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Universidade Presbiteriana Mackenzie
Centro de Ciências Biológicas e da Saúde
Felipe Otávio Nunes
Artigos sobre o acidente da plataforma de petróleo no
Golfo do México na mídia online: Análise do potencial
para a Educação Ambiental Não-formal
São Paulo
2010
Universidade Presbiteriana Mackenzie
Centro de Ciências Biológicas e da Saúde
Felipe Otávio Nunes
Artigos sobre o acidente da plataforma de petróleo no
Golfo do México na mídia online: Análise do potencial
para a Educação Ambiental Não-formal
Trabalho de Conclusão de Curso
apresentado ao Centro de Ciências
Biológicas e da Saúde (CCBS) da
Universidade Presbiteriana Mackenzie
como requisito parcial à obtenção do
grau de licenciado em Ciências
Biológicas.
Orientador: Dr. Adriano Monteiro de Castro
São Paulo
2010
Resumo
Frente à grande influência dos meios de comunicação de massa na sociedade e os
constantes desastres ambientais que ocorrem e são constantemente abordados pela
mídia, este trabalho tem como objetivo analisar o papel da mídia online na educação
ambiental não formal. Para este estudo foram analisadas as reportagens sobre o
acidente da plataforma de petróleo no Golfo do México, obtidas das revistas Veja e
Istoé através dos portais da internet das mesmas. A partir da análise foi possível
identificar que a maioria das reportagens de ambos os portais tendem a uma
educação ambiental mais conservadora, ainda que houvesse algumas reportagens
com cunho mais crítico que abordavam temas mais interdisciplinares e voltados à
sociedade.
Palavras Chave: Educação Ambiental, Educação Não-Formal, Meios de
comunicação de massas
Abstract
Knowing the great influence of mass media in society and the constant environmental
disasters that occur and are constantly approached by the media, this paper aims to
analyze the role of online media in non-formal environmental education. For this
study were analyzed the reports on the accident of oil rig in the Gulf of Mexico,
obtained from the magazines Veja and Istoé through the internet portals of the same.
From the analysis it was found that the majority of reports of both portals tend to be
more conservative environmental education, although there were some entries with
more critical nature which addressed issues across disciplines and directed society.
Keywords: Environmental Education, Non Formal Education, means of mass
communication
Agradecimentos
Agradeço primeiramente à Universidade Presbiteriana Mackenzie por ter me
concedido um ótimo curso de licenciatura com professores qualificados e que fazem
um ótimo trabalho na formação de professores.
Agradeço a meu orientador Professor Dr. Adriano Monteiro de Castro pelos
vários aconselhamentos sobre o trabalho, e as ajudas prestadas que me permitiram
ter um rumo mais claro do trabalho. Ajudas estas que vieram em situações difíceis
para ele, mas ainda assim ele fazia o máximo para nos ajudar, mesmo ficando uma
noite inteira acordado. Agradeço então duplamente a ele pelo empenho em ajudar-
nos em nossos trabalhos.
Agradeço muito a meus pais Pedro e Yara que me amam assim como eu os
amo e sempre me apoiaram durante todo o processo do trabalho.
Agradeço a minha irmã Márcia e meu cunhado Tiago pelos inúmeros conselhos
e opiniões sobre o trabalho além das “sessões” de terapia que os dois psicólogos me
propiciavam.
Agradeço a minha namorada Marina por ter que aturar e estar aturando meu
estresse durante esse período do trabalho, por ter me ajudado e me aconselhado
muito durante todo o trabalho e por estar comigo sempre que eu precisava de
alguém para abraçar e desabafar.
Agradeço aos professores da licenciatura por me mostrarem uma nova visão
de educação. Agradeço também aos amigos do Mackenzie por também terem me
aturado e em muitos casos aconselhado no trabalho. Dentre eles um agradecimento
especial a Stella por ser sempre tão espirituosa e nos fazer rir nas situações
desesperadoras.
Por fim agradeço a meu grande amigo João Kleber que mesmo morando longe
atualmente me fazia ficar descontraído e dar muitas gargalhadas durante nossas
conversas mesmo neste semestre difícil.
Sumário
1. Introdução ........................................................................................................... 6
2. Fundamentação teórica ....................................................................................... 8
2.1. A educação ambiental ................................................................................. 12
2.2. Educação Ambiental Não-Formal ................................................................ 15
2.3. Educação Ambiental Crítica x Educação Ambiental Conservadora ............. 16
3. Procedimentos metodológicos ........................................................................... 19
4. Análise dos Dados e Discussão ........................................................................ 21
5. Considerações finais ......................................................................................... 33
Referências .............................................................................................................. 35
Anexo....................................................................................................................... 38
6
1. Introdução
Existem diferentes modalidades dentro da educação, entre elas, a mais
comum, é a que se denomina educação formal, que nada mais é do que a educação
convencional a qual se costuma observar em escolas e outros ambientes formais.
Porém existem outros métodos de educação, como a informal e a não-formal.
Diante dos significados de cada modalidade, é possível caracterizar a mídia
como um instrumento de educação não-formal. Portanto, esta deveria atender às
expectativas dessa modalidade de ensino. Sendo assim, frente a um tema como
meio ambiente, a mídia deve promover a seu público uma Educação Ambiental (não-
formal) crítica.
Diz-se “deve” pelo fato de que há uma Lei (9.795/99) que institui a mídia como
um meio de educação ambiental não-formal e que ao mesmo tempo diz que, em
educação ambiental, deve-se instigar a formação de um pensamento crítico no
aprendiz.
Pensando existe uma lei que expõe os objetivos da educação ambiental e que
coloca a mídia como um meio de divulgação desta, fiquei curioso quanto ao
“recente” acidente na plataforma de petróleo no Golfo do México. A plataforma da
British Petrolium (BP) explodiu no dia 20/04/2010 e dois dias depois afundou,
gerando um vazamento de óleo no mar e causando um dano ambiental enorme.
A partir disso, instiguei-me em saber como a mídia estaria agindo em suas
reportagens quanto a educação ambiental. Juntamente aos objetivos da educação
ambiental expostos na Lei 9.795/99, caracterizou-se ser o objetivo deste trabalho
analisar o papel da mídia online na educação ambiental não-formal de seu público-
alvo. Decidi então utilizar reportagens sobre o referido acidente de duas revistas de
grande circulação na cidade de São Paulo (Veja e Istoé) para atingir a este objetivo.
Para tal, os dados foram coletados dos portais das revistas na Internet.
Para análise destes dados, me baseio em referenciais que caracterizam e
diferenciam educação ambiental crítica e conservadora. Desta forma, iniciei um
exercício de categorização das reportagens dividindo-as em com potencial e sem
potencial para a educação ambiental. A partir destes aspectos, a análise foi feita
7
identificando características das reportagens que tendem a ser conservadoras e
características das que tendem a ser críticas.
8
2. Fundamentação teórica
A educação ambiental é parte do processo de ensino e aprendizagem, e sendo
assim, deve ser trabalhada de forma a desenvolver um pensamento crítico nos
alunos (as), de forma que estes tenham a capacidade de formar uma opinião própria
sobre o assunto. Para isso, como dizem Krasilchik e Marandino (2004), o aluno deve
estar alfabetizado cientificamente para ter domínio sobre os termos relacionados ao
assunto para então se posicionar de forma crítica em sua sociedade.
Para que o aluno seja alfabetizado cientificamente, ele precisa de informação,
esta informação pode ser obtida em diferentes locais e de diversas fontes. Na
escola, com professor (a), em ambientes sociais como a família, clubes entre outros,
através da mídia, ou mesmo outros ambientes educadores.
Assim, as pessoas não aprendem somente nas escolas, mas também em
outros espaços. Gohn (2006) afirma que a educação pode ser caracterizada como
formal, informal e não formal.
A educação formal, tanto para Gohn (2006) quanto para Gadotti (2005) é a
aquela que necessita de um espaço e um tempo educativo, portanto, é caracterizada
principalmente pela presença de uma instituição como a escola, universidades entre
outras.
Para Gadotti (2005) “toda educação é, de certa forma, educação formal, no
sentido de ser intencional, mas o cenário pode ser diferente: o espaço da escola é
marcado pela formalidade, pela regularidade, pela sequencialidade.” (p. 2).
Isto é, tanto na Educação Formal (EF) quanto na não-formal, existe certa
formalidade, porém na Educação Não Formal (ENF), como destaca Pivelli (2006),
ocorre uma ação diferente da escolar, caracterizando-se como uma forma de atuar
na educação paralelamente à escola. Gadotti (2005) ressalta também que uma
diferença entre a ENF e a EF é que esta última possui objetivos claros e específicos.
Gohn (2006) concorda com isto quando aponta alguns objetivos da educação
formal:
9
“Na educação formal, entre outros objetivos destacam-se os relativos ao
ensino e aprendizagem de conteúdos historicamente sistematizados,
normatizados por leis, dentre os quais destacam-se o de formar o indivíduo
como cidadão ativo, desenvolver habilidades e competências várias,
desenvolver a criatividade, percepção, motricidade etc.” (GOHN, 2005 p.
29)
Sendo assim, a principal diferença entre a educação formal, informal e a não-
formal, é que a EF possui um espaço educativo voltado à certificação e que
responde à burocracia dos sistemas de ensino, e que, além disso, aparecem
claramente neste modo de educação os objetivos a serem trabalhados com os (as)
alunos (as). Diferentemente, a educação informal e a não-formal que não possuem
este espaço formalizado.
Gadotti (2005) e Gohn (2006) concordam que muitas vezes a educação não-
formal é confundida equivocadamente com Educação Informal (EI). A educação
informal trata-se da educação em ambientes de socialização (GOHN, 2006). Ou
seja, é a educação que acontece quando o aluno (a) está em ambientes como
clubes, com a própria família, com amigos, entre outros.
Para Trilla (1993 apud MARANDINO et al 2004) a educação informal se difere
das outras quanto a sua metodologia, isto é, para este autor, a EI não possui uma
intencionalidade, nem mesmo um caráter metódico como na EF e na ENF. Mas um
meio mais claro de caracterizar a EI é como a educação de valores, crenças, e
culturas que envolvem a sociedade.
E é a partir destes ensinamentos (valores, crenças, culturas, etc.), caracteriza-
se o principal objetivo da EI, que é o de desenvolver no aprendiz hábitos, atitudes,
maneiras de se pensar e se expressar de acordo com os valores e crenças da
sociedade em que ele (a) está inserido (GOHN, 2006).
Devido a essa relação com o ensino de valores, a educação Informal, como
concordam Marandino et al. (2004) e Pivelli (2006), pode ser também relacionada a
ambientes de comunicação de massa, como revistas, jornais, entre outros tipos de
mídia, ainda que clubes e ambientes familiares sejam mais característicos desse tipo
de educação.
10
Vale ressaltar que pelo fato de educação que ocorre dentro de clubes ou
ambientes familiares sejam mais caracterizadas como informais, não significa que
não exista também educação não-formal nestes ambientes. Além disso, Pivelli
(2006) destaca que na ENF também são trabalhados valores e culturas, porém esta
tem um objetivo mais claro de educação, ainda que não seja em ambiente formal.
Sendo assim, La Belle (1982 apud GADOTTI, 2005) define educação não-
formal como toda atividade voltada à educação que é organizada, mas é executada
fora dos padrões formais de ensino; ou seja, não ocorre dentro de escolas entre
outros ambientes mais formais.
Quanto a aspectos metodológicos, Pivelli (2006) destaca que a ENF é
caracterizada principalmente pela aquisição da fala e por um caráter de relações e,
portanto, coletivo. Sendo assim, esta autora concorda com Gohn (2006) quando esta
diz que educação não-formal ocorre quando se aprende através dos processos de
compartilhar experiências, e principalmente em espaços e ações coletivos
cotidianos.
Desta forma, educação não-formal designa um processo de formação para a
cidadania, ou seja, como destaca Gadotti (2005), capacitar o (a) estudante para o
trabalho de organização comunitária e de aprendizagem em ambientes
diferenciados. Podendo-se dizer que “A educação não-formal capacita os indivíduos
a se tornarem cidadãos do mundo no mundo. (…)” (GOHN, 2006 p. 29).
Ainda que esta seja a principal função da educação não-formal, esta ultima não
tem objetivos claros e específicos como a educação formal (GOHN, 2006). Pivelli
(2006) diz que a educação não-formal é muito menos hierárquica e burocrática do
que a educação formal, e que na educação não-formal, não há a necessidade de
seguir um sistema sequencial de ensino. Gohn (2005) ressalta que os objetivos da
educação não-formal não são expressos, mas se constroem durante o processo de
interação, gerando então um processo educativo.
Dessa forma, diz-se que a ENF também gera é um processo de ensino e
aprendizagem, porém vinculado por outros meios não formais. Gadotti (2005)
destaca que com a aparição de novas tecnologias da informação, criaram-se novos
espaços do conhecimento.
11
Assim sendo, Gadotti (2005) e Gohn (2006) concordam que, entre outras
tecnologias, a mídia aparece como um instrumento importante na educação não-
formal, isto pelo fato desta ser um meio de comunicação social.
E como defende Martirani (2008) comunicação e educação são relacionadas,
sendo “possível afirmar que não há educação sem comunicação, nem tampouco
comunicação sem educação.” (p. 1). Como a mídia pode ser considerada um
instrumento de comunicação social, esta acaba desempenhando funções
educativas, demandando a necessidade de trabalhar no âmbito da educação, além
de ter de se aprimorar em suas capacidades de comunicação para fins educativos
(MARTIRANI, 2008).
Corrêa (2007) destaca que para entender como ocorre essa comunicação,
necessita-se entender sobre sociedade de massas, em que a mídia é o agente que
integra as comunidades. Isto é, os meios de comunicação de massa, acabam por
serem integradores da sociedade, de forma que ao dirigirem informações aos
indivíduos estes se sentem parte integrante da sociedade por compartilharem certos
valores que ali se encontram (CORRÊA, 2007).
Vale lembrar que ainda que o ensino de valores esteja muito mais relacionado
com o EI, não significa que ele não esteja presente na ENF. Dessa forma,
consideraremos os meios de comunicação de massa como ENF, pelo fato de que
como é defendido por Gadotti (2005), esta educação tem a função de integrar o
indivíduo na sociedade.
Sendo assim, coloca-se a mídia como um meio de comunicação de massa, em
que este tem uma importante função para a ENF. Esta mídia pode ser escrita,
televisiva, online, etc. que ainda assim possui essas características de comunicação
em massa. Herscovitz (2009) destaca a crescente importância da mídia online, já
que muitas pessoas atualmente possuem acesso a portais na internet.
Para o presente trabalho, definir-se-á portais da internet como “websites de
notícias online de referência que oferecem conteúdos editoriais semelhantes aos da
imprensa” (HERCOVITZ, 2009 p. 3). A autora ressalta a importância desses portais
pelo motivo destes sites fornecerem noticias gratuitamente aos leitores, enquanto
que as edições escritas da mesma empresa cobram pelo acesso.
12
Os portais de noticias na internet são então caracterizados como meio de
comunicação de massas e como todos os tipos de mídia necessita criar diversos
aspectos estéticos para atrair a atenção do publico para suas mensagens
(CORRÊA, 2007).
Na maioria das vezes, este critério estético, como destaca Bourdieu (1997),
está relacionado com o sucesso comercial, gerando notícias sensacionalistas, como
desastres naturais que provocam a curiosidade do público e estes dão audiência
para este tipo de jornalismo.
Porém, um problema relacionado a este sensacionalismo é que as pessoas
passam a dar muita credibilidade ao jornalismo e como é destacado por Ramos
(2006) “... as pessoas tendem a associar os discursos jornalísticos a uma „verdade‟”
(p. 40). Não gerando assim, opiniões críticas.
Mas ainda assim, segundo Corrêa (2007), o jornalismo se propõe a passar
mensagens para o público. Para o autor, existe o que se chama de fluxo de
mensagem, sendo este no sentido de um emissor para um receptor, podendo sofrer
ruídos, que são conseqüências de intervenções na mensagem e que deformam a
mesma, danificando a comunicação.
Esses danos podem acarretar em perdas de características importantes dos
meios de comunicação de massa, dentre elas a oportunidade de criar uma opinião
crítica sobre o assunto abordado. Portanto, em questões de Educação Ambiental, a
mídia deve também colocar a possibilidade de formação de opinião crítica de seu
público e não simplesmente a imposição de verdades sensacionalistas com o mero
intuito de obter mais audiência. Por isso retomam-se os objetivos deste trabalho de
analisar o papel da mídia online na educação ambiental não-formal.
2.1. A educação ambiental
Um breve histórico
A Educação Ambiental (EA) é um campo que vem crescendo nos últimos anos,
mas é preciso ressaltar que a EA não é tão recente assim. Como diz Carvalho
13
(2001) a EA começou a ser falada no Brasil por volta da década de 70, mas esta
passou a ganhar visibilidade apenas a partir da década de 80.
Já no cenário mundial, a EA aparece mais cedo na Conferência Mundial do
Meio Ambiente Humano, ou a Conferencia de Estocolmo (Suécia) em 1972. Esta
“atenta à necessidade de um critério e de princípios comuns que ofereçam aos
povos do mundo inspiração e guia para preservar e melhorar o meio ambiente
humano”.
Pouco tempo depois, em 1975, fez-se o Encontro Internacional em Educação
Ambiental, promovido pela UNESCO em Belgrado (Iugoslávia), este com o intuito de
responder às recomendações da conferência de Estocolmo. Neste encontro criou-se
o Programa Internacional de Educação Ambiental. Além disso, fez-se a carta de
Belgrado, que fala sobre a satisfação das necessidades de todos os cidadãos da
Terra. Neste documento, propõem-se temas que mencionam a erradicação das
causas básicas da pobreza como a fome, o analfabetismo, a poluição entre outros a
serem tratados em conjunto.
Dois anos após o encontro de Belgrado, ocorre a conferência
intergovernamental de Educação Ambiental em Tbilisi (antiga URSS) em 1977,
também organizada pela UNESCO com apoio da PNUMA. Nesta conferencia
definiu-se os objetivos da Educação Ambiental.
Fazendo-se um paralelo, Reigota (1998) aponta que no início da década de 70,
no Brasil criou-se o SEMA (Secretaria Especial do Meio Ambiente) que seria
responsável pelos projetos de EA. Um pouco mais a frente, Mais especificamente
um ano antes da conferencia em Tbilisi, ou seja, 1976, no Brasil criou-se cursos de
pós-graduação em Ecologia em algumas universidades e também criou-se o INPA –
Instituto Nacional de Pesquisas Aéreas. Ainda no Brasil, em 1977, o Conselho
Federal de Educação tornou obrigatória a disciplina Ciências Ambientais em cursos
universitários de engenharia.
Ao final da década, em 1979, ocorreu o Seminário de Educação Ambiental da
América Latina na Costa Rica. Neste ano o MEC juntamente com a CETESB
publicam um documento de proposta de ecologia para 1º e 2 graus.
Já na década seguinte,a EA começa a ter mais expressão no Brasil, sendo que
logo no ano de 1884 ocorreu o primeiro encontro paulista de EA, em Sorocaba
(REIGOTA, 1998). Um ano depois, o MEC expõe um parecer (819/85) para a
14
inclusão de conteúdos ecológicos na formação de ensino de forma a integrar esses
conteudos em todas as áreas de ensino.
No ano seguinte, ocorre em Moscou na Rússia um congresso sobre Educação
e Formação Relativas ao Meio-Ambiente, também promovido pela UNESCO. Neste
congresso ressaltou-se a importância da formação de recursos humanos nas áreas
formais e não formais da EA. Enquanto isso, no Brasil, neste mesmo ano, a câmara
de ensino aprovou (por unanimidade) o parecer que considera necessária a inclusão
de EA nos conteúdos curriculares das escolas.
Em 1988, ano seguinte a aprovação da câmara, a constituição brasileira dedica
o capítulo VI ao Meio Ambiente, que no Artigo 225, inciso VI determina ao “... Poder
público, promover a Educação Ambiental em todos os níveis de ensino...”. Além
disso, neste ano ocorreu o primeiro congresso Brasileiro de Educação Ambiental, no
Rio Grande do Sul e o primeiro fórum de EA pela CECAE/USP.
Já na década seguinte, em 1991 o MEC determinou que a educação escolar
deveria contemplar a EA permeando todo o currículo de diferentes níveis de ensino.
Ainda neste ano, institui um grupo de trabalho em EA com o intuito de definir com as
secretarias estaduais de educação as metas para implantação de EA no país, além
de estabelecer as metas de atuação do MEC na área de educação formal e não
formal.
No ano seguinte, ocorreu a chamada RIO- 92, conferência da ONU sobre meio
ambiente e desenvolvimento, que tinha como objetivo coordenar, apoiar,
acompanhar, avaliar e orientar as ações, metas e estratégias para a implementação
da EA nos sistemas de ensino em todos os níveis e modalidades. O MEC também
promoveu um encontro em Jacarepaguá para discutir metodologias e currículo de
EA, deste encontro resultou-se a Carta Brasileira para a Educação Ambiental.
Em 1994 o PRONEA (Programa Nacional de Educação Ambiental) é proposto,
com o objetivo de capacitar o sistema de educação formal e não-formal, supletivo e
profissionalizantes em sues diversos níveis e modalidades. No ano seguinte criou-se
o conselho nacional de Meio Ambiente (CONAMA), que foi determinante para o
fortalecimento da EA.
Em 1996 criou-se a lei nº 9.276/96 cujos objetivos eram de promover a EA
através da divulgação e uso de conhecimentos sobre tecnologias de gestão
sustentável dos recursos naturais. No ano seguinte fez-se a Conferência
Internacional sobre Meio Ambiente e Sociedade em Thessaloniki. Nesta conferência
15
houve o reconhecimento que a RIO – 92 não estava surtindo efeito, então o Brasil
faz a Declaração de Brasília para a Educação Ambiental. Neste mesmo ano, são
publicados os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) com o tema “Convívio
Social, ética e Meio Ambiente” em que a EA é inserida como tema transversal.
Dois anos depois (1999) é criada a Lei nº 9795/99 que institui a Política
Nacional de Educação Ambiental. Nesta lei estão presentes alguns pontos
importantes na EA como o Artigo 1º em que se diz que “entendem-se por educação
ambiental os processos dos quais os indivíduos e a coletividade constroem valores
sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a
conservação do meio ambiente...” (BRASIL, 1999 p. 1)
Outro aspecto importante desta Lei é que ela não situa EA apenas em
ambientes formais, mas também em ambientes não-formais como diz o Artigo 2º
dessa Lei. Sendo assim, a EA não é restrita a apenas escolas e meios formais,
sendo também colocada como “obrigatória” em meios não-formais de ensino.
2.2. Educação Ambiental Não-Formal
Existem varias formas de educação ambiental não-formal, dentre estas formas
são consideradas a educação proveniente de projetos educacionais de ONGs,
notícias provenientes de matérias jornalísticas, inclusive sobre acidentes e desastres
naturais, entre outros.
Segundo a Lei 9.795/99 Seção III sobre a EA não-formal, no Artigo 13º diz que:
“entendem-se por educação ambiental não-formal as ações e práticas educativas
voltadas à sensibilização da coletividade sobre as questões ambientais e à sua
organização e participação na defesa da qualidade do meio ambiente.”
Dentro deste contexto, inclui-se na Lei que os meios de comunicação em
massa possuem incentivo por parte do poder público para atuar na educação
ambiental não-formal. Ainda nessa Lei, no Artigo 3º item IV incumbe aos meios de
comunicação em massa, colaborar de maneira ativa na disseminação de práticas
educativas sobre o meio Ambiente e incorporar em sua programação a dimensão
ambiental.
16
Sendo assim, é de incentivo do governo que a mídia atue como um meio de
educação ambiental não-formal, e como um meio de ENF, deveria atuar de forma a
formar uma opinião crítica quanto a essas questões ambientais em seu público.
Porém, tanto na mídia quanto em outros meios de ENF, são frequentes às
vezes em que não se observa essa formação crítica, ainda que pela Lei 9.795/99 um
dos objetivos apontados pela EA é o estímulo e o fortalecimento de uma consciência
crítica sobre os problemas ambientais e sociais.
Muitas vezes, o que se observa nestes meios de Educação Ambiental não-
formal é uma educação mais voltada ao conservadorismo, que se denomina
educação ambiental conservadora.
2.3. Educação Ambiental Crítica x Educação Ambiental Conservadora
Como aponta Carvalho (2004), Educação Ambiental (EA) tem sido
categorizada de varias maneiras; EA popular, crítica comunitária, formal, não formal,
para desenvolvimento sustentável, conservacionista (conservadora), socioambiental,
entre outros. Trabalhar-se-á com a crítica e a conservadora neste trabalho.
Em termos educacionais, como aponta Guimarães (2004), pode-se dizer que a
EA conservadora se aproxima do sistema tradicional de ensino, em que a
transmissão do conhecimento é tida como principal característica. Enquanto que a
EA crítica se aproxima de um sistema mais construtivista de ensino, em que se leva
em consideração a formação para a sociedade, o cooperativismo, entre outras
características (GUIMARÃES, 2004).
Carvalho (2004) defende isso quando destaca que “A educação crítica tem
suas raízes nos ideais democráticos e emancipatórios do pensamento crítico
aplicado à educação.” (p. 18). Da mesma maneira, Jacobi (2005) também defende
esse ponto dizendo que a EA crítica tem como eixo central a problematização e a
formulação de pensamento crítico com o intuito de resolver os problemas
socioambientais da sociedade e, portanto, tem um caráter cooperativo.
Enquanto que a EA conservadora, como concordam Guimarães (2004) e
Carvalho (2004), é muito voltada para o individualismo, em que nessa concepção
tem-se “... uma compreensão de mundo que tem dificuldades de pensar o junto,
17
conjunto, totalidade complexa. Focado na parte, vê o mundo partido, fragmentado,
disjunto.” (GUIMARÃES, 2004 p. 26).
Jacobi (2005) destaca que é essa visão fragmentada e reducionista que a EA
crítica tenta romper, de modo a estimular um pensar sobre o meio ambiente
vinculado ao diálogo, saberes, valores éticos e valores fundamentais para o
fortalecimento da interação entre sociedade e natureza.
Afinal, com esta visão de mundo individualista, Guimarães (2004) destaca
também que o homem acaba por ser superestimado e coloca-se como o topo,
criando dessa forma uma lógica de dominação, em que o homem dominaria o resto
da natureza. Por isso, como diz Sorrentino (1998 apud JACOBI, 2003), um dos
maiores desafios para educadores ambientais é o resgate e desenvolvimento de
valores e comportamentos, além do estímulo a uma visão critica sobre as questões
ambientais.
Carvalho (2004) concorda com isso, quando diz que EA crítica seriam
contribuições para a mudança de valores dos indivíduos, de modo a desmistificar
essa questão do homem como um ser superior e individualista. Para isso, a autora
destaca que a prática educativa deve ser a formação do sujeito social, ou seja, o
individuo social e historicamente situado, não se reduzindo a apenas o indivíduo.
Fato é que a EA conservadora tem um caráter mais individualista, em que o
mais importante é a motivação e a sensibilização do indivíduo, diferentemente da EA
crítica que tem como objetivo formar um cidadão com leitura crítica do mundo
(CARVALHO, 2004). Isso não implica dizer que o trabalho com razão e emoção não
sejam importantes como aponta Guimarães (2004), o autor ressalta que estas
questões são importantes, porém não são suficientes por si só.
Sendo assim, de nada adianta simplesmente sensibilizar se não se fizer uma
leitura crítica do assunto. Guimarães (2004) usa uma analogia sobre a educação
ambiental conservadora em que ele compara a uma estória em que um barão para
tentar sair de um atoleiro puxa seus próprios cabelos (estória das “Aventuras do
Barão de Münchhausen”). Isto é, a EA conservadora não nos propicia uma solução
aos problemas socioambientais.
Quando se diz problemas socioambientais, tem-se que levar em consideração
mais do que simplesmente o meio ambiente, mas também a sociedade como um
todo; a economia que envolve a sociedade, a cultura da sociedade entre outros
18
fatores sociais, dessa forma, a EA crítica precisa ser interrelacionada com todos
esses aspetos atuando de forma interdisciplinar (JACOBI, 2005).
Tratando-se a EA relacionada com estes contextos e, portanto, de forma
interdisciplinar, faz-se o que Reigota (1998) chama de educação ambiental política,
em que esta seja ensinada de forma a formar o cidadão político que reivindica justiça
social e ética nas relações sociais e com a natureza.
Dessa forma, como ressalta Jacobi (2003), este é o maior desafio, formar uma
educação ambiental que seja crítica em dois níveis: formal e não-formal. E é a partir
desses pontos, caracterizando EA crítica e conservadora em ambientes também
não-formais, que se assentam os objetivos deste trabalho de analisar o papel da
mídia online na educação ambiental não-formal.
19
3. Procedimentos metodológicos
O presente trabalho, de abordagem qualitativa, é caracterizado como análise
documental. A pesquisa qualitativa, segundo Lüdke e André (2008) é caracterizada
principalmente por ter o ambiente natural como fonte de dados, por ter os dados
coletados e descritos, por se preocupar principalmente com o processo do trabalho
do que com o produto propriamente dito.
Diante dessas características, existem várias formas de se fazer uma pesquisa
qualitativa, seja ela uma entrevista, observações, questionários ou até mesmo a
análise de documentos (LÜDKE e ANDRÉ, 2008).
O estudo documental, de acordo com May (2004), pode nos informar muito
sobre a maneira com a qual os eventos são construídos; além disso, o autor também
ressalta que dentro da análise documental, existem várias possibilidades, desde o
estudo de dados visuais, fotografias até textos.
Lüdke e André (2008) destacam que a análise documental geralmente é pouco
explorada, ainda que possa ser um instrumento importante, pois “os documentos
constituem também uma fonte poderosa de onde podem ser retiradas evidências
que fundamentem afirmações e declarações do pesquisador” (p. 39).
A partir destas definições, este presente estudo se caracteriza como análise de
documentos. Retomando os objetivos deste estudo, de analisar o papel da mídia
online na Educação Ambiental (EA) não-formal de seu público-alvo, foram estudados
textos de revistas populares com matérias sobre o acidente na plataforma de
petróleo da British Petroleum (BP) no Golfo do México nos Estados Unidos.
As revistas selecionadas para este estudo foram: a revista Veja1 e a revista
Istoé2, que são revistas de grande circulação na cidade de São Paulo. Para a coleta
das reportagens utilizou-se os portais das revistas na internet, que possuem
reportagens diárias, e o acesso é gratuito. Como destaca Herscovitz (2009) os
portais são importantes, pois além de estarem começando a ser muito acessados, 1 www.veja.abril.com.br 2 www.istoe.com.br
20
devido ao crescente aumento do uso da internet, fornecerem notícias gratuitamente
aos leitores, enquanto que as edições escritas da mesma empresa cobram pelo
acesso.
A escolha de coletar dados de duas revistas diferentes e de diferentes editoras
foi feita apenas para obter uma variação nos dados e não ficar uma análise
direcionada. Sendo assim, não haverá qualquer tipo de comparação entre as duas
revistas.
Estabelecidas as revistas a serem pesquisadas, fez-se um levantamento das
reportagens a respeito do acidente que foram publicadas a partir do dia 20 de abril
de 2010 (data do acidente da plataforma de petróleo) até as reportagens de 20 de
maio de 2010.
O acidente trata-se de uma explosão um uma plataforma de petróleo da
companhia britânica British Petrolium (BP) ocorrido no dia 20 de abril de 2010, dois
dias depois a plataforma afundou. Ao afundar os canos de mais de mil metros de
profundidade se romperam e passaram a derramar milhares de litros de óleo cru no
oceano.
As notícias sobre o acidente saíram cedo na mídia, sendo assim, foram
publicadas muitas reportagens a respeito.Portanto, a escolha de um curto intervalo
de tempo (1 mês) se justifica devido à grande quantidade de reportagens publicadas
sobre o assunto. É passível de se destacar que há publicações a respeito até o mês
de setembro, e para o presente trabalho não seria viável uma análise com esta
quantidade de dados.
Desse modo, as matérias que foram coletadas se encontram anexadas (CD) e
para a análise das mesmas foram transcritas algumas passagens destas
reportagens que representassem bem seus conteúdos. Estas foram submetidas a
uma análise baseada nos significados atribuídos à educação ambiental
principalmente de acordo com as ideias de Guimarães (2004) e Jacobi (2005).
21
4. Análise dos Dados e Discussão
Frente aos objetivos deste trabalho de analisar o papel da mídia online na
educação ambiental não-formal, e de acordo com os procedimentos metodológicos
apresentados, as reportagens coletadas foram submetidas a um exercício inicial de
categorização que procurou identificar seus potenciais para a Educação Ambiental
(EA).
A reportagem sem potencial para a EA foi apenas uma delas, a do portal da
Veja do dia 22/04/2010. Esta reportagem é a primeira deste portal sobre o acidente,
e é provável que por esse motivo tenha apenas apresentado o acidente, sem ter
abordado os danos ambientais do mesmo.
Porém, talvez fosse interessante nesse “primeiro momento”, ou seja, a primeira
reportagem que o público se depara sobre o acidente, levar em consideração as
questões do uso do petróleo, pois como destacado por Reigota (1998), a educação
ambiental deve ter um caráter reflexivo e também deve ser interdisciplinar.
Assim sendo, significa que para se trabalhar EA, tem-se que trabalhar também
outros aspectos interligados, e ressaltar a questão econômica da dependência das
indústrias petrolíferas talvez ajudasse o leitor a ter uma visão mais reflexiva e mais
política da situação.
Ainda na reportagem sem potencial para EA, vê-se um trecho no portal da Veja
que diz o seguinte: “… O incidente pode provocar sérios danos ambientais se houver
um grande vazamento de petróleo e diesel. Uma mancha de oito quilômetros de
extensão foi vista perto do local da explosão.” (Veja, 22/04/2010)
Neste trecho, observa-se na fala que há uma referência a danos ambientais,
porém este é dito de forma que mostre ao leitor apenas uma consequência, ou seja,
o incidente pode provocar sérios danos, porém não trata quais os danos podem ser
causados, nem promovem uma reflexão ou uma visão crítica do porque podem
causar esses danos.
Guimarães (2004) ressalta que a sensibilização é necessária na EA, porém ela
não deve atuar independente das outras características da EA como ocorre neste
22
trecho em que apenas mostra-se ao leitor que há possibilidade de danos e que,
portanto, deve-se ter atenção.
Considerou-se então esta reportagem como sem potencial para a EA pois
ainda que o trecho apresentado traga algo relacionado ao impacto ambiental, os
outros trechos da reportagem apenas caracterizam o acidente como pode se
identificar já no inicio da reportagem: “Uma plataforma de petróleo afundou no Golfo
do México nesta quinta-feira depois de explodir…” (Veja, 22/04/2010)
Todas as demais reportagens foram então categorizadas com potencial para a
EA, entretanto, foi possível observar que a maioria das reportagens volta-se a uma
educação ambiental mais conservadora, ainda que tenham algumas reportagens
que possuem uma tendência a educação ambiental crítica (Veja 04/05/2010; Veja
10/05/2010; Veja 12/05/2010; Istoé 30/04/2010; Istoé 04/05/2010; Istoé 09/05/2010;
Istoé 10/05/2010;; Istoé 14/05/2010 II). Nas reportagens em que a tendência é uma
EA conservadora, é possível observar uma proximidade ao ensino tradicional na
forma como são apresentados os seus conteúdos.
Como aponta Guimarães (2004), a educação ambiental conservadora é mais
parecida com o ensino tradicional, em que a transmissão do conhecimento é o mais
característico, e isto é muito perceptível nas reportagens, em que as informações
sobre o desastre são transmitidas aos leitores.
“… Equipes de emergência iniciaram a queima controlada da gigantesca
mancha de petróleo provocada pela explosão de uma plataforma no Golfo do
México, diante da ameaça de o óleo chegar à costa da Louisiana…” (Veja
29/04/2010). Neste trecho, a informação é transmitida de maneira que aparente ser
a melhor solução para o desastre, não fazendo com que o leitor tenha uma visão
crítica sobre esse método de contenção da mancha de petróleo.
Ainda nesta mesma reportagem, temos a seguinte informação: “… A queima da
mancha de petróleo para proteger a costa provocará seus próprios problemas
ambientais, criando enormes nuvens de fumaça tóxica e deixando resíduos no
mar…” a partir desse trecho percebe-se que a informação é simplesmente
transmitida, não sendo passível de reflexão por parte do leitor, como é característico
de um ensino tradicional (GUIMARÃES, 2004).
23
Se a reportagem fizesse alguma referência reflexiva para que o leitor pense se
aquele seria então o melhor método, ou se tem mais riscos ambientais porque
utilizá-lo, esta reportagem poderia ter um caráter de EA crítica, o que não é o caso.
Na maioria das reportagens com esta característica conservadora, é possível
identificar também algo que é importante em termos de EA, que é a sensibilização
do leitor, porém como ressalta Guimarães (2004), apenas a sensibilização não é o
suficiente como aparece na educação ambiental conservadora.
Essa sensibilização é presente em vários momentos, de várias reportagens,
mas na grande maioria das vezes apenas promove que o leitor fique chocado, sem
que se tenha uma visão crítica do assunto.
Estes momentos de sensibilização aparecem em vários momentos, como por
exemplo:
“… o vazamento de petróleo no Golfo do México, que lança diariamente o
equivalente a cinco mil barris (795 mil litros) de óleo no mar.” (Veja, 29/04/2010).
“… Há temor de que esta possa ser uma das maiores catástrofes ambientais
da região…” (veja, 30/04/2010 I)
“… Calcula-se que, se não puder ser contido, quase 100 mil barris de petróleo -
pouco mais de 15 milhões de litros - serão despejados no Golfo do México antes que
equipes consigam aliviar a pressão que impulsiona o vazamento.” (veja, 30/04/2010
I)
“… O derramamento de óleo ameaça animais selvagens que vivem na costa do
Golfo e pode se tornar o maior da história dos Estados Unidos.” (veja, 30/04/2010 II)
“… O derramamento de óleo ameaça animais selvagens que vivem na costa do
Golfo e pode se tornar o maior da história dos Estados Unidos.” (veja 01/05/2010)
“… Desde a explosão e do afundamento da plataforma Deepwater Horizon,
instaurou-se uma situação desastrosa, com centenas de milhares de galões de
petróleo bruto vazando sem contenção no Golfo e se movendo em direção aos
Estados Unidos.” (veja 04/05/2010 II)
24
“… O desastre ameaça eclipsar o vazamento de óleo do navio Exxon Valdez,
no Alaska em 1989, que foi considerado o pior desastre ecológico dos EUA…” (veja,
16/05/2010)
“… O atual vazamento de petróleo no Golfo do México pode ser o segundo
maior acidente ambiental da história norte-americana…” (Istoé. 28/04/2010)
“… O vazamento é cinco vezes maior que o previsto e foi considerado
catástrofe nacional pelo governo americano. Cerca de 5 mil barris de petróleo vazam
por dia.” (Istoé 30/04/2010 I)
“… Os especialistas acreditam que a maré negra do Golfo já é o pior desastre
ambiental da história dos Estados Unidos…” (Istoé 14/05/2010 I)
Em todos esses trechos é possível identificar o incentivo a sensibilização, em
que são mostrados dados da quantidade de petróleo que vaza por dia, enfatizando
que se não contido o vazamento, este poderia vir a ser o maior desastre ambiental
dos Estados Unidos, entre outros aspectos ressaltados.
Além disso, observa-se nos destaques do portal da veja dos dias 30/04/2010 II
e do dia 01/05/2010 que as falas são exatamente as mesmas de um dia para o
outro, o que mostra que em certos momentos as revistas colocam reportagens
extremamente parecidas ou até mesmo iguais, de modo que fiquem com essas
características sensacionalistas.
Bourdieu (1998) explica que a imprensa costuma trazer esses temas
sensacionalistas pois atraem a audiência das pessoas, isto é, trazendo dados
alarmantes de desastres atrai-se o publico devido a promoção de curiosidade nas
pessoas sobre o desastre em si.
Essas características aparecem na imprensa devido a chamada “luta pela
audiência” (BOURDIEU, 1998). Isto é, já que a presença de dados alarmantes
atraem a curiosidade do público, a revista ou o portal da internet que estiver mais
nessa configuração será mais visado.
É nesta lógica que se faz a lógica de mercado, em que aquele que é mais
visado vende mais e portanto ganha mais. Nesta lógica é possível identificar o
25
estímulo a competitividade e ao individualismo. É nesta mesma lógica individualista
que Carvalho (2004) diz que a EA conservadora se filia.
Este caráter individualista promove a disposição do homem como um ser
supremo, o que é comum na EA conservadora (GUIMARÃES, 2004). Nas
reportagens categorizadas como potencial para a EA conservadora, é possível
identificar que não há menção do homem inserido na natureza.
Tem-se apenas a menção do que foi o acidente, de como ele ocorreu, quais os
desastres que ele está causando, mas não se tem reflexões sobre a exploração do
petróleo. A exploração de petróleo já traz danos ao meio ambiente, pois além de
construir uma plataforma no meio do mar, extrai-se um produto não renovável para
se fazer combustível; mas isto sequer é mencionado em qualquer reportagem,
apenas dizem-se quais os estragos causados após acontecer um acidente.
Dito quais são os danos ao meio ambiente, passa-se a mencionar as possíveis
soluções, diz-se mencionar pois é exatamente o que as reportagens fazem, a cada
reportagem tem-se uma nova “solução” para parar o vazamento, que é mencionada
e explicada, ou então a reportagem que um método ou outro fracassou, sendo que
muitas vezes seque dizem o porque fracassou.
Por exemplo, a reportagem do portal da Veja do dia 29/04 diz: “… Na terça-
feira, fracassaram as tentativas de fechar dois focos de vazamento no oleoduto
ligado à plataforma, realizadas por quatro submarinos robotizados a 1.500 metros de
profundidade.” (Veja, 29/04/2010). A reportagem termina dessa maneira e não se
tem explicação do porque fracassou.
Isso permite ressaltar a comparação da educação ambiental conservadora com
o ensino tradicional que Guimarães (2004) expõe, em que são passadas as
informações, e elas são tratadas como a verdade inquestionável, ou seja, não
importa o porquê esta tentativa fracassou, importa apenas que ela fracassou.
Da mesma forma que os fracassos, as “soluções” são apresentadas de forma a
parecerem as melhores possíveis. Isto é, elas aparecem também como transmissão
das informações que são consideradas corretas como por exemplo em um destaque
de uma reportagem do dia 06/05 do portal da Istoé:
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“… A cúpula de contenção de 100 toneladas - uma construção cilíndrica com
um teto em forma de domo e altura de cinco andares - foi transportada (…) ao
epicentro do desastre, a 80 km da costa de Lousiana (…) A estrutura estará sendo
baixada ao fundo do mar nesta quinta-feira, (…) para permitir que o petróleo que sai
do poço seja bombeado para um barco petroleiro…” (Istoé 06/05/2010)
O modo como as informações são apresentadas dão a entender que a solução
é maravilhosa, porém não promovem o pensamento crítico do leitor, em pensar
também nas conseqüências de se colocar uma cúpula dessa dimensão no fundo do
mar, ou mesmo se haveria alguma outra solução.
Desta forma, como ressalta Jacobi (2005), caracteriza-se a educação
ambiental conservadora como uma educação reducionista, simplista, em que o que
predomina são as ações pontuais, ou seja, o que predomina são as informações que
serão passadas.
Ainda que em algumas reportagens a EA é abordada de um jeito interessante,
como é o caso de uma reportagem que se refere a utilização de cabelos para a
recuperação do óleo. “… Os fios de cabelo coletados são colocados dentro de meias
de náilon, para ajudar a absorver o óleo espesso…” (Veja 11/05/2010).
A abordagem que é feita essa reportagem é diferenciada, porém, ainda vê-se a
questão de transmissão de informações, ou seja, ainda que seja uma maneira
diferente de se recuperar o óleo (com cabelo), a informação é dada como se fosse
certeza que dará certo, inclusive são utilizados informações para ressaltar essa
veracidade quando se diz que “… A técnica tem a aprovação da empresa Applied
Fabric Technologies, segundo maior fabricante de utensílios para a absorção de
petróleo no mundo.” (Veja 11/05/2010).
A utilização de informações que destaquem a veracidade dos dados relatados
na reportagem é utilizada em outros momentos também, em uma reportagem da
Istoé, são passadas as informações e estas são reforçadas com os nomes dos
cientistas que fizeram os cálculos.
“… Steven Wereley, um professor de engenharia mecânica da Universidade
Purdue (….) Outro cientista, Timothy Crone, do Observatório Terrestre Lamont-
27
Dohorty da Universidade de Columbia, (…) E Eugene Chiang, professor de
astrofísica da Universidade de Berkeley…” (Istoé 14/05/2010 I)
Ao mencionar os cientistas para ressaltar que os cálculos da quantidade de
petróleo que vaza estavam errados, a reportagem nos permite identificar três
relações com a EA conservadora e, portanto, com o ensino tradicional
(GUIMARÃES, 2004). A primeira é a questão da veracidade, ou seja, as informações
são verdadeiras, afinal foram cientistas que falaram. A segunda questão é a
deturpação da imagem do cientista, pois da forma que aparece na reportagem tem-
se uma visão de que cientistas estão sempre corretos. Por fim a terceira questão é
que estas informações são utilizadas para sensibilizar o leitor, de modo que se
destaca que o vazamento seria maior do que realmente esta sendo, e portanto o
impacto ambiental seria maior.
Novamente ressalta-se o que diz Guimarães (2004), que a sensibilização é
importante também na EA crítica, porém ela tem que ser trabalhada, não
simplesmente desvinculada a outras questões, como por exemplo os aspectos
econômicos e sociais que envolvem esse desastre.
Algo interessante de se pensar, como já mencionado, são as questões do
monopólio das indústrias petrolíferas, porém em nenhum momento isso aparece,
apenas duas reportagens aparecem a seguinte informação: “A gigante British
Petroleum (BP)…” (Istoé, 18/05/2010) “A gigante de energia British Petroleum…”
(Veja, 16/05/2010). Tem-se então a informação de que a empresa é “gigante” e na
reportagem da veja diz-se mais, “gigante em energia”, mas não se tem o incentivo
reflexivo em se pensar o porquê a empresa é “gigante”.
Dessa forma, na maioria dos casos, têm-se informações jogadas, simplistas e
reducionistas, em que não há relações entre elas e nem com a sociedade em
questão. E como diz Jacobi (2005), para que a EA seja caracterizada crítica, ele
deve conter aspectos interdisciplinares. De modo que esta deve ser feita de forma a
construir um sujeito político e preocupado com as relações sociais com a natureza
(REIGOTA, 1998)
Algumas reportagens, principalmente por terem uma abordagem mais
interdisciplinar, puderam ser identificadas com uma abordagem mais crítica da EA,
28
mencionando questões sobre a influência do desastre na economia da região, nas
decisões feitas pelo presidente dos Estados Unidos, entre outros aspectos
relacionados com a sociedade afetada pelo desastre. Assim, foram selecionadas
algumas reportagens que possuem um aspecto mais reflexivo sobre o desastre.
Um bom exemplo é apresentado em uma reportagem da Veja: “… O
derramamento de petróleo no Golfo do México é grave. Mas quão grave ele é?
Alguns especialistas foram rápidos ao prever o apocalipse, projetando imagens
cruéis com 1.600 quilômetros de águas irreparáveis e praias em risco, pesca
prejudicada por várias temporadas, espécies frágeis extintas e uma indústria
economicamente arrasada por anos…” (Veja, 04/05/2010)
Como é possível perceber, no trecho, logo no começo é feito uma pergunta,
“mas o quão grave ele é?”, partindo do que diz Jacobi (2005), que a educação
ambiental crítica deve partir de um problema, essa reportagem já se encaixa como
EA crítica, pois a partir desse problema o leitor tem a possibilidade de refletir sobre o
acidente.
Ainda no mesmo trecho, identifica-se também a questão da
interdisciplinaridade, em que são citadas as possíveis consequências para a
economia, para a pesca e também para o meio ambiente. Outro destaque desta
reportagem que possui uma abordagem mais interdisciplinar é: “… O impacto
econômico é tão incerto quanto os danos ambientais (…) alguns especialistas
preveem um grande dano à economia. Especialistas (…) estimam que 1,6 bilhão de
dólares da economia anual - incluindo o turismo, pesca e outros” (Veja, 04/05/2010)
Novamente percebe-se as relações do desastre com as questões sociais, em
que se relacionam a economia do país, e as principais fontes econômicas dos locais,
que são pesca e turismo. Por outro lado, identifica-se a presença de sensibilização
em ambos os trechos, quando se menciona que os animais que poderiam ser
extintos, e quando se fala da quantidade de dinheiro envolvida com o acidente.
Como já mencionado neste trabalho, a utilização de notícias sensacionalistas que
promovam a sensibilização do leitor podem ter seu valor, desde que não atuem
sozinhas (GUIMARÃES, 2004). Notícias que sensibilizam o leitor são presentes
também nas reportagens que possuem um potencial para EA crítica, por exemplo:
”… O vazamento pode se tornar o pior da história dos Estados Unidos e já ameaça
29
provocar não só um desastre ecológico nas praias, refúgios selvagens e centros de
pesca da região como também um desastre econômico…” (Veja, 10/05/2010).
Quando se diz que o vazamento pode se tornar o pior, evidenciamos a
sensibilização, porém é perceptível que esta é acompanhada da interdisciplinaridade
neste trecho, pois a sensibilização é também do ponto de vista econômico, quando
se diz que será também um desastre para o ambiente, a economia e a sociedade.
Além disso, no decorrer da reportagem aparecem momentos reflexivos, nesta
mesma reportagem da Veja do dia 10/05/2010, quando há referencia á utilização de
produtos químicos dispersantes, tem-se a como funcionam os produtos e também a
opinião crítica, que permite que o leitor reflita sobre esse método, como pode ser
visto no seguinte trecho: “… Esses produtos deixam o petróleo mais difícil de ser
recuperado. Além disso, a utilização dessas substâncias nas profundezas, e não na
superfície, é inédita e poderá ser nociva para algumas espécies marinhas. (Veja
10/05/2010).
Este caráter reflexivo, de formação para a sociedade, ou de formação política
do individuo , defendido como importante por Reigota (1998), deveria ser a tônica
principal das notícias sobre o tema. E é promovendo estes aspectos que se trabalha
com a formação do individuo cooperativista, defendido por Guimarães (2004) e
ressaltado por Jacobi (2005).
Desvinculando-se então de uma visão reducionista, colocando o individuo
inserido na sociedade e, portanto, fazendo com que este indivíduo tenha uma visão
coletiva e busque por justiça social e socioambiental (REIGOTA, 1998). Assim
sendo, reportagens que fazem menção ao presidente dos Estados Unidos e
ressaltam seus atos frente ao acidente, levam o leitor a compreender melhor a
situação da sociedade em que ocorreu o acidente e quais as conseqüências do
mesmo.
E nestas reportagens categorizadas como potenciais para EA crítica é possível
observar a relação de todos esses problemas. “… A região do Golfo conta com uma
riquíssima indústria pesqueira que inclui camarões, ostras e centenas de espécies
de peixes, além de uma ampla variedade de aves e vida silvestre...” (Istoé
30/04/2010).
30
Neste trecho apresentado, identifica-se que ele ressalta as questões dos danos
ambientais, pois com o acidente estariam morrendo peixes, camarões, ostras, e
aves, e com a morte desses animais, estaria sendo danificado a industria da região
do Golfo, que é pesqueira. Sendo assim, permite ao leitor relacionar que com o
acidente morrem os animais, com a morte dos animais prejudicasse a indústria,
portanto, com o acidente da plataforma de petróleo prejudica-se a indústria da
região.
Encontram-se algumas reportagens que possuem este mesmo caráter
interdisciplinar, ou seja que relaciona mais que um tema além da simples
transmissão dos dados do acidente e os possíveis danos ambientais do mesmo,
característicos da EA conservadora (GUIMARÃES, 2004 e JACOBI, 2005).
Em outras reportagens, vê-se esta relação mais evidente como por exemplo:
“… autoridades locais pediram mais barreiras flutuantes para proteger as zonas
baixas e litorâneas, que, além de serem reservas da fauna e da flora, são destinos
turísticos e de pesca que rendem bilhões de dólares…” (Istoé 09/05/2010).
“… Ambientalistas, criadores de camarões e pescadores temem que o
dispersante acabe com os peixes e outros organismos constantes da cadeia
alimentar. „Como criadores de camarões, vivemos do mar e lutamos para preservar
o delicado equilíbrio do oceano‟, informou John Williams, diretor executivo de The
Southern Shrimp Alliance, grupo representante da indústria…” (Istoé 10/05/2010).
Nos trechos destacados identifica-se as relações explicitas do desastre com a
economia. No trecho da reportagem do portal da Istoé do dia 10/05/2010, há a
transcrisão de uma fala do diretor do grupo representante da industria de camarões,
e esta fala é muito rica, pois nela percebe-se a preocupação dos indivíduos
relacionados com a industria frente ao acidente da plataforma e aos desastres
ambientais que ela pode causar.
Dessa forma, fica evidente que o acidente na plataforma é mais que
preocupação para ambientalistas, mas também para industrialistas e pessoas
relacionadas ao turismo, que como citado na reportagem da Istoé do dia 09/10/2010,
rende muito dinheiro.
31
Não se pode, portanto, dissociar os danos ambientais dos econômicos e
sociais, sendo assim, é de suma importância a preocupação de entidades de
governo com a situação, além do presidente do Estados Unidos, tem-se também os
governadores dos estados em questão agindo em relação ao acidente e tomando
providências em relação ao mesmo.
Em um trecho de uma reportagem do portal da revista Istoé percebe-se a
preocupação do governador da Flórida: “… governador Crist, que havia mencionado
em algum momento a possibilidade de a Flórida abrir espaço para a exploração
petrolífera em alto-mar, disse na quinta-feira que esta opção deve ser abandonada
por completo pelo risco que representa para os recursos deste estado...” (Istoé
30/04/2010).
Este trecho é interessante pois destaca também a influência das indústrias
petrolíferas, que o governador já havia até mesmo cogitado em explorá-las, porém
após o acidente ele diz não ter mais esta pretensão, pois caso aconteça outro
acidente parecido, seria um desastre para os recursos do estado.
Vale então pensar porque o monopólio de indústrias petrolíferas, qual a
influência das mesmas na sociedade, e quais os riscos que elas podem oferecer. O
interessante de se pensar nisso, é que o Brasil é um importante país petrolífero,
então vale pensar o quanto este acidente no Golfo se relaciona as industrias
petrolíferas brasileiras.
Há uma reportagem muito interessnate no portal da Istoé, que ressalta
justamente esse ponto; “… A proporção a que chegou o vazamento no Golfo do
México provocou o governo do Rio de Janeiro e o Ministério do Meio Ambiente a
formarem um grupo de trabalho para prevenção e mapeamento de riscos em
plataformas de petróleo no Brasil…” (Istoé 04/05/2010).
Esta reportagem permite identificar que apesar do acidente ter ocorrido longe
do Brasil, ainda assim ele afeta a sociedade brasileira. Mostra que um acidente
desta amplitude deve ser evitado, e portanto as industrias petrolíferas, inclusive as
brasileiras, devem estar preparadas para evitar quaisquer problemas.
Afinal, como é ressaltado “…O desastre pôs em evidência a fragilidade dos
controles da indústria do petróleo…” (Istoé, 14/05/2010 II). E, portanto, deve ser visto
32
com um olhar mais crítico. Esta mesma reportagem diz que o “…The New York
Times informou que o Minerals Management Service, um organismo federal
responsável por controlar as perfurações de petróleo, autorizou a BP a realizar
perfurações sem ter obtido antes as licenças necessárias. (Istoé 14/05/2010 II)
Nesta reportagem percebe-se o caráter reflexivo sobre as industrias
petroliferas, em que o leitor faz uma leitura crítica em pensar sobre as questões de
fiscalização destas industrias. Tem-se então que pensar sobre a utilização do
petróleo em si como forma de produção de combustível, questão esta que não é
abordada em nenhuma das reportagens.
33
5. Considerações finais
O presente estudo teve o objetivo de analisar o papel da mídia online na
educação ambiental não formal. Para tal, fez-se uma análise de reportagens sobre o
acidente da plataforma de petróleo do Golfo do México retiradas de portais da
internet das revistas Veja e Istoé.
A partir da análise feita neste trabalho, foi possível identificar que apenas uma
das reportagens foi classificada como sem potencial para a Educação Ambiental
(EA), que foi a primeira reportagem de um dos portais. As demais reportagens
possuíam potencial para EA, porém estas tendem a abordar uma EA mais
conservadora do que crítica.
Destas reportagens com EA conservadora, foi possível perceber que o assunto
é tratado como transmissão de conhecimentos ao leitor, o que se assemelha ao
ensino tradicional. Isto é, as informações são passadas como uma verdade absoluta.
Outro aspecto a se levar em consideração é a grande presença de reportagens
sensacionalistas que apenas ressaltam o quão grave é o acidente para sensibilizar
os leitores.
É importante ressaltar também que em ambos os métodos de EA (crítica e
conservadora) aparecem momentos de sensibilização, porém na EA conservadora,
estes aparecem em destaque, enquanto que na crítica estes momentos são
intercalados com partes reflexivas na noticia ou que envolvem relações com outros
aspectos sociais.
Sendo assim, nas reportagens voltadas a EA crítica, foi possível perceber uma
tendência para a interdisciplinaridade, em que se relaciona não apenas o acidente e
os desastres ambientais, mas também o que o acidente pode influenciar na
sociedade atingida, como por exemplo, na economia.
Dessa forma, abordando-se estes temas mais relacionados, forma-se um
individuo mais político e, portanto, mais inserido na sociedade. Tem-se então um
incentivo ao cooperativismo, pois o individuo deixa de pensar tanto em si próprio e
passa a pensar mais no coletivo, e no que seria melhor para a sociedade.
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Além disso, essas reportagens mais voltadas ao ensino crítico também
possuem um caráter reflexivo, permitindo a formulação de um pensamento crítico
sobre o assunto em questão.
É pena apenas que em nenhum momento, nenhuma das reportagens, nem as
voltadas a EA conservadora nem as voltadas a EA crítica, abordam um tema muito
interessante que é a questão do monopólio das indústrias petrolíferas no mundo.
Ainda que tenham menções a refletir o qual seguras são estas indústrias, inclusive
pensando-se nas do Brasil.
Por fim, vale ressaltar que segundo a Lei 9.795/99 da Educação Ambiental, os
meios de comunicação de massa também tem a obrigação de atuar na EA, e que
um dos objetivos da EA é formar uma opinião crítica no aprendiz. Percebeu-se que
os portais online cumprem seu “papel” de educador ambiental, porém a EA que é
abordada por eles nem sempre cumpre um dos objetivos da EA, que é o de formar
opiniões criticas.
Ressalta-se a possibilidade da continuidade de estudos deste tipo para analisar
também outros tipos de mídia além da online neste papel de EA não formal. Afinal,
sabe-se que a mídia muitas vezes costuma ser sensacionalista para atrair o público,
porém não se sabe se a mídia cumpre seu papel de educação não-formal.
35
Referências
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Anexo
Reportagens
Veja 22/04/2010
Plataforma de petróleo afunda no Golfo do México
(AFP)
Uma plataforma de petróleo afundou no Golfo do México nesta quinta-feira depois de explodir, na noite de terça-feira, deixando 11 trabalhadores desaparecidos e quatro feridos.
"Estamos investigando as causas do afundamento da plataforma Deepwater Horizon", disse a porta-voz da Guarda Costeira, Ashley Butler.
Cerca de 126 pessoas estavam a bordo da plataforma, que ficava a 84 quilômetros do porto de Venice, nos EUA. Segundo autoridades locais, 115 foram resgatadas. Elas pularam no mar de uma altura de até 30 metros para se salvarem.
"Vamos continuar à procura dos desaparecidos enquanto houver uma possibilidade razoável de encontrá-los vivos", afirmou Ashley Butler.
A empresa Transocean, responsável pela plataforma, disse que não havia sinais de problemas antes da explosão e que as equipes faziam trabalhos de rotina.
O incidente pode provocar sérios danos ambientais se houver um grande vazamento de petróleo e diesel. Uma mancha de oito quilômetros de extensão foi vista perto do local da explosão.
Fonte: http://veja.abril.com.br/noticia/internacional/plataforma-petroleo-afunda-golfo-mexico Acesso em 11 de outubro de 2010
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Veja 29/04/2010 (I)
Vazamento de petróleo no Golfo do México é de 5.000 barris por dia
Barcos tentam retirar o óleo que se espalha pelo Golfo do México, perto de Nova Orleans (AFP)
Ao menos 5.000 barris de petróleo estão vazando diariamente no Golfo do México, um volume cinco vezes superior ao estimado previamente, informou nesta quarta-feira a Guarda Costeira dos Estados Unidos. "Descobriram um novo ponto de vazamento", assinalou o oficial Erik Swanson.
Equipes de emergência iniciaram a queima controlada da gigantesca mancha de petróleo provocada pela explosão de uma plataforma no Golfo do México, diante da ameaça de o óleo chegar à costa da Louisiana.
"É incendiada com uma pequena boia que se desloca pela mancha e a inflama. A queima ocorre satisfatoriamente", disse o oficial da Guarda Costeira Cory Mendenhall sobre a operação para paliar os efeitos do vazamento provocado pelo afundamento da plataforma petroleira diante da costa americana, na quinta-feira passada.
Estragos - A drástica decisão de atear fogo à maré negra foi adotada após a mancha chegar a cerca de 40 quilômetros dos pântanos de Louisiana, hábitat de diversas espécies. Uma frota de barcos da Guarda Costeira e da companhia britânica de petróleo BP empurrava as partes mais densas da mancha para uma barreira flutuante resistente ao fogo. "O plano é queimar, de forma restrita e controlada, milhares de galões de petróleo, e cada operação deve durar cerca de uma hora", explicaram autoridades.
A Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA) americana advertiu mais cedo que os fortes ventos de sudeste previstos para os próximos dias poderão empurrar a maré negra para os pântanos da Louisiana.
A plataforma Deepwater Horizon, operada pela BP, afundou na quinta-feira passada 240 quilômetros a sudeste de Nova Orleans, dois dias depois de uma explosão que causou a morte de 11 trabalhadores. A queima da mancha de petróleo para proteger
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a costa provocará seus próprios problemas ambientais, criando enormes nuvens de fumaça tóxica e deixando resíduos no mar.
Na terça-feira, fracassaram as tentativas de fechar dois focos de vazamento no oleoduto ligado à plataforma, realizadas por quatro submarinos robotizados a 1.500 metros de profundidade.
Fonte: http://veja.abril.com.br/noticia/internacional/vazamento-petroleo-golfo-mexico-5-000-barris-dia Acesso em 11de outubro de 2010
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Veja 29/04/2010 (II)
Governo americano oferece apoio militar para conter derramamento de petróleo
Foto divulgada pelo Greenpeace mostra navio atuando na contenção da mancha. (AFP)
A empresa British Petroleum (BP) aceitou nesta quinta-feira, 29, uma oferta de apoio militar do governo dos Estados Unidos para controlar o vazamento de petróleo no Golfo do México, que lança diariamente o equivalente a cinco mil barris (795 mil litros) de óleo no mar.
Dough Suttles, chefe de operações da BP, disse que a empresa britânica aceitaria qualquer ajuda para controlar o vazamento que começou no dia 20 de abril, quando uma explosão e um incêndio destruíram uma plataforma de prospecção. Um total de 126 pessoas trabalhavam na plataforma da empresa Transocean. Depois do acidente, 11 trabalhadores ficaram desaparecidos.
Em sua apresentação no programa Today, da rede de televisão NBC, Suttles não especificou que tipo de ajuda as Forças Armadas poderiam prestar.
A contra-almirante da Guarda Litorânea, Mary Landry, disse que a secretária de Segurança Nacional, Janet Napolitano, tinha informado da situação ao presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, e que o Departamento de Defesa poderia fornecer equipamento e pessoal para conter a mancha de petróleo que ameaça o ecossistema no litoral da Louisiana e Mississipi.
Por sua vez, a Direção Nacional de Oceanos e Atmosfera (NOAA na sigla em inglês), calculou que vazam cinco mil barris (795 mil litros) diários de petróleo. Quase cinco vezes mais que o calculado anteriormente.
Além disso, o jornal The Times-Picayune, de Nova Orleans, informou hoje que os funcionários da BP descobriram um novo vazamento nos encanamentos retorcidos que se romperam quando a plataforma Deepwater Horizon afundou no Golfo do México.
Os ventos mudaram de direção para o sudeste ontem e os técnicos calculam que as bordas exteriores da mancha de petróleo cru poderiam chegar ao litoral da Louisiana amanhã pela tarde.
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As previsões meteorológicos indicam ventos continuados do sudeste durante o fim de semana e marés altas. Tudo contribuiria para que o vazamento de petróleo se aproximasse em poucos dias do delta do Rio Mississipi, um habitat muito variado e frágil.
Nesta quarta-feira as autoridades fizeram os primeiros incêndios controlados de petróleo perto do lugar onde estava a plataforma, em uma tentativa por reduzir o volume de óleo derramado.
O The Wall Street Journal informou, nesta quinta, que o poço de prospecção que agora derrama óleo cru no Golfo do México não contava com o sistema de obturação por controle remoto, exigido por outros importantes países petroleiros, como o Brasil e a Noruega.
Segundo o jornal, a plataforma não contava com um chamado comutador acústico com o qual a tripulação possa ativar uma válvula submarina que fecharia o poço.
Fonte: http://veja.abril.com.br/noticia/internacional/governo-americano-oferece-apoio-militar-conter-derramamento-petroleo Acesso em 11 de outubro de 2010
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Veja 30/04/2010 (I)
Mancha de petróleo chega à costa dos EUA
Aves migratórias da região estão ameaçadas (AFP)
Parte do petróleo derramado após a explosão de uma plataforma no Golfo do México chegou à costa dos Estados Unidos antes do previsto. A previsão inicial era de que a "mancha negra" pudesse atingir o estado da Louisiana somente na sexta-feira, o que aconteceu ainda na noite de quinta.
O óleo, que segue se espalhando rapidamente apesar dos trabalhos de contenção, atingiu uma ilha perto do delta do rio Mississipi, segundo a Guarda Costeira americana. A maior preocupação passa a ser a ameaça às aves migratórias, como pelicanos. Há temor de que esta possa ser uma das maiores catástrofes ambientais da região, e que praias e refúgios de vida selvagem sejam danificados em pelo menos quatro estados - Lousiana, Mississipi, Alabama e Florida.
O vazamento de petróleo no Golfo do México causado pelo afundamento de uma plataforma operada pela empresa BP no dia 22 é cinco vezes maior que o estimado inicialmente e é considerado pelo governo dos Estados Unidos uma catástrofe nacional. Na quinta-feira, o presidente Barack Obama ordenou o uso de "todos os recursos disponíveis" para combater o desastre. Cerca de 5.000 barris de petróleo vazam por dia.
Desastre - Calcula-se que, se não puder ser contido, quase 100 mil barris de petróleo - pouco mais de 15 milhões de litros - serão despejados no Golfo do México antes que equipes consigam aliviar a pressão que impulsiona o vazamento. Apesar da gravidade do desastre, autoridades evitam fazer comparações com o maior vazamento da história dos Estados Unidos, ocorrido em 1989, do navio Exxon Valdez no Alasca.
Mais de 1.000 pessoas em 76 embarcações estão envolvidas no combate ao vazamento. Parte da mancha de petróleo foi queimada na quinta-feira para reduzir o impacto ambiental, mas outra ação do tipo, prevista para esta sexta, foi adiada por causa das condições atmosféricas. "Estamos preparados para o pior", afirmou uma fonte da Guarda Costeira. Na Louisiana, o governador Bobby Jindal declarou estado de emergência.
Fonte: http://veja.abril.com.br/noticia/internacional/mancha-petroleo-chega-costa-eua Acesso em 11 de outubro de 2010
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Veja 30/04/2010 (II)
Flórida declara estado de emergência após vazamento de óleo no Golfo do México
Vazamento de petróleo no Golfo do México (AFP)
Nove dias após o início de um enorme vazamento de petróleo no Golfo do México, o governador da Flórida, Charlie Crist, decretou nesta sexta-feira estado de emergência na região. A medida é tomada diante da possibilidade de a mancha atingir a costa da Flórida no começo da próxima semana.
O estado de emergência vai vigorar nos condados de Escambia, Santa Rosa, Okaloosa, Walton, Bay e Gulf. Com o recurso, a Flórida poderá receber auxílio federal para lidar com a situação.
O vazamento começou pouco após a explosão, no dia 21 de abril, da plataforma Deepwater Horizon, da empreiteira Transocean e operada pela empresa British Petroleum (BP). O equivalente a 5.000 barris de óleo está sendo despejado todos os dias no mar.
A mancha chegou à costa da Louisiana, que também já declarou estado de emergência. O governo dos Estados Unidos estima que poderá levar até 90 dias para conter o vazamento.
Providências - Nesta sexta-feira, o presidente, Barack Obama, disse que enviou equipes ao Golfo para inspecionar todas as plataformas de petróleo em águas profundas. A idéia é verificar se há qualquer irregularidade.
Um dia antes, Obama havia ordenado o uso de "todos os recursos disponíveis" para acabar com o vazamento, que já é chamado de catástrofe nacional.
Mais de 1.000 pessoas em 76 embarcações estão envolvidas na operação. Parte da mancha de petróleo foi queimada na quinta-feira para reduzir o impacto ambiental, mas outra ação do tipo, prevista para esta sexta, foi adiada por causa das condições atmosféricas.
O derramamento de óleo ameaça animais selvagens que vivem na costa do Golfo e pode se tornar o maior da história dos Estados Unidos. Até então, o vazamento do navio Exxon Valdez no Alasca, em 1989, é considerado o pior já registrado no país.
Fonte:http://veja.abril.com.br/noticia/internacional/vazamento-oleo-atinge-costa Acesso em 11 de outubro de 2010
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Veja 01/05/2010
Obama irá ao Golfo do México; vazamento pode aumentar 10 vezes
O derramamento de óleo ameaça animais selvagens que vivem na costa do Golfo (AFP)
Um representante da Casa Branca informou que o presidente dos EUA, Barack Obama, irá ao Golfo do México dentro de 48 horas. A enorme mancha de óleo na região, resultado da explosão de uma plataforma de petróleo da empresa British Petroleum (BP), na semana passada, já chegou à costa norte-americana.
A Casa Branca tem tentado mostrar que o mais alto nível do governo está engajado na crise do Golfo e evitar quaisquer comparações com a lenta resposta do predecessor de Obama, George W. Bush, ao furacão Katrina em 2005.
Em círculos de cientistas, teme-se que o vazamento saia totalmente do controle e cresça em magnitude, podendo tornar-se até dez vezes maior do que os 5 mil barris por dia que jorram atualmente.
Citando um relatório confidencial da Administração Atmosférica e Oceânica Nacional (NOAA, na sigla em inglês) sobre o desastre, o jornal Mobile Press-Register, do Alabama, informa que dois pontos de vazamento adicionais foram encontrados no duto defeituoso.
"Se o duto deteriorar-se mais, o fluxo pode sair do controle, resultando num volume de derramamento de magnitude superior à inicialmente prevista", disse o jornal. A uma pergunta sobre o documento, o porta-voz da NOAA Scott Smullen disse que os vazamentos adicionais foram reportados ao público na quarta-feira à tarde, informa o Press-Register.
Quanto à possibilidade de que o derramamento se torne maior, Smullen disse que iria "deixar o documento falar por si".
Estado de emergência - Nove dias após o início do vazamento, o governador da Flórida, Charlie Crist, decretou nesta sexta-feira estado de emergência na região. A medida é tomada diante da possibilidade de a mancha atingir a costa da Flórida no começo da próxima semana.
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O estado de emergência vai vigorar nos condados de Escambia, Santa Rosa, Okaloosa, Walton, Bay e Gulf. Com o recurso, a Flórida poderá receber auxílio federal para lidar com a situação.
A mancha chegou à costa da Louisiana, que também já declarou estado de emergência.
Providências - Já foram enviadas equipes ao Golfo para inspecionar todas as plataformas de petróleo em águas profundas. A idéia é verificar se há qualquer irregularidade.
Um dia antes, Obama havia ordenado o uso de "todos os recursos disponíveis" para acabar com o vazamento, que já é chamado de catástrofe nacional.
Mais de 1.000 pessoas em 76 embarcações estão envolvidas na operação. Parte da mancha de petróleo foi queimada na quinta-feira para reduzir o impacto ambiental, mas outra ação do tipo, prevista para esta sexta, foi adiada por causa das condições atmosféricas.
O derramamento de óleo ameaça animais selvagens que vivem na costa do Golfo e pode se tornar o maior da história dos Estados Unidos. Até então, o vazamento do navio Exxon Valdez no Alasca, em 1989, é considerado o pior já registrado no país.
Fonte:http://veja.abril.com.br/noticia/internacional/obama-ira-ao-golfo-mexico-vazamento-pode-aumentar-10-vezes Acesso em 11de outubro de 2010
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Veja 04/05/2010 (I)
Qual é a gravidade do vazamento de petróleo no Golfo do México?
The New York Times
Pássaros sobrevoam a área poluída pelo óleo no Golfo do México (Reuters)
O derramamento de petróleo no Golfo do México é grave. Mas quão grave ele é? Alguns especialistas foram rápidos ao prever o apocalipse, projetando imagens cruéis com 1.600 quilômetros de águas irreparáveis e praias em risco, pesca prejudicada por várias temporadas, espécies frágeis extintas e uma indústria economicamente arrasada por anos.
O presidente Barack Obama chamou o vazamento de "um possível desastre ambiental sem precedentes." E alguns cientistas previram que o petróleo poderá se prender na correnteza do golfo, levando a destruição para a Costa Atlântica. Ainda sim a explosão da plataforma de águas profundas não é sem precedentes, nem é o pior acidente de petróleo da história. Seu impacto final dependerá de uma lista de variáveis, que incluem o clima, correntes oceânicas, as propriedades do petróleo e o sucesso ou fracasso dos esforços para estancar o fluxo.
Tragédias - Como disse um especialista, é a primeira batalha desta guerra. Ninguém sabe quem vai vencer no final. O poço, do qual vazam sem parar cerca de 800.000 litros de petróleo por dia, poderia continuar aberto por anos e mesmo assim não chegaria nem perto dos 136 bilhões de litros de petróleo derramados pelas forças do Iraque quando deixaram o Kuwait em 1991. Não chega nem perto da magnitude do Ixtoc I, que explodiu na baía de Campeche, no México, em 1979, e espalhou por volta de 500 milhões de litros de petróleo antes que o poço fosse controlado.
Terá que ficar muito pior até alcançar o impacto do acidente do petroleiro Exxon Valdez em 1989, que contaminou 2.000 quilômetros de um intocado litoral e matou milhares de aves marinhas, lontras e focas, além de 250 águias e 22 orcas.
Ninguém, nem mesmo os advogados das indústrias de petróleo, está defendendo o acidente. A área contaminada do golfo continua aumentando e já foi encontrado petróleo em algumas áreas pantanosas na ponta da Louisiana. As praias e os arrecifes das ilhas de Flórida correm perigo se o óleo entrar na correnteza do golfo.
Esperança - Na segunda-feira, porém, o vento estava levando o petróleo para a direção contrária, para longe da correnteza. Os piores efeitos do vazamento ainda
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estão para acontecer. E se os esforços para conter o petróleo tiverem pelo menos um pouco de sucesso e o clima cooperar, o pior poderá ser evitado. "Até agora o que as pessoas estão temendo ainda não se concretizou", disse Edward B. Overton, professor de ciência ambiental da Faculdade do Estado de Louisiana e perito em vazamentos de petróleo. "Acham que será como o Exxon Valdez. Eu não imagino essa gravidade aqui a não ser que as coisas piorem muito."
Overton disse ter esperança que os esforços da British Petroleum para colocar tampas de concreto na boca do poço danificado vai funcionar, embora tenha dito se tratar de uma missão complicada e que poderia até piorar as coisas se danificar outros canos submarinos.
"O céu não está desabando", disse Quenton R. Dokken, biólogo marinho e diretor executivo da Fundação Golfo do México, um grupo de conservação em Corpus Christi, Texas. "Nós com certeza caímos em um buraco e teremos que lutar para sair dele, mas isso não significa que é o fim do Golfo do México."
Engenheiros falaram que o tipo de petróleo que sai do poço é mais leve que o grosso espalhado pelo Exxon Valdez, evapora com mais rapidez pela superfície e é mais fácil de queimar. Também aparenta responder melhor ao uso de dispersantes, que ajudam a reduzi-lo. Ainda sim o petróleo continua capaz de causar danos significativos, principalmente quando se funde com a água e forma uma espécie de mousse que flutua e pode percorrer longas distâncias.
Estrago - Jacqueline Savitz, cientista sênior da Oceana, um grupo ambiental sem fins lucrativos, disse que grande parte do estrago já está se espalhando para longe do litoral e fora da vista da vigilância aeronáutica e dos navios de pesquisa. "Algumas pessoas estão dizendo que, como ainda não atingiu a costa, está tudo bem", ela diz. "Mas muitos animais vivem no oceano, e um vazamento deste é prejudicial assim que atinge a água. Colocaram em risco as tartarugas marinhas, camarões, caranguejos e as ostras. Muitas dessas espécies já estão sendo atacadas há dez dias. Nós estamos esperando para ver como é grave quando chegar ao litoral, mas nunca saberemos os verdadeiros impactos no oceano."
O impacto econômico é tão incerto quanto os danos ambientais. Com milhões de galões na água, alguns especialistas preveem um grande dano à economia. Especialistas no Instituto de Pesquisa Harte para Estudos do Golfo do México em Corpus Christi, por exemplo, estimam que 1,6 bilhão de dólares da economia anual - incluindo o turismo, pesca e outros - estão em risco. "E essa é só a ponta do iceberg", diz David Yoskowitz, do Instituto de Economia Social. "Ainda é cedo e existem muitas chances de ocorrerem impactos negativos."
Até quando? - O golfo não é um ambiente primitivo e já sobreviveu a problemas crônicos e agudos de poluição anteriormente. Refinarias e indústrias químicas que cruzam a costa do México até o Mississipi derramam incontáveis litros de poluentes na água.
Após o derramamento do Ixtox a 31 anos atrás, o segundo maior da história, o golfo ricocheteou. Em três dias houve um pequeno rastro do vazamento fora da costa mexicana, agravado por um acidente com um petroleiro no golfo poucos meses
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depois, que liberou quase 10 milhões de litros, segundo especialistas. "O golfo é tremendamente vivo", disse Dokken. "Mas nós sempre temos que nos perguntar o quanto podemos aguentar de desastres como esse e nos recuperarmos. Como cientista, preciso reconhecer que simplesmente não sei."
Fonte:http://veja.abril.com.br/noticia/internacional/obama-ira-ao-golfo-mexico-vazamento-pode-aumentar-10-vezes Acesso em 11de outubro de 2010
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Veja 04/05/2010 (II)
BP começa a perfurar poço de emergência para conter maré negra
A petrolífera British Petroleum (BP) anunciou nesta terça-feira que já começou a perfurar um poço de emergência para tentar conter o vazamento de seu reservatório rompido no Golfo do México na semana passada. Desde a explosão e do afundamento da plataforma Deepwater Horizon, instaurou-se uma situação desastrosa, com centenas de milhares de galões de petróleo bruto vazando sem contenção no Golfo e se movendo em direção aos Estados Unidos.
A BP calculou o custo dos trabalhos e das ações para tentar conter a maré negra em mais de seis milhões de dólares diários. "Este custo aumenta à medida que os esforços se intensificam. Ainda é muito cedo para cifrar o conjunto do custo do acidente", assinalou o grupo.
Os trabalhos de perfuração do poço de emergência começaram no domingo 2 de maio, segundo um comunicado da BP. A empresa também informou que "avança rapidamente na construção de uma tampa" para conter a base do vazamento de óleo.
A tampa de 70 toneladas deve ser colocada no fundo do oceano. Esta é a primeira das três tampas que serão instaladas sobre o ponto de vazamento para permitir recuperar o petróleo e aspirar o combustível com um navio de perfuração. A BP calcula que diariamente escapam do poço 5.000 barris de petróleo, cifra confirmada pelas estimativas da National Oceanic and Atmospheric Administration (NOAA), a agência americana responsável pelo estudo dos oceanos e da atmosfera.
Sobre as perfurações de emergência, o diretor-geral da BP, Tony Hayward, destacou em um comunicado que se trata de "outra etapa-chave de nosso trabalho para conter de maneira permanente a fuga de petróleo".
Fonte: http://veja.abril.com.br/noticia/internacional/bp-comeca-perfurar-poco-emergencia-conter-mare-negra Acesso em 11de outubro de 2010
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Veja 10/05/2010
Fracassam tentativas de conter vazamento de petróleo no Golfo do México
Em vista do fracasso da petrolífera British Petroleum (BP) em conter o vazamento de óleo no Golfo do México, os Estados Unidos redobraram os esforços para tentar diminuir a mancha negra que se espalhou pelo oceano depois da explosão de uma plataforma no dia 20 de abril.
O vazamento pode se tornar o pior da história dos Estados Unidos e já ameaça provocar não só um desastre ecológico nas praias, refúgios selvagens e centros de pesca da região como também um desastre econômico. O temor se agravou após a BP reconhecer que não conseguiu sucesso na instalação de uma "tampa" no poço de petróleo por causa da cristalização de água e gás no encanamento que transportaria o óleo para um navio na superfície.
Os ecologistas estão alarmados com os efeitos do petróleo sobre o ecossistema, e também com os dos produtos químicos dispersantes espalhados para impedir o óleo de atingir a terra. Esses produtos deixam o petróleo mais difícil de ser recuperado. Além disso, a utilização dessas substâncias nas profundezas, e não na superfície, é inédita e poderá ser nociva para algumas espécies marinhas.
Agora, a BP prepara uma nova estrutura de cimento que deve ser instalada em outra parte do poço nos próximos dias. A petrolífera já considera a possibilidade de acrescentar metanol no concreto para impedir que o encanamento que deveria levar o óleo a um navio entupa.
Dez navios da Guarda Costeira americana trabalham no delta do rio Mississippi para eliminar os restos de petróleo, com a utilização de líquidos solventes. Tais compostos quebram a estrutura do petróleo em pequenas partículas, que são ingeridas posteriormente por bactérias.
A BP e o governo americano empreendem uma das maiores e mais agressivas experiências com dispersantes químicos na história do país - e talvez do mundo. Foram lançados 600.000 litros da substância na superfície da água - 23.000 litros foram bombeados diretamente no vazamento, a 1,6 quilômetro de profundidade.
Calcula-se que, se não puder ser contido, quase 100.000 barris de petróleo - pouco mais de 15 milhões de litros - serão despejados no Golfo do México antes que equipes consigam aliviar a pressão que impulsiona o vazamento. Apesar da gravidade do desastre, autoridades evitam fazer comparações com o maior vazamento da história dos Estados Unidos, ocorrido em 1989, do navio Exxon Valdez no Alasca.
Mais de 1.000 pessoas em 76 embarcações estão envolvidas no combate ao vazamento. Parte da mancha de petróleo foi queimada na última quinta-feira para reduzir o impacto ambiental, mas outra ação do tipo, prevista para esta sexta, foi adiada por causa das condições atmosféricas. "Estamos preparados para o pior",
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afirmou uma fonte da Guarda Costeira. Na Louisiana, o governador Bobby Jindal declarou estado de emergência.
Fonte:http://veja.abril.com.br/noticia/internacional/fracassam-tentativas-conter-vazamento-petroleo-golfo-mexico Acesso em 11de outubro de 2010
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Veja 11/05/2010
Cabelos serão usados para limpar petróleo no Golfo do México
A Ong Matter of Trust, entidade beneficente sediada em São Francisco, na Califórnia, está promovendo uma coleta de cabelo e pelos de animais para a limpeza de praias no Golfo do México. A operação, que conta com a colaboração de salões de cabeleireiro e fazendeiros do mundo todo, tem como objetivo auxiliar na limpeza da mancha de petróleo que se espalhou pelo oceano depois da explosão de uma plataforma no dia 20 de abril.
Os fios de cabelo coletados são colocados dentro de meias de náilon, para ajudar a absorver o óleo espesso que se aproxima das praias dos estados vizinhos ao local do vazamento, como Louisiana, Mississippi, Alabama e Flórida. De acordo com a Matter of Trust, em torno de 370.000 salões participam da campanha de arrecadação de cabelo.
O Brasil contribui com carregamentos e doações coordenadas a partir do site de relacionamentos Facebook. França, Inglaterra, Espanha, Austrália e Canadá também fazem doações.
Técnica - Cerca de 200.000 quilos de cabelo chegam à sede da Ong todos os dias. Em entrevista à BBC, a co-fundadora da entidade, Lisa Gautier, explicou que o cabelo é um material extremamente eficiente na absorção de todos os tipos de óleo, incluindo o petróleo. Segundo ela, cada folículo tem grande área de superfície, à qual o óleo adere.
Os voluntários se encarregam de colocar o cabelo dentro de meias em 15 armazéns nas regiões próximas ao desastre. A ideia é deixar essas meias na areia das praias, e não no mar. A técnica tem a aprovação da empresa Applied Fabric Technologies, segundo maior fabricante de utensílios para a absorção de petróleo no mundo.
Fonte:http://veja.abril.com.br/noticia/internacional/cabelos-serao-usados-limpar-petroleo-golfo-mexico Acesso em 11de outubro de 2010
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Veja 12/05/2010
Obama quer aumentar o imposto sobre as petroleiras e criar 'fundo anti-
vazamentos'
O presidente americano Barack Obama propôs nesta quarta-feira aumentar o imposto pago pelas petroleiras para um fundo destinado à limpeza de marés negras e elevar as indenizações no caso de infrações a 1,5 bilhão de dólares. A decisão de Obama foi tomada por causa da explosão de uma plataforma de petróleo no Golfo do México, que provocou um grande vazamento de petróleo com graves impactos ambientais na região.
O governo americano pretende dar uma resposta agressiva à explosão da plataforma da British Petroleum, no dia 20 de abril, em um esforço para evitar comparações entre o vazamento, que ameaça a vida silvestre e causa grandes danos ambientais na costa da Louisiana, com o furacão Katrina, que devastou a região em 2005.
Obama encarregou o secretário de Energia, Steven Chu, de comandar uma equipe de altos funcionários e cientistas do governo para manter um extenso diálogo esta semana com a BP sobre possíveis soluções para o desastre. "Como o presidente deixou claro anteriormente, a BP pagará todos os custos para deter o fluxo de petróleo e sua limpeza, e reivindicaremos uma compensação completa por todos os danos causados", afirma a Casa Branca em um comunicado.
Fonte:http://veja.abril.com.br/noticia/internacional/obama-quer-aumentar-imposto-petroleiras-criar-fundo-anti-vazamentos Acesso em 11de outubro de 2010
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Veja 16/05/2010
BP anuncia primeiro êxito na contenção do vazamento no Golfo do México
A gigante de energia British Petroleum conseguiu neste domingo o primeiro êxito nos trabalhos para conter o óleo que vaza na costa norte-americana do Golfo do México e disse que deve contê-lo permanentemente em cerca de uma semana.
"Por enquanto, está funcionando muito bem," disse o vice-presidente executivo sênior, Kent Wells, a repórteres durante uma coletiva na sede da BP, em Houston, nos EUA.
O petróleo tem jorrado sem controle para o mar de um poço subterrâneo que se rompeu no Golfo do México, a cerca de 1,6 km de profundidade, ameaçando se transformar uma calamidade ambiental e econômica na costa dos EUA, ao longo do Golfo.
Depois que outras tentativas de conter o vazamento falharam, a BP conseguiu inserir um tubo no poço avariado e capturou parte do óleo e do gás, de acordo com uma declaração divulgada no site mantido pela BP e agências do governo norte-americano.
A operação foi interrompida momentaneamente, quando o tubo se desalojou, disse o comunicado, mas os técnicos inspecionaram o sistema e conseguiram inseri-lo novamente, com sucesso.
"Apesar de não coletar todo o óleo que vaza, essa ferramenta é um passo importante para reduzir a quantidade de óleo que está sendo lançado nas águas do Golfo," dizia o comunicado.
"Podemos dizer que o conceito foi provado," disse uma fonte próxima.
"Na tentativa de sábado, uma mangueira levando o óleo até a superfície ficou presa. O gás foi levado à superfície e queimado. O óleo entrou no cano, mas não chegou à superfície," disse a fonte.
O conserto envolve guiar robôs submarinos para inserir um pequeno tubo dentro de outro tubo de 53 cm, conhecido como um condutor (riser), para canalizar o óleo até um navio na superfície.
Autoridades disseram que, até agora, o vazamento teve um impacto mínimo sobre o litoral e os animais, mas restos do óleo e bolas de alcatrão estavam aparecendo nas barreiras e em praias afastadas em pelo menos uma dúzia de lugares na Luisiana, Alabama e no Mississipi.
O vazamento começou depois de uma explosão na plataforma Deepwater Horizon, que matou 11 trabalhadores, no dia 20 de abril.
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O desastre ameaça eclipsar o vazamento de óleo do navio Exxon Valdez, no Alaska em 1989, que foi considerado o pior desastre ecológico dos EUA.
Fonte:http://veja.abril.com.br/noticia/internacional/bp-anuncia-primeiro-exito-contencao-vazamento-golfo-mexico Acesso em 11de outubro de 2010
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Istoé 28/04/2010
Vazamento de óleo pode ser o 2º maior dos EUA
AE
O atual vazamento de petróleo no Golfo do México pode ser o segundo maior acidente ambiental da história norte-americana, atrás apenas do vazamento do navio Exxon Valdez no Alasca em 1989. Se não for contido, o vazamento da empresa britânica British Petroleum (BP) na costa da Louisiana despejará 15,9 milhões de litros de óleo cru no mar, enquanto o acidente do Alasca deixou vazar 41,6 milhões de litros.
A partir de amanhã, equipes de emergência reforçarão os trabalhos de drenagem do óleo, como parte de um esforço de US$ 100 milhões para limpar a área. A ideia é reduzir a pressão do poço que está jorrando petróleo sem parar.
A plataforma Deepwater Horizon, da BP, explodiu na terça-feira da semana passada e depois afundou, após ficar dois dias em chamas. A mancha no mar já chega a cerca de 1,5 mil km². Uma das soluções, segundo a guarda costeira da Louisiana, será atear fogo na mancha de petróleo para tentar reduzi-la. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Fonte:http://www.istoe.com.br/noticias/data/68839_VAZAMENTO+DE+OLEO+PODE+SER+O+2+MAIOR+DOS+EUA?pathImagens=&path=&actualArea=internalPage Acesso em 11de outubro de 2010
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Istoé 30/04/2010 (I)
Petróleo derramado no Golfo de México chega a Louisiana
O vazamento é cinco vezes maior que o previsto e foi considerado catástrofe nacional pelo governo americano. Cerca de 5 mil barris de petróleo vazam por dia.
AFP
O vazamento de petróleo no Golfo do México alcançou na noite de quinta-feira as costas da Louisiana, anunciaram as autoridades locais.
Billy Nungesser, chefe da administração da localidade de Plaquemines Parish, na Louisiana, declarou à AFP que a mancha de petróleo alcançou a costa, reserva de fauna, perto da foz do rio Mississippi, o que ameaça ser uma das maiores catástrofes ambientais da região.
O vazamento é cinco vezes maior que o previsto e foi considerado catástrofe nacional pelo governo, que ordenou o uso de "todos os recursos disponíveis". A explosão ocorreu no dia 22. Cerca de 5 mil barris de petróleo vazam por dia.
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Há temor de que praias e refúgios de vida selvagem sejam danificados em 4 Estados. Autoridades evitam fazer comparações com o maior vazamento da história dos Estados Unidos, ocorrido em 1989, do navio Exxon Valdez, no Alasca.
Fonte:http://www.istoe.com.br/reportagens/69474_PETROLEO+DERRAMADO+NO+GOLFO+DE+MEXICO+CHEGA+A+LOUISIANA?pathImagens=&path=&actualArea=internalPage Acesso em 11de outubro de 2010
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Istoé 30/04/2010 (II)
Em estado de emergência, Flórida teme avanço da mancha negra
AFP
O governador da Flórida, Charlie Crist, declarou nesta sexta-feira "estado de emergência" diante do avanço do vazamento de petróleo no Golfo do México, com a mancha podendo chegar nos próximos dias às praias deste estado do sudeste dos Estados Unidos.
"O incidente ameaça o estado da Flórida com um desastre de grandes proporções", disse o governador em uma ordem assinada com o objetivo de dar proteção aos recursos naturais, às praias, ao ecossistema costeiro e às comunidades da região noroeste conhecida como "Panhandle".
A declaração abrange os condados de Escambia, Santa Rosa, Okaloosa, Walton, Bay e do Golfo, neste setor da Flórida, que são os mais expostos ao vazamento.
A região do Golfo conta com uma riquíssima indústria pesqueira que inclui camarões, ostras e centenas de espécies de peixes, além de uma ampla variedade de aves e vida silvestre.
Além de pedir ajuda federal, o governo da Flórida implantou uma série de ações preventivas com deslocamento para a região de agentes de seu departamento de Proteção do Meio Ambiente e da agência federal de resposta a emergências.
A mancha negra, que segundo meteorologistas se estende para o norte e chegaria a partir de segunda-feira à costa da Flórida, representa uma grave ameaça para a enorme riqueza natural do estado.
Com esta medida de emergência, a Flórida pode receber ajuda do governo federal para fazer frente a uma eventual catástrofe ambiental.
O governador Crist, que havia mencionado em algum momento a possibilidade de a Flórida abrir espaço para a exploração petrolífera em alto-mar, disse na quinta-feira que esta opção deve ser abandonada por completo pelo risco que representa para os recursos deste estado.
Um vazamento de petróleo em frente à Flórida seria algo "devastador, o último que a gente gostaria de ver" por causa das riquezas que este estado possui, disse.
O derramamento de óleo da companhia British Petroleum (BP) alcançou esta sexta-feira setores da costa da Luisiana (sul), cujo governador declarou também o estado de emergência e pediu o deslocamento de 6.000 reservistas da Guarda Nacional.
O acidente com a plataforma de petróleo no Golfo do México, que libera no mar mais de 5.000 barris (800.000 litros) por dia, segundo o governo americano, ameaça tornar-se uma das piores catástrofes ambientais da história do país.
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Fonte:http://www.istoe.com.br/noticias/data/69597_EM+ESTADO+DE+EMERGENCIA+FLORIDA+TEME+AVANCO+DA+MANCHA+NEGRA?pathImagens=&path=&actualArea=internalPage Acesso em 11de outubro de 2010
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Istoé 02/05/2010
Obama afirma que maré negra é desastre 'sem precedentes'
AFP
O presidente Barack Obama qualificou neste domingo de "potencialmente sem precedentes" os danos ecológicos e econômicos causados pelo derramamento de petróleo na vulnerável costa do Golfo do México.
Obama, que realiza uma visita ao estado da Louisiana, atingido pela maré negra, afirmou ainda que a companhia britânica BP é claramente "responsável" pelo enorme derramamento de petróleo e deverá pagar pela limpeza.
"Então me deixem ser claros: BP é responsável por esse vazamento e vai pagar a conta", disse Obama aos jornalistas. "Mas, como presidente dos Estados Unidos, não vou economizar esforços para reagir a esta crise pelo tempo que for necessário".
Quanto aos danos causados pelo vazamento, o presidente afirmou: "Agora, eu acredito que os americanos estão cientes, certamente o povo do Golfo está ciente, de que estamos lidando com um grande e potencialmente sem precedentes desastre ambiental".
A maré negra no Golfo do México, provocada pelo afundamento de uma plataforma petroleira do grupo britânico BP, no dia 22 de abril, alcançou a costa da Louisiana e ameaça se tornar uma das piores catástrofes ecológicas da história dos Estados Unidos.
O aumento da área atingida pelo petróleo deflagrou o estado de emergência na Louisiana, Flórida, Alabama e Mississippi.
A costa da Louisiana é um santuário de fauna, particularmente de aves marinhas, e a da Flórida abriga uma enorme indústria pesqueira e turística.
A plataforma 'Deepwater Horizon' continha 2,6 milhões de litros de petróleo armazenados e extraía cerca de 1,27 milhão de litros por dia.
Fonte:http://www.istoe.com.br/noticias/data/69971_OBAMA+AFIRMA+QUE+MARE+NEGRA+E+DESASTRE+SEM+PRECEDENTES+?pathImagens=&path=&actualArea=internalPage Acesso em 11de outubro de 2010
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Istoé 04/05/2010
Vazamento de petróleo nos EUA deixa Rio em alerta
Gabriela Moreira
A proporção a que chegou o vazamento no Golfo do México provocou o governo do Rio de Janeiro e o Ministério do Meio Ambiente a formarem um grupo de trabalho para prevenção e mapeamento de riscos em plataformas de petróleo no Brasil. O grupo vai procurar saber da companhia de petróleo qual é o plano de ação no caso de um acidente como o dos Estados Unidos. A comissão é formada por integrantes do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), da Secretaria Estadual de Meio Ambiente, da Petrobras e da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
"A missão do grupo será apresentar ao Estado do Rio de Janeiro uma análise do que aconteceu lá (no Golfo do México), saber em que circunstâncias nós operamos aqui e como está o nosso plano de contingência comparativamente ao que foi adotado nos Estados Unidos em termos de medidas e metas para evitar danos", afirmou a secretária de estado de Meio Ambiente, Marilene Ramos.
A coleta de informações será dividida em três partes: como evitar o acidente, o que fazer para conter a mancha, caso ocorra o vazamento, e posteriormente, como minimizar os danos à costa. "Os Estados Unidos, com o poderio econômico e tecnológico que têm, vão lançar mão do que há de melhor para essas três etapas. Precisamos conhecer essas tecnologias para que possamos melhorar e fazer um upgrade nos planos de contingência", explicou a secretária.
Um dos temores do governo do Estado é que, no caso de um vazamento, o óleo chegue à costa atingindo ecossistemas e a indústria do turismo. "Além de todo o impacto ambiental de atingir ecossistemas importantíssimos que temos na costa, como manguezais e restingas, temos a indústria turística na costa, que é importantíssima, e poderia estar ameaçada numa situação como esta. Precisamos investir mais em planos de contingência."
A primeira reunião do grupo será na sexta-feira. A ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, também participará. Num primeiro momento, segundo a secretária, somente o Estado do Rio participará das reuniões. "O Rio concentra 80% da exploração, mas dependendo dos resultados, convidaremos outros Estados importantes em petróleo, como Espírito Santo e São Paulo".
Monitoramento
Em 2000 e 2001, acidentes no Rio e no Paraná atingiram áreas de preservação ambiental e provocaram críticas sobre o tempo de reação da Petrobras para conter o óleo. Após os acidentes, a Petrobras alterou sua política de meio ambiente e segurança, criando novos centros de controle de vazamento em oito Estados. O investimento, de R$ 164 milhões, teve como objetivo ampliar o número de equipamentos e reduzir o tempo de resposta na contenção de vazamentos.
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Fonte:http://www.istoe.com.br/noticias/data/70415_VAZAMENTO+DE+PETROLEO+NOS+EUA+DEIXA+RIO+EM+ALERTA?pathImagens=&path=&actualArea=internalPage Acesso em 11de outubro de 2010
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Istoé 06/05/2010
Mancha de óleo no Golfo atinge a costa de Louisiana
AFP
A mancha de óleo que contamina o Golfo do México atingiu uma ilha de Louisiana, informou a Guarda Costeira nesta quinta-feira, no primeiro impacto em terra confirmado, após o derramamento de petróleo de uma plataforma naufragada da companhia britânica BP.
A empresa tenta instalar uma cúpula sobre o vazamento para detê-lo.
"As equipes confirmaram que há petróleo na ilha Freemason", disse Connie Terrel, oficial da Guarda Costeira, à AFP. "É na ponta sul das ilhas Chandeleur", completou. As Chandeleur fazem parte da reserva ambiental Breton National Wildlife Refuge, a segunda mais antiga dos Estados Unidos.
O responsável pela localidade litorânea de Plaquemines (Lousiana), Billy Nungesser, havia denunciado à AFP a chegada das primeiras manchas de petróleo na costa em 30 de abril.
O porta-voz da BP, John Curry, disse que três equipes de urgência foram enviadas à ilha, que fica a 50 km da costa, e estão mobilizando material inflável numa tentativa de capturar parte da mancha.
Enquanto isso, uma estrutura em forma de cúpula destinada a conter o derramamento chegou nesta quinta-feira ao local onde o poço danificado lançou milhões de litros de óleo no Golfo do México.
A cúpula de contenção de 100 toneladas - uma construção cilíndrica com um teto em forma de domo e altura de cinco andares - foi transportada no barco Joe Griffin ao epicentro do desastre, a 80 km da costa de Lousiana, disse o suboficial da Guarda Costeira, Brandon Blackwell, à AFP.
A estrutura estará sendo baixada ao fundo do mar nesta quinta-feira, a 1.500 metros abaixo da superfície, para permitir que o petróleo que sai do poço seja bombeado para um barco petroleiro nos arredores, informou a BP.
A trabalhosa tarefa de transportar o domo, descê-lo sobre o vazamento e levar o óleo ao barco levará cinco dias.
BP e Guarda Costeira informam que a operação, que nunca foi tentada com tanta profundidade, não necessariamente evitará o desastre ecológico e econômico que ameaça as reservas ambientais pantanosas e o hábitat pesqueiro.
A empresa, que conseguiu selar um dos três pontos de vazamento, também utiliza submarinos robotizados para monitorar o fluxo do petróleo nos outros dois pontos, perfura um poço de emergência - uma operação que levará três meses para ser completada -, lança dispersantes sobre o petróleo e mobiliza uma barreira flutuante para proteger a costa.
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Fonte:http://www.istoe.com.br/noticias/data/71161_MANCHA+DE+OLEO+NO+GOLFO+ATINGE+A+COSTA+DE+LOUISIANA?pathImagens=&path=&actualArea=internalPage Acesso em 11de outubro de 2010
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Istoé 09/05/2010
Nova escala de desastre ambiental ameaça Golfo do México
AFP
O temor de que a costa americana tenha que enfrentar um desastre ambiental maior do que o esperado aumentava neste domingo, depois do fracasso da solução mais rápida planejada para conter um enorme vazamento de petróleo no Golfo do México.
A gigantesca cúpula da British Petroleum (BP), com a qual se pretendia conter um vazamento de petróleo a cerca de 1.500 metros de profundidade, é mantida agora no fundo do mar enquanto os engenheiros tentam encontrar uma forma de evitar que se formem cristais de gelo que a obstruem e impedem a sua instalação.
A companhia de petróleo britânica, que assumiu a responsabilidade pelo desastre, considerava que esta cúpula era a sua "bala de prata" para solucionar a crise.
A BP esperava que esta cúpula, colocada sobre o maior dos vazamentos, entrasse em operação na segunda-feira e recolhesse, por meio de um ducto, aproximadamente 85% de petróleo canalizando-o até um navio na superfície.
Mas se os esforços para fazer funcionar este gigantesco funil falharam, não há um plano B sólido para evitar que dezenas de milhões de litros de óleo cru causem uma das piores catástrofes ambientais da história.
Já estão sendo registrados danos incalculáveis pelos 13,2 milhões de litros de petróleo que estima-se que tenham vazado no mar, e a extensão dos prejuízos aumentará se a única solução for um poço de auxílio que levaria meses para ser construído.
O almirante Thad Allen, chefe da Guarda Costeira americana, sugeriu que está sendo considerado o que classificou de "disparos de lixo" para conter o vazamento principal.
"De fato, juntaremos um montão de escombros, pneus triturados, bolas de golfe e coisas assim e, com uma pressão muito alta, vamos dispará-los sobre a própria válvula e veremos se podem obstruí-la e conter o vazamento", disse Allen, que coordena as operações do governo americano, à rede CBS.
Isto poderá ser arriscado e vários especialistas advertiram que fazer ajustes no bloco obturador -um enorme mecanismo de válvulas de 450 toneladas que deveria ter sido fechado com a saída de petróleo- poderá fazer com que vaze 12 vezes mais do que atualmente.
Entretanto, teme-se que a maré negra, que cobre uma área de cerca de 5.200 quilômetros quadrados, chegue à península da Flórida, mais ao sul.
"Se este vazamento continuar por vários meses cobrirá a costa do Golfo e chegará a Florida Keys e à costa leste da Flórida", advertiu o senador da Flórida, Bill Nelson.
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"Estamos falando de perdas econômicas massivas para nosso turismo, nossas praias e nossa indústria da pesca, e, possivelmente, de alterações em nossos testes e treinamentos militares que são realizados no Golfo do México", disse o senador à rede CNN.
A plataforma Deepwater Horizon, operada pela BP, explodiu no dia 20 de abril e afundou no mar dois dias depois, provocando a morte de 11 operários.
A maré negra já alcançou várias ilhas frente ao litoral do estado da Louisiana e autoridades locais pediram mais barreiras flutuantes para proteger as zonas baixas e litorâneas, que, além de serem reservas da fauna e da flora, são destinos turísticos e de pesca que rendem bilhões de dólares.
A BP depositava suas esperanças na cúpula que deteria o vazamento que lança no mar cerca de 800.000 litros de petróleo por dia.
"Não diria que já fracassamos", assegurou Doug Suttles, chefe de operações da BP, encarregado dos trabalhos. "O que tentamos fazer no sábado não funcionou devido à presença de hidratos (de metano) na parte superior da cúpula", um composto inflamável, ressaltou.
A BP começou a cavar um ducto de emergência há uma semana para tapar definitivamente o poço principal, mas as perfurações levarão cerca de três meses.
Fonte:http://www.istoe.com.br/noticias/data/71837_NOVA+ESCALA+DE+DESASTRE+AMBIENTAL+AMEACA+GOLFO+DO+MEXICO?pathImagens=&path=&actualArea=internalPage Acesso em 11de outubro de 2010
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Istoé 10/05/2010
BP lança dispersante e prepara nova ação contra vazamento
AFP
A companhia British Petroleum (BP) reiniciou as operações com dispersantes no Golfo do México para tentar minimizar os efeitos do derramamento de petróleo, apesar dos riscos para o meioambiente do uso destes produtos químicos.
Tanto autoridades federais quanto estaduais "consentiram num terceiro teste com o dispersante subaquático", informou o porta-voz da BP, John Curry. O teste "prosseguirá por 24 horas, depois do que haverá uma nova avaliação", acrescentou.
O lançamento será efetuado através de um tubo longo, por submarinos-robôs de controle remoto diretamente no local do vazamento.
A expectativa é a de que o dispersante quebre a composição do óleo e que, com o passar do tempo, a mancha flutuante se dilua em partículas menores, biodegradáveis, em vez de permanecerem como manchas densas, espessas, que sufocam a vida selvagem e a vegetação.
Os críticos da medida sustentam que o produto pode provocar muitos problemas uma vez dissolvido, no fundo do mar, afetando a vida de microorganismos.
A Universidade do Estado de Louisiana estudará as águas profundas e as da superfície para monitorar seu impacto.
Simultaneamente, a administradora da Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos, Lisa Jackson, viajou à zona do desastre para "observar o esforço realizado para mitigar o impacto ambiental e humano do vazamento de óleo da plataforma da BP".
Nesta segunda-feira, a Casa Branca decidiu dar carta branca e acompanhar de perto o trabalho da BP para conter o vazamento. A situação no Golfo começa a afetar a agenda política e energética do presidente Barack Obama.
Ambientalistas, criadores de camarões e pescadores temem que o dispersante acabe com os peixes e outros organismos constantes da cadeia alimentar.
"Como criadores de camarões, vivemos do mar e lutamos para preservar o delicado equilíbrio do oceano", informou John Williams, diretor executivo de The Southern Shrimp Alliance, grupo representante da indústria.
Depois do fracasso da colocação da cúpula gigante para deter o derramamento, a BP corria contra o tempo em busca de novas opções para enfrentar o desastre.
Entre as opções, os especialistas analisam obstruir o ponto de vazamento com materiais diversos, como pneus velhos e outros detritos; ou instalar uma válvula inteiramente nova.
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Nesta segunda, o diretor executivo da BP, Tony Howard, informou que planeja baixar, "nas próximas 72 horas", uma espécie de caixa de contenção menor que a cúpula gigante, para atuar como um "chapéu" no ponto de vazamento de óleo.
A plataforma Deepwater Horizon, administrada pela BP, naufragou no dia 22 de abril passado, dois dias depois de uma explosão que matou 11 pessoas.
A tubulação que era conectada à plataforma a partir da cabeça do poço está fraturada no fundo do oceano, a mais de uma milha da superfície, lançando petróleo a um ritmo de 5.000 barris, ou 800.000 litros, por dia.
A mancha de óleo no mar chegou ao litoral da Lousiana e ameaça o Alabama.
A vida marinha está sendo afetada numa região de terras baixas que contêm zonas vitais de desova para peixes, camarões e caranguejos, além de consistirem em parada importante para muitas espécies migratórias de aves raras.
A BP tentou conter o derramamento com uma gigantesca cúpula de metal de 98 toneladas, mas a tentativa fracassou.
Teme-se que a mancha, que cobre área de cerca de 2.000 milhas de perímetro (5.200 quilômetros quadrados), possa chegar à península da Flórida arrastada por uma corrente do Golfo.
Fonte:http://www.istoe.com.br/noticias/data/72077_BP+LANCA+DISPERSANTE+E+PREPARA+NOVA+ACAO+CONTRA+VAZAMENTO?pathImagens=&path=&actualArea=internalPage Acesso em 11de outubro de 2010
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Istoé 14/05/2010 (I)
Crescem as contradições sobre estimativas de vazamento no Golfo do México
AFP
A quantidade de petróleo que está fluindo aos borbotões no Golfo de México de uma plataforma afundada da British Petroleum pode ser muito superior às estimativas iniciais, o que contraria informações recentes da Guarda Costeira americana de que a enorme maré negra está se fragmentando.
O alerta sobre um vazamento ainda maior do que o calculado inicialmente foi feito por especialistas, num momento em que os executivos da BP tentam minimizar o tamanho do vazamento.
Steven Wereley, um professor de engenharia mecânica da Universidade Purdue, declarou à Rádio Nacional Pública que a quantidade de petróleo derramada no mar é 14 vezes maior do que o oficialmente calculado (800.000 litros diários).
Wereley analisou o petróleo depositado no solo marinho a pedido da rádio usando uma técnica chamada velocimetria de imagem de partículas, que rastreia partículas e calcula a velocidade com que se movem.
Outro cientista, Timothy Crone, do Observatório Terrestre Lamont-Dohorty da Universidade de Columbia, analisou a mancha submarina de petróleo usando um método diferente, mas tirou conclusões quantitativas similares.
E Eugene Chiang, professor de astrofísica da Universidade de Berkeley, Califórnia, também deu uma resposta parecida às perguntas da rádio usando para fazer os cálculos apenas um papel e um lápis.
Por sua parte, o oceanógrafo da universidad estatal da Flórida Ian R. MacDonald, analisou a maré negra recorrendo a imagens de satélites e declarou ao New York Times que seus cálculos sugeriam que a mancha sobre o Golfo do México pode ser facilmente cinco vezes maior do que o originalmente avaliado.
Por outro lado, um oficial da Guarda Costeira dos Estados Unidos afirmou nesta sexta-feira que a enorme maré negra no Golfo do México está mudando sua forma e se fragmentando em manchas menores.
Mais de três semanas depois que uma explosão afundou uma plataforma de petróleo da britânica BP no Golfo do México, a maré negra ameaça as costas dos estados da Louisiana, Mississipi e Alabama.
"Temos informes da existência de pelotas de betume que podem ser tiradas manualmente, mas, nesse momento, a maior parte do petróleo está longe da costa", afirmou o almirante Thad Allen, da Guarda Costeira.
"Acho que a maré está mudando de forma. Não creio que continuaremos tendo por muito tempo uma grande maré", declarou durante uma coletiva de imprensa em Dauphin Island, Alabama.
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Ele explicou que, quando o petróleo sobe à superfície, ele se separa em várias manchas.
"Isso é bom e ruim ao mesmo tempo. Como se dispersa amplamente, é difícil de manejar, mas, ao mesmo tempo, o vazamento chega à costa em pequenas quantidades", acrescentou.
A Guarda Costeira trabalha junto com equipes da BP e outras companhias petroleiras para controlar a maré e proteger as linhas costeiras particularmente òs frágeis pântanos da Lousiana, habitat de espécies ameaçadas de extinção.
Especialistas assinalam que o vazamento pode ser dez vezes mais intenso que as estimativas oficiais de 800.000 litros diários.
A plataforma Deepwater Horizon, dirigida pela petroleira British Petroleum, mas de propriedade da Transocean, sofreu em 20 de abril uma explosão que provocou seu posterior afundamento e a morte de 11 trabalhadores.
Os especialistas acreditam que a maré negra do Golfo já é o pior desastre ambiental da história dos Estados Unidos, e que ofusca a tragédia do petroleiro Exxon Valdez no Alasca, em 1989.
Fonte:http://www.istoe.com.br/noticias/data/73174_CRESCEM+AS+CONTRADICOES+SOBRE+ESTIMATIVAS+DE+VAZAMENTO+NO+GOLFO+DO+MEXICO?pathImagens=&path=&actualArea=internalPage Acesso em 11de outubro de 2010
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Istoé 14/05/2010 (II)
Maré negra: Obama ataca petroleiras e anuncia maior controle
AFP
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, atacou nesta sexta-feira as companhias de petróleo por tentarem se culpar mutuamente pela maré negra no Golfo do México e jurou pôr fim às relações "íntimas" entre a indústria e as agências públicas de controle.
Em um tom duro, pouco comum, Obama afirmou que ordenou uma reforma "de cima para baixo" das agências federais responsáveis por autorizar as perfurações no mar e anunciou que serão revisadas as formas como se fazem cumprir as normas de proteção ambiental.
Segundo a Casa Branca, Obama está "profundamente frustrado" com o fato de o petróleo seguir vazando no Golfo do México, três semanas após a espetacular explosão de 20 de abril, seguida dois dias depois pelo naufrágio da plataforma Deepwater Horizon.
O presidente atacou as três companhias petroleiras envolvidas no acidente, que deram o que chamou de "um espetáculo ridículo" ao tentarem se culpar mutuamente pela tragédia ante uma comissão do Senado.
"Não vou tolerar mais dedos acusadores nem irresponsabilidade", disse o presidente após a reunião com assessores. Visivelmente indgnado, Obama disse que o governo federal também precisa assumir responsabilidades e prometeu um controle mais rígido sobre a indústria do petróleo.
Especialistas advertiram que a fuga de petróleo pode ser até dez vezes mais intensa que a estimativa original de 800 mil litros por dia.
Cientistas que analisaram quão longe e rápido se movem as partículas de petróleo em um vídeo distribuído pela BP declararam aos meios de comunicação americanos que saíam do poço na realidade cerca de 10 milhões de litros diários, com uma margem de erro de +/-20%.
Os dados sugerem que a maré negra é o pior desastre ambiental da história dos Estados Unidos, ofuscando o acidente do Exxon Valdez. Mas a petroleira britânica BP questiona os dados.
O diretor de operações da BP, Doug Suttles, também contestou as novas estimativas, alegando que não há uma forma confiável de medir o vazamento.
"Mas o que posso dizer é que estamos organizando a maior resposta já preparada, e que não depende que sejam 5 mil barris diários ou um valor diferente", disse Suttles à CBS News.
O último esforço da empresa consiste numa tentativa de conectar um "funil" no fundo do mar, sobre o poço, para canalizar desde lá o petróleo até um barco.
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Os trabalhos começaram na quinta-feira, mas o processo está levando mais tempo que o esperado, anunciou a BP.
"É verdadeiramente complicado por causa da profundidade" na qual se realizam os trabalhos, a 1.500 metros, disse à AFP o porta-voz da companhia, John Crabtree.
Rebecca Bernhard, outra representante da BP, afirmou que submarinos por controle remoto estavam trabalhando para ajustar e colocar o "funil", um tubo de 53 cm de diâmetro com um tubo menor de 15 cm em seu interior.
O gigante petroleiro está sob uma crescente pressão para que detenha a fuga de petróleo, que ameaça os frágeis e ecologicamente importantes pântanos da Louisiana.
O almirante da Guarda Costeira Thed Allen, encarregado por Obama para supervisionar a resposta contra a maré, disse nesta sexta-feira que a mancha está se fragmentando.
"Isso é bom e ruim ao mesmo tempo", garantiu. "Como se dispersa amplamente é difícil de se lidar, mas ao mesmo tempo o derramamento chega à costa em pequenas quantidades", acrescentou.
O desastre pôs em evidência a fragilidade dos controles da indústria do petróleo. O The New York Times informou que o Minerals Management Service, um organismo federal responsável por controlar as perfurações de petróleo, autorizou a BP a realizar perfurações sem ter obtido antes as licenças necessárias.
A BP comprometeu-se a proteger a costa e a realizar a limpeza total, mas até agora não teve sucesso sequer para conter o vazamento.
Fonte:http://www.istoe.com.br/noticias/data/73221_MARE+NEGRA+OBAMA+ATACA+PETROLEIRAS+E+ANUNCIA+MAIOR+CONTROLE?pathImagens=&path=&actualArea=internalPage Acesso em 11de outubro de 2010
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Istoé 18/05/2010
BP considera modesto impacto ambiental de vazamento
AFP
A gigante British Petroleum (BP) afirmou nesta terça-feira que o vazamento de petróleo no Golfo do México terá um impacto ambiental "muito modesto", ao anunciar que os engenheiros da empresa estão bombeando o dobro de petróleo do que pensavam inicialmente.
"Calculamos que o tubo instalado no poço danificado recolhe e transporta quase 2.000 barris diário", afirma a BP em um comunicado.
Na segunda-feira, a empresa havia anunciado que estava bombeando 1.000 barris, ou 20% do fluxo.
O conselheiro delegado da BP, Tony Haywars, declarou ao canal Sky News que o impacto do vazamento foi modesto.
"Acredito que o impacto ambiental deste desastre provavelmente tem sido muito, muito modesto", disse.
"É impossível de dizer e nós vamos preparar, como parte da consequência, uma avaliação ambiental muito detalhada. Mas tudo que podemos ver neste momento sugere que o impacto ambiental geral será muito, muito modesto", completou.
Um total de 5.000 barris de petróleo vazam diariamente no mar desde o naufrágio mês passado da plataforma da BP Deepwater Horizon.
Fonte:http://www.istoe.com.br/noticias/data/73936_BP+CONSIDERA+MODESTO+IMPACTO+AMBIENTAL+DE+VAZAMENTO?pathImagens=&path=&actualArea=internalPage Acesso em 11de outubro de 2010
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Ciente do conteúdo da Monografia: “Artigos sobre o acidente da plataforma de
petróleo no Golfo do México na mídia online: Análise do potencial para a
Educação Ambiental Não-formal”
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Prof. Dr Adriano Monteiro de Castro
(Orientador – Universidade Presbiteriana Mackenzie)
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Felipe Otávio Nunes
(Aluno – Código de matricula: 308.6507-7)
Trabalho a ser apresentado em 12/2010