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UNIVERSIDADE SÃO FRANCISCO – USF CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS ENGENHARIA CIVIL EDUARDO JOSÉ DELFORNO DETERMINAÇÃO EXPERIMENTAL DA PERDA DE CARGA LOCALIZADA EM CURVAS DE TRANSPOSIÇÃO EM PVC RÍGIDO Dezembro de 2006

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UNIVERSIDADE SÃO FRANCISCO – USF

CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS

ENGENHARIA CIVIL

EDUARDO JOSÉ DELFORNO

DETERMINAÇÃO EXPERIMENTAL DA PERDA DE CARGA

LOCALIZADA EM CURVAS DE TRANSPOSIÇÃO EM PVC RÍGIDO

Dezembro de 2006

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EDUARDO JOSÉ DELFORNO

DETERMINAÇÃO EXPERIMENTAL DA PERDA DE CARGA

LOCALIZADA EM CURVAS DE TRANSPOSIÇÃO EM PVC RÍGIDO

Monografia apresentada junto à Universidade

São Francisco – USF como parte dos requisitos

para a aprovação na disciplina Trabalho de

Conclusão de Curso.

Área de concentração: Hidráulica

Orientador: Prof. Dr. Alberto Luiz Francato

Itatiba SP, Brasil

Dezembro de 2006

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“Escolha um trabalho que você ame e não terás que trabalhar um único dia em sua vida”.

Confúcio

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iii

Dedico este trabalho aos meus pais,

José e Aparecida (in memórian), que sempre me

ensinaram a lutar e nunca desistir dos sonhos e ideais.

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iv

AGRADECIMENTOS

Ao concluir este trabalho, meus agradecimentos...

A Universidade São Francisco, pelas instalações cedidas para a realização dos

ensaios no Laboratório de Hidráulica e Fenômenos dos Transportes.

Ao Prof. Alberto Luiz Francato, pela orientação, acessoria e ensinamentos neste

trabalho; pela sua amizade, ajuda nos momentos de dificuldades e

compartilhamento nos momentos de alegria.

Ao Prof. Júlio Soriano, pelos ensinamentos na elaboração deste importante

trabalho.

Ao amigo Engº Alexandre Moreira Branco, na acessoria para realização dos ensaios

laboratoriais.

A minha esposa Cláudia, pela compreensão, estímulo e por ter estado ao meu lado

nos momentos mais difíceis.

Aos meus colegas e amigos, pela amizade, ajuda e cooperação na realização deste

importante trabalho.

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v

SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS .......................................................................................... vi

LISTA DE TABELAS ......................................................................................... vii

LISTA DE SÍMBOLOS E ABREVIATURAS....................................................... viii

RESUMO............................................................................................................ ix

PALAVRAS-CHAVE........................................................................................... ix

1 INTRODUÇÃO................................................................................................. 1

1.1 Objetivo........................................................................................................ 2

2 REFERÊNCIAL TEÓRICO.............................................................................. 3

2.1 Perda de Carga............................................................................................ 3

2.2 Determinação da Perda de Carga.............................................................. 4

2.2.1 Perda de Carga Distribuída..................................................................... 4

2.2.2 Perda de Carga Localizada..................................................................... 5

2.3 Equacionamento para Determinação da Perda de Carga

Distribuída.........................................................................................................

5

2.3.1 Teorema de Borda.................................................................................... 7

2.3.2 Método dos Comprimentos Equivalentes............................................. 11

2.4 Regimes de Escoamento............................................................................ 13

2.4.1 Experimento de Reynolds....................................................................... 13

3 MATERIAIS E MÉTODOS............................................................................... 16

3.1 Montagem.................................................................................................... 16

3.2 Procedimento de Ensaio............................................................................ 19

3.3 Materiais....................................................................................................... 22

3.4 Equipamentos............................................................................................. 23

4 ORGANIZAÇÃO DOS RESULTADOS........................................................... 24

5 CONCLUSÕES................................................................................................ 29

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................... 30

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vi

LISTA DE FIGURAS

2.01 Ensaio de perda de carga ........................................................................ 4

2.02 Alargamento brusco de uma seção........................................................ 8

2.03 Comprimento equivalente........................................................................ 11

2.04 Regimes de escoamento.......................................................................... 14

3.01 Instalações do laboratório....................................................................... 16

3.02 Adaptações do laboratório....................................................................... 17

3.03 Módulos de ensaio.................................................................................... 18

3.04 Detalhe dos piezômetros.......................................................................... 19

3.05 Módulo instalado....................................................................................... 19

3.06 Coleta de água para a determinação do volume.................................... 20

3.07 Recipientes para determinação do volume............................................ 21

3.08 Desnível dos piezômetros........................................................................ 21

4.01 Curva da perda de carga em curva de transposição 20mm................. 26

4.02 Curva da perda de carga em curva de transposição 25mm................. 26

4.03 Curva da perda de carga em curva de transposição 32mm................. 27

4.04 Comparação das curvas de transposição com acessórios especiais

equivalentes.....................................................................................................

28

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vii

LISTA DE TABELAS

2.01 Valores de k em peças especiais............................................................ 10

2.02 Comprimentos equivalentes em peças especiais................................. 12

3.01 Diâmetro dos módulos de ensaio............................................................ 18

3.02 Materiais utilizados na realização dos ensaios...................................... 22

3.03 Relação de equipamentos utilizados...................................................... 23

4.01 Resultados obtidos através dos ensaios............................................... 25

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LISTA DE SÍMBOLOS E ABREVIATURAS

A : área da seção

D : diâmetro da seção do tubo

f : fator de atrito

g : aceleração da gravidade

k : coeficiente de perda de carga localizada

L : comprimento da tubulação

eqL : comprimento equivalente da tubulação

P : pressão

Q : vazão

eR : número de Reynolds

V : velocidade

z : cota altimétrica

Letras gregas:

γ : peso específico da água

ν : viscosidade cinemática

ρ : massa específica da água

Abreviaturas:

2,1h∆ : perda de carga entre as seções 1 e 2

PVC : policloreto de vinila

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ix

RESUMO

A determinação da perda de carga com precisão, que ocorre em peças especiais

utilizadas em instalações hidráulicas prediais, são de suma importância para o

dimensionamento adequado de sistemas hidráulicos. As perdas localizadas são

determinadas em função da geometria das conexões. Devido à falta de informações

técnicas para o desenvolvimento dos projetos hidráulicos, no caso de algumas

conexões específicas, leva muitas vezes as tais perdas serem desprezadas ou

associadas à outras peças semelhantes. O presente trabalho possui características

próprias, pois visa a determinação da perda de carga em curvas de transposição nos

diâmetros de 20mm, 25mm e 32mm. Trata-se de uma conexão disponível para

aplicações em projetos, mas sem informações técnicas sobre perda de carga

localizada. Para a determinação de tais informações, realizaram-se ensaios, através

da montagem de módulos ligados a piezômetros e um sistema de bombeamento,

que proporcionaram medições em várias condições de vazões. Após a analise dos

resultados, observou-se que, a não consideração dos valores da perda de carga em

projetos hidráulicos pode provocar erros consideráveis nos cálculos.

PALAVRAS-CHAVE: Hidráulica, Perda de carga, Condutos forçados.

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1

1 INTRODUÇÃO

O dimensionamento das instalações hidráulicas de uma edificação ou de alguma

infraestrutura é extremamente importante para o bom funcionamento de tais

instalações. Estas instalações são desenvolvidas pela composição de trechos

retilíneos, com a utilização de acessórios e conexões, a fim de viabilizar a instalação

e seu trajeto para que a fluido possa chegar até seu ponto de fornecimento. Devido

ao atrito do fluido com as paredes da tubulação e com os acessórios, origina-se as

perdas de carga, que podem ser distribuídas ou localizadas. As chamadas perdas

distribuídas ocorrem quando o fluido entra em contato com a parede interna da

tubulação, pois a mesma possui rugosidade, e junto a essas paredes cria-se uma

camada aderente estacionária. As perdas localizadas ou singulares ocorrem quando

o fluido sofre modificações bruscas em suas linhas de corrente, seja por redução,

alargamento ou até mesmo por mudança de direção e velocidade, causando

choques entre as partículas.

Parte da energia total do fluido somada à turbulência, em conseqüência da inércia

do turbilhonamento como energia cinética, converte-se em forma de calor ou som e

dissipa-se sob estas formas. Toda esta perda depende de vários fatores, como

rugosidade, número de Reynolds e regime de escoamento. Usualmente, as perdas

de carga localizadas são desprezadas quando o comprimento tubulação obtém 4000

vezes o seu diâmetro ou quando um fluido adquiriu no escoamento uma velocidade

muito baixa.

Em sistemas de pequenos comprimentos retilíneos, as perdas de carga localizada

devem ser levadas em consideração, devido à grande quantidade de peças ou

acessórios existentes, gerando valores significativos.

Os fabricantes de materiais hidráulicos, como o PVC, disponibilizam listas com todos

os acessórios que usualmente são utilizados, fornecendo as características técnicas

dos mesmos. Estes parâmetros são distintos para cada acessório, pois o mesmo

depende de sua geometria. Desta forma, desprezar estes valores sem que haja um

dimensionamento correto para cada sistema pode gerar erros grosseiros, levando ao

comprometimento do funcionamento.

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2

O interesse no dimensionamento de uma conexão, conhecida como curva de

transposição, foi devido aos fabricantes de materiais hidráulicos não disponibilizarem

listas com resultados de ensaios laboratoriais destas conexões.

O Laboratório de Hidráulica e Fenômenos de Transporte da Universidade São

Francisco, no campus de Itatiba, foi devidamente preparado para a realização dos

ensaios, visando dar contribuições a futuros estudos.

1.1 Objetivo

O objetivo desta pesquisa é a determinação experimental dos valores de perdas de

carga localizadas em curvas de transposição com diâmetros nominais de 20mm,

25mm e 32mm em PVC rígido. Este estudo fornece elementos que servem para

auxílio em projetos hidráulico-sanitários.

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2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 Perda de Carga

Sempre que um líquido escoa por meio de uma tubulação, ocorrera perda de

energia. Parte da soma total de energia, representada pela soma da energia

potencial, de pressão e de velocidade, é convertida e dissipada em formas como

calor, som, etc. A Eq. 2.01, de Daniel Bernoulli, demonstra um balanço existente

entre a somatória dessas parcelas de energia, corrigida pela perda de carga. Esta

perda de carga ocorre devido à resistência originada pelo atrito, quando em contato

do líquido com a parede interna da tubulação, e pelo efeito da viscosidade do fluido.

Segundo Camargo (2001), quanto maior for a rugosidade das paredes da tubulação

e mais viscoso for o liquido, maior será a perda de carga.

2,12

2

221

2

11

22hz

g

VPz

g

VP∆+++=++

γγ (2.01)

onde:

γ

1P= energia potencial na seção 1 (mca);

γ

2P= energia potencial na seção 2 (mca);

g

V

2

2

1 = energia cinética na seção 1 (mca);

g

V

2

2

2 = energia cinética na seção 2 (mca);

1z = energia de pressão na seção 1 (m);

2z = energia de pressão na seção 2 (m);

2,1h∆ = perda de carga (mca).

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2.2 Determinação da Perda de Carga

A perda de carga, apresentada na Eq. 2.01, divide-se em perda de carga localizada

e perda de carga distribuída. Esta divisão ocorre em função das diferenças que

levam à perda de carga. Assim, em uma instalação hidráulica predial, as perdas de

carga localizadas são tão importantes quanto às perdas de carga distribuídas, sendo

que isso não ocorre em instalações como linhas de adutoras, pois as perdas de

carga localizadas são praticamente desprezíveis quando comparadas às perdas

distribuídas.

2.2.1 Perda de Carga Distribuída

Todo sistema possui trechos retilíneos em que algumas propriedades como a

rugosidade da parede das tubulações, do fluido, da massa especifica, da

viscosidade, da velocidade e do escoamento provocam uma perda de energia

distribuída ao longo de seu comprimento. A rugosidade depende muito do material

em questão, pois existe também uma variação de acordo com o estado da

tubulação, ou seja, se a tubulação tiver um tempo de utilização (tubulação velha), a

perda de carga será maior. Dentre as propriedades do fluido, a viscosidade é a mais

importante na dissipação de energia, já que, além de ser proporcional à perda de

carga, sua relação com as forças de inércia do escoamento fornece um número

adimensional “o número de Reynolds” que é o parâmetro que indica o regime de

escoamento. A Fig. 2.01 apresenta a determinação da perda de carga.

D

L

h

(1) (2)z1 z2

P HR

Figura 2.01 – Ensaio de perda de carga

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5

2.2.2 Perda de Carga Localizada

Além da dissipação contínua de energia que se verifica no movimento da água em

contato com qualquer conduto, existe também as perdas localizadas ou singulares.

Na prática, um sistema de canalizações não é constituído apenas por tubos

retilíneos, mas também por peças especiais que, em virtude de sua forma,

estabelecem uma quebra da uniformidade, seja por mudança de direção ou

turbilhonamento, criando a perda de carga localizada no sistema. Segundo Pimenta

(1981), as perdas de carga localizadas dependem fundamentalmente das

características do escoamento a montante e a jusante da singularidade. Miller apud

Mello (2000), exemplifica uma contração onde o escoamento é restabelecido após

uma distância de trinta vezes o diâmetro para números de Reynolds da ordem de 610 .

A consideração ou não das perdas localizadas, em função do tipo do projeto a ser

desenvolvido, fica a cargo do engenheiro projetista. Mas quase sempre, em projetos

de redes de distribuição, são desprezadas as perdas de carga localizada. Conforme

Silvestre (1979), essas perdas não precisam ser levadas em consideração quando a

velocidade for menor que 1,0 m/s e quando o comprimento do conduto for maior que

4000 vezes o seu diâmetro pelo motivo, de o comprimento da rede prevalecer pouco

sobre a quantidade insignificante de acessórios. Porém, existe uma série de

contradições entre esses renomados pesquisadores. De acordo com Porto (1998),

as perdas de carga podem ser desprezadas, sem o comprometimento do sistema,

quando o comprimento for maior que 1000 vezes o diâmetro da tubulação. Devido a

essas discrepâncias em resultados, pode-se observar o quão difícil fica a

determinação ou a utilização desses valores, pois não há um consenso entre os

pesquisadores da área.

2.3 Equacionamento para Determinação da Perda de Carga Distribuída

Há séculos, pesquisadores procuraram estabelecer leis e fórmulas que pudessem

ajudar na determinação dessas perdas de carga. Alguns destes conseguiram

credibilidade na aplicação de suas fórmulas. Mas os tempos demonstraram que a

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6

imprecisão de suas fórmulas é tão maior quanto o domínio de aplicação pretendido

de seus autores. Há mais de um século, pesquisadores tentaram e conseguiram

provar que entre todas fórmulas, a mais segura era a de Darcy-Weisbach, que está

representada na Eq. 2.02.

g

V

D

Lfh

2

2

=∆ (2.02)

isolando-se L

h∆, assume a forma da Eq. 2.03:

gD

fV

L

hJ

2

2

=∆

= (2.03)

Com o desenvolvimento de V , obtém-se a Eq. 2.04

4

2D

Q

A

QV

π==

2

4

D

QV

π=

42

22 16

D

QV

π= (2.04)

Substituindo os valores da Eq. 2.04, na Eq. 2.03, obtém-se a Eq. 2.05

42

216

2 D

Q

gD

fJ

π=

25

28

πgD

fQJ = (2.05)

Isolando-se f da Eq. 2.05, assume a forma da Eq. 2.06

gDJ

Q

f 52

281

π=

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7

52

281

gDJ

Q

f π= (2.06)

onde:

h∆ = perda de carga ao longo do comprimento do tubo (mca);

f = fator de atrito (adimensional);

L = comprimento do tubo (m);

V = velocidade do líquido no interior do tubo (m/s);

D = diâmetro interno do tubo (m);

g = aceleração da gravidade (m/s²);

J =L

h∆ = perda de carga unitária (mca).

E somente cem anos depois é que se estabeleceu realmente o fator de atrito,

através da fórmula de Colebrook-White. A Eq. 2.07 apresenta a fórmula citada.

fRD

k

f e

51.227,3(log2

110 +−= ) (2.07)

onde:

f = fator de atrito (adimensional);

D = diâmetro interno do tubo (m);

k = rugosidade equivalente da parede do tubo (adimensional);

eR = número de Reynolds (adimensional).

2.3.1 Teorema de Borda

Quando se obtém um alargamento brusco de seção, em um acessório especial,

ocorre uma perda de carga localizada, medida pela altura cinética correspondente à

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velocidade perdida. Segundo Bélanger (1840), em qualquer alargamento brusco de

seção, há uma perda de carga medida pela altura cinética correspondente à perda

de velocidade.

A velocidade do fluido depende exclusivamente das áreas. Quando ocorre este

alargamento repentino, a velocidade diminui, ocasionando um choque de partículas

no qual surge um anel de turbilhões, conforme apresenta a Fig. 2.02, que absorve a

energia da perda de carga, a Eq. 2.08, conhecida como teorema de Bernoulli, que

demonstra o dimensionamento da perda de carga.

Z 1Z 2

D 2D 1

P H R

Q Q

P 1 / P 2 /

T u rb ilh o n a m e n to

Figura 2.02 -Alargamento brusco de uma seção

hzg

VPz

g

VP∆+++=++

22

2

221

2

11

γγ (2.08)

isolando-se

hg

VVPP

∆+

−=

2

)()( 2

2

2

112

γ (2.09)

onde:

γ1p

= Pressão na seção 1 (mca);

γ

2P = Pressão na seção 2 (mca);

1V = Velocidade na seção 1 (m/s);

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9

2V = Velocidade na seção 2 (m/s);

γ = peso específico (kgf/m³);

g = aceleração da gravidade (m/s²);

h∆ = perda de carga (mca).

Do teorema da Conservação da Quantidade de Movimento, tem-se a Eq.2.10:

)(

)(

12

212

VV

VPP

−=

γ

ρ

γ (2.10)

onde:

ρ = massa específica

Igualando as Eq. 2.09 e Eq. 2.10, tem-se a Eq. 2.11, conhecida como Teorema de

Borda-Bélange.

)(2

)(

12

2

2

2

2

1

VV

Vh

g

VV

−=∆+

γρ

)(2

)(

12

2

2

2

2

1

VVg

V

g

VVh

−+

−=∆

g

VVVVVh

2

)(2( 122

2

2

2

1 −+−=∆

g

VVVVh

2

)22( 2,1

2

2

2

2

2

1 −+−=∆

g

VVVh

2

)2( 2

22,1

2

1 +−=∆

g

VVh

2

)( 2

12 −=∆ (2.11)

Tomando-se o valor de V2 em função de V1 na Eq. 2.11, encontra-se e Eq. 2.12:

12

12

VA

AV = (2.12)

onde:

1A = a área na seção 1(m);

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10

2A = a área na seção 2 (m).

Substituindo os valores da Eq. 2.12 na Eq. 2.11, obtém a Eq. 2.13, que de um modo

geral, podem ser determinadas às perdas localizadas, observando-se que k é função

exclusiva da geometria da conexão.

g

V

A

Ah

2)1(

2

12

2

1−=∆

)1(2

1

A

Ak −=

g

Vkh

2

2

=∆ (2.13)

De acordo com Netto & Alvarez (1978), verificou-se que o valor de k, conforme

apresentados na Tab. 2.01, é praticamente constante para valores do número de

Reynolds superior a 50000, podendo ser admitido para fins de aplicação prática o

coeficiente k para determinado acessório como sendo constante, desde que o

regime de escoamento seja turbulento, independentemente do diâmetro da

tubulação, da velocidade e natureza do fluido.

Tabela 2.01 – Valores de k em peças especiais

ADESSÓRIOS VALORES DE k

ACESSÓRIOS VALORES DE k

Joelho 90º 0,90

Entrada de tan- que s/ borda 0,50

Joelho 45º 0,40

Entrada de tanque c/ borda 1,00

Curva 90º 0,40

Registro gaveta aberto 0,20

Curva 45º 0,20

Registro globo aberto 10,00

Tê fluxo direto 0,60

Registro angular 5,00

Tê fluxo lateral 1,30

Válvula de pé e crivo 1,75

Tê fluxo bilateral 1,80

Válvula de re- tenção leve 2,50

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11

Saída de tubulação 1,00

Válvula de re- tenção pesada 2,75

FONTE: ADAPTADO DE - FLUIDOS II (2006)

2.3.2 Método dos Comprimentos Equivalentes

Todo sistema possui peças especiais, no qual se produz uma perda de carga

localizada devido a vários fatores que interferem no escoamento do fluido. O método

consiste em adicionar à extensão da canalização apenas para dimensionamento,

comprimentos que correspondam à mesma perda de carga que o acessório sofreria

na canalização, conforme apresentado na Fig. 2.03. A Tab. 2.02 apresenta alguns

valores dos comprimentos equivalentes, porém, o acessório em estudo, curvas de

transposição, ainda não possui dados na literatura da área. Segundo Azevedo Neto

(1985), cada peça especial corresponde a um certo comprimento fictício e adicional.

As perdas de cargas ao longo das canalizações podem ser determinadas pela Eq.

2.14.

h h

D Dr

Figura 2.03 – Comprimento Equivalente

g

V

D

Lfh

eq

2

2.

=∆ (2.14)

onde:

h∆ = perda de carga (mca);

f = fator de atrito (adimensional);

.eqL = comprimento equivalente de tubulação (m);

V = Velocidade (m/s);

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12

D = diâmetro da tubulação (m).

Tabela 2.02 – Comprimentos equivalentes em peças especiais.

DIÂMETRO (PVC - mm) 15

20

25

32

40

50

60

75

100

125

150

Joelho 90º 1,1 1,2 1,5 2,0 3,2 3,4 3,7 3,9 4,3 4,9 5,4

Joelho 45º 0,4 0,5 0,7 1,0 1,3 1,5 1,7 1,8 1,9 2,4 2,6

Curva 90º 0,4 0,5 0,6 0,7 1,2 1,3 1,4 1,5 1,6 1,9 2,1

Curva 45º 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1,0 1,1 1,2

Tê fluxo direto 0,7 0,8 0,9 1,5 2,2 2,3 2,4 2,5 2,6 3,3

3,8

Tê fluxo lateral 2,3 2,4 3,1 4,6 7,3 7,6 7,8 8,0 8,3 10,0 11,1

Tê fluxo bilateral 2,3 2,4 3,1 4,6 7,3 7,6 7,8 8,0 8,3 10,0 11,1

Saída de tubulação 0,8 0,9 1,3 1,4 3,2 3,3 3,5 3,7 3,9 4,9 5,5

Entrada de tan- que s/ borda 0,3 0,4 0,5 0,6 1,0 1,5 1,6 2,0 2,2 2,5 2,8

Entrada de tan- que c/ borda 0,9 1,0 1,2 1,8 2,3 2,8 3,3 3,7 4,0 5,0 5,6

Registro gaveta aberto 0,1 0,2 0,3 0,4 0,7 0,8 0,9 0,9 1,0 1,1 1,2

Registro globo aberto 11,1 11,4 15,0 22,0 35,8 37,9 38,0 40,0 42,3 50,9 56,7

Registro angular 5,9 6,1 8,4 10,5 17,0 18,5 19,0 20,0 22,1 26,2 28,9

Válvula de pé e crivo 8,1 9,5 13,3 15,5 18,3 23,7 25,0 26,8 28,6 37,4 43,4

Válvula de re- tenção leve 2,5 2,7 3,8 4,9 6,8 7,1 8,2 9,3 10,4 12,5 13,9

Válvula de re- tenção pesada 3,6 4,1 5,8 7,4 9,1 10,8 12,5 14,2 16,0 19,2 21,4

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13

FONTE: ADAPTADO DE – FLUIDOS II (2006)

Observa-se que a passagem do fluido por peças especiais varia com a mesma

função da velocidade existente para a resistência em tubos retilíneos e que se pode

determinar o Leq., através da Eq. 2.15.

f

kDLeq =. (2.15)

onde:

.eqL = comprimento equivalente virtual (m);

k = rugosidade equivalente da parede do tubo (adimensional);

D = diâmetro interno do tubo (m);

f = fator de atrito (adimensional).

2.4 Regimes de Escoamento

2.4.1 Experimento de Reynolds

Reynolds (1883), apud Osborne, procurou observar o comportamento dos líquidos

em escoamento. Construiu um equipamento que consistia em um tubo de vidro com

a boca de entrada da vazão alargada ligado a uma torneira. Houve a necessidade

de inserção de um tipo de corante para a determinação dos tipos de regimes de

escoamento. Abrindo-se gradualmente a torneira em conjunto com o corante, pode-

se verificar um filamento colorido retilíneo. Este tipo de escoamento se denominava

regime de escoamento laminar ou lamelar, pois as partículas fluidas possuíam

trajetórias bem definidas.

Após o aumento da vazão, conseqüentemente aumentando a velocidade do fluido,

as partículas possuíam um movimento desordenado, entrando em choque umas

com as outras, até difundir-se na massa líquida. Este regime foi denominado regime

de escoamento turbulento. Com a diminuição da vazão, Reynolds observou uma

passagem, ou seja, um certo valor “V”, para o qual o escoamento passava de

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14

turbulento para laminar e o filamento colorido voltava apresentar suas características

iniciais. Este ficou denominado como regime de escoamento crítico. A Fig. 2.04

demonstra o comportamento do fluido na experiência de Reynolds.

Regime Laminar

Regime Crítico

Regime Turbulento

Figura 2.04 – Regimes de Escoamento

Conforme Lancastre (1972), a natureza do escoamento do fluido pode ser

denominada por uma escala determinada pelo número de Reynolds. O conceito do

número de Reynolds, segundo Streeter (1982), foi desenvolvido enquanto tentava

determinar quando dois escoamentos seriam semelhantes. Reynolds constatou que

o tipo de movimento não se prendia exclusivamente ao valor da velocidade, mas ao

valor de uma expressão, sem dimensões, o qual ficou conhecido como número de

Reynolds. A Eq. 2.16 demonstra a fórmula para determinação do mesmo, com o

valor deν igual a 610− .

ν

VDRe = (2.16)

onde:

V = velocidade (m/s);

D = diâmetro (m);

ν = viscosidade cinemática do fluído.

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O resultado da Eq. 2.16 será um valor adimensional, ou seja, o valor de Reynolds

encontrado, seria independente das unidades empregadas. Ele obteve, manuseando

seu experimento, alguns valores que serviam apenas como parâmetros, mas não

possuía significado algum. Então percebeu que, do regime turbulento, o mesmo se

tornaria laminar sempre que o número de Reynolds estivesse fixado em 2000. O

regime de escoamento crítico ocorria sempre que o número de Reynolds estivesse

entre 2000 e 4000 e o regime turbulento em Reynolds, acima de 4000.

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16

3 MATERIAIS E MÉTODOS

3.1 Montagem

Os ensaios específicos de determinação de Perda de Carga foram realizados no

Laboratório de Hidráulica e Fenômeno dos Transportes da Universidade São

Francisco, no campus de Itatiba.

O trabalho foi facilitado devido aos equipamentos já estarem montados para uma

linha de ensaios, formada por um reservatório retangular de fibro-cimento com

capacidade de 1000 litros, bomba de recalque modelo MARK-DB7 com potência de

3cv a 3470rpm, sistema de tubulação de PVC de 60mm com acessórios e registro

de gaveta. A Fig. 3.01 mostra as instalações do laboratório.

Figura 3.01 – Instalações do laboratório

Para adaptação dos módulos de ensaio à tubulação existente, houve a necessidade

da retirada de um trecho de tubo, no qual foram instaladas nas extremidades buchas

roscáveis. A Fig 3.02 apresenta as adaptações necessárias para instalação dos

módulos.

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17

Figura 3.02 – Adaptações do laboratório

Para determinação da perda de carga, foram montados módulos de ensaio com

comprimento equivalente ao retirado da tubulação existente. A curva de

transposição, que representa o material de estudo, foi inserida no centro destes

módulos.

Para inserção dos pontos de tomada de pressão, foram executadas perfurações a

montante e a jusante do equipamento de estudo, onde foram instalados tubos de

cobre com diâmetro externo de 4,75mm e 25mm de comprimento. Os tubos foram

soldados com adesivo de secagem instantânea, tomando-se extremo cuidado para

que nem o adesivo nem os tubos invadissem a área interna dos módulos, já que a

menor obstrução da passagem do fluido poderia alterar os resultados.

Foram atribuídos mais alguns cuidados quanto ao ponto de tomada de pressão,

pois como a parede do material de estudo é muito fina, inseriram-se reforços

também com PVC em uma espécie de “capa”, vestindo a tubulação no local dos

pontos de pressão e soldando-a com adesivo de secagem instantânea. Sendo

assim, aumentou-se a área de contato, a fim de assegurar maior rigidez ao tubo de

cobre. A Fig 3.03 mostra os três módulos de ensaio, com seus respectivos diâmetros

apresentados na Tab. 3.01.

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18

Figura 3.03 – Módulos de ensaio

Tabela 3.01 – Diâmetro dos módulos de ensaio

MÓDULOS DE ENSAIO DIÁMETROS Módulo 01 20 mm Módulo 02 25 mm Módulo 03 32 mm

Para determinação das diferenças de nível entre os pontos de tomada de pressão,

foi utilizado um equipamento próprio para esta finalidade, chamado “piezômetro”, no

qual estava inserido em uma estrutura metálica com graduação em milímetros e,

logo à frente, um tudo de vidro, posicionado verticalmente para a realização da

leitura. Foram instaladas mangueiras plásticas transparentes, com diâmetros

equivalentes, ligadas aos pontos de tomada de pressão até os tubos de vidro.

Acoplou-se também um dispositivo para inserção de ar posicionado na parte

superior dos tubos de vidro, que tinha a finalidade de diminuir as alturas das cotas

de pressão, caso a altura impossibilitasse a leitura, fazendo assim com que o nível

baixasse, conforme ilustra a Fig. 3.04.

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19

Figura 3.04 – Detalhe dos Piezômetros

3.2 Procedimento de Ensaio

Os ensaios foram determinados pela ordem crescente ao diâmetro dos módulos e

assim, depois de instalado o módulo 01, os pontos de tomada de pressão foram

conectados. A Fig 3.05 apresenta o módulo já instalado à linha de tubos.

Figura 3.05 – Módulo instalado

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20

O reservatório foi abastecido com água até o nível acima da bomba d’água para que

a tubulação fosse totalmente preenchida, e desta maneira, não haver a possibilidade

de falta de água no sistema.

Iniciou-se o procedimento com a ligação da bomba d’água, havendo a necessidade

de que o sistema ficasse, por um pequeno período, em funcionamento com os

registros totalmente abertos para que as bolhas de ar existentes dentro do sistema

fossem expulsas. Logo após a normalização do fluido foi regulado o registro para

que a vazão fosse diminuída, pois seriam determinadas cinco vazões diferentes por

ordem crescente de tomada de pressão.

O método de determinação é bastante simples, mas cercado de critérios, que

consistiam em coletar um certo volume de água por um intervalo de tempo. Foi

utilizado um recipiente metálico com capacidade máxima de 18 litros, enquanto a

leitura do tempo era feita através de um cronômetro.O sistema de coleta d’água é

apresentado na Fig 3.06.

Figura 3.06 – Coleta de água para a determinação do volume

Para determinação do volume, toda água coletada foi transferida para recipientes

graduados conforme Fig 3.07. A vazão era extraída dividindo-se o volume pelo

tempo.

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21

Figura 3.07 – Recipientes para determinação do volume

Após todo este processo, foram determinadas através de leitura, as diferenças de

cota entre os piezômetros que, de forma direta, é a perda de carga localizada em

cada ponto de pressão. A Fig. 3.08 mostra o detalhamento do piezômetro.

Figura 3.08 – Desnível dos piezômetros

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Todos os outros módulos seguiram o mesmo critério de análise e, assim, os dados

foram adquiridos e transmitidos a um computador portátil que, através de fórmulas,

foram fornecidos alguns dados, entre eles, o valor de “k” em função da velocidade,

que é o coeficiente de perda de carga, no qual foram traçados valores em gráficos

para maior detalhamento.

Todos os módulos foram ensaiados conforme o procedimento acima, que eram

trocados com facilidade através de uniões em PVC instaladas no sistema, logo que

todos os dados possíveis houvessem sido retirados.

3.3 Materiais

Tabela 3.02 – Materiais utilizados na realização dos ensaios

MATERIAIS UNIDADE QUANTIDADE Adesivo Plástico para PVC Tubo 01

Adesivo epóxi Tubo 01

Bucha de redução PVC 32 x 25 mm Pç 02

Bucha de redução PVC 32 x 25 mm Pç 06

Bucha de redução PVC 25 x 20 mm Pç 02

Bucha de redução PVC 2 x 1” Pç 01

Bucha de redução PVC 2 x 1” C/R Pç 01

Bucha de redução PVC ¾ x 1” Pç 01

Curva de transposição PVC 32 mm Pç 01

Curva de transposição PVC 25mm Pç 01

Curva de transposição PVC 20mm Pç 01

Lixa n°100 para PVC Pç 02

Luva roscável PVC 2” Pç 02

Mangueira flexível cristal ∅ 3/16” m 05

Nipel roscável PVC 25mm Pç 01

União roscável PVC 5mm Pç 01

Tubo de cobre ∅ 3/16” x 25 mm Pç 06

Tubo de PVC soldável 20mm m 0,3

Tubo de PVC soldável 25mm m 0,5

Tubo de PVC soldável 32mm m 0,4

Veda rosca Rolo 01

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3.4 Equipamentos

Tabela 3.03 – Relação de equipamentos utilizados

MATERIAIS UNIDADE QUANTIDADE Reservatório de 1000 litros de fibro-cimento Pç 01

Bomba de recalque modelo MARK-DB7, pot 3cv a 3470 rpm.

Pç 01

Recipiente de vidro graduado, 1000 a 2000ml. Pç 05

Bomba de ar manual Pç 01

Cronômetro digital Pç 01

Lap top Pç 01

Ferramentas em geral Pç 01

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4 ORGANIZAÇÃO DOS RESULTADOS

Conforme descrição dos diâmetros apresentados na Tab. 3.01, executou-se para

cada módulo uma seqüência de cinco ensaios com variações progressivas de

vazão. A realização de várias leituras, conforme apresentado na Tab. 4.01, foi

devido à necessidade de avaliar, se as características das conexões se mantém

constantes ou variam em função da velocidade, vazão ou número de Reynolds.

Determinou-se o coeficiente de atrito do PVC “ f ” conforme a Eq. 2.07, através de

interações realizadas com o auxilio de uma calculadora HP. Obteve-se o valor da

rugosidade absoluta do PVC de 0,06mm, conforme informações via telefone da

assistência técnica da Tigre. Alguns dos resultados da Tab. 4.01 foram obtidos

através das seguintes fórmulas, número de Reynolds através da Eq. 2.16,

coeficiente de perda de carga localizada (k) conforme a Eq. 2.13 e o comprimento

equivalente através da Eq. 2.15.

Através dos resultados obtidos, observou-se que existe uma variação inversamente

proporcional da velocidade ou do número de Reynolds, com o coeficiente de perda

de carga localizada (k), ou mesmo com o comprimento equivalente de perda de

carga (Leq.). Esta verificação apenas comprova a veracidade dos ensaios, pois,

Azevedo Neto (1972) já descrevia a situação para qual o valor do coeficiente k

tende-se a estabilizar quando o número de Reynolds for elevado, atingindo o regime

francamente turbulento.

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Tabela 4.1 – Resultados obtidos através de ensaios

MÓDULO EXPERIMENTAL 1 - 32 mm DN DI DI Área Volume Tempo Vazão Vel. Piez. 1 Piez. 2 ∆ Piez

(mm) (mm) (m) (dm2) (lts) (s) (l/s) (m/s) (mm) (mm) (m) K REY f e/D L Eq.

32 27,8 0,028 0,0607 11,930 8,00 1,491 2,457 1200 1075 0,125 0,406 68299 0,0262 0,0022 0,4311 32 27,8 0,028 0,0607 6,070 11,75 0,517 0,851 835 809 0,026 0,704 23660 0,0293 0,0022 0,6682 32 27,8 0,028 0,0607 6,220 17,18 0,362 0,596 796 783 0,013 0,717 16582 0,0310 0,0022 0,6429 32 27,8 0,028 0,0607 5,800 21,37 0,271 0,447 776 768 0,008 0,785 12431 0,0326 0,0022 0,6695 32 27,8 0,028 0,0607 2,235 21,12 0,106 0,174 759 757 0,002 1,291 4847 0,0400 0,0022 0,8972

MÓDULO EXPERIMENTAL 2 - 25 mm DN DI DI Área Volume Tempo Vazão Vel. Piez. 1 Piez. 2 ∆ Piez

(mm) (mm) (m) (dm2) (lts) (s) (l/s) (m/s) (mm) (mm) (m) K REY f e/D L. Eq.

25 21,6 0,022 0,0366 8,910 8,66 0,757 2,066 1126 905 0,221 1,016 44622 0,0284 0,0028 0,7727 25 21,6 0,022 0,0366 8,110 10,34 0,545 1,487 1078 950 0,128 1,135 32126 0,0293 0,0028 0,8369 25 21,6 0,022 0,0366 8,550 15,16 0,467 1,274 1048 952 0,096 1,160 27528 0,0299 0,0028 0,8377 25 21,6 0,022 0,0366 7,250 20,34 0,272 0,742 991 960 0,031 1,104 16033 0,0321 0,0028 0,7428 25 21,6 0,022 0,0366 3,475 21,59 0,107 0,292 962 956 0,006 1,381 6307 0,0382 0,0028 0,7807

MÓDULO EXPERIMENTAL 3 - 20 mm DN DI DI Área Volume Tempo Vazão Vel. Piez. 1 Piez. 2 ∆ Piez

(mm) (mm) (m) (dm2) (lts) (s) (l/s) (m/s) (mm) (mm) (m) K REY f e/D L. Eq

20 17,0 0,017 0,0227 10,080 5,85 0,607 2,674 1057 870 0,187 0,513 45462 0,0298 0,0035 0,2927 20 17,0 0,017 0,0227 8,680 7,07 0,510 2,247 1025 873 0,152 0,591 38197 0,0302 0,0035 0,3325 20 17,0 0,017 0,0227 9,850 11,37 0,280 1,234 962 922 0,040 0,516 20971 0,0321 0,0035 0,2731 20 17,0 0,017 0,0227 5,940 9,97 0,184 0,811 940 923 0,017 0,508 13781 0,0340 0,0035 0,2538 20 17,0 0,017 0,0227 4,335 15,22 0,093 0,410 934 927 0,007 0,818 6965 0,0383 0,0035 0,3631

Temperatura 23º

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27

Com os resultados extraídos da Tab. 4.01, observou-se que ocorre uma variação

inversamente proporcional do comprimento equivalente em função do número de

Reynolds e que os valores tendem a se equilibrar para regimes francamente

turbulentos, onde o fator de atrito e por conseqüência a perda de carga é fator

unicamente exclusivo da rugosidade relativa, não dependendo mais do número de

Reynolds, conforme estão representados nas Fig. 4.01, Fig. 4.02 e Fig 4.03.

Curvas de Transposição 20mm

y = 2E-10x2 - 9E-06x + 0,3864

R2 = 0,2930,1000

0,2000

0,3000

0,4000

0,5000

0 10000 20000 30000 40000 50000

Número de Reynolds

Co

mp

rim

ento

Eq

uiv

alen

te

Comprimento Equivalente Comprimento Equivalente - Médio

Figura 4.01 – Curva da perda de carga em curva de transposição 20mm

Curvas de Transposição 25mm

y = -1E-10x2 + 7E-06x + 0,7192

R2 = 0,33370,2000

0,5000

0,8000

1,1000

1,4000

0 10000 20000 30000 40000 50000

Número de Reynolds

Co

mp

rim

ento

Eq

uiv

alen

te

Comprimento Equivalente Comprimento Equivalente - Médio

Figura 4.02 – Curva da perda de carga em curva de transposição 25mm

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28

Curvas de Transposição 32mm

y = 1E-10x2 - 2E-05x + 0,9284

R2 = 0,88240,2000

0,4000

0,6000

0,8000

1,0000

0 10000 20000 30000 40000 50000 60000 70000 80000

Número de Reynolds

Co

mp

rim

ento

Eq

uiv

alen

te

Comprimento Equivalente Comprimento Equivalente - Médio

Figura 4.03 – Curva da perda de carga em curva de transposição 32mm

Conforme verificado nos resultados dos ensaios, observa-se na Fig. 4.04 o

crescimento dos valores do comprimento equivalente nas curvas de transposição,

semelhante ao verificado nas tabelas das conexões comercialmente distribuídas.

Verifica-se que as demais conexões, assim como a curva de transposição (acessório

analisado nesta pesquisa), tem o comprimento equivalente ampliado

proporcionalmente em função do aumento da rugosidade.

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29

0

0,3

0,6

0,9

1,2

1,5

1,8

2,1

20 mm 25 mm 32 mmDN(mm)

Co

mp

rim

ento

Eq

uiv

alen

teCurvas de Transposição Curva 45° Curva 90° Joelho 45° Joelho 90°

FIGURA 4.04 – Comparação das curvas de transposição com acessórios

especiais equivalentes

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30

5 CONCLUSÕES

Conforme apresentado nos resultados dos ensaios e representados por tabelas e

figuras, pode-se avaliar que o valor da perda de carga localizada em conexões

denominadas como curvas de transposição não devem ser desprezadas em cálculos

de sistemas prediais. Conclui-se que, a curva de transposição tem relevância de

igual magnitude a outras conexões no projeto de sistemas prediais.

Recomenda-se para trabalhos futuros, estudos com um maior intervalo de variações

de vazões, bem como o estudo dos diversos diâmetros que são comercializados ou

que venham a ser produzidos pelas fabricantes de tubulações em PVC.

Page 41: UNIVERSIDADE SÃO FRANCISCO – USF CENTRO DE …lyceumonline.usf.edu.br/salavirtual/documentos/1008.pdf · 2.2 Determinação da Perda de Carga A perda de carga, apresentada na Eq

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