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Prof. Dr. Valdely Kinupp Professor do Instituto Federal do Amazonas. Doutor em Fitotecnia- Horticultura pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. (61) xxxxx [email protected] Valdely Ferreira Kinupp, fluminense de Nova Friburgo RJ, é biólogo com um currículo riquíssimo. Mas seu grande tesouro foi ter aproveitado a oportunidade de aprender, desde cedo, o segredo das plantas. Relacioná-las com uma função alimentar foi o que o levou a escrever o único livro no assunto e até agora o mais vendido da editora: PANC – Plantas Alimentícias Não Convencionais. Falar de Valdely é falar do não convencional. O conceito criado por ele é o melhor para definir uma classe de plantas que são conhecidas como selvagens - mato, ervas daninhas, inço, mas que se encontram em canteiros de hortas de todo Brasil. Ervas daninhas também é um termo bastante limitado pois trabalhar com as PANC é questionar todo o formato atual de agricultura, uma vez que limpar o solo é visto como o ideal para plantas e aumento de produtividade. Existem estudos que mostram o contrário: deixar o solo coberto seria mais interessante. Uma definição interessante seria “plantas de crescimento espontâneo”, mas nem todas que crescem sem a necessidade de manejo são comestíveis. Por isso PANC seria a melhor terminação para qualificar esse tipo de plantas. São comestíveis e precisam de explicação para sua definição. TDN é uma terminologia que define o novo estado humano urbanóide, Transtorno de Déficit de Natureza: Apesar do homem precisar da zona rural para se alimentar, possui total desconhecimento do meio natural, tendo até medo. Esta desconexão da natureza nos faz vítimas desta escolha. Os animais são criados sobe circunstâncias precárias, uma agricultura quimificada que deixou de ser embasada na biologia, tudo focado em alta produtividade: a desconexão com o que comemos, de onde comemos, por que comemos. As PANCs vêm revolucionar essa questão; não precisam de qualquer tipo de manejo, faltando apenas a ampla divulgação, como a introdução desse conhecimento nas escolas. Animais que se alimentam apenas de um ou poucos tipos de alimentos são letárgicos, lentos e limitados como coalas e pandas, que tem sua fonte alimentar extremamente monótona. E não seria exatamente isso que estamos fazendo com nossas crianças? Valdely Ferreira Kinupp

Valdely Ferreira Kinupp - s3.amazonaws.com · O conceito criado por ele é o melhor para definir uma classe de plantas que são conhecidas como selvagens - mato, ervas daninhas, inço,

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Prof. Dr. Valdely KinuppProfessor do Instituto Federal do Amazonas. Doutor em Fitotecnia-

Horticultura pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

(61) xxxxx [email protected]

Valdely Ferreira Kinupp, fluminense de Nova Friburgo RJ, é biólogo com um currículo riquíssimo.

Mas seu grande tesouro foi ter aproveitado a oportunidade de aprender, desde cedo, o segredo das plantas.

Relacioná-las com uma função alimentar foi o que o levou a escrever o único livro no assunto e até agora o mais vendido da editora: PANC – Plantas Alimentícias Não Convencionais.

Falar de Valdely é falar do não convencional.

O conceito criado por ele é o melhor para definir uma classe de plantas que são conhecidas como selvagens - mato, ervas daninhas, inço, mas que se encontram em canteiros de hortas de todo Brasil. Ervas daninhas também é um termo bastante limitado pois trabalhar com as PANC é questionar todo o formato atual de agricultura, uma vez que limpar o solo é visto como o ideal para plantas e aumento de produtividade. Existem estudos que mostram o contrário: deixar o solo coberto seria mais interessante. Uma definição interessante seria “plantas de crescimento espontâneo”, mas nem todas que crescem sem a necessidade de manejo são comestíveis. Por isso PANC seria a melhor terminação para qualificar esse tipo de plantas. São comestíveis e precisam de explicação para sua definição.

T D N é u m a t e r m i n o l o g i a q u e d e f i n e o n o v o e s t a d o h u m a n o urbanóide, Transtorno de Déficit de Natureza:

Apesar do homem precisar da zona rural para se alimentar, possui total desconhecimento do meio natural, tendo até medo. Esta desconexão da natureza nos faz vítimas desta escolha. Os animais são criados sobe circunstâncias precárias, uma agricultura quimificada que deixou de ser embasada na biologia, tudo focado em alta produtividade: a desconexão com o que comemos, de onde comemos, por que comemos.

As PANCs vêm revolucionar essa questão; não precisam de qualquer tipo de manejo, faltando apenas a ampla divulgação, como a introdução desse conhecimento nas escolas. Animais que se alimentam apenas de um ou poucos tipos de alimentos são letárgicos, lentos e limitados como coalas e pandas, que tem sua fonte alimentar extremamente monótona. E não seria exatamente isso que estamos fazendo com nossas crianças?

Valdely Ferreira Kinupp

Uma alimentação pobre em nutrientes verdadeiros e distante do natural. Uma das bases da sociedade está em nossas escolhas alimentares: e como estão essas nossas escolhas?

Hoje não temos parques e praças com plantas, pois o investimento público com essa finalidade é cada vez menos valorizado pela sociedade. O paisagismo é focado na beleza, mas possui potencial para trabalhar com uma beleza comestível.

Devemos olhar as plantas com outros olhos e outras bocas.

Há um modismo que esperamos não ser passageiro: o conceito de hortas urbanas e coletivas. Pequenos núcleos estão se organizando para criar hortas com fins mais recreativos do que para abastecer suas cozinhas com tais ingredientes Ganham as relações humanas, ao se estreitarem vínculos e ampliar a qualidade de vida de todos os envolvidos.

As PANCs têm papel fundamental nesta dinâmica, pois são perenes, muito mais resistentes e exigirem poucos cuidados.O sal do tronco da bananeira, o doce do caule do mamoeiro, as saladas de raízes de hortaliças, as conservas dos brotos do pinheiro: as plantas são exploradas comercialmente e agricultores jogam fora partes delas por total desconhecimento.

Se faz necessária uma política pública que promova esse conhecimento à população. Gerar demanda e motivar os agricultores a oferecer as PANCs inutilizadas em feiras livres, por exemplo, para as gôndolas de supermercados, é apenas uma das inúmeras ideias possíveis.

Palmeira Gerivá

Currículo:- Professor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas, Campus Manaus-Zona Leste (IFAM-CMZL);

- Fundador-curador do Herbário EAFM deste instituto;

- Docente e orientador credenciado no Programa de Pós-Graduação em Botânica do INPA.

- Atua na pesquisa e divulgação das PANCs - Plantas Alimentícias Não Convencionais.

- Experiência na área de Botânica, com ênfase em Botânica Econômica, Taxonomia de Fanerógamas, Etnobotânica, Herbário e Biodiversidade, atuando principalmente nos seguintes temas: alimentos vegetais não convencionais, recursos genéticos vegetais, segurança alimentar, florística, olericultura (hortaliças não convencionais) e agroecologia;

- Doutor em Fitotecnia-Horticultura (2007) pelo PPG Fitotecnia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS;

- Mestre em Ciências Biológicas (Botânica) pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia - INPA (2002);

- Graduado em Ciências Biológicas pela Universidade Estadual de Londrina - UEL (2000);

- Autor do livro Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANC) no Brasil em coautoria do Harri Lorenzi (Editora Plantarum, 2014).

Mais informações, vídeos, entrevistas, por favor acesse:http://www.istoepanc.com.br/midia

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