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1 UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ MBA EM GESTÃO DA COMUNICAÇÃO ON-LINE, MARKETING DIGITAL E PUBLICIDADE NA INTERNET JOÃO MANOEL MARANHÃO DIAS COMUNICAÇÃO AUDIOVISUAL NA ERA DA CONVERGÊNCIA CURITIBA 2012

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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ

MBA EM GESTÃO DA COMUNICAÇÃO ON-LINE, MARKETING

DIGITAL E PUBLICIDADE NA INTERNET

JOÃO MANOEL MARANHÃO DIAS

COMUNICAÇÃO AUDIOVISUAL NA ERA DA CONVERGÊNCIA

CURITIBA

2012

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JOÃO MANOEL MARANHÃO DIAS

COMUNICAÇÃO AUDIOVISUAL NA ERA DA CONVERGÊNCIA

Trabalho apresentado ao MBA em Gestão da Comunicação Online, Marketing Digital e Publicidade na Internet, da Universidade Tuiuti do Paraná, como requisito parcial para obtenção do título de especialista em comunicação. Orientador: Randy Rachwal

CURITIBA

2012

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RESUMO

Neste trabalho foi realizado uma análise da comunicação audiovisual na era da

convergência, tendo como referência de pesquisa o site da ASP (Associação de

Surfe Profissional) e a estratégia utilizada para a cobertura dos campeonatos de

surfe realizados por ela. Foram verificados os pontos positivos e negativos que os

modelos de transmissões audiovisuais proporcionam. O problema de pesquisa deste

trabalho está relacionado com a verificação de qual é o modelo de comunicação

audiovisual ideal na era da convergência. O tema pode apontar novas tendências de

transmissões audiovisuais para segmentos de diversas áreas, direcionando-os para

web, para a TV ou apontando para a convegências dos meios de comunicação.

Tendo como hipótese que o modelo ideal de comunicação audiovisual é o formato

streaming nesta era da convergência.

Palavras Chave:

Audiovisual, comunicação, convergência, internet, televisão

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 – Crackle, site de locação de filmes on-line..............................................15

FIGURA 2 – Netflix, site no estilo locadora de filmes on-line.....................................15

FIGURA 3 – Joost, site no estilo webcaster ..............................................................16

FIGURA 4 – Livestream, site de transmissão de conteúdo audiovisual contendo

aparelho para filmagens ao-vivo ...............................................................................17

FIGURA 5 – Filme “Bob” no Itunes.............................................................................19

FIGURA 6 – Apple TV................................................................................................20

FIGURA 7 – Exemplo da Smart TV............................................................................20

FIGURA 8 – Previsão de ondas no site da Waves ................................................... 24

FIGURA 9 – Site da ASP........................................................................................... 25

FIGURA 10 – Exemplo de Hotsite realizado pelo patrocinador da etapa................. 26

FIGURA 11 – Transmissão audiovisual no hotsite realizado pelo patrocinador da

etapa.......................................................................................................................... 28

FIGURA 12 – Google Desktop contendo a linguagem RSS com notícias da ASP... 29

FIGURA 13 – Página no Facebook da ASP.............................................................. 30

FIGURA 14 – Página no Twitter da ASP................................................................... 30

FIGURA 15 – Página no Youtube da ASP................................................................ 30

FIGURA 16 – Comentários na página do Facebook da ASP................................... 31

FIGURA 17 – Comentários na página no Facebook da ASP.................................... 32

FIGURA 18 – Comentários na página no Twitter da ASP......................................... 32

FIGURA 19 – Comentários na página no Youtube da ASP...................................... 33

FIGURA 20 – Exemplo de transmissão em celulares através de aplicativo............. 34

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FIGURA 21 – Página do site Youtube - David After Dentist...................................... 37

FIGURA 22 – Página do site Live Stream................................................................. 38

FIGURA 23 – Página das transmissões das olimpíadas no site Terra .................... 39

FIGURA 24 – Página das transmissões audiovisuais das partidas de squash......... 40

FIGURA 25 – Análise da integração das caixas pretas na Smart TV....................... 41

FIGURA 26 – Exemplo de second screen na Apple TV ........................................... 44

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO................................................................................................... 7

1. A TECNOLOGIA STREAMING ....................................................................... 10

2. ANÁLISE DE CASE: ASP ............................................................................... 22

2.1. A ASP............................................................................................................... 22

2.2. Funcionamento do Hotsite................................................................................ 25

2.3. Análise de presença online.............................................................................. 29

2.4. Resultados........................................................................................................ 34

3. TRANSMISSÃO VIA WEB X TRANSMISSÃO TELEVISIVA .......................... 36

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................. 47

5. Referências ..................................................................................................... 49

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INTRODUÇÃO

O espectador conquistou a liberdade com as novas tecnologias de

comunicação. A comunicação através de conteúdo audiovisual na web1 possibilitou

novas experiências aos usuários.

Na web, foi desenvolvida a tecnologia de transmissão de conteúdo audiovisual

através de streaming ou on-demand2. Não tendo o usuário que realizar downloads3

integrais dos conteúdos que pretende assistir, pois o aparelho receptor do conteúdo

recebe um fluxo ou pacote de dados ao mesmo tempo em que estes são

remontados e apresentados ao usuário, onde estes não ficam armazenados após a

visualização.

O problema de pesquisa deste trabalho está relacionado com a verificação de

qual é o modelo de comunicação audiovisual ideal na era da convergência.

O tema pode apontar novas tendências da comunicação para segmentos de

diversas áreas, direcionando-os para web, para a TV ou ambas. Verdadeiras

transformações estão ocorrendo baseadas neste novo modelo de comunicação.

Qualquer pessoa pode montar um canal de transmissão audiovisual na web com a

possibilidade de transmissão ao-vivo. Estas novas tendências de comunicação

através de transmissões audiovisuais para segmentos de diversas áreas tem

infinitas funcionalidades e utilizações. A comunicação passa a tornar-se todos-todos,

diferente da televisiva um-todos em que o conteúdo audiovisual é emitido de acordo

com uma grade horária de programação, disponibilizado pela emissora, o que gera

problemas ao usuário, como perda de conteúdo e o de adequar-se ao horário de

acordo com a transmissão.

1 Web ou teia em português é um sistema de documentos que são interligados e executados na Internet. 2 É uma forma de distribuir informação multimídia numa rede através de pacotes. Ela é freqüentemente utilizada para distribuir conteúdo multimídia através da Internet. Em streaming, as informações da mídia não são usualmente arquivadas pelo usuário que está recebendo a stream, a mídia geralmente é constantemente reproduzida à medida que chega ao usuário se a sua banda for suficiente para reproduzir a mídia em tempo real. 3 Download ou descarregar (significa sacar ou baixar, em português) é a transferência de dados de um computador remoto para um computador local

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A observação foi realizada tendo como recorte a análise da comunicação

realizada pela ASP, associação de surfe profissional responsável pelo circuito

mundial em diversas categorias, através das transmissões audiovisuais em formato

streaming dos campeonatos ressaltando também a importância das integrações com

outras tecnologias disponíveis.

A abordagem metodológica foi a partir do levantamento de informação através

de uma análise do site da ASP, histórico da associação, hotsites4, páginas do site,

recursos tecnológicos, compartilhamento de conteúdo através de redes sociais e

presença on-line5, tendo como recorte principal o conteúdo audiovisual e métodos de

interação desenvolvidos para cativar o usuário.

Também foram analisados os métodos de transmissão streaming para diversas

utilizações. Como auxílio, foram utilizadas referências bibliográficas com temas na

área de audiovisual, internet e televisão para oferecer embasamento aos dados

apontados.

O conteúdo do projeto foi dividido em três partes que podem ser verificadas

abaixo.

A primeira parte trata-se da transmissão via streaming de conteúdo audiovisual

e suas diversas utilizações. A fim de que se possa ter uma ideia abrangente sobre o

tema e como este pode estar se tornando ou não o modelo ideal de comunicação na

era da convergência.

Na segunda parte foi comentado sobre o que é a ASP, e o recorte baseado na

observação do modelo de transmissão de conteúdo audiovisual do site da ASP.

Onde, através do entendimento do modelo de transmissão do site da ASP é

realizado uma análise comparativa da transmissão televisiva e streaming. Sendo

importante para a verificação das possibilidades da tecnologia streaming e como

este modelo de transmissão pode ser mais abrangente que as transmissões

televisivas atuais.

4 Hotsite significa site quente em português, é um site elaborado para o momento. É voltado para destacar uma ação de comunicação e marketing. 5 On line ou na linha significa estar na internet.

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A importância da presença on-line para acompanhar a comunicação também

foi comentada, através da observação do modelo de transmissão utilizado no site da

ASP. E como, para atingir o público, foram utilizadas outras ferramentas de

comunicação tecnológicas disponíveis como as redes sociais. E por fim, verificaram-

se os resultados alcançados pelo site da ASP com este novo modelo de

comunicação audiovisual.

Na parte três foi realizado o comparativo entre as transmissões audiovisuais,

concluindo sobre qual o modelo que pode proporcionar a melhor experiência

comunicativa ao usuário.

Nesta era de convergência midíatica descobre-se novas possibilidades que

abrem um leque de opções de comunicação entre indivíduos através dos meios de

transmisão audiovisual, onde tecnologia e comunicação se fundem cada vez mais

em busca de um melhor formato de distribuição da informação.

Com a melhoria de tecnologias de transmissão audiovisual via streaming as

associações, clubes, sindicatos, pessoas físicas e empresas podem ter, através de

dispositivos colocados em sites6, seus próprios meios de divulgação e o usuário

pode escolher o que e quando quer assistir, sendo a premissa da era da

convergência.

6 Site ou sítio é um conjunto de páginas localizado na web.

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A TECNOLOGIA STREAMING

Em 1939, surge o aparelho de televisão numa exposição em Nova York. Uma

caixa com uma pequena tela acoplada, transmitindo imagens nebulosas em preto e

branco. Disputando a atenção no mercado de comunicação em massa já dominado

pelo rádio criado em 1895, a televisão torna-se o maior meio de comunicação a

partir da década de 50 com as transmissões audiovisuais em cores.

Os tubos que a compõem convertem o som e imagem recebidos através de

ondas de radiofreqüência irradiadas via ar pela estação de transmissão. As

limitações da tecnologia utilizada na transmissão, através de sinais analógicos, não

permitem a interação do aparelho de televisão com a estação de transmissão que

compõe toda a inteligência do sistema através da geração, sequenciação e

armazenagem de sinais de imagens. Como explica Pierre Levy, “a imprensa, o radio

e a televisão são estruturados de acordo com o princípio um-todos: um centro

emissor envia suas mensagens a um grande número de receptores passivos e

dispersos” (LEVY, 1999). A interação permitida pelo aparelho de televisão simplifica-

se apenas na troca de canais ou através de ligações por telefone para a estação. Já

Negroponte afirma que: “A transmissão televisiva é exemplo de um veículo no qual

toda a inteligência encontra-se no ponto de origem. O transmissor determina tudo; o

receptor apenas recebe o que é enviado” (NEGROPONTE, 1995).

Em 1960, a empresa japonesa Sony introduz no mercado os receptores de

televisão com transistores, que possibilitaram a criação de microchips ou circuitos

integrados, onde a inteligência poderia se transferir da estação de transmissão para

computadores através de sinais digitais que poderiam ser enviados e recebidos por

cabos de fibra ótica criadas pelo físico indiano Narinder Singh Kanpany em 1952

(SUPERINTERESSANTE, 1989).

Paralelamente a Arpanet – Advanced Research Projects Agency –, agência

de defesa dos EUA, desenvolve uma rede de computadores de médio e grande

porte com o objetivo de criar um sistema capaz de ligar computadores em pontos

geograficamente distantes. A tecnologia evoluiu através da disposição deste em

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universidades e centros de pesquisas criando a internet. O nome internet vem de

internetworking (ligação entre redes), sendo um conjunto de meios físicos (cabos de

fibra ótica, computadores, ETC.) utilizados para o transporte de informação.

Para facilitar a interação de cientistas no CERN (Conselho Europeu de

Pesquisa Nuclear), foi criado em 1991 por Tim Berners-Lee a World Wide Web (rede

mundial de computadores) através da colocação da informação visualizável na web,

conhecido como HTML7, num sistema de ligações (links) com banco de dados, ou

seja, uma interface navegável (INFOESCOLA, 2011).

Nos anos 70, a comunicação com computadores era realizada através de

cartões perfurados. Evoluindo para o mouse que percorre a tela possibilitando

manipular as informações e mais recentemente o touch screen8, ou seja, pelo toque

dos dedos. Anteriormente as interfaces somente apresentavam letras e números, e

atualmente com sistemas como o Windows9 da Microsoft10 e o OS11 da Apple12 têm-

se uma experiência dentro da tela que permite o acesso a navegadores, softwares,

arquivos de texto, música e vídeo. As interfaces gráficas evoluem em design e

utilidade, sendo importante para o acesso do usuário ao que ele necessita. Na

experiência audiovisual as interfaces de players13 possibilitam aumentar o volume do

som, retroceder, escolher o que deseja assistir ou mais recentemente modificar

ângulos ou escolher uma câmera mais adequada de um vídeo e outras diversas

opções.

A internet gerou um novo meio de comunicação todos-todos como explica

André Lemos:

O que chamamos de novas tecnologias de comunicação e informação surge a partir de 1975 com a fusão das telecomunicações analógicas com a informática, possibilitando a veiculação sob o mesmo suporte – o computador, de diversas formatações de mensagens. Esta revolução digital

7 Abreviação para a expressão inglesa Hyper Text Markup Language, que significa Linguagem de Marcação de Hipertexto. 8 Touch Screen é um tipo de tela sensível à pressão ou toque. 9 Windows é um sistema operacional de computadores criado pela Microsoft 10 Microsoft é uma empresa multinacional norte-americana que tem o objetivo de projetar e comercializar produtos eletrônicos de consumo, software de computador e computadores pessoais. 11 Sistema operacional de computadores da marca Apple. 12 Apple é uma empresa multinacional norte-americana que tem o objetivo de projetar e comercializar produtos eletrônicos de consumo, software de computador e computadores pessoais. 13 Players programas para acessar conteúdos audiovisuais.

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implica, progressivamente, a passagem da mass media para formas individualizadas de produção e estoque da informação. Aqui a circulação de informações não obedece a hierarquia da árvore (um-todos), e sim à multiplicidade do rizoma (todos-todos) (LEMOS, 2004, p. 68).

Aos poucos a internet começa a ganhar mais espaços de atenção diária no lar

da classe média e alta dos centros urbanos. Segundo Pierre Levy:

Os anos 80 viram o prenúncio do horizonte contemporâneo da multimídia. A informática perdeu seu status de técnica de setor industrial particular para começar a fundir-se com as telecomunicações, a editoração, o cinema e a televisão. A digitalização penetrou primeiro na produção e gravação de músicas, mas o microprocessadores e as memórias digitais tendiam a tornar a infra-estrutura de produção de todo o domínio da comunicação. Novas formas de mensagens interativas apareceram. As interfaces gráficas e interações sensório motora e hiperdocumentos como o CD-ROM (LEVY, 1999, p. 32)

Diferentemente da tecnologia analógica, a transmissão, o armazenamento e a

recuperação da informação que eram inflexíveis passam, com a tecnologia digital,

para a forma de distribuição e de armazenamento independente.

Pela interatividade que o meio digital possibilita pode-se descentralizar o

poder de transmissão e recebimentos de informações. Segundo Levy (1999, p.79), o

termo interatividade ressalta a participação ativa do beneficiário de uma transação

de interação, sendo que a possibilidade de reapropriação e de recombinação

material da mensagem por seu receptor é um parâmetro para avaliar o grau de

interação. A interação com a realidade virtual14 é a possibilidade de explorar ou de

modificar o conteúdo de um banco de dados por meio de gestos e perceber

imediatamente os novos aspectos revelados através dos gestos executados.

Com a evolução da rede, ocorre um aumento da capacidade de desempenho

dos equipamentos de informática, como velocidade de cálculo, capacidade de

memória, juntamente com as taxas de transmissão, combinado com a baixa de

preços. Nos anos 70, a rede da Arpanet nos EUA suportava 56 mil bits15 por

segundo. Nos anos 80, a conexão entre cientistas na rede era de 1,5 milhões de bits

14 É uma tecnologia avançada entre um usuário e um sistema computacional. O objetivo dessa tecnologia é recriar ao máximo a sensação de realidade para um indivíduo, levando-o a adotar essa interação como uma de suas realidades temporais. 15 Bit é a menor unidade de informação que pode ser armazenada pelo computador, cada 8 bits é correspondente a um caractere.

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por segundo. Em 1992 já era possível enviar uma enciclopédia por minuto, ou seja,

45 milhões de bits por segundo (LEVY, 1999).

Avanços na melhoria da transmissão e equipamentos foram essenciais para o

sucesso desta nova mídia. Neste sentido, o principal progresso é sem dúvida a

generalização da comutação de pacotes de dados, idealizada ainda nos anos 50 e

evoluída nos anos 60 nos EUA. As mensagens são recortadas em pequenas

unidades do mesmo tamanho com seu endereço de partida e de destino,

programadas para juntar-se novamente a sua posição inicial na mensagem

completa. Caso a transmissão se perca os roteadores solicitam ao remetente que

seja enviado novamente o pacote. Sendo este método o precursor da tecnologia

conhecida como streaming ou on-demand16, um dos temas de estudo desta

pesquisa. No entanto, este método de transmissão audiovisual somente se

desenvolveu a partir da melhora das conexões de banda larga:

O streaming se desenvolveu no Brasil nos últimos anos principalmente pela melhora em um dos seus principais pré-requisitos: a melhora na velocidade das conexões com a Internet. Com isso, os dados são armazenados temporariamente na máquina e vão sendo exibidos ao usuário em velocidade quase instantânea. [...] O mecanismo já existia desde a década de 90, mas não se popularizava por conta da baixa velocidade das conexões com a web, que não permitia o carregamento instantâneo (TECH TUDO, 2013)

Na tecnologia streaming o fluxo de dados é apenas temporariamente

armazenado no sistema do computador do usuário não utilizando muito espaço do

disco rígido do aparelho que recebe o conteúdo. Isto permite o uso de direitos

autorais na transmissão, assim como a televisão ou o rádio. O streaming foi utilizado

primeiramente para sons e atualmente é utilizado em larga escala para transmissões

em vídeo, com a possibilidade de transmissão ao-vivo. Neste formato é possível

controlar a exibição, pausando, avançando ou retrocedendo o vídeo ou a música. No

entanto, até meados do ano 2000, a experiência com os vídeos e músicas em

streaming era bastante frustrante pela lentidão na transmissão do conteúdo.

Somente com a chegada da banda larga é que foi possível conquistar os usuários.

Sobre esta nova tecnologia Negroponte explica que

16 Vídeo-on-demand ou vod, é a possibilidade de se receber vídeo e áudio (filmes, notícias, desenhos) sob encomenda, no momento em que se desejar, bastando um comando no controle remoto.

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os bits que se mesclam e os bits que informam sobre bits, alteram de forma tão completa a paisagem dos meios de comunicação que conceitos como o do vídeo on-demand e o envio de jogos eletrônicos por cabo tornam-se não mais que aplicações triviais – a ponta do iceberg muito mais profundo (NEGROPONTE, 1995).

As emissoras de rádios atuais geralmente disponibilizam sua transmissão via

streaming, como é o caso da Lúmen FM 17de Curitiba – PR. O mesmo ocorre com as

rádios internacionais que atuam no programa da Apple para músicas, o iTunes. Já

na transmissão audiovisual temos como destaque o You Tube18, que disponibiliza

vídeos de usuários ao público deste site na internet, onde pode apresentar a sua

própria programação como uma emissora. Também encontramos sites chamados de

Webcasters que transmitem diversos filmes, documentários, clipes musicais e

outros.

O site mais destacado nesta área é o Joost19, dos mesmo criadores do

Skype20. O Joost é um precursor na internet de uma tentativa de aproximar-se da

TV a cabo, com a possibilidade da interação através da escolha do quê e quando se

quer assistir o vídeo. Escolhe-se o filme pelo gênero que deseja como em uma

locadora, além de contar com uma programação própria. Também se podem citar

os atuais sites de locação de filmes na internet como o Netflix21, que cobra

mensalmente para acesso ilimitado a seu catálogo com milhares de filmes e séries,

e o Crackle22 produzido pela empresa Sony que distribui gratuitamente diversos

títulos de filmes. No Brasil temos a Sunday TV do site Terra, que possibilita além de

assistir o conteúdo via streaming, realizar o download do que se deseja mediante

uma taxa. Vários sites piratas também reproduzem e disponibilizam gratuitamente

canais das TVs a cabo via streaming. As TVs a cabo, que dominaram os anos 80 e

90, estão ameaçadas com esta tendência que tende a evoluir e a gerar uma

transmissão mais rápida e imagens com mais qualidade. Fato que pode gerar a

seguinte indagação: ora, se os indivíduos podem assistir a um filme, noticiário, série

ou programa no momento que bem entende porque eles irão ligar a TV? Neste

sentido Negroponte afirma que “A informação sob encomenda dominará a vida

17 http://www.lumenfm.com.br/playlumen.php 18 Youtube é um site que permite que seus usuários carreguem e compartilhem vídeos em formato digital - http://www.youtube.com.br 19 http://www.joost.com 20 Programas de comunicação audiovisual via streaming na internet - http://www.skype.com 21 http://www.netflix.com/ 22 http://www.crackle.com.br/

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digital. Nós solicitaremos tudo o que quisermos e quando o quisermos. Isso exigirá

uma reestruturação radical da publicidade nos programas de TV” (NEGROPONTE,

1995).

FONTE: PÁGINA INICIAL DO SITE CRACKLE, 2012, disponível em: <http:// www.crackle.com.br>

FONTE: PÁGINA INICIAL DO SITE NETFLIX, 2012, disponível em: <http:// www.netflix.com.br>

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FONTE: PÁGINA INICIAL DO SITE JOOST, 2012, disponível em: <http:// www.joost.com>

A publicidade aparece em diversos pontos, mas não da mesma maneira

apresentada nos canais de TV, geralmente é disponibilizada através de banners23 na

página, antes de iniciar o vídeo ou em certos pontos do vídeo, geralmente os

intervalos são contados com uma linha do tempo e em alguns vídeos tem-se a

possibilidade de pular o anúncio para um controle maior do usuário.

Nos tablets24, Ipads25 ou celulares com Android26, Ipods27 e Iphones28 pode-se

instalar aplicativos29 que possibilitam assistir vídeos via streaming e ter uma

interface apropriada para a escolha da programação. Segundo Jenkins:

O vídeo para Ipod parece emblemático da nova cultura da convergência – não porque todos acreditam que a telinha do Ipod seja o veículo ideal para assistir à transmissão de conteúdo, mas porque a capacidade de baixar reprises por encomenda representa uma mudança importante na relação entre consumidores e conteúdos (JENKINS, 2008, p. 336)

Ainda mais inovador é o site Live Stream30. Neste site qualquer pessoa que

se cadastre pode montar uma grade de programação e exibir conteúdo audiovisual

23 Banners é a forma publicitária mais comum na Internet. Tem o formato de imagens em tamanhos geralmente quadrados utilizados em propagandas para divulgação de sites. 24 Computadores reduzidos em formato de pranchetas com acesso a interface via touch screen. 25 Tablete da empresa Apple 26 Sistema operacional da Google 27 Aparelho visualizador de vídeos da marca Apple 28 Celulares da marca Apple 29 Um programa de computador que tem por objetivo ajudar o seu usuário a desempenhar uma tarefa específica, em geral ligada a processamento de dados. 30 http://www.livestream.com

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ao-vivo para o mundo através da internet. O site comercializa um conversor próprio,

sem a utilização do PC31, em alta definição de imagens para ligação e acoplagem

direta em câmeras, celulares ou tabletes para filmagens ao vivo. O aparelho

transmite o vídeo em 3G32 ou Wireless33. Neste sentido pode-se verificar o poder

que as pessoas comuns e empresas ganham ao ter a disposição os meios

necessários para emitir conteúdos audiovisuais e atingir pessoas ao redor do mundo

globalmente, fato impensável em um passado recente em que somente grandes

emissoras tinham esta possibilidade. Como preconizou George Gilder ao afirmar que

a inteligência e o controle estão passando de gigantescos mainframes para computadores pessoais, de banco de dados centralizados para bibliotecas “desktop”, da pirâmide central de Bells para uma nova variedade de ferramentas de comunicação e de uma rede de TV nacional para milhares de programadores, também o poder econômico está passando das instituições para os indivíduos (GILDER, 1995, p. 162)

FONTE: PÁGINA DO SITE LIVESTREAM, 2012, disponível em: <http:// www.livestream.com>

O autor completa dizendo que

quer oferecendo 500 canais ou milhares, a TV será irrelevante num mundo sem canais, onde você poderá sempre encomendar o que quer e quando quiser e onde cada terminal terá o poder de comunicação (GILDER, 1995, p. 18)

31 Computador pessoal portátil. 32 Terceira geração de transmissão de dados para a internet via celular. 33 Transmissão de dados para a internet via ondas de radiofreqüência.

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Com esta afirmação pode-se analisar que os meios de comunicação já não

estão suportando o método de transmissão um-todos. As emissoras de televisão que

utilizam os métodos tradicionais podem desaparecer frente a estas novas tendências

que envolvem poder do usuário, segmentação e interação.

No entanto, segundo Wilson Dizard:

A tecnologia streaming já está sendo utilizada por um diverso grupo denominado Webcasters, que transmitem uma combinação de vídeo e áudio pela internet. Em 1999, havia cerca de 1200 webcasters operando na web. Assistir a um vídeo na web vem sendo comparado a assistir um filme estrangeiro mal dublado e reduzido a uma janela do tamanho de um selo na tela do computador [...] Se as emissoras de televisão começarem a distribuir serviços nos aparelhos HDTV34, estarão adicionando áudio e dados a uma avançada tecnologia de vídeo amplamente superior aos produtos streaming dos Webcasters. Transmitir programação audiovisual através da web pode se tornar um fenômeno passageiro desses primeiros anos de internet, eventualmente ofuscada pela possibilidade da indústria da televisão de transmitir imagens HDTV para uma centena de lares americanos juntamente com os recursos de voz digitalizada e serviços impresso (DIZARD, 2000, p. 154)

Pode-se observar nesta afirmação a convergência de mídias a um único

aparelho eletrônico. De fato, assistir filmes em monitores ou telas pequenas de

tablets não é uma experiência confortável. O áudio, geralmente em caixinhas de

sons de computadores, também dificultam a experiência. As imagens dos vídeos em

alta definição na internet já apresentam a mesma qualidade que as imagens da

televisão de alta definição, mas depende da banda disponibilizada pela transmissão

de dados, o que pode repicar o vídeo e pausar a todo o momento. Ou seja, a

transmissão digital ainda tem muito que evoluir. Com a melhora das tecnologias

envolvidas é muito provável que o streaming conquista cada vez mais espaços,

como explica o site Tech Tudo 35.

A previsão é que a implantação da rede 4G36 no Brasil otimize ainda mais o streaming, já que a conexão com velocidade até 10 vezes superior ao 3G permitirá uma melhor qualidade para transmissão e recepção de dados fora das redes Wi-Fi. A tendência é que fique cada vez mais comum assistir a vídeos e ouvir músicas instantaneamente em qualquer lugar. (TECH TUDO, 2013)

34 Televisores digitais de alta definição 35 http://www.techtudo.com.br 36 Quarta geração de transmissão de dados via celular

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Muitos filmes já são lançados diretamente na Internet e em alta resolução de

áudio e vídeo, como é o caso do filme HOME de Yann Arthus-Bertrand37, lançado no

Youtube simultaneamente em diversas línguas. O filme “Marley” sobre a vida do

cantor Bob Marley utilizou-se também das tecnologias. Ao ser lançado

simultaneamente no cinema, Itunes38, Facebook39, Amazon40 e outros. Onde é

possível realizar o download, assisti-lo on-demand ou encomendar um DVD41.

FONTE: FILME MARLEY , DISPONÍVEL NO SOFTWARE ITUNES, 2012

No entanto, nada é mais confortável que assistir vídeos na televisão

tradicional, com uma tela de bom tamanho e áudios de excelente qualidade. Para

solucionar os problemas dos fios e assistir conteúdos audiovisuais na TV, a Apple

disponibilizou um aparelho que funciona como um conversor que possibilita entrar na

internet através da TV chamado de Apple TV. Com o Apple TV o usuário pode

através de uma interface organizada acessar filmes em alta definição, jogar on-line,

compartilhar arquivos (fotos, textos, vídeos e outros), sites e utilizar You Tube,

Facebook entre outras opções. Mas o mais interessante é a possibilidade de através

do Ipod ou o Ipad acessar o conteúdo que está armazenado nestes via wireless e

enviar diretamente para a TV. Estes podem reproduzir o conteúdo visível da tela

para a TV quando conectados a Apple TV.

37 http://www.youtube.com/user/homeproject 38 Itunes é um reprodutor de áudio desenvolvido pela Apple, para reproduzir e organizar música digital, arquivos de vídeo e para a compra de arquivos de mídia digital. 39 Site que presta serviço de rede social na internet. 40 Amazon é uma empresa multinacional de comércio eletrônico norte-americana. 41 Abreviatura de Digital Versatile Disc , em português, Disco Digital Versátil.

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FONTE: EXEMPLO DO FUNCIONAMENTO DA APPLE TV, 2012

Os smartphones42 e tablets que são mídias parecidas ou por vezes iguais

podem servir também de controle ao aparelho de TV. Como a Samsung Smart TV43

apresenta. Onde é possível realizar o download de um aplicativo que exerce a

função de controle remoto da TV e ainda pode utilizar o teclado dos celulares ou

tablets para operações na internet na TV. Ou seja, é possível realizar as

funcionalidades de um computador na TV.

FONTE: EXEMPLO DO FUNCIONAMENTO DA SMART TV DA SAMSUNG, 2012

42 Smartphone ou telefone inteligente são celulares com funcionalidades avançadas que podem ser estendidas por meio de programas executados por seu sistema operacional. 43 Televisor da empresa Samsung, é também conhecida como TV conectada, é um tipo de apelido usado para descrever a integração da Internet e as características da web com televisores.

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Na primeira década deste século, as telas dos televisores evoluíram dos

tubos catódicos para televisores de LED44 que hoje podem ter saídas para

conteúdos digitais, como pendrives45, tablets e o próprio computador. Então, a

interatividade da internet converge inteiramente para a televisão. Nesta nova

televisão o usuário tem a possibilidade de assistir o que se chama de multi

programação que seria a transmissão de diversos canais simultaneamente na tela,

também se pode verificar a programação diária, receber, enviar e-mails, realizar

downloads, utilizar sistemas de buscas, ver um site, gravar o que deseja assistir

mais tarde e até mesmo realizar compras sentando no sofá. E provavelmente num

futuro próximo ocorra a possibilidade dos sites e-commerces46 estarem interligados.

Como merchandisings editoriais ou tie-in47 em novelas ou filmes que direcionem

imagens de produtos utilizados nas cenas de novelas ou filmes diretamente para

realizar a compra no site com um clique do usuário.

44 A LED TV é um televisor que usa vários diodos emissores de luz (LEDs) por trás de um painel LCD. 45 Pen Drive ou Memória USB Flash Drive é um dispositivo de memória constituído por uma ligação USB. Permitindo a sua conexão a uma porta USB de um computador ou outro equipamento com uma entrada USB. 46 E-commerce é o comércio realizado através da internet. 47 Refere à prática de inclusão sutil de produtos, serviços, marcas e empresas em obras de entretenimento, principalmente audiovisuais, como novelas, filmes, games e outros.

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ANÁLISE DE CASE: ASP

Foi realizado um levantamento de informação na web através da análise do site

da ASP (Associação de Surfe Profissional). Primeiramente buscou-se um histórico

da associação, formato das disputas de surfe, os hotsites de patrocinadores das

etapas, páginas do site, recursos tecnológicos utilizados.

Também buscou-se informação na empresa e do idealizador responsável pela

programação das páginas da ASP, além de revistas e livros sobre os temas

apresentados. Através de referências bibliográficas sobre os temas audiovisual,

internet e televisão foi possível obter um embasamento abrangente sobre o

assunto.

Buscou-se uma análise da presença on-line da ASP em redes sociais,

verificando a participação e engajamento dos usuários

Como recorte principal foram analisados o conteúdo audiovisual e métodos de

interação desenvolvidos para cativar o usuário. Também foram analisados os

métodos de transmissão em programas de esportes de televisão aberta e fechada.

2.1. A ASP

A Associação dos Surfistas Profissionais (ASP), com sede em Collangatta, na

Gold Coast da Austrália, é o principal órgão do Surfe Profissional Mundial. Possui os

direitos sobre os seis circuitos de surfe profissionais, incluindo: o ASP World Tour

(campeonato mundial de surfe), o ASP World Qualifying Series (campeontato de

qualificação para o mundial), o ASP World Longboard Tour (campeonato mundial de

pranchão), o ASP Pro Junior Series (campeonato de surfe para juniores), o ASP Pro

Master (campeonato mundial para veteranos), e os Eventos Especiais. A ASP World

Tour é o responsável por apresentar os melhores e mais talentosos surfistas do

mundo em uma grande variedade de formatos de competição e em locais

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desafiadores desde 1983, tendo substituído uma antiga associação, a International

Professional Surfers (IPS) organização que regeu o esporte de 1976 a 1982.

O surfe não tem muito conteúdo divulgado nas transmissões de emissoras de

TVs abertas e pagas. Em outubro de 2011 um competidor brasileiro, Adriano de

Sousa, sagrou-se campeão de uma das etapas do circuito e os meios televisivos não

noticiaram o acontecimento. As emissoras de televisão talvez não tenham interesse

na transmissão devido ao formato das competições. Como ironiza Fernando Gueiros

para a matéria da Revista Hardcore, especializada em surfe:

Netuno precisa assinar contrato com os diretores de TV garantindo que as ondas vão entrar no exato horário da programação” e comenta “As transmissões ao-vivo via internet revolucionaram nosso esporte. Como o tour roda o mundo, é inevitável assistir etapas de madrugada, por exemplo – um fracasso para qualquer TV que se compromete a transmiti-las (REVISTA HARDCORE, 2012, p.78)

Para melhor entendimento da cobertura de transmissão audiovisual do circuito

mundial de surfe é necessário um entendimento do modelo de competição. O

circuito mundial de surfe é dividido em diversas etapas disputadas ao longo do ano

em locais diferentes e com fusos-horários específicos para cada uma, assim como

ocorre na Formula 1. A duração de cada etapa é de 5 a 8 dias dependendo do

tempo de espera de condições favoráveis para a disputa, incluindo fatores naturais

como ondulação, vento, maré ou tempo. A etapa é disputada por 34 surfistas

classificados e estes são distribuídos em diversas chaves ou baterias. Cada bateria

é disputada por dois ou três surfistas, onde são somadas as notas das duas

melhores ondas de cada um. Cada bateria tem a duração de vinte a trinta e cinco

minutos e os momentos de clímax somente ocorrem quando o competidor entra em

uma onda, este momento geralmente dura no máximo dez segundos. O vencedor da

bateria passa para o próximo round e assim disputa até chegar as quartas de finais,

semifinais e finais. As baterias também sofrem alterações no horário devido a

condições naturais, não tendo um horário fixo no dia para o término. O campeão

mundial é o surfista que conquistar mais pontos no final de todas as etapas do

circuito.

Devido à falta de cobertura televisiva, a ASP teve como estratégia de

divulgação de seus campeonatos a transmissão audiovisual em seu site utilizando-

se de tecnologias disponibilizadas. Não é de hoje que os surfistas recorrem a web

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para obter conteúdo e informações. Em diversos sites são apresentadas previsões

de ondas em gráficos e situação da ondulação diariamente em diversas praias com

fotos ou vídeos em tempo real. Atualmente através de aplicativos as previsões

podem ser verificadas em celulares e tablets. Facilitando para este público a busca

de informações sobre o esporte, como por exemplo, o melhor local para surfar.

FONTE: PÁGINA DE PREVISÃO DAS ONDAS DE GUARUJÁ (SP) DO SITE WAVES, 2012, disponível em: <http://www.waves.com.br>

A partir deste entrosamento foi elaborado pela empresa brasileira Beach and

Byte a tecnologia utilizada pela ASP na utilização da transmissão via streaming. Foi

elaborado um sistema na web completo com informações para atender as

necessidades deste público segmentado, disponibilizando transmissões ao vivo das

etapas, bem como outros modelos audiovisuais de comunicação. A Beach and Byte

foi fundada em Niterói – RJ, em 1984 com foco em facilitar o sistema de tabulação

dos eventos de surfe da época. O sucesso de tanto empenho fez com que a Beach

and Byte expandisse suas tecnologias para todo o mundo do surfe. A Beach and

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Byte é a empresa oficial do sistema de computação e Internet da ASP Internacional

e suas afiliadas no mundo.

FONTE: PÁGINA DO SITE ASP, 2012, disponível em: <http://www.aspworldtour.com>

2.2. Funcionamento do Hotsite

Para cada etapa elabora-se um hotsite padronizado com um template ou

design do patrocinador da etapa. Este padrão disponibiliza diversos botões

funcionais para quem busca um conteúdo completo. O conteúdo geralmente é

disponibilizado em inglês e português.

Os botões ou links são divididos em Página inicial, Resultados, Fotos, Notícias,

Bastidores, Surfistas, Informações, Imprensa, Vídeos, Ao-vivo (no momento da

competição) e Replay das baterias (após a competição).

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FONTE: PÁGINA INÍCIAL DO HOTSITE DA ETAPA DE PORTUGAL DA ASP, 2012, disponível em: <http://www.aspworldtour.com>

A página inicial contém notícias da competição, informações sobre as

condições das ondas, horários do início das baterias, links de compartilhamento

(Facebook e Twitter) e banner de patrocinadores.

No botão Resultados é possível verificar a distribuição dos surfistas nas

baterias e notas após as disputas. Os resultados são atualizados imediatamente

após as disputas.

Nas Fotos são disponibilizadas as imagens geradas no pré-evento e das

competições separadas e organizadas por data para acesso.

Em Notícias pode se verificar separadamente por data as notas do evento

realizadas pela própria associação.

No botão Bastidores verificam-se as festas, desfiles e outros eventos que

ocorrem juntamente com a competição.

No item Surfistas o usuário pode conhecer melhor os competidores, contendo

informações completas sobre o perfil destes, incluindo fotos, histórico, dados da

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carreira, hobbies, colocação e outros. Abrangendo o conhecimento do público sobre

o competidor.

Em Informações são disponibilizados os dados sobre o evento, patrocinadores,

comércio local, transportes, hotéis, previsão de ondulação, guias e outros.

Em Imprensa têm-se dados para contato com a assessoria de imprensa da

ASP para o recebimento de releases.

No botão Vídeos apresentam-se conteúdos audiovisuais dos melhores

momentos da disputa, do pré-evento, de todas as baterias separadas por data e

vídeos extras. Todos os vídeos desta página são armazenados na página da ASP

no You Tube e tem a opção de compartilhamento por Twitter ou Facebook.

O botão Ao-vivo é um dos principais para a cobertura audiovisual realizada

pela ASP. O botão somente aparece no site quando a transmissão está ocorrendo, e

através dele, é possível assistir ao vivo o campeonato. O usuário é informado via

Twitter, Facebook, RSS48, e-mail (caso cadastrado), pela página inicial do hotsite ou

celular sobre o início da transmissão. As transmissões são realizadas no formato

televisivo, utilizando um narrador e um comentarista, além de convidados como

surfistas e empresários. São distribuídos no formato streaming, onde o vídeo é

carregado nos servidores do site da ASP e disponibilizados aos usuários num fluxo

constante de dados. Este fluxo de dados permite a visualização do vídeo sem ser

necessário um download do mesmo. Proporcionando a transmissão audiovisual, no

caso do site da ASP a 700 kbps49 de transmissão de dados, sendo de excelente

qualidade para o usuário que possui uma internet banda larga acima de 1000 kpbs,

considerada baixa para padrões atuais.

O usuário tem a opção de volume e de assistir a transmissão em tela cheia.

48 RSS é uma linguagem da internet que serve para agregar conteúdo, podendo ser acessado mediante programas ou sites agregadores. É usado principalmente em sites de notícias e blogs. 49 Kilobytes por segundo

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FONTE: PÁGINA DO REPLAY DAS BATERIAS DO HOTSITE DA ETAPA DE PORTUGAL DA ASP, 2012, disponível em: <http://www.aspworldtour.com>

Após o término das baterias do dia surge o botão Replay das Baterias, onde é

possível a interação com a transmissão audiovisual. O usuário pode escolher a

bateria que tem interesse em assistir. Ao clicar na bateria desejada abre-se uma

janela contendo a timeline ou linha do tempo da disputa para cada surfista que

disputou a bateria. Nesta janela o usuário encontra diversos referenciais em formato

de marcações ao longo da linha do tempo de bateria de cada surfista. Cada

marcação refere-se aos momentos ocorridos na bateria e dividem-se em Ondas

contabilizadas, Ondas não contabilizadas, Interferência (quando ocorre uma falta ou

rabeada), Replay da onda e Entrevista. Assim o usuário pode escolher o momento

que deseja assistir dentro da bateria. Ou seja, ao clicar em alguma referência de

Onda contabilizada o vídeo será disponibilizado, no momento da ação que o usuário

deseja visualizar. O hotsite fica armazenado na internet indefinidamente, podendo o

usuário voltar e assistir quando achar conveniente.

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2.3. Análise de presença online

É relevante ressaltar a importância da integração do site da ASP com outras

tecnologias disponíveis. O site da ASP está integrado com as tecnologias

disponíveis na web incluindo RSS, onde o visitante pode assinar para recebimento

de informações via celular ou e-mail. Também tem integrações com plataformas

como Youtube, Facebook, Twitter e Myspace em todas as páginas. A integração

também dispõe de janelas dentro da página inicial do site com a participação dos

usuários através de comentários realizados diretamente na página da ASP no

Facebook, a qual possui 260 mil pessoas que curtiram (dados obtidos em 07/2012) e

também outra janela com comentários da página da ASP no Twitter, esta conta com

50 mil seguidores (dados obtidos em 07/2012). A ASP disponibiliza nas redes sociais

informações sobre os eventos como previsões de ondulações, vídeos, fotos,

resultados e inícios das baterias levando este público destas para a transmissão ao-

vivo.

FONTE: APLICATIVO DO SOFTWARE DO GOOGLE DESKTOP, 2012

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FONTE: PÁGINA DA ASP NO FACEBOOK, 2012, disponível em: <http://www.facebook.com/asp/>

FONTE: PÁGINA DA ASP NO TWITTER, 2012, disponível em: <http://www.twitter.com/asp/>

FONTE: PÁGINA DA ASP NO YOUTUBE, 2012, disponível em: <http://www.twitter.com/asp/>

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Após as postagens da ASP nas redes sociais ocorre uma participação intensa

dos usuários. As postagens da ASP geralmente são de fotografias da paisagem e

cultura local e informações sobre previsão da ondulação, os resultados e inícios de

baterias. As participações dos usuários ocorrem com mais intensidade no momento

que a postagem é referente a um confronto entre dois atletas de alta performance e

momentos decisivos do campeonato. Um exemplo foi a final da competição ocorrida

em 19 de maio de 2013 no Rio de Janeiro, no qual estavam concorrendo dois

excelentes profissionais. As postagens receberam no Facebook 2.558 com 122

comentários. Os comentários postados pelos usuários são como gritos de torcida

incentivando o competidor preferido. Vêem-se elogios, discussões e reclamações.

No Twitter, na postagem o assunto sobre a final desta mesma competição, foi

compartilhado 64 vezes. Com o mesmo estilo de participação dos usuários nos

comentários sobre o assunto. No vídeo desta mesma final de competição postado no

You Tube atingiu 15 mil visualizações, com pouca participação dos usuários em

comentários. Contudo está integração expande a comunicação da ASP com

usuários que ao compartilharem fazem a mensagem ter uma visibilidade indefinida.

FONTE: PÁGINA DA ASP NO FACEBOOK, 2013, disponível em: < http://www.facebook.com/asp>

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FONTE: PÁGINA DA ASP NO FACEBOOK, 2013, disponível em: < http://www.facebook.com/asp>

FONTE: PÁGINA DA ASP NO TWITTER, 2013, disponível em: <http://twitter.com/asp>

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FONTE: PÁGINA DA ASP NO YOU TUBE, 2013, disponível em: <http://www.youtube.com/aspworldtour>

Também oferece a transmissão ao vivo via 3G compatíveis com Ipad, Ipod e

Iphone. Sendo disponibilizada uma aplicação contendo uma versão adaptada para

celulares do hotsite, notícias, fotos, informações sobre os competidores e

transmissão ao-vivo.

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FONTE: APLICATIVO DA ASP PARA O IPHONE, 2012

Estas integrações com outras plataformas proporcionam maior audiência aos

eventos da ASP e conseqüentemente uma maior comunicação com o público. Sem

estas estratégias de comunicação a ASP perderia o público que tem interesse sobre

o assunto, que apenas verifica informações sobre o esporte em algumas notícias e

pequenas transmissões em outros meios de comunicação. Como analisa Luis Carlos

Campo, empresário de Adriano de Souza, o surfista brasileiro de maior destaque no

campeonato: “O webcast, trabalhando junto com as mídias sociais, é fundamental

para os rumos do surfe. É o grande lance de investimento em comunicação do

momento” (REVISTA HARDCORE, 2012, p.77).

2.4. Resultados

A infraestrutura para a geração das transmissões das etapas tem um custo

considerável de 10% a 30% do valor do evento, ou seja, entre 500 a 600 mil dólares.

Este custo depende do local aonde será implantando o sistema. No entanto Luis

Carlos Campo afirma que “Os atletas são reconhecidos, os patrocinadores das

etapas ganham nome, os patrocinadores de atletas ficam em evidência e,

obviamente o público adora” (REVISTA HARDCORE, 2012, p.76). Etapas em locais

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desertos ou ilhas pedem mais investimentos que etapas realizadas em cidades

como San Diego na Califórnia, pois já possui uma infraestrutura nesta área. No

entanto, as etapas em locais exóticos e geralmente com boas ondas geram mais

audiência. A audiência também tem crescido devido ao aumento do uso de tablets e

celulares gerando um aumento de 20% a 30 % em algumas etapas. A ASP espera

com estas ferramentas cada vez mais audiência

Quem paga o investimento desta infra-estrutura de transmissão é o

patrocinador da etapa que tem direito a comerciais inseridos na transmissão. Por

outro lado, a ASP tem outros planos para o futuro, segundo Renato Hickel:

A ASP quer dinamizar e melhorar a produção, não só em qualidade técnica, mas em termos de padrão. A ideia é ter transmissões de todas as etapas com o mesmo formato, inclusive levando um time fixo que viaja para todas as etapas para fazer as transmissões, contando também com locutores locais, ou seja, as transmissões seriam imparciais e com o investimento da própria associação. (REVISTA HARDCORE, 2012, p.78)

Com as transmissões geradas no site da ASP aumentou-se a audiência no

esporte, segundo Mano Zioul, responsável pela transmissões e proprietário da

Beach and Byte “Numa etapa como a do Rio, os picos são de 250 mil, 280 mil

visitantes únicos por dia na transmissão webcast” (REVISTA HARDCORE, 2012,

p.77). Em etapas como a do Havaí a audiência bate recorde e atinge mais de 4

milhões de acessos de usuários, atingindo globalmente. Antigamente seria apenas a

audiência da população local da etapa e se esperava um ano pela fita VHS50 do

evento. A audiência global também seria um fato impossível se dependesse apenas

da transmissão de uma emissora de TV.

50 É a sigla para Video Home System ou em português Sistema Doméstico de Vídeo. Um sistema de gravação de áudio e vídeo criado pela JVC que foi lançado em 1976, ele era composto de fitas de vídeo e de um equipamento de gravação e reprodução que permitia o registro de programas de TV e sua posterior visualização.

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TRANSMISSÃO VIA WEB X TRANSMISSÃO TELEVISIVA

Com o modelo de comunicação de transmissão audiovisual proposto pela

ASP o usuário pode escolher quando quer assistir. O usuário adquire a liberdade de

escolha, não condicionado a uma grade de programação idealizada de acordo com

as possibilidades das emissoras de televisão. Na transmissão por emissoras de

televisão o conteúdo audiovisual é emitido dentro de uma grade horária de

programação disponibilizada pela emissora, o que gera problemas ao espectador,

como perda de conteúdo e o de adequar-se ao horário de acordo com a

transmissão. O espectador na televisão não tem o direito a escolher o momento

desejado e nem tanto interagir com o conteúdo da transmissão. A liberdade na

transmissão audiovisual somente é concedida no formato streaming. A possibilidade

de expansão deste modo de transmissão para outros esportes pode retirar parte do

poder de audiência das emissoras televisivas que agora concorrem com diversos

conteúdos audiovisuais.

Até mesmo em esportes de massa, como o futebol, este modelo pode ser

colocado em prática, permitindo que os sites dos clubes de futebol disponibilizem os

conteúdos e o usuário possa escolher o momento do drible ou do gol que deseja

visualizar. Também pode ser útil para esportes que não tem tanta divulgação na

televisão como o golf ou tênis. A possibilidade de transmissão em áudio e vídeo via

streaming pode ser interessante em diversos segmentos, além do esporte como

shows, seminários, palestras, novelas e outros.

Com as possibilidades de transmissão via streaming, as associações

esportivas ou de outros segmentos passam a ter os próprios meios de veiculação,

por conseguinte adquire-se um poder independente em mãos, aonde se pode

transmitir o conteúdo que interesse no momento que achar apropriado. A empresa

ou cidadão, além de ter o poder de possuir todo o aparato para adquirir o conteúdo

das transmissões a valores acessíveis, possui também o poder de veiculação deste

conteúdo, por vezes gratuitamente, através das transmissões em formato streaming.

Este poder de comunicação de pessoas físicas ou jurídicas comuns pode ter

abrangência internacional através de web, no qual certos conteúdos geram grandes

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repercussões, tendo como exemplo, a transmissão postada no You Tube, David

After Dentist com quase cento e vinte milhões de visualizações.

FONTE: PÁGINA DO SITE YOU TUBE, 2013, disponível em: < http://www.youtube.com/watch?v=txqiwrbYGrs>

O mesmo pode ocorrer em anúncios de empresas conhecidos como virais,

compartilhados nas plataformas da web indefinidamente por vontade própria dos

visualizadores. Estes anúncios virais acabam por ter um custo muito baixo relativo a

abrangência que podem repercutir na web e fora dela. Este poder de comunicação

pode ir muito além de anúncios e vídeos de comédia partindo também para rumos

políticos como no ocorrido no site livestream.com, o qual transmitiu ao-vivo os

acontecimentos do movimento Occupy Wall Street e os movimentos ocorridos no

Brasil, em junho de 2013. O poder de pessoas comuns teve sua força ampliada com

estas novas ferramentas de transmissões de imagem, texto, áudio e vídeo. Assim

como cita Vilém Flusser “Instrumentos são prolongamentos de órgãos do corpo:

dentes, dedos, braços, mãos prologados. Por serem prologamentos, alcançam mais

longe e fundo a natureza, são mais poderosos e eficientes” (FLUSSER, 2002, p. 21).

Estes métodos de transmissão se apresentam como uma extensão da voz de um

consciente coletivo.

Marshall Mcluhan apresenta uma ideia mais abragente neste assunto:

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Estamos nos aproximando rapidamente da fase final das extensões do homem: a simulação tecnológica da consciência pela qual o processo criativo do conhecimento se estenderá coletiva e corporativamente a toda a sociedade humana, tal como já fez com os nossos sentidos e nossos nervos através dos diversos meios e veículos (MCLUHAN, 2001, p.17)

FONTE: PÁGINA DO SITE LIVESTREAM, 2013, disponível em: < http://www.livestream.com/anonymousbr>

Apesar de toda esta possível revolução, por outro lado, o público que não tem

acesso a internet de banda larga não pode desfrutar ou utilizar este modelo de

transmissão. No entanto, com o aumento da disponibilização da banda larga pelos

governos e empresas de todo o mundo pode se ter um mercado em crescimento

neste sentindo. A falta de conhecimento na tecnologia em grande parte da

população também pode ser um entrave para este modelo de transmissão. Bem

como, a falta de recursos tecnológicos nos computadores pessoais e monitores

utilizados. Apesar de que, televisores em LCD51 e LED já dispõem de entradas para

a conexão de PCs, onde o televisor funciona como um monitor. Com isto, aumenta-

se a qualidade da experiência audiovisual para quem possui estas tecnologias.

Atualmente emissoras a cabo voltadas para esporte transmitem algumas partes

das etapas diretamente da transmissão que é realizada na web via streaming. O

conteúdo passa da web para as emissoras de TVs como comenta Renato Hickel,

gerente das etapas da ASP

51 É uma tela de cristal liquido utilizada principalmente em TVs e monitores

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As televisões de canais abertos e fechados, passaram a se interessar por esse produto e vieram atrás da ASP. Hoje, esses canais pegam o sinal do webcasting, incluem seus próprios comerciais e transformam o sinal em programação de TV voltada para o seu público e seus interesses (REVISTA HARDCORE, 2012, p.76)

Na olimpíada de Londres de 2012 pode-se verificar a vasta utilização do

formato streaming na transmissão audiovisual de todos os eventos ocorridos pelo

site Terra (obtido em 07 de julho de 2012). Onde qualquer jogo pode ser assistido

como reprise no momento que se desejar ou ao-vivo no momento em que ocorre a

partida. Contendo integrações com redes sociais para maior comunicação com o

público. Direito a comentários e resultados das partidas.

FONTE: PÁGINA INICIAL DO SITE TERRA, 2012, disponível em: <http://www.terra.com.br>

O site Professional Squash TV 52 já cobra por suas transmissões audiovisuais

em formato streaming das partidas dos campeonatos profissionais de Squash.

52 http://www.psasquashtv.com

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FONTE: PÁGINA INICIAL DO SQUASH TV, 2012, disponível em: < http://www.psasquashtv.com>

Todos estes fatores consolidam a transmissão streaming como o formato

ideal na era da convergência. Com a evolução e a disponibilidade para maior parte

da população das ferramentas necessárias para a utilização da tecnologia como o

barateamento de Smart TVs, tablets, smartphones, wi-fi e a própria internet as

emissoras de transmissões televisivas terão uma concorrência mais intensa e

preocupante, com a possibilidade do declínio da transmissão analógica e

patrocinadores migrando para este novo modelo de transmissão. A interação,

segmentação, liberdade ao usuário e integração com outras tecnologias de

comunicação existentes como as redes sociais juntamente com a possibilidade de

tudo isto ser assistido no conforto do aparelho de TV fazem das transmissões

streaming o modelo mais completo que o modelo um-todos utilizado pelas emissoras

atuais de televisão.

Com estas possibilidades verifica-se que a convergência das mídias já

aconteceu e tende a expandir e aprimorar-se a cada dia com a evolução da

informática na comunicação. O aparelho de TV passa a tornar-se um dispositivo que

engloba características do computador e da televisão tradicional. Os meios de certa

forma acabaram convergindo para a TV, a qual exibe atualmente as qualidades de

diversos meios de comunicação, seja radio, aparelhos de dvds, telefone ou internet.

Assim como o celular ou tablets têm essas possibilidades de integrar tudo num

aparelho, mas não dispondo de um conforto audiovisual como o tamanho da tela e

áudio que o aparelho de TV possibilita. Como afirmou Pool:

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Um processo chamado “convergência de Modos” está tornando imprecisas as fronteiras entre os meios de comunicação, mesmo entre as comunicações ponto a ponto, tais como o correio, o telefone e o telegrafo, e as comunicações de massa, como a imprensa, o radio e a televisão. Um único meio físico – sejam fios, cabos ou ondas – pode transportar serviços que no passado eram oferecidos separadamente. (POOL apud JENKINS, 2008, p. 38)

George Gilder afirma: “A indústria da informática está convergindo com a

indústria da televisão no mesmo sentido em que o automóvel convergiu com o

cavalo” (GILDER apud JENKINS, 2008, p. 32). No entanto Jenkins afirma que “Não

haverá uma caixa preta que controlará o fluxo midiático das novas tecnologias de

informática e telecomunicações” (JENKINS, 2008, p. 42). Entretanto esta afirmação

se apresenta atualmente como errônea, visto que os novos aparelhos de TVs e

celulares ou tablets, englobam diversas “caixas pretas” inclusive o controle remoto já

não tem a necessidade de existência com as transformações ocorridas. O celular ou

tablet pode atualmente controlar, através de aplicativos, a TV que a partir desta

integração torna se a mídia central. Existindo então uma só caixa preta e um

controle, e o melhor, sem fios. Pois comunicam-se via wireless, como pode ser

verificado na Apple TV ou nas Smart TVs.

FONTE: JOÃO MANOEL MARANHÃO DE SIQUEIRA DIAS, 2012

Segundo Jenkins “O eterno emaranhado de fios que há entre mim e meu

centro de “entretenimento caseiro” reflete a incompatibilidade e a disfunção

existentes entre as diversas tecnologias midiáticas” (JENKINS, 2008, p. 42).

O vídeo game em fase de lançamento pela Microsoft, em 2013, o Xbox One

adquire está tendência a integração das caixas pretas. Segundo o site especializado

em tecnologia Tech Tudo:

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Xbox One é o novo console da Microsoft. Ele possui um sistema de reconhecimento facial, gestual e de voz. O novo Xbox integrará os diversos serviços da empresa em um só aparelho, como TV, Internet, música, Skype e, claro, games (TECH TUDO, 2013)

Já a Gazeta do Povo na matéria “Microsoft apresenta o Xbox One, com foco

em TV interativa” informou em seu site , em 21/05/2013:

A Microsoft apresentou na tarde desta terça-feira o seu novo console, o Xbox One, um aparelho que se apresenta como um “tudo em um” – uma central multimídia com televisão, internet, games e música. [...] Apenas com a voz, o usuário poderá trocar do modo game para o modo televisão ou descobrir qual a programação de um canal específico. No evento de lançamento, o apresentador deu uma mostra de como o sistema vai funcionar. “Xbox, o que está passando na HBO?”, perguntou ele, e imediatamente a tela mostrou o programa que estava passando no canal de filmes (GAZETA DO POVO, 2013)

Atualmente verificamos que a tecnologia encontrou meios de possuir esta

compatibilidade. Parece que não foi previsto por Jenkins que a tecnologia

encontraria maneiras de integrar todas as funcionalidades em um único aparelho ao

citar que “Não haverá uma caixa preta que controlará o fluxo midiático para dentro

de nossas casas” (JENKINS, 2008, p. 43).

No entanto, para Jenkins a convergência talvez não ocorra diretamente num

aparelho e sim na totalidade da integração das possibilidades de comunicação deste

novo ambiente no qual estamos inseridos, como se adquiríssemos uma nova cultura

conhecida como cultura da convergência, explica Jenkins que “A convergência das

mídias é mais do que apenas uma mudança tecnológica” (JENKINS, 2008, p. 43).

Por outro lado, as possibilidades que conhecemos de comunicação, seja a telefonia

(no sentido de conversar com outras pessoas pela voz), rádio (escutar emissões

provenientes das emissoras), audiovisual (TV, DVD, streaming e outros) estão

dispostas e integradas nestas novas tecnologias de comunicação, seja nas Smarts

Tvs ou nos novos vídeos-games. Mas de fato não podemos levar nossa TV ou

vídeo-game a qualquer lugar, por isso das existência caixinhas pretas conhecidas

como celular que, no entanto possui compatibilidade de poder integrar-se as Smarts

TVs.

O que persiste como incógnito é o sentido de existência dos métodos de

transmissões das emissoras televisivas que ainda tentam sobreviver em meio ao

caos destes novos modelos de transmissões com uma nova concorrência que

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atualmente pode ser qualquer pessoa. Os modelos utilizados anteriormente pelas

mídias de massa podem não servir a uma geração futura já acostumada com a

participação e liberdade de escolha da internet. Como explica Jenkins: “A expressão

cultura participativa contrasta com noções mais antigas sobre a passividade dos

espectadores dos meios de comunicação” (JENKINS, 2008).

Os conteúdos das emissoras de TV ainda não atingiram um modelo de

transmissão participativo chamado de second screen ou segunda tela. O sistema é

baseado em indivíduos que costumam assistir TV e interagir na internet ao mesmo

tempo. Alguns aplicativos de tablets e celulares como o E.live TV tem salas de bate

papo via Twitter53 baseadas nas grades de programação das emissoras de TV,

indivíduos interagem com comentários sobre os programas que estão sendo

transmitidos nas emissoras. Neste modelo, a segunda tela pode ser acessada

diretamente na interface do tablet ou celular e possibilita a participação do usuário

no que é transmitido na grade de programação. Isto poderia ser um exemplo de

transmissão participativa para uma TV mais integrada com o que já é possível com a

tecnologia de comunicação atual. A segunda tela poderia ter informações sobre um

programa como dados do artista que está atuando na cena, ou num jogo de futebol

e poder saber qual a quantidade de posse de bola de um time no momento que

quiser ou até mesmo reunir amigos on-line e bater um papo sobre um filme que

assistem juntos. De acordo com Jenkins, as emissoras precisam utilizar-se destas

tecnologias e não apenas buscar a perfeição de imagens na tela, pois o conteúdo é

o que mais vai importar na era da convergência:

A era da convergência das mídias permite modos de audiência comunitários, em vez de individualistas. Contudo, nem todo o consumidor de mídia interage no interior de uma comunidade virtual, ainda; alguns apenas discutem o que vêem com amigos, com a família e com colegas de trabalho. Mas poucos assistem à televisão em total silêncio e isolamento. (JENKINS, 2008, p. 55)

Já Tadeu Jungle diretor e roteirista de TV afirma que: “A garotada que vem da

internet hoje não vai sobreviver a uma televisão monolítica que fica despejando

conteúdo, vamos ter que ter alguma forma de interatividade” (SONHAR TV, 2012).

No entanto, Zico Goes expõe que “Não pode ser só divertido para quem interage.

Tem que ser divertido para quem assiste e não interage” (SONHAR TV, 2012). Pois

53 É uma rede social que aceita frases de apenas 140 caracteres dos usuários ou microblog.

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estes dois públicos sempre vão existir: os que pretendem e querem interagir e os

que não têm interesse em interagir.

FONTE: EXEMPLO DA INTEGRAÇÃO DE TABLETS E TVS - SAMSUNG, 2012

Pode-se verificar que a participação do usuário é o ponto importante nesta

época da convergência como explica Jenkins:

A expressão cultura participativa contrasta com noções mais antigas sobre a passividade dos espectadores dos meios de comunicação. Em vez de falar sobre produtores e consumidores de mídia como ocupantes de papéis separados, podemos agora considerá-los como participantes interagindo de acordo com um novo conjunto de regras, que nenhum de nós entende por completo. (JENKINS, 2008, p. 30)

A televisão atual com uma grade de programação predefinida possibilita ao

telespectador sentar-se e aguardar o programa que irá ser transmitido,

diferentemente dos vídeos on-demand que podem ser assistidos no momento em

que desejar. As emissoras de televisão atuais já armazenam conteúdos antigos on-

demand em seus sites na internet, mas mesmo assim ainda não existe uma

integração entre os meios. No entanto para Cannito “Acreditar que não vai ter mais

grade de programação é acreditar que as pessoas sabem o que elas querem o

tempo todo” (SONHAR TV, 2012). Nem todos os públicos estão preparados para

escolher a programação e podem preferir apenas assistir a televisão sem

incomodar-se em escolher.

Segundo Arlindo Machado, “Se você só vai buscar a informação que quer,

tem um monte de coisa que você vai perder que também poderia ser interessante

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[...] Isto pode tornar as pessoas ignorantes para assuntos que não há interessem”

(SONHAR TV, 2012). Pois numa grade de programação temos diversos programas

que talvez possam interessar ou serem interessantes para o telespectador assistir. O

compartilhamento de informações entre as pessoas no dia-a-dia pode não ter dados

em comum somente assistindo vídeos on-demand, o que pode ocasionar um

distanciamento da realidade e dos fatos que ocorrem. Cannito explica que “A graça

da TV não é ser personalizada, a graça da TV é você ter mais gente assistindo, seja

na tua casa, seja depois para você conversar” (SONHAR TV, 2012). Já para

Negroponte nesta era da convergência “O problema é como lidar com essa

variedade” (NEGROPONTE, 1995, p. 171).

Outro ponto a ser visualizado é que a grade de programação é o primeiro

local onde se pode assistir o capítulo da novela, o jornal, o lançamento de um filme,

um jogo e outras possibilidades no sistema de transmissão ao-vivo. Os vídeos on-

demand possibilitam assistir o ao-vivo até mesmo 24 horas seguidas, diferentemente

da televisão. Na televisão o ao-vivo pode durar um tempo preestabelecido, somente

em ocasiões distintas como uma guerra ou chegada do homem a lua a programação

pode ser interrompida. Negroponte afirma sobre este assunto que “A vida digital

envolverá muito pouca transmissão em tempo real” (NEGROPONTE, 1995, p. 172).

Esta afirmação deve-se ao fato da grande concorrência de atenção dos públicos

sobre os vídeos on-demand.

Muito ainda não está sendo explorado na televisão atual, mesmo com a

possibilidade de convergência com a internet através da TV Digital. As emissoras

podem continuar a grade de programação, mas ao mesmo tempo disponibilizar

diretamente na TV a possibilidade do usuário definir a grade que deseja. Seria uma

personalização do conteúdo já predefinido pela emissora. Este modelo poderia

funcionar muito bem se a integração entre os dois meios fosse mais explorada.

Segundo Arlindo Machado “A TV digital não precisa ter uma grade de programação,

os programas podem estar disponíveis [...] você vai lá e escolhe o que quer [...] você

monta o seu programa, isto é uma característica da TV Digital que ainda não foi

explorada” (SONHAR TV, 2012). Já Negroponte afirma que se utilizado estes

modelos propostos:

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De repente, a TV se transforma num veículo de acesso aleatório, mais parecido com um livro ou jornal: pode-se folheá-lo, modificá-lo; ela não depende mais do horário, do dia ou do tempo necessário para a transmissão (NEGROPONTE, 1995, P. 54)

A cobertura audiovisual realizada pela ASP nas etapas do circuito mundial

apresenta as características para novos moldes de comunicação, como um jornal ou

um livro é possível folhear a informação audiovisual, onde conta a liberdade do

usuário e do emissor com a independência da veiculação do conteúdo que não

exige que se tenha a cobertura televisiva para que a informação atinja seu público. A

ASP não é uma emissora de comunicação, mas pode ser considerado um canal de

comunicação que não depende da validação de conteúdo das emissoras televisivas

para disseminar o que se propõe. Bastam alguns cliques para que o conteúdo seja

visualizado. Neste ponto Fernando Gueiros afirma: “Hoje queremos ver ao vivo,

saber as pontuações detalhadas, analisar as próximas baterias, ver e rever as notas

depois que a disputa terminou” (REVISTA HARDCORE, 2012, p.77). A citação de

Fernando Gueiros resume toda a experiência e possibilidades da comunicação

audiovisual por streaming.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Verificou-se principalmente que muito ainda não está sendo explorado na

televisão atual, mesmo com a possibilidade de convergência com a internet através

da TV Digital. As emissoras podem continuar a grade de programação e ao mesmo

tempo disponibilizar diretamente na TV a possibilidade do usuário definir a grade

que deseja. Seria uma personalização do conteúdo já predefinido pela emissora.

Este modelo poderia funcionar muito bem se a integração entre os dois meios fosse

mais explorada.

Mesmo com todas as possibilidades, talvez devido à busca pelo monopólio da

comunicação e a audiência, as grandes emissoras de TVs não evoluem nas

transmissões audiovisuais, além da alta resolução da imagem, mesmo dispondo de

ferramentas que podem tornar possível a interação do usuário. Assim como se

apresentam na internet sites como o da ASP (Associação de Surfe Profissional), que

vem a mostrar novos métodos para a visualização de conteúdos audiovisuais,

expondo esta nova tendência ao inserir diversos recursos e possibilidades que a

internet permite, agora dentro da tela do aparelho de televisão, mas também

simultaneamente na web. Neste contexto gerado pela internet e TV as emissoras

podem ser qualquer pessoa física ou jurídica. Seja divulgando vídeos através de

sites, You Tube, Facebook e blogs54. E utilizando-se de diversas tecnologias para

cativar e chamar a participação do público.

Marshall Sella do New York Times conclui que é

com a ajuda da internet, o sonho mais grandioso da televisão está se realizando: um estranho tipo de interatividade. A televisão começou como uma rua de mão única, que ia dos produtores até os consumidores, mas hoje a rua está se tornando de mão dupla. Um homem com uma máquina (uma TV) está condenado ao isolamento, mas um homem com duas máquinas (TV e computador) pode pertencer a uma comunidade (SELLA apud JENKINS, 2008, p. 327).

Hoje podemos verificar que esta integração entre TV e computador existe em

apenas uma máquina ou aparelho. A televisão fundiu-se com inovações como Smart

54 É um site cuja estrutura permite a atualização rápida a partir de acréscimos dos chamados artigos, ou posts.

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Tvs e Apple TV, atualmente todo conteúdo da web está integrado na televisão, onde

qualquer conteúdo da internet pode ser acessado a partir dela, gerando diversas

possibilidades de interações analisadas neste trabalho que apresenta como modelo

ideal de transmissão audiovisual na era da convergência o formato streaming.

A integração da TV com as ferramentas que existem na internet podem

proporcionar uma experiência mais rica ao usuário. As emissoras podem continuar

como seu formato tradicional e expandir através de uma segunda tela toda a

integração possível. Todos os pontos de convergências para a exibição de vídeos

divergem para uma única mídia que se apresenta como a televisão, mas em um

formato diferenciado de emissão e distribuição de conteúdo através das integrações

entre as mídias.

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