70
PAULO RUBENS AROEIRA UTILIZAÇÃO DO ENXERTO DE TECIDO CONJUNTIVO SUBEPITELIAL NA IMPLANTODONTIA Monografia de apresentada ao Centro de Pós-Graduação / da Academia de Odontologia do Rio de Janeiro para obtenção do grau Especialista em Odontologia. Área de concentração: Implantodontia. RIO DE JANEIRO 2007

utilização do enxerto de tecido conjuntivo subepitelial na

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: utilização do enxerto de tecido conjuntivo subepitelial na

PAULO RUBENS AROEIRA

UTILIZAÇÃO DO ENXERTO DE TECIDO CONJUNTIVO

SUBEPITELIAL NA IMPLANTODONTIA

Monografia de apresentada ao Centro de

Pós-Graduação / da Academia de

Odontologia do Rio de Janeiro para

obtenção do grau Especialista em

Odontologia.

Área de concentração: Implantodontia.

RIO DE JANEIRO

2007

Page 2: utilização do enxerto de tecido conjuntivo subepitelial na

PAULO RUBENS AROEIRA

UTILIZAÇÃO DO ENXERTO DE TECIDO CONJUNTIVO

SUBEPITELIAL NA IMPLANTODONTIA

Monografia de apresentada ao Centro de

Pós-Graduação / da Academia de

Odontologia do Rio de Janeiro para

obtenção do grau Especialista em

Odontologia.

Área de concentração: Implantodontia.

Orientadora: Profa. Dra. Sandra de Carvalho Fabiano Alves

RIO DE JANEIRO

2007

Page 3: utilização do enxerto de tecido conjuntivo subepitelial na

PAULO RUBENS AROEIRA

UTILIZAÇÃO DO ENXERTO DE TECIDO CONJUNTIVO SUBEPITELIAL NA

IMPLANTODONTIA

Monografia de apresentada ao Centro de

Pós-Graduação / da Academia de

Odontologia do Rio de Janeiro para

obtenção do grau Especialista em

Implantodontia.

Aprovado em _____/____/____

BANCA EXAMINADORA

________________________________

Coordenador Prof. Dr. Sérgio Motta

________________________________

Prof. Dr. Tadeu Ribeiro Filardi

________________________________

Profa. Dra. Sandra Fabiano

________________________________

Profa. Dra. Flávia Rabelo

Page 4: utilização do enxerto de tecido conjuntivo subepitelial na

T656E Aroeira, Paulo. Utilização do enxerto de tecido conjuntivo subepitelial na implantodontia/ Paulo Rubens Aoeira. – 2007. 67f. ;30cm

Monografia (Especialização em Implantodontia) – Academia de Odontologia do Rio de Janeiro, 2007. Bibliografia: f. 56-60. 1. enxerto, 2. gengiva, 3. implante, 4. tecido conjuntivo. I. Titulo.

CDU.616.314-089.843

Page 5: utilização do enxerto de tecido conjuntivo subepitelial na

Dedico este trabalho de monografia aos meus queridos pais Rubens Aroeira ( in memorian ) e Maria Amélia de O. Aroeira, que com muito amor, dedicação, simplicidade e honestidade me educaram e ensinaram a dar valor as pequenas coisas, aos pequenos gestos e principalmente às pessoas.Sei que, cada sonho meu realizado, será sempre motivo de orgulho para eles.

A minha esposa Raí e meus filhos Rubens, Hugo e Breno, pelo carinho, compreensão e apoio em todos os momentos difíceis.

Page 6: utilização do enxerto de tecido conjuntivo subepitelial na

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus por tudo que tem me proporcionado em minha vida, e pela

força que me impulsiona a seguir em busca de meus sonhos.

A minha orientadora Dra. Sandra de Carvalho Fabiano Alves por ter me

honrado, aceitando-me como seu orientado e não medindo esforços para o êxito

deste trabalho.

Ao coordenador do curso Dr.Sérgio Motta, a quem devo muito em minha

trajetória na Implantodontia.

Ao professor Dr.Tadeu Filardi, pela dedicação e simplicidade com que sempre

nos orientou durante este curso.

Aos meus colegas de curso, pela amizade conquistada.

Aos funcionários da CLIVO, por sua grande ajuda.

As minhas irmãs Sônia, Maria Alice e Ligia pela força que sempre deram em

minha vida e em especial nos suportes a minha mãe.

“As pessoas entram em nossa vida por acaso, mas não é por acaso que

permanecem.”

(Lílian Tonet)

Page 7: utilização do enxerto de tecido conjuntivo subepitelial na

SUMÁRIO

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

LISTA DE TABELAS

LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS

RESUMO 12

ABSTRACT 13

I. INTRODUÇÃO 14

II. OBJETIVOS 15

III. REVISÃO DA LITERATURA 16

1. HISTÓRIA DA IMPLANTODONTIA 16

2. TECIDO PERIIMPLANTAR 19

3. FENÓTIPO PERIODONTAL 21

4. ENXERTO DE TECIDO CONJUNTIVO SUBEPITELIAL (SCTG) 23

4.1.ENXERTO DE TECIDO CONJUNTIVO SUBEPITELIAL

NA IMPLANTODONTIA 25

5. REGIÃO DOADORA 26

5.1. TÉCNICAS DE REMOÇÃO 29

5.1.1. TÉCNICA PORTA DE ALÇAPÃO 29

5.1.2. TÉCNICA DO ALÇAPÃO 30

5.1.3. TÉCNICA MODIFICADA 32

5.1.4. TÉCNICA DAS INCISÕES PARALELAS 34

6. TÉCNICAS CIRÚRGICAS 36

6.1. TÉCNICAS DE RECOBRIMENTO RADICULAR ADAPTADAS

A IMPLANTODONTIA 36

6.1.1. ENXERTO DE TECIDO CONJUNTIVO LIVRE COBERTO COM

RETALHO REPOSICIONADO CORONARIAMENTE 36

6.1.2. TÉCNICA DO ENVELOPE 38

6.1.3. TÉCNICA DO TÚNEL 40

6.1.4. ENXERTO DE TECIDO CONJUNTIVO

SUBEPITELIAL PEDICULADO 41

6.2. AUMENTO DO REBORDO COM TECIDO CONJUNTIVO

SUBEPITELIAL E TECIDO CERATINIZADO 44

6.3. ENXERTO DE TECIDO CONJUNTIVO E ENXERTO ÓSSEO 47

Page 8: utilização do enxerto de tecido conjuntivo subepitelial na

6.4. AUMENTO DA FAIXA DA GENGIVA CERATINIZADA 49

6.5. ENXERTO DE TECIDO CONJUNTIVO SUBEPITELIAL

EM IMPLANTES IMEDIATOS 50

7. PROTOCOLO CIRÚRGICO 55

8. COMPLICAÇÕES 55

IV. DISCUSSÃO 56

V. CONCLUSÕES 59

VI. ANEXO I 60

VII. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 64

Page 9: utilização do enxerto de tecido conjuntivo subepitelial na

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

FIGURA 1. Mandíbula encontrada por arqueologistas datando de 2500 anos

atrás. Observe os dentes implantados, na região de incisivos, feito

de osso

(www.dentalinsurance.co.uk/implants/implant_types.htm)............16

FIGURA 2. Aspecto radiográfico do implante subperiosteal mandibular, criado

por Gustav Dahl em 1942

(www.dentalinsurance.co.uk/implants/implant_types.htm)........... 17

FIGURA 3. Implante laminado criado por Leonard Lincow em 1962

(www.dentalinsurance.co.uk/implants/implant_types.htm)........... 18

FIGURA 4. Esquema mostrando as diferenças entre tecido periodontal e

tecido periimplantar. (A) ausência de ligamento periodontal e

cemento; (B) fibras colágenas paralelas à superfície do implante

(www.gacetadental.com)................................................................19

FIGURA 5. Vascularização tecidual ao redor de implantes e dentes. Note a

ausência da vascularização oriunda do ligamento periodontal ao

redor de implantes

(www.gacetadental.com)................................................................20

FIGURA 6. Selamento biológico ao redor do implante, constituído pelo tecido

gengival circundante: epitélio sulcular + epitélio juncional + tecido

conjuntivo (cerca de 3 mm) (www.gacetadental.com)...................21

FIGURA 7. Esquema mostrando a distância de segurança, entre a junção

cemento-esmalte (JCE) e o feixe neurovascular, para a remoção

do SCTG de acordo com a altura do palato (baseado em Reiser et

al., 1996)........................................................................................28

FIGURA 8. Palpação para identificação das estruturas neurovasculares antes

da incisão no sitio doador palatino (removido de Reiser et al.,

1996)..............................................................................................28

FIGURA 9. Técnica “porta de alçapão” para obtenção de enxerto livre de

tecido conjuntivo subepitelial (Removido de Lindhe et al., 2005).

Note a incisão inicialmente perpendicular à superfície óssea em A

e paralela em B. (C) Remoção do tecido conjuntivo

Page 10: utilização do enxerto de tecido conjuntivo subepitelial na

subjacente......................................................................................30

FIGURA 10. Remoção pela Técnica do Alçapão de acordo com Borghetti et al.

(2002).............................................................................................31

FIGURA 11. Técnica do Alçapão de acordo com Borghetti et al. (2002). (a)

abertura de um alçapão epitélio-conjuntivo por dissecção. (b)

remoção do enxerto de tecido conjuntivo. (c) sutura.....................31

FIGURA 12. Técnica Modificada de Bruno (1994). (a) primeira incisão

perpendicular ao longo eixo dos dentes e segunda incisão paralela

ao longo eixo dos dentes. (b) descolamento do enxerto. (c)

sutura.............................................................................................32

FIGURA 13. Técnica Modificada de Bruno (1994). (a) primeira incisão

perpendicular ao longo eixo dos dentes. (b) segunda incisão que

penetra paralelamente ao longo eixo dos dentes até atingir a

superfície óssea. (c) controle do tamanho do enxerto e de sua

relação com os lementos vasculo-nervosos. (d) descolamento do

enxerto. (e) aspecto e forma do tecido removido. (f) sutura..........33

FIGURA 14. Técnica das incisões paralelas com bisturi de duas lâminas de

Harris. (a) incisões. (b) remoção de um enxerto nas extremidades

biseladas e com o epitélio a ser removido. (c) fechamento do sítio

por uma sutura suspensa...............................................................35

FIGURA 15. Técnica das incisões paralelas. (a) bisturi de duas lâminas de

Harris. (b) realização das incisões paralelas. (c) remoção do

enxerto epitélio-conjuntivo. (d) aproximação das bordas pela

sutura. (e) remoção do epitélio. (f) cicatrização em 1 mês (Borghetti

et al. 2002).....................................................................................35

FIGURA 16. Detalhe da incisão na técnica de Enxerto de Tecido Conjuntivo

Livre coberto com Retalho Reposicionado Coronariamente. Note

que a incisão é coronária ao nivel gengival a ser regenerado

(removido de Lindhe et al. 2005)...................................................36

FIGURA 17. (A) Aspecto frontal mostrando a diferença entre o nível gengival

ao redor de dente e implante. (B) Fixação do enxerto de tecido

conjuntivo subepitelial removido do palato. Note a angulação

favorável do abutment. (C) Aspecto clinico após o período de

Page 11: utilização do enxerto de tecido conjuntivo subepitelial na

cicatrização de 18 meses (removido de Shibli et al.,

2004)..............................................................................................37

FIGURA 18. Enxerto livre de tecido conjuntivo subepitelial utilizando a “técnica

do envelope” (removido de Lindhe et al.,

2005)..............................................................................................39

FIGURA 19. Enxerto livre de tecido conjuntivo subepitelial utilizando a “técnica

do túnel” (removido de Lindhe et al.,

2005)..............................................................................................40

FIGURA 20. Esquema mostrando a obtenção do enxerto de tecido conjuntivo

subepitelial pediculado. (a) Demarcação das incisões a serem

realizadas. (b) Deslocamento do retalho vestibular e palatino. (c)

Descolamento do SCTG. (d) Rotação do SCTG mantendo sua

conexão com o sítio doador. (e) Posicionamento do SCTG na

região desejada. (f) Sutura simples respeitando a linha de incisão.

Removido de Sclar, 2003...............................................................42

FIGURA 21. Aspecto pré-operatório na região do 12, mostrando espesso tecido

gengival em a,b e c. (d) Incisão relaxante vestibular e instalação do

Implante endósseo. (e) Incisão na região palatina e descolamento

do SCTG. (f) Deslocamento do SCTG para a vestibular, mantendo-

se a conexão com a região doadora. (g) SCTG adaptado sobre o

implante. (h) Aspecto clinico após 2 semanas. Removido de Sclar,

2003...............................................................................................43

FIGURA 22. (A) esquema demonstrando a incisão no sitio doador. (B)

visualização do SCTG modificado antes da sua remoção do palato.

Observe a região de tecido epitelial coronal (seta). (removido de

Orth, 1996).....................................................................................45

FIGURA 23. (A) Aspecto clinico do defeito tipo III do rebordo. (B) SCTG

modificado adaptado no sitio receptor. (C) aspecto clinico 8 meses

após cirurgia de SCTG modificado. (removido de Orth,

1996)..............................................................................................45

FIGURA 24. Técnica descrita por Pelegrini et al. (2006). (A) Obtenção do

enxerto de tecido conjuntivo. (B) Enxerto concjuntivo com porção

epitelial (seta). (C) Preparo do envelope. (D) enxerto de tecido

Page 12: utilização do enxerto de tecido conjuntivo subepitelial na

conjuntivo posicionado com a porção epitelial exposta. (E) Aspecto

após 40 dias...................................................................................46

FIGURA 25. (A) Deformidade do rebordo 10 semanas após exodontia. (B)

Aspecto clinico após preenchimento com enxerto aloplástico. (C)

Enxerto de tecido conjuntivo subepitelial posicionado sobre o

enxerto ósseo. (D) Aspecto clinico após 3 meses. Removido de

Breault et al. (2004)........................................................................48

FIGURA 26. Aumento da faixa de gengiva ceratinizada no estágio 2. (a) Vista

da ausência de volume vestibular na região do canino. (b)

Adaptação vestibular do SCTG removido do palato. (c)

Reposicionamento apical do retalho e respeito às papilas. (d)

Resultado após 2 meses. Removido de Borghetti et al. 2002.......50

FIGURA 27. Técnica descrita por Kan et al. (2005). (A) exodontia atruamática.

(B) aspecto íntegro do alvéolo pós-exodontia. (C) instalação do

implante imediato. (D) sutura atravessando o envelope preparado

cerca de 6 mm aquém da margem gengival. (E) adaptação do

enxerto conjuntivo ao abutment e envelope. (F) aspecto imediato

final com a prótese provisória........................................................52

FIGURA 28. Utilização do enxerto de tecido conjuntivo subepitelial associado a

implante imediato. (A) Enxerto de tecido conjuntivo subepitelial

cobrindo o implante imediato. (B) enxerto adaptado sob a mucosa

adjacente. (C) aspecto após o período de cicatrização Bianchi &

Sanfilipo (2004)..............................................................................54

FIGURA 29. Aspecto clinico na fase pré-protética, mostrando a exposição do

cover na região do elemento 22....................................................60

FIGURA 30. Seqüência cirúrgica para utilização de enxerto de tecido conjuntivo

subepitelial (SCTG) oriundo do palato. (A) Incisão. (B) Retalho

dividido. (C) Preparo do sítio receptor. (D) Remoção do SCTG da

região doadora. (E) Adaptação do SCTG no sitio receptor. (F)

sutura e instalção dos abutments nas regiões 12 e 22..................61

FIGURA 31. Aspecto clinico imediatamente após instalação do SCTG. (A)

aspecto vestibular após instalação da prótese fixa provisória. (B)

Placa palatina e aspecto palatino da ponte fixa na região anterior

Page 13: utilização do enxerto de tecido conjuntivo subepitelial na

da maxila........................................................................................62

FIGURA 32. Reabertura. (A) Dobra cirúrgica. (B) Moldagem de transferência..62

FIGURA 33. (A) Aspecto vestibular da prótese definitiva. (B) Linha de sorriso.63

Page 14: utilização do enxerto de tecido conjuntivo subepitelial na

LISTA DE TABELAS

TABELA 1. Fenótipo periodontal (de acordo com Kao & Pasquinelli,

2002)..............................................................................................22

TABELA 2. Classificação do biotipo periodontal de acordo com Maynard &

Wilson em 1980.............................................................................23

TABELA 3. Correlação entre nutrição do retalho, biótipo periodontal e enxerto

conjuntivo (Maynard & Wilson, 1980)............................................24

Page 15: utilização do enxerto de tecido conjuntivo subepitelial na

LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS

Dr. Abreviação de Doutor

GAP Sigla em inglês que significa espaço entre o implante e o osso ou tecido mole adjacente.

HTR enxerto ósseo aloplástico do inglês Hard Tissue Replacement

ROG Regeneração Óssea Guiada

SCTG Enxerto de tecido conjuntivo subepitelial do inglês subepithelial connective tissue graft

Page 16: utilização do enxerto de tecido conjuntivo subepitelial na

12

RESUMO

O enxerto de tecido conjuntivo subepitelial (SCTG) tem ampliado

significativamente o tratamento de defeitos de tecido mole na periodontia.

Atualmente, o SCTG tem sido empregado, com alto índice de sucesso, para

obtenção de estética e função na implantodontia. O SCTG é capaz de aumentar o

metabolismo no sitio receptor, preservando ou aumentando a quantidade da gengiva

ceratinizada, ao estimular a ceratinização a partir das células epiteliais adjacentes ao

enxerto. A formação da gengiva ceratinizada ao redor dos implantes endósseos é de

fundamental importância para a manutenção do selamento biológico periimplantar e

conseqüente sobrevida do implante a longo prazo. Estudos afirmam que o SCTG

deve ser o tratamento de escolha para alcançar o contorno adequado do tecido mole

ceratinizado na região periimplantar. Várias técnicas e biomateriais têm sido

utilizados em conjunto com SCTG para obtenção de melhores resultados. A

regeneração óssea guiada e a utilização de enxertos ósseos, combinados ao SCTG,

têm contribuído para o aumento e manutenção do rebordo, redução dos defeitos

pós-exodontia, instalação de implantes imediatos, tratamento da recessão e

fenestração periimplantar e da patologia periimplantar.

Palavras-chave: enxerto, gengiva, implante, tecido conjuntivo.

Page 17: utilização do enxerto de tecido conjuntivo subepitelial na

13

ABSTRACT

The subepithelial connective tissue graft (SCTG) has markedly broadened

clinicians` abilities to treat gingival defects in periodontology. Currently, the

advantages of the SCTG had been used to achieve aesthetic and function using

implant dentistry. The employment of connective tissue improves the local metabolic

environment of the superficial soft tissues and preserves the keratinized tissue

amount, obtaining a satisfactory periimplant marginal sealing. Thus, an optimal tissue

conditioning and a natural appearance of the prosthetic crown can be achieved.

According many authors, for enhancing soft tissue contours in the anterior region of

the maxilla, the SCTG is the treatment of choice. Several techniques and biomaterial

had been used with SCTG for obtaining better results. The guided tissue

regeneration procedures, employing a biologic membrane, and the combination of

SCTG with bone grafts can optimize the ridge augmentation, reduce post extraction

defects, permit immediate implants procedures, treat periimplant recession and

periimplantitis.

Key words: graft, gum, implant dentistry, connective tissue.

Page 18: utilização do enxerto de tecido conjuntivo subepitelial na

14

I. INTRODUÇÃO

A estética tem sido um fator dominante no direcionamento do

desenvolvimento da implantodontia desde a década passada. A estética em

implantodontia não envolve somente a anatomia do dente a ser substituído, mas

também a aparência saudável e harmônica do tecido periimplantar. Estudos têm

sido conduzidos para identificar e minimizar as alterações teciduais incluindo perda

da papila interdental, recessão tecidual vestibular, defeitos do rebordo e perda de

tecido ceratinizado (Kan et al., 2005).

O enxerto de tecido conjuntivo subepitelial (SCTG) foi introduzido na

periodontia por Edel em 1975, objetivando aumentar a espessura do tecido

ceratinizado. O tecido conjuntivo oriundo da gengiva ou do palato á capaz de induzir

a ceratinização a partir das células epiteliais proliferando sobre o SCTG no sitio

receptor (Edel & Faccini, 1977; Edel, 1995). De acordo com Shibli et al. (2004) em

situações nas quais o aumento do tecido mole e da faixa de gengiva ceratinizada

são necessárias, o tratamento de escolha é a utilização do SCTG.

O SCTG associado ou não a técnicas de regeneração óssea guiada ou

enxerto ósseo, pode contribuir para a sobrevida do implante a longo prazo, quando

adequado planejamento é realizado (Branemark et al., 1995).

Esta revisão da literatura demonstrará as indicações, técnicas e vantagens da

utilização do enxerto de tecido conjuntivo subepitelial na implantodontia, antes,

durante ou após a instalação do implante endósseo.

Page 19: utilização do enxerto de tecido conjuntivo subepitelial na

15

II. OBJETIVOS

O objetivo desta revisão da literatura é demonstrar a utilização do enxerto de

tecido conjuntivo subepitelial na Implantodontia, mais especificamente:

* Se a utilização do enxerto de tecido conjuntivo subepitelial pode otimizar a

qualidade e quantidade de gengiva inserida na Implantodontia.

* Se a utilização do enxerto de tecido conjuntivo subepitelial contribui para a

melhoria da estética periimplantar.

Page 20: utilização do enxerto de tecido conjuntivo subepitelial na

16

III. REVISÃO DA LITERATURA

1. HISTÓRIA DA IMPLANTODONTIA

A perda dentária é uma ocorrência traumática e sem dúvida presente na

história humana. Há milênios, os humanos tentam repor a dentição perdida (Ring,

1995). Um exemplo disso são os Etruscans que há 2.500 anos atrás criaram uma

ponte dentária formada por osso de boi (Figura 1). Arqueologistas possuem

evidências de que ocupantes da atual Honduras, há 1.000 anos atrás,

desenvolveram uma maneira de usar pedras em forma de dente como implantes

dentários (Sullivan, 2001).

Figura 1. Mandíbula encontrada por arqueologistas datando de 2500 anos atrás. Observe os dentes implantados, na região de incisivos, feito de osso (www.dentalinsurance.co.uk/implants/implant_types.htm).

Na Europa, as referências mais antigas relacionadas a implantes dentários

foram publicadas em 1809, e desde então, dentistas do mundo inteiro têm

experimentado a implantação a partir de dentes extraídos de humanos e animais. Na

primeira metade do século XX, as pesquisas por materiais com alta sobrevida

continuaram. Em 1941, o sueco Gustav Dahl instalou uma estrutura metálica abaixo

do periósteo, com uma extensão vertical transgengival, para fixação da coroa,

Page 21: utilização do enxerto de tecido conjuntivo subepitelial na

17

denominando-a implante subperiosteal (Figura 2). Após 10 anos seria fundada a

Academia Americana de Implantodontia (American Academy of Implant Dentistry)

(Ring, 1995).

Figura 2. Aspecto radiográfico do implante subperiosteal mandibular, criado por Gustav Dahl

em 1942 (www.dentalinsurance.co.uk/implants/implant_types.htm).

Na década de 60, Leonard Linkow criou implantes em forma de lâmina (Figura

3). Em 1978, o Instituto Nacional de Saúde da Universidade de Harvard identificou

os benefícios e riscos dos implantes e as recomendações necessárias para o

paciente. Na Europa, em 1976, Dr. André Schroeder relatou o crescimento ósseo, in

vitro, ao redor de implante endósseo jateado com plasma (Laney, 1993). No mesmo

ano, Willi Schulter relatou, na Alemanha, sucesso após colocação de implantes de

carbono imediatamente pós-exodontia (Schulter & Heimke, 1976).

Na Suécia, pesquisas similares tiveram grande impacto na Odontologia, tendo

origem em uma descoberta acidental feita em 1950 pelo médico sueco Per-Ingvar

Bränemark, estudioso da cicatrização óssea e regeneração. Bränemark inseriu

cilindros de titânio em pernas de coelhos para visualizar a regeneração óssea por

microscopia. Após meses de investigação, constatou-se que a estrutura de titânio

não poderia ser removida do osso, descobrindo posteriormente a biocompatibilidade

do titânio. Nos anos seguintes, Branemark e equipe desenvolveram um parafuso de

titânio e inseriram na mandíbula de cães, estudando as condições necessárias para

alcançar união sólida entre osso e metal, nomeando o crescimento ósseo ao redor

do titânio de osseointegração (Sullivan, 2001).

Page 22: utilização do enxerto de tecido conjuntivo subepitelial na

18

Desde as descobertas de Bränemark, várias conferências e pesquisas

mundiais têm aperfeiçoado o conceito de osseointegração, e a utilização dos

implantes de titânio em Odontologia. Nos últimos 20 anos, as indicações do

tratamento utilizando implante dentário endósseos têm englobado rebordos

totalmente ou parcialmente edêntulos (Ring, 1995).

Figura 3. Implante laminado criado por Leonard Lincow em 1962

(www.dentalinsurance.co.uk/implants/implant_types.htm).

Atualmente, aproximadamente 500.000 implantes osseointegráveis são

instalados por ano, atingindo um índice de sucesso de cerca de 95%. Este índice se

deve principalmente aos avanços nas pesquisas, que aperfeiçoaram o desenho e a

superfície do implante, e aos procedimentos regenerativos de tecidos mole e duro,

que permitiram a instalação de implantes dentários em regiões com prognóstico

imprevisível no passado (Sullivan, 2001).

Page 23: utilização do enxerto de tecido conjuntivo subepitelial na

19

2. TECIDO PERIIMPLANTAR

Os tecidos mole e duro ao redor dos implantes endósseos mostram algumas

similaridades com o periodonto. Contudo, de acordo com Jovanovic (1993),

algumas diferenças devem ser consideradas para um prognóstico previsível, como:

a ausência de cemento e ligamento periodontal na região periimplantar; a orientação

das fibras colágenas no tecido mole periimplantar, as quais se encontram paralelas

e não inseridas à superfície do implante; e a vascularização (Figura 4).

Figura 4. Esquema mostrando as diferenças entre tecido periodontal e tecido periimplantar. (A) ausência de ligamento periodontal e cemento; (B) fibras colágenas paralelas à superfície do implante

(www.gacetadental.com).

A porção coronal do implante, circundada por uma fina camada de fibras

colágenas, possui mínima estrutura vascular. Esta baixa vascularização é devido à

ausência do suprimento sanguíneo oriundo do ligamento periodontal, que não está

presente ao redor de implantes. Sendo assim, somente os vasos sanguíneos

presentes no periósteo e no tecido gengival são responsáveis pela vascularização

do tecido periimplantar. Esta menor vascularização na região periimplantar afeta

diretamente os mecanismos de defesa e a resposta regenerativa ao redor dos

implantes endósseos (Figura 5). Por isso, a defesa nesta região é feita,

basicamente, pelas estruturas que compõem o selamento biológico periimplantar

(Donley, 1991).

A

B

Page 24: utilização do enxerto de tecido conjuntivo subepitelial na

20

Figura 5. Vascularização tecidual ao redor de implantes e dentes. Note a ausência da vascularização oriunda do ligamento periodontal ao redor de implantes (www.gacetadental.com).

Na dentição natural, o epitélio juncional fornece um selamento na base do

sulco periodontal contra a penetração de patógenos químicos e substâncias

bacterianas. O rompimento deste selamento ou lise das fibras do tecido conjuntivo

inseridas no cemento apical ao epitélio juncional, leva à rápida migração do epitélio

sulcular, formando uma bolsa patológica. Como nenhum cemento ou inserção de

fibras é visto na superfície do titânio, um selamento mucoso fornece a principal

barreira contra a disseminação dos insultos patológicos para os tecidos profundos

periimplantares. Este selamento ao redor dos implantes endósseos é proporcionado

pela presença de epitélio juncional, epitélio sulcular e tecido conjuntivo, que possui

uma fraca aderência à estrutura de titânio, feita por meio de hemidesmossomas.

Destruição da integridade da superfície perimucosa do titânio leva à extensão da

bolsa patológica diretamente ao tecido ósseo, podendo resultar na perda do

implante endósseo (Figura 6)(Jovanovic, 1993).

Page 25: utilização do enxerto de tecido conjuntivo subepitelial na

21

Figura 6. Selamento biológico ao redor do implante, constituído pelo tecido gengival circundante: epitélio do suco + epitélio juncional + tecido conjuntivo (cerca de 3 mm) (www.gacetadental.com).

Baseados nestes estudos, trabalhos têm consolidado a importância da

presença de um tecido gengival saudável ao redor de implantes dentários, como

fator primordial não só para a estética, mas principalmente para o sucesso a longo

prazo (Kan et al., 2005; Edel, 1995; Pelegrine et al., 2006).

3. FENÓTIPO PERIODONTAL

A avaliação do tecido gengival é de fundamental importância para a

caracterização do fenótipo periodontal, contribuindo para a seleção dos

procedimentos cirúrgicos mais seguros e previsíveis na solução de defeitos de

tecido mole periimplantar (Francischone et al., 2006). A estética e a presença do

selamento biológico periimplantar, com adequada faixa de tecido ceratinizado, são

fatores determinantes para o sucesso dos tratamentos atuais.

Algumas técnicas utilizadas para solucionar defeitos periodontais, como o

enxerto de tecido conjuntivo, são atualmente utilizadas para tratamento de defeitos

de tecido mole periimplantar, tais como ausência de tecido ceratinizado, alteração da

Page 26: utilização do enxerto de tecido conjuntivo subepitelial na

22

papila, perda da espessura de tecido mole e exposição do componente protético.

Contudo, as características biológicas dos tecidos periimplantar e as dificuldades

oferecidas pelo fenótipo periodontal do paciente devem sempre ser consideradas no

planejamento (Muller et al., 2000) (Tabela 1).

Fenótipo Espesso Fenótipo Fino

Arquitetura plana do tecido mole e osso Arquitetura festonada do tecido mole e osso

Tecido mole fibroso Tecido mole friável e delicado

Faixa larga de gengiva inserida Faixa estreita de gengiva inserida

Osso subjacente espesso resistente ao

traumatismo mecânico

Osso subjacente fino caracterizado por

fenestração e deiscência

Reage à doença periodontal com formação

de bolsa e defeito infra-ósseo

Reage à doença periodontal e ao

traumatismo com recessão de tecido marginal

Forma dental quadrada Forma dental triangular

Tabela 1. Fenótipo periodontal (de acordo com Kao & Pasquinelli, 2002).

Em cirurgias regenerativas, o fenótipo periodontal deve ser considerado como

forma de prever o sucesso ao redor do implante endósseo. Por exemplo, indivíduos

com gengiva saudável de fenótipo espesso, apresentam maior profundidade clinica

de sondagem do que indivíduos com fenótipo fino. Desse modo, o espaço biológico

periimplantar depende claramente do fenótipo periodontal. Em indivíduos de

gengiva fina e faixa estreita de tecido ceratinizado, o espaço biológico de 3 mm

torna-se grande, enquanto que em indivíduos de fenótipo espesso, o espaço

biológico é normalmente violado (Francischone et al., 2006).

Page 27: utilização do enxerto de tecido conjuntivo subepitelial na

23

Maynard & Wilson em 1980 propuseram uma classificação mais detalhada do

biotipo periodontal, relacionando espessura e faixa de tecido ceratinizado e

espessura óssea (Tabela 2).

Biotipo

Periodontal

Tipo I

(40% dos

pacientes)

Tipo II

(10% dos

pacientes)

Tipo III

(20% dos

pacientes)

Tipo IV

(30% dos

pacientes)

Características

Clinicas

Faixa de tecido

ceratinizado

espessa (3-5 mm).

Periodonto

espesso à

palpação.

Faixa de tecido

ceratinizado

2mm de altura.

Periodonto

espesso à

palpação.

Faixa de tecido

ceratinizado

normal.

Rebordo alveolar

fino.

Faixa de tecido

ceratinizado

2 mm de altura.

Rebordo alveolar

fino.

Tabela 2. Classificação do biotipo periodontal de acordo com Maynard & Wilson em 1980.

4. ENXERTO DE TECIDO CONJUNTIVO SUBEPITELIAL (SCTG)

Segundo a terminologia da ACADEMIA AMERICANA DE PERIODONTIA (1996), um

enxerto é qualquer tipo de tecido ou órgão utilizado para implantação ou transplante.

Os enxertos de tecido mole (enxerto gengival e enxerto de tecido conjuntivo

subepitelial) têm sido utilizados com alto índice de sucesso na periodontia para

reconstrução de áreas apresentando recessão gengival, perda de papila interdental

e deficiência no rebordo alveolar (Langer & Calagna, 1980; Novaes & Novaes, 1997;

Maurer et al., 2000).

Edel (1975) foi o primeiro a propor a técnica do enxerto de tecido conjuntivo

subepitelial (SCTG) para aumento de tecido ceratinizado, para melhoria dos

resultados estéticos. Langer & Calagna (1980) mencionaram esta técnica

objetivando o recobrimento radicular. Posteriormente, Langer & Langer (1985)

popularizaram a técnica com uma publicação sobre o emprego do tecido conjuntivo

Page 28: utilização do enxerto de tecido conjuntivo subepitelial na

24

subepitelial para o recobrimento de raízes. Atualmente, esta técnica é considerada

padrão em cirurgia plástica, tanto na periodontia como na implantodontia (Edel,

1995), devido a sua utilização permitir um duplo suprimento sanguíneo do enxerto e

minimizar problemas relacionados à coloração do enxerto após cicatrização (Evian

et al., 2003). Em 1980, Maynard & Wilson correlacionaram o tipo periodontal,

descrito na tabela 2, com o suprimento sanguíneo do retalho e a cirurgia de enxerto

conjuntivo (Tabela 3), auxiliando na obtenção de melhor prognóstico utilizando

SCTG.

Biótipo

Periodontal

Tipo I

(40% dos

pacientes)

Tipo II

(10% dos

pacientes)

Tipo III

(20% dos

pacientes)

Tipo IV

(30% dos

pacientes)

Nutrição na

cirurgia

Retalho espesso e

osso abundante

favorecem a

nutrição tecidual

O osso normal

favorece a

nutrição do

retalho.

Faixa estreita de

tecido ceratinizado

pode ocasionar

dilaceração ou

perfuração do

retalho.

Nutrição do

retalho oriunda

somente do tecido

mole.

Retalho fino e

osso fino

dificultam a

nutrição dos

tecidos envolvidos

na cirurgia.

Cirurgia de

Enxerto

Conjuntivo

Facilita a obtenção

de retalho dividido.

Favorece a

nutrição do

enxerto

O osso normal

facilita a

cicatrização por

segunda intenção.

Pode-se utilizar

incisões

relaxantes.

Facilita a obtenção

de retalho dividido

e com espessura

uniforme.

Não é

aconselhável.

Tabela 3. Correlação entre nutrição do retalho, biótipo periodontal e enxerto conjuntivo (Maynard & Wilson, 1980).

Page 29: utilização do enxerto de tecido conjuntivo subepitelial na

25

Acredita-se que o tecido conjuntivo presente no enxerto, desenvolva

importante papel no direcionamento da expressão epitelial, sendo capaz de induzir a

ceratinização das células epiteliais que migram do tecido adjacente não ceratinizado

(Maurer et al., 2000). Este fato ocorre porque as características do tecido conjuntivo

se mantêm idênticas à da região doadora, ou seja, como o enxerto é removido de

uma região onde o tecido conjuntivo suporta um epitélio ceratinizado (palato, região

retromolar ou rebordo edêntulo), sua função permanece a mesma na região

receptora e, assim, culmina na ceratinização das células que repopulam sua

superfície (Lindhe et al., 2005). A especificidade do epitélio gengival é determinada

por fatores genéticos inerentes ao tecido conjuntivo. Contudo, para que ocorra

sucesso a longo prazo com a utilização de SCTG é importante que ocorra adequada

fixação primária do enxerto, revascularização e íntimo contato enxerto/receptor

(Khoury & Happe, 2000). Outro fator importante para o sucesso é a remoção de

debris de tecidos epitelial, glandular e adiposo da superfície do enxerto, evitando

interferências na indução da ceratinização (Maurer et al., 2000).

4.1 ENXERTO DE TECIDO CONJUNTIVO SUBEPITELIAL NA IMPLANTODONTIA

O enxerto de tecido conjuntivo subepitelial de acordo com Pelegrini et al.

(2006) pode ser realizado previamente à instalação dos implantes endósseos,

durante a cirurgia de instalação ou na reabertura do implante. A escolha do tempo

propício é dependente do biótipo periodontal e da previsibilidade de sucesso. Em

pacientes apresentando biótipo gengival fino é aconselhável a realização da enxertia

antes da instalação do implante, e em casos de implantação imediata tal enxertia

pode ser realizada em conjunto com a exodontia e instalação do implante. A

conversão do biótipo periodontal utilizando enxerto de tecido conjuntivo subepitelial

tem sido previsível, resultando na formação de um tecido gengival mais resistente à

recessão (Kan et al., 2005).

Page 30: utilização do enxerto de tecido conjuntivo subepitelial na

26

Kois (2004) relata que em regiões onde previamente a exodontia existia

recessão gengival, pode-se optar por fazer extrusão ortodôntica e enxerto de tecido

conjuntivo subepitelial pós-exodontia. No entanto, em casos de rebordo já

reabsorvido, os procedimentos de enxertia de tecido duro em conjunto com técnicas

regenerativas de tecido mole, como o enxerto conjuntivo subepitelial, são

aconselháveis (Pelegrini et al., 2006).

De acordo com Kan et al. (2005), é importante evitar a implantação de

enxerto de tecido conjuntivo juntamente com a conexão do abutment, devido às

células não proliferarem sobre a estrutura metálica.

Em implantodontia, o enxerto de tecido conjuntivo é utilizado em diferentes

técnicas para o tratamento de defeitos estéticos de rebordo, selamento alveolar em

implantação imediata, tratamento de recessão gengival, tratamento de patologia

periimplantar juntamente com regeneração óssea guiada e formação de papila

interdental (Kan et al., 2005).

5. REGIÃO DOADORA

Os enxertos livres de tecido conjuntivo subepitelial podem ser obtidos de

regiões da cavidade oral, que possuam gengiva ceratinizada e espessura suficiente

para possibilitar a remoção do tecido conjuntivo subjacente. Estas regiões incluem o

coxim retromolar, regiões edêntulas e o palato, principalmente na região de molares

e pré-molares (Reiser et al., 1996).

O SCTG removido do palato é o mais comumente utilizado atualmente, e para

que esta técnica ocorra sem complicações oriundas do sítio doador, é primordial o

conhecimento das estruturas anatômicas palatinas (Reiser et al., 1996). O palato

duro é composto pelo processo palatino do osso maxilar e pelo processo horizontal

do osso palatino, ambos cobertos por mucosa mastigatória. O tecido conjuntivo

subjacente é composto por uma densa lâmina própria, contendo tecido adiposo e

glândulas (Reiser et al., 1996).

Page 31: utilização do enxerto de tecido conjuntivo subepitelial na

27

A altura, comprimento e espessura do tecido doador variam de acordo com a

anatomia da abóbada palatina. A maior altura (dimensão inferior-superior) pode ser

obtida em abóbadas altas (palato em forma de U), o maior comprimento (dimensão

antero-posterior) pode ser encontrado em palatos largos e um tecido espesso pode

ser encontrado na região entre a raiz palatina do primeiro molar superior e a distal

do canino (Reiser et al., 1996). A estimação da espessura da mucosa nesta região

deve ser feita antes da remoção do enxerto, pelo uso da ponta da agulha (Langer &

Calagna, 1980).

A localização das estruturas neurovasculares deve sempre ser considerada,

devido ao fato dos nervos e vasos palatinos maior e menor penetrarem no palato

através dos forames palatinos maior e menor, geralmente localizado apical à região

de terceiro molar. Este feixe possui curso anterior, localizando-se de 7 a 17 mm

apical à junção cemento-esmalte dos molares e pré-molares (figura 7). Por isso, de

acordo com Reiser et al. (1996) antes de se fazer a incisão, o cirurgião deve estar

atento à localização do feixe neurovascular por meio de palpação (figura 8).

Page 32: utilização do enxerto de tecido conjuntivo subepitelial na

28

Figura 7. Esquema mostrando a distância de segurança, entre a junção cemento-esmalte (JCE) e o

feixe neurovascular, para a remoção do SCTG de acordo com a altura do palato (baseado em Reiser

et al., 1996).

Figura 8. Palpação para identificação das estruturas neurovasculares antes da incisão no sitio doador

palatino (removido de Reiser et al., 1996).

Page 33: utilização do enxerto de tecido conjuntivo subepitelial na

29

5.1. TÉCNICAS DE REMOÇÃO

A remoção do SCTG pode ser efetuada de acordo com diferentes técnicas, e

cada uma pode ser utilizada em função das indicações do enxerto (Borghetti et al.,

2002).

5.1.1. Técnica Porta de Alçapão

A técnica denominada “porta de alçapão”, de acordo com Lindhe et al. (2005)

é a mais comumente utilizada para a obtenção de enxerto de tecido conjuntivo

subepitelial da mucosa mastigatória palatina ou do coxim retromolar.

Após palpação, uma incisão horizontal, perpendicular à superfície óssea

subjacente, é realizada cerca de 3 mm apicalmente à margem de tecido mole. A

extensão mesio-distal da incisão é determinada pelo tamanho do enxerto

necessário, podendo se estender da região adjacente ao segundo molar até a região

de canino (Maurer et al., 2000) (figura 9a). Uma incisão direcionada apicalmente, a

partir da linha da primeira incisão e respeitando a altura de segurança de acordo

com o tipo de palato, é necessária para dividir o retalho da mucosa palatina (figura

9b). Um destaca-periósteo pequeno é utilizado para liberar o enxerto do tecido

conjuntivo (figura 9c). Podem ser feitas suturas no enxerto antes que este seja

liberado completamente da área doadora, a fim de facilitar sua colocação na área

receptora. Na região doadora o fechamento primário com fio de sutura é

aconselhável (Lindhe et al., 2005).

Page 34: utilização do enxerto de tecido conjuntivo subepitelial na

30

Figura 9. Técnica “porta de alçapão” para obtenção de enxerto livre de tecido conjuntivo subepitelial

(Removido de Lindhe et al., 2005). Note a incisão inicialmente perpendicular à superfície óssea em A

e paralela em B. (C) Remoção do tecido conjuntivo subjacente respeitando o complexo

neurovascular.

5.1.2. Técnica do Alçapão

O princípio consiste em fazer incisões nos três lados de um retângulo,

conservando o quarto lado como pedículo irrigador. A dissecção de um alçapão

permite o acesso ao tecido conjuntivo subjacente e a remoção da espessura

necessária segundo a indicação (figuras 10 e 11) (Borghetti et al., 2002).

Após elevação do extremo livre do alçapão e remoção do enxerto, o SCTG é

imediatamente colocado em soro fisiológico ou entre duas compressas úmidas. O

sítio doador é então fechado por meio de suturas simples, obtendo cicatrização por

primeira intenção.

O princípio simples e fácil dessa remoção objetiva obter tecido conjuntivo

mais denso, no entanto, com uma subcamada adiposa. É importante remover essa

A

B C

Page 35: utilização do enxerto de tecido conjuntivo subepitelial na

31

massa amarelada, pois o tecido adiposo constitui um obstáculo à revascularização

(Borghetti et al., 2002).

De acordo com Borghetti et al. (2002), os sítios de remoção para utilização

desta técnica são: palato e rebordo edêntulo e suas indicações são: recobrimento

radicular, preenchimento de crista, cirurgia plástica periimplantar, espessamento

gengival pré-protético, tratamento das discromias gengivais, criação de tecido

ceratinizado.

Figura 10. Remoção pela Técnica do Alçapão de acordo com Borghetti et al. (2002).

Figura 11. Técnica do Alçapão de acordo com Borghetti et al. (2002). (a) abertura de um alçapão

epitélio-conjuntivo por dissecção. (b) remoção do enxerto de tecido conjuntivo. (c) sutura.

Page 36: utilização do enxerto de tecido conjuntivo subepitelial na

32

5.1.3. Técnica Modificada

Bruno em 1994, propôs uma técnica que consiste em fazer uma primeira

incisão no palato, perpendicularmente ao longo eixo dos dentes (figuras 12 e 13).

Esta incisão vai até a superfície óssea e situa-se 2 a 3 mm do rebordo gengival.

Uma segunda incisão inicia entre 1 a 2 mm da anterior, segundo a espessura

desejada do enxerto, e penetra paralelamente ao longo eixo dos dentes até o

contato com o osso. O enxerto é então removido com a ajuda de um extrator fino.

Após remoção é feita a remoção da porção epitelial do enxerto.

O sítio de remoção referido por essa técnica é unicamente o palato. O SCTG

obtido por essa técnica pode ser utilizado para recobrimento radicular,

preenchimento de crista, cirurgia plástica periimplantar, espessamento gengival pré-

protético, tratamento das discromias gengivais e criação de tecido ceratinizado

(Bruno, 1994).

A vantagem deste método é poder obter toda a espessura disponível na

porção mais coronária do enxerto. É, primariamente, esta zona que contém mais

tecido fibroso. A outra vantagem consiste em eliminar as incisões relaxantes e,

portanto, os riscos de necrose (Bruno, 1994).

Figura 12. Técnica Modificada de Bruno (1994). (a) primeira incisão perpendicular ao longo eixo dos

dentes e segunda incisão paralela ao longo eixo dos dentes. (b) descolamento do enxerto. (c) sutura.

Page 37: utilização do enxerto de tecido conjuntivo subepitelial na

33

Figura 13. Técnica Modificada de Bruno (1994). (a) primeira incisão perpendicular ao longo eixo dos

dentes. (b) segunda incisão que penetra paralelamente ao longo eixo dos dentes até atingir a

superfície óssea. (c) controle do tamanho do enxerto e de sua relação com os lementos vasculo-

nervosos. (d) descolamento do enxerto. (e) aspecto e forma do tecido removido. (f) sutura.

Page 38: utilização do enxerto de tecido conjuntivo subepitelial na

34

5.1.4. Técnica das Incisões Paralelas

Nesta técnica são feitas duas incisões paralelas e um bisturi de duas lâminas

(bisturi de Harris) pode ser utilizado. Este bisturi possui um espaçamento de 1 a 1.5

mm entre suas lâminas, a fim de conservar uma distância constante entre as duas

incisões em todo o comprimento de remoção. Os sítios de remoção para esta

técnica são: palato, crista edêntula e tuberosidade (Borghetti et al. 2002).

As indicações de enxerto de tecido conjuntivo nas quais as técnicas de

incisões paralelas podem ser empregadas são: recobrimento radicular,

espessamento gengival pré-protético, tratamento das discromias gengivais e criação

de tecido ceratinizado. Esta técnica sem a utilização do bisturi de Harris pode ser

indicada para: preenchimento de crista e cirurgia plástica periimplantar (Borghetti et

al. 2002).

A remoção do SCTG com a ajuda do bisturi de duas lâminas de Harris é muito

simples (figuras 14 e 15). Uma vez determinada a zona de remoção as duas lâminas

penetram até atingir o contato ósseo. Depois, por deslocamento em sentido mesio-

distal, um enxerto de espessura constante é preparado. Seu deslocamento é mais

delicado do que sua remoção: é preciso mudar de instrumento e tornar a usar um

bisturi clássico de forma a unir os dois traços de incisão às extremidades laterais.

Em sua porção apical, o enxerto deve ser removido com lâmina ou extrator. A

região é então suturada. A vantagem desta técnica é a obtenção fácil e rápida, e um

enxerto de espessura constante de 1.5mm em toda a extensão (Borghetti et al.

2002).

Page 39: utilização do enxerto de tecido conjuntivo subepitelial na

35

Figura 14. Técnica das incisões paralelas com bisturi de duas lâminas de Harris. (a) incisões. (b)

remoção de um enxerto nas extremidades biseladas e com o epitélio a ser removido. (c) fechamento

do sítio por uma sutura suspensa (Borghetti et al. 2002).

Figura 15. Técnica das incisões paralelas. (a) bisturi de duas lâminas de Harris. (b) realização das

incisões paralelas. (c) remoção do enxerto epitélio-conjuntivo. (d) aproximação das bordas pela

sutura. (e) remoção do epitélio. (f) cicatrização em 1 mês (Borghetti et al. 2002).

Page 40: utilização do enxerto de tecido conjuntivo subepitelial na

36

6. TÉCNICAS CIRÚRGICAS

6.1. TÉCNICAS DE RECOBRIMENTO RADICULAR ADAPTADAS A IMPLANTODONTIA

6.1.1. Enxerto de Tecido Conjuntivo Livre coberto com Retalho

Reposicionado Coronariamente

Inicialmente, é feita uma incisão horizontal na superfície vestibular gengival,

que se estende para áreas adjacentes, preservando a altura da papila.

Subsequentemente, começando da linha da incisão na área proximal, são feitas

duas incisões verticais divergentes que se estendem além da junção mucogengival

(Lindhe et al., 2005).

Um retalho dividido é feito de maneira a reposicionar o retalho

coronariamente, sem tensão. O enxerto de tecido conjuntivo subepitelial é então

posicionado na região receptora e mantido na posição com suturas simples. O

retalho mucoso é então suturado para cobrir o enxerto de tecido conjuntivo. O

cimento cirúrgico periodontal pode ser usado para proteger a área durante a primeira

semana de cicatrização (Lindhe et al., 2005) (Figura 16).

Figura 16. Detalhe da incisão na técnica de Enxerto de Tecido Conjuntivo Livre coberto com Retalho

Reposicionado Coronariamente. Note que a incisão é coronária ao nivel gengival a ser regenerado

(removido de Lindhe et al. 2005).

Page 41: utilização do enxerto de tecido conjuntivo subepitelial na

37

Shibli et al. (2004) aplicaram esta técnica para a correção de recessão

gengival vestibular ao redor de implantes dentários (Figura 17a). Para que esta

técnica desencadeie resultados satisfatórios é essencial que o abutment esteja

angulado de forma a minimizar a influência da margem do abutment sobre a

cicatrização do tecido mole. Um retalho combinado de espessura total e parcial com

duas incisões verticais é feito de forma trapezoidal, preservando as papilas. O

SCTG é imediatamente colocado na região vestibular e estabilizado por meio de

suturas com fio reabsorvível (Figura 17b). O retalho é então reposicionado

coronariamente, cobrindo completamente o enxerto.

Figura 17. (A) Aspecto frontal mostrando a diferença entre o nível gengival ao redor de dente e

implante. (B) Fixação do enxerto de tecido conjuntivo subepitelial removido do palato. Note a

angulação favorável do abutment. (C) Aspecto clinico após o período de cicatrização de 18 meses

(removido de Shibli et al., 2004).

A B

C

Page 42: utilização do enxerto de tecido conjuntivo subepitelial na

38

6.1.2. Técnica do Envelope

Com o uso da técnica do envelope, a área receptora é preparada eliminando-

se primeiro o epitélio sulcular por meio de uma incisão em bisel interno (Figura 18a).

Em seguida, um “envelope” é preparado apical e lateralmente à região por meio de

incisões divididas. A profundidade da preparação deve ser de 3 a 5 mm em todas

as direções. Na direção apical, a preparação da área deve-se estender além da

junção mucogengival para facilitar a acomodação do enxerto de tecido conjuntivo

livre e permitir a reposição coronária do retalho mucoso no momento da sutura

(Figura 18b) (Lindhe et al., 2005).

O enxerto é então inserido no “envelope” e posicionado de modo a cobrir a

região a ser regenerada (Figura 18c). Suturas simples são feitas para manter o

enxerto na posição desejada e reposicionar o retalho coronariamente (Figura 18d).

Pressão deve ser exercida durante 5 minutos para adaptar o enxerto na região.

De acordo com Edel (1995), esta técnica possui resultados altamente

previsíveis em locais de recessão gengival e a cicatrização do enxerto de tecido

conjuntivo ocorre sem imprevistos.

Page 43: utilização do enxerto de tecido conjuntivo subepitelial na

39

Figura 18. Enxerto livre de tecido conjuntivo subepitelial utilizando a “técnica do envelope” (removido

de Lindhe et al., 2005).

C D

A B

Page 44: utilização do enxerto de tecido conjuntivo subepitelial na

40

6.1.3. Técnica do Túnel

Esta técnica foi desenvolvida para o tratamento de retrações gengivais

adjacentes múltiplas, (Lindhe et al., 2005) e atualmente tem sido aplicada como

procedimento regenerativo antes ou após a instalação do implante endósseo.

Incisões divididas laterais são estendidas, de modo que vários “envelopes” fiquem

conectados mesial e distalmente para formar um túnel mucoso (figura 19 a e b). É

importante não desinserir a papila. O SCTG livre é então acomodado no interior do

túnel e as suas extremidades, mesial e distal, são fixadas com suturas simples

(figura 19 c). Suturas suspensórias podem ser feitas para reposicionar o retalho

mucoso coronariamente sobre o enxerto de tecido conjuntivo (figura 19 d). Assim

como na técnica do envelope, pressão deve ser aplicada por 5 minutos para adaptar

intimamente o enxerto à superfície a ser regenerada e ao tecido mole de

recobrimento (Lindhe et al., 2005).

Figura 19. Enxerto livre de tecido conjuntivo subepitelial utilizando a “técnica do túnel” (removido de

Lindhe et al., 2005).

Page 45: utilização do enxerto de tecido conjuntivo subepitelial na

41

6.1. 4. Enxerto de Tecido Conjuntivo Subepitelial Pediculado

O SCTG subpediculado é um enxerto bilaminar composto por um extremo

livre e um extremo pediculado. Devido a ligação da região livre com o pedículo, a

parte livre utilizada para enxertia é suprida por circulação dos capilares da porção

vascular do pedículo, permitindo a sobrevida do enxerto (Nelson, 1987).

De acordo com Khoury & Happe (2000), esta técnica pode ser utilizada após

instalação de implante imediato, em reconstruções de papila, defeitos gengivais,

reparo de deiscências, sutura em múltiplas camadas, em casos de enxerto ósseo e

terapia periimplantar.

Uma indicação importante para esta técnica é o fechamento primário do

tecido mole pós-instalação do implante, evitando o deslocamento de retalho

(Landsberg, 1997; Langer, 1994; Khoury & Happe, 2000). Rosenquist (1997)

descreveu várias técnicas usando enxerto gengival livre para fechamento primário

do alvéolo após instalação de implante imediato, relatando a ocorrência de necrose

em alguns enxertos. Atualmente, baseado em seus estudos, este autor recomenda

a utilização de enxerto pediculado do vestíbulo, inserindo este através de um túnel

feito apical à margem gengival e o suturando sobre a mucosa palatina do implante.

Nesta técnica, uma incisão submarginal é feita na região adjacente ao defeito

a ser coberto. Dissecação do retalho mucoperiosteal e preparação do retalho de

tecido conjuntivo são realizadas, e uma segunda incisão paralela a primeira

(desepitelização) é feita sem atingir a base do enxerto, que continua inserido ao sitio

doador. O enxerto de tecido conjuntivo pediculado é então posicionado na região

receptora (figuras 20 e 21).

Duas principais vantagens da utilização de pedículo em relação aos enxertos

livres são: vascularização do retalho e fácil estabilização do enxerto (Rosenquist,

1997).

Page 46: utilização do enxerto de tecido conjuntivo subepitelial na

42

Figura 20. Esquema mostrando a obtenção do enxerto de tecido conjuntivo subepitelial pediculado.

(a) Demarcação das incisões a serem realizadas. (b) Deslocamento do retalho vestibular e palatino.

(c) Descolamento do SCTG. (d) Rotação do SCTG mantendo sua conexão com o sítio doador. (e)

Posicionamento do SCTG na região desejada. (f) Sutura simples respeitando a linha de incisão.

Removido de Sclar, 2003.

Page 47: utilização do enxerto de tecido conjuntivo subepitelial na

43

Figura 21. Aspecto pré-operatório na região do 12, mostrando espesso tecido gengival em a,b e c.

(d) Incisão relaxante vestibular e instalação do Implante endósseo. (e) Incisão na região palatina e

descolamento do SCTG. (f) Deslocamento do SCTG para a vestibular, mantendo-se a conexão com a

região doadora. (g) SCTG adaptado sobre o implante. (h) Aspecto clinico após 2 semanas. Removido

de Sclar, 2003.

Page 48: utilização do enxerto de tecido conjuntivo subepitelial na

44

6.2. AUMENTO DO REBORDO COM TECIDO CONJUNTIVO SUBEPITELIAL E TECIDO

CERATINIZADO

Orth em 1996, descreveu uma modificação da técnica do SCTG, na qual,

intencionalmente, parte de tecido epitelial permanece no SCTG para tratamento de

defeitos de rebordo tipo II (perda apico-coronal do contorno tecidual com espessura

normal do rebordo) e tipo III (combinação de perda tecidual em altura e espessura).

Inicialmente, retalho parcial vestibular pediculado no sítio receptor é elevado por

meio de uma incisão supra-cristal e duas incisões relaxantes. Medidas devem ser

feitas no sitio receptor para determinar as dimensões do SCTG.

No sitio doador uma incisão horizontal é feita, seguida de duas incisões

verticais partindo da borda da incisão horizontal em direção a linha média. Uma

segunda incisão é feita conectando as duas incisões verticais (figura 22 a) no centro

destas incisões, estendendo-se até o osso subjacente. Uma incisão biselada deve

ser feita para desepitelizar o tecido conjuntivo na base do enxerto. O resultado final

é um SCTG com parte constituída de enxerto gengival livre (figura 22 b). Em

seguida, o SCTG modificado é adaptado ao sítio receptor com suturas simples.

Page 49: utilização do enxerto de tecido conjuntivo subepitelial na

45

Figura 22. (A) esquema demonstrando a incisão no sitio doador. (B) visualização do SCTG

modificado antes da sua remoção do palato. Observe a região de tecido epitelial coronal (seta).

(removido de Orth, 1996).

Figura 23. (A) Aspecto clinico do defeito tipo III do rebordo. (B) SCTG modificado adaptado no sitio

receptor. (C) aspecto clinico 8 meses após cirurgia de SCTG modificado. (removido de Orth, 1996).

A B

A B

C

Page 50: utilização do enxerto de tecido conjuntivo subepitelial na

46

Pelegrini et al. (2006) descreveram uma técnica onde o tecido conjuntivo

subepitelial removido do palato, apresenta uma região central epitelizada (Figura 24

a-b). O sítio receptor é preparado com a técnica do envelope (Figura 24 c), mas não

recobre todo o enxerto. A função do tecido epitelial no enxerto, que permanece

exposto na cavidade oral, é suprir a deficiência em altura pós-exodontia (Figura 24

d). De acordo com os autores, esta técnica é indicada em casos onde um defeito

em altura e espessura está presente, não impossibilitando a instalação do implante,

e sim a estética final. Os resultados após 40 dias mostraram aumento significativo

do tecido gengival ceratinizado (Figura 24 e).

Figura 24. Técnica descrita por Pelegrini et al. (2006). (A) Obtenção do enxerto de tecido conjuntivo. (B) Enxerto concjuntivo com porção epitelial (seta). (C) Preparo do envelope. (D) enxerto de tecido conjuntivo posicionado com a porção epitelial exposta. (E) Aspecto após 40 dias.

BA

C D

E

Page 51: utilização do enxerto de tecido conjuntivo subepitelial na

47

6.3. ENXERTO DE TECIDO CONJUNTIVO E ENXERTO ÓSSEO

A manutenção do rebordo parcialmente edêntulo pode melhorar

significativamente o resultado estético reabilitador. Para aprimorar o contorno

protético na região anterior, o SCTG é o tratamento de escolha (Breault et al., 2004).

A associação SCTG e enxerto ósseo, reduz o defeito alveolar pós-exodotnia,

contribuindo para o aumento do rebordo.

Breault et al. (2004) descreveu o uso da associação do SCTG com o enxerto

ósseo aloplástico para aumento do rebordo na região anterior da maxila. Pré-

operatoriamente o paciente apresentou perda óssea de aproximadamente 4 mm de

altura e 6 mm de espessura 10 semanas após a exodontia (Figura 25 a). O

aumento do rebordo foi feito com SCTG removido do palato combinado com enxerto

ósseo aloplástico Bioplant HTR (Hard Tissue Replacement). O enxerto ósseo foi

condensado apicalmente aumentando a espessura buco-lingual (Figura 25 b). O

SCTG foi adaptado na porção vestibular do retalho sobre o enxerto ósseo para

aumentar a espessura e a altura do rebordo (Figura 25 c). Após 3 semanas,

aproximadamente metade da perda apico-coronal no rebordo (2 mm) foi preenchida

com cerca de 90% de ganho (4-5 mm) na dimensão vestíbulo-lingual (Figura 25 d).

Page 52: utilização do enxerto de tecido conjuntivo subepitelial na

48

Figura 25. (A) Deformidade do rebordo 10 semanas após exodontia. (B) Aspecto clinico após

preenchimento com enxerto aloplástico. (C) Enxerto de tecido conjuntivo subepitelial posicionado

sobre o enxerto ósseo. (D) Aspecto clinico após 3 meses. Removido de Breault et al. (2004).

A

B C

D

Page 53: utilização do enxerto de tecido conjuntivo subepitelial na

49

6.4. AUMENTO DA FAIXA DE GENGIVA CERATINIZADA

Quando o tecido ceratinizado é insuficiente ou maldistribuído (cristas de Tipo

II, classe 1 e 2, e de tipo III), a utilização de enxerto epitélio-conjuntivo oferece a

possibilidade para criar uma área ceratinizada em torno dos implantes,

essencialmente para as implantações múltiplas mandibulares nas quais a falta, e até

mesmo a ausência total de tecido ceratinizado, é frequentemente encontrada

(Borghetti et al. 2002).

Após uma incisão na crista estendida até o nível da linha mucogengival e

duas incisões verticais relaxantes, a mucosa vestibular e/ou lingual é eliminada e o

sítio receptor é preparado convencionalemente para receber um enxerto de epitélio

e conjuntivo. O enxerto é então posicionado, sempre objetivando criar tecido

gengival interproximal. O enxerto pode ser festonado em algumas regiões, para

melhor adaptação em torno dos implantes (figura 26) (Borghetti et al. 2002).

Para implantações múltiplas que necessitam de maiores retiradas do palato,

os enxertos em tiras podem ser aconselhados, devido ao menor desconforto para o

paciente. Para próteses implantares conjuntas e linhas de sorriso alta,

frequentemente um aspecto anti-estético inicial é esperado.

Page 54: utilização do enxerto de tecido conjuntivo subepitelial na

50

Figura 26. Aumento da faixa de gengiva ceratinizada no estágio 2. (a) Vista da ausência de volume

vestibular na região do canino. (b) Adaptação vestibular do SCTG removido do palato. (c)

Reposicionamento apical do retalho e respeito às papilas. (d) Resultado após 2 meses. Removido de

Borghetti et al. 2002.

6.5. ENXERTO DE TECIDO CONJUNTIVO SUBEPITELIAL EM IMPLANTES IMEDIATOS

A instalação de implantes em alvéolos frescos reduz o tempo do tratamento

entre a extração dentária e instalação da prótese (Lazzaro, 1989). Contudo, em

casos de discrepância de tamanho entre o alvéolo dentário e o implante, um espaço

(gap) pode estar presente ao redor do implante, principalmente na porção coronária

(Becker & Becker, 1990). Além disso, de acordo com Kan et al. (2005), 1 ano após

instalação do implante imediato é comum a ocorrência de 1 mm de recessão

gengival, principalmente em biotipos periodontais finos.

Estudos recentes têm demonstrado que a utilização de membrana biológica,

de acordo com os princípios de regeneração óssea guiada (ROG), pode resultar em

Page 55: utilização do enxerto de tecido conjuntivo subepitelial na

51

repopulação celular seletiva no espaço periimplantar e posterior osseointegração

(Nyman et al., 1990). No entanto, a utilização da técnica de ROG ao redor dos

implantes imediatos exige o reposicionamento coronal do retalho, diminuindo a faixa

de tecido ceratinizado e necessitando de um segundo ato cirúrgico para correção do

fundo do vestíbulo (Warrer et al., 1991).

Para minimizar estes resultados indesejados, Edel (1995) propôs a utilização

da membrana biológica sem reposicionamento do retalho em implantes imediatos.

Nesta técnica, o SCTG livre, removido do palato, é posicionado de forma a cobrir a

membrana biológica. Os resultados mostraram epitelização do enxerto após 14 dias

e formação de tecido ceratinizado após 5 semanas. Esta técnica é indicada se

inadequada espessura da gengiva marginal não existe no pré-operatório, e se a

estética é essencial, devendo ser realizada, idealmente, juntamente com a

instalação do implante imediato, antes da conexão do abutment.

Kan et al. (2005) descreveram uma técnica combinando SCTG, implante

imediato e confecção de provisório, objetivando alcançar maior estabilidade no

tecido periimplantar em biótipos periodontais finos. Baseado nos resultados de Edel

(1995), os autores realizaram exodontia atraumática (Figura 27 a-b) e instalação

imediata do implante (Figura 27 c). O SCTG foi removido do palato, com espessura

e tamanho mesio-distal adequados para a adaptação na margem gengival

adjacente. O enxerto foi adaptado ao sitio receptor por meio de suturas (Figura 27 d-

e). A prótese provisória confeccionada pré-operatoriamente foi adaptada ao

implante e ao enxerto (Figura 27 f). Os resultados mostraram aumento da qualidade

e quantidade de gengiva ceratinizada após o período de cicatrização.

A formação de tecido espesso ceratinizado ao redor de dentes e implantes

altera o biótipo periodontal e contribui com a diminuição da recessão gengival após

instalação de implantes imediatos (Kan et al., 2005).

Page 56: utilização do enxerto de tecido conjuntivo subepitelial na

52

Figura 27. Técnica descrita por Kan et al. (2005). (A) Exodontia atruamática. (B) Aspecto íntegro do alvéolo pós-exodontia. (C) Instalação do implante imediato. (D) Sutura atravessando o envelope preparado cerca de 6 mm aquém da margem gengival. (E) Adaptação do enxerto conjuntivo ao abutment e envelope. (F) Aspecto imediato final com a prótese provisória.

A B

Page 57: utilização do enxerto de tecido conjuntivo subepitelial na

53

A eficácia da utilização do SCTG associado a implante imediato tem sido

comprovada pelo estudo de Bianchi & Sanfilippo (2004). Os pesquisadores

avaliaram a eficácia deste protocolo para substituição de dente perdido, no período

de 1990 a 1998. Noventa e seis pacientes foram submetidos ao protocolo

combinado e 20 pacientes serviram como controle (implante imediato sem SCTG).

No grupo teste, o enxerto de tecido conjuntivo foi feito para alcançar fechamento

primário, facilitando o reparo tecidual de deiscência óssea ou aumento da gengiva

ceratinizada. Nesta pesquisa, o tecido conjuntivo foi removido 36 vezes do palato,

50 vezes da tuberosidade maxilar e 10 vezes do rebordo edêntulo. O tecido

conjuntivo foi colocado sobre o implante imediato (Figura 28 a) e adaptado sob a

mucosa ceratinizada vestibular e palatina através de suturas simples (Figura 28 b).

Após 9 anos os autores relataram sobrevida de 100% dos implantes em ambos os

grupos. No entanto, o grupo teste (implante imediato + SCTG) mostrou melhores

resultados de tecidos duro e mole nos 3 primeiros anos (Figura 28 c), além de maior

espessura da mucosa ceratinizada, perfil de emergência da coroa protética e maior

satisfação do paciente. Estas condições favoráveis permitiram a conexão do

abutment 3 meses após a instalação do implante. Os pacientes apresentaram boa

higiene oral, baixo sangramento a sondagem e profundidade de sondagem de cerca

de 3.5 mm. O nível de inserção clinica ao redor do implante foi de 2.5 mm. Estes

resultados satisfatórios indicam o uso seguro do SCTG combinado com a instalação

de implantes imediatos.

Page 58: utilização do enxerto de tecido conjuntivo subepitelial na

54

Figura 28. Utilização do enxerto de tecido conjuntivo subepitelial associado a implante imediato. (A) Enxerto de tecido conjuntivo subepitelial cobrindo o implante imediato. (B) enxerto adaptado sob a mucosa adjacente. (C) aspecto após o período de cicatrização. Bianchi & Sanfilippo (2004).

A

B C

Page 59: utilização do enxerto de tecido conjuntivo subepitelial na

55

7. PROTOCOLO CIRÚRGICO

Estudos recentes apresentam protocolos semelhantes quando da utilização de

SCTG livre ou pediculado. O bochecho com 0.02% ou 0.12% de clorexidina por 2

semanas é recomendado no pós-cirúrgico 2 vezes ao dia. Analgésico é indicado

quando necessário e o uso de Amoxicilina 500 mg a cada 8 horas por 7-10 dias ou

Eritromicina, em casos de alergia a penicilina, são imprescindíveis no controle da

infecção (Maurer et al. 2000; Edel 1995; Khoury & Happe 2000). A remoção da

sutura deve ser feita no 100 dia.

8. COMPLICAÇÕES

O SCTG tem sido extensamente utilizado para tratamento regenerativo de tecido

mole ao redor de implantes e dentes. No entanto, Maurer et al. (2000) relataram

como complicação, um espesso contorno de tecido mole após cicatrização, sendo

necessária a realização da gengivoplastia para melhorar a estética no local

enxertado.

De acordo com Khoury & Happe (2000), em técnicas que necessitam do

reposicionamento coronal do retalho para recobrir o SCTG, o deslocamento da

junção mucogengival pode ser uma resultado insatisfatório.

No caso de SCTG pediculado, devido ao sítio doador estar situado em uma área

bem vascularizada, cicatrização com hemorragia pode ocorrer, podendo ser

necessária cauterização da artéria palatina (Khoury & Happe 2000).

Page 60: utilização do enxerto de tecido conjuntivo subepitelial na

56

IV. DISCUSSÃO

Os princípios de regeneração tecidual utilizando enxerto de tecido conjuntivo

subepitelial (SCTG) na periodontia têm sido aplicados para aprimorar os resultados

estéticos e funcionais na implantodontia. Um dos fatores primordiais para alcance

de sucesso após instalação de implante é o fechamento primário. Bowers &

Donahue (1988) descreveram um método utilizando incisões verticais relaxantes e

liberação do periósteo para alcançar suficiente mobilidade do retalho vestibular,

reposicionando-o coronariamente. No entanto, esta técnica resulta em discrepância

mucogengival entre o local tratado e a gengiva adjacente. Este fato pode necessitar

de um segundo ato cirúrgico para corrigir problemas estéticos, especialmente na

região de maxila anterior. Uma técnica modificada utilizando retalho rotacional

vestibular oriunda do tecido mole adjacente foi descrita por Becker & Becker (1990)

para alcançar fechamento primário. Contudo, esta técnica também resultou em

discrepância da linha mucogengival, além de requerer uma adequada espessura de

gengiva ceratinizada no sítio doador.

A técnica descrita por Edel (1995) utilizando associação membrana

biológica/SCTG para cobertura de implantes imediatos, elimina o reposicionamneto

do retalho, não modificando a arquitetura mucogengival. Esta técnica pode ser

indicada em casos onde não exista adequada espessura gengival e a estética é

essencial.

A variedade de técnicas para alcançar o fechamento primário se justifica pelo

fato do selamento periimplantar através do tecido mole ser o único obstáculo à

penetração bacteriana e consequente perda do implante (Warrer et al.; 1991).

Contudo, para que os resultados satisfatórios utilizando SCTG sejam alcançados, é

necessária adequada técnica cirúrgica, qualidade e espessura tecidual, ausência de

tensão ou edema no retalho, eliminação do epitélio na margem do retalho e a

ausência de trauma pós-operatório (Bowers & Donnahue, 1988; Becker & Becker,

1990).

Page 61: utilização do enxerto de tecido conjuntivo subepitelial na

57

Outro fator importante para obtenção de sucesso em implantodontia é a

caracterização do periodonto. Biótipo periodontal fino e gengiva não ceratinizada ao

redor de implantes desencadeam um maior risco de recessão quando submetidas a

cirurgia, trauma mecânico ou restaurativo. Em estudos envolvendo instalação de

implantes imediatos, 1mm de recessão gengival foi relatado após cirurgia (Kan et al.,

2003a; Grunder, 2000). No entanto, estes estudos não correlacionaram a

quantidade de recessão gengival ao biótipo periodontal. De acordo com o estudo de

Kan et al. (2003b), é lógico deduzir que biótipos periodontais finos culminam em

maior recessão gengival comparados aos espessos. Para minimizar a recessão

gengival em implantodontia, um dos objetivos deve ser aumentar a qualidade e

quantidade de tecido gengival utilizando enxertos gengivais. O SCTG com retalho

parcial tem mostrado significante aumento de gengiva ceratinizada ao redor de

dente. Além disso, a gengivoplastia após cicatrização tem sido recomendada como

forma de aumentar a estética e superfície de ceratinização.

A espessura do retalho no sitio receptor do SCTG pode influenciar

diretamente a regeneração gengival. De acordo com Caffesse et al. (1979), o retalho

de espessura total pode comprometer o estágio inicial da cicatrização do enxerto,

por diminuir a vascularização que é oriunda somente do osso subjacente, podendo

até ocasionar reabsorção no osso cortical. Ao contrário, o retalho de espessura

parcial aumenta a revascularização no sitio receptor. Kan et al. (2005) afirmam que o

retalho de espessura parcial é preferível quando a revascularização inicial pode ser

critica para a enxertia ao redor da superfície não vascularizada do implante. No

entanto, a dissecção do retalho parcial em biótipos gengivais finos pode culminar na

perfuração do retalho e necrose tecidual. Então para biótipos finos, retalho de

espessura total, da margem gengival livre até a junção mucogengival, é

recomendado.

Outro fator importante para adequada revascularização é o tamanho do

enxerto de tecido conjuntivo subepitelial, que ao redor de implantes deve ser maior

do que ao redor de dentes, para possibilitar a conversão do biótipo gengival (Kan et

al., 2005). De acordo com Kan et al. (2005), o enxerto deve ter o mínimo de 9 mm de

altura, largura consistente com o sítio receptor e espessura mínima de 1.5 mm.

Page 62: utilização do enxerto de tecido conjuntivo subepitelial na

58

Esse maior tamanho do enxerto se deve principalmente ao fato da menor

vascularização ao redor de implantes, a qual é oriunda somente do periósteo e

tecido gengival, sendo necessário uma maior superfície de contato entre as regiões

doadora e receptora para possibilitar a sobrevida do SCTG na região periimplantar.

A existência de espaço entre o enxerto e os tecidos circundantes, tem sido

julgado o principal responsável pelo fracasso após enxertia de tecido conjuntivo

subepitelial. Nestes espaços “mortos”, forma-se o coágulo sanguíneo que dificulta a

anastomose de novos capilares do leito receptor, diminuindo a sobrevida do

implante. Por isso, é recomedado que pressão seja aplicada com gaze, por no

mínimo 5 minutos para facilitar a hemostasia e minimizar a formação de coágulo

sanguíneo (Allen, 1994).

Page 63: utilização do enxerto de tecido conjuntivo subepitelial na

59

V. CONCLUSÕES

* A utilização do enxerto de tecido conjuntivo subepitelial otimiza biótipos

periodontais finos, melhorando a quantidade e a qualidade da mucosa

periimplantar.

* O uso do enxerto de tecido conjuntivo subepitelial em implantes, resulta em

estética adequada e estabilidade do tecido mole periimplantar.

Page 64: utilização do enxerto de tecido conjuntivo subepitelial na

60

VI. ANEXO I

RELATO DE CASO CLINICO

Paciente J.T.P.D, sexo feminino, idade 41 anos, ASA 1, foi submetida à

cirurgia para colocação de enxerto autógeno em bloco oriundo do mento em região

anterior de maxila, devido à fina espessura do rebordo ósseo nesta região. Após o

período de cicatrização, apesar do procedimento de enxertia, a paciente foi

submetida a instalação de 4 implantes de 3.4 de diâmetro (micro-mini) por 13mm de

comprimento da SIN (Sistema de Implante – São Paulo- Brasil). Os procedimentos

cirúrgicos foram realizados no Centro Livre de Odontologia (CLIVO).

A paciente compareceu na Turma de Especialização da CLIVO, após o

período de 4 meses, para dar continuidade ao tratamento da parte protética na

região correspondente aos dentes 12, 11, 21,22. Durante o período de cicatrização,

a paciente utilizou prótese removível a grampo.

Na avaliação clinica e radiográfica pré-protética, optou-se pela realização do

enxerto de tecido conjuntivo subepitelial removido do palato, com o intuito de

aumentar a espessura da gengiva ceratinizada, já que a paciente apresentava

fenótipo periodontal fino e exposição do cover do elemento 22 (figura 1).

Figura 29. Aspecto clinico na fase pré-protética, mostrando a exposição do cover na região do elemento 22.

Page 65: utilização do enxerto de tecido conjuntivo subepitelial na

61

Imediatamente após a cirurgia utilizando enxerto de tecido conjuntivo

subepitelial (figura 30), foi confeccionada uma ponte fixa provisória apoiada somente

nos implantes das regiões 12 e 22, para facilitar a cicatrização tecidual, e uma placa

palatina para proteção da área doadora (figura 31).

Figura 30. Seqüência cirúrgica para utilização de enxerto de tecido conjuntivo subepitelial (SCTG) oriundo do palato. (A) Incisão. (B) Retalho dividido. (C) Preparo do sítio receptor. (D) Remoção do SCTG da região doadora. (E) Adaptação do SCTG no sitio receptor. (F) sutura e instalção dos abutments nas regiões 12 e 22.

Page 66: utilização do enxerto de tecido conjuntivo subepitelial na

62

Figura 31. Aspecto clinico imediatamente após instalação do SCTG. (A) aspecto vestibular após instalação da prótese fixa provisória. (B) Placa palatina e aspecto palatino da ponte fixa na região anterior da maxila.

Quatro meses após cirurgia utilizando SCTG, foi feita a reabertura e dobra

cirúrgica, acomodando o tecido ceratinizado neoformado na vestibular, objetivando o

aumento da espessura de gengiva inserida (figura 32).

Figura 32. Reabertura. (A) Dobra cirúrgica. (B) Moldagem de transferência.

A B

AB

Page 67: utilização do enxerto de tecido conjuntivo subepitelial na

63

Após 3 meses foi confeccionado novos abutments para a prótese definitiva

de cerâmica com dentes individualizados (figura 33).

Figura 33. (A) Aspecto vestibular da prótese definitiva. (B) Linha de sorriso.

A

B

Page 68: utilização do enxerto de tecido conjuntivo subepitelial na

64

VII. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Allen AL. Use of the supraperiosteal envelope in soft tissue grafting for root coverage. Rationale and technique. Int J Periodontic Rest Dent 1994;14:217-227.

American Academy of Implant Dentistry (http://www.aaid-implant.org).

Becker BE & Becker W. Guided Tissue Regeneration for Implants Placed into Extraction Sockets and for Implant Dehiscences: Surgical techiniques and case reports. Int J Periodontic Rest Dent 1990;10:377-391.

Bianchi & Sanfilippo . Single-tooth replacement by immediate implant and connective tissue graft. Clin. Oral Impl. Res.2004; 15: 269–277.

Borghetti A, Monnet-Corte V, et al. Cirurgia Plástica Periodontal. Porto Alegre: editora Artmed, 2002.

Bowers GM, Donahue J. A techinique for submerging vital roots with associated intrbony defects. Int J Periodontics Rest Dent 1988;8(6):34-51 apud Edel A. The use of a connective tissue graft for closure over an immediate implant covered with an occlusive membrane. Clin Oral Impl Res 1995;6:60-65.

Branemark PI, Svensson B, Van Steenberghe D. Ten-year survival rates of fixed prostheses on four or six implants ad modum Branemark in ful edentulism. Clin Oral Implants Res 1995;6:227-31.

Breault LG, Lee SY, Mitchell NE. Fixed Prosthetics with a Connective Tissue and Alloplastic Bone Graft Ridge Augmentation: A Case Report. J Contemp Dent Pract 2004 November;(5)4:111-122.

Bruno JF. Connective tissue graft technique assuring wide root coverage. Int J Periodontic Rest Dent 1994;14:127-137.

Caffesse RG, Burgett FG, et al, Healing of free gingival grafts with and without periosteum. J Periodontol 1979; 50:586-594 apud Kan JY, Rungcharassaeng K, Lozada JL. Bilaminar Subepithelial Connective Tissue Grafts for Immediate Implant Placement and Provisionalization in the Esthetic Zone. CDA 2005;33(11):865-871.

Donley TG, Gillette WB. Titanium Endosseous Implant-soft Tissue Interface: A literature review. J Periodontol. 1991 Feb;62(2):153-160. Review.

Edel A, Fuccini JM. Histological changes folloing the grafting of connective tissue into human gingival. Oral Surgery, Oral Medicine, Oral Pathology 1977;43:190-195 apud Edel A. The use of a connective tissue graft for closure over an immediate implant covered with an occlusive membrane. Clin Oral Impl Res 1995;6:60-65.

Edel A. The use of a connective tissue graft for closure over an immediate implant covered with an occlusive membrane. Clin Oral Impl Res 1995;6:60-65.

Edel A. The use of a free connective tissue graft to increase the width of attached gingival. Oral Surgery, Oral Medicine, Oral Pathology 1975;1:185-196 apud Edel A. The use of a connective tissue graft for closure over an immediate implant covered with an occlusive membrane. Clin Oral Impl Res 1995;6:60-65.

Evian CI, Al-Maseeh J, Symeonides E. Soft tissue augmentation for implant dentistry. Compend Contin Educ 2003;24:195-198 apud Pelegrini AA, Costa CES, Sendyk WR. Enxerto de Tecido conjuntivo: uma alternativa para alcançar a estética periimplantar. Relato de caso. Implant News 2006;3(3):249-254.

Francischone CE, Filho HN, Matos DAD et al.. Osseointegração e o tratamento multidisciplinar. São Paulo: Quintessence editora Ltda, 2006, cap. 4, p. 55-66.

Page 69: utilização do enxerto de tecido conjuntivo subepitelial na

65

Grunder U, Stability of the mucosal topography around single-tooth implants and adjacent teeth: one-year results. Int J Periodontics Restorative Dent 2000;20:11-17.

Jovanovic AS. The Management of Peri-implant Breakdown around Functioning osseointegrated dental implants. J Periodontol, 1993 Nov;64(11 Suppl):1176-1183.

Kan JY, Rungcharassaeng K, et al, Dimensions of peri-implant mucosa: an evaluation of maxillary anterior single implants in humans. J Periodontol 2003b;74:557-562.

Kan JY, Rungcharassaeng K, Lozada JL. Bilaminar Subepithelial Connective Tissue Grafts for Immediate Implant Placement and Provisionalization in the Esthetic Zone. CDA 2005;33(11):865-871.

Kan JYK, Runcharassaeng K, Lozada J, Immediate placement and provisionalization of maxillary anterior single implants: one-year prospective study. Int J Oral Maxillofac Implants 2003a;18:31-39.

Kao RT, Pasquinelli K. Thick vs thin gingival tissue: a key determinant in tissue response to disease and restorative treatment. J Calif Dent Assoc 2002 Jul;30(7):521-526 apud Francischone CE, Filho HN, Matos DAD et al.. Osseointegração e o tratamento multidisciplinar. São Paulo: Quintessence editora Ltda, 2006, cap. 4, p. 55-66.

Khoury F, Happe A. The Palatal Subepithelial Connective Tissue Flap Method for Soft Tissue Management to Cover Maxillary Defects: A clinical report. Int J Oral Maxillofac Implants 2000;15:415-418.

Kois JC. Predictable single-tooth peri-implant esthetics: five diagnostic keys. Compendium 2004;25:895-905 apud Pelegrini AA, Costa CES, Sendyk WR. Enxerto de Tecido conjuntivo: uma alternativa para alcançar a estética periimplantar. Relato de caso. Implant News 2006;3(3):249-254.

Landsberg CJ. Socket Seal Surgery Combined with Immediate Implant Placement: A novel approach for single-tooth replacement. Int J Periodont Rest Dent 1997;17:141-149.

Laney WR. In recognition of an implant pioneer: Professor Dr. André Schroeder. Int J Oral Maxillofac Impl 1993;8(2)135-6.

Langer B, Calanga L. Subepithelial connective tissue graft. J Prosthetic Dent 1980;44:363-367.

Langer B. Spontane gingival augmentation in situ. Int J Parodontol Rest Zahnheilkd 1994;14:507-517 apud Khoury F, Happe A. The Palatal Subepithelial Connective Tissue Flap Method for Soft Tissue Management to Cover Maxillary Defects: A clinical report. Int J Oral Maxillofac Implants 2000;15:415-418.

Langer B, Langer L. Subepithelial connective tissue graft for root coverage. J Periodontol 1985;56:715-720.

Lazzaro R. Immediate implante placement into extraction sites: surgical and restorative advantages. I J Periodontic Rest Dent 1989;9:333-344 apud Edel A. The use of a connective tissue graft for closure over an immediate implant covered with an occlusive membrane. Clin Oral Impl Res 1995;6:60-65.

Lindhe J, Karring T, Lang NP. Tratado de Periodontia Clinica e Implantologia Oral. Rio de Janeiro: editora guanabara koogan, 2005.

Maurer S, Hayes C, Leone C. Width of Keratinized Tissue After Gingivoplasty of Healed Subepithelial Connective Tissue Grafts. J Periodontol 2000;71:1729-1736.

Maynard JG, Wilson RD. Diagnosis and management of mucogingival problems in children. Dent Clin North Am 1980 Oct;24(4):683-703 apud Francischone CE, Filho HN, Matos DAD et al.. Osseointegração e o tratamento multidisciplinar. São Paulo: Quintessence editora Ltda, 2006, cap. 4, p. 55-66.

Page 70: utilização do enxerto de tecido conjuntivo subepitelial na

66

Müller HP, Heinecke A, Schaller N, Eger T. Masticatory mucosa in subjects with different periodontal phenotypes. J Clin Periodontol 200 Sep;27(9):621-626 apud Francischone CE, Filho HN, Matos DAD et al.. Osseointegração e o tratamento multidisciplinar. São Paulo: Quintessence editora Ltda, 2006, cap. 4, p. 55-66.

Nelson SW. The Subepithelial Connective Tissue Graft: A bilaminar reconstructive procedure for the coverage of denuded root surfaces. J Periodontol 1987;Feb:95-102.

Novaes AB Jr, Novaes AB. Soft Tissue Management for Primary Closure in Guided Bone Regeneration: Surgical technique and case report. Int J Oral Maxillofac Implants 1997;12:84-87 apud Khoury F, Happe A. The Palatal Subepithelial Connective Tissue Flap Method for Soft Tissue Management to Cover Maxillary Defects: A clinical report. Int J Oral Maxillofac Implants 200;15:415-418.

Nyman S, Lang N, Buser D, Bragger U. Bone Regeneration Adjacent to Titanium Dental Implants using Guided Tissue Regeneration. A report two cases. Int J Oral Maxillof Implant 1990;5:9-14.

Orth CF. A modification of connective tissue graft procedure for the treatment of type II and type III ridge deformities. Int J Periodont Rest Dent 1996;16:267-277.

Pelegrini AA, Costa CES, Sendyk WR. Enxerto de Tecido conjuntivo: Uma alternativa para alcançar a estética periimplantar. Relato de caso. Implant News 2006;3(3):249-254.

Reiser GM, Bruno JF, Mahan PE, Larkin LH. The subephitelial connective tissue graft palatal donor site: anatomic considerations for surgeons. Int J Periodont Rest Dent 1996;16:131-137.

Ring ME, A thousand years of dental implants: a definitive history -- Part 1. Compendium 16(10):1060-9, 1995.

Rosenquist B. A comparasion of Various Methods of Soft Tissue Management following the Immediate Placement of Implants into Extraction Sockets. Int J Oral Maxillofac Implants 1997;12:43-51.

Schulter W, Heimke G. The Tübingen immediate implant. Quintessence 1976;27(6):17-23 apud Sullivan RM. Implant Dentistry and the Concept of Osseointegration: A Historical Perspective. J Calif Dental Assoc 2001.

Sclar A. Soft Tissue and Esthetic Considerations in Implant Therapy. Florida: Quintessence Publishing Co, 2003.

Shibli JA, D`Avila S, Marcantonio JE. Connective Tissue Graft to Correct Peri-implant Soft Tissue Margin: A clinical report. J Prosthet Dent 2004;91:119-122.

Sullivan RM. Implant Dentistry and the Concept of Osseointegration: A Historical Perspective. J Calif Dental Assoc 2001.

Warrer K, Gotfredsen K et al. Guided Tissue Regeneration Ensures Osseointegration of Dental Implants Placed into Extraction Sockets. An experimental study in monkeys. Clin Oral Implant Res 1991;2:166-171.

www.dentalinsurance.co.uk/implants/implant_types

www.gacetadental.com