105
UNIVERSIDADE POTIGUAR PRÓ-REITORIA ACADÊMICA MESTRADO PROFISSIONAL EM ADMINISTRAÇÃO TATIANA SOARES DE ARAÚJO O PAPEL DO AROMA DO AMBIENTE DE LOJA ASSOCIADO AO ENDOMARKETING EM EMPRESA DE COSMÉTICOS NATAL 2017

UNIVERSIDADE POTIGUAR PRÓ-REITORIA ACADÊMICA …§ão-Tatiana... · descritivo, tendo como objeto as lojas do grupo O Boticário, na cidade de Natal/RN, ... descriptive case study

Embed Size (px)

Citation preview

UNIVERSIDADE POTIGUAR

PRÓ-REITORIA ACADÊMICA

MESTRADO PROFISSIONAL EM ADMINISTRAÇÃO

TATIANA SOARES DE ARAÚJO

O PAPEL DO AROMA DO AMBIENTE DE LOJA ASSOCIADO AO

ENDOMARKETING EM EMPRESA DE COSMÉTICOS

NATAL

2017

TATIANA SOARES DE ARAÚJO

O PAPEL DO AROMA DO AMBIENTE DE LOJA ASSOCIADO AO

ENDOMARKETING EM EMPRESA DE COSMÉTICOS

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Administração, da Universidade Potiguar, como requisito para obtenção do título de Mestre em Administração na Área de Concentração Gestão Estratégica de Negócios. Orientadora: Profa. Laís Karla da Silva Barreto, Dra.

NATAL

2017

Araújo, Tatiana Soares de.

O papel do aroma do ambiente de loja associado ao Endomarketing em empresa de cosméticos /Tatiana Soares de Araújo. – Natal, 2017.

104f.

Orientador: Laís Karla da Silva Barreto

Dissertação (Mestrado em Administração). – Universidade Potiguar. Pró-Reitoria Acadêmica – Núcleo de Pós-Graduação.

Bibliografia: f.88-102.

1. Aroma – Dissertação. 2. Endomarketing. 3. Percepção

sensorial. 4. Bem-estar. I. Título.

1. Gestão de contratos – Dissertação. 2. Redução de

custos.3.Qualidade de serviço. 4. Equações estruturais. I.

Título.

TATIANA SOARES DE ARAÚJO

O PAPEL DO AROMA DO AMBIENTE DE LOJA ASSOCIADO AO

ENDOMARKETING EM EMPRESA DE COSMÉTICOS

Dissertação de Mestrado apresentada ao

Programa de Pós-Graduação em

Administração da Universidade Potiguar,

como requisito para obtenção do título de

Mestre em Administração, na área de

Concentração Gestão Estratégica de

Negócios.

Aprovado em: ___/____/_____

BANCA EXAMINADORA

____________________________________________

Profa. Dra. Laís Karla da Silva Barreto

Orientadora

Universidade Potiguar – UNP

____________________________________________

Prof. Dr. Walid Abbas El-Aouar

Examinador Interno

Universidade Potiguar – UNP

____________________________________________

Prof. Dra. Cynara Carvalho de Abreu

Examinadora Externa

Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN

DEDICATÓRIA

Dedico essa Dissertação aos meus pais, Sérvulo e Janusa,

que me proporcionaram estrutura familiar alicerçada no amor.

AGRADECIMENTOS

A Deus, por iluminar e conduzir sempre os meus passos e por permitir a

concretização de mais um sonho.

À minha orientadora, professora e amiga Laís, que me apoiou, participando de

um momento difícil da minha vida. Obrigada pela orientação, paciência, dedicação e

incentivo essenciais para o desenvolvimento desse trabalho. Seus ensinamentos e

conselhos foram importantes para a tomada de decisões durante todo esse período

de estudo. Além de ser uma profissional ativamente engajada nos interesses dos

alunos e uma pessoa muito querida, que me acolheu com carinho e atenção dando

apoio sempre para resolver com presteza todos os assuntos.

Ao professor Walid Abbas, pessoa admirável e um profissional inspirador,

principalmente pela sua simplicidade. Agradeço pelas valiosas contribuições que

trouxe a esse trabalho, por ter me ajudado com sua experiência e conhecimento no

meu projeto e no meu exame de qualificação.

À professora Lydia Brito, por seu carinho e sensibilidade, por ter trazido leveza

aos muitos momentos estressantes desde a época das disciplinas e por sua relevante

participação nas bancas de defesa do projeto e da qualificação.

À Glícia Xavier, por ter sido sempre solícita e gentil, em socorrer-me desde as

primeiras informações da seleção até o fim do mestrado.

Às consultoras de vendas das lojas do grupo O Boticário, onde a pesquisa foi

realizada, em especial a Sra. Uiara e Sr. Glaucio, que apoiaram, desde o início, esse

estudo, tornando viável a sua realização, ao permitirem as intervenções necessárias.

A Wanderson Fernandes, uma pessoa incrível, que mesmo sem me conhecer

e conviver diretamente esteve presente (virtualmente), sempre disponível para me

auxiliar com a utilização do software NVivo 11, tirando dúvidas, sugerindo novas

ideias, fazendo com que eu avançasse com a pesquisa de maneira coerente.

Ao meu amigo Henrique Coelho, pelas traduções no idioma inglês de artigos e

resumo dessa dissertação.

Aos amigos mestrandos do IFRN, que tornaram a rotina de estudos mais

agradável e divertida: Adriane, Ana Cláudia, Catiane, Elizomar, Fabiano, Fernando,

Gabriel, George, Lorena, Raquel e Simonely, por todos os momentos em comum e

por todas conversas no whatsapp. Foram muitas risadas, desabafos e aprendizados.

Nunca me esquecerei dos bons momentos que partilhei com vocês. Certamente,

vocês foram alento nos momentos de desespero.

Em especial, à minha amiga e companheira de agonia, Ana Cláudia, que em

todos os momentos se mostrou disponível, apoiando e pensando comigo em como

resolver todos os problemas que surgiram, pessoa muito simples e inteligente, que

sempre esteve disposta a ajudar e a me ouvir quando precisei de atenção.

A todos os professores do Programa de Pós-Graduação da UNP, grandes

professores: obrigada por todos os ensinamentos, conhecimentos e experiência

transmitida a nós, alunos do programa.

Ao Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte

(IFRN), por ter viabilizado essa capacitação, permitindo, assim, aprimorar os meus

conhecimentos.

Aos meus amigos do campus Parnamirim, por estarem torcendo sempre por

mim. Especialmente, à minha amiga Andrea, por estar sempre presente em minha

vida e que me incentivou a fazer a seleção para concorrer à vaga do mestrado. Muito

obrigada pelo carinho de vocês.

Aos meus pais Sérvulo e Janusa, aos quais todos os agradecimentos não

seriam suficientes. Obrigada por compreender a minha ausência, por me darem força

para seguir em frente com determinação e coragem quando pensei em desistir, por

acreditarem que as dificuldades seriam superadas e no final tudo daria certo. Dedico

esse trabalho a vocês que incondicionalmente estão ao meu lado, torcendo pelo meu

sucesso pessoal e profissional.

Às minhas irmãs Adri e Janusinha, por entenderem que minha dedicação

objetivava um sonho, pelo apoio, incentivo e carinho, por se apresentarem sempre

disponíveis para ajudar no que eu precisasse e, principalmente, por compreender nos

momentos em que eu estive ausente. Adri, obrigada também pelas aulas de Pilates

que eu tanto precisei para relaxar o corpo e a mente. Janusinha, obrigada pelas

palavras, força e disponibilidade para me orientar, ler e corrigir meu texto quando eu

estava cansada.

Aos meus cunhados, André e Laélio, por torcerem pelo meu sucesso. André,

por dividir experiências da vida de mestrando. Laélio, obrigada também pelas milhares

de impressões que você, prontamente, sempre fez da minha pesquisa.

Por fim, agradeço a todos que participaram direta ou indiretamente dessa

conquista. Que Deus abençoe todos!

RESUMO

A presença de aromas no ambiente laboral pode ser utilizada pelas empresas como

uma ação estratégica, no sentido de gerar resultados satisfatórios relacionados à

melhoria das condições de trabalho. A possibilidade de se pesquisar as influências

causadas nos empregados, pela presença de aromas no local de trabalho, motivou a

realização do presente estudo. Nessa perspectiva, essa pesquisa tem por objetivo

compreender como o aroma do ambiente de loja está associado ao Endomarketing

em uma empresa de cosméticos. Teoricamente, o estudo tem como principais

contribuições os trabalhos de Bekin (2004); Paschoal (2008); e Wolffenbüttel (2011).

Metodologicamente, o mesmo configura-se como um estudo de caso exploratório e

descritivo, tendo como objeto as lojas do grupo O Boticário, na cidade de Natal/RN,

com realização de pesquisa de campo com cinquenta consultoras de vendas. A

pesquisa tem abordagem qualitativa e foi realizada através de um roteiro de entrevista

semiestruturado. No tratamento dos dados, empregou-se o software SQR NVivo 11,

para a análise de conteúdo das entrevistas. Os resultados revelaram que os

empregados percebem a existência dos aromas no ambiente de trabalho. Foi possível

observar, ainda, que a presença de aromas no ambiente laboral influencia os

participantes da pesquisa, estimulando os seus sentidos e percepções, bem como a

exposição a aromas agradáveis interfere no bem-estar dos empregados, e configura-

se em estratégia para as empresas que procuram oferecer um ambiente com mais

qualidade para o seu público interno. Foi observado que os empregados fizeram uma

avaliação positiva dos aromas existentes no ambiente de loja. A exposição a aromas

agradáveis no ambiente de trabalho tem ação direta sobre o funcionamento da

empresa, os seus clientes, podendo favorecer a execução do próprio trabalho.

Palavras-chave: Aroma. Endomarketing. Percepção sensorial. Bem-estar.

ABSTRACT

Companies can use the presence of aromas in the working environment as a strategic

action in order to provide many more satisfactory results on the working conditions

enhancement. The possibility of researching on the influences aromas have on the

employees at the working environment has motivated this study. Therefore, this

research aims at understanding how aromas in shops are related to Endomarketing in

a cosmetics company. The theory of our studies is based on the works of Bekin (2004);

Paschoal (2008); and Wolffenbüttel (2011). The methodology is an exploratory and

descriptive case study focusing on Boticário franchising shops in the city of Natal/RN.

It took a field research and interviewing fifty shop consultants. The research is

qualitative and was carried out through a semi structured interview script. The data

analysis used the software SQR NVivo 11. The results showed that employees

perceive the existence of aromas in the working environment. Also, we could observe

that the presence of aromas in the working place stimulates the interviewees on their

senses and perceptions, as well as the expositions of pleasant fragrances interferes

with the welfare of employees and is a strategy for companies offering a more

comfortable environment for their customers. The employees positively evaluated the

aromas inside the shops. They have direct influence on the functioning of the

companies and clients and may favor the development of the work.

Keywords: Aroma. Endomarketing. Sensorial perception. Well-being.

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Análise de cluster por similaridade de palavras - Pearson ........................ 56

Figura 2 - Palavras ligadas à avaliação do aroma de loja pelos empregados ........... 59

Figura 3 - Palavras ligadas à mudança no aroma da loja ......................................... 66

Figura 4 - Palavras ligadas à sensação dos empregados perante os aroma da loja 70

Figura 5 - Influência dos aromas na atividade laboral - Pearson............................... 73

Figura 6 - Influência dos aromas na atividade laboral - Sorensen ............................. 74

Figura 7 - Influência dos aromas na atividade laboral - Jaccard ............................... 75

Figura 8 - Palavras ligadas à influência da exposição aos aromas no bem-estar e na

satisfação .................................................................................................................. 77

Figura 9 - Influência dos aromas no bem-estar e na satisfação dos empregados -

Pearson ..................................................................................................................... 79

Figura 10 - Influência dos aromas no bem-estar e na satisfação dos empregados -

Sorensen ................................................................................................................... 80

Figura 11 - Influência dos aromas no bem-estar e na satisfação dos empregados -

Jaccard ...................................................................................................................... 81

Figura 12 - Palavras ligadas à influência da exposição aos aromas no bem-estar e na

satisfação .................................................................................................................. 83

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Conceitos e objetivos de Endomarketing ................................................ 27

Quadro 2 - Atividades de Endomarketing .................................................................. 30

Quadro 3 - Elementos de estratégia de marketing sensorial por sentido humano .... 32

Quadro 4 - Modelo conceitual que explica o potencial do marketing olfativo ............ 34

Quadro 5 - Evolução dos estudos sobre marketing olfativo ...................................... 35

Quadro 6 - Conceitos do bem-estar laboral............................................................... 39

Quadro 7 - Associações entre os objetivos do estudo e os tópicos relacionados na

dissertação para a construção do intrumento de pesquisa ....................................... 52

Quadro 8 - Palavras mais citadas pelos entrevistados relacionadas ao aparecimento/

agravamento de problema de saúde ......................................................................... 62

Quadro 9 - Palavras mais frequentes pelos entrevistados relacionadas a sensações

positivas provocadas pela exposição aos aromas no ambiente de trabalho ............. 69

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Influência dos aromas na atividade laboral - Pearson .............................. 74

Tabela 2 - Influência dos aromas na atividade laboral - Sorensen ............................ 75

Tabela 3 - Influência dos aromas na atividade laboral - Jaccard............................... 76

Tabela 4 - Influência dos aromas no bem-estar e na satisfação dos empregados -

Pearson ..................................................................................................................... 80

Tabela 5 - Influência dos aromas no bem-estar e na satisfação dos empregados –

Sorensen e Jaccard .................................................................................................. 81

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABIHPEC

ABRAROMA

CNNPA

Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal,

Perfumaria e Cosméticos

Associação Brasileira de Aromaterapia

Comissão Nacional de Normas e Padrões para Alimentos

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .................................................................................. .....................15

1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO ....................................................................................... 17

1.2 MOTIVAÇÃO E DEFINIÇÃO DO PROBLEMA .................................................... 19

1.3 OBJETIVOS ........................................................................................................ 20

1.3.1 Geral .......................................................................................................... ......20

1.3.2 Específicos ..................................................................................................... 20

1.4 JUSTIFICATIVA .................................................................................................. 21

1.5 ORGANIZAÇÃO DO DOCUMENTO ................................................................... 23

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ............................................................................. 24

2.1 ENDOMARKETING ............................................................................................. 24

2.1.1 Conceitos e objetivos .................................................................................... 24

2.1.2 Instrumentos do Endomarketing .................................................................. 28

2.1.3 Atividades e utilização do Endomarketing ..................................................30

2.2 MARKETING SENSORIAL .................................................................................. 30

2.2.1 Marketing Olfativo............................................................................................33

2.3 BEM-ESTAR ....................................................................................................... 36

2.3.1 Bem-estar laboral ........................................................................................... 37

2.4 O OLFATO .......................................................................................................... 40

2.4.1 Anatomo-fisiologia do olfato ......................................................................... 40

2.4.1.1 Membrana olfatória.........................................................................................40

2.4.1.2 Lobo olfatório..................................................................................................41

2.4.1.3 Percurso olfativo.............................................................................................41

2.4.2 Estímulos olfativos......................................................................................... 42

2.4.3 Abordagem fisiológica, cognitiva e emocional do olfato e sua influência no

ambiente de trabalho .............................................................................................. 43

2.5 O AROMA ........................................................................................................... 45

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS............................................................... 48

3.1 TIPO DE PESQUISA............................................................................................48

3.2 ÁREA DE ABRANGÊNCIA E PARTICIPANTES DA PESQUISA........................49

3.3 PLANO DE COLETA DE DADOS........................................................................49

3.3.1 Instrumento de coleta de dados ................................................................... 51

3.4 TRATAMENTO E ANÁLISE DOS DADOS .......................................................... 52

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................. 55

5 CONCLUSÃO ........................................................................................................ 85

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 88

APÊNDICES ........................................................................................................... 103

15

1 INTRODUÇÃO

O olfato é o único sentido que se encontra permanentemente ativo, pois está

intimamente ligado à atividade respiratória (TRISKA, 2003). Fisiologicamente,

respiramos cerca de 20.000 vezes durante o dia. Os aromas têm uma poderosa ação

de evocar memórias, bem como são capazes de recordar sensações, imagens e

associações (LINDSTROM, 2005).

Essa constatação também é observada por Vlahos (2007), quando afirma que

o olfato é o sentido que evoca sensações mais intensas em relação à memória, já que

a espécie humana tem propensão bem maior de se lembrar de algo que sentiu o

cheiro, do que algo que foi visto, ouvido ou tocado. Richardison e Zucco (1989)

corroboram com essas afirmativas quando comentam sobre a excelente capacidade

que os seres humanos possuem em detectar e discriminar odores, de modo que essa

percepção sensorial esteja ligada a reações emocionais porque favorecem

recordações pessoais longínquas.

Desde tempos da pré-história, especiarias, ervas aromáticas, unguentos,

madeiras com cheiro e similares já eram utilizados na culinária com o propósito de dar

cheiro e sabor aos alimentos. No decorrer da história, inúmeros acontecimentos

relacionados ao poder dos aromas foram ligados a pessoas importantes. Nero

acreditava que nenhuma orgia estaria completa se não houvesse a utilização de

perfumes. Além disso, as incursões às Índias e à China, realizadas por Marco Pólo

promoveram a difusão das ervas aromáticas na Europa (SPEZIALI, 2012).

No decurso histórico, os incensos representaram os primeiros indícios de

utilização de perfumes. Seu uso remetia à purificação, além de serem utilizados como

oferendas para os deuses. Os egípcios e babilônicos desenvolveram, através da

técnica da maceração de plantas, os óleos e pomadas. Os aromas eram extraídos e

aplicados nos cabelos e barbas (MORAES, 2011).

A indústria do perfume emergiu na França no final do século XVIII, mas só foi

inserida no Brasil no século XIX com a chegada da corte portuguesa em 1808. Ela

trouxe consigo os costumes da metrópole, como o hábito de perfumar-se,

apresentando ao Brasil estes luxos armazenados em pequenos frascos. Atualmente,

o mercado de perfumaria e cosméticos representa um dos segmentos de consumo

mais importantes para a economia (SPEZIALI, 2012).

16

O ato de cheirar apresenta uma resposta automática no cérebro humano, ou

seja, a informação é processada instantaneamente. A indústria, percebendo o poder

desse sentido, tem investido muito em produtos fragrantes. A palavra perfume deriva

do latim per fumum, que significa através da fumaça. Faz referência às fumaças

fragrantes de incensos queimados em rituais e magias de tempos remotos (MAZZEO,

2010).

O hábito de se perfumar é cultural e vai depender do costume de cada região.

De acordo com dados divulgados em 2015 pela Associação Brasileira da Indústria de

Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (ABIHPEC), a Indústria Brasileira de

Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos apresentou um crescimento médio

deflacionado composto próximo a 10% ao ano nos últimos 19 anos. Vários fatores

contribuíram para este crescimento do setor, dentre os quais:

• Acesso das classes D e E aos produtos do setor;

• Devido ao aumento de renda, os novos integrantes da classe C passaram

a consumir produtos com maior valor agregado;

• Participação crescente da mulher brasileira no mercado de trabalho;

• A utilização de tecnologia de ponta e o consequente aumento da

produtividade, favorecendo os preços praticados pelo setor, que tem

aumentos menores do que os índices de preços da economia em geral;

• Lançamentos constantes de produtos atendendo cada vez mais às

necessidades do mercado;

• Aumento da expectativa de vida, o que traz a necessidade de conservar

uma impressão de juventude.

Conforme a resolução No. 22 de 1976 da Comissão Nacional de Normas e

Padrões para Alimentos (CNNPA), pertencente ao Ministério da Saúde, aromas são

substâncias ou mistura de substâncias, possuidoras de propriedades sápidas e

odoríferas ou somente sápidas, capazes de conferir odor e/ou sabor aos alimentos e

bebidas, enquanto que as fragrâncias, por sua vez, são substâncias dotadas somente

de propriedades odoríferas.

O ambiente de varejo é dotado de peculiaridades, dentre elas destaca-se a

influência dos estímulos ambientais. Estes podem ser encontrados em elementos

17

como: cores, fluxo de pessoas, empregados, iluminação, música ambiente e aromas

(BARBOZA et al., 2010). A utilização do marketing sensorial na atmosfera de loja é

uma estratégia comumente utilizada pelas organizações. A influência ambiental sobre

o comportamento do consumidor há muito tempo já foi reconhecida por arquitetos e

varejistas (COSTA; FARIAS, 2011).

A importância do sentido olfativo e as ideias preconizadas pelo marketing

sensorial instigaram dúvida se o aroma ambiental poderia ser utilizado para outros fins

e se o uso de aromas no ambiente de loja como estratégias de Endomarketing poderia

ser capaz de interferir no comportamento dos empregados durante a sua jornada

laboral, a ponto de contribuir com a melhoria do bem-estar e produtividade. Tais

incertezas vêm nortear esta dissertação que pesquisou a influência desses estímulos

nas consultoras de vendas das lojas de O Boticário, localizadas na cidade do Natal,

Estado do Rio Grande do Norte.

1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO

Desde o século passado, o sentido olfativo despertou interesse dos

pesquisadores. Ao longo dos anos, vários estudos, nas áreas da fisiologia e da

psicologia se dedicaram bastante à compreensão dos aspectos relevantes à temática

(ENGEN, 1973; HERZ; ENGEN, 1996; RICHARDSON; ZUCCO, 1989; SCHAB, 1990;

SHRODE, 2012). Embora, se comparado aos estudos dedicados ao sentido da visão,

o interesse despertado em torno dos estímulos olfativos ainda são parcos. Lindstrom

(2005) afirma que, se comparando os cinco sentidos, a visão é o que mais fascina os

pesquisadores.

Pesquisas que se interessaram pelas qualidades hedônicas dos aromas são

recentes, pois o estímulo olfativo, por muito tempo, foi relacionado com uma

conotação negativa. Durante séculos, o homem teve a preocupação em neutralizar os

maus odores do corpo e do ambiente (COSTA, 2009).

Conforme Solomon (2008), os aromas correspondem a substâncias químicas

que se encontram suspensas no ar e vão agir excitando os receptores que estão

presentes na região superior da cavidade nasal. Este estímulo sensorial pode

provocar emoções ou ainda produzir sensações de tranquilidade. Os aromas são

elementos instigantes de se estudar, devido a relevância dada por inúmeros

18

ambientes de serviços que, atualmente, já atentaram para a importância do uso de

odores distintos com a intenção de influenciar e atrair possíveis consumidores.

É sabido que a atmosfera de loja exerce influência significativa sobre o

comportamento do consumidor. Porém, ainda não há estudos que tenham formulado

uma teoria consistente sobre o assunto (TURLEY; MILLIMAN, 2000). De acordo com

Spangenberg, Crowley e Henderson (1996), dentre o universo de estímulos que

compõem a atmosfera de loja, o aroma é um dos menos explorados.

São relativamente comuns estudos referentes ao marketing sensorial nas

dimensões da atmosfera de loja. A utilização da música pode ser observada nos

trabalhos desenvolvidos por Yalch e Spangenberg (2000). A influência das cores foi

observada por Belizzi e Hite (1992). Os efeitos da iluminação foram citados por Golden

e Zimmer (1986) e Maciel et al. (2012). No entanto, várias pesquisas apontam que o

cheiro dos ambientes ainda é um elemento da atmosfera de loja que não tem recebido

a devida importância (CHEBAT; MICHON, 2003; DAVIES; KOOIJMAN; WARD, 2003;

MAILLE, 2001; MICHON; CHEBAT; TURLEY, 2005 ).

Embora a utilização de estímulos olfativos já seja utilizada no contexto das

organizações com o intuito de tornar o ambiente mais agradável, conquistar clientes

e aumentar o poder de compra dos mesmos, a relação desses estímulos com o

Endomarketing continua sem estudos específicos. Em virtude de não existir, até o

presente, trabalho científico sobre a temática, optou-se pelo desenvolvimento do

presente estudo nas lojas de O Boticário, localizadas na cidade do Natal, Estado do

Rio Grande do Norte.

O Boticário é uma empresa paranaense fundada em 1977, que começou como

farmácia de manipulação no centro de Curitiba. A empresa gera 3.912 pontos de

vendas. De acordo com a revista Pequenas Empresas & Grandes Negócios1 , a

empresa é considerada umas das maiores redes de franquias do Brasil e a maior do

mundo em perfumaria e cosméticos. Segundo a revista Forbes, o Grupo Boticário é

uma das empresas mais inovadoras do Brasil, devido a capacidade de inventar

produtos, processos, modelo de negócio, comunicação e estratégia de gestão. Dessa

forma, tornou-se a maior rede de franquias no setor de perfumaria e cosméticos no

mundo (BOTICÁRIO INSTITUCIONAL, 2016).

1 Melhores Franquias do Brasil 2014: A revista Pequenas Empresas & Grandes Negócios (PEGN) escolheu O Boticário como a melhor franquia na categoria Cosméticos, Perfumaria e Farmácia (BOTICÁRIO INSTITUCIONAL, 2016).

19

Dessa maneira, a escolha da empresa na qual esse estudo foi realizado,

ocorreu principalmente em virtude da posição de destaque alcançada pela mesma no

setor de perfumes e cosméticos.

1.2 MOTIVAÇÃO E DEFINIÇÃO DO PROBLEMA

As empresas vêm desenvolvendo estratégias para atrair e fidelizar o

consumidor, bem como os seus empregados. A criação de laços entre a empresa e

os empregados consiste num método importante nesse aspecto. Nesse sentido, a

utilização de estratégias sensoriais como agente motivador do Endomarketing é

relevante dentro das organizações.

O avanço tecnológico exigiu que os empregados trabalhassem mais

intensamente para atender às necessidades do mercado de trabalho e das empresas.

Tal situação tem interferido de modo negativo nas condições emocionais, físicas e

sociais, comprometendo a competitividade das organizações no mercado (EL-

AOUAR, 2012). Desse modo, as organizações estão utilizando diversas estratégias

na tentativa de aumentar os índices de produtividade e qualidade em produtos e

serviços oferecidos para obtenção de vantagens competitivas. Dentre elas, destaca-

se a preocupação com o capital humano (DRUCKER, 2000).

Embora a ciência tenha alcançado avanços, ainda há questionamentos sem

respostas quando o assunto é a percepção humana (MÜLLER; TEIXEIRA, 2012). O

aroma do ambiente afeta diretamente a percepção dos compradores e pode ter

influência significativa no bem-estar dos empregados.

A possibilidade de se pesquisar as influências causadas pela presença de

aromas nos empregados no local de trabalho, despertou o interesse de efetivar um

estudo referente a esse tema, pois a presença de um aroma no ambiente laboral pode

ser utilizada pelas empresas como uma ação estratégica no sentido de gerar

resultados satisfatórios relacionados à melhoria das condições de trabalho. Assunto

que é interesse para a área de Endomarketing, marketing sensorial e outras

relacionadas.

Assim, identificar como a presença do aroma relaciona-se com a avaliação do

ambiente da loja pelos empregados foi apenas uma das questões a considerar para

as pretensões desse trabalho, pois essa avaliação sendo positiva estaria pautada na

ideia de bem-estar dos empregados, de modo que eles possam produzir mais e

20

melhor. A percepção de boas condições de trabalho pode levar à sensação de bem-

estar e, em cadeia, promover ações agradáveis no ambiente laboral.

Ademais, as lacunas existentes no campo da investigação da influência do

aroma do ambiente de loja no Endomarketing também motivaram a elaboração do

problema desta pesquisa. Busca-se, por meio desse estudo, contribuir para a reflexão

acerca da importância do aroma ambiental e sua relação com o marketing do cliente

interno que estão expostos aos aromas ao longo da sua jornada diária de trabalho.

Esse percurso teórico-prático levou à formulação da questão de pesquisa,

colocada a seguir:

De que forma o aroma do ambiente de loja está associado ao

Endomarketing, a partir da percepção dos empregados2, em uma empresa de

cosméticos?

1.3 OBJETIVOS

1.3.1 Geral

Compreender a associação do aroma do ambiente de loja com o

Endomarketing, em uma empresa de cosméticos, a partir da percepção dos

empregados.

1.3.2 Específicos

• Identificar a percepção sensorial do ambiente de loja sob a visão do

empregado;

• Descrever a influência dos estímulos olfativos e sua relação com o bem-estar

dos empregados, e

• Identificar a forma como a presença de um aroma ambiental relaciona-se com

a avaliação do ambiente da loja pelo empregado.

2 Empregados é aqui entendido como sendo consultoras de vendas, do gênero feminino, que é uma característica da empresa pesquisada.

21

1.4 JUSTIFICATIVA

Em virtude do crescimento da concorrência e com o objetivo de se manterem

competitivas no mercado globalizado, as organizações estão se empenhando em

melhorar os índices de qualidade, produtividade e obter vantagens competitivas frente

aos seus concorrentes. Para isso, estão exigindo cada vez mais dedicação e empenho

de seus empregados (OLIVEIRA, 2010).

Para aprimorar a capacidade competitiva e aumentar a produtividade e

qualidade em serviços e produtos, as empresas têm adotado inúmeras estratégias

organizacionais. Dentre elas, acrescenta-se a preocupação com o cliente interno, ou

seja, o capital humano. Este é apontado por teóricos como sendo um diferenciador de

competitividade (DRUCKER, 2000; RODRIGUES, 2016).

Assim, estão surgindo no âmbito organizacional, experiências que humanizam

o trabalho e relacionam à melhoria nas condições laborais com o aumento da

produtividade, já se reconhecendo nas empresas, a necessidade da criação de

condições propícias para que os empregados possam desenvolver a sua criatividade

e o seu potencial, aumentando, dessa forma, os índices de produtividade, bem-estar

e qualidade de vida no trabalho (EL-AOUAR, 2012). Nessa perspectiva, alguns

estudos apontam a influência dos sentidos humanos no sentido de melhorar o conforto

dos empregados no ambiente de trabalho (EL-AOUAR, 2012; FONSECA;

MONT´ALVÃO, 2006). Dentre as pesquisas relacionadas à influência dos estímulos

sensitivos no âmbito de trabalho, aquelas que se referem à percepção olfativa ainda

são encontradas com pouca frequência na literatura científica (CARNEIRO et al.,

2008; CARRIJO, 2014; COSTA; FARIAS, 2011; MORRISON et al., 2011;

PORCHEROT et al., 2013).

A presença dos perfumes não está restrita apenas ao setor de higiene e

cuidados pessoais, são encontrados dos pequenos objetos a grandes ambientes. O

termo “marketing olfativo” já está sendo utilizado há algum tempo. Relaciona-se,

muitas vezes, com a dimensão olfativa de um produto ou de uma marca.

Recentemente, o tema está ganhando visibilidade em outras áreas, como o design,

no sentido de se desenvolver artifícios para utilizar a dimensão olfativa com o objetivo

de explorar as emoções do usuário (SILVA, 2012).

Considerando-se que a maioria das pessoas passa um terço do seu dia

trabalhando, é esperado que vivenciem situações de tensão, cansaço, oscilações de

22

humor, níveis diversos de estresse e conflitos pessoais. Essas condições podem

afetar diretamente os resultados do trabalho dos empregados, influenciando no

rendimento, aumentando as falhas devido à falta de atenção e os índices de acidentes

físicos, podendo, desta forma, gerar perdas financeiras e prejudicar a imagem da

organização (CONCEIÇÃO, 2005). Promover melhorias no ambiente de trabalho

consiste numa alternativa de diminuir estas variedades de prejuízos, bem como

manter o empregado mais satisfeito, estimulando-o a trabalhar motivado.

A aromatização ambiental é uma técnica utilizada com frequência como

estratégia de atrair clientes. Além de tornar o ambiente mais agradável para as

compras, pode fazer com que os empregados se sintam bem e motivados (GOMES,

2012). Dessa maneira, a utilização de aromas no ambiente de trabalho pode

representar uma possibilidade de melhoria do meio laboral, podendo ser traduzida não

apenas como uma ferramenta de marketing, mas também de Endomarketing, já que

as fragrâncias atuam no campo físico, emocional e energético das pessoas. Por isso,

as empresas podem adotar a utilização de aromas como estratégia para aumentar os

índices de produtividade, concentração, organização e diminuir os níveis de estresse

dos empregados.

Com a finalidade de responder à questão do estudo citada anteriormente, foi

realizada uma pesquisa com os empregados de uma determinada empresa que

comercializa cosméticos na cidade de Natal/RN. A pesquisa foi delimitada para esse

ambiente comercial específico de varejo devido à presença característica do cheiro

no ambiente das lojas. A presença dessa comunicação sensorial com os empregados

permitiu a análise dos objetivos propostos pelo estudo.

Dessa forma, a presente pesquisa se destaca por estender o conhecimento

sobre os impactos da exposição ao aroma do ambiente de loja para um contexto onde

esta prática ainda não é muito comum. Para as empresas, o tema é relevante por

permitir que os gestores, através da utilização dos conceitos de Endomarketing e

estratégias sensoriais, criem um ambiente de trabalho prazeroso para os empregados

como estratégia de diferenciação da empresa, visando assim, melhorar o bem-estar

dos empregados, o que se pode traduzir em aumento de produtividade e na melhoria

da qualidade dos serviços oferecidos aos consumidores.

A sociedade estaria sendo beneficiada devido ao crescimento da empresa que

pagaria mais impostos e estes, possivelmente, seriam convertidos em benefícios

sociais.

23

A esta mestranda, o presente estudo possui especial significado, por ser

farmacêutica, o que, certamente, trouxe a motivação necessária ao desenvolvimento

e a conclusão deste trabalho científico.

As pesquisas relacionadas à influência de estímulos olfativos estão

direcionadas ao comportamento do consumidor (BARBOZA, 2010; BARBOZA et al.,

2012; COSTA; 2009; COSTA; FARIAS, 2011; KNY, 2006; RIBEIRO et al., 2014).

Desse modo, esse estudo também é importante para o conhecimento científico,

devido à escassez de pesquisas realizadas na área sobre a influência dos estímulos

olfativos no bem-estar individual do empregado.

1.5 ORGANIZAÇÃO DO DOCUMENTO

Este trabalho está organizado da seguinte forma: no primeiro capítulo, são

apresentadas a contextualização desta pesquisa, os aspectos que motivaram o seu

desenvolvimento, o problema estudado, a justificativa com as principais contribuições

do trabalho e os objetivos geral e específicos.

No segundo capítulo, consta o referencial teórico que abordou os seguintes

temas: Endomarketing, marketing sensorial, bem-estar, uma breve explanação sobre

o sistema olfativo e algumas considerações sobre o aroma.

O terceiro capítulo trata dos procedimentos metodológicos, que abordaram o

tipo de pesquisa, a caracterização do ambiente, a coleta e o tratamento e, por fim, a

análise dos dados.

O quarto capítulo apresenta e analisa os dados obtidos na pesquisa, partindo

dos objetivos propostos e pelo estudo e discussões embasadas pelo referencial

teórico.

Por fim, o quinto capítulo, é apresentada a conclusão do trabalho, resgatando

os objetivos, além da apresentação das limitações do trabalho e as sugestões para

estudos futuros referentes à temática.

24

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Nesse capítulo, são apresentados alguns conceitos básicos necessários para

a compreensão adequada do leitor. Na seção 2.1, são apresentados o conceito,

objetivos e instrumentos do Endomarketing. Na seguinte, são expostos o conceito de

marketing sensorial, enfatizando o marketing olfativo. A seção 2.3 exibe a

conceituação geral do bem-estar laboral. Na seção 2.4, é apresentada uma visão geral

sobre o olfato humano. A seção 2.5 faz uma breve explanação sobre o conceito de

aroma que foi utilizado na presente pesquisa.

2.1 ENDOMARKETING

O capital humano representa para as organizações uma alternativa para

alcançar vantagem competitiva no mercado globalizado. Essa temática envolve a

preocupação com questões relativas ao ambiente interno. A literatura aponta

inúmeras pesquisas que atestam sobre a importância de trabalhar o ambiente interno

das empresas com o objetivo de manter os empregados satisfeitos e motivados.

Desenvolver e criar uma cultura organizacional que valorize o marketing interno

ainda é um trabalho desafiador para muitas organizações, já que este tema envolve

fatores que se relacionam com gestão, planejamento, conhecimento e empenho

organizacional (BARTH; NEGRI, 2012). O Endomarketing é uma área nova da

Administração que procura fazer uma adaptação das estratégias e dos elementos que

compõem o marketing tradicional para uso no ambiente interno das organizações.

Costa (2010) corrobora com a afirmação citada anteriormente quando comenta que o

Endomarketing é uma área de conhecimento que ainda está se desenvolvendo, ou

seja, é muito jovem. Por isso, apropria-se de conceitos de diversas áreas, como o

marketing, psicologia, gestão e a sociologia para construir a sua identidade.

2.1.1 Conceito e objetivos

Limongi-França (2009) esclarece que o prefixo endo significa “para dentro,

dentro de”, passando uma ideia de interiorização. Dessa forma, o Endomarketing pode

ser interpretado como o marketing que é realizado no interior das organizações.

Explicação semelhante também é partilhada por Cobra (2015).

25

Conforme Brum (2010), o termo Endomarketing surgiu no Brasil em 1996, como

resultado da experiência realizada por Saul Bekin em 1995. Este autor conceituou o

Endomarketing da seguinte maneira: “processo cujo foco é alinhar, sintonizar e

sincronizar, para implementar e operacionalizar a estrutura organizacional de

marketing da empresa ou organização, que visa e depende da ação para o mercado

e a sociedade” (BEKIN, 2004, p. 47). Brum (2010) agrega que o objetivo do

Endomarketing é a formação de uma consciência empresarial, que envolve fatores

como: missão, visão, procedimentos e princípios, inseridos num clima organizacional

positivo.

Grönroos (2009) concluiu que o Endomarketing consiste numa filosofia de

gerenciamento que envolve vários processos internos e tarefas que focam nas

pessoas que formam a organização, tratando os empregados como clientes. De forma

semelhante, Souza (2003) conceitua o Endomarketing como sendo o emprego e a

adaptação das técnicas de marketing voltadas para os empregados. Segundo

Carvalho (2011), o Endomarketing objetiva a transformação dos empregados,

mobilizando-os e alinhando-os para alcançar os objetivos e metas da empresa.

Na concepção de Camelo e Vital (2006), o Endomarketing não deve ter foco

somente em ações esporádicas e pontuais nas organizações. Deve permitir o

crescimento individual através da criação de um ambiente que propicie melhorias no

desempenho organizacional coletivo. Brum (2010) acrescenta a discussão em torno

do tema, concluindo que o Endomarketing deve tornar o empregado mais bem

informado e mais preparado, porque concede atenção, educação e carinho, tornando-

o uma pessoa feliz e criativa, que será capaz de encantar, surpreender e entusiasmar

o cliente. O Endomarketing considera os empregados como sendo clientes da

organização (KUSLUVAN et al., 2010; LINGS, 2004; PIERCY; MORGAN, 1991;

VAREY, 1995).

Ponce (1995) enumera os seguintes objetivos do Endomarketing:

• Melhorar as atitudes dos empregados em relação à empresa;

• Incentivar a participação de todos os empregados da organização;

• Atrair, desenvolver e reter pessoas;

• Criar canais de comunicação entre as pessoas e a organização;

• Motivar os empregados;

26

• Promover a criação de novas ideias na empresa;

• Melhorar os problemas de comunicação interna e assegurar que as

informações atinjam todos os empregados;

• Vencer resistências internas a mudanças na empresa;

• Identificar necessidades dos empregados e desenvolver meios de satisfazê-

los;

• Estimular em todos os empregados a compreensão das estratégias, objetivos,

missão e visão da organização.

Carvalho (2011) enfatiza que o Endomarketing tem o objetivo de mobilizar os

empregados com finalidade de alinhá-los para atingir as metas da organização, ou

seja, objetiva tornar os empregados em promotores.

Através da elucidação dos conceitos e objetivos acima, observa-se que o

conceito de Endomarketing não está completamente formado e cada autor dá o

enfoque que acha mais pertinente.

O Quadro1 apresenta uma síntese dos conceitos e objetivos frequentemente

encontrados na literatura.

27

Quadro 1 – Conceitos e objetivos de Endomarketing

SÍNTESE DOS CONCEITOS E OBJETIVOS DE ENDOMARKETING

AUTORES CONCEITOS

Lewis (1991) O Marketing Interno integra os programas de atendimento ao cliente no setor de serviços financeiros.

Woodruff (1997) Tratar os empregados e clientes com igual importância com a finalidade de atingir os objetivos da organização.

Kotler (1998) Tarefa bem sucedida de contratar, treinar e motivar empregados hábeis que desejem atender bem aos consumidores.

Boone; Kurtz (1998)

Ações administrativas que ajudam todos os empregados da empresa a compreender e aceitar seus respectivos papéis na implementação da estratégia de marketing.

Ballatyne (2003) O Marketing Interno é definido como uma estratégia de desenvolvimento de relacionamentos com o objetivo de renovar o conhecimento dos empregados.

Bekin (2004) Processo cujo foco é alinhar, sintonizar e sincronizar, para implementar e operacionalizar a estrutura organizacional de Marketing da empresa, que visa e depende da ação para o mercado e a sociedade.

Wieseke et al. (2009)

Processo em que líderes instilam em seus seguidores um senso de unidade com a organização, formalmente conhecido como “identificação organizacional”.

Brum (2010)

Trata-se de uma rede de canais estruturados de comunicação, com o objetivo de que líderes e liderados possam se comunicar de forma eficiente e compartilhar um ambiente saudável, que proporcione realização e felicidade aos profissionais.

Wu e Lee (2011)

Uma abordagem de mercado, que vê os empregados como clientes, e empregos como produtos [...] e cria um ambiente harmonioso de gestão interna e nutre nos empregados a orientação para o cliente e consciência sobre o serviço, para então satisfazer as necessidades dos clientes e atingir os objetivos organizacionais.

Fonte: Elaborado pela autora

De acordo com Brambilla (2005), o Endomarketing é uma ferramenta bastante

útil em algumas situações, como nas seguintes:

• O clima e o contentamento dos clientes internos estão ruins;

• Os níveis de satisfação dos clientes externos estiverem desfavoráveis;

• No momento em que os empregados não valorizam o empenho da

organização, por mais benéficos e concretos que eles sejam;

• Os empregados estão desinformados em relação às ações da empresa;

• Os atritos interdepartamentais e interpessoais são frequentes e consomem

sobremaneira os esforços dos gestores; e

• Quando a organização perde o foco e cada área caminha sem

direcionamento para um objetivo comum almejado pela empresa.

Portanto, o Endomarketing é uma ferramenta que se bem implantada dentro da

empresa é capaz de produzir resultados satisfatórios, garantindo que a organização

alcance cada vez mais excelência no mercado.

28

2.1.2 Instrumentos do Endomarketing

Quando se trata de marketing interno, existem inúmeras ferramentas à

disposição das organizações. Deve-se promover a adequação desses instrumentos à

realidade de cada empresa. É necessário ressaltar que essas ferramentas não são

utilizadas exclusivamente pelo marketing interno, pois são semelhantes aos

empregados pelo marketing externo, bem como é importante observar que esses

instrumentos, se utilizados de maneira isolada, não produzirão os efeitos esperados e

apontados como consequências do Endomarketing. Para isso, é necessário que as

ações sejam partes articuladas de um projeto, que seja conduzido, preferencialmente

pela própria organização (BEKIN, 1995).

A utilização destes instrumentos tem o objetivo de satisfazer aos anseios do

cliente interno, permitindo que os empregados se sintam envolvidos no processo.

Desta maneira, os empregados se sentirão essenciais dentro da organização. São

destacadas, na literatura, as seguintes categorias de instrumentos: folders, pesquisa

de satisfação, material promocional, jornais internos, painéis, comerciais e atividades

festivas, com ou sem a participação de clientes.

Brum (2005) especifica os objetivos que determinam a escolha de cada

instrumento do Endomarketing:

• Vídeos institucionais ou de apresentação de produtos: estes têm como objetivo

colocar a equipe interna em contato direto com a realidade em que o seu

produto é utilizado;

• Manuais técnicos, educativos ou de integração: prestam-se à apresentação de

produtos, serviços, lançamentos e tendências;

• Revistas com histórias em quadrinhos: são uma ferramenta descontraída de

levar informações aos empregados;

• Jornal interno: expõe informações que são relevantes aos empregados;

• Cartazes motivacionais, informativos ou em forma de quebra-cabeça: tem por

objetivo transmitir novas informações para o público interno;

• Canais diretos: propiciar reuniões e momentos de conversa do empregado

com a diretoria, presidência ou ouvidoria;

29

• Reuniões relâmpagos: realizar reuniões sempre que necessário, objetivando

passar informações nas quais os empregados devem ser informados

rapidamente;

• Reuniões de liderança compartilhada: envolver os empregados com as

coordenações e demais níveis hierárquicos com o objetivo de discutir assuntos

pertinentes a organização;

• Datas festivas e aniversários de empregados: momento para comemorar datas

significativas e importantes dos empregados;

• Palestras internas: tem por objetivo apresentar as novidades da empresa, as

tendências e a evolução da mesma;

• Grife interna: utilizar acessórios e roupas com a logomarca da empresa;

• Memória da empresa: resgatar a história da empresa, com o objetivo de passar

a evolução da mesma às pessoas que a desconhecem;

• Rádio interna: utilizar esse instrumento como forma de divulgação de notícias;

• Vídeos informativos e motivacionais: expandir a ideia da empresa e apoio a

treinamentos aos empregados;

• Intranet: utilizar a ferramenta para que os empregados tenham acesso a

diferentes tipos de informações, desde datas de aniversários, bem como

acesso aos manuais internos, entre outros;

• Convenções internas: envolver a equipe interna para divulgação de atividades;

• Correio eletrônico: desenvolver um canal direto para comunicação da empresa

com os empregados;

• Valorização dos empregados: desenvolver atividades que envolvam os

empregados de forma a valorizá-los e;

• Manuais de integração: utilizar como suporte para transmitir informações da

empresa aos novos empregados.

Os instrumentos de Endomarketing ilustrados por Brum (2005) buscam

repassar aos empregados de forma rápida o que a organização pretende comunicar

ao seu cliente interno, ou seja, procuram trabalhar com a celeridade da informação.

30

2.1.3 Atividades e utilização do Endomarketing

Grönroos (2003) propõe que existem algumas atividades de Endomarketing a

serem trabalhadas pelas empresas visando o desenvolvimento de orientação do

serviço e o gerenciamento dos relacionamentos internos. O Quadro 2 apresenta uma

síntese das atividades propostas por Grönroos (2003).

Quadro 2 – Atividades de Endomarketing

ATIVIDADES DE ENDOMARKETING OBJETIVOS

Treinamento Aprimorar o conhecimento dos empregados e desenvolver atitudes.

Suporte da administração e diálogo interno

Intermediar a continuidade das ações de Endomarketing, estimulando e envolvendo os empregados no sentido de estabelecer melhorias no clima organizacional interno.

Comunicação interna de massa e suporte de informação

Propiciar aos empregados informações relevantes.

Gerenciamento de Recursos Humanos Proporcionar aos empregados recompensas pelos bons serviços executados.

Comunicação externa de massa Consultar os empregados sobre ações de comunicação externa, para que estes dêem o seu posicionamento sobre algo que sairá no mercado.

Desenvolvimento de sistemas e o suporte tecnológico

Utilizar recursos tecnológicos como ferramenta de apoio aos processos internos.

Recuperação interna de serviço Auxiliar o empregado em situações de conflito.

Pesquisa de mercado e segmentação de mercado

Valer-se da segmentação de mercado para identificar o profissional com perfil mais apropriado para se recrutar para algum cargo da organização.

Fonte: Adaptado de Grönroos (2003)

Carvalho (2011) acredita que o Endomarketing está relacionado aos

direcionamentos estratégicos de curto, médio e longo prazos das organizações.

Ademais, deve aplicar abordagens inovadoras, direcionadas aos diferentes públicos

internos e saber lidar com as novas tecnologias. Pois, com gerações de empregados

cada vez mais à vontade com os novos ambientes de interação, o Endomarketing

haverá de demonstrar sua capacidade de adaptar-se a essa realidade e formular

estratégias de abordagem adequadas a esse contexto.

2.2 MARKETING SENSORIAL

Organizações que fazem parte dos mais diversificados segmentos estão

buscando cada vez mais estreitar laços e estabelecer um contato afetivo com os seus

clientes, objetivando, dessa maneira, fidelizá-lo. A área de atuação do marketing é

31

bastante ampla e apresenta inúmeros conceitos específicos que estão direcionados

para cada atividade característica. Pode-se citar, dentre eles, o marketing de

relacionamento, o marketing cultural, o marketing social e o marketing político.

O marketing de relacionamento tem como proposta a reformulação do contato

entre as organizações e os clientes, atuando sobre a mente dos consumidores, para

que eles se tornem leais à empresa ou à marca. O marketing experimental faz parte

do marketing de relacionamento e corresponde à técnica que integra elementos que

irão atrair o cliente, provocando sensações agradáveis quando os mesmos entrarem

em contato com a empresa, a marca ou o produto (SARQUIS et al., 2015).

Uma das principais diferenças percebidas entre o marketing tradicional e o

marketing de relacionamento é a maneira como o cliente é visto. O marketing

tradicional considera que o consumidor realiza sua compra de forma racional, ou seja,

efetua mentalmente uma equação que, de modo racional, subtrai os custos dos

benefícios para se obter o valor final do produto. É necessário observar que os fatores

psicológicos são levados em consideração, porém são prontamente racionalizados

para se encaixar nesta equação. No entanto, o ser humano não é tão racional a esse

ponto (FLOR; UMEDA, 2008).

O marketing sensorial é uma forma de marketing experimental que irá estimular

os sentidos com o propósito de encantar, vender e fortalecer o vínculo com o cliente,

ou seja, produz apelos sensoriais objetivando a otimização dos processos de

relacionamento com os consumidores. O marketing sensorial foi definido por Krishna

(2012) como a utilização de estímulos multissensoriais no contexto de um produto

com a intenção de proporcionar uma experiência marcante no cliente e impulsionar as

vendas.

Suárez e Gumiel (2012) definiram esse tipo de marketing como sendo a

utilização de elementos que compõem os cinco sentidos humanos com o objetivo da

criação de ambientes que tenham um impacto emocional convenienente, de maneira

que estimulem determindos comportamentos do cliente em relação à empresa/marca.

Na visão de Trierweiller et al. (2011), o marketing sensorial procura fixar na mente do

consumidor, uma marca, serviço ou produto com o propósito de criar um vínculo

emocional com o cliente. Dessa maneira, busca, no momento de escolha do produto

pelo consumidor, atingir o intangível.

A utilização de estratégias de marketing sensorial pelas organizações as torna

com o diferencial competitivo frente aos concorrentes. De acordo com Ditoiu e Caruntu

32

(2013), cada sentido humano engloba um grupo de elementos que podem exprimir

estratégias do marketing sensorial de marcas/produtos. Oliveira e Braga (2013)

comentam que a visão é o sentido humano mais explorado pelas organizações.

Porém, não é necessário somente ver. É fundamental que o cliente ouça, sinta o

aroma, toque e algumas vezes, deguste a marca. Ressaltando-se que não se deve

utilizar obrigatoriamente todos os sentidos simultaneamente.

O Quadro 3 apresenta elementos sensoriais passíveis de serem utilizados

como estratégia de marketing e que podem atuar influenciando o comportamento e a

atitude do consumidor em relação à marca. É necessário observar que esses

elementos podem ser usados de maneira individual ou associados em uma ou

diversas experiências da marca/produto, mas, para isso, há necessidade de ser

aplicados de maneira alinhada e integrada com as outras estratégias da marca

utilizadas.

Quadro 3 – Elementos de estratégia de marketing sensorial por sentido humano

SENTIDOS ELEMENTOS DE ESTRATÉGIA SENSORIAL

Visão Forma, cor, espaço físico, iluminação, dimensão, símbolos visuais, design, imagem e estilo.

Olfato Cheiro (natural e artificial), odor e aroma.

Audição Som, música, ritmo, tom e melodia.

Paladar Sabor e gosto.

Tato Temperatura, textura, conforto, elasticidade e pressão.

Fonte: Adaptado de Ditoiu e Caruntu (2013)

No Brasil, o marketing sensorial já é comumente utilizado pelas organizações

como estratégia para fidelização dos clientes e impulsionar as vendas, porém os

estudos relacionados à temática ainda são escassos. Pesquisas internacionais sobre

o referido tema são comumente encontradas na literatura. O estudo de Morrin, Krishna

e Lwin (2011) pesquisou os efeitos do aroma nas características de produtos. Xu e

Labroo (2014) verificaram a relação da luminosidade com a temperatura e concluíram

que o brilho do ambiente provoca respostas emocionais. Krishna e Schwarz (2014)

concluíram que os aspectos comportamentais e cognitivos do consumidor são

afetados pelo marketing sensorial.

33

2.2.1 Marketing Olfativo

Embora o termo “marketing olfativo” ainda não tenha sido completamente

disseminado e absorvido pela literatura administrativa, ele já se encontra

habitualmente utilizado como estratégia das organizações que buscam a criação de

associações entre seus produtos ou marcas, com o objetivo de despertar e estimular

o interesse dos clientes. O olfato é parte importante do marketing sensorial e seus

componentes principais são: cheiros, odores e aromas (OLIVEIRA, 2013). O olfato é

o sentido humano que apresenta conexão direta com a memória dos indivíduos.

Ademais, é capaz de despertar lembranças e prazeres nos consumidores,

desencadeando reações emotivas e humoradas.

Segundo Blessa (2011), o olfato, após a visão, é o sentido que tem maior

facilidade para estimular o despertar das emoções. Pode-se dar personalidade a um

ambiente por intermédio do estímulo deste sentido, despertando desejos, sentimentos

e lembranças nos clientes. Batey (2010) afirma que as pessoas, após decorrido o

período de um ano, são capazes de se lembrar perfeitamente de um aroma em 65%

dos casos, porém a memória visual de uma fotografia reduz para 50% após um

período de três meses. Fiore, Yah e Yoh (2000) também revelaram que o olfato está

estreitamente relacionado à memória e emoção do consumidor.

Dessa forma, a utilização de estímulos sensoriais parece ser uma estratégia

relevante no ponto de venda, pois se o aroma for desagradável, os consumidores não

permanecerão ou ficarão pouco tempo no ambiente. Corroborando com esse

pensamento, Gobé (2003) expressa que a maneira mais rápida para uma organização

impulsionar vendas é conseguindo atingir as emoções dos consumidores através da

utilização de aromas no ambiente. Aromas agradáveis tornam o ambiente percebido

como positivo, favorável, atrativo e moderno (SPANGENBERG; CROWLEY;

HENDERSON, 1996).

Embora a denominação “marketing olfativo” seja considerada nova, a estratégia

de utilização dos aromas como forma de atrair consumidores já é explorada há muito

tempo por algumas empresas. Essa prática não surgiu para, necessariamente, seduzir

o cliente e incentivá-lo a comprar mais, mas com o objetivo de camuflar cheiros

desagradáveis decorrentes dos processos de estocagem, fabricação, entre outros

(BERNARDES, 2005).

34

Cerqueira (2014) elaborou um modelo conceitual que indica as razões pelas

quais o marketing olfativo pode ser uma estratégia competitiva com potencial,

conforme exposto no Quadro 4.

Quadro 4 – Modelo conceitual que explica o potencial do marketing olfativo

COMPONENTE DO MODELO DEFINIÇÃO AUTORES

Aumenta o reconhecimento de uma marca

O aroma ambiente aumenta o reconhecimento de uma marca.

Morrin; Ratneshwar (2003)

Melhora a avaliação do espaço

O aroma ambiente pode resultar em ligações semânticas com memórias

emocionais e assim melhorar a avaliação de um produto.

Bosmans (2006)

Melhora o grau de satisfação

O ambiente de loja é capaz de influenciar

o volume de vendas, a avaliação dos produtos e o grau de satisfação dos

clientes.

Chebat; Michon (2003)

Cria emoções

Os aromas de um ambiente operam de

forma subliminar sobre os consumidores e afetam diretamente as suas emoções.

Matilla; Wirtz (2001)

Aumenta o tráfego

Uma boa composição olfativa é capaz de

atrair a atenção do cliente, podendo aumentar o tráfego no estabelecimento.

Simões (2008)

Aumenta o tempo de permanência

Uma boa composição olfativa é capaz de

atrair a atenção do cliente, podendo aumentar o tempo de permanência

dentro da loja.

Simões (2008)

Fonte: Adaptado de Cerqueira (2014)

Já se observa lojas que utilizam aromas em seus pontos de venda e,

normalmente, as fragrâncias usadas remetem unicamente à marca. Conforme Gulas

e Bloch (1995), a utilização de perfumes no ambiente de loja é uma conduta que vem

sendo adotada há tempos com o intuito de atrair clientes e conseguir uma

diferenciação entre produtos pertencentes a uma mesma categoria. Pontes (2012)

afirma que várias cadeias de hotéis empregam a utilização de aromas como forma de

assinatura e como estratégia de estimulação dos clientes a gravar na memória o

momento e o lugar que eles interagiram com a marca.

35

Empresas como Vila Romana, Osklen, Scala-Trifil, Chilli Beans, entre outras,

já fazem uso desse tipo de abordagem e confirmam que esta estratégia vem

produzindo resultados positivos em relação à marca, ao volume de vendas, bem como

no tempo de permanência nas lojas (VALENTIM, 2008).

Com o tempo e o aprendizado, fabricantes e lojistas começaram a perceber a

influência dos aromas nos pontos de vendas. Com isso, investiu-se na criação de

novas combinações aromáticas e, atualmente, um considerável número de vendas

ocorre devido a utilização de aromas próprios (BERNARDES, 2005).

Em continuidade com esta abordagem, há na literatura científica, pesquisas

que evidenciaram a temática do marketing olfativo, nos mais distintos cenários, como

demonstra o Quadro 5.

Quadro 5 – Evolução dos estudos sobre marketing olfativo

AUTOR DISSERTAÇÃO OBJETIVO ANO

KNY, M. A.

Impacto de aromas ambientais sobre o comportamento do consumidor no varejo.

Verificar o impacto da adição de um aroma agradável ao ambiente de loja sobre o comportamento dos consumidores.

2006

COSTA, A. L. N. C.

Atmosfera de loja e comportamento do consumidor: investigando o papel do aroma no ponto de venda.

Investigar de que modo a presença de aroma ambiental relaciona-se com as avalições e comportamentos do consumidor no ponto de venda.

2009

CARNEIRO, J. V. C. Impacto dos estímulos nas decisões de compras.

Investigar o impacto do estímulo olfativo no consumo em loja de varejo, averiguar a percepção dos consumidores quanto à presença do estímulo olfativo.

2009

BARBOZA, M. V.

Impacto do aroma sobre a percepção do ambiente de loja e emoções do consumidor.

Investigar o impacto do aroma como estímulo ambiental que influencia o comportamento dos consumidores em relação ao ambiente de loja, mediante a comparação de períodos com e sem a sua manipulação.

2010

GOMES, F. S. G.

Marketing Sensorial: os efeitos do aroma no ponto de venda.

Verificar se a introdução de um aroma no ambiente de loja influenciava as vendas e o tempo médio de permanência na loja.

2011

VIALLE, C. F. C.

O marketing sensorial como estratégia mercadológica.

Esclarecer e contextualizar as informações pertinentes ao marketing sensorial em sua teoria e prática, dando ênfase a pontos de vendas.

2011

PONTES, M. C.

Marketing experencial ou o uso da experiência no marketing? Estudo de caso em hotéis 5 estrelas da cidade de São Paulo.

Investigar o uso das experiências sensoriais como ferramenta de marketing.

2012

Fonte: Elaborado pela autora

36

No cenário competitivo em que as empresas de seviços encontram-se inseridas

atualmente, intervenções que impulsionem os estímulos ambientais juntamente com

a atmofera de serviços da organização podem ser revertidos em resultados positivos

para as empresas. Illanes e Ikeda (2009) afirmam que atitudes que estimulem os

clientes a consumir um serviço ou a comprar um produto são influenciadas pela

percepção dos estímulos aos quais são submetidos. Sendo assim, conclui-se que o

aroma ambiental pode interferir na abordagem em relação ao consumidor.

2.3 BEM-ESTAR

Em virtude das exigências impostas pelo mercado globalizado, está sendo

bastante disseminada e aceita entre gestores e pesquisadores organizacionais, a

ideia de capacidade adaptativa e flexibilidade das empresas para se manterem

competitivas e para superar os desafios dos concorrentes (DEMO, 2010). O empenho

pela melhoria dos resultados influencia tanto as práticas e paradigmas vigentes nas

empresas quanto o bem-estar e a saúde dos seus empregados (PASCHOAL et al.,

2013).

Com o objetivo de encarar os desafios impostos pela concorrência e na

tentativa de alcançarem a excelência almejada, as empresas têm a possibilidade de

optar por dois tipos de estratégias. A mais tradicional tem o propósito de solucionar

problemas ou déficits da empresa e seus membros. A segunda estratégia procura,

essencialmente, facilitar e permitir o desenvolvimento dos potenciais individuais e

organizacionais (RODRÍGUEZ-CARVAJAL et al., 2010). Conforme Limongi-França

(2009), a globalização, a era digital e os novos modelos de gestão organizacional

estão promovendo mudanças na forma de gerir pessoas. As organizações estão

buscando novas ferramentas, como a qualidade de vida, para garantir o bem-estar do

empregado. Nesse contexto, Paschoal et al. (2013) sugerem que o bem-estar do

empregado é um fenômeno essencial para o funcionamento satisfatório e competitivo

da empresa.

Não existe consenso sobre a definição do bem-estar, mas há sobre a sua

importância sobre o empregado e a empresa (PASCHOAL et al., 2013). Dentre a

diversidade de interpretações e definições conceituais, percebe-se que há uma

tendência na aproximação dos termos bem-estar e felicidade. Warr (2007) propõe que

essa proximidade sinaliza uma conotação de natureza positiva para o fenômeno.

37

Paschoal (2008) preconiza que na psicologia organizacional, o bem-estar tem sido

associado à qualidade de vida, à satisfação, ao estresse e à saúde mental.

2.3.1 Bem-estar laboral

Conforme Van Horn et al. (2004), o bem-estar laboral consiste na avaliação

positiva de vários aspectos do trabalho, incluindo fatores afetivos, comportamentais,

motivacionais, cognitivos e psicossomáticos. Para os autores, as dimensões que

compõem o constructo são a dimensão afetiva, bem-estar social, bem-estar

profissional, cansaço cognitivo e dimensão psicossomática.

Para Siqueira e Padovam (2008), o conceito de bem-estar no trabalho está

integrado a três dimensões: a satisfação no trabalho, envolvimento com o trabalho e

comprometimento organizacional afetivo. Assim, estes três componentes podem

configurar os vínculos positivos com o trabalho (satisfação e envolvimento) e com a

organização, expressos por comprometimento organizacional afetivo. A satisfação no

trabalho seria um estado emocional positivo ou de prazer que é resultado de um

trabalho ou de experiências de trabalho. A dimensão denominada envolvimento com

o trabalho pode ser definida como o grau em que o desempenho de um empregado

no trabalho afeta sua autoestima. O comprometimento organizacional afetivo seria o

estado no qual o empregado se identifica com a empresa e com seus objetivos

(CHIUZI; SIQUEIRA; MARTINS, 2012).

Warr (2007) preconiza que o bem-estar no trabalho se evidencia através de

aspectos afetivos e cognitivos. As dimensões cognitivas referem-se à satisfação no

trabalho em geral, bem como à satisfação com as chefias, colegas de trabalho e

pagamento, enquanto os afetivos relacionam-se às respostas emocionais voltadas ao

contexto do trabalho, que se expressam em sentimentos de entusiasmo, ansiedade,

conforto, depressão, entre outros. Na visão de Van Horn et al. (2004), o bem-estar

ocupacional envolve os aspectos afetivo (bem-estar afetivo, comprometimento afetivo

e falta de exaustão emocional), profissional (autonomia, aspiração e competência

profissional), social (falta de despersonalização), cognitivo (capacidade de se

concentrar) e psicossomático (ausência de queixas psicossomáticas). No entanto,

esses pesquisadores evidenciam que o aspecto afetivo constitui o cerne do bem-estar

laboral.

38

Embora existam discordâncias quanto à natureza cognitiva ou afetiva da

satisfação no trabalho, há consenso no sentido dela ser apontada como um vínculo

afetivo positivo com o trabalho. Ademais, têm sido estabelecidas como aspectos

inerentes deste vínculo, as satisfações que se obtêm nos relacionamentos com os

colegas de trabalho e com as chefias, as satisfações provenientes das oportunidades

de promoção ofertadas pela política de gestão da organização, do salário pago pela

empresa, e, finalmente, das satisfações com as tarefas realizadas. Em vista disso, o

conceito de satisfação transformou-se numa concepção multidimensional, que

abrange avaliações prazerosas sobre cinco dimensões específicas no ambiente de

trabalho (SIQUEIRA; GOMIDE JR, 2014).

Portanto, o bem-estar no trabalho pode ser definido a partir do momento em

que o empregado elenca características positivas relacionadas ao ambiente laboral,

como sentir-se satisfeito com o trabalho, envolver-se com as atividades realizadas na

organização, sentindo, entre outras coisas, que o tempo que passa trabalhando é o

melhor do seu dia. É sentir-se comprometido afetivamente com a empresa que o

emprega (CHUIZI; SIQUEIRA; MARTINS, 2012).

Segundo Warr (2007), o estudo do bem-estar no trabalho envolve e relaciona

elementos hedônicos e de realização pessoal. Para o autor, existem dois tipos

distintos de felicidade. O primeiro, denominada felicidade hedônica, representa os

sentimentos de prazer vivenciados pela pessoa. O segundo corresponde ao que foi

designado de autovalidação. A felicidade hedônica leva em consideração duas

circunstâncias de emoções: prazer e excitação. A autovalidação envolve elementos

como a exploração do próprio potencial, desenvolvimento de atributos pessoais,

realização e expressão de si mesmo. Esta forma de felicidade pode ou não vir

acompanhada de experiências de prazer. O conceito de bem-estar no trabalho, no

entanto, envolve experiências positivas e se explica da seguinte maneira: quando

existe bem-estar, o afeto positivo no trabalho prevalece sobre o negativo, ademais,

existem experiências de desenvolvimento de potenciais individuais e realização.

Embora alguns autores definam o bem-estar no trabalho, na literatura científica

não foi encontrada consenso sobre sua definição. Para Albuquerque e Tróccoli (2004),

existem duas principais correntes na área do bem-estar geral que influenciam o bem-

estar no trabalho: bem-estar subjetivo e bem-estar psicológico.

O bem-estar subjetivo pode ser considerado como uma avaliação subjetiva da

qualidade de vida (ALBUQUERQUE; TRÓCCOLI, 2004) e é operacionalizado por três

39

dimensões: afeto positivo, afeto negativo e satisfação com a vida. Nesse caso, o bem-

estar é mais elevado quanto mais o afeto positivo prevalecer sobre o afeto negativo e

maior for a satisfação com a vida em geral (COUTO; PASCHOAL, 2012). O bem-estar

psicológico pode ser compreendido como a experiência de expressão pessoal e de

autorrealização (WATERMAN; SCHWARTZ; CONTI, 2008). De acordo com Ryff

(1989), existem seis fundamentos que definem o bem-estar psicológico:

autoaceitação, avaliação positiva com os outros, autonomia, propósito na vida,

controle do ambiente e crescimento pessoal.

Percebe-se que cada estudo que aborda diretamente o bem-estar utiliza uma

conceituação diferenciada do fenômeno. O Quadro 6 sintetiza alguns conceitos sobre

bem-estar laboral encontrados na literatura.

Quadro 6 – Conceitos do bem-estar laboral

AUTOR CONCEITO

Gondim; Lima; Álvaro (2006); Ferreira et al. (2008)

Afeto do empregado.

Siqueira e Padovam (2008)

Satisfação de desejos e necessidades do empregado.

Dessen e Paz (2010) Satisfação no trabalho, envolvimento com o trabalho e comprometimento organizacional.

Paschoal e Tamayo (2008); Paschoal; Torres; Porto (2010)

Prevalência de afeto positivo no trabalho e percepção do indivíduo de que expressa e desenvolve seus potenciais e avança no alcance de suas metas de vida a partir do seu trabalho.

Fonte: Elaborado pela autora

Nota-se que mesmo quando adotam conceituações próximas, como a

realização de desejos e satisfação de necessidades pessoais, por exemplo,

consideram dimensões diferentes como constituintes do fenômeno. Tais achados

sugerem a necessidade de limpeza conceitual e discussões teóricas entre os diversos

autores (COUTO; PASCHOAL, 2012).

De maneira geral, quando se trata do bem-estar no ambiente laboral, os

pesquisadores se baseiam em uma ou outra abordagem e utilizam conceitos diversos

(COUTO; PASCHOAL, 2012), sejam relacionados a experiências positivas ou

variáveis relacionadas a experiências negativas. Essa pesquisa se preocupa em

enfatizar as experiências positivas e pontuar as situações negativas relacionadas ao

bem-estar do empregado ocasionadas pela exposição aos aromas durante a jornada

de trabalho. Para os propósitos desse estudo, o bem-estar no trabalho é concebido

40

como um conceito integrado por dois componentes: aspectos afetivos (satisfação no

trabalho) e cognitivos (sentimentos de entusiasmo, depressão, conforto, entre outros).

2.4 O OLFATO

2.4.1 Anatomo-fisiologia do olfato

Dentro da cadeia evolucionária filogenética o sistema olfativo corresponde a

um dos mais antigos. Segundo Davies, Kooijman e Ward (2003), o olfato é o sentido

humano que está estreitamente ligado às áreas mais primitivas do cérebro. O

processamento dos estímulos olfativos é realizado pelo hipotálamo e pelo sistema

límbico. Estes são também responsáveis pelo sentido da fome, do prazer, do humor

e das emoções (MAILLE, 2001). De acordo com Carlson (2002), o ser humano pode

ser capaz de distinguir cerca de 10.000 odores diferentes. Para esse fim, tem entre

dez e vinte milhões de receptores olfativos que se espalham pelo epitélio das narinas

direita e esquerda.

O nariz corresponde à estrutura anatômica associada ao olfato. É constituído

por duas cavidades, também denominadas de fossas nasais, as quais possuem

orifícios anteriores que fazem contato com o meio externo, chamadas narinas, e

orifícios posteriores que, por sua vez, se comunicam com a faringe. O epitélio que

reveste as fossas nasais é chamado de mucosa. Esta tem aspecto avermelhada por

ser muito vascularizada, ou seja, rica em vasos sanguíneos (GUYTON; HALL, 2011).

Conforme Triska (2003), o processo de olfação tem natureza química e para

que ele aconteça é necessária a existência de moléculas voláteis no meio ambiente.

Ele se inicia através do processo de transdução de informação carreada por moléculas

odoríferas, em sinais elétricos nos neurônios sensoriais.

2.4.1.1 Membrana olfatória

O epitélio olfatório é constituído pelo teto nasal, pela porção superior do septo

nasal e pelo corneto superior. Sendo o único local do corpo humano onde os neurônios

entram em contato com o ambiente externo. Dessa maneira, ficam suscetíveis a

sofrerem danos constantes devido a exposição à ação ambiental de poluentes aéreos,

41

microorganismos, alérgenos e outros fatores com potencial prejudicial (TRISKA,

2003).

No momento da respiração, correntes de ar passam por uma área óssea curva,

que são os ossos turbinados, até chegar a uma região epitelial pequena, de espessura

aerodinâmica acidentada, que possui cerca de 10 milhões de células sensoriais. Estas

contêm filamentos que se estendem na superfície do epitélio. Cada filamento contém

uma proteína, que atua como um receptor molecular, e interage com as moléculas

odoríferas.

2.4.1.2 Lobo Olfatório

O lobo olfatório é constituído pela região anterior e pela posterior. O lóbulo

anterior é formado pelo trato olfatório, pelo bulbo olfatório, pelo tubérculo olfatório e

pela área de Broca. O bulbo olfativo repousa sobre a placa cribriforme do osso

etmóide. Na sua superfície inferior encontram-se os nervos olfatórios que passam

através da placa cribriforme oriundas da região olfatória do nariz.

2.4.1.3 Percurso Olfativo

Quando ocorre a respiração, o ar penetra nas narinas entrando em contato com

os receptores do epitélio olfativo. Os axônios dos neurônios olfativos entram em

contato com o cérebro passando através da lâmina cribriforme. Em seguida, os

axônios de cada narina, unem-se para formar o nervo olfativo, que é responsável por

transmitir os impulsos elétricos para o bulbo olfativo (HERTZ; CLEF, 2001).

Consoante Hertz e Clef (2001), a amígdala, o hipotálamo e o hipocampo são

as principais estruturas límbicas que se comunicam diretamente com o sistema

olfativo. Essa ligação única existente entre o olfato e as regiões cerebrais relacionadas

à memória e à emoção, explica por que as memórias evocadas pelo cheiro se

distinguem dos outros tipos de memória pela sua potência emocional, além de

associar a forte relação entre os cheiros e as emoções.

42

2.4.2 Estímulos olfativos

O início dos estudos que relacionavam as influências das percepções dos seres

humanos com os estímulos olfativos se deu através das pesquisas realizadas por

Mueller (1966) na área da psicologia da olfação. A área sensível à recepção dos

estímulos odorosos corresponde a uma região que apresenta centenas de milímetros

quadrados e situa-se nas superfícies da cavidade nasal. Nessa área, as células

sensoriais estão densamente ligadas, em número aproximado de 100.000 por

milímetro quadrado (MUELLER, 1966).

O corpo humano possui entre seis a dez milhões de células receptoras que

estão localizadas no epitélio olfativo. Essas células permitem que o homem distinga

de 2.000 a 4.000 aromas diferentes (STRUGNELL; JONES, 1999). No entanto, este

sentido humano pode ser considerado muito pobre, se comparado com os duzentos

e vinte milhões de células que o focinho de um cão da raça sheepdog possui e aos

duzentos milhões de células fotossensíveis do olho humano. Apesar disso, o olfato é

um sentido extremamente vívido, agudo e forte (GULAS; BLOCH, 1995).

O único sentido humano que possui ligação direta com o cérebro é o olfato. Por

exemplo, a onda sonora é conduzida através do ar até o ouvido, onde faz vibrar o

tímpano. Após essa vibração é que se dá início o envio de informação para o tálamo.

Este atua como uma estação de retransmissão da informação. A interpretação final

do som só é finalizada quando essa informação é retransmitida para o córtex

(BARROS, 2010; CONCEIÇÃO, 2005).

A conexão, no caso do olfato, é direta, porque é o único sentido em que a

informação recebida não passa pelo tálamo, ou seja, segue direto para o sistema

nervoso central. No sistema olfativo a distinção dos cheiros é bem mais complexa que

nos outros sistemas. No paladar, por exemplo, são necessários quatro sabores, na

visão, são necessárias apenas três cores primárias para distinguir-se o restante dos

sabores e das cores, respectivamente. O sistema olfativo possui cinquenta ou mais

sensações primárias: floral, hortelã, pimenta, canforado, pútrido, etc. Isso explica

porque a descrição dos cheiros é feita sempre de forma eponímica, como “isso tem

cheiro de limpeza” (CONCEIÇÃO, 2005).

Os estímulos olfativos são substâncias voláteis, isto é, que aparecem na forma

gasosa. Quando um material odoroso, como um perfume, é aplicado diretamente em

seu estado líquido nas áreas sensíveis do nariz, o odor é difícil de ser detectado. Foi

43

calculado que o ser humano é sensível a milhares de materiais vaporosos, sendo

muitos deles compostos orgânicos. Outra característica é que a adaptação do olfato

é seletiva, que se adapta a um cheiro, e depois de medir o grau de sensibilidade a

este cheiro, o valor desta percepção cai consideravelmente (MUELLER, 1966).

A natureza inconsciente da respiração implica que os estímulos olfativos devam

ser considerados como uma ação estratégica pelas empresas, pois podem ser

utilizados como ferramenta para se criar uma identidade olfativa de uma marca, bem

com agente influenciador do comportamento de consumidores e dos empregados.

2.4.3 Abordagem fisiológica, cognitiva e emocional do olfato e sua influência

no ambiente de trabalho

A distância percorrida pelo aroma, do nariz até atingir o sistema límbico do

cérebro, é bastante curta (DAVIS; KOOIJMAN; WARD, 2003). Acredita-se, assim, que

as respostas olfativas são essencialmente autônomas, afetando fisiologicamente o

indivíduo antes mesmo do processo cognitivo (ELLEN; BONNE, 1998). Este resultado

também é partilhado por Ehrlichman e Halpern (1988) quando afirmaram que os

cheiros necessitam de pouco ou nenhum esforço cognitivo para serem assimilados,

bem como as respostas comportamentais básicas associadas a essa exposição

podem acontecer sem nenhuma intenção consciente. Ainda é sugerido por alguns

estudiosos que os aromas começam a ser processados pelo cérebro antes mesmo da

percepção do indivíduo em identificá-los no ambiente (BARBOZA, 2010).

Aggleton e Waskett (1999) acreditam que os aromas são substâncias químicas

que têm a capacidade de alterar sensações e estados emocionais. De acordo com

Holley (1999), áreas cognitivas tradicionais, como a memória, a percepção, a atenção,

o aprendizado, a linguagem, a imaginação mental e a categorização, aparecem

representadas na complexidade dos processos relacionados a estímulos de natureza

olfatória. Diferentemente do que ocorre com os estímulos auditivos e visuais, que

passam pelo tálamo e pelo córtex cerebral, as mensagens olfativas fogem do controle

racional por não seguirem esse caminho (STRUGNELL; JONES, 1999). Dessa

maneira, a percepção dos aromas e sua ligação às recordações a que um

determinado cheiro remete percorrem um caminho não-cognitivo (HERZ; ENGEN,

1996).

44

Davis, Kooijman e Ward (2003) afirmam que é bastante complexa a percepção

de um estímulo olfativo. Imagina-se que os odores ambientais ativem a memória em

consequência da elevação nos níveis de alerta e estimulação (MORRIN;

RATNESHWAR, 2003). Para Hvastja e Zanuttinit (1991), o sentido do olfato tem a

função substancial de alertar sobre a existência de um elemento incomum no ar.

Conforme Bone e Ellen (1999), os odores têm como características básicas a

sua quantidade e sua intensidade. Spangenberg, Crowley e Henderson (1996)

complementam essa observação destacando a presença de um terceiro componente

significativo que é a natureza estimulante dos aromas. Em termos gerais, os cheiros

podem ser categorizados como prazerosos ou desagradáveis (MAILLE, 2001;

SPANGENBERG; CROWLEY; HENDERSON, 1996).

Maille (2001) afirma que a reação das pessoas terá maior rapidez quanto mais

desagradável for o odor presente em um determinado ambiente. Porém, no caso da

espécie humana, não se conhece ao certo se há uma relação clara entre o cheiro e

comportamento correspondente, como comumente acontece com algumas espécies.

Neste caso, os argumentos que explicam os comportamentos que surgem após a

exposição a um determinado aroma residem muito mais em estruturas circunstanciais

e socioculturais. São raras respostas emocionais fortes aos estímulos olfativos.

Porém, aromas agradáveis induzem a humores positivos, enquanto os aromas

desagradáveis provocam reações negativas referentes ao humor (BARBOZA, 2010).

Embora já seja possível afirmar que alguns aromas produzem efeitos físicos

específicos comuns a um vasto número de pessoas, ou seja, podem ter ação relaxante

ou estimulante, por exemplo. Alguns fatores psicológicos subjetivos têm o poder de

anular a resposta fisiológica mais objetiva ou ainda alterar a reação do indivíduo.

Dessa maneira, ainda que haja uma previsibilidade da resposta psicoquímica e

fisiológica, a reação emocional e psicológica não se comporta de maneira esperada

(TRISKA, 2003).

Spangenberg, Crowley e Henderson (1996) atestam que a intensidade de um

aroma está relacionada à sua concentração no ar. De maneira geral, a intensidade do

aroma no ambiente apresenta uma relação inversa com o prazer proporcionado, ou

seja, quanto mais acentuado for um aroma, mais fortes serão as reações negativas

por ele provocadas (RICHARDSON; ZUCCO, 1989). Assim, a explicação fundamental

é de que um aroma em concentração mais baixa será identificado de maneira

45

prazerosa, de modo que o mesmo odor em concentrações elevadas pode ser

apontado como desagradável (KNY, 2006).

O caráter estimulante de um aroma e relaciona a sua propensão em evocar

resultados concomitantes nas pessoas, sejam eles de ordem cognitiva, emocional ou

comportamental (SPANGENBERG; CROWLEY; HENDERSON, 1996). A proporção

estimulativa de um odor é evidenciada por intermédio de exames que mensuram a

atividade cerebral, como o eletroencefalograma (KNY, 2006).

De acordo com Toller e Dodd (1992), o efeito de um odor depende de uma série

de fatores individuais, tais como: como o odor é aplicado, quanto o odor é aplicado

(níveis de concentração do odor), as circunstâncias nas quais foi aplicado, o indivíduo

ao qual foi aplicado, o indivíduo ao qual foi aplicado (leva-se em consideração

variáveis como: sexo, idade, personalidade), o estado de humor no momento da

aplicação, associações prévias com o odor, presença de anostomia (inabilidade de

perceber odores) e expectativas ou pensamentos sobre o odor.

Algumas pesquisas avaliaram que o aroma ambiental pode interferir no

comportamento e no humor no momento da execução de uma tarefa. Gilbert; Knasko

e Sabini (1997) observaram que há diferença no desempenho referente a tarefas

relacionadas à acuidade, mas não há alteração no humor dos empregados após

mudanças significativas no aroma ambiental. Engen (1991) constatou que pessoas

expostas durante várias semanas ao mesmo aroma no ambiente de trabalho,

apresentam um declínio na sensibilidade a esse aroma. E, esta diminuição da

sensibilidade pode se estender por várias semanas após ter cessado o estímulo.

Segundo Naus (1985), a exposição prolongada e repetitiva a um cheiro irá diminuir as

sensações de sabor e aumentar o risco de acidentes de trabalho.

Portanto, o caráter subjetivo da percepção odorífera não está relacionado a

condições de natureza somente fisiológica, como os fatores acima relacionados. Eles

abordam questões cognitivas e emocionais, além de aspectos ambientais do indivíduo

que englobam, entre eles, o perfil sociocultural.

2.5 O AROMA

Devido à significância do aroma nesta pesquisa, em que se verificam as

influências da exposição aos aromas do ambiente de loja nos empregados, torna-se

importante registrar algumas informações relacionadas. Nesse estudo, optou-se por

46

usar a palavra aroma para identificar a(s) substância(s) dispersa(s) no ambiente

interno das lojas pesquisadas, que podem influenciar o bem-estar dos empregados.

Entretanto, destaca-se que, no uso cotidiano da língua, são recorrentes as

denominações fragrância, perfume, cheiro agradável, substância odorífera, bálsamo,

óleo aromático, identificados como sinônimos (CARRIJO, 2014).

Para Wolffenbüttel (2011), aromas podem ser considerados como compostos

químicos voláteis facilmente perceptíveis pelos órgãos olfativos. Sua volatilidade

refere-se à facilidade de uma substância passar do estado líquido ao estado de vapor

ou gasoso. Os aromas apresentam-se nas formas sólida (pó, granulados, tabletes),

líquidas (soluções, emulsões) e pastosa (BIZZO; HOVELL; REZENDE, 2009;

SPEZIALE, 2012; WOLFFENBÜTTEL, 2011).

Existem inúmeros tipos diferentes de óleos essenciais de importância comercial

no mundo. Os principais são laranja, eucaliptol/cineol, hortelã-pimenta, citronela,

limão, cravo-da-índia, cedro, cânfora, lima destilada, entre outros. Eles são utilizados

especialmente como aromas, fragrâncias, fixadores de fragrâncias, em composições

farmacêuticas e comercializados na sua forma bruta ou beneficiada

(WOLFFENBÜTTEL, 2011).

De acordo com Wolffenbüttel (2011), novas terminologias estão sendo geradas

após estudos sobre aromas voláteis, provenientes de óleos essenciais puros ou de

substâncias sintéticas, tais como:

• aromatologia, que comprovou, desde 1950, a eficácia dos óleos essenciais no

sistema nervoso central. Atualmente, indica a fundamentação científica da ação

terapêutica dos óleos essenciais. A Associação Brasileira de Aromaterapia –

ABRAROMA utiliza o termo para designar óleos essenciais puros;

• aromacologia, termo criado em 1989 pela Sense of Smell Institute (Nova York),

objetivando amparar a inter-relação de pesquisa entre as áreas dos aromas e

seus efeitos psicofisiológicos, correlacionando as áreas das ciências:

farmacologia, bioquímica, psicologia, neurofisiologia, química, cosmetologia,

neurologia, entre outras. Estuda os efeitos dos aromas no organismo humano,

não distinguindo os óleos essenciais puros das fragrâncias sintéticas;

• aromaterapia, que é a prática terapêutica que utiliza os óleos essenciais, 100%

naturais, puros e completos, com suas propriedades específicas, de origem

botânica conhecida e composição química completa, de acordo com o método

de extração para sua produção.

47

Frente a essas argumentações, tem-se que este estudo, que visa conhecer a

influência dos aromas dispersos no ambiente de loja nos empregados, enquadra-se

na categoria de aromacologia, em que se atua com óleos essenciais modificados ou

sintéticos, proporcionando bem-estar, sentido pela sensibilização dos nervos olfativos

(WOLFFENBÜTTEL, 2011).

Alguns estudos mostraram que a dispersão de aromas onde se encontravam

pacientes, influenciaram-nos de maneira positiva, pois os resultados indicaram que

houve melhora significativa da sintomatologia das pessoas que fizeram parte dessas

pesquisas (BURNS et al., 2007; GARGANO, 2007; SAEKI; TANAKA, 2005). No

entanto, de forma contrária, odores fétidos podem interferir negativamente nas

pessoas, ocasionando sintomas, tais como alteração de humor, dor de cabeça,

tontura, ânsia de vômito (CARRIJO, 2014).

Na perspectiva de Triska (2003), a aromaterapia no ambiente de trabalho está

se tornando um ponto relevante pelas empresas, em termos de psicologia do trabalho,

além do aumento da produtividade e prevenção de doenças relacionadas ao trabalho.

Perfumar um ambiente de trabalho ocasiona uma melhoria nas circunvizinhanças, em

termos psicológicos, gerando um efeito positivo nos empregados e clientes, além de

aumentar as vendas e a produtividade (KNASKO, 1992). Triska (2003) acredita que a

utilização da aromaterapia no ambiente laboral é um investimento no cliente interno

da empresa, protegendo a força de trabalho e tornando o ambiente mais humanizado.

O setor de aromas e fragrâncias, que inclui a produção de perfumes e

cosméticos, apresenta evidente relevância econômica, além de representar uma fonte

constante de inovação e desenvolvimento científico (SPEZIALI, 2012). As grandes

empresas de fragrâncias, conhecidas como Flavor Houses, se concentram

principalmente na Europa. O Brasil está ainda em um estágio embrionário nas

tecnologias de produtos beneficiados, como os perfumes e fragrâncias, porém, é líder

mundial na produção de matérias-primas. Os óleos essenciais são uma das matérias-

primas mais importantes na produção de fragrâncias e o Brasil responde, atualmente,

por cerca de 50% da produção mundial de óleo essencial de laranja, que é uma das

matérias-primas fundamentais para os aromas e as fragrâncias (SPEZIALI, 2012).

Nesse mesmo sentido, Bizzo; Hovell e Rezende (2009) afirmam que a produção de

óleos essenciais brasileiros é muito rentável e viável.

48

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Visando atender aos objetivos propostos pelo estudo, esta seção apresenta o

método utilizado para a realização da pesquisa, descrevendo o tipo de pesquisa, a

área de abrangência e participantes do estudo, o plano de coleta de dados, o

tratamento e a análise dos dados.

3.1 TIPO DE PESQUISA

O método de abordagem do problema a ser estudado que identifica o aspecto

científico desse projeto é qualitativo. Para Marconi e Lakatos (2010), o método

qualitativo tem a preocupação em analisar e interpretar mais profundos, além de

fornecer uma análise minuciosa sobre hábitos, investigações, tendências de

comportamento, atitudes, entre outros.

Nos estudos de cunho qualitativo, tanto a delimitação quanto a formulação do

problema possuem características próprias, exigindo a imersão do pesquisador no

contexto a ser analisado. Nesse tipo de abordagem, não se busca regularidades, mas

o entendimento dos agentes e daquilo que os levou a agir da forma como agiram

(GODOI; BALSINI, 2010). De acordo com Minayo (2008), os instrumentos de trabalho

de campo na pesquisa qualitativa permitem uma mediação entre o marco teórico-

metodológico e a realidade empírica. Os meios mais comumente usados nesse tipo

de pesquisa são a entrevista, observação e grupos focais.

Segundo Vergara (2013), o presente estudo é classificado no tocante aos

meios como uma pesquisa campo, pois coletou dados no ambiente de trabalho onde

os empregados exercem atividades laborais. Quanto aos fins, trata-se de uma

pesquisa descritiva, pois buscará descrever o fenômeno, investigando como a

exposição ao aroma ambiental influencia na atuação dos empregados e qual a relação

do aroma com o Endomarketing da organização.

Outro meio que será utilizado para realizar a presente investigação é o estudo

de caso. Para Godoy (1995), o estudo de caso é caracterizado como sendo uma

pesquisa cujo objeto é uma unidade que será analisada profundamente. Visando ao

exame detalhado de um ambiente, de um simples sujeito ou de uma situação em

particular. Dessa maneira, uma das características desse tipo de investigação é o fato

de não ter uma preocupação com a representatividade estatística, mas com a

49

profundidade da análise. Yin (2005) classifica os estudos de caso em exploratórios,

descritivos e explanatórios.

Os estudos de casos exploratórios são aqueles que estudam situações novas,

tendo a finalidade de da geração de hipóteses que possam ser testadas em estudos

futuros. Os descritivos objetivam descrever com profundidade uma determinada

situação, a partir da coleta de informações e dados em maior quantidade. Os

explanatórios procuram explicar a relação entre os vários componentes do caso,

avaliado através de relações causais (YIN, 2005). Dessa forma, os dois primeiros

constituem os tipos de estudo de caso em que o presente estudo se enquadra.

3.2 ÁREA DE ABRANGÊNCIA E PARTICIPANTES DA PESQUISA

A pesquisa foi realizada nas lojas do grupo O Boticário, localizadas na cidade

de Natal, Rio Grande do Norte. No tocante aos participantes da pesquisa, contribuíram

com o estudo cinquenta consultoras de vendas, de um total de cento e uma, da

referida empresa. Percebe-se que todos os participantes são do gênero feminino, que

é uma característica da empresa pesquisada em que emprega apenas mulheres para

atuarem como consultoras de vendas nas suas lojas.

3.3 PLANO DE COLETA DE DADOS

Na presente pesquisa, a coleta de dados foi realizada por meio de entrevista

semiestruturada. Esta se caracteriza por conter perguntas abertas, que irá possibilitar

ao entrevistador conversar a respeito do tema proposto, sem ter a necessidade de

seguir rigorosamente as perguntas (MINAYO, 2008). O objetivo principal da entrevista

semiestruturada é entender os significados que o pesquisado atribui às situações e às

questões relativas ao tema em análise. Nesse caso, o intuito da entrevista é reunir

dados descritivos na linguagem do próprio entrevistado, de modo que possibilite ao

entrevistador a construção de uma ideia sobre como o sujeito entrevistado interpreta

aspectos do mundo (GODOI; MELO; SILVA, 2010).

Os dados podem ser classificados como sendo de natureza primária, referindo-

se àqueles coletados pelo pesquisador, através de entrevistas ou observação do

funcionamento dos sistemas produtivos considerados (MARTINS, 2006). O plano de

50

coleta de dados para o desenvolvimento do estudo foi composto pelas seguintes

etapas:

a) Contato com a empresa para a explicação da proposta da pesquisa;

b) Aplicação do instrumento de coleta de dados;

c) Organização dos dados e;

d) Tratamento e análise dos dados.

Cada etapa será descrita da seguinte maneira:

a) Em um primeiro momento, a pesquisadora foi ao escritório da empresa e

expôs a proposta da pesquisa a ser realizada. Foi explicado que se tratava de

um estudo para a realização de uma dissertação. Após a aprovação por parte

da empresa, permitindo a execução do estudo, a pesquisadora coletou

informações referentes ao número de lojas e a quantidade de empregados

que a mesma possui. Em posse dessa informação, definiu-se a quantidade de

empregados que seria entrevistada.

b) Em seguida, ocorreu a aplicação do roteiro de entrevista aos empregados da

empresa. Visando o sigilo das informações prestadas, os entrevistados foram

classificados por nomenclaturas abreviadas. Para isso, foram adotados os

códigos E1 a E50. Essa codificação é inserida entre parênteses, ao final de

cada opinião apresentada, com o objetivo de detectar percepções diferentes,

bem como para identificar que houve mudança de participante da pesquisa.

Dessa maneira, se permite a percepção de consensos e dissensos entre os

relatos apresentados nas entrevistas. Priorizou-se por apresentar os relatos

dos respondentes da pesquisa sem correções quanto à concordância,

propiciando que as falas apresentadas transparecessem o que foi percebido

pelos participantes da pesquisa de forma mais precisa. As falas dos

entrevistados, quando ultrapassavam três linhas, foram destacadas no texto,

em espaço simples. A exposição dos relatos dos pesquisados foi realizada

intercalando-se explicações, discussões e análises feitas com auxílio do

software NVivo 11.

c) O passo seguinte foi a transcrição das entrevistas realizadas com as

consultoras de vendas. As mesmas foram salvas em formato Word. Os dados

foram submetidos à análise de conteúdo. Em seguida, foram construídos os

51

resultados e a conclusão do estudo, que estão expostos posteriormente, nos

capítulos 4 e 5.

3.3.1 Instrumento de coleta de dados

O instrumento de coleta de dados foi composto por um roteiro de entrevista

semiestruturada, constando de perguntas abertas (APÊNCIDE A). As entrevistas

foram realizadas presencialmente com as consultoras de vendas no próprio ambiente

de trabalho.

Rea e Parker (2000) e Triviños (2009) recomendam a realização do teste piloto

da entrevista porque permite verificar a clareza do roteiro e a estrutura, através de

uma entrevista preliminar com pessoas que possuam características semelhantes a

da população alvo da pesquisa. Nessa perspectiva, antes da aplicação do instrumento

de pesquisa, foi realizado um teste piloto com sete empregados selecionados

aleatoriamente. Esse teste serviu para verificar se havia necessidade de mudanças

em alguma questão do roteiro de entrevista, bem como deixar mais compreensível a

intenção dos questionamentos aos entrevistados, além de alargar a coleta de dados.

A entrevista é composta por 10 (dez) questões, organizadas da seguinte

maneira:

a) O primeiro questionamento busca saber se o empregado percebe se existe

algum aroma predominante na loja;

b) A segunda questão pergunta como o entrevistado avalia o aroma da loja;

c) O terceiro questionamento avalia se é a primeira vez que o empregado

trabalha exposto a aromas/cheiros durante toda jornada laboral. O objetivo da

pergunta é avaliar, caso a resposta seja positiva, se há diferença em como o

empregado se sente ao final do dia de trabalho em relação à experiência de

trabalho anterior;

d) A quarta questão indaga se a exposição ao aroma percebido causa/agrava

algum problema de saúde do empregado;

e) A quinta pergunta do roteiro de entrevista questiona, em relação ao aroma da

loja, o que o empregado mudaria, se pudesse, no ambiente de trabalho;

f) As questões sexta e sétima discorrem sobre possíveis estratégias de

Endomarketing realizadas pela empresa;

52

g) As demais questões, oitava, nona e décima são referentes às influências

(positivas e/ou negativas) causadas pela exposição ao aroma durante a

jornada de trabalho e suas possíveis consequências.

O planejamento da elaboração do instrumento de pesquisa está inter-

relacionado aos objetivos específicos propostos pelo estudo e aos tópicos do acervo

teórico adotado, com seus principais autores que subsidiaram as suas definições. Tais

inter-relações são apresentadas no Quadro 7.

Quadro 7 – Associações entre os objetivos do estudo e os tópicos relacionados na dissertação para a construção do instrumento de pesquisa

Objetivos geral e específicos

Categorias Analíticas Autores referenciados Questões do

instrumento de pesquisa

Compreender a associação do aroma do ambiente de loja com o Endomarketing, em uma empresa de cosméticos, a partir da percepção dos empregados.

Estímulos olfativos e relação com o Endomarketing

Limongi-França (2009); Bekin (2004); Grönroos (2009); Brum (2010); Kotler (1998); Piercy e Morgan (1991); Varey (1995); Lings (2004).

6; 7

Identificar a percepção sensorial do ambiente de loja sob a visão do empregado.

Percepção sensorial

Bitner (1992); Donovan et al. (1994); Bone e Ellen (1999); Crowley (1993); Carneiro (2009).

1; 2; 3; 8; 9; 10

Descrever a influência dos estímulos olfativos e sua relação com o bem-estar dos empregados.

Estímulos olfativos e relação com o bem-estar

Paschoal et al. (2013); Rodrígues-Carvajal et al. (2010); Warr (2007); Van Horn et al. (2004); Chiuzi; Siqueira; Martins (2012); Siqueira e Padovam (2004); Albuquerque e Tróccoli (2004).

10

Identificar o modo que a presença de um aroma ambiental relaciona-se com a avaliação do ambiente da loja pelo empregado.

Aroma ambiental X Avaliação do ambiente de loja

Schab (1990); Davies et al. (2003); Spangenberg; Crowley; Henderson (1996); Ward; Davies; Kooijman (2003); El-Aouar (2012).

1; 4; 5

Fonte: Elaborado pela autora

3.4 TRATAMENTO E ANÁLISE DOS DADOS

Os dados coletados foram tratados qualitativamente. Para isso, foi utilizado o

procedimento metodológico de Bardin (2011) em uma das técnicas de Análise de

Conteúdo. De acordo com a autora, a análise de conteúdo se presta ao estudo “das

53

motivações, atitudes, valores, crenças e tendências”, sendo definida da seguinte

forma:

[...] um conjunto de técnicas de análise das comunicações, visando, por procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição de conteúdo das mensagens, a obter indicadores quantitativos ou não, que permitam a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção/recepção (variáveis inferidas) das mensagens (BARDIN, 2011, p.21).

Bardin (2011) estabelece que a análise deva ser feita seguindo as seguintes

etapas:

1) A pré-análise;

2) A exploração do material e o tratamento dos dados;

3) A inferência e interpretação.

A pré-análise corresponde à etapa de organização. Nessa fase, estabelece-se,

com precisão, o esquema de trabalho, que deve ser preciso, com procedimentos bem

definidos, embora flexíveis. Etapa que ocorrem os primeiros contatos com os

documentos que serão submetidos às análises, a escolha deles, a formulação dos

objetivos e o desenvolvimento dos passos que orientarão a interpretação do material

(CÂMARA, 2013). No trabalho em questão, optou-se pela utilização de um roteiro de

entrevista.

Na segunda etapa, denominada exploração do material, ocorre a edição das

entrevistas/questionários transcritos. São feitos através dos trechos das entrevistas,

especificamente das questões propostas e alinhadas com os objetivos determinados

na pesquisa (CÂMARA, 2013).

Na fase de tratamento de dados, inferência e interpretação, os resultados

brutos são analisados de maneira a tornarem-se significativos e válidos, o que trará à

tona informações que permitirão a proposição de inferências e a realização de

interpretações a propósito dos objetivos estabelecidos pela pesquisa (BARDIN, 2011).

A análise de dados das entrevistas foi realizada com o auxílio do software de

tratamento qualitativo de dados QSR NVivo 11. Segundo Saur-Amaral (2013), esse

software foi desenvolvido pela empresa australiana QSR. Além da finalidade básica

de facilitar e agilizar as análises, o NVivo tem a função tanto de validar como de gerar

54

confiança, qualificando o material coletado (MOZZATO; GRZYBOVSK, 2011). O

NVivo possibilita o desenvolvimento de diversas análises de dados qualitativos, com

a criação final de gráficos e relatórios para interpretações mais aprofundadas (SAUR-

AMARAL, 2013).

A utilização do software permitiu trabalhar com dados e categorias de diferentes

maneiras. Informações diversas ou recortes de texto puderam ser incluídos em

diferentes categorias e, ao mesmo tempo, quando pertinente, uma mesma informação

em categorias distintas. Porém, torna-se pertinente reafirmar o fato de que a utilização

do software serviu apenas para facilitar a análise e a interpretação, não eximindo a

atuação ativa do pesquisador na adoção de um método de análise coerente e

pertinente ao tema e à orientação epistemológica (MOZZATO; GRZYBOVSKI, 2011).

O conjunto de dados obtidos dos entrevistados foi alusivo às dez questões do

roteiro de entrevista em três temas inter-relacionados aos objetivos específicos

propostos pelo estudo: percepção sensorial, estímulos olfativos e relação com o

Endomarketing e relação da exposição ao aroma ambiental e avaliação do ambiente

de loja pelos empregados.

Para análise, avaliação e validação das inter-relações entre os dados coletados

das entrevistas com as categorias de análise foram utilizados três opções de

coeficientes métricos: coeficiente de correlação de Pearson, coeficiente de Jaccard e

coeficiente de Sorensen. O coeficiente de Jaccard (j) estabelece um índice de

similaridade que varia entre 0 (menos similar) e 1 (mais similar) (TARIFA; ALMEIDA,

2016) é especialmente empregado para análise de palavras dentro de uma amostra

(JADE; TEUTEBERG, 2015). Nesse caso, quanto mais próximo o resultado estiver de

1, mais forte é a correlação e, quanto mais próximo de 0, mais fraca ela é (MEYER,

2002).

O coeficiente de correlação de Pearson (p) estabelece um índice de

similaridade que varia entre -1 (menos similar) e 1 (mais similar) (CORRAR; PAULO;

FILHO, 2007; HAIR JR et al., 2009). Esse coeficiente estabelece que quanto mais

perto estiver de 1, mais forte é a correlação direta, e quanto mais perto for de -1, mais

forte é a correlação inversa (BATISTA; SANTOS, 2015).

O coeficiente de Sorensen (s), que é adequado para comparar semelhanças

entre amostras e que varia entre 0 e 1. O valor desse índice indica que quanto mais

próximo for de 0, maior é a dessemelhança entre as amostras e quanto mais próximo

for de 1, maior será a semelhança.

55

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Nesta seção, busca-se apresentar uma análise dos resultados obtidos na

pesquisa. Os dados das entrevistas foram organizados em oito blocos de questões

referentes às categorias de análises: percepção da existência de aromas dos produtos

da loja, avaliação dos aromas, comparação da sensação do final do expediente do

trabalho atual com o anterior, problema(s) de saúde decorrente da exposição aos

aromas do ambiente, mudança que os entrevistados fariam no aroma existente na

loja, sensação dos empregados perante os aromas dos produtos da loja, influências

dos aromas dos produtos da loja na atividade laboral dos empregados e influências

dos aromas dos produtos da loja no bem-estar e na satisfação dos empregados.

O objetivo central de uma análise por agrupamentos, conglomerados ou cluster

é, a partir de características semelhantes, verificar se há semelhança entre

determinado grupo de objetos. Caso haja essa semelhança, os objetos podem ser

agrupados por meio de uma análise mais específica (TARIFA; ALMEIDA, 2016).

Pohlmann (2007) descreve que, apesar das diferentes denominações, o principal

objetivo da análise de cluster é a classificação de acordo com os relacionamentos

naturais.

Os diagramas de análise de cluster gerados pelo software NVivo fornecem uma

representação gráfica de fontes ou nós3 para facilitar a visualização de semelhanças

e diferenças, ou seja, fontes ou nós que aparecem mais próximos são mais

semelhantes do que aqueles que estão mais distantes.

A Figura 1, gerada com base no NVivo 11, representa a análise de cluster por

similaridade de palavras dos entrevistados, tendo como critério o coeficiente de

Pearson.

3 No software Nvivo 11, os nós representam os temas, pessoas, lugares ou outras áreas de interesse.

56

Figura 1 – Análise de Cluster por similaridade de palavras - Pearson

Fonte: Dados da pesquisa, tendo como base o relatório do NVivo 11

57

Através dos resultados gerados nessa análise, conclui-se que a similaridade de

palavras entre os entrevistados produziu uma correlação alta, pois os valores obtidos

ficaram no intervalo entre 0,894243 e 0,963506. Como esse coeficiente mostra a

relação entre os dados pertencentes ao grupo, esse fator foi evidenciado na análise

das respostas dos entrevistados, as quais convergiram para tendências semelhantes,

conforme pode ter sido observado pelos valores obtidos terem sido próximos a 1 (um),

sinalizando que há uma forte correlação entre as respostas dos entrevistados.

Foi realizada a mesma análise, tendo como critério os coeficientes de Sorensen

e Jaccard, os valores obtidos para esses coeficientes variaram entre 0,80786 e

0,547009, e 0,89372 e 0,707182, nessa ordem. Esses resultados são catalogados

como uma correlação alta e estão em consonância com os obtidos pelo coeficiente de

Pearson.

Quando questionados se há predominância de um aroma na loja em que

trabalham, percebe-se que tais relatos refletem consenso dos pesquisados no sentido

de ser perceptível, mas não ser possível a identificação do(s) aroma(s) no local de

trabalho. Diálogos de alguns participantes da pesquisa são exibidos a seguir:

“A loja é cheirosa, mas não consigo identificar qual o cheiro predominante.” (E1)

“Tem não. Depende do dia. Tem dia que eu consigo identificar a predominância

de certos cheiros, mas a loja não tem cheiro específico sempre.” (E3)

“Não consigo identificar. Assim, tem vezes que a loja fica com algum cheiro

específico, mas isso não acontece sempre.” (E10)

“Não é que exista um aroma predominante. O que eu sinto é que em alguns

dias realmente a loja apresenta alguns cheiros que eu consigo identificar. Mas, na

maioria das vezes, não consigo identificar um cheiro predominante da loja.” (E12)

“Não, como a gente fica borrifando vários perfumes para os clientes

experimentarem, não tem como a loja ficar sempre com um cheiro específico.” (E15)

Entretanto, verificou-se uma opinião divergente do grupo de entrevistados em

que afirmou que o aroma é perceptível e identificável, conforme relato apresentado

abaixo:

“Sim, predomina aroma floral.” (E31)

A segunda questão da entrevista questiona como os empregados avaliam o

aroma da loja. Conforme se depreende das falas, a maioria dos participantes da

58

pesquisa está satisfeito com o cheiro da loja em que trabalham. Isso é ressaltado pela

fala dos próprios entrevistados.

“Avalio o aroma da loja como sendo bem agradável. Não é forte e não é fraco.

Acho o cheiro bom. Penso que os clientes que entram na loja também acham.” (E11)

“Eu gosto do cheiro da loja. Acho bem agradável.” (E12)

Apesar da prevalência das respostas ter tido uma avaliação positiva, houve

algumas opiniões divergentes.

“Sinceramente não gosto. É desagradável.” (E22)

“Acho forte, intenso. Pode parecer estranho eu trabalhar numa loja de perfume

e tá te dizendo isso, né? É porque não gosto e não uso perfumes porque tenho asma.”

(E30)

Todas essas declarações estão alinhadas com o que o NVivo 11 mostrou, ao

reunir frases e palavras dos entrevistados que foram decodificadas na árvore de

avaliação de aroma da loja (Figura 2). Observa-se que as frases “acho o cheiro bom”,

“o cheiro não é forte, nem é fraco”, “eu gosto do cheiro da loja”, possuem uma ligação

bem próximas com “o cheiro da loja é agradável”, as quais confirmam os segmentos

das falas dos participantes da pesquisa.

59

Figura 2 – Palavras ligadas com a avaliação do aroma de loja pelos empregados

Fonte: Dados da pesquisa, tendo como base o relatório do NVivo 11

60

A avaliação positiva do aroma ambiental por parte dos respondentes é um

ponto importante para empresa. Como destaca Navalles (2011), a exposição a

aromas agradáveis pode criar uma experiência positiva, enquanto odores

desagradáveis podem agir de forma contrária. Dessa forma, os trechos retirados da

transcrição das falas e através da análise da árvore de palavras gerada pelo NVivo

11, deixam claro que a maioria dos entrevistados está satisfeito quanto ao aroma da

loja que trabalha.

A terceira pergunta do roteiro de entrevista questionou se era a primeira vez

que os entrevistados trabalhavam expostos a aromas. Caso fosse obtida resposta

afirmativa, foi indagado como o empregado se sente ao final da jornada laboral em

relação à experiência anterior. Nesses casos pode-se traçar uma comparação com o

emprego passado.

Percebe-se, pela análise dos relatos, que a resposta afirmativa para a primeira

parte do questionamento, obteve três tipos de respostas, ou seja, os respondentes

apontaram que se sentiam melhores, piores ou eram indiferentes à exposição aos

aromas da loja.

A seguir, apresentam-se alguns relatos transcritos das respostas a esse

questionamento.

“Sim. Em relação a meus trabalhos anteriores, eu me sinto melhor ao fim do dia

porque é bem mais prazeroso de se trabalhar de se trabalhar num ambiente

perfumado, melhora o bem-estar.” (E6).

“Sim, me sinto melhor porque alguns cheiros relaxam um pouco e dão mais

disposição pra mim trabalhar. E isso eu não tinha no meu antigo trabalho, por isso é

que eu digo que eu me sinto melhor hoje.” (E13)

“É sim. No final do dia me sinto melhor porque é bem melhor se trabalhar

sentindo um cheiro que é bom. Acho que trabalho mais feliz.” (E20)

Observa-se, pela análise dos relatos, que a presença dos aromas no ambiente

laboral está associada à melhoria do bem-estar. Além de estar exercendo o papel de

relaxar, melhorar a disposição, bem como contribuir com o estado de felicidade do

empregado.

Contudo, percebem-se relatos que denotam insatisfação dos pesquisados

quando os mesmos comparam a experiência atual, em que se encontram expostos a

aromas no ambiente de loja, com o trabalho anterior, onde não tiveram contato com

aromas no ambiente laboral.

61

“Sim. Acho que tem dias que me sinto pior porque acho os cheiros fortes, aí o

cheiro fica durante todo o tempo de trabalho. Às vezes é cansativo.” (E17)

“Sim. Não gosto muito se eu for comparar com meu trabalho anterior, porque

notei que estou tendo muita dor de cabeça. Acho que estou sentindo essas dores por

causa que eu fico o dia todo sentindo esses cheiros.” (E24)

“Sim. É complicado eu te falar isso, mas me sinto pior, mas é por causa do meu

problema de saúde [asma].” (E30)

É sim. Como acabei de te falar, né? Descobri depois que comecei a trabalhar aqui que espirro muito com alguns tipos de perfumes. Então, na maioria das vezes me sinto melhor que antes, mas se eu começar a espirrar por causa desses cheiros específicos, no final do dia me sinto pior. (E33)

Tais relatos evidenciam que os aromas forma associados a uma conotação

negativa normalmente quando os empregados apresentam agravamento de algum

problema de saúde, quando comparados às experiências de empregos anteriores de

não exposição a aromas.

Foi identificado um terceiro grupo que está trabalhando pela primeira vez

exposto a aromas e se dizem indiferentes à presença dessas fragrâncias no ambiente

de trabalho.

Foi questionado se a exposição ao aroma no ambiente de trabalho causava ou

agravava algum problema na saúde dos entrevistados. Alguns relatos deixam claro

que a exposição às fragrâncias não causa ou não agrava nenhum problema nos

pesquisados.

Observam-se, ainda, relatos de alguns respondentes vão ao encontro daqueles

que indicam que a exposição às fragrâncias não causa ou não agrava problemas na

saúde dos mesmos. Algumas falas são expostas a seguir:

“Só quando tenho dor de cabeça, tipo enxaqueca. Aí nesse caso, ficar sentindo

cheiros durante todo o dia é ruim.” (E5)

“Às vezes, sim. Porque sou muito alérgica, tenho alguns problemas

respiratórios, rinite. Observo que quando estou passando por um momento de crise

alérgica, alguns sintomas aparecem mais, como os espirros.” (E7)

Assim, não posso dizer que agrava, mas tem uns dias que eu tenho enxaqueca, sabe? E nesses dias eu não gosto de ficar sentindo esses

62

cheiros, entende? Cheiro de comida, por exemplo, também fico mal quando estou assim. (E15)

“Sim. Espirro muito quando tenho alergia. Acho que o contato constante com

os cheiros atrapalha. Pelo menos eu notei que aumenta a quantidade de espirros que

dou quando estou na loja.” (E21)

“Sim, enxaqueca. Quando tenho enxaqueca, os cheiros dos perfumes me

incomodam muito.” (E35)

O Quadro 8 contém as 15 palavras mais citadas pelos cinquenta entrevistados

relacionadas ao aparecimento ou agravamento de algum problema de saúde

decorrente da exposição aos aromas do ambiente da loja onde trabalham, em ordem

decrescente no quantitativo de citações, ajustadas com a linha de pensamento dos

entrevistados. Nota-se a imediação das referências às palavras: enxaqueca, espirro,

alérgica, dor de cabeça, sugerindo com essa proximidade e com a incidência no total

das palavras (15,32%), que há uma relação fraca de causa e efeito entre a exposição

ao aroma durante a jornada de trabalho e o agravamento ou aparecimento de algum

problema de saúde.

Quadro 8 – Palavras mais citadas pelos entrevistados relacionadas ao aparecimento/agravamento de problema de saúde

Palavra Contagem Percentual ponderado (%) Palavras similares

Não 37 18,97 Não

Muito 8 4,10 muito, muitos

Cheiros 7 3,59 Cheiros

Enxaqueca 6 3,08 Enxaqueca

Tenho 6 3,08 Tenho

Nenhum 5 2,56 Nenhum

Quando 5 2,56 Quando

Dias 4 2,05 dia, dias

Espirro 3 1,54 espirro, espirros

Problema 3 1,54 problema, problemas

Alérgica 3 1,54 Alérgica

Começo 3 1,54 Começo

Dor de cabeça 3 1,54 dor de cabeça

Nada 3 1,54 Nada

Agrava 2 1,03 Agrava

Fonte: Elaboração própria com base no relatório do NVivo 11

63

Desse modo, na análise de conteúdo das respostas a essa questão, infere-se

que a exposição aos aromas durante o dia de trabalho poderá ocasionar ou agravar

algum problema de saúde de alguns empregados. Essa constatação foi confirmada

em estudos que comprovam que a exposição a aromas pode induzir o aparecimento

de enxaqueca (SJÖSTRAND et al., 2010; WÖBER et al., 2007; ZANCHIN et al., 2007),

gerando hipersensibilidade principalmente nas mulheres (SJÖSTRAND et al., 2010).

Zanchin et al. (2007) explicam que estímulos olfatórios, como perfumes em geral, odor

de comida, fumaça de cigarro, entre outros podem ser citados como fatores

desencadeantes de episódios de enxaqueca.

Foi indagado que mudanças os empregados fariam, caso pudessem, no aroma

da loja. Alguns entrevistados apontam a escolha de aromas mais suaves para

perfumar as lojas onde trabalham. Estes respondentes sentem-se melhor quando

expostos a aromas que não sejam muito intensos, conforme se verifica a partir das

falas adiante.

Se eu pudesse escolher o que mudaria na loja em relação ao cheiro dela, eu colocaria um cheiro que fosse bem marcante, mas ao mesmo tempo que fosse marcante, ele não seja forte porque acho que um cheiro muito forte é ruim para o empregado que fica o dia todo sentindo aquele cheiro forte, acaba sendo cansativo e para o cliente também não pode ser cansativo. (E18) Escolheria alguns aromas para perfumar a loja. Só que esses aromas não devem ser muito fortes porque acho que ficaria muito cansativo para os empregados que ficam o dia todo exposto aquele cheiro forte e também acho que um aroma forte não é muito atrativo para a maioria dos clientes. Assim, tem gente que gosta de cheiros fortes, mas a maioria não gosta. Acho que um aroma não muito forte agradaria tanto os empregados como os clientes. (E25)

“Deixava a loja sempre perfumada com aromas que não fossem muito intensos,

entende? Porque quando o cheiro é forte, incomoda. Agora, pra mim, pode ser

qualquer tipo de cheiro. A única coisa que incomoda é se for forte.” (E29)

Esses relatos atestam a percepção de vários entrevistados. A escolha de

aromas suaves é valorizada por acreditarem que será menos cansativo para os

empregados, que passam o dia expostos a esses estímulos olfativos, e para os

clientes que visitam as lojas. Outro grupo de respondentes optou pela escolha de

aromas específicos para perfumar o ambiente de trabalho, de acordo com o que se

depreende dos relatos a seguir:

64

Eu colocaria cheiros específicos para cada dia, por exemplo, um dia a loja estaria com um aroma mais cítrico, noutro dia um cheiro mais amadeirado, porque acho que o empregado não ia ficar abusado em ir trabalhar todo dia numa loja com o mesmo cheiro. (E2) Escolheria cheiros próprios para os dias da semana. Assim, a loja na segunda-feira, por exemplo, teria um aroma floral. Na terça, um aroma amadeirado e assim por diante. Não ficaria cansativo a gente ficar sentindo os mesmos cheiros. Não seria cansativo na nossa rotina semanal de trabalho. (E5)

Percebe-se, pelos relatos desses empregados, que a escolha de aromas

específicos para serem utilizados de maneira alternada nos dias da semana, é

importante para promover o bem-estar durante a jornada laboral semanal, como pode

ser evidenciado pelas expressões “não ia ficar abusado” e “não seria cansativo”.

De modo semelhante, outros pesquisados destacam a importância da escolha

de um aroma próprio para as lojas. Entretanto, houve dissenso em relação ao grupo

de respondentes anterior no sentido que a escolha de um aroma específico seria uma

estratégia de marketing e contribuiria para que os clientes identificassem as lojas de

O Boticário sempre que sentissem o cheiro característico das lojas.

Algumas lojas apostam no marketing olfativo para se caracterizar. A Melissa

possui um aroma único em suas lojas que se associa com o cheiro dos seus sapatos.

De maneira que uma pessoa que já visitou uma loja Melissa guardará no

subconsciente esse cheiro característico e irá associar à marca toda vez que o sentir.

Estratégia semelhante é utilizada pela empresa MMartan, que utiliza aromas doces e

suaves para caracterizar suas lojas (ANDRADE, 2014). Os relatos a seguir refletem

essa ideia.

“Elegeria um cheiro para ser a marca registrada da loja. Acho que assim as

pessoas conseguiriam identificar a loja pelo cheiro dela. Na loja que eu trabalhei antes

era assim, ela tinha um cheiro específico que era a cara dela.” (E7)

Escolheria alguns cheiros que fossem marcas registradas do O Boticário, sabe? Aqueles cheiros que a maioria das pessoas identifica que o perfume é do O Boticário. Daí, eu faria um rodízio para que a loja ficasse perfumada com esses cheiros. (E15)

“Escolheria um cheiro próprio para ficar como sendo o cheiro da loja, sabe como

é? Quando qualquer pessoa sentisse aquele cheiro ia se lembrar na mesma hora das

lojas do O Boticário.” (E26)

65

Acho que escolheria uma fragrância que fosse exclusiva e única para perfumar as lojas. Esse cheiro específico não seria vendido como um perfume, ele ficaria apenas para perfumas as lojas. Assim, todas as lojas ganhariam uma marca registrada que seria esse cheiro específico. (E43)

Nota-se, pelos relatos, que esses respondentes preconizam, mesmo

inconscientemente, noções de marketing olfativo, dando ênfase à ideia que através

da aromatização adequada de um ponto de venda é possível estimular o bem-estar

do consumidor, fortalecendo a lembrança positiva sobre a marca. De modo análogo

ao que ocorrera no grupo anterior, alguns relatos a seguir refletem consenso quanto

à relevância da importância da utilização da ideia de marketing sensorial, conforme se

verifica nas falas apresentadas adiante.

Optaria por escolher um aroma de um perfume que fosse lançamento, por exemplo. Acho que chamaria atenção dos clientes para aquela novidade de fragrância. Se não houvesse nenhum produto novo a ser lançado no mercado, eu optaria por fragrâncias não muito ativas. (E6)

“Escolheria um aroma que não fosse muito forte. Faria uma pesquisa com os

clientes para saber o que eles preferem, aí a partir das respostas eu escolheria aquela

fragrância que tivesse sido mais votada.” (E10)

Eu faria uma pesquisa para saber que cheiros que agradariam mais os clientes. Depois que eu soubesse o resultado, colocaria aquelas fragrâncias mais votadas para ser predominantes na loja, porque eu teria certeza que a maioria dos clientes iria gostar. (E12)

Foram codificadas as principais expressões referentes à mudança que os

empregados fariam no aroma existente nas lojas no mapa de árvore de palavras.

Observa-se que essas declarações estão alinhadas com o que o NVivo 11 mostrou,

ao reunir frases e expressões dos entrevistados que foram decodificadas na árvore

de mudança do aroma da loja (Figura 3).

66

Figura 3 – Palavras ligadas à mudança no aroma da loja

Fonte: Dados da pesquisa, tendo como base o relatório do NVIVO 11

67

A ideia dos respondentes foi respaldada por Krishna, Elder e Caldara (2010),

em que definem o marketing sensorial como sendo ações que têm o objetivo de

agradar os sentidos, os comportamentos e os afetos dos consumidores visando à

criação de “gatilhos” inconscientes, definindo as percepções das pessoas sobre os

aspectos abstratos dos produtos e serviços, bem como sobre a personalidade da

marca. De modo semelhante, Hultén (2011) afirma que a utilização de estratégias de

marketing sensorial proporciona uma oportunidade de diferenciação e de expressão

de uma marca através estratégias, expressões sensoriais e sensações, que trará um

posicionamento individual, emocional e profundo do consumidor. Hoyer e Maclnnis

(2011) complementam que os aromas podem produzir reações emocionais e

fisiológicas nos clientes, estimulando-os a experimentar ou a comprar um produto.

Com base nas falas e na análise da árvore de palavras referente às mudanças

sugeridas pelos entrevistados para o aroma das lojas que trabalham, nota-se que há

predominância de respostas direcionadas a ideia de estratégias voltadas à criação de

uma identidade olfativa para a loja, fazendo com que o consumidor reconheça a marca

através do aroma. A ideia proposta pelos respondentes se assemelha com

concepções teóricas que confirmam os resultados positivos gerados pela escolha

correta do aroma de loja que deve simbolizar não somente os valores da empresa,

mas também ser atraente universalmente.

A sexta e a sétima questões estão associadas ao Endomarketing, as quais

indagaram se a empresa promove ações relativas à melhoria do bem-estar no

ambiente de trabalho relacionadas à exposição aos aromas da loja, como essas ações

são percebidas pelo empregado e quais impactos dessas estratégias para os

pesquisados (Questão 6) e se a empresa dá oportunidade para o empregado opinar

a respeito do aroma relacionado ao bem-estar do mesmo (Questão 7).

Os relatos a esses questionamentos atestam consenso do grupo pesquisado,

que responderam negativamente ou expressaram que não sabiam informar a respeito

do que lhes foi perguntado. Dessa maneira, as respostas não possibilitaram fazer o

tratamento mais rico do conteúdo das respostas a essas perguntas.

O desconhecimento ou não existência de estratégias de Endomarketing é um

fator negativo para a empresa, já que os planos de marketing interno atuarão como

estímulos e resultarão na reestruturação do ambiente de trabalho e no aumento de

produtividade (SANTOS; ALMEIDA; FEITOSA, 2016).

68

Notou-se que a presença dos aromas no ambiente laboral influencia a atividade

exercida pelos entrevistados. A existência dos aromas foi percebida, pela maioria dos

empregados, como sendo benéfica, melhorando o trabalho que realizam na empresa.

Para a maior parte dos pesquisados, o cheiro ambiental, atua como um fator

estimulante, animador, relaxante, melhorando a disposição e o rendimento no

trabalho. As respostas indicam caminho semelhante àquele previsto na literatura

sobre o tema (AFONSO, 2013), em que demonstrou que a aromatização tem efeitos

positivos nos locais de trabalho, ao passo que os empregados ficam mais criativos

quando expostos a um aroma agradável, aumentando a produtividade e

desenvolvendo comportamentos positivos. Os relatos a seguir apresentados

confirmam essa afirmação.

“Me sinto sempre animada no trabalho. Acho que a presença dos cheiros atua

como estímulo para o trabalho.” (E6)

“Sempre me sinto bem, animada e sempre estimulada a trabalhar, porque é

muito trabalhar num lugar que tem cheiro agradável.” (E9)

“Me sinto muito bem, estimulada. Acho que a presença dos cheiros acabam

influenciando a forma como eu trabalho, porque me sinto mais disposta, mais feliz e

isso reflete na forma como desempenho meu trabalho.” (E25)

Vê-se que a exposição a aromas no ambiente de trabalho é percebida como

benéfico para o empregado, favorecendo o trabalho realizado.

Nas explicações à Questão 8, foi decodificada uma participação predominante

de respostas com caráter positivo, demonstrando que para a maior parte dos

entrevistados, a exposição aos aromas no ambiente laboral é um fator que pode atuar

favorecendo positivamente a maneira como eles se sentem quando expostos aos

aromas durante a jornada de trabalho. O Quadro 9 aponta 44 citações mencionando

que a exposição aos aromas provoca sensações positivas em termos de motivação,

com ênfase para as palavras “estimulada”, “animada” e “disposta”. Ademais,

constatam-se 14 indicações referindo-se a sensações positivas em termos

emocionais, tendo destaque as palavras “calma”, “tranquila” e “feliz”. Apenas um

respondente aponta que a exposição aos aromas da loja o faz se sentir positivamente

motivado em termos de produtividade no trabalho.

A alta incidência dessas palavras sugere que há uma relação positiva de causa

e efeito entre a exposição dos aromas da loja e o aumento de sensações positivas

relacionadas às condições emocionais e motivacionais dos empregados.

69

Quadro 9 – Palavras mais frequentes pelos entrevistados relacionadas a sensações positivas provocadas pela exposição aos aromas no ambiente de trabalho

Palavra Contagem Percentual Ponderado (%) Palavras Similares

Sinto 35 11,9 sinto

Estimulada 19 6,46 Estimulada

Animada 18 6,12 Animada, ânimo

Fico 9 3,06 fico

Sempre 9 3,06 sempre

Cheiro 8 2,72 cheiro, cheiros

Disposta 7 2,38 Disposta, disposição

Calma 6 2,04 calma

Sentindo 6 2,04 sentindo

Dias 5 1,70 dias

Para 5 1,70 para

Trabalhar 5 1,70 trabalhar

Tranquila 5 1,70 tranquila

Estou 4 1,36 estou

Mais 4 1,36 mais

Trabalho 4 1,36 trabalho

Vezes 4 1,36 vezes

Feliz 3 1,02 feliz

Incomoda 3 1,02 incomoda

Maioria 3 1,02 maioria

Fonte: Elaboração própria com base no relatório do NVivo 11

De acordo com Lindstrom (2005), 75% das emoções humanas são geradas

através daquilo que é cheirado. Carneiro (2009) expõe que, dentre os estudos

relacionados ao trabalho com estímulos ambientais, a utilização de aromas vem se

destacando como sendo um importante agente influenciador do comportamento

humano, de suas cognições e emoções. No mesmo sentido, Parente (2010) destaca

que o aroma em uma loja de cosméticos, serve de estímulo para atrair consumidores,

além de influenciar a motivação das pessoas.

Frente a essas considerações, aliado aos achados do presente estudo, pode-

se fazer uma inferência, no que se refere ao aroma disperso no ambiente de loja. O

aroma causa o surgimento de sensações positivas, na maioria das vezes, nos

entrevistados. Entretanto, a resposta desses indivíduos não foi unânime, como pode

ser observado na Figura 4. Carrijo (2014) comenta que as sensações positivas ou

negativas promovidas pelos aromas existentes no ambiente laboral são individuais e

dependem de diversos fatores.

Foram codificadas as principais expressões referentes a como os entrevistados

se sentem com a presença do aroma no ambiente laboral. Observa-se que no mapa

70

de árvore de palavras destacam-se as palavras “animada”, “estimulada” (Figura 4). É

importante frisar que estes termos foram citados com frequência.

Figura 4 – Palavras ligadas à sensação dos empregados perante os aromas da loja

Fonte: Dados da pesquisa, tendo como base o relatório do NVIVO 11

71

Embora a Figura 4 apresente uma avaliação positiva em relação a presença de

aromas no ambiente de trabalho, observou-se divergências em algumas respostas.

Pode-se notar que todos os respondentes que apontaram uma avaliação negativa em

relação a presença do cheiro no ambiente laboral, apresentavam algum problema de

saúde e teve seus sintomas aumentados por essa exposição. Nessas situações, as

falas dos entrevistados apontam as palavras “desestimulada”, “desanimada”,

“indisposta” e “incomodada” fazendo alusão que se sentem negativamente

influenciados em termos de motivação no trabalho. Alguns se sentem negativamente

influenciados em termos emocionais, sendo evidenciado pelas expressões

“angustiada”, “aborrecida” e “tensa”.

“Alguns dias me sinto desanimada porque o cheiro forte me incomoda.” (E24)

“Me sinto bem, disposta, na maioria das vezes. Só quando a loja está com

cheiros muito fortes ou quando algum cliente experimenta um perfume muito forte, me

incomoda.” (E27)

“Fico muitas vezes tensa, porque fico com medo de ter asma.” (E30)

“Alguns dias me sinto tranquila. Nos dias que sinto cheiros que me faz ficar

espirrando, fico me sentindo angustiada.” (E33)

“A maioria das vezes me sinto calma e estimulada. Quando tô com enxaqueca

me incomoda bastante.” (E35)

“Sempre fico satisfeita. Só nos dias que tô com enxaqueca que o cheiro da loja

me incomoda um pouco. Nesses dias fico um pouco aborrecida.” (E42)

Além dessas duas variáveis citadas pelos pesquisados, foi observado a

existência de um pequeno número de entrevistados que não sofrem nenhuma ação

da presença de perfumes no ambiente da loja onde trabalham, ou seja, são

indiferentes a possíveis ações dos cheiros.

“Não sinto nada. Pra mim não faz nenhuma diferença, me sinto da mesma

forma como se tivesse trabalhando num lugar que não tivesse cheiro nenhum.” (E14)

“Não me influencia em nada.” (E14)

Percebe-se que os respondentes enfatizam que se sentem “animados”,

“estimulados” e “dispostos” quando a exposição aos aromas no ambiente laboral não

causam ou não agravam algum problema de saúde. Observa-se que expressões

negativas como “desanimada”, “indisposta”, “incomodada” e “angustiada” foram

relatadas pelos entrevistados quando a exposição ao aroma no local de trabalho

causa ou agrava algum problema de saúde nos mesmos.

72

A questão 9 analisou se a presença do aroma do ambiente de loja influenciava

a atividade exercida pelos empregados. Vê-se que a exposição aos aromas no local

de trabalho é percebida pela maioria dos entrevistados como um agente que agrega

valor à atividade por eles desempenhada. Algumas falas podem ser observadas a

seguir:

“Acho que sim, porque já pensou se eu trabalhasse em um local que o cheiro

fosse ruim? Acho que deve ser muito ruim para o empregado. Acho que a exposição

a um cheiro agradável faz a pessoa terminar o dia de trabalho mais satisfeita.” (E1)

“Sim, porque eu trabalho mais motivada. E, quando a pessoa está motivada,

rende melhores resultados para a empresa.” (E6)

“Sim. O cheiro influencia muito aqui no meu trabalho. Às vezes eu chego

estressada da minha casa, aí o ambiente de trabalho é tranquilo e o cheiro é

agradável, bom... aí a gente acaba relaxando.” (E8)

“Acho que influencia sim porque acabo trabalhando mais feliz e motivada e isso

reflete nas minhas vendas no fim do dia e no fim do mês.” (E9)

“Influencia sempre de uma forma positiva porque como o cheiro da loja que

trabalho é bom, trabalho mais feliz, o dia passa mais rápido. Afeta o meu rendimento,

influencia na forma como atendo os clientes.” (E16)

Na concepção de cinco entrevistados, a exposição aos aromas durante a

jornada laboral exerce influência negativa. É necessário ressaltar que os

respondentes que deram uma conotação negativa a esse questionamento justificaram

devido à piora de algum problema de saúde que já apresentavam anteriormente. Eles

comentam:

“Sim. Às vezes me atrapalha um pouco porque fico muitas vezes estressada

como medo de ter uma crise [de asma] no trabalho.” (E30)

“Alguns dias me sinto tranquila. Nos dias que sinto cheiros que me faz ficar

espirrando, fico me sentindo angustiada.” (E33)

“Sim. Tem dia que fico indisposta, trabalho mal. Tenho vontade de ir logo pra

casa. Mas tem dias que não sinto nada.” (E49)

Verifica-se, pelos relatos, que os entrevistados E17 e E22 estão insatisfeitos

em relação à exposição a aromas no ambiente laboral. Os pesquisados informaram

que esse aspecto negativo se deve ao fato deles não gostarem de perfumes. Torres

e Buhama (2011) argumentam que embora os aromas sejam notados por todas as

pessoas, as percepções são diferentes para cada indivíduo e sofrem influência de

73

variáveis como, como a idade, gênero e raça. Ambos entrevistados não relataram a

existência de nenhum problema de saúde relacionado à exposição aos aromas. Nas

entrevistas eles dizem:

“Sim. Eu chego na loja aí começa aquele monte de cheiros no ambiente. Se eu

achar forte e não gostar, atrapalha com certeza o meu rendimento. Fico torcendo para

o dia passar rapidinho.” (E17)

“Trabalho sem gostar por causa desse monte de cheiros. É desgastante pra

mim. Mas não deixo de trabalhar, a gente tem ser profissional.” (E22)

Apenas dois entrevistados se mostraram indiferentes quanto a influência do

aroma ambiental nas atividades por eles exercidas no ambiente de trabalho.

Os dados foram processados no software NVivo 11 onde cada tipo de influência

causada pela exposição aos aromas na atividade laboral (influência positiva, negativa

e neutra) foi considerada um nó. Com isso, os dados foram agrupados por similaridade

de palavras e foi utilizado coeficiente de Pearson como métrica de similaridade. A

Figura 5 demonstra que houve semelhança maior de palavras entre os pesquisados

que indicam que os aromas influenciam positivamente na atividade laboral.

Figura 5 – Influência dos aromas na atividade laboral - Pearson

Fonte: Dados da pesquisa, tendo como base o relatório do NVIVO 11

De modo geral, as relações que envolvem a categoria “exposição aos aromas

no ambiente de trabalho” com sua proposição-chave “se causa influência na atividade

laboral dos empregados”, caracterizaram que a exposição aos aromas no ambiente

74

laboral causa influência positiva nos empregados e essa relação foi considerada muito

alta, conforme se observa na Tabela 1.

Tabela 1 – Influência dos aromas na atividade laboral - Pearson

Posição Entrevistas com similaridade

de palavras Coeficiente Pearson

A maior Influência dos aromas na atividade laboral/

Influência Positiva 0,97381

A intermediária Influência dos aromas na atividade laboral/

Influência Negativa 0,413482

A menor Influência dos aromas na atividade laboral/

Influência Neutra 0,063963

Fonte: Dados da pesquisa, tendo como base o relatório do NVIVO 11

Tendo como critério o coeficiente de Sorensen e considerando a frequência e

a similaridade de palavras das respostas relativas à influência da exposição aos

aromas na atividade laboral, foi identificado a partir da análise de cluster realizada

pelo NVivo 11 que houve semelhança maior de palavras entre os pesquisados que

sinalizam que os aromas influenciam positivamente na atividade laboral.

O posicionamento dos nós apresentados da Figura 6 indica os grupamentos

existentes, bem como o nível de similaridade percebido. Logo, a “influência dos

aromas dos produtos da loja na atividade laboral dos empregados” e “influência

positiva” apresentam similaridade bastante próxima porque estão localizados no

mesmo nó.

Figura 6 – Influência dos aromas na atividade laboral - Sorensen

Fonte: Dados da pesquisa, tendo como base o relatório do NVIVO 11

Convergindo com os dados apresentados na Tabela 1, os obtidos para o

coeficiente de Sorensen revelam uma relação considerada forte entre a exposição aos

75

aromas no ambiente de trabalho ocasionando influência positiva na atividade laboral

desenvolvida pelos entrevistados. O valor de 0,865052 (Tabela 2) justifica que há

forte relação entre a exposição aos aromas no ambiente de trabalho causando

influências positivas nos empregados.

Tabela 2 – Influência dos aromas na atividade laboral - Sorensen

Posição Entrevistas com similaridade

de palavras Coeficiente Sorensen

A maior Influência dos aromas na atividade laboral/

Influência Positiva 0,865052

A intermediária Influência dos aromas na atividade laboral/

Influência Negativa 0,555066

A menor Influência dos aromas na atividade laboral/

Influência Neutra 0,157303

Fonte: Dados da pesquisa, tendo como base o relatório do NVIVO 11

Depois de relacionadas todas as características necessárias para a construção

dos possíveis agrupamentos, chegou-se ao diagrama de cluster demonstrado na

Figura 7, gerado com base no NVivo 11. A partir da análise da Figura 7, foi possível

identificar um cluster ou agrupamento principal: “influência dos aromas dos produtos

da loja na atividade laboral dos empregados” e “influência positiva”. Dessa forma,

tendo como critério o coeficiente de Jaccard, foi possível constatar, que houve

similaridade maior de palavras entre os pesquisados que indicam que os aromas

influenciam positivamente na atividade laboral.

Figura 7 – Influência dos aromas na atividade laboral - Jaccard

Fonte: Dados da pesquisa, tendo como base o relatório do NVIVO 11

76

Para confirmar o resultado demonstrado na Figura 7, foram obtidos, tendo

como critério o coeficiente de Jaccard, os valores explicitados na Tabela 3. Identifica-

se, através dos resultados obtidos, que houve um agrupamento de similaridade de

palavras maior entre os nós “influência dos aromas dos produtos na atividade laboral”

e “influência positiva”.

Tabela 3 – Influência dos aromas na atividade laboral - Jaccard

Posição Entrevistas com similaridade

de palavras Coeficiente Jaccard

A maior Influência dos aromas na atividade laboral/

Influência Positiva 0,762195

A intermediária Influência dos aromas na atividade laboral/

Influência Negativa 0,384146

A menor Influência dos aromas na atividade laboral/

Influência Neutra 0,085366

Fonte: Dados da pesquisa, tendo como base o relatório do NVIVO 11

Através da análise desses resultados, nota-se que as declarações dos

entrevistados estão alinhadas com o que o NVivo detectou. Na narrativa, a maioria

dos respondentes assinala que a presença dos aromas exerce uma influência positiva

na atividade laboral desempenhada pelos mesmos. As principais expressões

referentes a essas influências foram codificadas no mapa de árvore de palavras

(Figura 8).

77

Figura 8 – Palavras ligadas à influência da exposição aos aromas no bem-estar e na satisfação

Fonte: Dados da pesquisa, tendo como base o relatório do NVIVO 11

78

Através dos relatos, nota-se que os aromas, na maioria das vezes, são

importantes para promover o bem-estar e a satisfação dos empregados. Em virtude

dessa constatação, foi questionado se os respondentes poderiam citar consequências

positivas e negativas em relação ao bem-estar e a satisfação laboral.

Os entrevistados citam a presença dos aromas como um fator responsável por

aumentar a satisfação e o bem-estar na rotina de trabalho dos mesmos. Para alguns,

o aroma relaxa, diminui o impacto da rotina diária no trabalho, os deixa mais dispostos

para executar suas atribuições, impulsionando as vendas, além de melhorar o

relacionamento com os colegas de trabalho. A presença de aromas no ambiente

laboral foi citada por vários entrevistados como sendo um fator que os deixam mais

felizes. Alguns relatos são apresentados a seguir:

“Acho até que produzo mais, porque o cheiro bom da loja me estimula a

trabalhar mais satisfeita e feliz.” (E8)

“Acho que a principal consequência positiva da exposição aos aromas é que

como eu acho agradável, não me incomoda, acabo trabalhando mais feliz e isso

melhora o meu rendimento.” (E12)

“Melhora meu bem-estar e minha satisfação no trabalho. Assim, acho que

trabalho melhor, atendo melhor as pessoas, me relaciono melhor com minhas colegas

de trabalho.” (E16)

“Meu bem-estar e minha satisfação são aumentadas porque o cheiro bom dá

impressão que o dia passa mais rápido. Aí eu nem me canso muito no trabalho.” (E32)

“Só tenho a falar coisas positivas porque o cheiro me estimula a trabalhar mais

motivada.” (E13)

Contudo, percebem-se relatos que denotam insatisfação do empregado em

relação à presença dos aromas no ambiente de loja. Segundo alguns entrevistados a

satisfação e o bem-estar são prejudicados pelo fato dos respondentes terem que

permanecer no local de trabalho mesmo estando ou ficando adoentados, sabendo que

o motivo da doença ou da piora desta ocorre devido à exposição aos perfumes.

Tal insatisfação pode ser percebida a partir das falas de alguns entrevistados

adiante descritas.

“De negativo, só o que eu já te falei, nos dias que os cheiros fortes me fazem

espirrar demais, não vejo a hora de voltar pra casa, aí o bem-estar diminui bastante.”

(E27)

79

“Assim, no meu caso específico, diminui o meu bem-estar e a satisfação são

prejudicados por causa do meu problema de saúde.” (E30)

“Nos dias que fico espirrando é terrível. Fico muito incomodada, de mau humor,

meu bem-estar diminui, com certeza.” (E33)

“Só quando estou com enxaqueca o cheiro da loja me atrapalha, me incomoda.

Nesses dias o meu bem-estar fica predicado.” (E35).

Verificou-se ainda que dois integrantes da pesquisa não reconheceram

qualquer benefício ou prejuízo devido a presença de aromas no ambiente laboral. As

falas podem ser observadas a seguir:

“Não vejo nada positivo nem negativo que eu possa dizer. Acho que não tem

importância no bem-estar porque me sinto da mesma forma.” (E14).

“Não sei dizer se existe consequências positivas e negativas. Acho que não

existe. Não vejo influência nenhuma.” (E19).

Nas explicações à Questão 10, foi decodificada uma participação bem próxima

entre as respostas, demonstrando que para os entrevistados, o bem-estar e a

satisfação são fatores influenciados positivamente pela existência de aromas no

ambiente de trabalho. Observou-se que as explicações de 42 entrevistados foram

correspondentes com essa proposição. As respostas de quase todos os questionados

foram relativamente convergentes e unânimes, conforme o NVivo 11 codificou, tendo

por base o coeficiente de Pearson, obtendo os resultados expostos na Figura 9 e

Tabela 4.

Figura 9 – Influência dos aromas no bem-estar e na satisfação dos empregados - Pearson

Fonte: Dados da pesquisa, tendo como base o relatório do NVIVO 11

80

A Figura 9 e a Tabela 4 ilustram e facilitam a compreensão das relações entre

as codificações dos dados. É possível constatar que das quatro categorias de análise

elencadas, duas delas se agrupam: “influência dos aromas dos produtos da loja no

bem-estar e na satisfação dos empregados” e “influência positiva”, por possuírem

similaridade nas palavras das codificações realizadas pelo NVivo 11.

Tabela 4 – Influência dos aromas no bem-estar e na satisfação dos empregados - Pearson

Posição Entrevistas com similaridade

de palavras Coeficiente Pearson

A maior Influência dos aromas no bem-estar e satisfação/

Influência Positiva 0,990279

A intermediária Influência dos aromas no bem-estar e satisfação/

Influência Negativa 0,787286

A menor Influência dos aromas no bem-estar e satisfação/

Influência Neutra 0,368351

Fonte: Dados da pesquisa, tendo como base o relatório do NVIVO 11

Do mesmo modo, as correlações que envolvem a categoria “exposição aos

aromas no ambiente de trabalho” com sua proposição-chave “se causa influência no

bem-estar e na satisfação dos empregados”, caracterizaram que a exposição aos

aromas no ambiente laboral causa influência positiva nos empregados e essa relação

foi considerada muito alta, tendo critério os coeficientes de Sorensen e Jaccard,

conforme se observa nas Figuras 10 e 11 e Tabelas 5 e 6, respectivamente.

Figura 10 – Influência dos aromas no bem-estar e na satisfação dos empregados – Sorensen

Fonte: Dados da pesquisa, tendo como base o relatório do NVIVO 11

Conforme observado nas Figuras 10 e 11, é clara a percepção dos participantes

da pesquisa da influência positiva exercida pelos aromas no bem-estar e na

satisfação. Essa constatação é notada, pois aparecem agrupadas em um mesmo nó

81

as proposições “influencia dos aromas dos produtos da loja no bem-estar e na

satisfação dos empregados” e “influência positiva”, sinalizando que há um grau

elevado de relação entre eles.

Figura 11 – Influência dos aromas no bem-estar e na satisfação dos empregados – Jaccard

Fonte: Dados da pesquisa, tendo como base o relatório do NVIVO 11

Para a complementação da análise dos dendrogramas (Figura 10 e Figura 11)

obtidos, foram calculados, respectivamente, os valores dos coeficientes de Sorensen

e Jaccard para as correlações existentes entre os fatores “influência dos aromas no

bem-estar e satisfação”, “influência positiva”, “influência negativa” e “influência

neutra”. Conforme observado na Tabela 5, confirma-se que a exposição aos aromas

durante a jornada de trabalho, influencia de maneira positiva no bem-estar e na

satisfação dos empregados.

Tabela 5 – Influência dos aromas no bem-estar e na satisfação dos empregados – Sorensen e Jaccard

Posição Entrevistas com similaridade

de palavras Coeficiente Sorensen

Coeficiente Jaccard

A maior Influência dos aromas no bem-estar

e satisfação/Influência Positiva 0,885017 0,79375

A intermediária Influência dos aromas no bem-estar

e satisfação/Influência Negativa 0,53211 0,3625

A menor Influência dos aromas no bem-estar

e satisfação/Influência Neutra 0,171429 0,09375

Fonte: Dados da pesquisa, tendo como base o relatório do NVIVO 11

Nota-se na narrativa dos participantes da pesquisa que a presença dos aromas

é importante na promoção do bem-estar e na melhoria da satisfação dos funcionários.

Siqueira e Padovam (2008) afirmam que a satisfação no trabalho tem sido apontada

como um vínculo afetivo com o trabalho. De maneira similar, a importância da

82

influência da exposição aos aromas no bem-estar dos empregados é reforçada por

considerações feitas por Kunkel e Vieira (2012), quando afirmam que a presença de

sentimentos de bem-estar no trabalho contribui para o surgimento de emoções

positivas, maior produtividade no exercício profissional e melhores resultados

organizacionais.

Portanto, é relevante destacar que a avaliação positiva da influência a

exposição aos aromas no ambiente laboral estabelece uma associação favorável

entre os empregados e a empresa. Foram codificadas as principais expressões

referentes ao bem-estar e satisfação no mapa de árvore de palavras (Figura 12).

83

Figura 12 – Palavras ligadas à influência da exposição aos aromas no bem-estar e na satisfação

Fonte: Dados da pesquisa, tendo como base o relatório do NVIVO 11

84

A análise da árvore de palavras evidencia que a exposição a aromas no

ambiente de trabalho é percebida como um benefício aos empregados, melhorando o

bem-estar e a satisfação com a empresa e com o trabalho que realizam. No entanto,

a resposta desses indivíduos não foi unânime. Os resultados obtidos estão em

consonância com Carrijo (2014), pois discorre que a sensação de prazer ou desprazer

promovida pelos aromas dispersos no ambiente é individual, além de ser influenciada

por vários fatores.

Dessa forma, pode-se fazer uma inferência, no que se refere à presença de

aromas dispersos no ambiente de loja. O aroma, na maioria das vezes, pode ser a

causa da estimulação positiva do bem-estar e da satisfação dos empregados.

85

5 CONCLUSÃO

A presente pesquisa objetivou investigar a ação que a exposição aos aromas

no ambiente laboral causa nas consultoras de vendas das lojas do O Boticário,

localizadas na cidade de Natal, Rio Grande do Norte, tendo como objetivos

específicos: identificar a percepção sensorial do ambiente de loja sob a visão do

empregado; descrever a influência dos estímulos olfativos e sua relação com o bem-

estar dos empregados e identificar a forma como a presença de um aroma ambiental

relaciona-se com a avaliação do ambiente da loja pelo empregado.

Quanto ao primeiro objetivo específico, observou-se que os empregados

percebem a existência dos aromas no ambiente laboral. Através desse estudo foi

possível constatar que a presença de aromas no ambiente laboral influencia os

empregados, estimulando os seus sentidos e percepções.

No que tange à relação que os estímulos olfativos causam no bem-estar dos

empregados, o segundo objetivo específico, pôde-se observar que a exposição aos

aromas do ambiente de loja, normalmente, aumenta o bem-estar dos mesmos. Esse

achado é relevante para a empresa, já que boa parte dos empregados passa tempo

considerável do dia no local de trabalho, onde estão expostos às mais diferentes

sensações que afetam diretamente seu bem-estar, qualidade de vida, produtividade,

entre outros.

O terceiro objetivo específico do estudo foi atingido porque foi verificado que os

empregados fizeram uma avaliação positiva dos aromas existentes no ambiente de

loja. Pode-se atestar que a exposição a aromas agradáveis no ambiente de trabalho

interfere no funcionamento da empresa, pois influencia, na maioria das vezes, de

maneira positiva os empregados, podendo favorecer a execução do próprio trabalho.

Face ao exposto, o objetivo geral da pesquisa de investigar a ação que a

exposição aos aromas no ambiente laboral causa nos empregados também foi

atingido, em decorrência de todos os objetivos específicos terem sidos alcançados.

No que se refere a pesquisas sobre a influência de estímulos olfativos nos

empregados, esse estudo vem contribuir para preencher lacunas de pesquisa nesta

área que carece de informação, já que existe, até o momento, na literatura científica

nacional e internacional, uma frequência maior de investigações que exploram a ação

de estímulos olfativos nos clientes. A utilização adequada de aromas no ambiente de

86

loja constitui uma inovação organizacional, que ainda necessita de teoria consistente

que respalde e explique os benefícios da exposição a aromas no ambiente laboral.

No caso específico da empresa pesquisada, o presente estudo contribuiu para

demonstrar que a exposição a estímulos olfativos agradáveis afeta positivamente, na

maioria das vezes, o bem-estar dos empregados, sendo capaz, inclusive, de promover

a melhoria da produtividade. Ademais, pode ser uma estratégia para as empresas que

procuram oferecer um ambiente com mais qualidade para seus empregados. Vale

ressaltar que esse tipo de pesquisa deve ser contínua dentro da empresa e pode servir

como subsídio para avaliação dos níveis de satisfação e bem-estar dos seus

empregados.

Um aspecto limitador desse estudo diz respeito ao fato de ter se desenvolvido

em uma única empresa, que não adota estratégias voltadas ao marketing olfativo

interno. A escassez de tempo impossibilitou que a pesquisa fosse replicada em

empresa que utilizasse artifícios relacionados ao marketing olfativo. Dessa maneira,

poderia ter sido analisada as influências à exposição de um aroma específico durante

a jornada laboral, como o intuito de traçar um comparativo dos resultados obtidos entre

as duas empresas.

Por fim, recomenda-se a realização de novas investigações que analisem as

influências que a exposição aos aromas causa nos empregados que possam

complementar ou refutar os achados dessa pesquisa, buscando-se estudos que visem

fazer um comparativo entre as empresas que já utilizam estratégias de marketing

olfativo com aquelas que ainda não o fazem. Estudos multidisciplinares envolvendo

outras áreas de atuação, sobre os tipos de aromas que trazem maiores benefícios

para os empregados, também seriam de grande valia.

Ademais, aponta-se a necessidade de pesquisas que aprofundem o

conhecimento em torno da aromatização adequada no ambiente laboral e as

consequências provocadas dessa exposição nos empregados, já que os aromas

podem influenciá-los em diferentes aspectos, como aumento do foco, melhoria do

bem-estar, diminuição de tensões, entre outros fatores.

Cabe destacar, ainda, que cada vez mais é reconhecida a relação entre o

ambiente de trabalho e os resultados alcançados pelas empresas. Com o aumento da

competitividade e das novas demandas no ambiente de trabalho, as empresas estão

se preocupando em valorizar seus empregados e criar condições necessárias para o

seu bem-estar e satisfação. É importante que o empregado sinta prazer em trabalhar,

87

em fazer parte da empresa e a melhoria do bem-estar certamente refletirá na

percepção que o cliente terá da empresa. Dessa maneira, o investimento em de

estratégias de gestão bem elaboradas contribuem sobremaneira para a criação de um

clima organizacional favorável, unindo funcionários e gestores, influenciando

consideravelmente o bem-estar, a produtividade, a satisfação, reforçando a parceria

entre a empresa e os seus empregados.

88

REFERÊNCIAS

AFONSO, J. M. C. A influência da aromatização no estado de espírito e percepção do tempo – O caso do hospital da Arrábida. 2013. 93 f. Dissertação (Mestrado) – Escola Superior do Porto, Portugal, 2013.

AGGLETON, J. P.; WASKETT, L. The ability of odours to serve as state-dependent cues for real-world memories: Can Viking smells aid the recall of Viking experiences? British Journal of Psychology, v. 90, n. 1, p. 1-7, 1999.

ALBUQUERQUE, A. S.; TRÓCCOLI, B. T. Desenvolvimento de uma escala de bem-estar subjetivo. Psicologia: Teoria e Pesquisa, v. 20, p. 153-164, 2004.

ANDRADE, O. R. A. Dimensão Sonora da Marca: Um Novo Mercado na Construção da Imagem da Marca. In: XVI Congresso de Ciências da Comunicação na Região Centro-Oeste, 2014, Águas Claras/DF, p. 1-13.

BALLANTYNE, D. A relationship mediated theory of internal marketing. European Journal of Marketing, v. 37, n. 9, p. 1242-1260, 2003.

BARBOZA, M. V. Impacto do aroma sobre a percepção do ambiente de loja e emoções do consumidor. 2009. 103 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Administração de Empresas, Universidade de Fortaleza - UNIFOR, Fortaleza, 2010.

BARBOZA, M. V. et al. Estímulos olfativos influencuam decisões de compra? Um experimento no varejo de alimentos. Revista Alcance - Eletrônica, v. 17, n. 1, p. 58-72, jan./mar. 2010.

BARROS, L. M. Estímulos olfativos e suas influências em ambientes de serviços de hospedagem. 2010. 122 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Administração de Empresas, Universidade de Fortaleza - UNIFOR, Fortaleza, 2010.

BARDIN, L. Análise de Conteúdo. Lisboa: Edições 70, 2011.

BARTH, M.; NEGRI, A. D. Endomarketing: o desafio de fidelizar o cliente interno. Revista Temática, n. 01, jan. 2012.

BATEY, M. O significado da marca: como as marcas ganham vida na mente dos consumidores. Rio de Janeiro: Best Business, 2010.

89

BATISTA, C. S.; SANTOS, J. N. Motivação e confiabilidade humana: uma análise da

percepção do indivíduo. Rev. Adm. FACES Journal, v. 14, n. 4, p. 117-137,

out./dez. 2015.

BEKIN, S. F. Conversando sobre o endomarketing.1. ed. São Paulo: Makron Books, 1995.

BEKIN, S. F. Endomarketing: como praticá-lo com sucesso. São Paulo: Prentice Hall, 2004.

BELLIZI, J. A.; HITE, R. E. Environmental color, consumer feelings, and purchase likelihood. Psychology Marketing, v. 9, n. 5, p. 347-363, 1992.

BERNARDES, E. Aromas para morder. Revista Época, São Paulo, n. 363, p. 60-62, maio 2005.

BITNER, M. J. Servicescapes: the impact of physical surroundings on customers and employees. Journal of Marketing, v. 56, n. 2, p. 57-71, 1992.

BIZZO, H.; HOVELL, A. M. C.; REZENDE, C. M. Óleos essenciais no Brasil: aspectos gerais, desenvolvimento e perspectivas. Química Nova, v. 32, n. 3, p. 588-594, 2009.

BLESSA, R. Merchandising no ponto-de-venda. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2011.

BONE, P. F.; ELLEN, P. S. Scents in the marketplace: explaining a fraction of olfaction. Journal of Retailing, v. 75, n. 2, p. 243-262, 1999.

BOONE, L.; KURTZ, D. L. Marketing contemporâneo. 8. ed. Rio de Janeiro: LTC, 1998.

BRAMBILLA, F. R. Abordagem conceitual de marketing interno. REAd - Revista Eletrônica de Administração, v. 11, n. 1, jan./fev. 2005.

BRUM, A. D. M. Endomarketing como estratégia de gestão: encante seu cliente interno. 3. ed. Porto Alegre: L&PM, 2005.

BRUM, A. D. M. Endomarketing de A a Z: como alinhar o pensamento das pessoas à estratégia da empresa. São Paulo: Integrare, 2010.

90

BURNS, E. et al. Aromatherapy in childbirth: a pilot randomised controlled trial. BJOG: An International Journal Obstetrics & Gynaecology, v. 15, n.2, p. 838-844, 2007.

CÂMARA, R. H. Análise de conteúdo: da teoria à prática em pesquisas sociais aplicadas às organizações. Revista Interinstitucional de Psicologia, v. 6, n. 2, p. 179-191, 2013.

CAMELO, M. B.; VIDAL, M. B. O Endomarketing a partir da perspectiva de aprendizado e crescimento do Balanced Scorecard. In: IV Simpósio de Gestão e Estratégia em Negócios, 2006, Seropédica/RJ. Anais do Simpósio de Gestão e Estratégia em Negócios: UFRJ, 2006.

CARLSON, N. R. Fisiologia do Comportamento. 7. ed. Barueri: Editora Manole, 2002.

CARNEIRO, J. V. C. Impacto dos estímulos olfativos nas decisões de compra. 2009. 103 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Estratégia e Gestão Organizacional, Universidade de Fortaleza (UNIFOR), Fortaleza, 2009.

CARNEIRO, J. V. C. et al. Estímulos olfativos influenciam decisões de compra? Um experimento em varejo de alimentos. ENANPAD. p. 1-13, 2008.

CARRIJO, M. C. Aromatização de lojas: influências sobre o comportamento de compradores. 2014. 283 f. Tese (Doutorado) - Curso de Pós-Graduação em Administração, Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), São Caetano do Sul, 2014.

CARVALHO, L. C. Endomarketing em nova perspectiva. Ideias em Gestão, p. 24-27, 2011.

CERQUEIRA, L. F.V. Criação e Teste de uma Identidade Olfactiva para o Hotel Moliceiro.Escola Superior de Aveiro, 2014.

CHEBAT, J.C.; MICHON, R. Impact of ambient odors on mall shoppers' emotions, cognition, and spending: A test of competitive causal theories. Journal of Business Research, v. 56, n. 7, p. 529-539, jul. 2003.

CHIUZI, R. M.; SIQUEIRA, M. M. M.; MARTINS, M. C. F. M. As dimensões da organização positiva e seus impactos sobre o bem-estar dos trabalhadores. Mudanças – Psicologia da Saúde, v. 20, n.1-2, p. 31-40, jan./dez. 2012.

91

COBRA, M. Marketing de serviços financeiros. 1. ed. São Paulo: Senac SP, 2015.

CONCEIÇÃO, T. Marketing olfativo como ferramenta no ponto de venda. 2005. 50f. Monografia. Curso de Administração, Universidade Cândido Mendes (UCM), Rio de Janeiro, 2005.

CORRAR, L. J.; PAULO, E.; FILHO, J. M. D. Análise multivariada para os cursos de Administração, Ciências Contábeis e Economia. São Paulo: Atlas, 2007.

COSTA, A. L. C. N. Atmosfera de loja e comportamento do consumidor: investigando o papel do aroma no ponto de venda. 2009. 135 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Pós-Graduação em Administração, Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Recife, 2009.

COSTA, A. L. C. N. D.; FARIAS, S. A. D. O aroma ambiental e sua relação com as avaliações e intenções do consumidor no varejo. RAE, v. 51, n. 6, p. 528-541, 2011.

COSTA, D. Endomarketing inteligente: a empresa pensada de dentro para fora. Porto Alegre: Dublinense, 2010.

COUTO, P. R.; PASCHOAL, T. Relações entre ações de qualidade de vida e bem-estar laboral. Psicologia Argumento, v. 30, n. 70, p. 585-593, jul./set. 2012.

CROWLEY, A. E. The two-dimensional impact of color on shopping. Marketing Letters, v. 4, p. 59-69, 1993.

DAVIES, B. J.; KOOIJMAN, D.; WARD, P. The sweet smell of sucess: ofaction in retailing. Journal Marketing Management, v. 19, n. 5/6, p. 611-627, 2003.

DEMO, G.. Políticas de Gestão de Pessoas, Valores Pessoais e Justiça Organizacional. RAM - Revista de Administração Mackenzie, v. 11, n. 5, p. 55-81, 2010.

DESSEN, C.; PAZ, T. Bem-Estar Pessoal nas Organizações: O Impacto de Configurações de Poder e Características de Personalidade. Psicologia: Teoria e Pesquisa, v. 26, n. 3, p. 549-556, 2010.

DIȚOIU, M. C.; CĂRUNTU, A.L. Sensory Experiences Regarding Five-dimensional Brand Destination. Procedia - Social and Behavioral Sciences, v. 109, p. 301-306, 2013.

92

DONOVAN, R. J. et al. Store atmosphere and purchasing behavior. Journal Retailing, v. 70, n. 3, p. 283-294, 1994.

DRUCKER, P. F. Desafios gerenciais para o século XXI. São Paulo: Pioneira, 2000.

EHRLICHMAN, H.; HALPERN, J.N. Affect and memory: effects of pleasant and

unpleasant odors on retrieval of happy and unhappy memories. Journal of

personalityc and social psychology, v. 55, n 5, p. 769-779, 1988.

EL-AOUAR, W. A. Contribuições da inserção musical para a Qualidade de Vida no Trabalho em ambiente laboral fabril. 2012. 375 f. Tese (Doutorado) - Curso de Pós-Graduação em Administração, Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Natal, 2012.

ELLEN, P. S.; BONE, P. F. Does it matter if it smells? Olfactory stimuli as advertising executional cues. Journal of Advertising, v. 27, n. 4, p. 29-40, 1998.

ENGEN, T. The sense os smell. Annual Review of Psychology, v. 24, p. 187-206, 1973.

ENGEN, T. Odor sensation and memory. New York: Praeger Publisheres, 1991.

FERREIRA, C. et al. Desenvolvimento e Validação de uma Escala de Afetos no Trabalho (ESAFE). Avaliação Psicológica, v. 7, n. 2, p. 143-150, 2008.

FIORE, A. M.; YAH, X.; YOH, E. Effects of a product display and environmental fragrancing on approach responses and pleasurable experiences. Psychology & Marketing, v. 17, n. 1, p. 27-54, 2000.

FLÔR, P. P.; UMEDA, G. M. O marketing olfativo como aplicação experimental: uso de aromatizantes no varejo. In: XIII Congresso de Ciências da Comunicação na Região Sudeste, 2008, São Paulo/SP. Disponível em: <http://www.intercom.org.br/papers/regionais/sudeste2008/resumos/R9-0271-1.pdf>. Acesso em: 21 jun. 2016.

FONSECA, J. F.; MONT´ALVÃO, C. COR NOS LOCAIS DE TRABALHO - como aplicá-la de forma adequada às necessidades dos usuários e às exigências da tarefa? In: 14o Congresso Brasileiro de Ergonomia, 4o Fórum Brasileiro de Ergonomia, 2o ABERGO JOVEM, II Congresso Brasileiro de Iniciação em Ergonomia, 2006, Curitiba. Disponível em: <http://www.iar.unicamp.br/lab/luz/ld/Cor/cor_nos_locais_de_trabalho_como_aplica_l

93

a_de_forma_adequada_as_necessidades_dos_usuarios_e_as_ecigencias_da_tarefa.pdf>. Acesso em: 10 abr. 2016.

GARGANO, A. C. Estudo da atividade ansiolítica e sedativa do óleo essencial das cascas de frutos das espécies do Gênero Citrus. 2007. 79 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Pós-Graduação em Farmacologia, Universidade Paulista, Botucatu, 2007.

GILBERT, A. N.; KNASKO, S. C.; SABINI, J. Sex differences in task performance associated with attention to ambient odor. Archives of Environment Health: An International Journal, Washington, v. 52, n. 3, p. 195-199,may./jun. 1997.

GOBÉ, M. A emoção das marcas: Conectando marcas às pessoas. Rio de Janeiro: Negócio, v. 1, 2003.

GODOI, C. K.; BALSINI, C. P. V. A pesquisa qualitativa nos estudos organizacionais brasleiros:uma análise bibliométrica. In: GODOI, Christiane Kleiniibing; BANDEIRA-DE-MELO, Rodrigo; SILVA, Anielson barbosa da (Orgs.). Pesquisa qualitativa em estudos organizacionais: paradigmas, estratégias e métodos. São Paulo, 2010. cap. 3, p. 89-112.

GODOI, C. K.; MELO, R. B.; SILVA, A. B. Pesquisa Qualitativa em Estudos Organizacionais: Paradigmas, Estratégias e Métodos. 2 ed. São Paulo: Saraiva, 2010.

GODOY, A. S. Pesquisa Qualitativa: tipos fundamentais. Revista de Administração de Empresas, São Paulo, v. 35, n. 2, p. 20-29, mar./abr. 1995.

GOLDEN, L. L.; ZIMMER, M. R. Relationships between affect, patronage frequency and amount of money spent with a comment on aggect scaling and measurement. Advances in Consumer Research , v. 13, n. 1, p. 53-57, 1986.

GOMES, F. S. Marketing Sensorial: os efeitos do aroma no ponto de venda. 2011. 109 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Pós-Graduação em Marketing, Instituto Universitário de Lisboa, Portugal, 2012.

GONDIM, G.; LIMA, O.; ALVARO, L. Gênero e Status na Atribuição de Afetos no Trabalho: Um Estudo Intercultural Brasil-Espanha. Revista Psicologia, Organizações e Trabalho, v. 6, n. 2, p. 165-195, 2006.

GRÖNROOS, C. Marketing: gerenciamento e serviços. 3. ed. Rio de Janeiro: Campus, 2009.

94

GULAS, C. S.; BLOCH, P. H. Right under our noses: ambient scent and consumer responses. Journal of Business Psychology, v. 10, n. 1, p. 87-98, 1995.

GUYTON, A. C.; HALL, J. E. Tratado de Fisiologia Médica.12. ed. [S.I.]: Elsevier, 2011.

HAIR JR, J. F. et al. Análise multivariada de dados. 6. ed. Porto Alegre: Bookman, 2009.

HERTZ, R. S.; CLEF, J. V. The influence of verbal labeling on the perception of odors: evidence for olfactory illusions? Perception, v. 30, n. 3, p. 381-391, 2001.

HERZ, R. S.; ENGEN, T. Odor memory: review and analysis. Psychonomic Bulletin & Review, v. 3, n. 3, p. 300-313, 1996.

HOLLEY, A. Cognition in the art of perfumes. In: European Symposium on Olfaction and Cognition, Lion, 1999.

HOYER, D. W.; MACLNNIS, D. J. Comportamento do consumidor. 5. ed. São Paulo: Cenage Learning, 2011.

HVASTJA, L.; ZANUTTINIT, L. Recognition of non-explicitly presented odors. Percetual and Motor Skills, v. 72, n. 1, p. 883-892, 1991.

HULTÉN, Bertil. Sensory Marketing: the multi-sensory brand-experience concept. European Business Review, v. 23,n. 3, p. 256-273, 2011.

ILLANES, M. A. T.; IKEDA, A. O estímulo olfativo como ferramenta de marketing no varejo. In: XII SEMEAD - Seminários em Administração FEA-USP, São Paulo, 2009.

JADE, A.; TEUTEBERG, F. Integrating cloud computing in supply chain processes. Journal of Enterprise Information Management, v. 28, n. 6, p. 872-904, 2015.

KNASKO, S. C. Ambient odor's effect on creativity, mood, and perceived health. Chemical Senses, v.17, n. 1, p. 27-35, 1992.

KNY, M. A. Impactos de aromas ambientais sobre o comportamento do consumidor no varejo. 2006. 161 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Administração, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2006.

95

KOTLER, P. Administração de Marketing: análise, planejamento, implementação e controle. 5. ed. São Paulo: Atlas, 1998.

KRISHNA, A. An integrative review of sensory marketing: engaging the senses to affect perception, judgment and behavior. Journal of Consumer Psychology, v. 22, n. 3, p. 332-351, 2012.

KRISHNA, A.; ELDER, R. S. CALDARA, C. Feminine to smell but masculine to touch? Multisensory congruence and its effect on the aesthetic experience. Journal of Consumer Psychology, v. 20, n. 4, p. 410-418, 2010.

KRISHNA, A.; SCHWARZ, N. Sensory marketing, embodiment, and grounded cognition: A review and introduction. Journal of Consumer Psychology, v. 24, n. 2, p. 159-168, 2014.

KUNKEL, F. I.; VIEIRA; K. M. Bem-estar no trabalho: um estudo junto aos servidores públicos da Prefeitura Municipal de Cerro Largo, Rio Grande do Sul. Gestão & Regionalidade, v. 28, n. 83, p. 49-63, maio/ago. 2012.

KUSLUVAN, S. et al. The human dimension: a review of human resouces management issues in the tourism and hospitality industry. Cornell Hospitality Quarterly, v. 51, n. 2, p. 171-214, may. 2010.

LEWIS, B. R. Customer care in service organisations. Management Decision, v. 29, n. 1, p. 31-34, 1991.

LIMONGI-FRANÇA, A. C. Práticas de Recursos Humanos - Prh - Conceitos , Ferramentas e Procedimentos. São Paulo: Atlas, 2009.

LINDSTROM, M. Broad sensory branding. Journal of Product & Brand Management, v. 14, n. 2, p. 84-87, 2005.

LINGS, I. N. Internal market orientation: Construct and consequences. Journal of Business Research, v. 57, n. 4, p. 405-413, 2004.

MACIEL, D. F. et al. A influência de estímulos musicais em consuidores de loja popular. Revista Alcance - Eletrônica, v. 19, n. 02, p. 147-164,abr./jun. 2012.

MAILLE, V. L´influence des stimuli olfactifs sur le comportement du consommteur: un état des rechercher. Recherche et Applications en Marketing, v. 16, n. 2, p. 51-75, 2001.

96

MARCONI, M. D. A.; LAKATOS, E. M. Metodologia Científica. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2010.

MARTINS, G. D. A. Estudo de caso: uma estratégia de pesquisa. São Paulo: Atlas, 2006.

MAZZEO, T. J. O Segredo do Chanel n 5: a história íntima do perfume mais famoso do mundo. Rio de Janeiro: Rocco, 2010.

MEYER, A. S. Comparação de coeficientes de similaridade usados em análises de agrupamento com dados de marcadores moleculares dominante. 106 f. Dissertação (Mestrado em Agronomia)-Escola Superior de Agricultura da Universidade de São Paulo, Piracicaba, 2002.

MICHON, R.; CHEBAT, J.C.; TURLEY, L. W. Mall atmospherics: the interaction effects of the mall enviroment on shopping behavior. Journal of Business Research, v. 58, n. 5, p. 576-583, may. 2005.

MINAYO, M. C. S. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. 11. ed. São Paulo: HUCITEC, 2008.

MORAES, C. F. Perfume e desejo: o poder do aroma no comportamento de compra da mulher. 2011. 105 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Psicanálise, Saúde e Sociedade, Universidade Veiga de Almeida, Rio de Janeiro, 2011.

MORRIN, M.; KRISHNA, A.; M. O. LWIN. Is scent-enhanced memory immune to retroactive interference? Journal of Consumer Psychology, v. 21, p. 354-361, 2011.

MORRIN, M.; RATNESHWAT, S. The impact of ambient scent on evaluation, attention and memory for familiar and unfamiliar trands. Journal of Business Research, New York, v. 49, p. 157-165, 2003.

MORRISON, M. et al. In-store music and aroma influences on shopper behavior and

satisfaction. Journal of Business Research, v. 64, p. 558-564, 2011.

MOZZATO, A. R.; GRZYBOVSKI, D. A análise de conteúdo como técnica de análise

de dados qualitativos no campo da administração: potencial e desafios. RAC, v. 15,

p. 731-747, jul./ago. 2011.

97

MUELLER, C. G. Psicologia Sensorial: curso de psicologia moderna. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1966.

MÜLLER, D. P.; TEIXEIRA, E. K. Aromas e segredos, uma experiência no mercado público de Porto Alegre/RS-Brasil. Revista Competência, Porto Alegre, v. 5, n. 2, p. 131-147, jul./dez. 2012.

NAUS, A. The occupational meaning of smell. Journal of Hygiene Epidemiology,Microbiology and Immunology, New York, v. 29, n. 1, p. 29-36, fev. 1985.

NAVALLES, P. Los olores como marca comercial. Revista de Rinologia, v. 11, n. 2, p. 23-28, 2011.

OLIVEIRA, R.M.; BRAGA, N. P. Os cincos sentidos do Marketing: a importância dos estímulos multisensoriais para despertar a emoção e gerar inclusão social. In: XVIII Congresso de Ciências da Comunicação na Região Sudeste, Bauru/SP, 2013. Disponível em: <http://portalintercom.org.br/anais/sudeste2013/resumos/R38-0514-1.pdf>. Acesso em: 08 maio 2016.

OLIVEIRA, T. V. S. J. S. O Marketing Interno e a qualidade do serviço prestado pelo back-office ao front-office como factor determinante da satisfação do cliente externo. 2010. 150 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Gestão de Pessoas, Instituto Universitário de Lisboa, Lisboa, 2010.

PARENTE, J. Varejo no Brasil. São Paulo: Atlas, 2010.

PASCHOAL, T. Bem-estar no trabalho: relações com suporte organizacional,

prioridades axiológicas e oportunidades de alcances de valores pessoais no

trabalho. 2008. 168 f. Tese (Doutorado) - Curso de Pós-graduação em Psicologia

Social, do Trabalho e das Organizações, Universidade de Brasília, Brasília, 2008.

PASCHOAL, T. et al. Bem-estar no trabalho: cenário dos estudos brasileiros

publicados na primeira década do novo milênio. Tourism & Management Studies,

v. 2, p. 383-395, 2013.

PASCHOAL, T.; TAMAYO, A. Construção e Validação da Escala de Bem-Estar no

Trabalho. Avaliação Psicológica, v.7, n. 1, p. 11-22, 2008.

98

PASCHOAL, T.; TORRES, V.; PORTO, B. Felicidade no Trabalho: Relações com

Suporte Organizacional e Suporte Social. Revista de Administração

Contemporânea, v. 14, n. 6, p. 1054-1072, 2010.

PIERCY, N. F.; MORGAN, N. A. Internal marketing - the missing half of the marketing program. Long Range Planning, v. 24, n. 2, p. 82-93, april. 1991.

PONCE, F. A. U. Marketing Interno: um estudo de caso no setor de franqueado do ramo de perfumaria e cosméticos nas cidades de São Paulo e Osasco. 1995. 242 f. Tese (Doutorado) - Curso de Administração da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade, Universidade de São Paulo, São Paulo, 1995.

POHLMANN, M. C. Análise de conglomerados. In: Corrar, L. J.; Paulo, E.; Filho, J. M. D. Análise multivariada para cursos de Administração, Ciências Contábeis e Economia. São Paulo: Atlas, 2007.

PONTES, M. C. Marketing experiencial ou o uso da experiência no marketing? Estudo de caso em hotéis 5 estrelas da cidade de São Paulo. 2012. 257 f. Tese (Doutorado) - Curso de Administração da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade, Universidade de São Paulo. São Paulo, 2012.

PORCHEROT, C. et al. Seeing, smelling, feeling! Is there an influence of color on subjective affective responses to perfumed fabric softeners? Food Quality and Preference. v. 27, p. 161-169, 2013.

REA, L. M.; PARKER, R. A. Desenvolvendo perguntas para pesquisas. In: Metodologia de pesquisa: do planejamento à execução. São Paulo: Pioneira, 2000.

RIBEIRO, F. A. P. et al. Os aromas da moda: investigando o uso do marketing sensorial olfativo no varejo de vestuário de Belo Horizonte. Estudo & Debate, v. 21, n. 1, p. 217-238, 2014.

RICHARDSON, J. T. E.; ZUCCO, G. M. Cognition and olfation: a review. Psychological Bulletin, v. 105, n. 3, p. 352-360, 1989.

RODRIGUES, M. V. C. Qualidade de vida no trabalho: evolução e análise no nível gerencial. 14. ed. Petrópolis: Vozes, 2016.

RODRÍGUEZ-CARVAJAL, R. et al. Positive Psychology at Work: Mutual Gains for Individuals and Organizations. Revista de Psicología del Trabajo y de las Organizaciones, v. 26, n. 3, p. 235-253, 2010.

99

RYFF, C. D. Happiness is everything, or is it? Explorations on the meaning of psychological well-being. Journal of Personality and Social Psychology, v. 57, p. 1069-1081, 1989.

SAEKI, Y.; TANAKA, Y. L. Effect of inhaling fragrances on relieving pricking pain.International Journal of Aromatherapy, v. 15, n.2, p. 74-80, 2005.

SANTOS, D. M. L. D.; ALMEIDA, Y. T. M. D.; FEITOSA, A. M. D. V. O Endomarketing como estratégia de gestão e crescimento organizacional. Race - Revista da Administração, v. 1, n.1, p. 1-14, 2016.

SARQUIS, A. B. et al. Marketing sensorial na comunicação de marca: um ensaio teórico. Revista Brasileira de gestão e Inovação, v. 2, n. 3, p. 1-21, maio/ago. 2015.

SAUR-AMARAL, I. Curso completo de NVivo 10: como tirar maior proveito do software para a sua investigação, 2013. 119 p.

SCHAB, F. R. Odor and the remembrance of things past. Journal of Experimental Psychology: Learning, Memory, and Cognition, v. 16, n. 4, p. 648- 655, 1990.

SHRODE, L. R. The Influence of Odor and Emotion on Memory. Psychology Student Work, 2012.Disponível em: <http://digitalcommons.csbsju.edu/cgi/viewcontent.cgi?article=1007&context=psychology_students>. Acesso em: 5 maio 2016.

SILVA, C. A. P. Perfume, história e design: o papel das embalagens no mercado brasileiro de perfumaria. 2012. 199 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Design, Escola Superior de Desenho Industrial, Rio de Janeiro, 2012.

SIQUEIRA, M. M. M.; GOMIDE JR, S. Vínculos do indivíduo com o trabalho e com a organização. In: ZANELLI, José Carlos; BORGES-ANDRADE, Jairo Eduardo; BASTOS, Antônio Virgílio Bittencourt (Orgs.). Psicologia, organizações e trabalho no Brasil. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2014.

SIQUEIRA, M. M. M.; PADOVAM, V. A. R. Bases Teóricas de Bem-Estar Subjetivo, Bem-Estar Psicológico e Bem-Estar no Trabalho. Psicologia: Teoria e Pesquisa, v. 24, n. 2, p. 201-209, 2008.

SJÖSTRAND, C. et al. Migraine and olfactory stimuli. Curr Pain Headache Rep., v. 14, n.3, p. 244-251, 2010.

100

SOLOMON, M. R. O comportamento do consumidor: comprando, possuindo e sendo. 7. ed. Porto Alegre: Bookman, 2008.

SOUZA, Z. O. Endomarketing como fator relevante para a implantação da gestão da qualidade. 2003. 163 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção) - Centro Tecnológico, Universidade de Santa Catarina, Florianópolis, 2003.

SPANGENBERG, E. R.; CROWLEY, A. E.; HENDERSON, P. W. Improving the store environment: do olfactory cues affect evaluations and behaviors? Journal of Marketing, v. 60, n. 2, n. 67-80, apr. 1996.

SPEZIALI, M. G. De aromas e perfumes, o mercado da indústria do "cheiro". Química Nova, v. 35, n. 4, p. 861-864, 2012.

STRUGNELL, C.; JONES, L. Consumer perceptions and opinions of fragrances in household products. Nutrition & Food Science, v. 99, n. 4, p. 21-24, 1999.

SUÁREZ, M. G.; GUMIEL, C. G. Cómo desarrollar la atmósfera del establecimiento comercial. Distribución y Consumo, v. 22, n. 122, p. 30-39, mar./abr. 2012.

TARIFA, M. R.; ALMEIDA, L. B. Controles gerenciais e cultura organizacional: análise sob a perspectiva institucional dos gestores de unidades cooperativas agroindustriais. In: X Congresso ANPCONT, Ribeirão Preto/SP, 2016. Disponível em: <http://congressos.anpcont.org.br/x/anais/files/2016-05/ccg194.pdf>. Acesso em: 23 mar. 2017.

TOLLER, S. V.; DODD, G. H. Fragrance: the psychology and biology of perfume. Oxford: Elsecier Science Publications Ltd, 1992.

TORRES, A. C.; BUHAMA, C. O aroma como componente de geração de valor de marca de varejo. Revista Brasileira de Estratégia - REBRAE, v. 4, n. 3, p. 211 - 222, set./mar. 2011.

TRIERWEILLER, A. C. et al. Diagnóstico de satisfação de clientes como ferramenta para fidelização : um estudo de caso para cinema cult. Revista de Administração da UNIMEP, v. 9, n. 1, jan./abr. 2011.

TRISKA, L. N. S. Prazer e bem estar no ambiente de trabalho: a importância do olfato na ergonomia. 2003. 104 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Engenharia de Produção, Engenharia de Produção, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2003.

101

TRIVIÑOS, A. N. S. Introdução à pesquisa em ciências sociais: a pesquisa qualitativa em Educação. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2009.

TURLEY, L. W.; MILLIMAN, R. E. Atmospheric effects on shopping behavior: a review of the experimental evidence. Journal of Business Research , v. 49, p. 193-211, 2000.

VALENTIM, R. Marketing olfativo e suas estratégias no varejo II. Disponível em < http://www.mundodomarketing.com.br/3,3916,marketing -olfativo-e-suas-estrategias-no-varejo-ii.htm>. Acesso em: 27 de jun. 2016. VAN HORN, E. et al. The Structure of Occupational Well-Being: A Study among Dutch Teachers. Journal of Occupational and Organizational Psychology, v. 77, n. 3, p. 365-375, 2004.

VAREY, R. J. Internal marketing: a review and some interdisciplinary research challenges. International Journal of Service Industry Management, v. 6, n. 1, p. 40-63, 1995.

VERGARA, S. C. Projetos e relatórios de pesquisa em administração. 14. ed. São Paulo: Atlas, 2013.

VIALLE, C. F. C. O marketing sensorial como estratégia mercadológica. 2011. 37 f. Monografia. Curso de Especialização em Marketing, Universidade Federal do Paraná, Curitiba. 2011.

VLAHOS, J. Scent and Sensibility. The New York Times, p. 1-10, 2007.

WARR, P. Work, Happiness and Unhappiness. New Jersey: Lawrence Erlbaum Associates, 2007.

WARD, P.; DAVIES, B. J.; KOOIJMAN, D. Ambient smell and the retail environment: relating olfaction research to consumer behaviour. Journal of Business and Management, v. 9, n. 3, p. 289-302, 2003.

WATERMAN, A. S.; SCHWARTZ, S. J; CONTI, R. The implications of two conceptions of happiness (hedonic enjoyment and eudaimonia) for the understanding of intrinsic motivation. Journal of Happiness Studies, v. 9, n.1, p. 41-79, 2008.

WIESEKE, J. et al. The Role of Leaders in Internal Marketing. Journal of Marketing, v. 73, n. 2, p. 123-145, mar. 2009.

102

WÖBER, C. et al. Prospective analysis of factors related to migraine attacks: the PAMINA study. Cephalalgia, v. 27, n.4, p. 304-314, 2007.

WOLFFENBÜTTEL, A. N. Base da Química dos Óleos Essenciais e Aromaterapia - Abordagem Técnica Científica. São Paulo: Rocca, 2011.

WOODRUFF, R. B. Customer value: the next source for competitive advantage. Journal of the Academy of Marketing Science, v. 25, n. 2, p. 139-153, 1997.

WU, M.Y.; LEE, Y.R. The effects of internal marketing, job satisfaction and service attitude on job performance among high-tech firm. African Journal of Business Management, v. 5, n. 32, p. 12551-12562, 2011.

XU, A. J.; LABROO, A. A. Incandescent affect: Turning on the hot emotional system with bright light. Journal of Consumer Psychology, v. 24, n. 2, p. 207-216, 2014.

YALCH, R. F.; SPANGENBERG, E. R. The effects of music in a retail setting on real and perceived shopping times. Journal of Business Research, v. 49, n. 2, p. 139-147, 2000.

YIN, R. K. Estudo de caso: planejamento e métodos. 3. ed. Porto Alegre: Bookman, 2005.

ZANCHIN, G. et al. Osmophobia in migraine and tension-type headache and its clinical features in patients with migraine. Cephalalgia, v. 27, n. 9, p. 1061-1068, 2007.

103

APÊNDICE A - ROTEIRO DE ENTREVISTA

1. Há um aroma predominante na loja (cítrico, floral, resinoso, amadeirado...)?

( ) Sim. Qual? __________________ ( ) Não

2. Como você avaliaria o aroma da loja (agradável, desagradável, intenso...)?

3. É a primeira vez que você trabalha exposto a aromas/cheiros no ambiente de

trabalho? Se a resposta for positiva, como você se sente ao final da jornada de

trabalho em relação à experiência anterior (melhor, pior, indiferente...)?

4. A exposição ao aroma percebido causa/agrava algum problema de saúde?

( ) Sim. Qual? __________________ ( ) Não

5. Em relação ao aroma da loja, o que você mudaria, se pudesse, no ambiente de

trabalho?

6. A empresa promove ações relativas à melhoria do bem-estar no ambiente de

trabalho relacionada à sua exposição aos aromas da loja durante a sua jornada

de trabalho? Como tais ações são percebidas por você? Quais os impactos

dessas estratégias para os empregados?

7. A empresa incentiva a participação dos empregados em busca de soluções

criativas para melhorar a motivação dos empregados? Como?

8. Como você se sente com a presença do aroma no seu ambiente de trabalho

(em alerta, sonolento, animado, desanimado, calmo, agitado, desestimulado,

estimulado, indisposto...)?

9. O aroma ambiental influencia a atividade que você exerce?

10. Poderia citar consequências positivas e negativas do aroma do ambiente de

loja em relação ao seu bem-estar e à sua satisfação no ambiente de trabalho?

104

APÊNDICE B – CARTA DE APRESENTAÇÃO E AUTORIZAÇÃO DA EMPRESA

UNP – Universidade Potiguar

Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Administração

Natal/RN, 03 de maio de 2016.

À Empresa

Ilmo Sr. Diretor

Senhor Diretor,

Com os nossos cumprimentos, apresentamos a pesquisadora Tatiana Soares

de Araújo, mestranda regularmente matriculada no Programa de Pós-Graduação em

Administração, da Universidade Potiguar, sob a matrícula 201518656. E vimos, por

intermédio desta comunicação, solicitar dessa Empresa autorização para necessária

acessibilidade para desenvolver nas lojas, pesquisa de campo com as consultoras de

vendas. Essa atividade é parte integrante de um trabalho de mestrado, cujo objetivo

é compreender a associação do aroma do ambiente de loja com o

Endomarketing, em uma empresa de cosméticos, a partir da percepção dos

empregados.

Cabe destacar a importância deste estudo, bem como o firme rigor

metodológico-científico e o caráter ético atribuído à investigação.

Sobre os resultados da pesquisa, devem ser observados os seguintes

aspectos:

1) O compromisso da pesquisadora identificada em não revelar a terceiros os

dados obtidos na pesquisa, salvo autorização por escrito da Empresa;

2) O nome da empresa pode ser utilizado oficialmente, conforme autorização

da Direção;

3) Os resultados da pesquisa podem ser publicados para fins acadêmicos, em

congressos, revistas, jornais e outros meios de publicação adotados nas

Universidades.

Certos da atenção e do atendimento ao pleito solicitado ficamos ao inteiro

dispor para quaisquer informações adicionais. Gratos.

Atenciosamente,

Profa. Dra. Laís Karla da Silva Barreto Tatiana Soares de Araújo

Orientadora Mestranda

( ) Autorizo ( ) Não Autorizo

_____________________________________