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UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIALUCIANA MOURA DE CARVALHO
FORMAS DE SOCIALIZAÇÃO DOS INDÍGENAS XAVANTE COM DEFICIÊNCIA NA ALDEIA NAMUNKURÁ
UBERLÂNDIA2016
LUCIANA MOURA DE CARVALHO
FORMAS DE SOCIALIZAÇÃO DOS INDÍGENAS XAVANTE COM DEFICIÊNCIA NA ALDEIA NAMUNKURÁ
Trabalho apresentado ao Curso de Especialização em Culturas e História dos Povos Indígenas da Universidade Federal de Uberlândia, como requisito para conclusão de Curso.
Orientador: Profº Drº Diego Soares da Silveira
UBERLÂNDIA2016
Formas de socialização dos indígenas Xavante com deficiência na aldeia Namunkurá.
Luciana Moura de Carvalho1
Orientador: Prof. Drº .Diego Soares da Silveira2
RESUMO
Este estudo constitui uma análise pormenorizada de como vive o indígena com deficiência suas dificuldades, possibilidades e acessibilidades. Avaliando-se desde o nível de socialização do indígena com deficiência junto a comunidade e sua aceitação nos diversos espaços da aldeia na vida da comunidade no dia a dia de forma geral, as produções recentes legais que se voltam para a socialização deles de forma mais efetiva na comunidade. Considerações são realizadas a cerca da visão que a comunidade faz sobre o aspecto em questão o tais como: O que são estes deficientes, o que pensam sobre eles, o que julgam necessário para socialização do deficiente: na comunidade, na escola, na vida cotidiana, nos rituais, nas brincadeiras. O deficiente visto em sua singularidade, o entendimento de pessoa
humana para o Xavante. A interpretação nativa de que a “deficiência” teria surgido junto
com o contato com o homem branco também é um forte indicativo sobre a indigenização
Xavante da deficiência. O meio de pesquisa empregado neste trabalho foi o bibliográfico e o presencial trabalho de campo, limitando-se esse último a visita in loco a aldeia Namunkurá, e o acesso a sites disponíveis na WEB, atentando as suas limitações.
Palavras-Chave: Socialização de pessoas com deficiência Xavante, comunidade, aprendizado, participação.
1Bacharel/Licenciada em Pedagogia pela Faculdade Católica de Uberlândia / Especialização em Psicopedagogia/ Educação Especial/ Inclusão pela Faculdade Unipac.- MG; Professora de Atendimento Educacional Especializado na rede municipal de ensino de Uberlândia e-mail [email protected]:(34) 996857999.
2Doutor em Antropologia(UNB,2011), Professor Adjunto do Instituto de Ciências Sociais da Universidade Federal de Uberlândia. Tel: (034) 3239-4238 Cel: (034) 99194-9480 - e-mail [email protected] - Blog:http://www.antroposimetrica.blogspot.com.
ABSTRACT
This study is a detailed analysis of how the indigenous lives with disabilities their difficulties, possibilities and accessibility. Evaluating from the indigenous socialization level with disabilities in the community and its acceptance in the various spaces of the village community life on a daily basis in general, the legal recent productions turn to their socialization more effectively in the community. Considerations are made about the vision that the community is on the point in question the such as: What are these poor, what they think about them, what they deem necessary for socialization of the disabled: the community, the school, in everyday life in rituals, in play. Poor seen in its uniqueness, the understanding of the human person to the Xavante. Native interpretation that "disability" would have come along with the contact with the white man is also a strong indication of the Xavante indigenization of disability. The means of research used in this study was bibliographic and face fieldwork, merely the latter a site visit to Namunkurá village and access to websites available on the web, considering its limitations.
Keywords: Socialization of people with disabilities Xavante, community, learning, participation.
INTRODUÇÃOO Estado Brasileiro, por meio de dispositivo jurídico administrativos, tem buscado
garantir a socialização de pessoas com deficiência junto a todos de sua comunidade, visando
sua inclusão na rede regular de ensino, direito assegurado por lei. No Decreto nº 3.298 de
1999, por exemplo, a legislação brasileira caracteriza as pessoas com deficiência como sendo:
[...] aquelas que têm impedimentos de longo prazo de natureza física, mental, intelectual, ou sensorial, os quais, em interseção com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas. (Artigo 1º)
Em continuidade, o artigo 3º considera a deficiência como:
[...] toda perda ou anormalidade de uma estrutura ou função psicológica, fisiológica ou anatômica que gere incapacidade para o desempenho de atividade, dentro do padrão considerado normal para o ser humano;
A inclusão de pessoas com deficiência na sociedade é, de certo modo, recente na
educação brasileira (GOMES, 2006; BARBOSA,1998) e continua configurando como grande
desafio a ser enfrentado pelos profissionas de diversas áreas de atuaçao. Nesta perspectiva,
propomos com esta pesquisa entender como ocorre as formas de socialização dos indígenas
Xavante com deficiência dentro de sua aldeia. Desse modo, iremos tratar tal questão a partir
de um estudo de caso baseado em pesquisa realizada entre a etnia Xavante, na aldeia
Namunkurá, localizada no estado do Mato Grosso.
Imagem de satélite da aldeia Namunkurá – Estado de Mato Grosso
Em entrevista realizada com o cacique Simão Butsé, constatamos que esta aldeia foi
fundada em 1965, pelo então cacique Mário Juruna e alguns de seus irmãos que, juntamente
com 60 pessoas da mesma família se instalaram naquela localidade. Todos vieram da aldeia
São Marcos para ocupar as terras desta região e, assim, deram início ao processo de formação
da aldeia. Antes do início de suas atividades políticas, Mário Juruna passou a função de
cacique para seu irmão Simão Butsé. Segundo o cacique Simão posteriormente, quem dará
continuidade à sua sucessão dentro da aldeia será seu filho, o indígena Pio Tsimhoropupu
Butsé, tendo em vista que os irmãos primogênitos não querem assumir esta função, porém Pio
Tsimhoropupu Butsé em conversa informal relatou que não havia decido isso ainda e que em
futuro breve conversaria com seus irmãos. Namunkurá era o nome de um indígena que era
seminarista Zeferino Namuncurá que morava na Argentina na região da Patagônia,
“Zeferino”-conforme é conhecido popularmente – é o "santo" mais conhecido da Argentina.
Zeferino Namuncurá faleceu de tuberculose em Roma, em 11 de maio de 1905, enquanto
percorria o seu caminho de preparação para o sacerdócio. Foi beatificado em 11 de
novembrode 2007 em Chimpay na Argentina, pelo papa Bento XVI. O sobrenome
Namuncurá, em mapudungun significa "Pé de pedra" (namun = pie, cura = piedra)
significando alguém firme, decidido, razão pela qual os xavante quiseram homenageá-lo, até
porque todas as aldeias daquela região tem nome de santo, o que reflete o movimento de
evangelização católico-cristã entre os xavante.
No momento, a população da aldeia Namunkurá é de, aproximadamente 550 indígenas
e 57 casas -conforme os dados obtidos no (PSI) Posto de Saúde Indígena que contam com um
quadro de funcionários sendo, uma enfermeira que também exerce a função de coordenadora
do local, três técnicos de enfermagem, um dentista, um assistente de dentista, três (AIS)
Agente Indígena de Saúde, dois motoristas que são responsáveis pela caminhonete S10
chamada de viatura que fica permanentemente na aldeia para alguma emergência e para
atendimentos fora, o posto está aberto em horário comercial, depois das 18:30 apenas
emergência. Há uma escala de trabalho - são 20 dias consecutivos no posto e descanso de 10
dias em casa. O dentista, uma técnica de enfermagem e a coordenadora dormem nas
instalações do posto de saúde e preparam suas refeições. Está sendo construído outro posto de
saúde na aldeia, o atual servirá de alojamento para os funcionários que moram em outras
cidades. Todas as quintas-feiras eles realizam atendimentos nas aldeias da microrregião. O
Posto de Saúde Indígena Namunkurá que pertence ao polo da aldeia de São Marcos atende
também as aldeias da microrregião da Namunkurá totalizando uma população de 987
indígenas Xavante (São Luiz, São Gabriel, Nossa Senhora Auxiliadora, Santo Antônio, Maria
Nossa Mãe, Nossa Senhora Aparecida, Divina Providência e São Marcos-aldeia de apoio).
Namunkurá tem 1 orelhão solar da empresa Embratel, há outro da empresa Oi porém não
funciona. A missa acontece na capela da aldeia uma vez por semana aos domingos.
A energia elétrica foi instalada na aldeia Namunkurá por meio do programa de
governo “Luz para todos”, no fim de 2015. Anteriormente, uma pequena usina hidrelétrica
construída no rio São Luiz era responsável pelo fornecimento de energia para a aldeia ela foi
construída e entrou em funcionamento em 2003 até 2014. Quando queimou a primeira turbina
depois de alguns anos de funcionamento os indígenas se organizaram junto com a prefeitura
de Barra da Garças para a manutenção da turbina com defeito, a prefeitura mandou uma
equipe custeando a mão de obra e os indígenas da aldeia Namunkurá e algumas aldeias da
região ajudaram com dinheiro para comprar uma nova turbina, as aldeias que não quiseram
participar ficaram sem o fornecimento de energia elétrica. A segunda vez queimou uma
turbina, ficou inviável para os indígenas Xavante o conserto, o custo seria de mais ou menos
de 15 a 20 mil reais para arrumar e nenhum Órgão do Governo próximo a eles se
comprometeu em ajudá-los. A primeira escola construída na comunidade indígena foi em
1976, sob os cuidados do Sr. Boaventura Tserewamarinwe Tserewa’wa, primeiro professor da
aldeia. O local, hoje, funciona como casa dos Waptés3. Segundo a entrevista com o Cacique
Simão em 2007 a Prefeitura Municipal de Barra das Garças com o recurso do Governo
Federal construiu a escola Escola Municipal “Educação Fundamental Indígena Namunkurá
3Wapté é um termo utilizado para se referir aos adolescentes da aldeia. A partir dos 8 anos de idade as crianças passam a morar em uma oca separada dos seus pais- oca onde funcionou a primeira escola-, de tal forma que crie força e resistência para se tornar um guerreiro. Além disso, evitar o contato com as meninas da aldeia.
(UMRÃTÃWAWE). O prédio da escola tem uma cantina , uma cozinha, 4 salas de aulas, uma
secretaria e uma sala de direção hoje a escola tem um quadro de 20 funcionários sendo, 13
professores sendo 1, professor de Atendimento Educacional Especializado (AEE), 4 serviços
gerais, 1 coordenador pedagógico, 1 diretor e 1 secretário, no total de 20 funcionários. Como
pude observar as crianças quando estão com sede tem total liberdade para saírem e tomar água
na bica do poço artesiano que estiver mais próximo e fazer suas necessidades fisiológicas
tendo em vista que não há bebedouro e nem banheiro dentro na escola. No caso do aluno(a)
com deficiência o professor manda um aluno(a) chamar alguém da família para buscá-los para
que seja cuidado.
Pelo fato de ser professora de alunos com deficiência na rede municipal de ensino, em
Uberlândia, me chamou bastante atenção as dificuldades enfrentadas pelos indígenas no que
se refere às adequações físicas e pedagógicas no espaço escolar. Um outro fator é falta de uma
formação específica para aqueles que lidam cotidianamante com os deficientes de forma geral
. Também pude observar a vontade desta comunidade em melhor entender as questões
relacionadas às deficiências e de compreender as formas de se trabalhar com estas pessoas
objetivando ajudá-las. Esta situação não se aplica só nesta comunidade indígena, mas também
nos centros urbanos e rurais.
É interessante ressaltarmos que, no decorrer de vários conversas informais com o
professor da Escola Municipal “Educação Fundamental Indígena Namunkurá
(UMRÃTÃWAWE)”Sr.Pio Tsimhoropupu Butsé, cada vez mais me convencia da
importância de estudar as formas de socialização de pessoas com deficiência na Aldeia
Namunkurá, uma vez que ele também se mostrava interessado na possibildiade de
compreender e ajudar as pessoas com deficiência, tanto na escola quanto em convívio com
seus familiares.
Na medida em que discutíamos sobre algumas possibilidades de trabalho o professor
Pio alegrava cada vez mais, o que demonstrou a existência de uma demanda local em torno da
questão. Confesso que seu encantamento mudou minha trajetória e me motivou a escrever
este artigo. Certa vez, em uma de nossas visitas à casa do jovem Jacson, que é deficiente
físico e mental, estávamos o Prof. Pio, o Prof. Benerval e eu tentando conversar com seus
familiares para vermos as potencialidades de socialização do adolescente na aldeia. Percebi,
no entanto, que o seu comprometimento era menos cognitivo e mais físico. Ao saírmos,
pensamos de imediato: “temos muito o que fazer aqui”.
Acredito, então, que a ideia de escrever este artigo remete em continuá-lo no mestrado
pois há muito ainda o que pesquisar sobre as pessoas com deficiência em aldeias índigenas,
haja vista a quase ausência de bibliografia sobre este tema.
Assim, neste primeiro momento, verifiquei a possibilidade de realização de uma
pesquisa que pudesse contemplar as formas de socialização dos deficientes em toda a
comunidade, pois naquele momento, quando ainda tinha uma ideia muito vaga sobre como
essa questão ocorria entre os povos indígenas, eu acreditava que eles eram “excluídos”. Tudo
isso, baseado em diversos estudos e em máterias vistas na mídia. Claro, há muito o que
pesquisar e observar sem causar tantas interferências. Aliás, ao longo da pesquisa de campo
na aldeia Namunkurá pude perceber que esses esteriótipos e preconceitos foram se desfazendo
na medida em que eu participava das atividades da comunidade.
Vislumbrei na realização do Curso de Especialização em Culturas e História dos
Povos Indígenas(FACED/UFU), a realização de uma pesquisa de campo na aldeia
Namunkurá, com foco nas formas locais de socialização de pessoas com deficiência colocadas
em práticas pelos xavante na comunidade. Para tanto, conhecer uma aldeia indígena foi
fundamental para realização deste trabalho, mesmo que tenha sido pelo curto período de
tempo. Acredito que consegui reunir material para subsidiar a escrita deste artigo, buscando
articular minhas reflexões com a literatura existente sobre a aldeia Namunkurá. Com isso,
busquei fornecer dados que possibilitem facilitar o convívio e o desenvolvimento destas
pessoas bem como despertar o interesse dos profissionais da educação e familiares de que
tirar a possibilidade de uma pessoa com deficiência seja ela qual for da integração escolar e
do convívio na comunidade é privá-las do bem mais precioso que é seu desenvolvimento
pleno.
PRIMEIRAS CONSIDERAÇÕES A RESPEITO DOS DEFICIENTES NA ALDEIA NAMUNKURÁ
Até antes de conhecer os Xavante eu acreditava que aquela sociedade se resumia em
um único corpo com unidade absoluta de pensamento, um coletivo coeso sem diferenças
internas, o que de certa forma reproduzia os esteriótipos construídos na opinião pública,
principalmente, pela literatura e pela grande mídia, mas também por intermédio de livros
didáticos desatualizados utilizados no ensino fundamental e médio. Com o convívio, no
entanto, pude perceber que não é desta forma tão simplista que se organiza uma aldeia. Para
os indígenas Xavante há também discordâncias sobre os mais diversos interesses que
envovlem o organização de sua sociedade. Por outro lado, também pude observar que os
homens da aldeia Namunkurá, de forma pacífica e com conversas no centro da aldeia (Wa’ra),
tentam resolver seus entraves.
A permanência na aldeia e a convivência com diversos interlocutores indígenas da
etnia Xavante serviu para demonstrar que uma comunidade indígena não é um todo
homogênio, mas, sim, uma pluraridade mais ou menos integrada de perspectivas
diferenciadas. O olhar de uma mulher xavante, por exemplo, não é o mesmo olhar dos
homens. Existem também diferenças de idade e posição social. Essa multiplicidade de
perspectivas sobre a cultura xavante logo mostrou seu reflexo no tema da pesquisa. Ou seja,
não só os Xavante possuem as suas próprias formas de conceituar “pessoas com deficiência
física e/ou mental”(conceito ocidental), como também existem pontos controversos sobre a
questão. Apesar, então, de os Xavante não contarem com uma instituição centralizada de
administração de controvérsia - como é o caso do nosso sistema judiciário –eles possuem
formas locais de resolução dos conflitos e das divergências internas. Essas controvérsias são
administradas conforme suas próprias instituições políticas.
Desta forma, uma das primeiras observações a serem feitas é que - da mesma forma
em que nossa sociedade os deficientes vivem sob autoridade e custódia do Estado e da família
- entre os Xavante, os deficientes não participam nas tomadas de decisão do grupo.
Isso, por sinal, levou-me a questionar se os deficientes da aldeia eram considerados
índios. Vejamos, pois, o que nos responde o indígena Abrão Ahopowe Tsiwari:
O deficiente é considerado índio porque nasceu na aldeia e é filho de índio. Ser índio é o que você vê aqui, é falar a nossa língua, é aprender português – o que é importante –, mas é também saber falar a nossa língua. Nóis aqui falamos só na nossa língua xavante, ser índio é o que você vê na nossa cultura e na tradição, o deficiente com seus pais entendem isso na nossa língua (Diário de campo, aldeia Namunkurá, 08/01/2016, conversa com Abrão).
O indígena Pio Tsimhoropupu, por sua vez, nos esclareceu que:
[...] Às vezes é difícil ser índio porque a sociedade dos brancos tem muito preconceito contra eles e, hoje, buscam seus direitos e reconhecimento de que são importantes para história. O deficiente também é índio que nasce aqui, mas ainda não sabemos como trabalhar direito com eles (Diário de campo, aldeia Namunkurá, 08/01/2016, conversa com Pio).
Torna-se evidente, portanto, que o fato de os deficientes estarem inseridos na cultura
Xavante, seja falando a língua, seguindo os costumes de seus pais e, obviamente, terem
nascidos na aldeia, os fazem “indígenas”, ou neste caso, “Xavante”. Por conseguinte, ao
afirmarem que os deficientes são índios Xavante, eles também estão atestando o seu caráter de
pessoa, mesmo que se trate de uma pessoa “diferenciada” das demais, já que precisa de
cuidados específicos. É notório nas entrevistas, ainda, uma preocupação coletiva da aldeia
com a vida dos deficientes, mesmo que afirmem não saber o que fazer diante de tais questões.
Outro aspecto que merece ser discutido, aqui, é a interpretação do termo “deficiência”
a partir do entendimento do cacique Simão Butsé. Para ele:
[...] antes não existia deficiente né, os índios eram fortes e sadios; hoje estão fracos. Depois do contato com o branco é que começou a ter deficiente, antes não tinha. O branco trouxe o sarampo e outras doenças, antes não tinha deficiente (Diário de campo, aldeia Namunkurá, 10/01/2016, conversa com Cacique Simão).
No contexto supracitado, a “deficiência” resulta do contato dos Xavante com o homem
branco. Ou, em outras palavras, trata-se de uma “doença dos brancos”, algo que passou a
existir somente depois desse contato.
De outra maneira, a indígena Júlia, Agente Indígena de Saúde (AIS) e tia do
adolescente Jacson, atribui à vontade de Deus as causas da deficiência de seu sobrinho:
Se Deus quis assim, é por isso que ele é assim. Só Deus sabe o porquê né. O Jacson precisa de ajuda, né? Ele não anda né, é assim... precisa de ajuda do governo para comprar fralda, comida (Diário de campo, aldeia Namunkurá, 12/09/2015, conversa com Júlia).
Notemos que a deficiência, no entendimento de Júlia, reflete a influência da cultura
cristã na aldeia, provalvelmente advinda do evangelismo católico pelo qual eles passaram e
continuam a ser influenciados, como visto na Figura 1:
Figura 1: Igreja católica localizada na aldeia Namunkurá
Fonte: CARVALHO, 2016 (Arquivo pessoal)
Daí, provalmente, a interpretação de deficiência como um “castigo”, “providência”
ou “provação” divina. É interessante perceber que o deficiente é visto como uma pessoa
“doente”, mas também como alguém que foi “amaldiçoado”, o que nos remete ao imaginário
católico-cristão, onde predomina a noção de “pecado” e de “punição divina”. Percebe-se,
desta forma, que a “deficiência” surge como um problema ou questão oriunda da história de
contato com o homem branco. Contato esse inicialmente mediado pelos missionários que
atuaram entre os xavante na década de 1960.
A SOCIALIZAÇÃO DOS INDÍGENAS DEFICIENTES NA ALDEIA NAMUNKURÁ
Algumas abordagens antropológicas que foram apresentadas durante o curso de
especialização indígena me auxiliaram na busca de uma melhor compreensão sobre o tema
abordado aqui. Em paralelo, a experiência de estar na aldeia me possibilitou um entedimento
cultural mais denso de como os indígenas xavante identificam e classificam os diversas tipos
de deficiências e socilização que existem na aldeia Namunkurá.
Na primeira visita a esta aldeia eu pretendia trabalhar somente com as crianças
deficientes. Na segunda visita, porém, pude perceber que havia deficientes de diversas idades.
Neste momento optei por ampliar a pesquisa também para os adultos com deficiência. Melhor
fundamentada, refiz o levantamento e encontrei a seguinte situação:
Jacson, com 15 anos de idade, é deficiente físico e mental;
Fidélis, com 36 anos, Deficiência relacionada a Encefolopatia;
Oscarzinho, com 22 anos, tem a doença de creatinismo hisporádico (sem tiróide);
Onofre, com 4 anos, Deficiência relacionada à Encefolopatia;
Vasconcelos, com 33 anos, é Deficiênte Mental;
Siruza, com 9 anos, tem menigite, o que a deixou com deficiência física permanente.
Todos aqui mencionados têm comprometimento na fala e se esforçam para estabelecer
algum tipo de comunicação com outros indígenas. Cabe destacar que durante as relações
cotidianas, a língua materna é facilmente compreendida entre os deficientes, somente a língua
portuguesa é de difícil compreensão.
É importante mencionar também que dentre os indígenas citados anteriormente, o
Onofre sempre participa dos cantos da aldeia. Quando se forma uma roda, ele entra no centro
e senta próximo de alguém de sua família , conforme ilustra a Figura 2. Figura 2: Momento de socialização do Onfre durante o canto dos Waptés.
Fonte: CARVALHO, 2015 (Arquivo Pessoal)
De modo contrário, Jacson tem limitação física, não consegue andar . Ele possui
limitações cognitivas devido à menigite . O menino não participa das atividades que dizem
respeito às festividades, rituais da aldeia. Ele passa bastante tempo dentro de sua casa, onde
existe muita fumaça decorrente do fogão à lenha. De modo geral, ele quase não brinca com
outras crianças e se arrasta dentro da oca a maior parte do tempo, algumas vezes durante as
minhas visitas ele estava do lado de fora de sua casa. Ao ser abandonado pela mãe, Jacson
continuou a morar com os avós que já são idosos. Apesar das limitações que impedem o seu
movimento, acredito que ele teria capacidade de se socializar sem grandes dificuldades, uma
vez que ele se mostra carinhoso com todos aqueles que se econtram à sua volta, como
visualizamos na Figura 3. Figura 3:Jacson, à frente da imagem, juntamente com o seu tio e primos.
Fonte: CARVALHO, 2016 (Arquivo pessoal)
Fidélis é deficiente por conta da encefolopatia hepática4, doença mental e que por sua
vez não o impede de ser um jovem bem ativo e participativo na comunidade. Ele realiza tanto
tarefas domésticas quanto as de ir para roça ajudar seus pais. Pude observar que ele participou
da corrida de tóra realizado pelos demais homens e mulheres da comunidade. Nas
brincadeiras, os jovens não o deixam entrar. Aliás, os jovens da comunidade o chamavam de
“calcinha”, o que o deixava bastante irritado, uma vez que realiza algumas tarefas domésticas
que não são executadas pelos homens da aldeia. A alcunha também provinha de fato dele se
apresentar algumas vezes com adornos e vestuário feminino.Essa inversão das atividades e
dos vestuários associadas à divisão de trabalho e de um padrão de gênero masculino de como
se vestir, pode estar apontando para a existência de uma série de arranjos sociais que visam
uma adaptação de pessoa com deficiência às divisões costumeiras da organização social
xavante. Neste estudo inicial não tive tempo para aprofundar o mapeamento inicial desses
arranjos, algo que pretendo fazer um estudo mais aprofundado, no âmbito de um mestrado
acadêmico.
Quanto ao Oscarzinho, doente por conta do hipotireodísmo5-apesar de sua deficiência
ser mental e não física, percebi que ele andava livremente pela aldeia, correndo de um lado
para o outro ao longo do dia. De acordo com o seu irmão Pio, Oscarzinho tem crises nervosas
quando não se encontra bem alimentado - inclusive, pude presenciar tal fato em determinados
momentos. Por isso, não frequenta a escola de maneira regular , sua participação nas
atividades cotidianas não é restrita ele escolhe o que quer fazer.
Já a Siruza, uma criança cuja a deficiência impede parte dos movimentos de suas
pernas, não participa de forma efetiva das atividades na aldeia. Os seus pais a deixam brincar
com o propósito de desenvolvimento de sua mobildiade e coordenação, em uma das minhas
visitas, Siruza estava ajudando sua irmã lavando louça me olhou e deu um largo sorriso, neste
4Encefalopatia hepática, é uma perturbação pela qual a função cerebral se deteriora devido a altas quantidades de substâncias tóxicas proveniente da alimentação presentes no sangue- substâncias estas que deveriam ter sido eliminadas pelo fígado.
5Hipotireoidismo é o resultado da deficiência do hormônio da tiroide o bebê nasce sem a tiroide. Os bebês crescem mais lentamente.
momento percebi sua satisfação de estar ali. Mesmo assim, constatamos que existe, de modo
garal, certa dificuldade de inserí-la ao restante do grupo. Na Figura 4, por exemplo, Siruza
realiza uma atividade escolar sem a presença de outras crianças.
Figura 4:Siruza em um momento de Atividade Educacional Especializado (AEE).
FONTE: CARVALHO, 2015. (Arquivo pessoal)
Vasconcelos é deficiente mental, ou seja, não tem nenhuma limitação física, está
sempre presente em algumas atividades da comunidade, porém, tem dificuldades de se
relacionar. O menino está sempre sozinho e as vezes olha o movimento da comunidade da
porta de sua casa, sempre acompanhado de seus pais, que já são idosos demais para trabalhar
na roça. Vejamos, pois, o que nos responde o indígena Sr Boaventura Tserewamariwe
Tserewawa:
É bom ver como você fala com eles entende eles abraça conversa eles precisam isso, sabe falar com eles, isso é bom de ver, hoje precisamos entender mais eles para eles participarem, o Vasconcelos sempre sozinho, acompanha pais na roça, os pais decidem né pra ele (Diário de campo, aldeia Namunkurá, 14/01/2016, conversa com SrBoaventura).
Ao analisar o relato acima, notamos que os indígenas com deficiência estão inseridos
na comunidade sob a responsabilidade de seus pais, que decidem sob a particpação ou não em
diferentes atividades e rituais que se fazem presentes na aldeia. Por vezes, nós, indivíduos
aparentemente “normais”, olhamos para os deficientes com preconceito porque nos causa
estranheza o fato de não pertencerem ao nosso grupo. É importante, pois, rompermos a
barreira que nos distancia do outro e entendermos que os deficientes são capazes de
desenvolver muitas atividades, mesmo com algumas limitações.
A questão da inclusão dos estudantes com deficiência, na aldeia Namunkurá, ainda
precisa melhorar. É desejo do diretor da escola indígena, por exemplo, que haja de forma mais
efetiva um rompimento dos preconceitos da parte de alguns professores por não saberem lidar
com as questões relacionadas à deficiência. Inclusive, é importante notar que esse
“estranhamento pedagógico” também é muito comum nas escolas públicas e privadas
existentes nos centros urbanos e rurais. O fato é que – apesar do Governo Brasileiro ter
instituído uma série de dispositivos jurídico-administrativos visando à integração do
deficiente na sociedade – esse movimento não venho acompanhado de uma formação
específica dos educadores.
Porém, de acordo com o resultado do questionário aplicado a 10 professores que
trabalham na aldeia Namunkurá, verificamos que, contraditoriamente à fala do diretor da
escola, todos eles afirmaram nunca terem presenciado nenhum tipo de preconceito com os
indígenas deficientes. Além disso, foi consenso entre todos os professores que a inclusão dos
deficientes deve acontecer na aldeia e em sala de aula. Por outro lado, nenhum professor
indígena participou de discusões concernentes à deficiência.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O nosso propósito ao longo desta pesquisa foi o de compreender as diferentes
maneiras de socialização dos indígenas com deficiência no cotidiano da aldeia Namunkurá,
sem julgamentos que os comparassem à concepção ocidental. Se, por ventura, isso ocorreu,
foram incoerências do meu pensamento e de minha análise.
A constatação de que os indígenas com deficiência não estão totalmente integrados no
cotidiano da aldeia Namunkurá nos deixa uma série de inquietações para continuarmos este
estudo. A socialização dos indígenas xavante dentro da aldeia, colabora para desfazer o
imaginário simplista de que a pessoa com deficiência na escola só existe nos meios urbanos.
Para complementar, veja o que relata o Sr. Boaventura:
[…]Deficiente é difícil que se chamava Petronília, hoje. Foi nascida deficiente a primeira coisa não era deficiente ela era que a gente ciudava muito dela, Petronília era só ela. A primeira coisa que eu cuidava quando o horário de merenda, intervalo eu atendo primeiro ela porque a gente sabe respeitar o deficiente o trabalho meu era assim, primeiro atendia ele quando estava no período de férias Julho a gente dava um pedaço de carne, pedaço de frango para ela levar pra mãe, pra família pra ela
almoçar em casa porque ela não aguentava cuidar tudo, na escola que a gente lecionava no horário do período é assim, então é a gente assim não, é difícil ver ela dançar, cantar, gostava muito dela primeira coisa que como não era formado né, eu formado Ciências Sociais antropologia mas eu entendo como é sociedade indígena então respeitar ela arrumar os primeiros pra ela pedaço de alguma coisa, comida cuidar primeiros, depois eu os colegas dela vem receber as merenda […]a comunidade gostava muito dela tia, familiares e comunidade ajudava alguns traz peixes pra ela, comida, melancia todas as farturas que a comunidade produzia[…] (Diário de campo, aldeia Namunkurá, 09/01/2016, conversa com BoaventuraTserewamariwe Tserewa’wa)
E diante das colocações do Sr. Boaventura se faz necessário aprofundar as questões
de pessoas com deficiência nas aldeias indígenas. Percebe-se, a partir deste relato, que os
professores Xavante se preocupam em fornecer cuidado especial aos deficientes,
reconhecendo, desta forma, a sua singularidade. Existe, portanto, a consciência de que o modo
de ser xavante dos deficientes não só exige regras e princípios de tratamento e socialidade
diferenciados, como também envolve uma concepção xavante de “cuidado”. Essa concepção
– que deve ser tratada como um conceito e não uma crença – está associada a essa forma
específica de ser xavante expressa pelas práticas socioculturais dos membros da etnia que tem
alguma deficiência, seja física ou mental.
A observação do cotidiano dos deficientes também demonstrou que sua integração na
comunidade depende, em grande medida, das limitações físicas ou mentais oriundas da sua
enfermidade. Isso ocorre porque cada deficiência acarreta limitações cognitivas ou físicas
diferenciadas, exigindo cuidados específicos. Não estamos diante de uma concepção unitária
da “deficiência” – assim como não podemos falar de um “tipo” único de “deficiente”, mas,
sim, de uma multiplicidade de formas de deficiências, de uma multiplicidade ontológica que
também se revela em outras áreas da cultura xavante.
A interpretação nativa de que a “deficiência” teria surgido junto com o contato com o
homem branco também é um forte indicativo de que a indigenização xavante da deficiência –
um processo complexo ainda em curso e do qual, inclusive, este estudo faz parte – integra um
conjunto mais amplo de práticas de predação da alteridade. Nesse sentido, não é uma surpresa
que sejam os professores xavante – e o espaço da escola e, agora, com a minha pesquisa, da
Universidade – que estejam à frente da invenção de uma nova forma de pensar a relação do
mundo do branco. Com isso o “deficiente” (físico ou mental) – assim como as concepções
xavante de deficiência e as respectivas práticas de cuidado e atenção – fornece um campo de
relação com o discurso biomédico ocidental, o Estado e outros agentes da sociedade nacional.
O que vemos, portanto, é a formação de uma rede em torno das controvérsias associadas à
deficiência, uma rede que inclui também este estudo e outros já realizados, assim como
agentes de saúde, os professores Xavante, os missionários católicos, funcionários da FUNAI,
lideranças Xavante e, de uma forma geral, as instituições de intervenção biomedical e o
próprio discurso da biomedicina e suas formas de concepção das “deficiências” mentais e
físicas.
Finalmente, concluímos com a grande descoberta diante do relato supracitado de
como era tratada a deficiente Petronília. Desde a década de 70 os Xavante tinham a
preocupação de cuidar da pessoa com deficiência e isto não consta em nenhum outro relato
segundo minha revisão bibliográfica, ou seja, estão à frente da sociedade ocidental já a muitos
anos, partindo do pressuposto de que precisamos de leis para fazer cumprir alguns direitos
humanos, e que para os Xavante da aldeia Namunkurá isto é normal em sua cultura. Neste
contexto, achamos que a experiência vivida em campo na aldeia Namunkurá, em parte
contribuiu para que retomemos um estudo mais aprofundado em nível de mestrado acadêmico
sobre o tema deste trabalho.
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