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ESCOLA DE DIREÇÃO DE EMPRESAS - FISPCURSO – MBA EXECUTIVO
ESPECIALIZAÇÃO EM MARKETING GLOBALFACULDADES INTEGRADAS DE SÃO PAULO
MÓDULO – MACROECONOMIA PARA EMPRESAS
TRABALHO FINAL DE MACROECONOMIA
PERSPECTIVAS PARA ECONOMIA BRASILEIRAPARA 2002
COMPONENTES DO GRUPO
MARCO AURÉLIO GUILHERME BOTELHOANTONIO GOMES GALVEZ
PROF. ULISSES RUIZ DE GAMBOA
DISCIPLINA: ECONOMIA PARA EMPRESAS
ABRIL / 2002
Sumário
Descrição Página
Introdução .................................................................................................. 3
Capítulo 1 - Dados estatísticos da década de 90 ....................................... 4
Capítulo 2 - O Governo Fernando Collor de Mello .................................. 9
Capítulo 3 - O Governo Itamar Franco .................................................... 11
Capítulo 4 - O primeiro Governo Fernando Henrique Cardoso .............. 14
Capítulo 5 - O segundo Governo Fernando Henrique Cardoso .............. 17
Considerações finais .............................................................................. 21
2
Introdução
Este trabalho visa fazer uma análise do cenário da Economia
Brasileira, em especial nas estratégias Governamentais década de 90 e
início do novo milênio 2000/2001, e seus reflexos para o ano corrente de
2002.
O trabalho será desenvolvido através do detalhamento cronológico
dos governos brasileiros, iniciando com o ex-presidente Fernando Collor de
Mello e chegando ao segundo mandato do atual presidente Fernando
Henrique Cardoso.
Procuramos enriquecer este trabalho com conteúdo histórico
pertinente a cada Governo e gráficos demonstrativos da situação
organizacional nos diversos períodos analisados.
Ao final deste trabalho esperamos demonstrar a evolução da
economia brasileira neste período e as perspectivas da Economia Brasileira
para 2002.
3
Capítulo 1 – Dados estatísticos da década de 90
A década de 90 foi marcada pela abertura comercial do mercado
brasileiro. O reflexo na indústria nacional poderá ser verificado através das
diversas tentativos de contenção da inflação e inúmeros planos e pacotes
econômicos.
A indústria de aviação civil foi uma das que mais sofreu, pois o
ingresso das companhias aéreas estrangeiras de grande porte no país,
desestabilizou o mercado nacional e acirrou de forma desigual a
competição no mercado internacional, quando as Companhias estrangeiras
iniciaram suas operações no Brasil.
RESULTADO DA INDÚSTRIA (Evolução dos resultados de balanço das empresas aéreas brasileiras)
4
SALDO DA BALANÇA COMERCIAL
1989 16.120,00001990 10.752,80001991 10.579,00001992 15.239,00001993 13.307,00001994 10.467,00001995 -3.351,20001996 -5.599,04101997 -6.843,13101998 -6.593,64001999 -1.210,2620
Balança comercial - saldo - Anual Fonte: Banco Central do Brasil, Boletim do Banco Central do Brasil (BCB/Boletim) Unidade: US$ (milhões) Comentário: Notas para a imprensa do Banco Central - Seção I - quadro: Balanço de pagamentos.
5
SALDO DA BALANCA DE PAGAMENTOS
1989 -11.174,30001990 -7.965,20001991 -4.873,20001992 10.676,40001993 6.901,80001994 12.939,90001995 13.479,90001996 9.017,30001997 -7.845,31971998 -17.285,12451999 -10.739,6831
Balanço de pagamentos - saldo - Anual Fonte: Banco Central do Brasil, Boletim do Banco Central do Brasil (BCB/Boletim) Unidade: US$ (milhões) Comentário: Boletim do Banco Central - seção V - quadro: Balanço de pagamentos.
6
PRODUTO INTERNO BRUTO
1990 11.548,79461991 60.285,99931992 640.958,76761993 14.097.114,18181994 349.204.679,00001995 646.191.517,00001996 778.886.727,00001997 870.743.034,00001998 913.735.044,00001999 960.857.736,0000
PIB - Produto interno bruto – Anual Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, Novo Sistema de Contas Nacionais (IBGE/NSCN) / Resultados anuais Unidade: R$ (mil) Comentário: Conversão de moeda: elaboração IPEA. Produto Interno Bruto em mil R$ Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Departamento de Contas Nacionais. Quadro2
PARTICIPAÇÃO DA POPULAÇÃO NO PIB BRASIL
DÍVIDA EXTERNA
7
POPULAÇÃO %POPULAÇÃO %ACUMULADO PARCIAL
PARTICIPAÇÃO NO PIB %PARTICIPAÇÃO NO PIB %
1 1 1 1
1010 99
3535 2525
100100 6565
15 15
3535
1515
35 35
Fonte: IBGE
PARCIAL ACUMULADO
100 100
65 65
5050
15 15
1989 115.506,10001990 123.438,50001991 123.910,40001992 135.948,80001993 145.725,90001994 148.295,20001995 159.256,20001996 179.935,00001997 199.998,00001998 243.165,00001999 241.056,0000
Dívida externa – Anual Fonte: Banco Central do Brasil, Boletim do Banco Central do Brasil (BCB/Boletim) Unidade: US$ (milhões) Comentário: Notas para a imprensa do Banco Central - Seção I - quadro: Dívida externa total por devedor.
8
Capítulo 2 – Governo Fernando Collor de Mello (1990 – 1992)
Primeiro governo civil brasileiro, eleito por voto direto desde 1960.
É também o primeiro escolhido dentro das regras da constituição de 1988,
com plena liberdade partidária e eleição em dois turnos. Collor, ex-
governador de Alagoas, político jovem, e com amplo apoio das forças
conservadoras, derrota no segundo turno da eleição, Luís Inácio Lula da
Silva, migrante nordestino, ex-metalúrgico e destacado líder da esquerda.
Entre suas promessas da campanha estão a moralização da política e o fim
da inflação. Para as elites, oferece a modernização econômica do país
segundo a receita do neoliberalismo. Promete a redução do papel do
Estado, a eliminação dos controles burocráticos da política econômica,
abertura da economia e apoio as empresas brasileiras para se tornarem mais
eficientes e competitivas perante a concorrência externa.
Plano Collor - No dia seguinte ao da posse, ocorrida em 15 de março
de 1990, o presidente lança seu programa de estabilização, o plano Collor,
baseado em um gigantesco e inédito confisco monetário, congelamento
temporário de preços e salários e reformulação dos índices de correção
monetária. Em seguida, toma medidas duras de enxugamento da máquina
estatal, como as demissões em massa de funcionários públicos e extinção
de autarquias, fundações e empresas públicas. Ao mesmo tempo, anuncia
providências para abrir a economia nacional à competição externa,
facilitando a entrada de mercadorias e capitais estrangeiros no país.
As mudanças econômicas ocorridas no Brasil, aceleradas a partir de
1990, estão diretamente relacionadas com o processo de abertura neoliberal
iniciado pelo ex-presidente Fernando Collor de Mello.
9
O impacto nos negócios da Indústria Aérea.
A Varig foi uma das empresas mais afetadas por esta política de
abertura comercial, pois contava com concessão exclusiva das rotas
internacionais no Brasil e se viu, de uma hora para outra, concorrendo com
as maiores gigantes internacionais (American e United), enquanto a Vasp e
a Transbrasil iniciavam suas rotas ao exterior.
Tal fato, além de afetar profundamente a atividade econômica
nacional no seu todo, foi particularmente danoso à aviação comercial,
principalmente no âmbito doméstico, onde o enxugamento do meio
circulante, reduziu drasticamente a demanda no setor de transporte aéreo,
provocando nas empresas uma situação de crônica defasagem financeira,
já que estavam privadas das condições para cobrir os custos operacionais.
10
Capítulo 3 – Itamar Franco (1992 – 1994)
Eleito vice-presidente da república, o mineiro Itamar Franco assume
a presidência em caráter definitivo em 29 de dezembro de 1992 após o
Impeachment de Fernando Collor de Mello. Ele cumpre o restante do
mandato e governa até 31 de dezembro 1994. Itamar recebe um país
traumatizado pelo processo que o levou a destituição do presidente e
procura administrá-lo com equilíbrio. Ao deixar o governo, seu índice de
popularidade está entre os mais altos da república.
Plebiscito - Em Abril de 1993, cumprindo o previsto na Constituição,
o governo faz um plebiscito para a escolha da forma e do sistema de
governo no Brasil. Quase 30% dos votantes, não compareceram ao
plebiscito ou anulam o voto. Dos que comparecem as urnas, 66% votam a
favor da república e 10% a monarquia. O presidencialismo recebe cerca de
55% dos votos enquanto que o parlamentarismo recebe 25% dos votos. Em
função dos resultados, é mantido o regime republicano e presidencialista.
Plano Real - No campo econômico, o governo enfrenta sérias
dificuldades. A falta de resultados na política de combate à inflação
começa a desequilibrar o governo e o prestígio do próprio presidente da
República. Os ministros da Economia sucedem-se até que o chanceler
Fernando Henrique Cardoso é nomeado para o cargo. No final de 1993, ele
anuncia seu plano de estabilização econômica, o Plano Real, a ser
implantado ao longo de 1994.
No final de seu mandato, Itamar Franco apóia a candidatura do
ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso, à Presidência da
República.
11
Capítulo 4 – O primeiro Governo de Fernando Henrique Cardoso(1995 – 1998)
Senador, ex-chanceler e ex-ministro da Fazenda do governo Itamar
Franco, FHC apresenta-se à disputa eleitoral como o idealizador do Plano
Real. Seu programa de campanha é centrado na estabilização da moeda e
na reforma da Constituição. Concorre com o apoio do governo e da aliança
formada entre o Partido da Democracia Social Brasileira (PSDB), de
centro-esquerda, e o Partido da Frente Liberal (PFL), de direita. Ganha a
presidência no primeiro turno das eleições, derrotando vários candidatos. O
governo é empossado em 1o. de janeiro de 1995, tendo como data para
término 31 de dezembro de 1998.
Reforma Constitucional - As reformas são apresentadas como
essenciais à modernização do país e à estabilização e retomada do
crescimento econômico. Entre as mudanças aprovadas destacam-se a
quebra dos monopólios do petróleo e das telecomunicações e a alteração do
conceito de empresa nacional, no sentido de não discriminar o capital
estrangeiro. Diversas outras reformas estão sendo discutidas pelo congresso
Nacional, como a da Previdência Social, do estatuto do funcionalismo
público e dos sistemas fiscal, tributário e administrativo.
Plano Real - O presidente também dá continuidade ao Plano Real.
Ao longo dos meses, promove alguns ajustes na economia, como o
aumento da taxa de juros, para desaquecer a demanda interna, e a
desvalorização do câmbio, para estimular as exportações e equilibrar a
balança comercial. Com o plano, o governo controla a inflação em níveis
bastante baixos. Mas surgem sinais de recessão econômica já no segundo
12
semestre, como a inadimplência, queda no consumo e demissões em massa.
A redução da atividade econômica provoca desemprego.
13
Capítulo 5 – O segundo Governo de Fernando Henrique Cardoso(1999 – 2002)
Apoiado no aparente sucesso do plano real, Fernando Henrique
Cardoso torna-se o primeiro presidente reeleito na história do país.
Quinze dias após sua posse, em janeiro de 1999, resolve adotar
medidas de flexibilização cambial, desvalorizando o cambio em cerca de
70%, abalando o mercado mundial, principalmente após as crises Mexicana
em 1995, Asiática em 1997 e da Rússia, no final de 1998.
A estabilização do câmbio nominal desempenhou um papel
importante, no início do Plano Real. Não se pode criticar a decisão de
adotar, naquele momento, um regime de política econômica fundamentado
em regras, considerando os fracassos de sucessivos governos no
cumprimento da meta de estabilizar preços. A imposição de uma camisa de
força à autoridade econômica ajudou a construir a confiança na sua
capacidade de estabilizar preços e reduziu o custo social do ajuste. O que se
critica é a teimosia em insistir em um regime cambial cuja vulnerabilidade
a ataques especulativos já havia sido demonstrada pelas crises cambiais de
1992, na Europa, e diante da generalização daquela instabilidade, atingindo
o México, em 1994/95, e o sudeste asiático, em 1997.
Memória inflacionária – A inflação brasileira não era um fenômeno
cultural, que requeria a estabilidade do câmbio nominal para apagar a
“memória inflacionária”. Ela era apenas gerada pelas decisões de conviver
com a inflação, indexando preços, salários e câmbio, de seguir uma política
fiscal expansionista e uma política monetária acomodativa.
14
A remoção destas três causas eliminaria o descontrole inflacionário,
qualquer que fosse a âncora nominal adotada. Mas as autoridades insistiram
em que o monstro da inflação somente poderia ser preso pelos grilhões do
câmbio, e mantiveram aquele regime até o momento em que a crise
cambial forçou seu abandono. O resultado foi que tivemos de adicionar ao
medíocre crescimento do PIB uma recessão que poderia ter sido mais
profunda, em 1999, mas que foi suficiente para trazer o desemprego
próximo ao nível de 8%, que é comparável ao da recessão de 1981/83, a
mais forte de nossa história econômica recente.
A flutuação do câmbio não significa a volta da inflação. As
evidências empíricas, para todos os países que no regime de câmbio
flutuante direcionam a taxa de juros para produzir a estabilidade de preços,
indicam que as variações no câmbio nominal conduzem quase que
exclusivamente a variações no câmbio real, e praticamente a nenhuma
variação nos preços. Países no regime de câmbio flutuante são também
países com inflações muito baixas. O que existe não é uma associação entre
flutuação cambial e inflação, mas entre desvalorizações continuadas e
inflação, e mesmo assim não porque as desvalorizações causem a inflação,
e sim porque a inflação obriga a desvalorizações sucessivas
Quando nesta época deu-se o início do processo de privatização iniciado no
Governo Collor, principalmente nos setores não “tradeables”, tais como
siderurgia, energia elétrica, telecomunicações e até no setor financeiro, com
a venda do Banespa em novembro de 2000, ao grupo espanhol Santander.
15
PRODUTO INTERNO BRUTO – PIB
Ano PIB a preços correntesem R$ mil
Taxa real de variação (%)
1990 11.548.795 (-)4,3
1991 60.285.999 1,0
1992 640.958.768 (-)0,5
1993 14.097.114.182 4,9
1994 349.204.679.000 5,9
1995 646.191.517.000 4,2
1996 778.886.727.000 2,7
1997 870.743.034.000 3,3
1998 913.735.044.000 0,2
1999 960.857.736.000 0,8
2000 1.089.688.140.000 4,5
2001/1º trim. 4,4
Fonte: Banco Central do Brasil – BACEN
POPULAÇÃO DO BRASILmilhões
ANO
1995 155,3
1996 157,5
1997 159,6
1998 161,8
1999 164,0
2000 169,8
Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE
PRODUTO INTERNO BRUTO PER CAPITA
Ano Preços Taxa real de
16
constantes de 2000 (R$)
variação (%)
1990 5.812,58 - 5,5
1991 5.779,52 - 0,6
1992 5.660,31 - 2,1
1993 5.850,31 3,4
1994 6.103,19 4,3
1995 6.271,63 2,8
1996 6.350,02 1,2
1997 6.469,18 1,9
1998 6.397,10 - 1,1
1999 6.362,77 - 0,5
2000 6.559,94 3,1 Fonte: Banco Central do Brasil – BACEN
ÍNDICE DE PREÇOS
Período IPCA INPC IGP-DI IGP-M IPC-Fipe
1997 5,22 4,34 7,48 7,74 4,82
1998 1,65 2,49 1,70 1,78 - 1,79
1999 8,94 8,43 19,98 20,10 8,64
2000 5,97 5,27 9,81 9,95 4,38
2001/set 6,46 7,32 9,46 9,08 5,66
Fonte: Banco Central do Brasil – BACENDados e Estatísticas – Boletim do BCB – Quadros Estatísticos – Cap. I Atividade Econômica
TAXA DE JUROS EFETIVAEm % ao ano
Período OVER SELIC TJLP
Dez/1997 42,04 9,89
17
Dez/1998 31,24 18,06
Dez/1999 18,99 12,50
Jan/2000 18,94 12,00
Fonte: Banco Central do Brasil – BACEN
BALANÇA COMERCIAL BRASILEIRA US$ milhões FOB
Ano Exportação Importação Saldo
1990 31.414 20.661 10.753
1991 31.620 21.041 10.579
1992 35.793 20.554 15.239
1993 38.555 25.256 13.299
1994 43.545 33.079 10.466
1995 46.506 49.972 -3.466
1996 47.747 53.346 - 5.599
1997 52.994 59.749 - 6.755
1998 51.140 57.730 - 6.590
1999 48.011 49.263 - 1.252
2000 55.086 55.815 - 1.729
2001/out 49.376 47.878 1.498
Fonte: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior
PRODUÇÃO MÉDIA DIÁRIA DE PETRÓLEO
Período Mil Barris/Dia
1996 809
1997 869
1998 1.049
18
1999 1.191
2000 1.324
2001 1.362Fonte: Petrobrás.
TAXA DE DESEMPREGO ABERTO(semana) *
Período Taxa média
1995 4,441996 3,821997 4,841998 6,321999 6,282000 4,83
2001/ago 6,18* - Obtida da relação entre o número de pessoas que estavam procurando emprego ou aguardando o resultado de proposta para ingresso no trabalho à época da pesquisa e o
número de pessoas economicamente ativas, com idade igual ou superior a 15 anos.
Fonte: Banco Central do Brasil – BACEN
TAXA DE DESEMPREGO ABERTO: POR REGIÃO METROPOLITANA
Período Recife Salvador Belo Horizonte
Rio de Janeiro
São Paulo
Porto Alegre
Média 1997 5,89 7,73 5,09 3,73 6,60 5,47Média 1998 8,69 9,27 7,18 5,40 8,59 7,28Média 1999 8,17 9,94 7,69 5,40 8,30 7,22Média 2000 7,88 9,79 7,77 5,24 7,45 7,17
Fonte Banco Central do Brasil
TELEFONIA FIXA Período Milhões de Acessos
1996 16,5
1997 18,8
1998 22,1
1999 27,8
2000 38,3
2001 43,3
19
Fonte: Agência Nacional de Telecomunicações – ANATEL
TELEFONES PÚBLICOS
Período Em milhares
1996 430
1997 540
1998 589
1999 740
2000 913
2001 1.200
Fonte: Agência Nacional de Telecomunicações – ANATEL
TELEFONE CELULAR
Período Milhões de Acessos1994 0,8
1995 1,4
1996 2,7
1997 4,6
1998 7,4
1999 15,0
2000 21,5
2001 29,2
20
Fonte: Agência Nacional de Telecomunicações – ANATEL
HISTÓRICO DAS TAXAS DE JUROS FIXADAS PELO COPOM
E EVOLUÇÃO DA TAXA SELIC
REUNIÃO PERÍODO DE VIGÊNCIA
TBC/ META
DA TAXA SELIC
TBAN TAXA SELIC
(2) (3) (4)
Nº DATA DE A %
a.m. (1)
% a.m. % %
a.a.
1ª 26.06.1996 01.07.1996 a 31.07.1996 1,90 1,93 23,28
2ª 30.07.1996 01.08.1996 a 31.08.1996 1,90 1,97 25,01
21
3ª 21.08.1996 01.09.1996 a 30.09.1996 1,88 1,90 25,404ª 23.09.1996 01.10.1996 a 31.10.1996 1,82 1,93 1,86 23,48
5ª 23.10.1996 01.11.1996 a 30.11.1996 1,78 1,90 1,80 25,276ª 27.11.1996 01.12.1996 a 31.12.1996 1,74 1,90 1,80 23,94
7ª 18.12.1996 01.01.1997 a 31.01.1997 1,70 1,88 1,73 21,738ª 22.01.1997 01.02.1997 a 28.02.1997 1,66 1,84 1,67 26,14
9ª 19.02.1997 01.03.1997 a 31.03.1997 1,62 1,80 1,64 24,1110ª 19.03.1997 01.04.1997 a 30.04.1997 1,58 1,78 1,66 21,84
11ª 16.04.1997 01.05.1997 a 31.05.1997 1,58 1,78 1,58 21,9112ª 21.05.1997 01.06.1997 a 30.06.1997 1,58 1,78 1,61 21,08
13ª 18.06.1997 01.07.1997 a 31.07.1997 1,58 1,78 1,60 19,0414ª 23.07.1997 01.08.1997 a 31.08.1997 1,58 1,78 1,59 20,78
15ª 20.08.1997 01.09.1997 a 30.09.1997 1,58 1,78 1,59 19,8116ª 17.09.1997 01.10.1997 a 30.10.1997 1,58 1,78 1,53 19,05
17ª 22.10.1997 01.11.1997 a 30.11.1997 1,58 1,78 (5) (5)18ª ex. 30.10.1997 31.10.1997 a 30.11.1997 3,05 3,23 3,18 45,6719ª 19.11.1997 01.12.1997 a 31.12.1997 2,90 3,15 2,97 39,87
% a.a. (6)
% a.a. (6)
20ª 17.12.1997 02.01.1998 a 28.01.1998 38,00 43,00 2,43 37,4721ª 28.01.1998 29.01.1998 a 04.03.1998 34,50 42,00 2,72 34,20
22ª 04.03.1998 05.03.1998 a 15.04.1998 28,00 38,00 2,74 27,5123ª 15.04.1998 16.04.1998 a 20.05.1998 23,25 35,25 1,92 23,16
24ª 20.05.1998 21.05.1998 a 24.06.1998 21,75 29,75 1,85 21,2325ª 24.06.1998 25.06.1998 a 29.07.1998 21,00 28,00 1,86 20,45
26ª 29.07.1998 30.07.1998 a 02.09.1998 19,75 25,75 1,76 19,2527ª 02.09.1998 03.09.1998 a 10.09.1998 19,00 29,75 0,45 25,49
28ª ex. 10.09.1998 11.09.1998 a 07.10.1998 19,00 49,75 2,58 40,1829ª 07.10.1998 08.10.1998 a 11.11.1998 19,00 49,75 3,26 42,1230ª 11.11.1998 12.11.1998 a 16.12.1998 19,00 42,25 3,02 34,93
31ª 16.12.1998 17.12.1998 a 18.01.1999 29,00 36,00 2,16 29,2132ª 18.01.1999 19.01.1999 a 04.03.1999 25,00 41,00 3,98 37,34
33ª v.r. 04.03.1999 05.03.1999 a 24.03.1999 45,00 2,08 44,95 viés 25.03.1999 a 05.04.1999 42,00 0,84 41,96 viés 06.04.1999 a 14.04.1999 39,50 0,93 39,42
34ª v.r. 14.04.1999 15.04.1999 a 28.04.1999 34,00 1,05 33,92
viés 29.04.1999 a 07.05.1999 32,00 0,77 31,91 viés 10.05.1999 a 12.05.1999 29,50 0,31 29,53 viés 13.05.1999 a 19.05.1999 27,00 0,47 26,96
35ª v.r. 19.05.1999 20.05.1999 a 08.06.1999 23,50 1,09 23,36
viés 09.06.1999 a 23.06.1999 22,00 0,87 21,9236ª 23.06.1999 24.06.1999 a 28.07.1999 21,00 1,90 20,88
22
v.r.37ª s.v. 28.07.1999 29.07.1999 a 01.09.1999 19,50 1,78 19,5138ª s.v. 01.09.1999 02.09.1999 a 22.09.1999 19,50 1,00 19,52
39ª s.v. 22.09.1999 23.09.1999 a 06.10.1999 19,00 0,69 19,0140ª v.r. 06.10.1999 07.10.1999 a 10.11.1999 19,00 1,59 18,87
41ª s.v. 10.11.1999 11.11.1999 a 15.12.1999 19,00 1,67 18,9942ª s.v. 15.12.1999 16.12.1999 a 19.01.2000 19,00 1,74 19,00
43ª s.v. 19.01.2000 20.01.2000 a 16.02.2000 19,00 1,45 18,8744ª s.v. 16.02.2000 17.02.2000 a 22.03.2000 19,00 1,59 18,88
45ª v.r. 22.03.2000 23.03.2000 a 28.03.2000 19,00 0,28 18,94 viés 29.03.2000 a 19.04.2000 18,50 1,09 18,60
46ª s.v. 19.04.2000 20.04.2000 a 24.05.2000 18,50 1,57 18,5547ª s.v. 24.05.2000 25.05.2000 a 20.06.2000 18,50 1,28 18,39
48ª v.r. 20.06.2000 21.06.2000 a 07.07.2000 17,50 0,76 17,34 viés 10.07.2000 a 19.07.2000 17,00 0,50 16,96
49ª s.v. 19.07.2000 20.07.2000 a 23.08.2000 16,50 1,53 16,5150ª s.v. 23.08.2000 24.08.2000 a 20.09.2000 16,50 1,16 16,54
51ª s.v. 20.09.2000 21.09.2000 a 18.10.2000 16,50 1,16 16,6052ª s.v. 18.10.2000 19.10.2000 a 22.11.2000 16,50 1,41 16,56
53ª s.v. 22.11.2000 23.11.2000 a 20.12.2000 16,50 1,21 16,3854ª s.v. 20.12.2000 21.12.2000 a 17.01.2001 15,75 1,05 15,76
55ª s.v. 17.01.2001 18.01.2001 a 14.02.2001 15,25 1,13 15,1956ª s.v. 14.02.2001 15.02.2001 a 21.03.2001 15,25 1,30 15,20
57ª s.v. 21.03.2001 22.03.2001 a 18.04.2001 15,75 1,11 15,8458ª s.v. 18.04.2001 19.04.2001 a 23.05.2001 16,25 1,45 16,29
59ª s.v. 23.05.2001 24.05.2001 a 20.06.2001 16,75 1,17 16,7660ª v.r. 20.06.2001 21.06.2001 a 18.07.2001 18,25 1,34 18,31
61ª s.v. 18.07.2001 19.07.2001 a 22.08.2001 19,00 1,74 18,9662ª s.v. 22.08.2001 23.08.2001 a 19.09.2001 19,00 1,32 19,04
63ª s.v. 19.09.2001 20.09.2001 a 17.10.2001 19,00 1,32 19,0764ª s.v. 17.10.2001 18.10.2001 a 21.11.2001 19,00 1,60 19,05
65ª s.v. 21.11.2001 22.11.2001 a 19.12.2001 19,00 1,39 19,0566ª s.v. 19.12.2001 20.12.2001 a 23.01.2002 19,00 1,60 19,05
67ª s.v. 23.01.2002 24.01.2002 a 20.02.2002 19,00 1,25 19,0568ª s.v. 20.02.2002 21.02.2002 a 20.03.2002 18,75 1,38 18,80
69ª s.v. 20.03.2002 21.03.2002 a 17.04.2002 18,50
(1) No período de 1/7/96 a 4/3/99, o COPOM fixava a TBC e, a partir de 5/3/99, com a extinção desta, passou a divulgar a meta para a Taxa SELIC para fins de política monetária.
(2) A TBAN foi criada em 28/8/96 e extinta em 4/3/99.
(3) Taxa de juros acumulada no período.
(4) Taxa média diária de juros, anualizada com base em 252 dias úteis.
(5) As taxas de juros fixadas na 17ª reunião não entraram em vigor.
23
(6) A partir de 2/01/98, as taxas de juros passaram a ser fixadas na expressão anual.
Convenção:
ex. - Reunião Extraordinária
v.r. - Reunião em que a meta para a Taxa SELIC foi fixada com viés de redução.
v.e. - Reunião em que a meta para a Taxa SELIC foi fixada com viés de elevação.
s.v. - Reunião em que a meta para a Taxa SELIC foi fixada sem viés.
viés - Utilização da faculdade para alterar a meta para a Taxa SELIC entre reuniões do COPOM.
PERSPECTIVAS DA ECONOMIA BRASILEIRA – GUSTAVO FRANCO
Minha intenção é mais ambiciosa do que meramente apresentar as
perspectivas da economia. A imprensa e muitas pessoas falam
cotidianamente sobre a rotina da economia, que é suficientemente
turbulenta para ocupar o tempo inteiro dos brasileiros. Raros são os
momentos, todavia, em que podemos refletir de forma ampla, para além da
conjuntura, e olhar o País em perspectiva. Esse é o objetivo do livro O
desafio brasileiro, que comecei a escrever poucos meses depois de sair do
Banco Central, quando ainda tinha a memória fresca e uma certa
perspectiva sobre o que havia ocorrido – além de, com a volta à
universidade, já me ver acostumado ao debate, à critica e à troca de idéias
que caraterizam o ambiente acadêmico. Essa volta me fez bem, e o livro é
resultado desse processo de reciclagem na universidade após uma
experiência de quase sete anos no governo, durante os quais muita coisa
aconteceu. Quero contar um pouco do que neles se passou e, na verdade,
qual era o Plano Real e como ele foi levado adiante.
24
Hoje, acredito que é possível dizer que experimentamos (aliás, ainda
estamos experimentando) uma pequena revolução. No Brasil, é possível
falar de uma espécie de nova economia, não com a mesma acepção e
significado que, mercê das revoluções tecnológicas e com base na internet,
essa expressão possui nos Estados Unidos. Aqui, a nova economia é algo
diferente. É uma transformação que tem a ver com renovação econômica e
com tecnologia, sim, mas também com outros aspectos igualmente
relevantes. Talvez estejamos um degrau aquém da revolução tecnológica
que hoje está ocorrendo nos Estados Unidos, mas creio que chegaremos lá
em breve.
Quando, em maio de 1993, o então ministro da Fazenda e hoje presidente
da República Fernando Henrique Cardoso reuniu ao seu redor um pequeno
grupo de economistas e lhes perguntou o que fazer naquela situação,
certamente não ouviu nenhum vaticínio otimista nem teve diante de si
nenhum programa de trabalho que parecesse muito fácil. Naquela ocasião,
a inflação batia na casa de 5.500% ao ano e a situação fiscal estava
totalmente fora de controle, além de um cenário político confuso e um
Congresso imobilizado pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do
Orçamento, incapaz de levar adiante um processo que reputo da maior
importância: a revisão constitucional, que acabou sendo uma oportunidade
perdida. Tudo isso somado a um programa de privatização paralisado e
com a abertura não sendo sequer uma questão na pauta de debate nacional.
Declaramos ao então ministro da Fazenda que não estávamos ali para fazer
mais um programa de estabilização fracassado, como as cinco ou seis
tentativas anteriores. Essa sucessão de planos mal-sucedidos havia gerado
uma grande irritação na população, pelas promessas não-cumpridas e pela
incapacidade de diagnosticar com precisão os males do País. Ali foi dito
que o que estávamos experimentando não era um processo inflacionário
25
comum, que pudesse ser classificado com adjetivos leves. Por todos os
critérios numéricos possíveis de alinhar, o Brasil era vítima de uma doença
rara: a hiperinflação, fenômeno que aconteceu em não mais de uma dúzia
de países, sempre em condições excepcionais (guerra, guerra civil,
revolução, catástrofes da natureza, etc.).
O nosso era o caso raro de uma economia que conseguira chegar a um nível
de desordem econômica digno de uma hiperinflação sem ter sofrido
qualquer desastre desse tipo. Portanto, tínhamos uma doença seríssima, da
qual a inflação era apenas a manifestação exterior, uma espécie de febre
que encobria a natureza da infecção (não sabíamos bem o que era, ou não
queríamos enxergar). Por fim, ao ministro foi dito que precisávamos atacar
a infecção e que a estratégia de atacar a febre com congelamento e banho
frio teria o destino de outros experimentos anteriores: frustração e, na
verdade, fazer a doença retornar agravada.
Portanto, desde o início o ministro foi colocado diante de um projeto
extremamente ambicioso. Vários membros da equipe, ao formular esse tipo
de diagnóstico, acrescentavam: "e não acreditamos haver a menor chance
de sermos bem-sucedidos em um programa ambicioso de redefinição do
processo de desenvolvimento".
Como diagnosticar a infecção que nos atingia? Compreendemos que
assistíamos ao colapso de um modelo de desenvolvimento que se havia
esgotado dez ou quinze anos atrás e que toda tentativa de estimular a
economia de acordo com os velhos paradigmas estaria fadada apenas a
piorar a doença. Esse esgotamento podia-se notar em experiências de
outros países que até foram bem-sucedidos durante certo tempo. Baseados
na mobilização intensa de recursos comandada pelo Estado, às vezes de
forma autoritária, esse tipo de modelo (soviético ou asiático; ou modelo de
substituição de importações com alto intervencionismo estatal, na América
26
Latina) sempre falhou em algum momento. Na verdade, todos os modelos
de desenvolvimento baseados no suor e não na criatividade começaram a
experimentar rendimentos decrescentes, e em algum momento colapsaram.
Portanto, é fácil ver que o nosso colapsou, e como.
Os dois grandes pilares do processo de desenvolvimento adotado no País
até meados da década de 80 foram:
1) o isolamento, a auto-suficiência, como objetivo básico da política
econômica e como definição da agenda dos investimentos e da produção;
2) o financiamento inflacionário do Estado, ou seja, a incapacidade de
tributar e a idéia de que cabiam ao Estado responsabilidades que iam muito
além da sua capacidade de tributar ou de obter da sociedade os recursos
para cumprir sua missão – portanto, a única maneira de ele financiar-se e
cumprir seus deveres era extrair recursos da população através da inflação.
A inflação é uma espécie de imposto, como todos sabemos, e um dos piores
impostos que existem, porque incide predominantemente sobre o pobre,
aquele que não tem acesso à indexação e a outros mecanismos de proteção
que os brasileiros de melhor renda aprenderam a manejar muito bem.
Portanto, o modelo econômico antigo de um lado gerava a ineficiência,
filha da falta da concorrência, da auto-suficiência e do isolamento, e, do
outro, uma espécie de apartheid social, porque um processo de
desenvolvimento que se propõe a tributar o pobre durante meio século
seguido não pode deixar de produzir a pior distribuição de renda no mundo.
Esses processos são cumulativos: a degeneração da competência industrial,
combinada com a degeneração social e da distribuição da renda, vai em
certo momento gerar impasses.
27
O impasse do lado da competitividade tornou necessários impulsos
artificiais para fazer as empresas brasileiras exportar porque, se não há
competência, o Estado pode fornecer alguma competência por meio de uma
taxa cambial sobredesvalorizada ou de subsídios. Os subsídios à
exportação, por exemplo, a certa altura chegaram a constituir mais de 50%
do valor exportado: para cada dólar exportado havia 50 centavos de
subsídio para o exportador.
Esse estado de coisas não podia continuar, até porque o avanço do processo
democrático, durante a década de 80, fez com que a perversa distribuição
da renda, que decorria diretamente do modelo econômico, se tornasse
intolerável. A maioria da população simplesmente não queria mais um
processo de desenvolvimento cuja base era a tributação do pobre.
Era preciso, portanto, modificar os dois pilares do desenvolvimento, e isso
trazia problemas conceituais muito sérios aos economistas. Nós, os
economistas, somos bons racionalizadores do que se passou, bons médicos
legistas, por assim dizer, mas não somos bons clínicos gerais, capazes de
prognosticar ou provocar mudanças de curso. Víamos à frente um caso
clássico de mudança de curso: era preciso mudar. No entanto, tínhamos
armado ao longo do tempo todo um arcabouço doutrinário, baseado na
idéia de que a auto-suficiência se confunde com a independência
econômica, o que foi um equívoco não só conceitual como histórico, pois,
na verdade, esse conceito só teria sentido se fosse autárquico e se a
importação fosse reduzida ao mínimo. Mas é a doutrina que ainda
prevalece, ou seja, hoje ainda se invoca a auto-suficiência toda vez que se
quer denegrir a abertura econômica.
Enfim, após muitos anos de busca da auto-suficiência e de experimentar a
degeneração contínua da taxa de crescimento da produção, tínhamos uma
divergência entre a doutrina e os fatos. As recomendações da doutrina
28
levavam-nos basicamente ao abismo. Por outro lado, ao questionar a
funcionalidade da inflação como combustível para o processo do
desenvolvimento econômico, às vezes víamos nós mesmos cometendo o
sacrilégio supremo, para o economista brasileiro, de dizer que Keynes
estava errado e que déficit público não produz desenvolvimento. Ao
contrário: o desenvolvimento brasileiro deveria ser buscado no equilíbrio
das contas.
Aí se faz preciso um raciocínio um pouco mais elaborado para explicar que
tínhamos ido um pouco longe demais com a idéia keynesiana, a qual,
evidentemente, continha grandes porções de verdade no momento em que
fora formulada: as economias em depressão podem ser recuperadas por
meio de obras públicas quando há espaço para isso (capacidade ociosa,
recursos desempregados e tudo mais), mas que doses exageradas desse
remédio produzem inflação e que doses continuadas dele durante muitos
anos não só produzem inflação mas também um apartheid social, como o
Brasil chegou a experimentar.
Portanto, algo anti-intuitivo devia ser feito, ou seja, talvez tivéssemos de
reinventar Keynes, bem como reinventar o conceito de independência
econômica, talvez dizendo que a independência econômica implica a
existência de um setor externo grande, de importar muito para ter acesso às
melhores tecnologias e de exportar também muito como expressão de
competência empresarial e industrial. Portanto, a auto-suficiência era uma
proposição obsoleta, especialmente com o crescimento da globalização e
das oportunidades que ela gerava. Muitos devem ter experimentado em
alguma medida as dificuldades de transitar da doutrina da auto-suficiência
para uma outra que ainda não está madura, mas tem como substrato básico
a idéia de que a abertura no Brasil foi boa, teve resultados muito positivos,
mas as barreiras conceituais ainda existem: muita gente ainda acha que a
29
abertura foi apressada, absurda, conceitualmente errada. Eu discordo. Acho
que ela foi uma flechada no coração de um modelo de desenvolvimento
falido, que demorou quinze anos para começar a ser reformado.
Do ponto de vista keynesiano, é lógico que o mestre não se enganou. A
questão é simplesmente que a sociedade não aceita mais a inflação como
método de o setor público obter recursos. Portanto, o tamanho do setor
público tem de ser proporcional ao que a sociedade deseja pagar sob a
forma de impostos. A sociedade também não está satisfeita em emprestar
dinheiro ao setor público, para que ele possa viver além de seus próprios
meios, como faz hoje, porque nele não confia, e cobra dele juros muito
elevados, com razão, porque em outras ocasiões o devedor nos surrupiou a
poupança que lhe emprestamos. Portanto, a questão é bastante diferente
daquela que Keynes enfrentou na década de 30.
O Plano Real buscou fazer várias coisas ao mesmo tempo. Do ponto de
vista de retraçar o modelo econômico, atacou de frente dois problemas:
1) buscar o equilíbrio fiscal, porque o Brasil não quer mais tributar o pobre
– a idéia de que a inflação ajuda o desenvolvimento morreu, é falsa, antiga
e obsoleta;
2) o processo da abertura tem o condão de expor uma indústria já bastante
amadurecida, porém acostumada à preguiça tecnológica própria dos
ambientes protegidos, a um desafio extraordinário: rapidamente (mas não
por falta de aviso, é claro) adaptar-se à concorrência de produtos
estrangeiros, feitos com o que há de melhor neste mundo.
O desafio empresarial teve, pois, que ser enfrentado. O resultado foi similar
àquele que se observou em todos os países que experimentaram tal
processo de abertura: um extraordinário aumento na produtividade. Apenas
um número: em 1998, uma hora de trabalho produzia 68% mais
30
mercadorias do que em 1991. Lembro que a produtividade do trabalho
permaneceu estagnada nos dez anos anteriores a 1991 e, mercê da abertura,
subitamente passou a crescer cerca de 7% ao ano. Nós falamos dos Estados
Unidos (e eles falam deles próprios) em termos extremamente benfazejos
(nova economia e coisas desse tipo), mas sua produtividade aumenta no
máximo 2% ao ano, enquanto aqui está crescendo 7% ao ano. No entanto, a
reação brasileira é de meio descrença – "imagine, crescer 7%!" Ao
brasileiro às vezes falta um pouco de auto-estima.
A abertura que o Brasil está experimentando a partir do início dos anos 90
também pode ser medida numericamente de outra maneira simples: na área
industrial, qual percentagem da oferta de produtos importados? Em 1991,
esse número era 4,5%, menor talvez do que a média das economias
socialistas antes da queda do muro de Berlim. Isso significava impor à
indústria nacional uma quarentena, não lhe permitindo comprar nada,
nenhum insumo, nenhuma máquina estrangeira, por melhor e mais
vantajoso que fosse. Hoje, o percentual dos produtos importados sobre o
total da oferta de produtos industriais está em 20%.
Numa década, o Brasil multiplicou por cinco o grau da abertura. É muito?
Não, não é. Nos Estados Unidos, que constituem um país continental como
o nosso, essa relação é de 33%. Vale destacar que, aqui, o volume de
importações não é medido como percentagem do Produto Interno Bruto
(PIB). Mais da metade do PIB brasileiro se compõe de serviços, que não
constituem bens comercializáveis. E só tem sentido comparar bens sujeitos
ao comércio e é essa proporção que torna os países comparáveis entre si.
Repetindo: em relação ao total do valor adicionado industrial, os Estados
Unidos importam 33% de produtos manufaturados. O Brasil ainda está na
casa dos 20%, mas creio que nosso destino é chegar ao patamar americano,
que corresponde mais ou menos ao porcentual europeu e asiático.
31
Portanto, o processo da abertura brasileiro não chegou, nem de longe, ao
seu ponto de equilíbrio, ao padrão internacional, às best practices
internacionais. Ele apenas começou e só em começar ele já está
promovendo esses aumentos extraordinários na produtividade do trabalho.
É fundamental ter em conta o benefício que produz para a população
brasileira a combinação inflação baixa/produtividade crescente,
principalmente quando se compara a situação atual com a anterior. Inflação
baixa quer dizer que não há mais tributação sobre o pobre. Mede-se o
tamanho da tributação sobre o pobre pelo tamanho do dinheiro que o
governo arrecada com a emissão de dinheiro.
Isso era algo que eu via com muita clareza no Banco Central: com a
fabricação do papel pintado (que, uma vez em circulação, tem valor
bastante superior ao do papel e da tinta empregados) o Tesouro arrecadava
todo ano cerca de 4% a 5% do PIB. Uma vez que não se cobra mais esse
imposto, felizes são aqueles que antigamente o pagavam (as pessoas
pobres, que por não serem capazes de chegar à rede bancária carregavam o
dinheiro no bolso). Portanto, a melhoria distributiva proporcionada pela
inflação baixa é de cerca de 4% ou 5% do PIB ao ano.
A produtividade crescente faz outra mágica que igualmente não era
possível antigamente. Se a hora de trabalho produz hoje mais 68% de
mercadorias do que há sete anos, o empresário pode pagar maiores salários
e vender a preços mais baixos. Portanto, são beneficiados o trabalhador e o
consumidor, enquanto o empresário pode até ganhar um pouco mais de
margem de lucro, já que 68% permitem uma boa distribuição entre os três
participantes do processo produtivo. A realidade mostrou que, com a
estabilização da moeda, o trabalhador ficou com a maior parte do ganho de
produtividade – o que acho natural, tendo em vista os vários anos de
32
frustração da classe trabalhadora com a inflação, que nunca lhe permitiu
alcançar os desejados níveis de salário real.
A partir de certo momento, esses ganhos de produtividade começam a ser
aproveitados mais pelo consumidor. Um colega meu da Pontifícia
Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ) e hoje no Instituto de
Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), tem um estudo extraordinário que
decompõe o aumento da produtividade entre os que dele se beneficiaram,
mostrando esse padrão de forma muito clara. Primeiro os trabalhadores,
que ficaram com o grosso do ganho, e nos últimos anos o consumidor está
ficando a parte do leão. Como a desvalorização cambial não provocou a
volta da inflação nem outras pressões, é esse o panorama que temos de
examinar:
o papel da importação na indústria brasileira mudou radicalmente;
a produtividade cresceu de maneira extraordinária;
a concorrência virou regra básica do jogo.
Em relação aos desfavorecidos, que se beneficiaram com a inflação baixa e
com o crescimento da produtividade, uma grande instituição foi
responsável por tudo isso: a economia de mercado. Foi ela que gerou a
mágica que anos e anos de subsídios, de programas governamentais de
combate à pobreza ou à má distribuição da renda não conseguiram fazer.
Na verdade, a economia de mercado conseguiu muito mais do que isso. A
abertura atacou também, por exemplo, a excessiva concentração geográfica
da indústria, que tornava permanente um diferencial extraordinário entre os
salários regionais, provocando uma corrente migratória contínua das áreas
pobres para as ricas. Os pólos industriais, como o Sudeste, não se
incomodavam em pagar salários quatro ou cinco vezes maiores do que
aquele oferecido em outro canto do País, porque na falta de concorrência o
33
consumidor aceitava pagar qualquer preço. Portanto, não se precisava fazer
nada para garantir o faturamento.
Com a concorrência estrangeira, a situação ficou um pouco diferente,
porque a pressão competitiva impôs a necessidade de reduzir os gastos. As
empresas reagiram ao desafio e conseguiram fazer com que a mesma hora
de trabalho produzisse mais mercadoria. Responderam, pois, ao desafio de
forma extremamente competente. Mas aconteceu um fenômeno também
interessante: a descentralização industrial. Fábricas migraram de regiões
onde o trabalho era caro para locais onde ele era mais barato, dentro do
Brasil. Algo semelhante ao que se viu na Ásia a partir da década de 60 com
a valorização do iene diante do dólar, que fez as indústrias exportadoras
japonesas migrarem num primeiro momento para a Coréia e depois, quando
a moeda coreana se valorizou, para a Tailândia e Malásia, e hoje estão
migrando para a China. São indústrias que usam muita mão-de-obra e a
procuram no redutos onde ela se mostra mais barata.
Ao procurar mão-de-obra mais barata, as empresas acabam elevando o
preço do trabalho. Assim, o processo que leva indústrias de São Paulo para
o Nordeste faz o salário e a oferta emprego subirem lá e caírem aqui.
Portanto, a desconcentração industrial não oferece um pingo de consolo
para as pessoas que sofrem esse problema. Basicamente, os empregos
mudam de endereço e a política governamental deve ter alguma forma de
lidar com esse problema, que é tipicamente o do desemprego estrutural.
Mas não se pode deixar de reconhecer que esse processo torna o Brasil um
país mais homogêneo, porque diminui a distância entre os salários das
regiões pobres e ricas. O País fica duplamente mais justo, embora com
problemas de redistribuição de mão-de-obra e relocalização industrial.
Às transformações que a abertura provocou, eu acrescentaria outras duas,
igualmente extraordinárias. A primeira é a privatização. Nesse período, o
Brasil privatizou 121 empresas, cuja venda resultou em quase 90 bilhões de
34
dólares. Que repercussão teve esse processo sobre a economia brasileira?
As 121 empresas produzem cerca de 7% do PIB nacional. Uma forma de
ver a coisa é tomar casos individuais (e há vários) para examinar o antes e
depois. Muito citada é a Companhia Siderúrgica Nacional (uma das jóias
da coroa, etc. e tal) que nos cinco anos antes da privatização amargou
prejuízo anual médio de um bilhão de reais, além de receber do Tesouro
um aporte anual médio de cerca de 500 milhões de reais e um investimento
anual médio de cerca de 50 milhões de reais. Os impostos por ela então
pagos eram evidentemente ridículos, porque a empresa era estatal – dando
prejuízo, não recolhia quase nada de impostos.
Se examinarmos os cinco anos posteriores à privatização, veremos uma
empresa que por ano dá cerca de 300 milhões de reais de lucro, investe
outros 300 milhões de reais e paga cerca de 200/300 milhões de reais de
impostos. Além de, no quinto ano após a privatização, ter aumentado sua
produtividade em 84% relativamente ao dia em que foi desestatizada.
Esse é o caso de uma empresa que foi vendida por 2 bilhões de reais, pagos
em moedas de privatização. Considerando o ágio médio dessas moedas, ela
custou mais ou menos 1,5 bilhão de reais. Vendemos por 1,5 bilhão uma
empresa que dava prejuízo de um bilhão de reais, o que já é uma mágica
financeiramente difícil de entender. O interessante é conjecturar, se a
mesma coisa estiver acontecendo com as outras 120 empresas privatizadas,
que nós temos uma revolução. Certamente as estatísticas, em qualquer um
dos setores privatizados, demonstram essa revolução, com maior ou menor
intensidade, dependendo da idade do processo da privatização. Nos
processos que ocorreram há já alguns anos, há grande clareza sobre os
benefícios conseguidos. Em outros, a privatização ainda é muito recente,
contenciosa, emocional, etc., como a polêmica que envolve as
telecomunicações, embora o crescimento dos telefones no País seja um
fato. Todo o mundo viveu a época em que um telefone custava cinco mil
35
dólares no mercado negro, e hoje há por aí mais de vinte milhões de
celulares.
O que está acontecendo nas empresas privatizadas é um processo de
mudança absolutamente radical, que afeta 7% do nosso PIB, que eram
produzidos de forma incompetente pelo Estado, com produtividade
declinante e prejuízo para os contribuintes, e agora estão sendo produzidos
por gente que faz as empresas funcionar melhor. Só medindo os impostos
que elas pagam, já se apura uma vantagem extraordinária.
Outra pequena revolução experimentada pelo Brasil no período 1993-99: o
investimento direto estrangeiro. Historicamente, o Brasil recebe 5% do
investimento direto estrangeiro em escala global. É uma média histórica.
Recebemos mais, por exemplo, na década de 50, nos anos dourados do
desenvolvimento. Curiosamente, foi num período de grande efervescência
nacionalista que mais entrou investimento de capital estrangeiro de risco.
Naquela época, a da introdução da indústria automobilística, o País chegou
a receber 17% do investimento direto internacional. Depois, sua parcela
estabilizou-se em 5%, que é mais ou menos o peso do Brasil na indústria
global. A despeito de deter apenas 1% do comércio mundial, verifica-se
certa correspondência entre o tamanho do Brasil, em termos da indústria
global, e o investimento que recebe das empresas multinacionais.
Em 1996, o Banco Central conduziu o primeiro censo do capital
estrangeiro no Brasil. Descobriu-se que em dezembro de 1995 o País tinha
mais ou menos 6.500 empresas estrangeiras (assim classificadas aquelas
com mais de 10% de participação externa). Essas 6.500 empresas
representavam um investimento estrangeiro de cerca de 45 bilhões de
dólares, volume ligeiramente maior do que o seu patrimônio líqüido. Tais
empresas, com capital de 90/100 bilhões de dólares, possuíam ativos de
cerca de 250 bilhões de dólares e faturamento de cerca de 270 bilhões de
dólares. Dá, pois, para dizer que cada dólar de investimento direto
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estrangeiro de risco produzia quatro dólares de ativo e cinco dólares de
faturamento.
Em 1993, como porcentagem do investimento direto global, recebemos
0,2%, número ridículo diante da nossa média histórica. Pergunto agora: o
que aconteceu depois que o Brasil estabilizou sua economia, deixando de
ter uma inflação vergonhosa de 5.000% ao ano e passou a registrar índices
no patamar internacional? Em quatro anos, o País recuperou a percentagem
de 5% do investimento direto global, que hoje significa receber
investimentos diretos estrangeiros na casa dos 30 bilhões de dólares.
De dezembro de 1995 até 1999, ingressaram 83 bilhões de dólares de
investimento estrangeiro, ou seja, 1,8 vez todo investimento direto
estrangeiro realizado na história brasileira. O volume de capital estrangeiro
em dezembro 1995 produzia 10% do PIB brasileiro. Se imaginarmos que
essa nova onda de capital externo vai gerar os mesmos efeitos que a onda
anterior (e imaginemos por baixo que vai levar dez anos para isso
acontecer, e que o PIB vai crescer 4% durante esse período), em 2010 o
capital estrangeiro produzirá 20% do PIB nacional, e não 10% como hoje.
A média européia é bem maior, e nos Estados Unidos é menor. Acho que,
para o Brasil e para qualquer economia emergente, um porcentual 20% têm
sentido. Todavia, devemos olhar esse número do ponto de vista da
transformação que ele produz na economia brasileira. As 6.500 empresas
de dezembro de 1995 davam 1,5 milhão de empregos diretos. Quantos
empregos diretos vão ser gerados por investimentos que são 1,8 vez os
investimentos anteriores? O número certamente é expressivo, e são
empregos de alta qualidade. O investimento de risco traz tecnologia, traz
acesso aos mercados externos e nos coloca de forma bastante presente no
ambiente da globalização.
A combinação disso tudo (abertura, crescimento da produtividade,
privatização, estabilização, investimento estrangeiro, e mais a valorização
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da democracia, a cultura da concorrência e da economia de mercado, a
cultura do antiprivilégio, do antinepotismo, da antibenesse do Estado a
amiguinhos dos poderosos, essa cultura que vem com a economia do
mercado) transformou o Brasil de forma extraordinária.
Diante dessas transformações estruturais, as perspectivas de curto prazo,
mesmo a taxa do câmbio, sempre me pareceram questões menores, desde
que se abandone o modelo econômico baseado na mobilização intensa de
recursos comandada pelo Estado, feita de muito suor e pouca inteligência,
para um desenvolvimento econômico baseado em criatividade, educação,
produtividade, tecnologia, abertura e democracia.
A ECONOMIA BRASILEIRA EM 2002 - Jurandyr O. Negrão
É interessante notar que essa imagem de que viveremos um período de
alívio já foi apresentada pelo discurso oficial várias vezes ao longo dos
últimos anos, durante os quais, sobretudo por conta da situação precária
que a política econômica criou para as contas externas do país, temos
assistido a uma sucessão de períodos de crescimento (modesto) e de
recessão - uma trajetória que em economês costuma ser chamada de stop
and go (freada e partida). Poderemos presenciar mais uma vez, portanto, a
cena constrangedora de autoridades comemorando que "o Brasil saiu da
recessão", depois de terem insistido durante meses que, ao contrário do que
afirmavam os "fracassomaníacos" da oposição, o país não havia entrado em
recessão...
Qual o ritmo de crescimento que se espera para a economia? A média das
projeções dos especialistas está em torno de 2%; o governo fala em até 3%.
O que significam esses números? Um crescimento insuficiente para
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derrubar o desemprego e permitir que os salários recuperem uma parte
relevante das perdas que sofreram nos últimos anos. Se realmente a
economia tiver essa expansão, o segundo mandato do presidente Fernando
Henrique se encerrará ostentando um ritmo médio de crescimento anual de
pouco mais de 2% - o que representa praticamente uma estagnação, pois é
muito pouco superior ao ritmo de crescimento da população.
E mesmo esse crescimento chinfrim, é sempre bom lembrar, está longe de
estar garantido: a marca da economia brasileira continua a ser (além da
brutal concentração de renda, preservada ou mesmo agravada desde que,
com Collor, a opção liberal das elites passou a dominar a política
econômica) a vulnerabilidade diante de eventuais turbulências na economia
internacional. Como alertamos em coluna recente, o governo está dourando
a pílula em relação à situação das contas externas, que melhorou pouco e
graças sobretudo a mecanismos perversos (a queda dos salários e a
contenção da demanda interna).
Assim, o que está por trás do alívio recente na cotação do dólar são
sobretudo dois fatores: o fato de os juros no Brasil continuarem bem altos,
apesar de terem despencado nos países ricos (que entraram em recessão ao
longo de 2001), e, sobretudo, o respaldo forte que o FMI está dando à atual
política econômica (ditada por ele mesmo...), ao conceder um grande
empréstimo (de US$ 15 bilhões) e sinalizar que, se for preciso mais para
fechar as contas externas, ele está disposto a emprestar.
O desembolso desses empréstimos do FMI está programado para se
encerrar no final de 2002. Trata-se, ao mesmo tempo, de um meio de
escorar a política econômica do governo (num ano de eleições
presidenciais em que ela poderia - e deveria - ser alvo de contestação) e de
uma bomba-relógio para o próximo governo, que herdará a obrigação de
pagar esses empréstimos - ou, alternativamente, de se submeter à tutela do
FMI para poder renová-los.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Embora a década de 90 tenha sido marcada pela abertura comercial
brasileira, o desenvolvimento industrial nacional não conseguiu atingir o
seu pleno desenvolvimento, passando por vários anos de recessão e de altos
juros.
O capital estrangeiro aqui investido foi em grande parte especulativo,
ou utilizado na privatização de indústrias não “tradeables”, que certamente
não irão gerar equilíbrio em nossa balança comercial, pois os insumos
produzidos não poderão ser exportados.
O quadro que se desenha, nos leva a pensar que as próximas eleições
presidenciais serão decisivas para o futuro do país, e mostram um quadro
que pela primeira vez aponta para a vitória da oposição e prova disto é que
o Banco Central já começa a adotar medidas protecionistas de manutenção
dos acordos internacionais, com o FMI e o Banco Mundial.
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BIBLIOGRAFIA GERAL
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Competitivas. São Paulo. Ed. Cultura. 1997.
DRUCKER, P.F. Administração para o Futuro. São Paulo.
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