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UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA · universidade federal de viÇosa prÓ-reitoria de pesquisa e pÓs-graduaÇÃo comissÃo permanente de propriedade intelectual a proteÇÃo da propriedade

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSAPRÓ-REITORIA DE PESQUISA E

PÓS-GRADUAÇÃOCOMISSÃO PERMANENTE DE PROPRIEDADE

INTELECTUAL

A PROTEÇÃO DA PROPRIEDADE INTELECTUAL E A TRANSFERÊNCIA DE TECNOLOGIA NA

UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA

ARAÚJO, Elza Fernandes deBARBOSA, Cynthia Mendonça

ALVES, Flávia FerreiraGAVA, Rodrigo

MARTINS, Brenda Barbosa

BrasilViçosa – Minas Gerais

2013

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Ficha catalográfica preparada pela Seção de Catalogação e Classificação da Biblioteca Central da UFV

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COMISSÃO PERMANENTE DE PROPRIEDADE INTELECTUAL

Ano 2013.

UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA

ReitoraNilda de Fátima Ferreira Soares

Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-GraduaçãoEduardo Seiti Gomide Mizubuti

Comissão Permanente de Propriedade IntelectualRodrigo Gava – Presidente

Adriana Ferreira de Faria– Membro Juliana Lopes Rangel Fietto – Membro

Márcio Henrique Pereira Barbosa – Membro

Revisão de TextoEdir Barbosa

CapaMarcelo de Oliveira Garcia/Lucas Gonçalves Dornelas

ImpressãoSuprema Gráfica Editora

ApoioFAPEMIG

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Sumário1. ApresentAção ...........................................................................112. Introdução ..............................................................................123. ConsIderAções GerAIs ...............................................................134. proprIedAde InteleCtuAl ...........................................................144.1. A ImportânCIA dA proteção .....................................................154.1.1. BenefíCIos proporCIonAdos pelA proteção do ConheCImento pArA o tItulAr, o Autor e, ou, Inventor .................................................154.1.2. BenefíCIos proporCIonAdos pelA proteção do ConheCImento pArA o pAís ..........................................................................................154.2. dIreIto AutorAl .....................................................................164.2.1. dIreIto de Autor .................................................................164.2.1.1. exemplos de oBjetos de proteção ......................................164.2.1.2. exemplos de oBjetos não pAssíveIs de proteção ..................184.2.1.3. dIreItos morAIs x dIreItos pAtrImonIAIs ..............................194.2.1.4. ABrAnGênCIA dA proteção leGAl ........................................194.2.1.5. ImportânCIA do reGIstro....................................................194.2.1.6. formAlIdAdes ...................................................................214.2.2. dIreItos Conexos ................................................................214.2.3. proGrAmA de ComputAdor ....................................................224.2.3.1. ABrAnGênCIA dA proteção leGAl ........................................224.2.3.2. ImportânCIA do reGIstro....................................................234.2.3.3. formAlIdAdes ...................................................................234.3. proteção suI GenerIs ..............................................................244.3.1. topoGrAfIA de CIrCuIto InteGrAdo ........................................244.3.1.1. ABrAnGênCIA dA proteção leGAl ........................................254.3.1.2. ImportânCIA dA proteção ...................................................254.3.1.3. formAlIdAdes ...................................................................254.3.2. ConheCImentos trAdICIonAIs .................................................264.3.2.1. ImportânCIA dA proteção ...................................................274.3.3. CultIvAr .............................................................................274.3.3.1. oBtentor x requerente x tItulAr x melhorIstA x representAnte leGAl ....................................................................27

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4.3.3.2. ABrAnGênCIA dA proteção leGAl ........................................284.3.3.3. ImportânCIA dA proteção leGAl .........................................294.3.3.4. formAlIdAdes ...................................................................294.3.3.5. proteção x reGIstro ........................................................304.4. proprIedAde IndustrIAl ...........................................................304.4.1. mArCA ................................................................................314.4.1.1. ClAssIfICAção ...................................................................314.4.1.2. ABrAnGênCIA dA proteção ..................................................324.4.1.3. ImportânCIA dA proteção leGAl .........................................334.4.1.4. formAlIdAdes ...................................................................334.4.2. desenho IndustrIAl .............................................................344.4.2.1. requIsItos ........................................................................354.4.2.2. oBjetos não pAssíveIs de proteção ......................................354.4.2.3. ABrAnGênCIA dA proteção ..................................................364.4.2.4. Autor x tItulAr ...............................................................364.4.2.5. ImportânCIA dA proteção leGAl .........................................364.4.2.6. formAlIdAdes ...................................................................374.4.3. IndICAção GeoGráfICA ..........................................................374.4.3.1. tIpos................................................................................374.4.3.2. quem pode solICItAr ..........................................................384.4.3.3. tItulArIdAde ....................................................................384.4.3.4. ABrAnGênCIA dA proteção leGAl ........................................384.4.3.5. ImportânCIA dA proteção leGAl .........................................394.4.3.6. formAlIdAdes ...................................................................394.4.4. seGredo IndustrIAl ..............................................................404.4.4.1. vAntAGens e desvAntAGens .................................................404.4.5. pAtente ..............................................................................404.4.5.1. nAturezA .........................................................................414.4.5.2. requIsItos pArA A pAtenteABIlIdAde .....................................414.4.5.3. exemplos de oBjetos não pAssíveIs de proteção ....................414.4.5.4. Inventor x tItulAr ...........................................................424.4.5.5. ABrAnGênCIA dA proteção leGAl ........................................424.4.5.6. ImportânCIA dA proteção leGAl .........................................42

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4.4.5.7. formAlIdAdes ...................................................................434.4.5.8. ImportânCIA dA sufICIênCIA desCrItIvA e dAs reIvIndICAções ..434.4.5.9. sIGIlo e período de GrAçA .................................................444.4.5.10. BusCA prévIA ..................................................................454.4.5.11. pAtente x ArtIGo CIentífICo .............................................455. lICenCIAmento e trAnsferênCIA de teCnoloGIAs. ....................456. A Gestão dA proprIedAde InteleCtuAl nA ufv .............................476.1. A CppI e o seu pApel ...............................................................486.2. termo de sIGIlo .....................................................................486.3. questIonárIo pArA ConheCImento dA Invenção. ....................496.4. ContrAto de Autores/Inventores .............................................507. rede mIneIrA de proprIedAde InteleCtuAl ...................................518. ConsIderAções fInAIs ................................................................529. termInoloGIAs ..........................................................................5310. leGIslAções ............................................................................5611. trAtAdos e ACordos ImportAntes ..............................................5812. lInks ImportAntes ...................................................................5913. perGuntAs e respostAs .............................................................6014. referênCIAs ............................................................................6815. Anexos ...................................................................................70

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1. ApresentAção

A partir da década de 1990, com o advento da nova legislação em Propriedade Intelectual – PI, que impôs às instituições de ensino e pesquisa federais adequarem seus estatutos ou regimentos internos à nova legislação, a Universidade Federal de Viçosa (UFV), entre outras, expediu Resoluções Normativas, por meio do seu Conselho Universitário, para a área de Propriedade Intelectual. No Estado de Minas Gerais foram criados os primeiros Núcleos de Inovação Tecnológica ‑ NITs, entre eles a Comissão Permanente de Propriedade Intelectual (CPPI) da UFV.

No decorrer dos anos, a conscientização da sociedade brasileira sobre a importância da propriedade intelectual e de sua gestão se intensificou. Atualmente, é maior o reconhecimento de que a proteção do conhecimento, seja o gerado no setor privado ou no setor público, por meio das entidades de ciência, tecnologia e inovação (ECTIs), consiste em fator estratégico para a inovação tecnológica. Ela representa um instrumento fundamental no atual cenário de globalização e competitividade, no qual o conhecimento e a capacidade de inovar têm papel preponderante, consistindo em diferencial para empresas e para sua manutenção no mercado globalizado.

Nesse contexto da geração, proteção e gestão do conhecimento em prol da inovação, visando ao desenvolvimento científico, tecnológico, econômico e social do Brasil, é que surgiu a necessidade de promover a reedição desta Cartilha, haja vista o novo contexto que cerca o tema, principalmente se comparado com o cenário da época da primeira edição da Cartilha, ocorrida em 2004.

O objetivo aqui é apresentar as modalidades de PI existentes, o que deve ser seguido no tocante à proteção dos

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conhecimentos gerados e à maneira como a gestão da Propriedade Intelectual ocorre no âmbito da UFV, considerando‑se as normas e resoluções a que a comunidade acadêmica deve obedecer.

2. Introdução

A proteção da propriedade intelectual (PI) é necessária e relevante para o desenvolvimento científico e tecnológico e para a inovação de um país, salvaguardando o conhecimento, os produtos e, ou, processos gerados pelas empresas e pelas ECTIs, entre elas as universidades, e os direitos dos autores/inventores.

A inovação, que representa uma questão crucial para a competitividade e autonomia de um país, possui papel de destaque no cenário econômico. Isso porque a inserção de novas tecnologias proporciona maior poder de competição, resultando na disponibilização, aos consumidores, de produtos e serviços de melhor qualidade (ARAÚJO et al., 2009).

O processo inovativo decorre da atuação de vários setores, envolvendo o setor público e o setor empresarial, e, para incentivar a atuação conjunta desses setores, o Estado atua no implemento de políticas de incentivo à geração de propriedade intelectual e inovação, aprovando Leis, como a Lei Federal de Inovação (Lei nº 10.973/2004) e o seu Decreto (Decreto nº 5.563/05), as leis estaduais de inovação e a Lei do Bem (Lei nº 11.196/05), que estabelece os mecanismos para desonerar os investimentos realizados em projetos de inovação, bem como o Decreto nº 5.798/2006, que regulamenta os incentivos fiscais à inovação.

Considerando o contexto da gestão da PI, constata‑se que os conhecimentos gerados nas ECTIs são transformados em inovação à medida que são disponibilizados aos consumidores, e esse processo só é possível por meio de parcerias entre as ECTIs e o setor empresarial.

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Para uma boa gestão da propriedade intelectual, faz‑se necessário incentivar a cooperação entre as ECTIs e as empresas. Se os conhecimentos gerados nas ECTIs não são licenciados ou transferidos, a inovação científica e tecnológica não acontece, como também os benefícios econômicos e sociais almejados com a propriedade intelectual não são alcançados.

3. ConsIderAções GerAIs

Como será visto no decorrer da Cartilha, no contexto da proteção, gestão e transferência ou licenciamento do conhecimento, assim como em relação à inovação, há legislações que regulamentam esses temas no país, assim como instituições governamentais responsáveis pela proteção das modalidades de propriedade intelectual no Brasil. Nesse sentido, para proteger algum conhecimento, devem‑se sempre observar as legislações brasileiras e as normas e procedimentos nacionais definidos para cada tipo de propriedade intelectual.

No caso de vínculo com alguma ECTI, cabe, ainda, atentar‑se para as normas internas de cada instituição. Nesse sentido, tratando‑se da comunidade acadêmica da UFV, as pessoas que mantêm vínculo institucional, como é o caso de estudantes, para obterem informações sobre propriedade intelectual é preciso contatar a Comissão Permanente de Propriedade Intelectual (CPPI), Núcleo de Inovação Tecnológica da UFV.

A CPPI tem como objetivos orientar e conduzir todos os trâmites legais previstos nas legislações, como proteção, registro, concessão e manutenção dos direitos relativos à propriedade intelectual na esfera institucional. A CPPI está vinculada à Pró‑Reitoria de Pesquisa e Pós‑Graduação, onde são executados todos os procedimentos internos para garantir a proteção dos conhecimentos, produtos e, ou, processos gerados na UFV,

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por meio dos pedidos de registros e de proteção nos órgãos governamentais competentes de cada área.

4. proprIedAde InteleCtuAl

Propriedade Intelectual (PI) é toda criação e expressão da atividade inventiva e da criatividade humana, em seus aspectos científicos, tecnológicos, artísticos e literários.

No Brasil, a PI é dividida em três modalidades: Direito Autoral, Proteção Sui generis e Propriedade Industrial (Figura1).

Figura 1 ‑ Modalidades da Proteção Intelectual. Fonte: Elaborado pelos autores.

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4.1. A ImportânCIA dA proteção

4.1.1. BenefíCIos proporCIonAdos pelA proteção do ConheCImento pArA o tItulAr, o Autor e, ou, Inventor

‑ Direito de propriedade e exclusividade, impedindo que ter‑ceiros produzam, utilizem, vendam ou importem sua criação sem prévio consentimento.

‑ Possibilidade de auferir lucros com a exploração do conheci‑mento ou de receber royalties decorrentes do licenciamento da criação.

‑ No caso de o titular ser uma empresa, serve como instrumen‑to de marketing, além de fortalecer contra a concorrência desleal.

‑ No caso de o titular ser uma universidade, a proteção do co‑nhecimento representa um dos itens de julgamento das agên‑cias de fomento, como a FAPEMIG, para financiarem proje‑tos de pesquisa científica e, ou, tecnológica.

‑ Entre outros.

4.1.2. BenefíCIos proporCIonAdos pelA proteção do ConheCImento pArA o pAís

- Contribui para o progresso científico e tecnológico e para o processo de inovação.

‑ Favorece sua competitividade e sua autonomia.‑ Serve como rica fonte de informações, por meio da divulga‑

ção das criações.‑ Fomenta a inclusão social e a qualidade de vida das pessoas.‑ Entre outros.

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4.2. dIreIto AutorAl

O Direito Autoral é subdividido em Direitos de Autor, Direitos Conexos e Programas de Computador (Figura 2).

De acordo com a Lei n° 9.610, de 19 de fevereiro de 1998 (Lei dos Direitos Autorais), os Direitos Autorais são aqueles ligados ao autor como consequência de obra por ele elaborada.

Na Lei supracitada, somente as criações de espírito, ou seja, do intelecto humano, expressas por qualquer meio ou fixadas em qualquer suporte conhecido, a exemplo de impressão em papel, CD, DVD, mídias digitais em geral, ou qualquer outra forma que se invente no futuro, são obras intelectuais passíveis de proteção.

Figura 2 ‑ Submodalidades do Direito Autoral.Fonte: Elaborado pelos autores.

4.2.1. dIreIto de Autor

Consiste basicamente no direito que o autor tem de controlar o uso que se faz com sua obra.

4.2.1.1. exemplos de oBjetos de proteção

A Lei n° 9.610/1998, em seu artigo 7°, indica quais são as obras intelectuais passíveis de proteção. São elas:

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i- Os textos de obras literárias, artísticas ou científicas.

ii‑ As conferências, alocuções, sermões e outras obras de mesma natureza.

iii‑ As obras dramáticas e dramático‑musicais.

iv- As obras coreográficas e pantomímicas, cuja execução cênica se fixe por escrito ou por outra forma qualquer.

v‑ As composições musicais, que possuam ou não letra.

vi‑ As obras audiovisuais, sonorizadas ou não, inclusive as cinematográficas.

vii- As obras fotográficas e as produzidas por qualquer processo análogo ao da fotografia.

viii‑ As obras de desenho, pintura, gravura, escultura, litografia e arte cinética.

ix- As ilustrações, cartas geográficas e outras obras de mesma natureza.

x‑ Os projetos, esboços e obras plásticas concernentes à geografia, engenharia, topografia, arquitetura, paisagismo, cenografia e ciência.

xi‑ As adaptações, traduções e outras transformações de obras originais, apresentadas como criação intelectual nova.

xii ‑ Os programas de computador.

xiii‑ As coletâneas ou compilações, antologias, enciclopédias, dicionários, bases de dados e outras obras que, por sua seleção, organização ou disposição de seu conteúdo, constituam criação intelectual.

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Adiante, encontram‑se os programas de computador. Apesar de gozarem dos benefícios da Lei 9.610/98, que lhes são aplicáveis, esses instrumentos, porém, são objetos de legislação específica.

4.2.1.2. exemplos de oBjetos não pAssíveIs de proteção Existem alguns objetos ou “obras” que não são

resguardados pelos direitos autorais, os quais estão dispostos no artigo 8º da Lei n° 9.610/1998, quais sejam:

i‑ As ideias, procedimentos normativos, sistemas, métodos, projetos ou conceitos matemáticos como tais.

ii‑ Os esquemas, planos ou regras para realizar atos mentais, jogos ou negócios.

iii‑ Os formulários em branco para serem preenchidos por qualquer tipo de informação, científica ou não, e suas instruções.

iv‑ Os textos de tratados ou convenções, leis, decretos, regulamentos, decisões judiciais e demais atos oficiais.

v‑ As informações de uso comum, como calendários, agendas, cadastros ou legendas.

vi‑ Os nomes e títulos isolados.

vii‑ O aproveitamento industrial ou comercial das ideias contidas nas obras.

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4.2.1.3. dIreItos morAIs x dIreItos pAtrImonIAIs

O direito autoral divide‑se em direitos morais e patrimoniais.

- Direito moral: São os direitos exclusivos do autor (pessoa física) caracterizados como personalíssimos, não sendo pas‑síveis de transferência, renúncia ou prescrição.

- Direito patrimonial: Permitem ao autor o direito de vender ou licenciar sua obra. Referem‑se aos direitos de exploração comercial. São móveis, cessíveis, transferíveis e temporá‑rios. São direitos negociáveis, que dizem respeito à aprecia‑ção monetária do bem.

4.2.1.4. ABrAnGênCIA dA proteção leGAl

Os direitos autorais do autor brasileiro ou domiciliado no Brasil serão válidos em outros países, desde que haja acordo ou convenção internacional e, também, reciprocidade entre os Estados. A Convenção de Berna é o mais significativo desses acordos e embasou a elaboração da Lei nº 9.610/98.

Os direitos morais vinculados à obra são imprescritíveis e irrenunciáveis, portanto não podem ser utilizados por outros que não o autor. Já os direitos patrimoniais podem ser cedidos em toda a sua amplitude e vigoram pelo prazo de até 70 anos, contados de 1° de janeiro do ano subsequente ao do falecimento do autor, tornando‑se a obra, após esse tempo, de domínio público.

4.2.1.5. ImportânCIA do reGIstro

Segundo a Lei de Direitos Autorais, o registro não é obrigatório, já que o direito do autor nasce junto com a obra. No entanto, a partir do momento que o autor registra sua criação, ele apresenta alguns benefícios, entre eles:

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‑ Comprovação da sua autoria perante terceiros.- Especificação de seus direitos morais e patrimoniais, deter‑

minando o prazo de proteção da sua obra ou para os seus sucessores.

Além do que foi evidenciado, o registro de uma obra contribui para a preservação da memória nacional. Na Tabela 1 é possível verificar os órgãos responsáveis pelo registro de obras intelectuais no Brasil, bem como os endereços das respectivas páginas na internet.

Tipo de Obras Órgão responsável Página na internet

Literárias Fundação Biblioteca Nacional http://www.bn.br/eda

Musicais Escola de Música da UFRJ http://www.musica.ufrj.br

Artes Visuais Escola de Belas Artes da UFRJ http://www.eba.ufrj.br

Engenharias, Arquitetura e Urbanismo

Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e

Agronomia ‑ CONFEA

http://www.confea.org.br

Programas de Computador

Instituto Nacional da Propriedade Industrial

‑ INPIhttp://www.inpi.gov.br

Domínios na Internet

Comitê Gestor da Internet no Brasil http://registro.br

Tabela 1 - Órgãos responsáveis pelo registro de obras intelectuais no Brasil

Fonte:<http://www.cultura.gov.br/site/2008/03/08/orgaos‑de‑registro‑de‑obras‑intelectuais>.

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4.2.1.6 . formAlIdAdes

As obras literárias (livros, artigos e outros) a serem encaminhadas para registro deverão ser apresentadas em exemplares legíveis, devidamente numerados e com cada página rubricada pelo(s) autor(es).

Cada solicitação de registro deve ser encaminhada juntamente com o Formulário de Requerimento para Registro ou Averbação, preenchido em letra de forma, datado e assinado conforme a assinatura da identidade do (a) requerente.

As formalidades para os outros tipos de obras, como as musicais, artes visuais, arquitetônicas, entre outras, podem ser obtidas nos órgãos específicos.

4.2.2. dIreItos Conexos

Existem casos em que as obras não chegam ao público senão por meio de intermediários, que tornam a criação perceptível. Considerando esse fato, o objetivo dos Direitos Conexos é proteger os interesses jurídicos dessas pessoas que contribuem para tornar as obras acessíveis ao público. Como exemplos dos possuidores desses direitos, podem ser citados cantores que interpretam músicas não compostas por eles, intérpretes de poesias e empresas de radiodifusão, entre outros (OMPI, 2012).

Assim como para o Direito de Autor, é a Lei n° 9.610/1998 que estabelece as normas pertinentes ao Direito Conexo. A proteção a este tipo de direito não depende de registro, e sua duração é de 70 anos contados a partir de 1° de janeiro do ano subsequente à fixação, para fonogramas; à transmissão, para as emissões das empresas de radiodifusão; e à execução e representação pública, para os demais casos.

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4.2.3. proGrAmA de ComputAdor De acordo com a Lei nº 9.609/98, programa de

computador corresponde à expressão de um conjunto harmônico de instruções em linguagem natural ou codificada, contida em suporte físico de qualquer natureza, de emprego necessário em máquinas automáticas de tratamento da informação, dispositivos ou equipamentos periféricos, baseados em técnica digital ou semelhante, para colocá‑lo em funcionamento de modo e para fins determinados.

4.2.3.1. ABrAnGênCIA dA proteção leGAl A proteção de programas de computador está amparada

pela Lei de Direitos Autorais e pela Lei do Software (Lei n° 9.609/1998). Quanto à sua abrangência, o Registro do Programa de Computador possui reconhecimento Internacional pelos países signatários do Acordo TRIPS (desde que cumprida a legislação nacional). No caso de programas estrangeiros, desde que procedentes de país que conceda reciprocidade aos autores brasileiros, não precisam ser registrados no Brasil (salvo nos casos de cessão de direitos).

Conforme a legislação vigente, o programa de computador não pode ser reproduzido nem utilizado como base para o desenvolvimento de novas tecnologias sem a devida licença, a qual é expedida pelo titular do direito ou seu representante legal. Mas o consumidor do programa pode fazer cópias de segurança e outras para a sua utilização, pois o uso individual é um direito que lhe é conferido pelas normas em vigor. Porém, o consumidor não pode fazer reproduções para o comércio sem a devida permissão.

Não se podem fazer cópias do programa para desenvolver novos produtos. Quando houver um programa copiado do original, cabe ao titular reclamar indenização e perdas materiais pela utilização indevida.

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É facultado ao autor de programa de computador registrar a sua criação. A validade dos direitos para quem desenvolve um Programa de Computador é de 50 anos, contados a partir de 1º de janeiro do ano subsequente ao da sua data de publicação ou, na ausência desta, da sua criação.

4.2.3.2. ImportânCIA do reGIstro Os programas de computador poderão, a critério do titular

dos direitos, ser registrados no Instituto Nacional da Propriedade Industrial – INPI. Apesar de não obrigatório, esse registro é aconselhável, pois é por meio dele que o autor pode comprovar anterioridade da criação em relação a terceiros em casos de litígios. Além disso, o titular de um programa de computador registrado pode opor‑se à reprodução indevida ou não autorizada da sua criação, apresentando o direito exclusivo de produzir, usar e comercializar a sua criação; e, por fim, o autor consegue garantir, por meio do registro, a proteção do nome comercial do seu programa.

4.2.3.3. formAlIdAdes Como informado anteriormente e diferentemente das

outras submodalidades do Direito Autoral, o registro de programa de computador não é realizado na Fundação Biblioteca Nacional e, sim, no INPI.

O pedido de registro de programa de computador é constituído por:

- Documentação formal: Relativa à autoria e titularidade do programa.

- Documentação técnica: É a documentação do programa em si, isto é, listagem integral ou parcial do código‑fonte.

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Ressalta‑se que as informações repassadas ao INPI são de caráter sigiloso, não podendo ser reveladas, salvo por ordem judicial ou a requerimento do próprio titular.

4.3. proteção Sui generiS Algumas modalidades de PI, em razão de características

específicas, são consideradas Proteção Sui Generis, como é o caso de Topografias de Circuito Integrado (CI), Conhecimentos Tradicionais e das Cultivares (Figura 3).

Figura 3 ‑ Modalidades da Proteção Sui generis.Fonte: Elaborado pelos autores.

4.3.1. topoGrAfIA de CIrCuIto InteGrAdo

Circuito Integrado (CI) ‑ Pode ser entendido como um dispositivo microeletrônico formado por transistores, resistências e outros componentes interligados em um “chip” e que tem por objetivo a realização de funções eletrônicas.

Nesse sentido, a topografia de CI consiste numa série de imagens relacionadas, construídas ou codificadas sob qualquer meio ou forma, que represente a configuração tridimensional das camadas que compõem um CI (ADENACON, 2010). Em outras palavras, a topografia do circuito integrado é o desenho formado pelos componentes organizados no “chip” (AREAS, 2009).

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4.3.1.1. ABrAnGênCIA dA proteção leGAl Como a topografia de CI possui tanto características de

criação intelectual quanto de aplicabilidade industrial, o Brasil optou por criar uma legislação específica, a Lei n° 11.484, de 31 de maio de 2007, para resguardar as topografias como um direito de propriedade intelectual.

O criador/inventor da topografia para ter esse direito precisa registrá‑la no INPI, sendo a proteção válida por 10 anos, contados da data do depósito no INPI ou da data da primeira exploração, o que tiver ocorrido primeiro. Salienta‑se que a validade da proteção é somente no território nacional.

4.3.1.2. ImportânCIA dA proteção

De acordo com a Lei n° 11.484/07, a proteção da topografia de CI confere ao seu titular o direito exclusivo de explorá‑la, sendo vedado a terceiros sem o consentimento do titular:

– Reproduzir a topografia, no todo ou em parte, por qualquer meio, inclusive incorporá‑la a um circuito integrado.

– Importar, vender ou distribuir, por outro modo, para fins co‑merciais, uma topografia protegida ou um circuito integrado, no qual esteja incorporada uma topografia protegida.

– Importar, vender ou distribuir, por outro modo, para fins co‑merciais, um produto que incorpore um circuito integrado, no qual esteja incorporada uma topografia protegida, somen‑te à medida que esse produto continuar a conter uma repro‑dução ilícita de uma topografia.

4.3.1.3. formAlIdAdes

Para obter a concessão do registro da topografia de CI, é necessário atender a três requisitos: originalidade, novidade e suficiência descritiva. Além disso, é preciso apresentar ao INPI, no momento do depósito, os seguintes documentos:

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i Descrição da topografia e de sua função

ii Desenhos/fotos da topografia

iii Circuito integrado relativo à topografia requerida

iv Declaração de exploração anterior, se houver

v Documento comprobatório de titularidade ou documento de cessão

vi Autorização do titular de topografia original protegida, se for o caso

vii Tradução pública juramentada de documentos em língua estrangeira

viii GRU paga

ix Procuração, se for o caso

Vale salientar que cada solicitação de registro deve se referir a apenas uma topografia.

4.3.2. ConheCImentos trAdICIonAIs

Conhecimento Tradicional (CT) significa o conhecimento que resulta da atividade intelectual em um contexto tradicional e que inclui know how, habilidades, inovações, aprendizados, práticas e conhecimento usado no estilo de vida tradicional de uma comunidade ou povo e que seja transmitido de geração em geração (INOVA, 2010). Como exemplo dos possuidores desse tipo de proteção, podem ser citados os povos indígenas que há séculos vêm utilizando plantas nativas com propósitos terapêuticos.

Essa submodalidade de PI pode ser protegida por praticamente todas as modalidades de Direito de Propriedade

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Intelectual, porém deverá preencher os critérios de cada tipo de proteção (INOVA, 2010).

4.3.2.1. ImportânCIA dA proteção A proteção do CT é imprescindível para que sejam

respeitados e preservados os conhecimentos e estilo de vida tradicionais de comunidades indígenas e, ou, locais. Além disso, resguardar os direitos por meio da proteção é uma forma de promover a conservação da biodiversidade.

4.3.3. CultIvAr

Cultivar pode ser definido como subdivisão de uma espécie agrícola que se distingue de outra por qualquer característica perfeitamente identificável, seja de ordem morfológica, fisiológica, bioquímica ou outras julgadas suficientes para sua identificação (MAPA, 2012). Em outras palavras, cultivar é uma nova variedade de espécie vegetal geneticamente melhorada.

4.3.3.1. oBtentor x requerente x tItulAr x melhorIstA x representAnte leGAl

No âmbito da proteção de cultivar, figuram algumas pessoas que representam distintos e importantes papéis, a saber: obtentor, requerente, titular, melhorista e representante legal. A definição de cada uma dessas pessoas é dada a seguir:

- Obtentor: A pessoa física ou jurídica que obtém a nova cul‑tivar ou cultivar essencialmente derivada, assegurando‑se do direito de propriedade, nas condições estabelecidas na Lei de Proteção de Cultivares, Lei nº 9. 456, de 1997. O obtentor pode ser o melhorista ou qualquer outro terceiro que tenha deste conseguido cessão ou qualquer outro título jurídico.

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- Requerente: A pessoa física ou jurídica que solicita o pedido de proteção da cultivar, ou cultivar essencialmente derivada, ao Serviço Nacional de Proteção de Cultivar – SNPC, órgão vinculado ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abasteci‑mento - MAPA, responsável pela concessão dos certificados de proteção.

- Titular: A pessoa física ou jurídica que detém os direitos so‑bre a cultivar ou cultivar essencialmente derivada.

- Melhorista: É a pessoa física que estabelece os descritores que diferenciam a cultivar das demais, ou seja, é o autor/inventor da criação protegida.

- Representante legal: Pessoa física, a quem é conferido pode‑res pelo obtentor, requerente ou titular da cultivar, por meio de procuração, para representá‑lo perante o órgão responsá‑vel pela proteção.

4.3.3.2. ABrAnGênCIA dA proteção leGAl A lei que disciplina as questões sobre cultivares no Brasil

é a Lei nº 9. 456, de 1997, conhecida como Lei de Proteção de Cultivares.

O certificado de proteção de cultivar, que é considerado bem móvel, para todos os efeitos legais é a única forma de proteção referente a espécies superiores de plantas que poderá obstar a sua livre utilização ou de suas partes, bem como a reprodução ou multiplicação vegetativa no país.

O certificado assegura a proteção dos direitos sobre a cultivar por um prazo de 15 anos para as espécies vegetais em geral, estendendo esse prazo para 18 anos no caso de videiras, árvores frutíferas, florestais e ornamentais.

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4.3.3.3. ImportânCIA dA proteção leGAl A proteção da cultivar garante ao titular que o material de

propagação da nova variedade de planta não seja produzido para fins comerciais, oferecido à venda ou à comercialização sem sua prévia autorização, garantindo, assim, o monopólio da criação por 15 ou 18 anos, a depender da espécie. 4.3.3.4. formAlIdAdes

São sete os requisitos necessários à cultivar passível de proteção, a saber:

i‑ Ser produto de melhoramento genético.ii‑ Ser de espécie passível de proteção no Brasil.iii‑ Não haver sido comercializada no exterior há mais de

4 anos, ou há mais de seis anos no caso de videiras ou árvores.iv‑ Não haver sido comercializada no Brasil há mais de

12 meses.v‑ Ser distinta.vi‑ Ser homogênea. vii‑ Ser estável.

Os três últimos requisitos devem ser comprovados por meio do teste de Distinguibilidade, Homogeneidade e Estabilidade ‑ DHE.

Além disso, para a solicitação da proteção de uma cultivar é necessário o preenchimento de três formulários:

‑ Requerimento Eletrônico do Pedido.‑ Relatório Técnico.‑ Tabela de Descritores Mínimos da Cultivar.

Os formulários estão disponíveis no site do MAPA e devem ser preenchidos de acordo com orientações específicas.

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Como informado anteriormente, o pedido de proteção de cultivar é submetido ao exame do SNPC, responsável pela concessão dos certificados de proteção.

Após análise do pedido de proteção e constatadas a distinguibilidade, a homogeneidade e estabilidade da nova variedade de cultivar, a proteção é deferida e publicada no Diário Oficial da União (DOU), expedindo o Certificado Provisório de Proteção. Posteriormente, depois do pagamento de taxa relativa à concessão da proteção, o Certificado Definitivo de Proteção é concedido.

4.3.3.5. proteção x reGIstro

Registrar uma cultivar não implica proteção. No caso de cultivares, para sua comercialização é necessário registrá‑las no Registro Nacional de Cultivares (RNC). Entretanto, para a pessoa física ou jurídica que obtém as cultivares cobrar e receber royalties do licenciamento as cultivares deverão estar protegidas no SNPC.

Ressalta‑se que tanto a proteção quanto o registro são realizados no MAPA.

4.4. proprIedAde IndustrIAl

Corresponde à modalidade de Propriedade Intelectual que trata das criações intelectuais voltadas para as atividades da indústria, comércio e prestação de serviços. Essa modalidade envolve marca, desenho industrial, indicação geográfica, segredo industrial e patente (Figura 4).

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Figura 4 ‑ Submodalidades da Propriedade Industrial.Fonte: Elaborado pelos autores.

4.4.1. mArCA Segundo a Lei de Propriedade Industrial (Lei nº 9.279/96),

a marca é um sinal distintivo, visualmente perceptível, que indica e distingue produtos e serviços análogos, de procedência diversa, bem como certifica a conformidade desses com determinadas normas ou especificações técnicas.

A importância das marcas no cenário atual é nitidamente percebida em todo o cotidiano. Qualquer produto ou serviço utilizado possui uma marca para distingui‑lo dos demais e atrai, de alguma forma, a atenção dos consumidores por meio do elo entre produto e marca. Às vezes, o patrimônio marcário de uma instituição ou empresa é o que elas têm de mais valioso, portanto se torna necessário conferir-lhe proteção específica.

4.4.1.1. ClAssIfICAção

A seguir são apresentados dois tipos de classificação, de acordo com o INPI:

1) Quanto à natureza a) Marca de produto: Distingue produtos de outros idênticos,

semelhantes ou afins.

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b) Marca de serviço: Distingue serviços de outros idênticos, semelhantes ou afins.

c) Marca de certificação: Atesta a conformidade de produtos ou serviços a determinadas normas ou especificações técni‑cas.

d) Marca coletiva: Identifica produtos ou serviços provenien‑tes de membros de determinado grupo ou entidade.

2) Quanto à forma de apresentação

a) Marcas nominativas: São as marcas constituídas por uma ou mais palavras, compreendendo, também, neologismos, combinações de letras e, ou, algarismos, sem apresentação fantasiosa.

b) Marcas figurativas: São marcas compostas por desenhos, figuras, símbolos ou qualquer forma estilizada de letra ou número.

c) Marcas mistas: São constituídas pela combinação de ele‑mentos nominativos e figurativos.

d) Marcas tridimensionais: São constituídas pela forma plás‑tica de produto ou de embalagem, cuja forma tenha capaci‑dade distintiva e esteja dissociada de qualquer efeito técnico.

4.4.1.2. ABrAnGênCIA dA proteção Segundo a legislação brasileira, a marca que obtiver o

registro poderá ser utilizada com exclusividade pelo seu titular no âmbito da classe em que foi requerida. O prazo de validade do registro de marca é de 10 (dez) anos, contados a partir da data

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de concessão do registro. Esse prazo é prorrogável, a pedido do titular, por períodos iguais e sucessivos. Caso contrário, será extinto o registro e a marca estará disponível a terceiros.

A marca protegida só poderá ser utilizada por outro, que não o titular do direito, por meio de licença prévia, sob pena de ser enquadrado nas sanções legais previstas.

4.4.1.3. ImportânCIA dA proteção leGAl

A importância do registro de marca pode ser constatada pela quantidade significativa de marcas depositadas no INPI.

Uma marca quando registrada, além de garantir ao seu proprietário o direito de exclusividade em todo o território nacional em seu ramo de atividade econômica, pode resultar em agregação de valor aos produtos ou serviços por ela identificados.

A marca, quando bem gerenciada, ajuda a fidelizar o consumidor.

4.4.1.4. formAlIdAdes

Para o registro de uma marca, deve‑se apresentar o pedido ao INPI, que o examinará com base nas normas legais.

Requisitos para concessão de registros marcários:

‑ Sinal visivelmente perceptível.‑ Distintividade.‑ Não incidência em proibições legais (quanto à constituição,

licitude e disponibilidade).

É importante e recomendável uma busca prévia no banco de dados do INPI, para avaliar a existência de marca idêntica e de mesma classe. Isso evita esforços desnecessários, já que, não havendo o requisito da distintividade, haverá grandes possibilidades de o pedido de registro ser indeferido.

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Para depositar um pedido de registro no INPI, deve‑se passar basicamente por três etapas:

1‑ Cadastro inicial e único no Módulo de Seleção de Serviços do e‑INPI.

2‑ Geração da Guia de Recolhimento da União (GRU) pelo seu sistema de pagamento.

3‑ Preenchimento do formulário, via papel ou via eletrônica, pelo e‑marcas, com os dados da marca a ser depositada e a respectiva logomarca, se for o caso, e posterior encaminhamento ao INPI.

Cabe salientar que é possível acompanhar o andamento do pedido de registro por meio da consulta semanal na Revista da Propriedade Industrial – RPI.

4.4.2. desenho IndustrIAl

A proteção de Desenho Industrial está disciplinada na Lei nº 9.279, de 14 de maio de 1996 – Lei da Propriedade Industrial (LPI), que regula direitos e obrigações relativos à Propriedade Industrial.

Consideram‑se desenho industrial invenções em sentido lato, destinadas a produzir efeito meramente visual, não sendo requisito essencial dessas criações o cunho artístico, mas apenas o que estas trazem de novidade e efeito estético a um objeto.

Segundo o conceito de desenho industrial, art. 95 da LPI: “considera‑se desenho industrial a forma plástica ornamental de um objeto ou conjunto ornamental de linhas e cores que possa ser aplicado a um produto, proporcionando resultado visual novo e original na sua configuração externa e que possa servir de tipo de fabricação industrial”.

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4.4.2.1. requIsItos

O registro dos desenhos industriais tem como requisitos básicos: novidade, originalidade e utilização ou aplicação industrial:1º) Novidade: O desenho industrial é considerado novo quando

não compreendido no estado da técnica, que é constituído por tudo aquilo tornado acessível ao público antes da data de depósito do pedido de proteção, por descrição escrita ou oral, ou qualquer outro meio, no Brasil ou no exterior (LPI, art. 96, §1º).

2º) Originalidade: O desenho industrial é considerado origi‑nal quando dele resulte uma configuração visual distintiva, em relação a outros objetos anteriores. O resultado visual original poderá ser decorrente da combinação de elementos conhecidos.

3º) Utilização ou aplicação industrial: Objetos que possam ser reproduzidos de modo seriado ou servir de modelo para a fabricação em série.

4.4.2.2. oBjetos não pAssíveIs de proteção

Nem todos os desenhos podem ser registrados como industriais, uma vez que existem características específicas para serem consideradas como tais.

Pelo método da exclusão, não se registram os desenhos:‑ Contrários à moral e aos bons costumes.‑ Que ofendam a honra ou imagem de pessoas.‑ Que atentem contra a liberdade de consciência, crença,

culto religioso ou ideia e sentimentos dignos de respeito e veneração.Também, não pode ser registrada a forma necessária

comum ou vulgar do objeto ou, ainda, aquela determinada essencialmente por considerações técnicas ou funcionais.

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4.4.2.3. ABrAnGênCIA dA proteção

O pedido de registro de desenho industrial terá que se referir a um único objeto. Permite‑se uma pluralidade de variações, desde que se destinem ao mesmo propósito e guardem entre si as mesmas características distintivas preponderantes. Cada pedido poderá ter no máximo 20 variações. O desenho deverá representar claramente o objeto e suas variações, de modo a possibilitar sua reprodução por um técnico no assunto (LPI, art. 104, parágrafo único).

No caso do Brasil, o registro é concedido por meio do INPI. Ressalta‑se que o registro de Desenho Industrial protege a configuração externa do objeto e não o seu funcionamento.

O registro vigorará pelo prazo de 10 (dez) anos, contados da data do depósito, prorrogáveis por mais três períodos sucessivos de cinco anos cada, até atingir o prazo máximo de 25 anos, contados da data do depósito. O titular do registro está sujeito ao pagamento de retribuição quinquenal, a partir do segundo quinquênio da data do depósito.

4.4.2.4. Autor x tItulAr

- Autor: Pessoa física que criou o desenho industrial.- Titular: Pessoa física ou jurídica que detém o direito de depositar o desenho industrial no INPI.

4.4.2.5. ImportânCIA dA proteção leGAl

O titular de um desenho industrial tem o direito de excluir terceiros, durante o prazo de vigência do registro, sem sua prévia autorização, de atos relativos à matéria protegida, como fabricação, comercialização, importação, uso, venda etc.

Além disso, a partir do momento que o titular licencia seu desenho industrial para exploração, ele começa a obter retorno financeiro na forma de royalties.

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4.4.2.6. formAlIdAdes

O procedimento de solicitação de registro de um desenho industrial inicia‑se com o preenchimento de formulário de Depósito, em quatro vias, disponível no site do INPI.

Além disso, faz‑se necessário pagar a Guia de Recolhimento da União (GRU) e apresentar seis jogos com relatórios, reivindicações (caso haja) e desenhos. Documentos de procuração, prioridade e cessão, se necessários, também devem ser enviados no prazo legal estabelecido para sua apresentação.

4.4.3. IndICAção GeoGráfICA Denomina-se Indicação Geográfica (IG) a identificação

de um produto ou serviço como originário de um local, região ou país, quando determinada característica, reputação e, ou, qualidade possam ser vinculadas essencialmente a essa sua origem particular.

4.4.3.1. tIpos

A legislação brasileira diferencia duas espécies de IG: indicação de procedência e denominação de origem.

‑ Indicação de Procedência – IP: É o nome geográfico que se tornou conhecido como centro de extração, produção ou fa‑bricação de determinado produto ou prestação de algum ser‑viço.

‑ Denominação de Origem – DO: É o nome geográfico que de‑signa produto ou serviço cujas qualidades ou características se devam exclusiva ou essencialmente ao meio geográfico, incluídos fatores naturais e humanos. Em suma, a origem ge‑ográfica deve atingir o resultado final do produto ou a pres‑tação do serviço, de forma identificável e mensurável. Isso será o objeto de prova quando formulado um pedido de re‑gistro enquadrado nessa espécie perante o INPI, por meio de

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estudos técnicos e científicos, constituindo-se em prova mais complexa do que a exigida para as Indicações de Procedên‑cia.

4.4.3.2. quem pode solICItAr

Podem requerer a proteção associações, institutos e pessoas jurídicas representativas da coletividade legitimada ao uso exclusivo do “nome geográfico”. Este é constituído tanto pelo nome oficial quanto pelo nome tradicional ou usual de uma área geográfica determinável, devidamente comprovada por meio dos autos do processo administrativo do pedido de proteção ao INPI, instituição que estabelece as condições de registro das indicações geográficas.

O associativismo é a regra para o exercício do direito ao uso exclusivo do nome geográfico numa atividade econômica. Afasta‑se aí a sua exploração individual, salvo a inexistência de outros produtores ou prestadores de serviço que possam se valer desse nome geográfico, podendo este, único, apresentar o pedido pessoalmente ao INPI, prescindindo de se fazer representar.

4.4.3.3. tItulArIdAde

Segundo o art. 182 da LPI, a titularidade da Indicação Geográfica é coletiva, isto é, seu uso é restrito aos produtores e prestadores de serviço estabelecidos na área geográfica.

4.4.3.4. ABrAnGênCIA dA proteção leGAl A Legislação em vigor não estabelece prazo de vigência

para as Indicações Geográficas. Assim, o período para o uso do direito é o mesmo da existência do produto ou serviço reconhecido, dentro das peculiaridades das Indicações de Procedência e das Denominações de Origem.

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4.4.3.5. ImportânCIA dA proteção leGAl

O papel do registro de uma indicação geográfica é a diferenciação dos produtos num mercado altamente competitivo. Essa diferenciação, além de contribuir como ferramenta de valorização de um produto típico em seus aspectos históricos e culturais, se faz mediante a identificação de características como tipicidade, qualidade e tradição.

O titular da Indicação Geográfica pode tomar medidas contra aqueles que estejam fabricando, importando, exportando, vendendo, expondo, oferecendo à venda ou mantendo em estoque produto que apresente falsa Indicação Geográfica. Tais medidas podem ser também tomadas contra quem usa, em produto, recipiente, invólucro, cinta, rótulo, fatura, circular, cartaz ou em outro meio de divulgação ou propaganda, termos retificativos, como “tipo”, “espécie”, “gênero”, “sistema”, “semelhante”, “sucedâneo”, “idêntico” ou “equivalente”, não revelando a verdadeira procedência do produto.

4.4.3.6. formAlIdAdes

Para realizar um pedido de Indicação Geográfica, é necessário apresentar a Guia de Recolhimento da União (GRU) paga para esse serviço e preencher formulário específico, em duas vias, disponível na página do INPI, com os dados do requerente, tipo de IG solicitada, nome e delimitação da área e produto.

Entre os documentos solicitados para o registro estão o comprovante de legitimidade da associação requerente ou do único produtor (exemplo: Estatuto Social da Associação); o regulamento de uso do nome geográfico; o instrumento oficial que delimita a sua área geográfica; a etiqueta com a representação gráfica a ser protegida junto com o nome geográfico, quando houver; a procuração, caso o requerente tenha interesse em ser representado no exterior; etc.

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4.4.4. seGredo IndustrIAl É uma alternativa para a proteção de técnicas e tecnologias.

Manter um ativo intangível em segredo não significa que ele não possa ser conhecido, mas sim que o seu acesso é restrito. O Segredo Industrial pode se referir a um conhecimento de comércio ou indústria, que por sua vez, está associado ao know-how.

Os segredos industriais são protegidos sem registro, isto é, não existe decisão sobre a concessão da proteção. Um segredo industrial pode ser mantido por um período indeterminado de tempo.

4.4.4.1. vAntAGens e desvAntAGens Optar pelo segredo industrial pode ser uma alternativa

estratégica, na qual o agente inovador irá ganhar vantagem competitiva no mercado. A vantagem está justamente no fato de restringir o acesso ao ativo intangível e a possibilidade de ampliar o prazo de proteção durante o período do segredo. Contudo, também é uma opção mais arriscada, já que não se adquire a propriedade do ativo por meio do segredo, mas tão somente sua posse. A partir do momento em que o produto é colocado no mercado, ele pode ser submetido à chamada engenharia reversa e o segredo, revelado.

4.4.5. pAtente

De acordo com o INPI (2012), a Patente é o título que garante propriedade temporária sobre uma invenção ou modelo de utilidade, outorgado pelo Estado aos autores ou inventores ou outras pessoas físicas ou jurídicas detentoras de direitos sobre sua criação. Em contrapartida, o inventor se obriga a revelar, detalhadamente, todo o conteúdo técnico da matéria protegida pela patente, incentivando, assim, novas criações e inovações.

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4.4.5.1. nAturezA a) Invenção: Refere‑se a produto ou processo, não existente

no estado da técnica, ou seja, novo em sua plenitude, e que atenda aos requisitos de patenteabilidade: novidade, ativida‑de inventiva e aplicação industrial.

b) Modelo de utilidade: “Objeto de uso prático, ou parte deste, suscetível de aplicação industrial, que apresente nova forma ou disposição, envolvendo ato inventivo, que resulte em me‑lhoria funcional no seu uso ou em sua fabricação” (art. 9º da Lei nº 9.279/96). Dessa forma, é um produto que aperfeiçoa algo já existente no estado da técnica, sendo novo apenas em parte de sua estrutura.

4.4.5.2. requIsItos pArA A pAtenteABIlIdAde

- Novidade: Ocorre quando o produto ou processo não está compreendido no estado da técnica, ou seja, não está acessí‑vel ao público, seja por descrição escrita, seja oral ou por uso de qualquer outro meio de comunicação.

- Atividade inventiva: A invenção e, ou, modelo de utilidade não podem ser óbvios a um especialista atuante na área caso ele fosse convocado para encontrar solução para determina‑do problema. Resumindo, é o que dispõe o art. 13 da LPI: “é a atividade que, para um técnico do assunto, não decorra de maneira evidente e óbvia”.

- Aplicação industrial: Consiste na inclusão do produto ou processo na escala de produção industrial (INPI, 2012).

4.4.5.3. exemplos de oBjetos não pAssíveIs de proteção Não são considerados passíveis de proteção:

‑ O que for contra a moral, aos bons costumes e à segurança, à

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ordem e à saúde pública.‑ Matéria relativa à transformação do núcleo atômico.‑ O todo ou parte de seres vivos naturais e materiais biológicos

encontrados na natureza ou, ainda, dela isolados, inclusive o genoma ou germoplasma de qualquer ser vivo natural.

- Descobertas, teorias científicas e métodos matemáticos.‑ Concepções puramente abstratas (IDEIAS).‑ Regras de jogo.‑ Entre outros.

4.4.5.4. Inventor x tItulAr - Inventor: É sempre a pessoa física que teve a ideia e a colo‑

cou em prática para se chegar ao produto ou processo passí‑vel de proteção.

- Titular: Pode ser pessoa física e, ou, jurídica que possui o direito legal de depositar um pedido de patente no INPI, ór‑gão responsável pela concessão de patentes.

4.4.5.5. ABrAnGênCIA dA proteção leGAl O prazo de vigência de uma patente é, quando se trata de

uma invenção, de 20 anos, e o direito de exclusividade de um modelo de utilidade é de 15 anos, contados a partir da data de depósito.

4.4.5.6. ImportânCIA dA proteção leGAl ‑ Confere ao seu titular o direito de proibir terceiros, sem o

seu consentimento, de produzir, utilizar, vender ou importar a sua invenção ou modelo de utilidade.

‑ A partir do momento que o titular licencia sua patente para exploração, ele começa a obter retorno financeiro na forma de royalties.

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- Enriquece o currículo profissional do titular/inventor.‑ Favorece à competitividade e à autonomia de um país.- Contribui para o desenvolvimento econômico, científico,

tecnológico e social de uma nação.‑ Entre outros.

4.4.5.7. formAlIdAdes

Entre os documentos exigidos pelo INPI no depósito de pedido de patente, incluem‑se:

‑ Formulário para depósito preenchido. ‑ Relatório descritivo contendo título, introdução, estado da

técnica, desenvolvimento e conclusão.‑ Resumo.‑ Reivindicações (dependente e independente).‑ Desenhos, caso existam.‑ Listagem de sequência biológica em meio eletrônico (se for

o caso).‑ Comprovante de pagamento original da retribuição relativa

ao depósito.

4.4.5.8. ImportânCIA dA sufICIênCIA desCrItIvA e dAs reIvIndICAções

- Suficiência descritiva: Apesar de não ser requisito para o pedido de patente, trata‑se de exigência prevista na LPI, em seu artigo 24. Este artigo define que “o relatório deverá des‑crever clara e suficientemente o objeto, de modo a possibi‑litar sua confecção/realização por um técnico no assunto e indicar, quando for o caso, a melhor forma de execução”. Dessa forma, a suficiência descritiva garante e facilita o acesso à informação sobre patente.

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- Reivindicações: Trata‑se de documento que se não for bem escrito o pedido de patente não terá nenhum valor. Muitos afirmam que as reivindicações são o coração da patente. Nas reivindicações é que são delimitados a proteção e o direito do titular da patente, como pode ser verificado no artigo 41 da LPI: “a extensão da proteção conferida pela patente será determinada pelo teor das reivindicações, interpretado com base no relatório descritivo e nos desenhos”.

4.4.5.9. sIGIlo e período de GrAçA

- Sigilo: É essencial para um pedido de patente, pois, como informado anteriormente, um dos requisitos de patenteabi‑lidade corresponde à novidade. A publicação antecipada da matéria a ser protegida, seja por meio oral, escrito ou por qualquer outra forma, pode ser impeditiva para a solicitação de proteção, mesmo que essa publicação tenha sido realizada pelos próprios inventores ou titulares.

- Período de graça: Na legislação brasileira há um disposi‑tivo que confere aos titulares da invenção a possibilidade de efetuar o depósito do pedido de patente mesmo após a publicação da matéria a ser protegida. Tal dispositivo legal, chamado de “Período de Graça”, concede ao titular, até o pe‑ríodo de um ano depois de publicada a invenção ou modelo de utilidade, o direito de ainda fazer o depósito do pedido de patente no INPI.

OBSERVAÇÃO: Ressalta‑se que nem todos os países dispõem de um Período de Graça, como é o caso do Brasil. Assim, a divulgação da invenção ou modelo de utilidade antes do depósito pode prejudicar o requisito de novidade em outros países, impedindo a obtenção da patente nessas nações.

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4.4.5.10. BusCA prévIA Após a verificação dos requisitos de patenteabilidade

e antes de se depositar um pedido de patente no INPI, é recomendável que se faça uma busca de anterioridades, para obter informações sobre a existência de algum produto e, ou, processo idêntico àquele que se pretende patentear.

A busca de anterioridade é necessária para verificar o estado da técnica, auxiliar na redação e citar patentes e a bibliografia relacionada ao pedido de patente. Pode ser realizada por meio dos bancos de patentes nacionais e internacionais.

4.4.5.11. pAtente x ArtIGo CIentífICo

Muitos profissionais ficam em dúvida entre publicar a pesquisa ou escrever uma patente. Na verdade, respeitando a ordem específica de primeiro depositar um pedido de patente e, posteriormente, publicar o artigo, é possível fazer as duas coisas. Tanto o artigo quanto a patente garantem direitos aos seus autores/inventores/titulares. Por um lado, a publicação de um artigo remete‑se à questão do direito autoral e, como consequência, à melhoria do currículo e ao crescimento profissional do autor. Por outro lado, o depósito do pedido de patente garante, além da melhoria do currículo e do crescimento profissional do inventor/titular, a expectativa de direito sobre a propriedade industrial, permitindo o recebimento de royalties caso ocorra o licenciamento da tecnologia protegida ou em processo de patenteamento.

5. lICenCIAmento e trAnsferênCIA de teCnoloGIAs

Uma das formas de promover a apropriação da inovação é por meio do licenciamento/transferência de tecnologias, processo que consiste, conforme definido na Lei Federal de Inovação

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(Lei nº 10.973/2004), como uma das maneiras de se estabelecer a relação Entidade de Ciência, Tecnologia e Inovação (ECTI) e empresa.

De acordo com a Lei Federal de Inovação, é facultado às ECTIs celebrarem contratos de transferência de tecnologia e de licenciamento para outorga de direito de uso ou de exploração de tecnologia por ela desenvolvida, protegida ou em vias de proteção, contribuindo, dessa forma, para o processo de inovação no país.

No caso das universidades em especial, os contratos de transferência e licenciamento de tecnologia são feitos para que o conhecimento científico inicial (ou de bancada) seja disposto a indústrias ou empresas para que elas aperfeiçoem e otimizem o objeto transferido.

Cabe ressaltar que a transferência/licenciamento de tecnologia só é efetivada por meio de assinatura de contrato, no qual são definidas as condições da transferência e os direitos e deveres das partes contratantes.

A transferência pode ser dada a título exclusivo ou não exclusivo, oneroso ou gratuito. Para isso, no caso das ECTIs, principalmente das universidades, são necessários observar e atender às normas jurídicas de propriedade intelectual e demais legislações que regulamentam o assunto, entre elas a Lei Federal de Inovação.

Salienta‑se que no âmbito da UFV todo e qualquer repasse de conhecimento feito na Universidade está embasado nas normas legais, que permitem o licenciamento por parte da Instituição para o setor empresarial.

O Núcleo de Inovação Tecnológica da UFV, a CPPI, no âmbito de sua competência e de acordo com a demanda institucional, tem elaborado contratos de transferência de tecnologia e licenciamento de cultivares. Salienta‑se que, conforme as normas institucionais da UFV, para aprovação e assinatura desses instrumentos contratuais é necessária a abertura

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de procedimento administrativo no âmbito da Universidade, com a devida análise e manifestação da CPPI.

6. A Gestão dA proprIedAde InteleCtuAl nA ufv

A UFV vem executando várias ações com o intuito de aprimorar e consolidar a gestão da propriedade intelectual no âmbito institucional. Nesse contexto, a Universidade procura desenvolver atividades no sentido de incentivar a proteção de conhecimentos gerados, produtos e, ou, processos que venham a contribuir para o desenvolvimento da sociedade, da comunidade científica e do setor industrial do país.

Primeiramente, os membros da comunidade acadêmica e os inventores independentes (não vinculados à UFV) que tiverem interesse em proteger conhecimentos científicos devem procurar a Comissão Permanente de Propriedade Intelectual (CPPI) da Universidade, na Pró‑Reitoria de Pesquisa e Pós‑Graduação, localizada no Edifício Arthur Bernardes.

O auxílio da UFV aos inventores independentes, por meio da CPPI, com o objetivo de orientar e auxiliar a proteção de propriedades intelectuais geradas fora da Universidade, consiste em uma de suas metas de disseminar a cultura da propriedade intelectual em Viçosa e região.

Em relação à atuação da CPPI, ela se inicia por meio de consulta preliminar e análise dos requisitos para proteção aos autores/inventores da propriedade intelectual. Posteriormente, após a conclusão sobre a viabilidade da proteção, o autor/inventor deverá encaminhar um ofício solicitando à Comissão providências para a proteção do conhecimento gerado.

A CPPI, em parceria com o autor/inventor, providenciará o preenchimento dos formulários e documentos exigidos pelos

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órgãos competentes da proteção, dando o devido encaminhamento. Depois de requerida a proteção aos órgãos governamentais, a CPPI fará o acompanhamento do processo durante todo o tempo necessário.

Todos os procedimentos no âmbito da UFV deverão estar embasados nas Resoluções nº 01/2002 e nº 06/2010, aprovadas pelo CONSU, além das Normas de Custeio e Manutenção da Propriedade Intelectual na UFV, as quais constam dos Anexos.

6.1. A CppI e o seu pApel

Em 1999 foi criada, pela Portaria No 0769/99, a Comissão Permanente de Propriedade Intelectual – CPPI, Núcleo de Inovação Tecnológica da UFV, vinculado à sua Pró‑Reitoria de Pesquisa e Pós‑Graduação.

A CPPI é o órgão da UFV responsável por organizar, sistematizar, orientar, acompanhar e executar os trâmites previstos na legislação sobre a propriedade intelectual, o que envolve depósitos e registros dos direitos relativos à propriedade intelectual. Envolve, também, avaliar e emitir pareceres aos convênios, contratos de pesquisa e contratos de prestação de serviços quanto às questões envolvendo o sigilo e a propriedade intelectual, contratos de transferência de tecnologia e licenciamentos no âmbito da UFV, bem como subsidiar o estabelecimento de políticas institucionais de propriedade intelectual e transferência de tecnologia.

6.2. termo de sIGIlo

O Termo de Sigilo é um documento com validade jurídica, cujo objetivo é manter o sigilo do conhecimento gerado nos locais onde são desenvolvidas pesquisas e deve ser assinado por todos aqueles que tiveram contato direto e, ou, indireto com elas.

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O referido Termo obriga aqueles que o assinaram a resguardar a confidencialidade. A transgressão dessa obrigação acarreta sanções dispostas no ordenamento jurídico.

Essa confidencialidade é imprescindível para a tramitação dos pedidos de proteção solicitados aos órgãos competentes (INPI, SNPC e BN), além de ser um meio capaz de impedir que terceiros se apoderem de forma ilegítima da intelectualidade gerada, o que é uma preocupação da comunidade universitária.

A CPPI, como órgão executor das políticas de propriedade intelectual na UFV, conta com o apoio dos pesquisadores e demais interessados no processo de implementação do Termo de Sigilo, de forma a assegurar que outrem não exerça, indevidamente, direito sobre o fruto de seus trabalhos.

É importante ressaltar que, de acordo com as necessidades institucionais da UFV, foi elaborada uma versão em inglês do Termo de Sigilo.

Os modelos dos Termos de Sigilo, versões em português e em inglês, usados pela CPPI, estão disponíveis nos Anexos desta Cartilha.

6.3. questIonárIo pArA ConheCImento dA Invenção

O Questionário para Conhecimento da Invenção foi elaborado pela CPPI, com o intuito de melhor se informar sobre a invenção (em sentido lato) desenvolvida pelo pesquisador e viabilizar, de forma mais eficiente, os procedimentos que envolvem a proteção do invento e uma possível transferência de tecnologia.

Como já afirmado, os pedidos relativos à proteção da intelectualidade devem estar embasados em determinados requisitos legais, para que esta salvaguarda seja efetivamente alcançada. Dessa forma, uma análise institucional prévia, principalmente nos casos de instituições públicas, nas quais o que

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está em jogo é o patrimônio público, é de extrema importância, já que os procedimentos legais para a concretização de um depósito, ou registro, requerem dispêndios financeiros, muitas vezes um pouco elevados.

Por isso, procurou‑se elaborar o Questionário para Conhecimento da Invenção, no qual são verificados vários critérios determinantes do patamar em que se encontra a invenção: viabilidade da proteção (presença de todos os requisitos legais exigidos); possibilidades de transferência de tecnologia; determinação prévia e expressa dos autores/inventores responsáveis pelo desenvolvimento da tecnologia; participação ou não de outras instituições no financiamento da pesquisa que desenvolveu a invenção; etc.

Todos esses critérios são relevantes para dirimir quaisquer dúvidas relativas à intelectualidade e nortear os procedimentos e atitudes que deverão ser tomados pelo órgão responsável pelos trâmites da proteção, que no caso da UFV é a CPPI.

O modelo do Questionário para Conhecimento de Invenção, usado pela CPPI, está disponível nos Anexos.

6.4. ContrAto de Autores/Inventores

Muitas vezes, na geração de um produto ou processo, originados da intelectualidade, são envolvidos vários autores e inventores. A participação de cada um pode ser maior ou menor, o que depende de cada caso.

Para dirimir quaisquer controvérsias que possam advir dessa participação, recomenda‑se a assinatura de um contrato que possa determinar, de forma clara e precisa, qual autor ou inventor é considerado principal, quais são os secundários e o que cabe a cada um no que tange aos recursos pecuniários advindos de uma possível transferência de tecnologia. Esse é o intuito do Contrato de Autores e Inventores.

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O modelo do Contrato de Autores/Inventores usado pela CPPI está disponível nos Anexos.

7. rede mIneIrA de proprIedAde InteleCtuAl

A Rede Mineira de Propriedade Intelectual (RMPI) foi criada no dia 16 de julho de 2003. Nessa data, os dirigentes das Instituições de Ensino e Pesquisa do Estado de Minas Gerais se reuniram na Reitoria da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e assinaram o Protocolo de Intenções, marcando o início da RMPI. Desde abril de 2007, a RMPI faz parte das redes credenciadas e apoiadas pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG), por meio do “Programa de Apoio a Redes”.

Conforme o Estatuto da RMPI, trata‑se de uma associação sem fins lucrativos, que apoia as instituições científicas e tecnológicas do Estado de Minas Gerais na área de propriedade intelectual e de gestão da inovação. Sua missão é difundir e implementar a política de Propriedade Intelectual, de Transferência de Tecnologia e de Inovação, visando ao desenvolvimento e fortalecimento da proteção e transferência do conhecimento no Estado de Minas Gerais, com foco na inovação científica e tecnológica.

Atualmente, a coordenação da rede dá‑se por meio da UFMG e da UFV, sendo a instituição‑sede da RMPI a UFV, através da CPPI.

Hoje, a RMPI é composta por 32 membros, sendo 27 Entidades de Ciência, Tecnologia e Inovação – ECTIs e cinco instituições afiliadas, as quais possuem participação estratégica no apoio e nas definições de políticas da Propriedade Intelectual no âmbito do Estado de Minas Gerais.

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A Rede Mineira realiza um trabalho de integração constante. Sua atuação abrange a organização e o estímulo de parcerias entre os NITs de Minas Gerais, buscando recursos financeiros e materiais que garantam a consolidação e manutenção das atividades praticadas por seus membros em prol da cultura da proteção e transferência do conhecimento e da inovação científica e tecnológica.

Busca‑se aumentar o número de atividades da RMPI sempre com qualidade, para fomentar a prática da propriedade intelectual no Estado de Minas Gerais e, consequentemente, no Brasil. Isso porque é certo que, somente com estudos e pesquisas e sua imprescindível proteção, pode‑se obter o desenvolvimento da nação.

8. ConsIderAções fInAIs

Ao final deste trabalho, é esperado que tenham sido alcançados os objetivos propostos nesta Cartilha e, após a sua leitura, que se tenha compreendido um pouco mais sobre as modalidades da Propriedade Intelectual, os procedimentos que devem ser seguidos no tocante à proteção dos conhecimentos gerados e como a gestão da Propriedade Intelectual (PI) ocorre no âmbito da UFV. Tudo isso considerando as normas e resoluções a que a comunidade acadêmica e as pessoas com vínculo com a Universidade devem obedecer. É preciso também levar em conta como as questões básicas e os procedimentos de rotina devem ser observados no momento que almejarem proteger alguma PI produzida na Universidade.

Apesar de já ter sido ressaltado anteriormente, cabe novamente enfatizar o papel estratégico que a proteção da propriedade intelectual e sua gestão ocupam no cenário atual. A gestão da PI é uma questão crucial para a competitividade e autonomia de um país, fortalecendo o seu processo de inovação.

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É sabido que, se for almejado o desenvolvimento econômico, tecnológico, científico e social do país, deve-se focar em inovação, palavra de ordem do momento. Assim, é importante que se incentivem duas peças fundamentais no processo de inovação e a interação entre elas: proteção da propriedade intelectual e transferência/licenciamento de tecnologia. Isso porque os conhecimentos gerados nas ECTIs são transformados em inovação à medida que são disponibilizados à sociedade, por meio de parcerias entre as ECTIs e o setor empresarial.

Para a gestão da propriedade intelectual, com foco na inovação, faz‑se necessário incentivar a cooperação entre as ECTIs e as empresas, bem como dinamizar os processos de licenciamento e transferência de tecnologia. Se os conhecimentos gerados nas ECTIs não são licenciados ou transferidos, a inovação científica e tecnológica não ocorre, como também os benefícios econômicos e sociais almejados com a propriedade intelectual.

Este trabalho é contínuo, pois o desenvolvimento da propriedade intelectual e a transferência de tecnologia no Estado não são uma tarefa que se realiza com uma única ação, mas um processo que demanda ações coordenadas e conjuntas do governo e das ECTIs, visando ao desenvolvimento tecnológico e à inovação no Estado de Minas Gerais.

9. termInoloGIAs

Aplicação industrial: Quando um produto ou processo é suscetível de ser fabricado ou utilizado industrialmente.

Atividade inventiva: “Atividade que, para um técnico do assunto, não decorra de maneira evidente ou óbvia do estado da técnica” (art.13 da Lei nº 9.279/96).

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Busca prévia: Meio para verificar se já existe patente ou marca, ou desenho industrial anteriormente depositado, ou registrado ou protegido.

Carta patente: Documento que o Instituto Nacional da Propriedade Industrial – INPI concede ao inventor, após aprovação do pedido de privilégio, garantindo os direitos da referida patente.

Cultivar: “Variedade de qualquer gênero ou espécie vegetal superior que seja claramente distinguível de outras cultivares conhecidas por margem mínima de descritores, por sua denominação própria, que seja homogênea e estável quanto aos descritores, por meio de gerações sucessivas, e seja de espécie passível de uso pelo complexo agroflorestal, descrita em publicação especializada disponível e acessível ao público, bem como a linhagem componente de híbridos” (art. 3º da Lei nº 9.456/97).

Desenho industrial: Corresponde à forma plástica ornamental de um objeto ou ao conjunto ornamental de linhas e cores que possa ser aplicado a um produto, proporcionando resultado visual novo e original na sua configuração externa e que sirva de tipo de fabricação industrial.

Estado da técnica: Tudo que esteja acessível ao público antes da data do depósito de um pedido de patente, por descrição escrita ou oral, por uso ou qualquer outro meio, no Brasil ou no exterior.

Indicação geográfica: Identificação de um produto ou serviço como originário de um local, região ou país, quando determinadas reputação, característica e, ou, qualidade do produto/serviço possam ser vinculadas essencialmente a essa sua origem particular.

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Inovação: De acordo com a Lei nº 10.973/2004, Lei Federal de Inovação, inovação corresponde à introdução de novidade, ou aperfeiçoamento no ambiente produtivo ou social que resulte em novos produtos, processos ou serviços.

Invenção: Produtos ou processos que atendam aos requisitos de atividade inventiva, novidade e aplicação industrial (INPI, 2012).

Licença: Permissão outorgada pelo inventor para utilização de seu invento.

Marca: “Todo sinal distintivo, visualmente perceptível, que identifica e distingue produtos e serviços análogos, de procedência diversa, bem como certifica a conformidade deles com determinadas normas ou especificações técnicas” (art. 122 da Lei nº 9.279/96).

Modelo de utilidade: Objeto de uso prático, ou parte deste, suscetível de aplicação industrial, que apresente nova forma ou disposição, envolvendo ato inventivo, que resulte em melhoria funcional no seu uso ou em sua fabricação (INPI, 2012).

Núcleo de Inovação Tecnológica - NIT: De acordo com a Lei nº 10.973, de 2 de dezembro de 2004, NIT corresponde a um núcleo ou órgão constituído por uma ou mais instituição Científica e Tecnológica com a finalidade de gerir sua política de inovação.

Novidade: Ocorre a novidade quando a invenção não está acessível ao público, seja por uma descrição escrita ou oral, por meio do uso ou de qualquer outro meio de comunicação.

Patente: Direito de exclusividade de exploração temporária de uma invenção ou modelo de utilidade concedido por um governo,

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no caso do Brasil, por meio do Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), a pessoas físicas ou jurídicas.

Programa de computador: “Expressão de um conjunto organizado de instruções em linguagem natural ou codificada, contida em suporte físico de qualquer natureza, de emprego necessário em máquinas automáticas de tratamento da informação, dispositivos, instrumentos ou equipamentos periféricos, baseados em técnica digital ou análoga, para fazê‑lo funcionar de modo e para fins determinados” (Lei nº 9.609/98).

Propriedade intelectual: Toda criação e expressão da atividade inventiva e da criatividade humana em seus aspectos científicos, tecnológicos, artísticos e literários.

10. leGIslAções

Lei da Propriedade Industrial – Lei nº 9.279, de 14 de maio de 1996.

Decreto nº 2.553, de 16 de abril de 1998 – Regulamenta os artigos 75 e 88 a 93 da Lei da Propriedade Industrial.

Lei nº 10.196, de 14 de fevereiro de 2001 - Altera a Lei da Propriedade Industrial.

Lei de Cultivares – Lei nº 9.456, de 25 de abril de 1997.

Decreto nº 2.366, de 5 de novembro de 1997 – Regulamenta a Lei de Cultivares.

Lei de Programa de Computador – Lei nº 9.609, de 19 de fevereiro de 1998.

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Lei de Direitos Autorais – Lei nº 9.610, de 19 de fevereiro de 1998.

Lei Federal de Inovação – Lei n° 10.973, de 2 de dezembro de 2004.

Decreto nº 5.563, de 11 de outubro de 2005 – Regulamenta a Lei Federal de Inovação.

Lei Mineira de Inovação ‑ Lei nº 17.348, de 17 de janeiro de 2008.

Lei do Bem ‑ Lei nº 11.196, de 21 de novembro de 2005.

Lei de Biossegurança – Lei nº 11.105, de 24 de março de 2005.

Decreto nº 5.591, de 22 de novembro de 2005 – Regulamenta a Lei de Biossegurança.

Lei de Sementes e Mudas – Lei n° 10.711, de 5 de agosto de 2003.

Decreto nº 5.153, de 23 de julho de 2004 – Regulamenta a Lei de Sementes e Mudas.

Medida Provisória nº 2.186-16, de 23 de agosto de 2001 ‑ Dispõe sobre o acesso ao patrimônio genético, a proteção e o acesso ao conhecimento tradicional associado, a repartição de benefícios e o acesso à tecnologia e transferência de tecnologia para sua conservação e utilização e dá outras providências.

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Medida Provisória nº 352, de 22 de janeiro de 2007 - Dispõe sobre os incentivos às indústrias de equipamentos para TV Digital e de componentes eletrônicos semicondutores e sobre a proteção à propriedade intelectual das topografias de circuitos integrados.

11. trAtAdos e ACordos ImportAntes

Acordo de Haia: Refere‑se ao depósito internacional de desenhos e modelos industriais, 1925.

Acordo de Madri: Dispõe sobre registro internacional de marcas, 1891.

Acordo de Nice: Refere-se à classificação internacional dos produtos e serviços para fins de registro de marca, 1957.

Convenção da União de Paris (CUP): Deu origem ao hoje denominado Sistema Internacional da Propriedade Industrial, 1883.

Convenção de Berna: Convenção para a Proteção das Obras Literárias e Artísticas, 1886.

Convenção de Novas Variedades de Plantas: Trata da proteção às variedades vegetais, 1961.

General Agreement on Tariffs and Trade (GATT): Acordo Geral sobre Tarifas Alfandegárias e Comércio, 1947.

Patent Cooperation Treaty (PCT): Tratado de Cooperação em Matéria de Patentes, que estabelece regras e prazos para facilitar o depósito de patente nos países signatários, 1970.

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Trade Related Aspects of Intellectual Property Rights (TRIPS – ADPIC): Acordo sobre os Aspectos dos Direitos de Propriedade Intelectual relacionados com o Comércio, 1994.

Tratado de Budapeste: Trata do reconhecimento internacional do depósito de microrganismos para fins de patenteamento, 1977.

UPOV: União Internacional para a Proteção das Obtenções Vegetais, 1961.

12. LinkS ImportAntes

ABAPI: Associação Brasileira dos Agentes da Propriedade Intelectual (http://www.abapi.org.br).

ABPI: Associação Brasileira da Propriedade Intelectual (http://www.abpi.org.br).

ANPEI: Associação Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento das Empresas Inovadoras (http://www.anpei.org.br).

BN: Fundação Biblioteca Nacional (http://www.bn.br).

Escritório Americano de Patentes (http://patents.uspto.gov).

Escritório Europeu de Patentes (http://ep.espacenet.com).

Escritório Japonês de Patentes (http://www.jpo.go.jp).

FORTEC: Fórum Nacional de Gestores de Inovação e Transferência de Tecnologia (http://www.fortec‑br.org/site).

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IBPI: Instituto Brasileiro de Propriedade Intelectual (http://www.ibpi.org.br).

INPI: Instituto Nacional da Propriedade Industrial (http://www.inpi.gov.br).

MCTI: Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (http://www.mct.gov.br).

MDIC: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (http://www.desenvolvimento.gov.br).

OMC: Organização Mundial do Comércio (http://www.wto.org).

OMPI: Organização Mundial da Propriedade Intelectual (http://www.ompi.org).

RMPI: Rede Mineira de Propriedade Intelectual (http://www.redemineirapi.com).

SNPC: Serviço Nacional de Proteção de Cultivares (http://www.agricultura.gov.br/vegetal/registros‑autorizacoes).

13. perGuntAs e respostAs

O que é NIT?

Núcleo de Inovação Tecnológica (NIT), segundo a Lei de Inovação (Lei no 10.973, de 2 de dezembro de 2004) e o decreto que a regulamenta (Decreto nº 5.563, de 11 de outubro de 2005), consiste em núcleo ou órgão constituído por uma ou mais Instituição Científica e Tecnológica com a finalidade de gerir

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sua política de inovação. No âmbito da Universidade Federal de Viçosa (UFV), o NIT é a Comissão Permanente de Propriedade Intelectual (CPPI), vinculada à Pró‑Reitoria de Pesquisa e Pós‑Graduação. O que é Propriedade Intelectual?

Propriedade intelectual pode ser compreendida como o direito de pessoa, física ou jurídica, sobre um bem incorpóreo móvel. Assim, a propriedade intelectual corresponde ao direito sobre criações intelectuais, por determinado período de tempo, estabelecido de acordo com os preceitos legais. Esse direito exclusivo, advindo da propriedade intelectual, abrange as criações artísticas, literárias, tecnológicas e científicas.

Como verificar se uma invenção é patenteável?

Segundo o artigo 8o da Lei da Propriedade Industrial (Lei nº 9.279/96), é patenteável a invenção que atenda aos requisitos de novidade, atividade inventiva e aplicação industrial. Ainda, segundo o artigo 24 da referida lei, o pedido de patente deverá ser suficientemente descrito, de modo a possibilitar a sua realização por técnico especialista.

Qual a diferença entre patente de invenção e patente de modelo de utilidade?

Patente de invenção corresponde a produto e, ou, processo que não existe no estado da técnica, ou seja, que não é de domínio público e que atende aos requisitos de novidade, atividade inventiva e aplicação industrial. Já a patente de modelo de utilidade corresponde somente a objeto de uso prático ou parte deste, não podendo ser, portanto, um processo. Para ser um

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modelo de utilidade, o objeto deverá ser suscetível de aplicação industrial e envolver ato inventivo e melhoria funcional no seu uso ou em sua fabricação.

É possível patentear uma planta?

No Brasil, plantas não são passíveis de proteção por patentes, assim como as marcas, porém há a possibilidade de proteção por meio de cultivares. O pedido de proteção de cultivares deve ser feito ao Serviço Nacional de Proteção de Cultivares do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

Posso publicar um resumo relacionado à tecnologia a ser patenteada em um evento (simpósio, congresso, reunião anual etc.)?

Não é recomendável, porém, se houver necessidade da divulgação anterior e para que a novidade não seja prejudicada, há o Período de Graça, que permite tal divulgação antes dos 12 meses do depósito para as Invenções e Modelos de Utilidade. Contudo, cabe salientar que nem todos os países dispõem do Período de Graça.

Posso patentear um microrganismo que foi isolado pela equipe do meu laboratório?

No Brasil, isso não é possível. De acordo com o artigo 10 da Lei da Propriedade Industrial (Lei nº 9.279/96), o todo ou parte de seres vivos naturais e materiais biológicos encontrados na natureza ou, ainda, dela isolados, inclusive o genoma ou germoplasma de qualquer ser vivo natural, e os processos biológicos naturais não são considerados invenção nem modelo de utilidade.

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Em que consiste a Busca Prévia ao Depósito do Pedido de Patente?

Uma invenção ou modelo de utilidade para ser passível de proteção deve ser comparado com o que já existe no chamado “estado da técnica”, o qual compreende, por exemplo, documentos de patente brasileira e estrangeira. Assim, o mais aconselhável para quem deseja depositar um pedido de patente no INPI é fazer preliminarmente uma busca nos Bancos de Patentes, o que lhe servirá de orientação, pois evita perda de tempo e de recursos caso sua invenção já esteja descrita no estado da técnica, podendo, ainda, orientar sobre como melhor redigir um pedido de patente. Entretanto, não se trata de prerrequisito para o depósito do pedido de patente no INPI.

No âmbito da UFV, caso ocorra o licenciamento de um pedido de patente ou de uma patente em que sou um dos inventores, quanto irei receber?

Segundo a Resolução n° 01/2002, que normatiza a Gestão da Propriedade Intelectual, Transferência de Tecnologia e Inovação no âmbito da UFV, você receberá 1/3, ou seja, 33,33% dos royalties auferidos com o licenciamento de uma tecnologia cabem aos autores/inventores da tecnologia. A divisão desses 33,33% entre os autores/inventores fica estipulada no contrato de autores/inventores, que é assinado antes do depósito do pedido de patente.

Qual o território de proteção da patente?

A patente é válida somente em todo o território nacional (princípio consagrado pela Convenção da União de Paris ‑ CUP). A existência de patentes regionais (ex.: patente europeia) não

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constitui exceção ao princípio, pois são resultantes de acordos regionais específicos.

Qual é a natureza de uma marca?

A marca, quanto à sua natureza, pode ser de produto, de serviço, coletiva ou de certificação.

Qual é a forma de apresentação de uma marca?

A marca, quanto à sua forma de apresentação, pode ser nominativa, figurativa, mista ou tridimensional.

Qual o território de registro de marca?

A proteção conferida pelo INPI não transcende os limites territoriais do país, e somente nesse espaço físico é reconhecido o direito de propriedade e a exclusividade de uso da marca registrada.

Como faço para Registrar um Programa de Computador e qual é a documentação que deve ser apresentada?

Para fazer o registro de programa de computador, devem ser apresentados dois tipos de documentação, uma formal e outra técnica.

A parte formal consiste na apresentação dos seguintes documentos: o Formulário de Pedido de Registro preenchido e Guia de Recolhimento da União paga. Caso os criadores não sejam os titulares, deverá ser apresentado um documento que comprove o direito desse titular, que pode ser um documento de cessão de direitos, contrato de trabalho, de prestação de serviços, estatutário, bolsista ou estagiário. Se o programa for

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uma modificação de outro programa já existente, deverá ser apresentado também um documento de autorização do titular do programa. Caso a documentação técnica, ou seja, o código‑fonte ou objeto, seja apresentada em mídia eletrônica, também deverá ser apresentada a autorização para a cópia do programa.

A parte técnica consiste na apresentação, em duas vias, da listagem integral ou parcial do código‑fonte ou objeto. Se a opção for pela apresentação dessa documentação em papel, essa listagem deve ser colocada nos envelopes do invólucro, que é utilizado para o depósito do pedido. É necessário que a parte da listagem especifique o programa e seja capaz de caracterizar a criação independente e identificar o seu programa. A documentação técnica, que fica guardada no INPI, é utilizada quando há ação judicial. Dessa forma, devem ser apresentadas as partes importantes do programa, aquelas que levariam as pessoas a copiar o seu programa, a parte inventiva.

Se a opção for pela mídia eletrônica, o código‑fonte deverá ser gravado em PDF, em dois CDs ou DVDs. Estes deverão ser colocados em caixas plásticas para protegê‑los, cada um em um envelope SEDEX e fechado. As mídias deverão ser não regraváveis, e os dados não podem estar protegidos por qualquer tipo de senha, tendo em vista que serão copiados pelo INPI numa etapa futura.

Tanto o invólucro, com seus envelopes, quanto os envelopes SEDEX são utilizados para que o programa possa ser mantido em sigilo e inviolável.

Qual é a vigência do direito conferido ao titular de um Programa de Computador?

A validade dos direitos para quem desenvolve um Programa de Computador é de 50 anos, contados a partir de 1º de janeiro do ano subsequente ao da sua data de criação.

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Qual é a validade territorial do direito conferido ao titular de um Programa de Computador?

O registro de Programa de Computador é opcional, sendo o direito reconhecido internacionalmente pelos países que assinaram o TRIPS e desde que seja cumprida a legislação nacional.

O que é desenho industrial?

Desenho industrial é a forma plástica e ornamental de um objeto ou o conjunto ornamental de linhas e cores que possam ser aplicado a um produto, proporcionando resultado visual novo e original na sua configuração externa e que sirva de tipo de fabricação industrial.

Qual a vigência do Registro de um Desenho Industrial?

O Registro de Desenho Industrial poderá vigorar pelo prazo máximo de 25 anos contados da data do depósito, sendo o período de duração mínima de 10 anos, prorrogáveis por mais três períodos sucessivos de cinco anos cada.

Qual o território de proteção do registro?

O Registro de Desenho Industrial é válido somente em todo o território nacional (princípio consagrado pela Convenção da União de Paris ‑ CUP).

É possível divulgar um objeto ou um padrão ornamental em feiras, seminários e congressos antes de depositá-lo?

É preferível sempre depositar antes. Contudo, se houver necessidade da divulgação anterior e para que a novidade não seja

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prejudicada, há o Período de Graça, que permite tal divulgação antes de 180 dias para Registro de Desenho Industrial.

O que são Direitos Autorais?

Os Direitos Autorais protegem os programas de computador, regulados pela Lei nº 9.609/98, cujo registro é realizado pelo INPI; protegem, também, as obras intelectuais reguladas pela Lei nº 9610/98.

O que é uma cultivar?

Segundo a Lei n° 9.456/97, conhecida como Lei de Proteção de Cultivares, cultivar é a variedade de qualquer gênero ou espécie vegetal superior que seja claramente distinguível de outras cultivares conhecidas por margem mínima de descritores, por sua denominação própria; que seja homogênea e estável quanto aos descritores, através de gerações sucessivas; e que seja de espécie passível de uso pelo complexo agroflorestal, descrito em publicação especializada disponível e acessível ao público, bem como a linhagem componente de híbridos.

Quais são os requisitos para a proteção de uma cultivar?

A cultivar passível de proteção deve ser produto de melhoramento genético; ser de espécie passível de proteção no Brasil; não haver sido comercializada no exterior há mais de quatro anos ou há mais de seis anos, no caso de videiras ou árvores; não haver sido comercializada no Brasil há mais de 12 meses; ser distinta; ser homogênea; e ser estável.

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Quais são as etapas para requerimento de uma cultivar ao SNPC?

1ª Etapa: Preenchimento e envio eletrônico do Formulário de Requerimento de Proteção de Cultivares.

2ª Etapa: Impressão e assinatura do Formulário de Requerimento (já enviado eletronicamente) e dos Formulários 2 e 3 disponíveis para download na página principal do SNPC: Relatório Técnico e de Instruções de DHE e Tabela de Descritores Mínimos.

3ª Etapa: Pagamento da taxa referente ao requerimento de proteção de cultivares (conforme instruções na página principal do SNPC).

4ª Etapa: Encaminhamento dos formulários e demais documentos ao SNPC.

5ª Etapa: Protocolização do requerimento pelo SNPC.

14. referênCIAs

ARAÚJO, Elza Fernandes de; QUEIROGA, Elaine dos Santos; BARBOSA, Cynthia Mendonça; FOSSE, Gabriel Leandro. O cenário da inovação tecnológica. Revista Médica de Minas Gerais – RMMG, v. 19, n. 4, supl. 4, p. 18‑21, 2009.

ADENACON – Marcas e Patentes. Disponível em: <http://www.adenacon.com.br/servicos/registro-topografia-de-circuito-integrado>. Acesso em: 22 abr. 2010.

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AREAS, Patrícia de Oliveira. Topografia de Circuito Integrado. In: Introdução à Propriedade Intelectual e Inovação no Agronegócio. 1. ed. Brasília: Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento, 2009.

BIBLIOTECA NACIONAL. Rio de Janeiro, 2012. Disponível em: <http://www.bn.br>. Acesso em: 20 jan. 2012.

INOVA – UNICAMP. Material de treinamento – PI Básico. Disponível em: <http://www.inova.unicamp.br/paginas/inovanit/loginUsuario.php>. Acesso em: 22 abr. 2010.

INPI – Instituto Nacional de Propriedade Industrial. Rio de Janeiro, 2012. Disponível em: <http://www.inpi.gov.br>. Acesso em: 4 fev. 2012.

JUGMANN, D. Ferramenta para a inovação. Interação, p. 12 a 19, Mar./Abr./Maio 2010.

MINISTÉRIO DA AGRICULTURA PECUÁRIA E ABASTECIMENTO – MAPA. Serviço Nacional de Proteção de Cultivares. Informações aos Usuários do SNPC. Disponível em: < http://www.agricultura.gov.br/pls/portal/docs/PAGE/MAPA/SERVICOS/CULTIVARES/PROTECAO/INFORMACOES_USUARIOS_PROTECAO/INFORMA%C7%D5ES%20AOS%20USU%C1RIOS%20DO%20SNPC_OUTUBRO%20DE%202008_0_0.PDF>. Acesso em: 23 jan. 2012.

ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE PROPRIEDADE INTELECTUAL – OMPI. Disponível em: <http://www.wipo.int/academy/en/courses/distance_learning/catalog/pt/c_index.html>. Acesso em: 23 jan. 2012.

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PIMENTEL, Luiz Otávio. Direito industrial: as funções do direito de patentes. Porto Alegre: Síntese, 1999.

VARELA, Marcelo Dias. Propriedade intelectual nos setores emergentes. São Paulo: Atlas, 1996.

15. Anexos

ANEXO 1RESOLUÇÃO Nº 01/2002

O CONSELHO UNIVERSITÁRIO da Universidade Federal de Viçosa, órgão superior de administração, no uso de suas atribuições legais, considerando o que consta no Processo 02‑00855 e com fundamento no Artigo 5º (incisos XXIX, primeira parte, e XXVII) e no Artigo 207, ambos da Constituição Federal; na Lei nº 9.279, de 15 de maio de 1996; no Decreto nº 2.553, de 16 de abril de 1998; nos Atos Normativos adotados pela Presidência do Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI); na Lei nº 9.610, de 19 de fevereiro de 1998; na Lei nº 8.974, de 5 de janeiro de 1995; no Decreto nº 1.752, de 20 de maio de 1995; na Lei nº 9.456, de 28 de abril de 1997; no Decreto nº 2.366, de 5 de novembro de 1997; na Lei nº 9.609, de 19 de fevereiro de 1998; e nas demais normas relativas à propriedade intelectual,

RESOLVE:Art. 1º - Definir que propriedade intelectual é toda a criação e expressão da atividade inventiva e da criatividade humana, em seus aspectos científicos, tecnológicos, artísticos e literários.

Art. 2º ‑ Declarar que a Universidade Federal de Viçosa é a titular da Propriedade Intelectual e que os membros da comunidade

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universitária, diretamente responsáveis pela criação, realização e geração da propriedade intelectual, são considerados autores e inventores.

Parágrafo único – Toda pessoa física ou jurídica (pública ou privada), que contribuir financeiramente para o processo, terá reconhecimento da co‑titularidade da propriedade intelectual, desde que expressamente fixado em contrato ou convênio realizado entre as partes envolvidas.

Art. 3º ‑ Estabelecer que os membros da comunidade universitária diretamente responsáveis pela geração da propriedade intelectual sejam os professores e técnicos de todos os níveis, sob qualquer regime de trabalho.

Parágrafo único – Toda pessoa física, não membro da comunidade universitária, que efetivamente contribuir na geração da propriedade intelectual terá o reconhecimento como autor e inventor, desde que expressamente fixado em contrato ou convênio realizado entre as partes envolvidas.

Art. 4º - Estabelecer que as relações financeiras da Universidade Federal de Viçosa com o(s) autor(es), inventor(es) e co‑titular(es) da propriedade intelectual, nos termos desta Resolução, sejam regidas segundo os preceitos fixados neste Artigo.

§1º ‑ É obrigatória a menção expressa da Universidade Federal de Viçosa em todo trabalho realizado com o envolvimento parcial ou total de bens, serviços ou pessoal a ela vinculados, sob pena de o infrator perder os direitos referentes à remuneração fixada na forma desta Resolução, em favor da Instituição.

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§2º ‑ Cabe aos autores e inventores, apontados nos Artigos 2º e 3º desta Resolução, até 1/3 (um terço) dos benefícios pecuniários líquidos advindos da comercialização, transferência, concessão de licença, contrato, convênio ou qualquer outro mecanismo previsto em lei, que envolva a propriedade intelectual concebida e desenvolvida nas instalações da Universidade Federal de Viçosa ou em outras instalações, a título de premiação, nos termos do Decreto nº 2.553/98, bem como do que se encontra previsto no Contrato.

§3º ‑ O benefício pecuniário líquido advindo da comercialização, transferência, concessão de licença, contrato, convênio ou qualquer outro mecanismo previsto em lei, que envolva a propriedade intelectual concebida e gerada nas instalações da Universidade Federal de Viçosa ou em outras instalações, que couber ao Co‑Titular, apontado no Artigo 2º, parágrafo único, será regido por contrato ou convênio, observando‑se a proporcionalidade especificada.

§4º ‑ Os direitos autorais sobre publicações pertencerão integralmente aos autores, sem prejuízo do disposto no § 1º deste Artigo.

Art. 5º ‑ Estabelecer que a distribuição do restante de todo e qualquer benefício pecuniário líquido que couber à Universidade, advindo da comercialização, transferência, concessão de licença, contrato, convênio ou qualquer outro mecanismo previsto em lei, que envolva a propriedade intelectual concebida e gerada nas instalações da Universidade Federal de Viçosa ou em outras instalações, deve ser feita da seguinte forma: 50% (1/2) para a Pró‑Reitoria de Pesquisa e Pós‑Graduação e 50% (1/2) para o(s) Departamento(s) ao(s) qual(is) pertencerem os autores e inventores.

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Art. 6º ‑ Determinar que a Empresa Incubada utilize a Propriedade Intelectual gerada nas instalações da Universidade Federal de Viçosa somente por meio de Contrato de Transferência de Tecnologia, envolvendo a Universidade e a Empresa.

Art. 7º ‑ Determinar que tanto a Universidade Federal de Viçosa quanto os agentes discriminados no Artigo 3º desta Resolução devem responder administrativa, civil e penalmente pelo proveito auferido em decorrência de prejuízo público ou pessoal, no que diz respeito à inobservância desta Resolução, bem como das demais prescrições legais referentes à propriedade intelectual.

Art. 8º ‑ Estabelecer que compete à Pró‑Reitoria de Pesquisa e Pós‑Graduação prescrever as normas referentes ao pagamento de taxas, anuidades e demais encargos, previstos nas legislações específicas, referentes à concessão e à manutenção dos diretos relativos à propriedade intelectual, bem como requerer a proteção da propriedade intelectual perante as entidades competentes e, ainda, a elaboração, averbação, formalização e registro dos contratos e convênios que envolvam as partes interessadas.

Art. 9º ‑ Estabelecer que compete ao Conselho Técnico de Pesquisa definir procedimentos referentes ao registro, ao controle da comercialização, à concessão de licenças e à formalização de contratos e convênios de todo e qualquer produto ou processo referente à propriedade intelectual, estabelecida no Artigo 1º desta Resolução.

Art. 10º – Estabelecer que à Comissão Permanente de Propriedade Intelectual compete orientar e conduzir todos os trâmites legais, previstos nas legislações, envolvendo contratos de transferência de tecnologia, registro, concessão e manutenção dos direitos relativos à propriedade intelectual.

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Art. 11º – Determinar que a Comissão Interna de Biossegurança (CIBio) institua regulamentação específica referente à fiscalização de pesquisa que envolva Organismos Geneticamente Modificados (OGMs).

Art. 12º – Determinar que os prazos de validade dos direitos referentes à propriedade intelectual sejam estabelecidos nas legislações específicas.

Art. 13º – Determinar que esta Resolução entre em vigor na data de sua publicação.

Art. 14º – Revogar as disposições em contrário, em especial as Resoluções nº 16/96 e nº 6/99.

Publique‑se e cumpra‑se.

Viçosa, 28 de fevereiro de 2002.

Evaldo Ferreira Vilela – Presidente

ANEXO 2

RESOLUÇÃO Nº 06/2010

O CONSELHO UNIVERSITÁRIO da Universidade Federal de Viçosa, órgão superior de administração, no uso de suas atribuições legais e com fundamento no Artigo 5º (incisos XXIX, primeira parte, e XXVII) e no Artigo 207, ambos da Constituição Federal; na Lei nº 9.279 (Lei de Propriedade Industrial), de 15 de maio de 1996; na Lei nº 9.610 (Lei de Direitos Autorais), de 19 de fevereiro de 1998; na Lei nº 9.456 (Lei de Proteção de

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Cultivares), de 28 de abril de 1997; Lei nº 10.973 (Lei de Inovação Tecnológica), de 2 de dezembro de 2004; Decreto nº 5.563, de 11 de outubro 2005, e nas demais normas relativas à propriedade intelectual.

RESOLVEAprovar as seguintes normas referentes a medidas de incentivo à inovação e à pesquisa científica e tecnológica no âmbito da Universidade Federal de Viçosa.

Das Disposições Preliminares

Art. 1º ‑ Para os efeitos desta Resolução, considera‑se:

I ‑ Agência de Fomento: Órgão ou instituição de natureza pública ou privada que tenha entre os seus objetivos o financiamento de ações que visem estimular e promover o desenvolvimento da ciência, da tecnologia e da inovação.

II ‑ Inovação: Introdução de novidade ou aperfeiçoamento no ambiente produtivo ou social que resulte em novos produtos, processos ou serviços.

III ‑ Instituição Científica e Tecnológica (ICT): Órgão ou entidade da administração pública que tem por missão institucional, entre outras, executar atividades de pesquisa básica ou aplicada de caráter científico ou tecnológico.

IV ‑ Núcleo de Inovação Tecnológica: Núcleo ou órgão constituído por uma ou mais ICT com a finalidade de gerir sua política de inovação.

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V ‑ Instituição de Apoio: Instituições criadas sob o amparo da Lei no 8.958, de 20 de dezembro de 1994, com a finalidade de dar apoio a projetos de pesquisa, ensino e extensão e de desenvolvimento institucional, científico e tecnológico.

VI ‑ Pesquisador Público: Ocupante de cargo efetivo, cargo militar ou emprego público que realize pesquisa básica ou aplicada de caráter científico ou tecnológico.

VII ‑ Inventor Independente: Pessoa física, não ocupante de cargo efetivo, cargo militar ou emprego público, que seja inventor, obtentor ou autor de criação.

VIII ‑ Incubadora de Empresas de Base Tecnológica: Órgão que se destina a apoiar empreendedores de atividades de base tecnológica, nas fases de instalação, crescimento e consolidação de suas empresas, propiciando‑lhes ambiente e condições de funcionamento apropriados.

IX ‑ Empresa Incubada: Empresa de base tecnológica, cuja atividade incorpora elevado grau de conhecimento científico e domínio de técnicas complexas.

Da Participação da Universidade Federal de Viçosa no Processo de Inovação

Art. 2º ‑ A Universidade Federal de Viçosa (UFV) poderá celebrar contratos, convênios ou termos de cooperação firmando:

I – O compartilhamento de laboratório, equipamentos, instrumentos, materiais e demais instalações com microempresas e empresas de pequeno porte em atividades voltadas para a

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inovação tecnológica e para a consecução de atividades de incubação, sem prejuízo de sua atividade finalística.

II – A permissão para utilização de laboratório, equipamentos, instrumentos, materiais e demais instalações existentes em suas próprias dependências por empresas nacionais e organizações de direito privado sem fins lucrativos, voltados para atividades de pesquisa, desde que tal permissão não interfira diretamente na sua atividade-fim, nem com ela conflite.

Parágrafo único ‑ A UFV poderá disponibilizar o espaço físico do laboratório, as facilidades e serviços básicos de infraestrutura à Instituição contratante, bem como profissionais e estudantes, mediante condições e obrigações previamente estabelecidas no contrato e de acordo com o Regimento Interno da UFV.

Art. 3º ‑ A UFV poderá prestar a instituições públicas ou privadas serviços compatíveis com os objetivos da Lei de Inovação, nas atividades voltadas para a inovação e para a pesquisa científica e tecnológica no ambiente produtivo.

Parágrafo Único – O servidor público/pesquisador público envolvido na prestação de serviços poderá receber retribuição pecuniária da empresa com a qual a UFV tenha firmado acordo, sempre sob a forma de adicional variável, com a interveniência da Instituição de Apoio à UFV (FUNARBE).

Art. 4º ‑ A UFV poderá celebrar acordos de parceria e cooperação mútua para realização de atividades conjuntas de pesquisas científica e tecnológica e desenvolvimento de tecnologia, produto ou processo, com instituições públicas e privadas.

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Parágrafo Único ‑ O servidor público/pesquisador público vinculado à UFV envolvido na execução das atividades previstas no caput deste artigo poderá receber bolsa de estímulo da agência de fomento ou empresa com a qual a UFV tenha firmado acordo, sob a interveniência da Instituição de Apoio à UFV (FUNARBE).

Art. 5º ‑ A UFV poderá participar, minoritariamente, do capital de empresa privada de propósito específico que vise ao desenvolvimento de projetos científicos ou tecnológicos para obtenção de produtos ou processos inovadores, desde que haja previsão orçamentária e autorização do Presidente da República.

Da Aprovação dos Contratos, Convênios e Acordos de Parceria

Art. 6º – O Conselho Universitário (CONSU) da UFV confere atribuições ao Conselho Técnico de Pesquisa (CTQ) para análise e decisão das questões relativas aos contratos, acordos, parcerias e permissões referidos nos artigos 2º a 4º, bem como das demais questões disciplinadas nesta Resolução.

Art. 7º ‑ Os contratos, convênios e acordos estabelecendo o compartilhamento e a permissão de uso de laboratórios, bem como os acordos de parceria e prestação de serviços referidos nos artigos 2º a 4º desta Resolução, terão prazo determinado e obedecerão às prioridades, critérios e requisitos aprovados e divulgados pelo CTQ, observadas as respectivas disponibilidades e assegurada a igualdade de oportunidades ao setor público e privado e a organizações interessadas.

§ 1º ‑ Para aprovação e assinatura dos instrumentos contratuais previstos no caput deste artigo, deverá ser aberto procedimento administrativo no âmbito da UFV, com a devida análise e

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manifestação do seu Núcleo de Inovação Tecnológica (NIT), doravante denominado Comissão Permanente de Propriedade Intelectual (CPPI), acerca de suas cláusulas, em especial as referentes à propriedade intelectual.

Art. 8º ‑ São competências da CPPI, além das já mencionadas nesta Resolução e demais normas no âmbito da UFV:

I ‑ Zelar pela manutenção da política institucional de estímulo à proteção das criações, licenciamento, inovação e outras formas de transferência de tecnologia.

II - Avaliar e classificar os resultados decorrentes de atividades e projetos de pesquisa para o atendimento das disposições da Lei no 10.973, de 2004 (Lei de Inovação).

III ‑ Avaliar a solicitação de inventor independente para adoção de invenção na forma do art. 14 desta Resolução.

IV ‑ Opinar pela conveniência e promover a proteção das criações desenvolvidas na Instituição.

V ‑ Opinar quanto à conveniência de divulgação das criações desenvolvidas na Instituição, passíveis de proteção intelectual.

VI ‑ Acompanhar o processamento dos pedidos e a manutenção dos títulos de propriedade intelectual da instituição, respeitando as normas de custeio da Propriedade Intelectual da UFV.

Da Propriedade Intelectual

Art. 9º ‑ Se das atividades de pesquisa envolvendo o compartilhamento ou permissão de uso de laboratório, acordos de

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parceria e prestação de serviços pela UFV resultar em invenção, nova tecnologia, direitos autorais, cultivares e outros direitos relativos à propriedade intelectual passíveis de proteção, esses fatores terão sua titularidade determinada por ajuste prévio por escrito entre as partes, em conformidade com a legislação federal referente à propriedade intelectual e com a Resolução 01/2002 do CONSU/UFV.

§ 1º ‑ As invenções e tecnologias resultantes dos instrumentos contratuais referidos no caput deste artigo, que forem desenvolvidas nas dependências da UFV com contribuição intelectual de seus profissionais, serão de titularidade da UFV, respeitada, quando for o caso, a co‑titularidade da contratante.

§ 2º – Novas invenções, aperfeiçoamentos, inovações ou a geração de conhecimentos que promovam o desenvolvimento de tecnologia, processo, produto ou serviços que sejam passíveis de proteção e o resultado da pesquisa desenvolvida nas dependências da UFV poderão ser de propriedade exclusiva de empresa caso a nova tecnologia resulte da sua atuação exclusiva, sem a contribuição financeira e intelectual da UFV e seus profissionais, mediante ajuste prévio e expresso entre as partes.

§ 3º – Nos casos previstos no parágrafo anterior, a titularidade e a co‑titularidade, quando for o caso, serão determinadas e expressas no contrato, termo, acordo ou convênio, na proporção equivalente ao montante do valor agregado do conhecimento existente no início da parceria e dos recursos humanos, financeiros e materiais alocados pelas partes contratantes e em conformidade com as disposições da Resolução 01/2002 do CONSU/UFV.

Art. 10 – Os processos e, ou, produtos passíveis de proteção gerados pela empresa incubada durante o período de incubação

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nos laboratórios da UFV serão disciplinados caso a caso, considerando-se o instrumento contratual firmado entre a empresa incubada e a UFV, o grau de envolvimento da incubadora ou de equipes da UFV no desenvolvimento ou aperfeiçoamento de produtos, modelos ou processos utilizados pela empresa incubada, com a observância das disposições estabelecidas nesta Resolução e no artigo 20 da Resolução 02/2006 do CONSU/UFV, bem como nas demais normas internas da Universidade e na legislação federal pertinente à Propriedade Intelectual.

Art. 11 – No caso de participação da UFV no capital de empresa privada, conforme estabelecido no art. 5º, a propriedade intelectual sobre os resultados pertencerá às instituições detentoras do capital social, na proporção da respectiva participação.

Do Pedido de Afastamento do Profissional Vinculado à UFV

Art. 12 – À UFV cabe avaliar, de acordo com sua conveniência e oportunidade, o pedido de afastamento de servidor público/pesquisador público com o objetivo de prestar colaboração a outra instituição científica e tecnológica, desde que as atividades a serem desempenhadas na instituição de destino sejam compatíveis com as atividades por ele realizadas na UFV.

§ 1º – Durante o período de afastamento de que trata o caput, são assegurados ao servidor público/pesquisador público o vencimento do cargo efetivo ou o salário do emprego público na UFV, acrescido das vantagens pecuniárias permanentes estabelecidas em lei, bem como da progressão funcional e dos benefícios do plano de seguridade social ao qual estiver vinculado.

§ 2º – As gratificações específicas do exercício do magistério somente serão garantidas, na forma do § 1o, caso o servidor

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público/pesquisador público se mantenha na atividade docente em instituição científica e tecnológica.

Art. 13 – O servidor público professor/pesquisador público, desde que não esteja em estágio probatório, poderá requerer licença sem remuneração, pelo prazo de até 3 (três) anos consecutivos, renovável por igual período, para constituir empresa com a finalidade de desenvolver atividade relativa à inovação, desde que aprovado pelo CTQ, após manifestação do departamento a que o professor/pesquisador esteja vinculado.

§ 1º – O departamento deverá avaliar se a licença do servidor público/pesquisador público causará prejuízo às atividades de ensino, laboratoriais ou de campo, para fins de manifestação, bem como se haverá otimização das instalações utilizadas pelo servidor durante seu afastamento, contribuindo, dessa forma, para o desenvolvimento das atividades de ensino, pesquisa e extensão institucionais.

§ 2º – Caso a ausência do servidor público/pesquisador público licenciado acarrete prejuízo às atividades da UFV, poderá ser efetuada contratação temporária nos termos da Lei no 8.745, de 9 de dezembro de 1993, independentemente de autorização específica.

§ 3° – A licença de que trata este artigo poderá ser interrompida, a qualquer tempo, a pedido do servidor público/pesquisador público.

Do Estímulo ao Inventor Independente

Art. 14 – A UFV poderá, a seu critério, adotar a criação de inventor independente a partir de requerimento e prévia comprovação do

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depósito de pedido de patente, visando à elaboração de projeto voltado à sua avaliação para futuro desenvolvimento, incubação, utilização e industrialização pelo setor produtivo.

Parágrafo Único – Concretizada a adoção, o inventor independente compromete‑se, mediante contrato, compartilhar os ganhos econômicos auferidos com a exploração industrial da invenção protegida.

Das Disposições Finais

Art. 15 – Esta Resolução deve ser aplicada em consonância com a Resolução 01/2002 do CONSU/UFV e entra em vigor na data de sua publicação.

Publique‑se e cumpra‑se.

Viçosa, MG, 29 de março de 2010.

ANEXO 3

NORMAS DE CUSTEIO E MANUTENÇÃO DA PROPRIEDADE INTELECTUAL NA UFV

A Pró‑Reitoria de Pesquisa e Pós‑Graduação, no uso de suas atribuições legais, considerando o disposto nos artigos 8º, 9º e 10º da Resolução 01/2002, do Conselho Universitário da Universidade Federal de Viçosa,

Art. 8º – Estabelecer que compete à Pró‑Reitoria de Pesquisa e Pós‑Graduação prescrever as normas referentes ao pagamento de taxas, anuidades e demais encargos, previstos nas legislações específicas, referentes à concessão e manutenção dos diretos

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relativos à Propriedade Intelectual (PI), bem como requerer a proteção da PI perante as entidades competentes e, ainda, a elaboração, averbação, formalização e registro dos contratos e convênios que envolvam as partes interessadas.

Art. 9º – Estabelecer que compete ao Conselho Técnico de Pesquisa definir procedimentos referentes ao registro, ao controle da comercialização, à concessão de licenças e à formalização de contratos e convênios de todo e qualquer produto ou processo referente à propriedade intelectual, estabelecida no Artigo 1º desta Resolução. Art. 10º – Estabelecer que à Comissão Permanente de Propriedade Intelectual compete orientar e conduzir todos os trâmites legais, previstos nas legislações, envolvendo contratos de transferência de tecnologia, registro, concessão e manutenção dos direitos relativos à propriedade intelectual.

RESOLVE

Aprovar as seguintes normas referentes à Propriedade Intelectual protegida no âmbito desta Instituição.

Art. 1º – Fica a cargo da Universidade Federal de Viçosa, por intermédio da Comissão Permanente de Propriedade Intelectual, requerer a proteção da propriedade intelectual de que seja titular perante as autoridades competentes, bem como as demais providências necessárias para os trâmites legais.

Art. 2º – O pagamento de custos de manutenção da propriedade intelectual da qual a Universidade Federal de Viçosa é titular será de responsabilidade desta Instituição e realizado com seus

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próprios recursos.Parágrafo Único – Para os fins deste artigo são considerados como custos relativos à manutenção da propriedade intelectual o pagamento de taxas, anuidades e quaisquer outros encargos referentes à proteção da propriedade intelectual previstos nas legislações específicas.

Art. 3º – Realizados os procedimentos referentes à proteção da propriedade intelectual perante os órgãos competentes, caberá à Pró‑Reitoria de Pesquisa e Pós‑Graduação da UFV, por intermédio da Comissão Permanente de Propriedade Intelectual e com a supervisão do Conselho Técnico de Pesquisa, proceder à revisão periódica da propriedade intelectual protegida.

Art. 4º – A revisão periódica de que trata o artigo anterior consistirá em análise da viabilidade de ser mantida a proteção da referida propriedade intelectual perante os órgãos competentes, considerando:I – Os dispêndios com a manutenção da propriedade intelectual.II – Os benefícios auferidos com royalties provenientes de contratos de transferências e licenciamento de tecnologia.III – A possibilidade de futura transferência e licenciamento da referida tecnologia.IV – A importância da proteção da referida propriedade intelectual para a Universidade Federal de Viçosa, para os autores e inventores e para a sociedade em geral.

Art. 5º – A revisão periódica mencionada nos artigos anteriores deverá ser realizada sob o conhecimento e acompanhamento dos autores e inventores da PI protegida, bem como das demais pessoas/instituições envolvidas no desenvolvimento do projeto.

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Art. 6º – Realizada a revisão periódica da propriedade intelectual e tendo o Conselho Técnico de Pesquisa optado por não dar continuidade aos procedimentos necessários à manutenção da PI, poderá ocorrer a transferência da titularidade desta aos autores e inventores ou a quem eles indicarem.

Parágrafo Único – Para a transferência de titularidade deverão ser seguidos todos os trâmites internos e respeitadas as formalidades do processo administrativo, sob a análise e acompanhamento da Pró‑Reitoria de Pesquisa e Pós‑Graduação, por meio do Conselho Técnico de Pesquisa.

Art.7º – Transferida a titularidade da propriedade intelectual, caberá ao novo titular arcar com todos os dispêndios e procedimentos necessários à manutenção e proteção da PI.

ANEXO 4

Termo de Sigilo e Confidencialidade

Pelo presente

instrumento,...................................................................,

do Laboratório............................................................, do

Departamento.................................................................

da Universidade Federal de Viçosa, concorda e se

compromete:

‑ manter sigilo total, escrito e verbal, de todos os dados, informações científicas e sobre todos os materiais obtidos, com sua participação.

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‑ que todos os documentos, inclusive o caderno de protocolo, contendo os dados e informações relativos à pesquisa são de propriedade do Laboratório/Departamento da Universidade Federal de Viçosa.

‑ que todos os materiais: genéticos, modelos, protótipos, e/ou outros de quaisquer natureza são de propriedade do Laboratório/Departamento da Universidade Federal de Viçosa.

‑ que o não cumprimento deste acordo de sigilo acarretará todos os efeitos de ordem penal, civil e administrativa contra seus transgressores.

‑ que este Termo de Sigilo passa a ter vigência a partir da data de sua assinatura, e vigorará por tempo indeterminado.

De acordo:

Nome:.....................................................................................................Endereço:................................................................................................Identidade n°:____________________ CPF: ____ . ____ . ____ ‑ ___

Viçosa, ______ de _________________ de 20_____.Assinatura ...............................................................................................

Chefe do Laboratório

Nome:....................................................................................................

Assinatura:............................................................................................

Chefe do Departamento

Nome:....................................................................................................

Assinatura:......................................................................................

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OBS: A via original assinada deste Termo de Sigilo deve ser encaminhada à Comissão Permanente de Propriedade Intelectual (CPPI/UFV) para arquivo, uma cópia deve permanecer arquivada no laboratório e uma cópia ser entregue ao indivíduo que assinou o termo.