dois leitos de pronto atendimento obsteacutetrico (admissatildeo) dois leitos de preacute-parto

(PP) trecircs leitos de PPP (preacutepartopoacutes) uma sala de litotomia e um centro ciruacutergico O

alojamento conjunto eacute composto por 25 leitos que recebem pueacuterperas receacutem-nascidos assim

11

como gestantes em tratamento cliacutenico 4 leitos ldquoCangururdquo para RN em ganho de peso 4 leitos

de internaccedilatildeo social para receber matildees com filhos internados na unidade de cuidados

progressivos aleacutem de uma Unidade de Cuidados Intensivos Neonatal (UCIN) A equipe de

enfermagem eacute composta por uma coordenadora 11 enfermeiras assistenciais 12 enfermeiras

obstetras e 54 teacutecnicos de enfermagem (PORTAL HRTN 2013)

As enfermeiras residentes atuam no centro obsteacutetrico em conjunto com equipe

multiprofissional a qual eacute composta por meacutedicos obstetras meacutedicos residentes em ginecologia

e obstetriacutecia anestesistas pediatras enfermeiras obstetras enfermeiros assistenciais e

teacutecnicos de enfermagem aleacutem de acadecircmicos de enfermagem e medicina da UFMG que

estagiam nesta instituiccedilatildeo Cada plantatildeo diurno ou noturno conta com duas enfermeiras

residentes que se dividem entre o bloco obsteacutetrico e o alojamento conjunto atuando

exclusivamente no local escalado portanto em todos os plantotildees haacute pelo menos uma

residente de enfermagem obsteacutetrica atuando na assistecircncia ao parto normal nesta

maternidade

A equipe presta assistecircncia baseada nos princiacutepios da humanizaccedilatildeo e do modelo colaborativo

Este modelo consiste na atuaccedilatildeo conjunta onde cada parte respeita a atuaccedilatildeo individual dos

membros da equipe que trabalha com metas e objetivos comuns As mulheres e suas famiacutelias

recebem acompanhamento multiprofissional com praacuteticas obsteacutetricas majoritariamente

baseadas em evidecircncias cientiacuteficas e na humanizaccedilatildeo da assistecircncia As parturientes satildeo

assistidas tanto por enfermeiras obstetras como por meacutedicos obstetras em todas as fases da

internaccedilatildeo A assistecircncia eacute compartilhada entre as diferentes categorias profissionais em

situaccedilotildees que variam desde a induccedilatildeo do trabalho de parto assistecircncia durante o trabalho de

parto parto nascimento ateacute o puerpeacuterio Os casos satildeo acompanhados de forma

compartilhada havendo comunicaccedilatildeo entre os membros da equipe Os partos normais podem

ser assistidos por residentes tanto enfermeiros como meacutedicos e ambos podem ser

preceptorados por enfermeiras obstetras ou meacutedicos obstetras o que permite uma atuaccedilatildeo

complementar entre as categorias que traz benefiacutecios ao serviccedilo e agrave parturiente Todos os

partos assistidos por enfermeiras obstetras satildeo registrados em um livro denominado ldquolivro de

registro de partos assistidos pelas enfermeiras obstetrasrdquo Os partos assistidos por residentes

em enfermagem obsteacutetrica tambeacutem satildeo registrados neste livro independente da preceptoria

12

mas eacute importante considerar que estes satildeo em sua maioria preceptorados por enfermeiras

obstetras

Fonte e coleta de dados

A fonte de informaccedilotildees para este estudo foi o ldquolivro de registro de partos assistidos pelas

enfermeiras obstetrasrdquo Os dados nele registrados satildeo data hora do parto nome da paciente

idade paridade idade gestacional posiccedilatildeo de parto realizaccedilatildeo de episiotomia e contato pele a

pele presenccedila de acompanhante se a parturiente recebeu analgesia e qual o tipo (peridural

raquianestesia) se houve laceraccedilatildeo perineal e qual o grau escore de Apgar do RN nome dos

profissionais que assistiram ao parto

O banco de dados foi constituiacutedo por 1434 partos registrados no livro no periacuteodo de treze

meses (abril de 2013 a abril de 2014) Os dados de cada parto foram digitados na iacutentegra no

programa Epi-Info versatildeo 353 Apoacutes a digitaccedilatildeo foram selecionados somente os partos que

atendiam ao criteacuterio para inserccedilatildeo no estudo parto assistido por residente em enfermagem

obsteacutetrica independente se preceptorado por enfermeira obstetra ou por meacutedico obstetra A

partir daiacute delimitou-se a populaccedilatildeo final deste estudo que foi de 714 partos Os dados natildeo

informados de cada variaacutevel foram excluiacutedos da amostra exceto na variaacutevel idade gestacional

Variaacuteveis de interesse

Apoacutes ter sido identificada a populaccedilatildeo deste estudo foram selecionadas onze variaacuteveis de

interesse sendo elas idade materna nuacutemero de gestaccedilotildees paridade idade gestacional

posiccedilatildeo do parto episiotomia contato pele a pele presenccedila de acompanhante analgesia

farmacoloacutegica laceraccedilatildeo perineal e escore de Apgar

A idade das mulheres assistidas pelas enfermeiras residentes foi classificada dentro do

intervalo de idade reprodutiva da seguinte forma

Entre 10 e 14 anos (adolescentes precoces)

Entre 15 e 19 anos (adolescentes)

13

Entre 20 e 34 anos (adultas jovens)

Acima de 35 anos (idade tardia)

Com relaccedilatildeo agrave paridade as mulheres foram divididas em primiacuteparas e multiacuteparas

No que se refere ao nuacutemero de gestaccedilotildees foram classificadas em primigestas secundigestas

tercigestas ou que tiveram quatro gestaccedilotildees anteriores ou mais

Com relaccedilatildeo aacute idade gestacional no parto a classificaccedilatildeo neste estudo foi

Preacute-termo (lt37 semanas)

Termo (entre 37 semanas e 41 semanas+6 dias)

Poacutes-termo (gt42 semanas)

Idade gestacional desconhecida natildeo informada

Na variaacutevel posiccedilatildeo de parto foram consideradas as seguintes posiccedilotildees semi-sentada sentada

no banquinho de coacutecoras em decuacutebito dorsal posiccedilatildeo litotocircmica em Gaskin decuacutebito lateral

em peacute e ajoelhada Em relaccedilatildeo agrave episiotomia contato pele a pele e presenccedila de

acompanhantes os dados foram classificados em SimNatildeo Quanto agraves laceraccedilotildees perineais foi

feita a seguinte classificaccedilatildeo periacuteneo iacutentegro laceraccedilatildeo de primeiro grau de segundo grau de

terceiro grau e de quarto grau Os dados sobre escore de Apgar foram divididos em lt7 e gt 7 no

primeiro e quinto minutos

Anaacutelise dos dados

As variaacuteveis foram submetidas agrave anaacutelise descritiva com caacutelculo da frequecircncia absoluta e

relativa para as variaacuteveis categoacutericas e de meacutedia e desvio padratildeo para as variaacuteveis contiacutenuas

Para o processamento e anaacutelise dos dados utilizou-se o software STATA (versatildeo 90)

14

Aspectos eacuteticos

Para realizaccedilatildeo do estudo o projeto de pesquisa teve aprovaccedilatildeo da Coordenaccedilatildeo do Programa

de Residecircncia em Enfermagem Obsteacutetrica da Escola de Enfermagem da Universidade Federal

de Minas Gerais

O estudo teve a anuecircncia da coordenaccedilatildeo da maternidade e foi aprovado pelo Nuacutecleo de

Ensino e Pesquisa (NEPE) do HRTN em 06082014 pelo parecer nordm 252014 conforme consta

no ANEXO 2

Foi aprovado pela Cacircmara Departamental do Departamento de Enfermagem Materno Infantil

(EMI) da EEUFMG em 10112014 conforme consta no ANEXO 3

RESULTADOS

No periacuteodo de treze meses de abril de 2013 a abril de 2014 foram registrados no livro 1434

partos Destes 714 foram com a participaccedilatildeo das residentes em enfermagem obsteacutetrica

representando 498 do total Os demais 720 partos (excluiacutedos da amostra) foram assistidos

pelas enfermeiras obstetras sozinhas ou com participaccedilatildeo de residentes em ginecologia e

obsteacutetrica acadecircmicos de enfermagem e medicina

Os resultados e sua distribuiccedilatildeo entre a variaacuteveis analisadas estatildeo representados nas tabelas a

seguir

15

TABELA 1

Perfil das gestantes assistidas por residentes em enfermagem obsteacutetrica em relaccedilatildeo a

idade materna paridade nuacutemero de gestaccedilotildees e idade gestacional Belo Horizonte MG

Variaacuteveis n

Idade Materna (anos)

10 ndash 14 6 08

15 ndash 19 144 202

20 - 34 498 695

gt 35 57 79

Paridade

Primiacuteparas 315 441

Multiacuteparas 398 557

Nuacutemero de Gestaccedilotildees

1 283 396

2 213 298

3 102 143

4 ou mais 115 161

Idade Gestacional

Preacute-termo (lt37 semanas) 45 63

Termo (37 - 41 semanas) 643 900

Poacutes-termo (gt 42 semanas) 3 04

Desconhecida natildeo informada 23 32

Variaacutevel N Meacutedia Desvio Padratildeo Miacutenimo Maacuteximo

Idade Gestacional 714 38 15 24 42

Idade Materna 705 24 60 14 44

16

Neste estudo a faixa etaacuteria predominante das mulheres assistidas por residentes em

enfermagem obsteacutetrica foi de adultas jovens com 695 seguida de adolescentes com 202

Os extremos etaacuterios adolescentes precoces e mulheres acima de 35 anos apareceram em

menor proporccedilatildeo sendo 08 e 79 respectivamente A meacutedia etaacuteria foi de 24 anos com

desvio padratildeo de 6 anos sendo que a menor idade encontrada entre as mulheres assistidas

por enfermeiras residentes foi 14 anos e a maior 44 anos

No que se refere ao nuacutemero de gestaccedilotildees o maior percentual foi de primigestas (396)

seguido das secundigestas (298) A partir daiacute observou-se diminuiccedilatildeo do percentual sendo

que tercigestas representaram 143 e o somatoacuterio das mulheres que tiveram quatro

gestaccedilotildees anteriores ou mais resultou em 161 O caso com maior nuacutemero de gestaccedilotildees

encontrado neste estudo foi de uma parturiente que estava em sua 13ordf gestaccedilatildeo

Com relaccedilatildeo agrave paridade as mulheres foram divididas em dois grupos primiacuteparas e multiacuteparas

sendo 441 e 557 respectivamente As mulheres que tiveram apenas uma gestaccedilatildeo ou

seja primigestas satildeo 396 e as primiacuteparas logo que natildeo tem partos vaginais anteriores satildeo

441 Isto evidencia que nem todas as primiacuteparas eram primigestas havendo abortamentos

ou gestaccedilotildees ectoacutepicas anteriores O somatoacuterio das mulheres que tiveram duas ou mais

gestaccedilotildees representou 602 Isso justifica o fato de haver maior percentual de multiacuteparas

quando se analisa paridade e ao mesmo tempo maior percentual de primigestas quando se

analisa nuacutemero de gestaccedilotildees entre as mulheres estudadas

17

TABELA 2

Indicadores da assistecircncia ao trabalho de parto e parto prestada pelas residentes em

enfermagem obsteacutetrica na maternidade do HRTN Belo Horizonte MG

Variaacuteveis N

Variaacuteveis n

Posiccedilatildeo do parto

Analgesia

Semi-sentada 462 647

Natildeo 587 822

Banquinho 120 168

Peridural 119 166

Coacutecoras 56 78

Raquidiana 8 11

Decuacutebito dorsal 23 32

Litotocircmica 20 28

Contato pele a pele

Sentada 9 12

Sim 674 944

Gaskin 7 09

Natildeo 34 47

Decuacutebito lateral 7 09

Em peacute 4 05

Acompanhante

Ajoelhada 2 02

Sim 686 960

Natildeo 27 37

Episiotomia

Sim 30 42

Apgar no 1ordm minuto

Natildeo 681 954

lt7 46 64

gt7 668 935

Laceraccedilatildeo

Natildeo 194 271

Apgar no 5ordm minuto

1ordm grau 329 460

lt7 6 08

2ordm grau 169 236

gt7 708 991

3ordm grau 20 28

4ordm grau 2 02

Variaacutevel N Meacutedia Desvio Padratildeo Miacutenimo Maacuteximo

Apgar no 1ordm minuto 714 83 13 0 10

Apgar no 5ordm minuto 714 93 07 0 10

18

Os resultados deste estudo mostram que a maioria dos partos assistidos por residentes em

enfermagem obsteacutetrica foram em posiccedilatildeo semi-sentada (647) as demais posiccedilotildees de parto

encontradas foram no banquinho (168) de coacutecoras (78) em decuacutebito dorsal (32) em

posiccedilatildeo litotocircmica (28) sentada (12) em Gaskin (09) em decuacutebito lateral (09) em

peacute (05) e ajoelhada (02) Considerando-se todas as posiccedilotildees de parto verticalizadas como

semi-sentada no banquinho Gaskin em peacute e ajoelhada encontrou-se uma taxa em torno de

92 de partos em posiccedilatildeo natildeo supina

A episiotomia foi realizada em apenas 420 dos partos Em 9538 dos casos as mulheres

foram poupadas deste procedimento Com relaccedilatildeo as laceraccedilotildees perineais a maioria das

mulheres apresentou laceraccedilotildees de primeiro grau (460) seguidas de periacuteneo iacutentegro

(271) Laceraccedilotildees de segundo grau acometeram 236 das mulheres Laceraccedilotildees graves

de terceiro grau (28) e de quarto grau (02) ocorreram em uma parcela pouco significativa

das mulheres assistidas pelas enfermeiras residentes

A analgesia farmacoloacutegica foi realizada em 177 das parturientes sendo em 166 por

teacutecnica peridural e 112 por teacutecnica raquidiana A analgesia farmacoloacutegica natildeo foi ofertada a

8221 das mulheres

O contato pele a pele na primeira hora de vida foi proporcionado a 9440 dos receacutem-

nascidos Em 47 a interaccedilatildeo pele a pele natildeo foi realizada

As parturientes contaram com a presenccedila de acompanhante familiar em 960 dos partos Os

partos sem acompanhante familiar representaram apenas 37

Os resultados sobre escore de Apgar foram gt7 no primeiro minuto em 935 dos neonatos e

gt7 no quinto minuto em 991 Tais dados mostram que a quase totalidade dos receacutem-

nascidos apresentava boas condiccedilotildees de vitalidade no primeiro e quinto minuto de vida

19

DISCUSSAtildeO

Idade materna Paridade Nuacutemero de gestaccedilotildees

Segundo o MS as mulheres em idade reprodutiva ou seja de 10 a 49 anos representam 65

do total da populaccedilatildeo feminina conformando um grupo social importante e que merece

atenccedilatildeo no que se refere agrave elaboraccedilatildeo de poliacuteticas de sauacutede (BRASIL 2011)

Silva (2009) cita que mulheres muito jovens ou muito idosas satildeo consideradas de maior risco

para resultados adversos e complicaccedilotildees gestacionais no parto e perinatais

A OMS considera gravidez na adolescecircncia aquela que ocorre em mulheres entre 10 e 19

anos sendo que gestantes com menos de 14 anos satildeo mais vulneraacuteveis e mais expostas agrave

morbimortalidade A gravidez na adolescecircncia estaacute relacionada aacute condiccedilotildees de escolaridade e

fatores socioeconocircmicos como escolaridade renda dentre outros e no que se refere aos

riscos os principais referidos por Santos at al (2014) satildeo prematuridade e baixo peso ao

nascer Jaacute Gravena (2013) refere que estatildeo relacionados agrave gravidez precoce riscos

aumentados ao receacutem-nascido de baixo peso ao nascer deficiecircncias de micronutrientes e

restriccedilatildeo do crescimento intrauterino levando a alteraccedilotildees na evoluccedilatildeo dessa gestaccedilatildeo e no

crescimento fetal o que pode resultar tambeacutem em parto prematuro

Cesar (2011) em estudo sobre gestaccedilatildeo na adolescecircncia encontrou 2018 de matildees

adolescentes e mostrou que estas estiveram de forma sistemaacutetica em desvantagem em

relaccedilatildeo agraves demais matildees tanto no que se refere a caracteriacutesticas socioeconocircmicas quanto na

assistecircncia recebida durante a gestaccedilatildeo e o parto Afirma que as adolescentes possuiacuteam pior

niacutevel de escolaridade e renda familiar viviam mais comumente sem companheiro realizaram

um menor nuacutemero de consultas de preacute-natal iniciaram estas consultas mais tardiamente

referiram com maior frequecircncia a presenccedila de anemia e corrimento vaginal patoloacutegico e foram

mais submetidas ao uso de foacutercipe e episiotomia Considerando-se as categorias adolescentes

precoces e adolescentes do presente estudo tem-se uma taxa de 210 proacutexima da

encontrada por Cesar (2011)

20

Mulheres entre 20 e 35 anos satildeo consideradas adultas jovens e apresentam resultados

obsteacutetricos e neonatais mais favoraacuteveis quando comparadas as adolescentes e a mulheres em

idade avanccedilada Neste estudo as adultas jovens representaram a maior parte da populaccedilatildeo

(695) Este achado corrobora para os resultados obsteacutetricos e neonatais favoraacuteveis aqui

verificados Gravena et al (2013) verificou em seu estudo que adolescentes e mulheres em

idade tardia tiveram probabilidade maior de parto cesaacutereo em relaccedilatildeo agraves adultas No que se

refere ao baixo peso ao nascer tanto as gestantes adolescentes quanto as em idade avanccedilada

apresentaram mais chance de possuiacuterem filhos receacutem-nascidos com baixo peso quando

comparadas as adultas

A taxa de fecundidade vem apresentando queda no Brasil nos uacuteltimos anos segundo dados do

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) em 2000 a taxa de fecundidade era de 24

filhos por mulher e em 2014 foi menor que 18 filhos por mulher (IBGE 2013) Dentre os vaacuterios

fatores que colaboraram para esta transiccedilatildeo na taxa de fecundidade encontram-se a

elaboraccedilatildeo e expansatildeo da estrateacutegia de sauacutede da famiacutelia e das poliacuteticas voltadas para a

mulher no ciclo graviacutedico puerperal principalmente a Poliacutetica Nacional de Direitos Sexuais e

Direitos Reprodutivos lanccedilada em 2005 e a Poliacutetica Nacional de Planejamento Familiar

elaborada em 2007 que permitiu as mulheres expansatildeo do acesso a informaccedilotildees sobre o

planejamento familiar reprodutivo e oferta de meacutetodos contraceptivos (BRASIL 2007)

Define-se gestaccedilatildeo tardia aquela que ocorre acima dos 35 anos e aquelas com mais de 45

anos satildeo consideradas gestaccedilotildees com idade materna avanccedilada Os nascimentos em mulheres

com 35 anos ou mais tem aumentado de forma consistente no Brasil tendecircncia observada

principalmente nos paiacuteses industrializados As mudanccedilas nos haacutebitos de vida como maior niacutevel

de escolaridade maior inserccedilatildeo no mercado de trabalho e na expectativa de vida da mulher

estimulam a postergaccedilatildeo do momento da primeira gravidez que acaba acontecendo em idades

superiores apoacutes serem atingidos outros objetivos de vida pessoais e profissionais Soma-se a

isso o advento da reproduccedilatildeo assistida que permite as mulheres engravidarem em idades mais

avanccediladas periacuteodo de comprovada diminuiccedilatildeo da fertilidade Haacute que se considerar que em

paiacuteses em desenvolvimento como o Brasil a maior parte das gestaccedilotildees tardias acontece em

situaccedilotildees de multiparidade o que tambeacutem envolve riscos (SILVA 2009)

21

A gestaccedilatildeo tardia apresenta risco similar a gestaccedilatildeo na adolescecircncia em alguns aspectos

conforme citado anteriormente e mais elevados em situaccedilotildees como abortamento espontacircneo

gravidez ectoacutepica anormalidades cromossocircmicas e malformaccedilotildees congecircnitas (SILVA 2009)

Gravena et al (2013) cita que nas mulheres com gestaccedilatildeo tardia tecircm sido observados mais

abortamentos espontacircneos e induzidos maior risco para mortalidade perinatal baixa vitalidade

do receacutem- nascido baixo peso ao nascer parto preacute-termo e fetos pequenos para idade

gestacional As gestaccedilotildees de mulheres de idade materna avanccedilada tecircm sido consideradas

como de alto risco em decorrecircncia principalmente da incidecircncia crescente de siacutendromes

hipertensivas ruptura prematura de membranas presenccedila de diabetes aleacutem de maior chance

do iacutendice de Apgar no quinto minuto ser menor que sete

Analisando os 1434 partos registrados no livro no mesmo periacuteodo e nos quais estatildeo incluiacutedos

os 714 partos das enfermeiras residentes o percentual de primiacuteparas e multiacuteparas foi de 415

e 583 respectivamente valores muito proacuteximos aos encontrados nos partos assistidos pelas

enfermeiras residentes

Idade gestacional

Conceitua-se gravidez preacute-termo aquela cuja idade gestacional encontra-se entre 22 e 37

semanas ou entre 154 a 259 dias (ACOG 2013) A prematuridade eacute um evento que afeta a

vida da famiacutelia e do RN de forma significativa envolvendo aspectos bioloacutegicos psicoloacutegicos e

sociais de difiacutecil mensuraccedilatildeo e que devem ser considerados pela equipe que assiste a famiacutelia

prematura (RAMOS 2009)

A prematuridade tem sido estudada como uma das causas importantes de mortalidade infantil

O receacutem-nascido imaturo apresenta desenvolvimento incompleto de oacutergatildeos como ceacuterebro e

pulmotildees aleacutem de limitaccedilatildeo da funccedilatildeo renal e imaturidade da funccedilatildeo hepaacutetica podendo sofrer

seacuterios comprometimentos ou intercorrecircncias (GRAVENA 2013) A literatura cita alguns fatores

de risco gestacionais associados agrave prematuridade tais como parto prematuro preacutevio gestaccedilatildeo

muacuteltipla histoacuteria materna de um ou mais abortos espontacircneos no segundo trimestre

comprimento cervical lt 30 cm baixo niacutevel socioeconocircmico idade materna lt18 anos ou gt40

22

anos primiparidade (mais frequente no primeiro filho) complicaccedilotildees maternas (cliacutenicas ou

obsteacutetricas) atividade fiacutesica aumentada tabagismo uso de cocaiacutena acompanhamento preacute-

natal inadequado ou ausente situaccedilotildees de alto estresse crescimento intrauterino restrito

(CIUR) anomalias congecircnitas polihidracircmnios ruptura prematura de membranas preacute-termo

(RPMPT) descolamento de placenta presenccedila de DIU mioma (particularmente submucoso ou

subplacentaacuterio) anomalias uterinas insuficiecircncia istmo-cervical infecccedilotildees maternas siacutendrome

antifosfoliacutepide trauma cirurgia (RAMOS 2009)

O American College of Obstetricians and Gynecologists (ACOG 2013) classifica a gravidez

aleacutem de 37 semanas da seguinte maneira

Termo precoce entre 37 semanas e 38 semanas e 6 dias

Termo completo entre 39 semanas e 40 semanas e 6 dias

Termo tardio entre 41 semanas e 41 semanas e 6 dias

Poacutes-termo 42 semanas em diante

Neste estudo a grande maioria dos partos assistidos pelas enfermeiras residentes foi de

gestaccedilotildees a termo (900) Tal fato se justifica pela maior atuaccedilatildeo da enfermagem obsteacutetrica

nas gestaccedilotildees de risco habitual A meacutedia de idade gestacional da amostra deste estudo foi de

38 semanas sendo a menor idade gestacional encontrada 24 semanas e a maior 42 semanas

Os partos preacute-termo e poacutes-termo ou seja de maior risco satildeo preferencialmente

acompanhados por meacutedico obstetra Eacute rotina da instituiccedilatildeo em estudo a induccedilatildeo do trabalho

de parto nas gestaccedilotildees acima de 41 semanas Tambeacutem por esse motivo pode-se justificar a

atuaccedilatildeo das enfermeiras residentes em menos de 05 de partos poacutes-termo

O ACOG define gestaccedilatildeo poacutes-termo ou gestaccedilatildeo prolongada como aquela que se estende

aleacutem de 42 semanas ou 294 dias de gestaccedilatildeo (ACOG 2013) Para Amorim (2010) as

gestaccedilotildees aleacutem de 42 semanas ocorrem em aproximadamente 5 dos casos jaacute as aleacutem de 41

semanas em cerca de 10 A causa mais comum de gestaccedilatildeo poacutes-termo eacute o erro de dataccedilatildeo

e quando realmente existe a causa eacute desconhecida sendo a primiparidade o principal fator de

risco associado Mais raramente outros fatores podem estar presentes como a anencefalia

23

deficiecircncia de sulfatase placentaacuteria feto do sexo masculino e predisposiccedilatildeo geneacutetica (BRASIL

2011) O maior temor relacionado agrave gestaccedilatildeo prolongada eacute de que ocorra insuficiecircncia

placentaacuteria com reduccedilatildeo do aporte de nutriente e oxigecircnio para o bebecirc o que pode acarretar

aumento da morbidade e mortalidade perinatal Com maior frequecircncia de morte perinatal

anormalidade da frequecircncia cardiacuteaca fetal intraparto eliminaccedilatildeo de mecocircnio macrossomia e

cesariana (AMORIM 2010)

No Brasil tem sido frequente a indicaccedilatildeo de cesariana quando a gestaccedilatildeo ultrapassa 40

semanas sobretudo no setor privado poreacutem esta conduta natildeo eacute corroborada por evidecircncias

Amorim (2010) em compilado sobre o tema cita uma revisatildeo sistemaacutetica publicada em 2003 na

qual concluiacuteram que a induccedilatildeo do parto a partir de 41 semanas quando comparada agrave conduta

expectante resultou em menor taxa de cesaacuterias (201 x 22) e de liacutequido amnioacutetico meconial

(224 x 277) poreacutem natildeo houve diferenccedila em termos de mortalidade perinatal escores de

Apgar admissatildeo em UTI neonatal e siacutendrome de aspiraccedilatildeo meconial Em 2012 outra revisatildeo

sistemaacutetica disponiacutevel na biblioteca Cochrane incluindo 22 ensaios cliacutenicos randomizados e

9383 mulheres submetidas aacute induccedilatildeo do parto mostrou reduccedilatildeo significativa do risco relativo de

morte perinatal e de cesariana Natildeo houve diferenccedila na taxa de natimortos ou de morte

neonatal nos dois grupos A incidecircncia da siacutendrome de aspiraccedilatildeo meconial foi menor no grupo

submetido agrave induccedilatildeo do parto poreacutem natildeo houve diferenccedila na frequecircncia de asfixia perinatal

baixos escores de Apgar e admissatildeo em UTI neonatal Os autores sugerem que a induccedilatildeo do

parto a partir de 41 semanas reduz as taxas de cesariana sem comprometer o prognoacutestico

perinatal Aleacutem disso o estudo mostrou maior satisfaccedilatildeo das gestantes submetidas agrave induccedilatildeo

do parto Recomenda-se que as mulheres sejam esclarecidas sobre riscos e benefiacutecios

associados agrave induccedilatildeo do parto a partir de 41 semanas (AMORIM 2010)

Posiccedilatildeo de parto

Os benefiacutecios da livre movimentaccedilatildeo da parturiente durante o trabalho de parto tais como a

reduccedilatildeo de sua duraccedilatildeo melhora do conforto materno e reduccedilatildeo do uso de analgeacutesicos satildeo

sustentados por evidecircncias cientiacuteficas (SOUSA 2013) A adoccedilatildeo de postura vertical e

movimentaccedilatildeo podem aleacutem de diminuir a dor materna facilitar a circulaccedilatildeo materno-fetal e a

descida do feto na pelve materna melhorar as contraccedilotildees uterinas e diminuir o trauma perineal

24

(SILVA 2011)

A OMS (1996) classifica como praacuteticas demonstradamente uacuteteis e que devem ser estimuladas

(categoria A) a liberdade de posiccedilatildeo e movimento durante o trabalho de parto e o estiacutemulo a

posiccedilotildees natildeo supinas durante o trabalho de parto Jaacute o uso rotineiro de posiccedilatildeo supina

(decuacutebito dorsal) durante o trabalho de parto e o uso de rotina da posiccedilatildeo de litotomia com ou

sem perneiras durante o trabalho de parto satildeo classificadas como praacuteticas claramente

prejudiciais e que devem ser eliminadas (categoria B)

Uma revisatildeo sistemaacutetica sobre assistecircncia ao segundo e terceiro periacuteodos do trabalho de parto

publicada em 2010 mostra que a posiccedilatildeo supina tem sido amplamente usada no segundo

periacuteodo do trabalho de parto contrariando a evidecircncia fisioloacutegica da reduccedilatildeo da eficiecircncia

uterina e do fluxo sanguiacuteneo placentaacuterio nessa posiccedilatildeo A posiccedilatildeo litotocircmica eacute ainda

recomendada em alguns tratados tradicionais de Obstetriacutecia mas as posiccedilotildees alternativas

incluem uma gama de posiccedilotildees que podem trazer benefiacutecios para o parto posiccedilatildeo lateral

(Sims) vertical (sentada semi-sentada de coacutecoras ou ajoelhada) e de quatro apoios A

imersatildeo em aacutegua durante o periacuteodo expulsivo do trabalho de parto aumentou o registro de

satisfaccedilatildeo por parte das parturientes no que diz respeito aos puxos mas ainda natildeo haacute

evidecircncias sobre os efeitos da imersatildeo em aacutegua no segundo estaacutegio especialmente sobre a

morbidade materna e neonatal (AMORIM 2010)

Estudos apontam que posiccedilotildees verticalizadas ou a posiccedilatildeo lateral associaram-se com reduccedilatildeo

da duraccedilatildeo do segundo periacuteodo do parto reduccedilatildeo nas anormalidades da frequecircncia cardiacuteaca

fetal bem como reduccedilatildeo de relatos de dor grave e episiotomia Ocorre no entanto maior perda

de sangue estimada (acima de 500 mL) sem repercussotildees cliacutenicas consideraacuteveis A conclusatildeo

dos revisores eacute que as mulheres devem ser encorajadas a parir na posiccedilatildeo que lhes for mais

confortaacutevel com o balanccedilo das evidecircncias a favor das posturas natildeo supinas (AMORIM 2010)

Mouta et al (2008) e Rocha Fonseca (2010) encontraram percentuais entre 50 e 78 de

posiccedilatildeo vertical em partos assistidos exclusivamente por enfermeiras obstetras em

maternidades puacuteblicas do Rio de Janeiro Em um CPN de Satildeo Paulo apenas 13 dos partos

foram assistidos em posiccedilatildeo horizontal contra 776 assistidos em posiccedilatildeo vertical (SOUZA

2011)

25

Sousa (2013) observou em seu estudo com 61 mulheres assistidas em Hospital da rede puacuteblica

de Belo Horizonte que mais de 75 pariram deitadas de costas com pernas levantadas sem

uso de perneiras As demais mulheres deram a luz em posiccedilatildeo de coacutecoras (98) deitada de

lado (66) sentadareclinada (66) ou Gaskin (16)

A maternidade do HRTN faz parte da rede de hospitais de Belo Horizonte que assinou o Termo

de Compromisso das Maternidades do SUS-BH estabelecido pela Comissatildeo Perinatal da

Secretaria Municipal de Sauacutede de Belo Horizonte (SMSA-BH) o qual estabelece metas para

diversos indicadores assistenciais objetivando humanizar a assistecircncia e reduzir as taxas de

cesariana nas maternidades da rede puacuteblica de Belo Horizonte No que se refere a posiccedilatildeo de

parto a SMSA-BH tem como meta que mais de 70 dos partos sejam realizados em posiccedilatildeo

natildeo supina Segundo dados institucionais fornecidos pela coordenaccedilatildeo da maternidade sobre

todos os partos do HRTN no mesmo periacuteodo deste estudo a taxa de partos em posiccedilatildeo natildeo

supina variou de 6202 em abril de 2014 a 8138 em abril de 2013

Diante dos resultados deste estudo eacute possiacutevel inferir que no HRTN a equipe incentiva e apoia o

uso de deambulaccedilatildeo e posiccedilotildees verticalizadas durante o trabalho de parto e periacuteodo expulsivo

As mulheres devem orientadas sobre os benefiacutecios da verticalizaccedilatildeo para a evoluccedilatildeo do

trabalho de parto No momento do parto deve haver incentivo agrave livre escolha da posiccedilatildeo dentro

das possibilidades da maternidade Ainda natildeo haacute disponibilidade de parto com imersatildeo em

aacutegua mas haacute quartos PPP (preacute-parto parto e poacutes-parto) com chuveiro bola suiacuteccedila banquinho

meia lua escada de Ling e espaccedilo fiacutesico que permite deambulaccedilatildeo Em alguns plantotildees a

equipe conta com a participaccedilatildeo das Doulas no cuidado agrave mulher em trabalho de parto

Os resultados deste estudo satildeo similares aos encontrados por Sousa (2013) o que mostra que

ambas as instituiccedilotildees componentes do SUS em Belo Horizonte que tem atuaccedilatildeo efetiva das

enfermeiras obstetras estimulam o parto em posiccedilotildees verticalizadas e provavelmente

respeitam a livre escolha da posiccedilatildeo de parto

O fato da maior parte dos partos serem em posiccedilatildeo semi-sentada gera certa inquietaccedilatildeo pois

26

sabe-se que esta posiccedilatildeo permite maior controle e melhor visibilidade sendo cocircmoda para o

profissional que assiste ao parto Outra justificativa possiacutevel para a grande porcentagem de

partos semi-sentada pode ser a falta de informaccedilatildeo eou orientaccedilatildeo das

mulheresacompanhantes sobre a possibilidade de parirem em outras posiccedilotildees que lhe sejam

confortaacuteveis Ressalta-se a necessidade de orientaccedilatildeo e incentivo quanto agrave liberdade de

posiccedilatildeo e sobre os benefiacutecios das posiccedilotildees verticalizadas para o trabalho de parto e periacuteodo

expulsivo desmitificando a claacutessica posiccedilatildeo de parto e empoderando-as a escolher a posiccedilatildeo

que lhes for mais confortaacutevel

Episiotomia

A episiotomia foi inicialmente proposta com o objetivo de facilitar o parto reduzindo o trauma

perineal e facilitando o reparo Entretanto natildeo obstante a indicaccedilatildeo de livros-texto sua

realizaccedilatildeo de rotina natildeo pode ser recomendada uma vez que existem vaacuterias evidecircncias de que

natildeo eacute necessaacuteria e de que pode ser prejudicial (AMORIM 2010)

Entre as principais morbidades relacionadas agrave episiotomia estatildeo a dor perineal e o

sangramento aumentado Nesses casos devido a urgecircncia os traumas perineais muitas vezes

satildeo suturados sem a boa visualizaccedilatildeo do local podendo produzir acidentes com lesatildeo no trato

geniturinaacuterio e nas estruturas do assoalho peacutelvico causando hipermobilidade uretral e prolapso

genital Apoacutes o parto tambeacutem podem surgir hematuacuteria incapacidade vesical e incontinecircncia

urinaacuteria (RIESCO et al 2011)

A OMS (1996) considera o uso liberal e rotineiro de episiotomia uma praacutetica claramente

prejudicial e que deve ser eliminada (categoria B) Embora os dados disponiacuteveis na literatura

revelem que a realizaccedilatildeo de episiotomia natildeo cumpre os objetivos que justificariam sua

realizaccedilatildeo de forma rotineira sejam eles a prevenccedilatildeo de lesotildees nas genitais da matildee ou na

cabeccedila do receacutem-nascido ainda hoje tal intervenccedilatildeo permanece sendo usada de forma

abusiva em muitas instituiccedilotildees de sauacutede

Em revisatildeo sistemaacutetica incluindo oito ensaios cliacutenicos (n=5541) observou-se que comparada

agrave episiotomia de rotina a episiotomia seletiva (com indicaccedilatildeo precisa) esteve associada com

27

menos trauma perineal grave menor necessidade de suturas menos complicaccedilotildees na

cicatrizaccedilatildeo e mais trauma perineal anterior Natildeo houve diferenccedila na frequecircncia de trauma

vaginal ou perineal grave dispareunia incontinecircncia urinaacuteria ou dor intensa Os revisores

recomendam que a episiotomia natildeo seja realizada rotineiramente e quando necessaacuteria seja

realizada com o consentimento poacutes-informaccedilatildeo da parturiente (AMORIM 2010)

Cesar (2011) encontrou ocorrecircncia meacutedia de episiotomia de 72 entre as 2557 gestantes

estudadas no Sul do Brasil Houve variaccedilatildeo de 86 entre as adolescentes e 66 entre as

demais matildees As taxas encontradas foram bastante elevadas principalmente entre as

adolescentes o que indica baixa incorporaccedilatildeo de praacuteticas baseadas em evidecircncia na

assistecircncia ao parto no cenaacuterio do estudo

Em contrapartida Sousa (2013) verificou em seu estudo em uma maternidade da rede puacuteblica

de Belo Horizonte iacutendice de episiotomia em torno de 11 e observou seguranccedila na praacutetica dos

profissionais de sauacutede envolvidos na assistecircncia ao parto da instituiccedilatildeo estudada no que se

refere ao uso seletivo desse procedimento e aos criteacuterios de utilizaccedilatildeo Tal instituiccedilatildeo tem

princiacutepios humanizados e grande inserccedilatildeo de enfermeiras obstetras na assistecircncia ao parto o

que pode tambeacutem ter justificado a baixa taxa de episiotomia encontrada

Considerando todos os partos realizados no HRTN no periacuteodo deste estudo a taxa de

episiotomia variou entre 90 em abril de 2013 a 149 em abril de 2014 A SMSA-BH tem

como meta de realizaccedilatildeo de episiotomia em menos de 30 dos partos vaginais Considerando

os 1434 partos assistidos por EO no mesmo periacuteodo a taxa de episiotomia foi de 46 o que

mostra uso criterioso do procedimento por parte desta categoria profissional

No presente estudo a taxa de episiotomia foi 42 Nestes casos a episiotomia pode ter sido

indicada devido a periacuteneo resistente no intuito de prevenir laceraccedilotildees graves mesmo que natildeo

haja respaldo cientiacutefico para tal praacutetica Tambeacutem em situaccedilotildees de estado fetal natildeo

tranquilizador durante o periacuteodo expulsivo jaacute com o feto em planos avanccedilados no intuito de

acelerar o nascimento ou mesmo por distoacutecia de ombro ou outra complicaccedilatildeo sendo uma

decisatildeo conjunta entre preceptor e residente Deve-se considerar que a baixas taxas de

28

episiotomia nos partos assistidos por enfermeiras residentes satildeo reflexo da atuaccedilatildeo da

preceptoria tanto de enfermeiras obstetras como de meacutedicos obstetras A episiotomia natildeo foi

realizada em 9538 dos partos o que mostra que as residentes em enfermagem obsteacutetrica

faziam uso seletivo do procedimento Um aspecto relevante deste estudo eacute que mesmo com a

baixa taxa de episiotomia encontrou-se pequenas taxas de laceraccedilotildees perineais de terceiro

(28) e quarto grau (028) Isso aponta para um modelo de assistecircncia obsteacutetrico com

incorporaccedilatildeo de praacuteticas baseadas em evidecircncias cientiacuteficas na maternidade do HRTN

Contato pele a pele

As praacuteticas referentes ao contato da matildee com seu bebecirc e ao aleitamento materno ainda na

sala de parto satildeo tambeacutem indicadores relevantes da qualidade da atenccedilatildeo ao parto

humanizado e segundo a OMS (1996) e MS (2001) deve ser encorajada no parto normal

(categoria A)

O passo quatro da Iniciativa Hospital Amigo da Crianccedila (IHAC) preconiza que os bebecircs que

tenham condiccedilotildees cliacutenicas favoraacuteveis permaneccedilam por pelo menos uma hora junto agrave pele da

matildee e que iniciem o aleitamento materno ainda na primeira meia hora apoacutes o nascimento

independentemente da via de parto (BRASIL 2010)

O contato pele a pele precoce melhora os resultados neonatais em termos de menor choro e

maior estabilidade cardiorrespiratoacuteria e aumenta significativamente o sucesso da

amamentaccedilatildeo sem efeitos negativos aparentes em curto e longo prazo segundo estudo de

meta-anaacutelise O contato pele a pele da matildee com o receacutem-nascido por pelo menos 30 minutos

na primeira hora de vida aleacutem de propiciar o envolvimento matildee-filho e o aleitamento materno

eacute um indicativo de que o parto transcorreu adequadamente Aleacutem disso favorece o viacutenculo

afetivo propiciando o reconhecimento entre matildee e filho pode aumentar a autoestima materna

diminuir a ansiedade melhorar os sentimentos de aceitaccedilatildeo do seu novo papel e a satisfaccedilatildeo

durante o processo de parto (MOORE et al 2012)

Apesar de o contato pele a pele ser uma praacutetica demonstradamente uacutetil e que deve ser

encorajada no parto normal especificamente tambeacutem pode e deve ser promovida no parto

29

operatoacuterio Sousa (2013) verificou em sua pesquisa que dos 89 receacutem-nascidos vivos o

contato precoce entre matildee e filho foi garantido em mais de 77 dos partos embora a maior

frequecircncia tenha ocorrido entre os filhos nascidos de parto normal

Na maternidade do HRTN o contato pele a pele eacute incentivado e apoiado por toda a equipe

multiprofissional sendo uma praacutetica consolidada conforme apontam os resultados deste

estudo As parturientes devem ser orientadas sobre os benefiacutecios desta praacutetica e preparadas

para receber seus RN apoacutes o nascimento A assistecircncia ao RN estaacutevel deve ser feita

preferencialmente no colo da matildee e quando houver necessidade de encaminhar o RN ao

berccedilo aquecido assim que este estabelecer condiccedilotildees favoraacuteveis deve retornar para o contato

pele a pele Assim como o contato pele a pele a amamentaccedilatildeo na primeira hora de vida

tambeacutem deve ser apoiada e estimulada respeitando o desejo da mulher

No presente estudo o contato pele a pele na primeira hora de vida foi realizado em 9440 dos

partos Os 475 em que natildeo foi realizado pode ter como justificativa o nascimento de um RN

deprimido sem condiccedilotildees cliacutenicas de permanecer com a matildee e que necessitaram de

assistecircncia pediaacutetrica seja reanimaccedilatildeo neonatal ou transferecircncia para unidade neonatal

Tambeacutem pode ter como justificativa impossibilidade materna ou desejo de natildeo realizar contato

pele a pele

Pela pactuaccedilatildeo da maternidade em estudo com a SMSA-BH a meta eacute que 100 dos receacutem-

nascidos vivos realizem contato pele a pele efetivo na primeira hora de vida Considerando

todos os partos realizados na instituiccedilatildeo no mesmo periacuteodo deste estudo este indicador variou

entre 905 em abril de 2013 a 960 em agosto de 2013 segundo dados institucionais

fornecidos pela coordenaccedilatildeo a maternidade Estes dados sinalizam boa incorporaccedilatildeo desta

praacutetica pela equipe mas indicam tambeacutem necessidade de melhoria para que seja atingida a

meta

Acompanhante

A presenccedila de acompanhante durante todo o periacuteodo de internaccedilatildeo eacute um direito conquistado

pelas mulheres assegurado na Lei nordm 111082005 regulamentado pelo Ministeacuterio da Sauacutede

30

pela Portaria nordm 24182005 portanto obrigatoacuterio em todas as instituiccedilotildees sejam elas puacuteblicas

ou privadas (BRASIL 2005) Esta praacutetica eacute classificada pela OMS como demonstradamente uacutetil

e que deve ser estimulada (categoria A)

A presenccedila do acompanhante durante o processo de parturiccedilatildeo pode proporcionar bem-estar

fiacutesico e emocional agrave mulher e benefiacutecios clinicamente significativos ao binocircmio matildee-filho Os

efeitos do suporte agrave mulher foram encontrados em recente meta-anaacutelise e estatildeo associados agrave

menor duraccedilatildeo do trabalho de parto uso de ocitocina reduccedilatildeo de cesariana e de partos

vaginais instrumentais diminuindo ainda a utilizaccedilatildeo de analgesia intraparto e melhorando os

iacutendices de Apgar no quinto minuto (SOUSA 2013)

Outros estudos destacam ainda a importacircncia do acompanhante quando este se envolve natildeo

soacute no apoio fiacutesico e emocional mas tambeacutem no desenvolvimento junto agrave parturiente de accedilotildees

como massagem auxiacutelio e encorajamento durante a deambulaccedilatildeo banho e tambeacutem no

periacuteodo expulsivo o que proporciona tambeacutem maior grau de satisfaccedilatildeo com o parto Sousa

(2013) verificou em sua pesquisa que quase a totalidade (922) das mulheres assistidas em

uma instituiccedilatildeo de sauacutede da rede puacuteblica de Belo Horizonte permaneceu com o acompanhante

de sua escolha durante o periacuteodo de internaccedilatildeo sendo a maioria o companheiro pai da

crianccedila (627)

No HRTN a presenccedila de acompanhante familiar de livre escolha eacute uma praacutetica consolidada

pela instituiccedilatildeo e apoiada pela equipe multiprofissional A valorizaccedilatildeo do acompanhante deve

acontece em todas as etapas da internaccedilatildeo durante o trabalho de parto os acompanhantes

podem ser encorajados a participar ativamente no apoio agrave parturiente ofertando meacutetodos

alternativos para aliacutevio da dor como massagens por exemplo No momento do parto quando

possiacutevel pode ser oferecido ao familiar que corte o cordatildeo umbilical o que pode ter grande

representaccedilatildeo simboacutelica para aquela famiacutelia No puerpeacuterio os acompanhantes devem ser

orientados junto aacute mulher sobre os cuidados com o RN aleitamento materno e como apoiar a

matildee na nova fase

No presente estudo houve acompanhante familiar em 960 dos partos assistidos pelas

enfermeiras residentes Partos sem acompanhante familiar foram apenas 37 Estes dados

31

corroboram com a afirmaccedilatildeo de que a presenccedila do acompanhante familiar eacute uma praacutetica

consolidada e respeitada pela equipe da maternidade do HRTN

Analgesia

Meacutetodos natildeo farmacoloacutegicos

A OMS (1996) recomenda que o uso de meacutetodos natildeo farmacoloacutegicos para aliacutevio da dor deve

ser privilegiado durante a assistecircncia ao trabalho de parto considerando-os como ldquopraacuteticas

reconhecidamente uacuteteis e que devem ser estimuladasrdquo Categoria A na recomendaccedilatildeo de boas

praacuteticas na assistecircncia ao parto

Entre as praacuteticas natildeo medicamentosas tem-se estudado o uso de acupuntura acupressura

hipnose teacutecnicas de relaxamento e respiraccedilatildeo aplicaccedilatildeo de frio e calor aromaterapia

aacuteudioanalgesia massagem deambulaccedilatildeo e banho de imersatildeo durante o parto (SILVA 2011)

Em um estudo de revisatildeo sistemaacutetica foram incluiacutedos 14 ensaios com 1448 parturientes que

utilizaram diferentes formas de tratamento para a dor (acupuntura hipnose audioanalgesia

aromaterapia massagem e relaxamento) A hipnose mostrou-se efetiva em termos de reduzir a

necessidade de meacutetodos farmacoloacutegicos para aliacutevio da dor aumentando o grau de satisfaccedilatildeo

materna Maior chance de parto vaginal e reduccedilatildeo da necessidade de analgesia A acupuntura

tambeacutem se associou a uma menor intensidade da dor e reduccedilatildeo do uso de ocitocina A eficaacutecia

de meacutetodos como acupressatildeo aromaterapia aacuteudioanalgesia relaxamento e massagem natildeo foi

ainda estabelecida sendo necessaacuterios ensaios cliacutenicos randomizados para avaliaccedilatildeo dessas

terapias complementares para aliacutevio da dor durante o trabalho de parto (PORTO 2010)

Deve-se considerar que o suporte contiacutenuo intraparto e as posiccedilotildees verticalizadas durante o

parto tambeacutem se associam agrave reduccedilatildeo da dor e maior grau de satisfaccedilatildeo materna como jaacute

demonstrado em revisotildees sistemaacuteticas A imersatildeo em aacutegua em banheiras ou similares durante

o trabalho de parto tem sido investigada como um meacutetodo de promoccedilatildeo de relaxamento e aliacutevio

da dor Em uma revisatildeo sistemaacutetica de 11 ensaios cliacutenicos a imersatildeo em aacutegua foi associada agrave

reduccedilatildeo no uso de analgesia e reduccedilatildeo no relato de dor sem prejudicar a duraccedilatildeo do trabalho

de parto as taxas de partos ciruacutergicos ou o bem-estar neonatal (PORTO 2010)

32

A SMSA-BH recomenda que os meacutetodos natildeo farmacoloacutegicos para aliacutevio da dor sejam ofertados

a 100 das mulheres em trabalho de parto De acordo com dados institucionais fornecidos

pela coordenaccedilatildeo da maternidade a oferta variou entre 7571 em julho de 2013 a 8778 em

julho de 2013 considerando todos os partos realizados na instituiccedilatildeo no periacuteodo de abril de

2013 a abril de 2014

No livro fonte de dados deste estudo a oferta de meacutetodos natildeo farmacoloacutegicos natildeo eacute registrada

natildeo sendo possiacutevel quantificar estes dados nos partos assistidos por REO mas pode-se inferir

que esta eacute uma praacutetica adotada pelas enfermeiras obstetras e residentes quando se observa

por exemplo as baixas taxas de analgesia farmacoloacutegica em torno de 16 nos partos

assistidos por estas profissionais

Meacutetodos farmacoloacutegicos

Classicamente vaacuterios meacutetodos farmacoloacutegicos foram propostos mas existe consenso

atualmente de que se algum meacutetodo farmacoloacutegico for indicado para aliacutevio da dor durante o

trabalho de parto a analgesia regional com peridural ou teacutecnica combinada (raquidiana e

peridural) deve ser empregada preferencialmente em relaccedilatildeo ao uso de opioacuteides sistecircmicos ou

analgesia inalatoacuteria A teacutecnica ideal para analgesia de parto deveria ter miacutenima ou ausente

transferecircncia placentaacuteria ausecircncia de efeitos sobre o fluxo sanguiacuteneo uteroplacentaacuterio efeitos

miacutenimos e reversiacuteveis sobre o feto e neonato ausecircncia de efeito ocitoacutecico ou tocoliacutetico e

ausecircncia de bloqueio motor (PORTO 2010)

Uma revisatildeo sistemaacutetica realizada em 2011 incluindo 38 estudos comprovou a eficaacutecia da

analgesia peridural para reduccedilatildeo da dor de mulheres durante o processo de parto mas

tambeacutem revelou maior risco de parto instrumental maior necessidade de ocitocina e aumento

da duraccedilatildeo do segundo estaacutegio do parto Natildeo houve associaccedilatildeo dessa intervenccedilatildeo com risco

de cesariana cefaleacuteia e escores de Apgar menores que sete no quinto minuto (AMORIM

2011)

Na maternidade em estudo a analgesia farmacoloacutegica seja por teacutecnica peridural ou

raquianestesia eacute considerada um direito da mulher de acordo com os princiacutepios da

humanizaccedilatildeo e eacute ofertada conforme desejo da parturiente apoacutes a oferta de diferentes meacutetodos

33

natildeo farmacoloacutegicos para aliacutevio da dor e sob orientaccedilotildees sobre os riscos e benefiacutecios do

procedimento ou nos casos em que haacute indicaccedilatildeo cliacutenica para realizaccedilatildeo do mesmo A teacutecnica

de analgesia empregada na instituiccedilatildeo permite na maior parte dos casos a deambulaccedilatildeo

movimentaccedilatildeo e uso concomitante de outros meacutetodos alternativos de aliacutevio da dor como

chuveiro Isto pode influenciar para o desfecho favoraacutevel dos partos conforme mostram as

evidecircncias sobre movimentaccedilatildeo e verticalizaccedilatildeo durante o trabalho de parto

A SMSA-BH recomenda a utilizaccedilatildeo de analgesia quando esgotados os recursos natildeo

farmacoloacutegicos para aliacutevio da dor em torno de 30 dos partos normais A proporccedilatildeo de parto

normal com analgesia variou de 141 em janeiro de 2014 e 279 em agosto de 2013

considerando todos os partos realizados na instituiccedilatildeo no mesmo periacuteodo deste estudo

Considerando os 1434 assistidos por EO no periacuteodo do estudo 147 recebeu analgesia por

teacutecnica peridural e 11 raquidiana Os demais 841 dos partos foi sem analgesia

farmacoloacutegica

No presente estudo a analgesia farmacoloacutegica foi realizada em 176 dos partos sendo 166

por teacutecnica peridural e 11 raquidiana Analgesia natildeo foi realizada em 822 dos partos

assistidos por REO Estes dados demonstram que a oferta de meacutetodos natildeo farmacoloacutegicos

para aliacutevio da dor pode ter sido influenciado positivamente na escolha da parturiente em

receber ou natildeo a analgesia farmacoloacutegica

Laceraccedilotildees perineais

Laceraccedilotildees perineais satildeo traumas em estruturas componentes da vagina que podem ocorrer

de forma espontacircnea durante a passagem do feto pelo canal de parto ou em decorrecircncia de

episiotomia as quais podem se prolongar

A laceraccedilatildeo de primeiro grau eacute aquela que natildeo atinge nenhum muacutesculo estendendo-se atraveacutes

da fuacutercula mucosa vaginal e da pele Jaacute a laceraccedilatildeo de segundo grau acomete os muacutesculos

perineais poreacutem sem lesatildeo do esfiacutencter retal A laceraccedilatildeo de terceiro grau atinge essa

estrutura e algumas vezes prolonga-se ateacute a parede anterior do reto Neste uacuteltimo caso em

que a parede do reto eacute comprometida por vezes utiliza-se o termo laceraccedilatildeo de quarto grau

As laceraccedilotildees de primeiro e segundo grau satildeo consideradas leves e laceraccedilotildees de terceiro e

34

quarto grau satildeo consideradas graves pois podem levar agrave incontinecircncia urinaacuteria e fecal sendo

estas uacuteltimas mais raras (REZENDE 2005)

A ocorrecircncia de laceraccedilotildees perineais no parto normal depende de diversos fatores que podem

estar relacionados agraves condiccedilotildees maternas ao feto ao parto em si e ao prestador de serviccedilo

Embora estes fatores natildeo estejam definitivamente estabelecidos existem evidecircncias indicando

o local do parto e o profissional que assiste a escolaridade materna a paridade a altura do

periacuteneo a duraccedilatildeo do segundo estaacutegio do parto a cicatriz perineal anterior a infusatildeo de

ocitocina a posiccedilatildeo no parto a analgesia farmacoloacutegica os puxos dirigidos as manobras de

proteccedilatildeo perineal o peso e o periacutemetro cefaacutelico do RN como fatores relacionados entre

outros Quanto a integridade perineal sua chance aumenta entre as mulheres com um ou mais

partos vaginais anteriores (RIESCO et al 2011)

Estudos tambeacutem tecircm buscado associaccedilatildeo entre a posiccedilatildeo materna no parto e as laceraccedilotildees

perineais Sousa (2013) verificou que a posiccedilatildeo deitada de lado juntamente com a posiccedilatildeo de

coacutecoras foram as que tiveram maior ocorrecircncia de laceraccedilotildees de primeiro grau principalmente

com 750 e 833 dos casos respectivamente Essas duas posiccedilotildees tambeacutem foram as que

mais favoreceram para que as mulheres tivessem laceraccedilotildees na pesquisa desenvolvida por

Souza (2011) em um CPN do Rio de Janeiro com incidecircncia de 502 nos partos assistidos

em posiccedilatildeo lateral e 696 naqueles assistidos de coacutecoras Em ambas pesquisas a posiccedilatildeo de

Gaskin foi a que teve menor incidecircncia de traumas perineais seguida da posiccedilatildeo

sentadareclinada

Entre as principais morbidades relacionadas estatildeo a dor perineal e o sangramento aumentado

Apoacutes o parto tambeacutem podem surgir hematuacuteria incapacidade vesical e incontinecircncia urinaacuteria A

disfunccedilatildeo geniturinaacuteria e sexual produzida pelo trauma perineal pode ser tambeacutem devida agrave

perda ou diminuiccedilatildeo do tocircnus muscular perineal Poreacutem esse achado contrasta com dados de

outros estudos os quais concluiacuteram que a via de parto a paridade a idade materna o peso do

receacutem-nascido (RN) e a episiotomia natildeo foram fatores determinantes para a reduccedilatildeo da forccedila

muscular perineal Considerando os problemas em curto prazo (perda sanguiacutenea necessidade

de sutura e dor perineal) e em longo prazo (disfunccedilotildees intestinais urinaacuterias e sexuais)

35

associados ao trauma perineal no parto sua prevenccedilatildeo reduccedilatildeo e reparaccedilatildeo adequada satildeo

fatores importantes para as mulheres e os profissionais que as assistem (RIESCO 2010)

Considerando os 1434 partos assistidos por EO em 304 houve periacuteneo iacutentegro 447

laceraccedilotildees de primeiro grau 228 laceraccedilotildees de segundo grau 195 de terceiro grau e

014 de quarto grau Tais resultados satildeo proacuteximos aos verificados neste estudo e

associados com as baixas taxas de episiotomia nos partos assistidos pelas enfermeiras

residentes corroboram com a recomendaccedilatildeo do uso seletivo da episiotomia como um praacutetica

favoraacutevel

Escore de Apgar

O momento de transiccedilatildeo da vida intrauterina para extrauterina eacute crucial para o desenvolvimento

do bebecirc e deve ser minuciosamente preparado e vivenciado Eacute indispensaacutevel que nos

primeiros minutos de vida do neonato seja realizada avaliaccedilatildeo completa e sistemaacutetica visando

identificar desvios da normalidade e que forneccedila agraves informaccedilotildees baacutesicas sobre a vitalidade e a

adaptaccedilatildeo do RN agrave vida fora do ventre materno (BARBOSA 2006)

A avaliaccedilatildeo realizada imediatamente apoacutes o parto eacute composta pelo o escore de Apgar sendo

complementada com a avaliaccedilatildeo do aspecto geral a medida dos sinais vitais e medidas

antropomeacutetricas O iacutendice de Apgar avalia cinco criteacuterios cliacutenicos cor da pele frequecircncia

cardiacuteaca irritabilidade reflexa respiraccedilatildeo e tocircnus muscular O RN eacute avaliado no primeiro e no

quinto minuto de vida e cada criteacuterio garante de 0 a 2 pontos desencadeando assim uma soma

adequada entre 7 e 10 pontos Quando a soma total resulta em 4 a 6 pontos sugere dificuldade

moderada do RN em adaptar-se e menor que 4 pode indicar sofrimento Julga-se assim o grau

de adaptaccedilatildeo imediata e o grau de depressatildeo neuroloacutegica do RN nos primeiros cinco minutos

de vida (SBP 2011)

O iacutendice Apgar tem sido pouco utilizado para avaliar a qualidade de assistecircncia ao parto sendo

considerado um indicador pontual aleacutem de natildeo ser utilizado para determinar o iniacutecio da

reanimaccedilatildeo neonatal No entanto sua aplicaccedilatildeo permite avaliar a resposta do neonato agraves

manobras realizadas e a eficaacutecia dessas manobras O Apgar no quinto minuto eacute mais utilizado

36

para avaliaccedilatildeo da adaptaccedilatildeo do RN por melhor representa-la se comparado ao Apgar de

primeiro minuto Se o escore eacute inferior a 7 no 5ordm minuto recomenda-se realizaacute-lo a cada cinco

minutos ateacute 20 minutos de vida Eacute necessaacuterio documentar o escore de Apgar de maneira

concomitante agrave dos procedimentos de reanimaccedilatildeo executados (SBP 2011)

Eacute importante considerar que um Apgar baixo natildeo eacute necessariamente resultado de uma

assistecircncia ao parto e ao neonato inadequada assim como um bom iacutendice de Apgar natildeo indica

boa qualidade assistencial ao binocircmio Este iacutendice entretanto eacute um bom indicador para

resultados perinatais a longo prazo aleacutem de ser considerado importante preditor da avaliaccedilatildeo

do bem-estar e do prognoacutestico inicial do receacutem-nascido A avaliaccedilatildeo imediata do RN pode ser

feita por pediatra ou outro profissional capacitado para prestar a assistecircncia necessaacuteria desde

o suporte baacutesico ateacute a reanimaccedilatildeo neonatal Na maternidade do HRTN o pediatra eacute o

profissional responsaacutevel pela assistecircncia ao RN na sala de parto A instituiccedilatildeo possui UTI

neonatal para onde satildeo encaminhados os RN que necessitam de cuidados especiacuteficos Os

neonatos que apresentam boa vitalidade satildeo colocados em contato pele a pele com as matildees e

apoacutes permanecem em alojamento conjunto ateacute a alta

Pela SMSA-BH a meta de Apgar lt7 no quinto minuto eacute no maacuteximo 3 Este indicador variou

entre 08 em fevereiro de 2014 a 24 em novembro de 2013 considerando todos os partos

realizados na instituiccedilatildeo no mesmo periacuteodo do estudo ou seja esteve sempre dentro da meta

estabelecida

No presente estudo as dados sobre escore de Apgar foram divididos em Apgar lt7 (644) e gt7

(9356) no primeiro minuto lt7 (084) e gt 7 (9916) no quinto minuto Tais dados mostram

que a quase totalidade dos RN apresentava boas condiccedilotildees de vitalidade no primeiro e quinto

minuto A este dado se associa o incentivo e a alta taxa de contato pele a pele precoce sendo

um dos fatores que contribuem para melhor adaptaccedilatildeo a vida extrauterina aleacutem de assistecircncia

qualificada aos RN que necessitam de cuidados especiacuteficos ou reanimaccedilatildeo

37

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Os resultados deste estudo evidenciam que a assistecircncia ao parto prestada pelas residentes

em enfermagem obsteacutetrica foi coerente com as recomendaccedilotildees de boas praacuteticas em todos os

aspectos analisados consolidando as evidecircncias literaacuterias sobre a assistecircncia ao parto

promovida por enfermeiras obstetras Foi possiacutevel observar maioria de partos em posiccedilotildees

verticalizadas uso seletivo de episiotomia com baixa incidecircncia de laceraccedilotildees perineais

graves alto iacutendice de contato pele a pele presenccedila de acompanhante na maioria dos partos

baixas taxas de analgesia farmacoloacutegica e escores de Apgar que demonstram boa vitalidade

fetal em quase todos os receacutem-nascidos Diante do exposto eacute possiacutevel concluir que a atuaccedilatildeo

das enfermeiras residentes em enfermagem obsteacutetrica contribuiu para a obtenccedilatildeo de

resultados obsteacutetricos e neonatais favoraacuteveis na maternidade do HRTN

Devido agrave forma de organizaccedilatildeo e registro dos procedimentos no livro utilizado para coleta de

dados natildeo foi possiacutevel avaliar algumas praacuteticas obsteacutetricas tais como uso de ocitocina

amniotomia oferta de meacutetodos natildeo farmacoloacutegicos para aliacutevio da dor oferta de liacutequidos

durante o trabalho de parto e uso de partograma Estes dados seriam importantes para uma

anaacutelise mais detalhada sobre a assistecircncia ao parto Os dados institucionais fornecidos pela

coordenaccedilatildeo da maternidade forneceram uma dimensatildeo de algumas destas praacuteticas na

maternidade contudo natildeo foi possiacutevel neste estudo avaliar quantitativamente tais

procedimentos somente nos partos assistidos por enfermeiras residentes Sugere-se ampliaccedilatildeo

dos indicadores no livro de registro e padronizaccedilatildeo no seu preenchimento para melhor

qualificaccedilatildeo dos dados da assistecircncia ao parto prestada elas enfermeiras obstetrasresidentes

A capacitaccedilatildeo profissional no modelo de residecircncia eacute intensa e exige dedicaccedilatildeo A extensa

carga horaacuteria praacutetica aliada agrave teoria satildeo determinantes para uma formaccedilatildeo qualificada e

humana das enfermeiras residentes A possibilidade de atuar efetivamente na assistecircncia em

conjunto com outras categorias profissionais enriquece a formaccedilatildeo abrangendo diferentes

fases e situaccedilotildees do ciclo graviacutedico-puerperal Eacute importante salientar que a capacitaccedilatildeo das

enfermeiras obstetras nesta modalidade pioneira de residecircncia soacute foi possiacutevel graccedilas ao

estiacutemulo governamental com recursos provenientes do programa Rede Cegonha e os

esforccedilos conjuntos da Escola de Enfermagem da UFMG e demais instituiccedilotildees envolvidas

38

Os resultados deste estudo evidenciam a incorporaccedilatildeo do modelo assistencial humanizado e

baseado em evidecircncias cientiacuteficas pela equipe do HRTN O modelo colaborativo de assistecircncia

obsteacutetrica pode gerar resultados favoraacuteveis e promissores com as atuaccedilotildees complementares

entre as diferentes categorias profissionais A praacutetica supervisionada durante todo o processo

de formaccedilatildeo e a avaliaccedilatildeo constante das habilidades adquiridas pelas residentes satildeo

fundamentais para a consolidaccedilatildeo do conhecimento para maior seguranccedila das aprendizes e

para a oferta de uma assistecircncia qualificada e humanizada a mulher receacutem nascido e famiacutelia

A instituiccedilatildeo que acolhe as enfermeiras residentes obteacutem retorno positivo pois a atuaccedilatildeo

preceptorada das mesmas resulta em assistecircncia qualificada que atende a perspectiva da

praacutetica baseada em evidecircncia cientiacutefica segura com baixo custo e bons resultados obsteacutetricos

e neonatais Os resultados da atuaccedilatildeo das enfermeiras residentes refletem o modelo

institucional incorporado o qual eacute transmitido as residentes pelos preceptores O incentivo a

formaccedilatildeo de enfermeiras obstetras eacute fundamental para o fortalecimento desta categoria

profissional para maior inserccedilatildeo destas profissionais em espaccedilos aonde a assistecircncia ao parto

ainda eacute meacutedico-centrada e para mudanccedila do modelo obsteacutetrico hegemocircnico nacional

39

REFEREcircNCIAS

ACOG- American College of Obstetricians and Gynecologists- Committee opinion no 560 Medically indicated late-preterm and early-term deliveries Obstet Gynecol 2013 121908-10

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AMORIM T e GUALDA DMR Coadjuvantes das mudanccedilas no contexto do ensino e da praacutetica da enfermagem obsteacutetrica Rev Rene Fortaleza 2011 outdez 12(4)833-40

BARBOSA R F et al Reanimaccedilatildeo Neonatal in ALVES FILHO N et al Perinatologia Baacutesica 3a ediccedilatildeo Guanabara Koogan Rio de Janeiro Cap21 p172 2006

BATALHA E O lugar das Enfermeiras e Obstetrizes Revista RADIS Ed 148 Jan 2015 P30 a 34

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Parto aborto e puerpeacuterio assistecircncia humanizada a mulher Brasiacutelia DF 2001

BRASIL Lei 11108 de 7 de abril de 2005 Altera a Lei 8080 de 19 de setembro de 1990 para garantir as parturientes o direito a presenccedila de acompanhante durante o trabalho de parto parto e poacutes-parto imediato no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede ndash SUS Brasiacutelia DF 07 abr 2005

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede Departamento de Accedilotildees Programaacuteticas Estrateacutegicas Aacuterea Teacutecnica de Sauacutede da Mulher Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos uma prioridade do governoMinisteacuterio da Sauacutede Secretaria de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede Departamento de Accedilotildees Programaacuteticas Estrateacutegicasndash Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 2005

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Poliacutetica Nacional de Planejamento Familiar Brasiacutelia DF 2007

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Portaria nordm 1459 de 24 de Junho de 2011 Institui no Sistema Uacutenico de Sauacutede SUS a Rede Cegonha Disponiacutevel em

httpbvsmssaudegovbrbvssaudelegisgm2011prt1459_24_06_2011html Acesso

em 18 de Abril de 2014

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Iniciativa hospital amigo da crianccedila revista atualizada e ampliada para o cuidado integrado Brasiacutelia DF 2010

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Poliacutetica nacional de atenccedilatildeo integral a sauacutede da mulher princiacutepios e diretrizes Brasiacutelia DF 2011

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede Departamento de Atenccedilatildeo Baacutesica Atenccedilatildeo ao preacute-natal de baixo risco Ministeacuterio da Sauacutede Departamento de Atenccedilatildeo

40

Baacutesica ndash Brasiacutelia Editora do Ministeacuterio da Sauacutede 2012 318 p il ndash (Seacuterie A Normas e Manuais Teacutecnicos) (Cadernos de Atenccedilatildeo Baacutesica ndeg 32)

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em Sauacutede Departamento de Anaacutelise de Situaccedilatildeo de Sauacutede Sauacutede Brasil 2011 uma anaacutelise da situaccedilatildeo de sauacutede e a vigilacircncia da sauacutede da mulher Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em Sauacutede Departamento de Anaacutelise de Situaccedilatildeo de Sauacutede ndash Brasiacutelia Editora do Ministeacuterio da Sauacutede 2012 444 p il

BRASIL Presidecircncia da Repuacuteblica Objetivos de Desenvolvimento do Milecircnio Relatoacuterio Nacional de Acompanhamento Coordenaccedilatildeo Instituto de Pesquisa Econocircmica Aplicada e Secretaria de Planejamento e Investimentos Estrateacutegicos supervisatildeo Grupo Teacutecnico para o acompanhamento dos ODM - Brasiacutelia Ipea MP SPI 2014 208 p il graacutefs mapas color

NASCER NO BRASIL inqueacuterito sobre parto e nascimento Cadernos de Sauacutede Puacuteblica Vol30 supl1 Rio de Janeiro 2014 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophpscript=sci_issuetocamppid=0102 Acesso em 15 de junho de 2015

CAVALCANTIPCS GARIBALDI D Jr VASONCELOS ALR Guerrero AVP Um modelo loacutegico da Rede Cegonha Physis Revista de Sauacutede Coletiva Rio de Janeiro 2013 23 [4] 1297-1316 CESAR JA et al Caracteriacutesticas sociodemograacuteficas e de assistecircncia a gestaccedilatildeo e ao parto no extremo sul do Brasil Cad Sauacutede Puacuteblica v 27 n 5 p 985-994 2011 DOMINGUES RMSM SANTOS EMS Leal MC Aspectos da satisfaccedilatildeo das mulheres com a assistecircncia ao parto contribuiccedilatildeo para o debate Cad Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro 2004 20 Sup 1S52-S62 COFEN Decreto nordm 9440687 Regulamentaccedilatildeo da Lei 749886 Fonte PORTAL EDUCACcedilAtildeO Disponiacutevel em httpwwwportaleducacaocombrenfermagemartigos1735decreto-n-94406-87-regulamentacao-da-lei-n-7498-865ixzz3duAFhlYV Acesso em 23062015 GRAVENA AAF PAULA MG MARCON SS CARVALHO MDB PELLOSO SM Idade materna e fatores associados a resultados perinatais Acta Paul Enferm 2013 26(2)130-5 IBGE Projeccedilatildeo da Populaccedilatildeo do Brasil - 2013 Disponiacutevel em

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41

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httpwwwwhointeportuguesepublicationspt Acesso em 09032015

PORTO AMF AMORIM MMR SOUZA ASR Assistecircncia ao primeiro periacuteodo do trabalho de parto baseada em evidecircncias FEMINA v 38 n 10 2010

RABELO LR OLIVEIRA DL Percepccedilotildees de enfermeiras obsteacutetricas sobre sua competecircncia na atenccedilatildeo ao parto normal hospitalar Rev Esc Enferm USP 2010 44(1)213-20 RAMOS HAC CUMAN RKN Fatores de risco para prematuridade pesquisa documental Esc Anna Nery Rev Enferm 2009 abr-jun 13 (2) 297-304 RIESCO MLG et al Episiotomia laceraccedilatildeo e integridade perineal em partos normais anaacutelise de fatores associados Rev Enferm UERJ v 19 n1 p 77-83 2011

REZENDE J Obstetriacutecia fundamental 2 ed Rio de Janeiro Guanabara Koogan 2005

ROCHA CR FONSECA LC Assistecircncia do enfermeiro obstetra a mulher parturiente em busca do respeito a natureza Rev de Pesq cuidado eacute fundamental v 2 n 2 p 807-816 2010

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SILVA LM et al Uso da bola suiacuteccedila no trabalho de parto Acta Paul Enferm 201124(5)656-62

SILVA JLCP SURITA FGC Idade materna resultados perinatais e via de parto Rev Bras Ginecol Obstet 2009 31(7) 321 ndash 5

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SOUSA AMM Praacuteticas obsteacutetricas na assistecircncia ao parto e nascimento em uma maternidade de Belo Horizonte Tese de mestrado Escola de Enfermagem da Universidade Federal de Minas Gerais Belo Horizonte 2013

SOUZA DOM Partos assistidos por enfermeiras praacuteticas obsteacutetricas realizadas no ambiente hospitalar no periacuteodo de 2004 a 2008 2011 84f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) Faculdade de Enfermagem da Universidade do Estado do Rio de Janeiro Rio de Janeiro RJ 2011

SOGC ndash Society of Obstetricians and Gynecologists of Canada Guidelines for the Management of Pregnancy at 41+0 to 42+0 Weeks JOGC september 2008

42

VOGT SE et al Caracteriacutesticas da assistecircncia ao trabalho de parto em trecircs modelos de atenccedilatildeo no SUS no Municiacutepio de Belo Horizonte Minas Gerais Brasil Cad Sauacutede Puacuteblica v 27 n 9 p 1789-1800 2011

ANEXO 1

RECOMENDACcedilOtildeES DE BOAS PRAacuteTICAS DE ASSISTEcircNCIA AO PARTO SEGUNDO

CLASSIFICACcedilAtildeO DO MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2001

CATEGORIA A - PRAacuteTICAS DEMONSTRADAMENTE UacuteTEIS E QUE DEVEM SER

ESTIMULADAS

Plano individual determinando onde e por quem o nascimento seraacute realizado feito em

conjunto com a mulher durante a gestaccedilatildeo e comunicado a seu maridocompanheiro

Avaliaccedilatildeo do risco gestacional durante o preacute-natal reavaliado a cada contato com o

sistema de sauacutede

Respeito agrave escolha da matildee sobre o local do parto

Fornecimento de assistecircncia obsteacutetrica no niacutevel mais perifeacuterico onde o parto for viaacutevel e

seguro e onde a mulher se sentir segura e confiante

Respeito ao direito da mulher agrave privacidade no local do parto

Apoio empaacutetico pelos prestadores de serviccedilo durante o trabalho de parto e parto

Respeito agrave escolha da mulher sobre seus acompanhantes durante o trabalho de parto e

parto

Fornecimento agraves mulheres sobre todas as informaccedilotildees e explicaccedilotildees que desejarem

Oferta de liacutequidos por via oral durante o trabalho de parto e parto

Monitoramento fetal por meio de ausculta intermitente

43

Monitoramento cuidadoso do progresso do parto por exemplo por meio do uso do

partograma da OMS

Monitoramento do bem-estar fiacutesico e emocional da mulher durante trabalho e parto e ao

teacutermino do processo de nascimento

Meacutetodos natildeo invasivos e natildeo farmacoloacutegicos de aliacutevio da dor como massagem e

teacutecnicas de relaxamento durante o trabalho de parto

Liberdade de posiccedilatildeo e movimento durante o trabalho de parto

Estiacutemulo a posiccedilotildees natildeo supinas durante o trabalho de parto

Uso rotineiro de ocitocina clampeamento tardio (1 a 3 minutos apoacutes o nascimento) e

traccedilatildeo controlada do cordatildeo durante o 3o estaacutegio do trabalho de parto

Condiccedilotildees esteacutereis ao cortar o cordatildeo

Prevenccedilatildeo da hipotermia do bebecirc

Contato pele a pele precoce entre matildee e filho e apoio ao iniacutecio da amamentaccedilatildeo na

primeira hora apoacutes o parto segundo as diretrizes da OMS sobre Aleitamento Materno

Exame rotineiro da placenta e membranas ovulares

CATEGORIA B - PRAacuteTICAS CLARAMENTE PREJUDICIAIS OU INEFICAZES E QUE DEVEM

SER ELIMINADAS

Uso rotineiro de enema

Uso rotineiro de tricotomia

Infusatildeo intravenosa de rotina no trabalho de parto

Cateterizaccedilatildeo venosa profilaacutetica de rotina

Uso rotineiro de posiccedilatildeo supina (decuacutebito dorsal) durante o trabalho de parto

44

Exame retal

Uso de pelvimetria por Raios-X

Amniotomia precoce de rotina para diminuir a duraccedilatildeo do trabalho de parto

Administraccedilatildeo de ocitoacutecitos em qualquer momento antes do parto de um modo que natildeo

permite controlar seus efeitos

Uso de rotina da posiccedilatildeo de litotomia com ou sem estribos durante o trabalho de parto

Esforccedilo de puxo prolongado e dirigido (manobra de Valsalva) durante o segundo

estaacutegio do trabalho de parto

Massagem e distensatildeo do periacuteneo durante o segundo estaacutegio do trabalho de parto

Uso liberal e rotineiro de episiotomia

Uso de comprimidos orais de ergometrina no terceiro estaacutegio do trabalho de parto com

o objetivo de evitar ou controlar hemorragias

Uso rotineiro de ergometrina parenteral no terceiro estaacutegio do trabalho de parto

Lavagem uterina rotineira apoacutes o parto

Revisatildeo uterina (exploraccedilatildeo manual) rotineira apoacutes o parto

CATEGORIA C - PRAacuteTICAS SEM EVIDEcircNCIAS SUFICIENTES PARA APOIAR UMA

RECOMENDACcedilAtildeO CLARA E QUE DEVEM SER UTILIZADAS COM CAUTELA ATEacute QUE

MAIS PESQUISAS ESCLARECcedilAM A QUESTAtildeO

Meacutetodos natildeo farmacoloacutegicos de aliacutevio de dor durante o trabalho parto como ervas

imersatildeo em aacuteguas e estimulaccedilatildeo dos nervos

Amniotomia e ocitocina precoce de rotina no primeiro estaacutegio do trabalho de parto para

prevenccedilatildeo de progresso inadequado do parto

Pressatildeo do fundo uterino durante o trabalho de parto

45

Manobras relacionadas agrave proteccedilatildeo do periacuteneo e ao manejo do poacutelo cefaacutelico no

momento do parto

Manipulaccedilatildeo ativa do feto no momento do parto

Estimulaccedilatildeo do mamilo para estimular a contratilidade uterina durante o terceiro estaacutegio

do trabalho de parto

CATEGORIA D - PRAacuteTICAS FREQUENTEMENTE USADAS DE MODO INADEQUADO

Restriccedilatildeo hiacutedrica e alimentar durante o trabalho de parto

Controle da dor por agentes sistecircmicos

Controle da dor por analgesia peridural

Monitoramento eletrocircnico fetal

Uso de maacutescaras e aventais esteacutereis durante a assistecircncia ao trabalho de parto

Exames vaginais repetidos ou frequumlentes especialmente por mais de um prestador de

serviccedilo

Correccedilatildeo da dinacircmica com utilizaccedilatildeo de ocitocina

Transferecircncia rotineira da parturiente para outra sala no iniacutecio do segundo estaacutegio do

trabalho de parto

Cateterizaccedilatildeo da bexiga

Estiacutemulo para o puxo quando se diagnostica dilataccedilatildeo cervical completa ou quase

completa antes que a mulher sinta o puxo involuntaacuterio

Clampeamento precoce do cordatildeo umbilical

Adesatildeo riacutegida a uma duraccedilatildeo estipulada do 2deg estaacutegio do trabalho de parto

Parto operatoacuterio e exploraccedilatildeo manual do uacutetero apoacutes o parto

46

ANEXO 2

47

48

ANEXO 3

49

Page 3: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS ESCOLA DE ENFERMAGEM … FINAL ANA … · inserção do estudo foi: partos assistidos por residentes em enfermagem obstétrica, independente se

3

AGRADECIMENTOS

Nada nesta vida se faz sozinho Muitas pessoas foram fundamentais para que eu conseguisse ldquogestarrdquo

e ldquoparirrdquo esta residecircncia assim como este trabalho Reconheccedilo que natildeo foi faacutecil nem perfeito mas com

certeza valeu a pena

Agradeccedilo primeiramente a Deus por me conduzir e guiar por todas as becircnccedilatildeos e graccedilas concedidas

pela proteccedilatildeo pela minha vida e por tudo que faz parte dela Os planos do Pai satildeo perfeitos

Agradeccedilo do fundo do coraccedilatildeo a minha famiacutelia a meus amados pais Ronaldo e Magda minhas irmatildes

Mariana e Isabella meu namorado Tiago enfim a todos que me apoiaram e deram forccedilas para que eu

pudesse chegar ao meu objetivo

Meus sinceros agradecimentos a Professora Dra Marta Arauacutejo Amaral que mesmo encerrando sua vida

docente me aceitou como sua orientanda e com doccedilura me conduziu de forma leve e correta na

elaboraccedilatildeo deste trabalho

Minha gratidatildeo a Enfermeira Obstetra Ana Maria Magalhatildees Sousa pela impecaacutevel preceptoria e por ter

sido por muitas vezes fonte de inspiraccedilatildeo teoacuterica e praacutetica Os artigos compartilhados por vocecirc foram

fundamentais para meu trabalho

A amiga Baacuterbara Noelly que mesmo cursando a faculdade de medicina colaborou com a digitaccedilatildeo do

banco de dados e anaacutelise estatiacutestica O que seria de mim sem vocecirc minha amiga

As amigas que a residecircncia me presenteou minha gratidatildeo Ana Clara Priscila Flaacutevia Fabiana e

Bruna vocecircs foram fieacuteis companheiras nesta caminhada e a tornaram mais leve e feliz

Natildeo poderia deixar de agradecer a coordenaccedilatildeo e equipe da maternidade do HRTN Obrigada pela

acolhida pela possibilidade de aprendizado e pelo apoio para que este trabalho fosse realizado

Agradeccedilo tambeacutem as demais instituiccedilotildees que me abriram as portas e tanto me ensinaram

Finalmente minha eterna gratidatildeo a todas as mulheres e famiacutelias que me permitiram e permitem

participar de momentos tatildeo especiais quanto os satildeo os nascimentos de seus filhos Obrigada por me

permitirem descobrir o protagonismo da mulher o sentido da minha profissatildeo da humanizaccedilatildeo do

respeito e o valor imensuraacutevel que haacute em cada vida

4

SUMAacuteRIO

INTRODUCcedilAtildeO hellip 06

OBJETIVO 10

METODOLOGIA hellip 10

RESULTADOS hellip 14

TABELA 1 15

TABELA 2 17

DISCUSSAtildeO hellip 19

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS hellip 37

REFEREcircNCIAS 39

ANEXO 1 hellip 42

ANEXO 2 hellip 46

ANEXO 3 48

5

RESUMO

Trata-se de um estudo quantitativo retrospectivo que teve como objetivo descrever os indicadores

resultantes da assistecircncia ao parto normal prestada pelas enfermeiras residentes em enfermagem

obsteacutetrica (REO) da primeira turma da Escola de Enfermagem da UFMG na maternidade do Hospital

Risoleta Tolentino Neves em Belo Horizonte no periacuteodo de abril de 2013 a abril de 2014 Os dados foram

coletados a partir do livro de registro de partos assistidos pelas enfermeiras obstetras (EO) O criteacuterio de

inserccedilatildeo do estudo foi partos assistidos por residentes em enfermagem obsteacutetrica independente se

preceptorados por EO ou meacutedico obstetra As variaacuteveis de interesse foram idade materna nuacutemero de

gestaccedilotildees paridade idade gestacional posiccedilatildeo do parto episiotomia contato pele a pele presenccedila de

acompanhante analgesia farmacoloacutegica laceraccedilatildeo perineal e Apgar Os dados foram submetidos agrave

anaacutelise descritiva com caacutelculo da frequecircncia absoluta e relativa para as variaacuteveis categoacutericas e de desvio

padratildeo para as variaacuteveis contiacutenuas Dos 1434 partos assistidos por EO na maternidade do HRTN no

periacuteodo de 13 meses 714 foram com a participaccedilatildeo REO (498) A faixa etaacuteria predominante no estudo

foi de adultas jovens (695) seguida por adolescentes (202) Quanto ao nuacutemero de gestaccedilotildees 396

eram primigestas 298 secundigestas 143 tercigestas 161 tiveram quatro gestaccedilotildees anteriores

ou mais Multiacuteparas foram 557 e primiacuteparas 441 Quanto agrave idade gestacional encontraram-se partos

preacute-termo (63) termo (900) e poacutes-termo (04) e de idade gestacional desconhecida ou natildeo

informada (32) Em relaccedilatildeo agraves posiccedilotildees de parto a maior parte foi semi-sentada (647) seguida da

posiccedilatildeo no banquinho (168) Partos em posiccedilotildees natildeo supinas somaram aproximadamente 92 A taxa

de episiotomia foi 42 Na maior parte dos partos houve laceraccedilotildees de primeiro grau (460) e periacuteneo

iacutentegro (271) Laceraccedilotildees de terceiro (28) e quarto grau (02) apareceram em pequena proporccedilatildeo

O contato pele a pele na primeira hora de vida foi realizado em 944 Houve acompanhante familiar em

960 dos partos A analgesia farmacoloacutegica foi realizada em 166 por teacutecnica peridural e 11

raquidiana O Apgar no primeiro minuto foi gt 7 em 935 dos neonatos com meacutedia de 83 O Apgar no

quinto minuto foi gt7 em 991 dos RN com meacutedia de 93 Conclui-se que foram obtidos resultados

obsteacutetricos e neonatais favoraacuteveis com a atuaccedilatildeo das enfermeiras residentes na perspectiva da praacutetica

baseada em evidecircncia cientiacutefica e nos princiacutepios da humanizaccedilatildeo da assistecircncia A atuaccedilatildeo das

residentes reflete a praacutetica da preceptoria e o modelo institucional incorporado baseado em praacuteticas

humanizadas O incentivo agrave formaccedilatildeo de enfermeiras obstetras eacute fundamental para o fortalecimento da

categoria para maior inserccedilatildeo em espaccedilos onde a assistecircncia ao parto ainda eacute meacutedico-centrada para

mudanccedila do modelo obsteacutetrico hegemocircnico nacional e para melhoria da assistecircncia prestada agrave mulher

receacutem-nascido e famiacutelia

6

INTRODUCcedilAtildeO

Desde o surgimento da Poliacutetica Nacional de Atenccedilatildeo Integral agrave Sauacutede da Mulher do Programa

de Humanizaccedilatildeo no Preacute-Natal e Nascimento no final da deacutecada de 1990 e do Pacto Nacional

pela Reduccedilatildeo da Mortalidade Materna e Neonatal em 2004 diversas accedilotildees de sauacutede vecircm

sendo direcionadas a esses segmentos populacionais de forma mais sistemaacutetica no Sistema

Uacutenico de Sauacutede (SUS) como parte dos esforccedilos intergovernamentais para reduccedilatildeo dos

indicadores de morbimortalidade materno e infantil (CAVALCANTI et al 2013)

A partir do entendimento de que a morbimortalidade materna e infantil satildeo eventos complexos

e portanto multifatoriais essas questotildees permanecem como um desafio para o paiacutes Alguns

fatores tecircm dificultado a melhoria desses indicadores tais como o financiamento insuficiente a

deficiente regulaccedilatildeo do sistema de sauacutede a fragmentaccedilatildeo das accedilotildees e dos serviccedilos de sauacutede

a organizaccedilatildeo dos serviccedilos e ainda a produccedilatildeo do cuidado que tende a ldquomedicalizarrdquo e

ldquointervirrdquo desnecessariamente nos processos de gestaccedilatildeo parto e nascimento (CAVALCANTI

et al 2013)

Em 1996 a Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede (OMS) publicou um guia no qual dividiu as praacuteticas

obsteacutetricas no parto normal a partir de evidecircncias cientiacuteficas em quatro categorias A ndash

Praacuteticas demonstradamente uacuteteis e que devem ser encorajadas B ndash Praacuteticas claramente

prejudiciais ou ineficazes e que devem ser eliminadas C ndash Praacuteticas que natildeo existem evidecircncias

para apoiar sua recomendaccedilatildeo e devem ser utilizadas com cautela ateacute que novas pesquisas

esclareccedilam a questatildeo D ndash Praacuteticas que satildeo frequentemente utilizadas de modo inadequado

Tomando como base essa categorizaccedilatildeo da OMS em 2001 o Ministeacuterio da Sauacutede (MS)

apresentou uma publicaccedilatildeo semelhante sobre as condutas e praacuteticas no parto normal

modificadas pelas novas evidecircncias cientiacuteficas disponiacuteveis (OMS 1996 BRASIL 2001)

A OMS (1996) refere-se agraves enfermeiras obstetras como aquelas que prestam mais

adequadamente e com melhor custo-benefiacutecio a assistecircncia agrave gestaccedilatildeo e ao parto normal

com competecircncia para avaliar riscos e reconhecer complicaccedilotildees

Segundo a Lei 7498 de 25 de junho de 1986 a qual regulamenta o exerciacutecio profissional da

enfermagem cabe ao profissional enfermeiro prestar assistecircncia de enfermagem agrave gestante

7

parturiente e pueacuterpera acompanhamento da evoluccedilatildeo e do trabalho de parto assistecircncia ao

parto normal sem distoacutecia e ao receacutem-nascido Segundo o artigo 9ordm desta lei fica definido ainda

que agraves profissionais titulares de diploma ou certificados de Obstetriz ou de Enfermeira

Obsteacutetrica incumbe

I - prestaccedilatildeo de assistecircncia agrave parturiente e ao parto normal

II - identificaccedilatildeo das distoacutecias obsteacutetricas e tomada de providecircncias ateacute a chegada do meacutedico

III - realizaccedilatildeo de episiotomia e episiorrafia com aplicaccedilatildeo de anestesia local quando

necessaacuteria

Em meados dos anos de 1990 as enfermeiras obstetras comeccedilaram a se destacar no cenaacuterio

nacional ao adotarem em sua praacutetica assistencial as recomendaccedilotildees da OMS e do MS de boas

praacuteticas na assistecircncia ao parto (ANEXO 1) (OMS 1996) Gradativamente as enfermeiras

obstetras passaram a ocupar espaccedilos em diferentes instituiccedilotildees na assistecircncia ao parto em

conjunto com equipe multiprofissional

No Brasil estudos mostram que a presenccedila de enfermeiras obstetras reduz o excesso de

cesarianas desnecessaacuterias Em maternidades onde os partos satildeo assistidos por enfermeiras

obstetras ou obstetrizes a taxa de cesariana eacute 78 menor quando comparada aos hospitais

onde natildeo haacute presenccedila desse profissional no momento do parto Contudo apenas 16 dos

partos no paiacutes satildeo assistidos por tais profissionais em sua maioria pelo SUS (BATALHA

2015)

Para Sousa (2013) a adoccedilatildeo das boas praacuteticas assistenciais para o parto normal vem sendo

um dos grandes desafios para os serviccedilos e profissionais da sauacutede portanto permanecem

como objeto de avaliaccedilatildeo e discussatildeo em muitos estudos com o intuito de promover e

fortalecer o embasamento teoacuterico-cientiacutefico agrave praacutetica obsteacutetrica na perspectiva da humanizaccedilatildeo

e da formaccedilatildeo profissional voltada para a tais recomendaccedilotildees

Em 2000 a OMS estipulou Oito Objetivos de Desenvolvimento do Milecircnio (ODM) para 75

paiacuteses dentre os quais estaacute o Brasil Os objetivos 4 e 5 incluem respectivamente a reduccedilatildeo em

dois terccedilos da mortalidade na infacircncia (em crianccedilas menores de 5 anos) e a melhoria da sauacutede

materna com A) reduccedilatildeo em trecircs quartos da taxa de mortalidade materna com relaccedilatildeo ao niacutevel

8

observado em 1990 e B) universalizaccedilatildeo do acesso agrave sauacutede sexual e reprodutiva o que

envolve a assistecircncia ao parto por profissional capacitado (BRASIL 2014)

A taxa de mortalidade materna no Brasil no periacuteodo de 1990 a 2011 caiu em 55 passando de

141 para 64 oacutebitos por 100 mil nascidos vivos (BRASIL 2014) No ano de 2014 a OMS

divulgou um relatoacuterio sobre o andamento dos ODM nos paiacuteses participantes e com relaccedilatildeo a

mortalidade materna no Brasil entre os anos de 2000 e 2013 a queda foi de apenas 17

sendo o quarto mais lento dentre os 75 paiacuteses Eacute certo que natildeo se consiga atingir a meta de

35 mortes por 100000 NV pois o ritmo de queda eacute lento (OMS 2014)

Mesmo apoacutes a criaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas programas manuais e accedilotildees voltadas para

atenccedilatildeo aacute sauacutede da mulher receacutem-nascido (RN) e crianccedila como o incentivo a humanizaccedilatildeo da

assistecircncia ao parto e nascimento observa-se permanecircncia de taxas de mortalidade materna

elevadas no Brasil Soma-se a isto o modelo de assistecircncia obsteacutetrica predominantemente

medicalizado com pequena inserccedilatildeo de enfermeiras obstetras e com permanecircncia de praacuteticas

assistenciais sem base em evidecircncias cientiacuteficas na maior parte do paiacutes Um exemplo desse

contexto satildeo as elevadas taxas de cesarianas no Brasil atingindo a alarmante taxa de 52 em

2011 No setor puacuteblico esta taxa eacute de 46 e no privado 88 segundo dados da pesquisa

ldquoNascer no Brasil Inqueacuterito Nacional sobre Parto e Nascimentordquo da Fundaccedilatildeo Oswaldo Cruz

realizada entre os anos de 2011 e 2012 em todo territoacuterio nacional

Na tentativa de reverter este quadro o Ministeacuterio da Sauacutede elaborou em 2011 uma iniciativa

inovadora a estrateacutegia Rede Cegonha normatizada pela Portaria nordm 1459 A Rede Cegonha eacute

operacionalizada pelo SUS fundamentada nos princiacutepios da humanizaccedilatildeo e assistecircncia que

assegura agraves mulheres receacutem-nascidos e crianccedilas direitos tais como planejamento reprodutivo

atenccedilatildeo humanizada agrave gravidez parto e puerpeacuterio nascimento seguro crescimento e

desenvolvimento saudaacuteveis (BRASIL 2011)

Uma das diretrizes da Rede Cegonha consiste na mudanccedila do modelo da atenccedilatildeo aplicado ao

parto e ao nascimento com incentivo agraves praacuteticas voltadas para humanizaccedilatildeo baseadas em

evidecircncias cientiacuteficas Para a implementaccedilatildeo desse modelo eacute importante a intensificaccedilatildeo da

formaccedilatildeo e especializaccedilatildeo de profissionais em obstetriacutecia para que possam atuar no SUS

(BRASIL 2012)

9

Para atender a demanda de formaccedilatildeo destas profissionais foi criado o Programa Nacional de

Residecircncia em Enfermagem Obstetriacutecia (PRONAENF) uma iniciativa inovadora do governo

federal que forma enfermeiras obsteacutetricas nas regiotildees que aderiram agrave estrateacutegia Rede

Cegonha Participaram inicialmente 18 instituiccedilotildees de ensino em 13 unidades da federaccedilatildeo

com 156 bolsas financiadas pelo Ministeacuterio da Sauacutede e pelo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Os

profissionais atuam desde o preacute-natal e parto ateacute o nascimento e poacutes-parto dentro do

preconizado pela Rede Cegonha A estrateacutegia visa intensificar a assistecircncia integral agrave sauacutede

das mulheres e crianccedilas do planejamento reprodutivo ndash passando pela confirmaccedilatildeo da

gravidez parto puerpeacuterio ndash ateacute o segundo ano de vida do filho (BRASIL 2012)

Em marccedilo de 2013 a Escola de Enfermagem da Universidade Federal de Minas Gerais (EE-

UFMG) iniciou a primeira turma de residentes com 24 participantes desenvolvendo o ensino

cliacutenico em quatro campos de praacutetica Hospital das Cliacutenicas da UFMG (HC-UFMG) Hospital

Universitaacuterio Risoleta Tolentino Neves (HRTN) Hospital Sofia Feldman (HSF) sendo estas no

acircmbito hospitalar e Unidades de Sauacutede da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) no acircmbito da

atenccedilatildeo baacutesica Divididas entre os campos 24 enfermeiras residentes cumpriram carga horaacuteria

de 60 horas semanais sendo 48 horas de plantotildees e 12 horas de aulas teoacutericas na EEUFMG

Para Amorim e Gualda (2011) as mudanccedilas no modelo de ensino da enfermagem obsteacutetrica

satildeo fundamentais para a formaccedilatildeo ampla e de qualidade tanto no aspecto teoacuterico quanto

praacutetico Isso contribui para o desenvolvimento da atuaccedilatildeo competente e para o enfrentamento

do modelo assistencial hegemocircnico

O Programa de Residecircncia em Enfermagem Obsteacutetrica coordenado pela EEUFMG tem sido

desenvolvido em concordacircncia com estes princiacutepios e apesar das atividades praacuteticas terem

sido iniciadas em marccedilo de 2013 ateacute o momento natildeo foi realizada uma pesquisa para avaliar a

praacutetica obsteacutetrica das residentes na atenccedilatildeo ao parto normal nas maternidades envolvidas A

importacircncia da inserccedilatildeo das enfermeiras obstetras na assistecircncia a mulher em todo ciclo

graviacutedico puerperal na atenccedilatildeo ao parto normal na transformaccedilatildeo do modelo obsteacutetrico

hegemocircnico e na implementaccedilatildeo da praacutetica obsteacutetrica baseada em evidecircncias cientiacuteficas

confere relevacircncia a enfermagem obsteacutetrica como campo de pesquisa Considerando este

10

contexto propotildee-se um estudo sobre a assistecircncia ao parto normal prestada pelas enfermeiras

residentes da primeira turma da EE-UFMG na maternidade do Hospital Risoleta Tolentino

Neves na perspectiva de aprimorar o ensino a assistecircncia e a atuaccedilatildeo de futuras residentes

OBJETIVO

Descrever os indicadores resultantes da assistecircncia ao parto normal prestada pelas

enfermeiras residentes em enfermagem obsteacutetrica da primeira turma da Escola de Enfermagem

da UFMG na maternidade do Hospital Risoleta Tolentino Neves em Belo Horizonte no periacuteodo

de abril de 2013 a abril de 2014

METODOLOGIA

Estudo quantitativo restrospectivo desenvolvido na maternidade do HRTN em Belo Horizonte-

MG no periacuteodo de abril de 2013 a abril de 2014

Cenaacuterio

O Hospital Risoleta Tolentino Neves (HRTN) foi escolhido para este estudo dentre as demais

instituiccedilotildees de praacutetica da residecircncia por ser uma maternidade de referecircncia regional para

gestaccedilotildees de risco habitual por ter enfermeiras obstetras inseridas diretamente na assistecircncia

ao parto normal e por estar recebendo a primeira turma de residentes em enfermagem

obsteacutetrica na histoacuteria da instituiccedilatildeo

O hospital estaacute localizado na regiatildeo Norte de Belo Horizonte e mantem uma parceria de ensino

com a UFMG desde sua criaccedilatildeo A maternidade foi inaugurada em 30 de julho de 2007 e tem

como princiacutepio uma assistecircncia humanizada em que se valoriza o trabalho em equipe e um

ambiente que proporcione a mulher um atendimento diferenciado e com total seguranccedila Satildeo

assistidos em meacutedia 270 partos por mecircs com taxas de parto normal em torno de 80 Eacute

composta por dois leitos de pronto atendimento obsteacutetrico (admissatildeo) dois leitos de preacute-parto

(PP) trecircs leitos de PPP (preacutepartopoacutes) uma sala de litotomia e um centro ciruacutergico O

alojamento conjunto eacute composto por 25 leitos que recebem pueacuterperas receacutem-nascidos assim

11

como gestantes em tratamento cliacutenico 4 leitos ldquoCangururdquo para RN em ganho de peso 4 leitos

de internaccedilatildeo social para receber matildees com filhos internados na unidade de cuidados

progressivos aleacutem de uma Unidade de Cuidados Intensivos Neonatal (UCIN) A equipe de

enfermagem eacute composta por uma coordenadora 11 enfermeiras assistenciais 12 enfermeiras

obstetras e 54 teacutecnicos de enfermagem (PORTAL HRTN 2013)

As enfermeiras residentes atuam no centro obsteacutetrico em conjunto com equipe

multiprofissional a qual eacute composta por meacutedicos obstetras meacutedicos residentes em ginecologia

e obstetriacutecia anestesistas pediatras enfermeiras obstetras enfermeiros assistenciais e

teacutecnicos de enfermagem aleacutem de acadecircmicos de enfermagem e medicina da UFMG que

estagiam nesta instituiccedilatildeo Cada plantatildeo diurno ou noturno conta com duas enfermeiras

residentes que se dividem entre o bloco obsteacutetrico e o alojamento conjunto atuando

exclusivamente no local escalado portanto em todos os plantotildees haacute pelo menos uma

residente de enfermagem obsteacutetrica atuando na assistecircncia ao parto normal nesta

maternidade

A equipe presta assistecircncia baseada nos princiacutepios da humanizaccedilatildeo e do modelo colaborativo

Este modelo consiste na atuaccedilatildeo conjunta onde cada parte respeita a atuaccedilatildeo individual dos

membros da equipe que trabalha com metas e objetivos comuns As mulheres e suas famiacutelias

recebem acompanhamento multiprofissional com praacuteticas obsteacutetricas majoritariamente

baseadas em evidecircncias cientiacuteficas e na humanizaccedilatildeo da assistecircncia As parturientes satildeo

assistidas tanto por enfermeiras obstetras como por meacutedicos obstetras em todas as fases da

internaccedilatildeo A assistecircncia eacute compartilhada entre as diferentes categorias profissionais em

situaccedilotildees que variam desde a induccedilatildeo do trabalho de parto assistecircncia durante o trabalho de

parto parto nascimento ateacute o puerpeacuterio Os casos satildeo acompanhados de forma

compartilhada havendo comunicaccedilatildeo entre os membros da equipe Os partos normais podem

ser assistidos por residentes tanto enfermeiros como meacutedicos e ambos podem ser

preceptorados por enfermeiras obstetras ou meacutedicos obstetras o que permite uma atuaccedilatildeo

complementar entre as categorias que traz benefiacutecios ao serviccedilo e agrave parturiente Todos os

partos assistidos por enfermeiras obstetras satildeo registrados em um livro denominado ldquolivro de

registro de partos assistidos pelas enfermeiras obstetrasrdquo Os partos assistidos por residentes

em enfermagem obsteacutetrica tambeacutem satildeo registrados neste livro independente da preceptoria

12

mas eacute importante considerar que estes satildeo em sua maioria preceptorados por enfermeiras

obstetras

Fonte e coleta de dados

A fonte de informaccedilotildees para este estudo foi o ldquolivro de registro de partos assistidos pelas

enfermeiras obstetrasrdquo Os dados nele registrados satildeo data hora do parto nome da paciente

idade paridade idade gestacional posiccedilatildeo de parto realizaccedilatildeo de episiotomia e contato pele a

pele presenccedila de acompanhante se a parturiente recebeu analgesia e qual o tipo (peridural

raquianestesia) se houve laceraccedilatildeo perineal e qual o grau escore de Apgar do RN nome dos

profissionais que assistiram ao parto

O banco de dados foi constituiacutedo por 1434 partos registrados no livro no periacuteodo de treze

meses (abril de 2013 a abril de 2014) Os dados de cada parto foram digitados na iacutentegra no

programa Epi-Info versatildeo 353 Apoacutes a digitaccedilatildeo foram selecionados somente os partos que

atendiam ao criteacuterio para inserccedilatildeo no estudo parto assistido por residente em enfermagem

obsteacutetrica independente se preceptorado por enfermeira obstetra ou por meacutedico obstetra A

partir daiacute delimitou-se a populaccedilatildeo final deste estudo que foi de 714 partos Os dados natildeo

informados de cada variaacutevel foram excluiacutedos da amostra exceto na variaacutevel idade gestacional

Variaacuteveis de interesse

Apoacutes ter sido identificada a populaccedilatildeo deste estudo foram selecionadas onze variaacuteveis de

interesse sendo elas idade materna nuacutemero de gestaccedilotildees paridade idade gestacional

posiccedilatildeo do parto episiotomia contato pele a pele presenccedila de acompanhante analgesia

farmacoloacutegica laceraccedilatildeo perineal e escore de Apgar

A idade das mulheres assistidas pelas enfermeiras residentes foi classificada dentro do

intervalo de idade reprodutiva da seguinte forma

Entre 10 e 14 anos (adolescentes precoces)

Entre 15 e 19 anos (adolescentes)

13

Entre 20 e 34 anos (adultas jovens)

Acima de 35 anos (idade tardia)

Com relaccedilatildeo agrave paridade as mulheres foram divididas em primiacuteparas e multiacuteparas

No que se refere ao nuacutemero de gestaccedilotildees foram classificadas em primigestas secundigestas

tercigestas ou que tiveram quatro gestaccedilotildees anteriores ou mais

Com relaccedilatildeo aacute idade gestacional no parto a classificaccedilatildeo neste estudo foi

Preacute-termo (lt37 semanas)

Termo (entre 37 semanas e 41 semanas+6 dias)

Poacutes-termo (gt42 semanas)

Idade gestacional desconhecida natildeo informada

Na variaacutevel posiccedilatildeo de parto foram consideradas as seguintes posiccedilotildees semi-sentada sentada

no banquinho de coacutecoras em decuacutebito dorsal posiccedilatildeo litotocircmica em Gaskin decuacutebito lateral

em peacute e ajoelhada Em relaccedilatildeo agrave episiotomia contato pele a pele e presenccedila de

acompanhantes os dados foram classificados em SimNatildeo Quanto agraves laceraccedilotildees perineais foi

feita a seguinte classificaccedilatildeo periacuteneo iacutentegro laceraccedilatildeo de primeiro grau de segundo grau de

terceiro grau e de quarto grau Os dados sobre escore de Apgar foram divididos em lt7 e gt 7 no

primeiro e quinto minutos

Anaacutelise dos dados

As variaacuteveis foram submetidas agrave anaacutelise descritiva com caacutelculo da frequecircncia absoluta e

relativa para as variaacuteveis categoacutericas e de meacutedia e desvio padratildeo para as variaacuteveis contiacutenuas

Para o processamento e anaacutelise dos dados utilizou-se o software STATA (versatildeo 90)

14

Aspectos eacuteticos

Para realizaccedilatildeo do estudo o projeto de pesquisa teve aprovaccedilatildeo da Coordenaccedilatildeo do Programa

de Residecircncia em Enfermagem Obsteacutetrica da Escola de Enfermagem da Universidade Federal

de Minas Gerais

O estudo teve a anuecircncia da coordenaccedilatildeo da maternidade e foi aprovado pelo Nuacutecleo de

Ensino e Pesquisa (NEPE) do HRTN em 06082014 pelo parecer nordm 252014 conforme consta

no ANEXO 2

Foi aprovado pela Cacircmara Departamental do Departamento de Enfermagem Materno Infantil

(EMI) da EEUFMG em 10112014 conforme consta no ANEXO 3

RESULTADOS

No periacuteodo de treze meses de abril de 2013 a abril de 2014 foram registrados no livro 1434

partos Destes 714 foram com a participaccedilatildeo das residentes em enfermagem obsteacutetrica

representando 498 do total Os demais 720 partos (excluiacutedos da amostra) foram assistidos

pelas enfermeiras obstetras sozinhas ou com participaccedilatildeo de residentes em ginecologia e

obsteacutetrica acadecircmicos de enfermagem e medicina

Os resultados e sua distribuiccedilatildeo entre a variaacuteveis analisadas estatildeo representados nas tabelas a

seguir

15

TABELA 1

Perfil das gestantes assistidas por residentes em enfermagem obsteacutetrica em relaccedilatildeo a

idade materna paridade nuacutemero de gestaccedilotildees e idade gestacional Belo Horizonte MG

Variaacuteveis n

Idade Materna (anos)

10 ndash 14 6 08

15 ndash 19 144 202

20 - 34 498 695

gt 35 57 79

Paridade

Primiacuteparas 315 441

Multiacuteparas 398 557

Nuacutemero de Gestaccedilotildees

1 283 396

2 213 298

3 102 143

4 ou mais 115 161

Idade Gestacional

Preacute-termo (lt37 semanas) 45 63

Termo (37 - 41 semanas) 643 900

Poacutes-termo (gt 42 semanas) 3 04

Desconhecida natildeo informada 23 32

Variaacutevel N Meacutedia Desvio Padratildeo Miacutenimo Maacuteximo

Idade Gestacional 714 38 15 24 42

Idade Materna 705 24 60 14 44

16

Neste estudo a faixa etaacuteria predominante das mulheres assistidas por residentes em

enfermagem obsteacutetrica foi de adultas jovens com 695 seguida de adolescentes com 202

Os extremos etaacuterios adolescentes precoces e mulheres acima de 35 anos apareceram em

menor proporccedilatildeo sendo 08 e 79 respectivamente A meacutedia etaacuteria foi de 24 anos com

desvio padratildeo de 6 anos sendo que a menor idade encontrada entre as mulheres assistidas

por enfermeiras residentes foi 14 anos e a maior 44 anos

No que se refere ao nuacutemero de gestaccedilotildees o maior percentual foi de primigestas (396)

seguido das secundigestas (298) A partir daiacute observou-se diminuiccedilatildeo do percentual sendo

que tercigestas representaram 143 e o somatoacuterio das mulheres que tiveram quatro

gestaccedilotildees anteriores ou mais resultou em 161 O caso com maior nuacutemero de gestaccedilotildees

encontrado neste estudo foi de uma parturiente que estava em sua 13ordf gestaccedilatildeo

Com relaccedilatildeo agrave paridade as mulheres foram divididas em dois grupos primiacuteparas e multiacuteparas

sendo 441 e 557 respectivamente As mulheres que tiveram apenas uma gestaccedilatildeo ou

seja primigestas satildeo 396 e as primiacuteparas logo que natildeo tem partos vaginais anteriores satildeo

441 Isto evidencia que nem todas as primiacuteparas eram primigestas havendo abortamentos

ou gestaccedilotildees ectoacutepicas anteriores O somatoacuterio das mulheres que tiveram duas ou mais

gestaccedilotildees representou 602 Isso justifica o fato de haver maior percentual de multiacuteparas

quando se analisa paridade e ao mesmo tempo maior percentual de primigestas quando se

analisa nuacutemero de gestaccedilotildees entre as mulheres estudadas

17

TABELA 2

Indicadores da assistecircncia ao trabalho de parto e parto prestada pelas residentes em

enfermagem obsteacutetrica na maternidade do HRTN Belo Horizonte MG

Variaacuteveis N

Variaacuteveis n

Posiccedilatildeo do parto

Analgesia

Semi-sentada 462 647

Natildeo 587 822

Banquinho 120 168

Peridural 119 166

Coacutecoras 56 78

Raquidiana 8 11

Decuacutebito dorsal 23 32

Litotocircmica 20 28

Contato pele a pele

Sentada 9 12

Sim 674 944

Gaskin 7 09

Natildeo 34 47

Decuacutebito lateral 7 09

Em peacute 4 05

Acompanhante

Ajoelhada 2 02

Sim 686 960

Natildeo 27 37

Episiotomia

Sim 30 42

Apgar no 1ordm minuto

Natildeo 681 954

lt7 46 64

gt7 668 935

Laceraccedilatildeo

Natildeo 194 271

Apgar no 5ordm minuto

1ordm grau 329 460

lt7 6 08

2ordm grau 169 236

gt7 708 991

3ordm grau 20 28

4ordm grau 2 02

Variaacutevel N Meacutedia Desvio Padratildeo Miacutenimo Maacuteximo

Apgar no 1ordm minuto 714 83 13 0 10

Apgar no 5ordm minuto 714 93 07 0 10

18

Os resultados deste estudo mostram que a maioria dos partos assistidos por residentes em

enfermagem obsteacutetrica foram em posiccedilatildeo semi-sentada (647) as demais posiccedilotildees de parto

encontradas foram no banquinho (168) de coacutecoras (78) em decuacutebito dorsal (32) em

posiccedilatildeo litotocircmica (28) sentada (12) em Gaskin (09) em decuacutebito lateral (09) em

peacute (05) e ajoelhada (02) Considerando-se todas as posiccedilotildees de parto verticalizadas como

semi-sentada no banquinho Gaskin em peacute e ajoelhada encontrou-se uma taxa em torno de

92 de partos em posiccedilatildeo natildeo supina

A episiotomia foi realizada em apenas 420 dos partos Em 9538 dos casos as mulheres

foram poupadas deste procedimento Com relaccedilatildeo as laceraccedilotildees perineais a maioria das

mulheres apresentou laceraccedilotildees de primeiro grau (460) seguidas de periacuteneo iacutentegro

(271) Laceraccedilotildees de segundo grau acometeram 236 das mulheres Laceraccedilotildees graves

de terceiro grau (28) e de quarto grau (02) ocorreram em uma parcela pouco significativa

das mulheres assistidas pelas enfermeiras residentes

A analgesia farmacoloacutegica foi realizada em 177 das parturientes sendo em 166 por

teacutecnica peridural e 112 por teacutecnica raquidiana A analgesia farmacoloacutegica natildeo foi ofertada a

8221 das mulheres

O contato pele a pele na primeira hora de vida foi proporcionado a 9440 dos receacutem-

nascidos Em 47 a interaccedilatildeo pele a pele natildeo foi realizada

As parturientes contaram com a presenccedila de acompanhante familiar em 960 dos partos Os

partos sem acompanhante familiar representaram apenas 37

Os resultados sobre escore de Apgar foram gt7 no primeiro minuto em 935 dos neonatos e

gt7 no quinto minuto em 991 Tais dados mostram que a quase totalidade dos receacutem-

nascidos apresentava boas condiccedilotildees de vitalidade no primeiro e quinto minuto de vida

19

DISCUSSAtildeO

Idade materna Paridade Nuacutemero de gestaccedilotildees

Segundo o MS as mulheres em idade reprodutiva ou seja de 10 a 49 anos representam 65

do total da populaccedilatildeo feminina conformando um grupo social importante e que merece

atenccedilatildeo no que se refere agrave elaboraccedilatildeo de poliacuteticas de sauacutede (BRASIL 2011)

Silva (2009) cita que mulheres muito jovens ou muito idosas satildeo consideradas de maior risco

para resultados adversos e complicaccedilotildees gestacionais no parto e perinatais

A OMS considera gravidez na adolescecircncia aquela que ocorre em mulheres entre 10 e 19

anos sendo que gestantes com menos de 14 anos satildeo mais vulneraacuteveis e mais expostas agrave

morbimortalidade A gravidez na adolescecircncia estaacute relacionada aacute condiccedilotildees de escolaridade e

fatores socioeconocircmicos como escolaridade renda dentre outros e no que se refere aos

riscos os principais referidos por Santos at al (2014) satildeo prematuridade e baixo peso ao

nascer Jaacute Gravena (2013) refere que estatildeo relacionados agrave gravidez precoce riscos

aumentados ao receacutem-nascido de baixo peso ao nascer deficiecircncias de micronutrientes e

restriccedilatildeo do crescimento intrauterino levando a alteraccedilotildees na evoluccedilatildeo dessa gestaccedilatildeo e no

crescimento fetal o que pode resultar tambeacutem em parto prematuro

Cesar (2011) em estudo sobre gestaccedilatildeo na adolescecircncia encontrou 2018 de matildees

adolescentes e mostrou que estas estiveram de forma sistemaacutetica em desvantagem em

relaccedilatildeo agraves demais matildees tanto no que se refere a caracteriacutesticas socioeconocircmicas quanto na

assistecircncia recebida durante a gestaccedilatildeo e o parto Afirma que as adolescentes possuiacuteam pior

niacutevel de escolaridade e renda familiar viviam mais comumente sem companheiro realizaram

um menor nuacutemero de consultas de preacute-natal iniciaram estas consultas mais tardiamente

referiram com maior frequecircncia a presenccedila de anemia e corrimento vaginal patoloacutegico e foram

mais submetidas ao uso de foacutercipe e episiotomia Considerando-se as categorias adolescentes

precoces e adolescentes do presente estudo tem-se uma taxa de 210 proacutexima da

encontrada por Cesar (2011)

20

Mulheres entre 20 e 35 anos satildeo consideradas adultas jovens e apresentam resultados

obsteacutetricos e neonatais mais favoraacuteveis quando comparadas as adolescentes e a mulheres em

idade avanccedilada Neste estudo as adultas jovens representaram a maior parte da populaccedilatildeo

(695) Este achado corrobora para os resultados obsteacutetricos e neonatais favoraacuteveis aqui

verificados Gravena et al (2013) verificou em seu estudo que adolescentes e mulheres em

idade tardia tiveram probabilidade maior de parto cesaacutereo em relaccedilatildeo agraves adultas No que se

refere ao baixo peso ao nascer tanto as gestantes adolescentes quanto as em idade avanccedilada

apresentaram mais chance de possuiacuterem filhos receacutem-nascidos com baixo peso quando

comparadas as adultas

A taxa de fecundidade vem apresentando queda no Brasil nos uacuteltimos anos segundo dados do

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) em 2000 a taxa de fecundidade era de 24

filhos por mulher e em 2014 foi menor que 18 filhos por mulher (IBGE 2013) Dentre os vaacuterios

fatores que colaboraram para esta transiccedilatildeo na taxa de fecundidade encontram-se a

elaboraccedilatildeo e expansatildeo da estrateacutegia de sauacutede da famiacutelia e das poliacuteticas voltadas para a

mulher no ciclo graviacutedico puerperal principalmente a Poliacutetica Nacional de Direitos Sexuais e

Direitos Reprodutivos lanccedilada em 2005 e a Poliacutetica Nacional de Planejamento Familiar

elaborada em 2007 que permitiu as mulheres expansatildeo do acesso a informaccedilotildees sobre o

planejamento familiar reprodutivo e oferta de meacutetodos contraceptivos (BRASIL 2007)

Define-se gestaccedilatildeo tardia aquela que ocorre acima dos 35 anos e aquelas com mais de 45

anos satildeo consideradas gestaccedilotildees com idade materna avanccedilada Os nascimentos em mulheres

com 35 anos ou mais tem aumentado de forma consistente no Brasil tendecircncia observada

principalmente nos paiacuteses industrializados As mudanccedilas nos haacutebitos de vida como maior niacutevel

de escolaridade maior inserccedilatildeo no mercado de trabalho e na expectativa de vida da mulher

estimulam a postergaccedilatildeo do momento da primeira gravidez que acaba acontecendo em idades

superiores apoacutes serem atingidos outros objetivos de vida pessoais e profissionais Soma-se a

isso o advento da reproduccedilatildeo assistida que permite as mulheres engravidarem em idades mais

avanccediladas periacuteodo de comprovada diminuiccedilatildeo da fertilidade Haacute que se considerar que em

paiacuteses em desenvolvimento como o Brasil a maior parte das gestaccedilotildees tardias acontece em

situaccedilotildees de multiparidade o que tambeacutem envolve riscos (SILVA 2009)

21

A gestaccedilatildeo tardia apresenta risco similar a gestaccedilatildeo na adolescecircncia em alguns aspectos

conforme citado anteriormente e mais elevados em situaccedilotildees como abortamento espontacircneo

gravidez ectoacutepica anormalidades cromossocircmicas e malformaccedilotildees congecircnitas (SILVA 2009)

Gravena et al (2013) cita que nas mulheres com gestaccedilatildeo tardia tecircm sido observados mais

abortamentos espontacircneos e induzidos maior risco para mortalidade perinatal baixa vitalidade

do receacutem- nascido baixo peso ao nascer parto preacute-termo e fetos pequenos para idade

gestacional As gestaccedilotildees de mulheres de idade materna avanccedilada tecircm sido consideradas

como de alto risco em decorrecircncia principalmente da incidecircncia crescente de siacutendromes

hipertensivas ruptura prematura de membranas presenccedila de diabetes aleacutem de maior chance

do iacutendice de Apgar no quinto minuto ser menor que sete

Analisando os 1434 partos registrados no livro no mesmo periacuteodo e nos quais estatildeo incluiacutedos

os 714 partos das enfermeiras residentes o percentual de primiacuteparas e multiacuteparas foi de 415

e 583 respectivamente valores muito proacuteximos aos encontrados nos partos assistidos pelas

enfermeiras residentes

Idade gestacional

Conceitua-se gravidez preacute-termo aquela cuja idade gestacional encontra-se entre 22 e 37

semanas ou entre 154 a 259 dias (ACOG 2013) A prematuridade eacute um evento que afeta a

vida da famiacutelia e do RN de forma significativa envolvendo aspectos bioloacutegicos psicoloacutegicos e

sociais de difiacutecil mensuraccedilatildeo e que devem ser considerados pela equipe que assiste a famiacutelia

prematura (RAMOS 2009)

A prematuridade tem sido estudada como uma das causas importantes de mortalidade infantil

O receacutem-nascido imaturo apresenta desenvolvimento incompleto de oacutergatildeos como ceacuterebro e

pulmotildees aleacutem de limitaccedilatildeo da funccedilatildeo renal e imaturidade da funccedilatildeo hepaacutetica podendo sofrer

seacuterios comprometimentos ou intercorrecircncias (GRAVENA 2013) A literatura cita alguns fatores

de risco gestacionais associados agrave prematuridade tais como parto prematuro preacutevio gestaccedilatildeo

muacuteltipla histoacuteria materna de um ou mais abortos espontacircneos no segundo trimestre

comprimento cervical lt 30 cm baixo niacutevel socioeconocircmico idade materna lt18 anos ou gt40

22

anos primiparidade (mais frequente no primeiro filho) complicaccedilotildees maternas (cliacutenicas ou

obsteacutetricas) atividade fiacutesica aumentada tabagismo uso de cocaiacutena acompanhamento preacute-

natal inadequado ou ausente situaccedilotildees de alto estresse crescimento intrauterino restrito

(CIUR) anomalias congecircnitas polihidracircmnios ruptura prematura de membranas preacute-termo

(RPMPT) descolamento de placenta presenccedila de DIU mioma (particularmente submucoso ou

subplacentaacuterio) anomalias uterinas insuficiecircncia istmo-cervical infecccedilotildees maternas siacutendrome

antifosfoliacutepide trauma cirurgia (RAMOS 2009)

O American College of Obstetricians and Gynecologists (ACOG 2013) classifica a gravidez

aleacutem de 37 semanas da seguinte maneira

Termo precoce entre 37 semanas e 38 semanas e 6 dias

Termo completo entre 39 semanas e 40 semanas e 6 dias

Termo tardio entre 41 semanas e 41 semanas e 6 dias

Poacutes-termo 42 semanas em diante

Neste estudo a grande maioria dos partos assistidos pelas enfermeiras residentes foi de

gestaccedilotildees a termo (900) Tal fato se justifica pela maior atuaccedilatildeo da enfermagem obsteacutetrica

nas gestaccedilotildees de risco habitual A meacutedia de idade gestacional da amostra deste estudo foi de

38 semanas sendo a menor idade gestacional encontrada 24 semanas e a maior 42 semanas

Os partos preacute-termo e poacutes-termo ou seja de maior risco satildeo preferencialmente

acompanhados por meacutedico obstetra Eacute rotina da instituiccedilatildeo em estudo a induccedilatildeo do trabalho

de parto nas gestaccedilotildees acima de 41 semanas Tambeacutem por esse motivo pode-se justificar a

atuaccedilatildeo das enfermeiras residentes em menos de 05 de partos poacutes-termo

O ACOG define gestaccedilatildeo poacutes-termo ou gestaccedilatildeo prolongada como aquela que se estende

aleacutem de 42 semanas ou 294 dias de gestaccedilatildeo (ACOG 2013) Para Amorim (2010) as

gestaccedilotildees aleacutem de 42 semanas ocorrem em aproximadamente 5 dos casos jaacute as aleacutem de 41

semanas em cerca de 10 A causa mais comum de gestaccedilatildeo poacutes-termo eacute o erro de dataccedilatildeo

e quando realmente existe a causa eacute desconhecida sendo a primiparidade o principal fator de

risco associado Mais raramente outros fatores podem estar presentes como a anencefalia

23

deficiecircncia de sulfatase placentaacuteria feto do sexo masculino e predisposiccedilatildeo geneacutetica (BRASIL

2011) O maior temor relacionado agrave gestaccedilatildeo prolongada eacute de que ocorra insuficiecircncia

placentaacuteria com reduccedilatildeo do aporte de nutriente e oxigecircnio para o bebecirc o que pode acarretar

aumento da morbidade e mortalidade perinatal Com maior frequecircncia de morte perinatal

anormalidade da frequecircncia cardiacuteaca fetal intraparto eliminaccedilatildeo de mecocircnio macrossomia e

cesariana (AMORIM 2010)

No Brasil tem sido frequente a indicaccedilatildeo de cesariana quando a gestaccedilatildeo ultrapassa 40

semanas sobretudo no setor privado poreacutem esta conduta natildeo eacute corroborada por evidecircncias

Amorim (2010) em compilado sobre o tema cita uma revisatildeo sistemaacutetica publicada em 2003 na

qual concluiacuteram que a induccedilatildeo do parto a partir de 41 semanas quando comparada agrave conduta

expectante resultou em menor taxa de cesaacuterias (201 x 22) e de liacutequido amnioacutetico meconial

(224 x 277) poreacutem natildeo houve diferenccedila em termos de mortalidade perinatal escores de

Apgar admissatildeo em UTI neonatal e siacutendrome de aspiraccedilatildeo meconial Em 2012 outra revisatildeo

sistemaacutetica disponiacutevel na biblioteca Cochrane incluindo 22 ensaios cliacutenicos randomizados e

9383 mulheres submetidas aacute induccedilatildeo do parto mostrou reduccedilatildeo significativa do risco relativo de

morte perinatal e de cesariana Natildeo houve diferenccedila na taxa de natimortos ou de morte

neonatal nos dois grupos A incidecircncia da siacutendrome de aspiraccedilatildeo meconial foi menor no grupo

submetido agrave induccedilatildeo do parto poreacutem natildeo houve diferenccedila na frequecircncia de asfixia perinatal

baixos escores de Apgar e admissatildeo em UTI neonatal Os autores sugerem que a induccedilatildeo do

parto a partir de 41 semanas reduz as taxas de cesariana sem comprometer o prognoacutestico

perinatal Aleacutem disso o estudo mostrou maior satisfaccedilatildeo das gestantes submetidas agrave induccedilatildeo

do parto Recomenda-se que as mulheres sejam esclarecidas sobre riscos e benefiacutecios

associados agrave induccedilatildeo do parto a partir de 41 semanas (AMORIM 2010)

Posiccedilatildeo de parto

Os benefiacutecios da livre movimentaccedilatildeo da parturiente durante o trabalho de parto tais como a

reduccedilatildeo de sua duraccedilatildeo melhora do conforto materno e reduccedilatildeo do uso de analgeacutesicos satildeo

sustentados por evidecircncias cientiacuteficas (SOUSA 2013) A adoccedilatildeo de postura vertical e

movimentaccedilatildeo podem aleacutem de diminuir a dor materna facilitar a circulaccedilatildeo materno-fetal e a

descida do feto na pelve materna melhorar as contraccedilotildees uterinas e diminuir o trauma perineal

24

(SILVA 2011)

A OMS (1996) classifica como praacuteticas demonstradamente uacuteteis e que devem ser estimuladas

(categoria A) a liberdade de posiccedilatildeo e movimento durante o trabalho de parto e o estiacutemulo a

posiccedilotildees natildeo supinas durante o trabalho de parto Jaacute o uso rotineiro de posiccedilatildeo supina

(decuacutebito dorsal) durante o trabalho de parto e o uso de rotina da posiccedilatildeo de litotomia com ou

sem perneiras durante o trabalho de parto satildeo classificadas como praacuteticas claramente

prejudiciais e que devem ser eliminadas (categoria B)

Uma revisatildeo sistemaacutetica sobre assistecircncia ao segundo e terceiro periacuteodos do trabalho de parto

publicada em 2010 mostra que a posiccedilatildeo supina tem sido amplamente usada no segundo

periacuteodo do trabalho de parto contrariando a evidecircncia fisioloacutegica da reduccedilatildeo da eficiecircncia

uterina e do fluxo sanguiacuteneo placentaacuterio nessa posiccedilatildeo A posiccedilatildeo litotocircmica eacute ainda

recomendada em alguns tratados tradicionais de Obstetriacutecia mas as posiccedilotildees alternativas

incluem uma gama de posiccedilotildees que podem trazer benefiacutecios para o parto posiccedilatildeo lateral

(Sims) vertical (sentada semi-sentada de coacutecoras ou ajoelhada) e de quatro apoios A

imersatildeo em aacutegua durante o periacuteodo expulsivo do trabalho de parto aumentou o registro de

satisfaccedilatildeo por parte das parturientes no que diz respeito aos puxos mas ainda natildeo haacute

evidecircncias sobre os efeitos da imersatildeo em aacutegua no segundo estaacutegio especialmente sobre a

morbidade materna e neonatal (AMORIM 2010)

Estudos apontam que posiccedilotildees verticalizadas ou a posiccedilatildeo lateral associaram-se com reduccedilatildeo

da duraccedilatildeo do segundo periacuteodo do parto reduccedilatildeo nas anormalidades da frequecircncia cardiacuteaca

fetal bem como reduccedilatildeo de relatos de dor grave e episiotomia Ocorre no entanto maior perda

de sangue estimada (acima de 500 mL) sem repercussotildees cliacutenicas consideraacuteveis A conclusatildeo

dos revisores eacute que as mulheres devem ser encorajadas a parir na posiccedilatildeo que lhes for mais

confortaacutevel com o balanccedilo das evidecircncias a favor das posturas natildeo supinas (AMORIM 2010)

Mouta et al (2008) e Rocha Fonseca (2010) encontraram percentuais entre 50 e 78 de

posiccedilatildeo vertical em partos assistidos exclusivamente por enfermeiras obstetras em

maternidades puacuteblicas do Rio de Janeiro Em um CPN de Satildeo Paulo apenas 13 dos partos

foram assistidos em posiccedilatildeo horizontal contra 776 assistidos em posiccedilatildeo vertical (SOUZA

2011)

25

Sousa (2013) observou em seu estudo com 61 mulheres assistidas em Hospital da rede puacuteblica

de Belo Horizonte que mais de 75 pariram deitadas de costas com pernas levantadas sem

uso de perneiras As demais mulheres deram a luz em posiccedilatildeo de coacutecoras (98) deitada de

lado (66) sentadareclinada (66) ou Gaskin (16)

A maternidade do HRTN faz parte da rede de hospitais de Belo Horizonte que assinou o Termo

de Compromisso das Maternidades do SUS-BH estabelecido pela Comissatildeo Perinatal da

Secretaria Municipal de Sauacutede de Belo Horizonte (SMSA-BH) o qual estabelece metas para

diversos indicadores assistenciais objetivando humanizar a assistecircncia e reduzir as taxas de

cesariana nas maternidades da rede puacuteblica de Belo Horizonte No que se refere a posiccedilatildeo de

parto a SMSA-BH tem como meta que mais de 70 dos partos sejam realizados em posiccedilatildeo

natildeo supina Segundo dados institucionais fornecidos pela coordenaccedilatildeo da maternidade sobre

todos os partos do HRTN no mesmo periacuteodo deste estudo a taxa de partos em posiccedilatildeo natildeo

supina variou de 6202 em abril de 2014 a 8138 em abril de 2013

Diante dos resultados deste estudo eacute possiacutevel inferir que no HRTN a equipe incentiva e apoia o

uso de deambulaccedilatildeo e posiccedilotildees verticalizadas durante o trabalho de parto e periacuteodo expulsivo

As mulheres devem orientadas sobre os benefiacutecios da verticalizaccedilatildeo para a evoluccedilatildeo do

trabalho de parto No momento do parto deve haver incentivo agrave livre escolha da posiccedilatildeo dentro

das possibilidades da maternidade Ainda natildeo haacute disponibilidade de parto com imersatildeo em

aacutegua mas haacute quartos PPP (preacute-parto parto e poacutes-parto) com chuveiro bola suiacuteccedila banquinho

meia lua escada de Ling e espaccedilo fiacutesico que permite deambulaccedilatildeo Em alguns plantotildees a

equipe conta com a participaccedilatildeo das Doulas no cuidado agrave mulher em trabalho de parto

Os resultados deste estudo satildeo similares aos encontrados por Sousa (2013) o que mostra que

ambas as instituiccedilotildees componentes do SUS em Belo Horizonte que tem atuaccedilatildeo efetiva das

enfermeiras obstetras estimulam o parto em posiccedilotildees verticalizadas e provavelmente

respeitam a livre escolha da posiccedilatildeo de parto

O fato da maior parte dos partos serem em posiccedilatildeo semi-sentada gera certa inquietaccedilatildeo pois

26

sabe-se que esta posiccedilatildeo permite maior controle e melhor visibilidade sendo cocircmoda para o

profissional que assiste ao parto Outra justificativa possiacutevel para a grande porcentagem de

partos semi-sentada pode ser a falta de informaccedilatildeo eou orientaccedilatildeo das

mulheresacompanhantes sobre a possibilidade de parirem em outras posiccedilotildees que lhe sejam

confortaacuteveis Ressalta-se a necessidade de orientaccedilatildeo e incentivo quanto agrave liberdade de

posiccedilatildeo e sobre os benefiacutecios das posiccedilotildees verticalizadas para o trabalho de parto e periacuteodo

expulsivo desmitificando a claacutessica posiccedilatildeo de parto e empoderando-as a escolher a posiccedilatildeo

que lhes for mais confortaacutevel

Episiotomia

A episiotomia foi inicialmente proposta com o objetivo de facilitar o parto reduzindo o trauma

perineal e facilitando o reparo Entretanto natildeo obstante a indicaccedilatildeo de livros-texto sua

realizaccedilatildeo de rotina natildeo pode ser recomendada uma vez que existem vaacuterias evidecircncias de que

natildeo eacute necessaacuteria e de que pode ser prejudicial (AMORIM 2010)

Entre as principais morbidades relacionadas agrave episiotomia estatildeo a dor perineal e o

sangramento aumentado Nesses casos devido a urgecircncia os traumas perineais muitas vezes

satildeo suturados sem a boa visualizaccedilatildeo do local podendo produzir acidentes com lesatildeo no trato

geniturinaacuterio e nas estruturas do assoalho peacutelvico causando hipermobilidade uretral e prolapso

genital Apoacutes o parto tambeacutem podem surgir hematuacuteria incapacidade vesical e incontinecircncia

urinaacuteria (RIESCO et al 2011)

A OMS (1996) considera o uso liberal e rotineiro de episiotomia uma praacutetica claramente

prejudicial e que deve ser eliminada (categoria B) Embora os dados disponiacuteveis na literatura

revelem que a realizaccedilatildeo de episiotomia natildeo cumpre os objetivos que justificariam sua

realizaccedilatildeo de forma rotineira sejam eles a prevenccedilatildeo de lesotildees nas genitais da matildee ou na

cabeccedila do receacutem-nascido ainda hoje tal intervenccedilatildeo permanece sendo usada de forma

abusiva em muitas instituiccedilotildees de sauacutede

Em revisatildeo sistemaacutetica incluindo oito ensaios cliacutenicos (n=5541) observou-se que comparada

agrave episiotomia de rotina a episiotomia seletiva (com indicaccedilatildeo precisa) esteve associada com

27

menos trauma perineal grave menor necessidade de suturas menos complicaccedilotildees na

cicatrizaccedilatildeo e mais trauma perineal anterior Natildeo houve diferenccedila na frequecircncia de trauma

vaginal ou perineal grave dispareunia incontinecircncia urinaacuteria ou dor intensa Os revisores

recomendam que a episiotomia natildeo seja realizada rotineiramente e quando necessaacuteria seja

realizada com o consentimento poacutes-informaccedilatildeo da parturiente (AMORIM 2010)

Cesar (2011) encontrou ocorrecircncia meacutedia de episiotomia de 72 entre as 2557 gestantes

estudadas no Sul do Brasil Houve variaccedilatildeo de 86 entre as adolescentes e 66 entre as

demais matildees As taxas encontradas foram bastante elevadas principalmente entre as

adolescentes o que indica baixa incorporaccedilatildeo de praacuteticas baseadas em evidecircncia na

assistecircncia ao parto no cenaacuterio do estudo

Em contrapartida Sousa (2013) verificou em seu estudo em uma maternidade da rede puacuteblica

de Belo Horizonte iacutendice de episiotomia em torno de 11 e observou seguranccedila na praacutetica dos

profissionais de sauacutede envolvidos na assistecircncia ao parto da instituiccedilatildeo estudada no que se

refere ao uso seletivo desse procedimento e aos criteacuterios de utilizaccedilatildeo Tal instituiccedilatildeo tem

princiacutepios humanizados e grande inserccedilatildeo de enfermeiras obstetras na assistecircncia ao parto o

que pode tambeacutem ter justificado a baixa taxa de episiotomia encontrada

Considerando todos os partos realizados no HRTN no periacuteodo deste estudo a taxa de

episiotomia variou entre 90 em abril de 2013 a 149 em abril de 2014 A SMSA-BH tem

como meta de realizaccedilatildeo de episiotomia em menos de 30 dos partos vaginais Considerando

os 1434 partos assistidos por EO no mesmo periacuteodo a taxa de episiotomia foi de 46 o que

mostra uso criterioso do procedimento por parte desta categoria profissional

No presente estudo a taxa de episiotomia foi 42 Nestes casos a episiotomia pode ter sido

indicada devido a periacuteneo resistente no intuito de prevenir laceraccedilotildees graves mesmo que natildeo

haja respaldo cientiacutefico para tal praacutetica Tambeacutem em situaccedilotildees de estado fetal natildeo

tranquilizador durante o periacuteodo expulsivo jaacute com o feto em planos avanccedilados no intuito de

acelerar o nascimento ou mesmo por distoacutecia de ombro ou outra complicaccedilatildeo sendo uma

decisatildeo conjunta entre preceptor e residente Deve-se considerar que a baixas taxas de

28

episiotomia nos partos assistidos por enfermeiras residentes satildeo reflexo da atuaccedilatildeo da

preceptoria tanto de enfermeiras obstetras como de meacutedicos obstetras A episiotomia natildeo foi

realizada em 9538 dos partos o que mostra que as residentes em enfermagem obsteacutetrica

faziam uso seletivo do procedimento Um aspecto relevante deste estudo eacute que mesmo com a

baixa taxa de episiotomia encontrou-se pequenas taxas de laceraccedilotildees perineais de terceiro

(28) e quarto grau (028) Isso aponta para um modelo de assistecircncia obsteacutetrico com

incorporaccedilatildeo de praacuteticas baseadas em evidecircncias cientiacuteficas na maternidade do HRTN

Contato pele a pele

As praacuteticas referentes ao contato da matildee com seu bebecirc e ao aleitamento materno ainda na

sala de parto satildeo tambeacutem indicadores relevantes da qualidade da atenccedilatildeo ao parto

humanizado e segundo a OMS (1996) e MS (2001) deve ser encorajada no parto normal

(categoria A)

O passo quatro da Iniciativa Hospital Amigo da Crianccedila (IHAC) preconiza que os bebecircs que

tenham condiccedilotildees cliacutenicas favoraacuteveis permaneccedilam por pelo menos uma hora junto agrave pele da

matildee e que iniciem o aleitamento materno ainda na primeira meia hora apoacutes o nascimento

independentemente da via de parto (BRASIL 2010)

O contato pele a pele precoce melhora os resultados neonatais em termos de menor choro e

maior estabilidade cardiorrespiratoacuteria e aumenta significativamente o sucesso da

amamentaccedilatildeo sem efeitos negativos aparentes em curto e longo prazo segundo estudo de

meta-anaacutelise O contato pele a pele da matildee com o receacutem-nascido por pelo menos 30 minutos

na primeira hora de vida aleacutem de propiciar o envolvimento matildee-filho e o aleitamento materno

eacute um indicativo de que o parto transcorreu adequadamente Aleacutem disso favorece o viacutenculo

afetivo propiciando o reconhecimento entre matildee e filho pode aumentar a autoestima materna

diminuir a ansiedade melhorar os sentimentos de aceitaccedilatildeo do seu novo papel e a satisfaccedilatildeo

durante o processo de parto (MOORE et al 2012)

Apesar de o contato pele a pele ser uma praacutetica demonstradamente uacutetil e que deve ser

encorajada no parto normal especificamente tambeacutem pode e deve ser promovida no parto

29

operatoacuterio Sousa (2013) verificou em sua pesquisa que dos 89 receacutem-nascidos vivos o

contato precoce entre matildee e filho foi garantido em mais de 77 dos partos embora a maior

frequecircncia tenha ocorrido entre os filhos nascidos de parto normal

Na maternidade do HRTN o contato pele a pele eacute incentivado e apoiado por toda a equipe

multiprofissional sendo uma praacutetica consolidada conforme apontam os resultados deste

estudo As parturientes devem ser orientadas sobre os benefiacutecios desta praacutetica e preparadas

para receber seus RN apoacutes o nascimento A assistecircncia ao RN estaacutevel deve ser feita

preferencialmente no colo da matildee e quando houver necessidade de encaminhar o RN ao

berccedilo aquecido assim que este estabelecer condiccedilotildees favoraacuteveis deve retornar para o contato

pele a pele Assim como o contato pele a pele a amamentaccedilatildeo na primeira hora de vida

tambeacutem deve ser apoiada e estimulada respeitando o desejo da mulher

No presente estudo o contato pele a pele na primeira hora de vida foi realizado em 9440 dos

partos Os 475 em que natildeo foi realizado pode ter como justificativa o nascimento de um RN

deprimido sem condiccedilotildees cliacutenicas de permanecer com a matildee e que necessitaram de

assistecircncia pediaacutetrica seja reanimaccedilatildeo neonatal ou transferecircncia para unidade neonatal

Tambeacutem pode ter como justificativa impossibilidade materna ou desejo de natildeo realizar contato

pele a pele

Pela pactuaccedilatildeo da maternidade em estudo com a SMSA-BH a meta eacute que 100 dos receacutem-

nascidos vivos realizem contato pele a pele efetivo na primeira hora de vida Considerando

todos os partos realizados na instituiccedilatildeo no mesmo periacuteodo deste estudo este indicador variou

entre 905 em abril de 2013 a 960 em agosto de 2013 segundo dados institucionais

fornecidos pela coordenaccedilatildeo a maternidade Estes dados sinalizam boa incorporaccedilatildeo desta

praacutetica pela equipe mas indicam tambeacutem necessidade de melhoria para que seja atingida a

meta

Acompanhante

A presenccedila de acompanhante durante todo o periacuteodo de internaccedilatildeo eacute um direito conquistado

pelas mulheres assegurado na Lei nordm 111082005 regulamentado pelo Ministeacuterio da Sauacutede

30

pela Portaria nordm 24182005 portanto obrigatoacuterio em todas as instituiccedilotildees sejam elas puacuteblicas

ou privadas (BRASIL 2005) Esta praacutetica eacute classificada pela OMS como demonstradamente uacutetil

e que deve ser estimulada (categoria A)

A presenccedila do acompanhante durante o processo de parturiccedilatildeo pode proporcionar bem-estar

fiacutesico e emocional agrave mulher e benefiacutecios clinicamente significativos ao binocircmio matildee-filho Os

efeitos do suporte agrave mulher foram encontrados em recente meta-anaacutelise e estatildeo associados agrave

menor duraccedilatildeo do trabalho de parto uso de ocitocina reduccedilatildeo de cesariana e de partos

vaginais instrumentais diminuindo ainda a utilizaccedilatildeo de analgesia intraparto e melhorando os

iacutendices de Apgar no quinto minuto (SOUSA 2013)

Outros estudos destacam ainda a importacircncia do acompanhante quando este se envolve natildeo

soacute no apoio fiacutesico e emocional mas tambeacutem no desenvolvimento junto agrave parturiente de accedilotildees

como massagem auxiacutelio e encorajamento durante a deambulaccedilatildeo banho e tambeacutem no

periacuteodo expulsivo o que proporciona tambeacutem maior grau de satisfaccedilatildeo com o parto Sousa

(2013) verificou em sua pesquisa que quase a totalidade (922) das mulheres assistidas em

uma instituiccedilatildeo de sauacutede da rede puacuteblica de Belo Horizonte permaneceu com o acompanhante

de sua escolha durante o periacuteodo de internaccedilatildeo sendo a maioria o companheiro pai da

crianccedila (627)

No HRTN a presenccedila de acompanhante familiar de livre escolha eacute uma praacutetica consolidada

pela instituiccedilatildeo e apoiada pela equipe multiprofissional A valorizaccedilatildeo do acompanhante deve

acontece em todas as etapas da internaccedilatildeo durante o trabalho de parto os acompanhantes

podem ser encorajados a participar ativamente no apoio agrave parturiente ofertando meacutetodos

alternativos para aliacutevio da dor como massagens por exemplo No momento do parto quando

possiacutevel pode ser oferecido ao familiar que corte o cordatildeo umbilical o que pode ter grande

representaccedilatildeo simboacutelica para aquela famiacutelia No puerpeacuterio os acompanhantes devem ser

orientados junto aacute mulher sobre os cuidados com o RN aleitamento materno e como apoiar a

matildee na nova fase

No presente estudo houve acompanhante familiar em 960 dos partos assistidos pelas

enfermeiras residentes Partos sem acompanhante familiar foram apenas 37 Estes dados

31

corroboram com a afirmaccedilatildeo de que a presenccedila do acompanhante familiar eacute uma praacutetica

consolidada e respeitada pela equipe da maternidade do HRTN

Analgesia

Meacutetodos natildeo farmacoloacutegicos

A OMS (1996) recomenda que o uso de meacutetodos natildeo farmacoloacutegicos para aliacutevio da dor deve

ser privilegiado durante a assistecircncia ao trabalho de parto considerando-os como ldquopraacuteticas

reconhecidamente uacuteteis e que devem ser estimuladasrdquo Categoria A na recomendaccedilatildeo de boas

praacuteticas na assistecircncia ao parto

Entre as praacuteticas natildeo medicamentosas tem-se estudado o uso de acupuntura acupressura

hipnose teacutecnicas de relaxamento e respiraccedilatildeo aplicaccedilatildeo de frio e calor aromaterapia

aacuteudioanalgesia massagem deambulaccedilatildeo e banho de imersatildeo durante o parto (SILVA 2011)

Em um estudo de revisatildeo sistemaacutetica foram incluiacutedos 14 ensaios com 1448 parturientes que

utilizaram diferentes formas de tratamento para a dor (acupuntura hipnose audioanalgesia

aromaterapia massagem e relaxamento) A hipnose mostrou-se efetiva em termos de reduzir a

necessidade de meacutetodos farmacoloacutegicos para aliacutevio da dor aumentando o grau de satisfaccedilatildeo

materna Maior chance de parto vaginal e reduccedilatildeo da necessidade de analgesia A acupuntura

tambeacutem se associou a uma menor intensidade da dor e reduccedilatildeo do uso de ocitocina A eficaacutecia

de meacutetodos como acupressatildeo aromaterapia aacuteudioanalgesia relaxamento e massagem natildeo foi

ainda estabelecida sendo necessaacuterios ensaios cliacutenicos randomizados para avaliaccedilatildeo dessas

terapias complementares para aliacutevio da dor durante o trabalho de parto (PORTO 2010)

Deve-se considerar que o suporte contiacutenuo intraparto e as posiccedilotildees verticalizadas durante o

parto tambeacutem se associam agrave reduccedilatildeo da dor e maior grau de satisfaccedilatildeo materna como jaacute

demonstrado em revisotildees sistemaacuteticas A imersatildeo em aacutegua em banheiras ou similares durante

o trabalho de parto tem sido investigada como um meacutetodo de promoccedilatildeo de relaxamento e aliacutevio

da dor Em uma revisatildeo sistemaacutetica de 11 ensaios cliacutenicos a imersatildeo em aacutegua foi associada agrave

reduccedilatildeo no uso de analgesia e reduccedilatildeo no relato de dor sem prejudicar a duraccedilatildeo do trabalho

de parto as taxas de partos ciruacutergicos ou o bem-estar neonatal (PORTO 2010)

32

A SMSA-BH recomenda que os meacutetodos natildeo farmacoloacutegicos para aliacutevio da dor sejam ofertados

a 100 das mulheres em trabalho de parto De acordo com dados institucionais fornecidos

pela coordenaccedilatildeo da maternidade a oferta variou entre 7571 em julho de 2013 a 8778 em

julho de 2013 considerando todos os partos realizados na instituiccedilatildeo no periacuteodo de abril de

2013 a abril de 2014

No livro fonte de dados deste estudo a oferta de meacutetodos natildeo farmacoloacutegicos natildeo eacute registrada

natildeo sendo possiacutevel quantificar estes dados nos partos assistidos por REO mas pode-se inferir

que esta eacute uma praacutetica adotada pelas enfermeiras obstetras e residentes quando se observa

por exemplo as baixas taxas de analgesia farmacoloacutegica em torno de 16 nos partos

assistidos por estas profissionais

Meacutetodos farmacoloacutegicos

Classicamente vaacuterios meacutetodos farmacoloacutegicos foram propostos mas existe consenso

atualmente de que se algum meacutetodo farmacoloacutegico for indicado para aliacutevio da dor durante o

trabalho de parto a analgesia regional com peridural ou teacutecnica combinada (raquidiana e

peridural) deve ser empregada preferencialmente em relaccedilatildeo ao uso de opioacuteides sistecircmicos ou

analgesia inalatoacuteria A teacutecnica ideal para analgesia de parto deveria ter miacutenima ou ausente

transferecircncia placentaacuteria ausecircncia de efeitos sobre o fluxo sanguiacuteneo uteroplacentaacuterio efeitos

miacutenimos e reversiacuteveis sobre o feto e neonato ausecircncia de efeito ocitoacutecico ou tocoliacutetico e

ausecircncia de bloqueio motor (PORTO 2010)

Uma revisatildeo sistemaacutetica realizada em 2011 incluindo 38 estudos comprovou a eficaacutecia da

analgesia peridural para reduccedilatildeo da dor de mulheres durante o processo de parto mas

tambeacutem revelou maior risco de parto instrumental maior necessidade de ocitocina e aumento

da duraccedilatildeo do segundo estaacutegio do parto Natildeo houve associaccedilatildeo dessa intervenccedilatildeo com risco

de cesariana cefaleacuteia e escores de Apgar menores que sete no quinto minuto (AMORIM

2011)

Na maternidade em estudo a analgesia farmacoloacutegica seja por teacutecnica peridural ou

raquianestesia eacute considerada um direito da mulher de acordo com os princiacutepios da

humanizaccedilatildeo e eacute ofertada conforme desejo da parturiente apoacutes a oferta de diferentes meacutetodos

33

natildeo farmacoloacutegicos para aliacutevio da dor e sob orientaccedilotildees sobre os riscos e benefiacutecios do

procedimento ou nos casos em que haacute indicaccedilatildeo cliacutenica para realizaccedilatildeo do mesmo A teacutecnica

de analgesia empregada na instituiccedilatildeo permite na maior parte dos casos a deambulaccedilatildeo

movimentaccedilatildeo e uso concomitante de outros meacutetodos alternativos de aliacutevio da dor como

chuveiro Isto pode influenciar para o desfecho favoraacutevel dos partos conforme mostram as

evidecircncias sobre movimentaccedilatildeo e verticalizaccedilatildeo durante o trabalho de parto

A SMSA-BH recomenda a utilizaccedilatildeo de analgesia quando esgotados os recursos natildeo

farmacoloacutegicos para aliacutevio da dor em torno de 30 dos partos normais A proporccedilatildeo de parto

normal com analgesia variou de 141 em janeiro de 2014 e 279 em agosto de 2013

considerando todos os partos realizados na instituiccedilatildeo no mesmo periacuteodo deste estudo

Considerando os 1434 assistidos por EO no periacuteodo do estudo 147 recebeu analgesia por

teacutecnica peridural e 11 raquidiana Os demais 841 dos partos foi sem analgesia

farmacoloacutegica

No presente estudo a analgesia farmacoloacutegica foi realizada em 176 dos partos sendo 166

por teacutecnica peridural e 11 raquidiana Analgesia natildeo foi realizada em 822 dos partos

assistidos por REO Estes dados demonstram que a oferta de meacutetodos natildeo farmacoloacutegicos

para aliacutevio da dor pode ter sido influenciado positivamente na escolha da parturiente em

receber ou natildeo a analgesia farmacoloacutegica

Laceraccedilotildees perineais

Laceraccedilotildees perineais satildeo traumas em estruturas componentes da vagina que podem ocorrer

de forma espontacircnea durante a passagem do feto pelo canal de parto ou em decorrecircncia de

episiotomia as quais podem se prolongar

A laceraccedilatildeo de primeiro grau eacute aquela que natildeo atinge nenhum muacutesculo estendendo-se atraveacutes

da fuacutercula mucosa vaginal e da pele Jaacute a laceraccedilatildeo de segundo grau acomete os muacutesculos

perineais poreacutem sem lesatildeo do esfiacutencter retal A laceraccedilatildeo de terceiro grau atinge essa

estrutura e algumas vezes prolonga-se ateacute a parede anterior do reto Neste uacuteltimo caso em

que a parede do reto eacute comprometida por vezes utiliza-se o termo laceraccedilatildeo de quarto grau

As laceraccedilotildees de primeiro e segundo grau satildeo consideradas leves e laceraccedilotildees de terceiro e

34

quarto grau satildeo consideradas graves pois podem levar agrave incontinecircncia urinaacuteria e fecal sendo

estas uacuteltimas mais raras (REZENDE 2005)

A ocorrecircncia de laceraccedilotildees perineais no parto normal depende de diversos fatores que podem

estar relacionados agraves condiccedilotildees maternas ao feto ao parto em si e ao prestador de serviccedilo

Embora estes fatores natildeo estejam definitivamente estabelecidos existem evidecircncias indicando

o local do parto e o profissional que assiste a escolaridade materna a paridade a altura do

periacuteneo a duraccedilatildeo do segundo estaacutegio do parto a cicatriz perineal anterior a infusatildeo de

ocitocina a posiccedilatildeo no parto a analgesia farmacoloacutegica os puxos dirigidos as manobras de

proteccedilatildeo perineal o peso e o periacutemetro cefaacutelico do RN como fatores relacionados entre

outros Quanto a integridade perineal sua chance aumenta entre as mulheres com um ou mais

partos vaginais anteriores (RIESCO et al 2011)

Estudos tambeacutem tecircm buscado associaccedilatildeo entre a posiccedilatildeo materna no parto e as laceraccedilotildees

perineais Sousa (2013) verificou que a posiccedilatildeo deitada de lado juntamente com a posiccedilatildeo de

coacutecoras foram as que tiveram maior ocorrecircncia de laceraccedilotildees de primeiro grau principalmente

com 750 e 833 dos casos respectivamente Essas duas posiccedilotildees tambeacutem foram as que

mais favoreceram para que as mulheres tivessem laceraccedilotildees na pesquisa desenvolvida por

Souza (2011) em um CPN do Rio de Janeiro com incidecircncia de 502 nos partos assistidos

em posiccedilatildeo lateral e 696 naqueles assistidos de coacutecoras Em ambas pesquisas a posiccedilatildeo de

Gaskin foi a que teve menor incidecircncia de traumas perineais seguida da posiccedilatildeo

sentadareclinada

Entre as principais morbidades relacionadas estatildeo a dor perineal e o sangramento aumentado

Apoacutes o parto tambeacutem podem surgir hematuacuteria incapacidade vesical e incontinecircncia urinaacuteria A

disfunccedilatildeo geniturinaacuteria e sexual produzida pelo trauma perineal pode ser tambeacutem devida agrave

perda ou diminuiccedilatildeo do tocircnus muscular perineal Poreacutem esse achado contrasta com dados de

outros estudos os quais concluiacuteram que a via de parto a paridade a idade materna o peso do

receacutem-nascido (RN) e a episiotomia natildeo foram fatores determinantes para a reduccedilatildeo da forccedila

muscular perineal Considerando os problemas em curto prazo (perda sanguiacutenea necessidade

de sutura e dor perineal) e em longo prazo (disfunccedilotildees intestinais urinaacuterias e sexuais)

35

associados ao trauma perineal no parto sua prevenccedilatildeo reduccedilatildeo e reparaccedilatildeo adequada satildeo

fatores importantes para as mulheres e os profissionais que as assistem (RIESCO 2010)

Considerando os 1434 partos assistidos por EO em 304 houve periacuteneo iacutentegro 447

laceraccedilotildees de primeiro grau 228 laceraccedilotildees de segundo grau 195 de terceiro grau e

014 de quarto grau Tais resultados satildeo proacuteximos aos verificados neste estudo e

associados com as baixas taxas de episiotomia nos partos assistidos pelas enfermeiras

residentes corroboram com a recomendaccedilatildeo do uso seletivo da episiotomia como um praacutetica

favoraacutevel

Escore de Apgar

O momento de transiccedilatildeo da vida intrauterina para extrauterina eacute crucial para o desenvolvimento

do bebecirc e deve ser minuciosamente preparado e vivenciado Eacute indispensaacutevel que nos

primeiros minutos de vida do neonato seja realizada avaliaccedilatildeo completa e sistemaacutetica visando

identificar desvios da normalidade e que forneccedila agraves informaccedilotildees baacutesicas sobre a vitalidade e a

adaptaccedilatildeo do RN agrave vida fora do ventre materno (BARBOSA 2006)

A avaliaccedilatildeo realizada imediatamente apoacutes o parto eacute composta pelo o escore de Apgar sendo

complementada com a avaliaccedilatildeo do aspecto geral a medida dos sinais vitais e medidas

antropomeacutetricas O iacutendice de Apgar avalia cinco criteacuterios cliacutenicos cor da pele frequecircncia

cardiacuteaca irritabilidade reflexa respiraccedilatildeo e tocircnus muscular O RN eacute avaliado no primeiro e no

quinto minuto de vida e cada criteacuterio garante de 0 a 2 pontos desencadeando assim uma soma

adequada entre 7 e 10 pontos Quando a soma total resulta em 4 a 6 pontos sugere dificuldade

moderada do RN em adaptar-se e menor que 4 pode indicar sofrimento Julga-se assim o grau

de adaptaccedilatildeo imediata e o grau de depressatildeo neuroloacutegica do RN nos primeiros cinco minutos

de vida (SBP 2011)

O iacutendice Apgar tem sido pouco utilizado para avaliar a qualidade de assistecircncia ao parto sendo

considerado um indicador pontual aleacutem de natildeo ser utilizado para determinar o iniacutecio da

reanimaccedilatildeo neonatal No entanto sua aplicaccedilatildeo permite avaliar a resposta do neonato agraves

manobras realizadas e a eficaacutecia dessas manobras O Apgar no quinto minuto eacute mais utilizado

36

para avaliaccedilatildeo da adaptaccedilatildeo do RN por melhor representa-la se comparado ao Apgar de

primeiro minuto Se o escore eacute inferior a 7 no 5ordm minuto recomenda-se realizaacute-lo a cada cinco

minutos ateacute 20 minutos de vida Eacute necessaacuterio documentar o escore de Apgar de maneira

concomitante agrave dos procedimentos de reanimaccedilatildeo executados (SBP 2011)

Eacute importante considerar que um Apgar baixo natildeo eacute necessariamente resultado de uma

assistecircncia ao parto e ao neonato inadequada assim como um bom iacutendice de Apgar natildeo indica

boa qualidade assistencial ao binocircmio Este iacutendice entretanto eacute um bom indicador para

resultados perinatais a longo prazo aleacutem de ser considerado importante preditor da avaliaccedilatildeo

do bem-estar e do prognoacutestico inicial do receacutem-nascido A avaliaccedilatildeo imediata do RN pode ser

feita por pediatra ou outro profissional capacitado para prestar a assistecircncia necessaacuteria desde

o suporte baacutesico ateacute a reanimaccedilatildeo neonatal Na maternidade do HRTN o pediatra eacute o

profissional responsaacutevel pela assistecircncia ao RN na sala de parto A instituiccedilatildeo possui UTI

neonatal para onde satildeo encaminhados os RN que necessitam de cuidados especiacuteficos Os

neonatos que apresentam boa vitalidade satildeo colocados em contato pele a pele com as matildees e

apoacutes permanecem em alojamento conjunto ateacute a alta

Pela SMSA-BH a meta de Apgar lt7 no quinto minuto eacute no maacuteximo 3 Este indicador variou

entre 08 em fevereiro de 2014 a 24 em novembro de 2013 considerando todos os partos

realizados na instituiccedilatildeo no mesmo periacuteodo do estudo ou seja esteve sempre dentro da meta

estabelecida

No presente estudo as dados sobre escore de Apgar foram divididos em Apgar lt7 (644) e gt7

(9356) no primeiro minuto lt7 (084) e gt 7 (9916) no quinto minuto Tais dados mostram

que a quase totalidade dos RN apresentava boas condiccedilotildees de vitalidade no primeiro e quinto

minuto A este dado se associa o incentivo e a alta taxa de contato pele a pele precoce sendo

um dos fatores que contribuem para melhor adaptaccedilatildeo a vida extrauterina aleacutem de assistecircncia

qualificada aos RN que necessitam de cuidados especiacuteficos ou reanimaccedilatildeo

37

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Os resultados deste estudo evidenciam que a assistecircncia ao parto prestada pelas residentes

em enfermagem obsteacutetrica foi coerente com as recomendaccedilotildees de boas praacuteticas em todos os

aspectos analisados consolidando as evidecircncias literaacuterias sobre a assistecircncia ao parto

promovida por enfermeiras obstetras Foi possiacutevel observar maioria de partos em posiccedilotildees

verticalizadas uso seletivo de episiotomia com baixa incidecircncia de laceraccedilotildees perineais

graves alto iacutendice de contato pele a pele presenccedila de acompanhante na maioria dos partos

baixas taxas de analgesia farmacoloacutegica e escores de Apgar que demonstram boa vitalidade

fetal em quase todos os receacutem-nascidos Diante do exposto eacute possiacutevel concluir que a atuaccedilatildeo

das enfermeiras residentes em enfermagem obsteacutetrica contribuiu para a obtenccedilatildeo de

resultados obsteacutetricos e neonatais favoraacuteveis na maternidade do HRTN

Devido agrave forma de organizaccedilatildeo e registro dos procedimentos no livro utilizado para coleta de

dados natildeo foi possiacutevel avaliar algumas praacuteticas obsteacutetricas tais como uso de ocitocina

amniotomia oferta de meacutetodos natildeo farmacoloacutegicos para aliacutevio da dor oferta de liacutequidos

durante o trabalho de parto e uso de partograma Estes dados seriam importantes para uma

anaacutelise mais detalhada sobre a assistecircncia ao parto Os dados institucionais fornecidos pela

coordenaccedilatildeo da maternidade forneceram uma dimensatildeo de algumas destas praacuteticas na

maternidade contudo natildeo foi possiacutevel neste estudo avaliar quantitativamente tais

procedimentos somente nos partos assistidos por enfermeiras residentes Sugere-se ampliaccedilatildeo

dos indicadores no livro de registro e padronizaccedilatildeo no seu preenchimento para melhor

qualificaccedilatildeo dos dados da assistecircncia ao parto prestada elas enfermeiras obstetrasresidentes

A capacitaccedilatildeo profissional no modelo de residecircncia eacute intensa e exige dedicaccedilatildeo A extensa

carga horaacuteria praacutetica aliada agrave teoria satildeo determinantes para uma formaccedilatildeo qualificada e

humana das enfermeiras residentes A possibilidade de atuar efetivamente na assistecircncia em

conjunto com outras categorias profissionais enriquece a formaccedilatildeo abrangendo diferentes

fases e situaccedilotildees do ciclo graviacutedico-puerperal Eacute importante salientar que a capacitaccedilatildeo das

enfermeiras obstetras nesta modalidade pioneira de residecircncia soacute foi possiacutevel graccedilas ao

estiacutemulo governamental com recursos provenientes do programa Rede Cegonha e os

esforccedilos conjuntos da Escola de Enfermagem da UFMG e demais instituiccedilotildees envolvidas

38

Os resultados deste estudo evidenciam a incorporaccedilatildeo do modelo assistencial humanizado e

baseado em evidecircncias cientiacuteficas pela equipe do HRTN O modelo colaborativo de assistecircncia

obsteacutetrica pode gerar resultados favoraacuteveis e promissores com as atuaccedilotildees complementares

entre as diferentes categorias profissionais A praacutetica supervisionada durante todo o processo

de formaccedilatildeo e a avaliaccedilatildeo constante das habilidades adquiridas pelas residentes satildeo

fundamentais para a consolidaccedilatildeo do conhecimento para maior seguranccedila das aprendizes e

para a oferta de uma assistecircncia qualificada e humanizada a mulher receacutem nascido e famiacutelia

A instituiccedilatildeo que acolhe as enfermeiras residentes obteacutem retorno positivo pois a atuaccedilatildeo

preceptorada das mesmas resulta em assistecircncia qualificada que atende a perspectiva da

praacutetica baseada em evidecircncia cientiacutefica segura com baixo custo e bons resultados obsteacutetricos

e neonatais Os resultados da atuaccedilatildeo das enfermeiras residentes refletem o modelo

institucional incorporado o qual eacute transmitido as residentes pelos preceptores O incentivo a

formaccedilatildeo de enfermeiras obstetras eacute fundamental para o fortalecimento desta categoria

profissional para maior inserccedilatildeo destas profissionais em espaccedilos aonde a assistecircncia ao parto

ainda eacute meacutedico-centrada e para mudanccedila do modelo obsteacutetrico hegemocircnico nacional

39

REFEREcircNCIAS

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AMORIM MMR SOUZA ASR PORTO AAF Indicaccedilotildees de cesariana baseadas em evidecircncias parte I FEMINA v 38 n 8 p 415-422 2010

AMORIM T e GUALDA DMR Coadjuvantes das mudanccedilas no contexto do ensino e da praacutetica da enfermagem obsteacutetrica Rev Rene Fortaleza 2011 outdez 12(4)833-40

BARBOSA R F et al Reanimaccedilatildeo Neonatal in ALVES FILHO N et al Perinatologia Baacutesica 3a ediccedilatildeo Guanabara Koogan Rio de Janeiro Cap21 p172 2006

BATALHA E O lugar das Enfermeiras e Obstetrizes Revista RADIS Ed 148 Jan 2015 P30 a 34

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Parto aborto e puerpeacuterio assistecircncia humanizada a mulher Brasiacutelia DF 2001

BRASIL Lei 11108 de 7 de abril de 2005 Altera a Lei 8080 de 19 de setembro de 1990 para garantir as parturientes o direito a presenccedila de acompanhante durante o trabalho de parto parto e poacutes-parto imediato no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede ndash SUS Brasiacutelia DF 07 abr 2005

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede Departamento de Accedilotildees Programaacuteticas Estrateacutegicas Aacuterea Teacutecnica de Sauacutede da Mulher Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos uma prioridade do governoMinisteacuterio da Sauacutede Secretaria de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede Departamento de Accedilotildees Programaacuteticas Estrateacutegicasndash Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 2005

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Poliacutetica Nacional de Planejamento Familiar Brasiacutelia DF 2007

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BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Iniciativa hospital amigo da crianccedila revista atualizada e ampliada para o cuidado integrado Brasiacutelia DF 2010

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Poliacutetica nacional de atenccedilatildeo integral a sauacutede da mulher princiacutepios e diretrizes Brasiacutelia DF 2011

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede Departamento de Atenccedilatildeo Baacutesica Atenccedilatildeo ao preacute-natal de baixo risco Ministeacuterio da Sauacutede Departamento de Atenccedilatildeo

40

Baacutesica ndash Brasiacutelia Editora do Ministeacuterio da Sauacutede 2012 318 p il ndash (Seacuterie A Normas e Manuais Teacutecnicos) (Cadernos de Atenccedilatildeo Baacutesica ndeg 32)

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BRASIL Presidecircncia da Repuacuteblica Objetivos de Desenvolvimento do Milecircnio Relatoacuterio Nacional de Acompanhamento Coordenaccedilatildeo Instituto de Pesquisa Econocircmica Aplicada e Secretaria de Planejamento e Investimentos Estrateacutegicos supervisatildeo Grupo Teacutecnico para o acompanhamento dos ODM - Brasiacutelia Ipea MP SPI 2014 208 p il graacutefs mapas color

NASCER NO BRASIL inqueacuterito sobre parto e nascimento Cadernos de Sauacutede Puacuteblica Vol30 supl1 Rio de Janeiro 2014 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophpscript=sci_issuetocamppid=0102 Acesso em 15 de junho de 2015

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41

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httpwwwwhointeportuguesepublicationspt Acesso em 09032015

PORTO AMF AMORIM MMR SOUZA ASR Assistecircncia ao primeiro periacuteodo do trabalho de parto baseada em evidecircncias FEMINA v 38 n 10 2010

RABELO LR OLIVEIRA DL Percepccedilotildees de enfermeiras obsteacutetricas sobre sua competecircncia na atenccedilatildeo ao parto normal hospitalar Rev Esc Enferm USP 2010 44(1)213-20 RAMOS HAC CUMAN RKN Fatores de risco para prematuridade pesquisa documental Esc Anna Nery Rev Enferm 2009 abr-jun 13 (2) 297-304 RIESCO MLG et al Episiotomia laceraccedilatildeo e integridade perineal em partos normais anaacutelise de fatores associados Rev Enferm UERJ v 19 n1 p 77-83 2011

REZENDE J Obstetriacutecia fundamental 2 ed Rio de Janeiro Guanabara Koogan 2005

ROCHA CR FONSECA LC Assistecircncia do enfermeiro obstetra a mulher parturiente em busca do respeito a natureza Rev de Pesq cuidado eacute fundamental v 2 n 2 p 807-816 2010

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SILVA JLCP SURITA FGC Idade materna resultados perinatais e via de parto Rev Bras Ginecol Obstet 2009 31(7) 321 ndash 5

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SOUSA AMM Praacuteticas obsteacutetricas na assistecircncia ao parto e nascimento em uma maternidade de Belo Horizonte Tese de mestrado Escola de Enfermagem da Universidade Federal de Minas Gerais Belo Horizonte 2013

SOUZA DOM Partos assistidos por enfermeiras praacuteticas obsteacutetricas realizadas no ambiente hospitalar no periacuteodo de 2004 a 2008 2011 84f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) Faculdade de Enfermagem da Universidade do Estado do Rio de Janeiro Rio de Janeiro RJ 2011

SOGC ndash Society of Obstetricians and Gynecologists of Canada Guidelines for the Management of Pregnancy at 41+0 to 42+0 Weeks JOGC september 2008

42

VOGT SE et al Caracteriacutesticas da assistecircncia ao trabalho de parto em trecircs modelos de atenccedilatildeo no SUS no Municiacutepio de Belo Horizonte Minas Gerais Brasil Cad Sauacutede Puacuteblica v 27 n 9 p 1789-1800 2011

ANEXO 1

RECOMENDACcedilOtildeES DE BOAS PRAacuteTICAS DE ASSISTEcircNCIA AO PARTO SEGUNDO

CLASSIFICACcedilAtildeO DO MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2001

CATEGORIA A - PRAacuteTICAS DEMONSTRADAMENTE UacuteTEIS E QUE DEVEM SER

ESTIMULADAS

Plano individual determinando onde e por quem o nascimento seraacute realizado feito em

conjunto com a mulher durante a gestaccedilatildeo e comunicado a seu maridocompanheiro

Avaliaccedilatildeo do risco gestacional durante o preacute-natal reavaliado a cada contato com o

sistema de sauacutede

Respeito agrave escolha da matildee sobre o local do parto

Fornecimento de assistecircncia obsteacutetrica no niacutevel mais perifeacuterico onde o parto for viaacutevel e

seguro e onde a mulher se sentir segura e confiante

Respeito ao direito da mulher agrave privacidade no local do parto

Apoio empaacutetico pelos prestadores de serviccedilo durante o trabalho de parto e parto

Respeito agrave escolha da mulher sobre seus acompanhantes durante o trabalho de parto e

parto

Fornecimento agraves mulheres sobre todas as informaccedilotildees e explicaccedilotildees que desejarem

Oferta de liacutequidos por via oral durante o trabalho de parto e parto

Monitoramento fetal por meio de ausculta intermitente

43

Monitoramento cuidadoso do progresso do parto por exemplo por meio do uso do

partograma da OMS

Monitoramento do bem-estar fiacutesico e emocional da mulher durante trabalho e parto e ao

teacutermino do processo de nascimento

Meacutetodos natildeo invasivos e natildeo farmacoloacutegicos de aliacutevio da dor como massagem e

teacutecnicas de relaxamento durante o trabalho de parto

Liberdade de posiccedilatildeo e movimento durante o trabalho de parto

Estiacutemulo a posiccedilotildees natildeo supinas durante o trabalho de parto

Uso rotineiro de ocitocina clampeamento tardio (1 a 3 minutos apoacutes o nascimento) e

traccedilatildeo controlada do cordatildeo durante o 3o estaacutegio do trabalho de parto

Condiccedilotildees esteacutereis ao cortar o cordatildeo

Prevenccedilatildeo da hipotermia do bebecirc

Contato pele a pele precoce entre matildee e filho e apoio ao iniacutecio da amamentaccedilatildeo na

primeira hora apoacutes o parto segundo as diretrizes da OMS sobre Aleitamento Materno

Exame rotineiro da placenta e membranas ovulares

CATEGORIA B - PRAacuteTICAS CLARAMENTE PREJUDICIAIS OU INEFICAZES E QUE DEVEM

SER ELIMINADAS

Uso rotineiro de enema

Uso rotineiro de tricotomia

Infusatildeo intravenosa de rotina no trabalho de parto

Cateterizaccedilatildeo venosa profilaacutetica de rotina

Uso rotineiro de posiccedilatildeo supina (decuacutebito dorsal) durante o trabalho de parto

44

Exame retal

Uso de pelvimetria por Raios-X

Amniotomia precoce de rotina para diminuir a duraccedilatildeo do trabalho de parto

Administraccedilatildeo de ocitoacutecitos em qualquer momento antes do parto de um modo que natildeo

permite controlar seus efeitos

Uso de rotina da posiccedilatildeo de litotomia com ou sem estribos durante o trabalho de parto

Esforccedilo de puxo prolongado e dirigido (manobra de Valsalva) durante o segundo

estaacutegio do trabalho de parto

Massagem e distensatildeo do periacuteneo durante o segundo estaacutegio do trabalho de parto

Uso liberal e rotineiro de episiotomia

Uso de comprimidos orais de ergometrina no terceiro estaacutegio do trabalho de parto com

o objetivo de evitar ou controlar hemorragias

Uso rotineiro de ergometrina parenteral no terceiro estaacutegio do trabalho de parto

Lavagem uterina rotineira apoacutes o parto

Revisatildeo uterina (exploraccedilatildeo manual) rotineira apoacutes o parto

CATEGORIA C - PRAacuteTICAS SEM EVIDEcircNCIAS SUFICIENTES PARA APOIAR UMA

RECOMENDACcedilAtildeO CLARA E QUE DEVEM SER UTILIZADAS COM CAUTELA ATEacute QUE

MAIS PESQUISAS ESCLARECcedilAM A QUESTAtildeO

Meacutetodos natildeo farmacoloacutegicos de aliacutevio de dor durante o trabalho parto como ervas

imersatildeo em aacuteguas e estimulaccedilatildeo dos nervos

Amniotomia e ocitocina precoce de rotina no primeiro estaacutegio do trabalho de parto para

prevenccedilatildeo de progresso inadequado do parto

Pressatildeo do fundo uterino durante o trabalho de parto

45

Manobras relacionadas agrave proteccedilatildeo do periacuteneo e ao manejo do poacutelo cefaacutelico no

momento do parto

Manipulaccedilatildeo ativa do feto no momento do parto

Estimulaccedilatildeo do mamilo para estimular a contratilidade uterina durante o terceiro estaacutegio

do trabalho de parto

CATEGORIA D - PRAacuteTICAS FREQUENTEMENTE USADAS DE MODO INADEQUADO

Restriccedilatildeo hiacutedrica e alimentar durante o trabalho de parto

Controle da dor por agentes sistecircmicos

Controle da dor por analgesia peridural

Monitoramento eletrocircnico fetal

Uso de maacutescaras e aventais esteacutereis durante a assistecircncia ao trabalho de parto

Exames vaginais repetidos ou frequumlentes especialmente por mais de um prestador de

serviccedilo

Correccedilatildeo da dinacircmica com utilizaccedilatildeo de ocitocina

Transferecircncia rotineira da parturiente para outra sala no iniacutecio do segundo estaacutegio do

trabalho de parto

Cateterizaccedilatildeo da bexiga

Estiacutemulo para o puxo quando se diagnostica dilataccedilatildeo cervical completa ou quase

completa antes que a mulher sinta o puxo involuntaacuterio

Clampeamento precoce do cordatildeo umbilical

Adesatildeo riacutegida a uma duraccedilatildeo estipulada do 2deg estaacutegio do trabalho de parto

Parto operatoacuterio e exploraccedilatildeo manual do uacutetero apoacutes o parto

46

ANEXO 2

47

48

ANEXO 3

49

Page 4: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS ESCOLA DE ENFERMAGEM … FINAL ANA … · inserção do estudo foi: partos assistidos por residentes em enfermagem obstétrica, independente se

4

SUMAacuteRIO

INTRODUCcedilAtildeO hellip 06

OBJETIVO 10

METODOLOGIA hellip 10

RESULTADOS hellip 14

TABELA 1 15

TABELA 2 17

DISCUSSAtildeO hellip 19

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS hellip 37

REFEREcircNCIAS 39

ANEXO 1 hellip 42

ANEXO 2 hellip 46

ANEXO 3 48

5

RESUMO

Trata-se de um estudo quantitativo retrospectivo que teve como objetivo descrever os indicadores

resultantes da assistecircncia ao parto normal prestada pelas enfermeiras residentes em enfermagem

obsteacutetrica (REO) da primeira turma da Escola de Enfermagem da UFMG na maternidade do Hospital

Risoleta Tolentino Neves em Belo Horizonte no periacuteodo de abril de 2013 a abril de 2014 Os dados foram

coletados a partir do livro de registro de partos assistidos pelas enfermeiras obstetras (EO) O criteacuterio de

inserccedilatildeo do estudo foi partos assistidos por residentes em enfermagem obsteacutetrica independente se

preceptorados por EO ou meacutedico obstetra As variaacuteveis de interesse foram idade materna nuacutemero de

gestaccedilotildees paridade idade gestacional posiccedilatildeo do parto episiotomia contato pele a pele presenccedila de

acompanhante analgesia farmacoloacutegica laceraccedilatildeo perineal e Apgar Os dados foram submetidos agrave

anaacutelise descritiva com caacutelculo da frequecircncia absoluta e relativa para as variaacuteveis categoacutericas e de desvio

padratildeo para as variaacuteveis contiacutenuas Dos 1434 partos assistidos por EO na maternidade do HRTN no

periacuteodo de 13 meses 714 foram com a participaccedilatildeo REO (498) A faixa etaacuteria predominante no estudo

foi de adultas jovens (695) seguida por adolescentes (202) Quanto ao nuacutemero de gestaccedilotildees 396

eram primigestas 298 secundigestas 143 tercigestas 161 tiveram quatro gestaccedilotildees anteriores

ou mais Multiacuteparas foram 557 e primiacuteparas 441 Quanto agrave idade gestacional encontraram-se partos

preacute-termo (63) termo (900) e poacutes-termo (04) e de idade gestacional desconhecida ou natildeo

informada (32) Em relaccedilatildeo agraves posiccedilotildees de parto a maior parte foi semi-sentada (647) seguida da

posiccedilatildeo no banquinho (168) Partos em posiccedilotildees natildeo supinas somaram aproximadamente 92 A taxa

de episiotomia foi 42 Na maior parte dos partos houve laceraccedilotildees de primeiro grau (460) e periacuteneo

iacutentegro (271) Laceraccedilotildees de terceiro (28) e quarto grau (02) apareceram em pequena proporccedilatildeo

O contato pele a pele na primeira hora de vida foi realizado em 944 Houve acompanhante familiar em

960 dos partos A analgesia farmacoloacutegica foi realizada em 166 por teacutecnica peridural e 11

raquidiana O Apgar no primeiro minuto foi gt 7 em 935 dos neonatos com meacutedia de 83 O Apgar no

quinto minuto foi gt7 em 991 dos RN com meacutedia de 93 Conclui-se que foram obtidos resultados

obsteacutetricos e neonatais favoraacuteveis com a atuaccedilatildeo das enfermeiras residentes na perspectiva da praacutetica

baseada em evidecircncia cientiacutefica e nos princiacutepios da humanizaccedilatildeo da assistecircncia A atuaccedilatildeo das

residentes reflete a praacutetica da preceptoria e o modelo institucional incorporado baseado em praacuteticas

humanizadas O incentivo agrave formaccedilatildeo de enfermeiras obstetras eacute fundamental para o fortalecimento da

categoria para maior inserccedilatildeo em espaccedilos onde a assistecircncia ao parto ainda eacute meacutedico-centrada para

mudanccedila do modelo obsteacutetrico hegemocircnico nacional e para melhoria da assistecircncia prestada agrave mulher

receacutem-nascido e famiacutelia

6

INTRODUCcedilAtildeO

Desde o surgimento da Poliacutetica Nacional de Atenccedilatildeo Integral agrave Sauacutede da Mulher do Programa

de Humanizaccedilatildeo no Preacute-Natal e Nascimento no final da deacutecada de 1990 e do Pacto Nacional

pela Reduccedilatildeo da Mortalidade Materna e Neonatal em 2004 diversas accedilotildees de sauacutede vecircm

sendo direcionadas a esses segmentos populacionais de forma mais sistemaacutetica no Sistema

Uacutenico de Sauacutede (SUS) como parte dos esforccedilos intergovernamentais para reduccedilatildeo dos

indicadores de morbimortalidade materno e infantil (CAVALCANTI et al 2013)

A partir do entendimento de que a morbimortalidade materna e infantil satildeo eventos complexos

e portanto multifatoriais essas questotildees permanecem como um desafio para o paiacutes Alguns

fatores tecircm dificultado a melhoria desses indicadores tais como o financiamento insuficiente a

deficiente regulaccedilatildeo do sistema de sauacutede a fragmentaccedilatildeo das accedilotildees e dos serviccedilos de sauacutede

a organizaccedilatildeo dos serviccedilos e ainda a produccedilatildeo do cuidado que tende a ldquomedicalizarrdquo e

ldquointervirrdquo desnecessariamente nos processos de gestaccedilatildeo parto e nascimento (CAVALCANTI

et al 2013)

Em 1996 a Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede (OMS) publicou um guia no qual dividiu as praacuteticas

obsteacutetricas no parto normal a partir de evidecircncias cientiacuteficas em quatro categorias A ndash

Praacuteticas demonstradamente uacuteteis e que devem ser encorajadas B ndash Praacuteticas claramente

prejudiciais ou ineficazes e que devem ser eliminadas C ndash Praacuteticas que natildeo existem evidecircncias

para apoiar sua recomendaccedilatildeo e devem ser utilizadas com cautela ateacute que novas pesquisas

esclareccedilam a questatildeo D ndash Praacuteticas que satildeo frequentemente utilizadas de modo inadequado

Tomando como base essa categorizaccedilatildeo da OMS em 2001 o Ministeacuterio da Sauacutede (MS)

apresentou uma publicaccedilatildeo semelhante sobre as condutas e praacuteticas no parto normal

modificadas pelas novas evidecircncias cientiacuteficas disponiacuteveis (OMS 1996 BRASIL 2001)

A OMS (1996) refere-se agraves enfermeiras obstetras como aquelas que prestam mais

adequadamente e com melhor custo-benefiacutecio a assistecircncia agrave gestaccedilatildeo e ao parto normal

com competecircncia para avaliar riscos e reconhecer complicaccedilotildees

Segundo a Lei 7498 de 25 de junho de 1986 a qual regulamenta o exerciacutecio profissional da

enfermagem cabe ao profissional enfermeiro prestar assistecircncia de enfermagem agrave gestante

7

parturiente e pueacuterpera acompanhamento da evoluccedilatildeo e do trabalho de parto assistecircncia ao

parto normal sem distoacutecia e ao receacutem-nascido Segundo o artigo 9ordm desta lei fica definido ainda

que agraves profissionais titulares de diploma ou certificados de Obstetriz ou de Enfermeira

Obsteacutetrica incumbe

I - prestaccedilatildeo de assistecircncia agrave parturiente e ao parto normal

II - identificaccedilatildeo das distoacutecias obsteacutetricas e tomada de providecircncias ateacute a chegada do meacutedico

III - realizaccedilatildeo de episiotomia e episiorrafia com aplicaccedilatildeo de anestesia local quando

necessaacuteria

Em meados dos anos de 1990 as enfermeiras obstetras comeccedilaram a se destacar no cenaacuterio

nacional ao adotarem em sua praacutetica assistencial as recomendaccedilotildees da OMS e do MS de boas

praacuteticas na assistecircncia ao parto (ANEXO 1) (OMS 1996) Gradativamente as enfermeiras

obstetras passaram a ocupar espaccedilos em diferentes instituiccedilotildees na assistecircncia ao parto em

conjunto com equipe multiprofissional

No Brasil estudos mostram que a presenccedila de enfermeiras obstetras reduz o excesso de

cesarianas desnecessaacuterias Em maternidades onde os partos satildeo assistidos por enfermeiras

obstetras ou obstetrizes a taxa de cesariana eacute 78 menor quando comparada aos hospitais

onde natildeo haacute presenccedila desse profissional no momento do parto Contudo apenas 16 dos

partos no paiacutes satildeo assistidos por tais profissionais em sua maioria pelo SUS (BATALHA

2015)

Para Sousa (2013) a adoccedilatildeo das boas praacuteticas assistenciais para o parto normal vem sendo

um dos grandes desafios para os serviccedilos e profissionais da sauacutede portanto permanecem

como objeto de avaliaccedilatildeo e discussatildeo em muitos estudos com o intuito de promover e

fortalecer o embasamento teoacuterico-cientiacutefico agrave praacutetica obsteacutetrica na perspectiva da humanizaccedilatildeo

e da formaccedilatildeo profissional voltada para a tais recomendaccedilotildees

Em 2000 a OMS estipulou Oito Objetivos de Desenvolvimento do Milecircnio (ODM) para 75

paiacuteses dentre os quais estaacute o Brasil Os objetivos 4 e 5 incluem respectivamente a reduccedilatildeo em

dois terccedilos da mortalidade na infacircncia (em crianccedilas menores de 5 anos) e a melhoria da sauacutede

materna com A) reduccedilatildeo em trecircs quartos da taxa de mortalidade materna com relaccedilatildeo ao niacutevel

8

observado em 1990 e B) universalizaccedilatildeo do acesso agrave sauacutede sexual e reprodutiva o que

envolve a assistecircncia ao parto por profissional capacitado (BRASIL 2014)

A taxa de mortalidade materna no Brasil no periacuteodo de 1990 a 2011 caiu em 55 passando de

141 para 64 oacutebitos por 100 mil nascidos vivos (BRASIL 2014) No ano de 2014 a OMS

divulgou um relatoacuterio sobre o andamento dos ODM nos paiacuteses participantes e com relaccedilatildeo a

mortalidade materna no Brasil entre os anos de 2000 e 2013 a queda foi de apenas 17

sendo o quarto mais lento dentre os 75 paiacuteses Eacute certo que natildeo se consiga atingir a meta de

35 mortes por 100000 NV pois o ritmo de queda eacute lento (OMS 2014)

Mesmo apoacutes a criaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas programas manuais e accedilotildees voltadas para

atenccedilatildeo aacute sauacutede da mulher receacutem-nascido (RN) e crianccedila como o incentivo a humanizaccedilatildeo da

assistecircncia ao parto e nascimento observa-se permanecircncia de taxas de mortalidade materna

elevadas no Brasil Soma-se a isto o modelo de assistecircncia obsteacutetrica predominantemente

medicalizado com pequena inserccedilatildeo de enfermeiras obstetras e com permanecircncia de praacuteticas

assistenciais sem base em evidecircncias cientiacuteficas na maior parte do paiacutes Um exemplo desse

contexto satildeo as elevadas taxas de cesarianas no Brasil atingindo a alarmante taxa de 52 em

2011 No setor puacuteblico esta taxa eacute de 46 e no privado 88 segundo dados da pesquisa

ldquoNascer no Brasil Inqueacuterito Nacional sobre Parto e Nascimentordquo da Fundaccedilatildeo Oswaldo Cruz

realizada entre os anos de 2011 e 2012 em todo territoacuterio nacional

Na tentativa de reverter este quadro o Ministeacuterio da Sauacutede elaborou em 2011 uma iniciativa

inovadora a estrateacutegia Rede Cegonha normatizada pela Portaria nordm 1459 A Rede Cegonha eacute

operacionalizada pelo SUS fundamentada nos princiacutepios da humanizaccedilatildeo e assistecircncia que

assegura agraves mulheres receacutem-nascidos e crianccedilas direitos tais como planejamento reprodutivo

atenccedilatildeo humanizada agrave gravidez parto e puerpeacuterio nascimento seguro crescimento e

desenvolvimento saudaacuteveis (BRASIL 2011)

Uma das diretrizes da Rede Cegonha consiste na mudanccedila do modelo da atenccedilatildeo aplicado ao

parto e ao nascimento com incentivo agraves praacuteticas voltadas para humanizaccedilatildeo baseadas em

evidecircncias cientiacuteficas Para a implementaccedilatildeo desse modelo eacute importante a intensificaccedilatildeo da

formaccedilatildeo e especializaccedilatildeo de profissionais em obstetriacutecia para que possam atuar no SUS

(BRASIL 2012)

9

Para atender a demanda de formaccedilatildeo destas profissionais foi criado o Programa Nacional de

Residecircncia em Enfermagem Obstetriacutecia (PRONAENF) uma iniciativa inovadora do governo

federal que forma enfermeiras obsteacutetricas nas regiotildees que aderiram agrave estrateacutegia Rede

Cegonha Participaram inicialmente 18 instituiccedilotildees de ensino em 13 unidades da federaccedilatildeo

com 156 bolsas financiadas pelo Ministeacuterio da Sauacutede e pelo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Os

profissionais atuam desde o preacute-natal e parto ateacute o nascimento e poacutes-parto dentro do

preconizado pela Rede Cegonha A estrateacutegia visa intensificar a assistecircncia integral agrave sauacutede

das mulheres e crianccedilas do planejamento reprodutivo ndash passando pela confirmaccedilatildeo da

gravidez parto puerpeacuterio ndash ateacute o segundo ano de vida do filho (BRASIL 2012)

Em marccedilo de 2013 a Escola de Enfermagem da Universidade Federal de Minas Gerais (EE-

UFMG) iniciou a primeira turma de residentes com 24 participantes desenvolvendo o ensino

cliacutenico em quatro campos de praacutetica Hospital das Cliacutenicas da UFMG (HC-UFMG) Hospital

Universitaacuterio Risoleta Tolentino Neves (HRTN) Hospital Sofia Feldman (HSF) sendo estas no

acircmbito hospitalar e Unidades de Sauacutede da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) no acircmbito da

atenccedilatildeo baacutesica Divididas entre os campos 24 enfermeiras residentes cumpriram carga horaacuteria

de 60 horas semanais sendo 48 horas de plantotildees e 12 horas de aulas teoacutericas na EEUFMG

Para Amorim e Gualda (2011) as mudanccedilas no modelo de ensino da enfermagem obsteacutetrica

satildeo fundamentais para a formaccedilatildeo ampla e de qualidade tanto no aspecto teoacuterico quanto

praacutetico Isso contribui para o desenvolvimento da atuaccedilatildeo competente e para o enfrentamento

do modelo assistencial hegemocircnico

O Programa de Residecircncia em Enfermagem Obsteacutetrica coordenado pela EEUFMG tem sido

desenvolvido em concordacircncia com estes princiacutepios e apesar das atividades praacuteticas terem

sido iniciadas em marccedilo de 2013 ateacute o momento natildeo foi realizada uma pesquisa para avaliar a

praacutetica obsteacutetrica das residentes na atenccedilatildeo ao parto normal nas maternidades envolvidas A

importacircncia da inserccedilatildeo das enfermeiras obstetras na assistecircncia a mulher em todo ciclo

graviacutedico puerperal na atenccedilatildeo ao parto normal na transformaccedilatildeo do modelo obsteacutetrico

hegemocircnico e na implementaccedilatildeo da praacutetica obsteacutetrica baseada em evidecircncias cientiacuteficas

confere relevacircncia a enfermagem obsteacutetrica como campo de pesquisa Considerando este

10

contexto propotildee-se um estudo sobre a assistecircncia ao parto normal prestada pelas enfermeiras

residentes da primeira turma da EE-UFMG na maternidade do Hospital Risoleta Tolentino

Neves na perspectiva de aprimorar o ensino a assistecircncia e a atuaccedilatildeo de futuras residentes

OBJETIVO

Descrever os indicadores resultantes da assistecircncia ao parto normal prestada pelas

enfermeiras residentes em enfermagem obsteacutetrica da primeira turma da Escola de Enfermagem

da UFMG na maternidade do Hospital Risoleta Tolentino Neves em Belo Horizonte no periacuteodo

de abril de 2013 a abril de 2014

METODOLOGIA

Estudo quantitativo restrospectivo desenvolvido na maternidade do HRTN em Belo Horizonte-

MG no periacuteodo de abril de 2013 a abril de 2014

Cenaacuterio

O Hospital Risoleta Tolentino Neves (HRTN) foi escolhido para este estudo dentre as demais

instituiccedilotildees de praacutetica da residecircncia por ser uma maternidade de referecircncia regional para

gestaccedilotildees de risco habitual por ter enfermeiras obstetras inseridas diretamente na assistecircncia

ao parto normal e por estar recebendo a primeira turma de residentes em enfermagem

obsteacutetrica na histoacuteria da instituiccedilatildeo

O hospital estaacute localizado na regiatildeo Norte de Belo Horizonte e mantem uma parceria de ensino

com a UFMG desde sua criaccedilatildeo A maternidade foi inaugurada em 30 de julho de 2007 e tem

como princiacutepio uma assistecircncia humanizada em que se valoriza o trabalho em equipe e um

ambiente que proporcione a mulher um atendimento diferenciado e com total seguranccedila Satildeo

assistidos em meacutedia 270 partos por mecircs com taxas de parto normal em torno de 80 Eacute

composta por dois leitos de pronto atendimento obsteacutetrico (admissatildeo) dois leitos de preacute-parto

(PP) trecircs leitos de PPP (preacutepartopoacutes) uma sala de litotomia e um centro ciruacutergico O

alojamento conjunto eacute composto por 25 leitos que recebem pueacuterperas receacutem-nascidos assim

11

como gestantes em tratamento cliacutenico 4 leitos ldquoCangururdquo para RN em ganho de peso 4 leitos

de internaccedilatildeo social para receber matildees com filhos internados na unidade de cuidados

progressivos aleacutem de uma Unidade de Cuidados Intensivos Neonatal (UCIN) A equipe de

enfermagem eacute composta por uma coordenadora 11 enfermeiras assistenciais 12 enfermeiras

obstetras e 54 teacutecnicos de enfermagem (PORTAL HRTN 2013)

As enfermeiras residentes atuam no centro obsteacutetrico em conjunto com equipe

multiprofissional a qual eacute composta por meacutedicos obstetras meacutedicos residentes em ginecologia

e obstetriacutecia anestesistas pediatras enfermeiras obstetras enfermeiros assistenciais e

teacutecnicos de enfermagem aleacutem de acadecircmicos de enfermagem e medicina da UFMG que

estagiam nesta instituiccedilatildeo Cada plantatildeo diurno ou noturno conta com duas enfermeiras

residentes que se dividem entre o bloco obsteacutetrico e o alojamento conjunto atuando

exclusivamente no local escalado portanto em todos os plantotildees haacute pelo menos uma

residente de enfermagem obsteacutetrica atuando na assistecircncia ao parto normal nesta

maternidade

A equipe presta assistecircncia baseada nos princiacutepios da humanizaccedilatildeo e do modelo colaborativo

Este modelo consiste na atuaccedilatildeo conjunta onde cada parte respeita a atuaccedilatildeo individual dos

membros da equipe que trabalha com metas e objetivos comuns As mulheres e suas famiacutelias

recebem acompanhamento multiprofissional com praacuteticas obsteacutetricas majoritariamente

baseadas em evidecircncias cientiacuteficas e na humanizaccedilatildeo da assistecircncia As parturientes satildeo

assistidas tanto por enfermeiras obstetras como por meacutedicos obstetras em todas as fases da

internaccedilatildeo A assistecircncia eacute compartilhada entre as diferentes categorias profissionais em

situaccedilotildees que variam desde a induccedilatildeo do trabalho de parto assistecircncia durante o trabalho de

parto parto nascimento ateacute o puerpeacuterio Os casos satildeo acompanhados de forma

compartilhada havendo comunicaccedilatildeo entre os membros da equipe Os partos normais podem

ser assistidos por residentes tanto enfermeiros como meacutedicos e ambos podem ser

preceptorados por enfermeiras obstetras ou meacutedicos obstetras o que permite uma atuaccedilatildeo

complementar entre as categorias que traz benefiacutecios ao serviccedilo e agrave parturiente Todos os

partos assistidos por enfermeiras obstetras satildeo registrados em um livro denominado ldquolivro de

registro de partos assistidos pelas enfermeiras obstetrasrdquo Os partos assistidos por residentes

em enfermagem obsteacutetrica tambeacutem satildeo registrados neste livro independente da preceptoria

12

mas eacute importante considerar que estes satildeo em sua maioria preceptorados por enfermeiras

obstetras

Fonte e coleta de dados

A fonte de informaccedilotildees para este estudo foi o ldquolivro de registro de partos assistidos pelas

enfermeiras obstetrasrdquo Os dados nele registrados satildeo data hora do parto nome da paciente

idade paridade idade gestacional posiccedilatildeo de parto realizaccedilatildeo de episiotomia e contato pele a

pele presenccedila de acompanhante se a parturiente recebeu analgesia e qual o tipo (peridural

raquianestesia) se houve laceraccedilatildeo perineal e qual o grau escore de Apgar do RN nome dos

profissionais que assistiram ao parto

O banco de dados foi constituiacutedo por 1434 partos registrados no livro no periacuteodo de treze

meses (abril de 2013 a abril de 2014) Os dados de cada parto foram digitados na iacutentegra no

programa Epi-Info versatildeo 353 Apoacutes a digitaccedilatildeo foram selecionados somente os partos que

atendiam ao criteacuterio para inserccedilatildeo no estudo parto assistido por residente em enfermagem

obsteacutetrica independente se preceptorado por enfermeira obstetra ou por meacutedico obstetra A

partir daiacute delimitou-se a populaccedilatildeo final deste estudo que foi de 714 partos Os dados natildeo

informados de cada variaacutevel foram excluiacutedos da amostra exceto na variaacutevel idade gestacional

Variaacuteveis de interesse

Apoacutes ter sido identificada a populaccedilatildeo deste estudo foram selecionadas onze variaacuteveis de

interesse sendo elas idade materna nuacutemero de gestaccedilotildees paridade idade gestacional

posiccedilatildeo do parto episiotomia contato pele a pele presenccedila de acompanhante analgesia

farmacoloacutegica laceraccedilatildeo perineal e escore de Apgar

A idade das mulheres assistidas pelas enfermeiras residentes foi classificada dentro do

intervalo de idade reprodutiva da seguinte forma

Entre 10 e 14 anos (adolescentes precoces)

Entre 15 e 19 anos (adolescentes)

13

Entre 20 e 34 anos (adultas jovens)

Acima de 35 anos (idade tardia)

Com relaccedilatildeo agrave paridade as mulheres foram divididas em primiacuteparas e multiacuteparas

No que se refere ao nuacutemero de gestaccedilotildees foram classificadas em primigestas secundigestas

tercigestas ou que tiveram quatro gestaccedilotildees anteriores ou mais

Com relaccedilatildeo aacute idade gestacional no parto a classificaccedilatildeo neste estudo foi

Preacute-termo (lt37 semanas)

Termo (entre 37 semanas e 41 semanas+6 dias)

Poacutes-termo (gt42 semanas)

Idade gestacional desconhecida natildeo informada

Na variaacutevel posiccedilatildeo de parto foram consideradas as seguintes posiccedilotildees semi-sentada sentada

no banquinho de coacutecoras em decuacutebito dorsal posiccedilatildeo litotocircmica em Gaskin decuacutebito lateral

em peacute e ajoelhada Em relaccedilatildeo agrave episiotomia contato pele a pele e presenccedila de

acompanhantes os dados foram classificados em SimNatildeo Quanto agraves laceraccedilotildees perineais foi

feita a seguinte classificaccedilatildeo periacuteneo iacutentegro laceraccedilatildeo de primeiro grau de segundo grau de

terceiro grau e de quarto grau Os dados sobre escore de Apgar foram divididos em lt7 e gt 7 no

primeiro e quinto minutos

Anaacutelise dos dados

As variaacuteveis foram submetidas agrave anaacutelise descritiva com caacutelculo da frequecircncia absoluta e

relativa para as variaacuteveis categoacutericas e de meacutedia e desvio padratildeo para as variaacuteveis contiacutenuas

Para o processamento e anaacutelise dos dados utilizou-se o software STATA (versatildeo 90)

14

Aspectos eacuteticos

Para realizaccedilatildeo do estudo o projeto de pesquisa teve aprovaccedilatildeo da Coordenaccedilatildeo do Programa

de Residecircncia em Enfermagem Obsteacutetrica da Escola de Enfermagem da Universidade Federal

de Minas Gerais

O estudo teve a anuecircncia da coordenaccedilatildeo da maternidade e foi aprovado pelo Nuacutecleo de

Ensino e Pesquisa (NEPE) do HRTN em 06082014 pelo parecer nordm 252014 conforme consta

no ANEXO 2

Foi aprovado pela Cacircmara Departamental do Departamento de Enfermagem Materno Infantil

(EMI) da EEUFMG em 10112014 conforme consta no ANEXO 3

RESULTADOS

No periacuteodo de treze meses de abril de 2013 a abril de 2014 foram registrados no livro 1434

partos Destes 714 foram com a participaccedilatildeo das residentes em enfermagem obsteacutetrica

representando 498 do total Os demais 720 partos (excluiacutedos da amostra) foram assistidos

pelas enfermeiras obstetras sozinhas ou com participaccedilatildeo de residentes em ginecologia e

obsteacutetrica acadecircmicos de enfermagem e medicina

Os resultados e sua distribuiccedilatildeo entre a variaacuteveis analisadas estatildeo representados nas tabelas a

seguir

15

TABELA 1

Perfil das gestantes assistidas por residentes em enfermagem obsteacutetrica em relaccedilatildeo a

idade materna paridade nuacutemero de gestaccedilotildees e idade gestacional Belo Horizonte MG

Variaacuteveis n

Idade Materna (anos)

10 ndash 14 6 08

15 ndash 19 144 202

20 - 34 498 695

gt 35 57 79

Paridade

Primiacuteparas 315 441

Multiacuteparas 398 557

Nuacutemero de Gestaccedilotildees

1 283 396

2 213 298

3 102 143

4 ou mais 115 161

Idade Gestacional

Preacute-termo (lt37 semanas) 45 63

Termo (37 - 41 semanas) 643 900

Poacutes-termo (gt 42 semanas) 3 04

Desconhecida natildeo informada 23 32

Variaacutevel N Meacutedia Desvio Padratildeo Miacutenimo Maacuteximo

Idade Gestacional 714 38 15 24 42

Idade Materna 705 24 60 14 44

16

Neste estudo a faixa etaacuteria predominante das mulheres assistidas por residentes em

enfermagem obsteacutetrica foi de adultas jovens com 695 seguida de adolescentes com 202

Os extremos etaacuterios adolescentes precoces e mulheres acima de 35 anos apareceram em

menor proporccedilatildeo sendo 08 e 79 respectivamente A meacutedia etaacuteria foi de 24 anos com

desvio padratildeo de 6 anos sendo que a menor idade encontrada entre as mulheres assistidas

por enfermeiras residentes foi 14 anos e a maior 44 anos

No que se refere ao nuacutemero de gestaccedilotildees o maior percentual foi de primigestas (396)

seguido das secundigestas (298) A partir daiacute observou-se diminuiccedilatildeo do percentual sendo

que tercigestas representaram 143 e o somatoacuterio das mulheres que tiveram quatro

gestaccedilotildees anteriores ou mais resultou em 161 O caso com maior nuacutemero de gestaccedilotildees

encontrado neste estudo foi de uma parturiente que estava em sua 13ordf gestaccedilatildeo

Com relaccedilatildeo agrave paridade as mulheres foram divididas em dois grupos primiacuteparas e multiacuteparas

sendo 441 e 557 respectivamente As mulheres que tiveram apenas uma gestaccedilatildeo ou

seja primigestas satildeo 396 e as primiacuteparas logo que natildeo tem partos vaginais anteriores satildeo

441 Isto evidencia que nem todas as primiacuteparas eram primigestas havendo abortamentos

ou gestaccedilotildees ectoacutepicas anteriores O somatoacuterio das mulheres que tiveram duas ou mais

gestaccedilotildees representou 602 Isso justifica o fato de haver maior percentual de multiacuteparas

quando se analisa paridade e ao mesmo tempo maior percentual de primigestas quando se

analisa nuacutemero de gestaccedilotildees entre as mulheres estudadas

17

TABELA 2

Indicadores da assistecircncia ao trabalho de parto e parto prestada pelas residentes em

enfermagem obsteacutetrica na maternidade do HRTN Belo Horizonte MG

Variaacuteveis N

Variaacuteveis n

Posiccedilatildeo do parto

Analgesia

Semi-sentada 462 647

Natildeo 587 822

Banquinho 120 168

Peridural 119 166

Coacutecoras 56 78

Raquidiana 8 11

Decuacutebito dorsal 23 32

Litotocircmica 20 28

Contato pele a pele

Sentada 9 12

Sim 674 944

Gaskin 7 09

Natildeo 34 47

Decuacutebito lateral 7 09

Em peacute 4 05

Acompanhante

Ajoelhada 2 02

Sim 686 960

Natildeo 27 37

Episiotomia

Sim 30 42

Apgar no 1ordm minuto

Natildeo 681 954

lt7 46 64

gt7 668 935

Laceraccedilatildeo

Natildeo 194 271

Apgar no 5ordm minuto

1ordm grau 329 460

lt7 6 08

2ordm grau 169 236

gt7 708 991

3ordm grau 20 28

4ordm grau 2 02

Variaacutevel N Meacutedia Desvio Padratildeo Miacutenimo Maacuteximo

Apgar no 1ordm minuto 714 83 13 0 10

Apgar no 5ordm minuto 714 93 07 0 10

18

Os resultados deste estudo mostram que a maioria dos partos assistidos por residentes em

enfermagem obsteacutetrica foram em posiccedilatildeo semi-sentada (647) as demais posiccedilotildees de parto

encontradas foram no banquinho (168) de coacutecoras (78) em decuacutebito dorsal (32) em

posiccedilatildeo litotocircmica (28) sentada (12) em Gaskin (09) em decuacutebito lateral (09) em

peacute (05) e ajoelhada (02) Considerando-se todas as posiccedilotildees de parto verticalizadas como

semi-sentada no banquinho Gaskin em peacute e ajoelhada encontrou-se uma taxa em torno de

92 de partos em posiccedilatildeo natildeo supina

A episiotomia foi realizada em apenas 420 dos partos Em 9538 dos casos as mulheres

foram poupadas deste procedimento Com relaccedilatildeo as laceraccedilotildees perineais a maioria das

mulheres apresentou laceraccedilotildees de primeiro grau (460) seguidas de periacuteneo iacutentegro

(271) Laceraccedilotildees de segundo grau acometeram 236 das mulheres Laceraccedilotildees graves

de terceiro grau (28) e de quarto grau (02) ocorreram em uma parcela pouco significativa

das mulheres assistidas pelas enfermeiras residentes

A analgesia farmacoloacutegica foi realizada em 177 das parturientes sendo em 166 por

teacutecnica peridural e 112 por teacutecnica raquidiana A analgesia farmacoloacutegica natildeo foi ofertada a

8221 das mulheres

O contato pele a pele na primeira hora de vida foi proporcionado a 9440 dos receacutem-

nascidos Em 47 a interaccedilatildeo pele a pele natildeo foi realizada

As parturientes contaram com a presenccedila de acompanhante familiar em 960 dos partos Os

partos sem acompanhante familiar representaram apenas 37

Os resultados sobre escore de Apgar foram gt7 no primeiro minuto em 935 dos neonatos e

gt7 no quinto minuto em 991 Tais dados mostram que a quase totalidade dos receacutem-

nascidos apresentava boas condiccedilotildees de vitalidade no primeiro e quinto minuto de vida

19

DISCUSSAtildeO

Idade materna Paridade Nuacutemero de gestaccedilotildees

Segundo o MS as mulheres em idade reprodutiva ou seja de 10 a 49 anos representam 65

do total da populaccedilatildeo feminina conformando um grupo social importante e que merece

atenccedilatildeo no que se refere agrave elaboraccedilatildeo de poliacuteticas de sauacutede (BRASIL 2011)

Silva (2009) cita que mulheres muito jovens ou muito idosas satildeo consideradas de maior risco

para resultados adversos e complicaccedilotildees gestacionais no parto e perinatais

A OMS considera gravidez na adolescecircncia aquela que ocorre em mulheres entre 10 e 19

anos sendo que gestantes com menos de 14 anos satildeo mais vulneraacuteveis e mais expostas agrave

morbimortalidade A gravidez na adolescecircncia estaacute relacionada aacute condiccedilotildees de escolaridade e

fatores socioeconocircmicos como escolaridade renda dentre outros e no que se refere aos

riscos os principais referidos por Santos at al (2014) satildeo prematuridade e baixo peso ao

nascer Jaacute Gravena (2013) refere que estatildeo relacionados agrave gravidez precoce riscos

aumentados ao receacutem-nascido de baixo peso ao nascer deficiecircncias de micronutrientes e

restriccedilatildeo do crescimento intrauterino levando a alteraccedilotildees na evoluccedilatildeo dessa gestaccedilatildeo e no

crescimento fetal o que pode resultar tambeacutem em parto prematuro

Cesar (2011) em estudo sobre gestaccedilatildeo na adolescecircncia encontrou 2018 de matildees

adolescentes e mostrou que estas estiveram de forma sistemaacutetica em desvantagem em

relaccedilatildeo agraves demais matildees tanto no que se refere a caracteriacutesticas socioeconocircmicas quanto na

assistecircncia recebida durante a gestaccedilatildeo e o parto Afirma que as adolescentes possuiacuteam pior

niacutevel de escolaridade e renda familiar viviam mais comumente sem companheiro realizaram

um menor nuacutemero de consultas de preacute-natal iniciaram estas consultas mais tardiamente

referiram com maior frequecircncia a presenccedila de anemia e corrimento vaginal patoloacutegico e foram

mais submetidas ao uso de foacutercipe e episiotomia Considerando-se as categorias adolescentes

precoces e adolescentes do presente estudo tem-se uma taxa de 210 proacutexima da

encontrada por Cesar (2011)

20

Mulheres entre 20 e 35 anos satildeo consideradas adultas jovens e apresentam resultados

obsteacutetricos e neonatais mais favoraacuteveis quando comparadas as adolescentes e a mulheres em

idade avanccedilada Neste estudo as adultas jovens representaram a maior parte da populaccedilatildeo

(695) Este achado corrobora para os resultados obsteacutetricos e neonatais favoraacuteveis aqui

verificados Gravena et al (2013) verificou em seu estudo que adolescentes e mulheres em

idade tardia tiveram probabilidade maior de parto cesaacutereo em relaccedilatildeo agraves adultas No que se

refere ao baixo peso ao nascer tanto as gestantes adolescentes quanto as em idade avanccedilada

apresentaram mais chance de possuiacuterem filhos receacutem-nascidos com baixo peso quando

comparadas as adultas

A taxa de fecundidade vem apresentando queda no Brasil nos uacuteltimos anos segundo dados do

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) em 2000 a taxa de fecundidade era de 24

filhos por mulher e em 2014 foi menor que 18 filhos por mulher (IBGE 2013) Dentre os vaacuterios

fatores que colaboraram para esta transiccedilatildeo na taxa de fecundidade encontram-se a

elaboraccedilatildeo e expansatildeo da estrateacutegia de sauacutede da famiacutelia e das poliacuteticas voltadas para a

mulher no ciclo graviacutedico puerperal principalmente a Poliacutetica Nacional de Direitos Sexuais e

Direitos Reprodutivos lanccedilada em 2005 e a Poliacutetica Nacional de Planejamento Familiar

elaborada em 2007 que permitiu as mulheres expansatildeo do acesso a informaccedilotildees sobre o

planejamento familiar reprodutivo e oferta de meacutetodos contraceptivos (BRASIL 2007)

Define-se gestaccedilatildeo tardia aquela que ocorre acima dos 35 anos e aquelas com mais de 45

anos satildeo consideradas gestaccedilotildees com idade materna avanccedilada Os nascimentos em mulheres

com 35 anos ou mais tem aumentado de forma consistente no Brasil tendecircncia observada

principalmente nos paiacuteses industrializados As mudanccedilas nos haacutebitos de vida como maior niacutevel

de escolaridade maior inserccedilatildeo no mercado de trabalho e na expectativa de vida da mulher

estimulam a postergaccedilatildeo do momento da primeira gravidez que acaba acontecendo em idades

superiores apoacutes serem atingidos outros objetivos de vida pessoais e profissionais Soma-se a

isso o advento da reproduccedilatildeo assistida que permite as mulheres engravidarem em idades mais

avanccediladas periacuteodo de comprovada diminuiccedilatildeo da fertilidade Haacute que se considerar que em

paiacuteses em desenvolvimento como o Brasil a maior parte das gestaccedilotildees tardias acontece em

situaccedilotildees de multiparidade o que tambeacutem envolve riscos (SILVA 2009)

21

A gestaccedilatildeo tardia apresenta risco similar a gestaccedilatildeo na adolescecircncia em alguns aspectos

conforme citado anteriormente e mais elevados em situaccedilotildees como abortamento espontacircneo

gravidez ectoacutepica anormalidades cromossocircmicas e malformaccedilotildees congecircnitas (SILVA 2009)

Gravena et al (2013) cita que nas mulheres com gestaccedilatildeo tardia tecircm sido observados mais

abortamentos espontacircneos e induzidos maior risco para mortalidade perinatal baixa vitalidade

do receacutem- nascido baixo peso ao nascer parto preacute-termo e fetos pequenos para idade

gestacional As gestaccedilotildees de mulheres de idade materna avanccedilada tecircm sido consideradas

como de alto risco em decorrecircncia principalmente da incidecircncia crescente de siacutendromes

hipertensivas ruptura prematura de membranas presenccedila de diabetes aleacutem de maior chance

do iacutendice de Apgar no quinto minuto ser menor que sete

Analisando os 1434 partos registrados no livro no mesmo periacuteodo e nos quais estatildeo incluiacutedos

os 714 partos das enfermeiras residentes o percentual de primiacuteparas e multiacuteparas foi de 415

e 583 respectivamente valores muito proacuteximos aos encontrados nos partos assistidos pelas

enfermeiras residentes

Idade gestacional

Conceitua-se gravidez preacute-termo aquela cuja idade gestacional encontra-se entre 22 e 37

semanas ou entre 154 a 259 dias (ACOG 2013) A prematuridade eacute um evento que afeta a

vida da famiacutelia e do RN de forma significativa envolvendo aspectos bioloacutegicos psicoloacutegicos e

sociais de difiacutecil mensuraccedilatildeo e que devem ser considerados pela equipe que assiste a famiacutelia

prematura (RAMOS 2009)

A prematuridade tem sido estudada como uma das causas importantes de mortalidade infantil

O receacutem-nascido imaturo apresenta desenvolvimento incompleto de oacutergatildeos como ceacuterebro e

pulmotildees aleacutem de limitaccedilatildeo da funccedilatildeo renal e imaturidade da funccedilatildeo hepaacutetica podendo sofrer

seacuterios comprometimentos ou intercorrecircncias (GRAVENA 2013) A literatura cita alguns fatores

de risco gestacionais associados agrave prematuridade tais como parto prematuro preacutevio gestaccedilatildeo

muacuteltipla histoacuteria materna de um ou mais abortos espontacircneos no segundo trimestre

comprimento cervical lt 30 cm baixo niacutevel socioeconocircmico idade materna lt18 anos ou gt40

22

anos primiparidade (mais frequente no primeiro filho) complicaccedilotildees maternas (cliacutenicas ou

obsteacutetricas) atividade fiacutesica aumentada tabagismo uso de cocaiacutena acompanhamento preacute-

natal inadequado ou ausente situaccedilotildees de alto estresse crescimento intrauterino restrito

(CIUR) anomalias congecircnitas polihidracircmnios ruptura prematura de membranas preacute-termo

(RPMPT) descolamento de placenta presenccedila de DIU mioma (particularmente submucoso ou

subplacentaacuterio) anomalias uterinas insuficiecircncia istmo-cervical infecccedilotildees maternas siacutendrome

antifosfoliacutepide trauma cirurgia (RAMOS 2009)

O American College of Obstetricians and Gynecologists (ACOG 2013) classifica a gravidez

aleacutem de 37 semanas da seguinte maneira

Termo precoce entre 37 semanas e 38 semanas e 6 dias

Termo completo entre 39 semanas e 40 semanas e 6 dias

Termo tardio entre 41 semanas e 41 semanas e 6 dias

Poacutes-termo 42 semanas em diante

Neste estudo a grande maioria dos partos assistidos pelas enfermeiras residentes foi de

gestaccedilotildees a termo (900) Tal fato se justifica pela maior atuaccedilatildeo da enfermagem obsteacutetrica

nas gestaccedilotildees de risco habitual A meacutedia de idade gestacional da amostra deste estudo foi de

38 semanas sendo a menor idade gestacional encontrada 24 semanas e a maior 42 semanas

Os partos preacute-termo e poacutes-termo ou seja de maior risco satildeo preferencialmente

acompanhados por meacutedico obstetra Eacute rotina da instituiccedilatildeo em estudo a induccedilatildeo do trabalho

de parto nas gestaccedilotildees acima de 41 semanas Tambeacutem por esse motivo pode-se justificar a

atuaccedilatildeo das enfermeiras residentes em menos de 05 de partos poacutes-termo

O ACOG define gestaccedilatildeo poacutes-termo ou gestaccedilatildeo prolongada como aquela que se estende

aleacutem de 42 semanas ou 294 dias de gestaccedilatildeo (ACOG 2013) Para Amorim (2010) as

gestaccedilotildees aleacutem de 42 semanas ocorrem em aproximadamente 5 dos casos jaacute as aleacutem de 41

semanas em cerca de 10 A causa mais comum de gestaccedilatildeo poacutes-termo eacute o erro de dataccedilatildeo

e quando realmente existe a causa eacute desconhecida sendo a primiparidade o principal fator de

risco associado Mais raramente outros fatores podem estar presentes como a anencefalia

23

deficiecircncia de sulfatase placentaacuteria feto do sexo masculino e predisposiccedilatildeo geneacutetica (BRASIL

2011) O maior temor relacionado agrave gestaccedilatildeo prolongada eacute de que ocorra insuficiecircncia

placentaacuteria com reduccedilatildeo do aporte de nutriente e oxigecircnio para o bebecirc o que pode acarretar

aumento da morbidade e mortalidade perinatal Com maior frequecircncia de morte perinatal

anormalidade da frequecircncia cardiacuteaca fetal intraparto eliminaccedilatildeo de mecocircnio macrossomia e

cesariana (AMORIM 2010)

No Brasil tem sido frequente a indicaccedilatildeo de cesariana quando a gestaccedilatildeo ultrapassa 40

semanas sobretudo no setor privado poreacutem esta conduta natildeo eacute corroborada por evidecircncias

Amorim (2010) em compilado sobre o tema cita uma revisatildeo sistemaacutetica publicada em 2003 na

qual concluiacuteram que a induccedilatildeo do parto a partir de 41 semanas quando comparada agrave conduta

expectante resultou em menor taxa de cesaacuterias (201 x 22) e de liacutequido amnioacutetico meconial

(224 x 277) poreacutem natildeo houve diferenccedila em termos de mortalidade perinatal escores de

Apgar admissatildeo em UTI neonatal e siacutendrome de aspiraccedilatildeo meconial Em 2012 outra revisatildeo

sistemaacutetica disponiacutevel na biblioteca Cochrane incluindo 22 ensaios cliacutenicos randomizados e

9383 mulheres submetidas aacute induccedilatildeo do parto mostrou reduccedilatildeo significativa do risco relativo de

morte perinatal e de cesariana Natildeo houve diferenccedila na taxa de natimortos ou de morte

neonatal nos dois grupos A incidecircncia da siacutendrome de aspiraccedilatildeo meconial foi menor no grupo

submetido agrave induccedilatildeo do parto poreacutem natildeo houve diferenccedila na frequecircncia de asfixia perinatal

baixos escores de Apgar e admissatildeo em UTI neonatal Os autores sugerem que a induccedilatildeo do

parto a partir de 41 semanas reduz as taxas de cesariana sem comprometer o prognoacutestico

perinatal Aleacutem disso o estudo mostrou maior satisfaccedilatildeo das gestantes submetidas agrave induccedilatildeo

do parto Recomenda-se que as mulheres sejam esclarecidas sobre riscos e benefiacutecios

associados agrave induccedilatildeo do parto a partir de 41 semanas (AMORIM 2010)

Posiccedilatildeo de parto

Os benefiacutecios da livre movimentaccedilatildeo da parturiente durante o trabalho de parto tais como a

reduccedilatildeo de sua duraccedilatildeo melhora do conforto materno e reduccedilatildeo do uso de analgeacutesicos satildeo

sustentados por evidecircncias cientiacuteficas (SOUSA 2013) A adoccedilatildeo de postura vertical e

movimentaccedilatildeo podem aleacutem de diminuir a dor materna facilitar a circulaccedilatildeo materno-fetal e a

descida do feto na pelve materna melhorar as contraccedilotildees uterinas e diminuir o trauma perineal

24

(SILVA 2011)

A OMS (1996) classifica como praacuteticas demonstradamente uacuteteis e que devem ser estimuladas

(categoria A) a liberdade de posiccedilatildeo e movimento durante o trabalho de parto e o estiacutemulo a

posiccedilotildees natildeo supinas durante o trabalho de parto Jaacute o uso rotineiro de posiccedilatildeo supina

(decuacutebito dorsal) durante o trabalho de parto e o uso de rotina da posiccedilatildeo de litotomia com ou

sem perneiras durante o trabalho de parto satildeo classificadas como praacuteticas claramente

prejudiciais e que devem ser eliminadas (categoria B)

Uma revisatildeo sistemaacutetica sobre assistecircncia ao segundo e terceiro periacuteodos do trabalho de parto

publicada em 2010 mostra que a posiccedilatildeo supina tem sido amplamente usada no segundo

periacuteodo do trabalho de parto contrariando a evidecircncia fisioloacutegica da reduccedilatildeo da eficiecircncia

uterina e do fluxo sanguiacuteneo placentaacuterio nessa posiccedilatildeo A posiccedilatildeo litotocircmica eacute ainda

recomendada em alguns tratados tradicionais de Obstetriacutecia mas as posiccedilotildees alternativas

incluem uma gama de posiccedilotildees que podem trazer benefiacutecios para o parto posiccedilatildeo lateral

(Sims) vertical (sentada semi-sentada de coacutecoras ou ajoelhada) e de quatro apoios A

imersatildeo em aacutegua durante o periacuteodo expulsivo do trabalho de parto aumentou o registro de

satisfaccedilatildeo por parte das parturientes no que diz respeito aos puxos mas ainda natildeo haacute

evidecircncias sobre os efeitos da imersatildeo em aacutegua no segundo estaacutegio especialmente sobre a

morbidade materna e neonatal (AMORIM 2010)

Estudos apontam que posiccedilotildees verticalizadas ou a posiccedilatildeo lateral associaram-se com reduccedilatildeo

da duraccedilatildeo do segundo periacuteodo do parto reduccedilatildeo nas anormalidades da frequecircncia cardiacuteaca

fetal bem como reduccedilatildeo de relatos de dor grave e episiotomia Ocorre no entanto maior perda

de sangue estimada (acima de 500 mL) sem repercussotildees cliacutenicas consideraacuteveis A conclusatildeo

dos revisores eacute que as mulheres devem ser encorajadas a parir na posiccedilatildeo que lhes for mais

confortaacutevel com o balanccedilo das evidecircncias a favor das posturas natildeo supinas (AMORIM 2010)

Mouta et al (2008) e Rocha Fonseca (2010) encontraram percentuais entre 50 e 78 de

posiccedilatildeo vertical em partos assistidos exclusivamente por enfermeiras obstetras em

maternidades puacuteblicas do Rio de Janeiro Em um CPN de Satildeo Paulo apenas 13 dos partos

foram assistidos em posiccedilatildeo horizontal contra 776 assistidos em posiccedilatildeo vertical (SOUZA

2011)

25

Sousa (2013) observou em seu estudo com 61 mulheres assistidas em Hospital da rede puacuteblica

de Belo Horizonte que mais de 75 pariram deitadas de costas com pernas levantadas sem

uso de perneiras As demais mulheres deram a luz em posiccedilatildeo de coacutecoras (98) deitada de

lado (66) sentadareclinada (66) ou Gaskin (16)

A maternidade do HRTN faz parte da rede de hospitais de Belo Horizonte que assinou o Termo

de Compromisso das Maternidades do SUS-BH estabelecido pela Comissatildeo Perinatal da

Secretaria Municipal de Sauacutede de Belo Horizonte (SMSA-BH) o qual estabelece metas para

diversos indicadores assistenciais objetivando humanizar a assistecircncia e reduzir as taxas de

cesariana nas maternidades da rede puacuteblica de Belo Horizonte No que se refere a posiccedilatildeo de

parto a SMSA-BH tem como meta que mais de 70 dos partos sejam realizados em posiccedilatildeo

natildeo supina Segundo dados institucionais fornecidos pela coordenaccedilatildeo da maternidade sobre

todos os partos do HRTN no mesmo periacuteodo deste estudo a taxa de partos em posiccedilatildeo natildeo

supina variou de 6202 em abril de 2014 a 8138 em abril de 2013

Diante dos resultados deste estudo eacute possiacutevel inferir que no HRTN a equipe incentiva e apoia o

uso de deambulaccedilatildeo e posiccedilotildees verticalizadas durante o trabalho de parto e periacuteodo expulsivo

As mulheres devem orientadas sobre os benefiacutecios da verticalizaccedilatildeo para a evoluccedilatildeo do

trabalho de parto No momento do parto deve haver incentivo agrave livre escolha da posiccedilatildeo dentro

das possibilidades da maternidade Ainda natildeo haacute disponibilidade de parto com imersatildeo em

aacutegua mas haacute quartos PPP (preacute-parto parto e poacutes-parto) com chuveiro bola suiacuteccedila banquinho

meia lua escada de Ling e espaccedilo fiacutesico que permite deambulaccedilatildeo Em alguns plantotildees a

equipe conta com a participaccedilatildeo das Doulas no cuidado agrave mulher em trabalho de parto

Os resultados deste estudo satildeo similares aos encontrados por Sousa (2013) o que mostra que

ambas as instituiccedilotildees componentes do SUS em Belo Horizonte que tem atuaccedilatildeo efetiva das

enfermeiras obstetras estimulam o parto em posiccedilotildees verticalizadas e provavelmente

respeitam a livre escolha da posiccedilatildeo de parto

O fato da maior parte dos partos serem em posiccedilatildeo semi-sentada gera certa inquietaccedilatildeo pois

26

sabe-se que esta posiccedilatildeo permite maior controle e melhor visibilidade sendo cocircmoda para o

profissional que assiste ao parto Outra justificativa possiacutevel para a grande porcentagem de

partos semi-sentada pode ser a falta de informaccedilatildeo eou orientaccedilatildeo das

mulheresacompanhantes sobre a possibilidade de parirem em outras posiccedilotildees que lhe sejam

confortaacuteveis Ressalta-se a necessidade de orientaccedilatildeo e incentivo quanto agrave liberdade de

posiccedilatildeo e sobre os benefiacutecios das posiccedilotildees verticalizadas para o trabalho de parto e periacuteodo

expulsivo desmitificando a claacutessica posiccedilatildeo de parto e empoderando-as a escolher a posiccedilatildeo

que lhes for mais confortaacutevel

Episiotomia

A episiotomia foi inicialmente proposta com o objetivo de facilitar o parto reduzindo o trauma

perineal e facilitando o reparo Entretanto natildeo obstante a indicaccedilatildeo de livros-texto sua

realizaccedilatildeo de rotina natildeo pode ser recomendada uma vez que existem vaacuterias evidecircncias de que

natildeo eacute necessaacuteria e de que pode ser prejudicial (AMORIM 2010)

Entre as principais morbidades relacionadas agrave episiotomia estatildeo a dor perineal e o

sangramento aumentado Nesses casos devido a urgecircncia os traumas perineais muitas vezes

satildeo suturados sem a boa visualizaccedilatildeo do local podendo produzir acidentes com lesatildeo no trato

geniturinaacuterio e nas estruturas do assoalho peacutelvico causando hipermobilidade uretral e prolapso

genital Apoacutes o parto tambeacutem podem surgir hematuacuteria incapacidade vesical e incontinecircncia

urinaacuteria (RIESCO et al 2011)

A OMS (1996) considera o uso liberal e rotineiro de episiotomia uma praacutetica claramente

prejudicial e que deve ser eliminada (categoria B) Embora os dados disponiacuteveis na literatura

revelem que a realizaccedilatildeo de episiotomia natildeo cumpre os objetivos que justificariam sua

realizaccedilatildeo de forma rotineira sejam eles a prevenccedilatildeo de lesotildees nas genitais da matildee ou na

cabeccedila do receacutem-nascido ainda hoje tal intervenccedilatildeo permanece sendo usada de forma

abusiva em muitas instituiccedilotildees de sauacutede

Em revisatildeo sistemaacutetica incluindo oito ensaios cliacutenicos (n=5541) observou-se que comparada

agrave episiotomia de rotina a episiotomia seletiva (com indicaccedilatildeo precisa) esteve associada com

27

menos trauma perineal grave menor necessidade de suturas menos complicaccedilotildees na

cicatrizaccedilatildeo e mais trauma perineal anterior Natildeo houve diferenccedila na frequecircncia de trauma

vaginal ou perineal grave dispareunia incontinecircncia urinaacuteria ou dor intensa Os revisores

recomendam que a episiotomia natildeo seja realizada rotineiramente e quando necessaacuteria seja

realizada com o consentimento poacutes-informaccedilatildeo da parturiente (AMORIM 2010)

Cesar (2011) encontrou ocorrecircncia meacutedia de episiotomia de 72 entre as 2557 gestantes

estudadas no Sul do Brasil Houve variaccedilatildeo de 86 entre as adolescentes e 66 entre as

demais matildees As taxas encontradas foram bastante elevadas principalmente entre as

adolescentes o que indica baixa incorporaccedilatildeo de praacuteticas baseadas em evidecircncia na

assistecircncia ao parto no cenaacuterio do estudo

Em contrapartida Sousa (2013) verificou em seu estudo em uma maternidade da rede puacuteblica

de Belo Horizonte iacutendice de episiotomia em torno de 11 e observou seguranccedila na praacutetica dos

profissionais de sauacutede envolvidos na assistecircncia ao parto da instituiccedilatildeo estudada no que se

refere ao uso seletivo desse procedimento e aos criteacuterios de utilizaccedilatildeo Tal instituiccedilatildeo tem

princiacutepios humanizados e grande inserccedilatildeo de enfermeiras obstetras na assistecircncia ao parto o

que pode tambeacutem ter justificado a baixa taxa de episiotomia encontrada

Considerando todos os partos realizados no HRTN no periacuteodo deste estudo a taxa de

episiotomia variou entre 90 em abril de 2013 a 149 em abril de 2014 A SMSA-BH tem

como meta de realizaccedilatildeo de episiotomia em menos de 30 dos partos vaginais Considerando

os 1434 partos assistidos por EO no mesmo periacuteodo a taxa de episiotomia foi de 46 o que

mostra uso criterioso do procedimento por parte desta categoria profissional

No presente estudo a taxa de episiotomia foi 42 Nestes casos a episiotomia pode ter sido

indicada devido a periacuteneo resistente no intuito de prevenir laceraccedilotildees graves mesmo que natildeo

haja respaldo cientiacutefico para tal praacutetica Tambeacutem em situaccedilotildees de estado fetal natildeo

tranquilizador durante o periacuteodo expulsivo jaacute com o feto em planos avanccedilados no intuito de

acelerar o nascimento ou mesmo por distoacutecia de ombro ou outra complicaccedilatildeo sendo uma

decisatildeo conjunta entre preceptor e residente Deve-se considerar que a baixas taxas de

28

episiotomia nos partos assistidos por enfermeiras residentes satildeo reflexo da atuaccedilatildeo da

preceptoria tanto de enfermeiras obstetras como de meacutedicos obstetras A episiotomia natildeo foi

realizada em 9538 dos partos o que mostra que as residentes em enfermagem obsteacutetrica

faziam uso seletivo do procedimento Um aspecto relevante deste estudo eacute que mesmo com a

baixa taxa de episiotomia encontrou-se pequenas taxas de laceraccedilotildees perineais de terceiro

(28) e quarto grau (028) Isso aponta para um modelo de assistecircncia obsteacutetrico com

incorporaccedilatildeo de praacuteticas baseadas em evidecircncias cientiacuteficas na maternidade do HRTN

Contato pele a pele

As praacuteticas referentes ao contato da matildee com seu bebecirc e ao aleitamento materno ainda na

sala de parto satildeo tambeacutem indicadores relevantes da qualidade da atenccedilatildeo ao parto

humanizado e segundo a OMS (1996) e MS (2001) deve ser encorajada no parto normal

(categoria A)

O passo quatro da Iniciativa Hospital Amigo da Crianccedila (IHAC) preconiza que os bebecircs que

tenham condiccedilotildees cliacutenicas favoraacuteveis permaneccedilam por pelo menos uma hora junto agrave pele da

matildee e que iniciem o aleitamento materno ainda na primeira meia hora apoacutes o nascimento

independentemente da via de parto (BRASIL 2010)

O contato pele a pele precoce melhora os resultados neonatais em termos de menor choro e

maior estabilidade cardiorrespiratoacuteria e aumenta significativamente o sucesso da

amamentaccedilatildeo sem efeitos negativos aparentes em curto e longo prazo segundo estudo de

meta-anaacutelise O contato pele a pele da matildee com o receacutem-nascido por pelo menos 30 minutos

na primeira hora de vida aleacutem de propiciar o envolvimento matildee-filho e o aleitamento materno

eacute um indicativo de que o parto transcorreu adequadamente Aleacutem disso favorece o viacutenculo

afetivo propiciando o reconhecimento entre matildee e filho pode aumentar a autoestima materna

diminuir a ansiedade melhorar os sentimentos de aceitaccedilatildeo do seu novo papel e a satisfaccedilatildeo

durante o processo de parto (MOORE et al 2012)

Apesar de o contato pele a pele ser uma praacutetica demonstradamente uacutetil e que deve ser

encorajada no parto normal especificamente tambeacutem pode e deve ser promovida no parto

29

operatoacuterio Sousa (2013) verificou em sua pesquisa que dos 89 receacutem-nascidos vivos o

contato precoce entre matildee e filho foi garantido em mais de 77 dos partos embora a maior

frequecircncia tenha ocorrido entre os filhos nascidos de parto normal

Na maternidade do HRTN o contato pele a pele eacute incentivado e apoiado por toda a equipe

multiprofissional sendo uma praacutetica consolidada conforme apontam os resultados deste

estudo As parturientes devem ser orientadas sobre os benefiacutecios desta praacutetica e preparadas

para receber seus RN apoacutes o nascimento A assistecircncia ao RN estaacutevel deve ser feita

preferencialmente no colo da matildee e quando houver necessidade de encaminhar o RN ao

berccedilo aquecido assim que este estabelecer condiccedilotildees favoraacuteveis deve retornar para o contato

pele a pele Assim como o contato pele a pele a amamentaccedilatildeo na primeira hora de vida

tambeacutem deve ser apoiada e estimulada respeitando o desejo da mulher

No presente estudo o contato pele a pele na primeira hora de vida foi realizado em 9440 dos

partos Os 475 em que natildeo foi realizado pode ter como justificativa o nascimento de um RN

deprimido sem condiccedilotildees cliacutenicas de permanecer com a matildee e que necessitaram de

assistecircncia pediaacutetrica seja reanimaccedilatildeo neonatal ou transferecircncia para unidade neonatal

Tambeacutem pode ter como justificativa impossibilidade materna ou desejo de natildeo realizar contato

pele a pele

Pela pactuaccedilatildeo da maternidade em estudo com a SMSA-BH a meta eacute que 100 dos receacutem-

nascidos vivos realizem contato pele a pele efetivo na primeira hora de vida Considerando

todos os partos realizados na instituiccedilatildeo no mesmo periacuteodo deste estudo este indicador variou

entre 905 em abril de 2013 a 960 em agosto de 2013 segundo dados institucionais

fornecidos pela coordenaccedilatildeo a maternidade Estes dados sinalizam boa incorporaccedilatildeo desta

praacutetica pela equipe mas indicam tambeacutem necessidade de melhoria para que seja atingida a

meta

Acompanhante

A presenccedila de acompanhante durante todo o periacuteodo de internaccedilatildeo eacute um direito conquistado

pelas mulheres assegurado na Lei nordm 111082005 regulamentado pelo Ministeacuterio da Sauacutede

30

pela Portaria nordm 24182005 portanto obrigatoacuterio em todas as instituiccedilotildees sejam elas puacuteblicas

ou privadas (BRASIL 2005) Esta praacutetica eacute classificada pela OMS como demonstradamente uacutetil

e que deve ser estimulada (categoria A)

A presenccedila do acompanhante durante o processo de parturiccedilatildeo pode proporcionar bem-estar

fiacutesico e emocional agrave mulher e benefiacutecios clinicamente significativos ao binocircmio matildee-filho Os

efeitos do suporte agrave mulher foram encontrados em recente meta-anaacutelise e estatildeo associados agrave

menor duraccedilatildeo do trabalho de parto uso de ocitocina reduccedilatildeo de cesariana e de partos

vaginais instrumentais diminuindo ainda a utilizaccedilatildeo de analgesia intraparto e melhorando os

iacutendices de Apgar no quinto minuto (SOUSA 2013)

Outros estudos destacam ainda a importacircncia do acompanhante quando este se envolve natildeo

soacute no apoio fiacutesico e emocional mas tambeacutem no desenvolvimento junto agrave parturiente de accedilotildees

como massagem auxiacutelio e encorajamento durante a deambulaccedilatildeo banho e tambeacutem no

periacuteodo expulsivo o que proporciona tambeacutem maior grau de satisfaccedilatildeo com o parto Sousa

(2013) verificou em sua pesquisa que quase a totalidade (922) das mulheres assistidas em

uma instituiccedilatildeo de sauacutede da rede puacuteblica de Belo Horizonte permaneceu com o acompanhante

de sua escolha durante o periacuteodo de internaccedilatildeo sendo a maioria o companheiro pai da

crianccedila (627)

No HRTN a presenccedila de acompanhante familiar de livre escolha eacute uma praacutetica consolidada

pela instituiccedilatildeo e apoiada pela equipe multiprofissional A valorizaccedilatildeo do acompanhante deve

acontece em todas as etapas da internaccedilatildeo durante o trabalho de parto os acompanhantes

podem ser encorajados a participar ativamente no apoio agrave parturiente ofertando meacutetodos

alternativos para aliacutevio da dor como massagens por exemplo No momento do parto quando

possiacutevel pode ser oferecido ao familiar que corte o cordatildeo umbilical o que pode ter grande

representaccedilatildeo simboacutelica para aquela famiacutelia No puerpeacuterio os acompanhantes devem ser

orientados junto aacute mulher sobre os cuidados com o RN aleitamento materno e como apoiar a

matildee na nova fase

No presente estudo houve acompanhante familiar em 960 dos partos assistidos pelas

enfermeiras residentes Partos sem acompanhante familiar foram apenas 37 Estes dados

31

corroboram com a afirmaccedilatildeo de que a presenccedila do acompanhante familiar eacute uma praacutetica

consolidada e respeitada pela equipe da maternidade do HRTN

Analgesia

Meacutetodos natildeo farmacoloacutegicos

A OMS (1996) recomenda que o uso de meacutetodos natildeo farmacoloacutegicos para aliacutevio da dor deve

ser privilegiado durante a assistecircncia ao trabalho de parto considerando-os como ldquopraacuteticas

reconhecidamente uacuteteis e que devem ser estimuladasrdquo Categoria A na recomendaccedilatildeo de boas

praacuteticas na assistecircncia ao parto

Entre as praacuteticas natildeo medicamentosas tem-se estudado o uso de acupuntura acupressura

hipnose teacutecnicas de relaxamento e respiraccedilatildeo aplicaccedilatildeo de frio e calor aromaterapia

aacuteudioanalgesia massagem deambulaccedilatildeo e banho de imersatildeo durante o parto (SILVA 2011)

Em um estudo de revisatildeo sistemaacutetica foram incluiacutedos 14 ensaios com 1448 parturientes que

utilizaram diferentes formas de tratamento para a dor (acupuntura hipnose audioanalgesia

aromaterapia massagem e relaxamento) A hipnose mostrou-se efetiva em termos de reduzir a

necessidade de meacutetodos farmacoloacutegicos para aliacutevio da dor aumentando o grau de satisfaccedilatildeo

materna Maior chance de parto vaginal e reduccedilatildeo da necessidade de analgesia A acupuntura

tambeacutem se associou a uma menor intensidade da dor e reduccedilatildeo do uso de ocitocina A eficaacutecia

de meacutetodos como acupressatildeo aromaterapia aacuteudioanalgesia relaxamento e massagem natildeo foi

ainda estabelecida sendo necessaacuterios ensaios cliacutenicos randomizados para avaliaccedilatildeo dessas

terapias complementares para aliacutevio da dor durante o trabalho de parto (PORTO 2010)

Deve-se considerar que o suporte contiacutenuo intraparto e as posiccedilotildees verticalizadas durante o

parto tambeacutem se associam agrave reduccedilatildeo da dor e maior grau de satisfaccedilatildeo materna como jaacute

demonstrado em revisotildees sistemaacuteticas A imersatildeo em aacutegua em banheiras ou similares durante

o trabalho de parto tem sido investigada como um meacutetodo de promoccedilatildeo de relaxamento e aliacutevio

da dor Em uma revisatildeo sistemaacutetica de 11 ensaios cliacutenicos a imersatildeo em aacutegua foi associada agrave

reduccedilatildeo no uso de analgesia e reduccedilatildeo no relato de dor sem prejudicar a duraccedilatildeo do trabalho

de parto as taxas de partos ciruacutergicos ou o bem-estar neonatal (PORTO 2010)

32

A SMSA-BH recomenda que os meacutetodos natildeo farmacoloacutegicos para aliacutevio da dor sejam ofertados

a 100 das mulheres em trabalho de parto De acordo com dados institucionais fornecidos

pela coordenaccedilatildeo da maternidade a oferta variou entre 7571 em julho de 2013 a 8778 em

julho de 2013 considerando todos os partos realizados na instituiccedilatildeo no periacuteodo de abril de

2013 a abril de 2014

No livro fonte de dados deste estudo a oferta de meacutetodos natildeo farmacoloacutegicos natildeo eacute registrada

natildeo sendo possiacutevel quantificar estes dados nos partos assistidos por REO mas pode-se inferir

que esta eacute uma praacutetica adotada pelas enfermeiras obstetras e residentes quando se observa

por exemplo as baixas taxas de analgesia farmacoloacutegica em torno de 16 nos partos

assistidos por estas profissionais

Meacutetodos farmacoloacutegicos

Classicamente vaacuterios meacutetodos farmacoloacutegicos foram propostos mas existe consenso

atualmente de que se algum meacutetodo farmacoloacutegico for indicado para aliacutevio da dor durante o

trabalho de parto a analgesia regional com peridural ou teacutecnica combinada (raquidiana e

peridural) deve ser empregada preferencialmente em relaccedilatildeo ao uso de opioacuteides sistecircmicos ou

analgesia inalatoacuteria A teacutecnica ideal para analgesia de parto deveria ter miacutenima ou ausente

transferecircncia placentaacuteria ausecircncia de efeitos sobre o fluxo sanguiacuteneo uteroplacentaacuterio efeitos

miacutenimos e reversiacuteveis sobre o feto e neonato ausecircncia de efeito ocitoacutecico ou tocoliacutetico e

ausecircncia de bloqueio motor (PORTO 2010)

Uma revisatildeo sistemaacutetica realizada em 2011 incluindo 38 estudos comprovou a eficaacutecia da

analgesia peridural para reduccedilatildeo da dor de mulheres durante o processo de parto mas

tambeacutem revelou maior risco de parto instrumental maior necessidade de ocitocina e aumento

da duraccedilatildeo do segundo estaacutegio do parto Natildeo houve associaccedilatildeo dessa intervenccedilatildeo com risco

de cesariana cefaleacuteia e escores de Apgar menores que sete no quinto minuto (AMORIM

2011)

Na maternidade em estudo a analgesia farmacoloacutegica seja por teacutecnica peridural ou

raquianestesia eacute considerada um direito da mulher de acordo com os princiacutepios da

humanizaccedilatildeo e eacute ofertada conforme desejo da parturiente apoacutes a oferta de diferentes meacutetodos

33

natildeo farmacoloacutegicos para aliacutevio da dor e sob orientaccedilotildees sobre os riscos e benefiacutecios do

procedimento ou nos casos em que haacute indicaccedilatildeo cliacutenica para realizaccedilatildeo do mesmo A teacutecnica

de analgesia empregada na instituiccedilatildeo permite na maior parte dos casos a deambulaccedilatildeo

movimentaccedilatildeo e uso concomitante de outros meacutetodos alternativos de aliacutevio da dor como

chuveiro Isto pode influenciar para o desfecho favoraacutevel dos partos conforme mostram as

evidecircncias sobre movimentaccedilatildeo e verticalizaccedilatildeo durante o trabalho de parto

A SMSA-BH recomenda a utilizaccedilatildeo de analgesia quando esgotados os recursos natildeo

farmacoloacutegicos para aliacutevio da dor em torno de 30 dos partos normais A proporccedilatildeo de parto

normal com analgesia variou de 141 em janeiro de 2014 e 279 em agosto de 2013

considerando todos os partos realizados na instituiccedilatildeo no mesmo periacuteodo deste estudo

Considerando os 1434 assistidos por EO no periacuteodo do estudo 147 recebeu analgesia por

teacutecnica peridural e 11 raquidiana Os demais 841 dos partos foi sem analgesia

farmacoloacutegica

No presente estudo a analgesia farmacoloacutegica foi realizada em 176 dos partos sendo 166

por teacutecnica peridural e 11 raquidiana Analgesia natildeo foi realizada em 822 dos partos

assistidos por REO Estes dados demonstram que a oferta de meacutetodos natildeo farmacoloacutegicos

para aliacutevio da dor pode ter sido influenciado positivamente na escolha da parturiente em

receber ou natildeo a analgesia farmacoloacutegica

Laceraccedilotildees perineais

Laceraccedilotildees perineais satildeo traumas em estruturas componentes da vagina que podem ocorrer

de forma espontacircnea durante a passagem do feto pelo canal de parto ou em decorrecircncia de

episiotomia as quais podem se prolongar

A laceraccedilatildeo de primeiro grau eacute aquela que natildeo atinge nenhum muacutesculo estendendo-se atraveacutes

da fuacutercula mucosa vaginal e da pele Jaacute a laceraccedilatildeo de segundo grau acomete os muacutesculos

perineais poreacutem sem lesatildeo do esfiacutencter retal A laceraccedilatildeo de terceiro grau atinge essa

estrutura e algumas vezes prolonga-se ateacute a parede anterior do reto Neste uacuteltimo caso em

que a parede do reto eacute comprometida por vezes utiliza-se o termo laceraccedilatildeo de quarto grau

As laceraccedilotildees de primeiro e segundo grau satildeo consideradas leves e laceraccedilotildees de terceiro e

34

quarto grau satildeo consideradas graves pois podem levar agrave incontinecircncia urinaacuteria e fecal sendo

estas uacuteltimas mais raras (REZENDE 2005)

A ocorrecircncia de laceraccedilotildees perineais no parto normal depende de diversos fatores que podem

estar relacionados agraves condiccedilotildees maternas ao feto ao parto em si e ao prestador de serviccedilo

Embora estes fatores natildeo estejam definitivamente estabelecidos existem evidecircncias indicando

o local do parto e o profissional que assiste a escolaridade materna a paridade a altura do

periacuteneo a duraccedilatildeo do segundo estaacutegio do parto a cicatriz perineal anterior a infusatildeo de

ocitocina a posiccedilatildeo no parto a analgesia farmacoloacutegica os puxos dirigidos as manobras de

proteccedilatildeo perineal o peso e o periacutemetro cefaacutelico do RN como fatores relacionados entre

outros Quanto a integridade perineal sua chance aumenta entre as mulheres com um ou mais

partos vaginais anteriores (RIESCO et al 2011)

Estudos tambeacutem tecircm buscado associaccedilatildeo entre a posiccedilatildeo materna no parto e as laceraccedilotildees

perineais Sousa (2013) verificou que a posiccedilatildeo deitada de lado juntamente com a posiccedilatildeo de

coacutecoras foram as que tiveram maior ocorrecircncia de laceraccedilotildees de primeiro grau principalmente

com 750 e 833 dos casos respectivamente Essas duas posiccedilotildees tambeacutem foram as que

mais favoreceram para que as mulheres tivessem laceraccedilotildees na pesquisa desenvolvida por

Souza (2011) em um CPN do Rio de Janeiro com incidecircncia de 502 nos partos assistidos

em posiccedilatildeo lateral e 696 naqueles assistidos de coacutecoras Em ambas pesquisas a posiccedilatildeo de

Gaskin foi a que teve menor incidecircncia de traumas perineais seguida da posiccedilatildeo

sentadareclinada

Entre as principais morbidades relacionadas estatildeo a dor perineal e o sangramento aumentado

Apoacutes o parto tambeacutem podem surgir hematuacuteria incapacidade vesical e incontinecircncia urinaacuteria A

disfunccedilatildeo geniturinaacuteria e sexual produzida pelo trauma perineal pode ser tambeacutem devida agrave

perda ou diminuiccedilatildeo do tocircnus muscular perineal Poreacutem esse achado contrasta com dados de

outros estudos os quais concluiacuteram que a via de parto a paridade a idade materna o peso do

receacutem-nascido (RN) e a episiotomia natildeo foram fatores determinantes para a reduccedilatildeo da forccedila

muscular perineal Considerando os problemas em curto prazo (perda sanguiacutenea necessidade

de sutura e dor perineal) e em longo prazo (disfunccedilotildees intestinais urinaacuterias e sexuais)

35

associados ao trauma perineal no parto sua prevenccedilatildeo reduccedilatildeo e reparaccedilatildeo adequada satildeo

fatores importantes para as mulheres e os profissionais que as assistem (RIESCO 2010)

Considerando os 1434 partos assistidos por EO em 304 houve periacuteneo iacutentegro 447

laceraccedilotildees de primeiro grau 228 laceraccedilotildees de segundo grau 195 de terceiro grau e

014 de quarto grau Tais resultados satildeo proacuteximos aos verificados neste estudo e

associados com as baixas taxas de episiotomia nos partos assistidos pelas enfermeiras

residentes corroboram com a recomendaccedilatildeo do uso seletivo da episiotomia como um praacutetica

favoraacutevel

Escore de Apgar

O momento de transiccedilatildeo da vida intrauterina para extrauterina eacute crucial para o desenvolvimento

do bebecirc e deve ser minuciosamente preparado e vivenciado Eacute indispensaacutevel que nos

primeiros minutos de vida do neonato seja realizada avaliaccedilatildeo completa e sistemaacutetica visando

identificar desvios da normalidade e que forneccedila agraves informaccedilotildees baacutesicas sobre a vitalidade e a

adaptaccedilatildeo do RN agrave vida fora do ventre materno (BARBOSA 2006)

A avaliaccedilatildeo realizada imediatamente apoacutes o parto eacute composta pelo o escore de Apgar sendo

complementada com a avaliaccedilatildeo do aspecto geral a medida dos sinais vitais e medidas

antropomeacutetricas O iacutendice de Apgar avalia cinco criteacuterios cliacutenicos cor da pele frequecircncia

cardiacuteaca irritabilidade reflexa respiraccedilatildeo e tocircnus muscular O RN eacute avaliado no primeiro e no

quinto minuto de vida e cada criteacuterio garante de 0 a 2 pontos desencadeando assim uma soma

adequada entre 7 e 10 pontos Quando a soma total resulta em 4 a 6 pontos sugere dificuldade

moderada do RN em adaptar-se e menor que 4 pode indicar sofrimento Julga-se assim o grau

de adaptaccedilatildeo imediata e o grau de depressatildeo neuroloacutegica do RN nos primeiros cinco minutos

de vida (SBP 2011)

O iacutendice Apgar tem sido pouco utilizado para avaliar a qualidade de assistecircncia ao parto sendo

considerado um indicador pontual aleacutem de natildeo ser utilizado para determinar o iniacutecio da

reanimaccedilatildeo neonatal No entanto sua aplicaccedilatildeo permite avaliar a resposta do neonato agraves

manobras realizadas e a eficaacutecia dessas manobras O Apgar no quinto minuto eacute mais utilizado

36

para avaliaccedilatildeo da adaptaccedilatildeo do RN por melhor representa-la se comparado ao Apgar de

primeiro minuto Se o escore eacute inferior a 7 no 5ordm minuto recomenda-se realizaacute-lo a cada cinco

minutos ateacute 20 minutos de vida Eacute necessaacuterio documentar o escore de Apgar de maneira

concomitante agrave dos procedimentos de reanimaccedilatildeo executados (SBP 2011)

Eacute importante considerar que um Apgar baixo natildeo eacute necessariamente resultado de uma

assistecircncia ao parto e ao neonato inadequada assim como um bom iacutendice de Apgar natildeo indica

boa qualidade assistencial ao binocircmio Este iacutendice entretanto eacute um bom indicador para

resultados perinatais a longo prazo aleacutem de ser considerado importante preditor da avaliaccedilatildeo

do bem-estar e do prognoacutestico inicial do receacutem-nascido A avaliaccedilatildeo imediata do RN pode ser

feita por pediatra ou outro profissional capacitado para prestar a assistecircncia necessaacuteria desde

o suporte baacutesico ateacute a reanimaccedilatildeo neonatal Na maternidade do HRTN o pediatra eacute o

profissional responsaacutevel pela assistecircncia ao RN na sala de parto A instituiccedilatildeo possui UTI

neonatal para onde satildeo encaminhados os RN que necessitam de cuidados especiacuteficos Os

neonatos que apresentam boa vitalidade satildeo colocados em contato pele a pele com as matildees e

apoacutes permanecem em alojamento conjunto ateacute a alta

Pela SMSA-BH a meta de Apgar lt7 no quinto minuto eacute no maacuteximo 3 Este indicador variou

entre 08 em fevereiro de 2014 a 24 em novembro de 2013 considerando todos os partos

realizados na instituiccedilatildeo no mesmo periacuteodo do estudo ou seja esteve sempre dentro da meta

estabelecida

No presente estudo as dados sobre escore de Apgar foram divididos em Apgar lt7 (644) e gt7

(9356) no primeiro minuto lt7 (084) e gt 7 (9916) no quinto minuto Tais dados mostram

que a quase totalidade dos RN apresentava boas condiccedilotildees de vitalidade no primeiro e quinto

minuto A este dado se associa o incentivo e a alta taxa de contato pele a pele precoce sendo

um dos fatores que contribuem para melhor adaptaccedilatildeo a vida extrauterina aleacutem de assistecircncia

qualificada aos RN que necessitam de cuidados especiacuteficos ou reanimaccedilatildeo

37

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Os resultados deste estudo evidenciam que a assistecircncia ao parto prestada pelas residentes

em enfermagem obsteacutetrica foi coerente com as recomendaccedilotildees de boas praacuteticas em todos os

aspectos analisados consolidando as evidecircncias literaacuterias sobre a assistecircncia ao parto

promovida por enfermeiras obstetras Foi possiacutevel observar maioria de partos em posiccedilotildees

verticalizadas uso seletivo de episiotomia com baixa incidecircncia de laceraccedilotildees perineais

graves alto iacutendice de contato pele a pele presenccedila de acompanhante na maioria dos partos

baixas taxas de analgesia farmacoloacutegica e escores de Apgar que demonstram boa vitalidade

fetal em quase todos os receacutem-nascidos Diante do exposto eacute possiacutevel concluir que a atuaccedilatildeo

das enfermeiras residentes em enfermagem obsteacutetrica contribuiu para a obtenccedilatildeo de

resultados obsteacutetricos e neonatais favoraacuteveis na maternidade do HRTN

Devido agrave forma de organizaccedilatildeo e registro dos procedimentos no livro utilizado para coleta de

dados natildeo foi possiacutevel avaliar algumas praacuteticas obsteacutetricas tais como uso de ocitocina

amniotomia oferta de meacutetodos natildeo farmacoloacutegicos para aliacutevio da dor oferta de liacutequidos

durante o trabalho de parto e uso de partograma Estes dados seriam importantes para uma

anaacutelise mais detalhada sobre a assistecircncia ao parto Os dados institucionais fornecidos pela

coordenaccedilatildeo da maternidade forneceram uma dimensatildeo de algumas destas praacuteticas na

maternidade contudo natildeo foi possiacutevel neste estudo avaliar quantitativamente tais

procedimentos somente nos partos assistidos por enfermeiras residentes Sugere-se ampliaccedilatildeo

dos indicadores no livro de registro e padronizaccedilatildeo no seu preenchimento para melhor

qualificaccedilatildeo dos dados da assistecircncia ao parto prestada elas enfermeiras obstetrasresidentes

A capacitaccedilatildeo profissional no modelo de residecircncia eacute intensa e exige dedicaccedilatildeo A extensa

carga horaacuteria praacutetica aliada agrave teoria satildeo determinantes para uma formaccedilatildeo qualificada e

humana das enfermeiras residentes A possibilidade de atuar efetivamente na assistecircncia em

conjunto com outras categorias profissionais enriquece a formaccedilatildeo abrangendo diferentes

fases e situaccedilotildees do ciclo graviacutedico-puerperal Eacute importante salientar que a capacitaccedilatildeo das

enfermeiras obstetras nesta modalidade pioneira de residecircncia soacute foi possiacutevel graccedilas ao

estiacutemulo governamental com recursos provenientes do programa Rede Cegonha e os

esforccedilos conjuntos da Escola de Enfermagem da UFMG e demais instituiccedilotildees envolvidas

38

Os resultados deste estudo evidenciam a incorporaccedilatildeo do modelo assistencial humanizado e

baseado em evidecircncias cientiacuteficas pela equipe do HRTN O modelo colaborativo de assistecircncia

obsteacutetrica pode gerar resultados favoraacuteveis e promissores com as atuaccedilotildees complementares

entre as diferentes categorias profissionais A praacutetica supervisionada durante todo o processo

de formaccedilatildeo e a avaliaccedilatildeo constante das habilidades adquiridas pelas residentes satildeo

fundamentais para a consolidaccedilatildeo do conhecimento para maior seguranccedila das aprendizes e

para a oferta de uma assistecircncia qualificada e humanizada a mulher receacutem nascido e famiacutelia

A instituiccedilatildeo que acolhe as enfermeiras residentes obteacutem retorno positivo pois a atuaccedilatildeo

preceptorada das mesmas resulta em assistecircncia qualificada que atende a perspectiva da

praacutetica baseada em evidecircncia cientiacutefica segura com baixo custo e bons resultados obsteacutetricos

e neonatais Os resultados da atuaccedilatildeo das enfermeiras residentes refletem o modelo

institucional incorporado o qual eacute transmitido as residentes pelos preceptores O incentivo a

formaccedilatildeo de enfermeiras obstetras eacute fundamental para o fortalecimento desta categoria

profissional para maior inserccedilatildeo destas profissionais em espaccedilos aonde a assistecircncia ao parto

ainda eacute meacutedico-centrada e para mudanccedila do modelo obsteacutetrico hegemocircnico nacional

39

REFEREcircNCIAS

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BRASIL Presidecircncia da Repuacuteblica Objetivos de Desenvolvimento do Milecircnio Relatoacuterio Nacional de Acompanhamento Coordenaccedilatildeo Instituto de Pesquisa Econocircmica Aplicada e Secretaria de Planejamento e Investimentos Estrateacutegicos supervisatildeo Grupo Teacutecnico para o acompanhamento dos ODM - Brasiacutelia Ipea MP SPI 2014 208 p il graacutefs mapas color

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42

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ANEXO 1

RECOMENDACcedilOtildeES DE BOAS PRAacuteTICAS DE ASSISTEcircNCIA AO PARTO SEGUNDO

CLASSIFICACcedilAtildeO DO MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2001

CATEGORIA A - PRAacuteTICAS DEMONSTRADAMENTE UacuteTEIS E QUE DEVEM SER

ESTIMULADAS

Plano individual determinando onde e por quem o nascimento seraacute realizado feito em

conjunto com a mulher durante a gestaccedilatildeo e comunicado a seu maridocompanheiro

Avaliaccedilatildeo do risco gestacional durante o preacute-natal reavaliado a cada contato com o

sistema de sauacutede

Respeito agrave escolha da matildee sobre o local do parto

Fornecimento de assistecircncia obsteacutetrica no niacutevel mais perifeacuterico onde o parto for viaacutevel e

seguro e onde a mulher se sentir segura e confiante

Respeito ao direito da mulher agrave privacidade no local do parto

Apoio empaacutetico pelos prestadores de serviccedilo durante o trabalho de parto e parto

Respeito agrave escolha da mulher sobre seus acompanhantes durante o trabalho de parto e

parto

Fornecimento agraves mulheres sobre todas as informaccedilotildees e explicaccedilotildees que desejarem

Oferta de liacutequidos por via oral durante o trabalho de parto e parto

Monitoramento fetal por meio de ausculta intermitente

43

Monitoramento cuidadoso do progresso do parto por exemplo por meio do uso do

partograma da OMS

Monitoramento do bem-estar fiacutesico e emocional da mulher durante trabalho e parto e ao

teacutermino do processo de nascimento

Meacutetodos natildeo invasivos e natildeo farmacoloacutegicos de aliacutevio da dor como massagem e

teacutecnicas de relaxamento durante o trabalho de parto

Liberdade de posiccedilatildeo e movimento durante o trabalho de parto

Estiacutemulo a posiccedilotildees natildeo supinas durante o trabalho de parto

Uso rotineiro de ocitocina clampeamento tardio (1 a 3 minutos apoacutes o nascimento) e

traccedilatildeo controlada do cordatildeo durante o 3o estaacutegio do trabalho de parto

Condiccedilotildees esteacutereis ao cortar o cordatildeo

Prevenccedilatildeo da hipotermia do bebecirc

Contato pele a pele precoce entre matildee e filho e apoio ao iniacutecio da amamentaccedilatildeo na

primeira hora apoacutes o parto segundo as diretrizes da OMS sobre Aleitamento Materno

Exame rotineiro da placenta e membranas ovulares

CATEGORIA B - PRAacuteTICAS CLARAMENTE PREJUDICIAIS OU INEFICAZES E QUE DEVEM

SER ELIMINADAS

Uso rotineiro de enema

Uso rotineiro de tricotomia

Infusatildeo intravenosa de rotina no trabalho de parto

Cateterizaccedilatildeo venosa profilaacutetica de rotina

Uso rotineiro de posiccedilatildeo supina (decuacutebito dorsal) durante o trabalho de parto

44

Exame retal

Uso de pelvimetria por Raios-X

Amniotomia precoce de rotina para diminuir a duraccedilatildeo do trabalho de parto

Administraccedilatildeo de ocitoacutecitos em qualquer momento antes do parto de um modo que natildeo

permite controlar seus efeitos

Uso de rotina da posiccedilatildeo de litotomia com ou sem estribos durante o trabalho de parto

Esforccedilo de puxo prolongado e dirigido (manobra de Valsalva) durante o segundo

estaacutegio do trabalho de parto

Massagem e distensatildeo do periacuteneo durante o segundo estaacutegio do trabalho de parto

Uso liberal e rotineiro de episiotomia

Uso de comprimidos orais de ergometrina no terceiro estaacutegio do trabalho de parto com

o objetivo de evitar ou controlar hemorragias

Uso rotineiro de ergometrina parenteral no terceiro estaacutegio do trabalho de parto

Lavagem uterina rotineira apoacutes o parto

Revisatildeo uterina (exploraccedilatildeo manual) rotineira apoacutes o parto

CATEGORIA C - PRAacuteTICAS SEM EVIDEcircNCIAS SUFICIENTES PARA APOIAR UMA

RECOMENDACcedilAtildeO CLARA E QUE DEVEM SER UTILIZADAS COM CAUTELA ATEacute QUE

MAIS PESQUISAS ESCLARECcedilAM A QUESTAtildeO

Meacutetodos natildeo farmacoloacutegicos de aliacutevio de dor durante o trabalho parto como ervas

imersatildeo em aacuteguas e estimulaccedilatildeo dos nervos

Amniotomia e ocitocina precoce de rotina no primeiro estaacutegio do trabalho de parto para

prevenccedilatildeo de progresso inadequado do parto

Pressatildeo do fundo uterino durante o trabalho de parto

45

Manobras relacionadas agrave proteccedilatildeo do periacuteneo e ao manejo do poacutelo cefaacutelico no

momento do parto

Manipulaccedilatildeo ativa do feto no momento do parto

Estimulaccedilatildeo do mamilo para estimular a contratilidade uterina durante o terceiro estaacutegio

do trabalho de parto

CATEGORIA D - PRAacuteTICAS FREQUENTEMENTE USADAS DE MODO INADEQUADO

Restriccedilatildeo hiacutedrica e alimentar durante o trabalho de parto

Controle da dor por agentes sistecircmicos

Controle da dor por analgesia peridural

Monitoramento eletrocircnico fetal

Uso de maacutescaras e aventais esteacutereis durante a assistecircncia ao trabalho de parto

Exames vaginais repetidos ou frequumlentes especialmente por mais de um prestador de

serviccedilo

Correccedilatildeo da dinacircmica com utilizaccedilatildeo de ocitocina

Transferecircncia rotineira da parturiente para outra sala no iniacutecio do segundo estaacutegio do

trabalho de parto

Cateterizaccedilatildeo da bexiga

Estiacutemulo para o puxo quando se diagnostica dilataccedilatildeo cervical completa ou quase

completa antes que a mulher sinta o puxo involuntaacuterio

Clampeamento precoce do cordatildeo umbilical

Adesatildeo riacutegida a uma duraccedilatildeo estipulada do 2deg estaacutegio do trabalho de parto

Parto operatoacuterio e exploraccedilatildeo manual do uacutetero apoacutes o parto

46

ANEXO 2

47

48

ANEXO 3

49

Page 5: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS ESCOLA DE ENFERMAGEM … FINAL ANA … · inserção do estudo foi: partos assistidos por residentes em enfermagem obstétrica, independente se

5

RESUMO

Trata-se de um estudo quantitativo retrospectivo que teve como objetivo descrever os indicadores

resultantes da assistecircncia ao parto normal prestada pelas enfermeiras residentes em enfermagem

obsteacutetrica (REO) da primeira turma da Escola de Enfermagem da UFMG na maternidade do Hospital

Risoleta Tolentino Neves em Belo Horizonte no periacuteodo de abril de 2013 a abril de 2014 Os dados foram

coletados a partir do livro de registro de partos assistidos pelas enfermeiras obstetras (EO) O criteacuterio de

inserccedilatildeo do estudo foi partos assistidos por residentes em enfermagem obsteacutetrica independente se

preceptorados por EO ou meacutedico obstetra As variaacuteveis de interesse foram idade materna nuacutemero de

gestaccedilotildees paridade idade gestacional posiccedilatildeo do parto episiotomia contato pele a pele presenccedila de

acompanhante analgesia farmacoloacutegica laceraccedilatildeo perineal e Apgar Os dados foram submetidos agrave

anaacutelise descritiva com caacutelculo da frequecircncia absoluta e relativa para as variaacuteveis categoacutericas e de desvio

padratildeo para as variaacuteveis contiacutenuas Dos 1434 partos assistidos por EO na maternidade do HRTN no

periacuteodo de 13 meses 714 foram com a participaccedilatildeo REO (498) A faixa etaacuteria predominante no estudo

foi de adultas jovens (695) seguida por adolescentes (202) Quanto ao nuacutemero de gestaccedilotildees 396

eram primigestas 298 secundigestas 143 tercigestas 161 tiveram quatro gestaccedilotildees anteriores

ou mais Multiacuteparas foram 557 e primiacuteparas 441 Quanto agrave idade gestacional encontraram-se partos

preacute-termo (63) termo (900) e poacutes-termo (04) e de idade gestacional desconhecida ou natildeo

informada (32) Em relaccedilatildeo agraves posiccedilotildees de parto a maior parte foi semi-sentada (647) seguida da

posiccedilatildeo no banquinho (168) Partos em posiccedilotildees natildeo supinas somaram aproximadamente 92 A taxa

de episiotomia foi 42 Na maior parte dos partos houve laceraccedilotildees de primeiro grau (460) e periacuteneo

iacutentegro (271) Laceraccedilotildees de terceiro (28) e quarto grau (02) apareceram em pequena proporccedilatildeo

O contato pele a pele na primeira hora de vida foi realizado em 944 Houve acompanhante familiar em

960 dos partos A analgesia farmacoloacutegica foi realizada em 166 por teacutecnica peridural e 11

raquidiana O Apgar no primeiro minuto foi gt 7 em 935 dos neonatos com meacutedia de 83 O Apgar no

quinto minuto foi gt7 em 991 dos RN com meacutedia de 93 Conclui-se que foram obtidos resultados

obsteacutetricos e neonatais favoraacuteveis com a atuaccedilatildeo das enfermeiras residentes na perspectiva da praacutetica

baseada em evidecircncia cientiacutefica e nos princiacutepios da humanizaccedilatildeo da assistecircncia A atuaccedilatildeo das

residentes reflete a praacutetica da preceptoria e o modelo institucional incorporado baseado em praacuteticas

humanizadas O incentivo agrave formaccedilatildeo de enfermeiras obstetras eacute fundamental para o fortalecimento da

categoria para maior inserccedilatildeo em espaccedilos onde a assistecircncia ao parto ainda eacute meacutedico-centrada para

mudanccedila do modelo obsteacutetrico hegemocircnico nacional e para melhoria da assistecircncia prestada agrave mulher

receacutem-nascido e famiacutelia

6

INTRODUCcedilAtildeO

Desde o surgimento da Poliacutetica Nacional de Atenccedilatildeo Integral agrave Sauacutede da Mulher do Programa

de Humanizaccedilatildeo no Preacute-Natal e Nascimento no final da deacutecada de 1990 e do Pacto Nacional

pela Reduccedilatildeo da Mortalidade Materna e Neonatal em 2004 diversas accedilotildees de sauacutede vecircm

sendo direcionadas a esses segmentos populacionais de forma mais sistemaacutetica no Sistema

Uacutenico de Sauacutede (SUS) como parte dos esforccedilos intergovernamentais para reduccedilatildeo dos

indicadores de morbimortalidade materno e infantil (CAVALCANTI et al 2013)

A partir do entendimento de que a morbimortalidade materna e infantil satildeo eventos complexos

e portanto multifatoriais essas questotildees permanecem como um desafio para o paiacutes Alguns

fatores tecircm dificultado a melhoria desses indicadores tais como o financiamento insuficiente a

deficiente regulaccedilatildeo do sistema de sauacutede a fragmentaccedilatildeo das accedilotildees e dos serviccedilos de sauacutede

a organizaccedilatildeo dos serviccedilos e ainda a produccedilatildeo do cuidado que tende a ldquomedicalizarrdquo e

ldquointervirrdquo desnecessariamente nos processos de gestaccedilatildeo parto e nascimento (CAVALCANTI

et al 2013)

Em 1996 a Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede (OMS) publicou um guia no qual dividiu as praacuteticas

obsteacutetricas no parto normal a partir de evidecircncias cientiacuteficas em quatro categorias A ndash

Praacuteticas demonstradamente uacuteteis e que devem ser encorajadas B ndash Praacuteticas claramente

prejudiciais ou ineficazes e que devem ser eliminadas C ndash Praacuteticas que natildeo existem evidecircncias

para apoiar sua recomendaccedilatildeo e devem ser utilizadas com cautela ateacute que novas pesquisas

esclareccedilam a questatildeo D ndash Praacuteticas que satildeo frequentemente utilizadas de modo inadequado

Tomando como base essa categorizaccedilatildeo da OMS em 2001 o Ministeacuterio da Sauacutede (MS)

apresentou uma publicaccedilatildeo semelhante sobre as condutas e praacuteticas no parto normal

modificadas pelas novas evidecircncias cientiacuteficas disponiacuteveis (OMS 1996 BRASIL 2001)

A OMS (1996) refere-se agraves enfermeiras obstetras como aquelas que prestam mais

adequadamente e com melhor custo-benefiacutecio a assistecircncia agrave gestaccedilatildeo e ao parto normal

com competecircncia para avaliar riscos e reconhecer complicaccedilotildees

Segundo a Lei 7498 de 25 de junho de 1986 a qual regulamenta o exerciacutecio profissional da

enfermagem cabe ao profissional enfermeiro prestar assistecircncia de enfermagem agrave gestante

7

parturiente e pueacuterpera acompanhamento da evoluccedilatildeo e do trabalho de parto assistecircncia ao

parto normal sem distoacutecia e ao receacutem-nascido Segundo o artigo 9ordm desta lei fica definido ainda

que agraves profissionais titulares de diploma ou certificados de Obstetriz ou de Enfermeira

Obsteacutetrica incumbe

I - prestaccedilatildeo de assistecircncia agrave parturiente e ao parto normal

II - identificaccedilatildeo das distoacutecias obsteacutetricas e tomada de providecircncias ateacute a chegada do meacutedico

III - realizaccedilatildeo de episiotomia e episiorrafia com aplicaccedilatildeo de anestesia local quando

necessaacuteria

Em meados dos anos de 1990 as enfermeiras obstetras comeccedilaram a se destacar no cenaacuterio

nacional ao adotarem em sua praacutetica assistencial as recomendaccedilotildees da OMS e do MS de boas

praacuteticas na assistecircncia ao parto (ANEXO 1) (OMS 1996) Gradativamente as enfermeiras

obstetras passaram a ocupar espaccedilos em diferentes instituiccedilotildees na assistecircncia ao parto em

conjunto com equipe multiprofissional

No Brasil estudos mostram que a presenccedila de enfermeiras obstetras reduz o excesso de

cesarianas desnecessaacuterias Em maternidades onde os partos satildeo assistidos por enfermeiras

obstetras ou obstetrizes a taxa de cesariana eacute 78 menor quando comparada aos hospitais

onde natildeo haacute presenccedila desse profissional no momento do parto Contudo apenas 16 dos

partos no paiacutes satildeo assistidos por tais profissionais em sua maioria pelo SUS (BATALHA

2015)

Para Sousa (2013) a adoccedilatildeo das boas praacuteticas assistenciais para o parto normal vem sendo

um dos grandes desafios para os serviccedilos e profissionais da sauacutede portanto permanecem

como objeto de avaliaccedilatildeo e discussatildeo em muitos estudos com o intuito de promover e

fortalecer o embasamento teoacuterico-cientiacutefico agrave praacutetica obsteacutetrica na perspectiva da humanizaccedilatildeo

e da formaccedilatildeo profissional voltada para a tais recomendaccedilotildees

Em 2000 a OMS estipulou Oito Objetivos de Desenvolvimento do Milecircnio (ODM) para 75

paiacuteses dentre os quais estaacute o Brasil Os objetivos 4 e 5 incluem respectivamente a reduccedilatildeo em

dois terccedilos da mortalidade na infacircncia (em crianccedilas menores de 5 anos) e a melhoria da sauacutede

materna com A) reduccedilatildeo em trecircs quartos da taxa de mortalidade materna com relaccedilatildeo ao niacutevel

8

observado em 1990 e B) universalizaccedilatildeo do acesso agrave sauacutede sexual e reprodutiva o que

envolve a assistecircncia ao parto por profissional capacitado (BRASIL 2014)

A taxa de mortalidade materna no Brasil no periacuteodo de 1990 a 2011 caiu em 55 passando de

141 para 64 oacutebitos por 100 mil nascidos vivos (BRASIL 2014) No ano de 2014 a OMS

divulgou um relatoacuterio sobre o andamento dos ODM nos paiacuteses participantes e com relaccedilatildeo a

mortalidade materna no Brasil entre os anos de 2000 e 2013 a queda foi de apenas 17

sendo o quarto mais lento dentre os 75 paiacuteses Eacute certo que natildeo se consiga atingir a meta de

35 mortes por 100000 NV pois o ritmo de queda eacute lento (OMS 2014)

Mesmo apoacutes a criaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas programas manuais e accedilotildees voltadas para

atenccedilatildeo aacute sauacutede da mulher receacutem-nascido (RN) e crianccedila como o incentivo a humanizaccedilatildeo da

assistecircncia ao parto e nascimento observa-se permanecircncia de taxas de mortalidade materna

elevadas no Brasil Soma-se a isto o modelo de assistecircncia obsteacutetrica predominantemente

medicalizado com pequena inserccedilatildeo de enfermeiras obstetras e com permanecircncia de praacuteticas

assistenciais sem base em evidecircncias cientiacuteficas na maior parte do paiacutes Um exemplo desse

contexto satildeo as elevadas taxas de cesarianas no Brasil atingindo a alarmante taxa de 52 em

2011 No setor puacuteblico esta taxa eacute de 46 e no privado 88 segundo dados da pesquisa

ldquoNascer no Brasil Inqueacuterito Nacional sobre Parto e Nascimentordquo da Fundaccedilatildeo Oswaldo Cruz

realizada entre os anos de 2011 e 2012 em todo territoacuterio nacional

Na tentativa de reverter este quadro o Ministeacuterio da Sauacutede elaborou em 2011 uma iniciativa

inovadora a estrateacutegia Rede Cegonha normatizada pela Portaria nordm 1459 A Rede Cegonha eacute

operacionalizada pelo SUS fundamentada nos princiacutepios da humanizaccedilatildeo e assistecircncia que

assegura agraves mulheres receacutem-nascidos e crianccedilas direitos tais como planejamento reprodutivo

atenccedilatildeo humanizada agrave gravidez parto e puerpeacuterio nascimento seguro crescimento e

desenvolvimento saudaacuteveis (BRASIL 2011)

Uma das diretrizes da Rede Cegonha consiste na mudanccedila do modelo da atenccedilatildeo aplicado ao

parto e ao nascimento com incentivo agraves praacuteticas voltadas para humanizaccedilatildeo baseadas em

evidecircncias cientiacuteficas Para a implementaccedilatildeo desse modelo eacute importante a intensificaccedilatildeo da

formaccedilatildeo e especializaccedilatildeo de profissionais em obstetriacutecia para que possam atuar no SUS

(BRASIL 2012)

9

Para atender a demanda de formaccedilatildeo destas profissionais foi criado o Programa Nacional de

Residecircncia em Enfermagem Obstetriacutecia (PRONAENF) uma iniciativa inovadora do governo

federal que forma enfermeiras obsteacutetricas nas regiotildees que aderiram agrave estrateacutegia Rede

Cegonha Participaram inicialmente 18 instituiccedilotildees de ensino em 13 unidades da federaccedilatildeo

com 156 bolsas financiadas pelo Ministeacuterio da Sauacutede e pelo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Os

profissionais atuam desde o preacute-natal e parto ateacute o nascimento e poacutes-parto dentro do

preconizado pela Rede Cegonha A estrateacutegia visa intensificar a assistecircncia integral agrave sauacutede

das mulheres e crianccedilas do planejamento reprodutivo ndash passando pela confirmaccedilatildeo da

gravidez parto puerpeacuterio ndash ateacute o segundo ano de vida do filho (BRASIL 2012)

Em marccedilo de 2013 a Escola de Enfermagem da Universidade Federal de Minas Gerais (EE-

UFMG) iniciou a primeira turma de residentes com 24 participantes desenvolvendo o ensino

cliacutenico em quatro campos de praacutetica Hospital das Cliacutenicas da UFMG (HC-UFMG) Hospital

Universitaacuterio Risoleta Tolentino Neves (HRTN) Hospital Sofia Feldman (HSF) sendo estas no

acircmbito hospitalar e Unidades de Sauacutede da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) no acircmbito da

atenccedilatildeo baacutesica Divididas entre os campos 24 enfermeiras residentes cumpriram carga horaacuteria

de 60 horas semanais sendo 48 horas de plantotildees e 12 horas de aulas teoacutericas na EEUFMG

Para Amorim e Gualda (2011) as mudanccedilas no modelo de ensino da enfermagem obsteacutetrica

satildeo fundamentais para a formaccedilatildeo ampla e de qualidade tanto no aspecto teoacuterico quanto

praacutetico Isso contribui para o desenvolvimento da atuaccedilatildeo competente e para o enfrentamento

do modelo assistencial hegemocircnico

O Programa de Residecircncia em Enfermagem Obsteacutetrica coordenado pela EEUFMG tem sido

desenvolvido em concordacircncia com estes princiacutepios e apesar das atividades praacuteticas terem

sido iniciadas em marccedilo de 2013 ateacute o momento natildeo foi realizada uma pesquisa para avaliar a

praacutetica obsteacutetrica das residentes na atenccedilatildeo ao parto normal nas maternidades envolvidas A

importacircncia da inserccedilatildeo das enfermeiras obstetras na assistecircncia a mulher em todo ciclo

graviacutedico puerperal na atenccedilatildeo ao parto normal na transformaccedilatildeo do modelo obsteacutetrico

hegemocircnico e na implementaccedilatildeo da praacutetica obsteacutetrica baseada em evidecircncias cientiacuteficas

confere relevacircncia a enfermagem obsteacutetrica como campo de pesquisa Considerando este

10

contexto propotildee-se um estudo sobre a assistecircncia ao parto normal prestada pelas enfermeiras

residentes da primeira turma da EE-UFMG na maternidade do Hospital Risoleta Tolentino

Neves na perspectiva de aprimorar o ensino a assistecircncia e a atuaccedilatildeo de futuras residentes

OBJETIVO

Descrever os indicadores resultantes da assistecircncia ao parto normal prestada pelas

enfermeiras residentes em enfermagem obsteacutetrica da primeira turma da Escola de Enfermagem

da UFMG na maternidade do Hospital Risoleta Tolentino Neves em Belo Horizonte no periacuteodo

de abril de 2013 a abril de 2014

METODOLOGIA

Estudo quantitativo restrospectivo desenvolvido na maternidade do HRTN em Belo Horizonte-

MG no periacuteodo de abril de 2013 a abril de 2014

Cenaacuterio

O Hospital Risoleta Tolentino Neves (HRTN) foi escolhido para este estudo dentre as demais

instituiccedilotildees de praacutetica da residecircncia por ser uma maternidade de referecircncia regional para

gestaccedilotildees de risco habitual por ter enfermeiras obstetras inseridas diretamente na assistecircncia

ao parto normal e por estar recebendo a primeira turma de residentes em enfermagem

obsteacutetrica na histoacuteria da instituiccedilatildeo

O hospital estaacute localizado na regiatildeo Norte de Belo Horizonte e mantem uma parceria de ensino

com a UFMG desde sua criaccedilatildeo A maternidade foi inaugurada em 30 de julho de 2007 e tem

como princiacutepio uma assistecircncia humanizada em que se valoriza o trabalho em equipe e um

ambiente que proporcione a mulher um atendimento diferenciado e com total seguranccedila Satildeo

assistidos em meacutedia 270 partos por mecircs com taxas de parto normal em torno de 80 Eacute

composta por dois leitos de pronto atendimento obsteacutetrico (admissatildeo) dois leitos de preacute-parto

(PP) trecircs leitos de PPP (preacutepartopoacutes) uma sala de litotomia e um centro ciruacutergico O

alojamento conjunto eacute composto por 25 leitos que recebem pueacuterperas receacutem-nascidos assim

11

como gestantes em tratamento cliacutenico 4 leitos ldquoCangururdquo para RN em ganho de peso 4 leitos

de internaccedilatildeo social para receber matildees com filhos internados na unidade de cuidados

progressivos aleacutem de uma Unidade de Cuidados Intensivos Neonatal (UCIN) A equipe de

enfermagem eacute composta por uma coordenadora 11 enfermeiras assistenciais 12 enfermeiras

obstetras e 54 teacutecnicos de enfermagem (PORTAL HRTN 2013)

As enfermeiras residentes atuam no centro obsteacutetrico em conjunto com equipe

multiprofissional a qual eacute composta por meacutedicos obstetras meacutedicos residentes em ginecologia

e obstetriacutecia anestesistas pediatras enfermeiras obstetras enfermeiros assistenciais e

teacutecnicos de enfermagem aleacutem de acadecircmicos de enfermagem e medicina da UFMG que

estagiam nesta instituiccedilatildeo Cada plantatildeo diurno ou noturno conta com duas enfermeiras

residentes que se dividem entre o bloco obsteacutetrico e o alojamento conjunto atuando

exclusivamente no local escalado portanto em todos os plantotildees haacute pelo menos uma

residente de enfermagem obsteacutetrica atuando na assistecircncia ao parto normal nesta

maternidade

A equipe presta assistecircncia baseada nos princiacutepios da humanizaccedilatildeo e do modelo colaborativo

Este modelo consiste na atuaccedilatildeo conjunta onde cada parte respeita a atuaccedilatildeo individual dos

membros da equipe que trabalha com metas e objetivos comuns As mulheres e suas famiacutelias

recebem acompanhamento multiprofissional com praacuteticas obsteacutetricas majoritariamente

baseadas em evidecircncias cientiacuteficas e na humanizaccedilatildeo da assistecircncia As parturientes satildeo

assistidas tanto por enfermeiras obstetras como por meacutedicos obstetras em todas as fases da

internaccedilatildeo A assistecircncia eacute compartilhada entre as diferentes categorias profissionais em

situaccedilotildees que variam desde a induccedilatildeo do trabalho de parto assistecircncia durante o trabalho de

parto parto nascimento ateacute o puerpeacuterio Os casos satildeo acompanhados de forma

compartilhada havendo comunicaccedilatildeo entre os membros da equipe Os partos normais podem

ser assistidos por residentes tanto enfermeiros como meacutedicos e ambos podem ser

preceptorados por enfermeiras obstetras ou meacutedicos obstetras o que permite uma atuaccedilatildeo

complementar entre as categorias que traz benefiacutecios ao serviccedilo e agrave parturiente Todos os

partos assistidos por enfermeiras obstetras satildeo registrados em um livro denominado ldquolivro de

registro de partos assistidos pelas enfermeiras obstetrasrdquo Os partos assistidos por residentes

em enfermagem obsteacutetrica tambeacutem satildeo registrados neste livro independente da preceptoria

12

mas eacute importante considerar que estes satildeo em sua maioria preceptorados por enfermeiras

obstetras

Fonte e coleta de dados

A fonte de informaccedilotildees para este estudo foi o ldquolivro de registro de partos assistidos pelas

enfermeiras obstetrasrdquo Os dados nele registrados satildeo data hora do parto nome da paciente

idade paridade idade gestacional posiccedilatildeo de parto realizaccedilatildeo de episiotomia e contato pele a

pele presenccedila de acompanhante se a parturiente recebeu analgesia e qual o tipo (peridural

raquianestesia) se houve laceraccedilatildeo perineal e qual o grau escore de Apgar do RN nome dos

profissionais que assistiram ao parto

O banco de dados foi constituiacutedo por 1434 partos registrados no livro no periacuteodo de treze

meses (abril de 2013 a abril de 2014) Os dados de cada parto foram digitados na iacutentegra no

programa Epi-Info versatildeo 353 Apoacutes a digitaccedilatildeo foram selecionados somente os partos que

atendiam ao criteacuterio para inserccedilatildeo no estudo parto assistido por residente em enfermagem

obsteacutetrica independente se preceptorado por enfermeira obstetra ou por meacutedico obstetra A

partir daiacute delimitou-se a populaccedilatildeo final deste estudo que foi de 714 partos Os dados natildeo

informados de cada variaacutevel foram excluiacutedos da amostra exceto na variaacutevel idade gestacional

Variaacuteveis de interesse

Apoacutes ter sido identificada a populaccedilatildeo deste estudo foram selecionadas onze variaacuteveis de

interesse sendo elas idade materna nuacutemero de gestaccedilotildees paridade idade gestacional

posiccedilatildeo do parto episiotomia contato pele a pele presenccedila de acompanhante analgesia

farmacoloacutegica laceraccedilatildeo perineal e escore de Apgar

A idade das mulheres assistidas pelas enfermeiras residentes foi classificada dentro do

intervalo de idade reprodutiva da seguinte forma

Entre 10 e 14 anos (adolescentes precoces)

Entre 15 e 19 anos (adolescentes)

13

Entre 20 e 34 anos (adultas jovens)

Acima de 35 anos (idade tardia)

Com relaccedilatildeo agrave paridade as mulheres foram divididas em primiacuteparas e multiacuteparas

No que se refere ao nuacutemero de gestaccedilotildees foram classificadas em primigestas secundigestas

tercigestas ou que tiveram quatro gestaccedilotildees anteriores ou mais

Com relaccedilatildeo aacute idade gestacional no parto a classificaccedilatildeo neste estudo foi

Preacute-termo (lt37 semanas)

Termo (entre 37 semanas e 41 semanas+6 dias)

Poacutes-termo (gt42 semanas)

Idade gestacional desconhecida natildeo informada

Na variaacutevel posiccedilatildeo de parto foram consideradas as seguintes posiccedilotildees semi-sentada sentada

no banquinho de coacutecoras em decuacutebito dorsal posiccedilatildeo litotocircmica em Gaskin decuacutebito lateral

em peacute e ajoelhada Em relaccedilatildeo agrave episiotomia contato pele a pele e presenccedila de

acompanhantes os dados foram classificados em SimNatildeo Quanto agraves laceraccedilotildees perineais foi

feita a seguinte classificaccedilatildeo periacuteneo iacutentegro laceraccedilatildeo de primeiro grau de segundo grau de

terceiro grau e de quarto grau Os dados sobre escore de Apgar foram divididos em lt7 e gt 7 no

primeiro e quinto minutos

Anaacutelise dos dados

As variaacuteveis foram submetidas agrave anaacutelise descritiva com caacutelculo da frequecircncia absoluta e

relativa para as variaacuteveis categoacutericas e de meacutedia e desvio padratildeo para as variaacuteveis contiacutenuas

Para o processamento e anaacutelise dos dados utilizou-se o software STATA (versatildeo 90)

14

Aspectos eacuteticos

Para realizaccedilatildeo do estudo o projeto de pesquisa teve aprovaccedilatildeo da Coordenaccedilatildeo do Programa

de Residecircncia em Enfermagem Obsteacutetrica da Escola de Enfermagem da Universidade Federal

de Minas Gerais

O estudo teve a anuecircncia da coordenaccedilatildeo da maternidade e foi aprovado pelo Nuacutecleo de

Ensino e Pesquisa (NEPE) do HRTN em 06082014 pelo parecer nordm 252014 conforme consta

no ANEXO 2

Foi aprovado pela Cacircmara Departamental do Departamento de Enfermagem Materno Infantil

(EMI) da EEUFMG em 10112014 conforme consta no ANEXO 3

RESULTADOS

No periacuteodo de treze meses de abril de 2013 a abril de 2014 foram registrados no livro 1434

partos Destes 714 foram com a participaccedilatildeo das residentes em enfermagem obsteacutetrica

representando 498 do total Os demais 720 partos (excluiacutedos da amostra) foram assistidos

pelas enfermeiras obstetras sozinhas ou com participaccedilatildeo de residentes em ginecologia e

obsteacutetrica acadecircmicos de enfermagem e medicina

Os resultados e sua distribuiccedilatildeo entre a variaacuteveis analisadas estatildeo representados nas tabelas a

seguir

15

TABELA 1

Perfil das gestantes assistidas por residentes em enfermagem obsteacutetrica em relaccedilatildeo a

idade materna paridade nuacutemero de gestaccedilotildees e idade gestacional Belo Horizonte MG

Variaacuteveis n

Idade Materna (anos)

10 ndash 14 6 08

15 ndash 19 144 202

20 - 34 498 695

gt 35 57 79

Paridade

Primiacuteparas 315 441

Multiacuteparas 398 557

Nuacutemero de Gestaccedilotildees

1 283 396

2 213 298

3 102 143

4 ou mais 115 161

Idade Gestacional

Preacute-termo (lt37 semanas) 45 63

Termo (37 - 41 semanas) 643 900

Poacutes-termo (gt 42 semanas) 3 04

Desconhecida natildeo informada 23 32

Variaacutevel N Meacutedia Desvio Padratildeo Miacutenimo Maacuteximo

Idade Gestacional 714 38 15 24 42

Idade Materna 705 24 60 14 44

16

Neste estudo a faixa etaacuteria predominante das mulheres assistidas por residentes em

enfermagem obsteacutetrica foi de adultas jovens com 695 seguida de adolescentes com 202

Os extremos etaacuterios adolescentes precoces e mulheres acima de 35 anos apareceram em

menor proporccedilatildeo sendo 08 e 79 respectivamente A meacutedia etaacuteria foi de 24 anos com

desvio padratildeo de 6 anos sendo que a menor idade encontrada entre as mulheres assistidas

por enfermeiras residentes foi 14 anos e a maior 44 anos

No que se refere ao nuacutemero de gestaccedilotildees o maior percentual foi de primigestas (396)

seguido das secundigestas (298) A partir daiacute observou-se diminuiccedilatildeo do percentual sendo

que tercigestas representaram 143 e o somatoacuterio das mulheres que tiveram quatro

gestaccedilotildees anteriores ou mais resultou em 161 O caso com maior nuacutemero de gestaccedilotildees

encontrado neste estudo foi de uma parturiente que estava em sua 13ordf gestaccedilatildeo

Com relaccedilatildeo agrave paridade as mulheres foram divididas em dois grupos primiacuteparas e multiacuteparas

sendo 441 e 557 respectivamente As mulheres que tiveram apenas uma gestaccedilatildeo ou

seja primigestas satildeo 396 e as primiacuteparas logo que natildeo tem partos vaginais anteriores satildeo

441 Isto evidencia que nem todas as primiacuteparas eram primigestas havendo abortamentos

ou gestaccedilotildees ectoacutepicas anteriores O somatoacuterio das mulheres que tiveram duas ou mais

gestaccedilotildees representou 602 Isso justifica o fato de haver maior percentual de multiacuteparas

quando se analisa paridade e ao mesmo tempo maior percentual de primigestas quando se

analisa nuacutemero de gestaccedilotildees entre as mulheres estudadas

17

TABELA 2

Indicadores da assistecircncia ao trabalho de parto e parto prestada pelas residentes em

enfermagem obsteacutetrica na maternidade do HRTN Belo Horizonte MG

Variaacuteveis N

Variaacuteveis n

Posiccedilatildeo do parto

Analgesia

Semi-sentada 462 647

Natildeo 587 822

Banquinho 120 168

Peridural 119 166

Coacutecoras 56 78

Raquidiana 8 11

Decuacutebito dorsal 23 32

Litotocircmica 20 28

Contato pele a pele

Sentada 9 12

Sim 674 944

Gaskin 7 09

Natildeo 34 47

Decuacutebito lateral 7 09

Em peacute 4 05

Acompanhante

Ajoelhada 2 02

Sim 686 960

Natildeo 27 37

Episiotomia

Sim 30 42

Apgar no 1ordm minuto

Natildeo 681 954

lt7 46 64

gt7 668 935

Laceraccedilatildeo

Natildeo 194 271

Apgar no 5ordm minuto

1ordm grau 329 460

lt7 6 08

2ordm grau 169 236

gt7 708 991

3ordm grau 20 28

4ordm grau 2 02

Variaacutevel N Meacutedia Desvio Padratildeo Miacutenimo Maacuteximo

Apgar no 1ordm minuto 714 83 13 0 10

Apgar no 5ordm minuto 714 93 07 0 10

18

Os resultados deste estudo mostram que a maioria dos partos assistidos por residentes em

enfermagem obsteacutetrica foram em posiccedilatildeo semi-sentada (647) as demais posiccedilotildees de parto

encontradas foram no banquinho (168) de coacutecoras (78) em decuacutebito dorsal (32) em

posiccedilatildeo litotocircmica (28) sentada (12) em Gaskin (09) em decuacutebito lateral (09) em

peacute (05) e ajoelhada (02) Considerando-se todas as posiccedilotildees de parto verticalizadas como

semi-sentada no banquinho Gaskin em peacute e ajoelhada encontrou-se uma taxa em torno de

92 de partos em posiccedilatildeo natildeo supina

A episiotomia foi realizada em apenas 420 dos partos Em 9538 dos casos as mulheres

foram poupadas deste procedimento Com relaccedilatildeo as laceraccedilotildees perineais a maioria das

mulheres apresentou laceraccedilotildees de primeiro grau (460) seguidas de periacuteneo iacutentegro

(271) Laceraccedilotildees de segundo grau acometeram 236 das mulheres Laceraccedilotildees graves

de terceiro grau (28) e de quarto grau (02) ocorreram em uma parcela pouco significativa

das mulheres assistidas pelas enfermeiras residentes

A analgesia farmacoloacutegica foi realizada em 177 das parturientes sendo em 166 por

teacutecnica peridural e 112 por teacutecnica raquidiana A analgesia farmacoloacutegica natildeo foi ofertada a

8221 das mulheres

O contato pele a pele na primeira hora de vida foi proporcionado a 9440 dos receacutem-

nascidos Em 47 a interaccedilatildeo pele a pele natildeo foi realizada

As parturientes contaram com a presenccedila de acompanhante familiar em 960 dos partos Os

partos sem acompanhante familiar representaram apenas 37

Os resultados sobre escore de Apgar foram gt7 no primeiro minuto em 935 dos neonatos e

gt7 no quinto minuto em 991 Tais dados mostram que a quase totalidade dos receacutem-

nascidos apresentava boas condiccedilotildees de vitalidade no primeiro e quinto minuto de vida

19

DISCUSSAtildeO

Idade materna Paridade Nuacutemero de gestaccedilotildees

Segundo o MS as mulheres em idade reprodutiva ou seja de 10 a 49 anos representam 65

do total da populaccedilatildeo feminina conformando um grupo social importante e que merece

atenccedilatildeo no que se refere agrave elaboraccedilatildeo de poliacuteticas de sauacutede (BRASIL 2011)

Silva (2009) cita que mulheres muito jovens ou muito idosas satildeo consideradas de maior risco

para resultados adversos e complicaccedilotildees gestacionais no parto e perinatais

A OMS considera gravidez na adolescecircncia aquela que ocorre em mulheres entre 10 e 19

anos sendo que gestantes com menos de 14 anos satildeo mais vulneraacuteveis e mais expostas agrave

morbimortalidade A gravidez na adolescecircncia estaacute relacionada aacute condiccedilotildees de escolaridade e

fatores socioeconocircmicos como escolaridade renda dentre outros e no que se refere aos

riscos os principais referidos por Santos at al (2014) satildeo prematuridade e baixo peso ao

nascer Jaacute Gravena (2013) refere que estatildeo relacionados agrave gravidez precoce riscos

aumentados ao receacutem-nascido de baixo peso ao nascer deficiecircncias de micronutrientes e

restriccedilatildeo do crescimento intrauterino levando a alteraccedilotildees na evoluccedilatildeo dessa gestaccedilatildeo e no

crescimento fetal o que pode resultar tambeacutem em parto prematuro

Cesar (2011) em estudo sobre gestaccedilatildeo na adolescecircncia encontrou 2018 de matildees

adolescentes e mostrou que estas estiveram de forma sistemaacutetica em desvantagem em

relaccedilatildeo agraves demais matildees tanto no que se refere a caracteriacutesticas socioeconocircmicas quanto na

assistecircncia recebida durante a gestaccedilatildeo e o parto Afirma que as adolescentes possuiacuteam pior

niacutevel de escolaridade e renda familiar viviam mais comumente sem companheiro realizaram

um menor nuacutemero de consultas de preacute-natal iniciaram estas consultas mais tardiamente

referiram com maior frequecircncia a presenccedila de anemia e corrimento vaginal patoloacutegico e foram

mais submetidas ao uso de foacutercipe e episiotomia Considerando-se as categorias adolescentes

precoces e adolescentes do presente estudo tem-se uma taxa de 210 proacutexima da

encontrada por Cesar (2011)

20

Mulheres entre 20 e 35 anos satildeo consideradas adultas jovens e apresentam resultados

obsteacutetricos e neonatais mais favoraacuteveis quando comparadas as adolescentes e a mulheres em

idade avanccedilada Neste estudo as adultas jovens representaram a maior parte da populaccedilatildeo

(695) Este achado corrobora para os resultados obsteacutetricos e neonatais favoraacuteveis aqui

verificados Gravena et al (2013) verificou em seu estudo que adolescentes e mulheres em

idade tardia tiveram probabilidade maior de parto cesaacutereo em relaccedilatildeo agraves adultas No que se

refere ao baixo peso ao nascer tanto as gestantes adolescentes quanto as em idade avanccedilada

apresentaram mais chance de possuiacuterem filhos receacutem-nascidos com baixo peso quando

comparadas as adultas

A taxa de fecundidade vem apresentando queda no Brasil nos uacuteltimos anos segundo dados do

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) em 2000 a taxa de fecundidade era de 24

filhos por mulher e em 2014 foi menor que 18 filhos por mulher (IBGE 2013) Dentre os vaacuterios

fatores que colaboraram para esta transiccedilatildeo na taxa de fecundidade encontram-se a

elaboraccedilatildeo e expansatildeo da estrateacutegia de sauacutede da famiacutelia e das poliacuteticas voltadas para a

mulher no ciclo graviacutedico puerperal principalmente a Poliacutetica Nacional de Direitos Sexuais e

Direitos Reprodutivos lanccedilada em 2005 e a Poliacutetica Nacional de Planejamento Familiar

elaborada em 2007 que permitiu as mulheres expansatildeo do acesso a informaccedilotildees sobre o

planejamento familiar reprodutivo e oferta de meacutetodos contraceptivos (BRASIL 2007)

Define-se gestaccedilatildeo tardia aquela que ocorre acima dos 35 anos e aquelas com mais de 45

anos satildeo consideradas gestaccedilotildees com idade materna avanccedilada Os nascimentos em mulheres

com 35 anos ou mais tem aumentado de forma consistente no Brasil tendecircncia observada

principalmente nos paiacuteses industrializados As mudanccedilas nos haacutebitos de vida como maior niacutevel

de escolaridade maior inserccedilatildeo no mercado de trabalho e na expectativa de vida da mulher

estimulam a postergaccedilatildeo do momento da primeira gravidez que acaba acontecendo em idades

superiores apoacutes serem atingidos outros objetivos de vida pessoais e profissionais Soma-se a

isso o advento da reproduccedilatildeo assistida que permite as mulheres engravidarem em idades mais

avanccediladas periacuteodo de comprovada diminuiccedilatildeo da fertilidade Haacute que se considerar que em

paiacuteses em desenvolvimento como o Brasil a maior parte das gestaccedilotildees tardias acontece em

situaccedilotildees de multiparidade o que tambeacutem envolve riscos (SILVA 2009)

21

A gestaccedilatildeo tardia apresenta risco similar a gestaccedilatildeo na adolescecircncia em alguns aspectos

conforme citado anteriormente e mais elevados em situaccedilotildees como abortamento espontacircneo

gravidez ectoacutepica anormalidades cromossocircmicas e malformaccedilotildees congecircnitas (SILVA 2009)

Gravena et al (2013) cita que nas mulheres com gestaccedilatildeo tardia tecircm sido observados mais

abortamentos espontacircneos e induzidos maior risco para mortalidade perinatal baixa vitalidade

do receacutem- nascido baixo peso ao nascer parto preacute-termo e fetos pequenos para idade

gestacional As gestaccedilotildees de mulheres de idade materna avanccedilada tecircm sido consideradas

como de alto risco em decorrecircncia principalmente da incidecircncia crescente de siacutendromes

hipertensivas ruptura prematura de membranas presenccedila de diabetes aleacutem de maior chance

do iacutendice de Apgar no quinto minuto ser menor que sete

Analisando os 1434 partos registrados no livro no mesmo periacuteodo e nos quais estatildeo incluiacutedos

os 714 partos das enfermeiras residentes o percentual de primiacuteparas e multiacuteparas foi de 415

e 583 respectivamente valores muito proacuteximos aos encontrados nos partos assistidos pelas

enfermeiras residentes

Idade gestacional

Conceitua-se gravidez preacute-termo aquela cuja idade gestacional encontra-se entre 22 e 37

semanas ou entre 154 a 259 dias (ACOG 2013) A prematuridade eacute um evento que afeta a

vida da famiacutelia e do RN de forma significativa envolvendo aspectos bioloacutegicos psicoloacutegicos e

sociais de difiacutecil mensuraccedilatildeo e que devem ser considerados pela equipe que assiste a famiacutelia

prematura (RAMOS 2009)

A prematuridade tem sido estudada como uma das causas importantes de mortalidade infantil

O receacutem-nascido imaturo apresenta desenvolvimento incompleto de oacutergatildeos como ceacuterebro e

pulmotildees aleacutem de limitaccedilatildeo da funccedilatildeo renal e imaturidade da funccedilatildeo hepaacutetica podendo sofrer

seacuterios comprometimentos ou intercorrecircncias (GRAVENA 2013) A literatura cita alguns fatores

de risco gestacionais associados agrave prematuridade tais como parto prematuro preacutevio gestaccedilatildeo

muacuteltipla histoacuteria materna de um ou mais abortos espontacircneos no segundo trimestre

comprimento cervical lt 30 cm baixo niacutevel socioeconocircmico idade materna lt18 anos ou gt40

22

anos primiparidade (mais frequente no primeiro filho) complicaccedilotildees maternas (cliacutenicas ou

obsteacutetricas) atividade fiacutesica aumentada tabagismo uso de cocaiacutena acompanhamento preacute-

natal inadequado ou ausente situaccedilotildees de alto estresse crescimento intrauterino restrito

(CIUR) anomalias congecircnitas polihidracircmnios ruptura prematura de membranas preacute-termo

(RPMPT) descolamento de placenta presenccedila de DIU mioma (particularmente submucoso ou

subplacentaacuterio) anomalias uterinas insuficiecircncia istmo-cervical infecccedilotildees maternas siacutendrome

antifosfoliacutepide trauma cirurgia (RAMOS 2009)

O American College of Obstetricians and Gynecologists (ACOG 2013) classifica a gravidez

aleacutem de 37 semanas da seguinte maneira

Termo precoce entre 37 semanas e 38 semanas e 6 dias

Termo completo entre 39 semanas e 40 semanas e 6 dias

Termo tardio entre 41 semanas e 41 semanas e 6 dias

Poacutes-termo 42 semanas em diante

Neste estudo a grande maioria dos partos assistidos pelas enfermeiras residentes foi de

gestaccedilotildees a termo (900) Tal fato se justifica pela maior atuaccedilatildeo da enfermagem obsteacutetrica

nas gestaccedilotildees de risco habitual A meacutedia de idade gestacional da amostra deste estudo foi de

38 semanas sendo a menor idade gestacional encontrada 24 semanas e a maior 42 semanas

Os partos preacute-termo e poacutes-termo ou seja de maior risco satildeo preferencialmente

acompanhados por meacutedico obstetra Eacute rotina da instituiccedilatildeo em estudo a induccedilatildeo do trabalho

de parto nas gestaccedilotildees acima de 41 semanas Tambeacutem por esse motivo pode-se justificar a

atuaccedilatildeo das enfermeiras residentes em menos de 05 de partos poacutes-termo

O ACOG define gestaccedilatildeo poacutes-termo ou gestaccedilatildeo prolongada como aquela que se estende

aleacutem de 42 semanas ou 294 dias de gestaccedilatildeo (ACOG 2013) Para Amorim (2010) as

gestaccedilotildees aleacutem de 42 semanas ocorrem em aproximadamente 5 dos casos jaacute as aleacutem de 41

semanas em cerca de 10 A causa mais comum de gestaccedilatildeo poacutes-termo eacute o erro de dataccedilatildeo

e quando realmente existe a causa eacute desconhecida sendo a primiparidade o principal fator de

risco associado Mais raramente outros fatores podem estar presentes como a anencefalia

23

deficiecircncia de sulfatase placentaacuteria feto do sexo masculino e predisposiccedilatildeo geneacutetica (BRASIL

2011) O maior temor relacionado agrave gestaccedilatildeo prolongada eacute de que ocorra insuficiecircncia

placentaacuteria com reduccedilatildeo do aporte de nutriente e oxigecircnio para o bebecirc o que pode acarretar

aumento da morbidade e mortalidade perinatal Com maior frequecircncia de morte perinatal

anormalidade da frequecircncia cardiacuteaca fetal intraparto eliminaccedilatildeo de mecocircnio macrossomia e

cesariana (AMORIM 2010)

No Brasil tem sido frequente a indicaccedilatildeo de cesariana quando a gestaccedilatildeo ultrapassa 40

semanas sobretudo no setor privado poreacutem esta conduta natildeo eacute corroborada por evidecircncias

Amorim (2010) em compilado sobre o tema cita uma revisatildeo sistemaacutetica publicada em 2003 na

qual concluiacuteram que a induccedilatildeo do parto a partir de 41 semanas quando comparada agrave conduta

expectante resultou em menor taxa de cesaacuterias (201 x 22) e de liacutequido amnioacutetico meconial

(224 x 277) poreacutem natildeo houve diferenccedila em termos de mortalidade perinatal escores de

Apgar admissatildeo em UTI neonatal e siacutendrome de aspiraccedilatildeo meconial Em 2012 outra revisatildeo

sistemaacutetica disponiacutevel na biblioteca Cochrane incluindo 22 ensaios cliacutenicos randomizados e

9383 mulheres submetidas aacute induccedilatildeo do parto mostrou reduccedilatildeo significativa do risco relativo de

morte perinatal e de cesariana Natildeo houve diferenccedila na taxa de natimortos ou de morte

neonatal nos dois grupos A incidecircncia da siacutendrome de aspiraccedilatildeo meconial foi menor no grupo

submetido agrave induccedilatildeo do parto poreacutem natildeo houve diferenccedila na frequecircncia de asfixia perinatal

baixos escores de Apgar e admissatildeo em UTI neonatal Os autores sugerem que a induccedilatildeo do

parto a partir de 41 semanas reduz as taxas de cesariana sem comprometer o prognoacutestico

perinatal Aleacutem disso o estudo mostrou maior satisfaccedilatildeo das gestantes submetidas agrave induccedilatildeo

do parto Recomenda-se que as mulheres sejam esclarecidas sobre riscos e benefiacutecios

associados agrave induccedilatildeo do parto a partir de 41 semanas (AMORIM 2010)

Posiccedilatildeo de parto

Os benefiacutecios da livre movimentaccedilatildeo da parturiente durante o trabalho de parto tais como a

reduccedilatildeo de sua duraccedilatildeo melhora do conforto materno e reduccedilatildeo do uso de analgeacutesicos satildeo

sustentados por evidecircncias cientiacuteficas (SOUSA 2013) A adoccedilatildeo de postura vertical e

movimentaccedilatildeo podem aleacutem de diminuir a dor materna facilitar a circulaccedilatildeo materno-fetal e a

descida do feto na pelve materna melhorar as contraccedilotildees uterinas e diminuir o trauma perineal

24

(SILVA 2011)

A OMS (1996) classifica como praacuteticas demonstradamente uacuteteis e que devem ser estimuladas

(categoria A) a liberdade de posiccedilatildeo e movimento durante o trabalho de parto e o estiacutemulo a

posiccedilotildees natildeo supinas durante o trabalho de parto Jaacute o uso rotineiro de posiccedilatildeo supina

(decuacutebito dorsal) durante o trabalho de parto e o uso de rotina da posiccedilatildeo de litotomia com ou

sem perneiras durante o trabalho de parto satildeo classificadas como praacuteticas claramente

prejudiciais e que devem ser eliminadas (categoria B)

Uma revisatildeo sistemaacutetica sobre assistecircncia ao segundo e terceiro periacuteodos do trabalho de parto

publicada em 2010 mostra que a posiccedilatildeo supina tem sido amplamente usada no segundo

periacuteodo do trabalho de parto contrariando a evidecircncia fisioloacutegica da reduccedilatildeo da eficiecircncia

uterina e do fluxo sanguiacuteneo placentaacuterio nessa posiccedilatildeo A posiccedilatildeo litotocircmica eacute ainda

recomendada em alguns tratados tradicionais de Obstetriacutecia mas as posiccedilotildees alternativas

incluem uma gama de posiccedilotildees que podem trazer benefiacutecios para o parto posiccedilatildeo lateral

(Sims) vertical (sentada semi-sentada de coacutecoras ou ajoelhada) e de quatro apoios A

imersatildeo em aacutegua durante o periacuteodo expulsivo do trabalho de parto aumentou o registro de

satisfaccedilatildeo por parte das parturientes no que diz respeito aos puxos mas ainda natildeo haacute

evidecircncias sobre os efeitos da imersatildeo em aacutegua no segundo estaacutegio especialmente sobre a

morbidade materna e neonatal (AMORIM 2010)

Estudos apontam que posiccedilotildees verticalizadas ou a posiccedilatildeo lateral associaram-se com reduccedilatildeo

da duraccedilatildeo do segundo periacuteodo do parto reduccedilatildeo nas anormalidades da frequecircncia cardiacuteaca

fetal bem como reduccedilatildeo de relatos de dor grave e episiotomia Ocorre no entanto maior perda

de sangue estimada (acima de 500 mL) sem repercussotildees cliacutenicas consideraacuteveis A conclusatildeo

dos revisores eacute que as mulheres devem ser encorajadas a parir na posiccedilatildeo que lhes for mais

confortaacutevel com o balanccedilo das evidecircncias a favor das posturas natildeo supinas (AMORIM 2010)

Mouta et al (2008) e Rocha Fonseca (2010) encontraram percentuais entre 50 e 78 de

posiccedilatildeo vertical em partos assistidos exclusivamente por enfermeiras obstetras em

maternidades puacuteblicas do Rio de Janeiro Em um CPN de Satildeo Paulo apenas 13 dos partos

foram assistidos em posiccedilatildeo horizontal contra 776 assistidos em posiccedilatildeo vertical (SOUZA

2011)

25

Sousa (2013) observou em seu estudo com 61 mulheres assistidas em Hospital da rede puacuteblica

de Belo Horizonte que mais de 75 pariram deitadas de costas com pernas levantadas sem

uso de perneiras As demais mulheres deram a luz em posiccedilatildeo de coacutecoras (98) deitada de

lado (66) sentadareclinada (66) ou Gaskin (16)

A maternidade do HRTN faz parte da rede de hospitais de Belo Horizonte que assinou o Termo

de Compromisso das Maternidades do SUS-BH estabelecido pela Comissatildeo Perinatal da

Secretaria Municipal de Sauacutede de Belo Horizonte (SMSA-BH) o qual estabelece metas para

diversos indicadores assistenciais objetivando humanizar a assistecircncia e reduzir as taxas de

cesariana nas maternidades da rede puacuteblica de Belo Horizonte No que se refere a posiccedilatildeo de

parto a SMSA-BH tem como meta que mais de 70 dos partos sejam realizados em posiccedilatildeo

natildeo supina Segundo dados institucionais fornecidos pela coordenaccedilatildeo da maternidade sobre

todos os partos do HRTN no mesmo periacuteodo deste estudo a taxa de partos em posiccedilatildeo natildeo

supina variou de 6202 em abril de 2014 a 8138 em abril de 2013

Diante dos resultados deste estudo eacute possiacutevel inferir que no HRTN a equipe incentiva e apoia o

uso de deambulaccedilatildeo e posiccedilotildees verticalizadas durante o trabalho de parto e periacuteodo expulsivo

As mulheres devem orientadas sobre os benefiacutecios da verticalizaccedilatildeo para a evoluccedilatildeo do

trabalho de parto No momento do parto deve haver incentivo agrave livre escolha da posiccedilatildeo dentro

das possibilidades da maternidade Ainda natildeo haacute disponibilidade de parto com imersatildeo em

aacutegua mas haacute quartos PPP (preacute-parto parto e poacutes-parto) com chuveiro bola suiacuteccedila banquinho

meia lua escada de Ling e espaccedilo fiacutesico que permite deambulaccedilatildeo Em alguns plantotildees a

equipe conta com a participaccedilatildeo das Doulas no cuidado agrave mulher em trabalho de parto

Os resultados deste estudo satildeo similares aos encontrados por Sousa (2013) o que mostra que

ambas as instituiccedilotildees componentes do SUS em Belo Horizonte que tem atuaccedilatildeo efetiva das

enfermeiras obstetras estimulam o parto em posiccedilotildees verticalizadas e provavelmente

respeitam a livre escolha da posiccedilatildeo de parto

O fato da maior parte dos partos serem em posiccedilatildeo semi-sentada gera certa inquietaccedilatildeo pois

26

sabe-se que esta posiccedilatildeo permite maior controle e melhor visibilidade sendo cocircmoda para o

profissional que assiste ao parto Outra justificativa possiacutevel para a grande porcentagem de

partos semi-sentada pode ser a falta de informaccedilatildeo eou orientaccedilatildeo das

mulheresacompanhantes sobre a possibilidade de parirem em outras posiccedilotildees que lhe sejam

confortaacuteveis Ressalta-se a necessidade de orientaccedilatildeo e incentivo quanto agrave liberdade de

posiccedilatildeo e sobre os benefiacutecios das posiccedilotildees verticalizadas para o trabalho de parto e periacuteodo

expulsivo desmitificando a claacutessica posiccedilatildeo de parto e empoderando-as a escolher a posiccedilatildeo

que lhes for mais confortaacutevel

Episiotomia

A episiotomia foi inicialmente proposta com o objetivo de facilitar o parto reduzindo o trauma

perineal e facilitando o reparo Entretanto natildeo obstante a indicaccedilatildeo de livros-texto sua

realizaccedilatildeo de rotina natildeo pode ser recomendada uma vez que existem vaacuterias evidecircncias de que

natildeo eacute necessaacuteria e de que pode ser prejudicial (AMORIM 2010)

Entre as principais morbidades relacionadas agrave episiotomia estatildeo a dor perineal e o

sangramento aumentado Nesses casos devido a urgecircncia os traumas perineais muitas vezes

satildeo suturados sem a boa visualizaccedilatildeo do local podendo produzir acidentes com lesatildeo no trato

geniturinaacuterio e nas estruturas do assoalho peacutelvico causando hipermobilidade uretral e prolapso

genital Apoacutes o parto tambeacutem podem surgir hematuacuteria incapacidade vesical e incontinecircncia

urinaacuteria (RIESCO et al 2011)

A OMS (1996) considera o uso liberal e rotineiro de episiotomia uma praacutetica claramente

prejudicial e que deve ser eliminada (categoria B) Embora os dados disponiacuteveis na literatura

revelem que a realizaccedilatildeo de episiotomia natildeo cumpre os objetivos que justificariam sua

realizaccedilatildeo de forma rotineira sejam eles a prevenccedilatildeo de lesotildees nas genitais da matildee ou na

cabeccedila do receacutem-nascido ainda hoje tal intervenccedilatildeo permanece sendo usada de forma

abusiva em muitas instituiccedilotildees de sauacutede

Em revisatildeo sistemaacutetica incluindo oito ensaios cliacutenicos (n=5541) observou-se que comparada

agrave episiotomia de rotina a episiotomia seletiva (com indicaccedilatildeo precisa) esteve associada com

27

menos trauma perineal grave menor necessidade de suturas menos complicaccedilotildees na

cicatrizaccedilatildeo e mais trauma perineal anterior Natildeo houve diferenccedila na frequecircncia de trauma

vaginal ou perineal grave dispareunia incontinecircncia urinaacuteria ou dor intensa Os revisores

recomendam que a episiotomia natildeo seja realizada rotineiramente e quando necessaacuteria seja

realizada com o consentimento poacutes-informaccedilatildeo da parturiente (AMORIM 2010)

Cesar (2011) encontrou ocorrecircncia meacutedia de episiotomia de 72 entre as 2557 gestantes

estudadas no Sul do Brasil Houve variaccedilatildeo de 86 entre as adolescentes e 66 entre as

demais matildees As taxas encontradas foram bastante elevadas principalmente entre as

adolescentes o que indica baixa incorporaccedilatildeo de praacuteticas baseadas em evidecircncia na

assistecircncia ao parto no cenaacuterio do estudo

Em contrapartida Sousa (2013) verificou em seu estudo em uma maternidade da rede puacuteblica

de Belo Horizonte iacutendice de episiotomia em torno de 11 e observou seguranccedila na praacutetica dos

profissionais de sauacutede envolvidos na assistecircncia ao parto da instituiccedilatildeo estudada no que se

refere ao uso seletivo desse procedimento e aos criteacuterios de utilizaccedilatildeo Tal instituiccedilatildeo tem

princiacutepios humanizados e grande inserccedilatildeo de enfermeiras obstetras na assistecircncia ao parto o

que pode tambeacutem ter justificado a baixa taxa de episiotomia encontrada

Considerando todos os partos realizados no HRTN no periacuteodo deste estudo a taxa de

episiotomia variou entre 90 em abril de 2013 a 149 em abril de 2014 A SMSA-BH tem

como meta de realizaccedilatildeo de episiotomia em menos de 30 dos partos vaginais Considerando

os 1434 partos assistidos por EO no mesmo periacuteodo a taxa de episiotomia foi de 46 o que

mostra uso criterioso do procedimento por parte desta categoria profissional

No presente estudo a taxa de episiotomia foi 42 Nestes casos a episiotomia pode ter sido

indicada devido a periacuteneo resistente no intuito de prevenir laceraccedilotildees graves mesmo que natildeo

haja respaldo cientiacutefico para tal praacutetica Tambeacutem em situaccedilotildees de estado fetal natildeo

tranquilizador durante o periacuteodo expulsivo jaacute com o feto em planos avanccedilados no intuito de

acelerar o nascimento ou mesmo por distoacutecia de ombro ou outra complicaccedilatildeo sendo uma

decisatildeo conjunta entre preceptor e residente Deve-se considerar que a baixas taxas de

28

episiotomia nos partos assistidos por enfermeiras residentes satildeo reflexo da atuaccedilatildeo da

preceptoria tanto de enfermeiras obstetras como de meacutedicos obstetras A episiotomia natildeo foi

realizada em 9538 dos partos o que mostra que as residentes em enfermagem obsteacutetrica

faziam uso seletivo do procedimento Um aspecto relevante deste estudo eacute que mesmo com a

baixa taxa de episiotomia encontrou-se pequenas taxas de laceraccedilotildees perineais de terceiro

(28) e quarto grau (028) Isso aponta para um modelo de assistecircncia obsteacutetrico com

incorporaccedilatildeo de praacuteticas baseadas em evidecircncias cientiacuteficas na maternidade do HRTN

Contato pele a pele

As praacuteticas referentes ao contato da matildee com seu bebecirc e ao aleitamento materno ainda na

sala de parto satildeo tambeacutem indicadores relevantes da qualidade da atenccedilatildeo ao parto

humanizado e segundo a OMS (1996) e MS (2001) deve ser encorajada no parto normal

(categoria A)

O passo quatro da Iniciativa Hospital Amigo da Crianccedila (IHAC) preconiza que os bebecircs que

tenham condiccedilotildees cliacutenicas favoraacuteveis permaneccedilam por pelo menos uma hora junto agrave pele da

matildee e que iniciem o aleitamento materno ainda na primeira meia hora apoacutes o nascimento

independentemente da via de parto (BRASIL 2010)

O contato pele a pele precoce melhora os resultados neonatais em termos de menor choro e

maior estabilidade cardiorrespiratoacuteria e aumenta significativamente o sucesso da

amamentaccedilatildeo sem efeitos negativos aparentes em curto e longo prazo segundo estudo de

meta-anaacutelise O contato pele a pele da matildee com o receacutem-nascido por pelo menos 30 minutos

na primeira hora de vida aleacutem de propiciar o envolvimento matildee-filho e o aleitamento materno

eacute um indicativo de que o parto transcorreu adequadamente Aleacutem disso favorece o viacutenculo

afetivo propiciando o reconhecimento entre matildee e filho pode aumentar a autoestima materna

diminuir a ansiedade melhorar os sentimentos de aceitaccedilatildeo do seu novo papel e a satisfaccedilatildeo

durante o processo de parto (MOORE et al 2012)

Apesar de o contato pele a pele ser uma praacutetica demonstradamente uacutetil e que deve ser

encorajada no parto normal especificamente tambeacutem pode e deve ser promovida no parto

29

operatoacuterio Sousa (2013) verificou em sua pesquisa que dos 89 receacutem-nascidos vivos o

contato precoce entre matildee e filho foi garantido em mais de 77 dos partos embora a maior

frequecircncia tenha ocorrido entre os filhos nascidos de parto normal

Na maternidade do HRTN o contato pele a pele eacute incentivado e apoiado por toda a equipe

multiprofissional sendo uma praacutetica consolidada conforme apontam os resultados deste

estudo As parturientes devem ser orientadas sobre os benefiacutecios desta praacutetica e preparadas

para receber seus RN apoacutes o nascimento A assistecircncia ao RN estaacutevel deve ser feita

preferencialmente no colo da matildee e quando houver necessidade de encaminhar o RN ao

berccedilo aquecido assim que este estabelecer condiccedilotildees favoraacuteveis deve retornar para o contato

pele a pele Assim como o contato pele a pele a amamentaccedilatildeo na primeira hora de vida

tambeacutem deve ser apoiada e estimulada respeitando o desejo da mulher

No presente estudo o contato pele a pele na primeira hora de vida foi realizado em 9440 dos

partos Os 475 em que natildeo foi realizado pode ter como justificativa o nascimento de um RN

deprimido sem condiccedilotildees cliacutenicas de permanecer com a matildee e que necessitaram de

assistecircncia pediaacutetrica seja reanimaccedilatildeo neonatal ou transferecircncia para unidade neonatal

Tambeacutem pode ter como justificativa impossibilidade materna ou desejo de natildeo realizar contato

pele a pele

Pela pactuaccedilatildeo da maternidade em estudo com a SMSA-BH a meta eacute que 100 dos receacutem-

nascidos vivos realizem contato pele a pele efetivo na primeira hora de vida Considerando

todos os partos realizados na instituiccedilatildeo no mesmo periacuteodo deste estudo este indicador variou

entre 905 em abril de 2013 a 960 em agosto de 2013 segundo dados institucionais

fornecidos pela coordenaccedilatildeo a maternidade Estes dados sinalizam boa incorporaccedilatildeo desta

praacutetica pela equipe mas indicam tambeacutem necessidade de melhoria para que seja atingida a

meta

Acompanhante

A presenccedila de acompanhante durante todo o periacuteodo de internaccedilatildeo eacute um direito conquistado

pelas mulheres assegurado na Lei nordm 111082005 regulamentado pelo Ministeacuterio da Sauacutede

30

pela Portaria nordm 24182005 portanto obrigatoacuterio em todas as instituiccedilotildees sejam elas puacuteblicas

ou privadas (BRASIL 2005) Esta praacutetica eacute classificada pela OMS como demonstradamente uacutetil

e que deve ser estimulada (categoria A)

A presenccedila do acompanhante durante o processo de parturiccedilatildeo pode proporcionar bem-estar

fiacutesico e emocional agrave mulher e benefiacutecios clinicamente significativos ao binocircmio matildee-filho Os

efeitos do suporte agrave mulher foram encontrados em recente meta-anaacutelise e estatildeo associados agrave

menor duraccedilatildeo do trabalho de parto uso de ocitocina reduccedilatildeo de cesariana e de partos

vaginais instrumentais diminuindo ainda a utilizaccedilatildeo de analgesia intraparto e melhorando os

iacutendices de Apgar no quinto minuto (SOUSA 2013)

Outros estudos destacam ainda a importacircncia do acompanhante quando este se envolve natildeo

soacute no apoio fiacutesico e emocional mas tambeacutem no desenvolvimento junto agrave parturiente de accedilotildees

como massagem auxiacutelio e encorajamento durante a deambulaccedilatildeo banho e tambeacutem no

periacuteodo expulsivo o que proporciona tambeacutem maior grau de satisfaccedilatildeo com o parto Sousa

(2013) verificou em sua pesquisa que quase a totalidade (922) das mulheres assistidas em

uma instituiccedilatildeo de sauacutede da rede puacuteblica de Belo Horizonte permaneceu com o acompanhante

de sua escolha durante o periacuteodo de internaccedilatildeo sendo a maioria o companheiro pai da

crianccedila (627)

No HRTN a presenccedila de acompanhante familiar de livre escolha eacute uma praacutetica consolidada

pela instituiccedilatildeo e apoiada pela equipe multiprofissional A valorizaccedilatildeo do acompanhante deve

acontece em todas as etapas da internaccedilatildeo durante o trabalho de parto os acompanhantes

podem ser encorajados a participar ativamente no apoio agrave parturiente ofertando meacutetodos

alternativos para aliacutevio da dor como massagens por exemplo No momento do parto quando

possiacutevel pode ser oferecido ao familiar que corte o cordatildeo umbilical o que pode ter grande

representaccedilatildeo simboacutelica para aquela famiacutelia No puerpeacuterio os acompanhantes devem ser

orientados junto aacute mulher sobre os cuidados com o RN aleitamento materno e como apoiar a

matildee na nova fase

No presente estudo houve acompanhante familiar em 960 dos partos assistidos pelas

enfermeiras residentes Partos sem acompanhante familiar foram apenas 37 Estes dados

31

corroboram com a afirmaccedilatildeo de que a presenccedila do acompanhante familiar eacute uma praacutetica

consolidada e respeitada pela equipe da maternidade do HRTN

Analgesia

Meacutetodos natildeo farmacoloacutegicos

A OMS (1996) recomenda que o uso de meacutetodos natildeo farmacoloacutegicos para aliacutevio da dor deve

ser privilegiado durante a assistecircncia ao trabalho de parto considerando-os como ldquopraacuteticas

reconhecidamente uacuteteis e que devem ser estimuladasrdquo Categoria A na recomendaccedilatildeo de boas

praacuteticas na assistecircncia ao parto

Entre as praacuteticas natildeo medicamentosas tem-se estudado o uso de acupuntura acupressura

hipnose teacutecnicas de relaxamento e respiraccedilatildeo aplicaccedilatildeo de frio e calor aromaterapia

aacuteudioanalgesia massagem deambulaccedilatildeo e banho de imersatildeo durante o parto (SILVA 2011)

Em um estudo de revisatildeo sistemaacutetica foram incluiacutedos 14 ensaios com 1448 parturientes que

utilizaram diferentes formas de tratamento para a dor (acupuntura hipnose audioanalgesia

aromaterapia massagem e relaxamento) A hipnose mostrou-se efetiva em termos de reduzir a

necessidade de meacutetodos farmacoloacutegicos para aliacutevio da dor aumentando o grau de satisfaccedilatildeo

materna Maior chance de parto vaginal e reduccedilatildeo da necessidade de analgesia A acupuntura

tambeacutem se associou a uma menor intensidade da dor e reduccedilatildeo do uso de ocitocina A eficaacutecia

de meacutetodos como acupressatildeo aromaterapia aacuteudioanalgesia relaxamento e massagem natildeo foi

ainda estabelecida sendo necessaacuterios ensaios cliacutenicos randomizados para avaliaccedilatildeo dessas

terapias complementares para aliacutevio da dor durante o trabalho de parto (PORTO 2010)

Deve-se considerar que o suporte contiacutenuo intraparto e as posiccedilotildees verticalizadas durante o

parto tambeacutem se associam agrave reduccedilatildeo da dor e maior grau de satisfaccedilatildeo materna como jaacute

demonstrado em revisotildees sistemaacuteticas A imersatildeo em aacutegua em banheiras ou similares durante

o trabalho de parto tem sido investigada como um meacutetodo de promoccedilatildeo de relaxamento e aliacutevio

da dor Em uma revisatildeo sistemaacutetica de 11 ensaios cliacutenicos a imersatildeo em aacutegua foi associada agrave

reduccedilatildeo no uso de analgesia e reduccedilatildeo no relato de dor sem prejudicar a duraccedilatildeo do trabalho

de parto as taxas de partos ciruacutergicos ou o bem-estar neonatal (PORTO 2010)

32

A SMSA-BH recomenda que os meacutetodos natildeo farmacoloacutegicos para aliacutevio da dor sejam ofertados

a 100 das mulheres em trabalho de parto De acordo com dados institucionais fornecidos

pela coordenaccedilatildeo da maternidade a oferta variou entre 7571 em julho de 2013 a 8778 em

julho de 2013 considerando todos os partos realizados na instituiccedilatildeo no periacuteodo de abril de

2013 a abril de 2014

No livro fonte de dados deste estudo a oferta de meacutetodos natildeo farmacoloacutegicos natildeo eacute registrada

natildeo sendo possiacutevel quantificar estes dados nos partos assistidos por REO mas pode-se inferir

que esta eacute uma praacutetica adotada pelas enfermeiras obstetras e residentes quando se observa

por exemplo as baixas taxas de analgesia farmacoloacutegica em torno de 16 nos partos

assistidos por estas profissionais

Meacutetodos farmacoloacutegicos

Classicamente vaacuterios meacutetodos farmacoloacutegicos foram propostos mas existe consenso

atualmente de que se algum meacutetodo farmacoloacutegico for indicado para aliacutevio da dor durante o

trabalho de parto a analgesia regional com peridural ou teacutecnica combinada (raquidiana e

peridural) deve ser empregada preferencialmente em relaccedilatildeo ao uso de opioacuteides sistecircmicos ou

analgesia inalatoacuteria A teacutecnica ideal para analgesia de parto deveria ter miacutenima ou ausente

transferecircncia placentaacuteria ausecircncia de efeitos sobre o fluxo sanguiacuteneo uteroplacentaacuterio efeitos

miacutenimos e reversiacuteveis sobre o feto e neonato ausecircncia de efeito ocitoacutecico ou tocoliacutetico e

ausecircncia de bloqueio motor (PORTO 2010)

Uma revisatildeo sistemaacutetica realizada em 2011 incluindo 38 estudos comprovou a eficaacutecia da

analgesia peridural para reduccedilatildeo da dor de mulheres durante o processo de parto mas

tambeacutem revelou maior risco de parto instrumental maior necessidade de ocitocina e aumento

da duraccedilatildeo do segundo estaacutegio do parto Natildeo houve associaccedilatildeo dessa intervenccedilatildeo com risco

de cesariana cefaleacuteia e escores de Apgar menores que sete no quinto minuto (AMORIM

2011)

Na maternidade em estudo a analgesia farmacoloacutegica seja por teacutecnica peridural ou

raquianestesia eacute considerada um direito da mulher de acordo com os princiacutepios da

humanizaccedilatildeo e eacute ofertada conforme desejo da parturiente apoacutes a oferta de diferentes meacutetodos

33

natildeo farmacoloacutegicos para aliacutevio da dor e sob orientaccedilotildees sobre os riscos e benefiacutecios do

procedimento ou nos casos em que haacute indicaccedilatildeo cliacutenica para realizaccedilatildeo do mesmo A teacutecnica

de analgesia empregada na instituiccedilatildeo permite na maior parte dos casos a deambulaccedilatildeo

movimentaccedilatildeo e uso concomitante de outros meacutetodos alternativos de aliacutevio da dor como

chuveiro Isto pode influenciar para o desfecho favoraacutevel dos partos conforme mostram as

evidecircncias sobre movimentaccedilatildeo e verticalizaccedilatildeo durante o trabalho de parto

A SMSA-BH recomenda a utilizaccedilatildeo de analgesia quando esgotados os recursos natildeo

farmacoloacutegicos para aliacutevio da dor em torno de 30 dos partos normais A proporccedilatildeo de parto

normal com analgesia variou de 141 em janeiro de 2014 e 279 em agosto de 2013

considerando todos os partos realizados na instituiccedilatildeo no mesmo periacuteodo deste estudo

Considerando os 1434 assistidos por EO no periacuteodo do estudo 147 recebeu analgesia por

teacutecnica peridural e 11 raquidiana Os demais 841 dos partos foi sem analgesia

farmacoloacutegica

No presente estudo a analgesia farmacoloacutegica foi realizada em 176 dos partos sendo 166

por teacutecnica peridural e 11 raquidiana Analgesia natildeo foi realizada em 822 dos partos

assistidos por REO Estes dados demonstram que a oferta de meacutetodos natildeo farmacoloacutegicos

para aliacutevio da dor pode ter sido influenciado positivamente na escolha da parturiente em

receber ou natildeo a analgesia farmacoloacutegica

Laceraccedilotildees perineais

Laceraccedilotildees perineais satildeo traumas em estruturas componentes da vagina que podem ocorrer

de forma espontacircnea durante a passagem do feto pelo canal de parto ou em decorrecircncia de

episiotomia as quais podem se prolongar

A laceraccedilatildeo de primeiro grau eacute aquela que natildeo atinge nenhum muacutesculo estendendo-se atraveacutes

da fuacutercula mucosa vaginal e da pele Jaacute a laceraccedilatildeo de segundo grau acomete os muacutesculos

perineais poreacutem sem lesatildeo do esfiacutencter retal A laceraccedilatildeo de terceiro grau atinge essa

estrutura e algumas vezes prolonga-se ateacute a parede anterior do reto Neste uacuteltimo caso em

que a parede do reto eacute comprometida por vezes utiliza-se o termo laceraccedilatildeo de quarto grau

As laceraccedilotildees de primeiro e segundo grau satildeo consideradas leves e laceraccedilotildees de terceiro e

34

quarto grau satildeo consideradas graves pois podem levar agrave incontinecircncia urinaacuteria e fecal sendo

estas uacuteltimas mais raras (REZENDE 2005)

A ocorrecircncia de laceraccedilotildees perineais no parto normal depende de diversos fatores que podem

estar relacionados agraves condiccedilotildees maternas ao feto ao parto em si e ao prestador de serviccedilo

Embora estes fatores natildeo estejam definitivamente estabelecidos existem evidecircncias indicando

o local do parto e o profissional que assiste a escolaridade materna a paridade a altura do

periacuteneo a duraccedilatildeo do segundo estaacutegio do parto a cicatriz perineal anterior a infusatildeo de

ocitocina a posiccedilatildeo no parto a analgesia farmacoloacutegica os puxos dirigidos as manobras de

proteccedilatildeo perineal o peso e o periacutemetro cefaacutelico do RN como fatores relacionados entre

outros Quanto a integridade perineal sua chance aumenta entre as mulheres com um ou mais

partos vaginais anteriores (RIESCO et al 2011)

Estudos tambeacutem tecircm buscado associaccedilatildeo entre a posiccedilatildeo materna no parto e as laceraccedilotildees

perineais Sousa (2013) verificou que a posiccedilatildeo deitada de lado juntamente com a posiccedilatildeo de

coacutecoras foram as que tiveram maior ocorrecircncia de laceraccedilotildees de primeiro grau principalmente

com 750 e 833 dos casos respectivamente Essas duas posiccedilotildees tambeacutem foram as que

mais favoreceram para que as mulheres tivessem laceraccedilotildees na pesquisa desenvolvida por

Souza (2011) em um CPN do Rio de Janeiro com incidecircncia de 502 nos partos assistidos

em posiccedilatildeo lateral e 696 naqueles assistidos de coacutecoras Em ambas pesquisas a posiccedilatildeo de

Gaskin foi a que teve menor incidecircncia de traumas perineais seguida da posiccedilatildeo

sentadareclinada

Entre as principais morbidades relacionadas estatildeo a dor perineal e o sangramento aumentado

Apoacutes o parto tambeacutem podem surgir hematuacuteria incapacidade vesical e incontinecircncia urinaacuteria A

disfunccedilatildeo geniturinaacuteria e sexual produzida pelo trauma perineal pode ser tambeacutem devida agrave

perda ou diminuiccedilatildeo do tocircnus muscular perineal Poreacutem esse achado contrasta com dados de

outros estudos os quais concluiacuteram que a via de parto a paridade a idade materna o peso do

receacutem-nascido (RN) e a episiotomia natildeo foram fatores determinantes para a reduccedilatildeo da forccedila

muscular perineal Considerando os problemas em curto prazo (perda sanguiacutenea necessidade

de sutura e dor perineal) e em longo prazo (disfunccedilotildees intestinais urinaacuterias e sexuais)

35

associados ao trauma perineal no parto sua prevenccedilatildeo reduccedilatildeo e reparaccedilatildeo adequada satildeo

fatores importantes para as mulheres e os profissionais que as assistem (RIESCO 2010)

Considerando os 1434 partos assistidos por EO em 304 houve periacuteneo iacutentegro 447

laceraccedilotildees de primeiro grau 228 laceraccedilotildees de segundo grau 195 de terceiro grau e

014 de quarto grau Tais resultados satildeo proacuteximos aos verificados neste estudo e

associados com as baixas taxas de episiotomia nos partos assistidos pelas enfermeiras

residentes corroboram com a recomendaccedilatildeo do uso seletivo da episiotomia como um praacutetica

favoraacutevel

Escore de Apgar

O momento de transiccedilatildeo da vida intrauterina para extrauterina eacute crucial para o desenvolvimento

do bebecirc e deve ser minuciosamente preparado e vivenciado Eacute indispensaacutevel que nos

primeiros minutos de vida do neonato seja realizada avaliaccedilatildeo completa e sistemaacutetica visando

identificar desvios da normalidade e que forneccedila agraves informaccedilotildees baacutesicas sobre a vitalidade e a

adaptaccedilatildeo do RN agrave vida fora do ventre materno (BARBOSA 2006)

A avaliaccedilatildeo realizada imediatamente apoacutes o parto eacute composta pelo o escore de Apgar sendo

complementada com a avaliaccedilatildeo do aspecto geral a medida dos sinais vitais e medidas

antropomeacutetricas O iacutendice de Apgar avalia cinco criteacuterios cliacutenicos cor da pele frequecircncia

cardiacuteaca irritabilidade reflexa respiraccedilatildeo e tocircnus muscular O RN eacute avaliado no primeiro e no

quinto minuto de vida e cada criteacuterio garante de 0 a 2 pontos desencadeando assim uma soma

adequada entre 7 e 10 pontos Quando a soma total resulta em 4 a 6 pontos sugere dificuldade

moderada do RN em adaptar-se e menor que 4 pode indicar sofrimento Julga-se assim o grau

de adaptaccedilatildeo imediata e o grau de depressatildeo neuroloacutegica do RN nos primeiros cinco minutos

de vida (SBP 2011)

O iacutendice Apgar tem sido pouco utilizado para avaliar a qualidade de assistecircncia ao parto sendo

considerado um indicador pontual aleacutem de natildeo ser utilizado para determinar o iniacutecio da

reanimaccedilatildeo neonatal No entanto sua aplicaccedilatildeo permite avaliar a resposta do neonato agraves

manobras realizadas e a eficaacutecia dessas manobras O Apgar no quinto minuto eacute mais utilizado

36

para avaliaccedilatildeo da adaptaccedilatildeo do RN por melhor representa-la se comparado ao Apgar de

primeiro minuto Se o escore eacute inferior a 7 no 5ordm minuto recomenda-se realizaacute-lo a cada cinco

minutos ateacute 20 minutos de vida Eacute necessaacuterio documentar o escore de Apgar de maneira

concomitante agrave dos procedimentos de reanimaccedilatildeo executados (SBP 2011)

Eacute importante considerar que um Apgar baixo natildeo eacute necessariamente resultado de uma

assistecircncia ao parto e ao neonato inadequada assim como um bom iacutendice de Apgar natildeo indica

boa qualidade assistencial ao binocircmio Este iacutendice entretanto eacute um bom indicador para

resultados perinatais a longo prazo aleacutem de ser considerado importante preditor da avaliaccedilatildeo

do bem-estar e do prognoacutestico inicial do receacutem-nascido A avaliaccedilatildeo imediata do RN pode ser

feita por pediatra ou outro profissional capacitado para prestar a assistecircncia necessaacuteria desde

o suporte baacutesico ateacute a reanimaccedilatildeo neonatal Na maternidade do HRTN o pediatra eacute o

profissional responsaacutevel pela assistecircncia ao RN na sala de parto A instituiccedilatildeo possui UTI

neonatal para onde satildeo encaminhados os RN que necessitam de cuidados especiacuteficos Os

neonatos que apresentam boa vitalidade satildeo colocados em contato pele a pele com as matildees e

apoacutes permanecem em alojamento conjunto ateacute a alta

Pela SMSA-BH a meta de Apgar lt7 no quinto minuto eacute no maacuteximo 3 Este indicador variou

entre 08 em fevereiro de 2014 a 24 em novembro de 2013 considerando todos os partos

realizados na instituiccedilatildeo no mesmo periacuteodo do estudo ou seja esteve sempre dentro da meta

estabelecida

No presente estudo as dados sobre escore de Apgar foram divididos em Apgar lt7 (644) e gt7

(9356) no primeiro minuto lt7 (084) e gt 7 (9916) no quinto minuto Tais dados mostram

que a quase totalidade dos RN apresentava boas condiccedilotildees de vitalidade no primeiro e quinto

minuto A este dado se associa o incentivo e a alta taxa de contato pele a pele precoce sendo

um dos fatores que contribuem para melhor adaptaccedilatildeo a vida extrauterina aleacutem de assistecircncia

qualificada aos RN que necessitam de cuidados especiacuteficos ou reanimaccedilatildeo

37

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Os resultados deste estudo evidenciam que a assistecircncia ao parto prestada pelas residentes

em enfermagem obsteacutetrica foi coerente com as recomendaccedilotildees de boas praacuteticas em todos os

aspectos analisados consolidando as evidecircncias literaacuterias sobre a assistecircncia ao parto

promovida por enfermeiras obstetras Foi possiacutevel observar maioria de partos em posiccedilotildees

verticalizadas uso seletivo de episiotomia com baixa incidecircncia de laceraccedilotildees perineais

graves alto iacutendice de contato pele a pele presenccedila de acompanhante na maioria dos partos

baixas taxas de analgesia farmacoloacutegica e escores de Apgar que demonstram boa vitalidade

fetal em quase todos os receacutem-nascidos Diante do exposto eacute possiacutevel concluir que a atuaccedilatildeo

das enfermeiras residentes em enfermagem obsteacutetrica contribuiu para a obtenccedilatildeo de

resultados obsteacutetricos e neonatais favoraacuteveis na maternidade do HRTN

Devido agrave forma de organizaccedilatildeo e registro dos procedimentos no livro utilizado para coleta de

dados natildeo foi possiacutevel avaliar algumas praacuteticas obsteacutetricas tais como uso de ocitocina

amniotomia oferta de meacutetodos natildeo farmacoloacutegicos para aliacutevio da dor oferta de liacutequidos

durante o trabalho de parto e uso de partograma Estes dados seriam importantes para uma

anaacutelise mais detalhada sobre a assistecircncia ao parto Os dados institucionais fornecidos pela

coordenaccedilatildeo da maternidade forneceram uma dimensatildeo de algumas destas praacuteticas na

maternidade contudo natildeo foi possiacutevel neste estudo avaliar quantitativamente tais

procedimentos somente nos partos assistidos por enfermeiras residentes Sugere-se ampliaccedilatildeo

dos indicadores no livro de registro e padronizaccedilatildeo no seu preenchimento para melhor

qualificaccedilatildeo dos dados da assistecircncia ao parto prestada elas enfermeiras obstetrasresidentes

A capacitaccedilatildeo profissional no modelo de residecircncia eacute intensa e exige dedicaccedilatildeo A extensa

carga horaacuteria praacutetica aliada agrave teoria satildeo determinantes para uma formaccedilatildeo qualificada e

humana das enfermeiras residentes A possibilidade de atuar efetivamente na assistecircncia em

conjunto com outras categorias profissionais enriquece a formaccedilatildeo abrangendo diferentes

fases e situaccedilotildees do ciclo graviacutedico-puerperal Eacute importante salientar que a capacitaccedilatildeo das

enfermeiras obstetras nesta modalidade pioneira de residecircncia soacute foi possiacutevel graccedilas ao

estiacutemulo governamental com recursos provenientes do programa Rede Cegonha e os

esforccedilos conjuntos da Escola de Enfermagem da UFMG e demais instituiccedilotildees envolvidas

38

Os resultados deste estudo evidenciam a incorporaccedilatildeo do modelo assistencial humanizado e

baseado em evidecircncias cientiacuteficas pela equipe do HRTN O modelo colaborativo de assistecircncia

obsteacutetrica pode gerar resultados favoraacuteveis e promissores com as atuaccedilotildees complementares

entre as diferentes categorias profissionais A praacutetica supervisionada durante todo o processo

de formaccedilatildeo e a avaliaccedilatildeo constante das habilidades adquiridas pelas residentes satildeo

fundamentais para a consolidaccedilatildeo do conhecimento para maior seguranccedila das aprendizes e

para a oferta de uma assistecircncia qualificada e humanizada a mulher receacutem nascido e famiacutelia

A instituiccedilatildeo que acolhe as enfermeiras residentes obteacutem retorno positivo pois a atuaccedilatildeo

preceptorada das mesmas resulta em assistecircncia qualificada que atende a perspectiva da

praacutetica baseada em evidecircncia cientiacutefica segura com baixo custo e bons resultados obsteacutetricos

e neonatais Os resultados da atuaccedilatildeo das enfermeiras residentes refletem o modelo

institucional incorporado o qual eacute transmitido as residentes pelos preceptores O incentivo a

formaccedilatildeo de enfermeiras obstetras eacute fundamental para o fortalecimento desta categoria

profissional para maior inserccedilatildeo destas profissionais em espaccedilos aonde a assistecircncia ao parto

ainda eacute meacutedico-centrada e para mudanccedila do modelo obsteacutetrico hegemocircnico nacional

39

REFEREcircNCIAS

ACOG- American College of Obstetricians and Gynecologists- Committee opinion no 560 Medically indicated late-preterm and early-term deliveries Obstet Gynecol 2013 121908-10

AMORIM MMR SOUZA ASR PORTO AAF Indicaccedilotildees de cesariana baseadas em evidecircncias parte I FEMINA v 38 n 8 p 415-422 2010

AMORIM T e GUALDA DMR Coadjuvantes das mudanccedilas no contexto do ensino e da praacutetica da enfermagem obsteacutetrica Rev Rene Fortaleza 2011 outdez 12(4)833-40

BARBOSA R F et al Reanimaccedilatildeo Neonatal in ALVES FILHO N et al Perinatologia Baacutesica 3a ediccedilatildeo Guanabara Koogan Rio de Janeiro Cap21 p172 2006

BATALHA E O lugar das Enfermeiras e Obstetrizes Revista RADIS Ed 148 Jan 2015 P30 a 34

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Parto aborto e puerpeacuterio assistecircncia humanizada a mulher Brasiacutelia DF 2001

BRASIL Lei 11108 de 7 de abril de 2005 Altera a Lei 8080 de 19 de setembro de 1990 para garantir as parturientes o direito a presenccedila de acompanhante durante o trabalho de parto parto e poacutes-parto imediato no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede ndash SUS Brasiacutelia DF 07 abr 2005

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede Departamento de Accedilotildees Programaacuteticas Estrateacutegicas Aacuterea Teacutecnica de Sauacutede da Mulher Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos uma prioridade do governoMinisteacuterio da Sauacutede Secretaria de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede Departamento de Accedilotildees Programaacuteticas Estrateacutegicasndash Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 2005

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Poliacutetica Nacional de Planejamento Familiar Brasiacutelia DF 2007

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Portaria nordm 1459 de 24 de Junho de 2011 Institui no Sistema Uacutenico de Sauacutede SUS a Rede Cegonha Disponiacutevel em

httpbvsmssaudegovbrbvssaudelegisgm2011prt1459_24_06_2011html Acesso

em 18 de Abril de 2014

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Iniciativa hospital amigo da crianccedila revista atualizada e ampliada para o cuidado integrado Brasiacutelia DF 2010

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Poliacutetica nacional de atenccedilatildeo integral a sauacutede da mulher princiacutepios e diretrizes Brasiacutelia DF 2011

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede Departamento de Atenccedilatildeo Baacutesica Atenccedilatildeo ao preacute-natal de baixo risco Ministeacuterio da Sauacutede Departamento de Atenccedilatildeo

40

Baacutesica ndash Brasiacutelia Editora do Ministeacuterio da Sauacutede 2012 318 p il ndash (Seacuterie A Normas e Manuais Teacutecnicos) (Cadernos de Atenccedilatildeo Baacutesica ndeg 32)

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em Sauacutede Departamento de Anaacutelise de Situaccedilatildeo de Sauacutede Sauacutede Brasil 2011 uma anaacutelise da situaccedilatildeo de sauacutede e a vigilacircncia da sauacutede da mulher Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em Sauacutede Departamento de Anaacutelise de Situaccedilatildeo de Sauacutede ndash Brasiacutelia Editora do Ministeacuterio da Sauacutede 2012 444 p il

BRASIL Presidecircncia da Repuacuteblica Objetivos de Desenvolvimento do Milecircnio Relatoacuterio Nacional de Acompanhamento Coordenaccedilatildeo Instituto de Pesquisa Econocircmica Aplicada e Secretaria de Planejamento e Investimentos Estrateacutegicos supervisatildeo Grupo Teacutecnico para o acompanhamento dos ODM - Brasiacutelia Ipea MP SPI 2014 208 p il graacutefs mapas color

NASCER NO BRASIL inqueacuterito sobre parto e nascimento Cadernos de Sauacutede Puacuteblica Vol30 supl1 Rio de Janeiro 2014 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophpscript=sci_issuetocamppid=0102 Acesso em 15 de junho de 2015

CAVALCANTIPCS GARIBALDI D Jr VASONCELOS ALR Guerrero AVP Um modelo loacutegico da Rede Cegonha Physis Revista de Sauacutede Coletiva Rio de Janeiro 2013 23 [4] 1297-1316 CESAR JA et al Caracteriacutesticas sociodemograacuteficas e de assistecircncia a gestaccedilatildeo e ao parto no extremo sul do Brasil Cad Sauacutede Puacuteblica v 27 n 5 p 985-994 2011 DOMINGUES RMSM SANTOS EMS Leal MC Aspectos da satisfaccedilatildeo das mulheres com a assistecircncia ao parto contribuiccedilatildeo para o debate Cad Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro 2004 20 Sup 1S52-S62 COFEN Decreto nordm 9440687 Regulamentaccedilatildeo da Lei 749886 Fonte PORTAL EDUCACcedilAtildeO Disponiacutevel em httpwwwportaleducacaocombrenfermagemartigos1735decreto-n-94406-87-regulamentacao-da-lei-n-7498-865ixzz3duAFhlYV Acesso em 23062015 GRAVENA AAF PAULA MG MARCON SS CARVALHO MDB PELLOSO SM Idade materna e fatores associados a resultados perinatais Acta Paul Enferm 2013 26(2)130-5 IBGE Projeccedilatildeo da Populaccedilatildeo do Brasil - 2013 Disponiacutevel em

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41

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httpwwwwhointeportuguesepublicationspt Acesso em 09032015

PORTO AMF AMORIM MMR SOUZA ASR Assistecircncia ao primeiro periacuteodo do trabalho de parto baseada em evidecircncias FEMINA v 38 n 10 2010

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REZENDE J Obstetriacutecia fundamental 2 ed Rio de Janeiro Guanabara Koogan 2005

ROCHA CR FONSECA LC Assistecircncia do enfermeiro obstetra a mulher parturiente em busca do respeito a natureza Rev de Pesq cuidado eacute fundamental v 2 n 2 p 807-816 2010

SANTOS NCP VOGTSE PIMENTA AM DUARTE ED MADEIRA LM ABREU MNS et al Resultados maternos y neonatales en el trabajo de parto y parto de adolescentes admitidas en un Centro de Parto Normal brasileiro Adolesc Saude 201411(3)39-50

SILVA LM et al Uso da bola suiacuteccedila no trabalho de parto Acta Paul Enferm 201124(5)656-62

SILVA JLCP SURITA FGC Idade materna resultados perinatais e via de parto Rev Bras Ginecol Obstet 2009 31(7) 321 ndash 5

SBP- Sociedade Brasileira de Pediatria Programa de reanimaccedilatildeo neonatal da Sociedade Brasileira de Pediatria Condutas 2011 27p

SOUSA AMM Praacuteticas obsteacutetricas na assistecircncia ao parto e nascimento em uma maternidade de Belo Horizonte Tese de mestrado Escola de Enfermagem da Universidade Federal de Minas Gerais Belo Horizonte 2013

SOUZA DOM Partos assistidos por enfermeiras praacuteticas obsteacutetricas realizadas no ambiente hospitalar no periacuteodo de 2004 a 2008 2011 84f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) Faculdade de Enfermagem da Universidade do Estado do Rio de Janeiro Rio de Janeiro RJ 2011

SOGC ndash Society of Obstetricians and Gynecologists of Canada Guidelines for the Management of Pregnancy at 41+0 to 42+0 Weeks JOGC september 2008

42

VOGT SE et al Caracteriacutesticas da assistecircncia ao trabalho de parto em trecircs modelos de atenccedilatildeo no SUS no Municiacutepio de Belo Horizonte Minas Gerais Brasil Cad Sauacutede Puacuteblica v 27 n 9 p 1789-1800 2011

ANEXO 1

RECOMENDACcedilOtildeES DE BOAS PRAacuteTICAS DE ASSISTEcircNCIA AO PARTO SEGUNDO

CLASSIFICACcedilAtildeO DO MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2001

CATEGORIA A - PRAacuteTICAS DEMONSTRADAMENTE UacuteTEIS E QUE DEVEM SER

ESTIMULADAS

Plano individual determinando onde e por quem o nascimento seraacute realizado feito em

conjunto com a mulher durante a gestaccedilatildeo e comunicado a seu maridocompanheiro

Avaliaccedilatildeo do risco gestacional durante o preacute-natal reavaliado a cada contato com o

sistema de sauacutede

Respeito agrave escolha da matildee sobre o local do parto

Fornecimento de assistecircncia obsteacutetrica no niacutevel mais perifeacuterico onde o parto for viaacutevel e

seguro e onde a mulher se sentir segura e confiante

Respeito ao direito da mulher agrave privacidade no local do parto

Apoio empaacutetico pelos prestadores de serviccedilo durante o trabalho de parto e parto

Respeito agrave escolha da mulher sobre seus acompanhantes durante o trabalho de parto e

parto

Fornecimento agraves mulheres sobre todas as informaccedilotildees e explicaccedilotildees que desejarem

Oferta de liacutequidos por via oral durante o trabalho de parto e parto

Monitoramento fetal por meio de ausculta intermitente

43

Monitoramento cuidadoso do progresso do parto por exemplo por meio do uso do

partograma da OMS

Monitoramento do bem-estar fiacutesico e emocional da mulher durante trabalho e parto e ao

teacutermino do processo de nascimento

Meacutetodos natildeo invasivos e natildeo farmacoloacutegicos de aliacutevio da dor como massagem e

teacutecnicas de relaxamento durante o trabalho de parto

Liberdade de posiccedilatildeo e movimento durante o trabalho de parto

Estiacutemulo a posiccedilotildees natildeo supinas durante o trabalho de parto

Uso rotineiro de ocitocina clampeamento tardio (1 a 3 minutos apoacutes o nascimento) e

traccedilatildeo controlada do cordatildeo durante o 3o estaacutegio do trabalho de parto

Condiccedilotildees esteacutereis ao cortar o cordatildeo

Prevenccedilatildeo da hipotermia do bebecirc

Contato pele a pele precoce entre matildee e filho e apoio ao iniacutecio da amamentaccedilatildeo na

primeira hora apoacutes o parto segundo as diretrizes da OMS sobre Aleitamento Materno

Exame rotineiro da placenta e membranas ovulares

CATEGORIA B - PRAacuteTICAS CLARAMENTE PREJUDICIAIS OU INEFICAZES E QUE DEVEM

SER ELIMINADAS

Uso rotineiro de enema

Uso rotineiro de tricotomia

Infusatildeo intravenosa de rotina no trabalho de parto

Cateterizaccedilatildeo venosa profilaacutetica de rotina

Uso rotineiro de posiccedilatildeo supina (decuacutebito dorsal) durante o trabalho de parto

44

Exame retal

Uso de pelvimetria por Raios-X

Amniotomia precoce de rotina para diminuir a duraccedilatildeo do trabalho de parto

Administraccedilatildeo de ocitoacutecitos em qualquer momento antes do parto de um modo que natildeo

permite controlar seus efeitos

Uso de rotina da posiccedilatildeo de litotomia com ou sem estribos durante o trabalho de parto

Esforccedilo de puxo prolongado e dirigido (manobra de Valsalva) durante o segundo

estaacutegio do trabalho de parto

Massagem e distensatildeo do periacuteneo durante o segundo estaacutegio do trabalho de parto

Uso liberal e rotineiro de episiotomia

Uso de comprimidos orais de ergometrina no terceiro estaacutegio do trabalho de parto com

o objetivo de evitar ou controlar hemorragias

Uso rotineiro de ergometrina parenteral no terceiro estaacutegio do trabalho de parto

Lavagem uterina rotineira apoacutes o parto

Revisatildeo uterina (exploraccedilatildeo manual) rotineira apoacutes o parto

CATEGORIA C - PRAacuteTICAS SEM EVIDEcircNCIAS SUFICIENTES PARA APOIAR UMA

RECOMENDACcedilAtildeO CLARA E QUE DEVEM SER UTILIZADAS COM CAUTELA ATEacute QUE

MAIS PESQUISAS ESCLARECcedilAM A QUESTAtildeO

Meacutetodos natildeo farmacoloacutegicos de aliacutevio de dor durante o trabalho parto como ervas

imersatildeo em aacuteguas e estimulaccedilatildeo dos nervos

Amniotomia e ocitocina precoce de rotina no primeiro estaacutegio do trabalho de parto para

prevenccedilatildeo de progresso inadequado do parto

Pressatildeo do fundo uterino durante o trabalho de parto

45

Manobras relacionadas agrave proteccedilatildeo do periacuteneo e ao manejo do poacutelo cefaacutelico no

momento do parto

Manipulaccedilatildeo ativa do feto no momento do parto

Estimulaccedilatildeo do mamilo para estimular a contratilidade uterina durante o terceiro estaacutegio

do trabalho de parto

CATEGORIA D - PRAacuteTICAS FREQUENTEMENTE USADAS DE MODO INADEQUADO

Restriccedilatildeo hiacutedrica e alimentar durante o trabalho de parto

Controle da dor por agentes sistecircmicos

Controle da dor por analgesia peridural

Monitoramento eletrocircnico fetal

Uso de maacutescaras e aventais esteacutereis durante a assistecircncia ao trabalho de parto

Exames vaginais repetidos ou frequumlentes especialmente por mais de um prestador de

serviccedilo

Correccedilatildeo da dinacircmica com utilizaccedilatildeo de ocitocina

Transferecircncia rotineira da parturiente para outra sala no iniacutecio do segundo estaacutegio do

trabalho de parto

Cateterizaccedilatildeo da bexiga

Estiacutemulo para o puxo quando se diagnostica dilataccedilatildeo cervical completa ou quase

completa antes que a mulher sinta o puxo involuntaacuterio

Clampeamento precoce do cordatildeo umbilical

Adesatildeo riacutegida a uma duraccedilatildeo estipulada do 2deg estaacutegio do trabalho de parto

Parto operatoacuterio e exploraccedilatildeo manual do uacutetero apoacutes o parto

46

ANEXO 2

47

48

ANEXO 3

49

Page 6: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS ESCOLA DE ENFERMAGEM … FINAL ANA … · inserção do estudo foi: partos assistidos por residentes em enfermagem obstétrica, independente se

6

INTRODUCcedilAtildeO

Desde o surgimento da Poliacutetica Nacional de Atenccedilatildeo Integral agrave Sauacutede da Mulher do Programa

de Humanizaccedilatildeo no Preacute-Natal e Nascimento no final da deacutecada de 1990 e do Pacto Nacional

pela Reduccedilatildeo da Mortalidade Materna e Neonatal em 2004 diversas accedilotildees de sauacutede vecircm

sendo direcionadas a esses segmentos populacionais de forma mais sistemaacutetica no Sistema

Uacutenico de Sauacutede (SUS) como parte dos esforccedilos intergovernamentais para reduccedilatildeo dos

indicadores de morbimortalidade materno e infantil (CAVALCANTI et al 2013)

A partir do entendimento de que a morbimortalidade materna e infantil satildeo eventos complexos

e portanto multifatoriais essas questotildees permanecem como um desafio para o paiacutes Alguns

fatores tecircm dificultado a melhoria desses indicadores tais como o financiamento insuficiente a

deficiente regulaccedilatildeo do sistema de sauacutede a fragmentaccedilatildeo das accedilotildees e dos serviccedilos de sauacutede

a organizaccedilatildeo dos serviccedilos e ainda a produccedilatildeo do cuidado que tende a ldquomedicalizarrdquo e

ldquointervirrdquo desnecessariamente nos processos de gestaccedilatildeo parto e nascimento (CAVALCANTI

et al 2013)

Em 1996 a Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede (OMS) publicou um guia no qual dividiu as praacuteticas

obsteacutetricas no parto normal a partir de evidecircncias cientiacuteficas em quatro categorias A ndash

Praacuteticas demonstradamente uacuteteis e que devem ser encorajadas B ndash Praacuteticas claramente

prejudiciais ou ineficazes e que devem ser eliminadas C ndash Praacuteticas que natildeo existem evidecircncias

para apoiar sua recomendaccedilatildeo e devem ser utilizadas com cautela ateacute que novas pesquisas

esclareccedilam a questatildeo D ndash Praacuteticas que satildeo frequentemente utilizadas de modo inadequado

Tomando como base essa categorizaccedilatildeo da OMS em 2001 o Ministeacuterio da Sauacutede (MS)

apresentou uma publicaccedilatildeo semelhante sobre as condutas e praacuteticas no parto normal

modificadas pelas novas evidecircncias cientiacuteficas disponiacuteveis (OMS 1996 BRASIL 2001)

A OMS (1996) refere-se agraves enfermeiras obstetras como aquelas que prestam mais

adequadamente e com melhor custo-benefiacutecio a assistecircncia agrave gestaccedilatildeo e ao parto normal

com competecircncia para avaliar riscos e reconhecer complicaccedilotildees

Segundo a Lei 7498 de 25 de junho de 1986 a qual regulamenta o exerciacutecio profissional da

enfermagem cabe ao profissional enfermeiro prestar assistecircncia de enfermagem agrave gestante

7

parturiente e pueacuterpera acompanhamento da evoluccedilatildeo e do trabalho de parto assistecircncia ao

parto normal sem distoacutecia e ao receacutem-nascido Segundo o artigo 9ordm desta lei fica definido ainda

que agraves profissionais titulares de diploma ou certificados de Obstetriz ou de Enfermeira

Obsteacutetrica incumbe

I - prestaccedilatildeo de assistecircncia agrave parturiente e ao parto normal

II - identificaccedilatildeo das distoacutecias obsteacutetricas e tomada de providecircncias ateacute a chegada do meacutedico

III - realizaccedilatildeo de episiotomia e episiorrafia com aplicaccedilatildeo de anestesia local quando

necessaacuteria

Em meados dos anos de 1990 as enfermeiras obstetras comeccedilaram a se destacar no cenaacuterio

nacional ao adotarem em sua praacutetica assistencial as recomendaccedilotildees da OMS e do MS de boas

praacuteticas na assistecircncia ao parto (ANEXO 1) (OMS 1996) Gradativamente as enfermeiras

obstetras passaram a ocupar espaccedilos em diferentes instituiccedilotildees na assistecircncia ao parto em

conjunto com equipe multiprofissional

No Brasil estudos mostram que a presenccedila de enfermeiras obstetras reduz o excesso de

cesarianas desnecessaacuterias Em maternidades onde os partos satildeo assistidos por enfermeiras

obstetras ou obstetrizes a taxa de cesariana eacute 78 menor quando comparada aos hospitais

onde natildeo haacute presenccedila desse profissional no momento do parto Contudo apenas 16 dos

partos no paiacutes satildeo assistidos por tais profissionais em sua maioria pelo SUS (BATALHA

2015)

Para Sousa (2013) a adoccedilatildeo das boas praacuteticas assistenciais para o parto normal vem sendo

um dos grandes desafios para os serviccedilos e profissionais da sauacutede portanto permanecem

como objeto de avaliaccedilatildeo e discussatildeo em muitos estudos com o intuito de promover e

fortalecer o embasamento teoacuterico-cientiacutefico agrave praacutetica obsteacutetrica na perspectiva da humanizaccedilatildeo

e da formaccedilatildeo profissional voltada para a tais recomendaccedilotildees

Em 2000 a OMS estipulou Oito Objetivos de Desenvolvimento do Milecircnio (ODM) para 75

paiacuteses dentre os quais estaacute o Brasil Os objetivos 4 e 5 incluem respectivamente a reduccedilatildeo em

dois terccedilos da mortalidade na infacircncia (em crianccedilas menores de 5 anos) e a melhoria da sauacutede

materna com A) reduccedilatildeo em trecircs quartos da taxa de mortalidade materna com relaccedilatildeo ao niacutevel

8

observado em 1990 e B) universalizaccedilatildeo do acesso agrave sauacutede sexual e reprodutiva o que

envolve a assistecircncia ao parto por profissional capacitado (BRASIL 2014)

A taxa de mortalidade materna no Brasil no periacuteodo de 1990 a 2011 caiu em 55 passando de

141 para 64 oacutebitos por 100 mil nascidos vivos (BRASIL 2014) No ano de 2014 a OMS

divulgou um relatoacuterio sobre o andamento dos ODM nos paiacuteses participantes e com relaccedilatildeo a

mortalidade materna no Brasil entre os anos de 2000 e 2013 a queda foi de apenas 17

sendo o quarto mais lento dentre os 75 paiacuteses Eacute certo que natildeo se consiga atingir a meta de

35 mortes por 100000 NV pois o ritmo de queda eacute lento (OMS 2014)

Mesmo apoacutes a criaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas programas manuais e accedilotildees voltadas para

atenccedilatildeo aacute sauacutede da mulher receacutem-nascido (RN) e crianccedila como o incentivo a humanizaccedilatildeo da

assistecircncia ao parto e nascimento observa-se permanecircncia de taxas de mortalidade materna

elevadas no Brasil Soma-se a isto o modelo de assistecircncia obsteacutetrica predominantemente

medicalizado com pequena inserccedilatildeo de enfermeiras obstetras e com permanecircncia de praacuteticas

assistenciais sem base em evidecircncias cientiacuteficas na maior parte do paiacutes Um exemplo desse

contexto satildeo as elevadas taxas de cesarianas no Brasil atingindo a alarmante taxa de 52 em

2011 No setor puacuteblico esta taxa eacute de 46 e no privado 88 segundo dados da pesquisa

ldquoNascer no Brasil Inqueacuterito Nacional sobre Parto e Nascimentordquo da Fundaccedilatildeo Oswaldo Cruz

realizada entre os anos de 2011 e 2012 em todo territoacuterio nacional

Na tentativa de reverter este quadro o Ministeacuterio da Sauacutede elaborou em 2011 uma iniciativa

inovadora a estrateacutegia Rede Cegonha normatizada pela Portaria nordm 1459 A Rede Cegonha eacute

operacionalizada pelo SUS fundamentada nos princiacutepios da humanizaccedilatildeo e assistecircncia que

assegura agraves mulheres receacutem-nascidos e crianccedilas direitos tais como planejamento reprodutivo

atenccedilatildeo humanizada agrave gravidez parto e puerpeacuterio nascimento seguro crescimento e

desenvolvimento saudaacuteveis (BRASIL 2011)

Uma das diretrizes da Rede Cegonha consiste na mudanccedila do modelo da atenccedilatildeo aplicado ao

parto e ao nascimento com incentivo agraves praacuteticas voltadas para humanizaccedilatildeo baseadas em

evidecircncias cientiacuteficas Para a implementaccedilatildeo desse modelo eacute importante a intensificaccedilatildeo da

formaccedilatildeo e especializaccedilatildeo de profissionais em obstetriacutecia para que possam atuar no SUS

(BRASIL 2012)

9

Para atender a demanda de formaccedilatildeo destas profissionais foi criado o Programa Nacional de

Residecircncia em Enfermagem Obstetriacutecia (PRONAENF) uma iniciativa inovadora do governo

federal que forma enfermeiras obsteacutetricas nas regiotildees que aderiram agrave estrateacutegia Rede

Cegonha Participaram inicialmente 18 instituiccedilotildees de ensino em 13 unidades da federaccedilatildeo

com 156 bolsas financiadas pelo Ministeacuterio da Sauacutede e pelo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Os

profissionais atuam desde o preacute-natal e parto ateacute o nascimento e poacutes-parto dentro do

preconizado pela Rede Cegonha A estrateacutegia visa intensificar a assistecircncia integral agrave sauacutede

das mulheres e crianccedilas do planejamento reprodutivo ndash passando pela confirmaccedilatildeo da

gravidez parto puerpeacuterio ndash ateacute o segundo ano de vida do filho (BRASIL 2012)

Em marccedilo de 2013 a Escola de Enfermagem da Universidade Federal de Minas Gerais (EE-

UFMG) iniciou a primeira turma de residentes com 24 participantes desenvolvendo o ensino

cliacutenico em quatro campos de praacutetica Hospital das Cliacutenicas da UFMG (HC-UFMG) Hospital

Universitaacuterio Risoleta Tolentino Neves (HRTN) Hospital Sofia Feldman (HSF) sendo estas no

acircmbito hospitalar e Unidades de Sauacutede da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) no acircmbito da

atenccedilatildeo baacutesica Divididas entre os campos 24 enfermeiras residentes cumpriram carga horaacuteria

de 60 horas semanais sendo 48 horas de plantotildees e 12 horas de aulas teoacutericas na EEUFMG

Para Amorim e Gualda (2011) as mudanccedilas no modelo de ensino da enfermagem obsteacutetrica

satildeo fundamentais para a formaccedilatildeo ampla e de qualidade tanto no aspecto teoacuterico quanto

praacutetico Isso contribui para o desenvolvimento da atuaccedilatildeo competente e para o enfrentamento

do modelo assistencial hegemocircnico

O Programa de Residecircncia em Enfermagem Obsteacutetrica coordenado pela EEUFMG tem sido

desenvolvido em concordacircncia com estes princiacutepios e apesar das atividades praacuteticas terem

sido iniciadas em marccedilo de 2013 ateacute o momento natildeo foi realizada uma pesquisa para avaliar a

praacutetica obsteacutetrica das residentes na atenccedilatildeo ao parto normal nas maternidades envolvidas A

importacircncia da inserccedilatildeo das enfermeiras obstetras na assistecircncia a mulher em todo ciclo

graviacutedico puerperal na atenccedilatildeo ao parto normal na transformaccedilatildeo do modelo obsteacutetrico

hegemocircnico e na implementaccedilatildeo da praacutetica obsteacutetrica baseada em evidecircncias cientiacuteficas

confere relevacircncia a enfermagem obsteacutetrica como campo de pesquisa Considerando este

10

contexto propotildee-se um estudo sobre a assistecircncia ao parto normal prestada pelas enfermeiras

residentes da primeira turma da EE-UFMG na maternidade do Hospital Risoleta Tolentino

Neves na perspectiva de aprimorar o ensino a assistecircncia e a atuaccedilatildeo de futuras residentes

OBJETIVO

Descrever os indicadores resultantes da assistecircncia ao parto normal prestada pelas

enfermeiras residentes em enfermagem obsteacutetrica da primeira turma da Escola de Enfermagem

da UFMG na maternidade do Hospital Risoleta Tolentino Neves em Belo Horizonte no periacuteodo

de abril de 2013 a abril de 2014

METODOLOGIA

Estudo quantitativo restrospectivo desenvolvido na maternidade do HRTN em Belo Horizonte-

MG no periacuteodo de abril de 2013 a abril de 2014

Cenaacuterio

O Hospital Risoleta Tolentino Neves (HRTN) foi escolhido para este estudo dentre as demais

instituiccedilotildees de praacutetica da residecircncia por ser uma maternidade de referecircncia regional para

gestaccedilotildees de risco habitual por ter enfermeiras obstetras inseridas diretamente na assistecircncia

ao parto normal e por estar recebendo a primeira turma de residentes em enfermagem

obsteacutetrica na histoacuteria da instituiccedilatildeo

O hospital estaacute localizado na regiatildeo Norte de Belo Horizonte e mantem uma parceria de ensino

com a UFMG desde sua criaccedilatildeo A maternidade foi inaugurada em 30 de julho de 2007 e tem

como princiacutepio uma assistecircncia humanizada em que se valoriza o trabalho em equipe e um

ambiente que proporcione a mulher um atendimento diferenciado e com total seguranccedila Satildeo

assistidos em meacutedia 270 partos por mecircs com taxas de parto normal em torno de 80 Eacute

composta por dois leitos de pronto atendimento obsteacutetrico (admissatildeo) dois leitos de preacute-parto

(PP) trecircs leitos de PPP (preacutepartopoacutes) uma sala de litotomia e um centro ciruacutergico O

alojamento conjunto eacute composto por 25 leitos que recebem pueacuterperas receacutem-nascidos assim

11

como gestantes em tratamento cliacutenico 4 leitos ldquoCangururdquo para RN em ganho de peso 4 leitos

de internaccedilatildeo social para receber matildees com filhos internados na unidade de cuidados

progressivos aleacutem de uma Unidade de Cuidados Intensivos Neonatal (UCIN) A equipe de

enfermagem eacute composta por uma coordenadora 11 enfermeiras assistenciais 12 enfermeiras

obstetras e 54 teacutecnicos de enfermagem (PORTAL HRTN 2013)

As enfermeiras residentes atuam no centro obsteacutetrico em conjunto com equipe

multiprofissional a qual eacute composta por meacutedicos obstetras meacutedicos residentes em ginecologia

e obstetriacutecia anestesistas pediatras enfermeiras obstetras enfermeiros assistenciais e

teacutecnicos de enfermagem aleacutem de acadecircmicos de enfermagem e medicina da UFMG que

estagiam nesta instituiccedilatildeo Cada plantatildeo diurno ou noturno conta com duas enfermeiras

residentes que se dividem entre o bloco obsteacutetrico e o alojamento conjunto atuando

exclusivamente no local escalado portanto em todos os plantotildees haacute pelo menos uma

residente de enfermagem obsteacutetrica atuando na assistecircncia ao parto normal nesta

maternidade

A equipe presta assistecircncia baseada nos princiacutepios da humanizaccedilatildeo e do modelo colaborativo

Este modelo consiste na atuaccedilatildeo conjunta onde cada parte respeita a atuaccedilatildeo individual dos

membros da equipe que trabalha com metas e objetivos comuns As mulheres e suas famiacutelias

recebem acompanhamento multiprofissional com praacuteticas obsteacutetricas majoritariamente

baseadas em evidecircncias cientiacuteficas e na humanizaccedilatildeo da assistecircncia As parturientes satildeo

assistidas tanto por enfermeiras obstetras como por meacutedicos obstetras em todas as fases da

internaccedilatildeo A assistecircncia eacute compartilhada entre as diferentes categorias profissionais em

situaccedilotildees que variam desde a induccedilatildeo do trabalho de parto assistecircncia durante o trabalho de

parto parto nascimento ateacute o puerpeacuterio Os casos satildeo acompanhados de forma

compartilhada havendo comunicaccedilatildeo entre os membros da equipe Os partos normais podem

ser assistidos por residentes tanto enfermeiros como meacutedicos e ambos podem ser

preceptorados por enfermeiras obstetras ou meacutedicos obstetras o que permite uma atuaccedilatildeo

complementar entre as categorias que traz benefiacutecios ao serviccedilo e agrave parturiente Todos os

partos assistidos por enfermeiras obstetras satildeo registrados em um livro denominado ldquolivro de

registro de partos assistidos pelas enfermeiras obstetrasrdquo Os partos assistidos por residentes

em enfermagem obsteacutetrica tambeacutem satildeo registrados neste livro independente da preceptoria

12

mas eacute importante considerar que estes satildeo em sua maioria preceptorados por enfermeiras

obstetras

Fonte e coleta de dados

A fonte de informaccedilotildees para este estudo foi o ldquolivro de registro de partos assistidos pelas

enfermeiras obstetrasrdquo Os dados nele registrados satildeo data hora do parto nome da paciente

idade paridade idade gestacional posiccedilatildeo de parto realizaccedilatildeo de episiotomia e contato pele a

pele presenccedila de acompanhante se a parturiente recebeu analgesia e qual o tipo (peridural

raquianestesia) se houve laceraccedilatildeo perineal e qual o grau escore de Apgar do RN nome dos

profissionais que assistiram ao parto

O banco de dados foi constituiacutedo por 1434 partos registrados no livro no periacuteodo de treze

meses (abril de 2013 a abril de 2014) Os dados de cada parto foram digitados na iacutentegra no

programa Epi-Info versatildeo 353 Apoacutes a digitaccedilatildeo foram selecionados somente os partos que

atendiam ao criteacuterio para inserccedilatildeo no estudo parto assistido por residente em enfermagem

obsteacutetrica independente se preceptorado por enfermeira obstetra ou por meacutedico obstetra A

partir daiacute delimitou-se a populaccedilatildeo final deste estudo que foi de 714 partos Os dados natildeo

informados de cada variaacutevel foram excluiacutedos da amostra exceto na variaacutevel idade gestacional

Variaacuteveis de interesse

Apoacutes ter sido identificada a populaccedilatildeo deste estudo foram selecionadas onze variaacuteveis de

interesse sendo elas idade materna nuacutemero de gestaccedilotildees paridade idade gestacional

posiccedilatildeo do parto episiotomia contato pele a pele presenccedila de acompanhante analgesia

farmacoloacutegica laceraccedilatildeo perineal e escore de Apgar

A idade das mulheres assistidas pelas enfermeiras residentes foi classificada dentro do

intervalo de idade reprodutiva da seguinte forma

Entre 10 e 14 anos (adolescentes precoces)

Entre 15 e 19 anos (adolescentes)

13

Entre 20 e 34 anos (adultas jovens)

Acima de 35 anos (idade tardia)

Com relaccedilatildeo agrave paridade as mulheres foram divididas em primiacuteparas e multiacuteparas

No que se refere ao nuacutemero de gestaccedilotildees foram classificadas em primigestas secundigestas

tercigestas ou que tiveram quatro gestaccedilotildees anteriores ou mais

Com relaccedilatildeo aacute idade gestacional no parto a classificaccedilatildeo neste estudo foi

Preacute-termo (lt37 semanas)

Termo (entre 37 semanas e 41 semanas+6 dias)

Poacutes-termo (gt42 semanas)

Idade gestacional desconhecida natildeo informada

Na variaacutevel posiccedilatildeo de parto foram consideradas as seguintes posiccedilotildees semi-sentada sentada

no banquinho de coacutecoras em decuacutebito dorsal posiccedilatildeo litotocircmica em Gaskin decuacutebito lateral

em peacute e ajoelhada Em relaccedilatildeo agrave episiotomia contato pele a pele e presenccedila de

acompanhantes os dados foram classificados em SimNatildeo Quanto agraves laceraccedilotildees perineais foi

feita a seguinte classificaccedilatildeo periacuteneo iacutentegro laceraccedilatildeo de primeiro grau de segundo grau de

terceiro grau e de quarto grau Os dados sobre escore de Apgar foram divididos em lt7 e gt 7 no

primeiro e quinto minutos

Anaacutelise dos dados

As variaacuteveis foram submetidas agrave anaacutelise descritiva com caacutelculo da frequecircncia absoluta e

relativa para as variaacuteveis categoacutericas e de meacutedia e desvio padratildeo para as variaacuteveis contiacutenuas

Para o processamento e anaacutelise dos dados utilizou-se o software STATA (versatildeo 90)

14

Aspectos eacuteticos

Para realizaccedilatildeo do estudo o projeto de pesquisa teve aprovaccedilatildeo da Coordenaccedilatildeo do Programa

de Residecircncia em Enfermagem Obsteacutetrica da Escola de Enfermagem da Universidade Federal

de Minas Gerais

O estudo teve a anuecircncia da coordenaccedilatildeo da maternidade e foi aprovado pelo Nuacutecleo de

Ensino e Pesquisa (NEPE) do HRTN em 06082014 pelo parecer nordm 252014 conforme consta

no ANEXO 2

Foi aprovado pela Cacircmara Departamental do Departamento de Enfermagem Materno Infantil

(EMI) da EEUFMG em 10112014 conforme consta no ANEXO 3

RESULTADOS

No periacuteodo de treze meses de abril de 2013 a abril de 2014 foram registrados no livro 1434

partos Destes 714 foram com a participaccedilatildeo das residentes em enfermagem obsteacutetrica

representando 498 do total Os demais 720 partos (excluiacutedos da amostra) foram assistidos

pelas enfermeiras obstetras sozinhas ou com participaccedilatildeo de residentes em ginecologia e

obsteacutetrica acadecircmicos de enfermagem e medicina

Os resultados e sua distribuiccedilatildeo entre a variaacuteveis analisadas estatildeo representados nas tabelas a

seguir

15

TABELA 1

Perfil das gestantes assistidas por residentes em enfermagem obsteacutetrica em relaccedilatildeo a

idade materna paridade nuacutemero de gestaccedilotildees e idade gestacional Belo Horizonte MG

Variaacuteveis n

Idade Materna (anos)

10 ndash 14 6 08

15 ndash 19 144 202

20 - 34 498 695

gt 35 57 79

Paridade

Primiacuteparas 315 441

Multiacuteparas 398 557

Nuacutemero de Gestaccedilotildees

1 283 396

2 213 298

3 102 143

4 ou mais 115 161

Idade Gestacional

Preacute-termo (lt37 semanas) 45 63

Termo (37 - 41 semanas) 643 900

Poacutes-termo (gt 42 semanas) 3 04

Desconhecida natildeo informada 23 32

Variaacutevel N Meacutedia Desvio Padratildeo Miacutenimo Maacuteximo

Idade Gestacional 714 38 15 24 42

Idade Materna 705 24 60 14 44

16

Neste estudo a faixa etaacuteria predominante das mulheres assistidas por residentes em

enfermagem obsteacutetrica foi de adultas jovens com 695 seguida de adolescentes com 202

Os extremos etaacuterios adolescentes precoces e mulheres acima de 35 anos apareceram em

menor proporccedilatildeo sendo 08 e 79 respectivamente A meacutedia etaacuteria foi de 24 anos com

desvio padratildeo de 6 anos sendo que a menor idade encontrada entre as mulheres assistidas

por enfermeiras residentes foi 14 anos e a maior 44 anos

No que se refere ao nuacutemero de gestaccedilotildees o maior percentual foi de primigestas (396)

seguido das secundigestas (298) A partir daiacute observou-se diminuiccedilatildeo do percentual sendo

que tercigestas representaram 143 e o somatoacuterio das mulheres que tiveram quatro

gestaccedilotildees anteriores ou mais resultou em 161 O caso com maior nuacutemero de gestaccedilotildees

encontrado neste estudo foi de uma parturiente que estava em sua 13ordf gestaccedilatildeo

Com relaccedilatildeo agrave paridade as mulheres foram divididas em dois grupos primiacuteparas e multiacuteparas

sendo 441 e 557 respectivamente As mulheres que tiveram apenas uma gestaccedilatildeo ou

seja primigestas satildeo 396 e as primiacuteparas logo que natildeo tem partos vaginais anteriores satildeo

441 Isto evidencia que nem todas as primiacuteparas eram primigestas havendo abortamentos

ou gestaccedilotildees ectoacutepicas anteriores O somatoacuterio das mulheres que tiveram duas ou mais

gestaccedilotildees representou 602 Isso justifica o fato de haver maior percentual de multiacuteparas

quando se analisa paridade e ao mesmo tempo maior percentual de primigestas quando se

analisa nuacutemero de gestaccedilotildees entre as mulheres estudadas

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TABELA 2

Indicadores da assistecircncia ao trabalho de parto e parto prestada pelas residentes em

enfermagem obsteacutetrica na maternidade do HRTN Belo Horizonte MG

Variaacuteveis N

Variaacuteveis n

Posiccedilatildeo do parto

Analgesia

Semi-sentada 462 647

Natildeo 587 822

Banquinho 120 168

Peridural 119 166

Coacutecoras 56 78

Raquidiana 8 11

Decuacutebito dorsal 23 32

Litotocircmica 20 28

Contato pele a pele

Sentada 9 12

Sim 674 944

Gaskin 7 09

Natildeo 34 47

Decuacutebito lateral 7 09

Em peacute 4 05

Acompanhante

Ajoelhada 2 02

Sim 686 960

Natildeo 27 37

Episiotomia

Sim 30 42

Apgar no 1ordm minuto

Natildeo 681 954

lt7 46 64

gt7 668 935

Laceraccedilatildeo

Natildeo 194 271

Apgar no 5ordm minuto

1ordm grau 329 460

lt7 6 08

2ordm grau 169 236

gt7 708 991

3ordm grau 20 28

4ordm grau 2 02

Variaacutevel N Meacutedia Desvio Padratildeo Miacutenimo Maacuteximo

Apgar no 1ordm minuto 714 83 13 0 10

Apgar no 5ordm minuto 714 93 07 0 10

18

Os resultados deste estudo mostram que a maioria dos partos assistidos por residentes em

enfermagem obsteacutetrica foram em posiccedilatildeo semi-sentada (647) as demais posiccedilotildees de parto

encontradas foram no banquinho (168) de coacutecoras (78) em decuacutebito dorsal (32) em

posiccedilatildeo litotocircmica (28) sentada (12) em Gaskin (09) em decuacutebito lateral (09) em

peacute (05) e ajoelhada (02) Considerando-se todas as posiccedilotildees de parto verticalizadas como

semi-sentada no banquinho Gaskin em peacute e ajoelhada encontrou-se uma taxa em torno de

92 de partos em posiccedilatildeo natildeo supina

A episiotomia foi realizada em apenas 420 dos partos Em 9538 dos casos as mulheres

foram poupadas deste procedimento Com relaccedilatildeo as laceraccedilotildees perineais a maioria das

mulheres apresentou laceraccedilotildees de primeiro grau (460) seguidas de periacuteneo iacutentegro

(271) Laceraccedilotildees de segundo grau acometeram 236 das mulheres Laceraccedilotildees graves

de terceiro grau (28) e de quarto grau (02) ocorreram em uma parcela pouco significativa

das mulheres assistidas pelas enfermeiras residentes

A analgesia farmacoloacutegica foi realizada em 177 das parturientes sendo em 166 por

teacutecnica peridural e 112 por teacutecnica raquidiana A analgesia farmacoloacutegica natildeo foi ofertada a

8221 das mulheres

O contato pele a pele na primeira hora de vida foi proporcionado a 9440 dos receacutem-

nascidos Em 47 a interaccedilatildeo pele a pele natildeo foi realizada

As parturientes contaram com a presenccedila de acompanhante familiar em 960 dos partos Os

partos sem acompanhante familiar representaram apenas 37

Os resultados sobre escore de Apgar foram gt7 no primeiro minuto em 935 dos neonatos e

gt7 no quinto minuto em 991 Tais dados mostram que a quase totalidade dos receacutem-

nascidos apresentava boas condiccedilotildees de vitalidade no primeiro e quinto minuto de vida

19

DISCUSSAtildeO

Idade materna Paridade Nuacutemero de gestaccedilotildees

Segundo o MS as mulheres em idade reprodutiva ou seja de 10 a 49 anos representam 65

do total da populaccedilatildeo feminina conformando um grupo social importante e que merece

atenccedilatildeo no que se refere agrave elaboraccedilatildeo de poliacuteticas de sauacutede (BRASIL 2011)

Silva (2009) cita que mulheres muito jovens ou muito idosas satildeo consideradas de maior risco

para resultados adversos e complicaccedilotildees gestacionais no parto e perinatais

A OMS considera gravidez na adolescecircncia aquela que ocorre em mulheres entre 10 e 19

anos sendo que gestantes com menos de 14 anos satildeo mais vulneraacuteveis e mais expostas agrave

morbimortalidade A gravidez na adolescecircncia estaacute relacionada aacute condiccedilotildees de escolaridade e

fatores socioeconocircmicos como escolaridade renda dentre outros e no que se refere aos

riscos os principais referidos por Santos at al (2014) satildeo prematuridade e baixo peso ao

nascer Jaacute Gravena (2013) refere que estatildeo relacionados agrave gravidez precoce riscos

aumentados ao receacutem-nascido de baixo peso ao nascer deficiecircncias de micronutrientes e

restriccedilatildeo do crescimento intrauterino levando a alteraccedilotildees na evoluccedilatildeo dessa gestaccedilatildeo e no

crescimento fetal o que pode resultar tambeacutem em parto prematuro

Cesar (2011) em estudo sobre gestaccedilatildeo na adolescecircncia encontrou 2018 de matildees

adolescentes e mostrou que estas estiveram de forma sistemaacutetica em desvantagem em

relaccedilatildeo agraves demais matildees tanto no que se refere a caracteriacutesticas socioeconocircmicas quanto na

assistecircncia recebida durante a gestaccedilatildeo e o parto Afirma que as adolescentes possuiacuteam pior

niacutevel de escolaridade e renda familiar viviam mais comumente sem companheiro realizaram

um menor nuacutemero de consultas de preacute-natal iniciaram estas consultas mais tardiamente

referiram com maior frequecircncia a presenccedila de anemia e corrimento vaginal patoloacutegico e foram

mais submetidas ao uso de foacutercipe e episiotomia Considerando-se as categorias adolescentes

precoces e adolescentes do presente estudo tem-se uma taxa de 210 proacutexima da

encontrada por Cesar (2011)

20

Mulheres entre 20 e 35 anos satildeo consideradas adultas jovens e apresentam resultados

obsteacutetricos e neonatais mais favoraacuteveis quando comparadas as adolescentes e a mulheres em

idade avanccedilada Neste estudo as adultas jovens representaram a maior parte da populaccedilatildeo

(695) Este achado corrobora para os resultados obsteacutetricos e neonatais favoraacuteveis aqui

verificados Gravena et al (2013) verificou em seu estudo que adolescentes e mulheres em

idade tardia tiveram probabilidade maior de parto cesaacutereo em relaccedilatildeo agraves adultas No que se

refere ao baixo peso ao nascer tanto as gestantes adolescentes quanto as em idade avanccedilada

apresentaram mais chance de possuiacuterem filhos receacutem-nascidos com baixo peso quando

comparadas as adultas

A taxa de fecundidade vem apresentando queda no Brasil nos uacuteltimos anos segundo dados do

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) em 2000 a taxa de fecundidade era de 24

filhos por mulher e em 2014 foi menor que 18 filhos por mulher (IBGE 2013) Dentre os vaacuterios

fatores que colaboraram para esta transiccedilatildeo na taxa de fecundidade encontram-se a

elaboraccedilatildeo e expansatildeo da estrateacutegia de sauacutede da famiacutelia e das poliacuteticas voltadas para a

mulher no ciclo graviacutedico puerperal principalmente a Poliacutetica Nacional de Direitos Sexuais e

Direitos Reprodutivos lanccedilada em 2005 e a Poliacutetica Nacional de Planejamento Familiar

elaborada em 2007 que permitiu as mulheres expansatildeo do acesso a informaccedilotildees sobre o

planejamento familiar reprodutivo e oferta de meacutetodos contraceptivos (BRASIL 2007)

Define-se gestaccedilatildeo tardia aquela que ocorre acima dos 35 anos e aquelas com mais de 45

anos satildeo consideradas gestaccedilotildees com idade materna avanccedilada Os nascimentos em mulheres

com 35 anos ou mais tem aumentado de forma consistente no Brasil tendecircncia observada

principalmente nos paiacuteses industrializados As mudanccedilas nos haacutebitos de vida como maior niacutevel

de escolaridade maior inserccedilatildeo no mercado de trabalho e na expectativa de vida da mulher

estimulam a postergaccedilatildeo do momento da primeira gravidez que acaba acontecendo em idades

superiores apoacutes serem atingidos outros objetivos de vida pessoais e profissionais Soma-se a

isso o advento da reproduccedilatildeo assistida que permite as mulheres engravidarem em idades mais

avanccediladas periacuteodo de comprovada diminuiccedilatildeo da fertilidade Haacute que se considerar que em

paiacuteses em desenvolvimento como o Brasil a maior parte das gestaccedilotildees tardias acontece em

situaccedilotildees de multiparidade o que tambeacutem envolve riscos (SILVA 2009)

21

A gestaccedilatildeo tardia apresenta risco similar a gestaccedilatildeo na adolescecircncia em alguns aspectos

conforme citado anteriormente e mais elevados em situaccedilotildees como abortamento espontacircneo

gravidez ectoacutepica anormalidades cromossocircmicas e malformaccedilotildees congecircnitas (SILVA 2009)

Gravena et al (2013) cita que nas mulheres com gestaccedilatildeo tardia tecircm sido observados mais

abortamentos espontacircneos e induzidos maior risco para mortalidade perinatal baixa vitalidade

do receacutem- nascido baixo peso ao nascer parto preacute-termo e fetos pequenos para idade

gestacional As gestaccedilotildees de mulheres de idade materna avanccedilada tecircm sido consideradas

como de alto risco em decorrecircncia principalmente da incidecircncia crescente de siacutendromes

hipertensivas ruptura prematura de membranas presenccedila de diabetes aleacutem de maior chance

do iacutendice de Apgar no quinto minuto ser menor que sete

Analisando os 1434 partos registrados no livro no mesmo periacuteodo e nos quais estatildeo incluiacutedos

os 714 partos das enfermeiras residentes o percentual de primiacuteparas e multiacuteparas foi de 415

e 583 respectivamente valores muito proacuteximos aos encontrados nos partos assistidos pelas

enfermeiras residentes

Idade gestacional

Conceitua-se gravidez preacute-termo aquela cuja idade gestacional encontra-se entre 22 e 37

semanas ou entre 154 a 259 dias (ACOG 2013) A prematuridade eacute um evento que afeta a

vida da famiacutelia e do RN de forma significativa envolvendo aspectos bioloacutegicos psicoloacutegicos e

sociais de difiacutecil mensuraccedilatildeo e que devem ser considerados pela equipe que assiste a famiacutelia

prematura (RAMOS 2009)

A prematuridade tem sido estudada como uma das causas importantes de mortalidade infantil

O receacutem-nascido imaturo apresenta desenvolvimento incompleto de oacutergatildeos como ceacuterebro e

pulmotildees aleacutem de limitaccedilatildeo da funccedilatildeo renal e imaturidade da funccedilatildeo hepaacutetica podendo sofrer

seacuterios comprometimentos ou intercorrecircncias (GRAVENA 2013) A literatura cita alguns fatores

de risco gestacionais associados agrave prematuridade tais como parto prematuro preacutevio gestaccedilatildeo

muacuteltipla histoacuteria materna de um ou mais abortos espontacircneos no segundo trimestre

comprimento cervical lt 30 cm baixo niacutevel socioeconocircmico idade materna lt18 anos ou gt40

22

anos primiparidade (mais frequente no primeiro filho) complicaccedilotildees maternas (cliacutenicas ou

obsteacutetricas) atividade fiacutesica aumentada tabagismo uso de cocaiacutena acompanhamento preacute-

natal inadequado ou ausente situaccedilotildees de alto estresse crescimento intrauterino restrito

(CIUR) anomalias congecircnitas polihidracircmnios ruptura prematura de membranas preacute-termo

(RPMPT) descolamento de placenta presenccedila de DIU mioma (particularmente submucoso ou

subplacentaacuterio) anomalias uterinas insuficiecircncia istmo-cervical infecccedilotildees maternas siacutendrome

antifosfoliacutepide trauma cirurgia (RAMOS 2009)

O American College of Obstetricians and Gynecologists (ACOG 2013) classifica a gravidez

aleacutem de 37 semanas da seguinte maneira

Termo precoce entre 37 semanas e 38 semanas e 6 dias

Termo completo entre 39 semanas e 40 semanas e 6 dias

Termo tardio entre 41 semanas e 41 semanas e 6 dias

Poacutes-termo 42 semanas em diante

Neste estudo a grande maioria dos partos assistidos pelas enfermeiras residentes foi de

gestaccedilotildees a termo (900) Tal fato se justifica pela maior atuaccedilatildeo da enfermagem obsteacutetrica

nas gestaccedilotildees de risco habitual A meacutedia de idade gestacional da amostra deste estudo foi de

38 semanas sendo a menor idade gestacional encontrada 24 semanas e a maior 42 semanas

Os partos preacute-termo e poacutes-termo ou seja de maior risco satildeo preferencialmente

acompanhados por meacutedico obstetra Eacute rotina da instituiccedilatildeo em estudo a induccedilatildeo do trabalho

de parto nas gestaccedilotildees acima de 41 semanas Tambeacutem por esse motivo pode-se justificar a

atuaccedilatildeo das enfermeiras residentes em menos de 05 de partos poacutes-termo

O ACOG define gestaccedilatildeo poacutes-termo ou gestaccedilatildeo prolongada como aquela que se estende

aleacutem de 42 semanas ou 294 dias de gestaccedilatildeo (ACOG 2013) Para Amorim (2010) as

gestaccedilotildees aleacutem de 42 semanas ocorrem em aproximadamente 5 dos casos jaacute as aleacutem de 41

semanas em cerca de 10 A causa mais comum de gestaccedilatildeo poacutes-termo eacute o erro de dataccedilatildeo

e quando realmente existe a causa eacute desconhecida sendo a primiparidade o principal fator de

risco associado Mais raramente outros fatores podem estar presentes como a anencefalia

23

deficiecircncia de sulfatase placentaacuteria feto do sexo masculino e predisposiccedilatildeo geneacutetica (BRASIL

2011) O maior temor relacionado agrave gestaccedilatildeo prolongada eacute de que ocorra insuficiecircncia

placentaacuteria com reduccedilatildeo do aporte de nutriente e oxigecircnio para o bebecirc o que pode acarretar

aumento da morbidade e mortalidade perinatal Com maior frequecircncia de morte perinatal

anormalidade da frequecircncia cardiacuteaca fetal intraparto eliminaccedilatildeo de mecocircnio macrossomia e

cesariana (AMORIM 2010)

No Brasil tem sido frequente a indicaccedilatildeo de cesariana quando a gestaccedilatildeo ultrapassa 40

semanas sobretudo no setor privado poreacutem esta conduta natildeo eacute corroborada por evidecircncias

Amorim (2010) em compilado sobre o tema cita uma revisatildeo sistemaacutetica publicada em 2003 na

qual concluiacuteram que a induccedilatildeo do parto a partir de 41 semanas quando comparada agrave conduta

expectante resultou em menor taxa de cesaacuterias (201 x 22) e de liacutequido amnioacutetico meconial

(224 x 277) poreacutem natildeo houve diferenccedila em termos de mortalidade perinatal escores de

Apgar admissatildeo em UTI neonatal e siacutendrome de aspiraccedilatildeo meconial Em 2012 outra revisatildeo

sistemaacutetica disponiacutevel na biblioteca Cochrane incluindo 22 ensaios cliacutenicos randomizados e

9383 mulheres submetidas aacute induccedilatildeo do parto mostrou reduccedilatildeo significativa do risco relativo de

morte perinatal e de cesariana Natildeo houve diferenccedila na taxa de natimortos ou de morte

neonatal nos dois grupos A incidecircncia da siacutendrome de aspiraccedilatildeo meconial foi menor no grupo

submetido agrave induccedilatildeo do parto poreacutem natildeo houve diferenccedila na frequecircncia de asfixia perinatal

baixos escores de Apgar e admissatildeo em UTI neonatal Os autores sugerem que a induccedilatildeo do

parto a partir de 41 semanas reduz as taxas de cesariana sem comprometer o prognoacutestico

perinatal Aleacutem disso o estudo mostrou maior satisfaccedilatildeo das gestantes submetidas agrave induccedilatildeo

do parto Recomenda-se que as mulheres sejam esclarecidas sobre riscos e benefiacutecios

associados agrave induccedilatildeo do parto a partir de 41 semanas (AMORIM 2010)

Posiccedilatildeo de parto

Os benefiacutecios da livre movimentaccedilatildeo da parturiente durante o trabalho de parto tais como a

reduccedilatildeo de sua duraccedilatildeo melhora do conforto materno e reduccedilatildeo do uso de analgeacutesicos satildeo

sustentados por evidecircncias cientiacuteficas (SOUSA 2013) A adoccedilatildeo de postura vertical e

movimentaccedilatildeo podem aleacutem de diminuir a dor materna facilitar a circulaccedilatildeo materno-fetal e a

descida do feto na pelve materna melhorar as contraccedilotildees uterinas e diminuir o trauma perineal

24

(SILVA 2011)

A OMS (1996) classifica como praacuteticas demonstradamente uacuteteis e que devem ser estimuladas

(categoria A) a liberdade de posiccedilatildeo e movimento durante o trabalho de parto e o estiacutemulo a

posiccedilotildees natildeo supinas durante o trabalho de parto Jaacute o uso rotineiro de posiccedilatildeo supina

(decuacutebito dorsal) durante o trabalho de parto e o uso de rotina da posiccedilatildeo de litotomia com ou

sem perneiras durante o trabalho de parto satildeo classificadas como praacuteticas claramente

prejudiciais e que devem ser eliminadas (categoria B)

Uma revisatildeo sistemaacutetica sobre assistecircncia ao segundo e terceiro periacuteodos do trabalho de parto

publicada em 2010 mostra que a posiccedilatildeo supina tem sido amplamente usada no segundo

periacuteodo do trabalho de parto contrariando a evidecircncia fisioloacutegica da reduccedilatildeo da eficiecircncia

uterina e do fluxo sanguiacuteneo placentaacuterio nessa posiccedilatildeo A posiccedilatildeo litotocircmica eacute ainda

recomendada em alguns tratados tradicionais de Obstetriacutecia mas as posiccedilotildees alternativas

incluem uma gama de posiccedilotildees que podem trazer benefiacutecios para o parto posiccedilatildeo lateral

(Sims) vertical (sentada semi-sentada de coacutecoras ou ajoelhada) e de quatro apoios A

imersatildeo em aacutegua durante o periacuteodo expulsivo do trabalho de parto aumentou o registro de

satisfaccedilatildeo por parte das parturientes no que diz respeito aos puxos mas ainda natildeo haacute

evidecircncias sobre os efeitos da imersatildeo em aacutegua no segundo estaacutegio especialmente sobre a

morbidade materna e neonatal (AMORIM 2010)

Estudos apontam que posiccedilotildees verticalizadas ou a posiccedilatildeo lateral associaram-se com reduccedilatildeo

da duraccedilatildeo do segundo periacuteodo do parto reduccedilatildeo nas anormalidades da frequecircncia cardiacuteaca

fetal bem como reduccedilatildeo de relatos de dor grave e episiotomia Ocorre no entanto maior perda

de sangue estimada (acima de 500 mL) sem repercussotildees cliacutenicas consideraacuteveis A conclusatildeo

dos revisores eacute que as mulheres devem ser encorajadas a parir na posiccedilatildeo que lhes for mais

confortaacutevel com o balanccedilo das evidecircncias a favor das posturas natildeo supinas (AMORIM 2010)

Mouta et al (2008) e Rocha Fonseca (2010) encontraram percentuais entre 50 e 78 de

posiccedilatildeo vertical em partos assistidos exclusivamente por enfermeiras obstetras em

maternidades puacuteblicas do Rio de Janeiro Em um CPN de Satildeo Paulo apenas 13 dos partos

foram assistidos em posiccedilatildeo horizontal contra 776 assistidos em posiccedilatildeo vertical (SOUZA

2011)

25

Sousa (2013) observou em seu estudo com 61 mulheres assistidas em Hospital da rede puacuteblica

de Belo Horizonte que mais de 75 pariram deitadas de costas com pernas levantadas sem

uso de perneiras As demais mulheres deram a luz em posiccedilatildeo de coacutecoras (98) deitada de

lado (66) sentadareclinada (66) ou Gaskin (16)

A maternidade do HRTN faz parte da rede de hospitais de Belo Horizonte que assinou o Termo

de Compromisso das Maternidades do SUS-BH estabelecido pela Comissatildeo Perinatal da

Secretaria Municipal de Sauacutede de Belo Horizonte (SMSA-BH) o qual estabelece metas para

diversos indicadores assistenciais objetivando humanizar a assistecircncia e reduzir as taxas de

cesariana nas maternidades da rede puacuteblica de Belo Horizonte No que se refere a posiccedilatildeo de

parto a SMSA-BH tem como meta que mais de 70 dos partos sejam realizados em posiccedilatildeo

natildeo supina Segundo dados institucionais fornecidos pela coordenaccedilatildeo da maternidade sobre

todos os partos do HRTN no mesmo periacuteodo deste estudo a taxa de partos em posiccedilatildeo natildeo

supina variou de 6202 em abril de 2014 a 8138 em abril de 2013

Diante dos resultados deste estudo eacute possiacutevel inferir que no HRTN a equipe incentiva e apoia o

uso de deambulaccedilatildeo e posiccedilotildees verticalizadas durante o trabalho de parto e periacuteodo expulsivo

As mulheres devem orientadas sobre os benefiacutecios da verticalizaccedilatildeo para a evoluccedilatildeo do

trabalho de parto No momento do parto deve haver incentivo agrave livre escolha da posiccedilatildeo dentro

das possibilidades da maternidade Ainda natildeo haacute disponibilidade de parto com imersatildeo em

aacutegua mas haacute quartos PPP (preacute-parto parto e poacutes-parto) com chuveiro bola suiacuteccedila banquinho

meia lua escada de Ling e espaccedilo fiacutesico que permite deambulaccedilatildeo Em alguns plantotildees a

equipe conta com a participaccedilatildeo das Doulas no cuidado agrave mulher em trabalho de parto

Os resultados deste estudo satildeo similares aos encontrados por Sousa (2013) o que mostra que

ambas as instituiccedilotildees componentes do SUS em Belo Horizonte que tem atuaccedilatildeo efetiva das

enfermeiras obstetras estimulam o parto em posiccedilotildees verticalizadas e provavelmente

respeitam a livre escolha da posiccedilatildeo de parto

O fato da maior parte dos partos serem em posiccedilatildeo semi-sentada gera certa inquietaccedilatildeo pois

26

sabe-se que esta posiccedilatildeo permite maior controle e melhor visibilidade sendo cocircmoda para o

profissional que assiste ao parto Outra justificativa possiacutevel para a grande porcentagem de

partos semi-sentada pode ser a falta de informaccedilatildeo eou orientaccedilatildeo das

mulheresacompanhantes sobre a possibilidade de parirem em outras posiccedilotildees que lhe sejam

confortaacuteveis Ressalta-se a necessidade de orientaccedilatildeo e incentivo quanto agrave liberdade de

posiccedilatildeo e sobre os benefiacutecios das posiccedilotildees verticalizadas para o trabalho de parto e periacuteodo

expulsivo desmitificando a claacutessica posiccedilatildeo de parto e empoderando-as a escolher a posiccedilatildeo

que lhes for mais confortaacutevel

Episiotomia

A episiotomia foi inicialmente proposta com o objetivo de facilitar o parto reduzindo o trauma

perineal e facilitando o reparo Entretanto natildeo obstante a indicaccedilatildeo de livros-texto sua

realizaccedilatildeo de rotina natildeo pode ser recomendada uma vez que existem vaacuterias evidecircncias de que

natildeo eacute necessaacuteria e de que pode ser prejudicial (AMORIM 2010)

Entre as principais morbidades relacionadas agrave episiotomia estatildeo a dor perineal e o

sangramento aumentado Nesses casos devido a urgecircncia os traumas perineais muitas vezes

satildeo suturados sem a boa visualizaccedilatildeo do local podendo produzir acidentes com lesatildeo no trato

geniturinaacuterio e nas estruturas do assoalho peacutelvico causando hipermobilidade uretral e prolapso

genital Apoacutes o parto tambeacutem podem surgir hematuacuteria incapacidade vesical e incontinecircncia

urinaacuteria (RIESCO et al 2011)

A OMS (1996) considera o uso liberal e rotineiro de episiotomia uma praacutetica claramente

prejudicial e que deve ser eliminada (categoria B) Embora os dados disponiacuteveis na literatura

revelem que a realizaccedilatildeo de episiotomia natildeo cumpre os objetivos que justificariam sua

realizaccedilatildeo de forma rotineira sejam eles a prevenccedilatildeo de lesotildees nas genitais da matildee ou na

cabeccedila do receacutem-nascido ainda hoje tal intervenccedilatildeo permanece sendo usada de forma

abusiva em muitas instituiccedilotildees de sauacutede

Em revisatildeo sistemaacutetica incluindo oito ensaios cliacutenicos (n=5541) observou-se que comparada

agrave episiotomia de rotina a episiotomia seletiva (com indicaccedilatildeo precisa) esteve associada com

27

menos trauma perineal grave menor necessidade de suturas menos complicaccedilotildees na

cicatrizaccedilatildeo e mais trauma perineal anterior Natildeo houve diferenccedila na frequecircncia de trauma

vaginal ou perineal grave dispareunia incontinecircncia urinaacuteria ou dor intensa Os revisores

recomendam que a episiotomia natildeo seja realizada rotineiramente e quando necessaacuteria seja

realizada com o consentimento poacutes-informaccedilatildeo da parturiente (AMORIM 2010)

Cesar (2011) encontrou ocorrecircncia meacutedia de episiotomia de 72 entre as 2557 gestantes

estudadas no Sul do Brasil Houve variaccedilatildeo de 86 entre as adolescentes e 66 entre as

demais matildees As taxas encontradas foram bastante elevadas principalmente entre as

adolescentes o que indica baixa incorporaccedilatildeo de praacuteticas baseadas em evidecircncia na

assistecircncia ao parto no cenaacuterio do estudo

Em contrapartida Sousa (2013) verificou em seu estudo em uma maternidade da rede puacuteblica

de Belo Horizonte iacutendice de episiotomia em torno de 11 e observou seguranccedila na praacutetica dos

profissionais de sauacutede envolvidos na assistecircncia ao parto da instituiccedilatildeo estudada no que se

refere ao uso seletivo desse procedimento e aos criteacuterios de utilizaccedilatildeo Tal instituiccedilatildeo tem

princiacutepios humanizados e grande inserccedilatildeo de enfermeiras obstetras na assistecircncia ao parto o

que pode tambeacutem ter justificado a baixa taxa de episiotomia encontrada

Considerando todos os partos realizados no HRTN no periacuteodo deste estudo a taxa de

episiotomia variou entre 90 em abril de 2013 a 149 em abril de 2014 A SMSA-BH tem

como meta de realizaccedilatildeo de episiotomia em menos de 30 dos partos vaginais Considerando

os 1434 partos assistidos por EO no mesmo periacuteodo a taxa de episiotomia foi de 46 o que

mostra uso criterioso do procedimento por parte desta categoria profissional

No presente estudo a taxa de episiotomia foi 42 Nestes casos a episiotomia pode ter sido

indicada devido a periacuteneo resistente no intuito de prevenir laceraccedilotildees graves mesmo que natildeo

haja respaldo cientiacutefico para tal praacutetica Tambeacutem em situaccedilotildees de estado fetal natildeo

tranquilizador durante o periacuteodo expulsivo jaacute com o feto em planos avanccedilados no intuito de

acelerar o nascimento ou mesmo por distoacutecia de ombro ou outra complicaccedilatildeo sendo uma

decisatildeo conjunta entre preceptor e residente Deve-se considerar que a baixas taxas de

28

episiotomia nos partos assistidos por enfermeiras residentes satildeo reflexo da atuaccedilatildeo da

preceptoria tanto de enfermeiras obstetras como de meacutedicos obstetras A episiotomia natildeo foi

realizada em 9538 dos partos o que mostra que as residentes em enfermagem obsteacutetrica

faziam uso seletivo do procedimento Um aspecto relevante deste estudo eacute que mesmo com a

baixa taxa de episiotomia encontrou-se pequenas taxas de laceraccedilotildees perineais de terceiro

(28) e quarto grau (028) Isso aponta para um modelo de assistecircncia obsteacutetrico com

incorporaccedilatildeo de praacuteticas baseadas em evidecircncias cientiacuteficas na maternidade do HRTN

Contato pele a pele

As praacuteticas referentes ao contato da matildee com seu bebecirc e ao aleitamento materno ainda na

sala de parto satildeo tambeacutem indicadores relevantes da qualidade da atenccedilatildeo ao parto

humanizado e segundo a OMS (1996) e MS (2001) deve ser encorajada no parto normal

(categoria A)

O passo quatro da Iniciativa Hospital Amigo da Crianccedila (IHAC) preconiza que os bebecircs que

tenham condiccedilotildees cliacutenicas favoraacuteveis permaneccedilam por pelo menos uma hora junto agrave pele da

matildee e que iniciem o aleitamento materno ainda na primeira meia hora apoacutes o nascimento

independentemente da via de parto (BRASIL 2010)

O contato pele a pele precoce melhora os resultados neonatais em termos de menor choro e

maior estabilidade cardiorrespiratoacuteria e aumenta significativamente o sucesso da

amamentaccedilatildeo sem efeitos negativos aparentes em curto e longo prazo segundo estudo de

meta-anaacutelise O contato pele a pele da matildee com o receacutem-nascido por pelo menos 30 minutos

na primeira hora de vida aleacutem de propiciar o envolvimento matildee-filho e o aleitamento materno

eacute um indicativo de que o parto transcorreu adequadamente Aleacutem disso favorece o viacutenculo

afetivo propiciando o reconhecimento entre matildee e filho pode aumentar a autoestima materna

diminuir a ansiedade melhorar os sentimentos de aceitaccedilatildeo do seu novo papel e a satisfaccedilatildeo

durante o processo de parto (MOORE et al 2012)

Apesar de o contato pele a pele ser uma praacutetica demonstradamente uacutetil e que deve ser

encorajada no parto normal especificamente tambeacutem pode e deve ser promovida no parto

29

operatoacuterio Sousa (2013) verificou em sua pesquisa que dos 89 receacutem-nascidos vivos o

contato precoce entre matildee e filho foi garantido em mais de 77 dos partos embora a maior

frequecircncia tenha ocorrido entre os filhos nascidos de parto normal

Na maternidade do HRTN o contato pele a pele eacute incentivado e apoiado por toda a equipe

multiprofissional sendo uma praacutetica consolidada conforme apontam os resultados deste

estudo As parturientes devem ser orientadas sobre os benefiacutecios desta praacutetica e preparadas

para receber seus RN apoacutes o nascimento A assistecircncia ao RN estaacutevel deve ser feita

preferencialmente no colo da matildee e quando houver necessidade de encaminhar o RN ao

berccedilo aquecido assim que este estabelecer condiccedilotildees favoraacuteveis deve retornar para o contato

pele a pele Assim como o contato pele a pele a amamentaccedilatildeo na primeira hora de vida

tambeacutem deve ser apoiada e estimulada respeitando o desejo da mulher

No presente estudo o contato pele a pele na primeira hora de vida foi realizado em 9440 dos

partos Os 475 em que natildeo foi realizado pode ter como justificativa o nascimento de um RN

deprimido sem condiccedilotildees cliacutenicas de permanecer com a matildee e que necessitaram de

assistecircncia pediaacutetrica seja reanimaccedilatildeo neonatal ou transferecircncia para unidade neonatal

Tambeacutem pode ter como justificativa impossibilidade materna ou desejo de natildeo realizar contato

pele a pele

Pela pactuaccedilatildeo da maternidade em estudo com a SMSA-BH a meta eacute que 100 dos receacutem-

nascidos vivos realizem contato pele a pele efetivo na primeira hora de vida Considerando

todos os partos realizados na instituiccedilatildeo no mesmo periacuteodo deste estudo este indicador variou

entre 905 em abril de 2013 a 960 em agosto de 2013 segundo dados institucionais

fornecidos pela coordenaccedilatildeo a maternidade Estes dados sinalizam boa incorporaccedilatildeo desta

praacutetica pela equipe mas indicam tambeacutem necessidade de melhoria para que seja atingida a

meta

Acompanhante

A presenccedila de acompanhante durante todo o periacuteodo de internaccedilatildeo eacute um direito conquistado

pelas mulheres assegurado na Lei nordm 111082005 regulamentado pelo Ministeacuterio da Sauacutede

30

pela Portaria nordm 24182005 portanto obrigatoacuterio em todas as instituiccedilotildees sejam elas puacuteblicas

ou privadas (BRASIL 2005) Esta praacutetica eacute classificada pela OMS como demonstradamente uacutetil

e que deve ser estimulada (categoria A)

A presenccedila do acompanhante durante o processo de parturiccedilatildeo pode proporcionar bem-estar

fiacutesico e emocional agrave mulher e benefiacutecios clinicamente significativos ao binocircmio matildee-filho Os

efeitos do suporte agrave mulher foram encontrados em recente meta-anaacutelise e estatildeo associados agrave

menor duraccedilatildeo do trabalho de parto uso de ocitocina reduccedilatildeo de cesariana e de partos

vaginais instrumentais diminuindo ainda a utilizaccedilatildeo de analgesia intraparto e melhorando os

iacutendices de Apgar no quinto minuto (SOUSA 2013)

Outros estudos destacam ainda a importacircncia do acompanhante quando este se envolve natildeo

soacute no apoio fiacutesico e emocional mas tambeacutem no desenvolvimento junto agrave parturiente de accedilotildees

como massagem auxiacutelio e encorajamento durante a deambulaccedilatildeo banho e tambeacutem no

periacuteodo expulsivo o que proporciona tambeacutem maior grau de satisfaccedilatildeo com o parto Sousa

(2013) verificou em sua pesquisa que quase a totalidade (922) das mulheres assistidas em

uma instituiccedilatildeo de sauacutede da rede puacuteblica de Belo Horizonte permaneceu com o acompanhante

de sua escolha durante o periacuteodo de internaccedilatildeo sendo a maioria o companheiro pai da

crianccedila (627)

No HRTN a presenccedila de acompanhante familiar de livre escolha eacute uma praacutetica consolidada

pela instituiccedilatildeo e apoiada pela equipe multiprofissional A valorizaccedilatildeo do acompanhante deve

acontece em todas as etapas da internaccedilatildeo durante o trabalho de parto os acompanhantes

podem ser encorajados a participar ativamente no apoio agrave parturiente ofertando meacutetodos

alternativos para aliacutevio da dor como massagens por exemplo No momento do parto quando

possiacutevel pode ser oferecido ao familiar que corte o cordatildeo umbilical o que pode ter grande

representaccedilatildeo simboacutelica para aquela famiacutelia No puerpeacuterio os acompanhantes devem ser

orientados junto aacute mulher sobre os cuidados com o RN aleitamento materno e como apoiar a

matildee na nova fase

No presente estudo houve acompanhante familiar em 960 dos partos assistidos pelas

enfermeiras residentes Partos sem acompanhante familiar foram apenas 37 Estes dados

31

corroboram com a afirmaccedilatildeo de que a presenccedila do acompanhante familiar eacute uma praacutetica

consolidada e respeitada pela equipe da maternidade do HRTN

Analgesia

Meacutetodos natildeo farmacoloacutegicos

A OMS (1996) recomenda que o uso de meacutetodos natildeo farmacoloacutegicos para aliacutevio da dor deve

ser privilegiado durante a assistecircncia ao trabalho de parto considerando-os como ldquopraacuteticas

reconhecidamente uacuteteis e que devem ser estimuladasrdquo Categoria A na recomendaccedilatildeo de boas

praacuteticas na assistecircncia ao parto

Entre as praacuteticas natildeo medicamentosas tem-se estudado o uso de acupuntura acupressura

hipnose teacutecnicas de relaxamento e respiraccedilatildeo aplicaccedilatildeo de frio e calor aromaterapia

aacuteudioanalgesia massagem deambulaccedilatildeo e banho de imersatildeo durante o parto (SILVA 2011)

Em um estudo de revisatildeo sistemaacutetica foram incluiacutedos 14 ensaios com 1448 parturientes que

utilizaram diferentes formas de tratamento para a dor (acupuntura hipnose audioanalgesia

aromaterapia massagem e relaxamento) A hipnose mostrou-se efetiva em termos de reduzir a

necessidade de meacutetodos farmacoloacutegicos para aliacutevio da dor aumentando o grau de satisfaccedilatildeo

materna Maior chance de parto vaginal e reduccedilatildeo da necessidade de analgesia A acupuntura

tambeacutem se associou a uma menor intensidade da dor e reduccedilatildeo do uso de ocitocina A eficaacutecia

de meacutetodos como acupressatildeo aromaterapia aacuteudioanalgesia relaxamento e massagem natildeo foi

ainda estabelecida sendo necessaacuterios ensaios cliacutenicos randomizados para avaliaccedilatildeo dessas

terapias complementares para aliacutevio da dor durante o trabalho de parto (PORTO 2010)

Deve-se considerar que o suporte contiacutenuo intraparto e as posiccedilotildees verticalizadas durante o

parto tambeacutem se associam agrave reduccedilatildeo da dor e maior grau de satisfaccedilatildeo materna como jaacute

demonstrado em revisotildees sistemaacuteticas A imersatildeo em aacutegua em banheiras ou similares durante

o trabalho de parto tem sido investigada como um meacutetodo de promoccedilatildeo de relaxamento e aliacutevio

da dor Em uma revisatildeo sistemaacutetica de 11 ensaios cliacutenicos a imersatildeo em aacutegua foi associada agrave

reduccedilatildeo no uso de analgesia e reduccedilatildeo no relato de dor sem prejudicar a duraccedilatildeo do trabalho

de parto as taxas de partos ciruacutergicos ou o bem-estar neonatal (PORTO 2010)

32

A SMSA-BH recomenda que os meacutetodos natildeo farmacoloacutegicos para aliacutevio da dor sejam ofertados

a 100 das mulheres em trabalho de parto De acordo com dados institucionais fornecidos

pela coordenaccedilatildeo da maternidade a oferta variou entre 7571 em julho de 2013 a 8778 em

julho de 2013 considerando todos os partos realizados na instituiccedilatildeo no periacuteodo de abril de

2013 a abril de 2014

No livro fonte de dados deste estudo a oferta de meacutetodos natildeo farmacoloacutegicos natildeo eacute registrada

natildeo sendo possiacutevel quantificar estes dados nos partos assistidos por REO mas pode-se inferir

que esta eacute uma praacutetica adotada pelas enfermeiras obstetras e residentes quando se observa

por exemplo as baixas taxas de analgesia farmacoloacutegica em torno de 16 nos partos

assistidos por estas profissionais

Meacutetodos farmacoloacutegicos

Classicamente vaacuterios meacutetodos farmacoloacutegicos foram propostos mas existe consenso

atualmente de que se algum meacutetodo farmacoloacutegico for indicado para aliacutevio da dor durante o

trabalho de parto a analgesia regional com peridural ou teacutecnica combinada (raquidiana e

peridural) deve ser empregada preferencialmente em relaccedilatildeo ao uso de opioacuteides sistecircmicos ou

analgesia inalatoacuteria A teacutecnica ideal para analgesia de parto deveria ter miacutenima ou ausente

transferecircncia placentaacuteria ausecircncia de efeitos sobre o fluxo sanguiacuteneo uteroplacentaacuterio efeitos

miacutenimos e reversiacuteveis sobre o feto e neonato ausecircncia de efeito ocitoacutecico ou tocoliacutetico e

ausecircncia de bloqueio motor (PORTO 2010)

Uma revisatildeo sistemaacutetica realizada em 2011 incluindo 38 estudos comprovou a eficaacutecia da

analgesia peridural para reduccedilatildeo da dor de mulheres durante o processo de parto mas

tambeacutem revelou maior risco de parto instrumental maior necessidade de ocitocina e aumento

da duraccedilatildeo do segundo estaacutegio do parto Natildeo houve associaccedilatildeo dessa intervenccedilatildeo com risco

de cesariana cefaleacuteia e escores de Apgar menores que sete no quinto minuto (AMORIM

2011)

Na maternidade em estudo a analgesia farmacoloacutegica seja por teacutecnica peridural ou

raquianestesia eacute considerada um direito da mulher de acordo com os princiacutepios da

humanizaccedilatildeo e eacute ofertada conforme desejo da parturiente apoacutes a oferta de diferentes meacutetodos

33

natildeo farmacoloacutegicos para aliacutevio da dor e sob orientaccedilotildees sobre os riscos e benefiacutecios do

procedimento ou nos casos em que haacute indicaccedilatildeo cliacutenica para realizaccedilatildeo do mesmo A teacutecnica

de analgesia empregada na instituiccedilatildeo permite na maior parte dos casos a deambulaccedilatildeo

movimentaccedilatildeo e uso concomitante de outros meacutetodos alternativos de aliacutevio da dor como

chuveiro Isto pode influenciar para o desfecho favoraacutevel dos partos conforme mostram as

evidecircncias sobre movimentaccedilatildeo e verticalizaccedilatildeo durante o trabalho de parto

A SMSA-BH recomenda a utilizaccedilatildeo de analgesia quando esgotados os recursos natildeo

farmacoloacutegicos para aliacutevio da dor em torno de 30 dos partos normais A proporccedilatildeo de parto

normal com analgesia variou de 141 em janeiro de 2014 e 279 em agosto de 2013

considerando todos os partos realizados na instituiccedilatildeo no mesmo periacuteodo deste estudo

Considerando os 1434 assistidos por EO no periacuteodo do estudo 147 recebeu analgesia por

teacutecnica peridural e 11 raquidiana Os demais 841 dos partos foi sem analgesia

farmacoloacutegica

No presente estudo a analgesia farmacoloacutegica foi realizada em 176 dos partos sendo 166

por teacutecnica peridural e 11 raquidiana Analgesia natildeo foi realizada em 822 dos partos

assistidos por REO Estes dados demonstram que a oferta de meacutetodos natildeo farmacoloacutegicos

para aliacutevio da dor pode ter sido influenciado positivamente na escolha da parturiente em

receber ou natildeo a analgesia farmacoloacutegica

Laceraccedilotildees perineais

Laceraccedilotildees perineais satildeo traumas em estruturas componentes da vagina que podem ocorrer

de forma espontacircnea durante a passagem do feto pelo canal de parto ou em decorrecircncia de

episiotomia as quais podem se prolongar

A laceraccedilatildeo de primeiro grau eacute aquela que natildeo atinge nenhum muacutesculo estendendo-se atraveacutes

da fuacutercula mucosa vaginal e da pele Jaacute a laceraccedilatildeo de segundo grau acomete os muacutesculos

perineais poreacutem sem lesatildeo do esfiacutencter retal A laceraccedilatildeo de terceiro grau atinge essa

estrutura e algumas vezes prolonga-se ateacute a parede anterior do reto Neste uacuteltimo caso em

que a parede do reto eacute comprometida por vezes utiliza-se o termo laceraccedilatildeo de quarto grau

As laceraccedilotildees de primeiro e segundo grau satildeo consideradas leves e laceraccedilotildees de terceiro e

34

quarto grau satildeo consideradas graves pois podem levar agrave incontinecircncia urinaacuteria e fecal sendo

estas uacuteltimas mais raras (REZENDE 2005)

A ocorrecircncia de laceraccedilotildees perineais no parto normal depende de diversos fatores que podem

estar relacionados agraves condiccedilotildees maternas ao feto ao parto em si e ao prestador de serviccedilo

Embora estes fatores natildeo estejam definitivamente estabelecidos existem evidecircncias indicando

o local do parto e o profissional que assiste a escolaridade materna a paridade a altura do

periacuteneo a duraccedilatildeo do segundo estaacutegio do parto a cicatriz perineal anterior a infusatildeo de

ocitocina a posiccedilatildeo no parto a analgesia farmacoloacutegica os puxos dirigidos as manobras de

proteccedilatildeo perineal o peso e o periacutemetro cefaacutelico do RN como fatores relacionados entre

outros Quanto a integridade perineal sua chance aumenta entre as mulheres com um ou mais

partos vaginais anteriores (RIESCO et al 2011)

Estudos tambeacutem tecircm buscado associaccedilatildeo entre a posiccedilatildeo materna no parto e as laceraccedilotildees

perineais Sousa (2013) verificou que a posiccedilatildeo deitada de lado juntamente com a posiccedilatildeo de

coacutecoras foram as que tiveram maior ocorrecircncia de laceraccedilotildees de primeiro grau principalmente

com 750 e 833 dos casos respectivamente Essas duas posiccedilotildees tambeacutem foram as que

mais favoreceram para que as mulheres tivessem laceraccedilotildees na pesquisa desenvolvida por

Souza (2011) em um CPN do Rio de Janeiro com incidecircncia de 502 nos partos assistidos

em posiccedilatildeo lateral e 696 naqueles assistidos de coacutecoras Em ambas pesquisas a posiccedilatildeo de

Gaskin foi a que teve menor incidecircncia de traumas perineais seguida da posiccedilatildeo

sentadareclinada

Entre as principais morbidades relacionadas estatildeo a dor perineal e o sangramento aumentado

Apoacutes o parto tambeacutem podem surgir hematuacuteria incapacidade vesical e incontinecircncia urinaacuteria A

disfunccedilatildeo geniturinaacuteria e sexual produzida pelo trauma perineal pode ser tambeacutem devida agrave

perda ou diminuiccedilatildeo do tocircnus muscular perineal Poreacutem esse achado contrasta com dados de

outros estudos os quais concluiacuteram que a via de parto a paridade a idade materna o peso do

receacutem-nascido (RN) e a episiotomia natildeo foram fatores determinantes para a reduccedilatildeo da forccedila

muscular perineal Considerando os problemas em curto prazo (perda sanguiacutenea necessidade

de sutura e dor perineal) e em longo prazo (disfunccedilotildees intestinais urinaacuterias e sexuais)

35

associados ao trauma perineal no parto sua prevenccedilatildeo reduccedilatildeo e reparaccedilatildeo adequada satildeo

fatores importantes para as mulheres e os profissionais que as assistem (RIESCO 2010)

Considerando os 1434 partos assistidos por EO em 304 houve periacuteneo iacutentegro 447

laceraccedilotildees de primeiro grau 228 laceraccedilotildees de segundo grau 195 de terceiro grau e

014 de quarto grau Tais resultados satildeo proacuteximos aos verificados neste estudo e

associados com as baixas taxas de episiotomia nos partos assistidos pelas enfermeiras

residentes corroboram com a recomendaccedilatildeo do uso seletivo da episiotomia como um praacutetica

favoraacutevel

Escore de Apgar

O momento de transiccedilatildeo da vida intrauterina para extrauterina eacute crucial para o desenvolvimento

do bebecirc e deve ser minuciosamente preparado e vivenciado Eacute indispensaacutevel que nos

primeiros minutos de vida do neonato seja realizada avaliaccedilatildeo completa e sistemaacutetica visando

identificar desvios da normalidade e que forneccedila agraves informaccedilotildees baacutesicas sobre a vitalidade e a

adaptaccedilatildeo do RN agrave vida fora do ventre materno (BARBOSA 2006)

A avaliaccedilatildeo realizada imediatamente apoacutes o parto eacute composta pelo o escore de Apgar sendo

complementada com a avaliaccedilatildeo do aspecto geral a medida dos sinais vitais e medidas

antropomeacutetricas O iacutendice de Apgar avalia cinco criteacuterios cliacutenicos cor da pele frequecircncia

cardiacuteaca irritabilidade reflexa respiraccedilatildeo e tocircnus muscular O RN eacute avaliado no primeiro e no

quinto minuto de vida e cada criteacuterio garante de 0 a 2 pontos desencadeando assim uma soma

adequada entre 7 e 10 pontos Quando a soma total resulta em 4 a 6 pontos sugere dificuldade

moderada do RN em adaptar-se e menor que 4 pode indicar sofrimento Julga-se assim o grau

de adaptaccedilatildeo imediata e o grau de depressatildeo neuroloacutegica do RN nos primeiros cinco minutos

de vida (SBP 2011)

O iacutendice Apgar tem sido pouco utilizado para avaliar a qualidade de assistecircncia ao parto sendo

considerado um indicador pontual aleacutem de natildeo ser utilizado para determinar o iniacutecio da

reanimaccedilatildeo neonatal No entanto sua aplicaccedilatildeo permite avaliar a resposta do neonato agraves

manobras realizadas e a eficaacutecia dessas manobras O Apgar no quinto minuto eacute mais utilizado

36

para avaliaccedilatildeo da adaptaccedilatildeo do RN por melhor representa-la se comparado ao Apgar de

primeiro minuto Se o escore eacute inferior a 7 no 5ordm minuto recomenda-se realizaacute-lo a cada cinco

minutos ateacute 20 minutos de vida Eacute necessaacuterio documentar o escore de Apgar de maneira

concomitante agrave dos procedimentos de reanimaccedilatildeo executados (SBP 2011)

Eacute importante considerar que um Apgar baixo natildeo eacute necessariamente resultado de uma

assistecircncia ao parto e ao neonato inadequada assim como um bom iacutendice de Apgar natildeo indica

boa qualidade assistencial ao binocircmio Este iacutendice entretanto eacute um bom indicador para

resultados perinatais a longo prazo aleacutem de ser considerado importante preditor da avaliaccedilatildeo

do bem-estar e do prognoacutestico inicial do receacutem-nascido A avaliaccedilatildeo imediata do RN pode ser

feita por pediatra ou outro profissional capacitado para prestar a assistecircncia necessaacuteria desde

o suporte baacutesico ateacute a reanimaccedilatildeo neonatal Na maternidade do HRTN o pediatra eacute o

profissional responsaacutevel pela assistecircncia ao RN na sala de parto A instituiccedilatildeo possui UTI

neonatal para onde satildeo encaminhados os RN que necessitam de cuidados especiacuteficos Os

neonatos que apresentam boa vitalidade satildeo colocados em contato pele a pele com as matildees e

apoacutes permanecem em alojamento conjunto ateacute a alta

Pela SMSA-BH a meta de Apgar lt7 no quinto minuto eacute no maacuteximo 3 Este indicador variou

entre 08 em fevereiro de 2014 a 24 em novembro de 2013 considerando todos os partos

realizados na instituiccedilatildeo no mesmo periacuteodo do estudo ou seja esteve sempre dentro da meta

estabelecida

No presente estudo as dados sobre escore de Apgar foram divididos em Apgar lt7 (644) e gt7

(9356) no primeiro minuto lt7 (084) e gt 7 (9916) no quinto minuto Tais dados mostram

que a quase totalidade dos RN apresentava boas condiccedilotildees de vitalidade no primeiro e quinto

minuto A este dado se associa o incentivo e a alta taxa de contato pele a pele precoce sendo

um dos fatores que contribuem para melhor adaptaccedilatildeo a vida extrauterina aleacutem de assistecircncia

qualificada aos RN que necessitam de cuidados especiacuteficos ou reanimaccedilatildeo

37

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Os resultados deste estudo evidenciam que a assistecircncia ao parto prestada pelas residentes

em enfermagem obsteacutetrica foi coerente com as recomendaccedilotildees de boas praacuteticas em todos os

aspectos analisados consolidando as evidecircncias literaacuterias sobre a assistecircncia ao parto

promovida por enfermeiras obstetras Foi possiacutevel observar maioria de partos em posiccedilotildees

verticalizadas uso seletivo de episiotomia com baixa incidecircncia de laceraccedilotildees perineais

graves alto iacutendice de contato pele a pele presenccedila de acompanhante na maioria dos partos

baixas taxas de analgesia farmacoloacutegica e escores de Apgar que demonstram boa vitalidade

fetal em quase todos os receacutem-nascidos Diante do exposto eacute possiacutevel concluir que a atuaccedilatildeo

das enfermeiras residentes em enfermagem obsteacutetrica contribuiu para a obtenccedilatildeo de

resultados obsteacutetricos e neonatais favoraacuteveis na maternidade do HRTN

Devido agrave forma de organizaccedilatildeo e registro dos procedimentos no livro utilizado para coleta de

dados natildeo foi possiacutevel avaliar algumas praacuteticas obsteacutetricas tais como uso de ocitocina

amniotomia oferta de meacutetodos natildeo farmacoloacutegicos para aliacutevio da dor oferta de liacutequidos

durante o trabalho de parto e uso de partograma Estes dados seriam importantes para uma

anaacutelise mais detalhada sobre a assistecircncia ao parto Os dados institucionais fornecidos pela

coordenaccedilatildeo da maternidade forneceram uma dimensatildeo de algumas destas praacuteticas na

maternidade contudo natildeo foi possiacutevel neste estudo avaliar quantitativamente tais

procedimentos somente nos partos assistidos por enfermeiras residentes Sugere-se ampliaccedilatildeo

dos indicadores no livro de registro e padronizaccedilatildeo no seu preenchimento para melhor

qualificaccedilatildeo dos dados da assistecircncia ao parto prestada elas enfermeiras obstetrasresidentes

A capacitaccedilatildeo profissional no modelo de residecircncia eacute intensa e exige dedicaccedilatildeo A extensa

carga horaacuteria praacutetica aliada agrave teoria satildeo determinantes para uma formaccedilatildeo qualificada e

humana das enfermeiras residentes A possibilidade de atuar efetivamente na assistecircncia em

conjunto com outras categorias profissionais enriquece a formaccedilatildeo abrangendo diferentes

fases e situaccedilotildees do ciclo graviacutedico-puerperal Eacute importante salientar que a capacitaccedilatildeo das

enfermeiras obstetras nesta modalidade pioneira de residecircncia soacute foi possiacutevel graccedilas ao

estiacutemulo governamental com recursos provenientes do programa Rede Cegonha e os

esforccedilos conjuntos da Escola de Enfermagem da UFMG e demais instituiccedilotildees envolvidas

38

Os resultados deste estudo evidenciam a incorporaccedilatildeo do modelo assistencial humanizado e

baseado em evidecircncias cientiacuteficas pela equipe do HRTN O modelo colaborativo de assistecircncia

obsteacutetrica pode gerar resultados favoraacuteveis e promissores com as atuaccedilotildees complementares

entre as diferentes categorias profissionais A praacutetica supervisionada durante todo o processo

de formaccedilatildeo e a avaliaccedilatildeo constante das habilidades adquiridas pelas residentes satildeo

fundamentais para a consolidaccedilatildeo do conhecimento para maior seguranccedila das aprendizes e

para a oferta de uma assistecircncia qualificada e humanizada a mulher receacutem nascido e famiacutelia

A instituiccedilatildeo que acolhe as enfermeiras residentes obteacutem retorno positivo pois a atuaccedilatildeo

preceptorada das mesmas resulta em assistecircncia qualificada que atende a perspectiva da

praacutetica baseada em evidecircncia cientiacutefica segura com baixo custo e bons resultados obsteacutetricos

e neonatais Os resultados da atuaccedilatildeo das enfermeiras residentes refletem o modelo

institucional incorporado o qual eacute transmitido as residentes pelos preceptores O incentivo a

formaccedilatildeo de enfermeiras obstetras eacute fundamental para o fortalecimento desta categoria

profissional para maior inserccedilatildeo destas profissionais em espaccedilos aonde a assistecircncia ao parto

ainda eacute meacutedico-centrada e para mudanccedila do modelo obsteacutetrico hegemocircnico nacional

39

REFEREcircNCIAS

ACOG- American College of Obstetricians and Gynecologists- Committee opinion no 560 Medically indicated late-preterm and early-term deliveries Obstet Gynecol 2013 121908-10

AMORIM MMR SOUZA ASR PORTO AAF Indicaccedilotildees de cesariana baseadas em evidecircncias parte I FEMINA v 38 n 8 p 415-422 2010

AMORIM T e GUALDA DMR Coadjuvantes das mudanccedilas no contexto do ensino e da praacutetica da enfermagem obsteacutetrica Rev Rene Fortaleza 2011 outdez 12(4)833-40

BARBOSA R F et al Reanimaccedilatildeo Neonatal in ALVES FILHO N et al Perinatologia Baacutesica 3a ediccedilatildeo Guanabara Koogan Rio de Janeiro Cap21 p172 2006

BATALHA E O lugar das Enfermeiras e Obstetrizes Revista RADIS Ed 148 Jan 2015 P30 a 34

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Parto aborto e puerpeacuterio assistecircncia humanizada a mulher Brasiacutelia DF 2001

BRASIL Lei 11108 de 7 de abril de 2005 Altera a Lei 8080 de 19 de setembro de 1990 para garantir as parturientes o direito a presenccedila de acompanhante durante o trabalho de parto parto e poacutes-parto imediato no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede ndash SUS Brasiacutelia DF 07 abr 2005

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede Departamento de Accedilotildees Programaacuteticas Estrateacutegicas Aacuterea Teacutecnica de Sauacutede da Mulher Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos uma prioridade do governoMinisteacuterio da Sauacutede Secretaria de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede Departamento de Accedilotildees Programaacuteticas Estrateacutegicasndash Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 2005

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Poliacutetica Nacional de Planejamento Familiar Brasiacutelia DF 2007

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Portaria nordm 1459 de 24 de Junho de 2011 Institui no Sistema Uacutenico de Sauacutede SUS a Rede Cegonha Disponiacutevel em

httpbvsmssaudegovbrbvssaudelegisgm2011prt1459_24_06_2011html Acesso

em 18 de Abril de 2014

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Iniciativa hospital amigo da crianccedila revista atualizada e ampliada para o cuidado integrado Brasiacutelia DF 2010

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Poliacutetica nacional de atenccedilatildeo integral a sauacutede da mulher princiacutepios e diretrizes Brasiacutelia DF 2011

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede Departamento de Atenccedilatildeo Baacutesica Atenccedilatildeo ao preacute-natal de baixo risco Ministeacuterio da Sauacutede Departamento de Atenccedilatildeo

40

Baacutesica ndash Brasiacutelia Editora do Ministeacuterio da Sauacutede 2012 318 p il ndash (Seacuterie A Normas e Manuais Teacutecnicos) (Cadernos de Atenccedilatildeo Baacutesica ndeg 32)

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em Sauacutede Departamento de Anaacutelise de Situaccedilatildeo de Sauacutede Sauacutede Brasil 2011 uma anaacutelise da situaccedilatildeo de sauacutede e a vigilacircncia da sauacutede da mulher Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em Sauacutede Departamento de Anaacutelise de Situaccedilatildeo de Sauacutede ndash Brasiacutelia Editora do Ministeacuterio da Sauacutede 2012 444 p il

BRASIL Presidecircncia da Repuacuteblica Objetivos de Desenvolvimento do Milecircnio Relatoacuterio Nacional de Acompanhamento Coordenaccedilatildeo Instituto de Pesquisa Econocircmica Aplicada e Secretaria de Planejamento e Investimentos Estrateacutegicos supervisatildeo Grupo Teacutecnico para o acompanhamento dos ODM - Brasiacutelia Ipea MP SPI 2014 208 p il graacutefs mapas color

NASCER NO BRASIL inqueacuterito sobre parto e nascimento Cadernos de Sauacutede Puacuteblica Vol30 supl1 Rio de Janeiro 2014 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophpscript=sci_issuetocamppid=0102 Acesso em 15 de junho de 2015

CAVALCANTIPCS GARIBALDI D Jr VASONCELOS ALR Guerrero AVP Um modelo loacutegico da Rede Cegonha Physis Revista de Sauacutede Coletiva Rio de Janeiro 2013 23 [4] 1297-1316 CESAR JA et al Caracteriacutesticas sociodemograacuteficas e de assistecircncia a gestaccedilatildeo e ao parto no extremo sul do Brasil Cad Sauacutede Puacuteblica v 27 n 5 p 985-994 2011 DOMINGUES RMSM SANTOS EMS Leal MC Aspectos da satisfaccedilatildeo das mulheres com a assistecircncia ao parto contribuiccedilatildeo para o debate Cad Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro 2004 20 Sup 1S52-S62 COFEN Decreto nordm 9440687 Regulamentaccedilatildeo da Lei 749886 Fonte PORTAL EDUCACcedilAtildeO Disponiacutevel em httpwwwportaleducacaocombrenfermagemartigos1735decreto-n-94406-87-regulamentacao-da-lei-n-7498-865ixzz3duAFhlYV Acesso em 23062015 GRAVENA AAF PAULA MG MARCON SS CARVALHO MDB PELLOSO SM Idade materna e fatores associados a resultados perinatais Acta Paul Enferm 2013 26(2)130-5 IBGE Projeccedilatildeo da Populaccedilatildeo do Brasil - 2013 Disponiacutevel em

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41

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httpwwwwhointeportuguesepublicationspt Acesso em 09032015

PORTO AMF AMORIM MMR SOUZA ASR Assistecircncia ao primeiro periacuteodo do trabalho de parto baseada em evidecircncias FEMINA v 38 n 10 2010

RABELO LR OLIVEIRA DL Percepccedilotildees de enfermeiras obsteacutetricas sobre sua competecircncia na atenccedilatildeo ao parto normal hospitalar Rev Esc Enferm USP 2010 44(1)213-20 RAMOS HAC CUMAN RKN Fatores de risco para prematuridade pesquisa documental Esc Anna Nery Rev Enferm 2009 abr-jun 13 (2) 297-304 RIESCO MLG et al Episiotomia laceraccedilatildeo e integridade perineal em partos normais anaacutelise de fatores associados Rev Enferm UERJ v 19 n1 p 77-83 2011

REZENDE J Obstetriacutecia fundamental 2 ed Rio de Janeiro Guanabara Koogan 2005

ROCHA CR FONSECA LC Assistecircncia do enfermeiro obstetra a mulher parturiente em busca do respeito a natureza Rev de Pesq cuidado eacute fundamental v 2 n 2 p 807-816 2010

SANTOS NCP VOGTSE PIMENTA AM DUARTE ED MADEIRA LM ABREU MNS et al Resultados maternos y neonatales en el trabajo de parto y parto de adolescentes admitidas en un Centro de Parto Normal brasileiro Adolesc Saude 201411(3)39-50

SILVA LM et al Uso da bola suiacuteccedila no trabalho de parto Acta Paul Enferm 201124(5)656-62

SILVA JLCP SURITA FGC Idade materna resultados perinatais e via de parto Rev Bras Ginecol Obstet 2009 31(7) 321 ndash 5

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SOUSA AMM Praacuteticas obsteacutetricas na assistecircncia ao parto e nascimento em uma maternidade de Belo Horizonte Tese de mestrado Escola de Enfermagem da Universidade Federal de Minas Gerais Belo Horizonte 2013

SOUZA DOM Partos assistidos por enfermeiras praacuteticas obsteacutetricas realizadas no ambiente hospitalar no periacuteodo de 2004 a 2008 2011 84f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) Faculdade de Enfermagem da Universidade do Estado do Rio de Janeiro Rio de Janeiro RJ 2011

SOGC ndash Society of Obstetricians and Gynecologists of Canada Guidelines for the Management of Pregnancy at 41+0 to 42+0 Weeks JOGC september 2008

42

VOGT SE et al Caracteriacutesticas da assistecircncia ao trabalho de parto em trecircs modelos de atenccedilatildeo no SUS no Municiacutepio de Belo Horizonte Minas Gerais Brasil Cad Sauacutede Puacuteblica v 27 n 9 p 1789-1800 2011

ANEXO 1

RECOMENDACcedilOtildeES DE BOAS PRAacuteTICAS DE ASSISTEcircNCIA AO PARTO SEGUNDO

CLASSIFICACcedilAtildeO DO MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2001

CATEGORIA A - PRAacuteTICAS DEMONSTRADAMENTE UacuteTEIS E QUE DEVEM SER

ESTIMULADAS

Plano individual determinando onde e por quem o nascimento seraacute realizado feito em

conjunto com a mulher durante a gestaccedilatildeo e comunicado a seu maridocompanheiro

Avaliaccedilatildeo do risco gestacional durante o preacute-natal reavaliado a cada contato com o

sistema de sauacutede

Respeito agrave escolha da matildee sobre o local do parto

Fornecimento de assistecircncia obsteacutetrica no niacutevel mais perifeacuterico onde o parto for viaacutevel e

seguro e onde a mulher se sentir segura e confiante

Respeito ao direito da mulher agrave privacidade no local do parto

Apoio empaacutetico pelos prestadores de serviccedilo durante o trabalho de parto e parto

Respeito agrave escolha da mulher sobre seus acompanhantes durante o trabalho de parto e

parto

Fornecimento agraves mulheres sobre todas as informaccedilotildees e explicaccedilotildees que desejarem

Oferta de liacutequidos por via oral durante o trabalho de parto e parto

Monitoramento fetal por meio de ausculta intermitente

43

Monitoramento cuidadoso do progresso do parto por exemplo por meio do uso do

partograma da OMS

Monitoramento do bem-estar fiacutesico e emocional da mulher durante trabalho e parto e ao

teacutermino do processo de nascimento

Meacutetodos natildeo invasivos e natildeo farmacoloacutegicos de aliacutevio da dor como massagem e

teacutecnicas de relaxamento durante o trabalho de parto

Liberdade de posiccedilatildeo e movimento durante o trabalho de parto

Estiacutemulo a posiccedilotildees natildeo supinas durante o trabalho de parto

Uso rotineiro de ocitocina clampeamento tardio (1 a 3 minutos apoacutes o nascimento) e

traccedilatildeo controlada do cordatildeo durante o 3o estaacutegio do trabalho de parto

Condiccedilotildees esteacutereis ao cortar o cordatildeo

Prevenccedilatildeo da hipotermia do bebecirc

Contato pele a pele precoce entre matildee e filho e apoio ao iniacutecio da amamentaccedilatildeo na

primeira hora apoacutes o parto segundo as diretrizes da OMS sobre Aleitamento Materno

Exame rotineiro da placenta e membranas ovulares

CATEGORIA B - PRAacuteTICAS CLARAMENTE PREJUDICIAIS OU INEFICAZES E QUE DEVEM

SER ELIMINADAS

Uso rotineiro de enema

Uso rotineiro de tricotomia

Infusatildeo intravenosa de rotina no trabalho de parto

Cateterizaccedilatildeo venosa profilaacutetica de rotina

Uso rotineiro de posiccedilatildeo supina (decuacutebito dorsal) durante o trabalho de parto

44

Exame retal

Uso de pelvimetria por Raios-X

Amniotomia precoce de rotina para diminuir a duraccedilatildeo do trabalho de parto

Administraccedilatildeo de ocitoacutecitos em qualquer momento antes do parto de um modo que natildeo

permite controlar seus efeitos

Uso de rotina da posiccedilatildeo de litotomia com ou sem estribos durante o trabalho de parto

Esforccedilo de puxo prolongado e dirigido (manobra de Valsalva) durante o segundo

estaacutegio do trabalho de parto

Massagem e distensatildeo do periacuteneo durante o segundo estaacutegio do trabalho de parto

Uso liberal e rotineiro de episiotomia

Uso de comprimidos orais de ergometrina no terceiro estaacutegio do trabalho de parto com

o objetivo de evitar ou controlar hemorragias

Uso rotineiro de ergometrina parenteral no terceiro estaacutegio do trabalho de parto

Lavagem uterina rotineira apoacutes o parto

Revisatildeo uterina (exploraccedilatildeo manual) rotineira apoacutes o parto

CATEGORIA C - PRAacuteTICAS SEM EVIDEcircNCIAS SUFICIENTES PARA APOIAR UMA

RECOMENDACcedilAtildeO CLARA E QUE DEVEM SER UTILIZADAS COM CAUTELA ATEacute QUE

MAIS PESQUISAS ESCLARECcedilAM A QUESTAtildeO

Meacutetodos natildeo farmacoloacutegicos de aliacutevio de dor durante o trabalho parto como ervas

imersatildeo em aacuteguas e estimulaccedilatildeo dos nervos

Amniotomia e ocitocina precoce de rotina no primeiro estaacutegio do trabalho de parto para

prevenccedilatildeo de progresso inadequado do parto

Pressatildeo do fundo uterino durante o trabalho de parto

45

Manobras relacionadas agrave proteccedilatildeo do periacuteneo e ao manejo do poacutelo cefaacutelico no

momento do parto

Manipulaccedilatildeo ativa do feto no momento do parto

Estimulaccedilatildeo do mamilo para estimular a contratilidade uterina durante o terceiro estaacutegio

do trabalho de parto

CATEGORIA D - PRAacuteTICAS FREQUENTEMENTE USADAS DE MODO INADEQUADO

Restriccedilatildeo hiacutedrica e alimentar durante o trabalho de parto

Controle da dor por agentes sistecircmicos

Controle da dor por analgesia peridural

Monitoramento eletrocircnico fetal

Uso de maacutescaras e aventais esteacutereis durante a assistecircncia ao trabalho de parto

Exames vaginais repetidos ou frequumlentes especialmente por mais de um prestador de

serviccedilo

Correccedilatildeo da dinacircmica com utilizaccedilatildeo de ocitocina

Transferecircncia rotineira da parturiente para outra sala no iniacutecio do segundo estaacutegio do

trabalho de parto

Cateterizaccedilatildeo da bexiga

Estiacutemulo para o puxo quando se diagnostica dilataccedilatildeo cervical completa ou quase

completa antes que a mulher sinta o puxo involuntaacuterio

Clampeamento precoce do cordatildeo umbilical

Adesatildeo riacutegida a uma duraccedilatildeo estipulada do 2deg estaacutegio do trabalho de parto

Parto operatoacuterio e exploraccedilatildeo manual do uacutetero apoacutes o parto

46

ANEXO 2

47

48

ANEXO 3

49

Page 7: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS ESCOLA DE ENFERMAGEM … FINAL ANA … · inserção do estudo foi: partos assistidos por residentes em enfermagem obstétrica, independente se

7

parturiente e pueacuterpera acompanhamento da evoluccedilatildeo e do trabalho de parto assistecircncia ao

parto normal sem distoacutecia e ao receacutem-nascido Segundo o artigo 9ordm desta lei fica definido ainda

que agraves profissionais titulares de diploma ou certificados de Obstetriz ou de Enfermeira

Obsteacutetrica incumbe

I - prestaccedilatildeo de assistecircncia agrave parturiente e ao parto normal

II - identificaccedilatildeo das distoacutecias obsteacutetricas e tomada de providecircncias ateacute a chegada do meacutedico

III - realizaccedilatildeo de episiotomia e episiorrafia com aplicaccedilatildeo de anestesia local quando

necessaacuteria

Em meados dos anos de 1990 as enfermeiras obstetras comeccedilaram a se destacar no cenaacuterio

nacional ao adotarem em sua praacutetica assistencial as recomendaccedilotildees da OMS e do MS de boas

praacuteticas na assistecircncia ao parto (ANEXO 1) (OMS 1996) Gradativamente as enfermeiras

obstetras passaram a ocupar espaccedilos em diferentes instituiccedilotildees na assistecircncia ao parto em

conjunto com equipe multiprofissional

No Brasil estudos mostram que a presenccedila de enfermeiras obstetras reduz o excesso de

cesarianas desnecessaacuterias Em maternidades onde os partos satildeo assistidos por enfermeiras

obstetras ou obstetrizes a taxa de cesariana eacute 78 menor quando comparada aos hospitais

onde natildeo haacute presenccedila desse profissional no momento do parto Contudo apenas 16 dos

partos no paiacutes satildeo assistidos por tais profissionais em sua maioria pelo SUS (BATALHA

2015)

Para Sousa (2013) a adoccedilatildeo das boas praacuteticas assistenciais para o parto normal vem sendo

um dos grandes desafios para os serviccedilos e profissionais da sauacutede portanto permanecem

como objeto de avaliaccedilatildeo e discussatildeo em muitos estudos com o intuito de promover e

fortalecer o embasamento teoacuterico-cientiacutefico agrave praacutetica obsteacutetrica na perspectiva da humanizaccedilatildeo

e da formaccedilatildeo profissional voltada para a tais recomendaccedilotildees

Em 2000 a OMS estipulou Oito Objetivos de Desenvolvimento do Milecircnio (ODM) para 75

paiacuteses dentre os quais estaacute o Brasil Os objetivos 4 e 5 incluem respectivamente a reduccedilatildeo em

dois terccedilos da mortalidade na infacircncia (em crianccedilas menores de 5 anos) e a melhoria da sauacutede

materna com A) reduccedilatildeo em trecircs quartos da taxa de mortalidade materna com relaccedilatildeo ao niacutevel

8

observado em 1990 e B) universalizaccedilatildeo do acesso agrave sauacutede sexual e reprodutiva o que

envolve a assistecircncia ao parto por profissional capacitado (BRASIL 2014)

A taxa de mortalidade materna no Brasil no periacuteodo de 1990 a 2011 caiu em 55 passando de

141 para 64 oacutebitos por 100 mil nascidos vivos (BRASIL 2014) No ano de 2014 a OMS

divulgou um relatoacuterio sobre o andamento dos ODM nos paiacuteses participantes e com relaccedilatildeo a

mortalidade materna no Brasil entre os anos de 2000 e 2013 a queda foi de apenas 17

sendo o quarto mais lento dentre os 75 paiacuteses Eacute certo que natildeo se consiga atingir a meta de

35 mortes por 100000 NV pois o ritmo de queda eacute lento (OMS 2014)

Mesmo apoacutes a criaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas programas manuais e accedilotildees voltadas para

atenccedilatildeo aacute sauacutede da mulher receacutem-nascido (RN) e crianccedila como o incentivo a humanizaccedilatildeo da

assistecircncia ao parto e nascimento observa-se permanecircncia de taxas de mortalidade materna

elevadas no Brasil Soma-se a isto o modelo de assistecircncia obsteacutetrica predominantemente

medicalizado com pequena inserccedilatildeo de enfermeiras obstetras e com permanecircncia de praacuteticas

assistenciais sem base em evidecircncias cientiacuteficas na maior parte do paiacutes Um exemplo desse

contexto satildeo as elevadas taxas de cesarianas no Brasil atingindo a alarmante taxa de 52 em

2011 No setor puacuteblico esta taxa eacute de 46 e no privado 88 segundo dados da pesquisa

ldquoNascer no Brasil Inqueacuterito Nacional sobre Parto e Nascimentordquo da Fundaccedilatildeo Oswaldo Cruz

realizada entre os anos de 2011 e 2012 em todo territoacuterio nacional

Na tentativa de reverter este quadro o Ministeacuterio da Sauacutede elaborou em 2011 uma iniciativa

inovadora a estrateacutegia Rede Cegonha normatizada pela Portaria nordm 1459 A Rede Cegonha eacute

operacionalizada pelo SUS fundamentada nos princiacutepios da humanizaccedilatildeo e assistecircncia que

assegura agraves mulheres receacutem-nascidos e crianccedilas direitos tais como planejamento reprodutivo

atenccedilatildeo humanizada agrave gravidez parto e puerpeacuterio nascimento seguro crescimento e

desenvolvimento saudaacuteveis (BRASIL 2011)

Uma das diretrizes da Rede Cegonha consiste na mudanccedila do modelo da atenccedilatildeo aplicado ao

parto e ao nascimento com incentivo agraves praacuteticas voltadas para humanizaccedilatildeo baseadas em

evidecircncias cientiacuteficas Para a implementaccedilatildeo desse modelo eacute importante a intensificaccedilatildeo da

formaccedilatildeo e especializaccedilatildeo de profissionais em obstetriacutecia para que possam atuar no SUS

(BRASIL 2012)

9

Para atender a demanda de formaccedilatildeo destas profissionais foi criado o Programa Nacional de

Residecircncia em Enfermagem Obstetriacutecia (PRONAENF) uma iniciativa inovadora do governo

federal que forma enfermeiras obsteacutetricas nas regiotildees que aderiram agrave estrateacutegia Rede

Cegonha Participaram inicialmente 18 instituiccedilotildees de ensino em 13 unidades da federaccedilatildeo

com 156 bolsas financiadas pelo Ministeacuterio da Sauacutede e pelo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Os

profissionais atuam desde o preacute-natal e parto ateacute o nascimento e poacutes-parto dentro do

preconizado pela Rede Cegonha A estrateacutegia visa intensificar a assistecircncia integral agrave sauacutede

das mulheres e crianccedilas do planejamento reprodutivo ndash passando pela confirmaccedilatildeo da

gravidez parto puerpeacuterio ndash ateacute o segundo ano de vida do filho (BRASIL 2012)

Em marccedilo de 2013 a Escola de Enfermagem da Universidade Federal de Minas Gerais (EE-

UFMG) iniciou a primeira turma de residentes com 24 participantes desenvolvendo o ensino

cliacutenico em quatro campos de praacutetica Hospital das Cliacutenicas da UFMG (HC-UFMG) Hospital

Universitaacuterio Risoleta Tolentino Neves (HRTN) Hospital Sofia Feldman (HSF) sendo estas no

acircmbito hospitalar e Unidades de Sauacutede da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) no acircmbito da

atenccedilatildeo baacutesica Divididas entre os campos 24 enfermeiras residentes cumpriram carga horaacuteria

de 60 horas semanais sendo 48 horas de plantotildees e 12 horas de aulas teoacutericas na EEUFMG

Para Amorim e Gualda (2011) as mudanccedilas no modelo de ensino da enfermagem obsteacutetrica

satildeo fundamentais para a formaccedilatildeo ampla e de qualidade tanto no aspecto teoacuterico quanto

praacutetico Isso contribui para o desenvolvimento da atuaccedilatildeo competente e para o enfrentamento

do modelo assistencial hegemocircnico

O Programa de Residecircncia em Enfermagem Obsteacutetrica coordenado pela EEUFMG tem sido

desenvolvido em concordacircncia com estes princiacutepios e apesar das atividades praacuteticas terem

sido iniciadas em marccedilo de 2013 ateacute o momento natildeo foi realizada uma pesquisa para avaliar a

praacutetica obsteacutetrica das residentes na atenccedilatildeo ao parto normal nas maternidades envolvidas A

importacircncia da inserccedilatildeo das enfermeiras obstetras na assistecircncia a mulher em todo ciclo

graviacutedico puerperal na atenccedilatildeo ao parto normal na transformaccedilatildeo do modelo obsteacutetrico

hegemocircnico e na implementaccedilatildeo da praacutetica obsteacutetrica baseada em evidecircncias cientiacuteficas

confere relevacircncia a enfermagem obsteacutetrica como campo de pesquisa Considerando este

10

contexto propotildee-se um estudo sobre a assistecircncia ao parto normal prestada pelas enfermeiras

residentes da primeira turma da EE-UFMG na maternidade do Hospital Risoleta Tolentino

Neves na perspectiva de aprimorar o ensino a assistecircncia e a atuaccedilatildeo de futuras residentes

OBJETIVO

Descrever os indicadores resultantes da assistecircncia ao parto normal prestada pelas

enfermeiras residentes em enfermagem obsteacutetrica da primeira turma da Escola de Enfermagem

da UFMG na maternidade do Hospital Risoleta Tolentino Neves em Belo Horizonte no periacuteodo

de abril de 2013 a abril de 2014

METODOLOGIA

Estudo quantitativo restrospectivo desenvolvido na maternidade do HRTN em Belo Horizonte-

MG no periacuteodo de abril de 2013 a abril de 2014

Cenaacuterio

O Hospital Risoleta Tolentino Neves (HRTN) foi escolhido para este estudo dentre as demais

instituiccedilotildees de praacutetica da residecircncia por ser uma maternidade de referecircncia regional para

gestaccedilotildees de risco habitual por ter enfermeiras obstetras inseridas diretamente na assistecircncia

ao parto normal e por estar recebendo a primeira turma de residentes em enfermagem

obsteacutetrica na histoacuteria da instituiccedilatildeo

O hospital estaacute localizado na regiatildeo Norte de Belo Horizonte e mantem uma parceria de ensino

com a UFMG desde sua criaccedilatildeo A maternidade foi inaugurada em 30 de julho de 2007 e tem

como princiacutepio uma assistecircncia humanizada em que se valoriza o trabalho em equipe e um

ambiente que proporcione a mulher um atendimento diferenciado e com total seguranccedila Satildeo

assistidos em meacutedia 270 partos por mecircs com taxas de parto normal em torno de 80 Eacute

composta por dois leitos de pronto atendimento obsteacutetrico (admissatildeo) dois leitos de preacute-parto

(PP) trecircs leitos de PPP (preacutepartopoacutes) uma sala de litotomia e um centro ciruacutergico O

alojamento conjunto eacute composto por 25 leitos que recebem pueacuterperas receacutem-nascidos assim

11

como gestantes em tratamento cliacutenico 4 leitos ldquoCangururdquo para RN em ganho de peso 4 leitos

de internaccedilatildeo social para receber matildees com filhos internados na unidade de cuidados

progressivos aleacutem de uma Unidade de Cuidados Intensivos Neonatal (UCIN) A equipe de

enfermagem eacute composta por uma coordenadora 11 enfermeiras assistenciais 12 enfermeiras

obstetras e 54 teacutecnicos de enfermagem (PORTAL HRTN 2013)

As enfermeiras residentes atuam no centro obsteacutetrico em conjunto com equipe

multiprofissional a qual eacute composta por meacutedicos obstetras meacutedicos residentes em ginecologia

e obstetriacutecia anestesistas pediatras enfermeiras obstetras enfermeiros assistenciais e

teacutecnicos de enfermagem aleacutem de acadecircmicos de enfermagem e medicina da UFMG que

estagiam nesta instituiccedilatildeo Cada plantatildeo diurno ou noturno conta com duas enfermeiras

residentes que se dividem entre o bloco obsteacutetrico e o alojamento conjunto atuando

exclusivamente no local escalado portanto em todos os plantotildees haacute pelo menos uma

residente de enfermagem obsteacutetrica atuando na assistecircncia ao parto normal nesta

maternidade

A equipe presta assistecircncia baseada nos princiacutepios da humanizaccedilatildeo e do modelo colaborativo

Este modelo consiste na atuaccedilatildeo conjunta onde cada parte respeita a atuaccedilatildeo individual dos

membros da equipe que trabalha com metas e objetivos comuns As mulheres e suas famiacutelias

recebem acompanhamento multiprofissional com praacuteticas obsteacutetricas majoritariamente

baseadas em evidecircncias cientiacuteficas e na humanizaccedilatildeo da assistecircncia As parturientes satildeo

assistidas tanto por enfermeiras obstetras como por meacutedicos obstetras em todas as fases da

internaccedilatildeo A assistecircncia eacute compartilhada entre as diferentes categorias profissionais em

situaccedilotildees que variam desde a induccedilatildeo do trabalho de parto assistecircncia durante o trabalho de

parto parto nascimento ateacute o puerpeacuterio Os casos satildeo acompanhados de forma

compartilhada havendo comunicaccedilatildeo entre os membros da equipe Os partos normais podem

ser assistidos por residentes tanto enfermeiros como meacutedicos e ambos podem ser

preceptorados por enfermeiras obstetras ou meacutedicos obstetras o que permite uma atuaccedilatildeo

complementar entre as categorias que traz benefiacutecios ao serviccedilo e agrave parturiente Todos os

partos assistidos por enfermeiras obstetras satildeo registrados em um livro denominado ldquolivro de

registro de partos assistidos pelas enfermeiras obstetrasrdquo Os partos assistidos por residentes

em enfermagem obsteacutetrica tambeacutem satildeo registrados neste livro independente da preceptoria

12

mas eacute importante considerar que estes satildeo em sua maioria preceptorados por enfermeiras

obstetras

Fonte e coleta de dados

A fonte de informaccedilotildees para este estudo foi o ldquolivro de registro de partos assistidos pelas

enfermeiras obstetrasrdquo Os dados nele registrados satildeo data hora do parto nome da paciente

idade paridade idade gestacional posiccedilatildeo de parto realizaccedilatildeo de episiotomia e contato pele a

pele presenccedila de acompanhante se a parturiente recebeu analgesia e qual o tipo (peridural

raquianestesia) se houve laceraccedilatildeo perineal e qual o grau escore de Apgar do RN nome dos

profissionais que assistiram ao parto

O banco de dados foi constituiacutedo por 1434 partos registrados no livro no periacuteodo de treze

meses (abril de 2013 a abril de 2014) Os dados de cada parto foram digitados na iacutentegra no

programa Epi-Info versatildeo 353 Apoacutes a digitaccedilatildeo foram selecionados somente os partos que

atendiam ao criteacuterio para inserccedilatildeo no estudo parto assistido por residente em enfermagem

obsteacutetrica independente se preceptorado por enfermeira obstetra ou por meacutedico obstetra A

partir daiacute delimitou-se a populaccedilatildeo final deste estudo que foi de 714 partos Os dados natildeo

informados de cada variaacutevel foram excluiacutedos da amostra exceto na variaacutevel idade gestacional

Variaacuteveis de interesse

Apoacutes ter sido identificada a populaccedilatildeo deste estudo foram selecionadas onze variaacuteveis de

interesse sendo elas idade materna nuacutemero de gestaccedilotildees paridade idade gestacional

posiccedilatildeo do parto episiotomia contato pele a pele presenccedila de acompanhante analgesia

farmacoloacutegica laceraccedilatildeo perineal e escore de Apgar

A idade das mulheres assistidas pelas enfermeiras residentes foi classificada dentro do

intervalo de idade reprodutiva da seguinte forma

Entre 10 e 14 anos (adolescentes precoces)

Entre 15 e 19 anos (adolescentes)

13

Entre 20 e 34 anos (adultas jovens)

Acima de 35 anos (idade tardia)

Com relaccedilatildeo agrave paridade as mulheres foram divididas em primiacuteparas e multiacuteparas

No que se refere ao nuacutemero de gestaccedilotildees foram classificadas em primigestas secundigestas

tercigestas ou que tiveram quatro gestaccedilotildees anteriores ou mais

Com relaccedilatildeo aacute idade gestacional no parto a classificaccedilatildeo neste estudo foi

Preacute-termo (lt37 semanas)

Termo (entre 37 semanas e 41 semanas+6 dias)

Poacutes-termo (gt42 semanas)

Idade gestacional desconhecida natildeo informada

Na variaacutevel posiccedilatildeo de parto foram consideradas as seguintes posiccedilotildees semi-sentada sentada

no banquinho de coacutecoras em decuacutebito dorsal posiccedilatildeo litotocircmica em Gaskin decuacutebito lateral

em peacute e ajoelhada Em relaccedilatildeo agrave episiotomia contato pele a pele e presenccedila de

acompanhantes os dados foram classificados em SimNatildeo Quanto agraves laceraccedilotildees perineais foi

feita a seguinte classificaccedilatildeo periacuteneo iacutentegro laceraccedilatildeo de primeiro grau de segundo grau de

terceiro grau e de quarto grau Os dados sobre escore de Apgar foram divididos em lt7 e gt 7 no

primeiro e quinto minutos

Anaacutelise dos dados

As variaacuteveis foram submetidas agrave anaacutelise descritiva com caacutelculo da frequecircncia absoluta e

relativa para as variaacuteveis categoacutericas e de meacutedia e desvio padratildeo para as variaacuteveis contiacutenuas

Para o processamento e anaacutelise dos dados utilizou-se o software STATA (versatildeo 90)

14

Aspectos eacuteticos

Para realizaccedilatildeo do estudo o projeto de pesquisa teve aprovaccedilatildeo da Coordenaccedilatildeo do Programa

de Residecircncia em Enfermagem Obsteacutetrica da Escola de Enfermagem da Universidade Federal

de Minas Gerais

O estudo teve a anuecircncia da coordenaccedilatildeo da maternidade e foi aprovado pelo Nuacutecleo de

Ensino e Pesquisa (NEPE) do HRTN em 06082014 pelo parecer nordm 252014 conforme consta

no ANEXO 2

Foi aprovado pela Cacircmara Departamental do Departamento de Enfermagem Materno Infantil

(EMI) da EEUFMG em 10112014 conforme consta no ANEXO 3

RESULTADOS

No periacuteodo de treze meses de abril de 2013 a abril de 2014 foram registrados no livro 1434

partos Destes 714 foram com a participaccedilatildeo das residentes em enfermagem obsteacutetrica

representando 498 do total Os demais 720 partos (excluiacutedos da amostra) foram assistidos

pelas enfermeiras obstetras sozinhas ou com participaccedilatildeo de residentes em ginecologia e

obsteacutetrica acadecircmicos de enfermagem e medicina

Os resultados e sua distribuiccedilatildeo entre a variaacuteveis analisadas estatildeo representados nas tabelas a

seguir

15

TABELA 1

Perfil das gestantes assistidas por residentes em enfermagem obsteacutetrica em relaccedilatildeo a

idade materna paridade nuacutemero de gestaccedilotildees e idade gestacional Belo Horizonte MG

Variaacuteveis n

Idade Materna (anos)

10 ndash 14 6 08

15 ndash 19 144 202

20 - 34 498 695

gt 35 57 79

Paridade

Primiacuteparas 315 441

Multiacuteparas 398 557

Nuacutemero de Gestaccedilotildees

1 283 396

2 213 298

3 102 143

4 ou mais 115 161

Idade Gestacional

Preacute-termo (lt37 semanas) 45 63

Termo (37 - 41 semanas) 643 900

Poacutes-termo (gt 42 semanas) 3 04

Desconhecida natildeo informada 23 32

Variaacutevel N Meacutedia Desvio Padratildeo Miacutenimo Maacuteximo

Idade Gestacional 714 38 15 24 42

Idade Materna 705 24 60 14 44

16

Neste estudo a faixa etaacuteria predominante das mulheres assistidas por residentes em

enfermagem obsteacutetrica foi de adultas jovens com 695 seguida de adolescentes com 202

Os extremos etaacuterios adolescentes precoces e mulheres acima de 35 anos apareceram em

menor proporccedilatildeo sendo 08 e 79 respectivamente A meacutedia etaacuteria foi de 24 anos com

desvio padratildeo de 6 anos sendo que a menor idade encontrada entre as mulheres assistidas

por enfermeiras residentes foi 14 anos e a maior 44 anos

No que se refere ao nuacutemero de gestaccedilotildees o maior percentual foi de primigestas (396)

seguido das secundigestas (298) A partir daiacute observou-se diminuiccedilatildeo do percentual sendo

que tercigestas representaram 143 e o somatoacuterio das mulheres que tiveram quatro

gestaccedilotildees anteriores ou mais resultou em 161 O caso com maior nuacutemero de gestaccedilotildees

encontrado neste estudo foi de uma parturiente que estava em sua 13ordf gestaccedilatildeo

Com relaccedilatildeo agrave paridade as mulheres foram divididas em dois grupos primiacuteparas e multiacuteparas

sendo 441 e 557 respectivamente As mulheres que tiveram apenas uma gestaccedilatildeo ou

seja primigestas satildeo 396 e as primiacuteparas logo que natildeo tem partos vaginais anteriores satildeo

441 Isto evidencia que nem todas as primiacuteparas eram primigestas havendo abortamentos

ou gestaccedilotildees ectoacutepicas anteriores O somatoacuterio das mulheres que tiveram duas ou mais

gestaccedilotildees representou 602 Isso justifica o fato de haver maior percentual de multiacuteparas

quando se analisa paridade e ao mesmo tempo maior percentual de primigestas quando se

analisa nuacutemero de gestaccedilotildees entre as mulheres estudadas

17

TABELA 2

Indicadores da assistecircncia ao trabalho de parto e parto prestada pelas residentes em

enfermagem obsteacutetrica na maternidade do HRTN Belo Horizonte MG

Variaacuteveis N

Variaacuteveis n

Posiccedilatildeo do parto

Analgesia

Semi-sentada 462 647

Natildeo 587 822

Banquinho 120 168

Peridural 119 166

Coacutecoras 56 78

Raquidiana 8 11

Decuacutebito dorsal 23 32

Litotocircmica 20 28

Contato pele a pele

Sentada 9 12

Sim 674 944

Gaskin 7 09

Natildeo 34 47

Decuacutebito lateral 7 09

Em peacute 4 05

Acompanhante

Ajoelhada 2 02

Sim 686 960

Natildeo 27 37

Episiotomia

Sim 30 42

Apgar no 1ordm minuto

Natildeo 681 954

lt7 46 64

gt7 668 935

Laceraccedilatildeo

Natildeo 194 271

Apgar no 5ordm minuto

1ordm grau 329 460

lt7 6 08

2ordm grau 169 236

gt7 708 991

3ordm grau 20 28

4ordm grau 2 02

Variaacutevel N Meacutedia Desvio Padratildeo Miacutenimo Maacuteximo

Apgar no 1ordm minuto 714 83 13 0 10

Apgar no 5ordm minuto 714 93 07 0 10

18

Os resultados deste estudo mostram que a maioria dos partos assistidos por residentes em

enfermagem obsteacutetrica foram em posiccedilatildeo semi-sentada (647) as demais posiccedilotildees de parto

encontradas foram no banquinho (168) de coacutecoras (78) em decuacutebito dorsal (32) em

posiccedilatildeo litotocircmica (28) sentada (12) em Gaskin (09) em decuacutebito lateral (09) em

peacute (05) e ajoelhada (02) Considerando-se todas as posiccedilotildees de parto verticalizadas como

semi-sentada no banquinho Gaskin em peacute e ajoelhada encontrou-se uma taxa em torno de

92 de partos em posiccedilatildeo natildeo supina

A episiotomia foi realizada em apenas 420 dos partos Em 9538 dos casos as mulheres

foram poupadas deste procedimento Com relaccedilatildeo as laceraccedilotildees perineais a maioria das

mulheres apresentou laceraccedilotildees de primeiro grau (460) seguidas de periacuteneo iacutentegro

(271) Laceraccedilotildees de segundo grau acometeram 236 das mulheres Laceraccedilotildees graves

de terceiro grau (28) e de quarto grau (02) ocorreram em uma parcela pouco significativa

das mulheres assistidas pelas enfermeiras residentes

A analgesia farmacoloacutegica foi realizada em 177 das parturientes sendo em 166 por

teacutecnica peridural e 112 por teacutecnica raquidiana A analgesia farmacoloacutegica natildeo foi ofertada a

8221 das mulheres

O contato pele a pele na primeira hora de vida foi proporcionado a 9440 dos receacutem-

nascidos Em 47 a interaccedilatildeo pele a pele natildeo foi realizada

As parturientes contaram com a presenccedila de acompanhante familiar em 960 dos partos Os

partos sem acompanhante familiar representaram apenas 37

Os resultados sobre escore de Apgar foram gt7 no primeiro minuto em 935 dos neonatos e

gt7 no quinto minuto em 991 Tais dados mostram que a quase totalidade dos receacutem-

nascidos apresentava boas condiccedilotildees de vitalidade no primeiro e quinto minuto de vida

19

DISCUSSAtildeO

Idade materna Paridade Nuacutemero de gestaccedilotildees

Segundo o MS as mulheres em idade reprodutiva ou seja de 10 a 49 anos representam 65

do total da populaccedilatildeo feminina conformando um grupo social importante e que merece

atenccedilatildeo no que se refere agrave elaboraccedilatildeo de poliacuteticas de sauacutede (BRASIL 2011)

Silva (2009) cita que mulheres muito jovens ou muito idosas satildeo consideradas de maior risco

para resultados adversos e complicaccedilotildees gestacionais no parto e perinatais

A OMS considera gravidez na adolescecircncia aquela que ocorre em mulheres entre 10 e 19

anos sendo que gestantes com menos de 14 anos satildeo mais vulneraacuteveis e mais expostas agrave

morbimortalidade A gravidez na adolescecircncia estaacute relacionada aacute condiccedilotildees de escolaridade e

fatores socioeconocircmicos como escolaridade renda dentre outros e no que se refere aos

riscos os principais referidos por Santos at al (2014) satildeo prematuridade e baixo peso ao

nascer Jaacute Gravena (2013) refere que estatildeo relacionados agrave gravidez precoce riscos

aumentados ao receacutem-nascido de baixo peso ao nascer deficiecircncias de micronutrientes e

restriccedilatildeo do crescimento intrauterino levando a alteraccedilotildees na evoluccedilatildeo dessa gestaccedilatildeo e no

crescimento fetal o que pode resultar tambeacutem em parto prematuro

Cesar (2011) em estudo sobre gestaccedilatildeo na adolescecircncia encontrou 2018 de matildees

adolescentes e mostrou que estas estiveram de forma sistemaacutetica em desvantagem em

relaccedilatildeo agraves demais matildees tanto no que se refere a caracteriacutesticas socioeconocircmicas quanto na

assistecircncia recebida durante a gestaccedilatildeo e o parto Afirma que as adolescentes possuiacuteam pior

niacutevel de escolaridade e renda familiar viviam mais comumente sem companheiro realizaram

um menor nuacutemero de consultas de preacute-natal iniciaram estas consultas mais tardiamente

referiram com maior frequecircncia a presenccedila de anemia e corrimento vaginal patoloacutegico e foram

mais submetidas ao uso de foacutercipe e episiotomia Considerando-se as categorias adolescentes

precoces e adolescentes do presente estudo tem-se uma taxa de 210 proacutexima da

encontrada por Cesar (2011)

20

Mulheres entre 20 e 35 anos satildeo consideradas adultas jovens e apresentam resultados

obsteacutetricos e neonatais mais favoraacuteveis quando comparadas as adolescentes e a mulheres em

idade avanccedilada Neste estudo as adultas jovens representaram a maior parte da populaccedilatildeo

(695) Este achado corrobora para os resultados obsteacutetricos e neonatais favoraacuteveis aqui

verificados Gravena et al (2013) verificou em seu estudo que adolescentes e mulheres em

idade tardia tiveram probabilidade maior de parto cesaacutereo em relaccedilatildeo agraves adultas No que se

refere ao baixo peso ao nascer tanto as gestantes adolescentes quanto as em idade avanccedilada

apresentaram mais chance de possuiacuterem filhos receacutem-nascidos com baixo peso quando

comparadas as adultas

A taxa de fecundidade vem apresentando queda no Brasil nos uacuteltimos anos segundo dados do

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) em 2000 a taxa de fecundidade era de 24

filhos por mulher e em 2014 foi menor que 18 filhos por mulher (IBGE 2013) Dentre os vaacuterios

fatores que colaboraram para esta transiccedilatildeo na taxa de fecundidade encontram-se a

elaboraccedilatildeo e expansatildeo da estrateacutegia de sauacutede da famiacutelia e das poliacuteticas voltadas para a

mulher no ciclo graviacutedico puerperal principalmente a Poliacutetica Nacional de Direitos Sexuais e

Direitos Reprodutivos lanccedilada em 2005 e a Poliacutetica Nacional de Planejamento Familiar

elaborada em 2007 que permitiu as mulheres expansatildeo do acesso a informaccedilotildees sobre o

planejamento familiar reprodutivo e oferta de meacutetodos contraceptivos (BRASIL 2007)

Define-se gestaccedilatildeo tardia aquela que ocorre acima dos 35 anos e aquelas com mais de 45

anos satildeo consideradas gestaccedilotildees com idade materna avanccedilada Os nascimentos em mulheres

com 35 anos ou mais tem aumentado de forma consistente no Brasil tendecircncia observada

principalmente nos paiacuteses industrializados As mudanccedilas nos haacutebitos de vida como maior niacutevel

de escolaridade maior inserccedilatildeo no mercado de trabalho e na expectativa de vida da mulher

estimulam a postergaccedilatildeo do momento da primeira gravidez que acaba acontecendo em idades

superiores apoacutes serem atingidos outros objetivos de vida pessoais e profissionais Soma-se a

isso o advento da reproduccedilatildeo assistida que permite as mulheres engravidarem em idades mais

avanccediladas periacuteodo de comprovada diminuiccedilatildeo da fertilidade Haacute que se considerar que em

paiacuteses em desenvolvimento como o Brasil a maior parte das gestaccedilotildees tardias acontece em

situaccedilotildees de multiparidade o que tambeacutem envolve riscos (SILVA 2009)

21

A gestaccedilatildeo tardia apresenta risco similar a gestaccedilatildeo na adolescecircncia em alguns aspectos

conforme citado anteriormente e mais elevados em situaccedilotildees como abortamento espontacircneo

gravidez ectoacutepica anormalidades cromossocircmicas e malformaccedilotildees congecircnitas (SILVA 2009)

Gravena et al (2013) cita que nas mulheres com gestaccedilatildeo tardia tecircm sido observados mais

abortamentos espontacircneos e induzidos maior risco para mortalidade perinatal baixa vitalidade

do receacutem- nascido baixo peso ao nascer parto preacute-termo e fetos pequenos para idade

gestacional As gestaccedilotildees de mulheres de idade materna avanccedilada tecircm sido consideradas

como de alto risco em decorrecircncia principalmente da incidecircncia crescente de siacutendromes

hipertensivas ruptura prematura de membranas presenccedila de diabetes aleacutem de maior chance

do iacutendice de Apgar no quinto minuto ser menor que sete

Analisando os 1434 partos registrados no livro no mesmo periacuteodo e nos quais estatildeo incluiacutedos

os 714 partos das enfermeiras residentes o percentual de primiacuteparas e multiacuteparas foi de 415

e 583 respectivamente valores muito proacuteximos aos encontrados nos partos assistidos pelas

enfermeiras residentes

Idade gestacional

Conceitua-se gravidez preacute-termo aquela cuja idade gestacional encontra-se entre 22 e 37

semanas ou entre 154 a 259 dias (ACOG 2013) A prematuridade eacute um evento que afeta a

vida da famiacutelia e do RN de forma significativa envolvendo aspectos bioloacutegicos psicoloacutegicos e

sociais de difiacutecil mensuraccedilatildeo e que devem ser considerados pela equipe que assiste a famiacutelia

prematura (RAMOS 2009)

A prematuridade tem sido estudada como uma das causas importantes de mortalidade infantil

O receacutem-nascido imaturo apresenta desenvolvimento incompleto de oacutergatildeos como ceacuterebro e

pulmotildees aleacutem de limitaccedilatildeo da funccedilatildeo renal e imaturidade da funccedilatildeo hepaacutetica podendo sofrer

seacuterios comprometimentos ou intercorrecircncias (GRAVENA 2013) A literatura cita alguns fatores

de risco gestacionais associados agrave prematuridade tais como parto prematuro preacutevio gestaccedilatildeo

muacuteltipla histoacuteria materna de um ou mais abortos espontacircneos no segundo trimestre

comprimento cervical lt 30 cm baixo niacutevel socioeconocircmico idade materna lt18 anos ou gt40

22

anos primiparidade (mais frequente no primeiro filho) complicaccedilotildees maternas (cliacutenicas ou

obsteacutetricas) atividade fiacutesica aumentada tabagismo uso de cocaiacutena acompanhamento preacute-

natal inadequado ou ausente situaccedilotildees de alto estresse crescimento intrauterino restrito

(CIUR) anomalias congecircnitas polihidracircmnios ruptura prematura de membranas preacute-termo

(RPMPT) descolamento de placenta presenccedila de DIU mioma (particularmente submucoso ou

subplacentaacuterio) anomalias uterinas insuficiecircncia istmo-cervical infecccedilotildees maternas siacutendrome

antifosfoliacutepide trauma cirurgia (RAMOS 2009)

O American College of Obstetricians and Gynecologists (ACOG 2013) classifica a gravidez

aleacutem de 37 semanas da seguinte maneira

Termo precoce entre 37 semanas e 38 semanas e 6 dias

Termo completo entre 39 semanas e 40 semanas e 6 dias

Termo tardio entre 41 semanas e 41 semanas e 6 dias

Poacutes-termo 42 semanas em diante

Neste estudo a grande maioria dos partos assistidos pelas enfermeiras residentes foi de

gestaccedilotildees a termo (900) Tal fato se justifica pela maior atuaccedilatildeo da enfermagem obsteacutetrica

nas gestaccedilotildees de risco habitual A meacutedia de idade gestacional da amostra deste estudo foi de

38 semanas sendo a menor idade gestacional encontrada 24 semanas e a maior 42 semanas

Os partos preacute-termo e poacutes-termo ou seja de maior risco satildeo preferencialmente

acompanhados por meacutedico obstetra Eacute rotina da instituiccedilatildeo em estudo a induccedilatildeo do trabalho

de parto nas gestaccedilotildees acima de 41 semanas Tambeacutem por esse motivo pode-se justificar a

atuaccedilatildeo das enfermeiras residentes em menos de 05 de partos poacutes-termo

O ACOG define gestaccedilatildeo poacutes-termo ou gestaccedilatildeo prolongada como aquela que se estende

aleacutem de 42 semanas ou 294 dias de gestaccedilatildeo (ACOG 2013) Para Amorim (2010) as

gestaccedilotildees aleacutem de 42 semanas ocorrem em aproximadamente 5 dos casos jaacute as aleacutem de 41

semanas em cerca de 10 A causa mais comum de gestaccedilatildeo poacutes-termo eacute o erro de dataccedilatildeo

e quando realmente existe a causa eacute desconhecida sendo a primiparidade o principal fator de

risco associado Mais raramente outros fatores podem estar presentes como a anencefalia

23

deficiecircncia de sulfatase placentaacuteria feto do sexo masculino e predisposiccedilatildeo geneacutetica (BRASIL

2011) O maior temor relacionado agrave gestaccedilatildeo prolongada eacute de que ocorra insuficiecircncia

placentaacuteria com reduccedilatildeo do aporte de nutriente e oxigecircnio para o bebecirc o que pode acarretar

aumento da morbidade e mortalidade perinatal Com maior frequecircncia de morte perinatal

anormalidade da frequecircncia cardiacuteaca fetal intraparto eliminaccedilatildeo de mecocircnio macrossomia e

cesariana (AMORIM 2010)

No Brasil tem sido frequente a indicaccedilatildeo de cesariana quando a gestaccedilatildeo ultrapassa 40

semanas sobretudo no setor privado poreacutem esta conduta natildeo eacute corroborada por evidecircncias

Amorim (2010) em compilado sobre o tema cita uma revisatildeo sistemaacutetica publicada em 2003 na

qual concluiacuteram que a induccedilatildeo do parto a partir de 41 semanas quando comparada agrave conduta

expectante resultou em menor taxa de cesaacuterias (201 x 22) e de liacutequido amnioacutetico meconial

(224 x 277) poreacutem natildeo houve diferenccedila em termos de mortalidade perinatal escores de

Apgar admissatildeo em UTI neonatal e siacutendrome de aspiraccedilatildeo meconial Em 2012 outra revisatildeo

sistemaacutetica disponiacutevel na biblioteca Cochrane incluindo 22 ensaios cliacutenicos randomizados e

9383 mulheres submetidas aacute induccedilatildeo do parto mostrou reduccedilatildeo significativa do risco relativo de

morte perinatal e de cesariana Natildeo houve diferenccedila na taxa de natimortos ou de morte

neonatal nos dois grupos A incidecircncia da siacutendrome de aspiraccedilatildeo meconial foi menor no grupo

submetido agrave induccedilatildeo do parto poreacutem natildeo houve diferenccedila na frequecircncia de asfixia perinatal

baixos escores de Apgar e admissatildeo em UTI neonatal Os autores sugerem que a induccedilatildeo do

parto a partir de 41 semanas reduz as taxas de cesariana sem comprometer o prognoacutestico

perinatal Aleacutem disso o estudo mostrou maior satisfaccedilatildeo das gestantes submetidas agrave induccedilatildeo

do parto Recomenda-se que as mulheres sejam esclarecidas sobre riscos e benefiacutecios

associados agrave induccedilatildeo do parto a partir de 41 semanas (AMORIM 2010)

Posiccedilatildeo de parto

Os benefiacutecios da livre movimentaccedilatildeo da parturiente durante o trabalho de parto tais como a

reduccedilatildeo de sua duraccedilatildeo melhora do conforto materno e reduccedilatildeo do uso de analgeacutesicos satildeo

sustentados por evidecircncias cientiacuteficas (SOUSA 2013) A adoccedilatildeo de postura vertical e

movimentaccedilatildeo podem aleacutem de diminuir a dor materna facilitar a circulaccedilatildeo materno-fetal e a

descida do feto na pelve materna melhorar as contraccedilotildees uterinas e diminuir o trauma perineal

24

(SILVA 2011)

A OMS (1996) classifica como praacuteticas demonstradamente uacuteteis e que devem ser estimuladas

(categoria A) a liberdade de posiccedilatildeo e movimento durante o trabalho de parto e o estiacutemulo a

posiccedilotildees natildeo supinas durante o trabalho de parto Jaacute o uso rotineiro de posiccedilatildeo supina

(decuacutebito dorsal) durante o trabalho de parto e o uso de rotina da posiccedilatildeo de litotomia com ou

sem perneiras durante o trabalho de parto satildeo classificadas como praacuteticas claramente

prejudiciais e que devem ser eliminadas (categoria B)

Uma revisatildeo sistemaacutetica sobre assistecircncia ao segundo e terceiro periacuteodos do trabalho de parto

publicada em 2010 mostra que a posiccedilatildeo supina tem sido amplamente usada no segundo

periacuteodo do trabalho de parto contrariando a evidecircncia fisioloacutegica da reduccedilatildeo da eficiecircncia

uterina e do fluxo sanguiacuteneo placentaacuterio nessa posiccedilatildeo A posiccedilatildeo litotocircmica eacute ainda

recomendada em alguns tratados tradicionais de Obstetriacutecia mas as posiccedilotildees alternativas

incluem uma gama de posiccedilotildees que podem trazer benefiacutecios para o parto posiccedilatildeo lateral

(Sims) vertical (sentada semi-sentada de coacutecoras ou ajoelhada) e de quatro apoios A

imersatildeo em aacutegua durante o periacuteodo expulsivo do trabalho de parto aumentou o registro de

satisfaccedilatildeo por parte das parturientes no que diz respeito aos puxos mas ainda natildeo haacute

evidecircncias sobre os efeitos da imersatildeo em aacutegua no segundo estaacutegio especialmente sobre a

morbidade materna e neonatal (AMORIM 2010)

Estudos apontam que posiccedilotildees verticalizadas ou a posiccedilatildeo lateral associaram-se com reduccedilatildeo

da duraccedilatildeo do segundo periacuteodo do parto reduccedilatildeo nas anormalidades da frequecircncia cardiacuteaca

fetal bem como reduccedilatildeo de relatos de dor grave e episiotomia Ocorre no entanto maior perda

de sangue estimada (acima de 500 mL) sem repercussotildees cliacutenicas consideraacuteveis A conclusatildeo

dos revisores eacute que as mulheres devem ser encorajadas a parir na posiccedilatildeo que lhes for mais

confortaacutevel com o balanccedilo das evidecircncias a favor das posturas natildeo supinas (AMORIM 2010)

Mouta et al (2008) e Rocha Fonseca (2010) encontraram percentuais entre 50 e 78 de

posiccedilatildeo vertical em partos assistidos exclusivamente por enfermeiras obstetras em

maternidades puacuteblicas do Rio de Janeiro Em um CPN de Satildeo Paulo apenas 13 dos partos

foram assistidos em posiccedilatildeo horizontal contra 776 assistidos em posiccedilatildeo vertical (SOUZA

2011)

25

Sousa (2013) observou em seu estudo com 61 mulheres assistidas em Hospital da rede puacuteblica

de Belo Horizonte que mais de 75 pariram deitadas de costas com pernas levantadas sem

uso de perneiras As demais mulheres deram a luz em posiccedilatildeo de coacutecoras (98) deitada de

lado (66) sentadareclinada (66) ou Gaskin (16)

A maternidade do HRTN faz parte da rede de hospitais de Belo Horizonte que assinou o Termo

de Compromisso das Maternidades do SUS-BH estabelecido pela Comissatildeo Perinatal da

Secretaria Municipal de Sauacutede de Belo Horizonte (SMSA-BH) o qual estabelece metas para

diversos indicadores assistenciais objetivando humanizar a assistecircncia e reduzir as taxas de

cesariana nas maternidades da rede puacuteblica de Belo Horizonte No que se refere a posiccedilatildeo de

parto a SMSA-BH tem como meta que mais de 70 dos partos sejam realizados em posiccedilatildeo

natildeo supina Segundo dados institucionais fornecidos pela coordenaccedilatildeo da maternidade sobre

todos os partos do HRTN no mesmo periacuteodo deste estudo a taxa de partos em posiccedilatildeo natildeo

supina variou de 6202 em abril de 2014 a 8138 em abril de 2013

Diante dos resultados deste estudo eacute possiacutevel inferir que no HRTN a equipe incentiva e apoia o

uso de deambulaccedilatildeo e posiccedilotildees verticalizadas durante o trabalho de parto e periacuteodo expulsivo

As mulheres devem orientadas sobre os benefiacutecios da verticalizaccedilatildeo para a evoluccedilatildeo do

trabalho de parto No momento do parto deve haver incentivo agrave livre escolha da posiccedilatildeo dentro

das possibilidades da maternidade Ainda natildeo haacute disponibilidade de parto com imersatildeo em

aacutegua mas haacute quartos PPP (preacute-parto parto e poacutes-parto) com chuveiro bola suiacuteccedila banquinho

meia lua escada de Ling e espaccedilo fiacutesico que permite deambulaccedilatildeo Em alguns plantotildees a

equipe conta com a participaccedilatildeo das Doulas no cuidado agrave mulher em trabalho de parto

Os resultados deste estudo satildeo similares aos encontrados por Sousa (2013) o que mostra que

ambas as instituiccedilotildees componentes do SUS em Belo Horizonte que tem atuaccedilatildeo efetiva das

enfermeiras obstetras estimulam o parto em posiccedilotildees verticalizadas e provavelmente

respeitam a livre escolha da posiccedilatildeo de parto

O fato da maior parte dos partos serem em posiccedilatildeo semi-sentada gera certa inquietaccedilatildeo pois

26

sabe-se que esta posiccedilatildeo permite maior controle e melhor visibilidade sendo cocircmoda para o

profissional que assiste ao parto Outra justificativa possiacutevel para a grande porcentagem de

partos semi-sentada pode ser a falta de informaccedilatildeo eou orientaccedilatildeo das

mulheresacompanhantes sobre a possibilidade de parirem em outras posiccedilotildees que lhe sejam

confortaacuteveis Ressalta-se a necessidade de orientaccedilatildeo e incentivo quanto agrave liberdade de

posiccedilatildeo e sobre os benefiacutecios das posiccedilotildees verticalizadas para o trabalho de parto e periacuteodo

expulsivo desmitificando a claacutessica posiccedilatildeo de parto e empoderando-as a escolher a posiccedilatildeo

que lhes for mais confortaacutevel

Episiotomia

A episiotomia foi inicialmente proposta com o objetivo de facilitar o parto reduzindo o trauma

perineal e facilitando o reparo Entretanto natildeo obstante a indicaccedilatildeo de livros-texto sua

realizaccedilatildeo de rotina natildeo pode ser recomendada uma vez que existem vaacuterias evidecircncias de que

natildeo eacute necessaacuteria e de que pode ser prejudicial (AMORIM 2010)

Entre as principais morbidades relacionadas agrave episiotomia estatildeo a dor perineal e o

sangramento aumentado Nesses casos devido a urgecircncia os traumas perineais muitas vezes

satildeo suturados sem a boa visualizaccedilatildeo do local podendo produzir acidentes com lesatildeo no trato

geniturinaacuterio e nas estruturas do assoalho peacutelvico causando hipermobilidade uretral e prolapso

genital Apoacutes o parto tambeacutem podem surgir hematuacuteria incapacidade vesical e incontinecircncia

urinaacuteria (RIESCO et al 2011)

A OMS (1996) considera o uso liberal e rotineiro de episiotomia uma praacutetica claramente

prejudicial e que deve ser eliminada (categoria B) Embora os dados disponiacuteveis na literatura

revelem que a realizaccedilatildeo de episiotomia natildeo cumpre os objetivos que justificariam sua

realizaccedilatildeo de forma rotineira sejam eles a prevenccedilatildeo de lesotildees nas genitais da matildee ou na

cabeccedila do receacutem-nascido ainda hoje tal intervenccedilatildeo permanece sendo usada de forma

abusiva em muitas instituiccedilotildees de sauacutede

Em revisatildeo sistemaacutetica incluindo oito ensaios cliacutenicos (n=5541) observou-se que comparada

agrave episiotomia de rotina a episiotomia seletiva (com indicaccedilatildeo precisa) esteve associada com

27

menos trauma perineal grave menor necessidade de suturas menos complicaccedilotildees na

cicatrizaccedilatildeo e mais trauma perineal anterior Natildeo houve diferenccedila na frequecircncia de trauma

vaginal ou perineal grave dispareunia incontinecircncia urinaacuteria ou dor intensa Os revisores

recomendam que a episiotomia natildeo seja realizada rotineiramente e quando necessaacuteria seja

realizada com o consentimento poacutes-informaccedilatildeo da parturiente (AMORIM 2010)

Cesar (2011) encontrou ocorrecircncia meacutedia de episiotomia de 72 entre as 2557 gestantes

estudadas no Sul do Brasil Houve variaccedilatildeo de 86 entre as adolescentes e 66 entre as

demais matildees As taxas encontradas foram bastante elevadas principalmente entre as

adolescentes o que indica baixa incorporaccedilatildeo de praacuteticas baseadas em evidecircncia na

assistecircncia ao parto no cenaacuterio do estudo

Em contrapartida Sousa (2013) verificou em seu estudo em uma maternidade da rede puacuteblica

de Belo Horizonte iacutendice de episiotomia em torno de 11 e observou seguranccedila na praacutetica dos

profissionais de sauacutede envolvidos na assistecircncia ao parto da instituiccedilatildeo estudada no que se

refere ao uso seletivo desse procedimento e aos criteacuterios de utilizaccedilatildeo Tal instituiccedilatildeo tem

princiacutepios humanizados e grande inserccedilatildeo de enfermeiras obstetras na assistecircncia ao parto o

que pode tambeacutem ter justificado a baixa taxa de episiotomia encontrada

Considerando todos os partos realizados no HRTN no periacuteodo deste estudo a taxa de

episiotomia variou entre 90 em abril de 2013 a 149 em abril de 2014 A SMSA-BH tem

como meta de realizaccedilatildeo de episiotomia em menos de 30 dos partos vaginais Considerando

os 1434 partos assistidos por EO no mesmo periacuteodo a taxa de episiotomia foi de 46 o que

mostra uso criterioso do procedimento por parte desta categoria profissional

No presente estudo a taxa de episiotomia foi 42 Nestes casos a episiotomia pode ter sido

indicada devido a periacuteneo resistente no intuito de prevenir laceraccedilotildees graves mesmo que natildeo

haja respaldo cientiacutefico para tal praacutetica Tambeacutem em situaccedilotildees de estado fetal natildeo

tranquilizador durante o periacuteodo expulsivo jaacute com o feto em planos avanccedilados no intuito de

acelerar o nascimento ou mesmo por distoacutecia de ombro ou outra complicaccedilatildeo sendo uma

decisatildeo conjunta entre preceptor e residente Deve-se considerar que a baixas taxas de

28

episiotomia nos partos assistidos por enfermeiras residentes satildeo reflexo da atuaccedilatildeo da

preceptoria tanto de enfermeiras obstetras como de meacutedicos obstetras A episiotomia natildeo foi

realizada em 9538 dos partos o que mostra que as residentes em enfermagem obsteacutetrica

faziam uso seletivo do procedimento Um aspecto relevante deste estudo eacute que mesmo com a

baixa taxa de episiotomia encontrou-se pequenas taxas de laceraccedilotildees perineais de terceiro

(28) e quarto grau (028) Isso aponta para um modelo de assistecircncia obsteacutetrico com

incorporaccedilatildeo de praacuteticas baseadas em evidecircncias cientiacuteficas na maternidade do HRTN

Contato pele a pele

As praacuteticas referentes ao contato da matildee com seu bebecirc e ao aleitamento materno ainda na

sala de parto satildeo tambeacutem indicadores relevantes da qualidade da atenccedilatildeo ao parto

humanizado e segundo a OMS (1996) e MS (2001) deve ser encorajada no parto normal

(categoria A)

O passo quatro da Iniciativa Hospital Amigo da Crianccedila (IHAC) preconiza que os bebecircs que

tenham condiccedilotildees cliacutenicas favoraacuteveis permaneccedilam por pelo menos uma hora junto agrave pele da

matildee e que iniciem o aleitamento materno ainda na primeira meia hora apoacutes o nascimento

independentemente da via de parto (BRASIL 2010)

O contato pele a pele precoce melhora os resultados neonatais em termos de menor choro e

maior estabilidade cardiorrespiratoacuteria e aumenta significativamente o sucesso da

amamentaccedilatildeo sem efeitos negativos aparentes em curto e longo prazo segundo estudo de

meta-anaacutelise O contato pele a pele da matildee com o receacutem-nascido por pelo menos 30 minutos

na primeira hora de vida aleacutem de propiciar o envolvimento matildee-filho e o aleitamento materno

eacute um indicativo de que o parto transcorreu adequadamente Aleacutem disso favorece o viacutenculo

afetivo propiciando o reconhecimento entre matildee e filho pode aumentar a autoestima materna

diminuir a ansiedade melhorar os sentimentos de aceitaccedilatildeo do seu novo papel e a satisfaccedilatildeo

durante o processo de parto (MOORE et al 2012)

Apesar de o contato pele a pele ser uma praacutetica demonstradamente uacutetil e que deve ser

encorajada no parto normal especificamente tambeacutem pode e deve ser promovida no parto

29

operatoacuterio Sousa (2013) verificou em sua pesquisa que dos 89 receacutem-nascidos vivos o

contato precoce entre matildee e filho foi garantido em mais de 77 dos partos embora a maior

frequecircncia tenha ocorrido entre os filhos nascidos de parto normal

Na maternidade do HRTN o contato pele a pele eacute incentivado e apoiado por toda a equipe

multiprofissional sendo uma praacutetica consolidada conforme apontam os resultados deste

estudo As parturientes devem ser orientadas sobre os benefiacutecios desta praacutetica e preparadas

para receber seus RN apoacutes o nascimento A assistecircncia ao RN estaacutevel deve ser feita

preferencialmente no colo da matildee e quando houver necessidade de encaminhar o RN ao

berccedilo aquecido assim que este estabelecer condiccedilotildees favoraacuteveis deve retornar para o contato

pele a pele Assim como o contato pele a pele a amamentaccedilatildeo na primeira hora de vida

tambeacutem deve ser apoiada e estimulada respeitando o desejo da mulher

No presente estudo o contato pele a pele na primeira hora de vida foi realizado em 9440 dos

partos Os 475 em que natildeo foi realizado pode ter como justificativa o nascimento de um RN

deprimido sem condiccedilotildees cliacutenicas de permanecer com a matildee e que necessitaram de

assistecircncia pediaacutetrica seja reanimaccedilatildeo neonatal ou transferecircncia para unidade neonatal

Tambeacutem pode ter como justificativa impossibilidade materna ou desejo de natildeo realizar contato

pele a pele

Pela pactuaccedilatildeo da maternidade em estudo com a SMSA-BH a meta eacute que 100 dos receacutem-

nascidos vivos realizem contato pele a pele efetivo na primeira hora de vida Considerando

todos os partos realizados na instituiccedilatildeo no mesmo periacuteodo deste estudo este indicador variou

entre 905 em abril de 2013 a 960 em agosto de 2013 segundo dados institucionais

fornecidos pela coordenaccedilatildeo a maternidade Estes dados sinalizam boa incorporaccedilatildeo desta

praacutetica pela equipe mas indicam tambeacutem necessidade de melhoria para que seja atingida a

meta

Acompanhante

A presenccedila de acompanhante durante todo o periacuteodo de internaccedilatildeo eacute um direito conquistado

pelas mulheres assegurado na Lei nordm 111082005 regulamentado pelo Ministeacuterio da Sauacutede

30

pela Portaria nordm 24182005 portanto obrigatoacuterio em todas as instituiccedilotildees sejam elas puacuteblicas

ou privadas (BRASIL 2005) Esta praacutetica eacute classificada pela OMS como demonstradamente uacutetil

e que deve ser estimulada (categoria A)

A presenccedila do acompanhante durante o processo de parturiccedilatildeo pode proporcionar bem-estar

fiacutesico e emocional agrave mulher e benefiacutecios clinicamente significativos ao binocircmio matildee-filho Os

efeitos do suporte agrave mulher foram encontrados em recente meta-anaacutelise e estatildeo associados agrave

menor duraccedilatildeo do trabalho de parto uso de ocitocina reduccedilatildeo de cesariana e de partos

vaginais instrumentais diminuindo ainda a utilizaccedilatildeo de analgesia intraparto e melhorando os

iacutendices de Apgar no quinto minuto (SOUSA 2013)

Outros estudos destacam ainda a importacircncia do acompanhante quando este se envolve natildeo

soacute no apoio fiacutesico e emocional mas tambeacutem no desenvolvimento junto agrave parturiente de accedilotildees

como massagem auxiacutelio e encorajamento durante a deambulaccedilatildeo banho e tambeacutem no

periacuteodo expulsivo o que proporciona tambeacutem maior grau de satisfaccedilatildeo com o parto Sousa

(2013) verificou em sua pesquisa que quase a totalidade (922) das mulheres assistidas em

uma instituiccedilatildeo de sauacutede da rede puacuteblica de Belo Horizonte permaneceu com o acompanhante

de sua escolha durante o periacuteodo de internaccedilatildeo sendo a maioria o companheiro pai da

crianccedila (627)

No HRTN a presenccedila de acompanhante familiar de livre escolha eacute uma praacutetica consolidada

pela instituiccedilatildeo e apoiada pela equipe multiprofissional A valorizaccedilatildeo do acompanhante deve

acontece em todas as etapas da internaccedilatildeo durante o trabalho de parto os acompanhantes

podem ser encorajados a participar ativamente no apoio agrave parturiente ofertando meacutetodos

alternativos para aliacutevio da dor como massagens por exemplo No momento do parto quando

possiacutevel pode ser oferecido ao familiar que corte o cordatildeo umbilical o que pode ter grande

representaccedilatildeo simboacutelica para aquela famiacutelia No puerpeacuterio os acompanhantes devem ser

orientados junto aacute mulher sobre os cuidados com o RN aleitamento materno e como apoiar a

matildee na nova fase

No presente estudo houve acompanhante familiar em 960 dos partos assistidos pelas

enfermeiras residentes Partos sem acompanhante familiar foram apenas 37 Estes dados

31

corroboram com a afirmaccedilatildeo de que a presenccedila do acompanhante familiar eacute uma praacutetica

consolidada e respeitada pela equipe da maternidade do HRTN

Analgesia

Meacutetodos natildeo farmacoloacutegicos

A OMS (1996) recomenda que o uso de meacutetodos natildeo farmacoloacutegicos para aliacutevio da dor deve

ser privilegiado durante a assistecircncia ao trabalho de parto considerando-os como ldquopraacuteticas

reconhecidamente uacuteteis e que devem ser estimuladasrdquo Categoria A na recomendaccedilatildeo de boas

praacuteticas na assistecircncia ao parto

Entre as praacuteticas natildeo medicamentosas tem-se estudado o uso de acupuntura acupressura

hipnose teacutecnicas de relaxamento e respiraccedilatildeo aplicaccedilatildeo de frio e calor aromaterapia

aacuteudioanalgesia massagem deambulaccedilatildeo e banho de imersatildeo durante o parto (SILVA 2011)

Em um estudo de revisatildeo sistemaacutetica foram incluiacutedos 14 ensaios com 1448 parturientes que

utilizaram diferentes formas de tratamento para a dor (acupuntura hipnose audioanalgesia

aromaterapia massagem e relaxamento) A hipnose mostrou-se efetiva em termos de reduzir a

necessidade de meacutetodos farmacoloacutegicos para aliacutevio da dor aumentando o grau de satisfaccedilatildeo

materna Maior chance de parto vaginal e reduccedilatildeo da necessidade de analgesia A acupuntura

tambeacutem se associou a uma menor intensidade da dor e reduccedilatildeo do uso de ocitocina A eficaacutecia

de meacutetodos como acupressatildeo aromaterapia aacuteudioanalgesia relaxamento e massagem natildeo foi

ainda estabelecida sendo necessaacuterios ensaios cliacutenicos randomizados para avaliaccedilatildeo dessas

terapias complementares para aliacutevio da dor durante o trabalho de parto (PORTO 2010)

Deve-se considerar que o suporte contiacutenuo intraparto e as posiccedilotildees verticalizadas durante o

parto tambeacutem se associam agrave reduccedilatildeo da dor e maior grau de satisfaccedilatildeo materna como jaacute

demonstrado em revisotildees sistemaacuteticas A imersatildeo em aacutegua em banheiras ou similares durante

o trabalho de parto tem sido investigada como um meacutetodo de promoccedilatildeo de relaxamento e aliacutevio

da dor Em uma revisatildeo sistemaacutetica de 11 ensaios cliacutenicos a imersatildeo em aacutegua foi associada agrave

reduccedilatildeo no uso de analgesia e reduccedilatildeo no relato de dor sem prejudicar a duraccedilatildeo do trabalho

de parto as taxas de partos ciruacutergicos ou o bem-estar neonatal (PORTO 2010)

32

A SMSA-BH recomenda que os meacutetodos natildeo farmacoloacutegicos para aliacutevio da dor sejam ofertados

a 100 das mulheres em trabalho de parto De acordo com dados institucionais fornecidos

pela coordenaccedilatildeo da maternidade a oferta variou entre 7571 em julho de 2013 a 8778 em

julho de 2013 considerando todos os partos realizados na instituiccedilatildeo no periacuteodo de abril de

2013 a abril de 2014

No livro fonte de dados deste estudo a oferta de meacutetodos natildeo farmacoloacutegicos natildeo eacute registrada

natildeo sendo possiacutevel quantificar estes dados nos partos assistidos por REO mas pode-se inferir

que esta eacute uma praacutetica adotada pelas enfermeiras obstetras e residentes quando se observa

por exemplo as baixas taxas de analgesia farmacoloacutegica em torno de 16 nos partos

assistidos por estas profissionais

Meacutetodos farmacoloacutegicos

Classicamente vaacuterios meacutetodos farmacoloacutegicos foram propostos mas existe consenso

atualmente de que se algum meacutetodo farmacoloacutegico for indicado para aliacutevio da dor durante o

trabalho de parto a analgesia regional com peridural ou teacutecnica combinada (raquidiana e

peridural) deve ser empregada preferencialmente em relaccedilatildeo ao uso de opioacuteides sistecircmicos ou

analgesia inalatoacuteria A teacutecnica ideal para analgesia de parto deveria ter miacutenima ou ausente

transferecircncia placentaacuteria ausecircncia de efeitos sobre o fluxo sanguiacuteneo uteroplacentaacuterio efeitos

miacutenimos e reversiacuteveis sobre o feto e neonato ausecircncia de efeito ocitoacutecico ou tocoliacutetico e

ausecircncia de bloqueio motor (PORTO 2010)

Uma revisatildeo sistemaacutetica realizada em 2011 incluindo 38 estudos comprovou a eficaacutecia da

analgesia peridural para reduccedilatildeo da dor de mulheres durante o processo de parto mas

tambeacutem revelou maior risco de parto instrumental maior necessidade de ocitocina e aumento

da duraccedilatildeo do segundo estaacutegio do parto Natildeo houve associaccedilatildeo dessa intervenccedilatildeo com risco

de cesariana cefaleacuteia e escores de Apgar menores que sete no quinto minuto (AMORIM

2011)

Na maternidade em estudo a analgesia farmacoloacutegica seja por teacutecnica peridural ou

raquianestesia eacute considerada um direito da mulher de acordo com os princiacutepios da

humanizaccedilatildeo e eacute ofertada conforme desejo da parturiente apoacutes a oferta de diferentes meacutetodos

33

natildeo farmacoloacutegicos para aliacutevio da dor e sob orientaccedilotildees sobre os riscos e benefiacutecios do

procedimento ou nos casos em que haacute indicaccedilatildeo cliacutenica para realizaccedilatildeo do mesmo A teacutecnica

de analgesia empregada na instituiccedilatildeo permite na maior parte dos casos a deambulaccedilatildeo

movimentaccedilatildeo e uso concomitante de outros meacutetodos alternativos de aliacutevio da dor como

chuveiro Isto pode influenciar para o desfecho favoraacutevel dos partos conforme mostram as

evidecircncias sobre movimentaccedilatildeo e verticalizaccedilatildeo durante o trabalho de parto

A SMSA-BH recomenda a utilizaccedilatildeo de analgesia quando esgotados os recursos natildeo

farmacoloacutegicos para aliacutevio da dor em torno de 30 dos partos normais A proporccedilatildeo de parto

normal com analgesia variou de 141 em janeiro de 2014 e 279 em agosto de 2013

considerando todos os partos realizados na instituiccedilatildeo no mesmo periacuteodo deste estudo

Considerando os 1434 assistidos por EO no periacuteodo do estudo 147 recebeu analgesia por

teacutecnica peridural e 11 raquidiana Os demais 841 dos partos foi sem analgesia

farmacoloacutegica

No presente estudo a analgesia farmacoloacutegica foi realizada em 176 dos partos sendo 166

por teacutecnica peridural e 11 raquidiana Analgesia natildeo foi realizada em 822 dos partos

assistidos por REO Estes dados demonstram que a oferta de meacutetodos natildeo farmacoloacutegicos

para aliacutevio da dor pode ter sido influenciado positivamente na escolha da parturiente em

receber ou natildeo a analgesia farmacoloacutegica

Laceraccedilotildees perineais

Laceraccedilotildees perineais satildeo traumas em estruturas componentes da vagina que podem ocorrer

de forma espontacircnea durante a passagem do feto pelo canal de parto ou em decorrecircncia de

episiotomia as quais podem se prolongar

A laceraccedilatildeo de primeiro grau eacute aquela que natildeo atinge nenhum muacutesculo estendendo-se atraveacutes

da fuacutercula mucosa vaginal e da pele Jaacute a laceraccedilatildeo de segundo grau acomete os muacutesculos

perineais poreacutem sem lesatildeo do esfiacutencter retal A laceraccedilatildeo de terceiro grau atinge essa

estrutura e algumas vezes prolonga-se ateacute a parede anterior do reto Neste uacuteltimo caso em

que a parede do reto eacute comprometida por vezes utiliza-se o termo laceraccedilatildeo de quarto grau

As laceraccedilotildees de primeiro e segundo grau satildeo consideradas leves e laceraccedilotildees de terceiro e

34

quarto grau satildeo consideradas graves pois podem levar agrave incontinecircncia urinaacuteria e fecal sendo

estas uacuteltimas mais raras (REZENDE 2005)

A ocorrecircncia de laceraccedilotildees perineais no parto normal depende de diversos fatores que podem

estar relacionados agraves condiccedilotildees maternas ao feto ao parto em si e ao prestador de serviccedilo

Embora estes fatores natildeo estejam definitivamente estabelecidos existem evidecircncias indicando

o local do parto e o profissional que assiste a escolaridade materna a paridade a altura do

periacuteneo a duraccedilatildeo do segundo estaacutegio do parto a cicatriz perineal anterior a infusatildeo de

ocitocina a posiccedilatildeo no parto a analgesia farmacoloacutegica os puxos dirigidos as manobras de

proteccedilatildeo perineal o peso e o periacutemetro cefaacutelico do RN como fatores relacionados entre

outros Quanto a integridade perineal sua chance aumenta entre as mulheres com um ou mais

partos vaginais anteriores (RIESCO et al 2011)

Estudos tambeacutem tecircm buscado associaccedilatildeo entre a posiccedilatildeo materna no parto e as laceraccedilotildees

perineais Sousa (2013) verificou que a posiccedilatildeo deitada de lado juntamente com a posiccedilatildeo de

coacutecoras foram as que tiveram maior ocorrecircncia de laceraccedilotildees de primeiro grau principalmente

com 750 e 833 dos casos respectivamente Essas duas posiccedilotildees tambeacutem foram as que

mais favoreceram para que as mulheres tivessem laceraccedilotildees na pesquisa desenvolvida por

Souza (2011) em um CPN do Rio de Janeiro com incidecircncia de 502 nos partos assistidos

em posiccedilatildeo lateral e 696 naqueles assistidos de coacutecoras Em ambas pesquisas a posiccedilatildeo de

Gaskin foi a que teve menor incidecircncia de traumas perineais seguida da posiccedilatildeo

sentadareclinada

Entre as principais morbidades relacionadas estatildeo a dor perineal e o sangramento aumentado

Apoacutes o parto tambeacutem podem surgir hematuacuteria incapacidade vesical e incontinecircncia urinaacuteria A

disfunccedilatildeo geniturinaacuteria e sexual produzida pelo trauma perineal pode ser tambeacutem devida agrave

perda ou diminuiccedilatildeo do tocircnus muscular perineal Poreacutem esse achado contrasta com dados de

outros estudos os quais concluiacuteram que a via de parto a paridade a idade materna o peso do

receacutem-nascido (RN) e a episiotomia natildeo foram fatores determinantes para a reduccedilatildeo da forccedila

muscular perineal Considerando os problemas em curto prazo (perda sanguiacutenea necessidade

de sutura e dor perineal) e em longo prazo (disfunccedilotildees intestinais urinaacuterias e sexuais)

35

associados ao trauma perineal no parto sua prevenccedilatildeo reduccedilatildeo e reparaccedilatildeo adequada satildeo

fatores importantes para as mulheres e os profissionais que as assistem (RIESCO 2010)

Considerando os 1434 partos assistidos por EO em 304 houve periacuteneo iacutentegro 447

laceraccedilotildees de primeiro grau 228 laceraccedilotildees de segundo grau 195 de terceiro grau e

014 de quarto grau Tais resultados satildeo proacuteximos aos verificados neste estudo e

associados com as baixas taxas de episiotomia nos partos assistidos pelas enfermeiras

residentes corroboram com a recomendaccedilatildeo do uso seletivo da episiotomia como um praacutetica

favoraacutevel

Escore de Apgar

O momento de transiccedilatildeo da vida intrauterina para extrauterina eacute crucial para o desenvolvimento

do bebecirc e deve ser minuciosamente preparado e vivenciado Eacute indispensaacutevel que nos

primeiros minutos de vida do neonato seja realizada avaliaccedilatildeo completa e sistemaacutetica visando

identificar desvios da normalidade e que forneccedila agraves informaccedilotildees baacutesicas sobre a vitalidade e a

adaptaccedilatildeo do RN agrave vida fora do ventre materno (BARBOSA 2006)

A avaliaccedilatildeo realizada imediatamente apoacutes o parto eacute composta pelo o escore de Apgar sendo

complementada com a avaliaccedilatildeo do aspecto geral a medida dos sinais vitais e medidas

antropomeacutetricas O iacutendice de Apgar avalia cinco criteacuterios cliacutenicos cor da pele frequecircncia

cardiacuteaca irritabilidade reflexa respiraccedilatildeo e tocircnus muscular O RN eacute avaliado no primeiro e no

quinto minuto de vida e cada criteacuterio garante de 0 a 2 pontos desencadeando assim uma soma

adequada entre 7 e 10 pontos Quando a soma total resulta em 4 a 6 pontos sugere dificuldade

moderada do RN em adaptar-se e menor que 4 pode indicar sofrimento Julga-se assim o grau

de adaptaccedilatildeo imediata e o grau de depressatildeo neuroloacutegica do RN nos primeiros cinco minutos

de vida (SBP 2011)

O iacutendice Apgar tem sido pouco utilizado para avaliar a qualidade de assistecircncia ao parto sendo

considerado um indicador pontual aleacutem de natildeo ser utilizado para determinar o iniacutecio da

reanimaccedilatildeo neonatal No entanto sua aplicaccedilatildeo permite avaliar a resposta do neonato agraves

manobras realizadas e a eficaacutecia dessas manobras O Apgar no quinto minuto eacute mais utilizado

36

para avaliaccedilatildeo da adaptaccedilatildeo do RN por melhor representa-la se comparado ao Apgar de

primeiro minuto Se o escore eacute inferior a 7 no 5ordm minuto recomenda-se realizaacute-lo a cada cinco

minutos ateacute 20 minutos de vida Eacute necessaacuterio documentar o escore de Apgar de maneira

concomitante agrave dos procedimentos de reanimaccedilatildeo executados (SBP 2011)

Eacute importante considerar que um Apgar baixo natildeo eacute necessariamente resultado de uma

assistecircncia ao parto e ao neonato inadequada assim como um bom iacutendice de Apgar natildeo indica

boa qualidade assistencial ao binocircmio Este iacutendice entretanto eacute um bom indicador para

resultados perinatais a longo prazo aleacutem de ser considerado importante preditor da avaliaccedilatildeo

do bem-estar e do prognoacutestico inicial do receacutem-nascido A avaliaccedilatildeo imediata do RN pode ser

feita por pediatra ou outro profissional capacitado para prestar a assistecircncia necessaacuteria desde

o suporte baacutesico ateacute a reanimaccedilatildeo neonatal Na maternidade do HRTN o pediatra eacute o

profissional responsaacutevel pela assistecircncia ao RN na sala de parto A instituiccedilatildeo possui UTI

neonatal para onde satildeo encaminhados os RN que necessitam de cuidados especiacuteficos Os

neonatos que apresentam boa vitalidade satildeo colocados em contato pele a pele com as matildees e

apoacutes permanecem em alojamento conjunto ateacute a alta

Pela SMSA-BH a meta de Apgar lt7 no quinto minuto eacute no maacuteximo 3 Este indicador variou

entre 08 em fevereiro de 2014 a 24 em novembro de 2013 considerando todos os partos

realizados na instituiccedilatildeo no mesmo periacuteodo do estudo ou seja esteve sempre dentro da meta

estabelecida

No presente estudo as dados sobre escore de Apgar foram divididos em Apgar lt7 (644) e gt7

(9356) no primeiro minuto lt7 (084) e gt 7 (9916) no quinto minuto Tais dados mostram

que a quase totalidade dos RN apresentava boas condiccedilotildees de vitalidade no primeiro e quinto

minuto A este dado se associa o incentivo e a alta taxa de contato pele a pele precoce sendo

um dos fatores que contribuem para melhor adaptaccedilatildeo a vida extrauterina aleacutem de assistecircncia

qualificada aos RN que necessitam de cuidados especiacuteficos ou reanimaccedilatildeo

37

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Os resultados deste estudo evidenciam que a assistecircncia ao parto prestada pelas residentes

em enfermagem obsteacutetrica foi coerente com as recomendaccedilotildees de boas praacuteticas em todos os

aspectos analisados consolidando as evidecircncias literaacuterias sobre a assistecircncia ao parto

promovida por enfermeiras obstetras Foi possiacutevel observar maioria de partos em posiccedilotildees

verticalizadas uso seletivo de episiotomia com baixa incidecircncia de laceraccedilotildees perineais

graves alto iacutendice de contato pele a pele presenccedila de acompanhante na maioria dos partos

baixas taxas de analgesia farmacoloacutegica e escores de Apgar que demonstram boa vitalidade

fetal em quase todos os receacutem-nascidos Diante do exposto eacute possiacutevel concluir que a atuaccedilatildeo

das enfermeiras residentes em enfermagem obsteacutetrica contribuiu para a obtenccedilatildeo de

resultados obsteacutetricos e neonatais favoraacuteveis na maternidade do HRTN

Devido agrave forma de organizaccedilatildeo e registro dos procedimentos no livro utilizado para coleta de

dados natildeo foi possiacutevel avaliar algumas praacuteticas obsteacutetricas tais como uso de ocitocina

amniotomia oferta de meacutetodos natildeo farmacoloacutegicos para aliacutevio da dor oferta de liacutequidos

durante o trabalho de parto e uso de partograma Estes dados seriam importantes para uma

anaacutelise mais detalhada sobre a assistecircncia ao parto Os dados institucionais fornecidos pela

coordenaccedilatildeo da maternidade forneceram uma dimensatildeo de algumas destas praacuteticas na

maternidade contudo natildeo foi possiacutevel neste estudo avaliar quantitativamente tais

procedimentos somente nos partos assistidos por enfermeiras residentes Sugere-se ampliaccedilatildeo

dos indicadores no livro de registro e padronizaccedilatildeo no seu preenchimento para melhor

qualificaccedilatildeo dos dados da assistecircncia ao parto prestada elas enfermeiras obstetrasresidentes

A capacitaccedilatildeo profissional no modelo de residecircncia eacute intensa e exige dedicaccedilatildeo A extensa

carga horaacuteria praacutetica aliada agrave teoria satildeo determinantes para uma formaccedilatildeo qualificada e

humana das enfermeiras residentes A possibilidade de atuar efetivamente na assistecircncia em

conjunto com outras categorias profissionais enriquece a formaccedilatildeo abrangendo diferentes

fases e situaccedilotildees do ciclo graviacutedico-puerperal Eacute importante salientar que a capacitaccedilatildeo das

enfermeiras obstetras nesta modalidade pioneira de residecircncia soacute foi possiacutevel graccedilas ao

estiacutemulo governamental com recursos provenientes do programa Rede Cegonha e os

esforccedilos conjuntos da Escola de Enfermagem da UFMG e demais instituiccedilotildees envolvidas

38

Os resultados deste estudo evidenciam a incorporaccedilatildeo do modelo assistencial humanizado e

baseado em evidecircncias cientiacuteficas pela equipe do HRTN O modelo colaborativo de assistecircncia

obsteacutetrica pode gerar resultados favoraacuteveis e promissores com as atuaccedilotildees complementares

entre as diferentes categorias profissionais A praacutetica supervisionada durante todo o processo

de formaccedilatildeo e a avaliaccedilatildeo constante das habilidades adquiridas pelas residentes satildeo

fundamentais para a consolidaccedilatildeo do conhecimento para maior seguranccedila das aprendizes e

para a oferta de uma assistecircncia qualificada e humanizada a mulher receacutem nascido e famiacutelia

A instituiccedilatildeo que acolhe as enfermeiras residentes obteacutem retorno positivo pois a atuaccedilatildeo

preceptorada das mesmas resulta em assistecircncia qualificada que atende a perspectiva da

praacutetica baseada em evidecircncia cientiacutefica segura com baixo custo e bons resultados obsteacutetricos

e neonatais Os resultados da atuaccedilatildeo das enfermeiras residentes refletem o modelo

institucional incorporado o qual eacute transmitido as residentes pelos preceptores O incentivo a

formaccedilatildeo de enfermeiras obstetras eacute fundamental para o fortalecimento desta categoria

profissional para maior inserccedilatildeo destas profissionais em espaccedilos aonde a assistecircncia ao parto

ainda eacute meacutedico-centrada e para mudanccedila do modelo obsteacutetrico hegemocircnico nacional

39

REFEREcircNCIAS

ACOG- American College of Obstetricians and Gynecologists- Committee opinion no 560 Medically indicated late-preterm and early-term deliveries Obstet Gynecol 2013 121908-10

AMORIM MMR SOUZA ASR PORTO AAF Indicaccedilotildees de cesariana baseadas em evidecircncias parte I FEMINA v 38 n 8 p 415-422 2010

AMORIM T e GUALDA DMR Coadjuvantes das mudanccedilas no contexto do ensino e da praacutetica da enfermagem obsteacutetrica Rev Rene Fortaleza 2011 outdez 12(4)833-40

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BATALHA E O lugar das Enfermeiras e Obstetrizes Revista RADIS Ed 148 Jan 2015 P30 a 34

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Parto aborto e puerpeacuterio assistecircncia humanizada a mulher Brasiacutelia DF 2001

BRASIL Lei 11108 de 7 de abril de 2005 Altera a Lei 8080 de 19 de setembro de 1990 para garantir as parturientes o direito a presenccedila de acompanhante durante o trabalho de parto parto e poacutes-parto imediato no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede ndash SUS Brasiacutelia DF 07 abr 2005

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede Departamento de Accedilotildees Programaacuteticas Estrateacutegicas Aacuterea Teacutecnica de Sauacutede da Mulher Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos uma prioridade do governoMinisteacuterio da Sauacutede Secretaria de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede Departamento de Accedilotildees Programaacuteticas Estrateacutegicasndash Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 2005

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Poliacutetica Nacional de Planejamento Familiar Brasiacutelia DF 2007

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Portaria nordm 1459 de 24 de Junho de 2011 Institui no Sistema Uacutenico de Sauacutede SUS a Rede Cegonha Disponiacutevel em

httpbvsmssaudegovbrbvssaudelegisgm2011prt1459_24_06_2011html Acesso

em 18 de Abril de 2014

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Iniciativa hospital amigo da crianccedila revista atualizada e ampliada para o cuidado integrado Brasiacutelia DF 2010

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Poliacutetica nacional de atenccedilatildeo integral a sauacutede da mulher princiacutepios e diretrizes Brasiacutelia DF 2011

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede Departamento de Atenccedilatildeo Baacutesica Atenccedilatildeo ao preacute-natal de baixo risco Ministeacuterio da Sauacutede Departamento de Atenccedilatildeo

40

Baacutesica ndash Brasiacutelia Editora do Ministeacuterio da Sauacutede 2012 318 p il ndash (Seacuterie A Normas e Manuais Teacutecnicos) (Cadernos de Atenccedilatildeo Baacutesica ndeg 32)

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em Sauacutede Departamento de Anaacutelise de Situaccedilatildeo de Sauacutede Sauacutede Brasil 2011 uma anaacutelise da situaccedilatildeo de sauacutede e a vigilacircncia da sauacutede da mulher Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em Sauacutede Departamento de Anaacutelise de Situaccedilatildeo de Sauacutede ndash Brasiacutelia Editora do Ministeacuterio da Sauacutede 2012 444 p il

BRASIL Presidecircncia da Repuacuteblica Objetivos de Desenvolvimento do Milecircnio Relatoacuterio Nacional de Acompanhamento Coordenaccedilatildeo Instituto de Pesquisa Econocircmica Aplicada e Secretaria de Planejamento e Investimentos Estrateacutegicos supervisatildeo Grupo Teacutecnico para o acompanhamento dos ODM - Brasiacutelia Ipea MP SPI 2014 208 p il graacutefs mapas color

NASCER NO BRASIL inqueacuterito sobre parto e nascimento Cadernos de Sauacutede Puacuteblica Vol30 supl1 Rio de Janeiro 2014 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophpscript=sci_issuetocamppid=0102 Acesso em 15 de junho de 2015

CAVALCANTIPCS GARIBALDI D Jr VASONCELOS ALR Guerrero AVP Um modelo loacutegico da Rede Cegonha Physis Revista de Sauacutede Coletiva Rio de Janeiro 2013 23 [4] 1297-1316 CESAR JA et al Caracteriacutesticas sociodemograacuteficas e de assistecircncia a gestaccedilatildeo e ao parto no extremo sul do Brasil Cad Sauacutede Puacuteblica v 27 n 5 p 985-994 2011 DOMINGUES RMSM SANTOS EMS Leal MC Aspectos da satisfaccedilatildeo das mulheres com a assistecircncia ao parto contribuiccedilatildeo para o debate Cad Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro 2004 20 Sup 1S52-S62 COFEN Decreto nordm 9440687 Regulamentaccedilatildeo da Lei 749886 Fonte PORTAL EDUCACcedilAtildeO Disponiacutevel em httpwwwportaleducacaocombrenfermagemartigos1735decreto-n-94406-87-regulamentacao-da-lei-n-7498-865ixzz3duAFhlYV Acesso em 23062015 GRAVENA AAF PAULA MG MARCON SS CARVALHO MDB PELLOSO SM Idade materna e fatores associados a resultados perinatais Acta Paul Enferm 2013 26(2)130-5 IBGE Projeccedilatildeo da Populaccedilatildeo do Brasil - 2013 Disponiacutevel em

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31102014 MOORE ER et al Early skin-to-skin contact for mothers and their healthy newborn infants The Cochrane Library n 12 2012 Disponiacutevel em lthttpcochranebvsaludorgdocphpdb=reviewsampid=CD003519gt Acessado em 15 de outubro de 2014 MOUTA RJO et al Relaccedilatildeo entre posiccedilatildeo adotada pela mulher no parto integridade perineal e vitalidade do receacutem-nascido Rev Enferm UERJ v 16 n 4 p 472-476 2008

41

ORGANIZACcedilAtildeO MUNDIAL DA SAUacuteDE Care in normal birth a practical guide Geneva 1996 53p ORGANIZACcedilAtildeO MUNDIAL DE SAUacuteDE ndash Objetivos de Desenvolvimento do Milecircnio

httpwwwwhointeportuguesepublicationspt Acesso em 09032015

PORTO AMF AMORIM MMR SOUZA ASR Assistecircncia ao primeiro periacuteodo do trabalho de parto baseada em evidecircncias FEMINA v 38 n 10 2010

RABELO LR OLIVEIRA DL Percepccedilotildees de enfermeiras obsteacutetricas sobre sua competecircncia na atenccedilatildeo ao parto normal hospitalar Rev Esc Enferm USP 2010 44(1)213-20 RAMOS HAC CUMAN RKN Fatores de risco para prematuridade pesquisa documental Esc Anna Nery Rev Enferm 2009 abr-jun 13 (2) 297-304 RIESCO MLG et al Episiotomia laceraccedilatildeo e integridade perineal em partos normais anaacutelise de fatores associados Rev Enferm UERJ v 19 n1 p 77-83 2011

REZENDE J Obstetriacutecia fundamental 2 ed Rio de Janeiro Guanabara Koogan 2005

ROCHA CR FONSECA LC Assistecircncia do enfermeiro obstetra a mulher parturiente em busca do respeito a natureza Rev de Pesq cuidado eacute fundamental v 2 n 2 p 807-816 2010

SANTOS NCP VOGTSE PIMENTA AM DUARTE ED MADEIRA LM ABREU MNS et al Resultados maternos y neonatales en el trabajo de parto y parto de adolescentes admitidas en un Centro de Parto Normal brasileiro Adolesc Saude 201411(3)39-50

SILVA LM et al Uso da bola suiacuteccedila no trabalho de parto Acta Paul Enferm 201124(5)656-62

SILVA JLCP SURITA FGC Idade materna resultados perinatais e via de parto Rev Bras Ginecol Obstet 2009 31(7) 321 ndash 5

SBP- Sociedade Brasileira de Pediatria Programa de reanimaccedilatildeo neonatal da Sociedade Brasileira de Pediatria Condutas 2011 27p

SOUSA AMM Praacuteticas obsteacutetricas na assistecircncia ao parto e nascimento em uma maternidade de Belo Horizonte Tese de mestrado Escola de Enfermagem da Universidade Federal de Minas Gerais Belo Horizonte 2013

SOUZA DOM Partos assistidos por enfermeiras praacuteticas obsteacutetricas realizadas no ambiente hospitalar no periacuteodo de 2004 a 2008 2011 84f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) Faculdade de Enfermagem da Universidade do Estado do Rio de Janeiro Rio de Janeiro RJ 2011

SOGC ndash Society of Obstetricians and Gynecologists of Canada Guidelines for the Management of Pregnancy at 41+0 to 42+0 Weeks JOGC september 2008

42

VOGT SE et al Caracteriacutesticas da assistecircncia ao trabalho de parto em trecircs modelos de atenccedilatildeo no SUS no Municiacutepio de Belo Horizonte Minas Gerais Brasil Cad Sauacutede Puacuteblica v 27 n 9 p 1789-1800 2011

ANEXO 1

RECOMENDACcedilOtildeES DE BOAS PRAacuteTICAS DE ASSISTEcircNCIA AO PARTO SEGUNDO

CLASSIFICACcedilAtildeO DO MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2001

CATEGORIA A - PRAacuteTICAS DEMONSTRADAMENTE UacuteTEIS E QUE DEVEM SER

ESTIMULADAS

Plano individual determinando onde e por quem o nascimento seraacute realizado feito em

conjunto com a mulher durante a gestaccedilatildeo e comunicado a seu maridocompanheiro

Avaliaccedilatildeo do risco gestacional durante o preacute-natal reavaliado a cada contato com o

sistema de sauacutede

Respeito agrave escolha da matildee sobre o local do parto

Fornecimento de assistecircncia obsteacutetrica no niacutevel mais perifeacuterico onde o parto for viaacutevel e

seguro e onde a mulher se sentir segura e confiante

Respeito ao direito da mulher agrave privacidade no local do parto

Apoio empaacutetico pelos prestadores de serviccedilo durante o trabalho de parto e parto

Respeito agrave escolha da mulher sobre seus acompanhantes durante o trabalho de parto e

parto

Fornecimento agraves mulheres sobre todas as informaccedilotildees e explicaccedilotildees que desejarem

Oferta de liacutequidos por via oral durante o trabalho de parto e parto

Monitoramento fetal por meio de ausculta intermitente

43

Monitoramento cuidadoso do progresso do parto por exemplo por meio do uso do

partograma da OMS

Monitoramento do bem-estar fiacutesico e emocional da mulher durante trabalho e parto e ao

teacutermino do processo de nascimento

Meacutetodos natildeo invasivos e natildeo farmacoloacutegicos de aliacutevio da dor como massagem e

teacutecnicas de relaxamento durante o trabalho de parto

Liberdade de posiccedilatildeo e movimento durante o trabalho de parto

Estiacutemulo a posiccedilotildees natildeo supinas durante o trabalho de parto

Uso rotineiro de ocitocina clampeamento tardio (1 a 3 minutos apoacutes o nascimento) e

traccedilatildeo controlada do cordatildeo durante o 3o estaacutegio do trabalho de parto

Condiccedilotildees esteacutereis ao cortar o cordatildeo

Prevenccedilatildeo da hipotermia do bebecirc

Contato pele a pele precoce entre matildee e filho e apoio ao iniacutecio da amamentaccedilatildeo na

primeira hora apoacutes o parto segundo as diretrizes da OMS sobre Aleitamento Materno

Exame rotineiro da placenta e membranas ovulares

CATEGORIA B - PRAacuteTICAS CLARAMENTE PREJUDICIAIS OU INEFICAZES E QUE DEVEM

SER ELIMINADAS

Uso rotineiro de enema

Uso rotineiro de tricotomia

Infusatildeo intravenosa de rotina no trabalho de parto

Cateterizaccedilatildeo venosa profilaacutetica de rotina

Uso rotineiro de posiccedilatildeo supina (decuacutebito dorsal) durante o trabalho de parto

44

Exame retal

Uso de pelvimetria por Raios-X

Amniotomia precoce de rotina para diminuir a duraccedilatildeo do trabalho de parto

Administraccedilatildeo de ocitoacutecitos em qualquer momento antes do parto de um modo que natildeo

permite controlar seus efeitos

Uso de rotina da posiccedilatildeo de litotomia com ou sem estribos durante o trabalho de parto

Esforccedilo de puxo prolongado e dirigido (manobra de Valsalva) durante o segundo

estaacutegio do trabalho de parto

Massagem e distensatildeo do periacuteneo durante o segundo estaacutegio do trabalho de parto

Uso liberal e rotineiro de episiotomia

Uso de comprimidos orais de ergometrina no terceiro estaacutegio do trabalho de parto com

o objetivo de evitar ou controlar hemorragias

Uso rotineiro de ergometrina parenteral no terceiro estaacutegio do trabalho de parto

Lavagem uterina rotineira apoacutes o parto

Revisatildeo uterina (exploraccedilatildeo manual) rotineira apoacutes o parto

CATEGORIA C - PRAacuteTICAS SEM EVIDEcircNCIAS SUFICIENTES PARA APOIAR UMA

RECOMENDACcedilAtildeO CLARA E QUE DEVEM SER UTILIZADAS COM CAUTELA ATEacute QUE

MAIS PESQUISAS ESCLARECcedilAM A QUESTAtildeO

Meacutetodos natildeo farmacoloacutegicos de aliacutevio de dor durante o trabalho parto como ervas

imersatildeo em aacuteguas e estimulaccedilatildeo dos nervos

Amniotomia e ocitocina precoce de rotina no primeiro estaacutegio do trabalho de parto para

prevenccedilatildeo de progresso inadequado do parto

Pressatildeo do fundo uterino durante o trabalho de parto

45

Manobras relacionadas agrave proteccedilatildeo do periacuteneo e ao manejo do poacutelo cefaacutelico no

momento do parto

Manipulaccedilatildeo ativa do feto no momento do parto

Estimulaccedilatildeo do mamilo para estimular a contratilidade uterina durante o terceiro estaacutegio

do trabalho de parto

CATEGORIA D - PRAacuteTICAS FREQUENTEMENTE USADAS DE MODO INADEQUADO

Restriccedilatildeo hiacutedrica e alimentar durante o trabalho de parto

Controle da dor por agentes sistecircmicos

Controle da dor por analgesia peridural

Monitoramento eletrocircnico fetal

Uso de maacutescaras e aventais esteacutereis durante a assistecircncia ao trabalho de parto

Exames vaginais repetidos ou frequumlentes especialmente por mais de um prestador de

serviccedilo

Correccedilatildeo da dinacircmica com utilizaccedilatildeo de ocitocina

Transferecircncia rotineira da parturiente para outra sala no iniacutecio do segundo estaacutegio do

trabalho de parto

Cateterizaccedilatildeo da bexiga

Estiacutemulo para o puxo quando se diagnostica dilataccedilatildeo cervical completa ou quase

completa antes que a mulher sinta o puxo involuntaacuterio

Clampeamento precoce do cordatildeo umbilical

Adesatildeo riacutegida a uma duraccedilatildeo estipulada do 2deg estaacutegio do trabalho de parto

Parto operatoacuterio e exploraccedilatildeo manual do uacutetero apoacutes o parto

46

ANEXO 2

47

48

ANEXO 3

49

Page 8: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS ESCOLA DE ENFERMAGEM … FINAL ANA … · inserção do estudo foi: partos assistidos por residentes em enfermagem obstétrica, independente se

8

observado em 1990 e B) universalizaccedilatildeo do acesso agrave sauacutede sexual e reprodutiva o que

envolve a assistecircncia ao parto por profissional capacitado (BRASIL 2014)

A taxa de mortalidade materna no Brasil no periacuteodo de 1990 a 2011 caiu em 55 passando de

141 para 64 oacutebitos por 100 mil nascidos vivos (BRASIL 2014) No ano de 2014 a OMS

divulgou um relatoacuterio sobre o andamento dos ODM nos paiacuteses participantes e com relaccedilatildeo a

mortalidade materna no Brasil entre os anos de 2000 e 2013 a queda foi de apenas 17

sendo o quarto mais lento dentre os 75 paiacuteses Eacute certo que natildeo se consiga atingir a meta de

35 mortes por 100000 NV pois o ritmo de queda eacute lento (OMS 2014)

Mesmo apoacutes a criaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas programas manuais e accedilotildees voltadas para

atenccedilatildeo aacute sauacutede da mulher receacutem-nascido (RN) e crianccedila como o incentivo a humanizaccedilatildeo da

assistecircncia ao parto e nascimento observa-se permanecircncia de taxas de mortalidade materna

elevadas no Brasil Soma-se a isto o modelo de assistecircncia obsteacutetrica predominantemente

medicalizado com pequena inserccedilatildeo de enfermeiras obstetras e com permanecircncia de praacuteticas

assistenciais sem base em evidecircncias cientiacuteficas na maior parte do paiacutes Um exemplo desse

contexto satildeo as elevadas taxas de cesarianas no Brasil atingindo a alarmante taxa de 52 em

2011 No setor puacuteblico esta taxa eacute de 46 e no privado 88 segundo dados da pesquisa

ldquoNascer no Brasil Inqueacuterito Nacional sobre Parto e Nascimentordquo da Fundaccedilatildeo Oswaldo Cruz

realizada entre os anos de 2011 e 2012 em todo territoacuterio nacional

Na tentativa de reverter este quadro o Ministeacuterio da Sauacutede elaborou em 2011 uma iniciativa

inovadora a estrateacutegia Rede Cegonha normatizada pela Portaria nordm 1459 A Rede Cegonha eacute

operacionalizada pelo SUS fundamentada nos princiacutepios da humanizaccedilatildeo e assistecircncia que

assegura agraves mulheres receacutem-nascidos e crianccedilas direitos tais como planejamento reprodutivo

atenccedilatildeo humanizada agrave gravidez parto e puerpeacuterio nascimento seguro crescimento e

desenvolvimento saudaacuteveis (BRASIL 2011)

Uma das diretrizes da Rede Cegonha consiste na mudanccedila do modelo da atenccedilatildeo aplicado ao

parto e ao nascimento com incentivo agraves praacuteticas voltadas para humanizaccedilatildeo baseadas em

evidecircncias cientiacuteficas Para a implementaccedilatildeo desse modelo eacute importante a intensificaccedilatildeo da

formaccedilatildeo e especializaccedilatildeo de profissionais em obstetriacutecia para que possam atuar no SUS

(BRASIL 2012)

9

Para atender a demanda de formaccedilatildeo destas profissionais foi criado o Programa Nacional de

Residecircncia em Enfermagem Obstetriacutecia (PRONAENF) uma iniciativa inovadora do governo

federal que forma enfermeiras obsteacutetricas nas regiotildees que aderiram agrave estrateacutegia Rede

Cegonha Participaram inicialmente 18 instituiccedilotildees de ensino em 13 unidades da federaccedilatildeo

com 156 bolsas financiadas pelo Ministeacuterio da Sauacutede e pelo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Os

profissionais atuam desde o preacute-natal e parto ateacute o nascimento e poacutes-parto dentro do

preconizado pela Rede Cegonha A estrateacutegia visa intensificar a assistecircncia integral agrave sauacutede

das mulheres e crianccedilas do planejamento reprodutivo ndash passando pela confirmaccedilatildeo da

gravidez parto puerpeacuterio ndash ateacute o segundo ano de vida do filho (BRASIL 2012)

Em marccedilo de 2013 a Escola de Enfermagem da Universidade Federal de Minas Gerais (EE-

UFMG) iniciou a primeira turma de residentes com 24 participantes desenvolvendo o ensino

cliacutenico em quatro campos de praacutetica Hospital das Cliacutenicas da UFMG (HC-UFMG) Hospital

Universitaacuterio Risoleta Tolentino Neves (HRTN) Hospital Sofia Feldman (HSF) sendo estas no

acircmbito hospitalar e Unidades de Sauacutede da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) no acircmbito da

atenccedilatildeo baacutesica Divididas entre os campos 24 enfermeiras residentes cumpriram carga horaacuteria

de 60 horas semanais sendo 48 horas de plantotildees e 12 horas de aulas teoacutericas na EEUFMG

Para Amorim e Gualda (2011) as mudanccedilas no modelo de ensino da enfermagem obsteacutetrica

satildeo fundamentais para a formaccedilatildeo ampla e de qualidade tanto no aspecto teoacuterico quanto

praacutetico Isso contribui para o desenvolvimento da atuaccedilatildeo competente e para o enfrentamento

do modelo assistencial hegemocircnico

O Programa de Residecircncia em Enfermagem Obsteacutetrica coordenado pela EEUFMG tem sido

desenvolvido em concordacircncia com estes princiacutepios e apesar das atividades praacuteticas terem

sido iniciadas em marccedilo de 2013 ateacute o momento natildeo foi realizada uma pesquisa para avaliar a

praacutetica obsteacutetrica das residentes na atenccedilatildeo ao parto normal nas maternidades envolvidas A

importacircncia da inserccedilatildeo das enfermeiras obstetras na assistecircncia a mulher em todo ciclo

graviacutedico puerperal na atenccedilatildeo ao parto normal na transformaccedilatildeo do modelo obsteacutetrico

hegemocircnico e na implementaccedilatildeo da praacutetica obsteacutetrica baseada em evidecircncias cientiacuteficas

confere relevacircncia a enfermagem obsteacutetrica como campo de pesquisa Considerando este

10

contexto propotildee-se um estudo sobre a assistecircncia ao parto normal prestada pelas enfermeiras

residentes da primeira turma da EE-UFMG na maternidade do Hospital Risoleta Tolentino

Neves na perspectiva de aprimorar o ensino a assistecircncia e a atuaccedilatildeo de futuras residentes

OBJETIVO

Descrever os indicadores resultantes da assistecircncia ao parto normal prestada pelas

enfermeiras residentes em enfermagem obsteacutetrica da primeira turma da Escola de Enfermagem

da UFMG na maternidade do Hospital Risoleta Tolentino Neves em Belo Horizonte no periacuteodo

de abril de 2013 a abril de 2014

METODOLOGIA

Estudo quantitativo restrospectivo desenvolvido na maternidade do HRTN em Belo Horizonte-

MG no periacuteodo de abril de 2013 a abril de 2014

Cenaacuterio

O Hospital Risoleta Tolentino Neves (HRTN) foi escolhido para este estudo dentre as demais

instituiccedilotildees de praacutetica da residecircncia por ser uma maternidade de referecircncia regional para

gestaccedilotildees de risco habitual por ter enfermeiras obstetras inseridas diretamente na assistecircncia

ao parto normal e por estar recebendo a primeira turma de residentes em enfermagem

obsteacutetrica na histoacuteria da instituiccedilatildeo

O hospital estaacute localizado na regiatildeo Norte de Belo Horizonte e mantem uma parceria de ensino

com a UFMG desde sua criaccedilatildeo A maternidade foi inaugurada em 30 de julho de 2007 e tem

como princiacutepio uma assistecircncia humanizada em que se valoriza o trabalho em equipe e um

ambiente que proporcione a mulher um atendimento diferenciado e com total seguranccedila Satildeo

assistidos em meacutedia 270 partos por mecircs com taxas de parto normal em torno de 80 Eacute

composta por dois leitos de pronto atendimento obsteacutetrico (admissatildeo) dois leitos de preacute-parto

(PP) trecircs leitos de PPP (preacutepartopoacutes) uma sala de litotomia e um centro ciruacutergico O

alojamento conjunto eacute composto por 25 leitos que recebem pueacuterperas receacutem-nascidos assim

11

como gestantes em tratamento cliacutenico 4 leitos ldquoCangururdquo para RN em ganho de peso 4 leitos

de internaccedilatildeo social para receber matildees com filhos internados na unidade de cuidados

progressivos aleacutem de uma Unidade de Cuidados Intensivos Neonatal (UCIN) A equipe de

enfermagem eacute composta por uma coordenadora 11 enfermeiras assistenciais 12 enfermeiras

obstetras e 54 teacutecnicos de enfermagem (PORTAL HRTN 2013)

As enfermeiras residentes atuam no centro obsteacutetrico em conjunto com equipe

multiprofissional a qual eacute composta por meacutedicos obstetras meacutedicos residentes em ginecologia

e obstetriacutecia anestesistas pediatras enfermeiras obstetras enfermeiros assistenciais e

teacutecnicos de enfermagem aleacutem de acadecircmicos de enfermagem e medicina da UFMG que

estagiam nesta instituiccedilatildeo Cada plantatildeo diurno ou noturno conta com duas enfermeiras

residentes que se dividem entre o bloco obsteacutetrico e o alojamento conjunto atuando

exclusivamente no local escalado portanto em todos os plantotildees haacute pelo menos uma

residente de enfermagem obsteacutetrica atuando na assistecircncia ao parto normal nesta

maternidade

A equipe presta assistecircncia baseada nos princiacutepios da humanizaccedilatildeo e do modelo colaborativo

Este modelo consiste na atuaccedilatildeo conjunta onde cada parte respeita a atuaccedilatildeo individual dos

membros da equipe que trabalha com metas e objetivos comuns As mulheres e suas famiacutelias

recebem acompanhamento multiprofissional com praacuteticas obsteacutetricas majoritariamente

baseadas em evidecircncias cientiacuteficas e na humanizaccedilatildeo da assistecircncia As parturientes satildeo

assistidas tanto por enfermeiras obstetras como por meacutedicos obstetras em todas as fases da

internaccedilatildeo A assistecircncia eacute compartilhada entre as diferentes categorias profissionais em

situaccedilotildees que variam desde a induccedilatildeo do trabalho de parto assistecircncia durante o trabalho de

parto parto nascimento ateacute o puerpeacuterio Os casos satildeo acompanhados de forma

compartilhada havendo comunicaccedilatildeo entre os membros da equipe Os partos normais podem

ser assistidos por residentes tanto enfermeiros como meacutedicos e ambos podem ser

preceptorados por enfermeiras obstetras ou meacutedicos obstetras o que permite uma atuaccedilatildeo

complementar entre as categorias que traz benefiacutecios ao serviccedilo e agrave parturiente Todos os

partos assistidos por enfermeiras obstetras satildeo registrados em um livro denominado ldquolivro de

registro de partos assistidos pelas enfermeiras obstetrasrdquo Os partos assistidos por residentes

em enfermagem obsteacutetrica tambeacutem satildeo registrados neste livro independente da preceptoria

12

mas eacute importante considerar que estes satildeo em sua maioria preceptorados por enfermeiras

obstetras

Fonte e coleta de dados

A fonte de informaccedilotildees para este estudo foi o ldquolivro de registro de partos assistidos pelas

enfermeiras obstetrasrdquo Os dados nele registrados satildeo data hora do parto nome da paciente

idade paridade idade gestacional posiccedilatildeo de parto realizaccedilatildeo de episiotomia e contato pele a

pele presenccedila de acompanhante se a parturiente recebeu analgesia e qual o tipo (peridural

raquianestesia) se houve laceraccedilatildeo perineal e qual o grau escore de Apgar do RN nome dos

profissionais que assistiram ao parto

O banco de dados foi constituiacutedo por 1434 partos registrados no livro no periacuteodo de treze

meses (abril de 2013 a abril de 2014) Os dados de cada parto foram digitados na iacutentegra no

programa Epi-Info versatildeo 353 Apoacutes a digitaccedilatildeo foram selecionados somente os partos que

atendiam ao criteacuterio para inserccedilatildeo no estudo parto assistido por residente em enfermagem

obsteacutetrica independente se preceptorado por enfermeira obstetra ou por meacutedico obstetra A

partir daiacute delimitou-se a populaccedilatildeo final deste estudo que foi de 714 partos Os dados natildeo

informados de cada variaacutevel foram excluiacutedos da amostra exceto na variaacutevel idade gestacional

Variaacuteveis de interesse

Apoacutes ter sido identificada a populaccedilatildeo deste estudo foram selecionadas onze variaacuteveis de

interesse sendo elas idade materna nuacutemero de gestaccedilotildees paridade idade gestacional

posiccedilatildeo do parto episiotomia contato pele a pele presenccedila de acompanhante analgesia

farmacoloacutegica laceraccedilatildeo perineal e escore de Apgar

A idade das mulheres assistidas pelas enfermeiras residentes foi classificada dentro do

intervalo de idade reprodutiva da seguinte forma

Entre 10 e 14 anos (adolescentes precoces)

Entre 15 e 19 anos (adolescentes)

13

Entre 20 e 34 anos (adultas jovens)

Acima de 35 anos (idade tardia)

Com relaccedilatildeo agrave paridade as mulheres foram divididas em primiacuteparas e multiacuteparas

No que se refere ao nuacutemero de gestaccedilotildees foram classificadas em primigestas secundigestas

tercigestas ou que tiveram quatro gestaccedilotildees anteriores ou mais

Com relaccedilatildeo aacute idade gestacional no parto a classificaccedilatildeo neste estudo foi

Preacute-termo (lt37 semanas)

Termo (entre 37 semanas e 41 semanas+6 dias)

Poacutes-termo (gt42 semanas)

Idade gestacional desconhecida natildeo informada

Na variaacutevel posiccedilatildeo de parto foram consideradas as seguintes posiccedilotildees semi-sentada sentada

no banquinho de coacutecoras em decuacutebito dorsal posiccedilatildeo litotocircmica em Gaskin decuacutebito lateral

em peacute e ajoelhada Em relaccedilatildeo agrave episiotomia contato pele a pele e presenccedila de

acompanhantes os dados foram classificados em SimNatildeo Quanto agraves laceraccedilotildees perineais foi

feita a seguinte classificaccedilatildeo periacuteneo iacutentegro laceraccedilatildeo de primeiro grau de segundo grau de

terceiro grau e de quarto grau Os dados sobre escore de Apgar foram divididos em lt7 e gt 7 no

primeiro e quinto minutos

Anaacutelise dos dados

As variaacuteveis foram submetidas agrave anaacutelise descritiva com caacutelculo da frequecircncia absoluta e

relativa para as variaacuteveis categoacutericas e de meacutedia e desvio padratildeo para as variaacuteveis contiacutenuas

Para o processamento e anaacutelise dos dados utilizou-se o software STATA (versatildeo 90)

14

Aspectos eacuteticos

Para realizaccedilatildeo do estudo o projeto de pesquisa teve aprovaccedilatildeo da Coordenaccedilatildeo do Programa

de Residecircncia em Enfermagem Obsteacutetrica da Escola de Enfermagem da Universidade Federal

de Minas Gerais

O estudo teve a anuecircncia da coordenaccedilatildeo da maternidade e foi aprovado pelo Nuacutecleo de

Ensino e Pesquisa (NEPE) do HRTN em 06082014 pelo parecer nordm 252014 conforme consta

no ANEXO 2

Foi aprovado pela Cacircmara Departamental do Departamento de Enfermagem Materno Infantil

(EMI) da EEUFMG em 10112014 conforme consta no ANEXO 3

RESULTADOS

No periacuteodo de treze meses de abril de 2013 a abril de 2014 foram registrados no livro 1434

partos Destes 714 foram com a participaccedilatildeo das residentes em enfermagem obsteacutetrica

representando 498 do total Os demais 720 partos (excluiacutedos da amostra) foram assistidos

pelas enfermeiras obstetras sozinhas ou com participaccedilatildeo de residentes em ginecologia e

obsteacutetrica acadecircmicos de enfermagem e medicina

Os resultados e sua distribuiccedilatildeo entre a variaacuteveis analisadas estatildeo representados nas tabelas a

seguir

15

TABELA 1

Perfil das gestantes assistidas por residentes em enfermagem obsteacutetrica em relaccedilatildeo a

idade materna paridade nuacutemero de gestaccedilotildees e idade gestacional Belo Horizonte MG

Variaacuteveis n

Idade Materna (anos)

10 ndash 14 6 08

15 ndash 19 144 202

20 - 34 498 695

gt 35 57 79

Paridade

Primiacuteparas 315 441

Multiacuteparas 398 557

Nuacutemero de Gestaccedilotildees

1 283 396

2 213 298

3 102 143

4 ou mais 115 161

Idade Gestacional

Preacute-termo (lt37 semanas) 45 63

Termo (37 - 41 semanas) 643 900

Poacutes-termo (gt 42 semanas) 3 04

Desconhecida natildeo informada 23 32

Variaacutevel N Meacutedia Desvio Padratildeo Miacutenimo Maacuteximo

Idade Gestacional 714 38 15 24 42

Idade Materna 705 24 60 14 44

16

Neste estudo a faixa etaacuteria predominante das mulheres assistidas por residentes em

enfermagem obsteacutetrica foi de adultas jovens com 695 seguida de adolescentes com 202

Os extremos etaacuterios adolescentes precoces e mulheres acima de 35 anos apareceram em

menor proporccedilatildeo sendo 08 e 79 respectivamente A meacutedia etaacuteria foi de 24 anos com

desvio padratildeo de 6 anos sendo que a menor idade encontrada entre as mulheres assistidas

por enfermeiras residentes foi 14 anos e a maior 44 anos

No que se refere ao nuacutemero de gestaccedilotildees o maior percentual foi de primigestas (396)

seguido das secundigestas (298) A partir daiacute observou-se diminuiccedilatildeo do percentual sendo

que tercigestas representaram 143 e o somatoacuterio das mulheres que tiveram quatro

gestaccedilotildees anteriores ou mais resultou em 161 O caso com maior nuacutemero de gestaccedilotildees

encontrado neste estudo foi de uma parturiente que estava em sua 13ordf gestaccedilatildeo

Com relaccedilatildeo agrave paridade as mulheres foram divididas em dois grupos primiacuteparas e multiacuteparas

sendo 441 e 557 respectivamente As mulheres que tiveram apenas uma gestaccedilatildeo ou

seja primigestas satildeo 396 e as primiacuteparas logo que natildeo tem partos vaginais anteriores satildeo

441 Isto evidencia que nem todas as primiacuteparas eram primigestas havendo abortamentos

ou gestaccedilotildees ectoacutepicas anteriores O somatoacuterio das mulheres que tiveram duas ou mais

gestaccedilotildees representou 602 Isso justifica o fato de haver maior percentual de multiacuteparas

quando se analisa paridade e ao mesmo tempo maior percentual de primigestas quando se

analisa nuacutemero de gestaccedilotildees entre as mulheres estudadas

17

TABELA 2

Indicadores da assistecircncia ao trabalho de parto e parto prestada pelas residentes em

enfermagem obsteacutetrica na maternidade do HRTN Belo Horizonte MG

Variaacuteveis N

Variaacuteveis n

Posiccedilatildeo do parto

Analgesia

Semi-sentada 462 647

Natildeo 587 822

Banquinho 120 168

Peridural 119 166

Coacutecoras 56 78

Raquidiana 8 11

Decuacutebito dorsal 23 32

Litotocircmica 20 28

Contato pele a pele

Sentada 9 12

Sim 674 944

Gaskin 7 09

Natildeo 34 47

Decuacutebito lateral 7 09

Em peacute 4 05

Acompanhante

Ajoelhada 2 02

Sim 686 960

Natildeo 27 37

Episiotomia

Sim 30 42

Apgar no 1ordm minuto

Natildeo 681 954

lt7 46 64

gt7 668 935

Laceraccedilatildeo

Natildeo 194 271

Apgar no 5ordm minuto

1ordm grau 329 460

lt7 6 08

2ordm grau 169 236

gt7 708 991

3ordm grau 20 28

4ordm grau 2 02

Variaacutevel N Meacutedia Desvio Padratildeo Miacutenimo Maacuteximo

Apgar no 1ordm minuto 714 83 13 0 10

Apgar no 5ordm minuto 714 93 07 0 10

18

Os resultados deste estudo mostram que a maioria dos partos assistidos por residentes em

enfermagem obsteacutetrica foram em posiccedilatildeo semi-sentada (647) as demais posiccedilotildees de parto

encontradas foram no banquinho (168) de coacutecoras (78) em decuacutebito dorsal (32) em

posiccedilatildeo litotocircmica (28) sentada (12) em Gaskin (09) em decuacutebito lateral (09) em

peacute (05) e ajoelhada (02) Considerando-se todas as posiccedilotildees de parto verticalizadas como

semi-sentada no banquinho Gaskin em peacute e ajoelhada encontrou-se uma taxa em torno de

92 de partos em posiccedilatildeo natildeo supina

A episiotomia foi realizada em apenas 420 dos partos Em 9538 dos casos as mulheres

foram poupadas deste procedimento Com relaccedilatildeo as laceraccedilotildees perineais a maioria das

mulheres apresentou laceraccedilotildees de primeiro grau (460) seguidas de periacuteneo iacutentegro

(271) Laceraccedilotildees de segundo grau acometeram 236 das mulheres Laceraccedilotildees graves

de terceiro grau (28) e de quarto grau (02) ocorreram em uma parcela pouco significativa

das mulheres assistidas pelas enfermeiras residentes

A analgesia farmacoloacutegica foi realizada em 177 das parturientes sendo em 166 por

teacutecnica peridural e 112 por teacutecnica raquidiana A analgesia farmacoloacutegica natildeo foi ofertada a

8221 das mulheres

O contato pele a pele na primeira hora de vida foi proporcionado a 9440 dos receacutem-

nascidos Em 47 a interaccedilatildeo pele a pele natildeo foi realizada

As parturientes contaram com a presenccedila de acompanhante familiar em 960 dos partos Os

partos sem acompanhante familiar representaram apenas 37

Os resultados sobre escore de Apgar foram gt7 no primeiro minuto em 935 dos neonatos e

gt7 no quinto minuto em 991 Tais dados mostram que a quase totalidade dos receacutem-

nascidos apresentava boas condiccedilotildees de vitalidade no primeiro e quinto minuto de vida

19

DISCUSSAtildeO

Idade materna Paridade Nuacutemero de gestaccedilotildees

Segundo o MS as mulheres em idade reprodutiva ou seja de 10 a 49 anos representam 65

do total da populaccedilatildeo feminina conformando um grupo social importante e que merece

atenccedilatildeo no que se refere agrave elaboraccedilatildeo de poliacuteticas de sauacutede (BRASIL 2011)

Silva (2009) cita que mulheres muito jovens ou muito idosas satildeo consideradas de maior risco

para resultados adversos e complicaccedilotildees gestacionais no parto e perinatais

A OMS considera gravidez na adolescecircncia aquela que ocorre em mulheres entre 10 e 19

anos sendo que gestantes com menos de 14 anos satildeo mais vulneraacuteveis e mais expostas agrave

morbimortalidade A gravidez na adolescecircncia estaacute relacionada aacute condiccedilotildees de escolaridade e

fatores socioeconocircmicos como escolaridade renda dentre outros e no que se refere aos

riscos os principais referidos por Santos at al (2014) satildeo prematuridade e baixo peso ao

nascer Jaacute Gravena (2013) refere que estatildeo relacionados agrave gravidez precoce riscos

aumentados ao receacutem-nascido de baixo peso ao nascer deficiecircncias de micronutrientes e

restriccedilatildeo do crescimento intrauterino levando a alteraccedilotildees na evoluccedilatildeo dessa gestaccedilatildeo e no

crescimento fetal o que pode resultar tambeacutem em parto prematuro

Cesar (2011) em estudo sobre gestaccedilatildeo na adolescecircncia encontrou 2018 de matildees

adolescentes e mostrou que estas estiveram de forma sistemaacutetica em desvantagem em

relaccedilatildeo agraves demais matildees tanto no que se refere a caracteriacutesticas socioeconocircmicas quanto na

assistecircncia recebida durante a gestaccedilatildeo e o parto Afirma que as adolescentes possuiacuteam pior

niacutevel de escolaridade e renda familiar viviam mais comumente sem companheiro realizaram

um menor nuacutemero de consultas de preacute-natal iniciaram estas consultas mais tardiamente

referiram com maior frequecircncia a presenccedila de anemia e corrimento vaginal patoloacutegico e foram

mais submetidas ao uso de foacutercipe e episiotomia Considerando-se as categorias adolescentes

precoces e adolescentes do presente estudo tem-se uma taxa de 210 proacutexima da

encontrada por Cesar (2011)

20

Mulheres entre 20 e 35 anos satildeo consideradas adultas jovens e apresentam resultados

obsteacutetricos e neonatais mais favoraacuteveis quando comparadas as adolescentes e a mulheres em

idade avanccedilada Neste estudo as adultas jovens representaram a maior parte da populaccedilatildeo

(695) Este achado corrobora para os resultados obsteacutetricos e neonatais favoraacuteveis aqui

verificados Gravena et al (2013) verificou em seu estudo que adolescentes e mulheres em

idade tardia tiveram probabilidade maior de parto cesaacutereo em relaccedilatildeo agraves adultas No que se

refere ao baixo peso ao nascer tanto as gestantes adolescentes quanto as em idade avanccedilada

apresentaram mais chance de possuiacuterem filhos receacutem-nascidos com baixo peso quando

comparadas as adultas

A taxa de fecundidade vem apresentando queda no Brasil nos uacuteltimos anos segundo dados do

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) em 2000 a taxa de fecundidade era de 24

filhos por mulher e em 2014 foi menor que 18 filhos por mulher (IBGE 2013) Dentre os vaacuterios

fatores que colaboraram para esta transiccedilatildeo na taxa de fecundidade encontram-se a

elaboraccedilatildeo e expansatildeo da estrateacutegia de sauacutede da famiacutelia e das poliacuteticas voltadas para a

mulher no ciclo graviacutedico puerperal principalmente a Poliacutetica Nacional de Direitos Sexuais e

Direitos Reprodutivos lanccedilada em 2005 e a Poliacutetica Nacional de Planejamento Familiar

elaborada em 2007 que permitiu as mulheres expansatildeo do acesso a informaccedilotildees sobre o

planejamento familiar reprodutivo e oferta de meacutetodos contraceptivos (BRASIL 2007)

Define-se gestaccedilatildeo tardia aquela que ocorre acima dos 35 anos e aquelas com mais de 45

anos satildeo consideradas gestaccedilotildees com idade materna avanccedilada Os nascimentos em mulheres

com 35 anos ou mais tem aumentado de forma consistente no Brasil tendecircncia observada

principalmente nos paiacuteses industrializados As mudanccedilas nos haacutebitos de vida como maior niacutevel

de escolaridade maior inserccedilatildeo no mercado de trabalho e na expectativa de vida da mulher

estimulam a postergaccedilatildeo do momento da primeira gravidez que acaba acontecendo em idades

superiores apoacutes serem atingidos outros objetivos de vida pessoais e profissionais Soma-se a

isso o advento da reproduccedilatildeo assistida que permite as mulheres engravidarem em idades mais

avanccediladas periacuteodo de comprovada diminuiccedilatildeo da fertilidade Haacute que se considerar que em

paiacuteses em desenvolvimento como o Brasil a maior parte das gestaccedilotildees tardias acontece em

situaccedilotildees de multiparidade o que tambeacutem envolve riscos (SILVA 2009)

21

A gestaccedilatildeo tardia apresenta risco similar a gestaccedilatildeo na adolescecircncia em alguns aspectos

conforme citado anteriormente e mais elevados em situaccedilotildees como abortamento espontacircneo

gravidez ectoacutepica anormalidades cromossocircmicas e malformaccedilotildees congecircnitas (SILVA 2009)

Gravena et al (2013) cita que nas mulheres com gestaccedilatildeo tardia tecircm sido observados mais

abortamentos espontacircneos e induzidos maior risco para mortalidade perinatal baixa vitalidade

do receacutem- nascido baixo peso ao nascer parto preacute-termo e fetos pequenos para idade

gestacional As gestaccedilotildees de mulheres de idade materna avanccedilada tecircm sido consideradas

como de alto risco em decorrecircncia principalmente da incidecircncia crescente de siacutendromes

hipertensivas ruptura prematura de membranas presenccedila de diabetes aleacutem de maior chance

do iacutendice de Apgar no quinto minuto ser menor que sete

Analisando os 1434 partos registrados no livro no mesmo periacuteodo e nos quais estatildeo incluiacutedos

os 714 partos das enfermeiras residentes o percentual de primiacuteparas e multiacuteparas foi de 415

e 583 respectivamente valores muito proacuteximos aos encontrados nos partos assistidos pelas

enfermeiras residentes

Idade gestacional

Conceitua-se gravidez preacute-termo aquela cuja idade gestacional encontra-se entre 22 e 37

semanas ou entre 154 a 259 dias (ACOG 2013) A prematuridade eacute um evento que afeta a

vida da famiacutelia e do RN de forma significativa envolvendo aspectos bioloacutegicos psicoloacutegicos e

sociais de difiacutecil mensuraccedilatildeo e que devem ser considerados pela equipe que assiste a famiacutelia

prematura (RAMOS 2009)

A prematuridade tem sido estudada como uma das causas importantes de mortalidade infantil

O receacutem-nascido imaturo apresenta desenvolvimento incompleto de oacutergatildeos como ceacuterebro e

pulmotildees aleacutem de limitaccedilatildeo da funccedilatildeo renal e imaturidade da funccedilatildeo hepaacutetica podendo sofrer

seacuterios comprometimentos ou intercorrecircncias (GRAVENA 2013) A literatura cita alguns fatores

de risco gestacionais associados agrave prematuridade tais como parto prematuro preacutevio gestaccedilatildeo

muacuteltipla histoacuteria materna de um ou mais abortos espontacircneos no segundo trimestre

comprimento cervical lt 30 cm baixo niacutevel socioeconocircmico idade materna lt18 anos ou gt40

22

anos primiparidade (mais frequente no primeiro filho) complicaccedilotildees maternas (cliacutenicas ou

obsteacutetricas) atividade fiacutesica aumentada tabagismo uso de cocaiacutena acompanhamento preacute-

natal inadequado ou ausente situaccedilotildees de alto estresse crescimento intrauterino restrito

(CIUR) anomalias congecircnitas polihidracircmnios ruptura prematura de membranas preacute-termo

(RPMPT) descolamento de placenta presenccedila de DIU mioma (particularmente submucoso ou

subplacentaacuterio) anomalias uterinas insuficiecircncia istmo-cervical infecccedilotildees maternas siacutendrome

antifosfoliacutepide trauma cirurgia (RAMOS 2009)

O American College of Obstetricians and Gynecologists (ACOG 2013) classifica a gravidez

aleacutem de 37 semanas da seguinte maneira

Termo precoce entre 37 semanas e 38 semanas e 6 dias

Termo completo entre 39 semanas e 40 semanas e 6 dias

Termo tardio entre 41 semanas e 41 semanas e 6 dias

Poacutes-termo 42 semanas em diante

Neste estudo a grande maioria dos partos assistidos pelas enfermeiras residentes foi de

gestaccedilotildees a termo (900) Tal fato se justifica pela maior atuaccedilatildeo da enfermagem obsteacutetrica

nas gestaccedilotildees de risco habitual A meacutedia de idade gestacional da amostra deste estudo foi de

38 semanas sendo a menor idade gestacional encontrada 24 semanas e a maior 42 semanas

Os partos preacute-termo e poacutes-termo ou seja de maior risco satildeo preferencialmente

acompanhados por meacutedico obstetra Eacute rotina da instituiccedilatildeo em estudo a induccedilatildeo do trabalho

de parto nas gestaccedilotildees acima de 41 semanas Tambeacutem por esse motivo pode-se justificar a

atuaccedilatildeo das enfermeiras residentes em menos de 05 de partos poacutes-termo

O ACOG define gestaccedilatildeo poacutes-termo ou gestaccedilatildeo prolongada como aquela que se estende

aleacutem de 42 semanas ou 294 dias de gestaccedilatildeo (ACOG 2013) Para Amorim (2010) as

gestaccedilotildees aleacutem de 42 semanas ocorrem em aproximadamente 5 dos casos jaacute as aleacutem de 41

semanas em cerca de 10 A causa mais comum de gestaccedilatildeo poacutes-termo eacute o erro de dataccedilatildeo

e quando realmente existe a causa eacute desconhecida sendo a primiparidade o principal fator de

risco associado Mais raramente outros fatores podem estar presentes como a anencefalia

23

deficiecircncia de sulfatase placentaacuteria feto do sexo masculino e predisposiccedilatildeo geneacutetica (BRASIL

2011) O maior temor relacionado agrave gestaccedilatildeo prolongada eacute de que ocorra insuficiecircncia

placentaacuteria com reduccedilatildeo do aporte de nutriente e oxigecircnio para o bebecirc o que pode acarretar

aumento da morbidade e mortalidade perinatal Com maior frequecircncia de morte perinatal

anormalidade da frequecircncia cardiacuteaca fetal intraparto eliminaccedilatildeo de mecocircnio macrossomia e

cesariana (AMORIM 2010)

No Brasil tem sido frequente a indicaccedilatildeo de cesariana quando a gestaccedilatildeo ultrapassa 40

semanas sobretudo no setor privado poreacutem esta conduta natildeo eacute corroborada por evidecircncias

Amorim (2010) em compilado sobre o tema cita uma revisatildeo sistemaacutetica publicada em 2003 na

qual concluiacuteram que a induccedilatildeo do parto a partir de 41 semanas quando comparada agrave conduta

expectante resultou em menor taxa de cesaacuterias (201 x 22) e de liacutequido amnioacutetico meconial

(224 x 277) poreacutem natildeo houve diferenccedila em termos de mortalidade perinatal escores de

Apgar admissatildeo em UTI neonatal e siacutendrome de aspiraccedilatildeo meconial Em 2012 outra revisatildeo

sistemaacutetica disponiacutevel na biblioteca Cochrane incluindo 22 ensaios cliacutenicos randomizados e

9383 mulheres submetidas aacute induccedilatildeo do parto mostrou reduccedilatildeo significativa do risco relativo de

morte perinatal e de cesariana Natildeo houve diferenccedila na taxa de natimortos ou de morte

neonatal nos dois grupos A incidecircncia da siacutendrome de aspiraccedilatildeo meconial foi menor no grupo

submetido agrave induccedilatildeo do parto poreacutem natildeo houve diferenccedila na frequecircncia de asfixia perinatal

baixos escores de Apgar e admissatildeo em UTI neonatal Os autores sugerem que a induccedilatildeo do

parto a partir de 41 semanas reduz as taxas de cesariana sem comprometer o prognoacutestico

perinatal Aleacutem disso o estudo mostrou maior satisfaccedilatildeo das gestantes submetidas agrave induccedilatildeo

do parto Recomenda-se que as mulheres sejam esclarecidas sobre riscos e benefiacutecios

associados agrave induccedilatildeo do parto a partir de 41 semanas (AMORIM 2010)

Posiccedilatildeo de parto

Os benefiacutecios da livre movimentaccedilatildeo da parturiente durante o trabalho de parto tais como a

reduccedilatildeo de sua duraccedilatildeo melhora do conforto materno e reduccedilatildeo do uso de analgeacutesicos satildeo

sustentados por evidecircncias cientiacuteficas (SOUSA 2013) A adoccedilatildeo de postura vertical e

movimentaccedilatildeo podem aleacutem de diminuir a dor materna facilitar a circulaccedilatildeo materno-fetal e a

descida do feto na pelve materna melhorar as contraccedilotildees uterinas e diminuir o trauma perineal

24

(SILVA 2011)

A OMS (1996) classifica como praacuteticas demonstradamente uacuteteis e que devem ser estimuladas

(categoria A) a liberdade de posiccedilatildeo e movimento durante o trabalho de parto e o estiacutemulo a

posiccedilotildees natildeo supinas durante o trabalho de parto Jaacute o uso rotineiro de posiccedilatildeo supina

(decuacutebito dorsal) durante o trabalho de parto e o uso de rotina da posiccedilatildeo de litotomia com ou

sem perneiras durante o trabalho de parto satildeo classificadas como praacuteticas claramente

prejudiciais e que devem ser eliminadas (categoria B)

Uma revisatildeo sistemaacutetica sobre assistecircncia ao segundo e terceiro periacuteodos do trabalho de parto

publicada em 2010 mostra que a posiccedilatildeo supina tem sido amplamente usada no segundo

periacuteodo do trabalho de parto contrariando a evidecircncia fisioloacutegica da reduccedilatildeo da eficiecircncia

uterina e do fluxo sanguiacuteneo placentaacuterio nessa posiccedilatildeo A posiccedilatildeo litotocircmica eacute ainda

recomendada em alguns tratados tradicionais de Obstetriacutecia mas as posiccedilotildees alternativas

incluem uma gama de posiccedilotildees que podem trazer benefiacutecios para o parto posiccedilatildeo lateral

(Sims) vertical (sentada semi-sentada de coacutecoras ou ajoelhada) e de quatro apoios A

imersatildeo em aacutegua durante o periacuteodo expulsivo do trabalho de parto aumentou o registro de

satisfaccedilatildeo por parte das parturientes no que diz respeito aos puxos mas ainda natildeo haacute

evidecircncias sobre os efeitos da imersatildeo em aacutegua no segundo estaacutegio especialmente sobre a

morbidade materna e neonatal (AMORIM 2010)

Estudos apontam que posiccedilotildees verticalizadas ou a posiccedilatildeo lateral associaram-se com reduccedilatildeo

da duraccedilatildeo do segundo periacuteodo do parto reduccedilatildeo nas anormalidades da frequecircncia cardiacuteaca

fetal bem como reduccedilatildeo de relatos de dor grave e episiotomia Ocorre no entanto maior perda

de sangue estimada (acima de 500 mL) sem repercussotildees cliacutenicas consideraacuteveis A conclusatildeo

dos revisores eacute que as mulheres devem ser encorajadas a parir na posiccedilatildeo que lhes for mais

confortaacutevel com o balanccedilo das evidecircncias a favor das posturas natildeo supinas (AMORIM 2010)

Mouta et al (2008) e Rocha Fonseca (2010) encontraram percentuais entre 50 e 78 de

posiccedilatildeo vertical em partos assistidos exclusivamente por enfermeiras obstetras em

maternidades puacuteblicas do Rio de Janeiro Em um CPN de Satildeo Paulo apenas 13 dos partos

foram assistidos em posiccedilatildeo horizontal contra 776 assistidos em posiccedilatildeo vertical (SOUZA

2011)

25

Sousa (2013) observou em seu estudo com 61 mulheres assistidas em Hospital da rede puacuteblica

de Belo Horizonte que mais de 75 pariram deitadas de costas com pernas levantadas sem

uso de perneiras As demais mulheres deram a luz em posiccedilatildeo de coacutecoras (98) deitada de

lado (66) sentadareclinada (66) ou Gaskin (16)

A maternidade do HRTN faz parte da rede de hospitais de Belo Horizonte que assinou o Termo

de Compromisso das Maternidades do SUS-BH estabelecido pela Comissatildeo Perinatal da

Secretaria Municipal de Sauacutede de Belo Horizonte (SMSA-BH) o qual estabelece metas para

diversos indicadores assistenciais objetivando humanizar a assistecircncia e reduzir as taxas de

cesariana nas maternidades da rede puacuteblica de Belo Horizonte No que se refere a posiccedilatildeo de

parto a SMSA-BH tem como meta que mais de 70 dos partos sejam realizados em posiccedilatildeo

natildeo supina Segundo dados institucionais fornecidos pela coordenaccedilatildeo da maternidade sobre

todos os partos do HRTN no mesmo periacuteodo deste estudo a taxa de partos em posiccedilatildeo natildeo

supina variou de 6202 em abril de 2014 a 8138 em abril de 2013

Diante dos resultados deste estudo eacute possiacutevel inferir que no HRTN a equipe incentiva e apoia o

uso de deambulaccedilatildeo e posiccedilotildees verticalizadas durante o trabalho de parto e periacuteodo expulsivo

As mulheres devem orientadas sobre os benefiacutecios da verticalizaccedilatildeo para a evoluccedilatildeo do

trabalho de parto No momento do parto deve haver incentivo agrave livre escolha da posiccedilatildeo dentro

das possibilidades da maternidade Ainda natildeo haacute disponibilidade de parto com imersatildeo em

aacutegua mas haacute quartos PPP (preacute-parto parto e poacutes-parto) com chuveiro bola suiacuteccedila banquinho

meia lua escada de Ling e espaccedilo fiacutesico que permite deambulaccedilatildeo Em alguns plantotildees a

equipe conta com a participaccedilatildeo das Doulas no cuidado agrave mulher em trabalho de parto

Os resultados deste estudo satildeo similares aos encontrados por Sousa (2013) o que mostra que

ambas as instituiccedilotildees componentes do SUS em Belo Horizonte que tem atuaccedilatildeo efetiva das

enfermeiras obstetras estimulam o parto em posiccedilotildees verticalizadas e provavelmente

respeitam a livre escolha da posiccedilatildeo de parto

O fato da maior parte dos partos serem em posiccedilatildeo semi-sentada gera certa inquietaccedilatildeo pois

26

sabe-se que esta posiccedilatildeo permite maior controle e melhor visibilidade sendo cocircmoda para o

profissional que assiste ao parto Outra justificativa possiacutevel para a grande porcentagem de

partos semi-sentada pode ser a falta de informaccedilatildeo eou orientaccedilatildeo das

mulheresacompanhantes sobre a possibilidade de parirem em outras posiccedilotildees que lhe sejam

confortaacuteveis Ressalta-se a necessidade de orientaccedilatildeo e incentivo quanto agrave liberdade de

posiccedilatildeo e sobre os benefiacutecios das posiccedilotildees verticalizadas para o trabalho de parto e periacuteodo

expulsivo desmitificando a claacutessica posiccedilatildeo de parto e empoderando-as a escolher a posiccedilatildeo

que lhes for mais confortaacutevel

Episiotomia

A episiotomia foi inicialmente proposta com o objetivo de facilitar o parto reduzindo o trauma

perineal e facilitando o reparo Entretanto natildeo obstante a indicaccedilatildeo de livros-texto sua

realizaccedilatildeo de rotina natildeo pode ser recomendada uma vez que existem vaacuterias evidecircncias de que

natildeo eacute necessaacuteria e de que pode ser prejudicial (AMORIM 2010)

Entre as principais morbidades relacionadas agrave episiotomia estatildeo a dor perineal e o

sangramento aumentado Nesses casos devido a urgecircncia os traumas perineais muitas vezes

satildeo suturados sem a boa visualizaccedilatildeo do local podendo produzir acidentes com lesatildeo no trato

geniturinaacuterio e nas estruturas do assoalho peacutelvico causando hipermobilidade uretral e prolapso

genital Apoacutes o parto tambeacutem podem surgir hematuacuteria incapacidade vesical e incontinecircncia

urinaacuteria (RIESCO et al 2011)

A OMS (1996) considera o uso liberal e rotineiro de episiotomia uma praacutetica claramente

prejudicial e que deve ser eliminada (categoria B) Embora os dados disponiacuteveis na literatura

revelem que a realizaccedilatildeo de episiotomia natildeo cumpre os objetivos que justificariam sua

realizaccedilatildeo de forma rotineira sejam eles a prevenccedilatildeo de lesotildees nas genitais da matildee ou na

cabeccedila do receacutem-nascido ainda hoje tal intervenccedilatildeo permanece sendo usada de forma

abusiva em muitas instituiccedilotildees de sauacutede

Em revisatildeo sistemaacutetica incluindo oito ensaios cliacutenicos (n=5541) observou-se que comparada

agrave episiotomia de rotina a episiotomia seletiva (com indicaccedilatildeo precisa) esteve associada com

27

menos trauma perineal grave menor necessidade de suturas menos complicaccedilotildees na

cicatrizaccedilatildeo e mais trauma perineal anterior Natildeo houve diferenccedila na frequecircncia de trauma

vaginal ou perineal grave dispareunia incontinecircncia urinaacuteria ou dor intensa Os revisores

recomendam que a episiotomia natildeo seja realizada rotineiramente e quando necessaacuteria seja

realizada com o consentimento poacutes-informaccedilatildeo da parturiente (AMORIM 2010)

Cesar (2011) encontrou ocorrecircncia meacutedia de episiotomia de 72 entre as 2557 gestantes

estudadas no Sul do Brasil Houve variaccedilatildeo de 86 entre as adolescentes e 66 entre as

demais matildees As taxas encontradas foram bastante elevadas principalmente entre as

adolescentes o que indica baixa incorporaccedilatildeo de praacuteticas baseadas em evidecircncia na

assistecircncia ao parto no cenaacuterio do estudo

Em contrapartida Sousa (2013) verificou em seu estudo em uma maternidade da rede puacuteblica

de Belo Horizonte iacutendice de episiotomia em torno de 11 e observou seguranccedila na praacutetica dos

profissionais de sauacutede envolvidos na assistecircncia ao parto da instituiccedilatildeo estudada no que se

refere ao uso seletivo desse procedimento e aos criteacuterios de utilizaccedilatildeo Tal instituiccedilatildeo tem

princiacutepios humanizados e grande inserccedilatildeo de enfermeiras obstetras na assistecircncia ao parto o

que pode tambeacutem ter justificado a baixa taxa de episiotomia encontrada

Considerando todos os partos realizados no HRTN no periacuteodo deste estudo a taxa de

episiotomia variou entre 90 em abril de 2013 a 149 em abril de 2014 A SMSA-BH tem

como meta de realizaccedilatildeo de episiotomia em menos de 30 dos partos vaginais Considerando

os 1434 partos assistidos por EO no mesmo periacuteodo a taxa de episiotomia foi de 46 o que

mostra uso criterioso do procedimento por parte desta categoria profissional

No presente estudo a taxa de episiotomia foi 42 Nestes casos a episiotomia pode ter sido

indicada devido a periacuteneo resistente no intuito de prevenir laceraccedilotildees graves mesmo que natildeo

haja respaldo cientiacutefico para tal praacutetica Tambeacutem em situaccedilotildees de estado fetal natildeo

tranquilizador durante o periacuteodo expulsivo jaacute com o feto em planos avanccedilados no intuito de

acelerar o nascimento ou mesmo por distoacutecia de ombro ou outra complicaccedilatildeo sendo uma

decisatildeo conjunta entre preceptor e residente Deve-se considerar que a baixas taxas de

28

episiotomia nos partos assistidos por enfermeiras residentes satildeo reflexo da atuaccedilatildeo da

preceptoria tanto de enfermeiras obstetras como de meacutedicos obstetras A episiotomia natildeo foi

realizada em 9538 dos partos o que mostra que as residentes em enfermagem obsteacutetrica

faziam uso seletivo do procedimento Um aspecto relevante deste estudo eacute que mesmo com a

baixa taxa de episiotomia encontrou-se pequenas taxas de laceraccedilotildees perineais de terceiro

(28) e quarto grau (028) Isso aponta para um modelo de assistecircncia obsteacutetrico com

incorporaccedilatildeo de praacuteticas baseadas em evidecircncias cientiacuteficas na maternidade do HRTN

Contato pele a pele

As praacuteticas referentes ao contato da matildee com seu bebecirc e ao aleitamento materno ainda na

sala de parto satildeo tambeacutem indicadores relevantes da qualidade da atenccedilatildeo ao parto

humanizado e segundo a OMS (1996) e MS (2001) deve ser encorajada no parto normal

(categoria A)

O passo quatro da Iniciativa Hospital Amigo da Crianccedila (IHAC) preconiza que os bebecircs que

tenham condiccedilotildees cliacutenicas favoraacuteveis permaneccedilam por pelo menos uma hora junto agrave pele da

matildee e que iniciem o aleitamento materno ainda na primeira meia hora apoacutes o nascimento

independentemente da via de parto (BRASIL 2010)

O contato pele a pele precoce melhora os resultados neonatais em termos de menor choro e

maior estabilidade cardiorrespiratoacuteria e aumenta significativamente o sucesso da

amamentaccedilatildeo sem efeitos negativos aparentes em curto e longo prazo segundo estudo de

meta-anaacutelise O contato pele a pele da matildee com o receacutem-nascido por pelo menos 30 minutos

na primeira hora de vida aleacutem de propiciar o envolvimento matildee-filho e o aleitamento materno

eacute um indicativo de que o parto transcorreu adequadamente Aleacutem disso favorece o viacutenculo

afetivo propiciando o reconhecimento entre matildee e filho pode aumentar a autoestima materna

diminuir a ansiedade melhorar os sentimentos de aceitaccedilatildeo do seu novo papel e a satisfaccedilatildeo

durante o processo de parto (MOORE et al 2012)

Apesar de o contato pele a pele ser uma praacutetica demonstradamente uacutetil e que deve ser

encorajada no parto normal especificamente tambeacutem pode e deve ser promovida no parto

29

operatoacuterio Sousa (2013) verificou em sua pesquisa que dos 89 receacutem-nascidos vivos o

contato precoce entre matildee e filho foi garantido em mais de 77 dos partos embora a maior

frequecircncia tenha ocorrido entre os filhos nascidos de parto normal

Na maternidade do HRTN o contato pele a pele eacute incentivado e apoiado por toda a equipe

multiprofissional sendo uma praacutetica consolidada conforme apontam os resultados deste

estudo As parturientes devem ser orientadas sobre os benefiacutecios desta praacutetica e preparadas

para receber seus RN apoacutes o nascimento A assistecircncia ao RN estaacutevel deve ser feita

preferencialmente no colo da matildee e quando houver necessidade de encaminhar o RN ao

berccedilo aquecido assim que este estabelecer condiccedilotildees favoraacuteveis deve retornar para o contato

pele a pele Assim como o contato pele a pele a amamentaccedilatildeo na primeira hora de vida

tambeacutem deve ser apoiada e estimulada respeitando o desejo da mulher

No presente estudo o contato pele a pele na primeira hora de vida foi realizado em 9440 dos

partos Os 475 em que natildeo foi realizado pode ter como justificativa o nascimento de um RN

deprimido sem condiccedilotildees cliacutenicas de permanecer com a matildee e que necessitaram de

assistecircncia pediaacutetrica seja reanimaccedilatildeo neonatal ou transferecircncia para unidade neonatal

Tambeacutem pode ter como justificativa impossibilidade materna ou desejo de natildeo realizar contato

pele a pele

Pela pactuaccedilatildeo da maternidade em estudo com a SMSA-BH a meta eacute que 100 dos receacutem-

nascidos vivos realizem contato pele a pele efetivo na primeira hora de vida Considerando

todos os partos realizados na instituiccedilatildeo no mesmo periacuteodo deste estudo este indicador variou

entre 905 em abril de 2013 a 960 em agosto de 2013 segundo dados institucionais

fornecidos pela coordenaccedilatildeo a maternidade Estes dados sinalizam boa incorporaccedilatildeo desta

praacutetica pela equipe mas indicam tambeacutem necessidade de melhoria para que seja atingida a

meta

Acompanhante

A presenccedila de acompanhante durante todo o periacuteodo de internaccedilatildeo eacute um direito conquistado

pelas mulheres assegurado na Lei nordm 111082005 regulamentado pelo Ministeacuterio da Sauacutede

30

pela Portaria nordm 24182005 portanto obrigatoacuterio em todas as instituiccedilotildees sejam elas puacuteblicas

ou privadas (BRASIL 2005) Esta praacutetica eacute classificada pela OMS como demonstradamente uacutetil

e que deve ser estimulada (categoria A)

A presenccedila do acompanhante durante o processo de parturiccedilatildeo pode proporcionar bem-estar

fiacutesico e emocional agrave mulher e benefiacutecios clinicamente significativos ao binocircmio matildee-filho Os

efeitos do suporte agrave mulher foram encontrados em recente meta-anaacutelise e estatildeo associados agrave

menor duraccedilatildeo do trabalho de parto uso de ocitocina reduccedilatildeo de cesariana e de partos

vaginais instrumentais diminuindo ainda a utilizaccedilatildeo de analgesia intraparto e melhorando os

iacutendices de Apgar no quinto minuto (SOUSA 2013)

Outros estudos destacam ainda a importacircncia do acompanhante quando este se envolve natildeo

soacute no apoio fiacutesico e emocional mas tambeacutem no desenvolvimento junto agrave parturiente de accedilotildees

como massagem auxiacutelio e encorajamento durante a deambulaccedilatildeo banho e tambeacutem no

periacuteodo expulsivo o que proporciona tambeacutem maior grau de satisfaccedilatildeo com o parto Sousa

(2013) verificou em sua pesquisa que quase a totalidade (922) das mulheres assistidas em

uma instituiccedilatildeo de sauacutede da rede puacuteblica de Belo Horizonte permaneceu com o acompanhante

de sua escolha durante o periacuteodo de internaccedilatildeo sendo a maioria o companheiro pai da

crianccedila (627)

No HRTN a presenccedila de acompanhante familiar de livre escolha eacute uma praacutetica consolidada

pela instituiccedilatildeo e apoiada pela equipe multiprofissional A valorizaccedilatildeo do acompanhante deve

acontece em todas as etapas da internaccedilatildeo durante o trabalho de parto os acompanhantes

podem ser encorajados a participar ativamente no apoio agrave parturiente ofertando meacutetodos

alternativos para aliacutevio da dor como massagens por exemplo No momento do parto quando

possiacutevel pode ser oferecido ao familiar que corte o cordatildeo umbilical o que pode ter grande

representaccedilatildeo simboacutelica para aquela famiacutelia No puerpeacuterio os acompanhantes devem ser

orientados junto aacute mulher sobre os cuidados com o RN aleitamento materno e como apoiar a

matildee na nova fase

No presente estudo houve acompanhante familiar em 960 dos partos assistidos pelas

enfermeiras residentes Partos sem acompanhante familiar foram apenas 37 Estes dados

31

corroboram com a afirmaccedilatildeo de que a presenccedila do acompanhante familiar eacute uma praacutetica

consolidada e respeitada pela equipe da maternidade do HRTN

Analgesia

Meacutetodos natildeo farmacoloacutegicos

A OMS (1996) recomenda que o uso de meacutetodos natildeo farmacoloacutegicos para aliacutevio da dor deve

ser privilegiado durante a assistecircncia ao trabalho de parto considerando-os como ldquopraacuteticas

reconhecidamente uacuteteis e que devem ser estimuladasrdquo Categoria A na recomendaccedilatildeo de boas

praacuteticas na assistecircncia ao parto

Entre as praacuteticas natildeo medicamentosas tem-se estudado o uso de acupuntura acupressura

hipnose teacutecnicas de relaxamento e respiraccedilatildeo aplicaccedilatildeo de frio e calor aromaterapia

aacuteudioanalgesia massagem deambulaccedilatildeo e banho de imersatildeo durante o parto (SILVA 2011)

Em um estudo de revisatildeo sistemaacutetica foram incluiacutedos 14 ensaios com 1448 parturientes que

utilizaram diferentes formas de tratamento para a dor (acupuntura hipnose audioanalgesia

aromaterapia massagem e relaxamento) A hipnose mostrou-se efetiva em termos de reduzir a

necessidade de meacutetodos farmacoloacutegicos para aliacutevio da dor aumentando o grau de satisfaccedilatildeo

materna Maior chance de parto vaginal e reduccedilatildeo da necessidade de analgesia A acupuntura

tambeacutem se associou a uma menor intensidade da dor e reduccedilatildeo do uso de ocitocina A eficaacutecia

de meacutetodos como acupressatildeo aromaterapia aacuteudioanalgesia relaxamento e massagem natildeo foi

ainda estabelecida sendo necessaacuterios ensaios cliacutenicos randomizados para avaliaccedilatildeo dessas

terapias complementares para aliacutevio da dor durante o trabalho de parto (PORTO 2010)

Deve-se considerar que o suporte contiacutenuo intraparto e as posiccedilotildees verticalizadas durante o

parto tambeacutem se associam agrave reduccedilatildeo da dor e maior grau de satisfaccedilatildeo materna como jaacute

demonstrado em revisotildees sistemaacuteticas A imersatildeo em aacutegua em banheiras ou similares durante

o trabalho de parto tem sido investigada como um meacutetodo de promoccedilatildeo de relaxamento e aliacutevio

da dor Em uma revisatildeo sistemaacutetica de 11 ensaios cliacutenicos a imersatildeo em aacutegua foi associada agrave

reduccedilatildeo no uso de analgesia e reduccedilatildeo no relato de dor sem prejudicar a duraccedilatildeo do trabalho

de parto as taxas de partos ciruacutergicos ou o bem-estar neonatal (PORTO 2010)

32

A SMSA-BH recomenda que os meacutetodos natildeo farmacoloacutegicos para aliacutevio da dor sejam ofertados

a 100 das mulheres em trabalho de parto De acordo com dados institucionais fornecidos

pela coordenaccedilatildeo da maternidade a oferta variou entre 7571 em julho de 2013 a 8778 em

julho de 2013 considerando todos os partos realizados na instituiccedilatildeo no periacuteodo de abril de

2013 a abril de 2014

No livro fonte de dados deste estudo a oferta de meacutetodos natildeo farmacoloacutegicos natildeo eacute registrada

natildeo sendo possiacutevel quantificar estes dados nos partos assistidos por REO mas pode-se inferir

que esta eacute uma praacutetica adotada pelas enfermeiras obstetras e residentes quando se observa

por exemplo as baixas taxas de analgesia farmacoloacutegica em torno de 16 nos partos

assistidos por estas profissionais

Meacutetodos farmacoloacutegicos

Classicamente vaacuterios meacutetodos farmacoloacutegicos foram propostos mas existe consenso

atualmente de que se algum meacutetodo farmacoloacutegico for indicado para aliacutevio da dor durante o

trabalho de parto a analgesia regional com peridural ou teacutecnica combinada (raquidiana e

peridural) deve ser empregada preferencialmente em relaccedilatildeo ao uso de opioacuteides sistecircmicos ou

analgesia inalatoacuteria A teacutecnica ideal para analgesia de parto deveria ter miacutenima ou ausente

transferecircncia placentaacuteria ausecircncia de efeitos sobre o fluxo sanguiacuteneo uteroplacentaacuterio efeitos

miacutenimos e reversiacuteveis sobre o feto e neonato ausecircncia de efeito ocitoacutecico ou tocoliacutetico e

ausecircncia de bloqueio motor (PORTO 2010)

Uma revisatildeo sistemaacutetica realizada em 2011 incluindo 38 estudos comprovou a eficaacutecia da

analgesia peridural para reduccedilatildeo da dor de mulheres durante o processo de parto mas

tambeacutem revelou maior risco de parto instrumental maior necessidade de ocitocina e aumento

da duraccedilatildeo do segundo estaacutegio do parto Natildeo houve associaccedilatildeo dessa intervenccedilatildeo com risco

de cesariana cefaleacuteia e escores de Apgar menores que sete no quinto minuto (AMORIM

2011)

Na maternidade em estudo a analgesia farmacoloacutegica seja por teacutecnica peridural ou

raquianestesia eacute considerada um direito da mulher de acordo com os princiacutepios da

humanizaccedilatildeo e eacute ofertada conforme desejo da parturiente apoacutes a oferta de diferentes meacutetodos

33

natildeo farmacoloacutegicos para aliacutevio da dor e sob orientaccedilotildees sobre os riscos e benefiacutecios do

procedimento ou nos casos em que haacute indicaccedilatildeo cliacutenica para realizaccedilatildeo do mesmo A teacutecnica

de analgesia empregada na instituiccedilatildeo permite na maior parte dos casos a deambulaccedilatildeo

movimentaccedilatildeo e uso concomitante de outros meacutetodos alternativos de aliacutevio da dor como

chuveiro Isto pode influenciar para o desfecho favoraacutevel dos partos conforme mostram as

evidecircncias sobre movimentaccedilatildeo e verticalizaccedilatildeo durante o trabalho de parto

A SMSA-BH recomenda a utilizaccedilatildeo de analgesia quando esgotados os recursos natildeo

farmacoloacutegicos para aliacutevio da dor em torno de 30 dos partos normais A proporccedilatildeo de parto

normal com analgesia variou de 141 em janeiro de 2014 e 279 em agosto de 2013

considerando todos os partos realizados na instituiccedilatildeo no mesmo periacuteodo deste estudo

Considerando os 1434 assistidos por EO no periacuteodo do estudo 147 recebeu analgesia por

teacutecnica peridural e 11 raquidiana Os demais 841 dos partos foi sem analgesia

farmacoloacutegica

No presente estudo a analgesia farmacoloacutegica foi realizada em 176 dos partos sendo 166

por teacutecnica peridural e 11 raquidiana Analgesia natildeo foi realizada em 822 dos partos

assistidos por REO Estes dados demonstram que a oferta de meacutetodos natildeo farmacoloacutegicos

para aliacutevio da dor pode ter sido influenciado positivamente na escolha da parturiente em

receber ou natildeo a analgesia farmacoloacutegica

Laceraccedilotildees perineais

Laceraccedilotildees perineais satildeo traumas em estruturas componentes da vagina que podem ocorrer

de forma espontacircnea durante a passagem do feto pelo canal de parto ou em decorrecircncia de

episiotomia as quais podem se prolongar

A laceraccedilatildeo de primeiro grau eacute aquela que natildeo atinge nenhum muacutesculo estendendo-se atraveacutes

da fuacutercula mucosa vaginal e da pele Jaacute a laceraccedilatildeo de segundo grau acomete os muacutesculos

perineais poreacutem sem lesatildeo do esfiacutencter retal A laceraccedilatildeo de terceiro grau atinge essa

estrutura e algumas vezes prolonga-se ateacute a parede anterior do reto Neste uacuteltimo caso em

que a parede do reto eacute comprometida por vezes utiliza-se o termo laceraccedilatildeo de quarto grau

As laceraccedilotildees de primeiro e segundo grau satildeo consideradas leves e laceraccedilotildees de terceiro e

34

quarto grau satildeo consideradas graves pois podem levar agrave incontinecircncia urinaacuteria e fecal sendo

estas uacuteltimas mais raras (REZENDE 2005)

A ocorrecircncia de laceraccedilotildees perineais no parto normal depende de diversos fatores que podem

estar relacionados agraves condiccedilotildees maternas ao feto ao parto em si e ao prestador de serviccedilo

Embora estes fatores natildeo estejam definitivamente estabelecidos existem evidecircncias indicando

o local do parto e o profissional que assiste a escolaridade materna a paridade a altura do

periacuteneo a duraccedilatildeo do segundo estaacutegio do parto a cicatriz perineal anterior a infusatildeo de

ocitocina a posiccedilatildeo no parto a analgesia farmacoloacutegica os puxos dirigidos as manobras de

proteccedilatildeo perineal o peso e o periacutemetro cefaacutelico do RN como fatores relacionados entre

outros Quanto a integridade perineal sua chance aumenta entre as mulheres com um ou mais

partos vaginais anteriores (RIESCO et al 2011)

Estudos tambeacutem tecircm buscado associaccedilatildeo entre a posiccedilatildeo materna no parto e as laceraccedilotildees

perineais Sousa (2013) verificou que a posiccedilatildeo deitada de lado juntamente com a posiccedilatildeo de

coacutecoras foram as que tiveram maior ocorrecircncia de laceraccedilotildees de primeiro grau principalmente

com 750 e 833 dos casos respectivamente Essas duas posiccedilotildees tambeacutem foram as que

mais favoreceram para que as mulheres tivessem laceraccedilotildees na pesquisa desenvolvida por

Souza (2011) em um CPN do Rio de Janeiro com incidecircncia de 502 nos partos assistidos

em posiccedilatildeo lateral e 696 naqueles assistidos de coacutecoras Em ambas pesquisas a posiccedilatildeo de

Gaskin foi a que teve menor incidecircncia de traumas perineais seguida da posiccedilatildeo

sentadareclinada

Entre as principais morbidades relacionadas estatildeo a dor perineal e o sangramento aumentado

Apoacutes o parto tambeacutem podem surgir hematuacuteria incapacidade vesical e incontinecircncia urinaacuteria A

disfunccedilatildeo geniturinaacuteria e sexual produzida pelo trauma perineal pode ser tambeacutem devida agrave

perda ou diminuiccedilatildeo do tocircnus muscular perineal Poreacutem esse achado contrasta com dados de

outros estudos os quais concluiacuteram que a via de parto a paridade a idade materna o peso do

receacutem-nascido (RN) e a episiotomia natildeo foram fatores determinantes para a reduccedilatildeo da forccedila

muscular perineal Considerando os problemas em curto prazo (perda sanguiacutenea necessidade

de sutura e dor perineal) e em longo prazo (disfunccedilotildees intestinais urinaacuterias e sexuais)

35

associados ao trauma perineal no parto sua prevenccedilatildeo reduccedilatildeo e reparaccedilatildeo adequada satildeo

fatores importantes para as mulheres e os profissionais que as assistem (RIESCO 2010)

Considerando os 1434 partos assistidos por EO em 304 houve periacuteneo iacutentegro 447

laceraccedilotildees de primeiro grau 228 laceraccedilotildees de segundo grau 195 de terceiro grau e

014 de quarto grau Tais resultados satildeo proacuteximos aos verificados neste estudo e

associados com as baixas taxas de episiotomia nos partos assistidos pelas enfermeiras

residentes corroboram com a recomendaccedilatildeo do uso seletivo da episiotomia como um praacutetica

favoraacutevel

Escore de Apgar

O momento de transiccedilatildeo da vida intrauterina para extrauterina eacute crucial para o desenvolvimento

do bebecirc e deve ser minuciosamente preparado e vivenciado Eacute indispensaacutevel que nos

primeiros minutos de vida do neonato seja realizada avaliaccedilatildeo completa e sistemaacutetica visando

identificar desvios da normalidade e que forneccedila agraves informaccedilotildees baacutesicas sobre a vitalidade e a

adaptaccedilatildeo do RN agrave vida fora do ventre materno (BARBOSA 2006)

A avaliaccedilatildeo realizada imediatamente apoacutes o parto eacute composta pelo o escore de Apgar sendo

complementada com a avaliaccedilatildeo do aspecto geral a medida dos sinais vitais e medidas

antropomeacutetricas O iacutendice de Apgar avalia cinco criteacuterios cliacutenicos cor da pele frequecircncia

cardiacuteaca irritabilidade reflexa respiraccedilatildeo e tocircnus muscular O RN eacute avaliado no primeiro e no

quinto minuto de vida e cada criteacuterio garante de 0 a 2 pontos desencadeando assim uma soma

adequada entre 7 e 10 pontos Quando a soma total resulta em 4 a 6 pontos sugere dificuldade

moderada do RN em adaptar-se e menor que 4 pode indicar sofrimento Julga-se assim o grau

de adaptaccedilatildeo imediata e o grau de depressatildeo neuroloacutegica do RN nos primeiros cinco minutos

de vida (SBP 2011)

O iacutendice Apgar tem sido pouco utilizado para avaliar a qualidade de assistecircncia ao parto sendo

considerado um indicador pontual aleacutem de natildeo ser utilizado para determinar o iniacutecio da

reanimaccedilatildeo neonatal No entanto sua aplicaccedilatildeo permite avaliar a resposta do neonato agraves

manobras realizadas e a eficaacutecia dessas manobras O Apgar no quinto minuto eacute mais utilizado

36

para avaliaccedilatildeo da adaptaccedilatildeo do RN por melhor representa-la se comparado ao Apgar de

primeiro minuto Se o escore eacute inferior a 7 no 5ordm minuto recomenda-se realizaacute-lo a cada cinco

minutos ateacute 20 minutos de vida Eacute necessaacuterio documentar o escore de Apgar de maneira

concomitante agrave dos procedimentos de reanimaccedilatildeo executados (SBP 2011)

Eacute importante considerar que um Apgar baixo natildeo eacute necessariamente resultado de uma

assistecircncia ao parto e ao neonato inadequada assim como um bom iacutendice de Apgar natildeo indica

boa qualidade assistencial ao binocircmio Este iacutendice entretanto eacute um bom indicador para

resultados perinatais a longo prazo aleacutem de ser considerado importante preditor da avaliaccedilatildeo

do bem-estar e do prognoacutestico inicial do receacutem-nascido A avaliaccedilatildeo imediata do RN pode ser

feita por pediatra ou outro profissional capacitado para prestar a assistecircncia necessaacuteria desde

o suporte baacutesico ateacute a reanimaccedilatildeo neonatal Na maternidade do HRTN o pediatra eacute o

profissional responsaacutevel pela assistecircncia ao RN na sala de parto A instituiccedilatildeo possui UTI

neonatal para onde satildeo encaminhados os RN que necessitam de cuidados especiacuteficos Os

neonatos que apresentam boa vitalidade satildeo colocados em contato pele a pele com as matildees e

apoacutes permanecem em alojamento conjunto ateacute a alta

Pela SMSA-BH a meta de Apgar lt7 no quinto minuto eacute no maacuteximo 3 Este indicador variou

entre 08 em fevereiro de 2014 a 24 em novembro de 2013 considerando todos os partos

realizados na instituiccedilatildeo no mesmo periacuteodo do estudo ou seja esteve sempre dentro da meta

estabelecida

No presente estudo as dados sobre escore de Apgar foram divididos em Apgar lt7 (644) e gt7

(9356) no primeiro minuto lt7 (084) e gt 7 (9916) no quinto minuto Tais dados mostram

que a quase totalidade dos RN apresentava boas condiccedilotildees de vitalidade no primeiro e quinto

minuto A este dado se associa o incentivo e a alta taxa de contato pele a pele precoce sendo

um dos fatores que contribuem para melhor adaptaccedilatildeo a vida extrauterina aleacutem de assistecircncia

qualificada aos RN que necessitam de cuidados especiacuteficos ou reanimaccedilatildeo

37

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Os resultados deste estudo evidenciam que a assistecircncia ao parto prestada pelas residentes

em enfermagem obsteacutetrica foi coerente com as recomendaccedilotildees de boas praacuteticas em todos os

aspectos analisados consolidando as evidecircncias literaacuterias sobre a assistecircncia ao parto

promovida por enfermeiras obstetras Foi possiacutevel observar maioria de partos em posiccedilotildees

verticalizadas uso seletivo de episiotomia com baixa incidecircncia de laceraccedilotildees perineais

graves alto iacutendice de contato pele a pele presenccedila de acompanhante na maioria dos partos

baixas taxas de analgesia farmacoloacutegica e escores de Apgar que demonstram boa vitalidade

fetal em quase todos os receacutem-nascidos Diante do exposto eacute possiacutevel concluir que a atuaccedilatildeo

das enfermeiras residentes em enfermagem obsteacutetrica contribuiu para a obtenccedilatildeo de

resultados obsteacutetricos e neonatais favoraacuteveis na maternidade do HRTN

Devido agrave forma de organizaccedilatildeo e registro dos procedimentos no livro utilizado para coleta de

dados natildeo foi possiacutevel avaliar algumas praacuteticas obsteacutetricas tais como uso de ocitocina

amniotomia oferta de meacutetodos natildeo farmacoloacutegicos para aliacutevio da dor oferta de liacutequidos

durante o trabalho de parto e uso de partograma Estes dados seriam importantes para uma

anaacutelise mais detalhada sobre a assistecircncia ao parto Os dados institucionais fornecidos pela

coordenaccedilatildeo da maternidade forneceram uma dimensatildeo de algumas destas praacuteticas na

maternidade contudo natildeo foi possiacutevel neste estudo avaliar quantitativamente tais

procedimentos somente nos partos assistidos por enfermeiras residentes Sugere-se ampliaccedilatildeo

dos indicadores no livro de registro e padronizaccedilatildeo no seu preenchimento para melhor

qualificaccedilatildeo dos dados da assistecircncia ao parto prestada elas enfermeiras obstetrasresidentes

A capacitaccedilatildeo profissional no modelo de residecircncia eacute intensa e exige dedicaccedilatildeo A extensa

carga horaacuteria praacutetica aliada agrave teoria satildeo determinantes para uma formaccedilatildeo qualificada e

humana das enfermeiras residentes A possibilidade de atuar efetivamente na assistecircncia em

conjunto com outras categorias profissionais enriquece a formaccedilatildeo abrangendo diferentes

fases e situaccedilotildees do ciclo graviacutedico-puerperal Eacute importante salientar que a capacitaccedilatildeo das

enfermeiras obstetras nesta modalidade pioneira de residecircncia soacute foi possiacutevel graccedilas ao

estiacutemulo governamental com recursos provenientes do programa Rede Cegonha e os

esforccedilos conjuntos da Escola de Enfermagem da UFMG e demais instituiccedilotildees envolvidas

38

Os resultados deste estudo evidenciam a incorporaccedilatildeo do modelo assistencial humanizado e

baseado em evidecircncias cientiacuteficas pela equipe do HRTN O modelo colaborativo de assistecircncia

obsteacutetrica pode gerar resultados favoraacuteveis e promissores com as atuaccedilotildees complementares

entre as diferentes categorias profissionais A praacutetica supervisionada durante todo o processo

de formaccedilatildeo e a avaliaccedilatildeo constante das habilidades adquiridas pelas residentes satildeo

fundamentais para a consolidaccedilatildeo do conhecimento para maior seguranccedila das aprendizes e

para a oferta de uma assistecircncia qualificada e humanizada a mulher receacutem nascido e famiacutelia

A instituiccedilatildeo que acolhe as enfermeiras residentes obteacutem retorno positivo pois a atuaccedilatildeo

preceptorada das mesmas resulta em assistecircncia qualificada que atende a perspectiva da

praacutetica baseada em evidecircncia cientiacutefica segura com baixo custo e bons resultados obsteacutetricos

e neonatais Os resultados da atuaccedilatildeo das enfermeiras residentes refletem o modelo

institucional incorporado o qual eacute transmitido as residentes pelos preceptores O incentivo a

formaccedilatildeo de enfermeiras obstetras eacute fundamental para o fortalecimento desta categoria

profissional para maior inserccedilatildeo destas profissionais em espaccedilos aonde a assistecircncia ao parto

ainda eacute meacutedico-centrada e para mudanccedila do modelo obsteacutetrico hegemocircnico nacional

39

REFEREcircNCIAS

ACOG- American College of Obstetricians and Gynecologists- Committee opinion no 560 Medically indicated late-preterm and early-term deliveries Obstet Gynecol 2013 121908-10

AMORIM MMR SOUZA ASR PORTO AAF Indicaccedilotildees de cesariana baseadas em evidecircncias parte I FEMINA v 38 n 8 p 415-422 2010

AMORIM T e GUALDA DMR Coadjuvantes das mudanccedilas no contexto do ensino e da praacutetica da enfermagem obsteacutetrica Rev Rene Fortaleza 2011 outdez 12(4)833-40

BARBOSA R F et al Reanimaccedilatildeo Neonatal in ALVES FILHO N et al Perinatologia Baacutesica 3a ediccedilatildeo Guanabara Koogan Rio de Janeiro Cap21 p172 2006

BATALHA E O lugar das Enfermeiras e Obstetrizes Revista RADIS Ed 148 Jan 2015 P30 a 34

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Parto aborto e puerpeacuterio assistecircncia humanizada a mulher Brasiacutelia DF 2001

BRASIL Lei 11108 de 7 de abril de 2005 Altera a Lei 8080 de 19 de setembro de 1990 para garantir as parturientes o direito a presenccedila de acompanhante durante o trabalho de parto parto e poacutes-parto imediato no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede ndash SUS Brasiacutelia DF 07 abr 2005

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede Departamento de Accedilotildees Programaacuteticas Estrateacutegicas Aacuterea Teacutecnica de Sauacutede da Mulher Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos uma prioridade do governoMinisteacuterio da Sauacutede Secretaria de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede Departamento de Accedilotildees Programaacuteticas Estrateacutegicasndash Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 2005

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Poliacutetica Nacional de Planejamento Familiar Brasiacutelia DF 2007

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Portaria nordm 1459 de 24 de Junho de 2011 Institui no Sistema Uacutenico de Sauacutede SUS a Rede Cegonha Disponiacutevel em

httpbvsmssaudegovbrbvssaudelegisgm2011prt1459_24_06_2011html Acesso

em 18 de Abril de 2014

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Iniciativa hospital amigo da crianccedila revista atualizada e ampliada para o cuidado integrado Brasiacutelia DF 2010

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Poliacutetica nacional de atenccedilatildeo integral a sauacutede da mulher princiacutepios e diretrizes Brasiacutelia DF 2011

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede Departamento de Atenccedilatildeo Baacutesica Atenccedilatildeo ao preacute-natal de baixo risco Ministeacuterio da Sauacutede Departamento de Atenccedilatildeo

40

Baacutesica ndash Brasiacutelia Editora do Ministeacuterio da Sauacutede 2012 318 p il ndash (Seacuterie A Normas e Manuais Teacutecnicos) (Cadernos de Atenccedilatildeo Baacutesica ndeg 32)

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em Sauacutede Departamento de Anaacutelise de Situaccedilatildeo de Sauacutede Sauacutede Brasil 2011 uma anaacutelise da situaccedilatildeo de sauacutede e a vigilacircncia da sauacutede da mulher Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em Sauacutede Departamento de Anaacutelise de Situaccedilatildeo de Sauacutede ndash Brasiacutelia Editora do Ministeacuterio da Sauacutede 2012 444 p il

BRASIL Presidecircncia da Repuacuteblica Objetivos de Desenvolvimento do Milecircnio Relatoacuterio Nacional de Acompanhamento Coordenaccedilatildeo Instituto de Pesquisa Econocircmica Aplicada e Secretaria de Planejamento e Investimentos Estrateacutegicos supervisatildeo Grupo Teacutecnico para o acompanhamento dos ODM - Brasiacutelia Ipea MP SPI 2014 208 p il graacutefs mapas color

NASCER NO BRASIL inqueacuterito sobre parto e nascimento Cadernos de Sauacutede Puacuteblica Vol30 supl1 Rio de Janeiro 2014 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophpscript=sci_issuetocamppid=0102 Acesso em 15 de junho de 2015

CAVALCANTIPCS GARIBALDI D Jr VASONCELOS ALR Guerrero AVP Um modelo loacutegico da Rede Cegonha Physis Revista de Sauacutede Coletiva Rio de Janeiro 2013 23 [4] 1297-1316 CESAR JA et al Caracteriacutesticas sociodemograacuteficas e de assistecircncia a gestaccedilatildeo e ao parto no extremo sul do Brasil Cad Sauacutede Puacuteblica v 27 n 5 p 985-994 2011 DOMINGUES RMSM SANTOS EMS Leal MC Aspectos da satisfaccedilatildeo das mulheres com a assistecircncia ao parto contribuiccedilatildeo para o debate Cad Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro 2004 20 Sup 1S52-S62 COFEN Decreto nordm 9440687 Regulamentaccedilatildeo da Lei 749886 Fonte PORTAL EDUCACcedilAtildeO Disponiacutevel em httpwwwportaleducacaocombrenfermagemartigos1735decreto-n-94406-87-regulamentacao-da-lei-n-7498-865ixzz3duAFhlYV Acesso em 23062015 GRAVENA AAF PAULA MG MARCON SS CARVALHO MDB PELLOSO SM Idade materna e fatores associados a resultados perinatais Acta Paul Enferm 2013 26(2)130-5 IBGE Projeccedilatildeo da Populaccedilatildeo do Brasil - 2013 Disponiacutevel em

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31102014 MOORE ER et al Early skin-to-skin contact for mothers and their healthy newborn infants The Cochrane Library n 12 2012 Disponiacutevel em lthttpcochranebvsaludorgdocphpdb=reviewsampid=CD003519gt Acessado em 15 de outubro de 2014 MOUTA RJO et al Relaccedilatildeo entre posiccedilatildeo adotada pela mulher no parto integridade perineal e vitalidade do receacutem-nascido Rev Enferm UERJ v 16 n 4 p 472-476 2008

41

ORGANIZACcedilAtildeO MUNDIAL DA SAUacuteDE Care in normal birth a practical guide Geneva 1996 53p ORGANIZACcedilAtildeO MUNDIAL DE SAUacuteDE ndash Objetivos de Desenvolvimento do Milecircnio

httpwwwwhointeportuguesepublicationspt Acesso em 09032015

PORTO AMF AMORIM MMR SOUZA ASR Assistecircncia ao primeiro periacuteodo do trabalho de parto baseada em evidecircncias FEMINA v 38 n 10 2010

RABELO LR OLIVEIRA DL Percepccedilotildees de enfermeiras obsteacutetricas sobre sua competecircncia na atenccedilatildeo ao parto normal hospitalar Rev Esc Enferm USP 2010 44(1)213-20 RAMOS HAC CUMAN RKN Fatores de risco para prematuridade pesquisa documental Esc Anna Nery Rev Enferm 2009 abr-jun 13 (2) 297-304 RIESCO MLG et al Episiotomia laceraccedilatildeo e integridade perineal em partos normais anaacutelise de fatores associados Rev Enferm UERJ v 19 n1 p 77-83 2011

REZENDE J Obstetriacutecia fundamental 2 ed Rio de Janeiro Guanabara Koogan 2005

ROCHA CR FONSECA LC Assistecircncia do enfermeiro obstetra a mulher parturiente em busca do respeito a natureza Rev de Pesq cuidado eacute fundamental v 2 n 2 p 807-816 2010

SANTOS NCP VOGTSE PIMENTA AM DUARTE ED MADEIRA LM ABREU MNS et al Resultados maternos y neonatales en el trabajo de parto y parto de adolescentes admitidas en un Centro de Parto Normal brasileiro Adolesc Saude 201411(3)39-50

SILVA LM et al Uso da bola suiacuteccedila no trabalho de parto Acta Paul Enferm 201124(5)656-62

SILVA JLCP SURITA FGC Idade materna resultados perinatais e via de parto Rev Bras Ginecol Obstet 2009 31(7) 321 ndash 5

SBP- Sociedade Brasileira de Pediatria Programa de reanimaccedilatildeo neonatal da Sociedade Brasileira de Pediatria Condutas 2011 27p

SOUSA AMM Praacuteticas obsteacutetricas na assistecircncia ao parto e nascimento em uma maternidade de Belo Horizonte Tese de mestrado Escola de Enfermagem da Universidade Federal de Minas Gerais Belo Horizonte 2013

SOUZA DOM Partos assistidos por enfermeiras praacuteticas obsteacutetricas realizadas no ambiente hospitalar no periacuteodo de 2004 a 2008 2011 84f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) Faculdade de Enfermagem da Universidade do Estado do Rio de Janeiro Rio de Janeiro RJ 2011

SOGC ndash Society of Obstetricians and Gynecologists of Canada Guidelines for the Management of Pregnancy at 41+0 to 42+0 Weeks JOGC september 2008

42

VOGT SE et al Caracteriacutesticas da assistecircncia ao trabalho de parto em trecircs modelos de atenccedilatildeo no SUS no Municiacutepio de Belo Horizonte Minas Gerais Brasil Cad Sauacutede Puacuteblica v 27 n 9 p 1789-1800 2011

ANEXO 1

RECOMENDACcedilOtildeES DE BOAS PRAacuteTICAS DE ASSISTEcircNCIA AO PARTO SEGUNDO

CLASSIFICACcedilAtildeO DO MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2001

CATEGORIA A - PRAacuteTICAS DEMONSTRADAMENTE UacuteTEIS E QUE DEVEM SER

ESTIMULADAS

Plano individual determinando onde e por quem o nascimento seraacute realizado feito em

conjunto com a mulher durante a gestaccedilatildeo e comunicado a seu maridocompanheiro

Avaliaccedilatildeo do risco gestacional durante o preacute-natal reavaliado a cada contato com o

sistema de sauacutede

Respeito agrave escolha da matildee sobre o local do parto

Fornecimento de assistecircncia obsteacutetrica no niacutevel mais perifeacuterico onde o parto for viaacutevel e

seguro e onde a mulher se sentir segura e confiante

Respeito ao direito da mulher agrave privacidade no local do parto

Apoio empaacutetico pelos prestadores de serviccedilo durante o trabalho de parto e parto

Respeito agrave escolha da mulher sobre seus acompanhantes durante o trabalho de parto e

parto

Fornecimento agraves mulheres sobre todas as informaccedilotildees e explicaccedilotildees que desejarem

Oferta de liacutequidos por via oral durante o trabalho de parto e parto

Monitoramento fetal por meio de ausculta intermitente

43

Monitoramento cuidadoso do progresso do parto por exemplo por meio do uso do

partograma da OMS

Monitoramento do bem-estar fiacutesico e emocional da mulher durante trabalho e parto e ao

teacutermino do processo de nascimento

Meacutetodos natildeo invasivos e natildeo farmacoloacutegicos de aliacutevio da dor como massagem e

teacutecnicas de relaxamento durante o trabalho de parto

Liberdade de posiccedilatildeo e movimento durante o trabalho de parto

Estiacutemulo a posiccedilotildees natildeo supinas durante o trabalho de parto

Uso rotineiro de ocitocina clampeamento tardio (1 a 3 minutos apoacutes o nascimento) e

traccedilatildeo controlada do cordatildeo durante o 3o estaacutegio do trabalho de parto

Condiccedilotildees esteacutereis ao cortar o cordatildeo

Prevenccedilatildeo da hipotermia do bebecirc

Contato pele a pele precoce entre matildee e filho e apoio ao iniacutecio da amamentaccedilatildeo na

primeira hora apoacutes o parto segundo as diretrizes da OMS sobre Aleitamento Materno

Exame rotineiro da placenta e membranas ovulares

CATEGORIA B - PRAacuteTICAS CLARAMENTE PREJUDICIAIS OU INEFICAZES E QUE DEVEM

SER ELIMINADAS

Uso rotineiro de enema

Uso rotineiro de tricotomia

Infusatildeo intravenosa de rotina no trabalho de parto

Cateterizaccedilatildeo venosa profilaacutetica de rotina

Uso rotineiro de posiccedilatildeo supina (decuacutebito dorsal) durante o trabalho de parto

44

Exame retal

Uso de pelvimetria por Raios-X

Amniotomia precoce de rotina para diminuir a duraccedilatildeo do trabalho de parto

Administraccedilatildeo de ocitoacutecitos em qualquer momento antes do parto de um modo que natildeo

permite controlar seus efeitos

Uso de rotina da posiccedilatildeo de litotomia com ou sem estribos durante o trabalho de parto

Esforccedilo de puxo prolongado e dirigido (manobra de Valsalva) durante o segundo

estaacutegio do trabalho de parto

Massagem e distensatildeo do periacuteneo durante o segundo estaacutegio do trabalho de parto

Uso liberal e rotineiro de episiotomia

Uso de comprimidos orais de ergometrina no terceiro estaacutegio do trabalho de parto com

o objetivo de evitar ou controlar hemorragias

Uso rotineiro de ergometrina parenteral no terceiro estaacutegio do trabalho de parto

Lavagem uterina rotineira apoacutes o parto

Revisatildeo uterina (exploraccedilatildeo manual) rotineira apoacutes o parto

CATEGORIA C - PRAacuteTICAS SEM EVIDEcircNCIAS SUFICIENTES PARA APOIAR UMA

RECOMENDACcedilAtildeO CLARA E QUE DEVEM SER UTILIZADAS COM CAUTELA ATEacute QUE

MAIS PESQUISAS ESCLARECcedilAM A QUESTAtildeO

Meacutetodos natildeo farmacoloacutegicos de aliacutevio de dor durante o trabalho parto como ervas

imersatildeo em aacuteguas e estimulaccedilatildeo dos nervos

Amniotomia e ocitocina precoce de rotina no primeiro estaacutegio do trabalho de parto para

prevenccedilatildeo de progresso inadequado do parto

Pressatildeo do fundo uterino durante o trabalho de parto

45

Manobras relacionadas agrave proteccedilatildeo do periacuteneo e ao manejo do poacutelo cefaacutelico no

momento do parto

Manipulaccedilatildeo ativa do feto no momento do parto

Estimulaccedilatildeo do mamilo para estimular a contratilidade uterina durante o terceiro estaacutegio

do trabalho de parto

CATEGORIA D - PRAacuteTICAS FREQUENTEMENTE USADAS DE MODO INADEQUADO

Restriccedilatildeo hiacutedrica e alimentar durante o trabalho de parto

Controle da dor por agentes sistecircmicos

Controle da dor por analgesia peridural

Monitoramento eletrocircnico fetal

Uso de maacutescaras e aventais esteacutereis durante a assistecircncia ao trabalho de parto

Exames vaginais repetidos ou frequumlentes especialmente por mais de um prestador de

serviccedilo

Correccedilatildeo da dinacircmica com utilizaccedilatildeo de ocitocina

Transferecircncia rotineira da parturiente para outra sala no iniacutecio do segundo estaacutegio do

trabalho de parto

Cateterizaccedilatildeo da bexiga

Estiacutemulo para o puxo quando se diagnostica dilataccedilatildeo cervical completa ou quase

completa antes que a mulher sinta o puxo involuntaacuterio

Clampeamento precoce do cordatildeo umbilical

Adesatildeo riacutegida a uma duraccedilatildeo estipulada do 2deg estaacutegio do trabalho de parto

Parto operatoacuterio e exploraccedilatildeo manual do uacutetero apoacutes o parto

46

ANEXO 2

47

48

ANEXO 3

49

Page 9: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS ESCOLA DE ENFERMAGEM … FINAL ANA … · inserção do estudo foi: partos assistidos por residentes em enfermagem obstétrica, independente se

9

Para atender a demanda de formaccedilatildeo destas profissionais foi criado o Programa Nacional de

Residecircncia em Enfermagem Obstetriacutecia (PRONAENF) uma iniciativa inovadora do governo

federal que forma enfermeiras obsteacutetricas nas regiotildees que aderiram agrave estrateacutegia Rede

Cegonha Participaram inicialmente 18 instituiccedilotildees de ensino em 13 unidades da federaccedilatildeo

com 156 bolsas financiadas pelo Ministeacuterio da Sauacutede e pelo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Os

profissionais atuam desde o preacute-natal e parto ateacute o nascimento e poacutes-parto dentro do

preconizado pela Rede Cegonha A estrateacutegia visa intensificar a assistecircncia integral agrave sauacutede

das mulheres e crianccedilas do planejamento reprodutivo ndash passando pela confirmaccedilatildeo da

gravidez parto puerpeacuterio ndash ateacute o segundo ano de vida do filho (BRASIL 2012)

Em marccedilo de 2013 a Escola de Enfermagem da Universidade Federal de Minas Gerais (EE-

UFMG) iniciou a primeira turma de residentes com 24 participantes desenvolvendo o ensino

cliacutenico em quatro campos de praacutetica Hospital das Cliacutenicas da UFMG (HC-UFMG) Hospital

Universitaacuterio Risoleta Tolentino Neves (HRTN) Hospital Sofia Feldman (HSF) sendo estas no

acircmbito hospitalar e Unidades de Sauacutede da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) no acircmbito da

atenccedilatildeo baacutesica Divididas entre os campos 24 enfermeiras residentes cumpriram carga horaacuteria

de 60 horas semanais sendo 48 horas de plantotildees e 12 horas de aulas teoacutericas na EEUFMG

Para Amorim e Gualda (2011) as mudanccedilas no modelo de ensino da enfermagem obsteacutetrica

satildeo fundamentais para a formaccedilatildeo ampla e de qualidade tanto no aspecto teoacuterico quanto

praacutetico Isso contribui para o desenvolvimento da atuaccedilatildeo competente e para o enfrentamento

do modelo assistencial hegemocircnico

O Programa de Residecircncia em Enfermagem Obsteacutetrica coordenado pela EEUFMG tem sido

desenvolvido em concordacircncia com estes princiacutepios e apesar das atividades praacuteticas terem

sido iniciadas em marccedilo de 2013 ateacute o momento natildeo foi realizada uma pesquisa para avaliar a

praacutetica obsteacutetrica das residentes na atenccedilatildeo ao parto normal nas maternidades envolvidas A

importacircncia da inserccedilatildeo das enfermeiras obstetras na assistecircncia a mulher em todo ciclo

graviacutedico puerperal na atenccedilatildeo ao parto normal na transformaccedilatildeo do modelo obsteacutetrico

hegemocircnico e na implementaccedilatildeo da praacutetica obsteacutetrica baseada em evidecircncias cientiacuteficas

confere relevacircncia a enfermagem obsteacutetrica como campo de pesquisa Considerando este

10

contexto propotildee-se um estudo sobre a assistecircncia ao parto normal prestada pelas enfermeiras

residentes da primeira turma da EE-UFMG na maternidade do Hospital Risoleta Tolentino

Neves na perspectiva de aprimorar o ensino a assistecircncia e a atuaccedilatildeo de futuras residentes

OBJETIVO

Descrever os indicadores resultantes da assistecircncia ao parto normal prestada pelas

enfermeiras residentes em enfermagem obsteacutetrica da primeira turma da Escola de Enfermagem

da UFMG na maternidade do Hospital Risoleta Tolentino Neves em Belo Horizonte no periacuteodo

de abril de 2013 a abril de 2014

METODOLOGIA

Estudo quantitativo restrospectivo desenvolvido na maternidade do HRTN em Belo Horizonte-

MG no periacuteodo de abril de 2013 a abril de 2014

Cenaacuterio

O Hospital Risoleta Tolentino Neves (HRTN) foi escolhido para este estudo dentre as demais

instituiccedilotildees de praacutetica da residecircncia por ser uma maternidade de referecircncia regional para

gestaccedilotildees de risco habitual por ter enfermeiras obstetras inseridas diretamente na assistecircncia

ao parto normal e por estar recebendo a primeira turma de residentes em enfermagem

obsteacutetrica na histoacuteria da instituiccedilatildeo

O hospital estaacute localizado na regiatildeo Norte de Belo Horizonte e mantem uma parceria de ensino

com a UFMG desde sua criaccedilatildeo A maternidade foi inaugurada em 30 de julho de 2007 e tem

como princiacutepio uma assistecircncia humanizada em que se valoriza o trabalho em equipe e um

ambiente que proporcione a mulher um atendimento diferenciado e com total seguranccedila Satildeo

assistidos em meacutedia 270 partos por mecircs com taxas de parto normal em torno de 80 Eacute

composta por dois leitos de pronto atendimento obsteacutetrico (admissatildeo) dois leitos de preacute-parto

(PP) trecircs leitos de PPP (preacutepartopoacutes) uma sala de litotomia e um centro ciruacutergico O

alojamento conjunto eacute composto por 25 leitos que recebem pueacuterperas receacutem-nascidos assim

11

como gestantes em tratamento cliacutenico 4 leitos ldquoCangururdquo para RN em ganho de peso 4 leitos

de internaccedilatildeo social para receber matildees com filhos internados na unidade de cuidados

progressivos aleacutem de uma Unidade de Cuidados Intensivos Neonatal (UCIN) A equipe de

enfermagem eacute composta por uma coordenadora 11 enfermeiras assistenciais 12 enfermeiras

obstetras e 54 teacutecnicos de enfermagem (PORTAL HRTN 2013)

As enfermeiras residentes atuam no centro obsteacutetrico em conjunto com equipe

multiprofissional a qual eacute composta por meacutedicos obstetras meacutedicos residentes em ginecologia

e obstetriacutecia anestesistas pediatras enfermeiras obstetras enfermeiros assistenciais e

teacutecnicos de enfermagem aleacutem de acadecircmicos de enfermagem e medicina da UFMG que

estagiam nesta instituiccedilatildeo Cada plantatildeo diurno ou noturno conta com duas enfermeiras

residentes que se dividem entre o bloco obsteacutetrico e o alojamento conjunto atuando

exclusivamente no local escalado portanto em todos os plantotildees haacute pelo menos uma

residente de enfermagem obsteacutetrica atuando na assistecircncia ao parto normal nesta

maternidade

A equipe presta assistecircncia baseada nos princiacutepios da humanizaccedilatildeo e do modelo colaborativo

Este modelo consiste na atuaccedilatildeo conjunta onde cada parte respeita a atuaccedilatildeo individual dos

membros da equipe que trabalha com metas e objetivos comuns As mulheres e suas famiacutelias

recebem acompanhamento multiprofissional com praacuteticas obsteacutetricas majoritariamente

baseadas em evidecircncias cientiacuteficas e na humanizaccedilatildeo da assistecircncia As parturientes satildeo

assistidas tanto por enfermeiras obstetras como por meacutedicos obstetras em todas as fases da

internaccedilatildeo A assistecircncia eacute compartilhada entre as diferentes categorias profissionais em

situaccedilotildees que variam desde a induccedilatildeo do trabalho de parto assistecircncia durante o trabalho de

parto parto nascimento ateacute o puerpeacuterio Os casos satildeo acompanhados de forma

compartilhada havendo comunicaccedilatildeo entre os membros da equipe Os partos normais podem

ser assistidos por residentes tanto enfermeiros como meacutedicos e ambos podem ser

preceptorados por enfermeiras obstetras ou meacutedicos obstetras o que permite uma atuaccedilatildeo

complementar entre as categorias que traz benefiacutecios ao serviccedilo e agrave parturiente Todos os

partos assistidos por enfermeiras obstetras satildeo registrados em um livro denominado ldquolivro de

registro de partos assistidos pelas enfermeiras obstetrasrdquo Os partos assistidos por residentes

em enfermagem obsteacutetrica tambeacutem satildeo registrados neste livro independente da preceptoria

12

mas eacute importante considerar que estes satildeo em sua maioria preceptorados por enfermeiras

obstetras

Fonte e coleta de dados

A fonte de informaccedilotildees para este estudo foi o ldquolivro de registro de partos assistidos pelas

enfermeiras obstetrasrdquo Os dados nele registrados satildeo data hora do parto nome da paciente

idade paridade idade gestacional posiccedilatildeo de parto realizaccedilatildeo de episiotomia e contato pele a

pele presenccedila de acompanhante se a parturiente recebeu analgesia e qual o tipo (peridural

raquianestesia) se houve laceraccedilatildeo perineal e qual o grau escore de Apgar do RN nome dos

profissionais que assistiram ao parto

O banco de dados foi constituiacutedo por 1434 partos registrados no livro no periacuteodo de treze

meses (abril de 2013 a abril de 2014) Os dados de cada parto foram digitados na iacutentegra no

programa Epi-Info versatildeo 353 Apoacutes a digitaccedilatildeo foram selecionados somente os partos que

atendiam ao criteacuterio para inserccedilatildeo no estudo parto assistido por residente em enfermagem

obsteacutetrica independente se preceptorado por enfermeira obstetra ou por meacutedico obstetra A

partir daiacute delimitou-se a populaccedilatildeo final deste estudo que foi de 714 partos Os dados natildeo

informados de cada variaacutevel foram excluiacutedos da amostra exceto na variaacutevel idade gestacional

Variaacuteveis de interesse

Apoacutes ter sido identificada a populaccedilatildeo deste estudo foram selecionadas onze variaacuteveis de

interesse sendo elas idade materna nuacutemero de gestaccedilotildees paridade idade gestacional

posiccedilatildeo do parto episiotomia contato pele a pele presenccedila de acompanhante analgesia

farmacoloacutegica laceraccedilatildeo perineal e escore de Apgar

A idade das mulheres assistidas pelas enfermeiras residentes foi classificada dentro do

intervalo de idade reprodutiva da seguinte forma

Entre 10 e 14 anos (adolescentes precoces)

Entre 15 e 19 anos (adolescentes)

13

Entre 20 e 34 anos (adultas jovens)

Acima de 35 anos (idade tardia)

Com relaccedilatildeo agrave paridade as mulheres foram divididas em primiacuteparas e multiacuteparas

No que se refere ao nuacutemero de gestaccedilotildees foram classificadas em primigestas secundigestas

tercigestas ou que tiveram quatro gestaccedilotildees anteriores ou mais

Com relaccedilatildeo aacute idade gestacional no parto a classificaccedilatildeo neste estudo foi

Preacute-termo (lt37 semanas)

Termo (entre 37 semanas e 41 semanas+6 dias)

Poacutes-termo (gt42 semanas)

Idade gestacional desconhecida natildeo informada

Na variaacutevel posiccedilatildeo de parto foram consideradas as seguintes posiccedilotildees semi-sentada sentada

no banquinho de coacutecoras em decuacutebito dorsal posiccedilatildeo litotocircmica em Gaskin decuacutebito lateral

em peacute e ajoelhada Em relaccedilatildeo agrave episiotomia contato pele a pele e presenccedila de

acompanhantes os dados foram classificados em SimNatildeo Quanto agraves laceraccedilotildees perineais foi

feita a seguinte classificaccedilatildeo periacuteneo iacutentegro laceraccedilatildeo de primeiro grau de segundo grau de

terceiro grau e de quarto grau Os dados sobre escore de Apgar foram divididos em lt7 e gt 7 no

primeiro e quinto minutos

Anaacutelise dos dados

As variaacuteveis foram submetidas agrave anaacutelise descritiva com caacutelculo da frequecircncia absoluta e

relativa para as variaacuteveis categoacutericas e de meacutedia e desvio padratildeo para as variaacuteveis contiacutenuas

Para o processamento e anaacutelise dos dados utilizou-se o software STATA (versatildeo 90)

14

Aspectos eacuteticos

Para realizaccedilatildeo do estudo o projeto de pesquisa teve aprovaccedilatildeo da Coordenaccedilatildeo do Programa

de Residecircncia em Enfermagem Obsteacutetrica da Escola de Enfermagem da Universidade Federal

de Minas Gerais

O estudo teve a anuecircncia da coordenaccedilatildeo da maternidade e foi aprovado pelo Nuacutecleo de

Ensino e Pesquisa (NEPE) do HRTN em 06082014 pelo parecer nordm 252014 conforme consta

no ANEXO 2

Foi aprovado pela Cacircmara Departamental do Departamento de Enfermagem Materno Infantil

(EMI) da EEUFMG em 10112014 conforme consta no ANEXO 3

RESULTADOS

No periacuteodo de treze meses de abril de 2013 a abril de 2014 foram registrados no livro 1434

partos Destes 714 foram com a participaccedilatildeo das residentes em enfermagem obsteacutetrica

representando 498 do total Os demais 720 partos (excluiacutedos da amostra) foram assistidos

pelas enfermeiras obstetras sozinhas ou com participaccedilatildeo de residentes em ginecologia e

obsteacutetrica acadecircmicos de enfermagem e medicina

Os resultados e sua distribuiccedilatildeo entre a variaacuteveis analisadas estatildeo representados nas tabelas a

seguir

15

TABELA 1

Perfil das gestantes assistidas por residentes em enfermagem obsteacutetrica em relaccedilatildeo a

idade materna paridade nuacutemero de gestaccedilotildees e idade gestacional Belo Horizonte MG

Variaacuteveis n

Idade Materna (anos)

10 ndash 14 6 08

15 ndash 19 144 202

20 - 34 498 695

gt 35 57 79

Paridade

Primiacuteparas 315 441

Multiacuteparas 398 557

Nuacutemero de Gestaccedilotildees

1 283 396

2 213 298

3 102 143

4 ou mais 115 161

Idade Gestacional

Preacute-termo (lt37 semanas) 45 63

Termo (37 - 41 semanas) 643 900

Poacutes-termo (gt 42 semanas) 3 04

Desconhecida natildeo informada 23 32

Variaacutevel N Meacutedia Desvio Padratildeo Miacutenimo Maacuteximo

Idade Gestacional 714 38 15 24 42

Idade Materna 705 24 60 14 44

16

Neste estudo a faixa etaacuteria predominante das mulheres assistidas por residentes em

enfermagem obsteacutetrica foi de adultas jovens com 695 seguida de adolescentes com 202

Os extremos etaacuterios adolescentes precoces e mulheres acima de 35 anos apareceram em

menor proporccedilatildeo sendo 08 e 79 respectivamente A meacutedia etaacuteria foi de 24 anos com

desvio padratildeo de 6 anos sendo que a menor idade encontrada entre as mulheres assistidas

por enfermeiras residentes foi 14 anos e a maior 44 anos

No que se refere ao nuacutemero de gestaccedilotildees o maior percentual foi de primigestas (396)

seguido das secundigestas (298) A partir daiacute observou-se diminuiccedilatildeo do percentual sendo

que tercigestas representaram 143 e o somatoacuterio das mulheres que tiveram quatro

gestaccedilotildees anteriores ou mais resultou em 161 O caso com maior nuacutemero de gestaccedilotildees

encontrado neste estudo foi de uma parturiente que estava em sua 13ordf gestaccedilatildeo

Com relaccedilatildeo agrave paridade as mulheres foram divididas em dois grupos primiacuteparas e multiacuteparas

sendo 441 e 557 respectivamente As mulheres que tiveram apenas uma gestaccedilatildeo ou

seja primigestas satildeo 396 e as primiacuteparas logo que natildeo tem partos vaginais anteriores satildeo

441 Isto evidencia que nem todas as primiacuteparas eram primigestas havendo abortamentos

ou gestaccedilotildees ectoacutepicas anteriores O somatoacuterio das mulheres que tiveram duas ou mais

gestaccedilotildees representou 602 Isso justifica o fato de haver maior percentual de multiacuteparas

quando se analisa paridade e ao mesmo tempo maior percentual de primigestas quando se

analisa nuacutemero de gestaccedilotildees entre as mulheres estudadas

17

TABELA 2

Indicadores da assistecircncia ao trabalho de parto e parto prestada pelas residentes em

enfermagem obsteacutetrica na maternidade do HRTN Belo Horizonte MG

Variaacuteveis N

Variaacuteveis n

Posiccedilatildeo do parto

Analgesia

Semi-sentada 462 647

Natildeo 587 822

Banquinho 120 168

Peridural 119 166

Coacutecoras 56 78

Raquidiana 8 11

Decuacutebito dorsal 23 32

Litotocircmica 20 28

Contato pele a pele

Sentada 9 12

Sim 674 944

Gaskin 7 09

Natildeo 34 47

Decuacutebito lateral 7 09

Em peacute 4 05

Acompanhante

Ajoelhada 2 02

Sim 686 960

Natildeo 27 37

Episiotomia

Sim 30 42

Apgar no 1ordm minuto

Natildeo 681 954

lt7 46 64

gt7 668 935

Laceraccedilatildeo

Natildeo 194 271

Apgar no 5ordm minuto

1ordm grau 329 460

lt7 6 08

2ordm grau 169 236

gt7 708 991

3ordm grau 20 28

4ordm grau 2 02

Variaacutevel N Meacutedia Desvio Padratildeo Miacutenimo Maacuteximo

Apgar no 1ordm minuto 714 83 13 0 10

Apgar no 5ordm minuto 714 93 07 0 10

18

Os resultados deste estudo mostram que a maioria dos partos assistidos por residentes em

enfermagem obsteacutetrica foram em posiccedilatildeo semi-sentada (647) as demais posiccedilotildees de parto

encontradas foram no banquinho (168) de coacutecoras (78) em decuacutebito dorsal (32) em

posiccedilatildeo litotocircmica (28) sentada (12) em Gaskin (09) em decuacutebito lateral (09) em

peacute (05) e ajoelhada (02) Considerando-se todas as posiccedilotildees de parto verticalizadas como

semi-sentada no banquinho Gaskin em peacute e ajoelhada encontrou-se uma taxa em torno de

92 de partos em posiccedilatildeo natildeo supina

A episiotomia foi realizada em apenas 420 dos partos Em 9538 dos casos as mulheres

foram poupadas deste procedimento Com relaccedilatildeo as laceraccedilotildees perineais a maioria das

mulheres apresentou laceraccedilotildees de primeiro grau (460) seguidas de periacuteneo iacutentegro

(271) Laceraccedilotildees de segundo grau acometeram 236 das mulheres Laceraccedilotildees graves

de terceiro grau (28) e de quarto grau (02) ocorreram em uma parcela pouco significativa

das mulheres assistidas pelas enfermeiras residentes

A analgesia farmacoloacutegica foi realizada em 177 das parturientes sendo em 166 por

teacutecnica peridural e 112 por teacutecnica raquidiana A analgesia farmacoloacutegica natildeo foi ofertada a

8221 das mulheres

O contato pele a pele na primeira hora de vida foi proporcionado a 9440 dos receacutem-

nascidos Em 47 a interaccedilatildeo pele a pele natildeo foi realizada

As parturientes contaram com a presenccedila de acompanhante familiar em 960 dos partos Os

partos sem acompanhante familiar representaram apenas 37

Os resultados sobre escore de Apgar foram gt7 no primeiro minuto em 935 dos neonatos e

gt7 no quinto minuto em 991 Tais dados mostram que a quase totalidade dos receacutem-

nascidos apresentava boas condiccedilotildees de vitalidade no primeiro e quinto minuto de vida

19

DISCUSSAtildeO

Idade materna Paridade Nuacutemero de gestaccedilotildees

Segundo o MS as mulheres em idade reprodutiva ou seja de 10 a 49 anos representam 65

do total da populaccedilatildeo feminina conformando um grupo social importante e que merece

atenccedilatildeo no que se refere agrave elaboraccedilatildeo de poliacuteticas de sauacutede (BRASIL 2011)

Silva (2009) cita que mulheres muito jovens ou muito idosas satildeo consideradas de maior risco

para resultados adversos e complicaccedilotildees gestacionais no parto e perinatais

A OMS considera gravidez na adolescecircncia aquela que ocorre em mulheres entre 10 e 19

anos sendo que gestantes com menos de 14 anos satildeo mais vulneraacuteveis e mais expostas agrave

morbimortalidade A gravidez na adolescecircncia estaacute relacionada aacute condiccedilotildees de escolaridade e

fatores socioeconocircmicos como escolaridade renda dentre outros e no que se refere aos

riscos os principais referidos por Santos at al (2014) satildeo prematuridade e baixo peso ao

nascer Jaacute Gravena (2013) refere que estatildeo relacionados agrave gravidez precoce riscos

aumentados ao receacutem-nascido de baixo peso ao nascer deficiecircncias de micronutrientes e

restriccedilatildeo do crescimento intrauterino levando a alteraccedilotildees na evoluccedilatildeo dessa gestaccedilatildeo e no

crescimento fetal o que pode resultar tambeacutem em parto prematuro

Cesar (2011) em estudo sobre gestaccedilatildeo na adolescecircncia encontrou 2018 de matildees

adolescentes e mostrou que estas estiveram de forma sistemaacutetica em desvantagem em

relaccedilatildeo agraves demais matildees tanto no que se refere a caracteriacutesticas socioeconocircmicas quanto na

assistecircncia recebida durante a gestaccedilatildeo e o parto Afirma que as adolescentes possuiacuteam pior

niacutevel de escolaridade e renda familiar viviam mais comumente sem companheiro realizaram

um menor nuacutemero de consultas de preacute-natal iniciaram estas consultas mais tardiamente

referiram com maior frequecircncia a presenccedila de anemia e corrimento vaginal patoloacutegico e foram

mais submetidas ao uso de foacutercipe e episiotomia Considerando-se as categorias adolescentes

precoces e adolescentes do presente estudo tem-se uma taxa de 210 proacutexima da

encontrada por Cesar (2011)

20

Mulheres entre 20 e 35 anos satildeo consideradas adultas jovens e apresentam resultados

obsteacutetricos e neonatais mais favoraacuteveis quando comparadas as adolescentes e a mulheres em

idade avanccedilada Neste estudo as adultas jovens representaram a maior parte da populaccedilatildeo

(695) Este achado corrobora para os resultados obsteacutetricos e neonatais favoraacuteveis aqui

verificados Gravena et al (2013) verificou em seu estudo que adolescentes e mulheres em

idade tardia tiveram probabilidade maior de parto cesaacutereo em relaccedilatildeo agraves adultas No que se

refere ao baixo peso ao nascer tanto as gestantes adolescentes quanto as em idade avanccedilada

apresentaram mais chance de possuiacuterem filhos receacutem-nascidos com baixo peso quando

comparadas as adultas

A taxa de fecundidade vem apresentando queda no Brasil nos uacuteltimos anos segundo dados do

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) em 2000 a taxa de fecundidade era de 24

filhos por mulher e em 2014 foi menor que 18 filhos por mulher (IBGE 2013) Dentre os vaacuterios

fatores que colaboraram para esta transiccedilatildeo na taxa de fecundidade encontram-se a

elaboraccedilatildeo e expansatildeo da estrateacutegia de sauacutede da famiacutelia e das poliacuteticas voltadas para a

mulher no ciclo graviacutedico puerperal principalmente a Poliacutetica Nacional de Direitos Sexuais e

Direitos Reprodutivos lanccedilada em 2005 e a Poliacutetica Nacional de Planejamento Familiar

elaborada em 2007 que permitiu as mulheres expansatildeo do acesso a informaccedilotildees sobre o

planejamento familiar reprodutivo e oferta de meacutetodos contraceptivos (BRASIL 2007)

Define-se gestaccedilatildeo tardia aquela que ocorre acima dos 35 anos e aquelas com mais de 45

anos satildeo consideradas gestaccedilotildees com idade materna avanccedilada Os nascimentos em mulheres

com 35 anos ou mais tem aumentado de forma consistente no Brasil tendecircncia observada

principalmente nos paiacuteses industrializados As mudanccedilas nos haacutebitos de vida como maior niacutevel

de escolaridade maior inserccedilatildeo no mercado de trabalho e na expectativa de vida da mulher

estimulam a postergaccedilatildeo do momento da primeira gravidez que acaba acontecendo em idades

superiores apoacutes serem atingidos outros objetivos de vida pessoais e profissionais Soma-se a

isso o advento da reproduccedilatildeo assistida que permite as mulheres engravidarem em idades mais

avanccediladas periacuteodo de comprovada diminuiccedilatildeo da fertilidade Haacute que se considerar que em

paiacuteses em desenvolvimento como o Brasil a maior parte das gestaccedilotildees tardias acontece em

situaccedilotildees de multiparidade o que tambeacutem envolve riscos (SILVA 2009)

21

A gestaccedilatildeo tardia apresenta risco similar a gestaccedilatildeo na adolescecircncia em alguns aspectos

conforme citado anteriormente e mais elevados em situaccedilotildees como abortamento espontacircneo

gravidez ectoacutepica anormalidades cromossocircmicas e malformaccedilotildees congecircnitas (SILVA 2009)

Gravena et al (2013) cita que nas mulheres com gestaccedilatildeo tardia tecircm sido observados mais

abortamentos espontacircneos e induzidos maior risco para mortalidade perinatal baixa vitalidade

do receacutem- nascido baixo peso ao nascer parto preacute-termo e fetos pequenos para idade

gestacional As gestaccedilotildees de mulheres de idade materna avanccedilada tecircm sido consideradas

como de alto risco em decorrecircncia principalmente da incidecircncia crescente de siacutendromes

hipertensivas ruptura prematura de membranas presenccedila de diabetes aleacutem de maior chance

do iacutendice de Apgar no quinto minuto ser menor que sete

Analisando os 1434 partos registrados no livro no mesmo periacuteodo e nos quais estatildeo incluiacutedos

os 714 partos das enfermeiras residentes o percentual de primiacuteparas e multiacuteparas foi de 415

e 583 respectivamente valores muito proacuteximos aos encontrados nos partos assistidos pelas

enfermeiras residentes

Idade gestacional

Conceitua-se gravidez preacute-termo aquela cuja idade gestacional encontra-se entre 22 e 37

semanas ou entre 154 a 259 dias (ACOG 2013) A prematuridade eacute um evento que afeta a

vida da famiacutelia e do RN de forma significativa envolvendo aspectos bioloacutegicos psicoloacutegicos e

sociais de difiacutecil mensuraccedilatildeo e que devem ser considerados pela equipe que assiste a famiacutelia

prematura (RAMOS 2009)

A prematuridade tem sido estudada como uma das causas importantes de mortalidade infantil

O receacutem-nascido imaturo apresenta desenvolvimento incompleto de oacutergatildeos como ceacuterebro e

pulmotildees aleacutem de limitaccedilatildeo da funccedilatildeo renal e imaturidade da funccedilatildeo hepaacutetica podendo sofrer

seacuterios comprometimentos ou intercorrecircncias (GRAVENA 2013) A literatura cita alguns fatores

de risco gestacionais associados agrave prematuridade tais como parto prematuro preacutevio gestaccedilatildeo

muacuteltipla histoacuteria materna de um ou mais abortos espontacircneos no segundo trimestre

comprimento cervical lt 30 cm baixo niacutevel socioeconocircmico idade materna lt18 anos ou gt40

22

anos primiparidade (mais frequente no primeiro filho) complicaccedilotildees maternas (cliacutenicas ou

obsteacutetricas) atividade fiacutesica aumentada tabagismo uso de cocaiacutena acompanhamento preacute-

natal inadequado ou ausente situaccedilotildees de alto estresse crescimento intrauterino restrito

(CIUR) anomalias congecircnitas polihidracircmnios ruptura prematura de membranas preacute-termo

(RPMPT) descolamento de placenta presenccedila de DIU mioma (particularmente submucoso ou

subplacentaacuterio) anomalias uterinas insuficiecircncia istmo-cervical infecccedilotildees maternas siacutendrome

antifosfoliacutepide trauma cirurgia (RAMOS 2009)

O American College of Obstetricians and Gynecologists (ACOG 2013) classifica a gravidez

aleacutem de 37 semanas da seguinte maneira

Termo precoce entre 37 semanas e 38 semanas e 6 dias

Termo completo entre 39 semanas e 40 semanas e 6 dias

Termo tardio entre 41 semanas e 41 semanas e 6 dias

Poacutes-termo 42 semanas em diante

Neste estudo a grande maioria dos partos assistidos pelas enfermeiras residentes foi de

gestaccedilotildees a termo (900) Tal fato se justifica pela maior atuaccedilatildeo da enfermagem obsteacutetrica

nas gestaccedilotildees de risco habitual A meacutedia de idade gestacional da amostra deste estudo foi de

38 semanas sendo a menor idade gestacional encontrada 24 semanas e a maior 42 semanas

Os partos preacute-termo e poacutes-termo ou seja de maior risco satildeo preferencialmente

acompanhados por meacutedico obstetra Eacute rotina da instituiccedilatildeo em estudo a induccedilatildeo do trabalho

de parto nas gestaccedilotildees acima de 41 semanas Tambeacutem por esse motivo pode-se justificar a

atuaccedilatildeo das enfermeiras residentes em menos de 05 de partos poacutes-termo

O ACOG define gestaccedilatildeo poacutes-termo ou gestaccedilatildeo prolongada como aquela que se estende

aleacutem de 42 semanas ou 294 dias de gestaccedilatildeo (ACOG 2013) Para Amorim (2010) as

gestaccedilotildees aleacutem de 42 semanas ocorrem em aproximadamente 5 dos casos jaacute as aleacutem de 41

semanas em cerca de 10 A causa mais comum de gestaccedilatildeo poacutes-termo eacute o erro de dataccedilatildeo

e quando realmente existe a causa eacute desconhecida sendo a primiparidade o principal fator de

risco associado Mais raramente outros fatores podem estar presentes como a anencefalia

23

deficiecircncia de sulfatase placentaacuteria feto do sexo masculino e predisposiccedilatildeo geneacutetica (BRASIL

2011) O maior temor relacionado agrave gestaccedilatildeo prolongada eacute de que ocorra insuficiecircncia

placentaacuteria com reduccedilatildeo do aporte de nutriente e oxigecircnio para o bebecirc o que pode acarretar

aumento da morbidade e mortalidade perinatal Com maior frequecircncia de morte perinatal

anormalidade da frequecircncia cardiacuteaca fetal intraparto eliminaccedilatildeo de mecocircnio macrossomia e

cesariana (AMORIM 2010)

No Brasil tem sido frequente a indicaccedilatildeo de cesariana quando a gestaccedilatildeo ultrapassa 40

semanas sobretudo no setor privado poreacutem esta conduta natildeo eacute corroborada por evidecircncias

Amorim (2010) em compilado sobre o tema cita uma revisatildeo sistemaacutetica publicada em 2003 na

qual concluiacuteram que a induccedilatildeo do parto a partir de 41 semanas quando comparada agrave conduta

expectante resultou em menor taxa de cesaacuterias (201 x 22) e de liacutequido amnioacutetico meconial

(224 x 277) poreacutem natildeo houve diferenccedila em termos de mortalidade perinatal escores de

Apgar admissatildeo em UTI neonatal e siacutendrome de aspiraccedilatildeo meconial Em 2012 outra revisatildeo

sistemaacutetica disponiacutevel na biblioteca Cochrane incluindo 22 ensaios cliacutenicos randomizados e

9383 mulheres submetidas aacute induccedilatildeo do parto mostrou reduccedilatildeo significativa do risco relativo de

morte perinatal e de cesariana Natildeo houve diferenccedila na taxa de natimortos ou de morte

neonatal nos dois grupos A incidecircncia da siacutendrome de aspiraccedilatildeo meconial foi menor no grupo

submetido agrave induccedilatildeo do parto poreacutem natildeo houve diferenccedila na frequecircncia de asfixia perinatal

baixos escores de Apgar e admissatildeo em UTI neonatal Os autores sugerem que a induccedilatildeo do

parto a partir de 41 semanas reduz as taxas de cesariana sem comprometer o prognoacutestico

perinatal Aleacutem disso o estudo mostrou maior satisfaccedilatildeo das gestantes submetidas agrave induccedilatildeo

do parto Recomenda-se que as mulheres sejam esclarecidas sobre riscos e benefiacutecios

associados agrave induccedilatildeo do parto a partir de 41 semanas (AMORIM 2010)

Posiccedilatildeo de parto

Os benefiacutecios da livre movimentaccedilatildeo da parturiente durante o trabalho de parto tais como a

reduccedilatildeo de sua duraccedilatildeo melhora do conforto materno e reduccedilatildeo do uso de analgeacutesicos satildeo

sustentados por evidecircncias cientiacuteficas (SOUSA 2013) A adoccedilatildeo de postura vertical e

movimentaccedilatildeo podem aleacutem de diminuir a dor materna facilitar a circulaccedilatildeo materno-fetal e a

descida do feto na pelve materna melhorar as contraccedilotildees uterinas e diminuir o trauma perineal

24

(SILVA 2011)

A OMS (1996) classifica como praacuteticas demonstradamente uacuteteis e que devem ser estimuladas

(categoria A) a liberdade de posiccedilatildeo e movimento durante o trabalho de parto e o estiacutemulo a

posiccedilotildees natildeo supinas durante o trabalho de parto Jaacute o uso rotineiro de posiccedilatildeo supina

(decuacutebito dorsal) durante o trabalho de parto e o uso de rotina da posiccedilatildeo de litotomia com ou

sem perneiras durante o trabalho de parto satildeo classificadas como praacuteticas claramente

prejudiciais e que devem ser eliminadas (categoria B)

Uma revisatildeo sistemaacutetica sobre assistecircncia ao segundo e terceiro periacuteodos do trabalho de parto

publicada em 2010 mostra que a posiccedilatildeo supina tem sido amplamente usada no segundo

periacuteodo do trabalho de parto contrariando a evidecircncia fisioloacutegica da reduccedilatildeo da eficiecircncia

uterina e do fluxo sanguiacuteneo placentaacuterio nessa posiccedilatildeo A posiccedilatildeo litotocircmica eacute ainda

recomendada em alguns tratados tradicionais de Obstetriacutecia mas as posiccedilotildees alternativas

incluem uma gama de posiccedilotildees que podem trazer benefiacutecios para o parto posiccedilatildeo lateral

(Sims) vertical (sentada semi-sentada de coacutecoras ou ajoelhada) e de quatro apoios A

imersatildeo em aacutegua durante o periacuteodo expulsivo do trabalho de parto aumentou o registro de

satisfaccedilatildeo por parte das parturientes no que diz respeito aos puxos mas ainda natildeo haacute

evidecircncias sobre os efeitos da imersatildeo em aacutegua no segundo estaacutegio especialmente sobre a

morbidade materna e neonatal (AMORIM 2010)

Estudos apontam que posiccedilotildees verticalizadas ou a posiccedilatildeo lateral associaram-se com reduccedilatildeo

da duraccedilatildeo do segundo periacuteodo do parto reduccedilatildeo nas anormalidades da frequecircncia cardiacuteaca

fetal bem como reduccedilatildeo de relatos de dor grave e episiotomia Ocorre no entanto maior perda

de sangue estimada (acima de 500 mL) sem repercussotildees cliacutenicas consideraacuteveis A conclusatildeo

dos revisores eacute que as mulheres devem ser encorajadas a parir na posiccedilatildeo que lhes for mais

confortaacutevel com o balanccedilo das evidecircncias a favor das posturas natildeo supinas (AMORIM 2010)

Mouta et al (2008) e Rocha Fonseca (2010) encontraram percentuais entre 50 e 78 de

posiccedilatildeo vertical em partos assistidos exclusivamente por enfermeiras obstetras em

maternidades puacuteblicas do Rio de Janeiro Em um CPN de Satildeo Paulo apenas 13 dos partos

foram assistidos em posiccedilatildeo horizontal contra 776 assistidos em posiccedilatildeo vertical (SOUZA

2011)

25

Sousa (2013) observou em seu estudo com 61 mulheres assistidas em Hospital da rede puacuteblica

de Belo Horizonte que mais de 75 pariram deitadas de costas com pernas levantadas sem

uso de perneiras As demais mulheres deram a luz em posiccedilatildeo de coacutecoras (98) deitada de

lado (66) sentadareclinada (66) ou Gaskin (16)

A maternidade do HRTN faz parte da rede de hospitais de Belo Horizonte que assinou o Termo

de Compromisso das Maternidades do SUS-BH estabelecido pela Comissatildeo Perinatal da

Secretaria Municipal de Sauacutede de Belo Horizonte (SMSA-BH) o qual estabelece metas para

diversos indicadores assistenciais objetivando humanizar a assistecircncia e reduzir as taxas de

cesariana nas maternidades da rede puacuteblica de Belo Horizonte No que se refere a posiccedilatildeo de

parto a SMSA-BH tem como meta que mais de 70 dos partos sejam realizados em posiccedilatildeo

natildeo supina Segundo dados institucionais fornecidos pela coordenaccedilatildeo da maternidade sobre

todos os partos do HRTN no mesmo periacuteodo deste estudo a taxa de partos em posiccedilatildeo natildeo

supina variou de 6202 em abril de 2014 a 8138 em abril de 2013

Diante dos resultados deste estudo eacute possiacutevel inferir que no HRTN a equipe incentiva e apoia o

uso de deambulaccedilatildeo e posiccedilotildees verticalizadas durante o trabalho de parto e periacuteodo expulsivo

As mulheres devem orientadas sobre os benefiacutecios da verticalizaccedilatildeo para a evoluccedilatildeo do

trabalho de parto No momento do parto deve haver incentivo agrave livre escolha da posiccedilatildeo dentro

das possibilidades da maternidade Ainda natildeo haacute disponibilidade de parto com imersatildeo em

aacutegua mas haacute quartos PPP (preacute-parto parto e poacutes-parto) com chuveiro bola suiacuteccedila banquinho

meia lua escada de Ling e espaccedilo fiacutesico que permite deambulaccedilatildeo Em alguns plantotildees a

equipe conta com a participaccedilatildeo das Doulas no cuidado agrave mulher em trabalho de parto

Os resultados deste estudo satildeo similares aos encontrados por Sousa (2013) o que mostra que

ambas as instituiccedilotildees componentes do SUS em Belo Horizonte que tem atuaccedilatildeo efetiva das

enfermeiras obstetras estimulam o parto em posiccedilotildees verticalizadas e provavelmente

respeitam a livre escolha da posiccedilatildeo de parto

O fato da maior parte dos partos serem em posiccedilatildeo semi-sentada gera certa inquietaccedilatildeo pois

26

sabe-se que esta posiccedilatildeo permite maior controle e melhor visibilidade sendo cocircmoda para o

profissional que assiste ao parto Outra justificativa possiacutevel para a grande porcentagem de

partos semi-sentada pode ser a falta de informaccedilatildeo eou orientaccedilatildeo das

mulheresacompanhantes sobre a possibilidade de parirem em outras posiccedilotildees que lhe sejam

confortaacuteveis Ressalta-se a necessidade de orientaccedilatildeo e incentivo quanto agrave liberdade de

posiccedilatildeo e sobre os benefiacutecios das posiccedilotildees verticalizadas para o trabalho de parto e periacuteodo

expulsivo desmitificando a claacutessica posiccedilatildeo de parto e empoderando-as a escolher a posiccedilatildeo

que lhes for mais confortaacutevel

Episiotomia

A episiotomia foi inicialmente proposta com o objetivo de facilitar o parto reduzindo o trauma

perineal e facilitando o reparo Entretanto natildeo obstante a indicaccedilatildeo de livros-texto sua

realizaccedilatildeo de rotina natildeo pode ser recomendada uma vez que existem vaacuterias evidecircncias de que

natildeo eacute necessaacuteria e de que pode ser prejudicial (AMORIM 2010)

Entre as principais morbidades relacionadas agrave episiotomia estatildeo a dor perineal e o

sangramento aumentado Nesses casos devido a urgecircncia os traumas perineais muitas vezes

satildeo suturados sem a boa visualizaccedilatildeo do local podendo produzir acidentes com lesatildeo no trato

geniturinaacuterio e nas estruturas do assoalho peacutelvico causando hipermobilidade uretral e prolapso

genital Apoacutes o parto tambeacutem podem surgir hematuacuteria incapacidade vesical e incontinecircncia

urinaacuteria (RIESCO et al 2011)

A OMS (1996) considera o uso liberal e rotineiro de episiotomia uma praacutetica claramente

prejudicial e que deve ser eliminada (categoria B) Embora os dados disponiacuteveis na literatura

revelem que a realizaccedilatildeo de episiotomia natildeo cumpre os objetivos que justificariam sua

realizaccedilatildeo de forma rotineira sejam eles a prevenccedilatildeo de lesotildees nas genitais da matildee ou na

cabeccedila do receacutem-nascido ainda hoje tal intervenccedilatildeo permanece sendo usada de forma

abusiva em muitas instituiccedilotildees de sauacutede

Em revisatildeo sistemaacutetica incluindo oito ensaios cliacutenicos (n=5541) observou-se que comparada

agrave episiotomia de rotina a episiotomia seletiva (com indicaccedilatildeo precisa) esteve associada com

27

menos trauma perineal grave menor necessidade de suturas menos complicaccedilotildees na

cicatrizaccedilatildeo e mais trauma perineal anterior Natildeo houve diferenccedila na frequecircncia de trauma

vaginal ou perineal grave dispareunia incontinecircncia urinaacuteria ou dor intensa Os revisores

recomendam que a episiotomia natildeo seja realizada rotineiramente e quando necessaacuteria seja

realizada com o consentimento poacutes-informaccedilatildeo da parturiente (AMORIM 2010)

Cesar (2011) encontrou ocorrecircncia meacutedia de episiotomia de 72 entre as 2557 gestantes

estudadas no Sul do Brasil Houve variaccedilatildeo de 86 entre as adolescentes e 66 entre as

demais matildees As taxas encontradas foram bastante elevadas principalmente entre as

adolescentes o que indica baixa incorporaccedilatildeo de praacuteticas baseadas em evidecircncia na

assistecircncia ao parto no cenaacuterio do estudo

Em contrapartida Sousa (2013) verificou em seu estudo em uma maternidade da rede puacuteblica

de Belo Horizonte iacutendice de episiotomia em torno de 11 e observou seguranccedila na praacutetica dos

profissionais de sauacutede envolvidos na assistecircncia ao parto da instituiccedilatildeo estudada no que se

refere ao uso seletivo desse procedimento e aos criteacuterios de utilizaccedilatildeo Tal instituiccedilatildeo tem

princiacutepios humanizados e grande inserccedilatildeo de enfermeiras obstetras na assistecircncia ao parto o

que pode tambeacutem ter justificado a baixa taxa de episiotomia encontrada

Considerando todos os partos realizados no HRTN no periacuteodo deste estudo a taxa de

episiotomia variou entre 90 em abril de 2013 a 149 em abril de 2014 A SMSA-BH tem

como meta de realizaccedilatildeo de episiotomia em menos de 30 dos partos vaginais Considerando

os 1434 partos assistidos por EO no mesmo periacuteodo a taxa de episiotomia foi de 46 o que

mostra uso criterioso do procedimento por parte desta categoria profissional

No presente estudo a taxa de episiotomia foi 42 Nestes casos a episiotomia pode ter sido

indicada devido a periacuteneo resistente no intuito de prevenir laceraccedilotildees graves mesmo que natildeo

haja respaldo cientiacutefico para tal praacutetica Tambeacutem em situaccedilotildees de estado fetal natildeo

tranquilizador durante o periacuteodo expulsivo jaacute com o feto em planos avanccedilados no intuito de

acelerar o nascimento ou mesmo por distoacutecia de ombro ou outra complicaccedilatildeo sendo uma

decisatildeo conjunta entre preceptor e residente Deve-se considerar que a baixas taxas de

28

episiotomia nos partos assistidos por enfermeiras residentes satildeo reflexo da atuaccedilatildeo da

preceptoria tanto de enfermeiras obstetras como de meacutedicos obstetras A episiotomia natildeo foi

realizada em 9538 dos partos o que mostra que as residentes em enfermagem obsteacutetrica

faziam uso seletivo do procedimento Um aspecto relevante deste estudo eacute que mesmo com a

baixa taxa de episiotomia encontrou-se pequenas taxas de laceraccedilotildees perineais de terceiro

(28) e quarto grau (028) Isso aponta para um modelo de assistecircncia obsteacutetrico com

incorporaccedilatildeo de praacuteticas baseadas em evidecircncias cientiacuteficas na maternidade do HRTN

Contato pele a pele

As praacuteticas referentes ao contato da matildee com seu bebecirc e ao aleitamento materno ainda na

sala de parto satildeo tambeacutem indicadores relevantes da qualidade da atenccedilatildeo ao parto

humanizado e segundo a OMS (1996) e MS (2001) deve ser encorajada no parto normal

(categoria A)

O passo quatro da Iniciativa Hospital Amigo da Crianccedila (IHAC) preconiza que os bebecircs que

tenham condiccedilotildees cliacutenicas favoraacuteveis permaneccedilam por pelo menos uma hora junto agrave pele da

matildee e que iniciem o aleitamento materno ainda na primeira meia hora apoacutes o nascimento

independentemente da via de parto (BRASIL 2010)

O contato pele a pele precoce melhora os resultados neonatais em termos de menor choro e

maior estabilidade cardiorrespiratoacuteria e aumenta significativamente o sucesso da

amamentaccedilatildeo sem efeitos negativos aparentes em curto e longo prazo segundo estudo de

meta-anaacutelise O contato pele a pele da matildee com o receacutem-nascido por pelo menos 30 minutos

na primeira hora de vida aleacutem de propiciar o envolvimento matildee-filho e o aleitamento materno

eacute um indicativo de que o parto transcorreu adequadamente Aleacutem disso favorece o viacutenculo

afetivo propiciando o reconhecimento entre matildee e filho pode aumentar a autoestima materna

diminuir a ansiedade melhorar os sentimentos de aceitaccedilatildeo do seu novo papel e a satisfaccedilatildeo

durante o processo de parto (MOORE et al 2012)

Apesar de o contato pele a pele ser uma praacutetica demonstradamente uacutetil e que deve ser

encorajada no parto normal especificamente tambeacutem pode e deve ser promovida no parto

29

operatoacuterio Sousa (2013) verificou em sua pesquisa que dos 89 receacutem-nascidos vivos o

contato precoce entre matildee e filho foi garantido em mais de 77 dos partos embora a maior

frequecircncia tenha ocorrido entre os filhos nascidos de parto normal

Na maternidade do HRTN o contato pele a pele eacute incentivado e apoiado por toda a equipe

multiprofissional sendo uma praacutetica consolidada conforme apontam os resultados deste

estudo As parturientes devem ser orientadas sobre os benefiacutecios desta praacutetica e preparadas

para receber seus RN apoacutes o nascimento A assistecircncia ao RN estaacutevel deve ser feita

preferencialmente no colo da matildee e quando houver necessidade de encaminhar o RN ao

berccedilo aquecido assim que este estabelecer condiccedilotildees favoraacuteveis deve retornar para o contato

pele a pele Assim como o contato pele a pele a amamentaccedilatildeo na primeira hora de vida

tambeacutem deve ser apoiada e estimulada respeitando o desejo da mulher

No presente estudo o contato pele a pele na primeira hora de vida foi realizado em 9440 dos

partos Os 475 em que natildeo foi realizado pode ter como justificativa o nascimento de um RN

deprimido sem condiccedilotildees cliacutenicas de permanecer com a matildee e que necessitaram de

assistecircncia pediaacutetrica seja reanimaccedilatildeo neonatal ou transferecircncia para unidade neonatal

Tambeacutem pode ter como justificativa impossibilidade materna ou desejo de natildeo realizar contato

pele a pele

Pela pactuaccedilatildeo da maternidade em estudo com a SMSA-BH a meta eacute que 100 dos receacutem-

nascidos vivos realizem contato pele a pele efetivo na primeira hora de vida Considerando

todos os partos realizados na instituiccedilatildeo no mesmo periacuteodo deste estudo este indicador variou

entre 905 em abril de 2013 a 960 em agosto de 2013 segundo dados institucionais

fornecidos pela coordenaccedilatildeo a maternidade Estes dados sinalizam boa incorporaccedilatildeo desta

praacutetica pela equipe mas indicam tambeacutem necessidade de melhoria para que seja atingida a

meta

Acompanhante

A presenccedila de acompanhante durante todo o periacuteodo de internaccedilatildeo eacute um direito conquistado

pelas mulheres assegurado na Lei nordm 111082005 regulamentado pelo Ministeacuterio da Sauacutede

30

pela Portaria nordm 24182005 portanto obrigatoacuterio em todas as instituiccedilotildees sejam elas puacuteblicas

ou privadas (BRASIL 2005) Esta praacutetica eacute classificada pela OMS como demonstradamente uacutetil

e que deve ser estimulada (categoria A)

A presenccedila do acompanhante durante o processo de parturiccedilatildeo pode proporcionar bem-estar

fiacutesico e emocional agrave mulher e benefiacutecios clinicamente significativos ao binocircmio matildee-filho Os

efeitos do suporte agrave mulher foram encontrados em recente meta-anaacutelise e estatildeo associados agrave

menor duraccedilatildeo do trabalho de parto uso de ocitocina reduccedilatildeo de cesariana e de partos

vaginais instrumentais diminuindo ainda a utilizaccedilatildeo de analgesia intraparto e melhorando os

iacutendices de Apgar no quinto minuto (SOUSA 2013)

Outros estudos destacam ainda a importacircncia do acompanhante quando este se envolve natildeo

soacute no apoio fiacutesico e emocional mas tambeacutem no desenvolvimento junto agrave parturiente de accedilotildees

como massagem auxiacutelio e encorajamento durante a deambulaccedilatildeo banho e tambeacutem no

periacuteodo expulsivo o que proporciona tambeacutem maior grau de satisfaccedilatildeo com o parto Sousa

(2013) verificou em sua pesquisa que quase a totalidade (922) das mulheres assistidas em

uma instituiccedilatildeo de sauacutede da rede puacuteblica de Belo Horizonte permaneceu com o acompanhante

de sua escolha durante o periacuteodo de internaccedilatildeo sendo a maioria o companheiro pai da

crianccedila (627)

No HRTN a presenccedila de acompanhante familiar de livre escolha eacute uma praacutetica consolidada

pela instituiccedilatildeo e apoiada pela equipe multiprofissional A valorizaccedilatildeo do acompanhante deve

acontece em todas as etapas da internaccedilatildeo durante o trabalho de parto os acompanhantes

podem ser encorajados a participar ativamente no apoio agrave parturiente ofertando meacutetodos

alternativos para aliacutevio da dor como massagens por exemplo No momento do parto quando

possiacutevel pode ser oferecido ao familiar que corte o cordatildeo umbilical o que pode ter grande

representaccedilatildeo simboacutelica para aquela famiacutelia No puerpeacuterio os acompanhantes devem ser

orientados junto aacute mulher sobre os cuidados com o RN aleitamento materno e como apoiar a

matildee na nova fase

No presente estudo houve acompanhante familiar em 960 dos partos assistidos pelas

enfermeiras residentes Partos sem acompanhante familiar foram apenas 37 Estes dados

31

corroboram com a afirmaccedilatildeo de que a presenccedila do acompanhante familiar eacute uma praacutetica

consolidada e respeitada pela equipe da maternidade do HRTN

Analgesia

Meacutetodos natildeo farmacoloacutegicos

A OMS (1996) recomenda que o uso de meacutetodos natildeo farmacoloacutegicos para aliacutevio da dor deve

ser privilegiado durante a assistecircncia ao trabalho de parto considerando-os como ldquopraacuteticas

reconhecidamente uacuteteis e que devem ser estimuladasrdquo Categoria A na recomendaccedilatildeo de boas

praacuteticas na assistecircncia ao parto

Entre as praacuteticas natildeo medicamentosas tem-se estudado o uso de acupuntura acupressura

hipnose teacutecnicas de relaxamento e respiraccedilatildeo aplicaccedilatildeo de frio e calor aromaterapia

aacuteudioanalgesia massagem deambulaccedilatildeo e banho de imersatildeo durante o parto (SILVA 2011)

Em um estudo de revisatildeo sistemaacutetica foram incluiacutedos 14 ensaios com 1448 parturientes que

utilizaram diferentes formas de tratamento para a dor (acupuntura hipnose audioanalgesia

aromaterapia massagem e relaxamento) A hipnose mostrou-se efetiva em termos de reduzir a

necessidade de meacutetodos farmacoloacutegicos para aliacutevio da dor aumentando o grau de satisfaccedilatildeo

materna Maior chance de parto vaginal e reduccedilatildeo da necessidade de analgesia A acupuntura

tambeacutem se associou a uma menor intensidade da dor e reduccedilatildeo do uso de ocitocina A eficaacutecia

de meacutetodos como acupressatildeo aromaterapia aacuteudioanalgesia relaxamento e massagem natildeo foi

ainda estabelecida sendo necessaacuterios ensaios cliacutenicos randomizados para avaliaccedilatildeo dessas

terapias complementares para aliacutevio da dor durante o trabalho de parto (PORTO 2010)

Deve-se considerar que o suporte contiacutenuo intraparto e as posiccedilotildees verticalizadas durante o

parto tambeacutem se associam agrave reduccedilatildeo da dor e maior grau de satisfaccedilatildeo materna como jaacute

demonstrado em revisotildees sistemaacuteticas A imersatildeo em aacutegua em banheiras ou similares durante

o trabalho de parto tem sido investigada como um meacutetodo de promoccedilatildeo de relaxamento e aliacutevio

da dor Em uma revisatildeo sistemaacutetica de 11 ensaios cliacutenicos a imersatildeo em aacutegua foi associada agrave

reduccedilatildeo no uso de analgesia e reduccedilatildeo no relato de dor sem prejudicar a duraccedilatildeo do trabalho

de parto as taxas de partos ciruacutergicos ou o bem-estar neonatal (PORTO 2010)

32

A SMSA-BH recomenda que os meacutetodos natildeo farmacoloacutegicos para aliacutevio da dor sejam ofertados

a 100 das mulheres em trabalho de parto De acordo com dados institucionais fornecidos

pela coordenaccedilatildeo da maternidade a oferta variou entre 7571 em julho de 2013 a 8778 em

julho de 2013 considerando todos os partos realizados na instituiccedilatildeo no periacuteodo de abril de

2013 a abril de 2014

No livro fonte de dados deste estudo a oferta de meacutetodos natildeo farmacoloacutegicos natildeo eacute registrada

natildeo sendo possiacutevel quantificar estes dados nos partos assistidos por REO mas pode-se inferir

que esta eacute uma praacutetica adotada pelas enfermeiras obstetras e residentes quando se observa

por exemplo as baixas taxas de analgesia farmacoloacutegica em torno de 16 nos partos

assistidos por estas profissionais

Meacutetodos farmacoloacutegicos

Classicamente vaacuterios meacutetodos farmacoloacutegicos foram propostos mas existe consenso

atualmente de que se algum meacutetodo farmacoloacutegico for indicado para aliacutevio da dor durante o

trabalho de parto a analgesia regional com peridural ou teacutecnica combinada (raquidiana e

peridural) deve ser empregada preferencialmente em relaccedilatildeo ao uso de opioacuteides sistecircmicos ou

analgesia inalatoacuteria A teacutecnica ideal para analgesia de parto deveria ter miacutenima ou ausente

transferecircncia placentaacuteria ausecircncia de efeitos sobre o fluxo sanguiacuteneo uteroplacentaacuterio efeitos

miacutenimos e reversiacuteveis sobre o feto e neonato ausecircncia de efeito ocitoacutecico ou tocoliacutetico e

ausecircncia de bloqueio motor (PORTO 2010)

Uma revisatildeo sistemaacutetica realizada em 2011 incluindo 38 estudos comprovou a eficaacutecia da

analgesia peridural para reduccedilatildeo da dor de mulheres durante o processo de parto mas

tambeacutem revelou maior risco de parto instrumental maior necessidade de ocitocina e aumento

da duraccedilatildeo do segundo estaacutegio do parto Natildeo houve associaccedilatildeo dessa intervenccedilatildeo com risco

de cesariana cefaleacuteia e escores de Apgar menores que sete no quinto minuto (AMORIM

2011)

Na maternidade em estudo a analgesia farmacoloacutegica seja por teacutecnica peridural ou

raquianestesia eacute considerada um direito da mulher de acordo com os princiacutepios da

humanizaccedilatildeo e eacute ofertada conforme desejo da parturiente apoacutes a oferta de diferentes meacutetodos

33

natildeo farmacoloacutegicos para aliacutevio da dor e sob orientaccedilotildees sobre os riscos e benefiacutecios do

procedimento ou nos casos em que haacute indicaccedilatildeo cliacutenica para realizaccedilatildeo do mesmo A teacutecnica

de analgesia empregada na instituiccedilatildeo permite na maior parte dos casos a deambulaccedilatildeo

movimentaccedilatildeo e uso concomitante de outros meacutetodos alternativos de aliacutevio da dor como

chuveiro Isto pode influenciar para o desfecho favoraacutevel dos partos conforme mostram as

evidecircncias sobre movimentaccedilatildeo e verticalizaccedilatildeo durante o trabalho de parto

A SMSA-BH recomenda a utilizaccedilatildeo de analgesia quando esgotados os recursos natildeo

farmacoloacutegicos para aliacutevio da dor em torno de 30 dos partos normais A proporccedilatildeo de parto

normal com analgesia variou de 141 em janeiro de 2014 e 279 em agosto de 2013

considerando todos os partos realizados na instituiccedilatildeo no mesmo periacuteodo deste estudo

Considerando os 1434 assistidos por EO no periacuteodo do estudo 147 recebeu analgesia por

teacutecnica peridural e 11 raquidiana Os demais 841 dos partos foi sem analgesia

farmacoloacutegica

No presente estudo a analgesia farmacoloacutegica foi realizada em 176 dos partos sendo 166

por teacutecnica peridural e 11 raquidiana Analgesia natildeo foi realizada em 822 dos partos

assistidos por REO Estes dados demonstram que a oferta de meacutetodos natildeo farmacoloacutegicos

para aliacutevio da dor pode ter sido influenciado positivamente na escolha da parturiente em

receber ou natildeo a analgesia farmacoloacutegica

Laceraccedilotildees perineais

Laceraccedilotildees perineais satildeo traumas em estruturas componentes da vagina que podem ocorrer

de forma espontacircnea durante a passagem do feto pelo canal de parto ou em decorrecircncia de

episiotomia as quais podem se prolongar

A laceraccedilatildeo de primeiro grau eacute aquela que natildeo atinge nenhum muacutesculo estendendo-se atraveacutes

da fuacutercula mucosa vaginal e da pele Jaacute a laceraccedilatildeo de segundo grau acomete os muacutesculos

perineais poreacutem sem lesatildeo do esfiacutencter retal A laceraccedilatildeo de terceiro grau atinge essa

estrutura e algumas vezes prolonga-se ateacute a parede anterior do reto Neste uacuteltimo caso em

que a parede do reto eacute comprometida por vezes utiliza-se o termo laceraccedilatildeo de quarto grau

As laceraccedilotildees de primeiro e segundo grau satildeo consideradas leves e laceraccedilotildees de terceiro e

34

quarto grau satildeo consideradas graves pois podem levar agrave incontinecircncia urinaacuteria e fecal sendo

estas uacuteltimas mais raras (REZENDE 2005)

A ocorrecircncia de laceraccedilotildees perineais no parto normal depende de diversos fatores que podem

estar relacionados agraves condiccedilotildees maternas ao feto ao parto em si e ao prestador de serviccedilo

Embora estes fatores natildeo estejam definitivamente estabelecidos existem evidecircncias indicando

o local do parto e o profissional que assiste a escolaridade materna a paridade a altura do

periacuteneo a duraccedilatildeo do segundo estaacutegio do parto a cicatriz perineal anterior a infusatildeo de

ocitocina a posiccedilatildeo no parto a analgesia farmacoloacutegica os puxos dirigidos as manobras de

proteccedilatildeo perineal o peso e o periacutemetro cefaacutelico do RN como fatores relacionados entre

outros Quanto a integridade perineal sua chance aumenta entre as mulheres com um ou mais

partos vaginais anteriores (RIESCO et al 2011)

Estudos tambeacutem tecircm buscado associaccedilatildeo entre a posiccedilatildeo materna no parto e as laceraccedilotildees

perineais Sousa (2013) verificou que a posiccedilatildeo deitada de lado juntamente com a posiccedilatildeo de

coacutecoras foram as que tiveram maior ocorrecircncia de laceraccedilotildees de primeiro grau principalmente

com 750 e 833 dos casos respectivamente Essas duas posiccedilotildees tambeacutem foram as que

mais favoreceram para que as mulheres tivessem laceraccedilotildees na pesquisa desenvolvida por

Souza (2011) em um CPN do Rio de Janeiro com incidecircncia de 502 nos partos assistidos

em posiccedilatildeo lateral e 696 naqueles assistidos de coacutecoras Em ambas pesquisas a posiccedilatildeo de

Gaskin foi a que teve menor incidecircncia de traumas perineais seguida da posiccedilatildeo

sentadareclinada

Entre as principais morbidades relacionadas estatildeo a dor perineal e o sangramento aumentado

Apoacutes o parto tambeacutem podem surgir hematuacuteria incapacidade vesical e incontinecircncia urinaacuteria A

disfunccedilatildeo geniturinaacuteria e sexual produzida pelo trauma perineal pode ser tambeacutem devida agrave

perda ou diminuiccedilatildeo do tocircnus muscular perineal Poreacutem esse achado contrasta com dados de

outros estudos os quais concluiacuteram que a via de parto a paridade a idade materna o peso do

receacutem-nascido (RN) e a episiotomia natildeo foram fatores determinantes para a reduccedilatildeo da forccedila

muscular perineal Considerando os problemas em curto prazo (perda sanguiacutenea necessidade

de sutura e dor perineal) e em longo prazo (disfunccedilotildees intestinais urinaacuterias e sexuais)

35

associados ao trauma perineal no parto sua prevenccedilatildeo reduccedilatildeo e reparaccedilatildeo adequada satildeo

fatores importantes para as mulheres e os profissionais que as assistem (RIESCO 2010)

Considerando os 1434 partos assistidos por EO em 304 houve periacuteneo iacutentegro 447

laceraccedilotildees de primeiro grau 228 laceraccedilotildees de segundo grau 195 de terceiro grau e

014 de quarto grau Tais resultados satildeo proacuteximos aos verificados neste estudo e

associados com as baixas taxas de episiotomia nos partos assistidos pelas enfermeiras

residentes corroboram com a recomendaccedilatildeo do uso seletivo da episiotomia como um praacutetica

favoraacutevel

Escore de Apgar

O momento de transiccedilatildeo da vida intrauterina para extrauterina eacute crucial para o desenvolvimento

do bebecirc e deve ser minuciosamente preparado e vivenciado Eacute indispensaacutevel que nos

primeiros minutos de vida do neonato seja realizada avaliaccedilatildeo completa e sistemaacutetica visando

identificar desvios da normalidade e que forneccedila agraves informaccedilotildees baacutesicas sobre a vitalidade e a

adaptaccedilatildeo do RN agrave vida fora do ventre materno (BARBOSA 2006)

A avaliaccedilatildeo realizada imediatamente apoacutes o parto eacute composta pelo o escore de Apgar sendo

complementada com a avaliaccedilatildeo do aspecto geral a medida dos sinais vitais e medidas

antropomeacutetricas O iacutendice de Apgar avalia cinco criteacuterios cliacutenicos cor da pele frequecircncia

cardiacuteaca irritabilidade reflexa respiraccedilatildeo e tocircnus muscular O RN eacute avaliado no primeiro e no

quinto minuto de vida e cada criteacuterio garante de 0 a 2 pontos desencadeando assim uma soma

adequada entre 7 e 10 pontos Quando a soma total resulta em 4 a 6 pontos sugere dificuldade

moderada do RN em adaptar-se e menor que 4 pode indicar sofrimento Julga-se assim o grau

de adaptaccedilatildeo imediata e o grau de depressatildeo neuroloacutegica do RN nos primeiros cinco minutos

de vida (SBP 2011)

O iacutendice Apgar tem sido pouco utilizado para avaliar a qualidade de assistecircncia ao parto sendo

considerado um indicador pontual aleacutem de natildeo ser utilizado para determinar o iniacutecio da

reanimaccedilatildeo neonatal No entanto sua aplicaccedilatildeo permite avaliar a resposta do neonato agraves

manobras realizadas e a eficaacutecia dessas manobras O Apgar no quinto minuto eacute mais utilizado

36

para avaliaccedilatildeo da adaptaccedilatildeo do RN por melhor representa-la se comparado ao Apgar de

primeiro minuto Se o escore eacute inferior a 7 no 5ordm minuto recomenda-se realizaacute-lo a cada cinco

minutos ateacute 20 minutos de vida Eacute necessaacuterio documentar o escore de Apgar de maneira

concomitante agrave dos procedimentos de reanimaccedilatildeo executados (SBP 2011)

Eacute importante considerar que um Apgar baixo natildeo eacute necessariamente resultado de uma

assistecircncia ao parto e ao neonato inadequada assim como um bom iacutendice de Apgar natildeo indica

boa qualidade assistencial ao binocircmio Este iacutendice entretanto eacute um bom indicador para

resultados perinatais a longo prazo aleacutem de ser considerado importante preditor da avaliaccedilatildeo

do bem-estar e do prognoacutestico inicial do receacutem-nascido A avaliaccedilatildeo imediata do RN pode ser

feita por pediatra ou outro profissional capacitado para prestar a assistecircncia necessaacuteria desde

o suporte baacutesico ateacute a reanimaccedilatildeo neonatal Na maternidade do HRTN o pediatra eacute o

profissional responsaacutevel pela assistecircncia ao RN na sala de parto A instituiccedilatildeo possui UTI

neonatal para onde satildeo encaminhados os RN que necessitam de cuidados especiacuteficos Os

neonatos que apresentam boa vitalidade satildeo colocados em contato pele a pele com as matildees e

apoacutes permanecem em alojamento conjunto ateacute a alta

Pela SMSA-BH a meta de Apgar lt7 no quinto minuto eacute no maacuteximo 3 Este indicador variou

entre 08 em fevereiro de 2014 a 24 em novembro de 2013 considerando todos os partos

realizados na instituiccedilatildeo no mesmo periacuteodo do estudo ou seja esteve sempre dentro da meta

estabelecida

No presente estudo as dados sobre escore de Apgar foram divididos em Apgar lt7 (644) e gt7

(9356) no primeiro minuto lt7 (084) e gt 7 (9916) no quinto minuto Tais dados mostram

que a quase totalidade dos RN apresentava boas condiccedilotildees de vitalidade no primeiro e quinto

minuto A este dado se associa o incentivo e a alta taxa de contato pele a pele precoce sendo

um dos fatores que contribuem para melhor adaptaccedilatildeo a vida extrauterina aleacutem de assistecircncia

qualificada aos RN que necessitam de cuidados especiacuteficos ou reanimaccedilatildeo

37

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Os resultados deste estudo evidenciam que a assistecircncia ao parto prestada pelas residentes

em enfermagem obsteacutetrica foi coerente com as recomendaccedilotildees de boas praacuteticas em todos os

aspectos analisados consolidando as evidecircncias literaacuterias sobre a assistecircncia ao parto

promovida por enfermeiras obstetras Foi possiacutevel observar maioria de partos em posiccedilotildees

verticalizadas uso seletivo de episiotomia com baixa incidecircncia de laceraccedilotildees perineais

graves alto iacutendice de contato pele a pele presenccedila de acompanhante na maioria dos partos

baixas taxas de analgesia farmacoloacutegica e escores de Apgar que demonstram boa vitalidade

fetal em quase todos os receacutem-nascidos Diante do exposto eacute possiacutevel concluir que a atuaccedilatildeo

das enfermeiras residentes em enfermagem obsteacutetrica contribuiu para a obtenccedilatildeo de

resultados obsteacutetricos e neonatais favoraacuteveis na maternidade do HRTN

Devido agrave forma de organizaccedilatildeo e registro dos procedimentos no livro utilizado para coleta de

dados natildeo foi possiacutevel avaliar algumas praacuteticas obsteacutetricas tais como uso de ocitocina

amniotomia oferta de meacutetodos natildeo farmacoloacutegicos para aliacutevio da dor oferta de liacutequidos

durante o trabalho de parto e uso de partograma Estes dados seriam importantes para uma

anaacutelise mais detalhada sobre a assistecircncia ao parto Os dados institucionais fornecidos pela

coordenaccedilatildeo da maternidade forneceram uma dimensatildeo de algumas destas praacuteticas na

maternidade contudo natildeo foi possiacutevel neste estudo avaliar quantitativamente tais

procedimentos somente nos partos assistidos por enfermeiras residentes Sugere-se ampliaccedilatildeo

dos indicadores no livro de registro e padronizaccedilatildeo no seu preenchimento para melhor

qualificaccedilatildeo dos dados da assistecircncia ao parto prestada elas enfermeiras obstetrasresidentes

A capacitaccedilatildeo profissional no modelo de residecircncia eacute intensa e exige dedicaccedilatildeo A extensa

carga horaacuteria praacutetica aliada agrave teoria satildeo determinantes para uma formaccedilatildeo qualificada e

humana das enfermeiras residentes A possibilidade de atuar efetivamente na assistecircncia em

conjunto com outras categorias profissionais enriquece a formaccedilatildeo abrangendo diferentes

fases e situaccedilotildees do ciclo graviacutedico-puerperal Eacute importante salientar que a capacitaccedilatildeo das

enfermeiras obstetras nesta modalidade pioneira de residecircncia soacute foi possiacutevel graccedilas ao

estiacutemulo governamental com recursos provenientes do programa Rede Cegonha e os

esforccedilos conjuntos da Escola de Enfermagem da UFMG e demais instituiccedilotildees envolvidas

38

Os resultados deste estudo evidenciam a incorporaccedilatildeo do modelo assistencial humanizado e

baseado em evidecircncias cientiacuteficas pela equipe do HRTN O modelo colaborativo de assistecircncia

obsteacutetrica pode gerar resultados favoraacuteveis e promissores com as atuaccedilotildees complementares

entre as diferentes categorias profissionais A praacutetica supervisionada durante todo o processo

de formaccedilatildeo e a avaliaccedilatildeo constante das habilidades adquiridas pelas residentes satildeo

fundamentais para a consolidaccedilatildeo do conhecimento para maior seguranccedila das aprendizes e

para a oferta de uma assistecircncia qualificada e humanizada a mulher receacutem nascido e famiacutelia

A instituiccedilatildeo que acolhe as enfermeiras residentes obteacutem retorno positivo pois a atuaccedilatildeo

preceptorada das mesmas resulta em assistecircncia qualificada que atende a perspectiva da

praacutetica baseada em evidecircncia cientiacutefica segura com baixo custo e bons resultados obsteacutetricos

e neonatais Os resultados da atuaccedilatildeo das enfermeiras residentes refletem o modelo

institucional incorporado o qual eacute transmitido as residentes pelos preceptores O incentivo a

formaccedilatildeo de enfermeiras obstetras eacute fundamental para o fortalecimento desta categoria

profissional para maior inserccedilatildeo destas profissionais em espaccedilos aonde a assistecircncia ao parto

ainda eacute meacutedico-centrada e para mudanccedila do modelo obsteacutetrico hegemocircnico nacional

39

REFEREcircNCIAS

ACOG- American College of Obstetricians and Gynecologists- Committee opinion no 560 Medically indicated late-preterm and early-term deliveries Obstet Gynecol 2013 121908-10

AMORIM MMR SOUZA ASR PORTO AAF Indicaccedilotildees de cesariana baseadas em evidecircncias parte I FEMINA v 38 n 8 p 415-422 2010

AMORIM T e GUALDA DMR Coadjuvantes das mudanccedilas no contexto do ensino e da praacutetica da enfermagem obsteacutetrica Rev Rene Fortaleza 2011 outdez 12(4)833-40

BARBOSA R F et al Reanimaccedilatildeo Neonatal in ALVES FILHO N et al Perinatologia Baacutesica 3a ediccedilatildeo Guanabara Koogan Rio de Janeiro Cap21 p172 2006

BATALHA E O lugar das Enfermeiras e Obstetrizes Revista RADIS Ed 148 Jan 2015 P30 a 34

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Parto aborto e puerpeacuterio assistecircncia humanizada a mulher Brasiacutelia DF 2001

BRASIL Lei 11108 de 7 de abril de 2005 Altera a Lei 8080 de 19 de setembro de 1990 para garantir as parturientes o direito a presenccedila de acompanhante durante o trabalho de parto parto e poacutes-parto imediato no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede ndash SUS Brasiacutelia DF 07 abr 2005

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede Departamento de Accedilotildees Programaacuteticas Estrateacutegicas Aacuterea Teacutecnica de Sauacutede da Mulher Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos uma prioridade do governoMinisteacuterio da Sauacutede Secretaria de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede Departamento de Accedilotildees Programaacuteticas Estrateacutegicasndash Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 2005

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Poliacutetica Nacional de Planejamento Familiar Brasiacutelia DF 2007

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Portaria nordm 1459 de 24 de Junho de 2011 Institui no Sistema Uacutenico de Sauacutede SUS a Rede Cegonha Disponiacutevel em

httpbvsmssaudegovbrbvssaudelegisgm2011prt1459_24_06_2011html Acesso

em 18 de Abril de 2014

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Iniciativa hospital amigo da crianccedila revista atualizada e ampliada para o cuidado integrado Brasiacutelia DF 2010

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Poliacutetica nacional de atenccedilatildeo integral a sauacutede da mulher princiacutepios e diretrizes Brasiacutelia DF 2011

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede Departamento de Atenccedilatildeo Baacutesica Atenccedilatildeo ao preacute-natal de baixo risco Ministeacuterio da Sauacutede Departamento de Atenccedilatildeo

40

Baacutesica ndash Brasiacutelia Editora do Ministeacuterio da Sauacutede 2012 318 p il ndash (Seacuterie A Normas e Manuais Teacutecnicos) (Cadernos de Atenccedilatildeo Baacutesica ndeg 32)

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em Sauacutede Departamento de Anaacutelise de Situaccedilatildeo de Sauacutede Sauacutede Brasil 2011 uma anaacutelise da situaccedilatildeo de sauacutede e a vigilacircncia da sauacutede da mulher Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em Sauacutede Departamento de Anaacutelise de Situaccedilatildeo de Sauacutede ndash Brasiacutelia Editora do Ministeacuterio da Sauacutede 2012 444 p il

BRASIL Presidecircncia da Repuacuteblica Objetivos de Desenvolvimento do Milecircnio Relatoacuterio Nacional de Acompanhamento Coordenaccedilatildeo Instituto de Pesquisa Econocircmica Aplicada e Secretaria de Planejamento e Investimentos Estrateacutegicos supervisatildeo Grupo Teacutecnico para o acompanhamento dos ODM - Brasiacutelia Ipea MP SPI 2014 208 p il graacutefs mapas color

NASCER NO BRASIL inqueacuterito sobre parto e nascimento Cadernos de Sauacutede Puacuteblica Vol30 supl1 Rio de Janeiro 2014 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophpscript=sci_issuetocamppid=0102 Acesso em 15 de junho de 2015

CAVALCANTIPCS GARIBALDI D Jr VASONCELOS ALR Guerrero AVP Um modelo loacutegico da Rede Cegonha Physis Revista de Sauacutede Coletiva Rio de Janeiro 2013 23 [4] 1297-1316 CESAR JA et al Caracteriacutesticas sociodemograacuteficas e de assistecircncia a gestaccedilatildeo e ao parto no extremo sul do Brasil Cad Sauacutede Puacuteblica v 27 n 5 p 985-994 2011 DOMINGUES RMSM SANTOS EMS Leal MC Aspectos da satisfaccedilatildeo das mulheres com a assistecircncia ao parto contribuiccedilatildeo para o debate Cad Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro 2004 20 Sup 1S52-S62 COFEN Decreto nordm 9440687 Regulamentaccedilatildeo da Lei 749886 Fonte PORTAL EDUCACcedilAtildeO Disponiacutevel em httpwwwportaleducacaocombrenfermagemartigos1735decreto-n-94406-87-regulamentacao-da-lei-n-7498-865ixzz3duAFhlYV Acesso em 23062015 GRAVENA AAF PAULA MG MARCON SS CARVALHO MDB PELLOSO SM Idade materna e fatores associados a resultados perinatais Acta Paul Enferm 2013 26(2)130-5 IBGE Projeccedilatildeo da Populaccedilatildeo do Brasil - 2013 Disponiacutevel em

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31102014 MOORE ER et al Early skin-to-skin contact for mothers and their healthy newborn infants The Cochrane Library n 12 2012 Disponiacutevel em lthttpcochranebvsaludorgdocphpdb=reviewsampid=CD003519gt Acessado em 15 de outubro de 2014 MOUTA RJO et al Relaccedilatildeo entre posiccedilatildeo adotada pela mulher no parto integridade perineal e vitalidade do receacutem-nascido Rev Enferm UERJ v 16 n 4 p 472-476 2008

41

ORGANIZACcedilAtildeO MUNDIAL DA SAUacuteDE Care in normal birth a practical guide Geneva 1996 53p ORGANIZACcedilAtildeO MUNDIAL DE SAUacuteDE ndash Objetivos de Desenvolvimento do Milecircnio

httpwwwwhointeportuguesepublicationspt Acesso em 09032015

PORTO AMF AMORIM MMR SOUZA ASR Assistecircncia ao primeiro periacuteodo do trabalho de parto baseada em evidecircncias FEMINA v 38 n 10 2010

RABELO LR OLIVEIRA DL Percepccedilotildees de enfermeiras obsteacutetricas sobre sua competecircncia na atenccedilatildeo ao parto normal hospitalar Rev Esc Enferm USP 2010 44(1)213-20 RAMOS HAC CUMAN RKN Fatores de risco para prematuridade pesquisa documental Esc Anna Nery Rev Enferm 2009 abr-jun 13 (2) 297-304 RIESCO MLG et al Episiotomia laceraccedilatildeo e integridade perineal em partos normais anaacutelise de fatores associados Rev Enferm UERJ v 19 n1 p 77-83 2011

REZENDE J Obstetriacutecia fundamental 2 ed Rio de Janeiro Guanabara Koogan 2005

ROCHA CR FONSECA LC Assistecircncia do enfermeiro obstetra a mulher parturiente em busca do respeito a natureza Rev de Pesq cuidado eacute fundamental v 2 n 2 p 807-816 2010

SANTOS NCP VOGTSE PIMENTA AM DUARTE ED MADEIRA LM ABREU MNS et al Resultados maternos y neonatales en el trabajo de parto y parto de adolescentes admitidas en un Centro de Parto Normal brasileiro Adolesc Saude 201411(3)39-50

SILVA LM et al Uso da bola suiacuteccedila no trabalho de parto Acta Paul Enferm 201124(5)656-62

SILVA JLCP SURITA FGC Idade materna resultados perinatais e via de parto Rev Bras Ginecol Obstet 2009 31(7) 321 ndash 5

SBP- Sociedade Brasileira de Pediatria Programa de reanimaccedilatildeo neonatal da Sociedade Brasileira de Pediatria Condutas 2011 27p

SOUSA AMM Praacuteticas obsteacutetricas na assistecircncia ao parto e nascimento em uma maternidade de Belo Horizonte Tese de mestrado Escola de Enfermagem da Universidade Federal de Minas Gerais Belo Horizonte 2013

SOUZA DOM Partos assistidos por enfermeiras praacuteticas obsteacutetricas realizadas no ambiente hospitalar no periacuteodo de 2004 a 2008 2011 84f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) Faculdade de Enfermagem da Universidade do Estado do Rio de Janeiro Rio de Janeiro RJ 2011

SOGC ndash Society of Obstetricians and Gynecologists of Canada Guidelines for the Management of Pregnancy at 41+0 to 42+0 Weeks JOGC september 2008

42

VOGT SE et al Caracteriacutesticas da assistecircncia ao trabalho de parto em trecircs modelos de atenccedilatildeo no SUS no Municiacutepio de Belo Horizonte Minas Gerais Brasil Cad Sauacutede Puacuteblica v 27 n 9 p 1789-1800 2011

ANEXO 1

RECOMENDACcedilOtildeES DE BOAS PRAacuteTICAS DE ASSISTEcircNCIA AO PARTO SEGUNDO

CLASSIFICACcedilAtildeO DO MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2001

CATEGORIA A - PRAacuteTICAS DEMONSTRADAMENTE UacuteTEIS E QUE DEVEM SER

ESTIMULADAS

Plano individual determinando onde e por quem o nascimento seraacute realizado feito em

conjunto com a mulher durante a gestaccedilatildeo e comunicado a seu maridocompanheiro

Avaliaccedilatildeo do risco gestacional durante o preacute-natal reavaliado a cada contato com o

sistema de sauacutede

Respeito agrave escolha da matildee sobre o local do parto

Fornecimento de assistecircncia obsteacutetrica no niacutevel mais perifeacuterico onde o parto for viaacutevel e

seguro e onde a mulher se sentir segura e confiante

Respeito ao direito da mulher agrave privacidade no local do parto

Apoio empaacutetico pelos prestadores de serviccedilo durante o trabalho de parto e parto

Respeito agrave escolha da mulher sobre seus acompanhantes durante o trabalho de parto e

parto

Fornecimento agraves mulheres sobre todas as informaccedilotildees e explicaccedilotildees que desejarem

Oferta de liacutequidos por via oral durante o trabalho de parto e parto

Monitoramento fetal por meio de ausculta intermitente

43

Monitoramento cuidadoso do progresso do parto por exemplo por meio do uso do

partograma da OMS

Monitoramento do bem-estar fiacutesico e emocional da mulher durante trabalho e parto e ao

teacutermino do processo de nascimento

Meacutetodos natildeo invasivos e natildeo farmacoloacutegicos de aliacutevio da dor como massagem e

teacutecnicas de relaxamento durante o trabalho de parto

Liberdade de posiccedilatildeo e movimento durante o trabalho de parto

Estiacutemulo a posiccedilotildees natildeo supinas durante o trabalho de parto

Uso rotineiro de ocitocina clampeamento tardio (1 a 3 minutos apoacutes o nascimento) e

traccedilatildeo controlada do cordatildeo durante o 3o estaacutegio do trabalho de parto

Condiccedilotildees esteacutereis ao cortar o cordatildeo

Prevenccedilatildeo da hipotermia do bebecirc

Contato pele a pele precoce entre matildee e filho e apoio ao iniacutecio da amamentaccedilatildeo na

primeira hora apoacutes o parto segundo as diretrizes da OMS sobre Aleitamento Materno

Exame rotineiro da placenta e membranas ovulares

CATEGORIA B - PRAacuteTICAS CLARAMENTE PREJUDICIAIS OU INEFICAZES E QUE DEVEM

SER ELIMINADAS

Uso rotineiro de enema

Uso rotineiro de tricotomia

Infusatildeo intravenosa de rotina no trabalho de parto

Cateterizaccedilatildeo venosa profilaacutetica de rotina

Uso rotineiro de posiccedilatildeo supina (decuacutebito dorsal) durante o trabalho de parto

44

Exame retal

Uso de pelvimetria por Raios-X

Amniotomia precoce de rotina para diminuir a duraccedilatildeo do trabalho de parto

Administraccedilatildeo de ocitoacutecitos em qualquer momento antes do parto de um modo que natildeo

permite controlar seus efeitos

Uso de rotina da posiccedilatildeo de litotomia com ou sem estribos durante o trabalho de parto

Esforccedilo de puxo prolongado e dirigido (manobra de Valsalva) durante o segundo

estaacutegio do trabalho de parto

Massagem e distensatildeo do periacuteneo durante o segundo estaacutegio do trabalho de parto

Uso liberal e rotineiro de episiotomia

Uso de comprimidos orais de ergometrina no terceiro estaacutegio do trabalho de parto com

o objetivo de evitar ou controlar hemorragias

Uso rotineiro de ergometrina parenteral no terceiro estaacutegio do trabalho de parto

Lavagem uterina rotineira apoacutes o parto

Revisatildeo uterina (exploraccedilatildeo manual) rotineira apoacutes o parto

CATEGORIA C - PRAacuteTICAS SEM EVIDEcircNCIAS SUFICIENTES PARA APOIAR UMA

RECOMENDACcedilAtildeO CLARA E QUE DEVEM SER UTILIZADAS COM CAUTELA ATEacute QUE

MAIS PESQUISAS ESCLARECcedilAM A QUESTAtildeO

Meacutetodos natildeo farmacoloacutegicos de aliacutevio de dor durante o trabalho parto como ervas

imersatildeo em aacuteguas e estimulaccedilatildeo dos nervos

Amniotomia e ocitocina precoce de rotina no primeiro estaacutegio do trabalho de parto para

prevenccedilatildeo de progresso inadequado do parto

Pressatildeo do fundo uterino durante o trabalho de parto

45

Manobras relacionadas agrave proteccedilatildeo do periacuteneo e ao manejo do poacutelo cefaacutelico no

momento do parto

Manipulaccedilatildeo ativa do feto no momento do parto

Estimulaccedilatildeo do mamilo para estimular a contratilidade uterina durante o terceiro estaacutegio

do trabalho de parto

CATEGORIA D - PRAacuteTICAS FREQUENTEMENTE USADAS DE MODO INADEQUADO

Restriccedilatildeo hiacutedrica e alimentar durante o trabalho de parto

Controle da dor por agentes sistecircmicos

Controle da dor por analgesia peridural

Monitoramento eletrocircnico fetal

Uso de maacutescaras e aventais esteacutereis durante a assistecircncia ao trabalho de parto

Exames vaginais repetidos ou frequumlentes especialmente por mais de um prestador de

serviccedilo

Correccedilatildeo da dinacircmica com utilizaccedilatildeo de ocitocina

Transferecircncia rotineira da parturiente para outra sala no iniacutecio do segundo estaacutegio do

trabalho de parto

Cateterizaccedilatildeo da bexiga

Estiacutemulo para o puxo quando se diagnostica dilataccedilatildeo cervical completa ou quase

completa antes que a mulher sinta o puxo involuntaacuterio

Clampeamento precoce do cordatildeo umbilical

Adesatildeo riacutegida a uma duraccedilatildeo estipulada do 2deg estaacutegio do trabalho de parto

Parto operatoacuterio e exploraccedilatildeo manual do uacutetero apoacutes o parto

46

ANEXO 2

47

48

ANEXO 3

49

Page 10: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS ESCOLA DE ENFERMAGEM … FINAL ANA … · inserção do estudo foi: partos assistidos por residentes em enfermagem obstétrica, independente se

10

contexto propotildee-se um estudo sobre a assistecircncia ao parto normal prestada pelas enfermeiras

residentes da primeira turma da EE-UFMG na maternidade do Hospital Risoleta Tolentino

Neves na perspectiva de aprimorar o ensino a assistecircncia e a atuaccedilatildeo de futuras residentes

OBJETIVO

Descrever os indicadores resultantes da assistecircncia ao parto normal prestada pelas

enfermeiras residentes em enfermagem obsteacutetrica da primeira turma da Escola de Enfermagem

da UFMG na maternidade do Hospital Risoleta Tolentino Neves em Belo Horizonte no periacuteodo

de abril de 2013 a abril de 2014

METODOLOGIA

Estudo quantitativo restrospectivo desenvolvido na maternidade do HRTN em Belo Horizonte-

MG no periacuteodo de abril de 2013 a abril de 2014

Cenaacuterio

O Hospital Risoleta Tolentino Neves (HRTN) foi escolhido para este estudo dentre as demais

instituiccedilotildees de praacutetica da residecircncia por ser uma maternidade de referecircncia regional para

gestaccedilotildees de risco habitual por ter enfermeiras obstetras inseridas diretamente na assistecircncia

ao parto normal e por estar recebendo a primeira turma de residentes em enfermagem

obsteacutetrica na histoacuteria da instituiccedilatildeo

O hospital estaacute localizado na regiatildeo Norte de Belo Horizonte e mantem uma parceria de ensino

com a UFMG desde sua criaccedilatildeo A maternidade foi inaugurada em 30 de julho de 2007 e tem

como princiacutepio uma assistecircncia humanizada em que se valoriza o trabalho em equipe e um

ambiente que proporcione a mulher um atendimento diferenciado e com total seguranccedila Satildeo

assistidos em meacutedia 270 partos por mecircs com taxas de parto normal em torno de 80 Eacute

composta por dois leitos de pronto atendimento obsteacutetrico (admissatildeo) dois leitos de preacute-parto

(PP) trecircs leitos de PPP (preacutepartopoacutes) uma sala de litotomia e um centro ciruacutergico O

alojamento conjunto eacute composto por 25 leitos que recebem pueacuterperas receacutem-nascidos assim

11

como gestantes em tratamento cliacutenico 4 leitos ldquoCangururdquo para RN em ganho de peso 4 leitos

de internaccedilatildeo social para receber matildees com filhos internados na unidade de cuidados

progressivos aleacutem de uma Unidade de Cuidados Intensivos Neonatal (UCIN) A equipe de

enfermagem eacute composta por uma coordenadora 11 enfermeiras assistenciais 12 enfermeiras

obstetras e 54 teacutecnicos de enfermagem (PORTAL HRTN 2013)

As enfermeiras residentes atuam no centro obsteacutetrico em conjunto com equipe

multiprofissional a qual eacute composta por meacutedicos obstetras meacutedicos residentes em ginecologia

e obstetriacutecia anestesistas pediatras enfermeiras obstetras enfermeiros assistenciais e

teacutecnicos de enfermagem aleacutem de acadecircmicos de enfermagem e medicina da UFMG que

estagiam nesta instituiccedilatildeo Cada plantatildeo diurno ou noturno conta com duas enfermeiras

residentes que se dividem entre o bloco obsteacutetrico e o alojamento conjunto atuando

exclusivamente no local escalado portanto em todos os plantotildees haacute pelo menos uma

residente de enfermagem obsteacutetrica atuando na assistecircncia ao parto normal nesta

maternidade

A equipe presta assistecircncia baseada nos princiacutepios da humanizaccedilatildeo e do modelo colaborativo

Este modelo consiste na atuaccedilatildeo conjunta onde cada parte respeita a atuaccedilatildeo individual dos

membros da equipe que trabalha com metas e objetivos comuns As mulheres e suas famiacutelias

recebem acompanhamento multiprofissional com praacuteticas obsteacutetricas majoritariamente

baseadas em evidecircncias cientiacuteficas e na humanizaccedilatildeo da assistecircncia As parturientes satildeo

assistidas tanto por enfermeiras obstetras como por meacutedicos obstetras em todas as fases da

internaccedilatildeo A assistecircncia eacute compartilhada entre as diferentes categorias profissionais em

situaccedilotildees que variam desde a induccedilatildeo do trabalho de parto assistecircncia durante o trabalho de

parto parto nascimento ateacute o puerpeacuterio Os casos satildeo acompanhados de forma

compartilhada havendo comunicaccedilatildeo entre os membros da equipe Os partos normais podem

ser assistidos por residentes tanto enfermeiros como meacutedicos e ambos podem ser

preceptorados por enfermeiras obstetras ou meacutedicos obstetras o que permite uma atuaccedilatildeo

complementar entre as categorias que traz benefiacutecios ao serviccedilo e agrave parturiente Todos os

partos assistidos por enfermeiras obstetras satildeo registrados em um livro denominado ldquolivro de

registro de partos assistidos pelas enfermeiras obstetrasrdquo Os partos assistidos por residentes

em enfermagem obsteacutetrica tambeacutem satildeo registrados neste livro independente da preceptoria

12

mas eacute importante considerar que estes satildeo em sua maioria preceptorados por enfermeiras

obstetras

Fonte e coleta de dados

A fonte de informaccedilotildees para este estudo foi o ldquolivro de registro de partos assistidos pelas

enfermeiras obstetrasrdquo Os dados nele registrados satildeo data hora do parto nome da paciente

idade paridade idade gestacional posiccedilatildeo de parto realizaccedilatildeo de episiotomia e contato pele a

pele presenccedila de acompanhante se a parturiente recebeu analgesia e qual o tipo (peridural

raquianestesia) se houve laceraccedilatildeo perineal e qual o grau escore de Apgar do RN nome dos

profissionais que assistiram ao parto

O banco de dados foi constituiacutedo por 1434 partos registrados no livro no periacuteodo de treze

meses (abril de 2013 a abril de 2014) Os dados de cada parto foram digitados na iacutentegra no

programa Epi-Info versatildeo 353 Apoacutes a digitaccedilatildeo foram selecionados somente os partos que

atendiam ao criteacuterio para inserccedilatildeo no estudo parto assistido por residente em enfermagem

obsteacutetrica independente se preceptorado por enfermeira obstetra ou por meacutedico obstetra A

partir daiacute delimitou-se a populaccedilatildeo final deste estudo que foi de 714 partos Os dados natildeo

informados de cada variaacutevel foram excluiacutedos da amostra exceto na variaacutevel idade gestacional

Variaacuteveis de interesse

Apoacutes ter sido identificada a populaccedilatildeo deste estudo foram selecionadas onze variaacuteveis de

interesse sendo elas idade materna nuacutemero de gestaccedilotildees paridade idade gestacional

posiccedilatildeo do parto episiotomia contato pele a pele presenccedila de acompanhante analgesia

farmacoloacutegica laceraccedilatildeo perineal e escore de Apgar

A idade das mulheres assistidas pelas enfermeiras residentes foi classificada dentro do

intervalo de idade reprodutiva da seguinte forma

Entre 10 e 14 anos (adolescentes precoces)

Entre 15 e 19 anos (adolescentes)

13

Entre 20 e 34 anos (adultas jovens)

Acima de 35 anos (idade tardia)

Com relaccedilatildeo agrave paridade as mulheres foram divididas em primiacuteparas e multiacuteparas

No que se refere ao nuacutemero de gestaccedilotildees foram classificadas em primigestas secundigestas

tercigestas ou que tiveram quatro gestaccedilotildees anteriores ou mais

Com relaccedilatildeo aacute idade gestacional no parto a classificaccedilatildeo neste estudo foi

Preacute-termo (lt37 semanas)

Termo (entre 37 semanas e 41 semanas+6 dias)

Poacutes-termo (gt42 semanas)

Idade gestacional desconhecida natildeo informada

Na variaacutevel posiccedilatildeo de parto foram consideradas as seguintes posiccedilotildees semi-sentada sentada

no banquinho de coacutecoras em decuacutebito dorsal posiccedilatildeo litotocircmica em Gaskin decuacutebito lateral

em peacute e ajoelhada Em relaccedilatildeo agrave episiotomia contato pele a pele e presenccedila de

acompanhantes os dados foram classificados em SimNatildeo Quanto agraves laceraccedilotildees perineais foi

feita a seguinte classificaccedilatildeo periacuteneo iacutentegro laceraccedilatildeo de primeiro grau de segundo grau de

terceiro grau e de quarto grau Os dados sobre escore de Apgar foram divididos em lt7 e gt 7 no

primeiro e quinto minutos

Anaacutelise dos dados

As variaacuteveis foram submetidas agrave anaacutelise descritiva com caacutelculo da frequecircncia absoluta e

relativa para as variaacuteveis categoacutericas e de meacutedia e desvio padratildeo para as variaacuteveis contiacutenuas

Para o processamento e anaacutelise dos dados utilizou-se o software STATA (versatildeo 90)

14

Aspectos eacuteticos

Para realizaccedilatildeo do estudo o projeto de pesquisa teve aprovaccedilatildeo da Coordenaccedilatildeo do Programa

de Residecircncia em Enfermagem Obsteacutetrica da Escola de Enfermagem da Universidade Federal

de Minas Gerais

O estudo teve a anuecircncia da coordenaccedilatildeo da maternidade e foi aprovado pelo Nuacutecleo de

Ensino e Pesquisa (NEPE) do HRTN em 06082014 pelo parecer nordm 252014 conforme consta

no ANEXO 2

Foi aprovado pela Cacircmara Departamental do Departamento de Enfermagem Materno Infantil

(EMI) da EEUFMG em 10112014 conforme consta no ANEXO 3

RESULTADOS

No periacuteodo de treze meses de abril de 2013 a abril de 2014 foram registrados no livro 1434

partos Destes 714 foram com a participaccedilatildeo das residentes em enfermagem obsteacutetrica

representando 498 do total Os demais 720 partos (excluiacutedos da amostra) foram assistidos

pelas enfermeiras obstetras sozinhas ou com participaccedilatildeo de residentes em ginecologia e

obsteacutetrica acadecircmicos de enfermagem e medicina

Os resultados e sua distribuiccedilatildeo entre a variaacuteveis analisadas estatildeo representados nas tabelas a

seguir

15

TABELA 1

Perfil das gestantes assistidas por residentes em enfermagem obsteacutetrica em relaccedilatildeo a

idade materna paridade nuacutemero de gestaccedilotildees e idade gestacional Belo Horizonte MG

Variaacuteveis n

Idade Materna (anos)

10 ndash 14 6 08

15 ndash 19 144 202

20 - 34 498 695

gt 35 57 79

Paridade

Primiacuteparas 315 441

Multiacuteparas 398 557

Nuacutemero de Gestaccedilotildees

1 283 396

2 213 298

3 102 143

4 ou mais 115 161

Idade Gestacional

Preacute-termo (lt37 semanas) 45 63

Termo (37 - 41 semanas) 643 900

Poacutes-termo (gt 42 semanas) 3 04

Desconhecida natildeo informada 23 32

Variaacutevel N Meacutedia Desvio Padratildeo Miacutenimo Maacuteximo

Idade Gestacional 714 38 15 24 42

Idade Materna 705 24 60 14 44

16

Neste estudo a faixa etaacuteria predominante das mulheres assistidas por residentes em

enfermagem obsteacutetrica foi de adultas jovens com 695 seguida de adolescentes com 202

Os extremos etaacuterios adolescentes precoces e mulheres acima de 35 anos apareceram em

menor proporccedilatildeo sendo 08 e 79 respectivamente A meacutedia etaacuteria foi de 24 anos com

desvio padratildeo de 6 anos sendo que a menor idade encontrada entre as mulheres assistidas

por enfermeiras residentes foi 14 anos e a maior 44 anos

No que se refere ao nuacutemero de gestaccedilotildees o maior percentual foi de primigestas (396)

seguido das secundigestas (298) A partir daiacute observou-se diminuiccedilatildeo do percentual sendo

que tercigestas representaram 143 e o somatoacuterio das mulheres que tiveram quatro

gestaccedilotildees anteriores ou mais resultou em 161 O caso com maior nuacutemero de gestaccedilotildees

encontrado neste estudo foi de uma parturiente que estava em sua 13ordf gestaccedilatildeo

Com relaccedilatildeo agrave paridade as mulheres foram divididas em dois grupos primiacuteparas e multiacuteparas

sendo 441 e 557 respectivamente As mulheres que tiveram apenas uma gestaccedilatildeo ou

seja primigestas satildeo 396 e as primiacuteparas logo que natildeo tem partos vaginais anteriores satildeo

441 Isto evidencia que nem todas as primiacuteparas eram primigestas havendo abortamentos

ou gestaccedilotildees ectoacutepicas anteriores O somatoacuterio das mulheres que tiveram duas ou mais

gestaccedilotildees representou 602 Isso justifica o fato de haver maior percentual de multiacuteparas

quando se analisa paridade e ao mesmo tempo maior percentual de primigestas quando se

analisa nuacutemero de gestaccedilotildees entre as mulheres estudadas

17

TABELA 2

Indicadores da assistecircncia ao trabalho de parto e parto prestada pelas residentes em

enfermagem obsteacutetrica na maternidade do HRTN Belo Horizonte MG

Variaacuteveis N

Variaacuteveis n

Posiccedilatildeo do parto

Analgesia

Semi-sentada 462 647

Natildeo 587 822

Banquinho 120 168

Peridural 119 166

Coacutecoras 56 78

Raquidiana 8 11

Decuacutebito dorsal 23 32

Litotocircmica 20 28

Contato pele a pele

Sentada 9 12

Sim 674 944

Gaskin 7 09

Natildeo 34 47

Decuacutebito lateral 7 09

Em peacute 4 05

Acompanhante

Ajoelhada 2 02

Sim 686 960

Natildeo 27 37

Episiotomia

Sim 30 42

Apgar no 1ordm minuto

Natildeo 681 954

lt7 46 64

gt7 668 935

Laceraccedilatildeo

Natildeo 194 271

Apgar no 5ordm minuto

1ordm grau 329 460

lt7 6 08

2ordm grau 169 236

gt7 708 991

3ordm grau 20 28

4ordm grau 2 02

Variaacutevel N Meacutedia Desvio Padratildeo Miacutenimo Maacuteximo

Apgar no 1ordm minuto 714 83 13 0 10

Apgar no 5ordm minuto 714 93 07 0 10

18

Os resultados deste estudo mostram que a maioria dos partos assistidos por residentes em

enfermagem obsteacutetrica foram em posiccedilatildeo semi-sentada (647) as demais posiccedilotildees de parto

encontradas foram no banquinho (168) de coacutecoras (78) em decuacutebito dorsal (32) em

posiccedilatildeo litotocircmica (28) sentada (12) em Gaskin (09) em decuacutebito lateral (09) em

peacute (05) e ajoelhada (02) Considerando-se todas as posiccedilotildees de parto verticalizadas como

semi-sentada no banquinho Gaskin em peacute e ajoelhada encontrou-se uma taxa em torno de

92 de partos em posiccedilatildeo natildeo supina

A episiotomia foi realizada em apenas 420 dos partos Em 9538 dos casos as mulheres

foram poupadas deste procedimento Com relaccedilatildeo as laceraccedilotildees perineais a maioria das

mulheres apresentou laceraccedilotildees de primeiro grau (460) seguidas de periacuteneo iacutentegro

(271) Laceraccedilotildees de segundo grau acometeram 236 das mulheres Laceraccedilotildees graves

de terceiro grau (28) e de quarto grau (02) ocorreram em uma parcela pouco significativa

das mulheres assistidas pelas enfermeiras residentes

A analgesia farmacoloacutegica foi realizada em 177 das parturientes sendo em 166 por

teacutecnica peridural e 112 por teacutecnica raquidiana A analgesia farmacoloacutegica natildeo foi ofertada a

8221 das mulheres

O contato pele a pele na primeira hora de vida foi proporcionado a 9440 dos receacutem-

nascidos Em 47 a interaccedilatildeo pele a pele natildeo foi realizada

As parturientes contaram com a presenccedila de acompanhante familiar em 960 dos partos Os

partos sem acompanhante familiar representaram apenas 37

Os resultados sobre escore de Apgar foram gt7 no primeiro minuto em 935 dos neonatos e

gt7 no quinto minuto em 991 Tais dados mostram que a quase totalidade dos receacutem-

nascidos apresentava boas condiccedilotildees de vitalidade no primeiro e quinto minuto de vida

19

DISCUSSAtildeO

Idade materna Paridade Nuacutemero de gestaccedilotildees

Segundo o MS as mulheres em idade reprodutiva ou seja de 10 a 49 anos representam 65

do total da populaccedilatildeo feminina conformando um grupo social importante e que merece

atenccedilatildeo no que se refere agrave elaboraccedilatildeo de poliacuteticas de sauacutede (BRASIL 2011)

Silva (2009) cita que mulheres muito jovens ou muito idosas satildeo consideradas de maior risco

para resultados adversos e complicaccedilotildees gestacionais no parto e perinatais

A OMS considera gravidez na adolescecircncia aquela que ocorre em mulheres entre 10 e 19

anos sendo que gestantes com menos de 14 anos satildeo mais vulneraacuteveis e mais expostas agrave

morbimortalidade A gravidez na adolescecircncia estaacute relacionada aacute condiccedilotildees de escolaridade e

fatores socioeconocircmicos como escolaridade renda dentre outros e no que se refere aos

riscos os principais referidos por Santos at al (2014) satildeo prematuridade e baixo peso ao

nascer Jaacute Gravena (2013) refere que estatildeo relacionados agrave gravidez precoce riscos

aumentados ao receacutem-nascido de baixo peso ao nascer deficiecircncias de micronutrientes e

restriccedilatildeo do crescimento intrauterino levando a alteraccedilotildees na evoluccedilatildeo dessa gestaccedilatildeo e no

crescimento fetal o que pode resultar tambeacutem em parto prematuro

Cesar (2011) em estudo sobre gestaccedilatildeo na adolescecircncia encontrou 2018 de matildees

adolescentes e mostrou que estas estiveram de forma sistemaacutetica em desvantagem em

relaccedilatildeo agraves demais matildees tanto no que se refere a caracteriacutesticas socioeconocircmicas quanto na

assistecircncia recebida durante a gestaccedilatildeo e o parto Afirma que as adolescentes possuiacuteam pior

niacutevel de escolaridade e renda familiar viviam mais comumente sem companheiro realizaram

um menor nuacutemero de consultas de preacute-natal iniciaram estas consultas mais tardiamente

referiram com maior frequecircncia a presenccedila de anemia e corrimento vaginal patoloacutegico e foram

mais submetidas ao uso de foacutercipe e episiotomia Considerando-se as categorias adolescentes

precoces e adolescentes do presente estudo tem-se uma taxa de 210 proacutexima da

encontrada por Cesar (2011)

20

Mulheres entre 20 e 35 anos satildeo consideradas adultas jovens e apresentam resultados

obsteacutetricos e neonatais mais favoraacuteveis quando comparadas as adolescentes e a mulheres em

idade avanccedilada Neste estudo as adultas jovens representaram a maior parte da populaccedilatildeo

(695) Este achado corrobora para os resultados obsteacutetricos e neonatais favoraacuteveis aqui

verificados Gravena et al (2013) verificou em seu estudo que adolescentes e mulheres em

idade tardia tiveram probabilidade maior de parto cesaacutereo em relaccedilatildeo agraves adultas No que se

refere ao baixo peso ao nascer tanto as gestantes adolescentes quanto as em idade avanccedilada

apresentaram mais chance de possuiacuterem filhos receacutem-nascidos com baixo peso quando

comparadas as adultas

A taxa de fecundidade vem apresentando queda no Brasil nos uacuteltimos anos segundo dados do

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) em 2000 a taxa de fecundidade era de 24

filhos por mulher e em 2014 foi menor que 18 filhos por mulher (IBGE 2013) Dentre os vaacuterios

fatores que colaboraram para esta transiccedilatildeo na taxa de fecundidade encontram-se a

elaboraccedilatildeo e expansatildeo da estrateacutegia de sauacutede da famiacutelia e das poliacuteticas voltadas para a

mulher no ciclo graviacutedico puerperal principalmente a Poliacutetica Nacional de Direitos Sexuais e

Direitos Reprodutivos lanccedilada em 2005 e a Poliacutetica Nacional de Planejamento Familiar

elaborada em 2007 que permitiu as mulheres expansatildeo do acesso a informaccedilotildees sobre o

planejamento familiar reprodutivo e oferta de meacutetodos contraceptivos (BRASIL 2007)

Define-se gestaccedilatildeo tardia aquela que ocorre acima dos 35 anos e aquelas com mais de 45

anos satildeo consideradas gestaccedilotildees com idade materna avanccedilada Os nascimentos em mulheres

com 35 anos ou mais tem aumentado de forma consistente no Brasil tendecircncia observada

principalmente nos paiacuteses industrializados As mudanccedilas nos haacutebitos de vida como maior niacutevel

de escolaridade maior inserccedilatildeo no mercado de trabalho e na expectativa de vida da mulher

estimulam a postergaccedilatildeo do momento da primeira gravidez que acaba acontecendo em idades

superiores apoacutes serem atingidos outros objetivos de vida pessoais e profissionais Soma-se a

isso o advento da reproduccedilatildeo assistida que permite as mulheres engravidarem em idades mais

avanccediladas periacuteodo de comprovada diminuiccedilatildeo da fertilidade Haacute que se considerar que em

paiacuteses em desenvolvimento como o Brasil a maior parte das gestaccedilotildees tardias acontece em

situaccedilotildees de multiparidade o que tambeacutem envolve riscos (SILVA 2009)

21

A gestaccedilatildeo tardia apresenta risco similar a gestaccedilatildeo na adolescecircncia em alguns aspectos

conforme citado anteriormente e mais elevados em situaccedilotildees como abortamento espontacircneo

gravidez ectoacutepica anormalidades cromossocircmicas e malformaccedilotildees congecircnitas (SILVA 2009)

Gravena et al (2013) cita que nas mulheres com gestaccedilatildeo tardia tecircm sido observados mais

abortamentos espontacircneos e induzidos maior risco para mortalidade perinatal baixa vitalidade

do receacutem- nascido baixo peso ao nascer parto preacute-termo e fetos pequenos para idade

gestacional As gestaccedilotildees de mulheres de idade materna avanccedilada tecircm sido consideradas

como de alto risco em decorrecircncia principalmente da incidecircncia crescente de siacutendromes

hipertensivas ruptura prematura de membranas presenccedila de diabetes aleacutem de maior chance

do iacutendice de Apgar no quinto minuto ser menor que sete

Analisando os 1434 partos registrados no livro no mesmo periacuteodo e nos quais estatildeo incluiacutedos

os 714 partos das enfermeiras residentes o percentual de primiacuteparas e multiacuteparas foi de 415

e 583 respectivamente valores muito proacuteximos aos encontrados nos partos assistidos pelas

enfermeiras residentes

Idade gestacional

Conceitua-se gravidez preacute-termo aquela cuja idade gestacional encontra-se entre 22 e 37

semanas ou entre 154 a 259 dias (ACOG 2013) A prematuridade eacute um evento que afeta a

vida da famiacutelia e do RN de forma significativa envolvendo aspectos bioloacutegicos psicoloacutegicos e

sociais de difiacutecil mensuraccedilatildeo e que devem ser considerados pela equipe que assiste a famiacutelia

prematura (RAMOS 2009)

A prematuridade tem sido estudada como uma das causas importantes de mortalidade infantil

O receacutem-nascido imaturo apresenta desenvolvimento incompleto de oacutergatildeos como ceacuterebro e

pulmotildees aleacutem de limitaccedilatildeo da funccedilatildeo renal e imaturidade da funccedilatildeo hepaacutetica podendo sofrer

seacuterios comprometimentos ou intercorrecircncias (GRAVENA 2013) A literatura cita alguns fatores

de risco gestacionais associados agrave prematuridade tais como parto prematuro preacutevio gestaccedilatildeo

muacuteltipla histoacuteria materna de um ou mais abortos espontacircneos no segundo trimestre

comprimento cervical lt 30 cm baixo niacutevel socioeconocircmico idade materna lt18 anos ou gt40

22

anos primiparidade (mais frequente no primeiro filho) complicaccedilotildees maternas (cliacutenicas ou

obsteacutetricas) atividade fiacutesica aumentada tabagismo uso de cocaiacutena acompanhamento preacute-

natal inadequado ou ausente situaccedilotildees de alto estresse crescimento intrauterino restrito

(CIUR) anomalias congecircnitas polihidracircmnios ruptura prematura de membranas preacute-termo

(RPMPT) descolamento de placenta presenccedila de DIU mioma (particularmente submucoso ou

subplacentaacuterio) anomalias uterinas insuficiecircncia istmo-cervical infecccedilotildees maternas siacutendrome

antifosfoliacutepide trauma cirurgia (RAMOS 2009)

O American College of Obstetricians and Gynecologists (ACOG 2013) classifica a gravidez

aleacutem de 37 semanas da seguinte maneira

Termo precoce entre 37 semanas e 38 semanas e 6 dias

Termo completo entre 39 semanas e 40 semanas e 6 dias

Termo tardio entre 41 semanas e 41 semanas e 6 dias

Poacutes-termo 42 semanas em diante

Neste estudo a grande maioria dos partos assistidos pelas enfermeiras residentes foi de

gestaccedilotildees a termo (900) Tal fato se justifica pela maior atuaccedilatildeo da enfermagem obsteacutetrica

nas gestaccedilotildees de risco habitual A meacutedia de idade gestacional da amostra deste estudo foi de

38 semanas sendo a menor idade gestacional encontrada 24 semanas e a maior 42 semanas

Os partos preacute-termo e poacutes-termo ou seja de maior risco satildeo preferencialmente

acompanhados por meacutedico obstetra Eacute rotina da instituiccedilatildeo em estudo a induccedilatildeo do trabalho

de parto nas gestaccedilotildees acima de 41 semanas Tambeacutem por esse motivo pode-se justificar a

atuaccedilatildeo das enfermeiras residentes em menos de 05 de partos poacutes-termo

O ACOG define gestaccedilatildeo poacutes-termo ou gestaccedilatildeo prolongada como aquela que se estende

aleacutem de 42 semanas ou 294 dias de gestaccedilatildeo (ACOG 2013) Para Amorim (2010) as

gestaccedilotildees aleacutem de 42 semanas ocorrem em aproximadamente 5 dos casos jaacute as aleacutem de 41

semanas em cerca de 10 A causa mais comum de gestaccedilatildeo poacutes-termo eacute o erro de dataccedilatildeo

e quando realmente existe a causa eacute desconhecida sendo a primiparidade o principal fator de

risco associado Mais raramente outros fatores podem estar presentes como a anencefalia

23

deficiecircncia de sulfatase placentaacuteria feto do sexo masculino e predisposiccedilatildeo geneacutetica (BRASIL

2011) O maior temor relacionado agrave gestaccedilatildeo prolongada eacute de que ocorra insuficiecircncia

placentaacuteria com reduccedilatildeo do aporte de nutriente e oxigecircnio para o bebecirc o que pode acarretar

aumento da morbidade e mortalidade perinatal Com maior frequecircncia de morte perinatal

anormalidade da frequecircncia cardiacuteaca fetal intraparto eliminaccedilatildeo de mecocircnio macrossomia e

cesariana (AMORIM 2010)

No Brasil tem sido frequente a indicaccedilatildeo de cesariana quando a gestaccedilatildeo ultrapassa 40

semanas sobretudo no setor privado poreacutem esta conduta natildeo eacute corroborada por evidecircncias

Amorim (2010) em compilado sobre o tema cita uma revisatildeo sistemaacutetica publicada em 2003 na

qual concluiacuteram que a induccedilatildeo do parto a partir de 41 semanas quando comparada agrave conduta

expectante resultou em menor taxa de cesaacuterias (201 x 22) e de liacutequido amnioacutetico meconial

(224 x 277) poreacutem natildeo houve diferenccedila em termos de mortalidade perinatal escores de

Apgar admissatildeo em UTI neonatal e siacutendrome de aspiraccedilatildeo meconial Em 2012 outra revisatildeo

sistemaacutetica disponiacutevel na biblioteca Cochrane incluindo 22 ensaios cliacutenicos randomizados e

9383 mulheres submetidas aacute induccedilatildeo do parto mostrou reduccedilatildeo significativa do risco relativo de

morte perinatal e de cesariana Natildeo houve diferenccedila na taxa de natimortos ou de morte

neonatal nos dois grupos A incidecircncia da siacutendrome de aspiraccedilatildeo meconial foi menor no grupo

submetido agrave induccedilatildeo do parto poreacutem natildeo houve diferenccedila na frequecircncia de asfixia perinatal

baixos escores de Apgar e admissatildeo em UTI neonatal Os autores sugerem que a induccedilatildeo do

parto a partir de 41 semanas reduz as taxas de cesariana sem comprometer o prognoacutestico

perinatal Aleacutem disso o estudo mostrou maior satisfaccedilatildeo das gestantes submetidas agrave induccedilatildeo

do parto Recomenda-se que as mulheres sejam esclarecidas sobre riscos e benefiacutecios

associados agrave induccedilatildeo do parto a partir de 41 semanas (AMORIM 2010)

Posiccedilatildeo de parto

Os benefiacutecios da livre movimentaccedilatildeo da parturiente durante o trabalho de parto tais como a

reduccedilatildeo de sua duraccedilatildeo melhora do conforto materno e reduccedilatildeo do uso de analgeacutesicos satildeo

sustentados por evidecircncias cientiacuteficas (SOUSA 2013) A adoccedilatildeo de postura vertical e

movimentaccedilatildeo podem aleacutem de diminuir a dor materna facilitar a circulaccedilatildeo materno-fetal e a

descida do feto na pelve materna melhorar as contraccedilotildees uterinas e diminuir o trauma perineal

24

(SILVA 2011)

A OMS (1996) classifica como praacuteticas demonstradamente uacuteteis e que devem ser estimuladas

(categoria A) a liberdade de posiccedilatildeo e movimento durante o trabalho de parto e o estiacutemulo a

posiccedilotildees natildeo supinas durante o trabalho de parto Jaacute o uso rotineiro de posiccedilatildeo supina

(decuacutebito dorsal) durante o trabalho de parto e o uso de rotina da posiccedilatildeo de litotomia com ou

sem perneiras durante o trabalho de parto satildeo classificadas como praacuteticas claramente

prejudiciais e que devem ser eliminadas (categoria B)

Uma revisatildeo sistemaacutetica sobre assistecircncia ao segundo e terceiro periacuteodos do trabalho de parto

publicada em 2010 mostra que a posiccedilatildeo supina tem sido amplamente usada no segundo

periacuteodo do trabalho de parto contrariando a evidecircncia fisioloacutegica da reduccedilatildeo da eficiecircncia

uterina e do fluxo sanguiacuteneo placentaacuterio nessa posiccedilatildeo A posiccedilatildeo litotocircmica eacute ainda

recomendada em alguns tratados tradicionais de Obstetriacutecia mas as posiccedilotildees alternativas

incluem uma gama de posiccedilotildees que podem trazer benefiacutecios para o parto posiccedilatildeo lateral

(Sims) vertical (sentada semi-sentada de coacutecoras ou ajoelhada) e de quatro apoios A

imersatildeo em aacutegua durante o periacuteodo expulsivo do trabalho de parto aumentou o registro de

satisfaccedilatildeo por parte das parturientes no que diz respeito aos puxos mas ainda natildeo haacute

evidecircncias sobre os efeitos da imersatildeo em aacutegua no segundo estaacutegio especialmente sobre a

morbidade materna e neonatal (AMORIM 2010)

Estudos apontam que posiccedilotildees verticalizadas ou a posiccedilatildeo lateral associaram-se com reduccedilatildeo

da duraccedilatildeo do segundo periacuteodo do parto reduccedilatildeo nas anormalidades da frequecircncia cardiacuteaca

fetal bem como reduccedilatildeo de relatos de dor grave e episiotomia Ocorre no entanto maior perda

de sangue estimada (acima de 500 mL) sem repercussotildees cliacutenicas consideraacuteveis A conclusatildeo

dos revisores eacute que as mulheres devem ser encorajadas a parir na posiccedilatildeo que lhes for mais

confortaacutevel com o balanccedilo das evidecircncias a favor das posturas natildeo supinas (AMORIM 2010)

Mouta et al (2008) e Rocha Fonseca (2010) encontraram percentuais entre 50 e 78 de

posiccedilatildeo vertical em partos assistidos exclusivamente por enfermeiras obstetras em

maternidades puacuteblicas do Rio de Janeiro Em um CPN de Satildeo Paulo apenas 13 dos partos

foram assistidos em posiccedilatildeo horizontal contra 776 assistidos em posiccedilatildeo vertical (SOUZA

2011)

25

Sousa (2013) observou em seu estudo com 61 mulheres assistidas em Hospital da rede puacuteblica

de Belo Horizonte que mais de 75 pariram deitadas de costas com pernas levantadas sem

uso de perneiras As demais mulheres deram a luz em posiccedilatildeo de coacutecoras (98) deitada de

lado (66) sentadareclinada (66) ou Gaskin (16)

A maternidade do HRTN faz parte da rede de hospitais de Belo Horizonte que assinou o Termo

de Compromisso das Maternidades do SUS-BH estabelecido pela Comissatildeo Perinatal da

Secretaria Municipal de Sauacutede de Belo Horizonte (SMSA-BH) o qual estabelece metas para

diversos indicadores assistenciais objetivando humanizar a assistecircncia e reduzir as taxas de

cesariana nas maternidades da rede puacuteblica de Belo Horizonte No que se refere a posiccedilatildeo de

parto a SMSA-BH tem como meta que mais de 70 dos partos sejam realizados em posiccedilatildeo

natildeo supina Segundo dados institucionais fornecidos pela coordenaccedilatildeo da maternidade sobre

todos os partos do HRTN no mesmo periacuteodo deste estudo a taxa de partos em posiccedilatildeo natildeo

supina variou de 6202 em abril de 2014 a 8138 em abril de 2013

Diante dos resultados deste estudo eacute possiacutevel inferir que no HRTN a equipe incentiva e apoia o

uso de deambulaccedilatildeo e posiccedilotildees verticalizadas durante o trabalho de parto e periacuteodo expulsivo

As mulheres devem orientadas sobre os benefiacutecios da verticalizaccedilatildeo para a evoluccedilatildeo do

trabalho de parto No momento do parto deve haver incentivo agrave livre escolha da posiccedilatildeo dentro

das possibilidades da maternidade Ainda natildeo haacute disponibilidade de parto com imersatildeo em

aacutegua mas haacute quartos PPP (preacute-parto parto e poacutes-parto) com chuveiro bola suiacuteccedila banquinho

meia lua escada de Ling e espaccedilo fiacutesico que permite deambulaccedilatildeo Em alguns plantotildees a

equipe conta com a participaccedilatildeo das Doulas no cuidado agrave mulher em trabalho de parto

Os resultados deste estudo satildeo similares aos encontrados por Sousa (2013) o que mostra que

ambas as instituiccedilotildees componentes do SUS em Belo Horizonte que tem atuaccedilatildeo efetiva das

enfermeiras obstetras estimulam o parto em posiccedilotildees verticalizadas e provavelmente

respeitam a livre escolha da posiccedilatildeo de parto

O fato da maior parte dos partos serem em posiccedilatildeo semi-sentada gera certa inquietaccedilatildeo pois

26

sabe-se que esta posiccedilatildeo permite maior controle e melhor visibilidade sendo cocircmoda para o

profissional que assiste ao parto Outra justificativa possiacutevel para a grande porcentagem de

partos semi-sentada pode ser a falta de informaccedilatildeo eou orientaccedilatildeo das

mulheresacompanhantes sobre a possibilidade de parirem em outras posiccedilotildees que lhe sejam

confortaacuteveis Ressalta-se a necessidade de orientaccedilatildeo e incentivo quanto agrave liberdade de

posiccedilatildeo e sobre os benefiacutecios das posiccedilotildees verticalizadas para o trabalho de parto e periacuteodo

expulsivo desmitificando a claacutessica posiccedilatildeo de parto e empoderando-as a escolher a posiccedilatildeo

que lhes for mais confortaacutevel

Episiotomia

A episiotomia foi inicialmente proposta com o objetivo de facilitar o parto reduzindo o trauma

perineal e facilitando o reparo Entretanto natildeo obstante a indicaccedilatildeo de livros-texto sua

realizaccedilatildeo de rotina natildeo pode ser recomendada uma vez que existem vaacuterias evidecircncias de que

natildeo eacute necessaacuteria e de que pode ser prejudicial (AMORIM 2010)

Entre as principais morbidades relacionadas agrave episiotomia estatildeo a dor perineal e o

sangramento aumentado Nesses casos devido a urgecircncia os traumas perineais muitas vezes

satildeo suturados sem a boa visualizaccedilatildeo do local podendo produzir acidentes com lesatildeo no trato

geniturinaacuterio e nas estruturas do assoalho peacutelvico causando hipermobilidade uretral e prolapso

genital Apoacutes o parto tambeacutem podem surgir hematuacuteria incapacidade vesical e incontinecircncia

urinaacuteria (RIESCO et al 2011)

A OMS (1996) considera o uso liberal e rotineiro de episiotomia uma praacutetica claramente

prejudicial e que deve ser eliminada (categoria B) Embora os dados disponiacuteveis na literatura

revelem que a realizaccedilatildeo de episiotomia natildeo cumpre os objetivos que justificariam sua

realizaccedilatildeo de forma rotineira sejam eles a prevenccedilatildeo de lesotildees nas genitais da matildee ou na

cabeccedila do receacutem-nascido ainda hoje tal intervenccedilatildeo permanece sendo usada de forma

abusiva em muitas instituiccedilotildees de sauacutede

Em revisatildeo sistemaacutetica incluindo oito ensaios cliacutenicos (n=5541) observou-se que comparada

agrave episiotomia de rotina a episiotomia seletiva (com indicaccedilatildeo precisa) esteve associada com

27

menos trauma perineal grave menor necessidade de suturas menos complicaccedilotildees na

cicatrizaccedilatildeo e mais trauma perineal anterior Natildeo houve diferenccedila na frequecircncia de trauma

vaginal ou perineal grave dispareunia incontinecircncia urinaacuteria ou dor intensa Os revisores

recomendam que a episiotomia natildeo seja realizada rotineiramente e quando necessaacuteria seja

realizada com o consentimento poacutes-informaccedilatildeo da parturiente (AMORIM 2010)

Cesar (2011) encontrou ocorrecircncia meacutedia de episiotomia de 72 entre as 2557 gestantes

estudadas no Sul do Brasil Houve variaccedilatildeo de 86 entre as adolescentes e 66 entre as

demais matildees As taxas encontradas foram bastante elevadas principalmente entre as

adolescentes o que indica baixa incorporaccedilatildeo de praacuteticas baseadas em evidecircncia na

assistecircncia ao parto no cenaacuterio do estudo

Em contrapartida Sousa (2013) verificou em seu estudo em uma maternidade da rede puacuteblica

de Belo Horizonte iacutendice de episiotomia em torno de 11 e observou seguranccedila na praacutetica dos

profissionais de sauacutede envolvidos na assistecircncia ao parto da instituiccedilatildeo estudada no que se

refere ao uso seletivo desse procedimento e aos criteacuterios de utilizaccedilatildeo Tal instituiccedilatildeo tem

princiacutepios humanizados e grande inserccedilatildeo de enfermeiras obstetras na assistecircncia ao parto o

que pode tambeacutem ter justificado a baixa taxa de episiotomia encontrada

Considerando todos os partos realizados no HRTN no periacuteodo deste estudo a taxa de

episiotomia variou entre 90 em abril de 2013 a 149 em abril de 2014 A SMSA-BH tem

como meta de realizaccedilatildeo de episiotomia em menos de 30 dos partos vaginais Considerando

os 1434 partos assistidos por EO no mesmo periacuteodo a taxa de episiotomia foi de 46 o que

mostra uso criterioso do procedimento por parte desta categoria profissional

No presente estudo a taxa de episiotomia foi 42 Nestes casos a episiotomia pode ter sido

indicada devido a periacuteneo resistente no intuito de prevenir laceraccedilotildees graves mesmo que natildeo

haja respaldo cientiacutefico para tal praacutetica Tambeacutem em situaccedilotildees de estado fetal natildeo

tranquilizador durante o periacuteodo expulsivo jaacute com o feto em planos avanccedilados no intuito de

acelerar o nascimento ou mesmo por distoacutecia de ombro ou outra complicaccedilatildeo sendo uma

decisatildeo conjunta entre preceptor e residente Deve-se considerar que a baixas taxas de

28

episiotomia nos partos assistidos por enfermeiras residentes satildeo reflexo da atuaccedilatildeo da

preceptoria tanto de enfermeiras obstetras como de meacutedicos obstetras A episiotomia natildeo foi

realizada em 9538 dos partos o que mostra que as residentes em enfermagem obsteacutetrica

faziam uso seletivo do procedimento Um aspecto relevante deste estudo eacute que mesmo com a

baixa taxa de episiotomia encontrou-se pequenas taxas de laceraccedilotildees perineais de terceiro

(28) e quarto grau (028) Isso aponta para um modelo de assistecircncia obsteacutetrico com

incorporaccedilatildeo de praacuteticas baseadas em evidecircncias cientiacuteficas na maternidade do HRTN

Contato pele a pele

As praacuteticas referentes ao contato da matildee com seu bebecirc e ao aleitamento materno ainda na

sala de parto satildeo tambeacutem indicadores relevantes da qualidade da atenccedilatildeo ao parto

humanizado e segundo a OMS (1996) e MS (2001) deve ser encorajada no parto normal

(categoria A)

O passo quatro da Iniciativa Hospital Amigo da Crianccedila (IHAC) preconiza que os bebecircs que

tenham condiccedilotildees cliacutenicas favoraacuteveis permaneccedilam por pelo menos uma hora junto agrave pele da

matildee e que iniciem o aleitamento materno ainda na primeira meia hora apoacutes o nascimento

independentemente da via de parto (BRASIL 2010)

O contato pele a pele precoce melhora os resultados neonatais em termos de menor choro e

maior estabilidade cardiorrespiratoacuteria e aumenta significativamente o sucesso da

amamentaccedilatildeo sem efeitos negativos aparentes em curto e longo prazo segundo estudo de

meta-anaacutelise O contato pele a pele da matildee com o receacutem-nascido por pelo menos 30 minutos

na primeira hora de vida aleacutem de propiciar o envolvimento matildee-filho e o aleitamento materno

eacute um indicativo de que o parto transcorreu adequadamente Aleacutem disso favorece o viacutenculo

afetivo propiciando o reconhecimento entre matildee e filho pode aumentar a autoestima materna

diminuir a ansiedade melhorar os sentimentos de aceitaccedilatildeo do seu novo papel e a satisfaccedilatildeo

durante o processo de parto (MOORE et al 2012)

Apesar de o contato pele a pele ser uma praacutetica demonstradamente uacutetil e que deve ser

encorajada no parto normal especificamente tambeacutem pode e deve ser promovida no parto

29

operatoacuterio Sousa (2013) verificou em sua pesquisa que dos 89 receacutem-nascidos vivos o

contato precoce entre matildee e filho foi garantido em mais de 77 dos partos embora a maior

frequecircncia tenha ocorrido entre os filhos nascidos de parto normal

Na maternidade do HRTN o contato pele a pele eacute incentivado e apoiado por toda a equipe

multiprofissional sendo uma praacutetica consolidada conforme apontam os resultados deste

estudo As parturientes devem ser orientadas sobre os benefiacutecios desta praacutetica e preparadas

para receber seus RN apoacutes o nascimento A assistecircncia ao RN estaacutevel deve ser feita

preferencialmente no colo da matildee e quando houver necessidade de encaminhar o RN ao

berccedilo aquecido assim que este estabelecer condiccedilotildees favoraacuteveis deve retornar para o contato

pele a pele Assim como o contato pele a pele a amamentaccedilatildeo na primeira hora de vida

tambeacutem deve ser apoiada e estimulada respeitando o desejo da mulher

No presente estudo o contato pele a pele na primeira hora de vida foi realizado em 9440 dos

partos Os 475 em que natildeo foi realizado pode ter como justificativa o nascimento de um RN

deprimido sem condiccedilotildees cliacutenicas de permanecer com a matildee e que necessitaram de

assistecircncia pediaacutetrica seja reanimaccedilatildeo neonatal ou transferecircncia para unidade neonatal

Tambeacutem pode ter como justificativa impossibilidade materna ou desejo de natildeo realizar contato

pele a pele

Pela pactuaccedilatildeo da maternidade em estudo com a SMSA-BH a meta eacute que 100 dos receacutem-

nascidos vivos realizem contato pele a pele efetivo na primeira hora de vida Considerando

todos os partos realizados na instituiccedilatildeo no mesmo periacuteodo deste estudo este indicador variou

entre 905 em abril de 2013 a 960 em agosto de 2013 segundo dados institucionais

fornecidos pela coordenaccedilatildeo a maternidade Estes dados sinalizam boa incorporaccedilatildeo desta

praacutetica pela equipe mas indicam tambeacutem necessidade de melhoria para que seja atingida a

meta

Acompanhante

A presenccedila de acompanhante durante todo o periacuteodo de internaccedilatildeo eacute um direito conquistado

pelas mulheres assegurado na Lei nordm 111082005 regulamentado pelo Ministeacuterio da Sauacutede

30

pela Portaria nordm 24182005 portanto obrigatoacuterio em todas as instituiccedilotildees sejam elas puacuteblicas

ou privadas (BRASIL 2005) Esta praacutetica eacute classificada pela OMS como demonstradamente uacutetil

e que deve ser estimulada (categoria A)

A presenccedila do acompanhante durante o processo de parturiccedilatildeo pode proporcionar bem-estar

fiacutesico e emocional agrave mulher e benefiacutecios clinicamente significativos ao binocircmio matildee-filho Os

efeitos do suporte agrave mulher foram encontrados em recente meta-anaacutelise e estatildeo associados agrave

menor duraccedilatildeo do trabalho de parto uso de ocitocina reduccedilatildeo de cesariana e de partos

vaginais instrumentais diminuindo ainda a utilizaccedilatildeo de analgesia intraparto e melhorando os

iacutendices de Apgar no quinto minuto (SOUSA 2013)

Outros estudos destacam ainda a importacircncia do acompanhante quando este se envolve natildeo

soacute no apoio fiacutesico e emocional mas tambeacutem no desenvolvimento junto agrave parturiente de accedilotildees

como massagem auxiacutelio e encorajamento durante a deambulaccedilatildeo banho e tambeacutem no

periacuteodo expulsivo o que proporciona tambeacutem maior grau de satisfaccedilatildeo com o parto Sousa

(2013) verificou em sua pesquisa que quase a totalidade (922) das mulheres assistidas em

uma instituiccedilatildeo de sauacutede da rede puacuteblica de Belo Horizonte permaneceu com o acompanhante

de sua escolha durante o periacuteodo de internaccedilatildeo sendo a maioria o companheiro pai da

crianccedila (627)

No HRTN a presenccedila de acompanhante familiar de livre escolha eacute uma praacutetica consolidada

pela instituiccedilatildeo e apoiada pela equipe multiprofissional A valorizaccedilatildeo do acompanhante deve

acontece em todas as etapas da internaccedilatildeo durante o trabalho de parto os acompanhantes

podem ser encorajados a participar ativamente no apoio agrave parturiente ofertando meacutetodos

alternativos para aliacutevio da dor como massagens por exemplo No momento do parto quando

possiacutevel pode ser oferecido ao familiar que corte o cordatildeo umbilical o que pode ter grande

representaccedilatildeo simboacutelica para aquela famiacutelia No puerpeacuterio os acompanhantes devem ser

orientados junto aacute mulher sobre os cuidados com o RN aleitamento materno e como apoiar a

matildee na nova fase

No presente estudo houve acompanhante familiar em 960 dos partos assistidos pelas

enfermeiras residentes Partos sem acompanhante familiar foram apenas 37 Estes dados

31

corroboram com a afirmaccedilatildeo de que a presenccedila do acompanhante familiar eacute uma praacutetica

consolidada e respeitada pela equipe da maternidade do HRTN

Analgesia

Meacutetodos natildeo farmacoloacutegicos

A OMS (1996) recomenda que o uso de meacutetodos natildeo farmacoloacutegicos para aliacutevio da dor deve

ser privilegiado durante a assistecircncia ao trabalho de parto considerando-os como ldquopraacuteticas

reconhecidamente uacuteteis e que devem ser estimuladasrdquo Categoria A na recomendaccedilatildeo de boas

praacuteticas na assistecircncia ao parto

Entre as praacuteticas natildeo medicamentosas tem-se estudado o uso de acupuntura acupressura

hipnose teacutecnicas de relaxamento e respiraccedilatildeo aplicaccedilatildeo de frio e calor aromaterapia

aacuteudioanalgesia massagem deambulaccedilatildeo e banho de imersatildeo durante o parto (SILVA 2011)

Em um estudo de revisatildeo sistemaacutetica foram incluiacutedos 14 ensaios com 1448 parturientes que

utilizaram diferentes formas de tratamento para a dor (acupuntura hipnose audioanalgesia

aromaterapia massagem e relaxamento) A hipnose mostrou-se efetiva em termos de reduzir a

necessidade de meacutetodos farmacoloacutegicos para aliacutevio da dor aumentando o grau de satisfaccedilatildeo

materna Maior chance de parto vaginal e reduccedilatildeo da necessidade de analgesia A acupuntura

tambeacutem se associou a uma menor intensidade da dor e reduccedilatildeo do uso de ocitocina A eficaacutecia

de meacutetodos como acupressatildeo aromaterapia aacuteudioanalgesia relaxamento e massagem natildeo foi

ainda estabelecida sendo necessaacuterios ensaios cliacutenicos randomizados para avaliaccedilatildeo dessas

terapias complementares para aliacutevio da dor durante o trabalho de parto (PORTO 2010)

Deve-se considerar que o suporte contiacutenuo intraparto e as posiccedilotildees verticalizadas durante o

parto tambeacutem se associam agrave reduccedilatildeo da dor e maior grau de satisfaccedilatildeo materna como jaacute

demonstrado em revisotildees sistemaacuteticas A imersatildeo em aacutegua em banheiras ou similares durante

o trabalho de parto tem sido investigada como um meacutetodo de promoccedilatildeo de relaxamento e aliacutevio

da dor Em uma revisatildeo sistemaacutetica de 11 ensaios cliacutenicos a imersatildeo em aacutegua foi associada agrave

reduccedilatildeo no uso de analgesia e reduccedilatildeo no relato de dor sem prejudicar a duraccedilatildeo do trabalho

de parto as taxas de partos ciruacutergicos ou o bem-estar neonatal (PORTO 2010)

32

A SMSA-BH recomenda que os meacutetodos natildeo farmacoloacutegicos para aliacutevio da dor sejam ofertados

a 100 das mulheres em trabalho de parto De acordo com dados institucionais fornecidos

pela coordenaccedilatildeo da maternidade a oferta variou entre 7571 em julho de 2013 a 8778 em

julho de 2013 considerando todos os partos realizados na instituiccedilatildeo no periacuteodo de abril de

2013 a abril de 2014

No livro fonte de dados deste estudo a oferta de meacutetodos natildeo farmacoloacutegicos natildeo eacute registrada

natildeo sendo possiacutevel quantificar estes dados nos partos assistidos por REO mas pode-se inferir

que esta eacute uma praacutetica adotada pelas enfermeiras obstetras e residentes quando se observa

por exemplo as baixas taxas de analgesia farmacoloacutegica em torno de 16 nos partos

assistidos por estas profissionais

Meacutetodos farmacoloacutegicos

Classicamente vaacuterios meacutetodos farmacoloacutegicos foram propostos mas existe consenso

atualmente de que se algum meacutetodo farmacoloacutegico for indicado para aliacutevio da dor durante o

trabalho de parto a analgesia regional com peridural ou teacutecnica combinada (raquidiana e

peridural) deve ser empregada preferencialmente em relaccedilatildeo ao uso de opioacuteides sistecircmicos ou

analgesia inalatoacuteria A teacutecnica ideal para analgesia de parto deveria ter miacutenima ou ausente

transferecircncia placentaacuteria ausecircncia de efeitos sobre o fluxo sanguiacuteneo uteroplacentaacuterio efeitos

miacutenimos e reversiacuteveis sobre o feto e neonato ausecircncia de efeito ocitoacutecico ou tocoliacutetico e

ausecircncia de bloqueio motor (PORTO 2010)

Uma revisatildeo sistemaacutetica realizada em 2011 incluindo 38 estudos comprovou a eficaacutecia da

analgesia peridural para reduccedilatildeo da dor de mulheres durante o processo de parto mas

tambeacutem revelou maior risco de parto instrumental maior necessidade de ocitocina e aumento

da duraccedilatildeo do segundo estaacutegio do parto Natildeo houve associaccedilatildeo dessa intervenccedilatildeo com risco

de cesariana cefaleacuteia e escores de Apgar menores que sete no quinto minuto (AMORIM

2011)

Na maternidade em estudo a analgesia farmacoloacutegica seja por teacutecnica peridural ou

raquianestesia eacute considerada um direito da mulher de acordo com os princiacutepios da

humanizaccedilatildeo e eacute ofertada conforme desejo da parturiente apoacutes a oferta de diferentes meacutetodos

33

natildeo farmacoloacutegicos para aliacutevio da dor e sob orientaccedilotildees sobre os riscos e benefiacutecios do

procedimento ou nos casos em que haacute indicaccedilatildeo cliacutenica para realizaccedilatildeo do mesmo A teacutecnica

de analgesia empregada na instituiccedilatildeo permite na maior parte dos casos a deambulaccedilatildeo

movimentaccedilatildeo e uso concomitante de outros meacutetodos alternativos de aliacutevio da dor como

chuveiro Isto pode influenciar para o desfecho favoraacutevel dos partos conforme mostram as

evidecircncias sobre movimentaccedilatildeo e verticalizaccedilatildeo durante o trabalho de parto

A SMSA-BH recomenda a utilizaccedilatildeo de analgesia quando esgotados os recursos natildeo

farmacoloacutegicos para aliacutevio da dor em torno de 30 dos partos normais A proporccedilatildeo de parto

normal com analgesia variou de 141 em janeiro de 2014 e 279 em agosto de 2013

considerando todos os partos realizados na instituiccedilatildeo no mesmo periacuteodo deste estudo

Considerando os 1434 assistidos por EO no periacuteodo do estudo 147 recebeu analgesia por

teacutecnica peridural e 11 raquidiana Os demais 841 dos partos foi sem analgesia

farmacoloacutegica

No presente estudo a analgesia farmacoloacutegica foi realizada em 176 dos partos sendo 166

por teacutecnica peridural e 11 raquidiana Analgesia natildeo foi realizada em 822 dos partos

assistidos por REO Estes dados demonstram que a oferta de meacutetodos natildeo farmacoloacutegicos

para aliacutevio da dor pode ter sido influenciado positivamente na escolha da parturiente em

receber ou natildeo a analgesia farmacoloacutegica

Laceraccedilotildees perineais

Laceraccedilotildees perineais satildeo traumas em estruturas componentes da vagina que podem ocorrer

de forma espontacircnea durante a passagem do feto pelo canal de parto ou em decorrecircncia de

episiotomia as quais podem se prolongar

A laceraccedilatildeo de primeiro grau eacute aquela que natildeo atinge nenhum muacutesculo estendendo-se atraveacutes

da fuacutercula mucosa vaginal e da pele Jaacute a laceraccedilatildeo de segundo grau acomete os muacutesculos

perineais poreacutem sem lesatildeo do esfiacutencter retal A laceraccedilatildeo de terceiro grau atinge essa

estrutura e algumas vezes prolonga-se ateacute a parede anterior do reto Neste uacuteltimo caso em

que a parede do reto eacute comprometida por vezes utiliza-se o termo laceraccedilatildeo de quarto grau

As laceraccedilotildees de primeiro e segundo grau satildeo consideradas leves e laceraccedilotildees de terceiro e

34

quarto grau satildeo consideradas graves pois podem levar agrave incontinecircncia urinaacuteria e fecal sendo

estas uacuteltimas mais raras (REZENDE 2005)

A ocorrecircncia de laceraccedilotildees perineais no parto normal depende de diversos fatores que podem

estar relacionados agraves condiccedilotildees maternas ao feto ao parto em si e ao prestador de serviccedilo

Embora estes fatores natildeo estejam definitivamente estabelecidos existem evidecircncias indicando

o local do parto e o profissional que assiste a escolaridade materna a paridade a altura do

periacuteneo a duraccedilatildeo do segundo estaacutegio do parto a cicatriz perineal anterior a infusatildeo de

ocitocina a posiccedilatildeo no parto a analgesia farmacoloacutegica os puxos dirigidos as manobras de

proteccedilatildeo perineal o peso e o periacutemetro cefaacutelico do RN como fatores relacionados entre

outros Quanto a integridade perineal sua chance aumenta entre as mulheres com um ou mais

partos vaginais anteriores (RIESCO et al 2011)

Estudos tambeacutem tecircm buscado associaccedilatildeo entre a posiccedilatildeo materna no parto e as laceraccedilotildees

perineais Sousa (2013) verificou que a posiccedilatildeo deitada de lado juntamente com a posiccedilatildeo de

coacutecoras foram as que tiveram maior ocorrecircncia de laceraccedilotildees de primeiro grau principalmente

com 750 e 833 dos casos respectivamente Essas duas posiccedilotildees tambeacutem foram as que

mais favoreceram para que as mulheres tivessem laceraccedilotildees na pesquisa desenvolvida por

Souza (2011) em um CPN do Rio de Janeiro com incidecircncia de 502 nos partos assistidos

em posiccedilatildeo lateral e 696 naqueles assistidos de coacutecoras Em ambas pesquisas a posiccedilatildeo de

Gaskin foi a que teve menor incidecircncia de traumas perineais seguida da posiccedilatildeo

sentadareclinada

Entre as principais morbidades relacionadas estatildeo a dor perineal e o sangramento aumentado

Apoacutes o parto tambeacutem podem surgir hematuacuteria incapacidade vesical e incontinecircncia urinaacuteria A

disfunccedilatildeo geniturinaacuteria e sexual produzida pelo trauma perineal pode ser tambeacutem devida agrave

perda ou diminuiccedilatildeo do tocircnus muscular perineal Poreacutem esse achado contrasta com dados de

outros estudos os quais concluiacuteram que a via de parto a paridade a idade materna o peso do

receacutem-nascido (RN) e a episiotomia natildeo foram fatores determinantes para a reduccedilatildeo da forccedila

muscular perineal Considerando os problemas em curto prazo (perda sanguiacutenea necessidade

de sutura e dor perineal) e em longo prazo (disfunccedilotildees intestinais urinaacuterias e sexuais)

35

associados ao trauma perineal no parto sua prevenccedilatildeo reduccedilatildeo e reparaccedilatildeo adequada satildeo

fatores importantes para as mulheres e os profissionais que as assistem (RIESCO 2010)

Considerando os 1434 partos assistidos por EO em 304 houve periacuteneo iacutentegro 447

laceraccedilotildees de primeiro grau 228 laceraccedilotildees de segundo grau 195 de terceiro grau e

014 de quarto grau Tais resultados satildeo proacuteximos aos verificados neste estudo e

associados com as baixas taxas de episiotomia nos partos assistidos pelas enfermeiras

residentes corroboram com a recomendaccedilatildeo do uso seletivo da episiotomia como um praacutetica

favoraacutevel

Escore de Apgar

O momento de transiccedilatildeo da vida intrauterina para extrauterina eacute crucial para o desenvolvimento

do bebecirc e deve ser minuciosamente preparado e vivenciado Eacute indispensaacutevel que nos

primeiros minutos de vida do neonato seja realizada avaliaccedilatildeo completa e sistemaacutetica visando

identificar desvios da normalidade e que forneccedila agraves informaccedilotildees baacutesicas sobre a vitalidade e a

adaptaccedilatildeo do RN agrave vida fora do ventre materno (BARBOSA 2006)

A avaliaccedilatildeo realizada imediatamente apoacutes o parto eacute composta pelo o escore de Apgar sendo

complementada com a avaliaccedilatildeo do aspecto geral a medida dos sinais vitais e medidas

antropomeacutetricas O iacutendice de Apgar avalia cinco criteacuterios cliacutenicos cor da pele frequecircncia

cardiacuteaca irritabilidade reflexa respiraccedilatildeo e tocircnus muscular O RN eacute avaliado no primeiro e no

quinto minuto de vida e cada criteacuterio garante de 0 a 2 pontos desencadeando assim uma soma

adequada entre 7 e 10 pontos Quando a soma total resulta em 4 a 6 pontos sugere dificuldade

moderada do RN em adaptar-se e menor que 4 pode indicar sofrimento Julga-se assim o grau

de adaptaccedilatildeo imediata e o grau de depressatildeo neuroloacutegica do RN nos primeiros cinco minutos

de vida (SBP 2011)

O iacutendice Apgar tem sido pouco utilizado para avaliar a qualidade de assistecircncia ao parto sendo

considerado um indicador pontual aleacutem de natildeo ser utilizado para determinar o iniacutecio da

reanimaccedilatildeo neonatal No entanto sua aplicaccedilatildeo permite avaliar a resposta do neonato agraves

manobras realizadas e a eficaacutecia dessas manobras O Apgar no quinto minuto eacute mais utilizado

36

para avaliaccedilatildeo da adaptaccedilatildeo do RN por melhor representa-la se comparado ao Apgar de

primeiro minuto Se o escore eacute inferior a 7 no 5ordm minuto recomenda-se realizaacute-lo a cada cinco

minutos ateacute 20 minutos de vida Eacute necessaacuterio documentar o escore de Apgar de maneira

concomitante agrave dos procedimentos de reanimaccedilatildeo executados (SBP 2011)

Eacute importante considerar que um Apgar baixo natildeo eacute necessariamente resultado de uma

assistecircncia ao parto e ao neonato inadequada assim como um bom iacutendice de Apgar natildeo indica

boa qualidade assistencial ao binocircmio Este iacutendice entretanto eacute um bom indicador para

resultados perinatais a longo prazo aleacutem de ser considerado importante preditor da avaliaccedilatildeo

do bem-estar e do prognoacutestico inicial do receacutem-nascido A avaliaccedilatildeo imediata do RN pode ser

feita por pediatra ou outro profissional capacitado para prestar a assistecircncia necessaacuteria desde

o suporte baacutesico ateacute a reanimaccedilatildeo neonatal Na maternidade do HRTN o pediatra eacute o

profissional responsaacutevel pela assistecircncia ao RN na sala de parto A instituiccedilatildeo possui UTI

neonatal para onde satildeo encaminhados os RN que necessitam de cuidados especiacuteficos Os

neonatos que apresentam boa vitalidade satildeo colocados em contato pele a pele com as matildees e

apoacutes permanecem em alojamento conjunto ateacute a alta

Pela SMSA-BH a meta de Apgar lt7 no quinto minuto eacute no maacuteximo 3 Este indicador variou

entre 08 em fevereiro de 2014 a 24 em novembro de 2013 considerando todos os partos

realizados na instituiccedilatildeo no mesmo periacuteodo do estudo ou seja esteve sempre dentro da meta

estabelecida

No presente estudo as dados sobre escore de Apgar foram divididos em Apgar lt7 (644) e gt7

(9356) no primeiro minuto lt7 (084) e gt 7 (9916) no quinto minuto Tais dados mostram

que a quase totalidade dos RN apresentava boas condiccedilotildees de vitalidade no primeiro e quinto

minuto A este dado se associa o incentivo e a alta taxa de contato pele a pele precoce sendo

um dos fatores que contribuem para melhor adaptaccedilatildeo a vida extrauterina aleacutem de assistecircncia

qualificada aos RN que necessitam de cuidados especiacuteficos ou reanimaccedilatildeo

37

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Os resultados deste estudo evidenciam que a assistecircncia ao parto prestada pelas residentes

em enfermagem obsteacutetrica foi coerente com as recomendaccedilotildees de boas praacuteticas em todos os

aspectos analisados consolidando as evidecircncias literaacuterias sobre a assistecircncia ao parto

promovida por enfermeiras obstetras Foi possiacutevel observar maioria de partos em posiccedilotildees

verticalizadas uso seletivo de episiotomia com baixa incidecircncia de laceraccedilotildees perineais

graves alto iacutendice de contato pele a pele presenccedila de acompanhante na maioria dos partos

baixas taxas de analgesia farmacoloacutegica e escores de Apgar que demonstram boa vitalidade

fetal em quase todos os receacutem-nascidos Diante do exposto eacute possiacutevel concluir que a atuaccedilatildeo

das enfermeiras residentes em enfermagem obsteacutetrica contribuiu para a obtenccedilatildeo de

resultados obsteacutetricos e neonatais favoraacuteveis na maternidade do HRTN

Devido agrave forma de organizaccedilatildeo e registro dos procedimentos no livro utilizado para coleta de

dados natildeo foi possiacutevel avaliar algumas praacuteticas obsteacutetricas tais como uso de ocitocina

amniotomia oferta de meacutetodos natildeo farmacoloacutegicos para aliacutevio da dor oferta de liacutequidos

durante o trabalho de parto e uso de partograma Estes dados seriam importantes para uma

anaacutelise mais detalhada sobre a assistecircncia ao parto Os dados institucionais fornecidos pela

coordenaccedilatildeo da maternidade forneceram uma dimensatildeo de algumas destas praacuteticas na

maternidade contudo natildeo foi possiacutevel neste estudo avaliar quantitativamente tais

procedimentos somente nos partos assistidos por enfermeiras residentes Sugere-se ampliaccedilatildeo

dos indicadores no livro de registro e padronizaccedilatildeo no seu preenchimento para melhor

qualificaccedilatildeo dos dados da assistecircncia ao parto prestada elas enfermeiras obstetrasresidentes

A capacitaccedilatildeo profissional no modelo de residecircncia eacute intensa e exige dedicaccedilatildeo A extensa

carga horaacuteria praacutetica aliada agrave teoria satildeo determinantes para uma formaccedilatildeo qualificada e

humana das enfermeiras residentes A possibilidade de atuar efetivamente na assistecircncia em

conjunto com outras categorias profissionais enriquece a formaccedilatildeo abrangendo diferentes

fases e situaccedilotildees do ciclo graviacutedico-puerperal Eacute importante salientar que a capacitaccedilatildeo das

enfermeiras obstetras nesta modalidade pioneira de residecircncia soacute foi possiacutevel graccedilas ao

estiacutemulo governamental com recursos provenientes do programa Rede Cegonha e os

esforccedilos conjuntos da Escola de Enfermagem da UFMG e demais instituiccedilotildees envolvidas

38

Os resultados deste estudo evidenciam a incorporaccedilatildeo do modelo assistencial humanizado e

baseado em evidecircncias cientiacuteficas pela equipe do HRTN O modelo colaborativo de assistecircncia

obsteacutetrica pode gerar resultados favoraacuteveis e promissores com as atuaccedilotildees complementares

entre as diferentes categorias profissionais A praacutetica supervisionada durante todo o processo

de formaccedilatildeo e a avaliaccedilatildeo constante das habilidades adquiridas pelas residentes satildeo

fundamentais para a consolidaccedilatildeo do conhecimento para maior seguranccedila das aprendizes e

para a oferta de uma assistecircncia qualificada e humanizada a mulher receacutem nascido e famiacutelia

A instituiccedilatildeo que acolhe as enfermeiras residentes obteacutem retorno positivo pois a atuaccedilatildeo

preceptorada das mesmas resulta em assistecircncia qualificada que atende a perspectiva da

praacutetica baseada em evidecircncia cientiacutefica segura com baixo custo e bons resultados obsteacutetricos

e neonatais Os resultados da atuaccedilatildeo das enfermeiras residentes refletem o modelo

institucional incorporado o qual eacute transmitido as residentes pelos preceptores O incentivo a

formaccedilatildeo de enfermeiras obstetras eacute fundamental para o fortalecimento desta categoria

profissional para maior inserccedilatildeo destas profissionais em espaccedilos aonde a assistecircncia ao parto

ainda eacute meacutedico-centrada e para mudanccedila do modelo obsteacutetrico hegemocircnico nacional

39

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ORGANIZACcedilAtildeO MUNDIAL DA SAUacuteDE Care in normal birth a practical guide Geneva 1996 53p ORGANIZACcedilAtildeO MUNDIAL DE SAUacuteDE ndash Objetivos de Desenvolvimento do Milecircnio

httpwwwwhointeportuguesepublicationspt Acesso em 09032015

PORTO AMF AMORIM MMR SOUZA ASR Assistecircncia ao primeiro periacuteodo do trabalho de parto baseada em evidecircncias FEMINA v 38 n 10 2010

RABELO LR OLIVEIRA DL Percepccedilotildees de enfermeiras obsteacutetricas sobre sua competecircncia na atenccedilatildeo ao parto normal hospitalar Rev Esc Enferm USP 2010 44(1)213-20 RAMOS HAC CUMAN RKN Fatores de risco para prematuridade pesquisa documental Esc Anna Nery Rev Enferm 2009 abr-jun 13 (2) 297-304 RIESCO MLG et al Episiotomia laceraccedilatildeo e integridade perineal em partos normais anaacutelise de fatores associados Rev Enferm UERJ v 19 n1 p 77-83 2011

REZENDE J Obstetriacutecia fundamental 2 ed Rio de Janeiro Guanabara Koogan 2005

ROCHA CR FONSECA LC Assistecircncia do enfermeiro obstetra a mulher parturiente em busca do respeito a natureza Rev de Pesq cuidado eacute fundamental v 2 n 2 p 807-816 2010

SANTOS NCP VOGTSE PIMENTA AM DUARTE ED MADEIRA LM ABREU MNS et al Resultados maternos y neonatales en el trabajo de parto y parto de adolescentes admitidas en un Centro de Parto Normal brasileiro Adolesc Saude 201411(3)39-50

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SILVA JLCP SURITA FGC Idade materna resultados perinatais e via de parto Rev Bras Ginecol Obstet 2009 31(7) 321 ndash 5

SBP- Sociedade Brasileira de Pediatria Programa de reanimaccedilatildeo neonatal da Sociedade Brasileira de Pediatria Condutas 2011 27p

SOUSA AMM Praacuteticas obsteacutetricas na assistecircncia ao parto e nascimento em uma maternidade de Belo Horizonte Tese de mestrado Escola de Enfermagem da Universidade Federal de Minas Gerais Belo Horizonte 2013

SOUZA DOM Partos assistidos por enfermeiras praacuteticas obsteacutetricas realizadas no ambiente hospitalar no periacuteodo de 2004 a 2008 2011 84f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) Faculdade de Enfermagem da Universidade do Estado do Rio de Janeiro Rio de Janeiro RJ 2011

SOGC ndash Society of Obstetricians and Gynecologists of Canada Guidelines for the Management of Pregnancy at 41+0 to 42+0 Weeks JOGC september 2008

42

VOGT SE et al Caracteriacutesticas da assistecircncia ao trabalho de parto em trecircs modelos de atenccedilatildeo no SUS no Municiacutepio de Belo Horizonte Minas Gerais Brasil Cad Sauacutede Puacuteblica v 27 n 9 p 1789-1800 2011

ANEXO 1

RECOMENDACcedilOtildeES DE BOAS PRAacuteTICAS DE ASSISTEcircNCIA AO PARTO SEGUNDO

CLASSIFICACcedilAtildeO DO MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2001

CATEGORIA A - PRAacuteTICAS DEMONSTRADAMENTE UacuteTEIS E QUE DEVEM SER

ESTIMULADAS

Plano individual determinando onde e por quem o nascimento seraacute realizado feito em

conjunto com a mulher durante a gestaccedilatildeo e comunicado a seu maridocompanheiro

Avaliaccedilatildeo do risco gestacional durante o preacute-natal reavaliado a cada contato com o

sistema de sauacutede

Respeito agrave escolha da matildee sobre o local do parto

Fornecimento de assistecircncia obsteacutetrica no niacutevel mais perifeacuterico onde o parto for viaacutevel e

seguro e onde a mulher se sentir segura e confiante

Respeito ao direito da mulher agrave privacidade no local do parto

Apoio empaacutetico pelos prestadores de serviccedilo durante o trabalho de parto e parto

Respeito agrave escolha da mulher sobre seus acompanhantes durante o trabalho de parto e

parto

Fornecimento agraves mulheres sobre todas as informaccedilotildees e explicaccedilotildees que desejarem

Oferta de liacutequidos por via oral durante o trabalho de parto e parto

Monitoramento fetal por meio de ausculta intermitente

43

Monitoramento cuidadoso do progresso do parto por exemplo por meio do uso do

partograma da OMS

Monitoramento do bem-estar fiacutesico e emocional da mulher durante trabalho e parto e ao

teacutermino do processo de nascimento

Meacutetodos natildeo invasivos e natildeo farmacoloacutegicos de aliacutevio da dor como massagem e

teacutecnicas de relaxamento durante o trabalho de parto

Liberdade de posiccedilatildeo e movimento durante o trabalho de parto

Estiacutemulo a posiccedilotildees natildeo supinas durante o trabalho de parto

Uso rotineiro de ocitocina clampeamento tardio (1 a 3 minutos apoacutes o nascimento) e

traccedilatildeo controlada do cordatildeo durante o 3o estaacutegio do trabalho de parto

Condiccedilotildees esteacutereis ao cortar o cordatildeo

Prevenccedilatildeo da hipotermia do bebecirc

Contato pele a pele precoce entre matildee e filho e apoio ao iniacutecio da amamentaccedilatildeo na

primeira hora apoacutes o parto segundo as diretrizes da OMS sobre Aleitamento Materno

Exame rotineiro da placenta e membranas ovulares

CATEGORIA B - PRAacuteTICAS CLARAMENTE PREJUDICIAIS OU INEFICAZES E QUE DEVEM

SER ELIMINADAS

Uso rotineiro de enema

Uso rotineiro de tricotomia

Infusatildeo intravenosa de rotina no trabalho de parto

Cateterizaccedilatildeo venosa profilaacutetica de rotina

Uso rotineiro de posiccedilatildeo supina (decuacutebito dorsal) durante o trabalho de parto

44

Exame retal

Uso de pelvimetria por Raios-X

Amniotomia precoce de rotina para diminuir a duraccedilatildeo do trabalho de parto

Administraccedilatildeo de ocitoacutecitos em qualquer momento antes do parto de um modo que natildeo

permite controlar seus efeitos

Uso de rotina da posiccedilatildeo de litotomia com ou sem estribos durante o trabalho de parto

Esforccedilo de puxo prolongado e dirigido (manobra de Valsalva) durante o segundo

estaacutegio do trabalho de parto

Massagem e distensatildeo do periacuteneo durante o segundo estaacutegio do trabalho de parto

Uso liberal e rotineiro de episiotomia

Uso de comprimidos orais de ergometrina no terceiro estaacutegio do trabalho de parto com

o objetivo de evitar ou controlar hemorragias

Uso rotineiro de ergometrina parenteral no terceiro estaacutegio do trabalho de parto

Lavagem uterina rotineira apoacutes o parto

Revisatildeo uterina (exploraccedilatildeo manual) rotineira apoacutes o parto

CATEGORIA C - PRAacuteTICAS SEM EVIDEcircNCIAS SUFICIENTES PARA APOIAR UMA

RECOMENDACcedilAtildeO CLARA E QUE DEVEM SER UTILIZADAS COM CAUTELA ATEacute QUE

MAIS PESQUISAS ESCLARECcedilAM A QUESTAtildeO

Meacutetodos natildeo farmacoloacutegicos de aliacutevio de dor durante o trabalho parto como ervas

imersatildeo em aacuteguas e estimulaccedilatildeo dos nervos

Amniotomia e ocitocina precoce de rotina no primeiro estaacutegio do trabalho de parto para

prevenccedilatildeo de progresso inadequado do parto

Pressatildeo do fundo uterino durante o trabalho de parto

45

Manobras relacionadas agrave proteccedilatildeo do periacuteneo e ao manejo do poacutelo cefaacutelico no

momento do parto

Manipulaccedilatildeo ativa do feto no momento do parto

Estimulaccedilatildeo do mamilo para estimular a contratilidade uterina durante o terceiro estaacutegio

do trabalho de parto

CATEGORIA D - PRAacuteTICAS FREQUENTEMENTE USADAS DE MODO INADEQUADO

Restriccedilatildeo hiacutedrica e alimentar durante o trabalho de parto

Controle da dor por agentes sistecircmicos

Controle da dor por analgesia peridural

Monitoramento eletrocircnico fetal

Uso de maacutescaras e aventais esteacutereis durante a assistecircncia ao trabalho de parto

Exames vaginais repetidos ou frequumlentes especialmente por mais de um prestador de

serviccedilo

Correccedilatildeo da dinacircmica com utilizaccedilatildeo de ocitocina

Transferecircncia rotineira da parturiente para outra sala no iniacutecio do segundo estaacutegio do

trabalho de parto

Cateterizaccedilatildeo da bexiga

Estiacutemulo para o puxo quando se diagnostica dilataccedilatildeo cervical completa ou quase

completa antes que a mulher sinta o puxo involuntaacuterio

Clampeamento precoce do cordatildeo umbilical

Adesatildeo riacutegida a uma duraccedilatildeo estipulada do 2deg estaacutegio do trabalho de parto

Parto operatoacuterio e exploraccedilatildeo manual do uacutetero apoacutes o parto

46

ANEXO 2

47

48

ANEXO 3

49

Page 11: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS ESCOLA DE ENFERMAGEM … FINAL ANA … · inserção do estudo foi: partos assistidos por residentes em enfermagem obstétrica, independente se

11

como gestantes em tratamento cliacutenico 4 leitos ldquoCangururdquo para RN em ganho de peso 4 leitos

de internaccedilatildeo social para receber matildees com filhos internados na unidade de cuidados

progressivos aleacutem de uma Unidade de Cuidados Intensivos Neonatal (UCIN) A equipe de

enfermagem eacute composta por uma coordenadora 11 enfermeiras assistenciais 12 enfermeiras

obstetras e 54 teacutecnicos de enfermagem (PORTAL HRTN 2013)

As enfermeiras residentes atuam no centro obsteacutetrico em conjunto com equipe

multiprofissional a qual eacute composta por meacutedicos obstetras meacutedicos residentes em ginecologia

e obstetriacutecia anestesistas pediatras enfermeiras obstetras enfermeiros assistenciais e

teacutecnicos de enfermagem aleacutem de acadecircmicos de enfermagem e medicina da UFMG que

estagiam nesta instituiccedilatildeo Cada plantatildeo diurno ou noturno conta com duas enfermeiras

residentes que se dividem entre o bloco obsteacutetrico e o alojamento conjunto atuando

exclusivamente no local escalado portanto em todos os plantotildees haacute pelo menos uma

residente de enfermagem obsteacutetrica atuando na assistecircncia ao parto normal nesta

maternidade

A equipe presta assistecircncia baseada nos princiacutepios da humanizaccedilatildeo e do modelo colaborativo

Este modelo consiste na atuaccedilatildeo conjunta onde cada parte respeita a atuaccedilatildeo individual dos

membros da equipe que trabalha com metas e objetivos comuns As mulheres e suas famiacutelias

recebem acompanhamento multiprofissional com praacuteticas obsteacutetricas majoritariamente

baseadas em evidecircncias cientiacuteficas e na humanizaccedilatildeo da assistecircncia As parturientes satildeo

assistidas tanto por enfermeiras obstetras como por meacutedicos obstetras em todas as fases da

internaccedilatildeo A assistecircncia eacute compartilhada entre as diferentes categorias profissionais em

situaccedilotildees que variam desde a induccedilatildeo do trabalho de parto assistecircncia durante o trabalho de

parto parto nascimento ateacute o puerpeacuterio Os casos satildeo acompanhados de forma

compartilhada havendo comunicaccedilatildeo entre os membros da equipe Os partos normais podem

ser assistidos por residentes tanto enfermeiros como meacutedicos e ambos podem ser

preceptorados por enfermeiras obstetras ou meacutedicos obstetras o que permite uma atuaccedilatildeo

complementar entre as categorias que traz benefiacutecios ao serviccedilo e agrave parturiente Todos os

partos assistidos por enfermeiras obstetras satildeo registrados em um livro denominado ldquolivro de

registro de partos assistidos pelas enfermeiras obstetrasrdquo Os partos assistidos por residentes

em enfermagem obsteacutetrica tambeacutem satildeo registrados neste livro independente da preceptoria

12

mas eacute importante considerar que estes satildeo em sua maioria preceptorados por enfermeiras

obstetras

Fonte e coleta de dados

A fonte de informaccedilotildees para este estudo foi o ldquolivro de registro de partos assistidos pelas

enfermeiras obstetrasrdquo Os dados nele registrados satildeo data hora do parto nome da paciente

idade paridade idade gestacional posiccedilatildeo de parto realizaccedilatildeo de episiotomia e contato pele a

pele presenccedila de acompanhante se a parturiente recebeu analgesia e qual o tipo (peridural

raquianestesia) se houve laceraccedilatildeo perineal e qual o grau escore de Apgar do RN nome dos

profissionais que assistiram ao parto

O banco de dados foi constituiacutedo por 1434 partos registrados no livro no periacuteodo de treze

meses (abril de 2013 a abril de 2014) Os dados de cada parto foram digitados na iacutentegra no

programa Epi-Info versatildeo 353 Apoacutes a digitaccedilatildeo foram selecionados somente os partos que

atendiam ao criteacuterio para inserccedilatildeo no estudo parto assistido por residente em enfermagem

obsteacutetrica independente se preceptorado por enfermeira obstetra ou por meacutedico obstetra A

partir daiacute delimitou-se a populaccedilatildeo final deste estudo que foi de 714 partos Os dados natildeo

informados de cada variaacutevel foram excluiacutedos da amostra exceto na variaacutevel idade gestacional

Variaacuteveis de interesse

Apoacutes ter sido identificada a populaccedilatildeo deste estudo foram selecionadas onze variaacuteveis de

interesse sendo elas idade materna nuacutemero de gestaccedilotildees paridade idade gestacional

posiccedilatildeo do parto episiotomia contato pele a pele presenccedila de acompanhante analgesia

farmacoloacutegica laceraccedilatildeo perineal e escore de Apgar

A idade das mulheres assistidas pelas enfermeiras residentes foi classificada dentro do

intervalo de idade reprodutiva da seguinte forma

Entre 10 e 14 anos (adolescentes precoces)

Entre 15 e 19 anos (adolescentes)

13

Entre 20 e 34 anos (adultas jovens)

Acima de 35 anos (idade tardia)

Com relaccedilatildeo agrave paridade as mulheres foram divididas em primiacuteparas e multiacuteparas

No que se refere ao nuacutemero de gestaccedilotildees foram classificadas em primigestas secundigestas

tercigestas ou que tiveram quatro gestaccedilotildees anteriores ou mais

Com relaccedilatildeo aacute idade gestacional no parto a classificaccedilatildeo neste estudo foi

Preacute-termo (lt37 semanas)

Termo (entre 37 semanas e 41 semanas+6 dias)

Poacutes-termo (gt42 semanas)

Idade gestacional desconhecida natildeo informada

Na variaacutevel posiccedilatildeo de parto foram consideradas as seguintes posiccedilotildees semi-sentada sentada

no banquinho de coacutecoras em decuacutebito dorsal posiccedilatildeo litotocircmica em Gaskin decuacutebito lateral

em peacute e ajoelhada Em relaccedilatildeo agrave episiotomia contato pele a pele e presenccedila de

acompanhantes os dados foram classificados em SimNatildeo Quanto agraves laceraccedilotildees perineais foi

feita a seguinte classificaccedilatildeo periacuteneo iacutentegro laceraccedilatildeo de primeiro grau de segundo grau de

terceiro grau e de quarto grau Os dados sobre escore de Apgar foram divididos em lt7 e gt 7 no

primeiro e quinto minutos

Anaacutelise dos dados

As variaacuteveis foram submetidas agrave anaacutelise descritiva com caacutelculo da frequecircncia absoluta e

relativa para as variaacuteveis categoacutericas e de meacutedia e desvio padratildeo para as variaacuteveis contiacutenuas

Para o processamento e anaacutelise dos dados utilizou-se o software STATA (versatildeo 90)

14

Aspectos eacuteticos

Para realizaccedilatildeo do estudo o projeto de pesquisa teve aprovaccedilatildeo da Coordenaccedilatildeo do Programa

de Residecircncia em Enfermagem Obsteacutetrica da Escola de Enfermagem da Universidade Federal

de Minas Gerais

O estudo teve a anuecircncia da coordenaccedilatildeo da maternidade e foi aprovado pelo Nuacutecleo de

Ensino e Pesquisa (NEPE) do HRTN em 06082014 pelo parecer nordm 252014 conforme consta

no ANEXO 2

Foi aprovado pela Cacircmara Departamental do Departamento de Enfermagem Materno Infantil

(EMI) da EEUFMG em 10112014 conforme consta no ANEXO 3

RESULTADOS

No periacuteodo de treze meses de abril de 2013 a abril de 2014 foram registrados no livro 1434

partos Destes 714 foram com a participaccedilatildeo das residentes em enfermagem obsteacutetrica

representando 498 do total Os demais 720 partos (excluiacutedos da amostra) foram assistidos

pelas enfermeiras obstetras sozinhas ou com participaccedilatildeo de residentes em ginecologia e

obsteacutetrica acadecircmicos de enfermagem e medicina

Os resultados e sua distribuiccedilatildeo entre a variaacuteveis analisadas estatildeo representados nas tabelas a

seguir

15

TABELA 1

Perfil das gestantes assistidas por residentes em enfermagem obsteacutetrica em relaccedilatildeo a

idade materna paridade nuacutemero de gestaccedilotildees e idade gestacional Belo Horizonte MG

Variaacuteveis n

Idade Materna (anos)

10 ndash 14 6 08

15 ndash 19 144 202

20 - 34 498 695

gt 35 57 79

Paridade

Primiacuteparas 315 441

Multiacuteparas 398 557

Nuacutemero de Gestaccedilotildees

1 283 396

2 213 298

3 102 143

4 ou mais 115 161

Idade Gestacional

Preacute-termo (lt37 semanas) 45 63

Termo (37 - 41 semanas) 643 900

Poacutes-termo (gt 42 semanas) 3 04

Desconhecida natildeo informada 23 32

Variaacutevel N Meacutedia Desvio Padratildeo Miacutenimo Maacuteximo

Idade Gestacional 714 38 15 24 42

Idade Materna 705 24 60 14 44

16

Neste estudo a faixa etaacuteria predominante das mulheres assistidas por residentes em

enfermagem obsteacutetrica foi de adultas jovens com 695 seguida de adolescentes com 202

Os extremos etaacuterios adolescentes precoces e mulheres acima de 35 anos apareceram em

menor proporccedilatildeo sendo 08 e 79 respectivamente A meacutedia etaacuteria foi de 24 anos com

desvio padratildeo de 6 anos sendo que a menor idade encontrada entre as mulheres assistidas

por enfermeiras residentes foi 14 anos e a maior 44 anos

No que se refere ao nuacutemero de gestaccedilotildees o maior percentual foi de primigestas (396)

seguido das secundigestas (298) A partir daiacute observou-se diminuiccedilatildeo do percentual sendo

que tercigestas representaram 143 e o somatoacuterio das mulheres que tiveram quatro

gestaccedilotildees anteriores ou mais resultou em 161 O caso com maior nuacutemero de gestaccedilotildees

encontrado neste estudo foi de uma parturiente que estava em sua 13ordf gestaccedilatildeo

Com relaccedilatildeo agrave paridade as mulheres foram divididas em dois grupos primiacuteparas e multiacuteparas

sendo 441 e 557 respectivamente As mulheres que tiveram apenas uma gestaccedilatildeo ou

seja primigestas satildeo 396 e as primiacuteparas logo que natildeo tem partos vaginais anteriores satildeo

441 Isto evidencia que nem todas as primiacuteparas eram primigestas havendo abortamentos

ou gestaccedilotildees ectoacutepicas anteriores O somatoacuterio das mulheres que tiveram duas ou mais

gestaccedilotildees representou 602 Isso justifica o fato de haver maior percentual de multiacuteparas

quando se analisa paridade e ao mesmo tempo maior percentual de primigestas quando se

analisa nuacutemero de gestaccedilotildees entre as mulheres estudadas

17

TABELA 2

Indicadores da assistecircncia ao trabalho de parto e parto prestada pelas residentes em

enfermagem obsteacutetrica na maternidade do HRTN Belo Horizonte MG

Variaacuteveis N

Variaacuteveis n

Posiccedilatildeo do parto

Analgesia

Semi-sentada 462 647

Natildeo 587 822

Banquinho 120 168

Peridural 119 166

Coacutecoras 56 78

Raquidiana 8 11

Decuacutebito dorsal 23 32

Litotocircmica 20 28

Contato pele a pele

Sentada 9 12

Sim 674 944

Gaskin 7 09

Natildeo 34 47

Decuacutebito lateral 7 09

Em peacute 4 05

Acompanhante

Ajoelhada 2 02

Sim 686 960

Natildeo 27 37

Episiotomia

Sim 30 42

Apgar no 1ordm minuto

Natildeo 681 954

lt7 46 64

gt7 668 935

Laceraccedilatildeo

Natildeo 194 271

Apgar no 5ordm minuto

1ordm grau 329 460

lt7 6 08

2ordm grau 169 236

gt7 708 991

3ordm grau 20 28

4ordm grau 2 02

Variaacutevel N Meacutedia Desvio Padratildeo Miacutenimo Maacuteximo

Apgar no 1ordm minuto 714 83 13 0 10

Apgar no 5ordm minuto 714 93 07 0 10

18

Os resultados deste estudo mostram que a maioria dos partos assistidos por residentes em

enfermagem obsteacutetrica foram em posiccedilatildeo semi-sentada (647) as demais posiccedilotildees de parto

encontradas foram no banquinho (168) de coacutecoras (78) em decuacutebito dorsal (32) em

posiccedilatildeo litotocircmica (28) sentada (12) em Gaskin (09) em decuacutebito lateral (09) em

peacute (05) e ajoelhada (02) Considerando-se todas as posiccedilotildees de parto verticalizadas como

semi-sentada no banquinho Gaskin em peacute e ajoelhada encontrou-se uma taxa em torno de

92 de partos em posiccedilatildeo natildeo supina

A episiotomia foi realizada em apenas 420 dos partos Em 9538 dos casos as mulheres

foram poupadas deste procedimento Com relaccedilatildeo as laceraccedilotildees perineais a maioria das

mulheres apresentou laceraccedilotildees de primeiro grau (460) seguidas de periacuteneo iacutentegro

(271) Laceraccedilotildees de segundo grau acometeram 236 das mulheres Laceraccedilotildees graves

de terceiro grau (28) e de quarto grau (02) ocorreram em uma parcela pouco significativa

das mulheres assistidas pelas enfermeiras residentes

A analgesia farmacoloacutegica foi realizada em 177 das parturientes sendo em 166 por

teacutecnica peridural e 112 por teacutecnica raquidiana A analgesia farmacoloacutegica natildeo foi ofertada a

8221 das mulheres

O contato pele a pele na primeira hora de vida foi proporcionado a 9440 dos receacutem-

nascidos Em 47 a interaccedilatildeo pele a pele natildeo foi realizada

As parturientes contaram com a presenccedila de acompanhante familiar em 960 dos partos Os

partos sem acompanhante familiar representaram apenas 37

Os resultados sobre escore de Apgar foram gt7 no primeiro minuto em 935 dos neonatos e

gt7 no quinto minuto em 991 Tais dados mostram que a quase totalidade dos receacutem-

nascidos apresentava boas condiccedilotildees de vitalidade no primeiro e quinto minuto de vida

19

DISCUSSAtildeO

Idade materna Paridade Nuacutemero de gestaccedilotildees

Segundo o MS as mulheres em idade reprodutiva ou seja de 10 a 49 anos representam 65

do total da populaccedilatildeo feminina conformando um grupo social importante e que merece

atenccedilatildeo no que se refere agrave elaboraccedilatildeo de poliacuteticas de sauacutede (BRASIL 2011)

Silva (2009) cita que mulheres muito jovens ou muito idosas satildeo consideradas de maior risco

para resultados adversos e complicaccedilotildees gestacionais no parto e perinatais

A OMS considera gravidez na adolescecircncia aquela que ocorre em mulheres entre 10 e 19

anos sendo que gestantes com menos de 14 anos satildeo mais vulneraacuteveis e mais expostas agrave

morbimortalidade A gravidez na adolescecircncia estaacute relacionada aacute condiccedilotildees de escolaridade e

fatores socioeconocircmicos como escolaridade renda dentre outros e no que se refere aos

riscos os principais referidos por Santos at al (2014) satildeo prematuridade e baixo peso ao

nascer Jaacute Gravena (2013) refere que estatildeo relacionados agrave gravidez precoce riscos

aumentados ao receacutem-nascido de baixo peso ao nascer deficiecircncias de micronutrientes e

restriccedilatildeo do crescimento intrauterino levando a alteraccedilotildees na evoluccedilatildeo dessa gestaccedilatildeo e no

crescimento fetal o que pode resultar tambeacutem em parto prematuro

Cesar (2011) em estudo sobre gestaccedilatildeo na adolescecircncia encontrou 2018 de matildees

adolescentes e mostrou que estas estiveram de forma sistemaacutetica em desvantagem em

relaccedilatildeo agraves demais matildees tanto no que se refere a caracteriacutesticas socioeconocircmicas quanto na

assistecircncia recebida durante a gestaccedilatildeo e o parto Afirma que as adolescentes possuiacuteam pior

niacutevel de escolaridade e renda familiar viviam mais comumente sem companheiro realizaram

um menor nuacutemero de consultas de preacute-natal iniciaram estas consultas mais tardiamente

referiram com maior frequecircncia a presenccedila de anemia e corrimento vaginal patoloacutegico e foram

mais submetidas ao uso de foacutercipe e episiotomia Considerando-se as categorias adolescentes

precoces e adolescentes do presente estudo tem-se uma taxa de 210 proacutexima da

encontrada por Cesar (2011)

20

Mulheres entre 20 e 35 anos satildeo consideradas adultas jovens e apresentam resultados

obsteacutetricos e neonatais mais favoraacuteveis quando comparadas as adolescentes e a mulheres em

idade avanccedilada Neste estudo as adultas jovens representaram a maior parte da populaccedilatildeo

(695) Este achado corrobora para os resultados obsteacutetricos e neonatais favoraacuteveis aqui

verificados Gravena et al (2013) verificou em seu estudo que adolescentes e mulheres em

idade tardia tiveram probabilidade maior de parto cesaacutereo em relaccedilatildeo agraves adultas No que se

refere ao baixo peso ao nascer tanto as gestantes adolescentes quanto as em idade avanccedilada

apresentaram mais chance de possuiacuterem filhos receacutem-nascidos com baixo peso quando

comparadas as adultas

A taxa de fecundidade vem apresentando queda no Brasil nos uacuteltimos anos segundo dados do

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) em 2000 a taxa de fecundidade era de 24

filhos por mulher e em 2014 foi menor que 18 filhos por mulher (IBGE 2013) Dentre os vaacuterios

fatores que colaboraram para esta transiccedilatildeo na taxa de fecundidade encontram-se a

elaboraccedilatildeo e expansatildeo da estrateacutegia de sauacutede da famiacutelia e das poliacuteticas voltadas para a

mulher no ciclo graviacutedico puerperal principalmente a Poliacutetica Nacional de Direitos Sexuais e

Direitos Reprodutivos lanccedilada em 2005 e a Poliacutetica Nacional de Planejamento Familiar

elaborada em 2007 que permitiu as mulheres expansatildeo do acesso a informaccedilotildees sobre o

planejamento familiar reprodutivo e oferta de meacutetodos contraceptivos (BRASIL 2007)

Define-se gestaccedilatildeo tardia aquela que ocorre acima dos 35 anos e aquelas com mais de 45

anos satildeo consideradas gestaccedilotildees com idade materna avanccedilada Os nascimentos em mulheres

com 35 anos ou mais tem aumentado de forma consistente no Brasil tendecircncia observada

principalmente nos paiacuteses industrializados As mudanccedilas nos haacutebitos de vida como maior niacutevel

de escolaridade maior inserccedilatildeo no mercado de trabalho e na expectativa de vida da mulher

estimulam a postergaccedilatildeo do momento da primeira gravidez que acaba acontecendo em idades

superiores apoacutes serem atingidos outros objetivos de vida pessoais e profissionais Soma-se a

isso o advento da reproduccedilatildeo assistida que permite as mulheres engravidarem em idades mais

avanccediladas periacuteodo de comprovada diminuiccedilatildeo da fertilidade Haacute que se considerar que em

paiacuteses em desenvolvimento como o Brasil a maior parte das gestaccedilotildees tardias acontece em

situaccedilotildees de multiparidade o que tambeacutem envolve riscos (SILVA 2009)

21

A gestaccedilatildeo tardia apresenta risco similar a gestaccedilatildeo na adolescecircncia em alguns aspectos

conforme citado anteriormente e mais elevados em situaccedilotildees como abortamento espontacircneo

gravidez ectoacutepica anormalidades cromossocircmicas e malformaccedilotildees congecircnitas (SILVA 2009)

Gravena et al (2013) cita que nas mulheres com gestaccedilatildeo tardia tecircm sido observados mais

abortamentos espontacircneos e induzidos maior risco para mortalidade perinatal baixa vitalidade

do receacutem- nascido baixo peso ao nascer parto preacute-termo e fetos pequenos para idade

gestacional As gestaccedilotildees de mulheres de idade materna avanccedilada tecircm sido consideradas

como de alto risco em decorrecircncia principalmente da incidecircncia crescente de siacutendromes

hipertensivas ruptura prematura de membranas presenccedila de diabetes aleacutem de maior chance

do iacutendice de Apgar no quinto minuto ser menor que sete

Analisando os 1434 partos registrados no livro no mesmo periacuteodo e nos quais estatildeo incluiacutedos

os 714 partos das enfermeiras residentes o percentual de primiacuteparas e multiacuteparas foi de 415

e 583 respectivamente valores muito proacuteximos aos encontrados nos partos assistidos pelas

enfermeiras residentes

Idade gestacional

Conceitua-se gravidez preacute-termo aquela cuja idade gestacional encontra-se entre 22 e 37

semanas ou entre 154 a 259 dias (ACOG 2013) A prematuridade eacute um evento que afeta a

vida da famiacutelia e do RN de forma significativa envolvendo aspectos bioloacutegicos psicoloacutegicos e

sociais de difiacutecil mensuraccedilatildeo e que devem ser considerados pela equipe que assiste a famiacutelia

prematura (RAMOS 2009)

A prematuridade tem sido estudada como uma das causas importantes de mortalidade infantil

O receacutem-nascido imaturo apresenta desenvolvimento incompleto de oacutergatildeos como ceacuterebro e

pulmotildees aleacutem de limitaccedilatildeo da funccedilatildeo renal e imaturidade da funccedilatildeo hepaacutetica podendo sofrer

seacuterios comprometimentos ou intercorrecircncias (GRAVENA 2013) A literatura cita alguns fatores

de risco gestacionais associados agrave prematuridade tais como parto prematuro preacutevio gestaccedilatildeo

muacuteltipla histoacuteria materna de um ou mais abortos espontacircneos no segundo trimestre

comprimento cervical lt 30 cm baixo niacutevel socioeconocircmico idade materna lt18 anos ou gt40

22

anos primiparidade (mais frequente no primeiro filho) complicaccedilotildees maternas (cliacutenicas ou

obsteacutetricas) atividade fiacutesica aumentada tabagismo uso de cocaiacutena acompanhamento preacute-

natal inadequado ou ausente situaccedilotildees de alto estresse crescimento intrauterino restrito

(CIUR) anomalias congecircnitas polihidracircmnios ruptura prematura de membranas preacute-termo

(RPMPT) descolamento de placenta presenccedila de DIU mioma (particularmente submucoso ou

subplacentaacuterio) anomalias uterinas insuficiecircncia istmo-cervical infecccedilotildees maternas siacutendrome

antifosfoliacutepide trauma cirurgia (RAMOS 2009)

O American College of Obstetricians and Gynecologists (ACOG 2013) classifica a gravidez

aleacutem de 37 semanas da seguinte maneira

Termo precoce entre 37 semanas e 38 semanas e 6 dias

Termo completo entre 39 semanas e 40 semanas e 6 dias

Termo tardio entre 41 semanas e 41 semanas e 6 dias

Poacutes-termo 42 semanas em diante

Neste estudo a grande maioria dos partos assistidos pelas enfermeiras residentes foi de

gestaccedilotildees a termo (900) Tal fato se justifica pela maior atuaccedilatildeo da enfermagem obsteacutetrica

nas gestaccedilotildees de risco habitual A meacutedia de idade gestacional da amostra deste estudo foi de

38 semanas sendo a menor idade gestacional encontrada 24 semanas e a maior 42 semanas

Os partos preacute-termo e poacutes-termo ou seja de maior risco satildeo preferencialmente

acompanhados por meacutedico obstetra Eacute rotina da instituiccedilatildeo em estudo a induccedilatildeo do trabalho

de parto nas gestaccedilotildees acima de 41 semanas Tambeacutem por esse motivo pode-se justificar a

atuaccedilatildeo das enfermeiras residentes em menos de 05 de partos poacutes-termo

O ACOG define gestaccedilatildeo poacutes-termo ou gestaccedilatildeo prolongada como aquela que se estende

aleacutem de 42 semanas ou 294 dias de gestaccedilatildeo (ACOG 2013) Para Amorim (2010) as

gestaccedilotildees aleacutem de 42 semanas ocorrem em aproximadamente 5 dos casos jaacute as aleacutem de 41

semanas em cerca de 10 A causa mais comum de gestaccedilatildeo poacutes-termo eacute o erro de dataccedilatildeo

e quando realmente existe a causa eacute desconhecida sendo a primiparidade o principal fator de

risco associado Mais raramente outros fatores podem estar presentes como a anencefalia

23

deficiecircncia de sulfatase placentaacuteria feto do sexo masculino e predisposiccedilatildeo geneacutetica (BRASIL

2011) O maior temor relacionado agrave gestaccedilatildeo prolongada eacute de que ocorra insuficiecircncia

placentaacuteria com reduccedilatildeo do aporte de nutriente e oxigecircnio para o bebecirc o que pode acarretar

aumento da morbidade e mortalidade perinatal Com maior frequecircncia de morte perinatal

anormalidade da frequecircncia cardiacuteaca fetal intraparto eliminaccedilatildeo de mecocircnio macrossomia e

cesariana (AMORIM 2010)

No Brasil tem sido frequente a indicaccedilatildeo de cesariana quando a gestaccedilatildeo ultrapassa 40

semanas sobretudo no setor privado poreacutem esta conduta natildeo eacute corroborada por evidecircncias

Amorim (2010) em compilado sobre o tema cita uma revisatildeo sistemaacutetica publicada em 2003 na

qual concluiacuteram que a induccedilatildeo do parto a partir de 41 semanas quando comparada agrave conduta

expectante resultou em menor taxa de cesaacuterias (201 x 22) e de liacutequido amnioacutetico meconial

(224 x 277) poreacutem natildeo houve diferenccedila em termos de mortalidade perinatal escores de

Apgar admissatildeo em UTI neonatal e siacutendrome de aspiraccedilatildeo meconial Em 2012 outra revisatildeo

sistemaacutetica disponiacutevel na biblioteca Cochrane incluindo 22 ensaios cliacutenicos randomizados e

9383 mulheres submetidas aacute induccedilatildeo do parto mostrou reduccedilatildeo significativa do risco relativo de

morte perinatal e de cesariana Natildeo houve diferenccedila na taxa de natimortos ou de morte

neonatal nos dois grupos A incidecircncia da siacutendrome de aspiraccedilatildeo meconial foi menor no grupo

submetido agrave induccedilatildeo do parto poreacutem natildeo houve diferenccedila na frequecircncia de asfixia perinatal

baixos escores de Apgar e admissatildeo em UTI neonatal Os autores sugerem que a induccedilatildeo do

parto a partir de 41 semanas reduz as taxas de cesariana sem comprometer o prognoacutestico

perinatal Aleacutem disso o estudo mostrou maior satisfaccedilatildeo das gestantes submetidas agrave induccedilatildeo

do parto Recomenda-se que as mulheres sejam esclarecidas sobre riscos e benefiacutecios

associados agrave induccedilatildeo do parto a partir de 41 semanas (AMORIM 2010)

Posiccedilatildeo de parto

Os benefiacutecios da livre movimentaccedilatildeo da parturiente durante o trabalho de parto tais como a

reduccedilatildeo de sua duraccedilatildeo melhora do conforto materno e reduccedilatildeo do uso de analgeacutesicos satildeo

sustentados por evidecircncias cientiacuteficas (SOUSA 2013) A adoccedilatildeo de postura vertical e

movimentaccedilatildeo podem aleacutem de diminuir a dor materna facilitar a circulaccedilatildeo materno-fetal e a

descida do feto na pelve materna melhorar as contraccedilotildees uterinas e diminuir o trauma perineal

24

(SILVA 2011)

A OMS (1996) classifica como praacuteticas demonstradamente uacuteteis e que devem ser estimuladas

(categoria A) a liberdade de posiccedilatildeo e movimento durante o trabalho de parto e o estiacutemulo a

posiccedilotildees natildeo supinas durante o trabalho de parto Jaacute o uso rotineiro de posiccedilatildeo supina

(decuacutebito dorsal) durante o trabalho de parto e o uso de rotina da posiccedilatildeo de litotomia com ou

sem perneiras durante o trabalho de parto satildeo classificadas como praacuteticas claramente

prejudiciais e que devem ser eliminadas (categoria B)

Uma revisatildeo sistemaacutetica sobre assistecircncia ao segundo e terceiro periacuteodos do trabalho de parto

publicada em 2010 mostra que a posiccedilatildeo supina tem sido amplamente usada no segundo

periacuteodo do trabalho de parto contrariando a evidecircncia fisioloacutegica da reduccedilatildeo da eficiecircncia

uterina e do fluxo sanguiacuteneo placentaacuterio nessa posiccedilatildeo A posiccedilatildeo litotocircmica eacute ainda

recomendada em alguns tratados tradicionais de Obstetriacutecia mas as posiccedilotildees alternativas

incluem uma gama de posiccedilotildees que podem trazer benefiacutecios para o parto posiccedilatildeo lateral

(Sims) vertical (sentada semi-sentada de coacutecoras ou ajoelhada) e de quatro apoios A

imersatildeo em aacutegua durante o periacuteodo expulsivo do trabalho de parto aumentou o registro de

satisfaccedilatildeo por parte das parturientes no que diz respeito aos puxos mas ainda natildeo haacute

evidecircncias sobre os efeitos da imersatildeo em aacutegua no segundo estaacutegio especialmente sobre a

morbidade materna e neonatal (AMORIM 2010)

Estudos apontam que posiccedilotildees verticalizadas ou a posiccedilatildeo lateral associaram-se com reduccedilatildeo

da duraccedilatildeo do segundo periacuteodo do parto reduccedilatildeo nas anormalidades da frequecircncia cardiacuteaca

fetal bem como reduccedilatildeo de relatos de dor grave e episiotomia Ocorre no entanto maior perda

de sangue estimada (acima de 500 mL) sem repercussotildees cliacutenicas consideraacuteveis A conclusatildeo

dos revisores eacute que as mulheres devem ser encorajadas a parir na posiccedilatildeo que lhes for mais

confortaacutevel com o balanccedilo das evidecircncias a favor das posturas natildeo supinas (AMORIM 2010)

Mouta et al (2008) e Rocha Fonseca (2010) encontraram percentuais entre 50 e 78 de

posiccedilatildeo vertical em partos assistidos exclusivamente por enfermeiras obstetras em

maternidades puacuteblicas do Rio de Janeiro Em um CPN de Satildeo Paulo apenas 13 dos partos

foram assistidos em posiccedilatildeo horizontal contra 776 assistidos em posiccedilatildeo vertical (SOUZA

2011)

25

Sousa (2013) observou em seu estudo com 61 mulheres assistidas em Hospital da rede puacuteblica

de Belo Horizonte que mais de 75 pariram deitadas de costas com pernas levantadas sem

uso de perneiras As demais mulheres deram a luz em posiccedilatildeo de coacutecoras (98) deitada de

lado (66) sentadareclinada (66) ou Gaskin (16)

A maternidade do HRTN faz parte da rede de hospitais de Belo Horizonte que assinou o Termo

de Compromisso das Maternidades do SUS-BH estabelecido pela Comissatildeo Perinatal da

Secretaria Municipal de Sauacutede de Belo Horizonte (SMSA-BH) o qual estabelece metas para

diversos indicadores assistenciais objetivando humanizar a assistecircncia e reduzir as taxas de

cesariana nas maternidades da rede puacuteblica de Belo Horizonte No que se refere a posiccedilatildeo de

parto a SMSA-BH tem como meta que mais de 70 dos partos sejam realizados em posiccedilatildeo

natildeo supina Segundo dados institucionais fornecidos pela coordenaccedilatildeo da maternidade sobre

todos os partos do HRTN no mesmo periacuteodo deste estudo a taxa de partos em posiccedilatildeo natildeo

supina variou de 6202 em abril de 2014 a 8138 em abril de 2013

Diante dos resultados deste estudo eacute possiacutevel inferir que no HRTN a equipe incentiva e apoia o

uso de deambulaccedilatildeo e posiccedilotildees verticalizadas durante o trabalho de parto e periacuteodo expulsivo

As mulheres devem orientadas sobre os benefiacutecios da verticalizaccedilatildeo para a evoluccedilatildeo do

trabalho de parto No momento do parto deve haver incentivo agrave livre escolha da posiccedilatildeo dentro

das possibilidades da maternidade Ainda natildeo haacute disponibilidade de parto com imersatildeo em

aacutegua mas haacute quartos PPP (preacute-parto parto e poacutes-parto) com chuveiro bola suiacuteccedila banquinho

meia lua escada de Ling e espaccedilo fiacutesico que permite deambulaccedilatildeo Em alguns plantotildees a

equipe conta com a participaccedilatildeo das Doulas no cuidado agrave mulher em trabalho de parto

Os resultados deste estudo satildeo similares aos encontrados por Sousa (2013) o que mostra que

ambas as instituiccedilotildees componentes do SUS em Belo Horizonte que tem atuaccedilatildeo efetiva das

enfermeiras obstetras estimulam o parto em posiccedilotildees verticalizadas e provavelmente

respeitam a livre escolha da posiccedilatildeo de parto

O fato da maior parte dos partos serem em posiccedilatildeo semi-sentada gera certa inquietaccedilatildeo pois

26

sabe-se que esta posiccedilatildeo permite maior controle e melhor visibilidade sendo cocircmoda para o

profissional que assiste ao parto Outra justificativa possiacutevel para a grande porcentagem de

partos semi-sentada pode ser a falta de informaccedilatildeo eou orientaccedilatildeo das

mulheresacompanhantes sobre a possibilidade de parirem em outras posiccedilotildees que lhe sejam

confortaacuteveis Ressalta-se a necessidade de orientaccedilatildeo e incentivo quanto agrave liberdade de

posiccedilatildeo e sobre os benefiacutecios das posiccedilotildees verticalizadas para o trabalho de parto e periacuteodo

expulsivo desmitificando a claacutessica posiccedilatildeo de parto e empoderando-as a escolher a posiccedilatildeo

que lhes for mais confortaacutevel

Episiotomia

A episiotomia foi inicialmente proposta com o objetivo de facilitar o parto reduzindo o trauma

perineal e facilitando o reparo Entretanto natildeo obstante a indicaccedilatildeo de livros-texto sua

realizaccedilatildeo de rotina natildeo pode ser recomendada uma vez que existem vaacuterias evidecircncias de que

natildeo eacute necessaacuteria e de que pode ser prejudicial (AMORIM 2010)

Entre as principais morbidades relacionadas agrave episiotomia estatildeo a dor perineal e o

sangramento aumentado Nesses casos devido a urgecircncia os traumas perineais muitas vezes

satildeo suturados sem a boa visualizaccedilatildeo do local podendo produzir acidentes com lesatildeo no trato

geniturinaacuterio e nas estruturas do assoalho peacutelvico causando hipermobilidade uretral e prolapso

genital Apoacutes o parto tambeacutem podem surgir hematuacuteria incapacidade vesical e incontinecircncia

urinaacuteria (RIESCO et al 2011)

A OMS (1996) considera o uso liberal e rotineiro de episiotomia uma praacutetica claramente

prejudicial e que deve ser eliminada (categoria B) Embora os dados disponiacuteveis na literatura

revelem que a realizaccedilatildeo de episiotomia natildeo cumpre os objetivos que justificariam sua

realizaccedilatildeo de forma rotineira sejam eles a prevenccedilatildeo de lesotildees nas genitais da matildee ou na

cabeccedila do receacutem-nascido ainda hoje tal intervenccedilatildeo permanece sendo usada de forma

abusiva em muitas instituiccedilotildees de sauacutede

Em revisatildeo sistemaacutetica incluindo oito ensaios cliacutenicos (n=5541) observou-se que comparada

agrave episiotomia de rotina a episiotomia seletiva (com indicaccedilatildeo precisa) esteve associada com

27

menos trauma perineal grave menor necessidade de suturas menos complicaccedilotildees na

cicatrizaccedilatildeo e mais trauma perineal anterior Natildeo houve diferenccedila na frequecircncia de trauma

vaginal ou perineal grave dispareunia incontinecircncia urinaacuteria ou dor intensa Os revisores

recomendam que a episiotomia natildeo seja realizada rotineiramente e quando necessaacuteria seja

realizada com o consentimento poacutes-informaccedilatildeo da parturiente (AMORIM 2010)

Cesar (2011) encontrou ocorrecircncia meacutedia de episiotomia de 72 entre as 2557 gestantes

estudadas no Sul do Brasil Houve variaccedilatildeo de 86 entre as adolescentes e 66 entre as

demais matildees As taxas encontradas foram bastante elevadas principalmente entre as

adolescentes o que indica baixa incorporaccedilatildeo de praacuteticas baseadas em evidecircncia na

assistecircncia ao parto no cenaacuterio do estudo

Em contrapartida Sousa (2013) verificou em seu estudo em uma maternidade da rede puacuteblica

de Belo Horizonte iacutendice de episiotomia em torno de 11 e observou seguranccedila na praacutetica dos

profissionais de sauacutede envolvidos na assistecircncia ao parto da instituiccedilatildeo estudada no que se

refere ao uso seletivo desse procedimento e aos criteacuterios de utilizaccedilatildeo Tal instituiccedilatildeo tem

princiacutepios humanizados e grande inserccedilatildeo de enfermeiras obstetras na assistecircncia ao parto o

que pode tambeacutem ter justificado a baixa taxa de episiotomia encontrada

Considerando todos os partos realizados no HRTN no periacuteodo deste estudo a taxa de

episiotomia variou entre 90 em abril de 2013 a 149 em abril de 2014 A SMSA-BH tem

como meta de realizaccedilatildeo de episiotomia em menos de 30 dos partos vaginais Considerando

os 1434 partos assistidos por EO no mesmo periacuteodo a taxa de episiotomia foi de 46 o que

mostra uso criterioso do procedimento por parte desta categoria profissional

No presente estudo a taxa de episiotomia foi 42 Nestes casos a episiotomia pode ter sido

indicada devido a periacuteneo resistente no intuito de prevenir laceraccedilotildees graves mesmo que natildeo

haja respaldo cientiacutefico para tal praacutetica Tambeacutem em situaccedilotildees de estado fetal natildeo

tranquilizador durante o periacuteodo expulsivo jaacute com o feto em planos avanccedilados no intuito de

acelerar o nascimento ou mesmo por distoacutecia de ombro ou outra complicaccedilatildeo sendo uma

decisatildeo conjunta entre preceptor e residente Deve-se considerar que a baixas taxas de

28

episiotomia nos partos assistidos por enfermeiras residentes satildeo reflexo da atuaccedilatildeo da

preceptoria tanto de enfermeiras obstetras como de meacutedicos obstetras A episiotomia natildeo foi

realizada em 9538 dos partos o que mostra que as residentes em enfermagem obsteacutetrica

faziam uso seletivo do procedimento Um aspecto relevante deste estudo eacute que mesmo com a

baixa taxa de episiotomia encontrou-se pequenas taxas de laceraccedilotildees perineais de terceiro

(28) e quarto grau (028) Isso aponta para um modelo de assistecircncia obsteacutetrico com

incorporaccedilatildeo de praacuteticas baseadas em evidecircncias cientiacuteficas na maternidade do HRTN

Contato pele a pele

As praacuteticas referentes ao contato da matildee com seu bebecirc e ao aleitamento materno ainda na

sala de parto satildeo tambeacutem indicadores relevantes da qualidade da atenccedilatildeo ao parto

humanizado e segundo a OMS (1996) e MS (2001) deve ser encorajada no parto normal

(categoria A)

O passo quatro da Iniciativa Hospital Amigo da Crianccedila (IHAC) preconiza que os bebecircs que

tenham condiccedilotildees cliacutenicas favoraacuteveis permaneccedilam por pelo menos uma hora junto agrave pele da

matildee e que iniciem o aleitamento materno ainda na primeira meia hora apoacutes o nascimento

independentemente da via de parto (BRASIL 2010)

O contato pele a pele precoce melhora os resultados neonatais em termos de menor choro e

maior estabilidade cardiorrespiratoacuteria e aumenta significativamente o sucesso da

amamentaccedilatildeo sem efeitos negativos aparentes em curto e longo prazo segundo estudo de

meta-anaacutelise O contato pele a pele da matildee com o receacutem-nascido por pelo menos 30 minutos

na primeira hora de vida aleacutem de propiciar o envolvimento matildee-filho e o aleitamento materno

eacute um indicativo de que o parto transcorreu adequadamente Aleacutem disso favorece o viacutenculo

afetivo propiciando o reconhecimento entre matildee e filho pode aumentar a autoestima materna

diminuir a ansiedade melhorar os sentimentos de aceitaccedilatildeo do seu novo papel e a satisfaccedilatildeo

durante o processo de parto (MOORE et al 2012)

Apesar de o contato pele a pele ser uma praacutetica demonstradamente uacutetil e que deve ser

encorajada no parto normal especificamente tambeacutem pode e deve ser promovida no parto

29

operatoacuterio Sousa (2013) verificou em sua pesquisa que dos 89 receacutem-nascidos vivos o

contato precoce entre matildee e filho foi garantido em mais de 77 dos partos embora a maior

frequecircncia tenha ocorrido entre os filhos nascidos de parto normal

Na maternidade do HRTN o contato pele a pele eacute incentivado e apoiado por toda a equipe

multiprofissional sendo uma praacutetica consolidada conforme apontam os resultados deste

estudo As parturientes devem ser orientadas sobre os benefiacutecios desta praacutetica e preparadas

para receber seus RN apoacutes o nascimento A assistecircncia ao RN estaacutevel deve ser feita

preferencialmente no colo da matildee e quando houver necessidade de encaminhar o RN ao

berccedilo aquecido assim que este estabelecer condiccedilotildees favoraacuteveis deve retornar para o contato

pele a pele Assim como o contato pele a pele a amamentaccedilatildeo na primeira hora de vida

tambeacutem deve ser apoiada e estimulada respeitando o desejo da mulher

No presente estudo o contato pele a pele na primeira hora de vida foi realizado em 9440 dos

partos Os 475 em que natildeo foi realizado pode ter como justificativa o nascimento de um RN

deprimido sem condiccedilotildees cliacutenicas de permanecer com a matildee e que necessitaram de

assistecircncia pediaacutetrica seja reanimaccedilatildeo neonatal ou transferecircncia para unidade neonatal

Tambeacutem pode ter como justificativa impossibilidade materna ou desejo de natildeo realizar contato

pele a pele

Pela pactuaccedilatildeo da maternidade em estudo com a SMSA-BH a meta eacute que 100 dos receacutem-

nascidos vivos realizem contato pele a pele efetivo na primeira hora de vida Considerando

todos os partos realizados na instituiccedilatildeo no mesmo periacuteodo deste estudo este indicador variou

entre 905 em abril de 2013 a 960 em agosto de 2013 segundo dados institucionais

fornecidos pela coordenaccedilatildeo a maternidade Estes dados sinalizam boa incorporaccedilatildeo desta

praacutetica pela equipe mas indicam tambeacutem necessidade de melhoria para que seja atingida a

meta

Acompanhante

A presenccedila de acompanhante durante todo o periacuteodo de internaccedilatildeo eacute um direito conquistado

pelas mulheres assegurado na Lei nordm 111082005 regulamentado pelo Ministeacuterio da Sauacutede

30

pela Portaria nordm 24182005 portanto obrigatoacuterio em todas as instituiccedilotildees sejam elas puacuteblicas

ou privadas (BRASIL 2005) Esta praacutetica eacute classificada pela OMS como demonstradamente uacutetil

e que deve ser estimulada (categoria A)

A presenccedila do acompanhante durante o processo de parturiccedilatildeo pode proporcionar bem-estar

fiacutesico e emocional agrave mulher e benefiacutecios clinicamente significativos ao binocircmio matildee-filho Os

efeitos do suporte agrave mulher foram encontrados em recente meta-anaacutelise e estatildeo associados agrave

menor duraccedilatildeo do trabalho de parto uso de ocitocina reduccedilatildeo de cesariana e de partos

vaginais instrumentais diminuindo ainda a utilizaccedilatildeo de analgesia intraparto e melhorando os

iacutendices de Apgar no quinto minuto (SOUSA 2013)

Outros estudos destacam ainda a importacircncia do acompanhante quando este se envolve natildeo

soacute no apoio fiacutesico e emocional mas tambeacutem no desenvolvimento junto agrave parturiente de accedilotildees

como massagem auxiacutelio e encorajamento durante a deambulaccedilatildeo banho e tambeacutem no

periacuteodo expulsivo o que proporciona tambeacutem maior grau de satisfaccedilatildeo com o parto Sousa

(2013) verificou em sua pesquisa que quase a totalidade (922) das mulheres assistidas em

uma instituiccedilatildeo de sauacutede da rede puacuteblica de Belo Horizonte permaneceu com o acompanhante

de sua escolha durante o periacuteodo de internaccedilatildeo sendo a maioria o companheiro pai da

crianccedila (627)

No HRTN a presenccedila de acompanhante familiar de livre escolha eacute uma praacutetica consolidada

pela instituiccedilatildeo e apoiada pela equipe multiprofissional A valorizaccedilatildeo do acompanhante deve

acontece em todas as etapas da internaccedilatildeo durante o trabalho de parto os acompanhantes

podem ser encorajados a participar ativamente no apoio agrave parturiente ofertando meacutetodos

alternativos para aliacutevio da dor como massagens por exemplo No momento do parto quando

possiacutevel pode ser oferecido ao familiar que corte o cordatildeo umbilical o que pode ter grande

representaccedilatildeo simboacutelica para aquela famiacutelia No puerpeacuterio os acompanhantes devem ser

orientados junto aacute mulher sobre os cuidados com o RN aleitamento materno e como apoiar a

matildee na nova fase

No presente estudo houve acompanhante familiar em 960 dos partos assistidos pelas

enfermeiras residentes Partos sem acompanhante familiar foram apenas 37 Estes dados

31

corroboram com a afirmaccedilatildeo de que a presenccedila do acompanhante familiar eacute uma praacutetica

consolidada e respeitada pela equipe da maternidade do HRTN

Analgesia

Meacutetodos natildeo farmacoloacutegicos

A OMS (1996) recomenda que o uso de meacutetodos natildeo farmacoloacutegicos para aliacutevio da dor deve

ser privilegiado durante a assistecircncia ao trabalho de parto considerando-os como ldquopraacuteticas

reconhecidamente uacuteteis e que devem ser estimuladasrdquo Categoria A na recomendaccedilatildeo de boas

praacuteticas na assistecircncia ao parto

Entre as praacuteticas natildeo medicamentosas tem-se estudado o uso de acupuntura acupressura

hipnose teacutecnicas de relaxamento e respiraccedilatildeo aplicaccedilatildeo de frio e calor aromaterapia

aacuteudioanalgesia massagem deambulaccedilatildeo e banho de imersatildeo durante o parto (SILVA 2011)

Em um estudo de revisatildeo sistemaacutetica foram incluiacutedos 14 ensaios com 1448 parturientes que

utilizaram diferentes formas de tratamento para a dor (acupuntura hipnose audioanalgesia

aromaterapia massagem e relaxamento) A hipnose mostrou-se efetiva em termos de reduzir a

necessidade de meacutetodos farmacoloacutegicos para aliacutevio da dor aumentando o grau de satisfaccedilatildeo

materna Maior chance de parto vaginal e reduccedilatildeo da necessidade de analgesia A acupuntura

tambeacutem se associou a uma menor intensidade da dor e reduccedilatildeo do uso de ocitocina A eficaacutecia

de meacutetodos como acupressatildeo aromaterapia aacuteudioanalgesia relaxamento e massagem natildeo foi

ainda estabelecida sendo necessaacuterios ensaios cliacutenicos randomizados para avaliaccedilatildeo dessas

terapias complementares para aliacutevio da dor durante o trabalho de parto (PORTO 2010)

Deve-se considerar que o suporte contiacutenuo intraparto e as posiccedilotildees verticalizadas durante o

parto tambeacutem se associam agrave reduccedilatildeo da dor e maior grau de satisfaccedilatildeo materna como jaacute

demonstrado em revisotildees sistemaacuteticas A imersatildeo em aacutegua em banheiras ou similares durante

o trabalho de parto tem sido investigada como um meacutetodo de promoccedilatildeo de relaxamento e aliacutevio

da dor Em uma revisatildeo sistemaacutetica de 11 ensaios cliacutenicos a imersatildeo em aacutegua foi associada agrave

reduccedilatildeo no uso de analgesia e reduccedilatildeo no relato de dor sem prejudicar a duraccedilatildeo do trabalho

de parto as taxas de partos ciruacutergicos ou o bem-estar neonatal (PORTO 2010)

32

A SMSA-BH recomenda que os meacutetodos natildeo farmacoloacutegicos para aliacutevio da dor sejam ofertados

a 100 das mulheres em trabalho de parto De acordo com dados institucionais fornecidos

pela coordenaccedilatildeo da maternidade a oferta variou entre 7571 em julho de 2013 a 8778 em

julho de 2013 considerando todos os partos realizados na instituiccedilatildeo no periacuteodo de abril de

2013 a abril de 2014

No livro fonte de dados deste estudo a oferta de meacutetodos natildeo farmacoloacutegicos natildeo eacute registrada

natildeo sendo possiacutevel quantificar estes dados nos partos assistidos por REO mas pode-se inferir

que esta eacute uma praacutetica adotada pelas enfermeiras obstetras e residentes quando se observa

por exemplo as baixas taxas de analgesia farmacoloacutegica em torno de 16 nos partos

assistidos por estas profissionais

Meacutetodos farmacoloacutegicos

Classicamente vaacuterios meacutetodos farmacoloacutegicos foram propostos mas existe consenso

atualmente de que se algum meacutetodo farmacoloacutegico for indicado para aliacutevio da dor durante o

trabalho de parto a analgesia regional com peridural ou teacutecnica combinada (raquidiana e

peridural) deve ser empregada preferencialmente em relaccedilatildeo ao uso de opioacuteides sistecircmicos ou

analgesia inalatoacuteria A teacutecnica ideal para analgesia de parto deveria ter miacutenima ou ausente

transferecircncia placentaacuteria ausecircncia de efeitos sobre o fluxo sanguiacuteneo uteroplacentaacuterio efeitos

miacutenimos e reversiacuteveis sobre o feto e neonato ausecircncia de efeito ocitoacutecico ou tocoliacutetico e

ausecircncia de bloqueio motor (PORTO 2010)

Uma revisatildeo sistemaacutetica realizada em 2011 incluindo 38 estudos comprovou a eficaacutecia da

analgesia peridural para reduccedilatildeo da dor de mulheres durante o processo de parto mas

tambeacutem revelou maior risco de parto instrumental maior necessidade de ocitocina e aumento

da duraccedilatildeo do segundo estaacutegio do parto Natildeo houve associaccedilatildeo dessa intervenccedilatildeo com risco

de cesariana cefaleacuteia e escores de Apgar menores que sete no quinto minuto (AMORIM

2011)

Na maternidade em estudo a analgesia farmacoloacutegica seja por teacutecnica peridural ou

raquianestesia eacute considerada um direito da mulher de acordo com os princiacutepios da

humanizaccedilatildeo e eacute ofertada conforme desejo da parturiente apoacutes a oferta de diferentes meacutetodos

33

natildeo farmacoloacutegicos para aliacutevio da dor e sob orientaccedilotildees sobre os riscos e benefiacutecios do

procedimento ou nos casos em que haacute indicaccedilatildeo cliacutenica para realizaccedilatildeo do mesmo A teacutecnica

de analgesia empregada na instituiccedilatildeo permite na maior parte dos casos a deambulaccedilatildeo

movimentaccedilatildeo e uso concomitante de outros meacutetodos alternativos de aliacutevio da dor como

chuveiro Isto pode influenciar para o desfecho favoraacutevel dos partos conforme mostram as

evidecircncias sobre movimentaccedilatildeo e verticalizaccedilatildeo durante o trabalho de parto

A SMSA-BH recomenda a utilizaccedilatildeo de analgesia quando esgotados os recursos natildeo

farmacoloacutegicos para aliacutevio da dor em torno de 30 dos partos normais A proporccedilatildeo de parto

normal com analgesia variou de 141 em janeiro de 2014 e 279 em agosto de 2013

considerando todos os partos realizados na instituiccedilatildeo no mesmo periacuteodo deste estudo

Considerando os 1434 assistidos por EO no periacuteodo do estudo 147 recebeu analgesia por

teacutecnica peridural e 11 raquidiana Os demais 841 dos partos foi sem analgesia

farmacoloacutegica

No presente estudo a analgesia farmacoloacutegica foi realizada em 176 dos partos sendo 166

por teacutecnica peridural e 11 raquidiana Analgesia natildeo foi realizada em 822 dos partos

assistidos por REO Estes dados demonstram que a oferta de meacutetodos natildeo farmacoloacutegicos

para aliacutevio da dor pode ter sido influenciado positivamente na escolha da parturiente em

receber ou natildeo a analgesia farmacoloacutegica

Laceraccedilotildees perineais

Laceraccedilotildees perineais satildeo traumas em estruturas componentes da vagina que podem ocorrer

de forma espontacircnea durante a passagem do feto pelo canal de parto ou em decorrecircncia de

episiotomia as quais podem se prolongar

A laceraccedilatildeo de primeiro grau eacute aquela que natildeo atinge nenhum muacutesculo estendendo-se atraveacutes

da fuacutercula mucosa vaginal e da pele Jaacute a laceraccedilatildeo de segundo grau acomete os muacutesculos

perineais poreacutem sem lesatildeo do esfiacutencter retal A laceraccedilatildeo de terceiro grau atinge essa

estrutura e algumas vezes prolonga-se ateacute a parede anterior do reto Neste uacuteltimo caso em

que a parede do reto eacute comprometida por vezes utiliza-se o termo laceraccedilatildeo de quarto grau

As laceraccedilotildees de primeiro e segundo grau satildeo consideradas leves e laceraccedilotildees de terceiro e

34

quarto grau satildeo consideradas graves pois podem levar agrave incontinecircncia urinaacuteria e fecal sendo

estas uacuteltimas mais raras (REZENDE 2005)

A ocorrecircncia de laceraccedilotildees perineais no parto normal depende de diversos fatores que podem

estar relacionados agraves condiccedilotildees maternas ao feto ao parto em si e ao prestador de serviccedilo

Embora estes fatores natildeo estejam definitivamente estabelecidos existem evidecircncias indicando

o local do parto e o profissional que assiste a escolaridade materna a paridade a altura do

periacuteneo a duraccedilatildeo do segundo estaacutegio do parto a cicatriz perineal anterior a infusatildeo de

ocitocina a posiccedilatildeo no parto a analgesia farmacoloacutegica os puxos dirigidos as manobras de

proteccedilatildeo perineal o peso e o periacutemetro cefaacutelico do RN como fatores relacionados entre

outros Quanto a integridade perineal sua chance aumenta entre as mulheres com um ou mais

partos vaginais anteriores (RIESCO et al 2011)

Estudos tambeacutem tecircm buscado associaccedilatildeo entre a posiccedilatildeo materna no parto e as laceraccedilotildees

perineais Sousa (2013) verificou que a posiccedilatildeo deitada de lado juntamente com a posiccedilatildeo de

coacutecoras foram as que tiveram maior ocorrecircncia de laceraccedilotildees de primeiro grau principalmente

com 750 e 833 dos casos respectivamente Essas duas posiccedilotildees tambeacutem foram as que

mais favoreceram para que as mulheres tivessem laceraccedilotildees na pesquisa desenvolvida por

Souza (2011) em um CPN do Rio de Janeiro com incidecircncia de 502 nos partos assistidos

em posiccedilatildeo lateral e 696 naqueles assistidos de coacutecoras Em ambas pesquisas a posiccedilatildeo de

Gaskin foi a que teve menor incidecircncia de traumas perineais seguida da posiccedilatildeo

sentadareclinada

Entre as principais morbidades relacionadas estatildeo a dor perineal e o sangramento aumentado

Apoacutes o parto tambeacutem podem surgir hematuacuteria incapacidade vesical e incontinecircncia urinaacuteria A

disfunccedilatildeo geniturinaacuteria e sexual produzida pelo trauma perineal pode ser tambeacutem devida agrave

perda ou diminuiccedilatildeo do tocircnus muscular perineal Poreacutem esse achado contrasta com dados de

outros estudos os quais concluiacuteram que a via de parto a paridade a idade materna o peso do

receacutem-nascido (RN) e a episiotomia natildeo foram fatores determinantes para a reduccedilatildeo da forccedila

muscular perineal Considerando os problemas em curto prazo (perda sanguiacutenea necessidade

de sutura e dor perineal) e em longo prazo (disfunccedilotildees intestinais urinaacuterias e sexuais)

35

associados ao trauma perineal no parto sua prevenccedilatildeo reduccedilatildeo e reparaccedilatildeo adequada satildeo

fatores importantes para as mulheres e os profissionais que as assistem (RIESCO 2010)

Considerando os 1434 partos assistidos por EO em 304 houve periacuteneo iacutentegro 447

laceraccedilotildees de primeiro grau 228 laceraccedilotildees de segundo grau 195 de terceiro grau e

014 de quarto grau Tais resultados satildeo proacuteximos aos verificados neste estudo e

associados com as baixas taxas de episiotomia nos partos assistidos pelas enfermeiras

residentes corroboram com a recomendaccedilatildeo do uso seletivo da episiotomia como um praacutetica

favoraacutevel

Escore de Apgar

O momento de transiccedilatildeo da vida intrauterina para extrauterina eacute crucial para o desenvolvimento

do bebecirc e deve ser minuciosamente preparado e vivenciado Eacute indispensaacutevel que nos

primeiros minutos de vida do neonato seja realizada avaliaccedilatildeo completa e sistemaacutetica visando

identificar desvios da normalidade e que forneccedila agraves informaccedilotildees baacutesicas sobre a vitalidade e a

adaptaccedilatildeo do RN agrave vida fora do ventre materno (BARBOSA 2006)

A avaliaccedilatildeo realizada imediatamente apoacutes o parto eacute composta pelo o escore de Apgar sendo

complementada com a avaliaccedilatildeo do aspecto geral a medida dos sinais vitais e medidas

antropomeacutetricas O iacutendice de Apgar avalia cinco criteacuterios cliacutenicos cor da pele frequecircncia

cardiacuteaca irritabilidade reflexa respiraccedilatildeo e tocircnus muscular O RN eacute avaliado no primeiro e no

quinto minuto de vida e cada criteacuterio garante de 0 a 2 pontos desencadeando assim uma soma

adequada entre 7 e 10 pontos Quando a soma total resulta em 4 a 6 pontos sugere dificuldade

moderada do RN em adaptar-se e menor que 4 pode indicar sofrimento Julga-se assim o grau

de adaptaccedilatildeo imediata e o grau de depressatildeo neuroloacutegica do RN nos primeiros cinco minutos

de vida (SBP 2011)

O iacutendice Apgar tem sido pouco utilizado para avaliar a qualidade de assistecircncia ao parto sendo

considerado um indicador pontual aleacutem de natildeo ser utilizado para determinar o iniacutecio da

reanimaccedilatildeo neonatal No entanto sua aplicaccedilatildeo permite avaliar a resposta do neonato agraves

manobras realizadas e a eficaacutecia dessas manobras O Apgar no quinto minuto eacute mais utilizado

36

para avaliaccedilatildeo da adaptaccedilatildeo do RN por melhor representa-la se comparado ao Apgar de

primeiro minuto Se o escore eacute inferior a 7 no 5ordm minuto recomenda-se realizaacute-lo a cada cinco

minutos ateacute 20 minutos de vida Eacute necessaacuterio documentar o escore de Apgar de maneira

concomitante agrave dos procedimentos de reanimaccedilatildeo executados (SBP 2011)

Eacute importante considerar que um Apgar baixo natildeo eacute necessariamente resultado de uma

assistecircncia ao parto e ao neonato inadequada assim como um bom iacutendice de Apgar natildeo indica

boa qualidade assistencial ao binocircmio Este iacutendice entretanto eacute um bom indicador para

resultados perinatais a longo prazo aleacutem de ser considerado importante preditor da avaliaccedilatildeo

do bem-estar e do prognoacutestico inicial do receacutem-nascido A avaliaccedilatildeo imediata do RN pode ser

feita por pediatra ou outro profissional capacitado para prestar a assistecircncia necessaacuteria desde

o suporte baacutesico ateacute a reanimaccedilatildeo neonatal Na maternidade do HRTN o pediatra eacute o

profissional responsaacutevel pela assistecircncia ao RN na sala de parto A instituiccedilatildeo possui UTI

neonatal para onde satildeo encaminhados os RN que necessitam de cuidados especiacuteficos Os

neonatos que apresentam boa vitalidade satildeo colocados em contato pele a pele com as matildees e

apoacutes permanecem em alojamento conjunto ateacute a alta

Pela SMSA-BH a meta de Apgar lt7 no quinto minuto eacute no maacuteximo 3 Este indicador variou

entre 08 em fevereiro de 2014 a 24 em novembro de 2013 considerando todos os partos

realizados na instituiccedilatildeo no mesmo periacuteodo do estudo ou seja esteve sempre dentro da meta

estabelecida

No presente estudo as dados sobre escore de Apgar foram divididos em Apgar lt7 (644) e gt7

(9356) no primeiro minuto lt7 (084) e gt 7 (9916) no quinto minuto Tais dados mostram

que a quase totalidade dos RN apresentava boas condiccedilotildees de vitalidade no primeiro e quinto

minuto A este dado se associa o incentivo e a alta taxa de contato pele a pele precoce sendo

um dos fatores que contribuem para melhor adaptaccedilatildeo a vida extrauterina aleacutem de assistecircncia

qualificada aos RN que necessitam de cuidados especiacuteficos ou reanimaccedilatildeo

37

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Os resultados deste estudo evidenciam que a assistecircncia ao parto prestada pelas residentes

em enfermagem obsteacutetrica foi coerente com as recomendaccedilotildees de boas praacuteticas em todos os

aspectos analisados consolidando as evidecircncias literaacuterias sobre a assistecircncia ao parto

promovida por enfermeiras obstetras Foi possiacutevel observar maioria de partos em posiccedilotildees

verticalizadas uso seletivo de episiotomia com baixa incidecircncia de laceraccedilotildees perineais

graves alto iacutendice de contato pele a pele presenccedila de acompanhante na maioria dos partos

baixas taxas de analgesia farmacoloacutegica e escores de Apgar que demonstram boa vitalidade

fetal em quase todos os receacutem-nascidos Diante do exposto eacute possiacutevel concluir que a atuaccedilatildeo

das enfermeiras residentes em enfermagem obsteacutetrica contribuiu para a obtenccedilatildeo de

resultados obsteacutetricos e neonatais favoraacuteveis na maternidade do HRTN

Devido agrave forma de organizaccedilatildeo e registro dos procedimentos no livro utilizado para coleta de

dados natildeo foi possiacutevel avaliar algumas praacuteticas obsteacutetricas tais como uso de ocitocina

amniotomia oferta de meacutetodos natildeo farmacoloacutegicos para aliacutevio da dor oferta de liacutequidos

durante o trabalho de parto e uso de partograma Estes dados seriam importantes para uma

anaacutelise mais detalhada sobre a assistecircncia ao parto Os dados institucionais fornecidos pela

coordenaccedilatildeo da maternidade forneceram uma dimensatildeo de algumas destas praacuteticas na

maternidade contudo natildeo foi possiacutevel neste estudo avaliar quantitativamente tais

procedimentos somente nos partos assistidos por enfermeiras residentes Sugere-se ampliaccedilatildeo

dos indicadores no livro de registro e padronizaccedilatildeo no seu preenchimento para melhor

qualificaccedilatildeo dos dados da assistecircncia ao parto prestada elas enfermeiras obstetrasresidentes

A capacitaccedilatildeo profissional no modelo de residecircncia eacute intensa e exige dedicaccedilatildeo A extensa

carga horaacuteria praacutetica aliada agrave teoria satildeo determinantes para uma formaccedilatildeo qualificada e

humana das enfermeiras residentes A possibilidade de atuar efetivamente na assistecircncia em

conjunto com outras categorias profissionais enriquece a formaccedilatildeo abrangendo diferentes

fases e situaccedilotildees do ciclo graviacutedico-puerperal Eacute importante salientar que a capacitaccedilatildeo das

enfermeiras obstetras nesta modalidade pioneira de residecircncia soacute foi possiacutevel graccedilas ao

estiacutemulo governamental com recursos provenientes do programa Rede Cegonha e os

esforccedilos conjuntos da Escola de Enfermagem da UFMG e demais instituiccedilotildees envolvidas

38

Os resultados deste estudo evidenciam a incorporaccedilatildeo do modelo assistencial humanizado e

baseado em evidecircncias cientiacuteficas pela equipe do HRTN O modelo colaborativo de assistecircncia

obsteacutetrica pode gerar resultados favoraacuteveis e promissores com as atuaccedilotildees complementares

entre as diferentes categorias profissionais A praacutetica supervisionada durante todo o processo

de formaccedilatildeo e a avaliaccedilatildeo constante das habilidades adquiridas pelas residentes satildeo

fundamentais para a consolidaccedilatildeo do conhecimento para maior seguranccedila das aprendizes e

para a oferta de uma assistecircncia qualificada e humanizada a mulher receacutem nascido e famiacutelia

A instituiccedilatildeo que acolhe as enfermeiras residentes obteacutem retorno positivo pois a atuaccedilatildeo

preceptorada das mesmas resulta em assistecircncia qualificada que atende a perspectiva da

praacutetica baseada em evidecircncia cientiacutefica segura com baixo custo e bons resultados obsteacutetricos

e neonatais Os resultados da atuaccedilatildeo das enfermeiras residentes refletem o modelo

institucional incorporado o qual eacute transmitido as residentes pelos preceptores O incentivo a

formaccedilatildeo de enfermeiras obstetras eacute fundamental para o fortalecimento desta categoria

profissional para maior inserccedilatildeo destas profissionais em espaccedilos aonde a assistecircncia ao parto

ainda eacute meacutedico-centrada e para mudanccedila do modelo obsteacutetrico hegemocircnico nacional

39

REFEREcircNCIAS

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AMORIM T e GUALDA DMR Coadjuvantes das mudanccedilas no contexto do ensino e da praacutetica da enfermagem obsteacutetrica Rev Rene Fortaleza 2011 outdez 12(4)833-40

BARBOSA R F et al Reanimaccedilatildeo Neonatal in ALVES FILHO N et al Perinatologia Baacutesica 3a ediccedilatildeo Guanabara Koogan Rio de Janeiro Cap21 p172 2006

BATALHA E O lugar das Enfermeiras e Obstetrizes Revista RADIS Ed 148 Jan 2015 P30 a 34

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Parto aborto e puerpeacuterio assistecircncia humanizada a mulher Brasiacutelia DF 2001

BRASIL Lei 11108 de 7 de abril de 2005 Altera a Lei 8080 de 19 de setembro de 1990 para garantir as parturientes o direito a presenccedila de acompanhante durante o trabalho de parto parto e poacutes-parto imediato no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede ndash SUS Brasiacutelia DF 07 abr 2005

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede Departamento de Accedilotildees Programaacuteticas Estrateacutegicas Aacuterea Teacutecnica de Sauacutede da Mulher Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos uma prioridade do governoMinisteacuterio da Sauacutede Secretaria de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede Departamento de Accedilotildees Programaacuteticas Estrateacutegicasndash Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 2005

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Poliacutetica Nacional de Planejamento Familiar Brasiacutelia DF 2007

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BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Poliacutetica nacional de atenccedilatildeo integral a sauacutede da mulher princiacutepios e diretrizes Brasiacutelia DF 2011

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede Departamento de Atenccedilatildeo Baacutesica Atenccedilatildeo ao preacute-natal de baixo risco Ministeacuterio da Sauacutede Departamento de Atenccedilatildeo

40

Baacutesica ndash Brasiacutelia Editora do Ministeacuterio da Sauacutede 2012 318 p il ndash (Seacuterie A Normas e Manuais Teacutecnicos) (Cadernos de Atenccedilatildeo Baacutesica ndeg 32)

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BRASIL Presidecircncia da Repuacuteblica Objetivos de Desenvolvimento do Milecircnio Relatoacuterio Nacional de Acompanhamento Coordenaccedilatildeo Instituto de Pesquisa Econocircmica Aplicada e Secretaria de Planejamento e Investimentos Estrateacutegicos supervisatildeo Grupo Teacutecnico para o acompanhamento dos ODM - Brasiacutelia Ipea MP SPI 2014 208 p il graacutefs mapas color

NASCER NO BRASIL inqueacuterito sobre parto e nascimento Cadernos de Sauacutede Puacuteblica Vol30 supl1 Rio de Janeiro 2014 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophpscript=sci_issuetocamppid=0102 Acesso em 15 de junho de 2015

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41

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httpwwwwhointeportuguesepublicationspt Acesso em 09032015

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RABELO LR OLIVEIRA DL Percepccedilotildees de enfermeiras obsteacutetricas sobre sua competecircncia na atenccedilatildeo ao parto normal hospitalar Rev Esc Enferm USP 2010 44(1)213-20 RAMOS HAC CUMAN RKN Fatores de risco para prematuridade pesquisa documental Esc Anna Nery Rev Enferm 2009 abr-jun 13 (2) 297-304 RIESCO MLG et al Episiotomia laceraccedilatildeo e integridade perineal em partos normais anaacutelise de fatores associados Rev Enferm UERJ v 19 n1 p 77-83 2011

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SOUSA AMM Praacuteticas obsteacutetricas na assistecircncia ao parto e nascimento em uma maternidade de Belo Horizonte Tese de mestrado Escola de Enfermagem da Universidade Federal de Minas Gerais Belo Horizonte 2013

SOUZA DOM Partos assistidos por enfermeiras praacuteticas obsteacutetricas realizadas no ambiente hospitalar no periacuteodo de 2004 a 2008 2011 84f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) Faculdade de Enfermagem da Universidade do Estado do Rio de Janeiro Rio de Janeiro RJ 2011

SOGC ndash Society of Obstetricians and Gynecologists of Canada Guidelines for the Management of Pregnancy at 41+0 to 42+0 Weeks JOGC september 2008

42

VOGT SE et al Caracteriacutesticas da assistecircncia ao trabalho de parto em trecircs modelos de atenccedilatildeo no SUS no Municiacutepio de Belo Horizonte Minas Gerais Brasil Cad Sauacutede Puacuteblica v 27 n 9 p 1789-1800 2011

ANEXO 1

RECOMENDACcedilOtildeES DE BOAS PRAacuteTICAS DE ASSISTEcircNCIA AO PARTO SEGUNDO

CLASSIFICACcedilAtildeO DO MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2001

CATEGORIA A - PRAacuteTICAS DEMONSTRADAMENTE UacuteTEIS E QUE DEVEM SER

ESTIMULADAS

Plano individual determinando onde e por quem o nascimento seraacute realizado feito em

conjunto com a mulher durante a gestaccedilatildeo e comunicado a seu maridocompanheiro

Avaliaccedilatildeo do risco gestacional durante o preacute-natal reavaliado a cada contato com o

sistema de sauacutede

Respeito agrave escolha da matildee sobre o local do parto

Fornecimento de assistecircncia obsteacutetrica no niacutevel mais perifeacuterico onde o parto for viaacutevel e

seguro e onde a mulher se sentir segura e confiante

Respeito ao direito da mulher agrave privacidade no local do parto

Apoio empaacutetico pelos prestadores de serviccedilo durante o trabalho de parto e parto

Respeito agrave escolha da mulher sobre seus acompanhantes durante o trabalho de parto e

parto

Fornecimento agraves mulheres sobre todas as informaccedilotildees e explicaccedilotildees que desejarem

Oferta de liacutequidos por via oral durante o trabalho de parto e parto

Monitoramento fetal por meio de ausculta intermitente

43

Monitoramento cuidadoso do progresso do parto por exemplo por meio do uso do

partograma da OMS

Monitoramento do bem-estar fiacutesico e emocional da mulher durante trabalho e parto e ao

teacutermino do processo de nascimento

Meacutetodos natildeo invasivos e natildeo farmacoloacutegicos de aliacutevio da dor como massagem e

teacutecnicas de relaxamento durante o trabalho de parto

Liberdade de posiccedilatildeo e movimento durante o trabalho de parto

Estiacutemulo a posiccedilotildees natildeo supinas durante o trabalho de parto

Uso rotineiro de ocitocina clampeamento tardio (1 a 3 minutos apoacutes o nascimento) e

traccedilatildeo controlada do cordatildeo durante o 3o estaacutegio do trabalho de parto

Condiccedilotildees esteacutereis ao cortar o cordatildeo

Prevenccedilatildeo da hipotermia do bebecirc

Contato pele a pele precoce entre matildee e filho e apoio ao iniacutecio da amamentaccedilatildeo na

primeira hora apoacutes o parto segundo as diretrizes da OMS sobre Aleitamento Materno

Exame rotineiro da placenta e membranas ovulares

CATEGORIA B - PRAacuteTICAS CLARAMENTE PREJUDICIAIS OU INEFICAZES E QUE DEVEM

SER ELIMINADAS

Uso rotineiro de enema

Uso rotineiro de tricotomia

Infusatildeo intravenosa de rotina no trabalho de parto

Cateterizaccedilatildeo venosa profilaacutetica de rotina

Uso rotineiro de posiccedilatildeo supina (decuacutebito dorsal) durante o trabalho de parto

44

Exame retal

Uso de pelvimetria por Raios-X

Amniotomia precoce de rotina para diminuir a duraccedilatildeo do trabalho de parto

Administraccedilatildeo de ocitoacutecitos em qualquer momento antes do parto de um modo que natildeo

permite controlar seus efeitos

Uso de rotina da posiccedilatildeo de litotomia com ou sem estribos durante o trabalho de parto

Esforccedilo de puxo prolongado e dirigido (manobra de Valsalva) durante o segundo

estaacutegio do trabalho de parto

Massagem e distensatildeo do periacuteneo durante o segundo estaacutegio do trabalho de parto

Uso liberal e rotineiro de episiotomia

Uso de comprimidos orais de ergometrina no terceiro estaacutegio do trabalho de parto com

o objetivo de evitar ou controlar hemorragias

Uso rotineiro de ergometrina parenteral no terceiro estaacutegio do trabalho de parto

Lavagem uterina rotineira apoacutes o parto

Revisatildeo uterina (exploraccedilatildeo manual) rotineira apoacutes o parto

CATEGORIA C - PRAacuteTICAS SEM EVIDEcircNCIAS SUFICIENTES PARA APOIAR UMA

RECOMENDACcedilAtildeO CLARA E QUE DEVEM SER UTILIZADAS COM CAUTELA ATEacute QUE

MAIS PESQUISAS ESCLARECcedilAM A QUESTAtildeO

Meacutetodos natildeo farmacoloacutegicos de aliacutevio de dor durante o trabalho parto como ervas

imersatildeo em aacuteguas e estimulaccedilatildeo dos nervos

Amniotomia e ocitocina precoce de rotina no primeiro estaacutegio do trabalho de parto para

prevenccedilatildeo de progresso inadequado do parto

Pressatildeo do fundo uterino durante o trabalho de parto

45

Manobras relacionadas agrave proteccedilatildeo do periacuteneo e ao manejo do poacutelo cefaacutelico no

momento do parto

Manipulaccedilatildeo ativa do feto no momento do parto

Estimulaccedilatildeo do mamilo para estimular a contratilidade uterina durante o terceiro estaacutegio

do trabalho de parto

CATEGORIA D - PRAacuteTICAS FREQUENTEMENTE USADAS DE MODO INADEQUADO

Restriccedilatildeo hiacutedrica e alimentar durante o trabalho de parto

Controle da dor por agentes sistecircmicos

Controle da dor por analgesia peridural

Monitoramento eletrocircnico fetal

Uso de maacutescaras e aventais esteacutereis durante a assistecircncia ao trabalho de parto

Exames vaginais repetidos ou frequumlentes especialmente por mais de um prestador de

serviccedilo

Correccedilatildeo da dinacircmica com utilizaccedilatildeo de ocitocina

Transferecircncia rotineira da parturiente para outra sala no iniacutecio do segundo estaacutegio do

trabalho de parto

Cateterizaccedilatildeo da bexiga

Estiacutemulo para o puxo quando se diagnostica dilataccedilatildeo cervical completa ou quase

completa antes que a mulher sinta o puxo involuntaacuterio

Clampeamento precoce do cordatildeo umbilical

Adesatildeo riacutegida a uma duraccedilatildeo estipulada do 2deg estaacutegio do trabalho de parto

Parto operatoacuterio e exploraccedilatildeo manual do uacutetero apoacutes o parto

46

ANEXO 2

47

48

ANEXO 3

49

Page 12: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS ESCOLA DE ENFERMAGEM … FINAL ANA … · inserção do estudo foi: partos assistidos por residentes em enfermagem obstétrica, independente se

12

mas eacute importante considerar que estes satildeo em sua maioria preceptorados por enfermeiras

obstetras

Fonte e coleta de dados

A fonte de informaccedilotildees para este estudo foi o ldquolivro de registro de partos assistidos pelas

enfermeiras obstetrasrdquo Os dados nele registrados satildeo data hora do parto nome da paciente

idade paridade idade gestacional posiccedilatildeo de parto realizaccedilatildeo de episiotomia e contato pele a

pele presenccedila de acompanhante se a parturiente recebeu analgesia e qual o tipo (peridural

raquianestesia) se houve laceraccedilatildeo perineal e qual o grau escore de Apgar do RN nome dos

profissionais que assistiram ao parto

O banco de dados foi constituiacutedo por 1434 partos registrados no livro no periacuteodo de treze

meses (abril de 2013 a abril de 2014) Os dados de cada parto foram digitados na iacutentegra no

programa Epi-Info versatildeo 353 Apoacutes a digitaccedilatildeo foram selecionados somente os partos que

atendiam ao criteacuterio para inserccedilatildeo no estudo parto assistido por residente em enfermagem

obsteacutetrica independente se preceptorado por enfermeira obstetra ou por meacutedico obstetra A

partir daiacute delimitou-se a populaccedilatildeo final deste estudo que foi de 714 partos Os dados natildeo

informados de cada variaacutevel foram excluiacutedos da amostra exceto na variaacutevel idade gestacional

Variaacuteveis de interesse

Apoacutes ter sido identificada a populaccedilatildeo deste estudo foram selecionadas onze variaacuteveis de

interesse sendo elas idade materna nuacutemero de gestaccedilotildees paridade idade gestacional

posiccedilatildeo do parto episiotomia contato pele a pele presenccedila de acompanhante analgesia

farmacoloacutegica laceraccedilatildeo perineal e escore de Apgar

A idade das mulheres assistidas pelas enfermeiras residentes foi classificada dentro do

intervalo de idade reprodutiva da seguinte forma

Entre 10 e 14 anos (adolescentes precoces)

Entre 15 e 19 anos (adolescentes)

13

Entre 20 e 34 anos (adultas jovens)

Acima de 35 anos (idade tardia)

Com relaccedilatildeo agrave paridade as mulheres foram divididas em primiacuteparas e multiacuteparas

No que se refere ao nuacutemero de gestaccedilotildees foram classificadas em primigestas secundigestas

tercigestas ou que tiveram quatro gestaccedilotildees anteriores ou mais

Com relaccedilatildeo aacute idade gestacional no parto a classificaccedilatildeo neste estudo foi

Preacute-termo (lt37 semanas)

Termo (entre 37 semanas e 41 semanas+6 dias)

Poacutes-termo (gt42 semanas)

Idade gestacional desconhecida natildeo informada

Na variaacutevel posiccedilatildeo de parto foram consideradas as seguintes posiccedilotildees semi-sentada sentada

no banquinho de coacutecoras em decuacutebito dorsal posiccedilatildeo litotocircmica em Gaskin decuacutebito lateral

em peacute e ajoelhada Em relaccedilatildeo agrave episiotomia contato pele a pele e presenccedila de

acompanhantes os dados foram classificados em SimNatildeo Quanto agraves laceraccedilotildees perineais foi

feita a seguinte classificaccedilatildeo periacuteneo iacutentegro laceraccedilatildeo de primeiro grau de segundo grau de

terceiro grau e de quarto grau Os dados sobre escore de Apgar foram divididos em lt7 e gt 7 no

primeiro e quinto minutos

Anaacutelise dos dados

As variaacuteveis foram submetidas agrave anaacutelise descritiva com caacutelculo da frequecircncia absoluta e

relativa para as variaacuteveis categoacutericas e de meacutedia e desvio padratildeo para as variaacuteveis contiacutenuas

Para o processamento e anaacutelise dos dados utilizou-se o software STATA (versatildeo 90)

14

Aspectos eacuteticos

Para realizaccedilatildeo do estudo o projeto de pesquisa teve aprovaccedilatildeo da Coordenaccedilatildeo do Programa

de Residecircncia em Enfermagem Obsteacutetrica da Escola de Enfermagem da Universidade Federal

de Minas Gerais

O estudo teve a anuecircncia da coordenaccedilatildeo da maternidade e foi aprovado pelo Nuacutecleo de

Ensino e Pesquisa (NEPE) do HRTN em 06082014 pelo parecer nordm 252014 conforme consta

no ANEXO 2

Foi aprovado pela Cacircmara Departamental do Departamento de Enfermagem Materno Infantil

(EMI) da EEUFMG em 10112014 conforme consta no ANEXO 3

RESULTADOS

No periacuteodo de treze meses de abril de 2013 a abril de 2014 foram registrados no livro 1434

partos Destes 714 foram com a participaccedilatildeo das residentes em enfermagem obsteacutetrica

representando 498 do total Os demais 720 partos (excluiacutedos da amostra) foram assistidos

pelas enfermeiras obstetras sozinhas ou com participaccedilatildeo de residentes em ginecologia e

obsteacutetrica acadecircmicos de enfermagem e medicina

Os resultados e sua distribuiccedilatildeo entre a variaacuteveis analisadas estatildeo representados nas tabelas a

seguir

15

TABELA 1

Perfil das gestantes assistidas por residentes em enfermagem obsteacutetrica em relaccedilatildeo a

idade materna paridade nuacutemero de gestaccedilotildees e idade gestacional Belo Horizonte MG

Variaacuteveis n

Idade Materna (anos)

10 ndash 14 6 08

15 ndash 19 144 202

20 - 34 498 695

gt 35 57 79

Paridade

Primiacuteparas 315 441

Multiacuteparas 398 557

Nuacutemero de Gestaccedilotildees

1 283 396

2 213 298

3 102 143

4 ou mais 115 161

Idade Gestacional

Preacute-termo (lt37 semanas) 45 63

Termo (37 - 41 semanas) 643 900

Poacutes-termo (gt 42 semanas) 3 04

Desconhecida natildeo informada 23 32

Variaacutevel N Meacutedia Desvio Padratildeo Miacutenimo Maacuteximo

Idade Gestacional 714 38 15 24 42

Idade Materna 705 24 60 14 44

16

Neste estudo a faixa etaacuteria predominante das mulheres assistidas por residentes em

enfermagem obsteacutetrica foi de adultas jovens com 695 seguida de adolescentes com 202

Os extremos etaacuterios adolescentes precoces e mulheres acima de 35 anos apareceram em

menor proporccedilatildeo sendo 08 e 79 respectivamente A meacutedia etaacuteria foi de 24 anos com

desvio padratildeo de 6 anos sendo que a menor idade encontrada entre as mulheres assistidas

por enfermeiras residentes foi 14 anos e a maior 44 anos

No que se refere ao nuacutemero de gestaccedilotildees o maior percentual foi de primigestas (396)

seguido das secundigestas (298) A partir daiacute observou-se diminuiccedilatildeo do percentual sendo

que tercigestas representaram 143 e o somatoacuterio das mulheres que tiveram quatro

gestaccedilotildees anteriores ou mais resultou em 161 O caso com maior nuacutemero de gestaccedilotildees

encontrado neste estudo foi de uma parturiente que estava em sua 13ordf gestaccedilatildeo

Com relaccedilatildeo agrave paridade as mulheres foram divididas em dois grupos primiacuteparas e multiacuteparas

sendo 441 e 557 respectivamente As mulheres que tiveram apenas uma gestaccedilatildeo ou

seja primigestas satildeo 396 e as primiacuteparas logo que natildeo tem partos vaginais anteriores satildeo

441 Isto evidencia que nem todas as primiacuteparas eram primigestas havendo abortamentos

ou gestaccedilotildees ectoacutepicas anteriores O somatoacuterio das mulheres que tiveram duas ou mais

gestaccedilotildees representou 602 Isso justifica o fato de haver maior percentual de multiacuteparas

quando se analisa paridade e ao mesmo tempo maior percentual de primigestas quando se

analisa nuacutemero de gestaccedilotildees entre as mulheres estudadas

17

TABELA 2

Indicadores da assistecircncia ao trabalho de parto e parto prestada pelas residentes em

enfermagem obsteacutetrica na maternidade do HRTN Belo Horizonte MG

Variaacuteveis N

Variaacuteveis n

Posiccedilatildeo do parto

Analgesia

Semi-sentada 462 647

Natildeo 587 822

Banquinho 120 168

Peridural 119 166

Coacutecoras 56 78

Raquidiana 8 11

Decuacutebito dorsal 23 32

Litotocircmica 20 28

Contato pele a pele

Sentada 9 12

Sim 674 944

Gaskin 7 09

Natildeo 34 47

Decuacutebito lateral 7 09

Em peacute 4 05

Acompanhante

Ajoelhada 2 02

Sim 686 960

Natildeo 27 37

Episiotomia

Sim 30 42

Apgar no 1ordm minuto

Natildeo 681 954

lt7 46 64

gt7 668 935

Laceraccedilatildeo

Natildeo 194 271

Apgar no 5ordm minuto

1ordm grau 329 460

lt7 6 08

2ordm grau 169 236

gt7 708 991

3ordm grau 20 28

4ordm grau 2 02

Variaacutevel N Meacutedia Desvio Padratildeo Miacutenimo Maacuteximo

Apgar no 1ordm minuto 714 83 13 0 10

Apgar no 5ordm minuto 714 93 07 0 10

18

Os resultados deste estudo mostram que a maioria dos partos assistidos por residentes em

enfermagem obsteacutetrica foram em posiccedilatildeo semi-sentada (647) as demais posiccedilotildees de parto

encontradas foram no banquinho (168) de coacutecoras (78) em decuacutebito dorsal (32) em

posiccedilatildeo litotocircmica (28) sentada (12) em Gaskin (09) em decuacutebito lateral (09) em

peacute (05) e ajoelhada (02) Considerando-se todas as posiccedilotildees de parto verticalizadas como

semi-sentada no banquinho Gaskin em peacute e ajoelhada encontrou-se uma taxa em torno de

92 de partos em posiccedilatildeo natildeo supina

A episiotomia foi realizada em apenas 420 dos partos Em 9538 dos casos as mulheres

foram poupadas deste procedimento Com relaccedilatildeo as laceraccedilotildees perineais a maioria das

mulheres apresentou laceraccedilotildees de primeiro grau (460) seguidas de periacuteneo iacutentegro

(271) Laceraccedilotildees de segundo grau acometeram 236 das mulheres Laceraccedilotildees graves

de terceiro grau (28) e de quarto grau (02) ocorreram em uma parcela pouco significativa

das mulheres assistidas pelas enfermeiras residentes

A analgesia farmacoloacutegica foi realizada em 177 das parturientes sendo em 166 por

teacutecnica peridural e 112 por teacutecnica raquidiana A analgesia farmacoloacutegica natildeo foi ofertada a

8221 das mulheres

O contato pele a pele na primeira hora de vida foi proporcionado a 9440 dos receacutem-

nascidos Em 47 a interaccedilatildeo pele a pele natildeo foi realizada

As parturientes contaram com a presenccedila de acompanhante familiar em 960 dos partos Os

partos sem acompanhante familiar representaram apenas 37

Os resultados sobre escore de Apgar foram gt7 no primeiro minuto em 935 dos neonatos e

gt7 no quinto minuto em 991 Tais dados mostram que a quase totalidade dos receacutem-

nascidos apresentava boas condiccedilotildees de vitalidade no primeiro e quinto minuto de vida

19

DISCUSSAtildeO

Idade materna Paridade Nuacutemero de gestaccedilotildees

Segundo o MS as mulheres em idade reprodutiva ou seja de 10 a 49 anos representam 65

do total da populaccedilatildeo feminina conformando um grupo social importante e que merece

atenccedilatildeo no que se refere agrave elaboraccedilatildeo de poliacuteticas de sauacutede (BRASIL 2011)

Silva (2009) cita que mulheres muito jovens ou muito idosas satildeo consideradas de maior risco

para resultados adversos e complicaccedilotildees gestacionais no parto e perinatais

A OMS considera gravidez na adolescecircncia aquela que ocorre em mulheres entre 10 e 19

anos sendo que gestantes com menos de 14 anos satildeo mais vulneraacuteveis e mais expostas agrave

morbimortalidade A gravidez na adolescecircncia estaacute relacionada aacute condiccedilotildees de escolaridade e

fatores socioeconocircmicos como escolaridade renda dentre outros e no que se refere aos

riscos os principais referidos por Santos at al (2014) satildeo prematuridade e baixo peso ao

nascer Jaacute Gravena (2013) refere que estatildeo relacionados agrave gravidez precoce riscos

aumentados ao receacutem-nascido de baixo peso ao nascer deficiecircncias de micronutrientes e

restriccedilatildeo do crescimento intrauterino levando a alteraccedilotildees na evoluccedilatildeo dessa gestaccedilatildeo e no

crescimento fetal o que pode resultar tambeacutem em parto prematuro

Cesar (2011) em estudo sobre gestaccedilatildeo na adolescecircncia encontrou 2018 de matildees

adolescentes e mostrou que estas estiveram de forma sistemaacutetica em desvantagem em

relaccedilatildeo agraves demais matildees tanto no que se refere a caracteriacutesticas socioeconocircmicas quanto na

assistecircncia recebida durante a gestaccedilatildeo e o parto Afirma que as adolescentes possuiacuteam pior

niacutevel de escolaridade e renda familiar viviam mais comumente sem companheiro realizaram

um menor nuacutemero de consultas de preacute-natal iniciaram estas consultas mais tardiamente

referiram com maior frequecircncia a presenccedila de anemia e corrimento vaginal patoloacutegico e foram

mais submetidas ao uso de foacutercipe e episiotomia Considerando-se as categorias adolescentes

precoces e adolescentes do presente estudo tem-se uma taxa de 210 proacutexima da

encontrada por Cesar (2011)

20

Mulheres entre 20 e 35 anos satildeo consideradas adultas jovens e apresentam resultados

obsteacutetricos e neonatais mais favoraacuteveis quando comparadas as adolescentes e a mulheres em

idade avanccedilada Neste estudo as adultas jovens representaram a maior parte da populaccedilatildeo

(695) Este achado corrobora para os resultados obsteacutetricos e neonatais favoraacuteveis aqui

verificados Gravena et al (2013) verificou em seu estudo que adolescentes e mulheres em

idade tardia tiveram probabilidade maior de parto cesaacutereo em relaccedilatildeo agraves adultas No que se

refere ao baixo peso ao nascer tanto as gestantes adolescentes quanto as em idade avanccedilada

apresentaram mais chance de possuiacuterem filhos receacutem-nascidos com baixo peso quando

comparadas as adultas

A taxa de fecundidade vem apresentando queda no Brasil nos uacuteltimos anos segundo dados do

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) em 2000 a taxa de fecundidade era de 24

filhos por mulher e em 2014 foi menor que 18 filhos por mulher (IBGE 2013) Dentre os vaacuterios

fatores que colaboraram para esta transiccedilatildeo na taxa de fecundidade encontram-se a

elaboraccedilatildeo e expansatildeo da estrateacutegia de sauacutede da famiacutelia e das poliacuteticas voltadas para a

mulher no ciclo graviacutedico puerperal principalmente a Poliacutetica Nacional de Direitos Sexuais e

Direitos Reprodutivos lanccedilada em 2005 e a Poliacutetica Nacional de Planejamento Familiar

elaborada em 2007 que permitiu as mulheres expansatildeo do acesso a informaccedilotildees sobre o

planejamento familiar reprodutivo e oferta de meacutetodos contraceptivos (BRASIL 2007)

Define-se gestaccedilatildeo tardia aquela que ocorre acima dos 35 anos e aquelas com mais de 45

anos satildeo consideradas gestaccedilotildees com idade materna avanccedilada Os nascimentos em mulheres

com 35 anos ou mais tem aumentado de forma consistente no Brasil tendecircncia observada

principalmente nos paiacuteses industrializados As mudanccedilas nos haacutebitos de vida como maior niacutevel

de escolaridade maior inserccedilatildeo no mercado de trabalho e na expectativa de vida da mulher

estimulam a postergaccedilatildeo do momento da primeira gravidez que acaba acontecendo em idades

superiores apoacutes serem atingidos outros objetivos de vida pessoais e profissionais Soma-se a

isso o advento da reproduccedilatildeo assistida que permite as mulheres engravidarem em idades mais

avanccediladas periacuteodo de comprovada diminuiccedilatildeo da fertilidade Haacute que se considerar que em

paiacuteses em desenvolvimento como o Brasil a maior parte das gestaccedilotildees tardias acontece em

situaccedilotildees de multiparidade o que tambeacutem envolve riscos (SILVA 2009)

21

A gestaccedilatildeo tardia apresenta risco similar a gestaccedilatildeo na adolescecircncia em alguns aspectos

conforme citado anteriormente e mais elevados em situaccedilotildees como abortamento espontacircneo

gravidez ectoacutepica anormalidades cromossocircmicas e malformaccedilotildees congecircnitas (SILVA 2009)

Gravena et al (2013) cita que nas mulheres com gestaccedilatildeo tardia tecircm sido observados mais

abortamentos espontacircneos e induzidos maior risco para mortalidade perinatal baixa vitalidade

do receacutem- nascido baixo peso ao nascer parto preacute-termo e fetos pequenos para idade

gestacional As gestaccedilotildees de mulheres de idade materna avanccedilada tecircm sido consideradas

como de alto risco em decorrecircncia principalmente da incidecircncia crescente de siacutendromes

hipertensivas ruptura prematura de membranas presenccedila de diabetes aleacutem de maior chance

do iacutendice de Apgar no quinto minuto ser menor que sete

Analisando os 1434 partos registrados no livro no mesmo periacuteodo e nos quais estatildeo incluiacutedos

os 714 partos das enfermeiras residentes o percentual de primiacuteparas e multiacuteparas foi de 415

e 583 respectivamente valores muito proacuteximos aos encontrados nos partos assistidos pelas

enfermeiras residentes

Idade gestacional

Conceitua-se gravidez preacute-termo aquela cuja idade gestacional encontra-se entre 22 e 37

semanas ou entre 154 a 259 dias (ACOG 2013) A prematuridade eacute um evento que afeta a

vida da famiacutelia e do RN de forma significativa envolvendo aspectos bioloacutegicos psicoloacutegicos e

sociais de difiacutecil mensuraccedilatildeo e que devem ser considerados pela equipe que assiste a famiacutelia

prematura (RAMOS 2009)

A prematuridade tem sido estudada como uma das causas importantes de mortalidade infantil

O receacutem-nascido imaturo apresenta desenvolvimento incompleto de oacutergatildeos como ceacuterebro e

pulmotildees aleacutem de limitaccedilatildeo da funccedilatildeo renal e imaturidade da funccedilatildeo hepaacutetica podendo sofrer

seacuterios comprometimentos ou intercorrecircncias (GRAVENA 2013) A literatura cita alguns fatores

de risco gestacionais associados agrave prematuridade tais como parto prematuro preacutevio gestaccedilatildeo

muacuteltipla histoacuteria materna de um ou mais abortos espontacircneos no segundo trimestre

comprimento cervical lt 30 cm baixo niacutevel socioeconocircmico idade materna lt18 anos ou gt40

22

anos primiparidade (mais frequente no primeiro filho) complicaccedilotildees maternas (cliacutenicas ou

obsteacutetricas) atividade fiacutesica aumentada tabagismo uso de cocaiacutena acompanhamento preacute-

natal inadequado ou ausente situaccedilotildees de alto estresse crescimento intrauterino restrito

(CIUR) anomalias congecircnitas polihidracircmnios ruptura prematura de membranas preacute-termo

(RPMPT) descolamento de placenta presenccedila de DIU mioma (particularmente submucoso ou

subplacentaacuterio) anomalias uterinas insuficiecircncia istmo-cervical infecccedilotildees maternas siacutendrome

antifosfoliacutepide trauma cirurgia (RAMOS 2009)

O American College of Obstetricians and Gynecologists (ACOG 2013) classifica a gravidez

aleacutem de 37 semanas da seguinte maneira

Termo precoce entre 37 semanas e 38 semanas e 6 dias

Termo completo entre 39 semanas e 40 semanas e 6 dias

Termo tardio entre 41 semanas e 41 semanas e 6 dias

Poacutes-termo 42 semanas em diante

Neste estudo a grande maioria dos partos assistidos pelas enfermeiras residentes foi de

gestaccedilotildees a termo (900) Tal fato se justifica pela maior atuaccedilatildeo da enfermagem obsteacutetrica

nas gestaccedilotildees de risco habitual A meacutedia de idade gestacional da amostra deste estudo foi de

38 semanas sendo a menor idade gestacional encontrada 24 semanas e a maior 42 semanas

Os partos preacute-termo e poacutes-termo ou seja de maior risco satildeo preferencialmente

acompanhados por meacutedico obstetra Eacute rotina da instituiccedilatildeo em estudo a induccedilatildeo do trabalho

de parto nas gestaccedilotildees acima de 41 semanas Tambeacutem por esse motivo pode-se justificar a

atuaccedilatildeo das enfermeiras residentes em menos de 05 de partos poacutes-termo

O ACOG define gestaccedilatildeo poacutes-termo ou gestaccedilatildeo prolongada como aquela que se estende

aleacutem de 42 semanas ou 294 dias de gestaccedilatildeo (ACOG 2013) Para Amorim (2010) as

gestaccedilotildees aleacutem de 42 semanas ocorrem em aproximadamente 5 dos casos jaacute as aleacutem de 41

semanas em cerca de 10 A causa mais comum de gestaccedilatildeo poacutes-termo eacute o erro de dataccedilatildeo

e quando realmente existe a causa eacute desconhecida sendo a primiparidade o principal fator de

risco associado Mais raramente outros fatores podem estar presentes como a anencefalia

23

deficiecircncia de sulfatase placentaacuteria feto do sexo masculino e predisposiccedilatildeo geneacutetica (BRASIL

2011) O maior temor relacionado agrave gestaccedilatildeo prolongada eacute de que ocorra insuficiecircncia

placentaacuteria com reduccedilatildeo do aporte de nutriente e oxigecircnio para o bebecirc o que pode acarretar

aumento da morbidade e mortalidade perinatal Com maior frequecircncia de morte perinatal

anormalidade da frequecircncia cardiacuteaca fetal intraparto eliminaccedilatildeo de mecocircnio macrossomia e

cesariana (AMORIM 2010)

No Brasil tem sido frequente a indicaccedilatildeo de cesariana quando a gestaccedilatildeo ultrapassa 40

semanas sobretudo no setor privado poreacutem esta conduta natildeo eacute corroborada por evidecircncias

Amorim (2010) em compilado sobre o tema cita uma revisatildeo sistemaacutetica publicada em 2003 na

qual concluiacuteram que a induccedilatildeo do parto a partir de 41 semanas quando comparada agrave conduta

expectante resultou em menor taxa de cesaacuterias (201 x 22) e de liacutequido amnioacutetico meconial

(224 x 277) poreacutem natildeo houve diferenccedila em termos de mortalidade perinatal escores de

Apgar admissatildeo em UTI neonatal e siacutendrome de aspiraccedilatildeo meconial Em 2012 outra revisatildeo

sistemaacutetica disponiacutevel na biblioteca Cochrane incluindo 22 ensaios cliacutenicos randomizados e

9383 mulheres submetidas aacute induccedilatildeo do parto mostrou reduccedilatildeo significativa do risco relativo de

morte perinatal e de cesariana Natildeo houve diferenccedila na taxa de natimortos ou de morte

neonatal nos dois grupos A incidecircncia da siacutendrome de aspiraccedilatildeo meconial foi menor no grupo

submetido agrave induccedilatildeo do parto poreacutem natildeo houve diferenccedila na frequecircncia de asfixia perinatal

baixos escores de Apgar e admissatildeo em UTI neonatal Os autores sugerem que a induccedilatildeo do

parto a partir de 41 semanas reduz as taxas de cesariana sem comprometer o prognoacutestico

perinatal Aleacutem disso o estudo mostrou maior satisfaccedilatildeo das gestantes submetidas agrave induccedilatildeo

do parto Recomenda-se que as mulheres sejam esclarecidas sobre riscos e benefiacutecios

associados agrave induccedilatildeo do parto a partir de 41 semanas (AMORIM 2010)

Posiccedilatildeo de parto

Os benefiacutecios da livre movimentaccedilatildeo da parturiente durante o trabalho de parto tais como a

reduccedilatildeo de sua duraccedilatildeo melhora do conforto materno e reduccedilatildeo do uso de analgeacutesicos satildeo

sustentados por evidecircncias cientiacuteficas (SOUSA 2013) A adoccedilatildeo de postura vertical e

movimentaccedilatildeo podem aleacutem de diminuir a dor materna facilitar a circulaccedilatildeo materno-fetal e a

descida do feto na pelve materna melhorar as contraccedilotildees uterinas e diminuir o trauma perineal

24

(SILVA 2011)

A OMS (1996) classifica como praacuteticas demonstradamente uacuteteis e que devem ser estimuladas

(categoria A) a liberdade de posiccedilatildeo e movimento durante o trabalho de parto e o estiacutemulo a

posiccedilotildees natildeo supinas durante o trabalho de parto Jaacute o uso rotineiro de posiccedilatildeo supina

(decuacutebito dorsal) durante o trabalho de parto e o uso de rotina da posiccedilatildeo de litotomia com ou

sem perneiras durante o trabalho de parto satildeo classificadas como praacuteticas claramente

prejudiciais e que devem ser eliminadas (categoria B)

Uma revisatildeo sistemaacutetica sobre assistecircncia ao segundo e terceiro periacuteodos do trabalho de parto

publicada em 2010 mostra que a posiccedilatildeo supina tem sido amplamente usada no segundo

periacuteodo do trabalho de parto contrariando a evidecircncia fisioloacutegica da reduccedilatildeo da eficiecircncia

uterina e do fluxo sanguiacuteneo placentaacuterio nessa posiccedilatildeo A posiccedilatildeo litotocircmica eacute ainda

recomendada em alguns tratados tradicionais de Obstetriacutecia mas as posiccedilotildees alternativas

incluem uma gama de posiccedilotildees que podem trazer benefiacutecios para o parto posiccedilatildeo lateral

(Sims) vertical (sentada semi-sentada de coacutecoras ou ajoelhada) e de quatro apoios A

imersatildeo em aacutegua durante o periacuteodo expulsivo do trabalho de parto aumentou o registro de

satisfaccedilatildeo por parte das parturientes no que diz respeito aos puxos mas ainda natildeo haacute

evidecircncias sobre os efeitos da imersatildeo em aacutegua no segundo estaacutegio especialmente sobre a

morbidade materna e neonatal (AMORIM 2010)

Estudos apontam que posiccedilotildees verticalizadas ou a posiccedilatildeo lateral associaram-se com reduccedilatildeo

da duraccedilatildeo do segundo periacuteodo do parto reduccedilatildeo nas anormalidades da frequecircncia cardiacuteaca

fetal bem como reduccedilatildeo de relatos de dor grave e episiotomia Ocorre no entanto maior perda

de sangue estimada (acima de 500 mL) sem repercussotildees cliacutenicas consideraacuteveis A conclusatildeo

dos revisores eacute que as mulheres devem ser encorajadas a parir na posiccedilatildeo que lhes for mais

confortaacutevel com o balanccedilo das evidecircncias a favor das posturas natildeo supinas (AMORIM 2010)

Mouta et al (2008) e Rocha Fonseca (2010) encontraram percentuais entre 50 e 78 de

posiccedilatildeo vertical em partos assistidos exclusivamente por enfermeiras obstetras em

maternidades puacuteblicas do Rio de Janeiro Em um CPN de Satildeo Paulo apenas 13 dos partos

foram assistidos em posiccedilatildeo horizontal contra 776 assistidos em posiccedilatildeo vertical (SOUZA

2011)

25

Sousa (2013) observou em seu estudo com 61 mulheres assistidas em Hospital da rede puacuteblica

de Belo Horizonte que mais de 75 pariram deitadas de costas com pernas levantadas sem

uso de perneiras As demais mulheres deram a luz em posiccedilatildeo de coacutecoras (98) deitada de

lado (66) sentadareclinada (66) ou Gaskin (16)

A maternidade do HRTN faz parte da rede de hospitais de Belo Horizonte que assinou o Termo

de Compromisso das Maternidades do SUS-BH estabelecido pela Comissatildeo Perinatal da

Secretaria Municipal de Sauacutede de Belo Horizonte (SMSA-BH) o qual estabelece metas para

diversos indicadores assistenciais objetivando humanizar a assistecircncia e reduzir as taxas de

cesariana nas maternidades da rede puacuteblica de Belo Horizonte No que se refere a posiccedilatildeo de

parto a SMSA-BH tem como meta que mais de 70 dos partos sejam realizados em posiccedilatildeo

natildeo supina Segundo dados institucionais fornecidos pela coordenaccedilatildeo da maternidade sobre

todos os partos do HRTN no mesmo periacuteodo deste estudo a taxa de partos em posiccedilatildeo natildeo

supina variou de 6202 em abril de 2014 a 8138 em abril de 2013

Diante dos resultados deste estudo eacute possiacutevel inferir que no HRTN a equipe incentiva e apoia o

uso de deambulaccedilatildeo e posiccedilotildees verticalizadas durante o trabalho de parto e periacuteodo expulsivo

As mulheres devem orientadas sobre os benefiacutecios da verticalizaccedilatildeo para a evoluccedilatildeo do

trabalho de parto No momento do parto deve haver incentivo agrave livre escolha da posiccedilatildeo dentro

das possibilidades da maternidade Ainda natildeo haacute disponibilidade de parto com imersatildeo em

aacutegua mas haacute quartos PPP (preacute-parto parto e poacutes-parto) com chuveiro bola suiacuteccedila banquinho

meia lua escada de Ling e espaccedilo fiacutesico que permite deambulaccedilatildeo Em alguns plantotildees a

equipe conta com a participaccedilatildeo das Doulas no cuidado agrave mulher em trabalho de parto

Os resultados deste estudo satildeo similares aos encontrados por Sousa (2013) o que mostra que

ambas as instituiccedilotildees componentes do SUS em Belo Horizonte que tem atuaccedilatildeo efetiva das

enfermeiras obstetras estimulam o parto em posiccedilotildees verticalizadas e provavelmente

respeitam a livre escolha da posiccedilatildeo de parto

O fato da maior parte dos partos serem em posiccedilatildeo semi-sentada gera certa inquietaccedilatildeo pois

26

sabe-se que esta posiccedilatildeo permite maior controle e melhor visibilidade sendo cocircmoda para o

profissional que assiste ao parto Outra justificativa possiacutevel para a grande porcentagem de

partos semi-sentada pode ser a falta de informaccedilatildeo eou orientaccedilatildeo das

mulheresacompanhantes sobre a possibilidade de parirem em outras posiccedilotildees que lhe sejam

confortaacuteveis Ressalta-se a necessidade de orientaccedilatildeo e incentivo quanto agrave liberdade de

posiccedilatildeo e sobre os benefiacutecios das posiccedilotildees verticalizadas para o trabalho de parto e periacuteodo

expulsivo desmitificando a claacutessica posiccedilatildeo de parto e empoderando-as a escolher a posiccedilatildeo

que lhes for mais confortaacutevel

Episiotomia

A episiotomia foi inicialmente proposta com o objetivo de facilitar o parto reduzindo o trauma

perineal e facilitando o reparo Entretanto natildeo obstante a indicaccedilatildeo de livros-texto sua

realizaccedilatildeo de rotina natildeo pode ser recomendada uma vez que existem vaacuterias evidecircncias de que

natildeo eacute necessaacuteria e de que pode ser prejudicial (AMORIM 2010)

Entre as principais morbidades relacionadas agrave episiotomia estatildeo a dor perineal e o

sangramento aumentado Nesses casos devido a urgecircncia os traumas perineais muitas vezes

satildeo suturados sem a boa visualizaccedilatildeo do local podendo produzir acidentes com lesatildeo no trato

geniturinaacuterio e nas estruturas do assoalho peacutelvico causando hipermobilidade uretral e prolapso

genital Apoacutes o parto tambeacutem podem surgir hematuacuteria incapacidade vesical e incontinecircncia

urinaacuteria (RIESCO et al 2011)

A OMS (1996) considera o uso liberal e rotineiro de episiotomia uma praacutetica claramente

prejudicial e que deve ser eliminada (categoria B) Embora os dados disponiacuteveis na literatura

revelem que a realizaccedilatildeo de episiotomia natildeo cumpre os objetivos que justificariam sua

realizaccedilatildeo de forma rotineira sejam eles a prevenccedilatildeo de lesotildees nas genitais da matildee ou na

cabeccedila do receacutem-nascido ainda hoje tal intervenccedilatildeo permanece sendo usada de forma

abusiva em muitas instituiccedilotildees de sauacutede

Em revisatildeo sistemaacutetica incluindo oito ensaios cliacutenicos (n=5541) observou-se que comparada

agrave episiotomia de rotina a episiotomia seletiva (com indicaccedilatildeo precisa) esteve associada com

27

menos trauma perineal grave menor necessidade de suturas menos complicaccedilotildees na

cicatrizaccedilatildeo e mais trauma perineal anterior Natildeo houve diferenccedila na frequecircncia de trauma

vaginal ou perineal grave dispareunia incontinecircncia urinaacuteria ou dor intensa Os revisores

recomendam que a episiotomia natildeo seja realizada rotineiramente e quando necessaacuteria seja

realizada com o consentimento poacutes-informaccedilatildeo da parturiente (AMORIM 2010)

Cesar (2011) encontrou ocorrecircncia meacutedia de episiotomia de 72 entre as 2557 gestantes

estudadas no Sul do Brasil Houve variaccedilatildeo de 86 entre as adolescentes e 66 entre as

demais matildees As taxas encontradas foram bastante elevadas principalmente entre as

adolescentes o que indica baixa incorporaccedilatildeo de praacuteticas baseadas em evidecircncia na

assistecircncia ao parto no cenaacuterio do estudo

Em contrapartida Sousa (2013) verificou em seu estudo em uma maternidade da rede puacuteblica

de Belo Horizonte iacutendice de episiotomia em torno de 11 e observou seguranccedila na praacutetica dos

profissionais de sauacutede envolvidos na assistecircncia ao parto da instituiccedilatildeo estudada no que se

refere ao uso seletivo desse procedimento e aos criteacuterios de utilizaccedilatildeo Tal instituiccedilatildeo tem

princiacutepios humanizados e grande inserccedilatildeo de enfermeiras obstetras na assistecircncia ao parto o

que pode tambeacutem ter justificado a baixa taxa de episiotomia encontrada

Considerando todos os partos realizados no HRTN no periacuteodo deste estudo a taxa de

episiotomia variou entre 90 em abril de 2013 a 149 em abril de 2014 A SMSA-BH tem

como meta de realizaccedilatildeo de episiotomia em menos de 30 dos partos vaginais Considerando

os 1434 partos assistidos por EO no mesmo periacuteodo a taxa de episiotomia foi de 46 o que

mostra uso criterioso do procedimento por parte desta categoria profissional

No presente estudo a taxa de episiotomia foi 42 Nestes casos a episiotomia pode ter sido

indicada devido a periacuteneo resistente no intuito de prevenir laceraccedilotildees graves mesmo que natildeo

haja respaldo cientiacutefico para tal praacutetica Tambeacutem em situaccedilotildees de estado fetal natildeo

tranquilizador durante o periacuteodo expulsivo jaacute com o feto em planos avanccedilados no intuito de

acelerar o nascimento ou mesmo por distoacutecia de ombro ou outra complicaccedilatildeo sendo uma

decisatildeo conjunta entre preceptor e residente Deve-se considerar que a baixas taxas de

28

episiotomia nos partos assistidos por enfermeiras residentes satildeo reflexo da atuaccedilatildeo da

preceptoria tanto de enfermeiras obstetras como de meacutedicos obstetras A episiotomia natildeo foi

realizada em 9538 dos partos o que mostra que as residentes em enfermagem obsteacutetrica

faziam uso seletivo do procedimento Um aspecto relevante deste estudo eacute que mesmo com a

baixa taxa de episiotomia encontrou-se pequenas taxas de laceraccedilotildees perineais de terceiro

(28) e quarto grau (028) Isso aponta para um modelo de assistecircncia obsteacutetrico com

incorporaccedilatildeo de praacuteticas baseadas em evidecircncias cientiacuteficas na maternidade do HRTN

Contato pele a pele

As praacuteticas referentes ao contato da matildee com seu bebecirc e ao aleitamento materno ainda na

sala de parto satildeo tambeacutem indicadores relevantes da qualidade da atenccedilatildeo ao parto

humanizado e segundo a OMS (1996) e MS (2001) deve ser encorajada no parto normal

(categoria A)

O passo quatro da Iniciativa Hospital Amigo da Crianccedila (IHAC) preconiza que os bebecircs que

tenham condiccedilotildees cliacutenicas favoraacuteveis permaneccedilam por pelo menos uma hora junto agrave pele da

matildee e que iniciem o aleitamento materno ainda na primeira meia hora apoacutes o nascimento

independentemente da via de parto (BRASIL 2010)

O contato pele a pele precoce melhora os resultados neonatais em termos de menor choro e

maior estabilidade cardiorrespiratoacuteria e aumenta significativamente o sucesso da

amamentaccedilatildeo sem efeitos negativos aparentes em curto e longo prazo segundo estudo de

meta-anaacutelise O contato pele a pele da matildee com o receacutem-nascido por pelo menos 30 minutos

na primeira hora de vida aleacutem de propiciar o envolvimento matildee-filho e o aleitamento materno

eacute um indicativo de que o parto transcorreu adequadamente Aleacutem disso favorece o viacutenculo

afetivo propiciando o reconhecimento entre matildee e filho pode aumentar a autoestima materna

diminuir a ansiedade melhorar os sentimentos de aceitaccedilatildeo do seu novo papel e a satisfaccedilatildeo

durante o processo de parto (MOORE et al 2012)

Apesar de o contato pele a pele ser uma praacutetica demonstradamente uacutetil e que deve ser

encorajada no parto normal especificamente tambeacutem pode e deve ser promovida no parto

29

operatoacuterio Sousa (2013) verificou em sua pesquisa que dos 89 receacutem-nascidos vivos o

contato precoce entre matildee e filho foi garantido em mais de 77 dos partos embora a maior

frequecircncia tenha ocorrido entre os filhos nascidos de parto normal

Na maternidade do HRTN o contato pele a pele eacute incentivado e apoiado por toda a equipe

multiprofissional sendo uma praacutetica consolidada conforme apontam os resultados deste

estudo As parturientes devem ser orientadas sobre os benefiacutecios desta praacutetica e preparadas

para receber seus RN apoacutes o nascimento A assistecircncia ao RN estaacutevel deve ser feita

preferencialmente no colo da matildee e quando houver necessidade de encaminhar o RN ao

berccedilo aquecido assim que este estabelecer condiccedilotildees favoraacuteveis deve retornar para o contato

pele a pele Assim como o contato pele a pele a amamentaccedilatildeo na primeira hora de vida

tambeacutem deve ser apoiada e estimulada respeitando o desejo da mulher

No presente estudo o contato pele a pele na primeira hora de vida foi realizado em 9440 dos

partos Os 475 em que natildeo foi realizado pode ter como justificativa o nascimento de um RN

deprimido sem condiccedilotildees cliacutenicas de permanecer com a matildee e que necessitaram de

assistecircncia pediaacutetrica seja reanimaccedilatildeo neonatal ou transferecircncia para unidade neonatal

Tambeacutem pode ter como justificativa impossibilidade materna ou desejo de natildeo realizar contato

pele a pele

Pela pactuaccedilatildeo da maternidade em estudo com a SMSA-BH a meta eacute que 100 dos receacutem-

nascidos vivos realizem contato pele a pele efetivo na primeira hora de vida Considerando

todos os partos realizados na instituiccedilatildeo no mesmo periacuteodo deste estudo este indicador variou

entre 905 em abril de 2013 a 960 em agosto de 2013 segundo dados institucionais

fornecidos pela coordenaccedilatildeo a maternidade Estes dados sinalizam boa incorporaccedilatildeo desta

praacutetica pela equipe mas indicam tambeacutem necessidade de melhoria para que seja atingida a

meta

Acompanhante

A presenccedila de acompanhante durante todo o periacuteodo de internaccedilatildeo eacute um direito conquistado

pelas mulheres assegurado na Lei nordm 111082005 regulamentado pelo Ministeacuterio da Sauacutede

30

pela Portaria nordm 24182005 portanto obrigatoacuterio em todas as instituiccedilotildees sejam elas puacuteblicas

ou privadas (BRASIL 2005) Esta praacutetica eacute classificada pela OMS como demonstradamente uacutetil

e que deve ser estimulada (categoria A)

A presenccedila do acompanhante durante o processo de parturiccedilatildeo pode proporcionar bem-estar

fiacutesico e emocional agrave mulher e benefiacutecios clinicamente significativos ao binocircmio matildee-filho Os

efeitos do suporte agrave mulher foram encontrados em recente meta-anaacutelise e estatildeo associados agrave

menor duraccedilatildeo do trabalho de parto uso de ocitocina reduccedilatildeo de cesariana e de partos

vaginais instrumentais diminuindo ainda a utilizaccedilatildeo de analgesia intraparto e melhorando os

iacutendices de Apgar no quinto minuto (SOUSA 2013)

Outros estudos destacam ainda a importacircncia do acompanhante quando este se envolve natildeo

soacute no apoio fiacutesico e emocional mas tambeacutem no desenvolvimento junto agrave parturiente de accedilotildees

como massagem auxiacutelio e encorajamento durante a deambulaccedilatildeo banho e tambeacutem no

periacuteodo expulsivo o que proporciona tambeacutem maior grau de satisfaccedilatildeo com o parto Sousa

(2013) verificou em sua pesquisa que quase a totalidade (922) das mulheres assistidas em

uma instituiccedilatildeo de sauacutede da rede puacuteblica de Belo Horizonte permaneceu com o acompanhante

de sua escolha durante o periacuteodo de internaccedilatildeo sendo a maioria o companheiro pai da

crianccedila (627)

No HRTN a presenccedila de acompanhante familiar de livre escolha eacute uma praacutetica consolidada

pela instituiccedilatildeo e apoiada pela equipe multiprofissional A valorizaccedilatildeo do acompanhante deve

acontece em todas as etapas da internaccedilatildeo durante o trabalho de parto os acompanhantes

podem ser encorajados a participar ativamente no apoio agrave parturiente ofertando meacutetodos

alternativos para aliacutevio da dor como massagens por exemplo No momento do parto quando

possiacutevel pode ser oferecido ao familiar que corte o cordatildeo umbilical o que pode ter grande

representaccedilatildeo simboacutelica para aquela famiacutelia No puerpeacuterio os acompanhantes devem ser

orientados junto aacute mulher sobre os cuidados com o RN aleitamento materno e como apoiar a

matildee na nova fase

No presente estudo houve acompanhante familiar em 960 dos partos assistidos pelas

enfermeiras residentes Partos sem acompanhante familiar foram apenas 37 Estes dados

31

corroboram com a afirmaccedilatildeo de que a presenccedila do acompanhante familiar eacute uma praacutetica

consolidada e respeitada pela equipe da maternidade do HRTN

Analgesia

Meacutetodos natildeo farmacoloacutegicos

A OMS (1996) recomenda que o uso de meacutetodos natildeo farmacoloacutegicos para aliacutevio da dor deve

ser privilegiado durante a assistecircncia ao trabalho de parto considerando-os como ldquopraacuteticas

reconhecidamente uacuteteis e que devem ser estimuladasrdquo Categoria A na recomendaccedilatildeo de boas

praacuteticas na assistecircncia ao parto

Entre as praacuteticas natildeo medicamentosas tem-se estudado o uso de acupuntura acupressura

hipnose teacutecnicas de relaxamento e respiraccedilatildeo aplicaccedilatildeo de frio e calor aromaterapia

aacuteudioanalgesia massagem deambulaccedilatildeo e banho de imersatildeo durante o parto (SILVA 2011)

Em um estudo de revisatildeo sistemaacutetica foram incluiacutedos 14 ensaios com 1448 parturientes que

utilizaram diferentes formas de tratamento para a dor (acupuntura hipnose audioanalgesia

aromaterapia massagem e relaxamento) A hipnose mostrou-se efetiva em termos de reduzir a

necessidade de meacutetodos farmacoloacutegicos para aliacutevio da dor aumentando o grau de satisfaccedilatildeo

materna Maior chance de parto vaginal e reduccedilatildeo da necessidade de analgesia A acupuntura

tambeacutem se associou a uma menor intensidade da dor e reduccedilatildeo do uso de ocitocina A eficaacutecia

de meacutetodos como acupressatildeo aromaterapia aacuteudioanalgesia relaxamento e massagem natildeo foi

ainda estabelecida sendo necessaacuterios ensaios cliacutenicos randomizados para avaliaccedilatildeo dessas

terapias complementares para aliacutevio da dor durante o trabalho de parto (PORTO 2010)

Deve-se considerar que o suporte contiacutenuo intraparto e as posiccedilotildees verticalizadas durante o

parto tambeacutem se associam agrave reduccedilatildeo da dor e maior grau de satisfaccedilatildeo materna como jaacute

demonstrado em revisotildees sistemaacuteticas A imersatildeo em aacutegua em banheiras ou similares durante

o trabalho de parto tem sido investigada como um meacutetodo de promoccedilatildeo de relaxamento e aliacutevio

da dor Em uma revisatildeo sistemaacutetica de 11 ensaios cliacutenicos a imersatildeo em aacutegua foi associada agrave

reduccedilatildeo no uso de analgesia e reduccedilatildeo no relato de dor sem prejudicar a duraccedilatildeo do trabalho

de parto as taxas de partos ciruacutergicos ou o bem-estar neonatal (PORTO 2010)

32

A SMSA-BH recomenda que os meacutetodos natildeo farmacoloacutegicos para aliacutevio da dor sejam ofertados

a 100 das mulheres em trabalho de parto De acordo com dados institucionais fornecidos

pela coordenaccedilatildeo da maternidade a oferta variou entre 7571 em julho de 2013 a 8778 em

julho de 2013 considerando todos os partos realizados na instituiccedilatildeo no periacuteodo de abril de

2013 a abril de 2014

No livro fonte de dados deste estudo a oferta de meacutetodos natildeo farmacoloacutegicos natildeo eacute registrada

natildeo sendo possiacutevel quantificar estes dados nos partos assistidos por REO mas pode-se inferir

que esta eacute uma praacutetica adotada pelas enfermeiras obstetras e residentes quando se observa

por exemplo as baixas taxas de analgesia farmacoloacutegica em torno de 16 nos partos

assistidos por estas profissionais

Meacutetodos farmacoloacutegicos

Classicamente vaacuterios meacutetodos farmacoloacutegicos foram propostos mas existe consenso

atualmente de que se algum meacutetodo farmacoloacutegico for indicado para aliacutevio da dor durante o

trabalho de parto a analgesia regional com peridural ou teacutecnica combinada (raquidiana e

peridural) deve ser empregada preferencialmente em relaccedilatildeo ao uso de opioacuteides sistecircmicos ou

analgesia inalatoacuteria A teacutecnica ideal para analgesia de parto deveria ter miacutenima ou ausente

transferecircncia placentaacuteria ausecircncia de efeitos sobre o fluxo sanguiacuteneo uteroplacentaacuterio efeitos

miacutenimos e reversiacuteveis sobre o feto e neonato ausecircncia de efeito ocitoacutecico ou tocoliacutetico e

ausecircncia de bloqueio motor (PORTO 2010)

Uma revisatildeo sistemaacutetica realizada em 2011 incluindo 38 estudos comprovou a eficaacutecia da

analgesia peridural para reduccedilatildeo da dor de mulheres durante o processo de parto mas

tambeacutem revelou maior risco de parto instrumental maior necessidade de ocitocina e aumento

da duraccedilatildeo do segundo estaacutegio do parto Natildeo houve associaccedilatildeo dessa intervenccedilatildeo com risco

de cesariana cefaleacuteia e escores de Apgar menores que sete no quinto minuto (AMORIM

2011)

Na maternidade em estudo a analgesia farmacoloacutegica seja por teacutecnica peridural ou

raquianestesia eacute considerada um direito da mulher de acordo com os princiacutepios da

humanizaccedilatildeo e eacute ofertada conforme desejo da parturiente apoacutes a oferta de diferentes meacutetodos

33

natildeo farmacoloacutegicos para aliacutevio da dor e sob orientaccedilotildees sobre os riscos e benefiacutecios do

procedimento ou nos casos em que haacute indicaccedilatildeo cliacutenica para realizaccedilatildeo do mesmo A teacutecnica

de analgesia empregada na instituiccedilatildeo permite na maior parte dos casos a deambulaccedilatildeo

movimentaccedilatildeo e uso concomitante de outros meacutetodos alternativos de aliacutevio da dor como

chuveiro Isto pode influenciar para o desfecho favoraacutevel dos partos conforme mostram as

evidecircncias sobre movimentaccedilatildeo e verticalizaccedilatildeo durante o trabalho de parto

A SMSA-BH recomenda a utilizaccedilatildeo de analgesia quando esgotados os recursos natildeo

farmacoloacutegicos para aliacutevio da dor em torno de 30 dos partos normais A proporccedilatildeo de parto

normal com analgesia variou de 141 em janeiro de 2014 e 279 em agosto de 2013

considerando todos os partos realizados na instituiccedilatildeo no mesmo periacuteodo deste estudo

Considerando os 1434 assistidos por EO no periacuteodo do estudo 147 recebeu analgesia por

teacutecnica peridural e 11 raquidiana Os demais 841 dos partos foi sem analgesia

farmacoloacutegica

No presente estudo a analgesia farmacoloacutegica foi realizada em 176 dos partos sendo 166

por teacutecnica peridural e 11 raquidiana Analgesia natildeo foi realizada em 822 dos partos

assistidos por REO Estes dados demonstram que a oferta de meacutetodos natildeo farmacoloacutegicos

para aliacutevio da dor pode ter sido influenciado positivamente na escolha da parturiente em

receber ou natildeo a analgesia farmacoloacutegica

Laceraccedilotildees perineais

Laceraccedilotildees perineais satildeo traumas em estruturas componentes da vagina que podem ocorrer

de forma espontacircnea durante a passagem do feto pelo canal de parto ou em decorrecircncia de

episiotomia as quais podem se prolongar

A laceraccedilatildeo de primeiro grau eacute aquela que natildeo atinge nenhum muacutesculo estendendo-se atraveacutes

da fuacutercula mucosa vaginal e da pele Jaacute a laceraccedilatildeo de segundo grau acomete os muacutesculos

perineais poreacutem sem lesatildeo do esfiacutencter retal A laceraccedilatildeo de terceiro grau atinge essa

estrutura e algumas vezes prolonga-se ateacute a parede anterior do reto Neste uacuteltimo caso em

que a parede do reto eacute comprometida por vezes utiliza-se o termo laceraccedilatildeo de quarto grau

As laceraccedilotildees de primeiro e segundo grau satildeo consideradas leves e laceraccedilotildees de terceiro e

34

quarto grau satildeo consideradas graves pois podem levar agrave incontinecircncia urinaacuteria e fecal sendo

estas uacuteltimas mais raras (REZENDE 2005)

A ocorrecircncia de laceraccedilotildees perineais no parto normal depende de diversos fatores que podem

estar relacionados agraves condiccedilotildees maternas ao feto ao parto em si e ao prestador de serviccedilo

Embora estes fatores natildeo estejam definitivamente estabelecidos existem evidecircncias indicando

o local do parto e o profissional que assiste a escolaridade materna a paridade a altura do

periacuteneo a duraccedilatildeo do segundo estaacutegio do parto a cicatriz perineal anterior a infusatildeo de

ocitocina a posiccedilatildeo no parto a analgesia farmacoloacutegica os puxos dirigidos as manobras de

proteccedilatildeo perineal o peso e o periacutemetro cefaacutelico do RN como fatores relacionados entre

outros Quanto a integridade perineal sua chance aumenta entre as mulheres com um ou mais

partos vaginais anteriores (RIESCO et al 2011)

Estudos tambeacutem tecircm buscado associaccedilatildeo entre a posiccedilatildeo materna no parto e as laceraccedilotildees

perineais Sousa (2013) verificou que a posiccedilatildeo deitada de lado juntamente com a posiccedilatildeo de

coacutecoras foram as que tiveram maior ocorrecircncia de laceraccedilotildees de primeiro grau principalmente

com 750 e 833 dos casos respectivamente Essas duas posiccedilotildees tambeacutem foram as que

mais favoreceram para que as mulheres tivessem laceraccedilotildees na pesquisa desenvolvida por

Souza (2011) em um CPN do Rio de Janeiro com incidecircncia de 502 nos partos assistidos

em posiccedilatildeo lateral e 696 naqueles assistidos de coacutecoras Em ambas pesquisas a posiccedilatildeo de

Gaskin foi a que teve menor incidecircncia de traumas perineais seguida da posiccedilatildeo

sentadareclinada

Entre as principais morbidades relacionadas estatildeo a dor perineal e o sangramento aumentado

Apoacutes o parto tambeacutem podem surgir hematuacuteria incapacidade vesical e incontinecircncia urinaacuteria A

disfunccedilatildeo geniturinaacuteria e sexual produzida pelo trauma perineal pode ser tambeacutem devida agrave

perda ou diminuiccedilatildeo do tocircnus muscular perineal Poreacutem esse achado contrasta com dados de

outros estudos os quais concluiacuteram que a via de parto a paridade a idade materna o peso do

receacutem-nascido (RN) e a episiotomia natildeo foram fatores determinantes para a reduccedilatildeo da forccedila

muscular perineal Considerando os problemas em curto prazo (perda sanguiacutenea necessidade

de sutura e dor perineal) e em longo prazo (disfunccedilotildees intestinais urinaacuterias e sexuais)

35

associados ao trauma perineal no parto sua prevenccedilatildeo reduccedilatildeo e reparaccedilatildeo adequada satildeo

fatores importantes para as mulheres e os profissionais que as assistem (RIESCO 2010)

Considerando os 1434 partos assistidos por EO em 304 houve periacuteneo iacutentegro 447

laceraccedilotildees de primeiro grau 228 laceraccedilotildees de segundo grau 195 de terceiro grau e

014 de quarto grau Tais resultados satildeo proacuteximos aos verificados neste estudo e

associados com as baixas taxas de episiotomia nos partos assistidos pelas enfermeiras

residentes corroboram com a recomendaccedilatildeo do uso seletivo da episiotomia como um praacutetica

favoraacutevel

Escore de Apgar

O momento de transiccedilatildeo da vida intrauterina para extrauterina eacute crucial para o desenvolvimento

do bebecirc e deve ser minuciosamente preparado e vivenciado Eacute indispensaacutevel que nos

primeiros minutos de vida do neonato seja realizada avaliaccedilatildeo completa e sistemaacutetica visando

identificar desvios da normalidade e que forneccedila agraves informaccedilotildees baacutesicas sobre a vitalidade e a

adaptaccedilatildeo do RN agrave vida fora do ventre materno (BARBOSA 2006)

A avaliaccedilatildeo realizada imediatamente apoacutes o parto eacute composta pelo o escore de Apgar sendo

complementada com a avaliaccedilatildeo do aspecto geral a medida dos sinais vitais e medidas

antropomeacutetricas O iacutendice de Apgar avalia cinco criteacuterios cliacutenicos cor da pele frequecircncia

cardiacuteaca irritabilidade reflexa respiraccedilatildeo e tocircnus muscular O RN eacute avaliado no primeiro e no

quinto minuto de vida e cada criteacuterio garante de 0 a 2 pontos desencadeando assim uma soma

adequada entre 7 e 10 pontos Quando a soma total resulta em 4 a 6 pontos sugere dificuldade

moderada do RN em adaptar-se e menor que 4 pode indicar sofrimento Julga-se assim o grau

de adaptaccedilatildeo imediata e o grau de depressatildeo neuroloacutegica do RN nos primeiros cinco minutos

de vida (SBP 2011)

O iacutendice Apgar tem sido pouco utilizado para avaliar a qualidade de assistecircncia ao parto sendo

considerado um indicador pontual aleacutem de natildeo ser utilizado para determinar o iniacutecio da

reanimaccedilatildeo neonatal No entanto sua aplicaccedilatildeo permite avaliar a resposta do neonato agraves

manobras realizadas e a eficaacutecia dessas manobras O Apgar no quinto minuto eacute mais utilizado

36

para avaliaccedilatildeo da adaptaccedilatildeo do RN por melhor representa-la se comparado ao Apgar de

primeiro minuto Se o escore eacute inferior a 7 no 5ordm minuto recomenda-se realizaacute-lo a cada cinco

minutos ateacute 20 minutos de vida Eacute necessaacuterio documentar o escore de Apgar de maneira

concomitante agrave dos procedimentos de reanimaccedilatildeo executados (SBP 2011)

Eacute importante considerar que um Apgar baixo natildeo eacute necessariamente resultado de uma

assistecircncia ao parto e ao neonato inadequada assim como um bom iacutendice de Apgar natildeo indica

boa qualidade assistencial ao binocircmio Este iacutendice entretanto eacute um bom indicador para

resultados perinatais a longo prazo aleacutem de ser considerado importante preditor da avaliaccedilatildeo

do bem-estar e do prognoacutestico inicial do receacutem-nascido A avaliaccedilatildeo imediata do RN pode ser

feita por pediatra ou outro profissional capacitado para prestar a assistecircncia necessaacuteria desde

o suporte baacutesico ateacute a reanimaccedilatildeo neonatal Na maternidade do HRTN o pediatra eacute o

profissional responsaacutevel pela assistecircncia ao RN na sala de parto A instituiccedilatildeo possui UTI

neonatal para onde satildeo encaminhados os RN que necessitam de cuidados especiacuteficos Os

neonatos que apresentam boa vitalidade satildeo colocados em contato pele a pele com as matildees e

apoacutes permanecem em alojamento conjunto ateacute a alta

Pela SMSA-BH a meta de Apgar lt7 no quinto minuto eacute no maacuteximo 3 Este indicador variou

entre 08 em fevereiro de 2014 a 24 em novembro de 2013 considerando todos os partos

realizados na instituiccedilatildeo no mesmo periacuteodo do estudo ou seja esteve sempre dentro da meta

estabelecida

No presente estudo as dados sobre escore de Apgar foram divididos em Apgar lt7 (644) e gt7

(9356) no primeiro minuto lt7 (084) e gt 7 (9916) no quinto minuto Tais dados mostram

que a quase totalidade dos RN apresentava boas condiccedilotildees de vitalidade no primeiro e quinto

minuto A este dado se associa o incentivo e a alta taxa de contato pele a pele precoce sendo

um dos fatores que contribuem para melhor adaptaccedilatildeo a vida extrauterina aleacutem de assistecircncia

qualificada aos RN que necessitam de cuidados especiacuteficos ou reanimaccedilatildeo

37

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Os resultados deste estudo evidenciam que a assistecircncia ao parto prestada pelas residentes

em enfermagem obsteacutetrica foi coerente com as recomendaccedilotildees de boas praacuteticas em todos os

aspectos analisados consolidando as evidecircncias literaacuterias sobre a assistecircncia ao parto

promovida por enfermeiras obstetras Foi possiacutevel observar maioria de partos em posiccedilotildees

verticalizadas uso seletivo de episiotomia com baixa incidecircncia de laceraccedilotildees perineais

graves alto iacutendice de contato pele a pele presenccedila de acompanhante na maioria dos partos

baixas taxas de analgesia farmacoloacutegica e escores de Apgar que demonstram boa vitalidade

fetal em quase todos os receacutem-nascidos Diante do exposto eacute possiacutevel concluir que a atuaccedilatildeo

das enfermeiras residentes em enfermagem obsteacutetrica contribuiu para a obtenccedilatildeo de

resultados obsteacutetricos e neonatais favoraacuteveis na maternidade do HRTN

Devido agrave forma de organizaccedilatildeo e registro dos procedimentos no livro utilizado para coleta de

dados natildeo foi possiacutevel avaliar algumas praacuteticas obsteacutetricas tais como uso de ocitocina

amniotomia oferta de meacutetodos natildeo farmacoloacutegicos para aliacutevio da dor oferta de liacutequidos

durante o trabalho de parto e uso de partograma Estes dados seriam importantes para uma

anaacutelise mais detalhada sobre a assistecircncia ao parto Os dados institucionais fornecidos pela

coordenaccedilatildeo da maternidade forneceram uma dimensatildeo de algumas destas praacuteticas na

maternidade contudo natildeo foi possiacutevel neste estudo avaliar quantitativamente tais

procedimentos somente nos partos assistidos por enfermeiras residentes Sugere-se ampliaccedilatildeo

dos indicadores no livro de registro e padronizaccedilatildeo no seu preenchimento para melhor

qualificaccedilatildeo dos dados da assistecircncia ao parto prestada elas enfermeiras obstetrasresidentes

A capacitaccedilatildeo profissional no modelo de residecircncia eacute intensa e exige dedicaccedilatildeo A extensa

carga horaacuteria praacutetica aliada agrave teoria satildeo determinantes para uma formaccedilatildeo qualificada e

humana das enfermeiras residentes A possibilidade de atuar efetivamente na assistecircncia em

conjunto com outras categorias profissionais enriquece a formaccedilatildeo abrangendo diferentes

fases e situaccedilotildees do ciclo graviacutedico-puerperal Eacute importante salientar que a capacitaccedilatildeo das

enfermeiras obstetras nesta modalidade pioneira de residecircncia soacute foi possiacutevel graccedilas ao

estiacutemulo governamental com recursos provenientes do programa Rede Cegonha e os

esforccedilos conjuntos da Escola de Enfermagem da UFMG e demais instituiccedilotildees envolvidas

38

Os resultados deste estudo evidenciam a incorporaccedilatildeo do modelo assistencial humanizado e

baseado em evidecircncias cientiacuteficas pela equipe do HRTN O modelo colaborativo de assistecircncia

obsteacutetrica pode gerar resultados favoraacuteveis e promissores com as atuaccedilotildees complementares

entre as diferentes categorias profissionais A praacutetica supervisionada durante todo o processo

de formaccedilatildeo e a avaliaccedilatildeo constante das habilidades adquiridas pelas residentes satildeo

fundamentais para a consolidaccedilatildeo do conhecimento para maior seguranccedila das aprendizes e

para a oferta de uma assistecircncia qualificada e humanizada a mulher receacutem nascido e famiacutelia

A instituiccedilatildeo que acolhe as enfermeiras residentes obteacutem retorno positivo pois a atuaccedilatildeo

preceptorada das mesmas resulta em assistecircncia qualificada que atende a perspectiva da

praacutetica baseada em evidecircncia cientiacutefica segura com baixo custo e bons resultados obsteacutetricos

e neonatais Os resultados da atuaccedilatildeo das enfermeiras residentes refletem o modelo

institucional incorporado o qual eacute transmitido as residentes pelos preceptores O incentivo a

formaccedilatildeo de enfermeiras obstetras eacute fundamental para o fortalecimento desta categoria

profissional para maior inserccedilatildeo destas profissionais em espaccedilos aonde a assistecircncia ao parto

ainda eacute meacutedico-centrada e para mudanccedila do modelo obsteacutetrico hegemocircnico nacional

39

REFEREcircNCIAS

ACOG- American College of Obstetricians and Gynecologists- Committee opinion no 560 Medically indicated late-preterm and early-term deliveries Obstet Gynecol 2013 121908-10

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AMORIM T e GUALDA DMR Coadjuvantes das mudanccedilas no contexto do ensino e da praacutetica da enfermagem obsteacutetrica Rev Rene Fortaleza 2011 outdez 12(4)833-40

BARBOSA R F et al Reanimaccedilatildeo Neonatal in ALVES FILHO N et al Perinatologia Baacutesica 3a ediccedilatildeo Guanabara Koogan Rio de Janeiro Cap21 p172 2006

BATALHA E O lugar das Enfermeiras e Obstetrizes Revista RADIS Ed 148 Jan 2015 P30 a 34

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Parto aborto e puerpeacuterio assistecircncia humanizada a mulher Brasiacutelia DF 2001

BRASIL Lei 11108 de 7 de abril de 2005 Altera a Lei 8080 de 19 de setembro de 1990 para garantir as parturientes o direito a presenccedila de acompanhante durante o trabalho de parto parto e poacutes-parto imediato no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede ndash SUS Brasiacutelia DF 07 abr 2005

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede Departamento de Accedilotildees Programaacuteticas Estrateacutegicas Aacuterea Teacutecnica de Sauacutede da Mulher Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos uma prioridade do governoMinisteacuterio da Sauacutede Secretaria de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede Departamento de Accedilotildees Programaacuteticas Estrateacutegicasndash Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 2005

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Poliacutetica Nacional de Planejamento Familiar Brasiacutelia DF 2007

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Portaria nordm 1459 de 24 de Junho de 2011 Institui no Sistema Uacutenico de Sauacutede SUS a Rede Cegonha Disponiacutevel em

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BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Iniciativa hospital amigo da crianccedila revista atualizada e ampliada para o cuidado integrado Brasiacutelia DF 2010

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Poliacutetica nacional de atenccedilatildeo integral a sauacutede da mulher princiacutepios e diretrizes Brasiacutelia DF 2011

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede Departamento de Atenccedilatildeo Baacutesica Atenccedilatildeo ao preacute-natal de baixo risco Ministeacuterio da Sauacutede Departamento de Atenccedilatildeo

40

Baacutesica ndash Brasiacutelia Editora do Ministeacuterio da Sauacutede 2012 318 p il ndash (Seacuterie A Normas e Manuais Teacutecnicos) (Cadernos de Atenccedilatildeo Baacutesica ndeg 32)

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em Sauacutede Departamento de Anaacutelise de Situaccedilatildeo de Sauacutede Sauacutede Brasil 2011 uma anaacutelise da situaccedilatildeo de sauacutede e a vigilacircncia da sauacutede da mulher Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em Sauacutede Departamento de Anaacutelise de Situaccedilatildeo de Sauacutede ndash Brasiacutelia Editora do Ministeacuterio da Sauacutede 2012 444 p il

BRASIL Presidecircncia da Repuacuteblica Objetivos de Desenvolvimento do Milecircnio Relatoacuterio Nacional de Acompanhamento Coordenaccedilatildeo Instituto de Pesquisa Econocircmica Aplicada e Secretaria de Planejamento e Investimentos Estrateacutegicos supervisatildeo Grupo Teacutecnico para o acompanhamento dos ODM - Brasiacutelia Ipea MP SPI 2014 208 p il graacutefs mapas color

NASCER NO BRASIL inqueacuterito sobre parto e nascimento Cadernos de Sauacutede Puacuteblica Vol30 supl1 Rio de Janeiro 2014 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophpscript=sci_issuetocamppid=0102 Acesso em 15 de junho de 2015

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SOUSA AMM Praacuteticas obsteacutetricas na assistecircncia ao parto e nascimento em uma maternidade de Belo Horizonte Tese de mestrado Escola de Enfermagem da Universidade Federal de Minas Gerais Belo Horizonte 2013

SOUZA DOM Partos assistidos por enfermeiras praacuteticas obsteacutetricas realizadas no ambiente hospitalar no periacuteodo de 2004 a 2008 2011 84f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) Faculdade de Enfermagem da Universidade do Estado do Rio de Janeiro Rio de Janeiro RJ 2011

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42

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ANEXO 1

RECOMENDACcedilOtildeES DE BOAS PRAacuteTICAS DE ASSISTEcircNCIA AO PARTO SEGUNDO

CLASSIFICACcedilAtildeO DO MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2001

CATEGORIA A - PRAacuteTICAS DEMONSTRADAMENTE UacuteTEIS E QUE DEVEM SER

ESTIMULADAS

Plano individual determinando onde e por quem o nascimento seraacute realizado feito em

conjunto com a mulher durante a gestaccedilatildeo e comunicado a seu maridocompanheiro

Avaliaccedilatildeo do risco gestacional durante o preacute-natal reavaliado a cada contato com o

sistema de sauacutede

Respeito agrave escolha da matildee sobre o local do parto

Fornecimento de assistecircncia obsteacutetrica no niacutevel mais perifeacuterico onde o parto for viaacutevel e

seguro e onde a mulher se sentir segura e confiante

Respeito ao direito da mulher agrave privacidade no local do parto

Apoio empaacutetico pelos prestadores de serviccedilo durante o trabalho de parto e parto

Respeito agrave escolha da mulher sobre seus acompanhantes durante o trabalho de parto e

parto

Fornecimento agraves mulheres sobre todas as informaccedilotildees e explicaccedilotildees que desejarem

Oferta de liacutequidos por via oral durante o trabalho de parto e parto

Monitoramento fetal por meio de ausculta intermitente

43

Monitoramento cuidadoso do progresso do parto por exemplo por meio do uso do

partograma da OMS

Monitoramento do bem-estar fiacutesico e emocional da mulher durante trabalho e parto e ao

teacutermino do processo de nascimento

Meacutetodos natildeo invasivos e natildeo farmacoloacutegicos de aliacutevio da dor como massagem e

teacutecnicas de relaxamento durante o trabalho de parto

Liberdade de posiccedilatildeo e movimento durante o trabalho de parto

Estiacutemulo a posiccedilotildees natildeo supinas durante o trabalho de parto

Uso rotineiro de ocitocina clampeamento tardio (1 a 3 minutos apoacutes o nascimento) e

traccedilatildeo controlada do cordatildeo durante o 3o estaacutegio do trabalho de parto

Condiccedilotildees esteacutereis ao cortar o cordatildeo

Prevenccedilatildeo da hipotermia do bebecirc

Contato pele a pele precoce entre matildee e filho e apoio ao iniacutecio da amamentaccedilatildeo na

primeira hora apoacutes o parto segundo as diretrizes da OMS sobre Aleitamento Materno

Exame rotineiro da placenta e membranas ovulares

CATEGORIA B - PRAacuteTICAS CLARAMENTE PREJUDICIAIS OU INEFICAZES E QUE DEVEM

SER ELIMINADAS

Uso rotineiro de enema

Uso rotineiro de tricotomia

Infusatildeo intravenosa de rotina no trabalho de parto

Cateterizaccedilatildeo venosa profilaacutetica de rotina

Uso rotineiro de posiccedilatildeo supina (decuacutebito dorsal) durante o trabalho de parto

44

Exame retal

Uso de pelvimetria por Raios-X

Amniotomia precoce de rotina para diminuir a duraccedilatildeo do trabalho de parto

Administraccedilatildeo de ocitoacutecitos em qualquer momento antes do parto de um modo que natildeo

permite controlar seus efeitos

Uso de rotina da posiccedilatildeo de litotomia com ou sem estribos durante o trabalho de parto

Esforccedilo de puxo prolongado e dirigido (manobra de Valsalva) durante o segundo

estaacutegio do trabalho de parto

Massagem e distensatildeo do periacuteneo durante o segundo estaacutegio do trabalho de parto

Uso liberal e rotineiro de episiotomia

Uso de comprimidos orais de ergometrina no terceiro estaacutegio do trabalho de parto com

o objetivo de evitar ou controlar hemorragias

Uso rotineiro de ergometrina parenteral no terceiro estaacutegio do trabalho de parto

Lavagem uterina rotineira apoacutes o parto

Revisatildeo uterina (exploraccedilatildeo manual) rotineira apoacutes o parto

CATEGORIA C - PRAacuteTICAS SEM EVIDEcircNCIAS SUFICIENTES PARA APOIAR UMA

RECOMENDACcedilAtildeO CLARA E QUE DEVEM SER UTILIZADAS COM CAUTELA ATEacute QUE

MAIS PESQUISAS ESCLARECcedilAM A QUESTAtildeO

Meacutetodos natildeo farmacoloacutegicos de aliacutevio de dor durante o trabalho parto como ervas

imersatildeo em aacuteguas e estimulaccedilatildeo dos nervos

Amniotomia e ocitocina precoce de rotina no primeiro estaacutegio do trabalho de parto para

prevenccedilatildeo de progresso inadequado do parto

Pressatildeo do fundo uterino durante o trabalho de parto

45

Manobras relacionadas agrave proteccedilatildeo do periacuteneo e ao manejo do poacutelo cefaacutelico no

momento do parto

Manipulaccedilatildeo ativa do feto no momento do parto

Estimulaccedilatildeo do mamilo para estimular a contratilidade uterina durante o terceiro estaacutegio

do trabalho de parto

CATEGORIA D - PRAacuteTICAS FREQUENTEMENTE USADAS DE MODO INADEQUADO

Restriccedilatildeo hiacutedrica e alimentar durante o trabalho de parto

Controle da dor por agentes sistecircmicos

Controle da dor por analgesia peridural

Monitoramento eletrocircnico fetal

Uso de maacutescaras e aventais esteacutereis durante a assistecircncia ao trabalho de parto

Exames vaginais repetidos ou frequumlentes especialmente por mais de um prestador de

serviccedilo

Correccedilatildeo da dinacircmica com utilizaccedilatildeo de ocitocina

Transferecircncia rotineira da parturiente para outra sala no iniacutecio do segundo estaacutegio do

trabalho de parto

Cateterizaccedilatildeo da bexiga

Estiacutemulo para o puxo quando se diagnostica dilataccedilatildeo cervical completa ou quase

completa antes que a mulher sinta o puxo involuntaacuterio

Clampeamento precoce do cordatildeo umbilical

Adesatildeo riacutegida a uma duraccedilatildeo estipulada do 2deg estaacutegio do trabalho de parto

Parto operatoacuterio e exploraccedilatildeo manual do uacutetero apoacutes o parto

46

ANEXO 2

47

48

ANEXO 3

49

Page 13: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS ESCOLA DE ENFERMAGEM … FINAL ANA … · inserção do estudo foi: partos assistidos por residentes em enfermagem obstétrica, independente se

13

Entre 20 e 34 anos (adultas jovens)

Acima de 35 anos (idade tardia)

Com relaccedilatildeo agrave paridade as mulheres foram divididas em primiacuteparas e multiacuteparas

No que se refere ao nuacutemero de gestaccedilotildees foram classificadas em primigestas secundigestas

tercigestas ou que tiveram quatro gestaccedilotildees anteriores ou mais

Com relaccedilatildeo aacute idade gestacional no parto a classificaccedilatildeo neste estudo foi

Preacute-termo (lt37 semanas)

Termo (entre 37 semanas e 41 semanas+6 dias)

Poacutes-termo (gt42 semanas)

Idade gestacional desconhecida natildeo informada

Na variaacutevel posiccedilatildeo de parto foram consideradas as seguintes posiccedilotildees semi-sentada sentada

no banquinho de coacutecoras em decuacutebito dorsal posiccedilatildeo litotocircmica em Gaskin decuacutebito lateral

em peacute e ajoelhada Em relaccedilatildeo agrave episiotomia contato pele a pele e presenccedila de

acompanhantes os dados foram classificados em SimNatildeo Quanto agraves laceraccedilotildees perineais foi

feita a seguinte classificaccedilatildeo periacuteneo iacutentegro laceraccedilatildeo de primeiro grau de segundo grau de

terceiro grau e de quarto grau Os dados sobre escore de Apgar foram divididos em lt7 e gt 7 no

primeiro e quinto minutos

Anaacutelise dos dados

As variaacuteveis foram submetidas agrave anaacutelise descritiva com caacutelculo da frequecircncia absoluta e

relativa para as variaacuteveis categoacutericas e de meacutedia e desvio padratildeo para as variaacuteveis contiacutenuas

Para o processamento e anaacutelise dos dados utilizou-se o software STATA (versatildeo 90)

14

Aspectos eacuteticos

Para realizaccedilatildeo do estudo o projeto de pesquisa teve aprovaccedilatildeo da Coordenaccedilatildeo do Programa

de Residecircncia em Enfermagem Obsteacutetrica da Escola de Enfermagem da Universidade Federal

de Minas Gerais

O estudo teve a anuecircncia da coordenaccedilatildeo da maternidade e foi aprovado pelo Nuacutecleo de

Ensino e Pesquisa (NEPE) do HRTN em 06082014 pelo parecer nordm 252014 conforme consta

no ANEXO 2

Foi aprovado pela Cacircmara Departamental do Departamento de Enfermagem Materno Infantil

(EMI) da EEUFMG em 10112014 conforme consta no ANEXO 3

RESULTADOS

No periacuteodo de treze meses de abril de 2013 a abril de 2014 foram registrados no livro 1434

partos Destes 714 foram com a participaccedilatildeo das residentes em enfermagem obsteacutetrica

representando 498 do total Os demais 720 partos (excluiacutedos da amostra) foram assistidos

pelas enfermeiras obstetras sozinhas ou com participaccedilatildeo de residentes em ginecologia e

obsteacutetrica acadecircmicos de enfermagem e medicina

Os resultados e sua distribuiccedilatildeo entre a variaacuteveis analisadas estatildeo representados nas tabelas a

seguir

15

TABELA 1

Perfil das gestantes assistidas por residentes em enfermagem obsteacutetrica em relaccedilatildeo a

idade materna paridade nuacutemero de gestaccedilotildees e idade gestacional Belo Horizonte MG

Variaacuteveis n

Idade Materna (anos)

10 ndash 14 6 08

15 ndash 19 144 202

20 - 34 498 695

gt 35 57 79

Paridade

Primiacuteparas 315 441

Multiacuteparas 398 557

Nuacutemero de Gestaccedilotildees

1 283 396

2 213 298

3 102 143

4 ou mais 115 161

Idade Gestacional

Preacute-termo (lt37 semanas) 45 63

Termo (37 - 41 semanas) 643 900

Poacutes-termo (gt 42 semanas) 3 04

Desconhecida natildeo informada 23 32

Variaacutevel N Meacutedia Desvio Padratildeo Miacutenimo Maacuteximo

Idade Gestacional 714 38 15 24 42

Idade Materna 705 24 60 14 44

16

Neste estudo a faixa etaacuteria predominante das mulheres assistidas por residentes em

enfermagem obsteacutetrica foi de adultas jovens com 695 seguida de adolescentes com 202

Os extremos etaacuterios adolescentes precoces e mulheres acima de 35 anos apareceram em

menor proporccedilatildeo sendo 08 e 79 respectivamente A meacutedia etaacuteria foi de 24 anos com

desvio padratildeo de 6 anos sendo que a menor idade encontrada entre as mulheres assistidas

por enfermeiras residentes foi 14 anos e a maior 44 anos

No que se refere ao nuacutemero de gestaccedilotildees o maior percentual foi de primigestas (396)

seguido das secundigestas (298) A partir daiacute observou-se diminuiccedilatildeo do percentual sendo

que tercigestas representaram 143 e o somatoacuterio das mulheres que tiveram quatro

gestaccedilotildees anteriores ou mais resultou em 161 O caso com maior nuacutemero de gestaccedilotildees

encontrado neste estudo foi de uma parturiente que estava em sua 13ordf gestaccedilatildeo

Com relaccedilatildeo agrave paridade as mulheres foram divididas em dois grupos primiacuteparas e multiacuteparas

sendo 441 e 557 respectivamente As mulheres que tiveram apenas uma gestaccedilatildeo ou

seja primigestas satildeo 396 e as primiacuteparas logo que natildeo tem partos vaginais anteriores satildeo

441 Isto evidencia que nem todas as primiacuteparas eram primigestas havendo abortamentos

ou gestaccedilotildees ectoacutepicas anteriores O somatoacuterio das mulheres que tiveram duas ou mais

gestaccedilotildees representou 602 Isso justifica o fato de haver maior percentual de multiacuteparas

quando se analisa paridade e ao mesmo tempo maior percentual de primigestas quando se

analisa nuacutemero de gestaccedilotildees entre as mulheres estudadas

17

TABELA 2

Indicadores da assistecircncia ao trabalho de parto e parto prestada pelas residentes em

enfermagem obsteacutetrica na maternidade do HRTN Belo Horizonte MG

Variaacuteveis N

Variaacuteveis n

Posiccedilatildeo do parto

Analgesia

Semi-sentada 462 647

Natildeo 587 822

Banquinho 120 168

Peridural 119 166

Coacutecoras 56 78

Raquidiana 8 11

Decuacutebito dorsal 23 32

Litotocircmica 20 28

Contato pele a pele

Sentada 9 12

Sim 674 944

Gaskin 7 09

Natildeo 34 47

Decuacutebito lateral 7 09

Em peacute 4 05

Acompanhante

Ajoelhada 2 02

Sim 686 960

Natildeo 27 37

Episiotomia

Sim 30 42

Apgar no 1ordm minuto

Natildeo 681 954

lt7 46 64

gt7 668 935

Laceraccedilatildeo

Natildeo 194 271

Apgar no 5ordm minuto

1ordm grau 329 460

lt7 6 08

2ordm grau 169 236

gt7 708 991

3ordm grau 20 28

4ordm grau 2 02

Variaacutevel N Meacutedia Desvio Padratildeo Miacutenimo Maacuteximo

Apgar no 1ordm minuto 714 83 13 0 10

Apgar no 5ordm minuto 714 93 07 0 10

18

Os resultados deste estudo mostram que a maioria dos partos assistidos por residentes em

enfermagem obsteacutetrica foram em posiccedilatildeo semi-sentada (647) as demais posiccedilotildees de parto

encontradas foram no banquinho (168) de coacutecoras (78) em decuacutebito dorsal (32) em

posiccedilatildeo litotocircmica (28) sentada (12) em Gaskin (09) em decuacutebito lateral (09) em

peacute (05) e ajoelhada (02) Considerando-se todas as posiccedilotildees de parto verticalizadas como

semi-sentada no banquinho Gaskin em peacute e ajoelhada encontrou-se uma taxa em torno de

92 de partos em posiccedilatildeo natildeo supina

A episiotomia foi realizada em apenas 420 dos partos Em 9538 dos casos as mulheres

foram poupadas deste procedimento Com relaccedilatildeo as laceraccedilotildees perineais a maioria das

mulheres apresentou laceraccedilotildees de primeiro grau (460) seguidas de periacuteneo iacutentegro

(271) Laceraccedilotildees de segundo grau acometeram 236 das mulheres Laceraccedilotildees graves

de terceiro grau (28) e de quarto grau (02) ocorreram em uma parcela pouco significativa

das mulheres assistidas pelas enfermeiras residentes

A analgesia farmacoloacutegica foi realizada em 177 das parturientes sendo em 166 por

teacutecnica peridural e 112 por teacutecnica raquidiana A analgesia farmacoloacutegica natildeo foi ofertada a

8221 das mulheres

O contato pele a pele na primeira hora de vida foi proporcionado a 9440 dos receacutem-

nascidos Em 47 a interaccedilatildeo pele a pele natildeo foi realizada

As parturientes contaram com a presenccedila de acompanhante familiar em 960 dos partos Os

partos sem acompanhante familiar representaram apenas 37

Os resultados sobre escore de Apgar foram gt7 no primeiro minuto em 935 dos neonatos e

gt7 no quinto minuto em 991 Tais dados mostram que a quase totalidade dos receacutem-

nascidos apresentava boas condiccedilotildees de vitalidade no primeiro e quinto minuto de vida

19

DISCUSSAtildeO

Idade materna Paridade Nuacutemero de gestaccedilotildees

Segundo o MS as mulheres em idade reprodutiva ou seja de 10 a 49 anos representam 65

do total da populaccedilatildeo feminina conformando um grupo social importante e que merece

atenccedilatildeo no que se refere agrave elaboraccedilatildeo de poliacuteticas de sauacutede (BRASIL 2011)

Silva (2009) cita que mulheres muito jovens ou muito idosas satildeo consideradas de maior risco

para resultados adversos e complicaccedilotildees gestacionais no parto e perinatais

A OMS considera gravidez na adolescecircncia aquela que ocorre em mulheres entre 10 e 19

anos sendo que gestantes com menos de 14 anos satildeo mais vulneraacuteveis e mais expostas agrave

morbimortalidade A gravidez na adolescecircncia estaacute relacionada aacute condiccedilotildees de escolaridade e

fatores socioeconocircmicos como escolaridade renda dentre outros e no que se refere aos

riscos os principais referidos por Santos at al (2014) satildeo prematuridade e baixo peso ao

nascer Jaacute Gravena (2013) refere que estatildeo relacionados agrave gravidez precoce riscos

aumentados ao receacutem-nascido de baixo peso ao nascer deficiecircncias de micronutrientes e

restriccedilatildeo do crescimento intrauterino levando a alteraccedilotildees na evoluccedilatildeo dessa gestaccedilatildeo e no

crescimento fetal o que pode resultar tambeacutem em parto prematuro

Cesar (2011) em estudo sobre gestaccedilatildeo na adolescecircncia encontrou 2018 de matildees

adolescentes e mostrou que estas estiveram de forma sistemaacutetica em desvantagem em

relaccedilatildeo agraves demais matildees tanto no que se refere a caracteriacutesticas socioeconocircmicas quanto na

assistecircncia recebida durante a gestaccedilatildeo e o parto Afirma que as adolescentes possuiacuteam pior

niacutevel de escolaridade e renda familiar viviam mais comumente sem companheiro realizaram

um menor nuacutemero de consultas de preacute-natal iniciaram estas consultas mais tardiamente

referiram com maior frequecircncia a presenccedila de anemia e corrimento vaginal patoloacutegico e foram

mais submetidas ao uso de foacutercipe e episiotomia Considerando-se as categorias adolescentes

precoces e adolescentes do presente estudo tem-se uma taxa de 210 proacutexima da

encontrada por Cesar (2011)

20

Mulheres entre 20 e 35 anos satildeo consideradas adultas jovens e apresentam resultados

obsteacutetricos e neonatais mais favoraacuteveis quando comparadas as adolescentes e a mulheres em

idade avanccedilada Neste estudo as adultas jovens representaram a maior parte da populaccedilatildeo

(695) Este achado corrobora para os resultados obsteacutetricos e neonatais favoraacuteveis aqui

verificados Gravena et al (2013) verificou em seu estudo que adolescentes e mulheres em

idade tardia tiveram probabilidade maior de parto cesaacutereo em relaccedilatildeo agraves adultas No que se

refere ao baixo peso ao nascer tanto as gestantes adolescentes quanto as em idade avanccedilada

apresentaram mais chance de possuiacuterem filhos receacutem-nascidos com baixo peso quando

comparadas as adultas

A taxa de fecundidade vem apresentando queda no Brasil nos uacuteltimos anos segundo dados do

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) em 2000 a taxa de fecundidade era de 24

filhos por mulher e em 2014 foi menor que 18 filhos por mulher (IBGE 2013) Dentre os vaacuterios

fatores que colaboraram para esta transiccedilatildeo na taxa de fecundidade encontram-se a

elaboraccedilatildeo e expansatildeo da estrateacutegia de sauacutede da famiacutelia e das poliacuteticas voltadas para a

mulher no ciclo graviacutedico puerperal principalmente a Poliacutetica Nacional de Direitos Sexuais e

Direitos Reprodutivos lanccedilada em 2005 e a Poliacutetica Nacional de Planejamento Familiar

elaborada em 2007 que permitiu as mulheres expansatildeo do acesso a informaccedilotildees sobre o

planejamento familiar reprodutivo e oferta de meacutetodos contraceptivos (BRASIL 2007)

Define-se gestaccedilatildeo tardia aquela que ocorre acima dos 35 anos e aquelas com mais de 45

anos satildeo consideradas gestaccedilotildees com idade materna avanccedilada Os nascimentos em mulheres

com 35 anos ou mais tem aumentado de forma consistente no Brasil tendecircncia observada

principalmente nos paiacuteses industrializados As mudanccedilas nos haacutebitos de vida como maior niacutevel

de escolaridade maior inserccedilatildeo no mercado de trabalho e na expectativa de vida da mulher

estimulam a postergaccedilatildeo do momento da primeira gravidez que acaba acontecendo em idades

superiores apoacutes serem atingidos outros objetivos de vida pessoais e profissionais Soma-se a

isso o advento da reproduccedilatildeo assistida que permite as mulheres engravidarem em idades mais

avanccediladas periacuteodo de comprovada diminuiccedilatildeo da fertilidade Haacute que se considerar que em

paiacuteses em desenvolvimento como o Brasil a maior parte das gestaccedilotildees tardias acontece em

situaccedilotildees de multiparidade o que tambeacutem envolve riscos (SILVA 2009)

21

A gestaccedilatildeo tardia apresenta risco similar a gestaccedilatildeo na adolescecircncia em alguns aspectos

conforme citado anteriormente e mais elevados em situaccedilotildees como abortamento espontacircneo

gravidez ectoacutepica anormalidades cromossocircmicas e malformaccedilotildees congecircnitas (SILVA 2009)

Gravena et al (2013) cita que nas mulheres com gestaccedilatildeo tardia tecircm sido observados mais

abortamentos espontacircneos e induzidos maior risco para mortalidade perinatal baixa vitalidade

do receacutem- nascido baixo peso ao nascer parto preacute-termo e fetos pequenos para idade

gestacional As gestaccedilotildees de mulheres de idade materna avanccedilada tecircm sido consideradas

como de alto risco em decorrecircncia principalmente da incidecircncia crescente de siacutendromes

hipertensivas ruptura prematura de membranas presenccedila de diabetes aleacutem de maior chance

do iacutendice de Apgar no quinto minuto ser menor que sete

Analisando os 1434 partos registrados no livro no mesmo periacuteodo e nos quais estatildeo incluiacutedos

os 714 partos das enfermeiras residentes o percentual de primiacuteparas e multiacuteparas foi de 415

e 583 respectivamente valores muito proacuteximos aos encontrados nos partos assistidos pelas

enfermeiras residentes

Idade gestacional

Conceitua-se gravidez preacute-termo aquela cuja idade gestacional encontra-se entre 22 e 37

semanas ou entre 154 a 259 dias (ACOG 2013) A prematuridade eacute um evento que afeta a

vida da famiacutelia e do RN de forma significativa envolvendo aspectos bioloacutegicos psicoloacutegicos e

sociais de difiacutecil mensuraccedilatildeo e que devem ser considerados pela equipe que assiste a famiacutelia

prematura (RAMOS 2009)

A prematuridade tem sido estudada como uma das causas importantes de mortalidade infantil

O receacutem-nascido imaturo apresenta desenvolvimento incompleto de oacutergatildeos como ceacuterebro e

pulmotildees aleacutem de limitaccedilatildeo da funccedilatildeo renal e imaturidade da funccedilatildeo hepaacutetica podendo sofrer

seacuterios comprometimentos ou intercorrecircncias (GRAVENA 2013) A literatura cita alguns fatores

de risco gestacionais associados agrave prematuridade tais como parto prematuro preacutevio gestaccedilatildeo

muacuteltipla histoacuteria materna de um ou mais abortos espontacircneos no segundo trimestre

comprimento cervical lt 30 cm baixo niacutevel socioeconocircmico idade materna lt18 anos ou gt40

22

anos primiparidade (mais frequente no primeiro filho) complicaccedilotildees maternas (cliacutenicas ou

obsteacutetricas) atividade fiacutesica aumentada tabagismo uso de cocaiacutena acompanhamento preacute-

natal inadequado ou ausente situaccedilotildees de alto estresse crescimento intrauterino restrito

(CIUR) anomalias congecircnitas polihidracircmnios ruptura prematura de membranas preacute-termo

(RPMPT) descolamento de placenta presenccedila de DIU mioma (particularmente submucoso ou

subplacentaacuterio) anomalias uterinas insuficiecircncia istmo-cervical infecccedilotildees maternas siacutendrome

antifosfoliacutepide trauma cirurgia (RAMOS 2009)

O American College of Obstetricians and Gynecologists (ACOG 2013) classifica a gravidez

aleacutem de 37 semanas da seguinte maneira

Termo precoce entre 37 semanas e 38 semanas e 6 dias

Termo completo entre 39 semanas e 40 semanas e 6 dias

Termo tardio entre 41 semanas e 41 semanas e 6 dias

Poacutes-termo 42 semanas em diante

Neste estudo a grande maioria dos partos assistidos pelas enfermeiras residentes foi de

gestaccedilotildees a termo (900) Tal fato se justifica pela maior atuaccedilatildeo da enfermagem obsteacutetrica

nas gestaccedilotildees de risco habitual A meacutedia de idade gestacional da amostra deste estudo foi de

38 semanas sendo a menor idade gestacional encontrada 24 semanas e a maior 42 semanas

Os partos preacute-termo e poacutes-termo ou seja de maior risco satildeo preferencialmente

acompanhados por meacutedico obstetra Eacute rotina da instituiccedilatildeo em estudo a induccedilatildeo do trabalho

de parto nas gestaccedilotildees acima de 41 semanas Tambeacutem por esse motivo pode-se justificar a

atuaccedilatildeo das enfermeiras residentes em menos de 05 de partos poacutes-termo

O ACOG define gestaccedilatildeo poacutes-termo ou gestaccedilatildeo prolongada como aquela que se estende

aleacutem de 42 semanas ou 294 dias de gestaccedilatildeo (ACOG 2013) Para Amorim (2010) as

gestaccedilotildees aleacutem de 42 semanas ocorrem em aproximadamente 5 dos casos jaacute as aleacutem de 41

semanas em cerca de 10 A causa mais comum de gestaccedilatildeo poacutes-termo eacute o erro de dataccedilatildeo

e quando realmente existe a causa eacute desconhecida sendo a primiparidade o principal fator de

risco associado Mais raramente outros fatores podem estar presentes como a anencefalia

23

deficiecircncia de sulfatase placentaacuteria feto do sexo masculino e predisposiccedilatildeo geneacutetica (BRASIL

2011) O maior temor relacionado agrave gestaccedilatildeo prolongada eacute de que ocorra insuficiecircncia

placentaacuteria com reduccedilatildeo do aporte de nutriente e oxigecircnio para o bebecirc o que pode acarretar

aumento da morbidade e mortalidade perinatal Com maior frequecircncia de morte perinatal

anormalidade da frequecircncia cardiacuteaca fetal intraparto eliminaccedilatildeo de mecocircnio macrossomia e

cesariana (AMORIM 2010)

No Brasil tem sido frequente a indicaccedilatildeo de cesariana quando a gestaccedilatildeo ultrapassa 40

semanas sobretudo no setor privado poreacutem esta conduta natildeo eacute corroborada por evidecircncias

Amorim (2010) em compilado sobre o tema cita uma revisatildeo sistemaacutetica publicada em 2003 na

qual concluiacuteram que a induccedilatildeo do parto a partir de 41 semanas quando comparada agrave conduta

expectante resultou em menor taxa de cesaacuterias (201 x 22) e de liacutequido amnioacutetico meconial

(224 x 277) poreacutem natildeo houve diferenccedila em termos de mortalidade perinatal escores de

Apgar admissatildeo em UTI neonatal e siacutendrome de aspiraccedilatildeo meconial Em 2012 outra revisatildeo

sistemaacutetica disponiacutevel na biblioteca Cochrane incluindo 22 ensaios cliacutenicos randomizados e

9383 mulheres submetidas aacute induccedilatildeo do parto mostrou reduccedilatildeo significativa do risco relativo de

morte perinatal e de cesariana Natildeo houve diferenccedila na taxa de natimortos ou de morte

neonatal nos dois grupos A incidecircncia da siacutendrome de aspiraccedilatildeo meconial foi menor no grupo

submetido agrave induccedilatildeo do parto poreacutem natildeo houve diferenccedila na frequecircncia de asfixia perinatal

baixos escores de Apgar e admissatildeo em UTI neonatal Os autores sugerem que a induccedilatildeo do

parto a partir de 41 semanas reduz as taxas de cesariana sem comprometer o prognoacutestico

perinatal Aleacutem disso o estudo mostrou maior satisfaccedilatildeo das gestantes submetidas agrave induccedilatildeo

do parto Recomenda-se que as mulheres sejam esclarecidas sobre riscos e benefiacutecios

associados agrave induccedilatildeo do parto a partir de 41 semanas (AMORIM 2010)

Posiccedilatildeo de parto

Os benefiacutecios da livre movimentaccedilatildeo da parturiente durante o trabalho de parto tais como a

reduccedilatildeo de sua duraccedilatildeo melhora do conforto materno e reduccedilatildeo do uso de analgeacutesicos satildeo

sustentados por evidecircncias cientiacuteficas (SOUSA 2013) A adoccedilatildeo de postura vertical e

movimentaccedilatildeo podem aleacutem de diminuir a dor materna facilitar a circulaccedilatildeo materno-fetal e a

descida do feto na pelve materna melhorar as contraccedilotildees uterinas e diminuir o trauma perineal

24

(SILVA 2011)

A OMS (1996) classifica como praacuteticas demonstradamente uacuteteis e que devem ser estimuladas

(categoria A) a liberdade de posiccedilatildeo e movimento durante o trabalho de parto e o estiacutemulo a

posiccedilotildees natildeo supinas durante o trabalho de parto Jaacute o uso rotineiro de posiccedilatildeo supina

(decuacutebito dorsal) durante o trabalho de parto e o uso de rotina da posiccedilatildeo de litotomia com ou

sem perneiras durante o trabalho de parto satildeo classificadas como praacuteticas claramente

prejudiciais e que devem ser eliminadas (categoria B)

Uma revisatildeo sistemaacutetica sobre assistecircncia ao segundo e terceiro periacuteodos do trabalho de parto

publicada em 2010 mostra que a posiccedilatildeo supina tem sido amplamente usada no segundo

periacuteodo do trabalho de parto contrariando a evidecircncia fisioloacutegica da reduccedilatildeo da eficiecircncia

uterina e do fluxo sanguiacuteneo placentaacuterio nessa posiccedilatildeo A posiccedilatildeo litotocircmica eacute ainda

recomendada em alguns tratados tradicionais de Obstetriacutecia mas as posiccedilotildees alternativas

incluem uma gama de posiccedilotildees que podem trazer benefiacutecios para o parto posiccedilatildeo lateral

(Sims) vertical (sentada semi-sentada de coacutecoras ou ajoelhada) e de quatro apoios A

imersatildeo em aacutegua durante o periacuteodo expulsivo do trabalho de parto aumentou o registro de

satisfaccedilatildeo por parte das parturientes no que diz respeito aos puxos mas ainda natildeo haacute

evidecircncias sobre os efeitos da imersatildeo em aacutegua no segundo estaacutegio especialmente sobre a

morbidade materna e neonatal (AMORIM 2010)

Estudos apontam que posiccedilotildees verticalizadas ou a posiccedilatildeo lateral associaram-se com reduccedilatildeo

da duraccedilatildeo do segundo periacuteodo do parto reduccedilatildeo nas anormalidades da frequecircncia cardiacuteaca

fetal bem como reduccedilatildeo de relatos de dor grave e episiotomia Ocorre no entanto maior perda

de sangue estimada (acima de 500 mL) sem repercussotildees cliacutenicas consideraacuteveis A conclusatildeo

dos revisores eacute que as mulheres devem ser encorajadas a parir na posiccedilatildeo que lhes for mais

confortaacutevel com o balanccedilo das evidecircncias a favor das posturas natildeo supinas (AMORIM 2010)

Mouta et al (2008) e Rocha Fonseca (2010) encontraram percentuais entre 50 e 78 de

posiccedilatildeo vertical em partos assistidos exclusivamente por enfermeiras obstetras em

maternidades puacuteblicas do Rio de Janeiro Em um CPN de Satildeo Paulo apenas 13 dos partos

foram assistidos em posiccedilatildeo horizontal contra 776 assistidos em posiccedilatildeo vertical (SOUZA

2011)

25

Sousa (2013) observou em seu estudo com 61 mulheres assistidas em Hospital da rede puacuteblica

de Belo Horizonte que mais de 75 pariram deitadas de costas com pernas levantadas sem

uso de perneiras As demais mulheres deram a luz em posiccedilatildeo de coacutecoras (98) deitada de

lado (66) sentadareclinada (66) ou Gaskin (16)

A maternidade do HRTN faz parte da rede de hospitais de Belo Horizonte que assinou o Termo

de Compromisso das Maternidades do SUS-BH estabelecido pela Comissatildeo Perinatal da

Secretaria Municipal de Sauacutede de Belo Horizonte (SMSA-BH) o qual estabelece metas para

diversos indicadores assistenciais objetivando humanizar a assistecircncia e reduzir as taxas de

cesariana nas maternidades da rede puacuteblica de Belo Horizonte No que se refere a posiccedilatildeo de

parto a SMSA-BH tem como meta que mais de 70 dos partos sejam realizados em posiccedilatildeo

natildeo supina Segundo dados institucionais fornecidos pela coordenaccedilatildeo da maternidade sobre

todos os partos do HRTN no mesmo periacuteodo deste estudo a taxa de partos em posiccedilatildeo natildeo

supina variou de 6202 em abril de 2014 a 8138 em abril de 2013

Diante dos resultados deste estudo eacute possiacutevel inferir que no HRTN a equipe incentiva e apoia o

uso de deambulaccedilatildeo e posiccedilotildees verticalizadas durante o trabalho de parto e periacuteodo expulsivo

As mulheres devem orientadas sobre os benefiacutecios da verticalizaccedilatildeo para a evoluccedilatildeo do

trabalho de parto No momento do parto deve haver incentivo agrave livre escolha da posiccedilatildeo dentro

das possibilidades da maternidade Ainda natildeo haacute disponibilidade de parto com imersatildeo em

aacutegua mas haacute quartos PPP (preacute-parto parto e poacutes-parto) com chuveiro bola suiacuteccedila banquinho

meia lua escada de Ling e espaccedilo fiacutesico que permite deambulaccedilatildeo Em alguns plantotildees a

equipe conta com a participaccedilatildeo das Doulas no cuidado agrave mulher em trabalho de parto

Os resultados deste estudo satildeo similares aos encontrados por Sousa (2013) o que mostra que

ambas as instituiccedilotildees componentes do SUS em Belo Horizonte que tem atuaccedilatildeo efetiva das

enfermeiras obstetras estimulam o parto em posiccedilotildees verticalizadas e provavelmente

respeitam a livre escolha da posiccedilatildeo de parto

O fato da maior parte dos partos serem em posiccedilatildeo semi-sentada gera certa inquietaccedilatildeo pois

26

sabe-se que esta posiccedilatildeo permite maior controle e melhor visibilidade sendo cocircmoda para o

profissional que assiste ao parto Outra justificativa possiacutevel para a grande porcentagem de

partos semi-sentada pode ser a falta de informaccedilatildeo eou orientaccedilatildeo das

mulheresacompanhantes sobre a possibilidade de parirem em outras posiccedilotildees que lhe sejam

confortaacuteveis Ressalta-se a necessidade de orientaccedilatildeo e incentivo quanto agrave liberdade de

posiccedilatildeo e sobre os benefiacutecios das posiccedilotildees verticalizadas para o trabalho de parto e periacuteodo

expulsivo desmitificando a claacutessica posiccedilatildeo de parto e empoderando-as a escolher a posiccedilatildeo

que lhes for mais confortaacutevel

Episiotomia

A episiotomia foi inicialmente proposta com o objetivo de facilitar o parto reduzindo o trauma

perineal e facilitando o reparo Entretanto natildeo obstante a indicaccedilatildeo de livros-texto sua

realizaccedilatildeo de rotina natildeo pode ser recomendada uma vez que existem vaacuterias evidecircncias de que

natildeo eacute necessaacuteria e de que pode ser prejudicial (AMORIM 2010)

Entre as principais morbidades relacionadas agrave episiotomia estatildeo a dor perineal e o

sangramento aumentado Nesses casos devido a urgecircncia os traumas perineais muitas vezes

satildeo suturados sem a boa visualizaccedilatildeo do local podendo produzir acidentes com lesatildeo no trato

geniturinaacuterio e nas estruturas do assoalho peacutelvico causando hipermobilidade uretral e prolapso

genital Apoacutes o parto tambeacutem podem surgir hematuacuteria incapacidade vesical e incontinecircncia

urinaacuteria (RIESCO et al 2011)

A OMS (1996) considera o uso liberal e rotineiro de episiotomia uma praacutetica claramente

prejudicial e que deve ser eliminada (categoria B) Embora os dados disponiacuteveis na literatura

revelem que a realizaccedilatildeo de episiotomia natildeo cumpre os objetivos que justificariam sua

realizaccedilatildeo de forma rotineira sejam eles a prevenccedilatildeo de lesotildees nas genitais da matildee ou na

cabeccedila do receacutem-nascido ainda hoje tal intervenccedilatildeo permanece sendo usada de forma

abusiva em muitas instituiccedilotildees de sauacutede

Em revisatildeo sistemaacutetica incluindo oito ensaios cliacutenicos (n=5541) observou-se que comparada

agrave episiotomia de rotina a episiotomia seletiva (com indicaccedilatildeo precisa) esteve associada com

27

menos trauma perineal grave menor necessidade de suturas menos complicaccedilotildees na

cicatrizaccedilatildeo e mais trauma perineal anterior Natildeo houve diferenccedila na frequecircncia de trauma

vaginal ou perineal grave dispareunia incontinecircncia urinaacuteria ou dor intensa Os revisores

recomendam que a episiotomia natildeo seja realizada rotineiramente e quando necessaacuteria seja

realizada com o consentimento poacutes-informaccedilatildeo da parturiente (AMORIM 2010)

Cesar (2011) encontrou ocorrecircncia meacutedia de episiotomia de 72 entre as 2557 gestantes

estudadas no Sul do Brasil Houve variaccedilatildeo de 86 entre as adolescentes e 66 entre as

demais matildees As taxas encontradas foram bastante elevadas principalmente entre as

adolescentes o que indica baixa incorporaccedilatildeo de praacuteticas baseadas em evidecircncia na

assistecircncia ao parto no cenaacuterio do estudo

Em contrapartida Sousa (2013) verificou em seu estudo em uma maternidade da rede puacuteblica

de Belo Horizonte iacutendice de episiotomia em torno de 11 e observou seguranccedila na praacutetica dos

profissionais de sauacutede envolvidos na assistecircncia ao parto da instituiccedilatildeo estudada no que se

refere ao uso seletivo desse procedimento e aos criteacuterios de utilizaccedilatildeo Tal instituiccedilatildeo tem

princiacutepios humanizados e grande inserccedilatildeo de enfermeiras obstetras na assistecircncia ao parto o

que pode tambeacutem ter justificado a baixa taxa de episiotomia encontrada

Considerando todos os partos realizados no HRTN no periacuteodo deste estudo a taxa de

episiotomia variou entre 90 em abril de 2013 a 149 em abril de 2014 A SMSA-BH tem

como meta de realizaccedilatildeo de episiotomia em menos de 30 dos partos vaginais Considerando

os 1434 partos assistidos por EO no mesmo periacuteodo a taxa de episiotomia foi de 46 o que

mostra uso criterioso do procedimento por parte desta categoria profissional

No presente estudo a taxa de episiotomia foi 42 Nestes casos a episiotomia pode ter sido

indicada devido a periacuteneo resistente no intuito de prevenir laceraccedilotildees graves mesmo que natildeo

haja respaldo cientiacutefico para tal praacutetica Tambeacutem em situaccedilotildees de estado fetal natildeo

tranquilizador durante o periacuteodo expulsivo jaacute com o feto em planos avanccedilados no intuito de

acelerar o nascimento ou mesmo por distoacutecia de ombro ou outra complicaccedilatildeo sendo uma

decisatildeo conjunta entre preceptor e residente Deve-se considerar que a baixas taxas de

28

episiotomia nos partos assistidos por enfermeiras residentes satildeo reflexo da atuaccedilatildeo da

preceptoria tanto de enfermeiras obstetras como de meacutedicos obstetras A episiotomia natildeo foi

realizada em 9538 dos partos o que mostra que as residentes em enfermagem obsteacutetrica

faziam uso seletivo do procedimento Um aspecto relevante deste estudo eacute que mesmo com a

baixa taxa de episiotomia encontrou-se pequenas taxas de laceraccedilotildees perineais de terceiro

(28) e quarto grau (028) Isso aponta para um modelo de assistecircncia obsteacutetrico com

incorporaccedilatildeo de praacuteticas baseadas em evidecircncias cientiacuteficas na maternidade do HRTN

Contato pele a pele

As praacuteticas referentes ao contato da matildee com seu bebecirc e ao aleitamento materno ainda na

sala de parto satildeo tambeacutem indicadores relevantes da qualidade da atenccedilatildeo ao parto

humanizado e segundo a OMS (1996) e MS (2001) deve ser encorajada no parto normal

(categoria A)

O passo quatro da Iniciativa Hospital Amigo da Crianccedila (IHAC) preconiza que os bebecircs que

tenham condiccedilotildees cliacutenicas favoraacuteveis permaneccedilam por pelo menos uma hora junto agrave pele da

matildee e que iniciem o aleitamento materno ainda na primeira meia hora apoacutes o nascimento

independentemente da via de parto (BRASIL 2010)

O contato pele a pele precoce melhora os resultados neonatais em termos de menor choro e

maior estabilidade cardiorrespiratoacuteria e aumenta significativamente o sucesso da

amamentaccedilatildeo sem efeitos negativos aparentes em curto e longo prazo segundo estudo de

meta-anaacutelise O contato pele a pele da matildee com o receacutem-nascido por pelo menos 30 minutos

na primeira hora de vida aleacutem de propiciar o envolvimento matildee-filho e o aleitamento materno

eacute um indicativo de que o parto transcorreu adequadamente Aleacutem disso favorece o viacutenculo

afetivo propiciando o reconhecimento entre matildee e filho pode aumentar a autoestima materna

diminuir a ansiedade melhorar os sentimentos de aceitaccedilatildeo do seu novo papel e a satisfaccedilatildeo

durante o processo de parto (MOORE et al 2012)

Apesar de o contato pele a pele ser uma praacutetica demonstradamente uacutetil e que deve ser

encorajada no parto normal especificamente tambeacutem pode e deve ser promovida no parto

29

operatoacuterio Sousa (2013) verificou em sua pesquisa que dos 89 receacutem-nascidos vivos o

contato precoce entre matildee e filho foi garantido em mais de 77 dos partos embora a maior

frequecircncia tenha ocorrido entre os filhos nascidos de parto normal

Na maternidade do HRTN o contato pele a pele eacute incentivado e apoiado por toda a equipe

multiprofissional sendo uma praacutetica consolidada conforme apontam os resultados deste

estudo As parturientes devem ser orientadas sobre os benefiacutecios desta praacutetica e preparadas

para receber seus RN apoacutes o nascimento A assistecircncia ao RN estaacutevel deve ser feita

preferencialmente no colo da matildee e quando houver necessidade de encaminhar o RN ao

berccedilo aquecido assim que este estabelecer condiccedilotildees favoraacuteveis deve retornar para o contato

pele a pele Assim como o contato pele a pele a amamentaccedilatildeo na primeira hora de vida

tambeacutem deve ser apoiada e estimulada respeitando o desejo da mulher

No presente estudo o contato pele a pele na primeira hora de vida foi realizado em 9440 dos

partos Os 475 em que natildeo foi realizado pode ter como justificativa o nascimento de um RN

deprimido sem condiccedilotildees cliacutenicas de permanecer com a matildee e que necessitaram de

assistecircncia pediaacutetrica seja reanimaccedilatildeo neonatal ou transferecircncia para unidade neonatal

Tambeacutem pode ter como justificativa impossibilidade materna ou desejo de natildeo realizar contato

pele a pele

Pela pactuaccedilatildeo da maternidade em estudo com a SMSA-BH a meta eacute que 100 dos receacutem-

nascidos vivos realizem contato pele a pele efetivo na primeira hora de vida Considerando

todos os partos realizados na instituiccedilatildeo no mesmo periacuteodo deste estudo este indicador variou

entre 905 em abril de 2013 a 960 em agosto de 2013 segundo dados institucionais

fornecidos pela coordenaccedilatildeo a maternidade Estes dados sinalizam boa incorporaccedilatildeo desta

praacutetica pela equipe mas indicam tambeacutem necessidade de melhoria para que seja atingida a

meta

Acompanhante

A presenccedila de acompanhante durante todo o periacuteodo de internaccedilatildeo eacute um direito conquistado

pelas mulheres assegurado na Lei nordm 111082005 regulamentado pelo Ministeacuterio da Sauacutede

30

pela Portaria nordm 24182005 portanto obrigatoacuterio em todas as instituiccedilotildees sejam elas puacuteblicas

ou privadas (BRASIL 2005) Esta praacutetica eacute classificada pela OMS como demonstradamente uacutetil

e que deve ser estimulada (categoria A)

A presenccedila do acompanhante durante o processo de parturiccedilatildeo pode proporcionar bem-estar

fiacutesico e emocional agrave mulher e benefiacutecios clinicamente significativos ao binocircmio matildee-filho Os

efeitos do suporte agrave mulher foram encontrados em recente meta-anaacutelise e estatildeo associados agrave

menor duraccedilatildeo do trabalho de parto uso de ocitocina reduccedilatildeo de cesariana e de partos

vaginais instrumentais diminuindo ainda a utilizaccedilatildeo de analgesia intraparto e melhorando os

iacutendices de Apgar no quinto minuto (SOUSA 2013)

Outros estudos destacam ainda a importacircncia do acompanhante quando este se envolve natildeo

soacute no apoio fiacutesico e emocional mas tambeacutem no desenvolvimento junto agrave parturiente de accedilotildees

como massagem auxiacutelio e encorajamento durante a deambulaccedilatildeo banho e tambeacutem no

periacuteodo expulsivo o que proporciona tambeacutem maior grau de satisfaccedilatildeo com o parto Sousa

(2013) verificou em sua pesquisa que quase a totalidade (922) das mulheres assistidas em

uma instituiccedilatildeo de sauacutede da rede puacuteblica de Belo Horizonte permaneceu com o acompanhante

de sua escolha durante o periacuteodo de internaccedilatildeo sendo a maioria o companheiro pai da

crianccedila (627)

No HRTN a presenccedila de acompanhante familiar de livre escolha eacute uma praacutetica consolidada

pela instituiccedilatildeo e apoiada pela equipe multiprofissional A valorizaccedilatildeo do acompanhante deve

acontece em todas as etapas da internaccedilatildeo durante o trabalho de parto os acompanhantes

podem ser encorajados a participar ativamente no apoio agrave parturiente ofertando meacutetodos

alternativos para aliacutevio da dor como massagens por exemplo No momento do parto quando

possiacutevel pode ser oferecido ao familiar que corte o cordatildeo umbilical o que pode ter grande

representaccedilatildeo simboacutelica para aquela famiacutelia No puerpeacuterio os acompanhantes devem ser

orientados junto aacute mulher sobre os cuidados com o RN aleitamento materno e como apoiar a

matildee na nova fase

No presente estudo houve acompanhante familiar em 960 dos partos assistidos pelas

enfermeiras residentes Partos sem acompanhante familiar foram apenas 37 Estes dados

31

corroboram com a afirmaccedilatildeo de que a presenccedila do acompanhante familiar eacute uma praacutetica

consolidada e respeitada pela equipe da maternidade do HRTN

Analgesia

Meacutetodos natildeo farmacoloacutegicos

A OMS (1996) recomenda que o uso de meacutetodos natildeo farmacoloacutegicos para aliacutevio da dor deve

ser privilegiado durante a assistecircncia ao trabalho de parto considerando-os como ldquopraacuteticas

reconhecidamente uacuteteis e que devem ser estimuladasrdquo Categoria A na recomendaccedilatildeo de boas

praacuteticas na assistecircncia ao parto

Entre as praacuteticas natildeo medicamentosas tem-se estudado o uso de acupuntura acupressura

hipnose teacutecnicas de relaxamento e respiraccedilatildeo aplicaccedilatildeo de frio e calor aromaterapia

aacuteudioanalgesia massagem deambulaccedilatildeo e banho de imersatildeo durante o parto (SILVA 2011)

Em um estudo de revisatildeo sistemaacutetica foram incluiacutedos 14 ensaios com 1448 parturientes que

utilizaram diferentes formas de tratamento para a dor (acupuntura hipnose audioanalgesia

aromaterapia massagem e relaxamento) A hipnose mostrou-se efetiva em termos de reduzir a

necessidade de meacutetodos farmacoloacutegicos para aliacutevio da dor aumentando o grau de satisfaccedilatildeo

materna Maior chance de parto vaginal e reduccedilatildeo da necessidade de analgesia A acupuntura

tambeacutem se associou a uma menor intensidade da dor e reduccedilatildeo do uso de ocitocina A eficaacutecia

de meacutetodos como acupressatildeo aromaterapia aacuteudioanalgesia relaxamento e massagem natildeo foi

ainda estabelecida sendo necessaacuterios ensaios cliacutenicos randomizados para avaliaccedilatildeo dessas

terapias complementares para aliacutevio da dor durante o trabalho de parto (PORTO 2010)

Deve-se considerar que o suporte contiacutenuo intraparto e as posiccedilotildees verticalizadas durante o

parto tambeacutem se associam agrave reduccedilatildeo da dor e maior grau de satisfaccedilatildeo materna como jaacute

demonstrado em revisotildees sistemaacuteticas A imersatildeo em aacutegua em banheiras ou similares durante

o trabalho de parto tem sido investigada como um meacutetodo de promoccedilatildeo de relaxamento e aliacutevio

da dor Em uma revisatildeo sistemaacutetica de 11 ensaios cliacutenicos a imersatildeo em aacutegua foi associada agrave

reduccedilatildeo no uso de analgesia e reduccedilatildeo no relato de dor sem prejudicar a duraccedilatildeo do trabalho

de parto as taxas de partos ciruacutergicos ou o bem-estar neonatal (PORTO 2010)

32

A SMSA-BH recomenda que os meacutetodos natildeo farmacoloacutegicos para aliacutevio da dor sejam ofertados

a 100 das mulheres em trabalho de parto De acordo com dados institucionais fornecidos

pela coordenaccedilatildeo da maternidade a oferta variou entre 7571 em julho de 2013 a 8778 em

julho de 2013 considerando todos os partos realizados na instituiccedilatildeo no periacuteodo de abril de

2013 a abril de 2014

No livro fonte de dados deste estudo a oferta de meacutetodos natildeo farmacoloacutegicos natildeo eacute registrada

natildeo sendo possiacutevel quantificar estes dados nos partos assistidos por REO mas pode-se inferir

que esta eacute uma praacutetica adotada pelas enfermeiras obstetras e residentes quando se observa

por exemplo as baixas taxas de analgesia farmacoloacutegica em torno de 16 nos partos

assistidos por estas profissionais

Meacutetodos farmacoloacutegicos

Classicamente vaacuterios meacutetodos farmacoloacutegicos foram propostos mas existe consenso

atualmente de que se algum meacutetodo farmacoloacutegico for indicado para aliacutevio da dor durante o

trabalho de parto a analgesia regional com peridural ou teacutecnica combinada (raquidiana e

peridural) deve ser empregada preferencialmente em relaccedilatildeo ao uso de opioacuteides sistecircmicos ou

analgesia inalatoacuteria A teacutecnica ideal para analgesia de parto deveria ter miacutenima ou ausente

transferecircncia placentaacuteria ausecircncia de efeitos sobre o fluxo sanguiacuteneo uteroplacentaacuterio efeitos

miacutenimos e reversiacuteveis sobre o feto e neonato ausecircncia de efeito ocitoacutecico ou tocoliacutetico e

ausecircncia de bloqueio motor (PORTO 2010)

Uma revisatildeo sistemaacutetica realizada em 2011 incluindo 38 estudos comprovou a eficaacutecia da

analgesia peridural para reduccedilatildeo da dor de mulheres durante o processo de parto mas

tambeacutem revelou maior risco de parto instrumental maior necessidade de ocitocina e aumento

da duraccedilatildeo do segundo estaacutegio do parto Natildeo houve associaccedilatildeo dessa intervenccedilatildeo com risco

de cesariana cefaleacuteia e escores de Apgar menores que sete no quinto minuto (AMORIM

2011)

Na maternidade em estudo a analgesia farmacoloacutegica seja por teacutecnica peridural ou

raquianestesia eacute considerada um direito da mulher de acordo com os princiacutepios da

humanizaccedilatildeo e eacute ofertada conforme desejo da parturiente apoacutes a oferta de diferentes meacutetodos

33

natildeo farmacoloacutegicos para aliacutevio da dor e sob orientaccedilotildees sobre os riscos e benefiacutecios do

procedimento ou nos casos em que haacute indicaccedilatildeo cliacutenica para realizaccedilatildeo do mesmo A teacutecnica

de analgesia empregada na instituiccedilatildeo permite na maior parte dos casos a deambulaccedilatildeo

movimentaccedilatildeo e uso concomitante de outros meacutetodos alternativos de aliacutevio da dor como

chuveiro Isto pode influenciar para o desfecho favoraacutevel dos partos conforme mostram as

evidecircncias sobre movimentaccedilatildeo e verticalizaccedilatildeo durante o trabalho de parto

A SMSA-BH recomenda a utilizaccedilatildeo de analgesia quando esgotados os recursos natildeo

farmacoloacutegicos para aliacutevio da dor em torno de 30 dos partos normais A proporccedilatildeo de parto

normal com analgesia variou de 141 em janeiro de 2014 e 279 em agosto de 2013

considerando todos os partos realizados na instituiccedilatildeo no mesmo periacuteodo deste estudo

Considerando os 1434 assistidos por EO no periacuteodo do estudo 147 recebeu analgesia por

teacutecnica peridural e 11 raquidiana Os demais 841 dos partos foi sem analgesia

farmacoloacutegica

No presente estudo a analgesia farmacoloacutegica foi realizada em 176 dos partos sendo 166

por teacutecnica peridural e 11 raquidiana Analgesia natildeo foi realizada em 822 dos partos

assistidos por REO Estes dados demonstram que a oferta de meacutetodos natildeo farmacoloacutegicos

para aliacutevio da dor pode ter sido influenciado positivamente na escolha da parturiente em

receber ou natildeo a analgesia farmacoloacutegica

Laceraccedilotildees perineais

Laceraccedilotildees perineais satildeo traumas em estruturas componentes da vagina que podem ocorrer

de forma espontacircnea durante a passagem do feto pelo canal de parto ou em decorrecircncia de

episiotomia as quais podem se prolongar

A laceraccedilatildeo de primeiro grau eacute aquela que natildeo atinge nenhum muacutesculo estendendo-se atraveacutes

da fuacutercula mucosa vaginal e da pele Jaacute a laceraccedilatildeo de segundo grau acomete os muacutesculos

perineais poreacutem sem lesatildeo do esfiacutencter retal A laceraccedilatildeo de terceiro grau atinge essa

estrutura e algumas vezes prolonga-se ateacute a parede anterior do reto Neste uacuteltimo caso em

que a parede do reto eacute comprometida por vezes utiliza-se o termo laceraccedilatildeo de quarto grau

As laceraccedilotildees de primeiro e segundo grau satildeo consideradas leves e laceraccedilotildees de terceiro e

34

quarto grau satildeo consideradas graves pois podem levar agrave incontinecircncia urinaacuteria e fecal sendo

estas uacuteltimas mais raras (REZENDE 2005)

A ocorrecircncia de laceraccedilotildees perineais no parto normal depende de diversos fatores que podem

estar relacionados agraves condiccedilotildees maternas ao feto ao parto em si e ao prestador de serviccedilo

Embora estes fatores natildeo estejam definitivamente estabelecidos existem evidecircncias indicando

o local do parto e o profissional que assiste a escolaridade materna a paridade a altura do

periacuteneo a duraccedilatildeo do segundo estaacutegio do parto a cicatriz perineal anterior a infusatildeo de

ocitocina a posiccedilatildeo no parto a analgesia farmacoloacutegica os puxos dirigidos as manobras de

proteccedilatildeo perineal o peso e o periacutemetro cefaacutelico do RN como fatores relacionados entre

outros Quanto a integridade perineal sua chance aumenta entre as mulheres com um ou mais

partos vaginais anteriores (RIESCO et al 2011)

Estudos tambeacutem tecircm buscado associaccedilatildeo entre a posiccedilatildeo materna no parto e as laceraccedilotildees

perineais Sousa (2013) verificou que a posiccedilatildeo deitada de lado juntamente com a posiccedilatildeo de

coacutecoras foram as que tiveram maior ocorrecircncia de laceraccedilotildees de primeiro grau principalmente

com 750 e 833 dos casos respectivamente Essas duas posiccedilotildees tambeacutem foram as que

mais favoreceram para que as mulheres tivessem laceraccedilotildees na pesquisa desenvolvida por

Souza (2011) em um CPN do Rio de Janeiro com incidecircncia de 502 nos partos assistidos

em posiccedilatildeo lateral e 696 naqueles assistidos de coacutecoras Em ambas pesquisas a posiccedilatildeo de

Gaskin foi a que teve menor incidecircncia de traumas perineais seguida da posiccedilatildeo

sentadareclinada

Entre as principais morbidades relacionadas estatildeo a dor perineal e o sangramento aumentado

Apoacutes o parto tambeacutem podem surgir hematuacuteria incapacidade vesical e incontinecircncia urinaacuteria A

disfunccedilatildeo geniturinaacuteria e sexual produzida pelo trauma perineal pode ser tambeacutem devida agrave

perda ou diminuiccedilatildeo do tocircnus muscular perineal Poreacutem esse achado contrasta com dados de

outros estudos os quais concluiacuteram que a via de parto a paridade a idade materna o peso do

receacutem-nascido (RN) e a episiotomia natildeo foram fatores determinantes para a reduccedilatildeo da forccedila

muscular perineal Considerando os problemas em curto prazo (perda sanguiacutenea necessidade

de sutura e dor perineal) e em longo prazo (disfunccedilotildees intestinais urinaacuterias e sexuais)

35

associados ao trauma perineal no parto sua prevenccedilatildeo reduccedilatildeo e reparaccedilatildeo adequada satildeo

fatores importantes para as mulheres e os profissionais que as assistem (RIESCO 2010)

Considerando os 1434 partos assistidos por EO em 304 houve periacuteneo iacutentegro 447

laceraccedilotildees de primeiro grau 228 laceraccedilotildees de segundo grau 195 de terceiro grau e

014 de quarto grau Tais resultados satildeo proacuteximos aos verificados neste estudo e

associados com as baixas taxas de episiotomia nos partos assistidos pelas enfermeiras

residentes corroboram com a recomendaccedilatildeo do uso seletivo da episiotomia como um praacutetica

favoraacutevel

Escore de Apgar

O momento de transiccedilatildeo da vida intrauterina para extrauterina eacute crucial para o desenvolvimento

do bebecirc e deve ser minuciosamente preparado e vivenciado Eacute indispensaacutevel que nos

primeiros minutos de vida do neonato seja realizada avaliaccedilatildeo completa e sistemaacutetica visando

identificar desvios da normalidade e que forneccedila agraves informaccedilotildees baacutesicas sobre a vitalidade e a

adaptaccedilatildeo do RN agrave vida fora do ventre materno (BARBOSA 2006)

A avaliaccedilatildeo realizada imediatamente apoacutes o parto eacute composta pelo o escore de Apgar sendo

complementada com a avaliaccedilatildeo do aspecto geral a medida dos sinais vitais e medidas

antropomeacutetricas O iacutendice de Apgar avalia cinco criteacuterios cliacutenicos cor da pele frequecircncia

cardiacuteaca irritabilidade reflexa respiraccedilatildeo e tocircnus muscular O RN eacute avaliado no primeiro e no

quinto minuto de vida e cada criteacuterio garante de 0 a 2 pontos desencadeando assim uma soma

adequada entre 7 e 10 pontos Quando a soma total resulta em 4 a 6 pontos sugere dificuldade

moderada do RN em adaptar-se e menor que 4 pode indicar sofrimento Julga-se assim o grau

de adaptaccedilatildeo imediata e o grau de depressatildeo neuroloacutegica do RN nos primeiros cinco minutos

de vida (SBP 2011)

O iacutendice Apgar tem sido pouco utilizado para avaliar a qualidade de assistecircncia ao parto sendo

considerado um indicador pontual aleacutem de natildeo ser utilizado para determinar o iniacutecio da

reanimaccedilatildeo neonatal No entanto sua aplicaccedilatildeo permite avaliar a resposta do neonato agraves

manobras realizadas e a eficaacutecia dessas manobras O Apgar no quinto minuto eacute mais utilizado

36

para avaliaccedilatildeo da adaptaccedilatildeo do RN por melhor representa-la se comparado ao Apgar de

primeiro minuto Se o escore eacute inferior a 7 no 5ordm minuto recomenda-se realizaacute-lo a cada cinco

minutos ateacute 20 minutos de vida Eacute necessaacuterio documentar o escore de Apgar de maneira

concomitante agrave dos procedimentos de reanimaccedilatildeo executados (SBP 2011)

Eacute importante considerar que um Apgar baixo natildeo eacute necessariamente resultado de uma

assistecircncia ao parto e ao neonato inadequada assim como um bom iacutendice de Apgar natildeo indica

boa qualidade assistencial ao binocircmio Este iacutendice entretanto eacute um bom indicador para

resultados perinatais a longo prazo aleacutem de ser considerado importante preditor da avaliaccedilatildeo

do bem-estar e do prognoacutestico inicial do receacutem-nascido A avaliaccedilatildeo imediata do RN pode ser

feita por pediatra ou outro profissional capacitado para prestar a assistecircncia necessaacuteria desde

o suporte baacutesico ateacute a reanimaccedilatildeo neonatal Na maternidade do HRTN o pediatra eacute o

profissional responsaacutevel pela assistecircncia ao RN na sala de parto A instituiccedilatildeo possui UTI

neonatal para onde satildeo encaminhados os RN que necessitam de cuidados especiacuteficos Os

neonatos que apresentam boa vitalidade satildeo colocados em contato pele a pele com as matildees e

apoacutes permanecem em alojamento conjunto ateacute a alta

Pela SMSA-BH a meta de Apgar lt7 no quinto minuto eacute no maacuteximo 3 Este indicador variou

entre 08 em fevereiro de 2014 a 24 em novembro de 2013 considerando todos os partos

realizados na instituiccedilatildeo no mesmo periacuteodo do estudo ou seja esteve sempre dentro da meta

estabelecida

No presente estudo as dados sobre escore de Apgar foram divididos em Apgar lt7 (644) e gt7

(9356) no primeiro minuto lt7 (084) e gt 7 (9916) no quinto minuto Tais dados mostram

que a quase totalidade dos RN apresentava boas condiccedilotildees de vitalidade no primeiro e quinto

minuto A este dado se associa o incentivo e a alta taxa de contato pele a pele precoce sendo

um dos fatores que contribuem para melhor adaptaccedilatildeo a vida extrauterina aleacutem de assistecircncia

qualificada aos RN que necessitam de cuidados especiacuteficos ou reanimaccedilatildeo

37

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Os resultados deste estudo evidenciam que a assistecircncia ao parto prestada pelas residentes

em enfermagem obsteacutetrica foi coerente com as recomendaccedilotildees de boas praacuteticas em todos os

aspectos analisados consolidando as evidecircncias literaacuterias sobre a assistecircncia ao parto

promovida por enfermeiras obstetras Foi possiacutevel observar maioria de partos em posiccedilotildees

verticalizadas uso seletivo de episiotomia com baixa incidecircncia de laceraccedilotildees perineais

graves alto iacutendice de contato pele a pele presenccedila de acompanhante na maioria dos partos

baixas taxas de analgesia farmacoloacutegica e escores de Apgar que demonstram boa vitalidade

fetal em quase todos os receacutem-nascidos Diante do exposto eacute possiacutevel concluir que a atuaccedilatildeo

das enfermeiras residentes em enfermagem obsteacutetrica contribuiu para a obtenccedilatildeo de

resultados obsteacutetricos e neonatais favoraacuteveis na maternidade do HRTN

Devido agrave forma de organizaccedilatildeo e registro dos procedimentos no livro utilizado para coleta de

dados natildeo foi possiacutevel avaliar algumas praacuteticas obsteacutetricas tais como uso de ocitocina

amniotomia oferta de meacutetodos natildeo farmacoloacutegicos para aliacutevio da dor oferta de liacutequidos

durante o trabalho de parto e uso de partograma Estes dados seriam importantes para uma

anaacutelise mais detalhada sobre a assistecircncia ao parto Os dados institucionais fornecidos pela

coordenaccedilatildeo da maternidade forneceram uma dimensatildeo de algumas destas praacuteticas na

maternidade contudo natildeo foi possiacutevel neste estudo avaliar quantitativamente tais

procedimentos somente nos partos assistidos por enfermeiras residentes Sugere-se ampliaccedilatildeo

dos indicadores no livro de registro e padronizaccedilatildeo no seu preenchimento para melhor

qualificaccedilatildeo dos dados da assistecircncia ao parto prestada elas enfermeiras obstetrasresidentes

A capacitaccedilatildeo profissional no modelo de residecircncia eacute intensa e exige dedicaccedilatildeo A extensa

carga horaacuteria praacutetica aliada agrave teoria satildeo determinantes para uma formaccedilatildeo qualificada e

humana das enfermeiras residentes A possibilidade de atuar efetivamente na assistecircncia em

conjunto com outras categorias profissionais enriquece a formaccedilatildeo abrangendo diferentes

fases e situaccedilotildees do ciclo graviacutedico-puerperal Eacute importante salientar que a capacitaccedilatildeo das

enfermeiras obstetras nesta modalidade pioneira de residecircncia soacute foi possiacutevel graccedilas ao

estiacutemulo governamental com recursos provenientes do programa Rede Cegonha e os

esforccedilos conjuntos da Escola de Enfermagem da UFMG e demais instituiccedilotildees envolvidas

38

Os resultados deste estudo evidenciam a incorporaccedilatildeo do modelo assistencial humanizado e

baseado em evidecircncias cientiacuteficas pela equipe do HRTN O modelo colaborativo de assistecircncia

obsteacutetrica pode gerar resultados favoraacuteveis e promissores com as atuaccedilotildees complementares

entre as diferentes categorias profissionais A praacutetica supervisionada durante todo o processo

de formaccedilatildeo e a avaliaccedilatildeo constante das habilidades adquiridas pelas residentes satildeo

fundamentais para a consolidaccedilatildeo do conhecimento para maior seguranccedila das aprendizes e

para a oferta de uma assistecircncia qualificada e humanizada a mulher receacutem nascido e famiacutelia

A instituiccedilatildeo que acolhe as enfermeiras residentes obteacutem retorno positivo pois a atuaccedilatildeo

preceptorada das mesmas resulta em assistecircncia qualificada que atende a perspectiva da

praacutetica baseada em evidecircncia cientiacutefica segura com baixo custo e bons resultados obsteacutetricos

e neonatais Os resultados da atuaccedilatildeo das enfermeiras residentes refletem o modelo

institucional incorporado o qual eacute transmitido as residentes pelos preceptores O incentivo a

formaccedilatildeo de enfermeiras obstetras eacute fundamental para o fortalecimento desta categoria

profissional para maior inserccedilatildeo destas profissionais em espaccedilos aonde a assistecircncia ao parto

ainda eacute meacutedico-centrada e para mudanccedila do modelo obsteacutetrico hegemocircnico nacional

39

REFEREcircNCIAS

ACOG- American College of Obstetricians and Gynecologists- Committee opinion no 560 Medically indicated late-preterm and early-term deliveries Obstet Gynecol 2013 121908-10

AMORIM MMR SOUZA ASR PORTO AAF Indicaccedilotildees de cesariana baseadas em evidecircncias parte I FEMINA v 38 n 8 p 415-422 2010

AMORIM T e GUALDA DMR Coadjuvantes das mudanccedilas no contexto do ensino e da praacutetica da enfermagem obsteacutetrica Rev Rene Fortaleza 2011 outdez 12(4)833-40

BARBOSA R F et al Reanimaccedilatildeo Neonatal in ALVES FILHO N et al Perinatologia Baacutesica 3a ediccedilatildeo Guanabara Koogan Rio de Janeiro Cap21 p172 2006

BATALHA E O lugar das Enfermeiras e Obstetrizes Revista RADIS Ed 148 Jan 2015 P30 a 34

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Parto aborto e puerpeacuterio assistecircncia humanizada a mulher Brasiacutelia DF 2001

BRASIL Lei 11108 de 7 de abril de 2005 Altera a Lei 8080 de 19 de setembro de 1990 para garantir as parturientes o direito a presenccedila de acompanhante durante o trabalho de parto parto e poacutes-parto imediato no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede ndash SUS Brasiacutelia DF 07 abr 2005

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede Departamento de Accedilotildees Programaacuteticas Estrateacutegicas Aacuterea Teacutecnica de Sauacutede da Mulher Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos uma prioridade do governoMinisteacuterio da Sauacutede Secretaria de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede Departamento de Accedilotildees Programaacuteticas Estrateacutegicasndash Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 2005

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Poliacutetica Nacional de Planejamento Familiar Brasiacutelia DF 2007

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BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Iniciativa hospital amigo da crianccedila revista atualizada e ampliada para o cuidado integrado Brasiacutelia DF 2010

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Poliacutetica nacional de atenccedilatildeo integral a sauacutede da mulher princiacutepios e diretrizes Brasiacutelia DF 2011

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede Departamento de Atenccedilatildeo Baacutesica Atenccedilatildeo ao preacute-natal de baixo risco Ministeacuterio da Sauacutede Departamento de Atenccedilatildeo

40

Baacutesica ndash Brasiacutelia Editora do Ministeacuterio da Sauacutede 2012 318 p il ndash (Seacuterie A Normas e Manuais Teacutecnicos) (Cadernos de Atenccedilatildeo Baacutesica ndeg 32)

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em Sauacutede Departamento de Anaacutelise de Situaccedilatildeo de Sauacutede Sauacutede Brasil 2011 uma anaacutelise da situaccedilatildeo de sauacutede e a vigilacircncia da sauacutede da mulher Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em Sauacutede Departamento de Anaacutelise de Situaccedilatildeo de Sauacutede ndash Brasiacutelia Editora do Ministeacuterio da Sauacutede 2012 444 p il

BRASIL Presidecircncia da Repuacuteblica Objetivos de Desenvolvimento do Milecircnio Relatoacuterio Nacional de Acompanhamento Coordenaccedilatildeo Instituto de Pesquisa Econocircmica Aplicada e Secretaria de Planejamento e Investimentos Estrateacutegicos supervisatildeo Grupo Teacutecnico para o acompanhamento dos ODM - Brasiacutelia Ipea MP SPI 2014 208 p il graacutefs mapas color

NASCER NO BRASIL inqueacuterito sobre parto e nascimento Cadernos de Sauacutede Puacuteblica Vol30 supl1 Rio de Janeiro 2014 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophpscript=sci_issuetocamppid=0102 Acesso em 15 de junho de 2015

CAVALCANTIPCS GARIBALDI D Jr VASONCELOS ALR Guerrero AVP Um modelo loacutegico da Rede Cegonha Physis Revista de Sauacutede Coletiva Rio de Janeiro 2013 23 [4] 1297-1316 CESAR JA et al Caracteriacutesticas sociodemograacuteficas e de assistecircncia a gestaccedilatildeo e ao parto no extremo sul do Brasil Cad Sauacutede Puacuteblica v 27 n 5 p 985-994 2011 DOMINGUES RMSM SANTOS EMS Leal MC Aspectos da satisfaccedilatildeo das mulheres com a assistecircncia ao parto contribuiccedilatildeo para o debate Cad Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro 2004 20 Sup 1S52-S62 COFEN Decreto nordm 9440687 Regulamentaccedilatildeo da Lei 749886 Fonte PORTAL EDUCACcedilAtildeO Disponiacutevel em httpwwwportaleducacaocombrenfermagemartigos1735decreto-n-94406-87-regulamentacao-da-lei-n-7498-865ixzz3duAFhlYV Acesso em 23062015 GRAVENA AAF PAULA MG MARCON SS CARVALHO MDB PELLOSO SM Idade materna e fatores associados a resultados perinatais Acta Paul Enferm 2013 26(2)130-5 IBGE Projeccedilatildeo da Populaccedilatildeo do Brasil - 2013 Disponiacutevel em

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41

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httpwwwwhointeportuguesepublicationspt Acesso em 09032015

PORTO AMF AMORIM MMR SOUZA ASR Assistecircncia ao primeiro periacuteodo do trabalho de parto baseada em evidecircncias FEMINA v 38 n 10 2010

RABELO LR OLIVEIRA DL Percepccedilotildees de enfermeiras obsteacutetricas sobre sua competecircncia na atenccedilatildeo ao parto normal hospitalar Rev Esc Enferm USP 2010 44(1)213-20 RAMOS HAC CUMAN RKN Fatores de risco para prematuridade pesquisa documental Esc Anna Nery Rev Enferm 2009 abr-jun 13 (2) 297-304 RIESCO MLG et al Episiotomia laceraccedilatildeo e integridade perineal em partos normais anaacutelise de fatores associados Rev Enferm UERJ v 19 n1 p 77-83 2011

REZENDE J Obstetriacutecia fundamental 2 ed Rio de Janeiro Guanabara Koogan 2005

ROCHA CR FONSECA LC Assistecircncia do enfermeiro obstetra a mulher parturiente em busca do respeito a natureza Rev de Pesq cuidado eacute fundamental v 2 n 2 p 807-816 2010

SANTOS NCP VOGTSE PIMENTA AM DUARTE ED MADEIRA LM ABREU MNS et al Resultados maternos y neonatales en el trabajo de parto y parto de adolescentes admitidas en un Centro de Parto Normal brasileiro Adolesc Saude 201411(3)39-50

SILVA LM et al Uso da bola suiacuteccedila no trabalho de parto Acta Paul Enferm 201124(5)656-62

SILVA JLCP SURITA FGC Idade materna resultados perinatais e via de parto Rev Bras Ginecol Obstet 2009 31(7) 321 ndash 5

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SOUSA AMM Praacuteticas obsteacutetricas na assistecircncia ao parto e nascimento em uma maternidade de Belo Horizonte Tese de mestrado Escola de Enfermagem da Universidade Federal de Minas Gerais Belo Horizonte 2013

SOUZA DOM Partos assistidos por enfermeiras praacuteticas obsteacutetricas realizadas no ambiente hospitalar no periacuteodo de 2004 a 2008 2011 84f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) Faculdade de Enfermagem da Universidade do Estado do Rio de Janeiro Rio de Janeiro RJ 2011

SOGC ndash Society of Obstetricians and Gynecologists of Canada Guidelines for the Management of Pregnancy at 41+0 to 42+0 Weeks JOGC september 2008

42

VOGT SE et al Caracteriacutesticas da assistecircncia ao trabalho de parto em trecircs modelos de atenccedilatildeo no SUS no Municiacutepio de Belo Horizonte Minas Gerais Brasil Cad Sauacutede Puacuteblica v 27 n 9 p 1789-1800 2011

ANEXO 1

RECOMENDACcedilOtildeES DE BOAS PRAacuteTICAS DE ASSISTEcircNCIA AO PARTO SEGUNDO

CLASSIFICACcedilAtildeO DO MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2001

CATEGORIA A - PRAacuteTICAS DEMONSTRADAMENTE UacuteTEIS E QUE DEVEM SER

ESTIMULADAS

Plano individual determinando onde e por quem o nascimento seraacute realizado feito em

conjunto com a mulher durante a gestaccedilatildeo e comunicado a seu maridocompanheiro

Avaliaccedilatildeo do risco gestacional durante o preacute-natal reavaliado a cada contato com o

sistema de sauacutede

Respeito agrave escolha da matildee sobre o local do parto

Fornecimento de assistecircncia obsteacutetrica no niacutevel mais perifeacuterico onde o parto for viaacutevel e

seguro e onde a mulher se sentir segura e confiante

Respeito ao direito da mulher agrave privacidade no local do parto

Apoio empaacutetico pelos prestadores de serviccedilo durante o trabalho de parto e parto

Respeito agrave escolha da mulher sobre seus acompanhantes durante o trabalho de parto e

parto

Fornecimento agraves mulheres sobre todas as informaccedilotildees e explicaccedilotildees que desejarem

Oferta de liacutequidos por via oral durante o trabalho de parto e parto

Monitoramento fetal por meio de ausculta intermitente

43

Monitoramento cuidadoso do progresso do parto por exemplo por meio do uso do

partograma da OMS

Monitoramento do bem-estar fiacutesico e emocional da mulher durante trabalho e parto e ao

teacutermino do processo de nascimento

Meacutetodos natildeo invasivos e natildeo farmacoloacutegicos de aliacutevio da dor como massagem e

teacutecnicas de relaxamento durante o trabalho de parto

Liberdade de posiccedilatildeo e movimento durante o trabalho de parto

Estiacutemulo a posiccedilotildees natildeo supinas durante o trabalho de parto

Uso rotineiro de ocitocina clampeamento tardio (1 a 3 minutos apoacutes o nascimento) e

traccedilatildeo controlada do cordatildeo durante o 3o estaacutegio do trabalho de parto

Condiccedilotildees esteacutereis ao cortar o cordatildeo

Prevenccedilatildeo da hipotermia do bebecirc

Contato pele a pele precoce entre matildee e filho e apoio ao iniacutecio da amamentaccedilatildeo na

primeira hora apoacutes o parto segundo as diretrizes da OMS sobre Aleitamento Materno

Exame rotineiro da placenta e membranas ovulares

CATEGORIA B - PRAacuteTICAS CLARAMENTE PREJUDICIAIS OU INEFICAZES E QUE DEVEM

SER ELIMINADAS

Uso rotineiro de enema

Uso rotineiro de tricotomia

Infusatildeo intravenosa de rotina no trabalho de parto

Cateterizaccedilatildeo venosa profilaacutetica de rotina

Uso rotineiro de posiccedilatildeo supina (decuacutebito dorsal) durante o trabalho de parto

44

Exame retal

Uso de pelvimetria por Raios-X

Amniotomia precoce de rotina para diminuir a duraccedilatildeo do trabalho de parto

Administraccedilatildeo de ocitoacutecitos em qualquer momento antes do parto de um modo que natildeo

permite controlar seus efeitos

Uso de rotina da posiccedilatildeo de litotomia com ou sem estribos durante o trabalho de parto

Esforccedilo de puxo prolongado e dirigido (manobra de Valsalva) durante o segundo

estaacutegio do trabalho de parto

Massagem e distensatildeo do periacuteneo durante o segundo estaacutegio do trabalho de parto

Uso liberal e rotineiro de episiotomia

Uso de comprimidos orais de ergometrina no terceiro estaacutegio do trabalho de parto com

o objetivo de evitar ou controlar hemorragias

Uso rotineiro de ergometrina parenteral no terceiro estaacutegio do trabalho de parto

Lavagem uterina rotineira apoacutes o parto

Revisatildeo uterina (exploraccedilatildeo manual) rotineira apoacutes o parto

CATEGORIA C - PRAacuteTICAS SEM EVIDEcircNCIAS SUFICIENTES PARA APOIAR UMA

RECOMENDACcedilAtildeO CLARA E QUE DEVEM SER UTILIZADAS COM CAUTELA ATEacute QUE

MAIS PESQUISAS ESCLARECcedilAM A QUESTAtildeO

Meacutetodos natildeo farmacoloacutegicos de aliacutevio de dor durante o trabalho parto como ervas

imersatildeo em aacuteguas e estimulaccedilatildeo dos nervos

Amniotomia e ocitocina precoce de rotina no primeiro estaacutegio do trabalho de parto para

prevenccedilatildeo de progresso inadequado do parto

Pressatildeo do fundo uterino durante o trabalho de parto

45

Manobras relacionadas agrave proteccedilatildeo do periacuteneo e ao manejo do poacutelo cefaacutelico no

momento do parto

Manipulaccedilatildeo ativa do feto no momento do parto

Estimulaccedilatildeo do mamilo para estimular a contratilidade uterina durante o terceiro estaacutegio

do trabalho de parto

CATEGORIA D - PRAacuteTICAS FREQUENTEMENTE USADAS DE MODO INADEQUADO

Restriccedilatildeo hiacutedrica e alimentar durante o trabalho de parto

Controle da dor por agentes sistecircmicos

Controle da dor por analgesia peridural

Monitoramento eletrocircnico fetal

Uso de maacutescaras e aventais esteacutereis durante a assistecircncia ao trabalho de parto

Exames vaginais repetidos ou frequumlentes especialmente por mais de um prestador de

serviccedilo

Correccedilatildeo da dinacircmica com utilizaccedilatildeo de ocitocina

Transferecircncia rotineira da parturiente para outra sala no iniacutecio do segundo estaacutegio do

trabalho de parto

Cateterizaccedilatildeo da bexiga

Estiacutemulo para o puxo quando se diagnostica dilataccedilatildeo cervical completa ou quase

completa antes que a mulher sinta o puxo involuntaacuterio

Clampeamento precoce do cordatildeo umbilical

Adesatildeo riacutegida a uma duraccedilatildeo estipulada do 2deg estaacutegio do trabalho de parto

Parto operatoacuterio e exploraccedilatildeo manual do uacutetero apoacutes o parto

46

ANEXO 2

47

48

ANEXO 3

49

Page 14: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS ESCOLA DE ENFERMAGEM … FINAL ANA … · inserção do estudo foi: partos assistidos por residentes em enfermagem obstétrica, independente se

14

Aspectos eacuteticos

Para realizaccedilatildeo do estudo o projeto de pesquisa teve aprovaccedilatildeo da Coordenaccedilatildeo do Programa

de Residecircncia em Enfermagem Obsteacutetrica da Escola de Enfermagem da Universidade Federal

de Minas Gerais

O estudo teve a anuecircncia da coordenaccedilatildeo da maternidade e foi aprovado pelo Nuacutecleo de

Ensino e Pesquisa (NEPE) do HRTN em 06082014 pelo parecer nordm 252014 conforme consta

no ANEXO 2

Foi aprovado pela Cacircmara Departamental do Departamento de Enfermagem Materno Infantil

(EMI) da EEUFMG em 10112014 conforme consta no ANEXO 3

RESULTADOS

No periacuteodo de treze meses de abril de 2013 a abril de 2014 foram registrados no livro 1434

partos Destes 714 foram com a participaccedilatildeo das residentes em enfermagem obsteacutetrica

representando 498 do total Os demais 720 partos (excluiacutedos da amostra) foram assistidos

pelas enfermeiras obstetras sozinhas ou com participaccedilatildeo de residentes em ginecologia e

obsteacutetrica acadecircmicos de enfermagem e medicina

Os resultados e sua distribuiccedilatildeo entre a variaacuteveis analisadas estatildeo representados nas tabelas a

seguir

15

TABELA 1

Perfil das gestantes assistidas por residentes em enfermagem obsteacutetrica em relaccedilatildeo a

idade materna paridade nuacutemero de gestaccedilotildees e idade gestacional Belo Horizonte MG

Variaacuteveis n

Idade Materna (anos)

10 ndash 14 6 08

15 ndash 19 144 202

20 - 34 498 695

gt 35 57 79

Paridade

Primiacuteparas 315 441

Multiacuteparas 398 557

Nuacutemero de Gestaccedilotildees

1 283 396

2 213 298

3 102 143

4 ou mais 115 161

Idade Gestacional

Preacute-termo (lt37 semanas) 45 63

Termo (37 - 41 semanas) 643 900

Poacutes-termo (gt 42 semanas) 3 04

Desconhecida natildeo informada 23 32

Variaacutevel N Meacutedia Desvio Padratildeo Miacutenimo Maacuteximo

Idade Gestacional 714 38 15 24 42

Idade Materna 705 24 60 14 44

16

Neste estudo a faixa etaacuteria predominante das mulheres assistidas por residentes em

enfermagem obsteacutetrica foi de adultas jovens com 695 seguida de adolescentes com 202

Os extremos etaacuterios adolescentes precoces e mulheres acima de 35 anos apareceram em

menor proporccedilatildeo sendo 08 e 79 respectivamente A meacutedia etaacuteria foi de 24 anos com

desvio padratildeo de 6 anos sendo que a menor idade encontrada entre as mulheres assistidas

por enfermeiras residentes foi 14 anos e a maior 44 anos

No que se refere ao nuacutemero de gestaccedilotildees o maior percentual foi de primigestas (396)

seguido das secundigestas (298) A partir daiacute observou-se diminuiccedilatildeo do percentual sendo

que tercigestas representaram 143 e o somatoacuterio das mulheres que tiveram quatro

gestaccedilotildees anteriores ou mais resultou em 161 O caso com maior nuacutemero de gestaccedilotildees

encontrado neste estudo foi de uma parturiente que estava em sua 13ordf gestaccedilatildeo

Com relaccedilatildeo agrave paridade as mulheres foram divididas em dois grupos primiacuteparas e multiacuteparas

sendo 441 e 557 respectivamente As mulheres que tiveram apenas uma gestaccedilatildeo ou

seja primigestas satildeo 396 e as primiacuteparas logo que natildeo tem partos vaginais anteriores satildeo

441 Isto evidencia que nem todas as primiacuteparas eram primigestas havendo abortamentos

ou gestaccedilotildees ectoacutepicas anteriores O somatoacuterio das mulheres que tiveram duas ou mais

gestaccedilotildees representou 602 Isso justifica o fato de haver maior percentual de multiacuteparas

quando se analisa paridade e ao mesmo tempo maior percentual de primigestas quando se

analisa nuacutemero de gestaccedilotildees entre as mulheres estudadas

17

TABELA 2

Indicadores da assistecircncia ao trabalho de parto e parto prestada pelas residentes em

enfermagem obsteacutetrica na maternidade do HRTN Belo Horizonte MG

Variaacuteveis N

Variaacuteveis n

Posiccedilatildeo do parto

Analgesia

Semi-sentada 462 647

Natildeo 587 822

Banquinho 120 168

Peridural 119 166

Coacutecoras 56 78

Raquidiana 8 11

Decuacutebito dorsal 23 32

Litotocircmica 20 28

Contato pele a pele

Sentada 9 12

Sim 674 944

Gaskin 7 09

Natildeo 34 47

Decuacutebito lateral 7 09

Em peacute 4 05

Acompanhante

Ajoelhada 2 02

Sim 686 960

Natildeo 27 37

Episiotomia

Sim 30 42

Apgar no 1ordm minuto

Natildeo 681 954

lt7 46 64

gt7 668 935

Laceraccedilatildeo

Natildeo 194 271

Apgar no 5ordm minuto

1ordm grau 329 460

lt7 6 08

2ordm grau 169 236

gt7 708 991

3ordm grau 20 28

4ordm grau 2 02

Variaacutevel N Meacutedia Desvio Padratildeo Miacutenimo Maacuteximo

Apgar no 1ordm minuto 714 83 13 0 10

Apgar no 5ordm minuto 714 93 07 0 10

18

Os resultados deste estudo mostram que a maioria dos partos assistidos por residentes em

enfermagem obsteacutetrica foram em posiccedilatildeo semi-sentada (647) as demais posiccedilotildees de parto

encontradas foram no banquinho (168) de coacutecoras (78) em decuacutebito dorsal (32) em

posiccedilatildeo litotocircmica (28) sentada (12) em Gaskin (09) em decuacutebito lateral (09) em

peacute (05) e ajoelhada (02) Considerando-se todas as posiccedilotildees de parto verticalizadas como

semi-sentada no banquinho Gaskin em peacute e ajoelhada encontrou-se uma taxa em torno de

92 de partos em posiccedilatildeo natildeo supina

A episiotomia foi realizada em apenas 420 dos partos Em 9538 dos casos as mulheres

foram poupadas deste procedimento Com relaccedilatildeo as laceraccedilotildees perineais a maioria das

mulheres apresentou laceraccedilotildees de primeiro grau (460) seguidas de periacuteneo iacutentegro

(271) Laceraccedilotildees de segundo grau acometeram 236 das mulheres Laceraccedilotildees graves

de terceiro grau (28) e de quarto grau (02) ocorreram em uma parcela pouco significativa

das mulheres assistidas pelas enfermeiras residentes

A analgesia farmacoloacutegica foi realizada em 177 das parturientes sendo em 166 por

teacutecnica peridural e 112 por teacutecnica raquidiana A analgesia farmacoloacutegica natildeo foi ofertada a

8221 das mulheres

O contato pele a pele na primeira hora de vida foi proporcionado a 9440 dos receacutem-

nascidos Em 47 a interaccedilatildeo pele a pele natildeo foi realizada

As parturientes contaram com a presenccedila de acompanhante familiar em 960 dos partos Os

partos sem acompanhante familiar representaram apenas 37

Os resultados sobre escore de Apgar foram gt7 no primeiro minuto em 935 dos neonatos e

gt7 no quinto minuto em 991 Tais dados mostram que a quase totalidade dos receacutem-

nascidos apresentava boas condiccedilotildees de vitalidade no primeiro e quinto minuto de vida

19

DISCUSSAtildeO

Idade materna Paridade Nuacutemero de gestaccedilotildees

Segundo o MS as mulheres em idade reprodutiva ou seja de 10 a 49 anos representam 65

do total da populaccedilatildeo feminina conformando um grupo social importante e que merece

atenccedilatildeo no que se refere agrave elaboraccedilatildeo de poliacuteticas de sauacutede (BRASIL 2011)

Silva (2009) cita que mulheres muito jovens ou muito idosas satildeo consideradas de maior risco

para resultados adversos e complicaccedilotildees gestacionais no parto e perinatais

A OMS considera gravidez na adolescecircncia aquela que ocorre em mulheres entre 10 e 19

anos sendo que gestantes com menos de 14 anos satildeo mais vulneraacuteveis e mais expostas agrave

morbimortalidade A gravidez na adolescecircncia estaacute relacionada aacute condiccedilotildees de escolaridade e

fatores socioeconocircmicos como escolaridade renda dentre outros e no que se refere aos

riscos os principais referidos por Santos at al (2014) satildeo prematuridade e baixo peso ao

nascer Jaacute Gravena (2013) refere que estatildeo relacionados agrave gravidez precoce riscos

aumentados ao receacutem-nascido de baixo peso ao nascer deficiecircncias de micronutrientes e

restriccedilatildeo do crescimento intrauterino levando a alteraccedilotildees na evoluccedilatildeo dessa gestaccedilatildeo e no

crescimento fetal o que pode resultar tambeacutem em parto prematuro

Cesar (2011) em estudo sobre gestaccedilatildeo na adolescecircncia encontrou 2018 de matildees

adolescentes e mostrou que estas estiveram de forma sistemaacutetica em desvantagem em

relaccedilatildeo agraves demais matildees tanto no que se refere a caracteriacutesticas socioeconocircmicas quanto na

assistecircncia recebida durante a gestaccedilatildeo e o parto Afirma que as adolescentes possuiacuteam pior

niacutevel de escolaridade e renda familiar viviam mais comumente sem companheiro realizaram

um menor nuacutemero de consultas de preacute-natal iniciaram estas consultas mais tardiamente

referiram com maior frequecircncia a presenccedila de anemia e corrimento vaginal patoloacutegico e foram

mais submetidas ao uso de foacutercipe e episiotomia Considerando-se as categorias adolescentes

precoces e adolescentes do presente estudo tem-se uma taxa de 210 proacutexima da

encontrada por Cesar (2011)

20

Mulheres entre 20 e 35 anos satildeo consideradas adultas jovens e apresentam resultados

obsteacutetricos e neonatais mais favoraacuteveis quando comparadas as adolescentes e a mulheres em

idade avanccedilada Neste estudo as adultas jovens representaram a maior parte da populaccedilatildeo

(695) Este achado corrobora para os resultados obsteacutetricos e neonatais favoraacuteveis aqui

verificados Gravena et al (2013) verificou em seu estudo que adolescentes e mulheres em

idade tardia tiveram probabilidade maior de parto cesaacutereo em relaccedilatildeo agraves adultas No que se

refere ao baixo peso ao nascer tanto as gestantes adolescentes quanto as em idade avanccedilada

apresentaram mais chance de possuiacuterem filhos receacutem-nascidos com baixo peso quando

comparadas as adultas

A taxa de fecundidade vem apresentando queda no Brasil nos uacuteltimos anos segundo dados do

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) em 2000 a taxa de fecundidade era de 24

filhos por mulher e em 2014 foi menor que 18 filhos por mulher (IBGE 2013) Dentre os vaacuterios

fatores que colaboraram para esta transiccedilatildeo na taxa de fecundidade encontram-se a

elaboraccedilatildeo e expansatildeo da estrateacutegia de sauacutede da famiacutelia e das poliacuteticas voltadas para a

mulher no ciclo graviacutedico puerperal principalmente a Poliacutetica Nacional de Direitos Sexuais e

Direitos Reprodutivos lanccedilada em 2005 e a Poliacutetica Nacional de Planejamento Familiar

elaborada em 2007 que permitiu as mulheres expansatildeo do acesso a informaccedilotildees sobre o

planejamento familiar reprodutivo e oferta de meacutetodos contraceptivos (BRASIL 2007)

Define-se gestaccedilatildeo tardia aquela que ocorre acima dos 35 anos e aquelas com mais de 45

anos satildeo consideradas gestaccedilotildees com idade materna avanccedilada Os nascimentos em mulheres

com 35 anos ou mais tem aumentado de forma consistente no Brasil tendecircncia observada

principalmente nos paiacuteses industrializados As mudanccedilas nos haacutebitos de vida como maior niacutevel

de escolaridade maior inserccedilatildeo no mercado de trabalho e na expectativa de vida da mulher

estimulam a postergaccedilatildeo do momento da primeira gravidez que acaba acontecendo em idades

superiores apoacutes serem atingidos outros objetivos de vida pessoais e profissionais Soma-se a

isso o advento da reproduccedilatildeo assistida que permite as mulheres engravidarem em idades mais

avanccediladas periacuteodo de comprovada diminuiccedilatildeo da fertilidade Haacute que se considerar que em

paiacuteses em desenvolvimento como o Brasil a maior parte das gestaccedilotildees tardias acontece em

situaccedilotildees de multiparidade o que tambeacutem envolve riscos (SILVA 2009)

21

A gestaccedilatildeo tardia apresenta risco similar a gestaccedilatildeo na adolescecircncia em alguns aspectos

conforme citado anteriormente e mais elevados em situaccedilotildees como abortamento espontacircneo

gravidez ectoacutepica anormalidades cromossocircmicas e malformaccedilotildees congecircnitas (SILVA 2009)

Gravena et al (2013) cita que nas mulheres com gestaccedilatildeo tardia tecircm sido observados mais

abortamentos espontacircneos e induzidos maior risco para mortalidade perinatal baixa vitalidade

do receacutem- nascido baixo peso ao nascer parto preacute-termo e fetos pequenos para idade

gestacional As gestaccedilotildees de mulheres de idade materna avanccedilada tecircm sido consideradas

como de alto risco em decorrecircncia principalmente da incidecircncia crescente de siacutendromes

hipertensivas ruptura prematura de membranas presenccedila de diabetes aleacutem de maior chance

do iacutendice de Apgar no quinto minuto ser menor que sete

Analisando os 1434 partos registrados no livro no mesmo periacuteodo e nos quais estatildeo incluiacutedos

os 714 partos das enfermeiras residentes o percentual de primiacuteparas e multiacuteparas foi de 415

e 583 respectivamente valores muito proacuteximos aos encontrados nos partos assistidos pelas

enfermeiras residentes

Idade gestacional

Conceitua-se gravidez preacute-termo aquela cuja idade gestacional encontra-se entre 22 e 37

semanas ou entre 154 a 259 dias (ACOG 2013) A prematuridade eacute um evento que afeta a

vida da famiacutelia e do RN de forma significativa envolvendo aspectos bioloacutegicos psicoloacutegicos e

sociais de difiacutecil mensuraccedilatildeo e que devem ser considerados pela equipe que assiste a famiacutelia

prematura (RAMOS 2009)

A prematuridade tem sido estudada como uma das causas importantes de mortalidade infantil

O receacutem-nascido imaturo apresenta desenvolvimento incompleto de oacutergatildeos como ceacuterebro e

pulmotildees aleacutem de limitaccedilatildeo da funccedilatildeo renal e imaturidade da funccedilatildeo hepaacutetica podendo sofrer

seacuterios comprometimentos ou intercorrecircncias (GRAVENA 2013) A literatura cita alguns fatores

de risco gestacionais associados agrave prematuridade tais como parto prematuro preacutevio gestaccedilatildeo

muacuteltipla histoacuteria materna de um ou mais abortos espontacircneos no segundo trimestre

comprimento cervical lt 30 cm baixo niacutevel socioeconocircmico idade materna lt18 anos ou gt40

22

anos primiparidade (mais frequente no primeiro filho) complicaccedilotildees maternas (cliacutenicas ou

obsteacutetricas) atividade fiacutesica aumentada tabagismo uso de cocaiacutena acompanhamento preacute-

natal inadequado ou ausente situaccedilotildees de alto estresse crescimento intrauterino restrito

(CIUR) anomalias congecircnitas polihidracircmnios ruptura prematura de membranas preacute-termo

(RPMPT) descolamento de placenta presenccedila de DIU mioma (particularmente submucoso ou

subplacentaacuterio) anomalias uterinas insuficiecircncia istmo-cervical infecccedilotildees maternas siacutendrome

antifosfoliacutepide trauma cirurgia (RAMOS 2009)

O American College of Obstetricians and Gynecologists (ACOG 2013) classifica a gravidez

aleacutem de 37 semanas da seguinte maneira

Termo precoce entre 37 semanas e 38 semanas e 6 dias

Termo completo entre 39 semanas e 40 semanas e 6 dias

Termo tardio entre 41 semanas e 41 semanas e 6 dias

Poacutes-termo 42 semanas em diante

Neste estudo a grande maioria dos partos assistidos pelas enfermeiras residentes foi de

gestaccedilotildees a termo (900) Tal fato se justifica pela maior atuaccedilatildeo da enfermagem obsteacutetrica

nas gestaccedilotildees de risco habitual A meacutedia de idade gestacional da amostra deste estudo foi de

38 semanas sendo a menor idade gestacional encontrada 24 semanas e a maior 42 semanas

Os partos preacute-termo e poacutes-termo ou seja de maior risco satildeo preferencialmente

acompanhados por meacutedico obstetra Eacute rotina da instituiccedilatildeo em estudo a induccedilatildeo do trabalho

de parto nas gestaccedilotildees acima de 41 semanas Tambeacutem por esse motivo pode-se justificar a

atuaccedilatildeo das enfermeiras residentes em menos de 05 de partos poacutes-termo

O ACOG define gestaccedilatildeo poacutes-termo ou gestaccedilatildeo prolongada como aquela que se estende

aleacutem de 42 semanas ou 294 dias de gestaccedilatildeo (ACOG 2013) Para Amorim (2010) as

gestaccedilotildees aleacutem de 42 semanas ocorrem em aproximadamente 5 dos casos jaacute as aleacutem de 41

semanas em cerca de 10 A causa mais comum de gestaccedilatildeo poacutes-termo eacute o erro de dataccedilatildeo

e quando realmente existe a causa eacute desconhecida sendo a primiparidade o principal fator de

risco associado Mais raramente outros fatores podem estar presentes como a anencefalia

23

deficiecircncia de sulfatase placentaacuteria feto do sexo masculino e predisposiccedilatildeo geneacutetica (BRASIL

2011) O maior temor relacionado agrave gestaccedilatildeo prolongada eacute de que ocorra insuficiecircncia

placentaacuteria com reduccedilatildeo do aporte de nutriente e oxigecircnio para o bebecirc o que pode acarretar

aumento da morbidade e mortalidade perinatal Com maior frequecircncia de morte perinatal

anormalidade da frequecircncia cardiacuteaca fetal intraparto eliminaccedilatildeo de mecocircnio macrossomia e

cesariana (AMORIM 2010)

No Brasil tem sido frequente a indicaccedilatildeo de cesariana quando a gestaccedilatildeo ultrapassa 40

semanas sobretudo no setor privado poreacutem esta conduta natildeo eacute corroborada por evidecircncias

Amorim (2010) em compilado sobre o tema cita uma revisatildeo sistemaacutetica publicada em 2003 na

qual concluiacuteram que a induccedilatildeo do parto a partir de 41 semanas quando comparada agrave conduta

expectante resultou em menor taxa de cesaacuterias (201 x 22) e de liacutequido amnioacutetico meconial

(224 x 277) poreacutem natildeo houve diferenccedila em termos de mortalidade perinatal escores de

Apgar admissatildeo em UTI neonatal e siacutendrome de aspiraccedilatildeo meconial Em 2012 outra revisatildeo

sistemaacutetica disponiacutevel na biblioteca Cochrane incluindo 22 ensaios cliacutenicos randomizados e

9383 mulheres submetidas aacute induccedilatildeo do parto mostrou reduccedilatildeo significativa do risco relativo de

morte perinatal e de cesariana Natildeo houve diferenccedila na taxa de natimortos ou de morte

neonatal nos dois grupos A incidecircncia da siacutendrome de aspiraccedilatildeo meconial foi menor no grupo

submetido agrave induccedilatildeo do parto poreacutem natildeo houve diferenccedila na frequecircncia de asfixia perinatal

baixos escores de Apgar e admissatildeo em UTI neonatal Os autores sugerem que a induccedilatildeo do

parto a partir de 41 semanas reduz as taxas de cesariana sem comprometer o prognoacutestico

perinatal Aleacutem disso o estudo mostrou maior satisfaccedilatildeo das gestantes submetidas agrave induccedilatildeo

do parto Recomenda-se que as mulheres sejam esclarecidas sobre riscos e benefiacutecios

associados agrave induccedilatildeo do parto a partir de 41 semanas (AMORIM 2010)

Posiccedilatildeo de parto

Os benefiacutecios da livre movimentaccedilatildeo da parturiente durante o trabalho de parto tais como a

reduccedilatildeo de sua duraccedilatildeo melhora do conforto materno e reduccedilatildeo do uso de analgeacutesicos satildeo

sustentados por evidecircncias cientiacuteficas (SOUSA 2013) A adoccedilatildeo de postura vertical e

movimentaccedilatildeo podem aleacutem de diminuir a dor materna facilitar a circulaccedilatildeo materno-fetal e a

descida do feto na pelve materna melhorar as contraccedilotildees uterinas e diminuir o trauma perineal

24

(SILVA 2011)

A OMS (1996) classifica como praacuteticas demonstradamente uacuteteis e que devem ser estimuladas

(categoria A) a liberdade de posiccedilatildeo e movimento durante o trabalho de parto e o estiacutemulo a

posiccedilotildees natildeo supinas durante o trabalho de parto Jaacute o uso rotineiro de posiccedilatildeo supina

(decuacutebito dorsal) durante o trabalho de parto e o uso de rotina da posiccedilatildeo de litotomia com ou

sem perneiras durante o trabalho de parto satildeo classificadas como praacuteticas claramente

prejudiciais e que devem ser eliminadas (categoria B)

Uma revisatildeo sistemaacutetica sobre assistecircncia ao segundo e terceiro periacuteodos do trabalho de parto

publicada em 2010 mostra que a posiccedilatildeo supina tem sido amplamente usada no segundo

periacuteodo do trabalho de parto contrariando a evidecircncia fisioloacutegica da reduccedilatildeo da eficiecircncia

uterina e do fluxo sanguiacuteneo placentaacuterio nessa posiccedilatildeo A posiccedilatildeo litotocircmica eacute ainda

recomendada em alguns tratados tradicionais de Obstetriacutecia mas as posiccedilotildees alternativas

incluem uma gama de posiccedilotildees que podem trazer benefiacutecios para o parto posiccedilatildeo lateral

(Sims) vertical (sentada semi-sentada de coacutecoras ou ajoelhada) e de quatro apoios A

imersatildeo em aacutegua durante o periacuteodo expulsivo do trabalho de parto aumentou o registro de

satisfaccedilatildeo por parte das parturientes no que diz respeito aos puxos mas ainda natildeo haacute

evidecircncias sobre os efeitos da imersatildeo em aacutegua no segundo estaacutegio especialmente sobre a

morbidade materna e neonatal (AMORIM 2010)

Estudos apontam que posiccedilotildees verticalizadas ou a posiccedilatildeo lateral associaram-se com reduccedilatildeo

da duraccedilatildeo do segundo periacuteodo do parto reduccedilatildeo nas anormalidades da frequecircncia cardiacuteaca

fetal bem como reduccedilatildeo de relatos de dor grave e episiotomia Ocorre no entanto maior perda

de sangue estimada (acima de 500 mL) sem repercussotildees cliacutenicas consideraacuteveis A conclusatildeo

dos revisores eacute que as mulheres devem ser encorajadas a parir na posiccedilatildeo que lhes for mais

confortaacutevel com o balanccedilo das evidecircncias a favor das posturas natildeo supinas (AMORIM 2010)

Mouta et al (2008) e Rocha Fonseca (2010) encontraram percentuais entre 50 e 78 de

posiccedilatildeo vertical em partos assistidos exclusivamente por enfermeiras obstetras em

maternidades puacuteblicas do Rio de Janeiro Em um CPN de Satildeo Paulo apenas 13 dos partos

foram assistidos em posiccedilatildeo horizontal contra 776 assistidos em posiccedilatildeo vertical (SOUZA

2011)

25

Sousa (2013) observou em seu estudo com 61 mulheres assistidas em Hospital da rede puacuteblica

de Belo Horizonte que mais de 75 pariram deitadas de costas com pernas levantadas sem

uso de perneiras As demais mulheres deram a luz em posiccedilatildeo de coacutecoras (98) deitada de

lado (66) sentadareclinada (66) ou Gaskin (16)

A maternidade do HRTN faz parte da rede de hospitais de Belo Horizonte que assinou o Termo

de Compromisso das Maternidades do SUS-BH estabelecido pela Comissatildeo Perinatal da

Secretaria Municipal de Sauacutede de Belo Horizonte (SMSA-BH) o qual estabelece metas para

diversos indicadores assistenciais objetivando humanizar a assistecircncia e reduzir as taxas de

cesariana nas maternidades da rede puacuteblica de Belo Horizonte No que se refere a posiccedilatildeo de

parto a SMSA-BH tem como meta que mais de 70 dos partos sejam realizados em posiccedilatildeo

natildeo supina Segundo dados institucionais fornecidos pela coordenaccedilatildeo da maternidade sobre

todos os partos do HRTN no mesmo periacuteodo deste estudo a taxa de partos em posiccedilatildeo natildeo

supina variou de 6202 em abril de 2014 a 8138 em abril de 2013

Diante dos resultados deste estudo eacute possiacutevel inferir que no HRTN a equipe incentiva e apoia o

uso de deambulaccedilatildeo e posiccedilotildees verticalizadas durante o trabalho de parto e periacuteodo expulsivo

As mulheres devem orientadas sobre os benefiacutecios da verticalizaccedilatildeo para a evoluccedilatildeo do

trabalho de parto No momento do parto deve haver incentivo agrave livre escolha da posiccedilatildeo dentro

das possibilidades da maternidade Ainda natildeo haacute disponibilidade de parto com imersatildeo em

aacutegua mas haacute quartos PPP (preacute-parto parto e poacutes-parto) com chuveiro bola suiacuteccedila banquinho

meia lua escada de Ling e espaccedilo fiacutesico que permite deambulaccedilatildeo Em alguns plantotildees a

equipe conta com a participaccedilatildeo das Doulas no cuidado agrave mulher em trabalho de parto

Os resultados deste estudo satildeo similares aos encontrados por Sousa (2013) o que mostra que

ambas as instituiccedilotildees componentes do SUS em Belo Horizonte que tem atuaccedilatildeo efetiva das

enfermeiras obstetras estimulam o parto em posiccedilotildees verticalizadas e provavelmente

respeitam a livre escolha da posiccedilatildeo de parto

O fato da maior parte dos partos serem em posiccedilatildeo semi-sentada gera certa inquietaccedilatildeo pois

26

sabe-se que esta posiccedilatildeo permite maior controle e melhor visibilidade sendo cocircmoda para o

profissional que assiste ao parto Outra justificativa possiacutevel para a grande porcentagem de

partos semi-sentada pode ser a falta de informaccedilatildeo eou orientaccedilatildeo das

mulheresacompanhantes sobre a possibilidade de parirem em outras posiccedilotildees que lhe sejam

confortaacuteveis Ressalta-se a necessidade de orientaccedilatildeo e incentivo quanto agrave liberdade de

posiccedilatildeo e sobre os benefiacutecios das posiccedilotildees verticalizadas para o trabalho de parto e periacuteodo

expulsivo desmitificando a claacutessica posiccedilatildeo de parto e empoderando-as a escolher a posiccedilatildeo

que lhes for mais confortaacutevel

Episiotomia

A episiotomia foi inicialmente proposta com o objetivo de facilitar o parto reduzindo o trauma

perineal e facilitando o reparo Entretanto natildeo obstante a indicaccedilatildeo de livros-texto sua

realizaccedilatildeo de rotina natildeo pode ser recomendada uma vez que existem vaacuterias evidecircncias de que

natildeo eacute necessaacuteria e de que pode ser prejudicial (AMORIM 2010)

Entre as principais morbidades relacionadas agrave episiotomia estatildeo a dor perineal e o

sangramento aumentado Nesses casos devido a urgecircncia os traumas perineais muitas vezes

satildeo suturados sem a boa visualizaccedilatildeo do local podendo produzir acidentes com lesatildeo no trato

geniturinaacuterio e nas estruturas do assoalho peacutelvico causando hipermobilidade uretral e prolapso

genital Apoacutes o parto tambeacutem podem surgir hematuacuteria incapacidade vesical e incontinecircncia

urinaacuteria (RIESCO et al 2011)

A OMS (1996) considera o uso liberal e rotineiro de episiotomia uma praacutetica claramente

prejudicial e que deve ser eliminada (categoria B) Embora os dados disponiacuteveis na literatura

revelem que a realizaccedilatildeo de episiotomia natildeo cumpre os objetivos que justificariam sua

realizaccedilatildeo de forma rotineira sejam eles a prevenccedilatildeo de lesotildees nas genitais da matildee ou na

cabeccedila do receacutem-nascido ainda hoje tal intervenccedilatildeo permanece sendo usada de forma

abusiva em muitas instituiccedilotildees de sauacutede

Em revisatildeo sistemaacutetica incluindo oito ensaios cliacutenicos (n=5541) observou-se que comparada

agrave episiotomia de rotina a episiotomia seletiva (com indicaccedilatildeo precisa) esteve associada com

27

menos trauma perineal grave menor necessidade de suturas menos complicaccedilotildees na

cicatrizaccedilatildeo e mais trauma perineal anterior Natildeo houve diferenccedila na frequecircncia de trauma

vaginal ou perineal grave dispareunia incontinecircncia urinaacuteria ou dor intensa Os revisores

recomendam que a episiotomia natildeo seja realizada rotineiramente e quando necessaacuteria seja

realizada com o consentimento poacutes-informaccedilatildeo da parturiente (AMORIM 2010)

Cesar (2011) encontrou ocorrecircncia meacutedia de episiotomia de 72 entre as 2557 gestantes

estudadas no Sul do Brasil Houve variaccedilatildeo de 86 entre as adolescentes e 66 entre as

demais matildees As taxas encontradas foram bastante elevadas principalmente entre as

adolescentes o que indica baixa incorporaccedilatildeo de praacuteticas baseadas em evidecircncia na

assistecircncia ao parto no cenaacuterio do estudo

Em contrapartida Sousa (2013) verificou em seu estudo em uma maternidade da rede puacuteblica

de Belo Horizonte iacutendice de episiotomia em torno de 11 e observou seguranccedila na praacutetica dos

profissionais de sauacutede envolvidos na assistecircncia ao parto da instituiccedilatildeo estudada no que se

refere ao uso seletivo desse procedimento e aos criteacuterios de utilizaccedilatildeo Tal instituiccedilatildeo tem

princiacutepios humanizados e grande inserccedilatildeo de enfermeiras obstetras na assistecircncia ao parto o

que pode tambeacutem ter justificado a baixa taxa de episiotomia encontrada

Considerando todos os partos realizados no HRTN no periacuteodo deste estudo a taxa de

episiotomia variou entre 90 em abril de 2013 a 149 em abril de 2014 A SMSA-BH tem

como meta de realizaccedilatildeo de episiotomia em menos de 30 dos partos vaginais Considerando

os 1434 partos assistidos por EO no mesmo periacuteodo a taxa de episiotomia foi de 46 o que

mostra uso criterioso do procedimento por parte desta categoria profissional

No presente estudo a taxa de episiotomia foi 42 Nestes casos a episiotomia pode ter sido

indicada devido a periacuteneo resistente no intuito de prevenir laceraccedilotildees graves mesmo que natildeo

haja respaldo cientiacutefico para tal praacutetica Tambeacutem em situaccedilotildees de estado fetal natildeo

tranquilizador durante o periacuteodo expulsivo jaacute com o feto em planos avanccedilados no intuito de

acelerar o nascimento ou mesmo por distoacutecia de ombro ou outra complicaccedilatildeo sendo uma

decisatildeo conjunta entre preceptor e residente Deve-se considerar que a baixas taxas de

28

episiotomia nos partos assistidos por enfermeiras residentes satildeo reflexo da atuaccedilatildeo da

preceptoria tanto de enfermeiras obstetras como de meacutedicos obstetras A episiotomia natildeo foi

realizada em 9538 dos partos o que mostra que as residentes em enfermagem obsteacutetrica

faziam uso seletivo do procedimento Um aspecto relevante deste estudo eacute que mesmo com a

baixa taxa de episiotomia encontrou-se pequenas taxas de laceraccedilotildees perineais de terceiro

(28) e quarto grau (028) Isso aponta para um modelo de assistecircncia obsteacutetrico com

incorporaccedilatildeo de praacuteticas baseadas em evidecircncias cientiacuteficas na maternidade do HRTN

Contato pele a pele

As praacuteticas referentes ao contato da matildee com seu bebecirc e ao aleitamento materno ainda na

sala de parto satildeo tambeacutem indicadores relevantes da qualidade da atenccedilatildeo ao parto

humanizado e segundo a OMS (1996) e MS (2001) deve ser encorajada no parto normal

(categoria A)

O passo quatro da Iniciativa Hospital Amigo da Crianccedila (IHAC) preconiza que os bebecircs que

tenham condiccedilotildees cliacutenicas favoraacuteveis permaneccedilam por pelo menos uma hora junto agrave pele da

matildee e que iniciem o aleitamento materno ainda na primeira meia hora apoacutes o nascimento

independentemente da via de parto (BRASIL 2010)

O contato pele a pele precoce melhora os resultados neonatais em termos de menor choro e

maior estabilidade cardiorrespiratoacuteria e aumenta significativamente o sucesso da

amamentaccedilatildeo sem efeitos negativos aparentes em curto e longo prazo segundo estudo de

meta-anaacutelise O contato pele a pele da matildee com o receacutem-nascido por pelo menos 30 minutos

na primeira hora de vida aleacutem de propiciar o envolvimento matildee-filho e o aleitamento materno

eacute um indicativo de que o parto transcorreu adequadamente Aleacutem disso favorece o viacutenculo

afetivo propiciando o reconhecimento entre matildee e filho pode aumentar a autoestima materna

diminuir a ansiedade melhorar os sentimentos de aceitaccedilatildeo do seu novo papel e a satisfaccedilatildeo

durante o processo de parto (MOORE et al 2012)

Apesar de o contato pele a pele ser uma praacutetica demonstradamente uacutetil e que deve ser

encorajada no parto normal especificamente tambeacutem pode e deve ser promovida no parto

29

operatoacuterio Sousa (2013) verificou em sua pesquisa que dos 89 receacutem-nascidos vivos o

contato precoce entre matildee e filho foi garantido em mais de 77 dos partos embora a maior

frequecircncia tenha ocorrido entre os filhos nascidos de parto normal

Na maternidade do HRTN o contato pele a pele eacute incentivado e apoiado por toda a equipe

multiprofissional sendo uma praacutetica consolidada conforme apontam os resultados deste

estudo As parturientes devem ser orientadas sobre os benefiacutecios desta praacutetica e preparadas

para receber seus RN apoacutes o nascimento A assistecircncia ao RN estaacutevel deve ser feita

preferencialmente no colo da matildee e quando houver necessidade de encaminhar o RN ao

berccedilo aquecido assim que este estabelecer condiccedilotildees favoraacuteveis deve retornar para o contato

pele a pele Assim como o contato pele a pele a amamentaccedilatildeo na primeira hora de vida

tambeacutem deve ser apoiada e estimulada respeitando o desejo da mulher

No presente estudo o contato pele a pele na primeira hora de vida foi realizado em 9440 dos

partos Os 475 em que natildeo foi realizado pode ter como justificativa o nascimento de um RN

deprimido sem condiccedilotildees cliacutenicas de permanecer com a matildee e que necessitaram de

assistecircncia pediaacutetrica seja reanimaccedilatildeo neonatal ou transferecircncia para unidade neonatal

Tambeacutem pode ter como justificativa impossibilidade materna ou desejo de natildeo realizar contato

pele a pele

Pela pactuaccedilatildeo da maternidade em estudo com a SMSA-BH a meta eacute que 100 dos receacutem-

nascidos vivos realizem contato pele a pele efetivo na primeira hora de vida Considerando

todos os partos realizados na instituiccedilatildeo no mesmo periacuteodo deste estudo este indicador variou

entre 905 em abril de 2013 a 960 em agosto de 2013 segundo dados institucionais

fornecidos pela coordenaccedilatildeo a maternidade Estes dados sinalizam boa incorporaccedilatildeo desta

praacutetica pela equipe mas indicam tambeacutem necessidade de melhoria para que seja atingida a

meta

Acompanhante

A presenccedila de acompanhante durante todo o periacuteodo de internaccedilatildeo eacute um direito conquistado

pelas mulheres assegurado na Lei nordm 111082005 regulamentado pelo Ministeacuterio da Sauacutede

30

pela Portaria nordm 24182005 portanto obrigatoacuterio em todas as instituiccedilotildees sejam elas puacuteblicas

ou privadas (BRASIL 2005) Esta praacutetica eacute classificada pela OMS como demonstradamente uacutetil

e que deve ser estimulada (categoria A)

A presenccedila do acompanhante durante o processo de parturiccedilatildeo pode proporcionar bem-estar

fiacutesico e emocional agrave mulher e benefiacutecios clinicamente significativos ao binocircmio matildee-filho Os

efeitos do suporte agrave mulher foram encontrados em recente meta-anaacutelise e estatildeo associados agrave

menor duraccedilatildeo do trabalho de parto uso de ocitocina reduccedilatildeo de cesariana e de partos

vaginais instrumentais diminuindo ainda a utilizaccedilatildeo de analgesia intraparto e melhorando os

iacutendices de Apgar no quinto minuto (SOUSA 2013)

Outros estudos destacam ainda a importacircncia do acompanhante quando este se envolve natildeo

soacute no apoio fiacutesico e emocional mas tambeacutem no desenvolvimento junto agrave parturiente de accedilotildees

como massagem auxiacutelio e encorajamento durante a deambulaccedilatildeo banho e tambeacutem no

periacuteodo expulsivo o que proporciona tambeacutem maior grau de satisfaccedilatildeo com o parto Sousa

(2013) verificou em sua pesquisa que quase a totalidade (922) das mulheres assistidas em

uma instituiccedilatildeo de sauacutede da rede puacuteblica de Belo Horizonte permaneceu com o acompanhante

de sua escolha durante o periacuteodo de internaccedilatildeo sendo a maioria o companheiro pai da

crianccedila (627)

No HRTN a presenccedila de acompanhante familiar de livre escolha eacute uma praacutetica consolidada

pela instituiccedilatildeo e apoiada pela equipe multiprofissional A valorizaccedilatildeo do acompanhante deve

acontece em todas as etapas da internaccedilatildeo durante o trabalho de parto os acompanhantes

podem ser encorajados a participar ativamente no apoio agrave parturiente ofertando meacutetodos

alternativos para aliacutevio da dor como massagens por exemplo No momento do parto quando

possiacutevel pode ser oferecido ao familiar que corte o cordatildeo umbilical o que pode ter grande

representaccedilatildeo simboacutelica para aquela famiacutelia No puerpeacuterio os acompanhantes devem ser

orientados junto aacute mulher sobre os cuidados com o RN aleitamento materno e como apoiar a

matildee na nova fase

No presente estudo houve acompanhante familiar em 960 dos partos assistidos pelas

enfermeiras residentes Partos sem acompanhante familiar foram apenas 37 Estes dados

31

corroboram com a afirmaccedilatildeo de que a presenccedila do acompanhante familiar eacute uma praacutetica

consolidada e respeitada pela equipe da maternidade do HRTN

Analgesia

Meacutetodos natildeo farmacoloacutegicos

A OMS (1996) recomenda que o uso de meacutetodos natildeo farmacoloacutegicos para aliacutevio da dor deve

ser privilegiado durante a assistecircncia ao trabalho de parto considerando-os como ldquopraacuteticas

reconhecidamente uacuteteis e que devem ser estimuladasrdquo Categoria A na recomendaccedilatildeo de boas

praacuteticas na assistecircncia ao parto

Entre as praacuteticas natildeo medicamentosas tem-se estudado o uso de acupuntura acupressura

hipnose teacutecnicas de relaxamento e respiraccedilatildeo aplicaccedilatildeo de frio e calor aromaterapia

aacuteudioanalgesia massagem deambulaccedilatildeo e banho de imersatildeo durante o parto (SILVA 2011)

Em um estudo de revisatildeo sistemaacutetica foram incluiacutedos 14 ensaios com 1448 parturientes que

utilizaram diferentes formas de tratamento para a dor (acupuntura hipnose audioanalgesia

aromaterapia massagem e relaxamento) A hipnose mostrou-se efetiva em termos de reduzir a

necessidade de meacutetodos farmacoloacutegicos para aliacutevio da dor aumentando o grau de satisfaccedilatildeo

materna Maior chance de parto vaginal e reduccedilatildeo da necessidade de analgesia A acupuntura

tambeacutem se associou a uma menor intensidade da dor e reduccedilatildeo do uso de ocitocina A eficaacutecia

de meacutetodos como acupressatildeo aromaterapia aacuteudioanalgesia relaxamento e massagem natildeo foi

ainda estabelecida sendo necessaacuterios ensaios cliacutenicos randomizados para avaliaccedilatildeo dessas

terapias complementares para aliacutevio da dor durante o trabalho de parto (PORTO 2010)

Deve-se considerar que o suporte contiacutenuo intraparto e as posiccedilotildees verticalizadas durante o

parto tambeacutem se associam agrave reduccedilatildeo da dor e maior grau de satisfaccedilatildeo materna como jaacute

demonstrado em revisotildees sistemaacuteticas A imersatildeo em aacutegua em banheiras ou similares durante

o trabalho de parto tem sido investigada como um meacutetodo de promoccedilatildeo de relaxamento e aliacutevio

da dor Em uma revisatildeo sistemaacutetica de 11 ensaios cliacutenicos a imersatildeo em aacutegua foi associada agrave

reduccedilatildeo no uso de analgesia e reduccedilatildeo no relato de dor sem prejudicar a duraccedilatildeo do trabalho

de parto as taxas de partos ciruacutergicos ou o bem-estar neonatal (PORTO 2010)

32

A SMSA-BH recomenda que os meacutetodos natildeo farmacoloacutegicos para aliacutevio da dor sejam ofertados

a 100 das mulheres em trabalho de parto De acordo com dados institucionais fornecidos

pela coordenaccedilatildeo da maternidade a oferta variou entre 7571 em julho de 2013 a 8778 em

julho de 2013 considerando todos os partos realizados na instituiccedilatildeo no periacuteodo de abril de

2013 a abril de 2014

No livro fonte de dados deste estudo a oferta de meacutetodos natildeo farmacoloacutegicos natildeo eacute registrada

natildeo sendo possiacutevel quantificar estes dados nos partos assistidos por REO mas pode-se inferir

que esta eacute uma praacutetica adotada pelas enfermeiras obstetras e residentes quando se observa

por exemplo as baixas taxas de analgesia farmacoloacutegica em torno de 16 nos partos

assistidos por estas profissionais

Meacutetodos farmacoloacutegicos

Classicamente vaacuterios meacutetodos farmacoloacutegicos foram propostos mas existe consenso

atualmente de que se algum meacutetodo farmacoloacutegico for indicado para aliacutevio da dor durante o

trabalho de parto a analgesia regional com peridural ou teacutecnica combinada (raquidiana e

peridural) deve ser empregada preferencialmente em relaccedilatildeo ao uso de opioacuteides sistecircmicos ou

analgesia inalatoacuteria A teacutecnica ideal para analgesia de parto deveria ter miacutenima ou ausente

transferecircncia placentaacuteria ausecircncia de efeitos sobre o fluxo sanguiacuteneo uteroplacentaacuterio efeitos

miacutenimos e reversiacuteveis sobre o feto e neonato ausecircncia de efeito ocitoacutecico ou tocoliacutetico e

ausecircncia de bloqueio motor (PORTO 2010)

Uma revisatildeo sistemaacutetica realizada em 2011 incluindo 38 estudos comprovou a eficaacutecia da

analgesia peridural para reduccedilatildeo da dor de mulheres durante o processo de parto mas

tambeacutem revelou maior risco de parto instrumental maior necessidade de ocitocina e aumento

da duraccedilatildeo do segundo estaacutegio do parto Natildeo houve associaccedilatildeo dessa intervenccedilatildeo com risco

de cesariana cefaleacuteia e escores de Apgar menores que sete no quinto minuto (AMORIM

2011)

Na maternidade em estudo a analgesia farmacoloacutegica seja por teacutecnica peridural ou

raquianestesia eacute considerada um direito da mulher de acordo com os princiacutepios da

humanizaccedilatildeo e eacute ofertada conforme desejo da parturiente apoacutes a oferta de diferentes meacutetodos

33

natildeo farmacoloacutegicos para aliacutevio da dor e sob orientaccedilotildees sobre os riscos e benefiacutecios do

procedimento ou nos casos em que haacute indicaccedilatildeo cliacutenica para realizaccedilatildeo do mesmo A teacutecnica

de analgesia empregada na instituiccedilatildeo permite na maior parte dos casos a deambulaccedilatildeo

movimentaccedilatildeo e uso concomitante de outros meacutetodos alternativos de aliacutevio da dor como

chuveiro Isto pode influenciar para o desfecho favoraacutevel dos partos conforme mostram as

evidecircncias sobre movimentaccedilatildeo e verticalizaccedilatildeo durante o trabalho de parto

A SMSA-BH recomenda a utilizaccedilatildeo de analgesia quando esgotados os recursos natildeo

farmacoloacutegicos para aliacutevio da dor em torno de 30 dos partos normais A proporccedilatildeo de parto

normal com analgesia variou de 141 em janeiro de 2014 e 279 em agosto de 2013

considerando todos os partos realizados na instituiccedilatildeo no mesmo periacuteodo deste estudo

Considerando os 1434 assistidos por EO no periacuteodo do estudo 147 recebeu analgesia por

teacutecnica peridural e 11 raquidiana Os demais 841 dos partos foi sem analgesia

farmacoloacutegica

No presente estudo a analgesia farmacoloacutegica foi realizada em 176 dos partos sendo 166

por teacutecnica peridural e 11 raquidiana Analgesia natildeo foi realizada em 822 dos partos

assistidos por REO Estes dados demonstram que a oferta de meacutetodos natildeo farmacoloacutegicos

para aliacutevio da dor pode ter sido influenciado positivamente na escolha da parturiente em

receber ou natildeo a analgesia farmacoloacutegica

Laceraccedilotildees perineais

Laceraccedilotildees perineais satildeo traumas em estruturas componentes da vagina que podem ocorrer

de forma espontacircnea durante a passagem do feto pelo canal de parto ou em decorrecircncia de

episiotomia as quais podem se prolongar

A laceraccedilatildeo de primeiro grau eacute aquela que natildeo atinge nenhum muacutesculo estendendo-se atraveacutes

da fuacutercula mucosa vaginal e da pele Jaacute a laceraccedilatildeo de segundo grau acomete os muacutesculos

perineais poreacutem sem lesatildeo do esfiacutencter retal A laceraccedilatildeo de terceiro grau atinge essa

estrutura e algumas vezes prolonga-se ateacute a parede anterior do reto Neste uacuteltimo caso em

que a parede do reto eacute comprometida por vezes utiliza-se o termo laceraccedilatildeo de quarto grau

As laceraccedilotildees de primeiro e segundo grau satildeo consideradas leves e laceraccedilotildees de terceiro e

34

quarto grau satildeo consideradas graves pois podem levar agrave incontinecircncia urinaacuteria e fecal sendo

estas uacuteltimas mais raras (REZENDE 2005)

A ocorrecircncia de laceraccedilotildees perineais no parto normal depende de diversos fatores que podem

estar relacionados agraves condiccedilotildees maternas ao feto ao parto em si e ao prestador de serviccedilo

Embora estes fatores natildeo estejam definitivamente estabelecidos existem evidecircncias indicando

o local do parto e o profissional que assiste a escolaridade materna a paridade a altura do

periacuteneo a duraccedilatildeo do segundo estaacutegio do parto a cicatriz perineal anterior a infusatildeo de

ocitocina a posiccedilatildeo no parto a analgesia farmacoloacutegica os puxos dirigidos as manobras de

proteccedilatildeo perineal o peso e o periacutemetro cefaacutelico do RN como fatores relacionados entre

outros Quanto a integridade perineal sua chance aumenta entre as mulheres com um ou mais

partos vaginais anteriores (RIESCO et al 2011)

Estudos tambeacutem tecircm buscado associaccedilatildeo entre a posiccedilatildeo materna no parto e as laceraccedilotildees

perineais Sousa (2013) verificou que a posiccedilatildeo deitada de lado juntamente com a posiccedilatildeo de

coacutecoras foram as que tiveram maior ocorrecircncia de laceraccedilotildees de primeiro grau principalmente

com 750 e 833 dos casos respectivamente Essas duas posiccedilotildees tambeacutem foram as que

mais favoreceram para que as mulheres tivessem laceraccedilotildees na pesquisa desenvolvida por

Souza (2011) em um CPN do Rio de Janeiro com incidecircncia de 502 nos partos assistidos

em posiccedilatildeo lateral e 696 naqueles assistidos de coacutecoras Em ambas pesquisas a posiccedilatildeo de

Gaskin foi a que teve menor incidecircncia de traumas perineais seguida da posiccedilatildeo

sentadareclinada

Entre as principais morbidades relacionadas estatildeo a dor perineal e o sangramento aumentado

Apoacutes o parto tambeacutem podem surgir hematuacuteria incapacidade vesical e incontinecircncia urinaacuteria A

disfunccedilatildeo geniturinaacuteria e sexual produzida pelo trauma perineal pode ser tambeacutem devida agrave

perda ou diminuiccedilatildeo do tocircnus muscular perineal Poreacutem esse achado contrasta com dados de

outros estudos os quais concluiacuteram que a via de parto a paridade a idade materna o peso do

receacutem-nascido (RN) e a episiotomia natildeo foram fatores determinantes para a reduccedilatildeo da forccedila

muscular perineal Considerando os problemas em curto prazo (perda sanguiacutenea necessidade

de sutura e dor perineal) e em longo prazo (disfunccedilotildees intestinais urinaacuterias e sexuais)

35

associados ao trauma perineal no parto sua prevenccedilatildeo reduccedilatildeo e reparaccedilatildeo adequada satildeo

fatores importantes para as mulheres e os profissionais que as assistem (RIESCO 2010)

Considerando os 1434 partos assistidos por EO em 304 houve periacuteneo iacutentegro 447

laceraccedilotildees de primeiro grau 228 laceraccedilotildees de segundo grau 195 de terceiro grau e

014 de quarto grau Tais resultados satildeo proacuteximos aos verificados neste estudo e

associados com as baixas taxas de episiotomia nos partos assistidos pelas enfermeiras

residentes corroboram com a recomendaccedilatildeo do uso seletivo da episiotomia como um praacutetica

favoraacutevel

Escore de Apgar

O momento de transiccedilatildeo da vida intrauterina para extrauterina eacute crucial para o desenvolvimento

do bebecirc e deve ser minuciosamente preparado e vivenciado Eacute indispensaacutevel que nos

primeiros minutos de vida do neonato seja realizada avaliaccedilatildeo completa e sistemaacutetica visando

identificar desvios da normalidade e que forneccedila agraves informaccedilotildees baacutesicas sobre a vitalidade e a

adaptaccedilatildeo do RN agrave vida fora do ventre materno (BARBOSA 2006)

A avaliaccedilatildeo realizada imediatamente apoacutes o parto eacute composta pelo o escore de Apgar sendo

complementada com a avaliaccedilatildeo do aspecto geral a medida dos sinais vitais e medidas

antropomeacutetricas O iacutendice de Apgar avalia cinco criteacuterios cliacutenicos cor da pele frequecircncia

cardiacuteaca irritabilidade reflexa respiraccedilatildeo e tocircnus muscular O RN eacute avaliado no primeiro e no

quinto minuto de vida e cada criteacuterio garante de 0 a 2 pontos desencadeando assim uma soma

adequada entre 7 e 10 pontos Quando a soma total resulta em 4 a 6 pontos sugere dificuldade

moderada do RN em adaptar-se e menor que 4 pode indicar sofrimento Julga-se assim o grau

de adaptaccedilatildeo imediata e o grau de depressatildeo neuroloacutegica do RN nos primeiros cinco minutos

de vida (SBP 2011)

O iacutendice Apgar tem sido pouco utilizado para avaliar a qualidade de assistecircncia ao parto sendo

considerado um indicador pontual aleacutem de natildeo ser utilizado para determinar o iniacutecio da

reanimaccedilatildeo neonatal No entanto sua aplicaccedilatildeo permite avaliar a resposta do neonato agraves

manobras realizadas e a eficaacutecia dessas manobras O Apgar no quinto minuto eacute mais utilizado

36

para avaliaccedilatildeo da adaptaccedilatildeo do RN por melhor representa-la se comparado ao Apgar de

primeiro minuto Se o escore eacute inferior a 7 no 5ordm minuto recomenda-se realizaacute-lo a cada cinco

minutos ateacute 20 minutos de vida Eacute necessaacuterio documentar o escore de Apgar de maneira

concomitante agrave dos procedimentos de reanimaccedilatildeo executados (SBP 2011)

Eacute importante considerar que um Apgar baixo natildeo eacute necessariamente resultado de uma

assistecircncia ao parto e ao neonato inadequada assim como um bom iacutendice de Apgar natildeo indica

boa qualidade assistencial ao binocircmio Este iacutendice entretanto eacute um bom indicador para

resultados perinatais a longo prazo aleacutem de ser considerado importante preditor da avaliaccedilatildeo

do bem-estar e do prognoacutestico inicial do receacutem-nascido A avaliaccedilatildeo imediata do RN pode ser

feita por pediatra ou outro profissional capacitado para prestar a assistecircncia necessaacuteria desde

o suporte baacutesico ateacute a reanimaccedilatildeo neonatal Na maternidade do HRTN o pediatra eacute o

profissional responsaacutevel pela assistecircncia ao RN na sala de parto A instituiccedilatildeo possui UTI

neonatal para onde satildeo encaminhados os RN que necessitam de cuidados especiacuteficos Os

neonatos que apresentam boa vitalidade satildeo colocados em contato pele a pele com as matildees e

apoacutes permanecem em alojamento conjunto ateacute a alta

Pela SMSA-BH a meta de Apgar lt7 no quinto minuto eacute no maacuteximo 3 Este indicador variou

entre 08 em fevereiro de 2014 a 24 em novembro de 2013 considerando todos os partos

realizados na instituiccedilatildeo no mesmo periacuteodo do estudo ou seja esteve sempre dentro da meta

estabelecida

No presente estudo as dados sobre escore de Apgar foram divididos em Apgar lt7 (644) e gt7

(9356) no primeiro minuto lt7 (084) e gt 7 (9916) no quinto minuto Tais dados mostram

que a quase totalidade dos RN apresentava boas condiccedilotildees de vitalidade no primeiro e quinto

minuto A este dado se associa o incentivo e a alta taxa de contato pele a pele precoce sendo

um dos fatores que contribuem para melhor adaptaccedilatildeo a vida extrauterina aleacutem de assistecircncia

qualificada aos RN que necessitam de cuidados especiacuteficos ou reanimaccedilatildeo

37

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Os resultados deste estudo evidenciam que a assistecircncia ao parto prestada pelas residentes

em enfermagem obsteacutetrica foi coerente com as recomendaccedilotildees de boas praacuteticas em todos os

aspectos analisados consolidando as evidecircncias literaacuterias sobre a assistecircncia ao parto

promovida por enfermeiras obstetras Foi possiacutevel observar maioria de partos em posiccedilotildees

verticalizadas uso seletivo de episiotomia com baixa incidecircncia de laceraccedilotildees perineais

graves alto iacutendice de contato pele a pele presenccedila de acompanhante na maioria dos partos

baixas taxas de analgesia farmacoloacutegica e escores de Apgar que demonstram boa vitalidade

fetal em quase todos os receacutem-nascidos Diante do exposto eacute possiacutevel concluir que a atuaccedilatildeo

das enfermeiras residentes em enfermagem obsteacutetrica contribuiu para a obtenccedilatildeo de

resultados obsteacutetricos e neonatais favoraacuteveis na maternidade do HRTN

Devido agrave forma de organizaccedilatildeo e registro dos procedimentos no livro utilizado para coleta de

dados natildeo foi possiacutevel avaliar algumas praacuteticas obsteacutetricas tais como uso de ocitocina

amniotomia oferta de meacutetodos natildeo farmacoloacutegicos para aliacutevio da dor oferta de liacutequidos

durante o trabalho de parto e uso de partograma Estes dados seriam importantes para uma

anaacutelise mais detalhada sobre a assistecircncia ao parto Os dados institucionais fornecidos pela

coordenaccedilatildeo da maternidade forneceram uma dimensatildeo de algumas destas praacuteticas na

maternidade contudo natildeo foi possiacutevel neste estudo avaliar quantitativamente tais

procedimentos somente nos partos assistidos por enfermeiras residentes Sugere-se ampliaccedilatildeo

dos indicadores no livro de registro e padronizaccedilatildeo no seu preenchimento para melhor

qualificaccedilatildeo dos dados da assistecircncia ao parto prestada elas enfermeiras obstetrasresidentes

A capacitaccedilatildeo profissional no modelo de residecircncia eacute intensa e exige dedicaccedilatildeo A extensa

carga horaacuteria praacutetica aliada agrave teoria satildeo determinantes para uma formaccedilatildeo qualificada e

humana das enfermeiras residentes A possibilidade de atuar efetivamente na assistecircncia em

conjunto com outras categorias profissionais enriquece a formaccedilatildeo abrangendo diferentes

fases e situaccedilotildees do ciclo graviacutedico-puerperal Eacute importante salientar que a capacitaccedilatildeo das

enfermeiras obstetras nesta modalidade pioneira de residecircncia soacute foi possiacutevel graccedilas ao

estiacutemulo governamental com recursos provenientes do programa Rede Cegonha e os

esforccedilos conjuntos da Escola de Enfermagem da UFMG e demais instituiccedilotildees envolvidas

38

Os resultados deste estudo evidenciam a incorporaccedilatildeo do modelo assistencial humanizado e

baseado em evidecircncias cientiacuteficas pela equipe do HRTN O modelo colaborativo de assistecircncia

obsteacutetrica pode gerar resultados favoraacuteveis e promissores com as atuaccedilotildees complementares

entre as diferentes categorias profissionais A praacutetica supervisionada durante todo o processo

de formaccedilatildeo e a avaliaccedilatildeo constante das habilidades adquiridas pelas residentes satildeo

fundamentais para a consolidaccedilatildeo do conhecimento para maior seguranccedila das aprendizes e

para a oferta de uma assistecircncia qualificada e humanizada a mulher receacutem nascido e famiacutelia

A instituiccedilatildeo que acolhe as enfermeiras residentes obteacutem retorno positivo pois a atuaccedilatildeo

preceptorada das mesmas resulta em assistecircncia qualificada que atende a perspectiva da

praacutetica baseada em evidecircncia cientiacutefica segura com baixo custo e bons resultados obsteacutetricos

e neonatais Os resultados da atuaccedilatildeo das enfermeiras residentes refletem o modelo

institucional incorporado o qual eacute transmitido as residentes pelos preceptores O incentivo a

formaccedilatildeo de enfermeiras obstetras eacute fundamental para o fortalecimento desta categoria

profissional para maior inserccedilatildeo destas profissionais em espaccedilos aonde a assistecircncia ao parto

ainda eacute meacutedico-centrada e para mudanccedila do modelo obsteacutetrico hegemocircnico nacional

39

REFEREcircNCIAS

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BRASIL Lei 11108 de 7 de abril de 2005 Altera a Lei 8080 de 19 de setembro de 1990 para garantir as parturientes o direito a presenccedila de acompanhante durante o trabalho de parto parto e poacutes-parto imediato no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede ndash SUS Brasiacutelia DF 07 abr 2005

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede Departamento de Accedilotildees Programaacuteticas Estrateacutegicas Aacuterea Teacutecnica de Sauacutede da Mulher Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos uma prioridade do governoMinisteacuterio da Sauacutede Secretaria de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede Departamento de Accedilotildees Programaacuteticas Estrateacutegicasndash Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 2005

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Poliacutetica Nacional de Planejamento Familiar Brasiacutelia DF 2007

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BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Iniciativa hospital amigo da crianccedila revista atualizada e ampliada para o cuidado integrado Brasiacutelia DF 2010

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Poliacutetica nacional de atenccedilatildeo integral a sauacutede da mulher princiacutepios e diretrizes Brasiacutelia DF 2011

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede Departamento de Atenccedilatildeo Baacutesica Atenccedilatildeo ao preacute-natal de baixo risco Ministeacuterio da Sauacutede Departamento de Atenccedilatildeo

40

Baacutesica ndash Brasiacutelia Editora do Ministeacuterio da Sauacutede 2012 318 p il ndash (Seacuterie A Normas e Manuais Teacutecnicos) (Cadernos de Atenccedilatildeo Baacutesica ndeg 32)

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em Sauacutede Departamento de Anaacutelise de Situaccedilatildeo de Sauacutede Sauacutede Brasil 2011 uma anaacutelise da situaccedilatildeo de sauacutede e a vigilacircncia da sauacutede da mulher Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em Sauacutede Departamento de Anaacutelise de Situaccedilatildeo de Sauacutede ndash Brasiacutelia Editora do Ministeacuterio da Sauacutede 2012 444 p il

BRASIL Presidecircncia da Repuacuteblica Objetivos de Desenvolvimento do Milecircnio Relatoacuterio Nacional de Acompanhamento Coordenaccedilatildeo Instituto de Pesquisa Econocircmica Aplicada e Secretaria de Planejamento e Investimentos Estrateacutegicos supervisatildeo Grupo Teacutecnico para o acompanhamento dos ODM - Brasiacutelia Ipea MP SPI 2014 208 p il graacutefs mapas color

NASCER NO BRASIL inqueacuterito sobre parto e nascimento Cadernos de Sauacutede Puacuteblica Vol30 supl1 Rio de Janeiro 2014 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophpscript=sci_issuetocamppid=0102 Acesso em 15 de junho de 2015

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ROCHA CR FONSECA LC Assistecircncia do enfermeiro obstetra a mulher parturiente em busca do respeito a natureza Rev de Pesq cuidado eacute fundamental v 2 n 2 p 807-816 2010

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SOUSA AMM Praacuteticas obsteacutetricas na assistecircncia ao parto e nascimento em uma maternidade de Belo Horizonte Tese de mestrado Escola de Enfermagem da Universidade Federal de Minas Gerais Belo Horizonte 2013

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42

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ANEXO 1

RECOMENDACcedilOtildeES DE BOAS PRAacuteTICAS DE ASSISTEcircNCIA AO PARTO SEGUNDO

CLASSIFICACcedilAtildeO DO MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2001

CATEGORIA A - PRAacuteTICAS DEMONSTRADAMENTE UacuteTEIS E QUE DEVEM SER

ESTIMULADAS

Plano individual determinando onde e por quem o nascimento seraacute realizado feito em

conjunto com a mulher durante a gestaccedilatildeo e comunicado a seu maridocompanheiro

Avaliaccedilatildeo do risco gestacional durante o preacute-natal reavaliado a cada contato com o

sistema de sauacutede

Respeito agrave escolha da matildee sobre o local do parto

Fornecimento de assistecircncia obsteacutetrica no niacutevel mais perifeacuterico onde o parto for viaacutevel e

seguro e onde a mulher se sentir segura e confiante

Respeito ao direito da mulher agrave privacidade no local do parto

Apoio empaacutetico pelos prestadores de serviccedilo durante o trabalho de parto e parto

Respeito agrave escolha da mulher sobre seus acompanhantes durante o trabalho de parto e

parto

Fornecimento agraves mulheres sobre todas as informaccedilotildees e explicaccedilotildees que desejarem

Oferta de liacutequidos por via oral durante o trabalho de parto e parto

Monitoramento fetal por meio de ausculta intermitente

43

Monitoramento cuidadoso do progresso do parto por exemplo por meio do uso do

partograma da OMS

Monitoramento do bem-estar fiacutesico e emocional da mulher durante trabalho e parto e ao

teacutermino do processo de nascimento

Meacutetodos natildeo invasivos e natildeo farmacoloacutegicos de aliacutevio da dor como massagem e

teacutecnicas de relaxamento durante o trabalho de parto

Liberdade de posiccedilatildeo e movimento durante o trabalho de parto

Estiacutemulo a posiccedilotildees natildeo supinas durante o trabalho de parto

Uso rotineiro de ocitocina clampeamento tardio (1 a 3 minutos apoacutes o nascimento) e

traccedilatildeo controlada do cordatildeo durante o 3o estaacutegio do trabalho de parto

Condiccedilotildees esteacutereis ao cortar o cordatildeo

Prevenccedilatildeo da hipotermia do bebecirc

Contato pele a pele precoce entre matildee e filho e apoio ao iniacutecio da amamentaccedilatildeo na

primeira hora apoacutes o parto segundo as diretrizes da OMS sobre Aleitamento Materno

Exame rotineiro da placenta e membranas ovulares

CATEGORIA B - PRAacuteTICAS CLARAMENTE PREJUDICIAIS OU INEFICAZES E QUE DEVEM

SER ELIMINADAS

Uso rotineiro de enema

Uso rotineiro de tricotomia

Infusatildeo intravenosa de rotina no trabalho de parto

Cateterizaccedilatildeo venosa profilaacutetica de rotina

Uso rotineiro de posiccedilatildeo supina (decuacutebito dorsal) durante o trabalho de parto

44

Exame retal

Uso de pelvimetria por Raios-X

Amniotomia precoce de rotina para diminuir a duraccedilatildeo do trabalho de parto

Administraccedilatildeo de ocitoacutecitos em qualquer momento antes do parto de um modo que natildeo

permite controlar seus efeitos

Uso de rotina da posiccedilatildeo de litotomia com ou sem estribos durante o trabalho de parto

Esforccedilo de puxo prolongado e dirigido (manobra de Valsalva) durante o segundo

estaacutegio do trabalho de parto

Massagem e distensatildeo do periacuteneo durante o segundo estaacutegio do trabalho de parto

Uso liberal e rotineiro de episiotomia

Uso de comprimidos orais de ergometrina no terceiro estaacutegio do trabalho de parto com

o objetivo de evitar ou controlar hemorragias

Uso rotineiro de ergometrina parenteral no terceiro estaacutegio do trabalho de parto

Lavagem uterina rotineira apoacutes o parto

Revisatildeo uterina (exploraccedilatildeo manual) rotineira apoacutes o parto

CATEGORIA C - PRAacuteTICAS SEM EVIDEcircNCIAS SUFICIENTES PARA APOIAR UMA

RECOMENDACcedilAtildeO CLARA E QUE DEVEM SER UTILIZADAS COM CAUTELA ATEacute QUE

MAIS PESQUISAS ESCLARECcedilAM A QUESTAtildeO

Meacutetodos natildeo farmacoloacutegicos de aliacutevio de dor durante o trabalho parto como ervas

imersatildeo em aacuteguas e estimulaccedilatildeo dos nervos

Amniotomia e ocitocina precoce de rotina no primeiro estaacutegio do trabalho de parto para

prevenccedilatildeo de progresso inadequado do parto

Pressatildeo do fundo uterino durante o trabalho de parto

45

Manobras relacionadas agrave proteccedilatildeo do periacuteneo e ao manejo do poacutelo cefaacutelico no

momento do parto

Manipulaccedilatildeo ativa do feto no momento do parto

Estimulaccedilatildeo do mamilo para estimular a contratilidade uterina durante o terceiro estaacutegio

do trabalho de parto

CATEGORIA D - PRAacuteTICAS FREQUENTEMENTE USADAS DE MODO INADEQUADO

Restriccedilatildeo hiacutedrica e alimentar durante o trabalho de parto

Controle da dor por agentes sistecircmicos

Controle da dor por analgesia peridural

Monitoramento eletrocircnico fetal

Uso de maacutescaras e aventais esteacutereis durante a assistecircncia ao trabalho de parto

Exames vaginais repetidos ou frequumlentes especialmente por mais de um prestador de

serviccedilo

Correccedilatildeo da dinacircmica com utilizaccedilatildeo de ocitocina

Transferecircncia rotineira da parturiente para outra sala no iniacutecio do segundo estaacutegio do

trabalho de parto

Cateterizaccedilatildeo da bexiga

Estiacutemulo para o puxo quando se diagnostica dilataccedilatildeo cervical completa ou quase

completa antes que a mulher sinta o puxo involuntaacuterio

Clampeamento precoce do cordatildeo umbilical

Adesatildeo riacutegida a uma duraccedilatildeo estipulada do 2deg estaacutegio do trabalho de parto

Parto operatoacuterio e exploraccedilatildeo manual do uacutetero apoacutes o parto

46

ANEXO 2

47

48

ANEXO 3

49

Page 15: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS ESCOLA DE ENFERMAGEM … FINAL ANA … · inserção do estudo foi: partos assistidos por residentes em enfermagem obstétrica, independente se

15

TABELA 1

Perfil das gestantes assistidas por residentes em enfermagem obsteacutetrica em relaccedilatildeo a

idade materna paridade nuacutemero de gestaccedilotildees e idade gestacional Belo Horizonte MG

Variaacuteveis n

Idade Materna (anos)

10 ndash 14 6 08

15 ndash 19 144 202

20 - 34 498 695

gt 35 57 79

Paridade

Primiacuteparas 315 441

Multiacuteparas 398 557

Nuacutemero de Gestaccedilotildees

1 283 396

2 213 298

3 102 143

4 ou mais 115 161

Idade Gestacional

Preacute-termo (lt37 semanas) 45 63

Termo (37 - 41 semanas) 643 900

Poacutes-termo (gt 42 semanas) 3 04

Desconhecida natildeo informada 23 32

Variaacutevel N Meacutedia Desvio Padratildeo Miacutenimo Maacuteximo

Idade Gestacional 714 38 15 24 42

Idade Materna 705 24 60 14 44

16

Neste estudo a faixa etaacuteria predominante das mulheres assistidas por residentes em

enfermagem obsteacutetrica foi de adultas jovens com 695 seguida de adolescentes com 202

Os extremos etaacuterios adolescentes precoces e mulheres acima de 35 anos apareceram em

menor proporccedilatildeo sendo 08 e 79 respectivamente A meacutedia etaacuteria foi de 24 anos com

desvio padratildeo de 6 anos sendo que a menor idade encontrada entre as mulheres assistidas

por enfermeiras residentes foi 14 anos e a maior 44 anos

No que se refere ao nuacutemero de gestaccedilotildees o maior percentual foi de primigestas (396)

seguido das secundigestas (298) A partir daiacute observou-se diminuiccedilatildeo do percentual sendo

que tercigestas representaram 143 e o somatoacuterio das mulheres que tiveram quatro

gestaccedilotildees anteriores ou mais resultou em 161 O caso com maior nuacutemero de gestaccedilotildees

encontrado neste estudo foi de uma parturiente que estava em sua 13ordf gestaccedilatildeo

Com relaccedilatildeo agrave paridade as mulheres foram divididas em dois grupos primiacuteparas e multiacuteparas

sendo 441 e 557 respectivamente As mulheres que tiveram apenas uma gestaccedilatildeo ou

seja primigestas satildeo 396 e as primiacuteparas logo que natildeo tem partos vaginais anteriores satildeo

441 Isto evidencia que nem todas as primiacuteparas eram primigestas havendo abortamentos

ou gestaccedilotildees ectoacutepicas anteriores O somatoacuterio das mulheres que tiveram duas ou mais

gestaccedilotildees representou 602 Isso justifica o fato de haver maior percentual de multiacuteparas

quando se analisa paridade e ao mesmo tempo maior percentual de primigestas quando se

analisa nuacutemero de gestaccedilotildees entre as mulheres estudadas

17

TABELA 2

Indicadores da assistecircncia ao trabalho de parto e parto prestada pelas residentes em

enfermagem obsteacutetrica na maternidade do HRTN Belo Horizonte MG

Variaacuteveis N

Variaacuteveis n

Posiccedilatildeo do parto

Analgesia

Semi-sentada 462 647

Natildeo 587 822

Banquinho 120 168

Peridural 119 166

Coacutecoras 56 78

Raquidiana 8 11

Decuacutebito dorsal 23 32

Litotocircmica 20 28

Contato pele a pele

Sentada 9 12

Sim 674 944

Gaskin 7 09

Natildeo 34 47

Decuacutebito lateral 7 09

Em peacute 4 05

Acompanhante

Ajoelhada 2 02

Sim 686 960

Natildeo 27 37

Episiotomia

Sim 30 42

Apgar no 1ordm minuto

Natildeo 681 954

lt7 46 64

gt7 668 935

Laceraccedilatildeo

Natildeo 194 271

Apgar no 5ordm minuto

1ordm grau 329 460

lt7 6 08

2ordm grau 169 236

gt7 708 991

3ordm grau 20 28

4ordm grau 2 02

Variaacutevel N Meacutedia Desvio Padratildeo Miacutenimo Maacuteximo

Apgar no 1ordm minuto 714 83 13 0 10

Apgar no 5ordm minuto 714 93 07 0 10

18

Os resultados deste estudo mostram que a maioria dos partos assistidos por residentes em

enfermagem obsteacutetrica foram em posiccedilatildeo semi-sentada (647) as demais posiccedilotildees de parto

encontradas foram no banquinho (168) de coacutecoras (78) em decuacutebito dorsal (32) em

posiccedilatildeo litotocircmica (28) sentada (12) em Gaskin (09) em decuacutebito lateral (09) em

peacute (05) e ajoelhada (02) Considerando-se todas as posiccedilotildees de parto verticalizadas como

semi-sentada no banquinho Gaskin em peacute e ajoelhada encontrou-se uma taxa em torno de

92 de partos em posiccedilatildeo natildeo supina

A episiotomia foi realizada em apenas 420 dos partos Em 9538 dos casos as mulheres

foram poupadas deste procedimento Com relaccedilatildeo as laceraccedilotildees perineais a maioria das

mulheres apresentou laceraccedilotildees de primeiro grau (460) seguidas de periacuteneo iacutentegro

(271) Laceraccedilotildees de segundo grau acometeram 236 das mulheres Laceraccedilotildees graves

de terceiro grau (28) e de quarto grau (02) ocorreram em uma parcela pouco significativa

das mulheres assistidas pelas enfermeiras residentes

A analgesia farmacoloacutegica foi realizada em 177 das parturientes sendo em 166 por

teacutecnica peridural e 112 por teacutecnica raquidiana A analgesia farmacoloacutegica natildeo foi ofertada a

8221 das mulheres

O contato pele a pele na primeira hora de vida foi proporcionado a 9440 dos receacutem-

nascidos Em 47 a interaccedilatildeo pele a pele natildeo foi realizada

As parturientes contaram com a presenccedila de acompanhante familiar em 960 dos partos Os

partos sem acompanhante familiar representaram apenas 37

Os resultados sobre escore de Apgar foram gt7 no primeiro minuto em 935 dos neonatos e

gt7 no quinto minuto em 991 Tais dados mostram que a quase totalidade dos receacutem-

nascidos apresentava boas condiccedilotildees de vitalidade no primeiro e quinto minuto de vida

19

DISCUSSAtildeO

Idade materna Paridade Nuacutemero de gestaccedilotildees

Segundo o MS as mulheres em idade reprodutiva ou seja de 10 a 49 anos representam 65

do total da populaccedilatildeo feminina conformando um grupo social importante e que merece

atenccedilatildeo no que se refere agrave elaboraccedilatildeo de poliacuteticas de sauacutede (BRASIL 2011)

Silva (2009) cita que mulheres muito jovens ou muito idosas satildeo consideradas de maior risco

para resultados adversos e complicaccedilotildees gestacionais no parto e perinatais

A OMS considera gravidez na adolescecircncia aquela que ocorre em mulheres entre 10 e 19

anos sendo que gestantes com menos de 14 anos satildeo mais vulneraacuteveis e mais expostas agrave

morbimortalidade A gravidez na adolescecircncia estaacute relacionada aacute condiccedilotildees de escolaridade e

fatores socioeconocircmicos como escolaridade renda dentre outros e no que se refere aos

riscos os principais referidos por Santos at al (2014) satildeo prematuridade e baixo peso ao

nascer Jaacute Gravena (2013) refere que estatildeo relacionados agrave gravidez precoce riscos

aumentados ao receacutem-nascido de baixo peso ao nascer deficiecircncias de micronutrientes e

restriccedilatildeo do crescimento intrauterino levando a alteraccedilotildees na evoluccedilatildeo dessa gestaccedilatildeo e no

crescimento fetal o que pode resultar tambeacutem em parto prematuro

Cesar (2011) em estudo sobre gestaccedilatildeo na adolescecircncia encontrou 2018 de matildees

adolescentes e mostrou que estas estiveram de forma sistemaacutetica em desvantagem em

relaccedilatildeo agraves demais matildees tanto no que se refere a caracteriacutesticas socioeconocircmicas quanto na

assistecircncia recebida durante a gestaccedilatildeo e o parto Afirma que as adolescentes possuiacuteam pior

niacutevel de escolaridade e renda familiar viviam mais comumente sem companheiro realizaram

um menor nuacutemero de consultas de preacute-natal iniciaram estas consultas mais tardiamente

referiram com maior frequecircncia a presenccedila de anemia e corrimento vaginal patoloacutegico e foram

mais submetidas ao uso de foacutercipe e episiotomia Considerando-se as categorias adolescentes

precoces e adolescentes do presente estudo tem-se uma taxa de 210 proacutexima da

encontrada por Cesar (2011)

20

Mulheres entre 20 e 35 anos satildeo consideradas adultas jovens e apresentam resultados

obsteacutetricos e neonatais mais favoraacuteveis quando comparadas as adolescentes e a mulheres em

idade avanccedilada Neste estudo as adultas jovens representaram a maior parte da populaccedilatildeo

(695) Este achado corrobora para os resultados obsteacutetricos e neonatais favoraacuteveis aqui

verificados Gravena et al (2013) verificou em seu estudo que adolescentes e mulheres em

idade tardia tiveram probabilidade maior de parto cesaacutereo em relaccedilatildeo agraves adultas No que se

refere ao baixo peso ao nascer tanto as gestantes adolescentes quanto as em idade avanccedilada

apresentaram mais chance de possuiacuterem filhos receacutem-nascidos com baixo peso quando

comparadas as adultas

A taxa de fecundidade vem apresentando queda no Brasil nos uacuteltimos anos segundo dados do

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) em 2000 a taxa de fecundidade era de 24

filhos por mulher e em 2014 foi menor que 18 filhos por mulher (IBGE 2013) Dentre os vaacuterios

fatores que colaboraram para esta transiccedilatildeo na taxa de fecundidade encontram-se a

elaboraccedilatildeo e expansatildeo da estrateacutegia de sauacutede da famiacutelia e das poliacuteticas voltadas para a

mulher no ciclo graviacutedico puerperal principalmente a Poliacutetica Nacional de Direitos Sexuais e

Direitos Reprodutivos lanccedilada em 2005 e a Poliacutetica Nacional de Planejamento Familiar

elaborada em 2007 que permitiu as mulheres expansatildeo do acesso a informaccedilotildees sobre o

planejamento familiar reprodutivo e oferta de meacutetodos contraceptivos (BRASIL 2007)

Define-se gestaccedilatildeo tardia aquela que ocorre acima dos 35 anos e aquelas com mais de 45

anos satildeo consideradas gestaccedilotildees com idade materna avanccedilada Os nascimentos em mulheres

com 35 anos ou mais tem aumentado de forma consistente no Brasil tendecircncia observada

principalmente nos paiacuteses industrializados As mudanccedilas nos haacutebitos de vida como maior niacutevel

de escolaridade maior inserccedilatildeo no mercado de trabalho e na expectativa de vida da mulher

estimulam a postergaccedilatildeo do momento da primeira gravidez que acaba acontecendo em idades

superiores apoacutes serem atingidos outros objetivos de vida pessoais e profissionais Soma-se a

isso o advento da reproduccedilatildeo assistida que permite as mulheres engravidarem em idades mais

avanccediladas periacuteodo de comprovada diminuiccedilatildeo da fertilidade Haacute que se considerar que em

paiacuteses em desenvolvimento como o Brasil a maior parte das gestaccedilotildees tardias acontece em

situaccedilotildees de multiparidade o que tambeacutem envolve riscos (SILVA 2009)

21

A gestaccedilatildeo tardia apresenta risco similar a gestaccedilatildeo na adolescecircncia em alguns aspectos

conforme citado anteriormente e mais elevados em situaccedilotildees como abortamento espontacircneo

gravidez ectoacutepica anormalidades cromossocircmicas e malformaccedilotildees congecircnitas (SILVA 2009)

Gravena et al (2013) cita que nas mulheres com gestaccedilatildeo tardia tecircm sido observados mais

abortamentos espontacircneos e induzidos maior risco para mortalidade perinatal baixa vitalidade

do receacutem- nascido baixo peso ao nascer parto preacute-termo e fetos pequenos para idade

gestacional As gestaccedilotildees de mulheres de idade materna avanccedilada tecircm sido consideradas

como de alto risco em decorrecircncia principalmente da incidecircncia crescente de siacutendromes

hipertensivas ruptura prematura de membranas presenccedila de diabetes aleacutem de maior chance

do iacutendice de Apgar no quinto minuto ser menor que sete

Analisando os 1434 partos registrados no livro no mesmo periacuteodo e nos quais estatildeo incluiacutedos

os 714 partos das enfermeiras residentes o percentual de primiacuteparas e multiacuteparas foi de 415

e 583 respectivamente valores muito proacuteximos aos encontrados nos partos assistidos pelas

enfermeiras residentes

Idade gestacional

Conceitua-se gravidez preacute-termo aquela cuja idade gestacional encontra-se entre 22 e 37

semanas ou entre 154 a 259 dias (ACOG 2013) A prematuridade eacute um evento que afeta a

vida da famiacutelia e do RN de forma significativa envolvendo aspectos bioloacutegicos psicoloacutegicos e

sociais de difiacutecil mensuraccedilatildeo e que devem ser considerados pela equipe que assiste a famiacutelia

prematura (RAMOS 2009)

A prematuridade tem sido estudada como uma das causas importantes de mortalidade infantil

O receacutem-nascido imaturo apresenta desenvolvimento incompleto de oacutergatildeos como ceacuterebro e

pulmotildees aleacutem de limitaccedilatildeo da funccedilatildeo renal e imaturidade da funccedilatildeo hepaacutetica podendo sofrer

seacuterios comprometimentos ou intercorrecircncias (GRAVENA 2013) A literatura cita alguns fatores

de risco gestacionais associados agrave prematuridade tais como parto prematuro preacutevio gestaccedilatildeo

muacuteltipla histoacuteria materna de um ou mais abortos espontacircneos no segundo trimestre

comprimento cervical lt 30 cm baixo niacutevel socioeconocircmico idade materna lt18 anos ou gt40

22

anos primiparidade (mais frequente no primeiro filho) complicaccedilotildees maternas (cliacutenicas ou

obsteacutetricas) atividade fiacutesica aumentada tabagismo uso de cocaiacutena acompanhamento preacute-

natal inadequado ou ausente situaccedilotildees de alto estresse crescimento intrauterino restrito

(CIUR) anomalias congecircnitas polihidracircmnios ruptura prematura de membranas preacute-termo

(RPMPT) descolamento de placenta presenccedila de DIU mioma (particularmente submucoso ou

subplacentaacuterio) anomalias uterinas insuficiecircncia istmo-cervical infecccedilotildees maternas siacutendrome

antifosfoliacutepide trauma cirurgia (RAMOS 2009)

O American College of Obstetricians and Gynecologists (ACOG 2013) classifica a gravidez

aleacutem de 37 semanas da seguinte maneira

Termo precoce entre 37 semanas e 38 semanas e 6 dias

Termo completo entre 39 semanas e 40 semanas e 6 dias

Termo tardio entre 41 semanas e 41 semanas e 6 dias

Poacutes-termo 42 semanas em diante

Neste estudo a grande maioria dos partos assistidos pelas enfermeiras residentes foi de

gestaccedilotildees a termo (900) Tal fato se justifica pela maior atuaccedilatildeo da enfermagem obsteacutetrica

nas gestaccedilotildees de risco habitual A meacutedia de idade gestacional da amostra deste estudo foi de

38 semanas sendo a menor idade gestacional encontrada 24 semanas e a maior 42 semanas

Os partos preacute-termo e poacutes-termo ou seja de maior risco satildeo preferencialmente

acompanhados por meacutedico obstetra Eacute rotina da instituiccedilatildeo em estudo a induccedilatildeo do trabalho

de parto nas gestaccedilotildees acima de 41 semanas Tambeacutem por esse motivo pode-se justificar a

atuaccedilatildeo das enfermeiras residentes em menos de 05 de partos poacutes-termo

O ACOG define gestaccedilatildeo poacutes-termo ou gestaccedilatildeo prolongada como aquela que se estende

aleacutem de 42 semanas ou 294 dias de gestaccedilatildeo (ACOG 2013) Para Amorim (2010) as

gestaccedilotildees aleacutem de 42 semanas ocorrem em aproximadamente 5 dos casos jaacute as aleacutem de 41

semanas em cerca de 10 A causa mais comum de gestaccedilatildeo poacutes-termo eacute o erro de dataccedilatildeo

e quando realmente existe a causa eacute desconhecida sendo a primiparidade o principal fator de

risco associado Mais raramente outros fatores podem estar presentes como a anencefalia

23

deficiecircncia de sulfatase placentaacuteria feto do sexo masculino e predisposiccedilatildeo geneacutetica (BRASIL

2011) O maior temor relacionado agrave gestaccedilatildeo prolongada eacute de que ocorra insuficiecircncia

placentaacuteria com reduccedilatildeo do aporte de nutriente e oxigecircnio para o bebecirc o que pode acarretar

aumento da morbidade e mortalidade perinatal Com maior frequecircncia de morte perinatal

anormalidade da frequecircncia cardiacuteaca fetal intraparto eliminaccedilatildeo de mecocircnio macrossomia e

cesariana (AMORIM 2010)

No Brasil tem sido frequente a indicaccedilatildeo de cesariana quando a gestaccedilatildeo ultrapassa 40

semanas sobretudo no setor privado poreacutem esta conduta natildeo eacute corroborada por evidecircncias

Amorim (2010) em compilado sobre o tema cita uma revisatildeo sistemaacutetica publicada em 2003 na

qual concluiacuteram que a induccedilatildeo do parto a partir de 41 semanas quando comparada agrave conduta

expectante resultou em menor taxa de cesaacuterias (201 x 22) e de liacutequido amnioacutetico meconial

(224 x 277) poreacutem natildeo houve diferenccedila em termos de mortalidade perinatal escores de

Apgar admissatildeo em UTI neonatal e siacutendrome de aspiraccedilatildeo meconial Em 2012 outra revisatildeo

sistemaacutetica disponiacutevel na biblioteca Cochrane incluindo 22 ensaios cliacutenicos randomizados e

9383 mulheres submetidas aacute induccedilatildeo do parto mostrou reduccedilatildeo significativa do risco relativo de

morte perinatal e de cesariana Natildeo houve diferenccedila na taxa de natimortos ou de morte

neonatal nos dois grupos A incidecircncia da siacutendrome de aspiraccedilatildeo meconial foi menor no grupo

submetido agrave induccedilatildeo do parto poreacutem natildeo houve diferenccedila na frequecircncia de asfixia perinatal

baixos escores de Apgar e admissatildeo em UTI neonatal Os autores sugerem que a induccedilatildeo do

parto a partir de 41 semanas reduz as taxas de cesariana sem comprometer o prognoacutestico

perinatal Aleacutem disso o estudo mostrou maior satisfaccedilatildeo das gestantes submetidas agrave induccedilatildeo

do parto Recomenda-se que as mulheres sejam esclarecidas sobre riscos e benefiacutecios

associados agrave induccedilatildeo do parto a partir de 41 semanas (AMORIM 2010)

Posiccedilatildeo de parto

Os benefiacutecios da livre movimentaccedilatildeo da parturiente durante o trabalho de parto tais como a

reduccedilatildeo de sua duraccedilatildeo melhora do conforto materno e reduccedilatildeo do uso de analgeacutesicos satildeo

sustentados por evidecircncias cientiacuteficas (SOUSA 2013) A adoccedilatildeo de postura vertical e

movimentaccedilatildeo podem aleacutem de diminuir a dor materna facilitar a circulaccedilatildeo materno-fetal e a

descida do feto na pelve materna melhorar as contraccedilotildees uterinas e diminuir o trauma perineal

24

(SILVA 2011)

A OMS (1996) classifica como praacuteticas demonstradamente uacuteteis e que devem ser estimuladas

(categoria A) a liberdade de posiccedilatildeo e movimento durante o trabalho de parto e o estiacutemulo a

posiccedilotildees natildeo supinas durante o trabalho de parto Jaacute o uso rotineiro de posiccedilatildeo supina

(decuacutebito dorsal) durante o trabalho de parto e o uso de rotina da posiccedilatildeo de litotomia com ou

sem perneiras durante o trabalho de parto satildeo classificadas como praacuteticas claramente

prejudiciais e que devem ser eliminadas (categoria B)

Uma revisatildeo sistemaacutetica sobre assistecircncia ao segundo e terceiro periacuteodos do trabalho de parto

publicada em 2010 mostra que a posiccedilatildeo supina tem sido amplamente usada no segundo

periacuteodo do trabalho de parto contrariando a evidecircncia fisioloacutegica da reduccedilatildeo da eficiecircncia

uterina e do fluxo sanguiacuteneo placentaacuterio nessa posiccedilatildeo A posiccedilatildeo litotocircmica eacute ainda

recomendada em alguns tratados tradicionais de Obstetriacutecia mas as posiccedilotildees alternativas

incluem uma gama de posiccedilotildees que podem trazer benefiacutecios para o parto posiccedilatildeo lateral

(Sims) vertical (sentada semi-sentada de coacutecoras ou ajoelhada) e de quatro apoios A

imersatildeo em aacutegua durante o periacuteodo expulsivo do trabalho de parto aumentou o registro de

satisfaccedilatildeo por parte das parturientes no que diz respeito aos puxos mas ainda natildeo haacute

evidecircncias sobre os efeitos da imersatildeo em aacutegua no segundo estaacutegio especialmente sobre a

morbidade materna e neonatal (AMORIM 2010)

Estudos apontam que posiccedilotildees verticalizadas ou a posiccedilatildeo lateral associaram-se com reduccedilatildeo

da duraccedilatildeo do segundo periacuteodo do parto reduccedilatildeo nas anormalidades da frequecircncia cardiacuteaca

fetal bem como reduccedilatildeo de relatos de dor grave e episiotomia Ocorre no entanto maior perda

de sangue estimada (acima de 500 mL) sem repercussotildees cliacutenicas consideraacuteveis A conclusatildeo

dos revisores eacute que as mulheres devem ser encorajadas a parir na posiccedilatildeo que lhes for mais

confortaacutevel com o balanccedilo das evidecircncias a favor das posturas natildeo supinas (AMORIM 2010)

Mouta et al (2008) e Rocha Fonseca (2010) encontraram percentuais entre 50 e 78 de

posiccedilatildeo vertical em partos assistidos exclusivamente por enfermeiras obstetras em

maternidades puacuteblicas do Rio de Janeiro Em um CPN de Satildeo Paulo apenas 13 dos partos

foram assistidos em posiccedilatildeo horizontal contra 776 assistidos em posiccedilatildeo vertical (SOUZA

2011)

25

Sousa (2013) observou em seu estudo com 61 mulheres assistidas em Hospital da rede puacuteblica

de Belo Horizonte que mais de 75 pariram deitadas de costas com pernas levantadas sem

uso de perneiras As demais mulheres deram a luz em posiccedilatildeo de coacutecoras (98) deitada de

lado (66) sentadareclinada (66) ou Gaskin (16)

A maternidade do HRTN faz parte da rede de hospitais de Belo Horizonte que assinou o Termo

de Compromisso das Maternidades do SUS-BH estabelecido pela Comissatildeo Perinatal da

Secretaria Municipal de Sauacutede de Belo Horizonte (SMSA-BH) o qual estabelece metas para

diversos indicadores assistenciais objetivando humanizar a assistecircncia e reduzir as taxas de

cesariana nas maternidades da rede puacuteblica de Belo Horizonte No que se refere a posiccedilatildeo de

parto a SMSA-BH tem como meta que mais de 70 dos partos sejam realizados em posiccedilatildeo

natildeo supina Segundo dados institucionais fornecidos pela coordenaccedilatildeo da maternidade sobre

todos os partos do HRTN no mesmo periacuteodo deste estudo a taxa de partos em posiccedilatildeo natildeo

supina variou de 6202 em abril de 2014 a 8138 em abril de 2013

Diante dos resultados deste estudo eacute possiacutevel inferir que no HRTN a equipe incentiva e apoia o

uso de deambulaccedilatildeo e posiccedilotildees verticalizadas durante o trabalho de parto e periacuteodo expulsivo

As mulheres devem orientadas sobre os benefiacutecios da verticalizaccedilatildeo para a evoluccedilatildeo do

trabalho de parto No momento do parto deve haver incentivo agrave livre escolha da posiccedilatildeo dentro

das possibilidades da maternidade Ainda natildeo haacute disponibilidade de parto com imersatildeo em

aacutegua mas haacute quartos PPP (preacute-parto parto e poacutes-parto) com chuveiro bola suiacuteccedila banquinho

meia lua escada de Ling e espaccedilo fiacutesico que permite deambulaccedilatildeo Em alguns plantotildees a

equipe conta com a participaccedilatildeo das Doulas no cuidado agrave mulher em trabalho de parto

Os resultados deste estudo satildeo similares aos encontrados por Sousa (2013) o que mostra que

ambas as instituiccedilotildees componentes do SUS em Belo Horizonte que tem atuaccedilatildeo efetiva das

enfermeiras obstetras estimulam o parto em posiccedilotildees verticalizadas e provavelmente

respeitam a livre escolha da posiccedilatildeo de parto

O fato da maior parte dos partos serem em posiccedilatildeo semi-sentada gera certa inquietaccedilatildeo pois

26

sabe-se que esta posiccedilatildeo permite maior controle e melhor visibilidade sendo cocircmoda para o

profissional que assiste ao parto Outra justificativa possiacutevel para a grande porcentagem de

partos semi-sentada pode ser a falta de informaccedilatildeo eou orientaccedilatildeo das

mulheresacompanhantes sobre a possibilidade de parirem em outras posiccedilotildees que lhe sejam

confortaacuteveis Ressalta-se a necessidade de orientaccedilatildeo e incentivo quanto agrave liberdade de

posiccedilatildeo e sobre os benefiacutecios das posiccedilotildees verticalizadas para o trabalho de parto e periacuteodo

expulsivo desmitificando a claacutessica posiccedilatildeo de parto e empoderando-as a escolher a posiccedilatildeo

que lhes for mais confortaacutevel

Episiotomia

A episiotomia foi inicialmente proposta com o objetivo de facilitar o parto reduzindo o trauma

perineal e facilitando o reparo Entretanto natildeo obstante a indicaccedilatildeo de livros-texto sua

realizaccedilatildeo de rotina natildeo pode ser recomendada uma vez que existem vaacuterias evidecircncias de que

natildeo eacute necessaacuteria e de que pode ser prejudicial (AMORIM 2010)

Entre as principais morbidades relacionadas agrave episiotomia estatildeo a dor perineal e o

sangramento aumentado Nesses casos devido a urgecircncia os traumas perineais muitas vezes

satildeo suturados sem a boa visualizaccedilatildeo do local podendo produzir acidentes com lesatildeo no trato

geniturinaacuterio e nas estruturas do assoalho peacutelvico causando hipermobilidade uretral e prolapso

genital Apoacutes o parto tambeacutem podem surgir hematuacuteria incapacidade vesical e incontinecircncia

urinaacuteria (RIESCO et al 2011)

A OMS (1996) considera o uso liberal e rotineiro de episiotomia uma praacutetica claramente

prejudicial e que deve ser eliminada (categoria B) Embora os dados disponiacuteveis na literatura

revelem que a realizaccedilatildeo de episiotomia natildeo cumpre os objetivos que justificariam sua

realizaccedilatildeo de forma rotineira sejam eles a prevenccedilatildeo de lesotildees nas genitais da matildee ou na

cabeccedila do receacutem-nascido ainda hoje tal intervenccedilatildeo permanece sendo usada de forma

abusiva em muitas instituiccedilotildees de sauacutede

Em revisatildeo sistemaacutetica incluindo oito ensaios cliacutenicos (n=5541) observou-se que comparada

agrave episiotomia de rotina a episiotomia seletiva (com indicaccedilatildeo precisa) esteve associada com

27

menos trauma perineal grave menor necessidade de suturas menos complicaccedilotildees na

cicatrizaccedilatildeo e mais trauma perineal anterior Natildeo houve diferenccedila na frequecircncia de trauma

vaginal ou perineal grave dispareunia incontinecircncia urinaacuteria ou dor intensa Os revisores

recomendam que a episiotomia natildeo seja realizada rotineiramente e quando necessaacuteria seja

realizada com o consentimento poacutes-informaccedilatildeo da parturiente (AMORIM 2010)

Cesar (2011) encontrou ocorrecircncia meacutedia de episiotomia de 72 entre as 2557 gestantes

estudadas no Sul do Brasil Houve variaccedilatildeo de 86 entre as adolescentes e 66 entre as

demais matildees As taxas encontradas foram bastante elevadas principalmente entre as

adolescentes o que indica baixa incorporaccedilatildeo de praacuteticas baseadas em evidecircncia na

assistecircncia ao parto no cenaacuterio do estudo

Em contrapartida Sousa (2013) verificou em seu estudo em uma maternidade da rede puacuteblica

de Belo Horizonte iacutendice de episiotomia em torno de 11 e observou seguranccedila na praacutetica dos

profissionais de sauacutede envolvidos na assistecircncia ao parto da instituiccedilatildeo estudada no que se

refere ao uso seletivo desse procedimento e aos criteacuterios de utilizaccedilatildeo Tal instituiccedilatildeo tem

princiacutepios humanizados e grande inserccedilatildeo de enfermeiras obstetras na assistecircncia ao parto o

que pode tambeacutem ter justificado a baixa taxa de episiotomia encontrada

Considerando todos os partos realizados no HRTN no periacuteodo deste estudo a taxa de

episiotomia variou entre 90 em abril de 2013 a 149 em abril de 2014 A SMSA-BH tem

como meta de realizaccedilatildeo de episiotomia em menos de 30 dos partos vaginais Considerando

os 1434 partos assistidos por EO no mesmo periacuteodo a taxa de episiotomia foi de 46 o que

mostra uso criterioso do procedimento por parte desta categoria profissional

No presente estudo a taxa de episiotomia foi 42 Nestes casos a episiotomia pode ter sido

indicada devido a periacuteneo resistente no intuito de prevenir laceraccedilotildees graves mesmo que natildeo

haja respaldo cientiacutefico para tal praacutetica Tambeacutem em situaccedilotildees de estado fetal natildeo

tranquilizador durante o periacuteodo expulsivo jaacute com o feto em planos avanccedilados no intuito de

acelerar o nascimento ou mesmo por distoacutecia de ombro ou outra complicaccedilatildeo sendo uma

decisatildeo conjunta entre preceptor e residente Deve-se considerar que a baixas taxas de

28

episiotomia nos partos assistidos por enfermeiras residentes satildeo reflexo da atuaccedilatildeo da

preceptoria tanto de enfermeiras obstetras como de meacutedicos obstetras A episiotomia natildeo foi

realizada em 9538 dos partos o que mostra que as residentes em enfermagem obsteacutetrica

faziam uso seletivo do procedimento Um aspecto relevante deste estudo eacute que mesmo com a

baixa taxa de episiotomia encontrou-se pequenas taxas de laceraccedilotildees perineais de terceiro

(28) e quarto grau (028) Isso aponta para um modelo de assistecircncia obsteacutetrico com

incorporaccedilatildeo de praacuteticas baseadas em evidecircncias cientiacuteficas na maternidade do HRTN

Contato pele a pele

As praacuteticas referentes ao contato da matildee com seu bebecirc e ao aleitamento materno ainda na

sala de parto satildeo tambeacutem indicadores relevantes da qualidade da atenccedilatildeo ao parto

humanizado e segundo a OMS (1996) e MS (2001) deve ser encorajada no parto normal

(categoria A)

O passo quatro da Iniciativa Hospital Amigo da Crianccedila (IHAC) preconiza que os bebecircs que

tenham condiccedilotildees cliacutenicas favoraacuteveis permaneccedilam por pelo menos uma hora junto agrave pele da

matildee e que iniciem o aleitamento materno ainda na primeira meia hora apoacutes o nascimento

independentemente da via de parto (BRASIL 2010)

O contato pele a pele precoce melhora os resultados neonatais em termos de menor choro e

maior estabilidade cardiorrespiratoacuteria e aumenta significativamente o sucesso da

amamentaccedilatildeo sem efeitos negativos aparentes em curto e longo prazo segundo estudo de

meta-anaacutelise O contato pele a pele da matildee com o receacutem-nascido por pelo menos 30 minutos

na primeira hora de vida aleacutem de propiciar o envolvimento matildee-filho e o aleitamento materno

eacute um indicativo de que o parto transcorreu adequadamente Aleacutem disso favorece o viacutenculo

afetivo propiciando o reconhecimento entre matildee e filho pode aumentar a autoestima materna

diminuir a ansiedade melhorar os sentimentos de aceitaccedilatildeo do seu novo papel e a satisfaccedilatildeo

durante o processo de parto (MOORE et al 2012)

Apesar de o contato pele a pele ser uma praacutetica demonstradamente uacutetil e que deve ser

encorajada no parto normal especificamente tambeacutem pode e deve ser promovida no parto

29

operatoacuterio Sousa (2013) verificou em sua pesquisa que dos 89 receacutem-nascidos vivos o

contato precoce entre matildee e filho foi garantido em mais de 77 dos partos embora a maior

frequecircncia tenha ocorrido entre os filhos nascidos de parto normal

Na maternidade do HRTN o contato pele a pele eacute incentivado e apoiado por toda a equipe

multiprofissional sendo uma praacutetica consolidada conforme apontam os resultados deste

estudo As parturientes devem ser orientadas sobre os benefiacutecios desta praacutetica e preparadas

para receber seus RN apoacutes o nascimento A assistecircncia ao RN estaacutevel deve ser feita

preferencialmente no colo da matildee e quando houver necessidade de encaminhar o RN ao

berccedilo aquecido assim que este estabelecer condiccedilotildees favoraacuteveis deve retornar para o contato

pele a pele Assim como o contato pele a pele a amamentaccedilatildeo na primeira hora de vida

tambeacutem deve ser apoiada e estimulada respeitando o desejo da mulher

No presente estudo o contato pele a pele na primeira hora de vida foi realizado em 9440 dos

partos Os 475 em que natildeo foi realizado pode ter como justificativa o nascimento de um RN

deprimido sem condiccedilotildees cliacutenicas de permanecer com a matildee e que necessitaram de

assistecircncia pediaacutetrica seja reanimaccedilatildeo neonatal ou transferecircncia para unidade neonatal

Tambeacutem pode ter como justificativa impossibilidade materna ou desejo de natildeo realizar contato

pele a pele

Pela pactuaccedilatildeo da maternidade em estudo com a SMSA-BH a meta eacute que 100 dos receacutem-

nascidos vivos realizem contato pele a pele efetivo na primeira hora de vida Considerando

todos os partos realizados na instituiccedilatildeo no mesmo periacuteodo deste estudo este indicador variou

entre 905 em abril de 2013 a 960 em agosto de 2013 segundo dados institucionais

fornecidos pela coordenaccedilatildeo a maternidade Estes dados sinalizam boa incorporaccedilatildeo desta

praacutetica pela equipe mas indicam tambeacutem necessidade de melhoria para que seja atingida a

meta

Acompanhante

A presenccedila de acompanhante durante todo o periacuteodo de internaccedilatildeo eacute um direito conquistado

pelas mulheres assegurado na Lei nordm 111082005 regulamentado pelo Ministeacuterio da Sauacutede

30

pela Portaria nordm 24182005 portanto obrigatoacuterio em todas as instituiccedilotildees sejam elas puacuteblicas

ou privadas (BRASIL 2005) Esta praacutetica eacute classificada pela OMS como demonstradamente uacutetil

e que deve ser estimulada (categoria A)

A presenccedila do acompanhante durante o processo de parturiccedilatildeo pode proporcionar bem-estar

fiacutesico e emocional agrave mulher e benefiacutecios clinicamente significativos ao binocircmio matildee-filho Os

efeitos do suporte agrave mulher foram encontrados em recente meta-anaacutelise e estatildeo associados agrave

menor duraccedilatildeo do trabalho de parto uso de ocitocina reduccedilatildeo de cesariana e de partos

vaginais instrumentais diminuindo ainda a utilizaccedilatildeo de analgesia intraparto e melhorando os

iacutendices de Apgar no quinto minuto (SOUSA 2013)

Outros estudos destacam ainda a importacircncia do acompanhante quando este se envolve natildeo

soacute no apoio fiacutesico e emocional mas tambeacutem no desenvolvimento junto agrave parturiente de accedilotildees

como massagem auxiacutelio e encorajamento durante a deambulaccedilatildeo banho e tambeacutem no

periacuteodo expulsivo o que proporciona tambeacutem maior grau de satisfaccedilatildeo com o parto Sousa

(2013) verificou em sua pesquisa que quase a totalidade (922) das mulheres assistidas em

uma instituiccedilatildeo de sauacutede da rede puacuteblica de Belo Horizonte permaneceu com o acompanhante

de sua escolha durante o periacuteodo de internaccedilatildeo sendo a maioria o companheiro pai da

crianccedila (627)

No HRTN a presenccedila de acompanhante familiar de livre escolha eacute uma praacutetica consolidada

pela instituiccedilatildeo e apoiada pela equipe multiprofissional A valorizaccedilatildeo do acompanhante deve

acontece em todas as etapas da internaccedilatildeo durante o trabalho de parto os acompanhantes

podem ser encorajados a participar ativamente no apoio agrave parturiente ofertando meacutetodos

alternativos para aliacutevio da dor como massagens por exemplo No momento do parto quando

possiacutevel pode ser oferecido ao familiar que corte o cordatildeo umbilical o que pode ter grande

representaccedilatildeo simboacutelica para aquela famiacutelia No puerpeacuterio os acompanhantes devem ser

orientados junto aacute mulher sobre os cuidados com o RN aleitamento materno e como apoiar a

matildee na nova fase

No presente estudo houve acompanhante familiar em 960 dos partos assistidos pelas

enfermeiras residentes Partos sem acompanhante familiar foram apenas 37 Estes dados

31

corroboram com a afirmaccedilatildeo de que a presenccedila do acompanhante familiar eacute uma praacutetica

consolidada e respeitada pela equipe da maternidade do HRTN

Analgesia

Meacutetodos natildeo farmacoloacutegicos

A OMS (1996) recomenda que o uso de meacutetodos natildeo farmacoloacutegicos para aliacutevio da dor deve

ser privilegiado durante a assistecircncia ao trabalho de parto considerando-os como ldquopraacuteticas

reconhecidamente uacuteteis e que devem ser estimuladasrdquo Categoria A na recomendaccedilatildeo de boas

praacuteticas na assistecircncia ao parto

Entre as praacuteticas natildeo medicamentosas tem-se estudado o uso de acupuntura acupressura

hipnose teacutecnicas de relaxamento e respiraccedilatildeo aplicaccedilatildeo de frio e calor aromaterapia

aacuteudioanalgesia massagem deambulaccedilatildeo e banho de imersatildeo durante o parto (SILVA 2011)

Em um estudo de revisatildeo sistemaacutetica foram incluiacutedos 14 ensaios com 1448 parturientes que

utilizaram diferentes formas de tratamento para a dor (acupuntura hipnose audioanalgesia

aromaterapia massagem e relaxamento) A hipnose mostrou-se efetiva em termos de reduzir a

necessidade de meacutetodos farmacoloacutegicos para aliacutevio da dor aumentando o grau de satisfaccedilatildeo

materna Maior chance de parto vaginal e reduccedilatildeo da necessidade de analgesia A acupuntura

tambeacutem se associou a uma menor intensidade da dor e reduccedilatildeo do uso de ocitocina A eficaacutecia

de meacutetodos como acupressatildeo aromaterapia aacuteudioanalgesia relaxamento e massagem natildeo foi

ainda estabelecida sendo necessaacuterios ensaios cliacutenicos randomizados para avaliaccedilatildeo dessas

terapias complementares para aliacutevio da dor durante o trabalho de parto (PORTO 2010)

Deve-se considerar que o suporte contiacutenuo intraparto e as posiccedilotildees verticalizadas durante o

parto tambeacutem se associam agrave reduccedilatildeo da dor e maior grau de satisfaccedilatildeo materna como jaacute

demonstrado em revisotildees sistemaacuteticas A imersatildeo em aacutegua em banheiras ou similares durante

o trabalho de parto tem sido investigada como um meacutetodo de promoccedilatildeo de relaxamento e aliacutevio

da dor Em uma revisatildeo sistemaacutetica de 11 ensaios cliacutenicos a imersatildeo em aacutegua foi associada agrave

reduccedilatildeo no uso de analgesia e reduccedilatildeo no relato de dor sem prejudicar a duraccedilatildeo do trabalho

de parto as taxas de partos ciruacutergicos ou o bem-estar neonatal (PORTO 2010)

32

A SMSA-BH recomenda que os meacutetodos natildeo farmacoloacutegicos para aliacutevio da dor sejam ofertados

a 100 das mulheres em trabalho de parto De acordo com dados institucionais fornecidos

pela coordenaccedilatildeo da maternidade a oferta variou entre 7571 em julho de 2013 a 8778 em

julho de 2013 considerando todos os partos realizados na instituiccedilatildeo no periacuteodo de abril de

2013 a abril de 2014

No livro fonte de dados deste estudo a oferta de meacutetodos natildeo farmacoloacutegicos natildeo eacute registrada

natildeo sendo possiacutevel quantificar estes dados nos partos assistidos por REO mas pode-se inferir

que esta eacute uma praacutetica adotada pelas enfermeiras obstetras e residentes quando se observa

por exemplo as baixas taxas de analgesia farmacoloacutegica em torno de 16 nos partos

assistidos por estas profissionais

Meacutetodos farmacoloacutegicos

Classicamente vaacuterios meacutetodos farmacoloacutegicos foram propostos mas existe consenso

atualmente de que se algum meacutetodo farmacoloacutegico for indicado para aliacutevio da dor durante o

trabalho de parto a analgesia regional com peridural ou teacutecnica combinada (raquidiana e

peridural) deve ser empregada preferencialmente em relaccedilatildeo ao uso de opioacuteides sistecircmicos ou

analgesia inalatoacuteria A teacutecnica ideal para analgesia de parto deveria ter miacutenima ou ausente

transferecircncia placentaacuteria ausecircncia de efeitos sobre o fluxo sanguiacuteneo uteroplacentaacuterio efeitos

miacutenimos e reversiacuteveis sobre o feto e neonato ausecircncia de efeito ocitoacutecico ou tocoliacutetico e

ausecircncia de bloqueio motor (PORTO 2010)

Uma revisatildeo sistemaacutetica realizada em 2011 incluindo 38 estudos comprovou a eficaacutecia da

analgesia peridural para reduccedilatildeo da dor de mulheres durante o processo de parto mas

tambeacutem revelou maior risco de parto instrumental maior necessidade de ocitocina e aumento

da duraccedilatildeo do segundo estaacutegio do parto Natildeo houve associaccedilatildeo dessa intervenccedilatildeo com risco

de cesariana cefaleacuteia e escores de Apgar menores que sete no quinto minuto (AMORIM

2011)

Na maternidade em estudo a analgesia farmacoloacutegica seja por teacutecnica peridural ou

raquianestesia eacute considerada um direito da mulher de acordo com os princiacutepios da

humanizaccedilatildeo e eacute ofertada conforme desejo da parturiente apoacutes a oferta de diferentes meacutetodos

33

natildeo farmacoloacutegicos para aliacutevio da dor e sob orientaccedilotildees sobre os riscos e benefiacutecios do

procedimento ou nos casos em que haacute indicaccedilatildeo cliacutenica para realizaccedilatildeo do mesmo A teacutecnica

de analgesia empregada na instituiccedilatildeo permite na maior parte dos casos a deambulaccedilatildeo

movimentaccedilatildeo e uso concomitante de outros meacutetodos alternativos de aliacutevio da dor como

chuveiro Isto pode influenciar para o desfecho favoraacutevel dos partos conforme mostram as

evidecircncias sobre movimentaccedilatildeo e verticalizaccedilatildeo durante o trabalho de parto

A SMSA-BH recomenda a utilizaccedilatildeo de analgesia quando esgotados os recursos natildeo

farmacoloacutegicos para aliacutevio da dor em torno de 30 dos partos normais A proporccedilatildeo de parto

normal com analgesia variou de 141 em janeiro de 2014 e 279 em agosto de 2013

considerando todos os partos realizados na instituiccedilatildeo no mesmo periacuteodo deste estudo

Considerando os 1434 assistidos por EO no periacuteodo do estudo 147 recebeu analgesia por

teacutecnica peridural e 11 raquidiana Os demais 841 dos partos foi sem analgesia

farmacoloacutegica

No presente estudo a analgesia farmacoloacutegica foi realizada em 176 dos partos sendo 166

por teacutecnica peridural e 11 raquidiana Analgesia natildeo foi realizada em 822 dos partos

assistidos por REO Estes dados demonstram que a oferta de meacutetodos natildeo farmacoloacutegicos

para aliacutevio da dor pode ter sido influenciado positivamente na escolha da parturiente em

receber ou natildeo a analgesia farmacoloacutegica

Laceraccedilotildees perineais

Laceraccedilotildees perineais satildeo traumas em estruturas componentes da vagina que podem ocorrer

de forma espontacircnea durante a passagem do feto pelo canal de parto ou em decorrecircncia de

episiotomia as quais podem se prolongar

A laceraccedilatildeo de primeiro grau eacute aquela que natildeo atinge nenhum muacutesculo estendendo-se atraveacutes

da fuacutercula mucosa vaginal e da pele Jaacute a laceraccedilatildeo de segundo grau acomete os muacutesculos

perineais poreacutem sem lesatildeo do esfiacutencter retal A laceraccedilatildeo de terceiro grau atinge essa

estrutura e algumas vezes prolonga-se ateacute a parede anterior do reto Neste uacuteltimo caso em

que a parede do reto eacute comprometida por vezes utiliza-se o termo laceraccedilatildeo de quarto grau

As laceraccedilotildees de primeiro e segundo grau satildeo consideradas leves e laceraccedilotildees de terceiro e

34

quarto grau satildeo consideradas graves pois podem levar agrave incontinecircncia urinaacuteria e fecal sendo

estas uacuteltimas mais raras (REZENDE 2005)

A ocorrecircncia de laceraccedilotildees perineais no parto normal depende de diversos fatores que podem

estar relacionados agraves condiccedilotildees maternas ao feto ao parto em si e ao prestador de serviccedilo

Embora estes fatores natildeo estejam definitivamente estabelecidos existem evidecircncias indicando

o local do parto e o profissional que assiste a escolaridade materna a paridade a altura do

periacuteneo a duraccedilatildeo do segundo estaacutegio do parto a cicatriz perineal anterior a infusatildeo de

ocitocina a posiccedilatildeo no parto a analgesia farmacoloacutegica os puxos dirigidos as manobras de

proteccedilatildeo perineal o peso e o periacutemetro cefaacutelico do RN como fatores relacionados entre

outros Quanto a integridade perineal sua chance aumenta entre as mulheres com um ou mais

partos vaginais anteriores (RIESCO et al 2011)

Estudos tambeacutem tecircm buscado associaccedilatildeo entre a posiccedilatildeo materna no parto e as laceraccedilotildees

perineais Sousa (2013) verificou que a posiccedilatildeo deitada de lado juntamente com a posiccedilatildeo de

coacutecoras foram as que tiveram maior ocorrecircncia de laceraccedilotildees de primeiro grau principalmente

com 750 e 833 dos casos respectivamente Essas duas posiccedilotildees tambeacutem foram as que

mais favoreceram para que as mulheres tivessem laceraccedilotildees na pesquisa desenvolvida por

Souza (2011) em um CPN do Rio de Janeiro com incidecircncia de 502 nos partos assistidos

em posiccedilatildeo lateral e 696 naqueles assistidos de coacutecoras Em ambas pesquisas a posiccedilatildeo de

Gaskin foi a que teve menor incidecircncia de traumas perineais seguida da posiccedilatildeo

sentadareclinada

Entre as principais morbidades relacionadas estatildeo a dor perineal e o sangramento aumentado

Apoacutes o parto tambeacutem podem surgir hematuacuteria incapacidade vesical e incontinecircncia urinaacuteria A

disfunccedilatildeo geniturinaacuteria e sexual produzida pelo trauma perineal pode ser tambeacutem devida agrave

perda ou diminuiccedilatildeo do tocircnus muscular perineal Poreacutem esse achado contrasta com dados de

outros estudos os quais concluiacuteram que a via de parto a paridade a idade materna o peso do

receacutem-nascido (RN) e a episiotomia natildeo foram fatores determinantes para a reduccedilatildeo da forccedila

muscular perineal Considerando os problemas em curto prazo (perda sanguiacutenea necessidade

de sutura e dor perineal) e em longo prazo (disfunccedilotildees intestinais urinaacuterias e sexuais)

35

associados ao trauma perineal no parto sua prevenccedilatildeo reduccedilatildeo e reparaccedilatildeo adequada satildeo

fatores importantes para as mulheres e os profissionais que as assistem (RIESCO 2010)

Considerando os 1434 partos assistidos por EO em 304 houve periacuteneo iacutentegro 447

laceraccedilotildees de primeiro grau 228 laceraccedilotildees de segundo grau 195 de terceiro grau e

014 de quarto grau Tais resultados satildeo proacuteximos aos verificados neste estudo e

associados com as baixas taxas de episiotomia nos partos assistidos pelas enfermeiras

residentes corroboram com a recomendaccedilatildeo do uso seletivo da episiotomia como um praacutetica

favoraacutevel

Escore de Apgar

O momento de transiccedilatildeo da vida intrauterina para extrauterina eacute crucial para o desenvolvimento

do bebecirc e deve ser minuciosamente preparado e vivenciado Eacute indispensaacutevel que nos

primeiros minutos de vida do neonato seja realizada avaliaccedilatildeo completa e sistemaacutetica visando

identificar desvios da normalidade e que forneccedila agraves informaccedilotildees baacutesicas sobre a vitalidade e a

adaptaccedilatildeo do RN agrave vida fora do ventre materno (BARBOSA 2006)

A avaliaccedilatildeo realizada imediatamente apoacutes o parto eacute composta pelo o escore de Apgar sendo

complementada com a avaliaccedilatildeo do aspecto geral a medida dos sinais vitais e medidas

antropomeacutetricas O iacutendice de Apgar avalia cinco criteacuterios cliacutenicos cor da pele frequecircncia

cardiacuteaca irritabilidade reflexa respiraccedilatildeo e tocircnus muscular O RN eacute avaliado no primeiro e no

quinto minuto de vida e cada criteacuterio garante de 0 a 2 pontos desencadeando assim uma soma

adequada entre 7 e 10 pontos Quando a soma total resulta em 4 a 6 pontos sugere dificuldade

moderada do RN em adaptar-se e menor que 4 pode indicar sofrimento Julga-se assim o grau

de adaptaccedilatildeo imediata e o grau de depressatildeo neuroloacutegica do RN nos primeiros cinco minutos

de vida (SBP 2011)

O iacutendice Apgar tem sido pouco utilizado para avaliar a qualidade de assistecircncia ao parto sendo

considerado um indicador pontual aleacutem de natildeo ser utilizado para determinar o iniacutecio da

reanimaccedilatildeo neonatal No entanto sua aplicaccedilatildeo permite avaliar a resposta do neonato agraves

manobras realizadas e a eficaacutecia dessas manobras O Apgar no quinto minuto eacute mais utilizado

36

para avaliaccedilatildeo da adaptaccedilatildeo do RN por melhor representa-la se comparado ao Apgar de

primeiro minuto Se o escore eacute inferior a 7 no 5ordm minuto recomenda-se realizaacute-lo a cada cinco

minutos ateacute 20 minutos de vida Eacute necessaacuterio documentar o escore de Apgar de maneira

concomitante agrave dos procedimentos de reanimaccedilatildeo executados (SBP 2011)

Eacute importante considerar que um Apgar baixo natildeo eacute necessariamente resultado de uma

assistecircncia ao parto e ao neonato inadequada assim como um bom iacutendice de Apgar natildeo indica

boa qualidade assistencial ao binocircmio Este iacutendice entretanto eacute um bom indicador para

resultados perinatais a longo prazo aleacutem de ser considerado importante preditor da avaliaccedilatildeo

do bem-estar e do prognoacutestico inicial do receacutem-nascido A avaliaccedilatildeo imediata do RN pode ser

feita por pediatra ou outro profissional capacitado para prestar a assistecircncia necessaacuteria desde

o suporte baacutesico ateacute a reanimaccedilatildeo neonatal Na maternidade do HRTN o pediatra eacute o

profissional responsaacutevel pela assistecircncia ao RN na sala de parto A instituiccedilatildeo possui UTI

neonatal para onde satildeo encaminhados os RN que necessitam de cuidados especiacuteficos Os

neonatos que apresentam boa vitalidade satildeo colocados em contato pele a pele com as matildees e

apoacutes permanecem em alojamento conjunto ateacute a alta

Pela SMSA-BH a meta de Apgar lt7 no quinto minuto eacute no maacuteximo 3 Este indicador variou

entre 08 em fevereiro de 2014 a 24 em novembro de 2013 considerando todos os partos

realizados na instituiccedilatildeo no mesmo periacuteodo do estudo ou seja esteve sempre dentro da meta

estabelecida

No presente estudo as dados sobre escore de Apgar foram divididos em Apgar lt7 (644) e gt7

(9356) no primeiro minuto lt7 (084) e gt 7 (9916) no quinto minuto Tais dados mostram

que a quase totalidade dos RN apresentava boas condiccedilotildees de vitalidade no primeiro e quinto

minuto A este dado se associa o incentivo e a alta taxa de contato pele a pele precoce sendo

um dos fatores que contribuem para melhor adaptaccedilatildeo a vida extrauterina aleacutem de assistecircncia

qualificada aos RN que necessitam de cuidados especiacuteficos ou reanimaccedilatildeo

37

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Os resultados deste estudo evidenciam que a assistecircncia ao parto prestada pelas residentes

em enfermagem obsteacutetrica foi coerente com as recomendaccedilotildees de boas praacuteticas em todos os

aspectos analisados consolidando as evidecircncias literaacuterias sobre a assistecircncia ao parto

promovida por enfermeiras obstetras Foi possiacutevel observar maioria de partos em posiccedilotildees

verticalizadas uso seletivo de episiotomia com baixa incidecircncia de laceraccedilotildees perineais

graves alto iacutendice de contato pele a pele presenccedila de acompanhante na maioria dos partos

baixas taxas de analgesia farmacoloacutegica e escores de Apgar que demonstram boa vitalidade

fetal em quase todos os receacutem-nascidos Diante do exposto eacute possiacutevel concluir que a atuaccedilatildeo

das enfermeiras residentes em enfermagem obsteacutetrica contribuiu para a obtenccedilatildeo de

resultados obsteacutetricos e neonatais favoraacuteveis na maternidade do HRTN

Devido agrave forma de organizaccedilatildeo e registro dos procedimentos no livro utilizado para coleta de

dados natildeo foi possiacutevel avaliar algumas praacuteticas obsteacutetricas tais como uso de ocitocina

amniotomia oferta de meacutetodos natildeo farmacoloacutegicos para aliacutevio da dor oferta de liacutequidos

durante o trabalho de parto e uso de partograma Estes dados seriam importantes para uma

anaacutelise mais detalhada sobre a assistecircncia ao parto Os dados institucionais fornecidos pela

coordenaccedilatildeo da maternidade forneceram uma dimensatildeo de algumas destas praacuteticas na

maternidade contudo natildeo foi possiacutevel neste estudo avaliar quantitativamente tais

procedimentos somente nos partos assistidos por enfermeiras residentes Sugere-se ampliaccedilatildeo

dos indicadores no livro de registro e padronizaccedilatildeo no seu preenchimento para melhor

qualificaccedilatildeo dos dados da assistecircncia ao parto prestada elas enfermeiras obstetrasresidentes

A capacitaccedilatildeo profissional no modelo de residecircncia eacute intensa e exige dedicaccedilatildeo A extensa

carga horaacuteria praacutetica aliada agrave teoria satildeo determinantes para uma formaccedilatildeo qualificada e

humana das enfermeiras residentes A possibilidade de atuar efetivamente na assistecircncia em

conjunto com outras categorias profissionais enriquece a formaccedilatildeo abrangendo diferentes

fases e situaccedilotildees do ciclo graviacutedico-puerperal Eacute importante salientar que a capacitaccedilatildeo das

enfermeiras obstetras nesta modalidade pioneira de residecircncia soacute foi possiacutevel graccedilas ao

estiacutemulo governamental com recursos provenientes do programa Rede Cegonha e os

esforccedilos conjuntos da Escola de Enfermagem da UFMG e demais instituiccedilotildees envolvidas

38

Os resultados deste estudo evidenciam a incorporaccedilatildeo do modelo assistencial humanizado e

baseado em evidecircncias cientiacuteficas pela equipe do HRTN O modelo colaborativo de assistecircncia

obsteacutetrica pode gerar resultados favoraacuteveis e promissores com as atuaccedilotildees complementares

entre as diferentes categorias profissionais A praacutetica supervisionada durante todo o processo

de formaccedilatildeo e a avaliaccedilatildeo constante das habilidades adquiridas pelas residentes satildeo

fundamentais para a consolidaccedilatildeo do conhecimento para maior seguranccedila das aprendizes e

para a oferta de uma assistecircncia qualificada e humanizada a mulher receacutem nascido e famiacutelia

A instituiccedilatildeo que acolhe as enfermeiras residentes obteacutem retorno positivo pois a atuaccedilatildeo

preceptorada das mesmas resulta em assistecircncia qualificada que atende a perspectiva da

praacutetica baseada em evidecircncia cientiacutefica segura com baixo custo e bons resultados obsteacutetricos

e neonatais Os resultados da atuaccedilatildeo das enfermeiras residentes refletem o modelo

institucional incorporado o qual eacute transmitido as residentes pelos preceptores O incentivo a

formaccedilatildeo de enfermeiras obstetras eacute fundamental para o fortalecimento desta categoria

profissional para maior inserccedilatildeo destas profissionais em espaccedilos aonde a assistecircncia ao parto

ainda eacute meacutedico-centrada e para mudanccedila do modelo obsteacutetrico hegemocircnico nacional

39

REFEREcircNCIAS

ACOG- American College of Obstetricians and Gynecologists- Committee opinion no 560 Medically indicated late-preterm and early-term deliveries Obstet Gynecol 2013 121908-10

AMORIM MMR SOUZA ASR PORTO AAF Indicaccedilotildees de cesariana baseadas em evidecircncias parte I FEMINA v 38 n 8 p 415-422 2010

AMORIM T e GUALDA DMR Coadjuvantes das mudanccedilas no contexto do ensino e da praacutetica da enfermagem obsteacutetrica Rev Rene Fortaleza 2011 outdez 12(4)833-40

BARBOSA R F et al Reanimaccedilatildeo Neonatal in ALVES FILHO N et al Perinatologia Baacutesica 3a ediccedilatildeo Guanabara Koogan Rio de Janeiro Cap21 p172 2006

BATALHA E O lugar das Enfermeiras e Obstetrizes Revista RADIS Ed 148 Jan 2015 P30 a 34

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Parto aborto e puerpeacuterio assistecircncia humanizada a mulher Brasiacutelia DF 2001

BRASIL Lei 11108 de 7 de abril de 2005 Altera a Lei 8080 de 19 de setembro de 1990 para garantir as parturientes o direito a presenccedila de acompanhante durante o trabalho de parto parto e poacutes-parto imediato no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede ndash SUS Brasiacutelia DF 07 abr 2005

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede Departamento de Accedilotildees Programaacuteticas Estrateacutegicas Aacuterea Teacutecnica de Sauacutede da Mulher Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos uma prioridade do governoMinisteacuterio da Sauacutede Secretaria de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede Departamento de Accedilotildees Programaacuteticas Estrateacutegicasndash Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 2005

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Poliacutetica Nacional de Planejamento Familiar Brasiacutelia DF 2007

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Portaria nordm 1459 de 24 de Junho de 2011 Institui no Sistema Uacutenico de Sauacutede SUS a Rede Cegonha Disponiacutevel em

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em 18 de Abril de 2014

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Iniciativa hospital amigo da crianccedila revista atualizada e ampliada para o cuidado integrado Brasiacutelia DF 2010

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Poliacutetica nacional de atenccedilatildeo integral a sauacutede da mulher princiacutepios e diretrizes Brasiacutelia DF 2011

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede Departamento de Atenccedilatildeo Baacutesica Atenccedilatildeo ao preacute-natal de baixo risco Ministeacuterio da Sauacutede Departamento de Atenccedilatildeo

40

Baacutesica ndash Brasiacutelia Editora do Ministeacuterio da Sauacutede 2012 318 p il ndash (Seacuterie A Normas e Manuais Teacutecnicos) (Cadernos de Atenccedilatildeo Baacutesica ndeg 32)

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em Sauacutede Departamento de Anaacutelise de Situaccedilatildeo de Sauacutede Sauacutede Brasil 2011 uma anaacutelise da situaccedilatildeo de sauacutede e a vigilacircncia da sauacutede da mulher Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em Sauacutede Departamento de Anaacutelise de Situaccedilatildeo de Sauacutede ndash Brasiacutelia Editora do Ministeacuterio da Sauacutede 2012 444 p il

BRASIL Presidecircncia da Repuacuteblica Objetivos de Desenvolvimento do Milecircnio Relatoacuterio Nacional de Acompanhamento Coordenaccedilatildeo Instituto de Pesquisa Econocircmica Aplicada e Secretaria de Planejamento e Investimentos Estrateacutegicos supervisatildeo Grupo Teacutecnico para o acompanhamento dos ODM - Brasiacutelia Ipea MP SPI 2014 208 p il graacutefs mapas color

NASCER NO BRASIL inqueacuterito sobre parto e nascimento Cadernos de Sauacutede Puacuteblica Vol30 supl1 Rio de Janeiro 2014 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophpscript=sci_issuetocamppid=0102 Acesso em 15 de junho de 2015

CAVALCANTIPCS GARIBALDI D Jr VASONCELOS ALR Guerrero AVP Um modelo loacutegico da Rede Cegonha Physis Revista de Sauacutede Coletiva Rio de Janeiro 2013 23 [4] 1297-1316 CESAR JA et al Caracteriacutesticas sociodemograacuteficas e de assistecircncia a gestaccedilatildeo e ao parto no extremo sul do Brasil Cad Sauacutede Puacuteblica v 27 n 5 p 985-994 2011 DOMINGUES RMSM SANTOS EMS Leal MC Aspectos da satisfaccedilatildeo das mulheres com a assistecircncia ao parto contribuiccedilatildeo para o debate Cad Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro 2004 20 Sup 1S52-S62 COFEN Decreto nordm 9440687 Regulamentaccedilatildeo da Lei 749886 Fonte PORTAL EDUCACcedilAtildeO Disponiacutevel em httpwwwportaleducacaocombrenfermagemartigos1735decreto-n-94406-87-regulamentacao-da-lei-n-7498-865ixzz3duAFhlYV Acesso em 23062015 GRAVENA AAF PAULA MG MARCON SS CARVALHO MDB PELLOSO SM Idade materna e fatores associados a resultados perinatais Acta Paul Enferm 2013 26(2)130-5 IBGE Projeccedilatildeo da Populaccedilatildeo do Brasil - 2013 Disponiacutevel em

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41

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httpwwwwhointeportuguesepublicationspt Acesso em 09032015

PORTO AMF AMORIM MMR SOUZA ASR Assistecircncia ao primeiro periacuteodo do trabalho de parto baseada em evidecircncias FEMINA v 38 n 10 2010

RABELO LR OLIVEIRA DL Percepccedilotildees de enfermeiras obsteacutetricas sobre sua competecircncia na atenccedilatildeo ao parto normal hospitalar Rev Esc Enferm USP 2010 44(1)213-20 RAMOS HAC CUMAN RKN Fatores de risco para prematuridade pesquisa documental Esc Anna Nery Rev Enferm 2009 abr-jun 13 (2) 297-304 RIESCO MLG et al Episiotomia laceraccedilatildeo e integridade perineal em partos normais anaacutelise de fatores associados Rev Enferm UERJ v 19 n1 p 77-83 2011

REZENDE J Obstetriacutecia fundamental 2 ed Rio de Janeiro Guanabara Koogan 2005

ROCHA CR FONSECA LC Assistecircncia do enfermeiro obstetra a mulher parturiente em busca do respeito a natureza Rev de Pesq cuidado eacute fundamental v 2 n 2 p 807-816 2010

SANTOS NCP VOGTSE PIMENTA AM DUARTE ED MADEIRA LM ABREU MNS et al Resultados maternos y neonatales en el trabajo de parto y parto de adolescentes admitidas en un Centro de Parto Normal brasileiro Adolesc Saude 201411(3)39-50

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SILVA JLCP SURITA FGC Idade materna resultados perinatais e via de parto Rev Bras Ginecol Obstet 2009 31(7) 321 ndash 5

SBP- Sociedade Brasileira de Pediatria Programa de reanimaccedilatildeo neonatal da Sociedade Brasileira de Pediatria Condutas 2011 27p

SOUSA AMM Praacuteticas obsteacutetricas na assistecircncia ao parto e nascimento em uma maternidade de Belo Horizonte Tese de mestrado Escola de Enfermagem da Universidade Federal de Minas Gerais Belo Horizonte 2013

SOUZA DOM Partos assistidos por enfermeiras praacuteticas obsteacutetricas realizadas no ambiente hospitalar no periacuteodo de 2004 a 2008 2011 84f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) Faculdade de Enfermagem da Universidade do Estado do Rio de Janeiro Rio de Janeiro RJ 2011

SOGC ndash Society of Obstetricians and Gynecologists of Canada Guidelines for the Management of Pregnancy at 41+0 to 42+0 Weeks JOGC september 2008

42

VOGT SE et al Caracteriacutesticas da assistecircncia ao trabalho de parto em trecircs modelos de atenccedilatildeo no SUS no Municiacutepio de Belo Horizonte Minas Gerais Brasil Cad Sauacutede Puacuteblica v 27 n 9 p 1789-1800 2011

ANEXO 1

RECOMENDACcedilOtildeES DE BOAS PRAacuteTICAS DE ASSISTEcircNCIA AO PARTO SEGUNDO

CLASSIFICACcedilAtildeO DO MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2001

CATEGORIA A - PRAacuteTICAS DEMONSTRADAMENTE UacuteTEIS E QUE DEVEM SER

ESTIMULADAS

Plano individual determinando onde e por quem o nascimento seraacute realizado feito em

conjunto com a mulher durante a gestaccedilatildeo e comunicado a seu maridocompanheiro

Avaliaccedilatildeo do risco gestacional durante o preacute-natal reavaliado a cada contato com o

sistema de sauacutede

Respeito agrave escolha da matildee sobre o local do parto

Fornecimento de assistecircncia obsteacutetrica no niacutevel mais perifeacuterico onde o parto for viaacutevel e

seguro e onde a mulher se sentir segura e confiante

Respeito ao direito da mulher agrave privacidade no local do parto

Apoio empaacutetico pelos prestadores de serviccedilo durante o trabalho de parto e parto

Respeito agrave escolha da mulher sobre seus acompanhantes durante o trabalho de parto e

parto

Fornecimento agraves mulheres sobre todas as informaccedilotildees e explicaccedilotildees que desejarem

Oferta de liacutequidos por via oral durante o trabalho de parto e parto

Monitoramento fetal por meio de ausculta intermitente

43

Monitoramento cuidadoso do progresso do parto por exemplo por meio do uso do

partograma da OMS

Monitoramento do bem-estar fiacutesico e emocional da mulher durante trabalho e parto e ao

teacutermino do processo de nascimento

Meacutetodos natildeo invasivos e natildeo farmacoloacutegicos de aliacutevio da dor como massagem e

teacutecnicas de relaxamento durante o trabalho de parto

Liberdade de posiccedilatildeo e movimento durante o trabalho de parto

Estiacutemulo a posiccedilotildees natildeo supinas durante o trabalho de parto

Uso rotineiro de ocitocina clampeamento tardio (1 a 3 minutos apoacutes o nascimento) e

traccedilatildeo controlada do cordatildeo durante o 3o estaacutegio do trabalho de parto

Condiccedilotildees esteacutereis ao cortar o cordatildeo

Prevenccedilatildeo da hipotermia do bebecirc

Contato pele a pele precoce entre matildee e filho e apoio ao iniacutecio da amamentaccedilatildeo na

primeira hora apoacutes o parto segundo as diretrizes da OMS sobre Aleitamento Materno

Exame rotineiro da placenta e membranas ovulares

CATEGORIA B - PRAacuteTICAS CLARAMENTE PREJUDICIAIS OU INEFICAZES E QUE DEVEM

SER ELIMINADAS

Uso rotineiro de enema

Uso rotineiro de tricotomia

Infusatildeo intravenosa de rotina no trabalho de parto

Cateterizaccedilatildeo venosa profilaacutetica de rotina

Uso rotineiro de posiccedilatildeo supina (decuacutebito dorsal) durante o trabalho de parto

44

Exame retal

Uso de pelvimetria por Raios-X

Amniotomia precoce de rotina para diminuir a duraccedilatildeo do trabalho de parto

Administraccedilatildeo de ocitoacutecitos em qualquer momento antes do parto de um modo que natildeo

permite controlar seus efeitos

Uso de rotina da posiccedilatildeo de litotomia com ou sem estribos durante o trabalho de parto

Esforccedilo de puxo prolongado e dirigido (manobra de Valsalva) durante o segundo

estaacutegio do trabalho de parto

Massagem e distensatildeo do periacuteneo durante o segundo estaacutegio do trabalho de parto

Uso liberal e rotineiro de episiotomia

Uso de comprimidos orais de ergometrina no terceiro estaacutegio do trabalho de parto com

o objetivo de evitar ou controlar hemorragias

Uso rotineiro de ergometrina parenteral no terceiro estaacutegio do trabalho de parto

Lavagem uterina rotineira apoacutes o parto

Revisatildeo uterina (exploraccedilatildeo manual) rotineira apoacutes o parto

CATEGORIA C - PRAacuteTICAS SEM EVIDEcircNCIAS SUFICIENTES PARA APOIAR UMA

RECOMENDACcedilAtildeO CLARA E QUE DEVEM SER UTILIZADAS COM CAUTELA ATEacute QUE

MAIS PESQUISAS ESCLARECcedilAM A QUESTAtildeO

Meacutetodos natildeo farmacoloacutegicos de aliacutevio de dor durante o trabalho parto como ervas

imersatildeo em aacuteguas e estimulaccedilatildeo dos nervos

Amniotomia e ocitocina precoce de rotina no primeiro estaacutegio do trabalho de parto para

prevenccedilatildeo de progresso inadequado do parto

Pressatildeo do fundo uterino durante o trabalho de parto

45

Manobras relacionadas agrave proteccedilatildeo do periacuteneo e ao manejo do poacutelo cefaacutelico no

momento do parto

Manipulaccedilatildeo ativa do feto no momento do parto

Estimulaccedilatildeo do mamilo para estimular a contratilidade uterina durante o terceiro estaacutegio

do trabalho de parto

CATEGORIA D - PRAacuteTICAS FREQUENTEMENTE USADAS DE MODO INADEQUADO

Restriccedilatildeo hiacutedrica e alimentar durante o trabalho de parto

Controle da dor por agentes sistecircmicos

Controle da dor por analgesia peridural

Monitoramento eletrocircnico fetal

Uso de maacutescaras e aventais esteacutereis durante a assistecircncia ao trabalho de parto

Exames vaginais repetidos ou frequumlentes especialmente por mais de um prestador de

serviccedilo

Correccedilatildeo da dinacircmica com utilizaccedilatildeo de ocitocina

Transferecircncia rotineira da parturiente para outra sala no iniacutecio do segundo estaacutegio do

trabalho de parto

Cateterizaccedilatildeo da bexiga

Estiacutemulo para o puxo quando se diagnostica dilataccedilatildeo cervical completa ou quase

completa antes que a mulher sinta o puxo involuntaacuterio

Clampeamento precoce do cordatildeo umbilical

Adesatildeo riacutegida a uma duraccedilatildeo estipulada do 2deg estaacutegio do trabalho de parto

Parto operatoacuterio e exploraccedilatildeo manual do uacutetero apoacutes o parto

46

ANEXO 2

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48

ANEXO 3

49

Page 16: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS ESCOLA DE ENFERMAGEM … FINAL ANA … · inserção do estudo foi: partos assistidos por residentes em enfermagem obstétrica, independente se

16

Neste estudo a faixa etaacuteria predominante das mulheres assistidas por residentes em

enfermagem obsteacutetrica foi de adultas jovens com 695 seguida de adolescentes com 202

Os extremos etaacuterios adolescentes precoces e mulheres acima de 35 anos apareceram em

menor proporccedilatildeo sendo 08 e 79 respectivamente A meacutedia etaacuteria foi de 24 anos com

desvio padratildeo de 6 anos sendo que a menor idade encontrada entre as mulheres assistidas

por enfermeiras residentes foi 14 anos e a maior 44 anos

No que se refere ao nuacutemero de gestaccedilotildees o maior percentual foi de primigestas (396)

seguido das secundigestas (298) A partir daiacute observou-se diminuiccedilatildeo do percentual sendo

que tercigestas representaram 143 e o somatoacuterio das mulheres que tiveram quatro

gestaccedilotildees anteriores ou mais resultou em 161 O caso com maior nuacutemero de gestaccedilotildees

encontrado neste estudo foi de uma parturiente que estava em sua 13ordf gestaccedilatildeo

Com relaccedilatildeo agrave paridade as mulheres foram divididas em dois grupos primiacuteparas e multiacuteparas

sendo 441 e 557 respectivamente As mulheres que tiveram apenas uma gestaccedilatildeo ou

seja primigestas satildeo 396 e as primiacuteparas logo que natildeo tem partos vaginais anteriores satildeo

441 Isto evidencia que nem todas as primiacuteparas eram primigestas havendo abortamentos

ou gestaccedilotildees ectoacutepicas anteriores O somatoacuterio das mulheres que tiveram duas ou mais

gestaccedilotildees representou 602 Isso justifica o fato de haver maior percentual de multiacuteparas

quando se analisa paridade e ao mesmo tempo maior percentual de primigestas quando se

analisa nuacutemero de gestaccedilotildees entre as mulheres estudadas

17

TABELA 2

Indicadores da assistecircncia ao trabalho de parto e parto prestada pelas residentes em

enfermagem obsteacutetrica na maternidade do HRTN Belo Horizonte MG

Variaacuteveis N

Variaacuteveis n

Posiccedilatildeo do parto

Analgesia

Semi-sentada 462 647

Natildeo 587 822

Banquinho 120 168

Peridural 119 166

Coacutecoras 56 78

Raquidiana 8 11

Decuacutebito dorsal 23 32

Litotocircmica 20 28

Contato pele a pele

Sentada 9 12

Sim 674 944

Gaskin 7 09

Natildeo 34 47

Decuacutebito lateral 7 09

Em peacute 4 05

Acompanhante

Ajoelhada 2 02

Sim 686 960

Natildeo 27 37

Episiotomia

Sim 30 42

Apgar no 1ordm minuto

Natildeo 681 954

lt7 46 64

gt7 668 935

Laceraccedilatildeo

Natildeo 194 271

Apgar no 5ordm minuto

1ordm grau 329 460

lt7 6 08

2ordm grau 169 236

gt7 708 991

3ordm grau 20 28

4ordm grau 2 02

Variaacutevel N Meacutedia Desvio Padratildeo Miacutenimo Maacuteximo

Apgar no 1ordm minuto 714 83 13 0 10

Apgar no 5ordm minuto 714 93 07 0 10

18

Os resultados deste estudo mostram que a maioria dos partos assistidos por residentes em

enfermagem obsteacutetrica foram em posiccedilatildeo semi-sentada (647) as demais posiccedilotildees de parto

encontradas foram no banquinho (168) de coacutecoras (78) em decuacutebito dorsal (32) em

posiccedilatildeo litotocircmica (28) sentada (12) em Gaskin (09) em decuacutebito lateral (09) em

peacute (05) e ajoelhada (02) Considerando-se todas as posiccedilotildees de parto verticalizadas como

semi-sentada no banquinho Gaskin em peacute e ajoelhada encontrou-se uma taxa em torno de

92 de partos em posiccedilatildeo natildeo supina

A episiotomia foi realizada em apenas 420 dos partos Em 9538 dos casos as mulheres

foram poupadas deste procedimento Com relaccedilatildeo as laceraccedilotildees perineais a maioria das

mulheres apresentou laceraccedilotildees de primeiro grau (460) seguidas de periacuteneo iacutentegro

(271) Laceraccedilotildees de segundo grau acometeram 236 das mulheres Laceraccedilotildees graves

de terceiro grau (28) e de quarto grau (02) ocorreram em uma parcela pouco significativa

das mulheres assistidas pelas enfermeiras residentes

A analgesia farmacoloacutegica foi realizada em 177 das parturientes sendo em 166 por

teacutecnica peridural e 112 por teacutecnica raquidiana A analgesia farmacoloacutegica natildeo foi ofertada a

8221 das mulheres

O contato pele a pele na primeira hora de vida foi proporcionado a 9440 dos receacutem-

nascidos Em 47 a interaccedilatildeo pele a pele natildeo foi realizada

As parturientes contaram com a presenccedila de acompanhante familiar em 960 dos partos Os

partos sem acompanhante familiar representaram apenas 37

Os resultados sobre escore de Apgar foram gt7 no primeiro minuto em 935 dos neonatos e

gt7 no quinto minuto em 991 Tais dados mostram que a quase totalidade dos receacutem-

nascidos apresentava boas condiccedilotildees de vitalidade no primeiro e quinto minuto de vida

19

DISCUSSAtildeO

Idade materna Paridade Nuacutemero de gestaccedilotildees

Segundo o MS as mulheres em idade reprodutiva ou seja de 10 a 49 anos representam 65

do total da populaccedilatildeo feminina conformando um grupo social importante e que merece

atenccedilatildeo no que se refere agrave elaboraccedilatildeo de poliacuteticas de sauacutede (BRASIL 2011)

Silva (2009) cita que mulheres muito jovens ou muito idosas satildeo consideradas de maior risco

para resultados adversos e complicaccedilotildees gestacionais no parto e perinatais

A OMS considera gravidez na adolescecircncia aquela que ocorre em mulheres entre 10 e 19

anos sendo que gestantes com menos de 14 anos satildeo mais vulneraacuteveis e mais expostas agrave

morbimortalidade A gravidez na adolescecircncia estaacute relacionada aacute condiccedilotildees de escolaridade e

fatores socioeconocircmicos como escolaridade renda dentre outros e no que se refere aos

riscos os principais referidos por Santos at al (2014) satildeo prematuridade e baixo peso ao

nascer Jaacute Gravena (2013) refere que estatildeo relacionados agrave gravidez precoce riscos

aumentados ao receacutem-nascido de baixo peso ao nascer deficiecircncias de micronutrientes e

restriccedilatildeo do crescimento intrauterino levando a alteraccedilotildees na evoluccedilatildeo dessa gestaccedilatildeo e no

crescimento fetal o que pode resultar tambeacutem em parto prematuro

Cesar (2011) em estudo sobre gestaccedilatildeo na adolescecircncia encontrou 2018 de matildees

adolescentes e mostrou que estas estiveram de forma sistemaacutetica em desvantagem em

relaccedilatildeo agraves demais matildees tanto no que se refere a caracteriacutesticas socioeconocircmicas quanto na

assistecircncia recebida durante a gestaccedilatildeo e o parto Afirma que as adolescentes possuiacuteam pior

niacutevel de escolaridade e renda familiar viviam mais comumente sem companheiro realizaram

um menor nuacutemero de consultas de preacute-natal iniciaram estas consultas mais tardiamente

referiram com maior frequecircncia a presenccedila de anemia e corrimento vaginal patoloacutegico e foram

mais submetidas ao uso de foacutercipe e episiotomia Considerando-se as categorias adolescentes

precoces e adolescentes do presente estudo tem-se uma taxa de 210 proacutexima da

encontrada por Cesar (2011)

20

Mulheres entre 20 e 35 anos satildeo consideradas adultas jovens e apresentam resultados

obsteacutetricos e neonatais mais favoraacuteveis quando comparadas as adolescentes e a mulheres em

idade avanccedilada Neste estudo as adultas jovens representaram a maior parte da populaccedilatildeo

(695) Este achado corrobora para os resultados obsteacutetricos e neonatais favoraacuteveis aqui

verificados Gravena et al (2013) verificou em seu estudo que adolescentes e mulheres em

idade tardia tiveram probabilidade maior de parto cesaacutereo em relaccedilatildeo agraves adultas No que se

refere ao baixo peso ao nascer tanto as gestantes adolescentes quanto as em idade avanccedilada

apresentaram mais chance de possuiacuterem filhos receacutem-nascidos com baixo peso quando

comparadas as adultas

A taxa de fecundidade vem apresentando queda no Brasil nos uacuteltimos anos segundo dados do

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) em 2000 a taxa de fecundidade era de 24

filhos por mulher e em 2014 foi menor que 18 filhos por mulher (IBGE 2013) Dentre os vaacuterios

fatores que colaboraram para esta transiccedilatildeo na taxa de fecundidade encontram-se a

elaboraccedilatildeo e expansatildeo da estrateacutegia de sauacutede da famiacutelia e das poliacuteticas voltadas para a

mulher no ciclo graviacutedico puerperal principalmente a Poliacutetica Nacional de Direitos Sexuais e

Direitos Reprodutivos lanccedilada em 2005 e a Poliacutetica Nacional de Planejamento Familiar

elaborada em 2007 que permitiu as mulheres expansatildeo do acesso a informaccedilotildees sobre o

planejamento familiar reprodutivo e oferta de meacutetodos contraceptivos (BRASIL 2007)

Define-se gestaccedilatildeo tardia aquela que ocorre acima dos 35 anos e aquelas com mais de 45

anos satildeo consideradas gestaccedilotildees com idade materna avanccedilada Os nascimentos em mulheres

com 35 anos ou mais tem aumentado de forma consistente no Brasil tendecircncia observada

principalmente nos paiacuteses industrializados As mudanccedilas nos haacutebitos de vida como maior niacutevel

de escolaridade maior inserccedilatildeo no mercado de trabalho e na expectativa de vida da mulher

estimulam a postergaccedilatildeo do momento da primeira gravidez que acaba acontecendo em idades

superiores apoacutes serem atingidos outros objetivos de vida pessoais e profissionais Soma-se a

isso o advento da reproduccedilatildeo assistida que permite as mulheres engravidarem em idades mais

avanccediladas periacuteodo de comprovada diminuiccedilatildeo da fertilidade Haacute que se considerar que em

paiacuteses em desenvolvimento como o Brasil a maior parte das gestaccedilotildees tardias acontece em

situaccedilotildees de multiparidade o que tambeacutem envolve riscos (SILVA 2009)

21

A gestaccedilatildeo tardia apresenta risco similar a gestaccedilatildeo na adolescecircncia em alguns aspectos

conforme citado anteriormente e mais elevados em situaccedilotildees como abortamento espontacircneo

gravidez ectoacutepica anormalidades cromossocircmicas e malformaccedilotildees congecircnitas (SILVA 2009)

Gravena et al (2013) cita que nas mulheres com gestaccedilatildeo tardia tecircm sido observados mais

abortamentos espontacircneos e induzidos maior risco para mortalidade perinatal baixa vitalidade

do receacutem- nascido baixo peso ao nascer parto preacute-termo e fetos pequenos para idade

gestacional As gestaccedilotildees de mulheres de idade materna avanccedilada tecircm sido consideradas

como de alto risco em decorrecircncia principalmente da incidecircncia crescente de siacutendromes

hipertensivas ruptura prematura de membranas presenccedila de diabetes aleacutem de maior chance

do iacutendice de Apgar no quinto minuto ser menor que sete

Analisando os 1434 partos registrados no livro no mesmo periacuteodo e nos quais estatildeo incluiacutedos

os 714 partos das enfermeiras residentes o percentual de primiacuteparas e multiacuteparas foi de 415

e 583 respectivamente valores muito proacuteximos aos encontrados nos partos assistidos pelas

enfermeiras residentes

Idade gestacional

Conceitua-se gravidez preacute-termo aquela cuja idade gestacional encontra-se entre 22 e 37

semanas ou entre 154 a 259 dias (ACOG 2013) A prematuridade eacute um evento que afeta a

vida da famiacutelia e do RN de forma significativa envolvendo aspectos bioloacutegicos psicoloacutegicos e

sociais de difiacutecil mensuraccedilatildeo e que devem ser considerados pela equipe que assiste a famiacutelia

prematura (RAMOS 2009)

A prematuridade tem sido estudada como uma das causas importantes de mortalidade infantil

O receacutem-nascido imaturo apresenta desenvolvimento incompleto de oacutergatildeos como ceacuterebro e

pulmotildees aleacutem de limitaccedilatildeo da funccedilatildeo renal e imaturidade da funccedilatildeo hepaacutetica podendo sofrer

seacuterios comprometimentos ou intercorrecircncias (GRAVENA 2013) A literatura cita alguns fatores

de risco gestacionais associados agrave prematuridade tais como parto prematuro preacutevio gestaccedilatildeo

muacuteltipla histoacuteria materna de um ou mais abortos espontacircneos no segundo trimestre

comprimento cervical lt 30 cm baixo niacutevel socioeconocircmico idade materna lt18 anos ou gt40

22

anos primiparidade (mais frequente no primeiro filho) complicaccedilotildees maternas (cliacutenicas ou

obsteacutetricas) atividade fiacutesica aumentada tabagismo uso de cocaiacutena acompanhamento preacute-

natal inadequado ou ausente situaccedilotildees de alto estresse crescimento intrauterino restrito

(CIUR) anomalias congecircnitas polihidracircmnios ruptura prematura de membranas preacute-termo

(RPMPT) descolamento de placenta presenccedila de DIU mioma (particularmente submucoso ou

subplacentaacuterio) anomalias uterinas insuficiecircncia istmo-cervical infecccedilotildees maternas siacutendrome

antifosfoliacutepide trauma cirurgia (RAMOS 2009)

O American College of Obstetricians and Gynecologists (ACOG 2013) classifica a gravidez

aleacutem de 37 semanas da seguinte maneira

Termo precoce entre 37 semanas e 38 semanas e 6 dias

Termo completo entre 39 semanas e 40 semanas e 6 dias

Termo tardio entre 41 semanas e 41 semanas e 6 dias

Poacutes-termo 42 semanas em diante

Neste estudo a grande maioria dos partos assistidos pelas enfermeiras residentes foi de

gestaccedilotildees a termo (900) Tal fato se justifica pela maior atuaccedilatildeo da enfermagem obsteacutetrica

nas gestaccedilotildees de risco habitual A meacutedia de idade gestacional da amostra deste estudo foi de

38 semanas sendo a menor idade gestacional encontrada 24 semanas e a maior 42 semanas

Os partos preacute-termo e poacutes-termo ou seja de maior risco satildeo preferencialmente

acompanhados por meacutedico obstetra Eacute rotina da instituiccedilatildeo em estudo a induccedilatildeo do trabalho

de parto nas gestaccedilotildees acima de 41 semanas Tambeacutem por esse motivo pode-se justificar a

atuaccedilatildeo das enfermeiras residentes em menos de 05 de partos poacutes-termo

O ACOG define gestaccedilatildeo poacutes-termo ou gestaccedilatildeo prolongada como aquela que se estende

aleacutem de 42 semanas ou 294 dias de gestaccedilatildeo (ACOG 2013) Para Amorim (2010) as

gestaccedilotildees aleacutem de 42 semanas ocorrem em aproximadamente 5 dos casos jaacute as aleacutem de 41

semanas em cerca de 10 A causa mais comum de gestaccedilatildeo poacutes-termo eacute o erro de dataccedilatildeo

e quando realmente existe a causa eacute desconhecida sendo a primiparidade o principal fator de

risco associado Mais raramente outros fatores podem estar presentes como a anencefalia

23

deficiecircncia de sulfatase placentaacuteria feto do sexo masculino e predisposiccedilatildeo geneacutetica (BRASIL

2011) O maior temor relacionado agrave gestaccedilatildeo prolongada eacute de que ocorra insuficiecircncia

placentaacuteria com reduccedilatildeo do aporte de nutriente e oxigecircnio para o bebecirc o que pode acarretar

aumento da morbidade e mortalidade perinatal Com maior frequecircncia de morte perinatal

anormalidade da frequecircncia cardiacuteaca fetal intraparto eliminaccedilatildeo de mecocircnio macrossomia e

cesariana (AMORIM 2010)

No Brasil tem sido frequente a indicaccedilatildeo de cesariana quando a gestaccedilatildeo ultrapassa 40

semanas sobretudo no setor privado poreacutem esta conduta natildeo eacute corroborada por evidecircncias

Amorim (2010) em compilado sobre o tema cita uma revisatildeo sistemaacutetica publicada em 2003 na

qual concluiacuteram que a induccedilatildeo do parto a partir de 41 semanas quando comparada agrave conduta

expectante resultou em menor taxa de cesaacuterias (201 x 22) e de liacutequido amnioacutetico meconial

(224 x 277) poreacutem natildeo houve diferenccedila em termos de mortalidade perinatal escores de

Apgar admissatildeo em UTI neonatal e siacutendrome de aspiraccedilatildeo meconial Em 2012 outra revisatildeo

sistemaacutetica disponiacutevel na biblioteca Cochrane incluindo 22 ensaios cliacutenicos randomizados e

9383 mulheres submetidas aacute induccedilatildeo do parto mostrou reduccedilatildeo significativa do risco relativo de

morte perinatal e de cesariana Natildeo houve diferenccedila na taxa de natimortos ou de morte

neonatal nos dois grupos A incidecircncia da siacutendrome de aspiraccedilatildeo meconial foi menor no grupo

submetido agrave induccedilatildeo do parto poreacutem natildeo houve diferenccedila na frequecircncia de asfixia perinatal

baixos escores de Apgar e admissatildeo em UTI neonatal Os autores sugerem que a induccedilatildeo do

parto a partir de 41 semanas reduz as taxas de cesariana sem comprometer o prognoacutestico

perinatal Aleacutem disso o estudo mostrou maior satisfaccedilatildeo das gestantes submetidas agrave induccedilatildeo

do parto Recomenda-se que as mulheres sejam esclarecidas sobre riscos e benefiacutecios

associados agrave induccedilatildeo do parto a partir de 41 semanas (AMORIM 2010)

Posiccedilatildeo de parto

Os benefiacutecios da livre movimentaccedilatildeo da parturiente durante o trabalho de parto tais como a

reduccedilatildeo de sua duraccedilatildeo melhora do conforto materno e reduccedilatildeo do uso de analgeacutesicos satildeo

sustentados por evidecircncias cientiacuteficas (SOUSA 2013) A adoccedilatildeo de postura vertical e

movimentaccedilatildeo podem aleacutem de diminuir a dor materna facilitar a circulaccedilatildeo materno-fetal e a

descida do feto na pelve materna melhorar as contraccedilotildees uterinas e diminuir o trauma perineal

24

(SILVA 2011)

A OMS (1996) classifica como praacuteticas demonstradamente uacuteteis e que devem ser estimuladas

(categoria A) a liberdade de posiccedilatildeo e movimento durante o trabalho de parto e o estiacutemulo a

posiccedilotildees natildeo supinas durante o trabalho de parto Jaacute o uso rotineiro de posiccedilatildeo supina

(decuacutebito dorsal) durante o trabalho de parto e o uso de rotina da posiccedilatildeo de litotomia com ou

sem perneiras durante o trabalho de parto satildeo classificadas como praacuteticas claramente

prejudiciais e que devem ser eliminadas (categoria B)

Uma revisatildeo sistemaacutetica sobre assistecircncia ao segundo e terceiro periacuteodos do trabalho de parto

publicada em 2010 mostra que a posiccedilatildeo supina tem sido amplamente usada no segundo

periacuteodo do trabalho de parto contrariando a evidecircncia fisioloacutegica da reduccedilatildeo da eficiecircncia

uterina e do fluxo sanguiacuteneo placentaacuterio nessa posiccedilatildeo A posiccedilatildeo litotocircmica eacute ainda

recomendada em alguns tratados tradicionais de Obstetriacutecia mas as posiccedilotildees alternativas

incluem uma gama de posiccedilotildees que podem trazer benefiacutecios para o parto posiccedilatildeo lateral

(Sims) vertical (sentada semi-sentada de coacutecoras ou ajoelhada) e de quatro apoios A

imersatildeo em aacutegua durante o periacuteodo expulsivo do trabalho de parto aumentou o registro de

satisfaccedilatildeo por parte das parturientes no que diz respeito aos puxos mas ainda natildeo haacute

evidecircncias sobre os efeitos da imersatildeo em aacutegua no segundo estaacutegio especialmente sobre a

morbidade materna e neonatal (AMORIM 2010)

Estudos apontam que posiccedilotildees verticalizadas ou a posiccedilatildeo lateral associaram-se com reduccedilatildeo

da duraccedilatildeo do segundo periacuteodo do parto reduccedilatildeo nas anormalidades da frequecircncia cardiacuteaca

fetal bem como reduccedilatildeo de relatos de dor grave e episiotomia Ocorre no entanto maior perda

de sangue estimada (acima de 500 mL) sem repercussotildees cliacutenicas consideraacuteveis A conclusatildeo

dos revisores eacute que as mulheres devem ser encorajadas a parir na posiccedilatildeo que lhes for mais

confortaacutevel com o balanccedilo das evidecircncias a favor das posturas natildeo supinas (AMORIM 2010)

Mouta et al (2008) e Rocha Fonseca (2010) encontraram percentuais entre 50 e 78 de

posiccedilatildeo vertical em partos assistidos exclusivamente por enfermeiras obstetras em

maternidades puacuteblicas do Rio de Janeiro Em um CPN de Satildeo Paulo apenas 13 dos partos

foram assistidos em posiccedilatildeo horizontal contra 776 assistidos em posiccedilatildeo vertical (SOUZA

2011)

25

Sousa (2013) observou em seu estudo com 61 mulheres assistidas em Hospital da rede puacuteblica

de Belo Horizonte que mais de 75 pariram deitadas de costas com pernas levantadas sem

uso de perneiras As demais mulheres deram a luz em posiccedilatildeo de coacutecoras (98) deitada de

lado (66) sentadareclinada (66) ou Gaskin (16)

A maternidade do HRTN faz parte da rede de hospitais de Belo Horizonte que assinou o Termo

de Compromisso das Maternidades do SUS-BH estabelecido pela Comissatildeo Perinatal da

Secretaria Municipal de Sauacutede de Belo Horizonte (SMSA-BH) o qual estabelece metas para

diversos indicadores assistenciais objetivando humanizar a assistecircncia e reduzir as taxas de

cesariana nas maternidades da rede puacuteblica de Belo Horizonte No que se refere a posiccedilatildeo de

parto a SMSA-BH tem como meta que mais de 70 dos partos sejam realizados em posiccedilatildeo

natildeo supina Segundo dados institucionais fornecidos pela coordenaccedilatildeo da maternidade sobre

todos os partos do HRTN no mesmo periacuteodo deste estudo a taxa de partos em posiccedilatildeo natildeo

supina variou de 6202 em abril de 2014 a 8138 em abril de 2013

Diante dos resultados deste estudo eacute possiacutevel inferir que no HRTN a equipe incentiva e apoia o

uso de deambulaccedilatildeo e posiccedilotildees verticalizadas durante o trabalho de parto e periacuteodo expulsivo

As mulheres devem orientadas sobre os benefiacutecios da verticalizaccedilatildeo para a evoluccedilatildeo do

trabalho de parto No momento do parto deve haver incentivo agrave livre escolha da posiccedilatildeo dentro

das possibilidades da maternidade Ainda natildeo haacute disponibilidade de parto com imersatildeo em

aacutegua mas haacute quartos PPP (preacute-parto parto e poacutes-parto) com chuveiro bola suiacuteccedila banquinho

meia lua escada de Ling e espaccedilo fiacutesico que permite deambulaccedilatildeo Em alguns plantotildees a

equipe conta com a participaccedilatildeo das Doulas no cuidado agrave mulher em trabalho de parto

Os resultados deste estudo satildeo similares aos encontrados por Sousa (2013) o que mostra que

ambas as instituiccedilotildees componentes do SUS em Belo Horizonte que tem atuaccedilatildeo efetiva das

enfermeiras obstetras estimulam o parto em posiccedilotildees verticalizadas e provavelmente

respeitam a livre escolha da posiccedilatildeo de parto

O fato da maior parte dos partos serem em posiccedilatildeo semi-sentada gera certa inquietaccedilatildeo pois

26

sabe-se que esta posiccedilatildeo permite maior controle e melhor visibilidade sendo cocircmoda para o

profissional que assiste ao parto Outra justificativa possiacutevel para a grande porcentagem de

partos semi-sentada pode ser a falta de informaccedilatildeo eou orientaccedilatildeo das

mulheresacompanhantes sobre a possibilidade de parirem em outras posiccedilotildees que lhe sejam

confortaacuteveis Ressalta-se a necessidade de orientaccedilatildeo e incentivo quanto agrave liberdade de

posiccedilatildeo e sobre os benefiacutecios das posiccedilotildees verticalizadas para o trabalho de parto e periacuteodo

expulsivo desmitificando a claacutessica posiccedilatildeo de parto e empoderando-as a escolher a posiccedilatildeo

que lhes for mais confortaacutevel

Episiotomia

A episiotomia foi inicialmente proposta com o objetivo de facilitar o parto reduzindo o trauma

perineal e facilitando o reparo Entretanto natildeo obstante a indicaccedilatildeo de livros-texto sua

realizaccedilatildeo de rotina natildeo pode ser recomendada uma vez que existem vaacuterias evidecircncias de que

natildeo eacute necessaacuteria e de que pode ser prejudicial (AMORIM 2010)

Entre as principais morbidades relacionadas agrave episiotomia estatildeo a dor perineal e o

sangramento aumentado Nesses casos devido a urgecircncia os traumas perineais muitas vezes

satildeo suturados sem a boa visualizaccedilatildeo do local podendo produzir acidentes com lesatildeo no trato

geniturinaacuterio e nas estruturas do assoalho peacutelvico causando hipermobilidade uretral e prolapso

genital Apoacutes o parto tambeacutem podem surgir hematuacuteria incapacidade vesical e incontinecircncia

urinaacuteria (RIESCO et al 2011)

A OMS (1996) considera o uso liberal e rotineiro de episiotomia uma praacutetica claramente

prejudicial e que deve ser eliminada (categoria B) Embora os dados disponiacuteveis na literatura

revelem que a realizaccedilatildeo de episiotomia natildeo cumpre os objetivos que justificariam sua

realizaccedilatildeo de forma rotineira sejam eles a prevenccedilatildeo de lesotildees nas genitais da matildee ou na

cabeccedila do receacutem-nascido ainda hoje tal intervenccedilatildeo permanece sendo usada de forma

abusiva em muitas instituiccedilotildees de sauacutede

Em revisatildeo sistemaacutetica incluindo oito ensaios cliacutenicos (n=5541) observou-se que comparada

agrave episiotomia de rotina a episiotomia seletiva (com indicaccedilatildeo precisa) esteve associada com

27

menos trauma perineal grave menor necessidade de suturas menos complicaccedilotildees na

cicatrizaccedilatildeo e mais trauma perineal anterior Natildeo houve diferenccedila na frequecircncia de trauma

vaginal ou perineal grave dispareunia incontinecircncia urinaacuteria ou dor intensa Os revisores

recomendam que a episiotomia natildeo seja realizada rotineiramente e quando necessaacuteria seja

realizada com o consentimento poacutes-informaccedilatildeo da parturiente (AMORIM 2010)

Cesar (2011) encontrou ocorrecircncia meacutedia de episiotomia de 72 entre as 2557 gestantes

estudadas no Sul do Brasil Houve variaccedilatildeo de 86 entre as adolescentes e 66 entre as

demais matildees As taxas encontradas foram bastante elevadas principalmente entre as

adolescentes o que indica baixa incorporaccedilatildeo de praacuteticas baseadas em evidecircncia na

assistecircncia ao parto no cenaacuterio do estudo

Em contrapartida Sousa (2013) verificou em seu estudo em uma maternidade da rede puacuteblica

de Belo Horizonte iacutendice de episiotomia em torno de 11 e observou seguranccedila na praacutetica dos

profissionais de sauacutede envolvidos na assistecircncia ao parto da instituiccedilatildeo estudada no que se

refere ao uso seletivo desse procedimento e aos criteacuterios de utilizaccedilatildeo Tal instituiccedilatildeo tem

princiacutepios humanizados e grande inserccedilatildeo de enfermeiras obstetras na assistecircncia ao parto o

que pode tambeacutem ter justificado a baixa taxa de episiotomia encontrada

Considerando todos os partos realizados no HRTN no periacuteodo deste estudo a taxa de

episiotomia variou entre 90 em abril de 2013 a 149 em abril de 2014 A SMSA-BH tem

como meta de realizaccedilatildeo de episiotomia em menos de 30 dos partos vaginais Considerando

os 1434 partos assistidos por EO no mesmo periacuteodo a taxa de episiotomia foi de 46 o que

mostra uso criterioso do procedimento por parte desta categoria profissional

No presente estudo a taxa de episiotomia foi 42 Nestes casos a episiotomia pode ter sido

indicada devido a periacuteneo resistente no intuito de prevenir laceraccedilotildees graves mesmo que natildeo

haja respaldo cientiacutefico para tal praacutetica Tambeacutem em situaccedilotildees de estado fetal natildeo

tranquilizador durante o periacuteodo expulsivo jaacute com o feto em planos avanccedilados no intuito de

acelerar o nascimento ou mesmo por distoacutecia de ombro ou outra complicaccedilatildeo sendo uma

decisatildeo conjunta entre preceptor e residente Deve-se considerar que a baixas taxas de

28

episiotomia nos partos assistidos por enfermeiras residentes satildeo reflexo da atuaccedilatildeo da

preceptoria tanto de enfermeiras obstetras como de meacutedicos obstetras A episiotomia natildeo foi

realizada em 9538 dos partos o que mostra que as residentes em enfermagem obsteacutetrica

faziam uso seletivo do procedimento Um aspecto relevante deste estudo eacute que mesmo com a

baixa taxa de episiotomia encontrou-se pequenas taxas de laceraccedilotildees perineais de terceiro

(28) e quarto grau (028) Isso aponta para um modelo de assistecircncia obsteacutetrico com

incorporaccedilatildeo de praacuteticas baseadas em evidecircncias cientiacuteficas na maternidade do HRTN

Contato pele a pele

As praacuteticas referentes ao contato da matildee com seu bebecirc e ao aleitamento materno ainda na

sala de parto satildeo tambeacutem indicadores relevantes da qualidade da atenccedilatildeo ao parto

humanizado e segundo a OMS (1996) e MS (2001) deve ser encorajada no parto normal

(categoria A)

O passo quatro da Iniciativa Hospital Amigo da Crianccedila (IHAC) preconiza que os bebecircs que

tenham condiccedilotildees cliacutenicas favoraacuteveis permaneccedilam por pelo menos uma hora junto agrave pele da

matildee e que iniciem o aleitamento materno ainda na primeira meia hora apoacutes o nascimento

independentemente da via de parto (BRASIL 2010)

O contato pele a pele precoce melhora os resultados neonatais em termos de menor choro e

maior estabilidade cardiorrespiratoacuteria e aumenta significativamente o sucesso da

amamentaccedilatildeo sem efeitos negativos aparentes em curto e longo prazo segundo estudo de

meta-anaacutelise O contato pele a pele da matildee com o receacutem-nascido por pelo menos 30 minutos

na primeira hora de vida aleacutem de propiciar o envolvimento matildee-filho e o aleitamento materno

eacute um indicativo de que o parto transcorreu adequadamente Aleacutem disso favorece o viacutenculo

afetivo propiciando o reconhecimento entre matildee e filho pode aumentar a autoestima materna

diminuir a ansiedade melhorar os sentimentos de aceitaccedilatildeo do seu novo papel e a satisfaccedilatildeo

durante o processo de parto (MOORE et al 2012)

Apesar de o contato pele a pele ser uma praacutetica demonstradamente uacutetil e que deve ser

encorajada no parto normal especificamente tambeacutem pode e deve ser promovida no parto

29

operatoacuterio Sousa (2013) verificou em sua pesquisa que dos 89 receacutem-nascidos vivos o

contato precoce entre matildee e filho foi garantido em mais de 77 dos partos embora a maior

frequecircncia tenha ocorrido entre os filhos nascidos de parto normal

Na maternidade do HRTN o contato pele a pele eacute incentivado e apoiado por toda a equipe

multiprofissional sendo uma praacutetica consolidada conforme apontam os resultados deste

estudo As parturientes devem ser orientadas sobre os benefiacutecios desta praacutetica e preparadas

para receber seus RN apoacutes o nascimento A assistecircncia ao RN estaacutevel deve ser feita

preferencialmente no colo da matildee e quando houver necessidade de encaminhar o RN ao

berccedilo aquecido assim que este estabelecer condiccedilotildees favoraacuteveis deve retornar para o contato

pele a pele Assim como o contato pele a pele a amamentaccedilatildeo na primeira hora de vida

tambeacutem deve ser apoiada e estimulada respeitando o desejo da mulher

No presente estudo o contato pele a pele na primeira hora de vida foi realizado em 9440 dos

partos Os 475 em que natildeo foi realizado pode ter como justificativa o nascimento de um RN

deprimido sem condiccedilotildees cliacutenicas de permanecer com a matildee e que necessitaram de

assistecircncia pediaacutetrica seja reanimaccedilatildeo neonatal ou transferecircncia para unidade neonatal

Tambeacutem pode ter como justificativa impossibilidade materna ou desejo de natildeo realizar contato

pele a pele

Pela pactuaccedilatildeo da maternidade em estudo com a SMSA-BH a meta eacute que 100 dos receacutem-

nascidos vivos realizem contato pele a pele efetivo na primeira hora de vida Considerando

todos os partos realizados na instituiccedilatildeo no mesmo periacuteodo deste estudo este indicador variou

entre 905 em abril de 2013 a 960 em agosto de 2013 segundo dados institucionais

fornecidos pela coordenaccedilatildeo a maternidade Estes dados sinalizam boa incorporaccedilatildeo desta

praacutetica pela equipe mas indicam tambeacutem necessidade de melhoria para que seja atingida a

meta

Acompanhante

A presenccedila de acompanhante durante todo o periacuteodo de internaccedilatildeo eacute um direito conquistado

pelas mulheres assegurado na Lei nordm 111082005 regulamentado pelo Ministeacuterio da Sauacutede

30

pela Portaria nordm 24182005 portanto obrigatoacuterio em todas as instituiccedilotildees sejam elas puacuteblicas

ou privadas (BRASIL 2005) Esta praacutetica eacute classificada pela OMS como demonstradamente uacutetil

e que deve ser estimulada (categoria A)

A presenccedila do acompanhante durante o processo de parturiccedilatildeo pode proporcionar bem-estar

fiacutesico e emocional agrave mulher e benefiacutecios clinicamente significativos ao binocircmio matildee-filho Os

efeitos do suporte agrave mulher foram encontrados em recente meta-anaacutelise e estatildeo associados agrave

menor duraccedilatildeo do trabalho de parto uso de ocitocina reduccedilatildeo de cesariana e de partos

vaginais instrumentais diminuindo ainda a utilizaccedilatildeo de analgesia intraparto e melhorando os

iacutendices de Apgar no quinto minuto (SOUSA 2013)

Outros estudos destacam ainda a importacircncia do acompanhante quando este se envolve natildeo

soacute no apoio fiacutesico e emocional mas tambeacutem no desenvolvimento junto agrave parturiente de accedilotildees

como massagem auxiacutelio e encorajamento durante a deambulaccedilatildeo banho e tambeacutem no

periacuteodo expulsivo o que proporciona tambeacutem maior grau de satisfaccedilatildeo com o parto Sousa

(2013) verificou em sua pesquisa que quase a totalidade (922) das mulheres assistidas em

uma instituiccedilatildeo de sauacutede da rede puacuteblica de Belo Horizonte permaneceu com o acompanhante

de sua escolha durante o periacuteodo de internaccedilatildeo sendo a maioria o companheiro pai da

crianccedila (627)

No HRTN a presenccedila de acompanhante familiar de livre escolha eacute uma praacutetica consolidada

pela instituiccedilatildeo e apoiada pela equipe multiprofissional A valorizaccedilatildeo do acompanhante deve

acontece em todas as etapas da internaccedilatildeo durante o trabalho de parto os acompanhantes

podem ser encorajados a participar ativamente no apoio agrave parturiente ofertando meacutetodos

alternativos para aliacutevio da dor como massagens por exemplo No momento do parto quando

possiacutevel pode ser oferecido ao familiar que corte o cordatildeo umbilical o que pode ter grande

representaccedilatildeo simboacutelica para aquela famiacutelia No puerpeacuterio os acompanhantes devem ser

orientados junto aacute mulher sobre os cuidados com o RN aleitamento materno e como apoiar a

matildee na nova fase

No presente estudo houve acompanhante familiar em 960 dos partos assistidos pelas

enfermeiras residentes Partos sem acompanhante familiar foram apenas 37 Estes dados

31

corroboram com a afirmaccedilatildeo de que a presenccedila do acompanhante familiar eacute uma praacutetica

consolidada e respeitada pela equipe da maternidade do HRTN

Analgesia

Meacutetodos natildeo farmacoloacutegicos

A OMS (1996) recomenda que o uso de meacutetodos natildeo farmacoloacutegicos para aliacutevio da dor deve

ser privilegiado durante a assistecircncia ao trabalho de parto considerando-os como ldquopraacuteticas

reconhecidamente uacuteteis e que devem ser estimuladasrdquo Categoria A na recomendaccedilatildeo de boas

praacuteticas na assistecircncia ao parto

Entre as praacuteticas natildeo medicamentosas tem-se estudado o uso de acupuntura acupressura

hipnose teacutecnicas de relaxamento e respiraccedilatildeo aplicaccedilatildeo de frio e calor aromaterapia

aacuteudioanalgesia massagem deambulaccedilatildeo e banho de imersatildeo durante o parto (SILVA 2011)

Em um estudo de revisatildeo sistemaacutetica foram incluiacutedos 14 ensaios com 1448 parturientes que

utilizaram diferentes formas de tratamento para a dor (acupuntura hipnose audioanalgesia

aromaterapia massagem e relaxamento) A hipnose mostrou-se efetiva em termos de reduzir a

necessidade de meacutetodos farmacoloacutegicos para aliacutevio da dor aumentando o grau de satisfaccedilatildeo

materna Maior chance de parto vaginal e reduccedilatildeo da necessidade de analgesia A acupuntura

tambeacutem se associou a uma menor intensidade da dor e reduccedilatildeo do uso de ocitocina A eficaacutecia

de meacutetodos como acupressatildeo aromaterapia aacuteudioanalgesia relaxamento e massagem natildeo foi

ainda estabelecida sendo necessaacuterios ensaios cliacutenicos randomizados para avaliaccedilatildeo dessas

terapias complementares para aliacutevio da dor durante o trabalho de parto (PORTO 2010)

Deve-se considerar que o suporte contiacutenuo intraparto e as posiccedilotildees verticalizadas durante o

parto tambeacutem se associam agrave reduccedilatildeo da dor e maior grau de satisfaccedilatildeo materna como jaacute

demonstrado em revisotildees sistemaacuteticas A imersatildeo em aacutegua em banheiras ou similares durante

o trabalho de parto tem sido investigada como um meacutetodo de promoccedilatildeo de relaxamento e aliacutevio

da dor Em uma revisatildeo sistemaacutetica de 11 ensaios cliacutenicos a imersatildeo em aacutegua foi associada agrave

reduccedilatildeo no uso de analgesia e reduccedilatildeo no relato de dor sem prejudicar a duraccedilatildeo do trabalho

de parto as taxas de partos ciruacutergicos ou o bem-estar neonatal (PORTO 2010)

32

A SMSA-BH recomenda que os meacutetodos natildeo farmacoloacutegicos para aliacutevio da dor sejam ofertados

a 100 das mulheres em trabalho de parto De acordo com dados institucionais fornecidos

pela coordenaccedilatildeo da maternidade a oferta variou entre 7571 em julho de 2013 a 8778 em

julho de 2013 considerando todos os partos realizados na instituiccedilatildeo no periacuteodo de abril de

2013 a abril de 2014

No livro fonte de dados deste estudo a oferta de meacutetodos natildeo farmacoloacutegicos natildeo eacute registrada

natildeo sendo possiacutevel quantificar estes dados nos partos assistidos por REO mas pode-se inferir

que esta eacute uma praacutetica adotada pelas enfermeiras obstetras e residentes quando se observa

por exemplo as baixas taxas de analgesia farmacoloacutegica em torno de 16 nos partos

assistidos por estas profissionais

Meacutetodos farmacoloacutegicos

Classicamente vaacuterios meacutetodos farmacoloacutegicos foram propostos mas existe consenso

atualmente de que se algum meacutetodo farmacoloacutegico for indicado para aliacutevio da dor durante o

trabalho de parto a analgesia regional com peridural ou teacutecnica combinada (raquidiana e

peridural) deve ser empregada preferencialmente em relaccedilatildeo ao uso de opioacuteides sistecircmicos ou

analgesia inalatoacuteria A teacutecnica ideal para analgesia de parto deveria ter miacutenima ou ausente

transferecircncia placentaacuteria ausecircncia de efeitos sobre o fluxo sanguiacuteneo uteroplacentaacuterio efeitos

miacutenimos e reversiacuteveis sobre o feto e neonato ausecircncia de efeito ocitoacutecico ou tocoliacutetico e

ausecircncia de bloqueio motor (PORTO 2010)

Uma revisatildeo sistemaacutetica realizada em 2011 incluindo 38 estudos comprovou a eficaacutecia da

analgesia peridural para reduccedilatildeo da dor de mulheres durante o processo de parto mas

tambeacutem revelou maior risco de parto instrumental maior necessidade de ocitocina e aumento

da duraccedilatildeo do segundo estaacutegio do parto Natildeo houve associaccedilatildeo dessa intervenccedilatildeo com risco

de cesariana cefaleacuteia e escores de Apgar menores que sete no quinto minuto (AMORIM

2011)

Na maternidade em estudo a analgesia farmacoloacutegica seja por teacutecnica peridural ou

raquianestesia eacute considerada um direito da mulher de acordo com os princiacutepios da

humanizaccedilatildeo e eacute ofertada conforme desejo da parturiente apoacutes a oferta de diferentes meacutetodos

33

natildeo farmacoloacutegicos para aliacutevio da dor e sob orientaccedilotildees sobre os riscos e benefiacutecios do

procedimento ou nos casos em que haacute indicaccedilatildeo cliacutenica para realizaccedilatildeo do mesmo A teacutecnica

de analgesia empregada na instituiccedilatildeo permite na maior parte dos casos a deambulaccedilatildeo

movimentaccedilatildeo e uso concomitante de outros meacutetodos alternativos de aliacutevio da dor como

chuveiro Isto pode influenciar para o desfecho favoraacutevel dos partos conforme mostram as

evidecircncias sobre movimentaccedilatildeo e verticalizaccedilatildeo durante o trabalho de parto

A SMSA-BH recomenda a utilizaccedilatildeo de analgesia quando esgotados os recursos natildeo

farmacoloacutegicos para aliacutevio da dor em torno de 30 dos partos normais A proporccedilatildeo de parto

normal com analgesia variou de 141 em janeiro de 2014 e 279 em agosto de 2013

considerando todos os partos realizados na instituiccedilatildeo no mesmo periacuteodo deste estudo

Considerando os 1434 assistidos por EO no periacuteodo do estudo 147 recebeu analgesia por

teacutecnica peridural e 11 raquidiana Os demais 841 dos partos foi sem analgesia

farmacoloacutegica

No presente estudo a analgesia farmacoloacutegica foi realizada em 176 dos partos sendo 166

por teacutecnica peridural e 11 raquidiana Analgesia natildeo foi realizada em 822 dos partos

assistidos por REO Estes dados demonstram que a oferta de meacutetodos natildeo farmacoloacutegicos

para aliacutevio da dor pode ter sido influenciado positivamente na escolha da parturiente em

receber ou natildeo a analgesia farmacoloacutegica

Laceraccedilotildees perineais

Laceraccedilotildees perineais satildeo traumas em estruturas componentes da vagina que podem ocorrer

de forma espontacircnea durante a passagem do feto pelo canal de parto ou em decorrecircncia de

episiotomia as quais podem se prolongar

A laceraccedilatildeo de primeiro grau eacute aquela que natildeo atinge nenhum muacutesculo estendendo-se atraveacutes

da fuacutercula mucosa vaginal e da pele Jaacute a laceraccedilatildeo de segundo grau acomete os muacutesculos

perineais poreacutem sem lesatildeo do esfiacutencter retal A laceraccedilatildeo de terceiro grau atinge essa

estrutura e algumas vezes prolonga-se ateacute a parede anterior do reto Neste uacuteltimo caso em

que a parede do reto eacute comprometida por vezes utiliza-se o termo laceraccedilatildeo de quarto grau

As laceraccedilotildees de primeiro e segundo grau satildeo consideradas leves e laceraccedilotildees de terceiro e

34

quarto grau satildeo consideradas graves pois podem levar agrave incontinecircncia urinaacuteria e fecal sendo

estas uacuteltimas mais raras (REZENDE 2005)

A ocorrecircncia de laceraccedilotildees perineais no parto normal depende de diversos fatores que podem

estar relacionados agraves condiccedilotildees maternas ao feto ao parto em si e ao prestador de serviccedilo

Embora estes fatores natildeo estejam definitivamente estabelecidos existem evidecircncias indicando

o local do parto e o profissional que assiste a escolaridade materna a paridade a altura do

periacuteneo a duraccedilatildeo do segundo estaacutegio do parto a cicatriz perineal anterior a infusatildeo de

ocitocina a posiccedilatildeo no parto a analgesia farmacoloacutegica os puxos dirigidos as manobras de

proteccedilatildeo perineal o peso e o periacutemetro cefaacutelico do RN como fatores relacionados entre

outros Quanto a integridade perineal sua chance aumenta entre as mulheres com um ou mais

partos vaginais anteriores (RIESCO et al 2011)

Estudos tambeacutem tecircm buscado associaccedilatildeo entre a posiccedilatildeo materna no parto e as laceraccedilotildees

perineais Sousa (2013) verificou que a posiccedilatildeo deitada de lado juntamente com a posiccedilatildeo de

coacutecoras foram as que tiveram maior ocorrecircncia de laceraccedilotildees de primeiro grau principalmente

com 750 e 833 dos casos respectivamente Essas duas posiccedilotildees tambeacutem foram as que

mais favoreceram para que as mulheres tivessem laceraccedilotildees na pesquisa desenvolvida por

Souza (2011) em um CPN do Rio de Janeiro com incidecircncia de 502 nos partos assistidos

em posiccedilatildeo lateral e 696 naqueles assistidos de coacutecoras Em ambas pesquisas a posiccedilatildeo de

Gaskin foi a que teve menor incidecircncia de traumas perineais seguida da posiccedilatildeo

sentadareclinada

Entre as principais morbidades relacionadas estatildeo a dor perineal e o sangramento aumentado

Apoacutes o parto tambeacutem podem surgir hematuacuteria incapacidade vesical e incontinecircncia urinaacuteria A

disfunccedilatildeo geniturinaacuteria e sexual produzida pelo trauma perineal pode ser tambeacutem devida agrave

perda ou diminuiccedilatildeo do tocircnus muscular perineal Poreacutem esse achado contrasta com dados de

outros estudos os quais concluiacuteram que a via de parto a paridade a idade materna o peso do

receacutem-nascido (RN) e a episiotomia natildeo foram fatores determinantes para a reduccedilatildeo da forccedila

muscular perineal Considerando os problemas em curto prazo (perda sanguiacutenea necessidade

de sutura e dor perineal) e em longo prazo (disfunccedilotildees intestinais urinaacuterias e sexuais)

35

associados ao trauma perineal no parto sua prevenccedilatildeo reduccedilatildeo e reparaccedilatildeo adequada satildeo

fatores importantes para as mulheres e os profissionais que as assistem (RIESCO 2010)

Considerando os 1434 partos assistidos por EO em 304 houve periacuteneo iacutentegro 447

laceraccedilotildees de primeiro grau 228 laceraccedilotildees de segundo grau 195 de terceiro grau e

014 de quarto grau Tais resultados satildeo proacuteximos aos verificados neste estudo e

associados com as baixas taxas de episiotomia nos partos assistidos pelas enfermeiras

residentes corroboram com a recomendaccedilatildeo do uso seletivo da episiotomia como um praacutetica

favoraacutevel

Escore de Apgar

O momento de transiccedilatildeo da vida intrauterina para extrauterina eacute crucial para o desenvolvimento

do bebecirc e deve ser minuciosamente preparado e vivenciado Eacute indispensaacutevel que nos

primeiros minutos de vida do neonato seja realizada avaliaccedilatildeo completa e sistemaacutetica visando

identificar desvios da normalidade e que forneccedila agraves informaccedilotildees baacutesicas sobre a vitalidade e a

adaptaccedilatildeo do RN agrave vida fora do ventre materno (BARBOSA 2006)

A avaliaccedilatildeo realizada imediatamente apoacutes o parto eacute composta pelo o escore de Apgar sendo

complementada com a avaliaccedilatildeo do aspecto geral a medida dos sinais vitais e medidas

antropomeacutetricas O iacutendice de Apgar avalia cinco criteacuterios cliacutenicos cor da pele frequecircncia

cardiacuteaca irritabilidade reflexa respiraccedilatildeo e tocircnus muscular O RN eacute avaliado no primeiro e no

quinto minuto de vida e cada criteacuterio garante de 0 a 2 pontos desencadeando assim uma soma

adequada entre 7 e 10 pontos Quando a soma total resulta em 4 a 6 pontos sugere dificuldade

moderada do RN em adaptar-se e menor que 4 pode indicar sofrimento Julga-se assim o grau

de adaptaccedilatildeo imediata e o grau de depressatildeo neuroloacutegica do RN nos primeiros cinco minutos

de vida (SBP 2011)

O iacutendice Apgar tem sido pouco utilizado para avaliar a qualidade de assistecircncia ao parto sendo

considerado um indicador pontual aleacutem de natildeo ser utilizado para determinar o iniacutecio da

reanimaccedilatildeo neonatal No entanto sua aplicaccedilatildeo permite avaliar a resposta do neonato agraves

manobras realizadas e a eficaacutecia dessas manobras O Apgar no quinto minuto eacute mais utilizado

36

para avaliaccedilatildeo da adaptaccedilatildeo do RN por melhor representa-la se comparado ao Apgar de

primeiro minuto Se o escore eacute inferior a 7 no 5ordm minuto recomenda-se realizaacute-lo a cada cinco

minutos ateacute 20 minutos de vida Eacute necessaacuterio documentar o escore de Apgar de maneira

concomitante agrave dos procedimentos de reanimaccedilatildeo executados (SBP 2011)

Eacute importante considerar que um Apgar baixo natildeo eacute necessariamente resultado de uma

assistecircncia ao parto e ao neonato inadequada assim como um bom iacutendice de Apgar natildeo indica

boa qualidade assistencial ao binocircmio Este iacutendice entretanto eacute um bom indicador para

resultados perinatais a longo prazo aleacutem de ser considerado importante preditor da avaliaccedilatildeo

do bem-estar e do prognoacutestico inicial do receacutem-nascido A avaliaccedilatildeo imediata do RN pode ser

feita por pediatra ou outro profissional capacitado para prestar a assistecircncia necessaacuteria desde

o suporte baacutesico ateacute a reanimaccedilatildeo neonatal Na maternidade do HRTN o pediatra eacute o

profissional responsaacutevel pela assistecircncia ao RN na sala de parto A instituiccedilatildeo possui UTI

neonatal para onde satildeo encaminhados os RN que necessitam de cuidados especiacuteficos Os

neonatos que apresentam boa vitalidade satildeo colocados em contato pele a pele com as matildees e

apoacutes permanecem em alojamento conjunto ateacute a alta

Pela SMSA-BH a meta de Apgar lt7 no quinto minuto eacute no maacuteximo 3 Este indicador variou

entre 08 em fevereiro de 2014 a 24 em novembro de 2013 considerando todos os partos

realizados na instituiccedilatildeo no mesmo periacuteodo do estudo ou seja esteve sempre dentro da meta

estabelecida

No presente estudo as dados sobre escore de Apgar foram divididos em Apgar lt7 (644) e gt7

(9356) no primeiro minuto lt7 (084) e gt 7 (9916) no quinto minuto Tais dados mostram

que a quase totalidade dos RN apresentava boas condiccedilotildees de vitalidade no primeiro e quinto

minuto A este dado se associa o incentivo e a alta taxa de contato pele a pele precoce sendo

um dos fatores que contribuem para melhor adaptaccedilatildeo a vida extrauterina aleacutem de assistecircncia

qualificada aos RN que necessitam de cuidados especiacuteficos ou reanimaccedilatildeo

37

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Os resultados deste estudo evidenciam que a assistecircncia ao parto prestada pelas residentes

em enfermagem obsteacutetrica foi coerente com as recomendaccedilotildees de boas praacuteticas em todos os

aspectos analisados consolidando as evidecircncias literaacuterias sobre a assistecircncia ao parto

promovida por enfermeiras obstetras Foi possiacutevel observar maioria de partos em posiccedilotildees

verticalizadas uso seletivo de episiotomia com baixa incidecircncia de laceraccedilotildees perineais

graves alto iacutendice de contato pele a pele presenccedila de acompanhante na maioria dos partos

baixas taxas de analgesia farmacoloacutegica e escores de Apgar que demonstram boa vitalidade

fetal em quase todos os receacutem-nascidos Diante do exposto eacute possiacutevel concluir que a atuaccedilatildeo

das enfermeiras residentes em enfermagem obsteacutetrica contribuiu para a obtenccedilatildeo de

resultados obsteacutetricos e neonatais favoraacuteveis na maternidade do HRTN

Devido agrave forma de organizaccedilatildeo e registro dos procedimentos no livro utilizado para coleta de

dados natildeo foi possiacutevel avaliar algumas praacuteticas obsteacutetricas tais como uso de ocitocina

amniotomia oferta de meacutetodos natildeo farmacoloacutegicos para aliacutevio da dor oferta de liacutequidos

durante o trabalho de parto e uso de partograma Estes dados seriam importantes para uma

anaacutelise mais detalhada sobre a assistecircncia ao parto Os dados institucionais fornecidos pela

coordenaccedilatildeo da maternidade forneceram uma dimensatildeo de algumas destas praacuteticas na

maternidade contudo natildeo foi possiacutevel neste estudo avaliar quantitativamente tais

procedimentos somente nos partos assistidos por enfermeiras residentes Sugere-se ampliaccedilatildeo

dos indicadores no livro de registro e padronizaccedilatildeo no seu preenchimento para melhor

qualificaccedilatildeo dos dados da assistecircncia ao parto prestada elas enfermeiras obstetrasresidentes

A capacitaccedilatildeo profissional no modelo de residecircncia eacute intensa e exige dedicaccedilatildeo A extensa

carga horaacuteria praacutetica aliada agrave teoria satildeo determinantes para uma formaccedilatildeo qualificada e

humana das enfermeiras residentes A possibilidade de atuar efetivamente na assistecircncia em

conjunto com outras categorias profissionais enriquece a formaccedilatildeo abrangendo diferentes

fases e situaccedilotildees do ciclo graviacutedico-puerperal Eacute importante salientar que a capacitaccedilatildeo das

enfermeiras obstetras nesta modalidade pioneira de residecircncia soacute foi possiacutevel graccedilas ao

estiacutemulo governamental com recursos provenientes do programa Rede Cegonha e os

esforccedilos conjuntos da Escola de Enfermagem da UFMG e demais instituiccedilotildees envolvidas

38

Os resultados deste estudo evidenciam a incorporaccedilatildeo do modelo assistencial humanizado e

baseado em evidecircncias cientiacuteficas pela equipe do HRTN O modelo colaborativo de assistecircncia

obsteacutetrica pode gerar resultados favoraacuteveis e promissores com as atuaccedilotildees complementares

entre as diferentes categorias profissionais A praacutetica supervisionada durante todo o processo

de formaccedilatildeo e a avaliaccedilatildeo constante das habilidades adquiridas pelas residentes satildeo

fundamentais para a consolidaccedilatildeo do conhecimento para maior seguranccedila das aprendizes e

para a oferta de uma assistecircncia qualificada e humanizada a mulher receacutem nascido e famiacutelia

A instituiccedilatildeo que acolhe as enfermeiras residentes obteacutem retorno positivo pois a atuaccedilatildeo

preceptorada das mesmas resulta em assistecircncia qualificada que atende a perspectiva da

praacutetica baseada em evidecircncia cientiacutefica segura com baixo custo e bons resultados obsteacutetricos

e neonatais Os resultados da atuaccedilatildeo das enfermeiras residentes refletem o modelo

institucional incorporado o qual eacute transmitido as residentes pelos preceptores O incentivo a

formaccedilatildeo de enfermeiras obstetras eacute fundamental para o fortalecimento desta categoria

profissional para maior inserccedilatildeo destas profissionais em espaccedilos aonde a assistecircncia ao parto

ainda eacute meacutedico-centrada e para mudanccedila do modelo obsteacutetrico hegemocircnico nacional

39

REFEREcircNCIAS

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BRASIL Presidecircncia da Repuacuteblica Objetivos de Desenvolvimento do Milecircnio Relatoacuterio Nacional de Acompanhamento Coordenaccedilatildeo Instituto de Pesquisa Econocircmica Aplicada e Secretaria de Planejamento e Investimentos Estrateacutegicos supervisatildeo Grupo Teacutecnico para o acompanhamento dos ODM - Brasiacutelia Ipea MP SPI 2014 208 p il graacutefs mapas color

NASCER NO BRASIL inqueacuterito sobre parto e nascimento Cadernos de Sauacutede Puacuteblica Vol30 supl1 Rio de Janeiro 2014 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophpscript=sci_issuetocamppid=0102 Acesso em 15 de junho de 2015

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42

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ANEXO 1

RECOMENDACcedilOtildeES DE BOAS PRAacuteTICAS DE ASSISTEcircNCIA AO PARTO SEGUNDO

CLASSIFICACcedilAtildeO DO MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2001

CATEGORIA A - PRAacuteTICAS DEMONSTRADAMENTE UacuteTEIS E QUE DEVEM SER

ESTIMULADAS

Plano individual determinando onde e por quem o nascimento seraacute realizado feito em

conjunto com a mulher durante a gestaccedilatildeo e comunicado a seu maridocompanheiro

Avaliaccedilatildeo do risco gestacional durante o preacute-natal reavaliado a cada contato com o

sistema de sauacutede

Respeito agrave escolha da matildee sobre o local do parto

Fornecimento de assistecircncia obsteacutetrica no niacutevel mais perifeacuterico onde o parto for viaacutevel e

seguro e onde a mulher se sentir segura e confiante

Respeito ao direito da mulher agrave privacidade no local do parto

Apoio empaacutetico pelos prestadores de serviccedilo durante o trabalho de parto e parto

Respeito agrave escolha da mulher sobre seus acompanhantes durante o trabalho de parto e

parto

Fornecimento agraves mulheres sobre todas as informaccedilotildees e explicaccedilotildees que desejarem

Oferta de liacutequidos por via oral durante o trabalho de parto e parto

Monitoramento fetal por meio de ausculta intermitente

43

Monitoramento cuidadoso do progresso do parto por exemplo por meio do uso do

partograma da OMS

Monitoramento do bem-estar fiacutesico e emocional da mulher durante trabalho e parto e ao

teacutermino do processo de nascimento

Meacutetodos natildeo invasivos e natildeo farmacoloacutegicos de aliacutevio da dor como massagem e

teacutecnicas de relaxamento durante o trabalho de parto

Liberdade de posiccedilatildeo e movimento durante o trabalho de parto

Estiacutemulo a posiccedilotildees natildeo supinas durante o trabalho de parto

Uso rotineiro de ocitocina clampeamento tardio (1 a 3 minutos apoacutes o nascimento) e

traccedilatildeo controlada do cordatildeo durante o 3o estaacutegio do trabalho de parto

Condiccedilotildees esteacutereis ao cortar o cordatildeo

Prevenccedilatildeo da hipotermia do bebecirc

Contato pele a pele precoce entre matildee e filho e apoio ao iniacutecio da amamentaccedilatildeo na

primeira hora apoacutes o parto segundo as diretrizes da OMS sobre Aleitamento Materno

Exame rotineiro da placenta e membranas ovulares

CATEGORIA B - PRAacuteTICAS CLARAMENTE PREJUDICIAIS OU INEFICAZES E QUE DEVEM

SER ELIMINADAS

Uso rotineiro de enema

Uso rotineiro de tricotomia

Infusatildeo intravenosa de rotina no trabalho de parto

Cateterizaccedilatildeo venosa profilaacutetica de rotina

Uso rotineiro de posiccedilatildeo supina (decuacutebito dorsal) durante o trabalho de parto

44

Exame retal

Uso de pelvimetria por Raios-X

Amniotomia precoce de rotina para diminuir a duraccedilatildeo do trabalho de parto

Administraccedilatildeo de ocitoacutecitos em qualquer momento antes do parto de um modo que natildeo

permite controlar seus efeitos

Uso de rotina da posiccedilatildeo de litotomia com ou sem estribos durante o trabalho de parto

Esforccedilo de puxo prolongado e dirigido (manobra de Valsalva) durante o segundo

estaacutegio do trabalho de parto

Massagem e distensatildeo do periacuteneo durante o segundo estaacutegio do trabalho de parto

Uso liberal e rotineiro de episiotomia

Uso de comprimidos orais de ergometrina no terceiro estaacutegio do trabalho de parto com

o objetivo de evitar ou controlar hemorragias

Uso rotineiro de ergometrina parenteral no terceiro estaacutegio do trabalho de parto

Lavagem uterina rotineira apoacutes o parto

Revisatildeo uterina (exploraccedilatildeo manual) rotineira apoacutes o parto

CATEGORIA C - PRAacuteTICAS SEM EVIDEcircNCIAS SUFICIENTES PARA APOIAR UMA

RECOMENDACcedilAtildeO CLARA E QUE DEVEM SER UTILIZADAS COM CAUTELA ATEacute QUE

MAIS PESQUISAS ESCLARECcedilAM A QUESTAtildeO

Meacutetodos natildeo farmacoloacutegicos de aliacutevio de dor durante o trabalho parto como ervas

imersatildeo em aacuteguas e estimulaccedilatildeo dos nervos

Amniotomia e ocitocina precoce de rotina no primeiro estaacutegio do trabalho de parto para

prevenccedilatildeo de progresso inadequado do parto

Pressatildeo do fundo uterino durante o trabalho de parto

45

Manobras relacionadas agrave proteccedilatildeo do periacuteneo e ao manejo do poacutelo cefaacutelico no

momento do parto

Manipulaccedilatildeo ativa do feto no momento do parto

Estimulaccedilatildeo do mamilo para estimular a contratilidade uterina durante o terceiro estaacutegio

do trabalho de parto

CATEGORIA D - PRAacuteTICAS FREQUENTEMENTE USADAS DE MODO INADEQUADO

Restriccedilatildeo hiacutedrica e alimentar durante o trabalho de parto

Controle da dor por agentes sistecircmicos

Controle da dor por analgesia peridural

Monitoramento eletrocircnico fetal

Uso de maacutescaras e aventais esteacutereis durante a assistecircncia ao trabalho de parto

Exames vaginais repetidos ou frequumlentes especialmente por mais de um prestador de

serviccedilo

Correccedilatildeo da dinacircmica com utilizaccedilatildeo de ocitocina

Transferecircncia rotineira da parturiente para outra sala no iniacutecio do segundo estaacutegio do

trabalho de parto

Cateterizaccedilatildeo da bexiga

Estiacutemulo para o puxo quando se diagnostica dilataccedilatildeo cervical completa ou quase

completa antes que a mulher sinta o puxo involuntaacuterio

Clampeamento precoce do cordatildeo umbilical

Adesatildeo riacutegida a uma duraccedilatildeo estipulada do 2deg estaacutegio do trabalho de parto

Parto operatoacuterio e exploraccedilatildeo manual do uacutetero apoacutes o parto

46

ANEXO 2

47

48

ANEXO 3

49

Page 17: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS ESCOLA DE ENFERMAGEM … FINAL ANA … · inserção do estudo foi: partos assistidos por residentes em enfermagem obstétrica, independente se

17

TABELA 2

Indicadores da assistecircncia ao trabalho de parto e parto prestada pelas residentes em

enfermagem obsteacutetrica na maternidade do HRTN Belo Horizonte MG

Variaacuteveis N

Variaacuteveis n

Posiccedilatildeo do parto

Analgesia

Semi-sentada 462 647

Natildeo 587 822

Banquinho 120 168

Peridural 119 166

Coacutecoras 56 78

Raquidiana 8 11

Decuacutebito dorsal 23 32

Litotocircmica 20 28

Contato pele a pele

Sentada 9 12

Sim 674 944

Gaskin 7 09

Natildeo 34 47

Decuacutebito lateral 7 09

Em peacute 4 05

Acompanhante

Ajoelhada 2 02

Sim 686 960

Natildeo 27 37

Episiotomia

Sim 30 42

Apgar no 1ordm minuto

Natildeo 681 954

lt7 46 64

gt7 668 935

Laceraccedilatildeo

Natildeo 194 271

Apgar no 5ordm minuto

1ordm grau 329 460

lt7 6 08

2ordm grau 169 236

gt7 708 991

3ordm grau 20 28

4ordm grau 2 02

Variaacutevel N Meacutedia Desvio Padratildeo Miacutenimo Maacuteximo

Apgar no 1ordm minuto 714 83 13 0 10

Apgar no 5ordm minuto 714 93 07 0 10

18

Os resultados deste estudo mostram que a maioria dos partos assistidos por residentes em

enfermagem obsteacutetrica foram em posiccedilatildeo semi-sentada (647) as demais posiccedilotildees de parto

encontradas foram no banquinho (168) de coacutecoras (78) em decuacutebito dorsal (32) em

posiccedilatildeo litotocircmica (28) sentada (12) em Gaskin (09) em decuacutebito lateral (09) em

peacute (05) e ajoelhada (02) Considerando-se todas as posiccedilotildees de parto verticalizadas como

semi-sentada no banquinho Gaskin em peacute e ajoelhada encontrou-se uma taxa em torno de

92 de partos em posiccedilatildeo natildeo supina

A episiotomia foi realizada em apenas 420 dos partos Em 9538 dos casos as mulheres

foram poupadas deste procedimento Com relaccedilatildeo as laceraccedilotildees perineais a maioria das

mulheres apresentou laceraccedilotildees de primeiro grau (460) seguidas de periacuteneo iacutentegro

(271) Laceraccedilotildees de segundo grau acometeram 236 das mulheres Laceraccedilotildees graves

de terceiro grau (28) e de quarto grau (02) ocorreram em uma parcela pouco significativa

das mulheres assistidas pelas enfermeiras residentes

A analgesia farmacoloacutegica foi realizada em 177 das parturientes sendo em 166 por

teacutecnica peridural e 112 por teacutecnica raquidiana A analgesia farmacoloacutegica natildeo foi ofertada a

8221 das mulheres

O contato pele a pele na primeira hora de vida foi proporcionado a 9440 dos receacutem-

nascidos Em 47 a interaccedilatildeo pele a pele natildeo foi realizada

As parturientes contaram com a presenccedila de acompanhante familiar em 960 dos partos Os

partos sem acompanhante familiar representaram apenas 37

Os resultados sobre escore de Apgar foram gt7 no primeiro minuto em 935 dos neonatos e

gt7 no quinto minuto em 991 Tais dados mostram que a quase totalidade dos receacutem-

nascidos apresentava boas condiccedilotildees de vitalidade no primeiro e quinto minuto de vida

19

DISCUSSAtildeO

Idade materna Paridade Nuacutemero de gestaccedilotildees

Segundo o MS as mulheres em idade reprodutiva ou seja de 10 a 49 anos representam 65

do total da populaccedilatildeo feminina conformando um grupo social importante e que merece

atenccedilatildeo no que se refere agrave elaboraccedilatildeo de poliacuteticas de sauacutede (BRASIL 2011)

Silva (2009) cita que mulheres muito jovens ou muito idosas satildeo consideradas de maior risco

para resultados adversos e complicaccedilotildees gestacionais no parto e perinatais

A OMS considera gravidez na adolescecircncia aquela que ocorre em mulheres entre 10 e 19

anos sendo que gestantes com menos de 14 anos satildeo mais vulneraacuteveis e mais expostas agrave

morbimortalidade A gravidez na adolescecircncia estaacute relacionada aacute condiccedilotildees de escolaridade e

fatores socioeconocircmicos como escolaridade renda dentre outros e no que se refere aos

riscos os principais referidos por Santos at al (2014) satildeo prematuridade e baixo peso ao

nascer Jaacute Gravena (2013) refere que estatildeo relacionados agrave gravidez precoce riscos

aumentados ao receacutem-nascido de baixo peso ao nascer deficiecircncias de micronutrientes e

restriccedilatildeo do crescimento intrauterino levando a alteraccedilotildees na evoluccedilatildeo dessa gestaccedilatildeo e no

crescimento fetal o que pode resultar tambeacutem em parto prematuro

Cesar (2011) em estudo sobre gestaccedilatildeo na adolescecircncia encontrou 2018 de matildees

adolescentes e mostrou que estas estiveram de forma sistemaacutetica em desvantagem em

relaccedilatildeo agraves demais matildees tanto no que se refere a caracteriacutesticas socioeconocircmicas quanto na

assistecircncia recebida durante a gestaccedilatildeo e o parto Afirma que as adolescentes possuiacuteam pior

niacutevel de escolaridade e renda familiar viviam mais comumente sem companheiro realizaram

um menor nuacutemero de consultas de preacute-natal iniciaram estas consultas mais tardiamente

referiram com maior frequecircncia a presenccedila de anemia e corrimento vaginal patoloacutegico e foram

mais submetidas ao uso de foacutercipe e episiotomia Considerando-se as categorias adolescentes

precoces e adolescentes do presente estudo tem-se uma taxa de 210 proacutexima da

encontrada por Cesar (2011)

20

Mulheres entre 20 e 35 anos satildeo consideradas adultas jovens e apresentam resultados

obsteacutetricos e neonatais mais favoraacuteveis quando comparadas as adolescentes e a mulheres em

idade avanccedilada Neste estudo as adultas jovens representaram a maior parte da populaccedilatildeo

(695) Este achado corrobora para os resultados obsteacutetricos e neonatais favoraacuteveis aqui

verificados Gravena et al (2013) verificou em seu estudo que adolescentes e mulheres em

idade tardia tiveram probabilidade maior de parto cesaacutereo em relaccedilatildeo agraves adultas No que se

refere ao baixo peso ao nascer tanto as gestantes adolescentes quanto as em idade avanccedilada

apresentaram mais chance de possuiacuterem filhos receacutem-nascidos com baixo peso quando

comparadas as adultas

A taxa de fecundidade vem apresentando queda no Brasil nos uacuteltimos anos segundo dados do

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) em 2000 a taxa de fecundidade era de 24

filhos por mulher e em 2014 foi menor que 18 filhos por mulher (IBGE 2013) Dentre os vaacuterios

fatores que colaboraram para esta transiccedilatildeo na taxa de fecundidade encontram-se a

elaboraccedilatildeo e expansatildeo da estrateacutegia de sauacutede da famiacutelia e das poliacuteticas voltadas para a

mulher no ciclo graviacutedico puerperal principalmente a Poliacutetica Nacional de Direitos Sexuais e

Direitos Reprodutivos lanccedilada em 2005 e a Poliacutetica Nacional de Planejamento Familiar

elaborada em 2007 que permitiu as mulheres expansatildeo do acesso a informaccedilotildees sobre o

planejamento familiar reprodutivo e oferta de meacutetodos contraceptivos (BRASIL 2007)

Define-se gestaccedilatildeo tardia aquela que ocorre acima dos 35 anos e aquelas com mais de 45

anos satildeo consideradas gestaccedilotildees com idade materna avanccedilada Os nascimentos em mulheres

com 35 anos ou mais tem aumentado de forma consistente no Brasil tendecircncia observada

principalmente nos paiacuteses industrializados As mudanccedilas nos haacutebitos de vida como maior niacutevel

de escolaridade maior inserccedilatildeo no mercado de trabalho e na expectativa de vida da mulher

estimulam a postergaccedilatildeo do momento da primeira gravidez que acaba acontecendo em idades

superiores apoacutes serem atingidos outros objetivos de vida pessoais e profissionais Soma-se a

isso o advento da reproduccedilatildeo assistida que permite as mulheres engravidarem em idades mais

avanccediladas periacuteodo de comprovada diminuiccedilatildeo da fertilidade Haacute que se considerar que em

paiacuteses em desenvolvimento como o Brasil a maior parte das gestaccedilotildees tardias acontece em

situaccedilotildees de multiparidade o que tambeacutem envolve riscos (SILVA 2009)

21

A gestaccedilatildeo tardia apresenta risco similar a gestaccedilatildeo na adolescecircncia em alguns aspectos

conforme citado anteriormente e mais elevados em situaccedilotildees como abortamento espontacircneo

gravidez ectoacutepica anormalidades cromossocircmicas e malformaccedilotildees congecircnitas (SILVA 2009)

Gravena et al (2013) cita que nas mulheres com gestaccedilatildeo tardia tecircm sido observados mais

abortamentos espontacircneos e induzidos maior risco para mortalidade perinatal baixa vitalidade

do receacutem- nascido baixo peso ao nascer parto preacute-termo e fetos pequenos para idade

gestacional As gestaccedilotildees de mulheres de idade materna avanccedilada tecircm sido consideradas

como de alto risco em decorrecircncia principalmente da incidecircncia crescente de siacutendromes

hipertensivas ruptura prematura de membranas presenccedila de diabetes aleacutem de maior chance

do iacutendice de Apgar no quinto minuto ser menor que sete

Analisando os 1434 partos registrados no livro no mesmo periacuteodo e nos quais estatildeo incluiacutedos

os 714 partos das enfermeiras residentes o percentual de primiacuteparas e multiacuteparas foi de 415

e 583 respectivamente valores muito proacuteximos aos encontrados nos partos assistidos pelas

enfermeiras residentes

Idade gestacional

Conceitua-se gravidez preacute-termo aquela cuja idade gestacional encontra-se entre 22 e 37

semanas ou entre 154 a 259 dias (ACOG 2013) A prematuridade eacute um evento que afeta a

vida da famiacutelia e do RN de forma significativa envolvendo aspectos bioloacutegicos psicoloacutegicos e

sociais de difiacutecil mensuraccedilatildeo e que devem ser considerados pela equipe que assiste a famiacutelia

prematura (RAMOS 2009)

A prematuridade tem sido estudada como uma das causas importantes de mortalidade infantil

O receacutem-nascido imaturo apresenta desenvolvimento incompleto de oacutergatildeos como ceacuterebro e

pulmotildees aleacutem de limitaccedilatildeo da funccedilatildeo renal e imaturidade da funccedilatildeo hepaacutetica podendo sofrer

seacuterios comprometimentos ou intercorrecircncias (GRAVENA 2013) A literatura cita alguns fatores

de risco gestacionais associados agrave prematuridade tais como parto prematuro preacutevio gestaccedilatildeo

muacuteltipla histoacuteria materna de um ou mais abortos espontacircneos no segundo trimestre

comprimento cervical lt 30 cm baixo niacutevel socioeconocircmico idade materna lt18 anos ou gt40

22

anos primiparidade (mais frequente no primeiro filho) complicaccedilotildees maternas (cliacutenicas ou

obsteacutetricas) atividade fiacutesica aumentada tabagismo uso de cocaiacutena acompanhamento preacute-

natal inadequado ou ausente situaccedilotildees de alto estresse crescimento intrauterino restrito

(CIUR) anomalias congecircnitas polihidracircmnios ruptura prematura de membranas preacute-termo

(RPMPT) descolamento de placenta presenccedila de DIU mioma (particularmente submucoso ou

subplacentaacuterio) anomalias uterinas insuficiecircncia istmo-cervical infecccedilotildees maternas siacutendrome

antifosfoliacutepide trauma cirurgia (RAMOS 2009)

O American College of Obstetricians and Gynecologists (ACOG 2013) classifica a gravidez

aleacutem de 37 semanas da seguinte maneira

Termo precoce entre 37 semanas e 38 semanas e 6 dias

Termo completo entre 39 semanas e 40 semanas e 6 dias

Termo tardio entre 41 semanas e 41 semanas e 6 dias

Poacutes-termo 42 semanas em diante

Neste estudo a grande maioria dos partos assistidos pelas enfermeiras residentes foi de

gestaccedilotildees a termo (900) Tal fato se justifica pela maior atuaccedilatildeo da enfermagem obsteacutetrica

nas gestaccedilotildees de risco habitual A meacutedia de idade gestacional da amostra deste estudo foi de

38 semanas sendo a menor idade gestacional encontrada 24 semanas e a maior 42 semanas

Os partos preacute-termo e poacutes-termo ou seja de maior risco satildeo preferencialmente

acompanhados por meacutedico obstetra Eacute rotina da instituiccedilatildeo em estudo a induccedilatildeo do trabalho

de parto nas gestaccedilotildees acima de 41 semanas Tambeacutem por esse motivo pode-se justificar a

atuaccedilatildeo das enfermeiras residentes em menos de 05 de partos poacutes-termo

O ACOG define gestaccedilatildeo poacutes-termo ou gestaccedilatildeo prolongada como aquela que se estende

aleacutem de 42 semanas ou 294 dias de gestaccedilatildeo (ACOG 2013) Para Amorim (2010) as

gestaccedilotildees aleacutem de 42 semanas ocorrem em aproximadamente 5 dos casos jaacute as aleacutem de 41

semanas em cerca de 10 A causa mais comum de gestaccedilatildeo poacutes-termo eacute o erro de dataccedilatildeo

e quando realmente existe a causa eacute desconhecida sendo a primiparidade o principal fator de

risco associado Mais raramente outros fatores podem estar presentes como a anencefalia

23

deficiecircncia de sulfatase placentaacuteria feto do sexo masculino e predisposiccedilatildeo geneacutetica (BRASIL

2011) O maior temor relacionado agrave gestaccedilatildeo prolongada eacute de que ocorra insuficiecircncia

placentaacuteria com reduccedilatildeo do aporte de nutriente e oxigecircnio para o bebecirc o que pode acarretar

aumento da morbidade e mortalidade perinatal Com maior frequecircncia de morte perinatal

anormalidade da frequecircncia cardiacuteaca fetal intraparto eliminaccedilatildeo de mecocircnio macrossomia e

cesariana (AMORIM 2010)

No Brasil tem sido frequente a indicaccedilatildeo de cesariana quando a gestaccedilatildeo ultrapassa 40

semanas sobretudo no setor privado poreacutem esta conduta natildeo eacute corroborada por evidecircncias

Amorim (2010) em compilado sobre o tema cita uma revisatildeo sistemaacutetica publicada em 2003 na

qual concluiacuteram que a induccedilatildeo do parto a partir de 41 semanas quando comparada agrave conduta

expectante resultou em menor taxa de cesaacuterias (201 x 22) e de liacutequido amnioacutetico meconial

(224 x 277) poreacutem natildeo houve diferenccedila em termos de mortalidade perinatal escores de

Apgar admissatildeo em UTI neonatal e siacutendrome de aspiraccedilatildeo meconial Em 2012 outra revisatildeo

sistemaacutetica disponiacutevel na biblioteca Cochrane incluindo 22 ensaios cliacutenicos randomizados e

9383 mulheres submetidas aacute induccedilatildeo do parto mostrou reduccedilatildeo significativa do risco relativo de

morte perinatal e de cesariana Natildeo houve diferenccedila na taxa de natimortos ou de morte

neonatal nos dois grupos A incidecircncia da siacutendrome de aspiraccedilatildeo meconial foi menor no grupo

submetido agrave induccedilatildeo do parto poreacutem natildeo houve diferenccedila na frequecircncia de asfixia perinatal

baixos escores de Apgar e admissatildeo em UTI neonatal Os autores sugerem que a induccedilatildeo do

parto a partir de 41 semanas reduz as taxas de cesariana sem comprometer o prognoacutestico

perinatal Aleacutem disso o estudo mostrou maior satisfaccedilatildeo das gestantes submetidas agrave induccedilatildeo

do parto Recomenda-se que as mulheres sejam esclarecidas sobre riscos e benefiacutecios

associados agrave induccedilatildeo do parto a partir de 41 semanas (AMORIM 2010)

Posiccedilatildeo de parto

Os benefiacutecios da livre movimentaccedilatildeo da parturiente durante o trabalho de parto tais como a

reduccedilatildeo de sua duraccedilatildeo melhora do conforto materno e reduccedilatildeo do uso de analgeacutesicos satildeo

sustentados por evidecircncias cientiacuteficas (SOUSA 2013) A adoccedilatildeo de postura vertical e

movimentaccedilatildeo podem aleacutem de diminuir a dor materna facilitar a circulaccedilatildeo materno-fetal e a

descida do feto na pelve materna melhorar as contraccedilotildees uterinas e diminuir o trauma perineal

24

(SILVA 2011)

A OMS (1996) classifica como praacuteticas demonstradamente uacuteteis e que devem ser estimuladas

(categoria A) a liberdade de posiccedilatildeo e movimento durante o trabalho de parto e o estiacutemulo a

posiccedilotildees natildeo supinas durante o trabalho de parto Jaacute o uso rotineiro de posiccedilatildeo supina

(decuacutebito dorsal) durante o trabalho de parto e o uso de rotina da posiccedilatildeo de litotomia com ou

sem perneiras durante o trabalho de parto satildeo classificadas como praacuteticas claramente

prejudiciais e que devem ser eliminadas (categoria B)

Uma revisatildeo sistemaacutetica sobre assistecircncia ao segundo e terceiro periacuteodos do trabalho de parto

publicada em 2010 mostra que a posiccedilatildeo supina tem sido amplamente usada no segundo

periacuteodo do trabalho de parto contrariando a evidecircncia fisioloacutegica da reduccedilatildeo da eficiecircncia

uterina e do fluxo sanguiacuteneo placentaacuterio nessa posiccedilatildeo A posiccedilatildeo litotocircmica eacute ainda

recomendada em alguns tratados tradicionais de Obstetriacutecia mas as posiccedilotildees alternativas

incluem uma gama de posiccedilotildees que podem trazer benefiacutecios para o parto posiccedilatildeo lateral

(Sims) vertical (sentada semi-sentada de coacutecoras ou ajoelhada) e de quatro apoios A

imersatildeo em aacutegua durante o periacuteodo expulsivo do trabalho de parto aumentou o registro de

satisfaccedilatildeo por parte das parturientes no que diz respeito aos puxos mas ainda natildeo haacute

evidecircncias sobre os efeitos da imersatildeo em aacutegua no segundo estaacutegio especialmente sobre a

morbidade materna e neonatal (AMORIM 2010)

Estudos apontam que posiccedilotildees verticalizadas ou a posiccedilatildeo lateral associaram-se com reduccedilatildeo

da duraccedilatildeo do segundo periacuteodo do parto reduccedilatildeo nas anormalidades da frequecircncia cardiacuteaca

fetal bem como reduccedilatildeo de relatos de dor grave e episiotomia Ocorre no entanto maior perda

de sangue estimada (acima de 500 mL) sem repercussotildees cliacutenicas consideraacuteveis A conclusatildeo

dos revisores eacute que as mulheres devem ser encorajadas a parir na posiccedilatildeo que lhes for mais

confortaacutevel com o balanccedilo das evidecircncias a favor das posturas natildeo supinas (AMORIM 2010)

Mouta et al (2008) e Rocha Fonseca (2010) encontraram percentuais entre 50 e 78 de

posiccedilatildeo vertical em partos assistidos exclusivamente por enfermeiras obstetras em

maternidades puacuteblicas do Rio de Janeiro Em um CPN de Satildeo Paulo apenas 13 dos partos

foram assistidos em posiccedilatildeo horizontal contra 776 assistidos em posiccedilatildeo vertical (SOUZA

2011)

25

Sousa (2013) observou em seu estudo com 61 mulheres assistidas em Hospital da rede puacuteblica

de Belo Horizonte que mais de 75 pariram deitadas de costas com pernas levantadas sem

uso de perneiras As demais mulheres deram a luz em posiccedilatildeo de coacutecoras (98) deitada de

lado (66) sentadareclinada (66) ou Gaskin (16)

A maternidade do HRTN faz parte da rede de hospitais de Belo Horizonte que assinou o Termo

de Compromisso das Maternidades do SUS-BH estabelecido pela Comissatildeo Perinatal da

Secretaria Municipal de Sauacutede de Belo Horizonte (SMSA-BH) o qual estabelece metas para

diversos indicadores assistenciais objetivando humanizar a assistecircncia e reduzir as taxas de

cesariana nas maternidades da rede puacuteblica de Belo Horizonte No que se refere a posiccedilatildeo de

parto a SMSA-BH tem como meta que mais de 70 dos partos sejam realizados em posiccedilatildeo

natildeo supina Segundo dados institucionais fornecidos pela coordenaccedilatildeo da maternidade sobre

todos os partos do HRTN no mesmo periacuteodo deste estudo a taxa de partos em posiccedilatildeo natildeo

supina variou de 6202 em abril de 2014 a 8138 em abril de 2013

Diante dos resultados deste estudo eacute possiacutevel inferir que no HRTN a equipe incentiva e apoia o

uso de deambulaccedilatildeo e posiccedilotildees verticalizadas durante o trabalho de parto e periacuteodo expulsivo

As mulheres devem orientadas sobre os benefiacutecios da verticalizaccedilatildeo para a evoluccedilatildeo do

trabalho de parto No momento do parto deve haver incentivo agrave livre escolha da posiccedilatildeo dentro

das possibilidades da maternidade Ainda natildeo haacute disponibilidade de parto com imersatildeo em

aacutegua mas haacute quartos PPP (preacute-parto parto e poacutes-parto) com chuveiro bola suiacuteccedila banquinho

meia lua escada de Ling e espaccedilo fiacutesico que permite deambulaccedilatildeo Em alguns plantotildees a

equipe conta com a participaccedilatildeo das Doulas no cuidado agrave mulher em trabalho de parto

Os resultados deste estudo satildeo similares aos encontrados por Sousa (2013) o que mostra que

ambas as instituiccedilotildees componentes do SUS em Belo Horizonte que tem atuaccedilatildeo efetiva das

enfermeiras obstetras estimulam o parto em posiccedilotildees verticalizadas e provavelmente

respeitam a livre escolha da posiccedilatildeo de parto

O fato da maior parte dos partos serem em posiccedilatildeo semi-sentada gera certa inquietaccedilatildeo pois

26

sabe-se que esta posiccedilatildeo permite maior controle e melhor visibilidade sendo cocircmoda para o

profissional que assiste ao parto Outra justificativa possiacutevel para a grande porcentagem de

partos semi-sentada pode ser a falta de informaccedilatildeo eou orientaccedilatildeo das

mulheresacompanhantes sobre a possibilidade de parirem em outras posiccedilotildees que lhe sejam

confortaacuteveis Ressalta-se a necessidade de orientaccedilatildeo e incentivo quanto agrave liberdade de

posiccedilatildeo e sobre os benefiacutecios das posiccedilotildees verticalizadas para o trabalho de parto e periacuteodo

expulsivo desmitificando a claacutessica posiccedilatildeo de parto e empoderando-as a escolher a posiccedilatildeo

que lhes for mais confortaacutevel

Episiotomia

A episiotomia foi inicialmente proposta com o objetivo de facilitar o parto reduzindo o trauma

perineal e facilitando o reparo Entretanto natildeo obstante a indicaccedilatildeo de livros-texto sua

realizaccedilatildeo de rotina natildeo pode ser recomendada uma vez que existem vaacuterias evidecircncias de que

natildeo eacute necessaacuteria e de que pode ser prejudicial (AMORIM 2010)

Entre as principais morbidades relacionadas agrave episiotomia estatildeo a dor perineal e o

sangramento aumentado Nesses casos devido a urgecircncia os traumas perineais muitas vezes

satildeo suturados sem a boa visualizaccedilatildeo do local podendo produzir acidentes com lesatildeo no trato

geniturinaacuterio e nas estruturas do assoalho peacutelvico causando hipermobilidade uretral e prolapso

genital Apoacutes o parto tambeacutem podem surgir hematuacuteria incapacidade vesical e incontinecircncia

urinaacuteria (RIESCO et al 2011)

A OMS (1996) considera o uso liberal e rotineiro de episiotomia uma praacutetica claramente

prejudicial e que deve ser eliminada (categoria B) Embora os dados disponiacuteveis na literatura

revelem que a realizaccedilatildeo de episiotomia natildeo cumpre os objetivos que justificariam sua

realizaccedilatildeo de forma rotineira sejam eles a prevenccedilatildeo de lesotildees nas genitais da matildee ou na

cabeccedila do receacutem-nascido ainda hoje tal intervenccedilatildeo permanece sendo usada de forma

abusiva em muitas instituiccedilotildees de sauacutede

Em revisatildeo sistemaacutetica incluindo oito ensaios cliacutenicos (n=5541) observou-se que comparada

agrave episiotomia de rotina a episiotomia seletiva (com indicaccedilatildeo precisa) esteve associada com

27

menos trauma perineal grave menor necessidade de suturas menos complicaccedilotildees na

cicatrizaccedilatildeo e mais trauma perineal anterior Natildeo houve diferenccedila na frequecircncia de trauma

vaginal ou perineal grave dispareunia incontinecircncia urinaacuteria ou dor intensa Os revisores

recomendam que a episiotomia natildeo seja realizada rotineiramente e quando necessaacuteria seja

realizada com o consentimento poacutes-informaccedilatildeo da parturiente (AMORIM 2010)

Cesar (2011) encontrou ocorrecircncia meacutedia de episiotomia de 72 entre as 2557 gestantes

estudadas no Sul do Brasil Houve variaccedilatildeo de 86 entre as adolescentes e 66 entre as

demais matildees As taxas encontradas foram bastante elevadas principalmente entre as

adolescentes o que indica baixa incorporaccedilatildeo de praacuteticas baseadas em evidecircncia na

assistecircncia ao parto no cenaacuterio do estudo

Em contrapartida Sousa (2013) verificou em seu estudo em uma maternidade da rede puacuteblica

de Belo Horizonte iacutendice de episiotomia em torno de 11 e observou seguranccedila na praacutetica dos

profissionais de sauacutede envolvidos na assistecircncia ao parto da instituiccedilatildeo estudada no que se

refere ao uso seletivo desse procedimento e aos criteacuterios de utilizaccedilatildeo Tal instituiccedilatildeo tem

princiacutepios humanizados e grande inserccedilatildeo de enfermeiras obstetras na assistecircncia ao parto o

que pode tambeacutem ter justificado a baixa taxa de episiotomia encontrada

Considerando todos os partos realizados no HRTN no periacuteodo deste estudo a taxa de

episiotomia variou entre 90 em abril de 2013 a 149 em abril de 2014 A SMSA-BH tem

como meta de realizaccedilatildeo de episiotomia em menos de 30 dos partos vaginais Considerando

os 1434 partos assistidos por EO no mesmo periacuteodo a taxa de episiotomia foi de 46 o que

mostra uso criterioso do procedimento por parte desta categoria profissional

No presente estudo a taxa de episiotomia foi 42 Nestes casos a episiotomia pode ter sido

indicada devido a periacuteneo resistente no intuito de prevenir laceraccedilotildees graves mesmo que natildeo

haja respaldo cientiacutefico para tal praacutetica Tambeacutem em situaccedilotildees de estado fetal natildeo

tranquilizador durante o periacuteodo expulsivo jaacute com o feto em planos avanccedilados no intuito de

acelerar o nascimento ou mesmo por distoacutecia de ombro ou outra complicaccedilatildeo sendo uma

decisatildeo conjunta entre preceptor e residente Deve-se considerar que a baixas taxas de

28

episiotomia nos partos assistidos por enfermeiras residentes satildeo reflexo da atuaccedilatildeo da

preceptoria tanto de enfermeiras obstetras como de meacutedicos obstetras A episiotomia natildeo foi

realizada em 9538 dos partos o que mostra que as residentes em enfermagem obsteacutetrica

faziam uso seletivo do procedimento Um aspecto relevante deste estudo eacute que mesmo com a

baixa taxa de episiotomia encontrou-se pequenas taxas de laceraccedilotildees perineais de terceiro

(28) e quarto grau (028) Isso aponta para um modelo de assistecircncia obsteacutetrico com

incorporaccedilatildeo de praacuteticas baseadas em evidecircncias cientiacuteficas na maternidade do HRTN

Contato pele a pele

As praacuteticas referentes ao contato da matildee com seu bebecirc e ao aleitamento materno ainda na

sala de parto satildeo tambeacutem indicadores relevantes da qualidade da atenccedilatildeo ao parto

humanizado e segundo a OMS (1996) e MS (2001) deve ser encorajada no parto normal

(categoria A)

O passo quatro da Iniciativa Hospital Amigo da Crianccedila (IHAC) preconiza que os bebecircs que

tenham condiccedilotildees cliacutenicas favoraacuteveis permaneccedilam por pelo menos uma hora junto agrave pele da

matildee e que iniciem o aleitamento materno ainda na primeira meia hora apoacutes o nascimento

independentemente da via de parto (BRASIL 2010)

O contato pele a pele precoce melhora os resultados neonatais em termos de menor choro e

maior estabilidade cardiorrespiratoacuteria e aumenta significativamente o sucesso da

amamentaccedilatildeo sem efeitos negativos aparentes em curto e longo prazo segundo estudo de

meta-anaacutelise O contato pele a pele da matildee com o receacutem-nascido por pelo menos 30 minutos

na primeira hora de vida aleacutem de propiciar o envolvimento matildee-filho e o aleitamento materno

eacute um indicativo de que o parto transcorreu adequadamente Aleacutem disso favorece o viacutenculo

afetivo propiciando o reconhecimento entre matildee e filho pode aumentar a autoestima materna

diminuir a ansiedade melhorar os sentimentos de aceitaccedilatildeo do seu novo papel e a satisfaccedilatildeo

durante o processo de parto (MOORE et al 2012)

Apesar de o contato pele a pele ser uma praacutetica demonstradamente uacutetil e que deve ser

encorajada no parto normal especificamente tambeacutem pode e deve ser promovida no parto

29

operatoacuterio Sousa (2013) verificou em sua pesquisa que dos 89 receacutem-nascidos vivos o

contato precoce entre matildee e filho foi garantido em mais de 77 dos partos embora a maior

frequecircncia tenha ocorrido entre os filhos nascidos de parto normal

Na maternidade do HRTN o contato pele a pele eacute incentivado e apoiado por toda a equipe

multiprofissional sendo uma praacutetica consolidada conforme apontam os resultados deste

estudo As parturientes devem ser orientadas sobre os benefiacutecios desta praacutetica e preparadas

para receber seus RN apoacutes o nascimento A assistecircncia ao RN estaacutevel deve ser feita

preferencialmente no colo da matildee e quando houver necessidade de encaminhar o RN ao

berccedilo aquecido assim que este estabelecer condiccedilotildees favoraacuteveis deve retornar para o contato

pele a pele Assim como o contato pele a pele a amamentaccedilatildeo na primeira hora de vida

tambeacutem deve ser apoiada e estimulada respeitando o desejo da mulher

No presente estudo o contato pele a pele na primeira hora de vida foi realizado em 9440 dos

partos Os 475 em que natildeo foi realizado pode ter como justificativa o nascimento de um RN

deprimido sem condiccedilotildees cliacutenicas de permanecer com a matildee e que necessitaram de

assistecircncia pediaacutetrica seja reanimaccedilatildeo neonatal ou transferecircncia para unidade neonatal

Tambeacutem pode ter como justificativa impossibilidade materna ou desejo de natildeo realizar contato

pele a pele

Pela pactuaccedilatildeo da maternidade em estudo com a SMSA-BH a meta eacute que 100 dos receacutem-

nascidos vivos realizem contato pele a pele efetivo na primeira hora de vida Considerando

todos os partos realizados na instituiccedilatildeo no mesmo periacuteodo deste estudo este indicador variou

entre 905 em abril de 2013 a 960 em agosto de 2013 segundo dados institucionais

fornecidos pela coordenaccedilatildeo a maternidade Estes dados sinalizam boa incorporaccedilatildeo desta

praacutetica pela equipe mas indicam tambeacutem necessidade de melhoria para que seja atingida a

meta

Acompanhante

A presenccedila de acompanhante durante todo o periacuteodo de internaccedilatildeo eacute um direito conquistado

pelas mulheres assegurado na Lei nordm 111082005 regulamentado pelo Ministeacuterio da Sauacutede

30

pela Portaria nordm 24182005 portanto obrigatoacuterio em todas as instituiccedilotildees sejam elas puacuteblicas

ou privadas (BRASIL 2005) Esta praacutetica eacute classificada pela OMS como demonstradamente uacutetil

e que deve ser estimulada (categoria A)

A presenccedila do acompanhante durante o processo de parturiccedilatildeo pode proporcionar bem-estar

fiacutesico e emocional agrave mulher e benefiacutecios clinicamente significativos ao binocircmio matildee-filho Os

efeitos do suporte agrave mulher foram encontrados em recente meta-anaacutelise e estatildeo associados agrave

menor duraccedilatildeo do trabalho de parto uso de ocitocina reduccedilatildeo de cesariana e de partos

vaginais instrumentais diminuindo ainda a utilizaccedilatildeo de analgesia intraparto e melhorando os

iacutendices de Apgar no quinto minuto (SOUSA 2013)

Outros estudos destacam ainda a importacircncia do acompanhante quando este se envolve natildeo

soacute no apoio fiacutesico e emocional mas tambeacutem no desenvolvimento junto agrave parturiente de accedilotildees

como massagem auxiacutelio e encorajamento durante a deambulaccedilatildeo banho e tambeacutem no

periacuteodo expulsivo o que proporciona tambeacutem maior grau de satisfaccedilatildeo com o parto Sousa

(2013) verificou em sua pesquisa que quase a totalidade (922) das mulheres assistidas em

uma instituiccedilatildeo de sauacutede da rede puacuteblica de Belo Horizonte permaneceu com o acompanhante

de sua escolha durante o periacuteodo de internaccedilatildeo sendo a maioria o companheiro pai da

crianccedila (627)

No HRTN a presenccedila de acompanhante familiar de livre escolha eacute uma praacutetica consolidada

pela instituiccedilatildeo e apoiada pela equipe multiprofissional A valorizaccedilatildeo do acompanhante deve

acontece em todas as etapas da internaccedilatildeo durante o trabalho de parto os acompanhantes

podem ser encorajados a participar ativamente no apoio agrave parturiente ofertando meacutetodos

alternativos para aliacutevio da dor como massagens por exemplo No momento do parto quando

possiacutevel pode ser oferecido ao familiar que corte o cordatildeo umbilical o que pode ter grande

representaccedilatildeo simboacutelica para aquela famiacutelia No puerpeacuterio os acompanhantes devem ser

orientados junto aacute mulher sobre os cuidados com o RN aleitamento materno e como apoiar a

matildee na nova fase

No presente estudo houve acompanhante familiar em 960 dos partos assistidos pelas

enfermeiras residentes Partos sem acompanhante familiar foram apenas 37 Estes dados

31

corroboram com a afirmaccedilatildeo de que a presenccedila do acompanhante familiar eacute uma praacutetica

consolidada e respeitada pela equipe da maternidade do HRTN

Analgesia

Meacutetodos natildeo farmacoloacutegicos

A OMS (1996) recomenda que o uso de meacutetodos natildeo farmacoloacutegicos para aliacutevio da dor deve

ser privilegiado durante a assistecircncia ao trabalho de parto considerando-os como ldquopraacuteticas

reconhecidamente uacuteteis e que devem ser estimuladasrdquo Categoria A na recomendaccedilatildeo de boas

praacuteticas na assistecircncia ao parto

Entre as praacuteticas natildeo medicamentosas tem-se estudado o uso de acupuntura acupressura

hipnose teacutecnicas de relaxamento e respiraccedilatildeo aplicaccedilatildeo de frio e calor aromaterapia

aacuteudioanalgesia massagem deambulaccedilatildeo e banho de imersatildeo durante o parto (SILVA 2011)

Em um estudo de revisatildeo sistemaacutetica foram incluiacutedos 14 ensaios com 1448 parturientes que

utilizaram diferentes formas de tratamento para a dor (acupuntura hipnose audioanalgesia

aromaterapia massagem e relaxamento) A hipnose mostrou-se efetiva em termos de reduzir a

necessidade de meacutetodos farmacoloacutegicos para aliacutevio da dor aumentando o grau de satisfaccedilatildeo

materna Maior chance de parto vaginal e reduccedilatildeo da necessidade de analgesia A acupuntura

tambeacutem se associou a uma menor intensidade da dor e reduccedilatildeo do uso de ocitocina A eficaacutecia

de meacutetodos como acupressatildeo aromaterapia aacuteudioanalgesia relaxamento e massagem natildeo foi

ainda estabelecida sendo necessaacuterios ensaios cliacutenicos randomizados para avaliaccedilatildeo dessas

terapias complementares para aliacutevio da dor durante o trabalho de parto (PORTO 2010)

Deve-se considerar que o suporte contiacutenuo intraparto e as posiccedilotildees verticalizadas durante o

parto tambeacutem se associam agrave reduccedilatildeo da dor e maior grau de satisfaccedilatildeo materna como jaacute

demonstrado em revisotildees sistemaacuteticas A imersatildeo em aacutegua em banheiras ou similares durante

o trabalho de parto tem sido investigada como um meacutetodo de promoccedilatildeo de relaxamento e aliacutevio

da dor Em uma revisatildeo sistemaacutetica de 11 ensaios cliacutenicos a imersatildeo em aacutegua foi associada agrave

reduccedilatildeo no uso de analgesia e reduccedilatildeo no relato de dor sem prejudicar a duraccedilatildeo do trabalho

de parto as taxas de partos ciruacutergicos ou o bem-estar neonatal (PORTO 2010)

32

A SMSA-BH recomenda que os meacutetodos natildeo farmacoloacutegicos para aliacutevio da dor sejam ofertados

a 100 das mulheres em trabalho de parto De acordo com dados institucionais fornecidos

pela coordenaccedilatildeo da maternidade a oferta variou entre 7571 em julho de 2013 a 8778 em

julho de 2013 considerando todos os partos realizados na instituiccedilatildeo no periacuteodo de abril de

2013 a abril de 2014

No livro fonte de dados deste estudo a oferta de meacutetodos natildeo farmacoloacutegicos natildeo eacute registrada

natildeo sendo possiacutevel quantificar estes dados nos partos assistidos por REO mas pode-se inferir

que esta eacute uma praacutetica adotada pelas enfermeiras obstetras e residentes quando se observa

por exemplo as baixas taxas de analgesia farmacoloacutegica em torno de 16 nos partos

assistidos por estas profissionais

Meacutetodos farmacoloacutegicos

Classicamente vaacuterios meacutetodos farmacoloacutegicos foram propostos mas existe consenso

atualmente de que se algum meacutetodo farmacoloacutegico for indicado para aliacutevio da dor durante o

trabalho de parto a analgesia regional com peridural ou teacutecnica combinada (raquidiana e

peridural) deve ser empregada preferencialmente em relaccedilatildeo ao uso de opioacuteides sistecircmicos ou

analgesia inalatoacuteria A teacutecnica ideal para analgesia de parto deveria ter miacutenima ou ausente

transferecircncia placentaacuteria ausecircncia de efeitos sobre o fluxo sanguiacuteneo uteroplacentaacuterio efeitos

miacutenimos e reversiacuteveis sobre o feto e neonato ausecircncia de efeito ocitoacutecico ou tocoliacutetico e

ausecircncia de bloqueio motor (PORTO 2010)

Uma revisatildeo sistemaacutetica realizada em 2011 incluindo 38 estudos comprovou a eficaacutecia da

analgesia peridural para reduccedilatildeo da dor de mulheres durante o processo de parto mas

tambeacutem revelou maior risco de parto instrumental maior necessidade de ocitocina e aumento

da duraccedilatildeo do segundo estaacutegio do parto Natildeo houve associaccedilatildeo dessa intervenccedilatildeo com risco

de cesariana cefaleacuteia e escores de Apgar menores que sete no quinto minuto (AMORIM

2011)

Na maternidade em estudo a analgesia farmacoloacutegica seja por teacutecnica peridural ou

raquianestesia eacute considerada um direito da mulher de acordo com os princiacutepios da

humanizaccedilatildeo e eacute ofertada conforme desejo da parturiente apoacutes a oferta de diferentes meacutetodos

33

natildeo farmacoloacutegicos para aliacutevio da dor e sob orientaccedilotildees sobre os riscos e benefiacutecios do

procedimento ou nos casos em que haacute indicaccedilatildeo cliacutenica para realizaccedilatildeo do mesmo A teacutecnica

de analgesia empregada na instituiccedilatildeo permite na maior parte dos casos a deambulaccedilatildeo

movimentaccedilatildeo e uso concomitante de outros meacutetodos alternativos de aliacutevio da dor como

chuveiro Isto pode influenciar para o desfecho favoraacutevel dos partos conforme mostram as

evidecircncias sobre movimentaccedilatildeo e verticalizaccedilatildeo durante o trabalho de parto

A SMSA-BH recomenda a utilizaccedilatildeo de analgesia quando esgotados os recursos natildeo

farmacoloacutegicos para aliacutevio da dor em torno de 30 dos partos normais A proporccedilatildeo de parto

normal com analgesia variou de 141 em janeiro de 2014 e 279 em agosto de 2013

considerando todos os partos realizados na instituiccedilatildeo no mesmo periacuteodo deste estudo

Considerando os 1434 assistidos por EO no periacuteodo do estudo 147 recebeu analgesia por

teacutecnica peridural e 11 raquidiana Os demais 841 dos partos foi sem analgesia

farmacoloacutegica

No presente estudo a analgesia farmacoloacutegica foi realizada em 176 dos partos sendo 166

por teacutecnica peridural e 11 raquidiana Analgesia natildeo foi realizada em 822 dos partos

assistidos por REO Estes dados demonstram que a oferta de meacutetodos natildeo farmacoloacutegicos

para aliacutevio da dor pode ter sido influenciado positivamente na escolha da parturiente em

receber ou natildeo a analgesia farmacoloacutegica

Laceraccedilotildees perineais

Laceraccedilotildees perineais satildeo traumas em estruturas componentes da vagina que podem ocorrer

de forma espontacircnea durante a passagem do feto pelo canal de parto ou em decorrecircncia de

episiotomia as quais podem se prolongar

A laceraccedilatildeo de primeiro grau eacute aquela que natildeo atinge nenhum muacutesculo estendendo-se atraveacutes

da fuacutercula mucosa vaginal e da pele Jaacute a laceraccedilatildeo de segundo grau acomete os muacutesculos

perineais poreacutem sem lesatildeo do esfiacutencter retal A laceraccedilatildeo de terceiro grau atinge essa

estrutura e algumas vezes prolonga-se ateacute a parede anterior do reto Neste uacuteltimo caso em

que a parede do reto eacute comprometida por vezes utiliza-se o termo laceraccedilatildeo de quarto grau

As laceraccedilotildees de primeiro e segundo grau satildeo consideradas leves e laceraccedilotildees de terceiro e

34

quarto grau satildeo consideradas graves pois podem levar agrave incontinecircncia urinaacuteria e fecal sendo

estas uacuteltimas mais raras (REZENDE 2005)

A ocorrecircncia de laceraccedilotildees perineais no parto normal depende de diversos fatores que podem

estar relacionados agraves condiccedilotildees maternas ao feto ao parto em si e ao prestador de serviccedilo

Embora estes fatores natildeo estejam definitivamente estabelecidos existem evidecircncias indicando

o local do parto e o profissional que assiste a escolaridade materna a paridade a altura do

periacuteneo a duraccedilatildeo do segundo estaacutegio do parto a cicatriz perineal anterior a infusatildeo de

ocitocina a posiccedilatildeo no parto a analgesia farmacoloacutegica os puxos dirigidos as manobras de

proteccedilatildeo perineal o peso e o periacutemetro cefaacutelico do RN como fatores relacionados entre

outros Quanto a integridade perineal sua chance aumenta entre as mulheres com um ou mais

partos vaginais anteriores (RIESCO et al 2011)

Estudos tambeacutem tecircm buscado associaccedilatildeo entre a posiccedilatildeo materna no parto e as laceraccedilotildees

perineais Sousa (2013) verificou que a posiccedilatildeo deitada de lado juntamente com a posiccedilatildeo de

coacutecoras foram as que tiveram maior ocorrecircncia de laceraccedilotildees de primeiro grau principalmente

com 750 e 833 dos casos respectivamente Essas duas posiccedilotildees tambeacutem foram as que

mais favoreceram para que as mulheres tivessem laceraccedilotildees na pesquisa desenvolvida por

Souza (2011) em um CPN do Rio de Janeiro com incidecircncia de 502 nos partos assistidos

em posiccedilatildeo lateral e 696 naqueles assistidos de coacutecoras Em ambas pesquisas a posiccedilatildeo de

Gaskin foi a que teve menor incidecircncia de traumas perineais seguida da posiccedilatildeo

sentadareclinada

Entre as principais morbidades relacionadas estatildeo a dor perineal e o sangramento aumentado

Apoacutes o parto tambeacutem podem surgir hematuacuteria incapacidade vesical e incontinecircncia urinaacuteria A

disfunccedilatildeo geniturinaacuteria e sexual produzida pelo trauma perineal pode ser tambeacutem devida agrave

perda ou diminuiccedilatildeo do tocircnus muscular perineal Poreacutem esse achado contrasta com dados de

outros estudos os quais concluiacuteram que a via de parto a paridade a idade materna o peso do

receacutem-nascido (RN) e a episiotomia natildeo foram fatores determinantes para a reduccedilatildeo da forccedila

muscular perineal Considerando os problemas em curto prazo (perda sanguiacutenea necessidade

de sutura e dor perineal) e em longo prazo (disfunccedilotildees intestinais urinaacuterias e sexuais)

35

associados ao trauma perineal no parto sua prevenccedilatildeo reduccedilatildeo e reparaccedilatildeo adequada satildeo

fatores importantes para as mulheres e os profissionais que as assistem (RIESCO 2010)

Considerando os 1434 partos assistidos por EO em 304 houve periacuteneo iacutentegro 447

laceraccedilotildees de primeiro grau 228 laceraccedilotildees de segundo grau 195 de terceiro grau e

014 de quarto grau Tais resultados satildeo proacuteximos aos verificados neste estudo e

associados com as baixas taxas de episiotomia nos partos assistidos pelas enfermeiras

residentes corroboram com a recomendaccedilatildeo do uso seletivo da episiotomia como um praacutetica

favoraacutevel

Escore de Apgar

O momento de transiccedilatildeo da vida intrauterina para extrauterina eacute crucial para o desenvolvimento

do bebecirc e deve ser minuciosamente preparado e vivenciado Eacute indispensaacutevel que nos

primeiros minutos de vida do neonato seja realizada avaliaccedilatildeo completa e sistemaacutetica visando

identificar desvios da normalidade e que forneccedila agraves informaccedilotildees baacutesicas sobre a vitalidade e a

adaptaccedilatildeo do RN agrave vida fora do ventre materno (BARBOSA 2006)

A avaliaccedilatildeo realizada imediatamente apoacutes o parto eacute composta pelo o escore de Apgar sendo

complementada com a avaliaccedilatildeo do aspecto geral a medida dos sinais vitais e medidas

antropomeacutetricas O iacutendice de Apgar avalia cinco criteacuterios cliacutenicos cor da pele frequecircncia

cardiacuteaca irritabilidade reflexa respiraccedilatildeo e tocircnus muscular O RN eacute avaliado no primeiro e no

quinto minuto de vida e cada criteacuterio garante de 0 a 2 pontos desencadeando assim uma soma

adequada entre 7 e 10 pontos Quando a soma total resulta em 4 a 6 pontos sugere dificuldade

moderada do RN em adaptar-se e menor que 4 pode indicar sofrimento Julga-se assim o grau

de adaptaccedilatildeo imediata e o grau de depressatildeo neuroloacutegica do RN nos primeiros cinco minutos

de vida (SBP 2011)

O iacutendice Apgar tem sido pouco utilizado para avaliar a qualidade de assistecircncia ao parto sendo

considerado um indicador pontual aleacutem de natildeo ser utilizado para determinar o iniacutecio da

reanimaccedilatildeo neonatal No entanto sua aplicaccedilatildeo permite avaliar a resposta do neonato agraves

manobras realizadas e a eficaacutecia dessas manobras O Apgar no quinto minuto eacute mais utilizado

36

para avaliaccedilatildeo da adaptaccedilatildeo do RN por melhor representa-la se comparado ao Apgar de

primeiro minuto Se o escore eacute inferior a 7 no 5ordm minuto recomenda-se realizaacute-lo a cada cinco

minutos ateacute 20 minutos de vida Eacute necessaacuterio documentar o escore de Apgar de maneira

concomitante agrave dos procedimentos de reanimaccedilatildeo executados (SBP 2011)

Eacute importante considerar que um Apgar baixo natildeo eacute necessariamente resultado de uma

assistecircncia ao parto e ao neonato inadequada assim como um bom iacutendice de Apgar natildeo indica

boa qualidade assistencial ao binocircmio Este iacutendice entretanto eacute um bom indicador para

resultados perinatais a longo prazo aleacutem de ser considerado importante preditor da avaliaccedilatildeo

do bem-estar e do prognoacutestico inicial do receacutem-nascido A avaliaccedilatildeo imediata do RN pode ser

feita por pediatra ou outro profissional capacitado para prestar a assistecircncia necessaacuteria desde

o suporte baacutesico ateacute a reanimaccedilatildeo neonatal Na maternidade do HRTN o pediatra eacute o

profissional responsaacutevel pela assistecircncia ao RN na sala de parto A instituiccedilatildeo possui UTI

neonatal para onde satildeo encaminhados os RN que necessitam de cuidados especiacuteficos Os

neonatos que apresentam boa vitalidade satildeo colocados em contato pele a pele com as matildees e

apoacutes permanecem em alojamento conjunto ateacute a alta

Pela SMSA-BH a meta de Apgar lt7 no quinto minuto eacute no maacuteximo 3 Este indicador variou

entre 08 em fevereiro de 2014 a 24 em novembro de 2013 considerando todos os partos

realizados na instituiccedilatildeo no mesmo periacuteodo do estudo ou seja esteve sempre dentro da meta

estabelecida

No presente estudo as dados sobre escore de Apgar foram divididos em Apgar lt7 (644) e gt7

(9356) no primeiro minuto lt7 (084) e gt 7 (9916) no quinto minuto Tais dados mostram

que a quase totalidade dos RN apresentava boas condiccedilotildees de vitalidade no primeiro e quinto

minuto A este dado se associa o incentivo e a alta taxa de contato pele a pele precoce sendo

um dos fatores que contribuem para melhor adaptaccedilatildeo a vida extrauterina aleacutem de assistecircncia

qualificada aos RN que necessitam de cuidados especiacuteficos ou reanimaccedilatildeo

37

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Os resultados deste estudo evidenciam que a assistecircncia ao parto prestada pelas residentes

em enfermagem obsteacutetrica foi coerente com as recomendaccedilotildees de boas praacuteticas em todos os

aspectos analisados consolidando as evidecircncias literaacuterias sobre a assistecircncia ao parto

promovida por enfermeiras obstetras Foi possiacutevel observar maioria de partos em posiccedilotildees

verticalizadas uso seletivo de episiotomia com baixa incidecircncia de laceraccedilotildees perineais

graves alto iacutendice de contato pele a pele presenccedila de acompanhante na maioria dos partos

baixas taxas de analgesia farmacoloacutegica e escores de Apgar que demonstram boa vitalidade

fetal em quase todos os receacutem-nascidos Diante do exposto eacute possiacutevel concluir que a atuaccedilatildeo

das enfermeiras residentes em enfermagem obsteacutetrica contribuiu para a obtenccedilatildeo de

resultados obsteacutetricos e neonatais favoraacuteveis na maternidade do HRTN

Devido agrave forma de organizaccedilatildeo e registro dos procedimentos no livro utilizado para coleta de

dados natildeo foi possiacutevel avaliar algumas praacuteticas obsteacutetricas tais como uso de ocitocina

amniotomia oferta de meacutetodos natildeo farmacoloacutegicos para aliacutevio da dor oferta de liacutequidos

durante o trabalho de parto e uso de partograma Estes dados seriam importantes para uma

anaacutelise mais detalhada sobre a assistecircncia ao parto Os dados institucionais fornecidos pela

coordenaccedilatildeo da maternidade forneceram uma dimensatildeo de algumas destas praacuteticas na

maternidade contudo natildeo foi possiacutevel neste estudo avaliar quantitativamente tais

procedimentos somente nos partos assistidos por enfermeiras residentes Sugere-se ampliaccedilatildeo

dos indicadores no livro de registro e padronizaccedilatildeo no seu preenchimento para melhor

qualificaccedilatildeo dos dados da assistecircncia ao parto prestada elas enfermeiras obstetrasresidentes

A capacitaccedilatildeo profissional no modelo de residecircncia eacute intensa e exige dedicaccedilatildeo A extensa

carga horaacuteria praacutetica aliada agrave teoria satildeo determinantes para uma formaccedilatildeo qualificada e

humana das enfermeiras residentes A possibilidade de atuar efetivamente na assistecircncia em

conjunto com outras categorias profissionais enriquece a formaccedilatildeo abrangendo diferentes

fases e situaccedilotildees do ciclo graviacutedico-puerperal Eacute importante salientar que a capacitaccedilatildeo das

enfermeiras obstetras nesta modalidade pioneira de residecircncia soacute foi possiacutevel graccedilas ao

estiacutemulo governamental com recursos provenientes do programa Rede Cegonha e os

esforccedilos conjuntos da Escola de Enfermagem da UFMG e demais instituiccedilotildees envolvidas

38

Os resultados deste estudo evidenciam a incorporaccedilatildeo do modelo assistencial humanizado e

baseado em evidecircncias cientiacuteficas pela equipe do HRTN O modelo colaborativo de assistecircncia

obsteacutetrica pode gerar resultados favoraacuteveis e promissores com as atuaccedilotildees complementares

entre as diferentes categorias profissionais A praacutetica supervisionada durante todo o processo

de formaccedilatildeo e a avaliaccedilatildeo constante das habilidades adquiridas pelas residentes satildeo

fundamentais para a consolidaccedilatildeo do conhecimento para maior seguranccedila das aprendizes e

para a oferta de uma assistecircncia qualificada e humanizada a mulher receacutem nascido e famiacutelia

A instituiccedilatildeo que acolhe as enfermeiras residentes obteacutem retorno positivo pois a atuaccedilatildeo

preceptorada das mesmas resulta em assistecircncia qualificada que atende a perspectiva da

praacutetica baseada em evidecircncia cientiacutefica segura com baixo custo e bons resultados obsteacutetricos

e neonatais Os resultados da atuaccedilatildeo das enfermeiras residentes refletem o modelo

institucional incorporado o qual eacute transmitido as residentes pelos preceptores O incentivo a

formaccedilatildeo de enfermeiras obstetras eacute fundamental para o fortalecimento desta categoria

profissional para maior inserccedilatildeo destas profissionais em espaccedilos aonde a assistecircncia ao parto

ainda eacute meacutedico-centrada e para mudanccedila do modelo obsteacutetrico hegemocircnico nacional

39

REFEREcircNCIAS

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BATALHA E O lugar das Enfermeiras e Obstetrizes Revista RADIS Ed 148 Jan 2015 P30 a 34

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Parto aborto e puerpeacuterio assistecircncia humanizada a mulher Brasiacutelia DF 2001

BRASIL Lei 11108 de 7 de abril de 2005 Altera a Lei 8080 de 19 de setembro de 1990 para garantir as parturientes o direito a presenccedila de acompanhante durante o trabalho de parto parto e poacutes-parto imediato no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede ndash SUS Brasiacutelia DF 07 abr 2005

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede Departamento de Accedilotildees Programaacuteticas Estrateacutegicas Aacuterea Teacutecnica de Sauacutede da Mulher Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos uma prioridade do governoMinisteacuterio da Sauacutede Secretaria de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede Departamento de Accedilotildees Programaacuteticas Estrateacutegicasndash Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 2005

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Poliacutetica Nacional de Planejamento Familiar Brasiacutelia DF 2007

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BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Iniciativa hospital amigo da crianccedila revista atualizada e ampliada para o cuidado integrado Brasiacutelia DF 2010

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Poliacutetica nacional de atenccedilatildeo integral a sauacutede da mulher princiacutepios e diretrizes Brasiacutelia DF 2011

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede Departamento de Atenccedilatildeo Baacutesica Atenccedilatildeo ao preacute-natal de baixo risco Ministeacuterio da Sauacutede Departamento de Atenccedilatildeo

40

Baacutesica ndash Brasiacutelia Editora do Ministeacuterio da Sauacutede 2012 318 p il ndash (Seacuterie A Normas e Manuais Teacutecnicos) (Cadernos de Atenccedilatildeo Baacutesica ndeg 32)

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em Sauacutede Departamento de Anaacutelise de Situaccedilatildeo de Sauacutede Sauacutede Brasil 2011 uma anaacutelise da situaccedilatildeo de sauacutede e a vigilacircncia da sauacutede da mulher Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em Sauacutede Departamento de Anaacutelise de Situaccedilatildeo de Sauacutede ndash Brasiacutelia Editora do Ministeacuterio da Sauacutede 2012 444 p il

BRASIL Presidecircncia da Repuacuteblica Objetivos de Desenvolvimento do Milecircnio Relatoacuterio Nacional de Acompanhamento Coordenaccedilatildeo Instituto de Pesquisa Econocircmica Aplicada e Secretaria de Planejamento e Investimentos Estrateacutegicos supervisatildeo Grupo Teacutecnico para o acompanhamento dos ODM - Brasiacutelia Ipea MP SPI 2014 208 p il graacutefs mapas color

NASCER NO BRASIL inqueacuterito sobre parto e nascimento Cadernos de Sauacutede Puacuteblica Vol30 supl1 Rio de Janeiro 2014 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophpscript=sci_issuetocamppid=0102 Acesso em 15 de junho de 2015

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41

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SOUSA AMM Praacuteticas obsteacutetricas na assistecircncia ao parto e nascimento em uma maternidade de Belo Horizonte Tese de mestrado Escola de Enfermagem da Universidade Federal de Minas Gerais Belo Horizonte 2013

SOUZA DOM Partos assistidos por enfermeiras praacuteticas obsteacutetricas realizadas no ambiente hospitalar no periacuteodo de 2004 a 2008 2011 84f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) Faculdade de Enfermagem da Universidade do Estado do Rio de Janeiro Rio de Janeiro RJ 2011

SOGC ndash Society of Obstetricians and Gynecologists of Canada Guidelines for the Management of Pregnancy at 41+0 to 42+0 Weeks JOGC september 2008

42

VOGT SE et al Caracteriacutesticas da assistecircncia ao trabalho de parto em trecircs modelos de atenccedilatildeo no SUS no Municiacutepio de Belo Horizonte Minas Gerais Brasil Cad Sauacutede Puacuteblica v 27 n 9 p 1789-1800 2011

ANEXO 1

RECOMENDACcedilOtildeES DE BOAS PRAacuteTICAS DE ASSISTEcircNCIA AO PARTO SEGUNDO

CLASSIFICACcedilAtildeO DO MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2001

CATEGORIA A - PRAacuteTICAS DEMONSTRADAMENTE UacuteTEIS E QUE DEVEM SER

ESTIMULADAS

Plano individual determinando onde e por quem o nascimento seraacute realizado feito em

conjunto com a mulher durante a gestaccedilatildeo e comunicado a seu maridocompanheiro

Avaliaccedilatildeo do risco gestacional durante o preacute-natal reavaliado a cada contato com o

sistema de sauacutede

Respeito agrave escolha da matildee sobre o local do parto

Fornecimento de assistecircncia obsteacutetrica no niacutevel mais perifeacuterico onde o parto for viaacutevel e

seguro e onde a mulher se sentir segura e confiante

Respeito ao direito da mulher agrave privacidade no local do parto

Apoio empaacutetico pelos prestadores de serviccedilo durante o trabalho de parto e parto

Respeito agrave escolha da mulher sobre seus acompanhantes durante o trabalho de parto e

parto

Fornecimento agraves mulheres sobre todas as informaccedilotildees e explicaccedilotildees que desejarem

Oferta de liacutequidos por via oral durante o trabalho de parto e parto

Monitoramento fetal por meio de ausculta intermitente

43

Monitoramento cuidadoso do progresso do parto por exemplo por meio do uso do

partograma da OMS

Monitoramento do bem-estar fiacutesico e emocional da mulher durante trabalho e parto e ao

teacutermino do processo de nascimento

Meacutetodos natildeo invasivos e natildeo farmacoloacutegicos de aliacutevio da dor como massagem e

teacutecnicas de relaxamento durante o trabalho de parto

Liberdade de posiccedilatildeo e movimento durante o trabalho de parto

Estiacutemulo a posiccedilotildees natildeo supinas durante o trabalho de parto

Uso rotineiro de ocitocina clampeamento tardio (1 a 3 minutos apoacutes o nascimento) e

traccedilatildeo controlada do cordatildeo durante o 3o estaacutegio do trabalho de parto

Condiccedilotildees esteacutereis ao cortar o cordatildeo

Prevenccedilatildeo da hipotermia do bebecirc

Contato pele a pele precoce entre matildee e filho e apoio ao iniacutecio da amamentaccedilatildeo na

primeira hora apoacutes o parto segundo as diretrizes da OMS sobre Aleitamento Materno

Exame rotineiro da placenta e membranas ovulares

CATEGORIA B - PRAacuteTICAS CLARAMENTE PREJUDICIAIS OU INEFICAZES E QUE DEVEM

SER ELIMINADAS

Uso rotineiro de enema

Uso rotineiro de tricotomia

Infusatildeo intravenosa de rotina no trabalho de parto

Cateterizaccedilatildeo venosa profilaacutetica de rotina

Uso rotineiro de posiccedilatildeo supina (decuacutebito dorsal) durante o trabalho de parto

44

Exame retal

Uso de pelvimetria por Raios-X

Amniotomia precoce de rotina para diminuir a duraccedilatildeo do trabalho de parto

Administraccedilatildeo de ocitoacutecitos em qualquer momento antes do parto de um modo que natildeo

permite controlar seus efeitos

Uso de rotina da posiccedilatildeo de litotomia com ou sem estribos durante o trabalho de parto

Esforccedilo de puxo prolongado e dirigido (manobra de Valsalva) durante o segundo

estaacutegio do trabalho de parto

Massagem e distensatildeo do periacuteneo durante o segundo estaacutegio do trabalho de parto

Uso liberal e rotineiro de episiotomia

Uso de comprimidos orais de ergometrina no terceiro estaacutegio do trabalho de parto com

o objetivo de evitar ou controlar hemorragias

Uso rotineiro de ergometrina parenteral no terceiro estaacutegio do trabalho de parto

Lavagem uterina rotineira apoacutes o parto

Revisatildeo uterina (exploraccedilatildeo manual) rotineira apoacutes o parto

CATEGORIA C - PRAacuteTICAS SEM EVIDEcircNCIAS SUFICIENTES PARA APOIAR UMA

RECOMENDACcedilAtildeO CLARA E QUE DEVEM SER UTILIZADAS COM CAUTELA ATEacute QUE

MAIS PESQUISAS ESCLARECcedilAM A QUESTAtildeO

Meacutetodos natildeo farmacoloacutegicos de aliacutevio de dor durante o trabalho parto como ervas

imersatildeo em aacuteguas e estimulaccedilatildeo dos nervos

Amniotomia e ocitocina precoce de rotina no primeiro estaacutegio do trabalho de parto para

prevenccedilatildeo de progresso inadequado do parto

Pressatildeo do fundo uterino durante o trabalho de parto

45

Manobras relacionadas agrave proteccedilatildeo do periacuteneo e ao manejo do poacutelo cefaacutelico no

momento do parto

Manipulaccedilatildeo ativa do feto no momento do parto

Estimulaccedilatildeo do mamilo para estimular a contratilidade uterina durante o terceiro estaacutegio

do trabalho de parto

CATEGORIA D - PRAacuteTICAS FREQUENTEMENTE USADAS DE MODO INADEQUADO

Restriccedilatildeo hiacutedrica e alimentar durante o trabalho de parto

Controle da dor por agentes sistecircmicos

Controle da dor por analgesia peridural

Monitoramento eletrocircnico fetal

Uso de maacutescaras e aventais esteacutereis durante a assistecircncia ao trabalho de parto

Exames vaginais repetidos ou frequumlentes especialmente por mais de um prestador de

serviccedilo

Correccedilatildeo da dinacircmica com utilizaccedilatildeo de ocitocina

Transferecircncia rotineira da parturiente para outra sala no iniacutecio do segundo estaacutegio do

trabalho de parto

Cateterizaccedilatildeo da bexiga

Estiacutemulo para o puxo quando se diagnostica dilataccedilatildeo cervical completa ou quase

completa antes que a mulher sinta o puxo involuntaacuterio

Clampeamento precoce do cordatildeo umbilical

Adesatildeo riacutegida a uma duraccedilatildeo estipulada do 2deg estaacutegio do trabalho de parto

Parto operatoacuterio e exploraccedilatildeo manual do uacutetero apoacutes o parto

46

ANEXO 2

47

48

ANEXO 3

49

Page 18: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS ESCOLA DE ENFERMAGEM … FINAL ANA … · inserção do estudo foi: partos assistidos por residentes em enfermagem obstétrica, independente se

18

Os resultados deste estudo mostram que a maioria dos partos assistidos por residentes em

enfermagem obsteacutetrica foram em posiccedilatildeo semi-sentada (647) as demais posiccedilotildees de parto

encontradas foram no banquinho (168) de coacutecoras (78) em decuacutebito dorsal (32) em

posiccedilatildeo litotocircmica (28) sentada (12) em Gaskin (09) em decuacutebito lateral (09) em

peacute (05) e ajoelhada (02) Considerando-se todas as posiccedilotildees de parto verticalizadas como

semi-sentada no banquinho Gaskin em peacute e ajoelhada encontrou-se uma taxa em torno de

92 de partos em posiccedilatildeo natildeo supina

A episiotomia foi realizada em apenas 420 dos partos Em 9538 dos casos as mulheres

foram poupadas deste procedimento Com relaccedilatildeo as laceraccedilotildees perineais a maioria das

mulheres apresentou laceraccedilotildees de primeiro grau (460) seguidas de periacuteneo iacutentegro

(271) Laceraccedilotildees de segundo grau acometeram 236 das mulheres Laceraccedilotildees graves

de terceiro grau (28) e de quarto grau (02) ocorreram em uma parcela pouco significativa

das mulheres assistidas pelas enfermeiras residentes

A analgesia farmacoloacutegica foi realizada em 177 das parturientes sendo em 166 por

teacutecnica peridural e 112 por teacutecnica raquidiana A analgesia farmacoloacutegica natildeo foi ofertada a

8221 das mulheres

O contato pele a pele na primeira hora de vida foi proporcionado a 9440 dos receacutem-

nascidos Em 47 a interaccedilatildeo pele a pele natildeo foi realizada

As parturientes contaram com a presenccedila de acompanhante familiar em 960 dos partos Os

partos sem acompanhante familiar representaram apenas 37

Os resultados sobre escore de Apgar foram gt7 no primeiro minuto em 935 dos neonatos e

gt7 no quinto minuto em 991 Tais dados mostram que a quase totalidade dos receacutem-

nascidos apresentava boas condiccedilotildees de vitalidade no primeiro e quinto minuto de vida

19

DISCUSSAtildeO

Idade materna Paridade Nuacutemero de gestaccedilotildees

Segundo o MS as mulheres em idade reprodutiva ou seja de 10 a 49 anos representam 65

do total da populaccedilatildeo feminina conformando um grupo social importante e que merece

atenccedilatildeo no que se refere agrave elaboraccedilatildeo de poliacuteticas de sauacutede (BRASIL 2011)

Silva (2009) cita que mulheres muito jovens ou muito idosas satildeo consideradas de maior risco

para resultados adversos e complicaccedilotildees gestacionais no parto e perinatais

A OMS considera gravidez na adolescecircncia aquela que ocorre em mulheres entre 10 e 19

anos sendo que gestantes com menos de 14 anos satildeo mais vulneraacuteveis e mais expostas agrave

morbimortalidade A gravidez na adolescecircncia estaacute relacionada aacute condiccedilotildees de escolaridade e

fatores socioeconocircmicos como escolaridade renda dentre outros e no que se refere aos

riscos os principais referidos por Santos at al (2014) satildeo prematuridade e baixo peso ao

nascer Jaacute Gravena (2013) refere que estatildeo relacionados agrave gravidez precoce riscos

aumentados ao receacutem-nascido de baixo peso ao nascer deficiecircncias de micronutrientes e

restriccedilatildeo do crescimento intrauterino levando a alteraccedilotildees na evoluccedilatildeo dessa gestaccedilatildeo e no

crescimento fetal o que pode resultar tambeacutem em parto prematuro

Cesar (2011) em estudo sobre gestaccedilatildeo na adolescecircncia encontrou 2018 de matildees

adolescentes e mostrou que estas estiveram de forma sistemaacutetica em desvantagem em

relaccedilatildeo agraves demais matildees tanto no que se refere a caracteriacutesticas socioeconocircmicas quanto na

assistecircncia recebida durante a gestaccedilatildeo e o parto Afirma que as adolescentes possuiacuteam pior

niacutevel de escolaridade e renda familiar viviam mais comumente sem companheiro realizaram

um menor nuacutemero de consultas de preacute-natal iniciaram estas consultas mais tardiamente

referiram com maior frequecircncia a presenccedila de anemia e corrimento vaginal patoloacutegico e foram

mais submetidas ao uso de foacutercipe e episiotomia Considerando-se as categorias adolescentes

precoces e adolescentes do presente estudo tem-se uma taxa de 210 proacutexima da

encontrada por Cesar (2011)

20

Mulheres entre 20 e 35 anos satildeo consideradas adultas jovens e apresentam resultados

obsteacutetricos e neonatais mais favoraacuteveis quando comparadas as adolescentes e a mulheres em

idade avanccedilada Neste estudo as adultas jovens representaram a maior parte da populaccedilatildeo

(695) Este achado corrobora para os resultados obsteacutetricos e neonatais favoraacuteveis aqui

verificados Gravena et al (2013) verificou em seu estudo que adolescentes e mulheres em

idade tardia tiveram probabilidade maior de parto cesaacutereo em relaccedilatildeo agraves adultas No que se

refere ao baixo peso ao nascer tanto as gestantes adolescentes quanto as em idade avanccedilada

apresentaram mais chance de possuiacuterem filhos receacutem-nascidos com baixo peso quando

comparadas as adultas

A taxa de fecundidade vem apresentando queda no Brasil nos uacuteltimos anos segundo dados do

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) em 2000 a taxa de fecundidade era de 24

filhos por mulher e em 2014 foi menor que 18 filhos por mulher (IBGE 2013) Dentre os vaacuterios

fatores que colaboraram para esta transiccedilatildeo na taxa de fecundidade encontram-se a

elaboraccedilatildeo e expansatildeo da estrateacutegia de sauacutede da famiacutelia e das poliacuteticas voltadas para a

mulher no ciclo graviacutedico puerperal principalmente a Poliacutetica Nacional de Direitos Sexuais e

Direitos Reprodutivos lanccedilada em 2005 e a Poliacutetica Nacional de Planejamento Familiar

elaborada em 2007 que permitiu as mulheres expansatildeo do acesso a informaccedilotildees sobre o

planejamento familiar reprodutivo e oferta de meacutetodos contraceptivos (BRASIL 2007)

Define-se gestaccedilatildeo tardia aquela que ocorre acima dos 35 anos e aquelas com mais de 45

anos satildeo consideradas gestaccedilotildees com idade materna avanccedilada Os nascimentos em mulheres

com 35 anos ou mais tem aumentado de forma consistente no Brasil tendecircncia observada

principalmente nos paiacuteses industrializados As mudanccedilas nos haacutebitos de vida como maior niacutevel

de escolaridade maior inserccedilatildeo no mercado de trabalho e na expectativa de vida da mulher

estimulam a postergaccedilatildeo do momento da primeira gravidez que acaba acontecendo em idades

superiores apoacutes serem atingidos outros objetivos de vida pessoais e profissionais Soma-se a

isso o advento da reproduccedilatildeo assistida que permite as mulheres engravidarem em idades mais

avanccediladas periacuteodo de comprovada diminuiccedilatildeo da fertilidade Haacute que se considerar que em

paiacuteses em desenvolvimento como o Brasil a maior parte das gestaccedilotildees tardias acontece em

situaccedilotildees de multiparidade o que tambeacutem envolve riscos (SILVA 2009)

21

A gestaccedilatildeo tardia apresenta risco similar a gestaccedilatildeo na adolescecircncia em alguns aspectos

conforme citado anteriormente e mais elevados em situaccedilotildees como abortamento espontacircneo

gravidez ectoacutepica anormalidades cromossocircmicas e malformaccedilotildees congecircnitas (SILVA 2009)

Gravena et al (2013) cita que nas mulheres com gestaccedilatildeo tardia tecircm sido observados mais

abortamentos espontacircneos e induzidos maior risco para mortalidade perinatal baixa vitalidade

do receacutem- nascido baixo peso ao nascer parto preacute-termo e fetos pequenos para idade

gestacional As gestaccedilotildees de mulheres de idade materna avanccedilada tecircm sido consideradas

como de alto risco em decorrecircncia principalmente da incidecircncia crescente de siacutendromes

hipertensivas ruptura prematura de membranas presenccedila de diabetes aleacutem de maior chance

do iacutendice de Apgar no quinto minuto ser menor que sete

Analisando os 1434 partos registrados no livro no mesmo periacuteodo e nos quais estatildeo incluiacutedos

os 714 partos das enfermeiras residentes o percentual de primiacuteparas e multiacuteparas foi de 415

e 583 respectivamente valores muito proacuteximos aos encontrados nos partos assistidos pelas

enfermeiras residentes

Idade gestacional

Conceitua-se gravidez preacute-termo aquela cuja idade gestacional encontra-se entre 22 e 37

semanas ou entre 154 a 259 dias (ACOG 2013) A prematuridade eacute um evento que afeta a

vida da famiacutelia e do RN de forma significativa envolvendo aspectos bioloacutegicos psicoloacutegicos e

sociais de difiacutecil mensuraccedilatildeo e que devem ser considerados pela equipe que assiste a famiacutelia

prematura (RAMOS 2009)

A prematuridade tem sido estudada como uma das causas importantes de mortalidade infantil

O receacutem-nascido imaturo apresenta desenvolvimento incompleto de oacutergatildeos como ceacuterebro e

pulmotildees aleacutem de limitaccedilatildeo da funccedilatildeo renal e imaturidade da funccedilatildeo hepaacutetica podendo sofrer

seacuterios comprometimentos ou intercorrecircncias (GRAVENA 2013) A literatura cita alguns fatores

de risco gestacionais associados agrave prematuridade tais como parto prematuro preacutevio gestaccedilatildeo

muacuteltipla histoacuteria materna de um ou mais abortos espontacircneos no segundo trimestre

comprimento cervical lt 30 cm baixo niacutevel socioeconocircmico idade materna lt18 anos ou gt40

22

anos primiparidade (mais frequente no primeiro filho) complicaccedilotildees maternas (cliacutenicas ou

obsteacutetricas) atividade fiacutesica aumentada tabagismo uso de cocaiacutena acompanhamento preacute-

natal inadequado ou ausente situaccedilotildees de alto estresse crescimento intrauterino restrito

(CIUR) anomalias congecircnitas polihidracircmnios ruptura prematura de membranas preacute-termo

(RPMPT) descolamento de placenta presenccedila de DIU mioma (particularmente submucoso ou

subplacentaacuterio) anomalias uterinas insuficiecircncia istmo-cervical infecccedilotildees maternas siacutendrome

antifosfoliacutepide trauma cirurgia (RAMOS 2009)

O American College of Obstetricians and Gynecologists (ACOG 2013) classifica a gravidez

aleacutem de 37 semanas da seguinte maneira

Termo precoce entre 37 semanas e 38 semanas e 6 dias

Termo completo entre 39 semanas e 40 semanas e 6 dias

Termo tardio entre 41 semanas e 41 semanas e 6 dias

Poacutes-termo 42 semanas em diante

Neste estudo a grande maioria dos partos assistidos pelas enfermeiras residentes foi de

gestaccedilotildees a termo (900) Tal fato se justifica pela maior atuaccedilatildeo da enfermagem obsteacutetrica

nas gestaccedilotildees de risco habitual A meacutedia de idade gestacional da amostra deste estudo foi de

38 semanas sendo a menor idade gestacional encontrada 24 semanas e a maior 42 semanas

Os partos preacute-termo e poacutes-termo ou seja de maior risco satildeo preferencialmente

acompanhados por meacutedico obstetra Eacute rotina da instituiccedilatildeo em estudo a induccedilatildeo do trabalho

de parto nas gestaccedilotildees acima de 41 semanas Tambeacutem por esse motivo pode-se justificar a

atuaccedilatildeo das enfermeiras residentes em menos de 05 de partos poacutes-termo

O ACOG define gestaccedilatildeo poacutes-termo ou gestaccedilatildeo prolongada como aquela que se estende

aleacutem de 42 semanas ou 294 dias de gestaccedilatildeo (ACOG 2013) Para Amorim (2010) as

gestaccedilotildees aleacutem de 42 semanas ocorrem em aproximadamente 5 dos casos jaacute as aleacutem de 41

semanas em cerca de 10 A causa mais comum de gestaccedilatildeo poacutes-termo eacute o erro de dataccedilatildeo

e quando realmente existe a causa eacute desconhecida sendo a primiparidade o principal fator de

risco associado Mais raramente outros fatores podem estar presentes como a anencefalia

23

deficiecircncia de sulfatase placentaacuteria feto do sexo masculino e predisposiccedilatildeo geneacutetica (BRASIL

2011) O maior temor relacionado agrave gestaccedilatildeo prolongada eacute de que ocorra insuficiecircncia

placentaacuteria com reduccedilatildeo do aporte de nutriente e oxigecircnio para o bebecirc o que pode acarretar

aumento da morbidade e mortalidade perinatal Com maior frequecircncia de morte perinatal

anormalidade da frequecircncia cardiacuteaca fetal intraparto eliminaccedilatildeo de mecocircnio macrossomia e

cesariana (AMORIM 2010)

No Brasil tem sido frequente a indicaccedilatildeo de cesariana quando a gestaccedilatildeo ultrapassa 40

semanas sobretudo no setor privado poreacutem esta conduta natildeo eacute corroborada por evidecircncias

Amorim (2010) em compilado sobre o tema cita uma revisatildeo sistemaacutetica publicada em 2003 na

qual concluiacuteram que a induccedilatildeo do parto a partir de 41 semanas quando comparada agrave conduta

expectante resultou em menor taxa de cesaacuterias (201 x 22) e de liacutequido amnioacutetico meconial

(224 x 277) poreacutem natildeo houve diferenccedila em termos de mortalidade perinatal escores de

Apgar admissatildeo em UTI neonatal e siacutendrome de aspiraccedilatildeo meconial Em 2012 outra revisatildeo

sistemaacutetica disponiacutevel na biblioteca Cochrane incluindo 22 ensaios cliacutenicos randomizados e

9383 mulheres submetidas aacute induccedilatildeo do parto mostrou reduccedilatildeo significativa do risco relativo de

morte perinatal e de cesariana Natildeo houve diferenccedila na taxa de natimortos ou de morte

neonatal nos dois grupos A incidecircncia da siacutendrome de aspiraccedilatildeo meconial foi menor no grupo

submetido agrave induccedilatildeo do parto poreacutem natildeo houve diferenccedila na frequecircncia de asfixia perinatal

baixos escores de Apgar e admissatildeo em UTI neonatal Os autores sugerem que a induccedilatildeo do

parto a partir de 41 semanas reduz as taxas de cesariana sem comprometer o prognoacutestico

perinatal Aleacutem disso o estudo mostrou maior satisfaccedilatildeo das gestantes submetidas agrave induccedilatildeo

do parto Recomenda-se que as mulheres sejam esclarecidas sobre riscos e benefiacutecios

associados agrave induccedilatildeo do parto a partir de 41 semanas (AMORIM 2010)

Posiccedilatildeo de parto

Os benefiacutecios da livre movimentaccedilatildeo da parturiente durante o trabalho de parto tais como a

reduccedilatildeo de sua duraccedilatildeo melhora do conforto materno e reduccedilatildeo do uso de analgeacutesicos satildeo

sustentados por evidecircncias cientiacuteficas (SOUSA 2013) A adoccedilatildeo de postura vertical e

movimentaccedilatildeo podem aleacutem de diminuir a dor materna facilitar a circulaccedilatildeo materno-fetal e a

descida do feto na pelve materna melhorar as contraccedilotildees uterinas e diminuir o trauma perineal

24

(SILVA 2011)

A OMS (1996) classifica como praacuteticas demonstradamente uacuteteis e que devem ser estimuladas

(categoria A) a liberdade de posiccedilatildeo e movimento durante o trabalho de parto e o estiacutemulo a

posiccedilotildees natildeo supinas durante o trabalho de parto Jaacute o uso rotineiro de posiccedilatildeo supina

(decuacutebito dorsal) durante o trabalho de parto e o uso de rotina da posiccedilatildeo de litotomia com ou

sem perneiras durante o trabalho de parto satildeo classificadas como praacuteticas claramente

prejudiciais e que devem ser eliminadas (categoria B)

Uma revisatildeo sistemaacutetica sobre assistecircncia ao segundo e terceiro periacuteodos do trabalho de parto

publicada em 2010 mostra que a posiccedilatildeo supina tem sido amplamente usada no segundo

periacuteodo do trabalho de parto contrariando a evidecircncia fisioloacutegica da reduccedilatildeo da eficiecircncia

uterina e do fluxo sanguiacuteneo placentaacuterio nessa posiccedilatildeo A posiccedilatildeo litotocircmica eacute ainda

recomendada em alguns tratados tradicionais de Obstetriacutecia mas as posiccedilotildees alternativas

incluem uma gama de posiccedilotildees que podem trazer benefiacutecios para o parto posiccedilatildeo lateral

(Sims) vertical (sentada semi-sentada de coacutecoras ou ajoelhada) e de quatro apoios A

imersatildeo em aacutegua durante o periacuteodo expulsivo do trabalho de parto aumentou o registro de

satisfaccedilatildeo por parte das parturientes no que diz respeito aos puxos mas ainda natildeo haacute

evidecircncias sobre os efeitos da imersatildeo em aacutegua no segundo estaacutegio especialmente sobre a

morbidade materna e neonatal (AMORIM 2010)

Estudos apontam que posiccedilotildees verticalizadas ou a posiccedilatildeo lateral associaram-se com reduccedilatildeo

da duraccedilatildeo do segundo periacuteodo do parto reduccedilatildeo nas anormalidades da frequecircncia cardiacuteaca

fetal bem como reduccedilatildeo de relatos de dor grave e episiotomia Ocorre no entanto maior perda

de sangue estimada (acima de 500 mL) sem repercussotildees cliacutenicas consideraacuteveis A conclusatildeo

dos revisores eacute que as mulheres devem ser encorajadas a parir na posiccedilatildeo que lhes for mais

confortaacutevel com o balanccedilo das evidecircncias a favor das posturas natildeo supinas (AMORIM 2010)

Mouta et al (2008) e Rocha Fonseca (2010) encontraram percentuais entre 50 e 78 de

posiccedilatildeo vertical em partos assistidos exclusivamente por enfermeiras obstetras em

maternidades puacuteblicas do Rio de Janeiro Em um CPN de Satildeo Paulo apenas 13 dos partos

foram assistidos em posiccedilatildeo horizontal contra 776 assistidos em posiccedilatildeo vertical (SOUZA

2011)

25

Sousa (2013) observou em seu estudo com 61 mulheres assistidas em Hospital da rede puacuteblica

de Belo Horizonte que mais de 75 pariram deitadas de costas com pernas levantadas sem

uso de perneiras As demais mulheres deram a luz em posiccedilatildeo de coacutecoras (98) deitada de

lado (66) sentadareclinada (66) ou Gaskin (16)

A maternidade do HRTN faz parte da rede de hospitais de Belo Horizonte que assinou o Termo

de Compromisso das Maternidades do SUS-BH estabelecido pela Comissatildeo Perinatal da

Secretaria Municipal de Sauacutede de Belo Horizonte (SMSA-BH) o qual estabelece metas para

diversos indicadores assistenciais objetivando humanizar a assistecircncia e reduzir as taxas de

cesariana nas maternidades da rede puacuteblica de Belo Horizonte No que se refere a posiccedilatildeo de

parto a SMSA-BH tem como meta que mais de 70 dos partos sejam realizados em posiccedilatildeo

natildeo supina Segundo dados institucionais fornecidos pela coordenaccedilatildeo da maternidade sobre

todos os partos do HRTN no mesmo periacuteodo deste estudo a taxa de partos em posiccedilatildeo natildeo

supina variou de 6202 em abril de 2014 a 8138 em abril de 2013

Diante dos resultados deste estudo eacute possiacutevel inferir que no HRTN a equipe incentiva e apoia o

uso de deambulaccedilatildeo e posiccedilotildees verticalizadas durante o trabalho de parto e periacuteodo expulsivo

As mulheres devem orientadas sobre os benefiacutecios da verticalizaccedilatildeo para a evoluccedilatildeo do

trabalho de parto No momento do parto deve haver incentivo agrave livre escolha da posiccedilatildeo dentro

das possibilidades da maternidade Ainda natildeo haacute disponibilidade de parto com imersatildeo em

aacutegua mas haacute quartos PPP (preacute-parto parto e poacutes-parto) com chuveiro bola suiacuteccedila banquinho

meia lua escada de Ling e espaccedilo fiacutesico que permite deambulaccedilatildeo Em alguns plantotildees a

equipe conta com a participaccedilatildeo das Doulas no cuidado agrave mulher em trabalho de parto

Os resultados deste estudo satildeo similares aos encontrados por Sousa (2013) o que mostra que

ambas as instituiccedilotildees componentes do SUS em Belo Horizonte que tem atuaccedilatildeo efetiva das

enfermeiras obstetras estimulam o parto em posiccedilotildees verticalizadas e provavelmente

respeitam a livre escolha da posiccedilatildeo de parto

O fato da maior parte dos partos serem em posiccedilatildeo semi-sentada gera certa inquietaccedilatildeo pois

26

sabe-se que esta posiccedilatildeo permite maior controle e melhor visibilidade sendo cocircmoda para o

profissional que assiste ao parto Outra justificativa possiacutevel para a grande porcentagem de

partos semi-sentada pode ser a falta de informaccedilatildeo eou orientaccedilatildeo das

mulheresacompanhantes sobre a possibilidade de parirem em outras posiccedilotildees que lhe sejam

confortaacuteveis Ressalta-se a necessidade de orientaccedilatildeo e incentivo quanto agrave liberdade de

posiccedilatildeo e sobre os benefiacutecios das posiccedilotildees verticalizadas para o trabalho de parto e periacuteodo

expulsivo desmitificando a claacutessica posiccedilatildeo de parto e empoderando-as a escolher a posiccedilatildeo

que lhes for mais confortaacutevel

Episiotomia

A episiotomia foi inicialmente proposta com o objetivo de facilitar o parto reduzindo o trauma

perineal e facilitando o reparo Entretanto natildeo obstante a indicaccedilatildeo de livros-texto sua

realizaccedilatildeo de rotina natildeo pode ser recomendada uma vez que existem vaacuterias evidecircncias de que

natildeo eacute necessaacuteria e de que pode ser prejudicial (AMORIM 2010)

Entre as principais morbidades relacionadas agrave episiotomia estatildeo a dor perineal e o

sangramento aumentado Nesses casos devido a urgecircncia os traumas perineais muitas vezes

satildeo suturados sem a boa visualizaccedilatildeo do local podendo produzir acidentes com lesatildeo no trato

geniturinaacuterio e nas estruturas do assoalho peacutelvico causando hipermobilidade uretral e prolapso

genital Apoacutes o parto tambeacutem podem surgir hematuacuteria incapacidade vesical e incontinecircncia

urinaacuteria (RIESCO et al 2011)

A OMS (1996) considera o uso liberal e rotineiro de episiotomia uma praacutetica claramente

prejudicial e que deve ser eliminada (categoria B) Embora os dados disponiacuteveis na literatura

revelem que a realizaccedilatildeo de episiotomia natildeo cumpre os objetivos que justificariam sua

realizaccedilatildeo de forma rotineira sejam eles a prevenccedilatildeo de lesotildees nas genitais da matildee ou na

cabeccedila do receacutem-nascido ainda hoje tal intervenccedilatildeo permanece sendo usada de forma

abusiva em muitas instituiccedilotildees de sauacutede

Em revisatildeo sistemaacutetica incluindo oito ensaios cliacutenicos (n=5541) observou-se que comparada

agrave episiotomia de rotina a episiotomia seletiva (com indicaccedilatildeo precisa) esteve associada com

27

menos trauma perineal grave menor necessidade de suturas menos complicaccedilotildees na

cicatrizaccedilatildeo e mais trauma perineal anterior Natildeo houve diferenccedila na frequecircncia de trauma

vaginal ou perineal grave dispareunia incontinecircncia urinaacuteria ou dor intensa Os revisores

recomendam que a episiotomia natildeo seja realizada rotineiramente e quando necessaacuteria seja

realizada com o consentimento poacutes-informaccedilatildeo da parturiente (AMORIM 2010)

Cesar (2011) encontrou ocorrecircncia meacutedia de episiotomia de 72 entre as 2557 gestantes

estudadas no Sul do Brasil Houve variaccedilatildeo de 86 entre as adolescentes e 66 entre as

demais matildees As taxas encontradas foram bastante elevadas principalmente entre as

adolescentes o que indica baixa incorporaccedilatildeo de praacuteticas baseadas em evidecircncia na

assistecircncia ao parto no cenaacuterio do estudo

Em contrapartida Sousa (2013) verificou em seu estudo em uma maternidade da rede puacuteblica

de Belo Horizonte iacutendice de episiotomia em torno de 11 e observou seguranccedila na praacutetica dos

profissionais de sauacutede envolvidos na assistecircncia ao parto da instituiccedilatildeo estudada no que se

refere ao uso seletivo desse procedimento e aos criteacuterios de utilizaccedilatildeo Tal instituiccedilatildeo tem

princiacutepios humanizados e grande inserccedilatildeo de enfermeiras obstetras na assistecircncia ao parto o

que pode tambeacutem ter justificado a baixa taxa de episiotomia encontrada

Considerando todos os partos realizados no HRTN no periacuteodo deste estudo a taxa de

episiotomia variou entre 90 em abril de 2013 a 149 em abril de 2014 A SMSA-BH tem

como meta de realizaccedilatildeo de episiotomia em menos de 30 dos partos vaginais Considerando

os 1434 partos assistidos por EO no mesmo periacuteodo a taxa de episiotomia foi de 46 o que

mostra uso criterioso do procedimento por parte desta categoria profissional

No presente estudo a taxa de episiotomia foi 42 Nestes casos a episiotomia pode ter sido

indicada devido a periacuteneo resistente no intuito de prevenir laceraccedilotildees graves mesmo que natildeo

haja respaldo cientiacutefico para tal praacutetica Tambeacutem em situaccedilotildees de estado fetal natildeo

tranquilizador durante o periacuteodo expulsivo jaacute com o feto em planos avanccedilados no intuito de

acelerar o nascimento ou mesmo por distoacutecia de ombro ou outra complicaccedilatildeo sendo uma

decisatildeo conjunta entre preceptor e residente Deve-se considerar que a baixas taxas de

28

episiotomia nos partos assistidos por enfermeiras residentes satildeo reflexo da atuaccedilatildeo da

preceptoria tanto de enfermeiras obstetras como de meacutedicos obstetras A episiotomia natildeo foi

realizada em 9538 dos partos o que mostra que as residentes em enfermagem obsteacutetrica

faziam uso seletivo do procedimento Um aspecto relevante deste estudo eacute que mesmo com a

baixa taxa de episiotomia encontrou-se pequenas taxas de laceraccedilotildees perineais de terceiro

(28) e quarto grau (028) Isso aponta para um modelo de assistecircncia obsteacutetrico com

incorporaccedilatildeo de praacuteticas baseadas em evidecircncias cientiacuteficas na maternidade do HRTN

Contato pele a pele

As praacuteticas referentes ao contato da matildee com seu bebecirc e ao aleitamento materno ainda na

sala de parto satildeo tambeacutem indicadores relevantes da qualidade da atenccedilatildeo ao parto

humanizado e segundo a OMS (1996) e MS (2001) deve ser encorajada no parto normal

(categoria A)

O passo quatro da Iniciativa Hospital Amigo da Crianccedila (IHAC) preconiza que os bebecircs que

tenham condiccedilotildees cliacutenicas favoraacuteveis permaneccedilam por pelo menos uma hora junto agrave pele da

matildee e que iniciem o aleitamento materno ainda na primeira meia hora apoacutes o nascimento

independentemente da via de parto (BRASIL 2010)

O contato pele a pele precoce melhora os resultados neonatais em termos de menor choro e

maior estabilidade cardiorrespiratoacuteria e aumenta significativamente o sucesso da

amamentaccedilatildeo sem efeitos negativos aparentes em curto e longo prazo segundo estudo de

meta-anaacutelise O contato pele a pele da matildee com o receacutem-nascido por pelo menos 30 minutos

na primeira hora de vida aleacutem de propiciar o envolvimento matildee-filho e o aleitamento materno

eacute um indicativo de que o parto transcorreu adequadamente Aleacutem disso favorece o viacutenculo

afetivo propiciando o reconhecimento entre matildee e filho pode aumentar a autoestima materna

diminuir a ansiedade melhorar os sentimentos de aceitaccedilatildeo do seu novo papel e a satisfaccedilatildeo

durante o processo de parto (MOORE et al 2012)

Apesar de o contato pele a pele ser uma praacutetica demonstradamente uacutetil e que deve ser

encorajada no parto normal especificamente tambeacutem pode e deve ser promovida no parto

29

operatoacuterio Sousa (2013) verificou em sua pesquisa que dos 89 receacutem-nascidos vivos o

contato precoce entre matildee e filho foi garantido em mais de 77 dos partos embora a maior

frequecircncia tenha ocorrido entre os filhos nascidos de parto normal

Na maternidade do HRTN o contato pele a pele eacute incentivado e apoiado por toda a equipe

multiprofissional sendo uma praacutetica consolidada conforme apontam os resultados deste

estudo As parturientes devem ser orientadas sobre os benefiacutecios desta praacutetica e preparadas

para receber seus RN apoacutes o nascimento A assistecircncia ao RN estaacutevel deve ser feita

preferencialmente no colo da matildee e quando houver necessidade de encaminhar o RN ao

berccedilo aquecido assim que este estabelecer condiccedilotildees favoraacuteveis deve retornar para o contato

pele a pele Assim como o contato pele a pele a amamentaccedilatildeo na primeira hora de vida

tambeacutem deve ser apoiada e estimulada respeitando o desejo da mulher

No presente estudo o contato pele a pele na primeira hora de vida foi realizado em 9440 dos

partos Os 475 em que natildeo foi realizado pode ter como justificativa o nascimento de um RN

deprimido sem condiccedilotildees cliacutenicas de permanecer com a matildee e que necessitaram de

assistecircncia pediaacutetrica seja reanimaccedilatildeo neonatal ou transferecircncia para unidade neonatal

Tambeacutem pode ter como justificativa impossibilidade materna ou desejo de natildeo realizar contato

pele a pele

Pela pactuaccedilatildeo da maternidade em estudo com a SMSA-BH a meta eacute que 100 dos receacutem-

nascidos vivos realizem contato pele a pele efetivo na primeira hora de vida Considerando

todos os partos realizados na instituiccedilatildeo no mesmo periacuteodo deste estudo este indicador variou

entre 905 em abril de 2013 a 960 em agosto de 2013 segundo dados institucionais

fornecidos pela coordenaccedilatildeo a maternidade Estes dados sinalizam boa incorporaccedilatildeo desta

praacutetica pela equipe mas indicam tambeacutem necessidade de melhoria para que seja atingida a

meta

Acompanhante

A presenccedila de acompanhante durante todo o periacuteodo de internaccedilatildeo eacute um direito conquistado

pelas mulheres assegurado na Lei nordm 111082005 regulamentado pelo Ministeacuterio da Sauacutede

30

pela Portaria nordm 24182005 portanto obrigatoacuterio em todas as instituiccedilotildees sejam elas puacuteblicas

ou privadas (BRASIL 2005) Esta praacutetica eacute classificada pela OMS como demonstradamente uacutetil

e que deve ser estimulada (categoria A)

A presenccedila do acompanhante durante o processo de parturiccedilatildeo pode proporcionar bem-estar

fiacutesico e emocional agrave mulher e benefiacutecios clinicamente significativos ao binocircmio matildee-filho Os

efeitos do suporte agrave mulher foram encontrados em recente meta-anaacutelise e estatildeo associados agrave

menor duraccedilatildeo do trabalho de parto uso de ocitocina reduccedilatildeo de cesariana e de partos

vaginais instrumentais diminuindo ainda a utilizaccedilatildeo de analgesia intraparto e melhorando os

iacutendices de Apgar no quinto minuto (SOUSA 2013)

Outros estudos destacam ainda a importacircncia do acompanhante quando este se envolve natildeo

soacute no apoio fiacutesico e emocional mas tambeacutem no desenvolvimento junto agrave parturiente de accedilotildees

como massagem auxiacutelio e encorajamento durante a deambulaccedilatildeo banho e tambeacutem no

periacuteodo expulsivo o que proporciona tambeacutem maior grau de satisfaccedilatildeo com o parto Sousa

(2013) verificou em sua pesquisa que quase a totalidade (922) das mulheres assistidas em

uma instituiccedilatildeo de sauacutede da rede puacuteblica de Belo Horizonte permaneceu com o acompanhante

de sua escolha durante o periacuteodo de internaccedilatildeo sendo a maioria o companheiro pai da

crianccedila (627)

No HRTN a presenccedila de acompanhante familiar de livre escolha eacute uma praacutetica consolidada

pela instituiccedilatildeo e apoiada pela equipe multiprofissional A valorizaccedilatildeo do acompanhante deve

acontece em todas as etapas da internaccedilatildeo durante o trabalho de parto os acompanhantes

podem ser encorajados a participar ativamente no apoio agrave parturiente ofertando meacutetodos

alternativos para aliacutevio da dor como massagens por exemplo No momento do parto quando

possiacutevel pode ser oferecido ao familiar que corte o cordatildeo umbilical o que pode ter grande

representaccedilatildeo simboacutelica para aquela famiacutelia No puerpeacuterio os acompanhantes devem ser

orientados junto aacute mulher sobre os cuidados com o RN aleitamento materno e como apoiar a

matildee na nova fase

No presente estudo houve acompanhante familiar em 960 dos partos assistidos pelas

enfermeiras residentes Partos sem acompanhante familiar foram apenas 37 Estes dados

31

corroboram com a afirmaccedilatildeo de que a presenccedila do acompanhante familiar eacute uma praacutetica

consolidada e respeitada pela equipe da maternidade do HRTN

Analgesia

Meacutetodos natildeo farmacoloacutegicos

A OMS (1996) recomenda que o uso de meacutetodos natildeo farmacoloacutegicos para aliacutevio da dor deve

ser privilegiado durante a assistecircncia ao trabalho de parto considerando-os como ldquopraacuteticas

reconhecidamente uacuteteis e que devem ser estimuladasrdquo Categoria A na recomendaccedilatildeo de boas

praacuteticas na assistecircncia ao parto

Entre as praacuteticas natildeo medicamentosas tem-se estudado o uso de acupuntura acupressura

hipnose teacutecnicas de relaxamento e respiraccedilatildeo aplicaccedilatildeo de frio e calor aromaterapia

aacuteudioanalgesia massagem deambulaccedilatildeo e banho de imersatildeo durante o parto (SILVA 2011)

Em um estudo de revisatildeo sistemaacutetica foram incluiacutedos 14 ensaios com 1448 parturientes que

utilizaram diferentes formas de tratamento para a dor (acupuntura hipnose audioanalgesia

aromaterapia massagem e relaxamento) A hipnose mostrou-se efetiva em termos de reduzir a

necessidade de meacutetodos farmacoloacutegicos para aliacutevio da dor aumentando o grau de satisfaccedilatildeo

materna Maior chance de parto vaginal e reduccedilatildeo da necessidade de analgesia A acupuntura

tambeacutem se associou a uma menor intensidade da dor e reduccedilatildeo do uso de ocitocina A eficaacutecia

de meacutetodos como acupressatildeo aromaterapia aacuteudioanalgesia relaxamento e massagem natildeo foi

ainda estabelecida sendo necessaacuterios ensaios cliacutenicos randomizados para avaliaccedilatildeo dessas

terapias complementares para aliacutevio da dor durante o trabalho de parto (PORTO 2010)

Deve-se considerar que o suporte contiacutenuo intraparto e as posiccedilotildees verticalizadas durante o

parto tambeacutem se associam agrave reduccedilatildeo da dor e maior grau de satisfaccedilatildeo materna como jaacute

demonstrado em revisotildees sistemaacuteticas A imersatildeo em aacutegua em banheiras ou similares durante

o trabalho de parto tem sido investigada como um meacutetodo de promoccedilatildeo de relaxamento e aliacutevio

da dor Em uma revisatildeo sistemaacutetica de 11 ensaios cliacutenicos a imersatildeo em aacutegua foi associada agrave

reduccedilatildeo no uso de analgesia e reduccedilatildeo no relato de dor sem prejudicar a duraccedilatildeo do trabalho

de parto as taxas de partos ciruacutergicos ou o bem-estar neonatal (PORTO 2010)

32

A SMSA-BH recomenda que os meacutetodos natildeo farmacoloacutegicos para aliacutevio da dor sejam ofertados

a 100 das mulheres em trabalho de parto De acordo com dados institucionais fornecidos

pela coordenaccedilatildeo da maternidade a oferta variou entre 7571 em julho de 2013 a 8778 em

julho de 2013 considerando todos os partos realizados na instituiccedilatildeo no periacuteodo de abril de

2013 a abril de 2014

No livro fonte de dados deste estudo a oferta de meacutetodos natildeo farmacoloacutegicos natildeo eacute registrada

natildeo sendo possiacutevel quantificar estes dados nos partos assistidos por REO mas pode-se inferir

que esta eacute uma praacutetica adotada pelas enfermeiras obstetras e residentes quando se observa

por exemplo as baixas taxas de analgesia farmacoloacutegica em torno de 16 nos partos

assistidos por estas profissionais

Meacutetodos farmacoloacutegicos

Classicamente vaacuterios meacutetodos farmacoloacutegicos foram propostos mas existe consenso

atualmente de que se algum meacutetodo farmacoloacutegico for indicado para aliacutevio da dor durante o

trabalho de parto a analgesia regional com peridural ou teacutecnica combinada (raquidiana e

peridural) deve ser empregada preferencialmente em relaccedilatildeo ao uso de opioacuteides sistecircmicos ou

analgesia inalatoacuteria A teacutecnica ideal para analgesia de parto deveria ter miacutenima ou ausente

transferecircncia placentaacuteria ausecircncia de efeitos sobre o fluxo sanguiacuteneo uteroplacentaacuterio efeitos

miacutenimos e reversiacuteveis sobre o feto e neonato ausecircncia de efeito ocitoacutecico ou tocoliacutetico e

ausecircncia de bloqueio motor (PORTO 2010)

Uma revisatildeo sistemaacutetica realizada em 2011 incluindo 38 estudos comprovou a eficaacutecia da

analgesia peridural para reduccedilatildeo da dor de mulheres durante o processo de parto mas

tambeacutem revelou maior risco de parto instrumental maior necessidade de ocitocina e aumento

da duraccedilatildeo do segundo estaacutegio do parto Natildeo houve associaccedilatildeo dessa intervenccedilatildeo com risco

de cesariana cefaleacuteia e escores de Apgar menores que sete no quinto minuto (AMORIM

2011)

Na maternidade em estudo a analgesia farmacoloacutegica seja por teacutecnica peridural ou

raquianestesia eacute considerada um direito da mulher de acordo com os princiacutepios da

humanizaccedilatildeo e eacute ofertada conforme desejo da parturiente apoacutes a oferta de diferentes meacutetodos

33

natildeo farmacoloacutegicos para aliacutevio da dor e sob orientaccedilotildees sobre os riscos e benefiacutecios do

procedimento ou nos casos em que haacute indicaccedilatildeo cliacutenica para realizaccedilatildeo do mesmo A teacutecnica

de analgesia empregada na instituiccedilatildeo permite na maior parte dos casos a deambulaccedilatildeo

movimentaccedilatildeo e uso concomitante de outros meacutetodos alternativos de aliacutevio da dor como

chuveiro Isto pode influenciar para o desfecho favoraacutevel dos partos conforme mostram as

evidecircncias sobre movimentaccedilatildeo e verticalizaccedilatildeo durante o trabalho de parto

A SMSA-BH recomenda a utilizaccedilatildeo de analgesia quando esgotados os recursos natildeo

farmacoloacutegicos para aliacutevio da dor em torno de 30 dos partos normais A proporccedilatildeo de parto

normal com analgesia variou de 141 em janeiro de 2014 e 279 em agosto de 2013

considerando todos os partos realizados na instituiccedilatildeo no mesmo periacuteodo deste estudo

Considerando os 1434 assistidos por EO no periacuteodo do estudo 147 recebeu analgesia por

teacutecnica peridural e 11 raquidiana Os demais 841 dos partos foi sem analgesia

farmacoloacutegica

No presente estudo a analgesia farmacoloacutegica foi realizada em 176 dos partos sendo 166

por teacutecnica peridural e 11 raquidiana Analgesia natildeo foi realizada em 822 dos partos

assistidos por REO Estes dados demonstram que a oferta de meacutetodos natildeo farmacoloacutegicos

para aliacutevio da dor pode ter sido influenciado positivamente na escolha da parturiente em

receber ou natildeo a analgesia farmacoloacutegica

Laceraccedilotildees perineais

Laceraccedilotildees perineais satildeo traumas em estruturas componentes da vagina que podem ocorrer

de forma espontacircnea durante a passagem do feto pelo canal de parto ou em decorrecircncia de

episiotomia as quais podem se prolongar

A laceraccedilatildeo de primeiro grau eacute aquela que natildeo atinge nenhum muacutesculo estendendo-se atraveacutes

da fuacutercula mucosa vaginal e da pele Jaacute a laceraccedilatildeo de segundo grau acomete os muacutesculos

perineais poreacutem sem lesatildeo do esfiacutencter retal A laceraccedilatildeo de terceiro grau atinge essa

estrutura e algumas vezes prolonga-se ateacute a parede anterior do reto Neste uacuteltimo caso em

que a parede do reto eacute comprometida por vezes utiliza-se o termo laceraccedilatildeo de quarto grau

As laceraccedilotildees de primeiro e segundo grau satildeo consideradas leves e laceraccedilotildees de terceiro e

34

quarto grau satildeo consideradas graves pois podem levar agrave incontinecircncia urinaacuteria e fecal sendo

estas uacuteltimas mais raras (REZENDE 2005)

A ocorrecircncia de laceraccedilotildees perineais no parto normal depende de diversos fatores que podem

estar relacionados agraves condiccedilotildees maternas ao feto ao parto em si e ao prestador de serviccedilo

Embora estes fatores natildeo estejam definitivamente estabelecidos existem evidecircncias indicando

o local do parto e o profissional que assiste a escolaridade materna a paridade a altura do

periacuteneo a duraccedilatildeo do segundo estaacutegio do parto a cicatriz perineal anterior a infusatildeo de

ocitocina a posiccedilatildeo no parto a analgesia farmacoloacutegica os puxos dirigidos as manobras de

proteccedilatildeo perineal o peso e o periacutemetro cefaacutelico do RN como fatores relacionados entre

outros Quanto a integridade perineal sua chance aumenta entre as mulheres com um ou mais

partos vaginais anteriores (RIESCO et al 2011)

Estudos tambeacutem tecircm buscado associaccedilatildeo entre a posiccedilatildeo materna no parto e as laceraccedilotildees

perineais Sousa (2013) verificou que a posiccedilatildeo deitada de lado juntamente com a posiccedilatildeo de

coacutecoras foram as que tiveram maior ocorrecircncia de laceraccedilotildees de primeiro grau principalmente

com 750 e 833 dos casos respectivamente Essas duas posiccedilotildees tambeacutem foram as que

mais favoreceram para que as mulheres tivessem laceraccedilotildees na pesquisa desenvolvida por

Souza (2011) em um CPN do Rio de Janeiro com incidecircncia de 502 nos partos assistidos

em posiccedilatildeo lateral e 696 naqueles assistidos de coacutecoras Em ambas pesquisas a posiccedilatildeo de

Gaskin foi a que teve menor incidecircncia de traumas perineais seguida da posiccedilatildeo

sentadareclinada

Entre as principais morbidades relacionadas estatildeo a dor perineal e o sangramento aumentado

Apoacutes o parto tambeacutem podem surgir hematuacuteria incapacidade vesical e incontinecircncia urinaacuteria A

disfunccedilatildeo geniturinaacuteria e sexual produzida pelo trauma perineal pode ser tambeacutem devida agrave

perda ou diminuiccedilatildeo do tocircnus muscular perineal Poreacutem esse achado contrasta com dados de

outros estudos os quais concluiacuteram que a via de parto a paridade a idade materna o peso do

receacutem-nascido (RN) e a episiotomia natildeo foram fatores determinantes para a reduccedilatildeo da forccedila

muscular perineal Considerando os problemas em curto prazo (perda sanguiacutenea necessidade

de sutura e dor perineal) e em longo prazo (disfunccedilotildees intestinais urinaacuterias e sexuais)

35

associados ao trauma perineal no parto sua prevenccedilatildeo reduccedilatildeo e reparaccedilatildeo adequada satildeo

fatores importantes para as mulheres e os profissionais que as assistem (RIESCO 2010)

Considerando os 1434 partos assistidos por EO em 304 houve periacuteneo iacutentegro 447

laceraccedilotildees de primeiro grau 228 laceraccedilotildees de segundo grau 195 de terceiro grau e

014 de quarto grau Tais resultados satildeo proacuteximos aos verificados neste estudo e

associados com as baixas taxas de episiotomia nos partos assistidos pelas enfermeiras

residentes corroboram com a recomendaccedilatildeo do uso seletivo da episiotomia como um praacutetica

favoraacutevel

Escore de Apgar

O momento de transiccedilatildeo da vida intrauterina para extrauterina eacute crucial para o desenvolvimento

do bebecirc e deve ser minuciosamente preparado e vivenciado Eacute indispensaacutevel que nos

primeiros minutos de vida do neonato seja realizada avaliaccedilatildeo completa e sistemaacutetica visando

identificar desvios da normalidade e que forneccedila agraves informaccedilotildees baacutesicas sobre a vitalidade e a

adaptaccedilatildeo do RN agrave vida fora do ventre materno (BARBOSA 2006)

A avaliaccedilatildeo realizada imediatamente apoacutes o parto eacute composta pelo o escore de Apgar sendo

complementada com a avaliaccedilatildeo do aspecto geral a medida dos sinais vitais e medidas

antropomeacutetricas O iacutendice de Apgar avalia cinco criteacuterios cliacutenicos cor da pele frequecircncia

cardiacuteaca irritabilidade reflexa respiraccedilatildeo e tocircnus muscular O RN eacute avaliado no primeiro e no

quinto minuto de vida e cada criteacuterio garante de 0 a 2 pontos desencadeando assim uma soma

adequada entre 7 e 10 pontos Quando a soma total resulta em 4 a 6 pontos sugere dificuldade

moderada do RN em adaptar-se e menor que 4 pode indicar sofrimento Julga-se assim o grau

de adaptaccedilatildeo imediata e o grau de depressatildeo neuroloacutegica do RN nos primeiros cinco minutos

de vida (SBP 2011)

O iacutendice Apgar tem sido pouco utilizado para avaliar a qualidade de assistecircncia ao parto sendo

considerado um indicador pontual aleacutem de natildeo ser utilizado para determinar o iniacutecio da

reanimaccedilatildeo neonatal No entanto sua aplicaccedilatildeo permite avaliar a resposta do neonato agraves

manobras realizadas e a eficaacutecia dessas manobras O Apgar no quinto minuto eacute mais utilizado

36

para avaliaccedilatildeo da adaptaccedilatildeo do RN por melhor representa-la se comparado ao Apgar de

primeiro minuto Se o escore eacute inferior a 7 no 5ordm minuto recomenda-se realizaacute-lo a cada cinco

minutos ateacute 20 minutos de vida Eacute necessaacuterio documentar o escore de Apgar de maneira

concomitante agrave dos procedimentos de reanimaccedilatildeo executados (SBP 2011)

Eacute importante considerar que um Apgar baixo natildeo eacute necessariamente resultado de uma

assistecircncia ao parto e ao neonato inadequada assim como um bom iacutendice de Apgar natildeo indica

boa qualidade assistencial ao binocircmio Este iacutendice entretanto eacute um bom indicador para

resultados perinatais a longo prazo aleacutem de ser considerado importante preditor da avaliaccedilatildeo

do bem-estar e do prognoacutestico inicial do receacutem-nascido A avaliaccedilatildeo imediata do RN pode ser

feita por pediatra ou outro profissional capacitado para prestar a assistecircncia necessaacuteria desde

o suporte baacutesico ateacute a reanimaccedilatildeo neonatal Na maternidade do HRTN o pediatra eacute o

profissional responsaacutevel pela assistecircncia ao RN na sala de parto A instituiccedilatildeo possui UTI

neonatal para onde satildeo encaminhados os RN que necessitam de cuidados especiacuteficos Os

neonatos que apresentam boa vitalidade satildeo colocados em contato pele a pele com as matildees e

apoacutes permanecem em alojamento conjunto ateacute a alta

Pela SMSA-BH a meta de Apgar lt7 no quinto minuto eacute no maacuteximo 3 Este indicador variou

entre 08 em fevereiro de 2014 a 24 em novembro de 2013 considerando todos os partos

realizados na instituiccedilatildeo no mesmo periacuteodo do estudo ou seja esteve sempre dentro da meta

estabelecida

No presente estudo as dados sobre escore de Apgar foram divididos em Apgar lt7 (644) e gt7

(9356) no primeiro minuto lt7 (084) e gt 7 (9916) no quinto minuto Tais dados mostram

que a quase totalidade dos RN apresentava boas condiccedilotildees de vitalidade no primeiro e quinto

minuto A este dado se associa o incentivo e a alta taxa de contato pele a pele precoce sendo

um dos fatores que contribuem para melhor adaptaccedilatildeo a vida extrauterina aleacutem de assistecircncia

qualificada aos RN que necessitam de cuidados especiacuteficos ou reanimaccedilatildeo

37

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Os resultados deste estudo evidenciam que a assistecircncia ao parto prestada pelas residentes

em enfermagem obsteacutetrica foi coerente com as recomendaccedilotildees de boas praacuteticas em todos os

aspectos analisados consolidando as evidecircncias literaacuterias sobre a assistecircncia ao parto

promovida por enfermeiras obstetras Foi possiacutevel observar maioria de partos em posiccedilotildees

verticalizadas uso seletivo de episiotomia com baixa incidecircncia de laceraccedilotildees perineais

graves alto iacutendice de contato pele a pele presenccedila de acompanhante na maioria dos partos

baixas taxas de analgesia farmacoloacutegica e escores de Apgar que demonstram boa vitalidade

fetal em quase todos os receacutem-nascidos Diante do exposto eacute possiacutevel concluir que a atuaccedilatildeo

das enfermeiras residentes em enfermagem obsteacutetrica contribuiu para a obtenccedilatildeo de

resultados obsteacutetricos e neonatais favoraacuteveis na maternidade do HRTN

Devido agrave forma de organizaccedilatildeo e registro dos procedimentos no livro utilizado para coleta de

dados natildeo foi possiacutevel avaliar algumas praacuteticas obsteacutetricas tais como uso de ocitocina

amniotomia oferta de meacutetodos natildeo farmacoloacutegicos para aliacutevio da dor oferta de liacutequidos

durante o trabalho de parto e uso de partograma Estes dados seriam importantes para uma

anaacutelise mais detalhada sobre a assistecircncia ao parto Os dados institucionais fornecidos pela

coordenaccedilatildeo da maternidade forneceram uma dimensatildeo de algumas destas praacuteticas na

maternidade contudo natildeo foi possiacutevel neste estudo avaliar quantitativamente tais

procedimentos somente nos partos assistidos por enfermeiras residentes Sugere-se ampliaccedilatildeo

dos indicadores no livro de registro e padronizaccedilatildeo no seu preenchimento para melhor

qualificaccedilatildeo dos dados da assistecircncia ao parto prestada elas enfermeiras obstetrasresidentes

A capacitaccedilatildeo profissional no modelo de residecircncia eacute intensa e exige dedicaccedilatildeo A extensa

carga horaacuteria praacutetica aliada agrave teoria satildeo determinantes para uma formaccedilatildeo qualificada e

humana das enfermeiras residentes A possibilidade de atuar efetivamente na assistecircncia em

conjunto com outras categorias profissionais enriquece a formaccedilatildeo abrangendo diferentes

fases e situaccedilotildees do ciclo graviacutedico-puerperal Eacute importante salientar que a capacitaccedilatildeo das

enfermeiras obstetras nesta modalidade pioneira de residecircncia soacute foi possiacutevel graccedilas ao

estiacutemulo governamental com recursos provenientes do programa Rede Cegonha e os

esforccedilos conjuntos da Escola de Enfermagem da UFMG e demais instituiccedilotildees envolvidas

38

Os resultados deste estudo evidenciam a incorporaccedilatildeo do modelo assistencial humanizado e

baseado em evidecircncias cientiacuteficas pela equipe do HRTN O modelo colaborativo de assistecircncia

obsteacutetrica pode gerar resultados favoraacuteveis e promissores com as atuaccedilotildees complementares

entre as diferentes categorias profissionais A praacutetica supervisionada durante todo o processo

de formaccedilatildeo e a avaliaccedilatildeo constante das habilidades adquiridas pelas residentes satildeo

fundamentais para a consolidaccedilatildeo do conhecimento para maior seguranccedila das aprendizes e

para a oferta de uma assistecircncia qualificada e humanizada a mulher receacutem nascido e famiacutelia

A instituiccedilatildeo que acolhe as enfermeiras residentes obteacutem retorno positivo pois a atuaccedilatildeo

preceptorada das mesmas resulta em assistecircncia qualificada que atende a perspectiva da

praacutetica baseada em evidecircncia cientiacutefica segura com baixo custo e bons resultados obsteacutetricos

e neonatais Os resultados da atuaccedilatildeo das enfermeiras residentes refletem o modelo

institucional incorporado o qual eacute transmitido as residentes pelos preceptores O incentivo a

formaccedilatildeo de enfermeiras obstetras eacute fundamental para o fortalecimento desta categoria

profissional para maior inserccedilatildeo destas profissionais em espaccedilos aonde a assistecircncia ao parto

ainda eacute meacutedico-centrada e para mudanccedila do modelo obsteacutetrico hegemocircnico nacional

39

REFEREcircNCIAS

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AMORIM T e GUALDA DMR Coadjuvantes das mudanccedilas no contexto do ensino e da praacutetica da enfermagem obsteacutetrica Rev Rene Fortaleza 2011 outdez 12(4)833-40

BARBOSA R F et al Reanimaccedilatildeo Neonatal in ALVES FILHO N et al Perinatologia Baacutesica 3a ediccedilatildeo Guanabara Koogan Rio de Janeiro Cap21 p172 2006

BATALHA E O lugar das Enfermeiras e Obstetrizes Revista RADIS Ed 148 Jan 2015 P30 a 34

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Parto aborto e puerpeacuterio assistecircncia humanizada a mulher Brasiacutelia DF 2001

BRASIL Lei 11108 de 7 de abril de 2005 Altera a Lei 8080 de 19 de setembro de 1990 para garantir as parturientes o direito a presenccedila de acompanhante durante o trabalho de parto parto e poacutes-parto imediato no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede ndash SUS Brasiacutelia DF 07 abr 2005

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede Departamento de Accedilotildees Programaacuteticas Estrateacutegicas Aacuterea Teacutecnica de Sauacutede da Mulher Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos uma prioridade do governoMinisteacuterio da Sauacutede Secretaria de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede Departamento de Accedilotildees Programaacuteticas Estrateacutegicasndash Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 2005

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Poliacutetica Nacional de Planejamento Familiar Brasiacutelia DF 2007

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BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Iniciativa hospital amigo da crianccedila revista atualizada e ampliada para o cuidado integrado Brasiacutelia DF 2010

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Poliacutetica nacional de atenccedilatildeo integral a sauacutede da mulher princiacutepios e diretrizes Brasiacutelia DF 2011

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede Departamento de Atenccedilatildeo Baacutesica Atenccedilatildeo ao preacute-natal de baixo risco Ministeacuterio da Sauacutede Departamento de Atenccedilatildeo

40

Baacutesica ndash Brasiacutelia Editora do Ministeacuterio da Sauacutede 2012 318 p il ndash (Seacuterie A Normas e Manuais Teacutecnicos) (Cadernos de Atenccedilatildeo Baacutesica ndeg 32)

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em Sauacutede Departamento de Anaacutelise de Situaccedilatildeo de Sauacutede Sauacutede Brasil 2011 uma anaacutelise da situaccedilatildeo de sauacutede e a vigilacircncia da sauacutede da mulher Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em Sauacutede Departamento de Anaacutelise de Situaccedilatildeo de Sauacutede ndash Brasiacutelia Editora do Ministeacuterio da Sauacutede 2012 444 p il

BRASIL Presidecircncia da Repuacuteblica Objetivos de Desenvolvimento do Milecircnio Relatoacuterio Nacional de Acompanhamento Coordenaccedilatildeo Instituto de Pesquisa Econocircmica Aplicada e Secretaria de Planejamento e Investimentos Estrateacutegicos supervisatildeo Grupo Teacutecnico para o acompanhamento dos ODM - Brasiacutelia Ipea MP SPI 2014 208 p il graacutefs mapas color

NASCER NO BRASIL inqueacuterito sobre parto e nascimento Cadernos de Sauacutede Puacuteblica Vol30 supl1 Rio de Janeiro 2014 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophpscript=sci_issuetocamppid=0102 Acesso em 15 de junho de 2015

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41

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httpwwwwhointeportuguesepublicationspt Acesso em 09032015

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RABELO LR OLIVEIRA DL Percepccedilotildees de enfermeiras obsteacutetricas sobre sua competecircncia na atenccedilatildeo ao parto normal hospitalar Rev Esc Enferm USP 2010 44(1)213-20 RAMOS HAC CUMAN RKN Fatores de risco para prematuridade pesquisa documental Esc Anna Nery Rev Enferm 2009 abr-jun 13 (2) 297-304 RIESCO MLG et al Episiotomia laceraccedilatildeo e integridade perineal em partos normais anaacutelise de fatores associados Rev Enferm UERJ v 19 n1 p 77-83 2011

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SOUSA AMM Praacuteticas obsteacutetricas na assistecircncia ao parto e nascimento em uma maternidade de Belo Horizonte Tese de mestrado Escola de Enfermagem da Universidade Federal de Minas Gerais Belo Horizonte 2013

SOUZA DOM Partos assistidos por enfermeiras praacuteticas obsteacutetricas realizadas no ambiente hospitalar no periacuteodo de 2004 a 2008 2011 84f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) Faculdade de Enfermagem da Universidade do Estado do Rio de Janeiro Rio de Janeiro RJ 2011

SOGC ndash Society of Obstetricians and Gynecologists of Canada Guidelines for the Management of Pregnancy at 41+0 to 42+0 Weeks JOGC september 2008

42

VOGT SE et al Caracteriacutesticas da assistecircncia ao trabalho de parto em trecircs modelos de atenccedilatildeo no SUS no Municiacutepio de Belo Horizonte Minas Gerais Brasil Cad Sauacutede Puacuteblica v 27 n 9 p 1789-1800 2011

ANEXO 1

RECOMENDACcedilOtildeES DE BOAS PRAacuteTICAS DE ASSISTEcircNCIA AO PARTO SEGUNDO

CLASSIFICACcedilAtildeO DO MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2001

CATEGORIA A - PRAacuteTICAS DEMONSTRADAMENTE UacuteTEIS E QUE DEVEM SER

ESTIMULADAS

Plano individual determinando onde e por quem o nascimento seraacute realizado feito em

conjunto com a mulher durante a gestaccedilatildeo e comunicado a seu maridocompanheiro

Avaliaccedilatildeo do risco gestacional durante o preacute-natal reavaliado a cada contato com o

sistema de sauacutede

Respeito agrave escolha da matildee sobre o local do parto

Fornecimento de assistecircncia obsteacutetrica no niacutevel mais perifeacuterico onde o parto for viaacutevel e

seguro e onde a mulher se sentir segura e confiante

Respeito ao direito da mulher agrave privacidade no local do parto

Apoio empaacutetico pelos prestadores de serviccedilo durante o trabalho de parto e parto

Respeito agrave escolha da mulher sobre seus acompanhantes durante o trabalho de parto e

parto

Fornecimento agraves mulheres sobre todas as informaccedilotildees e explicaccedilotildees que desejarem

Oferta de liacutequidos por via oral durante o trabalho de parto e parto

Monitoramento fetal por meio de ausculta intermitente

43

Monitoramento cuidadoso do progresso do parto por exemplo por meio do uso do

partograma da OMS

Monitoramento do bem-estar fiacutesico e emocional da mulher durante trabalho e parto e ao

teacutermino do processo de nascimento

Meacutetodos natildeo invasivos e natildeo farmacoloacutegicos de aliacutevio da dor como massagem e

teacutecnicas de relaxamento durante o trabalho de parto

Liberdade de posiccedilatildeo e movimento durante o trabalho de parto

Estiacutemulo a posiccedilotildees natildeo supinas durante o trabalho de parto

Uso rotineiro de ocitocina clampeamento tardio (1 a 3 minutos apoacutes o nascimento) e

traccedilatildeo controlada do cordatildeo durante o 3o estaacutegio do trabalho de parto

Condiccedilotildees esteacutereis ao cortar o cordatildeo

Prevenccedilatildeo da hipotermia do bebecirc

Contato pele a pele precoce entre matildee e filho e apoio ao iniacutecio da amamentaccedilatildeo na

primeira hora apoacutes o parto segundo as diretrizes da OMS sobre Aleitamento Materno

Exame rotineiro da placenta e membranas ovulares

CATEGORIA B - PRAacuteTICAS CLARAMENTE PREJUDICIAIS OU INEFICAZES E QUE DEVEM

SER ELIMINADAS

Uso rotineiro de enema

Uso rotineiro de tricotomia

Infusatildeo intravenosa de rotina no trabalho de parto

Cateterizaccedilatildeo venosa profilaacutetica de rotina

Uso rotineiro de posiccedilatildeo supina (decuacutebito dorsal) durante o trabalho de parto

44

Exame retal

Uso de pelvimetria por Raios-X

Amniotomia precoce de rotina para diminuir a duraccedilatildeo do trabalho de parto

Administraccedilatildeo de ocitoacutecitos em qualquer momento antes do parto de um modo que natildeo

permite controlar seus efeitos

Uso de rotina da posiccedilatildeo de litotomia com ou sem estribos durante o trabalho de parto

Esforccedilo de puxo prolongado e dirigido (manobra de Valsalva) durante o segundo

estaacutegio do trabalho de parto

Massagem e distensatildeo do periacuteneo durante o segundo estaacutegio do trabalho de parto

Uso liberal e rotineiro de episiotomia

Uso de comprimidos orais de ergometrina no terceiro estaacutegio do trabalho de parto com

o objetivo de evitar ou controlar hemorragias

Uso rotineiro de ergometrina parenteral no terceiro estaacutegio do trabalho de parto

Lavagem uterina rotineira apoacutes o parto

Revisatildeo uterina (exploraccedilatildeo manual) rotineira apoacutes o parto

CATEGORIA C - PRAacuteTICAS SEM EVIDEcircNCIAS SUFICIENTES PARA APOIAR UMA

RECOMENDACcedilAtildeO CLARA E QUE DEVEM SER UTILIZADAS COM CAUTELA ATEacute QUE

MAIS PESQUISAS ESCLARECcedilAM A QUESTAtildeO

Meacutetodos natildeo farmacoloacutegicos de aliacutevio de dor durante o trabalho parto como ervas

imersatildeo em aacuteguas e estimulaccedilatildeo dos nervos

Amniotomia e ocitocina precoce de rotina no primeiro estaacutegio do trabalho de parto para

prevenccedilatildeo de progresso inadequado do parto

Pressatildeo do fundo uterino durante o trabalho de parto

45

Manobras relacionadas agrave proteccedilatildeo do periacuteneo e ao manejo do poacutelo cefaacutelico no

momento do parto

Manipulaccedilatildeo ativa do feto no momento do parto

Estimulaccedilatildeo do mamilo para estimular a contratilidade uterina durante o terceiro estaacutegio

do trabalho de parto

CATEGORIA D - PRAacuteTICAS FREQUENTEMENTE USADAS DE MODO INADEQUADO

Restriccedilatildeo hiacutedrica e alimentar durante o trabalho de parto

Controle da dor por agentes sistecircmicos

Controle da dor por analgesia peridural

Monitoramento eletrocircnico fetal

Uso de maacutescaras e aventais esteacutereis durante a assistecircncia ao trabalho de parto

Exames vaginais repetidos ou frequumlentes especialmente por mais de um prestador de

serviccedilo

Correccedilatildeo da dinacircmica com utilizaccedilatildeo de ocitocina

Transferecircncia rotineira da parturiente para outra sala no iniacutecio do segundo estaacutegio do

trabalho de parto

Cateterizaccedilatildeo da bexiga

Estiacutemulo para o puxo quando se diagnostica dilataccedilatildeo cervical completa ou quase

completa antes que a mulher sinta o puxo involuntaacuterio

Clampeamento precoce do cordatildeo umbilical

Adesatildeo riacutegida a uma duraccedilatildeo estipulada do 2deg estaacutegio do trabalho de parto

Parto operatoacuterio e exploraccedilatildeo manual do uacutetero apoacutes o parto

46

ANEXO 2

47

48

ANEXO 3

49

Page 19: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS ESCOLA DE ENFERMAGEM … FINAL ANA … · inserção do estudo foi: partos assistidos por residentes em enfermagem obstétrica, independente se

19

DISCUSSAtildeO

Idade materna Paridade Nuacutemero de gestaccedilotildees

Segundo o MS as mulheres em idade reprodutiva ou seja de 10 a 49 anos representam 65

do total da populaccedilatildeo feminina conformando um grupo social importante e que merece

atenccedilatildeo no que se refere agrave elaboraccedilatildeo de poliacuteticas de sauacutede (BRASIL 2011)

Silva (2009) cita que mulheres muito jovens ou muito idosas satildeo consideradas de maior risco

para resultados adversos e complicaccedilotildees gestacionais no parto e perinatais

A OMS considera gravidez na adolescecircncia aquela que ocorre em mulheres entre 10 e 19

anos sendo que gestantes com menos de 14 anos satildeo mais vulneraacuteveis e mais expostas agrave

morbimortalidade A gravidez na adolescecircncia estaacute relacionada aacute condiccedilotildees de escolaridade e

fatores socioeconocircmicos como escolaridade renda dentre outros e no que se refere aos

riscos os principais referidos por Santos at al (2014) satildeo prematuridade e baixo peso ao

nascer Jaacute Gravena (2013) refere que estatildeo relacionados agrave gravidez precoce riscos

aumentados ao receacutem-nascido de baixo peso ao nascer deficiecircncias de micronutrientes e

restriccedilatildeo do crescimento intrauterino levando a alteraccedilotildees na evoluccedilatildeo dessa gestaccedilatildeo e no

crescimento fetal o que pode resultar tambeacutem em parto prematuro

Cesar (2011) em estudo sobre gestaccedilatildeo na adolescecircncia encontrou 2018 de matildees

adolescentes e mostrou que estas estiveram de forma sistemaacutetica em desvantagem em

relaccedilatildeo agraves demais matildees tanto no que se refere a caracteriacutesticas socioeconocircmicas quanto na

assistecircncia recebida durante a gestaccedilatildeo e o parto Afirma que as adolescentes possuiacuteam pior

niacutevel de escolaridade e renda familiar viviam mais comumente sem companheiro realizaram

um menor nuacutemero de consultas de preacute-natal iniciaram estas consultas mais tardiamente

referiram com maior frequecircncia a presenccedila de anemia e corrimento vaginal patoloacutegico e foram

mais submetidas ao uso de foacutercipe e episiotomia Considerando-se as categorias adolescentes

precoces e adolescentes do presente estudo tem-se uma taxa de 210 proacutexima da

encontrada por Cesar (2011)

20

Mulheres entre 20 e 35 anos satildeo consideradas adultas jovens e apresentam resultados

obsteacutetricos e neonatais mais favoraacuteveis quando comparadas as adolescentes e a mulheres em

idade avanccedilada Neste estudo as adultas jovens representaram a maior parte da populaccedilatildeo

(695) Este achado corrobora para os resultados obsteacutetricos e neonatais favoraacuteveis aqui

verificados Gravena et al (2013) verificou em seu estudo que adolescentes e mulheres em

idade tardia tiveram probabilidade maior de parto cesaacutereo em relaccedilatildeo agraves adultas No que se

refere ao baixo peso ao nascer tanto as gestantes adolescentes quanto as em idade avanccedilada

apresentaram mais chance de possuiacuterem filhos receacutem-nascidos com baixo peso quando

comparadas as adultas

A taxa de fecundidade vem apresentando queda no Brasil nos uacuteltimos anos segundo dados do

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) em 2000 a taxa de fecundidade era de 24

filhos por mulher e em 2014 foi menor que 18 filhos por mulher (IBGE 2013) Dentre os vaacuterios

fatores que colaboraram para esta transiccedilatildeo na taxa de fecundidade encontram-se a

elaboraccedilatildeo e expansatildeo da estrateacutegia de sauacutede da famiacutelia e das poliacuteticas voltadas para a

mulher no ciclo graviacutedico puerperal principalmente a Poliacutetica Nacional de Direitos Sexuais e

Direitos Reprodutivos lanccedilada em 2005 e a Poliacutetica Nacional de Planejamento Familiar

elaborada em 2007 que permitiu as mulheres expansatildeo do acesso a informaccedilotildees sobre o

planejamento familiar reprodutivo e oferta de meacutetodos contraceptivos (BRASIL 2007)

Define-se gestaccedilatildeo tardia aquela que ocorre acima dos 35 anos e aquelas com mais de 45

anos satildeo consideradas gestaccedilotildees com idade materna avanccedilada Os nascimentos em mulheres

com 35 anos ou mais tem aumentado de forma consistente no Brasil tendecircncia observada

principalmente nos paiacuteses industrializados As mudanccedilas nos haacutebitos de vida como maior niacutevel

de escolaridade maior inserccedilatildeo no mercado de trabalho e na expectativa de vida da mulher

estimulam a postergaccedilatildeo do momento da primeira gravidez que acaba acontecendo em idades

superiores apoacutes serem atingidos outros objetivos de vida pessoais e profissionais Soma-se a

isso o advento da reproduccedilatildeo assistida que permite as mulheres engravidarem em idades mais

avanccediladas periacuteodo de comprovada diminuiccedilatildeo da fertilidade Haacute que se considerar que em

paiacuteses em desenvolvimento como o Brasil a maior parte das gestaccedilotildees tardias acontece em

situaccedilotildees de multiparidade o que tambeacutem envolve riscos (SILVA 2009)

21

A gestaccedilatildeo tardia apresenta risco similar a gestaccedilatildeo na adolescecircncia em alguns aspectos

conforme citado anteriormente e mais elevados em situaccedilotildees como abortamento espontacircneo

gravidez ectoacutepica anormalidades cromossocircmicas e malformaccedilotildees congecircnitas (SILVA 2009)

Gravena et al (2013) cita que nas mulheres com gestaccedilatildeo tardia tecircm sido observados mais

abortamentos espontacircneos e induzidos maior risco para mortalidade perinatal baixa vitalidade

do receacutem- nascido baixo peso ao nascer parto preacute-termo e fetos pequenos para idade

gestacional As gestaccedilotildees de mulheres de idade materna avanccedilada tecircm sido consideradas

como de alto risco em decorrecircncia principalmente da incidecircncia crescente de siacutendromes

hipertensivas ruptura prematura de membranas presenccedila de diabetes aleacutem de maior chance

do iacutendice de Apgar no quinto minuto ser menor que sete

Analisando os 1434 partos registrados no livro no mesmo periacuteodo e nos quais estatildeo incluiacutedos

os 714 partos das enfermeiras residentes o percentual de primiacuteparas e multiacuteparas foi de 415

e 583 respectivamente valores muito proacuteximos aos encontrados nos partos assistidos pelas

enfermeiras residentes

Idade gestacional

Conceitua-se gravidez preacute-termo aquela cuja idade gestacional encontra-se entre 22 e 37

semanas ou entre 154 a 259 dias (ACOG 2013) A prematuridade eacute um evento que afeta a

vida da famiacutelia e do RN de forma significativa envolvendo aspectos bioloacutegicos psicoloacutegicos e

sociais de difiacutecil mensuraccedilatildeo e que devem ser considerados pela equipe que assiste a famiacutelia

prematura (RAMOS 2009)

A prematuridade tem sido estudada como uma das causas importantes de mortalidade infantil

O receacutem-nascido imaturo apresenta desenvolvimento incompleto de oacutergatildeos como ceacuterebro e

pulmotildees aleacutem de limitaccedilatildeo da funccedilatildeo renal e imaturidade da funccedilatildeo hepaacutetica podendo sofrer

seacuterios comprometimentos ou intercorrecircncias (GRAVENA 2013) A literatura cita alguns fatores

de risco gestacionais associados agrave prematuridade tais como parto prematuro preacutevio gestaccedilatildeo

muacuteltipla histoacuteria materna de um ou mais abortos espontacircneos no segundo trimestre

comprimento cervical lt 30 cm baixo niacutevel socioeconocircmico idade materna lt18 anos ou gt40

22

anos primiparidade (mais frequente no primeiro filho) complicaccedilotildees maternas (cliacutenicas ou

obsteacutetricas) atividade fiacutesica aumentada tabagismo uso de cocaiacutena acompanhamento preacute-

natal inadequado ou ausente situaccedilotildees de alto estresse crescimento intrauterino restrito

(CIUR) anomalias congecircnitas polihidracircmnios ruptura prematura de membranas preacute-termo

(RPMPT) descolamento de placenta presenccedila de DIU mioma (particularmente submucoso ou

subplacentaacuterio) anomalias uterinas insuficiecircncia istmo-cervical infecccedilotildees maternas siacutendrome

antifosfoliacutepide trauma cirurgia (RAMOS 2009)

O American College of Obstetricians and Gynecologists (ACOG 2013) classifica a gravidez

aleacutem de 37 semanas da seguinte maneira

Termo precoce entre 37 semanas e 38 semanas e 6 dias

Termo completo entre 39 semanas e 40 semanas e 6 dias

Termo tardio entre 41 semanas e 41 semanas e 6 dias

Poacutes-termo 42 semanas em diante

Neste estudo a grande maioria dos partos assistidos pelas enfermeiras residentes foi de

gestaccedilotildees a termo (900) Tal fato se justifica pela maior atuaccedilatildeo da enfermagem obsteacutetrica

nas gestaccedilotildees de risco habitual A meacutedia de idade gestacional da amostra deste estudo foi de

38 semanas sendo a menor idade gestacional encontrada 24 semanas e a maior 42 semanas

Os partos preacute-termo e poacutes-termo ou seja de maior risco satildeo preferencialmente

acompanhados por meacutedico obstetra Eacute rotina da instituiccedilatildeo em estudo a induccedilatildeo do trabalho

de parto nas gestaccedilotildees acima de 41 semanas Tambeacutem por esse motivo pode-se justificar a

atuaccedilatildeo das enfermeiras residentes em menos de 05 de partos poacutes-termo

O ACOG define gestaccedilatildeo poacutes-termo ou gestaccedilatildeo prolongada como aquela que se estende

aleacutem de 42 semanas ou 294 dias de gestaccedilatildeo (ACOG 2013) Para Amorim (2010) as

gestaccedilotildees aleacutem de 42 semanas ocorrem em aproximadamente 5 dos casos jaacute as aleacutem de 41

semanas em cerca de 10 A causa mais comum de gestaccedilatildeo poacutes-termo eacute o erro de dataccedilatildeo

e quando realmente existe a causa eacute desconhecida sendo a primiparidade o principal fator de

risco associado Mais raramente outros fatores podem estar presentes como a anencefalia

23

deficiecircncia de sulfatase placentaacuteria feto do sexo masculino e predisposiccedilatildeo geneacutetica (BRASIL

2011) O maior temor relacionado agrave gestaccedilatildeo prolongada eacute de que ocorra insuficiecircncia

placentaacuteria com reduccedilatildeo do aporte de nutriente e oxigecircnio para o bebecirc o que pode acarretar

aumento da morbidade e mortalidade perinatal Com maior frequecircncia de morte perinatal

anormalidade da frequecircncia cardiacuteaca fetal intraparto eliminaccedilatildeo de mecocircnio macrossomia e

cesariana (AMORIM 2010)

No Brasil tem sido frequente a indicaccedilatildeo de cesariana quando a gestaccedilatildeo ultrapassa 40

semanas sobretudo no setor privado poreacutem esta conduta natildeo eacute corroborada por evidecircncias

Amorim (2010) em compilado sobre o tema cita uma revisatildeo sistemaacutetica publicada em 2003 na

qual concluiacuteram que a induccedilatildeo do parto a partir de 41 semanas quando comparada agrave conduta

expectante resultou em menor taxa de cesaacuterias (201 x 22) e de liacutequido amnioacutetico meconial

(224 x 277) poreacutem natildeo houve diferenccedila em termos de mortalidade perinatal escores de

Apgar admissatildeo em UTI neonatal e siacutendrome de aspiraccedilatildeo meconial Em 2012 outra revisatildeo

sistemaacutetica disponiacutevel na biblioteca Cochrane incluindo 22 ensaios cliacutenicos randomizados e

9383 mulheres submetidas aacute induccedilatildeo do parto mostrou reduccedilatildeo significativa do risco relativo de

morte perinatal e de cesariana Natildeo houve diferenccedila na taxa de natimortos ou de morte

neonatal nos dois grupos A incidecircncia da siacutendrome de aspiraccedilatildeo meconial foi menor no grupo

submetido agrave induccedilatildeo do parto poreacutem natildeo houve diferenccedila na frequecircncia de asfixia perinatal

baixos escores de Apgar e admissatildeo em UTI neonatal Os autores sugerem que a induccedilatildeo do

parto a partir de 41 semanas reduz as taxas de cesariana sem comprometer o prognoacutestico

perinatal Aleacutem disso o estudo mostrou maior satisfaccedilatildeo das gestantes submetidas agrave induccedilatildeo

do parto Recomenda-se que as mulheres sejam esclarecidas sobre riscos e benefiacutecios

associados agrave induccedilatildeo do parto a partir de 41 semanas (AMORIM 2010)

Posiccedilatildeo de parto

Os benefiacutecios da livre movimentaccedilatildeo da parturiente durante o trabalho de parto tais como a

reduccedilatildeo de sua duraccedilatildeo melhora do conforto materno e reduccedilatildeo do uso de analgeacutesicos satildeo

sustentados por evidecircncias cientiacuteficas (SOUSA 2013) A adoccedilatildeo de postura vertical e

movimentaccedilatildeo podem aleacutem de diminuir a dor materna facilitar a circulaccedilatildeo materno-fetal e a

descida do feto na pelve materna melhorar as contraccedilotildees uterinas e diminuir o trauma perineal

24

(SILVA 2011)

A OMS (1996) classifica como praacuteticas demonstradamente uacuteteis e que devem ser estimuladas

(categoria A) a liberdade de posiccedilatildeo e movimento durante o trabalho de parto e o estiacutemulo a

posiccedilotildees natildeo supinas durante o trabalho de parto Jaacute o uso rotineiro de posiccedilatildeo supina

(decuacutebito dorsal) durante o trabalho de parto e o uso de rotina da posiccedilatildeo de litotomia com ou

sem perneiras durante o trabalho de parto satildeo classificadas como praacuteticas claramente

prejudiciais e que devem ser eliminadas (categoria B)

Uma revisatildeo sistemaacutetica sobre assistecircncia ao segundo e terceiro periacuteodos do trabalho de parto

publicada em 2010 mostra que a posiccedilatildeo supina tem sido amplamente usada no segundo

periacuteodo do trabalho de parto contrariando a evidecircncia fisioloacutegica da reduccedilatildeo da eficiecircncia

uterina e do fluxo sanguiacuteneo placentaacuterio nessa posiccedilatildeo A posiccedilatildeo litotocircmica eacute ainda

recomendada em alguns tratados tradicionais de Obstetriacutecia mas as posiccedilotildees alternativas

incluem uma gama de posiccedilotildees que podem trazer benefiacutecios para o parto posiccedilatildeo lateral

(Sims) vertical (sentada semi-sentada de coacutecoras ou ajoelhada) e de quatro apoios A

imersatildeo em aacutegua durante o periacuteodo expulsivo do trabalho de parto aumentou o registro de

satisfaccedilatildeo por parte das parturientes no que diz respeito aos puxos mas ainda natildeo haacute

evidecircncias sobre os efeitos da imersatildeo em aacutegua no segundo estaacutegio especialmente sobre a

morbidade materna e neonatal (AMORIM 2010)

Estudos apontam que posiccedilotildees verticalizadas ou a posiccedilatildeo lateral associaram-se com reduccedilatildeo

da duraccedilatildeo do segundo periacuteodo do parto reduccedilatildeo nas anormalidades da frequecircncia cardiacuteaca

fetal bem como reduccedilatildeo de relatos de dor grave e episiotomia Ocorre no entanto maior perda

de sangue estimada (acima de 500 mL) sem repercussotildees cliacutenicas consideraacuteveis A conclusatildeo

dos revisores eacute que as mulheres devem ser encorajadas a parir na posiccedilatildeo que lhes for mais

confortaacutevel com o balanccedilo das evidecircncias a favor das posturas natildeo supinas (AMORIM 2010)

Mouta et al (2008) e Rocha Fonseca (2010) encontraram percentuais entre 50 e 78 de

posiccedilatildeo vertical em partos assistidos exclusivamente por enfermeiras obstetras em

maternidades puacuteblicas do Rio de Janeiro Em um CPN de Satildeo Paulo apenas 13 dos partos

foram assistidos em posiccedilatildeo horizontal contra 776 assistidos em posiccedilatildeo vertical (SOUZA

2011)

25

Sousa (2013) observou em seu estudo com 61 mulheres assistidas em Hospital da rede puacuteblica

de Belo Horizonte que mais de 75 pariram deitadas de costas com pernas levantadas sem

uso de perneiras As demais mulheres deram a luz em posiccedilatildeo de coacutecoras (98) deitada de

lado (66) sentadareclinada (66) ou Gaskin (16)

A maternidade do HRTN faz parte da rede de hospitais de Belo Horizonte que assinou o Termo

de Compromisso das Maternidades do SUS-BH estabelecido pela Comissatildeo Perinatal da

Secretaria Municipal de Sauacutede de Belo Horizonte (SMSA-BH) o qual estabelece metas para

diversos indicadores assistenciais objetivando humanizar a assistecircncia e reduzir as taxas de

cesariana nas maternidades da rede puacuteblica de Belo Horizonte No que se refere a posiccedilatildeo de

parto a SMSA-BH tem como meta que mais de 70 dos partos sejam realizados em posiccedilatildeo

natildeo supina Segundo dados institucionais fornecidos pela coordenaccedilatildeo da maternidade sobre

todos os partos do HRTN no mesmo periacuteodo deste estudo a taxa de partos em posiccedilatildeo natildeo

supina variou de 6202 em abril de 2014 a 8138 em abril de 2013

Diante dos resultados deste estudo eacute possiacutevel inferir que no HRTN a equipe incentiva e apoia o

uso de deambulaccedilatildeo e posiccedilotildees verticalizadas durante o trabalho de parto e periacuteodo expulsivo

As mulheres devem orientadas sobre os benefiacutecios da verticalizaccedilatildeo para a evoluccedilatildeo do

trabalho de parto No momento do parto deve haver incentivo agrave livre escolha da posiccedilatildeo dentro

das possibilidades da maternidade Ainda natildeo haacute disponibilidade de parto com imersatildeo em

aacutegua mas haacute quartos PPP (preacute-parto parto e poacutes-parto) com chuveiro bola suiacuteccedila banquinho

meia lua escada de Ling e espaccedilo fiacutesico que permite deambulaccedilatildeo Em alguns plantotildees a

equipe conta com a participaccedilatildeo das Doulas no cuidado agrave mulher em trabalho de parto

Os resultados deste estudo satildeo similares aos encontrados por Sousa (2013) o que mostra que

ambas as instituiccedilotildees componentes do SUS em Belo Horizonte que tem atuaccedilatildeo efetiva das

enfermeiras obstetras estimulam o parto em posiccedilotildees verticalizadas e provavelmente

respeitam a livre escolha da posiccedilatildeo de parto

O fato da maior parte dos partos serem em posiccedilatildeo semi-sentada gera certa inquietaccedilatildeo pois

26

sabe-se que esta posiccedilatildeo permite maior controle e melhor visibilidade sendo cocircmoda para o

profissional que assiste ao parto Outra justificativa possiacutevel para a grande porcentagem de

partos semi-sentada pode ser a falta de informaccedilatildeo eou orientaccedilatildeo das

mulheresacompanhantes sobre a possibilidade de parirem em outras posiccedilotildees que lhe sejam

confortaacuteveis Ressalta-se a necessidade de orientaccedilatildeo e incentivo quanto agrave liberdade de

posiccedilatildeo e sobre os benefiacutecios das posiccedilotildees verticalizadas para o trabalho de parto e periacuteodo

expulsivo desmitificando a claacutessica posiccedilatildeo de parto e empoderando-as a escolher a posiccedilatildeo

que lhes for mais confortaacutevel

Episiotomia

A episiotomia foi inicialmente proposta com o objetivo de facilitar o parto reduzindo o trauma

perineal e facilitando o reparo Entretanto natildeo obstante a indicaccedilatildeo de livros-texto sua

realizaccedilatildeo de rotina natildeo pode ser recomendada uma vez que existem vaacuterias evidecircncias de que

natildeo eacute necessaacuteria e de que pode ser prejudicial (AMORIM 2010)

Entre as principais morbidades relacionadas agrave episiotomia estatildeo a dor perineal e o

sangramento aumentado Nesses casos devido a urgecircncia os traumas perineais muitas vezes

satildeo suturados sem a boa visualizaccedilatildeo do local podendo produzir acidentes com lesatildeo no trato

geniturinaacuterio e nas estruturas do assoalho peacutelvico causando hipermobilidade uretral e prolapso

genital Apoacutes o parto tambeacutem podem surgir hematuacuteria incapacidade vesical e incontinecircncia

urinaacuteria (RIESCO et al 2011)

A OMS (1996) considera o uso liberal e rotineiro de episiotomia uma praacutetica claramente

prejudicial e que deve ser eliminada (categoria B) Embora os dados disponiacuteveis na literatura

revelem que a realizaccedilatildeo de episiotomia natildeo cumpre os objetivos que justificariam sua

realizaccedilatildeo de forma rotineira sejam eles a prevenccedilatildeo de lesotildees nas genitais da matildee ou na

cabeccedila do receacutem-nascido ainda hoje tal intervenccedilatildeo permanece sendo usada de forma

abusiva em muitas instituiccedilotildees de sauacutede

Em revisatildeo sistemaacutetica incluindo oito ensaios cliacutenicos (n=5541) observou-se que comparada

agrave episiotomia de rotina a episiotomia seletiva (com indicaccedilatildeo precisa) esteve associada com

27

menos trauma perineal grave menor necessidade de suturas menos complicaccedilotildees na

cicatrizaccedilatildeo e mais trauma perineal anterior Natildeo houve diferenccedila na frequecircncia de trauma

vaginal ou perineal grave dispareunia incontinecircncia urinaacuteria ou dor intensa Os revisores

recomendam que a episiotomia natildeo seja realizada rotineiramente e quando necessaacuteria seja

realizada com o consentimento poacutes-informaccedilatildeo da parturiente (AMORIM 2010)

Cesar (2011) encontrou ocorrecircncia meacutedia de episiotomia de 72 entre as 2557 gestantes

estudadas no Sul do Brasil Houve variaccedilatildeo de 86 entre as adolescentes e 66 entre as

demais matildees As taxas encontradas foram bastante elevadas principalmente entre as

adolescentes o que indica baixa incorporaccedilatildeo de praacuteticas baseadas em evidecircncia na

assistecircncia ao parto no cenaacuterio do estudo

Em contrapartida Sousa (2013) verificou em seu estudo em uma maternidade da rede puacuteblica

de Belo Horizonte iacutendice de episiotomia em torno de 11 e observou seguranccedila na praacutetica dos

profissionais de sauacutede envolvidos na assistecircncia ao parto da instituiccedilatildeo estudada no que se

refere ao uso seletivo desse procedimento e aos criteacuterios de utilizaccedilatildeo Tal instituiccedilatildeo tem

princiacutepios humanizados e grande inserccedilatildeo de enfermeiras obstetras na assistecircncia ao parto o

que pode tambeacutem ter justificado a baixa taxa de episiotomia encontrada

Considerando todos os partos realizados no HRTN no periacuteodo deste estudo a taxa de

episiotomia variou entre 90 em abril de 2013 a 149 em abril de 2014 A SMSA-BH tem

como meta de realizaccedilatildeo de episiotomia em menos de 30 dos partos vaginais Considerando

os 1434 partos assistidos por EO no mesmo periacuteodo a taxa de episiotomia foi de 46 o que

mostra uso criterioso do procedimento por parte desta categoria profissional

No presente estudo a taxa de episiotomia foi 42 Nestes casos a episiotomia pode ter sido

indicada devido a periacuteneo resistente no intuito de prevenir laceraccedilotildees graves mesmo que natildeo

haja respaldo cientiacutefico para tal praacutetica Tambeacutem em situaccedilotildees de estado fetal natildeo

tranquilizador durante o periacuteodo expulsivo jaacute com o feto em planos avanccedilados no intuito de

acelerar o nascimento ou mesmo por distoacutecia de ombro ou outra complicaccedilatildeo sendo uma

decisatildeo conjunta entre preceptor e residente Deve-se considerar que a baixas taxas de

28

episiotomia nos partos assistidos por enfermeiras residentes satildeo reflexo da atuaccedilatildeo da

preceptoria tanto de enfermeiras obstetras como de meacutedicos obstetras A episiotomia natildeo foi

realizada em 9538 dos partos o que mostra que as residentes em enfermagem obsteacutetrica

faziam uso seletivo do procedimento Um aspecto relevante deste estudo eacute que mesmo com a

baixa taxa de episiotomia encontrou-se pequenas taxas de laceraccedilotildees perineais de terceiro

(28) e quarto grau (028) Isso aponta para um modelo de assistecircncia obsteacutetrico com

incorporaccedilatildeo de praacuteticas baseadas em evidecircncias cientiacuteficas na maternidade do HRTN

Contato pele a pele

As praacuteticas referentes ao contato da matildee com seu bebecirc e ao aleitamento materno ainda na

sala de parto satildeo tambeacutem indicadores relevantes da qualidade da atenccedilatildeo ao parto

humanizado e segundo a OMS (1996) e MS (2001) deve ser encorajada no parto normal

(categoria A)

O passo quatro da Iniciativa Hospital Amigo da Crianccedila (IHAC) preconiza que os bebecircs que

tenham condiccedilotildees cliacutenicas favoraacuteveis permaneccedilam por pelo menos uma hora junto agrave pele da

matildee e que iniciem o aleitamento materno ainda na primeira meia hora apoacutes o nascimento

independentemente da via de parto (BRASIL 2010)

O contato pele a pele precoce melhora os resultados neonatais em termos de menor choro e

maior estabilidade cardiorrespiratoacuteria e aumenta significativamente o sucesso da

amamentaccedilatildeo sem efeitos negativos aparentes em curto e longo prazo segundo estudo de

meta-anaacutelise O contato pele a pele da matildee com o receacutem-nascido por pelo menos 30 minutos

na primeira hora de vida aleacutem de propiciar o envolvimento matildee-filho e o aleitamento materno

eacute um indicativo de que o parto transcorreu adequadamente Aleacutem disso favorece o viacutenculo

afetivo propiciando o reconhecimento entre matildee e filho pode aumentar a autoestima materna

diminuir a ansiedade melhorar os sentimentos de aceitaccedilatildeo do seu novo papel e a satisfaccedilatildeo

durante o processo de parto (MOORE et al 2012)

Apesar de o contato pele a pele ser uma praacutetica demonstradamente uacutetil e que deve ser

encorajada no parto normal especificamente tambeacutem pode e deve ser promovida no parto

29

operatoacuterio Sousa (2013) verificou em sua pesquisa que dos 89 receacutem-nascidos vivos o

contato precoce entre matildee e filho foi garantido em mais de 77 dos partos embora a maior

frequecircncia tenha ocorrido entre os filhos nascidos de parto normal

Na maternidade do HRTN o contato pele a pele eacute incentivado e apoiado por toda a equipe

multiprofissional sendo uma praacutetica consolidada conforme apontam os resultados deste

estudo As parturientes devem ser orientadas sobre os benefiacutecios desta praacutetica e preparadas

para receber seus RN apoacutes o nascimento A assistecircncia ao RN estaacutevel deve ser feita

preferencialmente no colo da matildee e quando houver necessidade de encaminhar o RN ao

berccedilo aquecido assim que este estabelecer condiccedilotildees favoraacuteveis deve retornar para o contato

pele a pele Assim como o contato pele a pele a amamentaccedilatildeo na primeira hora de vida

tambeacutem deve ser apoiada e estimulada respeitando o desejo da mulher

No presente estudo o contato pele a pele na primeira hora de vida foi realizado em 9440 dos

partos Os 475 em que natildeo foi realizado pode ter como justificativa o nascimento de um RN

deprimido sem condiccedilotildees cliacutenicas de permanecer com a matildee e que necessitaram de

assistecircncia pediaacutetrica seja reanimaccedilatildeo neonatal ou transferecircncia para unidade neonatal

Tambeacutem pode ter como justificativa impossibilidade materna ou desejo de natildeo realizar contato

pele a pele

Pela pactuaccedilatildeo da maternidade em estudo com a SMSA-BH a meta eacute que 100 dos receacutem-

nascidos vivos realizem contato pele a pele efetivo na primeira hora de vida Considerando

todos os partos realizados na instituiccedilatildeo no mesmo periacuteodo deste estudo este indicador variou

entre 905 em abril de 2013 a 960 em agosto de 2013 segundo dados institucionais

fornecidos pela coordenaccedilatildeo a maternidade Estes dados sinalizam boa incorporaccedilatildeo desta

praacutetica pela equipe mas indicam tambeacutem necessidade de melhoria para que seja atingida a

meta

Acompanhante

A presenccedila de acompanhante durante todo o periacuteodo de internaccedilatildeo eacute um direito conquistado

pelas mulheres assegurado na Lei nordm 111082005 regulamentado pelo Ministeacuterio da Sauacutede

30

pela Portaria nordm 24182005 portanto obrigatoacuterio em todas as instituiccedilotildees sejam elas puacuteblicas

ou privadas (BRASIL 2005) Esta praacutetica eacute classificada pela OMS como demonstradamente uacutetil

e que deve ser estimulada (categoria A)

A presenccedila do acompanhante durante o processo de parturiccedilatildeo pode proporcionar bem-estar

fiacutesico e emocional agrave mulher e benefiacutecios clinicamente significativos ao binocircmio matildee-filho Os

efeitos do suporte agrave mulher foram encontrados em recente meta-anaacutelise e estatildeo associados agrave

menor duraccedilatildeo do trabalho de parto uso de ocitocina reduccedilatildeo de cesariana e de partos

vaginais instrumentais diminuindo ainda a utilizaccedilatildeo de analgesia intraparto e melhorando os

iacutendices de Apgar no quinto minuto (SOUSA 2013)

Outros estudos destacam ainda a importacircncia do acompanhante quando este se envolve natildeo

soacute no apoio fiacutesico e emocional mas tambeacutem no desenvolvimento junto agrave parturiente de accedilotildees

como massagem auxiacutelio e encorajamento durante a deambulaccedilatildeo banho e tambeacutem no

periacuteodo expulsivo o que proporciona tambeacutem maior grau de satisfaccedilatildeo com o parto Sousa

(2013) verificou em sua pesquisa que quase a totalidade (922) das mulheres assistidas em

uma instituiccedilatildeo de sauacutede da rede puacuteblica de Belo Horizonte permaneceu com o acompanhante

de sua escolha durante o periacuteodo de internaccedilatildeo sendo a maioria o companheiro pai da

crianccedila (627)

No HRTN a presenccedila de acompanhante familiar de livre escolha eacute uma praacutetica consolidada

pela instituiccedilatildeo e apoiada pela equipe multiprofissional A valorizaccedilatildeo do acompanhante deve

acontece em todas as etapas da internaccedilatildeo durante o trabalho de parto os acompanhantes

podem ser encorajados a participar ativamente no apoio agrave parturiente ofertando meacutetodos

alternativos para aliacutevio da dor como massagens por exemplo No momento do parto quando

possiacutevel pode ser oferecido ao familiar que corte o cordatildeo umbilical o que pode ter grande

representaccedilatildeo simboacutelica para aquela famiacutelia No puerpeacuterio os acompanhantes devem ser

orientados junto aacute mulher sobre os cuidados com o RN aleitamento materno e como apoiar a

matildee na nova fase

No presente estudo houve acompanhante familiar em 960 dos partos assistidos pelas

enfermeiras residentes Partos sem acompanhante familiar foram apenas 37 Estes dados

31

corroboram com a afirmaccedilatildeo de que a presenccedila do acompanhante familiar eacute uma praacutetica

consolidada e respeitada pela equipe da maternidade do HRTN

Analgesia

Meacutetodos natildeo farmacoloacutegicos

A OMS (1996) recomenda que o uso de meacutetodos natildeo farmacoloacutegicos para aliacutevio da dor deve

ser privilegiado durante a assistecircncia ao trabalho de parto considerando-os como ldquopraacuteticas

reconhecidamente uacuteteis e que devem ser estimuladasrdquo Categoria A na recomendaccedilatildeo de boas

praacuteticas na assistecircncia ao parto

Entre as praacuteticas natildeo medicamentosas tem-se estudado o uso de acupuntura acupressura

hipnose teacutecnicas de relaxamento e respiraccedilatildeo aplicaccedilatildeo de frio e calor aromaterapia

aacuteudioanalgesia massagem deambulaccedilatildeo e banho de imersatildeo durante o parto (SILVA 2011)

Em um estudo de revisatildeo sistemaacutetica foram incluiacutedos 14 ensaios com 1448 parturientes que

utilizaram diferentes formas de tratamento para a dor (acupuntura hipnose audioanalgesia

aromaterapia massagem e relaxamento) A hipnose mostrou-se efetiva em termos de reduzir a

necessidade de meacutetodos farmacoloacutegicos para aliacutevio da dor aumentando o grau de satisfaccedilatildeo

materna Maior chance de parto vaginal e reduccedilatildeo da necessidade de analgesia A acupuntura

tambeacutem se associou a uma menor intensidade da dor e reduccedilatildeo do uso de ocitocina A eficaacutecia

de meacutetodos como acupressatildeo aromaterapia aacuteudioanalgesia relaxamento e massagem natildeo foi

ainda estabelecida sendo necessaacuterios ensaios cliacutenicos randomizados para avaliaccedilatildeo dessas

terapias complementares para aliacutevio da dor durante o trabalho de parto (PORTO 2010)

Deve-se considerar que o suporte contiacutenuo intraparto e as posiccedilotildees verticalizadas durante o

parto tambeacutem se associam agrave reduccedilatildeo da dor e maior grau de satisfaccedilatildeo materna como jaacute

demonstrado em revisotildees sistemaacuteticas A imersatildeo em aacutegua em banheiras ou similares durante

o trabalho de parto tem sido investigada como um meacutetodo de promoccedilatildeo de relaxamento e aliacutevio

da dor Em uma revisatildeo sistemaacutetica de 11 ensaios cliacutenicos a imersatildeo em aacutegua foi associada agrave

reduccedilatildeo no uso de analgesia e reduccedilatildeo no relato de dor sem prejudicar a duraccedilatildeo do trabalho

de parto as taxas de partos ciruacutergicos ou o bem-estar neonatal (PORTO 2010)

32

A SMSA-BH recomenda que os meacutetodos natildeo farmacoloacutegicos para aliacutevio da dor sejam ofertados

a 100 das mulheres em trabalho de parto De acordo com dados institucionais fornecidos

pela coordenaccedilatildeo da maternidade a oferta variou entre 7571 em julho de 2013 a 8778 em

julho de 2013 considerando todos os partos realizados na instituiccedilatildeo no periacuteodo de abril de

2013 a abril de 2014

No livro fonte de dados deste estudo a oferta de meacutetodos natildeo farmacoloacutegicos natildeo eacute registrada

natildeo sendo possiacutevel quantificar estes dados nos partos assistidos por REO mas pode-se inferir

que esta eacute uma praacutetica adotada pelas enfermeiras obstetras e residentes quando se observa

por exemplo as baixas taxas de analgesia farmacoloacutegica em torno de 16 nos partos

assistidos por estas profissionais

Meacutetodos farmacoloacutegicos

Classicamente vaacuterios meacutetodos farmacoloacutegicos foram propostos mas existe consenso

atualmente de que se algum meacutetodo farmacoloacutegico for indicado para aliacutevio da dor durante o

trabalho de parto a analgesia regional com peridural ou teacutecnica combinada (raquidiana e

peridural) deve ser empregada preferencialmente em relaccedilatildeo ao uso de opioacuteides sistecircmicos ou

analgesia inalatoacuteria A teacutecnica ideal para analgesia de parto deveria ter miacutenima ou ausente

transferecircncia placentaacuteria ausecircncia de efeitos sobre o fluxo sanguiacuteneo uteroplacentaacuterio efeitos

miacutenimos e reversiacuteveis sobre o feto e neonato ausecircncia de efeito ocitoacutecico ou tocoliacutetico e

ausecircncia de bloqueio motor (PORTO 2010)

Uma revisatildeo sistemaacutetica realizada em 2011 incluindo 38 estudos comprovou a eficaacutecia da

analgesia peridural para reduccedilatildeo da dor de mulheres durante o processo de parto mas

tambeacutem revelou maior risco de parto instrumental maior necessidade de ocitocina e aumento

da duraccedilatildeo do segundo estaacutegio do parto Natildeo houve associaccedilatildeo dessa intervenccedilatildeo com risco

de cesariana cefaleacuteia e escores de Apgar menores que sete no quinto minuto (AMORIM

2011)

Na maternidade em estudo a analgesia farmacoloacutegica seja por teacutecnica peridural ou

raquianestesia eacute considerada um direito da mulher de acordo com os princiacutepios da

humanizaccedilatildeo e eacute ofertada conforme desejo da parturiente apoacutes a oferta de diferentes meacutetodos

33

natildeo farmacoloacutegicos para aliacutevio da dor e sob orientaccedilotildees sobre os riscos e benefiacutecios do

procedimento ou nos casos em que haacute indicaccedilatildeo cliacutenica para realizaccedilatildeo do mesmo A teacutecnica

de analgesia empregada na instituiccedilatildeo permite na maior parte dos casos a deambulaccedilatildeo

movimentaccedilatildeo e uso concomitante de outros meacutetodos alternativos de aliacutevio da dor como

chuveiro Isto pode influenciar para o desfecho favoraacutevel dos partos conforme mostram as

evidecircncias sobre movimentaccedilatildeo e verticalizaccedilatildeo durante o trabalho de parto

A SMSA-BH recomenda a utilizaccedilatildeo de analgesia quando esgotados os recursos natildeo

farmacoloacutegicos para aliacutevio da dor em torno de 30 dos partos normais A proporccedilatildeo de parto

normal com analgesia variou de 141 em janeiro de 2014 e 279 em agosto de 2013

considerando todos os partos realizados na instituiccedilatildeo no mesmo periacuteodo deste estudo

Considerando os 1434 assistidos por EO no periacuteodo do estudo 147 recebeu analgesia por

teacutecnica peridural e 11 raquidiana Os demais 841 dos partos foi sem analgesia

farmacoloacutegica

No presente estudo a analgesia farmacoloacutegica foi realizada em 176 dos partos sendo 166

por teacutecnica peridural e 11 raquidiana Analgesia natildeo foi realizada em 822 dos partos

assistidos por REO Estes dados demonstram que a oferta de meacutetodos natildeo farmacoloacutegicos

para aliacutevio da dor pode ter sido influenciado positivamente na escolha da parturiente em

receber ou natildeo a analgesia farmacoloacutegica

Laceraccedilotildees perineais

Laceraccedilotildees perineais satildeo traumas em estruturas componentes da vagina que podem ocorrer

de forma espontacircnea durante a passagem do feto pelo canal de parto ou em decorrecircncia de

episiotomia as quais podem se prolongar

A laceraccedilatildeo de primeiro grau eacute aquela que natildeo atinge nenhum muacutesculo estendendo-se atraveacutes

da fuacutercula mucosa vaginal e da pele Jaacute a laceraccedilatildeo de segundo grau acomete os muacutesculos

perineais poreacutem sem lesatildeo do esfiacutencter retal A laceraccedilatildeo de terceiro grau atinge essa

estrutura e algumas vezes prolonga-se ateacute a parede anterior do reto Neste uacuteltimo caso em

que a parede do reto eacute comprometida por vezes utiliza-se o termo laceraccedilatildeo de quarto grau

As laceraccedilotildees de primeiro e segundo grau satildeo consideradas leves e laceraccedilotildees de terceiro e

34

quarto grau satildeo consideradas graves pois podem levar agrave incontinecircncia urinaacuteria e fecal sendo

estas uacuteltimas mais raras (REZENDE 2005)

A ocorrecircncia de laceraccedilotildees perineais no parto normal depende de diversos fatores que podem

estar relacionados agraves condiccedilotildees maternas ao feto ao parto em si e ao prestador de serviccedilo

Embora estes fatores natildeo estejam definitivamente estabelecidos existem evidecircncias indicando

o local do parto e o profissional que assiste a escolaridade materna a paridade a altura do

periacuteneo a duraccedilatildeo do segundo estaacutegio do parto a cicatriz perineal anterior a infusatildeo de

ocitocina a posiccedilatildeo no parto a analgesia farmacoloacutegica os puxos dirigidos as manobras de

proteccedilatildeo perineal o peso e o periacutemetro cefaacutelico do RN como fatores relacionados entre

outros Quanto a integridade perineal sua chance aumenta entre as mulheres com um ou mais

partos vaginais anteriores (RIESCO et al 2011)

Estudos tambeacutem tecircm buscado associaccedilatildeo entre a posiccedilatildeo materna no parto e as laceraccedilotildees

perineais Sousa (2013) verificou que a posiccedilatildeo deitada de lado juntamente com a posiccedilatildeo de

coacutecoras foram as que tiveram maior ocorrecircncia de laceraccedilotildees de primeiro grau principalmente

com 750 e 833 dos casos respectivamente Essas duas posiccedilotildees tambeacutem foram as que

mais favoreceram para que as mulheres tivessem laceraccedilotildees na pesquisa desenvolvida por

Souza (2011) em um CPN do Rio de Janeiro com incidecircncia de 502 nos partos assistidos

em posiccedilatildeo lateral e 696 naqueles assistidos de coacutecoras Em ambas pesquisas a posiccedilatildeo de

Gaskin foi a que teve menor incidecircncia de traumas perineais seguida da posiccedilatildeo

sentadareclinada

Entre as principais morbidades relacionadas estatildeo a dor perineal e o sangramento aumentado

Apoacutes o parto tambeacutem podem surgir hematuacuteria incapacidade vesical e incontinecircncia urinaacuteria A

disfunccedilatildeo geniturinaacuteria e sexual produzida pelo trauma perineal pode ser tambeacutem devida agrave

perda ou diminuiccedilatildeo do tocircnus muscular perineal Poreacutem esse achado contrasta com dados de

outros estudos os quais concluiacuteram que a via de parto a paridade a idade materna o peso do

receacutem-nascido (RN) e a episiotomia natildeo foram fatores determinantes para a reduccedilatildeo da forccedila

muscular perineal Considerando os problemas em curto prazo (perda sanguiacutenea necessidade

de sutura e dor perineal) e em longo prazo (disfunccedilotildees intestinais urinaacuterias e sexuais)

35

associados ao trauma perineal no parto sua prevenccedilatildeo reduccedilatildeo e reparaccedilatildeo adequada satildeo

fatores importantes para as mulheres e os profissionais que as assistem (RIESCO 2010)

Considerando os 1434 partos assistidos por EO em 304 houve periacuteneo iacutentegro 447

laceraccedilotildees de primeiro grau 228 laceraccedilotildees de segundo grau 195 de terceiro grau e

014 de quarto grau Tais resultados satildeo proacuteximos aos verificados neste estudo e

associados com as baixas taxas de episiotomia nos partos assistidos pelas enfermeiras

residentes corroboram com a recomendaccedilatildeo do uso seletivo da episiotomia como um praacutetica

favoraacutevel

Escore de Apgar

O momento de transiccedilatildeo da vida intrauterina para extrauterina eacute crucial para o desenvolvimento

do bebecirc e deve ser minuciosamente preparado e vivenciado Eacute indispensaacutevel que nos

primeiros minutos de vida do neonato seja realizada avaliaccedilatildeo completa e sistemaacutetica visando

identificar desvios da normalidade e que forneccedila agraves informaccedilotildees baacutesicas sobre a vitalidade e a

adaptaccedilatildeo do RN agrave vida fora do ventre materno (BARBOSA 2006)

A avaliaccedilatildeo realizada imediatamente apoacutes o parto eacute composta pelo o escore de Apgar sendo

complementada com a avaliaccedilatildeo do aspecto geral a medida dos sinais vitais e medidas

antropomeacutetricas O iacutendice de Apgar avalia cinco criteacuterios cliacutenicos cor da pele frequecircncia

cardiacuteaca irritabilidade reflexa respiraccedilatildeo e tocircnus muscular O RN eacute avaliado no primeiro e no

quinto minuto de vida e cada criteacuterio garante de 0 a 2 pontos desencadeando assim uma soma

adequada entre 7 e 10 pontos Quando a soma total resulta em 4 a 6 pontos sugere dificuldade

moderada do RN em adaptar-se e menor que 4 pode indicar sofrimento Julga-se assim o grau

de adaptaccedilatildeo imediata e o grau de depressatildeo neuroloacutegica do RN nos primeiros cinco minutos

de vida (SBP 2011)

O iacutendice Apgar tem sido pouco utilizado para avaliar a qualidade de assistecircncia ao parto sendo

considerado um indicador pontual aleacutem de natildeo ser utilizado para determinar o iniacutecio da

reanimaccedilatildeo neonatal No entanto sua aplicaccedilatildeo permite avaliar a resposta do neonato agraves

manobras realizadas e a eficaacutecia dessas manobras O Apgar no quinto minuto eacute mais utilizado

36

para avaliaccedilatildeo da adaptaccedilatildeo do RN por melhor representa-la se comparado ao Apgar de

primeiro minuto Se o escore eacute inferior a 7 no 5ordm minuto recomenda-se realizaacute-lo a cada cinco

minutos ateacute 20 minutos de vida Eacute necessaacuterio documentar o escore de Apgar de maneira

concomitante agrave dos procedimentos de reanimaccedilatildeo executados (SBP 2011)

Eacute importante considerar que um Apgar baixo natildeo eacute necessariamente resultado de uma

assistecircncia ao parto e ao neonato inadequada assim como um bom iacutendice de Apgar natildeo indica

boa qualidade assistencial ao binocircmio Este iacutendice entretanto eacute um bom indicador para

resultados perinatais a longo prazo aleacutem de ser considerado importante preditor da avaliaccedilatildeo

do bem-estar e do prognoacutestico inicial do receacutem-nascido A avaliaccedilatildeo imediata do RN pode ser

feita por pediatra ou outro profissional capacitado para prestar a assistecircncia necessaacuteria desde

o suporte baacutesico ateacute a reanimaccedilatildeo neonatal Na maternidade do HRTN o pediatra eacute o

profissional responsaacutevel pela assistecircncia ao RN na sala de parto A instituiccedilatildeo possui UTI

neonatal para onde satildeo encaminhados os RN que necessitam de cuidados especiacuteficos Os

neonatos que apresentam boa vitalidade satildeo colocados em contato pele a pele com as matildees e

apoacutes permanecem em alojamento conjunto ateacute a alta

Pela SMSA-BH a meta de Apgar lt7 no quinto minuto eacute no maacuteximo 3 Este indicador variou

entre 08 em fevereiro de 2014 a 24 em novembro de 2013 considerando todos os partos

realizados na instituiccedilatildeo no mesmo periacuteodo do estudo ou seja esteve sempre dentro da meta

estabelecida

No presente estudo as dados sobre escore de Apgar foram divididos em Apgar lt7 (644) e gt7

(9356) no primeiro minuto lt7 (084) e gt 7 (9916) no quinto minuto Tais dados mostram

que a quase totalidade dos RN apresentava boas condiccedilotildees de vitalidade no primeiro e quinto

minuto A este dado se associa o incentivo e a alta taxa de contato pele a pele precoce sendo

um dos fatores que contribuem para melhor adaptaccedilatildeo a vida extrauterina aleacutem de assistecircncia

qualificada aos RN que necessitam de cuidados especiacuteficos ou reanimaccedilatildeo

37

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Os resultados deste estudo evidenciam que a assistecircncia ao parto prestada pelas residentes

em enfermagem obsteacutetrica foi coerente com as recomendaccedilotildees de boas praacuteticas em todos os

aspectos analisados consolidando as evidecircncias literaacuterias sobre a assistecircncia ao parto

promovida por enfermeiras obstetras Foi possiacutevel observar maioria de partos em posiccedilotildees

verticalizadas uso seletivo de episiotomia com baixa incidecircncia de laceraccedilotildees perineais

graves alto iacutendice de contato pele a pele presenccedila de acompanhante na maioria dos partos

baixas taxas de analgesia farmacoloacutegica e escores de Apgar que demonstram boa vitalidade

fetal em quase todos os receacutem-nascidos Diante do exposto eacute possiacutevel concluir que a atuaccedilatildeo

das enfermeiras residentes em enfermagem obsteacutetrica contribuiu para a obtenccedilatildeo de

resultados obsteacutetricos e neonatais favoraacuteveis na maternidade do HRTN

Devido agrave forma de organizaccedilatildeo e registro dos procedimentos no livro utilizado para coleta de

dados natildeo foi possiacutevel avaliar algumas praacuteticas obsteacutetricas tais como uso de ocitocina

amniotomia oferta de meacutetodos natildeo farmacoloacutegicos para aliacutevio da dor oferta de liacutequidos

durante o trabalho de parto e uso de partograma Estes dados seriam importantes para uma

anaacutelise mais detalhada sobre a assistecircncia ao parto Os dados institucionais fornecidos pela

coordenaccedilatildeo da maternidade forneceram uma dimensatildeo de algumas destas praacuteticas na

maternidade contudo natildeo foi possiacutevel neste estudo avaliar quantitativamente tais

procedimentos somente nos partos assistidos por enfermeiras residentes Sugere-se ampliaccedilatildeo

dos indicadores no livro de registro e padronizaccedilatildeo no seu preenchimento para melhor

qualificaccedilatildeo dos dados da assistecircncia ao parto prestada elas enfermeiras obstetrasresidentes

A capacitaccedilatildeo profissional no modelo de residecircncia eacute intensa e exige dedicaccedilatildeo A extensa

carga horaacuteria praacutetica aliada agrave teoria satildeo determinantes para uma formaccedilatildeo qualificada e

humana das enfermeiras residentes A possibilidade de atuar efetivamente na assistecircncia em

conjunto com outras categorias profissionais enriquece a formaccedilatildeo abrangendo diferentes

fases e situaccedilotildees do ciclo graviacutedico-puerperal Eacute importante salientar que a capacitaccedilatildeo das

enfermeiras obstetras nesta modalidade pioneira de residecircncia soacute foi possiacutevel graccedilas ao

estiacutemulo governamental com recursos provenientes do programa Rede Cegonha e os

esforccedilos conjuntos da Escola de Enfermagem da UFMG e demais instituiccedilotildees envolvidas

38

Os resultados deste estudo evidenciam a incorporaccedilatildeo do modelo assistencial humanizado e

baseado em evidecircncias cientiacuteficas pela equipe do HRTN O modelo colaborativo de assistecircncia

obsteacutetrica pode gerar resultados favoraacuteveis e promissores com as atuaccedilotildees complementares

entre as diferentes categorias profissionais A praacutetica supervisionada durante todo o processo

de formaccedilatildeo e a avaliaccedilatildeo constante das habilidades adquiridas pelas residentes satildeo

fundamentais para a consolidaccedilatildeo do conhecimento para maior seguranccedila das aprendizes e

para a oferta de uma assistecircncia qualificada e humanizada a mulher receacutem nascido e famiacutelia

A instituiccedilatildeo que acolhe as enfermeiras residentes obteacutem retorno positivo pois a atuaccedilatildeo

preceptorada das mesmas resulta em assistecircncia qualificada que atende a perspectiva da

praacutetica baseada em evidecircncia cientiacutefica segura com baixo custo e bons resultados obsteacutetricos

e neonatais Os resultados da atuaccedilatildeo das enfermeiras residentes refletem o modelo

institucional incorporado o qual eacute transmitido as residentes pelos preceptores O incentivo a

formaccedilatildeo de enfermeiras obstetras eacute fundamental para o fortalecimento desta categoria

profissional para maior inserccedilatildeo destas profissionais em espaccedilos aonde a assistecircncia ao parto

ainda eacute meacutedico-centrada e para mudanccedila do modelo obsteacutetrico hegemocircnico nacional

39

REFEREcircNCIAS

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BARBOSA R F et al Reanimaccedilatildeo Neonatal in ALVES FILHO N et al Perinatologia Baacutesica 3a ediccedilatildeo Guanabara Koogan Rio de Janeiro Cap21 p172 2006

BATALHA E O lugar das Enfermeiras e Obstetrizes Revista RADIS Ed 148 Jan 2015 P30 a 34

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Parto aborto e puerpeacuterio assistecircncia humanizada a mulher Brasiacutelia DF 2001

BRASIL Lei 11108 de 7 de abril de 2005 Altera a Lei 8080 de 19 de setembro de 1990 para garantir as parturientes o direito a presenccedila de acompanhante durante o trabalho de parto parto e poacutes-parto imediato no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede ndash SUS Brasiacutelia DF 07 abr 2005

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede Departamento de Accedilotildees Programaacuteticas Estrateacutegicas Aacuterea Teacutecnica de Sauacutede da Mulher Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos uma prioridade do governoMinisteacuterio da Sauacutede Secretaria de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede Departamento de Accedilotildees Programaacuteticas Estrateacutegicasndash Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 2005

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Poliacutetica Nacional de Planejamento Familiar Brasiacutelia DF 2007

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BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Iniciativa hospital amigo da crianccedila revista atualizada e ampliada para o cuidado integrado Brasiacutelia DF 2010

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Poliacutetica nacional de atenccedilatildeo integral a sauacutede da mulher princiacutepios e diretrizes Brasiacutelia DF 2011

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede Departamento de Atenccedilatildeo Baacutesica Atenccedilatildeo ao preacute-natal de baixo risco Ministeacuterio da Sauacutede Departamento de Atenccedilatildeo

40

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BRASIL Presidecircncia da Repuacuteblica Objetivos de Desenvolvimento do Milecircnio Relatoacuterio Nacional de Acompanhamento Coordenaccedilatildeo Instituto de Pesquisa Econocircmica Aplicada e Secretaria de Planejamento e Investimentos Estrateacutegicos supervisatildeo Grupo Teacutecnico para o acompanhamento dos ODM - Brasiacutelia Ipea MP SPI 2014 208 p il graacutefs mapas color

NASCER NO BRASIL inqueacuterito sobre parto e nascimento Cadernos de Sauacutede Puacuteblica Vol30 supl1 Rio de Janeiro 2014 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophpscript=sci_issuetocamppid=0102 Acesso em 15 de junho de 2015

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SILVA JLCP SURITA FGC Idade materna resultados perinatais e via de parto Rev Bras Ginecol Obstet 2009 31(7) 321 ndash 5

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SOUSA AMM Praacuteticas obsteacutetricas na assistecircncia ao parto e nascimento em uma maternidade de Belo Horizonte Tese de mestrado Escola de Enfermagem da Universidade Federal de Minas Gerais Belo Horizonte 2013

SOUZA DOM Partos assistidos por enfermeiras praacuteticas obsteacutetricas realizadas no ambiente hospitalar no periacuteodo de 2004 a 2008 2011 84f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) Faculdade de Enfermagem da Universidade do Estado do Rio de Janeiro Rio de Janeiro RJ 2011

SOGC ndash Society of Obstetricians and Gynecologists of Canada Guidelines for the Management of Pregnancy at 41+0 to 42+0 Weeks JOGC september 2008

42

VOGT SE et al Caracteriacutesticas da assistecircncia ao trabalho de parto em trecircs modelos de atenccedilatildeo no SUS no Municiacutepio de Belo Horizonte Minas Gerais Brasil Cad Sauacutede Puacuteblica v 27 n 9 p 1789-1800 2011

ANEXO 1

RECOMENDACcedilOtildeES DE BOAS PRAacuteTICAS DE ASSISTEcircNCIA AO PARTO SEGUNDO

CLASSIFICACcedilAtildeO DO MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2001

CATEGORIA A - PRAacuteTICAS DEMONSTRADAMENTE UacuteTEIS E QUE DEVEM SER

ESTIMULADAS

Plano individual determinando onde e por quem o nascimento seraacute realizado feito em

conjunto com a mulher durante a gestaccedilatildeo e comunicado a seu maridocompanheiro

Avaliaccedilatildeo do risco gestacional durante o preacute-natal reavaliado a cada contato com o

sistema de sauacutede

Respeito agrave escolha da matildee sobre o local do parto

Fornecimento de assistecircncia obsteacutetrica no niacutevel mais perifeacuterico onde o parto for viaacutevel e

seguro e onde a mulher se sentir segura e confiante

Respeito ao direito da mulher agrave privacidade no local do parto

Apoio empaacutetico pelos prestadores de serviccedilo durante o trabalho de parto e parto

Respeito agrave escolha da mulher sobre seus acompanhantes durante o trabalho de parto e

parto

Fornecimento agraves mulheres sobre todas as informaccedilotildees e explicaccedilotildees que desejarem

Oferta de liacutequidos por via oral durante o trabalho de parto e parto

Monitoramento fetal por meio de ausculta intermitente

43

Monitoramento cuidadoso do progresso do parto por exemplo por meio do uso do

partograma da OMS

Monitoramento do bem-estar fiacutesico e emocional da mulher durante trabalho e parto e ao

teacutermino do processo de nascimento

Meacutetodos natildeo invasivos e natildeo farmacoloacutegicos de aliacutevio da dor como massagem e

teacutecnicas de relaxamento durante o trabalho de parto

Liberdade de posiccedilatildeo e movimento durante o trabalho de parto

Estiacutemulo a posiccedilotildees natildeo supinas durante o trabalho de parto

Uso rotineiro de ocitocina clampeamento tardio (1 a 3 minutos apoacutes o nascimento) e

traccedilatildeo controlada do cordatildeo durante o 3o estaacutegio do trabalho de parto

Condiccedilotildees esteacutereis ao cortar o cordatildeo

Prevenccedilatildeo da hipotermia do bebecirc

Contato pele a pele precoce entre matildee e filho e apoio ao iniacutecio da amamentaccedilatildeo na

primeira hora apoacutes o parto segundo as diretrizes da OMS sobre Aleitamento Materno

Exame rotineiro da placenta e membranas ovulares

CATEGORIA B - PRAacuteTICAS CLARAMENTE PREJUDICIAIS OU INEFICAZES E QUE DEVEM

SER ELIMINADAS

Uso rotineiro de enema

Uso rotineiro de tricotomia

Infusatildeo intravenosa de rotina no trabalho de parto

Cateterizaccedilatildeo venosa profilaacutetica de rotina

Uso rotineiro de posiccedilatildeo supina (decuacutebito dorsal) durante o trabalho de parto

44

Exame retal

Uso de pelvimetria por Raios-X

Amniotomia precoce de rotina para diminuir a duraccedilatildeo do trabalho de parto

Administraccedilatildeo de ocitoacutecitos em qualquer momento antes do parto de um modo que natildeo

permite controlar seus efeitos

Uso de rotina da posiccedilatildeo de litotomia com ou sem estribos durante o trabalho de parto

Esforccedilo de puxo prolongado e dirigido (manobra de Valsalva) durante o segundo

estaacutegio do trabalho de parto

Massagem e distensatildeo do periacuteneo durante o segundo estaacutegio do trabalho de parto

Uso liberal e rotineiro de episiotomia

Uso de comprimidos orais de ergometrina no terceiro estaacutegio do trabalho de parto com

o objetivo de evitar ou controlar hemorragias

Uso rotineiro de ergometrina parenteral no terceiro estaacutegio do trabalho de parto

Lavagem uterina rotineira apoacutes o parto

Revisatildeo uterina (exploraccedilatildeo manual) rotineira apoacutes o parto

CATEGORIA C - PRAacuteTICAS SEM EVIDEcircNCIAS SUFICIENTES PARA APOIAR UMA

RECOMENDACcedilAtildeO CLARA E QUE DEVEM SER UTILIZADAS COM CAUTELA ATEacute QUE

MAIS PESQUISAS ESCLARECcedilAM A QUESTAtildeO

Meacutetodos natildeo farmacoloacutegicos de aliacutevio de dor durante o trabalho parto como ervas

imersatildeo em aacuteguas e estimulaccedilatildeo dos nervos

Amniotomia e ocitocina precoce de rotina no primeiro estaacutegio do trabalho de parto para

prevenccedilatildeo de progresso inadequado do parto

Pressatildeo do fundo uterino durante o trabalho de parto

45

Manobras relacionadas agrave proteccedilatildeo do periacuteneo e ao manejo do poacutelo cefaacutelico no

momento do parto

Manipulaccedilatildeo ativa do feto no momento do parto

Estimulaccedilatildeo do mamilo para estimular a contratilidade uterina durante o terceiro estaacutegio

do trabalho de parto

CATEGORIA D - PRAacuteTICAS FREQUENTEMENTE USADAS DE MODO INADEQUADO

Restriccedilatildeo hiacutedrica e alimentar durante o trabalho de parto

Controle da dor por agentes sistecircmicos

Controle da dor por analgesia peridural

Monitoramento eletrocircnico fetal

Uso de maacutescaras e aventais esteacutereis durante a assistecircncia ao trabalho de parto

Exames vaginais repetidos ou frequumlentes especialmente por mais de um prestador de

serviccedilo

Correccedilatildeo da dinacircmica com utilizaccedilatildeo de ocitocina

Transferecircncia rotineira da parturiente para outra sala no iniacutecio do segundo estaacutegio do

trabalho de parto

Cateterizaccedilatildeo da bexiga

Estiacutemulo para o puxo quando se diagnostica dilataccedilatildeo cervical completa ou quase

completa antes que a mulher sinta o puxo involuntaacuterio

Clampeamento precoce do cordatildeo umbilical

Adesatildeo riacutegida a uma duraccedilatildeo estipulada do 2deg estaacutegio do trabalho de parto

Parto operatoacuterio e exploraccedilatildeo manual do uacutetero apoacutes o parto

46

ANEXO 2

47

48

ANEXO 3

49

Page 20: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS ESCOLA DE ENFERMAGEM … FINAL ANA … · inserção do estudo foi: partos assistidos por residentes em enfermagem obstétrica, independente se

20

Mulheres entre 20 e 35 anos satildeo consideradas adultas jovens e apresentam resultados

obsteacutetricos e neonatais mais favoraacuteveis quando comparadas as adolescentes e a mulheres em

idade avanccedilada Neste estudo as adultas jovens representaram a maior parte da populaccedilatildeo

(695) Este achado corrobora para os resultados obsteacutetricos e neonatais favoraacuteveis aqui

verificados Gravena et al (2013) verificou em seu estudo que adolescentes e mulheres em

idade tardia tiveram probabilidade maior de parto cesaacutereo em relaccedilatildeo agraves adultas No que se

refere ao baixo peso ao nascer tanto as gestantes adolescentes quanto as em idade avanccedilada

apresentaram mais chance de possuiacuterem filhos receacutem-nascidos com baixo peso quando

comparadas as adultas

A taxa de fecundidade vem apresentando queda no Brasil nos uacuteltimos anos segundo dados do

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) em 2000 a taxa de fecundidade era de 24

filhos por mulher e em 2014 foi menor que 18 filhos por mulher (IBGE 2013) Dentre os vaacuterios

fatores que colaboraram para esta transiccedilatildeo na taxa de fecundidade encontram-se a

elaboraccedilatildeo e expansatildeo da estrateacutegia de sauacutede da famiacutelia e das poliacuteticas voltadas para a

mulher no ciclo graviacutedico puerperal principalmente a Poliacutetica Nacional de Direitos Sexuais e

Direitos Reprodutivos lanccedilada em 2005 e a Poliacutetica Nacional de Planejamento Familiar

elaborada em 2007 que permitiu as mulheres expansatildeo do acesso a informaccedilotildees sobre o

planejamento familiar reprodutivo e oferta de meacutetodos contraceptivos (BRASIL 2007)

Define-se gestaccedilatildeo tardia aquela que ocorre acima dos 35 anos e aquelas com mais de 45

anos satildeo consideradas gestaccedilotildees com idade materna avanccedilada Os nascimentos em mulheres

com 35 anos ou mais tem aumentado de forma consistente no Brasil tendecircncia observada

principalmente nos paiacuteses industrializados As mudanccedilas nos haacutebitos de vida como maior niacutevel

de escolaridade maior inserccedilatildeo no mercado de trabalho e na expectativa de vida da mulher

estimulam a postergaccedilatildeo do momento da primeira gravidez que acaba acontecendo em idades

superiores apoacutes serem atingidos outros objetivos de vida pessoais e profissionais Soma-se a

isso o advento da reproduccedilatildeo assistida que permite as mulheres engravidarem em idades mais

avanccediladas periacuteodo de comprovada diminuiccedilatildeo da fertilidade Haacute que se considerar que em

paiacuteses em desenvolvimento como o Brasil a maior parte das gestaccedilotildees tardias acontece em

situaccedilotildees de multiparidade o que tambeacutem envolve riscos (SILVA 2009)

21

A gestaccedilatildeo tardia apresenta risco similar a gestaccedilatildeo na adolescecircncia em alguns aspectos

conforme citado anteriormente e mais elevados em situaccedilotildees como abortamento espontacircneo

gravidez ectoacutepica anormalidades cromossocircmicas e malformaccedilotildees congecircnitas (SILVA 2009)

Gravena et al (2013) cita que nas mulheres com gestaccedilatildeo tardia tecircm sido observados mais

abortamentos espontacircneos e induzidos maior risco para mortalidade perinatal baixa vitalidade

do receacutem- nascido baixo peso ao nascer parto preacute-termo e fetos pequenos para idade

gestacional As gestaccedilotildees de mulheres de idade materna avanccedilada tecircm sido consideradas

como de alto risco em decorrecircncia principalmente da incidecircncia crescente de siacutendromes

hipertensivas ruptura prematura de membranas presenccedila de diabetes aleacutem de maior chance

do iacutendice de Apgar no quinto minuto ser menor que sete

Analisando os 1434 partos registrados no livro no mesmo periacuteodo e nos quais estatildeo incluiacutedos

os 714 partos das enfermeiras residentes o percentual de primiacuteparas e multiacuteparas foi de 415

e 583 respectivamente valores muito proacuteximos aos encontrados nos partos assistidos pelas

enfermeiras residentes

Idade gestacional

Conceitua-se gravidez preacute-termo aquela cuja idade gestacional encontra-se entre 22 e 37

semanas ou entre 154 a 259 dias (ACOG 2013) A prematuridade eacute um evento que afeta a

vida da famiacutelia e do RN de forma significativa envolvendo aspectos bioloacutegicos psicoloacutegicos e

sociais de difiacutecil mensuraccedilatildeo e que devem ser considerados pela equipe que assiste a famiacutelia

prematura (RAMOS 2009)

A prematuridade tem sido estudada como uma das causas importantes de mortalidade infantil

O receacutem-nascido imaturo apresenta desenvolvimento incompleto de oacutergatildeos como ceacuterebro e

pulmotildees aleacutem de limitaccedilatildeo da funccedilatildeo renal e imaturidade da funccedilatildeo hepaacutetica podendo sofrer

seacuterios comprometimentos ou intercorrecircncias (GRAVENA 2013) A literatura cita alguns fatores

de risco gestacionais associados agrave prematuridade tais como parto prematuro preacutevio gestaccedilatildeo

muacuteltipla histoacuteria materna de um ou mais abortos espontacircneos no segundo trimestre

comprimento cervical lt 30 cm baixo niacutevel socioeconocircmico idade materna lt18 anos ou gt40

22

anos primiparidade (mais frequente no primeiro filho) complicaccedilotildees maternas (cliacutenicas ou

obsteacutetricas) atividade fiacutesica aumentada tabagismo uso de cocaiacutena acompanhamento preacute-

natal inadequado ou ausente situaccedilotildees de alto estresse crescimento intrauterino restrito

(CIUR) anomalias congecircnitas polihidracircmnios ruptura prematura de membranas preacute-termo

(RPMPT) descolamento de placenta presenccedila de DIU mioma (particularmente submucoso ou

subplacentaacuterio) anomalias uterinas insuficiecircncia istmo-cervical infecccedilotildees maternas siacutendrome

antifosfoliacutepide trauma cirurgia (RAMOS 2009)

O American College of Obstetricians and Gynecologists (ACOG 2013) classifica a gravidez

aleacutem de 37 semanas da seguinte maneira

Termo precoce entre 37 semanas e 38 semanas e 6 dias

Termo completo entre 39 semanas e 40 semanas e 6 dias

Termo tardio entre 41 semanas e 41 semanas e 6 dias

Poacutes-termo 42 semanas em diante

Neste estudo a grande maioria dos partos assistidos pelas enfermeiras residentes foi de

gestaccedilotildees a termo (900) Tal fato se justifica pela maior atuaccedilatildeo da enfermagem obsteacutetrica

nas gestaccedilotildees de risco habitual A meacutedia de idade gestacional da amostra deste estudo foi de

38 semanas sendo a menor idade gestacional encontrada 24 semanas e a maior 42 semanas

Os partos preacute-termo e poacutes-termo ou seja de maior risco satildeo preferencialmente

acompanhados por meacutedico obstetra Eacute rotina da instituiccedilatildeo em estudo a induccedilatildeo do trabalho

de parto nas gestaccedilotildees acima de 41 semanas Tambeacutem por esse motivo pode-se justificar a

atuaccedilatildeo das enfermeiras residentes em menos de 05 de partos poacutes-termo

O ACOG define gestaccedilatildeo poacutes-termo ou gestaccedilatildeo prolongada como aquela que se estende

aleacutem de 42 semanas ou 294 dias de gestaccedilatildeo (ACOG 2013) Para Amorim (2010) as

gestaccedilotildees aleacutem de 42 semanas ocorrem em aproximadamente 5 dos casos jaacute as aleacutem de 41

semanas em cerca de 10 A causa mais comum de gestaccedilatildeo poacutes-termo eacute o erro de dataccedilatildeo

e quando realmente existe a causa eacute desconhecida sendo a primiparidade o principal fator de

risco associado Mais raramente outros fatores podem estar presentes como a anencefalia

23

deficiecircncia de sulfatase placentaacuteria feto do sexo masculino e predisposiccedilatildeo geneacutetica (BRASIL

2011) O maior temor relacionado agrave gestaccedilatildeo prolongada eacute de que ocorra insuficiecircncia

placentaacuteria com reduccedilatildeo do aporte de nutriente e oxigecircnio para o bebecirc o que pode acarretar

aumento da morbidade e mortalidade perinatal Com maior frequecircncia de morte perinatal

anormalidade da frequecircncia cardiacuteaca fetal intraparto eliminaccedilatildeo de mecocircnio macrossomia e

cesariana (AMORIM 2010)

No Brasil tem sido frequente a indicaccedilatildeo de cesariana quando a gestaccedilatildeo ultrapassa 40

semanas sobretudo no setor privado poreacutem esta conduta natildeo eacute corroborada por evidecircncias

Amorim (2010) em compilado sobre o tema cita uma revisatildeo sistemaacutetica publicada em 2003 na

qual concluiacuteram que a induccedilatildeo do parto a partir de 41 semanas quando comparada agrave conduta

expectante resultou em menor taxa de cesaacuterias (201 x 22) e de liacutequido amnioacutetico meconial

(224 x 277) poreacutem natildeo houve diferenccedila em termos de mortalidade perinatal escores de

Apgar admissatildeo em UTI neonatal e siacutendrome de aspiraccedilatildeo meconial Em 2012 outra revisatildeo

sistemaacutetica disponiacutevel na biblioteca Cochrane incluindo 22 ensaios cliacutenicos randomizados e

9383 mulheres submetidas aacute induccedilatildeo do parto mostrou reduccedilatildeo significativa do risco relativo de

morte perinatal e de cesariana Natildeo houve diferenccedila na taxa de natimortos ou de morte

neonatal nos dois grupos A incidecircncia da siacutendrome de aspiraccedilatildeo meconial foi menor no grupo

submetido agrave induccedilatildeo do parto poreacutem natildeo houve diferenccedila na frequecircncia de asfixia perinatal

baixos escores de Apgar e admissatildeo em UTI neonatal Os autores sugerem que a induccedilatildeo do

parto a partir de 41 semanas reduz as taxas de cesariana sem comprometer o prognoacutestico

perinatal Aleacutem disso o estudo mostrou maior satisfaccedilatildeo das gestantes submetidas agrave induccedilatildeo

do parto Recomenda-se que as mulheres sejam esclarecidas sobre riscos e benefiacutecios

associados agrave induccedilatildeo do parto a partir de 41 semanas (AMORIM 2010)

Posiccedilatildeo de parto

Os benefiacutecios da livre movimentaccedilatildeo da parturiente durante o trabalho de parto tais como a

reduccedilatildeo de sua duraccedilatildeo melhora do conforto materno e reduccedilatildeo do uso de analgeacutesicos satildeo

sustentados por evidecircncias cientiacuteficas (SOUSA 2013) A adoccedilatildeo de postura vertical e

movimentaccedilatildeo podem aleacutem de diminuir a dor materna facilitar a circulaccedilatildeo materno-fetal e a

descida do feto na pelve materna melhorar as contraccedilotildees uterinas e diminuir o trauma perineal

24

(SILVA 2011)

A OMS (1996) classifica como praacuteticas demonstradamente uacuteteis e que devem ser estimuladas

(categoria A) a liberdade de posiccedilatildeo e movimento durante o trabalho de parto e o estiacutemulo a

posiccedilotildees natildeo supinas durante o trabalho de parto Jaacute o uso rotineiro de posiccedilatildeo supina

(decuacutebito dorsal) durante o trabalho de parto e o uso de rotina da posiccedilatildeo de litotomia com ou

sem perneiras durante o trabalho de parto satildeo classificadas como praacuteticas claramente

prejudiciais e que devem ser eliminadas (categoria B)

Uma revisatildeo sistemaacutetica sobre assistecircncia ao segundo e terceiro periacuteodos do trabalho de parto

publicada em 2010 mostra que a posiccedilatildeo supina tem sido amplamente usada no segundo

periacuteodo do trabalho de parto contrariando a evidecircncia fisioloacutegica da reduccedilatildeo da eficiecircncia

uterina e do fluxo sanguiacuteneo placentaacuterio nessa posiccedilatildeo A posiccedilatildeo litotocircmica eacute ainda

recomendada em alguns tratados tradicionais de Obstetriacutecia mas as posiccedilotildees alternativas

incluem uma gama de posiccedilotildees que podem trazer benefiacutecios para o parto posiccedilatildeo lateral

(Sims) vertical (sentada semi-sentada de coacutecoras ou ajoelhada) e de quatro apoios A

imersatildeo em aacutegua durante o periacuteodo expulsivo do trabalho de parto aumentou o registro de

satisfaccedilatildeo por parte das parturientes no que diz respeito aos puxos mas ainda natildeo haacute

evidecircncias sobre os efeitos da imersatildeo em aacutegua no segundo estaacutegio especialmente sobre a

morbidade materna e neonatal (AMORIM 2010)

Estudos apontam que posiccedilotildees verticalizadas ou a posiccedilatildeo lateral associaram-se com reduccedilatildeo

da duraccedilatildeo do segundo periacuteodo do parto reduccedilatildeo nas anormalidades da frequecircncia cardiacuteaca

fetal bem como reduccedilatildeo de relatos de dor grave e episiotomia Ocorre no entanto maior perda

de sangue estimada (acima de 500 mL) sem repercussotildees cliacutenicas consideraacuteveis A conclusatildeo

dos revisores eacute que as mulheres devem ser encorajadas a parir na posiccedilatildeo que lhes for mais

confortaacutevel com o balanccedilo das evidecircncias a favor das posturas natildeo supinas (AMORIM 2010)

Mouta et al (2008) e Rocha Fonseca (2010) encontraram percentuais entre 50 e 78 de

posiccedilatildeo vertical em partos assistidos exclusivamente por enfermeiras obstetras em

maternidades puacuteblicas do Rio de Janeiro Em um CPN de Satildeo Paulo apenas 13 dos partos

foram assistidos em posiccedilatildeo horizontal contra 776 assistidos em posiccedilatildeo vertical (SOUZA

2011)

25

Sousa (2013) observou em seu estudo com 61 mulheres assistidas em Hospital da rede puacuteblica

de Belo Horizonte que mais de 75 pariram deitadas de costas com pernas levantadas sem

uso de perneiras As demais mulheres deram a luz em posiccedilatildeo de coacutecoras (98) deitada de

lado (66) sentadareclinada (66) ou Gaskin (16)

A maternidade do HRTN faz parte da rede de hospitais de Belo Horizonte que assinou o Termo

de Compromisso das Maternidades do SUS-BH estabelecido pela Comissatildeo Perinatal da

Secretaria Municipal de Sauacutede de Belo Horizonte (SMSA-BH) o qual estabelece metas para

diversos indicadores assistenciais objetivando humanizar a assistecircncia e reduzir as taxas de

cesariana nas maternidades da rede puacuteblica de Belo Horizonte No que se refere a posiccedilatildeo de

parto a SMSA-BH tem como meta que mais de 70 dos partos sejam realizados em posiccedilatildeo

natildeo supina Segundo dados institucionais fornecidos pela coordenaccedilatildeo da maternidade sobre

todos os partos do HRTN no mesmo periacuteodo deste estudo a taxa de partos em posiccedilatildeo natildeo

supina variou de 6202 em abril de 2014 a 8138 em abril de 2013

Diante dos resultados deste estudo eacute possiacutevel inferir que no HRTN a equipe incentiva e apoia o

uso de deambulaccedilatildeo e posiccedilotildees verticalizadas durante o trabalho de parto e periacuteodo expulsivo

As mulheres devem orientadas sobre os benefiacutecios da verticalizaccedilatildeo para a evoluccedilatildeo do

trabalho de parto No momento do parto deve haver incentivo agrave livre escolha da posiccedilatildeo dentro

das possibilidades da maternidade Ainda natildeo haacute disponibilidade de parto com imersatildeo em

aacutegua mas haacute quartos PPP (preacute-parto parto e poacutes-parto) com chuveiro bola suiacuteccedila banquinho

meia lua escada de Ling e espaccedilo fiacutesico que permite deambulaccedilatildeo Em alguns plantotildees a

equipe conta com a participaccedilatildeo das Doulas no cuidado agrave mulher em trabalho de parto

Os resultados deste estudo satildeo similares aos encontrados por Sousa (2013) o que mostra que

ambas as instituiccedilotildees componentes do SUS em Belo Horizonte que tem atuaccedilatildeo efetiva das

enfermeiras obstetras estimulam o parto em posiccedilotildees verticalizadas e provavelmente

respeitam a livre escolha da posiccedilatildeo de parto

O fato da maior parte dos partos serem em posiccedilatildeo semi-sentada gera certa inquietaccedilatildeo pois

26

sabe-se que esta posiccedilatildeo permite maior controle e melhor visibilidade sendo cocircmoda para o

profissional que assiste ao parto Outra justificativa possiacutevel para a grande porcentagem de

partos semi-sentada pode ser a falta de informaccedilatildeo eou orientaccedilatildeo das

mulheresacompanhantes sobre a possibilidade de parirem em outras posiccedilotildees que lhe sejam

confortaacuteveis Ressalta-se a necessidade de orientaccedilatildeo e incentivo quanto agrave liberdade de

posiccedilatildeo e sobre os benefiacutecios das posiccedilotildees verticalizadas para o trabalho de parto e periacuteodo

expulsivo desmitificando a claacutessica posiccedilatildeo de parto e empoderando-as a escolher a posiccedilatildeo

que lhes for mais confortaacutevel

Episiotomia

A episiotomia foi inicialmente proposta com o objetivo de facilitar o parto reduzindo o trauma

perineal e facilitando o reparo Entretanto natildeo obstante a indicaccedilatildeo de livros-texto sua

realizaccedilatildeo de rotina natildeo pode ser recomendada uma vez que existem vaacuterias evidecircncias de que

natildeo eacute necessaacuteria e de que pode ser prejudicial (AMORIM 2010)

Entre as principais morbidades relacionadas agrave episiotomia estatildeo a dor perineal e o

sangramento aumentado Nesses casos devido a urgecircncia os traumas perineais muitas vezes

satildeo suturados sem a boa visualizaccedilatildeo do local podendo produzir acidentes com lesatildeo no trato

geniturinaacuterio e nas estruturas do assoalho peacutelvico causando hipermobilidade uretral e prolapso

genital Apoacutes o parto tambeacutem podem surgir hematuacuteria incapacidade vesical e incontinecircncia

urinaacuteria (RIESCO et al 2011)

A OMS (1996) considera o uso liberal e rotineiro de episiotomia uma praacutetica claramente

prejudicial e que deve ser eliminada (categoria B) Embora os dados disponiacuteveis na literatura

revelem que a realizaccedilatildeo de episiotomia natildeo cumpre os objetivos que justificariam sua

realizaccedilatildeo de forma rotineira sejam eles a prevenccedilatildeo de lesotildees nas genitais da matildee ou na

cabeccedila do receacutem-nascido ainda hoje tal intervenccedilatildeo permanece sendo usada de forma

abusiva em muitas instituiccedilotildees de sauacutede

Em revisatildeo sistemaacutetica incluindo oito ensaios cliacutenicos (n=5541) observou-se que comparada

agrave episiotomia de rotina a episiotomia seletiva (com indicaccedilatildeo precisa) esteve associada com

27

menos trauma perineal grave menor necessidade de suturas menos complicaccedilotildees na

cicatrizaccedilatildeo e mais trauma perineal anterior Natildeo houve diferenccedila na frequecircncia de trauma

vaginal ou perineal grave dispareunia incontinecircncia urinaacuteria ou dor intensa Os revisores

recomendam que a episiotomia natildeo seja realizada rotineiramente e quando necessaacuteria seja

realizada com o consentimento poacutes-informaccedilatildeo da parturiente (AMORIM 2010)

Cesar (2011) encontrou ocorrecircncia meacutedia de episiotomia de 72 entre as 2557 gestantes

estudadas no Sul do Brasil Houve variaccedilatildeo de 86 entre as adolescentes e 66 entre as

demais matildees As taxas encontradas foram bastante elevadas principalmente entre as

adolescentes o que indica baixa incorporaccedilatildeo de praacuteticas baseadas em evidecircncia na

assistecircncia ao parto no cenaacuterio do estudo

Em contrapartida Sousa (2013) verificou em seu estudo em uma maternidade da rede puacuteblica

de Belo Horizonte iacutendice de episiotomia em torno de 11 e observou seguranccedila na praacutetica dos

profissionais de sauacutede envolvidos na assistecircncia ao parto da instituiccedilatildeo estudada no que se

refere ao uso seletivo desse procedimento e aos criteacuterios de utilizaccedilatildeo Tal instituiccedilatildeo tem

princiacutepios humanizados e grande inserccedilatildeo de enfermeiras obstetras na assistecircncia ao parto o

que pode tambeacutem ter justificado a baixa taxa de episiotomia encontrada

Considerando todos os partos realizados no HRTN no periacuteodo deste estudo a taxa de

episiotomia variou entre 90 em abril de 2013 a 149 em abril de 2014 A SMSA-BH tem

como meta de realizaccedilatildeo de episiotomia em menos de 30 dos partos vaginais Considerando

os 1434 partos assistidos por EO no mesmo periacuteodo a taxa de episiotomia foi de 46 o que

mostra uso criterioso do procedimento por parte desta categoria profissional

No presente estudo a taxa de episiotomia foi 42 Nestes casos a episiotomia pode ter sido

indicada devido a periacuteneo resistente no intuito de prevenir laceraccedilotildees graves mesmo que natildeo

haja respaldo cientiacutefico para tal praacutetica Tambeacutem em situaccedilotildees de estado fetal natildeo

tranquilizador durante o periacuteodo expulsivo jaacute com o feto em planos avanccedilados no intuito de

acelerar o nascimento ou mesmo por distoacutecia de ombro ou outra complicaccedilatildeo sendo uma

decisatildeo conjunta entre preceptor e residente Deve-se considerar que a baixas taxas de

28

episiotomia nos partos assistidos por enfermeiras residentes satildeo reflexo da atuaccedilatildeo da

preceptoria tanto de enfermeiras obstetras como de meacutedicos obstetras A episiotomia natildeo foi

realizada em 9538 dos partos o que mostra que as residentes em enfermagem obsteacutetrica

faziam uso seletivo do procedimento Um aspecto relevante deste estudo eacute que mesmo com a

baixa taxa de episiotomia encontrou-se pequenas taxas de laceraccedilotildees perineais de terceiro

(28) e quarto grau (028) Isso aponta para um modelo de assistecircncia obsteacutetrico com

incorporaccedilatildeo de praacuteticas baseadas em evidecircncias cientiacuteficas na maternidade do HRTN

Contato pele a pele

As praacuteticas referentes ao contato da matildee com seu bebecirc e ao aleitamento materno ainda na

sala de parto satildeo tambeacutem indicadores relevantes da qualidade da atenccedilatildeo ao parto

humanizado e segundo a OMS (1996) e MS (2001) deve ser encorajada no parto normal

(categoria A)

O passo quatro da Iniciativa Hospital Amigo da Crianccedila (IHAC) preconiza que os bebecircs que

tenham condiccedilotildees cliacutenicas favoraacuteveis permaneccedilam por pelo menos uma hora junto agrave pele da

matildee e que iniciem o aleitamento materno ainda na primeira meia hora apoacutes o nascimento

independentemente da via de parto (BRASIL 2010)

O contato pele a pele precoce melhora os resultados neonatais em termos de menor choro e

maior estabilidade cardiorrespiratoacuteria e aumenta significativamente o sucesso da

amamentaccedilatildeo sem efeitos negativos aparentes em curto e longo prazo segundo estudo de

meta-anaacutelise O contato pele a pele da matildee com o receacutem-nascido por pelo menos 30 minutos

na primeira hora de vida aleacutem de propiciar o envolvimento matildee-filho e o aleitamento materno

eacute um indicativo de que o parto transcorreu adequadamente Aleacutem disso favorece o viacutenculo

afetivo propiciando o reconhecimento entre matildee e filho pode aumentar a autoestima materna

diminuir a ansiedade melhorar os sentimentos de aceitaccedilatildeo do seu novo papel e a satisfaccedilatildeo

durante o processo de parto (MOORE et al 2012)

Apesar de o contato pele a pele ser uma praacutetica demonstradamente uacutetil e que deve ser

encorajada no parto normal especificamente tambeacutem pode e deve ser promovida no parto

29

operatoacuterio Sousa (2013) verificou em sua pesquisa que dos 89 receacutem-nascidos vivos o

contato precoce entre matildee e filho foi garantido em mais de 77 dos partos embora a maior

frequecircncia tenha ocorrido entre os filhos nascidos de parto normal

Na maternidade do HRTN o contato pele a pele eacute incentivado e apoiado por toda a equipe

multiprofissional sendo uma praacutetica consolidada conforme apontam os resultados deste

estudo As parturientes devem ser orientadas sobre os benefiacutecios desta praacutetica e preparadas

para receber seus RN apoacutes o nascimento A assistecircncia ao RN estaacutevel deve ser feita

preferencialmente no colo da matildee e quando houver necessidade de encaminhar o RN ao

berccedilo aquecido assim que este estabelecer condiccedilotildees favoraacuteveis deve retornar para o contato

pele a pele Assim como o contato pele a pele a amamentaccedilatildeo na primeira hora de vida

tambeacutem deve ser apoiada e estimulada respeitando o desejo da mulher

No presente estudo o contato pele a pele na primeira hora de vida foi realizado em 9440 dos

partos Os 475 em que natildeo foi realizado pode ter como justificativa o nascimento de um RN

deprimido sem condiccedilotildees cliacutenicas de permanecer com a matildee e que necessitaram de

assistecircncia pediaacutetrica seja reanimaccedilatildeo neonatal ou transferecircncia para unidade neonatal

Tambeacutem pode ter como justificativa impossibilidade materna ou desejo de natildeo realizar contato

pele a pele

Pela pactuaccedilatildeo da maternidade em estudo com a SMSA-BH a meta eacute que 100 dos receacutem-

nascidos vivos realizem contato pele a pele efetivo na primeira hora de vida Considerando

todos os partos realizados na instituiccedilatildeo no mesmo periacuteodo deste estudo este indicador variou

entre 905 em abril de 2013 a 960 em agosto de 2013 segundo dados institucionais

fornecidos pela coordenaccedilatildeo a maternidade Estes dados sinalizam boa incorporaccedilatildeo desta

praacutetica pela equipe mas indicam tambeacutem necessidade de melhoria para que seja atingida a

meta

Acompanhante

A presenccedila de acompanhante durante todo o periacuteodo de internaccedilatildeo eacute um direito conquistado

pelas mulheres assegurado na Lei nordm 111082005 regulamentado pelo Ministeacuterio da Sauacutede

30

pela Portaria nordm 24182005 portanto obrigatoacuterio em todas as instituiccedilotildees sejam elas puacuteblicas

ou privadas (BRASIL 2005) Esta praacutetica eacute classificada pela OMS como demonstradamente uacutetil

e que deve ser estimulada (categoria A)

A presenccedila do acompanhante durante o processo de parturiccedilatildeo pode proporcionar bem-estar

fiacutesico e emocional agrave mulher e benefiacutecios clinicamente significativos ao binocircmio matildee-filho Os

efeitos do suporte agrave mulher foram encontrados em recente meta-anaacutelise e estatildeo associados agrave

menor duraccedilatildeo do trabalho de parto uso de ocitocina reduccedilatildeo de cesariana e de partos

vaginais instrumentais diminuindo ainda a utilizaccedilatildeo de analgesia intraparto e melhorando os

iacutendices de Apgar no quinto minuto (SOUSA 2013)

Outros estudos destacam ainda a importacircncia do acompanhante quando este se envolve natildeo

soacute no apoio fiacutesico e emocional mas tambeacutem no desenvolvimento junto agrave parturiente de accedilotildees

como massagem auxiacutelio e encorajamento durante a deambulaccedilatildeo banho e tambeacutem no

periacuteodo expulsivo o que proporciona tambeacutem maior grau de satisfaccedilatildeo com o parto Sousa

(2013) verificou em sua pesquisa que quase a totalidade (922) das mulheres assistidas em

uma instituiccedilatildeo de sauacutede da rede puacuteblica de Belo Horizonte permaneceu com o acompanhante

de sua escolha durante o periacuteodo de internaccedilatildeo sendo a maioria o companheiro pai da

crianccedila (627)

No HRTN a presenccedila de acompanhante familiar de livre escolha eacute uma praacutetica consolidada

pela instituiccedilatildeo e apoiada pela equipe multiprofissional A valorizaccedilatildeo do acompanhante deve

acontece em todas as etapas da internaccedilatildeo durante o trabalho de parto os acompanhantes

podem ser encorajados a participar ativamente no apoio agrave parturiente ofertando meacutetodos

alternativos para aliacutevio da dor como massagens por exemplo No momento do parto quando

possiacutevel pode ser oferecido ao familiar que corte o cordatildeo umbilical o que pode ter grande

representaccedilatildeo simboacutelica para aquela famiacutelia No puerpeacuterio os acompanhantes devem ser

orientados junto aacute mulher sobre os cuidados com o RN aleitamento materno e como apoiar a

matildee na nova fase

No presente estudo houve acompanhante familiar em 960 dos partos assistidos pelas

enfermeiras residentes Partos sem acompanhante familiar foram apenas 37 Estes dados

31

corroboram com a afirmaccedilatildeo de que a presenccedila do acompanhante familiar eacute uma praacutetica

consolidada e respeitada pela equipe da maternidade do HRTN

Analgesia

Meacutetodos natildeo farmacoloacutegicos

A OMS (1996) recomenda que o uso de meacutetodos natildeo farmacoloacutegicos para aliacutevio da dor deve

ser privilegiado durante a assistecircncia ao trabalho de parto considerando-os como ldquopraacuteticas

reconhecidamente uacuteteis e que devem ser estimuladasrdquo Categoria A na recomendaccedilatildeo de boas

praacuteticas na assistecircncia ao parto

Entre as praacuteticas natildeo medicamentosas tem-se estudado o uso de acupuntura acupressura

hipnose teacutecnicas de relaxamento e respiraccedilatildeo aplicaccedilatildeo de frio e calor aromaterapia

aacuteudioanalgesia massagem deambulaccedilatildeo e banho de imersatildeo durante o parto (SILVA 2011)

Em um estudo de revisatildeo sistemaacutetica foram incluiacutedos 14 ensaios com 1448 parturientes que

utilizaram diferentes formas de tratamento para a dor (acupuntura hipnose audioanalgesia

aromaterapia massagem e relaxamento) A hipnose mostrou-se efetiva em termos de reduzir a

necessidade de meacutetodos farmacoloacutegicos para aliacutevio da dor aumentando o grau de satisfaccedilatildeo

materna Maior chance de parto vaginal e reduccedilatildeo da necessidade de analgesia A acupuntura

tambeacutem se associou a uma menor intensidade da dor e reduccedilatildeo do uso de ocitocina A eficaacutecia

de meacutetodos como acupressatildeo aromaterapia aacuteudioanalgesia relaxamento e massagem natildeo foi

ainda estabelecida sendo necessaacuterios ensaios cliacutenicos randomizados para avaliaccedilatildeo dessas

terapias complementares para aliacutevio da dor durante o trabalho de parto (PORTO 2010)

Deve-se considerar que o suporte contiacutenuo intraparto e as posiccedilotildees verticalizadas durante o

parto tambeacutem se associam agrave reduccedilatildeo da dor e maior grau de satisfaccedilatildeo materna como jaacute

demonstrado em revisotildees sistemaacuteticas A imersatildeo em aacutegua em banheiras ou similares durante

o trabalho de parto tem sido investigada como um meacutetodo de promoccedilatildeo de relaxamento e aliacutevio

da dor Em uma revisatildeo sistemaacutetica de 11 ensaios cliacutenicos a imersatildeo em aacutegua foi associada agrave

reduccedilatildeo no uso de analgesia e reduccedilatildeo no relato de dor sem prejudicar a duraccedilatildeo do trabalho

de parto as taxas de partos ciruacutergicos ou o bem-estar neonatal (PORTO 2010)

32

A SMSA-BH recomenda que os meacutetodos natildeo farmacoloacutegicos para aliacutevio da dor sejam ofertados

a 100 das mulheres em trabalho de parto De acordo com dados institucionais fornecidos

pela coordenaccedilatildeo da maternidade a oferta variou entre 7571 em julho de 2013 a 8778 em

julho de 2013 considerando todos os partos realizados na instituiccedilatildeo no periacuteodo de abril de

2013 a abril de 2014

No livro fonte de dados deste estudo a oferta de meacutetodos natildeo farmacoloacutegicos natildeo eacute registrada

natildeo sendo possiacutevel quantificar estes dados nos partos assistidos por REO mas pode-se inferir

que esta eacute uma praacutetica adotada pelas enfermeiras obstetras e residentes quando se observa

por exemplo as baixas taxas de analgesia farmacoloacutegica em torno de 16 nos partos

assistidos por estas profissionais

Meacutetodos farmacoloacutegicos

Classicamente vaacuterios meacutetodos farmacoloacutegicos foram propostos mas existe consenso

atualmente de que se algum meacutetodo farmacoloacutegico for indicado para aliacutevio da dor durante o

trabalho de parto a analgesia regional com peridural ou teacutecnica combinada (raquidiana e

peridural) deve ser empregada preferencialmente em relaccedilatildeo ao uso de opioacuteides sistecircmicos ou

analgesia inalatoacuteria A teacutecnica ideal para analgesia de parto deveria ter miacutenima ou ausente

transferecircncia placentaacuteria ausecircncia de efeitos sobre o fluxo sanguiacuteneo uteroplacentaacuterio efeitos

miacutenimos e reversiacuteveis sobre o feto e neonato ausecircncia de efeito ocitoacutecico ou tocoliacutetico e

ausecircncia de bloqueio motor (PORTO 2010)

Uma revisatildeo sistemaacutetica realizada em 2011 incluindo 38 estudos comprovou a eficaacutecia da

analgesia peridural para reduccedilatildeo da dor de mulheres durante o processo de parto mas

tambeacutem revelou maior risco de parto instrumental maior necessidade de ocitocina e aumento

da duraccedilatildeo do segundo estaacutegio do parto Natildeo houve associaccedilatildeo dessa intervenccedilatildeo com risco

de cesariana cefaleacuteia e escores de Apgar menores que sete no quinto minuto (AMORIM

2011)

Na maternidade em estudo a analgesia farmacoloacutegica seja por teacutecnica peridural ou

raquianestesia eacute considerada um direito da mulher de acordo com os princiacutepios da

humanizaccedilatildeo e eacute ofertada conforme desejo da parturiente apoacutes a oferta de diferentes meacutetodos

33

natildeo farmacoloacutegicos para aliacutevio da dor e sob orientaccedilotildees sobre os riscos e benefiacutecios do

procedimento ou nos casos em que haacute indicaccedilatildeo cliacutenica para realizaccedilatildeo do mesmo A teacutecnica

de analgesia empregada na instituiccedilatildeo permite na maior parte dos casos a deambulaccedilatildeo

movimentaccedilatildeo e uso concomitante de outros meacutetodos alternativos de aliacutevio da dor como

chuveiro Isto pode influenciar para o desfecho favoraacutevel dos partos conforme mostram as

evidecircncias sobre movimentaccedilatildeo e verticalizaccedilatildeo durante o trabalho de parto

A SMSA-BH recomenda a utilizaccedilatildeo de analgesia quando esgotados os recursos natildeo

farmacoloacutegicos para aliacutevio da dor em torno de 30 dos partos normais A proporccedilatildeo de parto

normal com analgesia variou de 141 em janeiro de 2014 e 279 em agosto de 2013

considerando todos os partos realizados na instituiccedilatildeo no mesmo periacuteodo deste estudo

Considerando os 1434 assistidos por EO no periacuteodo do estudo 147 recebeu analgesia por

teacutecnica peridural e 11 raquidiana Os demais 841 dos partos foi sem analgesia

farmacoloacutegica

No presente estudo a analgesia farmacoloacutegica foi realizada em 176 dos partos sendo 166

por teacutecnica peridural e 11 raquidiana Analgesia natildeo foi realizada em 822 dos partos

assistidos por REO Estes dados demonstram que a oferta de meacutetodos natildeo farmacoloacutegicos

para aliacutevio da dor pode ter sido influenciado positivamente na escolha da parturiente em

receber ou natildeo a analgesia farmacoloacutegica

Laceraccedilotildees perineais

Laceraccedilotildees perineais satildeo traumas em estruturas componentes da vagina que podem ocorrer

de forma espontacircnea durante a passagem do feto pelo canal de parto ou em decorrecircncia de

episiotomia as quais podem se prolongar

A laceraccedilatildeo de primeiro grau eacute aquela que natildeo atinge nenhum muacutesculo estendendo-se atraveacutes

da fuacutercula mucosa vaginal e da pele Jaacute a laceraccedilatildeo de segundo grau acomete os muacutesculos

perineais poreacutem sem lesatildeo do esfiacutencter retal A laceraccedilatildeo de terceiro grau atinge essa

estrutura e algumas vezes prolonga-se ateacute a parede anterior do reto Neste uacuteltimo caso em

que a parede do reto eacute comprometida por vezes utiliza-se o termo laceraccedilatildeo de quarto grau

As laceraccedilotildees de primeiro e segundo grau satildeo consideradas leves e laceraccedilotildees de terceiro e

34

quarto grau satildeo consideradas graves pois podem levar agrave incontinecircncia urinaacuteria e fecal sendo

estas uacuteltimas mais raras (REZENDE 2005)

A ocorrecircncia de laceraccedilotildees perineais no parto normal depende de diversos fatores que podem

estar relacionados agraves condiccedilotildees maternas ao feto ao parto em si e ao prestador de serviccedilo

Embora estes fatores natildeo estejam definitivamente estabelecidos existem evidecircncias indicando

o local do parto e o profissional que assiste a escolaridade materna a paridade a altura do

periacuteneo a duraccedilatildeo do segundo estaacutegio do parto a cicatriz perineal anterior a infusatildeo de

ocitocina a posiccedilatildeo no parto a analgesia farmacoloacutegica os puxos dirigidos as manobras de

proteccedilatildeo perineal o peso e o periacutemetro cefaacutelico do RN como fatores relacionados entre

outros Quanto a integridade perineal sua chance aumenta entre as mulheres com um ou mais

partos vaginais anteriores (RIESCO et al 2011)

Estudos tambeacutem tecircm buscado associaccedilatildeo entre a posiccedilatildeo materna no parto e as laceraccedilotildees

perineais Sousa (2013) verificou que a posiccedilatildeo deitada de lado juntamente com a posiccedilatildeo de

coacutecoras foram as que tiveram maior ocorrecircncia de laceraccedilotildees de primeiro grau principalmente

com 750 e 833 dos casos respectivamente Essas duas posiccedilotildees tambeacutem foram as que

mais favoreceram para que as mulheres tivessem laceraccedilotildees na pesquisa desenvolvida por

Souza (2011) em um CPN do Rio de Janeiro com incidecircncia de 502 nos partos assistidos

em posiccedilatildeo lateral e 696 naqueles assistidos de coacutecoras Em ambas pesquisas a posiccedilatildeo de

Gaskin foi a que teve menor incidecircncia de traumas perineais seguida da posiccedilatildeo

sentadareclinada

Entre as principais morbidades relacionadas estatildeo a dor perineal e o sangramento aumentado

Apoacutes o parto tambeacutem podem surgir hematuacuteria incapacidade vesical e incontinecircncia urinaacuteria A

disfunccedilatildeo geniturinaacuteria e sexual produzida pelo trauma perineal pode ser tambeacutem devida agrave

perda ou diminuiccedilatildeo do tocircnus muscular perineal Poreacutem esse achado contrasta com dados de

outros estudos os quais concluiacuteram que a via de parto a paridade a idade materna o peso do

receacutem-nascido (RN) e a episiotomia natildeo foram fatores determinantes para a reduccedilatildeo da forccedila

muscular perineal Considerando os problemas em curto prazo (perda sanguiacutenea necessidade

de sutura e dor perineal) e em longo prazo (disfunccedilotildees intestinais urinaacuterias e sexuais)

35

associados ao trauma perineal no parto sua prevenccedilatildeo reduccedilatildeo e reparaccedilatildeo adequada satildeo

fatores importantes para as mulheres e os profissionais que as assistem (RIESCO 2010)

Considerando os 1434 partos assistidos por EO em 304 houve periacuteneo iacutentegro 447

laceraccedilotildees de primeiro grau 228 laceraccedilotildees de segundo grau 195 de terceiro grau e

014 de quarto grau Tais resultados satildeo proacuteximos aos verificados neste estudo e

associados com as baixas taxas de episiotomia nos partos assistidos pelas enfermeiras

residentes corroboram com a recomendaccedilatildeo do uso seletivo da episiotomia como um praacutetica

favoraacutevel

Escore de Apgar

O momento de transiccedilatildeo da vida intrauterina para extrauterina eacute crucial para o desenvolvimento

do bebecirc e deve ser minuciosamente preparado e vivenciado Eacute indispensaacutevel que nos

primeiros minutos de vida do neonato seja realizada avaliaccedilatildeo completa e sistemaacutetica visando

identificar desvios da normalidade e que forneccedila agraves informaccedilotildees baacutesicas sobre a vitalidade e a

adaptaccedilatildeo do RN agrave vida fora do ventre materno (BARBOSA 2006)

A avaliaccedilatildeo realizada imediatamente apoacutes o parto eacute composta pelo o escore de Apgar sendo

complementada com a avaliaccedilatildeo do aspecto geral a medida dos sinais vitais e medidas

antropomeacutetricas O iacutendice de Apgar avalia cinco criteacuterios cliacutenicos cor da pele frequecircncia

cardiacuteaca irritabilidade reflexa respiraccedilatildeo e tocircnus muscular O RN eacute avaliado no primeiro e no

quinto minuto de vida e cada criteacuterio garante de 0 a 2 pontos desencadeando assim uma soma

adequada entre 7 e 10 pontos Quando a soma total resulta em 4 a 6 pontos sugere dificuldade

moderada do RN em adaptar-se e menor que 4 pode indicar sofrimento Julga-se assim o grau

de adaptaccedilatildeo imediata e o grau de depressatildeo neuroloacutegica do RN nos primeiros cinco minutos

de vida (SBP 2011)

O iacutendice Apgar tem sido pouco utilizado para avaliar a qualidade de assistecircncia ao parto sendo

considerado um indicador pontual aleacutem de natildeo ser utilizado para determinar o iniacutecio da

reanimaccedilatildeo neonatal No entanto sua aplicaccedilatildeo permite avaliar a resposta do neonato agraves

manobras realizadas e a eficaacutecia dessas manobras O Apgar no quinto minuto eacute mais utilizado

36

para avaliaccedilatildeo da adaptaccedilatildeo do RN por melhor representa-la se comparado ao Apgar de

primeiro minuto Se o escore eacute inferior a 7 no 5ordm minuto recomenda-se realizaacute-lo a cada cinco

minutos ateacute 20 minutos de vida Eacute necessaacuterio documentar o escore de Apgar de maneira

concomitante agrave dos procedimentos de reanimaccedilatildeo executados (SBP 2011)

Eacute importante considerar que um Apgar baixo natildeo eacute necessariamente resultado de uma

assistecircncia ao parto e ao neonato inadequada assim como um bom iacutendice de Apgar natildeo indica

boa qualidade assistencial ao binocircmio Este iacutendice entretanto eacute um bom indicador para

resultados perinatais a longo prazo aleacutem de ser considerado importante preditor da avaliaccedilatildeo

do bem-estar e do prognoacutestico inicial do receacutem-nascido A avaliaccedilatildeo imediata do RN pode ser

feita por pediatra ou outro profissional capacitado para prestar a assistecircncia necessaacuteria desde

o suporte baacutesico ateacute a reanimaccedilatildeo neonatal Na maternidade do HRTN o pediatra eacute o

profissional responsaacutevel pela assistecircncia ao RN na sala de parto A instituiccedilatildeo possui UTI

neonatal para onde satildeo encaminhados os RN que necessitam de cuidados especiacuteficos Os

neonatos que apresentam boa vitalidade satildeo colocados em contato pele a pele com as matildees e

apoacutes permanecem em alojamento conjunto ateacute a alta

Pela SMSA-BH a meta de Apgar lt7 no quinto minuto eacute no maacuteximo 3 Este indicador variou

entre 08 em fevereiro de 2014 a 24 em novembro de 2013 considerando todos os partos

realizados na instituiccedilatildeo no mesmo periacuteodo do estudo ou seja esteve sempre dentro da meta

estabelecida

No presente estudo as dados sobre escore de Apgar foram divididos em Apgar lt7 (644) e gt7

(9356) no primeiro minuto lt7 (084) e gt 7 (9916) no quinto minuto Tais dados mostram

que a quase totalidade dos RN apresentava boas condiccedilotildees de vitalidade no primeiro e quinto

minuto A este dado se associa o incentivo e a alta taxa de contato pele a pele precoce sendo

um dos fatores que contribuem para melhor adaptaccedilatildeo a vida extrauterina aleacutem de assistecircncia

qualificada aos RN que necessitam de cuidados especiacuteficos ou reanimaccedilatildeo

37

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Os resultados deste estudo evidenciam que a assistecircncia ao parto prestada pelas residentes

em enfermagem obsteacutetrica foi coerente com as recomendaccedilotildees de boas praacuteticas em todos os

aspectos analisados consolidando as evidecircncias literaacuterias sobre a assistecircncia ao parto

promovida por enfermeiras obstetras Foi possiacutevel observar maioria de partos em posiccedilotildees

verticalizadas uso seletivo de episiotomia com baixa incidecircncia de laceraccedilotildees perineais

graves alto iacutendice de contato pele a pele presenccedila de acompanhante na maioria dos partos

baixas taxas de analgesia farmacoloacutegica e escores de Apgar que demonstram boa vitalidade

fetal em quase todos os receacutem-nascidos Diante do exposto eacute possiacutevel concluir que a atuaccedilatildeo

das enfermeiras residentes em enfermagem obsteacutetrica contribuiu para a obtenccedilatildeo de

resultados obsteacutetricos e neonatais favoraacuteveis na maternidade do HRTN

Devido agrave forma de organizaccedilatildeo e registro dos procedimentos no livro utilizado para coleta de

dados natildeo foi possiacutevel avaliar algumas praacuteticas obsteacutetricas tais como uso de ocitocina

amniotomia oferta de meacutetodos natildeo farmacoloacutegicos para aliacutevio da dor oferta de liacutequidos

durante o trabalho de parto e uso de partograma Estes dados seriam importantes para uma

anaacutelise mais detalhada sobre a assistecircncia ao parto Os dados institucionais fornecidos pela

coordenaccedilatildeo da maternidade forneceram uma dimensatildeo de algumas destas praacuteticas na

maternidade contudo natildeo foi possiacutevel neste estudo avaliar quantitativamente tais

procedimentos somente nos partos assistidos por enfermeiras residentes Sugere-se ampliaccedilatildeo

dos indicadores no livro de registro e padronizaccedilatildeo no seu preenchimento para melhor

qualificaccedilatildeo dos dados da assistecircncia ao parto prestada elas enfermeiras obstetrasresidentes

A capacitaccedilatildeo profissional no modelo de residecircncia eacute intensa e exige dedicaccedilatildeo A extensa

carga horaacuteria praacutetica aliada agrave teoria satildeo determinantes para uma formaccedilatildeo qualificada e

humana das enfermeiras residentes A possibilidade de atuar efetivamente na assistecircncia em

conjunto com outras categorias profissionais enriquece a formaccedilatildeo abrangendo diferentes

fases e situaccedilotildees do ciclo graviacutedico-puerperal Eacute importante salientar que a capacitaccedilatildeo das

enfermeiras obstetras nesta modalidade pioneira de residecircncia soacute foi possiacutevel graccedilas ao

estiacutemulo governamental com recursos provenientes do programa Rede Cegonha e os

esforccedilos conjuntos da Escola de Enfermagem da UFMG e demais instituiccedilotildees envolvidas

38

Os resultados deste estudo evidenciam a incorporaccedilatildeo do modelo assistencial humanizado e

baseado em evidecircncias cientiacuteficas pela equipe do HRTN O modelo colaborativo de assistecircncia

obsteacutetrica pode gerar resultados favoraacuteveis e promissores com as atuaccedilotildees complementares

entre as diferentes categorias profissionais A praacutetica supervisionada durante todo o processo

de formaccedilatildeo e a avaliaccedilatildeo constante das habilidades adquiridas pelas residentes satildeo

fundamentais para a consolidaccedilatildeo do conhecimento para maior seguranccedila das aprendizes e

para a oferta de uma assistecircncia qualificada e humanizada a mulher receacutem nascido e famiacutelia

A instituiccedilatildeo que acolhe as enfermeiras residentes obteacutem retorno positivo pois a atuaccedilatildeo

preceptorada das mesmas resulta em assistecircncia qualificada que atende a perspectiva da

praacutetica baseada em evidecircncia cientiacutefica segura com baixo custo e bons resultados obsteacutetricos

e neonatais Os resultados da atuaccedilatildeo das enfermeiras residentes refletem o modelo

institucional incorporado o qual eacute transmitido as residentes pelos preceptores O incentivo a

formaccedilatildeo de enfermeiras obstetras eacute fundamental para o fortalecimento desta categoria

profissional para maior inserccedilatildeo destas profissionais em espaccedilos aonde a assistecircncia ao parto

ainda eacute meacutedico-centrada e para mudanccedila do modelo obsteacutetrico hegemocircnico nacional

39

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RABELO LR OLIVEIRA DL Percepccedilotildees de enfermeiras obsteacutetricas sobre sua competecircncia na atenccedilatildeo ao parto normal hospitalar Rev Esc Enferm USP 2010 44(1)213-20 RAMOS HAC CUMAN RKN Fatores de risco para prematuridade pesquisa documental Esc Anna Nery Rev Enferm 2009 abr-jun 13 (2) 297-304 RIESCO MLG et al Episiotomia laceraccedilatildeo e integridade perineal em partos normais anaacutelise de fatores associados Rev Enferm UERJ v 19 n1 p 77-83 2011

REZENDE J Obstetriacutecia fundamental 2 ed Rio de Janeiro Guanabara Koogan 2005

ROCHA CR FONSECA LC Assistecircncia do enfermeiro obstetra a mulher parturiente em busca do respeito a natureza Rev de Pesq cuidado eacute fundamental v 2 n 2 p 807-816 2010

SANTOS NCP VOGTSE PIMENTA AM DUARTE ED MADEIRA LM ABREU MNS et al Resultados maternos y neonatales en el trabajo de parto y parto de adolescentes admitidas en un Centro de Parto Normal brasileiro Adolesc Saude 201411(3)39-50

SILVA LM et al Uso da bola suiacuteccedila no trabalho de parto Acta Paul Enferm 201124(5)656-62

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SOUZA DOM Partos assistidos por enfermeiras praacuteticas obsteacutetricas realizadas no ambiente hospitalar no periacuteodo de 2004 a 2008 2011 84f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) Faculdade de Enfermagem da Universidade do Estado do Rio de Janeiro Rio de Janeiro RJ 2011

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42

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ANEXO 1

RECOMENDACcedilOtildeES DE BOAS PRAacuteTICAS DE ASSISTEcircNCIA AO PARTO SEGUNDO

CLASSIFICACcedilAtildeO DO MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2001

CATEGORIA A - PRAacuteTICAS DEMONSTRADAMENTE UacuteTEIS E QUE DEVEM SER

ESTIMULADAS

Plano individual determinando onde e por quem o nascimento seraacute realizado feito em

conjunto com a mulher durante a gestaccedilatildeo e comunicado a seu maridocompanheiro

Avaliaccedilatildeo do risco gestacional durante o preacute-natal reavaliado a cada contato com o

sistema de sauacutede

Respeito agrave escolha da matildee sobre o local do parto

Fornecimento de assistecircncia obsteacutetrica no niacutevel mais perifeacuterico onde o parto for viaacutevel e

seguro e onde a mulher se sentir segura e confiante

Respeito ao direito da mulher agrave privacidade no local do parto

Apoio empaacutetico pelos prestadores de serviccedilo durante o trabalho de parto e parto

Respeito agrave escolha da mulher sobre seus acompanhantes durante o trabalho de parto e

parto

Fornecimento agraves mulheres sobre todas as informaccedilotildees e explicaccedilotildees que desejarem

Oferta de liacutequidos por via oral durante o trabalho de parto e parto

Monitoramento fetal por meio de ausculta intermitente

43

Monitoramento cuidadoso do progresso do parto por exemplo por meio do uso do

partograma da OMS

Monitoramento do bem-estar fiacutesico e emocional da mulher durante trabalho e parto e ao

teacutermino do processo de nascimento

Meacutetodos natildeo invasivos e natildeo farmacoloacutegicos de aliacutevio da dor como massagem e

teacutecnicas de relaxamento durante o trabalho de parto

Liberdade de posiccedilatildeo e movimento durante o trabalho de parto

Estiacutemulo a posiccedilotildees natildeo supinas durante o trabalho de parto

Uso rotineiro de ocitocina clampeamento tardio (1 a 3 minutos apoacutes o nascimento) e

traccedilatildeo controlada do cordatildeo durante o 3o estaacutegio do trabalho de parto

Condiccedilotildees esteacutereis ao cortar o cordatildeo

Prevenccedilatildeo da hipotermia do bebecirc

Contato pele a pele precoce entre matildee e filho e apoio ao iniacutecio da amamentaccedilatildeo na

primeira hora apoacutes o parto segundo as diretrizes da OMS sobre Aleitamento Materno

Exame rotineiro da placenta e membranas ovulares

CATEGORIA B - PRAacuteTICAS CLARAMENTE PREJUDICIAIS OU INEFICAZES E QUE DEVEM

SER ELIMINADAS

Uso rotineiro de enema

Uso rotineiro de tricotomia

Infusatildeo intravenosa de rotina no trabalho de parto

Cateterizaccedilatildeo venosa profilaacutetica de rotina

Uso rotineiro de posiccedilatildeo supina (decuacutebito dorsal) durante o trabalho de parto

44

Exame retal

Uso de pelvimetria por Raios-X

Amniotomia precoce de rotina para diminuir a duraccedilatildeo do trabalho de parto

Administraccedilatildeo de ocitoacutecitos em qualquer momento antes do parto de um modo que natildeo

permite controlar seus efeitos

Uso de rotina da posiccedilatildeo de litotomia com ou sem estribos durante o trabalho de parto

Esforccedilo de puxo prolongado e dirigido (manobra de Valsalva) durante o segundo

estaacutegio do trabalho de parto

Massagem e distensatildeo do periacuteneo durante o segundo estaacutegio do trabalho de parto

Uso liberal e rotineiro de episiotomia

Uso de comprimidos orais de ergometrina no terceiro estaacutegio do trabalho de parto com

o objetivo de evitar ou controlar hemorragias

Uso rotineiro de ergometrina parenteral no terceiro estaacutegio do trabalho de parto

Lavagem uterina rotineira apoacutes o parto

Revisatildeo uterina (exploraccedilatildeo manual) rotineira apoacutes o parto

CATEGORIA C - PRAacuteTICAS SEM EVIDEcircNCIAS SUFICIENTES PARA APOIAR UMA

RECOMENDACcedilAtildeO CLARA E QUE DEVEM SER UTILIZADAS COM CAUTELA ATEacute QUE

MAIS PESQUISAS ESCLARECcedilAM A QUESTAtildeO

Meacutetodos natildeo farmacoloacutegicos de aliacutevio de dor durante o trabalho parto como ervas

imersatildeo em aacuteguas e estimulaccedilatildeo dos nervos

Amniotomia e ocitocina precoce de rotina no primeiro estaacutegio do trabalho de parto para

prevenccedilatildeo de progresso inadequado do parto

Pressatildeo do fundo uterino durante o trabalho de parto

45

Manobras relacionadas agrave proteccedilatildeo do periacuteneo e ao manejo do poacutelo cefaacutelico no

momento do parto

Manipulaccedilatildeo ativa do feto no momento do parto

Estimulaccedilatildeo do mamilo para estimular a contratilidade uterina durante o terceiro estaacutegio

do trabalho de parto

CATEGORIA D - PRAacuteTICAS FREQUENTEMENTE USADAS DE MODO INADEQUADO

Restriccedilatildeo hiacutedrica e alimentar durante o trabalho de parto

Controle da dor por agentes sistecircmicos

Controle da dor por analgesia peridural

Monitoramento eletrocircnico fetal

Uso de maacutescaras e aventais esteacutereis durante a assistecircncia ao trabalho de parto

Exames vaginais repetidos ou frequumlentes especialmente por mais de um prestador de

serviccedilo

Correccedilatildeo da dinacircmica com utilizaccedilatildeo de ocitocina

Transferecircncia rotineira da parturiente para outra sala no iniacutecio do segundo estaacutegio do

trabalho de parto

Cateterizaccedilatildeo da bexiga

Estiacutemulo para o puxo quando se diagnostica dilataccedilatildeo cervical completa ou quase

completa antes que a mulher sinta o puxo involuntaacuterio

Clampeamento precoce do cordatildeo umbilical

Adesatildeo riacutegida a uma duraccedilatildeo estipulada do 2deg estaacutegio do trabalho de parto

Parto operatoacuterio e exploraccedilatildeo manual do uacutetero apoacutes o parto

46

ANEXO 2

47

48

ANEXO 3

49

Page 21: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS ESCOLA DE ENFERMAGEM … FINAL ANA … · inserção do estudo foi: partos assistidos por residentes em enfermagem obstétrica, independente se

21

A gestaccedilatildeo tardia apresenta risco similar a gestaccedilatildeo na adolescecircncia em alguns aspectos

conforme citado anteriormente e mais elevados em situaccedilotildees como abortamento espontacircneo

gravidez ectoacutepica anormalidades cromossocircmicas e malformaccedilotildees congecircnitas (SILVA 2009)

Gravena et al (2013) cita que nas mulheres com gestaccedilatildeo tardia tecircm sido observados mais

abortamentos espontacircneos e induzidos maior risco para mortalidade perinatal baixa vitalidade

do receacutem- nascido baixo peso ao nascer parto preacute-termo e fetos pequenos para idade

gestacional As gestaccedilotildees de mulheres de idade materna avanccedilada tecircm sido consideradas

como de alto risco em decorrecircncia principalmente da incidecircncia crescente de siacutendromes

hipertensivas ruptura prematura de membranas presenccedila de diabetes aleacutem de maior chance

do iacutendice de Apgar no quinto minuto ser menor que sete

Analisando os 1434 partos registrados no livro no mesmo periacuteodo e nos quais estatildeo incluiacutedos

os 714 partos das enfermeiras residentes o percentual de primiacuteparas e multiacuteparas foi de 415

e 583 respectivamente valores muito proacuteximos aos encontrados nos partos assistidos pelas

enfermeiras residentes

Idade gestacional

Conceitua-se gravidez preacute-termo aquela cuja idade gestacional encontra-se entre 22 e 37

semanas ou entre 154 a 259 dias (ACOG 2013) A prematuridade eacute um evento que afeta a

vida da famiacutelia e do RN de forma significativa envolvendo aspectos bioloacutegicos psicoloacutegicos e

sociais de difiacutecil mensuraccedilatildeo e que devem ser considerados pela equipe que assiste a famiacutelia

prematura (RAMOS 2009)

A prematuridade tem sido estudada como uma das causas importantes de mortalidade infantil

O receacutem-nascido imaturo apresenta desenvolvimento incompleto de oacutergatildeos como ceacuterebro e

pulmotildees aleacutem de limitaccedilatildeo da funccedilatildeo renal e imaturidade da funccedilatildeo hepaacutetica podendo sofrer

seacuterios comprometimentos ou intercorrecircncias (GRAVENA 2013) A literatura cita alguns fatores

de risco gestacionais associados agrave prematuridade tais como parto prematuro preacutevio gestaccedilatildeo

muacuteltipla histoacuteria materna de um ou mais abortos espontacircneos no segundo trimestre

comprimento cervical lt 30 cm baixo niacutevel socioeconocircmico idade materna lt18 anos ou gt40

22

anos primiparidade (mais frequente no primeiro filho) complicaccedilotildees maternas (cliacutenicas ou

obsteacutetricas) atividade fiacutesica aumentada tabagismo uso de cocaiacutena acompanhamento preacute-

natal inadequado ou ausente situaccedilotildees de alto estresse crescimento intrauterino restrito

(CIUR) anomalias congecircnitas polihidracircmnios ruptura prematura de membranas preacute-termo

(RPMPT) descolamento de placenta presenccedila de DIU mioma (particularmente submucoso ou

subplacentaacuterio) anomalias uterinas insuficiecircncia istmo-cervical infecccedilotildees maternas siacutendrome

antifosfoliacutepide trauma cirurgia (RAMOS 2009)

O American College of Obstetricians and Gynecologists (ACOG 2013) classifica a gravidez

aleacutem de 37 semanas da seguinte maneira

Termo precoce entre 37 semanas e 38 semanas e 6 dias

Termo completo entre 39 semanas e 40 semanas e 6 dias

Termo tardio entre 41 semanas e 41 semanas e 6 dias

Poacutes-termo 42 semanas em diante

Neste estudo a grande maioria dos partos assistidos pelas enfermeiras residentes foi de

gestaccedilotildees a termo (900) Tal fato se justifica pela maior atuaccedilatildeo da enfermagem obsteacutetrica

nas gestaccedilotildees de risco habitual A meacutedia de idade gestacional da amostra deste estudo foi de

38 semanas sendo a menor idade gestacional encontrada 24 semanas e a maior 42 semanas

Os partos preacute-termo e poacutes-termo ou seja de maior risco satildeo preferencialmente

acompanhados por meacutedico obstetra Eacute rotina da instituiccedilatildeo em estudo a induccedilatildeo do trabalho

de parto nas gestaccedilotildees acima de 41 semanas Tambeacutem por esse motivo pode-se justificar a

atuaccedilatildeo das enfermeiras residentes em menos de 05 de partos poacutes-termo

O ACOG define gestaccedilatildeo poacutes-termo ou gestaccedilatildeo prolongada como aquela que se estende

aleacutem de 42 semanas ou 294 dias de gestaccedilatildeo (ACOG 2013) Para Amorim (2010) as

gestaccedilotildees aleacutem de 42 semanas ocorrem em aproximadamente 5 dos casos jaacute as aleacutem de 41

semanas em cerca de 10 A causa mais comum de gestaccedilatildeo poacutes-termo eacute o erro de dataccedilatildeo

e quando realmente existe a causa eacute desconhecida sendo a primiparidade o principal fator de

risco associado Mais raramente outros fatores podem estar presentes como a anencefalia

23

deficiecircncia de sulfatase placentaacuteria feto do sexo masculino e predisposiccedilatildeo geneacutetica (BRASIL

2011) O maior temor relacionado agrave gestaccedilatildeo prolongada eacute de que ocorra insuficiecircncia

placentaacuteria com reduccedilatildeo do aporte de nutriente e oxigecircnio para o bebecirc o que pode acarretar

aumento da morbidade e mortalidade perinatal Com maior frequecircncia de morte perinatal

anormalidade da frequecircncia cardiacuteaca fetal intraparto eliminaccedilatildeo de mecocircnio macrossomia e

cesariana (AMORIM 2010)

No Brasil tem sido frequente a indicaccedilatildeo de cesariana quando a gestaccedilatildeo ultrapassa 40

semanas sobretudo no setor privado poreacutem esta conduta natildeo eacute corroborada por evidecircncias

Amorim (2010) em compilado sobre o tema cita uma revisatildeo sistemaacutetica publicada em 2003 na

qual concluiacuteram que a induccedilatildeo do parto a partir de 41 semanas quando comparada agrave conduta

expectante resultou em menor taxa de cesaacuterias (201 x 22) e de liacutequido amnioacutetico meconial

(224 x 277) poreacutem natildeo houve diferenccedila em termos de mortalidade perinatal escores de

Apgar admissatildeo em UTI neonatal e siacutendrome de aspiraccedilatildeo meconial Em 2012 outra revisatildeo

sistemaacutetica disponiacutevel na biblioteca Cochrane incluindo 22 ensaios cliacutenicos randomizados e

9383 mulheres submetidas aacute induccedilatildeo do parto mostrou reduccedilatildeo significativa do risco relativo de

morte perinatal e de cesariana Natildeo houve diferenccedila na taxa de natimortos ou de morte

neonatal nos dois grupos A incidecircncia da siacutendrome de aspiraccedilatildeo meconial foi menor no grupo

submetido agrave induccedilatildeo do parto poreacutem natildeo houve diferenccedila na frequecircncia de asfixia perinatal

baixos escores de Apgar e admissatildeo em UTI neonatal Os autores sugerem que a induccedilatildeo do

parto a partir de 41 semanas reduz as taxas de cesariana sem comprometer o prognoacutestico

perinatal Aleacutem disso o estudo mostrou maior satisfaccedilatildeo das gestantes submetidas agrave induccedilatildeo

do parto Recomenda-se que as mulheres sejam esclarecidas sobre riscos e benefiacutecios

associados agrave induccedilatildeo do parto a partir de 41 semanas (AMORIM 2010)

Posiccedilatildeo de parto

Os benefiacutecios da livre movimentaccedilatildeo da parturiente durante o trabalho de parto tais como a

reduccedilatildeo de sua duraccedilatildeo melhora do conforto materno e reduccedilatildeo do uso de analgeacutesicos satildeo

sustentados por evidecircncias cientiacuteficas (SOUSA 2013) A adoccedilatildeo de postura vertical e

movimentaccedilatildeo podem aleacutem de diminuir a dor materna facilitar a circulaccedilatildeo materno-fetal e a

descida do feto na pelve materna melhorar as contraccedilotildees uterinas e diminuir o trauma perineal

24

(SILVA 2011)

A OMS (1996) classifica como praacuteticas demonstradamente uacuteteis e que devem ser estimuladas

(categoria A) a liberdade de posiccedilatildeo e movimento durante o trabalho de parto e o estiacutemulo a

posiccedilotildees natildeo supinas durante o trabalho de parto Jaacute o uso rotineiro de posiccedilatildeo supina

(decuacutebito dorsal) durante o trabalho de parto e o uso de rotina da posiccedilatildeo de litotomia com ou

sem perneiras durante o trabalho de parto satildeo classificadas como praacuteticas claramente

prejudiciais e que devem ser eliminadas (categoria B)

Uma revisatildeo sistemaacutetica sobre assistecircncia ao segundo e terceiro periacuteodos do trabalho de parto

publicada em 2010 mostra que a posiccedilatildeo supina tem sido amplamente usada no segundo

periacuteodo do trabalho de parto contrariando a evidecircncia fisioloacutegica da reduccedilatildeo da eficiecircncia

uterina e do fluxo sanguiacuteneo placentaacuterio nessa posiccedilatildeo A posiccedilatildeo litotocircmica eacute ainda

recomendada em alguns tratados tradicionais de Obstetriacutecia mas as posiccedilotildees alternativas

incluem uma gama de posiccedilotildees que podem trazer benefiacutecios para o parto posiccedilatildeo lateral

(Sims) vertical (sentada semi-sentada de coacutecoras ou ajoelhada) e de quatro apoios A

imersatildeo em aacutegua durante o periacuteodo expulsivo do trabalho de parto aumentou o registro de

satisfaccedilatildeo por parte das parturientes no que diz respeito aos puxos mas ainda natildeo haacute

evidecircncias sobre os efeitos da imersatildeo em aacutegua no segundo estaacutegio especialmente sobre a

morbidade materna e neonatal (AMORIM 2010)

Estudos apontam que posiccedilotildees verticalizadas ou a posiccedilatildeo lateral associaram-se com reduccedilatildeo

da duraccedilatildeo do segundo periacuteodo do parto reduccedilatildeo nas anormalidades da frequecircncia cardiacuteaca

fetal bem como reduccedilatildeo de relatos de dor grave e episiotomia Ocorre no entanto maior perda

de sangue estimada (acima de 500 mL) sem repercussotildees cliacutenicas consideraacuteveis A conclusatildeo

dos revisores eacute que as mulheres devem ser encorajadas a parir na posiccedilatildeo que lhes for mais

confortaacutevel com o balanccedilo das evidecircncias a favor das posturas natildeo supinas (AMORIM 2010)

Mouta et al (2008) e Rocha Fonseca (2010) encontraram percentuais entre 50 e 78 de

posiccedilatildeo vertical em partos assistidos exclusivamente por enfermeiras obstetras em

maternidades puacuteblicas do Rio de Janeiro Em um CPN de Satildeo Paulo apenas 13 dos partos

foram assistidos em posiccedilatildeo horizontal contra 776 assistidos em posiccedilatildeo vertical (SOUZA

2011)

25

Sousa (2013) observou em seu estudo com 61 mulheres assistidas em Hospital da rede puacuteblica

de Belo Horizonte que mais de 75 pariram deitadas de costas com pernas levantadas sem

uso de perneiras As demais mulheres deram a luz em posiccedilatildeo de coacutecoras (98) deitada de

lado (66) sentadareclinada (66) ou Gaskin (16)

A maternidade do HRTN faz parte da rede de hospitais de Belo Horizonte que assinou o Termo

de Compromisso das Maternidades do SUS-BH estabelecido pela Comissatildeo Perinatal da

Secretaria Municipal de Sauacutede de Belo Horizonte (SMSA-BH) o qual estabelece metas para

diversos indicadores assistenciais objetivando humanizar a assistecircncia e reduzir as taxas de

cesariana nas maternidades da rede puacuteblica de Belo Horizonte No que se refere a posiccedilatildeo de

parto a SMSA-BH tem como meta que mais de 70 dos partos sejam realizados em posiccedilatildeo

natildeo supina Segundo dados institucionais fornecidos pela coordenaccedilatildeo da maternidade sobre

todos os partos do HRTN no mesmo periacuteodo deste estudo a taxa de partos em posiccedilatildeo natildeo

supina variou de 6202 em abril de 2014 a 8138 em abril de 2013

Diante dos resultados deste estudo eacute possiacutevel inferir que no HRTN a equipe incentiva e apoia o

uso de deambulaccedilatildeo e posiccedilotildees verticalizadas durante o trabalho de parto e periacuteodo expulsivo

As mulheres devem orientadas sobre os benefiacutecios da verticalizaccedilatildeo para a evoluccedilatildeo do

trabalho de parto No momento do parto deve haver incentivo agrave livre escolha da posiccedilatildeo dentro

das possibilidades da maternidade Ainda natildeo haacute disponibilidade de parto com imersatildeo em

aacutegua mas haacute quartos PPP (preacute-parto parto e poacutes-parto) com chuveiro bola suiacuteccedila banquinho

meia lua escada de Ling e espaccedilo fiacutesico que permite deambulaccedilatildeo Em alguns plantotildees a

equipe conta com a participaccedilatildeo das Doulas no cuidado agrave mulher em trabalho de parto

Os resultados deste estudo satildeo similares aos encontrados por Sousa (2013) o que mostra que

ambas as instituiccedilotildees componentes do SUS em Belo Horizonte que tem atuaccedilatildeo efetiva das

enfermeiras obstetras estimulam o parto em posiccedilotildees verticalizadas e provavelmente

respeitam a livre escolha da posiccedilatildeo de parto

O fato da maior parte dos partos serem em posiccedilatildeo semi-sentada gera certa inquietaccedilatildeo pois

26

sabe-se que esta posiccedilatildeo permite maior controle e melhor visibilidade sendo cocircmoda para o

profissional que assiste ao parto Outra justificativa possiacutevel para a grande porcentagem de

partos semi-sentada pode ser a falta de informaccedilatildeo eou orientaccedilatildeo das

mulheresacompanhantes sobre a possibilidade de parirem em outras posiccedilotildees que lhe sejam

confortaacuteveis Ressalta-se a necessidade de orientaccedilatildeo e incentivo quanto agrave liberdade de

posiccedilatildeo e sobre os benefiacutecios das posiccedilotildees verticalizadas para o trabalho de parto e periacuteodo

expulsivo desmitificando a claacutessica posiccedilatildeo de parto e empoderando-as a escolher a posiccedilatildeo

que lhes for mais confortaacutevel

Episiotomia

A episiotomia foi inicialmente proposta com o objetivo de facilitar o parto reduzindo o trauma

perineal e facilitando o reparo Entretanto natildeo obstante a indicaccedilatildeo de livros-texto sua

realizaccedilatildeo de rotina natildeo pode ser recomendada uma vez que existem vaacuterias evidecircncias de que

natildeo eacute necessaacuteria e de que pode ser prejudicial (AMORIM 2010)

Entre as principais morbidades relacionadas agrave episiotomia estatildeo a dor perineal e o

sangramento aumentado Nesses casos devido a urgecircncia os traumas perineais muitas vezes

satildeo suturados sem a boa visualizaccedilatildeo do local podendo produzir acidentes com lesatildeo no trato

geniturinaacuterio e nas estruturas do assoalho peacutelvico causando hipermobilidade uretral e prolapso

genital Apoacutes o parto tambeacutem podem surgir hematuacuteria incapacidade vesical e incontinecircncia

urinaacuteria (RIESCO et al 2011)

A OMS (1996) considera o uso liberal e rotineiro de episiotomia uma praacutetica claramente

prejudicial e que deve ser eliminada (categoria B) Embora os dados disponiacuteveis na literatura

revelem que a realizaccedilatildeo de episiotomia natildeo cumpre os objetivos que justificariam sua

realizaccedilatildeo de forma rotineira sejam eles a prevenccedilatildeo de lesotildees nas genitais da matildee ou na

cabeccedila do receacutem-nascido ainda hoje tal intervenccedilatildeo permanece sendo usada de forma

abusiva em muitas instituiccedilotildees de sauacutede

Em revisatildeo sistemaacutetica incluindo oito ensaios cliacutenicos (n=5541) observou-se que comparada

agrave episiotomia de rotina a episiotomia seletiva (com indicaccedilatildeo precisa) esteve associada com

27

menos trauma perineal grave menor necessidade de suturas menos complicaccedilotildees na

cicatrizaccedilatildeo e mais trauma perineal anterior Natildeo houve diferenccedila na frequecircncia de trauma

vaginal ou perineal grave dispareunia incontinecircncia urinaacuteria ou dor intensa Os revisores

recomendam que a episiotomia natildeo seja realizada rotineiramente e quando necessaacuteria seja

realizada com o consentimento poacutes-informaccedilatildeo da parturiente (AMORIM 2010)

Cesar (2011) encontrou ocorrecircncia meacutedia de episiotomia de 72 entre as 2557 gestantes

estudadas no Sul do Brasil Houve variaccedilatildeo de 86 entre as adolescentes e 66 entre as

demais matildees As taxas encontradas foram bastante elevadas principalmente entre as

adolescentes o que indica baixa incorporaccedilatildeo de praacuteticas baseadas em evidecircncia na

assistecircncia ao parto no cenaacuterio do estudo

Em contrapartida Sousa (2013) verificou em seu estudo em uma maternidade da rede puacuteblica

de Belo Horizonte iacutendice de episiotomia em torno de 11 e observou seguranccedila na praacutetica dos

profissionais de sauacutede envolvidos na assistecircncia ao parto da instituiccedilatildeo estudada no que se

refere ao uso seletivo desse procedimento e aos criteacuterios de utilizaccedilatildeo Tal instituiccedilatildeo tem

princiacutepios humanizados e grande inserccedilatildeo de enfermeiras obstetras na assistecircncia ao parto o

que pode tambeacutem ter justificado a baixa taxa de episiotomia encontrada

Considerando todos os partos realizados no HRTN no periacuteodo deste estudo a taxa de

episiotomia variou entre 90 em abril de 2013 a 149 em abril de 2014 A SMSA-BH tem

como meta de realizaccedilatildeo de episiotomia em menos de 30 dos partos vaginais Considerando

os 1434 partos assistidos por EO no mesmo periacuteodo a taxa de episiotomia foi de 46 o que

mostra uso criterioso do procedimento por parte desta categoria profissional

No presente estudo a taxa de episiotomia foi 42 Nestes casos a episiotomia pode ter sido

indicada devido a periacuteneo resistente no intuito de prevenir laceraccedilotildees graves mesmo que natildeo

haja respaldo cientiacutefico para tal praacutetica Tambeacutem em situaccedilotildees de estado fetal natildeo

tranquilizador durante o periacuteodo expulsivo jaacute com o feto em planos avanccedilados no intuito de

acelerar o nascimento ou mesmo por distoacutecia de ombro ou outra complicaccedilatildeo sendo uma

decisatildeo conjunta entre preceptor e residente Deve-se considerar que a baixas taxas de

28

episiotomia nos partos assistidos por enfermeiras residentes satildeo reflexo da atuaccedilatildeo da

preceptoria tanto de enfermeiras obstetras como de meacutedicos obstetras A episiotomia natildeo foi

realizada em 9538 dos partos o que mostra que as residentes em enfermagem obsteacutetrica

faziam uso seletivo do procedimento Um aspecto relevante deste estudo eacute que mesmo com a

baixa taxa de episiotomia encontrou-se pequenas taxas de laceraccedilotildees perineais de terceiro

(28) e quarto grau (028) Isso aponta para um modelo de assistecircncia obsteacutetrico com

incorporaccedilatildeo de praacuteticas baseadas em evidecircncias cientiacuteficas na maternidade do HRTN

Contato pele a pele

As praacuteticas referentes ao contato da matildee com seu bebecirc e ao aleitamento materno ainda na

sala de parto satildeo tambeacutem indicadores relevantes da qualidade da atenccedilatildeo ao parto

humanizado e segundo a OMS (1996) e MS (2001) deve ser encorajada no parto normal

(categoria A)

O passo quatro da Iniciativa Hospital Amigo da Crianccedila (IHAC) preconiza que os bebecircs que

tenham condiccedilotildees cliacutenicas favoraacuteveis permaneccedilam por pelo menos uma hora junto agrave pele da

matildee e que iniciem o aleitamento materno ainda na primeira meia hora apoacutes o nascimento

independentemente da via de parto (BRASIL 2010)

O contato pele a pele precoce melhora os resultados neonatais em termos de menor choro e

maior estabilidade cardiorrespiratoacuteria e aumenta significativamente o sucesso da

amamentaccedilatildeo sem efeitos negativos aparentes em curto e longo prazo segundo estudo de

meta-anaacutelise O contato pele a pele da matildee com o receacutem-nascido por pelo menos 30 minutos

na primeira hora de vida aleacutem de propiciar o envolvimento matildee-filho e o aleitamento materno

eacute um indicativo de que o parto transcorreu adequadamente Aleacutem disso favorece o viacutenculo

afetivo propiciando o reconhecimento entre matildee e filho pode aumentar a autoestima materna

diminuir a ansiedade melhorar os sentimentos de aceitaccedilatildeo do seu novo papel e a satisfaccedilatildeo

durante o processo de parto (MOORE et al 2012)

Apesar de o contato pele a pele ser uma praacutetica demonstradamente uacutetil e que deve ser

encorajada no parto normal especificamente tambeacutem pode e deve ser promovida no parto

29

operatoacuterio Sousa (2013) verificou em sua pesquisa que dos 89 receacutem-nascidos vivos o

contato precoce entre matildee e filho foi garantido em mais de 77 dos partos embora a maior

frequecircncia tenha ocorrido entre os filhos nascidos de parto normal

Na maternidade do HRTN o contato pele a pele eacute incentivado e apoiado por toda a equipe

multiprofissional sendo uma praacutetica consolidada conforme apontam os resultados deste

estudo As parturientes devem ser orientadas sobre os benefiacutecios desta praacutetica e preparadas

para receber seus RN apoacutes o nascimento A assistecircncia ao RN estaacutevel deve ser feita

preferencialmente no colo da matildee e quando houver necessidade de encaminhar o RN ao

berccedilo aquecido assim que este estabelecer condiccedilotildees favoraacuteveis deve retornar para o contato

pele a pele Assim como o contato pele a pele a amamentaccedilatildeo na primeira hora de vida

tambeacutem deve ser apoiada e estimulada respeitando o desejo da mulher

No presente estudo o contato pele a pele na primeira hora de vida foi realizado em 9440 dos

partos Os 475 em que natildeo foi realizado pode ter como justificativa o nascimento de um RN

deprimido sem condiccedilotildees cliacutenicas de permanecer com a matildee e que necessitaram de

assistecircncia pediaacutetrica seja reanimaccedilatildeo neonatal ou transferecircncia para unidade neonatal

Tambeacutem pode ter como justificativa impossibilidade materna ou desejo de natildeo realizar contato

pele a pele

Pela pactuaccedilatildeo da maternidade em estudo com a SMSA-BH a meta eacute que 100 dos receacutem-

nascidos vivos realizem contato pele a pele efetivo na primeira hora de vida Considerando

todos os partos realizados na instituiccedilatildeo no mesmo periacuteodo deste estudo este indicador variou

entre 905 em abril de 2013 a 960 em agosto de 2013 segundo dados institucionais

fornecidos pela coordenaccedilatildeo a maternidade Estes dados sinalizam boa incorporaccedilatildeo desta

praacutetica pela equipe mas indicam tambeacutem necessidade de melhoria para que seja atingida a

meta

Acompanhante

A presenccedila de acompanhante durante todo o periacuteodo de internaccedilatildeo eacute um direito conquistado

pelas mulheres assegurado na Lei nordm 111082005 regulamentado pelo Ministeacuterio da Sauacutede

30

pela Portaria nordm 24182005 portanto obrigatoacuterio em todas as instituiccedilotildees sejam elas puacuteblicas

ou privadas (BRASIL 2005) Esta praacutetica eacute classificada pela OMS como demonstradamente uacutetil

e que deve ser estimulada (categoria A)

A presenccedila do acompanhante durante o processo de parturiccedilatildeo pode proporcionar bem-estar

fiacutesico e emocional agrave mulher e benefiacutecios clinicamente significativos ao binocircmio matildee-filho Os

efeitos do suporte agrave mulher foram encontrados em recente meta-anaacutelise e estatildeo associados agrave

menor duraccedilatildeo do trabalho de parto uso de ocitocina reduccedilatildeo de cesariana e de partos

vaginais instrumentais diminuindo ainda a utilizaccedilatildeo de analgesia intraparto e melhorando os

iacutendices de Apgar no quinto minuto (SOUSA 2013)

Outros estudos destacam ainda a importacircncia do acompanhante quando este se envolve natildeo

soacute no apoio fiacutesico e emocional mas tambeacutem no desenvolvimento junto agrave parturiente de accedilotildees

como massagem auxiacutelio e encorajamento durante a deambulaccedilatildeo banho e tambeacutem no

periacuteodo expulsivo o que proporciona tambeacutem maior grau de satisfaccedilatildeo com o parto Sousa

(2013) verificou em sua pesquisa que quase a totalidade (922) das mulheres assistidas em

uma instituiccedilatildeo de sauacutede da rede puacuteblica de Belo Horizonte permaneceu com o acompanhante

de sua escolha durante o periacuteodo de internaccedilatildeo sendo a maioria o companheiro pai da

crianccedila (627)

No HRTN a presenccedila de acompanhante familiar de livre escolha eacute uma praacutetica consolidada

pela instituiccedilatildeo e apoiada pela equipe multiprofissional A valorizaccedilatildeo do acompanhante deve

acontece em todas as etapas da internaccedilatildeo durante o trabalho de parto os acompanhantes

podem ser encorajados a participar ativamente no apoio agrave parturiente ofertando meacutetodos

alternativos para aliacutevio da dor como massagens por exemplo No momento do parto quando

possiacutevel pode ser oferecido ao familiar que corte o cordatildeo umbilical o que pode ter grande

representaccedilatildeo simboacutelica para aquela famiacutelia No puerpeacuterio os acompanhantes devem ser

orientados junto aacute mulher sobre os cuidados com o RN aleitamento materno e como apoiar a

matildee na nova fase

No presente estudo houve acompanhante familiar em 960 dos partos assistidos pelas

enfermeiras residentes Partos sem acompanhante familiar foram apenas 37 Estes dados

31

corroboram com a afirmaccedilatildeo de que a presenccedila do acompanhante familiar eacute uma praacutetica

consolidada e respeitada pela equipe da maternidade do HRTN

Analgesia

Meacutetodos natildeo farmacoloacutegicos

A OMS (1996) recomenda que o uso de meacutetodos natildeo farmacoloacutegicos para aliacutevio da dor deve

ser privilegiado durante a assistecircncia ao trabalho de parto considerando-os como ldquopraacuteticas

reconhecidamente uacuteteis e que devem ser estimuladasrdquo Categoria A na recomendaccedilatildeo de boas

praacuteticas na assistecircncia ao parto

Entre as praacuteticas natildeo medicamentosas tem-se estudado o uso de acupuntura acupressura

hipnose teacutecnicas de relaxamento e respiraccedilatildeo aplicaccedilatildeo de frio e calor aromaterapia

aacuteudioanalgesia massagem deambulaccedilatildeo e banho de imersatildeo durante o parto (SILVA 2011)

Em um estudo de revisatildeo sistemaacutetica foram incluiacutedos 14 ensaios com 1448 parturientes que

utilizaram diferentes formas de tratamento para a dor (acupuntura hipnose audioanalgesia

aromaterapia massagem e relaxamento) A hipnose mostrou-se efetiva em termos de reduzir a

necessidade de meacutetodos farmacoloacutegicos para aliacutevio da dor aumentando o grau de satisfaccedilatildeo

materna Maior chance de parto vaginal e reduccedilatildeo da necessidade de analgesia A acupuntura

tambeacutem se associou a uma menor intensidade da dor e reduccedilatildeo do uso de ocitocina A eficaacutecia

de meacutetodos como acupressatildeo aromaterapia aacuteudioanalgesia relaxamento e massagem natildeo foi

ainda estabelecida sendo necessaacuterios ensaios cliacutenicos randomizados para avaliaccedilatildeo dessas

terapias complementares para aliacutevio da dor durante o trabalho de parto (PORTO 2010)

Deve-se considerar que o suporte contiacutenuo intraparto e as posiccedilotildees verticalizadas durante o

parto tambeacutem se associam agrave reduccedilatildeo da dor e maior grau de satisfaccedilatildeo materna como jaacute

demonstrado em revisotildees sistemaacuteticas A imersatildeo em aacutegua em banheiras ou similares durante

o trabalho de parto tem sido investigada como um meacutetodo de promoccedilatildeo de relaxamento e aliacutevio

da dor Em uma revisatildeo sistemaacutetica de 11 ensaios cliacutenicos a imersatildeo em aacutegua foi associada agrave

reduccedilatildeo no uso de analgesia e reduccedilatildeo no relato de dor sem prejudicar a duraccedilatildeo do trabalho

de parto as taxas de partos ciruacutergicos ou o bem-estar neonatal (PORTO 2010)

32

A SMSA-BH recomenda que os meacutetodos natildeo farmacoloacutegicos para aliacutevio da dor sejam ofertados

a 100 das mulheres em trabalho de parto De acordo com dados institucionais fornecidos

pela coordenaccedilatildeo da maternidade a oferta variou entre 7571 em julho de 2013 a 8778 em

julho de 2013 considerando todos os partos realizados na instituiccedilatildeo no periacuteodo de abril de

2013 a abril de 2014

No livro fonte de dados deste estudo a oferta de meacutetodos natildeo farmacoloacutegicos natildeo eacute registrada

natildeo sendo possiacutevel quantificar estes dados nos partos assistidos por REO mas pode-se inferir

que esta eacute uma praacutetica adotada pelas enfermeiras obstetras e residentes quando se observa

por exemplo as baixas taxas de analgesia farmacoloacutegica em torno de 16 nos partos

assistidos por estas profissionais

Meacutetodos farmacoloacutegicos

Classicamente vaacuterios meacutetodos farmacoloacutegicos foram propostos mas existe consenso

atualmente de que se algum meacutetodo farmacoloacutegico for indicado para aliacutevio da dor durante o

trabalho de parto a analgesia regional com peridural ou teacutecnica combinada (raquidiana e

peridural) deve ser empregada preferencialmente em relaccedilatildeo ao uso de opioacuteides sistecircmicos ou

analgesia inalatoacuteria A teacutecnica ideal para analgesia de parto deveria ter miacutenima ou ausente

transferecircncia placentaacuteria ausecircncia de efeitos sobre o fluxo sanguiacuteneo uteroplacentaacuterio efeitos

miacutenimos e reversiacuteveis sobre o feto e neonato ausecircncia de efeito ocitoacutecico ou tocoliacutetico e

ausecircncia de bloqueio motor (PORTO 2010)

Uma revisatildeo sistemaacutetica realizada em 2011 incluindo 38 estudos comprovou a eficaacutecia da

analgesia peridural para reduccedilatildeo da dor de mulheres durante o processo de parto mas

tambeacutem revelou maior risco de parto instrumental maior necessidade de ocitocina e aumento

da duraccedilatildeo do segundo estaacutegio do parto Natildeo houve associaccedilatildeo dessa intervenccedilatildeo com risco

de cesariana cefaleacuteia e escores de Apgar menores que sete no quinto minuto (AMORIM

2011)

Na maternidade em estudo a analgesia farmacoloacutegica seja por teacutecnica peridural ou

raquianestesia eacute considerada um direito da mulher de acordo com os princiacutepios da

humanizaccedilatildeo e eacute ofertada conforme desejo da parturiente apoacutes a oferta de diferentes meacutetodos

33

natildeo farmacoloacutegicos para aliacutevio da dor e sob orientaccedilotildees sobre os riscos e benefiacutecios do

procedimento ou nos casos em que haacute indicaccedilatildeo cliacutenica para realizaccedilatildeo do mesmo A teacutecnica

de analgesia empregada na instituiccedilatildeo permite na maior parte dos casos a deambulaccedilatildeo

movimentaccedilatildeo e uso concomitante de outros meacutetodos alternativos de aliacutevio da dor como

chuveiro Isto pode influenciar para o desfecho favoraacutevel dos partos conforme mostram as

evidecircncias sobre movimentaccedilatildeo e verticalizaccedilatildeo durante o trabalho de parto

A SMSA-BH recomenda a utilizaccedilatildeo de analgesia quando esgotados os recursos natildeo

farmacoloacutegicos para aliacutevio da dor em torno de 30 dos partos normais A proporccedilatildeo de parto

normal com analgesia variou de 141 em janeiro de 2014 e 279 em agosto de 2013

considerando todos os partos realizados na instituiccedilatildeo no mesmo periacuteodo deste estudo

Considerando os 1434 assistidos por EO no periacuteodo do estudo 147 recebeu analgesia por

teacutecnica peridural e 11 raquidiana Os demais 841 dos partos foi sem analgesia

farmacoloacutegica

No presente estudo a analgesia farmacoloacutegica foi realizada em 176 dos partos sendo 166

por teacutecnica peridural e 11 raquidiana Analgesia natildeo foi realizada em 822 dos partos

assistidos por REO Estes dados demonstram que a oferta de meacutetodos natildeo farmacoloacutegicos

para aliacutevio da dor pode ter sido influenciado positivamente na escolha da parturiente em

receber ou natildeo a analgesia farmacoloacutegica

Laceraccedilotildees perineais

Laceraccedilotildees perineais satildeo traumas em estruturas componentes da vagina que podem ocorrer

de forma espontacircnea durante a passagem do feto pelo canal de parto ou em decorrecircncia de

episiotomia as quais podem se prolongar

A laceraccedilatildeo de primeiro grau eacute aquela que natildeo atinge nenhum muacutesculo estendendo-se atraveacutes

da fuacutercula mucosa vaginal e da pele Jaacute a laceraccedilatildeo de segundo grau acomete os muacutesculos

perineais poreacutem sem lesatildeo do esfiacutencter retal A laceraccedilatildeo de terceiro grau atinge essa

estrutura e algumas vezes prolonga-se ateacute a parede anterior do reto Neste uacuteltimo caso em

que a parede do reto eacute comprometida por vezes utiliza-se o termo laceraccedilatildeo de quarto grau

As laceraccedilotildees de primeiro e segundo grau satildeo consideradas leves e laceraccedilotildees de terceiro e

34

quarto grau satildeo consideradas graves pois podem levar agrave incontinecircncia urinaacuteria e fecal sendo

estas uacuteltimas mais raras (REZENDE 2005)

A ocorrecircncia de laceraccedilotildees perineais no parto normal depende de diversos fatores que podem

estar relacionados agraves condiccedilotildees maternas ao feto ao parto em si e ao prestador de serviccedilo

Embora estes fatores natildeo estejam definitivamente estabelecidos existem evidecircncias indicando

o local do parto e o profissional que assiste a escolaridade materna a paridade a altura do

periacuteneo a duraccedilatildeo do segundo estaacutegio do parto a cicatriz perineal anterior a infusatildeo de

ocitocina a posiccedilatildeo no parto a analgesia farmacoloacutegica os puxos dirigidos as manobras de

proteccedilatildeo perineal o peso e o periacutemetro cefaacutelico do RN como fatores relacionados entre

outros Quanto a integridade perineal sua chance aumenta entre as mulheres com um ou mais

partos vaginais anteriores (RIESCO et al 2011)

Estudos tambeacutem tecircm buscado associaccedilatildeo entre a posiccedilatildeo materna no parto e as laceraccedilotildees

perineais Sousa (2013) verificou que a posiccedilatildeo deitada de lado juntamente com a posiccedilatildeo de

coacutecoras foram as que tiveram maior ocorrecircncia de laceraccedilotildees de primeiro grau principalmente

com 750 e 833 dos casos respectivamente Essas duas posiccedilotildees tambeacutem foram as que

mais favoreceram para que as mulheres tivessem laceraccedilotildees na pesquisa desenvolvida por

Souza (2011) em um CPN do Rio de Janeiro com incidecircncia de 502 nos partos assistidos

em posiccedilatildeo lateral e 696 naqueles assistidos de coacutecoras Em ambas pesquisas a posiccedilatildeo de

Gaskin foi a que teve menor incidecircncia de traumas perineais seguida da posiccedilatildeo

sentadareclinada

Entre as principais morbidades relacionadas estatildeo a dor perineal e o sangramento aumentado

Apoacutes o parto tambeacutem podem surgir hematuacuteria incapacidade vesical e incontinecircncia urinaacuteria A

disfunccedilatildeo geniturinaacuteria e sexual produzida pelo trauma perineal pode ser tambeacutem devida agrave

perda ou diminuiccedilatildeo do tocircnus muscular perineal Poreacutem esse achado contrasta com dados de

outros estudos os quais concluiacuteram que a via de parto a paridade a idade materna o peso do

receacutem-nascido (RN) e a episiotomia natildeo foram fatores determinantes para a reduccedilatildeo da forccedila

muscular perineal Considerando os problemas em curto prazo (perda sanguiacutenea necessidade

de sutura e dor perineal) e em longo prazo (disfunccedilotildees intestinais urinaacuterias e sexuais)

35

associados ao trauma perineal no parto sua prevenccedilatildeo reduccedilatildeo e reparaccedilatildeo adequada satildeo

fatores importantes para as mulheres e os profissionais que as assistem (RIESCO 2010)

Considerando os 1434 partos assistidos por EO em 304 houve periacuteneo iacutentegro 447

laceraccedilotildees de primeiro grau 228 laceraccedilotildees de segundo grau 195 de terceiro grau e

014 de quarto grau Tais resultados satildeo proacuteximos aos verificados neste estudo e

associados com as baixas taxas de episiotomia nos partos assistidos pelas enfermeiras

residentes corroboram com a recomendaccedilatildeo do uso seletivo da episiotomia como um praacutetica

favoraacutevel

Escore de Apgar

O momento de transiccedilatildeo da vida intrauterina para extrauterina eacute crucial para o desenvolvimento

do bebecirc e deve ser minuciosamente preparado e vivenciado Eacute indispensaacutevel que nos

primeiros minutos de vida do neonato seja realizada avaliaccedilatildeo completa e sistemaacutetica visando

identificar desvios da normalidade e que forneccedila agraves informaccedilotildees baacutesicas sobre a vitalidade e a

adaptaccedilatildeo do RN agrave vida fora do ventre materno (BARBOSA 2006)

A avaliaccedilatildeo realizada imediatamente apoacutes o parto eacute composta pelo o escore de Apgar sendo

complementada com a avaliaccedilatildeo do aspecto geral a medida dos sinais vitais e medidas

antropomeacutetricas O iacutendice de Apgar avalia cinco criteacuterios cliacutenicos cor da pele frequecircncia

cardiacuteaca irritabilidade reflexa respiraccedilatildeo e tocircnus muscular O RN eacute avaliado no primeiro e no

quinto minuto de vida e cada criteacuterio garante de 0 a 2 pontos desencadeando assim uma soma

adequada entre 7 e 10 pontos Quando a soma total resulta em 4 a 6 pontos sugere dificuldade

moderada do RN em adaptar-se e menor que 4 pode indicar sofrimento Julga-se assim o grau

de adaptaccedilatildeo imediata e o grau de depressatildeo neuroloacutegica do RN nos primeiros cinco minutos

de vida (SBP 2011)

O iacutendice Apgar tem sido pouco utilizado para avaliar a qualidade de assistecircncia ao parto sendo

considerado um indicador pontual aleacutem de natildeo ser utilizado para determinar o iniacutecio da

reanimaccedilatildeo neonatal No entanto sua aplicaccedilatildeo permite avaliar a resposta do neonato agraves

manobras realizadas e a eficaacutecia dessas manobras O Apgar no quinto minuto eacute mais utilizado

36

para avaliaccedilatildeo da adaptaccedilatildeo do RN por melhor representa-la se comparado ao Apgar de

primeiro minuto Se o escore eacute inferior a 7 no 5ordm minuto recomenda-se realizaacute-lo a cada cinco

minutos ateacute 20 minutos de vida Eacute necessaacuterio documentar o escore de Apgar de maneira

concomitante agrave dos procedimentos de reanimaccedilatildeo executados (SBP 2011)

Eacute importante considerar que um Apgar baixo natildeo eacute necessariamente resultado de uma

assistecircncia ao parto e ao neonato inadequada assim como um bom iacutendice de Apgar natildeo indica

boa qualidade assistencial ao binocircmio Este iacutendice entretanto eacute um bom indicador para

resultados perinatais a longo prazo aleacutem de ser considerado importante preditor da avaliaccedilatildeo

do bem-estar e do prognoacutestico inicial do receacutem-nascido A avaliaccedilatildeo imediata do RN pode ser

feita por pediatra ou outro profissional capacitado para prestar a assistecircncia necessaacuteria desde

o suporte baacutesico ateacute a reanimaccedilatildeo neonatal Na maternidade do HRTN o pediatra eacute o

profissional responsaacutevel pela assistecircncia ao RN na sala de parto A instituiccedilatildeo possui UTI

neonatal para onde satildeo encaminhados os RN que necessitam de cuidados especiacuteficos Os

neonatos que apresentam boa vitalidade satildeo colocados em contato pele a pele com as matildees e

apoacutes permanecem em alojamento conjunto ateacute a alta

Pela SMSA-BH a meta de Apgar lt7 no quinto minuto eacute no maacuteximo 3 Este indicador variou

entre 08 em fevereiro de 2014 a 24 em novembro de 2013 considerando todos os partos

realizados na instituiccedilatildeo no mesmo periacuteodo do estudo ou seja esteve sempre dentro da meta

estabelecida

No presente estudo as dados sobre escore de Apgar foram divididos em Apgar lt7 (644) e gt7

(9356) no primeiro minuto lt7 (084) e gt 7 (9916) no quinto minuto Tais dados mostram

que a quase totalidade dos RN apresentava boas condiccedilotildees de vitalidade no primeiro e quinto

minuto A este dado se associa o incentivo e a alta taxa de contato pele a pele precoce sendo

um dos fatores que contribuem para melhor adaptaccedilatildeo a vida extrauterina aleacutem de assistecircncia

qualificada aos RN que necessitam de cuidados especiacuteficos ou reanimaccedilatildeo

37

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Os resultados deste estudo evidenciam que a assistecircncia ao parto prestada pelas residentes

em enfermagem obsteacutetrica foi coerente com as recomendaccedilotildees de boas praacuteticas em todos os

aspectos analisados consolidando as evidecircncias literaacuterias sobre a assistecircncia ao parto

promovida por enfermeiras obstetras Foi possiacutevel observar maioria de partos em posiccedilotildees

verticalizadas uso seletivo de episiotomia com baixa incidecircncia de laceraccedilotildees perineais

graves alto iacutendice de contato pele a pele presenccedila de acompanhante na maioria dos partos

baixas taxas de analgesia farmacoloacutegica e escores de Apgar que demonstram boa vitalidade

fetal em quase todos os receacutem-nascidos Diante do exposto eacute possiacutevel concluir que a atuaccedilatildeo

das enfermeiras residentes em enfermagem obsteacutetrica contribuiu para a obtenccedilatildeo de

resultados obsteacutetricos e neonatais favoraacuteveis na maternidade do HRTN

Devido agrave forma de organizaccedilatildeo e registro dos procedimentos no livro utilizado para coleta de

dados natildeo foi possiacutevel avaliar algumas praacuteticas obsteacutetricas tais como uso de ocitocina

amniotomia oferta de meacutetodos natildeo farmacoloacutegicos para aliacutevio da dor oferta de liacutequidos

durante o trabalho de parto e uso de partograma Estes dados seriam importantes para uma

anaacutelise mais detalhada sobre a assistecircncia ao parto Os dados institucionais fornecidos pela

coordenaccedilatildeo da maternidade forneceram uma dimensatildeo de algumas destas praacuteticas na

maternidade contudo natildeo foi possiacutevel neste estudo avaliar quantitativamente tais

procedimentos somente nos partos assistidos por enfermeiras residentes Sugere-se ampliaccedilatildeo

dos indicadores no livro de registro e padronizaccedilatildeo no seu preenchimento para melhor

qualificaccedilatildeo dos dados da assistecircncia ao parto prestada elas enfermeiras obstetrasresidentes

A capacitaccedilatildeo profissional no modelo de residecircncia eacute intensa e exige dedicaccedilatildeo A extensa

carga horaacuteria praacutetica aliada agrave teoria satildeo determinantes para uma formaccedilatildeo qualificada e

humana das enfermeiras residentes A possibilidade de atuar efetivamente na assistecircncia em

conjunto com outras categorias profissionais enriquece a formaccedilatildeo abrangendo diferentes

fases e situaccedilotildees do ciclo graviacutedico-puerperal Eacute importante salientar que a capacitaccedilatildeo das

enfermeiras obstetras nesta modalidade pioneira de residecircncia soacute foi possiacutevel graccedilas ao

estiacutemulo governamental com recursos provenientes do programa Rede Cegonha e os

esforccedilos conjuntos da Escola de Enfermagem da UFMG e demais instituiccedilotildees envolvidas

38

Os resultados deste estudo evidenciam a incorporaccedilatildeo do modelo assistencial humanizado e

baseado em evidecircncias cientiacuteficas pela equipe do HRTN O modelo colaborativo de assistecircncia

obsteacutetrica pode gerar resultados favoraacuteveis e promissores com as atuaccedilotildees complementares

entre as diferentes categorias profissionais A praacutetica supervisionada durante todo o processo

de formaccedilatildeo e a avaliaccedilatildeo constante das habilidades adquiridas pelas residentes satildeo

fundamentais para a consolidaccedilatildeo do conhecimento para maior seguranccedila das aprendizes e

para a oferta de uma assistecircncia qualificada e humanizada a mulher receacutem nascido e famiacutelia

A instituiccedilatildeo que acolhe as enfermeiras residentes obteacutem retorno positivo pois a atuaccedilatildeo

preceptorada das mesmas resulta em assistecircncia qualificada que atende a perspectiva da

praacutetica baseada em evidecircncia cientiacutefica segura com baixo custo e bons resultados obsteacutetricos

e neonatais Os resultados da atuaccedilatildeo das enfermeiras residentes refletem o modelo

institucional incorporado o qual eacute transmitido as residentes pelos preceptores O incentivo a

formaccedilatildeo de enfermeiras obstetras eacute fundamental para o fortalecimento desta categoria

profissional para maior inserccedilatildeo destas profissionais em espaccedilos aonde a assistecircncia ao parto

ainda eacute meacutedico-centrada e para mudanccedila do modelo obsteacutetrico hegemocircnico nacional

39

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41

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ROCHA CR FONSECA LC Assistecircncia do enfermeiro obstetra a mulher parturiente em busca do respeito a natureza Rev de Pesq cuidado eacute fundamental v 2 n 2 p 807-816 2010

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SOUZA DOM Partos assistidos por enfermeiras praacuteticas obsteacutetricas realizadas no ambiente hospitalar no periacuteodo de 2004 a 2008 2011 84f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) Faculdade de Enfermagem da Universidade do Estado do Rio de Janeiro Rio de Janeiro RJ 2011

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42

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ANEXO 1

RECOMENDACcedilOtildeES DE BOAS PRAacuteTICAS DE ASSISTEcircNCIA AO PARTO SEGUNDO

CLASSIFICACcedilAtildeO DO MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2001

CATEGORIA A - PRAacuteTICAS DEMONSTRADAMENTE UacuteTEIS E QUE DEVEM SER

ESTIMULADAS

Plano individual determinando onde e por quem o nascimento seraacute realizado feito em

conjunto com a mulher durante a gestaccedilatildeo e comunicado a seu maridocompanheiro

Avaliaccedilatildeo do risco gestacional durante o preacute-natal reavaliado a cada contato com o

sistema de sauacutede

Respeito agrave escolha da matildee sobre o local do parto

Fornecimento de assistecircncia obsteacutetrica no niacutevel mais perifeacuterico onde o parto for viaacutevel e

seguro e onde a mulher se sentir segura e confiante

Respeito ao direito da mulher agrave privacidade no local do parto

Apoio empaacutetico pelos prestadores de serviccedilo durante o trabalho de parto e parto

Respeito agrave escolha da mulher sobre seus acompanhantes durante o trabalho de parto e

parto

Fornecimento agraves mulheres sobre todas as informaccedilotildees e explicaccedilotildees que desejarem

Oferta de liacutequidos por via oral durante o trabalho de parto e parto

Monitoramento fetal por meio de ausculta intermitente

43

Monitoramento cuidadoso do progresso do parto por exemplo por meio do uso do

partograma da OMS

Monitoramento do bem-estar fiacutesico e emocional da mulher durante trabalho e parto e ao

teacutermino do processo de nascimento

Meacutetodos natildeo invasivos e natildeo farmacoloacutegicos de aliacutevio da dor como massagem e

teacutecnicas de relaxamento durante o trabalho de parto

Liberdade de posiccedilatildeo e movimento durante o trabalho de parto

Estiacutemulo a posiccedilotildees natildeo supinas durante o trabalho de parto

Uso rotineiro de ocitocina clampeamento tardio (1 a 3 minutos apoacutes o nascimento) e

traccedilatildeo controlada do cordatildeo durante o 3o estaacutegio do trabalho de parto

Condiccedilotildees esteacutereis ao cortar o cordatildeo

Prevenccedilatildeo da hipotermia do bebecirc

Contato pele a pele precoce entre matildee e filho e apoio ao iniacutecio da amamentaccedilatildeo na

primeira hora apoacutes o parto segundo as diretrizes da OMS sobre Aleitamento Materno

Exame rotineiro da placenta e membranas ovulares

CATEGORIA B - PRAacuteTICAS CLARAMENTE PREJUDICIAIS OU INEFICAZES E QUE DEVEM

SER ELIMINADAS

Uso rotineiro de enema

Uso rotineiro de tricotomia

Infusatildeo intravenosa de rotina no trabalho de parto

Cateterizaccedilatildeo venosa profilaacutetica de rotina

Uso rotineiro de posiccedilatildeo supina (decuacutebito dorsal) durante o trabalho de parto

44

Exame retal

Uso de pelvimetria por Raios-X

Amniotomia precoce de rotina para diminuir a duraccedilatildeo do trabalho de parto

Administraccedilatildeo de ocitoacutecitos em qualquer momento antes do parto de um modo que natildeo

permite controlar seus efeitos

Uso de rotina da posiccedilatildeo de litotomia com ou sem estribos durante o trabalho de parto

Esforccedilo de puxo prolongado e dirigido (manobra de Valsalva) durante o segundo

estaacutegio do trabalho de parto

Massagem e distensatildeo do periacuteneo durante o segundo estaacutegio do trabalho de parto

Uso liberal e rotineiro de episiotomia

Uso de comprimidos orais de ergometrina no terceiro estaacutegio do trabalho de parto com

o objetivo de evitar ou controlar hemorragias

Uso rotineiro de ergometrina parenteral no terceiro estaacutegio do trabalho de parto

Lavagem uterina rotineira apoacutes o parto

Revisatildeo uterina (exploraccedilatildeo manual) rotineira apoacutes o parto

CATEGORIA C - PRAacuteTICAS SEM EVIDEcircNCIAS SUFICIENTES PARA APOIAR UMA

RECOMENDACcedilAtildeO CLARA E QUE DEVEM SER UTILIZADAS COM CAUTELA ATEacute QUE

MAIS PESQUISAS ESCLARECcedilAM A QUESTAtildeO

Meacutetodos natildeo farmacoloacutegicos de aliacutevio de dor durante o trabalho parto como ervas

imersatildeo em aacuteguas e estimulaccedilatildeo dos nervos

Amniotomia e ocitocina precoce de rotina no primeiro estaacutegio do trabalho de parto para

prevenccedilatildeo de progresso inadequado do parto

Pressatildeo do fundo uterino durante o trabalho de parto

45

Manobras relacionadas agrave proteccedilatildeo do periacuteneo e ao manejo do poacutelo cefaacutelico no

momento do parto

Manipulaccedilatildeo ativa do feto no momento do parto

Estimulaccedilatildeo do mamilo para estimular a contratilidade uterina durante o terceiro estaacutegio

do trabalho de parto

CATEGORIA D - PRAacuteTICAS FREQUENTEMENTE USADAS DE MODO INADEQUADO

Restriccedilatildeo hiacutedrica e alimentar durante o trabalho de parto

Controle da dor por agentes sistecircmicos

Controle da dor por analgesia peridural

Monitoramento eletrocircnico fetal

Uso de maacutescaras e aventais esteacutereis durante a assistecircncia ao trabalho de parto

Exames vaginais repetidos ou frequumlentes especialmente por mais de um prestador de

serviccedilo

Correccedilatildeo da dinacircmica com utilizaccedilatildeo de ocitocina

Transferecircncia rotineira da parturiente para outra sala no iniacutecio do segundo estaacutegio do

trabalho de parto

Cateterizaccedilatildeo da bexiga

Estiacutemulo para o puxo quando se diagnostica dilataccedilatildeo cervical completa ou quase

completa antes que a mulher sinta o puxo involuntaacuterio

Clampeamento precoce do cordatildeo umbilical

Adesatildeo riacutegida a uma duraccedilatildeo estipulada do 2deg estaacutegio do trabalho de parto

Parto operatoacuterio e exploraccedilatildeo manual do uacutetero apoacutes o parto

46

ANEXO 2

47

48

ANEXO 3

49

Page 22: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS ESCOLA DE ENFERMAGEM … FINAL ANA … · inserção do estudo foi: partos assistidos por residentes em enfermagem obstétrica, independente se

22

anos primiparidade (mais frequente no primeiro filho) complicaccedilotildees maternas (cliacutenicas ou

obsteacutetricas) atividade fiacutesica aumentada tabagismo uso de cocaiacutena acompanhamento preacute-

natal inadequado ou ausente situaccedilotildees de alto estresse crescimento intrauterino restrito

(CIUR) anomalias congecircnitas polihidracircmnios ruptura prematura de membranas preacute-termo

(RPMPT) descolamento de placenta presenccedila de DIU mioma (particularmente submucoso ou

subplacentaacuterio) anomalias uterinas insuficiecircncia istmo-cervical infecccedilotildees maternas siacutendrome

antifosfoliacutepide trauma cirurgia (RAMOS 2009)

O American College of Obstetricians and Gynecologists (ACOG 2013) classifica a gravidez

aleacutem de 37 semanas da seguinte maneira

Termo precoce entre 37 semanas e 38 semanas e 6 dias

Termo completo entre 39 semanas e 40 semanas e 6 dias

Termo tardio entre 41 semanas e 41 semanas e 6 dias

Poacutes-termo 42 semanas em diante

Neste estudo a grande maioria dos partos assistidos pelas enfermeiras residentes foi de

gestaccedilotildees a termo (900) Tal fato se justifica pela maior atuaccedilatildeo da enfermagem obsteacutetrica

nas gestaccedilotildees de risco habitual A meacutedia de idade gestacional da amostra deste estudo foi de

38 semanas sendo a menor idade gestacional encontrada 24 semanas e a maior 42 semanas

Os partos preacute-termo e poacutes-termo ou seja de maior risco satildeo preferencialmente

acompanhados por meacutedico obstetra Eacute rotina da instituiccedilatildeo em estudo a induccedilatildeo do trabalho

de parto nas gestaccedilotildees acima de 41 semanas Tambeacutem por esse motivo pode-se justificar a

atuaccedilatildeo das enfermeiras residentes em menos de 05 de partos poacutes-termo

O ACOG define gestaccedilatildeo poacutes-termo ou gestaccedilatildeo prolongada como aquela que se estende

aleacutem de 42 semanas ou 294 dias de gestaccedilatildeo (ACOG 2013) Para Amorim (2010) as

gestaccedilotildees aleacutem de 42 semanas ocorrem em aproximadamente 5 dos casos jaacute as aleacutem de 41

semanas em cerca de 10 A causa mais comum de gestaccedilatildeo poacutes-termo eacute o erro de dataccedilatildeo

e quando realmente existe a causa eacute desconhecida sendo a primiparidade o principal fator de

risco associado Mais raramente outros fatores podem estar presentes como a anencefalia

23

deficiecircncia de sulfatase placentaacuteria feto do sexo masculino e predisposiccedilatildeo geneacutetica (BRASIL

2011) O maior temor relacionado agrave gestaccedilatildeo prolongada eacute de que ocorra insuficiecircncia

placentaacuteria com reduccedilatildeo do aporte de nutriente e oxigecircnio para o bebecirc o que pode acarretar

aumento da morbidade e mortalidade perinatal Com maior frequecircncia de morte perinatal

anormalidade da frequecircncia cardiacuteaca fetal intraparto eliminaccedilatildeo de mecocircnio macrossomia e

cesariana (AMORIM 2010)

No Brasil tem sido frequente a indicaccedilatildeo de cesariana quando a gestaccedilatildeo ultrapassa 40

semanas sobretudo no setor privado poreacutem esta conduta natildeo eacute corroborada por evidecircncias

Amorim (2010) em compilado sobre o tema cita uma revisatildeo sistemaacutetica publicada em 2003 na

qual concluiacuteram que a induccedilatildeo do parto a partir de 41 semanas quando comparada agrave conduta

expectante resultou em menor taxa de cesaacuterias (201 x 22) e de liacutequido amnioacutetico meconial

(224 x 277) poreacutem natildeo houve diferenccedila em termos de mortalidade perinatal escores de

Apgar admissatildeo em UTI neonatal e siacutendrome de aspiraccedilatildeo meconial Em 2012 outra revisatildeo

sistemaacutetica disponiacutevel na biblioteca Cochrane incluindo 22 ensaios cliacutenicos randomizados e

9383 mulheres submetidas aacute induccedilatildeo do parto mostrou reduccedilatildeo significativa do risco relativo de

morte perinatal e de cesariana Natildeo houve diferenccedila na taxa de natimortos ou de morte

neonatal nos dois grupos A incidecircncia da siacutendrome de aspiraccedilatildeo meconial foi menor no grupo

submetido agrave induccedilatildeo do parto poreacutem natildeo houve diferenccedila na frequecircncia de asfixia perinatal

baixos escores de Apgar e admissatildeo em UTI neonatal Os autores sugerem que a induccedilatildeo do

parto a partir de 41 semanas reduz as taxas de cesariana sem comprometer o prognoacutestico

perinatal Aleacutem disso o estudo mostrou maior satisfaccedilatildeo das gestantes submetidas agrave induccedilatildeo

do parto Recomenda-se que as mulheres sejam esclarecidas sobre riscos e benefiacutecios

associados agrave induccedilatildeo do parto a partir de 41 semanas (AMORIM 2010)

Posiccedilatildeo de parto

Os benefiacutecios da livre movimentaccedilatildeo da parturiente durante o trabalho de parto tais como a

reduccedilatildeo de sua duraccedilatildeo melhora do conforto materno e reduccedilatildeo do uso de analgeacutesicos satildeo

sustentados por evidecircncias cientiacuteficas (SOUSA 2013) A adoccedilatildeo de postura vertical e

movimentaccedilatildeo podem aleacutem de diminuir a dor materna facilitar a circulaccedilatildeo materno-fetal e a

descida do feto na pelve materna melhorar as contraccedilotildees uterinas e diminuir o trauma perineal

24

(SILVA 2011)

A OMS (1996) classifica como praacuteticas demonstradamente uacuteteis e que devem ser estimuladas

(categoria A) a liberdade de posiccedilatildeo e movimento durante o trabalho de parto e o estiacutemulo a

posiccedilotildees natildeo supinas durante o trabalho de parto Jaacute o uso rotineiro de posiccedilatildeo supina

(decuacutebito dorsal) durante o trabalho de parto e o uso de rotina da posiccedilatildeo de litotomia com ou

sem perneiras durante o trabalho de parto satildeo classificadas como praacuteticas claramente

prejudiciais e que devem ser eliminadas (categoria B)

Uma revisatildeo sistemaacutetica sobre assistecircncia ao segundo e terceiro periacuteodos do trabalho de parto

publicada em 2010 mostra que a posiccedilatildeo supina tem sido amplamente usada no segundo

periacuteodo do trabalho de parto contrariando a evidecircncia fisioloacutegica da reduccedilatildeo da eficiecircncia

uterina e do fluxo sanguiacuteneo placentaacuterio nessa posiccedilatildeo A posiccedilatildeo litotocircmica eacute ainda

recomendada em alguns tratados tradicionais de Obstetriacutecia mas as posiccedilotildees alternativas

incluem uma gama de posiccedilotildees que podem trazer benefiacutecios para o parto posiccedilatildeo lateral

(Sims) vertical (sentada semi-sentada de coacutecoras ou ajoelhada) e de quatro apoios A

imersatildeo em aacutegua durante o periacuteodo expulsivo do trabalho de parto aumentou o registro de

satisfaccedilatildeo por parte das parturientes no que diz respeito aos puxos mas ainda natildeo haacute

evidecircncias sobre os efeitos da imersatildeo em aacutegua no segundo estaacutegio especialmente sobre a

morbidade materna e neonatal (AMORIM 2010)

Estudos apontam que posiccedilotildees verticalizadas ou a posiccedilatildeo lateral associaram-se com reduccedilatildeo

da duraccedilatildeo do segundo periacuteodo do parto reduccedilatildeo nas anormalidades da frequecircncia cardiacuteaca

fetal bem como reduccedilatildeo de relatos de dor grave e episiotomia Ocorre no entanto maior perda

de sangue estimada (acima de 500 mL) sem repercussotildees cliacutenicas consideraacuteveis A conclusatildeo

dos revisores eacute que as mulheres devem ser encorajadas a parir na posiccedilatildeo que lhes for mais

confortaacutevel com o balanccedilo das evidecircncias a favor das posturas natildeo supinas (AMORIM 2010)

Mouta et al (2008) e Rocha Fonseca (2010) encontraram percentuais entre 50 e 78 de

posiccedilatildeo vertical em partos assistidos exclusivamente por enfermeiras obstetras em

maternidades puacuteblicas do Rio de Janeiro Em um CPN de Satildeo Paulo apenas 13 dos partos

foram assistidos em posiccedilatildeo horizontal contra 776 assistidos em posiccedilatildeo vertical (SOUZA

2011)

25

Sousa (2013) observou em seu estudo com 61 mulheres assistidas em Hospital da rede puacuteblica

de Belo Horizonte que mais de 75 pariram deitadas de costas com pernas levantadas sem

uso de perneiras As demais mulheres deram a luz em posiccedilatildeo de coacutecoras (98) deitada de

lado (66) sentadareclinada (66) ou Gaskin (16)

A maternidade do HRTN faz parte da rede de hospitais de Belo Horizonte que assinou o Termo

de Compromisso das Maternidades do SUS-BH estabelecido pela Comissatildeo Perinatal da

Secretaria Municipal de Sauacutede de Belo Horizonte (SMSA-BH) o qual estabelece metas para

diversos indicadores assistenciais objetivando humanizar a assistecircncia e reduzir as taxas de

cesariana nas maternidades da rede puacuteblica de Belo Horizonte No que se refere a posiccedilatildeo de

parto a SMSA-BH tem como meta que mais de 70 dos partos sejam realizados em posiccedilatildeo

natildeo supina Segundo dados institucionais fornecidos pela coordenaccedilatildeo da maternidade sobre

todos os partos do HRTN no mesmo periacuteodo deste estudo a taxa de partos em posiccedilatildeo natildeo

supina variou de 6202 em abril de 2014 a 8138 em abril de 2013

Diante dos resultados deste estudo eacute possiacutevel inferir que no HRTN a equipe incentiva e apoia o

uso de deambulaccedilatildeo e posiccedilotildees verticalizadas durante o trabalho de parto e periacuteodo expulsivo

As mulheres devem orientadas sobre os benefiacutecios da verticalizaccedilatildeo para a evoluccedilatildeo do

trabalho de parto No momento do parto deve haver incentivo agrave livre escolha da posiccedilatildeo dentro

das possibilidades da maternidade Ainda natildeo haacute disponibilidade de parto com imersatildeo em

aacutegua mas haacute quartos PPP (preacute-parto parto e poacutes-parto) com chuveiro bola suiacuteccedila banquinho

meia lua escada de Ling e espaccedilo fiacutesico que permite deambulaccedilatildeo Em alguns plantotildees a

equipe conta com a participaccedilatildeo das Doulas no cuidado agrave mulher em trabalho de parto

Os resultados deste estudo satildeo similares aos encontrados por Sousa (2013) o que mostra que

ambas as instituiccedilotildees componentes do SUS em Belo Horizonte que tem atuaccedilatildeo efetiva das

enfermeiras obstetras estimulam o parto em posiccedilotildees verticalizadas e provavelmente

respeitam a livre escolha da posiccedilatildeo de parto

O fato da maior parte dos partos serem em posiccedilatildeo semi-sentada gera certa inquietaccedilatildeo pois

26

sabe-se que esta posiccedilatildeo permite maior controle e melhor visibilidade sendo cocircmoda para o

profissional que assiste ao parto Outra justificativa possiacutevel para a grande porcentagem de

partos semi-sentada pode ser a falta de informaccedilatildeo eou orientaccedilatildeo das

mulheresacompanhantes sobre a possibilidade de parirem em outras posiccedilotildees que lhe sejam

confortaacuteveis Ressalta-se a necessidade de orientaccedilatildeo e incentivo quanto agrave liberdade de

posiccedilatildeo e sobre os benefiacutecios das posiccedilotildees verticalizadas para o trabalho de parto e periacuteodo

expulsivo desmitificando a claacutessica posiccedilatildeo de parto e empoderando-as a escolher a posiccedilatildeo

que lhes for mais confortaacutevel

Episiotomia

A episiotomia foi inicialmente proposta com o objetivo de facilitar o parto reduzindo o trauma

perineal e facilitando o reparo Entretanto natildeo obstante a indicaccedilatildeo de livros-texto sua

realizaccedilatildeo de rotina natildeo pode ser recomendada uma vez que existem vaacuterias evidecircncias de que

natildeo eacute necessaacuteria e de que pode ser prejudicial (AMORIM 2010)

Entre as principais morbidades relacionadas agrave episiotomia estatildeo a dor perineal e o

sangramento aumentado Nesses casos devido a urgecircncia os traumas perineais muitas vezes

satildeo suturados sem a boa visualizaccedilatildeo do local podendo produzir acidentes com lesatildeo no trato

geniturinaacuterio e nas estruturas do assoalho peacutelvico causando hipermobilidade uretral e prolapso

genital Apoacutes o parto tambeacutem podem surgir hematuacuteria incapacidade vesical e incontinecircncia

urinaacuteria (RIESCO et al 2011)

A OMS (1996) considera o uso liberal e rotineiro de episiotomia uma praacutetica claramente

prejudicial e que deve ser eliminada (categoria B) Embora os dados disponiacuteveis na literatura

revelem que a realizaccedilatildeo de episiotomia natildeo cumpre os objetivos que justificariam sua

realizaccedilatildeo de forma rotineira sejam eles a prevenccedilatildeo de lesotildees nas genitais da matildee ou na

cabeccedila do receacutem-nascido ainda hoje tal intervenccedilatildeo permanece sendo usada de forma

abusiva em muitas instituiccedilotildees de sauacutede

Em revisatildeo sistemaacutetica incluindo oito ensaios cliacutenicos (n=5541) observou-se que comparada

agrave episiotomia de rotina a episiotomia seletiva (com indicaccedilatildeo precisa) esteve associada com

27

menos trauma perineal grave menor necessidade de suturas menos complicaccedilotildees na

cicatrizaccedilatildeo e mais trauma perineal anterior Natildeo houve diferenccedila na frequecircncia de trauma

vaginal ou perineal grave dispareunia incontinecircncia urinaacuteria ou dor intensa Os revisores

recomendam que a episiotomia natildeo seja realizada rotineiramente e quando necessaacuteria seja

realizada com o consentimento poacutes-informaccedilatildeo da parturiente (AMORIM 2010)

Cesar (2011) encontrou ocorrecircncia meacutedia de episiotomia de 72 entre as 2557 gestantes

estudadas no Sul do Brasil Houve variaccedilatildeo de 86 entre as adolescentes e 66 entre as

demais matildees As taxas encontradas foram bastante elevadas principalmente entre as

adolescentes o que indica baixa incorporaccedilatildeo de praacuteticas baseadas em evidecircncia na

assistecircncia ao parto no cenaacuterio do estudo

Em contrapartida Sousa (2013) verificou em seu estudo em uma maternidade da rede puacuteblica

de Belo Horizonte iacutendice de episiotomia em torno de 11 e observou seguranccedila na praacutetica dos

profissionais de sauacutede envolvidos na assistecircncia ao parto da instituiccedilatildeo estudada no que se

refere ao uso seletivo desse procedimento e aos criteacuterios de utilizaccedilatildeo Tal instituiccedilatildeo tem

princiacutepios humanizados e grande inserccedilatildeo de enfermeiras obstetras na assistecircncia ao parto o

que pode tambeacutem ter justificado a baixa taxa de episiotomia encontrada

Considerando todos os partos realizados no HRTN no periacuteodo deste estudo a taxa de

episiotomia variou entre 90 em abril de 2013 a 149 em abril de 2014 A SMSA-BH tem

como meta de realizaccedilatildeo de episiotomia em menos de 30 dos partos vaginais Considerando

os 1434 partos assistidos por EO no mesmo periacuteodo a taxa de episiotomia foi de 46 o que

mostra uso criterioso do procedimento por parte desta categoria profissional

No presente estudo a taxa de episiotomia foi 42 Nestes casos a episiotomia pode ter sido

indicada devido a periacuteneo resistente no intuito de prevenir laceraccedilotildees graves mesmo que natildeo

haja respaldo cientiacutefico para tal praacutetica Tambeacutem em situaccedilotildees de estado fetal natildeo

tranquilizador durante o periacuteodo expulsivo jaacute com o feto em planos avanccedilados no intuito de

acelerar o nascimento ou mesmo por distoacutecia de ombro ou outra complicaccedilatildeo sendo uma

decisatildeo conjunta entre preceptor e residente Deve-se considerar que a baixas taxas de

28

episiotomia nos partos assistidos por enfermeiras residentes satildeo reflexo da atuaccedilatildeo da

preceptoria tanto de enfermeiras obstetras como de meacutedicos obstetras A episiotomia natildeo foi

realizada em 9538 dos partos o que mostra que as residentes em enfermagem obsteacutetrica

faziam uso seletivo do procedimento Um aspecto relevante deste estudo eacute que mesmo com a

baixa taxa de episiotomia encontrou-se pequenas taxas de laceraccedilotildees perineais de terceiro

(28) e quarto grau (028) Isso aponta para um modelo de assistecircncia obsteacutetrico com

incorporaccedilatildeo de praacuteticas baseadas em evidecircncias cientiacuteficas na maternidade do HRTN

Contato pele a pele

As praacuteticas referentes ao contato da matildee com seu bebecirc e ao aleitamento materno ainda na

sala de parto satildeo tambeacutem indicadores relevantes da qualidade da atenccedilatildeo ao parto

humanizado e segundo a OMS (1996) e MS (2001) deve ser encorajada no parto normal

(categoria A)

O passo quatro da Iniciativa Hospital Amigo da Crianccedila (IHAC) preconiza que os bebecircs que

tenham condiccedilotildees cliacutenicas favoraacuteveis permaneccedilam por pelo menos uma hora junto agrave pele da

matildee e que iniciem o aleitamento materno ainda na primeira meia hora apoacutes o nascimento

independentemente da via de parto (BRASIL 2010)

O contato pele a pele precoce melhora os resultados neonatais em termos de menor choro e

maior estabilidade cardiorrespiratoacuteria e aumenta significativamente o sucesso da

amamentaccedilatildeo sem efeitos negativos aparentes em curto e longo prazo segundo estudo de

meta-anaacutelise O contato pele a pele da matildee com o receacutem-nascido por pelo menos 30 minutos

na primeira hora de vida aleacutem de propiciar o envolvimento matildee-filho e o aleitamento materno

eacute um indicativo de que o parto transcorreu adequadamente Aleacutem disso favorece o viacutenculo

afetivo propiciando o reconhecimento entre matildee e filho pode aumentar a autoestima materna

diminuir a ansiedade melhorar os sentimentos de aceitaccedilatildeo do seu novo papel e a satisfaccedilatildeo

durante o processo de parto (MOORE et al 2012)

Apesar de o contato pele a pele ser uma praacutetica demonstradamente uacutetil e que deve ser

encorajada no parto normal especificamente tambeacutem pode e deve ser promovida no parto

29

operatoacuterio Sousa (2013) verificou em sua pesquisa que dos 89 receacutem-nascidos vivos o

contato precoce entre matildee e filho foi garantido em mais de 77 dos partos embora a maior

frequecircncia tenha ocorrido entre os filhos nascidos de parto normal

Na maternidade do HRTN o contato pele a pele eacute incentivado e apoiado por toda a equipe

multiprofissional sendo uma praacutetica consolidada conforme apontam os resultados deste

estudo As parturientes devem ser orientadas sobre os benefiacutecios desta praacutetica e preparadas

para receber seus RN apoacutes o nascimento A assistecircncia ao RN estaacutevel deve ser feita

preferencialmente no colo da matildee e quando houver necessidade de encaminhar o RN ao

berccedilo aquecido assim que este estabelecer condiccedilotildees favoraacuteveis deve retornar para o contato

pele a pele Assim como o contato pele a pele a amamentaccedilatildeo na primeira hora de vida

tambeacutem deve ser apoiada e estimulada respeitando o desejo da mulher

No presente estudo o contato pele a pele na primeira hora de vida foi realizado em 9440 dos

partos Os 475 em que natildeo foi realizado pode ter como justificativa o nascimento de um RN

deprimido sem condiccedilotildees cliacutenicas de permanecer com a matildee e que necessitaram de

assistecircncia pediaacutetrica seja reanimaccedilatildeo neonatal ou transferecircncia para unidade neonatal

Tambeacutem pode ter como justificativa impossibilidade materna ou desejo de natildeo realizar contato

pele a pele

Pela pactuaccedilatildeo da maternidade em estudo com a SMSA-BH a meta eacute que 100 dos receacutem-

nascidos vivos realizem contato pele a pele efetivo na primeira hora de vida Considerando

todos os partos realizados na instituiccedilatildeo no mesmo periacuteodo deste estudo este indicador variou

entre 905 em abril de 2013 a 960 em agosto de 2013 segundo dados institucionais

fornecidos pela coordenaccedilatildeo a maternidade Estes dados sinalizam boa incorporaccedilatildeo desta

praacutetica pela equipe mas indicam tambeacutem necessidade de melhoria para que seja atingida a

meta

Acompanhante

A presenccedila de acompanhante durante todo o periacuteodo de internaccedilatildeo eacute um direito conquistado

pelas mulheres assegurado na Lei nordm 111082005 regulamentado pelo Ministeacuterio da Sauacutede

30

pela Portaria nordm 24182005 portanto obrigatoacuterio em todas as instituiccedilotildees sejam elas puacuteblicas

ou privadas (BRASIL 2005) Esta praacutetica eacute classificada pela OMS como demonstradamente uacutetil

e que deve ser estimulada (categoria A)

A presenccedila do acompanhante durante o processo de parturiccedilatildeo pode proporcionar bem-estar

fiacutesico e emocional agrave mulher e benefiacutecios clinicamente significativos ao binocircmio matildee-filho Os

efeitos do suporte agrave mulher foram encontrados em recente meta-anaacutelise e estatildeo associados agrave

menor duraccedilatildeo do trabalho de parto uso de ocitocina reduccedilatildeo de cesariana e de partos

vaginais instrumentais diminuindo ainda a utilizaccedilatildeo de analgesia intraparto e melhorando os

iacutendices de Apgar no quinto minuto (SOUSA 2013)

Outros estudos destacam ainda a importacircncia do acompanhante quando este se envolve natildeo

soacute no apoio fiacutesico e emocional mas tambeacutem no desenvolvimento junto agrave parturiente de accedilotildees

como massagem auxiacutelio e encorajamento durante a deambulaccedilatildeo banho e tambeacutem no

periacuteodo expulsivo o que proporciona tambeacutem maior grau de satisfaccedilatildeo com o parto Sousa

(2013) verificou em sua pesquisa que quase a totalidade (922) das mulheres assistidas em

uma instituiccedilatildeo de sauacutede da rede puacuteblica de Belo Horizonte permaneceu com o acompanhante

de sua escolha durante o periacuteodo de internaccedilatildeo sendo a maioria o companheiro pai da

crianccedila (627)

No HRTN a presenccedila de acompanhante familiar de livre escolha eacute uma praacutetica consolidada

pela instituiccedilatildeo e apoiada pela equipe multiprofissional A valorizaccedilatildeo do acompanhante deve

acontece em todas as etapas da internaccedilatildeo durante o trabalho de parto os acompanhantes

podem ser encorajados a participar ativamente no apoio agrave parturiente ofertando meacutetodos

alternativos para aliacutevio da dor como massagens por exemplo No momento do parto quando

possiacutevel pode ser oferecido ao familiar que corte o cordatildeo umbilical o que pode ter grande

representaccedilatildeo simboacutelica para aquela famiacutelia No puerpeacuterio os acompanhantes devem ser

orientados junto aacute mulher sobre os cuidados com o RN aleitamento materno e como apoiar a

matildee na nova fase

No presente estudo houve acompanhante familiar em 960 dos partos assistidos pelas

enfermeiras residentes Partos sem acompanhante familiar foram apenas 37 Estes dados

31

corroboram com a afirmaccedilatildeo de que a presenccedila do acompanhante familiar eacute uma praacutetica

consolidada e respeitada pela equipe da maternidade do HRTN

Analgesia

Meacutetodos natildeo farmacoloacutegicos

A OMS (1996) recomenda que o uso de meacutetodos natildeo farmacoloacutegicos para aliacutevio da dor deve

ser privilegiado durante a assistecircncia ao trabalho de parto considerando-os como ldquopraacuteticas

reconhecidamente uacuteteis e que devem ser estimuladasrdquo Categoria A na recomendaccedilatildeo de boas

praacuteticas na assistecircncia ao parto

Entre as praacuteticas natildeo medicamentosas tem-se estudado o uso de acupuntura acupressura

hipnose teacutecnicas de relaxamento e respiraccedilatildeo aplicaccedilatildeo de frio e calor aromaterapia

aacuteudioanalgesia massagem deambulaccedilatildeo e banho de imersatildeo durante o parto (SILVA 2011)

Em um estudo de revisatildeo sistemaacutetica foram incluiacutedos 14 ensaios com 1448 parturientes que

utilizaram diferentes formas de tratamento para a dor (acupuntura hipnose audioanalgesia

aromaterapia massagem e relaxamento) A hipnose mostrou-se efetiva em termos de reduzir a

necessidade de meacutetodos farmacoloacutegicos para aliacutevio da dor aumentando o grau de satisfaccedilatildeo

materna Maior chance de parto vaginal e reduccedilatildeo da necessidade de analgesia A acupuntura

tambeacutem se associou a uma menor intensidade da dor e reduccedilatildeo do uso de ocitocina A eficaacutecia

de meacutetodos como acupressatildeo aromaterapia aacuteudioanalgesia relaxamento e massagem natildeo foi

ainda estabelecida sendo necessaacuterios ensaios cliacutenicos randomizados para avaliaccedilatildeo dessas

terapias complementares para aliacutevio da dor durante o trabalho de parto (PORTO 2010)

Deve-se considerar que o suporte contiacutenuo intraparto e as posiccedilotildees verticalizadas durante o

parto tambeacutem se associam agrave reduccedilatildeo da dor e maior grau de satisfaccedilatildeo materna como jaacute

demonstrado em revisotildees sistemaacuteticas A imersatildeo em aacutegua em banheiras ou similares durante

o trabalho de parto tem sido investigada como um meacutetodo de promoccedilatildeo de relaxamento e aliacutevio

da dor Em uma revisatildeo sistemaacutetica de 11 ensaios cliacutenicos a imersatildeo em aacutegua foi associada agrave

reduccedilatildeo no uso de analgesia e reduccedilatildeo no relato de dor sem prejudicar a duraccedilatildeo do trabalho

de parto as taxas de partos ciruacutergicos ou o bem-estar neonatal (PORTO 2010)

32

A SMSA-BH recomenda que os meacutetodos natildeo farmacoloacutegicos para aliacutevio da dor sejam ofertados

a 100 das mulheres em trabalho de parto De acordo com dados institucionais fornecidos

pela coordenaccedilatildeo da maternidade a oferta variou entre 7571 em julho de 2013 a 8778 em

julho de 2013 considerando todos os partos realizados na instituiccedilatildeo no periacuteodo de abril de

2013 a abril de 2014

No livro fonte de dados deste estudo a oferta de meacutetodos natildeo farmacoloacutegicos natildeo eacute registrada

natildeo sendo possiacutevel quantificar estes dados nos partos assistidos por REO mas pode-se inferir

que esta eacute uma praacutetica adotada pelas enfermeiras obstetras e residentes quando se observa

por exemplo as baixas taxas de analgesia farmacoloacutegica em torno de 16 nos partos

assistidos por estas profissionais

Meacutetodos farmacoloacutegicos

Classicamente vaacuterios meacutetodos farmacoloacutegicos foram propostos mas existe consenso

atualmente de que se algum meacutetodo farmacoloacutegico for indicado para aliacutevio da dor durante o

trabalho de parto a analgesia regional com peridural ou teacutecnica combinada (raquidiana e

peridural) deve ser empregada preferencialmente em relaccedilatildeo ao uso de opioacuteides sistecircmicos ou

analgesia inalatoacuteria A teacutecnica ideal para analgesia de parto deveria ter miacutenima ou ausente

transferecircncia placentaacuteria ausecircncia de efeitos sobre o fluxo sanguiacuteneo uteroplacentaacuterio efeitos

miacutenimos e reversiacuteveis sobre o feto e neonato ausecircncia de efeito ocitoacutecico ou tocoliacutetico e

ausecircncia de bloqueio motor (PORTO 2010)

Uma revisatildeo sistemaacutetica realizada em 2011 incluindo 38 estudos comprovou a eficaacutecia da

analgesia peridural para reduccedilatildeo da dor de mulheres durante o processo de parto mas

tambeacutem revelou maior risco de parto instrumental maior necessidade de ocitocina e aumento

da duraccedilatildeo do segundo estaacutegio do parto Natildeo houve associaccedilatildeo dessa intervenccedilatildeo com risco

de cesariana cefaleacuteia e escores de Apgar menores que sete no quinto minuto (AMORIM

2011)

Na maternidade em estudo a analgesia farmacoloacutegica seja por teacutecnica peridural ou

raquianestesia eacute considerada um direito da mulher de acordo com os princiacutepios da

humanizaccedilatildeo e eacute ofertada conforme desejo da parturiente apoacutes a oferta de diferentes meacutetodos

33

natildeo farmacoloacutegicos para aliacutevio da dor e sob orientaccedilotildees sobre os riscos e benefiacutecios do

procedimento ou nos casos em que haacute indicaccedilatildeo cliacutenica para realizaccedilatildeo do mesmo A teacutecnica

de analgesia empregada na instituiccedilatildeo permite na maior parte dos casos a deambulaccedilatildeo

movimentaccedilatildeo e uso concomitante de outros meacutetodos alternativos de aliacutevio da dor como

chuveiro Isto pode influenciar para o desfecho favoraacutevel dos partos conforme mostram as

evidecircncias sobre movimentaccedilatildeo e verticalizaccedilatildeo durante o trabalho de parto

A SMSA-BH recomenda a utilizaccedilatildeo de analgesia quando esgotados os recursos natildeo

farmacoloacutegicos para aliacutevio da dor em torno de 30 dos partos normais A proporccedilatildeo de parto

normal com analgesia variou de 141 em janeiro de 2014 e 279 em agosto de 2013

considerando todos os partos realizados na instituiccedilatildeo no mesmo periacuteodo deste estudo

Considerando os 1434 assistidos por EO no periacuteodo do estudo 147 recebeu analgesia por

teacutecnica peridural e 11 raquidiana Os demais 841 dos partos foi sem analgesia

farmacoloacutegica

No presente estudo a analgesia farmacoloacutegica foi realizada em 176 dos partos sendo 166

por teacutecnica peridural e 11 raquidiana Analgesia natildeo foi realizada em 822 dos partos

assistidos por REO Estes dados demonstram que a oferta de meacutetodos natildeo farmacoloacutegicos

para aliacutevio da dor pode ter sido influenciado positivamente na escolha da parturiente em

receber ou natildeo a analgesia farmacoloacutegica

Laceraccedilotildees perineais

Laceraccedilotildees perineais satildeo traumas em estruturas componentes da vagina que podem ocorrer

de forma espontacircnea durante a passagem do feto pelo canal de parto ou em decorrecircncia de

episiotomia as quais podem se prolongar

A laceraccedilatildeo de primeiro grau eacute aquela que natildeo atinge nenhum muacutesculo estendendo-se atraveacutes

da fuacutercula mucosa vaginal e da pele Jaacute a laceraccedilatildeo de segundo grau acomete os muacutesculos

perineais poreacutem sem lesatildeo do esfiacutencter retal A laceraccedilatildeo de terceiro grau atinge essa

estrutura e algumas vezes prolonga-se ateacute a parede anterior do reto Neste uacuteltimo caso em

que a parede do reto eacute comprometida por vezes utiliza-se o termo laceraccedilatildeo de quarto grau

As laceraccedilotildees de primeiro e segundo grau satildeo consideradas leves e laceraccedilotildees de terceiro e

34

quarto grau satildeo consideradas graves pois podem levar agrave incontinecircncia urinaacuteria e fecal sendo

estas uacuteltimas mais raras (REZENDE 2005)

A ocorrecircncia de laceraccedilotildees perineais no parto normal depende de diversos fatores que podem

estar relacionados agraves condiccedilotildees maternas ao feto ao parto em si e ao prestador de serviccedilo

Embora estes fatores natildeo estejam definitivamente estabelecidos existem evidecircncias indicando

o local do parto e o profissional que assiste a escolaridade materna a paridade a altura do

periacuteneo a duraccedilatildeo do segundo estaacutegio do parto a cicatriz perineal anterior a infusatildeo de

ocitocina a posiccedilatildeo no parto a analgesia farmacoloacutegica os puxos dirigidos as manobras de

proteccedilatildeo perineal o peso e o periacutemetro cefaacutelico do RN como fatores relacionados entre

outros Quanto a integridade perineal sua chance aumenta entre as mulheres com um ou mais

partos vaginais anteriores (RIESCO et al 2011)

Estudos tambeacutem tecircm buscado associaccedilatildeo entre a posiccedilatildeo materna no parto e as laceraccedilotildees

perineais Sousa (2013) verificou que a posiccedilatildeo deitada de lado juntamente com a posiccedilatildeo de

coacutecoras foram as que tiveram maior ocorrecircncia de laceraccedilotildees de primeiro grau principalmente

com 750 e 833 dos casos respectivamente Essas duas posiccedilotildees tambeacutem foram as que

mais favoreceram para que as mulheres tivessem laceraccedilotildees na pesquisa desenvolvida por

Souza (2011) em um CPN do Rio de Janeiro com incidecircncia de 502 nos partos assistidos

em posiccedilatildeo lateral e 696 naqueles assistidos de coacutecoras Em ambas pesquisas a posiccedilatildeo de

Gaskin foi a que teve menor incidecircncia de traumas perineais seguida da posiccedilatildeo

sentadareclinada

Entre as principais morbidades relacionadas estatildeo a dor perineal e o sangramento aumentado

Apoacutes o parto tambeacutem podem surgir hematuacuteria incapacidade vesical e incontinecircncia urinaacuteria A

disfunccedilatildeo geniturinaacuteria e sexual produzida pelo trauma perineal pode ser tambeacutem devida agrave

perda ou diminuiccedilatildeo do tocircnus muscular perineal Poreacutem esse achado contrasta com dados de

outros estudos os quais concluiacuteram que a via de parto a paridade a idade materna o peso do

receacutem-nascido (RN) e a episiotomia natildeo foram fatores determinantes para a reduccedilatildeo da forccedila

muscular perineal Considerando os problemas em curto prazo (perda sanguiacutenea necessidade

de sutura e dor perineal) e em longo prazo (disfunccedilotildees intestinais urinaacuterias e sexuais)

35

associados ao trauma perineal no parto sua prevenccedilatildeo reduccedilatildeo e reparaccedilatildeo adequada satildeo

fatores importantes para as mulheres e os profissionais que as assistem (RIESCO 2010)

Considerando os 1434 partos assistidos por EO em 304 houve periacuteneo iacutentegro 447

laceraccedilotildees de primeiro grau 228 laceraccedilotildees de segundo grau 195 de terceiro grau e

014 de quarto grau Tais resultados satildeo proacuteximos aos verificados neste estudo e

associados com as baixas taxas de episiotomia nos partos assistidos pelas enfermeiras

residentes corroboram com a recomendaccedilatildeo do uso seletivo da episiotomia como um praacutetica

favoraacutevel

Escore de Apgar

O momento de transiccedilatildeo da vida intrauterina para extrauterina eacute crucial para o desenvolvimento

do bebecirc e deve ser minuciosamente preparado e vivenciado Eacute indispensaacutevel que nos

primeiros minutos de vida do neonato seja realizada avaliaccedilatildeo completa e sistemaacutetica visando

identificar desvios da normalidade e que forneccedila agraves informaccedilotildees baacutesicas sobre a vitalidade e a

adaptaccedilatildeo do RN agrave vida fora do ventre materno (BARBOSA 2006)

A avaliaccedilatildeo realizada imediatamente apoacutes o parto eacute composta pelo o escore de Apgar sendo

complementada com a avaliaccedilatildeo do aspecto geral a medida dos sinais vitais e medidas

antropomeacutetricas O iacutendice de Apgar avalia cinco criteacuterios cliacutenicos cor da pele frequecircncia

cardiacuteaca irritabilidade reflexa respiraccedilatildeo e tocircnus muscular O RN eacute avaliado no primeiro e no

quinto minuto de vida e cada criteacuterio garante de 0 a 2 pontos desencadeando assim uma soma

adequada entre 7 e 10 pontos Quando a soma total resulta em 4 a 6 pontos sugere dificuldade

moderada do RN em adaptar-se e menor que 4 pode indicar sofrimento Julga-se assim o grau

de adaptaccedilatildeo imediata e o grau de depressatildeo neuroloacutegica do RN nos primeiros cinco minutos

de vida (SBP 2011)

O iacutendice Apgar tem sido pouco utilizado para avaliar a qualidade de assistecircncia ao parto sendo

considerado um indicador pontual aleacutem de natildeo ser utilizado para determinar o iniacutecio da

reanimaccedilatildeo neonatal No entanto sua aplicaccedilatildeo permite avaliar a resposta do neonato agraves

manobras realizadas e a eficaacutecia dessas manobras O Apgar no quinto minuto eacute mais utilizado

36

para avaliaccedilatildeo da adaptaccedilatildeo do RN por melhor representa-la se comparado ao Apgar de

primeiro minuto Se o escore eacute inferior a 7 no 5ordm minuto recomenda-se realizaacute-lo a cada cinco

minutos ateacute 20 minutos de vida Eacute necessaacuterio documentar o escore de Apgar de maneira

concomitante agrave dos procedimentos de reanimaccedilatildeo executados (SBP 2011)

Eacute importante considerar que um Apgar baixo natildeo eacute necessariamente resultado de uma

assistecircncia ao parto e ao neonato inadequada assim como um bom iacutendice de Apgar natildeo indica

boa qualidade assistencial ao binocircmio Este iacutendice entretanto eacute um bom indicador para

resultados perinatais a longo prazo aleacutem de ser considerado importante preditor da avaliaccedilatildeo

do bem-estar e do prognoacutestico inicial do receacutem-nascido A avaliaccedilatildeo imediata do RN pode ser

feita por pediatra ou outro profissional capacitado para prestar a assistecircncia necessaacuteria desde

o suporte baacutesico ateacute a reanimaccedilatildeo neonatal Na maternidade do HRTN o pediatra eacute o

profissional responsaacutevel pela assistecircncia ao RN na sala de parto A instituiccedilatildeo possui UTI

neonatal para onde satildeo encaminhados os RN que necessitam de cuidados especiacuteficos Os

neonatos que apresentam boa vitalidade satildeo colocados em contato pele a pele com as matildees e

apoacutes permanecem em alojamento conjunto ateacute a alta

Pela SMSA-BH a meta de Apgar lt7 no quinto minuto eacute no maacuteximo 3 Este indicador variou

entre 08 em fevereiro de 2014 a 24 em novembro de 2013 considerando todos os partos

realizados na instituiccedilatildeo no mesmo periacuteodo do estudo ou seja esteve sempre dentro da meta

estabelecida

No presente estudo as dados sobre escore de Apgar foram divididos em Apgar lt7 (644) e gt7

(9356) no primeiro minuto lt7 (084) e gt 7 (9916) no quinto minuto Tais dados mostram

que a quase totalidade dos RN apresentava boas condiccedilotildees de vitalidade no primeiro e quinto

minuto A este dado se associa o incentivo e a alta taxa de contato pele a pele precoce sendo

um dos fatores que contribuem para melhor adaptaccedilatildeo a vida extrauterina aleacutem de assistecircncia

qualificada aos RN que necessitam de cuidados especiacuteficos ou reanimaccedilatildeo

37

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Os resultados deste estudo evidenciam que a assistecircncia ao parto prestada pelas residentes

em enfermagem obsteacutetrica foi coerente com as recomendaccedilotildees de boas praacuteticas em todos os

aspectos analisados consolidando as evidecircncias literaacuterias sobre a assistecircncia ao parto

promovida por enfermeiras obstetras Foi possiacutevel observar maioria de partos em posiccedilotildees

verticalizadas uso seletivo de episiotomia com baixa incidecircncia de laceraccedilotildees perineais

graves alto iacutendice de contato pele a pele presenccedila de acompanhante na maioria dos partos

baixas taxas de analgesia farmacoloacutegica e escores de Apgar que demonstram boa vitalidade

fetal em quase todos os receacutem-nascidos Diante do exposto eacute possiacutevel concluir que a atuaccedilatildeo

das enfermeiras residentes em enfermagem obsteacutetrica contribuiu para a obtenccedilatildeo de

resultados obsteacutetricos e neonatais favoraacuteveis na maternidade do HRTN

Devido agrave forma de organizaccedilatildeo e registro dos procedimentos no livro utilizado para coleta de

dados natildeo foi possiacutevel avaliar algumas praacuteticas obsteacutetricas tais como uso de ocitocina

amniotomia oferta de meacutetodos natildeo farmacoloacutegicos para aliacutevio da dor oferta de liacutequidos

durante o trabalho de parto e uso de partograma Estes dados seriam importantes para uma

anaacutelise mais detalhada sobre a assistecircncia ao parto Os dados institucionais fornecidos pela

coordenaccedilatildeo da maternidade forneceram uma dimensatildeo de algumas destas praacuteticas na

maternidade contudo natildeo foi possiacutevel neste estudo avaliar quantitativamente tais

procedimentos somente nos partos assistidos por enfermeiras residentes Sugere-se ampliaccedilatildeo

dos indicadores no livro de registro e padronizaccedilatildeo no seu preenchimento para melhor

qualificaccedilatildeo dos dados da assistecircncia ao parto prestada elas enfermeiras obstetrasresidentes

A capacitaccedilatildeo profissional no modelo de residecircncia eacute intensa e exige dedicaccedilatildeo A extensa

carga horaacuteria praacutetica aliada agrave teoria satildeo determinantes para uma formaccedilatildeo qualificada e

humana das enfermeiras residentes A possibilidade de atuar efetivamente na assistecircncia em

conjunto com outras categorias profissionais enriquece a formaccedilatildeo abrangendo diferentes

fases e situaccedilotildees do ciclo graviacutedico-puerperal Eacute importante salientar que a capacitaccedilatildeo das

enfermeiras obstetras nesta modalidade pioneira de residecircncia soacute foi possiacutevel graccedilas ao

estiacutemulo governamental com recursos provenientes do programa Rede Cegonha e os

esforccedilos conjuntos da Escola de Enfermagem da UFMG e demais instituiccedilotildees envolvidas

38

Os resultados deste estudo evidenciam a incorporaccedilatildeo do modelo assistencial humanizado e

baseado em evidecircncias cientiacuteficas pela equipe do HRTN O modelo colaborativo de assistecircncia

obsteacutetrica pode gerar resultados favoraacuteveis e promissores com as atuaccedilotildees complementares

entre as diferentes categorias profissionais A praacutetica supervisionada durante todo o processo

de formaccedilatildeo e a avaliaccedilatildeo constante das habilidades adquiridas pelas residentes satildeo

fundamentais para a consolidaccedilatildeo do conhecimento para maior seguranccedila das aprendizes e

para a oferta de uma assistecircncia qualificada e humanizada a mulher receacutem nascido e famiacutelia

A instituiccedilatildeo que acolhe as enfermeiras residentes obteacutem retorno positivo pois a atuaccedilatildeo

preceptorada das mesmas resulta em assistecircncia qualificada que atende a perspectiva da

praacutetica baseada em evidecircncia cientiacutefica segura com baixo custo e bons resultados obsteacutetricos

e neonatais Os resultados da atuaccedilatildeo das enfermeiras residentes refletem o modelo

institucional incorporado o qual eacute transmitido as residentes pelos preceptores O incentivo a

formaccedilatildeo de enfermeiras obstetras eacute fundamental para o fortalecimento desta categoria

profissional para maior inserccedilatildeo destas profissionais em espaccedilos aonde a assistecircncia ao parto

ainda eacute meacutedico-centrada e para mudanccedila do modelo obsteacutetrico hegemocircnico nacional

39

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ROCHA CR FONSECA LC Assistecircncia do enfermeiro obstetra a mulher parturiente em busca do respeito a natureza Rev de Pesq cuidado eacute fundamental v 2 n 2 p 807-816 2010

SANTOS NCP VOGTSE PIMENTA AM DUARTE ED MADEIRA LM ABREU MNS et al Resultados maternos y neonatales en el trabajo de parto y parto de adolescentes admitidas en un Centro de Parto Normal brasileiro Adolesc Saude 201411(3)39-50

SILVA LM et al Uso da bola suiacuteccedila no trabalho de parto Acta Paul Enferm 201124(5)656-62

SILVA JLCP SURITA FGC Idade materna resultados perinatais e via de parto Rev Bras Ginecol Obstet 2009 31(7) 321 ndash 5

SBP- Sociedade Brasileira de Pediatria Programa de reanimaccedilatildeo neonatal da Sociedade Brasileira de Pediatria Condutas 2011 27p

SOUSA AMM Praacuteticas obsteacutetricas na assistecircncia ao parto e nascimento em uma maternidade de Belo Horizonte Tese de mestrado Escola de Enfermagem da Universidade Federal de Minas Gerais Belo Horizonte 2013

SOUZA DOM Partos assistidos por enfermeiras praacuteticas obsteacutetricas realizadas no ambiente hospitalar no periacuteodo de 2004 a 2008 2011 84f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) Faculdade de Enfermagem da Universidade do Estado do Rio de Janeiro Rio de Janeiro RJ 2011

SOGC ndash Society of Obstetricians and Gynecologists of Canada Guidelines for the Management of Pregnancy at 41+0 to 42+0 Weeks JOGC september 2008

42

VOGT SE et al Caracteriacutesticas da assistecircncia ao trabalho de parto em trecircs modelos de atenccedilatildeo no SUS no Municiacutepio de Belo Horizonte Minas Gerais Brasil Cad Sauacutede Puacuteblica v 27 n 9 p 1789-1800 2011

ANEXO 1

RECOMENDACcedilOtildeES DE BOAS PRAacuteTICAS DE ASSISTEcircNCIA AO PARTO SEGUNDO

CLASSIFICACcedilAtildeO DO MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2001

CATEGORIA A - PRAacuteTICAS DEMONSTRADAMENTE UacuteTEIS E QUE DEVEM SER

ESTIMULADAS

Plano individual determinando onde e por quem o nascimento seraacute realizado feito em

conjunto com a mulher durante a gestaccedilatildeo e comunicado a seu maridocompanheiro

Avaliaccedilatildeo do risco gestacional durante o preacute-natal reavaliado a cada contato com o

sistema de sauacutede

Respeito agrave escolha da matildee sobre o local do parto

Fornecimento de assistecircncia obsteacutetrica no niacutevel mais perifeacuterico onde o parto for viaacutevel e

seguro e onde a mulher se sentir segura e confiante

Respeito ao direito da mulher agrave privacidade no local do parto

Apoio empaacutetico pelos prestadores de serviccedilo durante o trabalho de parto e parto

Respeito agrave escolha da mulher sobre seus acompanhantes durante o trabalho de parto e

parto

Fornecimento agraves mulheres sobre todas as informaccedilotildees e explicaccedilotildees que desejarem

Oferta de liacutequidos por via oral durante o trabalho de parto e parto

Monitoramento fetal por meio de ausculta intermitente

43

Monitoramento cuidadoso do progresso do parto por exemplo por meio do uso do

partograma da OMS

Monitoramento do bem-estar fiacutesico e emocional da mulher durante trabalho e parto e ao

teacutermino do processo de nascimento

Meacutetodos natildeo invasivos e natildeo farmacoloacutegicos de aliacutevio da dor como massagem e

teacutecnicas de relaxamento durante o trabalho de parto

Liberdade de posiccedilatildeo e movimento durante o trabalho de parto

Estiacutemulo a posiccedilotildees natildeo supinas durante o trabalho de parto

Uso rotineiro de ocitocina clampeamento tardio (1 a 3 minutos apoacutes o nascimento) e

traccedilatildeo controlada do cordatildeo durante o 3o estaacutegio do trabalho de parto

Condiccedilotildees esteacutereis ao cortar o cordatildeo

Prevenccedilatildeo da hipotermia do bebecirc

Contato pele a pele precoce entre matildee e filho e apoio ao iniacutecio da amamentaccedilatildeo na

primeira hora apoacutes o parto segundo as diretrizes da OMS sobre Aleitamento Materno

Exame rotineiro da placenta e membranas ovulares

CATEGORIA B - PRAacuteTICAS CLARAMENTE PREJUDICIAIS OU INEFICAZES E QUE DEVEM

SER ELIMINADAS

Uso rotineiro de enema

Uso rotineiro de tricotomia

Infusatildeo intravenosa de rotina no trabalho de parto

Cateterizaccedilatildeo venosa profilaacutetica de rotina

Uso rotineiro de posiccedilatildeo supina (decuacutebito dorsal) durante o trabalho de parto

44

Exame retal

Uso de pelvimetria por Raios-X

Amniotomia precoce de rotina para diminuir a duraccedilatildeo do trabalho de parto

Administraccedilatildeo de ocitoacutecitos em qualquer momento antes do parto de um modo que natildeo

permite controlar seus efeitos

Uso de rotina da posiccedilatildeo de litotomia com ou sem estribos durante o trabalho de parto

Esforccedilo de puxo prolongado e dirigido (manobra de Valsalva) durante o segundo

estaacutegio do trabalho de parto

Massagem e distensatildeo do periacuteneo durante o segundo estaacutegio do trabalho de parto

Uso liberal e rotineiro de episiotomia

Uso de comprimidos orais de ergometrina no terceiro estaacutegio do trabalho de parto com

o objetivo de evitar ou controlar hemorragias

Uso rotineiro de ergometrina parenteral no terceiro estaacutegio do trabalho de parto

Lavagem uterina rotineira apoacutes o parto

Revisatildeo uterina (exploraccedilatildeo manual) rotineira apoacutes o parto

CATEGORIA C - PRAacuteTICAS SEM EVIDEcircNCIAS SUFICIENTES PARA APOIAR UMA

RECOMENDACcedilAtildeO CLARA E QUE DEVEM SER UTILIZADAS COM CAUTELA ATEacute QUE

MAIS PESQUISAS ESCLARECcedilAM A QUESTAtildeO

Meacutetodos natildeo farmacoloacutegicos de aliacutevio de dor durante o trabalho parto como ervas

imersatildeo em aacuteguas e estimulaccedilatildeo dos nervos

Amniotomia e ocitocina precoce de rotina no primeiro estaacutegio do trabalho de parto para

prevenccedilatildeo de progresso inadequado do parto

Pressatildeo do fundo uterino durante o trabalho de parto

45

Manobras relacionadas agrave proteccedilatildeo do periacuteneo e ao manejo do poacutelo cefaacutelico no

momento do parto

Manipulaccedilatildeo ativa do feto no momento do parto

Estimulaccedilatildeo do mamilo para estimular a contratilidade uterina durante o terceiro estaacutegio

do trabalho de parto

CATEGORIA D - PRAacuteTICAS FREQUENTEMENTE USADAS DE MODO INADEQUADO

Restriccedilatildeo hiacutedrica e alimentar durante o trabalho de parto

Controle da dor por agentes sistecircmicos

Controle da dor por analgesia peridural

Monitoramento eletrocircnico fetal

Uso de maacutescaras e aventais esteacutereis durante a assistecircncia ao trabalho de parto

Exames vaginais repetidos ou frequumlentes especialmente por mais de um prestador de

serviccedilo

Correccedilatildeo da dinacircmica com utilizaccedilatildeo de ocitocina

Transferecircncia rotineira da parturiente para outra sala no iniacutecio do segundo estaacutegio do

trabalho de parto

Cateterizaccedilatildeo da bexiga

Estiacutemulo para o puxo quando se diagnostica dilataccedilatildeo cervical completa ou quase

completa antes que a mulher sinta o puxo involuntaacuterio

Clampeamento precoce do cordatildeo umbilical

Adesatildeo riacutegida a uma duraccedilatildeo estipulada do 2deg estaacutegio do trabalho de parto

Parto operatoacuterio e exploraccedilatildeo manual do uacutetero apoacutes o parto

46

ANEXO 2

47

48

ANEXO 3

49

Page 23: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS ESCOLA DE ENFERMAGEM … FINAL ANA … · inserção do estudo foi: partos assistidos por residentes em enfermagem obstétrica, independente se

23

deficiecircncia de sulfatase placentaacuteria feto do sexo masculino e predisposiccedilatildeo geneacutetica (BRASIL

2011) O maior temor relacionado agrave gestaccedilatildeo prolongada eacute de que ocorra insuficiecircncia

placentaacuteria com reduccedilatildeo do aporte de nutriente e oxigecircnio para o bebecirc o que pode acarretar

aumento da morbidade e mortalidade perinatal Com maior frequecircncia de morte perinatal

anormalidade da frequecircncia cardiacuteaca fetal intraparto eliminaccedilatildeo de mecocircnio macrossomia e

cesariana (AMORIM 2010)

No Brasil tem sido frequente a indicaccedilatildeo de cesariana quando a gestaccedilatildeo ultrapassa 40

semanas sobretudo no setor privado poreacutem esta conduta natildeo eacute corroborada por evidecircncias

Amorim (2010) em compilado sobre o tema cita uma revisatildeo sistemaacutetica publicada em 2003 na

qual concluiacuteram que a induccedilatildeo do parto a partir de 41 semanas quando comparada agrave conduta

expectante resultou em menor taxa de cesaacuterias (201 x 22) e de liacutequido amnioacutetico meconial

(224 x 277) poreacutem natildeo houve diferenccedila em termos de mortalidade perinatal escores de

Apgar admissatildeo em UTI neonatal e siacutendrome de aspiraccedilatildeo meconial Em 2012 outra revisatildeo

sistemaacutetica disponiacutevel na biblioteca Cochrane incluindo 22 ensaios cliacutenicos randomizados e

9383 mulheres submetidas aacute induccedilatildeo do parto mostrou reduccedilatildeo significativa do risco relativo de

morte perinatal e de cesariana Natildeo houve diferenccedila na taxa de natimortos ou de morte

neonatal nos dois grupos A incidecircncia da siacutendrome de aspiraccedilatildeo meconial foi menor no grupo

submetido agrave induccedilatildeo do parto poreacutem natildeo houve diferenccedila na frequecircncia de asfixia perinatal

baixos escores de Apgar e admissatildeo em UTI neonatal Os autores sugerem que a induccedilatildeo do

parto a partir de 41 semanas reduz as taxas de cesariana sem comprometer o prognoacutestico

perinatal Aleacutem disso o estudo mostrou maior satisfaccedilatildeo das gestantes submetidas agrave induccedilatildeo

do parto Recomenda-se que as mulheres sejam esclarecidas sobre riscos e benefiacutecios

associados agrave induccedilatildeo do parto a partir de 41 semanas (AMORIM 2010)

Posiccedilatildeo de parto

Os benefiacutecios da livre movimentaccedilatildeo da parturiente durante o trabalho de parto tais como a

reduccedilatildeo de sua duraccedilatildeo melhora do conforto materno e reduccedilatildeo do uso de analgeacutesicos satildeo

sustentados por evidecircncias cientiacuteficas (SOUSA 2013) A adoccedilatildeo de postura vertical e

movimentaccedilatildeo podem aleacutem de diminuir a dor materna facilitar a circulaccedilatildeo materno-fetal e a

descida do feto na pelve materna melhorar as contraccedilotildees uterinas e diminuir o trauma perineal

24

(SILVA 2011)

A OMS (1996) classifica como praacuteticas demonstradamente uacuteteis e que devem ser estimuladas

(categoria A) a liberdade de posiccedilatildeo e movimento durante o trabalho de parto e o estiacutemulo a

posiccedilotildees natildeo supinas durante o trabalho de parto Jaacute o uso rotineiro de posiccedilatildeo supina

(decuacutebito dorsal) durante o trabalho de parto e o uso de rotina da posiccedilatildeo de litotomia com ou

sem perneiras durante o trabalho de parto satildeo classificadas como praacuteticas claramente

prejudiciais e que devem ser eliminadas (categoria B)

Uma revisatildeo sistemaacutetica sobre assistecircncia ao segundo e terceiro periacuteodos do trabalho de parto

publicada em 2010 mostra que a posiccedilatildeo supina tem sido amplamente usada no segundo

periacuteodo do trabalho de parto contrariando a evidecircncia fisioloacutegica da reduccedilatildeo da eficiecircncia

uterina e do fluxo sanguiacuteneo placentaacuterio nessa posiccedilatildeo A posiccedilatildeo litotocircmica eacute ainda

recomendada em alguns tratados tradicionais de Obstetriacutecia mas as posiccedilotildees alternativas

incluem uma gama de posiccedilotildees que podem trazer benefiacutecios para o parto posiccedilatildeo lateral

(Sims) vertical (sentada semi-sentada de coacutecoras ou ajoelhada) e de quatro apoios A

imersatildeo em aacutegua durante o periacuteodo expulsivo do trabalho de parto aumentou o registro de

satisfaccedilatildeo por parte das parturientes no que diz respeito aos puxos mas ainda natildeo haacute

evidecircncias sobre os efeitos da imersatildeo em aacutegua no segundo estaacutegio especialmente sobre a

morbidade materna e neonatal (AMORIM 2010)

Estudos apontam que posiccedilotildees verticalizadas ou a posiccedilatildeo lateral associaram-se com reduccedilatildeo

da duraccedilatildeo do segundo periacuteodo do parto reduccedilatildeo nas anormalidades da frequecircncia cardiacuteaca

fetal bem como reduccedilatildeo de relatos de dor grave e episiotomia Ocorre no entanto maior perda

de sangue estimada (acima de 500 mL) sem repercussotildees cliacutenicas consideraacuteveis A conclusatildeo

dos revisores eacute que as mulheres devem ser encorajadas a parir na posiccedilatildeo que lhes for mais

confortaacutevel com o balanccedilo das evidecircncias a favor das posturas natildeo supinas (AMORIM 2010)

Mouta et al (2008) e Rocha Fonseca (2010) encontraram percentuais entre 50 e 78 de

posiccedilatildeo vertical em partos assistidos exclusivamente por enfermeiras obstetras em

maternidades puacuteblicas do Rio de Janeiro Em um CPN de Satildeo Paulo apenas 13 dos partos

foram assistidos em posiccedilatildeo horizontal contra 776 assistidos em posiccedilatildeo vertical (SOUZA

2011)

25

Sousa (2013) observou em seu estudo com 61 mulheres assistidas em Hospital da rede puacuteblica

de Belo Horizonte que mais de 75 pariram deitadas de costas com pernas levantadas sem

uso de perneiras As demais mulheres deram a luz em posiccedilatildeo de coacutecoras (98) deitada de

lado (66) sentadareclinada (66) ou Gaskin (16)

A maternidade do HRTN faz parte da rede de hospitais de Belo Horizonte que assinou o Termo

de Compromisso das Maternidades do SUS-BH estabelecido pela Comissatildeo Perinatal da

Secretaria Municipal de Sauacutede de Belo Horizonte (SMSA-BH) o qual estabelece metas para

diversos indicadores assistenciais objetivando humanizar a assistecircncia e reduzir as taxas de

cesariana nas maternidades da rede puacuteblica de Belo Horizonte No que se refere a posiccedilatildeo de

parto a SMSA-BH tem como meta que mais de 70 dos partos sejam realizados em posiccedilatildeo

natildeo supina Segundo dados institucionais fornecidos pela coordenaccedilatildeo da maternidade sobre

todos os partos do HRTN no mesmo periacuteodo deste estudo a taxa de partos em posiccedilatildeo natildeo

supina variou de 6202 em abril de 2014 a 8138 em abril de 2013

Diante dos resultados deste estudo eacute possiacutevel inferir que no HRTN a equipe incentiva e apoia o

uso de deambulaccedilatildeo e posiccedilotildees verticalizadas durante o trabalho de parto e periacuteodo expulsivo

As mulheres devem orientadas sobre os benefiacutecios da verticalizaccedilatildeo para a evoluccedilatildeo do

trabalho de parto No momento do parto deve haver incentivo agrave livre escolha da posiccedilatildeo dentro

das possibilidades da maternidade Ainda natildeo haacute disponibilidade de parto com imersatildeo em

aacutegua mas haacute quartos PPP (preacute-parto parto e poacutes-parto) com chuveiro bola suiacuteccedila banquinho

meia lua escada de Ling e espaccedilo fiacutesico que permite deambulaccedilatildeo Em alguns plantotildees a

equipe conta com a participaccedilatildeo das Doulas no cuidado agrave mulher em trabalho de parto

Os resultados deste estudo satildeo similares aos encontrados por Sousa (2013) o que mostra que

ambas as instituiccedilotildees componentes do SUS em Belo Horizonte que tem atuaccedilatildeo efetiva das

enfermeiras obstetras estimulam o parto em posiccedilotildees verticalizadas e provavelmente

respeitam a livre escolha da posiccedilatildeo de parto

O fato da maior parte dos partos serem em posiccedilatildeo semi-sentada gera certa inquietaccedilatildeo pois

26

sabe-se que esta posiccedilatildeo permite maior controle e melhor visibilidade sendo cocircmoda para o

profissional que assiste ao parto Outra justificativa possiacutevel para a grande porcentagem de

partos semi-sentada pode ser a falta de informaccedilatildeo eou orientaccedilatildeo das

mulheresacompanhantes sobre a possibilidade de parirem em outras posiccedilotildees que lhe sejam

confortaacuteveis Ressalta-se a necessidade de orientaccedilatildeo e incentivo quanto agrave liberdade de

posiccedilatildeo e sobre os benefiacutecios das posiccedilotildees verticalizadas para o trabalho de parto e periacuteodo

expulsivo desmitificando a claacutessica posiccedilatildeo de parto e empoderando-as a escolher a posiccedilatildeo

que lhes for mais confortaacutevel

Episiotomia

A episiotomia foi inicialmente proposta com o objetivo de facilitar o parto reduzindo o trauma

perineal e facilitando o reparo Entretanto natildeo obstante a indicaccedilatildeo de livros-texto sua

realizaccedilatildeo de rotina natildeo pode ser recomendada uma vez que existem vaacuterias evidecircncias de que

natildeo eacute necessaacuteria e de que pode ser prejudicial (AMORIM 2010)

Entre as principais morbidades relacionadas agrave episiotomia estatildeo a dor perineal e o

sangramento aumentado Nesses casos devido a urgecircncia os traumas perineais muitas vezes

satildeo suturados sem a boa visualizaccedilatildeo do local podendo produzir acidentes com lesatildeo no trato

geniturinaacuterio e nas estruturas do assoalho peacutelvico causando hipermobilidade uretral e prolapso

genital Apoacutes o parto tambeacutem podem surgir hematuacuteria incapacidade vesical e incontinecircncia

urinaacuteria (RIESCO et al 2011)

A OMS (1996) considera o uso liberal e rotineiro de episiotomia uma praacutetica claramente

prejudicial e que deve ser eliminada (categoria B) Embora os dados disponiacuteveis na literatura

revelem que a realizaccedilatildeo de episiotomia natildeo cumpre os objetivos que justificariam sua

realizaccedilatildeo de forma rotineira sejam eles a prevenccedilatildeo de lesotildees nas genitais da matildee ou na

cabeccedila do receacutem-nascido ainda hoje tal intervenccedilatildeo permanece sendo usada de forma

abusiva em muitas instituiccedilotildees de sauacutede

Em revisatildeo sistemaacutetica incluindo oito ensaios cliacutenicos (n=5541) observou-se que comparada

agrave episiotomia de rotina a episiotomia seletiva (com indicaccedilatildeo precisa) esteve associada com

27

menos trauma perineal grave menor necessidade de suturas menos complicaccedilotildees na

cicatrizaccedilatildeo e mais trauma perineal anterior Natildeo houve diferenccedila na frequecircncia de trauma

vaginal ou perineal grave dispareunia incontinecircncia urinaacuteria ou dor intensa Os revisores

recomendam que a episiotomia natildeo seja realizada rotineiramente e quando necessaacuteria seja

realizada com o consentimento poacutes-informaccedilatildeo da parturiente (AMORIM 2010)

Cesar (2011) encontrou ocorrecircncia meacutedia de episiotomia de 72 entre as 2557 gestantes

estudadas no Sul do Brasil Houve variaccedilatildeo de 86 entre as adolescentes e 66 entre as

demais matildees As taxas encontradas foram bastante elevadas principalmente entre as

adolescentes o que indica baixa incorporaccedilatildeo de praacuteticas baseadas em evidecircncia na

assistecircncia ao parto no cenaacuterio do estudo

Em contrapartida Sousa (2013) verificou em seu estudo em uma maternidade da rede puacuteblica

de Belo Horizonte iacutendice de episiotomia em torno de 11 e observou seguranccedila na praacutetica dos

profissionais de sauacutede envolvidos na assistecircncia ao parto da instituiccedilatildeo estudada no que se

refere ao uso seletivo desse procedimento e aos criteacuterios de utilizaccedilatildeo Tal instituiccedilatildeo tem

princiacutepios humanizados e grande inserccedilatildeo de enfermeiras obstetras na assistecircncia ao parto o

que pode tambeacutem ter justificado a baixa taxa de episiotomia encontrada

Considerando todos os partos realizados no HRTN no periacuteodo deste estudo a taxa de

episiotomia variou entre 90 em abril de 2013 a 149 em abril de 2014 A SMSA-BH tem

como meta de realizaccedilatildeo de episiotomia em menos de 30 dos partos vaginais Considerando

os 1434 partos assistidos por EO no mesmo periacuteodo a taxa de episiotomia foi de 46 o que

mostra uso criterioso do procedimento por parte desta categoria profissional

No presente estudo a taxa de episiotomia foi 42 Nestes casos a episiotomia pode ter sido

indicada devido a periacuteneo resistente no intuito de prevenir laceraccedilotildees graves mesmo que natildeo

haja respaldo cientiacutefico para tal praacutetica Tambeacutem em situaccedilotildees de estado fetal natildeo

tranquilizador durante o periacuteodo expulsivo jaacute com o feto em planos avanccedilados no intuito de

acelerar o nascimento ou mesmo por distoacutecia de ombro ou outra complicaccedilatildeo sendo uma

decisatildeo conjunta entre preceptor e residente Deve-se considerar que a baixas taxas de

28

episiotomia nos partos assistidos por enfermeiras residentes satildeo reflexo da atuaccedilatildeo da

preceptoria tanto de enfermeiras obstetras como de meacutedicos obstetras A episiotomia natildeo foi

realizada em 9538 dos partos o que mostra que as residentes em enfermagem obsteacutetrica

faziam uso seletivo do procedimento Um aspecto relevante deste estudo eacute que mesmo com a

baixa taxa de episiotomia encontrou-se pequenas taxas de laceraccedilotildees perineais de terceiro

(28) e quarto grau (028) Isso aponta para um modelo de assistecircncia obsteacutetrico com

incorporaccedilatildeo de praacuteticas baseadas em evidecircncias cientiacuteficas na maternidade do HRTN

Contato pele a pele

As praacuteticas referentes ao contato da matildee com seu bebecirc e ao aleitamento materno ainda na

sala de parto satildeo tambeacutem indicadores relevantes da qualidade da atenccedilatildeo ao parto

humanizado e segundo a OMS (1996) e MS (2001) deve ser encorajada no parto normal

(categoria A)

O passo quatro da Iniciativa Hospital Amigo da Crianccedila (IHAC) preconiza que os bebecircs que

tenham condiccedilotildees cliacutenicas favoraacuteveis permaneccedilam por pelo menos uma hora junto agrave pele da

matildee e que iniciem o aleitamento materno ainda na primeira meia hora apoacutes o nascimento

independentemente da via de parto (BRASIL 2010)

O contato pele a pele precoce melhora os resultados neonatais em termos de menor choro e

maior estabilidade cardiorrespiratoacuteria e aumenta significativamente o sucesso da

amamentaccedilatildeo sem efeitos negativos aparentes em curto e longo prazo segundo estudo de

meta-anaacutelise O contato pele a pele da matildee com o receacutem-nascido por pelo menos 30 minutos

na primeira hora de vida aleacutem de propiciar o envolvimento matildee-filho e o aleitamento materno

eacute um indicativo de que o parto transcorreu adequadamente Aleacutem disso favorece o viacutenculo

afetivo propiciando o reconhecimento entre matildee e filho pode aumentar a autoestima materna

diminuir a ansiedade melhorar os sentimentos de aceitaccedilatildeo do seu novo papel e a satisfaccedilatildeo

durante o processo de parto (MOORE et al 2012)

Apesar de o contato pele a pele ser uma praacutetica demonstradamente uacutetil e que deve ser

encorajada no parto normal especificamente tambeacutem pode e deve ser promovida no parto

29

operatoacuterio Sousa (2013) verificou em sua pesquisa que dos 89 receacutem-nascidos vivos o

contato precoce entre matildee e filho foi garantido em mais de 77 dos partos embora a maior

frequecircncia tenha ocorrido entre os filhos nascidos de parto normal

Na maternidade do HRTN o contato pele a pele eacute incentivado e apoiado por toda a equipe

multiprofissional sendo uma praacutetica consolidada conforme apontam os resultados deste

estudo As parturientes devem ser orientadas sobre os benefiacutecios desta praacutetica e preparadas

para receber seus RN apoacutes o nascimento A assistecircncia ao RN estaacutevel deve ser feita

preferencialmente no colo da matildee e quando houver necessidade de encaminhar o RN ao

berccedilo aquecido assim que este estabelecer condiccedilotildees favoraacuteveis deve retornar para o contato

pele a pele Assim como o contato pele a pele a amamentaccedilatildeo na primeira hora de vida

tambeacutem deve ser apoiada e estimulada respeitando o desejo da mulher

No presente estudo o contato pele a pele na primeira hora de vida foi realizado em 9440 dos

partos Os 475 em que natildeo foi realizado pode ter como justificativa o nascimento de um RN

deprimido sem condiccedilotildees cliacutenicas de permanecer com a matildee e que necessitaram de

assistecircncia pediaacutetrica seja reanimaccedilatildeo neonatal ou transferecircncia para unidade neonatal

Tambeacutem pode ter como justificativa impossibilidade materna ou desejo de natildeo realizar contato

pele a pele

Pela pactuaccedilatildeo da maternidade em estudo com a SMSA-BH a meta eacute que 100 dos receacutem-

nascidos vivos realizem contato pele a pele efetivo na primeira hora de vida Considerando

todos os partos realizados na instituiccedilatildeo no mesmo periacuteodo deste estudo este indicador variou

entre 905 em abril de 2013 a 960 em agosto de 2013 segundo dados institucionais

fornecidos pela coordenaccedilatildeo a maternidade Estes dados sinalizam boa incorporaccedilatildeo desta

praacutetica pela equipe mas indicam tambeacutem necessidade de melhoria para que seja atingida a

meta

Acompanhante

A presenccedila de acompanhante durante todo o periacuteodo de internaccedilatildeo eacute um direito conquistado

pelas mulheres assegurado na Lei nordm 111082005 regulamentado pelo Ministeacuterio da Sauacutede

30

pela Portaria nordm 24182005 portanto obrigatoacuterio em todas as instituiccedilotildees sejam elas puacuteblicas

ou privadas (BRASIL 2005) Esta praacutetica eacute classificada pela OMS como demonstradamente uacutetil

e que deve ser estimulada (categoria A)

A presenccedila do acompanhante durante o processo de parturiccedilatildeo pode proporcionar bem-estar

fiacutesico e emocional agrave mulher e benefiacutecios clinicamente significativos ao binocircmio matildee-filho Os

efeitos do suporte agrave mulher foram encontrados em recente meta-anaacutelise e estatildeo associados agrave

menor duraccedilatildeo do trabalho de parto uso de ocitocina reduccedilatildeo de cesariana e de partos

vaginais instrumentais diminuindo ainda a utilizaccedilatildeo de analgesia intraparto e melhorando os

iacutendices de Apgar no quinto minuto (SOUSA 2013)

Outros estudos destacam ainda a importacircncia do acompanhante quando este se envolve natildeo

soacute no apoio fiacutesico e emocional mas tambeacutem no desenvolvimento junto agrave parturiente de accedilotildees

como massagem auxiacutelio e encorajamento durante a deambulaccedilatildeo banho e tambeacutem no

periacuteodo expulsivo o que proporciona tambeacutem maior grau de satisfaccedilatildeo com o parto Sousa

(2013) verificou em sua pesquisa que quase a totalidade (922) das mulheres assistidas em

uma instituiccedilatildeo de sauacutede da rede puacuteblica de Belo Horizonte permaneceu com o acompanhante

de sua escolha durante o periacuteodo de internaccedilatildeo sendo a maioria o companheiro pai da

crianccedila (627)

No HRTN a presenccedila de acompanhante familiar de livre escolha eacute uma praacutetica consolidada

pela instituiccedilatildeo e apoiada pela equipe multiprofissional A valorizaccedilatildeo do acompanhante deve

acontece em todas as etapas da internaccedilatildeo durante o trabalho de parto os acompanhantes

podem ser encorajados a participar ativamente no apoio agrave parturiente ofertando meacutetodos

alternativos para aliacutevio da dor como massagens por exemplo No momento do parto quando

possiacutevel pode ser oferecido ao familiar que corte o cordatildeo umbilical o que pode ter grande

representaccedilatildeo simboacutelica para aquela famiacutelia No puerpeacuterio os acompanhantes devem ser

orientados junto aacute mulher sobre os cuidados com o RN aleitamento materno e como apoiar a

matildee na nova fase

No presente estudo houve acompanhante familiar em 960 dos partos assistidos pelas

enfermeiras residentes Partos sem acompanhante familiar foram apenas 37 Estes dados

31

corroboram com a afirmaccedilatildeo de que a presenccedila do acompanhante familiar eacute uma praacutetica

consolidada e respeitada pela equipe da maternidade do HRTN

Analgesia

Meacutetodos natildeo farmacoloacutegicos

A OMS (1996) recomenda que o uso de meacutetodos natildeo farmacoloacutegicos para aliacutevio da dor deve

ser privilegiado durante a assistecircncia ao trabalho de parto considerando-os como ldquopraacuteticas

reconhecidamente uacuteteis e que devem ser estimuladasrdquo Categoria A na recomendaccedilatildeo de boas

praacuteticas na assistecircncia ao parto

Entre as praacuteticas natildeo medicamentosas tem-se estudado o uso de acupuntura acupressura

hipnose teacutecnicas de relaxamento e respiraccedilatildeo aplicaccedilatildeo de frio e calor aromaterapia

aacuteudioanalgesia massagem deambulaccedilatildeo e banho de imersatildeo durante o parto (SILVA 2011)

Em um estudo de revisatildeo sistemaacutetica foram incluiacutedos 14 ensaios com 1448 parturientes que

utilizaram diferentes formas de tratamento para a dor (acupuntura hipnose audioanalgesia

aromaterapia massagem e relaxamento) A hipnose mostrou-se efetiva em termos de reduzir a

necessidade de meacutetodos farmacoloacutegicos para aliacutevio da dor aumentando o grau de satisfaccedilatildeo

materna Maior chance de parto vaginal e reduccedilatildeo da necessidade de analgesia A acupuntura

tambeacutem se associou a uma menor intensidade da dor e reduccedilatildeo do uso de ocitocina A eficaacutecia

de meacutetodos como acupressatildeo aromaterapia aacuteudioanalgesia relaxamento e massagem natildeo foi

ainda estabelecida sendo necessaacuterios ensaios cliacutenicos randomizados para avaliaccedilatildeo dessas

terapias complementares para aliacutevio da dor durante o trabalho de parto (PORTO 2010)

Deve-se considerar que o suporte contiacutenuo intraparto e as posiccedilotildees verticalizadas durante o

parto tambeacutem se associam agrave reduccedilatildeo da dor e maior grau de satisfaccedilatildeo materna como jaacute

demonstrado em revisotildees sistemaacuteticas A imersatildeo em aacutegua em banheiras ou similares durante

o trabalho de parto tem sido investigada como um meacutetodo de promoccedilatildeo de relaxamento e aliacutevio

da dor Em uma revisatildeo sistemaacutetica de 11 ensaios cliacutenicos a imersatildeo em aacutegua foi associada agrave

reduccedilatildeo no uso de analgesia e reduccedilatildeo no relato de dor sem prejudicar a duraccedilatildeo do trabalho

de parto as taxas de partos ciruacutergicos ou o bem-estar neonatal (PORTO 2010)

32

A SMSA-BH recomenda que os meacutetodos natildeo farmacoloacutegicos para aliacutevio da dor sejam ofertados

a 100 das mulheres em trabalho de parto De acordo com dados institucionais fornecidos

pela coordenaccedilatildeo da maternidade a oferta variou entre 7571 em julho de 2013 a 8778 em

julho de 2013 considerando todos os partos realizados na instituiccedilatildeo no periacuteodo de abril de

2013 a abril de 2014

No livro fonte de dados deste estudo a oferta de meacutetodos natildeo farmacoloacutegicos natildeo eacute registrada

natildeo sendo possiacutevel quantificar estes dados nos partos assistidos por REO mas pode-se inferir

que esta eacute uma praacutetica adotada pelas enfermeiras obstetras e residentes quando se observa

por exemplo as baixas taxas de analgesia farmacoloacutegica em torno de 16 nos partos

assistidos por estas profissionais

Meacutetodos farmacoloacutegicos

Classicamente vaacuterios meacutetodos farmacoloacutegicos foram propostos mas existe consenso

atualmente de que se algum meacutetodo farmacoloacutegico for indicado para aliacutevio da dor durante o

trabalho de parto a analgesia regional com peridural ou teacutecnica combinada (raquidiana e

peridural) deve ser empregada preferencialmente em relaccedilatildeo ao uso de opioacuteides sistecircmicos ou

analgesia inalatoacuteria A teacutecnica ideal para analgesia de parto deveria ter miacutenima ou ausente

transferecircncia placentaacuteria ausecircncia de efeitos sobre o fluxo sanguiacuteneo uteroplacentaacuterio efeitos

miacutenimos e reversiacuteveis sobre o feto e neonato ausecircncia de efeito ocitoacutecico ou tocoliacutetico e

ausecircncia de bloqueio motor (PORTO 2010)

Uma revisatildeo sistemaacutetica realizada em 2011 incluindo 38 estudos comprovou a eficaacutecia da

analgesia peridural para reduccedilatildeo da dor de mulheres durante o processo de parto mas

tambeacutem revelou maior risco de parto instrumental maior necessidade de ocitocina e aumento

da duraccedilatildeo do segundo estaacutegio do parto Natildeo houve associaccedilatildeo dessa intervenccedilatildeo com risco

de cesariana cefaleacuteia e escores de Apgar menores que sete no quinto minuto (AMORIM

2011)

Na maternidade em estudo a analgesia farmacoloacutegica seja por teacutecnica peridural ou

raquianestesia eacute considerada um direito da mulher de acordo com os princiacutepios da

humanizaccedilatildeo e eacute ofertada conforme desejo da parturiente apoacutes a oferta de diferentes meacutetodos

33

natildeo farmacoloacutegicos para aliacutevio da dor e sob orientaccedilotildees sobre os riscos e benefiacutecios do

procedimento ou nos casos em que haacute indicaccedilatildeo cliacutenica para realizaccedilatildeo do mesmo A teacutecnica

de analgesia empregada na instituiccedilatildeo permite na maior parte dos casos a deambulaccedilatildeo

movimentaccedilatildeo e uso concomitante de outros meacutetodos alternativos de aliacutevio da dor como

chuveiro Isto pode influenciar para o desfecho favoraacutevel dos partos conforme mostram as

evidecircncias sobre movimentaccedilatildeo e verticalizaccedilatildeo durante o trabalho de parto

A SMSA-BH recomenda a utilizaccedilatildeo de analgesia quando esgotados os recursos natildeo

farmacoloacutegicos para aliacutevio da dor em torno de 30 dos partos normais A proporccedilatildeo de parto

normal com analgesia variou de 141 em janeiro de 2014 e 279 em agosto de 2013

considerando todos os partos realizados na instituiccedilatildeo no mesmo periacuteodo deste estudo

Considerando os 1434 assistidos por EO no periacuteodo do estudo 147 recebeu analgesia por

teacutecnica peridural e 11 raquidiana Os demais 841 dos partos foi sem analgesia

farmacoloacutegica

No presente estudo a analgesia farmacoloacutegica foi realizada em 176 dos partos sendo 166

por teacutecnica peridural e 11 raquidiana Analgesia natildeo foi realizada em 822 dos partos

assistidos por REO Estes dados demonstram que a oferta de meacutetodos natildeo farmacoloacutegicos

para aliacutevio da dor pode ter sido influenciado positivamente na escolha da parturiente em

receber ou natildeo a analgesia farmacoloacutegica

Laceraccedilotildees perineais

Laceraccedilotildees perineais satildeo traumas em estruturas componentes da vagina que podem ocorrer

de forma espontacircnea durante a passagem do feto pelo canal de parto ou em decorrecircncia de

episiotomia as quais podem se prolongar

A laceraccedilatildeo de primeiro grau eacute aquela que natildeo atinge nenhum muacutesculo estendendo-se atraveacutes

da fuacutercula mucosa vaginal e da pele Jaacute a laceraccedilatildeo de segundo grau acomete os muacutesculos

perineais poreacutem sem lesatildeo do esfiacutencter retal A laceraccedilatildeo de terceiro grau atinge essa

estrutura e algumas vezes prolonga-se ateacute a parede anterior do reto Neste uacuteltimo caso em

que a parede do reto eacute comprometida por vezes utiliza-se o termo laceraccedilatildeo de quarto grau

As laceraccedilotildees de primeiro e segundo grau satildeo consideradas leves e laceraccedilotildees de terceiro e

34

quarto grau satildeo consideradas graves pois podem levar agrave incontinecircncia urinaacuteria e fecal sendo

estas uacuteltimas mais raras (REZENDE 2005)

A ocorrecircncia de laceraccedilotildees perineais no parto normal depende de diversos fatores que podem

estar relacionados agraves condiccedilotildees maternas ao feto ao parto em si e ao prestador de serviccedilo

Embora estes fatores natildeo estejam definitivamente estabelecidos existem evidecircncias indicando

o local do parto e o profissional que assiste a escolaridade materna a paridade a altura do

periacuteneo a duraccedilatildeo do segundo estaacutegio do parto a cicatriz perineal anterior a infusatildeo de

ocitocina a posiccedilatildeo no parto a analgesia farmacoloacutegica os puxos dirigidos as manobras de

proteccedilatildeo perineal o peso e o periacutemetro cefaacutelico do RN como fatores relacionados entre

outros Quanto a integridade perineal sua chance aumenta entre as mulheres com um ou mais

partos vaginais anteriores (RIESCO et al 2011)

Estudos tambeacutem tecircm buscado associaccedilatildeo entre a posiccedilatildeo materna no parto e as laceraccedilotildees

perineais Sousa (2013) verificou que a posiccedilatildeo deitada de lado juntamente com a posiccedilatildeo de

coacutecoras foram as que tiveram maior ocorrecircncia de laceraccedilotildees de primeiro grau principalmente

com 750 e 833 dos casos respectivamente Essas duas posiccedilotildees tambeacutem foram as que

mais favoreceram para que as mulheres tivessem laceraccedilotildees na pesquisa desenvolvida por

Souza (2011) em um CPN do Rio de Janeiro com incidecircncia de 502 nos partos assistidos

em posiccedilatildeo lateral e 696 naqueles assistidos de coacutecoras Em ambas pesquisas a posiccedilatildeo de

Gaskin foi a que teve menor incidecircncia de traumas perineais seguida da posiccedilatildeo

sentadareclinada

Entre as principais morbidades relacionadas estatildeo a dor perineal e o sangramento aumentado

Apoacutes o parto tambeacutem podem surgir hematuacuteria incapacidade vesical e incontinecircncia urinaacuteria A

disfunccedilatildeo geniturinaacuteria e sexual produzida pelo trauma perineal pode ser tambeacutem devida agrave

perda ou diminuiccedilatildeo do tocircnus muscular perineal Poreacutem esse achado contrasta com dados de

outros estudos os quais concluiacuteram que a via de parto a paridade a idade materna o peso do

receacutem-nascido (RN) e a episiotomia natildeo foram fatores determinantes para a reduccedilatildeo da forccedila

muscular perineal Considerando os problemas em curto prazo (perda sanguiacutenea necessidade

de sutura e dor perineal) e em longo prazo (disfunccedilotildees intestinais urinaacuterias e sexuais)

35

associados ao trauma perineal no parto sua prevenccedilatildeo reduccedilatildeo e reparaccedilatildeo adequada satildeo

fatores importantes para as mulheres e os profissionais que as assistem (RIESCO 2010)

Considerando os 1434 partos assistidos por EO em 304 houve periacuteneo iacutentegro 447

laceraccedilotildees de primeiro grau 228 laceraccedilotildees de segundo grau 195 de terceiro grau e

014 de quarto grau Tais resultados satildeo proacuteximos aos verificados neste estudo e

associados com as baixas taxas de episiotomia nos partos assistidos pelas enfermeiras

residentes corroboram com a recomendaccedilatildeo do uso seletivo da episiotomia como um praacutetica

favoraacutevel

Escore de Apgar

O momento de transiccedilatildeo da vida intrauterina para extrauterina eacute crucial para o desenvolvimento

do bebecirc e deve ser minuciosamente preparado e vivenciado Eacute indispensaacutevel que nos

primeiros minutos de vida do neonato seja realizada avaliaccedilatildeo completa e sistemaacutetica visando

identificar desvios da normalidade e que forneccedila agraves informaccedilotildees baacutesicas sobre a vitalidade e a

adaptaccedilatildeo do RN agrave vida fora do ventre materno (BARBOSA 2006)

A avaliaccedilatildeo realizada imediatamente apoacutes o parto eacute composta pelo o escore de Apgar sendo

complementada com a avaliaccedilatildeo do aspecto geral a medida dos sinais vitais e medidas

antropomeacutetricas O iacutendice de Apgar avalia cinco criteacuterios cliacutenicos cor da pele frequecircncia

cardiacuteaca irritabilidade reflexa respiraccedilatildeo e tocircnus muscular O RN eacute avaliado no primeiro e no

quinto minuto de vida e cada criteacuterio garante de 0 a 2 pontos desencadeando assim uma soma

adequada entre 7 e 10 pontos Quando a soma total resulta em 4 a 6 pontos sugere dificuldade

moderada do RN em adaptar-se e menor que 4 pode indicar sofrimento Julga-se assim o grau

de adaptaccedilatildeo imediata e o grau de depressatildeo neuroloacutegica do RN nos primeiros cinco minutos

de vida (SBP 2011)

O iacutendice Apgar tem sido pouco utilizado para avaliar a qualidade de assistecircncia ao parto sendo

considerado um indicador pontual aleacutem de natildeo ser utilizado para determinar o iniacutecio da

reanimaccedilatildeo neonatal No entanto sua aplicaccedilatildeo permite avaliar a resposta do neonato agraves

manobras realizadas e a eficaacutecia dessas manobras O Apgar no quinto minuto eacute mais utilizado

36

para avaliaccedilatildeo da adaptaccedilatildeo do RN por melhor representa-la se comparado ao Apgar de

primeiro minuto Se o escore eacute inferior a 7 no 5ordm minuto recomenda-se realizaacute-lo a cada cinco

minutos ateacute 20 minutos de vida Eacute necessaacuterio documentar o escore de Apgar de maneira

concomitante agrave dos procedimentos de reanimaccedilatildeo executados (SBP 2011)

Eacute importante considerar que um Apgar baixo natildeo eacute necessariamente resultado de uma

assistecircncia ao parto e ao neonato inadequada assim como um bom iacutendice de Apgar natildeo indica

boa qualidade assistencial ao binocircmio Este iacutendice entretanto eacute um bom indicador para

resultados perinatais a longo prazo aleacutem de ser considerado importante preditor da avaliaccedilatildeo

do bem-estar e do prognoacutestico inicial do receacutem-nascido A avaliaccedilatildeo imediata do RN pode ser

feita por pediatra ou outro profissional capacitado para prestar a assistecircncia necessaacuteria desde

o suporte baacutesico ateacute a reanimaccedilatildeo neonatal Na maternidade do HRTN o pediatra eacute o

profissional responsaacutevel pela assistecircncia ao RN na sala de parto A instituiccedilatildeo possui UTI

neonatal para onde satildeo encaminhados os RN que necessitam de cuidados especiacuteficos Os

neonatos que apresentam boa vitalidade satildeo colocados em contato pele a pele com as matildees e

apoacutes permanecem em alojamento conjunto ateacute a alta

Pela SMSA-BH a meta de Apgar lt7 no quinto minuto eacute no maacuteximo 3 Este indicador variou

entre 08 em fevereiro de 2014 a 24 em novembro de 2013 considerando todos os partos

realizados na instituiccedilatildeo no mesmo periacuteodo do estudo ou seja esteve sempre dentro da meta

estabelecida

No presente estudo as dados sobre escore de Apgar foram divididos em Apgar lt7 (644) e gt7

(9356) no primeiro minuto lt7 (084) e gt 7 (9916) no quinto minuto Tais dados mostram

que a quase totalidade dos RN apresentava boas condiccedilotildees de vitalidade no primeiro e quinto

minuto A este dado se associa o incentivo e a alta taxa de contato pele a pele precoce sendo

um dos fatores que contribuem para melhor adaptaccedilatildeo a vida extrauterina aleacutem de assistecircncia

qualificada aos RN que necessitam de cuidados especiacuteficos ou reanimaccedilatildeo

37

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Os resultados deste estudo evidenciam que a assistecircncia ao parto prestada pelas residentes

em enfermagem obsteacutetrica foi coerente com as recomendaccedilotildees de boas praacuteticas em todos os

aspectos analisados consolidando as evidecircncias literaacuterias sobre a assistecircncia ao parto

promovida por enfermeiras obstetras Foi possiacutevel observar maioria de partos em posiccedilotildees

verticalizadas uso seletivo de episiotomia com baixa incidecircncia de laceraccedilotildees perineais

graves alto iacutendice de contato pele a pele presenccedila de acompanhante na maioria dos partos

baixas taxas de analgesia farmacoloacutegica e escores de Apgar que demonstram boa vitalidade

fetal em quase todos os receacutem-nascidos Diante do exposto eacute possiacutevel concluir que a atuaccedilatildeo

das enfermeiras residentes em enfermagem obsteacutetrica contribuiu para a obtenccedilatildeo de

resultados obsteacutetricos e neonatais favoraacuteveis na maternidade do HRTN

Devido agrave forma de organizaccedilatildeo e registro dos procedimentos no livro utilizado para coleta de

dados natildeo foi possiacutevel avaliar algumas praacuteticas obsteacutetricas tais como uso de ocitocina

amniotomia oferta de meacutetodos natildeo farmacoloacutegicos para aliacutevio da dor oferta de liacutequidos

durante o trabalho de parto e uso de partograma Estes dados seriam importantes para uma

anaacutelise mais detalhada sobre a assistecircncia ao parto Os dados institucionais fornecidos pela

coordenaccedilatildeo da maternidade forneceram uma dimensatildeo de algumas destas praacuteticas na

maternidade contudo natildeo foi possiacutevel neste estudo avaliar quantitativamente tais

procedimentos somente nos partos assistidos por enfermeiras residentes Sugere-se ampliaccedilatildeo

dos indicadores no livro de registro e padronizaccedilatildeo no seu preenchimento para melhor

qualificaccedilatildeo dos dados da assistecircncia ao parto prestada elas enfermeiras obstetrasresidentes

A capacitaccedilatildeo profissional no modelo de residecircncia eacute intensa e exige dedicaccedilatildeo A extensa

carga horaacuteria praacutetica aliada agrave teoria satildeo determinantes para uma formaccedilatildeo qualificada e

humana das enfermeiras residentes A possibilidade de atuar efetivamente na assistecircncia em

conjunto com outras categorias profissionais enriquece a formaccedilatildeo abrangendo diferentes

fases e situaccedilotildees do ciclo graviacutedico-puerperal Eacute importante salientar que a capacitaccedilatildeo das

enfermeiras obstetras nesta modalidade pioneira de residecircncia soacute foi possiacutevel graccedilas ao

estiacutemulo governamental com recursos provenientes do programa Rede Cegonha e os

esforccedilos conjuntos da Escola de Enfermagem da UFMG e demais instituiccedilotildees envolvidas

38

Os resultados deste estudo evidenciam a incorporaccedilatildeo do modelo assistencial humanizado e

baseado em evidecircncias cientiacuteficas pela equipe do HRTN O modelo colaborativo de assistecircncia

obsteacutetrica pode gerar resultados favoraacuteveis e promissores com as atuaccedilotildees complementares

entre as diferentes categorias profissionais A praacutetica supervisionada durante todo o processo

de formaccedilatildeo e a avaliaccedilatildeo constante das habilidades adquiridas pelas residentes satildeo

fundamentais para a consolidaccedilatildeo do conhecimento para maior seguranccedila das aprendizes e

para a oferta de uma assistecircncia qualificada e humanizada a mulher receacutem nascido e famiacutelia

A instituiccedilatildeo que acolhe as enfermeiras residentes obteacutem retorno positivo pois a atuaccedilatildeo

preceptorada das mesmas resulta em assistecircncia qualificada que atende a perspectiva da

praacutetica baseada em evidecircncia cientiacutefica segura com baixo custo e bons resultados obsteacutetricos

e neonatais Os resultados da atuaccedilatildeo das enfermeiras residentes refletem o modelo

institucional incorporado o qual eacute transmitido as residentes pelos preceptores O incentivo a

formaccedilatildeo de enfermeiras obstetras eacute fundamental para o fortalecimento desta categoria

profissional para maior inserccedilatildeo destas profissionais em espaccedilos aonde a assistecircncia ao parto

ainda eacute meacutedico-centrada e para mudanccedila do modelo obsteacutetrico hegemocircnico nacional

39

REFEREcircNCIAS

ACOG- American College of Obstetricians and Gynecologists- Committee opinion no 560 Medically indicated late-preterm and early-term deliveries Obstet Gynecol 2013 121908-10

AMORIM MMR SOUZA ASR PORTO AAF Indicaccedilotildees de cesariana baseadas em evidecircncias parte I FEMINA v 38 n 8 p 415-422 2010

AMORIM T e GUALDA DMR Coadjuvantes das mudanccedilas no contexto do ensino e da praacutetica da enfermagem obsteacutetrica Rev Rene Fortaleza 2011 outdez 12(4)833-40

BARBOSA R F et al Reanimaccedilatildeo Neonatal in ALVES FILHO N et al Perinatologia Baacutesica 3a ediccedilatildeo Guanabara Koogan Rio de Janeiro Cap21 p172 2006

BATALHA E O lugar das Enfermeiras e Obstetrizes Revista RADIS Ed 148 Jan 2015 P30 a 34

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Parto aborto e puerpeacuterio assistecircncia humanizada a mulher Brasiacutelia DF 2001

BRASIL Lei 11108 de 7 de abril de 2005 Altera a Lei 8080 de 19 de setembro de 1990 para garantir as parturientes o direito a presenccedila de acompanhante durante o trabalho de parto parto e poacutes-parto imediato no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede ndash SUS Brasiacutelia DF 07 abr 2005

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede Departamento de Accedilotildees Programaacuteticas Estrateacutegicas Aacuterea Teacutecnica de Sauacutede da Mulher Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos uma prioridade do governoMinisteacuterio da Sauacutede Secretaria de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede Departamento de Accedilotildees Programaacuteticas Estrateacutegicasndash Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 2005

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Poliacutetica Nacional de Planejamento Familiar Brasiacutelia DF 2007

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BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Iniciativa hospital amigo da crianccedila revista atualizada e ampliada para o cuidado integrado Brasiacutelia DF 2010

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Poliacutetica nacional de atenccedilatildeo integral a sauacutede da mulher princiacutepios e diretrizes Brasiacutelia DF 2011

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede Departamento de Atenccedilatildeo Baacutesica Atenccedilatildeo ao preacute-natal de baixo risco Ministeacuterio da Sauacutede Departamento de Atenccedilatildeo

40

Baacutesica ndash Brasiacutelia Editora do Ministeacuterio da Sauacutede 2012 318 p il ndash (Seacuterie A Normas e Manuais Teacutecnicos) (Cadernos de Atenccedilatildeo Baacutesica ndeg 32)

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em Sauacutede Departamento de Anaacutelise de Situaccedilatildeo de Sauacutede Sauacutede Brasil 2011 uma anaacutelise da situaccedilatildeo de sauacutede e a vigilacircncia da sauacutede da mulher Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em Sauacutede Departamento de Anaacutelise de Situaccedilatildeo de Sauacutede ndash Brasiacutelia Editora do Ministeacuterio da Sauacutede 2012 444 p il

BRASIL Presidecircncia da Repuacuteblica Objetivos de Desenvolvimento do Milecircnio Relatoacuterio Nacional de Acompanhamento Coordenaccedilatildeo Instituto de Pesquisa Econocircmica Aplicada e Secretaria de Planejamento e Investimentos Estrateacutegicos supervisatildeo Grupo Teacutecnico para o acompanhamento dos ODM - Brasiacutelia Ipea MP SPI 2014 208 p il graacutefs mapas color

NASCER NO BRASIL inqueacuterito sobre parto e nascimento Cadernos de Sauacutede Puacuteblica Vol30 supl1 Rio de Janeiro 2014 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophpscript=sci_issuetocamppid=0102 Acesso em 15 de junho de 2015

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41

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httpwwwwhointeportuguesepublicationspt Acesso em 09032015

PORTO AMF AMORIM MMR SOUZA ASR Assistecircncia ao primeiro periacuteodo do trabalho de parto baseada em evidecircncias FEMINA v 38 n 10 2010

RABELO LR OLIVEIRA DL Percepccedilotildees de enfermeiras obsteacutetricas sobre sua competecircncia na atenccedilatildeo ao parto normal hospitalar Rev Esc Enferm USP 2010 44(1)213-20 RAMOS HAC CUMAN RKN Fatores de risco para prematuridade pesquisa documental Esc Anna Nery Rev Enferm 2009 abr-jun 13 (2) 297-304 RIESCO MLG et al Episiotomia laceraccedilatildeo e integridade perineal em partos normais anaacutelise de fatores associados Rev Enferm UERJ v 19 n1 p 77-83 2011

REZENDE J Obstetriacutecia fundamental 2 ed Rio de Janeiro Guanabara Koogan 2005

ROCHA CR FONSECA LC Assistecircncia do enfermeiro obstetra a mulher parturiente em busca do respeito a natureza Rev de Pesq cuidado eacute fundamental v 2 n 2 p 807-816 2010

SANTOS NCP VOGTSE PIMENTA AM DUARTE ED MADEIRA LM ABREU MNS et al Resultados maternos y neonatales en el trabajo de parto y parto de adolescentes admitidas en un Centro de Parto Normal brasileiro Adolesc Saude 201411(3)39-50

SILVA LM et al Uso da bola suiacuteccedila no trabalho de parto Acta Paul Enferm 201124(5)656-62

SILVA JLCP SURITA FGC Idade materna resultados perinatais e via de parto Rev Bras Ginecol Obstet 2009 31(7) 321 ndash 5

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SOUSA AMM Praacuteticas obsteacutetricas na assistecircncia ao parto e nascimento em uma maternidade de Belo Horizonte Tese de mestrado Escola de Enfermagem da Universidade Federal de Minas Gerais Belo Horizonte 2013

SOUZA DOM Partos assistidos por enfermeiras praacuteticas obsteacutetricas realizadas no ambiente hospitalar no periacuteodo de 2004 a 2008 2011 84f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) Faculdade de Enfermagem da Universidade do Estado do Rio de Janeiro Rio de Janeiro RJ 2011

SOGC ndash Society of Obstetricians and Gynecologists of Canada Guidelines for the Management of Pregnancy at 41+0 to 42+0 Weeks JOGC september 2008

42

VOGT SE et al Caracteriacutesticas da assistecircncia ao trabalho de parto em trecircs modelos de atenccedilatildeo no SUS no Municiacutepio de Belo Horizonte Minas Gerais Brasil Cad Sauacutede Puacuteblica v 27 n 9 p 1789-1800 2011

ANEXO 1

RECOMENDACcedilOtildeES DE BOAS PRAacuteTICAS DE ASSISTEcircNCIA AO PARTO SEGUNDO

CLASSIFICACcedilAtildeO DO MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2001

CATEGORIA A - PRAacuteTICAS DEMONSTRADAMENTE UacuteTEIS E QUE DEVEM SER

ESTIMULADAS

Plano individual determinando onde e por quem o nascimento seraacute realizado feito em

conjunto com a mulher durante a gestaccedilatildeo e comunicado a seu maridocompanheiro

Avaliaccedilatildeo do risco gestacional durante o preacute-natal reavaliado a cada contato com o

sistema de sauacutede

Respeito agrave escolha da matildee sobre o local do parto

Fornecimento de assistecircncia obsteacutetrica no niacutevel mais perifeacuterico onde o parto for viaacutevel e

seguro e onde a mulher se sentir segura e confiante

Respeito ao direito da mulher agrave privacidade no local do parto

Apoio empaacutetico pelos prestadores de serviccedilo durante o trabalho de parto e parto

Respeito agrave escolha da mulher sobre seus acompanhantes durante o trabalho de parto e

parto

Fornecimento agraves mulheres sobre todas as informaccedilotildees e explicaccedilotildees que desejarem

Oferta de liacutequidos por via oral durante o trabalho de parto e parto

Monitoramento fetal por meio de ausculta intermitente

43

Monitoramento cuidadoso do progresso do parto por exemplo por meio do uso do

partograma da OMS

Monitoramento do bem-estar fiacutesico e emocional da mulher durante trabalho e parto e ao

teacutermino do processo de nascimento

Meacutetodos natildeo invasivos e natildeo farmacoloacutegicos de aliacutevio da dor como massagem e

teacutecnicas de relaxamento durante o trabalho de parto

Liberdade de posiccedilatildeo e movimento durante o trabalho de parto

Estiacutemulo a posiccedilotildees natildeo supinas durante o trabalho de parto

Uso rotineiro de ocitocina clampeamento tardio (1 a 3 minutos apoacutes o nascimento) e

traccedilatildeo controlada do cordatildeo durante o 3o estaacutegio do trabalho de parto

Condiccedilotildees esteacutereis ao cortar o cordatildeo

Prevenccedilatildeo da hipotermia do bebecirc

Contato pele a pele precoce entre matildee e filho e apoio ao iniacutecio da amamentaccedilatildeo na

primeira hora apoacutes o parto segundo as diretrizes da OMS sobre Aleitamento Materno

Exame rotineiro da placenta e membranas ovulares

CATEGORIA B - PRAacuteTICAS CLARAMENTE PREJUDICIAIS OU INEFICAZES E QUE DEVEM

SER ELIMINADAS

Uso rotineiro de enema

Uso rotineiro de tricotomia

Infusatildeo intravenosa de rotina no trabalho de parto

Cateterizaccedilatildeo venosa profilaacutetica de rotina

Uso rotineiro de posiccedilatildeo supina (decuacutebito dorsal) durante o trabalho de parto

44

Exame retal

Uso de pelvimetria por Raios-X

Amniotomia precoce de rotina para diminuir a duraccedilatildeo do trabalho de parto

Administraccedilatildeo de ocitoacutecitos em qualquer momento antes do parto de um modo que natildeo

permite controlar seus efeitos

Uso de rotina da posiccedilatildeo de litotomia com ou sem estribos durante o trabalho de parto

Esforccedilo de puxo prolongado e dirigido (manobra de Valsalva) durante o segundo

estaacutegio do trabalho de parto

Massagem e distensatildeo do periacuteneo durante o segundo estaacutegio do trabalho de parto

Uso liberal e rotineiro de episiotomia

Uso de comprimidos orais de ergometrina no terceiro estaacutegio do trabalho de parto com

o objetivo de evitar ou controlar hemorragias

Uso rotineiro de ergometrina parenteral no terceiro estaacutegio do trabalho de parto

Lavagem uterina rotineira apoacutes o parto

Revisatildeo uterina (exploraccedilatildeo manual) rotineira apoacutes o parto

CATEGORIA C - PRAacuteTICAS SEM EVIDEcircNCIAS SUFICIENTES PARA APOIAR UMA

RECOMENDACcedilAtildeO CLARA E QUE DEVEM SER UTILIZADAS COM CAUTELA ATEacute QUE

MAIS PESQUISAS ESCLARECcedilAM A QUESTAtildeO

Meacutetodos natildeo farmacoloacutegicos de aliacutevio de dor durante o trabalho parto como ervas

imersatildeo em aacuteguas e estimulaccedilatildeo dos nervos

Amniotomia e ocitocina precoce de rotina no primeiro estaacutegio do trabalho de parto para

prevenccedilatildeo de progresso inadequado do parto

Pressatildeo do fundo uterino durante o trabalho de parto

45

Manobras relacionadas agrave proteccedilatildeo do periacuteneo e ao manejo do poacutelo cefaacutelico no

momento do parto

Manipulaccedilatildeo ativa do feto no momento do parto

Estimulaccedilatildeo do mamilo para estimular a contratilidade uterina durante o terceiro estaacutegio

do trabalho de parto

CATEGORIA D - PRAacuteTICAS FREQUENTEMENTE USADAS DE MODO INADEQUADO

Restriccedilatildeo hiacutedrica e alimentar durante o trabalho de parto

Controle da dor por agentes sistecircmicos

Controle da dor por analgesia peridural

Monitoramento eletrocircnico fetal

Uso de maacutescaras e aventais esteacutereis durante a assistecircncia ao trabalho de parto

Exames vaginais repetidos ou frequumlentes especialmente por mais de um prestador de

serviccedilo

Correccedilatildeo da dinacircmica com utilizaccedilatildeo de ocitocina

Transferecircncia rotineira da parturiente para outra sala no iniacutecio do segundo estaacutegio do

trabalho de parto

Cateterizaccedilatildeo da bexiga

Estiacutemulo para o puxo quando se diagnostica dilataccedilatildeo cervical completa ou quase

completa antes que a mulher sinta o puxo involuntaacuterio

Clampeamento precoce do cordatildeo umbilical

Adesatildeo riacutegida a uma duraccedilatildeo estipulada do 2deg estaacutegio do trabalho de parto

Parto operatoacuterio e exploraccedilatildeo manual do uacutetero apoacutes o parto

46

ANEXO 2

47

48

ANEXO 3

49

Page 24: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS ESCOLA DE ENFERMAGEM … FINAL ANA … · inserção do estudo foi: partos assistidos por residentes em enfermagem obstétrica, independente se

24

(SILVA 2011)

A OMS (1996) classifica como praacuteticas demonstradamente uacuteteis e que devem ser estimuladas

(categoria A) a liberdade de posiccedilatildeo e movimento durante o trabalho de parto e o estiacutemulo a

posiccedilotildees natildeo supinas durante o trabalho de parto Jaacute o uso rotineiro de posiccedilatildeo supina

(decuacutebito dorsal) durante o trabalho de parto e o uso de rotina da posiccedilatildeo de litotomia com ou

sem perneiras durante o trabalho de parto satildeo classificadas como praacuteticas claramente

prejudiciais e que devem ser eliminadas (categoria B)

Uma revisatildeo sistemaacutetica sobre assistecircncia ao segundo e terceiro periacuteodos do trabalho de parto

publicada em 2010 mostra que a posiccedilatildeo supina tem sido amplamente usada no segundo

periacuteodo do trabalho de parto contrariando a evidecircncia fisioloacutegica da reduccedilatildeo da eficiecircncia

uterina e do fluxo sanguiacuteneo placentaacuterio nessa posiccedilatildeo A posiccedilatildeo litotocircmica eacute ainda

recomendada em alguns tratados tradicionais de Obstetriacutecia mas as posiccedilotildees alternativas

incluem uma gama de posiccedilotildees que podem trazer benefiacutecios para o parto posiccedilatildeo lateral

(Sims) vertical (sentada semi-sentada de coacutecoras ou ajoelhada) e de quatro apoios A

imersatildeo em aacutegua durante o periacuteodo expulsivo do trabalho de parto aumentou o registro de

satisfaccedilatildeo por parte das parturientes no que diz respeito aos puxos mas ainda natildeo haacute

evidecircncias sobre os efeitos da imersatildeo em aacutegua no segundo estaacutegio especialmente sobre a

morbidade materna e neonatal (AMORIM 2010)

Estudos apontam que posiccedilotildees verticalizadas ou a posiccedilatildeo lateral associaram-se com reduccedilatildeo

da duraccedilatildeo do segundo periacuteodo do parto reduccedilatildeo nas anormalidades da frequecircncia cardiacuteaca

fetal bem como reduccedilatildeo de relatos de dor grave e episiotomia Ocorre no entanto maior perda

de sangue estimada (acima de 500 mL) sem repercussotildees cliacutenicas consideraacuteveis A conclusatildeo

dos revisores eacute que as mulheres devem ser encorajadas a parir na posiccedilatildeo que lhes for mais

confortaacutevel com o balanccedilo das evidecircncias a favor das posturas natildeo supinas (AMORIM 2010)

Mouta et al (2008) e Rocha Fonseca (2010) encontraram percentuais entre 50 e 78 de

posiccedilatildeo vertical em partos assistidos exclusivamente por enfermeiras obstetras em

maternidades puacuteblicas do Rio de Janeiro Em um CPN de Satildeo Paulo apenas 13 dos partos

foram assistidos em posiccedilatildeo horizontal contra 776 assistidos em posiccedilatildeo vertical (SOUZA

2011)

25

Sousa (2013) observou em seu estudo com 61 mulheres assistidas em Hospital da rede puacuteblica

de Belo Horizonte que mais de 75 pariram deitadas de costas com pernas levantadas sem

uso de perneiras As demais mulheres deram a luz em posiccedilatildeo de coacutecoras (98) deitada de

lado (66) sentadareclinada (66) ou Gaskin (16)

A maternidade do HRTN faz parte da rede de hospitais de Belo Horizonte que assinou o Termo

de Compromisso das Maternidades do SUS-BH estabelecido pela Comissatildeo Perinatal da

Secretaria Municipal de Sauacutede de Belo Horizonte (SMSA-BH) o qual estabelece metas para

diversos indicadores assistenciais objetivando humanizar a assistecircncia e reduzir as taxas de

cesariana nas maternidades da rede puacuteblica de Belo Horizonte No que se refere a posiccedilatildeo de

parto a SMSA-BH tem como meta que mais de 70 dos partos sejam realizados em posiccedilatildeo

natildeo supina Segundo dados institucionais fornecidos pela coordenaccedilatildeo da maternidade sobre

todos os partos do HRTN no mesmo periacuteodo deste estudo a taxa de partos em posiccedilatildeo natildeo

supina variou de 6202 em abril de 2014 a 8138 em abril de 2013

Diante dos resultados deste estudo eacute possiacutevel inferir que no HRTN a equipe incentiva e apoia o

uso de deambulaccedilatildeo e posiccedilotildees verticalizadas durante o trabalho de parto e periacuteodo expulsivo

As mulheres devem orientadas sobre os benefiacutecios da verticalizaccedilatildeo para a evoluccedilatildeo do

trabalho de parto No momento do parto deve haver incentivo agrave livre escolha da posiccedilatildeo dentro

das possibilidades da maternidade Ainda natildeo haacute disponibilidade de parto com imersatildeo em

aacutegua mas haacute quartos PPP (preacute-parto parto e poacutes-parto) com chuveiro bola suiacuteccedila banquinho

meia lua escada de Ling e espaccedilo fiacutesico que permite deambulaccedilatildeo Em alguns plantotildees a

equipe conta com a participaccedilatildeo das Doulas no cuidado agrave mulher em trabalho de parto

Os resultados deste estudo satildeo similares aos encontrados por Sousa (2013) o que mostra que

ambas as instituiccedilotildees componentes do SUS em Belo Horizonte que tem atuaccedilatildeo efetiva das

enfermeiras obstetras estimulam o parto em posiccedilotildees verticalizadas e provavelmente

respeitam a livre escolha da posiccedilatildeo de parto

O fato da maior parte dos partos serem em posiccedilatildeo semi-sentada gera certa inquietaccedilatildeo pois

26

sabe-se que esta posiccedilatildeo permite maior controle e melhor visibilidade sendo cocircmoda para o

profissional que assiste ao parto Outra justificativa possiacutevel para a grande porcentagem de

partos semi-sentada pode ser a falta de informaccedilatildeo eou orientaccedilatildeo das

mulheresacompanhantes sobre a possibilidade de parirem em outras posiccedilotildees que lhe sejam

confortaacuteveis Ressalta-se a necessidade de orientaccedilatildeo e incentivo quanto agrave liberdade de

posiccedilatildeo e sobre os benefiacutecios das posiccedilotildees verticalizadas para o trabalho de parto e periacuteodo

expulsivo desmitificando a claacutessica posiccedilatildeo de parto e empoderando-as a escolher a posiccedilatildeo

que lhes for mais confortaacutevel

Episiotomia

A episiotomia foi inicialmente proposta com o objetivo de facilitar o parto reduzindo o trauma

perineal e facilitando o reparo Entretanto natildeo obstante a indicaccedilatildeo de livros-texto sua

realizaccedilatildeo de rotina natildeo pode ser recomendada uma vez que existem vaacuterias evidecircncias de que

natildeo eacute necessaacuteria e de que pode ser prejudicial (AMORIM 2010)

Entre as principais morbidades relacionadas agrave episiotomia estatildeo a dor perineal e o

sangramento aumentado Nesses casos devido a urgecircncia os traumas perineais muitas vezes

satildeo suturados sem a boa visualizaccedilatildeo do local podendo produzir acidentes com lesatildeo no trato

geniturinaacuterio e nas estruturas do assoalho peacutelvico causando hipermobilidade uretral e prolapso

genital Apoacutes o parto tambeacutem podem surgir hematuacuteria incapacidade vesical e incontinecircncia

urinaacuteria (RIESCO et al 2011)

A OMS (1996) considera o uso liberal e rotineiro de episiotomia uma praacutetica claramente

prejudicial e que deve ser eliminada (categoria B) Embora os dados disponiacuteveis na literatura

revelem que a realizaccedilatildeo de episiotomia natildeo cumpre os objetivos que justificariam sua

realizaccedilatildeo de forma rotineira sejam eles a prevenccedilatildeo de lesotildees nas genitais da matildee ou na

cabeccedila do receacutem-nascido ainda hoje tal intervenccedilatildeo permanece sendo usada de forma

abusiva em muitas instituiccedilotildees de sauacutede

Em revisatildeo sistemaacutetica incluindo oito ensaios cliacutenicos (n=5541) observou-se que comparada

agrave episiotomia de rotina a episiotomia seletiva (com indicaccedilatildeo precisa) esteve associada com

27

menos trauma perineal grave menor necessidade de suturas menos complicaccedilotildees na

cicatrizaccedilatildeo e mais trauma perineal anterior Natildeo houve diferenccedila na frequecircncia de trauma

vaginal ou perineal grave dispareunia incontinecircncia urinaacuteria ou dor intensa Os revisores

recomendam que a episiotomia natildeo seja realizada rotineiramente e quando necessaacuteria seja

realizada com o consentimento poacutes-informaccedilatildeo da parturiente (AMORIM 2010)

Cesar (2011) encontrou ocorrecircncia meacutedia de episiotomia de 72 entre as 2557 gestantes

estudadas no Sul do Brasil Houve variaccedilatildeo de 86 entre as adolescentes e 66 entre as

demais matildees As taxas encontradas foram bastante elevadas principalmente entre as

adolescentes o que indica baixa incorporaccedilatildeo de praacuteticas baseadas em evidecircncia na

assistecircncia ao parto no cenaacuterio do estudo

Em contrapartida Sousa (2013) verificou em seu estudo em uma maternidade da rede puacuteblica

de Belo Horizonte iacutendice de episiotomia em torno de 11 e observou seguranccedila na praacutetica dos

profissionais de sauacutede envolvidos na assistecircncia ao parto da instituiccedilatildeo estudada no que se

refere ao uso seletivo desse procedimento e aos criteacuterios de utilizaccedilatildeo Tal instituiccedilatildeo tem

princiacutepios humanizados e grande inserccedilatildeo de enfermeiras obstetras na assistecircncia ao parto o

que pode tambeacutem ter justificado a baixa taxa de episiotomia encontrada

Considerando todos os partos realizados no HRTN no periacuteodo deste estudo a taxa de

episiotomia variou entre 90 em abril de 2013 a 149 em abril de 2014 A SMSA-BH tem

como meta de realizaccedilatildeo de episiotomia em menos de 30 dos partos vaginais Considerando

os 1434 partos assistidos por EO no mesmo periacuteodo a taxa de episiotomia foi de 46 o que

mostra uso criterioso do procedimento por parte desta categoria profissional

No presente estudo a taxa de episiotomia foi 42 Nestes casos a episiotomia pode ter sido

indicada devido a periacuteneo resistente no intuito de prevenir laceraccedilotildees graves mesmo que natildeo

haja respaldo cientiacutefico para tal praacutetica Tambeacutem em situaccedilotildees de estado fetal natildeo

tranquilizador durante o periacuteodo expulsivo jaacute com o feto em planos avanccedilados no intuito de

acelerar o nascimento ou mesmo por distoacutecia de ombro ou outra complicaccedilatildeo sendo uma

decisatildeo conjunta entre preceptor e residente Deve-se considerar que a baixas taxas de

28

episiotomia nos partos assistidos por enfermeiras residentes satildeo reflexo da atuaccedilatildeo da

preceptoria tanto de enfermeiras obstetras como de meacutedicos obstetras A episiotomia natildeo foi

realizada em 9538 dos partos o que mostra que as residentes em enfermagem obsteacutetrica

faziam uso seletivo do procedimento Um aspecto relevante deste estudo eacute que mesmo com a

baixa taxa de episiotomia encontrou-se pequenas taxas de laceraccedilotildees perineais de terceiro

(28) e quarto grau (028) Isso aponta para um modelo de assistecircncia obsteacutetrico com

incorporaccedilatildeo de praacuteticas baseadas em evidecircncias cientiacuteficas na maternidade do HRTN

Contato pele a pele

As praacuteticas referentes ao contato da matildee com seu bebecirc e ao aleitamento materno ainda na

sala de parto satildeo tambeacutem indicadores relevantes da qualidade da atenccedilatildeo ao parto

humanizado e segundo a OMS (1996) e MS (2001) deve ser encorajada no parto normal

(categoria A)

O passo quatro da Iniciativa Hospital Amigo da Crianccedila (IHAC) preconiza que os bebecircs que

tenham condiccedilotildees cliacutenicas favoraacuteveis permaneccedilam por pelo menos uma hora junto agrave pele da

matildee e que iniciem o aleitamento materno ainda na primeira meia hora apoacutes o nascimento

independentemente da via de parto (BRASIL 2010)

O contato pele a pele precoce melhora os resultados neonatais em termos de menor choro e

maior estabilidade cardiorrespiratoacuteria e aumenta significativamente o sucesso da

amamentaccedilatildeo sem efeitos negativos aparentes em curto e longo prazo segundo estudo de

meta-anaacutelise O contato pele a pele da matildee com o receacutem-nascido por pelo menos 30 minutos

na primeira hora de vida aleacutem de propiciar o envolvimento matildee-filho e o aleitamento materno

eacute um indicativo de que o parto transcorreu adequadamente Aleacutem disso favorece o viacutenculo

afetivo propiciando o reconhecimento entre matildee e filho pode aumentar a autoestima materna

diminuir a ansiedade melhorar os sentimentos de aceitaccedilatildeo do seu novo papel e a satisfaccedilatildeo

durante o processo de parto (MOORE et al 2012)

Apesar de o contato pele a pele ser uma praacutetica demonstradamente uacutetil e que deve ser

encorajada no parto normal especificamente tambeacutem pode e deve ser promovida no parto

29

operatoacuterio Sousa (2013) verificou em sua pesquisa que dos 89 receacutem-nascidos vivos o

contato precoce entre matildee e filho foi garantido em mais de 77 dos partos embora a maior

frequecircncia tenha ocorrido entre os filhos nascidos de parto normal

Na maternidade do HRTN o contato pele a pele eacute incentivado e apoiado por toda a equipe

multiprofissional sendo uma praacutetica consolidada conforme apontam os resultados deste

estudo As parturientes devem ser orientadas sobre os benefiacutecios desta praacutetica e preparadas

para receber seus RN apoacutes o nascimento A assistecircncia ao RN estaacutevel deve ser feita

preferencialmente no colo da matildee e quando houver necessidade de encaminhar o RN ao

berccedilo aquecido assim que este estabelecer condiccedilotildees favoraacuteveis deve retornar para o contato

pele a pele Assim como o contato pele a pele a amamentaccedilatildeo na primeira hora de vida

tambeacutem deve ser apoiada e estimulada respeitando o desejo da mulher

No presente estudo o contato pele a pele na primeira hora de vida foi realizado em 9440 dos

partos Os 475 em que natildeo foi realizado pode ter como justificativa o nascimento de um RN

deprimido sem condiccedilotildees cliacutenicas de permanecer com a matildee e que necessitaram de

assistecircncia pediaacutetrica seja reanimaccedilatildeo neonatal ou transferecircncia para unidade neonatal

Tambeacutem pode ter como justificativa impossibilidade materna ou desejo de natildeo realizar contato

pele a pele

Pela pactuaccedilatildeo da maternidade em estudo com a SMSA-BH a meta eacute que 100 dos receacutem-

nascidos vivos realizem contato pele a pele efetivo na primeira hora de vida Considerando

todos os partos realizados na instituiccedilatildeo no mesmo periacuteodo deste estudo este indicador variou

entre 905 em abril de 2013 a 960 em agosto de 2013 segundo dados institucionais

fornecidos pela coordenaccedilatildeo a maternidade Estes dados sinalizam boa incorporaccedilatildeo desta

praacutetica pela equipe mas indicam tambeacutem necessidade de melhoria para que seja atingida a

meta

Acompanhante

A presenccedila de acompanhante durante todo o periacuteodo de internaccedilatildeo eacute um direito conquistado

pelas mulheres assegurado na Lei nordm 111082005 regulamentado pelo Ministeacuterio da Sauacutede

30

pela Portaria nordm 24182005 portanto obrigatoacuterio em todas as instituiccedilotildees sejam elas puacuteblicas

ou privadas (BRASIL 2005) Esta praacutetica eacute classificada pela OMS como demonstradamente uacutetil

e que deve ser estimulada (categoria A)

A presenccedila do acompanhante durante o processo de parturiccedilatildeo pode proporcionar bem-estar

fiacutesico e emocional agrave mulher e benefiacutecios clinicamente significativos ao binocircmio matildee-filho Os

efeitos do suporte agrave mulher foram encontrados em recente meta-anaacutelise e estatildeo associados agrave

menor duraccedilatildeo do trabalho de parto uso de ocitocina reduccedilatildeo de cesariana e de partos

vaginais instrumentais diminuindo ainda a utilizaccedilatildeo de analgesia intraparto e melhorando os

iacutendices de Apgar no quinto minuto (SOUSA 2013)

Outros estudos destacam ainda a importacircncia do acompanhante quando este se envolve natildeo

soacute no apoio fiacutesico e emocional mas tambeacutem no desenvolvimento junto agrave parturiente de accedilotildees

como massagem auxiacutelio e encorajamento durante a deambulaccedilatildeo banho e tambeacutem no

periacuteodo expulsivo o que proporciona tambeacutem maior grau de satisfaccedilatildeo com o parto Sousa

(2013) verificou em sua pesquisa que quase a totalidade (922) das mulheres assistidas em

uma instituiccedilatildeo de sauacutede da rede puacuteblica de Belo Horizonte permaneceu com o acompanhante

de sua escolha durante o periacuteodo de internaccedilatildeo sendo a maioria o companheiro pai da

crianccedila (627)

No HRTN a presenccedila de acompanhante familiar de livre escolha eacute uma praacutetica consolidada

pela instituiccedilatildeo e apoiada pela equipe multiprofissional A valorizaccedilatildeo do acompanhante deve

acontece em todas as etapas da internaccedilatildeo durante o trabalho de parto os acompanhantes

podem ser encorajados a participar ativamente no apoio agrave parturiente ofertando meacutetodos

alternativos para aliacutevio da dor como massagens por exemplo No momento do parto quando

possiacutevel pode ser oferecido ao familiar que corte o cordatildeo umbilical o que pode ter grande

representaccedilatildeo simboacutelica para aquela famiacutelia No puerpeacuterio os acompanhantes devem ser

orientados junto aacute mulher sobre os cuidados com o RN aleitamento materno e como apoiar a

matildee na nova fase

No presente estudo houve acompanhante familiar em 960 dos partos assistidos pelas

enfermeiras residentes Partos sem acompanhante familiar foram apenas 37 Estes dados

31

corroboram com a afirmaccedilatildeo de que a presenccedila do acompanhante familiar eacute uma praacutetica

consolidada e respeitada pela equipe da maternidade do HRTN

Analgesia

Meacutetodos natildeo farmacoloacutegicos

A OMS (1996) recomenda que o uso de meacutetodos natildeo farmacoloacutegicos para aliacutevio da dor deve

ser privilegiado durante a assistecircncia ao trabalho de parto considerando-os como ldquopraacuteticas

reconhecidamente uacuteteis e que devem ser estimuladasrdquo Categoria A na recomendaccedilatildeo de boas

praacuteticas na assistecircncia ao parto

Entre as praacuteticas natildeo medicamentosas tem-se estudado o uso de acupuntura acupressura

hipnose teacutecnicas de relaxamento e respiraccedilatildeo aplicaccedilatildeo de frio e calor aromaterapia

aacuteudioanalgesia massagem deambulaccedilatildeo e banho de imersatildeo durante o parto (SILVA 2011)

Em um estudo de revisatildeo sistemaacutetica foram incluiacutedos 14 ensaios com 1448 parturientes que

utilizaram diferentes formas de tratamento para a dor (acupuntura hipnose audioanalgesia

aromaterapia massagem e relaxamento) A hipnose mostrou-se efetiva em termos de reduzir a

necessidade de meacutetodos farmacoloacutegicos para aliacutevio da dor aumentando o grau de satisfaccedilatildeo

materna Maior chance de parto vaginal e reduccedilatildeo da necessidade de analgesia A acupuntura

tambeacutem se associou a uma menor intensidade da dor e reduccedilatildeo do uso de ocitocina A eficaacutecia

de meacutetodos como acupressatildeo aromaterapia aacuteudioanalgesia relaxamento e massagem natildeo foi

ainda estabelecida sendo necessaacuterios ensaios cliacutenicos randomizados para avaliaccedilatildeo dessas

terapias complementares para aliacutevio da dor durante o trabalho de parto (PORTO 2010)

Deve-se considerar que o suporte contiacutenuo intraparto e as posiccedilotildees verticalizadas durante o

parto tambeacutem se associam agrave reduccedilatildeo da dor e maior grau de satisfaccedilatildeo materna como jaacute

demonstrado em revisotildees sistemaacuteticas A imersatildeo em aacutegua em banheiras ou similares durante

o trabalho de parto tem sido investigada como um meacutetodo de promoccedilatildeo de relaxamento e aliacutevio

da dor Em uma revisatildeo sistemaacutetica de 11 ensaios cliacutenicos a imersatildeo em aacutegua foi associada agrave

reduccedilatildeo no uso de analgesia e reduccedilatildeo no relato de dor sem prejudicar a duraccedilatildeo do trabalho

de parto as taxas de partos ciruacutergicos ou o bem-estar neonatal (PORTO 2010)

32

A SMSA-BH recomenda que os meacutetodos natildeo farmacoloacutegicos para aliacutevio da dor sejam ofertados

a 100 das mulheres em trabalho de parto De acordo com dados institucionais fornecidos

pela coordenaccedilatildeo da maternidade a oferta variou entre 7571 em julho de 2013 a 8778 em

julho de 2013 considerando todos os partos realizados na instituiccedilatildeo no periacuteodo de abril de

2013 a abril de 2014

No livro fonte de dados deste estudo a oferta de meacutetodos natildeo farmacoloacutegicos natildeo eacute registrada

natildeo sendo possiacutevel quantificar estes dados nos partos assistidos por REO mas pode-se inferir

que esta eacute uma praacutetica adotada pelas enfermeiras obstetras e residentes quando se observa

por exemplo as baixas taxas de analgesia farmacoloacutegica em torno de 16 nos partos

assistidos por estas profissionais

Meacutetodos farmacoloacutegicos

Classicamente vaacuterios meacutetodos farmacoloacutegicos foram propostos mas existe consenso

atualmente de que se algum meacutetodo farmacoloacutegico for indicado para aliacutevio da dor durante o

trabalho de parto a analgesia regional com peridural ou teacutecnica combinada (raquidiana e

peridural) deve ser empregada preferencialmente em relaccedilatildeo ao uso de opioacuteides sistecircmicos ou

analgesia inalatoacuteria A teacutecnica ideal para analgesia de parto deveria ter miacutenima ou ausente

transferecircncia placentaacuteria ausecircncia de efeitos sobre o fluxo sanguiacuteneo uteroplacentaacuterio efeitos

miacutenimos e reversiacuteveis sobre o feto e neonato ausecircncia de efeito ocitoacutecico ou tocoliacutetico e

ausecircncia de bloqueio motor (PORTO 2010)

Uma revisatildeo sistemaacutetica realizada em 2011 incluindo 38 estudos comprovou a eficaacutecia da

analgesia peridural para reduccedilatildeo da dor de mulheres durante o processo de parto mas

tambeacutem revelou maior risco de parto instrumental maior necessidade de ocitocina e aumento

da duraccedilatildeo do segundo estaacutegio do parto Natildeo houve associaccedilatildeo dessa intervenccedilatildeo com risco

de cesariana cefaleacuteia e escores de Apgar menores que sete no quinto minuto (AMORIM

2011)

Na maternidade em estudo a analgesia farmacoloacutegica seja por teacutecnica peridural ou

raquianestesia eacute considerada um direito da mulher de acordo com os princiacutepios da

humanizaccedilatildeo e eacute ofertada conforme desejo da parturiente apoacutes a oferta de diferentes meacutetodos

33

natildeo farmacoloacutegicos para aliacutevio da dor e sob orientaccedilotildees sobre os riscos e benefiacutecios do

procedimento ou nos casos em que haacute indicaccedilatildeo cliacutenica para realizaccedilatildeo do mesmo A teacutecnica

de analgesia empregada na instituiccedilatildeo permite na maior parte dos casos a deambulaccedilatildeo

movimentaccedilatildeo e uso concomitante de outros meacutetodos alternativos de aliacutevio da dor como

chuveiro Isto pode influenciar para o desfecho favoraacutevel dos partos conforme mostram as

evidecircncias sobre movimentaccedilatildeo e verticalizaccedilatildeo durante o trabalho de parto

A SMSA-BH recomenda a utilizaccedilatildeo de analgesia quando esgotados os recursos natildeo

farmacoloacutegicos para aliacutevio da dor em torno de 30 dos partos normais A proporccedilatildeo de parto

normal com analgesia variou de 141 em janeiro de 2014 e 279 em agosto de 2013

considerando todos os partos realizados na instituiccedilatildeo no mesmo periacuteodo deste estudo

Considerando os 1434 assistidos por EO no periacuteodo do estudo 147 recebeu analgesia por

teacutecnica peridural e 11 raquidiana Os demais 841 dos partos foi sem analgesia

farmacoloacutegica

No presente estudo a analgesia farmacoloacutegica foi realizada em 176 dos partos sendo 166

por teacutecnica peridural e 11 raquidiana Analgesia natildeo foi realizada em 822 dos partos

assistidos por REO Estes dados demonstram que a oferta de meacutetodos natildeo farmacoloacutegicos

para aliacutevio da dor pode ter sido influenciado positivamente na escolha da parturiente em

receber ou natildeo a analgesia farmacoloacutegica

Laceraccedilotildees perineais

Laceraccedilotildees perineais satildeo traumas em estruturas componentes da vagina que podem ocorrer

de forma espontacircnea durante a passagem do feto pelo canal de parto ou em decorrecircncia de

episiotomia as quais podem se prolongar

A laceraccedilatildeo de primeiro grau eacute aquela que natildeo atinge nenhum muacutesculo estendendo-se atraveacutes

da fuacutercula mucosa vaginal e da pele Jaacute a laceraccedilatildeo de segundo grau acomete os muacutesculos

perineais poreacutem sem lesatildeo do esfiacutencter retal A laceraccedilatildeo de terceiro grau atinge essa

estrutura e algumas vezes prolonga-se ateacute a parede anterior do reto Neste uacuteltimo caso em

que a parede do reto eacute comprometida por vezes utiliza-se o termo laceraccedilatildeo de quarto grau

As laceraccedilotildees de primeiro e segundo grau satildeo consideradas leves e laceraccedilotildees de terceiro e

34

quarto grau satildeo consideradas graves pois podem levar agrave incontinecircncia urinaacuteria e fecal sendo

estas uacuteltimas mais raras (REZENDE 2005)

A ocorrecircncia de laceraccedilotildees perineais no parto normal depende de diversos fatores que podem

estar relacionados agraves condiccedilotildees maternas ao feto ao parto em si e ao prestador de serviccedilo

Embora estes fatores natildeo estejam definitivamente estabelecidos existem evidecircncias indicando

o local do parto e o profissional que assiste a escolaridade materna a paridade a altura do

periacuteneo a duraccedilatildeo do segundo estaacutegio do parto a cicatriz perineal anterior a infusatildeo de

ocitocina a posiccedilatildeo no parto a analgesia farmacoloacutegica os puxos dirigidos as manobras de

proteccedilatildeo perineal o peso e o periacutemetro cefaacutelico do RN como fatores relacionados entre

outros Quanto a integridade perineal sua chance aumenta entre as mulheres com um ou mais

partos vaginais anteriores (RIESCO et al 2011)

Estudos tambeacutem tecircm buscado associaccedilatildeo entre a posiccedilatildeo materna no parto e as laceraccedilotildees

perineais Sousa (2013) verificou que a posiccedilatildeo deitada de lado juntamente com a posiccedilatildeo de

coacutecoras foram as que tiveram maior ocorrecircncia de laceraccedilotildees de primeiro grau principalmente

com 750 e 833 dos casos respectivamente Essas duas posiccedilotildees tambeacutem foram as que

mais favoreceram para que as mulheres tivessem laceraccedilotildees na pesquisa desenvolvida por

Souza (2011) em um CPN do Rio de Janeiro com incidecircncia de 502 nos partos assistidos

em posiccedilatildeo lateral e 696 naqueles assistidos de coacutecoras Em ambas pesquisas a posiccedilatildeo de

Gaskin foi a que teve menor incidecircncia de traumas perineais seguida da posiccedilatildeo

sentadareclinada

Entre as principais morbidades relacionadas estatildeo a dor perineal e o sangramento aumentado

Apoacutes o parto tambeacutem podem surgir hematuacuteria incapacidade vesical e incontinecircncia urinaacuteria A

disfunccedilatildeo geniturinaacuteria e sexual produzida pelo trauma perineal pode ser tambeacutem devida agrave

perda ou diminuiccedilatildeo do tocircnus muscular perineal Poreacutem esse achado contrasta com dados de

outros estudos os quais concluiacuteram que a via de parto a paridade a idade materna o peso do

receacutem-nascido (RN) e a episiotomia natildeo foram fatores determinantes para a reduccedilatildeo da forccedila

muscular perineal Considerando os problemas em curto prazo (perda sanguiacutenea necessidade

de sutura e dor perineal) e em longo prazo (disfunccedilotildees intestinais urinaacuterias e sexuais)

35

associados ao trauma perineal no parto sua prevenccedilatildeo reduccedilatildeo e reparaccedilatildeo adequada satildeo

fatores importantes para as mulheres e os profissionais que as assistem (RIESCO 2010)

Considerando os 1434 partos assistidos por EO em 304 houve periacuteneo iacutentegro 447

laceraccedilotildees de primeiro grau 228 laceraccedilotildees de segundo grau 195 de terceiro grau e

014 de quarto grau Tais resultados satildeo proacuteximos aos verificados neste estudo e

associados com as baixas taxas de episiotomia nos partos assistidos pelas enfermeiras

residentes corroboram com a recomendaccedilatildeo do uso seletivo da episiotomia como um praacutetica

favoraacutevel

Escore de Apgar

O momento de transiccedilatildeo da vida intrauterina para extrauterina eacute crucial para o desenvolvimento

do bebecirc e deve ser minuciosamente preparado e vivenciado Eacute indispensaacutevel que nos

primeiros minutos de vida do neonato seja realizada avaliaccedilatildeo completa e sistemaacutetica visando

identificar desvios da normalidade e que forneccedila agraves informaccedilotildees baacutesicas sobre a vitalidade e a

adaptaccedilatildeo do RN agrave vida fora do ventre materno (BARBOSA 2006)

A avaliaccedilatildeo realizada imediatamente apoacutes o parto eacute composta pelo o escore de Apgar sendo

complementada com a avaliaccedilatildeo do aspecto geral a medida dos sinais vitais e medidas

antropomeacutetricas O iacutendice de Apgar avalia cinco criteacuterios cliacutenicos cor da pele frequecircncia

cardiacuteaca irritabilidade reflexa respiraccedilatildeo e tocircnus muscular O RN eacute avaliado no primeiro e no

quinto minuto de vida e cada criteacuterio garante de 0 a 2 pontos desencadeando assim uma soma

adequada entre 7 e 10 pontos Quando a soma total resulta em 4 a 6 pontos sugere dificuldade

moderada do RN em adaptar-se e menor que 4 pode indicar sofrimento Julga-se assim o grau

de adaptaccedilatildeo imediata e o grau de depressatildeo neuroloacutegica do RN nos primeiros cinco minutos

de vida (SBP 2011)

O iacutendice Apgar tem sido pouco utilizado para avaliar a qualidade de assistecircncia ao parto sendo

considerado um indicador pontual aleacutem de natildeo ser utilizado para determinar o iniacutecio da

reanimaccedilatildeo neonatal No entanto sua aplicaccedilatildeo permite avaliar a resposta do neonato agraves

manobras realizadas e a eficaacutecia dessas manobras O Apgar no quinto minuto eacute mais utilizado

36

para avaliaccedilatildeo da adaptaccedilatildeo do RN por melhor representa-la se comparado ao Apgar de

primeiro minuto Se o escore eacute inferior a 7 no 5ordm minuto recomenda-se realizaacute-lo a cada cinco

minutos ateacute 20 minutos de vida Eacute necessaacuterio documentar o escore de Apgar de maneira

concomitante agrave dos procedimentos de reanimaccedilatildeo executados (SBP 2011)

Eacute importante considerar que um Apgar baixo natildeo eacute necessariamente resultado de uma

assistecircncia ao parto e ao neonato inadequada assim como um bom iacutendice de Apgar natildeo indica

boa qualidade assistencial ao binocircmio Este iacutendice entretanto eacute um bom indicador para

resultados perinatais a longo prazo aleacutem de ser considerado importante preditor da avaliaccedilatildeo

do bem-estar e do prognoacutestico inicial do receacutem-nascido A avaliaccedilatildeo imediata do RN pode ser

feita por pediatra ou outro profissional capacitado para prestar a assistecircncia necessaacuteria desde

o suporte baacutesico ateacute a reanimaccedilatildeo neonatal Na maternidade do HRTN o pediatra eacute o

profissional responsaacutevel pela assistecircncia ao RN na sala de parto A instituiccedilatildeo possui UTI

neonatal para onde satildeo encaminhados os RN que necessitam de cuidados especiacuteficos Os

neonatos que apresentam boa vitalidade satildeo colocados em contato pele a pele com as matildees e

apoacutes permanecem em alojamento conjunto ateacute a alta

Pela SMSA-BH a meta de Apgar lt7 no quinto minuto eacute no maacuteximo 3 Este indicador variou

entre 08 em fevereiro de 2014 a 24 em novembro de 2013 considerando todos os partos

realizados na instituiccedilatildeo no mesmo periacuteodo do estudo ou seja esteve sempre dentro da meta

estabelecida

No presente estudo as dados sobre escore de Apgar foram divididos em Apgar lt7 (644) e gt7

(9356) no primeiro minuto lt7 (084) e gt 7 (9916) no quinto minuto Tais dados mostram

que a quase totalidade dos RN apresentava boas condiccedilotildees de vitalidade no primeiro e quinto

minuto A este dado se associa o incentivo e a alta taxa de contato pele a pele precoce sendo

um dos fatores que contribuem para melhor adaptaccedilatildeo a vida extrauterina aleacutem de assistecircncia

qualificada aos RN que necessitam de cuidados especiacuteficos ou reanimaccedilatildeo

37

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Os resultados deste estudo evidenciam que a assistecircncia ao parto prestada pelas residentes

em enfermagem obsteacutetrica foi coerente com as recomendaccedilotildees de boas praacuteticas em todos os

aspectos analisados consolidando as evidecircncias literaacuterias sobre a assistecircncia ao parto

promovida por enfermeiras obstetras Foi possiacutevel observar maioria de partos em posiccedilotildees

verticalizadas uso seletivo de episiotomia com baixa incidecircncia de laceraccedilotildees perineais

graves alto iacutendice de contato pele a pele presenccedila de acompanhante na maioria dos partos

baixas taxas de analgesia farmacoloacutegica e escores de Apgar que demonstram boa vitalidade

fetal em quase todos os receacutem-nascidos Diante do exposto eacute possiacutevel concluir que a atuaccedilatildeo

das enfermeiras residentes em enfermagem obsteacutetrica contribuiu para a obtenccedilatildeo de

resultados obsteacutetricos e neonatais favoraacuteveis na maternidade do HRTN

Devido agrave forma de organizaccedilatildeo e registro dos procedimentos no livro utilizado para coleta de

dados natildeo foi possiacutevel avaliar algumas praacuteticas obsteacutetricas tais como uso de ocitocina

amniotomia oferta de meacutetodos natildeo farmacoloacutegicos para aliacutevio da dor oferta de liacutequidos

durante o trabalho de parto e uso de partograma Estes dados seriam importantes para uma

anaacutelise mais detalhada sobre a assistecircncia ao parto Os dados institucionais fornecidos pela

coordenaccedilatildeo da maternidade forneceram uma dimensatildeo de algumas destas praacuteticas na

maternidade contudo natildeo foi possiacutevel neste estudo avaliar quantitativamente tais

procedimentos somente nos partos assistidos por enfermeiras residentes Sugere-se ampliaccedilatildeo

dos indicadores no livro de registro e padronizaccedilatildeo no seu preenchimento para melhor

qualificaccedilatildeo dos dados da assistecircncia ao parto prestada elas enfermeiras obstetrasresidentes

A capacitaccedilatildeo profissional no modelo de residecircncia eacute intensa e exige dedicaccedilatildeo A extensa

carga horaacuteria praacutetica aliada agrave teoria satildeo determinantes para uma formaccedilatildeo qualificada e

humana das enfermeiras residentes A possibilidade de atuar efetivamente na assistecircncia em

conjunto com outras categorias profissionais enriquece a formaccedilatildeo abrangendo diferentes

fases e situaccedilotildees do ciclo graviacutedico-puerperal Eacute importante salientar que a capacitaccedilatildeo das

enfermeiras obstetras nesta modalidade pioneira de residecircncia soacute foi possiacutevel graccedilas ao

estiacutemulo governamental com recursos provenientes do programa Rede Cegonha e os

esforccedilos conjuntos da Escola de Enfermagem da UFMG e demais instituiccedilotildees envolvidas

38

Os resultados deste estudo evidenciam a incorporaccedilatildeo do modelo assistencial humanizado e

baseado em evidecircncias cientiacuteficas pela equipe do HRTN O modelo colaborativo de assistecircncia

obsteacutetrica pode gerar resultados favoraacuteveis e promissores com as atuaccedilotildees complementares

entre as diferentes categorias profissionais A praacutetica supervisionada durante todo o processo

de formaccedilatildeo e a avaliaccedilatildeo constante das habilidades adquiridas pelas residentes satildeo

fundamentais para a consolidaccedilatildeo do conhecimento para maior seguranccedila das aprendizes e

para a oferta de uma assistecircncia qualificada e humanizada a mulher receacutem nascido e famiacutelia

A instituiccedilatildeo que acolhe as enfermeiras residentes obteacutem retorno positivo pois a atuaccedilatildeo

preceptorada das mesmas resulta em assistecircncia qualificada que atende a perspectiva da

praacutetica baseada em evidecircncia cientiacutefica segura com baixo custo e bons resultados obsteacutetricos

e neonatais Os resultados da atuaccedilatildeo das enfermeiras residentes refletem o modelo

institucional incorporado o qual eacute transmitido as residentes pelos preceptores O incentivo a

formaccedilatildeo de enfermeiras obstetras eacute fundamental para o fortalecimento desta categoria

profissional para maior inserccedilatildeo destas profissionais em espaccedilos aonde a assistecircncia ao parto

ainda eacute meacutedico-centrada e para mudanccedila do modelo obsteacutetrico hegemocircnico nacional

39

REFEREcircNCIAS

ACOG- American College of Obstetricians and Gynecologists- Committee opinion no 560 Medically indicated late-preterm and early-term deliveries Obstet Gynecol 2013 121908-10

AMORIM MMR SOUZA ASR PORTO AAF Indicaccedilotildees de cesariana baseadas em evidecircncias parte I FEMINA v 38 n 8 p 415-422 2010

AMORIM T e GUALDA DMR Coadjuvantes das mudanccedilas no contexto do ensino e da praacutetica da enfermagem obsteacutetrica Rev Rene Fortaleza 2011 outdez 12(4)833-40

BARBOSA R F et al Reanimaccedilatildeo Neonatal in ALVES FILHO N et al Perinatologia Baacutesica 3a ediccedilatildeo Guanabara Koogan Rio de Janeiro Cap21 p172 2006

BATALHA E O lugar das Enfermeiras e Obstetrizes Revista RADIS Ed 148 Jan 2015 P30 a 34

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Parto aborto e puerpeacuterio assistecircncia humanizada a mulher Brasiacutelia DF 2001

BRASIL Lei 11108 de 7 de abril de 2005 Altera a Lei 8080 de 19 de setembro de 1990 para garantir as parturientes o direito a presenccedila de acompanhante durante o trabalho de parto parto e poacutes-parto imediato no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede ndash SUS Brasiacutelia DF 07 abr 2005

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede Departamento de Accedilotildees Programaacuteticas Estrateacutegicas Aacuterea Teacutecnica de Sauacutede da Mulher Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos uma prioridade do governoMinisteacuterio da Sauacutede Secretaria de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede Departamento de Accedilotildees Programaacuteticas Estrateacutegicasndash Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 2005

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Poliacutetica Nacional de Planejamento Familiar Brasiacutelia DF 2007

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Portaria nordm 1459 de 24 de Junho de 2011 Institui no Sistema Uacutenico de Sauacutede SUS a Rede Cegonha Disponiacutevel em

httpbvsmssaudegovbrbvssaudelegisgm2011prt1459_24_06_2011html Acesso

em 18 de Abril de 2014

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Iniciativa hospital amigo da crianccedila revista atualizada e ampliada para o cuidado integrado Brasiacutelia DF 2010

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Poliacutetica nacional de atenccedilatildeo integral a sauacutede da mulher princiacutepios e diretrizes Brasiacutelia DF 2011

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede Departamento de Atenccedilatildeo Baacutesica Atenccedilatildeo ao preacute-natal de baixo risco Ministeacuterio da Sauacutede Departamento de Atenccedilatildeo

40

Baacutesica ndash Brasiacutelia Editora do Ministeacuterio da Sauacutede 2012 318 p il ndash (Seacuterie A Normas e Manuais Teacutecnicos) (Cadernos de Atenccedilatildeo Baacutesica ndeg 32)

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em Sauacutede Departamento de Anaacutelise de Situaccedilatildeo de Sauacutede Sauacutede Brasil 2011 uma anaacutelise da situaccedilatildeo de sauacutede e a vigilacircncia da sauacutede da mulher Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em Sauacutede Departamento de Anaacutelise de Situaccedilatildeo de Sauacutede ndash Brasiacutelia Editora do Ministeacuterio da Sauacutede 2012 444 p il

BRASIL Presidecircncia da Repuacuteblica Objetivos de Desenvolvimento do Milecircnio Relatoacuterio Nacional de Acompanhamento Coordenaccedilatildeo Instituto de Pesquisa Econocircmica Aplicada e Secretaria de Planejamento e Investimentos Estrateacutegicos supervisatildeo Grupo Teacutecnico para o acompanhamento dos ODM - Brasiacutelia Ipea MP SPI 2014 208 p il graacutefs mapas color

NASCER NO BRASIL inqueacuterito sobre parto e nascimento Cadernos de Sauacutede Puacuteblica Vol30 supl1 Rio de Janeiro 2014 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophpscript=sci_issuetocamppid=0102 Acesso em 15 de junho de 2015

CAVALCANTIPCS GARIBALDI D Jr VASONCELOS ALR Guerrero AVP Um modelo loacutegico da Rede Cegonha Physis Revista de Sauacutede Coletiva Rio de Janeiro 2013 23 [4] 1297-1316 CESAR JA et al Caracteriacutesticas sociodemograacuteficas e de assistecircncia a gestaccedilatildeo e ao parto no extremo sul do Brasil Cad Sauacutede Puacuteblica v 27 n 5 p 985-994 2011 DOMINGUES RMSM SANTOS EMS Leal MC Aspectos da satisfaccedilatildeo das mulheres com a assistecircncia ao parto contribuiccedilatildeo para o debate Cad Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro 2004 20 Sup 1S52-S62 COFEN Decreto nordm 9440687 Regulamentaccedilatildeo da Lei 749886 Fonte PORTAL EDUCACcedilAtildeO Disponiacutevel em httpwwwportaleducacaocombrenfermagemartigos1735decreto-n-94406-87-regulamentacao-da-lei-n-7498-865ixzz3duAFhlYV Acesso em 23062015 GRAVENA AAF PAULA MG MARCON SS CARVALHO MDB PELLOSO SM Idade materna e fatores associados a resultados perinatais Acta Paul Enferm 2013 26(2)130-5 IBGE Projeccedilatildeo da Populaccedilatildeo do Brasil - 2013 Disponiacutevel em

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31102014 MOORE ER et al Early skin-to-skin contact for mothers and their healthy newborn infants The Cochrane Library n 12 2012 Disponiacutevel em lthttpcochranebvsaludorgdocphpdb=reviewsampid=CD003519gt Acessado em 15 de outubro de 2014 MOUTA RJO et al Relaccedilatildeo entre posiccedilatildeo adotada pela mulher no parto integridade perineal e vitalidade do receacutem-nascido Rev Enferm UERJ v 16 n 4 p 472-476 2008

41

ORGANIZACcedilAtildeO MUNDIAL DA SAUacuteDE Care in normal birth a practical guide Geneva 1996 53p ORGANIZACcedilAtildeO MUNDIAL DE SAUacuteDE ndash Objetivos de Desenvolvimento do Milecircnio

httpwwwwhointeportuguesepublicationspt Acesso em 09032015

PORTO AMF AMORIM MMR SOUZA ASR Assistecircncia ao primeiro periacuteodo do trabalho de parto baseada em evidecircncias FEMINA v 38 n 10 2010

RABELO LR OLIVEIRA DL Percepccedilotildees de enfermeiras obsteacutetricas sobre sua competecircncia na atenccedilatildeo ao parto normal hospitalar Rev Esc Enferm USP 2010 44(1)213-20 RAMOS HAC CUMAN RKN Fatores de risco para prematuridade pesquisa documental Esc Anna Nery Rev Enferm 2009 abr-jun 13 (2) 297-304 RIESCO MLG et al Episiotomia laceraccedilatildeo e integridade perineal em partos normais anaacutelise de fatores associados Rev Enferm UERJ v 19 n1 p 77-83 2011

REZENDE J Obstetriacutecia fundamental 2 ed Rio de Janeiro Guanabara Koogan 2005

ROCHA CR FONSECA LC Assistecircncia do enfermeiro obstetra a mulher parturiente em busca do respeito a natureza Rev de Pesq cuidado eacute fundamental v 2 n 2 p 807-816 2010

SANTOS NCP VOGTSE PIMENTA AM DUARTE ED MADEIRA LM ABREU MNS et al Resultados maternos y neonatales en el trabajo de parto y parto de adolescentes admitidas en un Centro de Parto Normal brasileiro Adolesc Saude 201411(3)39-50

SILVA LM et al Uso da bola suiacuteccedila no trabalho de parto Acta Paul Enferm 201124(5)656-62

SILVA JLCP SURITA FGC Idade materna resultados perinatais e via de parto Rev Bras Ginecol Obstet 2009 31(7) 321 ndash 5

SBP- Sociedade Brasileira de Pediatria Programa de reanimaccedilatildeo neonatal da Sociedade Brasileira de Pediatria Condutas 2011 27p

SOUSA AMM Praacuteticas obsteacutetricas na assistecircncia ao parto e nascimento em uma maternidade de Belo Horizonte Tese de mestrado Escola de Enfermagem da Universidade Federal de Minas Gerais Belo Horizonte 2013

SOUZA DOM Partos assistidos por enfermeiras praacuteticas obsteacutetricas realizadas no ambiente hospitalar no periacuteodo de 2004 a 2008 2011 84f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) Faculdade de Enfermagem da Universidade do Estado do Rio de Janeiro Rio de Janeiro RJ 2011

SOGC ndash Society of Obstetricians and Gynecologists of Canada Guidelines for the Management of Pregnancy at 41+0 to 42+0 Weeks JOGC september 2008

42

VOGT SE et al Caracteriacutesticas da assistecircncia ao trabalho de parto em trecircs modelos de atenccedilatildeo no SUS no Municiacutepio de Belo Horizonte Minas Gerais Brasil Cad Sauacutede Puacuteblica v 27 n 9 p 1789-1800 2011

ANEXO 1

RECOMENDACcedilOtildeES DE BOAS PRAacuteTICAS DE ASSISTEcircNCIA AO PARTO SEGUNDO

CLASSIFICACcedilAtildeO DO MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2001

CATEGORIA A - PRAacuteTICAS DEMONSTRADAMENTE UacuteTEIS E QUE DEVEM SER

ESTIMULADAS

Plano individual determinando onde e por quem o nascimento seraacute realizado feito em

conjunto com a mulher durante a gestaccedilatildeo e comunicado a seu maridocompanheiro

Avaliaccedilatildeo do risco gestacional durante o preacute-natal reavaliado a cada contato com o

sistema de sauacutede

Respeito agrave escolha da matildee sobre o local do parto

Fornecimento de assistecircncia obsteacutetrica no niacutevel mais perifeacuterico onde o parto for viaacutevel e

seguro e onde a mulher se sentir segura e confiante

Respeito ao direito da mulher agrave privacidade no local do parto

Apoio empaacutetico pelos prestadores de serviccedilo durante o trabalho de parto e parto

Respeito agrave escolha da mulher sobre seus acompanhantes durante o trabalho de parto e

parto

Fornecimento agraves mulheres sobre todas as informaccedilotildees e explicaccedilotildees que desejarem

Oferta de liacutequidos por via oral durante o trabalho de parto e parto

Monitoramento fetal por meio de ausculta intermitente

43

Monitoramento cuidadoso do progresso do parto por exemplo por meio do uso do

partograma da OMS

Monitoramento do bem-estar fiacutesico e emocional da mulher durante trabalho e parto e ao

teacutermino do processo de nascimento

Meacutetodos natildeo invasivos e natildeo farmacoloacutegicos de aliacutevio da dor como massagem e

teacutecnicas de relaxamento durante o trabalho de parto

Liberdade de posiccedilatildeo e movimento durante o trabalho de parto

Estiacutemulo a posiccedilotildees natildeo supinas durante o trabalho de parto

Uso rotineiro de ocitocina clampeamento tardio (1 a 3 minutos apoacutes o nascimento) e

traccedilatildeo controlada do cordatildeo durante o 3o estaacutegio do trabalho de parto

Condiccedilotildees esteacutereis ao cortar o cordatildeo

Prevenccedilatildeo da hipotermia do bebecirc

Contato pele a pele precoce entre matildee e filho e apoio ao iniacutecio da amamentaccedilatildeo na

primeira hora apoacutes o parto segundo as diretrizes da OMS sobre Aleitamento Materno

Exame rotineiro da placenta e membranas ovulares

CATEGORIA B - PRAacuteTICAS CLARAMENTE PREJUDICIAIS OU INEFICAZES E QUE DEVEM

SER ELIMINADAS

Uso rotineiro de enema

Uso rotineiro de tricotomia

Infusatildeo intravenosa de rotina no trabalho de parto

Cateterizaccedilatildeo venosa profilaacutetica de rotina

Uso rotineiro de posiccedilatildeo supina (decuacutebito dorsal) durante o trabalho de parto

44

Exame retal

Uso de pelvimetria por Raios-X

Amniotomia precoce de rotina para diminuir a duraccedilatildeo do trabalho de parto

Administraccedilatildeo de ocitoacutecitos em qualquer momento antes do parto de um modo que natildeo

permite controlar seus efeitos

Uso de rotina da posiccedilatildeo de litotomia com ou sem estribos durante o trabalho de parto

Esforccedilo de puxo prolongado e dirigido (manobra de Valsalva) durante o segundo

estaacutegio do trabalho de parto

Massagem e distensatildeo do periacuteneo durante o segundo estaacutegio do trabalho de parto

Uso liberal e rotineiro de episiotomia

Uso de comprimidos orais de ergometrina no terceiro estaacutegio do trabalho de parto com

o objetivo de evitar ou controlar hemorragias

Uso rotineiro de ergometrina parenteral no terceiro estaacutegio do trabalho de parto

Lavagem uterina rotineira apoacutes o parto

Revisatildeo uterina (exploraccedilatildeo manual) rotineira apoacutes o parto

CATEGORIA C - PRAacuteTICAS SEM EVIDEcircNCIAS SUFICIENTES PARA APOIAR UMA

RECOMENDACcedilAtildeO CLARA E QUE DEVEM SER UTILIZADAS COM CAUTELA ATEacute QUE

MAIS PESQUISAS ESCLARECcedilAM A QUESTAtildeO

Meacutetodos natildeo farmacoloacutegicos de aliacutevio de dor durante o trabalho parto como ervas

imersatildeo em aacuteguas e estimulaccedilatildeo dos nervos

Amniotomia e ocitocina precoce de rotina no primeiro estaacutegio do trabalho de parto para

prevenccedilatildeo de progresso inadequado do parto

Pressatildeo do fundo uterino durante o trabalho de parto

45

Manobras relacionadas agrave proteccedilatildeo do periacuteneo e ao manejo do poacutelo cefaacutelico no

momento do parto

Manipulaccedilatildeo ativa do feto no momento do parto

Estimulaccedilatildeo do mamilo para estimular a contratilidade uterina durante o terceiro estaacutegio

do trabalho de parto

CATEGORIA D - PRAacuteTICAS FREQUENTEMENTE USADAS DE MODO INADEQUADO

Restriccedilatildeo hiacutedrica e alimentar durante o trabalho de parto

Controle da dor por agentes sistecircmicos

Controle da dor por analgesia peridural

Monitoramento eletrocircnico fetal

Uso de maacutescaras e aventais esteacutereis durante a assistecircncia ao trabalho de parto

Exames vaginais repetidos ou frequumlentes especialmente por mais de um prestador de

serviccedilo

Correccedilatildeo da dinacircmica com utilizaccedilatildeo de ocitocina

Transferecircncia rotineira da parturiente para outra sala no iniacutecio do segundo estaacutegio do

trabalho de parto

Cateterizaccedilatildeo da bexiga

Estiacutemulo para o puxo quando se diagnostica dilataccedilatildeo cervical completa ou quase

completa antes que a mulher sinta o puxo involuntaacuterio

Clampeamento precoce do cordatildeo umbilical

Adesatildeo riacutegida a uma duraccedilatildeo estipulada do 2deg estaacutegio do trabalho de parto

Parto operatoacuterio e exploraccedilatildeo manual do uacutetero apoacutes o parto

46

ANEXO 2

47

48

ANEXO 3

49

Page 25: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS ESCOLA DE ENFERMAGEM … FINAL ANA … · inserção do estudo foi: partos assistidos por residentes em enfermagem obstétrica, independente se

25

Sousa (2013) observou em seu estudo com 61 mulheres assistidas em Hospital da rede puacuteblica

de Belo Horizonte que mais de 75 pariram deitadas de costas com pernas levantadas sem

uso de perneiras As demais mulheres deram a luz em posiccedilatildeo de coacutecoras (98) deitada de

lado (66) sentadareclinada (66) ou Gaskin (16)

A maternidade do HRTN faz parte da rede de hospitais de Belo Horizonte que assinou o Termo

de Compromisso das Maternidades do SUS-BH estabelecido pela Comissatildeo Perinatal da

Secretaria Municipal de Sauacutede de Belo Horizonte (SMSA-BH) o qual estabelece metas para

diversos indicadores assistenciais objetivando humanizar a assistecircncia e reduzir as taxas de

cesariana nas maternidades da rede puacuteblica de Belo Horizonte No que se refere a posiccedilatildeo de

parto a SMSA-BH tem como meta que mais de 70 dos partos sejam realizados em posiccedilatildeo

natildeo supina Segundo dados institucionais fornecidos pela coordenaccedilatildeo da maternidade sobre

todos os partos do HRTN no mesmo periacuteodo deste estudo a taxa de partos em posiccedilatildeo natildeo

supina variou de 6202 em abril de 2014 a 8138 em abril de 2013

Diante dos resultados deste estudo eacute possiacutevel inferir que no HRTN a equipe incentiva e apoia o

uso de deambulaccedilatildeo e posiccedilotildees verticalizadas durante o trabalho de parto e periacuteodo expulsivo

As mulheres devem orientadas sobre os benefiacutecios da verticalizaccedilatildeo para a evoluccedilatildeo do

trabalho de parto No momento do parto deve haver incentivo agrave livre escolha da posiccedilatildeo dentro

das possibilidades da maternidade Ainda natildeo haacute disponibilidade de parto com imersatildeo em

aacutegua mas haacute quartos PPP (preacute-parto parto e poacutes-parto) com chuveiro bola suiacuteccedila banquinho

meia lua escada de Ling e espaccedilo fiacutesico que permite deambulaccedilatildeo Em alguns plantotildees a

equipe conta com a participaccedilatildeo das Doulas no cuidado agrave mulher em trabalho de parto

Os resultados deste estudo satildeo similares aos encontrados por Sousa (2013) o que mostra que

ambas as instituiccedilotildees componentes do SUS em Belo Horizonte que tem atuaccedilatildeo efetiva das

enfermeiras obstetras estimulam o parto em posiccedilotildees verticalizadas e provavelmente

respeitam a livre escolha da posiccedilatildeo de parto

O fato da maior parte dos partos serem em posiccedilatildeo semi-sentada gera certa inquietaccedilatildeo pois

26

sabe-se que esta posiccedilatildeo permite maior controle e melhor visibilidade sendo cocircmoda para o

profissional que assiste ao parto Outra justificativa possiacutevel para a grande porcentagem de

partos semi-sentada pode ser a falta de informaccedilatildeo eou orientaccedilatildeo das

mulheresacompanhantes sobre a possibilidade de parirem em outras posiccedilotildees que lhe sejam

confortaacuteveis Ressalta-se a necessidade de orientaccedilatildeo e incentivo quanto agrave liberdade de

posiccedilatildeo e sobre os benefiacutecios das posiccedilotildees verticalizadas para o trabalho de parto e periacuteodo

expulsivo desmitificando a claacutessica posiccedilatildeo de parto e empoderando-as a escolher a posiccedilatildeo

que lhes for mais confortaacutevel

Episiotomia

A episiotomia foi inicialmente proposta com o objetivo de facilitar o parto reduzindo o trauma

perineal e facilitando o reparo Entretanto natildeo obstante a indicaccedilatildeo de livros-texto sua

realizaccedilatildeo de rotina natildeo pode ser recomendada uma vez que existem vaacuterias evidecircncias de que

natildeo eacute necessaacuteria e de que pode ser prejudicial (AMORIM 2010)

Entre as principais morbidades relacionadas agrave episiotomia estatildeo a dor perineal e o

sangramento aumentado Nesses casos devido a urgecircncia os traumas perineais muitas vezes

satildeo suturados sem a boa visualizaccedilatildeo do local podendo produzir acidentes com lesatildeo no trato

geniturinaacuterio e nas estruturas do assoalho peacutelvico causando hipermobilidade uretral e prolapso

genital Apoacutes o parto tambeacutem podem surgir hematuacuteria incapacidade vesical e incontinecircncia

urinaacuteria (RIESCO et al 2011)

A OMS (1996) considera o uso liberal e rotineiro de episiotomia uma praacutetica claramente

prejudicial e que deve ser eliminada (categoria B) Embora os dados disponiacuteveis na literatura

revelem que a realizaccedilatildeo de episiotomia natildeo cumpre os objetivos que justificariam sua

realizaccedilatildeo de forma rotineira sejam eles a prevenccedilatildeo de lesotildees nas genitais da matildee ou na

cabeccedila do receacutem-nascido ainda hoje tal intervenccedilatildeo permanece sendo usada de forma

abusiva em muitas instituiccedilotildees de sauacutede

Em revisatildeo sistemaacutetica incluindo oito ensaios cliacutenicos (n=5541) observou-se que comparada

agrave episiotomia de rotina a episiotomia seletiva (com indicaccedilatildeo precisa) esteve associada com

27

menos trauma perineal grave menor necessidade de suturas menos complicaccedilotildees na

cicatrizaccedilatildeo e mais trauma perineal anterior Natildeo houve diferenccedila na frequecircncia de trauma

vaginal ou perineal grave dispareunia incontinecircncia urinaacuteria ou dor intensa Os revisores

recomendam que a episiotomia natildeo seja realizada rotineiramente e quando necessaacuteria seja

realizada com o consentimento poacutes-informaccedilatildeo da parturiente (AMORIM 2010)

Cesar (2011) encontrou ocorrecircncia meacutedia de episiotomia de 72 entre as 2557 gestantes

estudadas no Sul do Brasil Houve variaccedilatildeo de 86 entre as adolescentes e 66 entre as

demais matildees As taxas encontradas foram bastante elevadas principalmente entre as

adolescentes o que indica baixa incorporaccedilatildeo de praacuteticas baseadas em evidecircncia na

assistecircncia ao parto no cenaacuterio do estudo

Em contrapartida Sousa (2013) verificou em seu estudo em uma maternidade da rede puacuteblica

de Belo Horizonte iacutendice de episiotomia em torno de 11 e observou seguranccedila na praacutetica dos

profissionais de sauacutede envolvidos na assistecircncia ao parto da instituiccedilatildeo estudada no que se

refere ao uso seletivo desse procedimento e aos criteacuterios de utilizaccedilatildeo Tal instituiccedilatildeo tem

princiacutepios humanizados e grande inserccedilatildeo de enfermeiras obstetras na assistecircncia ao parto o

que pode tambeacutem ter justificado a baixa taxa de episiotomia encontrada

Considerando todos os partos realizados no HRTN no periacuteodo deste estudo a taxa de

episiotomia variou entre 90 em abril de 2013 a 149 em abril de 2014 A SMSA-BH tem

como meta de realizaccedilatildeo de episiotomia em menos de 30 dos partos vaginais Considerando

os 1434 partos assistidos por EO no mesmo periacuteodo a taxa de episiotomia foi de 46 o que

mostra uso criterioso do procedimento por parte desta categoria profissional

No presente estudo a taxa de episiotomia foi 42 Nestes casos a episiotomia pode ter sido

indicada devido a periacuteneo resistente no intuito de prevenir laceraccedilotildees graves mesmo que natildeo

haja respaldo cientiacutefico para tal praacutetica Tambeacutem em situaccedilotildees de estado fetal natildeo

tranquilizador durante o periacuteodo expulsivo jaacute com o feto em planos avanccedilados no intuito de

acelerar o nascimento ou mesmo por distoacutecia de ombro ou outra complicaccedilatildeo sendo uma

decisatildeo conjunta entre preceptor e residente Deve-se considerar que a baixas taxas de

28

episiotomia nos partos assistidos por enfermeiras residentes satildeo reflexo da atuaccedilatildeo da

preceptoria tanto de enfermeiras obstetras como de meacutedicos obstetras A episiotomia natildeo foi

realizada em 9538 dos partos o que mostra que as residentes em enfermagem obsteacutetrica

faziam uso seletivo do procedimento Um aspecto relevante deste estudo eacute que mesmo com a

baixa taxa de episiotomia encontrou-se pequenas taxas de laceraccedilotildees perineais de terceiro

(28) e quarto grau (028) Isso aponta para um modelo de assistecircncia obsteacutetrico com

incorporaccedilatildeo de praacuteticas baseadas em evidecircncias cientiacuteficas na maternidade do HRTN

Contato pele a pele

As praacuteticas referentes ao contato da matildee com seu bebecirc e ao aleitamento materno ainda na

sala de parto satildeo tambeacutem indicadores relevantes da qualidade da atenccedilatildeo ao parto

humanizado e segundo a OMS (1996) e MS (2001) deve ser encorajada no parto normal

(categoria A)

O passo quatro da Iniciativa Hospital Amigo da Crianccedila (IHAC) preconiza que os bebecircs que

tenham condiccedilotildees cliacutenicas favoraacuteveis permaneccedilam por pelo menos uma hora junto agrave pele da

matildee e que iniciem o aleitamento materno ainda na primeira meia hora apoacutes o nascimento

independentemente da via de parto (BRASIL 2010)

O contato pele a pele precoce melhora os resultados neonatais em termos de menor choro e

maior estabilidade cardiorrespiratoacuteria e aumenta significativamente o sucesso da

amamentaccedilatildeo sem efeitos negativos aparentes em curto e longo prazo segundo estudo de

meta-anaacutelise O contato pele a pele da matildee com o receacutem-nascido por pelo menos 30 minutos

na primeira hora de vida aleacutem de propiciar o envolvimento matildee-filho e o aleitamento materno

eacute um indicativo de que o parto transcorreu adequadamente Aleacutem disso favorece o viacutenculo

afetivo propiciando o reconhecimento entre matildee e filho pode aumentar a autoestima materna

diminuir a ansiedade melhorar os sentimentos de aceitaccedilatildeo do seu novo papel e a satisfaccedilatildeo

durante o processo de parto (MOORE et al 2012)

Apesar de o contato pele a pele ser uma praacutetica demonstradamente uacutetil e que deve ser

encorajada no parto normal especificamente tambeacutem pode e deve ser promovida no parto

29

operatoacuterio Sousa (2013) verificou em sua pesquisa que dos 89 receacutem-nascidos vivos o

contato precoce entre matildee e filho foi garantido em mais de 77 dos partos embora a maior

frequecircncia tenha ocorrido entre os filhos nascidos de parto normal

Na maternidade do HRTN o contato pele a pele eacute incentivado e apoiado por toda a equipe

multiprofissional sendo uma praacutetica consolidada conforme apontam os resultados deste

estudo As parturientes devem ser orientadas sobre os benefiacutecios desta praacutetica e preparadas

para receber seus RN apoacutes o nascimento A assistecircncia ao RN estaacutevel deve ser feita

preferencialmente no colo da matildee e quando houver necessidade de encaminhar o RN ao

berccedilo aquecido assim que este estabelecer condiccedilotildees favoraacuteveis deve retornar para o contato

pele a pele Assim como o contato pele a pele a amamentaccedilatildeo na primeira hora de vida

tambeacutem deve ser apoiada e estimulada respeitando o desejo da mulher

No presente estudo o contato pele a pele na primeira hora de vida foi realizado em 9440 dos

partos Os 475 em que natildeo foi realizado pode ter como justificativa o nascimento de um RN

deprimido sem condiccedilotildees cliacutenicas de permanecer com a matildee e que necessitaram de

assistecircncia pediaacutetrica seja reanimaccedilatildeo neonatal ou transferecircncia para unidade neonatal

Tambeacutem pode ter como justificativa impossibilidade materna ou desejo de natildeo realizar contato

pele a pele

Pela pactuaccedilatildeo da maternidade em estudo com a SMSA-BH a meta eacute que 100 dos receacutem-

nascidos vivos realizem contato pele a pele efetivo na primeira hora de vida Considerando

todos os partos realizados na instituiccedilatildeo no mesmo periacuteodo deste estudo este indicador variou

entre 905 em abril de 2013 a 960 em agosto de 2013 segundo dados institucionais

fornecidos pela coordenaccedilatildeo a maternidade Estes dados sinalizam boa incorporaccedilatildeo desta

praacutetica pela equipe mas indicam tambeacutem necessidade de melhoria para que seja atingida a

meta

Acompanhante

A presenccedila de acompanhante durante todo o periacuteodo de internaccedilatildeo eacute um direito conquistado

pelas mulheres assegurado na Lei nordm 111082005 regulamentado pelo Ministeacuterio da Sauacutede

30

pela Portaria nordm 24182005 portanto obrigatoacuterio em todas as instituiccedilotildees sejam elas puacuteblicas

ou privadas (BRASIL 2005) Esta praacutetica eacute classificada pela OMS como demonstradamente uacutetil

e que deve ser estimulada (categoria A)

A presenccedila do acompanhante durante o processo de parturiccedilatildeo pode proporcionar bem-estar

fiacutesico e emocional agrave mulher e benefiacutecios clinicamente significativos ao binocircmio matildee-filho Os

efeitos do suporte agrave mulher foram encontrados em recente meta-anaacutelise e estatildeo associados agrave

menor duraccedilatildeo do trabalho de parto uso de ocitocina reduccedilatildeo de cesariana e de partos

vaginais instrumentais diminuindo ainda a utilizaccedilatildeo de analgesia intraparto e melhorando os

iacutendices de Apgar no quinto minuto (SOUSA 2013)

Outros estudos destacam ainda a importacircncia do acompanhante quando este se envolve natildeo

soacute no apoio fiacutesico e emocional mas tambeacutem no desenvolvimento junto agrave parturiente de accedilotildees

como massagem auxiacutelio e encorajamento durante a deambulaccedilatildeo banho e tambeacutem no

periacuteodo expulsivo o que proporciona tambeacutem maior grau de satisfaccedilatildeo com o parto Sousa

(2013) verificou em sua pesquisa que quase a totalidade (922) das mulheres assistidas em

uma instituiccedilatildeo de sauacutede da rede puacuteblica de Belo Horizonte permaneceu com o acompanhante

de sua escolha durante o periacuteodo de internaccedilatildeo sendo a maioria o companheiro pai da

crianccedila (627)

No HRTN a presenccedila de acompanhante familiar de livre escolha eacute uma praacutetica consolidada

pela instituiccedilatildeo e apoiada pela equipe multiprofissional A valorizaccedilatildeo do acompanhante deve

acontece em todas as etapas da internaccedilatildeo durante o trabalho de parto os acompanhantes

podem ser encorajados a participar ativamente no apoio agrave parturiente ofertando meacutetodos

alternativos para aliacutevio da dor como massagens por exemplo No momento do parto quando

possiacutevel pode ser oferecido ao familiar que corte o cordatildeo umbilical o que pode ter grande

representaccedilatildeo simboacutelica para aquela famiacutelia No puerpeacuterio os acompanhantes devem ser

orientados junto aacute mulher sobre os cuidados com o RN aleitamento materno e como apoiar a

matildee na nova fase

No presente estudo houve acompanhante familiar em 960 dos partos assistidos pelas

enfermeiras residentes Partos sem acompanhante familiar foram apenas 37 Estes dados

31

corroboram com a afirmaccedilatildeo de que a presenccedila do acompanhante familiar eacute uma praacutetica

consolidada e respeitada pela equipe da maternidade do HRTN

Analgesia

Meacutetodos natildeo farmacoloacutegicos

A OMS (1996) recomenda que o uso de meacutetodos natildeo farmacoloacutegicos para aliacutevio da dor deve

ser privilegiado durante a assistecircncia ao trabalho de parto considerando-os como ldquopraacuteticas

reconhecidamente uacuteteis e que devem ser estimuladasrdquo Categoria A na recomendaccedilatildeo de boas

praacuteticas na assistecircncia ao parto

Entre as praacuteticas natildeo medicamentosas tem-se estudado o uso de acupuntura acupressura

hipnose teacutecnicas de relaxamento e respiraccedilatildeo aplicaccedilatildeo de frio e calor aromaterapia

aacuteudioanalgesia massagem deambulaccedilatildeo e banho de imersatildeo durante o parto (SILVA 2011)

Em um estudo de revisatildeo sistemaacutetica foram incluiacutedos 14 ensaios com 1448 parturientes que

utilizaram diferentes formas de tratamento para a dor (acupuntura hipnose audioanalgesia

aromaterapia massagem e relaxamento) A hipnose mostrou-se efetiva em termos de reduzir a

necessidade de meacutetodos farmacoloacutegicos para aliacutevio da dor aumentando o grau de satisfaccedilatildeo

materna Maior chance de parto vaginal e reduccedilatildeo da necessidade de analgesia A acupuntura

tambeacutem se associou a uma menor intensidade da dor e reduccedilatildeo do uso de ocitocina A eficaacutecia

de meacutetodos como acupressatildeo aromaterapia aacuteudioanalgesia relaxamento e massagem natildeo foi

ainda estabelecida sendo necessaacuterios ensaios cliacutenicos randomizados para avaliaccedilatildeo dessas

terapias complementares para aliacutevio da dor durante o trabalho de parto (PORTO 2010)

Deve-se considerar que o suporte contiacutenuo intraparto e as posiccedilotildees verticalizadas durante o

parto tambeacutem se associam agrave reduccedilatildeo da dor e maior grau de satisfaccedilatildeo materna como jaacute

demonstrado em revisotildees sistemaacuteticas A imersatildeo em aacutegua em banheiras ou similares durante

o trabalho de parto tem sido investigada como um meacutetodo de promoccedilatildeo de relaxamento e aliacutevio

da dor Em uma revisatildeo sistemaacutetica de 11 ensaios cliacutenicos a imersatildeo em aacutegua foi associada agrave

reduccedilatildeo no uso de analgesia e reduccedilatildeo no relato de dor sem prejudicar a duraccedilatildeo do trabalho

de parto as taxas de partos ciruacutergicos ou o bem-estar neonatal (PORTO 2010)

32

A SMSA-BH recomenda que os meacutetodos natildeo farmacoloacutegicos para aliacutevio da dor sejam ofertados

a 100 das mulheres em trabalho de parto De acordo com dados institucionais fornecidos

pela coordenaccedilatildeo da maternidade a oferta variou entre 7571 em julho de 2013 a 8778 em

julho de 2013 considerando todos os partos realizados na instituiccedilatildeo no periacuteodo de abril de

2013 a abril de 2014

No livro fonte de dados deste estudo a oferta de meacutetodos natildeo farmacoloacutegicos natildeo eacute registrada

natildeo sendo possiacutevel quantificar estes dados nos partos assistidos por REO mas pode-se inferir

que esta eacute uma praacutetica adotada pelas enfermeiras obstetras e residentes quando se observa

por exemplo as baixas taxas de analgesia farmacoloacutegica em torno de 16 nos partos

assistidos por estas profissionais

Meacutetodos farmacoloacutegicos

Classicamente vaacuterios meacutetodos farmacoloacutegicos foram propostos mas existe consenso

atualmente de que se algum meacutetodo farmacoloacutegico for indicado para aliacutevio da dor durante o

trabalho de parto a analgesia regional com peridural ou teacutecnica combinada (raquidiana e

peridural) deve ser empregada preferencialmente em relaccedilatildeo ao uso de opioacuteides sistecircmicos ou

analgesia inalatoacuteria A teacutecnica ideal para analgesia de parto deveria ter miacutenima ou ausente

transferecircncia placentaacuteria ausecircncia de efeitos sobre o fluxo sanguiacuteneo uteroplacentaacuterio efeitos

miacutenimos e reversiacuteveis sobre o feto e neonato ausecircncia de efeito ocitoacutecico ou tocoliacutetico e

ausecircncia de bloqueio motor (PORTO 2010)

Uma revisatildeo sistemaacutetica realizada em 2011 incluindo 38 estudos comprovou a eficaacutecia da

analgesia peridural para reduccedilatildeo da dor de mulheres durante o processo de parto mas

tambeacutem revelou maior risco de parto instrumental maior necessidade de ocitocina e aumento

da duraccedilatildeo do segundo estaacutegio do parto Natildeo houve associaccedilatildeo dessa intervenccedilatildeo com risco

de cesariana cefaleacuteia e escores de Apgar menores que sete no quinto minuto (AMORIM

2011)

Na maternidade em estudo a analgesia farmacoloacutegica seja por teacutecnica peridural ou

raquianestesia eacute considerada um direito da mulher de acordo com os princiacutepios da

humanizaccedilatildeo e eacute ofertada conforme desejo da parturiente apoacutes a oferta de diferentes meacutetodos

33

natildeo farmacoloacutegicos para aliacutevio da dor e sob orientaccedilotildees sobre os riscos e benefiacutecios do

procedimento ou nos casos em que haacute indicaccedilatildeo cliacutenica para realizaccedilatildeo do mesmo A teacutecnica

de analgesia empregada na instituiccedilatildeo permite na maior parte dos casos a deambulaccedilatildeo

movimentaccedilatildeo e uso concomitante de outros meacutetodos alternativos de aliacutevio da dor como

chuveiro Isto pode influenciar para o desfecho favoraacutevel dos partos conforme mostram as

evidecircncias sobre movimentaccedilatildeo e verticalizaccedilatildeo durante o trabalho de parto

A SMSA-BH recomenda a utilizaccedilatildeo de analgesia quando esgotados os recursos natildeo

farmacoloacutegicos para aliacutevio da dor em torno de 30 dos partos normais A proporccedilatildeo de parto

normal com analgesia variou de 141 em janeiro de 2014 e 279 em agosto de 2013

considerando todos os partos realizados na instituiccedilatildeo no mesmo periacuteodo deste estudo

Considerando os 1434 assistidos por EO no periacuteodo do estudo 147 recebeu analgesia por

teacutecnica peridural e 11 raquidiana Os demais 841 dos partos foi sem analgesia

farmacoloacutegica

No presente estudo a analgesia farmacoloacutegica foi realizada em 176 dos partos sendo 166

por teacutecnica peridural e 11 raquidiana Analgesia natildeo foi realizada em 822 dos partos

assistidos por REO Estes dados demonstram que a oferta de meacutetodos natildeo farmacoloacutegicos

para aliacutevio da dor pode ter sido influenciado positivamente na escolha da parturiente em

receber ou natildeo a analgesia farmacoloacutegica

Laceraccedilotildees perineais

Laceraccedilotildees perineais satildeo traumas em estruturas componentes da vagina que podem ocorrer

de forma espontacircnea durante a passagem do feto pelo canal de parto ou em decorrecircncia de

episiotomia as quais podem se prolongar

A laceraccedilatildeo de primeiro grau eacute aquela que natildeo atinge nenhum muacutesculo estendendo-se atraveacutes

da fuacutercula mucosa vaginal e da pele Jaacute a laceraccedilatildeo de segundo grau acomete os muacutesculos

perineais poreacutem sem lesatildeo do esfiacutencter retal A laceraccedilatildeo de terceiro grau atinge essa

estrutura e algumas vezes prolonga-se ateacute a parede anterior do reto Neste uacuteltimo caso em

que a parede do reto eacute comprometida por vezes utiliza-se o termo laceraccedilatildeo de quarto grau

As laceraccedilotildees de primeiro e segundo grau satildeo consideradas leves e laceraccedilotildees de terceiro e

34

quarto grau satildeo consideradas graves pois podem levar agrave incontinecircncia urinaacuteria e fecal sendo

estas uacuteltimas mais raras (REZENDE 2005)

A ocorrecircncia de laceraccedilotildees perineais no parto normal depende de diversos fatores que podem

estar relacionados agraves condiccedilotildees maternas ao feto ao parto em si e ao prestador de serviccedilo

Embora estes fatores natildeo estejam definitivamente estabelecidos existem evidecircncias indicando

o local do parto e o profissional que assiste a escolaridade materna a paridade a altura do

periacuteneo a duraccedilatildeo do segundo estaacutegio do parto a cicatriz perineal anterior a infusatildeo de

ocitocina a posiccedilatildeo no parto a analgesia farmacoloacutegica os puxos dirigidos as manobras de

proteccedilatildeo perineal o peso e o periacutemetro cefaacutelico do RN como fatores relacionados entre

outros Quanto a integridade perineal sua chance aumenta entre as mulheres com um ou mais

partos vaginais anteriores (RIESCO et al 2011)

Estudos tambeacutem tecircm buscado associaccedilatildeo entre a posiccedilatildeo materna no parto e as laceraccedilotildees

perineais Sousa (2013) verificou que a posiccedilatildeo deitada de lado juntamente com a posiccedilatildeo de

coacutecoras foram as que tiveram maior ocorrecircncia de laceraccedilotildees de primeiro grau principalmente

com 750 e 833 dos casos respectivamente Essas duas posiccedilotildees tambeacutem foram as que

mais favoreceram para que as mulheres tivessem laceraccedilotildees na pesquisa desenvolvida por

Souza (2011) em um CPN do Rio de Janeiro com incidecircncia de 502 nos partos assistidos

em posiccedilatildeo lateral e 696 naqueles assistidos de coacutecoras Em ambas pesquisas a posiccedilatildeo de

Gaskin foi a que teve menor incidecircncia de traumas perineais seguida da posiccedilatildeo

sentadareclinada

Entre as principais morbidades relacionadas estatildeo a dor perineal e o sangramento aumentado

Apoacutes o parto tambeacutem podem surgir hematuacuteria incapacidade vesical e incontinecircncia urinaacuteria A

disfunccedilatildeo geniturinaacuteria e sexual produzida pelo trauma perineal pode ser tambeacutem devida agrave

perda ou diminuiccedilatildeo do tocircnus muscular perineal Poreacutem esse achado contrasta com dados de

outros estudos os quais concluiacuteram que a via de parto a paridade a idade materna o peso do

receacutem-nascido (RN) e a episiotomia natildeo foram fatores determinantes para a reduccedilatildeo da forccedila

muscular perineal Considerando os problemas em curto prazo (perda sanguiacutenea necessidade

de sutura e dor perineal) e em longo prazo (disfunccedilotildees intestinais urinaacuterias e sexuais)

35

associados ao trauma perineal no parto sua prevenccedilatildeo reduccedilatildeo e reparaccedilatildeo adequada satildeo

fatores importantes para as mulheres e os profissionais que as assistem (RIESCO 2010)

Considerando os 1434 partos assistidos por EO em 304 houve periacuteneo iacutentegro 447

laceraccedilotildees de primeiro grau 228 laceraccedilotildees de segundo grau 195 de terceiro grau e

014 de quarto grau Tais resultados satildeo proacuteximos aos verificados neste estudo e

associados com as baixas taxas de episiotomia nos partos assistidos pelas enfermeiras

residentes corroboram com a recomendaccedilatildeo do uso seletivo da episiotomia como um praacutetica

favoraacutevel

Escore de Apgar

O momento de transiccedilatildeo da vida intrauterina para extrauterina eacute crucial para o desenvolvimento

do bebecirc e deve ser minuciosamente preparado e vivenciado Eacute indispensaacutevel que nos

primeiros minutos de vida do neonato seja realizada avaliaccedilatildeo completa e sistemaacutetica visando

identificar desvios da normalidade e que forneccedila agraves informaccedilotildees baacutesicas sobre a vitalidade e a

adaptaccedilatildeo do RN agrave vida fora do ventre materno (BARBOSA 2006)

A avaliaccedilatildeo realizada imediatamente apoacutes o parto eacute composta pelo o escore de Apgar sendo

complementada com a avaliaccedilatildeo do aspecto geral a medida dos sinais vitais e medidas

antropomeacutetricas O iacutendice de Apgar avalia cinco criteacuterios cliacutenicos cor da pele frequecircncia

cardiacuteaca irritabilidade reflexa respiraccedilatildeo e tocircnus muscular O RN eacute avaliado no primeiro e no

quinto minuto de vida e cada criteacuterio garante de 0 a 2 pontos desencadeando assim uma soma

adequada entre 7 e 10 pontos Quando a soma total resulta em 4 a 6 pontos sugere dificuldade

moderada do RN em adaptar-se e menor que 4 pode indicar sofrimento Julga-se assim o grau

de adaptaccedilatildeo imediata e o grau de depressatildeo neuroloacutegica do RN nos primeiros cinco minutos

de vida (SBP 2011)

O iacutendice Apgar tem sido pouco utilizado para avaliar a qualidade de assistecircncia ao parto sendo

considerado um indicador pontual aleacutem de natildeo ser utilizado para determinar o iniacutecio da

reanimaccedilatildeo neonatal No entanto sua aplicaccedilatildeo permite avaliar a resposta do neonato agraves

manobras realizadas e a eficaacutecia dessas manobras O Apgar no quinto minuto eacute mais utilizado

36

para avaliaccedilatildeo da adaptaccedilatildeo do RN por melhor representa-la se comparado ao Apgar de

primeiro minuto Se o escore eacute inferior a 7 no 5ordm minuto recomenda-se realizaacute-lo a cada cinco

minutos ateacute 20 minutos de vida Eacute necessaacuterio documentar o escore de Apgar de maneira

concomitante agrave dos procedimentos de reanimaccedilatildeo executados (SBP 2011)

Eacute importante considerar que um Apgar baixo natildeo eacute necessariamente resultado de uma

assistecircncia ao parto e ao neonato inadequada assim como um bom iacutendice de Apgar natildeo indica

boa qualidade assistencial ao binocircmio Este iacutendice entretanto eacute um bom indicador para

resultados perinatais a longo prazo aleacutem de ser considerado importante preditor da avaliaccedilatildeo

do bem-estar e do prognoacutestico inicial do receacutem-nascido A avaliaccedilatildeo imediata do RN pode ser

feita por pediatra ou outro profissional capacitado para prestar a assistecircncia necessaacuteria desde

o suporte baacutesico ateacute a reanimaccedilatildeo neonatal Na maternidade do HRTN o pediatra eacute o

profissional responsaacutevel pela assistecircncia ao RN na sala de parto A instituiccedilatildeo possui UTI

neonatal para onde satildeo encaminhados os RN que necessitam de cuidados especiacuteficos Os

neonatos que apresentam boa vitalidade satildeo colocados em contato pele a pele com as matildees e

apoacutes permanecem em alojamento conjunto ateacute a alta

Pela SMSA-BH a meta de Apgar lt7 no quinto minuto eacute no maacuteximo 3 Este indicador variou

entre 08 em fevereiro de 2014 a 24 em novembro de 2013 considerando todos os partos

realizados na instituiccedilatildeo no mesmo periacuteodo do estudo ou seja esteve sempre dentro da meta

estabelecida

No presente estudo as dados sobre escore de Apgar foram divididos em Apgar lt7 (644) e gt7

(9356) no primeiro minuto lt7 (084) e gt 7 (9916) no quinto minuto Tais dados mostram

que a quase totalidade dos RN apresentava boas condiccedilotildees de vitalidade no primeiro e quinto

minuto A este dado se associa o incentivo e a alta taxa de contato pele a pele precoce sendo

um dos fatores que contribuem para melhor adaptaccedilatildeo a vida extrauterina aleacutem de assistecircncia

qualificada aos RN que necessitam de cuidados especiacuteficos ou reanimaccedilatildeo

37

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Os resultados deste estudo evidenciam que a assistecircncia ao parto prestada pelas residentes

em enfermagem obsteacutetrica foi coerente com as recomendaccedilotildees de boas praacuteticas em todos os

aspectos analisados consolidando as evidecircncias literaacuterias sobre a assistecircncia ao parto

promovida por enfermeiras obstetras Foi possiacutevel observar maioria de partos em posiccedilotildees

verticalizadas uso seletivo de episiotomia com baixa incidecircncia de laceraccedilotildees perineais

graves alto iacutendice de contato pele a pele presenccedila de acompanhante na maioria dos partos

baixas taxas de analgesia farmacoloacutegica e escores de Apgar que demonstram boa vitalidade

fetal em quase todos os receacutem-nascidos Diante do exposto eacute possiacutevel concluir que a atuaccedilatildeo

das enfermeiras residentes em enfermagem obsteacutetrica contribuiu para a obtenccedilatildeo de

resultados obsteacutetricos e neonatais favoraacuteveis na maternidade do HRTN

Devido agrave forma de organizaccedilatildeo e registro dos procedimentos no livro utilizado para coleta de

dados natildeo foi possiacutevel avaliar algumas praacuteticas obsteacutetricas tais como uso de ocitocina

amniotomia oferta de meacutetodos natildeo farmacoloacutegicos para aliacutevio da dor oferta de liacutequidos

durante o trabalho de parto e uso de partograma Estes dados seriam importantes para uma

anaacutelise mais detalhada sobre a assistecircncia ao parto Os dados institucionais fornecidos pela

coordenaccedilatildeo da maternidade forneceram uma dimensatildeo de algumas destas praacuteticas na

maternidade contudo natildeo foi possiacutevel neste estudo avaliar quantitativamente tais

procedimentos somente nos partos assistidos por enfermeiras residentes Sugere-se ampliaccedilatildeo

dos indicadores no livro de registro e padronizaccedilatildeo no seu preenchimento para melhor

qualificaccedilatildeo dos dados da assistecircncia ao parto prestada elas enfermeiras obstetrasresidentes

A capacitaccedilatildeo profissional no modelo de residecircncia eacute intensa e exige dedicaccedilatildeo A extensa

carga horaacuteria praacutetica aliada agrave teoria satildeo determinantes para uma formaccedilatildeo qualificada e

humana das enfermeiras residentes A possibilidade de atuar efetivamente na assistecircncia em

conjunto com outras categorias profissionais enriquece a formaccedilatildeo abrangendo diferentes

fases e situaccedilotildees do ciclo graviacutedico-puerperal Eacute importante salientar que a capacitaccedilatildeo das

enfermeiras obstetras nesta modalidade pioneira de residecircncia soacute foi possiacutevel graccedilas ao

estiacutemulo governamental com recursos provenientes do programa Rede Cegonha e os

esforccedilos conjuntos da Escola de Enfermagem da UFMG e demais instituiccedilotildees envolvidas

38

Os resultados deste estudo evidenciam a incorporaccedilatildeo do modelo assistencial humanizado e

baseado em evidecircncias cientiacuteficas pela equipe do HRTN O modelo colaborativo de assistecircncia

obsteacutetrica pode gerar resultados favoraacuteveis e promissores com as atuaccedilotildees complementares

entre as diferentes categorias profissionais A praacutetica supervisionada durante todo o processo

de formaccedilatildeo e a avaliaccedilatildeo constante das habilidades adquiridas pelas residentes satildeo

fundamentais para a consolidaccedilatildeo do conhecimento para maior seguranccedila das aprendizes e

para a oferta de uma assistecircncia qualificada e humanizada a mulher receacutem nascido e famiacutelia

A instituiccedilatildeo que acolhe as enfermeiras residentes obteacutem retorno positivo pois a atuaccedilatildeo

preceptorada das mesmas resulta em assistecircncia qualificada que atende a perspectiva da

praacutetica baseada em evidecircncia cientiacutefica segura com baixo custo e bons resultados obsteacutetricos

e neonatais Os resultados da atuaccedilatildeo das enfermeiras residentes refletem o modelo

institucional incorporado o qual eacute transmitido as residentes pelos preceptores O incentivo a

formaccedilatildeo de enfermeiras obstetras eacute fundamental para o fortalecimento desta categoria

profissional para maior inserccedilatildeo destas profissionais em espaccedilos aonde a assistecircncia ao parto

ainda eacute meacutedico-centrada e para mudanccedila do modelo obsteacutetrico hegemocircnico nacional

39

REFEREcircNCIAS

ACOG- American College of Obstetricians and Gynecologists- Committee opinion no 560 Medically indicated late-preterm and early-term deliveries Obstet Gynecol 2013 121908-10

AMORIM MMR SOUZA ASR PORTO AAF Indicaccedilotildees de cesariana baseadas em evidecircncias parte I FEMINA v 38 n 8 p 415-422 2010

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BATALHA E O lugar das Enfermeiras e Obstetrizes Revista RADIS Ed 148 Jan 2015 P30 a 34

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Parto aborto e puerpeacuterio assistecircncia humanizada a mulher Brasiacutelia DF 2001

BRASIL Lei 11108 de 7 de abril de 2005 Altera a Lei 8080 de 19 de setembro de 1990 para garantir as parturientes o direito a presenccedila de acompanhante durante o trabalho de parto parto e poacutes-parto imediato no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede ndash SUS Brasiacutelia DF 07 abr 2005

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede Departamento de Accedilotildees Programaacuteticas Estrateacutegicas Aacuterea Teacutecnica de Sauacutede da Mulher Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos uma prioridade do governoMinisteacuterio da Sauacutede Secretaria de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede Departamento de Accedilotildees Programaacuteticas Estrateacutegicasndash Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 2005

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Poliacutetica Nacional de Planejamento Familiar Brasiacutelia DF 2007

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BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Iniciativa hospital amigo da crianccedila revista atualizada e ampliada para o cuidado integrado Brasiacutelia DF 2010

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Poliacutetica nacional de atenccedilatildeo integral a sauacutede da mulher princiacutepios e diretrizes Brasiacutelia DF 2011

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede Departamento de Atenccedilatildeo Baacutesica Atenccedilatildeo ao preacute-natal de baixo risco Ministeacuterio da Sauacutede Departamento de Atenccedilatildeo

40

Baacutesica ndash Brasiacutelia Editora do Ministeacuterio da Sauacutede 2012 318 p il ndash (Seacuterie A Normas e Manuais Teacutecnicos) (Cadernos de Atenccedilatildeo Baacutesica ndeg 32)

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em Sauacutede Departamento de Anaacutelise de Situaccedilatildeo de Sauacutede Sauacutede Brasil 2011 uma anaacutelise da situaccedilatildeo de sauacutede e a vigilacircncia da sauacutede da mulher Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em Sauacutede Departamento de Anaacutelise de Situaccedilatildeo de Sauacutede ndash Brasiacutelia Editora do Ministeacuterio da Sauacutede 2012 444 p il

BRASIL Presidecircncia da Repuacuteblica Objetivos de Desenvolvimento do Milecircnio Relatoacuterio Nacional de Acompanhamento Coordenaccedilatildeo Instituto de Pesquisa Econocircmica Aplicada e Secretaria de Planejamento e Investimentos Estrateacutegicos supervisatildeo Grupo Teacutecnico para o acompanhamento dos ODM - Brasiacutelia Ipea MP SPI 2014 208 p il graacutefs mapas color

NASCER NO BRASIL inqueacuterito sobre parto e nascimento Cadernos de Sauacutede Puacuteblica Vol30 supl1 Rio de Janeiro 2014 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophpscript=sci_issuetocamppid=0102 Acesso em 15 de junho de 2015

CAVALCANTIPCS GARIBALDI D Jr VASONCELOS ALR Guerrero AVP Um modelo loacutegico da Rede Cegonha Physis Revista de Sauacutede Coletiva Rio de Janeiro 2013 23 [4] 1297-1316 CESAR JA et al Caracteriacutesticas sociodemograacuteficas e de assistecircncia a gestaccedilatildeo e ao parto no extremo sul do Brasil Cad Sauacutede Puacuteblica v 27 n 5 p 985-994 2011 DOMINGUES RMSM SANTOS EMS Leal MC Aspectos da satisfaccedilatildeo das mulheres com a assistecircncia ao parto contribuiccedilatildeo para o debate Cad Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro 2004 20 Sup 1S52-S62 COFEN Decreto nordm 9440687 Regulamentaccedilatildeo da Lei 749886 Fonte PORTAL EDUCACcedilAtildeO Disponiacutevel em httpwwwportaleducacaocombrenfermagemartigos1735decreto-n-94406-87-regulamentacao-da-lei-n-7498-865ixzz3duAFhlYV Acesso em 23062015 GRAVENA AAF PAULA MG MARCON SS CARVALHO MDB PELLOSO SM Idade materna e fatores associados a resultados perinatais Acta Paul Enferm 2013 26(2)130-5 IBGE Projeccedilatildeo da Populaccedilatildeo do Brasil - 2013 Disponiacutevel em

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RABELO LR OLIVEIRA DL Percepccedilotildees de enfermeiras obsteacutetricas sobre sua competecircncia na atenccedilatildeo ao parto normal hospitalar Rev Esc Enferm USP 2010 44(1)213-20 RAMOS HAC CUMAN RKN Fatores de risco para prematuridade pesquisa documental Esc Anna Nery Rev Enferm 2009 abr-jun 13 (2) 297-304 RIESCO MLG et al Episiotomia laceraccedilatildeo e integridade perineal em partos normais anaacutelise de fatores associados Rev Enferm UERJ v 19 n1 p 77-83 2011

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ROCHA CR FONSECA LC Assistecircncia do enfermeiro obstetra a mulher parturiente em busca do respeito a natureza Rev de Pesq cuidado eacute fundamental v 2 n 2 p 807-816 2010

SANTOS NCP VOGTSE PIMENTA AM DUARTE ED MADEIRA LM ABREU MNS et al Resultados maternos y neonatales en el trabajo de parto y parto de adolescentes admitidas en un Centro de Parto Normal brasileiro Adolesc Saude 201411(3)39-50

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SILVA JLCP SURITA FGC Idade materna resultados perinatais e via de parto Rev Bras Ginecol Obstet 2009 31(7) 321 ndash 5

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SOUSA AMM Praacuteticas obsteacutetricas na assistecircncia ao parto e nascimento em uma maternidade de Belo Horizonte Tese de mestrado Escola de Enfermagem da Universidade Federal de Minas Gerais Belo Horizonte 2013

SOUZA DOM Partos assistidos por enfermeiras praacuteticas obsteacutetricas realizadas no ambiente hospitalar no periacuteodo de 2004 a 2008 2011 84f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) Faculdade de Enfermagem da Universidade do Estado do Rio de Janeiro Rio de Janeiro RJ 2011

SOGC ndash Society of Obstetricians and Gynecologists of Canada Guidelines for the Management of Pregnancy at 41+0 to 42+0 Weeks JOGC september 2008

42

VOGT SE et al Caracteriacutesticas da assistecircncia ao trabalho de parto em trecircs modelos de atenccedilatildeo no SUS no Municiacutepio de Belo Horizonte Minas Gerais Brasil Cad Sauacutede Puacuteblica v 27 n 9 p 1789-1800 2011

ANEXO 1

RECOMENDACcedilOtildeES DE BOAS PRAacuteTICAS DE ASSISTEcircNCIA AO PARTO SEGUNDO

CLASSIFICACcedilAtildeO DO MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2001

CATEGORIA A - PRAacuteTICAS DEMONSTRADAMENTE UacuteTEIS E QUE DEVEM SER

ESTIMULADAS

Plano individual determinando onde e por quem o nascimento seraacute realizado feito em

conjunto com a mulher durante a gestaccedilatildeo e comunicado a seu maridocompanheiro

Avaliaccedilatildeo do risco gestacional durante o preacute-natal reavaliado a cada contato com o

sistema de sauacutede

Respeito agrave escolha da matildee sobre o local do parto

Fornecimento de assistecircncia obsteacutetrica no niacutevel mais perifeacuterico onde o parto for viaacutevel e

seguro e onde a mulher se sentir segura e confiante

Respeito ao direito da mulher agrave privacidade no local do parto

Apoio empaacutetico pelos prestadores de serviccedilo durante o trabalho de parto e parto

Respeito agrave escolha da mulher sobre seus acompanhantes durante o trabalho de parto e

parto

Fornecimento agraves mulheres sobre todas as informaccedilotildees e explicaccedilotildees que desejarem

Oferta de liacutequidos por via oral durante o trabalho de parto e parto

Monitoramento fetal por meio de ausculta intermitente

43

Monitoramento cuidadoso do progresso do parto por exemplo por meio do uso do

partograma da OMS

Monitoramento do bem-estar fiacutesico e emocional da mulher durante trabalho e parto e ao

teacutermino do processo de nascimento

Meacutetodos natildeo invasivos e natildeo farmacoloacutegicos de aliacutevio da dor como massagem e

teacutecnicas de relaxamento durante o trabalho de parto

Liberdade de posiccedilatildeo e movimento durante o trabalho de parto

Estiacutemulo a posiccedilotildees natildeo supinas durante o trabalho de parto

Uso rotineiro de ocitocina clampeamento tardio (1 a 3 minutos apoacutes o nascimento) e

traccedilatildeo controlada do cordatildeo durante o 3o estaacutegio do trabalho de parto

Condiccedilotildees esteacutereis ao cortar o cordatildeo

Prevenccedilatildeo da hipotermia do bebecirc

Contato pele a pele precoce entre matildee e filho e apoio ao iniacutecio da amamentaccedilatildeo na

primeira hora apoacutes o parto segundo as diretrizes da OMS sobre Aleitamento Materno

Exame rotineiro da placenta e membranas ovulares

CATEGORIA B - PRAacuteTICAS CLARAMENTE PREJUDICIAIS OU INEFICAZES E QUE DEVEM

SER ELIMINADAS

Uso rotineiro de enema

Uso rotineiro de tricotomia

Infusatildeo intravenosa de rotina no trabalho de parto

Cateterizaccedilatildeo venosa profilaacutetica de rotina

Uso rotineiro de posiccedilatildeo supina (decuacutebito dorsal) durante o trabalho de parto

44

Exame retal

Uso de pelvimetria por Raios-X

Amniotomia precoce de rotina para diminuir a duraccedilatildeo do trabalho de parto

Administraccedilatildeo de ocitoacutecitos em qualquer momento antes do parto de um modo que natildeo

permite controlar seus efeitos

Uso de rotina da posiccedilatildeo de litotomia com ou sem estribos durante o trabalho de parto

Esforccedilo de puxo prolongado e dirigido (manobra de Valsalva) durante o segundo

estaacutegio do trabalho de parto

Massagem e distensatildeo do periacuteneo durante o segundo estaacutegio do trabalho de parto

Uso liberal e rotineiro de episiotomia

Uso de comprimidos orais de ergometrina no terceiro estaacutegio do trabalho de parto com

o objetivo de evitar ou controlar hemorragias

Uso rotineiro de ergometrina parenteral no terceiro estaacutegio do trabalho de parto

Lavagem uterina rotineira apoacutes o parto

Revisatildeo uterina (exploraccedilatildeo manual) rotineira apoacutes o parto

CATEGORIA C - PRAacuteTICAS SEM EVIDEcircNCIAS SUFICIENTES PARA APOIAR UMA

RECOMENDACcedilAtildeO CLARA E QUE DEVEM SER UTILIZADAS COM CAUTELA ATEacute QUE

MAIS PESQUISAS ESCLARECcedilAM A QUESTAtildeO

Meacutetodos natildeo farmacoloacutegicos de aliacutevio de dor durante o trabalho parto como ervas

imersatildeo em aacuteguas e estimulaccedilatildeo dos nervos

Amniotomia e ocitocina precoce de rotina no primeiro estaacutegio do trabalho de parto para

prevenccedilatildeo de progresso inadequado do parto

Pressatildeo do fundo uterino durante o trabalho de parto

45

Manobras relacionadas agrave proteccedilatildeo do periacuteneo e ao manejo do poacutelo cefaacutelico no

momento do parto

Manipulaccedilatildeo ativa do feto no momento do parto

Estimulaccedilatildeo do mamilo para estimular a contratilidade uterina durante o terceiro estaacutegio

do trabalho de parto

CATEGORIA D - PRAacuteTICAS FREQUENTEMENTE USADAS DE MODO INADEQUADO

Restriccedilatildeo hiacutedrica e alimentar durante o trabalho de parto

Controle da dor por agentes sistecircmicos

Controle da dor por analgesia peridural

Monitoramento eletrocircnico fetal

Uso de maacutescaras e aventais esteacutereis durante a assistecircncia ao trabalho de parto

Exames vaginais repetidos ou frequumlentes especialmente por mais de um prestador de

serviccedilo

Correccedilatildeo da dinacircmica com utilizaccedilatildeo de ocitocina

Transferecircncia rotineira da parturiente para outra sala no iniacutecio do segundo estaacutegio do

trabalho de parto

Cateterizaccedilatildeo da bexiga

Estiacutemulo para o puxo quando se diagnostica dilataccedilatildeo cervical completa ou quase

completa antes que a mulher sinta o puxo involuntaacuterio

Clampeamento precoce do cordatildeo umbilical

Adesatildeo riacutegida a uma duraccedilatildeo estipulada do 2deg estaacutegio do trabalho de parto

Parto operatoacuterio e exploraccedilatildeo manual do uacutetero apoacutes o parto

46

ANEXO 2

47

48

ANEXO 3

49

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