4
A navegação consulta e descarregamento dos títulos inseridos nas Bibliotecas Digitais UC Digitalis, UC Pombalina e UC Impactum, pressupõem a aceitação plena e sem reservas dos Termos e Condições de Uso destas Bibliotecas Digitais, disponíveis em https://digitalis.uc.pt/pt-pt/termos. Conforme exposto nos referidos Termos e Condições de Uso, o descarregamento de títulos de acesso restrito requer uma licença válida de autorização devendo o utilizador aceder ao(s) documento(s) a partir de um endereço de IP da instituição detentora da supramencionada licença. Ao utilizador é apenas permitido o descarregamento para uso pessoal, pelo que o emprego do(s) título(s) descarregado(s) para outro fim, designadamente comercial, carece de autorização do respetivo autor ou editor da obra. Na medida em que todas as obras da UC Digitalis se encontram protegidas pelo Código do Direito de Autor e Direitos Conexos e demais legislação aplicável, toda a cópia, parcial ou total, deste documento, nos casos em que é legalmente admitida, deverá conter ou fazer-se acompanhar por este aviso. O refugo nas vacarias de leite Autor(es): Stilwell, George Publicado por: Publindústria URL persistente: URI:http://hdl.handle.net/10316.2/29908 Accessed : 30-Nov-2021 05:29:07 digitalis.uc.pt impactum.uc.pt

VACARIAS DE LEITE - Universidade de Coimbra

  • Upload
    others

  • View
    0

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: VACARIAS DE LEITE - Universidade de Coimbra

A navegação consulta e descarregamento dos títulos inseridos nas Bibliotecas Digitais UC Digitalis,

UC Pombalina e UC Impactum, pressupõem a aceitação plena e sem reservas dos Termos e

Condições de Uso destas Bibliotecas Digitais, disponíveis em https://digitalis.uc.pt/pt-pt/termos.

Conforme exposto nos referidos Termos e Condições de Uso, o descarregamento de títulos de

acesso restrito requer uma licença válida de autorização devendo o utilizador aceder ao(s)

documento(s) a partir de um endereço de IP da instituição detentora da supramencionada licença.

Ao utilizador é apenas permitido o descarregamento para uso pessoal, pelo que o emprego do(s)

título(s) descarregado(s) para outro fim, designadamente comercial, carece de autorização do

respetivo autor ou editor da obra.

Na medida em que todas as obras da UC Digitalis se encontram protegidas pelo Código do Direito

de Autor e Direitos Conexos e demais legislação aplicável, toda a cópia, parcial ou total, deste

documento, nos casos em que é legalmente admitida, deverá conter ou fazer-se acompanhar por

este aviso.

O refugo nas vacarias de leite

Autor(es): Stilwell, George

Publicado por: Publindústria

URLpersistente: URI:http://hdl.handle.net/10316.2/29908

Accessed : 30-Nov-2021 05:29:07

digitalis.uc.ptimpactum.uc.pt

Page 2: VACARIAS DE LEITE - Universidade de Coimbra
Page 3: VACARIAS DE LEITE - Universidade de Coimbra

O REFUGO NAS VACARIAS DE LEITE

George Stilwell

É, por isso, essencial saber a razão da saí-da da vaca de produção. Por exemplo, quantas vacas foram refugadas devido a problemas de unhas, ou por infertilidade, ou por doen-ça metabólica ou por mastites crónicas… E atenção porque esta informação deve ser verdadeira e a mais detalhada possível – uma vaca provavelmente é infértil devido a um problema podal crónico, e, portanto, ambas as razões devem constar da causa de refugo!

A ideia que as razões e os valores de refugo estão bem presentes na nossa cabeça, e que por isso temos a situação sobre controlo, é com-pletamente ilusória e normalmente conduz à tomada de medidas infrutíferas. Igualmente, a manutenção de um impecável sistema de registos sem posterior análise é uma autêntica perda de tempo. Periodicamente devemos tra-balhar os dados, comparando-os com os de momentos anteriores ou com os valores que

Infelizmente ainda é raro encontrar bons registos nas explorações de pecuária portuguesas. A expressão “bons registos” significa que são completos, fiáveis, actualizados e trabalháveis, já que de nada serve uma panóplia de informação coberta de teias de arranha em dossiers ou perdida no disco duro do computador. Mesmo aqueles registos que dependem pouco do produtor, como seja os da qualidade do leite derivados dos serviços de contraste leiteiro,

estão geralmente subaproveitados sendo apenas usados para dar um panorama geral e isolado dos níveis de células somáticas ou teor de gordura naquele mês.

REGISTAR TUDOA falta de análise de toda esta informação permite que os problemas se mantenham escondidos evitando a implementação atempada de medidas correctivas. Ou, por outro lado, não possibili-ta a tomada de consciência da inutilidade ou efeito negativo de uma qualquer intervenção. Por exemplo, é frequentíssimo ouvir produtores assegurarem a pés juntos que os índices reprodutivos melhoraram desde que foi introduzida uma nova medida, para depois se vir a descobrir que as coisas estão iguais ou mesmo piores, apenas porque na mente do avaliador houve uma predispo-sição para justificar o investimento.

Como se disse é preciso que os registos sejam completos, o que significa que interessa apon-tar quase tudo – idade, peso, doenças, quantidade e qualidade das produções, número de lacta-ções, ascendência e descendência, cios e inseminações... Será de certeza mais útil ter uma base de dados com informação excessiva do que deficiente, já que é mais fácil descartar informação extra do que a inventar. Dos registos individuais nascerá a base de dados da manada na forma de médias, índices ou taxas, e que permitirá comparar explorações, avaliar a evolução ao longo do tempo, detectar diferenças entre diferentes momentos ou diferentes sub-grupos, identificar factores de risco, fazer soar o alarme e tantas outras coisas.

O REFUGO DE VACAS LEITEIRAS

“Aqueles que não recordam o passado estão condenados a repeti-lo”.

Um conjunto muito específico de dados, aos quais não tem sido dada muita importância, são os dados relativos ao refugo dos animais adultos em explorações de bovinos leiteiros. Em Portu-gal pouco ou nada está publicado ou sequer se sabe sobre este assunto.

A abordagem habitual, que dá prioridade aos dados relativos aos animais vivos e produtivos, está incorrecta porque suprime informação crucial à boa gestão da exploração. A análise de refugo é vista por muitos como um trabalho inútil, no entanto esta expõe problemas vigentes na exploração que de outra forma poderiam passar despercebidos. Há imensa informação que deriva de dados tão simples como o número, idade e lactações dos animais que saíram de produção. Também o destino desses animais deve ser descriminado nos registos – morreram na exploração? Foram para abate? Ou foram transferidos para outra exploração? Os valores de refugo por si só dizem muito pouco, já que a exclusão de um animal tanto pode resultar de uma opção voluntária e consciente do produtor interessado em renovar a genética do efectivo, como, pelo contrário, de um mau maneio ou sani-dade deficiente. A distinção nem sempre é fácil e daí a discussão que continua a existir quanto ao uso de expressões como “refugo voluntário”, “refugo involuntário”, “taxa de renovação” ou “taxa de reposição”. No presente artigo iremos usar indiscriminadamente o termo refugo.

Figura 1

A percentagem de refugo de animais nos

primeiros meses pós-parto dá-nos uma

ideia sobre o maneio na fase de transição

e do parto

Nota: Por opção do autor, este artigo não está escrito ao abrigo do novo acordo ortográfico.10

CUIDADOS VETERINÁRIOS

Page 4: VACARIAS DE LEITE - Universidade de Coimbra

anos, 242 dias e 2,97, respectivamente. Quanto ao destino demonstrámos que 26% morreram na exploração, 68% foram enviadas para o matadouro e 6% foram vendidas para outras explo-rações. As principais razões de refugo foram mastites (30%), problemas reprodutivos (24%) e patologia podal (11%). A análise do momento de refugo apresentou um interesse acrescido por nos direccionar a atenção para as fases produtivas, com maior risco de refugo, como o peri--parto, dando-nos uma ideia do maneio e sustentabilidade das nossas explorações leiteiras. Por exemplo, verificámos que mais de 50% das mortes ocorreram nos primeiros 39 dias pós-parto Supondo uma exploração de 250 vacas com uma taxa de mortalidade de 9% (média encontra-da neste estudo) significa que por ano esta exploração perde cerca de 13 vacas no pós-parto. O custo directo da reposição destes animais ronda os 18.200 € (assumindo 1.400€/novilha), acrescendo a este valor o potencial produtivo destes animais refugados no início da lactação.

Concluímos que um elevado número de vacas leiteiras são refugadas muito cedo após o parto e em idade demasiado jovem, havendo elevada perda de potencial produtivo e genético. O facto de, em média, os nossos animais leiteiros não fazerem mais de 2,9 lactações é preocupante em termos económicos e de bem-estar animal. Provavelmente em resposta a esta perda cons-tante de “sangue-novo”, confirmámos que as primíparas são mantidas mais tempo na explo-ração quando têm problemas de fertilidade (413 dias) quando comparadas com as multíparas (342 dias). O alto nível da taxa de mortalidade, especialmente nos primeiros meses em lactação indica que é necessário melhorar o período de transição e o maneio do peri parto nas explora-ções portuguesas.

Com este pequeno exercício fica claro como uma adequada análise dos dados permite retirar elações importantes e apontar caminhos para a melhoria do maneio nas explorações leiteiras. Nunca é demais referir que este trabalho de interpretação e a validade das conclusões que dai advêm dependem quase exclusivamente da qualidade dos registos efectuados. E isso depende do produtor no seu dia-a-dia.

a literatura científica advoga como sendo os aceitáveis.

Nas explorações menos modernizadas e de pequena dimensão a recolha e compilação dos dados é feita pelo próprio proprietário muitas vezes apenas com o auxílio de cane-ta e papel. Normalmente só são registados os dados relativos aos acontecimentos consi-derados mais importantes, como as datas de partos e inseminações. Esta forma de registo está a cair em desuso com o crescimento das explorações e com a banalização dos compu-tadores e dos sistemas informáticos de apoio à gestão das explorações. A caneta e o papel passaram então para um segundo plano, sendo apenas utilizados como uma espécie de memória intermédia capaz de armazenar dados desde o momento da ocorrência até ao seu armazenamento em suporte informático. Casos há em que este par foi substituído pelos parentes tecnológicos mais evoluídos como os smartphones, ou ainda pelos sistemas que permitem a recolha automática de dados, como é o caso dos sistemas de ordenha robo-tizados, onde informações como a produção, a actividade animal e a condutividade eléctri-ca, são gerados individualmente pelo animal que vai à ordenha. Devido ao auxílio deste tipo de sistemas, hoje em dia os produtores têm à sua disposição uma enorme quantida-de de dados sobre a sua exploração. Como se disse, para que estes lhes sejam úteis devem ser analisados e interpretados e só após isto devem ser usados como parte integrante do processo de decisão, sendo estes dois últimos passos o mais recente desafio dos produtores leiteiros.

CASO DE ESTUDO Para demonstrar a utilidade do tratamento dos registos, apresentamos de seguida os re-sultados de uma das primeiras análises siste-máticas dos padrões de refugo em explorações leiteiras de Portugal. Neste estudo da FMV--UTL, efectuado junto a 20 explorações com 90 a 1.100 vacas em lactação, investigámos os dados de refugo de 2.476 animais adultos. A idade média, dias em lactação e número de lactações no momento do refugo, foram de 5

George Stilwell (FMV-UTL) Médico-veterinário, Diplom. ECBHM, [email protected] Barros, médico-veterinário, Faculdade de Medicina Veterinária – Universidade Técnica de Lisboa

Figura 2

No caso de refugo por infertilidade deverá ser acrescentada informação sobre outras

doenças eventualmente associadas, como por exemplo lesões podais

11AGROTEC / JUNHO 2013