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UNIVERSIDADE FEDERAL DOS VALES DO JEQUITINHONHA E MUCURI Curso de Química Kelton Rodrigues de Souza AVALIAÇÃO DO POTENCIAL DO CALDO E DO BAGAÇO DA CASCA DE EUCALIPTO PARA PRODUÇÃO DE BIOETANOL DE PRIMEIRA E SEGUNDA GERAÇÃO Diamantina 2016

UNIVERSIDADE FEDERAL DOS VALES DO JEQUITINHONHA E …site.ufvjm.edu.br/dequi/files/2017/07/Kelton.pdf · desertificação, perda de áreas agricultáveis, chuvas ácidas, ilhas de

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UNIVERSIDADE FEDERAL DOS VALES DO JEQUITINHONHA E MUCURI

Curso de Química

Kelton Rodrigues de Souza

AVALIAÇÃO DO POTENCIAL DO CALDO E DO BAGAÇO DA CASCA DE

EUCALIPTO PARA PRODUÇÃO DE BIOETANOL DE PRIMEIRA E SEGUNDA

GERAÇÃO

Diamantina

2016

Kelton Rodrigues de Souza

AVALIAÇÃO DO POTENCIAL DO CALDO E DO BAGAÇO DA CASCA DE

EUCALIPTO PARA PRODUÇÃO DE BIOETANOL DE PRIMEIRA E SEGUNDA

GERAÇÃO

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao curso

de licenciatura em Química, como parte dos

requisitos exigidos para sua conclusão.

Orientador: Prof. Dr. Alexandre Soares dos Santos

Diamantina

2016

RESUMO

Nas últimas décadas têm se intensificado a busca e pesquisas por novas fontes para produção

de etanol a partir de biomassas lignocelulósicas. Neste sentido, este trabalho teve como objetivo

avaliar o potencial do caldo e do bagaço da casca de duas espécies de eucalipto, um híbrido de

Eucalyptus urophylla, clone 144, e um híbrido tri-cross de Eucalyptus urophylla x E.

camaldulensis x E. grandis, clone 2111, para a produção de bioetanol. O caldo foi obtido por

processo de prensagem manual das cascas e foi posteriormente fermentado a partir do inoculo

da levedura Saccharomyces cerevisiae na proporção de 3% do meio. O teor de etanol

quantificado no final do processo fermentativo foi de 11,35 g L-1 e 4,47 g L-1 para o clone 144

e clone 2111, respectivamente. Os resultados apresentaram também Yp/s de 0,4890 e 0,3911,

EF 95,69% e 76,53% e Qp de 0,7942 g L-1 h–1 e 0,7431 g L-1 h–1 respectivamente para as

amostras. A estimativa da produção de etanol a partir da fração holocelulósica, indica ainda que

podem ser produzidos até 410 L de etanol por tonelada de casca, caracterizando essa biomassa

como uma promissora matéria-prima para a produção de bioetanol.

Palavras chave: Biomassa vegetal. Etanol celulósico. Carboidratos. Fermentação.

ASTRACT

Over the last decades, strategy researches have been intensified to provide new sources to

bioethanol production with good yields from lignocellulosic biomass. In this context, that

work aimed to evaluate the potential of the broth and bark of eucalyptus bagasse of two

species, a hybrid of Eucalyptus urophylla, clone 144, and hybrid of Eucalyptus urophylla x

E. camaldulensis x E. grandis, clone 2111, for the bioethanol production. The broth were

extracted by manual pressing from eucalyptus bark and then it was fermentable by

Saccharomyces cerevisiae at 3% m/v. The final ethanol quantity resulted in a concentration

of 11,35 g L-1 and 4,47 g L-1 for clone 144 and clone 2111, respectively. The results have

presented also Yp/s 0,4890 and 0,3911; EF 95,69% and 76,53%; and Qp 0,7942 g L-1 h–1

and 0,7431 g L-1 h–1 for the same samples respectively. The estimate of ethanol production

from holocellulosic fraction showed that it could be produced up to 410 liters of ethanol per

ton of bark, featuring this biomass as a promising raw material for the production of

bioethanol.

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Estrutura lignocelulósica da biomassa vegetal. ....................................................... 15

Figura 2 - Estrutura molecular da celulose, celobiose com ligação β-glicosídica. ................... 16

Figura 3 - Estruturas químicas dos monômeros constitutivos da hemicelulose. ...................... 17

Figura 4- Estrutura representativa de L-arabino-(4-O-metil-D-glucurono)-D-xilana: 1)

Xilopiranose; 2) L-arabinofuranose; 3) ácido 4-O-metil-glucurônico; 4) grupo acetil. ........... 18

Figura 5 - Estrutura dos álcoois precursores da lignina............................................................ 19

Figura 6 - Diferentes rotas tecnológicas para a produção de etanol a partir de diferentes

biomassas. ................................................................................................................................. 20

Figura 7 - Comparação entre a produtividade do eucalipto no Brasil, Austrália e EUA. ........ 22

Figura 8 - Área e distribuição de plantios com eucalipto nos estados do Brasil no ano de 2012.

.................................................................................................................................................. 23

Figura 9 - Representação de uma curva analítica típica, utilizando glicose como padrão para

quantificação dos açúcares redutores (AR). ............................................................................. 29

Figura 10 - Representação de uma curva analítica típica, utilizando EtOH como padrão para

quantificação de EtOH presente no caldo fermentado. ............................................................ 37

Figura 11 - Aspecto das cascas de Eucalyptus urophylla, clone 144, recebidas no LabBBio,

antes e depois de serem prensadas. ........................................................................................... 39

Figura 12 - Aspecto do caldo das cascas dos clones de Eucalyptus urophylla, e híbrido tri-

cross de Eucalyptus urophylla x E. camaldulensis x E. grandis, obtido após prensagem manual

apresentados em diferentes ângulos. ........................................................................................ 40

Figura 13 - Cinética do processo fermentativo do caldo da casca de Eucalyptus urophylla,

clone 144. ................................................................................................................................. 44

Figura 14 - Cinética do processo fermentativo do caldo da casca do híbrido tri-cross de

Eucalyptus urophylla x E. camaldulensis x E. grandis, amostra 2111. .................................... 44

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Composição química de algumas biomassas lignocelulósicas. ............................... 14

Tabela 2 - Teores de carboidratos da madeira de seis espécies de eucalipto. .......................... 24

Tabela 3 - Caracterização física e volume obtido após prensagem da casca de Eucalyptus

urophylla, e híbrido tri-cross Eucalyptus urophylla x E. camaldulensis x E. grandis, clones

144 e 2111 respectivamente. .................................................................................................... 40

Tabela 4 - Caracterização química do caldo da casca de Eucalyptus urophylla, clone 144 e

híbrido tri-cross de Eucalyptus urophylla x E. camaldulensis x E. grandis, clone 2111 (valores

expressos em unidades Média ± desvio padrão). ..................................................................... 41

Tabela 5 - Composição química do bagaço das cascas de Eucalyptus urophylla, clone 144, e

híbrido tri-cross de Eucalyptus urophylla x E. camaldulensis x E. grandis, clone 2111. ........ 41

Tabela 6 - Teores de EtOH produzido a partir do caldo da casca dos dois clones de eucalipto,

rendimento do processo e eficiência fermentativa. .................................................................. 45

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 9

2 OBJETIVOS ....................................................................................................................... 11

2.1 Objetivo Geral ................................................................................................................. 11

2.2 Objetivos Específicos ....................................................................................................... 11

3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ......................................................................................... 12

3.1 Etanol: primeira e segunda geração .............................................................................. 12

3.2 Biomassas Lignocelulósicas ............................................................................................ 14

3.2.1 Celulose .......................................................................................................................... 15

3.2.2 A fração hemicelulósica ................................................................................................. 16

3.2.3 Lignina ............................................................................................................................ 18

3.3 Biomassas utilizadas na produção do etanol de primeira e segunda geração............ 19

3.3.1 Eucalipto ......................................................................................................................... 21

3.3.1.1 Casca de Eucalipto ....................................................................................................... 25

3.4 Fermentação Alcoólica .................................................................................................... 25

4 METODOLOGIA .............................................................................................................. 27

4.1 Aquisição da matéria-prima ........................................................................................... 27

4.2 Obtenção do caldo e do bagaço das cascas dos clones de eucalipto ............................ 27

4.2.1 Análises químicas do caldo extraído dos clones de eucalipto ...................................... 28

4.2.1.1 Sólidos Solúveis Totais (SST) ....................................................................................... 28

4.2.1.2 pH ................................................................................................................................. 28

4.2.1.3 Açúcares Redutores (AR) .............................................................................................. 28

4.2.1.4 Glicose .......................................................................................................................... 29

4.2.2 Análises químicas do bagaço excedente da extração do caldo dos clones de

eucalipto... ................................................................................................................................ 30

4.2.2.1 Umidade ........................................................................................................................ 30

4.2.2.2 Cinzas ........................................................................................................................... 31

4.2.2.3 Fibras solúveis em detergente ácido (FSDA) ............................................................... 31

4.2.2.4 Fibras solúveis em detergente neutro (FSDN) ............................................................. 32

4.2.2.5 Celulose ........................................................................................................................ 32

4.2.2.6 Lignina .......................................................................................................................... 33

4.2.2.7 Hemicelulose ................................................................................................................. 34

4.2.2.8 Açúcares Solúveis Totais (AST) e Amido ...................................................................... 34

4.3 Potencial teórico da produção de etanol a partir do bagaço da casca do eucalipto .. 35

4.4 Fermentação do caldo obtido das cascas dos clones de eucalipto e monitoramento do

Bioprocesso .............................................................................................................................. 35

4.5 Determinação do teor de etanol (EtOH) ........................................................................ 36

4.6 Fator de rendimento alcoólico (Yp/s), eficiência fermentativa (EF) e produtividade

volumétrica (Qp) ..................................................................................................................... 37

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO ....................................................................................... 39

5.1 Extração e caracterização química do caldo das cascas de eucalipto ......................... 39

5.2 Caracterização química do bagaço da casca dos clones de eucalipto ......................... 41

5.3 Fermentação do caldo da casca de eucalipto ................................................................ 43

5.4 Teor de etanol, Rendimento alcoólico e Eficiência fermentativa e Produtividade

volumétrica .............................................................................................................................. 45

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................ 47

7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................. 48

9

1 INTRODUÇÃO

A produção e o consumo energético têm importância fundamental no planejamento, no

desenvolvimento econômico e estratégico do crescimento de uma nação. Diante disso, diversas

decisões tomadas são baseadas neste potencial enérgico, ou seja, na capacidade de geração,

armazenamento e distribuição de energia. Neste sentido, demandas por energias de cunho

sustentável e ecologicamente viáveis tem chamado a atenção de diversos países, que têm

investido em pesquisas à procura por fontes de combustíveis alternativos renováveis, para que

possam suprir sua necessidade de consumo.

A maior parte da energia primária produzida e consumida hoje no mundo é oriunda de

fontes não renováveis, como carvão mineral, petróleo e gás natural. Estas três grandes fontes

representam cerca de 86 % de toda energia consumida no nosso planeta, e em 2020 este valor

será de aproximadamente 82 % (WORLD ENERGY RESOURCES, 2016; BP GLOBAL, 2015;

KEY WORLD ENERGY STATISTICS, 2015). Esta situação segundo Araujo et al., (2013),

coloca grande parte dos países em vulnerabilidade estratégica devido a possibilidade de

esgotamento desses recursos, mesmo em longo prazo, a oscilação dos preços nos mercados

internacionais e consequentemente de todos os seus derivados. Além disso, devemos considerar

o aumento da temperatura terrestre, causado pela emissão de gases de efeito estufa e poluentes

pesados pelos combustíveis fósseis, ocasionando também o derretimento das calotas polares e

intensificação de fenômenos climáticos extremos como: secas, inundações, ciclones,

desertificação, perda de áreas agricultáveis, chuvas ácidas, ilhas de calor e problemas

respiratórios na população dos grandes centros urbanos (ELLIOT et al., 2016; WANG &

CHAMEIDES, 2016). Diante disso, podemos observar o interesse cada vez maior pelo

desenvolvimento de tecnologias para a produção e uso dos biocombustíveis a partir do

aproveitamento de biomassas e resíduos agroindustriais.

O Brasil tem se destacado como grande precursor por buscas de fontes renováveis de

energia e conta com cerca de 46,8% de sua matriz energética composta por fontes renováveis

(ARAUJO et al., 2013). Foi um dos pioneiros no incentivo e na busca de tecnologias para a

produção de bioetanol para uso como combustível desde a década de 70, com o Programa

Nacional do Álcool (Pro-Álcool). Programa que incentivou o plantio e conversão de parte da

lavoura da cana de açúcar para a produção de combustível para mistura na gasolina, e para

suprir a demanda de veículos movidos a etanol (ANDRADE, 2009; BIODIESEL BR, 2016).

10

Percebe-se desde essa época que incentivos têm sido realizados na busca por tecnologias e rotas

que consigam produzir combustível de qualidade e baixo custo.

Essa crescente necessidade do uso de combustível limpo, oriundo de fontes renováveis,

sem que haja o comprometimento no fornecimento de alimentos se faz presente hoje. Em

consequência disso uma corrida tem se estabelecido na busca de fontes alternativas de produção

de bioetanol provenientes de diferentes fontes além das convencionais, como cana de açúcar,

milho e beterraba. A produção de etanol de primeira geração originadas destas fontes compete

diretamente com produção de alimentos derivados destes, convergindo em um processo

inflacionário dos alimentos, contribuindo também para o crescimento da insegurança alimentar

mundial (ARAUJO et al., 2013).

Neste sentido, a proposta de se produzir bioetanol de segunda geração a partir de

biomassas lignocelulósicas se destaca pelo seu potencial energético, e devido a maioria dessas

matérias-primas possuírem pouco ou nenhum aproveitamento. Dentre as biomassas que se tem

estudado para o aproveitamento e produção de bioetanol de segunda geração, a casca de

eucalipto tem merecido destaque por ser um material que geralmente se perde no campo, pois

se acumula in situ como resíduo, e ainda, por não haver um destino que faça uso dessa biomassa.

O acúmulo de resíduos de forma geral se constitui em uma problemática ambiental.

Dentro dessa perspectiva, visando a utilização do potencial energético dessa biomassa e

buscando agregar valor a mesma, este estudo se propõe avaliar o potencial de produção de

bioetanol a partir do caldo e da fração lignocelulósica da casca de eucalipto.

11

2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo Geral

Avaliar o potencial do caldo e do bagaço da casca de eucalipto proveniente de dois

diferentes clones, um híbrido espontâneo de Eucalyptus urophylla, clone 144, e um híbrido tri-

cross de Eucalyptus urophylla x (E. camaldulensis x E. grandis), clone 2111 para a produção

de bioetanol de primeira e segunda geração.

2.2 Objetivos Específicos

Extrair e determinar composição química do caldo da casca de dois diferentes clones de

eucalipto.

Caracterizar o bagaço da casca dos clones de eucalipto remanescente quanto a sua

composição química.

Conduzir um processo fermentativo utilizando o caldo da casca dos clones de eucalipto

obtido.

Estimar o potencial de produção de bioetanol a partir do bagaço da casca dos clones de

eucalipto com base em sua composição holocelulósica.

12

3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1 Etanol: primeira e segunda geração

A produção de bioetanol no Brasil começou após os anos de 1930 com as sobras de

melaço da indústria do açúcar. Entre 1939 e 1945, devido à falta de gasolina ocasionada pela

segunda guerra mundial, iniciou-se a produção em maior escala, que posteriormente foi

impulsionada pelas condições de mercado com a implantação do programa Proálcool na metade

da década dos anos 70. O volume produzido passou de 700 mil m3 entre 1970 e 1975 para 2,5

milhões m3 em 1979, e atingiu o valor de 27,7 bilhões de litros na safra de 2008/2009, sendo o

estado de São Paulo o maior participante com 60% da produção (BETANCUR, 2010;

ANDRADE, 2009).

No Brasil, atualmente o bioetanol é produzido em grande escala e altos rendimentos

utilizando como matéria-prima a cana-de-açúcar, com uma produção entre 85 e 90 litros de

álcool por tonelada de cana (NOVA CANA, 2016). O etanol produzido no Brasil, conta ainda

com projeções positivas para os próximos anos que segundo o Ministério da Agricultura,

Pecuária e Abastecimento (MAPA, 2016), são provenientes principalmente do crescimento do

consumo interno. Relatam ainda que a produção projetada para 2019 é de 58,8 bilhões de litros,

mais que o dobro da registrada em 2008.

A produção de etanol pode ser alcançada através de dois processos que caracterizam o

etanol como primeira e segunda geração. De acordo com Cinelli (2012), os combustíveis de

primeira geração são aqueles produzidos a partir de fontes renováveis produzidas

especificamente com esse propósito, chamados também de cultivos energéticos e os de segunda

geração, são aqueles obtidos a partir de resíduos orgânicos de algum processo, que os

caracterize como biomassa residual. Para a produção de etanol denominado de primeira

geração, tem sido utilizado recentemente matérias-primas sacaríneas ou amiláceas. Como

exemplo de matéria-prima sacarina, tem-se o caldo extraído da cana de açúcar comumente

utilizado no Brasil, e como matéria-prima amilácea, destaca-se o amido extraído de milho,

utilizada principalmente nos Estados Unidos, ambos processos já bem consolidados (NAIK et

al., 2010 apud BETANCUR, 2010).

De acordo com União da Indústria de Cana de Açúcar (UNICA, 2016), apesar da

produção de etanol brasileiro, a partir da sacarose, ser um processo bem estabelecido atualmente

com os menores custos e maior produtividade do mundo, ainda há espaço para crescimento e

redução de custos. Um possível avanço e aumento na produção de bioetanol seria vislumbrado

13

através do aproveitamento do bagaço remanescente da extração do caldo da cana,

caracterizando-o como bioetanol de segunda geração. Segundo Araujo et al., (2013), se no país

houver a consolidação da combinação da produção de etanol de primeira e segunda geração,

isso permitirá obter maior quantidade de combustível sem aumentar o volume de matéria-prima

cultivada nem a área plantada.

Contudo Ferreira (2013) menciona que, ultimamente, a produção de biocombustíveis

convencionais defronta-se com sérias dificuldades para atingir os níveis desejados, o que constitui

forte estímulo à adoção de tecnologias mais avançadas capazes de melhorar o desempenho da

produção no setor. Nesse sentido, o bioetanol de segunda geração, se diferencia do combustível

convencional por utilizar novas rotas tecnológicas, especialmente com base em resíduos

lignocelulósicos. Esse combustível surgiu por interesses na expansão da produção de álcool e

ainda, por não comprometer a segurança alimentar e garantir o fornecimento de combustível.

O fato do seu processo de produção fazer uso de materiais lignocelulósicos, tais como excedente

de bagaço, lixo e outros resíduos agrícolas e florestais que podem ser utilizados, através de

tratamentos químicos, termoquímicos ou rotas bioquímicas, para obter o produto desejado

(NUNES et al., 2013; ARAUJO, 2013), o que impulsiona na busca por inovações nos processos

e ainda, pela aplicação de diferentes matérias-primas que sejam ideais para sua estabilidade

comercial.

Segundo Cinelli (2012), os requisitos necessáriospara se obter uma promissora produção

deste bioetanol incluem múltiplos fatores não facilmente conciliáveis, tais como:

disponibilidade de matéria-prima, valor, qualidade e rendimento em relação ao processo de

conversão. Além destes, Bomtempo (2011) reporta ainda como requisito, a importância da

sustentabilidade ambiental.

Neste contexto, o mundo se volta cada vez mais para a exploração de biomassas

energéticas e resíduos agroindustriais. Muitos pesquisadores têm se esforçado para desenvolver

pré-tratamentos eficientes, que possa disponibilizar uma maior quantidade de carboidratos

fermentescíveis possível, para melhorar a performance dos micro-organismos utilizados na

fermentação de todos os carboidratos disponíveis.

O aproveitamento e utilização de biomassas e resíduos agroindústrias, além de ajudar a

resolver problemas ambientais associados à disposição dos mesmos no meio ambiente,

demonstra potencial devido à possibilidade de agregação de valor a matéria-prima subutilizada,

somada a sua utilização sem que haja competição ou comprometimento com a produção de

alimentos. Logo, o desenvolvimento de processos biotecnológicos que aproveitem estes

resíduos se mostra determinante para uma nova era dos combustíveis.

14

3.2 Biomassas Lignocelulósicas

De acordo com OMACHI et al. apud BRAGATTO (2010), biomassa vegetal é todo

material orgânico não fóssil, que tenha conteúdo de energia química no seu interior. Isso inclui

todas as vegetações aquáticas ou terrestres, árvores, resíduos agrícolas e/ou agroindustriais.

A biomassa lignocelulósica representa a fração mais expressiva da biomassa vegetal, e

compõe a maior fonte de compostos orgânicos incluindo vários resíduos agrícolas como palhas,

cascas, caules e pedúnculos; madeiras de coníferas e folhosas; e os resíduos industriais como

os oriundos da fabricação de polpa, indústria do papel e de colheitas (SILVA, 2009).

Segundo Pereira (2013), a fração lignocelulósica é o material orgânico mais abundante

no planeta e tem como principal constituinte a celulose. Os três compostos principais, celulose,

hemicelulose e lignina, perfazem um total de mais de 90 % da massa total seca em alguns

vegetais. A composição química varia de acordo com cada biomassa, sendo que sua estrutura

pode apresentar em média cerca de 30 a 50 % de celulose, seguido da hemicelulose 20 a 35%

e lignina 20 a 30% (BRAGATTO, 2010). Na Tabela 1, encontra-se a composição química de

algumas biomassas lignocelulósicas.

Tabela 1- Composição química de algumas biomassas lignocelulósicas.

Materiais

Lignocelulósicos

Celulose Hemicelulose Lignina Cinzas

(%) (%) (%) (%)

Fibra de Bagaço 32 – 48 19 – 24 23 – 32 1,5 – 5

Palha de trigo 33 – 38 26 – 32 17 – 19 6 – 8

Palha de arroz 28 – 36 23 – 28 12 – 14 14 – 20

Palha de cevada 31 – 45 27 – 38 14 – 19 2 – 7

Madeiras ~ 50 ~ 20 15 – 20 5

Palha de sorgo 34 – 36 25 – 26 25 – 26 -

Fonte: SUN & CHENG, 2002 apud BETANCUR, 2010.

Na Figura 1, encontra-se a estrutura da biomassa vegetal, onde se verifica os três

componentes principais do esqueleto da fibra lignocelulósica celulose, hemicelulose e lignina.

Segundo Pereira (2013), as longas fibras celulósicas são recobertas pelas hemiceluloses

(polissacarídeos ramificados formados principalmente por D-xilose) e ligninas (redes

poliméricas tridimensionais formadas por unidades fenilpropano interligadas).

15

Fonte: SANTOS et al., 2012.

3.2.1 Celulose

De acordo com Canilha et al. (2010), a celulose, Figura 2, encontrada na estrutura

celular dos vegetais, é o homopolissacarídeo mais abundante na natureza e é constituída de um

polímero linear formado por até 15.000 unidades de D-glicose unidas por ligações glicosídicas

β-1,4. Cada resíduo de glicose tem uma orientação de 180° em relação ao resíduo adjacente,

acomodando desta forma os ângulos de ligação preferidos pelos grupos acetais em ligações de

hidrogênio. Esta unidade repetitiva contém grupos hidroxila que estabelecem e se estabilizam

por interações do tipo ligações de hidrogênio intra e intermolecular (BON, 2008). A realização

destas interações intermoleculares, proporcionam a formação de fibrilas (estruturas altamente

organizadas) que associam-se formando as fibras de celulose atribuindo alta rigidez e ordenação

à estrutura. Por causa dessa total organização, são criadas as denominadas regiões cristalinas

responsáveis pela insolubilidade e pouca reatividade da molécula, o que constituem uma das

Figura 1- Estrutura lignocelulósica da biomassa vegetal.

16

maiores barreiras para o aproveitamento biotecnológico da fração celulósica (HEDRINKS &

ZEEMAN 2009 apud Ferreira, 2013).

Figura 2- Estrutura molecular da celulose, celobiose com ligação β-glicosídica.

Fonte: TIBONI, 2011.

3.2.2 A fração hemicelulósica

As hemiceluloses são polissacarídeos que se associam naturalmente à celulose nas

estruturas celulares. Elas se diferenciam substancialmente devido a hemicelulose apresentar

grande parte de sua estrutura molecular amorfa com estruturas ramificadas e compostas pela

combinação de vários açúcares (SILVA, 2009).

Segundo Betancur (2010), na composição da hemicelulose participam, pelo menos, dois

tipos de unidades de açúcar, formando cadeias entre 100 e 200 unidades de pentose e hexoses.

Dos monômeros encontrados destacam-se a β-D-manose, β-D-glicose, α-D-galactose e

principalmente, as pentoses β-D-xilose e α-L-arabinose, ácido D-glucurônico e ácido 4-O-

metil-glucurônico.

A hemicelulose não apresenta regiões cristalinas devido seu grau de ramificação ser

constituído, majoritariamente, por uma mistura de polissacarídeos de baixa massa molecular

como as xilanas, arabinanas e mananas. As xilanas, polissacarídeo de cadeia linear formada por

unidades de xilose, é predominantemente o composto mais abundante da fração hemicelulósica,

constituindo entre 15 e 35% da massa seca de madeira e resíduos agroindustriais (BETANCUR,

2010; GÍRIO et al., 2010). Contudo, de acordo com Pereira (2013), sua natureza química varia

de acordo com o tipo de tecido vegetal e espécie da planta. A Figura 3 representa algumas

estruturas químicas que constitui a hemicelulose.

17

Figura 3 - Estruturas químicas dos monômeros constitutivos da hemicelulose.

Fonte: D’ALMEIDA, 1988 apud VASQUEZ, 2007.

Vásquez (2007), afirma que é importante lembrar que o termo hemicelulose não designa

um composto químico definido, mas sim uma classe de componentes poliméricos presentes em

vegetais fibrosos, onde cada componente possui propriedades peculiares. Na Figura 4,

encontra-se uma estrutura química típica da hemicelulose.

18

Figura 4- Estrutura representativa de L-arabino-(4-O-metil-D-glucurono)-D-xilana: 1)

Xilopiranose; 2) L-arabinofuranose; 3) ácido 4-O-metil-glucurônico; 4) grupo acetil.

Fonte: BRIENZO, 2010 apud SCREMIN 2014.

Comparadas com a celulose, as hemiceluloses apresentam maior susceptibilidade à

hidrólise ácida, pois oferecem uma maior acessibilidade aos ácidos minerais diluídos,

comumente utilizados (FENGEL; WEGENER, 1989 apud BRAGATTO, 2010). Esta

reatividade é usualmente atribuída ao caráter amorfo da molécula, menor grau de cristalinidade

e menor estabilidade das ligações glicosídicas destes polissacarídeos.

3.2.3 Lignina

A lignina de acordo com Bragatto (2010), é o segundo biopolímero mais abundante na

natureza, superado somente pela celulose. Apresenta um papel fundamental na estrutura dos

materiais lignocelulósicos representando cerca de 15 a 35% do seu peso seco. A lignina está

presente em todas as plantas superiores e é responsável pela rigidez da parede celular nos

vegetais, pela sua resistência ao impacto, compressão e dobra, sendo também agente

permanente de ligação entre as células (LEMOS, 2001 apud BETANCUR, 2010).

Estruturalmente é uma complexa macromolécula aromática, hidrofóbica e com

numerosas ligações cruzadas. Segundo Soares (2013), a lignina é formada principalmente pela

polimerização radicalar de unidades fenil-propano, composto pelo álcool p-cumarilico, álcool

coniferilico e álcool sinapílico, Figura 5, os quais produzem uma molécula heterogênea e

opticamente inativa. A lignina não pode ser descrita como uma combinação simples de algumas

unidades monoméricas ligadas por alguns tipos de ligações, devido seus constituintes

apresentarem alta variedade de ligações. Sua estrutura é encontrada em muitas plantas, contudo

19

sua constituição não é igual em todas elas, não sendo assim considerada uma substancia química

única (VÁSQUEZ, 2007; ALVES, 2011;)

Figura 5- Estrutura dos álcoois precursores da lignina.

Fonte: SCREMIN, 2014.

A lignina, juntamente com a hemicelulose, preenche os espaços entre as fibras de

celulose, além de atuar como material ligante entre os componentes da parede celular. Sua

estrutura é altamente complexa e não-uniforme, sendo um material hidrofóbico com estrutura

tridimensional, altamente ramificada, podendo ser classificada como um polifenol. Importante

ressaltar que compostos derivados da lignina quando liberados, inibem e/ou dificultam os

processos fermentativos (BETANCUR, 2010; SILVA, 2009).

3.3 Biomassas utilizadas na produção do etanol de primeira e segunda geração

No Brasil, diversas biomassas e resíduos agroindustriais vem sendo pesquisados com o

intuito de se verificar o potencial dessas matérias primas para produção de etanol de primeira e

segunda geração. O aproveitamento desses resíduos, destaca-se na produção de combustíveis

renováveis, produtos químicos e de energia, uma vez que sua disponibilidade acaba por

solucionar o problema do acúmulo de resíduos e evita a contaminação de solos e rios

(FERREIRA-LEITÃO, 2010 apud NUNES et al., 2013).

Dentre os vários produtos agrícolas brasileiros tem-se a cana-de-açúcar, sendo o Brasil,

um dos maiores produtores desta matéria-prima. De acordo com a Companhia Nacional de

20

Abastecimento (CONAB, 2015), a produção atual deverá alcançar cerca de 655,16 milhões de

toneladas de cana de açúcar na safra 2015/2016 em um total de 8,95 milhões de hectares.

Segundo o BNDES (2008), a produção de etanol a partir da cana de açúcar, é mais simples do

que quando comparada com a produção por meio de materiais amiláceos, como o trigo e o

milho, e celulósica, como o bagaço da cana, pois não há a necessidade da transformação dos

polissacarídeos em açúcares simples por ações enzimáticas. A ilustração abaixo, Figura 6,

apresenta as rotas utilizadas para a produção de etanol a partir de diversas biomassas.

Figura 6- Diferentes rotas tecnológicas para a produção de etanol a partir de diferentes

biomassas.

Fonte: BNDES, 2008.

Para o processo de produção de etanol a partir da cana-de-açúcar, o caldo ou o melaço

são diluídos como meio de fermentação, resultando em uma solução de baixo teor alcoólico, 7

Biomassa açucarada

(cana, beterraba)Biomassa celulósica

Extração por pressão ou difusão

Trituração TrituraçãoBiomassa Amilácea

(milho, trigo, mandioca)

Hidrólise enzimáticaHidrólise ácida ou

enzimática

Solução açucarada fermentável

Etanol

Fermentação

Destilação

21

- 10% (v/v). Já após a destilação do meio fermentado e da retificação do destilado, obtém um

produto com 94 – 95% (v/v) de etanol (DUARTE, LOURENÇO; RIVEIRO, 2006). Para uma

usina que produz tanto açúcar como álcool, as estimativas de produção para cada tonelada de

cana processada está entre 100 a 150 kg de açúcar e 80 a 90 L de etanol, gerando ainda 300 kg

de bagaço, 980 L vinhoto, dentre outros resíduos (NANDY et al., 2002 apud SANTOS, 2012).

Além da cana-de-açúcar, a produção do bioetanol pode ser realizada a partir do milho,

sendo os Estados Unidos, o país de maior produção de bioetanol a partir dessa biomassa,

responsável por mais de um terço da produção mundial (MANOCHIO, 2014; CINELLI, 2012).

O bioetanol pode ser produzido também a partir do bagaço da cana, resíduo restante da

trituração da cana para extração do seu caldo; e de outras fontes vegetais e resíduos

agroindústrias (NUNES et al., 2013).

Segundo Santos (2012) e Cardoso (2012), o fato de o Brasil ser o maior país tropical do

mundo é um diferencial positivo para a produção de energia de biomassa. Portanto, além do

etanol produzido a partir da fermentação direta do caldo da cana-de-açúcar, considera-se que a

grande quantidade de bagaço desta matéria-prima gerado pelos processos de produção de etanol

de primeira geração venha a se tornar matéria-prima para outros processos produtivos,

incluindo a produção de mais etanol através de novas tecnologias e rotas, gerando emprego e

desenvolvimento. Este é um cenário tão promissor que para cada 10 milhões de toneladas de

biomassa seca é possível produzir 600 milhões de galões de etanol, considerando apenas o seu

componente celulósico (PEREIRA, 2008 apud SANTOS, 2012 ).

3.3.1 Eucalipto

O eucalipto (Eucalyptus spp.) é uma espécie arbórea pertencente à família das Mirtaceas

originada da Austrália e Indonésia. Constituem-se em um gênero de plantas muito amplo,

abrangendo desde arbustos até árvores gigantescas, e por essa razão, são tão comuns no meio

urbano e rural (ROCHA, 2013).

O eucalipto começou a ser pesquisado no início do século XX, em 1903, por Edmundo

Navarro de Andrade, engenheiro agrônomo brasileiro, considerado o pioneiro do

reflorestamento no Brasil, na Companhia Paulista de Estradas de Ferro (GUIA DO

EUCALIPTO, 2008). Hoje é utilizado como principal fonte de alimentação da indústria da

celulose e siderurgia no Brasil. Uma das grandes vantagens do eucalipto e de sua rápida difusão

é o fato da planta ser capaz de se adaptar aos mais diversos tipos de climas, desde locais quentes

22

e secos, como os desertos australianos, até climas muito úmidos e frios, como na Escócia

(CARDOSO, 2012).

O Brasil tem-se destacado no cenário mundial por possuir excelente desempenho no

setor florestal, fruto de condições climáticas e da tecnologia desenvolvida pelas empresas e

instituições de pesquisa do país. Como resultado, as taxas nacionais de crescimento do eucalipto

são bastante superiores às observadas em outros países, Figura 7, (ABRAF, 2013; GUIA DO

EUCALIPTO, 2008). As principais espécies cultivadas nacionalmente nos dias atuais, incluem

o Eucalyptus grandis, o Eucalyptus camaldulensis, o Eucalyptus saligna e o Eucalyptus

urophylla, entre outras. Além disso, foram desenvolvidos cruzamentos entre as espécies,

resultando em híbridos, como é o caso do Eucalyptus urograndis (E. grandis X E. urophylla).

Figura 7- Comparação entre a produtividade do eucalipto no Brasil, Austrália e EUA.

Fonte: GUIA DO EUCALIPTO, 2008.

Segundo ABRAF (2013), a área brasileira de plantio de Eucalyptus e Pinus atingiu 6,66

milhões de hectares, crescimento de 2,2% em relação ao indicador de 2011, sendo que os

plantios de Eucalyptus corresponde a 76,6% da área total, cerca de 5,102 milhões de hectares.

Os estados com maior concentração de plantios florestais foram Minas Gerais, São Paulo,

Paraná, Santa Catarina, Bahia e Mato Grosso do Sul.

A Figura 8, apresenta a área e distribuição de plantios florestais de eucalipto no Brasil

em 2012.

23

Figura 8- Área e distribuição de plantios com eucalipto nos estados do Brasil no ano de

2012.

Fonte: ABRAF, 2013.

Segundo Bragatto (2010), em 2009 foram consumidos 81,3 milhões de toneladas de

toras de florestas plantadas. Desse total, 68,4% da madeira consumida referem-se ao eucalipto

sendo o segmento de celulose e papel o principal consumidor, absorvendo cerca de 37,3% das

toras totais produzidas, o que corresponde a aproximadamente 30,21 milhões de toneladas de

madeira.

A Tabela 2, disposta a seguir pode-se observar a composição química da madeira de

eucalipto de diferentes espécies.

24

Tabela 2- Teores de carboidratos da madeira de seis espécies de eucalipto.

Eucaliptos

(Espécies)

Xilanas Hemicelulose Celulose Total CH2O

(%) (%) (%) (%)

E. dunni 12,4 21,0 54,4 75,4

E. globulus 14,1 24,5 48,8 73,3

E. nitens 15,8 30,9 43,8 74,7

E. grandis 10,2 20,5 51,7 72,2

E. urograndis 13,4 24,5 47,5 72

E. urophylla 10,3 19,4 52 71,4

Fonte: MAGATON et al., 2006.

O principal produto do eucalipto é a madeira, que tem inúmeras aplicações, dentre elas:

combustível, carvão, estacaria para vedações, dormentes de ferrovia, esteio para minas,

estacaria para fundações, celulose, painéis de madeira reconstituída, construção civil,

caixotaria, marcenaria, tanoaria (tonéis e barris), entre outras (GUIA DO EUCALIPTO, 2008).

Mesmo com todo o aproveitamento que se tem, (pela geração de energia a partir de resíduos

florestais de biomassa) e com as diversas aplicações da madeira do eucalipto, atualmente, são

ainda gerados anualmente cerca de 41 milhões de toneladas de resíduos madeireiros provindos

da indústria de processamento de madeira e da colheita florestal que se perde em campo

(ABRAF, 2013).

Segundo Magaton et al., (2006), apesar da madeira de eucalipto ocupar posição de

destaque entre as matérias-primas utilizadas para a produção de celulose, e de relevada

importância da indústria de celulose e papel na economia (e importância da qualidade da

madeira para o desenvolvimento desta indústria), o conhecimento da estrutura química do

eucalipto e sua composição é, ainda, muito escasso e pouco explorado.

De acordo com o Guia do Eucalipto (2008), investimento tecnológicos e em pesquisas

são necessários. Segundo o Guia, uma vez que a biotecnologia permite produzir maior

quantidade de madeira, de melhor qualidade, em espaços cada vez menores, será possível

reduzir significativamente a extensão da área plantada. O que indica também que, avanços

biotecnológicos também possam criar rotas ambientais significativas, através de processos

industriais beneficiados pelo menor emprego de recursos químicos e energéticos, assim como

pela redução das emissões de efluentes e da produção/aproveitamento de resíduos.

25

3.3.1.1 Casca de Eucalipto

As cascas das espécies arbóreas, tais como as do eucalipto, contem inúmeros

componentes químicos não estruturais (ceras, óleos, resinas, minerais, etc.). Os componentes

estruturais são bastante semelhantes aos encontrados em outros materiais lignocelulósicos,

constituídos basicamente por três componentes principais: celulose, hemicelulose e lignina. Da

mesma forma que na madeira a celulose da casca é um polímero linear, que quando hidrolisada

produz exclusivamente monômeros de D-glicose (KLEMM et al., 2005 apud ROCHA, 2013).

Na produção de celulose há geração de diversos resíduos durante todo o processo.

Estima-se que para cada tonelada de celulose produzida, 480 kg de resíduos são gerados, sendo

que a maior parte destes resíduos sólidos nos pátios industriais do setor de celulose e papel é

composto por cascas (ETEINER et al., 1990 apud BRAGATTO, 2010). Segundo Foelkel

(2010) apud Bragatto (2010), para cada mil toneladas de celulose produzida são geradas

aproximadamente 150 toneladas de cascas secas.

Segundo Bragatto (2010), dados sobre a quantidade de casca nas árvores ou nas

madeiras variam entre 9-20% m m-1, de acordo com a espécie. Relatos dispostos na literatura

apresentam diferenças em diferentes autores, contudo em média os clones comerciais de

eucalipto geneticamente melhorados apresentam de 9 a 12% de casca (FOELKEL, 2010 apud

BRAGATTO, 2010). Yadav et al. (2002), da madeira coletada para a produção de celulose, 15

a 20% é composto por casca.

De acordo ainda com Bragatto (2010), para se ter uma produção de uma tonelada de

celulose são necessárias duas toneladas de toras de madeira com aproximadamente 12% de

casca, o que gerou em 2009 cerca de 3,24 milhões de toneladas de casca de eucalipto.

3.4 Fermentação Alcoólica

A fermentação alcoólica é um fenômeno bioquímico complexo que provoca a

transformação do açúcar em dois produtos principais, etanol e gás carbônico, seguido de ácidos

orgânicos como o ácido succínico, ácidos voláteis, que são gerados com a finalidade de obter

energia para o crescimento e manutenção das atividades metabólicas dos micro-organismos

(HASSAN, 2008; LEHNINGER et al., 2000).

O processo fermentativo pode ser realizado por fungos ou bactérias, que se nutrem dos

açúcares enquanto produzem dióxido de carbono e etanol. Segundo Pereira (2013), linhagens

de Saccharomyces cerevisiae, são capazes de fermentar glicose a altas taxas, até mesmo em

26

condições aeróbicas. Em condições anaeróbicas, a S. cerevisiae possui uma alta eficiência

fermentativa chegando a valores de 30 mmol g biomassa-1 h-1 a 30 °C. Estas linhagens são

amplamente utilizadas pelo setor sucro-energético brasileiro, e atualmente, a maioria das

destilarias nacionais usam uma, ou a mistura de duas ou mais (linhagens) selecionadas da S.

cerevisiae para o processo fermentativo, produzindo bilhões de etanol a cada ano. Contudo, a

espécie citada é incapaz de fermentar monossacarídeos do tipo aldopentose C5, como a xilose,

açúcar principal da fração hemicelulósica da biomassa (BASSO et al., 2008; PEREIRA, 2013).

A reação de transformação dos açúcares em etanol e dióxido de carbono segundo

Tortora et al. (2005), consiste em uma série de reações químicas. Inicia-se com a glicólise,

também chamada de via Embden-Meyerhof, na qual ocorre a oxidação da glicose em duas

moléculas de ácido pirúvico, que são convertidas em duas moléculas de acetaldeído e duas

moléculas de dióxido de carbono. As moléculas de acetaldeído obtidas são reduzidas por duas

moléculas de NADH+ para formar duas moléculas de etanol, produto final da fermentação.

A fermentação alcoólica é representada pela equação abaixo, onde 1 mol de glicose (180

g) produz 2 moles de etanol (EtOH) (92 g) e 2 moles de dióxido de carbono (CO2) (88 g), com

liberação de 57 kcal de energia (LEHNINGER et al.1995; KOLB, 2002 apud PANTOJA,

2006).

C6H

12O

6 + 2 Pi + 2 ADP→ 2 C

2H

5OH + 2 CO

2 + 2 ATP + 2 H

2O + 57 kcal

Os subprodutos, como glicerol, ácidos orgânicos e álcoois superiores, são produzidos

em pequena quantidade em relação a quantidade de etanol. A eficiência de conversão em etanol,

calculado tendo como referência 51,1 % pode chegar na indústria, à 90 -93 %, devido

principalmente, ao crescimento celular e a produção de produtos finais de metabolismo

secundário (CINELLI, 2012).

27

4 METODOLOGIA

As etapas experimentais do presente trabalho foram realizadas no Laboratório de

Bioprocessos e Biotransformação - LabBBio, da Universidade Federal dos Vales do

Jequitinhonha e Mucuri, localizado no Campus JK, em Diamantina-MG.

O tratamento e aquisição da matéria-prima, assim como as análises químicas realizadas

estão descritas a seguir. Todas as análises foram realizadas em triplicata.

4.1 Aquisição da matéria-prima

As amostras foram cedidas pela empresa BRASCAM S/A, localizada no município de

Jequitaí, Minas Gerais. A região experimental, de onde as amostras foram coletadas, localiza-

se nas coordenadas geográficas a 17°44’22" S de latitude e 42°54’12" W de longitude, altitude

de 910 m, com temperatura média de 25 ºC. Os clones utilizados foram um híbrido espontâneo

de Eucalyptus urophylla (Clone 144), e um híbrido tri-cross de Eucalyptus urophylla x E.

camaldulensis x E. grandis (Clone 2111), que foram implantados num espaçamento de plantio

3x1m (3 m²/planta).

Após 12 meses do plantio, uma árvore de eucalipto de cada clone, tiveram as cascas

coletadas, as quais foram acondicionadas em sacos plásticos e em seguida, encaminhadas em

caixas de isopor, resfriadas com gelo para o LabBBio. As amostras dos clones totalizaram peso

de 2,000 Kg e 1,680 Kg para os clones 144 e 2111, respectivamente.

4.2 Obtenção do caldo e do bagaço das cascas dos clones de eucalipto

A extração do caldo da casca de eucalipto foi realizada através de método físico

utilizando a prensa hidráulica TECNAL. As amostras foram colocadas sob o cilindro e

prensadas com uma força de 5 toneladas até escoamento total do liquido presente na casca

(caldo). O caldo extraído foi recolhido em um béquer de vidro, seguido de imediato

resfriamento em banho de gelo para evitar um possível início de fermentação e perda de suas

propriedades intrínsecas. Os bagaços excedentes da prensagem do processo de obtenção dos

caldos dos dois clones utilizados neste estudo, foram reservados para posteriores análises

químicas.

28

4.2.1 Análises químicas do caldo extraído dos clones de eucalipto

Após extração, o caldo obtido a partir dos clones estudados foram analisados quanto aos

teores de Sólidos Solúveis Totais (SST), pH, Açúcares Redutores e Glicose, conforme descrito

a seguir.

4.2.1.1 Sólidos Solúveis Totais (SST)

Os teores de sólidos solúveis totais foram determinados segundo a metodologia descrita

pelo Instituto Adolfo Lutz (IAL, 2008). O método baseia-se na alteração do índice de refração

da água pura resultante da presença de sólidos solúveis. Os resultados foram obtidos a partir da

leitura de uma alíquota de amostra do caldo da casca do eucalipto depositada sobre o prisma do

refratômetro óptico. Os resultados foram expressos em °Brix e obtidos a partir da observação

do campo de visão do refratômetro.

4.2.1.2 pH

Os valores de pH do caldo extraído foram obtidos a partir da leitura direta das amostras

em pHmêtro digital modelo (MS TECNOPON – mPA210) previamente calibrado com solução

tampão de pH 4,0 e 7,0 (IAL, 2008). A leitura do pH foi realizada a partir de 20 mL da amostra

em tubo Falcon com a inserção do eletrodo de vidro do pHmêtro na amostra. Os resultados

foram expressos em números absolutos.

4.2.1.3 Açúcares Redutores (AR)

Os açúcares redutores foram determinados pelo método do ácido 3,5 dinitrosalicílico

(DNS) descrito por Miller (1959). Para quantificação dos teores de AR, as amostras foram

diluídas em água destilada de acordo com a quantidade teórica de açúcares presentes. A diluição

se faz necessária uma vez que, a linearidade da curva de calibração é de até 1 g L-1.

A quantificação foi realizada em micro tubo tipo Eppendorf de 2 mL, onde foram

adicionados 100 μL de amostra e 100 μL de reagente DNS. Em seguida as amostras foram

levadas em banho-maria a aproximadamente 100°C por 5 min e posteriormente resfriadas em

banho de gelo. Foi adicionado 1000 μL de água destilada, seguida de homogeneização da

29

amostra. De modo semelhante, foi preparado uma curva analítica, utilizando D-glicose como

padrão com quantidades de concentração conhecidas. A curva foi composta por 6 pontos que

variaram de 0 a 1 g L-1, Figura 9. A leitura foi realizada em espectrofotômetro a com λ a 540

nm.

A partir dos valores das absorbâncias obtidos para cada ponto da curva foi feita a

correlação entre concentração de glicose e os valores das absorbâncias apresentadas, sendo

possível calcular a quantidade de açúcares redutores presente nas amostras do caldo das cascas

de eucalipto.

Figura 9- Representação de uma curva analítica típica, utilizando glicose como padrão

para quantificação dos açúcares redutores (AR).

Fonte: AUTOR.

4.2.1.4 Glicose

O teor de glicose foi determinado por Kit enzimático de GLICOSE PP (GOLD

ANALISA) a partir de 0,01 mL da solução analítica. A metodologia utilizada para a dosagem

de glicose foi o método enzimático descrito por Lloyd e Whelan (1969). Por ação das enzimas

glicose oxidase (GOD) e peroxidase (POD), na presença dos reativos, fenol e 4-aminofenazona,

a glicose é oxidada, produzindo um composto de coloração rosa.

Para quantificação das amostras utilizou-se tubo tipo Eppendorf de 2 mL e o mesmo

volume do padrão, 0,01 mL, acrescido de 1 mL do reagente analítico originário do kit. Após

esta etapa a mistura foi homogeneizada e levadas a banho a 37 °C durante 15 minutos.

y = 0,8629xR² = 0,9907

0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

0,9

1

0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 1,2

Ab

s -

54

0 n

m

[Glicose] gL-1

30

A leitura da absorbância das amostras foram realizadas por espectrofotometria com λ a

505nm. A glicose presente foi quantificada através da equação 1, apresentada a seguir:

𝐺𝑙𝑖𝑐𝑜𝑠𝑒 (𝑚𝑔. 𝑑𝐿−1) = 𝐴𝑏𝑠𝑎𝑚𝑜𝑠𝑡𝑟𝑎×100

𝐴𝑏𝑠𝑝𝑎𝑑𝑟ã𝑜 Equação 1

Onde:

𝑨𝒃𝒔𝒂𝒎𝒐𝒔𝒕𝒓𝒂= Leitura da amostra a 505 nm

𝑨𝒃𝒔𝒑𝒂𝒅𝒓ã𝒐 = Leitura da amostra padrão a 505 nm

4.2.2 Análises químicas do bagaço excedente da extração do caldo dos clones de eucalipto

A caracterização química do bagaço da casca de eucalipto foi realizada após a mesma

ser triturada em moinho de facas modelo SOLAB SL 32. O material resultante foi analisado

quanto aos teores de umidade, cinzas, açúcares solúveis totais (AST), amido, fibras solúveis em

detergente neutro (FSDN), fibras solúveis em detergente ácido (FSDA), lignina, celulose e

hemicelulose, conforme descrito a seguir. Todas as análises foram realizadas em triplicata.

4.2.2.1 Umidade

O teor de umidade foi determinado de acordo com as normas analíticas do IAL (2008).

A análise foi realizada a partir do conteúdo total do bagaço da casca de eucalipto obtido após

prensagem, aproximadamente 1,250 Kg e 0,900 Kg para os clones 144 e 2111 respectivamente.

As amostras foram colocadas em bandejas de aço inox e submetidas à desidratação em estufa a

105ºC, até peso constante. O resultado foi calculado segundo a equação 2 abaixo e expresso em

porcentagem de umidade.

𝑈 =𝑃𝑚𝑖−𝑃𝑚𝑓

𝑃𝑚𝑖𝑥100 Equação 2

Onde:

U = teor de umidade (%)

Pmi = massa (g) da placa de vidro com amostra inicial

31

Pmf = massa (g) da placa de vidro com amostra seca

4.2.2.2 Cinzas

O teor de cinzas foi determinado a partir de 0,25 g de amostra contida em cadinho de

vidro, previamente calcinado em mufla a 550ºC e com peso conhecido. As amostras foram

previamente carbonizadas e em seguida incineradas em mufla a 550ºC. Após essa etapa, os

cadinhos contendo as amostras foram resfriados em dessecador e pesados (IAL, 2008). Os

resultados foram expressos em g 100g-1de matéria integral. A determinação foi feita seguindo

a fórmula abaixo (Equação 3).

𝐶 =𝑀−𝑃

𝐴𝑥100 Equação 3

Onde:

C = teor de cinzas (%)

M = massa do cadinho com cinzas (g)

P = massa do cadinho vazio (g)

A = massa da amostra (g)

4.2.2.3 Fibras solúveis em detergente ácido (FSDA)

A quantificação de FSDA foi realizada a partir de 0,25 g de amostra contida em tubo de

ensaio, juntamente com 25mL de solução de detergente ácida (solução de FDA) de acordo com

a metodologia de Van Soest (1970). As amostras contidas nos tubos foram digeridas em bloco

digestor por 30 minutos a 110°C. Em seguida o material foi filtrado em filtros sintetizados,

previamente limpos e desumidificados em estufas a 105°C e com peso conhecido. As amostras

foram lavadas com água destilada quente (65±2ºC) e posteriormente com acetona para retirada

total do detergente. Os filtros contendo as amostras em seguida foram secos em estufa a 105°C

até peso constante.

O teor de fibras solúveis em detergente ácido foi expresso em % de FSDA g-1 de torta

íntegra, calculada de acordo com a Equação 4 apresentada a seguir.

32

𝐹𝑆𝐷𝐴 =𝐹𝑙𝑠−𝐹𝑣𝑎𝑧𝑖𝑜

𝑃𝑒𝑠𝑜 𝑑𝑎 𝑎𝑚𝑜𝑠𝑡𝑟𝑎𝑥100 Equação 4

Onde:

𝐹𝑆𝐷𝐴 = teor de fibra bruta solúvel em detergente ácido, em porcentagem.

𝐹𝑙𝑠 = massa do filtro com resíduo depois de lavado e seco (g)

𝐹𝑣𝑎𝑧𝑖𝑜= massa do filtro vazio(g)

4.2.2.4 Fibras solúveis em detergente neutro (FSDN)

A quantificação da FSDN foi realizada partir de 0,25g de amostra contidas em tubo de

ensaio, juntamente com 25mL de solução de detergente neutro (solução de FDN), submetidas

a digestão em bloco digestor por 30 minutos a 110°C. O material em seguida foi filtrado em

filtros de vidro, previamente desumidificados em estufa a 105°C e com peso conhecido. As

amostras foram lavadas com água destilada quente (65±2ºC) e, posteriormente, com acetona

para retirada total do detergente. Em seguida, os filtros contendo a amostra foram secos em

estufa a 105°C até peso constante (VAN SOEST, 1970).

O teor de fibras solúveis em detergente neutro foi expresso em % FSDN g-1 de torta

íntegra, usando a formula a seguir:

𝐹𝑆𝐷𝑁 =𝐹𝑙𝑠−𝐹𝑣𝑎𝑧𝑖𝑜

𝑃𝑒𝑠𝑜 𝑑𝑎 𝑎𝑚𝑜𝑠𝑡𝑟𝑎𝑥100 Equação 5

Onde:

FSDN = teor (%) de fibra bruta solúvel em detergente neutro

𝐹𝑙𝑠 = massa (g) do filtro com resíduo depois de lavado e seco

𝐹𝑣𝑎𝑧𝑖𝑜 = massa (g) do filtro vazio

4.2.2.5 Celulose

As amostras contidas nos filtros de vidro proveniente da análise de FSDA, com peso

conhecido, foram adicionados 30mL de ácido sulfúrico 72% (m/m) e em seguida, após o

33

escoamento completo do ácido, os filtros foram lavados com água destilada quente (95 ± 1°C),

até adquirirem pH neutro. Em seguida foram levados e secos em estufa a 105°C, até peso

constante, sendo resfriados em dessecador e pesados em balança analítica. A massa de celulose

foi dada pela diferença da massa do filtro de vidro antes e depois da adição da solução de ácido

sulfúrico a 72%. O resultado foi calculado de acordo com a fórmula descrita a seguir e expresso

em porcentagem de massa integral (VAN SOEST, 1970).

𝐶𝐸𝐿 (%) =𝐹𝑎𝑛𝑡𝑒𝑠−𝐹𝑑𝑒𝑝𝑜𝑖𝑠

𝑃𝑒𝑠𝑜 𝑑𝑎 𝑎𝑚𝑜𝑠𝑡𝑟𝑎𝑥100 Equação 6

Onde:

CEL (%) = teor de celulose em porcentagem

𝐹𝑎𝑛𝑡𝑒𝑠 = massa (g) do filtro com resíduo depois de lavado e seco, antes da adição do ácido

sulfúrico

𝐹𝑑𝑒𝑝𝑜𝑖𝑠 = massa (g) do filtro depois da adição do ácido sulfúrico

4.2.2.6 Lignina

O teor de lignina, determinada de acordo com a metodologia de Van Soest (1970), foi

realizada a partir das amostras remanescentes da análise de celulose. Os filtros de vidro com

amostras foram levados a mufla e incinerados a 550°C. Após isso, os filtros foram resfriados

em dessecador a temperatura ambiente (25 ± 2 ºC). O teor de lignina foi calculado pela diferença

entre a massa do filtro antes da incineração e a massa do filtro após incineração e resfriamento

em dessecador. Os resultados foram calculados de acordo com a fórmula abaixo e expressos

em porcentagem de massa integral:

𝐿𝐼𝐺 (%) =𝐹𝑎𝑛𝑡𝑒𝑠−𝐹𝑑𝑒𝑝𝑜𝑖𝑠

𝑃𝑒𝑠𝑜 𝑑𝑎 𝑎𝑚𝑜𝑠𝑡𝑟𝑎𝑥100 Equação 7

Onde:

LIG (%) = teor de lignina em porcentagem

𝐹𝑎𝑛𝑡𝑒𝑠 = massa (g) do filtro com resíduo depois de lavado e seco, depois da adição do ácido

sulfúrico

34

𝐹𝑑𝑒𝑝𝑜𝑖𝑠 = massa (g) do filtro depois da mufla.

4.2.2.7 Hemicelulose

O teor de hemicelulose foi calculado com base na diferença entre a massa da amostra

remanescente da análise de FSDA pela massa da amostra remanescente da análise de FSDN

(VAN SOEST, 1970). Os resultados foram calculados de acordo com a fórmula abaixo e

expresso em porcentagem de massa integral.

𝐻𝐸𝑀 (%) =𝑚𝐹𝑆𝐷𝐴−𝑚𝐹𝑆𝐷𝑁

𝑃𝑒𝑠𝑜 𝑑𝑎 𝑎𝑚𝑜𝑠𝑡𝑟𝑎𝑥100 Equação 8

Onde:

HEM (%) = teor de hemicelulose em porcentagem

𝑚𝐹𝑆𝐷𝐴 = massa (g) da amostra retirada com a análise de FSDA

𝑚𝐹𝑆𝐷𝑁 = massa (g) da amostra retirada com a análise de FSDN

4.2.2.8 Açúcares Solúveis Totais (AST) e Amido

Os teores de amido e açúcares solúveis totais foram determinados segundo a

metodologia descrita por McCready (1950), conforme descrito a seguir.

4.2.2.8.1 Preparo das amostras

O preparo das amostras foi realizado em tubos falcon de 15 mL, onde foram adicionados

0,2 g de amostra e 1,5 mL álcool 80% (v/v). Os tubos foram isolados e em seguida levados a

banho maria em agua fervente por 15 min. O conteúdo dos tubos posteriormente foi submetido

a centrifugação a 10.000 rpm, sendo este processo repetido por três vezes. Toda a fração

sobrenadante foi coletada e avolumada para 10 mL em balão volumétrico, para posterior

quantificação de açúcares solúveis totais.

A partir do precipitado foi realizada a extração do amido. Para tanto foram adicionados

1,5 mL de ácido perclórico 30% (v/v), seguido de agitação em agitador tipo vortex.

Posteriormente, a reação foi deixada em repouso por 30 minutos, com agitação manual

ocasional e, então, centrifugada a 10.000 rpm por 10 minutos (o procedimento foi repetido por

35

três vezes). O sobrenadante foi coletado e avolumado em balão volumétrico de 10mL para

posterior quantificação do amido presente nas amostras.

4.2.2.8.2 Quantificação dos AST e Amido

As quantificações dos teores de amido e AST foram realizadas com solução de Antrona

0,1 % em ácido sulfúrico 76% (m/v), utilizando uma curva analítica com D-glicose como

referência nas concentrações de 0 a 0,1 g L-1. A partir de cada amostra foi coletado 0,500 mL,

seguido da adição de 2,5 mL da solução de Antrona, em tubos de ensaio previamente limpos e

secos. Os tubos contendo as amostras foram incubados em banho de água fervente (95±1ºC)

por 15 minutos, seguidos de resfriamento em banho de gelo (0±1°C). A absorbância da curva

analítica e das amostras foi determinada em espectrofotômetro com λ a 620 nm.

4.3 Potencial teórico da produção de etanol a partir do bagaço da casca do eucalipto

O potencial teórico de conversão dos açúcares presentes na casca de eucalipto foi

calculado pela estimativa da transformação dos açúcares provenientes das frações celulósicas e

hemicelulósicas do bagaço remanescente do processo de obtenção do caldo da casca de

eucalipto a etanol. Para o cálculo da estimativa de produção de etanol, foi considerada a

completa fermentação da celulose a glicose e, hemicelulose a xilose. Os cálculos foram

realizados a partir da estequiometria de reação para a produção de EtOH e CO2. Os valores

encontrados foram expressos em litros de etanol estimado por tonelada de casca de eucalipto.

4.4 Fermentação do caldo obtido das cascas dos clones de eucalipto e monitoramento

do Bioprocesso

O caldo obtido das amostras da casca de eucalipto foi submetido a fermentação

utilizando levedura comercial Saccharomyces cerevisiae (marca FLEISCHMANN®), na forma

desidratada adquirida no comercio da cidade de Diamantina-MG. O processo fermentativo foi

conduzido em frasco Erlenmeyer de 250 mL, acoplado a um fermentômetro. O fermentômetro

é um dispositivo que impede a entrada de O2 e assim, permite avaliar o desprendimento de CO2

possibilitando acompanhar o processo fermentativo, por meio de sucessivas pesagens em

intervalos regulares de tempos. O processo fermentativo foi iniciado a partir do inoculo da

levedura na proporção de 3% do meio, seguido de incubação em estufa a temperatura de 30±1ºC

36

até obtenção do peso constante do sistema, resultante da massa de CO2 desprendida durante o

processo.

A massa de CO2 desprendida foi utilizada para estimar a quantidade de etanol produzido

e consequentemente a concentração de açúcares fermentescíveis consumidos (PANTOJA,

2006). A pesagem do sistema foi realizada de hora em hora, e no final do processo fermentativo

alíquotas do caldo fermentado foram retiradas para posterior análise de açúcares redutores

(AR), glicose e teor de etanol (EtOH).

4.5 Determinação do teor de etanol (EtOH)

A determinação da quantidade de etanol (EtOH) do caldo fermentado foi realizada no

final do processo fermentativo. Foram coletados 2 mL do meio fermentado, o qual foi

submetido à destilação em micro destilador de álcool (TEC132/TECNAL), recolhendo um

volume final de 20 mL de destilado. A amostra destilada foi então submetida a quantificação

de etanol pelo método do dicromato de potássio, método descrito por Isarankura-Na Ayudhya,

et al. (2007).

A partir da amostra destilada foram coletados 150 μL, os quais foram transferidos para

tubo tipo Eppendorf de 2 mL, seguidos da adição de 1,5 mL da solução ácida de dicromato de

potássio. Os tubos foram tampados e mantidos em repouso por 15 minutos à temperatura

ambiente e na ausência de luz.

A curva composta por 6 pontos que variaram de 0 a 30 g L-1, Figura 10, foi criada e a

intensidade da cor formada foi determinada por espectrofotometria com λ a 590 nm.. A partir

dos valores das absorbâncias obtidos para cada ponto da curva foi feita a correlação entre

concentração de EtOH e os valores das absorbâncias apresentadas, sendo possível calcular a

quantidade de EtOH presente nas amostras do caldo fermentado das cascas de eucalipto. Os

resultados foram expressos em g L-1.

37

Figura 10- Representação de uma curva analítica típica, utilizando EtOH como padrão

para quantificação de EtOH presente no caldo fermentado.

4.6 Fator de rendimento alcoólico (Yp/s), eficiência fermentativa (EF) e produtividade

volumétrica (Qp)

O rendimento alcoólico foi calculado com base na quantidade em gramas da produção

de EtOH a partir da quantidade em gramas de açúcares redutores (AR) consumido. O balanço

estequiométrico envolvido nas reações do processo fermentativo produz 51,11 g de EtOH a

partir de 100 g de açúcares fermentescíveis segundo Menezes (1980).

O cálculo do rendimento Yp/s dado em gproduto gsubstrato-1 foi baseado na equação 9

apresentada a seguir.

𝒀𝒑/𝒔 = 𝑬𝒕𝑶𝑯𝒑𝒓𝒐𝒅𝒖𝒛𝒊𝒅𝒐

𝑨𝑹𝒊𝒏𝒊𝒄𝒊𝒂𝒍−𝑨𝑹𝒇𝒊𝒏𝒂𝒍 Equação 9

Onde:

EtOH = Concentração de etanol produzido em g L-1

ARinicial = Concentração de açúcares redutores inicial em g L-1

ARfinal = Concentração de açúcares redutores final em g L-1

y = 0,0412xR² = 0,9985

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

1,2

1,4

0 5 10 15 20 25 30 35

Ab

s -

59

0 n

m

[EtOH] g L-1

38

A eficiência fermentativa, foi determinada pela relação do rendimento alcoólico, Yp/s,

divido pelo rendimento teórico considerado de 0,511 g EtOH produzido / g AR como 100 %. A

eficiência do processo fermentativo foi calculada pela fórmula apresentada na equação 10.

𝑬𝒇 (%) = 𝒀𝒑/𝒔 𝒙 𝟏𝟎𝟎

𝟎.𝟓𝟏𝟏 Equação 10

Onde:

Ef = Eficiência fermentativa

Yp/s = Rendimento do EtOH produzido em relação a concentração de AR

A produtividade volumétrica (Qp), é quantificada em gramas de etanol produzido por litro,

por hora (gp

L-1

h –1

). Qp pode ser calculado pela formula abaixo:

𝑸𝒑 = 𝑷

𝒕 Equação 11

Onde:

P = Teor de etanol produzido em g L-1

t = tempo em horas

39

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1 Extração e caracterização química do caldo das cascas de eucalipto

A partir do processo de extração dos caldos das cascas de eucalipto, dos clones 144 e

2111, foram obtidos volumes de 0,515 e 0,395 mL de caldo, o que resultou num rendimento de

25,75% e 23,51% para estas amostras respectivamente. Valores maiores aos que encontrado

por Bragatto (2010), cerca de 22,4%.

Na Figura 11, podemos observar as cascas de eucalipto antes e depois da prensagem. O

caldo obtido no processo de prensagem das cascas está ilustrado na Figura 12.

A) Casca antes da prensagem e B) cascas depois da prensagem. Fonte: Autor.

A B

Figura 11- Aspecto das cascas de Eucalyptus urophylla, clone 144, recebidas no LabBBio, antes

e depois de serem prensadas.

40

Fonte: Autor.

Os resultados da caracterização física do caldo e do bagaço da casca de eucalipto para

os clones 144 e 2111 estão dispostos na Tabela 3.

Tabela 3- Caracterização física pós prensagem da casca de Eucalyptus urophylla, e

híbrido tri-cross Eucalyptus urophylla x E. camaldulensis x E. grandis, clones 144 e 2111

respectivamente.

Parâmetros Clone 144 Clone 2111

Massa AP (Kg) 2,000 1,680

Massa DP (Kg) 1,480 0,920

Volume extraído (L) 0,515 0,395

Rendimento (%) 25,75 23,51

Massa AP= massa das amostras antes da prensagem; Massa DP= Massa das amostras depois da prensagem

Os resultados obtidos da caracterização química para as amostras do caldo das cascas

de eucalipto encontram-se na Tabela 4.

Figura 12- Aspecto do caldo das cascas do clone de Eucalyptus urophylla, clone 144, obtido

após prensagem manual apresentados em diferentes ângulos.

41

Tabela 4- Caracterização química do caldo da casca de Eucalyptus urophylla, clone 144 e

híbrido tri-cross de Eucalyptus urophylla x E. camaldulensis x E. grandis, clone 2111

(valores expressos em unidades Média ± desvio padrão).

Parâmetros Clone 144 Clone 2111

Médias ± DP

SST (°Brix) 8,0 ± 0,000 5,0 ± 0,000

pH 4,37 ± 0,005 4,69 ± 0,000

AR (g L-1) 29,40 ± 0,024 15,68 ± 0,009

Glicose (g L-1) 0,30 ± 0,114 0,12 ± 0,13

SST = sólidos solúveis totais; AR = açúcares redutores

Com estes resultados merece destaque o clone 144 por apresentar mais de 29 g L-1 de

açúcares redutores e aproximadamente 0,3 g L-1 de glicose. Este valor de AR para o clone 144

é 1,9 vezes maior do que a quantidade obtida para o clone 2111, configurando o clone 144 como

uma espécie de maior potencial para a produção de bioetanol de primeira geração.

5.2 Caracterização química do bagaço da casca dos clones de eucalipto

A composição química dos bagaços das cascas dos clones de eucalipto, encontram-se

na Tabela 5.

Tabela 5- Composição química do bagaço das cascas de Eucalyptus urophylla, clone 144,

e híbrido tri-cross de Eucalyptus urophylla x E. camaldulensis x E. grandis, clone 2111.

Parâmetros Clone 144 Clone 2111

Média ± DP

Umidade (%) 26,31± 0,000 26,09± 0,000

AST (g L-1) 0,70 ± 0,076 1,16 ± 0,022

Amido (g L-1) 0,55 ± 0,039 0,36 ± 0,031

Cinzas (%) 0,45 ± 0,023 0,50 ± 0,061

Hemicelulose (%) 16,46 ± 1,191 15,92 ± 1,275

Lignina (%) 7,75 ± 0,423 11,04 ± 0,318

Celulose (%) 46,91 ± 0,292 44,93 ± 0,845

DP = Desvio Padrão; AST = açúcares solúveis totais.

42

A casca de eucalipto pode variar sua composição química assim como a maioria de

outras biomassas lignocelulósicas. Essa variação pode estar relacionada com vários fatores,

como, tempo do plantio, composição do solo, temperatura média, espécie, entre outros

(FERREIRA, 2013). Segundo Bragatto (2010), a composição química dos materiais

lignocelulósicos podem fornecer informações importantes a respeito da qualidade da biomassa

para a produção de diversos produtos, inclusive para o bioetanol.

Cascas de eucalipto de diferentes espécies foram analisadas por McIntosh et al. (2012)

e Carroll (2009), estes encontraram valores que variam entre 42% a 48,07% de celulose

respectivamente. Bragatto (2010) obteve valor médio de 45,43%, valor muito próximo ao

encontrado neste trabalho, cerca de 46,91% de celulose para o clone 144 e 44, 93% de celulose

para o clone 2111. Quanto aos teores de lignina, os autores e resultados encontrados na literatura

descrevem um percentual maior desse composto em suas amostras analisadas, do que os

resultados obtidos neste estudo. Nas amostras dos clones 144 e 2111 foi encontrado um

percentual de lignina de 7,75% e 11,04% respectivamente. Carroll (2009) e Yadav et al. (2001)

encontraram valores para este composto de 26,91% e 28% respectivamente em amostras secas.

Já Bragatto (2010) encontrou para suas amostras valores que variaram entre 20,83% a 27,36%

de lignina de acordo com a espécie analisada. Segundo Rocha (2013), os diferentes valores

encontrados se comparados com os da literatura, provavelmente se devem ao fato de se tratar

de diferentes espécies de eucalipto, bem como idade, morfologia da planta e tempo de

armazenamento da casca. O fato de se ter um baixo valor de lignina é também um ponto

interessante do ponto de vista que, esse composto se comporta como um inibidor nos processos

fermentativos, liberando estruturas indesejadas durante os pré-tratamentos.

De acordo ainda com os dados obtidos na Tabela 5, foi possível observar que as amostras

da casca de eucalipto para os clones 144 e 2111 não apresentaram uma quantidade expressiva

de açúcares solúveis totais (AST) (0,70 e 1,16 g.L-1) e amido (0,55 e 0,36 g.L-1). Todavia,

apresentaram considerável teor de celulose (46,91 e 44,93 %), que somado a fração de

hemicelulose (16,46 e 15,92 %) perfazem um total de carboidratos de aproximadamente

63,30% para o clone 144, e de 60,80% para clone 2111. Esses teores de carboidratos

encontrados são interessantes, pois são estes, os compostos passíveis de fermentação no

processo de produção do bioetanol a partir das frações lignocelulósicas.

A partir da quantidade de carboidratos totais fermentescíveis, pode-se estimar a

quantidade teórica de bioetanol, fazendo uma relação estequiométrica da conversão dos

açúcares em EtOH. Logo, a soma dos valores de celulose e hemicelulose citados acima,

refletem em uma projeção estequiométrica de aproximadamente 410 L de etanol para o clone

43

144, e 394 L para o clone 2111, por tonelada de casca de eucalipto. A produção de casca por

área, gera cerca de 15 toneladas de casca de eucalipto por hectare de área plantada

(BRAGATTO, 2010). Considerando este valor, estima-se produzir cerca de 6 150 L ha-1 e 5910

L ha-1 de EtOH de segunda geração para os clones 144 e 2111, respectivamente. Considerando

ainda a área plantada somente no estado de Minas Gerais, que supera a marca dos 1,4 milhões

de ha, têm-se uma perspectiva de produção de 8,61 bilhões de litros de etanol (clone 144) a

partir da fração holocelulósica da casca de eucalipto. Este resultado faz com que a casca de

eucalipto deixe de ocupar a classe de ‘material excedente’ no campo, e se coloque então no

lugar de matéria-prima com potencial para a produção do bioetanol de segunda geração,

merecendo assim, a atenção de empresas e grupos de pesquisa em fontes renováveis de energia.

Santos (2012), realizaram em seus estudos caracterizações químicas do bagaço e da

palha da cana-de-açúcar, principal matéria-prima utilizada no Brasil para produção de

bioetanol, e obtiveram predições estequiométricas de 456 litros para o bagaço da cana e 443

litros para palha da cana. Logo, a casca de eucalipto se mostra mais uma vez como uma

considerável matéria-prima de alto potencial, uma vez que apresentou projeções de 410 L (clone

144) de etanol a partir do seu bagaço. Esses resultados mostram que o bagaço da casca de

eucalipto merece estudos mais aprofundados para sua aplicação na produção de bioetanol de

segunda geração.

5.3 Fermentação do caldo da casca de eucalipto

O processo fermentativo foi realizado a temperatura controlada e foi mensurado a massa

dos fermentômetros a cada uma hora. O tempo de fermentação do caldo do clone 144 foi de

cerca de 72 horas, valor superior ao tempo de fermentação para a amostra do clone 2111 (36

horas). Este resultado pode ser justificado devido a maior quantidade de açúcares

fermentescíveis presente na amostra do clone 144.

Se encontra em anexo duas tabelas que apresentam os resultados do acompanhamento

do processo fermentativo, com os parâmetros de declínio da massa, desprendimento de CO2

pela fermentação e conversão dos açúcares. As tabelas mostram também, os cálculos da

quantidade teórica de EtOH e o declínio da quantidade de açúcares presente no caldo da casca.

Pode-se verificar os diferentes resultados e concomitantemente os diferentes perfis do processo

fermentativo obtido para os clones 144 e 2111.

Nas Figuras 13 e 14, pode-se visualizar os perfis cinéticos da fermentação do caldo dos

dois clones. Os parâmetros plotados foram quantidade de EtOH teórico, CO2 produzido,

44

declínio da quantidade de AR (AR residual) versus o tempo, em horas, no processo de

fermentação.

Figura 13- Cinética do processo fermentativo do caldo da casca de Eucalyptus urophylla,

clone 144.

Fonte: Autor.

Figura 14- Cinética do processo fermentativo do caldo da casca do híbrido tri-cross de

Eucalyptus urophylla x E. camaldulensis x E. grandis, amostra 2111.

Fonte: Autor.

0

3

6

9

12

15

18

21

24

27

30

0 10 20 30 40 50 60 70 80

CO2 (g.L-1)

Etanol teorico (g.L-1)

Queda AR no Processo (AR Residual)

[ ]

(g

L-1)

tempo (h)

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

0 5 10 15 20 25 30 35 40

CO2 (g.L-1)

Etanol teorico (g.L-1)

Queda AR no Processo (AR residual)

[ ]

(g

L-1)

tempo (h)

45

Ao analisarmos os gráficos, podemos observar que o caldo da amostra 144, possui um

maior potencial para a produção de EtOH se comparado ao caldo da amostra 2111, devido ao

seu teor de AR e também pelo seu potencial de produção de etanol teórico calculado.

Os valores encontrados para AR no final do processo fermentativo foram de 6,1 g L-1 e

4,18 g L-1, para as amostras 144 e 2111 respectivamente, indicando que essa variação da

quantidade de açucares redutores se deve ao fato que estes foram convertidos em EtOH durante

o processo. Contudo, as amostras ainda apresentaram uma quantidade de açúcar residual no

final da fermentação, indicando que nem todo açúcar redutor foi convertido a EtOH. Segundo

Ferreira (2013), a concentração de AR ainda encontrada após o processo de fermentação, AR

residual, indicam a presença de açúcares não fermentáveis.

5.4 Teor de etanol, Rendimento alcoólico e Eficiência fermentativa e Produtividade

volumétrica

Os resultados de EtOH, em g L-1 e v v-1, rendimento alcoólico, Yp/s, e Eficiência

fermentativa e produtividade volumétrica, Qp, estão dispostos na Tabela 6.

Tabela 6- Teores de EtOH produzido a partir do caldo da casca dos dois clones de

eucalipto, rendimento do processo e eficiência fermentativa.

Amostras

EtOH EtOH EtOH Yp/s EF Qp

(g L-1) v v-1 (%) L ton-1 g g-1 (%) gp L-1 h–1

Clone 144 11,35 1,44 3,70 0,4890 95,69 0,7942

Clone 2111 4,47 0,57 1,33 0,3911 76,53 0,7431

Yp/s= rendimento alcoólico. EF= eficiência fermentativa. Qp= Produtividade volumétrica para as primeiras 10

horas do processo fermentativo.

O caldo da casca da amostra 144 apresentou resultados relevantes e um maior potencial

para produção de bioetanol, com cerca de 11,35 g L-1 de álcool real produzido, valor de 2,5

vezes maior que o produzido pelo clone 2111. O fator se deve a maior quantidade de açúcares

fermentescíveis disposto no caldo deste clone.

Baseado nos resultados obtidos, pode-se chegar a quantidade de 3,70 L ton-1 e 1,33 L

ton-1 para as amostras dos clones 144 e 2111, respectivamente. A amostra 144 apresentou

também maior Yp/s, 0,4890, e elevada eficiência fermentativa, aproximadamente 95,7 %. Estes

46

valores foram maiores quando comparados aos resultados descritos por Bragatto (2010), que

alcançou valores de 80,94 % e 87,53%, trabalhando também com caldo da casca de diferentes

espécies de eucalipto.

Considerando a produção média de casca dos clones comerciais, cerca de 15 toneladas

por hectare, podemos produzir 56,25 L de etanol por hectare de eucalipto (clone 144) plantado.

Considerando ainda o estado de Minas Gerais, com uma área plantada de mais de 1,4 milhões

de hectares, pode-se estimar uma produção de 78,75 milhões de litros de etanol que podem ser

produzidos a partir do caldo da casca dessa espécie de eucalipto.

A produtividade volumétrica do processo fermentativo para as duas amostras foram de

0,7942 e 0,7431 g L-1 h–1 para os clones 144 e 2111 respectivamente, referente as primeiras 10

horas do processo de fermentação. Isso indica mais uma vez, a maior eficiência do clone 144

para o processo de produção de bioetanol.

47

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

De acordo com os resultados obtidos, podemos concluir que a casca de eucalipto se

mostra como uma matéria-prima promissora de elevado potencial para a produção de bioetanol.

Considerando sua fração holocelulósica, a amostra analisada contém alto percentual de

carboidratos passíveis de processos fermentescíveis e consequentemente sua conversão a

bioetanol, podendo alcançar valores de cerca de 410 L por tonelada de casca, para o clone 144,

gerando 8,61 bilhões de litros de EtOH se considerarmos a quantidade de hectares de eucalipto

plantado no estado de Minas Gerais; além de baixos valores de lignina.

O caldo extraído da casca da biomassa utilizada apresentou teores de AR baixos, sendo

possível produzir cerca de 11,35 g L-1 de EtOH. Contudo, a produção de álcool de primeira

geração a partir da casca de eucalipto pode-se tornar viável se levado em conta a grande

quantidade de área plantada e de casca gerada dessa cultura anualmente. Somente no estado de

Minas Gerais, considerando a área de eucalipto plantada, têm-se uma perspectiva de produção

de 78,75 milhões de litros de etanol, o que evita ainda o acumulo de milhões de toneladas de

resíduo (casca), agregando também valor a mesma.

Por fim, a busca de tecnologias e a realização de estudos para a produção renovável de

combustíveis a partir de biomassas e resíduos industriais tem sido tornado fundamental, pois

visa atender a demanda de consumo a partir de fontes distintas, antes não aproveitadas, e gerar

assim produtos de alto valor agregado por meio de tecnologias e processos viáveis que

preservem o meio ambiente e visem a sustentabilidade.

48

7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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56

ANEXOS

57

Monitoramento do processo fermentativo do caldo da casca de Eucalyptus urophylla, clone 144.

Ponto Tempo

(hs)

Massa Sistema

(g)

CO2 desprendido

(g) CO2 (g.L-1)

Etanol teórico

(g.L-1)

Etanol %

(m/v)

Etanol %

(v/v)

Consumo

AR (g.L-1)

Declínio

AR (g.L-1)

1 0 282,86 0 0 0,0000 0,0000 0,0000 0,000 29,408

2 1 282,75 0,11 2,2 2,2990 0,2299 0,2914 4,500 24,908

3 2 282,64 0,22 4,4 4,5980 0,4598 0,5828 9,000 20,408

4 3 282,59 0,27 5,4 5,6429 0,5643 0,7152 11,045 18,362

5 4 282,56 0,3 6 6,2699 0,6270 0,7947 12,273 17,135

6 5 282,53 0,33 6,6 6,8969 0,6897 0,8741 13,500 15,908

7 6 282,49 0,37 7,4 7,7329 0,7733 0,9801 15,136 14,271

8 7 282,51 0,35 7 7,3149 0,7315 0,9271 14,318 15,090

9 8 282,49 0,37 7,4 7,7329 0,7733 0,9801 15,136 14,271

10 9 282,49 0,37 7,4 7,7329 0,7733 0,9801 15,136 14,271

11 10 282,48 0,38 7,6 7,9419 0,7942 1,0066 15,545 13,862

12 14 282,47 0,39 7,8 8,1509 0,8151 1,0331 15,955 13,453

13 22 282,43 0,43 8,6 8,9869 0,8987 1,1390 17,591 11,817

14 26 282,43 0,43 8,6 8,9869 0,8987 1,1390 17,591 11,817

15 30 282,41 0,45 9 9,4049 0,9405 1,1920 18,409 10,999

16 34 282,4 0,46 9,2 9,6139 0,9614 1,2185 18,818 10,590

17 48 282,38 0,48 9,6 10,0319 1,0032 1,2715 19,636 9,771

18 54 282,36 0,5 10 10,4499 1,0450 1,3244 20,455 8,953

19 62 282,34 0,52 10,4 10,8679 1,0868 1,3774 21,273 8,135

20 72 282,33 0,53 10,6 11,0769 1,1077 1,4039 21,682 7,726

58

Monitoramento do processo fermentativo do caldo da casca do híbrido tri-cross de Eucalyptus urophylla x E. camaldulensis x E. grandis,

clone 2111.

Ponto Tempo

(hs)

Massa Sistema

(g)

CO2 desprendido

(g)

CO2

(g.L-1)

Etanol teórico

(g.L-1)

Etanol %

(m/v)

Etanol %

(v/v)

Consumo

AR (g.L-1)

Declínio

AR (g.L-1)

1 0 237,07 0 0 0,0000 0,0000 0,0000 0,000 15,6886

2 1 236,97 0,1 2 2,0900 0,2090 0,2649 4,091 11,598

3 2 236,89 0,18 3,6 3,7620 0,3762 0,4768 7,364 8,325

4 3 236,84 0,23 4,6 4,8070 0,4807 0,6092 9,409 6,280

5 4 236,81 0,26 5,2 5,4339 0,5434 0,6887 10,636 5,052

6 5 236,79 0,28 5,6 5,8519 0,5852 0,7417 11,455 4,234

7 6 236,78 0,29 5,8 6,0609 0,6061 0,7682 11,864 3,825

8 7 236,76 0,31 6,2 6,4789 0,6479 0,8212 12,682 3,007

9 9 236,75 0,32 6,4 6,6879 0,6688 0,8476 13,091 2,598

10 24 236,74 0,33 6,6 6,8969 0,6897 0,8741 13,500 2,189

11 36 236,74 0,33 6,6 6,8969 0,6897 0,8741 13,500 2,189

59