101
y UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA DOUTORADO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE ENALDO VIEIRA DE MELO CD40 LIGANTE SOLÚVEL E OUTROS BIOMARCADORES DE EVOLUÇÃO CLÍNICA NO TRATAMENTO ADJUVANTE DA LEISHMANIOSE VISCERAL HUMANA COM N-ACETILCISTEÍNA ARACAJU 2014

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y

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E

PESQUISA

DOUTORADO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE

ENALDO VIEIRA DE MELO

CD40 LIGANTE SOLÚVEL E OUTROS

BIOMARCADORES DE EVOLUÇÃO CLÍNICA NO

TRATAMENTO ADJUVANTE DA LEISHMANIOSE

VISCERAL HUMANA COM N-ACETILCISTEÍNA

ARACAJU

2014

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ENALDO VIEIRA DE MELO

CD40 LIGANTE SOLÚVEL E OUTROS

BIOMARCADORES DE EVOLUÇÃO CLÍNICA NO

TRATAMENTO ADJUVANTE DA LEISHMANIOSE

VISCERAL HUMANA COM N-ACETILCISTEÍNA

2014

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ENALDO VIEIRA DE MELO

CD40 LIGANTE SOLÚVEL E OUTROS

BIOMARCADORES DE EVOLUÇÃO CLÍNICA NO

TRATAMENTO ADJUVANTE DA LEISHMANIOSE

VISCERAL HUMANA COM N-ACETILCISTEÍNA

Tese apresentada ao Núcleo de Pós-Graduação

em Ciências da Saúde da UniversidadeFederal

de Sergipe como requisito parcial à obtenção

do grau de Doutor em Ciências da Saúde.

Orientador: Ilmo. Prof. Dr. Roque Pacheco de Almeida

ARACAJU- SE

2014

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FICHA CATALOGRÁFICA

Melo, Enaldo Vieira de. CD40 ligante solúvel e outros biomarcadores de

evolução clínica no tratamento adjuvante da leishmaniose visceral humana com n-

acetilcisteína. Aracaju, 2014.

101 f.

Orientador: Prof. Dr. Roque Pacheco de Almeida. –.

Tese (Doutorado em Ciências da Saúde - Núcleo de Pós-Graduação em

Medicina) – Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa, Universidade Federal de

Sergipe, 2014..

1. Leishmaniose visceral 2. Tratamento 3. N-acetilcisteina. CD40 ligante

solúvel.

I. Título.

CDU _____________________

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ENALDO VIEIRA DE MELO

CD40 LIGANTE SOLÚVEL E OUTROS

BIOMARCADORES DE EVOLUÇÃO CLÍNICA NO

TRATAMENTO ADJUVANTE DA LEISHMANIOSE

VISCERAL HUMANA COM N-ACETILCISTEÍNA

Tese apresentada ao Núcleo de Pós-Graduação

em Ciências da Saúde da UniversidadeFederal

de Sergipe como requisito parcial à obtenção

do grau de Doutor em Ciências da Saúde.

Banca Examinadora da Defesa

Aprovada em: _______/_______/_______

______________________________________________

Orientador: Prof. Dr. Roque Pacheco de Almeida

________________________________________________

1° Examinador: Prof. Dra. Vanessa Carregaro – USP

_________________________________________________

2º Examinador: Prof. Dra. Cristiane Bani Correa - UFS

_________________________________________________________

3º Examinador: Prof. Dra. Patrícia Rodrigues Marques de Souza - UFS

__________________________________________________________

4º Examinador: Prof. Dra. Tatiana Moura Rodrigues – UFS

PARECER

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

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AGRADECIMENTOS

A Deus, que na sua infinita bondade concedeu coragem para optar pela

realização desse sonho.

À minha mãe (in memorium) e meu pai pelo carinho e apoio para busca do

Conhecimento.

À minha família, pela compreensão e apoio nos momentos de ausência.

À Universidade Federal de Sergipe (UFS), Aracaju-SE, pela oportunidade de

uso de suas instalações e laboratórios para realização desse trabalho.

A meu orientador Prof. Dr. Roque Pacheco de Almeida pela amizade,

confiança, apoio, incentivo e indispensável orientação durante o desenvolvimento desse

trabalho.

A Juliana,Rose e Simone pela ajuda na digitação.

Aos professores Dra. Tatiana Rodrigues de Moura, Dr. Roque Pacheco de

Almeida e Dra. Amélia Maria Ribeiro de Jesus, e demais membros do grupo de pesquisa pelas

orientações e sugestões valiosas e dedicação.

A todos que de qualquer forma contribuíram para realização desse trabalho.

A todos expresso minha gratidão, em especial aos pacientes portadores dessa

condição clínica em que pela importância não deveria ser denominada de negligenciada.

Muito Obrigado.

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7

RESUMO

Melo, E. V. CD40 ligante solúvel e outros biomarcadores de evolução clínica no

tratamento adjuvante da leishmaniose visceral humana com N-Acetilcisteína. Tese de

doutorado. Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde. UFS, 2014.

A leishmaniose visceral constitui-se um grave problema de saúde pública no mundo,

demandando medidas eficazes no seu controle e tratamento. A terapêutica atual está

longe de ser a ideal pela necessidade de tratamentos prolongados, desenvolvimento de

resistência aos medicamentos e efeitos colaterais significativos. Desse modo a busca

de novas opções terapêuticas além de avaliação da eficácia de terapêutica adjuvante é

muito importante. O objetivo deste trabalho foi avaliar biomarcadores de evolução

clínica e CD40 ligante solúvel (sCD40L) no tratamento adjuvante da leishmaniose

visceral humana com N-acetilcisteína. A partir de um estudo de intervenção, tipo

ensaio clínico, cego, aleatorizado, foram investigados 60 pacientes do Hospital

Universitário com diagnóstico positivo para leishmaniose visceral aguda. Esses

pacientes foram distribuídos em dois grupos de 30: Grupo Estudo – que fez uso do

antimônio penta valente dose padrão complementado com o N-acetil-L-cisteína e o

Grupo Controle - que fez uso apenas do antimônio dose padrão. Os níveis séricos do

sCD40L foram significativamente maiores e com elevação ao longo do tempo mais

acentuada no grupo SbV + NAC em relação ao grupo Sb

V. Além disso, a distribuição

dos valores de sCD40L aumentaram significativamente em ambos os grupos a partir

de 15 dias de tratamento, a partir de então sem variação significativa ao longo do

tempo. Do mesmo modo a dimensão de baço e níveis séricos de citocinas (TNF-α, IL-

10, IL-12p40) diminuíram ao longo do tratamento nos dois grupos enquanto o número

de neutrófilos, eosinófilos e plaquetas aumentaram.Vários estudos da literatura

assinalam a importância da interação CD40/sCD40L para uma efetiva resposta imune

e que essa interação ocorre por meio de sinalização recíproca através de fosforilação

da proteína quinase mitógeno induzida de MAPK p38 e ERK1/2. Outros estudos

mostram como uma estratégia de evasão da resposta imune e o estabelecimento de

infecção, a Leishmania inibe a sinalização p38MAPK acionada pelo CD40. E que o

sistema redox de glutationa regula produção de IL-12 induzida pela LPS através da

ativação da p38 MPAK e, além disso, o efeito de iniciação de IFN-γ e a produção de

IL-12 é em parte uma conseqüência do equilíbrio redox da glutationa. O NAC foi

capaz de aumentar as concentrações séricas de sCD40L ao longo do tratamento. O

tratamento com NAC melhorou os parâmetros clínicos dos pacientes associados com o

prognóstico dos pacientes: reduziu tamanho do baço, aumento do número de

neutrófilos/linfócitos e eosinófilos mais rapidamente. Os resultados sugerem que a

adição do NAC ao tratamento convencional melhora a resposta imunológica dos

pacientes, sobretudo na diminuição dos níveis séricos de IL-10, IL-12p40 e na

elevação da sDC40L que essa resposta ocorre já a partir de duas semanas. É provável

que o aumento dos níveis de sCD40L pelo NAC ocorra através da ativação do MAPK

p38 via o sistema redox de glutationa.

Descritores: leishmaniose visceral; tratamento; NAC; biomarcadores; CD40

ligante solúvel.

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ABSTRACT

Melo, EV. CD40 ligante solúvel e outros biomarcadores de evolução clínica no

tratamento adjuvante da leishmaniose visceral humana com N-Acetilcisteína. Tese de

doutorado. Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde. PhD thesis.Graduate

Program in Health Sciences.UFS, 2014.

Visceral leishmaniasis constitutes a serious public health problem in the world,

demanding effective measures for its control and treatment. The current treatments are

far from ideal for the need for prolonged treatment, development of drug resistance

and significant side effects. Thus the search for new therapeutic options in addition to

evaluating the effectiveness of adjuvant therapy is very important. The aim of this

study was to evaluate biomarkers sCD40L and clinical outcome in the adjuvant

treatment of human visceral leishmaniasis with N-acetylcysteine. From an intervention

study, kind clinical trial, blinded, randomized, were investigated 60 patients from the

University Hospital with a positive diagnosis for acute visceral leishmaniasis. These

patients were divided into two groups of 30: Study Group - which made use of

antimony penta valent standard dose supplemented with N-acetyl-L-cysteine and the

control group - which only used the standard dose antimony. The serum levels of

soluble ligand sCD40L were significantly higher elevation and steeper over time in

SbV + NAC group compared to the Sb group. Furthermore, the distribution of values

sCD40L significantly increased in both groups after 15 days of treatment, thereafter no

significant change over time. Likewise the size of the spleen, and serum cytokine

levels (TNF-α, IL-10, IL-12p40) decreased during treatment in both groups while the

number of neutrophils, eosinophils and platelets increased. Several published studies

indicate the importance of CD40 / sCD40L interaction for an effective immune

response and that this interaction occurs via reciprocal signaling through protein

kinase-induced phosphorylation of MAPK p38 and ERK1 / 2 mitogen. Other studies

show as a strategy of evading the immune response and the establishment of infection,

Leishmania inhibits p38 MAPK signaling triggered by CD40. And the glutathione

redox system regulates the production of IL-12 induced by LPS through the activation

of p38 MPAK, and furthermore, the effect initiation of IFN-γ and IL-12 is in part a

consequence of the equilibrium glutathione redox. NAC was able to increase serum

sCD40L concentrations throughout treatment. Treatment with NAC improved the

patients' clinical parameters associated with the prognosis of the patients: reduced

spleen size increased number of neutrophils / lymphocytes and eosinophils faster. The

results suggest that the addition of NAC to conventional therapy improves the immune

response of patients, particularly in the reduction of serum IL-10, IL-12p40 and

increase in sDC40L that this response occurs as early as two weeks. It is likely that

increased levels of sCD40L the NAC occurs through the activation of p38 MAPK

pathway glutathione redox system.

Keywords: Visceral leishmaniasis; treatment; NAC; biomarkers; soluble CD40 ligand.

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9

LISTA DE FIGURAS

Figura 01 O modelo proposto para a regulação recíproca de sinalização de

CD40 na infecção Leishmania por MKP-1 e de MKP-3

28

Figura 02 Glutationa (1): γ-L-glutamil-L-cisteinilglicina 35

Figura 03 Biossíntese da glutationa e enzimas envolvidas 35

Figura 04 Correlação dos níveis de ligante solúvel (sCD40L) e tamanho

do baço ao longo do tratamento

53

Figura 05 Distribuição dos níveis de ligante solúvel (SCD40L) ao longo

do tratamento, segundo os grupos SbV + NAC e Sb

V

56

Figura 06 Distribuição das medidas de baço (cm) ao longo do tempo para

o grupo SbV + NAC

57

Figura 07 Distribuição dos níveis de TNF-α ao longo do tempo para o

grupo SbV + NAC

57

Figura 08 Distribuição dos níveis de IL-12 p40 ao longo do tempo para o

grupo SbV + NAC

58

Figura 09 Distribuição dos níveis de IL-10 ao longo do tempo para o

grupo SbV + NAC

58

Figura 10 Distribuição dos níveis de sCD40L ao longo do tempo para o

grupo SbV + NAC

59

Figura 11 Distribuição do número de neutrófilos ao longo do tempo para

o grupo SbV + NAC

59

Figura 12 Distribuição do número de eosinófilos ao longo do tempo para

o grupo SbV + NAC

60

Figura 13 Distribuição do número de linfócitos ao longo do tempo para o

grupo SbV + NAC

60

Figura 14 Distribuição do número de plaquetas ao longo do tempo para o

grupo SbV + NAC

61

Figura 15 Distribuição das medidas de baço (cm) ao longo do tempo para

o grupo SbV

62

Figura 16 Distribuição dos níveis de TNF-α ao longo do tempo para o

grupo SbV

62

Figura 17 Distribuição dos níveis de IL-12 p40 ao longo do tempo para o

grupo SbV

63

Figura 18 Distribuição dos níveis de IL-10 ao longo do tempo para o

grupo SbV

63

Figura 19 Distribuição dos níveis de sCD40L ao longo do tempo para o

grupo SbV

64

Figura 20 Distribuição do número de neutrófilos ao longo do tempo para

o grupo SbV

64

Figura 21 Distribuição do número de linfócitosao longo do tempo para o

grupo SbV

65

Figura 22 Distribuição do número de eosinófilos ao longo do tempo para

o grupo SbV + NAC

66

Figura 23 Distribuição do número de plaquetas ao longo do tempo para o

grupo SbV

66

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LISTA DE ABREVIATURAS

AIDS Síndrome da imunodeficiência adquirida

anti-K39 Teste rápido para calazar, antígeno recombinante K39

APCs Células apresentadora de antígenos

B7/CD28 Protéina de membrana B7/proteína expressa em células T

BALB/c linhagem de camundongos albinos

Ca²+ Íon cálcio

CD40 Proteína receptora de membrana da família do fator de

necrose tumoral

CXCR2 Quimiocinas com cisteína

CMSP Células mononucleares do sangue periférico

ELISA Ensaio imunoadsorvente ligado à enzima

DCs Células dendríticas

Delta-like 1 Proteína humana codificada pelo gen DLL1

DTN Doença tropical negligenciável

ERK 1/2 Proteína cinase regulada por sinais extracelulares

GGT Gama glutamil transferase

GSH Glutationa ≡ γ-glutamil-cisteinil-glicina

GSSG Glutationa oxidada

HO-1 Hemeoxigenase

Hmox1 Gene humano que codifica a enzima heme oxigenase 1

H2O2 Peróxido de hidrogênio

iNOS Enzima sintase indutora de oxido nítrico

IFN-λ Interferon gama

IP3 Fosfatidil-3- inositol

JNK1-3 Janus quinases 1-3

LPS Lipopolissacarídeo

LV Leishmaniose visceral

MAPKs Proteína sintase mitógeno ativada

p38 MAPK Proteína sintase mitógeno ativada p38

NAC N-acetilcisteína

NADPH Complexo enzimático da NADPH oxidase

NF-kB Fator de transcrição nuclear kappa B

NK Natural killer

NO Óxido nítrico

PI3K Fosfatidil inositol-3-cinase

PKC Proteína cinase C

RNS Radicais livres de nitrogênio

ROS Radicais livres de oxigênio

SbV Antimônio pentavalente

Th1 T "helper" tipo 1

Th2 T "helper" tipo 2

sCD40 Forma solúvel de CD40

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 13

2 REVISÃO DA LITERATURA E OBJETIVOS DA PESQUISA 19

2.1 Leishmaniose visceral: considerações gerais e epidemiologia 19

2.2 O ciclo de vida da leishmania 20

2.3 Diagnóstico 21

2.4 Quadro clínico 23

2.5 Resposta imune e biomarcadores de evolução clínica na LV 24

2.6 Tratamento 32

2.7 Limitações do tratamento 33

2.8 Tratamento adjuvante: Glutationa e Análogos 35

3 OBJETIVOS 43

3.1 Objetivo geral 43

3.2 Objetivos específicos

4 PACIENTES E MÉTODOS 46

Desenho do estudo

Área do estudo

Definição diagnóstica

Seleção dos pacientes

Tratamento e seguimento

Procedimentos realizados antes da entrada dos pacientes no estudo

Procedimentos realizados durante o tratamento

Critérios de cura

Dosagens de citocinas

Análise estatística

Considerações éticas

Consentimento livre e esclarecido

Contribuições do projeto

Riscos e cuidados instituidos

5 RESULTADOS DO ENSAIO CLÍNICO 52

5.1 Caracterização basal do grupo teste e grupo controle 52

5.2 Resposta clínica e laboratorial ao tratamento e comparação entre os 53

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12

grupos

5.3 Avaliação de biomarcadores ao longo do tratamento para os grupos

teste e controle

55

5.3.1 Biomarcadores e sSCD40L, comparação entre os grupos no antes

do tratamento

55

5.3.2 Biomarcadores e sSCD40L, comparação entre os grupos durante o

tratamento

56

5.3.3 Biomarcadores e sSCD40L, características clínicas e laboratoriais,

evolução com o tratamento para o grupo SbV + NAC

57

5.3.4 Biomarcadores e sSCD40L, características clínicas e laboratoriais,

evolução com o tratamento para o grupo SbV

62

5.4 Correlação dos níveis de citocinas entre si e tamanho de baço e

fígado

68

5.5 Resumo dos resultados 69

6 DISCUSSÃO 71

7 CONCLUSÕES 75

8 PERSPECTIVAS: QUESTÕES A SEREM REPONDIDAS 76

9 REFERÊNCIAS

10 ANEXO A 96

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13

1 INTRODUÇÃO

A leishmaniose visceral (LV) ou calazar é uma doença tropical causada por

protozoários do gênero Leishmania e transmitida por um vetor flebotomíneo,

constituindo significativo problema de saúde pública e considerada endêmica em 65

países (distribuídos na Ásia, Europa, Oriente Médio, África e Américas) com 90% dos

casos relatados a partir de Bangladesh, Índia, Brasil, Nepal, Etiópia e Sudão (WHO,

2010).

A LV é um crescente problema de saúde pública no Brasil, com altos índices de

letalidade, ampla distribuição geográfica, diferenças regionais consideráveis e crescente

disseminação para áreas não endêmicas. O diagnóstico precoce e a instituição de

medidas terapêuticas eficazes são estratégias fundamentais para reduzir a letalidade de

pacientes portadores dessa condição clínica (MARTINS-MELO et al., 2014).

A evolução clínica da leishmaniose visceral resulta da interação vetor, parasita e

hospedeiro, segundo Mccall (2012), sendo os fatores inerentes ao parasita e ao

hospedeiro determinantes chaves na expressão da doença.

A resposta imune contra a Leishmania é modulada por vários fatores inerentes

ao hospedeiro, como o estado nutricional, idade e a herança genética, assim como

fatores intrínsecos do parasita, por exemplo: a espécie e a cepa. A infecção é geralmente

auto-limitada e assintomática, mas eventualmente evolui para a forma mais grave,

caracterizada por febre, caquexia profunda, hepatoesplenomegalia, sangramentos graves

e até morte se o tratamento adequado não for instituído (CALDAS et al. 2005).

A atividade antileishmania é mediada através de ambas: imunidade inata

(macrófagos, neutrófilos) e adaptativa (células B, células T e células dendríticas≡ DCs),

com os macrófagos desempenhando papel crucial na infecção por Leishmania. Um

tratamento bem sucedido de qualquer forma de leishmaniose depende da eliminação

eficiente de parasitas por macrófagos ativados. Assim, os macrófagos atuam com dupla

atividade: células hospedeiras e células efetoras que matam os parasitas. A

internalização da Leishmania por macrófagos leva à produção de citocinas pró-

inflamatórias e morte do parasita (KEDZIERSKI, 2010).

A sinalização celular pode ser regulada por duas classes principais de enzimas,

proteínas cinases e fosfatases fosfoproteínas (SUN e TONKS, 1994; HUNTER , 1995),

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e uma vez que os sinais são transduzidos em cascatas de quinases (proteína

quinase≡PKC, MAPKs≡proteína quinase ativada por mitógeno e fosfatidilinositol-3-

cinase≡PI3K) e fosfatases (proteína tirosina fosfatase 1 ≡SHP 1) por meio de ciclos de

fosforilação e desfosforilação, a interferência parasitária freqüentemente tem como alvo

esses intermediários de sinalização celular (OLIVIER, GREGORY, FORGET, 2005).

Segundo Bhardwaj e col. (2010), a Leishmania modula a responsividade de

receptores em macrófagos: proteínas co-estimuladoras CD40/sCD40L (proteína CD40 e

seu ligante solúvel sCD40L), as MAPKs, receptores Toll-Like (TLRs), receptores de

interferon gama (IFN-γ) e receptor de interleucina 10 (IL-10). Dessa forma, o parasita

interfere com o sistema de sinalização da célula de tal modo que as funções efetoras

desencadeadas por vários receptores de superfície celular ou são ativamente reprimidas

ou são alteradas para provocar uma resposta imune favorável à sobrevivência do

parasita (BHARDWAJ et al., 2010).

Estudos de Kamanaka e col. (1996) mostraram como a comunicação celular

através de moléculas co-estimuladoras, tais como B7/CD28 e CD40/sCD40L, foi capaz

de modular a apresentação de antígeno, e sugerem ainda que a inibição da ligação

CD40/sCD40L foi responsável pela ausência da enzima óxido nítrico sintase (iNOS) e

atividade microbicida do macrófago. Segundo Campbell e col. (1996), uma resposta

clínica efetiva contra a infecção por L. major depende da ativação da ligação

CD40/sCD40L. Verificou-se ainda que a sinalização dependente de MAPK p38

desencadeada pela interação com o receptor CD40 foi alterada em macrófagos

infectados, foi associada a diminuição da expressão de iNOS (AWASTHI e al., 2003).

As citocinas são os principais orquestradores no processo de defesa celular, com

papel central na modulação da resposta imune do hospedeiro contra a infecção por

Leishmania, e determinam a prevenção ou progressão da doença de acordo com

Bhattacharjee e Bhattacharya (2010). Desse modo, o estudo da evolução dos níveis

desses biomarcadores ao longo do tratamento é importante para monitorizar o sucesso

terapêutico e predizer a evolução favorável da LV (Oliveira et al., 2013). Além disso,

postula-se que a avalição dos níveis de biomarcadores de evolução clínica durante o

tratamento da LV possibilita o estudo das diferentes vias de sinalização celular ativadas.

Em indivíduos com a forma ativa da leishmaniose visceral observa-se um

balanço nas respostas inflamatórias e reguladoras (Th1/Th2), com altos níveis

plasmáticos de citocinas IL-8, IFN-γ, TNF-α, IL-6, IL-12 e IL-10. (BARRAL-NETTO

et al. 1998; PERUHYPE-MAGALHÃES et al. 2006).

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15

Caldas et al. (2005) sugerem que o IFN-γ e IL-10 são as citocinas mais

associadas à progressão para a doença e, após o tratamento, a recuperação do perfil

imunológico a seus níveis normais demanda longo tempo, o que impede a utilização dos

níveis de citocinas plasmáticas como critério de cura.

Por outro lado, os resultados apresentados por Duthie et al. (2013) indicaram

que os níveis de citocinas inflamatórias e regulatórias (IFN-y, TNF-α, IL-10, IL-17)

foram elevadas no soro de portadores de LV do Brasil e Bangladesh. E em pacientes

brasileiros com LV tratados com antimoniato de meglumina foi observado várias

citocinas que revertem para níveis comparáveis aos de indivíduos controles endêmicos

saudáveis.

A resposta imunológica inata ou adaptativa de pacientes com leishmaniose

visceral também pode ser modulada pela glutationa e enzimas relacionadas. Esse

complexo enzimático é importante fator na regulação da vida celular, desempenhando

as funções antioxidante, pró-oxidante, modulação através do estado redox de

grupamentos tióis de proteínas (resíduos de cisteína), além de proteção celular contra

toxinas endógenas e xenobióticos (MORRIS et al., 2013;POMPELLA et AL., 2003).

A ação antioxidante da GSH (e/ou, em casos selecionados, a sua ação "pró-

oxidante" mediada pela gama glutamil transferase ≡ GGT) é capaz de afetar o estado

redox de tióis críticos em proteínas, o que faz da GSH um fator de modulação celular

crucial para um número cada vez maior de proteínas (canais e transportadores de

membrana, receptores, quinases protéicas e fosfatases, transdutores, etc). Interações

desse tipo também foram documentadas com fatores de transcrição, o que indica para o

GSH mais um papel fisiológico na modulação da expressão gênica (SEN, 1998;

ARRIGO, 1999).

Segundo Kidd (1997), a glutationa em sua forma reduzida (GSH) é o mais

importante sistema antioxidante para proteção e regulação da homeostase celular;

enquanto Hayes e McLellan (1999) afirmam que o sistema de peroxidase de GSH é

crítico como um mecanismo de defesa contra peróxido de hidrogênio potencialmente

tóxico e outros peróxidos, incluindo hidroperóxidos lipídicos.

Peterson, Herzenberg e colaboradores (1998) mostraram em seus estudos com

camundongos que a depleção da glutationa de células apresentadoras de antígenos

(APCs) in vivo resultou em baixa atividade Th1 e maior atividade Th2, assim como a

reposição de GSH teve exatamente o efeito oposto. Além disso os macrófagos

apresentam a maior parte de sua glutationa na forma reduzida (macrófagos reduzidos ≡

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M R) e são efetivos em polarizar a resposta imune para Th1. Já os macrófagos com a

glutationa oxidada (principalmente macrófagos oxidados≡ MO) são capazes de

polarizar a resposta Th2. Assim, parece que a atividade imunológica para Th1 ou Th2

depende da capacidade antioxidante relativa das células que dirigem o processo.

(MURATA; SHIMAMURA; HAMURO, 2002; MURATA et al., 2002).

Uma das formas de alterar o estado de oxidação do macrófago é através dos

níveis de GSH, porém para a sua síntese o fator limitante é a disponibilidade de cisteína.

Além disso, segundo Kidd (1997), o composto N-acetilcisteína (NAC) é um precursor

de cisteína com boa disponibilidade, configurando-se assim como uma opção atraente

para reposição dos níveis de GSH celular.

Monteiro et al. (2008) avaliou os efeitos do NAC, como suplemento GSH, no

curso da infecção por Leishmania amazonensis em camundongos BALB/c sensíveis. O

tratamento com NAC (200 mg/kg/dia) mostrou-se eficaz em aumentar os níveis de GSH

nos linfonodos e baço. Este tratamento causou uma diminuição significativa no número

de parasitas retirados das lesões e drenados dos linfonodos. Tais dados sugerem que a

morte intracelular das leishmanias in vivo foi aumentada com a elevação dos níveis de

GSH através da administração de NAC.

Estudo de Utsugi e cols. (2002) sugere que a produção de IL-12, induzida por

LPS e a partir de monócitos humanos, é regulada pelo redox da glutationa,

especificamente a razão GSH/GSSG intracelular, sob a mediação de p38 MAPK

quinase, e que IFN-γ, originado de monócitos, conduz a um aumento intracelular de

GSH/GSSG, que provavelmente também aumenta a produção de IL-12 induzida por

lipopolisscaride (LPS) via p38 MAP quinase.

Também tem sido mostrado que a ativação da proteína quinase ativada por

mitógeno (MAPKs) desempenha um papel central na indução da expressão gênica de

HO-1 (COULTHARD et al., 2009; KYRIAKIS e AVRUCH, 2001). A comunicação

intracelular entre receptores de membrana e os seus alvos nucleares ou citoplasmáticos

após estimulação é mediada por um grande número de vias de sinalização, incluindo

cascatas do grupo MAPK. Este grupo inclui quatro cascatas distintas, que são nomeadas

após o estágio das MAPKs: 1)-por sinal extracelular regulador quinase 1 e 2 (ERK1/2);

2) c-Jun N-terminal quinase 1 a 3 (JNK1-3); 3) p38 MAPK e 4) ERK5 (Big MAPK)

(WORTZEL e SEGER, 2011).

A depleção de glutationa aumenta os marcadores de estresse oxidativo,

incluindo hemeoxigenase (HO-1), uma enzima chave desencadeada por estresse celular.

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Os pacientes com LV apresentam concentrações sistêmicas mais elevadas de HO-1 do

que os indivíduos saudáveis, e esse aumento de HO-1 foi reduzido após o tratamento

leishmanicida, sugerindo que a HO-1 também está associada com a susceptibilidade à

doença. A infecção por L. chagasi ou lipofosfoglicano (LPG), isolado a partir de

promastigotas, desencadeia a produção de HO-1 em macrófagos de camundongos (LUZ

et al., 2012).

Um fator crítico para a resposta protetora precoce contra Leishmania

(MURRAY E NATHAN, 1999) são as espécies reativas de oxigênio, ativadas pelo

complexo nicotinamida adenina dinucleotídeo fosfato (NADPH) oxidase (DE LEO et

al., 1996) e, segundo Shadab e Ali (2011), essa função efetora fazdos macrófagos

potencialmente microbicidas.

O gene HO-1 também é induzido por agentes e produtos químicos que

produzem estresse oxidativo celular e envolve a geração de radicais livres de oxigênio

(ROS). A este respeito, HO-1 tem sido reconhecido como uma resposta geral ao estresse

oxidativo, incluindo várias vias de sinalização celular (IMMENSCHUH e

RAMADORI, 2000; WAGENER et al., 2003).

Acumulam-se evidências de que muitos indutores da HO-1 ativam cascatas de

sinalização proteína-dependente de fosforilação e convergem para os fatores de

transcrição que regulam o gene da HO-1 (RYTER; ALAM; CHOI, 2006). Estudos

recentes têm mostrado o papel importante para as MAPKs na ativação da HO-1, embora

outras quinases, incluindo tirosina quinases, PI3K e proteína quinases A, G, C também

se configuram como potenciais mecanismos de contribuição (ELBIRT e

BONKOVSKY, 1999; IMMENSCHUH e RAMADORI, 2000).

Segundo Guerrin et al. (2002), o arsenal terapêutico contra a leishmaniose

visceral é limitado, os agentes disponíveis de eficácia comprovada são injetáveis eos

antimoniais penta valentes, a base do tratamento, não podem mais ser usados no

nordeste da Índia, onde a incidência de leishmaniose visceral é maior por conta da

resistência. Os medicamentos de segunda linha tradicionais (pentamidina e anfotericina

B) são mais tóxicos e de difícil administração, assim como as novas formulações de

anfotericina B não são acessíveis em países menos desenvolvidos.

Segundo Wu e Batist (2013), a modulação dos níveis de GSH e a atividade de

enzimas relacionadas configuram-se como uma promessa em uma variedade de

contextos terapêuticos e constituem uma meta de atividade de pesquisa: o

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desenvolvimento de uma variedade de precursores ou análogos quimicamente

modificados para mimetizar vários efeitos fisiológicos ou farmacológicos da glutationa.

Considerando a capacidade do GSH para modular as várias vias de sinalização

celular, incluindo as descritas acima, as quais favorecem o hospedeiro contra o parasita,

foi utilizado a NAC (análogo da glutationa) como adjuvante no tratamento da

leishmaniose visceral. A hipótese é que o NAC irá modular a resposta imune inata e

adaptativa, com aumento do efeito leishmanicida e ativação da resposta imune

protetora.

Portanto, o presente trabalho tem por objetivo realizar ensaio clínico para

avaliar os níveis de sCD40L e demais biomarcadores de evolução clínica no tratamento

adjuvante com N-Acetilcisteína na leishmaniose visceral humana ( Ensaio clínico).

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2. REVISÃO DA LITERATURA

2.1 LEISHMANIOSE VISCERAL: CONSIDERAÇÕES GERAIS E

EPIDEMIOLOGIA

A leishmaniose visceral é uma doença causada por parasitas do complexo L.

donovani - L. infantum e transmitida aos seres humanos e outros mamíferos através de

flebótomos, maioria das infecções são assintomáticas, embora o acompanhamento

longitudinal mostre que algumas vítimas, eventualmente, desenvolvem leishmaniose

visceral clínica, sendo a desnutrição e imunossupressão, nomeadamente a infecção pelo

HIV, predisponham à doença clínica (MURRAY et al., 2005; WHO, 2010).

Considerada uma das doenças tropicais negligenciadas (DTN) (WHO, 2012), a

leishmaniose pode ser causada por cerca de 20 espécies e incluem um ciclo de vida

complexo que envolve vários artrópodes vetores e como reservatório diversos espécies

de mamíferos (READY, 2014).

Os parasitas que causam a leishmaniose são encontrados em 88 países ao redor

do mundo, principalmente na América do Sul e Central, África, Ásia e sul da Europa.

No entanto, mais de 90% das infecções potencialmente fatais ocorrem em apenas seis

países: Brasil, Etiópia, Sudão, Sudão do Sul, Índia e Bangladesh. Poucos estudos

analisaram a distribuição da leishmaniose em diferentes países, desse modo ainda não se

dispõe de um quadro completo da situação da doença em uma escala global (PIGOT et

al., 2014).

As leishmanioses são classificadas como o líder entre as DTN em termos de

mortalidade e morbidade com uma estimativa de 50.000 mortes em 2010 (LOZANO et

al., 2012) e 3,3 milhões de incapacitações, ajustados por anos de vida (MURRAY et al.,

2012).

A leishmaniose visceral corresponde a sua forma mais grave e é caracterizada

por febre, caquexia profunda, hepatoesplenomegalia, sangramentos graves e pode

evoluir para a morte se não tiver tratamento adequado.

Na América Latina, a LV é causada por Leishmania infantum (Leishmania

chagasi) (ROMERO E BOELAERT, 2010), possui como vetor os flebotomíneos do

gênero Lutzomyia (BRASIL, 2006) e o cão doméstico é o principal reservatório do

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parasita em áreas urbanas (GONTIJO e MELO, 2004; ROMERO E BOELAERT,

2010).

No Brasil desde os anos 1980, a distribuição geográfica da LV tem se expandido

com o aumento da urbanização, e a doença se espalhou para todas as regiões do país, em

contínua expansão para áreas não-endêmicas (GONTIJO e MELO, 2004; DANTAS-

TORRES e BRANDAO-FILHO, 2006; MAIA-ELKHOURY et al., 2007; WERNECK,

2010).

De acordo com Martins-Melo et al. (2014) as maiores taxas de mortalidade no

Brasil foram observadas nas menores de um ano e maiores de 70 anos residentes em

áreas endêmicas. E o maior número de casos e mortes relatadas em populações infantis

(GONTIJO e MELO, 2004; BORGES, B. K. et al., 2008; QUEIROZ, ALVES,

CORREIA, 2004) pode ser explicada pelo contato mais freqüente com animais

reservatórios e vetores em relação aos adultos, maiores taxas de deficiência nutricional,

e um estado imunológico em formação, levando à redução da imunidade específica

(BORGES, B. K. et al., 2008; QUEIROZ, ALVES, CORREIA, 2004).

A região Nordeste, principal região endêmica, apresentou as maiores taxas de

mortalidade e risco de morte com aproximadamente o dobro da média nacional. O

elevado número de casos e mortes na região reflete a vulnerabilidade ambiental e social,

favorecendo a disseminação da doença. Além disso, o forte aumento do número de

casos e mortes em outras regiões brasileiras reflete a expansão geográfica e processo de

urbanização nas últimas décadas (GONTIJO e MELO, 2004; WERNECK, 2010)

Fatores relacionados a mudanças na ocorrência de padrões geográficos como

resultado da intensa migração das populações rurais para a periferia das médias e

grandes cidades associadas à pobreza, habitação precária, ao desmatamento

descontrolado e um número crescente de cães infectados contribuíram para a expansão

do LV e aumento letalidade (WERNECK, 2010; MADALOSSO et al., 2012).

2.2 O CICLO DE VIDA DA LEISHMANIA

Os parasitas tripanosomatídeos do gênero Leishmania tem um ciclo de vida

dimórfico dividido entre a fase promastigota no vetor flebotomíneo e um estágio

amastigota em hospedeiros mamíferos. A forma promastigota é flagelada, o que lhe

confere mobilidade, além de ser extracelular e de morfologia alongada, com

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desenvolvimento e multiplicação dentro do trato alimentar da fêmea do flebotamíneo,

ocorrendo a transmissão por inoculação durante o repasto sanguíneo deste vetor nos

mamíferos (ROBERTS, 2006; SAHA et al., 2006).

O estágio promastigota flagelado é transmitido para o hospedeiro mamífero

pela picada de um mosquito infectado (gênero Phlebotomus ou Lutzomyia) durante o

repasto sanguíneo (BANULS, HIDE e PRUGNOLLE, 2007). Os neutrófilos são as

primeiras células recrutadas para o local da picada e capturam as formas promastigotas

por fagocitose. Os parasitas são então absorvidos pelas células dendríticas e os

macrófagos, ou através de fagocitose de parasitas livres ou de neutrófilos infectados

(RIBEIRO-GOMES et al., 2012).

Os macrófagos representam a principal célula hospedeira de parasitas

Leishmania. Dentro do fagolisossoma do macrófago, o aumento da temperatura e

diminuição do pH induz o promastigota a diferenciar-se na forma amastigota. As

amastigotas podem infectar outros macrófagos ou serem aspirados por flebótomos. No

intestino dos flebotomíneos, as formas amastigotas se diferenciam em pro cíclicos (não-

infecciosa) promastigotas. As formas promastigotas tornam-se maduras à medida que

migram anteriormente no intestino do mosquito, transformando-se na forma metacíclica

(infecciosa) e acumulando-se na junção do intestino médio e intestino anterior e na

probóscide, completando assim o ciclo de vida do parasita (SACKS e KAMHAWI,

2001; BANULS, HIDE e PRUGNOLLE, 2007).

2.3 DIAGNÓSTICO

A presença de sintomas como febre e disfunções hepáticas e esplênicas, comum

a outras infecções, dentre elas malária e tuberculose, possibilita a confusão no

diagnóstico dos pacientes sintomáticos de calazar. Dados epidemiológicos em conjunto

com achados clínicos e exames laboratoriais devem direcionar para a suspeita de

leishmaniose visceral. O método padrão de diagnóstico é a biópsia para o exame

parasitológico do tecido afetado, o que é feito a partir da punção em linfonodos, baço,

fígado ou medula óssea, sendo o material examinado em lâminas coradas, obtendo-se

uma taxa de positividade por volta de 80%. Ainda para o diagnóstico parasitológico

esse material colhido por punção pode ser cultivado em meios apropriados ou inoculado

em hamster (PASTORINO et al., 2002; RATH, et al., 2003; SAHA et al., 2006).

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O diagnóstico precoce como medida de controle da LV ainda não constitui uma

realidade em nosso meio. A elevada taxa de indivíduos já apresentando emagrecimento,

queda de cabelo, palidez e protrusão abdominal devida à hipertrofia do baço e do

fígado, denota o prolongado tempo decorrido entre a manifestação dos primeiros sinais

e sintomas e o diagnóstico da infecção, observando-se em alguns locais uma demora

média de 60 dias (SILVA et al., 2008).

A inerente resposta humoral do calazar vem sendo aproveitada no

desenvolvimento de exames diagnósticos mais específicos dessa infecção. Para tanto,

anticorpos contra os antígenos das formas promastigota e amastigota, assim como suas

frações e mesmo antígenos recombinantes são utilizados em testes imunológicos a

exemplo do ELISA (ensaio imunoadsorvente ligado à enzima), hemoaglutinação,

imunofluorescência indireta (IFI) e, destacando-se, o teste de aglutinação direta, que usa

diferentes antígenos, e o “strip test.”, que detecta a presença de IgG contra o antígeno

recombinante K39 (rK39) e que pode ser utilizado no diagnóstico de calazar causado

por L. donovani,L. chagasi ou L. infantum (SAHA et al., 2006).

Ainda assim, os testes sorológicos apresentam limitações como sensibilidade

inadequada, alto custo, resultado falso negativo em presença de imunodeficiência, e

reações cruzadas com outros parasitos, a exemplo de Plasmodium, Mycobacterium,

Trypanosoma e Schistosoma.Quanto ao rK39, outro fator limitante ao seu uso é a

produção de IgG anti-K39 em indivíduos saudáveis habitantes de áreas endêmicas e

também, por um longo período (em alguns casos até dois anos), nos pacientes curados

após tratamento (PASTORINO et al., 2002; ROBERTS, 2006; SAHA et al., 2006).

Mesmo a pesquisa de antígenos da leishmania usando-se a técnica PCR

(Polymerase Chain Reaction), a qual apresenta alta sensibilidade e alta especificidade,

tem sua limitação quanto ao uso em pacientes de áreas endêmicas, devido à elevada

exposição antigênica a que essas pessoas estão submetidas em tais regiões

(PASTORINO et al., 2002).

Desse modo, segundo Elmahallawy et al. (2014) a seleção do teste sorológico

adequado para o diagnóstico deve ser baseado em diferentes parâmetros como região,

custo, sensibilidade, especificidade, viabilidade, sustentabilidade e campo de

aplicabilidade, especialmente em áreas endêmicas problemáticas, pois a detecção de

respostas de anticorpos aos antígenos parasitários tem limitações inerentes ( níveis de

anticorpos séricos elevados em pacientes com LV sintomáticos e assintomáticos e com

permanência durante vários anos pós-tratamento, o que complica o diagnóstico de

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recaída). Além disso, a especificidade desses testes em áreas endêmicas é variável por

conta de certo número de indivíduos sem LV clínica que têm anticorpos, prejudicando

essa especificidade. Por sua vez a presença de co-infecção por Leishmania/HIV pode

aparecer sem os sinais clínicos típicos. Um teste sorológico ou parasitológico adicional

molecular ou outro pode ser necessário para chegar a um diagnóstico preciso, se os

resultados dos testes sorológicos são negativos.

2.4 QUADRO CLÍNICO

As manifestações clínicas da leishmaniose visceral variam amplamente, desde

a forma assintomática, até as formas oligossintomática e progressiva da doença, com

severas manifestações como febre, caquexia, hepatoesplenomegalia,

hipergamaglobulinemia, pancitopenia, anemia, hemorragias, taquicardia, e ainda, em

alguns casos, são encontradas tosse e diarréia. A desnutrição que se desenvolve com o

transcorrer da doença, além da perda de peso, leva à formação de edemas periféricos,

alterações de pele e unhas além de queda de cabelos. (GOTO; LINDOSO, 2004;

PASTORINO et al., 2002; PERUHYPE-MAGALHÃES et al., 2005).

Na doença aguda, além da disseminação do parasita pelo organismo do

paciente, migrando especialmente para o fígado, baço, linfonodos e medula óssea,

ocorre também a produção elevada de anticorpos e a diminuição da resposta imune tipo

um mediada pelas células T, com uma baixa nos níveis de IFN-γ e IL-2 em

concomitância ao aumento das IL 4e IL10. Os casos assintomáticos da LV costumam

ser encontrados em residentes de áreas endêmicas, sendo que tais indivíduos apresentam

imunidade protetora, representada pela predominância da resposta imune celular tipo

Th1 (PERUHYPE-MAGALHÃES et al., 2005).

No Sudão e na Índia, é comum após a cura os pacientes desenvolverem a

chamada leishmaniose dérmica pós-calazar, que é a forma derma trópica da LV causada

pela L. donovani, espécie encontrada na região (SAHA et al., 2006).

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2.5 RESPOSTA IMUNE, BIOMARCADORES E EVOLUÇÃO CLÍNICA NA LV

De acordo com Mccall (2012), a evolução clínica da LV resulta da interação de

fatores associados ao vetor (dose infectante, vasodilatação provocada pela picada do

flebótomo e imunidade às proteínas salivaves do flebótomo), parasita (diferentes genes

espécie-específicos, diferentes perfis de mRNA, padrões de expressão de proteínas,

modificações translacionais e outros) e hospedeiro (genética, por exemplo padrões de

expressão de citocinas, quimiocinas e receptores; condições adquiridas como

desnutrição, imunodeficiências, co-infecções).

De acordo com Badaró et al. (1986) estima-se a razão entre indivíduos com

leishmaniose visceral subclínica e sintomática em até 18:1, sugerindo que muitas

pessoas infectadas desenvolvem resposta imune eficaz e não manifestam a doença

clínica.

Segundo Pearson et al. (1992) e Gomes et al. (2007), o estado nutricional de

indivíduos infectados com Leishmania ssp. desempenha um papel significativo na

evolução clínica da LV, principalmente em crianças menores de cinco anos. A

desnutrição está associada à diminuição dos níveis de óxido nítrico (NO) e fator de

necrose tumoral alfa (TNF-α) nos órgãos viscerais, e aumento de produção

prostaglandina E2 (PGE2) (ANSTEAD et al., 2001). A inadequação dietética na

ingestão energético-protéica, de ferro, vitamina A e zinco aumenta o risco de infecção

por leishmaniose visceral e evolução para doença clinicamente manifesta (WHO, 2010).

Desse modo, a desnutrição energético-protéica aumenta o risco de desenvolver

leishmaniose visceral sintomática em humanos (DYE e WILLIAMS, 1993; MACIEL et

al., 2008; MALAFAIA, 2009).

Estudo recente de Kumar e col. (2014) mostrou que a desnutrição energético-

protéica associada à LV prejudica gravemente a mobilidade e função das células

imunitárias inatas e pode ser um fator decisivo na dinâmica da evasão L. donovani da

função das células imune inatas de indivíduos infectados.

A herança genética influencia o desenvolvimento da doença (JERÔNIMO et al.,

2007; JAMIESON et al., 2007; SAKTHIANANDESWAREN, FOOTE, HANDMAN,

2009). Em particular, o gene da proteína 1 associada à resistência natural do macrófago

(NRAMP1) desempenha um papel chave na susceptibilidade para doença visceral

(BUCHETON et al., 2003).

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Além dos fatores genéticos, características adquiridas, como AIDS (DESJEUX e

ALVAR, 2003), pré-exposição ao parasita no útero (OSORIO et al., 2012), desnutrição

(DYE e WILLIAMS, 2003; MACIEL et al., 2008) e idade (MULLER et al., 2008;

SINGH, N. et al., 2007), também podem aumentar o risco de desenvolver leishmaniose

sintomática e estão associados a uma resposta imune deficiente contra o parasita.

A leishmaniose visceral em indivíduos HIV co-infectados pode ser causada por

cepas e espécies que normalmente causam a doença cutânea (GRAMICCIA, 2003) e

está associada a manifestações de doenças atípicas, como o presença de lesões cutâneas,

assim como a parasitemia visceral (SANTOS-OLIVEIRA et al., 2011).

Em geral, essas observações indicam que uma resposta imune celular Th1 eficaz

é necessária para controlar a infecção. Esta resposta envolve a liberação de IL-12 por

células APCs, que conduz à diferenciação de células Th1. Pacientes com predomínio da

resposta imune tipo Th1, representada especialmente pela maior indução de interferon-

gama (IFN-γ), interleucinas 2 (IL-2) e 12 (IL-12) e de resposta imune celular adaptada,

mostram-se resistentes ao desenvolvimento da doença. Essa liberação de IFN-y, resulta

na ativação de macrófagos e a produção de óxido nítrico (NO) (STANLEY e

ENGWERDA, 2007).

A dicotomia de resposta imune Th1 versus Th2 provavelmente é influenciada

por padrões de citocinas presentes durante os primeiros estágios de sobrevivência da

Leishmania dentro do macrófago. Após a sua entrada no macrófago humano a

Leishmania induz sinais contrastantes: induz a síntese de TNF-α, o que conduz à

ativação de macrófagos, ou à produção de TGF-ß ou IL-10, ligada à desativação de

macrófagos e inibição de IFN-γ (BARRAL, A. et al., 1995; BARRAL-NETTO et al.,

1991).

A modulação da síntese de citocinas desempenha papel chave na elaboração da

resposta imune do hospedeiro contra a infecção por Leishmania e determina a

prevenção ou progressão da infecção. As citocinas que neutralizam o desenvolvimento

de uma resposta imune do tipo Th1 protetora e inibem a morte de Leishmania em

macrófagos incluem TGF-β e IL-10 e são tipicamente induzidas pelos próprios parasitas

(BHATTACHARJEE e BHATTACHARYA, 2010).

A expressão de IFN-γ por células Th1 atua sobre os macrófagos e por ativar o

estresse oxidativo, produz ROS (peróxido de hidrogênio ≡ H2O2, radical hidroxila livre

(OH-)·, radical superóxido (O2

-) e estimula a geração de NO (MURRAY, CARTELLI,

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1983; VERDOT et al., 1999). Portanto a produção de IFN-γ ajuda no controle da

infecção por meio da eliminação do parasita.

A IL-12 parece conferir proteção, estimulando a síntese de IFN-γ por um lado e

por supressão da IL-4 e polarização da resposta Th2, por outro. Além disso, tal efeito

protetor não é criticamente dependente da presença de IFN-γ. O efeito protetor de IL-

12 observada em camundongos susceptíveis BALB/c requer a presença de IFN-γ. Em

modelo de infecção por Leishmania em camundongos, infectados há duas semanas, a

IL-12 é eficaz em reduzir a carga parasitária do fígado em 34 a 45%, no entanto, ela foi

incapaz de reverter o padrão de secreção de citocinas de células Th2 totalmente

diferenciadas. Quanto ao fator de necrose tumoral alfa (TNF-α) é conhecido por sua

sinergia com IFN-γ durante ativação do macrófago (PARK, A. Y. et al., 2002;

BHATTACHARJEE e BHATTACHARYA, 2010) .

A IL-4 desempenha um papel importante na infecção por Leishmania e segundo

RÜCKERL et al. (2012) ela não desenvolve a cura de lesões inflamatórias no local da

infecção por L. major. Além disso, de acordo Bogdan e Nathan (1996), ela promove a

progressão da doença através da indução e polarização de células T em direção ao

subtipo Th2, e através da inibição, em vez de estimular a função dos macrófagos.

Assim, a neutralização de IL-4 por anticorpos ou por receptor solúvel de IL-4 resulta em

proteção.

A secreção de IL-10 resulta na disseminação da infecção e progressão da doença

de forma não controlada e seus efeitos diretos são a diminuição na proliferação de

linfócitos, a inibição da produção de IFN-γ e da atividade citotóxica de células

mononucleares do sangue periférico (PBMC) (BARRAL‑NETTO et al., 1998).

Início da resposta imunitária celular de hospedeiro envolve o recrutamento de

células imunitárias no local de infecção. Tal evento migratório celular é controlado por

quimiocinas, produzidas no local da infecção por leucócitos e células tissulares em

resposta ao estimulo pró-inflamatório. As quimiocinas possibilitam a montagem de uma

resposta imune protetora do hospedeiro por meio da regulação do recrutamento e

ativação subseqüente de classe distinta de leucócitos através de aderência, quimiotaxia,

degranulação e estresse oxidativo (BHATTACHARJEE e BHATTACHARYA, 2010).

Na leishmaniose as citocinas parecem apresentar sinergia com elementos da

Leishmania para regular a produção de quimiocinas. As citocinas, que estão diretamente

envolvidas com a produção de quimiocinas, também podem preceder a expressão de

algumas quimiocinas, que, por sua vez, induzem a produção de mediadores

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inflamatórios adicionais. As citocinas exercem um efeito secundário sobre o

recrutamento de leucócitos, induzindo a expressão de vários genes (FROMM et al.,

2012).

A capacidade da Leishmania de modular quimiocinas selecionadas,

estabelecendo a inibição de funções microbicidas chaves é crucial para a sua

sobrevivência inicial durante a invasão de macrófagos. Por exemplo, um dos perigos

encontrados pelo parasita ao provocar o recrutamento de macrófagos e ao ser fagocitado

por essas células é a capacidade dessas células para produzir radicais livres de

nitrogênio, notadamente o NO (LIEW et al., 1990; MOOKERJEE et al., 2006; BLOS et

al., 2003; MACMICKING, XIE, NATHAN, 1997) e oxigênio (MURRAY, 1982).

O NO é fundamental para a eliminação do parasita do interior dos macrófagos

uma vez que estudos em camundongos sem expressão da enzima iNOS (também

chamados iNOS2) não são capazes de controlar a infecção, e macrófagos derivados

desses camundongos são incapazes de eliminar promastigotas em cultura

(MOOKERJEE et al., 2006; BLOS et al., 2003; NAHREVANIAN et al., 2012).

A capacidade para induzir iNOS ou gerar NO em resposta ao IFN-γ e/ou ao LPS

foi inibida em macrófagos infectados ou macrófagos incubados com a lipofosglicana

(LPG) purificada ou glicoinositol fosfolípide (GIP), moléculas de superfície de

Leishmania (PROUDFOOT et al., 1996; PROUDFOOT, O’DONNELL, LIEW,

1995).

Em artigo recente MITTRA et al. (2013) mostrou que ROS e ferro, dependentes

de superóxido dismutase (SOD), coordenadamente regulam a diferenciação de formas

promastigotas em amastigotas virulentas, após a invasão de macrófagos.

A disfunção na apresentação de antígenos constitui uma das estratégias mais

comuns a ser utilizada por patógenos para evasão do sistema imune. A comunicação

celular através de moléculas co-estimulatórias, tais como B7/CD28 e CD40/CD40L

mostrou-se capaz de modular a apresentação de antígeno, e a inibição da ligação

CD40/CD40L foi responsável pela ausência de atividade da iNOS e da atividade

microbicida de macrófagos (KAMANAKA et al., 1996) enquanto a cura infecção por L.

major foi dependente da ligação ativa CD40/CD40L (CAMPBELL et al., 1996).

Verificou-se ainda que a sinalização dependente de p38 MAPK desencadeada por CD40

foi alterada em macrófagos infectados, e isto pode levar a uma diminuição da expressão

de iNOS (AWASTHI et al., 2003).

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Por outro lado, o CD40 expresso por macrófagos regula a resposta imune à

infecção por Leishmania major por meio de sinalização recíproca através de MAPK p38

e ERK1/2. A reciprocidade entre MAKP-1 e de MAKP-3 contribui para essa

sinalização do CD40. Além disso o parasita Leishmania é capaz de estabelecer uma

nova estratégia de evasão imune direcionada para MAKP. Desse modo a regulação

diferencial de MAKP-1 e MAKP-3 pode redirecionar a sinalização de CD40 e, assim,

regular muitas respostas imunes do hospedeiro (SRIVASTAVA, SUDAN e SAHA,

2011; MATHUR, R. K. et al., 2004).

A figura 1. ilustra esse modelo de regulação em a reticulação de CD40 em doses

mais baixas induz a ativação de ERK-1/2 e a produção de IL-10, uma citoquina que

promove a imunossupressão, enquanto que com doses mais elevadas é ativada a p38

MAPK com secreção de IL-12 e NO.

Figura 1. O modelo proposto para a regulação recíproca de

sinalização de CD40 na infecção Leishmania por MKP-1 e de

MKP-3 (SRIVASTAVA, SUDAN e SAHA, 2011).

Uma célula responde a estímulos extracelulares por alteração de sua fisiologia

através de vias de sinalização intracelular, geralmente desencadeadas por ligantes

externos, tais como citocinas e padrões moleculares associados a patógenos (PAMPs)

de Leishmania. A interação desses ligantes com receptores de membrana definidos

resultam na ativação e desencadeamento de cascatas bioquímicas, comumente por

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fosforilação e/ou mudanças de conformação molecular, resultando na ativação de

segundos mensageiros dentro do citoplasma. Esses por sua vez são muitas vezes

proteínas quinases, que, em seguida, fosforilam outros cinases, para continuar uma

cascata que, finalmente, resulta na ativação de moléculas efetoras, tais como ativadores

de transcrição ou os filamentos de actina, o que promove uma mudança no

comportamento da célula (BHATTACHARJEE e BHATTACHARYA, 2010).

Deve ser enfatizado que segundo Bhattacharjee e Bhattacharya (2010), a

atividade de uma via intracelular, é normalmente determinada por um equilíbrio de

regulação, tanto positivos como negativos e que a ativação de uma determinada cascata

de quinase, muitas vezes, resulta na ativação de suas fosfatases opostas, em um exemplo

clássico de “feedback” negativo.

De acordo com Shadab e Ali (2010) a Leishmania é capaz de interferir com a

transdução do sinal de hospedeiro, de tal forma que a função efetora de macrófagos fica

prejudicada, o que por sua vez facilita a sobrevivência do parasita.

Uma vez que as vias de sinalização intracelulares são reguladas por fosforilação

de proteína, e os níveis de fosforilação da proteína celular são controlados pelas

atividades de ambas as quinases protéicas e fosfatases (SU e KARIN, 1996; HUNTER,

1995), não é de estranhar que o parasita interfira com o processo de fosforilação de

proteínas, prejudicando o equilíbrio de quinase fosfatase, distorcendo assim a função

antimicrobiana do macrófago (OLIVIER, GREGORY, FORGET, 2005).

De fato, há inúmeras evidências na literatura de que a Leishmania afeta uma

gama diversificada de mecanismo de sinalização de células hospedeiras: vias

dependentes de Ca2+

e PKC, vias dependentes de Janus quinase 2 (JAK2)/ativador e

transdutor de sinal de transcrição (STAT1), sinalização pela família MAPKs, proteína

tirosina fosfatase (SHP-1) e receptores “Toll-like” (TLRs).

A infecção por Leishmania promove aumento da concentração de

Ca2+

intracelular de fagócitos (EILAM, EL-ON, SPIRA, 1985; OLIVIER,

BAIMBRIDGE, REINER, 1992) e esse aumento da concentração de cálcio intracelular,

parece ser resultado da absorção aumentada de Ca2+

por células infectadas, em resposta

à depleção de estoques intracelulares (MANSFIELD e OLIVIER, 2002).

Enquanto as células infectadas com L. donovani ou L. mexicana apresentaram

inibição de respostas dependentes de Ca2+

, como quimiotaxia e produção de ROS

(OLIVIER, BAIMBRIDGE, REINER, 1992; BRAY, R. S. et al., 1983). Por exemplo, a

inibição da produção de ROS também pode ser devido a uma redução significativa da

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inositol-1,4,5-trifosfato (IP3) (OLIVIER, BROWNSEY, REINER, 1992), isto pode ser

devido à ação de uma fosfatase ácida de Leishmania responsável pela desfosforilação de

IP3, ou a concentração de Ca2 + elevada poderia ativar uma série de fosfatase de IP3

como parte de uma cascata dependente de cálcio.

Como resultado, pode ser surpreendente observar uma queda na atividade da

proteína quinase C (PKC) em macrófagos infectados com L. donovani, algo que

contribui para a sobrevivência do parasita (REYLAND, 2009; SEVERN, WAKELAM,

LIEW, 1992; WARZOCHA et al., 1995). O papel da LPG de formas promastigotas

nesse processo de supressão também foi demonstrado. No entanto as formas

amastigotas que carecem de LPG também são capazes de suprimir a PKC em monócitos

humanos infectados. E isso é indicativo da disponibilidade de mecanismos alternativos

para o processo. Existem evidências de que a SHP-1 é ativada imediatamente após

infecção por Leishmania donovani e essa ativação ocorre através das vias JAKs e

MAPK (OLIVIER; GREGORY; FORGET, 205; SHIO etal., 2012).

A disfunção dos macrófagos induzida pela Leishmania, como a produção

deficiente de NO (PROUDFOOT et al., 1996) e a expressão do complexo maior de

histocompatibilidade (MHC) (REINER, N. E. et al., 1998) em resposta ao IFN-γ não

pode excluir a possibilidade de que o parasita pode alterar a sinalização JAK2/STAT1,

que é a principal via a jusante do receptor de IFN-γ.

Outra via de sinalização inibida após infecção por Leishmania é a família

MAPKs (NANDAN e REINER, 1995). Ainda de acordo com Martiny et al. (1999), as

formas amastigotas de L. amazonensis foram capazes de alterar rapidamente a

fosforilação de ERK1 MAPK em resposta a LPS (MARTINY et al., 1999). Além disso,

estudo de Nandan e Reiner (1995) mostrou que essa alteração da ERK1/2 MAPK foi

acompanhada pela inibição da expressão do fator de transcrição de Elk-1 e

protooncogenes c-fos (NANDAN e REINER, 1995). Em ambos os estudos, foi sugerido

que as fosfotirosina fosfatase (PTPs) foram responsáveis pela desfosforilação de

ERK1/2 MAPK. Embora Martiny et al. (1999) tenha achado que a PTP em questão foi

derivada do parasita, enquanto Nandan e Reiner (1995) assinalaram sua origem

endógena do macrófago.

A Leishmania também pode ativar diversas moléculas que inibem cascatas de

sinalização intracelular, por exemplo, uma importante molécula reguladora negativa, é a

SHP-1 (Fosfatase 1 com região de homologia a Src, também chamado SHPTP-1, HCP e

PTP1C), que é expressa principalmente em células hematopoiéticas, mas também em

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músculo liso (MARRERO et al., 1998) e células epiteliais (BANVILLE, STOCCO,

SHEN, 1995).

Alguns estudos têm mostrado que a atividade da PTP dos macrófagos é ativada

rapidamente, aproximadamente dentro de 5 minutos de exposição às formas

promastigotas de L. donovani, o que se correlaciona com a rápida desfosforilação de

tirosina de proteínas de elevado peso molecular. A SHP-1 é o componente mais

importante dessa ativação das PTPs. Além disso, a SHP-1 associa-se diretamente com

JAK2 durante a infecção por L. donovani, e essa interação poderia explicar, em parte, à

incapacidade de sinalização JAK2 ativada em resposta a estimulação de IFN-γ

(BLANCHETTE, J. et al., 1999).

Mais recentemente, foi relatado em Bhattacharjee e Bhattacharya (2010) que a

PTP é responsável pela inativação de JAK2 e ERK1/MAPK2 e a proteção dessas

quinases em macrófagos deficientes de SHP-1 permite que essas células respondam à

estimulação com IFN-γ por geração de NO, mesmo quando eles estão infectados.

2.6 TRATAMENTO

Há cerca de 25 compostos com efeitos leishmanicidas, mas apenas alguns são

classificados como drogas leishmanicidas utilizados para os seres humanos e a maioria

delas são parenteral. No entanto, a primeira droga efetiva foi ureastibamine, que foi

descoberto em 1912 e foi relatada pela primeira vez para ser eficaz contra Leishmania

donovani por Brahmchari da Índia em 1922. Esta descoberta salvou milhões de vidas de

índios pobres, para os quais o Prof. Brahmchari foi nomeado para o Prêmio Nobel em

1929 (site oficial do Prêmio Nobel). Mais tarde, o refinamento e desenvolvimento de

antimoniais penta valentes (Sbv) reduziram os efeitos secundários, e esses compostos

constituem a base para tratamento de todas as formas de leishmaniose. Os compostos

orgânicos mais utilizados de Sbv são antimônio gluconato de sódio (SAG) (fabricado

pela Albert-David do Reino Unido) e antimoniato de meglumina (fabricado pela Rhone-

Poulence, Paris) (SINGH et SIVAKUMAR, 2004).

No tocante ao tratamento da leishmaniose visceral têm sido usados compostos à

base de antimônio penta valente, sendo que no Brasil a primeira escolha é o antimoniato

de metilglucamina, comercializado como antimoniato de meglumina ou Glucantime®,

que age eficientemente sobre a leishmaniose, fazendo cessar as manifestações clínicas e

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hematológicas desta infecção, levando também à esterilização do parasita. Os

antimoniais são administrados via intramuscular ou intravenosa, diariamente, durante 28

dias. A Organização Mundial de Saúde (OMS) determina que a dose máxima

administrada de antimoniais não deve exceder o limite de 20 mg/kg/dia, não indo além

de 850 mg de antimônio, por causa da alta toxicidade deste medicamento. Dentre os

efeitos colaterais de tais drogas estão dores abdominais, arritmias, mialgias, pancreatites

e disfunção hepática. Na Índia, devido à crescente resistência que o parasita vem

apresentando, a taxa de cura pelo uso dos antimoniais tem declinado ao baixo índice de

35% (RATH et al., 2003; ROBERTS, 2006).

Como alternativas de quimioterapia, podem ser utilizados outros fármacos, a

exemplo da anfotericina B, pentamidina, miltefosine e paromomicina (RATH et al.,

2003). Na Europa e em países desenvolvidos, anfotericina lipossomal tem sido o

tratamento de escolha, com alta taxa de cura variando de 90 a 100%, além dos reduzidos

efeitos colaterais e da abreviação no tempo de internamento dos pacientes. Entretanto, o

custo desse agente restringe seu uso de forma abrangente. Por outro lado, alternativas

como anfotericina convencional, pentamidina e paromomicina, apesar de serem

eficazes, requerem administração parenteral e possuem significativos efeitos colaterais.

Atentando-se para o desenvolvimento de resistência, têm sido propostas

combinações de drogas para a terapia (ROBERTS, 2006). Não obstante aos grandes

avanços obtidos nos campos da biologia celular e da imunologia sobre a leishmaniose, a

quimioterapia para essa infecção ainda não atingiu evolução equivalente, tendo sido

bem discreta a contribuição da indústria farmacêutica para o desenvolvimento de novos

medicamentos (RATH et al., 2003).

2.7 LIMITAÇÕES DO TRATAMENTO

Muitos desses regimes de tratamento são prolongados (antimoniais penta valente

ou anfotericina B, cursos de injeções por até um mês, paromomicina injeções durante 21

dias, o tratamento miltefosina durante 28 dias) e com efeitos colaterais significativos,

sendo os mais graves associados ao antimônio penta valente, pentamidina e anfotericina

B. Os efeitos da pentamidina são tão graves que limitam seu uso: diabetes,

miotoxicidade e nefrotoxicidade foram relatados (WHO, 2010).

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Os antimoniais penta valentes são também muito tóxicos, levando a náuseas,

vômitos, dores musculares e articulares (WHO, 2010), além de cardiotoxicidade e dano

renal (PANDEY et al., 2009). Para anfotericina B são comuns efeitos colaterais

incluindo febre, nefrotoxicidade e raramente miocardite. No entanto, estes efeitos são

significativamente atenuados pelo uso de formulações lipídicas que só causam reações

leves. Os efeitos colaterais da paromomicina são mais leves, limitado a ototoxicidade

reversível, dor leve e raros casos de nefrotoxicidade e hepatotoxicidade. Efeitos

colaterais Miltefosina também são menores (náuseas, vômitos, diarréia), mas é um

agente teratogênico e, portanto, não é apropriado para o tratamento de mulheres

grávidas ou mulheres em idade fértil (WHO, 2010).

Os tratamentos em si são caros (a partir de 2010, US$ 7 por paciente para

paramomicina e US$ 65 para miltefosina) (WHO, 2010). Embora existam acordos de

preços preferenciais entre a Organização Mundial de Saúde e as empresas

farmacêuticas, e versões genéricas de medicamentos existentes estejam em

desenvolvimento (MATLASHEWSKI et al., 2011), os regimes de tratamento de longo

prazo estão associadas a custos adicionais para além dos próprios medicamentos, como

a alimentação, viagens, alojamento do hospital e salários perdidos.

Por exemplo, o custo global de um curso de tratamento de 30 dias com a

anfotericina B em Bihar foi estimado em US$ 372,66 a US$ 719,45 (LEE et al., 2012).

Mesmo antimônio penta valente genéricos pode custar US$ 13por paciente (JHA,

2011). Isto é significativo em uma área onde salários diários podem ser inferiores a US$

1 (ALVAR, YACTAYO e BERN, 2006).

Além dos custos e efeitos colaterais, a emergência de resistência às drogas é uma

preocupação significativa para o tratamento da leishmaniose. Espécies de Leishmania

diferentes têm diferentes susceptibilidades intrínsecas à miltefosina (YARDLEY et al.,

2005). Da mesma forma, o tratamento de AmBisome parece ser menos eficaz na África

(MATLASHEWSKI et al., 2011).

A resistência clínica adquirida às drogas é também uma grande preocupação. Por

exemplo, a resistência ao antimônio penta valente apareceu em Bihar (Índia) em 1970 e,

desde então, a falha do tratamento foi observada em mais de 60% dos pacientes de lá

(JHA, 2011), pode estar se espalhando para o Nepal (CROFT, SUNDAR e

FAIRLAMB, 2006) e tem sido relatada em Sudão (MALTEZOU, 2010). A resistência à

pentamidina tem aumentado ao longo do tempo na Índia (SUNDAR, 2001) e

suscetibilidade a miltefosina pode estar diminuindo (SUNDAR et al., 2012). Para a

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anfotericina B, a ocorrência de resistência clínica rara, também tem sido relatada

(SRIVASTAVA et al., 2011).

Finalmente, muitas drogas anti-Leishmania, como antimônio penta valente,

miltefosina e anfotericina B induzem um mecanismo comum de apoptose associada a

espécies ativas de oxigênio. Tolerância cruzada a apoptose induzida por droga foi

observada no laboratório (MOREIRA, LEPROHON e OUELLETTE, 2011) e um

aumento da resistência à anfotericina B e miltefosina foi observada em regiões com

elevada resistência aos antimoniais penta valentes (KUMAR et al., 2009).

As combinações de drogas tais como a OMS recomenda anfotericina lipossomal

mais miltefosina, anfotericina B lipossomal mais paramomicina ou miltefosina mais

paromomycin (WHO, 2010), podem limitar o aparecimento de resistência às drogas,

mas aumentaria os custos.

Regimes de dose única de anfotericina B na Índia podem aumentar a adesão ao

tratamento, diminuir os custos e diminuir riscos de resistência (SUNDAR;

CHATTERJEE, 2006). No entanto, dadas as limitações dos tratamentos existentes, a

gravidade da doença, bem como o risco de resistência à droga, é necessária a

identificação de novas opções terapêuticas. Uma melhor compreensão das vias de

sinalização celular que modulam a doença visceral pode conduzir à descoberta de novos

fatores de patogenicidade, que pode ser usado para desenvolver novos alvos

terapêuticos, inclusive a utilização de agentes adjuvantes de tratamento.

2.7 TRATAMENTO ADJUVANTE: GLUTATIONA E ANÁLOGOS

A glutationa (GSH) é um tripeptídeo (L-γ-Glutamil-L-cisteinil-glicina) com

várias funções essenciais dentro da célula (BALLATORI, 1994; DELEVE E

KAPLOWITZ, 1991; WANG E BALLATORI, 1998; MEISTER E ANDERSON,

1983). Nota-se a ligação γ-peptídica pouco usual, a presença da porção γ-glutamil e do

grupo α-carboxilato livre prevenindo a hidrólise da GSH pelas peptidases celulares que

degradam outros peptídeos pequenos (Figura 02).

É mais abundante tiol não protéico em quase todas espécies aeróbias, que ocorre

em concentrações intracelulares de 0.5 a 10 mM (LU, 2013). Em contraste, as

concentrações de GSH extracelulares são geralmente 3-4 ordens de grandeza inferior.

Em condições fisiológicas, a GSSG redutase mantém mais do que 98% do GSH

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intracelular na forma reduzida, forma de tiol (GSH). O resto está presente na célula

como mistura de dissulfuretos (principalmente GM-S-proteina), como o dissulfureto

(forma oxidada: GSSG), e como tioéteres.

Figura 02 - Glutationa: γ-L-glutamil-L-

cisteinilglicina. Adaptada de Huber e

Almeida (2008).

Para que a atividade protetora da glutationa expressa pela redução de espécies

oxidantes, e conseqüente oxidação da GSH à glutationa dissulfeto (GSSG) seja mantida,

a GSH precisa ser regenerada através do ciclo catalítico, representado na Figura 4. Nele

podemos identificar a atividade de três grupos de enzimas: a glutationa oxidase (GO), a

glutationa peroxidase (GSH-Px) e a glutationa redutase (GR). As duas primeiras

enzimas, GO e GSHPx, catalisam a oxidação de GSH à GSSG e a última, GR, é

responsável pela regeneração de GSH, a partir de GSSG, na presença de NADPH

(Figura 03).

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Figura 03 - Representação esquemática do ciclo catalítico da glutationa. Fonte: Adaptada de Huber e Almeida (2008).

Estudos em humanos e animais indicam que, entre outras funções, a glutatinona

atua na regulação de diversos eventos celulares, dentre os quais a resposta imune e a

produção de citocinas, também sendo observado que tal substância desempenha papel

essencial para a ativação dos linfócitos T, assim como para a proliferação dos leucócitos

polimorfonucleares, fatos esses que contribuem para o desenvolvimento de uma

resposta imunológica mais eficiente, estando na adequada nutrição protéica a fonte para

a manutenção da homeostase da GSH. Em estados como estresse oxidativo, má nutrição

protéica e várias condições patológicas a concentração celular de GSH mostra-se

marcadamente diminuída (WU et al., 2004).

Por outro lado, aumentando-se o fornecimento dos precursores do GSH, seja por

via oral ou por via intravenosa, aumenta a sua síntese, além de prevenir a carência da

sua formação em diversos estados nutricionais e patológicos, tanto no organismo animal

quanto no humano (TOWNSEND, TEW E TAPIERO, 2003).

Os esforços para aumentar os níveis de GSH celular pela administração direta

apresentam limitações face pela solubilidade, absorção e estabilidade (CHEN,

CARYSTINSO E BATIST, 1998). Isso resultou em um esforço significativo para

identificar análogos ou precursores de GSH, ou para gerar moléculas capazes de

mimetizar a capacidade de reduzir os efeitos de radicais e de peroxidação relacionadas

com os radicais de oxigênio reduzido sobre as células.

O GSH é essencial para a vida celular, sua falta ou escassez acomete não

somente a conservação e a sobrevida do organismo, mas também o sistema

imunológico, diminuindo a capacidade de lutar contra a agressão viral e bacteriana.

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Uma das formas de recompor os estoques de GSH consiste em recorrer à NAC, uma

precursora indispensável de sua síntese, agindo através da estimulação da glutationa

reduzida, por sua propriedade de ligação direta com as várias espécies de radicais livres

de oxigênio (SARAIVA, 1997).

O GSH foi reportado como capaz de alterar a liberação de citocinas em favor de

uma resposta TH1(VENKETARAMAN et al., 2006).

Em estudo recente Utsugi et al., (2002) sugerem que a produção de IL-12

induzida por LPS, a partir de monócitos humanos é regulada pela ação redox da

glutationa, especificamente a razão GSH/GSSG intracelular, durante a ativação da p38

MAP quinase e que o "priming" de monócitos produtores de IFN-γ produz um aumento

intracelular de GSH/GSSG, que provavelmente aumenta a ativação da p38 MAP

quinase induzida por LPS e de IL-12. Portanto, a noção de que o equilíbrio redox da

glutationa de APCs, por exemplo, monócitos, macrófagos e células dendríticas, regula o

equilíbrio entre as respostas do tipo Th1 e Th2 através da produção de IL-12 e pode não

só ajudar a explicar as diferenças em doenças tipo "Th1" e "Th2", mas também

proporcionar uma opção terapêutica para alterar o equilíbrio de Th1-Th2 em doenças

alérgicas e auto-imunes, bem como em outras condições.

A proposta de mecanismo pelo qual os perfis de citocinas são alteradas é devido

ao GSH esgotando os níveis dos ROS, este esgotamento leva ao fator nuclear

kappa B (NF-kB) ficar seqüestrado pelo FATOR INIBIDOR Kappa B (I Kb) no

citoplasma. O NF-kB tem sido sugerido como um fator de transcrição para citocinas IL-

1, IL-6 e TNF-α (GARG et al., 2011; VERHASSELT et al., 1999; BERNAL-

FERNANDEZ et al., 2010).

Em experimento realizado por Rocha-Vieira et al., (2003), os resultados obtidos

com a administração via oral do NAC aos camundongos da linhagem BALB/c,

infectados com a Leishmania major e com graves lesões cutâneas mostraram o efeito

modulador imunológico da glutationa sobre essa infecção, atuando na melhoria

histopatológica das lesões e também na resposta celular. Além disso, observou-se um

aumento na produção da IL-4, do IFN-γ e do TNF-α, tendo assim o NAC se mostrado

como um imunomodulador, provocando alterações na produção das citocinas do

microambiente de forma a possibilitar maior controle da proliferação parasitária e ainda

reprimindo o avanço da doença.

Diante dessas observações, faz-se notar o potencial papel de coadjuvante que o

NAC pode desempenhar no tratamento da leishmaniose em seres humanos (ROCHA-

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VIEIRA et al., 2003). Leva-se em consideração ainda que o NAC mostrou-se seguro

quando administrado em seres humanos durante o tratamento de doenças crônicas

inflamatórias, bem como tem sido mínima sua interação com outras drogas

(TIROUVANZAM et al., 2006).

Em estudo experimental, Vieira et al., (2003) administraram NAC em

camundongos da espécie BALB/c infectados por Leishmania major. Foi observada uma

significativa diminuição na progressão das lesões, em nível histopatológico e uma

redução da carga parasitária nas cobaias tratadas com NAC. A modulação

histopatológica foi acompanhada por uma modificação no padrão de citocinas

linfocitárias, demonstrada pelo aumento nas produções de interferon-gama (IFN-γ) e

fator de necrose tumoral-alfa (TNF-α). Este trabalho apontou para o importante papel da

glutationa na modulação da resposta efetiva contra L. major em camundongos BALB/c.

O NAC é um derivado N-acetílico da cisteína, aminoácido não essencial

presente nas proteínas animais, incluindo a glutationa, sendo o maior componente dos

tecidos epiteliais tais como: unhas, cabelos e pêlos. Industrialmente pode ser fabricada

utilizando as proteínas contidas nas penas, cabelos e peles de vários animais (ZIMENT,

1989).

A glutationa tem sua biossíntese ativada pela NAC que, ao ser desacetilada, dá

origem à cisteína, aminoácido indispensável para a síntese da glutationa reduzida (GSH)

(MOLDEUS, COTGREAVE E BERGGREN, 1986). É um dos mais importantes

compostos com ação desintoxicante e citoprotetora do organismo contra vários agentes

xenobióticos (WILLIAMSOM, 1982).

Monteiro et al., (2008) avaliou os efeitos da NAC, como suplemento GSH, no

curso da infecção por Leishmania amazonensis em camundongos BALB/c sensíveis. O

tratamento com NAC (200 mg/kg/dia) mostrou-se eficaz em aumentar os níveis de GSH

nos linfonodos e baço. Este tratamento causou uma diminuição significativa no número

de parasitos retirados das lesões e drenados dos linfonodos. Tais dados sugerem que a

morte intracelular das leishmanias in vivo foi aumentada com a elevação dos níveis de

GSH através da administração de NAC.

Estudo de Utsugi e cols. (2002) sugere que a produção de IL-12, induzida por

LPS, a partir de monócitos humanos é regulada pelo redox da glutationa,

especificamente a razão GSH/GSSG intracelular, durante a mediação de p38 MAP

quinase e que IFN-γ oriundos de monócitos conduz a um aumento intracelular de

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39

GSH/GSSG, que provavelmente aumenta produção de IL-12 induzida por LPS via p38

MAP quinase. E a IL-12 é uma citocina chave que diferencia a partir de Th0 para Th1.

A depleção de glutationa aumenta os marcadores de estresse oxidativo,

incluindo hemeoxigenase (HO-1) que é uma enzima chave desencadeada por estresse

celular. Os pacientes com LV apresentam concentrações sistêmicas mais elevadas de

HO-1 do que os indivíduos saudáveis, e este aumento de HO-1 foi reduzido após o

tratamento leishmanicida, sugerindo que a HO-1 também está associada com a

susceptibilidade à doença. A infecção por L. chagasi ou lipofosfoglicano (LPG), isolado

a partir de promastigotas, desencadeia a produção de HO-1 em macrófagos de

camundongos (LUZ et al., 2012).

A expressão de HO-1 é induzida por vários estímulos e envolve várias vias de

sinalização celular. O gene que codifica a HO-1,o Hmox1, é fortemente induzido

por agentes ou condições que aumentam o estresse oxidativo (IMMENSCHUH e

RAMADORI, 2000; WAGENER et al., 2003). A expressão de HO-1 é regulada a nível

transcricional e pode ser induzida por estímulos tais como: metais pesados,

lipossacarídeosde bactérias, hipóxia, hiperóxia, isquemia, radiação UV, H2O2,

citocinas, óxido nítrico e o seu próprio substrato, o heme (IMMENSCHUH;

RAMADORI, 2000; OTTERBEIN e CHOI, 2000).

Supostamente, qualquer forma de heme livre ou heme-proteína pode agir na

reação de Fenton e catalisar a geração de OH- (RYTER et TYRRELL, 2000). Porto e

cols. (2007) propuseram que o heme pode estimular a migração de neutrófilos, além da

geração de ROS através da ativação de um receptor acoplado à proteína Gα,

amplificando assim a resposta inflamatória. Mais recentemente, autores do mesmo

grupo demonstraram que o heme aumenta a letalidade e secreção de citocinas induzida

pelo LPS, assim como agonistas para receptores do sistema imune inato (FERNANDEZ

et al., 2010).

Tem sido mostrado que a ativação da proteína quinase ativada por mitógeno

(MAPKs) desempenha um papel central na indução da expressão gênica de HO-1

(COULTHARD et al., 2009; KYRIAKIS e AVRUCH, 2001). A comunicação

intracelular entre receptores de membrana e os seus alvos nucleares ou citoplasmáticos

após estimulação é mediada por um número limitado de vias de sinalização, incluindo

cascatas de um grupo de MAPK. Este grupo inclui quatro cascatas distintas, que são

nomeados após a sua componente estágio MAPK: 1)-por sinal extracelular regulado

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quinase 1 e 2 (ERK1 / 2); 2) c-Jun N-terminal quinase 1 a 3 (JNK1-3); 3) p38 MAPK e

4) ERK5 (Big MAPK) (WORTZEL e SEGER, 2011).

Acumulam-se evidências que muitos indutores da HO-1 ativam a cascatas de

sinalização proteína-dependente de fosforilação e convergem para os fatores de

transcrição que regulam o gene da HO-1 (RYTER et AL., 2006) e estudos recentes tem

mostrado o papel importante para as MAPKs na ativação da HO-1, embora outras

quinases, incluindo tirosina quinases, fosfatidilinositol 3-quinase (PI3K) e proteína

quinases A, G, C também surgiram como potenciais mecanismos de contribuição

(ELBIRT e BONKOVSKY, 1999; IMMENSCHUH e RAMADORI, 2000).

Segundo Bhardwaj e col. (2010), a Leishmania modula a responsividade de

receptores em macrófagos: proteínas co-estimuladoras CD40/sCD40L (proteína CD40 e

seu ligante solúvel sCD40L), as MAPKs, receptores Toll-Like (TLRs), receptores de

interferon gama (IFN-γ) e receptor de interleucina 10 (IL-10). Dessa forma, o parasita

interfere com o sistema de sinalização da célula de tal modo que as funções efetoras

desencadeadas por vários receptores de superfície celular ou são ativamente reprimidas

ou são alteradas para provocar uma resposta imune favorável à sobrevivência do

parasita (BHARDWAJ et al., 2010).

Estudos de Kamanaka e col. (1996) mostram como a comunicação celular

através de moléculas co-estimuladoras, tais como B7/CD28 e CD40/sCD40L, foi capaz

de modular a apresentação de antígeno, e sugerem ainda que a inibição da ligação

CD40/sCD40L foi responsável pela ausência da enzima óxido nítrico sintase (iNOS) e

atividade microbicida do macrófago. Segundo Campbell e col. (1996), a cura da

infecção por L. major depende da ativação da ligação CD40/sCD40L. Verificou-se

ainda que a sinalização dependente de MPK p38 desencadeada pela interação com o

receptor CD40 foi alterada em macrófagos infectados, podendo levar a uma diminuição

da expressão de iNOS (AWASTHI e al., 2003).

As citocinas são os principais orquestradores no processo de defesa celular, com

papel central na modulação da resposta imune do hospedeiro contra a infecção por

Leishmania, e determinam a prevenção ou progressão da infecção de acordo com

Bhattacharjee e Bhattacharya (2010). Desse modo, o estudo da evolução dos níveis

desses biomarcadores ao longo do tratamento é importante para monitorizar o sucesso

terapêutico e predizer a evolução favorável da LV (OLIVEIRA et al., 2013).

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A interação entre a molécula CD40 e seu ligante desencadeia respostas

específicas nas células onde esta ocorre, sendo comum exibirem a capacidade de ativar

uma sinalização pró-inflamatória (VAN KOOTEN e BANCHEREAU, 2000).

Embora o CD40 não tenha atividade de quinase, sua ligação leva à ativação de

várias quinases e à produção de segundos mensageiros. Após a ligação, sua porção

intracitoplasmática interage com os fatores associados ao receptor TNF (TRAFs),

desencadeando, a partir daí, cascatas de sinalização que culminam com a ativação da

transcrição gênica (VAN KOOTEN e BANCHEREAU, 2000; SCHOBECK e LIBBY,

2001). Desse modo, os sinais provenientes da ativação do CD40 são traduzidos na

ativação de fatores de transcrição que promovem a ativação de genes específicos. O

mais importante fator de transcrição ativado parece ser o NF-κB, embora também

ocorra à ativação dos fatores AP1, NF-AT e STAT-6 (VAN KOOTEN e

BANCHEREAU, 2000). Entretanto a participação de cada um desses fatores in vivo

ainda não está clara.

Os mecanismos controladores da desativação da via de sinalização do

CD40/CD40L ainda não estão totalmente esclarecidos. A inativação e degradação dos

TRAFs parecem ser parte desse controle, embora não esteja clara sua ocorrência in vivo

e em situações patológicas (FERRARI e PLEBANI, 2002). Essa família de proteínas

forma diferentes oligômeros, que através de interações proteína-proteína, ativam as

diferentes cascatas de sinalização, como por exemplo, as vias da tirosina quinases

JAK3, syk, lyn, IP3 e fosfolipase (VAN KOOTEN e BANCHEREAU, 2000). Os

resultados mostrando ativação de serina-treonina quinases (JNK/SPAK, p38 MAPK)

ainda são controversos e não confirmados, devido, provavelmente, ao uso de diferentes

modelos celulares em seu estudo (BISHOP e HOSTAGER, 2001).

A terapêutica atual para leishmaniose visceral está longe de ser a ideal em

função de muitos desses regimes de tratamentos serem longos e associados a efeitos

colaterais significativos. Os dois problemas mais importantes na concepção de um

antiparasitário estão em definir o alvo terapêutico e desenvolvimento de resistência aos

medicamentos pelo parasita. Desse modo a busca de novas opções terapêuticas além de

avaliação da eficácia de terapêutica adjuvante é muito importante, principalmente a

utilização de drogas que possam interagir em mecanismos celulares desfavorável ao

parasita.

Considerando a capacidade da glutationa de modular várias vias de sinalização,

incluindo as descritas acima, as quais favorecem o hospedeiro contra o parasita, foi

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utilizado a N-acetilcisteína (análogo da glutationa) como adjuvante no tratamento da

leishmaniose visceral. A hipótese a ser testada: A N-acetilcisteína é capaz de modular a

resposta imune inata e adaptativa, com aumento do efeito leishmanicida e ativação da

resposta imune protetora.

Portanto, o presente trabalho tem por objetivo avaliar sCD40L e demais

biomarcadores de evolução clínica no tratamento adjuvante com N-acetilcisteína na

leishmaniose visceral humana (Ensaio clínico). Avaliar biomarcadores imunológicos

antes e após o tratamento de pacientes com leishmaniose visceral. Avaliar o papel da

hemeoxigenase na evolução clínica de pacientes com leishmaniose visceral.

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3 OBJETIVOS

• GERAL

Avaliar os níveis de sCD40L e demais biomarcadores de evolução clínica no

tratamento adjuvante com N-acetilcisteína da leishmaniose visceral humana.

Hipótese: A N-acetilcisteína possui um efeito na modulação da resposta imune

inata e adaptativa, com aumento do efeito leishmanicida e ativação da resposta imune

protetora.

3.2 ESPECÍFICOS

Avaliar biomarcadores imunológicos antes e após o tratamento de pacientes com

leishmaniose visceral (Artigo 1).

Artigo 1: Alteration of the serum biomarker profiles of visceral leishmaniasis during

treatment. Duthie MS1, Guderian J, Vallur A, Bhatia A, Lima dos Santos P, Vieira de

Melo E, Ribeiro de Jesus A, Todt M, Mondal D, Almeida R, Reed SG. Eur J Clin

Microbiol Infect Dis. 2014 Apr;33(4):639-49. doi: 10.1007/s10096-013-1999-1. Epub

2013 Oct 31.

Avaliar o papel da hemeoxigenase na evolução clínica de pacientes com leishmaniose

visceral (Artigo 2).

Artigo 2: Heme Oxygenase-1 Promotes the Persistence of Leishmania Chagasi

Infection. Nívea F. Luz, Bruno B. Andrade, Daniel F. Feijó, Théo Araújo-Santos,

Graziele Q. Carvalho, Daniela Andrade, Daniel R. Abánades, Enaldo V. Melo, Angela

M. Silva, Cláudia I. Brodskyn, Manoel Barral-Netto, Aldina Barral, Rodrigo P. Soares,

Roque P. Almeida, Marcelo T. Bozza, and Valéria M. Borges. J Immunol. 2012 May

1;188(9):4460-7. doi: 10.4049/jimmunol.1103072. Epub 2012 Mar 28.

Avaliar os níveis de sCD40L e demais biomarcadores de evolução clínica no tratamento

adjuvante com n-acetilcisteína na leishmaniose visceral humana ( Ensaio clínico).

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Objetivo 1: 1º Artigo publicado

“Alteration of the serum biomarker profiles of

visceral leishmaniasis during treatment”

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Objetivo 2: 2º Artigo publicado

“Heme oxygenase-1 promotes the persistence of

Leishmania chagasi infection”

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4 PACIENTES E MÉTODOS

Desenho do estudo

Trata-se de um estudo de intervenção, tipo ensaio clínico, cego e aleatorizado.

Área do estudo

Anualmente, em média, 50 casos de LV são notificados no Estado de Sergipe e

muitos destes casos são atendidos no Hospital Universitário (HU) da Universidade

Federal de Sergipe (UFS). Faz parte da estrutura do HU, uma enfermaria de Pediatria

com 20 leitos e outra de Doenças Infecciosas. Professores, médicos, residentes e

estudantes de Medicina fazem parte do seu corpo clínico.

Durante o período desse estudo foram incluídos na pesquisa 60 pacientes diagnosticados

com LV.

Definição diagnóstica

O diagnóstico clínico de LV foi caracterizado no paciente com febre e

hepatoesplenomegalia, com ou sem diarréia, epistaxe, icterícia, tosse e sinais e sintomas

de anemia. No hemograma e na bioquímica com: anemia, leucopenia, plaquetopenia,

hipoalbuminemia e hiperglobulinemia. O diagnóstico confirmatório foi realizado

através de sorologia positiva para L. chagasi pelo teste rápido rk39 e/ou

cultura positiva para o parasito obtido de biópsia aspirativa de medula óssea.

Seleção dos pacientes

Foram incluídos todos os pacientes com diagnóstico de LV, que atendiam aos

critérios de inclusão e distribuídos em um dos dois grupos (controle ou teste), seguindo

a tabela de aleatorização. Todos receberam o tratamento padrão preconizado pelo

Ministério da Saúde. Os critérios de exclusão do estudo foram: outras doenças

associadas agudas ou crônicas, uso de imunossupressores, AIDS, gravidez, neutropenia

grave, história de alergia ao NAC e/ou ao antimonial pentavalente ou anfotericina B.

No período do estudo, 64 pacientes receberam o diagnóstico de LV no HU-UFS,

destes, 4 apresentaram pelo menos um dos critérios de exclusão. Participaram do estudo

60 pacientes, sendo 30 alocados no grupo teste (G1≡ SbV + NAC) e 30 no grupo

controle (G2≡ SbV).

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Sessenta pacientes, com idades entre dois e 50 anos, virgens de tratamento e com

diagnóstico de LV, foram incluídos. Oito pacientes foram excluídos, por apresentarem

algum dos critérios de exclusão; 1 apresentava sorologia anti-HIV positiva, 2

neutropenia grave, 1 esquistossomose, 1 alterações eletrocardiográficas que contra-

indicavam o uso de Glucantime®, 2 idade inferior a 2 anos e 1 idade superior a 50 anos.

Um pediatra e um infectologista ficaram responsáveis pela avaliação da evolução

clínica dos pacientes e pela coleta de dados quanto aos efeitos adversos e exames

laboratoriais. Estes médicos, não tinham conhecimento da aleatorização previamente

realizada.

Tratamento e seguimento

No Brasil, a única formulação de antimonial disponível é o antimoniato N-metil

glucamina (Glucantime®

), que vem sendo distribuída pelo Ministério da Saúde em

ampolas de 5 ml, contendo 405mg de Sb+5

(1 ml = 81mg de Sb+5

). Recomenda-se o

tratamento da LV com a dose de 20mg de Sb+5

kg/dia, com aplicação endovenosa ou

intramuscular, por no mínimo 20 e no máximo 40 dias, com bons índices de cura.

Os pacientes receberam os seguintes tratamentos:

• Grupo 1: controle (n=30): Glucantime®, com dose e tempo padrões –

20mg/kg/dia, IV, por 20 dias.

• Grupo 2, glutationa como adjuvante: teste (n=30): Glucantime®

, com dose e

tempo padrões – 20mg/kg/dia, IV, por 20 dias + NAC 600mg, VO, 3x ao dia,

por 20 dias.

A NAC é disponibilizada comercialmente no Brasil e foi utilizada conforme

orientação do fabricante. O tratamento com antimonial foi fornecido por um

farmacêutico e realizado por um técnico de enfermagem com treinamento para o

procedimento.

Os pacientes foram tratados em regime de internação hospitalar, que é a rotina

para o tratamento de LV no HU - UFS, facilitando a observação clínica e de possíveis

efeitos adversos ao tratamento.

Todos os pacientes arrolados no estudo foram acompanhados por um período de

12 meses. Avaliações clínico-laboratoriais rigorosas foram realizadas antes, com 10, 20

e 28 dias do tratamento e com 6 meses após, para avaliar recidiva ou cura da doença.

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Procedimentos realizados antes da entrada dos pacientes no estudo

Todos os pacientes com o diagnóstico de LV do HU-UFS foram avaliados para

inclusão neste projeto. Eles receberam uma explicação verbal sobre o projeto, os

procedimentos a que seriam submetidos e foram convidados a participar, sendo

solicitada a assinatura de um termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE) por

escrito confirmando sua participação. Foram realizados uma avaliação clínico-

epidemiológica e um exame físico com descrição dos aspectos clínicos da doença

apresentada, em todos os pacientes. O critério de inclusão era ter o diagnóstico

confirmado da doença e, não ter outra doença ou condição clínica (gestação) que

interferisse na forma clínica da doença ou na sua gravidade. Exames laboratoriais foram

realizados para confirmar o diagnóstico e para acompanhamento durante o tratamento.

Todos os pacientes foram submetidos a eletrocardiograma antes do início do

tratamento, para identificação de alterações cardíacas que pudessem contra-indicar o

uso do antimonial.

Procedimentos realizados durante o tratamento

Para obtenção do soro, sangue periférico dos pacientes tratados e não tratados

com NAC, foi coletado em tubo sem anticoagulante e com gel separador. Após

coagulação, as amostras foram centrifugadas por 10 minutos a 13000 rpm em

temperatura ambiente. O soro obtido foi armazenado a -70° C para dosagem das

biomarcadores. As coletas foram realizadas antes do tratamento (D0) e com 15 (D15) e

28 (D28) dias após seu início.

Antes do início do tratamento e nos dias, 10, 20 e 28 subseqüentes, os pacientes

foram submetidos a exames físicos e laboratoriais. Dentre estes: hemograma,

coagulograma, proteínas: total e frações, aspartato aminotransferase (AST), alanina

aminotransferase (ALT), fosfatase alcalina (FA), gama-GT (GGT), amilase, uréia e

creatinina, séricos.

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Critérios de cura

A cura foi definida no paciente com redução substancial do baço e fígado,

ausência de febre por mais de 15 dias após o tratamento, ganho de peso e melhora

significativa da leucopenia e anemia.

Dosagem citocinas

A quantificação dos níveis séricos das citocinas IFN-γ, TNF-α, IL-10, IL-12p40,

IL-12p70 e sCD40L foi possível com uso do analisador LUMINEX, cujo sistema

baseia-se na dosagem simultânea de diversos analitos num único poço de reação em

microplaca.

Anticorpos de captura específicos para cada molécula pesquisada estão

imobilizados em microesferas de poliestireno através de ligações covalentes não

reversíveis, e se ligam ao respectivo analito, dando-se então a detecção por um

marcador fluorescente, a Estreptavidina-Ficoeritrina (EF) ligada ao anticorpo de

detecção. No aparelho Luminex então, tais esferas são movimentadas em uma única fila

passando por feixes de dois lasers diferentes num citômetro de fluxo, para que um faça a

classificação da microesfera de acordo com a sua cor, enquanto o outro quantifica o

sinal gerado por cada uma delas.

Análise estatística

Inicialmente procedeu-se a uma análise exploratória dos dados onde as variáveis

categóricas foram expressas em termos de freqüência simples e percentuais enquanto as

quantitativas, por meio médias e desvios padrões ou medianas e quartis ou percentis e

respectivos intervalos de confiança para 95% (IC 95%) quando adequados.

Para a estimativa dos IC 95% foi utilizada a técnica de “bootstrapp”. Trata-se de

um método estatístico de simulação em que se trabalha com a distribuição real dos

dados sem a premissa de utilizar-se uma distribuição de variável padrão. Assumiu-se

para estimativa de IC 95% reamostragens com reposição de tamanho N=1.000.

Para comparação de diferenças e distribuição entre médias ou medianas entre

grupos, foram empregados os testes t de Student e Mann-Whitney, respectivamente,

utilizando-se ainda a metodologia de “bootstrapp”.

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Para avaliar a variação das variáveis ao longo do tempo utilizou-se o teste de de

Wilcoxon para dados pareados.

Para avaliar a relação entres as variáveis clínicas, os níveis de citocinas e

SCD40L foi utilizado a correlação de Spearman. Para a comparação entre os grupos

utilizou-se a técnica análise de variância com variável dependente o “rank” para os

níveis de biomarcadores e no tempo 15 ou 28 dias, o grupo como fator aleatório,

ajustados para idade, gênero e valores iniciais no tempo zero, utilizando-se da técnica de

“bootstrapp” para estimação.

Um valor de significância p ≤ 0.05 e um poder de 0,80 foram considerados para

significância estatística. Estas análises foram feitas utilizando o programa SPSS, versão

21 para teste.

Considerações éticas

O protocolo da pesquisa-objeto deste estudo foi submetido ao Comitê de Ética

em Pesquisa do Hospital Universitário da Universidade Federal de Sergipe (HU),

obtendo sua aprovação por seguir as instruções da resolução 196⁄96. Protocolo SISNEP

0022.0.107.000-08.

Consentimento livre e esclarecido

Todos os indivíduos da amostra selecionada receberam uma explicação verbal

sobre o projeto e os procedimentos aos quais seriam submetidos e foram convidados a

participar do estudo, sendo solicitada a assinatura de um Termo de Consentimento Livre

e Esclarecido (TCLE) por escrito pelos pacientes ou responsáveis em caso de menores

de 18 anos, confirmando suas participações.

Contribuições do projeto

Em relação às contribuições para os sujeitos da pesquisa, o projeto esclareceu

dúvidas sobre o os fatores de risco e medidas de proteção no que se refere à prevenção

do calazar.

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Riscos e cuidados instituídos

O presente estudo não traz nenhum grande risco para os sujeitos da pesquisa,

além de pequeno incomodo decorrente do preenchimento de cadastros, questionário e

punção sanguínea. Procedimentos simples largamente utilizados na atenção aos

pacientes.

Quanto à confidencialidade dos dados, estão guardados com segurança os

arquivos físicos (questionários e TCLE) e eletrônicos do projeto (Banco de dados e

resultados brutos). O único documento que contem a identificação do paciente é o

TCLE, o qual está estocado em local separado dos outros documentos. O questionário e

o banco de dados contêm um código do indivíduo apenas. Assim, nenhum dado clínico,

laboratorial do banco de dados poderá ser associado ao sujeito da pesquisa.

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5.1 RESULTADOS DO ENSAIO CLÍNICO

5.1 CARACTERIZAÇÃO BASAL DO GRUPO ESTUDO E CONTROLE

Ao analisar as características de cada grupo antes do tratamento, foram

evidenciadas semelhanças quanto às variáveis idade e gênero. A média de idade foi de

12,5 ± 11,1 anos no grupo estudo (SbV + NAC) e de 13,2 ± 12,8 anos no, controle(Sb

V),

(p=0,81). Não se observou diferença (p=0,60) na freqüência de menores de cinco anos

entre os grupos. Em relação às características clínicas, a média da medida de baço foi

maior no grupo estudo, com um diferença média de 2,4 ± 1,4 cm, porém tal diferença

não atingiu significância estatística (p=0,09). Enquanto as medidas de fígado foram

semelhantes nos dois grupos (p=0,55).

Quanto ao leucograma notadamente glóbulos brancos, neutrófilos, linfócitos, e

plaquetas apresentaram uma média de valores menores no grupo teste em relação ao

controle, no entanto sem diferença estatística.Quanto aos eosinófilos apresentaram uma

distribuição semelhante entre os grupos (0,91). Do mesmo modo a média dos níveis

séricos de uréia, creatinina e amilase não apresentaram diferença significativa entre os

grupos estudados.

A análise dos níveis séricos de transaminases que expressam a agressão ao

hepatócito e colangiócito, mostrou uma mediana de valores menor no grupo estudo,

porém a distribuição de valores foi semelhante (Tabela 1).

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Tabela 1 - Características clínicas e laboratoriais de pacientes com diagnóstico de

leishmaniose visceral segundo o tratamento com SbV + NAC e SbV no tempo zero.

VARIÁVEL G1 ≡ SbV + NAC(N=30) G2 ≡ SbV(N=30) p

Idade (Anos) 7,5(3,0;22,3) 9,5(3,8;18,5) 0,94

Média 12,5± 11,1 13,2± 12,8 0,81

Variação 2-38 2-46 -

≤ 5 anos. Nº (%) 13(43,3) 11(36,7) 0,60

Sexo masculino Nº (%) 16(53,3) 19(63,3) 0,43

Fígado (cm abaixo da RCD) 5,3± 3,6 5,4± 3,2 0,89

Baço (cm abaixo da RCD) 10,5± 4,7 8,1± 4,5 0,09

Hemoglobina-g/dl 8,9± 1,7 8,7± 1,3 0,55

Glóbulos brancos (/mm3) 2.684± 1.076 3.167± 1.585 0,17

Neutrófilos (/mm3) 861± 491 1062± 754 0,23

Linfócitos (/mm3) 1.387± 789 1.632± 966 0,29

Eosinófilos (/mm3) 14(1;34) 14(2;38) 0,91

Plaquetas (/mm3) 169.700± 62.652 174.273± 64.840 0,74

Creatinina-mg/dl 0,54± 0,23 0,62± 0,27 0,19

Uréia-UI/dl 21,7± 6,8 24,4± 10,9 0,26

TGO-UI/dl 51,0(37,0;71,1) 70,5(59,5;107,5) 0,13

TGP-UI/dl 32,0(23,0;65,0) 42,5(27,8;89,0) 0,23

GGT-UI/dl 35,0(16,0;109,0) 106,0(22,8;152,3) 0,08

Amilase-UI/dl 53,9± 52,9 60,1± 27,1 0,60

Valores expressos em termos de média ± desvio padrão, demais registros no formato de

mediana (quartil1; quartil3). Teste t para dados independentes.

p= nível de significância.

5.2 RESPOSTA CLÍNICA E LABORATORIAL AO TRATAMENTO E

COMPARAÇÃO ENTRE OS GRUPOS

Ao final do tratamento os grupos apresentaram-se homogêneos com relação à

medida de fígado, baço e hemoglobina. Deve ser salientado para a medida de baço, que

a diferença observada no início do tratamento reduz-se de forma substancial.

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54

Quanto às médias de glóbulos brancos, neutrófilos, linfócitos e eosinófilos foram

superiores no grupo que utilizaram o NAC como tratamento adjuvante, porém sem

diferença estatisticamente significativa. Os níveis de plaquetas aumentaram até atingir

valores normais de referência com médias de valores menores no grupo NAC, no

entanto tal diferença entre os grupos não alcançou significância estatística (0,18).

No entanto para o grupo estudo os níveis de sCD40L correlacionaram-se

inversamente com a carga parasitária (R de Spearman = -0,442; p=0,007) e tamanho do

baço (R de Spearman = -0,351; p=0,006). Por outro lado no grupo controle os níveis de

sCD40L não se correlacionaram com o tamanho do baço (R de Spearman = -0,108;

p=0,43) nem com a carga viral (R de Spearman = -0,104; p=0,60). Desse modo os

grupos apresentaram diferença em relação a correlação de níveis de sCD40 L com a

carga viral tamanho do baço (Figura 4).

Figura 4 – Correlação dos níveis de ligante solúvel

(sCD40L) e tamanho do baço ao longo do tratamento,

segundo os grupos SbV + NAC e Sb

V.

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55

Tabela 2 - Características clínicas e laboratoriais de pacientes com diagnóstico de

leishmaniose visceral segundo o tratamento com SbV + NAC e Sb

V após 20 dias.

VARIÁVEL

CLÍNICA/LABORATORIAL

G1 ≡ SbV +

NAC(N=30)

G2 ≡ SbV(N=30) p

Fígado (cm abaixo da RCD) 3,5± 2,6 3,3± 3,0 0,83

Baco (cm abaixo da RCD) 6,9± 3,3 5,3± 3,7 0,73

Hemoglobina-g/dl 9,8± 1,2 9,4± 1,3 0,19

Glóbulos brancos (/mm3) 5.903± 3.594 5.355± 2.712 0,33

Neutrófilos (/mm3) 2.441± 2.358 1.977± 1.249 0,37

Linfócitos (/mm3) 2.492± 1.561 2.454± 1.273 0,92

Eosinófilos (/mm3)1 170,0(36,8;277,9) 129,0(26,0;314,0) 0,64

Plaquetas (/mm3) 241.241± 92.023 269.541± 66.761 0,18

Valores expressos em média ± desvio padrão. Os valores de hemoglobina avaliados com 10 dias

de tratamento. Análise de variância com variável dependente a variável clínica/laboratorial no

tempo 20 dias, fator aleatório do grupo e ajustados para idade, gênero e valores iniciais no

tempo zero. Valor expresso em termos de mediana (q1; q3).

5.3 AVALIAÇÃO DE BIOMARCADORES AO LONGO DO TRATAMENTO PARA

OS GRUPOS TESTE E CONTROLE

Biomarcadores e sSCD40L, comparação entre os grupos no início da tratamento

O grupo estudo apresentou no início do tratamento uma mediana de TNF-α

superior no grupo estudo enquanto para os níveis de IL-12 p40, essa medida foi menor

nesse grupo, ambas as distribuições dos níveis séricos dessas citocinas foi semelhante

nos dois grupos (respectivamente p=0,38 e p=0,32).

Quanto a IL-10 no tempo zero, observaram-se medianas e distribuição dos

valores semelhantes nos dois grupos (p=0,77).

No entanto a mediana dos níveis séricos de sCD40L no tempo zero

apresentaram-se maiores e com uma distribuição significativamente (p=0,01) diferente

no grupo teste em relação ao controle (Figura 5).

Além disso, observa-se grande variabilidade intra-grupo nos níveis séricos das

citocina IL-12 p40 e sCD40L, nessa última com maior evidência. Enquanto TNF-α e IL-

10 apresentaram uma variabilidade menor.

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56

Biomarcadores e sSCD40L, comparação entre os grupos ao longo do tratamento

A mediana dos níveis séricos de TNF-α, IL-12 p40 e IL-10 reduziram

significativamente entre o momento 15 dias e o tempo zero, dentro de cada grupo

permanecendo semelhante a partir de então, no entanto a distribuição dos valores dessas

citocinas não definiram entre os grupos.

Tabela 3 - Comparação dos níveis de citocinas de pacientes com diagnóstico de

leishmaniose visceral no dia 0;15 e 28, segundo o tratamento com SbV + NAC e Sb

V.

VARIÁVEL G1 ≡ SbV + NAC(N=30) G2 ≡ Sb

V(N=30) p

TNF-αD0 109,7(63,6;174,4) 64,2(42,7;179,1) 0,38

TNFα D15 53,7(15,0;81,5) 33,0(21,0;64,2) 0,86

TNF-α D28 16,1(11,2;30,1) 15,4(13,5;52,0) 0,43

IL-10 D0 351,5(243,6;536,7) 366,3(211,4,5;568,9) 0,77

IL-10 D15 42,9(12,1;110,4) 50,1(12,6;87,8) 0,93

IL-10 D28 18,8(4,3;27,0) 8,9(0,0;18,0) 0,42

IL-12p40D0 79,1(30,5;214,0) 150,6(32,2;599,2) 0,32

IL-12p40D15 26,9(0,0;58,6) 34,3(5,2;155,4) 0,89

IL-12p40D28 0,0(0,0;51,0) 17,1(0,0;34,5) 0,29

sCD40L D0 2.578,2(1.520,4;5.706,9) 1.108,7(330,5;2.258,3) 0,01

sCD40L D15 13.234,2(8.204,4;17.883,1) 3.793,8(757,9;11938,4) 0,004

sCD40L D28 14.826,4(9.971,1; 29970,5) 4.641,0(1408,4; 14.495,3) 0,006

Valor expresso em termos de mediana (q1; q3). Análise de variância com variável

dependente o “rank” para os níveis de biomarcadores e no tempo 15 ou 28 dias, fator

aleatório do grupo e ajustados para idade, gênero e valores iniciais no tempo zero. IC 95%

estimado mediante técnica de “bootstrapp” baseado em 1000 reamostragens.

A figura 5 ilustra a distribuição dos níveis séricos de sCD40L ao longo do tempo

e segundo os grupos SbV + NAC e Sb

V, onde se observa a diferença significativa entre

os dois grupos. Além disso, verificou-se nos dois grupos que essa variação importante

ocorre até 15 dias de tratamento, permanecendo a partir de então pelo menos até 28 dias

com medianas e distribuição de valores semelhante dentro de cada grupo. Vale salientar

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57

a grande variabilidade intra-grupo observada para essa proteína e também alguns

pacientes apresentam valores “outliers” e extremos. (Tabela 3).

Figura 5 – Distribuição dos níveis de ligante solúvel (SCD40L) ao longo

do tratamento, segundo os grupos SbV + NAC e Sb

V.

Biomarcadores, sCD40L, características clínicas e laboratoriais, comparação ao

longo do tempo para o grupo SbV + NAC

A mediana da medida do baço reduziu significativamente até o vigésimo dia de

tratamento, permanecendo com valores semelhantes pelo menos até o vigésimo oitavo

(Figura 6). Observa-se essa mesma redução para as citocinas TNF-α, IL-12 p40e IL-10,

sendo o marco de tempo mais precoce por volta de 15 dias (Figuras 9, 10 e 11).

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58

Figura 6 –Distribuição das medidas de baço (cm) ao

longo do tempo para o grupo SbV + NAC.

Salienta-se a variabilidade dessas variáveis biológicas mais evidentes no tempo

zero.

Figura 7 – Distribuição dos níveis de TNF-α ao longo do

tempo para o grupo SbV + NAC.

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59

Figura 8 – Distribuição dos níveis de IL-12 p40 ao

longo do tempo para o grupo SbV + NAC.

Figura 09 –Distribuição dos níveis de IL-10 ao longo

do tempo para o grupo SbV + NAC.

Quanto ao sCD40L, registrou-se um aumento significativo em 15 dias de

tratamento, permanecendo com distribuição de valores semelhantes no dia 28 pós

tratamento. Vale salientar que a variabilidade aumenta com o passar do tempo e alguns

poucos pacientes comportam-se com valores “outliers” e extremos (Figura 12).

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60

Figura 10 – Distribuição dos níveis de sCD40L ao

longo do tempo para o grupo SbV + NAC.

Digno de nota é a observação que as variáveis hematológicas, notadamente o

número de neutrófilos, eosinófilos e plaquetas seguem a mesma tendência de aumento

do sCd40L, ocorrendo mais tardiamente a partir de 20 dias de tratamento. Além disso,

as medianas dos valores e distribuição permanecem semelhantes a partir daí(Figura 13,

14 e 16).

Figura 11 –Distribuição do número de neutrófilos ao

longo do tempo para o grupo SbV + NAC.

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61

Figura 12 – Distribuição do número de eosinófilos ao

longo do tempo para o grupo SbV + NAC.

A distribuição do número de linfócitos, no entanto atinge esse nível de

semelhança na distribuição mais precocemente a partir de 10 dias de tratamento. Vale

salientar o comportamento aumento da variabilidade do sCd40L e variáveis

hematológicas ao longo do tempo de modo inverso aos níveis de citocinas (Figura 15)

Figura 13 –Distribuição do número de linfócitos ao

longo do tempo para o grupo SbV + NAC.

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62

Figura 14 – Distribuição do número de plaquetas ao

longo do tempo para o grupo SbV + NAC.

Biomarcadores, sCD40L, características clínicas e laboratoriais, comparação ao

longo do tempo para o grupo SbV

As medianas da medida do baço diminuíram significativamente até o vigésimo

dia de tratamento enquanto para as citocinas TNF-α, IL-12 p40 e IL-10, isso ocorreu

mais precocemente a partir de 15 dias de tratamento. Depois disso as distribuições

foram semelhantes pelo menos até o vigésimo oitavo (Figura 17, 18, 19 e 20).

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63

Figura 15 – Distribuição das medidas de baço (cm) ao longo

do tempo para o grupo SbV.

Salienta-se a variabilidade dessas variáveis biológicas maior no tempo zero e reduzindo-

se ao longo do tratamento.

Figura 16 – Distribuição dos níveis de TNF-α ao longo;

do tempo para o grupo SbV.

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64

Figura 17 – Distribuição dos níveis de IL-12 p40 ao longo

do tempo para o grupo SbV.

Figura 18 – Distribuição dos níveis de IL-10 ao longo do

tempo para o grupo SbV.

Os níveis de sCD40L aumentaram significativamente, porém discretamente em

relação ao grupo estudo com 15 dias de tratamento, permanecendo a distribuição de

valores semelhantes no dia 28 pós tratamento. Vale salientar a grande variabilidade

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65

dessa variável a partir do dia 15 de tratamento o e alguns poucos pacientes apresentando

valores “outliers” e extremos (Figura 21).

Figura 19 – Distribuição dos níveis de sCD40L ao longo do

tempo para o grupo SbV.

Figura 20 –Distribuição do número de neutrófilos ao longo

do tempo para o grupo SbV.

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66

As variáveis hematológicas, notadamente o número de neutrófilos, linfócitos,

eosinófilos e plaquetas seguem a mesma tendência de aumento do sCd40L, porém

ocorrendo mais tardiamente com 20 dias de tratamento e as medianas dos valores

permanecem semelhantes a partir de então (Figura 22, 23, 24 e 25).

Figura 21 –Distribuição do número de linfócitos ao longo do tempo

para o grupo SbV.

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Figura 22 – Distribuição do número de eosinófilos ao longo

do tempo para o grupo SbV + NAC.

Figura 23 – Distribuição do número de plaquetas ao longo

do tempo para o grupo SbV.

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68

5.4 CORRELAÇÃO DOS NÍVEIS DE CITOCINA ENTRE SI E DIMENSÃO DO

BAÇO E FÍGADO

Antes do tratamento os níveis de IL-10 sérico correlacionaram-se positivamente

de modo significativo com as citocinas TNF-α, IL-12p70, IL-12p40, observando-se um

valor com magnitude decrescente entre eles. O IFN-γ e sCD40 L não se correlacionaram

com IL-10. Por outro lado os níveis de TNF-α apresentou correlação positiva com IL-

12p40, mas não com IL-12p70 e IFN-γ. Observou-se ainda uma correlação positiva de

sCD40 L com IL-12p70. Verificou-se também uma correlação negativa de sCD40 L

com TNF-α, porém sem significância estatística. Não houve correlação com IFN-γ e

dimensão do baço (Tabela 4).

Tabela 4 - Correlação entre os níveis de citocinas entre si e tamanho de baço em

pacientes com diagnóstico de leishmaniose visceral no dia 0.

CITOCINAS R p

IL-10 D0 vs

TNF-αD0 0,283 0,049

IL-12p70 D0 0,390 0,011

IL-12p40D0 0,347 0,013

IFN-γ D0 0,250 0,11

sCD40 D0 0,104 0,469

TNF-α D0 vs

IL-12p70 D0 0,195 0,22

IL-12p40D0 0,365 0,011

IFN-γ D0 0,238 0,13

sCD40 D0 vs

IL-12p40 D0 0,152 0,291

IL-12p70 D0 0,348 0,024

IFN-γ D0 0,261 0,095

TNF-αD0 -0,249 0,084

Baço (cm abaixo da RCD) 0,216 0,17

R≡Correlação de Spearman

Após 15 dias, os níveis de IL-10 sérico correlacionaram-se positivamente de

modo significativo com as citocinas TNF-α e IL-12p40, observando-se um valor com

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magnitude decrescente entre eles. Os níveis de TNF-α apresentaram correlação positiva

com IL-12p40. No entanto os níveis de sCD40 L correlacionaram-se negativamente

com IL-10, TNF-α e IL-12p40 (Tabela 5).

Tabela 5 - Correlação entre os níveis de citocinas entre si e tamanho de baço em

pacientes com diagnóstico de leishmaniose visceral no dia 15.

CITOCINAS R p

IL-10 D15 vs

TNF-αD15 0,442 0,002

IL-12p40D15 0,319 0,024

TNF-α15 vs

IL-12p40D15 0,490 <0,0001

sCD40 D15 vs

TNF-αD15 -0,389 0,008

IL-12p40D15 -0,232 0,011

IL-10 D15 -0,301 0,036

R≡Correlação de Spearman

5.5 RESUMO DOS RESULTADOS

• Os níveis séricos de sCD40L foram significativamente maiores no grupo

SbV + NAC em relação ao grupo Sb

V ao longo do tempo. Essa diferença foi observada

logo após 15 dias de tratamento.

• Após 15 dias de tratamento a mediana e a distribuição dos níveis de

sCD40L permaneceram semelhantes tanto no grupo SbV + NAC quanto no Sb

V.

• As medidas de baço e citocinas TNF-α, IL-12 p40 e IL-10 diminuíram

significativamente intra-grupo, no entanto o baço mais tardiamente em relação às

citocinas.

• Vale salientar a variabilidade dessas variáveis entre os pacientes, para as

citocinas ela reduz com o tempo de tratamento enquanto a medida de baço, os níveis de

sCD40L e das variáveis hematológicas apresentam comportamento inverso.

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70

• Antes do tratamento os níveis de IL-10 sérico correlacionaram-se

positivamente de modo significativo com as citocinas TNF-α, IL-12p70, IL-12p40,

observando-se um valor com magnitude decrescente entre eles. O IFN-γ e SCD40 L não

se correlacionaram com IL-10. Por outro lado os níveis de TNF-α apresentou

correlação positiva com IL-12p40, mas não com IL-12p70 e IFN-γ. Observou-se ainda

uma correlação positiva de SCD40 L com IL-12p70. Verificou-se também uma

correlação negativa de SCD40 L com TNF-α, porém sem significância estatística. Não

houve correlação com IFN-γ e dimensão do baço

• Após 15 dias, os níveis de IL-10 sérico correlacionaram-se positivamente

de modo significativo com as citocinas TNF-α e IL-12p40, observando-se um valor com

magnitude decrescente entre eles. Os níveis de TNF-α apresentaram correlação positiva

com IL-12p40. No entanto os níveis de SCD40 L correlacionaram-se negativamente

com IL-10, TNF-α e IL-12p40.

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71

6 DISCUSSÃO

A terapêutica atual para leishmaniose visceral está longe de ser a ideal em

função de regimes de tratamentos prolongados e a ocorrência de efeitos colaterais

significativos. Não obstante aos grandes avanços obtidos nos campos da biologia celular

e da imunologia sobre a leishmaniose, a quimioterapia para essa infecção ainda não

atingiu evolução equivalente, tendo sido bem discreta a contribuição da indústria

farmacêutica para o desenvolvimento de novos medicamentos (RATH et al., 2003).

Existem várias maneiras pelas quais os patógenos intracelulares como

Leishmania fazem uso da maquinaria da célula hospedeira para sobreviver e reproduzir.

Um desses mecanismos é a distorção da própria via de sinalização do macrófago

anfitrião, para reprimir seletivamente ou aumentar a expressão de várias citocinas e

moléculas microbicidas e apresentação de antígenos. A interação entre as várias

moléculas de sinalização é complexa. Como as vias de sinalização podem ser

farmacologicamente manipuladas, um melhor conhecimento do seu papel e os

mecanismos pelos quais eles regulam as funções das células do sistema imunológico e

crescimento do patógeno pode permitir o desenvolvimento de novas terapias para o

controle desses agentes infecciosos (BHARDWAJ et al., 2010).

Os dois problemas mais importantes na concepção de um antiparasitário está em

definir o alvo terapêutico e desenvolvimento de resistência aos medicamentos pelo

parasita. Desse modo a busca de novas opções terapêuticas, além de avaliação da

eficácia de terapêutica adjuvante, é muito importante.

O potente papel de moléculas co-estimuladoras é apropriadamente estabelecido

na ativação ótima das células T e APCs; as células que desempenham um papel central

no combate às infecções. Assim, a imunoterapia envolvendo moléculas de co-

estimulação pode ser uma estratégia inovadora para o tratamento de diversas doenças,

minimizando os efeitos secundários provocados por drogas terapêuticas e para restringir

a emergência de resistência a drogas (KHAN et al., 2012).

Depois que foi identificado pela primeira vez em 1985, a pesquisa sobre CD40

foi inicialmente focada em torno da regulação da resposta imune humoral. Ele foi

identificado como uma molécula expressa em todas as fases de desenvolvimento de

células B e de diferenciação, enquanto que o CD40 ligante solúvel (sCD40L) (CD154,

gp39, T-BAM, TRAP ou), foi expressa principalmente nas células T ativadas CD41. O

papel fundamental de CD40-CD40L em respostas de células B dependentes das células

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72

T foi confirmada pela descoberta de que os pacientes que sofrem de síndrome de hiper-

IgM ligado ao X (HIGM), foram caracterizados por mutações no seu gene CD40L e

apresentavam deficiências semelhantes na montagem de respostas imunitárias em

camundongos geneticamente modificados com a inativação do gene CD40 ou CD40L

(VAN KOOTEN e BANCHEREAU, 2000). Uma observação importante foi a

expressão de CD40 em monócitos e células dendríticas (DC). Na DC, CD40 parece ser

um passo crítico em sua maturação final tornando-a uma célula apresentadora de

antígeno plenamente competente.

No presente trabalho os níveis séricos de sCD40L foram significativamente

maiores no grupo SbV + NAC em relação ao grupo Sb

V.Do mesmo modo, a elevação ao

longo do tempo dos níveis dessa glicoproteina foi muito mais acentuada no grupo que

usou NAC.

Segundo Oliveira e col. (2013) os níveis de sCD40Laumentaram ao longo do

tratamento, sugerindo um efeito dessa proteína, constiuindo-se em um marcador de

cura. Deve ser salientado nesse que nesse estudo essa resposta ocorre após 15 dias de

tratamento.

A interação entre o CD40, uma molécula co-estimuladora expressa em

macrófagos, células B e células dendríticas (MIGA et al., 2000) e o seu ligante CD40L

(CD154) em células T (REN et al., 1994) resulta em uma resposta imune tipo Th1.

Sabe-se que o sinal do CD40 induz a produção de TNF-α e IL-12, favorecendo

assim a resposta do tipo Th1 (MATHUR, AWASTHI e SAHA, 2006).

Ao lado do seu papel na resposta imune do tipo Th1, interações CD40-sCD40L,

também foram capazes de estimular os macrófagos a produzir uma série de citoquinas e

de mediadores inflamatórios, incluindo o óxido nítrico (NO), que desempenha um papel

chave na morte do parasita (STOUT e SUTTLES, 1996). Quando o sCD40L se liga a

CD40, desencadeia-se o sinal através de vários intermediários de sinalização (FARIS et

al., 1994) para ativar a fosforilação da proteína quinase mitógeno induzida (MAPK)

(SUTHERLAND et al., 1996; KASHIWADA et al.,1996).

As observações de Awasthi et al. (2003) indicam que como uma estratégia de

evasão da resposta imune e para o estabelecimento de infecção, a Leishmania inibe a

sinalização p38MAPK acionada pelo CD40.

Por outro lado, o CD40 expresso por macrófagos regula respostas imunes a

infecção por Leishmania major por meio de sinalização recíproca através de MAPK p38

e ERK1/2. A reciprocidade entre MAKP-1 e de MAKP-3 contribui para essa

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sinalização do CD40. Além disso o parasita Leishmania é capaz de estabelecer uma

nova estratégia de evasão imune direcionada para MAKP. Desse modo a regulação

diferencial de MAKP1 e MAKP-3 pode redirecionar a sinalização de CD40 e, assim,

regular muitas respostas imunes do hospedeiro (SRIVASTAVA, SUDAN e SAHA,

2011; MATHUR, R. K. et al., 2004).

Em MATHUR et al. (2004) observou-se com macrófagos infectados por

Leishmania, um aumento de ativação induzida de ERK-1/2 induzida por CD40,

sugerindo uma interação mútua entre o p38MAPK e ERK-1/2. Com efeito, uma

estimulação elevada induziu a fosforilação de p38MAPK e desse modo a secreção de

IL-12, enquanto uma mais fraca estimulou a fosforilação de ERK-1/2 e conseqüente

produção de IL-10. Por outro lado, Chamekh (2007) interessantemente mostra que

macrófagos infectados tratados com doses intermediárias de anti-CD40 Ab produziu

mais IL-10 e menos IL-12 do que os não infectados, sugerindo que a infecção por

Leishmania promove aumento da produção de IL-10 o que favorece a progressão da

doença.

Os resultados do presente estudo sugerem que o NAC como tratamento

adjuvante em pacientes com leishmaniose visceral em uso de antimonial pentavalente

foi capaz de elevar a expressão dos níveis de sCD40L. Por outro lado considerando os

trabalhos da literatura descritos anteriormente e os resultados desse estudo, sugere que o

NAC seja capaz de através da interação CD40-sCD40L estimular os macrófagos a

produzir uma série de citocinas e de mediadores inflamatórios, incluindo o óxido nítrico

(NO) e redução da hemeoxigenase 1, propiciando a resposta protetora Th1. E postula-se

que esse efeito através da ativação do MAPK p38 via o sistema redox de glutationa.

Em um recente estudo Utsugi et al. (2002) mostrou que o redox de glutationa

regula a produção de IL-12 induzida pela LPS através da ativação da p38 MPAK e o

efeito de iniciação de IFN-γ e a produção de IL-12 é em parte uma conseqüência do

equilíbrio redox da glutationa.

Uma variedade de vias co-estimuladoras contribuem para a reação imune contra

a leishmaniose diversificada com variação de resposta entre diferentes espécies de

Leishmania. A interação CD40-sCD40L auxilia no estabelecimento de uma resposta

imunitária protetora, por meio da produção IL-12, ativação de macrófagos e células T

CD4+ de células de iniciação, embora sob certas condições, tal interação promove

resposta imune supressiva pela produção de IL-10 e desenvolvimento de Treg. A

sinalização de B7-1/B7-2:CD28/CTLA-4 parece ser crítica para a resposta imune Th2,

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no entanto, uma relação complexa parece existir de acordo com as características

genéticas básicas do hospedeiro, dose infectante e da espécie de parasita. A sinalização

OX40-OX40L medeia a proliferação de células T e expansão clonal, na seqüência de

uma resposta imune Th1 estabelecida/Th2 e, portanto, o resultado desta interação

depende da resposta imune do hospedeiro pré-existente. Devido à importância óbvia de

vias co-estimuladoras na leishmaniose, novos estudos que elucidem as complexas

interações de vias de co-estimulação trarão inovações sobre estratégias terapêuticas

contra a infecção por Leishmania (TULADHAR, NATARAJAN e SATOSKAR, 2011).

A dosagem sérica de citocinas antes do início do tratamento, comprovou que

todos os pacientes apresentavam o perfil de resposta tipo mista, representado pela

elevada produção de várias citocinas com os perfis Th1 e Th2.

Comparativamente, os pacientes do grupo Sbv + NAC, embora apresentassem

valores basais mais baixos antes do tratamento, notadamente para a dimensão do baço,

número de glóbulos brancos, neutrófilos, linfócitos e plaquetas, no 20º dia deste, seus

valores já se aproximavam aos dos produzidos pelo grupo Sbv especialmente para baço,

glóbulos brancos, neutrófilos, linfócitos.

Além disso, observa-se grande variabilidade entre os pacientes e intra-grupo

para os níveis séricos das citocinas TNF-α, IL-12 p40, IL-10 além de sCD40L e

tamanho de baço no início do tratamento, sugerindo diferentes padrões de modulação da

doença.

Como já evidenciado por outras pesquisas, a leishmaniose visceral (LV) na sua

forma aguda leva ao aumento da produção de citocinas. Células mononucleares do

sangue periférico (CMSP) expostas ao antígeno solúvel da Leishmania (Soluble

Leishmania Antigen ou SLA), Peruhype-Magalhães et al. (2005), observaram que em

pacientes com calazar agudo, a resposta Th2 era dominante, com o aumento na

produção de IL-10 por monócitos, ao mesmo tempo em que houve a diminuição tanto

dos linfócitos produtores de IFN-γ, quanto dos monócitos produtores de TNF-α e IL-12.

Ao investigar a produção das citocinas em pacientes curados, houve aumento de

neutrófilos, eosinófilos e células NK que produziam IFN-γ, assim como de monócitos

produtores de IL-12, o que faz acreditar que indivíduos curados do calazar ficam com

uma resposta imune inata efetiva no combate a uma reinfecção, visto que um novo

contato com o antígeno incita a pronta reação por parte dos neutrófilos, eosinófilos e das

células NK, que levará à eliminação do parasito.

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Por se tratar de um inibidor da ativação dos macrófagos, a produção elevada da

IL-10 promove uma resposta inadequada do hospedeiro perante a invasão do parasito ao

organismo, instalando-se assim a doença. Ao longo do tratamento, ocorre a diminuição

dos níveis dessa citocina e o crescimento parasitário é controlado, o que assinala o

importante papel dessa interleucina no desenvolvimento da infecção.

A redução dos níveis séricos de TNF-α, IL-12 p40 e IL-10 ocorreu concomitante

ao aumento de sCD40L até 15 de tratamento, sugerindo que a resposta clínica foi

observada nesse período. Os valores dessas citocinas após o tratamento retornou aos

valores basais de indivíduos moradores de regiões endêmicas e assintomáticos,

conforme observado em outros trabalhos (COSTA et al., 2012; DUTHIE et al., 2013;

Diversos autores demonstraram a ação antagônica da subunidade solúvel da p40

da IL-12 na ativação da resposta Th1 pela IL-12p70 (MATNER et al., 1993;

GILLESEN et al., 1995; LING et al., 1995; HEINZEL et al., 1997; MATNER et al.,

1997; YOSHIMOTO et al., 1998). Gillesen et al. (1995) e Ling et al. (1995)

observaram em modelos murinos e humanos que quando na forma de dímero (p40) a

ação inibidora da resposta Th1 se dá pela ligação 1 no receptor da IL-12p70. Ao

dosarem a IL-12-p40, Caldas et al. (2005) da cadeia constataram elevados níveis

plasmáticos nos pacientes com infecção aguda da LV, sendo que esses valores

diminuíam de forma contínua com o passar do tempo.

7 CONCLUSÃO

O NAC foi capaz de aumentar as concentrações séricas de sCD40L ao longo do

tratamento. O tratamento com NAC melhorou os parâmetros clínicos dos pacientes

associados com o prognóstico dos pacientes: reduziu tamanho do baço, aumento do

número de neutrófilos/linfócitos e eosinófilos mais rapidamente. Os resultados sugerem

que a adição do NAC ao tratamento convencional melhora a resposta imunológica dos

pacientes, sobretudo na diminuição dos níveis séricos de IL-10, IL-12p40 e na elevação

da sDC40L que essa resposta ocorre já a partir de duas semanas. É provável que o

aumento dos níveis de sCD40L pelo NAC ocorra através da ativação do MAPK p38 via

o sistema redox de glutationa.

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8 PERSPECTIVAS: QUESTÕES A SEREM REPONDIDAS

O NAC aumenta a produção do sCD40L ou a liberação desse da superfície das células.

• Qual a fonte de sCD40L induzida pelo NAC? Linfócitos B? Células

dendríticas? Plaquetas? Células T CD4?

– Realizar experimentos in vitro usando NAC em linfócitos T, B e

macrófagos infectados e não infectados.

– O NAC e sCD40L aumenta a capacidade antileishmanicida do

macrófago?

– Avaliar a capacidade microbicida do macrófago em tratamento NAC +

sCD40L + antimonial

• As diferenças clínicas observadas pró NAC apesar de não serem estatisticamente

significativas, possuem relevância clínica/biológica?.

─Utilizar NAC em pacientes mais graves.

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Bronchial Mucology. Raven Press, New York, cap. 4.1.1., p. 71-6. 1989.

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10 ANEXO A

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE)

Convite e Objetivo:

Você está sendo convidado a participar de um estudo cujo objetivo é identificar

pessoas que tem leishmaniose na medula óssea ou no baço para estudara doença

chamada calazar ou leishmaniose visceral. Após lhe ser explicado o que contém

neste documento, você pode perguntar tudo sobre a pesquisa a seu médico.Todos

os pacientes com leishmaniose visceral diagnosticados no Hospital Universitário

serão convidados a participar do estudo. Caso decida participar do estudo, você

será solicitado a assinar este consentimento. Aproximadamente 40 pessoas

participarão deste estudo.

Participação voluntária:

Sua participação é voluntária. Você pode se recusar a participar ou pode desistir

da participação no estudo a qualquer momento. Sua recusa em participar ou

desistir de participar do estudo não afetará de modo algum qualquer tratamento

que você estiver recebendo no Hospital Universitário.

Finalidade do estudo: Este estudo visa determinar se o estudo da resposta imune

do paciente ao parasita e identificar fatores envolvidos na resistência de alguns

pacientes ao tratamento com antimonial (Glucantime®).

Procedimentos: Caso você aceite participar do estudo, um questionário será feito

para saber onde você mora, sua ocupação e seus hábitos. Um médico o

examinará para ver as características de sua doença. Você realizará os exames

que já são utilizados de rotina para o diagnóstico da doença,como exame de

sangue (sorológico), teste cutâneo e aspiração da medula óssea e/ou baço com

seringa e agulha para cultura do parasito que causa a doença. Além disso, seu

sangue será utilizada para avaliara a resposta imune frente a antígenos do

parasita.A participação nesta pesquisa não impede você de participar de outra

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pesquisa, contanto que não mude o tratamento que vai receber.

Confidencialidade: Qualquer informação obtida durante este estudo será

confidencial, sendo apenas compartilhada com outros membros da equipe médica

do Comitê de Ética do Hospital Universitário. Embora os resultados obtidos

neste estudo sejam publicados, não haverá na apresentação destes resultados

meios que possam identificar os participantes. Suas fichas clínicas e os resultados

de seus exames poderão ser também vistos pelo Comitê de Ética do Hospital

Universitário. Fotos suas poderão ser mostrada em público sem identificar você e

protegendo partes íntimas.

Análise de riscos e benefícios: Todos os exames coletados são partes da rotina

utilizada para o diagnóstico de Leishmaniose, os quais você faria mesmo senão

participasse do estudo, exceto o sangue obtido ao mesmo momento que será

utilizado para os estudos da resposta imune, porém não trará novos riscos para

você como os previstos para retirada de sangue em rotina normal. A retirada de

sangue pode causar dor no local da punção com a agulha e raramente pode

ocorrer sangramento ou formação de hematoma. O exame da medula óssea é

também de rotina e não causam riscos iminentes. Porém, ocorrendo

complicações, os médicos do projeto e do Hospital cuidarão de você. Após o

diagnóstico da doença, você será tratado com antimônio (Glucantime®). Este

tratamento será acompanha dono Hospital Universitário.

Retorno de benefício para o sujeito e para a sociedade: O melhor conhecimento

sobre o tratamento da leishmaniose visceral e da resposta imune poderá o

contribuir no futuro para medidas de controle da doença.

Custos: Você não terá custos com a participação no estudo e, caso necessite de

tratamento para leishmaniose, a medicação lhe será fornecida gratuitamente.Você

não receberá nenhum pagamento para participar dessa pesquisa. Poderemos

apenas contribuir com o seu transporte para comparecer as visitas no ambulatório

após a alta do hospital.

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Esclarecimentos: Caso tenha alguma pergunta ou apresente alguma

complicação relacionada aos procedimentos realizados na pesquisa, você pode

ligar para Dr. Roque Pacheco de Almeida (Tel.:(79)8823-7244) ou Dra. Amélia

Ribeiro de Jesus (Tel: (79)8823-7245). Caso você queira saber alguma coisa

sobre os seus direitos ou de seu filho, como paciente, você pode procurar o

Comitê de Ética do Hospital Universitário, cujo endereço consta no início deste

consentimento.

Consentimento: Se você leu o consentimento informado ou este lhe foi

explicado e você concorda em participar do estudo, favor assinar o nome

abaixo. Uma cópia deste consentimento lhe será entregue. Favor assinalar um

dos quadros abaixo para indicar se deseja ou não ter o parasito que causa esta

doença armazenado para estudos futuros aprovados sobre leishmaniose.

futuros aprovados sobre leishmaniose.

NÃOACEITO que o parasito que causa esta doença seja armazenado para

estudos futuros aprovados sobre leishmaniose.

Assinatura ou impressão do participante Data Hora

Nome/Assinatura do pesquisador Data Hora

Nome/Assinatura da testemunha Data Hora

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FORMULÁRIO DE CONSENTIMENTO PARA MENORES DE

IDADE (MENORES DE 18)

Nome do Projeto: Marcadores Imunológicos e Moleculares Envolvidos na Gravidade Clínica da Leishmaniose

Visceral Humana e Canina e Possíveis Implicações na Transmissão da Doença no Estado de Sergipe.

NOME DO

PACIENTE:

Nodo Projeto:

Investigador Principal: Roque Pacheco de Almeida, Hospital Universitário da

UFS, Aracaju-Sergipe-Brasil.

Convite e Objetivo:

Você está sendo convidado a participar de um estudo cujo objetivo é identificar

pessoas que tem leishmaniose na medula óssea ou no baço para estudar a doença

chamada calazar ou leishmaniose visceral. Após lhe ser explicado o que contém

neste documento,você pode perguntar tudo sobre a pesquisa a seu médico. Todos

os pacientes com leishmaniose visceral diagnosticados no Hospital Universitário

serão convidados a participar do estudo. Caso decida participar do estudo,você

será solicitado a assinar este consentimento. Aproximadamente 40 pessoas

participarão deste estudo.

Nós perguntarem os a seus pais sobre sua saúde.Um médico lhe fará exames que

não causarão dor. Então, nós tiraremos um pouco de sangue (cerca de 2 colheres

de sopa) de seu braço, usando uma seringa e agulha. Algumas vezes, nós

faremos um teste na pele,onde injetaremos uma pequena quantidade de líquido

(duas gotas) no seu braço, usando uma agulha fina. Esperamos que a avaliação

da resposta imune frente a antígenos do parasita possa esclarecer mecanismos da

doença e resistência ao tratamento que algumas pessoas apresentam. O

tratamento com Glucantime ® será instituído independente de você participar ou

não do estudo.

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Você pode ou não participar deste estudo. Se você quiser participar, por

favor, assine ou coloque sua impressão digital abaixo.

Esclarecimentos: Caso tenha alguma pergunta ou apresente alguma complicação

relacionada aos procedimentos realizados na pesquisa,você pode ligar para Dr.

Roque Pacheco de Almeida(Tel.:(79)8823-7244) ou Dra. Amélia Ribeiro de

Jesus (Tel:(79)8823-7245). Caso você queira saber alguma coisa sobre os seus

direitos ou de seu filho,

Data hora

Assinatura ou impressão do paciente

Data hora

Assinatura ou impressão do responsável

Data hora

Testemunha

Data hora

Investigador