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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO
INSTITUTO TRÊS RIOS
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DO MEIO AMBIENTE - DCMA
RELAÇÃO HOMEM E NATUREZA: A VISÃO DOS MORADORES DE
TRÊS RIOS /RJ
Tamires Rocha da Silva
ORIENTADOR: Prof. Dr. Alexandre Ferreira Lopes
TRÊS RIOS - RJ
JULHO – 2017
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO
INSTITUTO TRÊS RIOS
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DO MEIO AMBIENTE - DCMA
RELAÇÃO HOMEM E NATUREZA: A VISÃO DOS MORADORES DE
TRÊS RIOS /RJ
Tamires Rocha da Silva
Monografia apresentada ao curso de Gestão Ambiental,
como requisito parcial para obtenção do título de
bacharel em Gestão Ambiental da UFRRJ, Instituto Três
Rios da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro.
TRÊS RIOS - RJ
JULHO – 2017
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO
INSTITUTO TRÊS RIOS
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DO MEIO AMBIENTE – DCMA
RELAÇÃO HOMEM E NATUREZA: A VISÃO DOS MORADORES DE
TRÊS RIOS /RJ
Tamires Rocha da Silva
Monografia apresentada ao Curso de Gestão Ambiental
como pré-requisito parcial para obtenção do título de
bacharel em Gestão Ambiental da Universidade Federal
Rural do Rio de Janeiro, Instituto Três Rios da
Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro.
Aprovada em 10/10/2017
Banca examinadora:
__________________________________________
Prof. Dr. Alexandre Ferreira Lopes
__________________________________________
Profª. Drª. Ana Paula Perrota Franco
_____________________________________________
MSc. Monica Cardoso Ambivero
TRÊS RIOS - RJ
JULHO – 2017
“Agradeço e dedico todo meu sucesso e realizações primeiramente à Deus, este que é o
realizador e responsável por todas as minhas conquistas, alegrias e realizações, à minha
família linda e amada, que sempre foram meu apoio, meu alicerce, meu porto seguro. À todos
aqueles que me moldaram, tanto na vida secular quanto acadêmica, que tornaram-me nessa
mulher que hoje sou. Meus sinceros agradecimentos!”
AGRADECIMENTO
Aos meus professores e mestres que foram o pilar e deram-me todo suporte educacional para
que eu chegasse até aqui.
Ao orientador Alexandre Ferreira Lopes, pela paciência na minha enrolação, estava perdida,
mas ele me auxiliou, até na distância, não foi fácil, mas conseguiu. Eu agradeço por isso!
A minha mãe Zilmar Alves Rocha da Silva, companheira e amiga, mesmo na distância
sempre me cobriu e cercou de cuidados, amor, dedicação. Serei eternamente grata a essa
mulher-anjo da minha vida.
Ao meu pai Alex Lopes da Silva, que me fez sempre ter coragem na vida, correr atrás dos
meus sonhos, ter fé.
A minha amiga e irmã Lana Blay, pelas palavras de apoio, por todo cuidado, amor e
preocupação.
A amiga, que foi uma irmã, Michelle Martins, me ajudou a passar por tantos momentos
difíceis, longe de casa. Sou grata de verdade, ti levo pra vida!
“A natureza fez o homem feliz e bom, mas a sociedade deprava-
o e torna-o miserável.
(Jean-Jacques Rousseau,1712-1778)
RESUMO
O presente trabalho possui como base a relação homem e natureza na atualidade, tendo por
objetivo analisar a visão dos moradores da cidade de Três Rios, no que se diz respeito às
questões e problemas ambientais regionais decorrentes das atividades humanas e do
crescimento industrial acelerado do Município. Para a realização da pesquisa foi elaborado
um questionário com 9 questões discursivas, de linguagem simples, para melhor entendimento
do público pesquisado. As questões trataram de assuntos como o esgotamento dos recursos
naturais, a interferência do homem no meio ambiente, causas e consequências dos problemas
ambientais no Município de Três Rios, assim como, sugestões para melhorias ambientais para
cidade e por fim, consequências socioambientais do processo de industrialização de Três
Rios. As respostas obtidas com os questionários, trouxeram embasamento para a pesquisa.
Alguns temas se tornaram mais explícitos, com a análise dos dados da pesquisa, como os reais
problemas ambientais encontrados no Município e outros temas que apareceram como
resposta aos tais problemas ambientais, como ideias de melhoria da interferência humana no
meio natural, que poderiam servir de auxílio para ações da coletividade e do poder público no
Município de Três Rios. Por meio da pesquisa pode-se refletir sobre a importância da inserção
da sociedade nas questões ambientais, como a proximidade da população com a realidade do
meio que vive pode trazer uma reflexão e influências positivas sobre preservação ambiental,
foi possível também reafirmar que a relação atual do homem com a natureza precisa ser
revista. Além disso o êxito do trabalho se deu de forma a trazer uma conscientização de
pequena escala aos entrevistados e aqueles que de alguma forma foram inseridos e
influenciados pela pesquisa.
Palavras-chave: Problemas ambientais, Educação ambiental, Infraestrutura, Melhorias
ambientais, Análise quantitativa, Análise qualitativa.
ABSTRACT
The present work has as its relation man and nature, aiming to analyze the vision of the
residents of the city of Três Rios, regarding regional environmental issues and problems
arising from human activities and the accelerated industrial growth of the Municipality. To
carry out the research, a questionnaire was elaborated with 9 discursive questions, of simple
language, for a better understanding of the researched public. The issues dealt with issues
such as the depletion of natural resources, man's interference with the environment, causes
and consequences of environmental problems in the Municipality of Três Rios, as well as
suggestions for environmental improvements for the city and, finally, socio-environmental
consequences of the process. Industrialization of Três Rios. The answers obtained with the
questionnaires, provided background for the research. Some themes became more explicit,
with the analysis of the research data, such as the real environmental problems found in the
Municipality and other themes that appeared in response to such environmental problems,
as ideas for improving human interference in the natural environment, which could serve as
Assistance to actions of the community and public power in the Municipality of Três Rios.
Through the research can reflect on the importance of the insertion of society in
environmental issues, such as the proximity of the population with the reality of the
environment that lives can bring a reflection and positive influences on environmental
preservation, it was also possible to reaffirm that the current relationship Of man with
nature needs to be reviewed. In addition, the success of the work was done to bring a small-
scale awareness to the interviewees and those who were somehow inserted and influenced
by the research.
Keywords: Environmental problems, Environmental education, Infrastructure,
Environmental improvements, Quantitative analysis, Qualitative analysis.
LISTA DE ABREVIAÇÕES E SÍMBOLOS
APP- Área de Preservação Permanente
CF- Constituição Federal
EA- Educação Ambiental
IBAMA - Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
ICMS- Imposto sobre Circulação de Mercadorias e prestação de Serviços
PNEA - Política Nacional de Educação Ambiental
RJ- Rio de Janeiro
LISTA DE FIGURAS
Figura 1. Localização do município de Três Rios..................................................................18
Figura 2. Esgotamento dos recursos naturais...........................................................................23
Figura 3. Interferência menos agressiva ao Meio ambiente....................................................26
Figura 4. Relação da população trirriense com a natureza......................................................29
Figura 5. Formas de melhorar a quantidade de áreas verdes em Três Rios.............................29
Figura 6. Melhorias ambientais para cidade de Três Rios.......................................................32
Figura 7. Processo de industrialização de Três Rios................................................................32
Sumário
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 13
1.3 OBJETIVO GERAL ....................................................................................................... 19
1.3.1 Objetivos Específicos ......................................................................................... 19
2. MATERIAIS E MÉTODOS ................................................................................................. 20
2.1. O QUESTIONÁRIO ...................................................................................................... 20
2.2 LOCAL DAS ENTREVISTAS .......................................................................................... 21
2.3 OS ENTREVISTADOS ..................................................................................................... 21
2.4 ANÁLISE DOS DADOS ................................................................................................... 22
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO ......................................................................................... 23
4. CONCLUSÕES .................................................................................................................... 35
5. REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 37
6. ANEXOS .............................................................................................................................. 39
13
1. INTRODUÇÃO
O ser humano e o meio natural se estabelecem por meio de uma relação de
interdependência e de coexistência, pois desde os primórdios o homem está diretamente
ligado ao ambiente por meio da busca pelo suprimento de suas necessidades vitais.
“O que sempre esteve em jogo nos diversos modos de produção
surgidos ao longo da história foi sempre o como produzir e o para quem
destinar os frutos da produção, já que a questão de onde retirar a
matéria-prima necessária teve sempre uma resposta única: da natureza”.
(Pádua, 2004, p. 27)
Embora a utilização dos recursos naturais seja uma verdade pautada por meio de
registros, através do estudo da história da humanidade, é possível observar que a relação
entre o ser humano e o meio ambiente era menos impactante em comparação a essa
mesma relação nos dias de hoje, visto que esta utilização dos recursos naturais era para
suprir , em sua maioria, necessidades fisiológicas, e até mesmo culturais, porém de
forma regional isso que ao longo dos tempos veio mudando, de forma intensa, pois as
necessidades atuais, com toda descoberta de maneiras diferentes de utilização e
intervenção na natureza, o meio natural passa a ser o responsável e supridor de matérias
primas para o homem "sobreviver".
Na chamada Pré-História, a visão que se tinha da natureza, era como uma mãe
que cuida, acolhedora (visto que até hoje, em algumas culturas indígenas, por exemplo,
vivenciam este tipo de relação, onde boa parte de dados antropológicos apresentam
populações que se relacionam em sintonia com o meio natural.)
“Durante a chamada Pré-História, a experiência de inúmeros povos foi
de harmonia, de equilíbrio, de respeito, de parceria. Há poucas
evidências disso – mas as que existem são bastante convincentes –,
pois esses povos, que não viviam sob a lógica da dominação, não
erigiram grandes monumentos, nem castelos, nem desejaram deixar
marcas de sua ‘grandiosidade’”. (Mendonça, 2005)
Com o passar dos tempos, o homem começou a criar e utilizar técnicas e
ferramentas mais sofisticadas, isso permitiu uma maior intervenção do ser humano na
14
Terra. A finalidade desses instrumentos era a melhoria da produtividade, da
interferência do homem no meio natural, além de uma busca pelo conhecimento de suas
origens e sobre o que os cercava. Essas civilizações do Neolítico, mesmo consideradas
tecnológica e socialmente evoluídas em relação as anteriores, é possível se dizer que
viviam em equilíbrio com a natureza.
Na Grécia Antiga surgiram os primeiros filósofos da natureza, estes que
tentavam entender as interações e transformações do meio natural, na busca por uma
explicação racional dos fenômenos da natureza. Os gregos utilizavam a madeira, o ouro
e outros elementos naturais na construção de casas, templos, navios, instrumentos, sem
a consciência do que suas ações poderiam causar, porém essa interferência, a princípio,
em escala regional. Com o aumento da população grega, a necessidade de se manterem
a base do comércio e da pesca cresceu, e, ambas atividades necessitavam da confecção
de muitos barcos, navios, estes que eram feitos de grandes quantidades de madeira.
Com o aumento do desmatamento, o pensamento em preservação já começa a ser
considerado, através de Aristóteles por exemplo, este que reforçava a importância das
árvores ao Estado. Foram então criadas leis de proteção às florestas, para equilibrar a
extração da madeira (Perlin, 1992).
Na Roma Antiga, o uso da madeira, de igual forma, tinha grande relevância. De
acordo com John Perlin, com o esgotamento da madeira no entorno de Roma, os
lenhadores avançaram para outras regiões afastadas, para suprirem suas necessidades,
onde os troncos eram levados pelo percurso dos rios. As primeiras redes de esgoto,
aquedutos, queixas sobre a poluição atmosférica e também a reciclagem do vidro se
mostraram presentes em Roma. “Os romanos pobres corriam a cidade para recolher
vidro quebrado, no século I, da mesma forma que hoje as pessoas recolhem as latas de
alumínio para encaminhá-las para reciclagem” (Mendonça, 2005).
O pensamento do ser humano superior e autorizado por Deus para uma
exploração da natureza passa a ser difundido na Idade Média. O capitalismo e as trocas
comerciais encontraram espaço no século XII e começaram a se intensificar. Com isso,
aos europeus, veio a necessidade em buscar especiarias, metais preciosos, matérias-
primas, terras e mercados diferentes e distantes, dando partida a expansão marítima
europeia, sendo um marco no processo de interação no globo terrestre.
15
“Houve práticas capitalistas muito antes da existência do capitalismo
como sistema econômico” (Koshiba, 2004, p. 228).
O conceito de natureza na Idade Moderna mudou. Essa nova concepção trouxe a
ideia de um meio natural mecânico, como máquinas, controlável pelo ser humano,
disponível para ser explorado. A obtenção dos recursos naturais passou a ser lucrativo,
não retirando da natureza apenas o necessário e essencial para sobrevivência das
populações regionais.
A transição da idade média para a idade moderna foi marcada por muitas
mudanças determinantes na sociedade e natureza, que trouxeram marcas à posteridade,
tanto no campo econômico, científico ou político. A construção de um novo modelo de
vida, de agir e realizar atividades, se estabeleceram por influência da economia e
política, pela passagem do feudalismo para o capitalismo, pelo enfraquecimento da
monarquia em muitas Nações, trazendo então, um novo conceito de mundo, de vida, de
natureza. O antropocentrismo, pensamento do ser humano ser o centro de todo universo,
passa a reger a estrutura da sociedade.
Com o advento da Revolução Industrial, a intervenção na natureza pelo homem
aumentou de forma drasticamente, iniciando assim uma luta desenfreada por uma
satisfação material. Assim pode-se dizer que Revolução industrial data o início da
degradação ambiental, que hoje claramente evidenciada. Franco e Druck (1998)
assemelha seus pensamentos ao dizer que a Revolução Industrial foi responsável por
importantes alterações na sociedade, nas relações de indivíduos entre si, e na forma em
que realizavam suas atividades, onde por consequência acarretou-se mudanças
significantes, de forma objetiva e subjetiva, tanto na saúde do homem quanto na
sustentabilidade ambiental. Roseiro e Takayanagui (2004) afirmam que o processo de
industrialização trouxe extremas implicações para a sustentabilidade ecológica da Terra,
por conta das mudanças climáticas e o efeito estufa, o desgaste dos recursos naturais, e
alterações na qualidade das águas, solo e ar. Em análises e estudos globais como a
Avaliação Ecossistêmica do Milênio e o “The Economics of Ecosystem and
Biodiversity Study” (Sukhdev 2008) direcionam para um trajeto de degradação de
ecossistemas, onde com o passar dos anos, o bem estar do homem tem sido reduzido, a
sustentabilidade ambiental e econômica, além da garantia de bem estar para as futuras
gerações vem sendo postas em perigo.
16
Atualmente, na era das indústrias, da globalização e das tecnologias, é possível
perceber de forma clara e notável os efeitos da visão de um mundo natural como objeto
a ser dominado, onde o desenvolvimento econômico que estamos inseridos, tem
deixado rastros no solo, no ar, nas águas, em toda fauna e flora. Mediante a este cenário
da relação homem e natureza que vivemos, surge a necessidade de ações pró ambientais
e pensamentos em favor a melhoria da relação homem e meio natural. A presente
pesquisa traz a proposta de uma análise dessa relação descrita, homem e natureza, tendo
em vista a população do município de Três Rios, região Centro-sul Fluminense do
estado do Rio de Janeiro.
17
1.1 O MUNICÍPIO DE TRÊS RIOS
A delimitação da área de estudo, caracterizado a partir de dados do IBGE, 2013:
Município de Três Rios, Médio Paraíba do Sul, Estado do Rio de Janeiro. Com uma
área de 326,136 km², situada em altitude média de 269 m e com uma população de
77.432 habitantes.
Figura 1 Localização do município de Três Rios, Rio de Janeiro, Brasil (ABREU, 2006).
A partir de dados retirados de página eletrônica Associart Brasil (site da cultura
brasileira), soi retirado dados do município. Este que tem possui como característica
uma vegetação rasteira, de Mata Atlântica e Capoeira, com uma topografia de morro
arredondado. Tendo o mesotérmico como o clima que predomina na região, onde o
período de verão é quente e chuvoso e o inverno é frio e seco, com temperatura máxima
de 37.4ºC e temperatura mínima de 14.4ºC. O tipo de solo do Município é argiloso, mas
que em profundidade a baixo de 5m, é rochoso.
A apropriação da localidade, onde, hoje chamada Três Rios, está intimamente
ligada a exploração do ouro, consolidado com a chegada dos bandeirantes ao Rio
Paraibuna, a agricultura extensiva e por conseguinte, a pecuária. Nos primeiros períodos
do século XVIII, foram estabelecidas as sub-regiões de Nossa Senhora de Bem Posta, a
de Nossa Senhora de Mont Serrat, e a de São Sebastião de Entre Rios. A instalação da
rodovia União e Indústria e da estrada de ferro Dom Pedro II, tornou a localidade mais
propícia ao efetivo povoamento. Quando então, após o período republicano, a região foi
constituída por distrito de Entre Rios (1890). Por meio do decreto-lei 1056, o município
de Entre-Rios, em 31 de dezembro de 1943, tornou a ser chamado Três Rios, fazendo
alusão a três rios que passavam por seu território, o rio Paraíba do Sul, o rio Paraibuna e
18
o rio Piabanha, de acordo com o histórico do município de Três Rios, disponibilizado
no site da prefeitura da cidade.
O município se fundou e se desenvolveu por conta de ferrovias instaladas na
região, estas que possibilitaram o fluxo de matérias prima e melhores acessos à região.
Houve a instalação da Companhia Industrial Santa Matilde, porém na década de 1980,
suas atividades foram extintas do Município (ARAÚJO, 2011), gerando uma crise de
estagnação socioeconômica.
“O município já foi considerado o maior entroncamento rodoferroviário
da América Latina. Aqui, há saída para qualquer parte do Brasil: São Paulo,
Volta Redonda, Rio de Janeiro, Juiz de Fora”, diz o presidente da Companhia
de Desenvolvimento de Três Rios (Codetri), Landirso Ramos Jacob. “Essa
proximidade facilita muito. As empresas que estão aqui podem 8 importar e
exportar mercadorias sem problemas, usando o Porto do Rio de Janeiro” [...]
(ABDALA, 2009).
Em 04/04/2005 foi sancionado a Lei n°4.533, esta que tinha o objetivo de
beneficiar alguns municípios pertencentes ao estado do Rio de Janeiro, como a região
Sul Fluminense, onde os ICMS para estabelecer empreendimentos e indústrias seriam
reduzidos de 19% para 2%. O Município de Três Rios vivenciou períodos de
recuperação econômica e industrial.
O crescimento industrial por meio das isenções fiscais e localização da cidade,
estando entre as cidades de Belo Horizonte, Rio de Janeiro e São Paulo, possibilitaram o
povoamento acelerado na região.
Atualmente, mediante ao processo de crescimento urbano e industrial acelerado do
Município, nota- se a importância de análise do cenário da relação homem e o meio
natural. Visto que por meio de um consenso e visão da realidade do Município é
possível observar problemas ambientais como: um quadro de desmatamento a grande
escala, possuindo de sua vegetação nativa, menos de 10%; a falta de atenção com os
corpos d’água, principalmente pelo governo, apresentando um tratamento de esgoto
inadequado, esse, que por sua vez é lançado ao Rio Paraíba sem o devido tratamento;
alteração do meio natural por conta da instalação de empreendimentos e de incentivos
fiscais a indústrias; as atividades industriais que causam impactos de caráter negativo ao
meio ambiente, entre outros.
19
1.3 OBJETIVO GERAL
Analisar sob o ponto de vista populacional, como se dá a relação do homem com
o meio ambiente no Município de Três Rios.
1.3.1 Objetivos Específicos
Identificar sob uma visão da população trirriense, as questões ambientais
críticas do s, decorrentes das atividades humanas;
Gerar conhecimento para ações que possam auxiliar nas questões
ambientais na cidade de Três Rios.
20
2. MATERIAIS E MÉTODOS
Para a realização do presente trabalho, a princípio, foi realizada uma pesquisa
social. Como Gil (1999) afirma:
“O objetivo fundamental da pesquisa é descobrir respostas
para problemas mediante o emprego de procedimentos
científicos. A partir dessa conceituação, pode-se, portanto,
definir pesquisa social como o processo que, utilizando a
metodologia científica, permite a obtenção de novos
conhecimentos no campo da realidade social”.
Um questionário (em anexo) foi produzido, que contou com 9 questões abertas e
fechadas, para a realização de entrevistas no Centro da cidade de Três Rios, estas que
foram realizadas nos dias 3 e 4 de abril de 2017. Para a escolha dos candidatos não
houve padrão, foram escolhidos de forma aleatória, nos pontos definidos para as
entrevistas. Logo após a essa fase, com os dados já coletados, foram feitas as análises
quantitativa e qualitativa, onde foi-se necessário a utilização do programa Excel,
obtendo então, os resultados mediante a elas.
2.1. O QUESTIONÁRIO
Como técnica de levantamento de dados, o questionário foi escolhido por ser um
instrumento que mais se adaptou ao estilo de pesquisa proposto pelo trabalho realizado,
definido como um “instrumento de coleta de dados constituído por uma série de
perguntas, que devem ser respondidas por escrito” (Marconi & Lakatos, 1999:100),
trazendo como característica questões abertas e fechadas, de caráter semi-estruturado.
Os sujeitos entrevistados tiveram liberdade ao propor suas opiniões, sendo assim uma
pesquisa de cunho social, para embasar o tema proposto, entendendo assim a relação
homem e natureza analisada.
Para a elaboração do questionário, foi pensado em questões acessíveis a
qualquer cidadão que pudesse ser convidado a participar da pesquisa. Dessa forma,
foram evitados termos técnicos e ainda foi considerado o auxílio da entrevistadora.
Informações como idade e o bairro dos entrevistados estiveram também presentes no
questionário.
21
2.2 LOCAL DAS ENTREVISTAS
As pesquisas foram realizadas estrategicamente no centro de Três Rios, pois
entende-se que a localidade é responsável por receber um maior fluxo de pessoas
durante o dia, por sua maioria, em horário comercial, de diferentes bairros do Município
de Três Rios, podendo assim obter uma amostra mais abrangente de entrevistados. Os
pontos de coleta foram: Praça São Sebastião, Praça da Autonomia, Rodoviária Nova e a
Beira Rio.
Sobre os bairros representados nas entrevistas, 9 entrevistados moram no bairro
Vila Isabel, 5 entrevistados moram no bairro Centro, 2 entrevistados moram no bairro
Cantagalo, 2 entrevistados moram no bairro Purys, 1 entrevistado mora no bairro Pilões,
1 entrevistado mora no bairro Monte Castelo, 1 entrevistado mora no bairro Triângulo,
1 entrevistado mora no bairro Ponte das Garças, 1 entrevistado mora no bairro Rua
Direita, 1 entrevistado mora no bairro Boa União e 1 entrevistado mora no bairro Jardim
Primavera. Contando com maior número de entrevistados residentes no bairro Vila
Isabel.
2.3 OS ENTREVISTADOS
A escolha dos entrevistados não seguiu padrão preestabelecido, apenas
escolhidos de forma aleatória, nos pontos que como dito anteriormente, delimitados
como estratégia para a pesquisa. Foram abordadas 25 pessoas para o preenchimento do
questionário, onde de forma não objetiva e bem aberta, em sua maioria, os assuntos
foram discutidos, as questões conversadas de forma crítica e construtiva, abrangendo
para outras pessoas que passavam no local durante a entrevista, ou que já estavam ao
redor. Entende-se então que o alcance da pesquisa e dos assuntos por ela tratados, foram
de maior alcance do que os 25 entrevistados. Aos entrevistados foram garantidos o
anonimato.
O perfil dos entrevistados foram: 13 entrevistados do sexo feminino e 12
entrevistados do sexo masculino. Com a faixa etária: dos 19-39 anos: 10 entrevistados;
dos 39-59 anos: 10 entrevistados; dos 59-80 anos: 4 entrevistados.
22
2.4 ANÁLISE DOS DADOS
Para a análise dos dados coletados, foi necessária a utilização do programa
Excel, na disposição dos dados obtidos, facilitando a compreensão das respostas
contidas nos 25 questionários. Os dados foram preenchidos no programa de maneira
que: na primeira linha, em sua parte superior foram dispostas as 9 perguntas do
questionário. Os entrevistados ficaram na primeira coluna e por conseguinte, as
respectivas respostas foram dispostas ao lado de cada nome, seguindo a ordem das
perguntas, tornando possível identificar e examinar os significados dos dados e as
interações entre as respostas dos entrevistados (BARTUNEK; SEO, 2002). Assim
houve uma complementariedade entre análise quantitativa e qualitativa. Uma vez que
foram considerados o número de respostas dadas pelos entrevistados, assim como falas
individuais.
Como afirma NEVES (1996), nesse procedimento, existe a vantagem na
utilização das duas análises na pesquisa, podendo explicitar todos os passos e prevenir a
interferência de sua subjetividade nas conclusões obtidas. Ressaltando que ambas as
análises foram feitas separadas, de forma particular.
Os resultados obtidos foram agrupados sob os mesmos pontos de vista em
comum.
23
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Para análise dos dados obtidos nos questionários, foram criadas categorias a
posteriori, de acordo com as respostas dadas. Na questão 1, onde busca uma razão do
esgotamento dos recursos naturais sob a visão dos entrevistados, foram citadas algumas
categorias, estas que são relacionadas à poluição, principalmente do Rio Paraíba (esgoto
destinado ao Rio Paraíba sem o tratamento adequado), as queimadas, o desmatamento, o
papel das ações governamentais voltadas a educação, fiscalização, programas
ambientais e outros como a criação de mais áreas verdes no Município de Três Rios.
A partir da análise proposta foi possível observar na perspectiva da maior parte
dos entrevistados (22 do total de 25 entrevistados), que na cidade de Três Rios há um
processo de esgotamento dos recursos naturais, e a razão para isso, se dá pelas
queimadas/desmatamento; pela poluição dos rios/falta de eficaz tratamento dos
efluentes líquidos; pela falta de gestão; pelo desperdício; pela falta de fiscalização e pela
falta de chuvas na cidade (Figura 2).
Figura 2 Esgotamento dos recursos naturais.
Sobre a questão 1, de acordo com alguns entrevistados, foi possível destacar
algumas falas, que mais sobressaíram nas questões acima citadas.
24
“A poluição da água que causa mal para a nossa saúde. Eu mesma e
minha família (filha e neta), ficamos doentes por conta da água
contaminada.” Afirma uma moradora do bairro Vila Isabel.
Ao analisar essa afirmativa, podemos observar, o que por vezes apresentada
pelos entrevistados, que citam a poluição das águas por conta da falta de um tratamento
apropriado de efluentes líquidos, como um dos problemas principais na cidade, relatam
um inadequado descarte no principal corpo hídrico da cidade, o Rio Paraíba do Sul,
levando à poluição e degradação do mesmo. Além de altas concentrações de metais
pesados, acima dos níveis recomendados pelo CONAMA 357/2005, dissolvidos nos
corpos hídricos que cortam a cidade (GOMES et al., 2010).
“[...] entre os metais traços é possível separar os elementos
biologicamente essenciais (como zinco, cobre, cobalto, manganês,
selênio), daqueles que não apresentam nenhuma utilidade biológica,
ou seja, os metais não essenciais (como mercúrio, chumbo, cádmio,
arsênio, estanho). Vale ressaltar ainda que cada metal traço (essencial
ou não essencial) apresenta um caráter tóxico para os seres vivos a
partir de uma determinada concentração” (PITRAT In: GOMES et al.,
2010)
“Falta de proteção, de fiscalização, programas para conscientizar
sobre os procedimentos a serem adotados na preservação- educação!”
Afirma um morador do bairro Centro.
A afirmativa de um entrevistado, deixa claro a necessidade de investimentos e
iniciativas do governo em prol a melhoria das questões ambientais na cidade. Na
conversa com o mesmo, ele cita a educação como pilar para essa melhoria, onde esse
aspecto citado, refere-se a uma educação ambiental. Podemos ver isso expressamente no
artigo 13 da PNEA:
“Parágrafo único. O Poder Público, em níveis federal, estadual e
municipal, incentivará: III - a participação de empresas públicas e
privadas no desenvolvimento de programa de educação ambiental em
parceria com a escola, a universidade e as organizações não-
governamentais”.(...) (BRASIL, 1999)”
25
Os entrevistados afirmaram:
•“Os lixos que as pessoas jogam na rua. E os lixos demoram a se
decompor. As pessoas destroem tudo, o homem não sabe o que faz,
depois chora.”
•“A má educação, lixos jogados no chão, destruição pelas pessoas,
falta de cuidado!”
As declarações revelam um dos mais frequentes temas citados na pesquisa pelos
entrevistados, onde o papel do cidadão ante ao meio ambiente fica evidenciado, a total
falta de gestão das questões ambientais, a qual se reflete no desequilíbrio da natureza,
no bem-estar social quanto na saúde pública. Nesse mesmo sentido, fortalecendo a
escrita anterior, através da resposta de um dos entrevistados (não será identificado):
“ainda se tem muito recurso, não falta água nem comida”, pensamento presente nos dias
de hoje, inserido na sociedade que vivemos, referente a falta do conhecimento das
questões ambientais e a visão de natureza como apenas supridora das necessidades
humanas.
Fazendo ligação a questão 2, onde buscou-se uma possível solução ou maneiras
de o ser humano interferir menos agressivamente na natureza (Figura 3). Dos 24 que
afirmaram a possibilidade de uma interferência menos agressiva, a maioria acredita que
a população deve exercer o cuidado ao meio ambiente, por meio de ações individuais.
Neste contexto surge uma reflexão sobre a educação ambiental crítica, esta que possui o
objetivo de promover um processo educativo capaz de motivar uma transformação
social em prol ao meio ambiente, entendendo que ações individuais não são eficazes
para a modificação de um contexto socioambiental, mas sim um processo coletivo,
exercitando a cidadania.
“é preciso recolocar os objetivos da prática educativa, situando-os
para além da esfera comportamental. Se a educação quer realmente
transformar a realidade não basta intervir na mudança dos
comportamentos sem intervir nas condições do mundo em que as
pessoas habitam... Neste sentido, podemos redefinir a prática
educativa como aquela que, juntamente com outras práticas sociais,
26
está implicada no fazer histórico, é produtora de saberes e valores e,
por excelência, constitutiva da esfera pública e da política, onde se
exerce a Ação humana.” Carvalho (1995)
A questão 2 reafirma a análise da questão 1, onde o ser humano foi o centro mais
frequente dos dados obtidos. Fixando a ideia de que o próprio causador deve ser o
restaurador e protetor do meio natural. Alguns declararam ser o replantio de áreas
desmatadas e a criação de áreas verdes uma boa forma de amenizar a interferência do
homem na natureza, apostaram também no saneamento básico capaz de garantir um
tratamento e destinação adequados para os efluentes líquidos, na educação ambiental, e
outros não souberam dizer nada a respeito. Dados quantificados na figura 3.
Figura 3 Interferência menos agressiva no Meio ambiente.
Sobre o conhecimento das questões ambientais regionais, na questão 3, os
entrevistados relataram a poluição dos rios pelo esgoto, o desmatamento e falta de áreas
verdes, a precariedade do sistema de tratamento de esgoto (saneamento básico), a falta
de interesse político em programas de educação, tendo em vista a necessidade de
investimentos em tecnologias e metodologias para ser desenvolvida uma EA efetiva nas
27
escolas,1, falta de fiscalização de empresas, estas que foram apresentadas por alguns dos
entrevistados, como responsáveis pelo desmatamento de áreas, trazendo prejuízo e
desconforto não só ao meio natural, mas também ao moradores ao redor das mesmas.
Baseado na terceira questão, sobre o conhecimento dos problemas ambientais
presentes no Município de Três Rios, destacamos a fala de um dos entrevistados, este
que se mostrou interessado na temática abordada pela pesquisa:
•“Não é de conhecimento que tenhamos projeto ou programa do
governo definido e também educacional, para proteção do meio
ambiente, haja visto, ao derredor da cidade, a falta de plantio de
árvores.”
Neste ponto da análise, faz-se necessário, mediante Lei, embasar tal afirmação do
entrevistado. Segundo Art. 225 da CF/88:
“§ 1º - Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao poder
público:
I - preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o
manejo ecológico das espécies e ecossistemas;
II - preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do
País e fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de
material genético;
III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e
seus componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alteração
e a supressão permitidas somente através de lei, vedada qualquer
utilização que comprometa a integridade dos atributos que justifiquem
sua proteção;
IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade
potencialmente causadora de significativa degradação do meio
ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará
publicidade;
V - controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas,
métodos e substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade
de vida e o meio ambiente;
1 Embora a população não tenha denominado o termo educação ambiental, mas o entendimento da
necessidade de um ensino sobre as questões ambientais entrou em pauta, e esse ensino, apresentamos
como EA
28
VI - promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a
conscientização pública para a preservação do meio ambiente;
VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas
que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção
de espécies ou submetam os animais a crueldade.”
Um dos entrevistados declara sua indignação com a empresa Acciona
Concessões. Segundo o entrevistado, a empresa está realizando inúmeros cortes de
árvores na beira das estradas na cidade, outros moradores também se manifestaram
inconformados ao poder público, mas ainda com a “proibição” pelo secretário de Meio
Ambiente do Município de Três Rios, até a presente data da pesquisa, a empresa
continua suas atividades, pois possui Licença de Operação emitida pelo IBAMA, a
situação foi parar na delegacia do Município de Três Rios.
De acordo com a Resolução do CONAMA n° 237/97, “Licença de Operação
autoriza a operação da atividade ou empreendimento, após a verificação do efetivo
cumprimento do que consta das licenças anteriores, com as medidas de controle
ambiental e condicionantes determinados para a operação”. Entendendo assim, que
mediante a Lei, a empresa possui autorização pelo Órgão competente (IBAMA) para
exercer e continuar exercendo suas atividades. Relatando assim de igual forma, um dos
problemas atuais não só a nível estadual ou Nacional, mas pode-se dizer, Mundial, onde
o desenvolvimento segue, e a priori, independe do estrago ambiental e social que possa
fazer.
Fazendo uma ligação ás questões 4 e 5 (a 4 que fala sobre como é relação do
homem com a natureza em Três Rios, dando 3 opções como: boa, indiferente e péssima,
e a 5 que busca identificar a quantidade de áreas verdes, além de ideias de melhoria para
quantidade de áreas verdes na cidade), onde em sua maioria, (Figuras 4 e 5) os
entrevistados afirmam que a relação homem e natureza no município de Três Rios é
péssima e a quantidade de áreas verdes é insuficiente. Estes acreditam que para
melhoria da qualidade ambiental da cidade seria necessárias ações de replantio, criação
de áreas verdes (como parques e jardins), os mesmos relataram não só a necessidade
para o meio ambiente, mas também para a própria sociedade, como áreas de lazer, para
“o alívio do estresse e correria do dia a dia”.
29
Figura 4 Relação da população trirriense com a natureza.
Figura 5 Formas de melhorar a quantidade de áreas verdes em Três Rios.
A questão 6 remete-se ao conhecimento sobre desastres ambientais que possam
ter ocorrido no Município e os seus responsáveis. Nesta questão, 11 pessoas afirmam
não ter nenhum conhecimento sobre, dos restantes, 6 dizem ser o homem, a própria
população responsável pelos desastres e 3 pessoas dizem ser as empresas instaladas na
região. A maioria dos entrevistados, como observado, não obtiveram informações sobre
o questionamento, porém alguns dos entrevistados afirmaram o desabamento de casas
em pontos como no Jardim Glória e na Rua João Felicidade, que causados pelas
construções inadequadas e principalmente pela retirada da cobertura vegetal nos morros,
que deixam o solo suscetível à erosão, problema ambiental referente ao desmatamento,
onde por meio de uma pesquisa realizada pela Fundação SOS Mata Atlântica, esta que
apontou alto índice de desmatamento em Três Rios, sendo uma das cidades com maior
30
quantidade de áreas desmatadas do Estado do Rio de Janeiro, podemos analisar uma
problemática vinda de anos passados, pela utilização do solo para a cafeicultura e
atividades agrosilvopastoris. Atualmente, as áreas verdes vêm diminuindo, com a
cidade, possuindo preservada, apenas 7% de vegetação Mata Atlântica. Demonstrando
também problemas referentes a infraestrutura oriundos do processo acelerado de
desenvolvimento/urbanização da cidade, onde a mesma não obteve estrutura para
atender o aumento demográfico. Além da realidade de construções instaladas bem
próximas ou até mesmo sobre áreas de APP.
Ao buscar um pensamento como embasamento para a falta de gerenciamento e
indiferença aos assuntos ambientais, a questão 7 surge com essa proposta, três
justificativas foram postas como opção, a primeira opção seria um aspecto cultural, a
segunda opção seria pela falta de conhecimento sobre as questões ambientais e a
terceira opção seria um aspecto moral dos seres humanos. As respostas se deram da
seguinte forma: 7 entrevistados acreditam que a falta de gerenciamento adequado do
meio ambiente, é um problema de aspecto cultural, mediantes costumes obtidos, 12
entrevistados afirmam ser a falta de conhecimento aos assuntos ambientais o
responsável, 6 pessoas apontam um aspecto moral como responsabilidade pela falta de
gerenciamento adequado ao meio natural.
“Por conta da maioria das pessoas fazerem, desde pequenos
aprendem assim”. Moradora do bairro Purys.
“As pessoas não são ensinadas sobre esse assunto”. Moradora
do Monte Castelo.
“As pessoas sabem que a natureza é vida, mas não fazem nada
porque não quer”. Moradora do bairro Vila Isabel.
A falta de conhecimento sobre as questões ambientais sobressai em relação a
outras opções, entendendo que de fato, as questões ambientais precisam ser de
conhecimento da população, por meio de processos educativos em escolas, em todos os
níveis de ensino e em meios não formais. Trazendo o conceito de EA, definido pelo Art.
1º lei nº 9795/1999 da PNEA:
31
"Entendem-se por educação ambiental os processos por meio dos
quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais,
conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a
conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial
à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade."
A questão 8 está ligada diretamente a questão 3, servindo como “resposta” aos
problemas ambientais analisados pelos entrevistados, buscando propostas de melhoria
ao meio ambiente para a cidade de Três Rios. Os entrevistados propuseram ações como:
a reponsabilidade do poder público na criação de mais áreas verdes (parques, jardins), a
melhoria no tratamento de efluentes líquidos na cidade (saneamento básico), criação de
projetos/programas do governo relacionados a educação, conscientização, incentivos e
fiscalização (em escolas e empresas por exemplo). No que se diz respeito a projetos de
educação citados por entrevistados, fica evidenciado a abertura da população para as
questões ambientais. Dois entrevistados afirmam ser necessário “criar projetos nas
escolas para as crianças, educando e levando elas para plantar nos lugares que mais
precisam na cidade” e a “criação de uma política pública que com a participação da
população estabelecesse normas e procedimentos para sua aplicação no processo
educacional permanente”.
A responsabilidade conjunta com ações de melhoria da qualidade ambiental
passa pela esfera governamental e populacional. Assim como expresso no caput do Art.
225 da CF/88:
“Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente
equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade
de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de
defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.”
32
Figura 6 Melhorias ambientais para cidade de Três Rios.
Foi proposto o tema sobre a visão dos entrevistados sobre o processo de
industrialização no Município de Três Rios, na questão 9 do questionário, entendendo a
importância do tema ao meio natural da região de análise. As respostas mais frequentes
obtidas foram agrupadas em pontos de vista comum, como relatado na figura 7.
Figura 7 Processo de industrialização de Três Rios.
33
Aqueles que acreditam que o processo de industrialização foi bom para a cidade,
mas para o meio ambiente não foi bom; os que afirmam que o processo de
industrialização foi bom para a cidade, mas para o meio ambiente não sabe dizer os
efeitos; outros afirmam que o processo de industrialização foi bom para a cidade, e não
afetou em nada no meio ambiente; aqueles que acreditam que o processo de
industrialização não foi bom para a cidade, nem para o meio ambiente e alguns que não
tiveram nenhum conhecimento sobre o tema tratado. Este agrupamento em 5 visões
distintas, expressou a princípio que o processo de industrialização da cidade de Três
Rios, ao ponto de vista da sociedade, em sua maioria, foi satisfatório, afirmando um
entrevistado que “foi bom, trouxe emprego e desenvolvimento para a cidade”, mas
poucos conseguiram relatar os reais efeitos causados ao meio ambiente, evidenciando
um problema clássico representado não só na região de Três Rios, mas em grande parte
da sociedade atual, onde o desenvolvimento econômico dificilmente se atrela a um bom
condicionamento ambiental, para que se mantenha o padrão que a sociedade atual se
encaixou ao longo dos anos.
“o padrão de produção e consumo que caracteriza o atual estilo de
desenvolvimento tende a consolidar-se no espaço das cidades e estas
se tornam cada vez mais o foco principal na definição de estratégias e
políticas de desenvolvimento” (FERREIRA, 1998).
“A determinação operativa onipresente no sistema capitalista é e
continua sendo o imperativo da lucratividade. [...] o sistema como um
todo é absolutamente dissipador, e tem de continuar a sê-lo em
proporções sempre crescentes” (MESZÁROS, 1989: 27).
Poucos foram os que conseguiam enxergar as alterações/consequências no meio
ambiente, já que o processo de industrialização acelerado tanto na região de Três Rios,
como em outras regiões onde o processo se dá desta forma, é capaz de causar alterações
na fauna, flora, poluição de recursos hídricos, solo e ar, além de manifestar implicações
no bem-estar humano. A maioria enxergou o lado positivo da industrialização como
melhores oportunidades de emprego, acesso a tecnologias e recursos mais atualizados,
entretanto, alguns conseguiram também avaliar o aspecto negativo, assim demostra a
fala de um morador do bairro Vila Isabel, que afirma: “Não ajudou muito para emprego,
pois muitas empresas logo foram embora”, e o entrevistado acrescenta que como
34
consequência ambiental, “muitas árvores foram cortadas”. Outros afirmam que “a
poluição na cidade aumentou”, como também “trouxe desastres”. Bergamo (In:
FALCÃO, 2006, p.2) afirma que a “frequente deterioração do ambiente das cidades,
decorrente do processo urbano, influi na qualidade de vida da população, uma vez que
gera vários problemas ambientais, incluindo a alteração do sistema da bacia
hidrográfica”
35
4. CONCLUSÕES
O presente trabalho teve o intuito de realizar uma análise sobre a relação homem
e natureza, sob a visão dos moradores do Município de Três Rios, mas ao decorrer da
pesquisa em campo, da pesquisa bibliográfica e por conseguinte a análise de todos os
dados obtidos, a relevância se intensificou e alcançou proporções mais definidas. Como
a importância da inserção da sociedade nas questões ambientais, e como a proximidade
da mesma com a realidade do meio que vive pode trazer uma reflexão, um pensamento
novo, influências positivas sobre preservação ambiental, reflexão sobre seus
comportamentos frente ao meio natural e o ambiente que vive, além de enxergarem as
carências do poder público e poderem cobrar providências. Isso ficou perceptível
quando nas abordagens para a realização do questionário, não foi encontrado nenhum
tipo de rejeição pela parte das pessoas, muito pelo contrário, grande parte dos
entrevistados se mostraram interessados e abertos à conversação, alguns sentiram-se à
vontade em contar suas atitudes em favor a natureza, como suas experiências em plantar
árvores.
Alguns temas se tornaram mais explícitos, como os reais problemas ambientais
encontrados no Município, assuntos como o desmatamento da cidade, o saneamento
básico precário, a necessidade de programas do governo, o processo de industrialização
também esteve presente. Foi possível perceber como tais problemas afetam a vida das
pessoas, seu bem estar, suas interações sociais, quando declaram por exemplo, que os
“prédios e avenidas estão tomando os lugares das árvores”, a poluição do ar, da água
geram então problemas de saúde pública como no aumento de epidemias, problemas
psicológicos de irritabilidade, ansiedade, tensão, entre outros. Outros temas também
apareceram como resposta aos citados anteriormente, ideias de melhoria da interferência
humana no meio natural, com ações da coletividade e do poder público, como plantar
árvores, não atear fogo, não poluir, investimento em fiscalização, em educação
ambiental, na criação de parques e jardins na cidade, entre outros.
Por fim, baseado em toda a pesquisa desde a introdução às análises feitas, tornou
possível reafirmar que a relação homem e natureza de fato precisa ser revista em todos
os âmbitos, pois como caminha a sociedade atual, no que se diz respeito à interferência
humana, toda a coletividade, o meio ambiente em si tende a sofrer ainda mais com as
consequências desta relação. Além disso o êxito do trabalho se deu de forma a trazer
36
uma conscientização de pequena escala, é bem verdade, mas que alcançou o seu
objetivo, tanto nesta pesquisa, quanto se tornando elemento de estudo como base de
dados para ações futuras relacionadas a questão ambiental na cidade de Três Rios.
37
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39
6. ANEXOS
O QUESTIONÁRIO
PERCEPÇÃO DA RELAÇÃO HOMEM E NATUREZA, NO
MUNICÍPIO DE TRÊS RIOS/RJ, SOB O PONTO DE VISTA
POPULACIONAL
Tamires Rocha da Silva – Graduanda em Gestão Ambiental
Curso de Gestão Ambiental - Departamento de Ciências
Administrativas e do Ambiente Instituto Três Rios/UFRRJ
Este questionário será suporte na obtenção de dados para um projeto pesquisa, realizado
pela graduanda Tamires Rocha- UFRRJ, com o objetivo de analisar como se dá a
relação do homem com o meio ambiente na cidade de Três rios, sob a perspectiva
populacional, tendo como base o nível de entendimento e conhecimento da população
trirriense sobre a área ambiental e as questões ambientais mais complexas do
Município.
1- Você acha que os recursos (água, solo, ar) estão se esgotando e sendo prejudicados
ao longo dos tempos? SIM( ) NÃO( )
Se SIM, cite uma razão:
2- Você acha que o homem pode interferir na natureza de forma menos agressiva?
SIM( ) NÃO( )
Se SIM, dê um exemplo:
3- Você acha que a cidade de Três Rios atualmente sofre com algum problema
ambiental?
SIM( ) NÃO( )
Se SIM, Cite alguns:
4- Ao seu ver, como é a relação da população de Três Rios com o meio ambiente?
5- Sobre o meio natural na cidade de Três rios, você acha que quantidade de áreas
verdes é: EXCELENTE () SUFICIENTE () INSUFICIENTE ( )
Se INSUFICIENTE, como melhorar isso?
6- Você consegue dizer se algum desastre ambiental, de pequeno ou grande porte, tenha
ocorrido na cidade ao longo dos anos? Quem seria o “responsável”?
7-A falta de cuidado com as questões ambientais é um problema:
() CULTURAL () FALTA DE CONHECIMENTO () FALTA DE ÉTICA E MORAL
Marque uma ou mais opções, e justifique-as: