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Universidade Federal de Sergipe UFS Pró-Reitoria de Pós-Graduação POSGRAP Programa de Pós-Graduação em Zootecnia PROZOOTEC Curso de Mestrado em Zootecnia Cinética da Fermentação Ruminal de Gramíneas Forrageiras Irrigadas e não Irrigadas Mestrando: Vinicius da Silva Oliveira São Cristovão Fevereiro/2014

Universidade Federal de Sergipe UFS Pró-Reitoria de Pós

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Universidade Federal de Sergipe – UFS

Pró-Reitoria de Pós-Graduação – POSGRAP

Programa de Pós-Graduação em Zootecnia – PROZOOTEC

Curso de Mestrado em Zootecnia

Cinética da Fermentação Ruminal de Gramíneas Forrageiras

Irrigadas e não Irrigadas

Mestrando: Vinicius da Silva Oliveira

São Cristovão

Fevereiro/2014

Page 2: Universidade Federal de Sergipe UFS Pró-Reitoria de Pós

2

Vinicius da Silva Oliveira

Cinética da Fermentação Ruminal de Gramíneas Forrageiras

Irrigadas e não Irrigadas

Orientador (a): Prof.ª Dr.ª Jucileia Aparecida da Silva Morais

Co-Orientador: Prof. Dr. Jailson Lara Fagundes

São Cristovão

Fevereiro/2014

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FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA CENTRAL

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

O48c

Cinética da fermentação ruminal de gramíneas forrageiras

irrigadas e não irrigadas / Vinicius da Silva Oliveira ;

orientadora Jucileia Aparecida da Silva Morais. – São

Cristóvão, 2014.

59 p. : Il.

Dissertação (mestrado em Zootecnia) –Universidade

Federal de Sergipe, 2014.

1. 1. Zootecnia. 2. Bromatologia. 3. Forrageiras – Irrigação. 4.

Forrageiras. I. Morais, Jucileia Aparecida da Silva, orient. II.

Título.

CDU: 636.1/.3.084/.085

Page 5: Universidade Federal de Sergipe UFS Pró-Reitoria de Pós

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Dedico

A minha mãe Marise, por ter sempre me incentivar

a estudar e correr atrás dos meus objetivos. E a

minha noiva Kátia por todo amor e carinho.

Page 6: Universidade Federal de Sergipe UFS Pró-Reitoria de Pós

6

Agradecimentos

A Deus em primeiro lugar por ter aberto todas as portas em meu caminho ao

longo de minha jornada acadêmica e por ter sempre me dado motivação para continuar

em frente mesmo nas horas mais difíceis. A minha mãe Marise da Silva por sempre ter

estado ao meu lado, por ter investido em mim sempre, me incentivando a ir em frente

nos estudos, como ela sempre me disse “essa é a única e melhor herança que posso lhe

deixar”, ao meu pai Nelson Nunes de Oliveira pelos seus ensinamentos que me

ajudaram a me tornar a pessoa que sou hoje. A minha irmã Lara Emanuella da Silva

Oliveira que mesmo sendo às vezes muita chata e me enchendo a paciência sempre

esteve ao meu lado e me ajudou muito nessa minha caminhada. A minha noiva Kátia C.

dos Santos que sempre me apoio, me deu motivação para seguir nas horas mais difíceis

e pelo amor e carinho que sempre teve comigo.

Aos meus amigos do Mestrado em Zootecnia da UFS, eternos companheiros nessa

jornada, em especial Roberta, Adelson (meu compadre), Bárbara, Marise, Iuri, Thiago,

Otavio, Mikaele e Ana Caroline. Aos alunos da graduação em Zootecnia UFS que se

empenharam muito nas incansáveis horas de laboratório, muitas vezes abrindo mão de

finais de semana e feriados para terminarem as análises junto comigo a Juliana, Igor,

Irla, Camila, Rose e Luana, meu muito obrigado. Ao técnico do Campus Rural Thiago

por todo apoio na parte de campo de meu experimento. A técnica do laboratório de

Nutrição animal Luciana, pelas ajudas nas analises.

Aos meus professores, da Graduação e Pós-Graduação em zootecnia da UFS pelos

ensinamentos passados nos meus cinco anos de graduação e dois de mestrado. Em

especial a Jucileia Aparecida da Silva Morais e Jailson Lara Fagundes, com os quais

tive a oportunidade e o prazer de trabalhar durante meu mestrado e me ajudaram muito

no meu crescimento profissional. Um agradecimento muito especial ao coordenador da

Pós-Graduação em Zootecnia da UFS, professor Gladston Rafael Arruda Santos, que

sempre se disponibilizou a auxiliar no laboratório, resolvendo perrengues de

equipamentos quebrados, tirando dúvidas sobre analises, ajudando a desenvolver novas

metodologias. Mesmo não sendo meu orientador nunca se negou a ajudar, e mesmo com

todos os compromissos sempre disponibilizou tempo para tirar dúvidas e auxiliar da

melhor forma possível.

Page 7: Universidade Federal de Sergipe UFS Pró-Reitoria de Pós

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Sumário

RESUMO 8

INTRODUÇÃO 9

REVISÃO DE LITERATURA 10

IRRIGAÇÃO DE PASTAGEM E ESCOLHA DA ESPÉCIE FORRAGEIRA 10

PRODUÇÃO DE GÁS IN VITRO 14

LITERATURA CITADA 18

ARTIGO 1. 24

PRODUÇÃO E COMPOSIÇÃO QUÍMICO-BROMATOLÓGICA DE GRAMÍNEAS TROPICAIS

SUBMETIDAS A DOIS NÍVEIS DE IRRIGAÇÃO 24

RESUMO 24

ABSTRACT 25

INTRODUÇÃO 25

MATERIAS E MÉTODOS 27

RESULTADOS E DISCUSSÃO 28

CONCLUSÃO 39

LITERATURA CITADA 39

ARTIGO 2. 44

PRODUÇÃO DE GÁS IN VITRO DE GRAMÍNEAS FORRAGEIRAS SUBMETIDAS A DOIS NÍVEIS

DE IRRIGAÇÃO 44

RESUMO 44

ABSTRACT 45

INTRODUÇÃO 45

METODOLOGIA 46

RESULTADOS E DISCUSSÃO 49

CONCLUSÃO 57

LITERATURA CITADA 57

Page 8: Universidade Federal de Sergipe UFS Pró-Reitoria de Pós

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RESUMO

Foram realizados dois experimentos, no primeiro foi avaliada a produção e composição

químico-bromatológica de cinco espécies forrageiras (Urochloa brizantha cv. MG5,

Andropogon gayanus, Urochloa humidicola, Digitaria umfolozi e Panicum maximum

cv. Aruana) submetidas a diferentes níveis de irrigação, com quatro repetições. O

delineamento experimental utilizado foi em blocos completos ao acaso em esquema

fatorial 5x2. As amostras colhidas foram subdivididas e fracionadas em lâminas foliares

verdes (LFV), colmo verde (colmo + bainha foliar) e materiais mortos (MM, perfilhos e

folhas mortas). As amostras foram avaliadas quanto aos teores de matéria seca (MS),

proteína bruta (PB), matéria orgânica (MO), fibra em detergente neutro (FDN), fibra em

detergente ácido (FDA), lignina (LDA) e nutrientes digestíveis totais (NDT). Foi

realizado o fracionamento de PB e carboidratos segundo o sistema de Cornell.

Observou-se interação significativa (P<0,05) na produção de MS, entre as espécies os

níveis de irrigação. Observou-se interação significativa (P<0,05) no teor de LFV entre

as forrageiras e os níveis de irrigação. A irrigação aumentou a PMS/ha, e diminuiu o

teor de PB e elevou o teor das frações menos degradáveis da PB. O capim Andropogon

apresentou a maior produção de MS por hectare, bem como disponibilizou maior

quantidade de folhas verdes, mesmo no nível não irrigado. O capim Aruana apresentou

maiores teores das frações A e B2 da PB no nível não irrigado. No segundo

experimento, objetivou-se avaliar a produção de gás in vitro de quatro espécies

forrageiras (Urochloa brizantha cv. MG5, Andropogon gayanus, Urochloa humidicola

e Digitaria umfolozi) submetidas a dois níveis de irrigação, com quatro repetições. O

delineamento experimental foi em blocos completos ao acaso em esquema fatorial 4x2.

As amostras colhidas foram subdivididas e fracionadas em lâminas foliares verdes

(LFV), colmo verde (colmo + bainha foliar) e materiais mortos (MM, perfilhos e folhas

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mortas), posteriormente secos e pesados. As amostras de LFV de cada forrageira

submetidas aos dois níveis de irrigação foram analisadas quanto a Produção de gás in

vitro nos tempos de 2, 4, 6, 8, 10, 12, 15, 19, 24, 30, 36, 48, 72 e 96 horas de incubação.

Também foi feita a analise de pH e N-amoniacal nas diferentes forrageiras nos tempos

de 4, 8 e 12 horas de incubação. O capim Andropogon apresentou menor produção de

gás acumulada (ml) a partir das 12 horas de incubação, influenciado pelos elevados

teores de LDA e FDA, apresentados por essa forrageira. Os teores de LDA e FDA

também influenciaram no desaparecimento da MS e MO do capim Andropogon, sendo

o que apresentou as menores taxas.

Palavras-Chave: Bromatologia, Espécies, Produção de Gás

INTRODUÇÃO

O sistema de produção de ruminantes no Brasil se baseia quase que totalmente no

uso de pastagem. As espécies forrageiras mais utilizadas nesses sistemas são as

gramíneas tropicais que apresentam como característica alta produção de massa seca por

hectare. No entanto, a qualidade nutricional dessas forrageiras varia ao longo do ano,

devido principalmente à disponibilidade de água no sistema, o que leva a

estacionalidade produtiva.

Em razão da escassez de alimento, os animais, entre o período de nascimento até o

abate, passam por períodos de seca, atrasando o tempo até o acabamento do animal.

Esse é um dos fatores que limita a exportação para mercados mais exigentes, e que

consequentemente pagam mais por um produto de melhor qualidade (BUAINAIN e

BATALHA, 2007). Por esse motivo, vêm se aumentando a preocupação em encontrar

alternativas alimentares que reduzam o impacto do déficit hídrico na produção

forrageira no período da seca, tornando necessário o estudo de novos sistemas de

produção em pasto que utilizem espécies forrageiras adaptadas a região onde se deseja

produzir.

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Além disso, é importante avaliar-se a viabilidade do uso da irrigação de pastagem,

visto que a irrigação é uma alternativa que supre o déficit hídrico, maximizando o

potencial produtivo das forrageiras utilizadas nos sistemas em pasto.

Quando se almejar implantar novos sistemas de produção em pasto é importante que

se faça o estudo da qualidade nutritiva e digestibilidade das forrageiras, visto que o

conhecimento da qualidade nutricional e digestibilidade do alimento utilizado no

sistema de produção possibilitam definir estratégias de manejo alimentar mais

eficientes.

Por essa razão, nos novos sistemas de produção em pasto, o conhecimento da

composição químico-bromatológica e da cinética de degradação e digestibilidade dos

alimentos é imprescindível, uma vez que esses fatores vão ter influência direta na

resposta do animal à dieta que está sendo ofertada e em seu desempenho (SALMAN et

al. 2010). O resultado da composição química e da digestibilidade é que determina o

valor nutritivo do alimento. Portanto, um alimento para que tenha bom valor nutricional

tem que ter alto teor de nutriente e boa digestibilidade.

Entre as formas de se avaliar a degradabilidade e cinética de fermentação ruminal, o

método de produção de gás in vitro, descrito por Theodorou et al. (1994), vem sendo

utilizado por apresentar resultados satisfatórios, por ser uma técnica de baixo custo e

obter resultados mais rápidos quando comparado ao método in vivo (CABRAL et al.,

2002; MAURICIO et al., 2003; SENGER et al., 2007; SILVEIRA, 2006;

VELÁSQUEZ, 2006).

Com base no exposto acima é que se fazem necessários o estudo, implantação e

validação de novos sistemas de produção em pasto. Visando conhecer quais espécies

forrageiras melhor se adaptam e a viabilidade do uso da irrigação de pastagem,

principalmente na região Nordeste, onde o período de estiagem é prolongado gerando

déficit na produção de ruminantes.

REVISÃO DE LITERATURA

IRRIGAÇÃO DE PASTAGEM E ESCOLHA DA ESPÉCIE FORRAGEIRA

A produção de ruminantes baseada na alimentação em pasto é a forma mais

econômica de se produzir, uma vez que, em um sistema de produção os custos com

alimentação atingem de 60 a 80% do custo (MARTINS et al., 2000). A importância das

pastagens na produção de ruminantes no Brasil é inquestionável. De acordo com

Quadros (2005), estima-se que as áreas de pastagens ocupem 210 milhões de hectares, o

Page 11: Universidade Federal de Sergipe UFS Pró-Reitoria de Pós

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que corresponde em torno de 76% das áreas agricultáveis e 20% da área total do país.

Onde aproximadamente 90% do rebanho bovino brasileiro são produzidos

exclusivamente em pasto (TEIXEIRA, 2008).

Dos 210 milhões de hectares ocupados por pastagens no Brasil, cerca de 100 milhões

são de pastagens cultivadas (QUADROS, 2005), o que corresponde a aproximadamente

47,6% da área total de pastagens. As forrageiras tropicais são largamente utilizadas nos

sistemas de produção em pasto no Brasil. Isso se deve ao fato de possuírem baixo custo

de produção e alto potencial produtivo. Os capins do gênero Urochloa (Brachiaria),

ocupam mais de 80% dessa área, sendo o gênero mais cultivado do país, seguido do

Cynodon, Panicum, Digitaria, Andropogon entre outros (QUADROS, 2005).

Bianchini et al. (1999), afirmam que o gênero Digitaria desenvolve-se em várias

condições climáticas, sendo de fácil estabelecimento, tolerando vários tipos de manejo e

apresentando boa produção e alto valor nutritivo. As gramíneas do gênero Andropogon

possuem alta resistência à seca, desenvolvem-se em solos variando de arenosos a

argilosos, tendo boa tolerância à acidez do solo, a alta saturação de alumínio e ao

estresse causado por nutrição deficiente (CIAT, 1989). De acordo com Gonçalves et al.

(2002), as gramíneas do gênero Cynodon têm alta produção de massa seca, boa relação

folha/colmo, bom valor nutritivo, podendo ser utilizado para pastejo ou na forma de

feno.

Segundo Corrêa e Santos (2003), o gênero Urochloa (Brachiaria) teve papel

fundamental no Brasil, viabilizando a pecuária de corte em solos ácidos e de baixa

fertilidade, sendo a base das pastagens cultivadas no país. As plantas do gênero

Panicum, apresentam como características grande produção de massa por área, boa

qualidade, ampla adaptabilidade e fácil estabelecimento (CORRÊA e SANTOS, 2003).

No entanto, há carência de pesquisas avaliando o potencial produtivo e adaptativo

destes gêneros, principalmente na região Nordeste do Brasil.

Apesar dos gêneros de forrageiras tropicais apresentarem alta capacidade produtiva e

serem adaptadas as diversas regiões do país, essas espécies apresentam como

característica estacionalidade produtiva. Essa estacionalidade pode ser devido ao

fotoperíodo, disponibilidade de água e temperatura (MALDONADO et al., 1997). No

entanto no Nordeste, a instabilidade climática, caracterizada pela deficiente distribuição

espacial e temporal das chuvas, é a principal causa da estacionalidade na produção

forrageira (Azar, 2007). Por essa razão, as plantas forrageiras acabam não atingindo seu

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potencial produtivo, diminuindo sua capacidade de suporte durante o período seco do

ano.

As forrageiras tropicais necessitam de 250g a 350g de água para cada grama de

matéria seca produzida (COSTA et al., 2008; PEDREIRA et al., 1998). Por tanto essas

forrageiras necessitam para cada tonelada de matéria seca produzida entre 25 a 35 mm

de água (AGUIAR e SILVA, 2002). As plantas necessitam da água para completar seus

ciclos e atingir bom valor nutritivo, por essa razão no período de seca elas se tornam

pouco eficientes para a alimentação dos animais (LOPES et al., 2005). Forrageiras

submetidas a estresse hídrico prolongado, mais comum na época seca, podem paralisar

seu crescimento e aumentar a proporção de tecidos estruturais e a espessura das paredes

celulares, elevando o teor de FDN e reduzindo sua digestibilidade (WILSON, 1982).

Em decorrência da irregularidade na distribuição das chuvas ao longo do ano, os

produtos oriundos de animal em pastejo (carne e leite), apresentam duas épocas

distintas, safra e entressafra (KEPLER FILHO, 1997). Isso acaba gerando falhas no

sistema produtivo, o que diminui a competitividade dos sistemas baseados em pasto.

Essas falhas no sistema de produção de ruminantes em pastejo são decorrentes da falta

de uso de estratégias e tecnologias apropriadas, associadas ao manejo inadequado do

solo e da planta (FAGUNDES, 2004).

Uma das práticas mais utilizadas nos sistemas de produção em pasto, para se tentar

evitar os problemas decorrentes da falta de água durante o período de estiagem é a

redução da taxa de lotação através da venda dos animais no final do período das águas

(COSTA et al., 2008). No entanto, esta prática nem sempre é vantajosa para o produtor,

que em regiões onde a seca é mais severa, acaba tendo que vender os animais a preços

muito baixos por não terem como alimentá-los. Essa situação é observada

principalmente na região Nordeste do Brasil, onde os períodos de seca são mais

prolongados. Por essa razão, a irrigação de pastagem surge como alternativa para

diminuir os impactos da estacionalidade na produção forrageira, sem que seja preciso se

desfazer do rebanho, principalmente em regiões onde a temperatura e luminosidade não

sejam fatores limitantes ao crescimento das plantas (CÓSER et al., 2008; FERREIRA,

1998; MISTURA et al., 2006), como na região Nordeste do Brasil.

A produção de pastagens utilizando sistemas de irrigação traz como garantia o

planejamento do sistema produtivo, permitindo que se alcancem os índices de

produtividade almejados (CUNHA et al., 2008, RASSIN, 2007). De acordo com

Fernandes et al. (2010), a irrigação de pastagem simplifica o manejo do rebanho,

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eliminando flutuações na produção forrageira, ocasionada por veranicos, tornando o

sistema mais estável em regiões onde não há problemas com temperaturas e

fotoperíodo. Ainda de acordo com os mesmos autores a irrigação de pastagem vem

crescendo no Brasil. Esta técnica possibilita a obtenção de forragens com melhor valor

nutricional e maior índice de produção por área, além de favorecer o manejo racional do

sistema de produção animal.

Os benefícios do fornecimento adequado de água as plantas forrageiras são: o

estímulo ao desenvolvimento das folhas primordiais, o aumento do número de folhas

vivas por perfilho, a diminuição do intervalo de tempo de aparecimento de folhas, a

redução da senescência foliar e o estímulo ao surgimento de novos perfilhos

(MAZZANTI e LEMAIRE, 1994; MAZZANTI et al., 1994).

A irrigação promove efeito positivo na quantidade de proteína e na digestibilidade

das plantas forrageiras (PALLERAQUI et al., 2006). No entanto, secas intermitentes de

moderada severidade, como os veranicos da época chuvosa, podem resultar em aumento

da digestibilidade das forragens (DIAS FILHO et al., 1991), pois plantas sob estresse

hídrico moderado têm seu desenvolvimento menos acelerado, tornando-se

fisiologicamente mais novas (DIAS FILHO et al., 1989). Entretanto, o déficit hídrico

em algumas regiões do Brasil (principalmente na região Nordeste) é severo, devido às

secas prolongadas o que limita a produção forrageira.

Para Drumond et al. (2006), a irrigação da pastagem poderia reduzir custos de

produção e tempo de trabalho para alimentar o rebanho, comparada a outras alternativas

de suplementação no período seco, tais como a silagem e o feno, por utilizar menor

área, uso de água de baixa qualidade possibilitando prolongar o período de pastejo

durante a seca. Segundo Andrade (2000), a utilização da técnica de irrigação eleva as

taxas de lotação bem como permite ganho de peso vivo, mesmo durante o período seco

do ano. Este mesmo avaliando a exploração de pastagens irrigadas por pivô central, em

três regiões do Brasil (Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste), verificou que a região

Nordeste obteve valores muito favoráveis no uso de irrigação, chegando à produção de

4.404 kg de PV/ha.ano.

Weigand et al. (1998), também avaliando a exploração de pastagens irrigadas em três

regiões do Brasil: Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste. Estes observaram que na região

Nordeste o ganho de peso vivo esperado foi de 1,00 kg/animal.dia e a taxa de lotação

média foi de 6,70 UA/ha. Aveiro et al. (1991), avaliando a produção total de matéria

Page 14: Universidade Federal de Sergipe UFS Pró-Reitoria de Pós

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seca de capim-elefante com e sem irrigação, observaram um aumento de 17,8 t/ha.ano

para 23,8 t/ha.ano, da área não irrigada para irrigada, respectivamente.

Maldonado et al. (1997) observaram resposta positiva e quadrática na produção de

matéria seca para as cultivares de capim-elefante Napier e Taiwan A-146 irrigados

durante o verão, verificando interação entre lâmina de água utilizada e a espécie

forrageira. De acordo com Palleraqui et al. (2006), os capins Mombaça e Napier

aumentaram na média a disponibilidade de matéria seca, no nível irrigado em relação a

não irrigada (4.016 kg/ha e 3.123 kg/ha, respectivamente).

Ribeiro et al. (2008), constataram entre os níveis de irrigação (irrigado e não

irrigado) dos capins Elefante e Mombaça, aumento da digestibilidade in vivo da matéria

seca (MS), 54,2% no irrigado e 52,7% no não irrigado, da FDN (55,5% no irrigado e

52,4% no não irrigado) e da matéria orgânica (MO), 60,6% no irrigado e 58,5% no não

irrigado. Porém esses mesmos autores não encontraram diferença na digestibilidade in

vivo da proteína bruta entre os níveis de irrigação (irrigado e não irrigado) dos capins

Mombaça e Elefante.

Ribeiro et al. (2009), observaram em média maior disponibilidade de matéria seca

dos capins Napier e Mombaça, no nível irrigado em relação a não irrigada, 5.491,3 e

4.153,9, respectivamente. Estes autores também observaram aumento na proporção de

lâminas foliares do capim Mombaça, da área não irrigada para a irrigada durante a seca,

de 65,4% para 71,0%, respectivamente.

A irrigação de pastagem durante o período da seca permite melhor planejamento do

sistema de produção, melhorando o desempenho animal e o ganho por área, por

aumentar a capacidade de suporte das pastagens durante o período mais crítico do ano,

fazendo com que a produção forrageira se distribua uniformemente ao longo do ano.

Isto faz com que o fator água deixe de ser limitante nos sistemas de produção baseados

em pastejo.

PRODUÇÃO DE GÁS IN VITRO

O conhecimento da digestibilidade dos alimentos é importante para definir a

qualidade da dieta, uma vez que esse fator determina o quanto de nutrientes serão

efetivamente aproveitados pelo animal. Segundo Berchielli et al. (2005), a quantidade

total de nutrientes absorvidos na dieta é um dos fatores que mais vão exercer influência

na resposta do animal em produção.

Page 15: Universidade Federal de Sergipe UFS Pró-Reitoria de Pós

15

Tendo em vista a necessidade de se determinar a digestibilidade das dietas, foram

desenvolvidas técnicas que predissessem com precisão o coeficiente de digestibilidade

dos alimentos. Os métodos desenvolvidos para esta finalidade foram os in vivo, in situ e

in vitro.

Experimentos que utilizam o método in vivo, para determinar a digestibilidade,

consumo e desempenho animal, são os que apresentam resultados mais precisos. No

entanto, estes demandam de muito tempo, trabalho e grande volume de alimentos,

inviabilizando o uso em avaliações rotineiras de alimentos (SENGER et al., 2007). Por

essa razão, foi desenvolvida a técnica de degradabilidade in vitro e in situ, como

métodos alternativos para predizerem a degradabilidade dos alimentos de forma mais

rápida e permitindo a utilização de uma menor quantidade de alimentos, bem como a

avaliação de vários alimentos diferentes ao mesmo tempo.

A técnica de degradabilidade in situ, consiste na avaliação da degradação de

alimentos incubados em sacos de náilon porosos. Estes sacos são mantidos dentro do

rúmen de animais fistulados sendo removidos em intervalos de tempo determinados,

segundo técnica proposta por Orskov e McDonald (1979). Esta técnica apresenta como

limitação a falta de padronização, apesar dos esforços para se tentar padronizar a sua

utilização. Por conta da falta de padronização são detectadas diferenças nos resultados

entre os laboratórios, mesmo quando utilizam condições de avaliação idênticas

(NOCEK, 1985).

A primeira técnica digestibilidade in vitro foi desenvolvida por Tilley e Terry (1963)

baseada em dois estágios para simular a digestibilidade do alimento. No primeiro

estagio o alimento é incubado por 48h em líquido ruminal. Posteriormente o alimento é

incubado por mais 48 horas em pepsina e ácido fraco. No entanto, foi constatado que

essa técnica apresenta algumas limitações para estimar a digestibilidade in vivo naquelas

situações em que se suspeita ou se sabe que o material ingerido é retido no rúmen

durante um período de tempo mais curto do que a incubação (DI MARCO et al., 2005).

Theodorou et al. (1994), afirmam que está técnica não fornece informações sobre a

cinética da digestão de forragem, por avaliar apenas o resultado final da digestão. Por

não ser possível avaliar a cinética da digestão pelo método de dois estágios proposto por

Tilley e Terry (1963), que foi desenvolvido o método de avaliação da digestibilidade

pela produção de gás in vitro.

Quando um alimento é incubado no rúmen, este passa por processo de degradação,

podendo ser fermentado, produzindo gases e ácidos de fermentação, ou ser incorporado

Page 16: Universidade Federal de Sergipe UFS Pró-Reitoria de Pós

16

à massa microbiana do rúmen (RYMER et al., 2005). Por essa razão os estudos de

fermentação in vitro por produção de gás servem para entender os processos de

aproveitamento dos nutrientes, que começam pela fermentação ruminal e refletem

diretamente no desempenho dos animais.

A técnica de produção de gás in vitro, consiste na incubação de amostras de

alimentos em garrafas com um medidor de gás acoplado. Para determinar o volume do

gás pode-se utilizar uma seringa plástica graduada, quando ocorre a fermentação do

alimento e a liberação de gás. A quantidade de gás produzido é medida em tempos

definidos, para que se obtenha uma curva de degradação (THEODOROU et al., 1994).

A degradabilidade in vitro por produção de gás gera uma curva sigmóide, e pode ser

dividida em três fases: 1) a fase lenta, sem produção de gás (fase inicial), 2) a fase de

produção de gás rápida (fase exponencial) e 3) a fase em que a taxa de produção de gás

diminui, chegando à zero (fase assintótica) (BEUVINK e KOGUT, 1993). Durante a

fase inicial ocorre hidratação, fixação e colonização do substrato pelos microrganismos

ruminais (CHENG et al., 1980).

De acordo com Tagliapietra et al. (2010), o gás liberado a partir de alimentos

inoculados com líquido ruminal reflete a atividade microbiana. O gás que é produzido

como produto da fermentação e o perfil acumulado deste gás podem dar informação

sobre a digestibilidade do alimento e cinética de fermentação (GETACHEW et al.,

1998). Cabral et al. (2002) ressaltam que a técnica de produção de gases in vitro é

importante para o estudo dos parâmetros cinéticos das frações que compõe os alimentos.

Isto porque os gases produzidos durante a fermentação refletem a taxa e extensão em

que os componentes são fermentados pelos microrganismos ruminais. O sistema de

produção de gás in vitro permite estimar a digestibilidade da matéria seca e matéria

orgânica, indicando diretamente os produtos finais produzidos pela fermentação, como

os gases (CO2 e CH4) e indiretamente a produção de ácidos graxos de cadeia curta

(AGCC) (BUENO et al., 2005).

O método de produção de gás in vitro tem como principal vantagem determinar a

cinética de fermentação em uma única amostra. Sendo necessária uma quantidade

relativamente pequena de amostra, permitindo avaliar maior número de amostras ao

mesmo tempo, permitindo também a obtenção de um grande número de observações

demonstrando boas correlações com metodologias in vivo e in situ (BLUMEL e

ORSKOV, 1993).

Page 17: Universidade Federal de Sergipe UFS Pró-Reitoria de Pós

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Campos et al. (2000), comparando o método de digestibilidade in vitro por produção

gás no período de 48 horas com os métodos in situ e in vivo, de silagem de milho com

alta ou baixa matéria seca (MS), observaram que para silagem com alta MS os métodos

in situ e in vitro não diferiram entre si (65,2% e 65,4%, respectivamente). Porém, ambos

foram menores que o método in vivo (66,4%). Quanto à silagem com baixa MS, os três

métodos não diferiram apresentando valores de 67,4%, 66,9% e 72,3% para os métodos

in vitro, in vivo e in situ, respectivamente.

Santos et al. (2003), utilizando a técnica de produção de gás para estimar a

degradabilidade ruminal de alimentos nas espécies bovina, caprina e ovina, concluíram

que a técnica de produção de gás permitiu estimaras taxas de digestão das frações

insolúveis e, principalmente, das frações solúveis dos carboidratos totais. Campos et al.

(2000), comparando os métodos do sistema de monitoramento computadorizado de

digestão in vitro com o in vivo e in situ, utilizando resíduo de forragem, concluíram que

a quantificação do desaparecimento da matéria seca e fibra em detergente neutro pelo

método in vitro de produção de gás se assemelha aos demais métodos.

Castro et al. (2007), avaliando a cinética de degradação e fermentação pelo método

in vitro de produção de gás, do capim Marandu colhido em diferentes idades de corte,

concluíram que as idades de 28 e 56 dias, são os melhores momentos para a utilização

do capim Braquiarão, pois nessas idades é que foi observada a maior fermentação

ruminal dessa forrageira.

Sousa et al. (2011), utilizando a técnica de produção de gás in vitro para estudar a

fermentação ruminal do capim Marandu em sistema silvipastoril, concluíram que a

forrageira teve maior fermentação no período da chuva, do que no de transição. Sá et al.

(2011), estudando a cinética de fermentação in vitro do capim Marandu em diferentes

idades de corte, observaram maior potencial de produção de gases do capim cortado aos

35 dias (116,8 ml/g MS-1

) em relação ao capim cortado aos 28 (95,75 ml/g MS-1

) e 54

dias (68 ml/g MS-1

), e maior degradabilidade da matéria seca aos 28 dias (73,7%).

Velásquez (2006), estudando a produção de gás in vitro da Brachiaria brizantha,

Tifton-85 e Tanzânia, observou maior produção de gás às 96h de incubação para a

Brachiaria brizantha, devido a esta forrageira possuir maior quantidade de carboidratos

prontamente solúveis (fração A+B1).

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24

ARTIGO 1.

PRODUÇÃO E COMPOSIÇÃO QUÍMICO-BROMATOLÓGICA DE GRAMÍNEAS TROPICAIS

SUBMETIDAS A DOIS NÍVEIS DE IRRIGAÇÃO

(Production and chemical composition of tropical grasses subjected to two irrigation

levels)

RESUMO

Objetivou-se avaliar a produção e composição bromatológica de cinco espécies

forrageiras submetidas a dois níveis de irrigação. As forrageiras utilizadas foram:

Urochloa brizantha cv. MG5, Andropogon gayanus, Urochloa humidicola, Digitaria

umfolozi e Panicum maximum cv. Aruana, submetidas ou não a irrigação, com quatro

repetições. O delineamento experimental foi em blocos ao acaso em esquema fatorial

5x2. Observou-se interação significativa (P<0,05) na produção de MS, no teor de LFV e

na relação lâmina foliar:colmo, entre as espécies e níveis de irrigação. Verificou-se

diferença significativa (P<0,05) no teor de NDT, entre as espécies e os níveis de

irrigação. Para o teor de PB e frações A, B1, B2 e B3 da PB, foi observada interação

significativa (P<0,05), para o teor de fração C houve diferença significativa (P<0,05)

entre as espécies e níveis de irrigação. Observou-se diferença significativa (P<0,05) nos

teores de FDNcp, FDAcp e LDA, somente entre as forrageiras. Para as frações A+B1

dos carboidratos, observou-se interação significativa (P<0,05), nas frações B2 e C

houve diferença significativa (P<0,05) somente entre as forrageiras. A irrigação

aumentou a PMS/ha, diminuiu o teor de PB e elevou o teor das frações menos

degradáveis da PB.

Palavras-Chave: Forrageiras, Fracionamento, Proteína Bruta

Page 25: Universidade Federal de Sergipe UFS Pró-Reitoria de Pós

25

ABSTRACT

This study aimed to evaluate the production and chemical composition of fodder under

different irrigation levels. We used five forage species (Urochloa brizantha cv. MG5,

Andropogon gayanus, Urochloa humidicola, Digitaria umfolozi and Panicum maximum

cv. Aruana) submitted to two irrigation levels, with four replications. The experimental

design was in randomized blocks in a 5x2 factorial scheme. A significant interaction (P

< 0.05) in DM production, in GLL and content in the leaf blade: stem, between species

and irrigation levels. There was a significant difference (P < 0.05) in TDN content,

between species and irrigation levels. For the CP content and fractions A, B1, B2 and

B3 of CP, a significant interaction (P < 0.05) was observed for the content of fraction C

was no significant difference (P < 0.05) between species and levels irrigation. A

significant difference (P < 0.05) in levels of NDF, ADFcp and ADL, only among the

grasses. For fractions A + B1 of carbohydrates, there was a significant interaction (P <

0.05), infractions B2 and C there was a significant difference (P < 0.05) only among

foragers. Irrigation increased the PMS/ha decreased CP content and increased content of

less degradable CP fractions.

Keywords: Forage, Fractionation, Crude Protein

INTRODUÇÃO

As forrageiras tropicais apresentam como característica estacionalidade produtiva,

devido a fatores como temperatura, luminosidade e disponibilidade de água (Silva,

2009). Na região Nordeste do Brasil, a luz e temperatura não são empecilhos à produção

forrageira, sendo esta limitada pela disponibilidade de água.

A região nordestina é caracterizada por longos períodos secos, que podem alcançar

até 8 meses, o que afeta a produção e qualidade das forrageiras, impactando a produção

animal em pasto.

Page 26: Universidade Federal de Sergipe UFS Pró-Reitoria de Pós

26

As principais consequências dos longos períodos de estiagem na produção forrageira

são o decréscimo na disponibilidade de forragem, e lignificação dos tecidos que compõe

a planta. Esta lignificação ocorre por conta do processo de senescência, que os tecidos

da planta sofrem quando em estresse hídrico. O que diminui a qualidade nutritiva da

forrageira, pois o material lignificado tem menor aproveitamento por parte do animal,

afetando diretamente o seu desempenho.

Por essas razões é importante que se faça o estudo de espécies forrageiras que se

adaptem a região Nordeste, bem como do uso de técnicas agrícolas que diminuam os

impactos da seca. De acordo com Silva (2011), a introdução de cultivares e genótipos

adaptados as condições edafoclimáticas da região onde se deseja produzir, é de

fundamental importância para a produção animal, pois significará um incremento nos

índices produtivos.

Dentre as gramíneas forrageiras utilizadas para alimentação animal, os gêneros

Urochloa, Cynodon e Panicum destacam-se por apresentarem elevada produção de

massa seca por área, alto valor nutritivo, boa aceitabilidade, alta capacidade de suporte

dos animais, não apresentando princípios tóxicos ou anti-nutricionais, estando bastante

disseminadas no Brasil (Bianchini et al., 1999; Gonçalves et al., 2002; Quadros, 2005).

Assim como os gêneros Andropogon e Digitaria, entre outros também podem ser

utilizados em sistemas de produção de ruminantes. Porém, na região Nordeste do Brasil,

há carência de pesquisas avaliando o potencial produtivo e adaptativo desses gêneros.

Aliado a escolha da espécie forrageira, a irrigação de pastagem é uma técnica

agrícola que possibilita obter bons índices produtivos em pasto durante o período seco.

Segundo Andrade (2000), a produção de bovinos em pastagem irrigada permite a

elevação da taxa de lotação (até 10 UA/ha) bem como ganhos de peso vivo de até 1

kg/animal.dia, mesmo durante o período seco do ano.

Outro fator importante de se avaliar, no sistema de produção em pasto, é qual a

espécie forrageira tem melhor resposta a irrigação, tanto em termos de produção de

massa por área, quanto de qualidade nutricional, permitindo assim definir estratégias de

manejo alimentar mais eficientes.

Pelas razões acima citadas o presente trabalho teve como objetivo avaliar a produção

e composição químico-bromatológica de cinco espécies forrageiras submetidas a dois

níveis de irrigação durante o período de seca.

Page 27: Universidade Federal de Sergipe UFS Pró-Reitoria de Pós

27

MATERIAS E MÉTODOS

O experimento foi conduzido de outubro de 2012 a agosto de 2013, na área do

Campus Rural, localizado no município de São Cristóvão – SE e no Laboratório de

Nutrição Animal da UFS. A região onde está localizado o Campus Rural apresenta

precipitação média anual de 1.300 mm, temperatura média de 25,5ºC e umidade relativa

do ar média de 75%, com período chuvoso concentrado entre os meses de abril e agosto.

O solo local é um Argissolo Vermelho-Amarelo Distrófico Arênico Tb.

Foram utilizadas cinco espécies forrageiras (Panicum maximum cv. Aruana,

Urochloa brizantha cv. MG5, Andropogon gayanus, Urochloa humidicola e Digitaria

umfolozi) submetidas a dois níveis de irrigação, com quatro repetições. O delineamento

experimental utilizado foi em blocos completos ao acaso em esquema fatorial 5x2,

sendo 5 espécies forrageiras e 2 níveis de irrigação (com e sem irrigação).

Na área experimental, cada espécie forrageira estava cultivada em 4 diferentes

canteiros de 4 m² (2 x 2 m), com área útil de coleta de 2,0 m². Para iniciar a avaliação da

produção de forragem, foi realizada adubação de correção, com base na análise de solo

realizada pelo Instituto de Pesquisa e Tecnologia de Sergipe (ITPS). Foram utilizados

50 kg/ha de N, 150 kg/ha de P2O5e 80 kg/ha de K2O em única dose. Foi também

realizado corte de uniformização nas parcelas experimentais.

O sistema de irrigação foi determinado com base na capacidade de retenção de água

do solo. Para isso foram retiradas 16 amostras de solo e enviadas para análise no

Laboratório de Solos da Universidade Federal de Sergipe. Com base na análise da

capacidade de retenção de água do solo, foi determinado o turno de rega de acordo com

metodologia descrita por Alencar et al. (2009).

Foram realizados 2 cortes em cada canteiro em uma área de 0,16 m2, rente ao solo

com intervalo de 45 dias entre os cortes, nos meses de dezembro de 2012 e janeiro de

2013. As amostras de forragem colhidas foram divididas em 2 sub-amostras, uma sub-

amostra foi fracionada em lâminas foliares verdes (LFV), colmos verdes (colmo +

bainha foliar) e materiais mortos (MM), e a outra sub-amostra contendo todos os

componentes da planta. Posteriormente foram pesados e secos em estufa de ventilação

forçada a 55ºC por 72 h e novamente pesadas para determinação da matéria seca (MS).

A partir da participação dos componentes LFV, colmo verde e MM na massa seca total

das amostras colhidas, foi estimado o percentual dos componentes no dossel forrageiro.

As amostras da planta inteira foram analisadas quanto aos teores de MS, proteína

bruta (PB) e matéria orgânica (MO) de acordo com metodologia descrita por Silva e

Page 28: Universidade Federal de Sergipe UFS Pró-Reitoria de Pós

28

Queiroz (2009). Os teores de fibra em detergente neutro (FDN) e fibra em detergente

ácido (FDA) foram determinados de acordo com metodologia proposta por Van Soest et

al. (1991) e foram corrigidos para cinzas e proteína (FDNcp e FDAcp,

respectivamente). Para determinação da lignina (LDA) foi usada metodologia descrita

por Van Soest (1967), utilizando ácido sulfúrico a 72%. O teor de nutrientes digestíveis

totais (NDT) foi estimado de acordo com a equação descrita por Cappelle (2001).

O nitrogênio foi dividido nas frações A, B1, B2, B3 e C, segundo metodologia

descrita por Licitra et al. (1996). Para determinar a fração A foi utilizada solução de

ácido tricloroacético (TCA) a 10%. Para determinar a fração B1 foi utilizada solução

borato-fosfato, pois esta fração apresenta alta solubilidade. A fração B2 foi determinada

pelo cálculo 1-(A+B1+B3+C), a fração B3 foi determinada através do cálculo (NIDN-

NIDA) e a fração C foi determinada pelo nitrogênio ligado a lignina e Compostos de

Maillard (NIDA).

Os carboidratos foram divididos em carboidratos totais (CT), carboidratos não

fibrosos (CNF), e determinados de acordo com Sniffen et al. (1992): CT = 100 – (PB +

EE + Cz); CNF = CT – FDNcp; Fração B2 = FDNcp – Fração C; Fração C =2,4 * LDA

(Smith et al., 1972), onde Cz = cinzas e EE = extrato etéreo

Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância e as médias comparadas

pelo Teste Student Newman Keuls (SNK) a 5% de significância, analisados pelo pacote

estatístico ASSISTAT beta 7.7.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Observou-se interação significativa (P<0,05) na produção de MS (PMS), entre as

espécies forrageiras e os níveis de irrigação (Tabela1). Tanto no nível irrigado como no

não irrigado o capim Andropogon foi o que apresentou à maior (P<0,05) PMS quando

em comparação com as outras espécies forrageiras, o capim Aruana apresentou à menor

(P<0,05) PMS que os demais capins, nos dois níveis de irrigação. Todas as forrageiras

tiveram superior produção de MS/ha (P<0,05) no nível irrigado do que no não irrigado.

Maior produção de massa por área significa maior oferta de alimento para os animais

em pastejo, aumentando a capacidade de suporte da pastagem, o que possibilita maior

ganho de peso por área e/ou por animal. Sendo assim, o capim Andropogon se destacou

das demais espécies, por ter uma elevada produção de MS. A superioridade do

Andropogon foi mais evidente no nível não irrigado (7471,9 kg/ha), demonstrando

maior potencial adaptativo dessa forrageira em relação às demais. O capim Andropogon

Page 29: Universidade Federal de Sergipe UFS Pró-Reitoria de Pós

29

é utilizado em diversas regiões do Brasil, destacando-se por apresentar alta tolerância às

pragas, ser adaptado às regiões secas e ter potencial para produzir em solos com baixa

fertilidade (Lacerda, 2007; Veras et al., 2010).

Tabela 1. Produção total de matéria seca (PMS) e percentual dos componentes morfológicos, lâmina foliar verde

(LFV), colmo, material morto (MM) e relação LFV:colmo (RLC) de cinco espécies forrageiras submetidas a

dois níveis de irrigação.

Nível de

Irrigação

Espécies Forrageiras Média CV%

Aruana D. umfolozi Andropogon Humidicola MG-5

PMS

kg/ha

Sem 2270,7dB 4435,4bcB 7471,9aB 4012,3cB 5010,2bB 4640,1 8,2

Com 4639,4eA 8128,2cA 12730,8aA 11403,2bA 6892,1dA 8758,7

Média 3455,1 6281,8 10101,4 7707,8 5951,1

LFV

(%)

Sem 33,1aB 36,8aA 37,4aB 36,0aA 30,9aB 34,8 9,9

Com 41,1bA 35,6cA 44,1abA 31,9cA 48,9aA 40,3

Média 37,1 36,2 40,8 33,9 39,9

Colmo

(%)

Sem 24,4 18,6 27,4 30,0 24,3 25,0B

10,6 Com 29,3 25,9 38,5 42,7 32,3 33,7A

Média 26,9c 22,2d 33,0b 36,4a 28,3c

MM (%) Sem 42,4aA 44,6aA 35,1bA 34,0bA 44,7aA 40,2

11,1 Com 29,5bB 38,4aB 17,4cB 25,4bB 18,8cB 25,9

Média 36,0 41,5 26,3 29,7 31,8

RLC Sem 1,4bA 2,0aA 1,4bA 1,2bA 1,3bA 1,5

18,7 Com 1,4aA 1,4aB 1,1aA 0,8bB 1,5aA 1,2

Média 1,4 1,7 1,2 1,0 1,4

Médias seguidas de mesma letra, minúscula na linha e maiúscula na coluna, não diferem estatisticamente pelo Teste

SNK a 5% de significância. CV: coeficiente de variação, %.

O uso da irrigação, na média aumentou a capacidade de suporte das pastagens de 1,1

UA/ha.ano para 2,1 UA/ha.ano (Figura 1), o que possibilita maior produtividade nos

sistemas de pastejo na região dos Tabuleiros Costeiros de Sergipe. Esses dados estão de

acordo com o que afirmam Costa et al. (2008), que a irrigação de forrageiras do grupo

C4 é uma das formas de se contornar a estacionalidade da produção de forragens em

regiões onde a água é o fator limitante, como no Nordeste Brasileiro. A espécie que

melhor respondeu a irrigação foi o humidicola, aumentando a PMS em 184%, seguido

do Aruana (104%), D. umfolozi (83,2%), Andropogon (70%) e MG-5 (37%).

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30

Figura 1. Capacidade de suporte média das forrageiras em dois níveis de irrigação

Foi observada interação significativa (P<0,05) no teor de LFV entre as espécies

forrageiras e os níveis de irrigação (Tabela 1). No nível não irrigado as espécies não

diferiram significativamente (P<0,05) quanto ao teor de LFV. No nível irrigado, o

capim MG-5 apresentou maior teor de LFV (P<0,05) que os capins D. umfolozi,

Humidicola e Aruana. O capim Andropogon teve teor de LFV semelhante (P>0,05) ao

MG-5 e ao Aruana. As forrageiras (Aruana, Andropogon e MG-5) apresentaram maior

teor de LFV (P<0,05) no nível irrigado do que no não irrigado, enquanto o D. umfolozi e

Humidicola não diferiram entre os níveis de irrigação.

Apesar de no nível não irrigado as forrageiras não diferirem quanto ao teor de LFV,

quando se estima a quantidade disponível de folha observa-se que o capim Andropogon

foi o que mais se destacou por produzir 2794,5 kg LFV/ha (dado não apresentado). É

importante que a forrageira tenha maior proporção de folhas, uma vez que, isto pode

significar maior consumo e desempenho dos animais em pasto. Além da proporção de

folhas influenciarem o consumo, é na folha que estão concentrados a maior parte dos

nutrientes da forrageira (Tamassia et al., 2001). No nível irrigado os capins MG-5 e

Andropogon se destacaram por possuir maior proporção de folhas verdes em seu dossel

(48,9 e 44,1%, respectivamente).

Verificou-se diferença significativa (P<0,05) no teor de colmo, tanto entre as

espécies forrageiras como entre os níveis de irrigação (Tabela 1). Não houve interação

entre esses fatores (P>0,05). Todas as espécies diferiram entre si (P<0,05), onde o

capim Humidicola teve maior teor de colmo, seguido das espécies Andropogon, MG-5,

Aruana e D. umfolozi.

O fato das forrageiras terem maior proporção de colmo quando submetida à irrigação

pode ser devido ao maior crescimento observado no nível irrigado, associado ao período

1,1

2,1

0,0

0,5

1,0

1,5

2,0

2,5

Não irrigado Irrigado

Ca

pa

cid

ad

e d

e su

po

rte

UA

/ha

Níveis de Irrigação

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31

de rebrota de 45 dias, que levou ao alongamento do colmo. Lopes et al. (2005),

avaliando o efeito da irrigação na produção e composição do capim elefante, também

observaram que quando o capim foi submetido a irrigação houve aumento na proporção

de colmo.

Observou-se interação significativa (P<0,05) na proporção de MM, entre as

forrageiras e os níveis de irrigação (Tabela 1). No nível não irrigado, as espécies

Aruana, D. umfolozi e MG-5 apresentaram similar teor de MM entre si (P>0,05), as

quais foram superiores (P<0,05) as espécies Humidicola e Andropogon, que também

não diferiram significativamente (P>0,05) entre si. No nível irrigado o capim D.

umfolozi teve maior proporção (P<0,05) de MM que os demais capins. Todas as

forrageiras apresentaram maior teor (P<0,05) de MM no nível sem irrigação.

O aumento no teor de MM observado nas forrageiras não irrigadas demonstra que o

estresse hídrico leva a morte dos seus tecidos, o que diminui a qualidade nutricional da

planta. Segundo Fagundes et al. (2012), as variações nos teores de material morto da

forrageira, resultam do equilíbrio entre os processos de crescimento e morte/senescência

de tecidos, os quais são afetados por práticas agronômicas de manejo.

Observou-se interação significativa (P<0,05) na RLC, entre as forrageiras e os níveis

de irrigação (Tabela 1). No nível não irrigado o capim D. umfolozi teve maior RLC

(P<0,05) que os demais capins, sendo que estes não diferiram entre si (P>0,05). No

nível irrigado, o capim Humidicola teve menor RLC (P<0,05), que os demais capins,

sendo que estes não diferiram (P>0,05) entre si. Os capins D. umfolozi e Humidicola

tiveram maior RLC no nível não irrigado (P<0,05), os demais capins não diferiram na

RLC (P>0,05) entre os níveis de irrigação.

A RLC é um dos parâmetros mais importantes na nutrição de ruminantes mantidos

em pastagens, pois é na folha que estão os maiores teores de nutrientes, sendo por essa

razão a parte mais consumida da forragem (Benedetti, 2002). De acordo com Pinto et al.

(1994), a RLC igual a 1,0 é o limite crítico para que a forragem tenha uma boa

qualidade. Em média, as forrageiras utilizadas no presente trabalho atenderam a esse

valor mínimo de RLC, no entanto o capim D. umfolozi se destacou por apresentar maior

RLC no nível não irrigado (2,3) demonstrando que essa forrageira pode possuir um bom

valor nutricional, por ter maior proporção de folhas em seu dossel, mesmo durante o

período seco do ano.

Foi observada interação significativa (P<0,05) no teor de MS entre as forrageiras e os

níveis de irrigação (Tabela 2). No nível sem irrigação o capim Andropogon apresentou

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32

maior teor de MS (P<0,05) que os capins Aruana e Humidicola, sendo que aquele não

diferiu (P>0,05) dos capins MG-5 e D. umfolozi. No nível irrigado o capim Humidicola

foi o que apresentou menor (P<0,05) teor de MS.

A irrigação diminuiu o teor (P<0,05) de MS dos capins Andropogon, Humidicola e

MG-5. Ribeiro et al. (2009), também observaram diminuição no teor de MS dos capins

Mombaça e Napier quando submetidos a irrigação. Esse fato pode ter ocorrido por conta

do aumento da quantidade de massa por área (Tabela 1) e principalmente dos

componentes verdes da forragem (folhas e colmos), que possuem maior teor de

umidade, o que acaba reduzindo a percentagem de MS.

O teor de MS determina a quantidade de nutrientes ingeridos, necessários para

atender as exigências nutricionais (ganho e mantença), influenciando diretamente no

desempenho dos animais (Gomide, 1993). Por essa razão, os capins Andropogon e MG-

5 destacaram-se por apresentarem maior teor de MS no nível não irrigado, significando

que essas forrageiras podem propiciar maior consumo aos animais.

Observou-se diferença significativa (P<0,05) no teor de MO entre as forragens e os

níveis de irrigação, não houve interação significativa (P>0,05) entre esses fatores

(Tabela 2). Os capins Andropogon, Humidicola e MG-5 não diferiram (P>0,05) entre si

e apresentaram maior teor (P<0,05) de MO que os capins Aruana e D. umfolozi, sendo

que o capim D. umfolozi foi maior (P<0,05) que o Aruana. Na média todas as

forrageiras apresentaram maior teor de MO no nível irrigado (P<0,05).

Tabela 2. Teores de matéria seca (MS), matéria orgânica (MO) e nutrientes digestíveis totais (NDT), de cinco

espécies forrageiras submetidas a dois níveis de irrigação.

Nível de

Irrigação

Espécies Forrageiras Média CV%

Aruana D. umfolozi Andropogon Humidicola MG-5

MS(%) Sem 32,5bA 33,7abA 37,0aA 29,4cA 35,7abA 33,6

6,5 Com 32,2aA 31,4aA 28,8aB 25,0bB 29,8aB 29,4

Média 32,4 32,5 32,9 27,2 32,8

% da Matéria Seca

MO Sem 90,5 92,0 93,8 93,7 94,0 92,8B

0,5 Com 91,6 92,9 93,6 93,7 94,2 93,2A

Média 91,0c 92,4b 93,7a 93,7a 94,1a

NDT Sem 55,2 55,2 53,9 54,1 54,4 54,4A

1,5 Com 55,8 54,7 53,6 53,1 53,5 53,9A

Média 55,5a 54,9a 53,7b 53,6b 53,4b

Médias seguidas de letras iguais maiúsculas na coluna e minúsculas na linha, não diferem estatisticamente pelo Teste

SNK a 5%. CV: coeficiente de variação, %.

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33

Foi observada diferença significativa (P<0,05) no teor de NDT, entre as cinco

espécies avaliadas e os níveis de irrigação (Tabela 2). Não houve interação significativa

(P>0,05) entre esses fatores. Os capins Aruana e D. umfolozi apresentaram maiores

teores (P<0,05) de NDT (média 55,5% e 54,9%, respectivamente), que os demais

capins, os quais não diferiram (P>0,05) entre si.

Na média, todas as forragens apresentaram maior teor de NDT no nível não irrigado

(P<0,05) do que no irrigado. Isso ocorreu porque no nível irrigado houve aumento no

percentual de colmo (Tabela 1). Isso também explica o fato dos capins Aruana e D.

umfolozi terem tido maior teor de NDT, pois essas forrageiras tiveram menor teor de

colmo (Tabela 1). Quanto estimada à produção de NDT kg/ha o capim Andropogon se

destacou apresentando medias de 4027,4 kg de NDT/ha e 6823,7 kg de NDT/ha, no

nível não irrigado e irrigado, respectivamente (dados não apresentados).

Segundo Cappelle et al. (2001), o teor de NDT é indicativo do conteúdo energético

dos alimentos, por essa razão forrageiras com maiores teores de NDT, podem aumentar

o desempenho dos animais, por disponibilizarem maior quantidade de energia. Além do

teor de NDT estar relacionado com o teor energético do alimento, Van Soest (1994),

afirma que o consumo de forragem pode ser influenciado pelo teor de NDT presente na

dieta do animal. Por essa razão, os capins Aruana e D. umfolozi podem promover

melhor desempenho dos animais, por possuir maior teor de NDT.

Observou-se interação significativa (P<0,05) no teor de PB entre as espécies

forrageiras e os níveis de irrigação (Tabela 3). Tanto no nível irrigado como no não

irrigado, o capim Aruana teve maior teor de PB (7,8 e 5,6% da MS, respectivamente)

(P<0,05) que as demais espécies forrageiras, o capim Humidicola não variou (P>0,05)

entre os níveis de irrigação. O teor de PB das forrageiras foi menor (P<0,05) quando

submetidas à irrigação, exceto para o capim Humidicola que não diferiu (P>0,05) entre

os níveis de irrigação.

O menor teor de PB no nível irrigado em comparação ao não irrigado, observado nas

espécies forrageiras do presente trabalho, pode ser devido ao maior crescimento que

essas espécies apresentaram quando submetidas à irrigação e com o aumento no

percentual de colmo, como visto na Tabela 1. O aumento do crescimento das forrageiras

e da proporção de colmo leva a diminuição no teor de PB das forrageiras, como citado

por Cunha (2007). Lopes et al. (2005) observaram menor teor de PB em capim irrigado

durante o período seco do ano, devido ao efeito de diluição do nitrogênio, decorrente do

aumento da parede celular, por conta do maior crescimento das plantas nesse período.

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Por outro lado, quando se estima a produção PB em kg/ha, o Andropogon se

destacou, tanto no nível irrigado quanto no não irrigado (483,8 kg de PB/ha e 343,7 kg

de PB/ha, respectivamente, dados não apresentados). Enquanto o Aruana apresentou

produção total de PB nos níveis irrigado e não irrigado de 259 kg de PB/ha e 177 kg de

PB/ha, respectivamente.

Tabela 3. Teor de proteína bruta (PB) e fracionamento da proteína bruta (% da PB) pelo sistema de Cornell, de cinco

espécies forrageiras submetidas a dois níveis de irrigação.

% da MS

Nível de

Irrigação

Espécies Forrageiras Média CV%

Aruana D. umfolozi Andropogon Humidicola MG-5

PB Sem 7,8aA 4,5bA 4,6bA 4,5bA 4,4bA 5,1

3,0 Com 5,6aB 3,4dB 3,8cB 4,3bA 3,2eB 4,0

Média 6,7 3,9 4,2 4,4 3,8

Frações % PB

A Sem 34,1aA 25,7bA 33,1aA 33,6aA 23,9bA 30,1

10,1 Com 15,7bB 15,6bB 12,3bB 32,6aA 15,7bB 18,3

Média 24,9 20,6 22,7 33,1 19,8

B1 Sem 13,8bB 12,4bB 8,7bB 13,0bA 24,1aA 14,4

16,3 Com 19,0cA 20,1bcA 23,9abA 3,8dB 25,1aA 18,4

Média 16,4 16,3 16,3 8,4 24,6

B2 Sem 19,1aA 21,0aA 5,2bA 18,9aB 16,9aA 16,2

17,6 Com 21,4bA 16,2bB 8,1cA 26,9aA 19,5bA 18,4

Média 20,2 18,6 6,6 22,9 18,2

B3 Sem 7,5bB 6,4bB 23,4aA 7,4bA 8,6bA 10,7

16,2 Com 17,3bA 12,7cA 24,6aA 9,5cA 10,2cA 14,8

Média 12,4 9,6 24,0 8,5 9,4

C Sem 25,4 34,4 29,7 27,0 26,5 28,6B

5,9 Com 26,6 35,6 31,2 27,3 29,5 30,0A

26,0c 35,0a 30,4b 27,2c 28,0c

Médias seguidas de letras iguais maiúsculas na coluna e minúsculas na linha, não diferem estatisticamente pelo

Teste SNK a 5%. CV: coeficiente de variação, %.

Foi observada interação significativa (P<0,05) para as frações A, B1, B2 e B3, entre

as espécies forrageiras e os níveis de irrigação (Tabela 3). Houve diminuição no teor da

fração A da PB, nas forrageiras quando submetidas à irrigação, exceto o capim

Humidicola que não diferiu entre os níveis de irrigação. Os capins Aruana, D. umfolozi

e Andropogon, tiveram maior teor de fração B1 (P<0,05), quando irrigados, já o

Humidicola foi maior (P<0,05) quando não irrigado e o MG-5 não diferiu (P>0,05)

entre os níveis de irrigação. Para a fração B3 os capins Aruana e D. umfolozi,

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35

apresentaram maior teor (P<0,05) quando irrigados, sendo que as demais espécies

forrageiras não diferiram (P>0,05) entre os níveis de irrigação.

A fração A da PB está relacionada com o nitrogênio não protéico (NNP), por tanto é

a fração de degradabilidade instantânea em nível ruminal (Sniffen et al., 1992). Essa

fração disponibiliza nitrogênio prontamente utilizável para a síntese de proteína

microbiana, sendo essa posteriormente utilizada como fonte de proteína para o

ruminante (Kozloski, 2002). Nesse sentido, os capins Aruana, Andropogon e

Humidicola se destacaram no nível não irrigado por apresentarem maior teor dessa

fração (34,1%, 33,1% e 33,6%, respectivamente). Já o capim Humidicola se destacou no

nível irrigado por apresentar um teor de 32,6% dessa fração, sendo maior que os demais

capins, que apresentaram em média um teor de 14,8% dessa fração.

O fato das espécies forrageiras terem diminuído o teor de fração A no nível irrigado,

pode ser por conta do maior teor de colmo observado nesse nível de irrigação (Tabela

1), o que acabou diluindo o teor dessa fração nas forragens submetidas à irrigação.

A fração B1 é totalmente degradada no rúmen, sendo utilizada para a síntese de

proteína microbiana assim como a fração A (Sniffen et al., 1992), e segundo Pina et al.

(2013), a maior parte dos aminoácidos absorvidos pelos ruminantes é proveniente da

proteína microbiana sintetizada no rúmen, que é considerada de bom valor nutricional

(NRC, 1985). Por tanto, é importante que o alimento possua maior teor das frações A e

B1. O capim MG-5 se destacou em ambos os níveis de irrigação por apresentar maior

teor da fração B1 da PB (24,1 e 25,1%, para o nível não irrigado e irrigado,

respectivamente).

Observou-se diferença significativa (P<0,05) no teor de Fração C, entre as espécies e

os níveis de irrigação, sendo que não houve interação (P>0,05) entre esses fatores. O

capim D. umfolozi apresentou maior (P<0,05) teor de fração C, sendo que o

Andropogon foi maior (P<0,05) que os demais, os quais não diferiram (P>0,05) entre si.

O teor de fração C foi maior (P<0,05) no nível irrigado.

O fato do capim D. umfolozi ter apresentado maior teor de fração C, pode ter sido

devido a essa forrageira ter possuído o maior teor de MM, em ambos os níveis de

irrigação (Tabela 1). A fração C é totalmente indegradável, representando a proteína

complexada a parede celular do vegetal, por tanto são desejados menores valores dessa

fração. Van Soest (1994), afirma que a fração C deve variar entre 5 a 15% da proteína

total. Por tanto, todos os valores encontrados nesse estudo estão superiores a esses, isso

pode ser devido ao fato da idade que os capins foram coletados, podendo estes já estar

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em processo de maturação, por tanto a proteína se complexou a parede celular.

Gonçalves et al. (2003) encontraram teores de 17,4, 18,7, 20,8 e 22,8% da fração C da

PB no capim Tifton-85, cortado em diferentes idades, demonstrando que a idade de

corte aumenta o teor dessa fração.

Em média, a irrigação diminuiu o teor de PB prontamente degradável no rúmen

(Frações A, B1 e B2) para todas as forrageiras, de 60,7% quando não irrigadas para

54,9% quando submetidas à irrigação. Por essa razão, no nível irrigado a PB disponível

para ser aproveitada pelo animal é de 2,8% dos 4% apresentado em média pelas

forrageiras (Tabela 3). Isto se deve ao fato de que, 30,0% da PB estão complexadas a

parede celular (fração C) e os outros 14,8% tem um baixo aproveitamento (fração B3),

pois a fração B3 é degradada lentamente. Esses resultados evidenciam que a irrigação

acelerou o processo de maturação das forrageiras, diminuindo o teor das frações mais

degradáveis (A, B1 e B2) e elevando o teor das frações menos degradáveis.

Demonstrando que as forrageiras quando submetidas à irrigação devem ser colhidas

com intervalo de tempo menor que o de 45 dias, para que possam manter um bom valor

nutricional.

Observou-se diferença significativa (P<0,05) no teor de FDNcp somente entre as

forrageiras.Não houve diferença entre os níveis de irrigação e não houve interação

(P>0,05) entre esses fatores (Tabela 4). Os capins Andropogon, Humidicola e MG-5

apresentaram maior (P<0,05) teor de FDNcp que os capins D. umfolozi e Aruana, sendo

que ambos não diferiram (P>0,05) entre si.

O teor de FDN é indicativo de consumo, pois esse é inversamente proporcional ao

conteúdo energético do alimento, e se relaciona com a capacidade do alimento ocupar

espaço no rúmen. Por essa razão, os capins Aruana e D. umfolozi destacaram-se por

terem menor teor de FDNcp.

Segundo Van Soest (1994), valores superiores à faixa de 55% a 60% de FDN na MS

limitam o consumo de forragem. Todas as forrageiras avaliadas nesse estudo

apresentaram teores de FDN acima desses valores (média de 72,2%). Isso pode ser

devido ao corte ter sido feito com 45 dias de idade, e de acordo com Aguiar (1999), as

forrageiras tropicais possuem altos teores de FDN, geralmente acima de 65%, podendo

chegar a até 80% com mais de 36 dias de idade.

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Tabela 4. Teores de fibra em detergente neutro corrigida para cinzas e proteínas (FDNcp), fibra em detergente ácido

corrigida para cinzas e proteínas (FDAcp) e lignina (LDA) de cinco forrageiras submetidas a dois níveis de

irrigação.

Espécies forrageiras Nível de Irrigação

CV% Aruana

D.

umfolozi Andropogon Humidicola MG-5 Sem Com

FDNcp 67,9b 69,2b 72,0a 72,4a 71,4a 70,1a 71,1a 2,8

FDAcp 32,2b 37,5a 31,1b 35,8a 36,0a 34,8a 34,2a 8,6

LDA 9,7a 8,2b 9,5a 8,6ab 9,6a 9,2a 9,1a 11,3

Médias seguidas de letras iguais não diferem estatisticamente pelo Teste SNK a 5%. CV: coeficiente de variação, %.

Para os teores de FDAcp foi observada diferença significativa (P<0,05) entre as

cinco espécies forrageiras (Tabela 4). Não houve diferença significativa (P>0,05) entre

os níveis de irrigação e não houve interação (P>0,05) entre esses fatores. Os capins D.

umfolozi, Humidicola e MG-5 apresentaram maiores (P<0,05) teores de FDAcp que os

capins Aruana e Andropogon, sendo que estes não diferiram (P>0,05) entre si.

Segundo Nussio et al. (1998) forrageiras com de 30% de FDAcp, ou menos, têm

maior aproveitamento por parte do animal, enquanto aquelas acima de 40% de FDAcp,

serão menos aproveitadas. Por tanto, nesse trabalho nenhuma das forrageiras

apresentaram teor de FDAcp maiores que o limite crítico para afetar o aproveitamento

por parte do animal.

Observou-se diferença significativa (P<0,05) no teor de LDA entre as diferentes

espécies forrageiras (Tabela 4), não houve diferença significativa (P>0,05) entre os

níveis de irrigação e não houve interação (P>0,05) entre esses fatores. Os capins

Aruana, Andropogon e MG-5 apresentaram maior (P<0,05) teor de LDA que o capim

D. umfolozi, sendo que não diferiram (P>0,05) do Humidicola.

A importância da LDA deve-se a influência negativa sobre a digestibilidade de

outros nutrientes, como da matéria seca, celulose e hemicelulose (Bianchini et al.,

2007). Por essa razão, os capins Aruana, MG-5 e Andropogon podem ter uma

digestibilidade menor que os demais capins, devido ao maior teor de lignina em sua

estrutura celular. De acordo com Mizubuti et al. (2011), a presença da lignina aumenta a

fração indegradável, reduzindo a fração potencialmente digerível da forrageira.

Além de afetar a digestibilidade da forrageira a lignina também influencia no seu teor

energético. Por a lignina ser totalmente indigestível (Granato, 2013), esta pode afetar no

teor de energia da forrageira, por dificultar o ataque dos microrganismos à celulose.

Visto que, os ruminantes desdobram a celulose por meio de sua flora bacteriana,

transformando-a em ácidos graxos voláteis (AGVs), sendo os AGVs a principal fonte de

energia para ruminantes alimentados com forrageiras (Silva e Queiroz, 2009). Por essa

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razão, os capins D. umfolozi e Humidicola destacaram-se por apresentarem menor teor

de LDA.

Foi observada interação significativa (P<0,05) no teor das frações A+B1 dos

carboidratos totais, entre os níveis de irrigação e as espécies forrageiras (Tabela 5).

Quando não irrigado, o capim Aruana apresentou o menor (P<0,05) teor das frações

A+B1. Quando submetido à irrigação o Aruana foi superior (P<0,05) ao capim

Humidicola, e ambos não diferiram (P>0,05) dos demais capins. Apenas a espécie

Aruana apresentou maior (P<0,05) teor das frações quando irrigado, as demais

forrageiras não diferiram (P>0,05) quanto aos níveis de irrigação.

As frações A+B1 representam os carboidratos solúveis e amido, presentes no

alimento, que são rapidamente degradados no rúmen, disponibilizando energia

prontamente utilizável para do desenvolvimento da microbiota ruminal (Pereira et al.,

2010). Nesse sentido, os capins D. umfolozi, Andropogon, Humidicola e MG-5

destacaram-se por apresentar maior teor dessa fração quando não irrigados (15,8, 14,3,

15,7 e 17,4% respectivamente), demonstrando que essas forragens disponibilizam maior

aporte energético para os microrganismos ruminais. Sá et al. (2010) encontraram teores

das frações A+B1 para os capins Tifton 85, Marandu e Tanzânia cortados aos 54 dias,

de 18,2, 25,0 e 21,2%, respectivamente.

Tabela 5. Fracionamento dos carboidratos pelo sistema de Cornell, e frações A+B1, B2 e C % da MS, de cinco

espécies forrageiras submetidas a dois níveis de irrigação.

(%) Níveis de

Irrigação

Espécies Forrageiras Média CV%

Aruana D. umfolozi Andropogon Humidicola MG-5

A+B1 Sem 12,8bB 17,3aA 16,1aA 17,0aA 18,7aA 16,4

10,8 Com 18,5aA 18,6abA 16,4abA 14,9bA 18,0abA 17,3

Média 15,6 18,0 16,2 15,9 18,3

B2 Sem 44,8 48,6 50,2 50,4 46,4 48,1A

7,4 Com 44,2 50,6 48,2 53,1 50,2 49,2A

Média 44,5b 49,6a 49,2a 51,8a 48,3a

C Sem 24,1 20,0 21,3 20,8 23,9 22,0A

11,3 Com 22,7 19,2 24,4 20,6 22,3 21,8A

Média 23,4a 19,6b 22,9a 20,7ab 23,1a

Médias iguais maiúsculas na coluna e minúsculas na linha, não diferem estatisticamente pelo Teste SNK a 5%. CV:

coeficiente de variação, %.

Foi verificada diferença significativa (P<0,05) na proporção da fração B2 dos

carboidratos entre as forrageiras, não houve diferença entre os níveis de irrigação

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(P>0,05) e não houve interação entre esses fatores (P>0,05). O capim Aruana

apresentou o menor (P<0,05) teor de fração B2 que os demais capins, sendo que esses

não diferiram (P>0,05) entre si.

Observou-se diferença significativa (P<0,05) no teor da fração C entre as forrageiras,

não houve diferença significativa (P>0,05) entre os níveis de irrigação e não houve

interação (P>0,05) entre os fatores (Tabela 5). Os capins Aruana, Andropogon e MG-5,

apresentaram maior teor (P<0,05) de fração C que o D. umfolozi, sendo que estes não

diferiram (P>0,05) do Humidicola.

A fração B2 corresponde aos carboidratos de degradação ruminal mais lenta,

enquanto a fração C corresponde aos carboidratos totalmente indigestível, tanto em

nível ruminal como duodenal. Por tanto, alimentos com maiores teores dessas frações

afetam negativamente a ingestão de alimentos, devido ao enchimento do rúmen, o que

reflete no desempenho do animal (Mertens, 1987). O maior teor da fração C, observado

nos capins Aruana, Andropogon e MG-5pode estar relacionado com o maior teor de

lignina que essas forrageiras apresentaram como pode ser observado na Tabela 4.

CONCLUSÃO

A irrigação das forrageiras aumentou a produção por área e a proporção de folhas

das forrageiras. Quanto à composição química a irrigação diminuiu o teor de PB e

aumentou o teor da fração indegradável (C) da proteína.

O capim Andropogon apresentou maior produção de MS/ha, e disponibilizou

maior quantidade de folhas verdes, mesmo no nível não irrigado.

O capim Aruana apresentou maiores teores das frações A e B2 da PB no nível não

irrigado. O Aruana também apresentou maior teor de NDT.

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44

ARTIGO 2.

PRODUÇÃO DE GÁS IN VITRO DE GRAMÍNEAS FORRAGEIRAS SUBMETIDAS A DOIS

NÍVEIS DE IRRIGAÇÃO

(Gas production in vitro leaf blade of grass subjected to two irrigation levels)

RESUMO

Objetivou-se avaliar a produção de gás in vitro de quatro espécies forrageiras

submetidas a dois níveis de irrigação. As forrageiras utilizadas foram: Urochloa

brizantha cv. MG5, Andropogon gayanus, Urochloa humidicola e Digitaria umfolozi,

submetidas ou não a irrigação, com quatro repetições. O delineamento experimental foi

em blocos completos ao acaso em esquema fatorial 4x2. As amostras colhidas foram

subdivididas e fracionadas em lâminas foliares verdes (LFV), colmo verde (colmo +

bainha foliar) e materiais mortos (MM, perfilhos e folhas mortas), posteriormente secos

e pesados. As amostras de LFV de cada forrageira submetidas aos diferentes níveis de

irrigação foram analisadas quanto a Produção de gás in vitro nos tempos de 2, 4, 6, 8,

10, 12, 15, 19, 24, 30, 36, 48, 72 e 96 horas de incubação. Também foi feita a analise de

pH e N-amoniacal nas diferentes forrageiras nos tempos de 4, 8 e 12 horas de

incubação. O capim Andropogon apresentou menor produção de gás acumulada (ml) a

partir das 12 horas de incubação. O capim Humidicola apresentou maior produção de

gás acumulada que os demais capins a partir das 24h. E atingiu a máxima produção de

gás (ml/g de MO) às 24h. O capim Humidicola apresentou maior taxa de

desaparecimento da MS e MO. O capim Andropogon apresentou menores taxas de

produção de gás.

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PALAVRAS-CHAVE: Espécies, Fermentação, Parede Celular

ABSTRACT

This study aimed to evaluate the in vitro gas production from four forage species

subjected to two irrigation levels. The forages were Urochloa brizantha cv. MG5,

Andropogon gayanus, Urochloa humidicola and Digitaria umfolozi, submitted or not

irrigation, with four replications. The experimental design was a randomized complete

block in a 4x2. The samples were subdivided and partitioned into green leaf lamina

(GLL), green stem (culm leaf sheath) and subsequently dried and weighed dead

materials (DM, tillers and dead leaves). GLL samples of each forage subjected to

different irrigation levels were analyzed for in vitro gas production for times of 2, 4, 6,

8, 10, 12, 15, 19, 24, 30, 36, 48, 72 and 96 hours of incubation. Analysis also was made

pH and ammonia-N forage in the various times of 4, 8 and 12 hours of incubation. The

Andropogon grass showed lower cumulative gas production (ml) from 12h of

incubation. The Humidicola grass showed higher cumulative gas production than other

grasses from 24h. And reached the maximum gas production (ml/g OM) at 24h. The

Humidicola grass showed higher rate of disappearance of DM and OM. The

Andropogon grass showed lower rates of gas production.

KEYWORDS: Brew, Cell Wall, Species

INTRODUÇÃO

O Nordeste brasileiro é caracterizado por forte instabilidade climática, o que acentua

a estacionalidade na produção forrageira (Azar, 2007). Isso leva a diminuição da oferta

de alimentos durante o período seco do ano, o que acaba sendo um entrave a produção

animal.

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Por consequência da estacionalidade na produção forrageira e da frágil estrutura de

suporte alimentar, a região Nordeste tem obtido baixos índices de produção animal em

pasto (Baroni, 2011).

Como alternativa para se tentar amenizar os efeitos da irregularidade na distribuição

das chuvas na região nordestina, é necessário o estudo de novos sistemas de produção.

Esses sistemas devem aliar escolha de espécies forrageiras que melhor se adaptem a

região, bem como alternativa que vise solucionar a falta de água durante o período de

seca. Nesse sentido, a irrigação de pastagem surge como uma opção para que se possa

suprir o déficit hídrico durante o período seco.

Na região Nordeste predominam pastagens nativas em relação às cultivadas, nos

sistemas de produção em pasto (Giulietti et al., 2004). Dentre as pastagens cultivadas a

prevalência das espécies vindas da África, por apresentarem maior adaptação a seca,

como Urocloa, Cynodon dactylon, Cenchrur ciliaris L. e em menor uso Andropogon

(Cândido et al. 2005). Em locais sujeitos a alagamento são utilizadas as espécies de

Urochloa humidicola, U. mutica e U. arrecta (Cândido et al., 2005).

No entanto, há carência de estudos que avaliem a introdução de cultivares que

apresentem maior potencial produtivo aliado à utilização da irrigação na região

Nordeste. Bem como a insuficiência de estudos sobre a qualidade nutricional e cinética

de fermentação ruminal, de diferentes espécies forrageiras no Nordeste. Por essas

razões, é de suma importância conhecer a composição nutricional e cinética de

fermentação ruminal das forrageiras utilizadas na região nordestina.

A composição química da forrageira, bem como a cinética de fermentação ruminal

irá refletir diretamente no desempenho do animal. Nesse sentido, estudos de produção

de gás in vitro permitem entender os processos de aproveitamento dos nutrientes, que

começam pela fermentação e influenciaram na resposta do animal ao alimento

fornecido.

Com base no exposto acima o objetivo do presente trabalho foi avaliar a composição

química e produção de gás in vitro de diferentes espécies forrageiras submetidas ou não

a irrigação.

METODOLOGIA

O experimento foi conduzido de outubro de 2012 a agosto de 2013, na área do

Campus Rural, localizado no município de São Cristóvão – SE e no Laboratório de

Nutrição Animal da UFS. A região onde está localizado o Campus Rural, onde as

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forrageiras estavam implantadas, apresenta precipitação média anual de 1.300 mm,

temperatura média de 25,5 ºC e umidade relativa do ar média de 75%, com período

chuvoso concentrado entre os meses de abril e agosto. O solo local é um Argissolo

Vermelho-Amarelo Distrófico Arênico Tb.

Foram utilizadas quatro espécies forrageiras (Urochloa brizantha cv. MG5,

Andropogon gayanus, Urochloa humidicola e Digitaria umfolozi) submetidas a dois

níveis de irrigação, com quatro repetições. O delineamento experimental utilizado foi

em blocos completos ao acaso em esquema fatorial 4x2, sendo 4 espécies forrageiras e 2

níveis de irrigação (com e sem irrigação).

Na área experimental, cada espécie forrageira estava cultivada em 4 diferentes

canteiros de 4 m² (2 x 2 m), com área útil de coleta de 2,0 m². Para iniciar a avaliação da

produção de forragem foi realizada adubação de correção, com base na análise de solo

realizada pelo Instituto de Pesquisa e Tecnologia de Sergipe (ITPS). Foram utilizados

50 kg/ha de N, 150 kg/ha de P2O5 e 80 kg/ha de K2O em uma única dose. Foi realizado

corte de uniformização nas parcelas experimentais.

O sistema de irrigação foi determinado com base na capacidade de retenção de água

do solo. Para isso foram retiradas 16 amostras de solo e enviadas para análise no

Laboratório de Solos da Universidade Federal de Sergipe. Com base na análise da

capacidade de retenção de água do solo, foi determinado o turno de rega de acordo com

metodologia descrita por Alencar et al. (2009).

Foram realizados 2 cortes em cada canteiro em uma área de 0,16 m2, rente ao solo

com intervalo de 45 dias entre cada corte, nos meses de dezembro de 2012 e janeiro de

2013. Das amostras de forragem colhidas foram retiradas as laminas foliares verdes

(LFV) para serem analisadas quanto aos teores de MS, proteína bruta (PB) e matéria

orgânica (MO) de acordo com metodologia descrita por Silva e Queiroz (2009). Os

teores de fibra em detergente neutro (FDN) e fibra em detergente ácido (FDA) foram

determinados de acordo com metodologia proposta por Van Soest et al. (1991). Para

determinação da lignina (LDA) foi usada metodologia descrita por Van Soest (1967),

utilizando ácido sulfúrico a 72%.

As amostras de LFV foram analisadas quanto a Produção de gás in vitro semi-

automática de acordo com metodologia descrita por Theodorou et al. (1994). Para isso,

após a secagem em estufa com circulação forçada de ar, as amostras foram moídas em

moinho tipo Willey com peneira com crivos de 5 mm.

Page 48: Universidade Federal de Sergipe UFS Pró-Reitoria de Pós

48

O líquido ruminal foi coletado de dois ovinos canulados no rúmen alimentados com

gramínea fresca, de acordo com protocolo do comitê de ética 05/2013 CEPAP. O

inóculo ruminal foi preparado pela mistura do líquido dos dois animais, durante o

processo de preparo o líquido ruminal foi mantido fluxo constante de CO2. O líquido

ruminal foi filtrado em uma gaze e acondicionado em garrafas térmicas pré-aquecidas

com água a 38ºC.

As amostras das LFV foram incubadas em frascos de vidro tipo penicilina com

capacidade total de 100 mL. Cada frasco continha 670 mg de amostra (diferentes

gramíneas) em 67 mL de solução de incubação. A solução de incubação foi preparada

como descrito por Theodorou et al. (1994) utilizando-se cisteína-HCl como agente

redutor (Mould et al., 2005). À solução de incubação foram adicionados 20% de inóculo

ruminal com fluxo constante de CO2, cada frasco foi inoculado manualmente mediante

a utilização de uma seringa graduada. Os frascos foram vedados com rolhas de borracha

(14 mm), lacradas com lacre de alumínio e mantidos em banho-maria a 39 ºC.

Foram realizadas duas séries de incubação com as amostras, sendo que em cada uma

delas foram incubados em 2 frascos por tratamento (espécie forrageira e nível de

irrigação), além de outros 4 frascos contendo o meio de incubação sem amostra

(brancos), resultando em 68 frascos por série de incubação.

As leituras de produção de gás serão obtidas a 2, 4, 6, 8, 10, 12, 15, 19, 24, 30, 36,

48, 72 e 96 horas de incubação, registrando-se a pressão no interior do frasco com

manômetro digital acoplado a uma válvula de 3 vias. Imediatamente após as leituras de

pressão o volume do gás foi medido por uma seringa graduada, acoplada a válvula. Os

dados de pressão e volume foram submetidos à análise pelo Pacote estatístico SPSS

16.0, para que fosse determinada a equação de regressão. A equação de regressão foi

utilizada para converter os valores de pressão no interior dos frascos em volume de gás

em ml.

A equação determinada foi: Y = -0,382x² + 6,087x – 0,772. (R² = 0,945)

Onde:

Y= volume do gás (ml) e

X= pressão medida em psi (libras por polegadas quadradas).

Após o tempo de incubação o conteúdo dos frascos foi filtrado em saquinhos de

TNT, para determinar a desaparecimento da matéria seca (DesMS) após permanecerem

16 horas em estufa a 105 ºC. O DesMS foi obtido diferença entre o peso das amostras

antes da incubação e o peso obtido por secagem a 105 ºC após as 96h de incubação. O

Page 49: Universidade Federal de Sergipe UFS Pró-Reitoria de Pós

49

desaparecimento da matéria orgânica (DesMO), foi obtido pela diferença do resíduo

(após 96h) menos as cinzas a 500ºC por 3 horas.

Foram realizadas também outras 2 séries de incubação para determinar o pH e a

concentração de N-amoniacal no meio incubado. O procedimento de incubação foi igual

ao descrito anteriormente, porém foram incubados 6 frascos por tratamento. Do total de

frascos, 2 foram abertos 4 horas após a incubação, outros 2 frascos após 8 horas e outros

2 frascos 12 horas após a incubação. Após aberto o frasco, o pH do meio foi

imediatamente aferido através de um pHmetro digital.

De cada frasco aberto, foi amostrada uma alíquota do líquido que foi congelada para

posterior determinação da concentração de nitrogênio amoniacal. O nitrogênio

amoniacal foi determinado pelo sistema micro-Kjeldahl, sem digestão ácida da amostra

(2 mL de líquido ruminal + 13 mL de água destilada) e utilizando-se como base para

destilação o hidróxido de potássio a 2N (5 mL).

O pH e N-amoniacal foram analisados em esquema fatorial 3x4x2, sendo três tempos

de incubação, quatro espécies forrageiras e dois níveis de irrigação. Os dados obtidos

foram submetidos à análise de variância e as médias comparadas pelo Teste Student

Newman Keuls (SNK) a 5% de significância, analisados pelo pacote estatístico

ASSISTAT beta 7.7.

Os dados de composição química da LFV, DesMS, DesMO e produção acumulada

do gás foram submetidos a análise de variância e as médias comparadas pelo Teste SNK

a 5% de significância, analisados pelo pacote estatístico ASSISTAT beta 7.7.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Para os teores de MS e PB foi observado interação significativa (P<0,05) entre as

espécies forrageiras e os níveis de irrigação (Tabela 1). O capim Andropogon

apresentou maior (P<0,05) teor de MS nos dois níveis de irrigação que as demais

forrageiras. Todas as forrageiras apresentaram maior teor (P<0,05) de MS no nível não

irrigado em comparação ao irrigado.

O capim Andropogon apresentou maior teor de PB (P<0,05) que os demais capins,

nos dois níveis de irrigação. Os capins D. umfolozi, Humidicola e MG-5 apresentaram

maior teor de PB (P<0,05) quando não irrigados, o capim Andropogon não diferiu

(P>0,05) para o teor de PB entre os níveis de irrigação. O teor de PB da forrageira

influência no seu valor nutritivo (Costa et al., 2005), sendo assim, o capim Andropogon

destacou-se por apresentar maior teor de PB que os demais capins (8,1% em média).

Page 50: Universidade Federal de Sergipe UFS Pró-Reitoria de Pós

50

Tabela 1. Teores de matéria seca (MS), matéria orgânica (MO) e proteína bruta (PB), na lâmina foliar verde (LFV) de

quatro espécies forrageiras submetidas a dois níveis de irrigação.

(%) LFV Níveis de

Irrigação

Espécies Forrageiras Média CV*%

D. umfolozi Andropogon Humidicola MG-5

MS Sem 34,4bA 39,4aA 27,5dA 32,5cA 33,4

4,0 Com 26,0cB 33,0aB 24,8cB 28,2bB 28,0

Média 30,2 36,2 26,1 30,3

MO Sem 92,7 95,2 93,4 94,0 93,8A

0,5 Com 92,1 95,2 93,7 93,7 93,7A

Média 92,4c 95,2a 93,6b 93,9b

PB Sem 7,1bA 8,1aA 7,1bA 7,3bA 7,4

7,3 Com 6,0bB 8,2aA 6,2bB 5,2cB 6,4

Média 6,5 8,1 6,7 6,2 Médias seguidas de mesma letra, minúscula na linha e maiúscula na coluna, não diferem estatisticamente

pelo teste SNK a 5%. *CV: coeficiente de variação, %.

Observou-se diferença significativa (P<0,05) no teor de MO entre as espécies

forrageiras (Tabela 1), não houve diferença (P>0,05) entre os níveis de irrigação e não

houve interação (P>0,05) entre esses fatores. O capim Andropogon apresentou maior

teor de MO (P<0,05) que os demais capins, os capins Humidicola e MG-5 não diferiram

entre si (P>0,05) e foram maiores que (P<0,05) o D. umfolozi.

Para os teores de FDN não houve diferença significativa (P>0,05) entre as espécies

forrageiras e os níveis de irrigação (Tabela 2).

Observou-se interação significativa (P<0,05) nos teores de FDA e LDA entre as

espécies forrageiras e os níveis de irrigação (Tabela 2). O capim MG-5 apresentou

maior teor de FDA (P<0,05) no nível não irrigado que os demais capins. No nível

irrigado os capins Andropogon e Humidicola tiveram maior teor de FDA (P<0,05) que

os capins MG-5 e D. umfolozi, sendo nenhum deles diferiram (P<0,05) entre si. O

capim Andropogon apresentou maior teor de LDA (P<0,05) que os demais capins, nos

dois níveis de irrigação.

A composição dos carboidratos estruturais da parede celular (FDN, FDA e LDA) é

um atributo qualitativo importante, visto que, é essa composição quem vai determinar a

capacidade de fermentação que os carboidratos apresentam (Carvalho e Pires, 2008).

Sendo assim, o capim Andropogon apresenta uma menor qualidade nutricional, por

possuir maior teor de carboidratos menos fermentáveis (FDA e LDA).

Page 51: Universidade Federal de Sergipe UFS Pró-Reitoria de Pós

51

Tabela 2. Teores de fibra em detergente neutro (FDN), fibra em detergente ácido (FDA) e lignina (LDA), na lâmina

foliar verde (LFV) de quatro espécies forrageiras submetidas a dois níveis de irrigação.

(%) LFV Níveis de

Irrigação

Espécies Forrageiras Média CV*%

D. umfolozi Andropogon Humidicola MG-5

FDN Sem 75,9 74,3 75,0 73,8 74,7A

2,8 Com 74,1 76,7 75,8 73,4 75,0A

Média 75,0A 75,5A 75,4A 73,6A

FDA Sem 45,5cA 49,4bA 42,3cB 57,0aA 48,6

4,9 Com 41,9bB 51,7aA 55,1aA 44,4bB 48,3

Média 43,7 50,6 48,7 50,7

LDA Sem 6,1cB 9,1aA 5,4dB 7,0bA 6,9

4,2 Com 6,6bA 8,0aB 6,1cA 3,4dB 6,1

Média 6,4 8,5 5,8 5,4 Médias seguidas de mesma letra, minúscula na linha e maiúscula na coluna, não diferem estatisticamente

pelo teste SNK a 5%. *CV: coeficiente de variação, %.

Para os percentuais de DesMS e DesMO houve diferença significativa (P<0,05) entre

as espécies e os níveis de irrigação, não houve interação (P>0,05) entre esses fatores

(Tabela 3). Os capins D. umfolozi e Humidicola apresentaram maior DesMS e DesMO

que (P<0,05) os capins MG-5 e Andropogon, sendo que o MG-5 foi maior que (P<0,05)

o Andropogon. Em média todas as forrageiras apresentaram maior DesMS e DesMO

(P<0,05) quando submetidas à irrigação.

Esses resultados evidenciam que os maiores teores de FDA e LDA apresentados pelo

capim Andropogon (Tabela 2), influenciaram negativamente o DesMS e DesMO. O que

leva a um menor aproveitamento dessa forrageira por parte do animal, tendo influencia

negativa em seu desempenho, por disponibilizar menor quantidade de substrato para a

fermentação. Os substratos disponíveis para a fermentação é um dos fatores mais

determinante da prevalência de microrganismos no ecossistema ruminal (Orskov e Tyle,

1990).

Segundo Orskov e McDonald (1979) valores de desaparecimento de 99,91; 64,64 e

53,72 são considerados de alta, média e baixa degradabilidade, respectivamente. Nesse

sentido, todas as forrageiras apresentaram uma taxa de desaparecimento próxima da

alta, o capim Andropogon teve a menor taxa de desaparecimento, provavelmente

influenciada pelo maior teor de LDA (Tabela 2).

Tabela 3. Percentual de desaparecimento da matéria seca (DesMS) e matéria orgânica (DesMO) da lâmina foliar

verde (LFV), após 96h de incubação, de quatro espécies forrageiras submetidas a dois níveis de irrigação.

Espécies forrageiras

Níveis de

irrigação CV*%

% D. umfolozi Andropogon Humidicola MG-5 Sem Com

DesMS 83,2a 79,6c 83,6a 81,3b 81,3b 82,6a 1,1

DesMO 82,4a 79,0c 82,8a 80,1b 80,5b 81,8a 1,2

Médias seguidas de letras iguais não diferem estatisticamente pelo Teste SNK a 5%. *CV: coeficiente de variação, %.

Page 52: Universidade Federal de Sergipe UFS Pró-Reitoria de Pós

52

Não foi observada diferença significativa (P>0,05) para a produção de gás

acumulada no tempo de 2 horas, entre as espécies forrageiras e os níveis de irrigação

(Tabela 4). No tempo de 12 horas de incubação foi observada diferença significativa

(P<0,05) entre as forrageiras, não foi verificada diferença significativa (P<0,05) entre os

níveis de irrigação e não houve interação (P<0,05) entre esses fatores (Tabela 5). O

capim Andropogon apresentou menor (P<0,05) acumulo de produção de gás que os

demais, sendo que esses não diferiram entre si.

Tabela 4. Produção de gás (ml) acumulada em diferentes tempos de incubação, de quatro espécies forrageiras,

submetidas a dois níveis de irrigação.

Tempos

(horas)

Níveis de

irrigação

Espécies Forrageiras

Média CV*% D.

umfolozi Andropogon Humidicola MG-5

2 Sem 9,9 11,0 10,9 10,1 10,5A

14,4 Com 10,7 11,9 9,8 10,9 10,9A

Média 10,3a 11,4a 10,4a 10,5a

12 Sem 55,2 41,4 59,6 53,5 52,4A

7,0 Com 56,8 42,0 55,2 57,1 52,8A

Média 56,0a 41,7b 57,4a 55,3a

24 Sem 86,9bB 72,8cA 103,9aA 88,6bA 88,0

4,9 Com 94,5aA 69,4bA 95,8aB 93,2aA 88,2

Média 90,7 71,1 99,8 90,9

36 Sem 106,3cB 96,7dA 132,4aA 113,6bA 112,2

4,1 Com 119,2aA 88,2bB 121,8aB 119,0aA 112,1

Média 112,7 92,5 127,1 116,3

48 Sem 121,6bB 110,0cA 144,9aA 123,6bB 125,0

3,9 Com 132,2aA 101,0bB 133,9aB 133,3aA 125,1

Média 126,9 105,5 139,4 128,4

72 Sem 136,1bcB 126,7cA 155,9aA 135,2bB 138,5

3,9 Com 147,0aA 117,9bB 144,7aB 146,7aA 139,1

Média 141,6 122,3 150,3 141,0

96 Sem 144,9bB 139,0bA 163,6aA 143,5bB 147,8

4,1 Com 157,3aA 130,5bA 152,5aB 157,2aA 149,4

Média 151,1 134,8 158,0 150,4

Médias seguidas de letras iguais, maiúsculas na coluna e minúsculas na linha não diferem estatisticamente

pelo Teste SNK a 5%. *CV: coeficiente de variação, %.

Para os tempos de incubação de 24, 36, 48, 72 e 96 horas, foi observada interação

significativa (P<0,05) na produção de gás acumulada, entre as forrageiras e os níveis de

irrigação (Tabela 4). O capim Humidicola apresentou maior (P<0,05) produção de gás

acumulada que o capim Andropogon nos cinco tempos.

No tempo de 72 horas, quando não irrigado, o capim Andropogon não diferiu

(P>0,05) do D. umfolozi na produção de gás acumulada. No tempo de 96 horas o

Andropogon não diferiu (P>0,05) dos capins D. umfolozi, Humidicola e MG-5, na

produção de gás acumulada, quando não submetidos a irrigação. Nos demais tempos

Page 53: Universidade Federal de Sergipe UFS Pró-Reitoria de Pós

53

(24, 36 e 48 horas) o capim Andropogon foi o que teve menor (P<0,05) taxa de

produção de gás acumulada, nos dois níveis de irrigação.

O fato do capim Andropogon apresentar a menor taxa de produção de gás acumulado

a partir das 12 horas, sugere que o maior teor de LDA e FDA apresentado por essa

forrageira (Tabela 2), influenciou a taxa de produção de gás. Frações de FDA e lignina

estão mais associadas à redução na digestibilidade do alimento (Tomich et al., 2003).

Além disso, a baixa fermentação ruminal de uma forrageira aumenta seu tempo de

permanência no rúmen, o que leva a diminuição da ingestão de MS e consequente

diminuição do desempenho animal (Cruz et al., 2010). Nesse sentido, animais

alimentados com capim Andropogon, nos dois níveis de irrigação, podem ter menor

ingestão de MS, por essa forrageira ter menor taxa de fermentação ruminal.

O capim Humidicola apresentou maior produção de gás acumulada, em comparação

às outras forrageiras, a partir das 24 horas de incubação no nível não irrigado (Tabela

4). Este fato pode ser explicado pela menor proporção de FDA e LDA que o capim

Humidicola apresentou no nível não irrigado, como visto na Tabela 2.

Isto demonstra maior qualidade nutricional do capim Humidicola em comparação

aos demais. De acordo com Bueno et al. (2005), a produção de gás in vitro permite

estimar a digestibilidade da MS e MO, e indica indiretamente a produção de ácidos

graxos de cadeia curta (AGCC). Os AGCC são a principal fonte de energia dos

ruminantes, sendo responsáveis por 50 a 70% da energia digestível do alimento

(Kozloski, 2002), nesse sentido o capim Humidicola pode permitir maior desempenho

dos animais em pasto.

O capim MG-5 teve redução nos teores de LDA e FDA (Tabela 2), do nível não

irrigado para o irrigado, o que levou a maior produção de gás acumulada dessa

forrageira, quando irrigada a partir das 48h de incubação. Segundo Reis et al. (2005), o

aumento das porcentagens de celulose, hemicelulose e lignina, reduz a proporção de

nutrientes potencialmente digestíveis, representando redução da digestibilidade.

Para a produção de gases (ml/g de MO) em função do tempo, observa-se

comportamento distinto entre as quatro espécies forrageiras não irrigadas (Figura 1). O

capim D. umfolozi teve o pico de produção de gás às 36h, com produção máxima de gás

de 27,1 ml/g MO. O Andropogon atingiu a produção máxima de gás às 72h, produzindo

27,4 ml/g MO de gás, sendo o capim que obteve a maior taxa de produção de gás. O

capim Humidicola teve a máxima produção de gás às 24h, com 25,8 ml/g MO de gás

Page 54: Universidade Federal de Sergipe UFS Pró-Reitoria de Pós

54

produzido. O capim MG-5 obteve a maior produção de gás às 24h, produzindo 22 ml/g

MO de gás, sendo a espécie que teve menor taxa de produção de gás.

Figura 1. Taxa de produção de gases (ml/g de MO) de quatro espécies forrageiras, não irrigadas.

Figura 2. Taxa de produção de gases (ml/g de MO) de quatro espécies forrageiras, submetidas à irrigação.

Para a produção de gás (ml/g de MO) em função do tempo, foi observado

comportamento diferenciado entre as quatro espécies forrageiras submetidas à irrigação

(Figura 2). O capim D. umfolozi atingiu a máxima produção de gás às72h, com 26,5

ml/g de MO de gás produzido. O capim Andropogon obteve a maior produção de gás às

72h, com 28,9 ml/g de MO de gás produzido, sendo a espécie que teve maior taxa de

produção de gás. O capim Humidicola teve a produção máxima de gás atingida às 24h,

com 24,1 ml/g de MO de gás produzido, sendo a espécie que obteve menor taxa de

0,0

5,0

10,0

15,0

20,0

25,0

30,0

0 24 48 72 96

D. umfolozi Andropogon Humidicola MG-5

0,0

5,0

10,0

15,0

20,0

25,0

30,0

35,0

0 24 48 72 96

D. umfolozi Andropogon Humidicola MG-5

ml

de

s p

rod

uzi

do

/g d

e M

O

Tempo (Horas)

ml

de

s p

rod

uzi

do

/g d

e M

O

Tempo (Horas)

Page 55: Universidade Federal de Sergipe UFS Pró-Reitoria de Pós

55

produção de gás. O capim MG-5 atingiu a máxima produção de gás às 48h, com 24,8

ml/g de MO de gás produzido.

Esses resultados evidenciam que a composição da estrutura celular das forrageiras

influenciou nos seus processos fermentativos, como citado anteriormente. Visto que, o

maior teor de LDA e FDA do capim Andropogon (Tabela 2), fez com que ele atingisse

a máxima produção de gás de forma mais tardia que os demais capins (72h), em ambos

os níveis de irrigação. O maior teor de LDA do capim D. umfolozi irrigado em

comparação ao não irrigado (Tabela 2), também fez com que esta forrageira demorasse

a atingir o pico de fermentação quando irrigada (72h). Isso, demonstra que o teor de

LDA interfere no tempo de colonização da forrageira pelos microrganismos ruminais,

aumentando o tempo para que a forrageira atinja a máxima produção de gás.

Segundo Castro et al. (2007), forrageiras com maior concentração de parede celular

(LDA e FDA) tem período de fermentação mais tardio, do que as que possuem menor

concentração. Isto ocorre porque a lignina é uma barreira mecânica à ação dos

microrganismos, inibindo a atuação de suas enzimas (Van Soest, 1994). De acordo com

Mizubuti et al. (2011), a produção de gás surge através da degradação microbiana dos

alimentos.

O menor teor de LDA do capim Humidicola, em ambos os níveis de irrigação

(Tabela 2), influenciou o tempo necessário para que esta forrageira atingisse o pico de

fermentação (24h), nos dois níveis de irrigação. Isto sugere que o capim Humidicola

tem maior taxa de passagem pelo rúmen, e que animais alimentados com esta forrageira

podem ter maior ingestão de MS, e consequentemente terem melhor desempenho.

Segundo Nascimento et al. (2009), alimentos com maior fermentação e menor tempo de

permanência no rúmen, aumentam a ingestão de MS.

De acordo com Mizubuti et al. (2011), o tempo médio de retenção do alimento no

rúmen é de 48h. Por tanto, quanto maior a degradação até esse tempo melhor é a

qualidade do alimento. Por essa razão, o capim Humidicola demonstrou melhor

qualidade em ambos os níveis de irrigação por atingir a produção máxima de gás às

24h. Os capins MG-5 e D. umfolozi se destacaram no nível não irrigado em comparação

ao irrigado, atingindo os picos de produção de gás às 24h e 36h, respectivamente.

Observou-se diferença significativa (P<0,05) para os valores de pH, entre os três

horários de avaliação, não houve diferença (P>0,05) entre as espécies e os níveis de

irrigação (Tabela 5). Houve diminuição progressiva (P<0,05) no valor do pH das 4h

para as 12h. Segundo Oliveira et al. (2013), os microrganismos ruminais, que degradam

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56

forragem (bactérias fibrolíticas e protozoários) necessitam de pH variando entre 6,2 e

6,8. Nesse sentido, todas as forrageiras nos três tempos de avaliação mantiveram o pH

dentro dessa faixa ideal, não comprometendo dessa forma a ativada dos microrganismos

ruminas.

Segundo Silveira et al. (2006), o pH ruminal varia de acordo com o tipo de alimento

e tempo após alimentação, por essa razão houve diminuição do pH das 4 para as 12

horas. No entanto, os valores observados em média nos três horários estão dentro da

faixa de pH ideal para que os microrganismos que degradam a fibra possam atuar.

Tabela 5. Valores de pH e concentração de N-amoniacal no inoculo ruminal in vitro de quatro espécies forrageiras

submetidas a dois níveis de irrigação, avaliado em três tempos.

Espécies forrageiras Níveis de irrigação

Tempos

(horas)

D.

umfolozi Andropogon Humidicola MG-5

Média Sem Com CV%

pH

4 6,7 6,6 6,7 6,7 6,7A 6,6a 6,6a

0,8 8 6,6 6,6 6,6 6,6 6,6B

12 6,4 6,5 6,5 6,5 6,5C

Médias 6,6a 6,6a 6,6a 6,6a

N-amoniacal (mg/dl)

4 4,6 4,3 5,0 5,0 4,7A 4,3a 4,6a

6,8 8 4,3 4,7 5,5 5,1 4,9A

12 3,8 3,5 4,0 4,0 3,8B

Médias 4,2a 4,2a 4,8a 4,7a

Médias seguidas de letras iguais, maiúsculas na coluna e minúsculas na linha não diferem estatisticamente pelo Teste

SNK a 5%. CV: coeficiente de variação, %.

Observou-se diferença significativa (P<0,05) no teor de N-amoniacal entre os

horários de avaliação. O tempo de 12 horas teve menor teor (P<0,05) de N-amoniacal

que os tempos de 4 e 8 horas, sendo que ambos não diferiram entre si. Não foi

verificada diferença significativa (P>0,05) entre as espécies forrageiras nem entre os

níveis de irrigação (Tabela 5). Isso ocorreu por conta de que a atividade fermentativa

das forrageiras só sofreu alteração a partir das 12h de incubação (Tabela 3), e as

avaliações de N-amoniacal foram realizadas até esse horário.

A quantidade de N-amoniacal no líquido ruminal é importante fator, para a síntese de

proteína microbiana, visto que, os microrganismos ruminais o utilizam como fonte de N

para sua síntese protéica (Oliveira et al., 2013). Para que a flora microbiana cresça

adequadamente, a concentração N amoniacal no rúmen deve ser no mínimo de 5,0

mg/dL de fluido ruminal (Satter e Slyter, 1974).

Nesse sentido, nenhuma das espécies forrageiras atingiu esse valor mínimo critico,

significando menor síntese de proteína microbiana. O que pode levar ao

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57

comprometimento do desempenho dos animais alimentados com essas forrageiras pela

menor quantidade disponível de proteína microbiana. Uma vez que, a proteína

microbiana é considerada de bom valor nutricional, atendendo a demanda de

aminoácidos para animais menos exigentes (NRC, 1985).

CONCLUSÃO

Por meio da técnica de produção de gás in vitro, conclui-se que o capim Humidicola

apresentou maior produção de gás acumulada que os demais capins no nível não

irrigado a partir das 24h. E atingiu a máxima produção de gás (ml/g de MO) às 24h,

sendo a forrageira que atingiu a máxima produção de forma mais rápida.

O capim Humidicola apresentou maior taxa de desaparecimento da MS e MO. Os

elevados teores de FDA e LDA influenciaram negativamente a produção de gás in vitro

bem como as taxas de desaparecimento da MS e MO do capim Andropogon.

LITERATURA CITADA

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