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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
CENTRO DE TECNOLOGIA
PROGRAMA DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO EM ENGENHARIA DE
PRODUCcedilAtildeO E SISTEMAS
ANGELA CRISTINA CORREcircA
O BALANCED SCORECARD
COMO UM SISTEMA COMPLEXO ADAPTATIVO UMA
ABORDAGEM QUAcircNTICA Agrave ESTRATEacuteGIA
Tese de Doutorado
Florianoacutepolis - SC
2005
2
ANGELA CRISTINA CORREcircA
O BALANCED SCORECARD
COMO UM SISTEMA COMPLEXO ADAPTATIVO UMA
ABORDAGEM QUAcircNTICA Agrave ESTRATEacuteGIA
Tese de doutorado apresentada ao Programa de Poacutes-graduaccedilatildeo em
Engenharia de Produccedilatildeo da Universidade Federal de Santa Catarina
como requisito parcial para obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Doutor
em Engenharia de Produccedilatildeo
Orientador Prof Paulo Mauriacutecio Selig Dr
Co-Orientadora Profa Christianne C de S R Coelho Dra
Florianoacutepolis - SC
2005
3
Catalogaccedilatildeo na fonte por
Correcirca Angela Cristina Correcirca O Balanced Scorecard como um sistema adaptativo complexo uma abordagem Quacircntica agrave estrateacutegia Angela Cristina Correcirca orientador Paulo Mauricio Selig o-orientadora Christianne Coelho de Souza Reinish Coelho- - Florianoacutepolis 2005 F
Inclui quadros figuras e anexos Tese apresentada ao Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Engenharia de Produccedilatildeo
Da Universidade Federal de Santa Catarina para obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Doutor em Engenharia de Produccedilatildeo
1 Balanced Scorecard 2 Estrateacutegia 3 Complexidade 4 Caos 5 Natildeo Linearidade I Selig Paulo Mauricio II Coelho Christianne Coelho de Souza Reinisch III Tiacutetulo CDD
4
ANGELA CRISTINA CORREcircA
O BALANCED SCORECARD COMO UM SISTEMA
ADAPTATIVO COMPLEXO UMA ABORDAGEM QUAcircNTICA
Agrave ESTRATEacuteGIA
Esta tese foi julgada e aprovada para a obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Doutor em Engenharia de Produccedilatildeo
no Programa de Poacutes-graduaccedilatildeo em Engenharia de Produccedilatildeo e Sistemas da Universidade Federal
de Santa Catarina
Florianoacutepolis 05 de Abril de 2005
Prof Edson Pacheco Paladini
Coordenador do Curso
Banca Examinadora
_____________________________ ______________________________________________
Prof Paulo Mauriacutecio Selig Dr Profordf Christianne Coelho de S R Coelho Dra Orientador Co-Orientadora
________________________________ _________________________________________
Profordf Maacutercia Esteves Agostinho Dra Prof Francisco Antocircnio Pereira Fialho Dr Membro Externo PUCUFRJ Membro UFSC
________________________________ _________________________________________
Prof Alfredo Yarozinski Neto Dr Profordf Luacutecia Helena Martins Pacheco Membro Externo PUCPR Moderadora - Membro - UFSC
5
DEDICATOacuteRIA
Dedico esta tese aos principais agentes responsaacuteveis pela minha evoluccedilatildeo
como ser humano na rede de feedback co-evolucionaacuterio da vida Em primeiro
lugar a Deus pela oportunidade de viver num processo constante de
aprendizado auto-organizaccedilatildeo adaptaccedilatildeo e retroalimentaccedilatildeo Ao meu pai
Antonio Rolein Correcirca (in memorian) que partiu para outra dimensatildeo de vida
deixando-me o exemplo de coragem feacute e determinaccedilatildeo a qual resumo em uma
frase Estou oacutetimo Cuide bem dos seus estudos e dos meus netinhos A
minha matildee Diomira Urbanetto Correcirca que ensinou-me a sonhar sempre a
qual pronunciou uma frase que marcou minha infacircncia e conduz minha vida
Nunca deixe de sonhar Aos meus filhos Cristine e Diego meus
perpetuadores e motivadores na busca constante de um mundo mais justo
eacutetico e solidaacuterio onde a dimensatildeo humana seja prioridade Aos meus
antepassados que no processo recursivo da vida os perpetuo A todos
aqueles que no processo evolutivo da vida fizeram parte do meu passado se
acoplaram ao meu presente e faratildeo parte do meu futuro agradeccedilo a
oportunidade de amaacute-los incondicionalmente
6
AGRADECIMENTOS
Em primeiro lugar agradeccedilo a Deus pela oportunidade de estar realizando este
sonho Pelo aprendizado de vida que o processo de doutoramento proporcionou-me
A Deus Pai que eacute responsaacutevel pela minha relaccedilatildeo de harmonia com o universo
Pela alegria disposiccedilatildeo em aprender sempre amar a todos e respeitar a
diversidade independente de raccedila religiotildees e preferenciais sexuais A Deus filho
Jesus Cristo em quem procuro espelhar-me para tornar-me um ser humano melhor
e a Deus espiacuterito santo que me iluminou nesta caminhada
A Universidade Federal de Santa Maria especialmente ao Reitor e Vice-Reitor Prof
Paulo Jorge Sarkis e Prof Cloacutevis Silva Lima os quais me proporcionaram as
condiccedilotildees necessaacuterias para a realizaccedilatildeo deste curso
Aos professores colegas e alunos que participaram desta jornada Especialmente
ao Professores Rolando J S Estrada Joatildeo Heacutelvio R de Oliveira Arno Dalmeyer
Ney L Pippi Alberto S Schmidt Prof Tabajara Gauacutecho da Costa e Prof Roberto da
Luz Juacutenior que impulsionaram a realizaccedilatildeo deste sonho
Aos colegas e amigos Joatildeo Isaiacuteas Rejane Ruviaro Amauri Almeida Ivanoacutei B
Scherer Charles Prade e Carmem Borges Aos alunos Adriana Luciano
Alessandro Daniel entre outros
Ao Prof Paulo Mauricio Selig orientador e amigo pelo voto de confianccedila e presenccedila
constante em todos os momentos Agrave Profa Christianne Coelho de Souza Reinisch
Coelho pela valiosa co-orientaccedilatildeo amizade dedicaccedilatildeo e incentivo para finalizar
este trabalho
Ao Prof Alfredo Iarozinski Neto avaliador externo do trabalho pelas valiosas
contribuiccedilotildees dadas no exame de qualificaccedilatildeo do trabalho e na banca de defesa da
tese final
7
Agrave Profordf Maacutercia Esteves Agostinho avaliadora externa do trabalho pelo minucioso e
detalhado parecer com reflexotildees e sugestotildees primorosas que muito contribuiacuteram
para o aperfeiccediloamento deste trabalho
Ao Prof Francisco Pereira Fialho pelas valiosas sugestotildees incentivo e deferecircncia ao
trabalho que muito contribuiratildeo para a continuidade deste estudo
Atilde Profordf Luacutecia Helena Martins Pacheco moderadora do trabalho pelo primoroso
trabalho de siacutentese das sugestotildees dos participantes da banca examinadora da tese
final
Ao Prof Antocircnio Cezar Bornia pela participaccedilatildeo na banca do exame de
qualificaccedilatildeo
Agraves colegas que se tornaram grandes amigas Maria Silene e Vera do Carmo
Aos colegas amigos e parceiros de confraternizaccedilatildeo Ronaldo Gino Seacutergio e
Denize
Agrave Olga Xavier pela palavra amiga nos momentos difiacuteceis Ao primo Carlos Teixeira
aos amigos Carlos Magno Marilis e Gilberto pelo apoio e recepccedilatildeo calorosa na
minha chegada em Florianoacutepolis
Agrave minha famiacutelia pelo apoio e compreensatildeo na minha ausecircncia minha matildee -
Diomira meus irmatildeos cunhadas e sobrinhos - Beto Vania Tiago e Pedro Carlos
Marta Suziene e Eduardo Renan Magda Andreacute e Paula Regina Paulo e Rafael
Paulinho e Lucas Ana Carolina Beto e Ingrid
Aos meus filhos Cristine e Diego por suportar os momentos de minha ausecircncia Ao
pai dos meus filhos Jesseacute F Santos Oliveira pela amizade apoio e dedicaccedilatildeo agrave
Cristine e Diego nos uacuteltimos trecircs meses em que estive ausente
Ao SENAIsc nas pessoas do Sr Marcos Dociatti Diretor do Nuacutecleo de Gestatildeo
Estrateacutegica do que autorizou a realizaccedilatildeo de um estudo de caso no SENAI Unidade
8
de Satildeo Joseacute e ao Leonardo o qual me conduziu agrave referida instituiccedilatildeo Ao SENAI
Unidade de Satildeo Joseacute nas pessoas do Diretor Sr Valeacuterio RD Paulo Rocha e
demais colaboradores do Comitecirc de Gestatildeo pela atenccedilatildeo e disponibilidade de
informaccedilotildees
Agrave Eletrosul importante companhia de geraccedilatildeo e transmissatildeo de energia do estado
de Santa Catarina na pessoa do Eng Paulo Melo que gentilmente prestou-me
informaccedilotildees sobre o processo de implementaccedilatildeo do BSC na Instituiccedilatildeo
Aos vizinhos e funcionaacuterios do Condomiacutenio Palmas de Maiorca Luacute e Ricardo Ana e
Demarco Eduardo Inecircs Carminha e Zeacutequinha Sr Luis Felipe Sr Valdomiro
Socircnia Inecircs Carlos Adilson e Tacircniapelo apoio e amizade nos momentos difiacuteceis
Ao meacutedico e amigo Edivaldo Nascimento e suas preciosas gotas homeopaacuteticas as
quais proporcionaram-me o equiliacutebrio necessaacuterio e motivaccedilatildeo para concluir este
trabalho
Enfim agradeccedilo a todas os agentes que participaram deste processo
coevolucionaacuterio no entanto satildeo tantas pessoas que peccedilo desculpas agravequelas que
por ventura tenha deixado de mencionaacute-las
9
RESUMO
CORREcircA Angela Cristina Correcirca O Balanced Scorecard como um sistema
complexo adaptativo uma abordagem quacircntica agrave estrateacutegia 2005 Tese
(Doutorado em Engenharia de Produccedilatildeo) Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em
Engenharia de Produccedilatildeo e Sistemas UFSC Florianoacutepolis
O Balanced Scorecard (BSC) eacute um sistema gerencial de formulaccedilatildeo descriccedilatildeo
implementaccedilatildeo e mensuraccedilatildeo da estrateacutegia reconhecido em acircmbito internacional O
objetivo geral deste estudo foi introduzir a abordagem quacircntica ao BSC por meio do
aporte teoacuterico das ciecircncias da complexidade Este estudo constituiu-se de trecircs fases
exploratoacuteria elaboraccedilatildeo do modelo e estudo de caso Na fase exploratoacuteria deste
trabalho realizou-se uma apreciaccedilatildeo criacutetica ao BSC por meio de um modelo de
anaacutelise de conteuacutedo textual O modelo proposto neste estudo o BSC como um
Sistema Complexo Adaptativo (SCA) consiste em uma modelagem adaptativa que eacute
incorporada ao modelo geneacuterico idealizado por Robert S Kaplan e David P Norton
A parte experimental deste trabalho consistiu em um estudo de caso em uma
instituiccedilatildeo que tem o modelo geneacuterico do BSC consolidado na sua gestatildeo Validou-
se no estudo de caso a hipoacutetese inicial levantada na fase exploratoacuteria a qual partiu
do pressuposto que existe uma incoerecircncia entre os propoacutesitos do Balanced
Scorecard e a concepccedilatildeo do seu modelo geneacuterico A abordagem mecanicista
impliacutecita na concepccedilatildeo do modelo geneacuterico causa alguns problemas no seu
processo de implementaccedilatildeo Assim conclui-se que quando o BSC eacute concebido
como um SCA passa a existir um equiliacutebrio dinacircmico entre a mediccedilatildeo e o
monitoramento do fluxo de mudanccedila Esta concepccedilatildeo ao ser incorporada ao
conceito arquitetura princiacutepios mapa estrateacutegico e processo de construccedilatildeo
consolida o BSC como um sistema estrateacutegico gerencial que operacionaliza a
estrateacutegia sob uma abordagem sistecircmica dinacircmica e natildeo linear
Palavras-chave Balanced Scorecard Estrateacutegia Complexidade Caos Natildeo
Lineariedade
10
ABSTRACT
CORREcircA Angela Cristina Correcirca Balanced Scorecard as a complex adaptive
system a quantum approach to the strategy 2005 Thesis (Doctorate in
Production Engineering) Program of Masters Degree in Production and Systems
Engineering UFSC Florianoacutepolis
Balanced Scorecard (BSC) is a managerial system of formulation description
implementation and measurement of the strategy recognized in international extent
The general objective of this study was to introduce the quantum approach to BSC
through the theoretical contribution of the sciences of the complexity This study was
constituted of three phases exploratory elaboration of the model and case study In
the exploratory phase of this work a critical appreciation to BSC was accomplished
through a model of analysis of textual content The model proposed in this study
BSC as a Complex Adaptive System (SCA) consists of an adaptive modeling that is
incorporated into the generic model idealized by Robert S Kaplan and David P
Norton The experimental part of this work consisted of a case study in an institution
that has the generic model of BSC consolidated in its administration It was validated
in the case study the initial hypothesis surveyed in the exploratory phase which
started from the assumption that there is incoherence between Balanced Scorecard
purposes and the conception of its generic model The mechanic approach implicit in
the conception of the generic model cause some problems in its implementation
process It can be then concluded that when the BSC is conceived like a SCA there
is a dynamic balance between the measurement and the monitoring of the change
flow Such conception when incorporated to the concept architecture principles
strategic map and construction process consolidates BSC as a managerial strategic
system that makes the strategy operational under a systemic dynamic non-lineal
approach
Key-word Balanced Scorecard Strategy Complexity Chaos Non-linearity
11
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Proposiccedilotildees do Balanced Scorecard28
Figura 2 Lacunas do Balanced Scorecard30
Figura 3 Obstaacuteculos agrave eficaacutecia na implementaccedilatildeo do BSC44
Figura 4 Delineamento Metodoloacutegico da Pesquisa55
Figura 5
Modelo de Apreciaccedilatildeo criacutetica textual anaacutelise de conteuacutedo aplicada ao
BSC64
Figura 6 Definindo as relaccedilotildees de causa e efeito da estrateacutegia 68
Figura 7 Descriccedilatildeo da Estrateacutegia Mapa estrateacutegico do Balanced Scorecard 109
Figura 8 Um fitness Landscape180
Figura 9 Trecircs Horizontes de Crescimento182
Figura 10 Modelagem conceptual Dinacircmica de funcionamento do BSC como um
SCA198
Figura 11 Arquitetura do BSC como um SCA204
Figura 12 A Operacionalizaccedilatildeo da Estrateacutegia como um processo de auto
referecircncia do sistema organizacional205
Figura 13 Perspectivas do BSC como um SCA208
Figura 14 Dimensotildees que permeiam as perspectivas do BSC211
Figura 15 Princiacutepios da organizaccedilatildeo orientada para a estrateacutegia sob os
fundamentos da abordagem quacircntica218
Figura 16 Mapa estrateacutegico- A configuraccedilatildeo da estrateacutegia numa cadeia circular
dinacircmica225
Figura 17 Paralelo entre o Modelo Geneacuterico Kaplan e Norton versus BSC como
um SCA229
Figura 18 Emoccedilotildees dos Colaboradores do SENAI Satildeo Joseacute272
Figura 19 Aspectos da personalidade e motivacionais dos facilitadores SENAI Satildeo
Joseacute273
Figura 20 Meta-objetivos dos facilitadores do SENAI Satildeo Joseacute276
Figura 21 Aspectos do Ego dos Facilitadores do SENAI Satildeo Joseacute277
Figura 22 Meta-accedilotildees dos facilitadores do SENAI Satildeo Joseacute278
Figura 23 Expectativas dos Facilitadores do SENAI Satildeo Joseacute279
12
Figura 24 Aspectos do ambiente de trabalho dos Facilitadores do SENAI Satildeo
Joseacute280
Figura 25 Posiccedilatildeo da Estrateacutegia do SENAI Satildeo Joseacute na Paisagem de
Adequaccedilatildeo286
Figura 26 Fitness Landscape do SENAI Satildeo Joseacute288
Figura 27 Mapa estrateacutegico do BSC como um SCA do SENAI Satildeo Joseacute 289
Figura 28 Cronograma do Plano de Execuccedilatildeo do BSC como um SCA301
Figura 29 Departamento Regional do SENAIsc326
Figura 30 SENAI Satildeo Joseacute327
Figura 31Sistema de Gestatildeo do SENAIsc331
Figura 32 Mapa estrateacutegico com o status dos objetivos no 1ordm Semestre de
2003341
13
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 Paralelo entre a Abordagem Claacutessica versus Sistecircmica31
Quadro 2 Comunicaccedilatildeo do BSC na Motorola33
Quadro 3 Aprendizado Estrateacutegico na SEARS34
Quadro 4 Modelo de delineamento metodoloacutegico base conceitual53
Quadro 5 Siacutentese das inferecircncias do Conceito do BSC75
Quadro 6 As escolas da estrateacutegia82
Quadro 7 Metaacuteforas da Organizaccedilatildeo83
Quadro 8 Siacutentese das Inferecircncias do Pensamento Estrateacutegico86
Quadro 9 Siacutentese das Inferecircncias das Perspectivas do BSC96
Quadro 10 Siacutentese das Inferecircncias dos princiacutepios do BSC107
Quadro 11 Siacutentese das Inferecircncias do Mapa estrateacutegico111
Quadro 12 Etapas do processo de implementaccedilatildeo do BSC Segundo
Kaplan e Norton114
Quadro 13 Etapas do processo de construccedilatildeo do BSC proposto por
Campos119
Quadro 14 Etapas do processo de elaboraccedilatildeo do projeto e preparaccedilatildeo da
implementaccedilatildeo do BSC120
Quadro 15 Siacutentese das Inferecircncias do processo de construccedilatildeo do
BSC120
Quadro 16 Elementos conceituais das ciecircncias da complexidade132
Quadro 17 Alguns elementos conceituais da Fiacutesica Quacircntica134
Quadro 18 Base conceptual do BSC como um SCA195
Quadro 19 Plano de Execuccedilatildeo do BSC como um SCA227
Quadro 20 Plano de execuccedilatildeo do estudo de caso229
Quadro 21 Plano de Execuccedilatildeo do BSC como um SCA do SENAI Satildeo
Joseacute239
Quadro 22 Fase 1 do Plano de Execuccedilatildeo do BSC COMO UM
SCA241
Quadro 23 Consolidaccedilatildeo do pensamento e aprendizado estrateacutegico no
BSC como um SCA no SENAI Satildeo Joseacute247
14
Quadro 24 Autopoiese do Sistema SENAI250
Quadro 25 Autopoiese do Sistema SENAIsc253
Quadro 26 Autopoiese do SENAIsc Unidade de Satildeo Joseacute254
Quadro 27 Estrateacutegia Geral do SENAI de Satildeo Joseacute261
Quadro 28 Auto-organizaccedilatildeo Adaptaccedilatildeo e Feedback Estrateacutegico no BSC
como um SAC do SENAI Satildeo Joseacute290
Quadro 29 Plano de Execuccedilatildeo do BSC no SENAIsc333
Quadro 30 Perspectiva Financeira desdobrada em objetivos indicadores
metas e iniciativas paralelas e justapostos
Quadro 30 Alguns indicadores direcionadores e resultantes do BSC SENAI
Satildeo Joseacute339
Quadro 31 Avaliaccedilatildeo dos indicadores sob trecircs enfoques340
Quadro 32 Niacutevel de participaccedilatildeo efetiva do comitecirc de gestatildeo no
BSC344
15
SUMAacuteRIO
AGRADECIMENTOS6
RESUMO9
ABSTRACT10
LISTA DE FIGURAS11
LISTA DE QUADROS13
SUMAacuteRIO15
CAPIacuteTULO 1 INTRODUCcedilAtildeO22
11 CONTEXTUALIZACcedilAtildeO22
12 PROBLEMATIZACcedilAtildeO27
121 CONSIDERACcedilOtildeES INICIAIS27
122 PROPOSICcedilOtildeES DO BSC28
123 LACUNAS DO BSC30
1231 Concepccedilatildeo Modelo Geneacuterico30
12311 Gap entre os propoacutesitos do BSC versus operacionalizaccedilatildeo32
12312 Relaccedilatildeo causa-efeito entre as perspectivas36
12313 Modelo de controle estrateacutegico41
124 OBSTAacuteCULOS A EFICAacuteCIA NA IMPLEMENTACcedilAtildeO DO BSC44
125 PROBLEMA DE PESQUISA49
13 OBJETIVOS DO TRABALHO49
131 OBJETIVO GERAL49
132 OBJETIVOS ESPECIacuteFICOS49
14 JUSTIFICATIVA RELEVAcircNCIA E INEDITISMO DO ESTUDO50
15 LIMITACcedilOtildeES DA PESQUISA50
CAPIacuteTULO 2 METODOLOGIA DA PESQUISA52
21 CONSIDERACcedilOtildeES INICIAIS52
22 BASES DO DELINEAMENTO METODOLOacuteGICO PROPOSTO52
23 DELINEMENTO METODOLOacuteGICO NO NOVO PARADIGMA54
231 CONCEPCcedilAtildeO FILOSOacuteFICA DA PESQUISA54
232 MEacuteTODO SOB UM ENFOQUE DICOTOcircMICO54
16
233 DESENHO DA PESQUISA58
2331 Natureza da Pesquisa58
2332 Fases da Pesquisa58
234 TIPO DE CONHECIMENTO CIENTIacuteFICO GERADO61
235 MODELO DE ANAacuteLISE DE CONTEUacuteDO PARA APRECIACcedilAtildeO CRIacuteTICA
TEXTUAL62
CAPIacuteTULO 3 O BALANCED SCORECARD66
31 HISTOacuteRICO DO BSC66
32 MODELO GENEacuteRICO DO BSC CONCEPCcedilAOtilde E ARQUITETURA67
33 INFEREcircNCIAS DAS UNIDADES DE ANAacuteLISE DO BSC72
331 CONCEITO72
332 PENSAMENTO ESTRATEacuteGICO76
3321 Visatildeo Missatildeo E Fatores Criacuteticos De Sucesso76
3322 Estrateacutegia Organizacional78
33221 As Distintas Concepccedilotildees de Estrateacutegia e o BSC78
33222 A Evoluccedilatildeo da Estrateacutegia do Enfoque Tradicional ao
Contemporacircneo81
333 PERSPECTIVAS86
3331 Financeira87
3332 Clientes89
3333 Processos Internos91
3334 Aprendizado e Crescimento93
3335 Objetivos97
3336 Indicadores98
3337 Metas100
3338 Iniciativas101
334 PRINCIacutePIOS DO BSC103
335 MAPA ESTRATEacuteGICO DO BSC108
336 PROCESSSO DE CONSTRUCcedilAtildeO DO BSC112
34 APRECIACcedilAtildeO CRIacuteTICA AO BSC121
CAPIacuteTULO 4 A ABORDAGEM QUAcircNTICA DA CIEcircNCIA SOB OS
FUNDAMENTOS DAS CIEcircNCIAS DA COMPLEXIDADE124
41 O NOVO PARADIGMA A ABORDAGEM QUAcircNTICA DA CIEcircNCIA124
17
42 AS CIEcircNCIAS DA COMPLEXIDADE128
421 FIacuteSICA QUAcircNTICA133
422 TEORIA DOS SISTEMAS AUTOPOIEacuteTICOS APLICADA Agrave GESTAtildeO
ESTRATEacuteGICA ORGANIZACIONAL139
423 A TEORIA DO CAOS APLICADA Agrave GESTAtildeO ESTRATEacuteGICA
ORGANIZACIONAL146
424 TEORIA DA COMPLEXIDADE A GESTAtildeO ESTRATEacuteGICA
ORGANIZACIONAL SOB O ENFOQUE DOS SISTEMAS COMPLEXOS
ADAPTATIVOS SCAs152
4241 Introduccedilatildeo152
4242 O conceito de Sistemas Complexos Adaptativos (SCAs)154
4243 A Organizaccedilatildeo como um SCA156
42431 Subsistemas do Sistema Organizacional Legiacutetimo e de Sombra157
42432 Agentes159
42433 EsquemasModelo Mental162
42434 Estrateacutegia agrave beira do Caos166
42435 Aprendizagem no paradoxo (caos) espaccedilo para a inovaccedilatildeo e a
criatividade168
42436 Auto-organizaccedilatildeo169
42437 Aprendizagem de loop simples loop duplo e mal-adaptativa170
42438 Ambiguumlidade Competiccedilatildeo e Cooperaccedilatildeo172
42439 Lideranccedila para controle da ansiedade paracircmetros de controle174
424310 Adaptaccedilatildeo e Feedback Estrateacutegico177
4244 Mecanismos conceituais dos SCAs fitness landscape e
canalizaccedilatildeolock-in178
43 INTERFACES TEOacuteRICAS ENTRE AS CIEcircNCIAS DA COMPLEXIDADE190
CAPIacuteTULO 5 MODELO PROPOSTO O BSC COMO UM SCA UMA
ABORDAGEM QUAcircNTICA Agrave ESTRATEacuteGIA195
51 BASE CONCEITUAL DO MODELO PROPOSTO ESTRUTURA DE
REFEREcircNCIA195
52 MODELAGEM CONCEITUAL DO BSC COMO UM SCA197
53 INCORPORACcedilAtildeO DA MODELAGEM CONCEITUAL AO BSC202
531 ARQUITETURA DO BSC COMO UM SCA203
18
5311 Pensamento Estrateacutegico205
53111 Sistema autopoieacutetico Quem somos205
53112 Missatildeo Princiacutepios caoacuterdicos Porque existimos206
53113 Valores essenciais Em que acreditamos206
53114 Visatildeo - Cenaacuterios futuros almejados Onde queremos chegar207
53115 Estrateacutegia a Beira do Caos207
5312 Perspectivas207
53121 Perspectiva dos Clientes208
53122 Perspectiva dos Processos Internos209
53123 Perspectiva de Aprendizado e Crescimento210
53124 Perspectiva Financeira211
5313 Dimensotildees que permeiam agraves Perspectivas do BSC como um
SCA211
53131Dimensatildeo Humana212
53132 Dimensatildeo das Descontinuidades Ambientais213
53133 Dimensatildeo da Competitividade Cooperativa213
5314 Integraccedilatildeo dos indicadores agrave estrateacutegia relaccedilotildees de
interconectividade214
5315 Objetivos indicadores metas e iniciativas paralelos e
justapostos215
532 PRINCIacutePIOS DO BSC SOB OS FUNDAMENTOS DA ABORDAGEM
QUAcircNTICA Agrave ESTRATEacuteGIA217
533 MAPA ESTRATEacuteGICO DO BSC COMO UM SCA A CONFIGURACcedilAtildeO
DA ESTRATEacuteGIA NUMA CADEIA CIRCULAR DINAcircMICA224
534 PROCESSO DE CONSTRUCcedilAtildeO DO BSC COMO UM SCA225
54 PARALELO ENTRE O BSC MODELO ORIGINAL E O BSC COMO UM
SCA227
6 APRIMORAMENTO DO BSC COMO UM SCA ESTUDO DE
CASO229
61 INTRODUCcedilAtildeO229
62 APRESENTACcedilAtildeO DA PROPOSTA DE ESTUDO A LIDERANCcedilA
EXECUTIVA230
63 IDENTIFICACcedilAtildeO DO SISTEMA SENAI231
19
64 O BALANCED SCORECARD NO SENAI231
65 DESENHO
DO BSC COMO UM SCA NO SENAI UNIDADE DE SAtildeO
JOSEacute238
CAPIacuteTULO 7 CONCLUSOtildeES E RECOMENDACcedilOtildeES PARA
FUTUROS TRABALHOS302
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS309
BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR314
APEcircNDICE A Roteiro Entrevista Semiestruturada e Observaccedilatildeo
Participante no SENAI Satildeo Joseacute315
APEcircNDICE B Mapeamento das Inteligecircncias Emocional
Cognitiva e Motivacional do SENAI Satildeo Joseacute321
APEcircNDICE C IDENTIFICACcedilAtildeO DO SISTEMA SENAI325
APEcircNDICE D
O BSC no SENAI processo de implementaccedilatildeo e
validaccedilatildeo das lacunas e obstaacuteculos agrave eficaacutecia do programa332
1 INTRODUCcedilAtildeO
11 CONTEXTUALIZACcedilAtildeO
O Balanced Scorecard
BSC eacute um sistema gerencial estrateacutegico
reconhecido em acircmbito internacional cujo foco principal eacute a implementaccedilatildeo da
estrateacutegia Tem o propoacutesito de gerenciar os ativos tangiacuteveis e intangiacuteveis das
organizaccedilotildees de uma forma holiacutestica sistecircmica e integrada Por meio da execuccedilatildeo
dinacircmica e natildeo-linear da estrateacutegia propotildee-se a comunicaacute-la mensurar o seu
desempenho gerenciar a mudanccedila e incentivar o aprendizado de loop duplo
Esse estudo tem o propoacutesito principal de realizar algumas adaptaccedilotildees ao
BSC de forma a minimizar o gap existente entre as suas proposiccedilotildees e a concepccedilatildeo
de seu modelo geneacuterico bem como adequaacute-lo a era atual caracterizada pela
incerteza e natildeo-lineariedade dos fenocircmenos Na perspectiva contemporacircnea o foco
passou de uma cultura organizacional de resoluccedilatildeo de problemas ( apagar
incecircndios ) para incentivo agrave criatividade e inovaccedilatildeo
Ratificando esta visatildeo Senge (2002) afirma
Nossas empresas estatildeo dominadas por uma cultura de soluccedilatildeo de problemas As raiacutezes disso estatildeo no sistema educacional Eacute muito mais faacutecil ensinar as crianccedilas a resolver problemas e a dar respostas do que ensinaacute-las a criar Aiacute elas crescem pensando que a vida significa resolver problemas achar as respostas certas
Segundo Wacker (2002 p 72) estamos no iniacutecio da sociedade poacutes-
informaccedilatildeo cuja eacutepoca eacute marcada pelas incertezas e tem como premissa o
paradoxo O segredo para lidar com o paradoxo eacute natildeo adotar apenas um dos
enfoques mas todos Ao escolher uma direccedilatildeo eacute preciso pensar simultaneamente
em oportunidades de direccedilotildees opostas
Por outro lado Hock (1999) arguumli que jaacute ultrapassamos a era da informaccedilatildeo e
do conhecimento para a era caoacuterdica (caos + ordem) A criaccedilatildeo de uma
23
organizaccedilatildeo caoacuterdica comeccedila com uma intensa busca pelo propoacutesito passa entatildeo
aos princiacutepios as pessoas e ao conceito e soacute entatildeo a estrutura e agrave praacutetica
Os princiacutepios da loacutegica mecanicista predominante na cultura ocidental estatildeo
presentes em vaacuterias aacutereas do conhecimento Na gestatildeo organizacional consolidou-
se na revoluccedilatildeo industrial com o surgimento da Administraccedilatildeo Cientiacutefica de Taylor
na qual se inspiraram Ford e outros seguidores cujas bases de estudo sofreram
influecircncia do meacutetodo cartesiano de Reneacute Descartes
A ecircnfase excessiva na produtividade e na eficiecircncia no desempenho das
tarefas gerou uma nova corrente de estudo denominada escola de relaccedilotildees
humanas E assim sucessivamente a partir do progresso cientiacutefico e tecnoloacutegico
novas dificuldades foram encontradas abrindo espaccedilo para novas abordagens
administrativas
Chiavenato (2001 p 430) classifica o desenvolvimento das abordagens
administrativas em trecircs eras apontando suas principais caracteriacutesticas
Era claacutessica (1900-1950)
iniacutecio da revoluccedilatildeo industrial pouca mudanccedila
previsibilidade e certeza
Era neoclaacutessica (1950-1990)
desenvolvimento industrial aumento da
mudanccedila fim da previsibilidade e necessidade de inovaccedilatildeo
Era da informaccedilatildeo (apoacutes 1990)
desenvolvimento da tecnologia da informaccedilatildeo
(TI) globalizaccedilatildeo imprevisibilidade aceleraccedilatildeo da mudanccedila instabilidade e
incerteza
Constata-se que a evoluccedilatildeo progressiva de novas teorias no campo da
Administraccedilatildeo tem estimulado a geraccedilatildeo de novos meacutetodos teacutecnicas e ferramentas
nas engenharias A Engenharia de Produccedilatildeo sob um enfoque multidisciplinar
desenvolve uma pesquisa interativa baacutesica e aplicada Ao mesmo tempo em que
importa abordagens teoacutericas de vaacuterias ciecircncias busca a sua aplicaccedilatildeo sob a forma
de novas tecnologias ferramentas e teacutecnicas que promovam a melhoria na gestatildeo
das organizaccedilotildees desenvolvimento de sistemas processos e produtos em vaacuterias
aacutereas do conhecimento ciecircncias tecnoloacutegicas sociais e humanas educaccedilatildeo sauacutede
artes etc
24
Segundo Capra (1982 p 23) os problemas da humanidade satildeo sistecircmicos o
que significa que estatildeo intimamente interligados e satildeo interdependentes Natildeo
podem ser encontrados no acircmbito da metodologia fragmentada que eacute caracteriacutestica
de nossas disciplinas acadecircmicas e de nossos organismos governamentais Tal
abordagem natildeo resolveraacute nenhuma de nossas dificuldades limitar-se-aacute a transferi-
las de um lugar para outro na complexa rede de relaccedilotildees sociais e ecoloacutegicas
Por outro lado seguindo a mesma linha de pensamento relata Senge
Na arena dos negoacutecios a crescente incerteza a turbulecircncia econocircmica e poliacutetica e a crescente interdependecircncia de mercados e empresas globais levaram a chamados por mudanccedilas radicais Existe no mundo como um todo uma crescente consciecircncia de que as tendecircncias atuais do consumo insustentaacutevel de recursos poluiccedilatildeo desintegraccedilatildeo social e falta de governabilidade constituem ameaccedilas sem precedentes ao nosso futuro (SENGE 2002 p 22)
O sistema organizacional tornou-se mais complexo exigindo uma abordagem
mais flexiacutevel e natildeo-linear aos fatos O enfoque mecanicista estaacute sendo substituiacutedo
gradativamente por uma percepccedilatildeo sistecircmica
Kelly e Alisson (1998 traduccedilatildeo nossa) ao aplicarem os fundamentos da
teoria da complexidade na gestatildeo do Citibank relatam que para muitas
organizaccedilotildees grandes e modernas passa despercebido que estatildeo operando sob um
modelo de gerenciamento de operaccedilatildeo lenta que sucumbe a uma burocracia de
difiacutecil controle Muitas organizaccedilotildees buscando evitar ou tentando resolver este
dilema implementam novos programas de administraccedilatildeo um apoacutes o outro sem que
nenhum traga resultado O Citibank natildeo era nenhuma exceccedilatildeo
Os referidos autores expotildeem que antes de 1990 a estrateacutegia do Citibank
tinha como foco central a satisfaccedilatildeo dos clientes e a busca da vantagem competitiva
no mercado Em meados do mesmo ano comeccedilaram a aplicar os fundamentos da
teoria da complexidade para as aacutereas de desenvolvimento organizacional e
mudanccedila comportamental
25
O caso do Citibank corrobora com a ideacuteia de que a gestatildeo estrateacutegica com
base na priorizaccedilatildeo exclusiva dos padrotildees de eficiecircncia na conformidade estaacute
predestinada ao insucesso Aleacutem disso ratifica a visatildeo de que a preocupaccedilatildeo
excessiva com o alcance das metas e resultados pode gerar um alto grau de tensatildeo
no sistema tolhendo o espaccedilo para a inovaccedilatildeo e criatividade
O presente estudo contrapondo-se ao modelo de gestatildeo tradicional centrado
prioritariamente em metas e resultados previamente estabelecidos agrega ao
mensuraacutevel o imensuraacutevel ou seja o monitoramento dos padrotildees de
comportamento do sistema incorpora o gerenciamento da aprendizagem mudanccedila
inovaccedilatildeo e criatividade agrave estrateacutegia
O modelo adaptativo proposto O BSC como um Sistema Complexo
Adaptativo
SCA uma abordagem quacircntica agrave estrateacutegia eacute concebido como um
sistema gerencial estrateacutegico hiacutebrido dual e complementar de mediccedilatildeo do
desempenho e monitoramento do fluxo de mudanccedila
CORREcircA CUNHA SUTILLI (2003) inserem a abordagem quacircntica no novo
paradigma da ciecircncia e na taxionomia das suas concepccedilotildees filosoacuteficas a qual
agrega o ponderaacutevel previsiacutevel linear e passiacutevel de mediccedilatildeo e determinaccedilatildeo ao
imponderaacutevel imprevisiacutevel e natildeo-
-linear
A abordagem quacircntica ao BSC fundamenta-se nos elementos conceituais das
seguintes ciecircncias da complexidade fiacutesica quacircntica teoria dos sistemas
autopoieacuteticos teoria do caos e teoria da complexidade Sob este prisma o
pensamento estrateacutegico tem um enfoque contemporacircneo A estrateacutegia eacute definida a
partir de um processo de auto-referecircncia da organizaccedilatildeo
autopoiese o
aprendizado da estrateacutegia acontece agrave beira do caos entre o deliberado e a
emergecircncia e a sua dinacircmica de execuccedilatildeo como um SCA
Da fiacutesica quacircntica com base nos estudos de Capra (1982) Gribbin (1988)
Noacutebrega (1999) Salam (1993) importa-se os conceitos de dualidade
complementaridade relaccedilatildeo de incerteza observaccedilatildeo probabilidade natildeo-
26
lineariedade ordem implicada ordem explicada e visatildeo holograacutefica para a
concepccedilatildeo do BSC como um sistema gerencial estrateacutegico hiacutebrido
O pensamento estrateacutegico contemporacircneo com base nos estudos de Senge
(2002) Hock (1999) Cusumano e Markides (2002) priorizam a dimensatildeo humana
ou seja a visatildeo missatildeo e estrateacutegia se consolidam pelo alinhamento dos propoacutesitos
princiacutepios e valores do sistema organizacional (organizaccedilatildeo e colaboradores internos
e externos) Os objetivos e metas e satildeo estabelecidos numa etapa posterior
Com base nos estudos sobre a autopoiese de Maturama e Varela (1997)
Morgan (1996) e Maiula (2000) configuram-se a estrateacutegia a partir de um processo
de auto-referecircncia da organizaccedilatildeo A autopoiese concebe o sistema organizacional
como sendo circunscrito fechado autoprodutor e reprodutor de si mesmo A
identidade estrateacutegica da organizaccedilatildeo eacute o resultado de seu processo ontogecircnico no
acoplamento recursivo do passado com o presente
Importando-se dos estudos sobre a teoria do caos de Lorentz (1996) Gell-
Mann (1996) Hock (1999) Stacey (1996) Axelrold e Cohem (2000) propotildeem-se a
execuccedilatildeo da estrateacutegia entre a ordem estabelecida (deliberada planejada) e a
desordem (emergecircncia do sistema)
Fundamentando-se nos estudos de Gell-Mann (1996) Stacey (1996) Axelrold
e Cohem (2000) Cusumano e Markides (2002) propotildeem-se agrave dinacircmica de um SCA
para a operacionalizaccedilatildeo da estrateacutegia
A modelagem conceptual proposta eacute incorporada no conceito arquitetura
princiacutepios mapa estrateacutegico e processo de construccedilatildeo do BSC Presume-se que a
abordagem quacircntica agrave estrateacutegia por meio do modelo adaptativo proposto O BSC
como um SCA possa contribuir natildeo somente para adaptaacute-lo agrave era da
imprevisibilidade mas essencialmente para fortalecer um novo paradigma agrave gestatildeo
estrateacutegica organizacional a abordagem quacircntica agrave estrateacutegia
27
12 PROBLEMATIZACcedilAtildeO
121 CONSIDERACcedilOtildeES INICIAIS
Segundo Kaplan e Norton (2000 p 35) em meados do seacuteculo XX as
empresas multidivisionais usavam o orccedilamento como elemento central dos sistemas
gerenciais Na deacutecada de 1990 as empresas ampliaram o referencial financeiro
para a adoccedilatildeo de criteacuterios que melhor se correlacionavam com o valor para os
acionistas como os conceitos de Valor Econocircmico Agregado (Economic Value
Added EVA) e gestatildeo baseada no valor
Prosseguem os autores supracitados relatando que durante as deacutecadas de
1980 e 1990 reconhecendo as limitaccedilotildees da gestatildeo apenas com base em nuacutemeros
financeiros as empresas se empenhavam em conquistar precircmios de qualidade
nacionais Malcolm Baldrige nos EUA Deming Prize no Japatildeo e o EFQM na
Europa
e em imitar a Motorola Inc E a General Electric na adoccedilatildeo de programas
seis sigmas
De acordo com Kaplan e Norton (2000 p 37) cada uma dessas perspectivas
financcedilas qualidade clientes capacidades processos pessoas e sistemas satildeo
importantes mas cada uma representa apenas um componente da rede de
atividades e processos gerenciais responsaacuteveis pelo desempenho superior
sustentaacutevel
O BSC surge com o propoacutesito de suprir a ausecircncia de um sistema de gestatildeo
integrada que traduza os ativos estrateacutegicos intangiacuteveis em indicadores e metas
mensuraacuteveis de maneira a tratar as variaacuteveis objetivas e subjetivas de forma
holiacutestica e sistecircmica
122 PROPOSICcedilOtildeES DO BALANCED SCORECARD
28
Robert S Kaplan e David P Norton cocircnscios do ambiente complexo e
turbulento em que estatildeo inseridas as organizaccedilotildees concebem o BSC sob uma
abordagem sistecircmica dinacircmica e natildeo linear (cf Figura 1)
Figura 1 Proposiccedilotildees do Balanced Scorecard
Kaplan e Norton quando iniciaram seus estudos sobre o BSC jaacute
demonstravam estar cientes que o alinhamento e aprendizado da estrateacutegia ocorrem
em um ambiente marcado pela instabilidade e mudanccedilas bruscas
Para as empresas da era da informaccedilatildeo as estrateacutegias natildeo podem ser tatildeo lineares ou estaacuteveis Elas operam em ambientes mais turbulentos e os altos executivos precisam receber feedback sobre estrateacutegias mais complexas (KAPLAN E NORTON 1997 p17)
BSC
PROPOSICcedilOtildeES
A paisagem competitiva encontra-se em constante mudanccedila []a estrateacutegia eacute um processo contiacutenuo A arte da lideranccedila eacute o equiliacutebrio delicado das tensotildees entre estabilidade e mudanccedila (KAPLAN E NORTON 2000 p28)
O programa do BSC comeccedila com o reconhecimento de que natildeo se trata de um projeto de mensuraccedilatildeo mas sim de um programa de mudanccedila A mudanccedila ocorre em duas fases mobilizaccedilatildeo e
governanccedila (KAPLAN E NORTON 2000 pp 27-28)
Os mapas estrateacutegicos ao fornecer o elo perdido entre formulaccedilatildeo e implementaccedilatildeo da estrateacutegia permitem descrever mensurar e alinhar os ativos intangiacuteveis a fim de alcanccedilar desempenho superior (KAPLAN E NORTON 2004)
O Balanced Scorecard
deve ser utilizado como um
sistema de comunicaccedilatildeo informaccedilatildeo e aprendizado natildeo como um sistema de controle (KAPLAN E NORTON 1997 p25)
A construccedilatildeo do Scorecard com sua ecircnfase nas causas e efeitos induz o raciociacutenio sistecircmico dinacircmico (KAPLAN E NORTON 1997 p16)
Atraveacutes do alinhamento e aprendizado da estrateacutegia as organizaccedilotildees exibem um desempenho extraordinaacuterio e natildeo-linear onde o todo se transforma em muito mais do que a soma das partes(KAPLAN E NORTON 2000 p 8)
ABORDAGEM SISTEcircMICA DINAcircMICA
NAtildeO-LINEAR
29
Simultaneamente tambeacutem jaacute tinham a concepccedilatildeo que a aprendizagem da
estrateacutegia eacute eficaz quando o feedback eacute de loop duplo
As organizaccedilotildees precisam adquirir a capacidade de aprender num circuito duplo que ocorre quando os executivos questionam pressupostos e avaliam se as teorias com que estatildeo trabalhando continuam coerentes com os indiacutecios agraves observaccedilotildees e experiecircncias reais [] precisam receber feedback para saber se a estrateacutegia planejada continua sendo viaacutevel e bem-sucedida
o processo de aprendizado de circuito duplo [] necessitam de informaccedilotildees que lhe permitam avaliar se os pressupostos utilizados por ocasiatildeo do desenvolvimento da estrateacutegia continuam vaacutelidos (KAPLAN E NORTON 1997 p 18)
Observa-se tambeacutem que os autores do BSC enfatizam como pressuposto
para a eficaacutecia da implementaccedilatildeo as organizaccedilotildees adotarem um estilo de
administraccedilatildeo dinacircmica e participativa com lideranccedila democraacutetica e flexiacutevel na qual
o alinhamento e aprendizado da estrateacutegia ocorram de forma dinacircmica e sistecircmica
[] a implementaccedilatildeo da estrateacutegia exige que todas as unidades de negoacutecio unidades de apoio e empregados estejam alinhados e conectados com a estrateacutegia E com a rapidez das mudanccedilas na tecnologia na concorrecircncia e nos regulamentos a formulaccedilatildeo e a implementaccedilatildeo da estrateacutegia devem converter-se em processo contiacutenuo e participativo As organizaccedilotildees de hoje necessitam de uma linguagem para a comunicaccedilatildeo tanto da estrateacutegia como dos processos e sistemas que contribuem para a implementaccedilatildeo da estrateacutegia e que geram feedback sobre a estrateacutegia O sucesso exige que a estrateacutegia se transforme em tarefa cotidiana de todos (KAPLAN E NORTON 2000 p 13)
As citaccedilotildees acima ratificam as proposiccedilotildees do meacutetodo em operacionalizar a
estrateacutegia por meio das perspectivas e medidas do BSC sob um enfoque dinacircmico
e sistecircmico buscando um feedback estrateacutegico de loop duplo (positivo) e
alinhamento dos objetivos estrateacutegicos organizacionais
No entanto ao proceder-se a uma apreciaccedilatildeo criacutetica ao modelo geneacuterico do
BSC por meio da teacutecnica anaacutelise de conteuacutedo constataram-se algumas lacunas e
obstaacuteculos agrave eficaacutecia na sua implementaccedilatildeo que podem dificultar a sua
operacionalizaccedilatildeo de acordo com os propoacutesitos almejados pelos seus idealizadores
123 LACUNAS DO BSC
30
O BSC tem como proposiccedilatildeo baacutesica atuar como um sistema gerencial
dinacircmico sistecircmico e natildeo-linear (cf Figura 1) A Figura 2 descreve as principais
lacunas observadas na concepccedilatildeo do modelo geneacuterico do BSC as quais satildeo
reflexos do paradigma tradicional impliacutecito na gestatildeo estrateacutegica organizacional
Figura 2 Lacunas do Balanced Scorecard
Estudo fundamentado em Norrekli t(1999)Chiavenato (2000) Noacutebrega (1999)
1231 Concepccedilatildeo Modelo Geneacuterico
Chiavenato (2000 pp 318-320) apresenta um paralelo entre os princiacutepios da
abordagem claacutessica e da abordagem sistecircmica da ciecircncia (sintetizados no quadro 1)
que ratificam esta assertiva
De acordo com Chiavenatto (2000 pp 318-319) a abordagem claacutessica
influenciou quase todas as ciecircncias no iniacutecio do seacuteculo XX por meio dos seus
princiacutepios baacutesicos
Reducionismo
LACUNAS
CONCEPCcedilAtildeO MODELO GENEacuteRICO
Gap entre os propoacutesitos do BSC e a sua operacionalizaccedilatildeo
Vulnerabilidade nas implementaccedilotildees topdown ou middle up
Relaccedilatildeo causa-efeito entre as perspectivas Enfoque sistecircmico Anaacutelise correlacional entre as medidas Dimensatildeo tempo nas relaccedilotildees causais
BSC
31
Pensamento analiacutetico
Mecanicismo
O Reducionismo eacute responsaacutevel pela fragmentaccedilatildeo do conhecimento e
motivou o surgimento de vaacuterias ciecircncias como a fiacutesica quiacutemica biologia etc Mas
teria sido a natureza ou o homem quem fez esta separaccedilatildeo entre as ciecircncias
ABORDAGEM CLAacuteSSICA ABORDAGEM SISTEcircMICA
P R I N C Iacute P I O S
B Aacute S I C O S
Reducionismo Decomposiccedilatildeo e reduccedilatildeo das coisas nos seus elementos fundamentais mais simples que constituem as suas unidades indivisiacuteveis
Pensamento Analiacutetico A soluccedilatildeo ou explicaccedilatildeo do todo constitui a soma ou resultante das soluccedilotildees ou explicaccedilotildees das partes
Mecanicismo Os efeitos satildeo totalmente determinados pelas causas em uma visatildeo determiniacutestica das coisas
Expansionismo Todo fenocircmeno eacute parte de um fenocircmeno maior
Pensamento Sinteacutetico Cada fenocircmeno eacute explicado em termos do papel que desempenha nesse sistema maior
Teleologia A causa eacute uma condiccedilatildeo necessaacuteria mas nem sempre suficiente para que surja o efeito A relaccedilatildeo causa-efeito eacute probabiliacutestica
Quadro 1 Paralelo entre a Abordagem Claacutessica versus Sistecircmica
Elaborado com base em Chiavenatto (2000 p 319)
O Pensamento Analiacutetico proveacutem do meacutetodo cartesiano de Descartes (1596-
1650) do qual proveacutem a tradiccedilatildeo intelectual ocidental quanto agrave metodologia de
soluccedilatildeo de problemas A anaacutelise consiste em decompor o todo tanto quanto
possiacutevel nas suas partes mais simples que satildeo mais facilmente solucionadas ou
explicadas para posteriormente agregar essas soluccedilotildees ou explicaccedilotildees parciais
em uma soluccedilatildeo ou explicaccedilatildeo do todo
O Mecanicismo aduz que um fenocircmeno constitui a causa de outro fenocircmeno
(seu efeito) quando ele eacute necessaacuterio e suficiente para provocaacute-lo O sistema eacute
fechado o meio ambiente eacute subtraiacutedo da explicaccedilatildeo das causas As leis excluem os
efeitos do meio natildeo prevendo as exceccedilotildees O raciociacutenio eacute linear onde os problemas
satildeo analisados variaacutevel por variaacutevel
32
Com a complexidade do mundo globalizado no qual haacute muitos fatores
intervenientes que influenciam no ambiente organizacional tornando-se difiacutecil
estabelecer relaccedilotildees de causas e efeitos entre as variaacuteveis
Segundo Chiavenato (2000 pp 319-320) neste contexto os princiacutepios da
abordagem claacutessica enquanto concepccedilatildeo filosoacutefica que norteia a ciecircncia estatildeo
sendo substituiacutedos pelos seguintes princiacutepios da abordagem sistecircmica
Expansionismo
Pensamento sinteacutetico
Princiacutepio teleoloacutegico
O Expansionismo natildeo nega que cada fenocircmeno seja constituiacutedo de partes
mas a sua ecircnfase reside na focalizaccedilatildeo do todo do qual aquele fenocircmeno faz parte
O Pensamento Sinteacutetico induz que os oacutergatildeos do organismo humano satildeo explicados
pelo papel que desempenham no organismo e natildeo pelo comportamento de seus
tecidos ou estruturas de organizaccedilatildeo
A Teleologia eacute o estudo do comportamento com a finalidade de alcanccedilar
objetivos No princiacutepio teleoloacutegico a relaccedilatildeo causa-efeito natildeo eacute uma relaccedilatildeo
determiniacutestica ou mecanicista o comportamento eacute explicado por aquilo que ele
produz ou por aquilo que eacute seu propoacutesito produzir
O paralelo entre os princiacutepios das abordagens claacutessica e sistecircmica da ciecircncia
corroboram para demonstrar que o modelo geneacuterico do BSC tem enraizado a
concepccedilatildeo claacutessica mecanicista agrave gestatildeo estrateacutegica organizacional
12311 Gap entre os propoacutesitos do BSC versus operacionalizaccedilatildeo
Constata-se que o gap existente entre os propoacutesitos do BSC e a concepccedilatildeo
do seu modelo geneacuterico torna-o vulneraacutevel de ser operacionalizado de maneira top
down ou middle up A seguir ilustra-se a vulnerabilidade na implementaccedilatildeo do BSC
relatando a sua operacionalizaccedilatildeo por meio de cases apresentados em Kaplan e
33
Norton (2000) em trecircs importantes organizaccedilotildees a comunicaccedilatildeo do BSC na
Motorola o aprendizado estrateacutegico na Sears e o mapa estrateacutegico do Grupo BAL
Comunicaccedilatildeo do BSC na Motorola
Kaplan e Norton (2000) ilustram suas ideacuteias sobre a comunicaccedilatildeo eficaz do
Scorecard demonstrando como a Motorola compartilhou a estrateacutegica nos distintos
niacuteveis hieraacuterquicos da organizaccedilatildeo (cf quadro 2)
PESSOA PAPEL NA COMUNICACcedilAtildeO
CEO Razatildeo meta situaccedilatildeo
Presidente Reforccedilo visiacutevel plano especiacutefico
Gerente geral das Unidades de
negoacutecio
O que faremos de maneira diferente
Gerente Como a iniciativa se relaciona com o trabalho do dia-a-
dia
Empregado Compreender e aplicar
Quadro 2 Comunicaccedilatildeo do BSC na Motorola Fonte Kaplan e Norton (2000 p 237)
Observa-se que na Motorola o modelo de comunicaccedilatildeo do BSC
top-down
pode ter impliacutecito um dos princiacutepios da administraccedilatildeo cientiacutefica de Taylor que faz a
distinccedilatildeo entre o que pensa e o que executa o trabalho A estrateacutegia eacute compartilhada
com os empregados depois de formulada restando a ele compreendecirc-la e aplicaacute-la
Para que a missatildeo adotada pela Motorola O uso eficaz da comunicaccedilatildeo como
meio de converter a estrateacutegia em trabalho de todos (Kaplan e Norton 2000 p
238) todos os colaboradores da cadeia de valor da organizaccedilatildeo do niacutevel da
lideranccedila executiva gerecircncia intermediaacuteria e setor operacional (empregados) devem
ser co-responsaacuteveis pelo processo de comunicaccedilatildeo aprendizado e consecuccedilatildeo dos
objetivos estrateacutegicos
Aprendizado estrateacutegico na SEARS
Em contraposiccedilatildeo ao processo top-down de comunicaccedilatildeo do BSC na
Motorola apresenta-se o processo de conscientizaccedilatildeo estrateacutegica na Sears (cf
quadro 3)
34
TEMAS ESTRATEacuteGICOS FERRAMENTAS GERENCIAIS
Lugar cativante para fazer compras
Lugar cativante para trabalhar
Lugar cativante para investir
Recurso visual dos mapas de aprendizado
Reuniotildees gerais de acompanhamento
Quadro 3 Aprendizado Estrateacutegico na SEARS Fonte Kaplan e Norton (2000 pp 238-240)
Segundo Kaplan e Norton (2000) a Sears apresentou trecircs temas estrateacutegicos
amplos (cf quadro 3) com o intuito de incentivar a comunicaccedilatildeo aprendizado e
alinhamento agrave estrateacutegia Para tanto fez uso de duas ferramentas
1 Recurso visual dos mapas de aprendizado apresenta a evoluccedilatildeo histoacuterica das
mudanccedilas no ambiente competitivo desde deacutecadas passadas percorrendo
sucessivas deacutecadas ateacute chegar agrave eacutepoca atual Os mapas e material complementar
como tabelas e graacuteficos forneciam o contexto para que todos os empregados
desde a alta administraccedilatildeo ateacute o pessoal dos depoacutesitos vendedores e caixas
participassem de reuniotildees dirigidas e respondessem a perguntas do tipo Quais satildeo
as implicaccedilotildees disso para nosso negoacutecio e nossa equipe
2 Reuniotildees gerais de acompanhamento
eram realizadas com o objetivo de
obter um feedback das mudanccedilas em curso e quando necessaacuterio fazer os ajustes agrave
estrateacutegia organizacional
Constata-se que no caso da Sears o processo de comunicaccedilatildeo e
aprendizado da estrateacutegica envolve a participaccedilatildeo de todos os colaboradores A alta
administraccedilatildeo lanccedilou temas estrateacutegicos amplos e utilizou o mapa de aprendizado e
as reuniotildees gerais de acompanhamento para incentivar o aprendizado estrateacutegico
de loop duplo e proporcionar um feedback contiacutenuo respectivamente
35
Mapas Estrateacutegicos do Grupo Bal
Kaplan e Norton (2000 pp 323-324) relatam que o Grupo Bal desenvolveu
um modelo dinacircmico de simulaccedilatildeo em apoio a seu programa de BSC Segundo os
referidos autores os mapas estrateacutegicos simples do BSC natildeo incorporam loops de
feedbacks e atrasos Assim a equipe deu um passo agrave frente construindo um modelo
de negoacutecio que usava uma linguagem de software de dinacircmica de sistemas
Verifica-se pelo relato supracitado que os proacuteprios autores admitem as
dificuldades do mapa estrateacutegico do BSC estabelecer conexotildees mais complexas
cujo modelo unidirecional natildeo considera os fatores restritivos (delays) e
impulsionadores (feedbacks) que podem interferir na eficaacutecia da estrateacutegia
Procedendo-se uma anaacutelise dos exemplos supracitados comunicaccedilatildeo do
BSC na Motorola conscientizaccedilatildeo estrateacutegica na Sears e o mapa estrateacutegico do
Grupo Ball faz-se as deduccedilotildees descritas a seguir
A comunicaccedilatildeo do BSC na Motorola sugere que haacute um estilo de gestatildeo
tradicional na qual haacute uma niacutetida separaccedilatildeo entre o processo de formulaccedilatildeo da
estrateacutegia
a qual cabe a gerecircncia secircnior e expertises em gestatildeo estrateacutegica e a
sua execuccedilatildeo
que eacute funccedilatildeo dos funcionaacuterios de niacutevel de apoio Na Sears observa-
se que todos os membros da organizaccedilatildeo participam do processo da concepccedilatildeo
implementaccedilatildeo e alinhamento da estrateacutegia organizacional O Grupo Bal com o
propoacutesito de adaptar a sua estrateacutegia complexa e natildeo linear do mapa estrateacutegico
simples do BSC incorporou a ele loops de feedback e atraso Por outro lado o fato
do mapa estrateacutegico do BSC representar graficamente a relaccedilatildeo linear de causa e
efeito entre as perspectivas eacute reflexo da arquitetura mecanicista e linear radicada no
seu modelo geneacuterico (coacutedigo geneacutetico modelo mental)
36
12312 Relaccedilatildeo causa-efeito entre as perspectivas
A relaccedilatildeo causa-efeito entre as perspectivas do Scorecard eacute analisada sob os
seguintes aspectos enfoque sistecircmico anaacutelise correlacional entre as medidas e a
dimensatildeo tempo nas relaccedilotildees causais
Enfoque sistecircmico
Pelos princiacutepios da abordagem sistecircmica apresentados anteriormente no
quadro 1 verifica-se que o raciociacutenio sistecircmico dinacircmico natildeo condiz com relaccedilatildeo
causal do tipo se-entatildeo e sim estatildeo relacionados com os princiacutepios da abordagem
claacutessica (mecanicista)
Kaplan e Norton (1997 p 155) ao relatarem sobre as relaccedilotildees de causa e
efeito entre as perspectivas definem a estrateacutegia como um conjunto de hipoacuteteses
sobre causas e efeitos as quais podem ser expressas por uma sequumlecircncia de
afirmativas do tipo se
entatildeo
Os referidos autores elucidam esta ideacuteia com o seguinte exemplo a relaccedilatildeo
entre um melhor treinamento dos funcionaacuterios em vendas e maiores lucros pode ser
estabelecida atraveacutes da seguinte sequumlecircncia de hipoacuteteses
Se intensificarmos o treinamento dos funcionaacuterios em produtos eles adquiriratildeo entatildeo mais conhecimento sobre a gama de produtos que podem vender se os funcionaacuterios passarem a conhecer melhor os produtos a eficaacutecia de suas vendas entatildeo aumentaraacute Se a eficaacutecia das vendas aumentar as margens meacutedias dos produtos que eles vendem entatildeo tambeacutem aumentaratildeo
De acordo com os autores do meacutetodo a ecircnfase nas causas e efeitos induz o
raciociacutenio sistecircmico dinacircmico (1997 p 16)
Segundo especificamente o princiacutepio teleoloacutegico da Teoria Geral de
Sistemas
TGS A causa eacute uma condiccedilatildeo necessaacuteria mas nem sempre suficiente
para que surja o efeito natildeo eacute uma relaccedilatildeo determiniacutestica ou mecanicista mas
simplesmente probabiliacutestica (CHIAVENATTO 2000)
37
Tambeacutem sugere que eacute vaacutelida a assertiva de Norreklit (1999) Os argumentos
indicam que as perspectivas satildeo interdependentes que natildeo haacute nenhuma relaccedilatildeo
causal Haacute indicaccedilotildees que Kaplan e Norton querem recorrer agrave finalidade e natildeo para
a causalidade
Esta asserccedilatildeo de Norreklit parece ser mais condizente com os
princiacutepios da abordagem sistecircmica neste caso destaca-se novamente o princiacutepio
teleoloacutegico da abordagem sistecircmica o qual sugere que as relaccedilotildees entre as
perspectivas satildeo probabiliacutesticas e correlacionadas
Anaacutelise correlacional entre as medidas
Constatou-se uma inconsistecircncia metodoloacutegica na anaacutelise correlacional entre
as medidas Sob o ponto de vista cientiacutefico a anaacutelise correlacional entre n variaacuteveis
natildeo aponta direccedilotildees A relaccedilatildeo causa-efeito eacute caracteriacutestica das pesquisas
experimentais ou causas-comparativas nas quais existe uma variaacutevel independente
(causa) que afeta a variaacutevel dependente (efeito)
Kaplan e Norton (1997 p266) sugerem a anaacutelise correlacional como uma
ferramenta para testar e validar as hipoacuteteses estrateacutegicas
[] os gerentes podem ajudar a validar as relaccedilotildees hipoteacuteticas de causa e efeito medindo a correlaccedilatildeo entre duas ou mais medidas A correlaccedilatildeo entre essas variaacuteveis representa uma vigorosa confirmaccedilatildeo da estrateacutegia da unidade de negoacutecios Se com o passar do tempo natildeo forem encontradas as correlaccedilotildees esperadas a organizaccedilatildeo teraacute evidecircncias de que a teoria em que sua estrateacutegia se apoacuteia natildeo estaacute funcionando
A anaacutelise correlacional entre variaacuteveis eacute tiacutepica das pesquisas do tipo
correlacional nas quais o pesquisador busca estabelecer relaccedilotildees entre n variaacuteveis
mas natildeo indica a direccedilatildeo
quem determina o quecirc Portanto deduz-se que a anaacutelise
correlacional pode ajudar a validar as relaccedilotildees de interdependecircncia entre as
medidas de forma sistecircmica ao inveacutes de determinar suas relaccedilotildees de causa e
efeito
Norreklit (1999) ao analisar a relaccedilatildeo causal entre as medidas do BSC sob a
visatildeo da teoria da ciecircncia argumenta que existem conexotildees loacutegicas entre as
perspectivas como partes de conceitos de linguagem Jaacute as conexotildees de causa e
efeito satildeo partes de estruturas do mundo empiacuterico e podem ser mostradas
empiricamente Loacutegica por outro lado natildeo pode ser verificada ou determinada
38
empiricamente Isto significa que noacutes natildeo podemos racionalmente inferir que Y
origina-se de X mas somente fazer isto empiricamente
O autor supracitado argumenta que noacutes podemos dizer que clientes que natildeo
estatildeo satisfeitos natildeo conduzem ao sucesso financeiro No entanto isto natildeo os
permite concluir que clientes satisfeitos conduzem ao resultado financeiro Noacutes
podemos tambeacutem dizer que clientes que natildeo satildeo leais satildeo caros mas isto natildeo
permite dizer que clientes leais satildeo baratos Como uma conclusatildeo poderia ser uma
falaacutecia loacutegica
Prossegue apontando que estatiacutesticas natildeo podem mostrar que alguma coisa
eacute uma falaacutecia loacutegica Eacute importante sermos muito cuidadosos quando esboccedilamos
conclusotildees na base de covariaccedilatildeo entre fatores Isto eacute bem conhecido como
verdade no campo da estatiacutestica que natildeo podemos concluir que na covariaccedilatildeo
existe uma relaccedilatildeo causal
Donaldson (apud NORREKLIT 1999 p75) aduzem que natildeo existe relaccedilatildeo
causal entre as medidas originadas das quatro perspectivas mas de
interdependecircncia A influecircncia entre as medidas natildeo eacute unidirecional dentro da ideacuteia
de que aprendizagem e crescimento satildeo os impulsionadores (drivers) de processos
internos de negoacutecios que satildeo os drivers da satisfaccedilatildeo de clientes que em rotaccedilatildeo
satildeo os drivers dos resultados financeiros Os argumentos indicam que as
perspectivas satildeo interdependentes que natildeo haacute nenhuma relaccedilatildeo causal Haacute
indicaccedilotildees que Kaplan e Norton querem recorrer agrave finalidade e natildeo para a
causalidade
Ainda segundo os autores supracitados o processo de desenvolvimento por
exemplo depende de resultados financeiros
a possibilidade de fornecer o capital
necessaacuterio para investimentos necessaacuterios eacute limitada pelos resultados financeiros
insatisfatoacuterios Na ordem para ser capaz de investir em pesquisa e desenvolvimento
a firma necessita de resultados financeiros satisfatoacuterios mas eles por outro lado
necessitam de pesquisa e desenvolvimento para serem capazes de produzir
resultados financeiros A ressonacircncia eacute circular Entatildeo ao inveacutes de relaccedilatildeo de causa
e efeito a relaccedilatildeo entre as aacutereas eacute mais apropriadamente de interdependecircncia
39
Dimensatildeo tempo entre as relaccedilotildees causais
Outra questatildeo apontada pela literatura eacute a dimensatildeo tempo entre as relaccedilotildees
causas Alguns resultados principalmente tangiacuteveis e operacionais satildeo mais
imediatos e faacutecil de prever seus resultados Outros principalmente os intangiacuteveis
tornam-se difiacutecil de prever seus resultados
Ao analisar a dimensatildeo tempo observa-se que o meacutetodo BSC natildeo considera
que o efeito de alguns esforccedilos seraacute quase imediato e de outros muito lento
Eacute verdade que Kaplan e Norton (1996a pp 224-249) afirmam que os objetivos estrateacutegicos tem que estar desmembrados de cima para baixo dentro de alvos orccedilamentaacuterios para ser influenciado acima do tempo e ser seguidos para um niacutevel superior mas isto eacute ainda uma seccedilatildeo estaacutetica que natildeo resolve o problema no atraso (retardo) de tempo (NORREKLIT 1999 p70 traduccedilatildeo nossa)
De acordo com Norreklit (1999 pp 71
72) o efeito das medidas iraacute ocorrer
em diferentes pontos de tempo porque os efeitos de diferentes aacutereas envolvem
diferentes escalas de tempo Enquanto a introduccedilatildeo de mais eficiecircncia nos
processos deve produzir clientes mais satisfeitos dentro de um periacuteodo de 3 meses
inovaccedilatildeo natildeo deve afetar os resultados financeiros ateacute que uns poucos anos tenham
passado O efeito de alguns esforccedilos iratildeo ser quase imediatos e outros mais
vagarosos
Segundo Schoenfeld (1991 apud Norreklit 1999) se uma base de dados
temporal de medidas de desempenho foram estabelecidas no BSC entatildeo depois de
um tempo isto deveria ser usado para investigar e identificar conexotildees entre accedilotildees
e seus efeitos no tempo em fatores como custos produccedilatildeo quantidade e qualidade
Contudo medir efeitos eacute particularmente difiacutecil em companhias que constantemente
tem que se adaptar a novas situaccedilotildees onde a inovaccedilatildeo eacute importante para sua
competitividade
No entanto Kaplan e Norton (2004) propotildeem uma metodologia para diminuir
este gap na dimensatildeo tempo denominada planejamento da campanha por meio
do uso de mapas estrateacutegicos
40
A metodologia proposta constitui-se dos seguintes passos
1 Definir a lacuna de valor para os acionistas
2 Reconciliar a proposiccedilatildeo de valor para os clientes
3 Estabelecer a linha do tempo para o valor
4 Identificar os processos que criam valor (temas)
5Promover a prontidatildeo estrateacutegica dos ativos
6 Identificar e financiar os programas estrateacutegicos
Estudos e aplicaccedilotildees da metodologia proposta seratildeo necessaacuterios para emitir
uma opiniatildeo sobre a possibilidade de esta metodologia suprir a lacuna da dimensatildeo
tempo entre os objetivos estrateacutegicos
- Modelo de controle estrateacutegico unidirecional
O modelo do BSC eacute unidirecional porque natildeo considera os fatores restritivos
ou impulsionadores que podem abalar ou impulsionar a consecuccedilatildeo dos objetivos
estrateacutegicos organizacionais
Norreklit (1999) ao apreciar o modelo de controle estrateacutegico organizacional
do BSC examina como o scorecard trabalha esta relaccedilatildeo com o ambiente
argumenta que o scorecard natildeo monitora a competiccedilatildeo ou desenvolvimento
tecnoloacutegico Durante o estaacutegio de planejamento as vaacuterias medidas devem ser
comparadas (benchmarked) com aquelas dos competidores O modelo natildeo leva em
consideraccedilatildeo alguma estrateacutegia incerta em termos do risco envolvido em eventos
que podem fracassar ou invalidar a estrateacutegia presente
Segundo Norreklit (1999 p78) ambas a formulaccedilatildeo de medidas e o
desdobramento e distribuiccedilatildeo destas para equipes e empregados individualmente eacute
hierarquicamente top-down (do topo para as bases) A base do modelo eacute que a
estrateacutegia da companhia tem que ser corretamente formulada pela gerecircncia
Discorda-se da assertiva de Norreklit (1999) que o meacutetodo BSC seja
altamente mecacircnico e hierarquicamente top-down (do topo para as bases) Kaplan e
Norton (2000) por meio do estabelecimentos dos princiacutepios procuram desenvolver
41
uma comunicaccedilatildeo de cima para baixo (top-down) e atraveacutes do alinhamento e
aprendizado estrateacutegico procuram alinhar os interesses dos funcionaacuterios com os
objetivos organizacionais Mas como jaacute foi relatado anteriormente a abordagem
mecanicista impliacutecita na arquitetura do modelo geneacuterico do BSC causa um gap entre
os seus propoacutesitos e sua implementaccedilatildeo Torna-o vulneraacutevel a ser operacionalizado
de maneira dinacircmica ou estaacutetica
No entanto compartilha-se parcialmente do pensamento de Norreklit e
propotildee-se uma correccedilatildeo na sua assertiva a arquitetura do modelo original do BSC
partindo da visatildeo e estrateacutegia previamente formulada pela gerecircncia desdobrada por
meio de relaccedilotildees de causa e efeito entre as perspectivas pode contribuir para que a
sua operacionalizaccedilatildeo seja realizada de uma forma estaacutetica mecacircnica e linear Tudo
vai depender do estilo de lideranccedila e da cultura organizacional ou seja do modelo
mental da organizaccedilatildeo Ressaltando-se tambeacutem a dificuldade de estabelecer
relaccedilotildees causais entre as medidas
12313 Modelo de controle estrateacutegico
Observa-se que a noccedilatildeo da organizaccedilatildeo como um sistema aberto que busca
um estado de equiliacutebrio estaacute impliacutecita na concepccedilatildeo do modelo geneacuterico do BSC
Esta visatildeo corrobora a criacutetica de Norreklit (1999) que o BSC eacute unidirecional ou seja
natildeo considera os fatores restritivos que podem abalar o sucesso da estrateacutegia
Segundo Chiavenato (2000 p 360) a organizaccedilatildeo alcanccedila a homeostase
ou estado firme
ou seja um estado de equiliacutebrio
quando satisfaz a dois
requisitos unidirecionalidade ou constacircncia de direccedilatildeo apesar das mudanccedilas do
ambiente o sistema continua orientado para o mesmo fim usando outros meios
Sob este enfoque o sistema eacute processador da energia importada do meio ambiente
(input) a qual eacute processada e retorna novamente ao meio ambiente sob a forma de
produtos ou serviccedilos
Prossegue Chiavenatto (2000 p371) a principal deficiecircncia que se constata
na noccedilatildeo de sistemas abertos eacute o conceito de equiliacutebrio Ao contraacuterio do que se
costumava acreditar percebe-se que na natureza as situaccedilotildees de equiliacutebrio
42
constituem exceccedilatildeo e natildeo regra geral Essa parece ser falha maior de um modelo de
descriccedilatildeo da realidade que procura compreendecirc-la como estando sempre em
equiliacutebrio ou retornando sempre ao equiliacutebrio apoacutes ter sido afetada por alguma
perturbaccedilatildeo ruiacutedo ou mudanccedila
Segundo o autor supracitado atualmente predomina o conceito de que toda
a organizaccedilatildeo eacute caracterizada simultaneamente por ordem e desordem Ordem na
medida em que congrega repeticcedilatildeo regularidade e redundacircncia e eacute capaz de auto-
regulaccedilatildeo para a preservaccedilatildeo da estabilidade E desordem pois eacute tambeacutem
produtora de eventos perturbaccedilotildees desvios e ruiacutedos que conduzem agrave instabilidade
e agrave mudanccedila Esta desordem pode ser de natureza objetiva (relacionada com os
proacuteprios eventos desvios e ruiacutedos efetivamente produzidos) ou subjetiva
(relacionada com a incerteza quanto ao futuro)
Na nova ordem da ciecircncia a estrateacutegia eacute concebida a beira do caos entre a
estrateacutegia deliberada (planejada) e as estrateacutegias que emergem da imprevisibilidade
do sistema Sob este enfoque o sistema natildeo busca o equiliacutebrio mas opera no
paradoxo entre a ordem estabelecida (status quo) e a desordem (mudanccedila)
Deduz-se entatildeo que o sistema eacute imprevisiacutevel As alteraccedilotildees no ambiente
podem alterar os rumos estrateacutegicos da organizaccedilatildeo A concepccedilatildeo de
unidirecionalidade do processamento de energia nos sistemas abertos eacute contestada
pela Teoria Autopoiesies segundo a qual o sistema eacute um processo de auto-
referecircncia de si mesmo autoprocessador e reprodutor de energia A identidade
estrateacutegica da organizaccedilatildeo eacute o que determina a maneira como interage no ambiente
interno e externo Este assunto seraacute explorado no capiacutetulo referente agraves ciecircncias da
complexidade
Sob o ponto de vista da evoluccedilatildeo da sociedade o fato do BSC ter como
proposiccedilatildeo baacutesica implementar a estrateacutegia organizacional sob uma abordagem
sistecircmica dinacircmica e natildeo linear e a concepccedilatildeo do seu modelo geneacuterico ser
mecanicista estaacute dentro dos padrotildees de normalidade
43
O que acontece eacute que quando haacute uma mudanccedila de paradigma muitas vezes
o sistema ainda natildeo processou as alteraccedilotildees tem ainda impliacutecito o modelo anterior
Parafraseando Gell Mann (1996) Nossos proacuteprios schematas geneacuteticos refletem
em grande parte um mundo de cinquumlenta mil anos atraacutes e natildeo podem mudar raacutepido
o suficiente em poucos seacuteculos seguindo simplesmente os mecanismos normais da
evoluccedilatildeo bioloacutegica
Para Clemente Noacutebrega
A empresa tem que ter a mudanccedila programada no seu coacutedigo geneacutetico E isto implica fazer tudo de uma forma totalmente diferente daquela a que nos acostumamos Todos buscamos inconscientemente nossos padrotildees imutaacuteveis nossos modelos T (NOacuteBREGA 1999 p 81)
Noacutebrega (1999 p81) ao referir-se ao modelo T reporta-se a Henry Ford o
qual inspirado nos estudos de Taylor foi inovador na eacutepoca ao produzir carros para
o homem comum e genial ao desenvolver um sistema de produccedilatildeo que permitia
produzir em quantidade com um baixo custo No entanto Ford padronizou o seu
cliente e natildeo aceitou que o mundo evoluiu e da mesma forma que seus clientes
alterando seus desejos e necessidades
Como Ford as Organizaccedilotildees assumem que as coisas se tornaram mais
complexas mas natildeo conseguem aceitar a mudanccedila Quando se refere agrave alteraccedilatildeo
no coacutedigo geneacutetico relaciona-se com a incorporaccedilatildeo de novos valores e propoacutesitos
no subsistema de sombra esquema recessivo do sistema organizacional
Fazendo-se uma analogia entre o modelo T de Ford enraizado no coacutedigo
geneacutetico das Organizaccedilotildees Ford com a estrutura metodoloacutegica do modelo
geneacuterico do BSC chega-se a algumas conclusotildees descritas a seguir
Os idealizadores do BSC Robert S Kaplan e David P Norton possuem
radicado nos seus coacutedigos geneacuteticos (modeloesquema mental) o padratildeo de
sistemas de mediccedilatildeo do desempenho financeiro o criteacuterio do retorno sobre o
investimento o conceito de valor econocircmico agregado (EVA) e gestatildeo baseada no
valor
44
Kaplan e Norton (1997 2000 2004) com a criaccedilatildeo do BSC tem o propoacutesito
de inovar de operacionalizar a estrateacutegia de uma forma dinacircmica e natildeo linear no
entanto a abordagem claacutessica arraigada nos seus esquemas mentais materializada
no modelo geneacuterico do BSC causa algumas dificuldades na sua operacionalizaccedilatildeo
124 OBSTAacuteCULOS A EFICAacuteCIA NA IMPLEMENTACcedilAtildeO DO BSC
A literatura apresenta alguns estudos que salientam os obstaacuteculos agrave
implementaccedilatildeo eficaz do BSC e as diretrizes para garantir o sucesso na sua
implementaccedilatildeo Este estudo seguindo a classificaccedilatildeo apresentada por Kaplan e
Norton (2000 pp371-382) apresenta os problemas relacionados agrave implementaccedilatildeo
do programa sob trecircs aspectos transiccedilatildeo de projeto e de processo (cf Figura 3)
Figura 3 Obstaacuteculos agrave eficaacutecia na implementaccedilatildeo do BSC Baseado em Kaplan e Norton (2000) Letza (1996) Olve Roy e Wetter (2001) Fisher (1998)
Pidelasserra (2002)Ottoboni Fernandes Pamplona et al (2002) Correcirca Selig e Bornia (2002)
BSC
Obstaacuteculos a Implementaccedilatildeo
Problemas de transiccedilatildeo
relaciona-se aos
casos de aquisiccedilotildees eou fusotildees onde geralmente haacute mudanccedila de equipe
Problemas de projeto
indicadores insuficientes em excesso scorecard
concebido sem a histoacuteria da estrateacutegia
Problemas de processo -
falta de comprometimento emocional com a alta administraccedilatildeo envolvimento de muitas pessoas encastelamento do scorecard
no topo processos de desenvolvimento muito longo tratamento do BSC como TI Contrataccedilatildeo de consultores inexperientes
Obstaacuteculos a Implementaccedilatildeo Eficaz
45
Os problemas de transiccedilatildeo relacionam-se ao caso de aquisiccedilotildees eou fusotildees
onde geralmente haacute mudanccedila de lideranccedila e equipe dentre os quais se destacam
- A nova gestatildeo tem um estilo de lideranccedila centralizador e autocraacutetico
- Sistemas de planejamento formais e hieraacuterquicos com rigoroso controle
gerencial
- A forma tradicional de gestatildeo que no processo de downsizing prioriza a reduccedilatildeo
de custos e produtividade natildeo se converte de suacutebito em arquiteto criativo
concebendo novas formas organizacionais e estrateacutegias de crescimento inovadoras
- O novo liacuteder ao implantar uma nova estrateacutegia associa o BSC a velha estrateacutegia
deficiente
Os problemas de projeto mais comuns satildeo
- Indicadores insuficientes ou em excesso geram falta de equiliacutebrio entre
resultados almejados e vetores de desempenho
- Vetores incorretos e desvinculados de programas especiacuteficos de melhoria dos
indicadores de processos internos do scorecard medidas de resultado (indicadores
de ocorrecircncia) sem os vetores de desempenho (indicadores de tendecircncia)
- Scorecard concebidos sem a histoacuteria da estrateacutegia a qual eacute contada pela
integraccedilatildeo das medidas de resultado com os vetores de desempenho por meio das
relaccedilotildees de causa e efeito
- Falta de alinhamento da estrateacutegia das unidades de negoacutecio com a estrateacutegia
geral (corporativa)
Os principais problemas de processo satildeo
- Falta de comprometimento emocional da alta administraccedilatildeo
a comunicaccedilatildeo
eficaz exige lideranccedila no topo
- Envolvimento de muitas pessoas no processo de construccedilatildeo
a intensidade do
processo de interaccedilatildeo sugere grupos limitados de modo a permitir discussotildees ativas
e formaccedilatildeo gradual de consenso
- Encastelamento do scorecard no topo
envolvimento apenas da equipe
executiva A totalidade da organizaccedilatildeo deve compreender a estrateacutegia para
contribuir para a sua operacionalizaccedilatildeo
46
- Processos de desenvolvimento muito longo
os indicadores devem evoluir com
o uso e a experiecircncia com base no aprendizado organizacional
- Tratamento do BSC como projeto da aacuterea de sistemas
natildeo se pode delegaacute-lo
ao grupo de Tecnologia da Informaccedilatildeo
TI ou a uma empresa de implantaccedilatildeo de
sistemas
- Contrataccedilatildeo de consultores inexperientes
os quais usam a sua metodologia
preferida sob a chancela do BSC eacute receita certa para o fracasso
- Implementaccedilatildeo do BSC apenas para fins de remuneraccedilatildeo
acreacutescimo de novos
indicadores natildeo financeiros ao plano de remuneraccedilatildeo por incentivos
desconsiderando a traduccedilatildeo da estrateacutegia como parte do processo do scorecard
Letza (1996 traduccedilatildeo nossa) apresenta problemas relacionados ao design e
ao processo de implantaccedilatildeo do BSC
- Medidas desconectadas da estrateacutegia global da organizaccedilatildeo
- Atividades importantes natildeo integram agrave traduccedilatildeo da estrateacutegia por meio das
medidas do scorecard
- Conflito de experiecircncia entre os gerentes (desempenho desproporcional entre
os setores sonegaccedilatildeo de informaccedilotildees por parte dos gerentes)
Para Letza (1996) a implementaccedilatildeo do BSC deve contribuir para que
multipropoacutesitos organizacionais sejam atingidos tais como
- Transmitir a informaccedilatildeo
alicerce do sucesso atual e futuro da organizaccedilatildeo por
meio das accedilotildees de curto prazo que visam oportunidades de crescimento de longo
prazo
- Atuar como uma ferramenta de integraccedilatildeo horizontal (atraveacutes da funcionalidade)
e vertical (por meio de niacuteveis de gerenciamento) para comunicar e redefinir a
estrateacutegia e atuar como um dinacircmico processo contiacutenuo de avaliaccedilatildeo de
desempenho da organizaccedilatildeo
Ottoboni Fernandes Pamplona et al (2002) classificam as dificuldades
encontradas na implementaccedilatildeo do BSC em trecircs categorias poliacuteticas infra-estrutura
e de foco Os desafios poliacuteticos surgem quando as pessoas se sentem ameaccediladas
47
pela mediccedilatildeo Em organizaccedilotildees em que existe a cultura da culpa a mediccedilatildeo torna-
se quase impossiacutevel por que ningueacutem quer que os dados sejam disponibilizados Os
problemas de infra-estrutura estatildeo relacionados aos dados mesmo que disponiacuteveis
para calcular o desempenho estatildeo espalhados na organizaccedilatildeo em diferentes bases
de dados desconectados e em formato inconsistente A perda de foco ocorre
quando o processo de construir e implementar a infra-estrutura tornou-se muito
longo gerando frustraccedilatildeo nos indiviacuteduos
Olve Roy e Wetter (2001) sugerem algumas instruccedilotildees baacutesicas a serem
seguidas para garantir o sucesso na implementaccedilatildeo do BSC
- As medidas devem ser definidas de maneira clara e consistente e acessiacuteveis em
uma base de dados manual
- As medidas natildeo financeiras devem ser monitoradas Os modelos de simulaccedilatildeo e
da conjuntura formalizados podem auxiliar como ferramentas administrativas
- O BSC deve estar alinhado com os sistemas de controle existentes
principalmente o controle de gerenciamento
- O grupo de projetos deve ter disponiacutevel os dados necessaacuterios para a mediccedilatildeo
- Sistemas de apoio e apresentaccedilatildeo com suporte da TI
- Treinamento e informaccedilatildeo para grupos de 20 pessoas
- Desenvolvimento de uma organizaccedilatildeo de aprendizagem
estimular a
participaccedilatildeo conscientizaccedilatildeo e responsabilidade pelos objetivos formulados
- Anaacutelise perioacutedica dos objetivos propostos com os resultados alcanccedilados
Reavaliaccedilatildeo contiacutenua
- Revisatildeo contiacutenua da estrateacutegia por meio do ciacuterculo virtuoso controle mediccedilatildeo e
aprendizagem e da volta para a estrateacutegia
Fisher (1998 traduccedilatildeo nossa) propotildee as seguintes indicaccedilotildees para a
implementaccedilatildeo eficaz do BSC
- Revisatildeo dos objetivos estrateacutegicos (projeto) antes da implementaccedilatildeo
(operacionalizaccedilatildeo) do BSC
- Implantaccedilatildeo de um projeto piloto
- Diagnoacutestico de cada unidade de negoacutecio
48
Para Pablo Diego Pidelasserra um dos diretores da Sponsor Management
Consulting as organizaccedilotildees que tem ecircxito atualmente satildeo aquelas que tendo uma
estrateacutegia competitiva excelente satildeo capazes de transformar essa estrateacutegia em
resultado atraveacutes das pessoas Ao relatar a experiecircncia da empresa na implantaccedilatildeo
de estrateacutegicas por meio do BSC argumenta que haacute vaacuterios momentos que este
processo converge com elementos chaves da gestatildeo de Recursos Humanos
RH
(wwwsponsormccom acesso em 25 fev 2002)
Becker Huselid e Ulrich (2001) ressaltam que a arquitetura de RH deve estar
alinhada com o processo de implementaccedilatildeo da estrateacutegia da empresa Descrevem
uma abordagem singular para captar o entrosamento entre estrateacutegia e RH por meio
do BSC Sugerem uma sistemaacutetica de alinhamento interno e externo do sistema de
RH da organizaccedilatildeo integrado ao BSC
Correcirca Selig e Bornia (2002) apresentam uma siacutentese dos principais pontos
a serem considerados para garantir o sucesso do BSC
- Comprometimento da alta direccedilatildeo a qual deve atuar de maneira proacute-ativa
incentivando a sinergia entre os membros envolvidos
- O aperfeiccediloamento do scorecard deve ser realizado na sua operacionalizaccedilatildeo
como um processo de aprendizado e adaptaccedilatildeo contiacutenua evitando-se perder muito
tempo no design e implantando-o numa unidade piloto para realizar as melhorias
necessaacuterias
- O estilo de lideranccedila deve ser democraacutetica e flexiacutevel aberta agraves mudanccedilas
trabalho em equipe e consenso O liacuteder deve atuar como um facilitador do processo
de implementaccedilatildeo do scorecard
- Adotar um planejamento flexiacutevel natildeo linear como um processo de reavaliaccedilatildeo
contiacutenua do sistema gerencial Deve se evitar um planejamento muito burocraacutetico
riacutegido e formal
- Envolver a dimensatildeo humana no processo de construccedilatildeo do scorecard ou seja
desenvolver um BSC integrado agrave gestatildeo de Recursos Humanos da organizaccedilatildeo
Das questotildees relativas a dificuldades no processo de implementaccedilatildeo os
autores supracitados destacam a falta de comprometimento da lideranccedila executiva
com o programa Sem o comprometimento emocional da alta direccedilatildeo a
49
implementaccedilatildeo do BSC dificilmente teraacute chance de sucesso Os problemas relativos
agrave transiccedilatildeo relacionam-se aos casos onde haacute mudanccedila de lideranccedila fusotildees
aquisiccedilotildees os quais interferem na continuidade do programa Os problemas de
projeto ligam-se especialmente a dificuldade de estabelecerem-se os indicadores ou
serem inadequados Como tambeacutem a dificuldade de estabelecer as correlaccedilotildees
entre os indicadores de tendecircncia e ocorrecircncia
125 PROBLEMA DE PESQUISA
As lacunas observadas no modelo geneacuterico do BSC e os obstaacuteculos
apresentados pelo literatura para a eficaacutecia da sua implementaccedilatildeo motivaram-nos a
investigar o seguinte problema de pesquisa
- Como adaptar o Balanced Scorecard ao novo paradigma da ciecircncia e consolidaacute-
lo como um sistema gerencial estrateacutegico que operacionaliza a estrateacutegia sob uma
abordagem dinacircmica sistecircmica e natildeo linear
- Hipoacutetese de estudo a abordagem mecanicista impliacutecita no modelo geneacuterico do
BSC torna-o vulneraacutevel a ser implementado sob um enfoque sistecircmico ou estaacutetico
top-down ou middle up
13 OBJETIVOS
131 GERAL
- Introduzir a abordagem quacircntica ao BSC por meio do aporte teoacuterico das
ciecircncias da complexidade
132 ESPECIacuteFICOS
- Incorporar os conceitos de dualidade e complementaridade da fiacutesica quacircntica na
concepccedilatildeo do BSC
50
- Configurar a estrateacutegia como um processo de autoreferecircncia organizacional por
meio da teoria dos sistemas autopoieacuteticos
- Contribuir por meio do aporte teoacuterico das ciecircncias da complexidade para
compatibilizar os propoacutesitos do BSC com a concepccedilatildeo do modelo geneacuterico
- Conceber o BSC como um Sistema Complexo Adaptativo - SCA
14 JUSTIFICATIVA RELEVAcircNCIA E INEDITISMO DO ESTUDO
O assunto estudado aborda sobre Balanced Scorecard adaptado agrave
abordagem quacircntica da ciecircncia sob os fundamentos das ciecircncias da complexidade
O BSC tem como proposiccedilatildeo baacutesica agrave implementaccedilatildeo da estrateacutegia organizacional
numa visatildeo de longo prazo de forma dinacircmica contiacutenua e sistecircmica A abordagem
quacircntica da ciecircncia possui como caracteriacutesticas principais agrave observaccedilatildeo a
arbitrariedade o acaso e o imponderaacutevel a qual se contrapotildee agrave visatildeo mecanicista
da ciecircncia cujos elementos caracteriacutesticos satildeo o ponderaacutevel o determinismo e a
certeza
A abordagem quacircntica incorporada agrave estrateacutegia parte do pressuposto que o
sistema eacute dual e complementar tem uma ordem implicada (subsistema de sombra -
inconsciente) e uma ordem explicada (subsistema legiacutetimo-consciente) Incorporam
a observaccedilatildeo dos padrotildees arqueacutetipos de comportamento do sistema agrave mensuraccedilatildeo
O modelo proposto inexoravelmente conduz a um repensar sobre as
organizaccedilotildees e seus processos de elaboraccedilatildeo e implementaccedilatildeo da estrateacutegia Bem
como apresenta um plano de aplicaccedilatildeo do novo enfoque ao BSC caracterizando
desta forma o presente trabalho como ineacutedito Justifica-se a sua relevacircncia devido agrave
diversidade de teorias que integram a modelagem proposta as quais oferecem a
possibilidade de explorarem-se novas linhas de pesquisa no campo da gestatildeo
estrateacutegica organizacional
51
15 LIMITACcedilOtildeES DA PESQUISA
Para a implementaccedilatildeo do modelo proposto novos instrumentos e teacutecnicas de
anaacutelise ambiental e sistemas de informaccedilotildees seratildeo necessaacuterios Tambeacutem requer
uma equipe de expertises em diferentes aacutereas de estudo gestatildeo estrateacutegica
organizacional estatiacutestica probabiliacutestica psicologia anaacutelise de sistemas natildeo lineares
e engenharia de produccedilatildeo Destaca-se tambeacutem o fato desta abordagem agrave gestatildeo
estrateacutegica organizacional ter aplicaccedilotildees ainda incipientes natildeo se dispondo de
ferramentas que facilmente se adaptem a esta nova abordagem Portanto as
ferramentas devem ser testadas no sistema num processo de tentativa e erro
As adaptaccedilotildees ao modelo proposto podem ser realizadas numa aplicaccedilatildeo
piloto onde podem ser feitos os ajustes necessaacuterios No entanto o processo de
aperfeiccediloamento do modelo requer vaacuterias aplicaccedilotildees em organizaccedilotildees com
diferentes estruturas Por outro lado a incorporaccedilatildeo da abordagem quacircntica ao
BSC requer uma sensibilizaccedilatildeo dos agentes para uma nova loacutegica de pensamento
que se contrapotildee ao modelo dominante Este processo de aprendizado e adaptaccedilatildeo
agraves mudanccedilas envolve um ciclo de maturaccedilatildeo diferenciado A mudanccedila no sistema
vai depender do modelo mental da maturidade organizacional para a aceitaccedilatildeo a
novos paradigmas
CAPIacuteTULO 2 METODOLOGIA DA PESQUISA
21 CONSIDERACcedilOtildeES INICIAIS
Considerando que a autora desta proposta de estudo internalizou os
princiacutepios da abordagem quacircntica da ciecircncia
por meio das ciecircncias da
complexidade procurou ser coerente com suas ideacuteias ao delinear o presente estudo
Segundo NOacuteBREGA (1999) a ciecircncia eacute um processo que exige que se
chegue a algo mensuraacutevel e replicaacutevel ou seja resultados que qualquer um possa
ver comprovar e reproduzir Mas no entanto tem suas limitaccedilotildees porque soacute eacute
aplicaacutevel no que se enquadra no seu meacutetodo de investigar Eacute o preccedilo que se paga
pelo rigor eacute a limitaccedilatildeo do alcance do que pode ser tratado
Por outro lado advertem Feyerabend 1989 Popper 1993 apud Silva e
Menezes (2001)
Na era do caos do indeterminismo e da incerteza os meacutetodos cientiacuteficos andam com seu prestiacutegio abalado Apesar da sua reconhecida importacircncia hoje mais do que nunca se percebe que a ciecircncia natildeo eacute fruto de um roteiro de criaccedilatildeo totalmente previsiacutevel Portanto natildeo haacute apenas uma maneira de raciociacutenio capaz de dar conta do complexo mundo das investigaccedilotildees cientiacuteficas O ideal seria vocecirc empregar meacutetodos e natildeo um meacutetodo em particular que ampliam as possibilidades de anaacutelise e obtenccedilatildeo de respostas para o problema proposto na pesquisa
Seguindo esta linha de pensamento adotar-se-aacute meacutetodos diferenciados em
cada fase de pesquisa ressaltando que eles teratildeo a funccedilatildeo de balizar este estudo
de forma que o mesmo seja desenvolvido de maneira sistemaacutetica e loacutegica seguindo
os preceitos da pesquisa cientiacutefica
22 BASES DO DELINEAMENTO METODOLOacuteGICO PROPOSTO
Propotildee-se um modelo de delineamento metodoloacutegico com o propoacutesito de
atuar como uma estrutura de referecircncia de forma a disciplinar intelectualmente o
pesquisador Busca-se alinhar a concepccedilatildeo filosoacutefica em que se insere o assunto ou
fenocircmeno objeto de estudo com os meacutetodos e teacutecnicas a serem empregados
53
Para descrever as bases do delineamento proposto apresenta-se a
configuraccedilatildeo conceptual do modelo (cf quadro 4)
Configuraccedilatildeo conceitual
SIacuteNTESE
ABORDAGEM CIENTIacuteFICA Concepccedilatildeo filosoacutefica da ciecircncia que representa um paradigma
em que determinado fenocircmeno fiacutesico humano ou social objeto
de investigaccedilatildeo estaacute inserido
TEORIAS Inseridas nas abordagens representam o conhecimento
sistematizado Visam fornecer explicaccedilotildees parciais da realidade
Teoria do conhecimento forma de desenvolvimento do raciociacutenio
deduccedilatildeo induccedilatildeo hipoacutetese dialeacutetica etc
MEacuteTODO SOB UM
ENFOQUE DICOTOcircMICO
Posicionado numa
perspectiva histoacuterica e sob
uma concepccedilatildeo dicotocircmica
classifica-se em duas
vertentes
Sociologia do conhecimento
correntes filosoacuteficas tais como
empirismo positivismo estruturalismo fenomenologia dialeacutetica
entre outros os quais se servem dos meacutetodos de
desenvolvimento do raciociacutenio anteriormente citados
DESENHO DA PESQUISA Plano de pesquisa apresenta a classificaccedilatildeo do estudo qto a a
natureza tipo objetivos Descreve as fases da pesquisa e a(s)
teacutecnicas a serem empregadas
CONHECIMENTO
CIENTIacuteFICO GERADO
Revoluccedilatildeo cientiacutefica
quando o conhecimento produzido gera a
criaccedilatildeo de novas teorias e abordagens quebrando um
paradigma jaacute existente
Inovaccedilatildeo Cientiacutefica
constitui-se no aperfeiccediloamento adaptaccedilatildeo
de estruturas teoacutericas teacutecnicas e modelos jaacute existentes
Quadro 4 Modelo de delineamento metodoloacutegico base conceitual Elaborado com base em Bastos e Keller (1991) Becker (1993) Capra (1982) Feyrabend (1989) Gil
(1989) Demo (1999) Horgan (1999) Kneller (1980) Marconi e Lakatos (1996) Minayo (1995) Morgan (1996) Mouratildeo (2003) Popper (1993) Trivinos (1987)
Correcirca Cunha Sutilli (2003) ao realizarem um estudo sobre os novos
paradigmas da ciecircncia e suas implicaccedilotildees na evoluccedilatildeo e revoluccedilatildeo do
conhecimento apresentam a seguinte taxinomia das abordagens cientiacuteficas
enquanto concepccedilotildees filosoacuteficas da ciecircncia
- Abordagem claacutessica tem como principais caracteriacutesticas o reducionismo o
pensamento analiacutetico
a explicaccedilatildeo do todo eacute resultante da anaacutelise das partes e o
mecanicismo
estabelece relaccedilotildees de causa e efeito determiniacutesticas entre as
partes Principais estudos Teoria de Newton Teoria da Relatividade Meacutetodo
Cartesiano etc
54
- Abordagem Sistecircmica tem como principais caracteriacutesticas a visatildeo de totalidade -
todo sistema faz parte de um sistema maior de siacutentese
os subsistemas satildeo
explicados em termos do papel que desempenham no sistema maior e de
probabilidade - a relaccedilatildeo sistecircmica entre as variaacuteveis natildeo permite determinar
causas
- Abordagem Quacircntica Possui caracteriacutesticas comuns agrave abordagem sistecircmica
tais como o enfoque sistecircmico e a relaccedilatildeo de causalidade probabiliacutestica entre as
variaacuteveis do sistema Apresenta como diferenciais a observaccedilatildeo enquanto ato de
percepccedilatildeo na relaccedilatildeo observador e objeto observado a duali
dade complementariedade dos fenocircmenos
23 DELINEMENTO METODOLOacuteGICO NO NOVO PARADIGMA
O delineamento metodoloacutegico proposto insere-se no novo paradigma da
ciecircncia
a abordagem quacircntica Sob este enfoque busca-se integrar de forma dual
e complementar o ponderaacutevel previsiacutevel e linear - passiacutevel de objetivaccedilatildeo e
mensuraccedilatildeo com o imponderaacutevel imprevisiacutevel e natildeo linear passiacutevel de observaccedilatildeo
dos padrotildees arqueacutetipos de comportamento
231 CONCEPCcedilAtildeO FILOSOacuteFICA DA PESQUISA
Este estudo focaliza a abordagem quacircntica da ciecircncia diluiacuteda nas seguintes
ciecircncias da complexidade fiacutesica quacircntica teoria de sistemas autopoieacuteiticos teoria
do caos e teoria da complexidade assunto a ser explorado no capiacutetulo 4 deste
estudo A figura 4 apresenta o delineamento metodoloacutegico do presente estudo
232 MEacuteTODO SOB UM ENFOQUE DICOTOcircMICO
O meacutetodo sob um enfoque dicotocircmico eacute classificado sob duas vertentes
- Sociologia do conhecimento fenomenoloacutegico e dialeacutetico
- Teoria do Conhecimento meacutetodos de desenvolvimento do raciociacutenio -
observaccedilatildeo hipoacutetese induccedilatildeo deduccedilatildeo experimentaccedilatildeo e dialeacutetica
55
B S C
CONCEPCcedilAtildeO FILOSOacuteFICA DA CIEcircNCIA
Abordagem quacircntica
Fisica quacircntica Teoria dos Sistemas Autopoieacuteticos
Teoria do Caos Teoria da Complexidade
TEORIAS
MEacuteTODO SOB UM ENFOQUE DICOTOcircMICO
SOCIOLOGIA DO CONHECIMENTO
Correntes filosoacuteficas Dialeacutetica e Fenomenologia
TEORIA DO CONHECIMENTO
Meacutetodos de desenvolvimento do raciociacutenio
Observaccedilatildeo hipoacuteteses induccedilotildees deduccedilotildees dialeacutetica dialoacutegica e experimentaccedilatildeo
DESENHO DA PESQUISA Natureza da Pesquisa interativa baacutesica versus aplicada Fases da Pesquisa 1ordf Pesquisa exploratoacuteria Definiccedilatildeo do problema e referencial teoacutericoTeacutecnica
utilizada elaboraccedilatildeo de um modelo de anaacutelise de conteuacutedo para apreciaccedilatildeo criacutetica ao BSC 2ordf Elaboraccedilatildeo do Modelo Modelagem conceitual incorporada ao BSC 3ordfAprimoramento do modeloEstudo de caso Teacutecnicas utilizadas entrevista semi-estruturada observaccedilatildeo
TIPO DE CONHECIMENTO CIENTIacuteFICO GERADO Proposta de inovaccedilatildeo cientiacutefica Adoccedilatildeo do novo paradigma agrave gestatildeo estrateacutegica organizacional a abordagem quacircntica da ciecircncia Modelagem Conceitual adaptativa ao BSC por meio do aporte teoacuterico das Ciecircncias da Complexidade
APRECIACcedilAtildeO
CRIacuteTICA
Figura 4 Delineamento Metodoloacutegico da pesquisa
Nesta investigaccedilatildeo concebe-se o BSC como um sistema adaptativo
complexo Sob os fundamentos dos estudos de Stacey (1996) presume-se que o
sistema operando agrave beira do caos no paradoxo entre a ordem estabelecida
(estrutura formal
administraccedilatildeo ordinaacuteria) e a desordem (estrutura informal
administraccedilatildeo extraordinaacuteria) cria-se um espaccedilo para a inovaccedilatildeo e criatividade A
auto-organizaccedilatildeo do sistema ocorre no processo dialeacutetico na busca de unidade
harmonia nas contradiccedilotildees sistecircmicas
Morgan (1996 p265) apresenta os princiacutepios da obra de Frederick Engel a Dialeacutetica da Natureza
1 A interpretaccedilatildeo muacutetua dos opostos (luta ou unidade)
relaciona-se a processos de mudanccedilas auto-gerados em que
os fenocircmenos mudam a si proacuteprios como resultado de tensotildees em face dos seus opostos
56
2 A negaccedilatildeo da negaccedilatildeo
explica como a mudanccedila pode assumir um caraacuteter
de desenvolvimento no sentido de que cada negaccedilatildeo rejeita uma forma anterior
embora mantenha ainda algo desta antiga forma
3 A transformaccedilatildeo da quantidade em qualidade
Na natureza existem muitos
processos nos quais mudanccedilas em quantidade eventualmente levam a eventos
catastroacuteficos que levam a mudanccedilas na qualidade
Segundo Stacey (1996) a partir do caos gerado pelos paradoxos e conflitos
entre a manutenccedilatildeo do paradigma atual e a introduccedilatildeo de um novo ocorre uma
evoluccedilatildeo dialeacutetica atraveacutes da pressatildeo para a siacutentese e auto-organizaccedilatildeo Deduz-se
pelo exposto que o pensamento dialeacutetico estaacute impliacutecito nas ciecircncias da
complexidade sendo dessa forma inerente a este estudo
Ao estudar o BSC dentro da abordagem quacircntica da ciecircncia assume-se o
fato de que o observador eacute uma parte integral da experiecircncia e aquilo que ele ou
ela decide observar tem um papel crucial na determinaccedilatildeo do que vai acontecer Na
descriccedilatildeo dos fenocircmenos o papel dos agentes como observadores humanos e sua
consciecircncia assumem um papel essencial justificando dessa forma o enfoque
fenomenoloacutegico deste estudo
Segundo TRIVINOS (1987 p 41-42) a fenomenologia eacute uma tendecircncia
dentro do idealismo filosoacutefico e dentro deste ao idealismo subjetivo que se dedica
ao estudo das essecircncias a essecircncia da percepccedilatildeo a essecircncia da consciecircncia
Trata de descrever natildeo de explicar os dados atraveacutes dos fenocircmenos fazendo uso
da consciecircncia intencional perante o objeto
A observaccedilatildeo enquanto ato de percepccedilatildeo de intuiccedilatildeo e consciecircncia do pesquisador
estaacute presente no instante em que o mesmo contextualiza a abordagem cientiacutefica
com as teorias e ao BSC neste estudo Na fase exploratoacuteria do estudo
(fundamentaccedilatildeo teoacuterica) bem como no aprimoramento do modelo por meio do
estudo de caso na relaccedilatildeo sujeito que observa (pesquisador) e objeto observado
(organizaccedilatildeo e colaboradores)
57
As hipoacuteteses estatildeo implicitamente inseridas na problematizaccedilatildeo nos objetivos
e nas bases do modelo proposto As induccedilotildees e deduccedilotildees no desenvolvimento do
estudo na fase exploratoacuteria e na fase de observaccedilatildeo da realidade empiacuterica por meio
do estudo de caso
As metodologias das correntes filosoacuteficas que nos permitem refletir sobre as
questotildees econocircmicas sociais e culturais da sociedade levam as organizaccedilotildees a
colocar a reflexatildeo a imaginaccedilatildeo no mesmo patamar de importacircncia que as teacutecnicas
e meacutetodos de avaliaccedilatildeo e gestatildeo organizacional tais como BSC EVA VBM ABC
ABM etc
A concepccedilatildeo dialeacutetica aplicada agrave definiccedilatildeo e implementaccedilatildeo das estrateacutegias
organizacionais busca a eficiecircncia nas contradiccedilotildees sistecircmicas que ocorrem por
exemplo entre as operaccedilotildees e a produccedilatildeo Prioriza o desenvolvimento de
estrateacutegias que estimulem a criatividade e a iniciativa dos funcionaacuterios com
capacidade de resolver as questotildees do trabalho com autonomia participaccedilatildeo nos
lucros e flexibilidade para negociaccedilotildees inclusive no chatildeo de faacutebrica
Segundo Morgan (1996 p271) ao estabelecer-se relaccedilotildees dialeacuteticas natildeo se
estaacute abordando os processos lineares nos quais A eacute causa de B Ao contraacuterio
procuram-se oposiccedilotildees em que um lado do fenocircmeno tende a gerar a existecircncia de
outro O haacutebito de pensar linearmente tende a bloquear a capacidade de pensar
dialeticamente Dessa forma falha-se em perceber como as sementes do futuro se
acham sempre embutidas nas oposiccedilotildees que delineiam o presente
Neste contexto a dialeacutetica atua como uma alternativa metodoloacutegica para lidar
com as contradiccedilotildees sistecircmicas da estrateacutegia organizacional e de refletir sobre ela
de forma natildeo linear considerando-se as descontinuidades do sistema
A dialeacutetica (ser ou natildeo ser) se converte em dialoacutegica (posto que se possa ser
e natildeo ser) em uma abordagem quacircntica onde o dual e natildeo dual se embricam
permitindo uma descriccedilatildeo bem mais perto da realidade dos que as abordagens
reducionistas Neste estudo a estrateacutegia desdobrada no scorecard se ramifica
dialoacutegicamente em vertentes paralelas e justapostas duais e complementares
58
Segundo Morin (1998) no Pensamento dialoacutegico Morin (1998 duas loacutegicas
dois princiacutepios estatildeo unidos sem que a dualidade se perca nessa unidade daiacute vem
a ideacuteia de unidualidade para certos casos desse modo o homem eacute um ser unidual
totalmente bioloacutegico e totalmente cultural a um soacute tempo)
Por fim a experimentaccedilatildeo eacute realizada no estudo de caso comparativo
modelo geneacuterico Kaplan e Norton versus BSC como um SCA onde se busca
validar as lacunas e obstaacuteculos agrave implementaccedilatildeo apontados no estudo exploratoacuterio e
aprimorar a modelagem adaptativa proposta
233 DESENHO DA PESQUISA
No desenho de pesquisa classifica-se a pesquisa quanto a sua natureza e
planeja-se as fases do estudo definindo-se o tipo de conhecimento a ser gerado
2331 Natureza da Pesquisa
A pesquisa pode ser classificada quanto a natureza em baacutesica aplicada ou
experimental
Segundo Silva e Menezes (2005 p20) sob o ponto de vista da sua natureza
a pesquisa pode ser classificada em baacutesica e aplicada
De acordo com os autores supracitados a pesquisa baacutesica objetiva gerar
conhecimentos novos uacuteteis sem aplicaccedilatildeo praacutetica prevista e a pesquisa aplicada tem
por finalidade gerar conhecimentos para aplicaccedilatildeo praacutetica e dirigidos agrave soluccedilatildeo de
problemas especiacuteficos
2332 Fases da Pesquisa
A presente pesquisa constituiu-se de trecircs fasesexploratoacuteria elaboraccedilatildeo do modelo e estudo de caso
- Pesquisa exploratoacuteria
A pesquisa exploratoacuteria constituiu-se de pesquisa bibliograacutefica e estado da
arte documental sobre o BSC Estrateacutegia organizacional Abordagens de pesquisa
59
mecanicista e quacircntica Ciecircncias da Complexidade Fiacutesica Quacircntica Teoria Geral de
Sistemas Teoria do Caos e Teoria da Complexidade A anaacutelise de conteuacutedo foi a
teacutecnica de pesquisa utilizada para a elaboraccedilatildeo de um modelo de apreciaccedilatildeo criacutetica
textual para avaliaccedilatildeo do BSC
A apreciaccedilatildeo criacutetica ao BSC constitui-se da pesquisa exploratoacuteria e
observaccedilatildeo do processo de implementaccedilatildeo do BSC modelo geneacuterico Kaplan e
Norton O estudo exploratoacuterio constituiu-se na revisatildeo bibliograacutefica e siacutentese
inferencial das unidades de anaacutelise conforme modelo de apreciaccedilatildeo criacutetica textual
por meio da teacutecnica anaacutelise de conteuacutedo (ilustrado na figura 5) deste capiacutetulo
Permitiu a identificaccedilatildeo das lacunas e obstaacuteculos agrave eficaacutecia na sua implementaccedilatildeo
(capiacutetulo 1 problematizaccedilatildeo) bem como realizar-se inferecircncias sobre os elementos
que constituem o modelo geneacuterico (capiacutetulo 3 BSC)
Na terceira fase do estudo de caso (cf capiacutetulo 6 deste estudo) observa-se o
processo de implementaccedilatildeo em uma instituiccedilatildeo com o BSC consolidado e efetivado
no seu sistema gerencial Traccedila-se um paralelo entre as inferecircncias realizadas no
estudo exploratoacuterio e a sua verificaccedilatildeo na realidade empiacuterica concluindo-se dessa
forma a apreciaccedilatildeo criacutetica ao BSC
A elaboraccedilatildeo do BSC como um SCA consistiu de duas etapas o
desenvolvimento de uma modelagem conceptual e a dinacircmica de incorporaccedilatildeo ao
modelo geneacuterico Kaplan e Norton Para a elaboraccedilatildeo do modelo adaptativo ao BSC
realizou-se um estudo exploratoacuterio sobre a abordagem quacircntica da ciecircncia sob os
fundamentos das seguintes teorias fiacutesica quacircntica teoria dos sistemas
autopoieacuteticos teoria do caos e teoria da complexidade As referidas teorias satildeo
denominadas neste estudo de ciecircncias da complexidade porque substituem a
noccedilatildeo de simplicidade previsibilidade e linearidade do sistema pelo complexo
imprevisiacutevel e natildeo linear O aprimoramento da modelagem adaptativa proposta foi
realizado por meio de um estudo de caso
Gil (1989 p79) salienta que a maior utilidade do estudo de caso eacute verificada
nas pesquisas exploratoacuterias Por sua flexibilidade eacute recomendaacutevel nas fases iniciais
de uma investigaccedilatildeo sobre temas complexos para a construccedilatildeo de hipoacuteteses ou
reformulaccedilatildeo do problema
60
Nesta pesquisa o estudo de caso teve dois propoacutesitos preciacutepuos observar o
processo de implementaccedilatildeo do modelo geneacuterico BSC e elaborar o primeiro insight
para a aplicaccedilatildeo do modelo adaptativo proposto O BSC como um SCA uma
abordagem quacircntica agrave estrateacutegia O estudo de caso foi realizado em uma das
unidades do SENAI Santa Catarina o SENAI Satildeo Joseacute
O estudo de caso constituiu-se de trecircs fases A primeira consistiu na
apresentaccedilatildeo da proposta de estudo agrave direccedilatildeo do SENAI unidade de Satildeo Joseacute com
a finalidade de obter apoio e comprometimento A segunda compotildee-se de trecircs
etapas pesquisa sobre o histoacuterico da instituiccedilatildeo estrutura fiacutesica e gerencial
observaccedilatildeo do processo de implementaccedilatildeo do BSC com a finalidade de validar as
lacunas obstaacuteculos agrave sua eficaacutecia e diretrizes para o sucesso apontadas na fase
exploratoacuteria deste estudo fechamento da apreciaccedilatildeo criacutetica do BSC por meio da
realizaccedilatildeo de um paralelo entre a fase exploratoacuteria e a observaccedilatildeo da realidade
empiacuterica Na quarta fase visando o aprimoramento do modelo adaptativo proposto
elabora-se um desenho do BSC como um SCA uma abordagem quacircntica agrave
estrateacutegia
- Teacutecnicas e instrumentos de pesquisa utilizados no estudo de caso
As teacutecnicas e instrumentos de pesquisa utilizadas foram observaccedilatildeo anaacutelise
documental (plano de implementaccedilatildeo e relatoacuterios de anaacutelises criacuteticas do programa)
entrevista semi-estruturada com roteiros preacute-estabelecidos O roteiro atuou como um
referencial para as entrevistas Outras questotildees que surgiram no decorrer das
entrevistas foram registradas pela pesquisadora
Para o estudo do processo de implementaccedilatildeo do BSC no SENAI foi utilizado
o instrumento Roteiro entrevista semi-estruturada e observaccedilatildeo participante do BSC
SENAI unidade de Satildeo Joseacute (anexo A) Para a avaliaccedilatildeo da inteligecircncia racional
cognitiva e motivacional foi utilizado o instrumento Mapeamento das Inteligecircncias
do SENAI unidade de Satildeo Joseacute (anexo B)
O Representante da Direccedilatildeo - RD respaldado pelo Diretor da unidade
acompanhou todo o processo de estudo Disponibilizou as informaccedilotildees e
proporcionou a interaccedilatildeo necessaacuteria com os colaboradores criando um clima
61
favoraacutevel para a realizaccedilatildeo das entrevistas Os colaboradores entrevistados foram 1
consultor do Nuacutecleo de Gestatildeo Estrateacutegica do Departamento Regional do SENAIsc e
o comitecirc de gestatildeo da unidade de Satildeo Joseacute que eacute composto de 10 pessoas tendo
a seguinte constituiccedilatildeo o diretor da unidade o RD 4 facilitadores responsaacuteveis
pelos nuacutecleos de negoacutecios e 4 integrantes de nuacutecleos de apoio
O estudo de caso foi o primeiro insight para gerar as ferramentas de
operacionalizaccedilatildeo do modelo Consolidou a apreciaccedilatildeo criacutetica realizada na fase
exploratoacuteria do estudo ratificando algumas lacunas e desmistificando outras O
desenho do modelo proposto gerou o primeiro plano de implementaccedilatildeo no entanto
vaacuterias aplicaccedilotildees efetivas seratildeo necessaacuterias em organizaccedilotildees puacuteblicas e privadas
com a finalidade de aperfeiccediloar o modelo adaptativo proposto A dinacircmica do
desenvolvimento do estudo de caso com suas fases etapas e passos estaacute descrito
no capiacutetulo 6 deste estudo
234 TIPO DE CONHECIMENTO CIENTIacuteFICO GERADO
A presente pesquisa visa consolidar o novo paradigma da ciecircncia Constitui-
se numa proposta de inovaccedilatildeo cientiacutefica ao apresentar uma visatildeo contemporacircnea
ao pensamento estrateacutegico organizacional
a abordagem quacircntica A modelagem
conceptual adaptativa proposta
a dinacircmica de funcionamento de um Sistema
Complexo Adaptativo
SCA eacute incorporada ao BSC por meio da abordagem
quacircntica sob os fundamentos das ciecircncias da complexidade
235 MODELO DE ANAacuteLISE DE CONTEUacuteDO PARA APRECIACcedilAtildeO CRIacuteTICA
TEXTUAL
O modelo de apreciaccedilatildeo criacutetica ao Balanced Scorecard por meio da teacutecnica
anaacutelise de conteuacutedo proposto tem o propoacutesito de contribuir para o enriquecimento
dos estudos de revisatildeo bibliograacutefica Constitui-se de uma anaacutelise teoacuterica num
enfoque qualitativo e dialeacutetico sob uma perspectiva holiacutestica e integrada
62
Segundo Trivinos (1987 p158) a anaacutelise de conteuacutedo eacute um meacutetodo que
pode ser aplicado tanto na pesquisa quantitativa como na investigaccedilatildeo qualitativa
mas com aplicaccedilotildees diferentes
Bardin (1977 p 42) resume o termo anaacutelise de conteuacutedo
Um conjunto de teacutecnicas de anaacutelise das comunicaccedilotildees visando obter por procedimentos sistemaacuteticos e objetivos de descriccedilatildeo do conteuacutedo das mensagens indicadores (quantitativos ou natildeo) que permitam a inferecircncia de conhecimentos relativos agraves condiccedilotildees de produccedilatildeorecepccedilatildeo (variaacuteveis inferidas) destas mensagens
Segundo o autor suprareferido a discussatildeo abordagem quantitativa versus
abordagem qualitativa marcou um volte-face na concepccedilatildeo da anaacutelise de conteuacutedo
Na primeira metade do seacuteculo XX o que marcava a especificidade deste tipo de
anaacutelise era o rigor e portanto a quantificaccedilatildeo O acontecimento o acidente e a
raridade possuem por vezes um sentido muito forte que natildeo deve ser abafado Em
conclusatildeo pode dizer-se que o caracteriza a anaacutelise qualitativa eacute o fato de a
inferecircncia
sempre que eacute realizada ser fundada na presenccedila do iacutendice (tema
palavra personagem etc) e natildeo sobre a frequumlecircncia de sua apariccedilatildeo em cada
comunicaccedilatildeo individual
Segundo Marconi e Lakatos (1996 p118) para a anaacutelise de conteuacutedo
seguem-se as mesmas etapas de uma pesquisa cientiacutefica definiccedilatildeo dos objetivos
escolha da amostra elaboraccedilatildeo dos instrumentos aplicaccedilatildeo dos instrumentos e
conclusatildeo Ressaltam dois aspectos que devem ser levados em consideraccedilatildeo na
elaboraccedilatildeo dos instrumentos de anaacutelise determinaccedilatildeo das categorias de
classificaccedilatildeo e escolha da unidade de anaacutelise isto eacute dos aspectos importantes do
material a ser classificado
De acordo com Bardin (1977 p29 traduccedilatildeo nossa) de uma maneira geral a
sutileza dos meacutetodos de anaacutelise de conteuacutedo corresponde aos seguintes objetivos
a ultrapassagem da incerteza e o enriquecimento da leitura Metodologicamente
confrontam-se ou completam-se duas orientaccedilotildees a verificaccedilatildeo prudente ou a
interpretaccedilatildeo brilhante
63
Por outro lado adverte Trivinos (1987 p 159) o meacutetodo de anaacutelise de
conteuacutedo em alguns casos pode servir de auxiliar para instrumento de pesquisa de
maior profundidade e complexidade como o eacute por exemplo o meacutetodo dialeacutetico
Neste caso a anaacutelise de conteuacutedo forma parte de uma visatildeo mais ampla e funde-se
nas caracteriacutesticas do enfoque dialeacutetico
O modelo de anaacutelise de conteuacutedo proposto tem como suporte teoacuterico os
estudos de Bardin (977) Krippendorff (1980) Trivinos (1987) Ander- Egg (1971)
Minayo (1994) e Marconi e Lakatos O modelo de anaacutelise proposto segue uma
abordagem filoacutesofica de raciociacutenio dialeacutetico de enfoque qualitativo na medida em
que busca a unidade nas contradiccedilotildees sistecircmicas considerando a dinacircmica do
processo que integra as diferentes percepccedilotildees dos atores envolvidos
Contrapondo-se a um enfoque positivista o modelo assume suas
caracteriacutesticas natildeo determiniacutesticas e natildeo lineares de anaacutelise com a finalidade de
flexibilizar as interaccedilotildees entre as variaacuteveis de forma a proporcionar riqueza e
criatividade nas inferecircncias e interpretaccedilotildees Mas paralelamente considera o rigor
cientiacutefico e a objetividade caracteriacutesticas necessaacuterias para que a proposta seja
desenvolvida de maneira sistemaacutetica e loacutegica seguindo os preceitos da pesquisa
cientiacutefica
De uma forma sucinta descreve-se as etapas d o modelo de apreciaccedilatildeo
criacutetica textual aplicado ao BSC por meio da teacutecnica anaacutelise de conteuacutedo (cf figura 5)
Leitura Flutuante
Consiste de uma leitura preacutevia da literatura baacutesica sobre o tema Inicialmente
procedeu-se a uma leitura preacutevia dos livros que apresentam o modelo geneacuterico do
BSC Kaplan e Norton (1997) Kaplan e Norton (2000) Olve Roy e Wetter (2001) e
Campos (1998)
64
- Objetivos da anaacutelise de conteuacutedo do BSC
Obter uma visatildeo holiacutestica sistecircmica e integrada das diferentes abordagens
contidas nas bibliografias objeto de estudo por meio da realizaccedilatildeo de inferecircncias nas
unidades analisadas
Figura 5 Modelo de Apreciaccedilatildeo criacutetica textual anaacutelise de conteuacutedo aplicada ao BSC
Seleccedilatildeo do material bibliograacutefico
Apoacutes a leitura flutuante percebeu-se as diferentes abordagens do meacutetodo
sendo necessaacuterio um estudo mais aprofundado para permitir uma anaacutelise criacutetica
mais apurada Para a realizaccedilatildeo deste propoacutesito selecionou-se as mesmas obras
utilizadas na leitura flutuante acrescentando-se tambeacutem novas obras artigos da
internet artigos eletrocircnicos de anais de congressos artigos de revistas cientiacuteficas
dissertaccedilotildees e teses Foi incluiacutedo na literatura baacutesica de anaacutelise o livro Mapas
Estrateacutegicos publicado pelos idealizadores do BSC no ano de 2004
ANAacuteLISE DE CONTEUacuteDO
Avaliaccedilatildeo qualitativa ETAPAS
Preacute-anaacutelise
Leitura Flutuante
Formulaccedilatildeo dos objetivos
Seleccedilatildeo material bibliograacutefico Escolha das unidades de anaacutelise
Inferecircncias e interpretaccedilatildeo
Conceito Modelo Kaplan e Norton pensamento estrateacutegico perspectivas objetivos
indicadores metas e iniciativas Princiacutepios Mapa Estrateacutegico Processo de Construccedilatildeo
65
Escolha das unidades de anaacutelise
Apoacutes a leitura de reconhecimento do assunto investigado faz-se a seleccedilatildeo
das unidades textuais a serem passiacuteveis de anaacutelise Apoacutes familiarizar-se com o do
BSC optou-se pelos elementos que constituem o seu modelo geneacuterico
selecionando-se as seguintes unidades de anaacutelise Conceito Modelo Geneacuterico
Princiacutepios Mapa Estrateacutegico e Processo de Construccedilatildeo
Inferecircncias e interpretaccedilotildees
Com base no material bibliograacutefico selecionado realizou-se um estudo
aprofundado considerando-se as unidades de anaacutelise selecionadas Procedeu-se agraves
inferecircncias cuja siacutentese e principais resultados satildeo apresentados no capiacutetulo 3 na
seccedilatildeo referente agrave apreciaccedilatildeo criacutetica ao BSC
CAPIacuteTULO 3 O BALANCED SCORECARD
Este capiacutetulo apresenta uma apreciaccedilatildeo criacutetica ao Balanced Scorecard - BSC
por meio da teacutecnica anaacutelise de conteuacutedo segundo o modelo proposto apresentado
no capiacutetulo 2 deste estudo (cf Figura 5) Constitui-se de duas partes A primeira
apresenta o modelo Kaplan e Norton
a evoluccedilatildeo histoacuterica de seus estudos e a
arquitetura do modelo geneacuterico A segunda parte expotildee a revisatildeo da literatura e
siacutentese das inferecircncias das unidades de anaacutelise do BSC - conceito pensamento
estrateacutegico perspectivas princiacutepios mapa estrateacutegico e processo de construccedilatildeo
Por fim realizam-se as consideraccedilotildees finais sobre o capiacutetulo
31 HISTOacuteRICO DO BSC
O BSC surgiu como uma alternativa para a gestatildeo organizacional concebido
inicialmente para a mensuraccedilatildeo de desempenho financeiro Posteriormente seus
estudos o vincularam agrave estrateacutegia organizacional
Segundo Kaplan e Norton (1997 p vii) os estudos que deram origem ao
BSC iniciaram-se numa unidade de pesquisa da KPMG do Instituto Nolan Norton a
qual patrocinou um estudo de um ano entre diversas empresas intitulado Measuring
Perfomance in the Organization of the Future David Norton executivo principal do
Nolan Norton foi liacuteder do estudo o qual teve Robert Kaplan como consultor
acadecircmico
Os estudos foram motivados pela crenccedila de que os meacutetodos existentes para
avaliaccedilatildeo de desempenho empresarial baseados em dados contaacutebeis e financeiros
estavam se tornando obsoletos e prejudiciais a capacidade das empresas de criar
valor econocircmico para o futuro A aplicaccedilatildeo do BSC em vaacuterias empresas privadas e
instituiccedilotildees sem fins lucrativos o consolidaram como um sistema gerencial
estrateacutegico A eficaacutecia do modelo nas vaacuterias experiecircncias de implementaccedilotildees
motivou os autores a publicar no ano de 1996 o livro A Estrateacutegia em Accedilatildeo com a
finalidade de disseminar o Balanced Scorecard
67
O livro Estrateacutegia em accedilatildeo teve como principal propoacutesito consolidar o BSC
como sistema gerencial de aprendizado comunicaccedilatildeo e mediccedilatildeo da estrateacutegia No
entanto seus idealizadores ao lanccedilar o segundo livro Organizaccedilatildeo orientada para
a estrateacutegia (Kaplan e Norton 2000) buscam agregar ao BSC a concepccedilatildeo de um
programa de mudanccedila por meio dos princiacutepios da organizaccedilatildeo orientada para a
estrateacutegia base do segundo livro
Kaplan e Norton (2000) por meio da experiecircncia que adquiriram na
implementaccedilatildeo do BSC em vaacuterias organizaccedilotildees constataram um problema que natildeo
haviam percebido quanto da concepccedilatildeo do meacutetodo - como implementar novas
estrateacutegias Nesta obra a estrateacutegia se converte em um processo contiacutenuo a ser
executado natildeo apenas pela alta administraccedilatildeo mas por todos na organizaccedilatildeo
Neste trabalho surgiu o mapa estrateacutegico como uma ferramenta que representa
graficamente as relaccedilotildees de causa e efeito dos objetivos e indicadores das
perspectivas do scorecard
Por fim na sua uacuteltima obra Kaplan e Norton (2004) enfatizam o mapa
estrateacutegico como uma ferramenta tatildeo importante quanto o proacuteprio BSC no livro
Mapas estrateacutegicos Apresentam uma sistemaacutetica de descriccedilatildeo da estrateacutegia com
o intuito de demonstrar a sua dinacircmica um modelo de mediccedilatildeo dos ativos
intangiacuteveis e uma ampla variedade de indicadores sociais ambientais e econocircmicos
32 MODELO GENEacuteRICO DO BSC CONCEPCcedilAtildeO E ARQUITETURA
O BSC eacute um instrumento gerencial que executa a estrateacutegia organizacional a
partir do pensamento estrateacutegico (missatildeo visatildeo valores e estrateacutegia) por meio de
quatro perspectivas baacutesicas financeira clientes processos internos e aprendizado e
crescimento As perspectivas satildeo desdobradas em objetivos indicadores metas e
iniciativas A integraccedilatildeo da estrateacutegia agraves medidas eacute realizada pelas relaccedilotildees de
causa e efeito entre as perspectivas as quais induzem um enfoque sistecircmico agrave
estrateacutegia
Na arquitetura do modelo (cf Figura 6) observa-se a visatildeo e estrateacutegia sendo
desdobradas nas quatro perspectivas baacutesicas O processo inicia a partir da
68
perspectiva financeira perpassa pelas perspectivas dos clientes e processos
internos Finaliza na perspectiva de aprendizado e crescimento a qual eacute a base e
vetor impulsionador do sucesso da estrateacutegia organizacional
APRENDIZADO E CRESCIMENTOPara atingir nossa
visatildeocomopreservaremos
nossa capacidadede mudar emelhorar
Visatildeo e Estrateacutegia
CLIENTESPara atingirnossa visatildeocomo deveremosser vistos pornossos clientes
Objetivos Indicadores Metas IniciativasPROCESSOS INTERNOSPara satisfazer
nossos acionistase clientes emquais processos denegoacutecios deveremosnos sobressair
Objetivos Indicadores Metas Iniciativas
FINANCEIRAPara termos
sucessofinanceirocomo deveremosser vistos por nossosacionistas
Objetivos Indicadores Metas Iniciativas
Objetivos Indicadores Metas Iniciativas
Figura 6 Definindo as relaccedilotildees de causa e efeito da estrateacutegia
Adaptado de Kaplan e Norton (2000 p89)
Segundo Kaplan e Norton (2000 p 88) o BSC define um conjunto de
objetivos e atividades de curto prazo os vetores que diferenciaratildeo a empresa dos
concorrentes e criaratildeo valor de longo prazo para os clientes e acionistas os
resultados O processo comeccedila do geral para o particular (top-down) definindo com
nitidez a estrateacutegia sob a perspectiva do acionista e do cliente
Prosseguem Kaplan e Norton (2000 p90) a arquitetura do BSC comeccedila com
os resultados almejados tanto os de natureza financeira como os referentes aos
69
clientes e em seguida se movimenta para a proposiccedilatildeo de valor para os processos
de negoacutecio e para a infra-estrutura que satildeo os vetores de mudanccedila As relaccedilotildees
entre os vetores e os resultados almejados constituem as hipoacuteteses que definem a
estrateacutegia
Por outro lado advertem Kaplan e Norton (1997 p35) as quatro perspectivas
do BSC tecircm-se revelado adequadas em diversas empresas e setores de mercado
Mas elas devem ser consideradas um modelo natildeo uma camisa de forccedila
Dependendo das circunstacircncias do setor e da estrateacutegia de uma unidade de
negoacutecios eacute possiacutevel que seja preciso agregar uma ou mais perspectivas
complementares
Complementando este enfoque Campos (1998 p 61 62) ao referir-se aos
indicadores do BSC argumenta que as empresas que desejam adotar a
metodologia devem buscar a melhor composiccedilatildeo de indicadores para acompanhar
todos os negoacutecios e natildeo se restringir unicamente agraves quatro perspectivas baacutesicas
traccediladas pelos professores Kaplan e Norton Relata que ao niacutevel taacutetico e
operacional os indicadores que devem ser representados com maior ecircnfase satildeo os
que permitirem acompanhar os fatores criacuteticos de sucesso das respectivas
organizaccedilotildees
Segundo Kaplan e Norton (1997 p37) o BSC se aplica melhor a unidades
estrateacutegicas de negoacutecios (SBUs) Uma SBU ideal para o BSC executa atividades ao
longo de toda a cadeia de valores inovaccedilatildeo operaccedilotildees marketing distribuiccedilatildeo
vendas e serviccedilo Deve possuir seus proacuteprios produtos e clientes canais de
marketing e distribuiccedilatildeo instalaccedilotildees de produccedilatildeo e uma estrateacutegia bem definida
De acordo com Kaplan e Norton (2000 pp 142-144) a interligaccedilatildeo entre as
medidas do scorecard eacute realizada por meio de relaccedilotildees de causa e efeito entre as
perspectivas O scorecard eacute constituiacutedo a partir da estrateacutegia subjacente da
organizaccedilatildeo As empresas desenvolvem e usam o scorecard para traduzir suas
estrateacutegias em relacionamentos interconectados de causa e efeito que podem ser
compreendidos e difundidos em toda a organizaccedilatildeo
70
Kaplan e Norton (2000 p 34) ao estudar o BSC como o centro do processo
gerencial das organizaccedilotildees focalizadas na estrateacutegia argumentam que o BSC
fornece um referencial de anaacutelise da estrateacutegia utilizada para a criaccedilatildeo de valor sob
quatro diferentes perspectivas
1Financeira a estrateacutegia de crescimento rentabilidade e risco sob a perspectiva
do acionista
2Cliente a estrateacutegia de criaccedilatildeo de valor e diferenciaccedilatildeo sob a perspectiva do
cliente
3Processos de negoacutecio internos as prioridades estrateacutegicas de vaacuterios processos
de negoacutecio que criam satisfaccedilatildeo para os clientes e acionistas
4Aprendizado e Crescimento as prioridades para o desenvolvimento de um clima
propiacutecio agrave mudanccedila organizacional agrave inovaccedilatildeo e ao crescimento
Segundo Kaplan e Norton (1997 p 259) para muitas empresas o scorecard
consolida a fase inicial de um novo processo gerencial a traduccedilatildeo da visatildeo e da
estrateacutegia em objetivos e indicadores que possam ser comunicados aos atores
internos e externos da organizaccedilatildeo Os executivos assumem o compromisso e a
responsabilidade de realizar a visatildeo organizacional estabelecendo metas de longo
prazo para os indicadores estrateacutegicos direcionando iniciativas estrateacutegicas e
recursos e escolhendo marcos de referecircncia de curto prazo que decircem rumo agrave
estrateacutegia
- Integraccedilatildeo das medidas agrave estrateacutegia por meio de relaccedilotildees de causa e efeito
De acordo com Kaplan e Norton (1997 2000 2004) a integraccedilatildeo das
medidas do BSC agrave estrateacutegia se daacute pelas relaccedilotildees de causa e efeito entre os
objetivos e medidas das perspectivas do scorecard
De acordo Kaplan e Norton (1997 p155) um scorecard adequadamente
elaborado deve contar a histoacuteria da estrateacutegia da unidade de negoacutecios atraveacutes de
uma sequumlecircncia de relaccedilotildees de causa e efeito O sistema de mensuraccedilatildeo deve
explicitar as relaccedilotildees (hipoacuteteses) entre os objetivos (e as medidas) nas diversas
perspectivas de modo que possam ser gerenciadas e validadas
71
Segundo Kaplan e Norton (2000 p169) tornando explicitas as hipoacuteteses de
causa e efeito da estrateacutegia os executivos podem testaacute-las e adaptaacute-las agrave medida
que aprendem melhor sua implementaccedilatildeo e eficaacutecia Sem relaccedilotildees explicitas de
causa e efeito natildeo existe aprendizado estrateacutegico
Complementam Kaplan e Norton (2004 p 7) partindo da hipoacutetese de que os
resultados financeiros soacute seratildeo alcanccedilados se os clientes-alvo estiverem satisfeitos
A proposiccedilatildeo de valor para os clientes descreve como gerar vendas e aumentar a
fidelidade dos clientes-alvo Os processos internos criam e cumprem a proposiccedilatildeo
de valor para os clientes Os ativos intangiacuteveis que respaldam os processos internos
sustentam os pilares da estrateacutegia O alinhamento dos objetivos nessas quatro
perspectivas eacute a chave para a criaccedilatildeo de valor e portanto para a criaccedilatildeo de uma
estrateacutegia focada e dotada de consistecircncia interna
Segundo Kaplan e Norton (1997 p32) um bom BSC deve tambeacutem conter
uma combinaccedilatildeo de medidas de resultado e vetores de desempenho ou seja deve
traduzir a estrateacutegia da unidade de negoacutecios sob a forma de um conjunto articulado
de medidas que definam tanto os objetivos estrateacutegicos de longo prazo quanto os
mecanismos para alcanccedilar esses objetivos
De acordo com Olve Roy e Wetter (2001) sempre eacute enfatizado que devemos
buscar um equiliacutebrio adequado entre os condutores da performance e as medidas de
resultados
em outras palavras entre as medidas que descrevem o que fazemos e
os efeitos obtidos Em um BSC as medidas de resultado estatildeo combinadas com as
medidas que descrevem os recursos gastos ou as atividades realizadas
Constata-se que na abordagem sobre as medidas que integram o BSC vaacuterias
nomenclaturas diferentes satildeo utilizadas com o mesmo significado Medidas de
resultado satildeo utilizadas por Olve Roy e Wetter (2001) jaacute Kaplan e Norton (1997
2001) usam os seguintes - termos ao referir-se as mesmas indicadores de fatos
medidas essenciais de resultado indicadores de ocorrecircncias (lagging indicators) o
termo condutores de performance utilizado por Olve Roy e Wetter (2001) com o
mesmo sentido eacute referenciado por Kaplan e Norton (1997 2001) atraveacutes das
72
seguintes palavras vetores de desempenho ou indicadores de tendecircncia (leading
indicators)
A fim de buscar uma uniformidade semacircntica nos conceitos que integram o
BSC adotar-se-aacute neste estudo a nomenclatura utilizada pelo Grupo de Engenharia e
Anaacutelise de Valor
GAVprojetos do Programa de Poacutes-graduaccedilatildeo em Engenharia de
Produccedilatildeo da Universidade Federal de Santa Catarina
PPGEPUFSC Ao referir-se
as medidas de resultados utilizar-se-aacute o termo indicadores de ocorrecircncia e aos
vetores de desempenho - indicadores de tendecircncia
33 INFERENCIAS DAS UNIDADES DE ANAacuteLISE DO BSC
Seguindo-se o modelo de anaacutelise de conteuacutedo para avaliaccedilatildeo textual no
capiacutetulo 2
metodologia inicialmente apresenta-se a revisatildeo bibliograacutefica das
unidades de anaacutelise selecionadas para fins de apreciaccedilatildeo criacutetica A seguir expotildee-se
uma siacutentese das inferecircncias das unidades objeto de estudo conceito pensamento
estrateacutegico perspectivas princiacutepios mapa estrateacutegico e processo de construccedilatildeo As
unidades de anaacutelise objeto deste estudo permitem uma variedade muito grande de
interpretaccedilotildees As inferecircncias realizadas tem o propoacutesito de ressaltar os principais
pontos que na percepccedilatildeo do pesquisador merecem ser destacados
Em um segundo momento relata-se as diretrizes sugeridas por alguns
estudiosos visando garantir a eficaacutecia na implementaccedilatildeo do sistema Conclui-se este
capiacutetulo elaborando-se as consideraccedilotildees finais sobre o estudo exploratoacuterio do BSC
331 CONCEITO
O BSC visa essencialmente desencadear o processo de execuccedilatildeo da
estrateacutegia organizacional O modelo geneacuterico consiste no desdobramento da visatildeo e
estrateacutegia organizacional por meio de quatro perspectivas baacutesicas Caracteriza-se
por uma visatildeo holiacutestica e integrada No entanto este conceito geneacuterico apresenta
distintas interpretaccedilotildees e aplicaccedilotildees que variam de acordo com as percepccedilotildees dos
73
pesquisadores e consultores e consequumlentemente das correntes de estudo sobre
estrateacutegia organizacional
De acordo com Kaplan e Norton (1997) o BSC eacute utilizado pelas organizaccedilotildees
natildeo somente como um sistema de mediccedilatildeo de desempenho mas tambeacutem como um
sistema gerencial essencial O BSC cria uma estrutura uma linguagem para
comunicar a missatildeo e a estrateacutegia e utiliza indicadores para informar os funcionaacuterios
sobre os vetores do sucesso atual e futuro O BSC deve ser utilizado como um
sistema de comunicaccedilatildeo informaccedilatildeo e aprendizado natildeo como um sistema de
controle
Kaplan e Norton (2000 pp 27-28) ao incorporarem a gestatildeo da mudanccedila ao
BSC por meio dos princiacutepios das organizaccedilotildees orientadas para a estrateacutegia
salientam que O programa do BSC comeccedila com o reconhecimento de que natildeo se
trata de um projeto de mensuraccedilatildeo mas sim de um programa de mudanccedila A
mudanccedila ocorre em duas fases mobilizaccedilatildeo e governanccedila
Olve Roy e Wetter (2001 p 17) apresentam a seguinte definiccedilatildeo para o
termo Balanced Scorecard
Segundo a definiccedilatildeo do dicionaacuterio Merriam-Webster o substantivo score marcaccedilatildeo em portuguecircs eacute registro de pontos que eacute feito (como em um
jogo) Para o verbo haacute outra definiccedilatildeo atribuir um grau Quando falamos de um Balanced Scorecard queremos dizer que o grau deve refletir um equiliacutebrio entre os vaacuterios elementos importantes da performance (desempenho) Noacutes achamos importante que o scorecard seja visto natildeo somente como um registro dos resultados alcanccedilados Egrave igualmente importante que ele seja usado para indicar os resultados esperados
Para Olve Roy e Wetter (2001 p viii grifo nosso) a pretensatildeo maacutexima de
um BSC eacute criar uma organizaccedilatildeo de aprendizagem No entanto ressaltam que os
scorecards no contexto do controle de gerenciamento pode ser usado para fins
estrateacutegicos bem como para fins operacionais e um projeto de um processo bem
sucedido tem que refletir isso Ao definirem os scorecards como um conceito geral
no controle do gerenciamento enfatizam que os mesmos devem funcionar como
uma linguagem um modo conciso de descrever a missatildeo de um negoacutecio e quatildeo
bem ele estaacute indo
74
Campos (1998 pp 23-24) apresenta a seguinte definiccedilatildeo para o BSC
[]mudanccedilas bem sucedidas requerem o alinhamento da estrateacutegia a longo prazo (a Visatildeo de Futuro do Liacuteder e a definiccedilatildeo de Missatildeo da Equipe de Gestatildeo) com os objetivos de meacutedio prazo (os fatores criacuteticos de sucesso das Unidades de Negoacutecio) e no curto prazo destes objetivos entre si sempre considerando pelo menos as quatro perspectivas baacutesicas do BSC
Prossegue o referido autor destacando que todas as mudanccedilas para serem
bem sucedidas requerem o alinhamento da estrateacutegia da organizaccedilatildeo e dos
fornecedores no objetivo comum processos de mudanccedila implementados de modo
bem planejado lideranccedila firme presente e engajada
o que alguns chamam de
comprometimento medidas efetivas de avaliaccedilatildeo do desempenho de
reconhecimento e de recompensa que fomentem a satisfaccedilatildeo dos colaboradores
Olve Roy e Wetter (2001 pp 6-7) acrescentam ao modelo baacutesico do BSC
as dimensotildees de tempo ontem hoje e amanhatilde O ontem eacute enfatizado na
perspectiva financeira a qual corresponde a uma visatildeo retrospectiva da
organizaccedilatildeo o hoje na perspectiva do cliente e na perspectiva dos processos
internos corresponde ao momento presente e o amanhatilde na perspectiva de
aprendizado e crescimento relaciona-se a uma anaacutelise prospectiva do futuro da
organizaccedilatildeo
Campos (1998 p61 grifo nosso) seguindo similar loacutegica de raciociacutenio dos
autores suprareferidos ao traduzir o BSC como um cenaacuterio balanceado que integra
medidas financeiras e natildeo financeiras argumenta que os resultados financeiros
resultantes de accedilotildees jaacute tomadas eacute complementado pelas medidas operacionais de
satisfaccedilatildeo dos clientes dos processos internos e do crescimento e aprendizado ou
seja dos elementos baacutesicos que conduzem a empresa para o futuro desempenho
financeiro do negoacutecio
Para Frigo (2002 p1) o BSC eacute uma poderosa ferramenta de administraccedilatildeo
para execuccedilatildeo de estrateacutegia Quando usada como uma verdadeira mediccedilatildeo
(pontuaccedilatildeo) da estrateacutegia natildeo soacute pode ajudar para gerenciar a execuccedilatildeo da
estrateacutegia mas tambeacutem refinaacute-la
75
O meacutetodo BSC eacute muito amplo gerando espaccedilo para vaacuterias interpretaccedilotildees e
pesquisas sendo reconhecido em vaacuterios paiacuteses Isto tem gerado vaacuterios estudos
acadecircmicos bem como distintas aplicaccedilotildees por empresas de consultorias
produzindo dessa forma uma gama de produtos diferenciados tais como softwares
de implementaccedilatildeo do BSC livros artigos dissertaccedilotildees de mestrado e teses de
doutorados etc
O quadro 4 apresenta uma siacutentese das principais inferecircncias sobre o conceito do BSC
Unidades de Anaacutelise
Material analisado Autores e ano
Inferecircncias
A Estrateacutegia em Accedilatildeo Kaplan e Norton (1997)
Sistema gerencial essencial de aprendizado
comunicaccedilatildeo e mensuraccedilatildeo da estrateacutegia
Cenaacuterio Balanceado Campos (1998)
Incorpora a visatildeo estrateacutegica os aleacutem dos
objetivos de longo e curto prazo os objetivos de meacutedio
prazo (fatores criacuteticos de sucesso)
Organizaccedilatildeo Orientada para a estrateacutegia
Kaplan e Norton (2000)
Incorpora ao BSC o propoacutesito de atuar como um programa de mudanccedila por
meio dos princiacutepios da organizaccedilatildeo orientada para
a estrateacutegia Foco na implementaccedilatildeo de novas
estrateacutegias Condutores da Performance
Olve Roy e e wetter (2001)
Organizaccedilatildeo de Aprendizagem
Controle do gerenciamento Considera tambeacutem os
objetivos de meacutedio prazo (fatores criacuteticos de sucesso
CONCEITO
Mapas Estrateacutegicos Kaplan e Norton (2004)
Introduz uma descriccedilatildeo da dinacircmica da estrateacutegia
partindo da definiccedilatildeo dos temas estrateacutegicos
classificaccedilatildeo dos processos internos e descriccedilatildeo
mediccedilatildeo e alinhamento dos ativos intangiacuteveis agrave
estrateacutegia
Quadro 5 Siacutentese das inferecircncias do Conceito do BSC
Observa-se que Kaplan e Norton (1997) enfatizam o BSC como um sistema
de comunicaccedilatildeo mensuraccedilatildeo descriccedilatildeo e aprendizado estrateacutegico Olve Roy e
Wetter (2001) salientam o BSC como um sistema de aprendizagem estrateacutegica Jaacute
Campos (1998) e Kaplan e Norton(2000) o concebem tambeacutem como um programa
76
de mudanccedila Kaplan e Norton (2004) Frigo (2002) destacam o BSC como uma
ferramenta de descriccedilatildeo e execuccedilatildeo da dinacircmica da estrateacutegia
Deduz-se que o BSC eacute concebido como um sistema gerencial estrateacutegico
holiacutestico sob uma abordagem sistecircmica e integrada de descriccedilatildeo comunicaccedilatildeo
aprendizado e mensuraccedilatildeo da estrateacutegia
332 PENSAMENTO ESTRATEacuteGICO
3321 Visatildeo Missatildeo e Fatores Criacuteticos de Sucesso
O processo de desdobramento da estrateacutegia em perspectivas inicia com a
definiccedilatildeo do pensamento estrateacutegico da organizaccedilatildeo Haacute vaacuterias abordagens sobre o
pensamento estrateacutegico da organizaccedilatildeo sob a oacutetica de distintas correntes de
estudos
Segundo Kaplan e Norton (2004) a visatildeo eacute uma declaraccedilatildeo concisa que
define as metas a meacutedio e a longo prazos da organizaccedilatildeo Deve representar a
perspectiva externa ser orientada para o mercado e deve expressar
geralmente
em termos motivadores ou visionaacuterios
como a organizaccedilatildeo quer ser percebida
pelo mundo A missatildeo e os valores essenciais que a acompanham mantecircm-se
bastante estaacuteveis no tempo A missatildeo eacute uma declaraccedilatildeo concisa com foco interno
da razatildeo de ser da organizaccedilatildeo do propoacutesito baacutesico para o qual se direcionam suas
atividades e dos valores que orientam as atividades dos empregados Tambeacutem deve
descrever como a organizaccedilatildeo espera competir no mercado e fornecer valor aos
clientes
De acordo com Kaplan e Norton (1997) o processo de traduzir a visatildeo e
estrateacutegia tem iniacutecio com um trabalho de equipe da alta administraccedilatildeo com a
finalidade de estabelecer os objetivos estrateacutegicos relacionados a perspectiva
financeira - onde as metas financeiras devem priorizar a receita e o crescimento de
mercado a lucratividade ou a geraccedilatildeo do fluxo de caixa e a perspectiva dos clientes
onde a equipe gerencial deve ser clara quanto aos segmentos de clientes e
mercados pelos quais estaraacute competindo
77
Para Kaplan e Norton (2001 2004) a visatildeo cria a imagem do destino a
estrateacutegia define a loacutegica de concretizaccedilatildeo da visatildeo as quais satildeo complementos
essenciais A visatildeo da organizaccedilatildeo pinta um quadro do futuro que ilumina a trajetoacuteria
da organizaccedilatildeo e ajuda os indiviacuteduos a compreender por que e como devem apoiar
a organizaccedilatildeo
Prosseguem os referidos autores a estrateacutegia desenvolve-se e evolui com o
tempo para atender agraves condiccedilotildees em mutaccedilatildeo impostas pelo ambiente externo e
pelas competecircncias internas Natildeo eacute um processo isolado eacute uma das etapas de um
processo contiacutenuo loacutegico que movimenta toda a organizaccedilatildeo desde a declaraccedilatildeo da
missatildeo de alto niacutevel ateacute o trabalho executado pelos empregados da linha de frente e
de suporte
Para Olve Roy e Wetter (2001 p45) o propoacutesito da visatildeo eacute orientar
controlar e desafiar uma organizaccedilatildeo inteira no sentido de conceber um conceito
comum a todos da companhia no futuro
De acordo com Campos (1998) a diretriz de ordem superior da empresa eacute a
integraccedilatildeo da visatildeo de futuro do liacuteder principal com a missatildeo do negoacutecio e seus
fatores criacuteticos de sucesso Eacute fruto de uma serie de breves descriccedilotildees que no seu
conjunto indicam como a organizaccedilatildeo vai alcanccedilar a visatildeo
Segundo Senge (2002 pp 175-176) natildeo se pode entender a verdadeira
visatildeo sem levar em consideraccedilatildeo a ideacuteia de propoacutesito Entende por propoacutesito a
razatildeo de viver de uma pessoa Propoacutesito eacute semelhante a um direcionamento geral
Visatildeo eacute um destino especiacutefico uma imagem de um futuro desejado O propoacutesito eacute
abstrato A visatildeo eacute concreta O propoacutesito eacute aumentar a capacidade humana de
explorar os ceacuteus Visatildeo eacute a chegada do homem agrave lua ateacute o final da deacutecada de 60
Para Peter Senge a visatildeo
eacute a resposta a O quecirc
o retrato do futuro que
queremos criar
Campos (1998) Olve Roy e Wetter (2001 p 47) acrescentam ao
pensamento estrateacutegico os fatores criacuteticos de sucesso os quais satildeo definidos como
os fatores mais criacuteticos para o sucesso da companhia com sua visatildeo Campos
78
(1998 pp 110-111) expotildee que os fatores criacuteticos de sucesso (FCS) descrevem
tudo o que natildeo pode deixar de acontecer em no maacuteximo 18 meses a 24 meses
para que a missatildeo aconteccedila Normalmente fazem parte dos objetivos anuais da
organizaccedilatildeo
3322 Estrateacutegia Organizacional
Haacute vaacuterias correntes de estudos sobre estrateacutegia organizacional com distintas
concepccedilotildees Em um primeiro momento apresenta-se o desenvolvimento progressivo
da concepccedilatildeo de estrateacutegia operacionalizada por meio do BSC Em um segundo
momento expotildee-se uma descriccedilatildeo sucinta da evoluccedilatildeo da concepccedilatildeo da estrateacutegia
com o propoacutesito de contextualizar com o enfoque adotado no presente estudo - a
estrateacutegia agrave beira do caos
33221 As distintas concepccedilotildees de Estrateacutegia e o BSC
Os estudos sobre estrateacutegia organizacional conFiguram-se sobre vaacuterios
enfoques e dimensotildees Alguns estudiosos a definem enquanto ato de concepccedilatildeo do
modelo mental da organizaccedilatildeo Outros como a priorizaccedilatildeo das atividades baacutesicas
que contribuem para que a missatildeo e a visatildeo sejam alcanccediladas O BSC eacute concebido
como um sistema gerencial com foco na implementaccedilatildeo da estrateacutegia
organizacional No entanto pode ser usado para o processo de formulaccedilatildeo da
estrateacutegia natildeo haacute uma demarcaccedilatildeo niacutetida entre a sua concepccedilatildeo e execuccedilatildeo
Kaplan e Norton (1997 p263) argumentam que na praacutetica a visatildeo
hieraacuterquica e a visatildeo emergente da formulaccedilatildeoimplementaccedilatildeo da estrateacutegia
coexistem Os processos gerenciais criados em torno da estrateacutegia articulada no
BSC devem oferecer oportunidades regulares para o aprendizado com
realimentaccedilatildeo em dois niacuteveis
atraveacutes da coleta de dados sobre a estrateacutegia de
testes da estrateacutegia da reflexatildeo sobre se a estrateacutegia continua adequada aos novos
fatos e da busca de ideacuteias sobre novas oportunidades e direccedilotildees estrateacutegicas em
todos os setores da organizaccedilatildeo
Para Kaplan e Norton (2004 pp 37 327) a literatura sobre estrateacutegia
apresenta diversidade incomum Os acadecircmicos e os profissionais adotam modelos
79
muito diferentes sobre estrateacutegia e nem mesmo concordam sobre sua definiccedilatildeo No
entanto o modelo do BSC tem por base o modelo de estrateacutegia de Michael Porter
a estrateacutegia consiste em selecionar um conjunto de atividades em que a organizaccedilatildeo
seraacute excelente criando a diferenciaccedilatildeo sustentaacutevel no mercado Consiste na opccedilatildeo
por executar certas atividades de maneira diferente ou de maneira diferente dos
concorrentes onde todos os processos devem estar alinhados para cumprir a
proposiccedilatildeo de valor diferenciadora
Prosseguem Kaplan e Norton (2004 p 330) os vaacuterios tipos de estrateacutegia
baixo custo lideranccedila do produto soluccedilotildees para os clientes aprisionamento de
sistemas ou uma combinaccedilatildeo uacutenica de atributos do produto ou serviccedilo numa
estrateacutegia de inovaccedilatildeo de valor
satildeo maneiras alternativas de estruturar a posiccedilatildeo
da empresa na cadeira de valor
de modo a auferir lucro atraente entre os preccedilos
cobrados aos clientes e o custo dos produtos e serviccedilos adquiridos dos
fornecedores
Complementam os referidos autores argumentando que a estrateacutegia de uma
unidade de negoacutecios bem-sucedida posiciona a empresa no panorama competitivo
de modo a captar a parcela significativa da criaccedilatildeo de valor Quando se identifica
esse posicionamento a empresa pode traduzir essa estrateacutegia em mapa estrateacutegico
e em BSC A diferenciaccedilatildeo sustentaacutevel pode consistir em fornecer aos clientes mais
valor do que os concorrentes ou em fornecer valor comparaacutevel poreacutem a custo mais
baixo do que os concorrentes
O foco de atenccedilatildeo nos estudos sobre a formulaccedilatildeo estrateacutegica baseada no
segmento de mercado no ciclo de vida do produto na cadeia de valor na lideranccedila
em custo na melhoria contiacutenua dos processos internos na inovaccedilatildeo tecnoloacutegica
acompanharam as evoluccedilotildees e revoluccedilotildees advindas do mundo globalizado bem
como as diferentes percepccedilotildees oriundas da cultura oriental e ocidental
Kaplan e Norton (2001 pp84-108) apresentam uma nova concepccedilatildeo da
estrateacutegia explicitada por intermeacutedio do BSC alicerccedilada nos princiacutepios das
organizaccedilotildees orientadas pela estrateacutegia e representada graficamente por meio dos
mapas estrateacutegicos
80
Constitui-se dos seguintes elementos
- A estrateacutegia eacute um passo de um processo contiacutenuo Comeccedila no sentido mais
amplo com a missatildeo da organizaccedilatildeo que deve ser traduzida para que as accedilotildees
individuais com ela se alinhem e lhe proporcionem apoio
- A estrateacutegia eacute uma hipoacutetese As hipoacuteteses estrateacutegicas exigem a identificaccedilatildeo
das atividades que se constituem nos vetores (ou lead indicators) dos resultados
almejados (lag indicators)
- A estrateacutegia consiste em temas estrateacutegicos complementares Tipicamente se
relacionam com os processos de negoacutecio internos
- A estrateacutegia equilibra forccedilas contraditoacuterias Na perspectiva financeira a
estrateacutegia se ramifica em duas vertentes justapostas e complementares
crescimento da receita e produtividade
- A estrateacutegia descreve uma proposiccedilatildeo de valor diferenciada conexatildeo dos
processos internos com a melhoria dos resultados para os clientes e segmentaccedilatildeo
do mercado
- A estrateacutegia alinha as atividades internas com a proposiccedilatildeo de valor
alinhamento das atividades internas com a proposiccedilatildeo de valor para o cliente
- A estrateacutegia transforma os ativos intangiacuteveis definidos na perspectiva de
aprendizado e crescimento em trecircs categorias competecircncias estrateacutegicas
tecnologias estrateacutegicas e clima para a accedilatildeo
Segundo Kaplan e Norton (2004) as proposiccedilotildees de valor nas respectivas
perspectivas do BSC seratildeo completamente diferentes para empresas que adotam
diferentes estrateacutegias Nenhuma organizaccedilatildeo tem condiccedilotildees de ser excelente em
todas e em cada uma das perspectivas do BSC
Aleacutem disso complementam os idealizadores do BSC os processos internos
diferem em grau de prioridade dependendo da estrateacutegia Por exemplo uma
empresa cuja estrateacutegia seja a de lideranccedila do produto enfatizaraacute os processos de
inovaccedilatildeo ao passo que outra organizaccedilatildeo que se baseie no baixo custo destacaraacute
os processos de gestatildeo operacional
81
Define-se neste estudo a estrateacutegia como os procedimentos que a
organizaccedilatildeo segue com a finalidade de alcanccedilar os seus propoacutesitos visatildeo e missatildeo
valores e princiacutepios os quais representam o pensamento estrateacutegico organizacional
O planejamento estrateacutegico eacute o processo o design que define a forma de
conceber e implementar a estrateacutegia organizacional O BSC eacute um sistema gerencial
de execuccedilatildeo da estrateacutegia incorporado ao processo de planejamento estrateacutegico da
organizaccedilatildeo
33222 A evoluccedilatildeo da Estrateacutegia do enfoque tradicional ao contemporacircneo
Dos estudos iniciais sobre estrateacutegia destaca-se os estudos de Drucker
(1954) Chandler (1962) Ansoff (1965) e Ackoff (1974) Na escola de
posicionamento ressalta-se os estudos de Porter (1991) e a abordagem do Boston
Consulting Group (BSG) com sua matriz de crescimento da participaccedilatildeo Na escola
de aprendizado salientam-se os estudos de Argyris (1978) e Senge (1990) e Nonaka
(1991) Na estrateacutegia com base nas competecircncias essenciais destacam-se os
trabalhos de Quinn (1992) Hamel e Prahalad (1994) Rumet (1994)
Mintzberg Ahlstrand e Lampel (2000 pp 269-270) ao procederem a uma
reflexatildeo criacutetica sobre as escolas de estrateacutegia argumentam que observam uma
ambiguumlidade consistente (cf quadro 6) A formaccedilatildeo de estrateacutegia eacute um desiacutegnio
arbitraacuterio uma visatildeo intuitiva e um aprendizado intuitivo ela envolve transformaccedilatildeo e
tambeacutem perpetuaccedilatildeo deve envolver cogniccedilatildeo individual e interaccedilatildeo social
cooperaccedilatildeo e conflito incluir anaacutelise antes e programaccedilatildeo depois bem como
negociaccedilatildeo durante
Observa-se que a concepccedilatildeo de estrateacutegia evoluiu com as transformaccedilotildees do
mundo
da era da industrializaccedilatildeo ateacute a era da globalizado da economia Na escola
do design a estrateacutegia era um processo informal Paralelamente a escola de
planejamento introduz um caraacuteter formal e sistemaacutetico E assim sucessivamente
com os avanccedilos da era da informaccedilatildeo e poacutes- informaccedilatildeo foram elaborados novos
arranjos a concepccedilatildeo da estrateacutegia Na escola de conFiguraccedilatildeo a estrateacutegia tem um
enfoque multidimensional A estrateacutegia eacute uma combinaccedilatildeo de vaacuterios elementos
82
ESCOLA CONCEPCcedilAtildeO DA ESTRATEacuteGIA
Escola do Design
Desenvolvida nos anos 60 como um processo de desenho
informal essencialmente de concepccedilatildeo Responsaacutevel pela introduccedilatildeo do SWOT (pontos fortes pontos fracos oportunidades e ameaccedilas)
Escola de Planejamento
Desenvolvida paralelamente nos anos 60 e que teve seu auge
em uma onda de publicaccedilotildees e praacuteticas nos anos 70 Processo formal separado e sistemaacutetico
Escola do Posicionamento
Emergiu nos anos 80 Processo analiacutetico focaliza a seleccedilatildeo de posiccedilotildees estrateacutegicas no mercado
Escola Empreendedora
Processo visionaacuterio associada com espiacuterito empreendedor em Termos da criaccedilatildeo da visatildeo pelo grande liacuteder
Escola Cognitiva
Processo mental entendida como o processo de obtenccedilatildeo do conceito na mente do indiviacuteduo busca usar as mensagens da psicologia cognitiva para entrar na mente do estrategista
Escola de Aprendizado
Processo emergente a estrateacutegia deve emergir em passos curtos agrave medida que a organizaccedilatildeo se adapta ou aprende
Escola do Poder
Processo de negociaccedilatildeo seja por grupos conflitantes dentro de uma organizaccedilatildeo ou pelas proacuteprias organizaccedilotildees enquanto confrontam seus ambientes externos
Escola Cultural
Processo coletivo e cooperativo estando enraizada na cultura da organizaccedilatildeo
Escola Ambiental
Processo reativo na qual a iniciativa natildeo estaacute dentro da organizaccedilatildeo mas em seu contexto externo Assim sendo eles procuram compreender as pressotildees impostas sobre as organizaccedilotildees
Escola de ConFiguraccedilatildeo
Processo de transformaccedilatildeo Eacute uma combinaccedilatildeo das outras escolas agrupa vaacuterios elementos o processo de formulaccedilatildeo de estrateacutegias o conteuacutedo das mesmas estruturas organizacionais e seus contextos
Quadro 6-As escolas da estrateacutegia Elaborado com base em Mintzberg Ahlstrand e Lampel (2000)
Morgan (1996) seguindo a mesma linha de pensamento apresenta uma
visatildeo multidimensional das organizaccedilotildees ao propor o uso de metaacuteforas para
entender o caraacuteter complexo e paradoxal da vida organizacional (cf quadro nordm 7)
Segundo Morgan (1996) sucessivamente cada metaacutefora possui sua proacutepria
injunccedilatildeo ou direccedilatildeo ou seja um modelo de compreensatildeo sugere um modelo de
accedilatildeo Observa-se uma inter-relaccedilatildeo entre as metaacuteforas organizacionais e as escolas
de estrateacutegia
O uso de metaacuteforas nos permite refletir sobre as muacuteltiplas faces de uma
organizaccedilatildeo As distintas escolas de estrateacutegia apresenta as vaacuterias dimensotildees na
concepccedilatildeo da estrateacutegia organizacional O modelo mental da organizaccedilatildeo iraacute definir
a metaacutefora e a respectiva concepccedilatildeo estrateacutegica preponderante
83
Metaacutefora Tipo de Abordagem
Maacutequina Mecanicista Ecircnfase na eficiecircncia e no controle As partes se interligam cada uma desempenhando um papel claramente definido no funcionamento do todo
Orgacircnica Flexibilidade ao ambiente
Ceacuterebro Planejamento para facilitar a aprendizagem e inovaccedilatildeo
Cultura Organizaccedilotildees como um lugar onde residem ideacuteias valores normas rituais e crenccedilas socialmente construiacutedas
Poliacutetica Interesses conflitos e jogos de poder moldam as atividades organizacionais
Prisatildeo psiacutequica
O modelo de gestatildeo organizacional tem impliacutecito os desejos inconsciente de seus gestores
Fluxo e
Transformaccedilatildeo
O universo se encontra em constante transformaccedilatildeo incorporando tanto caracteriacutesticas de permanecircncia quanto de mudanccedila Mostra como eacute possiacutevel influenciar a mudanccedila
Dominaccedilatildeo Revela como a essecircncia da organizaccedilatildeo repousa sobre um processo de dominaccedilatildeo em que certas pessoas impotildeem os seus desejos sobre outras
Quadro 7 Metaacuteforas da Organizaccedilatildeo Fonte Morgan (1996)
Porter (2004) ao realizar uma anaacutelise sobre a gestatildeo estrateacutegica de negoacutecios
no Brasil destaca como ponto positivo o espiacuterito empreendedor criativo dos
administradores brasileiros No entanto aponta alguns problemas de poliacutetica
macroeconocircmica do paiacutes (governo) e microeconocircmica (empresas) que afetam a
produtividade no ambiente de negoacutecios dentre as quais destaca-se
_ A ausecircncia de co-responsabilidade das empresasgovernouniversidades pelas
poliacuteticas econocircmicas A ausecircncia de um processo interativo que promova a
colaboraccedilatildeo entre setor privado universidades e ONGs bem como nos diversos
niacuteveis de governo nacional estadual e local
_ A falta de capacidade das empresas de criar tecnologia proacutepria mais avanccedilada
interfere no aumento de produtividade e no baixo iacutendice de inovaccedilatildeo nos negoacutecios
do paiacutes
_ A necessidade de uma massa criacutetica que forme clusters grupo de empresas
localizadas numa aacuterea geograacutefica relativamente pequena apoiando-se
mutuamente como um elemento central da produtividade no sentido
microeconocircmico
84
_ A ausecircncia de um sistema educacional de qualidade matildeo de obra capacitada
institutos de pesquisa que repercutem na fraacutegil infra-estrutura fiacutesica teacutecnica e
cientiacutefica do paiacutes
_ Maior responsabilidade dos governos locais (estaduais) pela poliacutetica econocircmica
do paiacutes e autonomia nos niacuteveis inferiores (empresas)
Verifica-se na anaacutelise de Porter (2004) que o autor de forma impliacutecita
argumenta que a cultura imperativa de um paiacutes pode determinar a qualidade a
produtividade e competitividade do ambiente empresarial
Ohmae (1996) ratifica esta ideacuteia ao expor que as empresas tradicionalmente
exibem formatos distintos de acordo com a cultura imperativa de seus paiacuteses As
empresas americanas impulsionam-se pelo senso de propriedade trabalham pela
maximizaccedilatildeo dos lucros dos acionistas As empresas japonesas primam pelo
relacionamento visam a maior participaccedilatildeo das pessoas e a interaccedilatildeo familiar e as
alematildes dirigem-se pelo contrato social mostram-se conscientes com questotildees
ambientais e de responsabilidade social
Considera-se que os estudos de Porter realmente desempenham um papel
significativo principalmente no campo da anaacutelise da posiccedilatildeo estrateacutegica competitiva
no mercado No entanto cabe tambeacutem destacar a importacircncia da linha de estudo de
Henry Mintzberg Peter Senge entre outros autores os quais concebem a estrateacutegia
como um processo intuitivo fruto de padrotildees emergentes advindos do conhecimento
taacutecito impliacutecito no sistema
Julga-se relevante a diversidade de diferentes correntes de estudo sobre
estrateacutegia Estudos prescritivos descritivos reflexivos sob a forma de distintas
abordagens modelos ferramentas e teacutecnicas Constata-se que as mesmas
possuem caracteriacutesticas duais e ambiacuteguas no entanto a percepccedilatildeo do investigador
pode trabalhar as distintas visotildees de forma dialoacutegica e complementar
Segundo Cusumano e Markides (2002 p12) o pensamento estrateacutegico eficaz eacute um
processo que exige questionamentos constantes e grande criatividade na
abordagem dos problemas Assim formular corretamente as perguntas eacute
85
geralmente mais importante do que encontrar uma soluccedilatildeo Ver uma questatildeo de
diferentes acircngulos em geral eacute mais produtivo do que coletar e analisar uma
quantidade ilimitada de dados A experimentaccedilatildeo de novas ideacuteias muitas vezes eacute
mais importante do que a anaacutelise e a discussatildeo criacuteticas
Ainda de acordo com Cusumano e Markides (2002 pp18-19) o alicerce da
atividade de uma empresa eacute um novo contrato moral com os funcionaacuterios e a
sociedade substituindo a exploraccedilatildeo paternalista e a apropriaccedilatildeo de valor pela
empregabilidade e a criaccedilatildeo de valor em uma relaccedilatildeo em que os destinos satildeo
compartilhados Os conceitos de estrateacutegia estrutura e sistema que definiam a
essecircncia do papel da gerecircncia datildeo lugar aos conceitos de propoacutesito processo e
pessoas
Constata-se que houve uma mudanccedila progressiva na concepccedilatildeo da
estrateacutegia de uma perspectiva mecanicista previsiacutevel e linear onde o planejamento
estrateacutegico tinha por base objetivos e metas bem definidas e quantificaacuteveis para uma
visatildeo sistecircmica cujas caracteriacutesticas baacutesicas satildeo a imprevisibilidade e a natildeo
lineariedade Os estudos sobre gestatildeo estrateacutegica organizacional tecircm se apropriado
dos fundamentos dos sistemas dinacircmicos natildeo lineares determiacutenisticos e natildeo
determiniacutesticos para adequar-se agraves constantes mudanccedilas da era da
imprevisibilidade
Neste estudo focaliza-se a abordagem quacircntica agrave estrateacutegia sob os
fundamentos das ciecircncias da complexidade constitui a base conceptual da
modelagem adaptativa proposta neste estudo ao BSC a qual seraacute apresentada no
capiacutetulo quatro deste estudo A abordagem quacircntica agrave estrateacutegia agrega o
ponderaacutevel mensuraacutevel deliberado ao imensuraacutevel imprevisiacutevel e natildeo linear de
forma dual e complementar estaacute impliacutecita nas seguintes ciecircncias da complexidade
fiacutesica quacircntica teoria dos sistemas autopoieacuteticos teoria do caos e teoria da
complexidade
O quadro 8 apresenta uma siacutentese das inferecircncias sobre o pensamento
estrateacutegico A visatildeo missatildeo valores fatores criacuteticos de sucesso e a estrateacutegia
constituem o pensamento estrateacutegico da organizaccedilatildeo Alguns estudiosos
86
fundamentam o pensamento estrateacutegico com base nas perspectiva dos acionistas
outros sob a oacutetica dos acionistas e clientes No entanto os autores que seguem um
pensamento estrateacutegico dentro de uma corrente de estudos da linha
contemporacircnea o concebem a partir dos propoacutesitos e valores impliacutecitos no sistema
organizacional
Unidades de Anaacutelise
Material analisado Autores e ano Inferecircncias A Estrateacutegia em
Accedilatildeo Kaplan e Norton
(1997) Visatildeo e estrateacutegia Acionistas e Clientes
Organizaccedilatildeo Orientada
Para a estrateacutegia
Kaplan e Norton (2000)
Missatildeo Valores Visatildeo e Estrateacutegia Alinhamento objetivos e propoacutesitos pessoais e organizacionais
Mapas Estrateacutegicos Kaplan e Norton (2004)
MissatildeoValores Visatildeo e Estrateacutegia Alinhamento objetivos e propoacutesitos pessoais e organizacionais
Condutores da Performance
Olve Roy e Wetter (2001)
Visatildeo Missatildeo e Fatores Criacuteticos de sucesso Alinhamento objetivos membros da organizaccedilatildeo
PENSAMENTO ESTRATEacuteGICO
Cenaacuterio Balanceado Campos (1998)
Visatildeo Missatildeo e Fatores Criacuteticos de sucesso Liacuteder principal
Quadro 8 Siacutentese das Inferecircncias do Pensamento Estrateacutegico
Observando-se o quadro 7 constata-se que Kaplan e Norton (1997) parte do
pensamento estrateacutegico dos acionistas e clientes Campos (1998) o concebem a
partir da visatildeo do liacuteder principal Olve Roy Wetter (2001) Kaplan e Norton (2000
2004) buscam consolidar o pensamento estrateacutegico a partir dos propoacutesitos valores
e princiacutepios dos membros da organizaccedilatildeo por meio do alinhamento dos objetivos
pessoais e corporativos Verifica-se que o pensamento estrateacutegico evolui da visatildeo e
missatildeo previamente formulada pela cuacutepula da organizaccedilatildeo tendo como prioridade
os objetivos financeiros dos acionistas e satisfaccedilatildeo dos clientes para um enfoque
sistecircmico
O pensamento estrateacutegico organizacional contemporacircneo prioriza a dimensatildeo
humana ou seja agrave visatildeo e missatildeo da organizaccedilatildeo satildeo incorporados os propoacutesitos
princiacutepios e valores dos colaboradores O pensamento estrateacutegico organizacional
87
consolida-se pelo alinhamento dos propoacutesitos princiacutepios e valores do sistema
organizacional
333 PERSPECTIVAS
Kaplan e Norton (1997 2000 2004) propotildeem quatro perspectivas baacutesicas
financeira clientes processos internos aprendizado e crescimento como
referenciais No entanto relatam que cada organizaccedilatildeo deve escolher as
perspectivas de acordo com a sua identidade estrateacutegica
3331 Financeira
Segundo Kaplan e Norton (1997 2004) os objetivos e medidas financeiros
precisam desempenhar um papel duplo definir o desempenho financeiro esperado
da estrateacutegia e servir de meta principal para os objetivos e medidas de todas as
outras perspectivas do scorecard O desempenho financeiro indicador de resultado
(lag indicator) eacute o criteacuterio definitivo do sucesso da organizaccedilatildeo A estrateacutegia
descreve como a organizaccedilatildeo pretende promover o crescimento de valor sustentaacutevel
para os acionistas
Kaplan e Norton (1997 pp50-52) aduzem que os objetivos financeiros
podem diferir consideravelmente em cada fase do ciclo de vida de uma empresa
crescimento sustentaccedilatildeo e colheita As empresas que estatildeo nos primeiros estaacutegios
de desenvolvimento ou divisam oportunidades de crescimento extremamente raacutepido
enfatizaratildeo objetivos e indicadores da estrateacutegia de crescimento da receita As
empresas mais proacuteximas da maturidade no ciclo de vida enfatizaratildeo os componentes
de reduccedilatildeo de custos e utilizaccedilatildeo de ativos por serem poucas as oportunidades
para a descoberta de novos clientes ou de expansatildeo para novos mercados
No entanto ressaltam que a maioria das empresas se encontra no meio do
ciclo de vida e portanto adotam uma estrateacutegia de crescimento rentaacutevel que exige
o equiliacutebrio das contribuiccedilotildees proporcionadas pelas abordagens de crescimento da
receita de um lado e de reduccedilatildeo de custos e produtividade de outro Essas
empresas apresentaratildeo um equiliacutebrio de indicadores entre as duas estrateacutegias
financeiras geneacutericas
88
Segundo Kaplan e Norton (2000 2004) a conexatildeo com a estrateacutegia na
perspectiva financeira decorre da opccedilatildeo das organizaccedilotildees pelo equiliacutebrio entre as
forccedilas contraditoacuterias do crescimento e da produtividade Ao abordarem a perspectiva
financeira sob o enfoque natildeo linear e dinacircmico colocam que a justaposiccedilatildeo das
estrateacutegias (produtividade versus crescimento) eacute motivo frequumlente de fracasso
estrateacutegico As organizaccedilotildees se confundem com as contradiccedilotildees aparentes e
retrocedem ao comportamento unidimensional
No entanto advertem os idealizadores do meacutetodo o BSC possibilita que a
empresa defina e esclareccedila essas contradiccedilotildees conscientizando a organizaccedilatildeo
quanto aos trade-offs decorrentes e gerencie com eficaacutecia e visibilidade ao longo da
cadeia de valor interna O scorecard fornece o meio de comunicaccedilatildeo para a nova e
mais complexa estrateacutegia financeira
Complementam Kaplan e Norton (2004 p 12) que o ponto de partida da
descriccedilatildeo da estrateacutegia eacute equilibrar e articular os objetivos financeiros de curto prazo
de reduccedilatildeo de custos e de melhoria da produtividade com os objetivos de longo
prazo de aumento lucrativo da receita
Segundo Maholland e Muetz (2002 p 1) a perspectiva financeira inclui
medidas tradicionais de desempenho financeiro Esta perspectiva estaacute inserida no
BSC porque medidas financeiras apesar do foco de curto prazo satildeo um inestimaacutevel
monitor para avaliar se a estrateacutegia implementaccedilatildeo e execuccedilatildeo estatildeo contribuindo
para o melhoramento bottom-line Aplicado ao setor puacuteblico o melhoramento
bottom-line refere-se as condiccedilotildees financeiras do governo e ateacute que ponto isto
efetivamente lidera as preocupaccedilotildees que o constituem
ROCHA (2002) ao estudar a contribuiccedilatildeo da perspectiva financeira do
Balanced Scorecard para a gestatildeo econocircmica das pequenas e meacutedias empresas
argumenta que eacute necessaacuterio que a empresa natildeo esteja direcionada para mediccedilatildeo de
resultado com base na lucratividade mas sim na rentabilidade e ainda que a
gestatildeo natildeo esteja direcionada por medidas de desempenho base lucro (curto prazo)
mas de agregaccedilatildeo de valor (longo prazo)
89
Ainda recomenda Rocha (2002) que a nomenclatura adequada deveria ser
perspectiva econocircmica porque o objetivo natildeo eacute medir o lucro mas o retorno sobre o
investimento Os objetivos e medidas da perspectiva financeira devem estar de
acordo com a estrateacutegia da empresa e para tanto a visatildeo sistecircmica deve ser
adotada para permitir a visualizaccedilatildeo da empresa como um todo e das suas
unidades de negoacutecio auferindo um maior grau de confiabilidade nas informaccedilotildees
O autor supra citado conclui sua visatildeo advertindo que aleacutem da perspectiva
econocircmica as outras perspectivas do BSC do cliente dos processos internos do
aprendizado e crescimento devem ser visualizadas em conjunto para uma
compreensatildeo da real situaccedilatildeo como um todo e da contribuiccedilatildeo da perspectiva
financeira para a gestatildeo econocircmica
3332 Clientes
De acordo com Kaplan e Norton (1997 p26) na perspectiva do cliente aleacutem
de medidas essenciais de resultado (satisfaccedilatildeo retenccedilatildeo de clientes participaccedilatildeo
em contas nos segmentos-alvo lucratividade e aquisiccedilatildeo de novos clientes)
tambeacutem deve incluir medidas especiacuteficas das propostas de valor que a empresa
ofereceraacute aos clientes Os vetores dos resultados essenciais para os clientes satildeo os
fatores criacuteticos para que os clientes mudem ou permaneccedilam fieacuteis a seus
fornecedores
Campos (1998 p 42 49) seguindo a mesma linha de pensamento aduz que
a estrateacutegia deve indicar quem satildeo os clientes e como a organizaccedilatildeo cria valor para
eles ou que imagem as pessoas que trabalham na organizaccedilatildeo devem ter de seus
clientes respondendo as seguintes perguntas o que distingue a nossa contribuiccedilatildeo
da dos nossos concorrentes Quem satildeo os nossos clientes qual eacute o principal valor
que podemos oferecer e que desejamos seja percebido pelos nossos clientes
Para Olve Roy e Wetter (2001 pp 66 - 67) essa perspectiva descreve as
formas nas quais o valor deve ser criado para os clientes como a demanda do
cliente por esse valor deve ser satisfeita e o motivo pelo qual o cliente vai querer
90
pagar por ele Portanto os processos internos e os esforccedilos de desenvolvimento da
companhia devem ser orientados por essa perspectiva
Segundo Maholland e Muetz (2002 p 1) na perspectiva dos clientes as
organizaccedilotildees determinam quem satildeo seus clientes e identifica suas respectivas
necessidades Esta anaacutelise fornece a informaccedilatildeo necessaacuteria para guiar serviccedilos
para especiacuteficos grupos de clientes de forma a satisfazer suas necessidades
especiacuteficas Esta perspectiva eacute particularmente importante para governos os quais
satildeo possuidores pelos clientes (constituintes) em lugar dos acionistas
De acordo com Kaplan e Norton (1997) Campos (1998 pp 88-89) as
medidas que agregam valor para o cliente satildeo englobadas em trecircs categorias
atributos dos produtos ou serviccedilos relacionamento com os clientes imagem e
reputaccedilatildeo
Por outro lado Campos (1998 p50) adverte que existe uma diferenccedila
impactante entre os verbos satisfazer e reter Satisfazer significa agradar contentar
e cumprir requisitos Reter vai mais longe implica segurar manter conservar e natildeo
deixar escapar no caso os clientes
Para Campos (1998 p 67) o processo de ouvir a voz do cliente deve ser
contiacutenuo e de preferecircncia com base nos contatos pessoais ou pelo menos
personalizados As organizaccedilotildees devem tambeacutem ouvir clientes potenciais e os
colaboradores para trazer agrave superfiacutecie valores que por vezes natildeo satildeo evidenciados
nos contatos com os clientes
Silva (2001) sugere o uso do meacutetodo Quality Function Deployment (QFD)
para conectar a estrateacutegia direcionada ao cliente com a agilizaccedilatildeo do processo
organizacional priorizando as necessidades dos clientes Destaca como um fator
positivo na utilizaccedilatildeo do meacutetodo QFD a possibilidade da seleccedilatildeo de indicadores de
desempenho do BSC a partir das informaccedilotildees provindas diretamente dos clientes
as quais satildeo desdobradas de acordo com os objetivos econocircmicos
91
Segundo Kaplan e Norton (2000 pp 98-99) a essecircncia de qualquer
estrateacutegia de negoacutecio
a conexatildeo dos processos internos da empresa agrave melhoria
dos resultados para os clientes
eacute a proposiccedilatildeo de valor apresentada aos clientes
Articulada com clareza fornece o alvo fundamental em que devem concentrar-se os
temas estrateacutegicos os processos de negoacutecio internos e a infra-estrutura da
organizaccedilatildeo
Kaplan e Norton (2000 p100) observam que diferentes aspectos da
proposiccedilatildeo de valor adquirem maior importacircncia dependendo da estrateacutegia
- As empresas que adotam uma estrateacutegia de excelecircncia operacional precisam ser
excelentes em indicadores de preccedilo competitivo qualidade percebida pelo cliente
tempo de processamento e pontualidade na entrega
- As empresas que optam por uma estrateacutegia de lideranccedila do produto devem ser
notaacuteveis quanto agrave funcionalidade caracteriacutesticas e desempenho de seus produtos e
serviccedilos
- E as empresas que seguem uma estrateacutegia de intimidade com o cliente
enfatizaratildeo a qualidade do relacionamento com os usuaacuterios de seus produtos e
serviccedilos e a inteireza de suas soluccedilotildees
Kaplan e Norton (2004 p 45 grifo nosso) propotildeem a adoccedilatildeo de uma
estrateacutegia geneacuterica de proposiccedilatildeo de valor para o cliente chamada aprisionamento
(lock-in) a qual consiste na criaccedilatildeo de altos custos de troca para os clientes
Constata-se que a perspectiva dos clientes envolve objetivos estrateacutegicos e
medidas que agregam valor ao cliente o que significa a busca da satisfaccedilatildeo das
necessidades e desejos dos clientes de forma contiacutenua No entanto cabe lembrar
que com as mudanccedilas raacutepidas advindas do mundo globalizado do avanccedilo da
tecnologia exige das organizaccedilotildees a reavaliaccedilatildeo continua do que agrega valor para
o cliente Isto envolve monitorar constantemente as mudanccedilas raacutepidas nos padrotildees
de comportamento dos clientes visando atender os seus desejos e necessidades e
identificar clientes potenciais
92
3333 Processos Internos
Segundo Kaplan e Norton (1997 p97) Campos (1998 p 91) Olve Roy e
Wetter (2001 p 67) nesta perspectiva os executivos identificam os processos mais
criacuteticos para a realizaccedilatildeo dos objetivos dos clientes e acionistas
Segundo Kaplan e Norton (2000 p 103) a arte de desenvolver uma
estrateacutegia bem-sucedida e sustentaacutevel consiste em assegurar o alinhamento entre
as atividades internas da organizaccedilatildeo e a proposiccedilatildeo de valor para o cliente As
atividades de uma organizaccedilatildeo estatildeo incorporadas nos processos internos que
compotildeem sua cadeia de valor
De acordo com Kaplan e Norton (2004 p 7) os processos internos criam e
cumprem a proposiccedilatildeo de valor para os clientes O desempenho dos processos
internos eacute um indicador de tendecircncia de melhoria que teratildeo impacto junto aos
clientes e nos resultados financeiros
Por outro lado Kaplan e Norton (2000 p105) ressaltam que tambeacutem eacute
possiacutevel identificar dois novos interessados na perspectiva dos processos internos
os fornecedores e o puacuteblico
que agraves vezes satildeo importantes para a estrateacutegia
Quando consideraccedilotildees de natureza regulamentaria e as referentes ao meio
ambiente sauacutede e seguranccedila satildeo vitais para o ecircxito da estrateacutegia as empresas
incluem em vaacuterios objetivos no tema estrateacutegico bom cidadatildeo corporativo na
perspectiva interna
Kaplan e Norton (1997) e Campos (1998) argumentam que as empresas
podem adaptar agrave sua perspectiva de melhoria dos processos internos os seguintes
procedimentos metodoloacutegicos inovaccedilatildeo operaccedilatildeo e serviccedilo apoacutes a venda
Kaplan e Norton (2004 p 12) inovam a perspectiva dos processos internos
ao apresentar uma nomenclatura que a classifica em quatro grupamentos
_ Gestatildeo operacional produccedilatildeo e entrega de produtos e serviccedilos aos clientes
_ Gestatildeo de clientes estabelecimento e alavancagem dos relacionamentos com
os clientes
93
_ Inovaccedilatildeo desenvolvimento de novos produtos serviccedilos processos e
relacionamentos
_ Regulatoacuterio e social conformidade com as expectativas reguladoras e sociais e
desenvolvimento de comunidades mais fortes
Para Kaplan e Norton (2004 p 49) as empresas gerenciam e divulgam seu
desempenho regulatoacuterio e social ao longo de vaacuterias dimensotildees criacuteticas meio
ambiente seguranccedila e sauacutede praacuteticas trabalhistas e investimentos na comunidade
Todas essas conexotildees
com os objetivos de recursos humanos de operaccedilotildees de
clientes e de financcedilas
ilustram como a gestatildeo eficaz do desempenho regulatoacuterio e
social eacute capaz de impulsionar a criaccedilatildeo de valor para os acionistas no longo prazo
Segundo Kaplan e Norton (2004 pp 49-50) na perspectiva interna os
gerentes identificam os processos mais importantes para as suas estrateacutegias Os
poucos processos estrateacutegicos criacuteticos geralmente satildeo agrupados em temas
estrateacutegicos que satildeo os pilares sobre os quais se executa a estrateacutegia
Deduz-se pelo exposto que o mapeamento adequado dos processos criacuteticos
que representam a cadeia de valor da unidade estrateacutegica de negoacutecios eacute um
aspecto relevante para a consecuccedilatildeo da estrateacutegia sob a perspectiva dos processos
internos sob a oacutetica da eficaacutecia efetividade e eficiecircncia operacional
3334 Aprendizado e Crescimento
Segundo Kaplan e Norton (1997 p29) esta perspectiva identifica a infra-
estrutura que a empresa deve construir para gerar crescimento e melhoria em longo
prazo Proveacutem de trecircs fontes principais
- Pessoas medidas baseadas nos funcionaacuterios incluem uma combinaccedilatildeo de
medidas geneacutericas de resultado- satisfaccedilatildeo retenccedilatildeo treinamento e habilidades dos
funcionaacuterios com vetores especiacuteficos dessas medidas geneacutericas
- Sistemas a capacidade dos sistemas de informaccedilatildeo pode ser medida pela
disponibilidade em tempo real para os funcionaacuterios que se encontram na linha de
94
frente da accedilatildeo e tomada de decisotildees de informaccedilotildees relevantes e precisas sobre
clientes e processos internos
- Procedimentos organizacionais podem examinar o alinhamento dos incentivos
aos funcionaacuterios com os fatores globais de sucesso organizacional e os iacutendices de
melhoria dos processos criacuteticos internos ou voltados para clientes
Complementam Kaplan e Norton (2000 p106) a estrateacutegia de aprendizado e
crescimento define os ativos intangiacuteveis necessaacuterios ao desempenho das atividades
organizacionais e dos relacionamentos com os clientes em niacuteveis de qualidade cada
vez mais elevados e envolve trecircs principais categorias
1 Competecircncias estrateacutegicas - habilidades e conhecimentos estrateacutegicos
indispensaacuteveis para que a forccedila de trabalho tenha condiccedilotildees de reforccedilar a
estrateacutegia
2 Tecnologias estrateacutegicas
sistemas de informaccedilatildeo bancos de dados
ferramentas e redes imprescindiacuteveis agrave implementaccedilatildeo da estrateacutegia
3 Clima para a accedilatildeo mudanccedilas culturais necessaacuterias agrave motivaccedilatildeo capacitaccedilatildeo e
alinhamento da forccedila de trabalho em apoio agrave estrateacutegia
De acordo com Maholland e Muetz (2002 p 2 ) a perspectiva de
aprendizado e crescimento reconhece que a organizaccedilatildeo pode buscar somente um
niacutevel de eficiecircncia e eficaacutecia que eacute proporcional com os seus empregados
Organizaccedilotildees devem ter empregados qualificados e instruiacutedos (capacitados)para
realizar sua missatildeo e estrateacutegia dentro da realidade Esta perspectiva ressalta a
importacircncia de adaptaccedilatildeo dos empregados para um contiacutenuo ambiente de mudanccedila
no trabalho
Segundo Kaplan e Norton (2000 p 108) a perspectiva de aprendizado e
crescimento eacute inserida na base do scorecard porque constitui os alicerces de tudo
que se ergue acima cujas iniciativas satildeo os vetores mais importantes dos resultados
da estrateacutegia
Para Campos (1998 p 96) a perspectiva de aprendizado e crescimento aleacutem
da capacidade dos colaboradores e a efetividade dos sistemas de informaccedilatildeo
incluem a motivaccedilatildeo energizaccedilatildeo e orientaccedilatildeo dos colaboradores
95
Segundo Olve Roy e Wetter (2001 p 70) na perspectiva de aprendizagem e
crescimento a companhia deveraacute decidir sobre as competecircncias essenciais que a
companhia deve cultivar como base para o desenvolvimento futuro como tambeacutem
teraacute que determinar como obter o know-how que precisaraacute em aacutereas que decidiu natildeo
ter competecircncias essenciais
Kaplan e Norton (2004 p 13) inovam a perspectiva de aprendizado e
crescimento do BSC ao classificar os ativos intangiacuteveis em trecircs categorias
_ Capital humano habilidades talento e conhecimento dos empregados
_ Capital da informaccedilatildeo banco de dados sistemas de informaccedilatildeo redes e infra-
estrutura tecnoloacutegica
_ Capital organizacional cultura lideranccedila alinhamento dos empregados
trabalho em equipe e gestatildeo do conhecimento
Kaplan e Norton (2004) apresentam um modelo para a mensuraccedilatildeo dos
ativos intangiacuteveis os quais convertem-se em resultados tangiacuteveis (aumento da
receita ou reduccedilatildeo dos custos) quando apoacuteiam diretamente a estrateacutegia Introduzem
o conceito de prontidatildeo estrateacutegia como meio de descrever o grau de preparaccedilatildeo
dos ativos intangiacuteveis para suportar a estrateacutegia da organizaccedilatildeo A prontidatildeo eacute
definida como a extensatildeo em que um ativo intangiacutevel atende agraves necessidades da
estrateacutegia
Kaplan e Norton (2004) apresentam trecircs abordagens baacutesicas para avaliar o
grau de prontidatildeo dos ativos intangiacuteveis
- Funccedilotildees estrateacutegicas que alinham o capital humano com os temas
estrateacutegicos
- Portfoacutelio estrateacutegico de TI que alinha o capital da informaccedilatildeo com os temas
estrateacutegicos
- Agenda de mudanccedilas organizacionais que integra e alinha o capital
organizacional para o aprendizado e a melhoria contiacutenua dos temas estrateacutegicos
Para Maholland e Muetz (2002 p 2 ) organizaccedilotildees devem ter empregados
qualificados e instruiacutedos (capacitados) para realizar sua missatildeo e estrateacutegia dentro
96
da realidade Esta perspectiva ressalta a importacircncia de adaptaccedilatildeo dos empregados
para um contiacutenuo ambiente de mudanccedila no trabalho
Segundo Kaplan e Norton (2004 p 7) os ativos intangiacuteveis satildeo a fonte
definitiva de criaccedilatildeo de valor sustentaacutevel Os objetivos de aprendizado e crescimento
descrevem como pessoas tecnologia e clima organizacional se conjugam para
sustentar a estrateacutegia As melhorias nos resultados de aprendizado e crescimento
satildeo indicadores de tendecircncia para os processos internos clientes e desempenho
financeiro
O quadro 9 apresenta uma siacutentese da anaacutelise das inferecircncias sobre as
perspectivas
Unidades de Anaacutelise
Material analisado Autores e ano Inferecircncias
A Estrateacutegia em Accedilatildeo
Kaplan e Norton (1997)
Quatro perspectivas baacutesicas
Organizaccedilatildeo Orientada p a estrateacutegia
Kaplan e Norton(2000)
Quatro perspectivas baacutesicas
Cenaacuterio Balanceado Campos (1998) Acrescentam dimensotildees de tempo agraves perspectivas hoje ontem e amanhatilde
Condutores da Performance
Olve Roy e Wetter (2001)
Acrescentam dimensotildees de tempo agraves perspectivas hoje ontem e amanhatilde
PERSPECTIVAS
Mapas Estrateacutegicos Kaplan e Norton (2004)
Quatro perspectivas baacutesicas Inovaccedilotildees nas perspectivas de processos internos e de aprendizado e crescimento
Quadro 9 Siacutentese das Inferecircncias das Perspectivas do BSC
Observa-se que Kaplan e Norton(1997 2000 2004) Campos (1998) Olve
Roy e Wetter (2001) manteacutem as quatro perspectivas baacutesicas como referenciais No
entanto Kaplan e Norton (2004) agregaram relevantes inovaccedilotildees nas perspectivas
de processos internos e de aprendizado e crescimento
Independente da estrateacutegia a ser priorizada pela empresa verifica-se que
todos os processos que integram os objetivos e medidas do scorecard estatildeo inter-
relacionados tornando-se difiacutecil estabelecer prioridade na sequumlecircncia do
desenvolvimento das perspectivas - top-down bem como relaccedilotildees de causa e efeito
mesmo que existam A estrateacutegia geral da organizaccedilatildeo determinaraacute qual a
97
perspectiva preponderante No entanto as constantes mutaccedilotildees da estrateacutegia
reflexos do dinamismo e natildeo linearidade do sistema organizacional pode causar
alternacircncia na priorizaccedilatildeo de uma perspectiva em detrimento das demais
Corroboram Maholland e Muetz (2002 p 2) aduzindo que para cada uma
das quatro perspectivas do BSC as organizaccedilotildees desenvolvem objetivos medidas
metas e iniciativas para guiar sua melhoria contiacutenua Os objetivos representam onde
uma organizaccedilatildeo poderia estar no futuro Medidas representam ateacute que ponto os
objetivos estatildeo sendo realizados Metas satildeo quantificaacuteveis representam os
resultados de desempenho mensuraacuteveis que uma organizaccedilatildeo deseja realizar
dentro de cada objetivo Iniciativas satildeo as estrateacutegias e taacuteticas empregadas por uma
organizaccedilatildeo para aumentar a probabilidade de alcanccedilar as metas especificadas
3335 Objetivos
Segundo Kaplan e Norton (1997 p 25) o Balanced Scorecard traduz missatildeo
e estrateacutegia em objetivos e medidas organizados segundo quatro perspectivas
diferentes financeira do cliente dos processos internos e do aprendizado e
crescimento
Olve Roy e Wetter (2001 p 148) acentuam a importacircncia de ambos os
objetivos a curto e longo prazos para cada medida utilizada Os planos de accedilatildeo
resultantes do processo do scorecard devem especificar as pessoas encarregadas e
a estrutura de tempo para alcanccedilar cada medida e seu objetivo correspondente
Segundo Campos (1998 p 99) eacute essencial que todos os objetivos individuais
e organizacionais estejam alinhados com foco nos objetivos da empresa
organizaccedilatildeo ou unidade de negoacutecios Esse processo de desdobramento dos
objetivos corporativos ateacute os niacuteveis menores da companhia tem dois objetivos
principais 1 as metas e objetivos individuais e departamentais assim como os
processos de reconhecimento e recompensa estatildeo alinhados com os objetivos do
negoacutecio 2 a mediccedilatildeo do desempenho passa a ser uma responsabilidade de todos
(superiores pares e subordinados)
98
3336 Indicadores
Segundo Kaplan e Norton (1997 p 25) as medidas devem ser usadas para
articular e comunicar a estrateacutegia da empresa e para ajudar a alinhar iniciativas
individuais organizacionais e interdepartamentais com a finalidade de alcanccedilar uma
meta comum
Complementam Kaplan e Norton (1997 p 32) Um bom Balanced Scorecard
deve conter uma combinaccedilatildeo adequada de resultados (indicadores de fatos) e
vetores de desempenho (indicadores de tendecircncia) da estrateacutegia da unidade de
negoacutecios
De acordo com Olve Roy e Wetter (2001 p 345) as medidas devem sempre
refletir a estrateacutegia particular e os fatores criacuteticos do sucesso de cada companhia
Tanto as medidas de resultado como os condutores da performance podem ser
encontrados entre as medidas
Para Campos (1998 p 124 125) usualmente os sistemas de mediccedilatildeo
falham porque natildeo haacute uma cultura interna que compreenda a necessidade de coletar
estes dados avaliar as alternativas e agir sobre os resultados Eacute fundamental que a
empresa decirc prioridade agrave mobilizaccedilatildeo e sensibilizaccedilatildeo dos colaboradores e haja
coerecircncia de propoacutesitos e accedilotildees na implementaccedilatildeo das mudanccedilas de atitude e
comportamento
Ainda Campos (1998 p153) ressalta que cada organizaccedilatildeo tem um criteacuterio
diferente na escolha das medidas para o Cenaacuterio Balanceado (BSC) Os criteacuterios
tambeacutem podem diferir dependendo de fatores legais poliacuteticos econocircmicos ou
sociais ou da pressatildeo conjuntural do momento que a empresa atravessa
Campos (1998 p 86) aponta que cada uma das medidas a serem incluiacutedas
em qualquer perspectiva do Cenaacuterio Balanceado (BSC) necessita ser avaliada pela
sua relaccedilatildeo de causa e efeito e deve corresponder a um objetivo financeiro que
represente os objetivos estrateacutegicos da unidade de negoacutecios
99
De acordo com Tangen (2003) a escolha de uma teacutecnica satisfatoacuteria de
medida ou coleccedilatildeo de teacutecnicas dependem de vaacuterios fatores incluindo propoacutesito da
medida o niacutevel de detalhe requerido o tempo disponiacutevel para a medida a existecircncia
de avaliaccedilatildeo predeterminada de dados e o custo de medida
O autor supracitado adverte que estaacute claro que enfocar principalmente um
tipo de medida resultaraacute frequumlentemente em sub-otimizaccedilatildeo Um conjunto variado de
medidas iraacute na maioria dos casos dar uma visatildeo do desempenho mais correta e
equilibrada de uma companhia Sugere o uso de medidas financeiras tradicionais
combinadas com medidas natildeo financeiras
Olve Roy e Wetter (2001 p 201) salientam que em uma grande proporccedilatildeo
a situaccedilatildeo e a estrateacutegia determinaratildeo quais medidas satildeo boas Aleacutem disso
haveraacute mais apoio na organizaccedilatildeo para as medidas que tenham surgido atraveacutes de
um processo em vez de adotadas devido agrave recomendaccedilatildeo de especialistas
Ressaltam tambeacutem que as mesmas medidas podem ser uacuteteis para descrever
perspectivas diferentes (aacutereas de foco)
Ainda Olve Roy e Wetter (2001 p 148 198) sugerem alguns criteacuterios uacuteteis
para determinar quais medidas usar
_ As medidas natildeo devem ser ambiacuteguas e devem ser definidas uniformemente em
toda a companhia
_ As medidas usadas tomadas juntamente devem cobrir de modo suficiente os
aspectos do negoacutecio que estatildeo incluiacutedos nas estrateacutegias e nos fatores criacuteticos do
sucesso
_ As medidas usadas nas diferentes perspectivas devem estar conectadas de
maneira clara
_ As medidas devem ser uacuteteis na fixaccedilatildeo dos objetivos considerados realistas por
aqueles responsaacuteveis por alcanccedilaacute-los
_ A mediccedilatildeo deve ser um processo faacutecil sem complicaccedilotildees devendo possibilitar
o emprego das mediccedilotildees em sistemas diferentes como a intranet e o arquivo de
dados da companhia por exemplo
100
Quanto ao nuacutemero adequado de indicadores Kaplan e Norton (2001 p392)
com base na experiecircncia que adquiriram na implementaccedilatildeo do meacutetodo recomendam
a seguinte distribuiccedilatildeo perspectiva financeira
5 indicadores (22) perspectiva do
cliente
5 indicadores (22) perspectiva interna
8 indicadores (34) perspectiva
de aprendizado e crescimento 5 indicadores (22)
De acordo com Campos (1998 p 126) eacute preciso desenvolver medidas de
eficaacutecia (qualidade) eficiecircncia (produtividade) e adaptabilidade (flexibilidade) e
objetivos para todos os processos criacuteticos Para cada perspectiva do Cenaacuterio deve
ser definido um conjunto de 3 a 5 medidas de modo a providenciar uma melhor
indicaccedilatildeo dos progressos
Campos (1998 pp 62-63) apresenta uma alternativa que algumas
organizaccedilotildees implementaram para a adequada visualizaccedilatildeo dos indicadores foi a de
usar de acordo com as caracteriacutesticas da organizaccedilatildeo ou da unidade de negoacutecio os
criteacuterios do Precircmio Nacional de Qualidade (PNQ)
De acordo com o autor supracitado os sete criteacuterios (lideranccedila planejamento
estrateacutegico foco no mercado e no cliente anaacutelise e informaccedilatildeo desenvolvimento e
gestatildeo de pessoas gestatildeo de processos e resultados do negoacutecio) e os vinte itens de
avaliaccedilatildeo dos criteacuterios do PNQ abordam de forma integrada e harmocircnica todos os
aspectos do desempenho competitivo comum a qualquer ramo de negoacutecio
Nas duas primeiras obras de Kaplan e Norton (1987 2000) eram deficientes
em termos de medidas natildeo operacionais Kaplan e Norton (2004) ao propor uma
metodologia para a mensuraccedilatildeo dos ativos intangiacuteveis apresentam um conjunto de
medidas natildeo operacionais os quais Apresentam indicadores contemporacircneos que
integram importantes dimensotildees ambientais relacionados agrave consciecircncia ecoloacutegica
responsabilidade social e econocircmica entre outros
3337 Metas
Segundo Kaplan e Norton (1997 p15) o processo gerencial de planejamento
e estabelecimento de metas permite que a empresa (i) quantifique os resultados
101
pretendidos em longo prazo (ii) identifique mecanismos e forneccedila recursos para que
os resultados sejam alcanccedilados (iii) estabeleccedila referenciais de curto prazo para as
medidas financeiras e natildeo-financeiras do scorecard
Segundo Kaplan e Norton (1997 p 258) como parte do planejamento
integrado e do processo de orccedilamentaccedilatildeo os executivos devem estabelecer metas
de curto prazo para a posiccedilatildeo que esperam ocupar mensal ou trimestralmente nos
indicadores de resultados e vetores de desempenho para clientes e consumidores
inovaccedilatildeo processos operacionais funcionaacuterios sistemas e alinhamento
organizacional
Segundo Kaplan e Norton (2000 p 291) a maioria das organizaccedilotildees utiliza o
orccedilamento como sistema gerencial baacutesico para a definiccedilatildeo de metas alocaccedilatildeo de
recursos e avaliaccedilatildeo do desempenho No entanto mais da metade das empresas
indicaram que seus processos de orccedilamento e avaliaccedilatildeo do desempenho eram
executados separadamente do processo de planejamento estrateacutegico
Observa-se que na gestatildeo tradicional as metas eram estabelecidas com fins
orccedilamentaacuterios As metas definidas no BSC representam a quantificaccedilatildeo dos
objetivos estrateacutegicos estabelecidos em cada perspectiva do scorecard
3338 Iniciativas
De acordo com Campos (1998 p 107) utilizando as medidas do cenaacuterio
balanceado (BSC) como base para a alocaccedilatildeo de recursos e definiccedilatildeo de
prioridades os executivos podem concentrar a sua atenccedilatildeo nas iniciativas que visem
alcanccedilar os objetivos estrateacutegicos em longo prazo sem prejuiacutezo dos objetivos em
curto prazo
Kaplan e Norton (2000 p 306) ao enfatizar a realizaccedilatildeo de programas como
iniciativas estrateacutegicas importantes para a gestatildeo eficaz da estrateacutegia apresentam o
processo de planejamento estrateacutegico do Balanced Scorercard sob um enfoque
prospectivo
102
Estrateacutegia Objetivos Indicadores Metas (distendidas) Programas
Segundo os autores supracitados o processo de planejamento estrateacutegico
deve usar os programas para ajudar as organizaccedilotildees a alcanccedilar os objetivos
estrateacutegicos natildeo como fins em si mesmos
_ Integraccedilatildeo das medidas agrave estrateacutegia por meio de relaccedilotildees de causa e efeito
De acordo com Kaplan e Norton (1997 2000 2004) a integraccedilatildeo das
medidas do BSC agrave estrateacutegia se daacute pelas relaccedilotildees de causa e efeito entre os
objetivos e medidas das perspectivas do scorecard
Para Kaplan e Norton (1997 p155) um scorecard adequadamente elaborado
deve contar a histoacuteria da estrateacutegia da unidade de negoacutecios atraveacutes de uma
sequumlecircncia de relaccedilotildees de causa e efeito O sistema de mensuraccedilatildeo deve explicitar
as relaccedilotildees (hipoacuteteses) entre os objetivos (e as medidas) nas diversas perspectivas
de modo que possam ser gerenciadas e validadas
Segundo Kaplan e Norton (2000 p169) tornando explicitas as hipoacuteteses de
causa e efeito da estrateacutegia os executivos podem testaacute-las e adaptaacute-las agrave medida
que aprendem melhor sua implementaccedilatildeo e eficaacutecia Sem relaccedilotildees explicitas de
causa e efeito natildeo existe aprendizado estrateacutegico
Complementam Kaplan e Norton (2004 p 7) a partir do topo parte-se da
hipoacutetese de que os resultados financeiros soacute seratildeo alcanccedilados se os clientes-alvo
estiverem satisfeitos A proposiccedilatildeo de valor para os clientes descreve como gerar
vendas e aumentar a fidelidade dos clientes-alvo Os processos internos criam e
cumprem a proposiccedilatildeo de valor para os clientes Os ativos intangiacuteveis que
respaldam os processos internos sustentam os pilares da estrateacutegia O alinhamento
dos objetivos nessas quatro perspectivas eacute a chave para a criaccedilatildeo de valor e
portanto para uma estrateacutegia focada e dotada de consistecircncia interna
Segundo Kaplan e Norton (1997 p32) um bom BSC deve tambeacutem conter
uma combinaccedilatildeo de medidas de resultado e vetores de desempenho ou seja deve
103
traduzir a estrateacutegia da unidade de negoacutecios sob a forma de um conjunto articulado
de medidas que definam tanto os objetivos estrateacutegicos de longo prazo quanto os
mecanismos para alcanccedilar esses objetivos
De acordo com Olve Roy e Wetter (2001) sempre eacute enfatizado que devemos
buscar um equiliacutebrio adequado entre os condutores da performance e as medidas de
resultados
em outras palavras entre as medidas que descrevem o que fazemos e
os efeitos obtidos Em um BSC as medidas de resultado estatildeo combinadas com as
medidas que descrevem os recursos gastos ou as atividades realizadas
Constata-se que na abordagem sobre as medidas que integram o BSC vaacuterias
nomenclaturas diferentes satildeo utilizadas com o mesmo significado Medidas de
resultado satildeo utilizadas por Olve Roy e Wetter (2001) jaacute Kaplan e Norton (1997
2001) usam os seguintes - termos ao referir-se as mesmas indicadores de fatos
medidas essenciais de resultado indicadores de ocorrecircncias (lagging indicators) o
termo condutor de performance utilizado por Olve Roy e Wetter (2001) com o
mesmo sentido eacute referenciado por Kaplan e Norton (1997 2001) atraveacutes das
seguintes palavras vetores de desempenho ou indicadores de tendecircncia (leading
indicators)
Afim de buscar uma uniformidade semacircntica nos conceitos que integram o
BSC adotar-se-aacute neste estudo a nomenclatura utilizada pelo Grupo de Engenharia e
Anaacutelise de Valor
GAVprojetos do Programa de Poacutes-graduaccedilatildeo em Engenharia de
Produccedilatildeo da Universidade Federal de Santa Catarina
PPGEPUFSC Ao referir-se
as medidas de resultados utilizar-se-aacute o termo indicador de ocorrecircncia e aos vetores
de desempenho - indicadores de tendecircncia
334 PRINCIacutePIOS DO BSC
Kaplan e Norton (2000) para comunicar descrever mensurar e promover o
aprendizado estrateacutegico de loop duplo elegem cinco princiacutepios baacutesicos
1 - Traduzir a estrateacutegia em termos operacionais
2 - Alinhar a organizaccedilatildeo agrave estrateacutegia
104
3 - Transformar a estrateacutegia em tarefa de todos
4 - Converter a estrateacutegia em processo contiacutenuo
5 - Mobilizar a mudanccedila por meio da lideranccedila executiva
Para traduzir a estrateacutegia em termos operacionais Kaplan e Norton (2000)
adotam o mapa estrateacutegico como uma ferramenta de representaccedilatildeo visual da
arquitetura geneacuterica do BSC (visatildeo e estrateacutegia e perspectivas) O mapa estrateacutegico
representa graficamente as relaccedilotildees de causa e efeito entre as medidas do
scorecard Segundo Kaplan e Norton (2004)para traduzir a estrateacutegia em termos
operacionais eacute necessaacuterio compreende-la
Para Kaplan e Norton (2001 2004) o BSC fornece um novo referencial para a
descriccedilatildeo da estrateacutegia mediante a conexatildeo de ativos intangiacuteveis e tangiacuteveis em
atividades criadoras de valor O mapa estrateacutegico eacute um recurso visual que permite
descrever refletir mensurar a estrateacutegia organizacional
Para alinhar a organizaccedilatildeo agrave estrateacutegia (Kaplan e Norton 2000) adotam uma
abordagem estrateacutegica sistecircmica aduzindo que para que o desempenho
organizacional seja superior agrave soma das partes as estrateacutegias individuais devem ser
conectadas e integradas No entanto ressaltam que tradicionalmente as
organizaccedilotildees satildeo projetadas em torno de especialidades funcionais como financcedilas
fabricaccedilatildeo marketing vendas engenharia e compras formando silos funcionais que
dificultam agrave implementaccedilatildeo da estrateacutegia
Complementam os referidos autores argumentando que para que as
organizaccedilotildees alcancem o maacuteximo de eficaacutecia as estrateacutegias e os scorecards de
todas unidades sejam de negoacutecios diferentes unidades de serviccedilos (ou apoio)
compartilhados devem estar alinhadas e conectadas umas com as outras Estas
unidades formam a arquitetura estrateacutegica da organizaccedilatildeo as quais descrevem
como a organizaccedilatildeo cria sinergias por meio da integraccedilatildeo das atividades de
unidades que do contraacuterio seriam segregadas e independentes
105
Segundo Kaplan e Norton (2000 pp227-228) as organizaccedilotildees focalizadas na
estrateacutegia usam o BSC em trecircs processos diferentes para o alinhamento dos
empregados com a estrateacutegia
_ Comunicaccedilatildeo e educaccedilatildeo
_ Desenvolvimento de objetivos pessoais e de equipes os gerentes devem ajudar
os empregados a estabelecer metas individuais e de equipe compatiacuteveis com o
ecircxito estrateacutegico Euml possiacutevel adaptar os planos de desenvolvimento de pessoas agrave
consecuccedilatildeo desses objetivos
_ Sistemas de incentivos e recompensas representam a conexatildeo entre
desempenho organizacional e recompensas individuais
Segundo Kaplan e Norton (2000 p 230) para transformar a estrateacutegia em
tarefa de todos o processo comeccedila com a educaccedilatildeo (criaccedilatildeo da consciecircncia
estrateacutegica) Natildeo eacute gestatildeo de cima para baixo mas comunicaccedilatildeo do geral para o
particular deixando com os indiviacuteduos a tarefa de descobrir melhores formas de agir
que contribuiratildeo para os objetivos estrateacutegicos da empresa
De acordo com Kaplan e Norton (2000 p231) um programa de comunicaccedilatildeo
do BSC deve possuir os seguintes objetivos
- Promover a compreensatildeo da estrateacutegia em toda a organizaccedilatildeo
- Fazer com que as pessoas comprem a estrateacutegia para apoiaacute-la na
organizaccedilatildeo
- Educar a organizaccedilatildeo sobre o sistema de mensuraccedilatildeo e gerenciamento do
BSC como base de implementaccedilatildeo da estrateacutegia
- Fornecer feedback sobre a estrateacutegia
Para os referidos autores o BSC proporciona aos indiviacuteduos ampla
compreensatildeo da estrateacutegia da empresa e da unidade de negoacutecio explicando onde
cada um se encaixa nos mapas estrateacutegicos da organizaccedilatildeo e como podem
contribuir para os objetivos estrateacutegicos As metas individuais definidas no
referencial do BSC devem ser transfuncionais de longo prazo e estrateacutegicos A
conexatildeo final entre a estrateacutegia de alto niacutevel e as accedilotildees do dia-a-dia ocorrem
quando a empresa interliga os programas de incentivos e recompensas ao BSC
106
Para Kaplan e Norton (2000) o sistema gerencial estrateacutegico de loop duplo
fornece as bases para a conversatildeo da estrateacutegia em processo contiacutenuo O processo
de gerenciamento da estrateacutegia eacute de loop duplo quando integra o gerenciamento
taacutetico (orccedilamentos financeiros e avaliaccedilotildees mensais) e o gerenciamento estrateacutegico
em um uacutenico processo ininterrupto e contiacutenuo
Para Dezerega (2003 p2) eacute extraordinariamente importante realizar
periodicamente sessotildees de aprendizagem estrateacutegica de loop duplo Permite
analisar e entender a situaccedilatildeo (presente e passado externo e interno) projetar e
fazer ajustes estrateacutegicos potentes e apropriados (especificando custos duraccedilotildees e
impactos) como tambeacutem desenhar e ajustar em consequumlecircncia - as posiccedilotildees
estrateacutegicas os planos estrateacutegicos os BSCs etc
Kaplan e Norton (2001 p 293) enfatizam a importacircncia de conectar
orccedilamento e estrateacutegias para que a empresa possa converter a estrateacutegia de alto
niacutevel em orccedilamento de operaccedilotildees locais A maioria dos gerentes tambeacutem usa o
orccedilamento como ferramenta para a revisatildeo e avaliaccedilatildeo do desempenho
Prosseguem os autores supracitados aduzindo que a anaacutelise estatiacutestica
permite que os gerentes estimem relaccedilotildees histoacutericas entre os indicadores do BSC e
estabeleccedilam a validade das relaccedilotildees causais no mapa estrateacutegico O passo
seguinte eacute usar as relaccedilotildees causais para prever a trajetoacuteria futura da estrateacutegia
Kaplan e Norton (2000) para estimular o aprendizado estrateacutegico
recomendam que as reuniotildees gerenciais destinadas agrave comparaccedilatildeo do desempenho
real com as metas orccedilamentaacuterias sejam conduzidas de modo a estimular o
aprendizado a soluccedilatildeo de problemas e a adaptaccedilatildeo e natildeo para controlar e manter
o desempenho na trajetoacuteria definida durante o processo orccedilamentaacuterio Essas
reuniotildees interativas estimulam os gerentes a aderir a metas distendidas mais difiacuteceis
e a ser mais francos e diretos nas propostas de iniciativas estrateacutegicas
Kaplan e Norton (2000 grifo nosso) ao destacarem a importacircncia da
mobilizaccedilatildeo da mudanccedila por meio da lideranccedila executiva argumentam que se as
107
pessoas do topo da organizaccedilatildeo natildeo atuarem como liacutederes vibrantes do processo
as mudanccedilas natildeo ocorreratildeo e a estrateacutegia natildeo seraacute implementada
A mudanccedila ocorre em duas fases mobilizaccedilatildeo e governanccedila A mobilizaccedilatildeo
esclarece porque a mudanccedila eacute necessaacuteria com o intuito de descongelar a
organizaccedilatildeo Apoacutes a deflagraccedilatildeo da mudanccedila os executivos estabelecem um
processo de governanccedila para orientar a transiccedilatildeo O processo define demonstra e
reforccedila os novos valores culturais da organizaccedilatildeo e exige como elemento relevante
o rompimento com as tradicionais estruturas de poder
O mapa estrateacutegico ao constituir-se como uma representaccedilatildeo graacutefica do
Balanced Scorecard reflete a abordagem conceptual do meacutetodo Portanto
naturalmente reflete a concepccedilatildeo do seu modelo geneacuterico ou seja o
desdobramento da estrateacutegia por meio de perspectivas interligadas por meio de
relaccedilotildees de causa e efeito entre os seus respectivos objetivos e medidas
O quadro 10 apresenta a siacutentese das inferecircncias dos princiacutepios do Balanced Scorecard
Unidades de Anaacutelise
Material analisado Autores e ano Inferecircncias
PRINCIPIOS Organizaccedilatildeo Orientada
para a estrateacutegia Kaplan e Norton (2001)
Primeiros insights para a operacionalizaccedilatildeo da estrateacutegia dentro de uma visatildeo sistecircmica dinacircmica e natildeo linear Ecircnfase no alinhamento e aprendizado estrateacutegico Inovaccedilatildeo mapa estrateacutegico
Quadro 10 Siacutentese das Inferecircncias dos princiacutepios do BSC
Verifica-se que os princiacutepios das organizaccedilotildees orientadas para a estrateacutegia
visam consolidar o BSC como um programa de mudanccedila ao mobilizar a organizaccedilatildeo
para a mudanccedila promover um aprendizado estrateacutegico de loop duplo o alinhamento
de objetivos e metas individuais com os objetivos e metas do BSC
108
335 MAPA ESTRATEacuteGICO DO BSC
O mapa estrateacutegico foi criado inicialmente com o objetivo de descrever a
estrateacutegia e permitir a sua compreensatildeo Kaplan e Norton (2004) transformam o
mapa estrateacutegico em uma ferramenta gerencial tatildeo importante quanto o proacuteprio
BSC Permite descrever mensurar os ativos tangiacuteveis e intangiacuteveis bem como
compreender e refletir continuamente sobre a estrateacutegia organizacional O recurso
visual do mapa estrateacutegico ao permitir uma melhor compreensatildeo da estrateacutegia
incentiva a criaccedilatildeo da consciecircncia estrateacutegica na organizaccedilatildeo
Segundo Kaplan e Norton (2000 p 81) o mapa estrateacutegico do BSC explicita
a hipoacutetese da estrateacutegia Cada indicador do BSC se converte em parte integrante de
uma cadeia loacutegica de causa e efeito que conecta os resultados almejados da
estrateacutegia com os vetores que induziratildeo a essas consequumlecircncias
Kaplan e Norton (2000 p108) apresentam um padratildeo geneacuterico para o
desenvolvimento do mapa estrateacutegico ilustrado na Figura 7 Observa-se que o mapa
estrateacutegico especifica as relaccedilotildees de causa e efeito entre os temas estrateacutegicos
objetivos e medidas traduzidas nas quatro perspectivas do scorecard Kaplan e
Norton (2000 2004) sugerem a adoccedilatildeo do modelo padratildeo para o desenvolvimento
de mapa estrateacutegicos geneacutericos para diferentes setores e diferentes tipos de
estrateacutegia
Os idealizadores do BSC argumentam que o padratildeo ainda eacute uacutetil para analisar
ou fazer a engenharia reversa do scorecard existente Assim seria possiacutevel comeccedilar
com o scorecard reverter a loacutegica e deduzir a estrateacutegia Da experiecircncia da
implementaccedilatildeo do mapa estrateacutegico na empresa Mobil relatam que ao aplicar o
padratildeo aos scorecards das SBUs a equipe executiva da Mobil foi capaz de
identificar lacunas na estrateacutegia em implementaccedilatildeo nos niacuteveis mais baixos da
organizaccedilatildeo e assegurar que as estrateacutegias de alto niacutevel efetivamente se refletiam
nos scorecards locais
109
Figura 7 Descriccedilatildeo da Estrateacutegia Mapa estrateacutegico do Balanced Scorecard Fonte Kaplan e Norton (2000 p 109)
Kaplan e Norton (2004 p375) apontam trecircs ingredientes que devem ser
agregados ao mapa estrateacutegico para criar a dinacircmica da estrateacutegia
1 Quantificar estabelecer metas e validar as relaccedilotildees de causa e efeito no mapa
estrateacutegico
2 Definir o horizonte de tempo determinar como os temas estrateacutegicos criaratildeo
valor a curto meacutedio e longo prazos de modo a promover processos equilibrados e
sustentaacuteveis de criaccedilatildeo de valor
3 Selecionar iniciativas selecionar os investimentos estrateacutegicos e os programas
de accedilatildeo que capacitaratildeo a organizaccedilatildeo a alcanccedilar o desempenho almejado nos
prazos programados
Por outro lado Fernandes (2002 p2) ao examinar as relaccedilotildees de causa e
efeito no mapa estrateacutegico do BSC alega que o desdobramento da estrateacutegia
PerspectivaFinanceira
Novas fontes de Receita Rentabilidade dos Clientes Custo por unidade Utilizaccedilatildeo do Ativo
Melhorar o Valor para os Acionistas
Estrateacutegia de Crescimento da Receita Estrateacutegia de Produtividade
Construir a franquia Aumentar o Valorpara os Clientes
Melhorar a Estruturade Custos
Melhorar aUtilizaccedilatildeo do Ativo
Perspectivado Cliente
Conquista de Clientes Retenccedilatildeo de Clientes
LIDERANCcedilA DO PRODUTO
INTIMIDADE COM O CLIENTE
PROPOSICcedilAtildeO DE VALOR PARA O CLIENTE EXCELEcircNCIA OPERACIONAL
Preccedilo Qualidade Tempo
Atributos do Produto Serviccedilo
Funcionalidade Serviccedilos
Relacionamento
Relacionamentos Marca
Imagem
Satisfaccedilatildeo do Cliente
PerspectivaInterna
Construir a Franquia (Processos de Inovaccedilatildeo)
Aumentar o Valor para oCliente
(Processos de Gerenciamento do Cliente)
Atingir a Excelecircncia Operacional (Processos Operacionais)
Ser Bom Cidadatildeo Corporativo (Processos Reguladores e Ambientais)
Perspectiva deAprendizado eCrescimento
Forccedila de Trabalho Motivada e Preparada
COMPETEcircNCIAS ESTRATEacuteGICAS TECNOLOGIAS ESTRATEacuteGICAS CLIMA PARA A ACcedilAtildeO
110
comunica os objetivos estrateacutegicos de uma forma linear e estaacutetica ou seja o
desdobramento causal das quatro perspectivas por se desenvolver em um soacute
sentido desconsidera os efeitos circulares dos feedbacks e delays (tempo de
espera) da estrateacutegia e tem consequumlecircncias fundamentais natildeo soacute para o aprendizado
estrateacutegico mas sobretudo para a consecuccedilatildeo de uma estrateacutegia sustentaacutevel a
longo prazo
Prossegue Fernandes (2002 p35) argumentando que ao contraacuterio do que eacute
formulado pela Teoria das Restriccedilotildees de Goldratt (1997) os desdobramentos
apresentados pelo BSC natildeo evidenciam nenhum efeito indesejaacutevel ou restriccedilatildeo ou
seja parte da premissa de que os melhores ganhos ou qualquer consecuccedilatildeo dos
objetivos satildeo livres de ocircnus sistecircmicos tais como disponibilidade de capital
financeiro eou intelectual estrutura organizacional interesses trade-offs entre
objetivos ou o efeito do tempo
Dessa forma adverte o autor supracitado usando a modelagem unidirecional
do BSC as hipoacuteteses do desdobramento da estrateacutegia satildeo comunicadas somente
pelo lado positivo desconsiderando os efeitos negativos das relaccedilotildees de causa e
efeito a estrateacutegia pode funcionar bem a curto prazo porque desconsidera as
restriccedilotildees do sistema que podem criar prejuiacutezos depois de algum tempo Com o
objetivo de preencher estas lacunas apresenta uma modelagem alternativa para a
construccedilatildeo dos mapas estrateacutegicos baseada numa estrutura natildeo linear onde a
dinacircmica de sistemas (DS) deve ser incorporada ao BSC Esta proposiccedilatildeo tem a
finalidade de permitir que os construtores da estrateacutegia possam desenvolver um
modelo coletivo que opere a interdependecircncia dinacircmica das variaacuteveis estrateacutegicas
Fernandes (2002) propotildee assim desenvolver e comunicar um mapa
estrateacutegico com uma representaccedilatildeo dinacircmica (objetivos e indicadores com conexotildees
causa-efeito circulares ou sejam natildeo lineares) e multidimensional (objetivos e
indicadores nas vaacuterias dimensotildees do negoacutecio) que incorpore a dimensatildeo do tempo
pelos delays
Aleacutem da preocupaccedilatildeo pertinente de Fernandes (2002) constata-se que os
proacuteprios autores do meacutetodo admitem esta deficiecircncia no mapa estrateacutegico Ao
111
sugerirem o emprego de meacutetodos analiacuteticos no processo de experimentaccedilatildeo e
adaptaccedilatildeo da estrateacutegia relatam a experiecircncia de um empresa cuja preocupaccedilatildeo
em tornar o mapa estrateacutegico mais dinacircmico desenvolveu um modelo dinacircmico de
simulaccedilatildeo
Kaplan e Norton (2000 pp 323-324) relatam o caso do Grupo Bal que
construiu um modelo do negoacutecio que usava uma linguagem de software de
dinacircmica de sistemas conforme jaacute relatado anteriormente no capiacutetulo 1 na seccedilatildeo
referente agraves lacunas do meacutetodo
Segundo os autores supracitados o modelo de simulaccedilatildeo desenvolvido para
o Grupo Bal era mais detalhado do que o BSC exigindo de 100 a 200 variaacuteveis
inclusive muitas variaacuteveis operacionais natildeo apenas variaacuteveis de alto niacutevel O modelo
tambeacutem quantificava as magnitudes e as defasagens entre as mudanccedilas em
determinada variaacutevel indutora e os efeitos daiacute decorrentes em variaacuteveis de resultado
aleacutem de incorporar loops de feedback entre os indicadores e perspectivas
Segundo Kaplan e Norton (2004) o mapa estrateacutegico passou a se constituir
em uma ferramenta tatildeo importante quanto o proacuteprio BSC) O quadro 11apresenta
uma siacutentese das inferecircncias do mapa estrateacutegico do BSC
Unidades de
Anaacutelise
Material analisado Autores e ano
Inferecircncias
Organizaccedilatildeo Orientada
para a estrateacutegia
Kaplan e
Norton (2001)
Representaccedilatildeo graacutefica do
BSC que explicita a hipoacutetese
da estrateacutegia
Mapa Estrateacutegico
Mapas Estrateacutegicos Kaplan e
Norton (2004)
Ferramenta visual da
estrateacutegia que permite
compreender refletir
descrever e mensurar os
ativos tangiacuteveis e intangiacuteveis
Quadro 11 Siacutentese das Inferecircncias do Mapa estrateacutegico
O mapa estrateacutegico ao constituir-se como uma representaccedilatildeo graacutefica do BSC
reflete a abordagem conceptual do meacutetodo Portanto naturalmente reflete a
concepccedilatildeo do seu modelo geneacuterico ou seja o desdobramento da estrateacutegia por
112
meio das relaccedilotildees de causa e efeito entre as perspectivas Infere-se que apesar das
inovaccedilotildees introduzidas no mapa estrateacutegico do BSC ainda manteacutem o seu modelo
geneacuterico inicial ou seja trajetoacuteria unidirecional natildeo descreve os fatores restritivos
que podem abalar o sucesso da estrateacutegia
336 PROCESSSO DE CONSTRUCcedilAtildeO DO BSC
A literatura apresenta modelos e metodologias diferenciadas para o processo
de construccedilatildeo do BSC Os proacuteprios autores do meacutetodo apresentam distintas
maneiras de construir o BSC evidenciadas nas experiecircncias de aplicaccedilotildees relatadas
em suas obras A estrateacutegia em accedilatildeo (1997) Organizaccedilatildeo orientada para a
Estrateacutegia e Mapas estrateacutegicos (2004)
Para Kaplan e Norton (1997 pp307-308) o primeiro BSC da empresa pode
ser construiacutedo atraveacutes de um processo sistemaacutetico que busque consenso e clareza
sobre como traduzir a missatildeo e a estrateacutegia da unidade de negoacutecios em objetivos e
medidas operacionais Sem o apoio e a participaccedilatildeo ativa dos altos executivos o
projeto do scorecard natildeo deve ser iniciado
Kaplan e Norton (1997 pp 308-324) descrevem duas decisotildees importantes a serem
tomadas no processo de construccedilatildeo do BSC
- Estabelecimento de objetivos para o Programa do BSC
- Definiccedilatildeo dos participantes
Segundo os referidos autores os objetivos do programa serviratildeo para
orientar o estabelecimento de objetivos e medidas para o scorecard obter o
consenso entre os participantes do projeto esclarecer a estrutura para os processos
de gestatildeo e de implementaccedilatildeo que decorrem da construccedilatildeo do primeiro scorecard
No entanto advertem que os objetivos iniciais do projeto natildeo devem restringir a
ampliaccedilatildeo do seu uso O papel do scorecard poderaacute crescer e se ampliar durante a
implementaccedilatildeo Alcanccedilado o consenso em relaccedilatildeo aos objetivos e ao papel futuro
do BSC a organizaccedilatildeo deveraacute selecionar a pessoa que atuaraacute como arquiteto ou
liacuteder do projeto para o scorecard
O arquiteto desempenharaacute as seguintes funccedilotildees no scorecard
113
_ Seraacute responsaacutevel pela sua organizaccedilatildeo pela filosofia e metodologia do
projeto e desenvolvimento do scorecard
_ Precisa engajar os clientes (alta administraccedilatildeo) no processo de
desenvolvimento os quais assumiratildeo a propriedade final do scorecard e lideraratildeo os
processos gerenciais associados agrave sua utilizaccedilatildeo
_ Orienta o processo supervisiona o cronograma de reuniotildees e entrevistas
garante agrave equipe de projeto a disponibilidade de documentaccedilatildeo material de leitura e
informaccedilotildees competitivas e de mercado e em geral serve para manter o processo
no rumo certo e dentro do prazo
_ Durante a fase de facilitaccedilatildeo da construccedilatildeo do scorecard deve gerenciar
um processo cognitivo analiacutetico
traduzindo opiniotildees subjetivas e geneacutericas sobre
as estrateacutegias e intenccedilotildees em objetivos expliacutecitos e mensuraacuteveis
e um processo
interpessoal ateacute mesmo emocional de formaccedilatildeo de equipe e resoluccedilatildeo de conflitos
Segundo Olve Roy e Wetter (2001 p 47) ao decidir-se sobre a escolha da
unidade apropriada para implementaccedilatildeo do BSC deve-se levar em conta a
dimensatildeo da companhia Em uma companhia menor provavelmente seja melhor
criar um scorecard para toda a organizaccedilatildeo enquanto em uma companhia maior
eou grupo da corporaccedilatildeo talvez seja mais adequado comeccedilar com um ou dois
projetos-piloto
Olve Roy e Wetter (2001 pp 48 49) argumentam que o fator tempo de
implementaccedilatildeo pode variar dependendo em certa extensatildeo do tamanho e da
situaccedilatildeo da companhia Em uma companhia menor o projeto pode ser completado
em seis meses na melhor das hipoacuteteses enquanto se a organizaccedilatildeo ou situaccedilatildeo
forem mais complexas podem ser precisos vaacuterios anos antes que toda a companhia
tenha sido coberta
De acordo com Kaplan e Norton (1997 p39) o BSC eacute basicamente um
mecanismo para a implementaccedilatildeo da estrateacutegia natildeo para sua formulaccedilatildeo podendo
se adaptar a qualquer que seja a abordagem para a formulaccedilatildeo da estrateacutegia
comeccedilando pela perspectiva do cliente ou pela excelecircncia das capacidades dos
processos internos por exemplo
114
Por outro lado Kaplan e Norton (2000 pp 388-389) advertem que as
organizaccedilotildees natildeo precisam adiar o desenvolvimento do scorecard ateacute que tenham
atingido o consenso sobre a estrateacutegia Euml possiacutevel usar o proacuteprio processo de
construccedilatildeo do scorecard como mecanismo de um processo simultacircneo de
formulaccedilatildeo da estrateacutegia
O quadro 12 apresenta as etapas do processo de construccedilatildeo do BSC
segundo Kaplan e Norton
Etapas Tarefas Tarefa 1 Selecionar a Unidade Organizacional Adequada
I Definiccedilatildeo da Arquitetura De Indicadores Tarefa 2 Identificar as Relaccedilotildees entre a Unidade de Negoacutecios e a
Corporaccedilatildeo
Tarefa 3 Realizar a Primeira Seacuterie de Entrevistas
Tarefa 4 Sessatildeo de Siacutentese
II O Consenso em Funccedilatildeo dos Objetivos Estrateacutegicos
Tarefa 5 Workshop Executivo Primeira Etapa
Tarefa 6 Reuniotildees dos Subgrupos
Tarefa 7 Workshop Executivo Segunda Etapa
Tarefa 8 Desenvolver o Plano de Implementaccedilatildeo
Tarefa 9 Workshop Executivo Terceira Etapa
III Escolha e Elaboraccedilatildeo Dos Indicadores
Tarefa 10 Finalizar o Plano de Implementaccedilatildeo
Quadro 12 Etapas do processo de implementaccedilatildeo do BSC segundo Kaplan e Norton Fonte Adaptado de Kaplan e Norton (1997)
Kaplan e Norton (2000 p 371) expotildeem que a abordagem geneacuterica para o
desenvolvimento do BSC continua sendo a mesma utilizada quando da sua criaccedilatildeo
em 1996 No entanto com base em experiecircncias dos uacuteltimos cinco anos e com
novos padrotildees aplicaacuteveis a estrateacutegias e a setores especiacuteficos hoje eacute possiacutevel
reduzir em 50 ou mais as 16 semanas de duraccedilatildeo meacutedia do processo de
implementaccedilatildeo
A seguir ilustra-se o processo de construccedilatildeo do BSC com a incorporaccedilatildeo dos
princiacutepios da organizaccedilatildeo orientada para a estrateacutegia com o caso da Mobil North
America Marketing and Refining (NAMampR)
Kaplan e Norton (2000 pp 39-74) descrevem como a Mobil (NAMampR)
implementou com ecircxito uma estrateacutegia que exigia expressivo reposicionamento no
115
mercado e ao mesmo tempo de reduccedilotildees de custo e melhorias operacionais
substanciais atraveacutes dos cinco princiacutepios da organizaccedilatildeo focalizada na estrateacutegia
_ Traduzir a estrateacutegia em termos operacionais
O processo comeccedila com a descriccedilatildeo de um BSC que descreva e comunique
a estrateacutegia A Mobil desenvolveu a estrateacutegia de crescimento e diferenciaccedilatildeo em
dois enfoques
- Reduzir custos e melhorar a produtividade em toda a cadeira de valor
- Gerar maiores volumes de venda de produtos e serviccedilos com preccedilos mais altos
Na perspectiva financeira ilustram a adoccedilatildeo de uma estrateacutegia financeira
complexa e paradoxal com a justaposiccedilatildeo de duas estrateacutegias contrastantes
(produtividade versus crescimento)
Na Perspectiva dos Clientes a estrateacutegia de crescimento da Mobil
compreender o cliente envolvia um circulo virtuoso por meio de indicadores
interligados A motivaccedilatildeo dos revendedores independentes redundava grande
experiecircncia de compra para os consumidores atraindo parcelas crescentes dos
clientes almejados Daiacute decorria o aumento da receita que alimentava a estrateacutegia
financeira da empresa
Observa-se na estrateacutegia da Mobil sob a perspectiva do cliente a evoluccedilatildeo do
sistema por meio de um feedback coevolucionaacuterio pelo alinhamento dos objetivos
compartilhados da Mobil revendedores independentes e consumidores
Na Perspectiva dos Processos de Negoacutecio Internos a Mobil seguiu uma
estrateacutegia de excelecircncia operacional em seus processos produtivos baacutesicos Os
objetivos e indicadores dos processos de negoacutecio internos da Mobil respaldavam
tanto a estrateacutegia diferenciada em relaccedilatildeo aos consumidores e revendedores como
os objetivos financeiros de reduccedilatildeo de custos e aumento da produtividade
O relato acima ratifica a visatildeo de interdependecircncia entre as medidas
defendida por Norreklit (1999) ao inveacutes de relaccedilotildees de causa e feito evidenciadas
116
por meio da constataccedilatildeo de relaccedilotildees de interconectividade e redundacircncia entre os
objetivos e medidas do scorecard
Na Perspectiva de Aprendizado e Crescimento com a adoccedilatildeo da estrateacutegia
habilidades e motivaccedilatildeo dos empregados e o papel da tecnologia de informaccedilatildeo a
Mobil identificou trecircs objetivos estrateacutegicos competecircncias e habilidades essenciais
acesso agrave informaccedilatildeo estrateacutegica e envolvimento organizacional
Apoacutes a especificaccedilatildeo da perspectiva de aprendizado e crescimento a Mobil
completara o primeiro dos cinco processos de criaccedilatildeo da organizaccedilatildeo focalizada na
estrateacutegia ao traduzir sua visatildeo e estrateacutegia num conjunto de objetivos e
indicadores nas quatro perspectivas A situaccedilatildeo se resumia por meio de um mapa
estrateacutegico que retratava graficamente as relaccedilotildees de causa e efeito entre os
objetivos e indicadores do scorecard
_Alinhar a organizaccedilatildeo agrave estrateacutegia
Como parte de sua nova estrateacutegia de foco no cliente a Mobil dissolveu sua
organizaccedilatildeo funcional centralizada e criou 18 unidades de negoacutecio geograacuteficas
capazes de reagir de maneira diferenciada agraves condiccedilotildees dos mercados locais da
empresa
Aleacutem disso as funccedilotildees de apoio ateacute entatildeo centralizadas foram convertidas
em 14 unidades de serviccedilo compartilhado que deveriam vender serviccedilos `as
unidades de negoacutecio locais mediante acordo preacutevio sobre preccedilos e niacuteveis de
serviccedilo
O scorecard da divisatildeo definiu os grandes objetivos comuns para toda a
organizaccedilatildeo os quais foram difundidos e incluiacutedos nos scorecards das diferentes
unidades de negoacutecio Cada uma das 18 unidades de negoacutecios geograacuteficas
traduziram sua estrateacutegia no respectivo Balanced Scorecard Os 18 scorecards
foram adaptados agraves circunstacircncias locais e concorrentes oportunidades de
mercados e processos criacuteticos
117
O BSC se tornou o mecanismo tanto para criar a consciecircncia e as habilidades
estrateacutegicas entre os novos gerentes de unidade como para alinhar as estrateacutegias
das unidades descentralizadas umas com as outras e com a da respectiva divisatildeo
Nesse processo as estrateacutegias de todas as unidades organizacionais se
tornaram alinhadas de modo que o impacto cumulativo de cada unidade com bom
desempenho era reforccedilado pelas accedilotildees de todas as demais unidades
Verifica-se novamente neste segundo princiacutepio uma abordagem sistecircmica
por meio de relaccedilotildees de interconectividade e redundacircncia entre a unidades de
negoacutecios e as unidades de serviccedilo compartilhado
As organizaccedilotildees tradicionais utilizam a cadeia de comando hieraacuterquica para
induzir agrave base os objetivos de alto niacutevel de modo a se converterem em sub-objetivos
de cada unidade de negoacutecio Neste caso eacute comum tais objetivos serem expressos
apenas em termos financeiros No entanto quando as unidades de negoacutecio e de
serviccedilo compartilhado desenvolvem BSCs conectados ao scorecard da corporaccedilatildeo
a integraccedilatildeo eacute o produto dos temas estrateacutegicos comuns
_ Transformar a estrateacutegia em tarefa de todos
A equipe executiva da Mobil enfrentou o desafio de converter uma
organizaccedilatildeo tradicionalmente introspectiva em outra com o foco no cliente externo
O scorecard era a ferramenta que convertia a estrateacutegia do topo em accedilotildees
operacionais da base nas linhas de frente e na retaguarda dos escritoacuterios onde a
estrateacutegia deve ser efetivamente implementada
Quando os empregados compreenderam com clareza os objetivos
estrateacutegicos e a proposiccedilatildeo de valor para os consumidores e revendedores iniciou-
se um fluxo de sugestotildees e ideacuteias inovadoras dos empregados da linha de frente
(motoristas de caminhatildeo) e tecnoacutelogos que contribuiacuteram para o sucesso da
estrateacutegia
118
Este terceiro princiacutepio exige comunicaccedilatildeo fixaccedilatildeo de metas pessoais e elos
com os incentivos financeiros Quando implementado com ecircxito todos os indiviacuteduos
convertem a estrateacutegia em tarefa cotidiana
-Converter a estrateacutegia em processo contiacutenuo
Depois do lanccedilamento do scorecard divisional a equipe de lideranccedila
executiva da Mobil o revisava e atualizava anualmente a fim de refletir as novas
oportunidades e as novas condiccedilotildees competitivas
O BSC fornecia a agenda para as reuniotildees gerenciais em que se realizavam
o feedback e aprendizado estrateacutegico a partir de discussotildees estimulantes e
desafiadoras sobre se a organizaccedilatildeo devia permanecer em sua trajetoacuteria ou se a
ocorrecircncia de novas ideacuteias e de novas ameaccedilas ou oportunidades exigia desvios no
curso estrateacutegico Nessas organizaccedilotildees a estrateacutegia eacute um processo contiacutenuo e natildeo
um evento anual
- Mobilizar a lideranccedila para a mudanccedila
Os liacutederes executivos desempenharam papeacuteis fundamentais na divulgaccedilatildeo da
nova estrateacutegia e do BSC em toda a organizaccedilatildeo concebendo novos sistemas de
remuneraccedilatildeo vinculados ao scorecard e reformulando os processos de planejamento
e orccedilamento para respaldar a estrateacutegia Aleacutem disso revigoravam a estrateacutegia e o
scorecard em todas oportunidades sobretudo nas reuniotildees pessoais com gerentes
e empregados
O processo de construccedilatildeo do BSC proposto por Campos (1998 pp 110)
constitui-se de trecircs etapas sintetizadas no quadro 13
119
ETAPA 1 Definiccedilatildeo da diretriz de ordem superior
Descriccedilatildeo Integraccedilatildeo da visatildeo do liacuteder principal com a missatildeo do negoacutecio e seus fatores
criacuteticos de sucesso
Procedimentos e Teacutecnicas Utilizadas Reuniatildeo do dia D onde o executivo principal e seus
assessores definem as caracteriacutesticas da organizaccedilatildeo e redigem um documento com as
premissas de organizaccedilatildeo do processo de gestatildeo pela qualidade no negoacutecio da empresa - a
ETAPA 2 Definiccedilatildeo dos objetivos a meacutedio prazo
Descriccedilatildeo Satildeo os fatores criacuteticos de sucesso os quais descrevem tudo o que natildeo pode deixar
de acontecer em no maacuteximo 18 meses a 24 meses para que a missatildeo aconteccedila
Normalmente fazem parte dos objetivos anuais da Organizaccedilatildeo
Procedimentos teacutecnicas utilizadas Devem ser definidas medidas (no miacutenimo 4 indicadores) ou
indicadores de desempenho para cada um dos fatores criacuteticos de sucesso (FCS) nas diferentes
perspectivas do Cenaacuterio Balanceado Este trabalho deve ser realizado por Times
ETAPA 3 Para cada fator criacutetico de sucesso eacute criado um Time de Trabalho Autodirigido (TTA)
Descriccedilatildeo os times enfocam apenas um objetivo estrateacutegico especiacutefico Os FCS devem fazer
parte dos objetivos anuais de negoacutecio por isso eacute necessaacuterio que os times desenvolvam planos
de accedilatildeo especiacuteficos para desdobraacute-los
Procedimentos teacutecnicas Utilizadas Para subsidiar a implementaccedilatildeo dos planos de accedilotildees satildeo
utilizadas duas teacutecnicas Ciclo PDCA de Deming e5W2H
Quadro 13 Etapas do processo de construccedilatildeo do BSC proposto por Campos Adaptado de CAMPOS (1998)
Walter e Kliemann Neto (2000 p6) inspirados no trabalho de Kaplan e
Norton (1997) Olve Roy e Wetter (1999) e Campos (1998) propotildeem uma
metodologia de elaboraccedilatildeo do BSC dividida em trecircs etapas (cf quadro 14)
CONHECIMENTO DA ORGANIZACcedilAtildeO E PREPARACcedilAtildeO DO PROCESSO DE DISCUSSAtildeO
1)Definir a UEN e identificar suas caracteriacutesticas 2)Estabelecer o consenso entre a alta administraccedilatildeo
ELABORACcedilAtildeO
1)Estabelecer as perspectivas e os objetivos estrateacutegicos 2)Estabelecer indicadores 3)Obter consenso sobre o BSC preliminar e formular metas de superaccedilatildeo 4)Formular planos de accedilatildeo
PREPARACcedilAtildeO DA IMPLANTACcedilAtildeO 1)Aprovaccedilatildeo final
2)Implantaccedilatildeo progressiva
Quadro 14Etapas do processo de elaboraccedilatildeo do projeto e preparaccedilatildeo da implementaccedilatildeo do BSC Fonte Walter e Kliemann Neto (2000 p 6)
120
O quadro 15 apresenta a siacutentese das inferecircncias do processo de construccedilatildeo
do BSC
Unidades de Anaacutelise
Material analisado Autores e ano Inferecircncias
A Estrateacutegia em Accedilatildeo Kaplan e Norton (1997) Muito longo top-down
Organizaccedilatildeo Orientada
para a estrateacutegia Kaplan e Norton (2000)
Processo de Construccedilatildeo mais dinacircmico e natildeo linear Incorporaccedilatildeo dos princiacutepios
Mapas Estrateacutegicos Kaplan e Norton (2004)
Introduz modelos e indicadores ambientais de mediccedilatildeo dos ativos intangiacuteveis regulatoacuterios sociais e econocircmicos
Condutores da Performance
Olve Roy e Wetter (2001)
Inclui algumas teacutecnicas na anaacutelise ambiental estrateacutegica Modelo FFOA entre outros
PROCESSO DE CONSTRUCcedilAtildeO
Cenaacuterio Balanceado Campos (1998)
Inclui ferramentas Ciclo De Deming e 5W2H
Quadro 15 Siacutentese das Inferecircncias do processo de construccedilatildeo do BSC
Observa-se que inicialmente o processo de implementaccedilatildeo do BSC era muito
longo (Kaplan e Norton (1997) Com as experiecircncias sucessivas de aplicaccedilotildees do
BSC foi aperfeiccediloado o plano de aplicaccedilatildeo reduzindo o tempo de aplicaccedilatildeo pela
metade Com as dificuldades que os idealizadores do BSC tiveram na sua
implementaccedilatildeo as quais se constituem em obstaacuteculos a sua eficaacutecia (problemas de
transiccedilatildeo processo e projeto) Visando sanar tais dificuldades e incorporar a gestatildeo
da mudanccedila ao BSC foram introduzidos no plano de execuccedilatildeo os princiacutepios da
organizaccedilatildeo focalizada na estrateacutegia (Kaplan e Norton 2000)
Campos (1998 p112) ao descrever o processo de construccedilatildeo do BSC adota
uma sistemaacutetica semelhante de Olve Roy e Wetter (2001) ao utilizar os fatores
criacuteticos de Sucesso No entanto o diferencial apresentado por Campos (1998) no
processo de construccedilatildeo satildeo as ferramentas da qualidade sugeridas para a
implementaccedilatildeo dos planos estrateacutegicos ciclo PDCA de Deming e a ferramenta
5W2H bem como no processo de mediccedilatildeo a incorporaccedilatildeo ao BSC de indicadores
de qualidade de produtividade de flexibilidade e de negoacutecios
Olve Roy e Wetter (2001 p57) ao procederem a anaacutelise ambiental
estrateacutegica sugerem os seguintes modelos modelo FFOA (ForccedilasFraquezas
OportunidadesAmeaccedilas) desenvolvido por Andrews (1980) modelo de Cinco
121
forccedilas competitivas (Porter 1981) Modelo baseado na anaacutelise de recursos
(Wernerfelt 1984 Barney 1991 Collis amp Montgomery 1995) modelo baseado nas
competecircncias essenciais
desenvolvido no iniacutecio dos anos 90 por Hamel e
Prahalad (1994) e outros
No entanto os autores supracitados ao evoluiacuterem sua visatildeo sobre a gestatildeo
estrateacutegica organizacional abandonam a noccedilatildeo de que eacute factiacutevel preparar planos
estrateacutegicos de longa extensatildeo detalhados Em contraponto argumentam sobre a
necessidade de criar condiccedilotildees que favoreccedilam o desenvolvimento do pensamento
estrateacutegico em uma companhia o qual deveraacute orientar as decisotildees e accedilotildees
especiacuteficas diaacuterias de forma dinacircmica e determinada
Observa-se que as metodologias de elaboraccedilatildeo do BSC Kaplan e Norton
(1997) Kaplan e Norton (2000) Campos (1998) e Olve Roy e Wetter (2001)
apresentam algumas variaccedilotildees que parece relacionar-se com o modelo mental dos
referidos autores ou seja a visatildeo estrateacutegica organizacional impliacutecita nos seus
modelos Destaca-se que a Mobil ao incorporar os princiacutepios no processo de
construccedilatildeo do BSC executa a estrateacutegia organizacional desdobrando-a em
trajetoacuterias paralelas e complementares sob um enfoque sistecircmico dinacircmico e natildeo
linear
34 APRECIACcedilAtildeO CRIacuteTICA AO BSC
Gostaria de destacar inicialmente a motivaccedilatildeo para proceder a uma
apreciaccedilatildeo criacutetica ao BSC Em um primeiro momento a loacutegica de causa e efeito
entre as perspectivas soou como uma visatildeo muito simplista com base na
experiecircncia cotidiana dos autores do meacutetodo da ausecircncia de uma loacutegica cientiacutefica
Esta intuiccedilatildeo inicial surgiu quando da realizaccedilatildeo de duas disciplinas que visaram o
estudo das obras (Kaplan e Norton 1997 2000) como integrante do grupo de
engenharia e anaacutelise de valor
GAVprojetos do Programa de Poacutes-graduaccedilatildeo em
Engenharia de Produccedilatildeo PPGEP da UFSC
122
Paralelamente a realizaccedilatildeo da disciplina Organizaccedilotildees como Sistemas
Complexos no processo de doutoramento no referido programa lanccedilou as
primeiras sementes para corroborar o insight inicial que motivou este estudo A
teoria da complexidade parte do pressuposto que o sistema eacute complexo tornando-
se difiacutecil estabelecer relaccedilotildees de causa e efeito mesmo que existam A apreciaccedilatildeo
criacutetica ao BSC confirma a pressuposiccedilatildeo de que a concepccedilatildeo do modelo geneacuterico
do BSC deveria passar por algumas reformulaccedilotildees para diminuir o gap existente
entre os seus propoacutesitos e sua operacionalizaccedilatildeo
Kaplan e Norton (2004) na obra Mapas Estrateacutegicos introduziram
importantes inovaccedilotildees no mapa estrateacutegico o qual constitui-se em uma ferramenta
de representaccedilatildeo visual do BSC O mapa estrateacutegico passou a ser considerado uma
ferramenta tatildeo importante quanto o proacuteprio BSC
Dentre as inovaccedilotildees da obra destacam-se
_ Na perspectiva de processos internos foram incorporados objetivos e
indicadores dos subprocessos que integram a gestatildeo operacional gestatildeo dos
clientes inovaccedilatildeo e conformidade regulatoacuteria e social
_ Na perspectiva de aprendizado e crescimento um novo modelo para descrever
medir e alinhar os trecircs ativos intangiacuteveis
capital humano capital da informaccedilatildeo e
capital organizacional
com os processos e objetivos estrateacutegicos da perspectiva
dos processos internos
Ainda Kaplan e Norton (2004) por meio dos cases ilustrados na obra
apresentam uma riqueza de indicadores natildeo operacionais e agregam importantes
teacutecnicas de gestatildeo e indicadores para dar suporte ao programa
Apesar das importantes inovaccedilotildees incorporadas ao BSC na uacuteltima obra dos
seus idealizadores a arquitetura do seu modelo geneacuterico natildeo eacute alterada O BSC
ainda preserva a sua concepccedilatildeo baacutesica de mediccedilatildeo de desempenho com relaccedilotildees
causais entre as medidas Tal hipoacutetese eacute ratificada na argumentaccedilatildeo a seguir
Para Kaplan e Norton (2004) a execuccedilatildeo bem-sucedida da estrateacutegia envolve
trecircs componentes resultados notaacuteveis = descriccedilatildeo da estrateacutegia + mensuraccedilatildeo da
123
estrateacutegia + gestatildeo da estrateacutegia A filosofia dos trecircs componentes eacute simples Natildeo
se pode gerenciar (terceiro componente) o que natildeo se pode medir (segundo
componente) Natildeo se pode medir o que natildeo se pode descrever (primeiro
componente)
Poreacutem julga-se que na era atual marcada pela imprevisibilidade e
instabilidade no ambiente aleacutem de descrever mensurar e gerenciar os resultados
tornar-se necessaacuterio monitorar constantemente o fluxo de mudanccedila Para tanto o
modelo adaptativo proposto neste estudo visando adequar o BSC ao contexto
contemporacircneo propotildee a sua concepccedilatildeo como um sistema hiacutebrido gerencial dual e
complementar de mediccedilatildeo e de monitoramento do fluxo de mudanccedila
Conclui-se a anaacutelise do meacutetodo ratificando o Balanced Scorecard
como uma ferramenta consolidada em acircmbito internacional que muito contribui para
o processo de formulaccedilatildeo e execuccedilatildeo da estrateacutegia organizacional A cada novo
estudo de seus idealizadores e de seus seguidores o modelo tem sido
aperfeiccediloado trazendo inovaccedilotildees no campo da gestatildeo estrateacutegica organizacional
CAPIacuteTULO 4 A ABORDAGEM QUAcircNTICA DA CIEcircNCIA SOB OS FUNDAMENTOS DAS CIEcircNCIAS DA COMPLEXIDADE
41 O NOVO PARADIGMA A ABORDAGEM QUAcircNTICA DA CIEcircNCIA
O desenvolvimento da ciecircncia dos primoacuterdios ateacute a era atual tem
acompanhado as mudanccedilas sociais econocircmicas e culturais Estas transformaccedilotildees
geraram evoluccedilotildees e revoluccedilotildees cientiacuteficas e tecnoloacutegicas em vaacuterios campos do
conhecimento Paralelamente o avanccedilo progressivo da ciecircncia em diferentes
momentos histoacutericos estimulou o surgimento de novas teorias meacutetodos
metodologias e teacutecnicas no campo das pesquisas seja de natureza baacutesica aplicada
e no desenvolvimento experimental
Segundo Ruelle (1993 p 12) a ciecircncia eacute universal mas seus servidores satildeo
muito especializados e seus interesses natildeo raro limitados Sem contestaccedilatildeo o
quadro intelectual e social da pesquisa mudou muito desde suas origens Aqueles
que faziam ciecircncia chamavam-se entatildeo filoacutesofos em vez de pesquisadores e
tentavam obter uma visatildeo sinteacutetica da natureza das coisas Eacute caracteriacutestico que o
grande Newton tenha dividido seus esforccedilos entre as matemaacuteticas a fiacutesica a
alquimia a teologia e o estudo da histoacuteria relativamente agraves profecias Teremos
entatildeo abandonado a busca filosoacutefica que deu origem agrave ciecircncia
Para Kneller (1980 p 12) sob o ponto de vista histoacuterico a relaccedilatildeo entre
filosofia e ciecircncias soacute recentemente tem sido examinada em profundidade Entre
Platatildeo e a eacutepoca atual as conquistas das ciecircncias naturais influenciaram as formas
atraveacutes das quais concebemos e estudamos a sociedade
Capra (1982 p 55) argumenta que o meacutetodo analiacutetico de raciociacutenio de
Descartes eacute provavelmente a maior contribuiccedilatildeo da ciecircncia Foi o meacutetodo de
Descartes que tornou possiacutevel agrave NASA levar o homem agrave lua No entanto adverte
que nas ciecircncias humanas a divisatildeo cartesiana redundou em interminaacutevel confusatildeo
acerca da relaccedilatildeo entre mente e ceacuterebro e na fiacutesica tornou extremamente difiacutecil
aos fundadores da teoria quacircntica interpretar as observaccedilotildees dos fenocircmenos
atocircmicos
125
Barros e Santos (2003) ao realizar um estudo prospectivo sobre o novo
paradigma que norteia a Nova Contabilidade ratificam o pensamento de Capra
(1982) ao expor que a contabilidade comete um erro comum agraves ciecircncias sociais
ao orientar-se por uma loacutegica fragmentaacuteria e reducionista Neste contexto ressaltam
a importacircncia do conhecimento numa eacutepoca em que o homem gradativamente
estaacute evoluindo da visatildeo do homo economicus para o homo cognoscens
Kelly e Allison (1998 p 35 traduccedilatildeo nossa) ao apresentarem as evoluccedilatildeo
dos paradigmas (modelos) de mundo que inspiraram a evoluccedilatildeo da ciecircncia
classifica-os em trecircs momentos
_ Antes de Copeacuternico o homem e a terra eram o centro do universo
frequumlentemente ilustrados como uma seacuterie de ciacuterculos com a terra e o homem no
centro
_ Depois de Newton o universo era uma maacutequina gigante gerada por causa e
efeito unidas por engrenagens entrelaccediladas
_ Com o desenvolvimento da teoria da complexidade
o modelo emergente eacute
representado como uma rede de vida interconectada auto-organizando partes que
estatildeo em constante coevoluccedilatildeo mudando continuamente e aumentando
progressivamente o seu grau de complexidade
Capra (1982 pp 32-33) aponta uma abordagem filosoacutefica semelhante agrave
fiacutesica quacircntica a dos filoacutesofos chineses Eles denominam com tao a essecircncia
primaacuteria da realidade a qual possui como particularidade baacutesica um processo de
contiacutenuo fluxo e mudanccedila Os saacutebios chineses parecem ter reconhecido a
polaridade baacutesica caracteriacutestica dos sistemas vivos A auto-afirmaccedilatildeo eacute conseguida
atraveacutes do comportamento yang exigente agressivo competitivo expansivo e
no
tocante ao comportamento humano
atraveacutes do pensamento linear analiacutetico A
integraccedilatildeo eacute proporcionada pelo comportamento yin receptivo cooperativo intuitivo
e consciente do meio ambiente As tendecircncias yin e yang integrativas e auto-
afirmativas satildeo ambas necessaacuterias agrave obtenccedilatildeo de relaccedilotildees sociais e ecoloacutegicas
harmoniosas
Constata-se que o desenvolvimento da ciecircncia dos primoacuterdios ateacute os
paradigmas atuais acompanhou as transformaccedilotildees do mundo Seja por meio da
126
criaccedilatildeo de novas tradiccedilotildees de pesquisa novas teorias novos meacutetodos ou teacutecnicas
ou refutaccedilatildeo ou aperfeiccediloamento das jaacute existentes Atualmente questiona-se ateacute
que ponto o conhecimento cientiacutefico do paradigma claacutessico (mecanicista) ainda
preponderante no sistema social vigente pode contribuir para o bem-comum e
amenizar as turbulecircncias de mundo globalizado
Observa-se que a fragmentaccedilatildeo da ciecircncia caracterizada pela divisatildeo de
aacutereas do conhecimento da qual resultou a super especializaccedilatildeo e uma visatildeo
microscoacutepica da realidade levou-nos a busca de verdades provisoacuterias soluccedilotildees
imediatistas e uma competitividade excessiva No entendimento de muitos
estudiosos esta percepccedilatildeo de mundo acarretou danos talvez irreversiacuteveis ao meio
ambiente e a nossa sauacutede fiacutesica emocional e espiritual Opondo-se a esta
concepccedilatildeo de vida reducionista e fracionada a abordagem quacircntica da ciecircncia
originaacuteria da fiacutesica quacircntica tem inspirado os estudos de vaacuterias aacutereas do saber
Segundo Capra (1982 p 44) no seacuteculo XX entretanto a fiacutesica passou por
vaacuterias revoluccedilotildees conceituais que revelam claramente as limitaccedilotildees da visatildeo de
mundo mecanicista e levam a uma visatildeo orgacircnica ecoloacutegica que mostra grandes
semelhanccedilas com as visotildees dos miacutesticos de todas as eacutepocas e tradiccedilotildees O
universo deixou de ser visto como uma maacutequina composta de uma profusatildeo de
objetos distintos para apresentar-se agora como um todo harmonioso e indivisiacutevel
uma rede de relaccedilotildees dinacircmicas que incluem o observador humano e sua
consciecircncia de um modo essencial
Para Kneller (1980 pp 23-24) a tradiccedilatildeo quacircntica promoveu pois pesquisa
em duas direccedilotildees Por um lado estimulou a soluccedilatildeo de problemas cada vez mais
complicados acerca de soacutelidos liacutequidos e gases tratados como estruturas de
partiacuteculas dotadas de carga eleacutetrica Por outro procurou descobrir os constituintes
fundamentais da mateacuteria na forma de partiacuteculas cada vez mais elementares
Noacutebrega (1999) aduz que os trabalhos de Einstein e Planck transformaram o
mundo da fiacutesica A tal ideacuteia do quantum que Planck introduziu e Einstein depois
aplicou agrave proacutepria luz significava que as coisas natildeo eram contiacutenuas na natureza com
127
ateacute entatildeo se pensava Havia uma escala a partir da qual a linguagem que usaacutevamos
em nossas narrativas sobre a natureza tinha que mudar Assinala que a partir de
1926 uma nova linguagem estava estabelecida na fiacutesica denominada fiacutesica
quacircntica
que estava se consolidando cada vez mais como uma linguagem mais
completa na descriccedilatildeo do mundo do infinitamente pequeno (o mundo dos
fenocircmenos atocircmicos)
A abordagem quacircntica da ciecircncia surgiu quando os fiacutesicos constataram que
as partiacuteculas atocircmicas se manifestam sob a forma de mateacuteria e energia de maneira
natildeo linear e descontiacutenua Esta constataccedilatildeo inspirou a ideacuteia de que o invisiacutevel afeta
o visiacutevel a qual se estendeu a vaacuterias aacutereas do conhecimento
Segundo Capra (1982) os princiacutepios da abordagem mecanicista
determinismo certeza lineariedade e visatildeo fragmentada foram substituiacutedos na
loacutegica cientiacutefica por uma perspectiva sistecircmica holograacutefica ecoloacutegica e orgacircnica A
fiacutesica quacircntica eacute tambeacutem denominada visatildeo sistemaacutetica no sentido da teoria geral
de sistemas
Capra (1982) ao referir-se agrave perspectiva sistecircmica aduz que na teoria
quacircntica eventos individuais nem sempre tecircm uma causa bem definida O
comportamento de qualquer parte eacute determinado por suas conexotildees desconhecidas
que leva o sistema a substituir a estreita noccedilatildeo claacutessica de causa e efeito por um
conceito mais amplo o de causalidade estatiacutestica Os sistemas na teoria quacircntica
satildeo totalidades integradas cujas propriedades natildeo podem ser reduzidas agraves de
unidades menores Em vez de se concentrar nos elementos ou substacircncias baacutesicas
a abordagem sistecircmica enfatiza princiacutepios baacutesicos de organizaccedilatildeo onde o mundo eacute
visualizado em termos de relaccedilotildees e de integraccedilatildeo O funcionamento dos
organismos eacute guiado por modelos ciacuteclicos de fluxo de informaccedilatildeo conhecidos por
laccedilos de realimentaccedilatildeo (feedback loops) Quando tal sistema sofre uma avaria esta
eacute usualmente causada por muacuteltiplos fatores que podem ampliar-se reciprocamente
atraveacutes de laccedilos interdependentes de realimentaccedilatildeo
Capra (1982) ao conceber a realidade numa visatildeo holograacutefica inspira-se em
David Bohm o qual ao estudar uma abordagem que visa o tratamento expliacutecito da
128
consciecircncia sugere a noccedilatildeo de totalidade ininterrupta a qual ele denomina de
ordem implicada ou envolvida e descreve-a em analogia com um holograma em
que cada parte num certo sentido conteacutem o todo A visatildeo ecoloacutegica da
realidade eacute entendida num sentido que vai muito aleacutem das preocupaccedilotildees
imediatas com a proteccedilatildeo ambiental a qual exigiraacute mudanccedilas radicais em nossa
percepccedilatildeo do papel dos seres humanos no ecossistema planetaacuterio Requer uma
nova base filosoacutefica e religiosa A mudanccedila do crescimento material para o
crescimento interior concentram-se nas necessidades natildeo-materiais de auto-
realizaccedilatildeo altruiacutesmo e relaccedilotildees interpessoais ditadas pelo amor
As teorias inseridas em uma determinada abordagem do conhecimento reflete
um paradigma cientiacutefico ou seja um modelo de mundo percepccedilotildees e valores
inerentes agrave um contexto histoacuterico e social As teorias nada mais satildeo do que a
linguagem utilizada para dialogar com o mundo Em outras palavras pode-se dizer
que existem diferentes linguagens que expressam um determinado paradigma
Portanto deduz-se que sob o enfoque mecanicista da ciecircncia desenvolveram-se
diferentes linguagens a teria de Newton o meacutetodo cartesiano a administraccedilatildeo
cientiacutefica de Taylor que foi inspirada neste meacutetodo entre outras
A abordagem quacircntica da ciecircncia integra vaacuterias linguagens (teorias) sem uma
fronteira niacutetida entre elas observando-se redundacircncias e interconexotildees Dentre as
teorias que estatildeo inseridas no novo paradigma da ciecircncia focaliza-se neste estudo
as seguintes ciecircncias da complexidade fiacutesica quacircntica teoria de sistemas
autopoieacuteticos teoria do caos e a teoria da complexidade
42 AS CIEcircNCIAS DA COMPLEXIDADE
As ciecircncias da complexidade abordam sobre sistemas dinacircmicos natildeo lineares
determiacutenisticos e natildeo determiniacutesticos Entre os estudos sobre redes determiniacutesticas
destacam-se a teoria do caos e o estudo das estruturas dissipativas Sobre natildeo
determiniacutesticos os estudos sobre redes de feedback natildeo lineares destacando-se a
teoria da complexidade com o estudo dos sistemas complexos adaptativos - SCA
129
Este estudo contempla algumas teorias que denominamos ciecircncias da
complexidade cujos fundamentos satildeo os elementos conceituais supracitados Os
referidos conceitos os quais constituem os alicerces das ciecircncias da complexidade
satildeo diluiacutedos nas teorias objeto deste estudo fiacutesica quacircntica teoria dos sistemas
autopoieacuteticos teoria do caos e teoria da complexidade
Segundo Gell-Mann (1996 p 135) um dos grandes desafios da ciecircncia
contemporacircnea eacute identificar a mistura de simplicidade e complexidade regularidade
e randomicidade ordem e desordem desde o primeiro degrau da escada a fiacutesica
das partiacuteculas elementares e cosmologia ateacute o reino dos sistemas complexos
adaptativos como os organismos vivos
De acordo com o autor supracitado deve-se partir da observaccedilatildeo da fiacutesica
fundamental a partir do ponto de vista da simplicidade e complexidade e perguntar
qual o papel desempenhado pela teoria unificada das partiacuteculas elementares pelas
condiccedilotildees iniciais do universo Os sistemas complexos adaptativos pelas
indeterminaccedilotildees da mecacircnica quacircntica e pelos caprichos do caos claacutessico ao
produzirem os padrotildees de regularidades e randomicidades no universo tecircm se
mostrado capazes de evoluir
Para Anderson (1999) a Ciberneacutetica a teoria geral de sistemas a teoria de
cataacutestrofe e a teoria de caos satildeo sistemas dinacircmicos determiniacutesticos onde um
conjunto de equaccedilotildees determina como um sistema muda de estado atraveacutes de
movimentos no espaccedilo do tempo t para o tempo t + 1 Prossegue o autor
supracitado apontando os sistemas complexos adaptativos (SCAs) como outro
modo de modelar comportamento complexo o qual examina regularidades que
emerge de interaccedilatildeo de indiviacuteduos conectados
De acordo com Stacey (1996 p11) a ciecircncia de complexidade tem enfocado
principalmente a evoluccedilatildeo de vida e o comportamento de sistemas fiacutesicos e
quiacutemicos Ela tem sido desenvolvida por matemaacuteticos e cientistas da ciecircncia
computacional por fiacutesicos e quiacutemicos de grande eminecircncia como Murray Gell-Mann
e Ilya Prigogine laureados com o precircmio Nobel e outros cientistas eminentes como
130
Stuart Kauffman Christopher Langton e John Holland do Instituto Illinois e Brian
Goodwin da Universidade aberta de United Kingdom
Segundo Axelrold e Cohem (2000 pp 20-21) os campos nos quais a
pesquisa da complexidade se desenvolveu incluem
_ A fiacutesica da mateacuteria condensada com seu interesse em interaccedilotildees natildeo-lineares
entre os spins de muitas partiacuteculas e a conservaccedilatildeo de padrotildees que reduzem a
frustraccedilatildeo entre os elementos de um sistema (Esta eacute a espeacutecie de problemas que
levou os precircmios Nobel Murray Gell-Mann e Philip Anderson a ajudar na fundaccedilatildeo
do Instituto Santa Feacute que desde entatildeo eacute o principal centro para o estudo da
complexidade em todas as suas manifestaccedilotildees)
_ A biologia evolucionaacuteria com seu interesse por populaccedilotildees com pools
geneacuteticos de estrateacutegias que evoluem atraveacutes da reproduccedilatildeo seletiva com variaccedilatildeo
_ A computaccedilatildeo evolucionaacuteria o ramo da Ciecircncia da Computaccedilatildeo que eacute
inspirado pela biologia evolucionaacuteria a desenvolver teacutecnicas que podem descobrir
boas estrateacutegias para problemas difiacuteceis por meio de populaccedilotildees que se reproduzem
com variaccedilatildeo e seleccedilatildeo (Holland 1992)
_ A modelagem pela ciecircncia social de populaccedilotildees heterogecircneas de pessoas que
interagem mutuamente e manteacutem ou mudam suas estrateacutegias dependendo de quatildeo
bem estatildeo se saindo (Schelling 1978 especialmente pp 147-57)
_ Autocircmatos celulares populaccedilotildees de elementos computacionais muito simples
co-nectados localmente incluindo o exemplo extremamente engenhoso inventado
por John Horton Conway o Jogo da Vida (Gardner 1970 Poundstone 1985)
_ Vida artificial o estudo de muitos sistemas diferentes geralmente
implementados como agentes simulados em computador que exibem propriedades
semelhantes agrave vida natural como auto-reproduccedilatildeo (Langton 1988)
_ Teorias matemaacuteticas para formalizar a mediccedilatildeo da complexidade de um sistema
(Lloyd 1990 Gell-Mann 1995)
Para Axelrold e Cohem (2000 p21) apesar da diversidade destas aacutereas
podemos identificar temas recorrentes no trabalho dos investigadores da
complexidade Vaacuterios desses temas podem ser destilados e levados a relacionar-se
131
com o problema de analisar intervenccedilotildees num mundo que eacute difiacutecil de prever por ser
complexo
Coelho (2001 p 46) ressalta que o surgimento de disciplinas no campo dos
sistemas complexos deve-se ao fato da crescente especializaccedilatildeo na ciecircncia e na
engenharia Isto provecirc muitas oportunidades para sinergias e o reconhecimento de
princiacutepios gerais que podem formar a base para a educaccedilatildeo e o entendimento de
muitos campos
Morin (1998) aponta alguns elementos conceituais comuns agraves ciecircncias da
complexidade (cf quadro 16) Para Morin (1998 p 179) as noccedilotildees de ordem
desordem e organizaccedilatildeo estatildeo presentes nos nas obras dos seguintes estudiosos
Heins Von Foester (1959)
o princiacutepio order from noise significa que os fenocircmenos
ordenados (organizados) podem nascer de uma agitaccedilatildeo ou de uma turbulecircncia
desordenada Illya Prigogine (1988) - o princiacutepio estatiacutestico order from disorder no
qual uma ordem estatiacutestica no niacutevel das populaccedilotildees nasce de fenocircmenos
desordenados-aleatoacuterios no niacutevel dos indiviacuteduos
Segundo o autor supracitado as organizaccedilotildees bioloacutegicas e sociais satildeo
complexas porque satildeo a um soacute tempo acecircntricas (o que quer dizer que funcionam
de maneira anaacuterquiacuteca por interaccedilotildees espontacircneas) e policecircntricas (que tecircm muitos
centros de controle ou organizaccedilotildees) e cecircntricas (que dispotildeem ao mesmo tempo
de um centro de decisatildeo)
Segundo Morin (1998) o pensamento holograacutefico origina-se da definiccedilatildeo de
um holograma o qual eacute a imagem fiacutesica cujas qualidades de relevo de cor e de
presenccedila satildeo devidas ao fato de cada um dos seus pontos incluiacuterem quase toda a
informaccedilatildeo do conjunto que ele representa A recursividade nos informa que a
complexidade natildeo eacute soacute um fenocircmeno empiacuterico eacute tambeacutem um problema conceptual
e loacutegico que confunde as demarcaccedilotildees e as fronteiras bem niacutetidas dos conceitos
como produtor e produto causa e efeito um e muacuteltiplo O pensamento
multidimensional demonstra que os enfoques econocircmico psicoloacutegico e o
demograacutefico correspondem agraves categorias disciplinares especializadas as quais satildeo
as diferentes faces de uma mesma realidade
132
Caracteriacutesticas Baacutesicas Descriccedilatildeo sinteacutetica
Acaso desordem e incerteza Estatildeo presentes no universo e ativos na sua evoluccedilatildeo Integraccedilatildeo das noccedilotildees de universalidade temporalidade e singularidade
Natildeo podemos trocar o singular e o local pelo universal ao contraacuterio devemos uni-los
Complicaccedilatildeo Surgiu a partir de um nuacutemero incalculaacutevel de interaccedilotildees de inter-retroaccedilotildees de fenocircmenos bioloacutegicos e sociais
Relaccedilatildeo complementar e antagonista entre ordem desordem e organizaccedilatildeo
A aparente ordem do sistema tem uma desordem impliacutecita que se manifesta aleatoriamente promovendo a sua auto-organizaccedilatildeo
Organizaccedilatildeo Constitui-se ao mesmo tempo de uma unidade e uma multiplicidade
Pensamento holograacutefico Substitui um tipo de explicaccedilatildeo linear por um tipo de explicaccedilatildeo em movimento circular aonde vamos das partes para o todo do todo para as partes para tentar compreender um fenocircmeno
Recursividade Aduz que os efeitos e produtos de um sistema satildeo necessaacuterios a sua proacutepria causaccedilatildeo e a sua proacutepria produccedilatildeo
Ambiguumlidade e complementaridade dos conceitos de fechamento e clareza
No universo complexo eacute preciso que um sistema autocircnomo esteja aberto e fechado a um soacute tempo
O Observador e a sua observaccedilatildeo O observador conceptor deve se integrar na sua observaccedilatildeo e na sua concepccedilatildeo
Contradiccedilatildeo Estabelece as noccedilotildees fundamentais que nos satildeo necessaacuterias para conceber o universo
Pensamento multidimensional A realidade antropossocial conteacutem uma dimensatildeo individual uma dimensatildeo social e uma dimensatildeo bioloacutegica
Pensamento dialoacutegico Duas loacutegicas dois princiacutepios estatildeo uniacutedos sem que a dualidade se perca nessa unidade
Estrateacutegia Eacute a arte de utilizar as informaccedilotildees que aparecem na accedilatildeo de integraacute-las de formular esquemas de accedilatildeo para tornar-se apto para reunir o maacuteximo de certezas para enfrentar a incerteza
Quadro 16 Elementos conceituais das ciecircncias da complexidade Elaborado com base em Morin (1998)
O mundo globalizado eacute marcado pela incerteza e mudanccedilas constantes
tornando-se difiacutecil realizar previsotildees de longo prazo Neste contexto caracterizado
pelos paradoxos o pensamento complexo origina-se das complicaccedilotildees do sistema
advindas da capacidade de muacuteltiplas interaccedilotildees que acontecem na rede de
feedback co-evolucionaacuterio Neste cenaacuterio observa-se um interesse progressivo pela
aplicaccedilatildeo do aporte teoacuterico das ciecircncias da complexidade ao estudo de sistemas
gerenciais No entanto constata-se que sua aplicaccedilatildeo agrave gestatildeo estrateacutegica
organizacional eacute ainda incipiente
133
421 FIacuteSICA QUAcircNTICA
Segundo Guerra (2001 p53) o termo fiacutesica do grego physikeacute significa
ciecircncia da natureza a tentativa de entender a physis
forma pela qual os antigos
gregos denominavam o mundo da mateacuteria e da energia
Para o autor supracitado jaacute o termo fiacutesica quacircntica eacute bem mais recente
surgido haacute cerca de um seacuteculo nos primeiros anos do seacuteculo XX A partir do estudo
das trocas de energia a uacutenica hipoacutetese razoaacutevel seria considerar que estas natildeo
acontecem de forma contiacutenua mas em quantidades discretas que foram entatildeo
chamados quanta (como na palavra quantidade) plural de quantum
A fiacutesica quacircntica alterou os principais conceitos de espaccedilo tempo mateacuteria
objeto e relaccedilotildees de causa e efeito Eacute responsaacutevel pela introduccedilatildeo de um novo
paradigma na ciecircncia a abordagem quacircntica Os fundamentos baacutesicos da Teoria
quacircntica tem influenciado o conhecimento cientiacutefico em diversas aacutereas de estudos
De acordo com Capra (1982 p 71) a teoria quacircntica ou mecacircnica quacircntica
como tambeacutem eacute chamada foi formulada durante as primeiras trecircs deacutecadas do
seacuteculo XX por um grupo internacional de fiacutesicos entre eles Max Planck Albert
Ainstein Niels Bohr Louis De Broglie Erwin Schroumldinger Wolfgang Pauli Werner
Heisenberg e Paul Dirac
Ruelle (1993 p127) relaciona os conceitos do acaso e do caos a mecacircnica
quacircntica cuja origem atribui agrave Max Planck Albert Einstein Niels Bohr Louis de
Broglie Max Born Werner Heisenberg Erwin Schroumldinger e muitos outros
Para Guerra (2001 p 88) o estudo do eletromagnetismo eacute responsaacutevel pelo
desenvolvimento de um largo nuacutemero de maacutequinas e equipamentos eleacutetricos e
eletrocircnicos
da luz eleacutetrica aos computadores Mas adverte que aleacutem de grandes
mudanccedilas tecnoloacutegicas pudemos perceber que a ideacuteia do Universo como uma
maacutequina (mecacircnica) natildeo era mais do que apenas um modelo explicativo com seus
sucessos e limitaccedilotildees
134
O quadro 17 apresenta a evoluccedilatildeo dos estudos da fiacutesica quacircntica
destacando os seus principais expoentes
TEMA DE ESTUDO AUTORES PERIacuteODO
SIacuteNTESE
Modelo de aacutetomo Complementaridade
Niehs Bohr (1922) Modelo de aacutetomo fundamenta-se em uma nova concepccedilatildeo de mateacuteria e energia Conceito de complementaridade a concepccedilatildeo da mateacuteria como algo natildeo soacutelido e equivalente a energia cuja transferecircncia se daacute como um processo descontiacutenuo salto quacircntico
Dualidade onda e partiacutecula
Louis de Broglie (1924)
Todas as ondas tecircm que ser tratadas como partiacuteculas e todas as partiacuteculas tecircm que ser tratadas como ondas
Relaccedilatildeo de incerteza Werner Heisenberg (1927)
O conceito de incerteza estaacute intimamente ligado ao conceito de acaso aleatoriamente de acordo com as regras estatiacutesticas da probabilidade
Cosmologia dinacircmica do universo
Edwin Powell Hubble (1929)
O universo estava em expansatildeo Jaacute natildeo havia nenhuma necessidade da constante cosmoloacutegica de modo a tornar o universo estaacutetico
Observaccedilatildeo Erwin Schroedinger (1933)
A relaccedilatildeo observador e objeto observado determina a percepccedilatildeo do fenocircmeno
Probabilidade Max Born (1954) Um objeto quacircntico natildeo pode ser localizado com precisatildeo Soacute se pode falar em probabilidades nunca em certezas
Mapas de amplitude de probabilidades Natildeo lineariedade
Richard Feynman (1959)
Considera todas as trajetoacuterias todos os caminhos possiacuteveis de A para B
Ordem implicada x Ordem explicada Interconectividade Visatildeo Holograacutefica
David Bohm (1980) A ordem explicada refere-se ao aparente visiacutevel perceptiacutevel a qual eacute resultado de campos de energia que satildeo invisiacuteveis
que chamamos ordem implicada (ou impliacutecita) Haacute uma relaccedilatildeo de interconectividade entre as partiacuteculas atocircmicas Como um holograma a parte estaacute no todo e o todo conteacutem a parte
Quadro 17 Alguns elementos conceituais da Fiacutesica Quacircntica Siacutentese elaborada com base nos estudos de CAPRA (1982) GRIBBIN (1988) NOacuteBREGA (1999)
SALAM (1993)
Gribbin (1988 pp 183-184) aponta que Max Planck ao desvendar os
primeiros sinais da natureza corpuscular da luz descobriu que a uacutenica maneira pela
qual podia ser explicada a natureza do espectro do corpo negro era se a luz
pudesse ser emitida pelas cargas em vibraccedilatildeo no interior dos aacutetomos apenas em
pequenos pacotes de energia
Segundo Guerra (2001 p 67) Albert Einstein a partir dos estudos de Planck
assumiu que este natildeo era apenas um artifiacutecio de caacutelculo mas sim que a proacutepria
135
energia se manifestava de forma descontiacutenua discreta em saltos atraveacutes da troca
de quanta Einstein propocircs que a ideacuteias de Planck sobre a quantizaccedilatildeo da energia
poderia ser aplicada para explicar o efeito fotoeleacutetrico Relata que satildeo bem
conhecidas por noacutes as chamadas baterias solares comuns em calculadoras e
reloacutegios que permitem a produccedilatildeo de energia eleacutetrica a partir da energia luminosa
O que acontece aqui eacute que a incidecircncia da luz sobre certas superfiacutecies metaacutelicas
provoca a emissatildeo de eleacutetrons pela superfiacutecie propiciando uma corrente eleacutetrica
Guerra (2001 p 67) expotildee que Niels Bohr aplicando a ideacuteia de Einstein a
energia de um aacutetomo propocircs um modelo de aacutetomo de hidrogecircnio com sucesso
espetacular no caacutelculo dos comprimentos de onda da radiaccedilatildeo emitida por este
fazendo com que se atribuiacutesse realidade fiacutesica aos quanta e aos saltos quacircnticos O
modelo atocircmico de Bohr foi fundado em uma nova concepccedilatildeo de mateacuteria e energia
que inclui as concepccedilotildees de mateacuteria com algo natildeo soacutelido e equivalente a energia e
transferecircncia de energia como um processo descontiacutenuo
Poderiacuteamos dizer a princiacutepio que no modelo atocircmico de Bohr haacute um nuacutecleo
central envolvido por um conjunto discreto de oacuterbitas eletrocircnicas Cada uma destas
oacuterbitas reflete um estado quacircntico ou seja uma das possiacuteveis quantidades de
energia do eleacutetron Assim as oacuterbitas satildeo estacionaacuterias ou seja natildeo mudam em seu
valor de energia Um eleacutetron com energia miacutenima estaraacute na primeira oacuterbita (de
nuacutemero quacircntico 1) Ao receber (absorver) um quantum de energia o eleacutetron pula
para uma camada seguinte Este eacute o chamado salto quacircntico (GUERRA 2001 p
77)
Gribbin (1988 pp 187-188) ao interpretar o estudo sobre a dualidade dos
elementos subatocircmicos de Luis de Broglie ressalta que o mesmo sugere que se as
ondas luminosas se comportam como partiacuteculas por que eacute que os electrotildees que
costumavam ser considerados como partiacuteculas natildeo haviam de se comportar como
ondas Louis de Broglie ao referir-se ao comportamento dos electrons e das ondas
luminosas defende que ambos ora podem se comportar como partiacutecula ou como
onda ou uma mistura de ambos que muitos fiacutesicos denominam ondiacutecula
136
Noacutebrega (1999) expotildee que para Max Born aacutetomos foacutetons eleacutetrons existem
fisicamente mas natildeo eacute possiacutevel falar de atributos como posiccedilatildeo velocidade e
energia para eles a natildeo ser em termos de probabilidades O princiacutepio da incerteza
parece sugerir a incorporaccedilatildeo da mente humana agrave descriccedilatildeo da realidade e indicar
que a mesma limita de alguma forma o que eacute observado ou medido
Gribbin (1988 p194-196) aponta o fiacutesico alematildeo Heisenberg como um dos
pioneiros que desenvolveram a fiacutesica quacircntica na sua primeira forma completa O
princiacutepio de incerteza aduz que natildeo existem certezas no mundo quacircntico
Noacutebrega (1999 pp 127-128) descreve a experiecircncia imaginaacuteria proposta por
Schroedinger Um gato vivo eacute colocado numa caixa Haacute um dispositivo que faz com
que ou veneno ou comida seja liberado dentro da caixa de uma maneira totalmente
aleatoacuteria Segundo a loacutegica quacircntica enquanto natildeo for observado o gato existe em
ambos os estados superpostos Ele estaacute vivo e morto ao mesmo tempo Soacute quando
observamos (em linguagem dos fiacutesicos - medimos ) o gato eacute que ele colapsa ou se
atualiza em uma das formas ou vivo ou morto A experiecircncia de Schroedinger serve
para demonstrar que a percepccedilatildeo do observador eacute que vai determinar se o gato estaacute
vivo ou morto
Gribbin (1988 pp 198- 199) menciona que para Feynman fiacutesico do
Califoacuternia Institute of Technology ao aplicar a visatildeo da mecacircnica quacircntica agrave histoacuteria
das partiacuteculas contrapotildee-se a fiacutesica claacutessica
ou newtoniana
que aduz que uma
partiacutecula segue uma trajetoacuteria uacutenica de A para B ao considerar que temos que levar
em consideraccedilatildeo todas as trajetoacuterias
Segundo Salam (1993 pp 48 - 50) a constante cosmoloacutegica foi introduzida
por Einstein na relatividade geral com a finalidade de prover uma forccedila repulsiva (em
acreacutescimo agrave forccedila gravitacional atrativa) de modo a tornar o universo estaacutetico Entatildeo
Hubble descobriu que de fato o universo estava em expansatildeo Jaacute natildeo havia
nenhuma necessidade da constante cosmoloacutegica
Guerra (2001 p 94) narra que Bohm propotildee a expressatildeo ordem explicada
(ou expliacutecita) para se referir ao que eacute aparente visiacutevel perceptiacutevel Esta ordem
137
perceptiacutevel eacute vista como resultado de campos de energia que satildeo invisiacuteveis
o que
eacute chamado ordem implicada (ou impliacutecita)
Segundo Gribbin (1988 p192) na fiacutesica quacircntica o observador eacute uma parte
integral da experiecircncia e aquilo que ele ou ela decide observar tem um papel crucial
na determinaccedilatildeo do que vai acontecer Complementa Noacutebrega (1999 p 111) na
escala quacircntica quem cria a realidade eacute o observador Euml o ato de observar que
define a realidade O mundo natildeo estaacute laacute independente do nosso ato de observaccedilatildeo
o que estaacute laacute depende em parte do que a gente decide ver A realidade eacute
parcialmente criada por quem estaacute olhando
Capra (1982 pp 286-287) relata que outro trabalho interessante foi a
descoberta de que os dois tipos complementares de descriccedilatildeo que parecem ser
requeridos para se compreender a natureza dos sistemas vivos estatildeo refletidos na
proacutepria estrutura e funcionamento de nosso ceacuterebro
_ O hemisfeacuterio esquerdo que controla o lado direito do corpo parece ser mais
especializado no pensamento analiacutetico linear o que envolve o processamento
sequumlencial da informaccedilatildeo
_ O hemisfeacuterio direito que controla o lado esquerdo do corpo parece funcionar
predominantemente de um modo holiacutestico apropriado agrave siacutentese e tende a
processar a informaccedilatildeo de maneira mais difusa e simultacircnea
Complementa Capra (1982) reducionismo e holismo anaacutelise e siacutentese satildeo
enfoques complementares que usados em equiliacutebrio adequado nos ajudam a
chegar a um conhecimento mais profundo da vida A mente eacute um modelo de
organizaccedilatildeo e a consciecircncia eacute uma propriedade da mentaccedilatildeo em qualquer niacutevel
das simples ceacutelulas aos seres humanos embora evidentemente difira imensamente
em amplitude A totalidade da mente humana com suas esferas consciente e
inconsciente seguindo o conceito de Jung chama-se psique
Guerra (2001) infere que a nossa proacutepria forma de perceber eacute relativa
subjetiva Soacute podemos ver alguns tipos de fenocircmenos O cientista natildeo vecirc os
fenocircmenos que natildeo se encaixam no seu modelo explicativo O que pode ser
138
experimentado depende da linguagem da teoria e das crenccedilas Fisicamente atraveacutes
da visatildeo somos incapazes de perceber uma variedade muito grande de fenocircmenos
Natildeo podemos ver os raios X mas podemos ver a radiografia por ele gerada Natildeo
podemos perceber as microondas mas podemos ver ouvir cheirar tocar e provar o
delicioso prato por elas cozido no forno de microondas Esta eacute uma constataccedilatildeo
bastante oacutebvia mas incrivelmente esquecida na perspectiva materialista e
reducionista de ciecircncia o invisiacutevel afeta o visiacutevel
Segundo Capra (1982 p 75) as partiacuteculas subatocircmicas carecem de
significado como entidades isoladas e somente podem ser entendidas como
interconexotildees ou correlaccedilotildees entre vaacuterios processos de observaccedilatildeo e mediccedilatildeo
Quando penetramos na mateacuteria a natureza natildeo nos mostra quaisquer elementos
baacutesicos isolados mas apresenta-se como uma teia complicada de relaccedilotildees entre as
vaacuterias partes de um todo unificado
Segundo Guerra (2001) os processos atocircmicos produzem saltos
descontiacutenuos de energia Na fiacutesica quacircntica esta descontinuidade constitui a base
de seus estudos estaacute em sua proacutepria origem A proacutepria palavra quacircntica vem da
concepccedilatildeo dos quanta que se refere a pacotes de energia que saltam de uma
posiccedilatildeo para outra de forma descontiacutenua A mudanccedila de consciecircncia assim como a
atitude criativa muitas vezes eacute comparada ao salto quacircntico um longo periacuteodo de
preparaccedilatildeo eacute necessaacuterio ateacute que haacute um insight um estalo um clique E quando a
mudanccedila surge manifesta-se como vaacuterios aspectos interrelacionados
Noacutebrega (1999 p 126) complementa
O mundo quacircntico eacute relacional nele a relaccedilatildeo eacute o que importa natildeo o evento ou a coisa isolada O que estou dizendo eacute que o experimentador mais os foacutetons e os aparelhos usados estatildeo de alguma forma interconectados e que a realidade que emerge quando se faz a experiecircncia eacute resultado dessas interconexotildees
Segundo Gribbin (1988 p 180) natildeo eacute possiacutevel prever com certeza absoluta
qual o resultado de uma experiecircncia atocircmica e nem mesmo o de qualquer
acontecimento que se passe no Universo jaacute que o nosso mundo eacute governado pelas
probabilidades A constataccedilatildeo sobre a impossibilidade de prever os resultados
139
diante da instabilidade e imprevisibilidade do universo atocircmico aplicam-se ao mundo
globalizado que tambeacutem eacute regido pelas leis do universo
Na visatildeo da fiacutesica claacutessica a trajetoacuteria das partiacuteculas atocircmicas eacute linear e
passiacutevel de ser determinada Haacute uma uacutenica trajetoacuteria do ponto A para o ponto B A
fiacutesica quacircntica contrapondo-se a esta visatildeo advoga que natildeo eacute possiacutevel determinar
com certeza a trajetoacuteria das partiacuteculas que haacute vaacuterios caminhos possiacuteveis Tambeacutem
arguumli que as partiacuteculas atocircmicas ora se manifestam como mateacuteria ora como
energia A energia se manifesta em pacotes e de forma imprevisiacutevel Estes
conceitos baacutesicos inspiraram os estudos de vaacuterias ciecircncias Os conceitos de natildeo
lineariedade imprevisibilidade ordem implicada ordem explicada a observaccedilatildeo e a
relaccedilatildeo sujeito e objeto observado tem sido incorporados aos estudos sobre
estrateacutegia organizacional Este trabalho corrobora para os estudos em andamento
nesta aacuterea
422 TEORIA DOS SISTEMAS AUTOPOIEacuteTICOS APLICADA Agrave GESTAtildeO
ESTRATEacuteGICA ORGANIZACIONAL
A teoria dos sistemas autopoieacuteticos originaacuteria da biologia tem sido aplicada aacute
vaacuterias aacutereas do conhecimento No campo da gestatildeo estrateacutegica organizacional seus
fundamentos conceituais satildeo aplicados para o estudo da estrateacutegia como um
processo de auto-referecircncia organizacional
Maturana e Varela (1997 p11) numa percepccedilatildeo diferente da teoria de Von
Bertalanfy que aborda os seres vivos como sistemas abertos processadores de
energia argumentam que os seres vivos satildeo organizacionalmente fechados
Expotildeem que o seu processo de autoreferecircncia eacute o que determina a maneira como
se relacionam com o ambiente externo Sob este enfoque advogam que [] todos
os fenocircmenos bioloacutegicos acontecem atraveacutes da realizaccedilatildeo individual dos seres
vivos
Segundo Maturana e Varela (1997 grifo nosso) Autopoiese eacute uma rede de
produccedilotildees de componentes que resulta fechada sobre si mesma porque os
140
componentes que produz a constituem ao gerar as proacuteprias dinacircmicas de produccedilotildees
e ao determinar sua extensatildeo como um ente circunscrito atraveacutes do qual existe um
contiacutenuo fluxo de elementos que se fazem e deixam de ser componentes segundo
participam ou deixam de participar nessa rede
Morgan (1996 p 242) descreve a teoria dos sistemas autopoieacuteticos como a
loacutegica dos sistemas autoprodutores que parte da ideacuteia de que todos os sistemas
vivos satildeo organizacionalmente fechados bem como sistemas autocircnomos de
interaccedilatildeo e que fazem referecircncia somente a eles mesmos Contrapotildee-se a ideacuteia de
que os sistemas vivos satildeo abertos em relaccedilatildeo ao ambiente cuja concepccedilatildeo eacute
segundo eles o produto de uma tentativa de dar sentido a tais sistemas a partir do
ponto de vista do observador externo Oferece uma nova perspectiva para
compreender a loacutegica atraveacutes da qual os sistemas vivos mudam
Na interpretaccedilatildeo de Morgan (1996 pp 241-246) Humberto Maturana e
Francisco Varela cunharam o termo autopoiesis para se referirem a capacidade de
auto-reproduccedilatildeo atraveacutes de um sistema fechado de relaccedilotildees Sustentam que o
objetivo de tais sistemas eacute em uacuteltima instacircncia reproduzirem-se a si mesmos a sua
organizaccedilatildeo e identidade proacuteprias satildeo os seus produtos mais importantes
Johannessen (1998 p 361) subdivide a Ciberneacutetica em duas ordens
claacutessicas ou de primeira-ordem - baseadas no positivismo e as de segunda-ordem
orientada e focada na relaccedilatildeo observador-fenocircmeno observado no sistema social
na qual enquadra a teoria autopoieacutetica
Para Maturana e Varela (1997 p 113) os sistemas autopoieacuteticos geram
domiacutenios fenomenoloacutegicos diferentes ao dar origem a unidades cujas propriedades
satildeo diferentes das propriedades progenitoras Consequentemente os fenocircmenos
gerados pelas interaccedilotildees de unidades autopoieacuteticas devem explicar-se em seu
domiacutenio de interaccedilotildees e por meio das relaccedilotildees que determinam este domiacutenio
Sob a perspectiva da teoria autopoieacutetica as organizaccedilotildees corporativas
constituem-se de vaacuterias unidades estrateacutegicas de negoacutecios
UEN que atuam por
vezes em domiacutenios fenomenoloacutegicos diferenciados Tambeacutem eacute o caso de uma
141
empresa multinacional que possui filiais em vaacuterios paiacuteses Nestes casos as
unidades representadas pelas UEN ou pelas empresas filiais teratildeo uma identidade
estrateacutegica diferenciada inerente agraves relaccedilotildees e interaccedilotildees do domiacutenio
fenomenoloacutegico a que pertencem Consequentemente a estrateacutegia vaacutelida para uma
UEN ou filial nem sempre eacute vaacutelida para a outra mesmo que atenda a segmentos de
mercado semelhantes e tenham a mesma atividade fim
Morgan (1996 p247) ao apresentar as organizaccedilotildees em interaccedilatildeo com
projeccedilotildees delas mesmas encorajam a considerar estas interpretaccedilotildees como parte
do processo auto-referente atraveacutes do qual uma organizaccedilatildeo tenta concretizar e
reproduzir a sua identidade Para exemplificar cita um tiacutepico processo organizacional
de auto-referecircncia para discutir poliacuteticas e fazer um exame geral do seu ambiente
sugere os seguintes questionamentos onde nos situamos o que estaacute acontecendo
no ambiente porque o pessoal de vendas estaacute tendo tantos problemas este mecircs
que oportunidades existem para a penetraccedilatildeo em novos mercados Em que tipo de
negoacutecio estamos Estamos no tipo certo de negoacutecio
Segundo o referido autor questotildees desta natureza permitem fazer
representaccedilotildees de si mesmos das suas organizaccedilotildees e do ambiente que os
ajudam a orientar a accedilatildeo ou entatildeo manter uma identidade desejaacutevel Eacute atraveacutes deste
processo de auto-referecircncia que os membros da organizaccedilatildeo podem intervir no seu
proacuteprio funcionamento e assim participar da criaccedilatildeo e manutenccedilatildeo da sua
identidade
Deduz-se entatildeo que os domiacutenios fenomenoloacutegicos dos sistemas autopoieacuteticos
nos comunicam que natildeo eacute possiacutevel definir estrateacutegias organizacionais
determiniacutesticas e lineares aplicaacuteveis a todos os contextos e tipos de organizaccedilotildees
porque cada organizaccedilatildeo tem o seu modelo proacuteprio de auto-referecircncia que eacute uacutenico
Segundo Maturana e Varela (1997 p23) todos os fenocircmenos bioloacutegicos
resultam direta ou indiretamente como consequumlecircncia de diferentes contingecircncias
histoacutericas na realizaccedilatildeo da autopoiesis de pelo menos um ser vivo
142
A autopoiesis do sistema organizacional eacute consequumlecircncia das contingecircncias
histoacutericas de pelo menos um membro da organizaccedilatildeo No sistema gerencial
tradicional cuja caracteriacutestica baacutesica eacute a lideranccedila autocraacutetica o modelo mental de
um indiviacuteduo (suas percepccedilotildees e valores) pode determinar a evoluccedilatildeo histoacuterica da
estrateacutegia organizacional Haacute estudos de casos sobre a evoluccedilatildeo estrateacutegica de
organizaccedilotildees por meio da teacutecnica histoacuteria de vida onde a participaccedilatildeo nas decisotildees
de um membro da cuacutepula organizacional determinou a identidade e os rumos
estrateacutegicos da organizaccedilatildeo
O comportamento de um agente e seu papel na rede de agentes que integra
natildeo permanece invariantes mas muda ao longo de sua ontogenia de uma maneira
subordinada agrave ontogenia do sistema estrateacutegico organizacional jaacute que satildeo produto e
causa das mudanccedilas que a rede de agentes e a organizaccedilatildeo sofrem
Segundo Maturana e Varela (1997) a ontogenia eacute a histoacuterica de
transformaccedilatildeo de uma unidade Em consequumlecircncia a ontogenia de um sistema vivo eacute
a histoacuteria da conservaccedilatildeo de sua identidade atraveacutes de sua autopoiesis continuada
no espaccedilo fiacutesico Ainda que em um sistema autopoieacutetico todas as trocas satildeo
determinadas internamente para um observador sua ontogenia reflete em parte a
histoacuteria de suas interaccedilotildees com um ambiente independente Em consequumlecircncia dois
sistemas autopoieacuteticos equivalentes em outros aspectos podem ter ontogenias
diferentes
Segundo Maturana e Varela (1997) os seres vivos somos sistemas
determinados na estrutura e como tais tudo o que nos acontece surge em noacutes
como uma mudanccedila estrutural determinada tambeacutem a cada instante segundo nossa
estrutura do momento A noccedilatildeo de determinismo estrutural eacute definido como um ato
de siacutentese poeacutetica como uma abstraccedilatildeo das regularidades da experiecircncia do
observador e portanto apresenta validade em cada caso somente no acircmbito das
regularidades em que surge No entanto advertem que existem duas noccedilotildees
adicionais que natildeo devemos confundir com determinismo estrutural ao falar de um
sistema determinado em sua estrutura que satildeo preacute-determinismo e predicibilidade
Ao dizer que um sistema eacute ou natildeo eacute previsiacutevel entatildeo o que um observador faz eacute
143
assumir seu conhecimento ou sua ignoracircncia a respeito da estrutura do sistema que
caracteriza dessa maneira
Em outras palavras as regularidades padrotildees arqueacutetipos de comportamentos
e regularidades observadas satildeo especiacuteficos de um determinado sistema
organizacional natildeo podendo ser generalizado para outras estruturas porque cada
organizaccedilatildeo tem seu proacuteprio senso de identidade ou seja seu processo de auto-
referecircncia determinado pela sua ontogenia
Para Maturana e Varela (1997 p55) a autopoiese estaacute baseada em uma
concepccedilatildeo circular e auto-referencial dos processos A ideacuteia eacute simples somente
uma circularidade do tipo da autopoiese pode ser a base de uma organizaccedilatildeo
autocircnoma A palavra clausura eacute utilizada em um sentido de operaccedilatildeo ao interior de
um espaccedilo de transformaccedilotildees e natildeo certamente como sinocircnimo de fechamento ou
ausecircncia de interaccedilatildeo
Johannessem (1998) ao relatar a percepccedilatildeo do sistema autopoieacutetico social
como sistema autoprodutor aduz que o mesmo constitui-se de dois subsistemas
simultaneamente fechado normativamente e aberto cognitivamente A abertura
cognitiva eacute uma forma de consciecircncia ou viacutenculo do conhecimento com o ambiente
do sistema que manteacutem a aprendizagem organizacional O elemento recursivo eacute
criacutetico para a compreensatildeo do elemento normativo em vaacuterios niacuteveis de
recursividade
Johannessem (1998) aduz que os processos autopoieticos podem ser
descobertos como processos paralelos natildeo idecircnticos em sistemas sociais e
organizaccedilotildees Por isto defende a ideacuteia de que o conhecimento baseado na teoria
autopoiesis ao niacutevel celular de Maturana e Varela pode ser adaptado aos processos
sociais em organizaccedilotildees consideradas sistemas sociais
Para Maiula (2000 p158 traduccedilatildeo nossa) segundo a teoria autopoiesis as
criaturas bioloacutegicas viventes como animais e seres humanos satildeo sistemas
organizacionalmente fechados Isto significa que eles satildeo simultaneamente abertos
e fechados de um modo especiacutefico Eles satildeo abertos pela sua interaccedilatildeo com o
144
ambiente mas eles satildeo fechados no sentido de que todas as mudanccedilas satildeo
necessariamente mudanccedilas na sua estrutura interna e nada mais Organismos
viventes usam seus sentidos para criar conhecimento novo no seu ambiente e a sua
memoacuteria ( estrutura interna por exemplo ceacuterebros muacutesculos etc) carrega suas
experiecircncias e conhecimento
Para a autora supracitada jaacute que a teoria autopoiesis eacute uma teoria geral de
sistemas pode portanto ser aplicada natildeo somente em fenocircmenos bioloacutegicos
contanto que sejam conhecidas certas condiccedilotildees Entatildeo tambeacutem as companhias
podem ser consideradas sistemas de vida que reproduzem os seus proacuteprios
componentes estrateacutegicos e elementos de limite (fronteira) de uma maneira
contiacutenua
Maiula (2000 traduccedilatildeo nossa) ao aplicar os fundamentos da teoria
autopoiese para as organizaccedilotildees relata que as empresas podem ser consideradas
como sistemas autopoieticos que continuamente reproduzem a si mesmos Sob este
enfoque a proacutepria empresa eacute considerada como uma entidade autopoieacutetica Esta
abordagem identifica a funccedilatildeo sensorial ( aberta e interativa ) que habilita a
contiacutenua co-evoluccedilatildeo com o ambiente e a funccedilatildeo de memoacuteria (auto-referente -
organizacionalmente fechada ) que habilita o funcionamento efetivo da firma
Gornev (1997) apropria-se dos fundamentos da teoria autopoieacutetica para
explicar o desenvolvimento da criatividade dos indiviacuteduos visualizados como
sistemas operacionalmente fechados Sob este enfoque torna-se inevitaacutevel assumir
que a resoluccedilatildeo de problemas depende da existecircncia de alguma medida interna
que eacute imanente a toda histoacuteria pessoal do indiviacuteduo Buscando ser mais especiacutefico e
apresentar alguma evidecircncia empiacuterica exemplifica com uma situaccedilatildeo real Gerald
Holton demonstrou convincentemente que quando Einstein tinha formulado o
problema de relatividade em sua adolescecircncia ele tinha sido conduzido por alguma
expectativa subconsciente agrave sua experiecircncia anterior incluindo eventos da infacircncia e
preacute-adolescecircncia
De acordo com Mulkay (apud Gornev 1997 p 740) haacute alguma evidecircncia que
o caso de outras notaacuteveis pessoas criativas em ciecircncia como por exemplo Bohr e
145
Darwin eacute similar Em casos como estes a pessoa criativa chega a formulaccedilatildeo do
problema natildeo como um resultado de um processo racional indutivo mas
intuitivamente por um ato de realizaccedilatildeo espontacircnea de contradiccedilatildeo entre o estado
quo neste campo e algum preexistente senso esteacutetico deve que salta do
subconsciente dele
Gornev (1997) ao definir o desenvolvimento da criatividade do indiviacuteduo
como um processo de autoreferecircncia fruto da sua autopoiese propotildee uma siacutentese
da teoria de sistemas autopoieacuteticos ligada a trecircs sistemas independentes de
pensamento a psicanaacutelise moderna neuropsicoloacutegica e sociologia Tal abordagem
representa uma teoria generalizada de cogniccedilatildeo em sistemas viventes A teoria de
sistemas autopoieacuteticos fornece um conjunto de premissas fundamentais para a
compreensatildeo da criatividade a partir de uma medida interna que se origina da auto-
referecircncia da pessoa criativa Como observadores somos capazes de considerar
que ambos desenvolvimento humano em geral e a gecircnese de criatividade em
particular como duas sequumlecircncias co-evolucionaacuterias no contexto da evoluccedilatildeo do
indiviacuteduo
Segundo Maturana e Varela (1997) a conduta observada em qualquer
organismo eacute sempre expressatildeo de sua autopoiese Relatam que o operar de um
sistema estado-determinado no qual o tempo natildeo eacute um componente de sua
organizaccedilatildeo o passado e presente surgem como novas dimensotildees do acoplamento
recursivo do organismo com sua proacutepria conduta A condiccedilatildeo do sistema nervoso de
uma rede neuronial fechada natildeo existe dentro ou fora como tambeacutem natildeo eacute feita
uma distinccedilatildeo entre causas externas e internas na origem das mudanccedilas A
diferenccedila entre causas internas e externas somente pode ser feita por um
observador que observa o organismo como unidade e define um dentro e outro fora
ao delimitar suas fronteiras
Para Dougall (2000 p 497) Maturana arguumli que a ciecircncia natildeo eacute
independente da realidade Mas a realidade eacute determinada pelo observador na
accedilatildeo constitutiva de tornar visiacutevel sua praacutexis de vida
146
Deduz-se do exposto que a percepccedilatildeo do sistema autopoieacutetico
organizacional pelo agente observador como uma unidade auto-referente que
opera numa cadeia circular fechada delimita as fronteiras entre os fatores restritivos
e impulsionadores internos e externos que impactam a estrateacutegia organizacional
Este estudo ao aplicar os fundamentos da teoria de sistemas autopoieacuteticos
visa num processo de tentativo e erro testar os seus elementos conceituais na
realidade empiacuterica Visa consolidar a aplicaccedilatildeo desta teoria na concepccedilatildeo da
estrateacutegia como um processo de autoreferecircncia organizacional
423 A TEORIA DO CAOS APLICADA Agrave GESTAtildeO ESTRATEacuteGICA
ORGANIZACIONAL
A teoria do caos surgiu a partir dos estudos de Edward Lorentz um
meteorologista que no iniacutecio da deacutecada de 60 trabalhava no celebrado MIT Com
base em um programa de computador para simular sistemas meteoroloacutegicos
percebeu que alteraccedilotildees minuacutesculas nos sistemas geram grandes transformaccedilotildees
que acontecem ao acaso aleatoriamente
Lorentz (1996 p16 grifo nosso) conota o sentido da palavra caos
para
designar de forma geneacuterica processos que parecem se mover ao acaso apesar de
seu comportamento ser determinado por leis muito precisas
[] podemos descrevecirc-lo como um comportamento que eacute determiniacutestico ou quase caso ocorra um sistema tangiacutevel possuindo uma pequena quantidade de aleatoriedade mas que natildeo aparenta ser determiniacutestico Isso quer dizer que o estado presente determina completamente ou quase completamente o futuro sem parecer fazecirc-lo Como pode um comportamento determinante parecer aleatoacuterio (LORENTZ 1996 p 21)
Segundo Chiavenatto (2000 p446) nas mitologias e cosmologias antigas
caos era o vazio escuro e ilimitado que precede agrave criaccedilatildeo do mundo Contudo na
ciecircncia moderna caos significa uma ordem mascarada de aleatoriedade O que
parece caoacutetico eacute na verdade o produto de uma ordem subliminar na qual pequenas
perturbaccedilotildees podem causar grandes efeitos devido agrave natildeo lineariedade do universo
147
Para Lewin (1994) a teoria do caos foi originalmente desenvolvida nas
ciecircncias fiacutesicas para a melhor compreensatildeo de sistemas dinacircmicos complexos e
natildeo-lineares como a turbulecircncia em liacutequidos e gases
Segundo Stacey (1992 pp 98-99 grifo nosso) um preceito central da teoria
do caos eacute que conjuntos simples de relaccedilotildees deterministas podem produzir
resultados configurados mas imprevisiacuteveis Em outras palavras a ordem pode
produzir o caos e o caos pode levar a uma nova ordem
Segundo Lorentz (1996 p25) uma consequumlecircncia imediata da dependecircncia
sensiacutevel em qualquer sistema eacute a impossibilidade de se fazerem previsotildees perfeitas
ou ateacute mesmo previsotildees medianamente satisfatoacuterias para situaccedilotildees a serem
atingidas em futuro suficientemente remoto Essa afirmaccedilatildeo corresponde agrave
pressuposiccedilatildeo de que natildeo se podem fazer mensuraccedilotildees completamente isentas de
incertezas
O autor supracitado define como efeito borboleta o fenocircmeno no qual uma
pequena alteraccedilatildeo no estado de um sistema dinacircmico faraacute com que os estados
subsequumlentes sejam bastante diferentes dos estados que teriam se seguido sem
essa alteraccedilatildeo especiacutefica dependecircncia sensiacutevel
Noacutebrega (1999 grifo nosso) relata que a teoria do Caos comeccedilou motivada
pelo insight inicial de que pequeniacutessimas variaccedilotildees de alguma coisa hoje podem
levar a efeitos radicais no futuro Lorentz constatou que mesmo minuacutesculas
variaccedilotildees nas condiccedilotildees iniciais produziam alteraccedilotildees draacutesticas no resultado final
Era como se o bater das asas de uma borboleta em Satildeo Paulo acabasse
desencadeando um furacatildeo em Salvador Um comentaacuterio isolado poderia se
amplificar numa onda de boatos e fazer a bolsa de valores despencar A partir daiacute
esse efeito causas minuacutesculas podendo ter efeitos enormes ficou conhecida como
efeito borboleta e cientistas de diversos outros campos comeccedilaram a investigar se
havia efeitos borboletas em outros domiacutenios tambeacutem
O conceito de dependecircncia sensiacutevel eacute apropriado agrave era da imprevisibilidade
onde as pequenas mutaccedilotildees no ambiente geram grandes turbulecircncias De acordo
148
com Ruelle (1993 p 26) o ecircxito do que realizamos depende de circunstacircncias das
quais algumas satildeo certas e outras aleatoacuterias Euml importante calcular as
probabilidades destas uacuteltimas para poder comparaacute-las operacionalmente com a
realidade
Segundo Lorentz (1996 p 57) atratores satildeo os estados de qualquer sistema
que frequumlentemente se repitam ou que frequumlentemente sejam praticamente
atingidos com precisatildeo cada vez maior Exemplos um pecircndulo em um reloacutegio que
esteja funcionando bem natildeo vai oscilar umas vezes de forma suave outras de
forma violenta cada oscilaccedilatildeo sempre seraacute parecida com a anterior e com a
proacutexima
Para Stacey (1996 pp54-55 traduccedilatildeo nossa) em termos filosoacuteficos noacutes
podemos dizer que um atrator eacute uma condiccedilatildeo (estado) potencial de comportamento
uma disposiccedilatildeo ou um arqueacutetipo isto eacute o processo de ser realizado ou atualizado
por meio da experiecircncia especiacutefica do sistema
Para Noacutebrega (1999 p 206) natildeo existe uma previsatildeo precisa dentro de
sistemas caoacuteticos mas haacute a possibilidade de fazer uma estimativa do padratildeo de
comportamento A dinacircmica que atua no iacutentimo desses sistemas estranhamente os
atrai puxa-os para certos tipos mais provaacuteveis de caminhos denominados de
atratores estranhos Conhecendo o atrator estranho de um determinado sistema
posso saber a probabilidade de ele vir a chegar a essa ou agravequela situaccedilatildeo
Para Stacey (1996 traduccedilatildeo nossa) a auto-organizaccedilatildeo eacute um processo que
ocorre espontaneamente em certos valores criacuteticos dos paracircmetros de controle do
sistema em que os agentes organizam a si proacuteprios para produzir um novo padratildeo
sem qualquer (nenhuma coacutepia)
Stacey (1996 pp 63-64 traduccedilatildeo nossa) expotildee que simulaccedilatildeo e anaacutelise de
redes de feedback determiniacutestico tem identificado cinco propriedades fundamentais
comuns para todos os sistemas
_ Espaccedilo para novidade e criatividade agrave beira do caos
_ Fontes de instabilidade
149
_ Fontes de estabilidade
_ Evoluccedilatildeo dialeacutetica
_ Causalidade e previsibilidade
Segundo Stacey (1996 traduccedilatildeo nossa) a primeira propriedade de maior
importacircncia eacute a que sistemas de feedback determiniacutesticos natildeo lineares satildeo capazes
de novidade e infinita variedade similarmente de criatividade quando seus
paracircmetros de controle satildeo fixos nos niacuteveis criacuteticos que produzem o caos de atrator
estranho ou a fase de transiccedilatildeo a beira do caos Quando um sistema determiniacutestico
de feedback natildeo linear estaacute operando no espaccedilo para novidade tem uma fonte de
instabilidade - eacute capaz de escalar pequenas mudanccedilas dentro de padrotildees de
comportamento qualitativamente diferentes
a propriedade conhecida como
dependecircncia sensiacutevel agraves condiccedilotildees iniciais
Stacey (1996 pp65-66 traduccedilatildeo nossa) expotildee que quando um sistema
determiniacutestico de feedback natildeo linear estaacute nas imediaccedilotildees de algum atrator em
equiliacutebrio estaacutevel o feedback negativo iraacute garantir que o mesmo retorne para o
estado de equiliacutebrio
Stacey (1996 p67 traduccedilatildeo e grifo nosso) conclui que duas fontes de
estabilidade existem em sistemas de feedback determiniacutestico O primeiro eacute
contenccedilatildeo fornecido pelo feedback negativo O segundo auto-organizaccedilatildeo eacute
uma atividade cooperativa que dissemina redundacircncia e produz resultados
emergentes A evoluccedilatildeo dialeacutetica do sistema constitui-se de um rearranjo contiacutenuo
de paradoxos de estabilidade e instabilidade Quando um sistema de feedback
determiniacutestico natildeo linear opera em zonas estaacuteveis e instaacuteveis em tempos regulares
previsiacuteveis e predeterminados em direccedilatildeo a uma atualizaccedilatildeo exata de um arqueacutetipo
em equiliacutebrio tempo e espaccedilo mateacuteria e histoacuteria satildeo importantes A dialeacutetica entre
estabilidade e instabilidade mudanccedila e constacircncia eacute o que dirige a evoluccedilatildeo de
sistemas dissipativos
Stacey (1996 pp67-68 traduccedilatildeo nossa) aduz que se noacutes considerarmos que
a trajetoacuteria especiacutefica de um sistema de feedback determiniacutestico natildeo linear operando
dentro de um atrator estranho ou na fase precedente a este torna-se claro que a
150
ligaccedilatildeo entre uma causa e um efeito satildeo perdidos na complexa interaccedilatildeo entre
agentes do sistema e na escalaccedilatildeo de minuacutesculas mudanccedilas nesta interaccedilatildeo O
sistema na fase de transiccedilatildeo ou o atrator estranho tem um impulso que o remete ao
seu passado e isto torna possiacutevel previsotildees em curto prazo
Por outro lado o autor suprareferenciado argumenta que a ascendente
harmonia dos paracircmetros de controle o aumento nas taxas de informaccedilatildeo e fluxo de
energia pelo sistema e a reiteratividade (repetitividade) feedback interativo do
comportamento de uma maneira natildeo linear conduzem juntos a padrotildees caoacuteticos
emergentes com as suas caracteriacutesticas estaacuteveis e instaacuteveis Alega que natildeo
obstante a especificidade da incapacidade de previsatildeo a longo-prazo de redes de
feedback natildeo linear o comportamento operando dentro do espaccedilo para novidade
exibe padrotildees e embora eles sejam irregulares eles podem ser reconhecidos e
podem ser igualmente preditos em formas arquetiacutepicas qualitativas e irregulares
embora tenhamos que reconhecer limites para um prognoacutestico (previsibilidade)
Stacey (1996 pp70-71 traduccedilatildeo nossa) ao refletir sobre a importacircncia da
teoria do caos para os estudos na aacuterea da gestatildeo organizacional argumenta que a
administraccedilatildeo cientiacutefica e formas manipulativas do behaviorismo
(comportamentalismo) as quais consistem de detalhes fixos de regras
determiniacutesticas eacute planejado em um ambiente que natildeo tem mudanccedila e as pessoas
obedecem as regras estabelecidas por meio da persuasatildeo e os resultados previstos
satildeo alcanccedilados
No entanto adverte o referido autor no novo entendimento de sistemas
determiniacutesticos noacutes podemos obter do sistema o que queremos somente se o que
noacutes queremos seja uma repeticcedilatildeo infinita do que sempre foi feito Se noacutes estamos
todos interessados em novidade e que aleacutem de tudo isto eacute uma caracteriacutestica
chave da vida o sistema iraacute ser planejado para operar dentro de um espaccedilo para
novidade onde o futuro de longo prazo eacute imprevisiacutevel e emergente e
consequentemente natildeo pode ser planejado de um modo compreensivo
Hock (1999) ao aduzir que jaacute ultrapassamos a era da informaccedilatildeo e do
conhecimento para a era caoacuterdica argumenta que as organizaccedilotildees caoacuterdicas
151
posicionam em primeiro plano o que eacute impliacutecito ao sistema o estabelecimento de
propoacutesitos princiacutepios baseados nas crenccedilas e valores dos agentes os quais devem
ser adaptados a estrutura e a praacutetica da organizaccedilatildeo
De acordo com Hock (1999) o propoacutesito eacute uma afirmaccedilatildeo de intenccedilotildees clara
e simples eacute uma expressatildeo inequiacutevoca do que as pessoas em conjunto querem se
tornar Obter lucro natildeo eacute um propoacutesito Pode ser um objetivo uma necessidade ou
uma gratificaccedilatildeo Ressalta que nossas formas atuais de organizaccedilatildeo satildeo quase
que universalmente baseadas em tirania pois eacute isso o comportamento forccedilado por
mais benigno que pareccedila por mais bem disfarccedilado que seja A organizaccedilatildeo do
futuro seraacute a personificaccedilatildeo da comunidade baseada no propoacutesito compartilhado
falando agraves mais altas aspiraccedilotildees das pessoas
O autor supracitado apresenta as seguintes definiccedilotildees ao termo caoacuterdico
adj [port caos + ordem 1 Comportamento de qualquer organismo organizaccedilatildeo ou
sistema autogovernado que combine harmoniosamente caracteriacutesticas de ordem e
caos 2 Disposto de maneira a natildeo ser dominado nem pelo caos nem pela ordem 3
Caracteriacutesticas dos princiacutepios organizadores fundamentais da evoluccedilatildeo e da
natureza
Hock (1999) define princiacutepio como uma aspiraccedilatildeo da comunidade no acircmbito
do comportamento uma afirmaccedilatildeo inequiacutevoca de uma crenccedila fundamental sobre
como o todo e todas as partes pretendem se conduzir na busca do propoacutesito
Sempre tem conteuacutedo eacutetico e moral A estrutura refere-se agrave materializaccedilatildeo de
propoacutesito princiacutepios pessoas e conceito num documento escrito capaz de criar
realidade legal e uma jurisdiccedilatildeo apropriada geralmente na forma de um contrato
social e de um estatuto ou de um certificado de incorporaccedilatildeo e regulamentos Eacute o
contrato de direitos e obrigaccedilotildees entre todos os participantes dessa comunidade
Complementa Hock (1999) propoacutesito e princiacutepio natildeo podem ser criados por
liacutederes e impostos agrave comunidade como condiccedilatildeo de participaccedilatildeo Devem constituir
um conjunto de crenccedilas coerente e coeso embora seja inevitaacutevel que um princiacutepio
entre em conflito com o outro Paradoxo e conflito satildeo caracteriacutesticas inerentes agrave
organizaccedilatildeo caoacuterdica
152
O sistema organizacional se auto-organiza se auto-regula e manteacutem o
autocontrole quando tem propoacutesitos e princiacutepios firmemente estabelecidos Os
agentes se adaptam aos preceitos crenccedilas impliacutecitos nos princiacutepios por estarem
convictos deles ou por que desejam continuar fazendo parte do sistema Os
propoacutesitos consolidados no sistema tem o poder de espontaneamente incluir ou
excluir agentes do processo Os princiacutepios das organizaccedilotildees caoacuterdicas satildeo
incorporados agrave estrutura da organizaccedilatildeo no documento que explicita o pensamento
estrateacutegico organizacional o qual reflete a sua visatildeo missatildeo propoacutesitos princiacutepios
e valores impliacutecitos
A noccedilatildeo de propoacutesitos princiacutepios pessoas e estrutura das organizaccedilotildees
caoacuterdicas seguem a mesma linha de pensamento de Senge (2002) e Cusumano e
Markides (2002) No entanto Senge contextualiza este enfoque com a abordagem
da estrateacutegia formulada com base no modelo mental da organizaccedilatildeo Cusumando e
Markides (2000) enfatizam que estes conceitos devem configurar o pensamento
estrateacutegico da organizaccedilatildeo
Constata-se que a teoria do caos aplicada ao estudo das organizaccedilotildees
conduz a constataccedilatildeo que o sistema eacute complexo onde pequenas alteraccedilotildees em um
subsistema pode gerar grande turbulecircncias no sistema organizacional A teoria do
caos nos permite reconhecer o sistema e seus atratores mas natildeo demonstra como
podemos simplificar esta realidade complexa A teoria da complexidade a
complementa ao aduzir que o sistema exibe as propriedades de aprendizagem e
adaptaccedilatildeo ou seja nos demonstra como descrever a complexidade do sistema de
maneira simples Este assunto seraacute abordado na seccedilatildeo a seguir que trata sobre a
teoria da complexidade
especificamente sobre os sistemas complexos adaptativos
SCAs
153
424 TEORIA DA COMPLEXIDADE A GESTAtildeO ESTRATEacuteGICA
ORGANIZACIONAL SOB O ENFOQUE DOS SISTEMAS COMPLEXOS
ADAPTATIVOS - SCAs
4241 Introduccedilatildeo
A teoria da complexidade se refere ao estudo de redes de feedback
adaptativas Este estudo focaliza o estudo dos sistemas complexos adaptativos
SCA com suas propriedades de aprendizagem e adaptaccedilatildeo
Segundo Stacey (1996) muitos autores vecircm usando a Teoria da Complexidade ao
estudo das organizaccedilotildees mas a base de estudo deve ser os sistemas humanos
pois para entender as organizaccedilotildees eacute necessaacuterio entender os aspectos
essencialmente humanos dos agentes que as compotildeem Uma organizaccedilatildeo se
desenvolve atraveacutes do processo de feedback no qual o agente individual reuacutene
informaccedilotildees sobre o sistema escolhe o que fazer com o que descobriu e que accedilotildees
ele deve tomar O que significa que agentes individuais grupos de agentes e
portanto toda organizaccedilatildeo se move em torno de um feedback sem fim
Para Stacey (1996) a teoria da complexidade estuda as propriedades
fundamentais das redes de feedback natildeo lineares e particularmente as redes
adaptativas complexas De acordo com Axelrold (1997 apud COELHO 2001 p43)
a complexidade normalmente resulta em caracteriacutesticas chamadas propriedades
emergentes que satildeo propriedades do sistema que as partes separadas natildeo tecircm
Por exemplo nenhum neurocircnio tem consciecircncia mas o ceacuterebro humano tem
consciecircncia como uma propriedade emergente Da mesma forma um preccedilo
uniforme pode emergir num mercado eficiente de muitos compradores e vendedores
Noacutebrega (1999 p 280) compartilhando desta ideacuteia relata tudo que se refere
agrave nova ciecircncia da complexidade tem a ver com a emergecircncia algo que natildeo estava
laacute aparece como resultado da dinacircmica da interaccedilatildeo atraveacutes das interconexotildees da
rede de relaccedilotildees que daacute forma a tudo o que eacute vivo seja uma economia o ceacuterebro
humano uma empresa (internamente e em seu mercado) um formigueiro uma
colmeacuteia ou ateacute mesmo uma comunidade de robocirc
154
A teoria da complexidade aplicada aacute gestatildeo estrateacutegica organizacional tem
precipuamente como base de estudo os sistemas humanos partindo do pressuposto
que natildeo existe sistema organizacional nem gestatildeo estrateacutegica sem as pessoas
4242 O conceito de Sistemas Complexos Adaptativos (SCAs)
Segundo Gell-Mann (1996) pesquisas nas ciecircncias da simplicidade e da
complexidade incluem tambeacutem as similaridades e diferenccedilas entre os sistemas
complexos adaptativos que operam em diversos processos entre vaacuterios aponta o
comportamento de investidores no mercado financeiro e a utilizaccedilatildeo dos computadores
para desenvolver estrateacutegias ou fazer prediccedilotildees com base nas observaccedilotildees passadas
Os sistemas absorvem informaccedilatildeo
na forma de um fluxo de dados
e descobrem
regularidades neste fluxo que satildeo registradas tratando o resto do material como
randocircmico Estas regularidades satildeo comprimidas em um esquema utilizado para
descrever o mundo predizer seu futuro em alguma medida e prescrever um
comportamento para o proacuteprio sistema complexo adaptativo
Segundo o autor supra referenciado o esquema pode sofrer alteraccedilotildees que
produzem muitas variantes as quais competem entre si Como elas se saem nesta
competiccedilatildeo depende das pressotildees seletivas que representam a retroalimentaccedilatildeo do
mundo real as quais podem refletir a precisatildeo das descriccedilotildees e previsotildees ou a
medida pela qual as prescriccedilotildees levam agrave sobrevivecircncia do sistema Tais relaccedilotildees
entre as pressotildees seletivas e os resultados bem-sucedidos contudo natildeo satildeo
correlaccedilotildees riacutegidas mas apenas tendecircncias O processo de adaptaccedilatildeo dos
esquemas conduz apenas de modo aproximado aos resultados adaptativos dos
sistemas Esquemas mal-adaptativos podem tambeacutem ocorrer
Segundo Stacey (1996 p10) Sistemas Complexos Adaptativos
SCAs
consistem de um nuacutemero de componentes ou agentes que interagem com outros
de acordo com um conjunto de padrotildees que requerem deles examinar e responder
aos comportamentos dos outros para melhorar o comportamento deles e desse
modo o comportamento do sistema em que estatildeo inseridos Os sistemas juntos
formam um suprasistema co-evolucionaacuterio que cria e aprende no caminho do futuro
155
Para Leite (2003) um SCA eacute considerado um sistema composto de um
grande nuacutemero de diferentes agentes que captam informaccedilotildees do meio ambiente e
das suas proacuteprias interaccedilotildees Ele cria regras a partir de esquemas individuais e
conjuntos As regras satildeo desenvolvidas pela identificaccedilatildeo de regularidades na
captaccedilatildeo das informaccedilotildees Estes esquemas satildeo atualizados pela aprendizagem e
evoluem para estaacutegios mais avanccedilados
Gell-Mann (1996 p 105 grifo nosso) argumenta que padrotildees de
reconhecimento surgem naturalmente nos seres humanos como SCAs Estaacute na
nossa natureza por heranccedila bioloacutegica e tambeacutem por meio da transmissatildeo de
cultura ver padrotildees identificar regularidades construir esquemas em nossas
mentes Entretanto estes esquemas satildeo muitas vezes promovidos ou rebaixados
aceitos ou rejeitados em resposta agraves pressotildees seletivas que satildeo muito diferentes
das que operam nas ciecircncias onde a concordacircncia com a observaccedilatildeo eacute tatildeo criacutetica
De acordo com Agostinho (2003 p 28) SCAs satildeo organizaccedilotildees em rede
formadas por agentes os quais satildeo elementos ativos e autocircnomos que aprendem e
adaptam seus comportamentos a partir das pressotildees de seleccedilatildeo presentes O
comportamento global do sistema emerge entatildeo como efeito da combinaccedilatildeo das
interaccedilotildees (natildeo-lineares) entre os diversos componentes
Para Stacey (1996 p13) o sistema produz padrotildees de comportamentos que
consistem em uma cadeia de agentes dirigida por feedback (realimentaccedilatildeo) de
interaccedilatildeo natildeo linear para produzir resultados desconhecidos que tecircm padratildeo Os
SCAs tecircm uma ordem inerente que estaacute simplesmente esperando para ser
desdobrado pela experiecircncia do sistema mas ningueacutem pode saber qual aquela seraacute
a ordem que de fato se desdobra em tempo real
Segundo Anderson (1999 p216) os modelos de SCAs representam um
novo caminho genuiacuteno para simplificar a complexidade os quais satildeo caracterizados
por quatro elementos chaves 1agentes com esquemas 2Redes auto-organizadas
mantidas pela importaccedilatildeo de energia 3 Coevoluccedilatildeo agrave beira do caos 4
Recombinaccedilatildeo e evoluccedilatildeo do sistema
156
O autor supracitado ao apontar alguns modelos computacionais de simulaccedilatildeo
para o estudo dos SCAs automata celular redes neurais e sistemas de classificaccedilatildeo
que empregam algoritmos geneacuteticos aduz que todos contribuem com conceitos
importantes para a sua modelagem Poreacutem adverte que eacute necessaacuterio um enfoque
que integre a observaccedilatildeo empiacuterica com o poder do computador para simular as
vaacuterias trajetoacuterias possiacuteveis pelos quais redes complexas de interaccedilatildeo de agentes
possam evoluir
Para Harkema (2003 p 340) as caracteriacutesticas mais importantes dos SCAs
satildeo natildeo linearidade comportamento dinacircmico emergecircncia e auto-organizaccedilatildeo De
acordo com Iarozinski e Canciglieri (2002) as abordagens claacutessicas da gestatildeo da
produccedilatildeo satildeo caracterizadas por uma busca da ordem e fuga da complexidade
Nesta perspectiva eacute preconizado natildeo soacute o conhecimento completo do sistema mas
ele eacute visto como completamente previsiacutevel num enfoque determiniacutestico Em
contraponto propotildeem um modelo conceitual de gestatildeo da produccedilatildeo como base no
conceito de laquoIMPLEXOraquo o qual nos revela que o sistema natildeo eacute simples mas
compreensiacutevel O estudo proposto elege como propriedades fundamentais dos
sistemas complexos a estrutura a inteligecircncia e a organizaccedilatildeo
Este estudo ao incorporar a dinacircmica de funcionamento de um SCA agrave gestatildeo
estrateacutegica organizacional concebe a organizaccedilatildeo como um sistema composto de
dois subsistemas o gerenciamento da estrateacutegia no paradoxo (caos) e a sua
capacidade de aprender auto-organizar-se adaptar-se e retroalimentar-se num
processo circular num fluxo de contiacutenua mudanccedila
4243 A Organizaccedilatildeo como um SCA
De acordo com Stacey (1996 pp 201-202 traduccedilatildeo nossa) economistas da escola
austriacuteaca vecircem as organizaccedilotildees como sistemas que satildeo parte de um grande
sistema ambiental e que evoluem atraveacutes de um processo de destruiccedilatildeo criativa e
espontacircnea auto-organizaccedilatildeo Tais sistemas estatildeo evoluindo em estados de natildeo
equiliacutebrio e o futuro deles satildeo impossiacuteveis de predizer Desordem eacute uma parte
essencial do progresso do sistema O futuro emerge ou evolui das interaccedilotildees entre
agentes
157
Segundo Stacey (1996 traduccedilatildeo nossa) as organizaccedilotildees concebidas como um
SCA constituem-se das seguintes caracteriacutesticas
_ Satildeo redes que se compotildeem de um grande nuacutemero de agentes que interagem
uns com os outros reproduzindo seu proacuteprio comportamento de acordo com um
conjunto de regras comportamentais que noacutes podemos chamar de esquema
_ Satildeo sistemas complexos adaptativos criativos e inovadores quando ocupam
um espaccedilo para novidade agrave beira do caos ou desintegraccedilatildeo Cada tempo real de
aprendizagem ou auto-reflexatildeo eacute um processo de auto-organizaccedilatildeo que produz
resultados radicalmente imprevisiacuteveis e emergentes
_ Possuem caracteriacutesticas essencialmente holograacuteficas ou seja o todo estaacute
dentro de todas as partes bem como que todas as partes estatildeo dentro do todo
_ Satildeo sistemas (todo) que tem a forma de rede de sistemas que consistem em
indiviacuteduos ou agentes de grupo e normalmente ambos
_ Eacute uma rede constituiacuteda de dois subsistemas legiacutetimo e de sombra Embora
estes subsistemas satildeo conceitualmente distinguiacuteveis eles operam entrelaccedilados
porque eles devem ser compreendidos como um todo este todo eacute natildeo linear porque
o componente sombra eacute sempre natildeo linear e o componente legiacutetimo somente aacutes
vezes eacute natildeo linear
Correcirca Coelho Domingues et al (2002) concebem a organizaccedilatildeo como um
agrupamento de pessoas com valores desejos e aspiraccedilotildees diferenciadas que
acabam refletindo no proacuteprio comportamento organizacional
As organizaccedilotildees como um SCA configuram-se como um sistema composto
de dois subsistemas legiacutetimo e de sombra constituem-se de agentes em interaccedilatildeo
que se distinguem por populaccedilotildees e tipos os quais fazendo uso de artefatos
compartilham seus esquemas por meio de regras avaliativas padrotildees
comportamentais e modelos mentais A estrateacutegia eacute concebida agrave beira do caos O
sistema aprende no paradoxo (caos) se auto-organiza se adapta e se retroalimenta
continuamente
42431 Subsistemas do Sistema Organizacional Legiacutetimo e de Sombra
Sob o enfoque do SCA a organizaccedilatildeo eacute um sistema composto de dois
subsistemas legiacutetimo e o de sombra O subsistema legiacutetimo representa o que eacute
158
visiacutevel ao sistema a ordem expliacutecita ou explicada - a administraccedilatildeo ordinaacuteria o qual
estaacute incorporado no planejamento estrateacutegico formalizado nas normas no
organograma O subsistema de sombra refere-se ao que eacute invisiacutevel a ordem
impliacutecita ou implicada
a administraccedilatildeo extraordinaacuteria Estaacute impliacutecito nos esquemas
compartilhados pelos agentes os quais influem nos padrotildees de comportamento do
sistema e no modelo mental da organizaccedilatildeo
Segundo Stacey (1996 p 47 traduccedilatildeo e grifo nosso) os sistemas humanos
quer dizer indiviacuteduos grupos organizaccedilotildees e sociedades satildeo cadeias de
realimentaccedilatildeo natildeo linear que interrelacionam-se um ao outro formando um todo
altamente complexo Cada um destes sistemas consistem em dois subsistemas Um
subsistema legiacutetimo onde o comportamento eacute dirigido pela realidade corrente e por
um esquema dominante em que todos os agentes do sistema compartilham
liderados pela conformidade Um subsistema de sombra cujo comportamento eacute
dirigido natildeo por realidade atual mas por um esquema recessivo o qual eacute uacutenico para
os agentes individuais conduzindo assim para a diversidade
Prossegue Stacey (1996 grifo nosso) o subsistema Legiacutetimo representa a
administraccedilatildeo ordinaacuteria que conduz o compromisso com a implementaccedilatildeo da
estrateacutegia atual de sobrevivecircncia O propoacutesito do sistema dominante eacute garantir
desempenho eficiente para estrateacutegias atuais Ao niacutevel de uma organizaccedilatildeo
esquemas dominantes satildeo personificados (incluiacutedos) nas estruturas e rotinas de um
sistema legiacutetimo O esquema dominante de um sistema eacute o conjunto de regras ou
sistema de siacutembolo que modelam um agente ou a percepccedilatildeo de sistema da tarefa
primaacuteria atual o qual se refere a hierarquia burocracia e ideologia compartilhada
por membros de uma organizaccedilatildeo que tem a autoridade para sancionar accedilotildees e
alocar recursos Idealmente eacute determiniacutestico dentro do senso que todos os agentes
tem um comportamento padratildeo (uniforme linear) em lugar de seguir seus proacuteprios
esquemas e as regras do esquema dominante manteacutem-se constante por longos
periacuteodos
De acordo com o autor supracitado o subsistema de sombra eacute dirigido por
esquemas recessivos expressos dentro de um processo de administraccedilatildeo
extraordinaacuteria Este eacute um conjunto de interaccedilotildees entre membros de um sistema
159
organizacional legiacutetimo que compreende todas as interaccedilotildees poliacuteticas e sociais que
estatildeo no lado de fora de regras estritamente prescritas pelo sistema legiacutetimo Esta eacute
a arena em que membros de uma organizaccedilatildeo perseguem seus proacuteprios ganhos
(lucros) mas tambeacutem onde eles atuam criam e preparam inovaccedilotildees Eacute claramente
natildeo linear Suas interaccedilotildees tomam as mais diversas formas atiacutepicas no subsistema
legiacutetimo por exemplo satildeo adicionados ao fluxo de informaccedilatildeo energia e accedilatildeo
fluxos de emoccedilatildeo amizade verdade e outras qualidades Satildeo caracterizados por
vaacuterios graus de uniformidade e diversidade conformidade e individualidade
Morgan (1996 grifo nosso) ao abordar o subsistema de sombra da
organizaccedilatildeo reporta-se as implicaccedilotildees do trabalho de Carlos Jung Atribui ecircnfase agrave
ideacuteia de que a psique humana eacute uma parte de um inconsciente coletivo que
transcende os limites do espaccedilo e do tempo A energia fiacutesica que Einstein viu como
subjacente agrave toda a mateacuteria teve um paralelo no trabalho de Jung atraveacutes da sua
concepccedilatildeo de energia psiacutequica Assim como a energia fiacutesica a energia psiacutequica
estava tambeacutem aberta a muitos tipos de transformaccedilatildeo por meio de atividades
conscientes e inconscientes
Neste estudo o subsistema legiacutetimo da organizaccedilatildeo constitui a inteligecircncia
racional do sistema passiacutevel de anaacutelise e mensuraccedilatildeo O subsistema de sombra
constitui-se dos padrotildees inconscientes de comportamento do sistema o qual
considera a inteligecircncia emocional e motivacional do sistema
42432 Agentes
O sistema organizacional constitui-se de uma rede de agentes Agregando-se
o sentido denotativo do termo do dicionaacuterio eletrocircnico Aureacutelio como propulsor
impulsor agraves concepccedilotildees de Axelrold e Cohem (2000)e de Stacey (1996) define-se
neste estudo como agente o impulsionador das interaccedilotildees sistecircmicas em uma
unidade organizacional Dependendo do niacutevel das interaccedilotildees o agente pode ser
uma pessoa uma famiacutelia uma estrateacutegia um programa de computador
Segundo Axelrod e Cohen (2000 pp 10-11 grifo nosso) um agente tem a
habilidade de interagir com o seu meio incluindo outros agentes Considerando-o
160
numa ampla definiccedilatildeo podemos julgar que uma pessoa natildeo eacute o uacutenico tipo de
agente Uma famiacutelia um negoacutecio ou um paiacutes inteiro tambeacutem pode ser agente Ateacute
um programa de computador interagindo com outros programas pode ser visto como
um agente Atribuem aos agentes uma seacuterie de propriedades localizaccedilatildeo
onde o
agente opera capacidades
como o agente pode afetar o mundo e memoacuteria
que
impressotildees o agente pode transportar do seu passado
Axelrold e Cohen (2000 grifo nosso) ressaltam duas importantes
classificaccedilotildees no estudo dos agentes populaccedilatildeo e tipo Salientam a importacircncia o
conceito de populaccedilotildees de agentes sob trecircs enfoques como uma fonte de
possibilidades onde aprender como recipientes para um aperfeiccediloamento receacutem-
descoberto e como parte do seu ambiente Visualizam como um dos benefiacutecios
primordiais da abordagem dos SCAs a possibilidade de vocecirc enxergar-se no
contexto de uma populaccedilatildeo de agentes e as suas accedilotildees no contexto de uma
populaccedilatildeo de estrateacutegias Aduzem que as populaccedilotildees tecircm estrutura
padrotildees de
interaccedilatildeo que determinam quais pares de agentes tecircm mais probabilidade de
interagir e quais natildeo tecircm Um tipo eacute uma categoria de agentes dentro da populaccedilatildeo
maior que compartilham alguma combinaccedilatildeo perceptiacutevel de caracteriacutesticas
De acordo com os autores supracitados muitas das questotildees essenciais se
concentram no modo pelo qual os agentes de um tipo particular se tornam mais (ou
menos) comuns numa populaccedilatildeo Por exemplo agressiva e reservada podem ser
tipos de estrateacutegias de vendas que uma firma particular distingue Outra firma pode
distinguir perioacutedica de uma uacutenica vez Professores podem definir a populaccedilatildeo de
crianccedilas de sua escola como se encaixando em tipos de acordo com o grau escolar
Para outros propoacutesitos os gecircneros talvez sejam os tipos relevantes
Cusumano e Markides (2002 p137) sugerem que exatamente pelo fato da
evoluccedilatildeo dos negoacutecios como a evoluccedilatildeo bioloacutegica constituiacuterem-se num sistema
complexo adaptativo os negoacutecios natildeo devem ter estrateacutegias com um uacutenico foco
mas sim cultivar e gerenciar populaccedilotildees de estrateacutegias muacuteltiplas as quais
evoluem e manteacutem uma seacuterie de opccedilotildees abertas ao longo do tempo minimizando
compromissos irreversiacuteveis e de longo prazo
161
Por outro lado Cusumano e Markides (2002 p 150) ressaltam para construir
e gerenciar uma populaccedilatildeo variada de estrateacutegias uma empresa precisa de uma
populaccedilatildeo diversificada de pessoas da produccedilatildeo de insights indutivos elaborados
com base em experiecircncias passadas analogias com outras induacutestrias e situaccedilotildees e
uma mistura e combinaccedilatildeo de elementos de outras estrateacutegias bem sucedidas
Aduzem que a criaccedilatildeo da estrateacutegia eacute portanto altamente dependente das
experiecircncias e da estrutura de referecircncia das pessoas
Segundo Stacey (1996 traduccedilatildeo nossa) cada agente tambeacutem eacute um sistema
sendo o agente individual de natureza humana O aspecto essencialmente humano
dos agentes que compotildeem uma organizaccedilatildeo eacute uma caracteriacutestica chave que deve
ser levada em conta se noacutes quisermos ter uma estrutura uacutetil para entendimento das
organizaccedilotildees
De acordo com o autor supracitado a estrutura dos agentes humanos que
formam uma organizaccedilatildeo tem certos aspectos chaves
_ Os agentes satildeo influenciados pelas emoccedilotildees e aspiraccedilotildees inspiraccedilotildees e
ansiedade compaixatildeo e avareza honestidade e decepccedilatildeo imaginaccedilatildeo e
curiosidade Esta eacute dinacircmica de inspiraccedilatildeo e ansiedade
_ Os agentes podem escolher dar prioridade aos proacuteprios propoacutesitos mentais
individuais deles em lugar de compartilhaacute-los com algueacutem uma reflexatildeo da luta
baacutesica que todos os humanos tecircm sido entre eles mesmos e os requisitos para
pertencer ao grupo Este aspecto de comportamento humano pode ser resumido
como a dinacircmica de conformidade e individualismo
_ Os agentes satildeo influenciados pelas diferenccedilas de poder entre eles que satildeo a
dinacircmica lideranccedila-seguidores que reflete a baacutesica tendecircncia humana a onipotecircncia
onisciecircncia papeacuteis dominantes a algumas vezes e papeacuteis submissos dependentes
em outros momentos
_ Os agentes satildeo capazes de pensamento sistecircmico quer dizer de observar
refletir e alterar comportamentos de acordo com as suas percepccedilotildees da operaccedilatildeo do
sistema inteiro do qual eles satildeo uma parte Isto implica em uma habilidade de refletir
sobre si proacuteprios e pensar sobre o seu papel enquanto participante e observador Eacute
a propriedade de consciecircncia e autoconsciecircncia
162
Para Axelrold e Cohen (pp12-13) artefatos satildeo objetos que satildeo usados por
agentes Como os agentes eles podem ter propriedades importantes como
localizaccedilatildeo ou capacidades podem ter caracteriacutesticas que instigam alguns
comportamentos dos agentes como um brinquedo que pode reagir a uma crianccedila
que daacute corda em sua mola Contudo habitualmente eles natildeo tecircm objetivos proacuteprios
ou poderes de reproduccedilatildeo
Deduz-se do exposto que os agentes do sistema organizacional podem ser
classificados em humanos e natildeo humanos em populaccedilotildees e tipos os quais fazem
uso de artefatos para subsidiar as suas accedilotildees no sistema estrateacutegico organizacional
42433 EsquemasModelo Mental
Os agentes agem e reagem no sistema organizacional de acordo com as
regras do esquema dominante
pensamento consciente objetivo racional e os
padrotildees inconscientes que constituem o esquema recessivo
subjetividade
emoccedilotildees O modelo mental da organizaccedilatildeo eacute fruto do compartilhamento dos
esquemas dos agentes no sistema
Segundo Gell Mann (1996) o desafio de circunstacircncias que mudam mais
depressa que a capacidade de um dado processo evolucionaacuterio de acomodaacute-las eacute
algo que afeta profundamente as perspectivas para a biosfera e para a raccedila
humana como um todo Nossos proacuteprios schemata geneacuteticos refletem em grande
parte um mundo de cinquumlenta mil anos atraacutes e natildeo podem mudar raacutepido o suficiente
em poucos seacuteculos seguindo simplesmente os mecanismos normais da evoluccedilatildeo
bioloacutegica Destaca a importacircncia da mudanccedila cultural a necessidade de cooperaccedilatildeo
e competiccedilatildeo saudaacutevel e a sabedoria de selecionar simplificaccedilotildees e aproximaccedilotildees
que natildeo sacrifiquem a representaccedilatildeo de questotildees qualitativas cruciais
especialmente valores neste processo
Segundo Noacutebrega (1999 grifo nosso) schema eacute uma palavra grega que tem
a ver com um modelo interno que se usa para orientar o comportamento no mundo
real Euml a traduccedilatildeo para o exterior de um processo interior Seu plural eacute schemata O
que estaacute acontecendo no mundo da empresa hoje eacute perfeitamente explicado por um
163
quadro assim Nossas cabeccedilas de managers ainda processam schemata do iniacutecio
do seacuteculo
Segundo Stacey (1996 p 90 traduccedilatildeo nossa) um esquema modela
regularidades nos estiacutemulos experimentados por um sistema Consiste em um
conjunto de regras que refletem regularidades e permitem um sistema a determinar
a natureza de experiecircncia adicional e fazer sentido disto Um esquema tambeacutem
conteacutem regras indicando como o sistema deveria responder a sua experiecircncia que
pode incluir extensatildeo modificaccedilatildeo ou mudanccedila nas regras que incluem o esquema
Ao conceituar esquema a partir do ceacuterebro humano aduz que o ceacuterebro eacute um todo
que toma a forma de um sistema em rede os agentes satildeo neurocircnios que estatildeo
conectados uns aos outros por meio de synapses Os neurocircnios (agentes)
interagem para criar padrotildees de atividade eleacutetrica pelo ceacuterebro que representam
estiacutemulos particulares
Prossegue o autor supracitado arguumlindo que quando cheiramos o queijo um
padratildeo de atividade eleacutetrica passa pelo bulbo olfatoacuterio do ceacuterebro que eacute associado
com ou simboliza o odor do queijo Entatildeo o padratildeo neuronial do odor de queijo eacute
um padratildeo eleacutetrico que eacute recriado em cada momento em que um estiacutemulo eacute
encontrado usando natildeo somente os proacuteprios estiacutemulos mas tambeacutem padrotildees de
estiacutemulos neuroniais desenvolvidos em experiecircncias preacutevias
que satildeo esquemas
Eacute este loop de feedback que torna possiacutevel a criatividade da aprendizagem
complexa quer dizer a habilidade para mudar esquemas
Jung (apud Capra 1982 Morgan 1996 grifo nosso) distinguiu duas esferas
na psique inconsciente um inconsciente pessoal pertencente ao indiviacuteduo e um
inconsciente coletivo que representa um estrato mais profundo da psique comum
a toda a humanidade
Capra (1982 p 353) define Arqueacutetipos como padrotildees dinacircmicos
coletivamente presentes no inconsciente Esses padrotildees formados pelas
experiecircncias remotas da humanidade refletem-se em sonhos assim como nos
motivos universais encontrados em mitos e contos de fadas no mundo inteiro
Morgan (1996) aduz que Arqueacutetipo que literalmente significa modelo original eacute
164
definido por Jung de diversas formas e desempenha papel criacutetico na ligaccedilatildeo do
indiviacuteduo com o inconsciente coletivo Destes arqueacutetipos depende o modo pelo qual
noacutes tomamos conhecimento de noacutes mesmos nos nossos encontros com o mundo
exterior e satildeo cruciais para compreender as ligaccedilotildees entre os aspectos conscientes
e inconscientes da psique
Segundo Stacey (1996 p288 traduccedilatildeo nossa) a ordem imanente ou
implicada eacute um padratildeo de comportamento que existe como um potencial por causa
das propriedades de algum conjunto de regras Tal ordem eacute envolvida e desdobrada
entatildeo pelo funcionamento das regras e pela experiecircncia do sistema Relata que
Freud Klein Winnicott Jung e seus seguidores tem mostrado que toda mente eacute
resultado de um processo desenvolvente uma trajetoacuteria evolucionaacuteria fluindo de um
processo de feedback em que os comportamentos arqueacutetipos satildeo atualizados com a
experiecircncia Cada mente humana eacute unicamente diferente por causa de suas
frequumlentes pequenas diferenccedilas na histoacuteria da experiecircncia das pessoas que fazem
com que os arqueacutetipos sejam atualizados de maneira uacutenica
Segundo Stacey (1996 pp 215-216 traduccedilatildeo nossa) as simulaccedilotildees de
redes de feedback adaptativos natildeo lineares mostram como predizer arqueacutetipos
embora natildeo sejamos capazes de predizer as atualizaccedilotildees especiacuteficas deles Isto
sugere que noacutes deveremos ter mais sucesso em predizer o comportamento de
organizaccedilotildees se noacutes focalizarmos que tipo de comportamento arquetiacutepico tende a
ser produzido por um tipo de esquema geral em lugar de tentar prever os resultados
especiacuteficos de accedilotildees especiacuteficas
Segundo Noacutebrega (1999 p 254) o modelo mental eacute a arte de integrar
inventividade agrave linguagem loacutegica da estrateacutegia o qual vai se consolidando ao longo
do tempo e estaacute sempre acoplado a um tipo de linguagem proacuteprio da empresa
Atraveacutes dessa linguagem as pessoas se influenciam mutuamente sobre a maneira
de ver o mundo
Para Senge(2002 p42) o modelo mental eacute o meio atraveacutes do qual noacutes e o
mundo interagimos Estatildeo profundamente enraizados em nossa histoacuteria de vida e na
165
noccedilatildeo que temos de quem somos Muitas ideacuteias sobre novos mercados ou sobre
praacuteticas organizacionais obsoletas natildeo satildeo colocados em praacutetica porque entram em
conflito com poderosos modelos mentais impliacutecitos
Segundo Baddeley (1990 apud Stacey 1996 traduccedilatildeo nossa) a parte do
esquema global de um agente pode ser entendida como um conjunto de (scripts)
padrotildees comportamentais regras avaliativas tomada de decisatildeo ou regras
operacionais ou modelos mentais Os scripts comportamentais satildeo padrotildees de
comportamento que um indiviacuteduo segue tipicamente Satildeo os padrotildees de
comportamentos seguidos por indiviacuteduos grupos e organizaccedilotildees desenvolvidos por
meio da experiecircncia de vida Estas regras inconscientes podem inferir no
comportamento observado
De acordo com Stacey (1996 p32 traduccedilatildeo nossa) o segundo componente
dos esquemas que agentes em uma organizaccedilatildeo usam para fazer escolhas
consistem de regras que satildeo compartilhadas com outros agentes Algumas destas
regras compartilhadas estatildeo embutidas dentro da burocracia e outras satildeo expressas
como uma cultura compartilhada Ambas podem ser aplicadas a toda a
organizaccedilatildeo ou para grupos especiacuteficos dentro da organizaccedilatildeo
A mente humana configura-se atraveacutes de sua psique (consciente +
inconsciente) O consciente armazena pensamentos baseados no conhecimento
racionalidade o qual representa em torno de 30 de nossas ideacuteias No entanto em
torno de 70 de nossos pensamentos estaacute no inconsciente o qual acumula as
experiecircncias com base na intuiccedilatildeo nas conexotildees e esquemas que nossos padrotildees
de pensamentos inconscientes produzem Isto explica porque uma pessoa mesmo
possuindo consciecircncia de um problema comportamental natildeo consegue mudar suas
atitudes Por que de fato ela necessita alterar o padratildeo de comportamento que estaacute
no seu inconsciente Quanto a este padratildeo inconsciente haacute vaacuterias vertentes para
explicaacute-lo alguns o atribuem agrave vidas passadas outros a esquemas geneacuteticos ao
inconsciente coletivo pertencente a toda a humanidade etc
Deduz-se que os agentes em interaccedilatildeo no sistema organizacional
compartilham seus esquemas conscientes e inconscientes individuais e coletivo de
166
acordo com os seus arqueacutetipos ou seu esquema global formado pelo seus scripts
comportamentais regras avaliativas operacionais de decisatildeo ou modelos mentais
42434 Estrateacutegia agrave beira do Caos
A estrateacutegia agrave beira do caos eacute concebida na fronteira entre a estrateacutegia
deliberada e a estrateacutegia emergente Como estrateacutegia deliberada configura a ordem
as regras o esquema dominante do subsistema legiacutetimo A lineariedade e o
determinismo Representa o status quo a estrateacutegia de sobrevivecircncia Como
estrateacutegia emergente reproduz a desordem o compartilhamento dos esquemas no
subsistema de sombra a natildeo lineariedade e o indeterminismo Representa o espaccedilo
para a inovaccedilatildeo e criatividade A diversidade de estrateacutegias
Axelrold e Cohen (2000 pp11-12) definem estrateacutegia como a maneira pela
qual um agente reage ao seu meio e persegue seus objetivos Envolve escolha
deliberada mas tambeacutem inclui padrotildees de reaccedilatildeo que perseguem objetivos com
pouca ou nenhuma deliberaccedilatildeo
Segundo Cusumano e Markides (2002 p190) como todas as formas de
complexidade a estrateacutegia estaacute na fronteira entre a ordem perfeita e o caos total
entre a eficiecircncia absoluta e a experimentaccedilatildeo cega entre a autocracia e a completa
ad hocracia
Segundo Stacey (1996 p80) o experimento natildeo eacute introduzido e agentes natildeo
estatildeo assumindo e formulando uma estrateacutegia Ao inveacutes as estrateacutegias emergem
imprevisivelmente em um co-evolucionaacuterio instrumento de competiccedilatildeo que acontece
em um ambiente dinacircmico um pouco desordenado dirigida em parte por
casualidade De acordo com o autor supracitado competiccedilatildeo e conflito emergem e
a evoluccedilatildeo do sistema eacute dirigida por agentes que estatildeo tentando explorar um ao
outro mas o jogo soacute pode evoluir se nenhum lado tem sucesso completamente ou
vatildeo longe nesta exploraccedilatildeo
Cusumano e Markides (2002 p193 grifo nosso) aduzem que nossos
insights mais valiosos sobre estrateacutegia provavelmente viratildeo de algo muito aleacutem das
167
disciplinas tradicionais de estrateacutegia mas sim da reuniatildeo de conceitos como
emergecircncia auto-organizaccedilatildeo percepccedilatildeo e aprendizado organizacional Sobre
a criaccedilatildeo de novas opccedilotildees estrateacutegicas argumentam que as mesmas combinam a
expansatildeo do conhecimento da empresa sobre novos mercados em potencial ou
novos comportamentos dos clientes com o desenvolvimento simultacircneo de novas
capacidades No entanto salientam que a empresa deve desenvolver uma cultura
que receba bem a mudanccedila e incentive a experimentaccedilatildeo e o aprendizado para
superar os obstaacuteculos agrave inovaccedilatildeo
Axelrold e Cohem (2000 grifo nosso) aduzem que os agentes podem ser
capazes de observar algo sobre o quatildeo bem estatildeo indo de acordo com alguma
medida de sucesso ao observar com frequumlecircncia as accedilotildees ou ecircxitos dos agentes
com quem interagem Isto pode despertar num agente insatisfeito a tentativa de uma
nova estrateacutegia baseada em ensaio-e-erro ou imitar a estrateacutegia de outro agente
Agostinho (2003 p 27 grifo nosso) define SCAs como sistemas que
aprendem aponta como sendo suas propriedades baacutesicas a aprendizagem e a
adaptaccedilatildeo Referindo-se a aprendizagem adota o conceito de Plotkin (1994)
[]convencionalmente aprendizado eacute qualquer modificaccedilatildeo de longa duraccedilatildeo no
comportamento devido agrave experiecircncia Seguindo o conceito de Gell-Mann (1994)
aduz que a adaptaccedilatildeo eacute a capacidade do sistema de ajustar seu comportamento a
partir do que consegue perceber sobre as condiccedilotildees do seu meio ambiente e sobre
seu desempenho Complementa a definiccedilatildeo de adaptaccedilatildeo reportando-se agrave
Holland (1996 p 9) [] a adaptaccedilatildeo estaacute relacionada a mudanccedilas na estrutura
(estrateacutegia) com base na experiecircncia do sistema
Segundo Gell-Mann (1996 p 378) sistemas complexos adaptativos
funcionam melhor em um regime intermediaacuterio entre a ordem e a desordem Eles
exploram as regularidades fornecidas pelo determinismo aproximado do domiacutenio
quase claacutessico e ao mesmo tempo se aproveitam das indeterminaccedilotildees (passiacuteveis
de descriccedilatildeo como ruiacutedo flutuaccedilotildees calor incerteza e assim por diante) que na
verdade podem ser uacuteteis na busca de esquemas melhores O ruiacutedo ou calor pode
tirar o sistema de um poccedilo raso e lhe permitir descobrir um muito mais profundo nas
cercanias
168
O sistema ao conceber estrateacutegias agrave beira do caos funciona como uma
cadeia circular dinacircmica de aprendizagem auto-organizaccedilatildeo adaptaccedilatildeo e
retroalimentaccedilatildeo num fluxo de contiacutenua mudanccedila O sistema pode apresentar
aprendizagem mal adaptativa O sistema roda continuamente gerando loops de
feedback positivo negativo aprendizagem de loop simples duplo ou mal-adaptativa
Neste processo no espaccedilo para a inovaccedilatildeo e criatividade experimenta a ansiedade
que a aprendizagem no paradoxo causa Sob este enfoque a organizaccedilatildeo
experimenta a ambiguumlidade competiccedilatildeo e cooperaccedilatildeo que exige uma lideranccedila
capacitada para manter a ansiedade do sistema Cada um destes pontos seratildeo
tratados a seguir
42435 Aprendizagem no paradoxo (caos) espaccedilo para a inovaccedilatildeo e a criatividade
A aprendizagem no paradoxo(caos) cria um espaccedilo para a inovaccedilatildeo e
criatividade advindo da emergecircncia do sistema No entanto o sistema
organizacional experimenta situaccedilotildees conflitantes causados por sentimentos
contraditoacuterios Neste processo as lideranccedilas devem estar preparadas para gerenciar
a ansiedade que a aprendizagem no paradoxo causa
Segundo Noacutebrega (1999 p 223) estruturas vivas soacute conseguem sobreviver
criativamente no limite entre a ordem e o caos Enquanto o sistema tem a
capacidade de se auto-renovar ele evolui quando perde essa capacidade comeccedila a
se encaminhar para o fim Um pouco de exagero para o lado da ordem e o sistema
congela e necrosa um passo a mais na direccedilatildeo da desordem e o sistema se
desintegra em pedaccedilos
Complementa o autor supracitado aduzindo que mudar os esquemas
dominantes ou pelo menos parte deles implica que os agentes humanos deixam de
operar em uma zona estaacutevel de comportamento e transitam para uma zona instaacutevel
Essa fase de transiccedilatildeo eacute um estaacutegio de paradoxo que manifesta uma tensatildeo entre
os sistemas dominantes e recessivos enquanto o primeiro procura sustentar o
status quo o segundo procura empregar accedilotildees criativas para mudaacute-lo
169
Segundo Stacey (1996 p 130 traduccedilatildeo nossa) os paradoxos principais que
satildeo reorganizados assim dialeticamente ao longo da vida de um indiviacuteduo
relacionam-se com
_ A capacidade de ambos amor e oacutedio ao mesmo objeto
_ O desejo para separar de outros e individualizar-se e o desejo de fundir e perder
a si mesmo
_ A capacidade para destruiccedilatildeo e o desejo criativo de fazer reparaccedilatildeo
_ A necessidade de seguranccedila e conforto do conhecido e o desejo para o
excitante e desconhecido
_ O desejo para o racional o funcional e o factual de um lado e o desejo para o
esteacutetico o emocional e o sagrado do outro
Complementa o autor supracitado os sistemas simples que consistem
somente de mutaccedilotildees ocasionais e seleccedilatildeo competitiva natildeo podem produzir o
mesmo grau de diversidade que os sistemas que operam agrave beira do caos com um
niacutevel criacutetico de diversidade que garante aprendizagem avanccedilada O sistema quando
opera no paradoxo (caos
ordemdesordem) produz diversidade dentro de um
modo espontacircneo emergente que natildeo foi programado e que eacute vital para a sua
evoluccedilatildeo contiacutenua e habilidade para produzir novidade Haacute um viacutenculo do sistema
recessivo com o paradoxo e pressatildeo para siacutentese e retorna para o sistema
recessivo Deste modo o segundo loop eacute completado e uma organizaccedilatildeo pode
engajar-se em aprendizagem de loop duplo
Para Stacey (1996 pp 131-132 traduccedilatildeo nossa) mudanccedilas dentro do
sistema de siacutembolo recessivo satildeo criatividade potencial Se estas mudanccedilas
substituem o sistema de siacutembolo dominante existente entatildeo o desempenho das
tarefas primaacuterias correntes mudam isto eacute a inovaccedilatildeo potencial Se esta inovaccedilatildeo
realmente melhora as possibilidades (aptidotildees capacidades) noacutes podemos dizer
que a inovaccedilatildeo e a criatividade realmente acontecem
42436 Auto-organizaccedilatildeo
O sistema ao desenvolver a sua capacidade de aprendizagem no paradoxo
se auto-organiza de forma expontacircnea gerando um aprendizado de loop simples de
170
loop duplo ou uma aprendizagem mal adaptativa Neste processo experimenta a
ambiguumlidade entre a competiccedilatildeo e a colaboraccedilatildeo e necessita de uma lideranccedila que
promova a contenccedilatildeo da ansiedade que o aprendizado estrateacutegico agrave beira do caos
gera no sistema
Segundo Stacey (1996 p290) auto-organizaccedilatildeo eacute o processo em que os
agentes do sistema interagem um com o outro de acordo com suas proacuteprias regras
locais de comportamento sem seguir nenhuma regra imposta pelo sistema O
conceito inclui mas natildeo coincide com aprendizagem de loop duplo porque sistemas
determiniacutesticos que natildeo aprendem tambeacutem exibem espontacircnea auto-organizaccedilatildeo
Gell-Mann (1996 pp 379-380 grifo nosso) aduz que um SCA descobre
regularidades no fluxo de dados de entrada ao notar que partes deste fluxo tecircm
caracteriacutesticas comuns As regularidades no mundo surgem de uma combinaccedilatildeo das
leis simples fundamentais com a accedilatildeo do acaso que pode produzir acidentes
congelados A medida que o tempo passa mais e mais acidentes congelados
operando em combinaccedilatildeo com as leis fundamentais produzem regularidades Como
consequumlecircncia sistemas de complexidades cada vez maiores tendem a emergir com
a passagem do tempo por meio da auto-organizaccedilatildeo Nos SCAs esta tendecircncia
pode ser significativamente reforccedilada pelas pressotildees seletivas que favorecem a
complexidade
Para Agostinho (2003 p 21) o sistema se auto-organiza a partir da condiccedilatildeo
de natildeo-equiliacutebrio no sentido de que o comportamento resultante natildeo eacute determinado
por alguma forccedila externa mas emerge da proacutepria dinacircmica do sistema o qual se
esforccedila para fazer frente agraves restriccedilotildees que sofre (condiccedilatildeo de natildeo-equiliacutebrio)
42437 Aprendizagem de loop simples loop duplo e mal-adaptativa
Na aprendizagem de loop simples o sistema manteacutem o status quo ou seja
natildeo incorpora os padrotildees emergentes do subsistema de sombra da organizaccedilatildeo
Neste caso o feedback estrateacutegico eacute negativo fato este que pode constituir-se em
algo beneacutefico ou natildeo para o sistema organizacional
Segundo Stacey (1996 p 290 traduccedilatildeo nossa) a aprendizagem de loop
simples ou condicionada ocorre quando um sistema emprega seus esquemas sem
171
mudanccedila adaptando seu comportamento para os estiacutemulos que satildeo apresentados
O sistema executa a estrateacutegia deliberada conforme o planejado garantindo a
manutenccedilatildeo do status quo
Quando o sistema natildeo consegue processar as mudanccedilas advindas do
subsistema de sombra da organizaccedilatildeo ou seja natildeo estaacute preparado para incorporar
os padrotildees emergentes do sistema diz-se que houve uma aprendizagem mal-
adaptativa
Stacey (1996 p 89 traduccedilatildeo nossa) adverte que a discussatildeo sobre SCAs
comunica a impressatildeo de que estes sistemas tem uma inerente habilidade para
aprender de forma sempre positiva Esta impressatildeo deve ser corrigida pela ecircnfase
na possibilidade da aprendizagem mal adaptativa
De acordo com Gell-Mann (1996) uma das razotildees mais comuns e talvez a
mais simples para a existecircncia de esquemas mal-adaptativos eacute que o ambiente do
sistema complexo adaptativo mudou a uma taxa mais raacutepida do que os processos
evolutivos podem acompanhar Ressalta que no domiacutenio do pensamento humano
muitas vezes acontece de sermos confrontados com uma situaccedilatildeo que estaacute
mudando rapidamente e sobrepassa nossa habilidade de alterar nossos padrotildees de
pensamento Em vez de mudar nossa maneira de pensar tendemos a nos apegar
tenazmente aos nossos esquemas e mesmo distorcer a informaccedilatildeo nova para que
esta se adapte a eles
Stacey (1996 pp 89-90) ao relatar sobre uma simulaccedilatildeo muito sofisticada
conhecida como AL (Ackley e Littman 1992) um mundo artificial foi criado em que
agentes com um ceacuterebro em rede neural tiveram que evitar obstaacuteculos e achar
comida A experiecircncia demonstrou que um esquema operacional bem adaptado
estava ocultando uma atrofiada ou avaliaccedilatildeo maladaptativa do esquema A
simulaccedilatildeo tambeacutem aponta agrave natureza paradoxal da evoluccedilatildeo do sistema protegido
pelo esquema operacional As redes neurais satildeo designadas para outras tarefas
com a finalidade de se tornarem mais eficientes mas tal eficiecircncia ao se constituirem
de muita ordem e adaptaccedilatildeo correm o risco de reduzir a aprendizagem e entatildeo a
efetividade
172
Observa-se que a aprendizagem mal adaptativa pode ocorrer quando o
sistema eacute camuflado por um sistema operacional eficiente buscando em certos
casos encobrir a resistecircncia dos agentes agrave mudanccedila Geralmente ocorre quando os
agentes natildeo estatildeo preparados para a mudanccedila e preferem manter-se em situaccedilotildees
estaacuteveis do que enfrentar a ansiedade que eacute gerada no espaccedilo para a inovaccedilatildeo e a
criatividade Como tambeacutem quando os agentes natildeo acompanharam a evoluccedilatildeo do
sistema O sistema evolui de forma mais raacutepida do que os esquemas dos agentes
Jaacute a aprendizagem de loop duplo ocorre quando o sistema incorpora os padrotildees
emergentes advindos do subsistema de sombra ao subsistema legiacutetimo
De acordo com Stacey (1996 pp 286-287) a aprendizagem de loop duplo
acontece quando um sistema adapta seu comportamento para os estiacutemulos
apresentados de um modo beneacutefico como resultado da mudanccedila no seu esquema
Isto agraves vezes eacute chamado aprendizagem complexa ou aprendizagemdeutero e satildeo
o contraste da aprendizagem de loop simples Resulta em inovaccedilatildeo e criatividade
Para que o sistema incorpore os novos padrotildees que emergem no espaccedilo
para a inovaccedilatildeo e criatividade eacute necessaacuterio que a organizaccedilatildeo tenha uma lideranccedila
preparada para lidar com as contradiccedilotildees e ambiguumlidades Eacute importante que as
lideranccedilas visualizem a diversidade como mateacuteria prima rica para gerar inovaccedilatildeo e
criatividade no sistema organizacional
42438 Ambiguumlidade Competiccedilatildeo e Cooperaccedilatildeo
Segundo Gell-Mann (1996 p 254) embora a competiccedilatildeo entre os esquemas
seja uma caracteriacutestica dos sistemas complexos adaptativos os proacuteprios sistemas
podem se aproveitar de uma mistura de competiccedilatildeo e cooperaccedilatildeo em suas
interaccedilotildees uns com os outros Eacute muitas vezes beneacutefico para os sistemas complexos
adaptativos reunirem-se para formar uma entidade coletiva Por exemplo quando os
indiviacuteduos e empresas em uma economia operam sob um governo que regula o seu
comportamento para promover valores importantes para a comunidade como um
todo
173
Axelrold e Cohen (2000 p15) ao referir-se a importacircncia de incentivar o
espiacuterito de colaboraccedilatildeo na organizaccedilatildeo argumenta que uma estrateacutegia para
estimular a cooperaccedilatildeo em um determinado projeto pode ter sido eficaz para algueacutem
que a pocircs em praacutetica Outros podem entatildeo copiar este tipo de estrateacutegia O
resultado poderia ser menos individualismo maiores contribuiccedilotildees e um
desempenho melhorado de todo o grupo
Por outro lado Stacey (1996 p 209) ressalta que a competiccedilatildeo eacute a maior
caracteriacutestica de todos os sistemas humanos causa instabilidade por um lado e
garante aprendizagem por um outro lado da mesma maneira que em outros
sistemas de feedback adaptativo natildeo linear Tem o papel de desestabilizar
internamente uma organizaccedilatildeo onde o sistema dominante estaacute tentando manter o
status quo enquanto que o esquema recessivo (administraccedilatildeo extraordinaacuteria) estaacute
buscando destruiacute-lo No entanto por meio de um processo interno de expontacircnea
auto-organizaccedilatildeo o sistema produz uma emergente dinacircmica do comportamento
presa-predador que eacute paradoxalmente ambos cooperativo e competitivo Esta eacute
uma forma de comportamento controlado embora ningueacutem tenha o controle disto
De acordo com Noacutebrega (1999 p 259) os schemata da empresa e do proacuteprio
gerente competem Os genes de ambos querem se perpetuar Euml preciso portanto
estabelecer algum tipo de acordo para a cooperaccedilatildeo dos schemata senatildeo o conflito
entre o humano e a empresa vai inviabilizar a realizaccedilatildeo de ambos Afirma que o
humano eacute determinante na vida da empresa Muito mais determinante que o teacutecnico
As empresas tecircm que procurar pessoas O curriacuteculo de algueacutem eacute menos importante
que a perspectiva desse algueacutem diante da vida O problema da empresa eacute o
problema do indiviacuteduo na empresa Suas perspectivas existenciais
Na era atual para que os indiviacuteduos tenham a capacidade de trabalhar em
equipe e conviver de forma harmocircnica em um sistema que de forma dual e
complementar promove a competiccedilatildeo e a colaboraccedilatildeo necessita mais do que
capacitaccedilatildeo teacutecnica Constata-se que a visatildeo de que os propoacutesitos princiacutepios e
valores das pessoas tem que complementar a eficiecircncia teacutecnica gerando dessa
forma eficaacutecia e efetividade da estrateacutegia organizacional
174
42439 Lideranccedila para controle da ansiedade paracircmetros de controle
Segundo Stacey (1996 p 275 traduccedilatildeo nossa) longe da certeza e do
equiliacutebrio a lideranccedila tem um diferente significado Os liacutederes do sistema legiacutetimo
satildeo simples participantes no funcionamento do sistema de sombra satildeo
particularmente importantes e influentes porque outros membros do sistema de
sombra projetam a lideranccedila e autoridade neles A maneira na qual eles lidam com
estas projeccedilotildees tem um efeito profundo no grau para o qual satildeo contidas as
ansiedades de aprendizagem criativa em lugar de evitadas
Prossegue Stacey (1996 p 276) a capacidade de contenccedilatildeo da ansiedade eacute
do comportamento do liacuteder que tem que ver com a maneira na qual o poder eacute usado
com compaixatildeo para os sentimentos e medos de um grupo outros e a habilidade de
ouvir e manter-se aberto agraves mudanccedilas nas mentes das pessoas
Salienta que as teorias de administraccedilatildeo sob o enfoque da complexidade
conduzem para uma teoria de lideranccedila muito rica paradoxal na qual os liacutederes tecircm
que ser ambos diretores convencionais e retentores sutis da ansiedade de maneira
a incentivar a capacidade de aprendizagem de loop duplo Estes diferentes atributos
de lideranccedila natildeo se misturam harmoniosamente entre si Ao inveacutes disto eles
conflitam entre si dirigir e natildeo dirigir intencionalmente satildeo modos diametralmente
opostos de se comportar e satildeo comportamentos requeridos de um liacuteder efetivo em
um sistema complexo adaptativo
De acordo com o autor supracitado embora seja impossiacutevel para gerentes
perceber intenccedilotildees e plano de resultados criativos em longo prazo eles podem ser
capazes de perceber uma oportunidade para ocupar o espaccedilo para criatividade
influenciando os paracircmetros de controle dentre os quais se destacam retenccedilatildeo de
ansiedade o uso de poder o fluxo de informaccedilatildeo os graus de diferenccedila que satildeo
toleraacuteveis e a extensatildeo das conexotildees por redes organizacionais Nesta perspectiva
gerentes precisam ainda de planos estrateacutegicos poreacutem eles natildeo estatildeo relacionados
a resultados e accedilotildees para alcanccedilaacute-los mas com meacutetodos de minimizar a ansiedade
poder diferenccedilas e conectividade
175
Moggy (2001 pp 78-79) ao propor o modelo de gestatildeo celular argumenta
que o mesmo apotildee o funcionamento orgacircnico agrave estrutura funcional Ele eacute
participativo e natildeo autoritaacuterio traz a visatildeo global do negoacutecio em vez da visatildeo focada
substitui o chefe pelo liacuteder troca o sistema de controles externos castigos e
recompensas pela auto-regulamentaccedilatildeo e pela responsabilidade Incorpora agraves
dimensotildees da eficaacutecia e da busca da excelecircncia agrave da eficiecircncia e ampliam o foco
passando do produto para o conjunto formado por pessoas processo produto e
resultados
As ceacutelulas satildeo os indiviacuteduos e os grupos que atuam nos processos baacutesicos
das atividades fins e meios (nuacutecleos de negoacutecios e de apoio) da organizaccedilatildeo A
consolidaccedilatildeo do pensamento estrateacutegico da organizaccedilatildeo (autopoiese missatildeo
princiacutepios propoacutesitos valores visatildeo e estrateacutegia) eacute a hierarquia superior desta
estrutura celular complexa
No modelo celular cabe ao liacuteder a responsabilidade pela consolidaccedilatildeo do
pensamento estrateacutegico da organizaccedilatildeo incentivando a participaccedilatildeo de todos os
colaboradores no processo de aprendizado estrateacutegico por meio de sensibilizaccedilatildeo
para a mudanccedila
Segundo Moggi (2001) o liacuteder da ceacutelula deveraacute ter os seguintes preacute-
requisitos conhecimento teacutecnico do processo habilidade de negociaccedilatildeo
conhecimento aprofundado de todos os membros das ceacutelulas preocupaccedilatildeo com o
desenvolvimento proacuteprio e do grupo contar com a credibilidade do grupo saber
motivar as pessoas conhecer os processos administrativos da empresa ser
transparente ter tracircnsito em todas as aacutereas
Stacey (1996 p 182 traduccedilatildeo nossa) ao referir-se ao controle sob o enfoque
da complexidade na gestatildeo das organizaccedilotildees aduz que no espectro que varia de
poder exercitado de uma maneira autoritaacuteria agrave poder igualmente distribuiacutedo
dificilmente seraacute exercitado por todos Ressalta que eacute importante alcanccedilar um ponto
criacutetico onde a pessoa pode achar ambas as retenccedilatildeo de ansiedade por estruturas
hieraacuterquicas claras (definidas) e o risco de atividades subversivas criativas sem
176
medo do outro Neste momento uma organizaccedilatildeo estaacute no espaccedilo para criatividade
isto eacute os paracircmetros de controle estatildeo num ponto criacutetico
Segundo Stacey (1996 traduccedilatildeo nossa) a ansiedade provocada por ningueacutem
estar em controle torna-se menos intensa se entendermos que a beira do caos
tambeacutem existe uma ordem inerente provocada por redundacircncia e cooperaccedilatildeo
Cooperaccedilatildeo com base em empowerment no qual os agentes buscam o melhor para
si proacuteprios sem esperar ser dito o que eles podem fazer Tal auto-organizaccedilatildeo
espontacircnea produz estrateacutegias emergentes a interaccedilatildeo cria padrotildees que os agentes
individualmente natildeo podem intencionar ou prever A noccedilatildeo que todos os membros
devem agir somente para encontrar algum resultado preacutedefinido natildeo somente obstrui
a criatividade como evita accedilotildees com resultados de longo prazo constituindo-se
tambeacutem como uma enorme retenccedilatildeo agrave liberdade individual dentro de uma
organizaccedilatildeo
Para Stacey (1996 traduccedilatildeo nossa) as atividades realizadas por meio de
interaccedilotildees inconscientes e poliacuteticas ocultas satildeo realizadas de acordo com as accedilotildees
que as pessoas automaticamente e espontaneamente organizam entre si As
pessoas satildeo fortemente afetadas pela necessidade de pertencer a um grupo A
necessidade de manter o apoio de outros eacute uma poderosa forma de controle o qual
natildeo eacute exercido por algueacutem individualmente mas pelo grupo como um todo
Ressalta que existe controle mas ningueacutem estaacute em controle A auto-
organizaccedilatildeo espontacircnea produz comportamento estaacutevel em grupos de pessoas
pela necessidade de pertencer a um grupo A cooperaccedilatildeo delas constitui
comportamento de controle A auto-organizaccedilatildeo espontacircnea eacute um processo de
cooperaccedilatildeo bottom-up
e entatildeo noacutes observamos uma maior fonte de estabilidade
no comportamento da organizaccedilatildeo
424310 Adaptaccedilatildeo e Feedback Estrateacutegico
No processo de auto-organizaccedilatildeo o SCA exibe a propriedade de adaptaccedilatildeo a
qual pode gerar um feedback positivo ou negativo Se o sistema incorporou os
177
padrotildees emergentes do subsistema de sombra agrave estrateacutegia deliberada diz-se que o
feedback foi positivo Caso contraacuterio se apenas procurou manter o status quo diz-
se que o feedback foi negativo
Segundo Stacey (1996) um sistema de feedback adaptativo natildeo linear eacute uma
cadeia que consiste de um grande nuacutemero de agentes cujo comportamento eacute
determinado por um esquema compartilhado que consiste em alguns regras que
satildeo fixadas com o passar do tempo e que satildeo aplicadas a todos os agentes sem
exceccedilatildeo O feedback se refere ao processo em que a informaccedilatildeo sobre os
resultados de uma accedilatildeo eacute alimentado por meio da tomada de decisatildeo ou regulaccedilatildeo
processo para afetar a proacutexima accedilatildeo
Stacey (1996) ao destacar a natureza de feedback (retroalimentaccedilatildeo) das
redes de sistemas natildeo lineares argumentam que uma organizaccedilatildeo desenvolve com
o passar do tempo um processo de feedback dos agentes individuais em trecircs
etapas
_ Descoberta eacute um conjunto de informaccedilotildees e processo de tomada de decisatildeo
que serve de base para fazer uma escolha O ponto importante eacute que os agentes
selecionam as informaccedilotildees ateacute certo ponto determinadas por todos os aspectos
sociais e psicoloacutegicos de suas preacutevias experiecircncias
_ Escolha eacute uma resposta para esses estados oriundos de regras universais ou
especiacuteficas ou de ambas Para fazer escolhas os agentes usam esquemas Os
esquemas nas organizaccedilotildees possuem dois componentes um que eacute especiacutefico para
um agente individual e outro que eacute compartilhado por vaacuterios agentes
_ Accedilatildeo escolhas governadas por esquemas conduzem a accedilatildeo quer dizer
estrateacutegias que os agentes adotam para se adaptar tatildeo vantajosamente quanto
possiacutevel em relaccedilatildeo ao que os que estatildeo ao redor deles estatildeo fazendo Cada accedilatildeo
de um agente tem um efeito em outros agentes e causam efeitos que alimentam
retornando novamente na fase de descoberta do primeiro agente
Segundo Stacey (1996 p35 grifo nosso) o feedback negativo eacute o processo
de desenvolvimento intencional e controle dentro de uma organizaccedilatildeo que retrai a
mudanccedila e reforccedila a estabilidade Isto eacute o que os agentes e sistemas fazem quando
planejam e eacute a uacutenica forma de feedback empregado para o sistema legiacutetimo de uma
178
organizaccedilatildeo que consiste de um conjunto de regras determiniacutesticas que idealmente
satildeo lineares mas que frequumlentemente demonstram ser natildeo lineares
De acordo com Stacey (1996 p35) o feedback positivo ocorre quando
agentes ou sistemas realimentam a informaccedilatildeo dentro do loop de descoberta-
escolha-accedilatildeo em um modo que amplia e desestabiliza isto Muito das poliacuteticas e
rumores satildeo uma forma de feedback positivo mas assim satildeo a disseminaccedilatildeo de
novas ideacuteias revolucionaacuterias para mudar atividades de modo beneacutefico O sistema de
sombra eacute deste modo uma rede de feedback natildeo linear em que o feedback positivo
eacute realmente possiacutevel e de fato naturalmente usual com pequenos eventos algumas
vezes ampliando-se dentro de grandes consequumlecircncias
O autor supracitado complementa a ideacuteia de processo co-evolucionaacuterio ao
relatar que os sistemas humanos satildeo sistemas de feedback natildeo linear os quais co-
evoluem por meio das interaccedilotildees da rede de agentes e subsistemas cujo
comportamento eacute dirigido por esquemas que aprendem Os agentes humanos bem
como os sistemas que eles compotildeem movimentam-se ao redor do loop
comportamental de descoberta escolha e accedilatildeo Eles estatildeo se ocupando claramente
de um processo de feedback (realimentaccedilatildeo) co-evolucionaacuterio no qual o que
algueacutem faz afeta os outros e entatildeo volta a afetar o primeiro
4244 Mecanismos conceituais dos SCAs Fitness Landscape e Canalizaccedilatildeo
Lock in
Os mecanismos conceituais tecircm a funccedilatildeo de fornecer um referencial
descritivo e reflexivo sobre os padrotildees comportamentais arqueacutetipos e regularidades
observadas influenciar os paracircmetros de controle do sistema e induzir alguns
padrotildees de comportamento almejados Neste estudo aborda-se os seguintes
mecanismos conceituais dos SCAs fitness landscape canalizaccedilatildeolock-in crossover
replication e cross-fertilization
O fitness landscape ou paisagem de adequaccedilatildeo eacute um mecanismo conceitual
que permite visualizar a posiccedilatildeo da estrateacutegia da organizaccedilatildeo no sistema (paisagem)
179
em relaccedilatildeo aos outros sistemas com os quais interage concorrentes oacutergatildeos
governamentais parceiros redes etc
Segundo McCarthy (2004 traduccedilatildeo nossa) as origens da teoria Fitness
landscape eacute atribuiacuteda ao Sewall Wright (1932) que criou alguns modelos matemaacuteticos
baseados na teoria da evoluccedilatildeo Darwiniana Ele observou um viacutenculo entre uma micro
propriedade de organismos (interaccedilotildees entre genes) e uma macro propriedade de
dinacircmica evolutiva (uma populaccedilatildeo de organismos pode evoluir por meio de novos
muacuteltiplos modos de existecircncia) Para descrever este episoacutedio (o efeito de uma variaacutevel
em outro) Wright propocircs uma metaacutefora fundamentada no Fitness landscape na qual
uma populaccedilatildeo de organismos evoluiria movendo-se para um cume mais alto de aptidatildeo
(adequaccedilatildeo)
McCarthy (2004 traduccedilatildeo nossa) ao propor o uso do Fitness Landscape para a
estrateacutegia industrial o classifica em duas dimensotildees
(1) Fitness de sobrevivecircncia que eacute a capacidade para adaptar e existir
(2) Fitness de reprodutividade que eacute uma habilidade para suportar e produzir sistemas
semelhantes
Para Kelly e Allison (1998 pp 19-20 traduccedilatildeo nossa) o Fitness de negoacutecios
pode ser julgado por vaacuterios caminhos como rentabilidade retorno do investimento
habilidade para competir em circunstacircncias desafiantes satisfaccedilatildeo dos clientes
longevitude e sustentabilidade Matemaacuteticos da complexidade tecircm desenvolvido
uma representaccedilatildeo de um fitness comparativo de um nuacutemero de sistemas
competindo em um ambiente especiacutefico em determinado momento
chamado um
fitness landscape
Segundo os autores supracitados o Fitness Landscape habilita-nos natildeo
somente para estudar modelos para uma melhor avaliaccedilatildeo da situaccedilatildeo competitiva
atual mas tambeacutem para examinar uma seacuterie de projeccedilotildees onde noacutes economizamos
tempo energia e capital por tentar somente aqueles cenaacuterios que tem uma alta
probabilidade de sucesso
De acordo com McCarthy (2004 traduccedilatildeo nossa) a visatildeo de Fitness do
gerenciamento estrateacutegico estaacute relacionado com o balanccedilo entre espectativas
180
ambientais da firma (custo entrega qualidade inovaccedilatildeo customizaccedilatildeo etc) com os
recursos e capacidades avaliados na firma Embora o uso do termo fit (ajuste) fosse
desenvolvido independentemente da teoria Fitness Landscape ele eacute consistente com a
visatildeo bioloacutegica de Fitness e conceito de epistasis (o efeito de uma variaacutevel em outra)
Segundo Stacey (1996 traduccedilatildeo nossa) no fitness Lansdscape o
comportamento da estrateacutegia eacute representado por vales e cumes Estrateacutegias que se
encontram numa posiccedilatildeo superior de sobrevivecircncia satildeo representadas pelo movimento
para cima (cumetopo) da paisagem Estrateacutegias numa posiccedilatildeo inferior na paisagem de
adequaccedilatildeo representam movimento para abaixo para um vale
Para Stacey (1996 pp287-288 traduccedilatildeo nossa) o Fitness Landscape eacute uma
forccedila conceitual propulsora para pensar na jornada evolutiva de um sistema
Estrateacutegias que fazem o ajuste de sistema para sobrevivecircncia representam
movimento para cima (para o topocume) considerando que estrateacutegias
desvantajosas representam movimento abaixo em um vale
A figura 8 ilustra um fitness landscape
De acordo com Stacey (1996 p 82 traduccedilatildeo nossa) assumindo que o
sistema X estaacute evoluindo isto eacute mudando sua estrateacutegia de sobrevivecircncia
enquanto outros continuam a usar a mesma estrateacutegia de sobrevivecircncia entatildeo a
evoluccedilatildeo de X pode ser atraveacutes de uma jornada por meio do fitness landscape
Figura 8 Um Fitness Landscape Adaptado de Stacey (1996)
181
com o propoacutesito de encontrar o cume (topo) superior O processo eacute de tentativa e
erro para achar uma estrateacutegia em relaccedilatildeo agraves estrateacutegias dos outros que maximiza
as chances de sobrevivecircncia de Xs
Cusumano e Markides (2002 pp138 -140) ao traduzir o fitness landscape
como paisagem de adequaccedilatildeo argumentam que os cientistas utilizam este
mecanismo conceitual para entender os padrotildees de evoluccedilatildeo na natureza A
paisagem natildeo eacute fixa como uma cadeira de montanhas ao contraacuterio modifica-se
constantemente Existem muitos picos e vales na paisagem mas os diferentes
pontos estatildeo correlacionados para que as estrateacutegias ligeiramente diferentes
estejam proacuteximas uma das outras e tenham niacuteveis de adequaccedilatildeo semelhantes
Prosseguem os autores supracitados relatando que na medida em que o
ambiente e as estrateacutegias dos concorrentes mudam a adequaccedilatildeo atribuiacuteda a
qualquer estrateacutegia em potencial tambeacutem mudaraacute Portanto a altura de qualquer
ponto especiacutefico da paisagem sobe ou desce ao longo do tempo O que faz sucesso
hoje pode natildeo fazer amanhatilde Questionam se ao formular estrateacutegias o objetivo do
estrategista na busca evolutiva eacute alcanccedilar os picos qual seria a estrateacutegia dos picos
mais altos
Cusumano e Markides (2002 pp 141143) sugerem algumas alternativas
para uma busca eficiente das paisagens de adequaccedilatildeo
_ Paralelismo quanto mais lugares vocecirc explorar ao mesmo tempo mais chance
teraacute de encontrar um pico mais alto ou de saber para onde ir quando seu pico
comeccedilar a desmoronar
_ Alternar saltos curtos e longos
por meio de uma adequaccedilatildeo correlacionada
que eacute uma mistura de um passeio adaptativo (passos incrementais ao alto da
paisagem) com um instrumento que lhe permita dar um salto meacutedio ou longo
(simulaccedilotildees em programas de computador e intuiccedilatildeo)
Cusumano e Markides (2002) apresentam trecircs horizontes de crescimento
para evoluccedilatildeo das estrateacutegias na paisagem de adequaccedilatildeo (cf Figura 9)
182
Figura 9 - Trecircs horizontes de Crescimento Fonte McKinsey amp Company apud Cusumano amp Markides (2002)
Segundo os autores supracitados enquanto algumas empresas superam-se
nos elementos individuais desses trecircs imperativos poucas juntam os trecircs para
gerenciar suas estrateacutegias como uma populaccedilatildeo em evoluccedilatildeo As empresas
costumam perseguir estrateacutegias singulares e focalizadas que se baseiam expliacutecita
ou implicitamente em uma perspectiva de mundo especiacutefica e em previsotildees para o
futuro Argumentam que criando e cultivando portfoacutelios de estrateacutegias em evoluccedilatildeo
os gerentes podem fazer com que sua empresa fique afastada das regiotildees aacuteridas da
estrateacutegia e desfrute dos altos picos de adequaccedilatildeo
De acordo com Stacey (1996 traduccedilatildeo nossa) o espaccedilo que a estrateacutegia ocupa
no sistema organizacional eacute determinado pelas estrateacutegias dos outros sistemas
(concorrentes) com os quais interage Posiccedilotildees lisas (suaves planas) representam a
zona ordenada de operaccedilatildeo e posiccedilotildees muito aacutesperas (desiguais) representam a zona
desordenada de operaccedilatildeo Posiccedilotildees que satildeo aacutesperas mas natildeo muito desiguais satildeo
consideradas oacutetimas para a evoluccedilatildeo da estrateacutegia organizacional e constituem a beira
(extremidade) do caos
De acordo com o autor supracitado o espaccedilo de adequaccedilatildeo da estrateacutegia eacute um
jogo interativo onde o sucesso de uma estrateacutegia depende dos jogos dos outros A
oscilaccedilatildeo de cumes (alturas) e vales (profundidades) representam justamente como as
vantagens ou prejuiacutezos da estrateacutegia estatildeo sendo produzidos levando em conta
determinado repertoacuterio de estrateacutegias que satildeo perseguidas pelos outros sistemas
(competidores no mercado)
LU
CR
O
Horizonte 1 Defende e prolonga os
negoacutecios em andamento
Horizonte 2 Dirige o crescimento em novos negoacutecios emergentes
Horizonte 3 Semeia as opccedilotildees Para negoacutecios de crescimento futuro
183
Para Stacey (1996 traduccedilatildeo nossa) o processo de tentativa e erro para
escolha de uma estrateacutegia em relaccedilatildeo agraves estrateacutegias dos outros maximiza as suas
chances de sobrevivecircncia A presenccedila de desordem e deste modo de imprevisibilidade
funciona com um mesmo papel positivo mantendo um sistema mais flexiacutevel e
responsivo prevenindo-o de ser apanhado em uma situaccedilatildeo menos satisfatoacuteria
McCathy (2004) fundamentando-se na teoria Fitness Landscape apresenta o
modelo NK o qual consiste em uma abordagem para mapear quantificar e visualizar
a formulaccedilatildeo de estrateacutegia industrial como um processo de busca que toma lugar
dentro de um espaccedilo projetado de possibilidades estrateacutegicas cujos elementos satildeo
diferentes combinaccedilotildees de capacidades industriais
De acordo com o autor supracitado o modelo NK compotildee-se dos seguintes
elementos
N - o nuacutemero de capacidades que constituem a estrateacutegia e a configuraccedilatildeo
resultante Isto poderia incluir flexibilidade facilidade localizaccedilatildeo gerenciamento de
tecnologia grau de padronizaccedilatildeo estrutura do processo enfoque da qualidade etc
K
a soma de interconectividade entre as capacidades Isto cria trade-offs ou
acumula dependecircncias
A nuacutemero de estados possiacuteveis que uma capacidade deve ter Por exemplo
a capacidade qualidade tem quatro estaacutegios inspeccedilatildeo controle de qualidade
garantia de qualidade e gerenciamento da qualidade total
C a co-evoluccedilatildeo de uma estrateacutegia com seus competidores
O fitness landscape permite monitorar a estrateacutegia de sobrevivecircncia da
organizaccedilatildeo e criar alternativas para o aprendizado e adaptaccedilatildeo aos sistemas
vizinhos impulsionando a jornada evolutiva da estrateacutegia por meio de uma rede de
feedback co-evolucionaacuterio O compartilhamento dos esquemas dos agentes no
fitness landscape (paisagem de adequaccedilatildeo) permite que os sistemas co-evoluam
de modo integrado e harmocircnico por meio da formaccedilatildeo de parcerias redes clusters
etc
184
A
canalizaccedilatildeo lock in permite que algumas regras dentro do esquema de um
agente tendem a serem perpetuadas ou lock-in (fixadas padronizadas aprisionadas)
dentro de uma forma particular de comportamento A canalizaccedilatildeo eacute produzida pela auto-
organizaccedilatildeo do sistema
Para Stacey (1996 p 84 traduccedilatildeo nossa) a canalizaccedilatildeolock in eacute um
mecanismo conceitual que parte do pressuposto que a sensibilidade de um sistema
deve ser limitada porque se diferenccedilas pequenas sempre permitissem mudanccedilas
grandes o sistema natildeo teria nenhuma estabilidade e se desestabilizaria
Segundo Cusumano e Markides (2002 p 68) a opccedilatildeo estrateacutegica do lock-in
do sistema tem o escopo mais amplo possiacutevel Em vez de focalizar soacute o produto ou o
cliente a empresa considera todos os jogadores significativos que contribui para a
criaccedilatildeo de valor econocircmico
Kaplan e Norton (2004) ao relatarem sobre as estrateacutegias de aprisionamento
(lock-in) argumentam que as empresas geram valor sustentaacutevel duradouro
mediante a criaccedilatildeo de altos custos de mudanccedila para seus clientes O
aprisionamento de sistemas exige que os concorrentes natildeo sejam capazes de imitar
o produto essencial por forccedila de proteccedilatildeo legal ou em razatildeo do segredo em torno
da construccedilatildeo complexa e de atualizaccedilatildeo constante do produto baacutesico Ressaltam
que as oportunidades para aprisionamento surgem apenas em certas ocasiotildees e em
certos segmentos de um setor mas advertem que as empresas devem ficar alerta
para as situaccedilotildees em que tal estrateacutegia talvez seja mais viaacutevel pois suas
recompensas nos casos de sucesso podem ser enormes
A canalizaccedilatildeo de regras preserva o comportamento constante porque envolve
redundacircncias e continuidade no comportamento A duplicaccedilatildeo de funccedilotildees ou estrateacutegias
fornece estabilidade ao sistema tornando-o muito mais robusto em face as mudanccedilas
turbulentas Isto promove maior estabilidade para o sistema estrateacutegico organizacional
porque o comportamento eacute padronizado tornando o sistema bastante insensiacutevel para
mudanccedilas pequenas no ambiente
185
Espaccedilos muito lisos suaves (planos polidos) satildeo altamente redundantes
(posiccedilatildeo do sistema estrateacutegico organizacional estaacutevel) e espaccedilos muito aacutesperos
(inflexiacuteveis desiguais austeros) ou altamente ocasionais natildeo tecircm nenhuma
redundacircncia (posiccedilatildeo do sistema estrateacutegico organizacional instaacutevel) A extremidade
(beira) de caos entatildeo tem alguma canalizaccedilatildeo e redundacircncia mas natildeo muito ou seja
estaacute na fronteira entre a estrateacutegia deliberada (uniformidade) e estrateacutegia emergente
(variedade)
A posiccedilatildeo do sistema estrateacutegico organizacional na paisagem de adequaccedilatildeo em
relaccedilatildeo a outras paisagens deve estar no limite de populaccedilotildees de estrateacutegias
(variedade diversidade) e a estrateacutegia de sobrevivecircncia com algumas funccedilotildees
redundantes estabelecidas (canalizadas no sistema
lock-in )
4245 Processos de um SCA variaccedilatildeo interaccedilatildeo e seleccedilatildeo
Segundo Axelrold e Cohem (2000) existem trecircs processos essenciais num
Sistema complexo adaptativo que podem gerar accedilotildees produtivas num mundo que
natildeo pode ser plenamente compreendido os quais permitem demonstrar como a
complexidade oferece oportunidades e recursos para se progredir com o tempo
Estes processos satildeo a variaccedilatildeo a interaccedilatildeo e a seleccedilatildeo
_ Variaccedilatildeo
Segundo Axelrold e Cohen (2000 p 33) eacute muitas vezes tentador supor que
os agentes de um sistema satildeo basicamente todos iguais
todos os paacutessaros num
bando todos os empregados de uma companhia particular todos os cidadatildeos de
uma cidade estrangeira Tais suposiccedilotildees simplificam a anaacutelise subsequumlente Assim
produzimos em massa mesas de cozinha na suposiccedilatildeo impliacutecita de que todos os
compradores tecircm mais ou menos a mesma altura
Axelrold e Cohen (2000 p 34) apontam que a abordagem dos Sistemas
complexos adaptativos parte da premissa de que os agentes satildeo variados Ela traz
embutida a suposiccedilatildeo de que existe variedade dentro de uma populaccedilatildeo que pode
ser importante mesmo que simplificaccedilotildees possam ser realizadas Ressaltam que
designers ou autores de poliacuteticas estrateacutegicas fundamentadas em um SCA
186
confrontam-se com uma questatildeo fundamental Qual eacute o equiliacutebrio correto entre
variedade e uniformidade
Axelrold e Cohen (2000 p 34) chamam a atenccedilatildeo para o fato de que a
situaccedilatildeo natildeo eacute sempre tatildeo simples quanto se dizer que a homogeneidade eacute ruim e a
variedade eacute boa Num mundo em constante mutaccedilatildeo os agentes que natildeo satildeo
correntemente os melhores podem ser um recurso para o futuro
Os agentes externos e internos constituem-se de uma variedade cultural de
bioacutetipos religiotildees raccedilas e credos com variados padrotildees comportamentais
arqueacutetipos Tal diversidade ao ser observada no sistema estrateacutegico organizacional
deve ser incorporada ao modelo mental (esquema) da organizaccedilatildeo considerando
que o mesmo congrega distintas populaccedilotildees e tipos de agentes
Segundo Axelrold e Cohem (2000 p36) a noccedilatildeo de tipo assume uma
importacircncia fundamental neste contexto Normalmente distinguimos tipos por alguns
aspectos das propriedades ou comportamentos dos agentes que satildeo observaacuteveis
ou por outros agentes na populaccedilatildeo ou por analistas externos Exemplos de tipos
satildeo clientes altos medianos ou baixos para um produto de consumo programas de
computador invasivos que satildeo classificados como viacuterus troianos droppers ou
vermes Indicam que os tipos satildeo definidos por atores dentro do sistema Por esta
razatildeo a accedilatildeo condicional pode resultar em consequumlecircncias que natildeo satildeo suavemente
proporcionais agraves causas a assim chamada dinacircmica natildeo-linear
Axelrold e Cohen (2000 p 40) observam que se a seleccedilatildeo entre os tipos
favorece os tipos mais comuns Entatildeo um tipo com uma pequena margem de
frequumlecircncia pode crescer rapidamente para tornar-se predominante na populaccedilatildeo
Quando o tipo que estaacute na lideranccedila eacute o melhor e as condiccedilotildees natildeo estatildeo
mudando a raacutepida convergecircncia para um padratildeo eacute desejaacutevel
Concluem os autores supracitados argumentando que a variedade
desempenha um papel crucial em SCAs especialmente nos mecanismos que criam
e destruem a variedade em populaccedilotildees de agentes Estes satildeo fundamentais ao
modo como populaccedilotildees de agentes mudam a sua composiccedilatildeo com o tempo A
187
noccedilatildeo de tipo torna mais faacutecil discutir as categorias de quais agentes satildeo instacircncias
e o modo pelo qual os mecanismos alteram a variedade de uma populaccedilatildeo
_ Interaccedilatildeo
Axelrold e Cohem (2000 p 56) argumentam que a interaccedilatildeo estaacute
relacionada ao seguinte questionamento O que deve interagir com que e quando
Os mecanismos que lidam com interaccedilotildees se ajustam convenientemente em duas
classes externos e internos
Os mecanismos externos satildeo maneiras de modificar o sistema a partir de fora
por exemplo projetando artefatos ou planejando poliacuteticas que mudam as regras
pelas quais os outros jogam Os mecanismos internos satildeo maneiras de mudar os
padrotildees de interaccedilatildeo que satildeo induzidos por processos dentro do sistema A
interaccedilatildeo eacute essencial porque os eventos de interesse de um sistema surgem das
interaccedilotildees de seus agentes uns com os outros e com os artefatos A maioria dos
SCAs tecircm padrotildees de interaccedilatildeo distintivos natildeo satildeo nem aleatoacuterios nem
completamente estruturados
Axelrold e Cohem (2000 p 61) apontam que a pesquisa dos SCAs
frequumlentemente demonstra que em escalas de tempo maiores o relacionamento
pode ser invertido No princiacutepio as vizinhanccedilas moldam as opccedilotildees dos compradores
de casas mas no final das contas a compra de casas molda as vizinhanccedilas
Segundo os autores referenciados uma estrutura que parece fixa numa moldura de
tempo curto pode ser mutaacutevel num tempo mais longo Aqui novamente temos
dinacircmica co-evolucionaacuteria Da mesma forma que com o movimento que altera a
distacircncia espacial assim tambeacutem a maioria dos outros fatores de proximidade
mencionados tecircm processos de mudanccedila associados
Axelrold e Cohem (2000 p 64) ao discorrerem sobre Espaccedilos Fiacutesicos e
Conceituais argumentam que eacute uacutetil examinar uma propriedade fundamental dos
agentes o fato de que eles estatildeo localizados no espaccedilo e no tempo Quando
interagem eles estatildeo co-localizados ou se ligam via tecnologia que estaacute ela
proacutepria localizada Logo o movimento de agentes no espaccedilo e no tempo fiacutesicos
188
muda a sua proximidade e isto por sua vez afeta a facilidade de interaccedilatildeo Aleacutem
disso accedilotildees que alteram possibilidades de movimento no espaccedilo e no tempo vatildeo
alterar a proximidade
Concluem os autores supracitados argumentando que de fato uma das
vantagens principais de SCAs sobre organizaccedilotildees mais rigidamente centralizadas eacute
a sua elasticidade diante de falhas locais A diversidade dos SCAs natildeo apenas
permite a exploraccedilatildeo de novas opccedilotildees como tambeacutem provecirc elasticidade contra
choques comuns
_ Seleccedilatildeo
De acordo com Axelrold e Cohem (2000 p 97) a interaccedilatildeo entre os agentes
modela a criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo da variedade e produz os eventos que impulsionam a
atribuiccedilatildeo de creacutedito e a seleccedilatildeo retroalimenta agrave variedade e a interaccedilatildeo A
interrogaccedilatildeo central ao considerar a seleccedilatildeo eacute Quais agentes devem ser copiados
ou destruiacutedos Mas a resposta a esta pergunta estaacute claramente entrelaccedilada com as
duas principais questotildees levantadas Qual eacute o correto equiliacutebrio entre variedade e
uniformidade O que deve interagir com que e quando
Segundo Axelrold e Cohem (2000 p 99) sejam agentes completos ou
estrateacutegias que satildeo avaliados e submetidos agrave reproduccedilatildeo um design para um
sistema adaptativo de seleccedilatildeo deve considerar cinco pontos fundamentais
_ Definir criteacuterios de sucesso
_ Determinar se a seleccedilatildeo eacute ao niacutevel de agentes ou de estrateacutegias
_ Atribuir creacutedito para sucesso e fracasso
_ Criar novos agentes ou estrateacutegias
_ Exercer lideranccedila visiacutevel
De acordo com os autores supracitados a seleccedilatildeo de agentes ou estrateacutegias
implica alguma meacutetrica do sucesso Os agentes natildeo precisam atender agrave medida A
avaliaccedilatildeo de alternativas num SCA natildeo eacute faacutecil Na verdade haacute geralmente mais de
um criteacuterio que pode ser usado para avaliar resultados Medidas de desempenho
189
podem ser vistas como instrumentos que moldam quais eventos tecircm a probabilidade
de ocorrer bem como os objetivos natildeo satildeo considerados fixos Primeiro
recomendam a apreciaccedilatildeo de que medidas de desempenho satildeo definidas dentro do
sistema Se elas satildeo modificadas (ou mantidas) e aplicadas (ou descartadas) pelos
proacuteprios agentes
Axelrold e Cohem (2000) complementam arguumlindo que usar medidas de
sucesso refinadas e em curto prazo pode ajudar o aprendizado individual pelo
fornecimento de um feedback localizado e raacutepido Medidas de desempenho natildeo satildeo
dadas de forma imutaacutevel mas estatildeo sujeitas a mudanccedilas proveniente tanto de fora
quanto de dentro do sistema onde elas operam
Quando se usa a seleccedilatildeo de agentes para dominar a complexidade uma
questatildeo-chave eacute quatildeo forte a pressatildeo da seleccedilatildeo deve ser Assim a negociaccedilatildeo
entre pressatildeo da seleccedilatildeo forte e fraca levanta as questotildees familiares de escolha do
equiliacutebrio entre utilizar os melhores resultados correntes e usar a variedade para
explorar possiacuteveis aperfeiccediloamentos futuros
Axelrold e Cohem (2000 pp 108-109) ao examinarem os trecircs pontos comuns
de diferenccedila na seleccedilatildeo aos niacuteveis de agente e de estrateacutegia custo tempo de
espera e dificuldade de inferecircncia mostram como as diferentes forccedilas dos dois
niacuteveis de seleccedilatildeo satildeo algumas vezes complementares e que pode haver vantagens
substanciais para um sistema hiacutebrido no qual a seleccedilatildeo acontece simultaneamente
em ambos os niacuteveis
Concluem os autores supracitados advertindo que em SCAs as normas satildeo
habitualmente importantes mecanismos reguladores Criteacuterios que os proacuteprios
agentes aplicam satildeo uma alternativa bastante atraente Especialmente quando elas
vecircm a ser introjetadas as normas regulam natildeo pelo medo de consequumlecircncias mas
pela crenccedila de que algumas accedilotildees satildeo corretas e outras erradas
190
43 INTERFACES TEOacuteRICAS ENTRE AS CIEcircNCIAS DA COMPLEXIDADE
As interfaces entre as ciecircncias da complexidade fiacutesica quacircntica teoria de
sistemas autopoieacuteticos teoria do caos e teoria da complexidade evidenciam-se
pelas caracteriacutesticas de redundacircncia interconectividade e complementaridade entre
os seus elementos conceituais
Para demonstrar as interfaces entre as referidas teorias importamos da fiacutesica
quacircntica os seguintes conceitos a relaccedilatildeo entre o observador e o objeto observado
a dualidade e a complementaridade A relaccedilatildeo entre o observador e o objeto
observado significa admitir que a percepccedilatildeo do pesquisador (seu modelo mental
crenccedilas valores princiacutepios) eacute que determinam a maneira que ele percebe as
interconexotildees e redundacircncias entre as teorias
A dualidade e complementaridade dos conceitos permite verificar que se
pode dicotomicamente abordaacute-los sobre vertentes paralelas e contraditoacuterias e
dialeticamente encontrar a unidade entre os mesmos num processo dialoacutegico
A abordagem quacircntica ao BSC teve por base de estudo as investigaccedilotildees sobre
as tradiccedilotildees de pesquisa e as concepccedilotildees filosoacuteficas das ciecircncias de acordo com a
evoluccedilatildeo da humanidade Os fundamentos do modelo de aacutetomo de Niels Bohr
a
mateacuteria eacute algo natildeo soacutelido e transfere-se de um lugar para outro atraveacutes de saltos
quacircnticos de energia Os saltos quacircnticos da mateacuteria(energia) acontecem por meio de
processos descontiacutenuos inspiraram o princiacutepio de que o invisiacutevel (subsistema de
sombra) afeta o visiacutevel (subsistema legiacutetimo) o qual tem sido incorporado a vaacuterias aacutereas
do saber
O princiacutepio da incerteza de Heisenberg sugere que soacute podemos falar em
probabilidades na escala quacircntica O sistema eacute imprevisiacutevel O princiacutepio da
observaccedilatildeo de Erwin Schroedinger introduz a ideacuteia que a relaccedilatildeo entre o observador
e objeto observado determina a percepccedilatildeo dos fenocircmenos
A abordagem quacircntica agrave ciecircncia incorpora as noccedilotildees de incerteza e de
probabilidade as descontinuidades dos processos a observaccedilatildeo dos fenocircmenos a
191
visatildeo sistecircmica orgacircnica holograacutefica e ecoloacutegica agraves ciecircncias da complexidade
apontadas neste estudo
O estudo das organizaccedilotildees como SCAs importa conceitos de vaacuterias outras
teorias o subsistema legiacutetimo e de sombra fundamenta-se nos conceitos de ordem
implicada e explicada da fiacutesica quacircntica O feedback de loop duplo e simples eacute
importado dos estudos da Ciberneacutetica sobre a retroalimentaccedilatildeo dos sistema E
assim sucessivamente os seus conceitos tem interconectividade e redundacircncia com
vaacuterias outras teorias
A teoria de sistemas autopoieacuteticos parte do estudo dos organismos bioloacutegicos
visualizados como sistemas autopoiacuteeticos que satildeo fechados em si mesmo numa
cadeia causal circular num processo de auto-referecircncia e auto-produccedilatildeo Adota a
ideacuteia de percepccedilatildeo do sistema a partir da observaccedilatildeo dos agentes
A Teoria do Caos a qual se insere no estudo de sistemas determiacutenisticos natildeo
lineares introduz a ideacuteia de que o sistema eacute dinacircmico sujeito a mudanccedilas
constantes que podem ser determinadas mas natildeo previsiacuteveis Por outro lado a
Teoria da complexidade a complementa ao aduzir que por meio de mecanismos
conceituais e processos do SCA pode-se influenciar os paracircmetros de controle
determinar as regularidades nas informaccedilotildees e os padrotildees arqueacutetipos de
comportamento do sistema
De acordo com Noacutebrega (1999 p 231) a teoria do Caos descreve como
mudanccedilas miacutenimas podem gerar efeitos grandes e imprevisiacuteveis Apesar de fornecer
dicas interessantes sobre a imprevisibilidade o caos natildeo nos deixa muito de praacutetico
natildeo diz o que fazer As ideacuteias da complexidade ao contraacuterio possibilitam afirmar
que a adaptaccedilatildeo eacute mais efetiva em sistemas em que as peccedilas estatildeo conectadas
Axelrold e Cohem (2000 p 5) nos oferecem o seguinte argumento sobre a
diferenccedila da complexidade para o caos [] o caos lida com situaccedilotildees como a
turbulecircncia (Gleick 1987) que logo se tornam altamente desordenadas e
incontrolaacuteveis Por outro lado a complexidade lida com sistemas compostos por
muitos agentes interativos
192
Por outro lado adverte Noacutebrega (1999 p 205 grifo nosso) a incerteza do
caos tem uma natureza diferente da incerteza quacircntica do princiacutepio de Heisenberg
Talvez seja mais adequado dizer que aqui se trata mais da impossibilidade de
previsatildeo do que de incerteza Um sistema caoacutetico eacute determiniacutestico mas natildeo eacute
previsiacutevel
Para Stacey (1996 p71 traduccedilatildeo nossa) os sistemas humanos natildeo satildeo
determiniacutesticos como muitas pessoas gostariam que eles fossem Eles satildeo
realmente definitivamente adaptativos e a ciecircncia da complexidade tem muito a
dizer sobre estes sistemas
Stacey (1996 p72 traduccedilatildeo nossa) argumenta que o sistema de feedback
adaptativo natildeo linear em contraste ao sistema de feedback determiniacutestico natildeo
linear ateacute mesmo o sistema adaptativo simples tem algum propoacutesito isto eacute executar
alguma tarefa Em outras palavras sistemas adaptativos aprendem ao menos de
um maneira de loop simples enquanto que sistemas determiniacutesticos natildeo
Para Cohen e Stewart (1994 apud Anderson 1999 p 217) a ciecircncia normal
mostra como efeitos complexos podem ser entendidos por regras simples a teoria
do caos demonstra que regras simples podem ter consequumlecircncias complicadas e
imprevisiacuteveis A teoria da complexidade descreve como causas complexas pode
produzir efeitos simples
Segundo Stacey (1996 p 92 traduccedilatildeo nossa) os sistemas complexos
adaptativos exibem as mesmas propriedades dos sistemas natildeo lineares
determiniacutesticos (caos) 1 Espaccedilo para novidade o paradoxo entre estabilidade e
instabilidade 2 fonte de instabilidade 3 fonte de estabilidade 4 Evoluccedilatildeo dialeacutetica
5 Causalidade e previsibilidade
Contudo complementa o autor supracitado o termo caos tem sido usado com
definiccedilotildees diferentes no estudo de sistemas natildeo lineares determiniacutesticos (teoria do
caos) e adaptativos (teoria da complexidade) apontando as seguintes diferenccedilas
entre eles
193
_ As noccedilotildees de limites de instabilidade satildeo aplicaacuteveis tanto a sistemas
determiacutenisticos como em adaptativos Ambos podem produzir novidade no espaccedilo
entre estabilidade e instabilidade
_ Em sistemas complexos adaptativos o caos eacute de alta dimensatildeo ou seja o niacutevel
de complexidade eacute consideraacutevel necessitando adaptaccedilatildeo do sistema por meio de
aprendizagem de loop duplo e de loop simples Nos sistemas determiacutenisticos o caos
eacute de baixa dimensatildeo e consequentemente natildeo necessita de adaptaccedilatildeo e nem
envolve aprendizagem
_ Um sistema de feedback determiniacutestico tem uma fonte de instabilidade que eacute a
sua propensatildeo de ampliar pequenas mudanccedilas pela dependecircncia sensiacutevel das
condiccedilotildees iniciais
_ Os sistemas de feedback adaptativos exibem instabilidade por trecircs razotildees
dependecircncia sensiacutevel das condiccedilotildees iniciais competiccedilatildeo
interaccedilatildeo competitiva
ente sistemas co-evolucionaacuterios e entre os esquemas e exposiccedilatildeo para tensatildeo
criativa criada pelos esquemas recessivos
_ As fontes de estabilidade de redes de feedback determiniacutesticas satildeo contenccedilatildeo
redundacircncia e auto-organizaccedilatildeo As fontes de estabilidade das redes adaptativas
aleacutem da contenccedilatildeo e redundacircncia apresentam uma proteccedilatildeo da tensatildeo criativa
pelos esquemas dominantes
_ Nas redes determiniacutesticas a evoluccedilatildeo dialeacutetica eacute um rearranjo continuo de
paradoxos de estabilidade e instabilidade Nas redes adaptativas as mudanccedilas satildeo
progressivas pequenas incrementais com uma estrateacutegia de aprendizagem
inconsistente mas a tensatildeo entre forccedilas contraditoacuterias provoca aprendizagem mais
efetiva
Observa-se que os princiacutepios baacutesicos da abordagem quacircntica da ciecircncia
fornecem as bases que fundamentam as ciecircncias da complexidade apontadas neste
estudo Haacute muitas interaccedilotildees entre os elementos que as constituem o que daacute
margem agrave muacuteltiplas interpretaccedilotildees nas suas interconexotildees sistecircmicas Deduz-se
portanto que outros observadores podem visualizar as interfaces sob outras
perspectivas de acordo com os seus padrotildees arqueacutetipicos inconscientes
CAPIacuteTULO 5 MODELO PROPOSTO O BSC COMO UM SCA UMA
ABORDAGEM QUAcircNTICA Agrave ESTRATEacuteGIA
O modelo proposto O BSC como um SCA consiste em uma adaptaccedilatildeo ao modelo
geneacuterico idealizado por Robert Kaplan e David Norton Sob um enfoque sistecircmico
incorpora ao BSC a abordagem quacircntica da ciecircncia sob os fundamentos das
ciecircncias da complexidade Na primeira seccedilatildeo deste capiacutetulo apresenta-se a base
conceptual do modelo Na segunda seccedilatildeo a modelagem conceptual ou seja a
dinacircmica de funcionamento do BSC como um SCA E na terceira seccedilatildeo a
incorporaccedilatildeo desta modelagem ao modelo original do BSC visatildeo e estrateacutegia
perspectivas princiacutepios mapa estrateacutegico e processo de construccedilatildeo (KAPLAN E
NORTON 1997 2000 2004)
51 BASE CONCEITUAL DO MODELO PROPOSTO ESTRUTURA DE
REFEREcircNCIA
A base conceptual do modelo proposto O BSC como um SCA uma abordagem
quacircntica agrave estrateacutegia compotildee-se de alguns elementos teoacutericos de algumas ciecircncias
sintetizados no quadro 18
A teoria geral de sistemas - TGS eacute aplicada a vaacuterias ciecircncias Dentre as vaacuterias
particularidades da TGS aponta-se neste estudo duas caracteriacutesticas baacutesicas o
isomorfismo a interdisciplinariedade e a generalidade da ciecircncia
Para Bertalanffy (1975 p 59 p115 grifo nosso) o isomorfismo natildeo se trata de
mera analogia Eacute uma consequumlecircncia do fato de sob certos aspectos poderem ser
aplicadas abstraccedilotildees correspondentes e modelos conceituais a fenocircmenos
diferentes A existecircncia de leis de estrutura semelhante em diversos campos torna
possiacutevel o uso de modelos mais simples ou melhor conhecidos para fenocircmenos
mais complicados ou de mais difiacutecil manejo
195
Bertalanffy (1975 p 78 grifo nosso) ao apontar a
interdisciplinariedade e a
generalidade como particularidades da TGS aduz que as exigecircncias educacionais
da formaccedilatildeo de generalistas cientiacuteficos e do desenvolvimento de princiacutepios
baacutesicos interdisciplinares satildeo exatamente as que a teoria geral dos sistemas
procura satisfazer Neste propoacutesito a teoria geral dos sistemas parece ser um
importante avanccedilo no sentido da siacutentese interdisciplinaacuteria e da educaccedilatildeo integrada
O BSC COMO UM SCA
BASE CONCEITUAL SINTESE PRINCIPAIS AUTORES
Teoria Geral de Sistemas
TGS
Incorpora-se os Seguintes princiacutepios isomorfismo interdisciplinariedade e generalidade
Bertalanffy (1975) Chiavenato (2000)
BSC
Sistema de mediccedilatildeo do desempenho de descriccedilatildeo e execuccedilatildeo dinacircmica e natildeo linear da estrateacutegia
KAPLAN E NORTON (1987 2000 2004)
Novo Paradigma Abordagem Quacircntica
Introduz uma nova concepccedilatildeo filosoacutefica ao BSC Agrega o ponderaacutevel previsiacutevel linear ao imponderaacutevel imprevisiacutevel e natildeo linear
KNELLER (1980) CAPRA(1982) CORREumlACUNHA SUTILLI (2003) GRIBBIN(1988) GUERRA(2001)NOacuteBREGA (1999) SALAM(1993)
Fiacutesica Quacircntica
Introduz uma nova concepccedilatildeo ao BSC por meio dos princiacutepios de dualidade (LOUIS DE BROGLIE1924) e complementaridade (NIELHS BOHR1922)
CAPRA (1982) GRIBBIN (1988) NOacuteBREGA (1999) SALAM (1993)
Pensamento Estrateacutegico Contemporacircneo
O pensamento estrateacutegico contemporacircneo busca o alinhamento da visatildeo e missatildeo dos propoacutesitos princiacutepios e valores da organizaccedilatildeo e seus colaboradores
SENGE(2002)HOCK(1999) CUSUMANO E MARKIDES (2002)
Teoria dos Sistemas Autopoieacuteticos
Concebe o sistema organizacional como produtor e reprodutor de si mesmo A identidade estrateacutegica de uma organizaccedilatildeo eacute o resultado de seu processo ontogecircnico no acoplamento recursivo do passado com o presente Considera as contingecircncias histoacuterias e o domiacutenio fenomenoloacutegico a que pertence como um ente circunscrito
MATURAMA E VARELA (1997) MORGAN (1996) MAULA (2000)
Teoria do Caos
Concebe a estrateacutegia agrave beira do caos entre a ordem estabelecida (deliberada planejado) e a desordem (emergecircncia do sistema)
LORENTZ (1996) GELL-MANN (1996) HOCK(1999) STACEY(1996) AXELROLD E COHEM (2000)
Teoria da Complexidade
SCA
Propotildee a dinacircmica de funcionamento de um SCA para a implementaccedilatildeo da estrateacutegia
GELL-MANN(1996) STACEY(1996) AXELROLD E COHEM (2000) CUSUMANO E MARKIDES (2002)
Quadro 18 Base conceptual do BSC como um SCA
196
Elaborado com base em Axelrold e Cohem (2000) Bertalanffy (1975) Capra(1982) Chiavenato
(2000) CorreumlaCunha Sutilli (2003) Cusumano e Markides (2002) Gell-Mann (1996) Guerra(2001) Gribbin(1988) Hock (1999) Kaplan e Norton (1987 2000 2004) Kneller (1980) Lorentz (1996)
Maturana e Varela (1997) Maula (2000) Morgan (1996)Noacutebrega (1999) Salam(1993) Senge(2002) Stacey(1996)
Segundo Chiavenato (2000 p 376) a Teoria Geral de Sistemas
TGS
busca os princiacutepios unificadores capazes de interligar os universos particulares das
ciecircncias de modo que os progressos alcanccedilados em uma ciecircncia possam beneficiar
as demais
Bertalanffy (1975 p 133) relata que todas as construccedilotildees cientiacuteficas satildeo
modelos que representam certos aspectos ou perspectivas da realidade As vaacuterias
teorias dos sistemas satildeo tambeacutem modelos que espelham diferentes aspectos Natildeo
satildeo mutuamente exclusivos combinando-se frequumlentemente em sua aplicaccedilatildeo
Seguindo a concepccedilatildeo filosoacutefica da Teoria Geral de Sistemas pretende-se
neste estudo incorporar ao BSC a abordagem quacircntica da ciecircncia sob os
fundamentos das ciecircncias da complexidade
O modelo proposto neste estudo eacute
concebido como uma estrutura de referecircncia descritiva e reflexiva
Apresenta a caracteriacutestica de isomorfismo porque aplica os elementos
conceituais de algumas teorias inseridas na abordagem quacircntica da ciecircncia aos
estudos sobre gestatildeo estrateacutegica organizacional Caracteriza-se como um estudo
generalista e interdisciplinar porque analisa o meacutetodo BSC na sua totalidade e
sugere adaptaccedilotildees teoacutericas agraves lacunas observadas por meio da interconexatildeo dos
elementos conceituais de quatro teorias fiacutesica quacircntica teoria de sistemas
autopoieacuteticos teoria do caos e teoria da complexidade
Incorporando-se os conceitos de dualidade e complementaridade na
concepccedilatildeo do BSC o define-se como um sistema gerencial estrateacutegico de
monitoramento do fluxo de mudanccedila e de mediccedilatildeo do desempenho De forma dual e
complementar ora tem a funccedilatildeo de observar os padrotildees arqueacutetipos de
comportamento da estrateacutegia ora mensura o seu desempenho E assim
sucessivamente se adapta os elementos conceituais das outras teorias originaacuterias
de outras ciecircncias tal como a teoria dos sistemas autopoieacuteticos (biologia) para
197
formar a base conceptual enquanto estrutura de referecircncia do modelo proposto (cf
quadro 17)
52 MODELAGEM CONCEITUAL DO BSC COMO UM SCA
A modelagem do BSC como um SCA apresenta a estrutura conceptual
dinacircmica a ser incorporada no BSC modelo geneacuterico Kaplan e Norton (cf Figura
10)
Parte da configuraccedilatildeo do pensamento estrateacutegico (1) no novo paradigma
Inicia com o processo de auto-referecircncia - autopoiese da organizaccedilatildeo (1a) A
identidade estrateacutegica da organizaccedilatildeo representa a autopoiese do sistema O senso
de auto-referecircncia do sistema organizacional eacute um ciacuterculo fechado - produtor e auto-
reprodutor de si mesmo O sistema autopoieacutetico eacute definido a partir do processo
ontogecircnico (transformaccedilatildeo da estrateacutegia ao longo do tempo) A autopoiese constitui-
se do acoplamento recursivo (padrotildees estrateacutegicos que se repetem) do passado
com o presente A visatildeo missatildeo e estrateacutegia geral (1b) satildeo definidas por meio do
alinhamento dos propoacutesitos princiacutepios e valores da organizaccedilatildeo e seus
colaboradores
O BSC como um SCA eacute concebido como um sistema gerencial hiacutebrido de
mediccedilatildeo de desempenho e de monitoramento do fluxo de mudanccedila (2 2a 2b) A
organizaccedilatildeo sob os fundamentos dos SCAs eacute um sistema (3) composto de dois
subsistemas o de sombra (3a) - esquema recessivo o legiacutetimo (3b) - esquema
dominante que se caracterizam respectivamente por desordem e ordem O modelo
mental (3c) da organizaccedilatildeo eacute fruto do compartilhamento dos esquemas dos agentes (4)
humanos colaboradores internos e externos (4a) e natildeo humanos
perspectivas do
scorecard (4b)
A estrateacutegia concebida agrave beira do caos (5) entre a estrateacutegia emergente (5a) e a
deliberada (5b) gera no subsistema de sombra um espaccedilo para a inovaccedilatildeo e a
criatividade (5d) A estrateacutegia eacute operacionalizada numa cadeia circular dinacircmica de
aprendizagem (6) auto-organizaccedilatildeo (7) adaptaccedilatildeo (8) e feedback estrateacutegico (9)
198
199
Feedback
9
2 ESTRATEacuteGIA
Agrave BEIRA DO CAOS 5
Manutenccedilatildeo Status quo
8b
Auto-organizaccedilatildeo
7
Adaptaccedilatildeo 8
Espaccedilo para Inovaccedilatildeo 5c
e Criatividade
BALANCED
SCORECARD
3 SISTEMA ORGANIZACIONAL
1
Natildeo humanos
Perspectivas 4b
Humanos
Colaboradores
4a
AGENTES
AGENTES
4
SISTEMA DE MEDICcedilAtildeO
DE 2b DESEMPENHO
SISTEMA DE MONITORAMEN-TO DO FLUXO 2a
DE MUDANCcedilA
ESTRATEacuteGIA
DELIBERADA
5b
ESTRATEacuteGIA EMERGENTE
5a
SIacuteNTESE Subjetividade
ANAacuteLISE Objetividade
E
Q
U
I L
Iacute B
R
I O
D
I N
Acirc
M
I C
O
P R
O
C
E S S O
D
E
C
O
N
T I N
U
O
F L U
X
O
D
E
M
U
D
A
N
Ccedil
A
Aprendizagem no
Paradoxo (caos) 6
Aprendizagem de loop 7a
Duplo
Modelo 3c Mental
Subsistema
Legiacutetimo 3b Esquema
Dominante
Subsistema
Sombra 3a Esquema Recessivo
Incorporaccedilatildeo dos Padrotildees Emergentes
8a
Feedback Positivo
9a
Feedback Negativo
9b
Aprendizagem de loop 7b
Simples
7c Aprendizagem
Mal Adaptativa
Figura 10 Modelagem da Dinacircmica de Funcionamento do BSC como um SCA
PENSAMENTO ESTRATEacuteGICO ( 1 ) Sistema Autopoieacutetico Quem Somos (1a)
VISAtildeO MISSAtildeO E ESTRATEacuteGIA GERAL(1b) Alinhamento Propoacutesitos Princiacutepios e Valores
R E D E D E F E E D B A C K C O E V O L U C I O N Aacute R I O
A B O R D A G E M Q U Acirc N T I C A P E R S P E C T I V A S I S T Ecirc M I C A
H O L O G R Aacute F I C A O R G Acirc N I C A E E C O L Oacute G I C A
LEGENDA Subsistema Legiacutetimo _____________ Subsistema de Sombra --------------------
200
Na aprendizagem agrave beira do paradoxo (caos) o sistema funciona entre a ordem
(estrateacutegia deliberada regras normas - subsistema legiacutetimo) e desordem (inovaccedilatildeo e
criatividade que emergem do compartilhamento dos esquemas dos agentes -
subsistema de sombra) No processo de auto-organizaccedilatildeo o sistema gera um
aprendizagem de loop simples duplo ou mal-adaptativa
Na aprendizagem de loop simples (7b) a estrateacutegia eacute implementada conforme o
que foi previamente planejado (deliberado) sem alteraccedilotildees A aprendizagem mal
adaptativa (7c) ocorre quando uma inovaccedilatildeo eacute introduzida mas o sistema natildeo a
absorveu porque manteacutem o antigo padratildeo de comportamento Na aprendizagem de
loop duplo (7a) a inovaccedilatildeo e criatividade do sistema eacute incorporada agrave estrateacutegia
deliberada
No processo de adaptaccedilatildeo (8) o sistema manteacutem o status quo (8b) quando a
aprendizagem eacute de loop simples ou mal adaptativa ou muda quando incorpora novos
padrotildees emergentes (8a) ao esquema dominante O feedback estrateacutegico (9) eacute negativo
(9b) quando o sistema desenvolve uma aprendizagem de loop simples ou mal
adaptativa e positivo (9a) quando incorpora as mudanccedilas no subsistema legiacutetimo
(estrateacutegia deliberada)
O sistema ao promover o aprendizado estrateacutegico no paradoxo (agrave beira do caos)
experimenta a ambiguumlidade entre sentimentos contraditoacuterios tais como competiccedilatildeo e
colaboraccedilatildeo o desejo de pertencer ao grupo ou individualizar-se Neste processo torna-
se necessaacuterio uma lideranccedila para o controle da ansiedade que transmita confianccedila e
mantenha o sistema num equiliacutebrio dinacircmico
O sistema gerencial estrateacutegico na modelagem proposta se configura numa
cadeia circular de equiliacutebrio dinacircmico num fluxo de contiacutenua mudanccedila O sistema evolui
dialeticamente e dialogicamente ao encontrar a unidade nas suas contradiccedilotildees
sistecircmicas (auto-organizaccedilatildeo) e ao conceber a estrateacutegia agrave beira do caos de forma dual
e complementar (entre a deliberada e a emergente)
O sistema evolui por meio de uma rede de feedback co-evolucionaacuterio que acontece no
compartilhamento dos esquemas dos agentes humanos e natildeo-humanos Quando o
sistema desenvolve uma aprendizagem mal-adaptativa e um feedback negativo
201
num processo e tentativa e erro roda continuamente ateacute produzir um aprendizado
de loop duplo e um feedback positivo
A abordagem quacircntica ao BSC tem a finalidade de gerar uma mudanccedila de
consciecircncia no sistema de modo a incorporar novos valores princiacutepios e propoacutesitos
ao pensamento estrateacutegico organizacional Constitui-se de uma perspectiva
sistecircmica holograacutefica orgacircnica e ecoloacutegica
A perspectiva sistecircmica ao BSC sob o prisma quacircntico pressupotildee que a
dinacircmica de funcionamento do sistema eacute determinada pelas interaccedilotildees entre os
agentes Parte do pressuposto que a ordem explicada visiacutevel tem uma ordem
implicada
invisiacutevel que se desdobra em tempo real e determina uma nova ordem A
nova ordem constitui-se por uma rede de feedback co-evolucionaacuterio formada pelas
interaccedilotildees entre os agentes e as relaccedilotildees de interconectividade entre os mesmos
Sob a perspectiva holograacutefica as perspectivas e respectivas medidas do BSC
funcionam como um holograma o todo estaacute codificado em cada parte e cada parte estaacute
no todo Pode-se inferir que o pensamento estrateacutegico organizacional (todo) estaacute
impliacutecito em cada perspectiva (partes- fractais) as quais estatildeo inseridas no todo
(pensamento estrateacutegico organizacional) por meio das relaccedilotildees de interconectividade e
redundacircncia entre os objetivos e indicadores do scorecard
Pode-se observar tambeacutem que o modelo mental da organizaccedilatildeo (todo) estaacute
impliacutecito nos esquemas compartilhados pelos agentes humanos (colaboradores) e que
cada esquema de um agente (parte) estaacute impliacutecito no modelo mental da organizaccedilatildeo
(todo) Deduz-se entatildeo que o sistema possui a capacidade de observar a parte
(anaacutelise) bem como ter a percepccedilatildeo do todo (siacutentese) simultaneamente
A perspectiva ecoloacutegica ao BSC extrapola as questotildees ambientais Tem o
propoacutesito de introduzir uma consciecircncia estrateacutegia diferenciada Incentiva o
autoconhecimento dos agentes de forma a incorporar nos seus esquemas recessivos a
busca do crescimento interior Tal visatildeo dilui-se nos esquemas compartilhados entre os
agentes por meio de valores cultivados como solidariedade colaboraccedilatildeo sinergia
compaixatildeo entre outros
202
Os ativos tangiacuteveis (lucro contaacutebil melhoria da infra-estrutura fiacutesica maacutequinas e
equipamentos) satildeo consequumlecircncia de valiosos ativos intangiacuteveis impliacutecitos nas relaccedilotildees
interpessoais
Originam se natildeo soacute da conscientizaccedilatildeo de cada indiviacuteduo da importacircncia
de seus atos para a o sucesso da implementaccedilatildeo da estrateacutegia organizacional mas do
seu entendimento sobre a vida da forma que se relaciona socialmente como tambeacutem
da compreensatildeo que o seu comportamento se reflete nos sistemas locais (unidades
estrateacutegicas de negoacutecios) e globais (corporaccedilatildeo redes clusters)
Cabe aqui conscientizar os agentes que a loacutegica que domina o pensamento do
mundo (visatildeo mecanicista) reflete a ecologia do ambiente ao niacutevel local (regional e
nacional) e global (internacional) sensibilizando-os para incorporar os propoacutesitos
princiacutepios e valores do novo paradigma da ciecircncia
Sob a perspectiva orgacircnica parte-se do pressuposto que o sucesso ou fracasso
da operacionalizaccedilatildeo da estrateacutegia por meio do BSC estaacute condicionado as interaccedilotildees e
relaccedilotildees de interdependecircncia entre as perspectivas sendo difiacutecil estabelecer relaccedilotildees
de causa e efeito As relaccedilotildees satildeo altamente mutaacuteveis exigindo um sistema flexiacutevel e
adaptaacutevel as constantes alteraccedilotildees do ambiente
O BSC como um SCA eacute um sistema estrateacutegico gerencial dual e
complementar porque ora se comporta como sistema de monitoramento de fluxo de
mudanccedila (lado direito da Figura 10) e ora se comporta como sistema de mediccedilatildeo de
desempenho (lado esquerdo da Figura 10)
Observando-se o lado esquerdo da Figura 10 constata-se que o BSC como
sistema de mediccedilatildeo de desempenho representa o lado consciente do sistema
organizacional a anaacutelise a objetividade - o subsistema legiacutetimo a administraccedilatildeo
ordinaacuteria Refere-se aos agentes natildeo humanos no caso especiacutefico deste estudo a
estrateacutegica desdobrada por meio das perspectivas do BSC O BSC na vertente
conceptual como sistema de mediccedilatildeo do desempenho organizacional tem o
propoacutesito de medir se a estrateacutegia deliberada estaacute em conformidade com o
planejado
Visualizando-se o lado direito da Figura 10 verifica-se que o BSC como sistema
de monitoramento do fluxo de mudanccedila representa o lado inconsciente do sistema
203
organizacional a siacutentese a subjetividade Estaacute relacionado ao lado direito do ceacuterebro e
a esfera inconsciente da psique Constitui-se do conhecimento impliacutecito na
administraccedilatildeo extraordinaacuteria A estrateacutegia emergente origina-se da experiecircncia dos
agentes humanos do inconsciente coletivo que emerge no espaccedilo para a inovaccedilatildeo e a
criatividade do sistema O BSC
na vertente conceptual como sistema de monitoramento
do fluxo de mudanccedila organizacional atua no subsistema de sombra com o propoacutesito de
esboccedilar os padrotildees arqueacutetipos de comportamento emergentes e incorporaacute-los ao
subsistema legiacutetimo
O BSC como um sistema hiacutebrido gerencial importa os conceitos de dualidade e
complementaridade da fiacutesica quacircntica A concepccedilatildeo de dualidade dos fenocircmenos
aplicada ao BSC significa concebecirc-lo como um sistema gerencial que ora se comporta
como sistema de mediccedilatildeo do desempenho organizacional e ora se comporta como
sistema de monitoramento do fluxo de mudanccedila Incorpora a caracteriacutestica de
complementaridade na medida em que a sua vertente conceptual como sistema de
monitoramento do fluxo de mudanccedila eacute integrada a concepccedilatildeo de um sistema de
mediccedilatildeo de desempenho organizacional
O BSC como um sistema de monitoramento do fluxo de mudanccedila verifica os
padrotildees de comportamento do sistema esboccedila seus scripts comportamentais e
reconhece seus atratores Quando os novos padrotildees estrateacutegicos emergentes satildeo
gerados no subsistema de sombra e incorporados ao sistema legiacutetimo
estrateacutegia
emergente o BSC passa a atuar novamente como sistema de mediccedilatildeo do desempenho
Como sistema de mediccedilatildeo de desempenho estabelece objetivos indicadores metas e
iniciativas O sistema se alterna continuamente de forma dual e complementar de uma
vertente conceptual para outra numa cadeia circular de equiliacutebrio dinacircmico
53 INCORPORACcedilAtildeO DA MODELAGEM CONCEITUAL AO BSC
A modelagem conceptual proposta eacute incorporada ao BSC Kaplan e Norton
(1997 2000 2004) ao conceito arquitetura do modelo (perspectivas objetivos
indicadores metas e iniciativas) princiacutepios mapa estrateacutegico e processo de
construccedilatildeo
204
O BSC como um SCA tem a seguinte dinacircmica de funcionamento
_ O pensamento estrateacutegico eacute consolidado no sistema organizacional por meio de
um processo de auto-referecircncia fruto de sua autopoieisse que se reflete na missatildeo
visatildeo valores e estrateacutegia agrave beira do caos
_ A arquitetura do BSC como um SCA visa consolidar o pensamento estrateacutegico
organizacional por meio das perspectivas baacutesicas permeadas por trecircs dimensotildees
humana das descontinuidades ambientais e competitividade cooperativa
_ As perspectivas satildeo desdobradas em objetivos medidas metas e iniciativas por
meio de hipoacuteteses probabiliacutesticas paralelas e justapostas
_ A integraccedilatildeo das medidas agrave estrateacutegia acontece por meio de relaccedilotildees de
interconectividade entre as medidas de resultado e vetores de desempenho
_ Nos princiacutepios da organizaccedilatildeo orientada para a estrateacutegia satildeo incorporados agrave
abordagem quacircntica da ciecircncia sob os fundamentos das ciecircncias da complexidade
_ O mapa estrateacutegico estabelece relaccedilotildees de interconectividade entre os objetivos
e indicadores estrateacutegicos considerando os loops de feedback positivo e negativo
_ O processo de construccedilatildeo do BSC inicia com o reconhecimento da rede e da
cadeia de valor da UEN Envolve anaacutelise e siacutentese do sistema estrateacutegico
organizacional
_ Como o modelo proposto configura-se dentro de uma cadeia circular dinacircmica
quando o sistema desenvolve uma aprendizagem mal-adaptativa e um feedback
negativo num processo e tentativa e erro roda continuamente ateacute produzir um
aprendizado de loop duplo e um feedback positivo
531 ARQUITETURA DO BSC COMO UM SCA
A figura 11 apresenta a arquitetura do BSC como um SCA Observa-se que o BSC
como sistema de monitoramento do fluxo de mudanccedila esboccedila os padrotildees arqueacutetipos de
comportamento dos agentes (perspectivas e colaboradores) por meio da identificaccedilatildeo
dos seus esquemas recessivos e atratores Com o propoacutesito de monitorar o fluxo de
mudanccedila satildeo incorporadas agraves perspectivas trecircs dimensotildees dimensatildeo humana das
descontinuidades ambientais e da competitividade cooperativa
205
PARA CONSOLIDAR O PENSAMENTO ESTRATEacuteGICO ORGANIZACIONAL COMO PODEMOS
PENSAMENTOESTRATEacuteGICO
B S CSISTEMA DEMEDICcedilAtildeO DEDESEMPENHO
SISTEMA DEMONITORAMENTODO FLUXO DE MUDANCcedilA
OBJETIVOSINDICADORES
METASINICIATIVAS
PADROtildeESARQUETIacutePICOS
DECOMPORTAME NTO
ESQUEMARECESSIVO
DOS AGENTESATRATORES
HIPOacuteTESESPROBABILIacuteSTICAS
PARALELAS
PROCESSOSINTERNOS
CLIENTES
FINANCEIRA
APRENDIZADO ECRESCIMENTO
PERSPECTIVAS
DIM
EN
SAgrave
O D
A C
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EN
SAtilde
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UM
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Figura 11 Arquitetura do BSC como um SCA
O BSC como Sistema de Mediccedilatildeo de Desempenho estabelece hipoacuteteses
probabiliacutesticas para as medidas do scorecard Estabelece objetivos indicadores
metas e iniciativas paralelas e justapostas O pensamento estrateacutegico organizacional
eacute traduzido por meio das perspectivas numa cadeira causal circular dinacircmica onde
as mesmas mantecircm uma relaccedilatildeo de interconectividade
O processo desenvolve-se por meio de interaccedilotildees dinacircmicas entre os agentes
humanos (colaboradores internos e externos) e natildeo humanos (pensamento
estrateacutegico expliacutecito por meio das perspectivas e medidas do scorecard) Desta
forma o sistema gerencial BSC produz padrotildees de comportamentos que consistem em
uma cadeia de agentes dirigida por feedback de interaccedilatildeo natildeo linear para produzir
resultados desconhecidos que tecircm padratildeo
No BSC como um SCA cabe conotar o termo rede de valor Forma-se pelo
compartilhamento dos esquemas dos agentes humanos (colaboradores) e natildeo
humanos (perspectivas do BSC) Consiste de interaccedilotildees fortes sineacutergicas e
206
sincrocircnicas entre os agentes internos e externos que integram a cadeia de valor da
Unidade Estrateacutegica de Negoacutecios - UEN
5311 Pensamento Estrateacutegico
A figura 12 apresenta a configuraccedilatildeo do pensamento estrateacutegico
Sistema Autopoieacutetico Quem somos
Missatildeo Princiacutepios caoacuterdicos Porque existimos
Valores essenciais Em que acreditamos
Visatildeo Cenaacuterios futuros almejados Onde queremos chegar
Estrateacutegia agrave beira do caos
Iniciativas estrateacutegicas paralelas e interconectadas
Objetivos pessoais alinhados ao sistema estrateacutegico organizacional
Sistema Estrateacutegico Organizacional Rede de Feedback Coevolucionaacuterio
Figura 12 A Operacionalizaccedilatildeo da Estrateacutegia como um processo de auto referecircncia do sistema organizacional
Fonte (Adaptado de Kaplan e Norton 2001 p 85)
Observa-se que o modelo proposto eacute concebido a partir do pensamento
estrateacutegico como um processo de auto-referecircncia do sistema estrateacutegico organizacional
Natildeo exclui a anaacutelise de mercado da cadeia de valores e das competecircncias essenciais
mas parte da identidade estrateacutegica da organizaccedilatildeo
53111 Sistema autopoieacutetico Quem somos
A autopoiese do sistema fundamenta-se na compreensatildeo que cada
organizaccedilatildeo tem um domiacutenio fenomenoloacutegico proacuteprio Pressupotildee-se que o sistema
estrateacutegico organizacional tem uma identidade proacutepria uacutenica que eacute estabelecida
pela sua ontogenia ou seja pelo processo de transformaccedilatildeo do pensamento
estrateacutegico ao longo do tempo No processo ontogecircnico do sistema autopoieacutetico
organizacional padrotildees recursivos da estrateacutegia satildeo acoplados ao presente com
conservaccedilatildeo de identidade atraveacutes de sua autopoiese continuada no espaccedilo fiacutesico
A configuraccedilatildeo do autopoiese do sistema considera as suas contingecircncias
histoacutericas sua ontogenia morfogecircnese organizacional (configuraccedilatildeo e estrutura) suas
propriedades de recursividade (repeticcedilatildeo dos padrotildees estrateacutegicos impliacutecitos) e
acoplamento (contingecircncias histoacutericas passadas somadas ao presente) as quais
determinam a sua estrutura interna ou seja seu senso de identidade
207
O pensamento estrateacutegico organizacional ao ser explicitado por meio das
perspectivas e respectivos indicadores do scorecard envolvem uma rede de agentes
fechada sobre si mesma em um ambiente circunscrito que gera sua proacutepria dinacircmica
atraveacutes do qual existe um fluxo contiacutenuo de indicadores que satildeo selecionados ou
extintos de acordo com as interaccedilotildees espontacircneas que emergem na rede Em outras
palavras o sistema autopoieacutetico organizacional eacute o que determina a configuraccedilatildeo
estrateacutegica da organizaccedilatildeo A organizaccedilatildeo tem uma identidade estrateacutegica que define
como ela se relaciona com o meio ambiente interno e externo
Teacutecnica sugerida histoacuteria de vida
A teacutecnica de pesquisa histoacuteria de vida
permite contar a histoacuteria da estrateacutegia e reconhecer os padrotildees de comportamento
recursivos que foram acoplados ao sistema estrateacutegico organizacional
53112 Missatildeo Princiacutepios caoacuterdicos Porque existimos
A razatildeo de ser do sistema estrateacutegico organizacional configura-se a partir do
alinhamento dos princiacutepios das organizaccedilotildees caoacuterdicas aos princiacutepios dos agentes
humanos Integram os propoacutesitos e princiacutepios do sistema adaptados a estrutura e a
praacutetica
Propoacutesitos
satildeo definidos a partir do alinhamento das aspiraccedilotildees desejos e
necessidades dos agentes humanos que integram a cadeia de valor do sistema
organizacional
Princiacutepios
significam a busca da harmonizaccedilatildeo e alinhamento das crenccedilas
preceitos eacuteticos e morais dos agentes de modo a constituir atraveacutes do consenso os
princiacutepios do sistema organizacional
53113 Valores essenciais Em que acreditamos
A auto-organizaccedilatildeo dos valores taacutecitos ambiacuteguos e contraditoacuterios dos agentes eacute
alavancada por meio da conscientizaccedilatildeo dos valores impliacutecitos na abordagem quacircntica
visatildeo sistecircmica ecoloacutegica holograacutefica e orgacircnica Visa criar uma base soacutelida para a
convivecircncia harmocircnica e sincrocircnica em um ambiente caracterizado por constantes
mutaccedilotildees
208
53114 Visatildeo - Cenaacuterios futuros almejados Onde queremos chegar
Em um ambiente em constante transformaccedilatildeo a visatildeo integra vaacuterias hipoacuteteses
probabiliacutesticas de cenaacuterios futuros almejados Como teacutecnica agregadora sugere-se um
programa de simulaccedilatildeo que contemple posiccedilotildees estrateacutegicas almejadas as quais satildeo
reavaliadas continuamente e adaptadas as constantes mutaccedilotildees ambientais Deve-se
visualizar objetivos estrateacutegicos em longo prazo em cada perspectiva do BSC
considerando as trecircs dimensotildees que as permeiam humana das descontinuidades
ambientais e da competitividade cooperativa
53115 Estrateacutegia a Beira do Caos
O BSC como um SCA com o propoacutesito de estimular o processo de concepccedilatildeo da
estrateacutegia agrave beira do caos estabelece algumas diretrizes baacutesicas com o miacutenimo de
regras operacionais que garantam a estrateacutegia de sobrevivecircncia da organizaccedilatildeo O
propoacutesito eacute criar um espaccedilo para a inovaccedilatildeo e a criatividade para que os padrotildees
emergentes do subsistema de sombra sejam incorporados agrave estrateacutegia deliberada
5312 Perspectivas
O BSC como um SCA incorpora a estrateacutegia uma visatildeo holograacutefica de natureza
fractal As perspectivas e respectivas medidas representam as partes
fractais e o
pensamento estrateacutegico
a visatildeo holograacutefica - de totalidade O processo eacute circular satildeo
mantidas entre as perspectivas uma relaccedilatildeo de interconectividade e redundacircncia (cf
Figura 13)
209
53121Dimensatildeo Humana
Figura 13 - Perspectivas do BSC como um SCA
53121 Perspectiva dos Clientes
Para satisfazer reter e conquistar clientes potenciais agraves organizaccedilotildees devem ser
capazes de agregar valor por oferecer produtos e serviccedilos que incorpore velocidade
eficiecircncia eficaacutecia e efetividade no sistema ou seja aleacutem de satisfazer o cliente para
mantecirc-lo a organizaccedilatildeo precisa contar com artefatos tecnoloacutegicos que subsidiam a
eficiecircncia operacional resultados eficazes e a efetividade atraveacutes da manutenccedilatildeo de
relaccedilotildees soacutelidas com os clientes
A rede de interaccedilatildeo contiacutenua com os clientes visa reavaliar continuamente os
seus desejos e necessidades as quais sofrem alteraccedilotildees constantes devido agrave rapidez
com que se processam as inovaccedilotildees tecnoloacutegicas que interferem significativamente nas
suas aspiraccedilotildees cotidianas Cabe aqui utilizar os conceitos de tipo populaccedilotildees e os
mecanismos conceituais que alteram a frequumlecircncia de tipos
O processo de auto-referecircncia do sistema estrateacutegico organizacional
sistema
autopoieacutetico integra o senso de identidade dos clientes Aleacutem de medidas analiacuteticas
PARA CONSOLIDAR O PENSAMENTO ESTRATEacuteGICO ORGANIZACIONAL COMO PODEMOS
PERSPECTIVAS
PROCESSSOS INTERNOS
PROMOVER A MELHORIA CONTIacuteNUA DOS PROCESSOS INTERNOS PARA
SATISFAZERNOSSOS COLABORADORES INTERNOS E
EXTERNOS
FINANCEIRA
GERENCIAR NOSSOS RECURSOS FINANCEIROS DE MODO A SATISFAZER OS
DESEJOS E NECESSIDADES DE NOSSOS COLABORADORES INTERNOS E
EXTERNOS
APRENDIZADOE CRESCIMENTO
PROMOVER A EVOLUCcedilAtildeO DO SISTEMA POR MEIO DE UMA REDE DE FEEBACK
COEVOLUCIONAacuteRIO
CLIENTES
MANTER INTERACcedilOtildeES FORTES E PROacute-ATIVAS COM
OS CLIENTES
PARA CONSOLIDAR O PENSAMENTO ESTRATEacuteGICO ORGANIZACIONAL COMO PODEMOS
PERSPECTIVAS
PROCESSSOS INTERNOS
PROMOVER A MELHORIA CONTIacuteNUA DOS PROCESSOS INTERNOS PARA
SATISFAZERNOSSOS COLABORADORES INTERNOS E
EXTERNOS
FINANCEIRA
GERENCIAR NOSSOS RECURSOS FINANCEIROS DE MODO A SATISFAZER OS
DESEJOS E NECESSIDADES DE NOSSOS COLABORADORES INTERNOS E
EXTERNOS
APRENDIZADOE CRESCIMENTO
PROMOVER A EVOLUCcedilAtildeO DO SISTEMA POR MEIO DE UMA REDE DE FEEBACK
COEVOLUCIONAacuteRIO
CLIENTES
MANTER INTERACcedilOtildeES FORTES E PROacute-ATIVAS COM
OS CLIENTES
210
objetivas que permitem avaliar e monitorar o desempenho da organizaccedilatildeo em
atender os desejos dos clientes atuais tais como participaccedilatildeo no segmento de
mercado iacutendice de retenccedilatildeo de clientes iacutendice de novos clientes iacutendice de satisfaccedilatildeo
de clientes e lucratividade do cliente o sistema deve prever medidas subjetivas que
permitam avaliar o grau de interaccedilatildeo da organizaccedilatildeo com os clientes e identificar os
seus padrotildees arqueacutetipos comportamentais
Sugere-se a adoccedilatildeo de teacutecnicas agregadoras que permitam reavaliar
continuamente os padrotildees arqueacutetipos comportamentais dos clientes atuais e potenciais
O mecanismo conceptual Fitness Landscape permite refletir sobre os padrotildees
arqueacutetipos de comportamento dos clientes que repercutem na posiccedilatildeo da estrateacutegia da
organizaccedilatildeo no mercado
53122 Perspectiva dos Processos Internos
Sob a perspectiva dos processos internos busca-se identificar os processos
criacuteticos que integram a cadeia de valor cuja eficaacutecia depende das interaccedilotildees da rede de
valor Visa promover interaccedilotildees fortes e sineacutergicas da rede de valor para que os
processos criacuteticos que constituem a cadeia de valor sejam desenvolvidos de forma
sineacutergica e sincrocircnica A perspectiva de aprendizado e conhecimento formada pelo
capital humano da informaccedilatildeo e organizacional interligada a processos internos
balizados pelos propoacutesitos dos agentes internos e externos visa promover um
aprendizado de loop duplo e um feedback estrateacutegico positivo
A estrateacutegia gerenciada agrave beira do caos na perspectiva dos processos internos
segue um miacutenimo de padrotildees deliberados para a execuccedilatildeo das atividades que integram
os processos criacuteticos da cadeia de valor Este procedimento visa criar um espaccedilo para a
inovaccedilatildeo e a criatividade para que novos padrotildees advindos do compartilhamento dos
esquemas no subsistema de sombra do sistema organizacional produzam inovaccedilotildees e
processos inteiramente novos
Para tanto a cadeia de valor deve considerar os propoacutesitos de todos os agentes
internos do niacutevel de apoio ateacute a gerecircncia secircnior bem como dos agentes externos
fornecedores clientes e parceiros atuais e potenciais Os objetivos medidas metas e
211
iniciativas desta perspectiva tem uma relaccedilatildeo significativa de interconectividade e
redundacircncia com as outras perspectivas
Sugere-se a adoccedilatildeo de teacutecnicas agregadoras que permitam o compartilhamento
dos esquemas dos agentes Cabe aqui tambeacutem a adoccedilatildeo do mecanismos conceptual de
coacutepia com erro que permite a partir de uma reproduccedilatildeo mal feita de um processo gerar
inovaccedilatildeo e criatividade ao sistema estrateacutegico organizacional
Tais inovaccedilotildees satildeo incorporadas na cadeia de valor completa dos processos
internos que tem iniacutecio com o processo de inovaccedilatildeo
identificaccedilatildeo das necessidades e
desejos atuais e futuras dos principais agentes prossegue com os processos de
operaccedilotildees
entrega dos produtos e prestaccedilatildeo dos serviccedilos aos agentes internos e
externos
e termina com o serviccedilo poacutes-venda
oferta de serviccedilos poacutes-venda que
complementem o valor proporcionado aos agentes pelos produtos ou serviccedilos
oferecidos
Envolve a anaacutelise da rede de valor dos principais agentes internos e externos
clientes atuais e potenciais fornecedores parceiros oacutergatildeos governamentais
fiscalizadores que constituem os processos criacuteticos da cadeia de valor
53123 Perspectiva de Aprendizado e Crescimento
Para consolidar o pensamento estrateacutegico organizacional na perspectiva de
aprendizado e crescimento deve-se monitorar o processo coevolucionaacuterio por meio da
identificaccedilatildeo da rede de valor que constitui os ativos intangiacuteveis da organizaccedilatildeo A
perspectiva de aprendizado e crescimento tem o propoacutesito de alinhar os ativos
intangiacuteveis (capital humano capital da informaccedilatildeo e capital organizacional) a estrateacutegia
da organizaccedilatildeo
Ao promover o aprendizado agrave beira do caos no espaccedilo para a inovaccedilatildeo e criatividade
deve estimular um aprendizado de loop duplo e um feedback positivo O compartilhamento de
esquemas (modelos mentais) entre indiviacuteduos grupos e sistema de forma sineacutergica e
sincrocircnica permitem a evoluccedilatildeo do sistema estrateacutegico organ
212
53124 Perspectiva Financeira
A Perspectiva Financeira tem a dupla funccedilatildeo de gerenciar os recursos de forma a
satisfazer os colaboradores internos e externos bem como garantir as metas e
iniciativas das outras trecircs perspectivas Na definiccedilatildeo dos objetivos indicadores metas e
iniciativas deve-se analisar o ciclo de vida em que a organizaccedilatildeo se encontra o
contexto soacutecio-econocircmico nacional e internacional
Portanto como nos sugere (Rocha 2002) ao inveacutes de lucratividade com base
no lucro deve-se medir a rentabilidade com base na agregaccedilatildeo de valor aos
agentes internos e externos que contribuem significativamente para o retorno sobre
o capital investido A perspectiva financeira deve manter uma estreita relaccedilatildeo de
interdependecircncia e equiliacutebrio com as outras perspectivas do scorecard
5313 Dimensotildees que permeiam agraves Perspectivas do BSC como um SCA
As perspectivas satildeo permeadas por trecircs dimensotildees que monitoram o padratildeo de
comportamento do Sistema (cf Figura 14)
Figura 14 Dimensotildees que permeiam as perspectivas do BSC
Figura 14 Dimensotildees que permeiam as perspectivas do BSC
PARA CONSOLIDAR O PENSAMENTO ESTRATEacuteGICO ORGANIZACIONAL COMO PODEMOS
DIMENSAtildeO HUMANA
INTERPOR OS PROPOacuteSITOSHUMANOS NAS PERSPECTIVAS
DO BSC
DIMENSAtildeO DASDESCONTINUIDADES
AMBIENTAIS
MONITORAR O IMPACTO DE FENOcircMENOS INTERNOS
E EXTERNOS IMPREVISIacuteVEIS QUE INTERFEREM NA
ESTRATEacuteGIA
DIMENSAtildeO DA COMPETITIVIDADE
COOPERATIVA
MONITORAR A COMPETITIVIDADE COOPERATIVA DA ESTRATEacuteGIA
PERSPECTIVAS
PARA CONSOLIDAR O PENSAMENTO ESTRATEacuteGICO ORGANIZACIONAL COMO PODEMOS
DIMENSAtildeO HUMANA
INTERPOR OS PROPOacuteSITOSHUMANOS NAS PERSPECTIVAS
DO BSC
DIMENSAtildeO DASDESCONTINUIDADES
AMBIENTAIS
MONITORAR O IMPACTO DE FENOcircMENOS INTERNOS
E EXTERNOS IMPREVISIacuteVEIS QUE INTERFEREM NA
ESTRATEacuteGIA
DIMENSAtildeO DA COMPETITIVIDADE
COOPERATIVA
MONITORAR A COMPETITIVIDADE COOPERATIVA DA ESTRATEacuteGIA
PERSPECTIVAS
213
53131Dimensatildeo Humana
O BSC como um SCA incorpora a dimensatildeo humana agraves perspectivas do BSC
partindo do pressuposto que natildeo existe estrateacutegia perspectivas e indicadores sem
pessoas A Figura
14 expotildee que para consolidar o pensamento estrateacutegico
organizacional os propoacutesitos princiacutepios e valores humanos impliacutecitos no sistema devem
interpor-se nos objetivos indicadores metas e iniciativas das respectivas perspectivas
do BSC
O processo de esboccedilar os padrotildees arqueacutetipos comportamentais dos agentes
humanos interpotildee-se a verificaccedilatildeo das regularidades no comportamento dos indicadores
em cada perspectiva A dimensatildeo humana permeando as perspectivas do BSC
incentiva o autoconhecimento do sistema organizacional
Sugere-se a adoccedilatildeo de teacutecnicas agregadoras que permitam identificar os
padrotildees comportamentais de forma a reforccedilar os padrotildees inconscientes que promovem
interaccedilotildees positivas fortes e sineacutergicas com o ambiente e alterar os esquemas
recessivos que geram sentimentos negativos interaccedilotildees fracas e reativas
O mapeamento das inteligecircncias racional cognitiva emocional e
motivacional dos agentes humanos permite identificar os padrotildees arqueacutetipos de
comportamento de modo a reforccedilar os padrotildees inconscientes que promovem
interaccedilotildees fortes positivas no ambiente e identificar os padrotildees de comportamento
que geram interaccedilotildees negativas fracas e reativas
Para mapear a inteligecircncia racional cognitiva emocional e motivacional dos
agentes humanos propotildee-se uma adaptaccedilatildeo da estrutura conceptual do trabalho de
Luacutecia Helena Martins Pacheco (2002) o qual consiste em uma modelagem dos
aspectos cognitivo emocional e motivacional dos processos psicoloacutegicos atraveacutes de
mapas cognitivos difusos O mapeamento das inteligecircncias seraacute apresentado no
estudo de caso realizado no SENAI Satildeo Joseacute o qual estaacute descrito no capiacutetulo 6
deste trabalho
214
53132 Dimensatildeo das Descontinuidades Ambientais
No ambiente globalizado os efeitos satildeo sistecircmicos Kaplan e Norton (2001) em
um dos princiacutepios da orientada para a estrateacutegia sugerem a avaliaccedilatildeo do impacto de
eventos externos na estrateacutegia organizacional no entanto natildeo os vincula aos objetivos
e indicadores das perspectivas do BSC
A incorporaccedilatildeo da dimensatildeo das descontinuidades ambientais agraves perspectivas
do BSC sugerem o monitoramento contiacutenuo dos impactos de fenocircmenos internos e
externos que possam interferir na consecuccedilatildeo da estrateacutegia organizacional
Visa preparar a organizaccedilatildeo para gerenciar os fenocircmenos que podem abalar ou
impulsionar a consecuccedilatildeo de seus objetivos estrateacutegicos em curto prazo meacutedio e em
longo prazo Sob um enfoque sistecircmico considera contingecircncias e drivers ambientais
sociais e econocircmicos Esta dimensatildeo deve ser considerada ao estabelecer os
indicadores de tendecircncia e de ocorrecircncia em cada perspectiva do BSC
Considera os eventos que podem ser gerados nas interaccedilotildees dos agentes
internos com os externos e vice-versa bem como relacionados agrave performance dos
concorrentes alteraccedilotildees climaacuteticas condiccedilotildees microeconocircmicas e macroeconocircmicas
questotildees relacionadas agrave responsabilidade social seguranccedila energia etc Esta
dimensatildeo tambeacutem pode gerar iniciativas estrateacutegicas com a finalidade de tentar
suavizar o impacto das descontinuidades ambientais tais como programas de
voluntariado sistema de energia alternativa programa de avaliaccedilatildeo de impactos
ambientais e de responsabilidade social entre outros
53133 Dimensatildeo da Competitividade Cooperativa
Define-se competitividade cooperativa como a capacidade da estrateacutegia
organizacional evoluir por meio de uma rede de feedback coevolucionaacuterio Sob este
prisma a competitividade da organizaccedilatildeo natildeo estaacute associada agrave lideranccedila absoluta do
produto no mercado mas na sua capacidade de promover interaccedilotildeescooperativas O
sistema eacute cooperativo quando divide a sua posiccedilatildeo no mercado com outros
concorrentes promovendo interaccedilotildees fortes e sineacutergicas no sistema Pressupotildee que o
215
sistema organizacional seja capaz de dividir a sua posiccedilatildeo na paisagem de adequaccedilatildeo
(fitness landscape) com outros sistemas
O mecanismo conceptual fitness landscape permite refletir sobre como a
estrateacutegia da organizaccedilatildeo deve interagir na paisagem de adequaccedilatildeo ou seja que
tipo de relaccedilatildeo deve estabelecer com os outros sistemas com os quais divide um
espaccedilo na paisagem de adequaccedilatildeo tais como parceiros concorrentes oacutergatildeos
governamentais etc Informa que a agraves vezes a posiccedilatildeo adequada na paisagem natildeo
eacute estar no alto (topo da montanha) em relaccedilatildeo agraves outras paisagens nem em uma
depressatildeo (vale) mas alcanccedilar um ponto de equiliacutebrio onde o espaccedilo eacute
compartilhado com outros concorrentes que integram a paisagem no limite entre
vales e cumes
Cada vez mais as organizaccedilotildees para se manter competitivas no mercado estatildeo
decidindo por dividir o espaccedilo na paisagem com outros sistemas por meio da formaccedilatildeo
de redes clusters etc Esta estrateacutegia tem-se mostrado mais eficaz no contexto atual
do que muitas vezes manter uma posiccedilatildeo de lideranccedila absoluta que natildeo garante uma
posiccedilatildeo competitiva em longo prazo
O mecanismo conceptual Fitness Landscape permite monitorar os padrotildees
arqueacutetipos de comportamento do sistema organizacional em relaccedilatildeo ao ambiente
externo Permite monitorar as descontinuidades ambientais e a competitividade
cooperativa da estrateacutegia A aplicaccedilatildeo do mecanismo conceptual Fitness
Landscape para permear as dimensotildees das descontinuidades ambientais e da
competitividade cooperativa eacute apresentada no capiacutetulo 6
estudo de caso do SENAI
Satildeo Joseacute
5314 Integraccedilatildeo dos indicadores agrave estrateacutegia relaccedilotildees de interconectividade
A integraccedilatildeo das medidas agrave estrateacutegia acontece por meio de relaccedilotildees de
interconectividade entre as perspectivas considerando-se as hipoacuteteses probabiliacutesticas
entre as medidas de resultado (indicadores de ocorrecircncia) e vetores de desempenho
(indicadores de tendecircncia)
216
Os vetores de desempenho (indicadores de tendecircncia) satildeo responsaacuteveis pelos
resultados estrateacutegicos de longo prazo Neste caso o sistema natildeo permite realizar
previsotildees em longo prazo devido as constantes mutaccedilotildees que sofre mas admite
construir hipoacuteteses probabiliacutesticas alternativas para cenaacuterios futuros O sistema busca
garantir a eficaacutecia e a efetividade dos resultados estrateacutegicos O sistema deve buscar
um equiliacutebrio dinacircmico entre as medidas refinadas de curto prazo
(medidas de
resultado-indicadores de ocorrecircncia) e de longo prazo (vetores de desempenho
indicadores de tendecircncia) ou seja entre os vetores que conduzem e os que
impulsionam o sucesso estrateacutegico organizacional
5315 Objetivos indicadores metas e iniciativas paralelos e justapostos
Sob a concepccedilatildeo do BSC como um SCA os objetivos estrateacutegicos e as medida
de desempenho (indicadores de ocorrecircncia e de tendecircncia) das respectivas medidas do
scorecard satildeo visualizados como instrumentos que simulam quais eventos tecircm maiores
probabilidades de ocorrer
O processo de tentativa e erro a observaccedilatildeo nas regularidades das informaccedilotildees
(indicadores que se repetem) a identificaccedilatildeo dos atratores do sistema e a estimulaccedilatildeo
da aprendizagem e adaptaccedilatildeo por meio dos processos do SCA e dos mecanismos
conceituais - Fitness Landscape e canalizaccedilatildeo-lock torna possiacutevel influenciar os
paracircmetros de controle e esboccedilar os padrotildees de comportamento do sistema
A aprendizagem agrave beira do caos busca a auto-organizaccedilatildeo do sistema por meio
da busca da harmonia no paradoxo entre a exploraccedilatildeo de diversidade de objetivos
indicadores metas e iniciativas Formula-se hipoacuteteses estrateacutegicas probabiliacutesticas de
cenaacuterios alternativos em longo prazo bem como se utiliza meacutetricas de mensuraccedilatildeo em
curto prazo que permitam um feedback raacutepido e refinado
Fatores restritivos e impulsionadores agrave consecuccedilatildeo dos objetivos medidas
metas e iniciativas devem ser considerados As hipoacuteteses estrateacutegicas satildeo definidas
num processo de tentativa e erro no aprendizado agrave beira do caos por meio dos
processos do SCA variaccedilatildeo interaccedilatildeo e seleccedilatildeo e mecanismos conceituais que o
integram
217
A variaccedilatildeo cria a diversidade de objetivos estrateacutegicos probabiliacutesticos e paralelos
A interaccedilatildeo modela a criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo da variedade dos mesmos e produzem os
eventos que impulsionam a atribuiccedilatildeo de creacutedito agraves medidas do scorecard A seleccedilatildeo
atraveacutes da observaccedilatildeo das regularidades no sistema organizacional retroalimenta a
variaccedilatildeo e a interaccedilatildeo
No compartilhamento dos esquemas individuais e grupais no sistema
organizacional eacute importante que os objetivos subjacentes dos agentes sejam alinhados
aos objetivos de cada perspectiva do scorecard O BSC como sistema de
monitoramento do fluxo de mudanccedila deve sensibilizar os agentes humanos (agentes
internos e externos) para que atuem como co-observadores co-partipantes e co-
responsaacuteveis pelo estabelecimento dos objetivos indicadores metas e iniciativas do
scorecard
Artefatos como sistemas de informaccedilatildeo via rede intranet internet e programas de
simulaccedilatildeo devem subsidiar os agentes neste processo Como tambeacutem a criaccedilatildeo de uma
cultura de coleta de informaccedilotildees internas e externas agrave organizaccedilatildeo e o exerciacutecio de
cenaacuterios alternativos pelos agentes humanos do sistema Tais procedimentos devem
fazer parte do cotidiano dos agentes
A participaccedilatildeo efetiva dos agentes humanos no processo garantiraacute a eficaacutecia
dos indicadores selecionados muito mais do que se fossem estabelecidos por um
grupo de especialistas externos agrave organizaccedilatildeo Ao contraacuterio do que o sistema de
mediccedilatildeo baseado na gestatildeo tradicional recomenda os indicadores podem e devem
ser ambiacuteguos ou seja se devem estabelecer indicadores paralelos E natildeo satildeo
determinados de maneira uniforme A experiecircncia do sistema eacute que vai determinar
os processos de seleccedilatildeo Os indicadores satildeo modificadas (ou mantidos) aplicados
(ou descartados) pelos proacuteprios agentes
O sistema se auto-organiza espontaneamente nas suas contradiccedilotildees sistecircmicas
a beira do caos A relaccedilatildeo de interconectividade e redundacircncia entre os indicadores das
respectivas perspectivas do scorecard natildeo permitem estabelecer limites precisos entre
os mesmos
218
A experiecircncia do sistema estrateacutegico organizacional eacute que vai determinar o
nuacutemero adequado de indicadores O processo de tentativa e erro a observaccedilatildeo nas
regularidades das informaccedilotildees (indicadores que se repetem) a identificaccedilatildeo dos
atratores do sistema e a estimulaccedilatildeo da aprendizagem e adaptaccedilatildeo por meio dos
processos do SCA e dos mecanismos conceituais - fitness landscape crossover
replication canalizaccedilatildeo-lock imitaccedilotildees e mutaccedilotildees ocasionais torna-se possiacutevel
influenciar os paracircmetros de controle e esboccedilar os padrotildees de comportamento do
sistema
Os objetivos indicadores metas e iniciativas devem ser reavaliadas
continuamente devido as constantes mutaccedilotildees do sistema As mediccedilotildees devem buscar
atingir alvos paralelos e contraditoacuterios Medidas lineares e uniformes somente podem
ser estabelecidas em curto prazo mensal ou trimestralmente As mediccedilotildees em longo
prazo devem considerar hipoacuteteses probabiliacutesticas paralelas e justapostas
Os objetivos indicadores metas e iniciativas das respectivas perspectivas do
BSC devem estar vinculadas ao orccedilamento estrateacutegico da organizaccedilatildeo as quais
sofrem reavaliaccedilotildees perioacutedicas ao incorporar-se a cadeia circular dinacircmica do BSC
como um SCA aprendizado auto-organizaccedilatildeo adaptaccedilatildeo e feedback contiacutenuo As
iniciativas vinculadas agraves respectivas perspectivas do BSC satildeo visualizadas como
meios para consolidar o pensamento estrateacutegico organizacional Integram
programas de melhoria de qualidade reengenharia benchmarking sensibilizaccedilatildeo
etc
532 PRINCIacutePIOS DO BSC SOB OS FUNDAMENTOS DA ABORDAGEM
QUAcircNTICA Agrave ESTRATEacuteGIA
Aos princiacutepios da organizaccedilatildeo orientada para a estrateacutegia satildeo incorporados os
fundamentos da abordagem quacircntica da ciecircncia sob os fundamentos das ciecircncias da
complexidade (cf figura 15)
Os princiacutepios da Organizaccedilatildeo focalizada na estrateacutegia atuam no subsistema de
sombra da organizaccedilatildeo ou seja nos valores percepccedilotildees impliacutecitas no sistema
estrateacutegico organizacional Os princiacutepios devem ser incorporados ao processo de
construccedilatildeo do BSC desde a fase de projeto ateacute a fase de implementaccedilatildeo No entanto
219
F ig u ra 1 5 P rinc iacutep io s d a o rgan iza ccedilatildeo o rien ta d a p a ra a e stra teacuteg ia so b o s fu nd a m e n to s d a ab o rd a ge m q uacirc n ticaA d a p taccedil atildeo d e K ap la n e N o rto n (2 0 01 p 1 9 )
E S T R A T Eacute G IA
B A L A N C E D
S C O R E C A R D
1 M O B IL IZ A R A M U D A N Ccedil A P O R M E IO D A L ID E R A N Ccedil A E X E C U T IV AM o b iliz a ccedilatilde o p ro m o ve r u m a red e d e va lo r p roacute -a tiv aP r o ce sso d e G o v er n a n ccedil a A u to -c o n tro le d o s is te m aS iste m a G e re n c ia l E str a teacute g ico h iacuteb r id o d ua l e c o m p le m e n ta r
5 T R A D U Z IR A E S T R A T Eacute G IAE M T E R M O S O P E R A C IO N A IS M a p a e str a teacuteg ico trad uz a
re la ccedilatildeo d e in te rco ne c tiv id ad e ere d und acircnc ia e n tre o sind ic ad o re s co nsid e ra nd o o slo o p s d e fe ed b ac k (+ ) e (-)
B S C co nce b id o c o m o u m s is te m aad a p ta tiv o c o m p le xo
4 C O N V E R T E R A E S T R A T Eacute G IAE M P R O C E S S O C O N T IacuteN U O
C o n ec ta r o r ccedila m e n to s e e stra teacuteg ia b e nefiacutec io s fina nce iro se p ro m o ccedil otilde es d eve m e stim u la r a s id eacute ia s q ue e m e rg e m d osub siste m a d e so m b ra d a o rg an iz accedil atildeo
M eacute to d o s a n a liacutetico s anaacute lise p ro b ab iliacutes tic a d as h ip oacute tesesestra teacuteg ic a s p a ra le la s
A c e sso a o siste m a ince n tiva r u m a c u ltu ra d e c o o p era ccedilatilde o ed e co m p a rtilha m e n to d o s e sq ue m a s d o s a ge n te s
C o m u n ica ccedilatilde o d o d ese m p e n h o p ro m o ve r u m sis te m afle x iacuteve l q ue sub stitua a loacute g ic a d e ca u sa - e fe ito q ue a p o n tacu lp a d o s p o r in te raccedil otilde e s s is tecircm ic as
2 A L IN H A R A O R G A N IZ A Ccedil Atilde O AgraveE S T R A T Eacute G IA(A lin ha o s e sq u e m a s d o s a ge n te s co m o p ensa m e n to e stra teacute g ico d a o rg an iz accedil atildeo ) P a p el d a C o rp o r a ccedilatilde o S in e rg ia s e n tre a s U n id a d e s d e N eg oacute c io S in e rg ia s e n tre S er v iccedilo s C o m p a r tilh a d o s
3 T R A N S F O R M A R A E S T R A T Eacute G IA E MT A R E F A D E T O D O S
C o n sc iecircn c ia e str a teacuteg ic a age n te s c o nsc ie n te s d ose u p a p e l c o m o c o - o b se rva d o res c o - resp o nsaacute ve ise c o - p a rtic ip an tes na re d e d e va lo r
S co r eca r d s p e sso a is au to - co nhe c im e n to e a e ab usc a d a rea liza ccedilatilde o p e sso a l e p ro fissio na l d o sa gen te s
C o n tra che q ue s eq u ilib rad o s A ccedilatilde o d o s a ge n te sc o e re n te c o m o s p ro p oacute sito s p r inc iacutep io s e va lo re s d osis te m a o rga n iz ac io na l
220
sugere-se uma alteraccedilatildeo na sequumlecircncia dos princiacutepios 1 Mobilizaccedilatildeo para a mudanccedila 2
Alinhamento da organizaccedilatildeo agrave estrateacutegia 3 Transformaccedilatildeo da estrateacutegia em tarefa de
todos 4 Conversatildeo da estrateacutegia em processo contiacutenuo 5 Traduccedilatildeo da estrateacutegia em
termos operacionais
Mobilizar a mudanccedila por meio da lideranccedila executiva
A mobilizaccedilatildeo para a mudanccedila comeccedila com a conscientizaccedilatildeo da lideranccedila
executiva da concepccedilatildeo do BSC como um sistema hiacutebrido gerencial de mediccedilatildeo do
desempenho e de monitoramento do fluxo de mudanccedila Da conscientizaccedilatildeo da
importacircncia do papel que desempenham natildeo como fiscalizadores mas como facilitadores
e de gerenciadores do conflito que o aprendizado estrateacutegico agrave beira do caos causa
Deve sensibilizar a organizaccedilatildeo para que a experiecircncia do subsistema de
sombra seja incorporada ao subsistema legiacutetimo Mobilizar o sistema atraveacutes do
incentivo ao compartilhamento dos esquemas dos agentes que integram os processos
criacuteticos da cadeia de valor da organizaccedilatildeo de forma a criar uma rede de valor
O processo de governanccedila visa reforccedilar os valores propoacutesitos do sistema de
autoreferecircncia impliacutecitos no pensamento estrateacutegico organizacional O sistema
estrateacutegico organizacional se auto-organiza e se auto regula no paradoxo entre a
administraccedilatildeo ordinaacuteria e a administraccedilatildeo extraordinaacuteria Natildeo visa o controle das
pessoas mas sim manter o sistema estrateacutegico organizacional sob controle num
equiliacutebrio dinacircmico onde as pessoas se sentem responsaacuteveis e comprometidas com o
sistema Os liacutederes devem reforccedilar os valores propoacutesitos do sistema de modo a
transmitir confianccedila aos agentes e promover a auto-organizaccedilatildeo do sistema
No entanto os novos padrotildees estrateacutegicos que emergem do subsistema de sombra
da organizaccedilatildeo geram ansiedade e conflito no sistema A rede de interaccedilotildees do subsistema
legiacutetimo da organizaccedilatildeo nem sempre estaacute preparada para as mudanccedilas advindas das
inovaccedilotildees que emergem do subsistema de sombra
221
O papel do liacuteder eacute buscar o equiliacutebrio dinacircmico do sistema estrateacutegico
organizacional nas suas contradiccedilotildees sistecircmicas entre a competiccedilatildeo e a cooperaccedilatildeo dos
agentes entre a diversidade e a uniformidade entre a ordem (status quo
estrateacutegia
deliberada) e a desordem (estrateacutegia emergente) Os mecanismos conceituais crossover
replication cross-fertilation e canalizaccedilatildeolock in acompanhados de uma lideranccedila
preparada para o controle da ansiedade exercem um papel importante neste processo
-Alinhar a organizaccedilatildeo agrave estrateacutegia
O alinhamento do sistema estrateacutegico organizacional geralmente integra a
estrateacutegia das unidades de negoacutecios e das unidades de serviccedilos compartilhados agrave
unidade corporativa Promover interaccedilotildees sineacutergicas e sincrocircnicas entre a unidade
corporativa unidades de negoacutecios e unidades de serviccedilos compartilhados Uma rede de
feedback coevolucionaacuterio eacute formada por meio do alinhamento dos esquemas
compartilhados pelos agentes os quais satildeo responsaacuteveis pela concepccedilatildeo do modelo
mental da organizaccedilatildeo
_ Transformar a estrateacutegia em tarefa de todos
A estrateacutegia eacute transformada em tarefa de todos quando se cria a consciecircncia
estrateacutegicas Torna-se os agentes que constituem a rede de valor conscientes do seu
papel como co-observadores co-participantes e co-responsaacuteveis na execuccedilatildeo da
estrateacutegia a qual evolui atraveacutes de uma rede de feedback coevolucionaacuterio Tem o
propoacutesito de comunicar e criar consciecircncia dos fundamentos da abordagem quacircntica ao
meacutetodo
visatildeo sistecircmica holograacutefica orgacircnica e ecoloacutegica numa linguagem adaptada
aos agentes de diferentes niacuteveis hieraacuterquicos da organizaccedilatildeo
A elaboraccedilatildeo de scorecards pessoais deve estimular os agentes a identificar o seu
processo de autoreferecircncia com a organizaccedilatildeo Como seus propoacutesitos valores e objetivos
pessoais alinham-se ao modelo mental da organizaccedilatildeo Este processo motiva os agentes a
buscar a qualidade de vida por meio da realizaccedilatildeo profissional Os agentes sentem-se
valorizados e parte (fractais) do sistema estrateacutegico organizacional (holograma) A evoluccedilatildeo
do sistema estrateacutegico organizacional acontece por meio de uma rede de feedback
222
coevolucionaacuterio que integra os propoacutesitos dos agentes enquanto indiviacuteduos e grupos
acoplados ao sistema organizacional
Os contracheques equilibrados devem paralelamente aos programas de incentivos
e recompensas ao BSC conscientizar os agentes humanos que as conquistas financeiras
devem ser o resultado da suas aspiraccedilotildees interiores agrave busca de sua realizaccedilatildeo pessoal e
profissional
_ Converter a estrateacutegia em processo contiacutenuo
O BSC ao operacionalizar a estrateacutegia organizacional numa cadeia circular
dinacircmica de aprendizado auto-organizaccedilatildeo e adaptaccedilatildeo converte a estrateacutegia em um
processo contiacutenuo As sessotildees de aprendizado estrateacutegico de loop duplo promovidas
periodicamente apresentam a estrateacutegia de sobrevivecircncia e abrem espaccedilo para a
inovaccedilatildeo e criatividade originada da experiecircncia dos agentes Neste processo novos
padrotildees emergem no sistema fruto do conhecimento impliacutecito no subsistema de
sombra da organizaccedilatildeo (inconsciente coletivo)
Ao conectar o orccedilamento ao sistema estrateacutegico organizacional a organizaccedilatildeo prevecirc
aleacutem das despesas operacionais as despesas discricionaacuterias por meio do incentivo a
iniciativas estrateacutegias que emergem do subsistema de sombra da organizaccedilatildeo As reuniotildees
gerenciais destinadas agrave comparaccedilatildeo do desempenho real com as metas orccedilamentaacuterias satildeo
conduzidas de modo a estimular o aprendizado a auto-organizaccedilatildeo e a adaptaccedilatildeo
estrateacutegica e natildeo somente para fins de controle orccedilamentaacuterio
Kaplan e Norton (2001) sugerem a adoccedilatildeo de trecircs processos de experimentaccedilatildeo e
adaptaccedilatildeo da estrateacutegia aos quais se acrescenta alguns mecanismos conceituais da
abordagem quacircntica
Meacutetodos analiacuteticos
A anaacutelise estatiacutestica probabiliacutestica permite que os gerentes estimem relaccedilotildees
histoacutericas entre os indicadores do BSC e estabeleccedilam a validade das relaccedilotildees
circulares de interconectividade e redundacircncia no mapa estrateacutegico Deve possibilitar a
223
anaacutelise probabiliacutestica das hipoacuteteses estrateacutegicas paralelas O passo seguinte eacute usar as
relaccedilotildees das probabilidades alternativas para simular cenaacuterios futuros Auxilia na
identificaccedilatildeo e suporte das estrateacutegias emergentes
Kaplan e Norton (2000) para estimular o aprendizado estrateacutegico de loop duplo
propotildeem a realizaccedilatildeo de reuniotildees gerenciais com o suporte de um software do BSC na
intranet corporativa
Os idealizadores do BSC recomendam que aleacutem do uso de sistemas de feedback
nas reuniotildees gerenciais e de tecnologias que produzem sofisticados sistemas
computacionais de anaacutelise estatiacutestica deve-se considerar algumas questotildees elementares
que envolvem complexas implicaccedilotildees culturais
Dentre dos pontos levantados por Kaplan e Norton (2000) destacam-se as
seguintes questotildees
_ Quem eacute capaz de acessar e usar o sistema O BSC sob os fundamentos das ciecircncias
da complexidade estimula os agentes a compartilhar os seus esquemas de modo que o
modelo mental (esquema) do sistema organizacional eacute fruto do compartilhamento dos
esquemas dos agentes
A abordagem quacircntica ao BSC a qual se constitui de uma visatildeo sistecircmica
holograacutefica orgacircnica e ecoloacutegica incorporados ao pensamento estrateacutegico organizacional
contribue para gerar confianccedila e comprometimento Os agentes ao atuarem como co-
observadores co-participantes e co-responsaacuteveis pelo sistema conscientizam-se que a
evoluccedilatildeo do sistema resulta de uma rede de feedback coevolucionaacuterio que depende de
uma cultura de colaboraccedilatildeo Os liacutederes devem promover uma cultura de cooperaccedilatildeo e
de compartilhamento dos esquemas dos agentes
_ Como comunicar o desempenho O sistema estimula a transparecircncia das informaccedilotildees
por meio de diaacutelogos francos e comunicaccedilatildeo aberta naturalmente gera responsabilidade e
comprometimentos por parte dos agentes que o integram Consequumlentemente o sistema eacute
autocontrolaacutevel por que gera o sentimento de autopoliciamento por parte dos agentes Por
224
outro lado o sistema tem flexibilidade suficiente para encorajar os agentes a expor suas
dificuldades e deficiecircncias sem medo e culpa no sentido de estimular um processo
coletivo de aprendizado e feedback estrateacutegico
Deve-se manter um sistema flexiacutevel que substitua a loacutegica de causa-efeito que aponta
culpados e gera medo e inseguranccedila por interaccedilotildees sistecircmicas as quais incentiva a
transparecircncia de ideacuteias o diaacutelogo franco e verdadeiro
_ O sistema cria competiccedilatildeo ou cooperaccedilatildeo O BSC como um SCA ao gerenciar a
estrateacutegia agrave beira do caos gera conflito ansiedade na ambiguumlidade entre a competiccedilatildeo
e a cooperaccedilatildeo O cruzamento dos esquemas (modelos mentais) de agentes
extremamente competitivos com os esquemas de agentes cooperativos O sistema deve
estimular a competiccedilatildeo saudaacutevel que gera inovaccedilatildeo e criatividade e incentiva a sua
evoluccedilatildeo Paralelamente deve encorajar uma cultura de colaboraccedilatildeo entre os agentes
Os processos dos sistemas adaptativos complexos variaccedilatildeo interaccedilatildeo e seleccedilatildeo e
seus mecanismos conceituais contribuem neste processo
_ Traduzir a estrateacutegia em termos operacionais
O mapa estrateacutegico eacute a representaccedilatildeo graacutefica que traduz a estrateacutegia em termos
operacionais por meio das relaccedilotildees de interconectividade e redundacircncia entre os
objetivos e indicadores tangiacuteveis e intangiacuteveis de tendecircncia e de ocorrecircncia das
respectivas perspectivas da estrateacutegia O BSC como um SCA implementa a estrateacutegia
agrave beira do caos numa cadeia circular dinacircmica que envolve os seguintes processos
aprendizado auto-organizaccedilatildeo adaptaccedilatildeo e feedback estrateacutegico
533 MAPA ESTRATEacuteGICO DO BSC COMO UM SCA A CONFIGURACcedilAtildeO DA
ESTRATEacuteGIA NUMA CADEIA CIRCULAR DINAcircMICA
O mapa estrateacutegico eacute a representaccedilatildeo graacutefica de uma cadeia circular dinacircmica
que explicita as hipoacuteteses probabiliacutesticas da estrateacutegia mediante a especificaccedilatildeo das
interaccedilotildees entre os objetivos e indicadores das perspectivas do BSC
225
O sistema natildeo permite estabelecer relaccedilotildees de causa e efeito e natildeo considera a
dimensatildeo temporal entre as medidas Isto significa que clientes satisfeitos funcionaacuterios
capacitados natildeo tem uma relaccedilatildeo linear e direta com o iacutendice de rentabilidade
organizacional
A figura 16ilustra a configuraccedilatildeo do mapa estrateacutegico no modelo proposto neste
estudo
Figura 16- Mapa Estrateacutegico A configuraccedilatildeo da estrateacutegia numa cadeia circular dinacircmica
Os indicadores de ocorrecircncia e de tendecircncia ao atuarem como fatores
impulsionadores da aprendizagem de loop duplo e do feedback estrateacutegico positivo satildeo
definidos como loops de feedback positivo (+) Os fatores restritivos agraves interaccedilotildees
LEGENDA
( +) Loops de Feedback Positivo
( - ) Loops de Feedback Negativo
226
sistecircmicas entre os indicadores tais como capital financeiro eou intelectual
insuficiente estrutura organizacional interesses trade-offs entre os objetivos e
indicadores os quais podem desencadear uma aprendizagem mal-adaptativa e um
feedback estrateacutegico negativo satildeo definidos como loops de feedback negativo (-)
O sistema roda continuamente numa cadeia circular dinacircmica num processo de
tentativa e erro se auto-organiza dialeticamente ateacute encontrar a unidade por meio de
loops de feedback positivo e aprendizagem de loop duplo
A loacutegica de interconectividade constitui as hipoacuteteses probabiliacutesticas paralelas e
justapostas cuja diversidade gera um espaccedilo para a inovaccedilatildeo e a criatividade no
sistema estrateacutegico organizacional No aprendizado estrateacutegico agrave beira do caos o
sistema se auto-organiza num processo dialeacutetico entre indicadores tangiacuteveis e
intangiacuteveis atraveacutes das interaccedilotildees entre os indicadores de ocorrecircncia e indicadores de
tendecircncia
Os indicadores de ocorrecircncia e de tendecircncia ao atuarem como fatores
impulsionadores da aprendizagem de loop duplo e do feedback estrateacutegico positivo satildeo
definidos como loops de feedback positivo (+) Os fatores restritivos agraves interaccedilotildees
sistecircmicas entre os indicadores tais como capital financeiro eou intelectual
insuficiente estrutura organizacional interesses trade-offs entre os objetivos e
indicadores os quais podem desencadear uma aprendizagem mal-adaptativa e um
feedback estrateacutegico negativo satildeo definidos como loops de feedback negativo (-)
534 PROCESSO DE CONSTRUCcedilAtildeO DO BSC COMO UM SCA
Natildeo haacute uma fronteira definida entre o processo de concepccedilatildeo e implementaccedilatildeo
da estrateacutegia por meio do BSC como um SCA Todas as fases etapas e passos do
programa satildeo interpostas pelos princiacutepios fundamentados na abordagem quacircntica agrave
estrateacutegia
227
O BSC como um SCA eacute permeado pelos processos dos sistemas adaptativos
complexos variaccedilatildeo interaccedilatildeo e seleccedilatildeo A variaccedilatildeo e interaccedilatildeo acontecem no
processo de aprendizado estrateacutegico e a seleccedilatildeo no processo de auto-organizaccedilatildeo Na
dinacircmica de funcionamento do BSC como um SCA a estrateacutegia concebida agrave beira do
caos eacute executado por meio dos seguintes passos aprendizado auto-organizaccedilatildeo
adaptaccedilatildeo e feedback estrateacutegico (cf quadro 19)
DESENHO DO BSC COMO UM SCA
FASE 1 PREPARACcedilAtildeO E MOBILIZACcedilAtildeO PARA A MUDANCcedilA Etapa 11 Apresentaccedilatildeo do programa agrave Direccedilatildeo da Unidade Corporativa lideranccedila executiva e demais agentes da UEN Etapa 12 Seleccedilatildeo da UEN onde seraacute desenvolvido o programa-piloto
Etapa 13 Definiccedilatildeo dos arquitetos comunicadores e facilitadores
Etapa 14 Obtenccedilatildeo do comprometimento da gerecircncia secircnior da UEN
Etapa 15 Definiccedilatildeo dos propoacutesitos iniciais da implantaccedilatildeo do programa
FASE II IMPLEMENTACcedilAtildeO DO BSC COMO UM SCA Etapa 21 Consolidar o pensamento estrateacutegico organizacional
Passo 1 Analisar a autopoiese processo de auto-referecircncia da estrateacutegia
Passo 2 Identificar dos propoacutesitos princiacutepios e valores da unidade
Passo 3 Caracterizar da estrateacutegia geral da organizaccedilatildeo
Etapa 22 Incorporar o aprendizado estrateacutegico agrave beira do caos
Passo 1
Definir a estrateacutegia geral perspectivas e respectivos objetivos e indicadores paralelos e justapostos Passo 2
Permear as perspectivas pelas dimensotildees humana das descontinuidades ambientais e da competitividade cooperativa Etapa 23 Gerenciar a auto-organizaccedilatildeo do sistema
Passo 1 Esboccedilar os padrotildees arqueacutetipos de comportamento e atratores do sistema
Passo 2 Identificar a rede de valor
Passo 3 Realizar a seleccedilatildeo dos objetivos estrateacutegicos e indicadores
Passo 4 Estabelecer as relaccedilotildees de interconectividade entre as perspectivas
Passo 5 Definir as metas e iniciativas estrateacutegicas
Passo 6 Conceber o mapa estrateacutegico numa cadeira circular dinacircmica
Etapa 24 Realizar a adaptaccedilatildeo estrateacutegica
Etapa 25 Avaliar o Feedback Estrateacutegico
Quadro 19 Plano de Execuccedilatildeo do BSC como um SCA
228
O plano constitui-se de duas fases a primeira eacute a fase de preparaccedilatildeo e
mobilizaccedilatildeo para a mudanccedila e a segunda fase consiste na implementaccedilatildeo do
programa
A fase de preparaccedilatildeo e mobilizaccedilatildeo para a mudanccedila consiste em criar a infra-
estrutura necessaacuteria para garantir a eficaacutecia na implementaccedilatildeo do programa Busca-se
obter o comprometimento e adesatildeo dos colaboradores ao BSC como um SCA
Escolhe-se uma unidade estrateacutegica de negoacutecios da organizaccedilatildeo para
implementar um programa-piloto Ao inveacutes de se definir objetivos iniciais para
implementaccedilatildeo do programa se estabelece os propoacutesitos iniciais os quais incorporam
ao pensamento estrateacutegico os princiacutepios e valores dos agentes
A fase de implementaccedilatildeo do BSC como um SCA consiste em consolidar o
pensamento estrateacutegico organizacional incorporar o aprendizado estrateacutegico agrave beira do
caos gerenciar a auto-organizaccedilatildeo do sistema e realizar a adaptaccedilatildeo e feedback
estrateacutegico
O desdobramento de cada uma das fases etapas e passos do plano de
implementaccedilatildeo com os seus objetivos ferramentas teacutecnicas e atividades previstas
bem como o cronograma de execuccedilatildeo satildeo descritos no desenho do modelo para o
SENAI unidade de Satildeo Joseacute apresentado no capiacutetulo 6 deste trabalho
54 PARALELO ENTRE O BSC MODELO ORIGINAL E O BSC COMO UM SCA
A Figura 17 apresenta uma anaacutelise comparativa do Modelo Kaplan e Norton e do
BSC como um SCA para permitir uma melhor visualizaccedilatildeo das adaptaccedilotildees realizadas
229
Incorpora loops de feedback + e -
Modelo Kaplan e Norton
Incorporam a abordagem
Quacircntica agrave estrateacutegia
Pensamento estrateacutegico consolidado nas 4 perspectivas baacutesicas permeadas por trecircs
dimensotildees humana das descontinuidades ambientais e da competitividade cooperativa
Visatildeo holograacutefica de natureza fractal A parte (perspectiva) estaacute no todo (pensamento estrateacutegico) e o todo
estaacute na parte
Cadeia de valor Rede de valor
Relaccedilotildees de interconectividade
Sistema gerencial hiacutebrido dual e complementar de mediccedilatildeo
do desempenho e de monitoramento do fluxo
de mudanccedila
Quacircntica
O BSC como um SAC
Visatildeo unidirecional
Configura o BSC como um programa
de mudanccedila
Relaccedilotildees de causa e efeito
Visatildeo e estrateacutegia desdobradas nas 4 perspectivas
baacutesicas Enfoque holiacutestico
e sistecircmico O todo (estrateacutegia) eacute desdobrado em partes
(perspectivas)
Sistema de descriccedilatildeo e mediccedilatildeo do desempenho estrateacutegico
Mecanicista
Abordagem
Conceito
Arquitetura
Integraccedilatildeo das medidas agrave estrateacutegia
Princiacutepios
Processo de
construccedilatildeo
Mapa estrateacutegico
Figura 17 Paralelo entre o Modelo Geneacuterico Kaplan e Norton versus BSC como um SCA
Observa-se pelo quadro comparativo que o BSC como um SCA introduz uma nova
abordagem ao modelo original Kaplan e Norton que eacute incorporada ao conceito do BSC e
seus componentes pensamento estrateacutegico perspectivas objetivos medidas metas e
iniciativas princiacutepios mapa estrateacutegico e processo de construccedilatildeo A incorporaccedilatildeo da
abordagem quacircntica sob os fundamentos das ciecircncias da complexidade sob a modelagem
conceptual dinacircmica e natildeo linear de um SCA ao modelo geneacuterico Kaplan e Norton
constitui-se em um dos primeiros insights para incorporar uma abordagem contemporacircnea
agrave gestatildeo estrateacutegica organizacional As aplicaccedilotildees desta nova loacutegica da ciecircncia satildeo ainda
incipientes
CAPIacuteTULO 6 APRIMORAMENTO DO BSC COMO UM SCA ESTUDO DE CASO
61 INTRODUCcedilAtildeO
A motivaccedilatildeo inicial para a realizaccedilatildeo do estudo de caso na instituiccedilatildeo de ensino
teacutecnico profissionalizante Sistema do Serviccedilo Nacional de Aprendizagem Industrial
SENAI surgiu quando da apresentaccedilatildeo do programa BSC por uns dos consultores do
Nuacutecleo de Gestatildeo Estrateacutegica da Divisatildeo Regional no Programa de Poacutes-graduaccedilatildeo em
Engenharia de Produccedilatildeo A exposiccedilatildeo do BSC do SENAIsc teve uma repercussatildeo
positiva na academia atraindo atenccedilatildeo e interesse dos poacutes-graduandos Soma-se a
isto o fato de que eacute puacuteblico e notoacuterio que o SENAIsc possui um soacutelido sistema
gerencial ratificado pela conquista do 3ordm lugar no Precircmio Nacional da Qualidade
tendo jaacute implementado o BSC de forma efetiva desde 2002
O estudo de caso foi realizado em uma das unidades do SENAI Santa Catarina
o SENAI Satildeo Joseacute O estudo de caso teve como propoacutesito preciacutepuo confirmar na
realidade empiacuterica os resultados da apreciaccedilatildeo criacutetica ao BSC realizado no estudo
exploratoacuterio e aprimorar o modelo proposto O BSC como um SCA O quadro 20
apresenta uma siacutentese das fases e etapas do estudo de caso
FASES DO ESTUDO DE CASO
FASE 1 APRESENTACcedilAtildeO DA PROPOSTA DE ESTUDO Agrave LIDERANCcedilA EXECUTIVA
FASE 2-IDENTIFICACcedilAtildeO DO SISTEMA SENAI
1 ordf ETAPA INVESTIGACcedilAtildeO SOBRE O HISTOacuteRICO DA INSTITUICcedilAtildeO
2 ordf ETAPA 2 IDENTIFICACcedilAtildeO DA ESTRUTURA ORGANIZACIONAL E DO SISTEMA GERENCIAL
FASE 3 BSC NO SENAI
1 ordf ETAPA PROCESSO DE INCORPORACcedilAtildeO DO BSC NO SISTEMA SENAI
2 ordf ETAPA VALIDACcedilAtildeO DAS LACUNAS OBSTAacuteCULOS E DIRETRIZES PARA A EFICAacuteCIA DO BSC
3 ordf ETAPA PARALELO ENTRE O ESTUDO EXPLORATOacuteRIO E A OBSERVACcedilAtildeO DA REALIDADE
FASE 4 DESENHO DO BSC COMO UM SCA
FASE 41 PREPARACcedilAtildeO E MOBILIZACcedilAtildeO PARA A MUDANCcedilA
FASE 42 IMPLEMENTACcedilAtildeO
Quadro 20 Plano de execuccedilatildeo do estudo de caso
231
Na primeira fase do estudo apresentou-se a proposta agrave lideranccedila executiva do
SENAI com o propoacutesito de obter apoio e comprometimento Na segunda fase
procedeu-se a uma investigaccedilatildeo do Sistema SENAI histoacuterico estrutura administrativa e
sistema gerencial Na 1ordf etapa da terceira fase do estudo pesquisou-se o processo de
implementaccedilatildeo do BSC modelo geneacuterico Kaplan e Norton do SENAI Satildeo Joseacute Na 2ordf
etapa da terceira fase do estudo busca-se validar as lacunas e obstaacuteculos agrave
implementaccedilatildeo identificadas na fase exploratoacuteria deste estudo Na 3ordf etapa da terceira
fase do estudo procede-se a uma apreciaccedilatildeo criacutetica do BSC modelo Kaplan e Norton
com o propoacutesito de contextualizar a pesquisa exploratoacuteria com a realidade empiacuterica
Na quarta fase elabora-se o desenho (projeto) do BSC COMO UM SCA para o
SENAI Satildeo Joseacute o qual constitui-se de duas fases sendo a primeira de preparaccedilatildeo e
mobilizaccedilatildeo para a mudanccedila e a segunda de implementaccedilatildeo
62 APRESENTACcedilAtildeO DA PROPOSTA DE ESTUDO A LIDERANCcedilA EXECUTIVA
Apresentou-se o plano de estudo de caso para dois consultores do Nuacutecleo de
Gestatildeo Estrateacutegica da Direccedilatildeo Regional da Instituiccedilatildeo no Estado de Santa Catarina -
SENAIsc os quais satildeo responsaacuteveis pela disseminaccedilatildeo do programa na referida
divisatildeo e demais unidades das vaacuterias regiotildees que integram o SENAIsc Posteriormente
o trabalho foi apresentado ao diretor do SENAI da unidade de Satildeo Joseacute e para o
representante da Direccedilatildeo o qual eacute responsaacutevel pelo programa de qualidade na referida
unidade Obteve-se apoio e comprometimento dos disseminadores e facilitadores do
programa no acircmbito da divisatildeo regional e da unidade objeto de estudo
SENAI
unidade de Satildeo Joseacute
232
63 IDENTIFICACcedilAtildeO DO SISTEMA SENAI
Apresenta-se sucintamente o histoacuterico a estrutura organizacional e gerencial do
SENAI em acircmbito nacional do Estado de Santa Catarina e da unidade objeto de
estudo
SENAI SAtildeO JOSEacute (cf Apecircndice C)
64 O BALANCED SCORECARD NO SENAI
Esta fase do estudo de caso tem como finalidade observar o projeto processo de
implementaccedilatildeo e o niacutevel de execuccedilatildeo do Balanced Scorecard no SENAI Em um
primeiro momento investigou-se o histoacuterico de incorporaccedilatildeo do BSC no SENAI em
acircmbito nacional A seguir o processo de implementaccedilatildeo no SENAI Santa Catarina
sc
Finalmente com mais profundidade estudou-se a implementaccedilatildeo do BSC em uma das
unidades de negoacutecio ligadas ao departamento regional de Florianoacutepolis - o SENAI Satildeo
Joseacute Em um segundo momento avaliou-se se as lacunas obstaacuteculos e diretrizes para
a eficaacutecia do programa observadas na fase exploratoacuteria deste estudo tinham o mesmo
perfil na realidade empiacuterica Conclui-se esta fase do estudo traccedilando-se um paralelo
entre o estudo exploratoacuterio e a observaccedilatildeo da realidade (cf Apecircndice D)
_ ETAPA III
APRECIACcedilAtildeO CRIacuteTICA DO BSC MODELO KAPLAN E NORTON
Na primeira fase deste estudo foi realizada uma revisatildeo da literatura sobre o
modelo geneacuterico do BSC por meio da teacutecnica de anaacutelise de conteuacutedo Na apreciaccedilatildeo
criacutetica ao meacutetodo apresenta-se os pontos fortes lacunas e obstaacuteculos e as diretrizes
para o sucesso do programa Na segunda etapa deste estudo buscou-se observar
como estas questotildees se comportam na praacutetica observando-se o processo de
operacionalizaccedilatildeo do programa em duas organizaccedilotildees
Deste estudo chegou-se as seguintes constataccedilotildees
233
_ Kaplan e Norton (2004) na obra Mapas Estrateacutegicos introduziram importantes
inovaccedilotildees no BSC e no mapa estrateacutegico o qual eacute uma representaccedilatildeo visual do
meacutetodo O mapa estrateacutegico passou a ser considerado uma ferramenta tatildeo
importante quanto o proacuteprio BSC
Dentre as inovaccedilotildees da obra destacam-se
_ Na perspectiva de processos internos foi incorporado por meio do
estabelecimento de objetivos e indicadores dos subprocessos que integram a gestatildeo
operacional gestatildeo dos clientes inovaccedilatildeo e conformidade regulatoacuteria e social
_ Na perspectiva de aprendizado e crescimento um novo modelo para descrever
medir e alinhar os trecircs ativos intangiacuteveis
capital humano capital da informaccedilatildeo e
capital organizacional
com os processos e objetivos estrateacutegicos da perspectiva
dos processos internos
Ainda Kaplan e Norton (2004) por meio dos cases ilustrados na obra
apresentam uma riqueza de indicadores natildeo operacionais e agregam importantes
teacutecnicas de gestatildeo e indicadores para dar suporte ao programa
Segundo Kaplan e Norton (1997 p16) a construccedilatildeo do scorecard com sua
ecircnfase nas causas e efeitos induz o raciociacutenio sistecircmico dinacircmico A observaccedilatildeo do
processo de implementaccedilatildeo do BSC nas duas organizaccedilotildees supracitadas ratificou
para a autora deste estudo esta assertiva dos autores do meacutetodo Apesar disto jaacute ficar
evidenciado em milhares de casos de aplicaccedilotildees relatados em perioacutedicos cientiacuteficos
indexados e nas proacuteprias obras dos autores a percepccedilatildeo da realidade empiacuterica
consolidou esta ideacuteia
Por outro validou-se a hipoacutetese deste estudo que apesar do modelo induzir o
raciociacutenio sistecircmico e dinacircmico a mobilizaccedilatildeo para a mudanccedila e incorporar os ativos
intangiacuteveis nos processos internos da organizaccedilatildeo (Kaplan e Norton 1997 2000
2004) o paradigma mecanicista impliacutecito na concepccedilatildeo do seu modelo geneacuterico
234
constitui-se numa lacuna ao meacutetodo que dificulta a sua operacionalizaccedilatildeo de acordo
com seus propoacutesitos
Noacutebrega (1999 p81) ao referir-se ao modelo T reporta-se a Henry Ford o qual
inspirado nos estudos de Taylor foi inovador na eacutepoca ao produzir carros para o
homem comum e genial ao desenvolver um sistema de produccedilatildeo que permitia
produzir em quantidade com um baixo custo No entanto Ford padronizou o seu
cliente e natildeo aceitou que o mundo evoluiu e da mesma forma que seus clientes
alterando seus desejos e necessidades
Como Ford as Organizaccedilotildees assumem que as coisas se tornaram mais
complexas mas natildeo conseguem aceitar a mudanccedila Quando se refere agrave alteraccedilatildeo no
coacutedigo geneacutetico refere-se agrave incorporaccedilatildeo de novos valores e propoacutesitos no subsistema
de sombra esquema recessivo do sistema organizacional
Fazendo-se uma analogia entre o modelo T de Ford enraizado no coacutedigo
geneacutetico das Organizaccedilotildees Ford com a estrutura metodoloacutegica do modelo geneacuterico
do BSC deduz-se que os idealizadores do BSC Robert S Kaplan e David P Norton
possuem radicado nos seus coacutedigos geneacuteticos (esquemas mentais recessivos) o
padratildeo de sistemas de mediccedilatildeo do desempenho financeiro baseados em padrotildees
determiacutenisticos e ponderaacuteveis o criteacuterio do retorno sobre o investimento o conceito de
valor econocircmico agregado (EVA) e gestatildeo baseada no valor
Kaplan e Norton (1997 2000 2004) com a criaccedilatildeo do BSC tem o propoacutesito de
inovar de operacionalizar a estrateacutegia de uma forma dinacircmica e natildeo linear no entanto
a abordagem claacutessica arraigada nos seus esquemas mentais materializada no modelo
geneacuterico do BSC causa algumas dificuldades na sua operacionalizaccedilatildeo
A abordagem mecanicista apontada como uma lacuna ao programa foi
caracterizada sob trecircs aspectos relaccedilatildeo causa-efeito entre as perspectivas
implementaccedilatildeo do programa modelo de controle estrateacutegico e visatildeo unidirecional do
235
meacutetodo Sob estes aspectos verificou-se na visatildeo da teoria da ciecircncia inconsistecircncias
metodoloacutegicas as quais ao serem observadas na realidade empiacuterica que apesar de
serem pertinentes algumas natildeo interferem nos propoacutesitos do meacutetodo
A relaccedilatildeo causa-efeito entre as perspectivas foi investigada sob trecircs enfoques
enfoque sistecircmico anaacutelise correlacional entre as medidas e a dimensatildeo tempo entre as
relaccedilotildees causais
Enfoque sistecircmico
Kaplan e Norton (1997) definem a estrateacutegia como um conjunto de hipoacutetese
sobre causas e efeitos as quais podem ser expressas por uma sequumlecircncia de
afirmativas do tipo se
entatildeo Argumentam que esta relaccedilatildeo induz o raciociacutenio
sistecircmico dinacircmico
Evidencia-se que haacute uma inconsistecircncia metodoloacutegica entre a abordagem
sistecircmica e as relaccedilotildees de causa e efeito conforme apontado por Chiavenatto (2000)
ao traccedilar um paralelo entre a abordagem claacutessica e a abordagem sistecircmica Segundo
especificamente o princiacutepio teleoloacutegico da Teoria Geral de Sistemas a causa eacute uma
condiccedilatildeo necessaacuteria mas nem sempre suficiente para que surja o efeito natildeo eacute uma
relaccedilatildeo determiniacutestica ou mecanicista mas simplesmente probabiliacutestica
(CHIAVENATTO 2000)
Apesar de comprovar-se esta inconsistecircncia metodoloacutegica na visatildeo da teoria da
ciecircncia constatou-se na realidade empiacuterica que a concepccedilatildeo da estrateacutegia proposta
por Kaplan e Norton por meio de relaccedilotildees de causa e efeito entre as perspectivas de
forma a induzir o raciociacutenio sistecircmico e dinacircmico constituiu-se como o diferencial do
meacutetodo que o conduziu ao sucesso
Na verdade quando Kaplan e Norton (1997 2000 2004) induzem o raciociacutenio
sistecircmico e dinacircmico por meio das relaccedilotildees se-entatildeo estatildeo propondo que se
236
estabeleccedilam hipoacuteteses probabiliacutesticas da estrateacutegia por meio das relaccedilotildees de
interdependecircncia entre as perspectivas que vatildeo sendo testados no processo de
operacionalizaccedilatildeo da estrateacutegia Muitas hipoacuteteses satildeo confirmadas e incorporadas agrave
estrateacutegia deliberada e outras satildeo descartadas
Anaacutelise correlacional entre as medidas
Kaplan e Norton (1997) propotildeem o estabelecimento de correlaccedilotildees entre duas
ou mais medidas para validar as relaccedilotildees hipoteacuteticas de causa e efeito Se com passar
do tempo natildeo forem encontradas as correlaccedilotildees esperadas a organizaccedilatildeo teraacute
evidecircncias de que a teoria em que sua estrateacutegia se apoacuteia natildeo estaacute funcionando
Na visatildeo da teoria da ciecircncia verificou-se que se constitui numa inconsistecircncia
metodoloacutegica estabelecer relaccedilotildees de causa e efeito a partir de correlaccedilotildees A anaacutelise
correlacional estabelece relaccedilotildees entre n variaacuteveis sem indicar a direccedilatildeo
Norreklit (1999) ao analisar a relaccedilatildeo causal entre as medidas do BSC sob a
visatildeo da teoria da ciecircncia argumenta que existem conexotildees loacutegicas entre as
perspectivas como partes de conceitos de linguagem Isto significa que noacutes natildeo
podemos racionalmente inferir que Y origina-se de X mas somente fazer isto
empiricamente Argumentam que noacutes podemos dizer que clientes que natildeo estatildeo
satisfeitos natildeo conduzem ao sucesso financeiro No entanto isto natildeo permite-nos
concluir que clientes satisfeitos conduzem ao resultado financeiro Noacutes podemos
tambeacutem dizer que clientes que natildeo satildeo leais satildeo caros mas isto natildeo permite dizer que
clientes leais satildeo baratos Como uma conclusatildeo poderia ser uma falaacutecia loacutegica
No entanto ao investigar-se como se estabelecem estas correlaccedilotildees na
realidade empiacuterica as duas organizaccedilotildees objetos de estudo confirmaram a dificuldade
de determinar estas correlaccedilotildees Esta lacuna ficou evidenciada no processo de
implementaccedilatildeo do programa em uma das organizaccedilotildees onde se realizou um estudo
de caso Por meio da realizaccedilatildeo de entrevistas semi-estruturada (com roteiro preacute-
definido) foi ratificado pelos liacutederes que participam do programa em duas empresas as
237
dificuldades de estabelecer as correlaccedilotildees de causa e efeito Tambeacutem argumentaram
que em alguns objetivos estrateacutegicos conseguem determinar os vetores de
desempenho mas natildeo conseguem estabelecer as medidas de resultados ou vice
versa E que a correlaccedilatildeo torna-se ainda mais difiacutecil na praacutetica
Dimensatildeo tempo
Ao analisar a dimensatildeo tempo nas relaccedilotildees de causa e efeito a literatura aponta
que o BSC natildeo considera que o efeito de alguns esforccedilos seraacute quase imediato e de
outros muito lento Estas dificuldades foram relatadas pelos liacutederes entrevistados no
estudo de caso
No entanto Kaplan e Norton (2004) propotildeem uma metodologia para diminuir
este gap na dimensatildeo tempo denominada planejamento da campanha por meio do
uso de mapas estrateacutegicos
A metodologia proposta constitui-se dos seguintes passos
1 Definir a lacuna de valor para os acionistas
2 Reconciliar a proposiccedilatildeo de valor para os clientes
3 Estabelecer a linha do tempo para o valor
4 Identificar os processos que criam valor (temas)
5Promover a prontidatildeo estrateacutegica dos ativos
6 Identificar e financiar os programas estrateacutegicos
Estudos e aplicaccedilotildees da metodologia proposta seratildeo necessaacuterios para emitir
uma opiniatildeo sobre a possibilidade desta metodologia suprir a lacuna da dimensatildeo
tempo entre os objetivos estrateacutegicos
238
Vulnerabilidade do meacutetodo ao estilo de gestatildeo lideranccedila e cultura organizacional
A vulnerabilidade do meacutetodo ao estilo de gestatildeo lideranccedila e cultura
organizacional ficou evidenciada no estudo de caso Uma das organizaccedilotildees que tem
uma cultura forte de gerenciamento balizada pelo seu sistema de gestatildeo consolidado e
uma lideranccedila comprometida com as praacuteticas gerenciais o programa BSC consolidou-
se rapidamente na instituiccedilatildeo Em outra instituiccedilatildeo com um sistema gerencial
burocraacutetico e o natildeo comprometimento das lideranccedilas com o programa observou-se os
problemas que relata a literatura de transiccedilatildeo de projeto e de processo (KAPLAN E
NORTON 2000)
Obstaacuteculos agrave implementaccedilatildeo eficaz do programa
Os obstaacuteculos agrave implementaccedilatildeo eficaz do BSC satildeo classificados por Kaplan e
Norton (2004) em trecircs itens problemas de transiccedilatildeo de projeto e de processo
Na organizaccedilatildeo com um soacutelido sistema gerencial onde o BSC eacute uma das ferramentas
incorporadas agrave gestatildeo organizacional natildeo se observou problemas de transiccedilatildeo e de
processo apontados pela literatura Os problemas de processo os quais satildeo
decorrentes da abordagem mecanicista do meacutetodo jaacute foram anteriormente identificadas
como lacunas a operacionalizaccedilatildeo do programa dentro dos propoacutesitos almejados
Diretrizes para o sucesso do programa
As diretrizes para o sucesso do programa ratificadas no estudo de caso foram o
comprometimento emocional das lideranccedilas executivas um soacutelido sistema gerencial
com gestatildeo democraacutetica e participativa e a mobilizaccedilatildeo para a mudanccedila com o
envolvimento de todos os colaboradores
Conclui-se a anaacutelise do meacutetodo ratificando o Balanced Scorecard como uma
ferramenta consolidada em acircmbito internacional que muito contribui para o processo
de formulaccedilatildeo e execuccedilatildeo da estrateacutegia organizacional A cada novo estudo de seus
239
idealizadores o modelo tem sido aperfeiccediloado trazendo inovaccedilotildees no campo da
gestatildeo estrateacutegica organizacional
65 DESENHO DO BSC COMO UM SCA NO SENAI UNIDADE DE SAtildeO JOSEacute
Nesta fase de estudo apresenta-se um desenho do modelo proposto neste estudo O
BSC COMO UM SCA
UMA ABORDAGEM QUAcircNTICA Agrave ESTRATEacuteGIA para uma
unidade de negoacutecio do SENAIsc - o SENAI Satildeo Joseacute
O desenho do BSC COMO UM SCA seraacute balizado pela arquitetura do modelo
proposto
PARA CONSOLIDAR O PENSAMENTO ESTRATEacuteGICO ORGANIZACIONAL COMO PODEMOS
PENSAMENTOESTRATEacuteGICO
BSCSISTEMA
DE MEDICcedilAtildeO
DE DESEMPENHO
SISTEMA DE
MONITORAMENTO
DO FLUXO
DE MUDANCcedilA
OBJETIVOSINDICADORES
METAS
INICIATIVAS
PADROtildeESARQUETIacutePICOS
DECOMPORTAMENTO
ESQUEMARECESSIVO
OS AGENTESATRATORES
HIPOacuteTESESPROBABILIacuteSTICAS
PARALELAS
PROCESSOS
INTERNOS
CLIENTES
FINANCEIRA
APRENDIZADO ECRESCIMENTO
PERSPECTIVAS
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Figura 11 Arquitetura do BSC como um SCA
O BSC como sistema de monitoramento do fluxo de mudanccedila esboccedila os
padrotildees arqueacutetipos de comportamento dos agentes (perspectivas e facilitadores) do
SENAI Satildeo Joseacute por meio da identificaccedilatildeo dos seus esquemas e atratores Com o
propoacutesito de monitorar o fluxo de mudanccedila satildeo incorporadas agraves perspectivas trecircs
dimensotildees dimensatildeo humana das descontinuidades ambientais e da competitividade
cooperativa Como sistema de mediccedilatildeo de desempenho estabelece hipoacuteteses
probabiliacutesticas paralelas para as medidas do scorecard
240
Plano de execuccedilatildeo
O quadro 21 apresenta o Plano de Execuccedilatildeo do BSC como um SCA
FASE 4 DESENHO DO BSC COMO UM SCA
FASE 41 PREPARACcedilAtildeO E MOBILIZACcedilAtildeO PARA A MUDANCcedilA 1ordf Etapa Apresentaccedilatildeo do programa agrave Direccedilatildeo da Unidade Corporativa lideranccedila executiva e demais agentes da UEN 2ordf Etapa Definiccedilatildeo dos arquitetos comunicadores e facilitadores
3ordf Etapa Obtenccedilatildeo do comprometimento da gerecircncia secircnior da UEN
4ordf Etapa Definiccedilatildeo dos propoacutesitos iniciais da implantaccedilatildeo do programa
FASE 42 IMPLEMENTACcedilAtildeO 1ordf Etapa Consolidar do pensamento estrateacutegico organizacional
Passo 1 Analisar a autopoiese processo de auto-referecircncia da estrateacutegia
Passo 2 Identificar dos propoacutesitos princiacutepios e valores da unidade
Passo 3 Caracterizar da estrateacutegia geral da organizaccedilatildeo
2ordf Etapa Incorporar o aprendizado estrateacutegico agrave beira do caos
Passo 1
Definir a estrateacutegia geral perspectivas e respectivos objetivos e indicadores paralelos e justapostos Passo 2
Permear as perspectivas pelas dimensotildees humana das descontinuidades ambientais e da competitividade cooperativa 3ordf Etapa Gerenciar a auto-organizaccedilatildeo do sistema
Passo 1 Esboccedilar os padrotildees arqueacutetipos de comportamento e atratores do sistema
Passo 2 Identificar a rede de valor versus cadeia de valor
Passo 3 Realizar a seleccedilatildeo dos objetivos estrateacutegicos e indicadores
Passo 4 Estabelecer as relaccedilotildees de interconectividade entre as perspectivas
Passo 5 Definir as metas e iniciativas estrateacutegicas
Passo 6 Conceber o mapa estrateacutegico numa cadeira circular dinacircmica
4ordf Etapa Realizar a adaptaccedilatildeo estrateacutegica
5ordf Etapa Avaliar o Feedback Estrateacutegico
Quadro 21 Plano de Execuccedilatildeo do BSC como um SCA do SENAI Satildeo Joseacute
O Plano de Implementaccedilatildeo constitui-se de duas fases fase 1 Preparaccedilatildeo e
Mobilizaccedilatildeo para a mudanccedila e fase 2 Implementaccedilatildeo
241
FASE 41 PREPARACcedilAtildeO E MOBILIZACcedilAtildeO PARA A MUDANCcedilA
O Quadro 22 apresenta as etapas e passos da fase 1 do Plano de
Implementaccedilatildeo com a definiccedilatildeo dos objetivos e ferramentas teacutecnicas e atividades
A preparaccedilatildeo
para o programa consiste na definiccedilatildeo da equipe responsaacutevel pelo
programa definiccedilatildeo dos propoacutesitos iniciais da implementaccedilatildeo a obtenccedilatildeo do
comprometimento do Comitecirc de gestatildeo da unidade A mobilizaccedilatildeo para a mudanccedila
consiste em mobilizar sensibilizar e adaptar a organizaccedilatildeo para uma nova ordem
inerente agrave era da imprevisibilidade Capacita o Comitecirc de gestatildeo a implementar o
programa Comunica para todos os agentes da organizaccedilatildeo o que eacute o programa e os
seus propoacutesitos Promove a conscientizaccedilatildeo dos agentes da sua funccedilatildeo como co-
participantes co-responsaacuteveis e co-observadores de um processo que integra uma
rede de feedback coevolucionaacuterio
1ordf Etapa - Apresentaccedilatildeo do programa agrave Direccedilatildeo do Departamento Regional do SENAI
sc ao Comitecirc de Gestatildeo do SENAI Satildeo Joseacute e demais colaboradores da unidade
Na apresentaccedilatildeo do programa aos diretores da Unidade Corporativa comunica-se o
conceito do BSC como sistema dual e complementar de mediccedilatildeo do desempenho e de
monitoramento do fluxo de mudanccedila A sensibilizaccedilatildeo dos diretores para com a
implementaccedilatildeo do BSC COMO UM SCA visa gerar o comprometimento necessaacuterio para
a implementaccedilatildeo do programa na organizaccedilatildeo A mobilizaccedilatildeo para a mudanccedila deveraacute
conscientizaacute-los de seus papeacuteis como co-observadores co-participantes e co-responsaacuteveis
pela estrateacutegia organizacional
Sem o apoio e a participaccedilatildeo ativa dos agentes internos principalmente da cuacutepula
organizacional o projeto do scorecard natildeo deve ser iniciado Se o CEO natildeo se sentir
comprometido e engajado com o BSC como um SCA a eficaacutecia do programa fica
comprometida
242
FASESETAPASPASSOS OBJETIVOS
FASE 41 PREPARACcedilAtildeO E MOBILIZACcedilAtildeO
PARA A MUDANCcedilA
A preparaccedilatildeo e a mobilizaccedilatildeo consistem em sensibilizar motivar e adaptar o sistema para a nova ordem a abordagem quacircntica agrave estrateacutegia
FERRAMENTASTEacuteCNICASATIVIDADES
1ordf Etapa Apresentaccedilatildeo do programa agrave Direccedilatildeo da Unidade Corporativa lideranccedila executiva e demais agentes da UEN
Obter o comprometimento dos agentes com o programa Mobilizaacute-los para a mudanccedila criando a consciecircncia de seu papel como co-observadores co-participantes e co-responsaacuteveis pela estrateacutegia
Workshop 1 Direccedilatildeo da Unidade Corporativa Workshop 2 Lideranccedila Executiva da UEN Workshop 3 Todos os agentes da UEN
2ordf Etapa Definiccedilatildeo dos arquitetos comunicadores e facilitadores
Definir as competecircncias e expertises da equipe responsaacutevel pela incorporaccedilatildeo do programa no sistema organizacional (consultores externos ou internos)
Reuniatildeo 2 Definiccedilatildeo da equipe responsaacutevel pelo programa grupos e subgrupos
3ordf Etapa Obtenccedilatildeo do comprometimento da gerecircncia secircnior da UEN
Obter o comprometimento emocional da gerecircncia secircnior o qual eacute fundamental para o sucesso do programa
4ordf Etapa Definiccedilatildeo dos propoacutesitos iniciais da implantaccedilatildeo do programa
Serve como condutor do processo de implementaccedilatildeo Define a infra-estrutura gerencial necessaacuteria para a execuccedilatildeo do programa
Reuniatildeo 3 Equipe do programa com a gerecircncia secircniorUEN
Quadro 22 Fase 1 do Plano de Execuccedilatildeo do BSC COMO UM SCA
243
2ordf Etapa - Seleccedilatildeo da UEN onde seraacute desenvolvido o programa-piloto
A unidade estrateacutegica de negoacutecios - UEN selecionada deve ter os requisitos
necessaacuterios para a implementaccedilatildeo do programa ou seja uma lideranccedila
comprometida com o programa e aberta agraves mudanccedilas e inovaccedilotildees Como nos
sugerem Kaplan e Norton (1997 2001) a construccedilatildeo do primeiro scorecard
funciona melhor numa unidade estrateacutegica de negoacutecios de preferecircncia que tenha
atividades de uma cadeia de valor completa inovaccedilatildeo operaccedilotildees marketing
vendas e serviccedilos
3ordf Etapa - Definiccedilatildeo dos arquitetos comunicadores e facilitadores
Os agentes que participam no programa exercem as funccedilotildees de arquitetos
comunicadores e facilitadores do programa A organizaccedilatildeo deveraacute ter agentes que
exerceratildeo a funccedilatildeo de arquitetos do programa capacitados para atuarem como liacutederes
de transiccedilatildeo os quais teratildeo a responsabilidade de elaborar o projeto e incorporaacute-lo
na organizaccedilatildeo Definiratildeo o plano de execuccedilatildeo o cronograma de atividades e a
dinacircmica de funcionamento e efetivaccedilatildeo do programa na organizaccedilatildeo
Os arquitetos do programa devem ser capacitados para elaborar o projeto na
modelagem proposta BSC como um SCA (holograma todo) e de partes
especiacuteficas(fractais) com as seguintes expertises
_ Experiecircncia em consultoria estrateacutegica organizacional para atuar como
administrador do programa mediador e facilitador do processo Seraacute responsaacutevel
pela coordenaccedilatildeo geral do programa
_ Formaccedilatildeo em psicologia cognitiva para atuar nos padrotildees arqueacutetipos
comportamentais dos agentes humanos
_ Experiecircncia em anaacutelise de sistemas computacionais - com capacitaccedilatildeo para a
implantaccedilatildeo de software gerenciais e sistemas de informaccedilatildeo corporativa via intranet
e internet
_ Competecircncia em sistemas dinacircmicos natildeo lineares e estatiacutestica probabiliacutestica
para desenvolver programas de simulaccedilatildeo para as hipoacuteteses estrateacutegicas
probabiliacutesticas paralelas e justapostas
244
_ Gestatildeo estrateacutegica para dar suporte agraves iniciativas estrateacutegicas por meio da
aplicaccedilatildeo de ferramentas e teacutecnicas gerenciais
Os arquitetos podem ser agentes externos agrave organizaccedilatildeo ou membros
internos capacitados para o desenvolvimento do programa Geralmente na fase
inicial haacute uma participaccedilatildeo maior de agentes externos (consultores) No entanto
com a efetivaccedilatildeo progressiva do programa a equipe de colaboradores internos
assumem a sua continuidade
O grupo de colaboradores internos deveratildeo exercer o papel de
comunicadores e facilitadores do programa Deveratildeo constituir a rede de valor a
qual eacute formada pelas interaccedilotildees sineacutergicas e sincrocircnicas dos agentes que compotildeem
os principais processos criacuteticos da cadeia de valor da organizaccedilatildeo
A equipe interna eacute composta do grupo e subgrupos de trabalho O grupo de
trabalho eacute formado pelos representantes da gerecircncia secircnior da Unidade estrateacutegica
de negoacutecios
UEN pelos gerentes de niacutevel intermediaacuterio e um representante da
unidade corporativa Exerceratildeo a funccedilatildeo da lideranccedila executiva do programa ou
seja pela processo de construccedilatildeo desenvolvimento da arquitetura do programa
Os subgrupos de trabalho constituem-se em uma amostra representativa dos
agentes humanos que integram os processos criacuteticos da cadeia de valor da UEN
Cada subgrupo eacute responsaacutevel por uma das perspectivas do BSC cujos
coordenadores integram os grupos de trabalho Os coordenadores dos subgrupos
geralmente satildeo os gerentes de niacutevel intermediaacuterios e os demais membros de niacutevel
de apoio e staff da gerecircncia
Apoacutes a incorporaccedilatildeo do programa na organizaccedilatildeo os coordenadores dos
grupos e dos subgrupos deveratildeo manter-se comprometidos Devem exercer a
funccedilatildeo de disseminadores e agentes de mudanccedila atuando como elementos
condutores e motivadores do programa para garantir a sua continuidade
A formaccedilatildeo de grupos e subgrupos de trabalho nas respectivas perspectivas
do scorecard iraacute contribuir para a formaccedilatildeo da consciecircncia e aprendizado
245
estrateacutegico Dessa forma iraacute corroborar para que seja perpetuado no sistema dois
relevantes princiacutepios das organizaccedilotildees orientadas para a estrateacutegia a conversatildeo da
estrateacutegia em processo contiacutenuo e a transformaccedilatildeo da estrateacutegia em tarefa de todos
3ordf Etapa - Obtenccedilatildeo do comprometimento do Comitecirc de Gestatildeo da Unidade
Em um primeiro momento a direccedilatildeo da unidade corporativa ratifica a
importacircncia do programa para a UEN e para toda a corporaccedilatildeo fornecendo desta
forma um respaldo para a equipe de projeto Igualmente como foi realizado com a
unidade corporativa a equipe responsaacutevel pelo programa comunica agrave gerecircncia
secircnior da UEN o conceito do BSC como sistema de mediccedilatildeo do desempenho e de
monitoramento do fluxo de mudanccedila os quais igualmente iratildeo atuar como co-
observadores co-participantes e co-responsaacuteveis pelo processo de construccedilatildeo
A lideranccedila participativa e o comprometimento dos gerentes seniores da UEN
satildeo fundamentais para que o projeto do scorecard possa ter iniacutecio caso contraacuterio o
fracasso eacute inevitaacutevel
4ordf Etapa - Definiccedilatildeo dos propoacutesitos iniciais da implantaccedilatildeo do programa
Ratifica-se o pensamento de Kaplan e Norton (1997) que a definiccedilatildeo dos
propoacutesitos iniciais para a implementaccedilatildeo do programa servem para orientar a
arquitetura do BSC Tambeacutem tem a funccedilatildeo de obter o consenso dos participantes do
projeto e definir a estrutura para os processos de gestatildeo e de implementaccedilatildeo que
decorrem da construccedilatildeo do primeiro scorecard
A implementaccedilatildeo do BSC como um SCA pode fundamentar-se nos seguintes
propoacutesitos
_ Operacionalizar a estrateacutegia como um processo de auto referecircncia do sistema
organizacional visando consolidar o pensamento estrateacutegico organizacional
_ Conceber a estrateacutegia agrave beira do caos visando promover um aprendizado de
loop duplo e um feedback estrateacutegico positivo
_ Vincular recompensas ao alinhamento dos objetivos pessoais dos agentes
humanos
246
_ Estabelecer metas estrateacutegicas paralelas
_ Alinhar recursos e iniciativas estrateacutegicas
_ Sustentar investimentos em ativos intelectuais e intangiacuteveis
_ Fornecer a base para o aprendizado auto-organizaccedilatildeo adaptaccedilatildeo e feedback
estrateacutegico convertendo a estrateacutegia em um processo contiacutenuo
FASE 42 IMPLEMENTACcedilAtildeO
O Quadro 23 apresenta as etapas passos ferramentas teacutecnicas e atividades
da implementaccedilatildeo do BSC como um SCA o pensamento estrateacutegico da unidade eacute
consolidado pelo alinhamento dos propoacutesitos princiacutepios valores dos colaboradores
com a visatildeo e missatildeo por meio de uma rede de feedback coevolucionaacuterio O
compartilhamento dos esquemas dos colaboradores internos e externos definiratildeo o
modelo mental da unidade os quais refletem-se nos agentes natildeo humanos
(perspectivas desdobradas por meio de objetivos indicadores metas e iniciativas)
As dimensotildees humana das descontinuidades ambientais e da
competitividade cooperativa que permeiam as perspectivas do scorecard permitem
observar os padrotildees arqueacutetipos de comportamento do sistema As perspectivas satildeo
desdobradas em objetivos e indicadores paralelos e justapostos O desenvolvimento
do programa eacute permeado pelos princiacutepios da estrateacutegia sob os fundamentos da
abordagem quacircntica e pelos processos do SCA variaccedilatildeo interaccedilatildeo e seleccedilatildeo O
mapa estrateacutegico eacute configurado numa cadeia circular dinacircmica A dinacircmica de
execuccedilatildeo da estrateacutegia por meio do BSC como um SCA envolve os seguintes
passos aprendizado auto-organizaccedilatildeo adaptaccedilatildeo e feedback estrateacutegico dinacircmica
de execuccedilatildeo da estrateacutegia por meio do BSC como um SCA envolve os seguintes
passos aprendizado auto-organizaccedilatildeo adaptaccedilatildeo e feedback estrateacutegico
247
FASESETAPASPASSOS OBJETIVOS
FASE 42 IMPLEMENTACcedilAtildeO DO BSC COMO UM SCA
Desenvolver a arquitetura do BSC como um SCA Observar os padrotildees arqueacutetipos de comportamento e mensurar as hipoacuteteses estrateacutegicas probabiliacutesticas paralelas e justapostas
1 ordf Etapa Consolidar do pensamento estrateacutegico organizacional
Consolidar o pensamento estrateacutegico organizacional por meio do alinhamento dos propoacutesitos princiacutepios e valores dos colaboradores com o pensamento estrateacutegico organizacional
FERRAMENTASTEacuteCNICASATIVIDADES
Passo 1
Analisar a autopoiese
processo de auto-referecircncia da estrateacutegia
Identificar o processo de autoreferecircncia da estrateacutegia organizacional
autopoiese A ontogenia as contingecircncias histoacutericas que determinam o acoplamento recursivo do passado com o presente e os padrotildees recursivos da estrateacutegia
Entrevista semi-estruturada pesquisa documental sobre o histoacuterico da organizaccedilatildeo teacutecnica histoacuteria de vida
Passo 2
Identificar dos propoacutesitos princiacutepios e valores da unidade
Alinhar os propoacutesitos princiacutepios e valores dos agentes com o pensamento estrateacutegico da organizaccedilatildeo visatildeo missatildeo princiacutepios valores etc
Passo 3
Caracterizar da estrateacutegia geral da organizaccedilatildeo
Caracterizar a estrateacutegia geral dialogicamente ramificada em vertentes paralelas e justapostas Definir temas estrateacutegicos
Reuniatildeo 4 dos arquitetos do programa
Elaboraccedilatildeo do preacute-projeto
2 ordf Etapa Incorporar o aprendizado estrateacutegico agrave beira do caos
O aprendizado estrateacutegico agrave beira do caos tem a finalidade de gerar hipoacuteteses estrateacutegicas probabiliacutesticas e gerar interaccedilotildees sineacutergicas e sincrocircnicas na organizaccedilatildeo
Passo 1
Definir a estrateacutegia geral perspectivas e respectivos objetivos e indicadores paralelos e justapostos
Caracterizar a estrateacutegia geral da organizaccedilatildeo por meio de objetivos e indicadores paralelos e justapostos
Workshop 4 de aprendizado estrateacutegico Ferramenta Mapa de aprendizado (Kaplan e Norton 2000)
Passo 2
Permear as perspectivas pelas dimensotildees humana das descontinuidades ambientais e da competitividade cooperativa
Observar os padrotildees arqueacutetipos de comportamento do ambiente interno e externo agrave organizaccedilatildeo que interferem na execuccedilatildeo da estrateacutegia deliberada
Dimensatildeo humana
Mapeamento das inteligecircncias do sistema Instrumentos e teacutecnicas entrevista semi-estruturada questionaacuterio e observaccedilatildeo Dimensatildeo das descontinuidades ambientais e competitividade cooperativa Ferramentas Fitness LandscapeBenchmarking interno e externo
Quadro 23 Consolidaccedilatildeo do pensamento e aprendizado estrateacutegico no BSC como um SCA no SENAI Satildeo Joseacute
248
1ordfEtapa Consolidar o Pensamento Estrateacutegico Organizacional
A consolidaccedilatildeo do pensamento estrateacutegico organizacional eacute um processo
contiacutenuo que depende das interaccedilotildees dos agentes humanos (colaboradores) e natildeo
humanos (perspectivas do BSC) no ambiente interno e externo agrave organizaccedilatildeo O
pensamento estrateacutegico organizacional inicia com o processo de auto-referecircncia da
organizaccedilatildeo - autopoiese que define a sua identidade estrateacutegica O sistema se
auto-organiza no compartilhamento dos esquemas dos agentes nas contradiccedilotildees
sistecircmicas entre os propoacutesitos princiacutepios e valores dos colaboradores e a visatildeo e a
missatildeo da organizaccedilatildeo A estrateacutegia geral dialogicamente ramifica-se em vertentes
estrateacutegicas paralelas e justapostas
O pensamento estrateacutegico do SENAI de Satildeo Joseacute seraacute consolidado por meio
do compartilhamento dos esquemas dos agentes no sistema organizacional
formando uma rede de feedback coevolucionaacuterio Sob esta visatildeo os propoacutesitos
princiacutepios valores e objetivos dos agentes estatildeo alinhados ao sistema estrateacutegico
organizacional Parte do -processo de auto-referecircncia da organizaccedilatildeo que define a
identidade estrateacutegica da unidade repercute-se nos seus propoacutesitos valores
princiacutepios e estrateacutegia
Passo 1 Estudo da autopoiese do sistema SENAI SENAIsc e SENAI Satildeo Joseacute
A autopoiese parte do pressuposto que a organizaccedilatildeo tem um domiacutenio
fenomenoloacutegico proacuteprio que determina a sua estrutura interna ou seja o seu senso
de identidade Fundamenta-se na compreensatildeo do seu processo ontogecircnico da
recursividade (repeticcedilatildeo de padrotildees estrateacutegicos impliacutecitos) e acoplamento
(contingecircncias histoacutericas passadas) somadas ao presente As teacutecnicas de pesquisa
que podem contribuir para identificar a autopoiese eacute a pesquisa documental sobre o
histoacuterico da organizaccedilatildeo histoacuteria de vida entrevistas com os fundadores
funcionaacuterios antigos atuais e recentemente contratados
A autopoiese do SENAI Satildeo Joseacute parte da ideacuteia que a unidade tem um
domiacutenio fenomenoloacutegico proacuteprio que determina a sua estrutura interna ou seja o
seu senso de identidade Fundamenta-se na compreensatildeo do seu processo
249
ontogecircnico da recursividade (repeticcedilatildeo de padrotildees estrateacutegicos impliacutecitos) e
acoplamento (contingecircncias histoacutericas passadas) somadas ao presente
Para identificar a autopoiese da unidade Satildeo Joseacute eacute necessaacuterio pesquisar o
seu histoacuterico o qual determina o processo de transformaccedilatildeo da estrateacutegia no espaccedilo
fiacutesico O SENAIsc estaacute alinhado agraves poliacuteticas diretrizes e a estrateacutegia institucional do
Sistema SENAI O SENAI Satildeo Joseacute eacute uma unidade de negoacutecio do SENAIsc o qual
estaacute alinhado a estrateacutegia corporativa funcional O SENAI Satildeo Joseacute alinhado agrave
estrateacutegia institucional e corporativa da instituiccedilatildeo desenvolve as estrateacutegias
funcionais proacuteprias da unidade
Partindo deste entendimento em um primeiro momento faz-se uma
apresentaccedilatildeo do processo ontogecircnico do Sistema SENAI e do SENAIsc conclui-se
com alguns insights da autopoiese da unidade objeto de estudo
o SENAI Satildeo
Joseacute
- AUTOPOIESE DO SISTEMA SENAI E SEU PROCESSO DE
AUTOREFEREcircNCIA ESTRATEacuteGICA
O sistema autopoieacutetico do SENAI e seu processo de auto-referecircncia no
espaccedilo fiacutesico determina a sua estrutura interna ou seja a sua identidade
estrateacutegica O Sistema SENAI foi criado para proporcionar a formaccedilatildeo profissional
de menores aprendizes
Vaacuterias contingecircncias histoacutericas reflexos do contexto soacutecio- econocircmico do
paiacutes e dos avanccedilos tecnoloacutegicos em acircmbito internacional e nacional influenciaram o
processo ontogecircnico do Sistema SENAI (cf quadro 24)
O Sistema SENAI no iniacutecio de sua histoacuteria visava atingir a alguns propoacutesitos
articulados e complementares o suprimento de matildeo de obra qualificada das
induacutestrias aumento do trabalho e a diminuiccedilatildeo do iacutendice de marginalizaccedilatildeo de
menores por meio da educaccedilatildeo profissionalizante O avanccedilo no campo social
econocircmico cientiacutefico e tecnoloacutegico do paiacutes desencadearam novos contingecircncias
250
histoacuterias as quais influenciaram na sua ontogenia ou seja no processo de
transformaccedilatildeo do seu pensamento estrateacutegico
AUTOPOIESE SISTEMA SENAI
FASES DO PROCESSO ONTOGEcircNICO
CONTINGEcircNCIAS HISTOacuteRICAS ACOPLAMENTO RECURSIVO PASSADO E
PRESENTE 1ordf FASE Aprendizagem de menores
2ordf Guerra Mundial Migraccedilatildeo da matildeo de obra qualificada Europeacuteia
2ordf FASE Qualificaccedilatildeo Profissional Aceleraccedilatildeo do crescimento industrial 3ordf FASE Suprimento de matildeo de obra Treinamento no proacuteprio local de trabalho
Elevaccedilatildeo da produccedilatildeo industrial Necessidade de atendimento agraves necessidades das induacutestrias
4ordf FASE Consolidaccedilatildeo como instituiccedilatildeo de Ensino profissional
Reconhecimento do MEC Presenccedila do Professor
Golpe Militar de 1964 Interrupccedilatildeo do ciclo econocircmico
5ordf FASE Criaccedilatildeo do Regime da interdisciplinariedade Niacutevel fundamental e meacutedio
Impacto das mudanccedilas sociais Nova ordem econocircmica e tecnoloacutegica
6ordf FASE - ATUAL Criaccedilatildeo de cursos de tecnoacutelogos de niacutevel superior ao niacutevel de graduaccedilatildeo e poacutes-graduaccedilatildeo presenciais e a distacircncia Formaccedilatildeo de redes clusters e parcerias nacionais e internacionais
Globalizaccedilatildeo da economia Mudanccedila de paradigma Perspectiva mais humanista para o trabalho Mudanccedila no perfil do profissional de aprendiz industrial para educaccedilatildeo continuada do niacutevel fundamental a poacutes-graduaccedilatildeo Investimento em tecnologia de ponta Adoccedilatildeo de um modelo de gestatildeo estrateacutegica
VISAgraveO DE FUTURO Autosustentabilidade tecnoloacutegica do paiacutes
Mudanccedila de paradigma Paiacutes consumidor de tecnologia para produtor de tecnologia
Quadro 24 Autopoiese do Sistema SENAI Fonte (BAUMGARTEN 2004)
Ao estudar a autopoiese do Sistema SENAI constata-se que a confiabilidade
da marca estaacute alicerccedilada num forte padratildeo recursivo da estrateacutegia que tem se
fortalecido ao longo do tempo acoplando-se aos padrotildees que emergem da
demanda do mercado No acoplamento do passado com o presente o perfil do
profissional evolui de aprendiz industrial para educaccedilatildeo continuada ateacute o niacutevel de
poacutes-graduaccedilatildeo A recursividade (padrotildees de comportamento que se repetem) ao
longo do processo ontogecircnico da instituiccedilatildeo satildeo o forte relacionamento com a
induacutestria e o compromisso de formar profissionais que atendam agrave demanda do
mercado Observa-se que o padratildeo de atendimento a induacutestria evoluiu da satisfaccedilatildeo