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Universidade Presbiteriana Mackenzie Centro de Ciências Sociais e Aplicadas Programa de Pós-Graduação em Ciências Contábeis. Estudo do impacto da adoção da ICPC 01 nas decisões gerenciais considerando as Normas Societárias e Regulatórias nas empresas de transmissão de energia elétrica do Brasil. Maria Eveline Rodrigues Gomes SãoPaulo 2012

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Universidade Presbiteriana Mackenzie

Centro de Ciências Sociais e Aplicadas

Programa de Pós-Graduação em Ciências Contábeis.

Estudo do impacto da adoção da ICPC 01 nas decisões gerenciais

considerando as Normas Societárias e Regulatórias nas empresas de

transmissão de energia elétrica do Brasil.

Maria Eveline Rodrigues Gomes

SãoPaulo

2012

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Maria Eveline Rodrigues Gomes

Estudo do impacto da adoção da ICPC 01 nas decisões gerenciais

considerando as Normas Societárias e Regulatórias nas empresas de

transmissão de energia elétrica do Brasil.

Dissertação apresentada ao Programa de

Pós-Graduação em Ciências Contábeis da

Universidade Presbiteriana Mackenzie para

a obtenção do título de Mestre em

Controladoria Empresarial.

Orientador: Prof. Dr. Henrique Formigoni

São Paulo

2012

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G633e Gomes, Maria Eveline Rodrigues

Estudo do impacto da adoção da ICPC 01 nas decisões

gerenciais considerando as Normas Societárias e Regulatórias

nas empresas de transmissão de energia do Brasil / Maria

Eveline Rodrigues Gomes - 2013.

90f. : 30 cm

Dissertação (Mestrado em Controladoria Empresarial) –

Universidade Presbiteriana Mackenzie, São Paulo, 2013.

Orientação: Prof. Dr. Henrique Formigoni

Bibliografia: f. 83-85

1. Demonstrações regulatórias. 2. Demonstrações

societárias. 3. Decisões gerenciais. 4. Transmissão de energia

elétrica. I. Título.

CDD 657

Reitor da Universidade Presbiteriana Mackenzie

Prof. Dr. Benedito Guimarães Aguiar Neto

Decano de Pesquisa e Pós-Graduação

Prof. Dr. Moisés Ari Zilber

Diretor do Centro de Ciências Sociais e Aplicadas

Prof. Dr. Sérgio Lex

Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Ciências Contábeis

Profa. Dra. Maria Thereza Pompa Antunes

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Não faças do amanhã o sinônimo de nunca,

nem o ontem te seja o mesmo que nunca mais.

Teus passos ficaram.

Olhes para trás...mas vá em frente, pois há muitos

que precisam que chegues para poderem seguir-te.

Charles Chaplin

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AGRADECIMENTOS

A realização deste trabalho só foi possível com o apoio de várias pessoas.

A Deus, companheiro que nunca me desampara, às vezes me segura pelas mãos, outras vezes

me leva em seus braços.

Ao meu orientador Prof. Dr. Henrique Formigoni, pela dedicação, competência e paciência

nos meus momentos de ansiedade, muito obrigada.

Ao Diretor Financeiro e de Relações com Investidores do Grupo Alupar Investimento S/A,

Dr. Marcelo Costa, pela estimável e importante contribuição na escolha do tema e na

conclusão do trabalho.

À minha família, aos amigos e amigas, que entenderam minha ausência e sempre torceram

por meu sucesso e acreditaram no meu êxito.

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RESUMO

Após as mudanças na legislação societária, com a Lei 11.638/2007, o setor de energia elétrica

― mais especificamente a transmissão de energia ― teve alterações significativas nos

registros contábeis tanto com relação à Receita e à infraestrutura do negócio e quanto na

apresentação das demonstrações Financeiras Societárias e Regulatórias. Este trabalho

objetivou analisar se houve alterações nas informações utilizadas como base para tomada de

decisões gerenciais pelos gestores das empresas de transmissão de energia elétrica após a

adoção da ICPC-01 – Contratos de Concessão, que emergiu após as mudanças no ambiente

contábil estabelecidas pela Lei 11.638/2007. O método utilizado foi o qualitativo; quanto aos

objetivos, a pesquisa foi exploratória. A amostra foi composta por 15 transmissoras em

operação do Grupo Alupar Investimento S/A. A análise do objeto de pesquisa foi realizada

atráves do conteúdo das respostas do questionário com 12 perguntas enviadas aos gestores do

grupo Alupar Investimento, que trabalham diretamente com a atividade de transmissão. Estas

perguntas abordaram a temática da decisão gerencial a partir da informação contábil

societária ou regulatória após adoção da ICPC-01-Contratos de Concessão. Para tanto, foram

coletadas respostas de cinco (05) gestores da holding e analisados os conteúdos, os quais

foram resumidos em fatores para melhor entendimento do objeto de pesquisa. Detectou-se que

a informação contábil solicitada com mais frequência para tomada de decisões internas são as

regulatórias e que praticamente nenhuma decisão gerencial é tomada a partir das informações

societárias. Concluiu-se que a adoção da ICPC-01-Contratos de Concessão não trouxe

alterações nas informções para a tomada de decisão dos gestores das empresas de

Transmissão de Energia Elétrica do Brasil, considerando-se que não houve mudança no uso

da informação para análise interna do negócio e decisões e que as informações utilizadas para

decisões gerenciais continuam como antes da adoção da norma, ou seja, têm como base as

demonstrações regulatórias.

Palavras-Chave: Demonstrações Regulatórias; Demonstrações Societárias; Decisões

Gerenciais; Transmissão de Energia Elétrica.

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ABSTRACT

After the changes in corporate law with the Law 11.638/2007, the electric power sector,

specifically the Power Transmission, had significant changes in the accounting records with

respect to both revenue and infrastructure business and as the presentation of the Financial

Statements and Corporate Regulatory. This study aimed to examine whether there were

changes in the information used as a basis for management decisions by corporate managers

Transmission of Electricity after the adoption of the ICPC-01 - Concession, which emerged

after the changes in the accounting environment established by Law 11,638 / 2007. The

method used was qualitative, about the objectives, the research was exploratory. The sample

was composed of 15 transmitters in operation Alupar Investment Group S / A. The analysis of

the object of research was conducted through the content of the answers in the questionnaire

with 12 questions sent to managers Alupar Investment Group, who work directly with the

transmission activity. These questions addressed the issue of managerial decision from the

corporate or regulatory accounting information after adoption of ICPC-01-Concession.

Therefore, responses were collected from five (05) holding managers and analyzed the

contents, which were summarized factors for better understanding of the research object. It

turned out that the accounting information requested most frequently for internal decision

making are the regulatory and virtually no management decision is taken from corporate

information. It was concluded that the adoption of ICPC-01-Concession brought no changes

to the Information of the decision making of corporate managers Transmission of Electricity

in Brazil, considering that there was no change in the use of information for internal analysis

and business decisions and the information used for management decisions continue as before

the adoption of the standard, ie, are based on regulatory statements.

Keywords: Regulatory Statements; Corporate Statements; Managerial Decisions;

Transmission of electrical energy.

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SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS ....................................................................................................................................10

LISTA DE QUADROS ..................................................................................................................................11

LISTA DE TABELAS ...................................................................................................................................12

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ....................................................................................................13

1 INTRODUÇÃO ..........................................................................................................................................15

1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO............................................................................................................. 15

1.2 QUESTÃO DE PESQUISA .......................................................................................................... 21

1.3 OBJETIVO GERAL ..................................................................................................................... 21

1.4 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ........................................................................................................ 21

1.5 JUSTIFICATIVAS E CONTRIBUIÇÕES ................................................................................... 22

2 REFERENCIAL TEÓRICO ......................................................................................................................23

2.1 O SETOR DE ENERGIA ELÉTRICA DO BRASIL – ASPECTOS GERAIS .............................. 23

2.1.1 SISTEMA DOS LEILÕES E MERCADO LIVRE ................................................................................. 26

2.1.2 OPERAÇÕES DE CURTO PRAZO ................................................................................................... 27

2.1.3 O SISTEMA INTERLIGADO NACIONAL (SIN) ............................................................................... 29

2.1.4 O SISTEMA ISOLADO................................................................................................................... 29

2.1.5 EMPRESA DE PESQUISA ENERGÉTICA ......................................................................................... 30

2.1.6 A DESVERTICALIZAÇÃO DO SETOR ELÉTRICO ............................................................................ 30

2.1.7 MINISTÉRIO DE MINAS E ENERGIA ............................................................................................. 32

2.1.8 GERAÇÃO DE ENERGIA ............................................................................................................... 32

2.1.9 FONTES DE GERAÇÃO DE ENERGIA ............................................................................................. 33

2.1.10 Distribuição de Energia ...................................................................................................... 35

2.1.11 COMERCIALIZAÇÃO DE ENERGIA .............................................................................................. 39

2.1.11 Transmissão de Energia ..................................................................................................... 39

2.2 A ADOÇÃODA ICPC-01 E A NOVA ESTRUTURA CONTÁBIL DAS EMPRESAS DE

TRANSMISSÃO DE ENERGIA ...................................................................................................................... 47

2.2.1 Adoção do ICPC 01 nas empresas de transmissão de energia elétrica ................................ 47

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2.2.2 Modelo Ativo Financeiro ...................................................................................................... 51

2.2.3 Contabilização do Ativo Financeiro ..................................................................................... 53

2.2.4 Amortização do Ativo Financeiro ......................................................................................... 55

2.2.5 Contabilidade Regulatória – Setor Elétrico ......................................................................... 55

2.2.6 Depreciação dos ativos regulatórios .................................................................................... 58

2.2.7 Custo de Empréstimo – Aspectos Regulatórios e Societários ............................................... 59

2.2.8 A análise dos Índices Econômicos para tomada de decisão. ................................................ 60

3 METODOLOGIA DE PESQUISA ............................................................................................................64

3.1 TIPOLOGIA DE PESQUISA ....................................................................................................... 64

3.2 POPULAÇÃO E AMOSTRA ....................................................................................................... 64

3.3 PROCEDIMENTOS DE COLETA DE DADOS ......................................................................... 67

3.4 PROCEDIMENTO DE TRATAMENTO DE DADOS ................................................................ 68

3.5 LIMITAÇÕES DA PESQUISA .................................................................................................... 68

4 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS ..................................................................................................69

4.1. DESCRIÇÃO DAS ANÁLISES – ADERÊNCIA DOS CONTRATOS DE CONCESSÃO ........ 69

4.2 ÍNDICES ECONÔMICOS -DEMONSTRAÇÕES REGULATÓRIAS E SOCIETÁRIAS ......... 70

4.3 ANÁLISE DA PESQUISA QUALITATIVA ............................................................................... 77

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS .....................................................................................................................81

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..........................................................................................................83

APÊNDICE A- QUESTIONÁRIO DA PESQUISA .....................................................................................86

APÊNDICE B – RESUMO DAS RESPOSTAS ............................................................................................89

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Componentes da fatura de energia ........................................................................... 24

Figura 2 - Estrutura Institucional do Setor Elétrico ................................................................. 28

Figura 3 - Relação entre agentes e Consumidores .................................................................... 36

Figura 4 - Transmissora de Energia Elétrica ............................................................................ 40

Figura 5 - Organograma da Alupar Investimento S/A ............................................................. 65

Figura 6 - Receita Líquida Societária X Regulatória ............................................................... 71

Figura 7 - Ativo Total Societário X Regulatório ...................................................................... 72

Figura 8 - Lucro Líquido Societário X Regulatório ................................................................. 72

Figura 9 - Margem Líquida Regulatória X Societária .............................................................. 75

Figura 10 - Rentabilidade do Patrimônio Regulatório X Societário ........................................ 75

Figura 11 - Rentabilidade do Ativo Regulatório X Societário ................................................. 76

Figura 12 - EBITDA Regulatório X Societário ........................................................................ 76

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Principais encargos inseridos na tarifa de energia ................................................. 37

Quadro 2 - Tipos de Contratos ................................................................................................. 42

Quadro 3 - Encargos setoriais considerados na RAP ............................................................... 45

Quadro 4 - Encargos Tributários .............................................................................................. 45

Quadro 5 - Agentes de Transmissão ......................................................................................... 46

Quadro 6 - Registro dos impactos do ICPC-01 para Contabilidade Regulatória e Societária . 54

Quadro 7 - Diferenças Modelo Societário e Regulatório ......................................................... 56

Quadro 8 - Tratamento Contábil dos Encargos Financeiros.................................................... 60

Quadro 9 - Resumo dos índices econômicos-financeiros ......................................................... 62

Quadro 10 - Fatores Qualitativos para análise de Empresas de Energia .................................. 63

Quadro 11 - Análise Contrato Concessão Transmissoras do Grupo Alupar ............................ 69

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Capacidade Instalada de Geração Energia Elétrica ................................................. 35

Tabela 2 - Modelagem do ativo financeiro(R$/MIL) – Transmissoras Alupar ........................ 53

Tabela 3 - Empresas Transmissoras do GrupoAlupar Investimento S/A ................................. 66

Tabela 4 - Indicadores das empresas – Receita, Ativo e Lucro Líquido .................................. 70

Tabela 5 - Indicadores das empresas – Margem líquida, Rentabilidades e Ebitda .................. 74

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ACR- Ambiente de Contratação Regulada

ACL- Ambiente de Contratação Livre

AIC- Ativo Imobilizado em Curso

AIS- Ativo Imobilizado em Serviço

ANEEL- Agência Nacional de Energia Elétrica

BID- Banco Interamericano de Desenvolvimento

BNDES- Banco Nacional de Desenvolvimento S/A

CCC- Conta de Consumo de Combustíveis

CCEE- Câmara de Comercialização de Energia Elétrica

CGH’s- Centrais Geradoras Hidrelétricas

CFC- Conselho Federal de Contabilidade

CPC- Comitê de Pronunciamentos Contábeis

CUST- Contrato de Uso do Sistema de Transmissão

DNAEE- Departamento Nacional de Águas e Energia Elétrica

EPE- Empresa de Pesquisa Energética

ICPC- Interpretação do Comitê de Pronunciamentos Contábeis

IFRIC- International Financial Reporting Interpretations Commitee

JOA- Juros sobre Obras em Andamento

MAE- Mercado Atacadista de Energia

MCSPEE- Manual de Contabilidade do Serviço Público de Energia Elétrica

MME- Ministério de Minas e Energia

OCPC- Orientação do Comitê de Pronunciamentos Contábeis

ONS- Operador Nacional do Sistema Elétrico

PCH’s- Pequenas Centrais Hidrelétricas

PEI- Produtos Independentes de Energia

PROINFA- Programa de Incentivo a Fontes Alternativas

P&D- Pesquisa e Desenvolvimento

RAP- Receita Anual Permitida

RCP- Relatório de Controle Patrimonial

RGR- Quota Anual de Reserva Global de Reversão

SIN- Sistema Interligado Nacional

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ODI- Ordem de Imobilização

UAR- Unidade de Adição e Retirada

UC- Unidade de Cadastro

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1 INTRODUÇÃO

1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO

O setor de energia tem características próprias, pois produz uma mercadoria que não pode ser

armazenada e tem que ser consumida no momento em que é gerada. Esse fato interliga,

diretamente, a geração, a transmissão e a distribuição de energia elétrica, sendo fundamentais

a eficiência e a confiabilidade na qualidade e na coordenação do sistema elétrico (ABREU,

2009).

O setor elétrico brasileiro teve seu período de crescimento durante os anos cinquenta, sessenta

e setenta do século XX. A partir de 1979, seu endividamento externo agravou-se

principalmente pelo aumento das taxas de juros internacionais e pela manipulação das tarifas,

utilizadas pelo governo como mecanismo de controle da inflação, no período de 1982 a 1993.

As empresas de energia foram utilizadas como instrumentos para implantação de políticas de

desenvolvimento industrial no país. Apesar disso, aquelas decisões de manipulação de tarifa e

aumento de taxas de juros como forma de controle de inflação levaram o setor à estagnação

por falta de recursos (ABREU, 2009).

A partir dos anos 80 a energia passou a ser vista como um produto que poderia ser negociado

no mercado e, para que se tornasse um negócio atraente, separaram-se os diversos setores do

sistema de eletricidade ― geração, transmissão, distribuição e comercialização. Para que essas

empresas funcionassem de forma eficiente, foi necessário haver suas reestruturações

(ABREU, 2009).

A falta de investimentos substanciais no setor de energia elétrica e a utilização, pelo governo,

das empresas de energia como instrumento de política econômica no combate à inflação

foram fatores que contribuíram fortemente para a deterioração da saúde financeira dessas

empresas na década de 1980 (BERNARDES e GONÇALVES, 2002).

A crise iniciada na década de 80 se estendeu até os anos 90, quando, em 1993, o governo, na

tentativa de resolver essa crise que se tornava cada vez mais evidente no setor de energia,

publicou a Lei nº 8.631, de 4 de março, que trouxe em seu conteúdo a desequalização das

tarifas e definiu novas regras para o relacionamento entre concessionárias e o poder

concedente. No entanto, a tentativa de resolver a crise financeira do setor de energia por meio

da publicação dessa lei não obteve êxito. Os problemas financeiros das empresas elétricas

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continuavam, devido ao fato de as tarifas encontrarem-se bastante defasadas e a inflação

brasileira apresentar altos índices, situação que exigia do governo, antes de qualquer decisão,

o controle da inflação ― só depois seria possível a resolução dos problemas setoriais

(SILVEIRA, 2003).

As mudanças institucionais que ocorreram na indústria de energia elétrica no Brasil também

foram realizadas em todo o mundo, com o objetivo do aumento da eficiência no setor, de

redução de custos e, principalmente, de introdução da competitividade, o que evidencia a

mudança no papel do Estado (PINTO e OLIVEIRA, 2004).

A ideia de um estado mínimo ganhou grande repercussão nas últimas décadas do século XX.

Os defensores dessa ideia afirmam que o Estado deveria ocupar-se apenas com funções

tipicamente estatais (Ex.: Justiça, Segurança e Defesa Nacional), deixando a cargo da

iniciativa privada a prestação de alguns principais serviços públicos, como, por exemplo, o

fornecimento de gás e/ou energia elétrica, os serviços de telecomunicações, o transporte de

pessoas e/ou cargas, dentre outros (ABREU, 2009).

No cenário brasileiro, as privatizações ocorridas nos anos 90 fazem parte da experiência

nacional de redução da estrutura estatal e da prestação de serviços públicos para a iniciativa

privada. O mundo está sob o jugo das teorias neoliberais, em torno do tripé básico da

“desregulamentação”, da “privatização” e da “abertura comercial” (ABREU, 2009).

A década de 90 foi decisiva para o setor elétrico brasileiro, pois foi um período de

alavancagem tecnológica e de aumento dos investimentos estrangeiros. A atração de

investimento para a economia brasileira teve como marco inicial a abertura de mercados, o

que possibilitou o aumento da concorrência dos setores econômicos do Brasil. Tal processo

forçou o mercado interno a investir na ampliação da capacidade produtiva e

consequentemente da melhoria de produtos e serviços.

O setor de energia sempre esteve incluído no plano de desestatização. Os interessados em

participar dos leilões foram autorizados a usar títulos da dívida externa para adquirir ações das

empresas, com o objetivo de amortização da dívida externa com os bancos americanos e

europeus. As privatizações, iniciadas pelas empresas concessionárias de distribuição de

energia, com recursos internacionais, foram o ponto de partida para a internacionalização dos

investimentos no setor de energia (ABREU, 2009).

Insere-se, nesse cenário, a globalização das informações, que fez com que as empresas de

energia, até então estatais, pudessem tornar-se grandes organizações com suas sedes em

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vários países, que realizavam o controle da entidade. Para gerenciamento e controle desses

novos negócios, as matrizes solicitavam relatórios contábeis para gestão e tomada de decisão.

Nesse prisma, a informação contábil, por vezes, sofria distorções em sua análise, por ser feita

de acordo com as normas e os padrões do lugar de origem da empresa, e não pelos padrões da

localidade da matriz.

As discussões sobre harmonização das normas de contabilidade nasceram no final da década

de 90 e tornaram-se mais acentuadas nos organismos internacionais após as crises cambial e

financeira asiática e russa, pois tais organismos internacionais perceberam a dificuldade em

estabelecer analogia entre as demonstrações financeiras publicadas em diversos países

(SOUZA e COUTINHO, 2007).

A contabilidade começou a modernizar-se com a consolidação do desenvolvimento industrial

e a chegada de investimentos estrangeiros, principalmente em decorrência da influência de

contadores vindos da Inglaterra e dos Estados Unidos, que foram contratados para elaborar

relatórios contábeis de acordo com as regras adotadas nas respectivas matrizes (GREGORY e

OLIVEIRA, 2005).

A evolução da contabilidade aconteceu paralelamente às transformações da sociedade e se

desenvolveu buscando atender ao seu objetivo principal, que é satisfazer a necessidade de

informações dos usuários externos e internos. Ribeiro Filho et al. ( 2009) observam que a

contabilidade é a área do conhecimento humano, formada e alimentada por dois movimentos

cognitivos indissociáveis: (1) o processo criativo-normativo; e (2) o processo descritivo-

positivo. Esses movimentos são circulares, de forma que um não sobreviverá sem o outro; ao

passo que, andando juntos, a contabilidade ganha em inserção social.

Gouveia (2009), expõe que tanto o investidor quanto o credor de um determinado negócio

apenas estarão aptos a aplicar seus recursos financeiros de posse de informações com nível

excelente de qualidade, pois a linguagem de negócios se dá por meio da informação contábil,

que fornece um panorama da situação econômica e financeira corrente de uma entidade, desde

que os números sejam apresentados de forma padronizada e atenta em respeito aos preceitos

exigidos por normas contábeis nacionais e internacionais, determinados pela origem do

capital de cada empreendimento.

A informação contábil é o instrumento influenciador da tomada de decisão dos diversos

stakeholders. Iudicíbus et al. (2008) salientam que a linguagem contábil é universal e, com a

globalização dos negócios, tornou-se por demais importante para todos os países, não

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podendo mais ser praticada conforme desejo exclusivo de cada um. A confiança é

fundamental no mundo dos negócios, e a qualidade das normas utilizadas para a elaboração

das informações contábeis faz parte do processo que ajuda na facilitação das operações.

Conhecendo quais normas são utilizadas, todos entenderão melhor a situação em que se

inserem e, consequentemente, terão mais confiança nas informações.

No Brasil, o marco da adequação das Normas Contábeis às Normas Internacionais ocorreu

com a publicação da Lei 11.638/2007, que harmonizou a normatização societária com as

normas internacionais até então regulamentadas pela Lei 6.404/76, ainda vigente. É

importante ressaltar que a Lei 11.638/2007 alterou, revogou e introduziu apenas alguns

dispositivos à Lei 6.404/76 ― e tais itens modificados são referentes à matéria contábil.

O Conselho Federal de Contabilidade, no exercício de suas atribuições legais e em face da

importância da internacionalização das normas contábeis que vêm levando diversos países a

um processo de convergência de informações contábeis, criou o CPC - Comitê de

Pronunciamentos Contábeis, por meio da Resolução CFC nº 1.055, de 07.10.2005, a qual

estabelece que o CPC têm os seguintes objetivos :

Art.3º. O Comitê de Pronunciamentos Contábeis- (CPC) tem por objetivo o estudo,

o preparo e a emissão de pronunciamentos técnicos sobre procedimentos de

contabilidade e a divulgação de informações dessa natureza, para permitir a emissão

de normas pela entidade reguladora brasileira, visando à centralização e

uniformização do seu processo de produção, levando sempre em conta a

convergência da contabilidade brasileira aos padrões internacionais.

A publicação da Interpretação do Comitê de Pronunciamentos Contábeis - ICPC 01 –

Contratos de Concessão foi baseada na norma de contabilidade International Financial

Reporting Interpretations Commitee - IFRIC 12 - Service Concession Arrangements e tem

como escopo orientar a forma de aplicar as novas regras societárias (os pronunciamentos

contábeis do CPC) às concessionárias de serviços públicos, com relação aos bens, direitos e

obrigações referentes a seus contratos de concessão. Com a publicação dessa Interpretação,

deu-se início a incansáveis discussões acerca da modelagem societária para as concessionárias

de serviço público alcançados por ela. Como resultado dessas discussões, foi publicada a

Orientação do Comitê de Pronunciamentos Contábeis - OCPC 05 – Contratos de Concessão,

que basicamente define a quais tipos de concessão deve ser aplicada ICPC-01 e qual modelo a

seguir: ativo financeiro, ativo intangível ou ambos, para os contratos de concessão de geração,

transmissão e distribuição de energia, rodovias e ferrovias. Portanto, após a OCPC 05, o setor

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de energia padronizou a aplicação da ICPC-01 para a contabilização dos ativos imobilizados,

que passaram a ser tratados como ativos financeiros, pois esse foi o ítem do balanço mais

impactado por essa interpretação.

Diante das mudanças estabelecidas pela ICPC 01, e posteriormente pela OCPC 05, as

mudanças de contabilização nesse segmento econômico, na apresentação dos ativos da

concessão e nas demonstrações contábeis das empresas de energia elétrica geram informações

diferentes das normas e dos procedimentos estabelecidos pelo agente regulador do setor

Elétrico, a ANEEL ― Agência Nacional de Energia Elétrica.

A ANEEL foi criada como parte do processo de reforma do Estado para atuar como órgão

regulador e fiscalizador do setor elétrico. A ação de fiscalização tem por objetivo assegurar

que as concessionárias, permissionárias e autorizadas de serviço público de geração,

transmissão e de distribuição de energia cumpram suas obrigações conforme estabelecidas na

legislação, nos contratos de concessão e nos regulamentos emitidos por essa agência. Sua

missão é proporcionar condições favoráveis para o desenvolvimento com base no equilíbrio

entre o mercado de energia e seus agentes em benefício da sociedade (GANIM, 2009).

A ANEEL tem em seu escopo a formulação e a reformulação do plano de contas para as

atividades de geração, transmissão, distribuição e comercialização de energia, que se destina

ao controle dos dados e das informações referentes ao desempenho da concessão e à

permissão.

Nesse contexto, o agente regulador, preocupado com a essência do serviço outorgado,

resolveu instituir a contabilidade regulatória através da Resolução Normativa nº 396 de 23 de

Fevereiro de 2010, por entender que a aplicação das normas societárias impossibilita uma

divulgação adequada das informações contábeis dos ativos vinculados à concessão.

Com a publicação da Resolução Normativa 396, em dezembro de 2010, pela ANEEL, foi

estabelecida a Contabilidade Regulatória para as empresas de energia, sendo assim a prática

contábil societária ICPC 01 não teve aplicabilidade para as concessionárias de energia.

As novas regras impostas estabelecem a necessidade de demonstrações contábeis próprias,

considerando-se as imposições legais contidas na Resolução 396/2010. As empresas de

energia, a partir de 31/12/2011, estão obrigadas a disponibilizar suas informações contábeis

dentro do escopo da legislação societária e regulatória. Tais informações devem ser auditadas

e publicadas até abril de 2012.

Art.7º - Ficam instituídas as Demonstrações Contábeis Regulatórias –

DCR, cujo modelo será estabelecido pela ANEEL, bem como os livros

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contábeis auxiliares regulatórios, de adoção obrigatória pelas

concessionárias e permissionárias de transmissão e distribuição de energia

elétrica.

Uma das medidas para revitalização do setor elétrico encontradas pelo poder público foi a

normatização da desverticalização do setor para inserir competitividade. O marco regulatório

aconteceu com a publicação da Lei 10.848, de 15 de março de 2004, que introduziu relevantes

modificações e trouxe novas perspectivas, tendo como objetivo a retomada dos investimentos

no segmento de geração, transmissão, distribuição e comercialização de energia (ONS, 2004).

A desverticalização do setor permitiu a inserção do investidor não público na Rede Básica de

Transmissão (SISTEMA INTERLIGADO1). Esse negócio está em seu ápice de atração de

capital, pois, para o país continuar crescendo, é necessário haver investimento em energia e,

em decorrência disso, transporte dessa energia. Diante disso, os olhos do investidor se voltam

para as informações contábeis, que são o guia para a decisão de se investir ou não. Gouveia

(2010) entende que, diante da necessidade de investimento em infraestrutura na transmissão

de energia e da oferta dessa concessão em leilões públicos, o capital privado tem se mostrado

atraente em ampliar seus novos negócios, e para a aquisição desses novos negócios é

necessária uma análise minuciosa das informações contábeis.

O Poder concedente (Estado) estabeleceu os leilões de transmissão de energia como forma de

atrair investimentos para o setor, pois o país precisava de interligação de linhas de transmissão

no sistema elétrico. Sem transmissoras, os novos investimentos em geração de energia seriam

inviáveis e o crescimento da infraestrutura do país precisava expandir-se para atender às

perspectivas de crescimento econômico do governo.

A gestão do negócio tem como pilar a informação contábil, pois ela fornece subsídios

necessários ao bom entendimento da situação financeira e econômica da entidade. Com o

fortalecimento da economia e a necessidade de investimento em infraestrutura, o setor de

transmissão de energia elétrica tem se mostrado atraente ao investidor tanto pela liquidez

quanto pela garantia de retorno do investimento realizado.

A decisão de investir ou não em algum segmento econômico requer conhecimento claro e

objetivo dos retornos que o investimento garantirá. Nesse ponto estratégico, a informação é

um alicerce para as decisões a serem tomadas.

1SIN- Sistema Interligado Nacional: formado pelas empresas das regiões Sul, Sudeste, Centro-Oeste,

Nordeste e parte da região Norte. 2 USINAS DE GERAÇÃO DESPACHADAS-O despacho elétrico brasileiro é o controle da operação da geração

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1.2 QUESTÃO DE PESQUISA

A questão de pesquisa se associa às novas mudanças estabelecidas pela Lei 11.638/07 e pela

ICPC 01 - Contratos de Concessão que alteram significativamente as demonstrações contábeis

com as especificidades do setor elétrico de transmissão de energia. Tais mudanças

estabelecem nova estrutura de registro contábil para os ativos imobilizados, que para a

concessão do serviço publico de transmissão é o foco principal do retorno do investimento.

Sendo assim, a análise das informações contábeis sofrerá modificações na base das

informações, como também a gestão operacional e financeira. O gestor das concessões de

transmissão no uso das informações contábeis para tomada de decisão, deverá tomar como

base quais informações? Societárias ou regulatórias? Diante deste cenário, este estudo tem

como questão de pesquisa:

Houve alterações nas informações utilizadas como base para tomada de decisões

gerenciais pelos gestores das empresas de transmissão de energia elétrica após a adoção

da ICPC-01 – Contratos de Concessão, que emergiu após as mudanças no ambiente

contábil estabelecidas pela Lei 11.638/2007?

1.3 OBJETIVO GERAL

Este trabalho propôs-se a analisar se houve alterações nas informações utilizadas como base

para tomada de decisões gerenciais pelos gestores das empresas de transmissão de energia

elétrica após a adoção da ICPC-01 – Contratos de Concessão, que emergiu após as mudanças

no ambiente contábil estabelecidas pela Lei 11.638/2007.

1.4 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Este trabalho apresenta os seguintes objetivos específicos:

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I – Conhecer a variação nos indicadores econômicos com base na análise comparativa

das informações divulgadas nas demonstrações contábeis societárias e regulatórias.

II - Conhecer quais informações contábeis são solicitadas com mais frequência pelos

gestores das empresas de transmissão de energia elétrica do Brasil para tomada de

decisão, se seriam Informações Contábeis Societárias ou Regulatórias.

1.5 JUSTIFICATIVAS E CONTRIBUIÇÕES

A principal justificativa para a realização deste estudo vem de uma necessidade percebida na

prática profissional da autora, que possui a experiência de 14 anos atuando no setor elétrico.

Especificamente, verificou-se na solicitação de balancetes regulatórios pelo diretor financeiro

da empresa Alupar Investimento S/A a negação do uso das informações societárias com

adequação da norma ICPC-01 por meio da seguinte frase “essas informações não servem para

nada”. Diante disso, surgiu a curiosidade de se entender motivo pelo qual estariam sendo

excluídas do olhar analítico dos gestores esses demonstrativos contábeis societários. Qual

seria a razão para que os diretores e presidentes estejam rejeitando o uso da norma societária

amplamente discutida no âmbito regulamentar?

Entende-se que o negócio transmissão de energia ainda vai crescer muito no Brasil, muitos

investidores irão aportar seus recursos neste setor e, por esse motivo, julga-se importante que

o investidor, além de conhecer a regulação econômica do segmento, tenha as informações

contábeis confiáveis.

A informação Contábil é importante para a análise de investimento, pois através dela é

possível estabelecer parâmetros para o investidor ter segurança do investimento e, com isso,

ter condições de conhecer o negócio e o seu retorno através de projeções futuras, portanto, o

uso das informações corretas para o negócio é estratégico para a tomada de decisões.

Entende-se que esta pesquisa contribuirá para fomentar a discussão sobre a adoção da norma

societária ICPC-01 para as empresas de transmissão de energia no Brasil.

Portanto, dessa forma, espera-se que o estudo contribua para alavancar no meio acadêmico e

normativo a discussão sobre a reversão da adoção da norma societária ICPC-01 – Contratos

de Concessão para as empresas de Transmissão de Energia Elétrica no Brasil.

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2 REFERENCIAL TEÓRICO

O referencial teórico está baseado nas legislações do setor elétrico, nas interpretações e

orientações do CPC - Comitê de Pronunciamentos Contábeis e na revisão dos trabalhos sobre

o tema publicados no Brasil.

2.1 O SETOR DE ENERGIA ELÉTRICA DO BRASIL – ASPECTOS GERAIS

Um dos Parâmetros para que o país seja considerado desenvolvido é a observação da

facilidade de acesso da população aos serviços de infraestrutura, como saneamento básico,

transportes, telecomunicações e energia. A energia é fator determinante para o

desenvolvimento econômico e social. De todos os segmentos da infraestrutura, o serviço

público de energia é o mais universalizado, pois deve possibilitar o acesso à energia e seu uso

para todos. A incidência dos consumidores não atendidos está diretamente relacionada à sua

localização e às dificuldades físicas ou econômicas quanto à acessibilidade à rede elétrica. É

importante considerar que as cinco regiões do Brasil - sul, sudeste, centro-oeste, norte e

nordeste - têm características próprias o que as diferenciam muito entre si. Essas diferenças

bem acentuadas definem o modelo criado para os sistemas de geração, transmissão e

distribuição que possibilitam o acesso da população à rede elétrica (ATLAS - ANEEL, 2008).

Até a década de 90, existia apenas uma tarifa única de energia elétrica no Brasil, que garantia

a remuneração das concessionárias, independentemente do seu grau de eficiência. Esse

modelo tarifário não incentivava a busca pela eficiência das empresas de energia,

considerando-se que todo seu custo era repassado ao consumidor. Em 1993, com a edição da

lei nº 8.631, as tarifas passaram a ser fixadas por empresa, conforme características regionais

e específicas de cada área de concessão (ATLAS - ANEEL, 2008). Os componentes

regulatórios que fazem parte da tarifa, também chamados “custos não gerenciáveis”, são

especificados na Figura 1.

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Figura 1 - Componentes da fatura de energia

Fonte: Aneel, 2008.

O modelo de negócios do setor de energia elétrica passou por duas grandes mudanças desde a

década de 90. A primeira deu-se com a privatização das companhias Distribuidoras de

Energia e teve início com a lei nº 9.427, de dezembro de 1996, que instituiu a ANEEL e

determinou que a exploração dos potenciais hidráulicos fosse concedida por meio de

concorrência ou leilão, em que o maior valor oferecido pela outorga (Uso do Bem Público)

determinaria o vencedor. A segunda ocorreu em 2004, com a introdução do novo modelo do

setor elétrico, que teve como objetivos principais: garantir a segurança no suprimento;

promover a modicidade tarifária; e promover a inserção social, em particular pelos programas

de universalização (“luz para todos”, “luz no campo”). Sua implantação marcou a retomada

da responsabilidade do planejamento do setor de energia elétrica pelo Estado (ATLAS -

ANEEL, 2008).

Uma das principais alterações promovidas em 2004 foi a substituição do critério utilizado

para concessão da geração de energia e novos empreendimentos de geração. Passou a vencer

os leilões o investidor que oferecesse o menor preço para a venda da produção das futuras

usinas. Além disso, o novo modelo estabeleceu dois ambientes para a celebração de contratos

de compra e venda de energia: o ambiente de contratação regulada (ACR), exclusivo para

geradoras e distribuidoras, e o ambiente de contratação livre (ACL), do qual participam

geradoras, comercializadoras, importadoras, exportadores e consumidores livres. A nova

estrutura seguiu os parâmetros das estruturas de negócio existentes na década de 90, quando o

setor passou pelo movimento de liberalização após mais de cinquenta anos de controle estatal.

Até então, a maioria das atividades era estritamente regulamentada e as companhias

operadoras eram controladas pelo Estado (Federal e Estadual) e verticalizadas (atuavam em

geração, transmissão e distribuição) (ATLAS - ANEEL, 2008).

A reforma trouxe mudanças severas e exigiu a cisão das companhias em geradoras,

transmissoras e distribuidoras. As atividades de distribuição e transmissão continuaram

totalmente regulamentadas, mas a produção das geradoras passou a ser negociada no mercado

livre – ambiente no qual as partes compradora e vendedora são livres para estabelecer entre si

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as condições por meio de contratos bilaterais. Foram constituídas, também na década de 90,

novas entidades para atuar no novo ambiente institucional do setor elétrico: além da ANEEL,

criaram-se o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) e o Mercado Atacadista de

Energia (MAE). A ANEEL sucedeu o Departamento Nacional de Águas e Energia Elétrica

(DNAEE), uma autarquia vinculada ao Ministério de Minas e Energia (MME).

O ONS, entidade de direito privado e autônoma que substituiu o GCOI (Grupo de Controle

das Operações Integradas), subordinado à Eletrobrás, é responsável pela coordenação da

operação das usinas e redes de transmissão do Sistema Interligado Nacional (SIN). Para tanto,

realiza estudos e projeções com base em dados históricos, presentes e futuros da oferta de

energia elétrica e do mercado consumidor. Para decidir quais usinas devem ser despachadas2,

opera o Newave, programa computacional que, com base em projeções, elabora cenários para

a oferta de energia elétrica. O mesmo programa é utilizado pela Câmara de Comercialização

de Energia Elétrica (CCEE), para definir preços a serem praticados nas operações de Curto

Prazo do Mercado Livre (ATLAS-ANEEL, 2008).

Com relação ao MAE - Mercado Atacadista de Energia, sua constituição foi relacionada à

criação do mercado livre em 2004, no entanto, com a implantação do Novo Modelo, foi

substituído pela CCEE. No mesmo ano, o MME criou a Empresa de Pesquisa Energética

(EPE), com a missão principal de desenvolver os estudos necessários ao planejamento da

expansão do sistema elétrico.

O modelo implantado em 2004 restringiu ― mas não extinguiu ― o mercado livre que, em

2008, respondia por cerca de 30% da energia elétrica negociada no país. Além disso, manteve

inalteradas, porém em permanente processo de aperfeiçoamento regulatório, as bases da

distribuição e transmissão de energia (ATLAS-ANEEL 2008).

O cumprimento dos contratos de concessão e as atividades desenvolvidas pelas

concessionárias de energia são regulados e fiscalizados pela ANEEL. O objetivo dessa

agência é, de um lado, assegurar ao consumidor o pagamento de um valor justo e o acesso a

um serviço contínuo e de qualidade e, de outro, garantir à distribuidora o equilíbrio

econômico-financeiro necessário ao cumprimento do contrato de concessão.

2 USINAS DE GERAÇÃO DESPACHADAS-O despacho elétrico brasileiro é o controle da operação da geração

de energia elétrica no brasil pelo ONS (Operador Nacional do Sistema) que é responsável por este despacho.

Despacho da energia gerada consiste na definição de quais usinas devem entrar em operação e quais devem ficar

de reserva de modo a manter, permanentemente, o volume de produção igual ao de consumo (ONS).

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Com relação à geração e à transmissão de energia elétrica, o país conta com um sistema

(conjunto composto por usinas, linhas de transmissão e ativos de distribuição) que controla

todo o fluxo de energia disponibilizada entre os agentes: o Sistema Interligado Nacional

(SIN). Essa imensa “Rodovia Elétrica” abrange a maior parte do território brasileiro e é

constituída pelas conexões realizadas ao longo do tempo, de instalações inicialmente restritas

ao atendimento exclusivo das regiões de origem: Sul, Sudeste, Centro-Oeste, Nordeste e parte

da região Norte. Além disso, há diversos sistemas de menor porte, não conectados ao SIN, e,

por isso, chamados de sistemas isolados, que se concentram principalmente na região

amazônica, no Norte do país. Isso ocorre porque as características geográficas da região,

compostas por floresta densa e heterogênea, além de rios caudalosos e extensos, dificultaram

a construção de linhas de transmissão de grande extensão que permitiriam a conexão ao SIN.

Estão sendo feitos leilões, desde de 2011, para concessão de transmissão com o objetivo de

interligar ao SIN o sistema isolado (ATLAS-ANEEL, 2008).

2.1.1 Sistema dos Leilões e Mercado Livre

O MME determina a data dos leilões, que são realizados pela ANEEL e pela CCEE. Por meio

de portaria, fixa o preço teto para o Mwh (Megawatt) a ser ofertado, considerando-se a fonte

da energia: térmica ou hídrica. Como as geradoras entram em “pool” (ou seja, a energia não é

individualizada), a prioridade é dada ao vendedor que pratica o menor preço. Os valores

máximos devem ser iguais ou inferiores ao preço teto (ATLAS-ANEEL, 2008).

Os leilões são divididos em duas modalidades principais: energia existente e energia nova. A

primeira corresponde à produção das usinas que já estão em operação e, por esse motivo, os

volumes de energia contratados são entregues em um menor prazo (A-1). A segunda refere-se

à produção de empreendimentos em processo de leilão das concessões e de usinas que já

foram outorgadas pela ANEEL e estão em fase de planejamento ou construção. Nesse caso, o

prazo de entrega geralmente é de três ou cinco anos (A-3 e A-5), pois o empreendimento

necessita de um tempo para construir e disponibilizar a energia garantida nos leilões. É

importante salientar que existem os leilões de ajustes e os leilões de reserva. Nos leilões de

ajustes as distribuidoras complementam o volume necessário ao atendimento do mercado

(visto que as compras de longo prazo são realizadas com base em projeções), desde que ele

não supere 1% do volume total. Com relação aos leilões de reserva, o objeto de contratação é

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a produção de usinas que entrarão em operação apenas em caso de escassez (atendimento

emergencial) da produção das usinas convencionais (basicamente hidrelétricas).

Os leilões são realizados com antecedência de vários anos do início da produção de energia

pelas geradoras e disponibilizada no sistema. Eles funcionam como indicadores do cenário da

oferta e da procura no médio e longo prazo para a EPE e são muito importantes no

fornecimento de variáveis para a elaboração do planejamento. Para os investidores em

geração e para as distribuidoras, os leilões proporcionam maior segurança nos cálculos de

fluxo de caixa futuro e permitem a visualização das receitas de vendas e custos de suprimento

ao longo do tempo.

No Ambiente de Contratação Regulada (ARC), as distribuidoras participam como

compradoras, pois essa é a única forma de contratação de grandes volumes de suprimento de

energia para o longo prazo. As geradoras são as vendedoras dessa energia elétrica. O início da

entrega é previsto para ocorrer um, três ou cinco anos após a data de realização do leilão (que

são chamados, respectivamente, de A-1, A-3 e A-5).

No mercado livre ou ACL, vendedores e compradores negociam entre si as cláusulas do

contrato, como preço, prazo e condições de entrega. Da parte vendedora, participam as

geradoras enquadradas como PIE (Produtores Independentes de Energia). A parte compradora

é constituída por consumidores com demanda superior a 0,5 Mwh (Megawatt) que adquirem a

energia elétrica para consumo próprio. As transações geralmente são intermediadas pelas

empresas comercializadoras de energia, também constituídas na década de 90 com a

desverticalização do setor, e que têm por função favorecer o contato entre as duas pontas e dar

liquidez a esse mercado (ATLAS-ANEEL, 2008).

2.1.2 Operações de Curto Prazo

Os prazos dos contratos podem chegar a vários anos. O Comprador que participa das

operações de curto prazo tem como base para a compra de energia, as projeções de consumo,

e o vendedor projeta o volume que irá produzir de acordo com as determinações do ONS.

Assim, nas duas pontas podem ocorrer diferenças entre o volume contratado e o efetivamente

medido ou consumido. O acerto dessa diferença é realizado por meio de operações de curto

prazo no mercado “spot” abrigado pela CCEE, que tem por objetivo fazer com que, a cada

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mês, as partes “zerem” as suas posições por meio da compra ou da venda da energia elétrica.

Os preços para esse mercado “spot” são fornecidos pelo programa Newave e variam para cada

uma das regiões que compõem o SIN, de acordo com as disponibilidades de energia elétrica

(ATLAS-ANEEL, 2008).

A CCEE também é responsável pela liquidação financeira dos contratos “spot”. Inicialmente

essa foi sua única função; posteriormente, passou a ser responsável também pela

operacionalização de parte dos leilões de venda de energia, junto à ANEEL.

A Estrutura institucional do setor elétrico é composta pelas políticas de regulação e

fiscalização, mercado e agentes institucionais, conforme especificado na Figura 2.

Figura 2 - Estrutura Institucional do Setor Elétrico

Fonte: Atlas – Aneel, 2008.

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2.1.3 O Sistema Interligado Nacional (SIN)

O SIN abrange as regiões Sul, Sudeste, Centro-Oeste, Nordeste e parte do Norte. Apresenta

tamanho e características que permitem considerá-lo único em âmbito mundial. O sistema de

produção e transmissão de energia elétrica do Brasil é um sistema hidrotérmico de grande

porte, com forte predominância de usinas hidrelétricas e com múltiplos proprietários. Apenas

uma pequena parcela da capacidade de produção de eletricidade do país encontra-se fora do

SIN, em pequenos sistemas isolados, localizados principalmente na região amazônica.

O ONS é responsável pela coordenação e pelo controle de operação do SIN, realizados pelas

companhias geradoras e transmissoras, sob fiscalização e regulação da ANEEL. O principal

benefício dessa integração e operação coordenada é permitir a possibilidade de troca de

energia elétrica entre as regiões do brasil.

Em razão do tamanho do Brasil, um país continental e com diversidade climática entre suas

regiões, a integração do sistema permite que o período de estiagem de uma região possa

corresponder ao período chuvoso de outra e, dessa forma, a localidade em que os

reservatórios estejam mais cheios enviem energia para a outra, na qual os lagos estejam mais

vazios, possibilitando, assim, a preservação dos “estoques de energia”, represados sob a forma

de água.

O Sistema Interligado está em contínuo processo de expansão, o que permite tanto a conexão

de novas grandes geradoras e transmissoras de energia quanto a integração de novas regiões

ao sistema.

2.1.4 O Sistema Isolado

Esse sistema tem como característica predominante o abastecimento por usinas térmicas

movidas a óleo diesel e óleo combustível ― mas tais indústrias, em menor escala, também

recebem energia da geração de Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCH), Centrais Geradoras

Hidrelétricas (CGH) e Termelétricas movidas a Biomassa. Esse sistema localiza-se na região

Norte, nos estados do Amazonas, Roraima, Acre, Amapá e Rondônia. Por não estarem

interligadas ao SIN, são chamados de Sistemas Isolados, devido a suas peculiaridades

geográficas em decorrência da região em que se encontram e por não permitirem o

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intercambio de energia elétrica com outras regiões. Os novos leilões de energia para a

transmissão têm o desafio de interligar ao SIN essa região isolada do sistema (ATLAS-

ANEEL, 2008).

Os sistemas isolados apresentam custos de geração superiores ao SIN, devido à

predominância da geração de energia térmica no sistema. As dificuldades de logística e de

abastecimento dessas localidades são os principais componentes para a pressão dos preços de

frete dos combustíveis, dentre os quais se destaca o óleo diesel. A Conta de Consumo de

Combustíveis Fósseis (CCC) foi criada pelo governo federal como um encargo setorial para

subsidiar o custo da energia térmica desse sistema na compra de óleo diesel e óleo

combustível. Esse encargo setorial é cobrado de todos os consumidores de energia elétrica do

país, exceto das regiões isoladas, e está embutido na tarifa de fornecimento de energia elétrica

faturado mensalmente pelas distribuidoras. Esse benefício à população atendida por esse

sistema tem como objetivo assegurar consumidores do Sistema Isolado os mesmos benefícios

de que usufruem os consumidores do SIN aos (ATLAS-ANEEL, 2008).

2.1.5 Empresa de Pesquisa Energética

É uma instituição técnica especializada, que tem como principal objetivo o desenvolvimento

de estudos necessários para que seja efetuado o planejamento do setor de energia.

A EPE no desenvolvimento de suas atividades poderá estabelecer contratos de prestação de

serviços com quaisquer pessoas físicas ou jurídicas ou ainda formar convênios de cooperação

técnica e financeira, objetivando sempre a economicidade institucional, observando-se sempre

os princípios constitucionais da administração pública: princípios da legalidade,

impessoalidade, da moralidade, da publicidade e da eficiência (ONS, 2008).

2.1.6 A Desverticalização do Setor Elétrico

A segregação das atividades de geração, transmissão e distribuição do setor elétrico foi de

vital importância tanto para estimular a competitividade no âmbito da geração e

comercialização quanto para aprimorar o sistema de regulação dos segmentos monopolizados

(Transmissão e Distribuição).

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A desverticalização objetivou a preservação da identidade de cada concessionária, permitindo

o equilíbrio econômico financeiro, a transparência da gestão. Além disso, serviu para garantir

à sociedade e ao mercado conhecimento acerca dos resultados de cada concessão.

Note-se que a lei 10.848 de 15 de março de 2004, conhecida como Lei do Novo Modelo do

Setor Elétrico, promoveu alterações importantíssimas e estruturais no setor de energia. Seu

principal objetivo foi proporcionar ao investidor do setor mais segurança para realizar seus

investimentos, assegurando o fornecimento de energia elétrica por meio de processos

licitatórios.

Principais mudanças introduzidas por essa lei:

1- Foram criados dois ambientes para comercialização de energia: o primeiro mercado

atenderia à venda para as distribuidoras que mantêm consumidores cativos, formando

o ambiente de contratação regulada; no segundo, voltado para os demais agentes do

setor (produtores independentes, consumidores livres e agentes comercializadores),

verifica-se a competição entre os agentes, pois esse é o ambiente de contratação livre;

2- As distribuidoras devem adquirir energia suficiente para atender a 100% de sua

demanda;

3- Algumas atividades da distribuição foram restringidas, de forma a assegurar que

essas empresas se concentrem apenas no serviço objeto da concessão, ou seja, em

garantir eficiência e confiabilidade ao consumidor cativo, evitando impactos, na tarifa,

de custos de atividades que não sejam a da concessão;

4- Toda energia comercializada em contratos deve ter garantia física de lastro da

geração;3

5- As distribuidoras devem, obrigatoriamente, adquirir energia exclusivamente por

meio de leilões promovidos pela ANEEL;

6- Deve-se respeitar os contratos estabelecidos anteriores a essa lei, para garantia da

segurança jurídica a todas as operações realizadas antes de sua promulgação.

3 Lastro da geração: garantia física da energia gerada por uma usina.

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2.1.7 Ministério de Minas e Energia

O Setor de Energia Brasileiro tem como principal regulador o Ministério de Minas e Energia,

que atua em nome do Governo Federal como poder concedente e tem como atribuição

estabelecer diretrizes, formular e implementar políticas para o setor energético, monitorar a

segurança do suprimento de energia, definir quais ações preventivas devem ser feitas para

restauração da segurança do suprimento em caso de desequilíbrios conjunturais de oferta e

demanda.

2.1.8 Geração de Energia

O Brasil inaugurou sua primeira geradora de energia no ano de 1883, uma unidade

termelétrica com capacidade de 52 Kw, movida a lenha, que alimentava 39 lâmpadas na

cidade de Campos, Rio de Janeiro. Naquele mesmo ano, também inaugurou a primeira

hidrelétrica brasileira em Diamantina, MG (NEOENERGIA, 2008).

A matriz energética do Brasil tem a maior parte de sua potência (instalada e prevista) gerada a

partir de usinas hidrelétricas.

O maior potencial hidrelétrico encontra-se na bacia do Rio Paraná, bacia hidrográfica

próxima à região onde se deu inicio o processo de industrialização do Brasil, motivo pelo qual

recebeu maiores investimentos em infraestrutura, embora o grande potencial disponível de

energia esteja situado nos afluentes do rio Amazonas, na região norte do país, que, devido à

baixa densidade demográfica e econômica, não foi atrativa aos investidores (NEOENERGIA,

2008).

O grande impulso do setor de geração de energia ocorreu durante a década de 70 e o início da

década de 80, a partir dos dois choques do petróleo, em 1973 e 1979, quando a produção de

energia brasileira passou a receber significativos fluxos de investimentos por ser uma fonte de

energia alternativa ao petróleo. Naquele período, o Governo priorizou em suas políticas de

investimento a construção de grandes usinas (NEOENERGIA, 2008).

A construção de grandes usinas exige enormes represas, que numa análise sobre aspectos

técnicos são obras polêmicas e questionáveis por causar sérios problemas ambientais. Além

disso, necessitam de uma extensa e caríssima rede de transmissão de energia. A construção de

pequenas e médias usinas ao longo da área onde se concentrariam os grandes projetos trariam

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menores impactos ambientais e reduziriam as estruturas e perdas de transmissão

(NEOENERGIA, 2008).

As empresas de geração vendem energia principalmente para as distribuidoras, no entanto

concorrem com elas e com as comercializadoras nas vendas para os consumidores que

possuem demanda igual ou superior a 3MW ( classificados como consumidores livres,

conforme estabelecido na lei nº 9.074/95), independente da tensão de atendimento.

O racionamento de energia que ocorreu no ano de 2001 sinalizou a necessidade de

diversificação da matriz energética do Brasil, para que não dependêssemos apenas da fonte

hidráulica, considerando-se que não tínhamos fonte térmica para suprir a queda de produção

originada pela forte seca e a redução dos reservatórios das hidrelétricas do Brasil.

2.1.9 Fontes de Geração de Energia

A diversificação das fontes de energia é necessária para a segurança do sistema, além de ser

uma forma de incluir fontes limpas na nossa matriz energética.

Novas fontes de energia têm sido regulamentadas pela ANEEL como iniciativas de

diversificar a matriz energética do Brasil:

Hidrelétrica: O custo de implantação desse tipo de empreendimento têm variação em

torno de R$ 2.500 por KW (usinas com capacidade de 500MW) e R$ 5.000 por KW

(PCHs), sendo geralmente financiados com uma parcela relevante de capital de

terceiros a longo prazo, de forma que o serviço da dívida possa ser pago com geração

de caixa do próprio empreendimento ao longo da concessão. Os altos custos

financeiros iniciais do investimento são compensados pelas altas margens EBITDA

alcançadas com o baixo custo de manutenção e a necessidade de remuneração do

capital investido inicialmente (NEOENERGIA, 2008).

A expansão da geração tem acontecido por meio dos leilões feitos pela ANEEL, nos

quais vence aquele que oferecer a menor tarifa pela produção de energia e que possuir

a licença ambiental prévia, pois, posteriormente, deverá atender às condições sócio-

ambientais estabelecidas para garantir a licença de instalação e operação da usina.

Termelétrica: A energia é obtida da queima de combustíveis como carvão, óleo,

derivados do petróleo, gás natural e biomassa (bagaço de cana de açúcar, capim ou

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casca de arroz, etc). Esse tipo de empreendimento exige, inicialmente, um

investimento menor do que o das hidrelétricas, porém sua margem EBITDA tende a

ser menor em função dos elevados custos de manutenção e dos gastos na compra de

combustíveis. Essa fonte de energia é essencial para diminuir a dependência da fonte

hidráulica de energia, pois reduz o risco de racionamento em caso de redução de

volume de água nos reservatórios das usinas hidrelétricas. Outro ponto positivo para as

termelétricas é que elas podem localizar-se perto dos centros de grande consumo e,

assim, proporcionar redução de perdas de transmissão e melhorar a qualidade da

energia fornecida (tensão e frequência) (NEOENERGIA, 2008).

Nuclear: Em função da complexidade tecnológica e dos riscos associados ao processo

de queima do urânio (matéria-prima da produção de energia), apenas 1,81% da energia

produzida no Brasil provém dessa fonte de energia. As duas usinas existentes no Brasil

localizam-se em Angra dos Reis, RJ (NEOENERGIA, 2008).

Eólica: Essa fonte de energia originada a partir dos ventos têm sido muito

impulsionada no Brasil por meio do PROINFA- Programa de Incentivo às Fontes

Alternativas, como forma de diversificar a matriz energética do Brasil. Essas usinas

em operação estão localizadas no Nordeste, Sul e Sudeste do Brasil e têm ampliado a

participação de investimentos nessa fonte alternativa de energia com custos cada vez

mais competitivos devido aos incentivos do governo, o que promoverá um

crescimento significativo nos próximos anos. O crescimento da energia eólica em

2010 atingiu 24,3% da energia instalada, atingindo 2.705 GWh (NEOENERGIA,

2008).

Energia Fotovoltaica (Solar): Essa modalidade de energia têm se apresentado

economicamente viável aos investimentos em regiões remotas ou em pequenas

instalações. No entanto, ainda não há investimentos para produção significativa

(NEOENERGIA, 2008).

Energia das Marés (Maremotriz): Considerada uma fonte de energia alternativa

limpa e sustentável, ainda requer estudos para garantir a viabilidade econômica da

produção (NEOENERGIA, 2008).

A Capacidade instalada de geração elétrica no Brasil por tipo de Usina (MW), de acordo com

as informações publicadas no anuário estatístico de energia elétrica de 2012, estão

especificados na Figura 3.

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Tabela 1 - Capacidade Instalada de Geração Energia Elétrica

Fonte:Anuário Estatístico de Energia Elétrica, 2012.

O Brasil possui 2.674 empreendimentos de geração de energia em operação, gerando

119.336.047 Kw de potência. Há a previsão, para os próximos anos, de adição de 48.873.892

Kw na capacidade de geração do país, provenientes de 161 empreendimentos que estão

atualmente em construção e 577 outorgados (ANUÁRIO ESTATISTICO, 2012).

2.1.10 Distribuição de Energia

As distribuidoras de energia são empresas de grande porte e representam o elo entre o setor de

energia e a sociedade. Suas instalações recebem das transmissoras toda a energia necessária

para o abastecimento do país. Após a energia ser gerada na usina, trafega numa tensão que

varia de 88 Kv a 750 Kv até chegar às subestações das distribuidoras, onde são rebaixadas em

suas tensões e, por meio de fios condutores, postes e transformadores de distribuição, chegam

à unidade final em 127 Volts ou 220 Volts. Essa regra tem como exceção os consumidores

industriais que, por receberem energia em tensões mais elevadas, têm suas instalações

alimentadas diretamente das subestações da distribuidoras, pela chamada rede de

subtransmissão (ATLAS - ANEEL, 2008).

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O mercado de distribuição de energia é composto por 63 concessionárias, responsáveis pelo

fornecimento de energia a mais de 61 milhões de consumidores. O controle dessas

companhias pode ser estatal ou privado.

A conexão e o atendimento ao consumidor, qualquer que seja o seu porte, são atendidos pelas

distribuidoras de energia. Além das distribuidoras, também atendem ao consumidor as

cooperativas de eletrificação rural, entidades de pequeno porte, transmitem e distribuem

energia exclusivamente para os associados. A Figura 3, explica todo o caminho percorrido

pela energia desde sua geração até a entrega aos consumidores livres e cativos.

Figura 3 - Relação entre agentes e Consumidores

Fonte:Aneel

As atividades desenvolvidas pelas distribuidoras de energia e o cumprimento do estabelecido

no contrato de concessão são rigorosamente controlados e fiscalizados pela ANEEL. O

principal objetivo da distribuidora é o atendimento ao cliente final, além de desenvolverem

programas especiais e compulsórios com foco no consumidor. Esses programas a que as

distribuidoras estão obrigadas, entre eles o baixa renda (tarifas diferenciadas a consumidores

que atendem a determinadas especificidades de consumo e renda), o luz pra todos

(universalização do consumo de energia) e a regularização da perda de distribuição (roubo de

energia) permitem a inserção social da população mais pobre ao acesso à rede elétrica

(ATLAS - ANEEL, 2008).

As distribuidoras têm em seu escopo a implementação de projetos de eficiência energética e

de P&D (Pesquisa e Desenvolvimento) e devem destinar um percentual de sua receita

operacional líquida a essas atividades, que dependem da autorização da ANEEL para serem

implementadas.

Mensalmente, as distribuidoras enviam as faturas para as residências dos consumidores com o

valor do KWh consumido multiplicado pelo valor da tarifa, que totaliza o valor a pagar por

cliente. Nessa tarifa cobrada pela energia consumida estão inseridos os custos com impostos e

os encargos setoriais, que vão para o governo. Já a parcela que fica com a distribuidora é

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utilizada para remunerar os acionistas, realizar novos investimentos em expansão e

manutenção da rede de distribuição e cobrir seus custos.

Até a década de 90, essa tarifa era única para todas as concessionárias de distribuição de

energia, independente de sua eficiência. Esse sistema não incentivava a busca pela eficiência,

já que o seu custo era integralmente repassado ao consumidor. Em 1993, com a lei nº 8.631,

as tarifas passaram a ser fixadas por empresa, conforme característica de cada área da

concessão (ATLAS - ANEEL, 2008).

Os encargos setoriais estão embutidos no custo da tarifa, como forma de subsídio com o

propósito de desenvolver e financiar programas voltados para o setor de energia definidos

pelo governo. Seus valores são definidos por resoluções e despachos, para serem recolhidos

dos consumidores por meio da tarifa de energia elétrica.

Alguns encargos têm a finalidade de incentivar a pesquisa para o uso de fontes alternativas de

energia; outros contribuem para a universalização do acesso à energia elétrica e para redução

dos custos das tarifas cobradas em regiões remotas do país, como a região norte, que é

abastecida por usinas a óleo diesel e não está conectada ao SIN, entre outras finalidades.

Portanto, esses encargos setoriais elevam a tarifa e, consequentemente, a capacidade de

pagamento pelo consumidor.

Quadro 1 - Principais encargos inseridos na tarifa de energia

Fonte:Aneel, 2008.

De acordo com a Medida Provisória nº 579, de 11 de setembro de 2012, art.21, ficam

desobrigadas a recolher a quota anual da RGR, a partir de 1º de janeiro de 2013, as

concessionárias e permissionárias de distribuição de energia elétrica, as concessionárias de

serviço público de transmissão de energia elétrica, licitadas a partir da publicação desta

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medida provisória, e as concessionárias de serviço público de transmissão e geração de

energia elétrica, prorrogadas ou licitadas nos termos desta medida provisória. Essa Medida

Provisória é a primeira manifestação da vontade do governo em diminuir o custo da energia

elétrica para o consumidor.

Com relação aos tributos, são compulsórios, determinados por lei e asseguram ao governo

recursos para o desenvolvimento de suas atividades e estão nos custos de energia.

Os contratos de concessão das distribuidoras de energia têm previsão de três mecanismos de

atualização de tarifas: Reajuste anual, Revisão Tarifária e Revisão Tarifária Extraordinária.

O Reajuste Anual estabelece a recomposição dos custos da concessionária de acordo com os

cálculos estabelecidos no contrato de concessão, sendo concedido anualmente, na data de

aniversário do contrato, exceto no ano em que está prevista a Revisão Tarifária.

A Revisão Tarifária é uma verificação mais minuciosa dos custos da concessionária, com a

qual a ANEEL faz uma análise completa dos custos eficientes e da remuneração dos

investimentos prudentes. Esse mecanismo se diferencia do Reajuste Tarifário por ser mais

amplo e, por considerar todos os investimentos e receitas para um novo patamar de tarifa mais

condizente com o mercado e com a estrutura da distribuidora.

A Revisão Extraordinária acontece quando algum motivo imprevisível e justificado ocasiona

algum desequilíbrio econômico-financeiro da concessão ― como exemplo recente, no Brasil,

está o racionamento de energia em 2001.

Para aplicação dos reajustes nas tarifas de energia, os consumidores são identificados por

classes e subclasses de consumo: residencial, industrial, comercial e serviços, rural, poder

público, iluminação pública, serviço público e consumo próprio. Cada classe tem uma

estrutura tarifária distinta, de acordo com suas particularidades de consumo e de demanda de

potência:

Alta Tensão: A1-Tensão de fornecimento igual ou superior a 230 Kv;

A2-Tensão de fornecimento de 88 Kv a 138 Kv;

A3-Tensão de fornecimento de 69 Kv;

A3a-Tensão de fornecimento de 30 Kv a 44 Kv;

A4-Tensão de fornecimento de 2,3 Kv a 25 Kv;

A5-Tensão de fornecimento inferior a 2,3 Kv atendida no sistema subterrâneo

de distribuição e faturada excepcionalmente no grupo A.

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Baixa Tensão: B1- Residencial e residencial baixa renda;

B2- Rural, cooperativa de eletrificação rural e serviço público de irrigação;

B3- Demais classes;

B4- Iluminação Pública.

A classificação dos clientes da classe residencial do faturamento das distribuidoras de energia

divide-se em três tipos: monofásico, bifásico e trifásico. O número de fases da ligação da

energia deste consumidor aumenta de acordo com a carga e a demanda da unidade

consumidora e visa a garantir maior qualidade e segurança no fornecimento de energia.

2.1.11 Comercialização de Energia

O agente comercializador de energia elétrica foi instituído pela lei nº 9.427/1996. Trata-se de

um novo tipo de empreendedor que comercializa a energia elétrica sem ser o concessionário

dos equipamentos e instalações. Exerce suas atividades vendendo energia no atacado, pois a

energia no varejo (consumidor final) é exclusividade das distribuidoras de energia. A

atividade de comercialização depende de prévia autorização da ANEEL, conforme art.26 da

lei nº 9.427/1996, que vigorará por um prazo de vinte anos, podendo ser revogada por

solicitação do mesmo ou por infringência às normas estabelecidas que lhes forem aplicadas. A

comercialização de energia elétrica pode compreender a compra, a importação, a exportação e

a venda de energia elétrica a outros comercializadores ou a consumidores livres que tenham

nos termos da legislação a opção de escolher seus fornecedores (GANIM, 2009).

2.1.11 Transmissão de Energia

O Sistema de transmissão é responsável pelo transporte de energia a partir dos centros de

produção até os centros de consumo. A eletricidade geralmente é transmitida a longas

distâncias através de linhas aéreas de transmissão, que compreendem toda a rede que interliga

as geradoras às subestações de distribuição. A Figura 4 mostra a estrutura física das torres de

transmissão de energia.

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Figura 4 - Transmissora de Energia Elétrica

Fonte: Fotos do autor

As linhas são classificadas quanto ao nível de tensão pelos seguintes grupos:

Linhas de distribuição: Tensão de 13,8 KV e 34,5 KV.

Linhas de Alta Tensão (AT): Tensão de 69 KV, 138 KV e 230KV.

Linhas de Extra Alta Tensão (EAT): Tensão de 345 KV, 500 KV e 765

KV.

As linhas de ultra alta tensão (UAT), com tensão superiores a 765 KV, ainda não existem no

Brasil.

As linhas de transmissão possibilitam as trocas de energia por todo o país, pois tão necessário

quanto a produção de energia elétrica é o seu transporte até os grandes centros consumidores.

Para garantir que a enorme estrutura de transmissão do Brasil opere sem problemas, é

necessário um exaustivo trabalho de manutenção, que inicialmente é feito de forma visual,

percorrendo todo o trajeto da linha e vendo a suas condições. Com base nessa inspeção, é

elaborado relatório de manutenção e enviado às equipes para que sejam feitos os devidos

reparos. A outra forma de análise é através do vibrógrafo, aparelho desenvolvido pelos

pesquisadores da universidade de Londrina com apoio da Eletrobrás, que mede as vibrações

eólicas que afetam as linhas de alta tensão e possibilitam prever as possíveis rupturas nos

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cabos. A partir dessa inspeção, segue relatório para área de manutenção fazer as devidas

correções na Linha.

A grande extensão do sistema de transmissão brasileiro é explicado pela dimensão continental

do país e por ter as maiores e principais usinas hidrelétricas situadas a longas distâncias dos

centros de consumo. Após deixar a usina, independente do tipo de fonte geradora, a energia

elétrica trafega em tensões que variam entre 13,8 KV (quilovolts) a 750 KV. Nas subestações

próximas ao ponto de entrega4 localizado nas cidades, sua tensão é rebaixada para atender o

consumidor pela rede de distribuição, numa tensão entre 127 a 220 volts.

Até 1999, o Brasil possuía dois subsistemas de transmissão independentes, o sul-sudeste-

centro-oeste e o norte-nordeste. Isso impactava diretamente na eficiência do sistema devido à

exposição às variações climáticas e energéticas das várias regiões do país. Atualmente, esse

sistema está totalmente interligado, o que permite a contínua e permanente troca de energia

entre as regiões, possibilitando uma operação mais econômica, flexível e segura das

instalações que compõem o Sistema Interligado Nacional.

A expansão do Sistema de Transmissão do Brasil tem ocorrido de forma semelhante à

expansão da geração de energia, através dos leilões públicos realizados pela ANEEL, nos

quais os vencedores são elegíveis pelo critério do menor valor da receita e, no caso da

transmissão, pela menor RAP. O objetivo do marco regulatório tem sido atingido, pois os

leilões têm atraído o investidor privado e o público, e os deságios ofertados pelos

participantes têm sido cada vez maiores, fazendo com que os lucros desse segmento sejam

minimizados e garantindo a modicidade tarifária, que tem como objetivo proporcionar

menores tarifas para o consumidor.

Os projetos para Linhas de Transmissão se caracterizam pelos reduzidos riscos operacionais e

de implantação. Geralmente, a engenharia utilizada na construção é simples, e a tecnologia

dos equipamentos utilizados é internacionalmente conhecida. É importante ressaltar que os

riscos ambientais nesse segmento elétrico é mínimo, se comparados aos riscos do segmento

da geração de energia. Essas características peculiares ao negócio da transmissão foram

institucionalmente desenvolvidas para garantir a atratividade aos investidores.

Importa ressaltar, nesse contexto, que o BNDES tem sido o principal agente financeiro de

longo prazo dos projetos de construção de Linhas de Transmissão de Energia.

4 Ponto de entrega de energia será a conexão do sistema elétrico das concessionárias com as instalações

de utilização de energia do consumidor. (ANEEL)

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O Serviço Público de Transmissão de Energia Elétrica, por seu turno, é regulado basicamente

por seis tipos de contratos, conforme mostra o Quadro 2:

TIPOS DE CONTRATOS DO SERVIÇO PÚBLICO

DE TRANSMISSÃO DE ENERGIA

Contrato de

Concessão CC

Responsável pelas diretrizes regulatórias para construção,

operação e manutenção das LT's;

Contrato de

Prestação de

Serviço de

Transmissão

CPST

Neste contrato ficam estabelecidas as condições de

administração e coordenação da prestação do serviço de

transmissão sob responsabilidade do ONS, que representa as

Transmissoras diante dos usuários do sistema de transmissão

Contrato de

Compartilhamento

de Instalações

CCT

Neste contrato estão contidas todas as regras de comercialização,

procedimentos e técnicas operacionais que vão regular os pontos

de conexão entre os usuários da rede básica e a conexão da

Linha de Transmissão;

Contrato de Uso

do Sistema de

Transmissão

CUST Neste contrato estão estabelecidas as regras para o uso da Rede

Básica;

Contrato de

Constituição de

Garantia

CCG

Neste contrato estão estabelecidas cláusulas que garantem o

cumprimento das obrigações do Contrato de Uso do Sistema de

Transmissão.

Quadro 2 - Tipos de Contratos

Fonte:Aneel, 2008.

A Transmissão de Energia é um negócio que não se caracteriza pela venda e a

comercialização de energia. A receita dessa atividade está vinculada a disponibilidade de suas

instalações ao Sistema Nacional Interligado, de acordo com o estabelecido na Lei nº 9.648, de

27 de maio de 1998, que, em seu art. 9º, determina ser de responsabilidade da ANEEL “

regular as tarifas e estabelecer as condições gerais de contratação do acesso e uso dos

sistemas de transmissão”.

Anualmente a ANEEL, por meio de Resolução Homologatória, publicada no ano corrente

para vigência no mês de julho do mesmo ano, define a RAP e a correção dessa receita pelos

índices estabelecidos no contrato de concessão. Essa tarifa, homologada em resolução, deverá

cobrir os custos necessários ao atendimento do serviço de transmissão de forma eficiente.

As concessionárias de transmissão integrantes da rede básica e que se encontram em operação

devem informar mensalmente ao ONS os valores medidos em cada ponto de conexão para

fins de contabilização, orientação do faturamento e operação, de acordo com o estabelecido

pela Resolução 247/1999, art.3º. Essa mesma resolução traz, em seu art.5º, que o uso das

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instalações de transmissão da rede básica pelos acessantes5 se dará pela celebração de CUST

com o ONS; para se conectarem às instalações de transmissão devem celebrar CCT com as

concessionárias detentoras dessas instalações, sempre com a intervenção do ONS, conforme

estabelecido no art.6º dessa mesma resolução.

Após a medição de demanda de potência em todos os pontos de conexão dos acessantes, as

concessionárias de transmissão de energia deverão informar esses valores à ONS, que, na

posse dessa informação, efetuará a administração da cobrança, da liquidação dos encargos,

emitirá avisos de débito aos acessantes do sistema e aviso de crédito às transmissoras

calculados mensalmente com base no duodécimo da RAP. No entanto, é de responsabilidade

da transmissora a emissão mensal dos documentos de cobrança com o valor cabível a cada

acessante, conforme os valores constantes do aviso de crédito enviado pelo ONS. O ONS

enviará a cada acessante um documento de cobrança pelo serviço prestado na cobrança e

liquidação dos encargos.

A RAP é a remuneração que as transmissoras recebem para disponibilizar o transporte de

energia ao operador nacional do sistema elétrico e prestar o serviço público de transmissão

aos usuários acessantes.

De acordo com a Resolução Normativa nº 230/2006, o reajuste da RAP é realizado

considerando-se:

1 – Para as transmissoras que celebraram contrato de concessão até 2006, a RAP é

atualizada com base no índice geral de preços do mercado (IGP-M) da Fundação

Getúlio Vargas (FGV).

2- Para as transmissoras que celebraram contrato de concessão assinados a partir de

2006, a RAP é atualizada com base no índice de preços ao consumidor amplo (IPCA)

do instituto brasileiro de geografia e estatística (IBGE).

A RAP do serviço público de transmissão de energia elétrica concedido é fixada pelo preço da

proposta vencedora da licitação e preservada pelas regras de revisão tarifária previstas na Lei

nº 8.987, de 13 de fevereiro de 1995, no edital e no contrato de concessão. É resultante do

resultado positivo da oferta vencedora da licitação (modalidade leilão).

5Acessantes do sistema elétrico: Consumidor, Central geradora, distribuidora, agente importador ou

exportador cujas instalações se conectem ou injetem potência ativa no sistema elétrico (PRODIST-ANEEL,

01/01/2011).

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A RAP é definida no valor da proposta financeira vencedora do leilão, sendo que a partir do

16º (décimo sexto) ano até o final do prazo da concessão (30 anos), a RAP é de 50%

(cinquenta por cento) da RAP do 15º (décimo quinto ano).

Para o cálculo da RAP é necessário inicialmente considerar o investimento do negócio que

deve ser estabelecido no projeto. Tais investimentos associados aos projetos devem ter as

premissas regulatórias e o retorno esperado pelo investidor.

De posse do valor do investimento inicial é preciso ajustá-lo de maneira a levar em

consideração a estrutura de desembolsos financeiros ao longo da fase de construção do

empreendimento, que é a fase pré-operacional da obra.

Um projeto de construção de um empreendimento de transmissão de energia elétrica passa

pelas seguintes etapas:

(1) Determinação dos valores do orçamento do investimento (obra) pela

ANEEL;

(2) Assinatura do contrato de concessão entre a ANEEL e a empresa vencedora

da licitação;

(3) Construção;

(4) Operação;

(5) Fim da Concessão;

(6) Reversão das Instalações ao Poder Concedente.

O início das operações ocorre, em média, 24 meses após a assinatura do contrato, e a empresa

passa então a fazer jus à RAP, pelo prazo da concessão. Essa receita será reajustada

anualmente, a partir da assinatura do contrato de concessão, no mês de julho de cada ano.

Além disso, a RAP será reajustada pelo índice definido em contrato.

A ANEEL busca estabelecer mecanismos para repassar aos consumidores os possíveis ganhos

de alavancagem financeira. Com isso, será assegurado o repasse ao consumidor dos ganhos

eventualmente obtidos com o financiamento. Por outro lado, também assegura ao investidor

que as variações na taxa de juros de capital de terceiros (positivos ou negativos) serão

repassados para a RAP, o que certamente reduz o risco do investimento.

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Os encargos setoriais e tributários embutidos na RAP foram considerados os contidos na

Legislação e nos contratos de concessão.

Encargo Taxa Amparo Legal

RGR

Quota Anual de Reserva Global

de Reversão 2,5% Lei nº 5.655, de 20 de maio de 1971

Lei nº 9.427, de 26 de dezembro de

1996

Lei nº 9.648, de 27 de maio de 1998

TFSEE Taxa de Fiscalização dos

Serviços de Energia Elétrica 0,5%

Lei nº 9.427, de 26 de dezembro de

1996

P&D Pesquisa e Desenvolvimento 1,0% Lei nº 9.991, de 24 de julho de 2000

Quadro 3 - Encargos setoriais considerados na RAP

Fonte: ONS, 2012.

Encargos Tributários são inclusos na RAP. considerando–se o regime de tributação da

transmissora e o enquadramento do investimento no REIDI.

Tributo Regime

Cumulativo

Regime Não

Cumulativo

Contribuição para o Financiamento

da Seguridade Social COFINS 3,00% 7,60%

Programas de Integração Social e de

Formação do patrimônio do Servidor

Público

PIS/PASEP 0,65% 1,65%

PIS/COFINS - Nominal (Enquadramento no REIDI) 3,65% 9,25%

PIS/COFINS - Aliquota Regulatória 3,65% 7,74%

Quadro 4 - Encargos Tributários

Fonte: ONS, 2012.

Todos os agentes da transmissão de energia, após ativação técnica de todos os equipamentos

instalados nas linhas e subestações, devem mensalmente enviar medições à ONS, para que

sejam feitos os faturamentos de todos os agentes que fazem parte da Rede Básica de

Transmissão de Energia Elétrica no Brasil. O Quadro 5 apresenta todos os agentes de

transmissão cadastrados no ONS.

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CONCESSIONÁRIAS DE TRANSMISSÃO

Afluente Geração e Transmissão de Energia Elétrica S.A. Empresa Regional de Transmissão de Energia S.A. – ERTE

Amazônia – Eletronorte Transmissora de Energia S.A. – AETE Everecy Particiapações Ltda.

ARTEMIS Transmissora de Energia S.A. Expansion Transmissão de Energia Elétrica Ltda. – EXPANSION

ATE Transmissora de Energia S.A. – ATE Expansion Transmissão Itumbiara Marimbondo Ltda. - ETIM

ATE II Transmissora de Energia S.A. – ATE II Furnas Centrais Elétricas S.A. – FURNAS

ATE III Transmissora de Energia S.A. – ATE III Integração Transmissora de Energia S.A - INTESA

ATE IV – São Mateus Transmissora de Energia S.A. – ATE IV Interligação Elétrica de Minas Gerais S.A – IEMG

ATE V – Londrina Transmissora de Energia S.A. – ATE V Interligação Elétrica Norte e Nordeste S.A. - IENNE

ATE VI - Campos Novos Transmissora de Energia S.A – ATE VI Interligação Elétrica Pinheiros S.A. – IE PINHEIROS

ATE VII – Foz do Iguaçu Transmissora de Energia S.A. – ATE VII Interligação Elétrica Serra do Japi S.A.

BRASNORTE Transmissora de Energia S.A. Interligação Elétrica Sul S.A. – IESUL

BRILHANTE Transmissora de Energia S.A. IRACEMA Transmissora de Energia S.A.

Cachoeira Paulista Transmissora de Energia S.A. – CPTE Itumbiara Transmissora de Energia Ltda – ITE

CATXERÊ Transmissora de Energia S.A. Jauru Transmissora de Energia S.A. - JTE

CELG Geração e Transmissão S.A. LIGHT Energia S.A.

CEMIG Geração e Transmissão S.A. Linhas de Transmissão ITATIM Ltda.

Centrais Elétricas do Norte do Brasil S.A. – ELETRONORTE LT Triângulo S.A.

CIEN - Companhia de Interconexão Energética Lumitrans Companhia Transmissora de Energia Elétrica S.A – LUMITRANS

Companhia de Transmissão Centroeste de Minas NTE – Nordeste Transmissora de Energia S.A.

Companhia Estadual de Geração e Transmissão de Energia Elétrica – CEEE-GT Pedras Transmissora de Energia Ltda. – PEDRAS

Companhia Hidro Elétrica do São Franscisco – CHESF Poços de Caldas Transmissora de Energia S.A. - PCTE

Companhia Transirapé de Transmissão – TRANSIRAPÉ Porto Primavera Transmissora de Energia Ltda – PPTE

Companhia Transleste de Transmissão – TRANSLESTE Ribeirão Preto Transmissora de Energia S.A. – RPTE

Companhia Transudeste de Transmissão – TRANSUDESTE Empresa de Transmissão de Energia do Rio Grande do Sul S.A. - RS ENERGIA

Copel Geração e Transmissão S.A. – COPEL SE Narandiba S.A.

Coqueiros Transmissora de Energia Ltda Serra da Mesa Transmissora de Energia Ltda. - SMTE

CTEEP - Companhia de Transmissão de Energia Elétrica Paulista Serra Paracatu Transmissora de Energia Ltda.- SPTE

ELETROSUL Centrais Elétricas S.A. – ELETROSUL STC - Sistema de Transmissão Catarinense S/A

Empresa Amazonense de Transmissão de Energia S.A. – EATE STE - Sul Transmissora de Energia S.A.

Empresa Brasileira de Transmissão de Energia S.A. – EBTE STN – Sistema de Transmissão Nordeste S.A.

Empresa Catarinense de Transmissão de Energia S.A. – ECTE Transenergia Renovável S.A. - TER

Empresa de Transmissão de Energia do Alto Uruguai S.A. – ETAU Transmissora Aliança de Energia Elétrica – TAESA

Empresa de Transmissão de Energia do Mato Grosso S.A. – ETEM Transportadora Matogrossense de Energia - TME

Empresa de Transmissão do Espírito Santo S.A. – ETES Uirapuru Transmissora de Energia S.A.

Empresa Norte de Transmissão de Energia S.A. – ENTE Vila do Conde Transmissora de Energia Ltda. – VCTE

Empresa Paraense de Transmissão de Energia S.A. – ETEP

Quadro 5 - Agentes de Transmissão

Fonte:ONS,2012.

A Transmissão de Energia no Brasil precisa melhorar na qualidade do transporte e expansão

no escoamento da energia gerada. Por ser um investimento com baixo risco e de alta liquidez,

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os leilões para adquirir essas concessões de novas transmissoras têm atraído o investidor

público e privado.

O investidor privado que se destaca nesse cenário é o Grupo Alupar Investimento S/A, uma

holding com atuação no segmento de Geração e Transmissão de Energia elétrica no Brasil e

na América Latina. No segmento de Transmissão Elétrica no Brasil, é a quarta maior

companhia em termos de Receita Anual Permitida, sendo a de maior controle nacional

privado.

2.2 A ADOÇÃODA ICPC-01 E A NOVA ESTRUTURA CONTÁBIL DAS EMPRESAS DE TRANSMISSÃO DE ENERGIA

A transmissão de energia elétrica, por ser um serviço público outorgado através de contrato de

concessão, está obrigada pela lei societária a publicar suas demonstrações contábeis com as

alterações provenientes da ICPC-01-Contratos de Concessão. Diante dessa compulsoriedade,

as demonstrações contábeis contêm em suas estruturas as novas mudanças que introduziram

uma nova ótica para o negócio, uma visão analítica diferente da que o público dessas

informações estava acostumado.

2.2.1 Adoção do ICPC 01 nas empresas de transmissão de energia elétrica

As empresas de transmissão de energia elétrica estão subordinadas às regras do poder

concedente e recebem delegação para a prestação do serviço público de transmissão de

energia, iniciada a partir da assinatura do contrato de concessão. As normas para outorga e

prorrogação das concessões dos serviços públicos estão normatizadas pela Lei nº 8.987, de

13/02/1995, complementada pela Lei nº 9.047, de 07/07/1995, que tratou diretamente de

assuntos específicos para o setor elétrico. As empresas de transmissão, por serem

concessionárias de serviço público, têm a obrigatoriedade para fins societários da adoção das

regras emitidas pelo CPC - Comitê de Pronunciamentos Contábeis e, para fins regulatórios,

devem atender às determinações legais do agente regulador - ANEEL.

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O International Accounting Standards Board (IASB) emitiu a IFRIC 12, que é a

normatização para os contratos de concessão, publicado pela European Commission

(Comissão Européia) e pelo Parlamento Europeu, em junho de 2008, com aplicação

obrigatória retroativa a partir de janeiro de 2008. No Brasil, essa norma foi instituída com a

publicação da lei 11.638/2007 e divulgada pelo CPC - Comitê de Pronunciamentos Contábeis.

Com relação à IFRIC 12, Ernst & Young e Fipecafi (2010, p. 172), antes de sua aplicação

no Brasil, expuseram seus questionamentos sobre a norma conforme os seguintes pontos:

[...] não fornecem orientações específicas às concessionárias (operadoras)

acerca de questões:

a) A concessionária deve registrar a infraestrutura do serviço público

existente?

b) A concessionária deve contabilizar a infraestrutura de serviço público

por ela adquirida ou construída?

c) A concessionária deve contabilizar a contraprestação por ela recebida

segundo os termos do acordo, ou seja, caixa e equivalentes de caixa e

outros itens sobre direitos sobre a infraestrutura?

d) A concessionária deve contabilizar as obrigações assumidas segundo os

termos do contrato?

A indústria de energia (Distribuição, Transmissão e Geração) foi bastante afetada em seus

processos contábeis após a publicação da ICPC 01. Muitas discussões foram feitas com os

órgãos reguladores, agentes do setor e empresas de auditoria com o propósito de esclarecer o

tipo de contrato que estaria no escopo dessa norma. Por fim, chegou-se a um consenso sobre o

tema e, a partir de então, foi emitida a orientação OCPC 05, que estabeleceu o modelo que

melhor reflete os negócios de serviço público de energia concedido.

Aplica-se a ICPC 01 a entidades privadas de serviço público, caso:

O concedente controle ou regulamente quais serviços o Concessionário deve

prestar com a infraestrutura, a quem os serviços devem ser prestados e o seu preço;e

O concedente controle – por meio de titularidade, usufruto ou de outra forma –

qualquer participação residual significativa na a infraestruturano final do prazo da

concessão.

Aplica-se também:

À infraestrutura construída ou adquirida junto a terceiros pelo concessionário

para cumprir o acordo de prestação de serviços; e

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À infraestrutura já existente, por meio da qual o concedente dá acesso ao

concessionário para efeitos do acordo de prestação de serviços.

As alterações introduzidas por essa interpretação alteram a contabilização dos ativos

imobilizados e da Receita de Transmissão. As transmissoras disponibilizam suas instalações

para a operação do SIN, firmando o contrato de prestação de serviços de transmissão- CPST

com o ONS e, em contrapartida, recebem uma RAP, independente do fluxo de energia que

passa por suas instalações e, portanto, as instalações e a remuneração recebidas pela RAP são

consideradas ativos financeiros à medida que têm o direito contratual de receber dinheiro ou

outro ativo financeiro do concedente.

A IFRIC 12- ICPC 01 estabelece o entendimento para a atividade de transmissão de energia,

classificando o ativo financeiro como Empréstimo e Recebíveis. Como composição dos

custos, têm-se (i) a capitalização do custo de empréstimo, que não deve ser considerada no

imobilizado; (ii) a variação na taxa efetiva deverá ser ajustada diretamente no resultado no

momento em que for apurada a diferença entre o realizado e o orçado. O reajuste da RAP

deve ser mensal.

Em virtude das discussões dos agentes reguladores e dos concessionários sobre a ICPC 01, o

CPC editou a Orientação Técnica OCPC 05, com a finalidade de esclarecer dúvidas quanto à

adoção da Interpretação Técnica ICPC 01 - Contratos de Concessão pelas empresas reguladas

brasileiras.

A atividade de transmissão, que é o foco deste trabalho, apresenta as seguintes características

em seus contratos de concessão:

a) As empresas de transmissão têm a obrigação contratual de construir, operar, e manter

a infraestrutura. A obrigação da construção da infraestrutura pode estar caracterizada de forma

implícita ou explícita no contrato de concessão;

b) A maioria dos contratos tem o prazo de concessão por 30 anos;

c) Na média, a vida útil econômica estimada do conjunto dos bens integrantes da

infraestrutura é superior ao prazo de concessão;

d) A atividade de transmissão não é competitiva. Não existe competição entre empresas

(existe entre os investidores, para obtenção da concessão);

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e) A concessionária (empresa transmissora/operadora) é interposta entre o poder

concedente e os usuários;

f) A atividade é sujeita à condição de generalidade (direito de livre acesso) e de

continuidade;

g) Alguns contratos têm garantia de manutenção do equilíbrio econômico-financeiro;

h) O contrato estabelece quais os serviços e para quem (usuários) o serviço deve ser

prestado;

i) O preço é regulado (tarifa) e denominado receita anual permitida (RAP). A

transmissora não deve negociar preços com usuários. Geralmente, a RAP está sujeita a revisão

anual devido ao aumento de ativos e de despesas operacionais decorrentes de modificações,

reforços e ampliações de instalações;

j) Os bens são reversíveis ao poder concedente no final da concessão, com direito de

recebimento de indenização (caixa) do poder concedente sobre os investimentos ainda não

amortizados;

k) As linhas de transmissão são de uso dos geradores, das distribuidoras, dos

consumidores livres, exportadores e importadores.

O entendimento do mercado e dos reguladores é que a atividade de transmissão no Brasil foi

planejada para ser adimplente, garantir a saúde financeira e evitar risco de crédito do sistema

de transmissão.

De acordo com a OCPC 05, o modelo de contabilização para a infraestrutura a ser usada pelas

concessionárias de transmissão de energia é o Modelo Ativo Financeiro e deve seguir as

seguintes orientações:

a) aplicação retroativa de todos os contratos de concessão assinados após 1995

(novas licitações) para evitar distorções na apuração da taxa efetiva de juros do ativo

financeiro relacionado à construção;

b) critério para a separação (alocação) da receita de construção, operação e

manutenção do total do contrato;

c) aplicação do índice de inflação do contrato para calcular corretamente a

inflação já incorrida do valor total do contrato e respectiva alocação entre receita de

construção, operação e manutenção;

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d) apuração da remuneração incorrida da parcela do ativo financeiro da

construção, da operação e da manutenção separadamente;

e) critério de separação do valor do faturamento mensal (fluxo de caixa) para

alocação da parcela de receita de operação e manutenção e da parcela a ser reduzida do

saldo do ativo financeiro, considerada como amortização do contrato (recebimento);

f) critério de apuração da margem de construção;

g) critério para apuração da taxa efetiva de juros.

Com relação à atividade de transmissão, todos os novos reforços (ampliação das linhas de

transmissão) autorizados pelo regulador, independentemente do tipo de contrato de concessão

assinado, têm nas adições de equipamento por obras em expansão e reforço, geração de

fluxo de caixa adicional e, portanto, esse novo fluxo de caixa (receita de construção) deve ser

incorporado ao saldo do ativo financeiro, devendo uma nova taxa efetiva de juros ser apurada

pelo prazo remanescente da concessão para essa parcela (novo ativo financeiro).

Quando ocorrerem novas adições de ativos por motivo de substituição e baixas de

equipamentos, as empresas de transmissão somente podem registrar esse novo ativo

financeiro, no caso dessas adições por substituição gerarem fluxo de caixa adicional líquido

das eventuais baixas (Interpretação OCPC 05).

2.2.2 Modelo Ativo Financeiro

No modelo ativo financeiro os ativos da concessão, bens reversíveis que são os ativos

imobilizados, não são reconhecidos nem registrados na contabilidade societária, pois entende-

se que o concessionário apenas presta um serviço e, por esse motivo, reconhece como ativo

financeiro amortizável os valores recebíveis pela prestação desse serviço público de energia.

Devido à garantia de recebimento da RAP, que contempla a construção, a operação e a

manutenção que é recebida pela disponibilidade do transporte de energia e não pela utilização

da infraestrutura por parte dos geradores, distribuidores, exportadores, importadores e

consumidores livres, os concessionários possuem o direito incondicional adquirido

contratualmente do recebimento desse ativo financeiro, que é reconhecido como valores

recebíveis pelo valor do serviço.

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O ICPC-01 modificou o tratamento econômico e contábil para os ativos imobilizados da

concessão. Para Iudícibus et al. (2010, p. 147), o modelo proposto pela ICPC 01 alterou

substancialmente a maneira como determinados tipos de concessão são contabilizados no

cenário nacional, haja vista que o foco passa a ser a essência econômica da transação e não a

forma. Pode-se dizer que se trata de um modelo contábil mais adequado à medida que reflete

os modelos econômicos que são específicos a tais tipos de contratos.

O ativo financeiro é classificado como um instrumento financeiro recebível sendo

inicialmente mensurado pelo seu valor justo. Posteriormente, esse recebível (Caixa) é

mensurável pelo valor amortizável, que é a RAP regulatória, ou seja, pelo valor inicial

reconhecido menos os recebimentos da RAP mais os juros (WACC - utilizados para o setor

de energia como base para cálculos do modelo do negócio) sobre o valor amortizável e o

método usado para este cálculo é o método da taxa efetiva de juros.

O Pronunciamento Técnico CPC 38 – Instrumentos Financeiros: Reconhecimento e

Mensuração define a taxa efetiva de juros como “a taxa de desconto que, aplicada sobre os

pagamentos ou recebimentos futuros estimados ao longo da expectativa de vigência do

instrumento financeiro resulta no valor contábil líquido do ativo ou passivo financeiro”.

(IUDÍCIBUS et al., 2010, p. 462).

Com base na estrutura do modelo de ativo financeiro, é possível calcular o valor do ativo

financeiro (recebível) a cada ano da concessão. A Tabela 2 demonstra o resultado da

modelagem do ativo financeiro para fins de contabilização societária. No exemplo usado, o

valor de R$ 80.458 representa o investimento total na construção da infraestrutura ― ativos

da concessão até 31.12.2011―; a receita de construção de R$ 1.904 são as novas adições no

período em construção da infraestrutura; a recuperação do ativo financeiro refere-se a RAP

recebida para os dois meses de operação da transmissora (exemplo usado); o resultado da

operação refere-se ao percentual usado para a margem da atividade de transmissão na

modelagem, ou seja, quanto de margem operacional é preciso para cobrir os custos. O total de

receita financeira R$ 2.792 é a TIR do negócio, ou seja, o retorno do investimento com a

utilização de uma taxa de 3,5%, que, no modelo acima, refere-se à taxa que o investidor usou

como retorno do investimento para entrar no leilão.

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Tabela 2 - Modelagem do ativo financeiro(R$/MIL) – Transmissoras Alupar

Ativo Financeiro-Data Base 31/12/2011

Ativo Financeiro Inicial 80.458

Receita da Construção 1.904

Recuperação do Ativo Financeiro - 482

Resultado da Operação 65

Receita Financeira 2.792

Ativo Financeiro Final 84.737

Taxa de Aplicação 3,50%

AF CIRCULANTE 10.497

AF NÃO CIRCULANTE 74.240 Fonte: Dados da pesquisa.

2.2.3 Contabilização do Ativo Financeiro

O CPC 38 estabelece que um ativo financeiro deve ser classificado como:

a) empréstimo ou recebível;

b) ativo financeiro disponível para venda;

c) ativo financeiro mensurado ao valor justo por meio do resultado.

No caso de a contabilização do ativo financeiro ser registrada como empréstimo ou recebível

ou ativo financeiro mensurado ao valor justo por meio do resultado, o CPC (38 –

Instrumentos Financeiros obriga que a parcela referente aos juros calculados com base no

método da taxa efetiva de juros seja reconhecida no resultado e que os impactos da

contabilização dos juros devem impactar imediatamente o resultado do período.

A contabilização do ativo financeiro das transmissoras de energia elétrica, para fins

societários, está concentrada no Ativo Circulante e Realizável, enquanto a contabilidade

regulatória esse registro se concentra no Imobilizado e Intangível. Os impactos no registro

contábil dessa divergência na contabilização estão especificados no Quando 6.

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Regulamentação Descrição Contabilidade Societária Contabilidade Regulatória

ICPC 01

Ativo financeiro da

concessão

Reconhece para fins societários

todo o custo para construir a

estrutura física da Transmissão-

Obras de Infraestrutura

Não reconhece, pois o custo da

infraestrutura está demonstrado

nos ativos imobilizados da

concessão

ICPC 01

Receita da concessão

de transmissão

Resultado Operacional da

Transmissão para fins

societários, durante o prazo de

concessão

A receita do negócio

Transmissão para fins

regulatórios é reconhecida como

Receita da Transmissão da Rede

Básica

ICPC 01

Receita de

remuneração dos

ativos da concessão

Resultado Operacional da

Transmissão para fins

societários, durante o prazo de

concessão

A remuneração é reconhecida

anualmente na publicação da

Resolução Homologatória da

RAP, conforme termos do

contrato de concessão.

Aneel-Resolução

474 /2012

(-) Depreciação

acumulada

Não há depreciação, pois não

há Ativos Imobilizados

Calculados com base na

Resolução 474 de 12/02/2012,

para fins regulatórios

CPC 32 IR/CSLL Diferidos -

Receita Remuneração

Calculado sobre a

Remuneração da concessão

Não aplicável

CPC 32 IR/CSLL diferidos-

Receita Remuneração

Calculado sobre a

Remuneração da concessão

Não aplicável

CPC 20

Custos de

Empréstimos

Não fazem parte do

Investimento, é criada uma

margem de construção para a

receita de construção(Receita

de Remuneração)

São Considerados Custos do

Investimento quando os ativos

estão na fase de construção

CPC 38 Instrumentos

Financeiros

Aplicado no cálculo do ativo

financeiro

Não Aplicável

CPC 17 Receita de Construção Resultado Operacional Investimento-Imobilizado em

Curso

CPC 17 Custo de Construção Despesa Operacional Investimento-Imobilizado em

Curso

CPC 27

Imobilizado Não Aplicável Ativos da Concessão,

contabilizados no Grupo

Imobilizado

Receita

Regulatória-RAP

Receita da

Transmissão-Rede

Básica

Amortização(Recebível/Caixa)

do Ativo Financeiro ao longo

da concessão

Receita Anual Permitida-

Receita da Rede Básica

Quadro 6 - Registro dos impactos do ICPC-01 para Contabilidade Regulatória e Societária

Fonte: Dados da pesquisa.

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2.2.4 Amortização do Ativo Financeiro

O ativo financeiro é o valor recebível para a atividade de transmissão, e tem a sua amortização

ao longo da concessão.

A amortização do ativo financeiro da atividade de transmissão de energia é a recuperação

financeira, que se dá por meio do faturamento mensal da Receita Anual Permitida durante o

prazo de concessão. Para fins societários, a Receita da Rede Básica – Transmissão é

considerada amortização do Ativo Financeiro, constituído durante o período de construção da

linha.

2.2.5 Contabilidade Regulatória – Setor Elétrico

Ferreira (2009) observa que a contabilidade regulatória foi criada para um fim específico,

tendo um objetivo convergente com a contabilidade societária. No entanto, aprofunda-se na

busca da correta demonstração da situação econômica e patrimonial da atividade concedida,

servindo ainda como instrumento de controle e monitoramento dessa atividade. As empresas

de energia, dentre elas as transmissoras, devem seguir os padrões e as regras contábeis

normatizadas pela ANEEL e, assim, estão obrigadas às determinações do plano de contas

contido no Manual de Contabilidade do Setor Elétrico, estabelecido pela Resolução

Normativa nº 444/2001.

Os investimentos da atividade de transmissão de energia estão concentrados nos ativos

imobilizados regulatórios. Isso explica a preocupação da ANEEL em estabelecer suas

próprias regras regulatórias, pois, nos padrões normativos societários, o grupo de imobilizado

não mais existe.

O Departamento Nacional de Água e Energia Elétrica - DNAEE publicou, em 1994, a

Portaria nº 815, de 30/11/1994, que obriga os concessionários do serviço público de energia

elétrica a manter atualizado e organizado o cadastro de propriedade em função do serviço

concedido, conforme as “instruções para contabilização e controle do ativo imobilizado”. Para

dar continuidade ao processo de melhoria dos controles de ativos, a ANEEL publicou a

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Resolução nº 367, em junho de 2009, que está sendo um marco no setor, por possibilitar ao

agente regulador a uniformização dos controles de ativos com o objetivo de facilitar a

fiscalização e a análise.

Os ativos do setor elétrico devem ser contabilizados, inicialmente, no grupo de Ativo

Imobilizado em Curso e, após a conclusão da obra, todos os equipamentos, os serviços e os

custos indiretos e diretos serão transferidos para Imobilizados em Serviço, consolidados em

grupos de ativos chamados UAR (unidade de adição e retirada) e, a partir da Unitização, que é

a entrada da operação contábil regulatória, dar-se-á início ao processo de

amortização/depreciação.

Fica bastante claro o controle exercido sobre o patrimônio, especificadamente sobre o ativo da

concessão usado na prestação do serviço concedido, seja na adição, seja na desativação de

bens, seja na aplicação dos critérios estabelecidos para depreciação.

As diferenças encontradas entre o modelo Societário e Regulatório trazem mudanças

significativas para a forma de apresentação desses dados nos demonstrativos contábeis,

conforme demonstrado no Quadro 7.

ITEM Modelo Societário

Vigente

Modelo Regulatório

Vigente

Evidenciação do Ativo

Adquirido

Representação por meio

da conta Ativo

financeiro(Ativo

Circulante /Não

Circulante

Representação por meio

do grupo ativo

imobilizado(bens

físicos)

Evolução do ativo Amortização com base

na RAP

recebida(homologada

anualmente pela Aneel)

Depreciação com base

na vida útil do

bem(Res.474/2012)

Investimentos

Realizados

São acrescidos no

grupo ativo financeiro e

amortizados pelo prazo

de vigência do contrato,

logo que homologado

na RAP).

São acrescidos ao grupo

ativo imobilizado e

depreciados a taxas de

depreciação que

consideram a vida útil

do bem.

Quadro 7 - Diferenças Modelo Societário e Regulatório

Fonte: Dados da pesquisa.

As obras de construção da Linha de Transmissão (LT) concedida por meio de licitação na

modalidade leilão público têm início após a assinatura do contrato de concessão― chama-se

fase pré-operacional.

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Após a entrada em operação da LT, o dispêndio necessário para continuidade do serviço

público concedido está estruturado como projeto de manutenção, pois devido à inexistência de

obras de investimento que contenham novos ativos ou substituição de ativos, todo o esforço

financeiro está voltado para a manutenção dos bens do serviço público concedido.

O setor de energia direciona o esforço financeiro na construção de ativos para a geração, a

transmissão e a distribuição de energia, por esse motivo a interpretação ICPC 01 não foi

acatada pela ANEEL, por considerar que a atividade outorgada não estaria mais representada

em sua essência nas informações contábeis. Com a Resolução Normativa nº 396/2010, foi

criada a contabilidade regulatória do setor elétrico, estabelecendo regras próprias para o

registro contábil para a concessão do serviço público de energia elétrica.

Nessa Resolução Normativa nº 396/2010, ficou clara a intenção do órgão regulador de não

acatar a regra societária, pois a modificação nos registros de ativos com a ICPC 01, na visão

do regulador, não permitiria uma análise adequada da atividade outorgada. Nessa mesma

resolução, a ANEEL criou os Demonstrativos Regulatórios que deverão, além de publicados,

ser auditados pela mesma empresa que audita as Demonstrações Financeiras, conforme artigo

7º e seus parágrafos:

Art. 7º Ficam instituídas as Demonstrações Contábeis Regulatórias – DCR, cujo

modelo será estabelecido pela ANEEL, bem como os livros contábeis auxiliares

regulatórios, de adoção obrigatória pelas concessionárias e permissionárias de

serviço público de transmissão e de distribuição de energia elétrica [...].

§ 3° As Demonstrações Contábeis Regulatórias – DCR, que passam a fazer parte

integrante da Prestação Anual de Contas – PAC, deverão ser encaminhadas

devidamente assinadas pela diretoria em exercício e pelo contador responsável pela

contabilidade da concessionária e permissionária de serviço público de energia

elétrica, acompanhadas do relatório de auditoria emitido por empresa de auditoria

independente registrada na Comissão de Valores Mobiliários - CVM, mediante

procedimento a ser definido pela Superintendência de Fiscalização Econômica e

Financeira – SFF junto ao Instituto dos Auditores Independentes do Brasil -

IBRACON.

§ 4º As Demonstrações Contábeis Regulatórias – DCR deverão ser auditadas pela

mesma empresa que auditar as Demonstrações Contábeis para fins societários.

Outra regulamentação que visa um melhor controle de ativos pelo agente regulador e ao

acompanhamento das variações na substituição de ativos, bens da concessão reversíveis ao

poder concedente foi a Resolução Normativa 367/2009, que instituiu o RCP- Relatório de

Controle Patrimonial, que deverá ser enviado ao agente regulador até 31 de março do ano

subsequente ao período da obrigação regulatória.

Os principais controles e estruturas normatizados pela Resolução 367/2009 observam que:

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O controle patrimonial deverá ser feito, utilizando-se codificações específicas apresentadas no

Manual de controle Patrimonial, bem como observando-se as especificações e instruções de

elaboração e envio dos relatórios periódicos, por contrato de concessão, e atendendo a

classificação do plano de contas do setor elétrico.

O controle patrimonial é especialmente voltado para bens e instalações reversíveis

cadastrados em contas contábeis do sistema patrimonial, subsistema ativo, grupo ativo

permanente, subgrupo ativo imobilizado e intangível, conforme “Manual de contabilidade do

serviço público de energia elétrica – MCSPEE”.

Os bens e instalações, em função do serviço outorgado, serão cadastrados e controlados por

Contrato de concessão, Ordem de Imobilização - ODI, Tipo de Instalação, Centro Modular,

Tipo de UC (família), UC, UAR, conta contábil e data de sua transferência (capitalização) do

Ativo Imobilizado em Curso – AIC para o Ativo Imobilizado em Serviço - AIS.

2.2.6 Depreciação dos ativos regulatórios

Os processos de ativação, também chamados unitização, obedecem às especificações do

MCSPEE - Manual de Contabilidade do Serviço Publico de Energia Elétrica, sendo

contabilizados no ativo imobilizado em serviço (AIS), através de ordem de imobilização

(ODI). Tais processos são ser depreciados pelos critérios de depreciação linear, obedecendo

às taxas regulamentas.

Os novos ativos, investimentos realizados na concessão, integram o ativo imobilizado em

serviço (AIS) ― no caso das transmissoras, apenas as substituições de equipamentos

considerados tipo de Unidade de Cadastro (estabelecidos pela Resolução Normativa

367/2009) e os reforços autorizados pelo agente regulador podem ser capitalizados. À medida

que os investimentos aumentam, o grupo de ativo imobilizado também aumenta.

Antes de ser publicada a normatização das taxas de depreciação é feito um estudo técnico com

a colaboração de todos os agentes (Distribuição, Geração e Transmissão) para estabelecer a

vida útil para cada grupo de equipamento. Após a aceitação e o consenso acerca desse estudo

técnico pela agência reguladora, é publicada uma resolução normativa estabelecendo as novas

vidas úteis para esses ativos.

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O agente regulador, ao longo do tempo, vai adequando as novas taxas de depreciação à

realidade do setor com contribuições dos agentes e da sociedade, por meio de audiências

públicas.

A mais recente atualização das vidas úteis dos equipamentos do setor de energia foi publicada

através da Resolução Normativa 474, de 02 de fevereiro de 2012.

2.2.7 Custo de Empréstimo – Aspectos Regulatórios e Societários

Os custos de empréstimos fazem parte do custo da obra tanto para fins societários como para

fins regulatórios. As regras divergem apenas com relação ao percentual de encargos a ser

considerado na capitalização. Para a contabilidade societária, o valor dos custos dos

empréstimos deve ser considerado à taxa do agente financeiro que liberou o capital, no

entanto para a contabilidade regulatória existe o limite estabelecido na Resolução 338 de

2009, que estabelece critérios de atualização para as obras em curso que é o JOA - Juros sobre

Obras em Andamento.

É importante salientar que, na atividade de transmissão de energia, para fins societários, não

se aplica o CPC 20 – Custos de Empréstimos, pois o negócio não tem em sua estrutura ativo

imobilizado e, portanto, o custo de empréstimo somente faz parte da composição dos valores

dos ativos imobilizados em serviços regulatórios.

Para a contabilidade regulatória, a Resolução Normativa 396/2010 em seus anexos estabelece

que os juros, as variações monetárias e os encargos financeiros incidentes sobre o capital de

terceiros aplicado em obras ainda em andamento, ou seja, ainda em construção, devem ter o

montante de capital de terceiros capitalizados em obras limitado ao valor da despesa

financeira incorrida no período da construção e/ou à taxa de remuneração do custo médio

ponderado de capital e prazo médio de construção estabelecido na Resolução Normativa

338/2009 ― dos dois o menor.

As obras de construção dos ativos imobilizados da transmissão de energia geralmente são

construídas com capital de terceiros, pois, após ganho o leilão o consórcio ou a sociedade, dá

início a capitalização de capital de giro para o início das obras. É importante que o capital seja

a custos financeiros sustentáveis para a organização, pois o regulador estabelece um limite de

capitalização para esse custo financeiro com a finalidade da Modicidade Tarifária, já que o

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custo da transmissão faz parte do custo não gerencial, ou seja, é compulsório nos custos da

tarifa da Distribuição de Energia.

É importante salientar que o retorno financeiro da atividade de transmissão acontece quando

da sua entrada em operação, em torno de 01 a 02 anos após a concessão adquirida em leilão,

pois somente a partir da energização da Linha de Transmissão dá-se início ao recebimento da

RAP, que é o retorno do investimento, a entrada de capital e o retorno financeiro do serviço

concedido.

O resultado financeiro tem um tratamento específico tanto para fins societários como

regulatório, portanto seu registro leva em considerações as normatizações e a fase de

construção do negócio, de acordo com o mostrado no Quadro 8.

PRÉ-OPERACIONAL OPERACIONAL

Soc

ietá

rio

Resultado financeiro na apuração da

IFRIC 12 – O Resultado

financeiro/encargos não fazem parte

do investimento. É criada uma

margem de construção para a receita

de construção

Resultado Financeiro

Reg

ulat

ório

Os encargos financeiros na

contabilidade regulatória devem ser

registrados no custo do ativo

imobilizado em andamento

Na fase operacional o imobilizado

está em serviço, sendo assim os

encargos financeiros devem ser

alocados no resultado.

Quadro 8 - Tratamento Contábil dos Encargos Financeiros

Fonte: Dados da pesquisa.

2.2.8 A análise dos Índices Econômicos para tomada de decisão.

O papel do contador é fornecer as demonstrações financeiras para os acionistas,

administradores financeiros e dirigentes. Por meio das demonstrações financeiras, o contador

procura captar, organizar e compilar dados para fornecer informações sobre a empresa, de

acordo com as regras contábeis (MATARAZZO, 2010, p.5).

O analista de balanços, em seu turno, preocupa-se com as demonstrações financeiras que, por

sua vez, precisam ser transformadas em informações que permitam concluir se a empresa

merece ou não crédito, se vem sendo bem ou mal administrada, se tem ou não condições de

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pagar suas dívidas, se é ou não lucrativa, se vem evoluindo ou regredindo, se é eficiente ou

ineficiente, se irá falir ou se continuará operando (MATARAZZO, 2010, p.5).

Para que sejam tomadas decisões em uma empresa, o início se dá a partir de uma criteriosa

análise de balanços, pois, por meio dessa análise, é possível conhecer a política financeira e

seus objetivos. Convém ressaltar ela será utilizada como auxiliar na formulação de estratégia

da empresa e fornecer informações fundamentais sobre a rentabilidade e a liquidez em

comparação com os balanços orçados (MATARAZZO, 2010, p. 21).

De acordo com MATARAZZO (2010), o importante não é o cálculo de grande número de

índices, mas de um conjunto de índices que permita conhecer a situação da empresa, de

acordo com a profundidade da análise. Para Martins et al. (2012), também é importante

analisar a evolução dos indicadores ao longo do tempo, pois não existe um indicador

específico ou um conjunto de indicadores que resolva todos os problemas ― portanto análise

de balanços se faz lendo as demonstrações.

Os índices financeiros são uma ferramenta importantíssima para análise dos demonstrativos

contábeis, portanto se faz necessário decidir o que se pretende verificar no estudo, para a

decisão correta dos índices a serem calculados. Os principais índices usados em análise de

balanços estão especificados no Quadro 9.

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SÍMBOLO ÍNDICE CÁLCULO

Estrutura de

Capital

1. CT/PL Participação Capital de

Terceiros(Endividamento)

Composição do Endividamento

Imobilização do Patrimônio

Líquido

Imobilização dos

Recursos não Correntes

(CT/PL)x100

2. PC/CT (PC/CT)x100

3. AP/PL (AP/PL)x100

4. AP/PL+ELP [AP/(PL+ELP)]x100

Liquidez

5. LG Liquidez Geral [(AC+RLP)/(PC+ELP)]

6. LC Liquidez Corrente (AC/PC)

7. LS Liquidez Seca (AC-ESTOQUE)/PC

Rentabilidade (ou

Resultado)

8. V/AT Giro do Ativo (VENDAS LIQ. /ATIVO)

9. LL/V Margem Líquida (LL/VENDAS LIQ.)

10. LL/AT Rentabilidade do Ativo(ROA) (LL/ATIVO)x100

11. LL/PL Rentabilidade do Patrimônio

Líquido(ROE) (LL/PL(MÉDIA))x100

Quadro 9 - Resumo dos índices econômicos-financeiros

Fonte:Matarazzo, 2010.

Em virtude de os serviços públicos serem sempre de interesse nacional ― e nessa categoria se

insere o transporte de energia―, o governo acompanha o desempenho de empresas

concessionárias para saber como andam sua rentabilidade e suas políticas de desenvolvimento

(MATARAZZO, 2003, p. 37).

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De acordo com McCann (2008), os investidores tendem a procurar um lugar seguro, ou seja,

ações de empresas públicas para investir o seu dinheiro e uma avaliação mais justa exige

muito mais do que um olhar para o rendimento dos dividendos. Existem fatores qualitativos

que afetam o desempenho das empresas de energia e, portanto, é importante analisá-los,

conforme ilustra o Quadro 10.

Fatores Qualitativos

Localização

O ambiente ideal para investir em empresas do setor

elétrico, é aquele onde existe uma econômia em ascenção,

onde as previsões regionais futuras tendem ao crescimento

econômico da população.

Mix de Clientes

A base de clientes é muito importante para essas empresas

materem sua rentabilidade.Uma base de clientes

industriais e comerciais, leva a empresa a competitividade

, enquanto que tendo como base clientes residenciais, estes

proporcionam previsíveis e estáveis ganhos de fluxo de

caixa.

Competitividade

Empresas eficientes, com menor custo operacional e

consequentemente com maior margem,podem reduzir seus

preços e dessa forma melhores condições de competição

em um mercado livre para atração de novos clientes.

Mix de Produtos e Serviços

Empresas diversificadas na sua base de investimento

tendem a um melhor posicionamento no mercado,

independente de algum portfólio vir a ter problemas.

Operação da Planta (negócio)

Os analistas devem considerar o custo da planta,a

confiabilidade das operações,a qualidade do serviço, custo

da desativação,rentabilidade da planta, eficiência,

ociosidade, etc.

Estratégia

É preciso determinar a estratégia da empresa; se a gestão

deve ser agressiva ou conservadora;se são adequados à

companhia;quais são os pontos fortes e cultura e quaisas

oportunidades disponíveis.

Ambiente Regulatório

Apesar da concorrência, as empresas de energia elétrica

ainda são muito regulamentadas;portanto é necessário e

importante o estudo da tendência da regulação .

Quadro 10 - Fatores Qualitativos para análise de Empresas de Energia

Fonte:McCann, 2008.

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3 METODOLOGIA DE PESQUISA

3.1 TIPOLOGIA DE PESQUISA

Esta pesquisa, quanto aos objetivos, caracteriza-se do tipo exploratório, porquanto se pretende

ampliar o conhecimento com relação ao uso das informações contábeis para fins decisórios

com a adoção da ICPC-01 em empresas de transmissão de energia, de acordo com as

normatizações que regem o setor (BEUREN, 2008).

Quanto aos procedimentos para a coleta dos dados, esta pesquisa se caracteriza como uma

survey. Assim sendo, serão analisados dados primários, coletados através de respostas ao

questionário feito com os gestores da amostra (BEUREN, 2008).

Quanto à abordagem do problema, trata-se de uma pesquisa qualitativa. Essa abordagem é

utilizada quando se busca o entendimento sobre alguma questão (BEUREN, 2008).

Dessa forma, é empregada a técnica de interpretação de dados análise de conteúdo para as

respostas obtidas do questionário, que é o instrumento de pesquisa utilizado no estudo,

verificando-se as opiniões coletadas acerca do tema ICPC-01 e suas implicações nas decisões

gerenciais.

3.2 POPULAÇÃO E AMOSTRA

A população desta pesquisa é composta pelas empresas de transmissão de energia elétrica do

Grupo Alupar Investimento S/A, totalizando 20 transmissoras que estão na fase operacional e

pré-operacional. Como amostras para desenvolvimento deste estudo foram consideradas

apenas as transmissoras que estão na fase operacional, totalizando 15 empresas.

Essas 15 empresas fazem parte do Grupo Alupar Holding que centraliza todas as decisões

operacionais e estratégicas. Sendo assim, a amostra considerou apenas os diretores,

controllers e contadores coordenadores da Holding Alupar, totalizando 10 respondentes.

A Alupar Investimento S/A, é uma sociedade de capital aberto, que tem como objeto

principal a participação em outras sociedades atuantes no setor de energia elétrica no Brasil e

na América latina. Na Transmissão brasileira participa de 19 empresas com aproximadamente

5.465 Km de linhas, sendo que 4.750 Km estão em operação e 715 Km em fase pré-

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operacional, com voltagens entre 230Kv e 525Kv. O prazo de concessão é de 30 anos para

todas as instalações de transmissão que estão localizados nas regiões Norte e Nordeste do

País, nos estados do Pará, Maranhão, Piauí e Ceará; na região Sul, no estado de Santa

Catarina; na região sudeste, nos estados de Minas Gerais e Espírito Santo; no Centro-Oeste,

no estado do Mato Grosso; e em no futuro próximo, nos estados do Amazonas e Roraima.

Conforme publicação do 1º semestre de 2012, os investimentos em transmissão no 1º

semestre somam o montante de R$ 68, 1 milhões. A participação da Alupar em todas as

empresas de transmissão têm um percentual acima de 50%.

A Alupar vem crescendo e consolidando sua participação no setor elétrico com uma política

voltada ao crescimento consistente somado à alta eficiência operacional. Segue, abaixo, figura

5, o organograma com todas empresas em que o Grupo Alupar Investimento S/A tem

participação acionária.

Figura 5 - Organograma da Alupar Investimento S/A

Fonte: Alupar, 2011.

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O quadro contêm as 20 empresas de Transmissão do Grupo Alupar com o período de

concessão e a RAP para o ciclo 2012-2013, considerados na Resolução Homologatória 1.313

de 26 de Junho de 2012, ANEEL. TNE e ETSE não estão consideradas nessa resolução

devido ao fato de que a entrada em operação dessas empresas não estar prevista para esse

ciclo, portanto seus valores de RAP foram considerados conforme estabelecido nos Contratos

de Concessão.

A Alupar exerce administração direta nas transmissoras ETVG, ETEM, TME, ETES, TNE e

STN; nas Transmineiras, exerce o controle através da Holding TRANSMINAS S/A; através

da Holding TBE, exerce o controle na ECTE, ETEP, ETSE, ESDE, ERTE, EATE, ENTE,

LUMITRANS, STC e EBTE. Na Tabela 3, estão todas as empresas transmissoras do Grupo

Alupar S/A.

Tabela 3 - Empresas Transmissoras do GrupoAlupar Investimento S/A

DESCRIÇÃO EXTENSÃO Condições Operacionais Período

Concessão RAP-Ciclo 2012-

2013

Empresa Paraense de Transmissão de Energia S/A-ETEP

323,0 km Operacional Jun2001 a jun2031

72.847

Empresa Norte de Transmissão de Energia S/A-ENTE

464,0 km Operacional Dez2002 a Dez2032

167.314

Empresa Regional de Transmissão de Energia S/A-ERTE

179,0 km Operacional Dez2002 a Dez2032

29.568

Empresa Amazonense de Transmissão de Energia S/A-EATE

924,0 km Operacional Jun2001 a jun2031

319.748

Empresa Catarinense de Transmissão de Energia S/A-ECTE

252,5 km Operacional Nov2000 a Nov2030

70.610

Sistema de Transmissão Nordeste S/A-STN

541,0 km Operacional Fev2004 a Fev2034

133.871

Companhia Transleste de Transmissão-TRANSLESTE

150,0 km Operacional Fev2004 a Fev2034

30.326

Companhia Transudeste de Transmissão-TRANSUDESTE

140,0 km Operacional Mar2005 a Mar2035

18.797

Companhia Transirapé de Transmissão-TRASIRAPÉ

65,0 km Operacional Mar2005 a Mar2035

16.767

Sistema de Transmissão Catarinense S/A-STC

195,0 km Operacional Abr2006 a Abr2037

30.056

Lumitrans Companhia Transmissora de Energia Elétrica-LUMITRANS

51,0 km Operacional Fev2004 a Fev2034

19.783

Empresa de Transmissão do Espírito Santo S.A.-ETES

107,0 km Operacional Abr2007 a Abr2037

11.132

TRANSCHILE CHARRÚA DE TRANSMISÍON –TRANSCHILE

200,0 km Operacional chile -

Empresa Brasileira de Transmissão de Energia S.A.-EBTE

775,0 km Operacional Out2008 a Out2038

33.500

Transmissora Matogrossense de Energia S.A.-TME

348,0 km Operacional Nov2009 a Nov2039

33.388

Empresa Santos Dumont de Energia S.A.-ESDE

3km Pré-Operacional Nov2009 a Nov2039

10.098

Transmissão de Energia do Mato Grosso S.A.-ETEM

235,0 km Operacional Jul2010 a Jul2040

10.046

Empresa de Transmissão de Várzea Grande S.A.-ETVG

850m Pré-Operacional Dez2010 a Dez2040

3.398

TRANSNORTE - TRANSNORTE ENERGIA S.A-TNE

715 km Pré-Operacional Jan2012 a Jan2042

121.128

EMPRESA DE TRANSMISSÃO SERRANA S.A.-ETSE

0 km Pré-Operacional Mai2012 a Mai2042

14.423

Fonte: Alupar, 2012.

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Na fase operacional, dá-se início a realização do faturamento das transmissoras, portanto, para

esta pesquisa. serão calculados apenas os índices econômicos de rentabilidade que estão

diretamente ligados ao retorno do investimento, por serem considerados, de acordo com

Martins et al. (2012), os mais importantes na análise de balanços.

3.3 PROCEDIMENTOS DE COLETA DE DADOS

A primeira parte da pesquisa foi desenvolvida baseada na consulta das demonstrações

financeiras societárias e regulatórias publicadas nos sites das 15 empresas em operação do

Grupo Alupar Investimento S/A, para se atender ao objetivo específico 1.

Para realização das análises comparativas entre os índices econômicos das demonstrações

societárias e regulatórias, foram consideradas na base da análise apenas o ano de 2011.

Somente a partir da publicação em 30 de abril de 2012, data base 2011, das demonstrações

regulatórias, têm-se acesso público aos dados no site da própria transmissora e na SFF-

ANEEL

Foram utilizadas para a pesquisa apenas as informações públicas, adquiridas nos sites das

empresas em operação do Grupo Alupar Investimento S/A e em jornais.

Na análise comparativa entre as demonstrações de resultado regulatória e societária, calculou-

se os índices de rentabilidade com o objetivo de conhecer a variação desses índices no âmbito

regulatório e societário.

A segunda parte da pesquisa foi realizada por meio do envio de um questionário aos gestores

da holding Alupar, de forma a se buscar avaliar quais informações estão sendo consideradas

nas decisões gerenciais após a adoção da ICPC-01 - Contratos de Concessão considerando as

normas societárias e regulatórias, atendendo, assim, ao objetivo específico 2.

Foram enviados dez questionários para dez profissionais gestores do grupo Alupar que

trabalham na holding. No entanto, três deles não foram respondidos e dois foram

desconsiderados pela falta de aderência das respostas ao tema da pesquisa. Dessa forma,

apenas cinco questionários foram considerados para compor a amostra, e correspondem a 1/3

do total das empresas de Transmissão de Energia consideradas no estudo.

O questionário contém doze perguntas abertas, enviadas por e-mail aos profissionais

selecionados, sendo que foram feitas duas visitas pessoalmente, oportunidade em que o gestor

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respondeu ao questionário, e três respostas foram reenviadas por e-mail. Os profissionais de

gestão e tomadores de decisão que foram entrevistados são todos da área Contábil -

Administrativa e Financeira, especificamente Diretores, Controllers e Contadores que

trabalham com questões diretamente vinculadas ao tema da pesquisa.

3.4 PROCEDIMENTO DE TRATAMENTO DE DADOS

De forma a se atender ao objetivo específico 1, foi realizada análise dos dados coletados

através das demonstrações contábeis e contratos de concessão, e calculadas as variações entre

os índices econômicos das demonstrações contábeis societárias e regulatórias.

Para a execução desse trabalho procedeu-se à aos seguintes passos:

Passo1: Verificação da aderência dos Contratos de Concessão com ICPC-01 ao

modelo do Ativo Financeiro;

Passo 2: Cálculo dos índices de rentabilidade;

Passo 3: Expurgo do resultado do custo de construção e da receita de construção;

De forma a se atender ao objetivo específico 2, foram analisados conteúdos das respostas da

pergunta três do questionário; e, foi feita redução a fatores das respostas coletadas, para

melhor entendimento e análise do objeto de estudo.

3.5 LIMITAÇÕES DA PESQUISA

Esta pesquisa tem como principal limitação o seu objeto de estudo, qual seja a pesquisa

realizada junto às empresas de transmissão de energia, não tendo sido abordadas a geração, a

distribuição e a comercialização de energia. Portanto, os resultados obtidos se limitaram ao

negócio de transmissão.

Outra limitação importante refere-se ao período considerado na análise para comparação das

Demonstrações Contábeis, utilizaram-se as publicações com data base 31 de dezembro de

2011. É importante salientar que as demonstrações regulatórias tornaram-se obrigatórias para

fins de publicações a partir do ano de 2011.

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4 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS

Este capítulo apresenta os resultados das análises dos dados considerados nesta pesquisa. Para

esclarecer os objetivos do estudo, dividiram-se as análises em duas partes: a primeira relativa

a evidenciar a variação dos índices econômicos entre as demonstrações contábeis societárias e

regulatórias; a segunda, a analisar as respostas do questionário para conhecer as informações

relevantes no processo de tomada de decisão e o impacto da ICPC-01 nesse processo.

4.1. DESCRIÇÃO DAS ANÁLISES – ADERÊNCIA DOS CONTRATOS DE CONCESSÃO

Inicialmente, foi realizada a análise dos contratos de concessão com o intuito de constatar se

as transmissoras atendem às especificações do ICPC-01-Contratos de Concessão, assumindo

como ativos financeiros os investimentos do negócio. Conforme demonstrado no quadro 11,

os contratos de concessão são aderentes ao modelo ativo financeiro.

Análise

De acordo com os Contratos de Concessão

Analisados

Transmissão

A Concedente controla ou regula quais serviços o operador

deve prestar? Sim

A Concedente controla o preço e define o cliente do operador? Sim

A Concedente controla qualquer participação residual na

infraestrutura ao final da concessão? Sim

O operador tem direito contratual a receber caixa, ou outro

ativo financeiro, da concedente ou conforme sua isntrução? Sim

O Operador tem direito contratual de cobrar os usuários dos

serviços públicos de concessão de energia? Sim

De acordo com ICPC-01-Contratos de Concessão, nestes

casos, deve ser reconhecido nos demonstartivos financeiros Ativo Financeiro

Empresas analisadas o enquadramento Empresas do Grupo Alupar Investimento S/A

Quadro 11 - Análise Contrato Concessão Transmissoras do Grupo Alupar

Fonte: adaptado de Gouveia (2010).

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4.2 ÍNDICES ECONÔMICOS -DEMONSTRAÇÕES REGULATÓRIAS E SOCIETÁRIAS

Parte-se da análise comparativa entre Receita Líquida Regulatória e Societária, Ativo total

Regulatório e Societário e Lucro líquido Regulatório e Societário. Constatou-se serem os

valores societários maiores em quase 100% dos itens apresentados na tabela 4. Essa variação

positiva com relação a valores societários das receitas, ativos e consequentemente lucro

líquido estão com a rentabilidade considerada na modelagem do ativo financeiro que, para os

primeiros anos da concessão, tem um retorno maior do que os valores para o final da

concessão. Observa-se que as empresas Transleste, Lumitrans e ECTE apresentam receita

líquida regulatória maior do que a societária. Esse comportamento da Receita dessas três

empresas distorce análise esperada, portanto a modelagem do ativo financeiro para essas três

empresas poderia ser revisado.

Tabela 4 - Indicadores das empresas – Receita, Ativo e Lucro Líquido

Empresas Receita Líquida Ativo Total Lucro Líquido

Regulatória Societária Regulatório Societário Regulatório Societário

TME 3.233 28.245 271.618 290.971 - 14.410

ETES 8.929 15.545 74.160 91.902 1.319 12.254

ETEM 423 6.854 82.935 85.914 96 2.855

TRANSLESTE 27.751 26.956 116.168 160.378 13.575 18.450

TRANSIRAPE 13.566 14.095 72.485 90.718 5.512 7.910

TRANSUDESTE 15.887 16.441 84.538 103.891 7.435 10.212

STC 26.444 29.242 192.901 238.978 7.442 12.390

LUMITRANS 16.849 16.411 90.998 101.526 6.123 7.759

ETEP 62.033 63.533 201.522 278.909 40.131 44.693

ERTE 24.934 25.311 97.060 125.371 16.055 18.406

ENTE 141.969 143.398 426.406 599.870 81.246 95.082

ECTE 59.962 58.999 151.462 233.504 28.034 30.011

EBTE 22.646 41.690 465.983 516.374 - 15.743

EATE 271.062 278.663 889.323 1.338.033 164.950 204.314

STN 113.482 124.408 502.174 688.547 58.825 79.729

Fonte: Dados da pesquisa.

Com relação à variação da Receita líquida entre a contabilidade societária e a regulatória,

aquela apresenta uma pequena flutuação. Isso acontece em função de a receita societária

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71

considerar em seu cálculo o valor da TIR do negócio em parcelas maiores que a atualização

anual da RAP. É importante ressaltar que, ao longo do período de concessão, a tendência é

que os valores da receita societária e regulatória fiquem semelhantes ou próximos, adequando

os valores da receita ao retorno do negócio. Analisando-se a figura 6, nota-se que a TME e a

ETEM tiveram sua receita societária superior à receita regulatória, em virtude da entrada em

operação que ocorreu em novembro de 2011.

Figura 6 - Receita Líquida Societária X Regulatória

Fonte: Dados da pesquisa.

Com relação ao ativo total analisado entre as duas demonstrações, este apresentou valor

superior na demonstração societária, em decorrência de o modelo do ativo financeiro

considerar em seu cálculo, além da margem operacional do negócio, também a TIR (conforme

Tabela 2). Na comparação observada na Figura 7, foram identificadas diferenças relevantes

entre os ativos totais das empresas ENTE, EATE e STN. É possível que essas divergências

identificadas sejam reflexos da modelagem do ativo financeiro, que pode ter considerado um

retorno contraditório à realidade do contrato de concessão. Assim, para essas empresas, pode

ter ocorrido distorção no valor do retorno do investimento na modelagem.

-

50.000

100.000

150.000

200.000

250.000

300.000

REGULATÓRIA

SOCIETÁRIA

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72

Figura 7 - Ativo Total Societário X Regulatório

Fonte: Dados da pesquisa.

Com relação ao resultado líquido, todas as concessionárias de transmissão de energia

analisadas apresentaram lucro societário superior ao regulatório, conforme Figura 8, fato já

esperado em decorrência de a receita societária considerar a TIR no cálculo da Remuneração

da concessão. Outro fator determinante na apuração da diferença de resultado entre as duas

demonstrações surge em função de os ativos imobilizados serem registrados como ativos

financeiros na contabilidade societária. Dessa forma, não há custo de depreciação do exercício

a ser registrado e, consequentemente, não serão deduzidos do resultado. É importante ressaltar

que o registro da depreciação somente ocorre na contabilidade regulatória.

Figura 8 - Lucro Líquido Societário X Regulatório

Fonte: Dados da pesquisa.

Após análise dos principais componentes dos índices econômicos, parte-se para as análises de

rentabilidade, comparando-se os dados das demonstrações regulatórias e societárias.

-

200.000

400.000

600.000

800.000

1.000.000

1.200.000

1.400.000

1.600.000

REGULATÓRIO

SOCIETÁRIO

-

50.000

100.000

150.000

200.000

250.000

REGULATÓRIO

SOCIETÁRIO

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73

Iniciam-se essas análises com a margem líquida, que é a análise que nos evidencia o quanto

de Lucro Líquido foi obtido para cada R$1 de venda, ou seja, tal procedimento demonstra se a

venda foi suficiente para cobrir os custos.

Em seguida analisa-se a rentabilidade do ativo. Analisar a rentabilidade do ativo é comparar

ativo com a rentabilidade produzida por ele, mas ativo não produz lucro líquido, o ativo

produz lucro operacional e este, para demonstrar uma análise correta, não pode conter em seu

valor o efeito do financiamento do ativo (MARTINS, 2012).

Posteriormente, a rentabilidade do patrimônio líquido é analisada. Esse índice é considerado

pelos analistas o mais importante dos indicadores, pois é a taxa de retorno sobre o capital

aplicado na empresa e não o retorno sobre o valor da empresa no final do período em análise

(MARTINS et al., 2012, p.227).

Por último, analisa-se o EBITDA, que significa “lucros antes de juros, impostos, depreciação

e amortização” (LAJIDA). Assim, será apresentado em virtude de ser uma informação

bastante publicada nos demonstrativos financeiros, porém, como expõem Martins et al.

(2012, p.237), esse índice é o caixa antes dos encargos financeiros, depreciação e impostos, é

a geração bruta de caixa, mas que nada diz sobre a qualidade dos lucros obtidos no período

analisado.

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74

Tabela 5 - Indicadores das empresas – Margem líquida, Rentabilidades e Ebitda

Empresas

Margem

Líquida

Rentabilidade do

Patrimônio

Rentabilidade do

Ativo EBITDA

Reg. Soc. Reg. Soc. Reg. Soc. Reg. Soc.

TME 0% 51% 0% 16% 0% 5%

-

931 24.081

ETES 15% 79% 5% 32% 2% 13% 6.605 13.221

ETEM 23% 42% 0% 11% 0% 3% 366 6.315

TRANSLES

TE 53% 68% 23% 19% 12% 12% 22.287 23.528

TRANSIRA

PE 41% 56% 19% 19% 8% 9% 11.521 12.048

TRANSUDE

STE 47% 62% 15% 19% 9% 10% 13.994 14.378

STC 28% 42% 10% 12% 4% 5% 22.041 24.760

LUMITRAN

S 36% 47% 18% 19% 7% 8% 14.695 14.218

ETEP 65% 71% 37% 28% 20% 16% 53.819 55.313

ERTE 64% 73% 35% 27% 17% 15% 21.502 21.805

ENTE 57% 66% 38% 27% 19% 16% 128.232 129.525

ECTE 47% 51% 44% 24% 19% 13% 53.868 52.906

EBTE 0% 38% 0% 6% 0% 3% 18.930 37.974

EATE 61% 73% 34% 25% 19% 15% 242.350 249.705

STN 52% 64% 24% 20% 12% 12% 105.521

107.861

Fonte: Dados da pesquisa.

A análise da margem líquida na contabilidade societária em todas as empresas analisadas é

superior em relação à regulatória, conforme mostra a Figura 9. Esse comportamento já

esperado devido à maior receita operacional líquida, cujo cálculo é efetuado com base na

modelagem do ativo financeiro, que, por sua vez, considera a TIR na definição da

remuneração da concessão. É importante destacar, conforme mencionado na análise do lucro

líquido, que não há a dedução do custo com depreciação dos ativos, uma vez que o ativo

imobilizado é reconhecido como ativo financeiro na contabilidade societária.

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75

Figura 9 - Margem Líquida Regulatória X Societária

Fonte : Dados da pesquisa.

A análise da rentabilidade do patrimônio líquido tem como objetivo evidenciar a taxa de

retorno sobre o capital próprio investido. Esse é um dos principais indicadores para

demonstrar ao investidor se a empresa propõe rentabilidade superior ou inferior às outras

opções existentes no mercado. Conforme a Figura 10, nota-se que a rentabilidade do

patrimônio líquido de algumas empresas foi mais elevada na contabilidade societária se

comparadas à contabilidade regulatória. Tal fato decorre do fato de o lucro líquido societário a

ser superior ao regulatório.

Figura 10 - Rentabilidade do Patrimônio Regulatório X Societário

Fonte: Dados da pesquisa.

De acordo com os valores apresentados na Figura 11, a Rentabilidade do Ativo (ROA)

demonstra um grau de eficiência superior na capacidade de geração de lucro nas

demonstrações societárias em relação às demonstrações regulatórias, exceto para as empresas

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

TME

ETES

ETEM

TRAN

SLES

TE

TRAN

SIRAP

E

TRAN

SUDE

STE

STC

LUM

ITRAN

S

ETEP

ERTE

ENTE

ECTE

EBTE

EATE STN

Margem Líquida Regulatória

Margem Líquida Societária

0%

5%

10%

15%

20%

25%

30%

35%

40%

45%

50%

TME

ETES

ETEM

TRAN

SLES

TE

TRAN

SIRAP

E

TRAN

SUDE

STE

STC

LUM

ITRAN

S

ETEP

ERTE

ENTE

ECTE

EBTE

EATE STN

Rentabilidade do Patrimônio Regulatório

Rentabilidade do Patrimônio Societário

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ETEP, ERTE, ENTE, ECTE e EATE, que apresentam uma maior rentabilidade sob o âmbito

das informações financeiras regulatórias.

O comportamento desse índice apresentados nas demonstrações societárias em relação às

demonstrações regulatórias se deve, principalmente, ao fato de haver a adição da TIR nos

cálculos do ativo financeiro, enquanto a distorção gerada para as empresas citadas, o desvio

do comportamento, demonstra uma possível distorção na modelagem do ativo financeiro.

Figura 11 - Rentabilidade do Ativo Regulatório X Societário

Fonte: Dados da pesquisa.

No cálculo do EBITDA, Figura 12, com base nas demonstrações societárias, indica-se uma

capacidade em gerar fluxos de caixa mais elevada que o EBITDA calculado com base nas

informações regulatórias. Vale destacar que a geração de caixa das empresas transmissoras é

baseada essencialmente nas demonstrações regulatórias, portanto, quando da análise da gestão

da empresa, deve-se evidenciar qual informação permite melhor entendimento do negócio.

Figura 12 - EBITDA Regulatório X Societário

Fonte: Dados da pesquisa.

0%

5%

10%

15%

20%

25%

TME

ETES

ETEM

TRAN

SLES

TE

TRAN

SIRAP

E

TRAN

SUDE

STE

STC

LUM

ITRAN

S

ETEP

ERTE

ENTE

ECTE

EBTE

EATE STN

Rentabilidade do Ativo Regulatório

Rentabilidade do Ativo Societário

-50.000

-

50.000

100.000

150.000

200.000

250.000

300.000

TME

ETES

ETEM

TRAN

SLES

TE

TRAN

SIRAP

E

TRAN

SUDE

STE

STC

LUM

ITRAN

S

ETEP

ERTE

ENTE

ECTE

EBTE

EATE STN

EBITDA Regulatória

EBITDA Societária

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4.3 ANÁLISE DA PESQUISA QUALITATIVA

A segunda parte da pesquisa consiste em evidenciar o entendimento dos gestores acerca da

ICPC-01 e qual o impacto desta em seus processos decisórios. Avaliou-se que, as respostas

obtidas evidenciam que o impacto da ICPC-01 na tomada de decisão foi nulo, ou seja, não

existe o uso das informações societárias no processo de gestão. No entanto, identifica-se

sendo as informações regulatórias o pilar dessas decisões e sendo esta a base de toda

orientação do negócio.

Abaixo descreve-se as respostas do questionário dos gestores.

O respondente 1 (R1) não considera significativa as mudanças ocorridas com a ICPC-01 e por

isso acredita que não tenha havido impacto na tomada de decisão nas políticas internas da

empresa. Considerou que as informações contábeis regulatórias são as solicitadas com mais

frequência para tomada de decisão e que nenhuma decisão gerencial é tomada a partir das

informações contábeis societárias. Afirmou serem as informações contábeis regulatórias a

base das decisões internas da empresa. Considerou como mudança relevante a partir da ICPC-

01 a apresentação dos valores do Lucro Líquido, mas que por afetar o caixa não pode ser

realizado. Em sua opinião a adoção da ICPC-01 ocasionou elaboração das demonstrações

financeiras diferenciadas do conceito da concessão do negócio. Para R1 é importante assumir

o IFRS no Brasil, no entanto a publicação das demonstrações contábeis regulatórias é

relevante para as empresas de transmissão por ser base para a tomada de decisão, mas não

considera que tais demonstrações contábeis regulatórias trouxeram transparência ao negócio

por não ser a informação disponível para o investidor. Concorda que a adoção da ICPC-01

para o negócio transmissão de Energia é uma mera exigência da legislação societária e que o

impacto mais relevante dessa adoção é a adequação da Receita do negócio no período da

concessão.

O respondente 2 (R2) considera significativa as mudanças ocorridas com a ICPC-01 e que as

práticas contábeis foram a mais afetadas com essa adoção. Não concorda que as informações

societárias impactaram a análise de rentabilidade, por que tais informações não são

consideradas para esta análise. R2 considera as informações contábeis regulatórias as

solicitadas com mais frequência para tomada de decisão e que nenhuma decisão gerencial é

tomada a partir das informações contábeis societárias. Afirmou serem as informações

contábeis regulatórias a base das decisões internas da empresa. Considerou como mudança

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relevante a partir da ICPC-01 a apresentação dos valores da infraestrutura que não é mais

ativo imobilizado é ativo financeiro. Em sua opinião a adoção da ICPC-01 é um assunto que

ainda precisa ser melhor discutido. Para R2 a ICPC-01 poderia não ter sido adotada no Brasil

porque não faz sentido a infraestrutura ser ativo financeiro e que é relevante a publicação das

demonstrações regulatórias por que é base para a tomada de decisão. Concorda que a

publicação das demonstrações regulatórias trouxe mais transparência para o investidor e para

a realidade do negócio e que a adoção da ICPC-01 é uma mera exigência da legislação

societária. Em sua opinião o impacto mais relevante da adoção dessa norma foi a mudança na

contabilização da infraestrutura.

O respondente 3 (R3) considera significativa as mudanças ocorridas com a ICPC-01 e que o

pagamento de dividendos foi a mudança mais afetada com essa adoção. Não concorda que as

informações societárias impactaram a análise de rentabilidade, por que tais informações não

são consideradas para esta análise. Considera que as informações contábeis regulatórias são as

solicitadas com mais frequência para tomada de decisão, e que nenhuma decisão gerencial é

tomada a partir das informações contábeis societárias. Afirmou serem as informações

contábeis regulatórias a base das decisões internas da empresa. Considerou como mudança

relevante a partir da adoção da ICPC-01 o aumento do valor das receitas. Em sua opinião a

adoção da ICPC-01 trouxe uma irrealidade para o valor das receitas. R3 não respondeu se a

ICPC-01 poderia não ter sido adotada no Brasil e que é relevante a publicação das

demonstrações regulatórias por que são as informações equiparadas ao projeto do negócio.

Concorda que a publicação das demonstrações regulatórias trouxe mais transparência para o

investidor e para a realidade do negócio e que a adoção da ICPC-01 é uma mera exigência da

legislação societária. Em sua opinião o impacto mais relevante da adoção dessa norma foi a

adequação da receita e da carga tributária projetada.

O respondente 4 (R4) considera significativa as mudanças ocorridas com a ICPC-01 e que as

informações societárias não são usadas .Concorda que as informações societárias impactaram

a análise de rentabilidade, mas que tais impactos não afetaram as decisões por que tais

informações não são consideradas para tomada de decisão. Considera que as informações

contábeis regulatórias são as solicitadas com mais frequência para tomada de decisão e que

nenhuma decisão gerencial é tomada a partir das informações contábeis societárias. Afirmou

serem as informações contábeis regulatórias a base das decisões internas da empresa.

Considerou como mudança relevante a partir da ICPC-01 a mudança na apresentação da

demonstração do resultado (DRE). Em sua opinião a adoção da ICPC-01 não deveria ter sido

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adotada para o negócio transmissão de energia. Para R4 a ICPC-01 poderia não ter sido

adotada no Brasil porque prejudicou a análise das informações e a tomada de decisão da

administração. Concorda que a publicação das demonstrações regulatórias trouxe mais

transparência para o investidor e para a realidade do negócio e que a adoção da ICPC-01 é

uma mera exigência da legislação societária. Em sua opinião os impactos mais relevantes na

adoção dessa norma foram: a mudança na elaboração das demonstrações financeiras; e o

aumento do custo das empresas sem gerar benefício pelo uso da informação. A seguir

descrição de parte das respostas:

Acho que a ICPC-01 trouxe mudanças relevantes, mas estas informações societárias

não são usadas, continua tudo como estava [...]. A ICPC-01 não permite a correta

gestão do caixa da empresa, distorceu a análise da geração de caixa [...]. Mudou

drasticamente a Demonstração do Resultado [...]. A ICPC-01 não deveria ter sido

adotada para o setor de transmissão de energia [...]. Essa norma não poderia ter sido

adotada, não trouxe nenhum valor agregado, prejudicou a análise e a tomada de

decisão da administração, dos credores e dos investidores [...]. O impacto mais

relevante foi mudar a elaboração das demonstrações financeiras; aumentar o custo

das empresas sem gerar benefício pelo uso das informações [...]. Considero ainda

mais relevante adotar informações que nenhuma empresa vai usar, com relação ao

setor de transmissão de energia [...]

O respondente 5 (R5) considera significativa as mudanças ocorridas com a ICPC-01, sendo a

mais relevante a mudança nos critérios de apuração da receita. Concorda que as informações

societárias impactaram a análise de rentabilidade, e que tais impactos afetaram a política de

dividendos. Considera que as informações contábeis regulatórias são as solicitadas com mais

frequência para tomada de decisão e que poucas decisões gerenciais são tomadas a partir das

informações contábeis societárias, citou como exemplo a projeção de balanços para cobertura

de covernants. Afirmou serem as informações contábeis regulatórias a base das decisões

internas da empresa, exceto para a projeção de balanços para a cobertura de covernants. R5

considera que a adoção da ICPC-01 mudou completamente o entendimento do negócio. Em

sua opinião a adoção da ICPC-01 precisa de adaptações para melhor aplicabilidade no setor.

Concorda com a adoção da a ICPC-01 no Brasil, e expõe que o ideal seria uma implantação

gradativa para facilitar o entendimento. Considera que a publicação das demonstrações

regulatórias trouxe mais transparência para o investidor e para a realidade do negócio e que a

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adoção da ICPC-01 é uma mera exigência da legislação societária. Em sua opinião o impacto

mais relevante da adoção dessa norma foi o entendimento da natureza do negócio.

Os 5 (cinco) respondentes foram unânimes em afirmar que todas as decisões gerenciais são

tomadas com base nas informações contábeis regulatórias e por isso são as informações mais

solicitadas pelos gestores. De acordo com as respostas, praticamente nenhuma decisão é

tomada a partir das informações societárias. Todos os questionados concordaram que a ICPC-

01 trouxe mudanças relevantes para o negócio transmissão de energia, no entanto tais

mudanças não modificaram as decisões gerenciais e que a publicação das Demonstrações

Regulatórias é importante porque é a informação base para decisão e trouxe mais

transparência para o investidor. Todas 5 (cinco)pessoas pesquisadas concordaram ser a

adoção da ICPC-01 uma mera exigência da legislação societária e o fator que mais impactou o

negócio foi a adequação da Receita no período de concessão.

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5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Esta dissertação de mestrado teve como objetivo geral analisar se houve alterações nas

informações utilizadas como base para tomada de decisões gerenciais pelos gestores das

empresas de Transmissão de Energia elétrica após a adoção da ICPC-01 – Contratos de

Concessão, que emergiu após as mudanças no ambiente contábil estabelecidas pela Lei

11.638/2007, com o propósito de suscitar discussões sobre a necessidade da adoção da

informação contábil societárias com a adequação dessa norma. Considerou-se que o objetivo

geral desta dissertação foi plenamente atingido, uma vez que com base nas respostas dos

gestores pesquisados detectou-se que não houve alteração nas informações utilizadas para a

tomada de decisões gerenciais.

Além disso, a pesquisa teve como objetivos específicos os seguintes pontos:

I – Conhecer a variação nos indicadores econômicos com base na análise comparativa das

informações divulgadas nas demonstrações contábeis societárias e regulatórias.

II - Conhecer quais informações contábeis são solicitadas com mais frequência pelos gestores

das empresas de transmissão de energia elétrica do Brasil para tomada de decisão, se

Informações Contábeis Societárias ou Regulatórias.

Considerou-se que os objetivos específicos desta dissertação de mestrado foram alcançados.

Com a análise dos índices econômicos, verificou-se que a variação existente entre os índices

calculados com base nas informações societárias e regulatórias é decorrente da aplicação da

ICPC-01. Com base na aplicação da pesquisa qualitativa, verificou-se que as informações

contábeis usadas como base para a tomada de decisão são as regulatórias.

Esta dissertação de mestrado tinha como questão de pesquisa a seguinte pergunta: Houve

alterações nas informações utilizadas como base para tomada de decisões gerenciais pelos

gestores das empresas de Transmissão de Energia elétrica após a adoção da ICPC-01 –

Contratos de Concessão, que emergiu após as mudanças no ambiente contábil estabelecidas

pela Lei 11.638/2007?

Com base nas evidências detectadas pelo conteúdo das respostas dos questionários aplicados

aos gestores das Transmissoras do Grupo Alupar, detectou-se que as informações societárias,

com adequação da ICPC-01, não estão atendendo às necessidades reais do negócio

transmissão com relação à Tomada de Decisão.

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A partir do resultado obtido da análise das respostas deste estudo, pode-se dar início às

discussões com relação aos benefícios e à necessidade da adoção da ICPC-01 para a atividade

de Transmissão de Energia no Brasil. No conteúdo das respostas, foi mencionado como ponto

relevante da adoção dessa norma o aumento do custo das empresas transmissoras sem a

geração do benefício pelo uso da informação.

As novas regulamentações do Agente Regulador – ANEEL, com a publicação da Resolução

579/2012 que objetiva reduzir os custos da energia para o consumidor, trazem para o

investidor um cenário no mínimo inquietante, pois as margens de rentabilidade tendem a

diminuir e a redução dos custos deverá ser uma meta constante na gestão deste negócio, pois,

embora a atividade não esteja diretamente ligada ao consumidor, todo e qualquer variação no

fluxo financeiro da transmissão reflete na distribuição de energia (atividade que tem vínculo

direto com o consumidor) e, portanto, faz-se necessário a eficiência de caixa para

sobrevivência da empresa.

Conclui-se que as respostas obtidas dos gestores das transmissoras de energia auxiliam na

formação de uma visão crítica acerca da aplicação do ICPC-01 nessas empresas, ou seja,

espera-se que, a partir deste estudo, sejam iniciadas discussões acadêmicas sobre o tema, que

objetive rever a aplicação dessa norma para evitar custos desnecessários em um negócio no

qual a rentabilidade é fixa, ou seja, o investidor, no leilão para adquirir a concessão das

transmissoras, já conhece o quanto ganhará no decorrer do prazo do contrato. Portanto, se a

informação não está atingindo seu principal objetivo que é fornecer base necessária ao usuário

para gerir o negócio, há que ser revisada a necessidade de sua adoção e aplicabilidade.

Portanto, a contribuição desse estudo para o negócio de transmissão de energia está pautada

na necessidade de levantar questionamentos juntos aos órgãos reguladores responsáveis pela

regulamentação da norma societária ICPC-01, para a revisão da adoção desta para a

transmissão de energia no Brasil. Esta argumentação é baseada nos dados apurados nesta

pesquisa com os gestores.

Como delineamento para futuros trabalhos, sugere-se que seja feita a pesquisa dos reflexos da

adoção da ICPC-01 – Contratos de Concessão com analistas de mercados para se conhecer

quais informações estão sendo usadas e solicitadas por esses usuários externos na tomada de

decisão para concessão de empréstimos e financiamentos.

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86

APÊNDICE A- QUESTIONÁRIO DA PESQUISA

O questionário abaixo é parte integrante do trabalho de conclusão do

Mestrado Profissional em Controladoria Empresarial de Maria Eveline

Rodrigues Gomes.

O presente estudo tem a finalidade de mostrar os impactos da ICPC-

01-Contratos de Concessão nas decisões gerenciais dos gestores das

Empresas de Transmissão de Energia Elétrica.

TITULO DA PESQUISA: Estudo do impacto da adoção da ICPC-01 nas

decisões gerenciais considerando as normas societárias e regulatórias nas

empresas de transmissão de energia elétrica do Brasil.

Assim, solicito a sua contribuição preenchendo o questionário e

reenviando para o endereço eletrônico de envio.

1.DADOS DO ENTREVISTADO

Idade

[ ]26 a 35 anos;

[ ]36 a 45 anos;

[ ]Mais de 45 anos.

Sexo

[ ] Feminino

[ ]Masculino

Qual Cargo exerce na Companhia?__________________

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Escolaridade:

( )2º Grau Completo

( )3º Grau Completo

( )MBA

( )Mestrado

( )Doutorado

2 QUESTIONÁRIO

1. Em sua opinião as mudanças ocorridas com a adoção do ICPC 01 nas

empresas de transmissão trouxe alguma mudança significativa nas decisões

internas da companhia?Cite a mais relevante?

2. Com a adoção da ICPC 01, as informações societárias influenciaram os

possíveis com relação a analise de rentabilidade da empresa?Se sim, isso afetou

a tomada de decisão na política interna da empresa?

3. Para a tomada de decisões gerenciais internas, com uso das informações

contábeis, quais informações são solicitadas com mais frequência: societárias ou

regulatórias?

4. Quais decisões gerenciais são tomadas a partir das informações

societárias, considerando a adoção da ICPC 01?

5. Quais decisões gerenciais são tomadas a partir das informações

regulatórias?

6. Houve alguma mudança relevante para as Empresas de Transmissão de

Energia Elétrica com a introdução da ICPC 01?

7. Qual sua opinião sobre a adoção da ICPC 01 para as empresas de

Transmissão de Energia?

8. Em sua opinião a ICPC 01 poderia não ter sido adotada no negócio

Transmissão?Por quê?

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9. Em sua opinião a exigência da ANEEL para a publicação das

Demonstrações contábeis regulatórias tem relevância para as empresas de

transmissão?

10. Em sua opinião a publicação das demonstrações regulatória, trouxe

mais transparência para o investidor para a realidade do negócio de transmissão?

11. Você concorda com a frase “A adoção da ICPC 01 para o negócio de

Transmissão de Energia é uma mera exigência da legislação societária”?

12. Em sua opinião, qual impacto foi mais relevante no negócio de

Transmissão com a adoção da ICPC 01?

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APÊNDICE B – RESUMO DAS RESPOSTAS

Respostas

R1 R2 R3 R4 R5

1. Em sua opinião as

mudanças ocorridas

com a adoção do ICPC

01 nas empresas de

transmissão trouxe

alguma mudança

significativa nas

decisões internas da

companhia?Cite a mais

relevante?

NÃO SIM.PRATICAS

CONTÁBEIS

SIM,PRÁTICAS

DE PAGAMENTO

DIVIDENDOS

SIM,AS

INFORMAÇÕES

SOCIETÁRIAS NÃO

SÃO USADAS,

CONTINUA TUDO

COMO ERA

SIM,MUDANÇA NOS CRITÉRIOS DE

APURAÇÃO DA RECEITA.

2. Com a adoção da

ICPC 01, as

informações societárias

influenciaram os

possíveis impactos

com relação a analise

de rentabilidade da

empresa?Se sim, isso

afetou a tomada de

decisão na política

interna da empresa?

NÃO

NÃO,

INFORMAÇÕES

USADAS NÃO

CONSIDERAM

MODIFICAÇÕES

A PARTIR IFRS

NÃO,INFORMAÇ

ÕES USADAS

NÃO

CONSIDERAM

AS

MODIFICAÇÕES

IFRS

SIM, NÃO AFETOU

PORQUE NÃO UTILIZA

AS INFORMAÇÕES

CONSIDERANDO

ICPC-01

SIM, A POLITICA DE DIVIDENDOS

3. Para a tomada de

decisões gerenciais

internas, com uso das

informações contábeis,

quais informações são

solicitadas com mais

frequência: Societárias

ou regulatórias?

REGULATÓRIAS REGULATÓRIAS REGULATÓRIAS REGULATÓRIAS REGULATÓRIAS

4. Quais decisões

gerenciais são tomadas

a partir das

informações

societárias,

considerando a adoção

da ICPC 01?

NENHUMA NENHUMA NENHUMA NENHUMA

POUCAS, PROJEÇÃO DE

BALANÇOS PARA COBERTURA DE

COVERNANTS

5. Quais decisões

gerenciais são tomadas

a partir das

informações

regulatórias?

TODAS DO

NEGÓCIO TODAS

TODAS DO

NEGÓCIO TODAS

TODAS, EXCETO PROJEÇÃO DE

BALANÇOS PARA COBERTURA DE

COVERNANTS

6. Houve alguma

mudança relevante

para as Empresas de

Transmissão de

Energia Elétrica com a

introdução da ICPC

01?

SIM,

APRESENTARA

M LUCRO , MAS

POR FALTA DE

CAIXA NÃO

PODERAM

PAGAR

SIM, A

INFRAESTRUTU

RA NÃO É MAIS

ATIVO

IMOBILIZADO, É

ATIVO

FINANCEIRO

SIM,AUMENTO

RELEVANTE

DAS RECEITAS

SIM, A

DEMONSTRAÇÃO DO

RESULTASDO MUDOU

DRASTICAMENTE

SIM, MUDOU COMPLETAMENTE O

ENTENDIMENTO DO NEGÓCIO

7. Qual sua opinião

sobre a adoção da

ICPC 01 para as

empresas de

Transmissão de

Energia?

DF'S

DIFERENCIADAS

, DENTRO DO

CONCEITO

CONCESSÃO

ASSUNTO

AINDA PRECISA

SER MELHOR

DISCUTIDO

IRREALIDADE

DO VALOR DAS

RECEITAS

QUE NÃO DEVERIA

TER SIDO ADOTADO

PARAS A

TRANSMISSÃO DE

ENERGIA

PRECISA DE ADAPTAÇÕES PARA

MELHOR APLICABILIDADE NO

SETOR

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Respostas

R1 R2 R3 R4 R5

8. Em sua opinião a ICPC

01 poderia não ter sido

adotada no negócio

Transmissão? Porque?

NÃO,

IMPORTANTE

ASSUMIR O

IFRS NO

BRASIL

SIM, NÃO FAZ

SENTIDO A

INFRAESTRUTURA

SER ATIVO

FINANCEIRO

NÃO

RESPONDEU

SIM, NÃO TROUXE

NENHUM VALOR

AGREGADO, PREJUDICOU

A ANÁLISE E A TOMADA

DE DECISÃO DA

ADMINISTRAÇÃO, DOS

CREDORES E DOS

INVESTIDORES

PODERIA, O IDEAL SERIA

UMA IMPALNTAÇÃO

GRADATIVA PARA

FACILITAR O

ENTENDIMENTO.

9. Em sua opinião a

exigência da Aneel para a

publicação das

Demonstrações contábeis

regulatórias tem relevância

para as Empresas de

transmissão?

SIM, POIS

TODAS AS

DECISÕES

INTERNAS

SÃO

TOMADAS A

PARTIR DAS

DCR'S

SIM, BASE PARA

TOMADA DE

DECISÃO

SIM,SÃO

INFORMAÇÕE

S

EQUIPARADAS

AO PROJETO

DO NEGÓCIO

SIM SIM

10. Em sua opinião a

publicação das

demonstrações regulatórias,

trouxeram mais

transparência para o

investidor e para a realidade

do negócio de Transmissão?

NÃO, PORQUE

NÃO É A

VÁLIDA PELA

LEGISLAÇÃO

SOCIETÁRIA

EM VIGOR.

SIM SIM SIM SIM

11.Você concorda com a

frase “ A adoção da ICPC

01 para o negócio de

Transmissão de Energia é

uma mera exigência da

legislação societária”?

SIM SIM SIM SIM SIM

12.Em sua opinião, qual

impacto foi mais relevante

no negócio de Transmissão

com a adoção da ICPC 01?

ADEQUAÇÃO

DA RECEITA

NO PERÍODO

DE

CONCESSÃO

MUDANÇA NA

CONTABILIZAÇÃO

DA

INFRAESTRUTURA

ADEQUAÇÃO

DA RECEITA E

CARGA

TRIBUTÁRIA

PROJETADA

MUDAR A ELABORAÇÃO

DAS DEMONSTRAÇÕES

FINANCEIRAS; AUMENTAR

O CUSTO DAS EMPRESAS

SEM GERAR BENEFÍCIO

PELO USO DA

INFORMAÇÃO

O ENTENDIMENTO DA

NATUREZA DO NEGÓCIO