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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ
Marcio Ferreira
PROPAGANDA ELEITORAL NA INTERNET
CURITIBA
2010
Marcio Ferreira
PROPAGANDA ELEITORAL NA INTERNET
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Direito da Faculdade de Ciências Jurídicas da Universidade Tuiuti do Paraná, como requisito parcial para a obtenção do grau de Bacharel em Direito. Orientador: Prof. Armando Antonio Sobreiro Neto
CURITIBA
2010
TERMO DE APROVAÇÃO
Marcio Ferreira
PROPAGANDA ELEITORAL NA INTERNET
Este trabalho de conclusão de curso foi julgado e aprovado para obtenção do grau de Bacharel em Direito no curso de Direito da Faculdade de Ciências Jurídicas da Universidade Tuiuti do Paraná.
Curitiba, ___ de __________ de 2010.
__________________________________
Professor Doutor Eduardo de Oliveira Leite Coordenador do Núcleo de Monografias do Curso de Direito da UTP
Curso de Direito Faculdade de Ciências Jurídicas Universidade Tuiuti do Paraná
Orientador: __________________________
Professor. Armando Antonio Sobreiro Neto
__________________________
Professor.
Instituição:
__________________________
Professor.
Instituição:
A Deus, ser supremo Para minha esposa, Rosani Moraes, Em quem me sinto fortalecido, e encontrei inspiração para concluir este trabalho; Aos meus filhos, Larissa, Alexia e Marcio Jr.;
Ao meu orientador, Armando A. S. Neto, pela dedicação e sapiência, com que me guiou, o meu agradecimento.
RESUMO
O objeto da presente pesquisa é analisar a Propaganda Eleitoral na Internet sob a ótica na nova Lei 12.034/09. Portanto, faz-se necessário abordar alguns temas como: o regime democrático constitucional, regime jurídico da Internet, todas as formas de propagandas políticas em geral dando ênfase à propaganda eleitoral na rede mundial de computadores. Também trata da discussão sobre a real necessidade da Internet como instrumento auxiliador na busca da democracia plena, se seu uso proporciona ou não condições mais claras aos eleitores na hora do voto. Ainda se as atuais regras trazidas pela nova lei, e as já existentes, são capazes de coibir eventuais abusos nas praticas políticas brasileiras. Palavras chaves: Propaganda política, democracia e Internet.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................... 06
2 REGIME DEMOCRÁTICO CONSTITUCIONAL .................................... 08
2.1 SOBERANIA POPULAR E CIDADANIA .................................................. 09
2.2 REGIME REPRESENTATIVO .................................................................... 10
2.3 LIVRE MANIFESTAÇÃO DO PENSAMENTO ......................................... 11
2.4 INVIOLABILIDADE DA INTIMIDADE E DA VIDA PRIVADA ............ 13
2.5 DIREITO A INFORMAÇÃO ........................................................................ 15
2.6 COMUNICAÇÃO SOCIAL .......................................................................... 16
3 REGIME JURÍDICO DA INTERNET ........................................................ 18
3.1 NATUREZA JURÍDICA DAS COMUNICAÇÕES ELETRÔNICAS ........ 19
3.2 CONCESSÃO DE SERVIÇO PÚBLICO ..................................................... 21
3.3. INTERNET E DEMOCRACIA .................................................................... 23
4 PROPAGANDA POLÍTICA ......................................................................... 25
4.1 CONCEITO.................................................................................................... 25
4.2 PROPAGANDA PARTIDÁRIA ................................................................... 26
4.3 PROPAGANDA INTRAPARTIDÁRIA ....................................................... 27
4.4 PROPAGANDA ELEITORAL GERAL ....................................................... 28
4.5 PROPAGANDA ELEITORAL NA IMPRENSA ESCRITA........................ 30
4.6 PROPAGANDA ELEITORAL NO RÁDIO E TELEVISÃO ...................... 31
5 PROPAGANDA POLÍTICA NA INTERNET ............................................. 36
5.1 EVOLUÇÃO LEGISLATIVA ...................................................................... 38
5.2 PROPAGANDA ELEITORAL NA INTERNET/LEI 12.034/09 ................. 40
5.2.1 Atas Notarias ............................................................................................... 45
5.3 LIMITAÇÃO DA PROPAGANDA ELEITORAL NA INTERNET ............ 48
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................... 50
REFERÊNCIAS ................................................................................................. 52
6
1 INTRODUÇÃO
No ramo de Direito Público, Direito Eleitoral, o termo “propaganda”, significa
difundir, espalhar, propalar, alastrar, multiplicar por meio de reprodução, tornar
comum a muitas pessoas. Tecnicamente, traduz procedimentos de comunicação em
massa, pelos quais se difundem idéias, informações e crenças com vistas a obter-se a
adesão dos destinatários (GOMES, 2008).
A propaganda foi introduzida na sociedade durante a antiguidade. Na Grécia e
em Roma era largamente usada na divulgação de festas populares e ações estatais com
objetivo à comunicação social.
A propaganda política caracteriza-se por estender concepções ideológicas,
com finalidade de obter adesão popular. É, sem sombra de dúvida, a maneira mais
diligente do candidato persuadir o eleitorado de suas propostas, projetos; enfim do que
desempenhará quando preferido. Sendo assim, se refletirmos na propaganda eleitoral
via Internet, sob a ótica apresentada pela Lei 12.034 de 29/09/09, necessitamos
analisá-la “lato sensu”, não por meio de sofismas, mas sob o aspecto volitivo do
usuário, do progresso social, das distâncias cobertas, da velocidade na comunicação
das notícias, da praticidade do eleitor conhecer melhor seu candidato, tudo através de
um ingênuo click.
Esses fatores, levando em apreço a mudança social, tranquilamente tornaram o
processo político mais equânime e equilibrado.
Ante esse cenário, pretende-se ratificar se o novo documento eleitoral contribui
para a formação do julgamento soberano do eleitor, a partir do instante que oportuniza
7
maior cristalinidade e facilidade no acesso às propostas dos candidatos. Apreciando o
direito à informação, até que ponto as atuais normas asseguram, ainda que
minimamente, o emprego do novo instrumental, Internet, ou seja, nosso
contemporâneo sistema normativo; de um lado, coopera positivamente na busca do
exercício integral da democracia e de outro, contempla engenhos de proteção, cujo
escopo é não tolerar o acontecimento de excessos ou afrontas.
A Internet é indispensável. Esta é a grande certeza para as próximas eleições
no Brasil. Ela aumentará o acesso à informação de uma categoria de eleitores, cada vez
mais interessados no destino do país, os jovens, o que ocorrerá através de redes
sociais, blogs, e-mail, debates em chats; enfim, nas mais variadas formas de
comunicação oportunizadas na rede (PINHEIRO, 2010). Neste diapasão, estes novos
movimentos sociais contribuirão, significativamente, para o fortalecimento da
democracia por meio da conscientização do soberano eleitor no instante em que
perpetua sua escolha.
Pode-se compreender, imediatamente, que a assunto proporciona alguns
desdobramentos, sua aplicação é certa, está disposta na lei, no entanto deve-se
esclarecer se é indispensável para o eleitor na busca de informações sobre os
candidatos, e considerando o direito à informação e suas variáveis, se sua aplicação
está segura com as regras atuais.
8
2 REGIME DEMOCRÁTICO CONSTITUCIONAL
Um Estado Democrático de Direito é aquele que busca a aplicação justa da Lei
em benefício da sociedade com a participação indispensável do povo na escolha de
seus representantes através do voto. Sendo assim, seus fundamentos são tidos como a
base de uma grande estrutura que constitui o Sistema Eleitoral, que apesar de muito
criticado por alguns que o considerarem extremamente casuístico, ou seja, por sofrer
intermináveis alterações em função das constantes variações sociais; é sem dúvida, um
dos ramos do direito mais aprimorados, conforme lição de Cândido, a alteração
periódica de algumas leis eleitorais, longe de ser um mal em si mesmo, é - e tem sido -
fator de aprimoramento de nossa ordem jurídica (CANDIDO, 2003).
Assim continua o mesmo doutrinador sobre o assunto:
Quem entende casuística nossa legislação eleitoral comete um lamentável equívoco em confundir Direito Eleitoral com eleição. Enquanto que o primeiro é o ramo do direito público incumbido de criar, desenvolver e assegurar o pleno exercício dos direitos políticos, em sua mais ampla acepção, o último é a mera execução de rito que propicia o ato de votar e ser votado, enquanto forma legal de se escolher os titulares dos mandatos eletivos. Somente em relação às eleições é que a lei tem mudado com regular, mas incensurável frequência. (2003, p. 22).
Ressalta ainda que se analisarmos o número de alterações da Lei Eleitoral e da
própria Constituição em seus períodos de vigência, chegaremos à conclusão de que
não foi exatamente a Lei eleitoral a mais instável, já que em aproximadamente setenta
anos foram publicados quatro códigos eleitorais enquanto os textos constitucionais
chegaram a seis. Contudo, considerando a relação direta entre tais matérias, as
constantes modificações e o próprio progresso social, é inevitável que a aplicabilidade
9
de alguns dispositivos enseje relevantes discussões.
2.1 SOBERANIA POPULAR E CIDADANIA
A Soberania Popular é materializada em sua plenitude, com o alistamento
eleitoral. A partir daí o brasileiro adquire o direito de interferir no destino da nação,
por meio do sufrágio ativo, tornando-se cidadão na acepção plena da palavra.
A Constituição de 1988 em seu artigo 1º, inciso I, coloca a soberania como
fundamento do Estado Democrático de Direito, e em seu parágrafo único, traz a
maneira de sua conformação, ao estabelecer, “todo o poder emana do povo, que o
exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta
Constituição”, já o artigo 14 estabelece a forma de exercício da soberania popular.
Assim, do povo deriva toda fonte de poder político, manifestando-se a soberania,
exercida diretamente ou segundo o regime representativo, por meio de representantes
escolhidos em processo eletivo.
Os princípios, soberania popular e cidadania, previstos no artigo 1º, incisos I e
II da CF/88, encontram-se profundamente interligados, pois a soberania deriva do
povo que tem nas mãos o poder de escolha de seus representantes na democracia
indireta, e a cidadania compreendida como direito de sufrágio político ativo ou
passivo, somando-se aos deveres perante o Estado, conforme artigo 14 da Constituição
Federal.
Em relação a essa íntima ligação entre soberania popular e cidadania, Adriano
da Costa, ensina:
10
Deve-se entender os termos cidadania e soberania popular como sinônimos, como vínculo jurídico-político do cidadão com o Estado, pelo qual exsurge o direito à participação política (direito de votar e ser votado), bem como deveres políticos para com o Estado (fidelidade à Pátria, prestação do serviço militar, obrigatoriedade do voto, etc.). (2002, p. 33).
A cidadania é demonstrada por um conjunto de direitos que dá à pessoa a
possibilidade de participar ativamente da vida e do governo de seu povo. Quem não
tem cidadania está marginalizado ou excluído da vida social e da tomada de decisões,
ficando numa posição de inferioridade dentro do grupo social (DALLARI, 1998).
Em outras palavras, “a cidadania representa um status e apresenta-se
simultaneamente como objeto e um direito fundamental das pessoas” (MORAES,
2004, p. 16).
Pode ser entendida ainda de forma mais ampla do que titularidade de direitos
políticos, sendo através da qualificação dos participantes da vida do Estado,
reconhecendo o indivíduo como pessoa integrada na sociedade estatal, submetendo o
funcionamento estatal à vontade popular (SILVA, 2007).
Portanto, entre soberania popular e cidadania existe sinonímia, podemos então
defini-las como direitos políticos que proporcionam a participação popular na rés
pública. Sendo a primeira através do sufrágio ativo e passivo, e a segunda além dos
direitos comuns à antecedente, deveres para com o Estado, fidelidade à pátria, serviço
militar, obediência aos imperativos legais.
2.2 REGIME REPRESENTATIVO
Etimologicamente, regime é “forma de governo”, traduzindo-se, portanto,
11
regime representativo, como um tipo de democracia, através da qual se escolhe os
representantes, filiados a determinados partidos políticos, mediante processo eletivo.
É necessário estabelecer o significado de Representação Política, Sobreiro
Neto (2008), citando Norberto Bobbio, nos auxilia, esclarecendo que é uma espécie de
mecanismo político particular, com a finalidade de realização de uma relação de
controle entre governados e governantes de forma regular.
A nossa Constituição traz em seu bojo, mais precisamente no parágrafo único
do artigo 1º, o sentido de democracia, quando a norma prevê, todo poder emana do
povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta
Constituição, portanto, a democracia é o pilar fundamental do regime representativo.
O sistema político exprime um complexo estrutural de princípios e forças
políticas que configuram determinada concepção do Estado e da sociedade,
inspiradores de seu ordenamento jurídico. O regime representativo é demonstrado por
um tipo de democracia, a democracia representativa, na qual se pressupõe um conjunto
de instituições, cujo objetivo é disciplinar a participação popular no processo político,
originando direitos políticos, qualificando a cidadania, tais como as eleições, sistema
eleitoral, os partidos políticos, etc. (SILVA, 2007).
2.3 LIVRE MANIFESTAÇÃO DO PENSAMENTO
A liberdade na manifestação do pensamento constitui um dos aspectos
externos da liberdade de opinião, protegida pelo artigo 5º, inciso IV, da Lei Maior. É
livre a manifestação do pensamento, vedado o anonimato, e o artigo 220 do mesmo
12
documento dispõe que a manifestação de pensamento, sob qualquer forma, processo
ou veiculação, não sofrerá qualquer restrição, observado o disposto na Constituição,
vedada qualquer forma de censura de natureza política, ideológica e artística.
Segundo Silva (2007), a materialização desses direitos elementares, isto é,
essa exteriorização do pensamento pode dar-se entre interlocutores presentes ou
ausentes. Primeiramente, pode verificar-se sob a forma de diálogo ou conversação de
pessoa para pessoa, ou de uma pessoa para outra. No segundo caso, é possível a
ocorrência entre pessoas determinadas, por meio de correspondência pessoal ou
particular sigilosa.
O mencionado constitucionalista acrescenta ainda que na liberdade de
manifestação do pensamento, compreende também aspecto negativo, isto é, de tê-lo
em segredo, mantendo-o na esfera reservada do individuo, de maneira a prejudicar
outrem.
É livre a manifestação do pensamento, desfruta de proteção em nível
constitucional, não se admitindo censura prévia, quer seja em diversões ou espetáculos
públicos (MORAES, 2004).
Logo, a Constituição garante a livre manifestação do pensamento, salvo nas
hipóteses previstas no próprio documento constitucional, vedando-se o anonimato
invocado como forma de se eximir de responsabilidade. Prevê a punição dos abusos
ocorridos porventura no exercício desse direito, levando as situações em concreto à
apreciação do Poder Judiciário, culminando com a responsabilização civil e penal dos
invocadores do anonimato como forma de eximir-se de culpa.
Por fim, cabe a sociedade defender padrões mínimos de moralidade, e o
13
Estado, quer diretamente, ou por delegação, exercer esta função.
2.4 INVIOLABILIDADE DA INTIMIDADE E DA VIDA PRIVADA
Direitos fundamentais podem sofrer relativização, e uma das limitações à
liberdade de comunicação social é o respeito devido ao direito à privacidade, a
imagem e à intimidade dos indivíduos; valores estes que passaram a frequentar normas
constitucionais com a Carta de 1988. Estas garantias estão no inciso X do catálogo dos
direitos individuais, referindo-se a pessoas físicas e jurídicas. Abarcando, inclusive, à
necessária proteção à própria imagem frente aos meios de comunicação em massa,
televisão, rádio, jornais, revistas, e também devido ao grande avanço tecnológico essa
norma se estende à Internet, repousando-se sobre a nuance de direito fundamental
(GILMAR, 2007).
O mesmo doutrinador define o direito a privacidade e intimidade, como sendo:
O direito à privacidade teria por objeto os comportamentos e acontecimentos atinentes aos relacionamentos pessoais em geral, às relações comerciais e profissionais que o individuo não deseja que se espalhem ao conhecimento público. O objeto do direito à intimidade seriam as conversações e os episódios ainda mais íntimos, envolvendo relações familiares e amizades mais próximas. (2007, p. 367).
O direito a privacidade, sob o ponto de vista de Tércio Sampaio Ferraz, é:
[...] um direito subjetivo fundamental, cujo titular é toda pessoa, física ou jurídica, brasileira ou estrangeira, residente ou em trânsito no país; cujo conteúdo é a faculdade de constranger os outros ao respeito e de resistir à violação do que lhe é próprio, isto é, das situações vitais que, por só a ele lhe dizerem respeito, deseja manter para si, ao abrigo de sua única e discricionária decisão; e cujo objeto é a integridade moral do titular. (1993, p. 77)
14
Segundo Silva (2007) o direito a intimidade é quase sempre considerado como
sinônimo de direito a privacidade, ao passo que a vida privada é a esfera íntima da
pessoa, porque é repositório de segredos e particularidades do foro moral e íntimo do
indivíduo.
Alexandre ao abordar o tema nos explica; “os direitos à intimidade e a própria
imagem formam a proteção constitucional à vida privada, salvaguardando um espaço
íntimo intransponível por intromissões ilícitas externas” (MORAES, 2004, p. 47).
É oportuno salientar ainda que os conceitos de intimidade e vida privada
apresentam grande interligação, porém, são diferenciados por meio da menor
amplitude do primeiro, que se encontra no âmbito de incidência do segundo. A
intimidade relaciona-se às relações subjetivas e de trato íntimo da pessoa, relações
familiares e de amizade. A vida privada, por sua vez, envolve todos os demais
relacionamentos humanos, sejam eles de ordem comercial, trabalhista, cultural, etc.
Insistindo nos ensinamentos do autor acima, é apropriado mencionar a forma
de se analisar a vida privada das pessoas públicas:
Por outro lado, essa proteção constitucional em relação àqueles que exercem atividade política ou ainda em relação aos artistas em geral deve ser interpretada de uma forma mais restrita, havendo necessidade de uma maior tolerância ao se interpretar o ferimento das inviolabilidades à honra, à intimidade, à vida privada e à imagem, pois os primeiros estão sujeitos e uma forma especial de fiscalização pelo povo e pela mídia, enquanto o próprio exercício da atividade profissional dos segundos exige maior e constante exposição à mídia. Essa necessidade de interpretação mais restrita, porem, não afasta a proteção constitucional contra ofensas desarrazoadas e, principalmente, sem qualquer nexo causal com a atividade profissional realizada. (2004, p. 82).
Conclui-se, então, que o direito à inviolabilidade da intimidade e da vida
privada encontra-se na própria Carta Constitucional, fazendo parte das mais íntimas
15
proteções que o cidadão faz jus; contudo, ainda assim cabe relativização quando estas
conflitarem com o interesse da coletividade, que deve sempre estar acima de qualquer
outro. Portanto, o direito a privacidade tem como fundamento a defesa da
personalidade humana contra intromissões alheias.
2.5 LIBERDADE DE INFORMAÇÃO
A palavra “informação” significa um conjunto de condições e determinadas
formas de propagação para o público, de notícias ou elementos de conhecimento,
idéias e opiniões.
Primeiramente devemos nos preocupar em distinguir liberdade de informação,
de direito à informação, este não visto como direito pessoal ou profissional, mas sim
como direito coletivo, e aquele como direito de informar e de ser informado.
O direito à informação encontra-se previsto em nossa Constituição no artigo
5º, inciso XIV e no artigo 220, elevado à categoria de direito fundamental, frente a sua
grande relevância na conformação de uma sociedade equânime.
Silva mais uma vez nos presenteia com seu conhecimento ao definir:
[...] a liberdade de informação compreende a procura, o acesso, o recebimento e a difusão de informações ou idéias, por qualquer meio, e sem dependência de censura, respondendo cada qual pelos abusos que cometer. O acesso de todos à informação é um direito individual consignado na Constituição, que também resguarda o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício profissional (art. 5º, XIV). (2007, p. 246).
Desse modo, verificamos que a proteção constitucional à informação é
relativa, pois não existe direito individual absoluto, havendo necessidade de distinção
16
entre informações de fatos de interesse público, da vulnerabilidade de condutas íntimas
e pessoais, protegidas pela inviolabilidade à vida privada, que não podem ser
devassadas de forma aleatória, de maneira vexatória ou humilhante (MORAES, 2004).
Deste modo, a liberdade de informação, como direito de ser informado e de
informar, deve ter sempre como objetivo, especialmente no último caso, proporcionar
a informação exata e séria. Porém, sua interpretação poderá ser relativizada,
restringida, quando a mesma fizer parte da esfera mais íntima da vida privada da
pessoa comum, e alargada quando disser respeito a pessoas públicas como políticos,
artistas, atletas, pois estas por opção pessoal colocaram-se em posição de maior
destaque e interesse social.
2.6 COMUNICAÇÃO SOCIAL
A comunicação social é uma forma de se relacionar da sociedade, com
previsão em nossa Constituição nos artigos 220 e 5º inciso IX. Os veículos condutores
de informação exercem relevante atividade de interesse público; daí o motivo pelo
qual funcionam sob o regime de concessão do poder público. As previsões para essas
concessões estão no artigo 175 da CF 88, e todas as pessoas jurídicas de direito
privado que adquirem o direito de explorar determinada área devem se curvar às
normas constitucionais reguladoras desse serviço, considerado de interesse público,
ainda que realizado por particulares. É o que determina, por exemplo, o artigo 221 do
texto constitucional, sob como deve ser a programação veiculada para a população,
devendo respeito aos valores éticos e sociais da pessoa e da família.
17
Pode-se definir “meio de comunicação como toda e qualquer forma de
desenvolvimento de uma informação, seja através de sons, imagens, impressos e
gestos” (MORAES, 2004, p.734).
Já para Silva (2007), a liberdade de comunicação envolve também a escolha
dos meios de exteriorização do pensamento e difusão das informações, que são
basicamente os livros, os jornais e outros periódicos, os serviços de radio-difusão
sonora e de sons e imagens e os serviços noticiosos. O autor ainda adverte para o
caráter de regime jurídico próprio, desses meios de comunicação, e aos últimos destaca
sua forma de concessão pelo Poder Público, quando não explorados diretamente pelos
entes públicos ou por meio de permissão ou autorização.
Sintetizando as idéias temos que os meios de comunicação, livros, revistas,
periódicos, jornais, rádio e televisão são os veículos pelos quais as informações
chegam de maneira maciça à população. Sua natureza jurídica depende da prestação de
serviço que realizam. Como regra, os serviços prestados nesta área quando não são
desenvolvidos diretamente pela União, esta transfere aos particulares por instrumentos
jurídicos próprios, concessão, permissão ou autorização.
A Internet, por sua vez, fornece serviço de natureza sui generis, onde figuram
basicamente três sujeitos, usuário, provedor/usuário e serviço de telecomunicações,
assunto que será analisado com mais vagar em capítulo próprio.
18
3 REGIME JURÍDICO DA INTERNET
A Internet exerce serviço assemelhado ao das emissoras de rádio e televisão,
devendo atender o interesse público com sua programação.
De acordo com Blum, Bruno e Abrusio;
[...] ela é uma imensa Rede, ou seja, Rede das Redes, vista como um meio de comunicação que interliga dezenas de milhões de computadores no mundo inteiro e permite o acesso a uma quantidade de informações praticamente inesgotáveis, anulando toda distância de lugar e tempo, através de diversas funções, podendo citar, dentre elas, e-mail (correio eletrônico), e-commerce (comercio eletrônico), e-government (governo eletrônico), e-learning (ensino a distancia) entre outras. Atualmente não pertence a nenhum país, podendo ser utilizada por todos. (2006, p. 28).
A despeito de prestar serviço assemelhado ao de interesse público, a Internet,
não é titular de concessão de serviço público, mas está submetida ao disposto no artigo
221 da Constituição Federal de 1988, in verbis:
Art. 221. A produção e a programação das emissoras de rádio e televisão atenderão aos seguintes princípios: I - preferência a finalidades educativas, artísticas culturais e informativas; II - promoção da cultura nacional e regional e estimulo à produção independente que objetive sua divulgação; III - regionalização da produção cultural, artística e jornalística, conforme percentuais estabelecidos em lei; IV - respeito aos valores éticos e sociais da pessoa e da família.
Desse modo, o uso da rede mundial de computadores, pelos políticos
brasileiros, necessariamente deve atenção a esse dispositivo e sua utilização deve ser
pautada nesses primados, acima de tudo respeitando os valores éticos e sociais da
sociedade em geral.
Até o advento da Lei 12.034 de 09/09, as regulamentações ao uso da Internet,
19
pelos políticos em geral, eram feitas pelo Tribunal Superior Eleitoral, por meio de
resoluções.
O artigo 57-B e seus incisos trazem as várias formas pelas quais a propaganda
eleitoral na Internet será otimizada. Surgindo como primeiros passos, a necessidade de
criação de sítios do candidato, partido ou coligação, com endereço eletrônico
comunicado à Justiça Eleitoral e hospedado, direta ou indiretamente, em provedor de
serviço de Internet estabelecido no país. No segundo momento através de mensagens
eletrônicas encaminhadas a endereços cadastrados gratuitamente pelo candidato,
partido e coligação, ainda esta modalidade de publicidade poderá ser feita por meio de
blogs, redes sociais, sítios de mensagens instantâneas e assemelhadas, desde que
gerado ou editado pelo candidato, partido, coligação ou qualquer pessoa natural.
3.1 NATUREZA JURÍDICA DAS COMUNICAÇÕES ELETRÔNICAS
Existem polêmicas em relação à natureza jurídica da Internet; inicialmente
reside no fato de se estabelecer com clareza a diferença entre a Internet e o serviço de
telecomunicações, para em seguida esclarecer se a Internet seria um lugar ou um meio.
À primeira vista parecem semelhantes, pois num passado recente ambas se utilizavam
de uma linha telefônica para sua efetivação, fato superado pela telefonia celular e da
conexão via aparelho de televisão. Contudo, a mais inequívoca prova de que estes
conceitos não se confundem pode ser extraída da Lei Geral de Telecomunicações (Lei
nº. 9472/97) (ALMEIDA, 2010).
Para ficar no que aqui importa, estabelecem os artigos 60, parágrafo único, e
20
61 da referida Lei:
Art. 60. Serviço de telecomunicação é o conjunto de atividades que possibilita a oferta de telecomunicação. § 1º - Telecomunicação é a transmissão, emissão ou recepção, por fios, radioeletricidade, meios ópticos ou qualquer outro processo eletromagnético, de símbolos, caracteres, sinais, escritos, imagens, sons ou informações de qualquer natureza. [...] Art. 61. Serviço de valor adicionado é a atividade que acrescenta, a um serviço de telecomunicações que lhe dá suporte e com o qual não se confunde novas utilidades relacionadas ao acesso, armazenamento, apresentação, movimentação ou recuperação de informações. § 1º Serviço de valor adicionado não constitui serviço de telecomunicações, classificando-se seu provedor como usuário do serviço de telecomunicações que lhe dá suporte, com os direitos e deveres inerentes a essa condição. (www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9472.htm).
Em publicação da Revista de Derecho Informático, Felipe anota que alguns
doutrinadores acreditam e defendem que o website tenha a natureza jurídica de
invenção, passível de patenteamento no Direito Brasileiro. Essa tese, contudo, não é
reconhecida pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI), órgão
responsável pelo registro de marcas, patentes e programas de computador no Brasil,
por faltar-lhe os pressupostos e os requisitos caracterizadores da invenção, quais
sejam, novidade, utilização ou aplicação industrial e suficiência descritiva, constante
nos artigos 11, 15 e 24 da Lei de Propriedade Industrial, respectivamente. O mesmo
periódico aduz o posicionamento dos juristas cibernéticos, os quais consideram o
website como obra intelectual protegida pelo direito autoral e sob a égide da Lei
9.610/98, Lei de Direitos Autorais, necessitando para tanto que o titular da obra
registre-a de forma impressa na Biblioteca Pública Nacional, a fim de proteger a obra e
evitar contrafação (FONTES, 2003).
A referida Lei ainda dispõe no seu artigo 7º, inciso XII:
21
Art. 7º. São obras intelectuais protegidas as criações do espírito, expressas por qualquer meio ou fixadas em qualquer suporte, tangível ou intangível, conhecido ou que se invente no futuro... [..] XII – os programas de computador. (www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9610.htm).
Nesta área ainda explorada de maneira superficial, a doutrina predominante no
Direito da Tecnologia da Informação Brasileiro, defende a tese de que o website é um
programa de computador, ou seja, um software, assim sendo, este é protegido pela Lei
9.609/98, Lei do Software, e subsidiariamente, pela Lei 9.610/98, Lei de Direitos
Autorais (FONTES, 2003).
Do exposto pode-se concluir que a Internet é um serviço de valor adicionado,
onde figuram basicamente três sujeitos, usuário, provedor-usuario e serviço de
telecomunicações.
3.2 CONCESSÃO DE SERVIÇO PÚBLICO
Marçal, em sua obra Teoria Geral das Concessões de Serviço Público, delineia
através da doutrina algumas origens do instituto concessão de serviço público.
Massimo Giannini afirma que seus antecedentes estão na velha Roma. Eduardo García
e Romás-Ramón destacam precedentes do Antigo Regime. Ainda, em profundo
trabalho do Direito Francês Bezançon das evidências de que as primeiras
manifestações de delegação de uso e exploração de bens públicos ocorreram no séc.
XIII, inclusive envolvendo interesse coletivo (FILHO, 2003).
A definição clássica de concessão de serviço público passa pela idéia de
22
delegação temporária da prestação de serviço público a um terceiro, o qual assume sua
otimização por conta e risco próprios.
A Constituição Federal em seu artigo 175 determina que a prestação de serviço
público seja de responsabilidade do Poder Público, diretamente ou sob o regime de
concessão, permissão ou autorização, mas não oferece conceituação sobre concessão
de serviço público. Contudo o legislador na Lei 8987/95, traz no inciso II do artigo 2º
a definição legal:
Art. 2º. Para fins do disposto nesta Lei, considera-se: [...]
II - concessão de serviço público: a delegação de sua prestação, feita pelo poder concedente, mediante licitação, na modalidade de concorrência, à pessoa jurídica ou consorcio de empresas que demonstre capacidade para seu desempenho, por sua conta e risco e por prazo determinado; [...]
Marçal (2003) na formulação de uma definição de Concessão de Serviço
Público defende que a concessão comporta uma pluralidade de configurações, o que
impede inclusive referir-se “a” concessão, tal como se existisse um único conceito,
determinado e padronizado para o instituto. Talvez se pudesse afirmar que a expressão
indica um gênero, que contempla várias espécies. A concessão de serviço público tem
natureza jurídica de direito público, portanto, devendo obediência aos princípios
legitimadores dos atos públicos.
Um dos elementos da concessão de serviço público relevante para o presente
trabalho é, sem dúvida, o previsto no artigo 223 da Carta Magna brasileira, muito
embora o artigo apenas analise a concessão, permissão ou autorização, dos serviços de
radiodifusão sonora e de sons e imagem, observando o princípio da
23
complementaridade dos sistemas privados, público e estatal, não mencionando a
Internet, estabelece a esta um caráter de serviço sui generis, não sendo regida
diretamente pelos seus primados constitucionais. Todavia, por oferecer um serviço de
natureza proeminente para a pacificação do interesse social, devemos analisar a sua
atuação sob a égide dos princípios constitucionais aplicáveis aos demais elementos de
comunicação social, isto é, os previstos no artigo 221 da Constituição Federal de 88.
Assim sendo, a concessão de serviço público, no caso dos meios de
comunicação social, nos exatos termos da Constituição Federal de 88 e da Lei 8987/95
é uma forma de cessão de atividade, cuja titularidade é do Poder Público a um terceiro,
por prazo determinado, através de licitação, cumprindo o objeto do ajuste, obedecendo
aos preceitos do ordenamento jurídico brasileiro, protetores da pessoa e da família.
3.3 INTERNET E DEMOCRACIA
A Internet como já visto, é um novo instrumental tecnológico a disposição de
qualquer pessoa. Seu uso é possível a partir de um simples click no mouse, ato
volitivo, levando o usuário a mundos desconhecidos, fazendo desaparecer distâncias
globais. De olho nesse formato de comunicação, os candidatos vêm utilizando-o a fim
de alargar sua capacidade de prospecção eleitoral.
Sobre essas mudanças através da globalização de informações, vale enfatizar
os esclarecimentos de Liliana Minardi:
Diante das gigantescas mutações introduzidas pela globalização e pelo nascimento de novos poderes, que escapam do tradicional controle político e jurídico, e perante a possibilidade de uma revolução permanente, como
24
parece o progresso telemático em ação, é difícil ter certeza quanto ao futuro da democracia e se a história humana se encaminha para o aumento da desigualdade e marginalização, ou, então, para uma democracia internacional, baseada na garantia dos direitos do homem em relação aos Estados e aos velhos e novos poderes. (2006, p. 28).
A soberania popular como pretensão e desenvolvimento da liberdade de
informação, garante um espaço acessível, é pedra angular de nosso Estado
Democrático de Direito, está gravada no artigo 1º de nossa Constituição Federal, a
qual trata no parágrafo único do referido artigo, que todo poder emana do povo e por
ele é exercido diretamente ou por seus representantes eleitos.
Neste diapasão é incontestável a importância da Internet como meio auxiliador
no merchandising dos concorrentes a cargos eletivos. Pois o povo, agora identificado
como, “usuário”, prossegue imperante em relação a sua vontade de acessar ou não a
informações disponíveis na rede mundial de computadores, cujo objetivo é sem
sombra de dúvidas melhor subsidiar sua intenção no derradeiro momento da escolha
de seu representante, não descaracterizando desta forma nosso sistema democrático.
25
4 PROPAGANDA POLÍTICA GERAL
4.1 CONCEITO
A expressão “propaganda política” é empregada para significar,
sinteticamente, todos os meios permitidos por lei, de realização de mensagens
publicitárias, tendentes à obtenção de simpatizantes, às ideologias político-partidarias
e à obtenção de votos (SOBREIRO NETO, 2008).
Compete notar, a obediência a esse processo de informação, dos preceitos
legais estabelecidos em nosso documento constitucional, e sobre o tema Gomes
acentua:
A Constituição assegura as liberdades de expressão e informação, cometendo à lei o estabelecimento de meios adequados que garantam à pessoa e à família a possibilidade de se defenderem de programas ou programações de rádio e televisão destoantes de seus valores básicos, mormente os expressos no artigo 221. Destaca-se neste dispositivo, a necessidade de a produção e a programação das emissoras de rádio e televisão atenderem às finalidades educativas, artísticas, culturais e informativas, bem assim respeitarem os valores éticos e sociais da pessoa e da família. (2008, p. 265).
Por conseguinte, pode-se concluir que propaganda política, são as mais
variadas formas utilizadas com intuito de tornar público os ideários e programas de
governo, dos vários partidos políticos existentes em nosso país.
26
4.2 PROPAGANDA PARTIDÁRIA
A propaganda partidária encontra-se regulamentada nos artigos 45 a 49 da Lei
Orgânica dos Partidos Políticos – LOPP, Lei 9.096/95, bem como pela Resolução do
TSE n.º 20.034/97, somando-se as alterações da Resolução n.º 22.503/06. A nossa Lei
Maior, em seu artigo 17, § 3º, afiança aos partidos políticos o direito de antena,
exprimido no acesso gratuito aos meios de comunicação em massa, rádio e televisão,
fora dos períodos eleitoreiros. Porém, o artigo 45 § 6º da Lei 9.096/95, veda a
realização de publicidade, onerosa ou fora dos parâmetros legais, nestes mesmos
meios de comunicação.
A propaganda partidária pode ser definida como a divulgação das ideologias e
do programa de determinado partido político. Como destaca Armando, a propaganda
partidária consiste na divulgação, sem nenhum ônus para os Partidos, através da
transmissão por rádio e televisão, de temas ligados exclusivamente aos interesses
programáticos dos partidos políticos, em período e na forma prevista em lei,
valorizando-se a mensagem partidária, no escopo de auferirem admiradores ou
difundir as realizações da agremiação política (SOBREIRO NETO, 2008).
Já de acordo com Gomes, propaganda partidária:
Consiste a propaganda partidária na divulgação das idéias e do programa do partido. Tem por finalidade facultar-lhe a exposição e o debate público de sua ideologia, de sua história, de sua cosmovisão, de suas metas, dos valores agasalhados, do caminho para que seu programa seja realizado. Com isso a agremiação aproxima-se do povo, ficando sua imagem conhecida e, pois, fortalecida. Pode haver confronto de opiniões, teses, propostas de soluções para problemas nacionais, regionais ou locais, mas sempre à luz do ideário partidário. (2008, p. 270).
27
O tempo de propaganda partidária designado a cada partido político de acordo
com a Lei 9.096/95 dependia de sua representação na Câmara dos Deputados. No
entanto, com o julgamento das ADINs 1.351 e 1.354, pelo TSE, ficou declarada a
inconstitucionalidade da chamada cláusula de barreira ou de desempenho, e até que
sobrevenha lei regulamentando o tema, sua disposição será conforme dispuser
Instrução do Tribunal Superior Eleitoral.
Assim sendo, podemos dizer que a propaganda partidária, verifica-se no
exercício do partido político expor suas idéias e programas governamentais, com o
objetivo de angariar simpatizantes, fortalecendo suas bases. Traduzindo-se na eleição
de seus candidatos, nos pleitos eleitorais, que sucedem os períodos de manifestação
partidária dos grêmios eleitoreiros.
4.3 PROPAGANDA INTRAPARTIDÁRIA
De acordo com o § 1º do artigo 36 da Lei Eleitoral, é permitida ao postulante
de pretensão a cargo eletivo realizar na quinzena anterior à escolha dos candidatos pelo
partido, propaganda intrapartidária com o objetivo de ter seu nome indicado pelo
partido, a pretendente a cargo eletivo. Ainda, como o dispositivo legal determina, é
vedado essa modalidade de publicidade, nos meios de comunicação rádio, televisão e
outdoor.
Seguindo nesse diapasão Gomes, nos ampara:
Como a própria expressão sugere, essa propaganda não se dirige aos eleitores em geral, senão aos filiados à agremiação que participarão da convenção de escolha dos candidatos que disputarão os cargos eletivos. Daí
28
a vedação ao uso de meios de comunicação de massa, como rádio, televisão e outdoor e internet. (2008, p. 276).
Em relação às prévias realizadas pelos partidos visando à escolha de seus
representantes, a serem homologados em convenção, inexistindo proibição específica,
deve ser dado a elas o mesmo enfoque dado às convenções, sendo possível fazer-se
propaganda direcionada a elas nos âmbitos e limites da agremiação partidária, e ou ao
local de votação para escolha de candidatos (ROLLO, 2002).
Deste modo, a propaganda intrapartidária é aquela realizada pelo candidato a
candidato, no seio de sua agremiação, nos quinze dias anteriores à escolha pelo partido
de seus representantes na eleição, com o objetivo de obter apoio, para ver solidificado
no mundo fático sua candidatura a cargo eletivo. Arrematando, para aqueles eventuais
violadores dessa regra, tanto os responsáveis pela divulgação e/ou quando comprovado
o próprio beneficiado, a Lei 9.504/97, no § 3º do artigo 36, prevê a aplicação de multa
de vinte a cinquenta mil UFIR, ou o equivalente ao custo da propaganda irregular.
4.4 PROPAGANDA ELEITORAL GERAL
A propaganda eleitoral encontra balizamento legal no artigo 36 da 9.504/97,
somente podendo ser colocada na rua após o dia 5 de julho do ano eleitoral. Contudo,
se o dia 5 de julho cair em dia não útil, o Tribunal Superior Eleitoral poderá ajustar o
calendário, como ocorreu nas eleições de 1998 (Resolução 20.160/Instrução 24, de
07.04.1998).
Entretanto, se faz necessário trazer à baila a disposição do artigo 240 § único
29
da Lei 4.737/65, isto é, 48 horas antes e 24 horas depois da eleição, não significa que a
propaganda eleitoral esteja proibida, somente sua modalidade sob a forma de
radiodifusão, televisão, comícios ou reuniões, e até mesmo a realização e debates
políticos.
Neste sentido, propaganda eleitoral é aquela elaborada por partidos políticos e
candidatos com a finalidade de captar votos do eleitorado para investidura em cargo
público - eletivo. Caracteriza-se por levar ao conhecimento público, ainda que de
maneira indireta, disfarçada ou dissimulada, candidatura ou os motivos que induzam o
eleitor à conclusão de que o beneficiário é o mais apto para o cargo em disputa
(GOMES, 2008).
Armando, ao textualizar o tema, assevera:
A propaganda eleitoral visa a captação de votos, facultada aos Partidos, Coligações e Candidatos. Busca, através dos meios publicitários permitidos na lei eleitoral, influir no processo decisório do eleitorado, divulgando-se o curriculum dos candidatos, suas propostas ou mensagens, no período denominado de campanha eleitoral. (2008, p. 150).
Em ocorrendo violação a essa modalidade de publicidade eleitoreira, o
legislador através da mudança trazida pelo § 3º do artigo 36 da lei eleitoral, alterado
pela Lei 12.034/09, impõe a aplicação de multa no valor de R$ 5.000,00 (cinco mil
reais) a R$ 25.000,00 (vinte e cinco mil reais), ou o equivalente ao custo da
propaganda se este for maior.
Nesta linha, podemos concluir que constitui ato de propaganda eleitoral,
aqueles esforços propositadamente preparados, por partidos políticos, coligações ou
candidatos, com a intenção de influir na vontade livre do eleitor, com mensagem
30
objetivando a conquista do voto.
A propaganda política analisada nesse trabalho está intrinsecamente unida às
eleições, com cronologia, de forma geral, prevista na Lei Eleitoral nos artigos 1º a 5º,
realizando-se a cada dois anos, observando a simultaneidade contida no parágrafo
único e seus incisos do artigo 1º da Lei 9.504/97. O Tribunal Superior Eleitoral,
corroborando com as normas legais, publica até o dia 5 de março do ano da eleição, na
forma de Resolução, o Calendário Eleitoral, trazendo as minúcias relativas às datas a
serem respeitadas pelos concorrentes a cargos público-eletivos.
4.5 PROPAGANDA ELEITORAL NA IMPRENSA ESCRITA
Essa modalidade de publicidade encontra amparo legal no artigo 43 da Lei
Eleitoral, permitindo até a antevéspera das eleições, a divulgação paga na imprensa
escrita de propaganda eleitoral, no espaço máximo, por edição, para cada candidato,
partido ou coligação, na proporção de 1/8 (um oitavo) de página de jornal padrão, de
grande circulação, e 1/4 (um quarto) de página de revista ou tablóide. Precisam constar
de forma visível nos anúncios, os valores pagos por suas inserções. O mesmo
dispositivo, em seu § segundo, institui a aplicação de multa no valor de R$ 1.000,00
(um mil real) a R$ 10.000,00 (dez mil reais), ou o custo do anúncio se este for maior,
para os responsáveis pela propaganda irregular, quer sejam eles, o veículo de
divulgação, os partidos, coligações, os próprios candidatos beneficiados, em não sendo
possível a identificação do responsável pela propaganda irregular, deve ser atribuída
responsabilidade solidária aos partidos, coligações e candidatos favorecido.
31
Fleury Filho, ao abordar a propaganda na imprensa escrita, comentando o
artigo 43 da Lei Eleitoral, discorre:
Os candidatos e partidos políticos, até o dia da eleição, poderão pagar pelo direito de divulgar suas idéias ou imagens na imprensa escrita. Estabelece a lei um limite configurado pelo espaço máximo, por edição, para cada candidato, partido ou coligação, de um oitavo de pagina de jornal e um quarto de página de revista ou tablóide. (2000, p. 272).
Incumbe destacar, em relação à propaganda eleitoral na imprensa escrita, sua
regra de veiculação, até a antevéspera da eleição. Deste modo, caso ocorra segundo
turno, será colocada na Rua 24 horas após o resultado, o percentual usado dos jornais é
de 1/8 de página e nos tablóides de 1/4 destas. Porém, o que mais chama a atenção é a
possibilidade legal de ter-se divulgação paga de anúncio em favor de candidatos com
capacidade para suportar essa despesa, gerando de certa forma um desequilíbrio na
disputa eleitoral.
4.6 PROPAGANDA ELEITORAL NO RÁDIO E NA TELEVISÃO
Devido seu alcance, o legislador tratou de estabelecer regras específicas e
detalhadas para esta forma de propaganda, as quais se encontram estatuídas na Lei
9.504/97 nos artigos 44 e seguintes. Compete ainda salientar a inteligência do
legislador ao prever através do § 1º do artigo 44, acrescentado pela Lei 12.034/09, a
necessidade da propaganda gratuita na televisão ser acompanhada pela Linguagem
Brasileira de Sinais, LIBRAS, ou por meio de legenda, os quais deveram
necessariamente constar dos materiais entregue às emissoras.
32
Os meios de comunicação, de rádio e de televisão, seguem o regime de
concessão de serviço público, sua exploração é permitida pelos órgãos estatais, a
brasileiros natos ou naturalizados há mais de dez anos, com tempo de dez anos para as
emissoras de rádio e quinze anos para as emissoras de televisão, nos termos do artigo
223 § 5º, de nossa Carta Magna.
Sendo assim, a produção e a programação das emissoras de rádio e televisão
devem atender a princípios basilares, com finalidades educativas, artísticas, culturais,
informativas. Devendo ainda estimular a produção independente, que objetive a
divulgação da cultura nacional e regional, regionalização da produção cultural,
artística e jornalística, respeitar os valores éticos e sociais da pessoa e da família,
destarte observando integralmente, os direitos sociais, do artigo 221 da CF/88.
Imperativo se faz estabelecer como regra cogente o seguimento dos princípios
constitucionais acima descritos, pelas propagandas eleitorais, levados a termo tanto nas
emissoras de rádio como de televisão.
O caput do artigo 47 da Lei Eleitoral traz a regra geral do período de
utilização dos meios de comunicação por esta modalidade de propaganda eleitoral,
qual seja, de quarenta e cinco dias anteriores à antevéspera das eleições, da forma em
rede. Ademais, as propagandas eleitorais devem observância à cronologia e os critérios
definidos nas instruções do Tribunal Superior Eleitoral, conforme trate de eleições
federais, estaduais ou municipais.
Durante a campanha eleitoral, os partidos, coligações e candidatos buscam
levar suas mensagens ao maior número de eleitores possíveis, e para isso, se utilizam
de vários meios de comunicação, e o mais abrangente e eficaz é o do rádio e da
33
televisão, através do denominado horário eleitoral gratuito. Esse mecanismo tem como
objetivo consolidar a democracia, como bem aborda Alexandre Luiz Rollo:
[...] em um país com pouco tempo de vigência do regime democrático como é o caso do Brasil, é de todo conveniente que os meios de comunicação de massa auxiliem a consolidar o estado democrático de direito, reservando espaço para o aperfeiçoamento da democracia. (2002, p. 85).
Alega ainda, que em se tratando de disputa eleitoral, realizada através do
horário eleitoral gratuito do rádio e da televisão, deve prevalecer a pars conditio, a
igualdade de oportunidades entre os candidatos.
Assim sendo, por exemplo, no artigo 44 da Lei Eleitoral, temos igualdade
estrita, quando o dispositivo afirma que a propaganda eleitoral nos meios de
comunicação eletrônica de massa restringe-se ao horário eleitoral gratuito, proibindo-
se qualquer forma de propaganda paga. Desta maneira, por mais rico e poderoso que
seja o candidato, não poderá comprar espaço no rádio e televisão durante a campanha
eleitoral, mantendo-se desta forma similaridade nas oportunidades.
Mais uma vez Armando Sobreiro, nos ampara:
A modalidade propaganda eleitoral gratuita, assim denominada em razão de não haver ônus aos partidos políticos, coligações e candidatos, é restrita às transmissões de rádio e televisão, razão pela qual sujeitam-se ao tratamento legal todas as emissoras de rádio e as emissoras de televisão que operam em VHF e UHF, bem assim os canais de televisão por assinatura sob a responsabilidade do Senado Federal, da Câmara dos Deputados, das Assembléias Legislativas e da Câmera Legislativa do Distrito Federal. (2008, p. 174).
Além disso, esclarece que aos demais canais de televisão por assinatura será
proibida a veiculação de qualquer propaganda eleitoral, salvo sob a modalidade de
34
retransmissão integral do horário eleitoral gratuito e a realização de debates, ainda, que
as emissoras de rádio e televisão por assinatura reservarão, no período de quarenta e
cinco dias anteriores à antevéspera das eleições, horário destinado à divulgação, em
rede, da propaganda eleitoral gratuita, a ser feita na forma prevista nos §§ 1º a 6º do
artigo 47 da Lei Eleitoral (ibid, p. 174).
O nosso Código Eleitoral em seu artigo 251 dispõe:
Art. 251. No período destinado à propaganda eleitoral gratuita não prevaleceram quaisquer contratos ou ajustes firmados pelas empresas que possam burlar ou tornar inexeqüível qualquer dispositivo deste Código ou das instruções baixadas pelo Tribunal Superior Eleitoral.
A repartição do horário gratuito a partidos e coligações que tenham candidatos
e representação na Câmara dos Deputados, será na proporção de 1/3, igualitariamente
entre todos, mesmo que os partidos e/ou coligações não contem com representação na
Câmara Federal, e de 2/3 para os partidos e coligações que possuam representação na
mencionada casa de leis, a previsão do artigo 47 § 2º, incisos I e II da Lei Eleitoral.
O emprego desse espaço é definido a partir do dia 8 de julho do ano da
eleição, com a Justiça Eleitoral convocando partidos, coligações e representantes dos
meios de comunicação, para elaboração do plano de mídia, de acordo com as regras do
artigo 52 da Lei 9.504/97, garantindo a todos, de maneira isonômica, no uso da parcela
do horário eleitoral gratuito, participação tanto em horários de maior e menor
audiência. Caso os representantes dos partidos e das emissoras não cheguem a um
acordo, a Justiça Eleitoral definirá o plano de mídia, usando o sistema elaborado pelo
Tribunal Superior Eleitoral.
Neste espaço de clamor gratuito, a Justiça Eleitoral prevê para os atos ilícitos a
35
perda do dobro do tempo utilizado para a prática da ilicitude, a ser veiculado no
período do horário gratuito subsequente, dobrando-se a cada reincidência, devendo
ainda exibir mensagem de que a não veiculação da “propaganda eleitoral” decorre de
infração à Lei Eleitoral.
De mais a mais, a propaganda eleitoral realizada nas emissoras de rádio e
televisão de forma gratuita nos quarenta e cinco dias efetivos de sua divulgação,
antecedendo o pleito, é sem dúvida a maneira mais expressiva de se chegar ao
eleitorado, na tentativa de captação do sufrágio ativo, influenciando a vontade
soberana do eleitor, na hora da escolha do candidato merecedor do seu voto.
Até a edição da Lei 12.034/09, a qual alterou significativamente o artigo 57 e
58 da Lei 9.504/97, esta era a forma mais popular de se fazer campanha política,
porém, a partir deste advento, esta realidade certamente sofrera alterações.
Finalizando, propaganda eleitoral gratuita realizada pelos meios de
comunicação é a feita nos quarenta e cinco dias anteriores, finalizando na quinta-feira
antecedente ao dia da eleição, seguindo um plano de mídia elaborado pelos partidos,
emissoras e Justiça Eleitoral, objetivando a distribuição isonômica do espaço,
guardando as desigualdades dos envolvidos, mesmo que o partido não possua
representação na Câmara Federal. Os violadores destes dispositivos serão punidos com
a perda em dobro do tempo usado na ofensa, e podendo em caso de reincidência
dobrar a punição, além da veiculação da mensagem de que a não divulgação da
propaganda decorre de descumprimento à Lei Eleitoral.
36
5 PROPAGANDA ELEITORAL NA INTERNET
A Internet chegou ao Brasil em 1988, quando era restrita a universidades e
centros de pesquisas. Posteriormente, com a edição da Portaria n.º 295 de 20/07/95
possibilitou-se às empresas chamadas “provedores de acesso” distribuir o acesso à
Internet. A partir daí, o número de internautas vem se multiplicando a cada dia
(COSTA ALMEIDA, 2002), tornando-se o meio mais veloz e prático de se comunicar.
Tanto é verdade que hoje em dia estima-se que o Brasil possua cerca de 73 milhões de
internautas.
Desta maneira, o mundo da intercomunicação eletrônica, através da rede
mundial de computadores, não mais é campo virgem, já foi invadido pela mídia
eleitoral. Nesse cenário, é possível vislumbrar o surgimento de dois tipos de sítios na
Internet. Inicialmente os ligados às empresas de comunicação social, onde as regras
para a propaganda eleitoral na Internet são as mesmas aplicáveis à suas programações
normais. Após trata de outros sítios na Internet não pertencentes às empresas de
telecomunicação, onde aparentemente as proibições legais são as mesmas das
propagandas em geral, isto é, a data de início dessa modalidade de anúncio, a
probabilidade de responsabilização pela ridicularizarão de candidato, partido político e
coligação, ou diante de crimes contra a honra, entre outros (CONEGLIAN, 2009).
Entretanto, esta regra vem sofrendo relativização a passos largos,
principalmente em relação à data de início das manifestações eleitoreiras.
A Internet, vem se tornando o meio mais importante de interação entre as
pessoas, pois a partir de um simples click pessoas do mundo inteiro, podem
37
comunicar-se instantaneamente.
Neste realismo, como não poderia ser diferente, surgiu uma nova plataforma
eleitoral, frente à facilidade e o baixo custo na difusão das ideologias partidárias, até
porque o espaço gratuito dedicado aos políticos no rádio e na televisão, ante o grande
número de candidatos e das regulamentações legais, se mostra breve.
Atualmente, os partidos políticos, contam com “home pages”, onde divulgam
seus programas de governo, dados sobre seus candidatos, políticos eleitos, fotos,
agenda de compromisso, notícias sobre os pleitos, noção sobre legislação eleitoral.
Compete ressaltar o significado de algumas expressões peculiares do meio de
comunicação em rede, como: a) blogs, uma espécie de diário, sendo uma derivação de
homepage, consistente em uma página que pertence a um usuário, o blogueiro, com o
qual qualquer pessoa pode se conectar, sendo considerado campo livre para a
propaganda eleitoral; b) rede social – estrutura social composta por pessoas (ou
organizações, territórios, etc.) – designadas como nós – que estão conectadas por um
ou vários tipos de relações (de amizade, familiares, comerciais, sexuais, ideológicas,
etc.), ou que partilham crenças, conhecimento ou prestígio; c) e-mail, ou mensagem
eletrônica, se caracteriza como uma correspondência pode ter caráter particular, de
mensagem pessoal, restrita, de acesso único do receptor, mas pode apresentar caráter
genérico, espécie de mala direta eletrônica; d) sítio eletrônico, (site, sítio, saite,
website, websítio, sítio na Internet, sítio web, sítio na web, sítio electrónico ou sítio
eletrônico) é um conjunto de páginas web, isto é, de hipertextos acessíveis geralmente
pelo protocolo HTTP na Internet. O conjunto de todos os sites públicos existentes
compõe a Word Wide Web. As páginas num site são organizadas a partir de um URL
38
básico, ou sítio, onde fica a página principal, e geralmente residem no mesmo diretório
de um servidor (CONEGLIAN, 2009). São as atuais formas admitidas pela Lei
12.034/09, para os candidatos, partidos, coligações, se relacionem com seus eleitores.
5.1 EVOLUÇÃO LEGISLATIVA
No ano 2000, após a Lei Eleitoral, observando o silêncio da referida lei sobre
o tema, propaganda eleitoral na Internet, o Tribunal Superior Eleitoral editou a
Resolução 20.562, incluindo entre as empresas de comunicação social os provedores
da Internet, aplicando-se-lhes as mesmas restrições aplicáveis àquelas empresas.
Nesta resolução, o Tribunal Superior Eleitoral regulamentou para “sites” de candidatos
e partidos políticos, durante a campanha eleitoral municipal, o uso do domínio
www.nome_do_candidato_numero_do_candidato.can.br, como forma de organizar a
publicidade eleitoreira através da rede mundial de computadores. Ainda, criou uma
“home page”, com o propósito de orientar sobre o registro desse domínio especial.
Nas eleições de 2002, o Tribunal Superior Eleitoral elaborou a Resolução n.º
20.988 de 21/02/2002, disciplinando a maneira de divulgação da “home page” do
candidato na Internet. Com isso, o candidato tinha o dever de providenciar seu registro
com a nomenclatura http://www.nomedocandidatonumerodocandidatouf.can.br. Além
disso, essa Resolução proibiu, em qualquer período, toda forma de propaganda
eleitoral através de páginas de provedores de serviços de acesso à Internet.
Na corrida às prefeituras municipais em 2004, outra vez, o Tribunal Superior
Eleitoral, com a finalidade de disciplinar as ações a serem desenvolvidas naquele
39
pleito, editou a Resolução 21.610, a qual entre várias situações otimizava as formas a
serem utilizadas pelos aspirantes daquela eleição, no uso da Internet. Já no seu artigo
1º a referida resolução fazia menção à propaganda eleitoral na internet, determinando
obediência às suas normas.
O Tribunal Superior Eleitoral no artigo 78 da resolução 21.610, delimitou a
forma pela qual a Internet deveria ser usada pelos partidos e candidatos, como
podemos observar:
Art. 78. Os candidatos poderão manter página na Internet com a terminação can.br, como mecanismo de propaganda eleitoral. § 1º O candidato interessado deverá providenciar o cadastro do respectivo domínio no órgão gestor da Internet Brasil, responsável pela distribuição e pelo registro de domínios (www.registro.br), observando a seguinte especificação: http://www.nomedocandidatonumerodocandidato.can.br, em que nomedocandidato devera corresponder ao nome indicado para constar da urna eletrônica e numerodocandidato devera corresponder ao numero com o qual concorre.
[...]
O parágrafo segundo do referido artigo previa a isenção de taxa para o registro
de domínio junto a Justiça Eleitoral, recaindo sobre o candidato apenas as custa de
criação, hospedagem e manutenção da página.
Já na Resolução 22.718 de 2008, o Tribunal Superior Eleitoral manteve
praticamente a mesma disposição das resoluções anteriores, ampliando apenas no
artigo 19 caput da referida resolução o seguinte: “Os candidatos poderão manter
página na Internet com a terminação can.br, ou com outras terminações, como
mecanismo de propaganda eleitoral até a antevéspera da eleição”, (grifo nosso) .
Mesmo com a edição da mini reforma eleitoral, através da Lei 12.034/09,
40
principalmente nas mudanças ocorridas nos artigos 57 e 58 da Lei 9.504/97, o Tribunal
Superior Eleitoral, em 2010, através da Resolução 23.191 de 16 de dezembro de 2009,
publicada em 13 de maio de 2010, estabeleceu clara e amplamente as regras para as
eleições do corrente ano, inclusive reeditando as normas dos artigos 57 e 58 com suas
modificações.
Desta maneira, a cada pleito percorrido, e mesmo após a Lei 12.034/09, o
Tribunal Superior Eleitoral vem editando resoluções e instruções com objetivo de
disciplinar as eleições gerais, bem como a utilização da Internet pelos candidatos, de
forma que não aconteçam abusos, e as eleições nutram seu principal objetivo,
igualdade entre os adversários a cargos eletivos, visando validar o pleito, por meio da
vontade popular livre de qualquer manipulação.
5.2 PROPAGANDA ELEITORAL NA INTERNET/LEI 12.034/09
O Congresso Nacional aprovou e o Presidente da República sancionou a Lei
12.034, de 29 de setembro de 2009, considerada como sendo uma mini reforma
eleitoral, alterou as Leis 9.096/95 e 9.504/97 em vários aspectos.
Até o advento da citada Lei, quem fazia o controle político-eleitoral
complementar à Lei 9.504/97, era o Tribunal Superior Eleitoral através das resoluções.
O artigo 57 tratava apenas das emissoras de televisão em VHF e UHF e os canais de
televisão por assinatura sob a responsabilidade do Senado Federal, da Câmara dos
Deputados, das Assembléias Legislativas, da Câmara Legislativa do Distrito Federal
ou das Câmaras Municipais. Porém, o atual legislador acrescentou à Lei 12.034/09,
41
outros nove dispositivos, do artigo 57-A a 57-I, abordando especificamente a
propaganda eleitoral na Internet, e o direito de resposta em caso de violação nesta
modalidade publicitária, previsto no artigo 58, IV e alíneas, bem como no 58-A, o que
passaremos a tratar sob a ótica, agora, legal.
A mini reforma eleitoral implementada pela Lei 12.034/09, reafirmou o
posicionamento do TSE, vejamos como o legislador positivou essas normas na Lei
9.504/97:
Art.57-A. É permitida a propaganda eleitoral na internet, nos termos desta Lei, após o dia 5 de julho do ano da eleição. Art. 57-B. A propaganda eleitoral na internet poderá ser realizada nas seguintes formas: I - em sítio do candidato, com endereço eletrônico comunicado à Justiça Eleitoral e hospedado, direta ou indiretamente, em provedor de serviço de internet estabelecido no País; II - em sítio do partido ou da coligação, com endereço eletrônico comunicado à Justiça Eleitoral e hospedado, direta ou indiretamente, em provedor de serviço de internet estabelecido no País; III - por meio de mensagem eletrônica para endereços cadastrados gratuitamente pelo candidato, partido ou coligação; IV - por meio de blogs, redes sociais, sítios de mensagens instantâneas e assemelhados, cujo conteúdo seja gerado ou editado por candidatos, partidos ou coligações ou de iniciativa de qualquer pessoa natural.
Do mesmo modo, esses dispositivos, desde que seja avisada a Justiça Eleitoral,
admitem o uso da Internet pelos candidatos a cargos eletivos, na busca da persuasão do
eleitor, das mais variadas forma como fica claro no inciso IV. Houve, portanto, uma
disseminação do uso da rede mundial, cabendo ao usuário fazer uso correto desse
mecanismo, maximizando sua noção, enriquecendo o pleito de forma democrática.
Seguindo a determinação legal vedativa à propaganda eleitoral paga nos meios
de comunicação social, nos períodos liberados para tais manifestações, depois de 5 de
julho do ano da eleição, o ambiente da Internet segue a mesma orientação, como
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estabelece o artigo 57 C da lei eleitoral, assim positivado:
Art.57-C. Na internet, é vedada a veiculação de qualquer tipo de propaganda eleitoral paga. § 1º É vedada, ainda que gratuitamente, a veiculação de propaganda eleitoral na internet, em sítios: I - de pessoas jurídicas, com ou sem fins lucrativos; II - oficiais ou hospedados por órgãos ou entidades da administração publica direta ou indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. § 2º A violação do disposto neste artigo sujeita o responsável pela divulgação da propaganda e, quando comprovado seu prévio conhecimento, o beneficiário à multa no valor de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) a R$ 30.000,00 (trinta mil reais).
A aplicação deste comando legal, antecipadamente à lei em comento, pôde ser
observado já nas eleições de 2006, quando o Tribunal Superior Eleitoral assim julgou o
acórdão abaixo:
Eleições 2006. Deputado estadual. Atuação parlamentar. Divulgação. Internet. Sítio da Assembléia Legislativa do Estado de Rondônia. Propaganda Institucional. Conduta Vedada (art. 73, VI, b, da Lei nº 9.504/97). Reconhecimento pela Corte regional. Aplicação de multa. Cassação do registro de candidatura. Ausência. Juiz Auxiliar. Competência. - A prática da conduta vedada do art. 73 da Lei das Eleições não conduz, necessariamente, à cassação do registro ou do diploma, cabendo ao magistrado realizar o juízo de proporcionalidade na aplicação da pena prevista no parágrafo 5º do mesmo dispositivo legal. Precedentes. - "Se a multa cominada no § 4º é proporcional à gravidade do ilícito eleitoral, não se aplica a pena de cassação" (Ac. nº 5.343/RJ, rel. Min. Gomes de Barros). - O juiz auxiliar é competente para julgar as representações e reclamações por descumprimento da Lei nº 9.504/97, e aplicar as sanções correspondentes (art. 96, § 3º, da Lei das Eleições). - Recursos desprovidos. (RECURSO ESPECIAL ELEITORAL nº 26905, Acórdão de 16/11/2006, Relator(a) Min. JOSÉ GERARDO GROSSI, Publicação: DJ - Diário de justiça, Data 19/12/2006, Página 225 )1
No entanto, devido à grande facilidade de acesso à informação no mundo
1 BRASIL. Tribunal Superior Eleitoral, Recurso Especial Eleitoral nº. 26905 – Rondônia. Acórdão de 16/11/2006, rel. Min JOSÉ GERARDO GROSSI, j. 16/11/06, in DJ 19/06/2006.
43
virtual, a Lei Eleitoral em seu artigo 43, ao abordar a propaganda impressa paga,
permite sua reprodução na Internet, obedecendo às limitações de página, isto é, de 1/8
(um oitavo) de página de jornal padrão e de 1/4 (um quarto) de página de revista ou
tablóide imposta pela própria lei, e constando ainda na página o valor pago pela
inserção.
Em conformidade com o texto constitucional do artigo 220, a mini reforma
estabelece no artigo 57 D, que todas as informações veiculadas no processo político,
em especial na Internet, devem ter origem e autoria conhecida, viabilizando uma
eventual indenização por danos morais, como vemos no citado artigo:
Art. 57-D. É livre a manifestação do pensamento, vedado o anonimato durante a campanha eleitoral, por meio da rede mundial de computadores - internet, assegurado o direito de resposta, nos termos das alíneas a, b e c do inciso IV do § 3º do art. 58 e do art. 58-A, e por outros meios de comunicação interpessoal mediante mensagem eletrônica. [..] § 2º A violação do disposto neste artigo sujeitará o responsável pela divulgação da propaganda e, quando comprovado seu prévio conhecimento, o beneficiário à multa no valor de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) a R$ 30.000,00 (trinta mil reais).
Mas, uma das dificuldades encontrada é despertar nos envolvidos no prélio, a
consciência do uso racional do espaço virtual. Em presença das inúmeras inovações
tecnológicas, resta facilitada a colheita de provas por eventuais crimes anônimos, por
meio do rastreamento dos computadores, os quais têm numeração única, isso com
certeza facilita a identificação de possíveis criminosos eleitorais e a penalização.
As inovações da Lei 12.034/09 no uso da rede mundial de computadores para
os pleitos seguintes vêm proibir o fornecimento a candidatos, partidos ou coligações
de cadastros eletrônicos de clientes, com fins eleitoreiros, das pessoas relacionadas no
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artigo 24 do mesmo codex, como arrazoa o artigo 57 E da citada lei:
Art. 57-E. São vedadas às pessoas relacionadas no art. 24 a utilização, doação ou cessão de cadastro eletrônico de seus clientes, em favor de candidatos, partidos ou coligações. § 1° É proibida a venda de cadastro de endereços eletrônicos. § 2º A violação do disposto neste artigo sujeita o responsável pela divulgação da propaganda e, quando comprovado seu prévio conhecimento, o beneficiário à multa no valor de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) a R$ 30.000,00 (trinta mil reais).
Portanto, é vedado o fornecimento de cadastros eletrônicos de clientes aos
candidatos, e qualquer violação originara aos agentes e até mesmo aos beneficiários,
quando provado sua prévia ciência, o pagamento de multa nos valores acima expostos.
Aos provedores de conteúdo e serviços multimídia hospedadores da
divulgação de propaganda eleitoral, a Justiça Eleitoral prevê em caso de propaganda
irregular, se confirmado seu prévio conhecimento e cientificado através de notificação
de existência de propaganda irregular, as penalidades estipuladas pela lei, podendo a
requerimento, quer seja de candidato, partido ou coligação, e observado o rito do
artigo 96 da Lei Eleitoral, acaso não providenciem a cessação da divulgação irregular,
ter suspenso todo conteúdo do seu sítio por um prazo de vinte e quatro horas,
dobrando-se o tempo em caso de reiteração da irregularidade, e devendo durante a
suspensão informar a todos os usuários que tentarem acessar seus serviços, que se
encontram indisponíveis temporariamente por descumprimento à legislação eleitoral.
Estes são os mandamentos enunciados pelos artigos 57 F e 57 I da Lei 9.504/97.
Já o artigo 57 G, da citada lei, determina aos titulares do direito passivo do
voto, dispor de mecanismos que possibilitem ao usuário descadastrar as mensagens
eletrônicas enviadas, no prazo de quarenta e oito horas, atribuindo ainda uma multa no
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valor de R$ 100,00 (cem reais) por mensagem encaminhada após o prazo previsto.
Encarrega ainda salientar o que prevê o artigo 57 H, o qual sem prejuízo das
sanções legais cabíveis, caso a caso, estipula multa no valor de R$ 5.000,00 (cinco mil
reais) a R$ 30.000,00 (trinta mil reais), para aqueles que veicularem na internet
propaganda eleitoral, atribuindo sua autoria a terceiro, inclusive candidato, partido ou
coligação. A dificuldade mais uma vez permeia a produção de provas, cabendo a
aqueles que tiverem acesso à informação, analisá-la sobre o aspecto legal. E aos
interessados cabe produzir a prova, podendo-se lançar mão das atas notariais,
imprimindo-se as páginas irregulares, determinando a origem, e consequentemente, a
autoria, para em seguida isentar de culpa eventuais acusados, uma vez encontrando-se
os verdadeiros autores.
5.2.1 ATAS NOTARIAIS
A previsão legal deste mecanismo de prova está na Lei 8.935 de 18/11/94, a
qual prevê em seu primeiro artigo que “serviços notariais e de registro são de
organização técnica e administrativa destinados a garantir a publicidade, autenticidade,
segurança e eficácia dos atos jurídicos”, e no artigo terceiro define quem são os
profissionais responsáveis por esta forma de registro, sendo, notário, ou tabelião, e
oficial de registro, ou registrador, os profissionais do direito, dotados de fé pública, a
quem é delegado o exercício da atividade notarial e de registro.
Os artigos sexto e sétimo, por sua vez, estabelecem as atribuições e
competências dos notários, respectivamente:
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Art. 6º. Aos notários compete: I – formalizar juridicamente a vontade das partes; II – intervir nos atos e negócios jurídicos a que as partes devam ou queiram dar forma legal ou autenticidade, autorizando a redação ou redigindo os instrumentos adequados, conservando os originais e expedindo cópias fidedignas de seu conteúdo; III – autenticar fatos. Art. 7º. Aos tabeliães de notas compete com exclusividade: [...] III – lavrar atas notariais; [...] (www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8935.htm).
Até então a conceituação mais precisa sobre ata notarial foi a formulada por
José Ipiens, citada no artigo jurídico “Ata notarial possibilita a produção de provas
com fé pública do tabelião no ambiente eletrônico”, do autor Felipe Leonardo
Rodrigues:
[...] ata notarial é o instrumento publico autorizado por notário competente, a requerimento de uma pessoa com legitimo interesse e que, fundamentada nos princípios da função imparcial e independente, pública e responsável, tem por objeto constatar a realidade ou verdade de um fato que o notário vê, ouve ou percebe por seus sentidos, cuja finalidade precípua é a de ser um instrumento de prova em processo judicial, mas que pode ter outros fins na esfera privada, administrativa, registral e, inclusive, integradores de uma atuação jurídica não negocial ou de um processo negocial complexo, para sua preparação, constatação ou execução (RODRIGUES, 2003, p. 1).
Desta forma, diante dos avanços tecnológicos, os políticos podem usar a ata
notarial como meio de prova, pois se a eles, através da rede mundial de computadores,
for atribuída autoria indevida de fatos, por terceiros, sofrerem calunias, difamações,
uso indevido de suas imagens, textos e logotipos, enfim qualquer ato que os atinjam
negativamente, durante a corrida eleitoral. Eles podem dirigir-se a um serviço notarial,
a fim de imprimir o conteúdo da página, e em sendo visualizado pelo notarial, será
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autenticado, fixada a data e existência do arquivo, atestando sua veracidade, para
posterior utilização em juízo. Incumbe salientar, ser meio de prova bem aceito pelo
judiciário brasileiro, uma vez amantado pelo principio da fé pública do profissional do
direito. Contudo, é uma pratica pouco conhecida do público pátrio em geral e até
mesmo dos operadores do direito brasileiro.
Todas as manifestações realizadas na Internet de cunho eleitoral que afetarem
a esfera de direito de outrem, serão declaradas pelo judiciário, após requerimento
formal do interessado e analisado pelo juiz, como em desacordo com a Justiça
Eleitoral. Portanto, irregular, cabendo sem prejuízo das demais sanções legais, direito
de resposta ao ofendido, proporcional ao agravo, como dispõe o artigo 58 inciso IV
alíneas a, b e c, inovação trazida pela Lei 12.034/09, como observamos:
Art. 58. A partir da escolha de candidatos em convenção, é assegurado o direito de resposta a candidato, partido ou coligação atingidos, ainda que de forma indireta, por conceito, imagem ou afirmação caluniosa, difamatória, injuriosa ou sabidamente inverídica, difundidos por qualquer veiculo de comunicação social. [...] § 3º. Obeservar-se-ão, ainda, as seguintes regras no caso de pedido de resposta relativo à ofensa veiculada: [...] IV – em propaganda eleitoral na internet: a) deferido o pedido, a divulgação da resposta dar-se-á no mesmo veiculo, espaço, local, horário, página eletrônica, tamanho, caracteres e outros elementos de realce usados na ofensa, em até quarenta e oito horas após a entrega da mídia física com a resposta do ofendido; b) a resposta ficara disponível para acesso pelos usuários do serviço de internet por tempo não inferior ao dobro em que esteve disponível a mensagem considerada ofensiva. c) os custos da veiculação da resposta correrão por conta do responsável pela propaganda original.
Igualmente, aos ofendidos na rede mundial de computadores, durante as
campanhas eleitorais, a lei prevê a forma como ocorrera a resposta, sendo que o tempo
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desta nunca será inferior ao dobro do tempo usado no agravo, recaindo seus custos a
quem fez mau uso da rede originariamente. O artigo 58 A do mesmo codex determina
que os pedidos de direito de resposta e as representações por propaganda irregular, tem
tramitação preferencial às demais ações processuais em curso na Justiça Eleitoral.
5.3 LIMITAÇÃO DA PROPAGANDA ELEITORAL NA INTERNET
Os limites à utilização da rede mundial de computadores para fins eleitoreiros
estão previsto na própria Lei 12.034/09, assim como se aplicam as disposições do
Código Eleitoral no que couber.
Como já desvendado, o artigo 57-C da referida lei, dispõe sobre a vedação de
qualquer tipo de propaganda eleitoral paga na Internet, proíbe ainda que de graça a
veiculação de propaganda em sítios de pessoas jurídicas, com ou sem fins lucrativos,
oficiais ou hospedados por órgãos ou entidades da administração pública, direta ou
indireta da União, Estados, Distrito Federal e Municípios. Atribuindo, inclusive,
penalidade pecuniária aos responsáveis pela veiculação indevida.
A mesma lei, em seu artigo 57-E, proíbe a utilização, doação, cessão de
cadastro eletrônico em favor de candidatos, partidos e coligações, de clientes das
entidades ou governo estrangeiro, órgão da administração pública direta e indireta ou
fundação mantida com recursos provenientes do Poder Público, concessionário,
permissionário de serviço público, entidade de direito privado que receba, na condição
de beneficiária, contribuição compulsória em virtude de disposição legal, entidade de
utilidade pública, entidade de classe ou sindical, pessoa jurídica sem fins lucrativos
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que receba recursos do exterior, entidades beneficentes e religiosas entidades
esportivas, organizações não governamentais que recebam recursos públicos e
organização da sociedade civil de interesse público. Portanto, a qualquer destas
pessoas é proibido fornecer dados cadastrais de seus clientes aos atores ativos do
prélio.
Já o Código Eleitoral, Lei 4737/65, em seu artigo 243, inciso IX e parágrafo
1º, trata do cometimento de crimes contra a honra dos envolvidos no processo político,
assim vejamos:
Art. 243. Não será tolerada propaganda: [...] IX – que caluniar, difamar, ou injuriar quaisquer pessoas, bem como órgãos ou entidades que exerçam autoridade publica. § 1º. O ofendido por calunia, difamação ou injúria, sem prejuízo e independentemente da ação penal competente, poderá demandar, no Juízo Cível, a reparação do dano moral respondendo por este o ofensor e, solidariamente, o partido político deste, quando responsável por ação ou omissão, e quem quer que favorecido pelo crime, haja de qualquer modo contribuído para ele.
Por fim, considerando a Internet ser equiparada a meio de comunicação social,
os crimes acima praticados na rede estão sujeito às medidas punitivas na esfera penal e
às sanções a titulo de reparação de dano moral, no Juízo Cível. A Lei Eleitoral no
artigo 58 e 58-A prevê o direito de resposta nos casos de sua violação ou ofensa a
outras pessoas, sempre em espaço de tempo nunca inferior ao dobro do utilizado no
agravo, e à custa dos responsáveis pela propaganda original, podendo inclusive ser
suspensa a programação do provedor de acesso, por prazo inicialmente de 24 horas,
aumentando-se em caso de reincidência, devendo ainda informar aos usuários que tal
suspensão deve-se ao fato de descumprimento da lei eleitoral.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
A Internet é fenômeno irreversível, esta é a grande certeza, é inimaginável
uma sociedade sem esse expediente. No meio político ocasionará mais transparência,
instigará a disputa nos mouses, aflorando especialmente nos jovens, seu principal
usuário, interesse pelo destino da nação.
Inicialmente a capacidade do novo instrumental na área eleitoral está
abrandada, se comparada com sua real capacidade, pois o Brasil possui cerca de 73
milhões de internautas, números que podem definir uma eleição, mas pelo fato dos
candidatos não explorarem a rede de acordo com a lei e a população não conhecer seus
verdadeiros desígnios, essa potencialidade está reduzida.
Fazendo uma rápida passagem pela última eleição presidencial nos Estados
Unidos, onde o Presidente Obama, entre outras coisas, obteve grandes quantias em
doações pela Internet, alçar sua popularização, fatores que o levaram a se tornar o
primeiro presidente negro da maior potência mundial, conquista devida em muito à
Internet.
O atual legislador pátrio colaborou positivamente, com a edição da mini
reforma eleitoral, autorizando várias formas de uso da Internet. Saiu do
tradicionalismo seguido pelas Resoluções do Tribunal Superior Eleitoral, consentindo
o uso de redes sociais, blogs, correios eletrônicos, debates virtuais, etc.
A nova legislação prevê a forma de uso e os impedimentos na Internet,
impondo severas sanções, não apenas ao autor como até ao favorecido da propaganda
irregular. Mesmo aos provedores de acesso, podem ser punidos, desde que tenham
prévia notícia da ilicitude. Proibiu, ainda, a veiculação de publicidade dispendiosa,
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reiterando o princípio da igualdade entre os concorrentes.
Objetivando conter abusos, como direito de resposta, a nova Lei, impôs como
penalidade o uso de tempo nunca abaixo ao dobro do usado no agravo, à custa do autor
da propaganda original. A interrupção da programação do provedor de acesso,
primeiramente por 24 horas, majorando em caso de reincidência, necessitando ainda
cientificar aos usuários que tal suspensão é devido ao descumprimento da lei eleitoral.
Já o Código Eleitoral prevê a responsabilização daqueles que perpetrarem crimes
contra a honra dos envolvidos no processo político. Desta forma, esta garantido o
livre-arbítrio do eleitor durante a campanha, e os direitos dos próprios concorrentes.
Considerando esses fatores para as eleições de outubro próximo, a Internet
ainda não será aparelho capaz de atuar decisivamente na conformação da democracia
plena, pois seu emprego ainda está sendo de maneira muito acanhada. Conhecedores
esperam a utilização de maneira pulverizada na sociedade somente para as próximas
eleições municipais de 2012.
Permanece a expectativa da constituição de um Brasil com representantes
públicos mais compromissados com a rés publica, de um povo mais preocupado com o
destino da nação, pois a política é muito importante para ficar simplesmente nas mãos
dos políticos. Este desígnio precisa ser alcançado mediante método legítimo, permeado
vastamente pela informação, direito essencial, acomodado por meio de ostentação
social legitimamente benquisto, a Internet.
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