valor inovação_dez 2009

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    MICRO E PEQUENAS

    www.arie.m.r

    Ia

    Dezembro 2009

    EMPRESAS

    COMO AGNCIAS DEFOMENTO FINANCIAM

    P&D NAS EMPRESAS

    TRANSFERNCIA DETECNOLOGIA PARA O

    MERCADO

    MOvIMENTOGoerno, uniersidadee empresa agindo emsincronia para correratrs do prejuo e criarum ambiente de inoao

    unIfoRME

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    cARtA Ao lEItoR |

    SIStEMA

    nAcIonAl dEInovAo

    Por muitos anos, principalmente durante o perodo de substi-tuio de importaes, a maior parte das empresas brasileirasoperava tecnologias importadas e maduras. A capacitao ne-

    cessria para usar essas tecnologias era considerada relativamente f-

    cil. Por isso, no se requeria ou estimulava, de forma efetiva, a geraode novos conhecimentos.

    Esse cenrio est mudando. Desde o incio do sculo XXI, o pascolocou na pauta de suas polticas pblicas a inovao. O lanamentodo Livro Branco, em 2002, com as estratgias para o sistema nacionalde cincia, tecnologia e inovao foi um marco. Antes disso, no fi naldos anos 90, a implantao dos fundos setoriais j foi um demonstra-tivo de que o pas comeava a se preocupa r com o desenvolvimento detecnologias nacionais.

    O marco legal veio com a regulamentao da Lei 10.973, em 2004.Esses mecanismos lanados pelo governo federal buscam criar um

    ambiente adequado para que as empresas inovem, principalmenteenfatizando programas cooperativos entre setor produtivo e Institui-es de Cincia e Tecnologia (ICT).

    O governo no o nico agente na estruturao de um sistema na-cional de inovao. As universidades e os centros de pesquisa tam-bm so peas i mportantes nesse processo, principalmente no Brasil,onde 80% dos pesquisadores esto nessas instituies. A lm das ICT,incubadoras de empresas e parques tecnolgicos, que tm a inovaocomo razo de ser, atuam muitas vezes na estruturao de sistemas lo-cais de desenvolvimento econmico e social. No pas, exi stem 377 in-cubadoras e 74 parques, que j incubaram 6 mil projetos inovadores.

    No centro de todo esse processo esto as empresas. De acordo coma ltima Pesquisa de Inovao Tecnolgica realizada pelo InstitutoBrasileiro de Geografia e Estatstica (IBGE), 33,4% das empresas in-dustriais brasi leiras fizeram alg um tipo de i novao em produtos ouprocessos entre 2003 e 2005.

    O primeiro nmero do suplemento Valor Inovao traz informa-es de como o Brasil est estr uturando seu sistema nacional de ino-vao e como a sociedade est lidando com os mecanismos lanadospelo governo para a criao desse ambiente. As estratgias e polticasso pensadas em longo prazo, mas existe urgncia em tratar sobre otema e entend-lo cada vez mais. Boa leitura!

    Uniersidade Federal de Santa Catarina

    Centro de Comunicao e Expresso

    Departamento de Jornalismo

    Trabalho de Concluso de Curso

    Reportagem e diagramao: Cora Dias

    Orientao: Pro. Tattiana Teixeira

    Fotos: Caroline Maonetto, Claudio

    Beerra, Joo Lui Ribeiro, diulgao.

    Ilustrao da capa: Joo Pedro Agnoletto

    Cardoso

    Impresso: Copicenter

    Florianpolis, deembro de 2009

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    ndIcE|

    SIStEMA nAcIonAl dEInovAoPas quer consolidar poltica nacional de cincia,tecnologia e inoao e est em busca daindependncia tecnolgica.

    fInAncIAMEntoAgncias de omento subsidiam pesquisa edesenolimento nas empresas, para diidir osriscos inerentes ao processo inoador.

    unIvERSIdAdETranserncia de tecnologia para o setor produtio egarantia de proteo da propriedade intelectual opapel desempenhado pelos Ncleos de Inoao.

    PARquES tEcnolgIcoSInestimento em ormao de recursos humanos erramenta estratgica para a ecnomia doconhecimento.

    InovAo AbERtARealiar pesquisa em parceria tra benecios paragrandes e pequenas empresas como reduo degastos em P&D e acesso a noos mercados.

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    Ainovao um processo derisco. Manuais, bestsellers eguias apresentam receitas,

    frmulas e casos de sucesso paraque empresas aprendam a inovar.Todos querem fazer como Google,Apple, Toyota ou LG, mesmo es-tando no Brasil, no Senegal ou emCingapura, e sem levar em consi-

    derao o ambiente e o momen-to em que essas empresas inova-ram. De acordo com Jean Guinet,economista e diretor de Cincia,Tecnologia e Indstria da Organi-zao para Cooperao e Desen-volvimento Econmico (OCDE),estabilidade macroeconmicae competio entre as empresasso condies essenciais para aexistncia de um ambiente de ino-vao. Alm disso, Guintet armaque o governo deve cumprir seu

    papel de suporte, com polticaspblicas e infraestrutura, e dividiros riscos inerentes ao processo,com incentivos e nanciamentos

    subsidiados.A inovao um fenmeno

    complexo, multidimensional, quepressupe a presena e articula-o de nmero elevado de agentese instituies de natureza diversa,com lgicas e procedimentos dis-tintos. assim que o Livro Brancodo Ministrio de Cincia e Tecno-

    logia, lanado em 2002, dene ofenmeno. Esse livro representaa incorporao do processo deinovao na poltica pblica bra-sileira. O marco legal veio com aregulamentao da Lei 10.973, em2004. Esses mecanismos lanadospelo governo federal buscam criarum ambiente adequado para queas empresas inovem, principal-mente com a nfase de programascooperativos entre setor produti-vo e Instituies de Cincia e Tec-

    nologia (ICT).O parecer do relator da Lei deInovao, deputado Ricardo Za-ratinni Filho (PT-SP) cita quaisso esses mecanismos. A criaodo referido ambiente inclui des-de investimentos na formao derecursos humanos, de forma ade-quada e em volume suciente, ata manuteno de uma polticamacroeconmica que estimule ocrescimento. Passa, contudo, poruma outra srie de mecanismos e

    instrumentos voltados especica-mente para promover a capacida-de de inovao dos atores envolvi-dos nas diversas etapas de obten-o do conhecimento cientco etecnolgico, tais como as univer-sidades, os institutos de pesquisae as empresas de base tecnolgica,e sua aproximao, detalhou.

    Para se entender melhor a for-mao do sistema brasileiro deinovao, necessrio voltar aosanos de formao do MCT, em

    meados da dcada de 80, quando

    o pas passava por um processode substituio das importaes.Nesse perodo, a maior partedas tecnologias adquiridas peloBrasil era relativamente madu-ra. Por isso, no se estimulavaa capacitao necessria paragerar novos conhecimentos. Aspessoas eram treinadas apenas

    para usar e operar as tecnologiasimportadas. O apoio Pesquisae Desenvolvimento (P&D), apesarde ser um mecanismo de polti-ca h muito tempo utilizado nomundo todo, transformou-se nomais importante instrumento depoltica industrial dos pases daOCDE, na dcada de 90. No Brasil,o incentivo P&D ganhou flegoprincipalmente nos anos 2000.Hoje a poltica de C&T est arti-culada com a poltica industrial.

    Temos um amadurecimento dosdois setores, que devem trabalharjuntos, explicou Srgio Rezende,Ministro de C&T, durante o 3Congresso de Inovao na Inds-tria, em agosto de 2009, em SoPaulo.

    Atualmente, o Brasil investe1,02% do PIB em P&D, mas a meta que esse valor suba para 1,5%,em 2010. Para Luciano Coutinho,presidente do Banco Nacional deDesenvolvimento Social (BNDES)

    e, em 1985, primeiro secretrioexecutivo do MCT, a economiabrasileira, hoje, admite que o pastenha estratgias de longo prazonas polticas monetria, scal e -nanceira o que permite investirmais e melhor no desenvolvimen-to nacional. Se o governo aprovar,a Financiadora de Estudos e Pro-

    jetos (Finep) e Conselho Nacionalde Desenvolvimento Cientco eTecnolgico (CNPq), do MCT, vodisponibilizar R$ 2,7 bilhes, em

    2010, ao setor de i novao.

    PAS SAI EM buScA dA InGoerno lana mecanismos legais para criar ambiente nacional de inoa

    CAROLINEMAzzONETTO

    POR CORA DIASSIStEMA nAcIonAl dE InovAo |

    Jean Guinet, da

    OCDE, explicaque governo deve

    criar ambiente de

    inovao

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    A Finep o rgo responsvelpor articular alguns dos mecanis-mos criados pela Lei de Inovao,como a subveno econmica a

    empresas privadas. A lei tambmprev a eliminao de entravesburocrticos para estimular aaproximao entre as ICT e o se-tor produtivo, possibilitandoo afastamento do pesquisadorpara constituir empresa de car-ter inovador. Rezende defende,ainda, que o Estado deve usar seupoder de compra como incentivo inovao para dar prefernciaaos produtos desenvolvidos porempresas nacionais. O Ministro

    explica que esse um mecanismotradicional, utilizado em muitospases, e que, no mbito da Or-ganizao Mundial do Comrcio(OMC), permitido. Embora aLei de Inovao aborde o tema, oque predomina a Lei 8.666, queregulamenta as compras pblicasdando nfase determinante aomenor preo.

    Outro mecanismo criado pelogoverno foi a Lei do Bem, de 2005.Os incentivos scais previstos

    possibilitam que empresas de-

    duzam do Imposto de Renda eda Contribuio sobre o Lucro L-quido, dispndios efetuados ematividades de P&D. Olvio vila,diretor executivo da Associao

    Nacional de Pesquisa e Desenvol-vimento das Empresas Inovado-ras (Anpei), explica que, apesar dereduzir a burocracia e possibilitarque a deduo seja feita sem apro-vao prvia de projeto, a Lei doBem restringiu muito o nmerode beneciadas, pois os incenti-vos scais s so concedidos paraempresas que trabalham com re-gime de lucro real. Acontece quemais de 90% das empresas brasi-leiras trabalham com regime de

    lucro presumido, que no possi-bilita determinar exatamente ovalor gasto em P,D&I. Com isso, oincentivo scal est mai s voltadopara as grandes, que j trabalhamnormalmente com o regime delucro real, argumenta.

    SincroniaO governo no o nico agen-

    te na estruturao de um sistemanacional de inovao. As univer-sidades e os centros de pesquisa

    tambm so peas importantesnesse processo. Principalmenteno Brasil, onde a maioria dos pes-quisadores est nessas institui-es: 80%. Eles so responsveispor grande parte das novas tec-nologias desenvolvidas no pas e a partir da transferncia desseconhecimento que as empresasconseguem inovar. Por isso, n-cleos de inovao esto sendocriados dentro das un iversidadespara otimizar a relao com a

    indstria, auxiliando na transfe-rncia de tecnologia para o setorprodutivo e cuidando da proprie-dade intelectual dessas institui-es. Alm disso, incubadoras deempresas e parques tecnolgicos,que tm a inovao como razode ser, atuam muitas vezes na es-truturao de sistemas locais. Nopas, existem 377 incubadoras e74 parques, que j incubaram 6mil projetos inovadores.

    No centro de todo esse pro-

    cesso esto as empresas. Joseph

    Schumpeter, economista austr-aco tido como pai da inovao,armou que o proprietrio indi-vidual do sculo XIX e as g randesempresas do sculo XX foram os

    responsveis por transformar oconhecimento em riqueza (verbox). De acordo com a ltima Pes-quisa de Inovao Tecnolgicarealizada pelo Instituto Brasileirode Geograa e Estatstica (IBGE),33,4% das empresas industriaisbrasileiras zeram algum tipo deinovao em produtos ou proces-sos entre 2003 e 2005. O conceitode aes inovadoras adotado peloInstituto inclui prticas que sonovas apenas para as prprias

    empresas e no necessariamentepara o mercado. Se reduzirmos orecorte, apenas 9,7% das empresasnacionais consideradas inovado-ras lanaram novos produtos ouprocessos.

    Durante o 3 Congresso Bra-sileiro de Inovao na Indstria,realizado em 19 de agosto, pelaConfederao Nacional das In-dstrias (CNI), os industriais bra-sileiros assinaram um manifestoem que assumem a responsabi-

    lidade de investir em estratgiasinovadoras. Uma das metas du-plicar, nos prximos quatro anos,o nmero de empresas inovadorasno pas. Alm disso, o manifestoressalta a importncia de investi-mento num modelo educacionalque estimule o empreendedoris-mo, para a criao de novas em-presas inovadoras.

    Os resultados do sistema deinovao que est sendo criadono Brasil ainda no se concretiza-

    ram. De acordo com Jean Guinet,da OCDE, o risco inerente aoprocesso de inovao, mas quan-do os economistas fazem o quechamam de decomposio docrescimento clculo que buscamedir o efeito de diferentes fontesno avano econmico percebe-se, cada vez mais, que a inovaoage sobre o potencial de cresci-mento. Tanto de um ponto de vis-ta puramente econmico, quantosocial, o crescimento depende da

    inovao.

    CAROLINEMAzzONETTO

    SIStEMA nAcIonAl dE InovAo |

    Ministro de

    Cincia e

    Tecnologia,

    Srgio Rezende:

    governo deveusar seu poder

    de compra

    para incentivar

    inovao

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    Joseph Alois Schumpeter (1883-1950) oi um dos maiores

    economistas do sculo XX. Ele mais amoso por sua teoria dadestruio criatia que sustenta que o sistema capitalistaprogride por reolucionar constantemente sua estrutura econ-mica: noas frmas, noas tecnologias e noos produtos substi-tuem constantemente os antigos. Como a inoao acontece derepente, a economia capitalista est, de orma natural e saudel,sujeita a ciclos de crescimento e imploso.

    O agente deste processo reolucionrio, segundo Schumpeter, o empresrio: o proprietrio indiidual do sculo XIX e as gran-des empresas do sculo XX. A inoao precisa de recompensa,da a economia dinmica permitir enormes lucros ao inoador. Omonoplio temporrio a orma de a naturea permitir que os

    inoadores ganhem com suas inenes. A desigualdade de curtoprao o preo do progresso no longo prao.

    De acordo com Clemente Nbrega, sico e escritor, em artigopublicado em julho de 2007, Schumpeter era baixinho, careca,gordinho. Mulherengo, alastro, adoraa contar antagem. vai-dosssimo, demoraa horas para se estir para jantar (em casa).Excntrico, ia s reunies da Uniersidade Harard onde oi pro-essor de botas para montar. Era adorado por seus alunos. Diiaaos amigos que tinha trs objetios na ida: ser o maior amanteda Europa, o maior caaleiro do mundo e o maior pensador eco-nmico de todos os tempos. Antes de morrer declarou que s noestaa satiseito com suas perormances como caaleiro, conta.

    Schumpeter nasceu na ustria e ieu em sete pases dieren-

    tes, o que certamente contribuiu para a iso nica que construiu

    sobre o que gera a riquea das naes. Seus dois maiores insightsoram os seguintes:

    1 - A ora motri do progresso econmico a inoao. Ri-quea, prosperidade e desenolimento m da inoao e sdela. Para Schumpeter, inoao tem um signifcado preciso: asubstituio de ormas antigas por ormas noas de produir econsumir. Produtos noos, processos noos, modelos de negciosnoos. Essa substituio permanente, e ele a chamou de des-truio criatia. esse processo que a o sistema capitalista sero melhor que existe para gerar riquea e produir crescimentoeconmico.

    2 - Os agentes da inoao so os empreendedores. Empreen-

    dedores so indiduos (so pessoas, no instituies, no goer-nos, no partidos) moidos pelo sonho e pela ontade de undarum reino particular. Por causa da destruio criatia, homensde negcios prsperos pisam num terreno que est permanen-temente se esarelando embaixo de seus ps. A instabilidade, ono equilbrio, a desigualdade e a turbulncia so ineiteis opreo a pagar pelo progresso.

    A maioria das obras do economista est publicada em inglsou alemo. Alm de desenoler teorias prprias, Schumpeterestudou e analisou outros economistas, como John Maynard Key-nes. Em 2007, oi lanada sua quarta biografa, intitulada Prophetof Innovation: Joseph Schumpeter and Creative Destruction, deThomas k. McCraw.

    O profeta da inovao

    AS ONDAS DE SCHUMPETER

    Para Schumpeter, os negcios iem ondas de inoao, que surgem e desaparecem. Os ciclos eram longos e duraamde 40 a 60 anos, com o passar do tempo, encurtaram. O grfco representa a teoria de Schumpeter nos anos atuais.

    1785 1845 1900 1950 1990 2020

    60 ANOS 55 ANOS 50 ANOS 40 ANOS 30 ANOS

    Energia hidrulicaTxteis

    Ao

    vaporAo

    Estradas de erro

    EletricidadeQumicos

    Motores de combusto

    interna

    PetroqumicosEletrnicos

    Aiao

    Redes irtuaisSotwares

    Noas mdias

    PRIMEIRAONDA

    SEGUNDAONDA

    TERCEIRAONDA

    QUARTAONDA

    QUINTAONDA

    FONTE: FOREPLAY - ENGAJAMENTO DIGITAL

    CORA DIAS

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    SIStEMA nAcIonAl dE InovAo |

    A EMbRAPA E o AgRonEgcIo dAS MPE

    A Cultivis Cogumelos Co-mestveis produz, benecia ecomercializa cogumelos do tipoLentinula edodes (Shiitake) ePleurotus ostreatus (Shimejii)in natura. Com pesquisas desen-volvidas pela Unidade de Recur-sos Genticos e Biotecnologia daEmpresa Brasileira de PesquisaAgropecuria (Embrapa), a Cul-tivis pde alavancar seu negcio.A tecnologia que a empresa utili-

    za atualmente baseada em umatcnica chinesa, chamada JunCao (substrato de fungo e capim),modicada pela Embrapa paraotimizar o suprimento nutricio-nal necessrio para o melhor de-senvolvimento do cogumelo emclima tropical.

    A Cultivis faz parte do Proe-ta Incubao de Agrongcios,projeto da Embrapa que auxiliana criao de novas empresas debase tecnolgica agropecuria,

    atravs de parcerias pblico-pri-vadas. No caso da Panora, em-presa de Caponga (CE), graduadaem 2008, a tecnologia transferi-

    da pela Embrapa AgroindstriaTropical foi a micropropagaode frutas e ores tropicais. Essatcnica permite que os produto-res cultivem mudas em labora-trio sob condies controladase asspticas. Como resultado, aPanora comercializa mudas dealta qualidade e padro unifor-me, pois h controle de todas asetapas de produo.

    Empresa pblica vinculada ao

    Ministrio de Agricultura, Pecu-ria e Abastecimento, a Embrapapossui um modelo consolidadode transferncia de tecnologiapara o mercado que refern-cia para muitos projetos desseteor no Brasil. Seus 8.440 fun-cionrios esto divididos em 41centros de pesquisa no pas. AEmbrapa teve, em 2008, receitaoperacional de R$ 1,353 bilho.Em 2003, esse valor era de R$ 790milhes. Entre 2005 e 2007, fo-

    ram registrados, no Instituto Na-cional da Propriedade Industrial(Inpi), 40 pedidos de reconheci-mento de patentes. Alm disso, aEmbrapa registrou 28 marcas e 9softwares .

    A Agncia de Informao daEmbrapa tambm um impor-tante mecanismo de transfern-cia de tecnologia. Atravs de umsistema web, pode-se ter acesso organi zao, ao tratamento, aoarmazenamento, divulgao e

    ao acesso informao tecnol-gica e ao conhecimento geradospela Embrapa e outras institui-es de pesquisa. Essas informa-es esto organizadas numa es-trutura ram icada, denominadarvore do Conhecimento.

    Essas estruturas so desen-volvidas pelas Unidades Descen-tralizadas da Embrapa, sobreprodutos e temas do negcioagrcola. Nos primeiros nveisdesta hierarquia esto os conhe-

    cimentos mais genricos e, nosnveis mais profundos, os mais

    especcos. Cada item da rvore denominado n e denido apartir da subdiviso sucessiva docontedo (subns).

    Para incentivar o empreen-dedorismo no agronegcio, aEmbrapa promove workshops emtodo o pas sobre inovao. Deacordo com Lucio Brunale, daAssessoria de Inovao Tecnol-gica, a Embrapa precisa ampliar,

    junto aos diferentes segmentosda sociedade, o uso dos resulta-

    dos da pesquisa gerados por ela.Eventos dessa natureza permi-tem a discusso de estratgiasque facilitam a aplicao destesresultados, que imprescindvelpara caracterizar a inovao,arma.

    Atualmente, a estrutura deinovao da Embrapa est pas-sando por alteraes operacio-nais, mas pretende manter atu-ante a transferncia de tecnolo-gia para o mercado.

    CLAUDIOBEzERRA

    DIvULGAO

    Centro Nacional

    de Pesquisa

    de Recursos

    Genticos e

    Biotecnologia

    auxiliou aPanora a

    produzir mudas

    em laboratrio

    Embrapa

    desenvolve

    tcnica chinesa

    adaptada ao

    clima tropical

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    O

    governo pretende investirR$ 2,7 bilhes no setor de

    inovao em 2010, atravsdos programas da Financiadorade Projetos e Estudos (Finep) e doConselho Nacional de Desenvol-vimento Cientco e Tecnolgico(CNPq). O oramento do FundoNacional de DesenvolvimentoCientco (FNDCT), previsto parao prximo ano, foi encaminhadoao Ministrio de Cincia e Tecno-logia (MCT). Para 2009, estavamprevistos R$ 3,09 bilhes, mas acrise nanceira do nal do ano

    passado fez com que o governoaprovasse apenas R$ 2,051 bi.

    Esse montante distribudo apartir de programas de incentivo

    Cincia, Tecnologia e Inovaoque buscam disponibilizar apoionanceiro a todas as fases da ca-deia produtiva. Desde o custeiode despesas de Pesquisa e De-senvolvimento (P&D), produtose processos, o nanciamento demquinas e equipamentos uti-lizados no desenvolvimento dasinovaes, at a criao de novasempresas, por meio da participa-o da Finep em quotas de fun-dos de capital empreendedor.

    Segundo Eduardo Costa, dire-tor de Inovao da Finep, existemtrs formas de apoio a micro epequenas empresas concedidaspela agncia: crdito subsidiado,subveno econmica e capitalde risco. Para evitar a aprovaode projetos no coerentes com asestratgias dos programas pro-postos, a Finep passou a realizarparcerias com instituies deC&T nos estados, que proporcio-nam capilaridade na distribui-

    o dos recursos nanceiros paradiferentes regies do pas. Essemecanismo foi utilizado no Pro-grama Primeira Empresa Inova-dora (Prime), lanado no nal de2008 pela Finep. Esse de longeo maior programa da Finep quepretende, em quatro anos, apoiar5.400 novos empreendimentos,explica Costa. O Programa conce-der R$ 120 mil em recursos no-reembolsveis para cada projetoaprovado, na primeira etapa. Um

    ano depois, se a empresa nascen-

    te obtiver bons resultados, rece-ber mais R$ 120 mil do Progra-

    ma Juro Zero, crdito subsidiadoque deve ser pago em cem vezes,sem juros, pelo empreendedor.

    A experincia das incubado-ras de empresas em prospectare apoiar empreendimentos ino-vadores fez com que a Finep ele-gesse 18 incubadoras-ncora emnove estados, para selecionar osprojetos para a primeira etapa doPrime. A Finep descentralizou oPrime com as incubadoras. Almda seleo das empresas bene-

    ciadas, essa parceria tambmdever atuar no processo de ava-liao do resultado dos projetos.No dia 26 de outubro deste ano,1.400 pessoas, que tiveram seusprojetos aprovados na primeiraetapa do programa, assinaramo contrato com a Finep. Almde descentralizar a seleo deprojetos, o Prime foi elaboradopara atender os empreendimen-tos nascentes e dar apoio na reade gesto para que o empreen-

    dedor mantenha seus esforosno desenvolvimento de projetosinovadores. Este era um dos gar-galos percebidos pela agncia defomento nos outros programasde apoio inovao.

    Diferentemente da subvenoeconmica e do crdito subsidia-do, o instrumento de capital derisco concedido para um nme-ro muito restrito de empresas. uma espcie de dinheiro de buti-que, ele muito mais inteligente

    que as outras formas de nancia-

    A MAtEMtIcA dA

    SubvEno EconMIcAProgramas de inanciamento incentiam pesquisa, desenolimento einoao nas empresas brasileiras com recursos no-reembolseis

    POR CORA DIASfInAncIAMEnto | POR CORA DIASfInAncIAMEnto |

    Eduardo Costa,

    diretor de

    Inovao da

    Finep: capital de

    risco traz maiorretorno

    JOOLUIzRIBEIRO

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    Formas de nanciamento para empresas

    A Financiadora de Projetos e Estudos (Finep), do Ministrio de Cincia e Tecnologia, possui trs dierentes ormas

    de fnanciamento para que as empresas brasileiras inoem. O dinheiro que a agncia repassa para as empresas,atras de editais, assim diidido:

    Finep

    Crdito subsidiado

    Subveno

    Capital de risco

    60%

    30%

    10%

    Todo o dinheiro inestidoretorna para a sociedade

    O retorno para asociedade atras da

    gerao de empregos

    Inestimento com maiorretorno - relao direta

    entre retorno e risco

    Forma mais comum de fnanciamento

    Financiamento a undo perdido, iabiliadocom a aproao da Lei de Inoao, de2004

    A Finep trabalha com undos de inestimento.H R$ 1,7 bi no mercado para essa ormade fnanciamento

    Programa Pr-Inovao:Concede fnanciamento para projetos

    de inoao, no alor mnimo de R$ 1 mi-lho, para empresas com aturamentoanual mnimo de R$ 10,5 milhes. O pra-o para repasse dos recursos fnanceirospode alcanar at 120 meses, com at 36meses de carncia, e a execuo do projetodee ser eita em at dois anos.

    Programa Juro Zero:

    As operaes de fnanciamento so im-plementadas com a participao de par-ceiros estratgicos da Finep nos estadosbrasileiros. Para resoler a restrio en-rentada pelas MPEs quanto s garantiasnormalmente exigidas nas concesses decrdito, o Programa pre trs ontes decobertura. O alor de crdito aria de R$100 mil a R$ 900 mil, e est sujeito a limi-

    te equialente de 30% do aturamento daempresa. O prao de amortiao do cr-dito pelas empresas de 100 meses.

    Pappe Subveno:Concesso direta de recursos fnancei-

    ros no-reembolseis s MPEs, para a co-bertura de despesas de custeio de projetosde Pesquisa, Desenolimento e Inoao.Com recursos de R$ 245 milhes, esseprograma tambm possui uma pr-seleodescentraliada, com parceiros da Finepespalhados pelo pas. O alor de subenopara cada projeto poder ariar de R$ 50mil a R$ 500 mil.

    Projetos de Inovao Tecnolgica de

    MPEs em cooperao com ICTs MCT/

    Finep/Sebrae:As chamadas pblicas isam selecionar

    propostas apresentadas e a serem execu-tadas por ICTs, pblicas ou priadas, ol-tadas ao apoio de inoao tecnolgica en-olendo um grupo mnimo de trs MPEs.O apoio fnanceiro por empresa aria deR$ 200 mil a R$ 500 mil, para cobertu-ra de despesas correntes e de capital. Osrecursos so repassados pelas ICTs e nopodem ser utiliados na cobertura de des-pesas de produo comercial.

    Primeira Empresa Inovadora:

    Concesso direta de recursos fnan-ceiros no-reembolseis a empresasnascentes. So concedidos R$ 120 mil desubeno no primeiro ano do projeto. Emseguida, o noo empreendimento recebemais R$ 120 mil do programa Juro zero.Em quatro anos, a Finep pretende apoiar5.400 noos negcios.

    Programas da Finep para MPEs

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    14/284 ValorInovao

    mento, mas atinge um nmeromenor de empresas, explica odiretor. Com esse tipo de recur-so, os empresrios conseguemnanciar os seus negcios sem

    se endividar. O investidor entracomo scio temporrio da em-presa emergente, atravs de aqui-sio de aes ou debntures,conversveis em aes, visandorentabilidade acima das alterna-tivas disponveis no mercado -nanceiro. Para Costa, a traduodo termo em ingls venture capi-tal para capital de risco assusta oinvestidor. Deveria ser chamadode capital empreendedor, porqueessa a forma de nanciamento

    A inoao um processo de risco edifcilmente capta recursos de emprs-timos bancrios, que impem juros altospara situaes com resultados incertos.Uma sada para isso tem sido as polticasde fnanciamento do goerno de apoio Cincia, Tecnologia e Inoao (C,T&I).Apesar do histrico de baixo inestimentotanto pblico quanto priado em Pesquisae Desenolimento (P&D) e da importa-o de tecnologia, desde o fnal dos anos1990, o pas busca consolidar uma polticaestratgica de inoao e desenolimentotecnolgico.

    A instituio dos undos setoriais, entre1999 e 2001, representou uma reorma nosistema de apoio goernamental C,T&I. poca em que os primeiros undos oraminstitudos, o sistema apresentaa cres-

    cente escasse de recursos e operaa comassimetrias, como a baixa participaodo setor produtio priado nos recursospara pesquisa no setor pblico e redui-dos esoros de pesquisa e inoao nasempresas. Os undos oram criados paraque houesse uma ampliao de recursosfnanceiros para P&D, alm de impulsionaros inestimentos priados em pesquisa einoao e omentar parcerias entre asuniersidades, as instituies de pesquisae o setor produtio.

    As receitas dos undos prom de dier-

    sas ontes, como as parcelas dos royaltiesincidentes sobre a produo de petrleo egs natural, por exemplo, e as contribui-es de empresas sobre os resultados daexplorao de recursos naturais perten-centes Unio, como minerao e energiaeltrica. Essas receitas so alocadas no or-amento do Fundo Nacional de Desenoli-mento Cientfco e Tecnolgico (FNDTC) eaplicadas pela Financiadora de Estudos eProjetos (Finep) e pelo Conselho Nacionalde Desenolimento Cientfco e Tecnolgi-co (CNPq). O Fundo verde-Amarelo (FAv)constitui a principal onte de recursos parao apoio inoao nas micro e pequenasempresas (MPEs).

    O marco legal da Lei de Inoao lanounoos mecanismos nas reas de crdito esubeno so programas que fnanciam

    projetos a undo perdido, sem que haja umacontrapartida para o goerno. Esse umaano da poltica de C,T&I do goerno e-deral. At ento apenas Institutos de Cin-cia e Tecnologia (ICTs) recebiam esse tipode fnanciamento, as empresas s tinhamacesso s linhas de crdito, explica Olioila, secretrio executio da AssociaoNacional de Pesquisa e Desenolimentodas Empresas Inoadoras (Anpei).

    Fundos Setoriais

    H 16 Fundos Setoriais, sendo 14 relati-

    os a setores especfcos e dois transersais o verde Amarelo e o de Inraestrutura.

    As receitas so oriundas de contribui-es incidentes sobre o resultado da explo-rao de recursos naturais pertencentes Unio, parcelas do Imposto sobre Produ-tos Industrialiados de certos setores e deContribuio de Intereno no DomnioEconmico (CIDE) incidente sobre os alo-res que remuneram o uso ou aquisio deconhecimentos tecnolgicos/transernciade tecnologia do exterior.

    Com exceo do Fundo para o Desenol-imento Tecnolgico das Telecomunicaes(FUNTTEL), gerido pelo Ministrio das Co-municaes, os recursos dos demais Fundosso alocados no FNDCT e administradospela FINEP.

    A princpio, todos os grupos de pesquisas

    em uniersidades, institutos e centros depesquisas, indiidualmente ou associados aempresas, e que estierem de acordo comas exigncias estabelecidas por cada Fundo,podem participar das licitaes. As institui-es passeis de utiliao de recursos so:uniersidades, pblicas ou priadas e cen-tros de pesquisa do pas. Empresas tambmpodem participar, desde que em parceriacom as instituies de pesquisa e ensino.

    de maior retorno, sugere.A Finep auxilia empresas a

    encontrarem potenciais inves-tidores de risco, promovendofruns e rodadas de negociao.

    A gente aloca R$ 200 milhesnessa operao. Como os fundosde investimento so alavancadospela Finep e o grosso do dinheirovem de outros investidores, nstemos, ao todo, R$ 1,7 bi no mer-cado para investir em negciosinovadores com o capital de ris-co, explica.

    Inovao sem riscoEstudo realizado pelo Institu-

    to de Pesquisa Econmica Aplica-

    De onde vem o dinheiro

    DIvULGAO

    Jos Mauro

    de Morais,

    economista do

    Ipea, analisa

    programas de

    fnanciamento da

    Finep

    fInAncIAMEnto |

  • 8/14/2019 valor inovao_dez 2009

    15/28ValorInovao

    da (Ipea) analisou as principaisprticas de nanciamento dasagncias de fomento e mostroucomo feito o repasse de dinheiropara as empresas. H muitos ca-

    sos em que conseguem recursosde diferentes programas e, assim,mini mizam o risco com o investi-mento em P&D. H nanciamen-tos subsidiados para as mesmasempresas, que dispem de faci-lidades de acesso simultneo aosinstrumentos de apoio das agn-cias de fomento. Isso legtimo,explica o economista Jos Maurode Morais, responsvel pela pes-quisa do Ipea.

    Um exemplo foi o que aconte-

    ceu com a Biologicus, incubadano Centro no Instituto de Tecno-logia de Pernambuco. A empresade biotecnologia, fundada em2004, conseguiu R$ 1,5 milhono edital de Subveno Econmi-ca da Finep para o apoio ao de-senvolvimento de dermocosm-ticos e, apenas neste a no, foi con-templada em outros editais, que,somados, totalizam R$ 700 mil.Alm disso, a BioLogicus abriunegociao com um fundo de

    capital-semente com possibilida-de de receber um aporte de R$ 3

    milhes. Caso semelhante ocorrecom a SK Bombas, incubada doCentro de Tecnologia do Cear,criada em 2002 para atuar comodesenvolvedora de novos produtosde uma fabricante tradicional debombas centrfugas.

    Para realizar as pesquisas, anova empresa buscou formas de

    subvencionar seus projetos. A SKBombas possui propostas aprova-das pelo CNPq, para contrataode pesquisadores, e pelo progra-ma Pappe Subveno, direcionadoapenas para MPEs. Recentemente,a empresa foi contemplada pela

    chamada pblica do Programa deSubveno Econmica 2009 da Fi-nep, na rea de DesenvolvimentoSocial, e receber R$ 966.889,00para o desenvolvimento e aplica-o de baixo custo e baixo consu-mo de energia de tratamento degua.

    Morais alerta que com a possi-bilidade da subveno econmica,a avaliao dos projetos aprovados,feita pelas agncias, deve ser aindamais rigorosa. O instrumento de

    subveno deve ser eminentemen-te seletivo, indicando para apoiosomente os bens e servios que re-presentem descontinuidades nascadeias de produo de alta tec-nologia, como os priorizados nanova poltica de DesenvolvimentoProdutivo e no Plano de Ao Cin-cia, Tecnologia e Inovao para oDesenvolvimento Nacional, con-clui. Em 2008, a Finep liberou R$453 milhes para o programa desubveno. O montante foi dividi-

    do entre 209 empresas.

    Pesquisadores

    da Biologicus:

    R$ 2,2 milhes

    em recursos de

    editais somente

    em 2009

    Bombas

    produzidas

    pela SK:

    fnanciamento

    possibilitou

    pesquisa e

    desenvolvimento

    de novos

    produtos

    DIvULGAO

    DIvULGAO

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    16/286 ValorInovao

    POR CORA DIASunIvERSIdAdE |

    A

    capacidade de uma naode gerar conhecimento e

    convert-lo em riqueza edesenvolvimento social dependeda ao de alguns agentes institu-cionais: universidades, empresase governo. Este modelo conhe-cido por trplice hlice. No pas,a quase totalidade das atividadesde pesquisa e desenvolvimentoocorrem em ambientes acadmi-cos, onde esto 80% dos pesqui-sadores.

    Em artigo publicado no livroBrasil em Desenvolvimento, Carlos

    de Brito Cruz, diretor-cientcoda Fundao de Amparo Pes-quisa do Estado de So Paulo (Fa-pesp), explica que no pas existeuma tendncia de se atribuir universidade a responsabilidadepela inovao que far a empresacompetitiva. Trata-se de um gra-ve equvoco, o qual, se levado acabo poder causar dano profun-do ao sistema universitrio brasi-leiro, desviando-o de sua missoespecca que educar prossio-

    nais e gerar conhecimentos fun-damentais. No Brasil, de acordocom dados do IBGE, CNPq e CA-PES, existem 397.170 pesquisado-res, dos quais 307.416 esto nasuniversidades e apenas 79.350,nas empresas. Os demais pesqui-sadores esto no governo ou nosetor privado sem ns lucrativos.

    Para se ter acesso ao conheci-mento gerado nos centros de pes-quisa existem mecanismos, comoa transferncia de tecnologia e o

    licenciamento de patentes, que

    AgREgAndo vAloR Ao

    conhEcIMEntoTranserncia de tecnologia para o setor produtio imprescindel, masinstituies de pesquisa precisam garantir propriedade intelectual

    Situao das ICT no Brasil

    Distribuio regional das ICT nos anos de 2006, 2007 e 2008.

    Comparao das ICT com relao naturea

    Protees requeridas e concedidasno Brasil e exterior

    Fase de implantao de NITnas ICT

    Requeridas

    Concedidas

    FONTE:MCT/CORADIAS

    Sud

    este S

    ul

    Centro

    -oeste

    Norde

    ste

    Norte

    Total

    0

    20

    40

    60

    80

    100

    120

    2006

    2007

    2008

    0

    20

    40

    60

    80

    100

    120

    Federal Estadual Municipal Privada Total

    2006

    2007

    2008

    0

    200

    400

    600

    800

    1000

    1200

    Brasil Exterior

    Implementado

    Implementando

    No implementado

    74%

    20%

    6%

  • 8/14/2019 valor inovao_dez 2009

    17/28ValorInovao

    possibilitam que o setor produ-tivo explore a nova tecnologia nomercado. Foi para ajudar nesseprocesso que o governo, com aLei de Inovao, de 2004, estimu-

    lou as universidades a criaremNcleos de Inovao Tecnolgica(NIT) mecani smos responsveispor otimizar o relacionamentocom as indstrias, cuidar da pro-priedade intelectual e facilitar aentrada no mercado da tecnolo-gia produzida nas universidades.Desde ento, o MCT pede que asInstituies Cientcas e Tecno-lgicas (ICT) do pas respondama um questionrio anual para queo desenvolvimento dos NIT seja

    avaliado. O relatrio referente aoano de 2008 mostra que de 101ICT brasileiras analisadas, 75 jpossuem NIT implementados.

    Quando se avalia a capacidadede inovao de um pas, o nme-ro de patentes depositadas ainda o principal ndice. Casos comoo captopril, medicamento con-tra a hipertenso cujo princpioativo foi descoberto no Brasil epatenteado no exterior, mostrama importncia de se incentivar a

    proteo sobre o conhecimentogerado no pas (ver box). Apenasem 2008, essas 101 instituiesque responderam ao question-

    rio do MCT zeram requerimentode 1.133 protees, das quais ape-nas 167 foram concedidas, 146 noBrasil e 21 no exterior. O prpriodocumento do Ministrio arma

    que isso reexo da demora naconcesso de protees por partedo Instituto Nacional de Proprie-dade Industrial (INPI) rgo res-ponsvel pelo depsito de paten-tes. Em certos casos, pode chegara oito anos a espera entre a requi-sio e a concesso de protees.(ver infogrco do processo).

    Das vinte maiores instituiesresidentes depositantes no INPI, aUniversidade de Campinas (Uni-camp) est em primeiro lugar,

    com 537 patentes. O NIT da Uni-camp foi criado em 2003 e, desdeento, busca consolidar a parce-ria entre a universidade e o setorprodutivo para o licenciamentodas patentes e a transfernciade tecnologia. At o nal do anopassado, a InovaUnicamp j haviaarticulado mais de 240 convniosde transferncia de tecnologia ede desenvolvimento colaborativo,que renderam Universidade R$900 mil em royalties.

    Roberto Lotufo, diretor execu-tivo da Inova, explica que a grandediculdade na interao empre-sa-universidade est relacionada

    Em 1948, procurando explicar como o eneno da jararacamata ou paralisa suas timas, o pesquisador Gasto Roseneldleou para o laboratrio do qumico e armacologista Maurcio Ro-cha e Sila, no Instituto Biolgico, em So Paulo, uma amostra dapeonha da Bothrops jararaca. O objetio era estudar seus eeitosem ces. Aps injetarem o eneno num animal, os pesquisadorespuderam obserar que a reao com o plasma sangneo liberaauma substncia que possua intensa ao hipotensora, denomina-da bradicinina.

    Srgio Henrique Ferreria, orientando de Maurcio Rocha e Silana Uniersidade de So Paulo (USP), no incio da dcada de 1960,constatou que a hipotenso proocada pela liberao da bradicini-na no sangue da tima era potencialiada pela ao de toxinas en-contradas em grandes quantidades no eneno da jararaca. Essassubstncias, denominadas peptdeos potenciadores da bradicinina(BPPs), oram isoladas por Ferreira e outros colaboradores. Em

    1965, quando oi para a Inglaterra aer ps-doutorado, Ferreiraleou consigo o resultado das pesquisas, o que permitiu que umgrupo de cientistas liderado pelo ingls John vane (ganhador doPrmio Nobel de Medicina) chegasse a um prottipo moleculardos BPPs.

    Certos do potencial da pesquisa, Ferreira e vane frmaram par-ceria com o laboratrio americano Bristol-Myers Squibb, cedendoa descoberta em troca de fnanciamento para outras pesquisas.Foi assim que o laboratrio registrou a patente da erso sintticada substncia isolada pelos brasileiros e criou, em 1977, o Capto-pril, medicamento utiliado por milhes de hipertensos.

    Lanada nos Estados Unidos no incio da dcada de 80, a drogase tornou reerncia mundial para o tratamento da hipertenso esua comercialiao gera um aturamento de US$ 5 bilhes porano ao laboratrio americano. Hoje, uma erso genrica da droga usada pelo Sistema nico de Sade (SUS) no Brasil.

    Made in Brazil

    di ferena de objetivos, culturase misses dos dois agentes. A em-presa, focada na competitividadee sustentao nanceira, buscaresultados rpidos de seus inves-

    timentos; j a universidade, foca-da na disseminao e no avanodo conhecimento, busca projetosinteressantes para complementara formao dos alunos. O desaodos ncleos de inovao fazeresta mediao trazendo para auniversidade oportunidades quefortaleam o ensino e a pesquisae que tambm tragam benefciospara as empresas, como acesso tecnologia de ponta, identica-o de talentos e reduo dos cus-

    tos de P&D, arma. Para Lotufo,ainda h uma bai xa demanda porparte do setor empresarial embuscar essa parceria com a uni-versidade. Na contramo, estoempresas como a Click Automo-tiva, de Campinas, que tem portradio enviar um colaborador,uma vez por semana, para dentroda universidade a m de encon-trar algum conhecimento quepossa aplicar no mercado.

    Jos Luiz Giacomassi, gerente

    executivo da Click, conta que foiem um desses dias que sua equipedescobriu a existncia da patentede um sensor de bra ptica que

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    18/288 ValorInovao

    havia sido desenvolvido sob a co-ordenao do pesquisador CarlosKenichi Suzuki. A equipe do cien-tista props, ento, que esse sen-sor fosse utilizado para vericar aalterao de combustvel. Com aconrmao de que o desenvolvi-mento do produto era possvel, aempresa do setor automotivo en-trou em contato com a Inova para

    que fosse formalizado um contra-to entre a Click e a Universidade.O trabalho de pesquisa passou aser desenvolvido com a contra-

    partida de colaborao nanceira a empresa no cita os valores in-vestidos. A patente foi licenciadaem 2008 e, de acordo com o con-trato, a Click tem o direito de usodo sensor ptico para pelo menosduas aplicaes: sensor de pr-queima e o sensor de adulteraode combustvel.

    Como a empresa a respon-

    svel por transformar o conhe-cimento em riqueza e test-lo nomercado, foi rmado o compro-misso de comercializar o produto

    em um prazo de trs anos aps aassinatura do contrato. Caso issono ocorra, pode haver uma rene-gociao ou o contrato pode serreiscidido para que a Unicamp

    negocie a patente com outra orga-nizao. Com a venda do sensor,a Click repassar Fundao daUnicamp um percentual (royaltie)de tudo o que for faturado comessa comercializao, num prazode trs anos, que quando o con-trato vence.

    O fato de a empresa ter reali-zado esse tipo de parceria nosubstitui a atividade de pesquisae desenvolvimento dentro da em-presa. Atualmente, a Click possui

    um departamento prprio deP&D e est desenvolvendo maisdois produtos do setor eletroele-trnico. A pesquisa interna temgrande importncia para a em-presa. A nica maneira de vocsobreviver no setor automotivo colocando no mercado novos pro-dutos, o retorno muito maior,

    justica Giacomassi.

    Quanto vale?Mensurar o valor do conheci-

    mento desenvolvido dentro dauniversidade uma das tarefasmais difceis atribuda s agn-cias de inovao. O sensor ptico

    Pesquisador

    Carlos Kenichi

    Suzuki, da

    Unicamp,

    desenvolveu

    sensor para

    verifcar a

    alterao de

    combustvel

    O rgo brasileiro responsel pelo depsito de patentes o Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI). Patente um ttulo de

    propriedade temporria sobre uma ineno ou modelo de utilidade, outorgados pelo Estado aos inentores, autores, pessoas sicas ou

    jurdicas detentoras de direitos sobre a criao. Entenda o processo para depsito de uma patente no INPI:

    1. Consultar a LPI (Lei de Propriedade

    Industrial) para verifcar se sua in-

    veno pode ser patentevel.

    No so consideradas patenteeisas matrias contrrias moral, bonscostumes, segurana, ordem e sadepblica.

    Como depositar patentes no Brasil

    3. Realizar uma busca para certifcar-

    se de que sua inveno tem novidade

    Certifcar-se de que se trata dealgo noo no somente no Brasil, mastambm no mundo. Consultar reistasespecialiadas, publicaes tcnicas ebases de patentes disponeis gratuita-mente na internet como o prprio sitedo INPI, , escritrio europeu e norteamericano.

    2. Determinar se o pedido patente

    de inveno (PI) ou modelo de utili-

    dade (MU)

    PI: igora por 20 anos e consiste emnoo produto e processo. MU: so 15

    5. Depositar o pedido de patente

    O depsito dee ser eito na sede doINPI localiada na Praa Mau, 7 - Riode Janeiro - RJ, CEP 20083-900 oupor enio postal. Um exame preliminar realiado no momento da entrega.

    4. Escrever o pedido de patente

    O pedido de patente composto derequerimento, relatrio descritio, rei-indicaes, desenhos, resumo e com-proante de pagamento da retribuiorelatia ao depsito. (R$ 200).

    unIvERSIdAdE |

    JOOLUIzRIBEIRO

    anos e consiste em melhoria incremen-tal de produto ou processo.

    FONTE: INPI / CORA DIAS

  • 8/14/2019 valor inovao_dez 2009

    19/28ValorInovao

    desenvolvido por Carlos KenichiSuzuki da Unicamp, por exem-plo, foi resultado de 30 anos depesquisa. Rozngela Curi Pedro-sa, diretora do Departamento de

    Inovao da Universidade Federalde Santa Catari na (UFSC), explicaque a transferncia de tecnologiada universidade para a empresadeve ser avaliada com rigor, jque os interesses normalmen-te so divergentes. A gente temque negociar, porque um valorintangvel. O conhecimento queexiste na universidade intang-vel. O interesse maior protegero patrimnio intelectual, masa universidade precisa tambm

    transferir a tecnologia, sociali-zar a informao. Buscamos umaforma para que todas as partessejam beneciadas. Rozngelaexplica que essencial que hajaum assessor contbil quando sefecha esse tipo de contrato. Almdisso, o artigo 13 da Lei de Inova-o prev que direito do pesqui-sador, responsvel pela pesquisa,uma participao mnima de 5%e mxima de 1/3 nos ganhos eco-nmicos (royalties), auferidos pela

    instituio cientca e tecnolgi-ca (ICT), resultantes de contratosde transferncia de tecnologia ede licenciamento a lei no espe-

    6. Solicitar o pedido de exame

    O pedido de patente ser mantidoem sigilo durante 18 meses contadosda data de depsito. Depois disso, ele publicado, com exceo de quando a

    patente de interesse da deesa nacio-nal. A publicao do pedido poder serantecipada a requerimento do deposi-tante.

    7. Acompanhar o andamento proces-

    sual do pedido e aguardar o exame

    tcnico

    O processo pode ser acompanhadopela Reista da Propriedade Industrial,

    editada semanalmente, disponel gra-tuitamente na Biblioteca do INPI.

    8. Cumprir as eventuais exigncias

    tcnicas eitas pelo examinador

    No fnal do exame, o responselelabora um parecer relatio a: paten-teabilidade do pedido (deerimento);adaptao do pedido naturea rei-indicada; reormulao do pedido,diiso ou exigncias tcnicas. Depoisda concluso do exame, proerida de-ciso (R$ 100).

    9. Solicitar a expedio da carta patente

    Pagamento para expedio da carta-patente (R$ 200). Todo o processo podedurar, de acordo com o INPI, at oitoanos.

    10. Manter o pagamento das anuidades

    em dia

    Os alores ariam de R$ 500 a R$ 660,nos primeiros seis anos e de R$ 1.030 a R$3.380m, nos noe ltimos.Para mais inormaes, consulte o sitedo INPI: www.inpi.go.br.

    cica casos em que o pesquisadorpossui Dedicao Exclusiva.

    O Departamento de Inovaoda UFSC negociou o primeirocontrato que garantiu a proprie-

    dade intelectual Universidade,em 2007. O Laboratrio de Far-macologia Experimental desen-volveu um creme dermatolgicoem parceria com uma empresa decosmticos. Constitudo a basede avonides de Passiora alata(espcie de maracuj existente noBrasil), o novo produto antiida-de pertence linha Chronos daNatura. A pesquisa, coordenadapelo professor Joo Calixto, du-rou quatro anos.

    O pesquisador explica que aideia comeou a ganhar corpodepois que algumas pesquisasiniciais em outra rea deram re-sultado negativo. Em 2003, quan-do iniciaram a parceria, a Naturaestava focada em uma pesquisamais voltada rea de farmacolo-gia. A empresa havia comprado aFlora Medicinal, do Rio de Janei-ro, e a parceria inicialmente coma UFSC era para reestudar umproduto daquela empresa, que

    contava com trs plantas na suacomposio, sendo uma delas aPassiora. A inteno era realizartestes para comprovao de sua

    eccia. Como no obteve suces-so, o produto, cujo nome no foirevelado, saiu de linha. Calixto,incomodado com os resultadosnegativos, decidiu procurar de-

    talhar cada uma das trs plantasisoladamente e a Passiora alatalhe chamou a ateno pelo seucomponente antiinamatrio.Foi nesse momento que se che-gou ideia de usar a passioracomo cosmecutico antienvelhe-cimento.

    O ncleo de inovao da UFSCauxiliou na questo contratuale isso possibilitou que a Univer-sidade garantisse participaonos ganhos da explorao do

    novo produto. Calixto explicaque, apesar da parceria ter sidoum sucesso, houve entraves nanegociao do contrato de pro-priedade intelectual, pois o Regi-me Jurdico nico (regulamentodo servidor pblico federal) nopermitia que ele recebesse osroyalties pela sua descoberta porser professor de Dedicao Ex-clusiva. Isso exigiu que se bus-cassem mecanismos alternativospara que eu recebesse os recur-

    sos a que tinha direito, explica.A Natura est negociando outrotipo de parceria com a UFSC paraser iniciada ainda este ano.

  • 8/14/2019 valor inovao_dez 2009

    20/280 ValorInovao

    POR CORA DIASPARquES tEcnolgIcoS |

    S

    anta Rita do Sapuca umpequeno municpio do sul

    de Minas Gerais, com umapopulao de 35 mil habitantes.Atualmente a cidade, que tinhasua economia baseada na produ-o de caf e leite, conhecidacomo Vale da Eletrnica, por terdesenvolvido, a partir dos anos50, escolas e empresas especiali-zadas no setor. Com 80% da popu-lao urbana e um PIB de R$ 250milhes, Santa Rita do Sapucaconta com 130 empresas do setorde eletroeletrnicos, organizadas

    em um Arranjo Produtivo Local eque empregam dez mil pessoas.O polo tecnolgico da cida-

    de mineira comeou a ser criadoem 1959 com a fundao da Es-cola Tcnica de Eletrnica (ETE).A iniciativa foi de Luzia RennMoreira, a Sinh Moreira, lhado banqueiro Francisco Moreirada Costa e descendente de umafamlia de polticos tradicionais.Depois de viver alguns anos no Ja-po, Sinh Moreira voltou ao Bra-

    sil com a ideia de implantar, comrecursos prprios, a primeira es-cola tcnica de eletrnica do pas,em sua cidade natal. O Presidente

    Juscelino Kubitschek instituiu oensino mdio prossionalizanteno Brasil, naquele mesmo ano.Dessa forma, a ETE pde ter suasatividades iniciadas.

    Elias Kalls, professor de so-ciologia em Santa Rita, conta quena cidade h um folclore em tor-no das atividades que zeram de

    Snh Moreira o grande smbolo

    do P dE cAf Ao Polo

    tEcnolgIcoHistrias como a de uma cidadeinha do sul de Minas mostram aimportncia do inestimento em educao para o desenolimento

    Parques Tecnolgicos no Brasil

    De acordo com leantamento da Associao Nacional de Entidades Promotorasde Empreendimentos Inoadores, de 2008, o pas possui 74 Parques Tecnolgicos,que esto em dierentes ases de atuao: 25 j operam normalmente, 17 esto emimplantao e 32 ainda esto na ase de projeto.

    34%

    43%

    23%

    55%

    18%

    27%

    Os Parques Tecnolgicos do Brasil empregam 26.233 pessoas.

    Existem 520 empresas em operao nos Parques Tecnolgicos do pas, que juntasgeram uma receita de R$ 1 ,68 bilho.

    FONTE:ANPROTEC

    /CORADIAS

    Nvel superior

    Ps-graduao

    Formao inferior aensino superior

    Operao

    Implantao

    Projeto

    ReceitasExportaes

    Importaes

    (R$) milho

    200

    400

    600

    800

    1.000

    1.200

    1.400

    1.600

    1.800

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    21/28ValorInovao

    do Vale da Eletrnica. Preocupa-

    da com o fato de todos os homenssarem da cidade para estudar eretornarem j casados, ela buscouestruturar o ensino tcnico deSanta Rita. Com isso, os homenspoderiam estudar l, as moas te-riam oportunidade de se casar e acidade no passaria por um pro-cesso de envelhecimento.

    A verdade que Sinh Moreirase preocupou com questes so-ciais de diferentes formas, inclu-sive na rea da sade. Ela faleceu

    em 1963, muito antes de se pensarna formao do atual Vale da Ele-trnica.

    Se o incentivo educao ti-vesse parado por a, Santa Ritano teria se tornado o que hoje.Em 1964, foi criado o InstitutoNacional de Telecomunicaes(Inatel), idealizado pelo professor

    Jos Nogueira Leite, para formarengenheiros eletricistas especia-lizados em eletrnica e telecomu-nicaes. Durante os anos 70, o

    setor de telecomunicaes nacio-

    nal passou por um difcil perodo

    devido s crises internacionais dopetrleo. Muitos alunos formadospelo Inatel no tinham perspecti-va de emprego. Comearam, en-to, a abrir o prprio negcio emSanta Rita do Sapuca. Esse per-odo foi marcado pelas primeirasiniciativas de incubao de em-presas na cidade. Da reunio deum grupo de alunos, ex-alunose professores do Inatel e da ETE,nasceu a Linear, empresa conhe-cida atualmente por ter desenvol-

    vido um transmissor brasileiropara TV Digital.O polo tecnolgico foi institu-

    cionalizado em meados da dca-da de 1980, quando o prefeito dacidade, conhecido por PaulinhoDentista, passou a incentivar acriao de micro e pequenas em-presas em Santa Rita. Paulinhorespondia queles que lhe pediamemprego: Isso eu no tenho, masse voc criar uma empresa de ele-trnica, a prefeitura paga seu alu-

    guel por dois anos. Desde 2005, a

    cidade possui uma Secretaria de

    Cincia e Tecnologia.Assim como Santa Rita, o pastambm iniciou um movimentode incentivo criao de empre-sas de base tecnolgica nos anos80. Hoje so 377 incubadoras e 42parques tecnolgicos no Brasil,que j incubaram seis mil empre-endimentos inovadores. Como oprprio nome j diz, as incuba-doras possuem a funo de fa-zer com que projetos tornem-seempresas, que depois do estgio

    de incubao podem lanar seusprodutos no mercado. Alm deespao fsico para a instalaode escritrios e/ou laboratrios,as incubadoras oferecem salasde reunio, auditrios, rea parademonstrao dos produtos, se-cretaria e bibliotecas. Mas so asconsultorias gerenciais e tecno-lgicas, que conguram os maisimportantes servios prestadospelas incubadoras. Assim, o em-preendedor pode se dedicar mais

    pesquisa e ao desenvolvimento

    DIvULGAO/SINDvEL

    APL de

    eletroeletrnicaez de Santa Rita

    importante polo

    tecnolgico

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    22/282 ValorInovao

    do produto at que ele tenha via-bilidade de estar no mercado.

    Para receber esse servio, aempresa incubada precisa pagaruma taxa de condomnio. No casodo Centro Incubador de Empresas(Cietec) espao de empreende-dorismo e inovao de So Pauloque est situado na cidade uni-

    versitri a da USP e a maior incu-badora do pas , o condomniopara empresas residentes de R$1 mil. As 122 empresas do Cietec,desde sua criao em 1998, j re-ceberam R$ 58,2 milhes em re-cursos de programas como os daFinanciadora de Estudos e Proje-tos (Finep) e da Fundao de Am-paro Pesquisa do Estado de SoPaulo (Fapesp). a partir dessesnanciamentos que as empresasdesenvolvem seus projetos para

    que, num perodo de trs anos,

    possam ser graduadas e chegar fase mercadolgica. Em onzeanos de incubao, as empresasdo Cietec faturaram cerca de R$175,8 milhes. As exportaesrenderam s incubadas U$ 290mil. De acordo com Jos CarlosLucena, do Cietec, 30% das em-presas incubadas fecham o

    mesmo ndice das empresas daincubadora que obtm sucessono mercado nacional.

    Exemplo disso o caso da em-presa de produtos qumicos Al-pha BR, graduada em 2005, quedesenvolve tecnologia e produzmatrias-primas (frmacos) dealto valor agregado e baixa de-manda fsica para produo deanestsicos e sedativos para me-dicamentos de uso hospitalar. Olaboratrio faturou R$ 1,15 mi-

    lho em 2008, o que corresponde

    a um crescimento de 27% em re-lao ao ano anterior. Em setem-bro de 2009 a empresa j tinhadobrado o faturamento de 2008.Essa evoluo se deve conclu-

    so de projetos que j estavamem desenvolvimento, explicaWilliam Carnicelli, scio do la-boratrio. Os projetos demoramde trs a quatro anos para seremdesenvolvidos.

    Lucena explica que o Cietecfoi criado como o embrio doParque Tecnolgico de So Paulo,que deve ser inaugurado aindaem este ano. As oito empresas queo parque abrigar j foram sele-cionadas, das quais sete delas gra-

    duadas pelo Cietec. Enquanto naincubadora as empresas possuemsalas de 50 m2, no parque, sero200 m2 por empreendimento.Hoje, esses espaos de inovaoesto agregando cada vez maisatividades di ferenciadas.

    Segundo o vice presidenteda Associao Internacional deParques Tecnolgicos (IASP, nasigla em ingls), Maurcio Gue-des, em plenria durante o XIXSeminrio Nacional de Parques

    Tecnolgicos e Incubadoras deEmpresas, o conceito originalde um parque comum, comoum espao dedicado somente aempresas onde se chega s oitohoras da manh e se vai emboras seis da tarde est mudando.Devem ser criados espaos maisabertos, para os quais no seroatradas somente empresas, mastambm pessoas, os chamadostrabalhadores do conhecimento.Portanto, sero reas habitadas,

    bairros, onde h residncias,espaos para lazer, colgios etambm incubadoras e empre-sas (ver box). Assim, mais doque um espao empresarial, es-ses parques representaro redessociais, mantendo o carter deempresas tecnolgicas, voltadas inovao. Esta losoa, de al-gum modo, j foi implantada nacidade mineira de Santa Rita doSapuca, onde o Arranjo Produti-vo Local Eletroeletrnico faturou

    mais de R$ 1 bi lho em 2008.

    Investimento

    em produtos de

    baixa demanda

    sica e alto valor

    agregado traz

    bons resultados

    para a Alpha BR

    PARquES tEcnolgIcoS |

    DIvULGAO

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    23/28ValorInovao

    Atrair pessoas com opes de cultura, laer e educao um dos

    objetios do Sapiens Parque de Florianpolis que oge dos padrestradicionais de parques tecnolgicos. O projeto iniciado em 2000,possui 4,5 milhes de m2 e est localiado no norte da Ilha de SantaCatarina. A rea oi concedida pelo Estado e, por isso, criou-se umaempresa de Sociedade Annima em que 93% do capital pertenceao goerno catarinense. Foram necessrios dois anos para a conclu-so do Estudo e Relatrio de Impacto Ambiental (EIA/Rima) destarea e mais um ano e meio para o licenciamento ambiental junto aoIbama. Isso porque o Sapiens Parque est localiado numa rea demangue de Florianpolis. Dos 25 parques em operao no Brasil,noe no possuem licena ambiental.

    De acordo com Jos Eduardo Fiates, diretor executio do Sa-piens, o parque ai desenoler atiidades que j so ocao de

    Florianpolis, como os setores de tecnologia e turismo. So qua-tro reas consideradas de base: experincia, cincia, arte e meioambiente que geraro conhecimento para as reas consideradasestratgicas para a capital catarinense. Queremos consolidar umgrande shopping de inoao, explica. Projetos como o Instituto doPetrleo da Petrobras e o Laboratrio de Farmacologia pr-clnicado Ministrio da Sade, ambos em parceria com a Uniersidade Fe-deral de Santa Catarina, tero inestimentos de R$ 37 milhes e deem ser instalados no parque. Fiates acredita que a implantao

    de todos os projetos preistos para o Sapiens se dar ao longo deinte anos, com uma rea construda de 1 milho de m2.

    Desde a inaugurao do marco ero, em abril de 2006, deempresas oram aceitas para atuar no parque. A AnimaKing, porexemplo, oi instalada em 2007 no Studium Sapiens, que abrigar

    um cluster de mdia e animao grfca integrando instituies,empresas e conhecimento gerado pelas uniersidades. A empresadesenole animaes grfcas para teleiso e cinema e os 22profssionais trabalham no primeiro longa-metragem brasileiro deanimao stop-motion , chamado Minhocas. O flme ser lanadoem 2010.

    Em Barcelona, ideia semelhante norteia a recuperao do anti-go bairro industrial, o Poblenou, que est sendo reitaliado paraatender atiidades intensias em conhecimento. De acordo como plano estratgico da capital catal, a regio de Poblenou, co-nhecida por 22A, era cercada de ias rreas e o principal motoreconmico da Catalunha. Abrigando indstrias pesadas e de orteagresso ao meio ambiente, o bairro de Barcelona entrou em de-

    cadncia e, desde 2000, a regio, agora chamada de 22@, empassando por uma reitaliao urbana, para se tornar um centrode inoao.

    Desde o incio do projeto, 1.441 noas empresas se instalaramem Poblenou, das quais 69% pertencem a algum dos cinco seto-res de atuao preistos no projeto 22@Barcelona: mdia, tec-nologias mdicas, design, energia e tecnologia da inormao ecomunicao. Dos 42 mil noos trabalhadores de Poblenou, maisda metade possuem graduao. O projeto, que est preisto paraser concludo entre 2015 e 2020, ter inestimentos imobiliriose de inraestrutura que somam 174 bilhes de euros.

    So empreendimentos caros e de longo prao, que buscam ade-quar os setores produtios economia do conhecimento.

    Plantando sequoias

    Animaking traz

    novidade para o

    setor nacional de

    entretenimento

    DIvULGAO

    DIvULG

    AO

    Revitalizao

    urbana de

    bairro industrial

    catalo: aposta

    na economia do

    conhecimento

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    POR CORA DIASInovAo AbERtA |

    OiPod no uma inveno sda Apple. O cultuado apa-relho existe apenas por-que pequenas empresas do Vale

    do Silcio, como a Portal Player,participaram da sua construocom tecnologia e conhecimentode mercado. A criao coletivaentre pequenas e grandes empre-sas ocorre inclusive no Brasil etraz benefcios para os dois lados.Conhecido como open innovation(inovao aberta), esse modelopossibilita que companhias pes-quisem e desenvolvam novos pro-dutos externamente atravs deparcerias com outras empresas ou

    instituies privadas e pblicas.A ESSS, por exemplo, foi criadaa partir de um grupo de pesqui-sa e desenvolvimento da (P&D)

    da Universidade Federal de SantaCatarina que desenvolvia softwa-res de simulao para a Petrobras.Em 1995, quando foi fundada,

    a ESSS era incubada no CentroEmpresarial para Laborao deTecnologias Avanadas de Floria-npolis. A empresa ganhou proje-o nacional ao desenvolver a bi-blioteca de programao COIlib,

    junto com o Laboratrio de Simu-lao Numrica em Mecnica dosFluidos e Transferncia de Calorda UFSC. A COIlib foi base paraimportantes projetos na rea desimulao de reservatrios de pe-trleo, criando um vnculo com o

    Centro de Pesquisas da Petrobras,para realizar pesquisa e desenvol-vimento nas reas de explorao,produo, reno e distribuio

    de petrleo e derivados. Hoje, jpossui mais de cem funcionrios,escritrios no Rio de Janeiro, emSo Paulo e em Santiago, no Chi-

    le. Alm disso, passou a atuar emoutros mercados desenvolve,customiza e comercializa softwa-res prprios e de parceiros - diver-sicando sua carteira de clientes.Mesmo assim, a gigante petrol-fera brasileira ainda a principalresponsvel pelo faturamento daempresa.

    No Brasil, de acordo com o Ins-tituto Brasileiro de Geograa e Es-tatstica, existem 14,8 milhes demicro e pequenas empresas 4,5

    milhes formais e 10,3 milhesinformais que respondem por28,7 milhes de empregos e por99,23% dos negcios do Brasil. Em2007, o valor exportado por essascompanhias foi de R$ 2,1 bilhes,com alta de 12,4% em relao a2006.

    As MPEs que desenvolvem ino-vaes possuem caractersticascomuns: esto, na maioria dasvezes, ligadas s universidades ecom uma equipe tcnica de alta

    qualicao. Na ESSS, 97% de seusfuncionrios possuem nvel supe-rior completo, dos quais 11% sodoutores. Dessa forma, h umatransferncia clara do conheci-mento gerado nas universidadespara o mercado.

    Dados da ltima Pesquisa deInovao Tecnolgica do IBGE, di-vulgada em 2007 e referentes aosanos de 2003 a 2005, mostramque 32 mil empresas do setorprodutivo e de servios incorpo-

    raram inovaes de produtos ou

    PEquEnAS EMPRESAS,

    gRAndES RESultAdoSParceria ganha-ganha entre pequenas e grandes: acesso a noosmercados para uma e reduo dos custos de P&D para a outra

    Sinmec,

    laboratrio

    de simulaonumrica da

    UFSC, que deu

    origem ESSS

    DIvULGAOEMC

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    25/28ValorInovao

    processos no Brasil. Dentre todasas novas tecnologias, 25 mil sa-ram de outras empresas e institu-tos ou da cooperao entre essesagentes.

    Pelo menos na busca de inven-es, as pequenas levam vanta-gem. Os negcios de menor por-te podem responder mais rapida-mente s demandas do mercado,diz Andr Calazans, analista deprojetos da Finep. Empreendi-mentos menores tm um diferen-cial difcil de bater: o alto graude especializao. Mas a mesmaestrutura enxuta que barateia aspesquisas tambm pode atrapa-lhar os pequenos na hora da co-

    mercializao. Sem tantos recur-sos para investir em marketing edistribuio, ca difcil competirem p de igualdade com os gran-des nomes do mercado.

    A simbiose entre pequenas egrandes empresas auxilia tam-bm na diversicao de clientes.Essa alavancagem ocorre quandoa gigante recomenda a MPE paraoutras parceiras que necessitemde um servio semelhante presta-do para ela. o que a IBM faz com

    a VANguard, empresa de consul-toria no gerenciamento de infra-estrutura e Tecnologia da Infor-mao (TI). A parceria com a IBM muito boa porque ela nos trazservios e nos indica para outrosclientes, conta Luciana Varejo,scia da empresa.

    A VANguard, graduada em2001 na incubadora CESAR, deRecife, considerada parceirapremier, classicao adotadapela IBM, est licenciada para re-

    vender suas solues, bem comoimplement-las e dar treinamen-tos para quem as compra. Lucianaexplica que, a partir da parceria, aIBM aumenta sua rede de servios,o que sozinha ela no conseguiriafazer. Enquanto isso ns temosacesso tecnologia de ponta de-senvolvida pela gigante do setorde TI, conta. Embora a VANguardpossua outros clientes, a IBM responsvel por cerca de 70% doseu faturamento. H sempre um

    risco, quando uma empresa temgrande parte de seu faturamentoatrelado a somente um fornece-dor ou cliente. Porm, a chance deum fornecedor como a IBM mudara sua forma de atuao ou mesmoapresentar resultados negativos mni ma, explica Luciana.

    Um risco que as MPEs inova-doras enfrentam ao se aproximarde grandes corporaes o de se-rem absorvidas por elas. Foi o queaconteceu com a PGT, empresa

    graduada pela incubadora de em-presas Coppe/UFRJ, da Universi-dade Federal do Rio de Janeiro. Aempresa de consultoria, anlise einterpretao de dados de baciaspetrolferas, que possua clientesem outros pases, foi compradapela Vale em 2008.

    A operao foi concluda e onegcio, estimado pelo merca-do em US$ 10 milhes, garanti-r gigante do setor mineraocorpo tcnico qualicado para a

    busca por reservas de petrleo egs. Com a compra da PGT, a Valeincorporou todo o quadro tc-nico da empresa, de cerca de 50funcionrios. Desde 2007, a PGTprestava servio de avaliao narea de explorao para a Vale eassessorou a mineradora na com-pra de nove blocos na 9 Rodadade Licitaes da Agncia Nacionaldo Petrleo (ANP), todos em par-ceria com empresas de petrleo. A

    Vale decidiu entrar no setor ainda

    em 2007, em busca principalmen-te de reserva de gs para garantirsuprimento de energia para suasatividades.

    Com faturamento estimadoem R$ 10 milhes por ano, a PGT especialista em identicar reascom potencial para descobertasde petrleo. Alm da Vale, gura-vam entre seus clientes as brasi-leiras Queiroz Galvo e Starsh, anorueguesa Norse Energy e a co-lombiana Ecopetrol. Para A lfredo

    Laufer, da Coppe/UFRJ, se a aqui-sio pela Vale fosse prejudicial, aPGT no teria fechado o negcio.A tecnologia desenvolvida pelaconsultoria era essencial para osnovos negcios da mineradora,por isso houve negociao. Emnenhum momento vimos isso

    A inoao entrou de e na pauta do setor produtio nacional.Durante o 3 Congresso Brasileiro de Inoao na Indstria, reali-ado em 19 de agosto, pela Conederao Nacional das Indstrias(CNI), lideranas polticas e empresariais se reuniram para debatere lanar um maniesto, assinado por representantes de diersossegmentos do segundo setor, confrmando a responsabilidade dacategoria de inestir em estratgias inoadoras: Inoao umaatiidade coletia, em que a empresa o ator principal, mas quedepende de boa inra-estrutura, slidas instituies de pesquisa eboas uniersidades.

    De acordo com o documento, 6 mil empresas brasileiras re-aliam pesquisa e desenolimento e 30 mil declaram inoar emprodutos e processos. A meta principal do maniesto duplicar onmero de empresas brasileiras inoadoras nos prximos quatroanos. A inoao, em qualquer pas, ruto de uma orte parceriaentre goerno e setor priado. Passos importantes oram dados aoposicionar a inoao no centro da poltica industrial, conclui o pre-sidente da CNI, o deputado ederal Armando Monteiro (PTB/PE).No dia 23 de outubro, o maniesto oi entregue ao Presidente LuiIncio Lula da Sila.

    Compromisso com a mudana

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    InovAo AbERtA |

    como algo ruim, mas sim comoreconhecimento do trabalho daPGT, explica.

    A Universidade Federal do Riode Janeiro possui tradio no se-

    tor de petrleo e gs e abriga oCenpes, Centro de Pesquisa e De-senvolvimento da Petrobras (verbox abaixo). A maioria das ativi-dades das empresas da incubado-ra da Universidade est voltadapara atender ao setor.

    InternacionalizaoO movimento de internaciona-

    lizao das cadeias produtivas e ode globalizao da economia ti-veram como agente a grande em-

    presa. Esse processo tambm pos-sibilita, de forma menos evidente,a entrada de pequenas empresasno mercado global. Mediante as-sociaes com empresas locais,como o caso da VANGuard tra-balhando em parceria com a IBM,ou integrando cadeias produtivastransnacionais, como aconteceucom a PGT.

    No setor de Tecnologia da In-

    formao e Comunicao (TIC) comum que o processo de inter-nacionalizao se d por meio deparceria entre empresas. A ESSS,por exemplo, chegou ao mercado

    externo quando passou a atuarcomo revendedora das soluesda ANSYS, empresa americanaque tambm desenvolve ferra-mentas de simulao virtual.Com um escritrio no Chile eprojetos em Houston, nos EUA, ena Argentina, a ESS desde o anopassado alcanou faturamentosuperior a R$ 10 milhes e podeser considerada empresa de m-dio porte, o que mostra que as pe-quenas empresas devem e podem

    crescer.Alguns programas desenvol-vidos pela Agncia Brasileira dePromoo de Exportaes e Inves-timentos (Apex-Brasil) e pelo Ser-vio Brasileiro de Apoio s Micro ePequenas Empresas (SEBRAE) au-xiliam especicamente as MPEs.Um deles oferecer, em dois anos,R$ 6 milhes em recursos paraapoiar empresas de Tecnologia da

    Informao e Comunicao (TIC)instaladas em incubadoras e par-ques tecnolgicos de todo o pas.

    A meta do projeto elevar opatamar de exportaes, pas-

    sando dos U$ 100 mil obtidosem 2008 para U$ 1,9 milho em2009 e U$ 2,3 milhes em 2010.As MPEs precisam entender queo processo de inovao est dire-tamente ligado internacionali-zao. Para isso investimos tam-bm na capacitao de gestorespara que conciliem os dois pro-cessos, explica Alessandro Tei-xeira, presidente da Agncia. Osmercados-alvo iniciais do proje-to so Estados Unidos, Mxico,

    Frana, Reino Unido, Alemanha,Portugal, Espanha e Colmbia.A internacionalizao de pe-

    quenas empresas , inclusive,uma das quatro metas-pas da Po-ltica de Desenvolvimento Produ-tivo do governo federal. O objeti-vo aumentar em 10% o nmerode MPEs exportadoras em 2010,frente a 11.792 empresas que ex-portavam em 2006.

    O projeto Redes Temticas, da Petrobras, assinado em conjuntocom reitores de uniersidades e diretores de institutos de pesquisa,tee incio em 2006. Nesses trs anos, a empresa inestiu R$ 1,8bilho nas 80 instituies brasileiras de pesquisa e desenolimentocom as quais tem parceria. Atras do projeto, a Companhia defniu50 redes temticas relacionadas s metas tecnolgicas da Petro-bras, defnidas a partir de seu plano de negcios.

    Em 2004, o alor destinado s instituies nacionais de P&D

    oi R$ 89 milhes; j em 2008, estes inestimentos totaliaramR$ 443 milhes. O gerente executio do Centro de Pesquisas eDesenolimento da Petrobras (Cenpes), Carlos Tadeu da CostaFraga, conta que o Brasil passou a ter laboratrios de classe mun-dial que antes s existiam no Hemisrio Norte, como o CalibradorHidrodinmico, na USP, o Ncleo de Tecnologia de leo e Gs , no Es-prito Santo e o Laboratrio de Ensaios No Destrutios, Corroso eSoldagem na UFRJ. Alm da Petrobras e das instituies nacionaisde P&D, o modelo das redes conta com outros importantes atores,como a Agncia Nacional do Petrleo, Gs e Biocombusteis (ANP),a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e os ministrios daCincia e Tecnologia (MCT) e de Minas e Energia (MME).

    ParceriaDIvULGAO

    Sede do Cenpes

    na UFRJ:

    Petrobras

    possui 50 redes

    temticas em

    parceria com

    80 instituies

    nacionais

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