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UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO
CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E AMBIENTAIS
CAMPUS IV – CHAPADINHA - MA
CURSO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
MAURILENE SOUSA COSTA
ICTIOFAUNA ASSOCIADA À MACRÓFITAS AQUÁTICAS NA
MICRORREGIÃO DE CHAPADINHA, MARANHÃO, BRASIL.
Orientador: Jorge Luiz Silva Nunes
Chapadinha, MA
2014
Monografia apresentada ao Colegiado
do Curso de Ciências Biológicas da
Universidade Federal do Maranhão,
Centro de Ciências Agrárias e
Ambientais, como requisito para a
obtenção do título de Bacharel e
Licenciatura em Ciências Biológicas.
2
MAURILENE SOUSA COSTA
ICTIOFAUNA ASSOCIADA À MACRÓFITAS AQUÁTICAS NA
MICRORREGIÃO DE CHAPADINHA, MARANHÃO, BRASIL
Orientador: Dr. Jorge Luiz Silva Nunes
Monografia apresentada ao Curso de
Ciências Biológicas da Universidade
Federal do Maranhão, Centro de Ciências
Agrárias e Ambientais para a obtenção do
título de Bacharel e Licenciatura em
Ciências Biológicas.
Chapadinha, MA
2014
4
MAURILENE SOUSA COSTA
ICTIOFAUNA ASSOCIADA À MACRÓFITAS AQUÁTICAS NA
MICRORREGIÃO DE CHAPADINHA, MARANHÃO, BRASIL
Monografia apresentada ao Curso de Ciências Biológicas da Universidade Federal do
Maranhão, para a obtenção do título de Bacharel e Licenciatura em Ciências Biológicas.
COMISSÃO EXAMINADORA
______________________________________________________
Prof. Dr. Jorge Luiz Silva Nunes (Orientador) - UFMA
______________________________________________________
Prof. Dr. Nivaldo Magalhães Piorski - UFMA
______________________________________________________
Msc. Glínia Kelle Fernandes Coelho
Aprovada em ____/____/_____
5
A meus grandes incentivadores e responsáveis
por cada degrau de minha vida, meus pais José
Ribamar de Assis Costa e Maria das Dores
Sousa Costa, por me apoiarem e me
incentivarem a querer sempre mais aprofundar
meus conhecimentos.
6
“Em tudo dai graças, porque esta é a vontade de Deus em Cristo Jesus para convosco.”
I Tessalonicenses 5: 18
7
SUMÁRIO
AGRADECIMENTOS ........................................................................................................... 8
LISTA DE FIGURAS ............................................................................................................ 9
LISTA DE TABELAS ......................................................................................................... 10
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 13
2. MATERIAIS E MÉTODOS ......................................................................................... 14
2.1. Área de estudo ....................................................................................................... 14
2.2. Amostragem ........................................................................................................... 17
2.3. Análise dos dados .................................................................................................. 18
3. RESULTADOS ............................................................................................................. 20
3.1. Composição ictiofaunística .................................................................................... 20
3.2. Composição florística ............................................................................................ 24
3.3. Associação entre peixes e macrófitas aquáticas..................................................... 26
4. DISCUSSÃO ................................................................................................................. 29
5. LITERATURA CITADA .............................................................................................. 31
8
AGRADECIMENTOS
A Deus, por me conceder a graça da vida.
Ao Prof. Dr. Jorge Luiz Silva Nunes, por todo apoio necessário para realização deste
trabalho, por tudo que me ensinou. Muito obrigada!
A meu pai e minha mãe, José Ribamar e Maria Dores, pelo incentivo aos estudos, por
todo amor, cuidado e dedicação, meus exemplos de honestidade, alegria, força e
paciência.
A minha irmã Maura, minha amiga e companheira, por todo seu apoio nos momentos de
stress, pela compreensão, pelos conselhos, pelas sugestões, discussões, apoio e amizade.
A minhas BFF’s, Maria Francisca e Mauriane, pelo apoio e sugestões, por sua amizade
e por todos os momentos inesquecíveis de descontração.
A meu amado, Fillemon, que sempre esteve presente em todos os momentos, pela
dedicação e por ter me apoiado incondicionalmente me dando o seu amor.
Aos amigos do Laboratório de Organismos Aquáticos: Aldemir, Luciano, Jakeline e
André por toda a ajuda durante as coletas, pelos “churrascos” as margens dos rios.
A todos os professores do CCAA, pelas preciosas contribuições e participação na minha
formação.
Aos amigos: Maurício, Luiz Phelipe e Diego, simplesmente pela amizade e companhia.
E aos membros da banca examinadora, pelas contribuições.
Muito obrigada!
9
LISTA DE FIGURAS
Figura 1. Pontos de coletas na microrregião de Chapadinha-Maranhão. ............................ 15
Figura 2. Locais de amostragem na microrregião de Chapadinha, características A, B, C
e D no município de Anapurus, E, F, G e H no município de Chapadinha. ......................... 16
Figura 3. Coleta dos exemplares: A e B coleta da ictiofauna; C e D coleta de
exemplares de macrófitas, encontrados na microrregião de Chapadinha. ............................ 18
Figura 4. Classificação das macrófitas de acordo com o hábito.......................................... 18
Figura 5. Abundância relativa das famílias de peixes capturados, na microrregião de
Chapadinha, Maranhão. ........................................................................................................ 24
Figura 6. Riqueza de espécies de plantas por grupo de macrófitas, na microrregião de
Chapadinha, Maranhão. ........................................................................................................ 26
Figura 7. Riqueza de espécies de peixes associada aos grupos de macrófitas na
microrregião de Chapadinha, Maranhão. ............................................................................. 27
Figura 8. Número de peixes coletados em cada espécie de macrófita na microrregião de
Chapadinha. .......................................................................................................................... 27
Figura 9. Dendograma de similaridade, demonstrando os dois grupos formados: A –
macrófitas com maior diversidade de espécies de peixes; B – macrófitas com menor
diversidade de espécies de peixes. ........................................................................................ 28
10
LISTA DE TABELAS
Tabela 1. Lista das espécies de peixes coletados associadas á macrófitas na microrregião de
Chapadinha, Maranhão. Médias de CP (Cumprimento Padrão) e P (peso), CP máx.
(Cumprimento Padrão máximo), CP mín. (Cumprimento Padrão mínimo), P máx. (Peso
máximo) e P mín. (Peso mínimo). Classificação das macrófitas quanto ao hábito: E
(Emergente), FF (Flutuante Fixa), FL (Flutuante Livre), A (Anfíbia), SF (Submersa Fixa) e SL
(Submersa Livre) .............................................................................................................. 21
Tabela 2.Lista das espécies de macrófitas coletados na microrregião de Chapadinha,
Maranhão. Classificação segundo APG III (2009), nome vernacular e classificação segundo
hábito: E (Emergente), FF (Flutuante Fixa), FL (Flutuante Livre), A (Anfíbia), SF (Submersa
Fixa) e SL (Submersa Livre) .............................................................................................. 24
11
Ictiofauna associada à macrófitas aquáticas na microrregião de Chapadinha,
Maranhão, Brasil.
Maurilene Sousa Costa1& Jorge Luiz Silva Nunes
2
Macrófitas são importantes componentes do ambiente aquático, desempenhando papel na
manutenção desses ecossistemas. Suas relações com a ictiocenose são bastante complexas,
servindo como abrigo contra predadores, local de alimentação e berçário. O objetivo foi
caracterizar aictiofauna associada à macrófitas aquáticas da microrregião de Chapadinha. Foram
capturados 1899 indivíduos, pertencentes a cinco ordens, 14 famílias e 32 espécies, sendo as
ordens mais abundantes Characiformes e Siluriformes. A composição florística foi representada
por 18 espécies de macrófitas, pertencentes a três classes distribuídas em 13 famílias. Foram
registradas em associação com as macrófitas pequenos Characídeos, além de juvenis de espécies
de médio porte como Leporinus piau e Hoplias malabaricus, encontrados principalmente em
bancos formados por macrófitas Flutuantes Fixas e Emergentes. A complexidade de habitats
conferida pela presença de macrófitas aquáticas na região é um fator determinante para a
diversidade de peixes, tendo como papel principal a proteção para peixes pequenos e juvenis,
sendo utilizados como local de forrageio e proteção contra predadores.
Palavras-chave: Peixes de água-doce. Diversidade. Hidrófitas. Plantas. Aquáticas.
Microhabitat.
ABSTRACT: Fish fauna associated with macrophytes in the microregion of Chapadinha,
Maranhao, Brazil.
Macrophytes are important components of the aquatic environment, playing a role in
maintaining these ecosystems. Their relations with the ichthyonenosis are quite complex,
serving as shelter from predators, feeding ground and nursery. The objective was to characterize
the ichthyofauna associated with aquatic macrophytes of the micro region of Chapadinha. 1899
individuals were captured, belonging to five orders, 14 families and 32 species, the most
abundant orders Characiformes and Siluriformes. The floristic composition was represented by
11Laboratório de Organismos Aquáticos - Universidade Federal do Maranhão. Br. 222, Km 4, sn. Bairro Boa
Vista. CEP: 65500-000. Chapadinha, MA, Brasil. [email protected].
2Laboratório de Organismos Aquáticos - Universidade Federal do Maranhão. Br. 222, Km 4, sn. Bairro Boa
Vista. CEP: 65500-000. Chapadinha, MA, Brasil. [email protected].
12
18 species of macrophytes belonging to three class distributed in 13 families. Were recorded in
association with macrophytes the small characid, and juvenile species of medium-sized as
Leporinus piau and Hoplias malabaricus, found primarily in banks formed by macrophytes
floating fixed and emerging. The complexity of habitats afforded by the presence of aquatic
macrophytes in the region is a determinant of fish diversity factor, having as main role
protection for small and juvenile fish, being used as a site for foraging and protection from
predators, thus playing the role of great importance throughout the life of many fish species in
the region.
Keywords: Freshwater fish. Diversity. Hydrophytes. Aquatic plants. Microhabitat.
13
1. INTRODUÇÃO
As macrófitas aquáticas geralmente formam estruturas complexas resultantes do
agrupamento de vários indivíduos da mesma espécie ou misturadas, fornecendo
microhabitats variados para as comunidades aquáticas (Townsend, 1989; Esteves &
Camargo, 1986; Mitsch & Gosselink, 1993; Delariva et al., 1994; Petry et al., 2003;
Thomaz &Bini, 2003).
Portanto, a complexidade de habitat normalmente pode ser utilizada para inferir
diversidade da comunidade (Weaver et al., 1997). Assim, quanto maior a complexidade
do banco de macrófitas, maior será a diversidade de alimento, riqueza, biomassa e
abundância da ictiofauna associada (Petry et al., 2003; Dibble& Thomaz, 2006;
Agostinho et al., 2007; Sánchez-Botero et al., 2008).
A associação entre peixes e macrófitas é bastante conhecida na literatura, sendo
registrada para corpos d’água naturais e artificiais (Nurminen, 2003; Schiesari, 2003;
Agostinho et al., 2007). A comunidade de peixes que utilizam esses microhabitats é
formada por indivíduos jovens e adultos de pequeno porte, além de juvenis de espécies
de médio e grande porte (Barnett & Schneider, 1974; Delariva et al., 1994; Sánchez-
Botero et al., 2007).
As macrófitas aquáticas desempenham um importante papel para a comunidade de
peixes, pois funcionam como local para desova, desenvolvimento de formas juvenis,
bem como sítio para forrageio e abrigo contra predadores (Lowe-Mcconnell, 1987;
Machado-Allison, 1987; Casatti et al., 2003; Valbo-Jørgensen et al. , 2000; Schiesari,
2003; Pelicice& Agostinho, 2006; Súarez et al.,2013).
A fase inicial do desenvolvimento dos peixes é considerada crítica, pois há um
maior risco de predação e aumento da mortandade. Portanto, para sobrepujar as pressões
iniciais algumas estratégias são aplicadas. Com isso os indivíduos juvenis requerem
ambientes com maior complexidade com alta disponibilidade de alimentos, para evitar
predadores e crescer (Agostinho et al., 2003), a utilização das macrófitas pelos juvenis
não é apenas como berçário, mas principalmente como local de forrageio, por possuírem
14
disponibilidade de recursos alimentares elevada, e com estas condições favoráveis
várias espécies garantem sua sobrevivência até atingirem uma fase da vida em que
diminuir a predação sobre si (Milani et al., 2010; Soares, 2013).
Compreendendo as relações da ictiofauna com o ambiente e as mudanças
ocorrentes ao longo do tempo nos leva a entender a dinâmica nestes ambientes e a
estrutura da comunidade ictia (Eggleton et al., 2005), Dessa forma, a importância da
relação entre os peixes e as plantas aquáticas nos permiti inferir sobre o papel destas
para o desenvolvimento da ictiofauna. Tendo assim como hipótese que as macrófitas
influenciam na estruturação da ictiofauna local, sendo utilizadas principalmente nas
fases iniciais do desenvolvimento. Este trabalho teve por objetivo caracterizar a
associação entre a ictiofauna e a comunidade de macrófitas aquáticas presentes na
microrregião de Chapadinha a fim de compreender a relação entre estas.
2. MATERIAIS E MÉTODOS
2.1. Área de estudo
A microrregião de Chapadinha está localizada em uma região de Cerrado,
caracterizado por formações abertas de árvores e arbustos baixos com uma camada
rasteira de gramíneas. Além destas fisionomias existem os campos limpos, formações
arbóreas (Costa, 1997), florestas ombrófilas e matas ciliares (Brito et al., 2006). O
período chuvoso vai de Dezembro a Julho e o período de seca de Agosto a Novembro
(Nogueira et al., 2012) .
Foram utilizados cinco pontos amostrais: os povoados Cedro e Riacho Fundo em
Chapadinha na bacia do rio Munin, os povoados Campineira e São Lourenço e um
ponto dentro da cidade de Anapurus na bacia do rio Preguiças (Figura 1). A mata ciliar
encontrada nos pontos localizados no município de Chapadinha era configurada pela
presença de palmeiras de babaçu (Orbignya speciosa), árvores com ramos
dependurados na água, a exemplo da ingazeira (Inga sp.), inúmeros arbustos e ervas
sem tronco lenhoso.Os pontos amostrais no município de Anapurus são caracterizados
pela presença de buritizais (Mauritia vinifera) e pela presença de grande quantidade de
macrófitas em suas margens (Figura 2).
16
Figura . Locais de amostragem na microrregião de Chapadinha, características A, B, C e D no
município de Anapurus, E, F, G e H no município de Chapadinha.
A B
F E
D C
B
G H
17
2.2. Amostragem
As coletas foram realizadas entre os meses de janeiro e julho de 2013 com a
utilização de redes manuais que possuíam 60 cm de diâmetro e malha com 6 mm entre
nós opostos. Os bancos de macrófitas foram selecionados de acordo com a dominância
dos tipos morfológicos e em cada local de amostragem foram realizados três lances
consecutivos. Posteriormente os peixes capturados foram fixados em formol a 10%,
ainda em campo. Em seguida o material biológico foi levado para o laboratório, onde
foram conservados em frascos de vidro contendo solução alcoólica a 70% para posterior
identificação e biometria (comprimento total e peso). As mostras vegetais de cada banco
de macrófitas tiveram a confecção de exsicatas e posterior identificação (Figura 3).
A ictiofauna associada aos bancos de macrófitas foi identificada de acordo com
Géry (1977), Britto et al. (2003), Santos et al. (2004), Soares (2005), Soares et al.
(2008) e Fish Base. A lista de espécies foi organizada seguindo a classificação proposta
por Nelson (2006). A identificação das macrófitas foi realizada de acordo com Lima et
al. (2011) e Rial (2009) e a classificação de acordo com APG III (2009).
A B
C D
18
Figura . Coleta dos exemplares: A e B coleta da ictiofauna; C e D coleta de exemplares de
macrófitas, encontrados na microrregião de Chapadinha.
.
As macrófitas foram classificadas de acordo com o hábito de cada espécie,sendo
divididas em seis categorias adaptadas dos trabalhos de Brito (1983), Pedralli (1990) e
Murphy (2000): 1- Anfíbias:plantas capazes de viver tanto em áreas alagadas como fora
da água; 2- Emergentes: plantas enraizadas no fundo, parcialmente submersas e
parcialmente fora da água; 3- Flutuantes fixas: enraizadas no fundo com caule e/ou
folhas flutuantes; 4- Submersas livres: não enraizadas no fundo, com caule e folhas
submersas; 5- Submersas fixas: enraizadas no fundo, totalmente submersas; 6-
Flutuantes livres: enraizadas no fundo, podendo ser levadas por correnteza, ventos e
animais (Figura 4).
Figura . Classificação das macrófitas de acordo com o hábito.
2.3. Análise dos dados
Foram avaliados dados quantitativos de abundância, diversidade e riqueza da
ictiofauna associada aos bancos de macrófitas, obtidos da seguinte forma:
19
Abundância: número de peixes coletados por espécie; número de peixes coletados
por espécie de macrófita; número de peixes coletados por categoria de macrófita.
Diversidade de Shannon-Wiener (Krebs, 1989):
H’ = S (pi). log2 (pi)
Onde: H’= diversidade de espécies (bits/indivíduo); pi = proporção da espécie i
na comunidade.
Riqueza absoluta: quantidade de espécies de peixes ocorreram na área de estudo.
Sendo avaliado o número total de espécies, e por espécie de macrófita.
Análise de agrupamento foi utilizada para comparar a composição ictiofaunística
entre as espécies de macrófitas, tendo como critério de agrupamento escolhido o
UPGMA, método de Ward’s, aplicada a uma matriz de dados binários de presença e
ausência de espécies de peixes, para esta análise foi utilizado o programa
Paleontological Statistics- PAST versão 1.79 (Hammer et al., 2001).
20
3. RESULTADOS
3.1. Composição ictiofaunística
Foram capturados 1.899 indivíduos pertencentes a cinco ordens, 14 famílias e 32
espécies. As ordens mais especiosas foram Characiformes com sete famílias e
19espéciesea ordem Siluriformes com três famílias e sete espécies. Os valores de
comprimento padrão dos exemplares variaram entre 10 mm e 203 mm, Astyanax sp.
1(CP=38,1), Aphyocharax sp.(CP=27,64), Curimatella sp. (CP=29,33) e Nannostomus
sp.(CP=36,55) espécies de pequeno porte e L. piau (CP=52,3), H. malabaricus
(CP=27,98), S. marginatus (CP=69,59), P. blochii (CP=18,6), T. signatus (CP=23,7), S.
dissimilis (CP=30,95)e H. microlepis (CP=21,69). Todas as espécies capturadas estão
descritas na Tabela 1, com seus respectivos comprimento padrão (cm) e peso total(g).
21
Tabela . Lista das espécies de peixes coletados associadas á macrófitas na microrregião de Chapadinha, Maranhão. Médias de CP (Cumprimento Padrão) e P (peso), CP máx. (Cumprimento
Padrão máximo), CP mín. (Cumprimento Padrão mínimo), P máx. (Peso máximo) e P mín. (Peso mínimo). Classificação das macrófitas quanto ao hábito: E (Emergente), FF (Flutuante Fixa), FL
(Flutuante Livre), A (Anfíbia), SF (Submersa Fixa) e SL (Submersa Livre).
Média CP (mm)
± e.p
CP máx.
(mm)
CP mín.
(mm)
Média P (g)
± e.p
P máx. (g) P mín.
(g)
Abundância
%
Hábito Macrófita
Ordem Characiformes
Família Hemiodontidae
Hemiodus microlepis Kner, 1858 21,69 ± 3,07 45,80 19,40 0,75 ± 0,11 0,85 0,02 0,05 FF
Família Curimatidae
Curimatella sp. 29,33 ± 2,5 54,10 15,50 0,29 ± 0,08 1,19 0,06 8,70 FF; FL; E; A
Família Anostomidae
Leporinus piau Fowler, 1941 52,3 ± 5,65 78,50 20,10 1,95 ± 0,58 6,28 0,04 1,95 FF; E; A
Schizodon dissimilis (Garman, 1890) 30,95 ± 5,05 45,50 35,40 0,67 ± 0,27 0,94 0,40 0,53 E; A
Família Erythrinidae
Hoplias malabaricus (Bloch, 1794) 27,98 ± 2,32 68,90 19,00 0,41 ± 0,20 4,90 0,03 2,16 FF; FL; E; A
Família Lebiasinidae
Nannostomus sp. 27,0 ± 0,28 33,30 17,70 0,16 ± 0,01 0,30 0,01 11,76 FF; SF; SL; E
Família Gasteropelecidae
Gasteropelecus levis (Eigenmann, 1909) 25,3 ± 0,30 25,60 25,00 0,10 ± 0,01 0,11 0,10 0,11 FF; E
Família Characidae
Aphyocharax sp. 27,64 ± 1,63 50,30 42,00 0,20 ± 0,14 0,97 0,25 32,17 FF; FL; SF; E;A
22
Astyanax sp. 1 38,1 ± 0,48 38,90 10,00 0,56 ± 0,01 0,54 0,01 17,93 FF; FL; SF; SL; E;
A
Astyanax sp. 2 35,64 ± 64 49,00 14,60 0,38 ± 0,02 0,97 0,01 1,27 FF; E; A
Charax leticeae Lucena 1987 48,23 ± 1,70 53,20 45,60 0,84 ± 0,03 0,84 0,69 0,16 A
Hemigramuss p. 30,18 ± 2,97 40,80 15,00 0,16 ± 0,03 0,31 0,01 0,05 FF
Moenkhausia sp. 57,26 ± 0,47 67,80 52,90 1,63 ± 0,06 3,04 0,79 3,11 FF; FL; E; A
Nannocharax sp. 36,55 ± 2,10 37,00 14,50 0,52 ± 0,03 0,42 0,02 3,80 FF; FL; E; A
Poptella sp. 24,95 ± 1,22 38,60 16,80 0,20 ± 0,03 0,64 0,03 2,48 FF; FL; E; A
Pristella sp. 25,97 ± 0,61 36,40 27,90 0,17 ± 0,02 0,43 0,13 0,53 FF; SF; E; A
Serrasalmus marginatus Valenciennes, 1837 69,59 ± 11,88 63,30 16,30 1,38 ± 0,16 2,71 0,05 1,42 FF; SF; E
Triportheus signatus (Garman, 1890) 23,7 ± 6,82 46,80 26,30 0,34 ± 0,25 0,84 0,09 0,21 FF; FL
Ordem Siluriformes
Família Pimelodidae
Pimelodus blochii Valenciennes, 1840 18,6 ± 0,00 67,50 67,50 2,00 ± 0,00 2,00 2,00 0,05 A
Família Callichthyidae
Corydoras sp. 45,83 ± 0,77 48,10 44,80 1,76 ± 0,12 1,96 1,40 0,16 FF; SF; E
Família Loricariidae
Ancistrus sp. 64,9 ± 0,00 64,90 64,90 3,94 ± 0,00 3,94 3,94 0,05 FF
Hypostomus cf. plecostomus (Linnaeus, 1758) 18,82 ± 0,86 25,75 15,60 0,03 ± 0,01 0,06 0,01 0,95 FF; FL; E; A
Hypoptopoma sp. 24,68 ± 7,78 67,80 34,10 2,12 ± 0,65 3,26 0,26 0,32 E
Loricaria sp. 20,7 ± 4,52 42,35 27,00 0,10 ± 0,01 0,08 0,04 0,05 E
Lorycarichthys sp. 34,8 ± 4,52 105,90 105,90 3,39 ± 0,01 3,79 3,79 0,21 FF; E
23
Ordem Gymnotiformes
Família Sternopygidae
Sternopygus macrurus (Bloch & Schneider, 1801) 61,04 ± 2,74 203,00 69,50 1,89 ± 1,08 12,60 0,49 0,47 FF; E; A
Família Gymnotidae
Gymnotus sp. 30,9 ± 0,10 31,00 30,80 0,12 ± 0,02 0,13 0,10 0,11 FF
Ordem Perciformes
Família Cichlidae
Aequidens tetramerus (Heckel, 1840) 24,93 ± 1,51 86,60 12,10 0,84 ± 0,23 12,85 0,02 5,75 FF; FL; SF; E
Crenicichla menezesi Ploeg, 1991 58,49 ± 8,01 105,60 23,70 2,90 ± 1,01 10,87 0,10 0,58 FF; FL; E; A
Geophagus surinamensis (Bloch, 1791) 49,67 ± 5,55 77,30 20,30 2,38 ± 0,71 6,83 0,10 0,53 FF; E; A
Apistogramma piauienses (Kullander, 1980) 26,53 ± 2,00 45,20 15,90 0,37 ± 0,08 1,37 0,03 1,11 FF; E
Ordem Cyprinodontiformes
Família Poeciliidae
Poecilia vivípara Bloch & Schneider, 1801 30,98 ± 1,27 30,40 10,20 0,31 ± 0,02 0,31 0,04 1,27 FF; FL; SF; E
24
A família Characidae foi a mais abundante representando 63,13% do total de
indivíduos coletados, seguida pela família Lebiasinidae (11,76%) e pelas famílias
Curimatidae (8,70%) e Cichlidae (7,96%) (Figura 5).
Figura . Abundância relativa das famílias de peixes capturados, na microrregião de
Chapadinha, Maranhão.
3.2. Composição florística
Foram coletadas 18 espécies de macrófitas, pertencentes a três classes e11
famílias. A classe Pteridophyta representada por duas famílias, classe Liliopsida
representada por três famílias, incluindo Alismataceae e Cyperacea que foram as mais
especiosas, classe Magnoliopsidae representada por seis famílias (Tabela 2).
0,00 10,00 20,00 30,00 40,00 50,00 60,00 70,00
Characidae
Lebiasinidae
Curimatidae
Cichlidae
Anastomidae
Erythrinidae
Loricariidae
Poeciliidae
Sternopygidae
Callichthyidae
Gymnotidae
Gasteropelecidae
Pimelodidae
Hemiodontidae
25
Tabela 2. Lista das espécies de macrófitas coletados na microrregião de Chapadinha,
Maranhão. Classificação segundo APG III (2009), nome vernacular e classificação segundo
hábito: E (Emergente), FF (Flutuante Fixa), FL (Flutuante Livre), A (Anfíbia), SF (Submersa
Fixa) e SL (Submersa Livre).
Nome vernacular Hábito
Pteridophyta
Marsileaceae
Marsilea polycarpa Hook. & Grev. Trevo FF
Salviniaceae
Salvinia sp. Tapete FL
Liliopsida
Alismataceae
Sagittaria sp. Água-pé FF
Xantosoma sp. E
Montrichardia sp. Aninga E
Cyperaceae
Eleocharis sp. Junco E
Websteria sp. Capim FF
Cyperus sp. Capim estrela E
Poaceae
Paspalum sp. Capim E
Eichhornia sp. Mururu E
Magnoliopsidae
Cambombaceae
Cambomba sp. SF
Lentibularoacea
Utricularia sp. SL
Lythraceae
Cuphea sp. Erva-de-bicho A
Nymphaeacea
Nymphaea sp.1 Água-pé FF
Nymphaea sp.2 Água-pé FF
Onagraceae
Ludwigia sp. Cruz-de-malta FF
Ludwigia octavalvis (Jacq.) Raven - FL
Scrophulariaceae
26
Scoparia sp. Vassourinha A
Observou-se a predominância de macrófitas pertencentes ao grupo das
Flutuantes Fixas e Emergentes, representados por seis espécies, seguidos por espécies
Flutuantes Livres (2), os grupos Anfíbias e Flutuantes Livres representadas por duas
espécies,Submersas Fixas e Submersas Livres representadas por uma espécie cada
(Figura 6).
Figura . Riqueza de espécies de plantas por grupo de macrófitas, na microrregião de
Chapadinha, Maranhão.
3.3. Associação entre peixes e macrófitas aquáticas
Analisando a distribuição da ictiofauna dentre as categorias estabelecidas
segundo o hábito das macrófitas, notou-se uma forte relação entre aictiofauna e as
macrófitas Emergentes e Flutuantes fixas, sendo observadas respectivamente 25 e 26
espécies de peixes associados às plantas pertencentes a estas categorias. As macrófitas
0 1 2 3 4 5 6 7
Flutuante Fixa
Emergente
Anfíbia
Flutuante Livre
Submersa Fixa
Submersa Livre
Riqueza de espécies de macrófitas
Háb
ito
27
pertencentes às categorias Anfíbias, Flutuantes livres e Submersas Fixas foram
representadas por 17, 13 e 9 espécies. A menor associação foi apontada para as
macrófitas Submersas Livres representada por apenas duas espécies (Figura 7).
Figura . Riqueza de espécies de peixes associada aos grupos de macrófitas na microrregião de
Chapadinha, Maranhão.
Considerando o número de peixes capturados em cada espécie de macrófita, a
espécie Nynphaea sp.1apresentou a maior abundância de peixes, sendo coletados 423
individuos, seguidas por Ludwigia sp.(N=351) e Eleocharis sp. (N=251) (Figura 8).
Figura . Número de peixes coletados em cada espécie de macrófita na microrregião de
Chapadinha.
0 5 10 15 20 25 30
Flutuante Fixa
Emergente
Anfíbia
Flutuante Livre
Submersa Fixa
Submersa Livre
Riqueza de Espécies de Peixes
Há
bit
o/M
acr
ófi
ta
0 50 100 150 200 250 300 350 400 450
Nymp1
Eleo
Mpoly
Cype
Nymp2
Webs
Scop
Eich
Utri
Número de Peixes
28
A similaridade ictiofaunística entre as macrófitas apontada pela análise de
Cluster mostra a existência de dois agrupamentos de espécies de macrófitas,
compartilhando as mesmas espécies de peixes. Estes dois grupos de macrófitas foram
subdivididos em agrupamentos menores, caracterizados pela diversidade de espécies de
peixes observada, ambos os agrupamentos estiveram representados principalmente por
macrófitas Flutuantes Fixas e Emergentes. Foi observada a existência de um padrão
regular de ocupação das macrófitas pelas diferentes espécies de peixes, sendo
estabelecida a presença das mesmas espécies em macrófitas de hábitos diferentes,
apontando que uma parcela da ictiofauna associada está em trânsito constante entre os
diferentes bancos (Figura 9).
Figura . Dendograma de similaridade, demonstrando os dois grupos formados: A – macrófitas
com maior diversidade de espécies de peixes; B – macrófitas com menor diversidade de
espécies de peixes.
A B
29
4. DISCUSSÃO
Os resultados obtidos demonstram a predominância de pequenos Characídios e
juvenis de espécies de médio porte, predominantemente associados à macrófitas de
hábitos Flutuantes Fixas e Emergentes. A predominância desses Characiformes em
associação a bancos de macrófitas é comum em rios tropicais(Meschiatti et al., 2000;
Sánchez-Botero, 2000),existindo uma hierarquia onde a ordem Characiformes possui
alta representatividade dentro das assembléias de peixe, em geral seguida pelas ordens
Perciformes e Siluriformes(Pacheco & da Silva, 2009; Milani et al., 2010; Súarez et al.,
2013; Soares et al., 2014) também apontada por Casatti et al. (2003), Prado et al.
(2009) e Costa et al. (2011)que apontam a existência de uma estreita relação das
espécies dessa ordem com bancos de macrófitas.
No presente trabalho as espécies mais abundantes foram Aphyocharax sp.,
Astyanax sp.1 e Nannostomus sp. somando 61,87% do total de indivíduos amostrados,
sendo estes Characiformes de pequeno porte, podendo atingir cerca de 100mm de
comprimento. A prevalência destes indivíduos nos permitiu inferir que os bancos de
macrófitas são amplamente utilizados por indivíduos como abrigo contra predadores,
local de forrageio e berçário, uma vez que foram coletados indivíduos com
cumprimento padrão a partir de 10mm. Na literatura a associação entre pequenos
Characiformes e bancos de macrófitas se dá principalmente pela necessidade destes por
locais que sejam utilizados como abrigo, locais de forrageio, berçários e para desova,
sendo assim os principais colonizadores destes ambientes (Meschiatti et al., 2000; Petry
et al., 2003; Agostinho et al., 2007; Pacheco & Da-Silva, 2009; Milani et al., 2010;
Prado, 2010; Silva, 2010).
A presença de espécies de médio e grande porte como L. piau, H. malabaricus,
S. marginatus, P. blochii, T. signatus, S. dissimilis e H. microlepis, que são conhecidas
na literatura por apresentarem tamanhos máximo de maturação variando entre 250 mm e
500 mm, aqui os valores de comprimento padrão variaram entre 10mm e 203mm,
demonstra que estas espécies utilizam os bancos de macrófitas nas primeiras fases de
vida o que diminui a predação aumentando assim a taxa de sobrevivência destas
espécies. Pelicice (2006) evidencia que algumas espécies podem utilizar os bancos de
30
macrófitas na fase larval ou juvenil e na fase adulta explorar as águas abertas.
Agostinho et al. (2003) confirmam a presença de indivíduos jovens de formas
sedentárias como Hoplias, Serrasalmus, Geophagus, gymnotoides e curimatídeos, e a
presença de indivíduos migradores de grande porte como Leporinus, Pimelodus e
Prochilodus.
A diversidade de espécies de peixes foi maior em bancos formados por
macrófitas Emergentes e Flutuantes Fixas, caracterizadas por colonizarem as margens,
onde foram encontradas respectivamente 25 e 26 espécies de peixes, isto pode ser
explicado pela alta complexidade dos habitats formados por este tipo de macrófitas que
possuem suas raízes e caule submersos e entrelaçados, além de serem encontradas em
grande número na região estudada (observação pessoal). Silva (2011) relata a relação de
peixes com espécies de macrófitas emergentes como sendo relacionada com suas
características fisio-morfológicas que lhes permite colonizar principalmente as regiões
marginais dos lagos e lagoas. Gorman e Karr (1978) apontam a complexidade do habitat
como fator determinante das características da comunidade de peixes, principalmente
componentes horizontais, como as macrófitas, fato também apontado por Petry et al.
(2003) e Agostinho et al. (2003) que trazem, além da complexidade, a forma de
distribuição destes bancos no ambiente como fator determinante da comunidade de
peixes.
Bozza e Hahn (2010) evidenciaram uma forte relação entre a colonização dos
bancos de macrófitas e a ecologia trófica, demonstrando a interação entre as espécies
que colonizam permanentemente os bancos de macrófitas e aquelas que os utilizam
apenas como sítio de forrageio ou as que colonizam estes ambientes principalmente
durante a fase juvenil. A forte relação entre os bancos de macrófitas e organismos
aquáticos consistem de larvas de insetos até crustáceos, permitindo que ocorra a
presença de espécies peixes de diferentes guildas tróficas como insetívoras e bentívoras
(Ximenes et al.,2011).
A similaridade entre a composição da ictiofauna associada aos diferentes bancos
de macrófitas nos permite inferir a exploração de diferentes macrófitas por várias
espécies de peixes em um mesmo local, tendo espécies como Astyanax sp. 1 e
Aphyocharax sp. que foram encontradas em cinco dos seis tipos de macrófitas. Schaefer
et al.(1994), consideram que estas plantas são responsáveis por alterações diretas ou
31
indiretas no comportamento dos peixes afetando as interações predador-presa. Este
papel também é apontado por Baginsk et al.(2011) que atribui á maior disponibilidade
de abrigos e local de alimentação, proporcionados pelos bancos de macrófitas que
conferem grandes vantagens para as espécies de peixes capazes de explorarem esses
refúgios ecológicos formados pela vegetação.
Concluímos que a complexidade de habitats conferida pela presença de
macrófitas aquáticas na região é um fator determinante para a diversidade de peixes,
sendo utilizadas principalmente por peixes pequenos e juvenis, como local de forrageio
e abrigo contra predadores. Essa grande complexidade entre os tipos de relações
estabelecidas entre a ictiofauna e os bancos de macrófitas permite inferir que estas
desempenham uma grande importância ao longo da vida de muitas espécies de peixes.
5. LITERATURA CITADA
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