Upload
others
View
2
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
DANIELA APARECIDA DE OLIVEIRA
VALORES ORIENTADORES DE PREVENÇÃO PARA COBRE E ZINCO EM
SOLOS DO ESTADO DE SANTA CATARINA
Tese apresentada ao Curso de Pós-Graduação em Ciência
do Solo da Universidade do Estado de Santa Catarina,
como requisito parcial para obtenção do grau de Doutor em Ciência do Solo.
Orientador: David José Miquelluti
Coorientador: Milton da Veiga
LAGES
2019
DANIELA APARECIDA DE OLIVEIRA
VALORES ORIENTADORES DE PREVENÇÃO PARA COBRE E ZINCO EM
SOLOS DO ESTADO DE SANTA CATARINA
Tese apresentada ao Curso de Pós-Graduação em Ciência do Solo da Universidade do Estado
de Santa Catarina, como requisito parcial para obtenção do grau de Doutor em Ciência do Solo.
Banca Examinadora
Orientador: _______________________________________________________________
Prof. Dr. David José Miquelluti
Universidade do Estado de Santa Catarina
Membro: _________________________________________________________________
Prof. Dr. Osmar Klauberg Filho
Universidade do Estado de Santa Catarina
Membro: _________________________________________________________________
Profa. Dra. Mari Lucia Campos
Universidade do Estado de Santa Catarina
Membro: _________________________________________________________________
Profa. Dra. Júlia Carina Niemeyer
Universidade Federal de Santa Catarina
Membro: _________________________________________________________________
Prof. Dr. Paulo Roger Lopes Alves
Universidade Federal da Fronteira Sul
LAGES
2019
Dedico,
Ao meu paizinho, José Ademar e
mãezinha Maria Nilsa, pelo amor
incondicional e por acreditarem e incentivarem
a realização dos meus sonhos;
Aos meus irmãos Diego e Duda, à
afilhada que escolhi, Valentina. A distância
nunca foi empecilho para que eu me sentisse
perto de vocês meus queridos.
Ao Éderson, meu companheiro de
caminho e meu maior incentivador.
Em especial, aos meus avós que amarei
eternamente.
AGRADECIMENTOS
É com muita gratidão que chego ao final do doutorado. Contudo, essa etapa não foi
vencida de maneira solitária e, em reconhecimento às pessoas indispensáveis para essa
conquista, faço meus agradecimentos.
A Deus que guia meus passos e ao universo que sempre conspira a meu favor, colocando
pessoas maravilhosas em meu caminho, fazendo com que tudo dê certo, de alguma maneira,
meu muito obrigada.
Aos mestres do Programa de Pós-Graduação em Ciência do Solo da UDESC, pelos
conhecimentos transmitidos que engrandeceram minha visão de mundo.
Aos técnicos e servidores da UDESC do Centro de Ciências Agroveterinárias, por todo
o auxílio prestado e por serem facilitadores da trajetória acadêmica.
Ao meu Orientador e amigo Professor David José Miquelluti, à dedicação, orientação,
conselhos, ensinamentos e por sua dedicada atenção à formação de seus alunos. Obrigada, por
todo o conhecimento repassado, a confiança em mim depositada, mas principalmente, obrigada
pelas conversas e conselhos que sempre traziam afeto e motivação, sem dúvida o caminho foi
menos árduo por saber que “tinha com quem contar”.
Ao Professor Osmar Klauberg Filho, agradeço a oportunidade e confiança em mim
depositada, ao exemplo profissional, à dedicação e orientação no decorrer desses quatro anos.
Obrigada pelo seu lado “humano”, e pela acolhida no laboratório que, além dos recursos,
proporcionou um ambiente de trabalho de muito aprendizado pessoal e profissional.
À Professora Mari, agradeço seu entusiasmo, motivação, conselhos e ensinamentos.
Obrigada pelas longas conversas que, além de conhecimento, traziam conforto e motivação.
Mas principalmente, obrigada pela força feminina que representa no Programa de pós-
Graduação, és um exemplo!
Ao meu “pai acadêmico” Milton da Veiga, agradeço o apoio, a partilha do saber, as
valiosas orientações e contribuições para o trabalho. Acima de tudo, obrigada pela inspiração
de profissional e ser humano que és e que ainda me fazem ter fé na humanidade. Obrigada pela
amizade e pelo acolhimento desde o início da minha vida acadêmica e por continuar a me
acompanhar nesta jornada, estimulando meu interesse pelo conhecimento. Sem sombra de
dúvidas, todos esses anos que passei sob sua orientação formaram a base para a construção de
meu futuro.
Aos meus amados pais José Ademar de Oliveira e Maria Nilza de Oliveira, irmão Diego
Denis Oliveira, irmã Dheniffer Eduarda de Oliveira, afilhada Valentina Bianca da Silva e a toda
a família, que mesmo sem entender muito bem o trabalho da vida acadêmica foram apoiadores,
incentivadores e compreensivos me proporcionando uma vida cheia de amor, que permitiram
fazer as minhas escolhas e estiveram comigo, sempre.
Ao Ederson Rodrigues Pereira, meu amigo e meu amor, por tornar a “estrada” mais leve
com seu carinho, parceria e compreensão. Essa conquista não seria possível e não teria o mesmo
valor se não fosse ao seu lado e, citando La Serna (1952), sigamos sempre com identidade de
aspirações e conjunção de sonhos, eu te amo.
Aos colegas, amigos e companheiros de jornada do Programa de Pós-Graduação em
Ciência do Solo, mais especificamente os membros e bolsistas (Andressa, Eduardo, Isabella, e
Gabriela) do laboratório de ecologia do solo, meu mais sincero muito obrigada. Por serem
muitos, não há espaço nesse documento para que sejam nomeados um a um, mas há muito
espaço em meu coração para saber que, sem a ajuda de vocês, sem os momentos de
descontração e os desafios compartilhados, a concretização desse trabalho seria certamente
mais difícil e não seria tão gratificante.
Quero agradecer, em especial, aos amigos que o processo de doutoramento me
proporcionou e que acompanharam um pouco mais de perto essa caminhada, Nessa, Pati, Luíza,
Milton, Gil, Julinha, Josi e Jéssica, vocês fizeram essa experiência ter um sentido todo especial.
Aos amigos que, por vezes, não tiveram minha presença física, mas sempre estiveram
em meu coração Augusto, Luiz, Taci, Keli, Glau, Eliane, Manu, Corada, Danda, Ana, Cris,
Valderi e Brenda.
Estendo meus agradecimentos aos colegas dos laboratórios de Fertilidade, Química e
análise ambiental, Manejo e física, Uso e conservação e Gênese do Solo, pelos materiais e
equipamentos cedidos, auxílio nas análises laboratoriais e conversas sempre muito construtivas.
À UDESC, de maneira geral, principalmente por proporcionar ensino gratuito e de qualidade.
“Tenho a impressão de ter sido uma criança
brincando à beira-mar, divertindo-me em
descobrir uma pedrinha mais lisa ou uma
concha mais bonita que as outras, enquanto o
imenso oceano da verdade continua misterioso
diante de meus olhos”. (Isaac Newton)
RESUMO
OLIVEIRA, Daniela Aparecida de. Valores orientadores de prevenção para cobre e zinco
em solos do estado de Santa Catarina. 2019. 205p. Tese de Doutorado em Ciência do Solo.
Área: Biologia do Solo. Universidade do Estado de Santa Catarina – Centro de Ciências
Agroveterinárias, Lages, 2019
A crescente expansão populacional, industrial e agrícola vem contribuindo de forma
significativa para o aporte de elementos-traço nos ecossistemas, interferindo na composição e
estrutura das comunidades e ocasionando desequilíbrio ambiental, com perda das funções e
serviços ecossistêmicos. Entre os diversos elementos inseridos de forma direta e indireta no
solo destacam-se os elementos cobre e zinco, elementos-traço que, apesar de serem
fundamentais para o metabolismo biológico, quando em excesso tornam-se prejudiciais,
requerendo avaliações mais efetivas de forma a melhor compreender e prevenir os potenciais
riscos da exposição biológica a estes elementos estressores. Considerando o acima exposto, o
objetivo da presente pesquisa foi avaliar os efeitos da aplicação de cobre e zinco sobre o
desenvolvimento de organismos do solo, visando derivar um valor orientador de prevenção para
solos representativos de Santa Catarina. O estudo foi desenvolvido em Lages (SC), no Centro
de Ciências Agroveterinárias, campus da Universidade do Estado de Santa Catarina. Os
experimentos foram realizados em amostras de Nitossolo Vermelho Eutrofico, Cambissolo
Húmico e Solo Artificial Tropical (SAT), sendo os dois primeiros coletados na camada de 0-20
cm de profundidade em áreas sob vegetação natural não antropizada. As principais
determinações durante o estudo foram: caracterização dos solos quanto à granulometria, pH em
água, teores trocáveis de Ca, Mg, Al, P, K, Cu, Fe, Mn e Zn, acidez potencial, frações da matéria
orgânica, mineralogia da fração argila, fósforo remanescente e capacidade máxima de adsorção.
Foram determinados os teores de Cu e Zn e o efeito destas na reprodução e sobrevivência
Enchytraeus crypticus, E. bigeminus, Eisenia andrei, Perionyx excavatus, Folsomia candida, e
Proisotoma minuta. Os tratamentos consistiram de doses crescentes de cobre e zinco, sendo
determinados os efeitos sobre a reprodução e sobrevivência desses organismos do solo. Os
dados obtidos foram submetidos à análise de variância (ANOVA One-way) e as médias
comparadas pelo teste de Dunnett (p≤0,05). Os valores de EC50 (Concentração que causa Efeito
em 50% da população) foram determinados por análise de regressão não linear. A partir dos
valores de CE50, foram construídas as Curvas de Distribuição de Sensibilidade das Espécies
(SSD) e obtidos os valores de HC5 e HC50, (Concentração de risco para 5 e 50% das espécies,
respectivamente), assim como os valores orientadores para cada classe de solo. No Nitossolo,
contaminado com o Cu, a espécie mais sensível foi a P. excavatus e a menos sensível P. minuta
e, o valor de HC5 foi 252,90 (144,10 – 325,40) mg kg-1 de solo seco. Para essas mesmas
condições no Cambissolo o HC5 foi 40,21 (9,08 – 78,25) mg kg-1 de solo seco e a espécie mais
sensível foi a P. excavatus e a menos sensível P. minuta. Em relação ao Zn, quando aplicado
no Nitossolo, o valor da HC5 foi de 316,42 (193,29 – 394,49) mg kg-1 de solo seco e a espécie
mais sensível foi o E. andrei e a menos sensível foi P. minuta. No Cambissolo, o valor de HC5
foi de 153,85 (94,48 – 191,36) mg kg-1 de solo seco e a espécie mais sensível foi a E. bigeminus
e a menos sensível foi P. minuta. O Cu e o Zn apresentaram maior biodisponibilidade no
Cambissolo do que no SAT e Nitossolo. Considerando os resultados obtidos nos testes agudos
e crônicos com os seis organismos evidenciam efeitos negativos sobre a sobrevivência e o
número de juvenis gerados com aumento das doses de Cu e Zn aplicadas, independente do solo
avaliado, sendo os anelídeos mais sensíveis ao Cu e Zn do que os colêmbolos. Contudo, os
efeitos destes elementos-traço na sobrevivência e reprodução dos organismos variam nos solos
de diferentes classes texturais, pH’s e teores de óxidos, sendo os efeitos, mais expressivos no
Cambissolo. O VP (Valor de Prevenção) para o Cu para o Cambissolo foi mais restritivo
(141,21 mg kg-1) quando comparado aos outros solos estudados, devido às suas características
que propiciam menor retenção do Cu, enquanto para o Nitossolo, o maior valor de VP de Cu
encontrado (363,90 mg kg-1) foi atribuído ao seu caráter mais argiloso, sua riqueza em ferro, e
à elevada capacidade de troca de cátions. O VP para o Zn para o Cambissolo foi mais restritivo
(214,85 mg kg-1), quando comparado ao Nitossolo (377,70 mg kg-1) devido ao seu caráter mais
argiloso, sua riqueza em ferro e mais elevada de capacidade de troca de cátions. Recomendamos
utilizar o valor de 141,21 mg kg-1 como valor o preventivo para Cu e 214,85 mg kg-1 para Zn
em solos do Estado de Santa Catarina.
Palavras-chave: Solos. Elementos-traço. Valores de Prevenção. Ecotoxicologia terrestre. SSD.
ABSTRACT
OLIVEIRA, Daniela Aparecida. Precaution guiding values for copper and zinc to Santa
Catarina State soils.. 2019. 205 p. PhD Thesis in Soil Science. Area: Soil Biology. Santa
Catarina State University – Agroveterinary Sciences Center, Lages, 2019.
The increasing population, industrial and agricultural expansion has contributed significantly
to the supply of trace elements in ecosystems, affecting the composition and structure of
communities and causing environmental imbalance with loss of function and ecosystem
services. Among the several elements inserted directly and indirectly in the soil we highlight
the elements copper and zinc, trace elements that, although fundamental for biological
metabolism, when in excess become harmful, requiring more effective evaluations in order to
better understand and prevent the potential risks of biological exposure to these stressors.
Considering the above, the aim of this research was to evaluate the effects of the application of
copper and zinc on the development of soil organisms, aiming to derive a guiding value of
prevention for soils representative of Santa Catarina. The study was developed in Lages (SC),
at the Agroveterinary Sciences Center, campus of Santa Catarina State University. The
experiments were carried out on samples of Nitosol, Cambisol and Tropical Artificial Soil
(TAS), the first two were collected in the 0-20 cm depth layer in under natural non-
anthropogenic vegetation areas. The main determinations during the study were:
characterization of the soil as the particle size, water pH, exchangeable Ca, Mg, Al, P, K, Cu,
Fe, Mn and Zn, the potential acidity, soil organic matter, mineralogy clay fraction, remaining
phosphorus and maximum adsorption capacity. The levels of Cu and Zn and their effect on
reproduction and survival were determined on Enchytraeus crypticus, E. bigeminus, Eisenia
andrei, Perionyx excavatus, Folsomia candida, and Proisotoma minuta. The treatments
consisted of increasing doses of copper and zinc, and the effects on reproduction and survival
of these soil organisms were determined. Data were submitted to analysis of variance (ANOVA
One-way) and means were compared by the Dunnett test (p≤0.05). The EC50 (concentration
that causes 50% effect on the population) were determined by nonlinear regression analysis.
From the EC50 values, the Species Sensitivity Distribution Curves (SSD) were constructed and
the values of HC5 and HC50, (hazzard concentration for 5 and 50% of the species, respectively)
were obtained, as well as guiding values for each class of soil. On Nitossolo, contaminated with
Cu, the most sensitive species was P. excavatus and the less one sensitive P. minuta, and the
value of HC5 was 252.90 (144.10 - 325.40) mg kg-1 of dry soil. For the same conditions on
Cambisol the HC5 was 40.21 (9.08 - 78.25) mg kg-1 of dry soil and the most sensitive species
was P. excavatus and the least sensitive species P. minuta. Regarding Zn, when applied on
Nitosol, the value of HC5 was 316.42 (193.29 - 394.49) mg kg-1 of dry soil and was the most
sensitive species E. andrei and was less sensitive P. minuta. On the Cambisol, the HC5 value
was 153.85 (94.48 - 191.36) mg kg-1 of dry soil and the most sensitive species was E. bigeminus
and the least sensitive was P. minuta. The Cu and Zn exhibited higher bioavailability in
Cambisol than TAS and Nitosol. Considering the results obtained in the acute and chronic tests
with the six organisms, there were negative effects on the survival and the number of juveniles
generated with increased Cu and Zn applied, independently of the evaluated soil, being the
annelids more sensitive to Cu and Zn than the collembolans. However, the effects of these trace
elements on the survival and reproduction of organisms vary in soils of different textural
classes, pH's and oxides contents, and the effects were more significant in Cambisols. The PV
(Prevention Value) for Cu on Cambisols was more restrictive (141.21 mg kg-1) when compared
to the other soils studied, due to their characteristics that lead to lower retention of Cu, whereas
for Nitossolo, the highest value of PV of Cu found (363.90 mg kg-1) was attributed to its more
clayey character, its iron richness, and its high cation exchange capacity. The PV for the Zn on
Cambisols was more restrictive (214.85 mg kg-1), when compared to Nitossolo (377.70 mg kg-
1) due to its more clayey character, its iron richness and higher capacity of cation exchange. We
recommend using a value of 141.21 mg kg-1 and the preventive value for Cu and 214.85 mg kg-
1 for Zn in Santa Catarina state soils.
Keywords: Soil. Trace elements. Prevention Values. Terrestrial ecotoxicology. SSD
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Dinâmica e vias de exposição dos elementos-traço no meio ambiente..... ...........35
Figura 2 - Tipos de interação entre as fases sólida e líquida do solo.. .................................. 38
CAPÍTULO 1
Figura 3 - Conjunto de amostras para análise granulométrica do solo. ............................... 76
Figura 4 - Lâminas de argila orientada em processo de secagem ao ar. .............................. 78
Figura 5 - Equipamento de fluorescência de raios-X contendo as amostras para leitura dos
teores de óxidos (a). Amostras de TFSA dispostas em portas amostras (b). ....... 80
Figura 6 - Extratos de amostras dos solos prontos para a dosagem dos teores de P-rem. .... 81
Figura 7 - Distribuição do COT nas frações húmicas em um Nitossolo Vermelho (Nitossolo),
Cambissolo Húmico (Cambissolo) e Solo Artificial Tropical (SAT)................... 86
Figura 8 - Difratograma da fração argila saturadas com magnésio (Mg) e magnésio mais
etileno glicol (Mg+EG); com potássio (K+ ) a diferentes temperaturas: à
temperatura ambiente (K25), 100°C (K100), 350°C (K350) e a 550°C (K550) de
um Nitossolo Vermelho (Nitossolo) ................................................................... 87
Figura 9 - Difratograma da fração argila saturadas com magnésio (Mg) e magnésio mais
etileno glicol (Mg+EG); com potássio (K) a diferentes temperaturas: à temperatura
ambiente (K25), 100°C (K100), 350°C (K350) e a 550°C (K550) de um Cambissolo
Húmico. ............................................................................................................. 89
Figura 10 - Difratograma da fração argila saturadas com magnésio (Mg) e magnésio mais
etileno glicol (Mg+EG); com potássio (K+ ) a diferentes temperaturas: à
temperatura ambiente (K25), 100°C (K100), 350°C (K350) e a 550°C (K550) de
um Solo Artificial Tropical (SAT). .................................................................... 90
Figura 11 - Isotermas de adsorção de Cu em Nitossolo Vermelho (a), Cambissolo Húmico (b)
e Solo Artificial Tropical (SAT) (c), indicando a quantidade adsorvida (q) de Cu
em função da concentração de equilíbrio (Ce)... ................................................. 94
Figura 12 - Isotermas de adsorção de Zn em Nitossolo Vermelho (a), Cambissolo Húmico (b)
e Solo Artificial Tropical (SAT) (c), indicando a quantidade adsorvida (q) de Zn
em função da concentração de equilíbrio (Ce). ................................................... 97
CAPÍTULO 2
Figura 13 - Média de indivíduos vivos de E. andrei em Nitossolo Vermelho (a),
Cambissolo Húmico (b) e Solo Artificial Tropical (SAT) (c) contaminado com
doses de Cu. ..................................................................................................... 120
Figura 14 - Número de indivíduos juvenis de E. andrei e P. excavatus em Nitossolo Vermelho
(Nito) (a, d), Cambissolo Húmico (Cam) (b, e) e Solo artificial tropical (SAT) (c,
f), contaminados com doses de Cu. ................................................................. 123
Figura 15 - Média de indivíduos vivos de E. crypticus em Nitossolo Vermelho (a),
Cambissolo Húmico (b) e Solo Artificial Tropical (SAT) (c) contaminado com
doses de Cu. ..................................................................................................... 126
Figura 16 - Número de indivíduos juvenis de E. crypticus e E. bigeminus em Nitossolo
Vermelho (Nito) (a, d), Cambissolo Húmico (Cam) (b, e) e Solo artificial tropical
(SAT) (c, f), contaminados com doses de Cu.. ................................................. 127
Figura 17 - Média de indivíduos vivos de E. andrei em Nitossolo Vermelho (a), Cambissolo
Húmico (b) e Solo Artificial Tropical (SAT) (c) contaminado com doses de Zn 131
Figura 18 - Número de indivíduos juvenis de E. andrei e P. excavatus em Nitossolo Vermelho
(Nito) (a, d), Cambissolo Húmico (Cam) (b, e) e Solo artificial tropical (SAT) (c,
f), contaminados com doses de Zn. .................................................................. 134
Figura 19 - Média de indivíduos vivos de E. crypticus em Nitossolo Vermelho (a),
Cambissolo Húmico (b) e Solo Artificial Tropical (SAT) (c), contaminados com
doses de Zn. ..................................................................................................... 136
Figura 20 - Número de indivíduos juvenis de E. crypticus e E. bigeminus em Nitossolo
Vermelho (Nito) (a, d), Cambissolo Húmico (Cam) (b, e) e Solo artificial tropical
(SAT) (c, f), contaminados com doses de Zn. ................................................... 138
CAPÍTULO 3
Figura 21 - Média de indivíduos vivos de F. candida em Nitossolo Vermelho (a),
Cambissolo Húmico (b) e Solo Artificial Tropical (SAT) (c) contaminado com
doses de Cu.. .................................................................................................... 161
Figura 22 - Número de indivíduos juvenis de F. candida e P. minuta em Nitossolo Vermelho
(Nito) (a, d), Cambissolo Húmico (Cam) (b, e) e Solo artificial tropical (SAT) (c,
f), contaminados com doses de Cu.... ............................................................... 163
Figura 23 - Média de indivíduos vivos de F. candida em Nitossolo Vermelho (a),
Cambissolo Húmico (b) e Solo Artificial Tropical (SAT) (c) contaminado com
doses de Zn. ..................................................................................................... 167
Figura 24 - Número de indivíduos juvenis de F. candida e P. minuta em Nitossolo Vermelho
(Nito) (a, d), Cambissolo Húmico (Cam) (b, e) e Solo artificial tropical (SAT) (c,
f), contaminados com doses de Zn.. ................................................................. 169
CAPÍTULO 4
Figura 25 - Curva de Distribuição da Sensibilidade de Espécies para o Cu em um Nitossolo
Vermelho com base nos valores de CE50 para diferentes espécies de invertebrados
do solo. O tracejado representa o (HC5): a concentração de risco para 5% (eixo
y=0,05) das espécies avaliadas. e (HC50): a concentração de risco para 50% (eixo
y=0,5) das espécies avaliadas... ........................................................................ 189
Figura 26 - Curva de Distribuição da Sensibilidade de Espécies para o Cu em um Cambissolo
Húmico com base nos valores de CE50 para diferentes espécies de invertebrados do
solo. O tracejado representa o (HC5): a concentração de risco para 5% (eixo y=0,05)
das espécies avaliadas. e (HC50): a concentração de risco para 50% (eixo y=0,5) das
espécies avaliadas... ......................................................................................... 190
Figura 27 - Curva de Distribuição da Sensibilidade de Espécies para o Cu em um um Solo
Artificial Tropical (SAT) com base nos valores de CE50 para diferentes espécies de
invertebrados do solo. O tracejado representa o (HC5): a concentração de risco para
5% (eixo y=0,05) das espécies avaliadas. e (HC50): a concentração de risco para
50% (eixo y=0,5) das espécies avaliadas. ......................................................... 191
Figura 28 - Curva de Distribuição da Sensibilidade de Espécies para o Zn em um Nitossolo
Vermelho com base nos valores de CE50 para diferentes espécies de invertebrados
do solo. O tracejado representa o (HC5): a concentração de risco para 5% (eixo
y=0,05) das espécies avaliadas. e (HC50): a concentração de risco para 50% (eixo
y=0,5) das espécies avaliadas. .......................................................................... 193
Figura 29 - Curva de Distribuição da Sensibilidade de Espécies para o Zn em um Cambissolo
Húmico com base nos valores de CE50 para diferentes espécies de invertebrados do
solo. O tracejado representa o (HC5): a concentração de risco para 5% (eixo y=0,05)
das espécies avaliadas. e (HC50): a concentração de risco para 50% (eixo y=0,5) das
espécies avaliadas... ......................................................................................... 194
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Adições globais de elementos-traço ao solo (Gg ano -1). ..................................... 35
Tabela 2 - Valores orientadores para Cu e Zn (mg kg-1) para o Brasil e o Estado de
São Paulo. .......................................................................................................... 43
CAPÍTULO 1
Tabela 3 - Granulometria e classes texturais de um Nitossolo Vermelho (Nitossolo),
Cambissolo Húmico (Cambissolo) e Solo Artificial Tropical (SAT)................... 83
Tabela 4 - Parâmetros químicos de um Nitossolo Vermelho (Nitossolo), Cambissolo Húmico
(Cambissolo) e Solo Artificial Tropical (SAT) ................................................... 84
Tabela 5 - Relação entre as áreas dos picos dos argilominerais de um Nitossolo Vermelho
(Nitossolo), Cambissolo Húmico (Cambissolo) e Solo Artificial Tropical (SAT) 88
Tabela 6 - Teores médios de elementos químicos expressados em óxidos de um Nitossolo
Vermelho (Nitossolo), Cambissolo Húmico (Cambissolo) e Solo Artificial
Tropical (SAT) analisados por fluorescência de raios-x (método Omnian semi-
quantitativo) ...................................................................................................... 91
Tabela 7 - Teores de fósforo remanescente (P-rem) de um Nitossolo Vermelho (Nitossolo),
Cambissolo Húmico (Cambissolo) e Solo Artificial Tropical (SAT)................... 92
Tabela 8 - Capacidade máxima de adsorção (CMA) e coeficientes de determinação, ajustados
aos dados de adsorção de cobre e zinco de um Nitossolo Vermelho (Nitossolo),
Cambissolo Húmico (Cambissolo) e Solo Artificial Tropical (SAT)................... 93
CAPÍTULO 2
Tabela 9 – Concentrações nominais dos metais cobre e zinco em miligrama (mg) por
quilograma (kg) de solo seco (mg kg-1) utilizadas nos testes de toxicidade crônica
com os organismos terrestres em cada tipo de solo. .......................................... 115
Tabela 10 - Equações dos modelos utilizados nos testes ecotoxicológicos para determinação
da CE50.. .......................................................................................................... 117
Tabela 11 –Número médio de juvenis (± desvio padrão) nos controles dos testes crônicos de
ecotoxicidade realizados em quatro espécies de anelídeos em um Nitossolo
Vermelho (Nitossolo), Cambissolo Húmico (Cambissolo) e Solo Artificial Tropical
(SAT) para Cu e Zn ......................................................................................... 119
Tabela 12 - Concentração letal (CL50) calculada para o teste de letalidade com E. andrei em
Nitossolo Vermelho Cambissolo Húmico e Solo Artificial Tropical (SAT),
contaminados com doses de Cu. ....................................................................... 121
Tabela 13 - Concentração efetiva (CE50) e intervalo de confiança, Modelo estatístico e R² (%
do ajuste dos dados na curva) para os testes de reprodução de minhocas em
Nitossolo Vermelho (Nitossolo), Cambissolo Húmico (Cambissolo) e Solo
Artificial Tropical - SAT com aplicação de doses de Cu.). ............................... 123
Tabela 14 - Concentração letal (CL50) calculada para o teste de letalidade com E. crypticus em
Nitossolo Vermelho, Cambissolo Húmico e Solo Artificial Tropical (SAT),
contaminados com doses de Cu ........................................................................ 127
Tabela 15 - Concentração efetiva (CE50) e intervalo de confiança, Modelo estatístico e r² (% do
ajuste dos dados na curva) para os testes de reprodução de enquitreídeos em
Nitossolo Vermelho (Nitossolo), Cambissolo Húmico (Cambissolo) e Solo
Artificial Tropical - SAT com aplicação de doses de Cu. ................................ 129
Tabela 16 - Concentração letal (CL50) calculada para o teste de letalidade com E. andrei em
Nitossolo Vermelho Cambissolo Húmico e Solo Artificial Tropical (SAT),
contaminados com doses de Zn ........................................................................ 132
Tabela 17 - Concentração efetiva (CE50) e intervalo de confiança, Modelo estatístico e R² (%
do ajuste dos dados na curva) para os testes de reprodução de minhocas testados em
Nitossolo Vermelho (Nitossolo), Cambissolo Húmico (Cambissolo) e Solo
Tropical Artificial - SAT com aplicação de doses de Zn.. ................................. 133
Tabela 18 - Concentração letal (CL50) calculada para o teste de letalidade com E. crypticus em
Nitossolo Vermelho, Cambissolo Húmico e Solo Artificial Tropical (SAT),
contaminados com doses de Zn. ...................................................................... 137
Tabela 19 - Concentração efetiva (CE50) e intervalo de confiança, Modelo estatístico e r² (% do
ajuste dos dados na curva) para os testes de reprodução dos organismos testados em
Nitossolo Vermelho (Nitossolo), Cambissolo Húmico (Cambissolo) e Solo
Artificial Tropical - SAT com aplicação de doses de Zn.. ................................. 139
CAPÍTULO 3
Tabela 20 - Concentrações nominais dos metais Cu e Zn em miligrama (mg) por quilograma
(kg) de solo seco (mg kg-1) utilizadas nos testes de toxicidade crônica com os
colêmbolos em cada tipo de solo.. ................................................................... 157
Tabela 21 - Número médio de juvenis (± desvio padrão) nos controles encontrados ao fim dos
testes crônicos de ecotoxicidade realizados com duas espécies de artrópodes do solo
usando um Nitossolo Vermelho (Nitossolo), Cambissolo Húmico (Cambissolo) e
Solo Artificial Tropical (SAT) para Cu e Zn.. .................................................. 160
Tabela 22 - Concentração letal (CL50) calculada para o teste de letalidade com F. candida em
Nitossolo Vermelho, Cambissolo Húmico e Solo Artificial Tropical (SAT)
contaminados com doses de Cu.. ..................................................................... 161
Tabela 23 - Concentração efetiva (CE50) e intervalo de confiança, Modelo estatístico e r² (% do
ajuste dos dados na curva) para os testes de reprodução de colêmbolos em Nitossolo
Vermelho (Nitossolo), Cambissolo Húmico (Cambissolo) e Solo Artificial Tropical
- SAT com aplicação de doses de Cu................................................................ 164
Tabela 24 - Concentração letal (CL50) calculada para o teste de letalidade com F. candida em
Nitossolo Vermelho, Cambissolo Húmico e Solo Artificial Tropical (SAT)
contaminados com doses de Zn.. ..................................................................... 166
Tabela 25 - Concentração efetiva (CE50) e intervalo de confiança, Modelo estatístico e r² (% do
ajuste dos dados na curva) para os testes de reprodução de colêmbolos testados em
Nitossolo Vermelho (Nitossolo), Cambissolo Húmico (Cambissolo) e SAT com
aplicação de doses de Zn. ................................................................................. 168
CAPÍTULO 4
Tabela 26 - Concentração efetiva (CE50) e intervalo de confiança, Modelo estatístico e R² (%
do ajuste dos dados na curva) para os testes de reprodução dos organismos testados
em Nitossolo Vermelho (Nitossolo), Cambissolo Húmico (Cambissolo) e SAT com
aplicação de doses de Cu. ................................................................................ 186
Tabela 27 - Concentração efetiva (CE50) e intervalo de confiança, Modelo estatístico e R² (%
do ajuste dos dados na curva) para os testes de reprodução dos organismos testados
em Nitossolo Vermelho (Nitossolo), Cambissolo Húmico (Cambissolo) e SAT com
aplicação de doses de Zn... ............................................................................... 187
Tabela 28 - Concentração de risco das espécies para 5% (HC5) e 50% (HC50) e limites
superiores e inferiores do intervalo de confiança (95%) em Nitossolo
Vermelho, Cambissolo Húmico e Solo Artificial Tropical (SAT) contaminados com
doses de Cu. .................................................................................................... 189
Tabela 29 - Concentração de risco das espécies para 5% (HC5) e 50% (HC50) e limites
superiores e inferiores do intervalo de confiança (95%) e em Nitossolo Vermelho,
Cambissolo Húmico contaminados com doses de Zn........................................ 194
Tabela 30 - Valores de HC5 calculados a partir das CE50 determinadas para diferentes
invertebrados do solo, valores de VP para o Cu, resultantes da soma de cada HC5
com o VRQ. ..................................................................................................... 196
Tabela 31 - Valores de HC5 calculados a partir das CE50 determinadas para diferentes
invertebrados do solo, valores de VP para o Zn, resultantes da soma de cada HC5
com o VRQ... ................................................................................................... 197
LISTA DE ABREVIATURAS
ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas
ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária
ARE – Análise de Risco Ecológico
B.O.D – Biochemical Oxygen Demand. Pt: Demanda Bioquímica de Oxigênio. Incubadora para
criação das culturas
CAV – Centro de Ciências Agroveterinárias
CENO – Concentração de Efeito Não Observado
CEO – Concentração de Efeito Observado
CLx – Concentração Letal em X % da População
CMR – Capacidade Máxima de Retenção de Água
CRA – Capacidade de Retenção de Água
CTC – Capacidade de Troca Catiônica em pH 7,0
DSE – Distribuição da Sensibilidade das Espécies
ECx – Effect Concentration em X % da População. Pt: Concentração de Efeito
EFSA – European Food Safety Authority. Pt: Autoridade Europeia para a Segurança Alimentar
Endpoints – Parâmetros que indicam os ensaios utilizados, ex.: Letalidade (LC) e reprodução
(EC) são dos mais comuns
FAO – Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação
HCx – Hazardous Concentration em X % de uma comunidade. Pt.: Concentração de Risco
IBAMA – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
ISO – International Organization for Standardization. Pt: Organização Internacional de
Normalização
MAPA – Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
MO – Matéria Orgânica
NBR – Norma da Associação Brasileira de Normas Técnicas
OECD – Organization for Economic Co-operation and Development. Pt: Organização para
Cooperação e Desenvolvimento Econômico
SAT – Solo Artificial Tropical
SSD – Species Sensitivity Distribution. Pt: Distribuição da Sensibilidade das Espécies (DSE)
ou Curva de Sensibilidade das Espécies
TIER – Nível ou Etapa
UDESC – Universidade do Estado de Santa Catarina
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO GERAL...... .................................................................................... 29
1.1 OBJETIVOS...... ......................................................................................................... 32
1.1.1 Objetivo Geral................................................................................................................32
1.1.2 Objetivos Específicos.......................................................... ......................................... 32
1.2 HIPÓTESES........................................................................................ .......................... 32
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................................. 33
2.1 ELEMENTOS-TRAÇO NO SOLO........................ ..................................................... 33
2.2 REAÇÕES QUE CONTROLAM A DISPONIBILIDADE DO COBRE E DO ZINCO
NO SOLO ................................................................................................................... 37
2.3 VALORES ORIENTADORES PARA SOLOS CONTAMINADOS........................... 41
2.4 ECOTOXICOLOGIA ................................................................................................. 43
2.5 FAUNA EDÁFICA E SERVIÇOS ECOSSISTÊMICOS ............................................ 46
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 51
3 CAPÍTULO 1: A INFLUÊNCIA DOS ATRIBUTOS FÍSICOS, QUÍMICOS E
MINERALÓGICOS DE SOLOS SUBTROPICAIS NA DISPONIBILIDADE DE
COBRE E ZINCO .................................................................................................... 69
RESUMO ................................................................................................................... 69
ABSTRACT ............................................................................................................... 71
3.1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 76
3.2 MATERIAL E MÉTODOS......................................................................................... 74
3.2.1 Critérios para seleção dos solos e amostragem.............................................................74
3.2.2 Caracterização química dos solos ................................................................................75
3.2.3 Distribuição de tamanho de partículas do solo (granulometria) ............................. 76
3.2.4 Fracionamento das substâncias húmicas ................................................................. 77
3.2.5 Mineralogia da fração argila .................................................................................... 77
3.2.6 Teores de óxidos totais por fluorescência de raio X................................................. 80
3.2.7 Capacidade de adsorção de fosfato – P remanescente ............................................. 81
3.2.8 Capacidade máxima de adsorção de Cu e Zn .......................................................... 81
3.2.9 Análise dos dados ...................................................................................................... 83
3.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO............................................................ ....................... 83
3.3.1 Características gerais dos solos estudados .............................................................. 83
3.3.2 Fracionamento das substâncias húmicas ................................................................. 85
3.3.3 Mineralogia da fração argila .................................................................................... 86
3.3.4 Teores de óxidos por fluorescência de raio X .......................................................... 90
3.3.5 Capacidade de adsorção de fosfato – P remanescente ............................................. 92
3.3.6 Capacidade máxima de adsorção (CMA) ................................................................ 93
3.3.6.1 CMA - Cobre ........................................................................................................... 93
3.3.6.2 CMA - Zinco ............................................................................................................. 96
3.4 CONCLUSÃO ............................................................................................................ 98
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 99
4 CAPÍTULO 2: EFEITOS ECOTOXICOLÓGICOS DO COBRE E DO ZINCO
SOBRE OS ANELÍDEOS DO SOLO ................................................................... 107
RESUMO ................................................................................................................ 107
ABSTRACT ............................................................................................................ 109
4.1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 111
4.2 MATERIAL E MÉTODOS...................................................................................... 111
4.2.1 Critérios para seleção dos solos e amostragem ..................................................... 113
4.2.2 Ensaios ecotoxicológicos ........................................................................................ 113
4.2.2.1 Contaminação dos solos com concentrações de Cu e Zn ........................................ 113
4.2.2.2 Teste de toxicidade aguda – Letalidade ................................................................ 114
4.2.2.3 Testes de toxicidade crônica - Reprodução ........................................................... 114
4.2.2.4 Testes de toxicidade crônica (reprodução) com minhocas ..................................... 115
4.2.2.5 Testes de toxicidade crônica (reprodução) com enquitreídeos ............................... 116
4.2.3 Análise dos dados ................................................................................................... 117
4.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO .............................................................................. 118
4.3.1 Validação dos testes ............................................................................................... 118
4.3.2 Testes de toxicidade - Cu ....................................................................................... 119
4.3.2.1 Toxicidade aguda (letalidade) e toxicidade crônica (reprodução) de minhocas .... 119
4.3.2.2 Toxicidade aguda (letalidade) e toxicidade crônica (reprodução) de enquitreídeos 125
4.3.3 Testes de toxicidade - Zn ....................................................................................... 130
4.3.3.1 Toxicidade aguda (letalidade) e toxicidade crônica (reprodução) de minhocas .... 130
4.3.3.2 Toxicidade aguda (letalidade) e toxicidade crônica (reprodução) de enquitreídeos 136
4.4 CONCLUSÃO ......................................................................................................... 141
REFERÊNCIAS ...................................................................................................... 143
5 CAPÍTULO 3: EFEITOS ECOTOXICOLÓGICOS DO COBRE E DO ZINCO
SOBRE OS ARTRÓPODES DO SOLO ............................................................... 151
RESUMO ................................................................................................................ 151
ABSTRACT ............................................................................................................ 153
5.1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 155
5.2 MATERIAL E MÉTODOS...................................................................................... 156
5.2.1 Critérios para seleção dos solos e amostragem ..................................................... 156
5.2.2 Ensaios ecotoxicológicos ........................................................................................ 157
5.2.2.1 Contaminação dos solos com concentrações de Cu e Zn ........................................ 157
5.2.2.2 Teste de toxicidade aguda – Letalidade ................................................................ 157
5.2.2.3 Testes de toxicidade crônica - Reprodução ........................................................... 157
5.2.3 Análise dos dados ................................................................................................... 159
5.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO .............................................................................. 159
5.3.1 Validação dos testes ............................................................................................... 159
5.3.2 Testes de toxicidade - Cu ....................................................................................... 160
5.3.2.1 Toxicidade aguda (letalidade) e toxicidade crônica (reprodução).......................... 160
5.3.3 Testes de toxicidade - Zn ....................................................................................... 166
5.3.3.1 Toxicidade aguda (letalidade) e toxicidade crônica (reprodução).......................... 166
5.4 CONCLUSÃO ......................................................................................................... 172
REFERÊNCIAS ...................................................................................................... 173
6 CAPÍTULO 4: DERIVAÇÃO DE VALORES ORIENTADORES PARA SOLOS
CONTENDO COBRE E ZINCO EM SANTA CATARINA ............................... 179
RESUMO ................................................................................................................ 179
ABSTRACT ............................................................................................................ 181
6.1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 183
6.2 MATERIAL E MÉTODOS...................................................................................... 184
6.2.1 Determinação do CEx ............................................................................................ 184
6.2.2 Determinação dos valores orientadores de prevenção .......................................... 187
6.2.3 Análise dos dados ................................................................................................... 188
6.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO .............................................................................. 188
6.3.1 Curvas de Distribuição de Sensibilidade das Espécies (SSD) ............................... 188
6.3.1.1 SSD - Cu ............................................................................................................... 188
6.3.1.2 SSD - Zn ............................................................................................................... 193
6.3.2 Valores prevenção (VP) ......................................................................................... 195
6.3.2.1 VP - Cu ................................................................................................................. 195
6.3.2.2 VP - Zn ................................................................................................................. 196
6.4 CONCLUSÃO ......................................................................................................... 197
REFERÊNCIAS ...................................................................................................... 199
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................. 205
29
1 INTRODUÇÃO GERAL
A escassez dos recursos naturais, aliada ao crescimento da população mundial e
intensidade dos impactos ambientais negativos, ativou a preocupação com relação à
sustentabilidade dos sistemas econômico e ambiental e tornou o meio ambiente um tema
cientificamente discutido (GARCÍA-GOMEZ et al., 2014). Nesse sentido, diversas pesquisas
vêm sendo desenvolvidas nas áreas de ciências do solo, reconhecendo a importante função do
solo para a sustentabilidade dos ecossistemas (CAMPOS et al., 2005; FADIGAS et al., 2006;
BURAK et al., 2010; BIONDI et al., 2011; D’EMÍLIO et al., 2013; NIEMEYER et al., 2015).
Não obstante, o fato do solo se comportar como um filtro natural e, ou, fonte de contaminantes
para corpos d’água e se constituir em via de dispersão desses para a cadeia trófica, fez com que
aumentasse a necessidade de se conhecer a dinâmica e o comportamento ambiental desses
elementos no sistema (BIONDI, 2011).
Além disso, o aumento do consumo e a exploração de matérias primas, somado ao
desenvolvimento agrícola e industrial nas últimas décadas, têm gerado uma grande quantidade
de resíduos, muitos dos quais contendo elementos-traço. A disposição inadequada dos mais
diversos tipos de resíduos nos solos resulta na contaminação química destes que tem sido
apontada como um problema crescente e responsável por sérios danos ecológicos e econômicos
(FADIGAS et al., 2006; OLIVEIRA & COSTA, 2004; PELOZATO et al., 2011).
Elementos-traço são elementos químicos com densidade específica maior do que quatro,
relativamente estáveis, não degradáveis, apresentam elevado caráter tóxico e que,
historicamente, vêm sendo associados a processos de contaminação em diferentes ecossistemas.
No solo, os elementos-traço têm origem litogênica, ocorrendo naturalmente como componentes
de minerais das rochas (BURAK et al., 2010).
Alguns desses elementos-traço são micronutrientes essenciais para os organismos vivos
enquanto outros são poluentes prioritários, sem função biológica alguma (CHEN et al., 1991).
Em concentrações acima do normal qualquer um desses elementos pode causar desequilíbrios
ecológicos, devido ao seu caráter tóxico e à capacidade de bioacumulação (HOBBELEN,
KOOLHAAS & VAN GESTEL, 2006; VELTMAN et al., 2007), com aumento da concentração
ao longo da cadeia alimentar, processo esse chamado de biomagnificação trófica (ROSA,
MESSIAS &AMBROZINI, 2003).
Embora o Brasil tenha definido alguns critérios e valores orientadores nacionais de
qualidade para o solo quanto à presença de substâncias químicas (BRASIL, 2009), dado às
dimensões do país e considerando que os processos pedogenéticos podem sofrer especificidades
30
locais (CAMARGO et al., 2001), percebe-se a necessidade de explorar e estabelecer valores de
referência de acordo com as características de cada estado ou região e, principalmente, material
de origem do solo.
Até o momento, os valores de prevenção utilizados no Brasil são aqueles adotados pelo
órgão ambiental do estado de São Paulo (CETESB) e a maioria das pesquisas realizadas por
autores nacionais avaliam apenas o teor total do elemento-traço em solos utilizando diferentes
metodologias de extração, tais como EDTA, DTPA e Mehlich 1 (NATALE et al., 2002;
SANTOS et al., 2002; SEGANFREDO et al., 2004; HUGEN et al., 2013; KUMAR et al., 2015).
Contudo, o solo constitui um sistema dinâmico, no qual existe um equilíbrio muito delicado
entre o teor total do metal (fração inativa ou inerte), a fração móvel (efetivamente solúvel, muito
ativa, denominada de biodisponível) e a fração mobilizável (potencialmente biodisponível,
lixiviável e parcialmente ativa) (FADIGAS et al., 2006). Por isso, embora a análise do teor de
metais totais em um determinado solo constitua uma componente importante na avaliação da
qualidade desse, fornece muitas vezes informação insuficiente no que diz respeito à
biodisponibilidade, à mobilidade e à toxicidade que esses metais efetivamente apresentam no
solo (ALVARENGA et al., 2009).
Os testes de ecotoxicidade, através da medida de biodisponibilidade dos contaminantes,
são uma maneira de avaliar os efeitos dos poluentes nos organismos do solo e são capazes de
fornecer informações para se estabelecer a conexão entre a contaminação de uma área e seus
efeitos ecológicos resultantes (HOFFMAN, et al., 2003), antes que esses efeitos possam se
manifestar em níveis mais elevados da cadeia trófica, como populações, comunidades e
ecossistemas (MAGALHÃES & FERRÃO-FILHO, 2008).
Nesse sentido, a ecotoxicologia contribui para definir limites de concentrações das
substâncias que sirvam de guia para a tomada de decisões das entidades reguladoras (WALKER
et al., 2006). Para tanto, são realizados ensaios laboratoriais sob condições experimentais
específicas e controladas para se estimar a toxicidade de cada elemento e/ou substância
(COSTA et al., 2008). São utilizados organismos teste expostos a uma matriz (água, sedimento
ou solo) contaminada, com o objetivo de avaliar o nível de contaminação capaz de causar algum
efeito adverso e/ou mudança comportamental sobre a taxa de sobrevivência e desempenho
reprodutivo desses organismos (BIANCHINI, MARTINS & JORGE, 2009).
Desta forma, torna-se imprescindível a definição de padrões de qualidade ambiental
com base no conhecimento dos efeitos dos elementos-traço sobre a biodiversidade dos
organismos edáficos. Contudo, a realização deste trabalho implica, a priori, na construção de
31
uma base de conhecimentos em estudos ecotoxicológicos para a região (NIEMEYER,
CHELINHO & SOUSA, 2017).
No Brasil, CONAMA (Conselho Nacional de Meio Ambiente) dispõe sobre critérios de
qualidade do solo quanto à presença de substâncias química através da Resolução n° 420, de 28
de dezembro de 2009. As Normativas da ABNT (ABNT NBR ISO 15799:2011; ABNT NBR
ISO 16387:2012 e ABNT NBR ISO 17616:2010) por sua vez, estabelecem diretrizes acerca do
risco oferecido pelos contaminantes à fauna edáfica. Essas normativas apontam somente
ensaios agudos de fuga e letalidade com minhocas e de reprodução de colêmbolos e
enquitreídeos na avaliação do risco ambiental oferecido ao ecossistema terrestre. Sabe-se que
os organismos do solo apresentam diferenças de sensibilidade aos elementos-traço (DEL
SIGNORE et al., 2016), comprovando que não há como considerar esses ensaios como únicos
indicadores de toxicidade.
Nesse sentido, foi proposto o método de avaliação da Curva de Distribuição de
Sensibilidade de Espécies (SSD). Esse método foi criado para reduzir a incerteza da
extrapolação realizada a partir de uma ou duas espécies, sugerindo-se, então, a construção de
uma curva de distribuição de sensibilidade dessas espécies (NEWMAN, 2000). Este método
considera que há uma variação na sensibilidade dos organismos aos contaminantes ambientais
(XU et al., 2015). Com base nessas informações, pode ser proposto um valor máximo da
substância no ambiente de acordo com a proporção de espécies que se quer proteger
(BELANGER et al., 2017).
Diante do exposto e considerando que: áreas contaminadas podem causar riscos não só
à saúde humana, mas também aos demais organismos e suas funções ecológicas; os valores de
prevenção adotados até o momento para solos do Estado de Santa Catarina são aqueles
estabelecidos pelo CONAMA (BRASIL, 2009), que adotaram os valores da CETESB para
solos de São Paulo; há necessidade de definição de valores regionais e específicos,
considerando as peculiaridades pedológicas, geológicas, climáticas, hidrológicas e
geomorfológicas dos diferentes Estados; e que o artigo 11 da Resolução CONAMA 420/2009
recomenda a revisão dos valores de prevenção e investigação dos solos para níveis estaduais ou
regionais; faz-se necessário o estabelecimento de valores orientadores para solos contaminados
por elementos-traço no Estado de Santa Catarina, em especial para os elementos cobre e zinco.
32
1.1 OBJETIVOS
1.1.1 Objetivo Geral
Avaliar a disponibilidade e os efeitos da aplicação de cobre e zinco no solo sobre a
sobrevivência e reprodução de organismos chave da fauna edáfica e derivar valores orientadores
de prevenção para dois solos do Estado de Santa Catarina.
1.1.2 Objetivos Específicos
1. Determinar os teores biodisponíveis do cobre e do zinco em dois solos (Nitossolo e
Cambissolo) com diferentes atributos físicos, químicos e mineralógicos;
2. Determinar a toxicidade do cobre e do zinco para espécies representativas de invertebrados
terrestres por meio de ensaios ecotoxicológicos em dois solos catarinenses e em solo
artificial tropical;
3. Estabelecer Curvas de Distribuição da Sensibilidade de Espécies com base nos dados obtidos
nos testes ecotoxicológicos, verificando a toxicidade dos elementos-traço para um conjunto
de no mínimo seis organismos edáficos representativos;
4. Recomendar valores orientadores de prevenção para os dois solos subtropicais contaminados
com cobre e zinco.
1.2 HIPÓTESES
1. A disponibilidade de cobre e zinco varia nos solos com diferentes classes texturais, sendo
os efeitos mais expressivos em solos com textura arenosa do que em solos de textura
argilosa.
2. A aplicação de doses elevadas de cobre e zinco reduzem a sobrevivência e a reprodução de
organismos testes (colêmbolos, enquitreídeos e minhocas).
3. Os efeitos do cobre e do zinco na sobrevivência e na reprodução dos organismos variam
nos solos com diferentes classes texturais, sendo os efeitos mais expressivos em solos
arenosos.
4. A curva de distribuição de sensibilidade das espécies e os valores de prevenção podem ser
utilizados como ferramenta para indicar a toxicidade de Cu e Zn para uma comunidade de
organismos edáficos em solos subtropicais brasileiros.
33
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 ELEMENTOS TRAÇO NO SOLO
O solo é uma mistura heterogênea de partículas minerais e de material orgânico, de
constituição e complexidade muito diversa, que se encontram agregados de forma mais ou
menos intrínseca que constituem a chamada fase sólida do solo (BRADY, 2013).
A fração mineral sólida do solo pode incluir, em proporções extremamente variáveis,
fragmentos de rocha, minerais primários, minerais secundários e sais não combinados
(ALLEONI et al., 2005; ALLEONI & MELO, 2009). Os minerais primários possuem a mesma
constituição da rocha matriz do solo, encontrando-se expostos a uma progressiva alteração
provocada por diversos fenômenos físico-químicos e biológicos, dando origem aos minerais
secundários (minerais de argila, óxidos de Fe, Al e Mn e, por vezes, carbonatos e sulfatos). Os
minerais secundários, resultantes da alteração dos primários, são fragmentos ou partículas de
formas e dimensões extraordinariamente variáveis, desde rochas e cascalho até materiais tão
finos que apresentam propriedades coloidais (ALLOWAY, 1995; ALVARENGA et al., 2009).
O solo é um dos maiores sistemas ambientais e possui função tampão natural na retenção
de metais, desempenhando papel de controlador do transporte desses elementos e outras
substâncias para outros compartimentos, como atmosfera, hidrosfera e biota (KABATA-
PENDIAS & PENDIAS, 2011).
Os metais são constituintes naturais dos minerais primários, incorporados na estrutura
cristalina por substituição isomórfica do alumínio durante a sua cristalização (Alloway, 1995).
Consequentemente, esses elementos podem ser indicativos das diferentes litologias e, em
alguns casos, utilizados em estudos sistemáticos e pedogenéticos de solos (JING-SHENG et al.,
1993). Vale ressaltar que há uma tendência de variação das concentrações de metais no solo
conforme o material de origem (BIONDI et al., 2011). Dessa forma, é possível caracterizar a
relação entre o material de origem e diferentes classes de solo (OLIVEIRA, COSTA & CRUZ,
1999).
O termo elemento-traço, designado e regulamentado pela entidade científica
especializada IUPAC (International Union of Pure and Applied Chemistry), vem sendo bastante
utilizado na literatura científica (LUKKARI et al., 2005; BIONDI, 2011; BURAK et al., 2010;
PELOZATO et al.,2011), além de ser o mais empregado para designar elementos classificados
como poluentes do ar, água, solo e alimentos.
34
Os elementos-traço ocorrem normalmente em baixas concentrações e em formas pouco
disponíveis, geralmente não representando riscos ao homem, animais e plantas (ZHAO et al.,
2007; LU et al., 2012). Após serem liberados das rochas pelos processos intempéricos, em razão
de possuírem eletronegatividades, raios iônicos e estados de oxidação distintos (ALLEONI &
MELO, 2009), os elementos-traço podem: constituir os minerais secundários; ser adsorvidos à
superfície destes minerais (argilas silicatadas ou óxidos de Fe, Al e Mn) ou à matéria orgânica
do solo; ou, ainda, ser complexados e lixiviados com a solução do solo (ALLEONI et al., 2005).
O Cu é encontrado associado a minerais acessórios presentes nas rochas magmáticas
básicas e, com o intemperismo, poderá estar presente nos solos e na água. Embora este elemento
seja essencial tanto para as plantas quanto para os animais, a ingestão e/ou inalação em demasia
podem ocasionar em humanos a doença de Wilson, que se caracteriza por inflamação intestinal
e hepática, hemólise e hiperglicemia (PLUMLEE & ZIEGLER, 2005). O Cu é um metal de
transição essencial redox-ativo, que age como um elemento estrutural em proteínas reguladoras
e participa do transporte de elétrons na fotossíntese, respiração mitocondrial, respostas ao
estresse oxidativo, sinalização hormonal e metabolismo da parede celular (YRUELA, 2005),
além de ser essencial para o crescimento das plantas (AIT ALI et al., 2004). Porém, em altas
concentrações passa a ser tóxico para os organismos (MASUTTI, 2004), comprometendo os
processos bioquímicos e fisiológicos, alterando a permeabilidade da membrana nas plantas, a
estrutura da cromatina, síntese proteica, atividade enzimática, fotossíntese, processos
respiratórios e, consequentemente, levando à senescência (MONFERRÁN et al., 2009;
YRUELA, 2005).
O Zn, por sua vez, é componente estrutural de diversas metaloenzimas e
metaloproteínas, participando do funcionamento de reações do metabolismo celular e de
processos fisiológicos como o de crescimento, desenvolvimento e funções antioxidante e
imune. Portanto, é um elemento essencial tanto para as plantas quanto para os animais. A
principal fonte de zinco no ambiente ocorre na forma de mineral acessório nas rochas ígneas
extrusivas básicas (basaltos) e, portanto, o mesmo poderá estar presente nos solos e nas águas
após o intemperismo. É um elemento importante, embora em altas concentrações possam
contaminar o meio ambiente (PLUMLEE & ZIEGLER, 2005).
Nesse sentido, surge o problema ambiental acerca dos elementos-traço inseridos no
meio ambiente pelas vias antrópicas. A dinâmica e as vias de exposição dos metais-traço ao
homem são as mais diversas, sendo, os solos, as plantas e as águas as principais vias diretas de
exposição humana (BURAK et al., 20). A Figura 1 indica as principais vias do aporte de
elementos-traço no meio ambiente.
35
Figura 1 – Dinâmica e vias de exposição dos elementos-traço no meio ambiente.
Fonte: Elaborado pela autora, 2019.
As atividades antrópicas podem adicionar materiais que contêm elementos-traço aos
solos, os quais podem atingir concentrações muito altas, que comprometem a qualidade dos
ecossistemas (CHEN et al., 1991). De acordo com Alloway (1995), as principais fontes
antropogênicas de elementos-traço para os solos são os insumos agrícolas, os restos de
mineração, o lodo de esgoto, a queima de combustível fóssil, a indústria metalúrgica, a indústria
química e os depósitos de resíduos. A Tabela 1 apresenta as adições globais de elementos-traço
em solos.
Tabela 1 - Adições globais de elementos-traço ao solo (Gg ano -1).
Fonte Cu Zn Cd Mn Pb
Gg ano -1
Resíduos agrícolas 3-38 12-150 0-0,3 15-112 1,5-27
Resíduos de animais 14-80 150-320 0,2-1,2 50-140 3,2-20
Resíduos de madeira 3,3-52 13-65 0,2-2 18-104 6,6-8,2
Rejeitos urbanos 13-40 22-97 0,88-7,5 7-42 18-62
Lodo de esgoto municipal 4,9-21 18-57 0,02-0,34 4,4-11 2,8-9,7
Resíduos manufatura de metais 0,95-7,6 2,7-19 0-0,8 0,41-4,9 4,1-11
Fertilizantes 0,05-0,58 0,26-1,1 0,03-0,25 0,13-0,83 0,42-2,3
Deposição atmosférica 14-36 49-135 2,2-8,4 7,4-46 202-263
Fonte: Adaptado de Guilherme et al. (2005).
Algumas das fontes antropogênicas poluidoras são as emissões pelas atividades de
mineração e fundição, queima de carvão como fonte de energia e incineração de resíduos
municipais. Um dos maiores acidentes relatados em área de mineração foi o que ocorreu na
36
Mina de Aználcollar, na Espanha, onde o derramamento do lodo contendo resíduos da fundição
resultou em altas concentrações de Cu no ambiente, gerando problemas em áreas agrícolas,
cultivo de arroz, algodão, cereais e pastagens, além de espécies frutíferas, e também na morte
de 30 t de peixes, 40 t de anfíbios, 20 t de pássaros e 8 t de mamíferos (PEDROZO & LIMA,
2001).
Os fertilizantes utilizados na agricultura com a finalidade de fornecer nutrientes às
plantas e corrigir deficiências nutricionais podem representar, segundo Brady e Weil (2013),
uma fonte difusa de contaminação dos solos por elementos-traço. Adições globais de
elementos-traço ao solo por fertilizantes são da ordem de: 30 a 250 t ano-1 de Cd; 50 a 580 t
ano-1 de Cu; 30 a 380 t ano-1 de Cr; 200 a 550 t ano-1 de Ni; 420 a 2.300 t ano-1 de Pb; e 260 a
1.100 t ano-1 de Zn (NRIAGU & PACYNA, 1988).
Outra atividade antrópica potencialmente poluidora é a pecuária. Sabe-se que a
produção animal é uma das atividades mais expressivas do agronegócio brasileiro (THIELE-
BRUN, 2003) e que sua contribuição para gerar superávits da balança comercial é,
incontestavelmente, importante para o Brasil. Entretanto, o processo de produção animal é uma
atividade muito impactante para o meio ambiente (KONZEN et al., 1997). Com o aumento da
demanda por proteína animal houve necessidade de se utilizar sistemas de produção mais
intensivos, principalmente de suínos e aves, mas também de bovinos, criando animais em
confinamento e aumentando o número de animais por unidade de produção. Como
consequência, tem-se o aumento da produção e da concentração de dejetos (BOXALL et al.,
2003).
O aumento da produção dos resíduos provenientes de atividades pecuárias tem
despertado uma preocupação quanto ao seu potencial de degradação ambiental, principalmente
no que diz respeito ao seu efeito no solo e nos recursos hídricos (BURKHOLDER et al., 2007).
A suinocultura e bovinocultura se destacam como atividade potencialmente poluidora, uma vez
que sua criação em sistema de confinamento tem causado um aumento da disponibilidade de
dejetos nas propriedades (BOXALL et al., 2003) e consequente aplicação de taxas anuais
elevadas e acúmulo de nutrientes no perfil do solo (VEIGA & PANDOLFO, 2010).
Para assegurar a produtividade e a competitividade do setor agropecuário,
principalmente no setor suinícola, e no intuito de diminuir a incidência de doenças, promotores
de crescimento são utilizados nas dietas dos animais em diversas fases do desenvolvimento
(PARTANEN, 2002). Certos elementos, como o cobre e o zinco, são adicionados em grandes
quantidades nas dietas animais para garantir uma mínima absorção (DORTZBACH, 2009). O
zinco é utilizado na dieta dos animais em concentrações próximas a 2.400 mg kg-1 com objetivo
37
de minimizar distúrbios gastrointestinais ocasionados pelo desmame (CRISTANI, 1997). Já o
cobre é fornecido na alimentação como promotor de crescimento, em doses até 250 mg kg-1
(CORRÊA et al., 2011).
Em consequência, resíduos orgânicos como estercos podem conter altas concentrações
de elementos-traço (Gräber et al., 2005), às vezes maiores do que os presentes nos solos
agrícolas, e o uso contínuo destes resíduos pode aumentar as quantidades totais de Cu, Zn, Pb,
Cd, Fe e Mn nos solos. Carlson et al. (2004) relata que, quando da utilização excessiva de
minerais nas rações, esses acabam não sendo totalmente metabolizados pelo animal e, assim,
são excretados em grandes quantidades, apresentando um grande potencial poluidor do meio
ambiente. De acordo com esse mesmo autor, leitões alimentados com dietas que contenham
altos níveis de Zn acabam excretando nas fezes cerca de 80% do nutriente suplementado.
Adeola et al. (1995) encontraram valores de relação nutriente excretado/ingerido equivalentes
a 77,3 e 69,8% para Cu e Zn, respectivamente. Girotto et al. (2010) relataram que aplicações
sucessivas de dejeto líquido de suínos no solo ocasionam acúmulo de Cu e Zn em camadas
superficiais, onde, com a aplicação de 20, 40 e 80 m3 ha-1 de dejeto foram encontrados acúmulos
significativos de Cu na camada de 0-12 cm e de Zn na camada de 0-10 cm.
2.2 REAÇÕES QUE CONTROLAM A DISPONIBILIDADE DO COBRE E DO ZINCO
NO SOLO
Em solos não contaminados, o Cu e o Zn são encontrados em maior quantidade ligados
às frações orgânicas e inorgânicas, respectivamente, sendo retidos por ligações físicas e,
principalmente, químicas com alto grau de energia. Consequentemente, a quantidade desses
elementos-traço biodisponível e a concentração na solução do solo são muito baixas
(GIROTTO et al., 2010). Os elementos químicos adicionados ao solo pela atividade antrópica
distribuem-se nas formas pré-existentes e a especiação desses elementos entre a fase sólida e a
solução do solo é dependente da quantidade adicionada, da quantidade e tipo de adsorvente e
das condições geoquímicas da solução, sobretudo da concentração de prótons e da força iônica
(ALLOWAY, 1995; KABATA-PENDIAS & PENDIAS, 2011).
Alguns atributos do solo se destacam por sua relação com o conteúdo de elementos-
traço e a fração à qual está associado um metal é fator determinante da sua mobilidade e
disponibilidade no solo (ALVARENGA et al., 2009). A solubilidade dos metais é controlada
por reações de adsorção/dessorção, precipitação/dissolução e complexação. Essas interações
38
influenciam a partição de metais nas fases líquida e sólida do solo e são responsáveis pela
mobilidade e biodisponibilidade no sistema (ALLOWAY, 1995).
Alguns autores elencam os atributos do solo que influenciam nessa disponibilidade, tais
como: o pH; o teor de matéria orgânica e a sua composição; os minerais de argila; a presença e
a natureza de óxidos e hidróxidos de Fe/Mn/Al; o potencial redox; a concentração de sais e de
agentes complexantes; e o teor em cátions e ânions da solução do solo (ALLOWAY, 1995 &
ALVARENGA et al., 2009).
A disponibilidade dos elementos aos organismos do solo depende, essencialmente, de
sua presença na solução do solo. Esta presença é governada pela composição, reação e
condições de óxido-redução do solo e pela cinética das reações, que dependem de atributos do
solo e de suas tendências para formar precipitados insolúveis e coprecipitados com outros
minerais e formar complexos com a matéria orgânica (CAMARGO et al., 2001).
A capacidade dos solos em reter e fornecer metais é um importante fator para prever
impactos ambientais negativos (CHEN et al. 1991). Metais aplicados ao solo entram em
equilíbrio com a solução e, consequentemente, com a fase sólida do solo. Esse equilíbrio é
controlado pelas propriedades químicas do solo e a cinética de dissolução do metal irá
determinar as taxas das reações (Figura 2). A quantidade total de metais no solo é distribuída
em diferentes frações. Os metais podem estar presentes como íons-livres, como complexos
organo-minerais solúveis ou adsorvidos às partículas do solo (Yu et al., 1997).
Figura 2 - Tipos de interação entre as fases sólida e líquida do solo.
Fonte: Adaptado de Mattigod e Page, (1983).
A capacidade de reposição de determinado elemento na solução do solo pela fase sólida
é determinada principalmente pelos fenômenos de adsorção e dessorção (ALLOWAY, 1995).
Adsorção, definida como o acúmulo de uma substância ou material na interface entre uma
39
superfície sólida e uma solução, parece ser o processo químico mais importante no controle da
biodisponibilidade e do comportamento de metais em solos (ALLOWAY, 1995 & SPARKS,
1995). A reação de adsorção é um importante fator que controla a atividade de elementos-traço
em solos. Como resultado da adsorção, os metais são removidos da solução do solo e retidos
na superfície dos colóides. Os grupos de superfície que complexam metais incluem o grupo
hidrogênio nas superfícies dos óxidos e dos minerais de argila, além dos grupos carboxílico e
fenólico na superfície da matéria orgânica do solo (SPOSITO, 1983).
A adsorção do Zn em solos é o principal fator que controla sua biodisponibilidade. São
inúmeros os fatores que podem afetar a adsorção de zinco no solo. Se os mecanismos de
retenção envolvidos forem reações de precipitação-dissolução, adsorção-dessorção ou
complexação, sofrerão a influência do pH, da atividade microbiana, do potencial de
oxirredução, da composição química e mineralógica do solo e da composição química de sua
solução, entre outros fatores (CUNHA, CAMARGO & KINJO, 1994). As concentrações de Zn
nos solos de regiões tropicais são baixas e geralmente se encontram em formas pouco móveis,
pois esse elemento possui capacidade de ser fixado pela matéria orgânica do solo (MOS),
argilas silicatadas e óxidos e hidróxidos de Fe (DECHEN & NACHTIGALL, 2006). Elevados
valores de pH reduzem ainda mais a disponibilidade de Zn para as culturas, pois a
disponibilidade dos elementos-traço, dentre eles o Zn, é baixa em valores de pH ao redor de 6,5
a 7,0 (KABATA-PENDIAS & PENDIAS, 2011). Nesse contexto, Sodré, Lenzi e Costa (2001)
relatam que ambientes ácidos determinam maior mobilidade dos metais no solo, enquanto pH
acima de 6,0 favorece a sua retenção, principalmente em solos com elevado grau de
intemperismo, onde os grupos funcionais de superfície dos componentes coloidais são, em
grande parte, dependentes de pH.
Nos solos, o Cu tem sua disponibilidade reduzida devido a sua forte interação com a
MOS (HOSSAIN; FURUMAI; NAKAJIMA, 2009), além da adsorção na fase mineral do solo.
Segundo Kunhikrishnan (2011), as propriedades eletrônicas do Cu resultam em uma afinidade
muito forte com a MOS e na formação de fortes complexos de esfera interna. No caso das
frações minerais, vale ressaltar que o Cu possui acentuada afinidade pela superfície reativa de
óxidos e hidróxidos de ferro e de alumínio (SILVEIRA, ALLEONI & CASAGRANDE, 1999).
Existem, no entanto, diversos outros fatores que controlam a disponibilidade de Cu em solos,
podendo-se citar como exemplo a umidade, a capacidade de troca de cátions (CTC) e o pH do
solo.
Dessa forma, a concentração total de elementos-traço no solo é um indicador limitado
em termos de disponibilidade (ALVAREZ et al., 2000). Segundo Girotto et al. (2010), o Cu e
40
o Zn são acumulados no solo, sobretudo nas formas biodisponíveis, sendo os maiores teores de
Cu encontrados na forma orgânica e mineral do solo, e os do Zn na forma mineral.
Vários são os tipos de procedimentos laboratoriais para estimar a disponibilidade dos
elementos-traço aos organismos vivos e, ou, à mobilidade no perfil do solo. Os mais usados são
as extrações com produtos químicos de forma isolada ou sequencialmente (Sodré et al., 2001).
Os valores de concentração de elementos-traço extraídos por qualquer que seja os
extratores usados devem ser calibrados com a absorção por um organismo vivo
(biodisponibilidade) ou validados com a transferência dentro do perfil (mobilidade). A
calibração com a absorção pelas plantas, embora onerosa, é bastante usada nos sistemas de
recomendação de fertilizantes e corretivos. No entanto, a relação entre concentração do
elemento-traço extraído e a sua toxidez a um organismo-alvo ou a sua mobilidade no perfil do
solo é muito mais difícil de estabelecer e, consequentemente, essa informação é escassa na
literatura (CHOPIN & ALLOWAY, 2007).
Nesse sentido, sabendo-se que a disponibilidade dos elementos aos organismos do solo
depende essencialmente de sua presença na solução do solo e: que os fenômenos de adsorção
diminuem essa disponibilidade (ALLOWAY, 1995); que a avaliação da contaminação por
cobre e zinco nos diferentes compartimentos do ecossistema tem sido realizada principalmente
com o auxílio de parâmetros químicos; e que a relação entre concentração do elemento-traço
extraído e a sua toxidez a um organismo-alvo é difícil de estabelecer, uma vez que essa
informação não é suficiente para prever as alterações estruturais e funcionais na comunidade
da biota do solo e, portanto, em todo o ecossistema (TEREKHOVA, 2011), recomenda-se a
utilização de ensaios ecotoxicológicos.
Como regra geral, os ensaios ecotoxicológicos complementam os métodos químicos de
análises (TEREKHOVA, 2011), uma vez que os poluentes, mesmo quando presentes em
concentrações baixas ou indetectáveis por métodos analíticos, podem gerar efeitos negativos
sobre as atividades dos organismos (HOFFMAN et al., 2002).
Vários estudos relatam a influência das características dos solos sobre a absorção e a
toxicidade de metais para minhocas, pois se sabe que as características físico-químicas dos solos
influenciam diretamente o comportamento de diferentes poluentes no solo e têm grande
influência na biodisponibilidade de poluentes para os organismos edáficos (VAN GESTEL,
1997, SPADOTTO et al., 2004). Ellis et al. (2007), por exemplo, verificaram que quanto maior
a adsorção do composto ao substrato, menor é a absorção e mortalidade das minhocas. Por outro
lado, as minhocas também influenciam os processos de dissipação de vários poluentes no solo
(FARENHORST et al. 2000, SINGER et al. 2001). Por meio de seus deslocamentos e de
41
ingestão de solo ou serapilheira contaminados, as minhocas entram em contato com poluentes
que atingem ou são aplicados no solo e nele podem permanecer adsorvidos nas partículas
minerais e na matéria orgânica (SPADOTTO et al. 2004). Desse modo, ainda que o metal não
esteja totalmente solubilizado, as minhocas podem sofrer influência dos mesmos. Elas podem
ainda se expor e absorver os contaminantes da solução do solo por meio de contato direto e
passagem pela cutícula (VIJVER et al. 2003; CASTELLANOS & HERNANDEZ 2007). A
partir desse contato, as minhocas podem se intoxicar, morrer ou sobreviver, incorporar e até
mesmo bioacumular esses poluentes em seus tecidos (CURRY 2004).
2.3 VALORES ORIENTADORES PARA SOLOS CONTAMINADOS
No Brasil, o CONAMA (Conselho Nacional de Meio Ambiente) publicou no Diário
Oficial da União n° 249, de 30/12/2009, a Resolução n° 420, de 28 de dezembro de 2009 que
dispõe sobre critérios e valores orientadores (VOs) de qualidade do solo quanto à presença de
substâncias químicas e estabelece diretrizes para o gerenciamento ambiental de áreas
contaminadas por essas substâncias em decorrência de atividades antrópicas. Valores
orientadores são concentrações de substâncias químicas que fornecem orientação sobre a
qualidade e as alterações do solo e da água, e englobam desde aqueles que expressam as
ocorrências naturais das substâncias nos solos até os relacionados com riscos ecotoxicológicos
de plantas, humanos e animais. Adicionalmente, esta resolução estabelece que a avaliação da
qualidade do solo quanto à presença de substâncias químicas deve ser efetuada com base nos
valores orientadores (BRASIL, 2009).
Os métodos utilizados para determinação dos valores orientadores podem ser agrupados
em: (a) aqueles que utilizam valores orientadores pré-estabelecidos, com ou sem diferenciação
do uso do solo (VISSER, 1994); (b) aqueles que comparam os teores totais de elementos-traço
encontrados em um solo com aqueles encontrados em condições de qualidade naturais,
denominado valor de background; e (c) aqueles que se baseiam na avaliação de risco, caso a
caso, considerando um cenário de exposição padronizado.
Em todo o mundo se utilizam várias terminologias para este termo, estabelecendo-se,
geralmente, faixas de valores indicativos das diferentes condições do elemento-traço nos solos.
A legislação brasileira estabelece três valores orientadores distintos: Valores Orientadores de
Referência de Qualidade (VRQs); de Prevenção (VP); e de Investigação (VI) (BRASIL, 2009).
Estes valores são baseados na análise dos solos sob condição natural, sem nenhuma ou mínima
interferência antrópica, e em análise de risco, sendo conceituados como descrito abaixo.
42
Valor Orientador de Referência de Qualidade (VRQ), - também conhecido como
background geoquímico, baseado na avaliação dos teores naturais dos elementos-traço nos
solos, sem a influência de atividade humana. Para sua definição, a distribuição dos dados de
uma população de amostras é normalizada, existindo inúmeros processos indicados para sua
obtenção (MATSCHULLAT, OTTENSTEIN & REIMANN, 2000), mas geralmente se
baseiam na exclusão de dados anômalos de uma população. A normalização dos dados pode
basear-se na exclusão em percentil (geralmente percentil 90 ou 95) e quartil superior (percentil
75) dos valores observados (CAIRES, 2009; CETESB, 2005; MICÓ et al., 2007), sendo esta a
sugestão do CONAMA (BRASIL, 2009). Outras técnicas são discutidas em Matschullat,
Ottenstein & Reimann (2000). Em princípio, considera-se como solo não contaminado aquele
cujo teor seja igual ou inferior aos VRQs para todos os metais.
Valor de Prevenção (VP) - Valor intermediário entre o VRQ e o valor de investigação
(VI), constituindo-se o valor limite de metal no solo que não interfere em sua capacidade de
cumprir suas funções de sustentador da diversidade biológica e dos ciclos biogeoquímicos,
meio para a produção de alimentos e matéria prima, regulador da dispersão de substâncias
contaminantes no solo mediante sua atuação como filtro e tampão ambiental, além de meio para
a ocupação territorial e área para utilização recreacional, dentre outros. No caso deste valor ser
alcançado será requerido o monitoramento e avaliação da causa deste alto teor, tornando-se
determinante para extinção de possíveis fontes de contaminação na área ou verificação da
existência de teores naturais atípicos.
Valor de Investigação (VI) - Valor acima do qual haverá risco à saúde humana e ao
desenvolvimento dos demais organismos vivos. Sua determinação é baseada em análise de
risco, considerando-se a dose máxima aceitável absorvida pelo organismo receptor segundo
pesquisas desenvolvidas por diversos órgãos, dentre os quais a Agência de Proteção Ambiental
dos Estados Unidos (Environmental Protection Agency - EPA), baseado na toxicologia do
metal ou substância e nível de exposição dos indivíduos mediante a aplicação de sistemas de
modelagens. Uma vez observado um valor acima do VI, serão necessárias ações específicas
para o gerenciamento da contaminação de forma a remediá-la e reduzir o risco de poluição.
A determinação de valores orientadores, embora incipiente no Brasil, já é bem
estabelecida em países como Alemanha, Argentina, Austrália, Estados Unidos, França, Itália,
México e, principalmente, Holanda, os quais desenvolveram respeitáveis políticas ambientais
para proteção do solo e das águas subterrâneas por meio de suas agências de proteção ambiental.
No Brasil, o estado de São Paulo, via Companhia de Tecnologia de Saneamento
Ambiental (CETESB), foi o primeiro estado brasileiro a estabelecer os VRQs para elementos-
43
traço e compostos orgânicos em solos, e VIs para solos e água subterrânea, os quais foram
regulamentados em 2001 e atualizados em 2005 por meio da Decisão de Diretoria N°195-2005-
E, de 23 de novembro de 2005. Os valores orientadores (VOs) de São Paulo (VP e VI), com
exceção do VRQ, foram os adotados na Resolução n° 420, de 28/12/2009, do Conselho
Nacional do Meio Ambiente (BRASIL, 2009), sendo requerido aos demais estados brasileiros
que adotassem os valores estabelecidos nessa Resolução até que sejam estabelecidos VOs
regionais para solos e águas subterrâneas. Destaca-se o trecho “fica estabelecido o prazo de
quatro anos para que cada Estado da Federação estabeleça seus respectivos VRQs, a contar da
data da publicação dessa Resolução”, mas esse período já expirou e poucos estados iniciaram
o estudo para estabelecer esses VOs.
Os valores orientadores vigentes no Brasil e nos Estados de São Paulo para o
gerenciamento da qualidade de solos contaminados por Cu e Zn, encontram-se na Tabela 2.
Tabela 2 - Valores orientadores para Cu e Zn (mg kg-1) para o Brasil e o Estado de São Paulo.
Contaminante VRQ VP VI
Agrícola Residencial Industrial
Brasil 1
Cu 1112 60 200 400 600
Zn 612 300 450 1.000 2.000
São Paulo 3
Cu 35 60 760 2.100 10.000
Zn 60 86 1.900 7.000 10.000
VRQ= Valor de Referência de Qualidade; VP= Valor de prevenção; VI= Valor de Investigação (CONAMA) /
Valor de Intervenção (CETESB).
Fonte: 1 BRASIL (2009); 2 HUGEN, Camila. Valores de referência para teores de Cr, Cu, Ni, Pb e Zn em solos
do Estado de Santa Catarina. 2010. Dissertação (Mestrado em Ciência do Solo) – Universidade do Estado de
Santa Catarina, Lages, SC. 2010. 3CETESB (2016).
2.4 ECOTOXICOLOGIA
Para o estabelecimento de critérios de qualidade do solo que permitam o monitoramento
e controle dos impactos das ações antrópicas, fez-se necessário desenvolver ferramentas de
avaliação de risco ecológico em ecossistemas terrestres tropicais e subtropicais, com a
finalidade de proteger os organismos edáficos e os serviços ecossistêmicos que o solo provê
(NIEMEYER et al., 2010; CESAR et al., 2015). Uma das formas de se avaliar os efeitos de
poluentes nos organismos terrestres é por meio da realização de testes ecotoxicológicos. Os
testes ecotoxicológicos são utilizados para determinar a concentração de uma substância que
44
produz efeitos negativos em um grupo de organismos, sob condições controladas, durante um
período fixo de exposição (ZAGATTO, 2006).
A ecotoxicologia é definida atualmente como a ciência que estuda os efeitos adversos
de substâncias sintéticas ou naturais nos organismos vivos, populações ou comunidades, nos
ambientes terrestres e aquáticos (TRUHAUT, 1977; SISINNO & OLIVEIRA-FILHO, 2013),
sendo utilizada na observação do risco ambiental oferecido por diferentes agentes, tais como
efluentes agrícolas, domésticos e industriais (DOMINGUEZ-CRESPO et al., 2012),
agrotóxicos (KISS & BAKONYL, 1992; LUO et al., 1999; ALVES et al., 2013), resíduos da
mineração (GÁRCIA-GOMEZ et al., 2014; NIEMEYER et al., 2015), resíduos orgânicos
(ALVES et al., 2015) dejetos de animais (DOMENE et al., 2008) e elementos-traço (NURSITA
et al., 2005; RATHNAYAKE et al., 2012; AMUNO, 2013; D’EMILIO et al., 2013, ALVES et
al., 2016), auxiliando no estabelecimento de limites para lançamentos de resíduos de
contaminantes no ambiente (NASCIMENTO et al., 2008).
Os estudos ecotoxicológicos, através de suas ferramentas de análise, permitem
responder preditivamente à toxicidade de substâncias, seus potenciais ecotoxicológicos e
mecanismos de ação em organismos vivos (MAGALHÃES & FERRÃO FILHO, 2008). Os
testes de toxicidade são ensaios laboratoriais realizados sob condições experimentais
controladas, utilizados para estimar a toxicidade de substâncias, compostos, entre outros
materiais (COSTA et al., 2008).
Esses ensaios são realizados expondo-se os organismos-testes a uma matriz
contaminada, constituída por água, sedimento ou solo, com o objetivo de avaliar se o
contaminante causa algum efeito adverso sobre a taxa de sobrevivência, crescimento,
desempenho reprodutivo ou mudanças comportamentais (MAGALHÃES & FERRÃO FILHO,
2008). Para a contaminação é feita a diluição do contaminante em várias concentrações
crescentes e estas dispostas no meio a ser analisado (ISO, 1997). Os resultados obtidos nos
testes são comparados ao controle e podem ser expressos em:
CLx - concentração onde se observa efeito agudo em determinado percentual (x) de
indivíduos;
CENOx - concentração onde não há efeito observado;
CEOx - menor concentração onde há efeito observado;
CEx - concentração efetiva onde ocorre inibição da taxa de reprodução dos organismos.
O número que sucede a sigla (x) refere-se à porcentagem avaliada. Por exemplo: CL50 -
concentração letal em 50% dos indivíduos.
45
Os testes ecotoxicológicos podem ser classificados em agudos ou crônicos e podem ser
realizados em laboratório ou no campo. Os testes ecotoxicológicos agudos avaliam efeitos mais
severos e rápidos sofridos pelos organismos, cujo parâmetros de avaliação é a taxa de letalidade,
determinada através do cálculo da Concentração Letal Média (CL50) (RAND & PETROCELLI,
1995).
Já nos testes ecotoxicológicos crônicos, o organismo-teste é exposto a doses subletais
de contaminantes de maneira contínua, durante um período maior de tempo, podendo muitas
vezes não levar o organismo à morte, mas causar distúrbios comportamentais ou fisiológicos
ao longo do ciclo de vida (ARAGÃO & ARAÚJO, 2008). Os testes crônicos dependem
diretamente dos resultados dos testes de toxicidade aguda, uma vez que as concentrações
subletais são calculadas a partir da Concentração Letal (CL50) (MAGALHÃES & FERRÃO
FILHO, 2008).
Como já mencionado, a ecotoxicologia é um método eficiente para estimar o perigo
potencial de substâncias (TEREKHOVA, 2011) e seu impacto geralmente é mensurado através
de endpoints, parâmetros que indicam os ensaios utilizados, como reprodução, através das
concentrações de efeito ou letalidade em concentrações letais (NIEMEYER et al., 2017),
utilizando organismos da macrofauna (minhocas), mesofauna (enquitreídeos e colêmbolos) e
microfauna (nematoides), além de bactérias, fungos e plantas (KULA e RÖMBKE, 1998; VAN
STRAALEN et al., 2002; RÖMBKE et al., 2006; KUPERMAN et al., 2006; SOCHOVÁ, et al.,
2006; HAMEL et al., 2007; STYRISHAVE et al., 2008; MENEZES-OLIVEIRA et al., 2011;
PATTNAIK et al., 2011; CHELINHO et al., 2011; AMORIM et al., 2012; CHELINHO et al.,
2013a; CHELINHO et al., 2013b; PELOSI et al., 2013; ERNST et al., 2016).
Como substrato para a realização dos ensaios ecotoxicológicos se utiliza um solo
artificial, no qual são adicionadas as substâncias potencialmente tóxicas. Esse solo é utilizado
para que não haja interferências externas além da substância testada, determinando
padronização do teste. Contudo, esse material não representa o comportamento das substâncias
como em solos naturais (CHELINHO et al., 2011). Desse modo, é necessária a adaptação dos
métodos no que diz respeito à avaliação de áreas contaminadas, substituindo o solo artificial
por amostras de solo coletadas em áreas naturais (Van GESTEL & WEEKS, 2004).
Os ensaios ecotoxicológicos utilizam organismos-teste padronizados como, por
exemplo, os enquitreídeos (Enchytraeus albidus), as minhocas (Eisenia fetida) e os colêmbolos
(Folsomia candida) (RÖMBKE et al., 2006; MENEZES-OLIVEIRA et al., 2011). Contudo,
cada organismo-teste pode responder de maneira diferente a compostos tóxicos e outros
estressores, devido à diferença de sensibilidade que cada um apresenta (IWASAKI, HAYASHI
46
& KAMO, 2013). Deste modo, quando determinamos as concentrações máximas permitidas
para apenas uma espécie podemos estar subestimando os valores, pois não consideramos as
distinções entre os organismos que compõem a fauna edáfica, protegendo apenas a espécie
testada (TEREKHOVA, 2011).
Nesse sentido, foi proposto o uso da SSD (Species Sensitivity Distribution) ou curva de
Distribuição de Sensibilidade das Espécies, considerando que há uma variação na sensibilidade
às substâncias testadas entre as diferentes espécies do ecossistema terrestre (DOMENE et al.,
2008; KWAK et al., 2018). Através dos dados de diferentes espécies, propostas por esse
método, é possível calcular uma concentração conhecida como o HC5% (Concentração de
Risco), concentração que assume risco para 5% das espécies ou que proporciona um nível de
proteção para 95% das espécies (DEL SIGNORE et al., 2016), e encontrar valores de risco
ambiental para as diferentes espécies testadas, a partir da realização de testes ecotoxicológicos
(BELANGER et al., 2017).
2.5 FAUNA EDÁFICA E SERVIÇOS ECOSSISTÊMICOS
As funções exercidas pela fauna do solo estão diretamente relacionadas aos serviços
prestados pelos ecossistemas. Comumente, a fauna do solo tem sido dividida em diferentes
grupos funcionais uma vez que os serviços ecossistêmicos são promovidos pelas funções do
ecossistema, que por sua vez, estão diretamente relacionadas às funções exercidas pela fauna
do solo (BRUSSAARD, 2012). Com base nessa abordagem da funcionalidade da fauna, passou-
se a entender que a restauração ou a proteção de um ambiente está pautada nos serviços que
esse ecossistema fornece.
De acordo com a definição de Millennium Ecosystem Assessment (2003) serviços
ecossistêmicos “são os benefícios que as pessoas obtêm dos ecossistemas”. Os serviços
ecossistêmicos são categorizados em quatro distintos grupos: serviços culturais; serviços de
regulação; serviços de provisionamento; e serviços de suporte. Nos serviços culturais são
incluídas contribuições não materiais dos ecossistemas, nos quais podemos citar o lazer,
recreação e as chamadas “belezas naturais”; já nos serviços de regulação estão elencados
serviços como o controle de doenças e pragas, regulação do clima e da erosão do solo; os
serviços de provisionamento de ecossistema são aqueles que podem ser diretamente
consumidos pelos humanos, como comida, água; e os serviços de suporte, por sua vez, são
aqueles necessários para a produção de todos os outros serviços, como é o caso da ciclagem de
nutrientes, decomposição da matéria orgânica, sequestro de carbono, fotossíntese, ciclo da
47
água, entre outros (PLEASANT et al ., 2014). Dentro dessa categorização, a fauna do solo tem
importante participação nos serviços de regulação do carbono, matéria orgânica e fertilidade do
solo, ciclo da água, controle de populações, descontaminação, biorremediação e saúde humana
e, ainda, os benefícios da biota estão direta e indiretamente ligados aos serviços de suporte
(VAN DER PUTTEN & RITZ, 2012).
Nesse sentido, a biota do solo indica importantes serviços de apoio ao solo. Dentre os
organismos edáficos com potencial para indicar alterações ambientais, alguns são utilizados nos
ensaios ecotoxicológicos. No Brasil, os ensaios ecotoxicológicos terrestres são baseados em
duas normas da ABNT:
•Guia para caracterização ecotoxicológica de solos e materiais de solo - ABNT NBR
ISO 15799:2011;
•Guia para a seleção de bioensaios para a caracterização ecotoxicológica de solos e
materiais de solo - ABNT NBR ISO 17616:2010.
Com os seguintes organismos do solo e testes ecotoxicológicos:
•ABNT NBR ISO 11267:2011 - Inibição da reprodução de Collembola;
•ABNT NBR 15537:2007 - Ecotoxicidade aguda com minhocas;
•ABNT NBR ISO 17512-1:2011 - Ensaio de fuga com minhocas;
•ABNT NBR ISO 16387:2012 - Efeitos sobre a reprodução de Enchytraeidae.
A biota do solo indica importantes serviços de apoio ao solo. Dentre os organismos
edáficos com potencial para indicar alterações ambientais, estão as espécies da classe
oligoqueta, que representam um elo importante da cadeia trófica terrestre (CESAR et al., 2008).
Estes organismos têm papel destacado na formação do solo; são organismos da base de
várias teias alimentares, indicando o potencial de contaminação dos organismos que se
alimentam delas; são importantes na decomposição de resíduos de plantas e ciclagem de
nutrientes da matéria orgânica; na formação do húmus e de agregados de solo, onde a atividade
biológica é mais intensa; no melhoramento da estrutura, fertilidade, porosidade e capacidade de
infiltração, drenagem e retenção de água, fluxo de ar e também no transporte de microrganismos
e nutrientes do solo por meio dos canais formados pela escavação e pelos seus deslocamentos
no solo (FRAGOSO & BROWM, 2007; INGHAM, 2013).
Minhocas das espécies Eisenia fetida e E. andrei são utilizadas como organismos -teste
padrão em testes ecotoxicológicos para solos de regiões de clima temperado (OECD 207, 1984;
ISO 17512, 2008) e tropical (ABNT/NBR 15537, 2007), pois são consideradas como bons
indicadores de qualidade ambiental. Tais espécies são utilizadas em ensaios ecotoxicológicos
48
utilizando metais (ONUOHA & WORGU, 2011; DOMINGUEZ-CRESPO et al. 2012; CÉSAR
et al. 2015), por serem comprovadamente sensíveis a estes.
Os enquitreídeos regulam indiretamente a degradação da matéria orgânica e promovem
um bom arejamento do solo, funções estas vitais para o ecossistema terrestre (AMORIM et al.,
2005), pertencendo à mesofauna saprofítica da camada decompositora superficial do solo.
Através da alimentação dos enquitreídeos, o solo assume uma estrutura de grânulos com
estabilidade mais elevada do que a maioria dos demais agregados (DIDDEN, 1993).
As comunidades da mesofauna invertebrada, na qual se encontram os enquitreídeos,
desempenham papel-chave nos processos de ciclagem de nutrientes (sobretudo nas camadas
mais superficiais do solo) e na estrutura do solo (BLANCHART et al., 1992). Estes organismos,
além da fragmentação do material orgânico (RÖMBKE, 1991), regulam a população
microbiana (HEDLUND & AUGUSTSSON, 1995) responsável pelos processos de
mineralização e humificação, influenciando na ciclagem de matéria orgânica e na liberação de
nutrientes assimiláveis para as plantas (HUHTA et al., 1991). Podem ser também vetores de
microrganismos simbióticos das plantas, como fixadores de nitrogênio e fungos micorrízicos,
bem como digerem, de maneira seletiva, microrganismos patógenos (BROWN, 1995).
Os enquitreídeos foram propostos para ensaios ecotoxicológicos por terem uma ampla
distribuição global e por estarem presentes em solos onde não são encontradas significativas
comunidades de minhocas (ISO 16387, 2004). Dentro desse grupo, a espécie E. crypticus é
usada como representante deste grupo por sua relevância ecológica, sensibilidade a agentes
extressores e grande facilidade de manutenção em laboratório (NOVAIS et al., 2010; CASTRO-
FERREIRA et al., 2012; CHELINHO et al., 2012; VAN GESTEL, 2012).
Os colêmbolos, por sua vez, são organismos da mesofauna, os quais colaboram na
humificação, redistribuição da matéria orgânica, estímulo à atividade microbiana, entre outros
benefícios (NATAL-DA-LUZ, RIBEIRO & SOUSA, 2004). Os colêmbolos da espécie F.
candida são considerados bons indicadores de qualidade do solo (BARETTA et al., 2008). Essa
espécie tem sido usada em testes para avaliar efeitos ecotoxicológicos à agentes estressores,
pois são sensíveis a presença destes, têm elevada taxa de reprodução, além da facilidade da
manutenção das criações em laboratório (FOUNTAIN & HOPKIN, 2005. Na literatura,
trabalhos de pesquisa têm utilizado os colêmbolos na avaliação do impacto de elementos-traço
no solo, efeitos residuais de agroquímicos e como bioindicadores das condições hídricas do
solo (KISS & BAKONYI, 1992; PHILLIPS, KUPERMAN & CHECKAI, 2002).
Sabe-se que, em concentrações acima do normal, os elementos-traço podem causar
desequilíbrios ecológicos, devido ao seu caráter tóxico e à capacidade de bioacumulação
49
(Hobbelen et al. 2006). Diversos estudos mostram que, em altas concentrações, o cobre e zinco
são tóxicos para os três grupos de organismos já citados. Por exemplo, segundo Bremner
(1998), o Cu provoca danos oxidativos nos organismos através da reação de Habere-Weiss,
catalisando a formação do poderoso radical hidroxilo oxidante (OH). Lock e Janssen (2002),
ao avaliarem a reprodução de E. albidus expostos a solos contaminados por Cu e Zn,
encontraram valores de CE50 de 306 mg kg-1 de Cu e de 267 mg kg-1 de Zn. Amorim et al.
(2005), ao realizaram ensaios de fuga com diferentes contaminantes em enquitreídeos da
espécie E. albidus, encontraram o valor de CL50 de 133 mg kg-1 para o Cu. Amorim & Scott-
Fordsmand (2012) verificaram letalidade de E. albidus em solos contaminados com CuCl2 e
nanopartículas de Cu, apresentando os valores de CL50 de 475 mg kg-1 para CuCl2; e 241 mg
kg-1 para nanopartícula de Cu.
Segundo Reinecke e Reinecke (2007) algumas espécies de minhocas, através de
receptores presentes em seu tegumento, podem sentir a presença de produtos químicos. César
et al. (2008), avaliando o potencial tóxico de metais de solos contaminados de área de
mineração em ensaios subletais para E. andrei, constataram que o Zn e o Cu foram os metais
com maior influência sobre o deslocamento dos organismos. Pardo et al. (2014), ao avaliarem
o solo de mina contaminados com Cu e Zn, também encontraram inibição na taxa de reprodução
de E. fetida. Domínguez-Crespo et al. (2012) verificaram alteração no tempo de maturação
sexual de E. fétida e redução do no número de casulos quando utilizados doses de 82 mg kg-1
de Zn e 323 mg kg-1 de Cu.
Conder, Lanno e Basta (2001) determinaram redução no tempo de sobrevivência para
E. fetida em solo contaminado com Cu em doses de 167 mg kg -1, enquanto Spurgeon et al.
(1994), ao avaliarem o solo artificial contaminado, observaram efeito na sobrevivência desse
mesmo organismo a partir da dose de 683 mg kg-1 de Cu.
Os efeitos da toxicidade de metais em colêmbolos ainda são bastante discrepantes.
Segundo Vijver et al. (2001), os colêmbolos têm a capacidade de manter baixos os níveis de Cu
em seu organismo, de maneira que não causem efeito negativo, possivelmente em função de
seus mecanismos de homeostase. Contudo, Fountain e Hopkins (2004), ao avaliarem
organismos expostos em solo com a presença de Zn, encontraram redução no número de juvenis
de F. candida gerados. Smit e Van Gestel (1996), ao avaliarem a toxicidade de Zn em solo
artificial, em F. candida, verificaram valores de CE50 de 348 μg de Zn g-1. Vijver et al. (2001),
testando o acúmulo de Zn em F. candida, observaram redução na reprodução destes organismos
com 9,1 mmol de Zn g-1 em solo OECD. Já, Van Gestel & Hensbergen (1997), encontraram
valores de CE50 626 μg de Zn g-1 em solo artificial.
50
ESTRUTURA DA TESE
Para melhor compreensão dos objetivos, a presente tese foi dividida em quatro partes.
A saber:
No Capítulo I são testadas as hipóteses de que a disponibilidade de cobre e zinco varia
em solos com diferentes classes texturais, sendo os efeitos mais expressivos em solos com
textura arenosa. Para isso, a caracterização física, química e mineralógica dos solos foi
realizada, e apresentados os resultados da investigação da relação entre teores disponíveis
desses metais e a capacidade de adsorção dos solos.
No capítulo II são testadas as hipóteses de que a aplicação de doses elevadas de cobre e
zinco reduzem a sobrevivência e a reprodução de anelídeos do solo e que esses efeitos variam
nos solos com diferentes classes texturais, sendo os efeitos mais expressivos em solos arenosos.
Os valores obtidos nesses ensaios foram utilizados para a condução dos experimentos descritos
no Capítulos IV.
No capítulo III são testadas as hipóteses de que a aplicação de doses elevadas de cobre
e zinco afetam negativamente a sobrevivência e a reprodução de artrópodes do solo e que esses
efeitos variam nos solos com diferentes classes texturais, sendo os efeitos mais expressivos em
solos arenosos. Os valores obtidos nesses ensaios foram utilizados para a condução dos
experimentos descritos no Capítulos IV.
No Capítulo IV é discutida a importância do estabelecimento de valores orientadores de
prevenção para o monitoramento adequado de solos contaminados. Nesse capítulo são
propostos valores de prevenção máximos permitidos, de Cu e Zn, para duas classes de solos do
Estado de Santa Catarina, por meio da determinação da Curva de sensibilidade de seis
invertebrados do solo obtida através de ensaios ecotoxicológicos.
51
REFERÊNCIAS
ABNT NBR ISO 11267. Qualidade do solo – Inibição da reprodução de Collembola
(Folsomia candida) por poluentes do solo. Rio de Janeiro: Associação Brasileira de
Normas Técnicas, p. 24, 2011.
ABNT NBR ISO 15537. Ecotoxicologia terrestre: ecotoxicidade aguda: método de ensaio
com minhocas. Rio de Janeiro, 2007. 11 p.
ABNT NBR ISSO 15799. Qualidade do solo — Guia para caracterização ecotoxicológica
de solos e materiais de solo. Rio de Janeiro: Associação Brasileira de Normas Técnicas,
2011. 42 p.
ABNT NBR ISO 16387. Qualidade do solo – Efeitos de poluentes em Enchytraeidae
(Enchytraeus sp.) – Determinação de efeitos sobre a reprodução e sobrevivência. Rio de
Janeiro: Associação Brasileira de Normas Técnicas, p. 35, 2012.
ABNT NBR ISO 17616. Qualidade do solo – Guia para a seleção e a avaliação de
bioensaios para caracterização ecotoxicológica de solos e materiais de solo. Rio de
Janeiro: Associação Brasileira de Normas Técnicas, p. 15, 2010.
ADEOLA, O.; LAWRENCE, B.V.; SUTTON, A.L.; CLING, T.R. Phytase-induced changes
in mineral utilization in zinc-suplemented diets for pigs. Jornal of Animal Science, v. 73,
p.3384-3391.
AIT ALI, N.; BERNAL, M. P.; ATER, M. Tolerance and bioaccumulation of Cd by
Phragmites australis grown in the presence of elevated concentration of cadmium, copper, and
zinc. Aquatic Botany, n.80, p. 163-176, 2004.
ALLEONI, L.R.F.; IGLESIAS, C.S.M.; MELLO, S.C.; CAMARGO, O.A.; CASAGRANDE,
J.C.; LAVORENTI, N.A. Atributos do solo relacionados à adsorção de cádmio e cobre em
solos tropicais. Acta Scientiarum. Biological Sciences, v. 27, n 4, p. 729-737, 2005.
ALLEONI, L.R.F.; MELO, V.F. Química e mineralogia de solos. volume 1 - parte I -
conceitos básicos. Sociedade Brasileira de Ciência do Solo, Viçosa, 2009, 695p.
ALLOWAY, B. J. Heavy metais in soils. 2nd ed. Colchester: University of Essex, 1995. 363 p.
52
ALVARENGA, P., PALMA, P., GONÇALVES, A.P., FERNANDES, R.M., DE
VARENNES, A., VALLINI, G., DUARTE, E., CUNHA-QUEDA, A.C. Organic residues as
immobilizing agents in aided phytostabilization: (II) effects on soil biochemical and
ecotoxicological characteristics. Chemosphere 74: 1301-1308, 2009.
ALVAREZ, V. H. et al. Determinação e uso do fósforo remanescente. Boletim Informativo
da Sociedade Brasileira de Ciência do Solo, Viçosa, MG, v. 25, n. 1, p. 27-32, jan./mar.
2000.
ALVES, P. R. L., CARDOSO, E. J. B. N., MARTINES, A. M., SOUSA, J. P., & PASINI, A.
Earthworm ecotoxicological assessments of pesticides used to treat seeds under tropical
conditions. Chemosphere, 90(11), 2674–2682, 2013.
ALVES, P. R. L DA SILVA, E. B. ; Cardoso, E. J. B. N. ; ALLEONI, L. R. F..
Ecotoxicological impact of arsenic on earthworms and collembolans as affected by
attributes of a highly weathered tropical soil. Environmental Science and Pollution
Research, v. 25, p. 13217-13225, 2016.
ALVES, P. R. L.; NATAL-DA-LUZ, T. ; SOUSA, J. P. ; CARDOSO, E. J. B. N. .
Ecotoxicological characterization of sugarcane vinasses when applied to tropical soils.
Science of the Total Environment, v. 526, p. 222-232, 2015.
AMORIM, M.J.B.; PEREIRA, C.; MENEZES-OLIVEIRA, V.B.; CAMPOS B.; SOARES
A.M.V.M.; LOUREIRO, S. Assessing single and joint effects of chemicals on the survival
and reproduction of Folsomia candida (Collembola) in soil. Environmental pollution,
160:145-52, 2012.
AMORIM, M. J. B.; RÖMBKE, J.; SCHALLNASS, H.; SOARES, A. M. V. M. Effect of soil
properties and aging on the toxicity of copper for Enchytraeus albidus, Enchytraeus
luxuriosus and Folsomia candida. Environmental Toxicology and Chemistry. v. 24, p. 1875-
1885, 2005.
AMORIM, M. J. B.; SCOTT-FORDSMAND, J. J. Toxicity of copper nanoparticles and
CuCl2 salt to Enchytraeus albidus worms: survival, reproduction and avoidance responses.
Environmental Pollution. v. 164, p. 164–168, 2012.
AMUNO, S. A. Potential Ecological Risk of Heavy Metal Distribution in Cemetery Soils.
Water Air Soil Pollut, 224:1435, 2013.
53
ARAGÃO, M.A.; ARAÚJO, R. P. A. Métodos de ensaios de toxicidade com organismos
aquáticos. In: ZAGATTO, P. A.; BERTOLETTI, E. Ecotoxicologia aquática - princípios e
aplicações. 2. ed. 2008, São Carlos, São Paulo: RiMa, 2008. p. 117-152.
BARETTA, D., C. R. D. M. MALUCHE-BARETTA & E. J. B. N. CARDOSO. 2008.
Análise multivariada de atributos microbiológicos e químicos do solo em florestas com
Araucaria angustifolia. Revista Brasileira de Ciência do Solo. 32: 2683-2691.
BELANGER, S.; BARRON, M.; CRAIG, P.; DYER, S.; GALAY‐BURGOS, M.;
HAMER, M.; MARSHALL, S.; POSTHUMA, L.; RAIMONDO, S.; WHITEHOUSE, P.
Future needs and recommendations in the development of species sensitivity
distributions: Estimating toxicity thresholds for aquatic ecological communities and
assessing impacts of chemical exposures. Integrated environmental assessment and
management. v. 13, n. 4, p. 664-674, 2017.
BIANCHINI A.; MARTINS S. E.; JORGE M. B. O modelo do ligante biótico e suas
aplicações em ecotoxicologia. 2009. Disponível em: <http://www.inct-
ta.furg.br/english/difusao/BLMM.pdf>.
BIONDI, C.M.; NASCIMENTO, C.W.A.; FABRICIO NETA, A.B.; RIBEIRO, M.R. Teores
de Fe, Mn, Zn, Cu, Ni e Co em Solos de Referência de Pernambuco. Revista Brasileira de
Ciências do Solo, v. 35, p. 1057-1066, 2011.
BLANCHART, E. Role of earthworms in the restoration of the macroaggregate structure of a
de-structured soil under field conditions. Soil Biology Biochemistry. Oxford, v.24, n.12,
p.1587-1594, 1992.
BOXALL, A.B.A.; KOLPIN, D.W.; HALLING-SØRENSEN, B.; TOLLS, J. Are veterinary
medicines causing environmental risks? Environmental Science Technology. n. 37, p. 286-
294, 2003.
BRADY, N.C.; WEIL, R.R. Elementos da natureza e propriedades dos solos. 3.ed. Porto
Alegre: Bookman, 2013.
BRASIL. Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução nº 420, de 28 de dezembro
de 2009. Dispõe sobre critérios e valores orientadores de qualidade do solo quanto à
presença de substâncias químicas e estabelece diretrizes para o gerenciamento ambiental
de áreas contaminadas por essas substâncias em decorrência de atividades antrópicas.
Diário Oficial da União, Brasília, DF, n. 249, 2009. Disponível em:
<http://www.mma.gov.br/port/conama/res/res09/res42009.pdf >. Acesso em: 01 de maio
2018.
54
BREMNER J. D., NARAYAN M. The effects of stress on memory and the hippocampus
throughout the life cycle: Implications for childhood development and aging. Development
and Psychopathology.;10:871–886, 1998.
BROWN, G. G. How do earthworms affect microfloral and faunal community diversity?
Plant Soil, Dordrecht, v.170, n.1, p.209-231, 1995.
BRUSSAARD, L. Ecosystem Service Provided by the Soil Biota. In: WALL, D. H. (Ed). Soil
Ecology and Ecosystem Services. Oxford: Oxford University Press, 2012. 406p.
BURAK, D.L.; FONTES, M.P.F.; SANTOS, N.T.; MONTEIRO, L.V.S.; MARTINS, E.S.;
BECQUER, T. Geochemistry and spatial distribution of heavy metals in Oxisols in a
mineralized region of the Brazilian Central Plateau. Geoderma, v.160,p.131–142, 2010.
BURKHOLDER. J, LIBRA. L, WEYER.P, HEATHCOTE.S, KOLPIN.D, THORNE. S. P,
WICHMAN. M. Impacts of waste from concentrated animal feeding operations on water
quality. Environmental Health Perspectives, v.115, n. 2, 2007.
CAIRES, S. M. D. E. Determinação dos teores naturais de metais pesados em solos do Estado
de Minas Gerais como subsídio ao estabelecimento de valores de referência de qualidade.
2009. 270 p. Tese (Doutorado em Solos e Nutrição de Plantas) - Universidade Federal de
Viçosa, Viçosa, MG, 2009.
CAMARGO, O.A.; ALLEONI, L.R.F.; CASAGRANDE, J.C. Reações dos micronutrientes e
elementos tóxicos no solo. In: FERREIRA, M.E.; CRUZ, M.C.P.; RAIJ, B.van; ABREU,
C.A. Micronutrientes e elementos tóxicos na agricultura. Jaboticabal: CNPQ; FAPESP;
POTAFOS, cap.5, p. 89-117, 2001.
CAMPOS, M. L., DA SILVA, F. N., FURTINI NETO, A. E., GUIMARÃES GUILHERME,
L. R., MARQUES, J. J., & ANTUNES, A. S. Determinação de cádmio, cobre, cromo, níquel,
chumbo e zinco em fosfatos de rocha. Pesquisa Agropecuária Brasileira, 40 (4), 361–367,
2005.
CARLSON, M.S.; BOREN, C.A.; WU, C.; HUNTINGTON C.E.; BOLLINGER D.W;
VEUM T.L. Evaluation of various inclusion rates of organic zinc either as polysaccharide or
proteinate complex on the growth performance, plasma, and excretion of nursery pigs.
Journal of Animal Science, v.82, p.1359-1366, 2004.
CASTELLANOS, L. R. & J. C. A. HERNANDEZ. 2007. Earthworm biomarkers of pesticide
contamination: Current status and perspectives. Journal of Pesticide Science. 32: 360-371.
55
CESAR, R. G.; EGLER, S. G.; ALAMINO, R. C. J.; POLIVANOV, H.; SILVA, R. C.;
CASTILHOS, Z. C.; ARAÚJO, P. P. Avaliação do potencial tóxico de Latossolos e
Chernossolos acrescido de lodo de esgoto utilizando bioensaios com Oligoquetas da
espécie Eisenia andrei. Anuário do Instituto de Geociências, Rio de Janeiro, v. 31, p. 53-
60, 2008.
CESAR, R., NATAL-DA-LUZ, T., BIDONE, E., CASTILHOS, Z., POLIVANOV, H.,
SOUSA, J. P. CESAR, Disposal of dredged sediments in tropical soils: ecotoxicological
evaluation based on bioassays with springtails and enchytraeids. Environmental Science
and Pollution Research. v. 22, n. 4, p. 2916-2924, 2015.
CHELINHO, S.; DOMENE, X.; ANDRÉS, P.; NATAL-DA- LUZ, T.; NORTE, C.;
RUFINO, C.; LOPES, I.; CACHADA, A.; ESPÍNDOLA, E.; RIBEIRO, R.; DUARTE, A.C.;
SOUSA, J;P. Soil microarthropod community testing: A new approach to increase the
ecological relevance of effect data for pesticide risk assessment. Applied Soil Ecology,
83:200– 209, 2013b.
CHELINHO, S.; DOMENE, X.; CAMPANA, P.; ANDRÉS, P.; RÖMBKE, J.; SOUSA, J.P.
Toxicity of phenmedipham and carbendazim to Enchytraeus crypticus and Eisenia andrei
(Oligochaeta) in Mediterranean soils. Journal of Soils and Sediments, 14:584-599, 2013.
CHELINHO, S.; DOMENE, X.; CAMPANA, P.; NATAL-DA-LUZ, T.; SCHEFFCZYK,
A.; RÖMBKE, J.; ANDRÉS, P.; SOUSA, J. P. Improving Ecological Risk Assessment in
the Mediterranean Area: selection of reference soils and evaluating the influence of soil
properties on avoidance and reproduction of two Oligochaeta species. Environmental
Toxicology and Chemistry. v. 30, p. 1050-1058, 2011.
CHEN, T.B.; WONG, J.W.C.; ZHOU, H.Y.; WONG, M.H. Assessments of trace metal
distribuition and contamination in surface soild of Hong Kong. Environ. Pollut., 96: 61-68,
1991.
CHOPIN, E.I.B. & ALLOWAY, B.J. Distribution and mobility of trace elements in soils and
vegetation around the mining and smelting areas of Tharsis, Ríotinto and Huelva, Iberian
Pyrite Belt, SW Spain. Water Air Soil Poll., 182:245-261, 2007.
COMPANHIA DE TECNOLOGIA DE SANEAMENTO AMBIENTAL - CETESB. Decisão
de Diretoria n° 195- 2005-E, de 23 de novembro de 2005. Dispõe sobre a aprovação dos
Valores Orientadores para Solos e Águas Subterrâneas no Estado de São Paulo, 2005, em
substituição aos Valores Orientadores de 2001, e dá outras providências. Diário Oficial [do]
Estado de São Paulo, Poder Executivo, São Paulo, v. 115, n. 227, p. 22-23, 3 dez. 2005.
Seção 1.
56
COMPANHIA DE TECNOLOGIA DE SANEAMENTO AMBIENTAL - CETESB.
Relatório de estabelecimento de valores orientadores para solos e águas subterrâneas no
Estado de São Paulo: DECISÃO DE DIRETORIA Nº 256/2016/E, DE 22 DE
NOVEMBRO DE 2016. Diário Oficial do Estado de São Paulo, Poder Executivo, São
Paulo, 2016. Disponível em: <http://www.cetesb.sp.gov.br>. Acesso em: 25 ago. 2017.
CONDER, J. M.; LANNO, R. P.; BASTA, N. T. Assessment of metal availability in smelter
soil using earthworms and chemical extractions. Journal of Environmental Quality,
Madison, v. 30, n. 4, p. 1231-1237, 2001.
CORRÊA, J.C.; BARILLI, J.; REBELLATTO, A.; VEIGA, M. Aplicações de dejetos de
suínos e as propriedades do solo. Concórdia: Embrapa Suínos e Aves, 2011. p. 1-18.
COSTA C.R.; OLIVI P.; BOTTA C.M.R.; ESPINDOLA E.L.G. A toxicidade em ambientes
aquáticos: discussão e métodos de avaliação. Química Nova, v. 31, p.1820-1830, 2008.
CRISTANI, J. Efeito do óxido de zinco (ZnO) no controle da diarréia pós-desmame em
leitões experimentalmente desafiados com Escherichia coli. Pelotas. 1997. 74f. Dissertação
(Mestrado) Universidade Federal de Pelotas, Pelotas.
CUNHA, R.C.A.; CAMARGO, O.A.; KINJO, T. Retenção de zinco em solos paulistas.
Bragantia, Campinas, v.53, n.2, p.291-301, 1994.
CURRY, J. P. Factors affecting the abundance of earthworms in soils. Pp. 91-113. In: C. A.
Edwards (Ed.). Earthworm ecology. 2nd Ed. CRC Press, Boca Raton. 2004.
DECHEN, A.R.; NACHTIGALL, G.R. Micronutrientes. In: FERNANDES, M.S. (Ed.).
Nutrição mineral de plantas. Viçosa: Sociedade Brasileira de Ciência do Solo, 2006. p.327-
354.
D’EMILIO, M.; CAGGIANO, R.; MACCHIATO, M.; RAGOSTA, M.; SABIA, S. Soil
heavy metal contamination in an industrial area: analysis of the data collected during a
decade. Environmental Monitoring Assess, 185:5951–5964, 2013.
DIDDEN, W. A. M. Ecology of terrestrial Enchytraeidae. Pedobiologia, v.37, p.2–29. 1993.
DOMENE, X.; RAMÍREZ, W.; MATTANA, S.; ALCANIZ, J. M.; ANDRÉS, P.
Ecological risk assessment of organic waste amendments using the species sensitivity
distribution from a soil organisms test battery. Environmental Pollution. v. 155, n. 2, p.
227-236, 2008.
57
DOMÍNGUEZ-CRESPO, M. A., SÁNCHEZ-HERNÁNDEZ, Z. E., TORRES-HUERTA, A.
M., NEGRETE-RODRÍGUEZ, M. D. L. L. X., CONDE-BARAJAS, E., & FLORES-VELA,
A. Effect of the heavy metals Cu, Ni, Cd and Zn on the growth and reproduction of epigeic
earthworms (E. fetida) during the vermistabilization of municipal sewage sludge. Water, Air,
and Soil Pollution, 223(2), 915–931. 2012
DORTZBACH D. Dinâmica de atributos físicos e químicos em solos sob plantio direto
adubado com dejetos suínos e uréia. 2009, f. 146. Florianópolis, SC. Dissertação (Mestrado)
– Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Ciências Agrárias. Programa de
PósGraduação em Agroecossistemas.
ELLIS, J. L. et al, 2007. Prediction of methane production from dairy and beef cattle. Journal
of Dairy Science. 90: 3456-3467.2007.
ERNST, G.; KABOUW, P.; BARTH, M.; MARX, M. T.; FROMMHOLZ, U.; ROYER, S.;
FRIEDRICH, S. Assessing the potential for intrinsic recovery in a Collembola two-generation
study: possible implementation in a tiered soil risk assessment approach for plant protection
products. Ecotoxicology. v. 25, n. 1, p. 1-14, 2016.
FADIGAS, F. DE S.; AMARAL SOBRINHO, N. M. B. DO; MAZUR, N.; ANJOS, L. H. C.
DOS; FREIXO, A. A. Proposição de valores de referência para a concentração natural de
metais pesados em solos brasileiros. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e
Ambiental, v.10, p.699-705, 2006.
FARENHORST, A.; TOPP, E.; BOWMAN, B. T.; TOMLIN, A. D. Earthworms and the
dissipation and distribution of atrazine in soil profile. Soil Biology and Biochemistry,
Amsterdam, v. 32, p. 23-33, 2000.
FOUNTAIN, M. T.; BROWN, V. K.; GANGE, A. C.; SYMONDSON, W. O.; MURRAY, P.
J. The effects of the insecticide chlorpyrifos on spider and Collembola communities.
Pedobiologia. v. 51, n. 2, p. 147-158, 2007.
FOUNTAIN, M. T.; HOPKIN, S. P. A comparative study of the effects of metal
contamination on Collembola in the field and in the laboratory. Ecotoxicology, sl, v. 13, p.
573-587, 2004.
FRAGOSO, C., G.G. BROWN. 2007. Ecología y Taxonomía de las lombrices de tierra en
Latinoamérica: El primer Encuentro Latino-Americano de Ecología y Taxonomía de 31
Oligoquetos (ELAETAO1). pp. 33-75. En: Minhocas na América Latina: Biodiversidade e
Ecologia (Ed: G. G. Brown &C. Fragoso). EMBRAPA Soja. 545 pags. 33-75.
58
GARCÍA-GÓMEZ, C., ESTEBAN, E., SÁNCHEZ-PARDO, B., & FERNÁNDEZ, M. D.
Assessing the ecotoxicological effects of long-term contaminated mine soils on plants and
earthworms: Relevance of soil (total and available) and body concentrations. Ecotoxicology,
23(7), 1195–1209, 2014.
GIROTTO, E., CERETTA, C.A., BRUNETTO, G., RHEINHEIMER, D.S., SILVA, L.S.,
LOURENZI, C.R., LORENSINI, F., VIEIRA, R.C.B., SCHMATZ, R.. Acúmulo e formas de
cobre e zinco no solo após aplicações sucessivas de dejeto líquido de suínos. Revista
Brasileira de Ciência do Solo. v. 34, p. 955-965, 2010.
GRÄBER, I.; HANSEN, J.F.; OLESEN, S.E.; PETERSEN, J.; ØSTERGAARD, H.S. &
KROGH, L. Accumulation of copper and zinc in danish agricultural soils in intensive pig
production areas. Danish J. Geogr., 105:15-22, 2005.
GUILHERME, L.R.G.; MARQIES, J.J.; PIERANGELI, M.A.P.; ZULIANI, D. Q.;
CAMPOS, M.L.; MARCHI, G. Elementos-traço em solos e sistemas aquáticos. Tópicos
em Ciência do Solo, Viçosa, v. 4, p.345-390, 2005.
HAMEL, C.; SCHELLENBERG, M. P.; HANSON, K.; WANG, H. Evaluation of the
“bait-lamina test” to assess soil microfauna feeding activity in mixed grassland. Applied
Soil Ecology. v. 36, n. 2, p. 199-204, 2007.
HEDLUND K.; AUGUSTSSON, A. ‘Effects of enchytraeid grazing on fungal growth and
respiration’, Soil Biology and Biochemistry, vol 27, pp905–910, 1995.
HOBBELEN, P. H. F., KOOLHAAS, J. E., & VAN GESTEL, C. A. M. Effects of heavy
metals on the litter consumption by the earthworm Lumbricus rubellus in field soils.
Pedobiologia, 50 (1), 51–60, 2006.
HOFFMAN, D. J.; RATTNER, B.A,; BURTON, G.A.; CAIRNS, J. Handbook of
Ecotoxicology. Dordrecht, v. 2. London, UK: Blackwell Scientific Publications, 2003.
1290p.
HOSSAIN MA, FURUMAI H, NAKAJIMA F. Competitive adsorption of heavy metals in
soil underlying an infiltration facility installed in an urban area. Water Science and
Technology. 2009;59(2):303–310.
HUGEN, C., MIQUELLUTI, D. J., CAMPOS, M. L., ALMEIDA, J. A. DE, FERREIRA, É.
R. N. C., & POZZAN, M. Teores de Cu e Zn em perfis de solos de diferentes litologias em
Santa Catarina. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, 17(6), 622–628,
2013.
59
HUHTA, V. The role of the fauna in soil processes: techniques using simulated forest floor.
Agric. Ecosyst. Environ., Amsterdam, v. 34, n. 1-4, p. 223-229, 1991.
INGHAM, E. R. The soil biology primer. Disponível em:
<http://soils.usda.gov/sqi/concepts/soil_biology/fw&soiHiealth.html>. Acesso em: 4 set.
2015.
ISO – INTERNATIONAL ORGANIZATION FOR STANDARDIZATION – Soil
quality – Inhibition of reproduction of Collembola. 11267, Geneva, 1999.
ISO – INTERNATIONAL ORGANIZATION FOR STANDARDIZATION – Soil
quality – Effects of pollutants on Enchytraeidae (Enchytraeus sp.) – Determination
of Effects on Reproduction and Survival. 16387. Geneva, 2004.
ISO – INTERNATIONAL ORGANIZATION FOR STANDARDIZATION – Soil
quality – Effects of pollutants on earthworms (Eisenia fetida): part 2, determination
of effects on reproduction. 11268 – 2. Geneva, 1998.
ISO – INTERNATIONAL ORGANIZATION FOR STANDARDIZATION – Soil
quality – Determination of the water-retention characteristic - laboratory methods.
ISO 11274. Geneva, 1998.
IWASAKI, Y.; HAYASHI, T. I.; KAMO, M. Estimating population-level hc5 for copper
using a species sensitivity distribution approach. Environmental Toxicology and
Chemistry, Vol. 32, No. 6, pp. 1396–1402, 2013.
JING-SHENG, C.; BAO-SHAN, D.; MAO, P.; XUE-JUN, W.; SHUI-QUAN, Z.; QUN, HE.
Geographical tendencies of trace element contents in soils derived from granite, basalt and
limestone of Eastern China. Pedosphere, Beijing, N.1, 3: 45-55, 1993.
KABATA PENDIAS, A.; PENDIAS, H. Trace elements in soil and plants. New York: CRC
Press, 2011. v. 4, 534 p.
KISS, I.; BAKONYI, G. Guideline for testing the effects os pesticides on Folsomia candida
Willem (Collembola): laboratory test. West Palaearctic Regional Section, Zurich, v. 15, n.
3, p. 131-137, Sept. 1992.
KONZEN, E. A.; PEREIRA FILHO, I. A.; BAHIA FILHO, A. F. C.; PEREIRA, F.
A.Manejo do esterco líquido de suínos e sua utilização na adubação do milho.
EMBRAPA CNPMS, 1997, 31p. (Documentos, 23).
60
KULA, C.; RÖMBKE, J. Evaluation of soil ecotoxicity tests with functional endpoints for
the risk assessment of plant protection products. Environmental Science and Pollution
Research. v. 5, n. 1, p. 55-60, 1998.
KUMAR, V., SINHA, A. K., RODRIGUES, P. P., MUBIANA, V. K., BLUST, R., & DE
BOECK, G. Linking environmental heavy metal concentrations and salinity gradients with
metal accumulation and their effects: A case study in 3 mussel species of Vitoria estuary and
Espírito Santo bay, Southeast Brazil. Science of the Total Environment, 523, 1–15, 2015.
KUNHIKRISHNAN, A. Role of recycled water sources in the (im) mobilization and
bioavailability of copper in soils. 2011. 214 p. Thesis (Ph.D. in Engineering and the
Environment) - University of South Australia, Melbourne, 2011.
KUPERMAN, R. G.; AMORIM, M. J. B.; RÖMBKE, J.; LANNO, R.; CHECKAI, R. T.;
DODARD, S. G.; SUNAHARA, G. I.; SCHEFFCZYK, A. Adaptation of the enchytraeid
toxicity test for use with natural soil types. European Journal of Soil Biology. v. 42, p.
S234-S243, 2006.
KWAK, J. I.; MOON, J.; KIM, D.; CUI, R.; AN, Y. J. Species Sensitivity Distributions for
Nonylphenol to estimate soil Hazardous Concentration. Environmental Science &
Technology. v. 51, n. 23, p. 13957-13966, 2017.
LOCK, K. JANSSEN, C.R. Mixture toxicity of zinc, cadmiun, copper and lead to the
potworm Enchytraus albidus. Ecotoxicol Environ. 52, 1-7, 2002.
LUKKARI, T., AATSINKI, M., VÄISÄNEN, A., & HAIMI, J. Toxicity of copper and zinc
assessed with three different earthworm tests. Applied Soil Ecology, 30(2), 133–146. 2005.
LU, A.; WANG, J.; QIN, X.; WANG, K.; HAN, P.; ZHANG, S. Multivariate and
geostatistical analyses of the spatial distribution and origin of heavy metals in the agricultural
soils in Shunyi, Beijing, China. Science of the Total Environment, v. 425, p. 66–74, 2012.
LUO, Y. et al. Toxicological study of two novel pesticides on earthworm Eisenia fétida.
Chemosphere, Oxford, v. 39, n. 13, p. 2347-2356, 1999.
MAGALHÃES, D.P.; FERRÃO FILHO, A.S. A Ecotoxicologia como ferramenta no
biomonitoramento de ecossistemas aquáticos. Oecologia Brasileira, v.12, n.3, p.355-381,
2008.
61
MASUTTI, M. B. Distribuição e efeitos de cromo e cobre em ecossistemas aquáticos uma
análise laboratorial e “In Situ” (experimentos em micro e mesocosmos). 2004. 390p. Tese
(Doutorado) - Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo, São Carlos,
2004.
MATTIGOD, S.V.; PAGE, A.L. Assessment of metal pollution in soil. In: THORTON, I.
(Ed.). Applied environmental geochemistry. New York: Academic Press, 1983. cap.12,
p.355-394
MATSCHULLAT, I; OTTENSTEIN, R.; REIMANN, C. Geochemical background: can we
calculate it? Environmental Geology, Berlin, v. 39, n. 9, p. 990-1000, July 2000.
MENEZES-OLIVEIRA, V. B.; SCOTT-FORDSMAND, J. J.; ROCCO, A.; SOARES, A.
M. V. M.; AMORIM, M. J. B. Interaction between density and Cu toxicity for
Enchytraeus crypticus and Eisenia fetida reflecting field scenarios. Science of the Total
Environment. v. 409, n. 18, p. 3370-3374, 2011.
MICO, C. et al. Baseline values for heavy metais in agricultural soils in an European
Mediterranean region. New York: The Science of the Total Environment, 2007. 378 p.
MILLENNIUM ECOSYSTEM ASSESSMENT. Ecosystems and human well-being: a
framework for assessment. Washington, DC: Island Press, 2003. 245 p. Disponível em:
<http://pdf.wri.org/ecosystems_human_wellbeing.pdf>. Acesso em: 9 jan. 2017.
MONFERRAN, M.V. et al. Copper induced response of physiological parameters and
antioxidant enzymes in the aquatic macrophyte Potamogeton pusillus. Environmental
Pollution, v.157, n.8/9, p.2570-2576, 2009.
NASCIMENTO, I.A.; PEREIRA, S.A.; LEITE, M.B.N.L. Biomarcadores como instrumentos
preventivos de poluição. In: ZAGATTO, P.A.; BERTOLETTI, E. Ecotoxicologia Aquática:
Princípios e Aplicações, São Carlos, São Paulo: Rima, 2008. p. 413 – 429.
NATAL-DA-LUZ, T.; RIBEIRO, R; SOUSA, J. P. Avoidance tests with collembola and
earthworms as early screening tools for site-specific assessment of polluted soils.
Environmental Toxicology and Chemistry, New York, v. 23, n. 9, p. 2188-2193, Sept.
2004.
NATALE, W. et al. Resposta de mudas de goiabeira à aplicação de zinco 1. Revista
Brasileira de Fruticultura, Jaboticabal, v. 1, n. 3, p. 770-773, dez. 2002.
62
NEWMAN, M. C.; OWNBY, D. R.; MEZIN, L. C. A.; POWELL, D. C. Applying species
sensitivity distributions in ecological risk assessment: assumptions of distribution type
and sufficient number of species. Environmental Toxicology and Chemistry. v. 19, p.
508-515, 2000.
NIEMEYER, J. C.; CHELINHO, S.; SOUSA, J. P. Soil ecotoxicology in Latin America:
Current research and perspectives. Environmental Toxicology and Chemistry. v. 36, n.
7, p. 1795–1810, 2017.
NIEMEYER, J. C.; MOREIRA-SANTOS, M.; NOGUEIRA, M. A.; CARVALHO, G.
M.; RIBEIRO, R.; DA SILVA, E. M.; SOUSA, J. P. Environmental risk assessment of a
metal-contaminated area in the Tropics. Tier I: screening phase. Journal of Soils and
Sediments. v. 10, n. 8, p. 1557-1571, 2010.
NIEMEYER, J. C., MOREIRA-SANTOS, M., RIBEIRO, R., RUTGERS, M., NOGUEIRA,
M. A., DA SILVA, E. M., & SOUSA, J. P. Ecological Risk Assessment of a Metal-
Contaminated Area in the Tropics. Tier II: Detailed Assessment. Plos One, 10(11), 2015.
NRIAGU, J.O.; PACYNA, J.M. Quantitative assessment of worldwide contamination of air,
water and soils with trace metals. Nature, v.333, p.134-139, 1988.
NURSITA, A.; SINGH, B.; LEES, E. The effects of cadmium, copper, lead, and zinc on the
growth and reproduction of Proisotoma minuta Tullberg (Collembola).
OLIVEIRA, T. S.; COSTA, L. M. DA. Metais pesados em solos de uma topolitosseqüência
do triângulo mineiro. Revista Brasileira de Ciências do Solo, v.28, p.785-796, 2004.
OLIVEIRA, T.S. de; COSTA, L.M. da; CRUZ, C.D.; HORN, H.A. Metais pesados como
indicadores de materiais de origem em uma topolitossequência do triângulo mineiro, Estado
de Minas Gerais. Pesq. agropec. bras., N. 8, 34: 1451-1465, Brasília, 1999.
ONUOHA, P.C.; WORGU, D.C. Combination toxicity effects of heavy metals on terrestrial
animal (Earthworm – Eisenia 108 andrei). Journal of American Science, Michigan, v. 7, p.
403- 415, 2011.
ORGANIZA TI ON FOR ECONOMIC CO-OPERATION AND DEVELOPMENT. OECD
n° 207. Earthworm, 1984. 9 p.
63
PARDO, T.; CLEMENTE, R.; ALVRENGA, P.; BERNAL, M. P. Efficiency of soil organic
and inorganic amendments on the remediation of a contaminated mine soil: II. Biological and
ecotoxicological evaluation. Chemosphere, Amsterdam, v. 107, p. 101-108, 2014.
PARTANEN, K. Uso de aditivos na produção de suínos. In: SIMPÓSIO SOBRE MANEJO E
NUTRIÇÃO DE AVES E SUÍNOS E TECNOLOGIA NA PRODUÇÃO DE RAÇÕES,
2002, Campinas. Anais, p.45-62, 2002.
PATTNAIK, S.; REDDY, M. V. Heavy metals remediation from urban wastes using three
species of earthworm (Eudrilus eugeniae, Eisenia fetida and Perionyx excavatus). Journal
of Environmental Chemistry and Ecotoxicology. v. 3, n. 14, p. 345-356, 2011.
PEDROZO, M. F. M.; LIMA, I. V. Ecotoxicologia do cobre e seus compostos. Salvador:
CRA, 2001. 128 p.
PELOZATO, M.; HUGEN, C.; CAMPOS, M. L.; ALMEIDA, J. A. DE; SILVEIRA, C. B.
DA; MIQUELLUTI, D. J.; SOUZA, M. C. DE. Comparação entre métodos de extração de
cádmio, cobre e zinco de solos catarinenses derivados de basalto e granitomigmatito. Revista
de Ciências Agroveterinárias, v.10, p.54-61, 2011.
PELOSI, C.; BAROT, S.; CAPOWIEZ, Y.; HEDDE, M.; VANDENBULCKE, F. Pesticides
and earthworms. A review. Agronomy for Sustainable Development, 34:199-228, 2013.
PHILLIPS, C. T.; KUPERMAN, R. G.; CHECKAI, R. T. Toxicity of chemical- warfare agent
HD to Folsomia candida in different soil types. European Journal of Soil Biology,
Braunschweig, v. 38, n. 4, p. 281-285, June 2002.
PLEASANT, M. M.; GRAY, S. A.; LEPCZYK, C.; FERNANDES, A.; HUNTER, N.;
FORD, D. Managing cultural ecosystem services. Ecosystem Services, sl, v. 8, p. 141-147,
2014.
PLUMLEE, G. S.; ZIEGLER, T. L. Soils, and Other Earth Materials.Environmental
geochemistry, v. 9, p. 263, 2005.
RAND, G.M.; PETROCELLI, S.R. Fundamentais of aquatic toxicology: methods and
applications. Hemisphere, 1995, 666 p.
RATHNAYAKE, I.V.N.; MEGHARAJ, M.; KRISHNAMURTI, G.S.R.; BOLAN, N. S.;
NAIDU R. Heavy metal toxicity to bacteria – Are the existing growth media accurate enough
to determine heavy metal toxicity? Chemosphere, 90:1195-200, 2012.
64
REINECKE, SA & REINECKE, AJ 2007 The impact of organophosphate pesticides on
earthworms in orchards in the Western Cape, South Africa. Ecotoxicology and Environmental
Safety 66, 244-251.
RÖMBKE,J. Estimates of the Enchytraeidae (Oligochaeta,Annelida) contribution to
energy flow in the soil system of an acid beech wood forest’, Biology and Fertility of
Soils, vol 11, pp255-260, 1991.‘
RÖMBKE, J.; JÄNSCH, S.; JUNKER, T.; POHL, B.; SCHEFFCZYK, A.;
SCHALLNAß, H. Improvement of the applicability of ecotoxicological tests with
earthworms, springtails, and plants for the assessment of metals in natural soils.
Environmental Toxicology and Chemistry. v. 25, n. 3, p. 776-787, 2006.
ROSA, R. S., MESSIAS, R.A., AMBROZINI, B. In: REZENDE, M.O.O. Importância da
compreensão dos ciclos biogeoquímicos para o desenvolvimento sustentável. São Carlos:
Instituto de Química/USP, 2003.
SANTOS, G. C. G. et al. Pó de acearia como fonte de zinco para o milho e seu efeito na
disponibilidade de metais pesados. Bragantia, Campinas, v. 61, n. 3, p. 257-266, dez. 2002.
SEGANFREDO, M. A. Visualizando além dos benefícios, na análise do uso dos dejetos de
animais como fertilizante. In: REUNIÃO BRASILEIRA DE MANEJO E CONSERVAÇÃO
DO SOLO E DA ÁGUA, 15., 2004, Santa Maria. Anais... Santa Maria: SBCS, 2004. 1 CD-
ROM.
SILVEIRA, M. L. A. ; ALLEONI, L. R. F.; CASAGRANDE, J.C. Energia livre da reação de
adsorção de cobre em latossolos ácricos. Scientia Agricola, Piracicaba, v. 56, n. 4, p. 742-749,
out./dez. 1999.
SMIT, C. E.; VAN GESTEL. C. A. M. Comparison of the toxicity of zinc for the springtail
Folsomia candida in artificially contaminated and polluted field soils. Applied Soil Ecology,
Barcelona, v. 3, p. 127–136, 1996.
SINGER, A. C., W. Jury, E. Luepromchai, C.-C. Yahng & D. E. Crowley. 2001. Contribution
of earthworms to PCB bioremediation. Soil Biology and Biochemistry. 33: 765-776.
SISINNO, C.L.S.; OLIVEIRA-FILHO, E.C. Princípios de toxicologia ambiental: conceitos e
aplicações. Rio de Janeiro: Interciência, 2013.
65
SOCHOVÁ, I.; HOFMAN, J.; HOLOUBEK, I. Using nematodes in soil ecotoxicology.
Environment International. v. 32, n. 3, p. 374-383, 2006.
SODRÉ, F.F.; LENZI, E. & COSTA, A.C. Utilização de modelos físico-químicos de
adsorção no estudo do comportamento do cobre em solos argilosos. Química Nova, 24:324–
330, 2001.
SPADOTTO, C.A.; GOMES, M.A.F.; LUCHINI, L. C.; ANDREA, M. M. de.
Monitoramento do risco ambiental de agrotóxicos: princípios e recomendações. Jaguariúna:
Embrapa Meio Ambiente, 2004.
SPARKS, D.L. Environmental soil chemistry. San Diego: Academic Press, 1995. 267p.
SPOSITO, G. The chemical forms of trace metals in soils. In: THORNTON, I. (Ed.). Applied
environmental geochemistry. London: Academic Press, 1983. p.123-170. (Geology Series).
SPURGEON, D. J., HOPKIN, S. P., & JONES, D. T. Effects of cadmium, copper, lead and
zinc on growth, reproduction and survival of the earthworm Eiseniaf fetida (Savigny) -
assessing the environmental impact of point-source metal contamination in terrestrial
ecosystems. Environmental Pollution, 84(2), 123–130. 1994
STYRISHAVE, B.; MORTENSEN, M.; HENNING KROGH, P.; ANDERSEN, O.;
JENSEN, J. Solid-phase microextraction (SPME) as a tool to predict the bioavailability
and toxicity of pyrene to the springtail, Folsomia candida, under various soil conditions.
Environmental Science & Technology. v. 42, n. 4, p. 1332-1336, 2008.
TEREKHOVA, V.A. Soil Bioassay: Problems and Approaches. Eurasian Soil Science,
44:173-179, 2011.
THIELE-BRUHN, S. Pharmaceutical antibiotic compounds in soils – a review. J. Soil
Scienceand Plant Nutrition., n.166, p. 145-167, 2003.
TRUHAUT, R. Ecotoxicology: objectives, principles and perspectives. Ecotoxicology
and Environmental Safety. v. 1, n. 2, p. 151-173, 1977.
VAN DER PUTTEN, W. H.; RITZ, K. From genes to Ecosystem Service. In: WALL, D. H.
(Ed). Soil Ecology and Ecosystem Services. Oxford: Oxford University Press, 2012. 406p.
VAN GESTEL, C. A. M. Soil ecotoxicology: state of the art and future directions. ZooKeys,
66
sl, v. 176, p. 275–296, 2012.
VAN GESTEL, C. A. M.; HENSBERGEN, P. J. Interaction of Cd and Zn toxicity for
Folsomia candida Willem (Collembola: Isotomidae) in relation to bioavailability in soil.
Environmental Toxicology and Chemistry, New York, v. 16, p. 1177-1186, 1997.
VAN GESTEL, C. A. M.; WEEKS, J. M.. Recommendations of the 3rd International
Workshop on Earthworm Ecotoxicology, Aarhus, Denmark, August 2001. Ecotoxicology and
Environmental Safety. 57: 100-105. 2004.
VAN STRAALEN, N. M. Threshold models for species sensitivity distributions applied
to aquatic risk assessment for zinc. Environmental Toxicology and Pharmacology. v.
11, n. 3, p. 167-172, 2002.
VEIGA, M.; PANDOLFO, C.M. Uso de estercos como fertilizante e o potencial impacto nos
recursos hídricos superficiais e subterrâneos. In: Simpósio Produção Animal e Recursos
Hídricos. Anais. Concórdia: Embrapa Suínos e Aves, p. 21-28, 2010.
VELTMAN, K., HUIJBREGTS, M. A. J., VIJVER, M. G., PEIJNENBURG, W. J. G. M.,
HOBBELEN, P. H. F., KOOLHAAS, J. E., … JAN HENDRIKS, A. Metal accumulation in
the earthworm Lumbricus rubellus. Model predictions compared to field data.
Environmental Pollution, 146(2), 428–436, 2007.
VIJVER, M.; JAGER, T.; POSTHUMA, L.; PEIJNENBURG, W. Impact of metal pools
and soil properties on metal accumulation in F. candida (Collembola). Environmental
Toxicology and Chemistry, sl, v. 20, p. 712-720, 2001
VIJVER, M. G., J. P. M. VINK, C. J. H. MIERMANS & C. A. M. VAN GESTEL. Oral
sealing using glue: a new method to distinguish between intestinal and dermal uptake of
metals in earthworms. Soil Biology and Biochemistry. 35: 125-132. 2003.
VISSER, W. J. F.; VISSER, W. J. F. Contaminated land policies in some industrialized
countries. 2nd ed. The Hague: Technical Soil Protection Committee, 1994. 149 p.
WALKER, C. H.; HOPKIN, S. P.; SIBLY, R. M. PEAKALL, D. B. Principles of
ecotoxicology. ed. 3, 2006.
XU, F. L.; LI, Y. L.; WANG, Y.; HE. W.; KONG, X. Z.; QNI, N.; LIU, W.X.; WU, W.
J.; JORGENSEN, S. E. Key issues for the development and application of the species
sensitiviti distribution (SSD) model for ecological risk assessement. Ecological
Indicators. v. 54, p. 227-237, 2015.
67
YRUELA, I, Copper in plants. Brazilian Journal of Plant Physiology, v. 17, n. 1, p. 145-
156,2005.
ZAGATTO, P.A. Ecotoxicologia. In: Zagatto, P.A.; Bertoletti, E. Ecotoxicologia
aquática: princípios e aplicações. São Carlos, SP. p. 1-12, 2006.
ZHAO, F.J.; MCGRANT, S.P.; MERRINGTON. Estimates of ambient background
concentrations of trace metals in soil for risk assessment. Environmental Pollution, v. 148,
p. 221-229, 2007.
YU, T.R.; SUN, H.Y.; ZHANG, H. Specific adsorption of cátions. In: YU, T.R. (Ed.).
Chemistry of variable charge soils. New York: Oxford University Press, 1997, p. 140-174.
68
69
3 CAPÍTULO 1: A INFLUÊNCIA DOS ATRIBUTOS FÍSICOS, QUÍMICOS E
MINERALÓGICOS DE SOLOS SUBTROPICAIS NA DISPONIBILIDADE DE
COBRE E ZINCO
RESUMO
O Cu e o Zn são elementos-traço potencialmente tóxicos no ambiente. Sua adsorção no
solo depende de diversos fatores, como a capacidade de troca catiônica, pH, teor de argila e
matéria orgânica e potencial de oxirredução. Em função disso, é importante conhecer os teores
disponíveis de Cu e Zn no solo para prevenir a contaminação ambiental e entrada destes na
cadeia alimentar. O objetivo deste estudo foi determinar a disponibilidade de Cu e Zn em
Nitossolo Vermelho, Cambissolo Húmico e em Solo Artificial Tropical (SAT). Foi realizada a
determinação dos atributos físicos (granulometria) mineralógicos (mineralogia da fração argila)
e químicos (pH, teor e fracionamento químico da matéria orgânica e P remanescente) e a
capacidade máxima de adsorção (CMA) de Cu e Zn dos solos. Para quantificar a CMA foram
utilizadas doses de Cu nas concentrações de 0, 40, 100, 160, 220, 280, 340, 400, 460, 520 mg
L-1 (relação solo:solução final de 1:100); e de Zn nas concentrações de 0, 60, 140, 220, 300,
380, 460, 540, 620, 700 mg L-1, na mesma relação solo: solução final). Os maiores teores de
argila e ácidos fúlvicos foram observados no Nitossolo, assim como as maiores concentrações
de Fe2O3 e Al2O3. No Cambissolo foram encontrados os maiores teores de ácidos húmicos,
humina e as maiores concentrações de SiO2. A caulinita foi o argilomineral predominante na
fração argila dos três solos estudados, sendo os menores índices de cristalinidade encontrados
nas amostras do Nitossolo. Os teores de P remanescente seguiram a ordem SAT > Cambissolo
> Nitossolo. A CMA calculada para Cu no Nitossolo foi de 3.681 mg kg-1, no Cambissolo de
2.677 mg kg-1 e no SAT de 1.609 mg kg-1. Para o Zn, a CMA calculada no Nitossolo foi de
2.001 mg kg-1, no Cambissolo de 1.116 mg kg-1 e no SAT de 234 mg kg-1. A disponibilidade
de Cu e Zn foi menor no Nitossolo, seguido do Cambissolo e do SAT.
Palavras–chave: Elementos-traço. Granulometria. Argilominerais. Óxidos. Sorção do solo
70
71
ABSTRACT
Cu and Zn are potentially toxic metals in the environment. Its retention in the soil depends on
several factors such as the cation exchange capacity, pH, clay content and organic matter and
oxidation potential. It is important to know the available levels of Cu and Zn in the soil to
prevent environmental contamination and entry of these into the food chain. The objective of
this work was to determine the availability of Cu and Zn in a Nitisol, a Cambisol and in Tropical
Artificial Soil (TAS). The determination of the physical attributes (texture) mineralogical
(oxides and mineralogy of the clay fraction) and chemical (pH, content and chemical
fractionation of the organic matter, remaining P) and maximum adenosion capacity (MAC) of
Cu and Zn of the soils. In order to quantify MAC, Cu levels were used at concentrations of: 0,
40, 100, 160, 220, 280, 340, 400, 460, 520 mg L-1 (soil: final ratio = 1: 100) and Zn: 0, 60, 140,
220, 300, 380, 460, 540, 620, 700 mg L-1 (soil ratio: final solution = 1: 100). The highest clay
and fulvic acid contents were observed in the Nitisol, as well as the highest concentrations of
Fe2O3 and Al2O3. In the Cambisol, the highest levels of humic acids, humina and the highest
concentrations of SiO2 were found. The kaolinite was the predominant clay mineral in the three
studied soils, being the lowest crystallinity indexes found in the Nitisol samples. The remaining
P contents followed the order TAS> Cambisol> Nitisol. The MAC calculated for Cu in the
Nitisol was 3680.6 mg kg-1, in the Cambisol of 2677.0 mg kg-1 and in the SAT
1609.2 mg kg -1. For the Zn, the MAC calculated in the Nitisol was of 2001.2 mg kg-1, in the
Cambisol of 1115.9 mg kg-1 and in the TAS of 233.38 mg kg-1. The availability of Cu and Zn
was lower in the Nitisol, followed by the Cambisol and the TAS.
Key – words: Trace elements. Granulometry. clay minerals. Oxides. Sorption of soil
72
73
3.1 INTRODUÇÃO
O solo possui uma ampla capacidade de retenção de elementos-traço que, em função de
seus atributos, podem ser lixiviados, penetrarem na cadeia trófica dos organismos ou, ainda,
colocarem em risco a qualidade das águas superficiais e subterrâneas (CASARTELLI &
MIEKELEY, 2003). Essses elementos, dentre eles o Cu e o Zn, podem estar ligados às
partículas e aos minerais, adsorvidos, precipitados ou complexados no perfil do solo
(ALLOWAY, 1995; KABATA-PENDIAS & PENDIAS, 2011).
A disponibilidade dos metais e sua toxicidade para os organismos do solo depende da
forma com que se encontram, que é função dos atributos do solo como a capacidade de troca
catiônica (CTC), pH, potencial de oxirredução, teor de argila, competição com outros íons pelos
sítios de adsorção e quelação (LOCK, JANSSEN & DECOEN, 2000).
Os elementos-traço que se encontram retidos na estrutura dos minerais, devido à baixa
mobilidade, estarão indisponíveis para serem absorvidos pelas plantas e organismos do solo.
Em contrapartida, os teores de elementos-traço da fase solúvel e trocável representam a
quantidade prontamente disponível para esses organismos. Já, os elementos-traço ligados aos
óxidos de Fe, Mn e Al e aos grupos funcionais da matéria orgânica, formam complexos estáveis,
tornando-os menos disponíveis do que os teores dos compartimentos solúvel e trocável
(STEVENSON,1986).
Os teores de Cu e Zn normalmente são maiores em solos orgânicos do que em solos
arenosos ou siltosos com baixo teor de matéria orgânica (KABATA PENDIAS & PENDIAS,
2011). Em contrapartida, solos argilosos, com maior CTC e teor de matéria orgânica, podem
reter mais fortemente esses elementos-traço. O caráter eletrostático da adsorção se dá pela CTC,
enquanto a matéria orgânica e a argila estão associadas à adsorção específica, com a formação
de ligações de caráter covalente (KABATA PENDIAS & SZTEKE, 2015).
Segundo Spurgeon et al. (1994), há uma relação direta entre os diferentes atributos do
solo e a disponibilidade de cátions metálicos, tornando esses elementos mais ou menos
disponíveis e afetando, desta forma, a sobrevivência e a reprodução dos organismos do solo.
Dentre eles, podemos destacar os argilominerais (REINECKE, REINECKE & MABOETA,
2001). Segundo Gräber et al. (2005), a mobilidade e disponibilidade de Cu e Zn são diretamente
influenciadas pelo teor de argila do solo. Van Gestel et al. (2011), em testes de ecotoxicidade
para E. andrei e E. crypticus em solos contaminados por molibdênio e de diferentes classes
texturais, constataram que solos com menor teor de argila apresentaram maior toxicidade desse
elemento-traço para os organismos do solo.
74
Outro atributo do solo que influencia nessa disponibilidade é o teor em matéria orgânica
e suas frações (ALLOWAY, 1995; ALVARENGA et al., 2009). Segundo Mattias et al. (2010),
a disponibilidade e o acúmulo de Cu e Zn podem ser maiores em solos com menor conteúdo de
matéria orgânica e, nesses solos, há maior risco de contaminação ambiental. Adicionalmente, a
presença e a natureza de óxidos e hidróxidos de Fe/Mn/Al, o potencial redox, a concentração
de sais e de agentes complexantes e a CTC, também tem grande importância na disponibilidade
desses metais no solo (LOCK & JANSSEN, 2001; ALVARENGA et al., 2009).
Apesar da importância de se considerar a biodisponibilidade dos metais nas avaliações
de locais contaminados, os estudos das propriedades do solo relacionadas à ecotoxicologia não
são muito comuns na academia e não há um consenso sobre a influência desses fatores nos
resultados obtidos nos testes. Nesse contexto e seguindo as recomendações internacionais
(VAN GESTEL & WEEKS, 2004), considera-se que a biodisponibilidade dos elementos-traço
é um aspecto fundamental no controle da assimilação de contaminantes por organismos do solo
em estudos ecotoxicológicos e, sempre que possível, deve ser abordada por meio de
determinações da concentração desses elementos no solo, tanto no início quanto no final dos
testes.
Nesse sentido, a preocupação com a degradação dos solos e outros compartimentos
ambientais no mundo, especialmente nas regiões tropicais e subtropicais onde o processo de
intemperismo propiciados pelas elevadas temperaturas e índices de umidade é mais elevado,
tem despertado amplo interesse pela qualidade do solo e pela sustentabilidade do meio
ambiente. Desse modo, o objetivo deste capítulo é determinar a disponibilidade de Cu e Zn em
Nitossolo Vermelho, Cambissolo Húmico e em Solo Artificial Tropical, com o intuito de
explicar os resultados encontrados nos ensaios ecotoxicológicos realizados em solos com
diferentes atributos físicos, químicos e mineralógicos, de forma a auxiliar na tomada de decisão
e na prevenção da contaminação ambiental e na entrada destes compostos na cadeia alimentar.
3.2 MATERIAL E MÉTODOS
3.2.1 Critérios para seleção dos solos e amostragem
Os experimentos foram realizados utilizando amostras de dois solos com diferentes
características texturais e que ocorrem em áreas extensas no Estado de Santa Catarina, sendo
um desenvolvido a partir de rochas sedimentares no Planalto Catarinense (Cambissolo) e outro
desenvolvido a partir de rochas ígneas extrusivas intermediárias a ácidas no Planalto e Oeste
75
Catarinense (Nitossolo). O Nitossolo Vermelho (Nitossolo) foi coletado no município de
Concórdia, SC [27o48’71’’S e 51o59’34’’W] e o Cambissolo Húmico (Cambissolo) foi coletado
no município de Lages, SC [27º48’57’’S e 50º21’45’’W], ambos em áreas sob vegetação
natural não antropizada, livre de adubação e uso de agroquímicos. Também foi utilizado o Solo
Artificial Tropical (SAT) proposto por Garcia (2004), com adaptações, constituído por uma
mistura de 75% de areia industrial (fina), 20% de argila caulinítica e 5% de fibra de coco (seca
e peneirada). O pH do SAT foi corrigido para 6,0 ± 0,5 por meio da adição de carbonato de
cálcio (CaCO3), conforme preconizado na ISO 1039 (ISO, 2004; ABNT NBR ISO, 2010); para
os solos naturais o pH não foi corrigido, para representar as condições naturais.
As amostras do Nitossolo e do Cambissolo foram coletadas na camada de 0 - 0,2 m de
profundidade, secos à 55 oC em estufa com circulação forçada de ar e tamisados em peneiras
de 2 mm de abertura de malha, para separação de fragmentos vegetais e obtenção da fração
terra fina seca ao ar (TFSA).
3.2.2 Caracterização química dos solos
As concentrações dos metais foram determinadas de acordo com o método USEPA 3051
A (USEPA, 1999), conforme requerido na Resolução Conama 420/2009 (BRASIL, 2009).
Neste método, as amostras de solo foram suavemente trituradas com um almofariz de porcelana
e três repetições de 0,5 g de solo foram digeridos em 5 mL de HN03 concentrado e 5 mL de
água tridestilada, em tubos de vidro, aquecidos em bloco digestor. Os teores pseudototais dos
elementos Cu e Zn foram determinados em espectrofotômetro de absorção atômica em chama
de ar-acetileno (AAS; A ANALYST 300, PERKIN-ELMER).
O pH em água e o teor de nutrientes foram determinados conforme EMBRAPA (1997),
sendo o Ca, Mg e Al trocáveis extraídos com KC1 1 mol L-1; e P, K, Fe, Mn disponíveis por
extração com HC1 0,05 mol/L + H2S04 0,0125 mol L-1 (Mehlich 1). O Al trocável foi
determinado por titulometria de neutralização com NaOH 0,0125 mol L-1. A quantificação do
Ca, Mg, Fe e Mn foi realizada por espectrometria de absorção atômica (AAS; A ANALYST
300, PERKIN-ELMER). O P foi determinado por espectrofotometria de absorção molecular
em comprimento de onda de 660 nm e o K por espectrofotometria de chama (DM62,
DIGIMED).
76
3.2.3 Distribuição de tamanho de partículas do solo (granulometria)
A granulometria dos solos foi determinada pelo método da pipeta (DAY, 1965), onde,
em um frasco de vidro do tipo “snap-cap”, foram adicionados 20 g de TFSA, duas esferas de
teflon, 10 mL de solução 6% (normal) de NaOH e 100 mL de água deionizada. O frasco foi
agitado, deixado em repouso por 8 horas, acondicionado em um agitador horizontal e agitado
com movimentos reciprocantes por 4 horas.
O conteúdo de cada frasco foi transferido para uma proveta de 1.000 mL, a qual foi
completada com água deionizada. A suspensão foi, então, agitada durante um minuto com
agitador manual, determinada a temperatura da solução para estabelecer o intervalo de tempo
para coleta da fração de argila à 5 cm de profundidade da solução, com o auxílio de uma pipeta
volumétrica de 50 mL, transferida para um becker e levada à estufa a 105 °C até completa
evaporação da água em 24 horas (Figura 3).
Figura 3 – Conjunto de amostras para análise granulométrica do solo.
Fonte: Elaborado pela autora, 2019.
O conteúdo remanescente da proveta foi passado por uma peneira com abertura de
malha de 0,053 mm, para separação das partículas de areia; a fração retida na peneira foi
transferida para uma cápsula e levada a estufa a 105 °C e determinada a massa da areia. Os
teores de argila e de areia, em g-1 kg-1, foram calculados, respectivamente, a partir da relação
entre a massa de argila contida na alíquota de 50 mL coletada na suspensão e do material retido
na peneira de 0,053 mm de abertura de malha e a massa total da amostra. O teor de silte
corresponde à subtração dos teores de argila e de areia da massa total da amostra.
77
3.2.4 Fracionamento das substâncias húmicas
A extração e o fracionamento das susbtâncias húmicas do solo foi realizado em três
frações principais: ácidos fúlvicos (AF), ácidos húmicos (AH), e huminas, conforme
metodologia descrita por SWIFT (1996) com adaptações sugeridas por Benites, Ker e
Mendonça, (2000) e Benites, Madari e Machado (2003). Foi pesada uma amostra de solo
contendo aproximadamente 30 mg de carbono orgânico total, adicionado 20 mL de NaOH 0,1
mol L-1 e deixado em repouso por 24 horas. Após período de repouso, foi levado para
centrifugação (5.000 rpm por 30 min) com correção do tempo para 63 min e 2.400 rpm.
Recolhido o sobrenadante em tubo falcon de 50 mL e repetida a operação para máxima
recuperação das frações ácidos fúlvicos e ácidos húmicos. O precipitado foi reservado e levado
a estufa à 65 °C para a secagem e determinação da fração humina. O reservado com pH alcalino,
próximo a 13, foi acidificado com ácido sulfúrico (H2SO4 20% v/v) até que atingisse pH 1,0, o
que resulta na precipitação dos ácidos húmicos, sendo separados por filtração com filtro de
membrana 0,45 µm a vácuo. A leitura do C nas frações líquidas e sólidas foi realizada pelo
analisador elementar de carbono TOC (Total Organic Carbon) - (MULTI/NC 2100S,
ANALYTIK JENA).
3.2.5 Mineralogia da fração argila
As análises mineralógicas foram procedidas em lâminas de argila orientada (Figura 4),
sendo os resultados interpretados com base nos parâmetros descritos por Brindley e Brown
(1980) e Whittig e Allardice (1986). Para tanto, o volume total das mesmas amostras de
suspensão do silte e argila usada no método da pipeta, foi transferido para recipientes plásticos
de 1 L, de fundo largo e altura aproximada de 10 cm.
Com base na Lei de Stokes (1851), calculou-se o tempo (5 horas) necessário para que
toda a fração silte ultrapassasse uma altura (6 cm) fixada no balde, retirando-se, por
sinfonamento, todo volume imediatamente acima da marca dos 6 cm, que foi transferida para
outro recipiente. O restante da suspensão foi rehomogenizada novamente e completado o
volume para 1 L. Novas retiradas (no total de dez) da fração argila foram realizadas até que não
houvesse mais argila em suspensão. Após a última retirada da argila, a fração silte total contida
no fundo do balde sofreu dez lavagens com água destilada, sendo seca em estufa à 105 °C por
24 h para determinação da massa. Posteriormente, a suspensão de argila foi floculada com HCl
concentrado e centrifugada (2.000 rpm por 2 minutos).
78
Figura 4 - Lâminas de argila orientada em processo de secagem ao ar.
Fonte: Elaborado pela autora, 2019.
As amostras foram saturadas com soluções de Cloreto de Potássio (KCl) e Cloreto de
Magnésio (MgCl2) e à solvatação com etileno glicol (EG). A saturação com K+ permite separar
vermiculitas (expansivas) de cloritas (não expansivas) com espaçamento basal 1,4 nm, pois as
vermiculitas colapsam para estruturas não expansivas de 1,0 nm quando saturadas com K+.
Segundo Fabris et al. (2009), para se observar a presença de vermiculitas e esmectitas com
hidróxi Al entrecamadas (2:1 HE), é necessário elevar a temperatura das amostras à 550 °C
após a saturação com K+, para o colapso das camadas e completa separação das fases. A
saturação com Mg2+, permite a expansão uniforme e homogênea das camadas em toda a amostra
analisada, além da formação de uma camada dupla de água estável após secagem ao ar, pela
expansão das lâminas das argilas expansivas dos grupos das vermiculitas e esmectitas. Esse
processo resulta em um espaçamento basal de aproximadamente 1,4 nm, separando as
vermiculitas e esmectitas dos filossilicatos 2:1 não expansivos como, por exemplo, as micas,
que possuem espaçamento de aproximadamente 1,0 nm.
Para tanto, parte da suspensão de argila total foi inicialmente saturada com solução de
KCl 1 M e parte com solução de MgCl2 0,5 M, sendo o excesso de sais eliminado após submeter
as amostras saturadas, acondicionadas em sacos de diálise, a sucessivas lavagens com água
destilada. Após esse procedimento, procedeu-se à confecção das lâminas de argila orientada
para serem analisadas por difratometria de raios-X (DRX). Onde, a suspensão contendo argila
total, fina ou grossa, foi gotejada em lâminas de vidro de modo que toda a superfície da lâmina
fosse coberta de maneira uniforme, e não muito espessa (Figura 4). Posteriormente, as amostras
79
foram secas em temperatura ambiente. As amostras saturadas com K foram aquecidas em mufla
a temperaturas de 100, 350, e 550 ºC, por quatro horas (WHITTIG & ALLARDICE, 1986).
Esse procedimento foi necessário para observar a estabilidade do mineral e visualizar o colapso
das argilas expansivas que acontece com a elevação da temperatura. Os minerais do grupo da
caulinita decompõem-se entre 500 e 550°C, podendo ajudar a identificação na presença de
cloritas, que tem pico coincidente e são resistentes ao aquecimento. A haloisita (1,0 nm)
desidrata e desloca o pico para 0,7 nm em temperatura próxima de 100 °C. Os minerais 2:1 HE
colapsam para 1,0 nm, como descrito anteriormente, e a clorita mantém o espaçamento basal
em 1,4 nm após o aquecimento à 550 °C (FABRIS et al., 2009).
Para que ocorresse a solvatação das amostras saturadas com Mg, estas foram submetidas
a uma atmosfera saturada com vapor de etileno glicol 50% em frasco dessecador, acondicionado
em estufa mantida à 60 ºC por 24 horas. Esse procedimento foi realizado para identificar
argilominerais expansíveis, que interpolam esses compostos orgânicos e promovem o
deslocamento dos picos correspondentes à expansão das camadas. As esmectitas adsorvem o
glicerol entre as camadas adjacentes, resultando em um aumento no espaçamento basal e
chegando a 1,8 nm; as vermiculitas, por sua vez, não alteram sua expansão, mantendo o
espaçamento basal de aproximadamente 1,4 nm.
A caracterização mineralógica foi realizada no Laboratório de Gênese e Mineralogia
dos Solos da UDESC-CAV, através da técnica de DRX, em um difratômetro PHILIPS PW
1830 automatizado, dotado de goniômetro vertical e monocromador de grafite. O equipamento
foi operado a 30 kV e 30 mA e a fonte de radiação utilizada foi a de Cu Kα. Para analisar todas
as amostras, os intervalos angulares das irradiações variaram entre 3 a 44 ⁰2Ɵ, com intervalo
de 0,01 ⁰2Ɵ para cada 1 s. Os resultados foram interpretados com base nos parâmetros descritos
por Brindley e Brown (1980) e Wittig e Allardice (1986).
Foi realizada uma semi-quantificação dos minerais nos difratogramas obtidos com o
auxílio do software HighScore Plus (Panalytical). A determinação foi realizada com base no
cálculo de áreas de cada um dos picos principais dos minerais identificados pela técnica de
DRX, onde os valores foram calculados através do recurso fitprofile, onde os picos em
aproximadamente: 1,4 nm correspondendo aos minerais 2:1 e 2:1 HE (com hidróxi-Al
entrecamadas); 0,72 nm, cuja reflexão basal corresponde à caulinita; 0,48 nm, que corresponde
à gibbsita; 0,41 nm, que corresponde à goethita; e 0,25 nm, que corresponde à hematita. Os
critérios empregados para a interpretação dos difratogramas e para a identificação dos minerais
de argila foram aqueles apresentados por Jackson (1965), Brindley & Brown (1980) e Whittig
e Allardice (1986).
80
3.2.6 Teores de óxidos totais por fluorescência de raio-X
As concentrações dos elementos químicos na forma de óxidos totais foram determinadas
por espectrometria de fluorescência de raios-X (FRX), através do método do pó em
equipamento de fluorescência de raios-X (modelo Epislon 3 - Panalytical), com espetrômetro
compacto de energia dispersível de raios-X (EDX) (NASCIMENTO FILHO, 1999) (Figura 5a).
Foram quantificados os elementos maiores (Si, Al, Fe, Ca, Mg, K) e os menores ou traço (Mn,
P, S, Cu, Zn, Ti, Ni, Cr, Zr, V, Sr, Sn, Y, Rb, Ba) em 2 g de TFSA moídas e passadas em peneira
com malha 0,053 mm. As amostras foram acondicionadas em porta amostras padrão com fundo
revestido com filme poliéster “mylar” de 3,6 µm e dispostas em um carrossel removível com
capacidade para 10 amostras (Figura 5b).
Figura 5 – Equipamento de fluorescência de raios-X contendo as amostras para leitura dos
teores de óxidos (a). Amostras de TFSA dispostas em portas amostras (b).
Fonte: Elaborado pela autora, 2019.
A quantificação dos elementos foi feita através da criação de uma aplicação denominada
OMNIAN, pacote do software Epsilon, calibrada a partir de amostras padrões no formato de
pastilhas fundidas. Em seguida foram calculados os índices Ki e Kr (EMBRAPA, 1997). Estes
índices indicam o grau de intemperização dos solos: quanto menor o valor de Ki e Kr mais
intemperizado é o solo, devido, possivelmente, aos processos de perda de silicatos e acúmulo
de óxidos de ferro e alumínio.
a) b)
81
3.2.7 Capacidade de adsorção de fosfato – P remanescente
O fósforo remanescente (Prem) foi determinado adicionando-se 0,5 g de TFSA (moída e
passada em peneira com malha 0,053 mm) em uma solução de equilíbrio de 0,01 mol L-1 de
CaCl2 contendo 60 mg L-1 de P; como fonte de P foi utilizado o KH2PO4, ficando uma relação
solo: solução 1:10 (ALVAREZ et al., 2000). Posteriormente, as amostras foram agitadas por
30 minutos a 150 rpm e deixadas em repouso por 16 h (Figura 6).
Figura 6 - Extratos de amostras dos solos prontos para a dosagem dos teores de Prem.
Fonte: Elaborado pela autora, 2019.
O teor de P na solução foi determinado por espectrofotometria de absorção molecular
em comprimento de onda de 882 nm, conforme método descrito por Murphy & Riley (1962).
Onde, P-solúvel é o compartimento das formas de fósforo dissolvidas em água e reativas ao
método colorimétrico de Murphy & Riley.
Com base nos teores de fósforo remanescente (Prem), cada solo foi classificado em
relação à capacidade de adsorção de fosfato, sendo: MB = muito baixa (46-60 mg L-1); B =
baixa (31-45 mg L-1); M = média (21-30 mg L-1); A = alta (11-20 mg L-1); MA = muito alta (6-
10 mg L-1); EA = extremamente alta (0-5 mg L-1) (ALVAREZ et al., 2000).
3.2.8 Capacidade máxima de adsorção de Cu e Zn
Foram preparadas suspensões de TFSA dos solos em solução de fundo de Ca(NO3)2 em
força iônica de 15 mmol L-1 (força iônica semelhante à observada na solução de solos
82
intemperizados); a relação solo: solução de fundo foi de 1:68 (0,5 g de solo e 34 mL de solução).
As suspensões foram agitadas por 12 h e deixadas em repouso por mais 12 h e esses ciclos de
agitação e repouso foram repetidos por 72 h. As suspensões de cada solo (FI = 15 mmol L-1;
relação solo:solução de 1:68) foram colocadas para reagir com solução de Cu(NO3)2 nas doses
de 0, 40, 100, 160, 220, 280, 340, 400, 460, 520 mg L-1 de Cu (relação solo:solução final de
1:100); e de Zn(NO3)2 nas doses de 0, 60, 140, 220, 300, 380, 460, 540, 620, 700 mg L-1 de Zn
(relação solo:solução final de 1:100). O tempo de contato foi de 72 h, dividido em ciclos de 12
h de agitação e 12 h de repouso. Posteriormente, as suspensões foram filtradas e os teores de
Cu e Zn no sobrenadante foram quantificados por espectrofotometria de absorção atômica,
utilizando-se um equipamento Perkin Elmer AAnalyst 100 com atomização em chama.
O total adsorvido foi calculado pela diferença entre o cobre e zinco adicionados e os
encontrados na solução. Para identificação do tipo de isoterma, foram relacionados em gráfico
a adsorção (q) em função da concentração de equilíbrio (Ce) (SPARKS, 1995), ou seja, a
concentração do elemento-traço encontrada, e ajustados os modelos convenientes de acordo
com classificação proposta por Sposito (1989). A capacidade máxima de adsorção (CMA) é o
valor obtido quando a adsorção se estabiliza, formando um patamar. A quantidade adsorvida
foi calculada seguindo as equações abaixo:
𝑀𝑎𝑑𝑠 = (𝐶𝑖 − 𝐶𝑒) ∗ (𝑉1 + 𝑉2
𝑀𝑠)
𝑀𝑎𝑑𝑐 = 𝐶𝑖 ∗ (𝑉1 + 𝑉2
𝑀𝑠)
%𝑞 = 𝑞
𝑀𝑎𝑑𝑐∗ 100
onde q é o Cu ou Zn adsorvido em mg kg-1 de solo; Ce é a concentração de equilíbrio após 72
h (mg L-1); Ms é a massa do solo (g); Madc é o Cu ou Zn adicionado em mg kg-1 de solo; Ci é
a concentração inicial (mg kg-1) de Cu ou Zn; V1 é o volume da solução padrão de Cu ou Zn
utilizada para atingir a concentração de 0,15 mmol L-1 (mL); V2 é o volume de solução de
fundo (Ca(NO3)2 15 mmol L-1 em mL; e %q é a porcentagem de Cu ou Zn adsorvido pelo solo.
O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualizado, com quatro repetições.
83
3.2.9 Análise dos dados
O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualizado, com quatro
repetições. Os dados obtidos foram submetidos ao teste de normalidade de Shapiro-Wilk
(p>0,05) e homogeneidade das variâncias dos erros pelo teste de Cochran e Bartlett (p>0,05).
A comparação entre médias (Tukey, P<0,05) foi realizada quando o teste F apresentou
significância ao nível de 95%.
3.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
3.3.1 Características gerais dos solos estudados
No presente trabalho os dois solos analisados são oriundos de diferentes regiões
catarinenses, sendo resultantes da atuação de diferentes fatores e processos que influenciaram
sua formação (clima, relevo, vegetação, geologia, dentre outros) e, portanto, apresentam
variação em suas características físicas, químicas e mineralógicas.
O solo coletado em Concórdia é um Nitossolo Vermelho (EMBRAPA, 2004; SANTOS
et al., 2013), desenvolvido a partir de rochas ígneas extrusivas intermediárias a ácidas no Oeste
Catarinense, enquanto o solo coletado em Lages é um Cambissolo Húmico (EMBRAPA, 2004;
SANTOS et al., 2013), desenvolvido a partir de rochas sedimentares no Planalto Catarinense.
O SAT, por ser um solo artificial, não é passível de classificação.
As características físicas e químicas dos solos abordados nesse estudo se encontram nas
Tabelas 3 e 4, respectivamente.
Tabela 3 – Granulometria e classes texturais de um Nitossolo Vermelho (Nitossolo),
Cambissolo Húmico (Cambissolo) e Solo Artificial Tropical (SAT). Solo Argila Silte Areia Classe textural
-------------------g kg -1--------------------
Nitossolo 543,7 a 272,7 a 183,5 c Argilosa
Cambissolo 133,7 b 115,7 b 750,5 b Franco - Arenosa
SAT 94,9 c 108,7 b 796,4 a Franco - Arenosa
Médias seguidas por letras diferentes na coluna diferem estatisticamente entre si (Tukey, P<0,05).
Fonte: Elabora pela autora, 2019.
Os dois solos naturais ocorrem sob clima úmido, com chuvas bem distribuídas
mensalmente, sendo o Nitossolo localizado em região mais quente, em clima tipo Cfa segundo
84
Duffloth, (2005), de acordo com a classificação de Köppen (1948), sob floresta tropical
decidual e semi-decidual (mata subtropical), e o Cambissolo em região de clima mais frio, no
Planalto Sul Catarinense, em clima tipo Cfb, segundo Duffloth, (2005), de acordo com a
classificação de Köppen (1948), com vegetação de campo subtropical.
O Nitossolo apresenta textura argilosa (SANTOS et al., 2013) (Tabela 3), acidez muito
baixa, elevados valores de CTC e saturação por bases (RAIJ et al., 1997) (Tabela 4), o que lhe
confere, de maneira geral, caráter fértil, boa capacidade de retenção de água, baixa taxa de
decomposição da MOS e, consequentemente, boa capacidade de retenção de nutrientes e metais
(REICHARDT, 1990; REICHERT, VEIGA & CABEDA, 1993; REICHERT, REINERT &
BRAIDA, 2003; ALVARENGA et al., 2009; HOSSAIN; FURUMAI; NAKAJIMA, 2009).
Tabela 4 – Parâmetros químicos de um Nitossolo Vermelho (Nitossolo), Cambissolo Húmico
(Cambissolo) e Solo Artificial Tropical (SAT) Parâmetros Nitossolo Cambissolo SAT
MOS (g kg -1) 42 52 22
T 21,1 25,3 1,2
CTC (t) 12,5 6,5 1,2
pH (H2O) 5,8 4,7 6,2
V (%) 78 18 46
m (%) 0,0 42 0,0
Ca (cmolc dm-3) 11,7 2,6 2,0
Mg (cmolc dm-3) 2,5 1,4 0,9
P (mg dm-3) 47,1 6,9 11,1
K (mg dm-3) 162 52 262
Al (cmolc dm-3) 0,2 3,0 0,0
Al + H (cmolc dm-3) 6,5 25,3 1,2
Cu (mg dm-3) 10,6 2,8 10,2
Zn (mg dm-3) 29,0 3,8 0,7
B (mg dm-3) 0,65 0,67 1,38
Mn (mg dm-3) 159 21,1 2,2
S (mg dm-3) 20,4 15,3 18,5
T: capacidade de troca catiônica a pH 7,0; CTC(t): capacidade de troca catiônica efetiva; V: saturação por bases; e
m: saturação por alumínio.
Fonte: Elaborado pela autora, 2019.
O Cambissolo tem textura franco-arenosa (SANTOS et al., 2013), acidez elevada,
baixos valores de CTC e saturação por bases, teor de alumínio trocável relativamente elevado
e saturação em alumínio alta (RAIJ et al., 1997). Apresenta, de maneira geral, caráter pouco
fértil (REICHERT, REINERT & BRAIDA, 2003). Uma possível explicação para esse fato
85
poderia ser atribuída ao baixo valor de pH deste solo (Tabela 4), determinado, possivelmente,
pela lixiviação das bases trocáveis (alto excedente hídrico) e biodegradação da matéria orgânica
que, ao produzir ácidos orgânicos, causa acidificação no solo (ANDRADE, FERNANDES &
FAQUIN, 2002).
O SAT, por sua vez, tem textura franco-arenosa (SANTOS et al., 2013), teve seu pH
ajustado para 6,2 conforme preconizado na ISO 1039 (ISO, 2004; ABNT NBR ISO, 2010) e,
portanto, apresenta acidez muito baixa (RAIJ et al., 1997), baixos valores de CTC e saturação
por bases, o que lhe confere caráter pouco fértil, baixa retenção de água e baixa capacidade de
retenção de nutrientes e metais (REICHARDT, 1990; REICHERT, VEIGA & CABEDA, 1993;
REICHERT, REINERT & BRAIDA, 2003; HOSSAIN; FURUMAI; NAKAJIMA, 2009).
3.3.2 Fracionamento das substâncias húmicas
A quantidade de substâncias húmicas depende do equilíbrio dos processos químicos,
bioquímicos e biológicos do solo. O Nitossolo apresentou o teor de ácidos fúlvicos (AF)
superior aos demais solos (Figura 7), possivelmente devido aos fatores climáticos, como
temperatura e precipitação pluvial, que são mais elevadas nesse solo em relação ao Cambissolo,
e que proporcionam maior atividade microbiana e maior decomposição da MOS, com
aceleração do processo de humificação desta. Esse processo permite a liberação dos ácidos
hidrossolúveis e formação dos AF no solo (LOSS et al., 2010). Segundo Duchaufour (1982),
os AF, por apresentarem menor tamanho molecular e maior polaridade, são os compostos
húmicos de maior solubilidade, sendo responsáveis pelo transporte de cátions metálicos no solo,
uma vez que formam complexos organo-metálicos.
Para a fração ácidos húmicos (AH), o Cambissolo seguido do Nitossolo apresentaram
os maiores teores (Figura 7). Segundo Benites et al. (2003), os ácidos húmicos são os compostos
mais estudados por serem os responsáveis pela maior parte CTC de origem orgânica. Contudo,
o Cambissolo, por apresentar acidez elevada e, consequentemente, baixa CTC (Tabela 4),
possivelmente apresenta alta solubilidade desses compostos pela formação de complexos
organo-metálicos.
Os teores das substâncias húmicas (HUM) foram mais altos para o Cambissolo quando
comparados ao Nitossolo e ao SAT (Figura 7), condicionados pelo clima mais frio dominante
na região de ocorrência daquele. Por se tratar de um solo ácido, esta característica pode estar
relacionada com os teores de Al trocável mais elevados desse solo (Tabela 4) (LOSS et al.,
2010). Apesar dessa fração da MOS apresentar baixa reatividade, melhora a estrutura física do
86
solo, pois são responsáveis pela formação de agregados (RICE & MACCARTHY, 1990).
Adicionalmente, essa quantidade elevada de humina resulta em um aporte elevado de nutrientes
no solo, pela disponibilidade de carbono orgânico facilmente decomponível para a microbiota,
além de ser fonte para formação de compostos recalcitrantes (LOSS et al., 2010).
Figura 7 –Distribuição do COT nas frações húmicas em um Nitossolo Vermelho (Nitossolo),
Cambissolo Húmico (Cambissolo) e Solo Artificial Tropical (SAT).
AF: fração ácidos fúlvicos; AH: fração ácidos húmicos; HUM: fração humina; (┬) Desvio padrão. Médias seguidas
por letras diferentes na coluna diferem estatisticamente entre si (Tukey, P<0,05). Fonte: Elaborado pela autora, 2019.
3.3.3 Mineralogia da fração argila
Na amostra saturada com magnésio (Mg2+) e potássio (K+) do Nitossolo, observa-se
uma maior quantidade de argilominerais 1:1, principalmente caulinita, indicada pelos picos
mais intensos em 0,714 (001) e 0,356 nm (002) (Figura 8). O pico no plano 001 da caulinita é
largo, assimétrico e de alta desordem, indicando a presença de interestratificados
caulinita/esmectita. A presença de interestratificados de caulinita com algumas camadas de
esmectita, aumenta a capacidade adsortiva nesse solo (BORCHARDT, 1989).
Também pode-se observar a presença de traços de óxidos de alumínio (Gibbisita) no
pico 0,480 nm e a predominância dos óxidos de ferro goethita (0,415 nm) e hematita (0,269 e
250 nm). O predomínio da hematita na fração argila desse solo pode ser explicado pelo alto teor
de minerais ferromagnesianos no material de origem. Já a presença da gibbisita é justificada
pelo alto teor de MOS (Tabela 4 e Figura 7) (ALMEIDA, 1979). Segundo Silveira, Alleoni e
Casagrande (1999), em solos intemperizados os óxidos e hidróxidos de Fe e Al, mesmo em
0
5
10
15
20
25
30
AF AH HUM
CO
T (g
kg
-1)
Nitossolo
Cambissolo
SAT
aa
c
b
b
c
a
b
c
87
baixas concentrações, influenciam consideravelmente a adsorção de metais, devido à forte
afinidade destes pela superfície reativa dos óxidos.
Outra característica importante que regula a disponibilidade do Cu no solo é o grau de
cristalinidade dos óxidos (principalmente Fe, Al e Mn) e da caulinita existentes na fração argila,
pois óxidos com baixo grau de cristalinidade têm maior potencial de adsorção dos metais
(ALLOWAY, 1995), o que pode ser confirmado pela largura à meia altura (LMA), de 0,8596
nm, da caulinita desse solo, indicando baixa cristalinidade.
Figura 8 - Difratogramas da fração argila saturada com magnésio (Mg), magnésio mais etileno
glicol (Mg+EG) e com potássio (K+) à temperatura ambiente (K25), 100 °C (K100),
350 °C (K350) e a 550 °C (K550), em um Nitossolo Vermelho (Nitossolo).
Fonte: Elaborado pela autora, 2019.
A existência de pico com área inferior ao da caulinita, em 1,412 nm, e que não sofre
expansão com etileno glicol, indica não ser esmectita pura, mas provavelmente esmectita com
polímeros de Al entrecamadas, principalmente por ser um solo derivado de basalto e, portanto,
não dar origem a micas e, consequentemente, a vermiculitas (KÄMPF, CURI & MARQUES,
2009). Isso que pode ser comprovado com o aquecimento das amostras, onde as camadas vão
sofrendo contração paulatina, e não se observa um colapso tanto no tratamento K350 como no
K550, evidenciado pela forte assimetria dos picos, revelando a intercalação com polímeros de
hidroxi-Al nas entrecamadas, além da presença de interestratificados caulinita/esmectita, com
destruição da caulinita no tratamento K550.
88
As proporções aproximadas dos argilominerais na fração argila desse solo são de 68%
de caulinita, 12% de esmectitas com hidroxi-Al, 2% de gibbsita, 8% de goethita e 10% de
hematita (Tabela 5).
Tabela 5 – Relação entre as áreas dos picos dos argilominerais de um Nitossolo Vermelho
(Nitossolo), Cambissolo Húmico (Cambissolo) e Solo Artificial Tropical (SAT).
1Relação entre a área do pico do argilomineral considerado (1,4, 0,72, 0,48 e 0,41 nm) e a soma das áreas de todos
os picos dos mesmos, que equivalem, aproximadamente, à porcentagem de cada tipo de argilomineral na amostra.
Fonte: Elaborado pela autora, 2019.
No Cambissolo, a maior expressão dos picos em torno de 0,715 (pico 001), 0,357 (pico
002) e 0,238 nm (pico 003), tanto na amostra saturada com Mg2+ como na de K+ (Figura 9),
indica a presença de argilominerais de camada 1:1, do tipo caulinita. O pico no plano 001 é
agudo e estreito com boa simetria (LMA= 0,3608 nm), indicando caulinita de boa cristalinidade
e tamanho relativamente grande.
Pico largo, com área parecida com a da caulinita em 1,436 nm, mas que não sofre
expansão com etileno glicol, indica presença de argilominerais 2:1 (vermiculita ou esmectita),
com forte intercalação de polímeros de Al nas entrecamadas, o que pode ser confirmado pelo
aquecimento da amostra e a contração paulatina desse pico, chegando a 1,25 nm no tratamento
K350. Como a aproximação não chegou a 1,00 nm, isso indica a presença elevada de hidroxi-
Al nas entrecamadas.
Segundo McBride (1994), a presença em maior quantidade dos minerais 2:1 no solo,
pode contribuir para a maior reatividade desse solo em relação aos outros. Solos com minerais
2:1, como a vermiculita e a esmectita, podem apresentar CTC maior do que aqueles com maior
predominância de minerais 1:1, como a caulinita. Convém mencionar, no entanto, que a
reatividade de um solo dependerá de seus componentes individuais como, por exemplo, os
polímeros de Al que se depositam entre as camadas e são fortemente retidos, reduzindo sua
CTC e, consequentemente, a capacidade adsortiva (BORCHARDT, 1989), principalmente de
solos ácidos, como é o caso do Cambissolo (Tabela 4).
Solo
Área dos picos Relação entre as áreas dos picos dos
argilominerais (%)1
A1,4 A0,72 A0,48 A0,41 Soma A 1,4
2:1
A0,72
Caulinita
A0,48
Gibbisita
A0,41
Goethita
A269/250
Hematira
Nitossolo 39,3 259,7 8,3 27,1 334,0 12 68 2 8 10
Cambissolo 667,5 330,8 0 0 998,2 47 53 0 0 0
SAT 24,7 2840 0 0 2.864,7 1 99 0 0 0
89
Figura 9- Difratogramas da fração argila saturada com magnésio (Mg), magnésio mais etileno
glicol (Mg+EG) e com potássio (K) à temperatura ambiente (K25), 100 °C (K100),
350 °C (K350) e a 550 °C (K550), em um Cambissolo Húmico.
Fonte: Elaborado pela autora, 2019.
As proporções aproximadas dos argilominerais na fração argila desse solo são de 47%
de esmectitas ou vermiculitas com hidroxi-Al e 53% de caulinita (Tabela 5).
Ao contrário dos demais solos e, como era esperado, a fração argila do SAT é
essencialmente caulinítica, como pode ser observado nos picos 001 (0,718 nm), 002 (0,358 nm)
e 003 (0,238 nm). O pico de 0,718 nm da caulinita é bastante expressivo, intenso, agudo e mais
estreito, indicando uma caulinita de melhor cristalinidade do que a dos outros solos (Figura 10),
definida pela largura à meia altura (LMA = 0,2307 nm).
Os picos de 0,991 nm nas amostras saturadas com Mg2+ indicam a presença de mica ou
ilita. Este mineral não sofre expansão com etileno glicol, comportamento típico de
argilominerais 2:1 com forte intercalação com polímeros de Al, confirmado quando da
destruição dos outros minerais com o aquecimento das amostras à 550 °C, podendo observá-la
novamente no pico de 1,002 nm. Por ser um solo essencialmente caulinítico e ter hidroxi-Al
nas entrecamadas nos poucos minerais 2:1 que apresenta, sua capacidade adsortiva é reduzida
(RAO & SRIDHARAN, 1984). Segundo Alleoni, Iglesias e Mello (2005), o potencial de
adsorção de metais nos solos é baixo quando predomina mineralogia caulinítica de alta
cristalinidade na fração argila. Isso acontece porque há pouca substituição isomórfica nas
lâminas de tetraedros e octaedros da caulinita, resultando em excelente cristalinidade e baixa
90
quantidade de cargas negativas permanentes, determinando pequena CTC (CASTRO,
VENDRAME & PINESE, 2014).
Figura 10 - Difratogramas da fração argila saturadas com magnésio (Mg), magnésio mais
etileno glicol (Mg+EG) e potássio (K+ ) à temperatura ambiente (K25), 100 °C
(K100), 350 °C (K350) e a 550 °C (K550), em um Solo Artificial Tropical (SAT).
Fonte: Elaborado pela autora, 2019.
As proporções aproximadas dos argilominerais presentes na fração argila desse solo são
1% de mica ou ilita e 99% de caulinita (Tabela 5).
3.3.4 Teores de óxidos por fluorescência de raio-X
A análise da média dos elementos químicos dos solos estudados, descritos na tabela 6 e
expressos na forma de óxidos, demonstra as variações no que tange à distribuição dos elementos
nos solos estudados.
Os maiores teores, na fração argila, de Fe2O3 e Al2O3 foram observados no Nitossolo
(Tabela 6), o que pode ser explicado pelo material de origem e grau de intemperismo desse
solo, assim como aos elevados teores de argila que conferem sua textura argilosa (Tabela 3)
(VENDRAME et al., 2011). Os maiores teores de Fe2O3 refletem a riqueza do material de
origem mais básico, rico em minerais ferromagnesianos (ALMEIDA, 1979), enquanto os
maiores teores de Al são devidos, provavelmente, ao alto grau de intemperismo, indicado pela
presença de gibbsita (CURI & FRANZMEIER, 1984). Nesse solo, os Fe2O3 estão presentes
91
principalmente nas formas de goethita e hematita (Tabela 5). A formação da hematita é
favorecida pela ocorrência de altas temperaturas e solo bem drenado, enquanto que a goethita
é formada em condições de alta concentração de carbono (GHIDIN et al., 2006), associadas a
baixa temperatura e/ou drenagem moderada. Os óxidos de Al estão representados nesse solo
pela gibbsita (Tabela 5) e sua presença está relacionada às altas temperaturas e circulação
intensa de água, resultando em intemperismo intenso nesse solo (GHIDIN et al., 2006). Os
óxidos de Fe apresentam considerável influência nas propriedades físicas e químicas dos solos,
devido aos seus variados graus de cristalinidade e por apresentarem cargas variáveis
dependentes do pH do solo. Já os óxidos de Al participam diretamente da retenção de ânions e
cátions, sendo um dos principais responsáveis pela capacidade de adsorção dos solos
(EBERHARDT et al., 2008).
Tabela 6 – Teores médios de elementos químicos, expressos na forma óxidos, de um Nitossolo
Vermelho (Nitossolo), Cambissolo Húmico (Cambissolo) e Solo Artificial Tropical
(SAT), analisados por fluorescência de raios-x (método Omnian semi-quantitativo)
Solo Fe2O3 Al2O3 SiO2 P2O5 K2O TiO2 MnO Relação molar 1
----------------------------------------%------------------------------------- Ki Kr
Nitossolo 31,7 a 24,4 a 37,0 b 0,9 a 0,3c 3,6 a 0,3 a 2,6 b 1,4 b
Cambissolo 10,1 b 19,1 c 64,4 a 0,7 b 1,0 b 2,3 b 0,0 b 5,7 a 4,3 a
SAT 0,7 c 23,5 b 63,6 a 0,4 c 1,1 a 0,1 c 0,0 b * *
1: ki: 1,7* SiO2/ Al2O3; kr: 1,7* SiO2/ [Al2O3+(0,64* Fe2O3)]. Médias seguidas por letras diferentes na coluna
diferem estatisticamente entre si (Tukey, P<0,05). * Por se tratar de um solo artificial, para o SAT, não é possível
calcular os valores de ki e kr.
Fonte: Elaborado pela autora, 2019.
Os maiores teores encontrados nesses solos foram os de óxidos de silício (SiO2).
Segundo Ma, Miyake e Takahashi (2001), o óxido de silício (SiO2), que correspondem ao
quartzo e às lâminas de tetraedros de silício dos argilominerais, é considerado o mineral mais
abundante nos solos brasileiros que, devido ao alto grau de intemperismo, apresentam entre 5
a 50% deste. Os maiores valores para esse elemento foram encontrados no SAT e no
Cambissolo, respectivamente, o que já era esperado pela textura franco-arenosa desses dois
solos (Tabela 3). Segundo Tisdale, Beaton e Nelson (1985), os solos mais jovens, como os
Cambissolos, apresentam maiores teores desse elemento, enquanto os mais intemperizados,
como os Latossolos e Nitossolos, apresentam menores teores.
Já os valores para as relações molares Ki e Kr foram mais baixos para o Nitossolo,
demonstrando o avançado estádio de intemperismo desse solo. Os maiores valores de Ki foram
encontrados no Cambissolo, cujo estádio de intemperismo é menos avançado, como também
92
pode ser comprovado pela mineralogia da fração argila (Tabela 5). Conforme Silveira, Alleoni
e Casagrande (1999), em solos com baixos Ki os óxidos e hidróxidos de Fe e Al influenciam
significativamente a adsorção de metais, devido à acentuada afinidade destes pela superfície
reativa dos óxidos.
3.3.5 Capacidade de adsorção de fosfato – P remanescente
O P remanescente (Prem) reflete a quantidade de P disponível na solução do solo em
função da quantidade de P adicionado (ALVAREZ et al., 2000), sendo utilizado como
estimativa da quantidade e qualidade da argila em solos e como medida correlacionada com a
capacidade de adsorção desses (VILAR et al., 2010).
A partir dos teores de Prem, os solos utilizados no presente estudo foram classificados
nas diferentes classes de capacidade de adsorção de fosfato (ALVAREZ et al., 2000). O
Nitossolo foi classificado com alta (A) capacidade de adsorção (Tabela 7). O baixo valor de P
na solução de equilíbrio para este solo parece ter sido decorrente da sorção pela MOS e frações
húmicas (ANDRADE et al., 2003) (Figura 6), pelos elevados teores de argila (ALVES &
LAVORENTI, 2004) (Tabela 3) e aos altos teores de óxidos (GONÇALVES et al., 2011)
(Tabela 6) presentes neste solo, o que reflete sua alta capacidade adsortiva. Segundo Eberhardt
et al. (2008), os óxidos de Fe e Al são os componentes mineralógicos que mais exercem
influência sobre o Prem, demonstrando sua importância na adsorção de fósforo nos solos.
Tabela 7 – Teores de fósforo remanescente (Prem) de um Nitossolo Vermelho (Nitossolo),
Cambissolo Húmico (Cambissolo) e Solo Artificial Tropical (SAT). Solo Prem Classificação
mg L-1
Nitossolo 12,2 c A
Cambissolo 29,6 b M
SAT 51,2 a MB
MB= muito baixa (46-60 mg L-1); B= baixa (31-45 mg L-1); M= média (21-30 mg L-1); A= alta (11-20 mg L-1),
segundo Alvarez et al. (2000). Médias seguidas por letras diferentes na coluna diferem estatisticamente entre si (Tukey, P<0,05).
Fonte: Elaborado pela autora, 2019.
O Cambissolo, por sua vez, apresentou média (M) capacidade de adsorção de P (Tabela
7). Por se tratar de um solo com altos teores de MOS e certa quantidade de óxidos de Fe e Al,
sua capacidade adsortiva é alta. No entanto, essa capacidade é reduzida em função do baixo
93
teor da fração argila e do pH ácido (KABATA-PENDIAS & ADRIANO, 1995) que esse solo
apresenta.
A capacidade adsortiva de P para o SAT foi classificada como muito baixa (MB) (Tabela
7), estando relacionada, possivelmente, aos baixos teores de argila e MOS que o SAT apresenta
(Figura 7), bem como por se tratar de um solo essencialmente caulinítico, com caulinita de
excelente cristalinidade (LMA: 0,2307 nm). Isso determina pouca substituição isomórfica nos
tetraedros, gerando pouco desequilíbrio de cargas (CASTRO, VENDRAME & PINESE, 2014)
e, consequentemente, pouca capacidade adsortiva. Segundo Fontana et al. (2013), a magnitude
da capacidade de adsorção de P nos solos é dependente dos sítios de adsorção, sendo estes
relacionados com a superfície específica e ao grau de cristalinidade da fração argila.
3.3.6 Capacidade máxima de adsorção (CMA)
Os ajustes dos modelos de isotermas aos dados experimentais foram considerados
adequados, tanto para o Cu quanto para o Zn, e apenas para o Nitossolo o coeficiente de
determinação (R2) foi menor que 0,90 (Tabela 8).
Tabela 8 – Capacidade máxima de adsorção (CMA) e coeficientes de determinação ajustados
aos dados de adsorção de Cu e Zn de um Nitossolo Vermelho (Nitossolo),
Cambissolo Húmico (Cambissolo) e Solo Artificial Tropical (SAT). Solo Cobre Zinco
CMA R2 CMA R2
mg kg -1 mg kg -1
Nitossolo 3.681 0,81 2.001 0,81
Cambissolo 2.677 0,92 1.116 0,98
SAT 1.609 0,97 233 0,99
Fonte: Elaborado pela autora, 2019.
3.3.6.1 CMA- Cobre
As relações entre os teores de Cu na solução de equilíbrio e os adsorvidos no Nitossolo
(Figura 11a) demonstram que esse solo apresenta isoterma do tipo Langmuir ( L), segundo
classificação proposta por Sposito (1989), o que indica alta afinidade e se caracteriza pelo
incremento na adsorção com o aumento da concentração do elemento-traço na solução de
equilíbrio (Ce) até atingir a estabilização da adsorção, ou seja, a capacidade máxima de
adsorção (CMA).
94
Figura 11 - Isotermas de adsorção de Cu em Nitossolo Vermelho (a), Cambissolo Húmico (b)
e Solo Artificial Tropical (SAT) (c), indicando a quantidade adsorvida (q) de Cu em
função da concentração de equilíbrio (Ce).
q
Cu (
mg
kg
-1)
Ce (mg kg -1)
Fonte: Elaborado pela autora, 2019.
y = -0,1987x2 + 49,794x + 561,01R² = 0,8051
0
1.000
2.000
3.000
4.000
0 50 100 150 200 250
y = -0,0951x2 + 30,289x + 265,24R² = 0,9164
0
1.000
2.000
3.000
4.000
0 50 100 150 200 250
y = -0,0822x2 + 22,897x + 14,699R² = 0,9624
0
1.000
2.000
3.000
4.000
0 50 100 150 200 250
a)
b)
c)
95
Essa característica da isoterma depende das propriedades dos solos e estão relacionadas
com os teores de MOS e de óxidos, em virtude da elevada afinidade destes com o Cu
(MCLAREN & CRAWFORD, 1973; ALLOWAY, 1995). Para Alloway (1995), o teor de MOS
e de óxidos de Fe, Al e Mn são os principais atributos responsáveis pela adsorção específica
dos cátions. Como a adsorção de Cu é, preferencialmente, específica (McBRIDE, 1994), espera-
se que esse elemento tenha afinidade, além da MOS, também pelos sítios de adsorção de óxidos
e hidróxidos de solos bastante intemperizados, como é o caso do Nitossolo. Isso pode ser
constatado observando-se os maiores teores de óxidos de Fe e Al e os baixos valores de Ki e
Kr (Tabela 6), indicando o intemperismo mais avançado desse solo, com predominância de
caulinita de baixa cristalinidade (LMA 0,8596 nm) (Figura 7). Segundo Alleoni, Iglesias e
Mello (2005), em solos tropicais e subtropicais com predominancia de mineralogia oxídica e
caulinítica na fração argila, o potencial de adsorção de metais nos solos é elevado,
principalmente quando o teor de óxidos apresenta baixa cristalidade, em virtude da capacidade
de óxidos menos cristalizados adsorverem mais fortemente os metais.
Adicionalmente, segundo Wang et al. (2003), a adsorção eletrostática do Cu na CTC
aumenta em solos com pH entre 5,5 e 6,0, como é o caso do Nitossolo (Tabela 4). A razão para
o aumento da adsorção de Cu com o aumento do pH é, teoricamente, devido à desprotonação
das superfícies de troca e, consequentemente, geração de cargas negativas em valores de pH
mais elevado (ALLOWAY, 1995). Tais resultados podem, também, ser corroborados pela
elevada capacidade máxima de adsorção de Cu do Nitossolo, que foi de 3.681 mg kg-1 (Tabela
8), justamente o solo que apresentou um dos maiores teores de MOS (Tabela 4) e de óxidos
(Tabela 6).
Para o Cambissolo, as relações entre os teores de Cu na solução de equilíbrio e os
adsorvidos no solo (Figura 11b) demonstram que esse solo também apresenta isoterma do tipo
L (SPOSITO, 1989), porém com menor energia de adsorção, o que pode ser comprovado pela
menor capacidade máxima de adsorção desse solo (2.677 mg kg-1), quando comparado ao
Nitossolo (Tabela 8).
Apesar dos teores de MOS desse solo serem muito parecidos com o do Nitossolo (Figura
6), os teores de óxidos, que auxiliariam na adsorção de Cu, são mais baixos, o que pode ser
confirmado pelos altos valores de Ki e Kr, que indicam tratar-se de um solo pouco
intemperizado (Tabela 6). Adicionalmente, devido ao pH baixo (Tabela 4) e consequente
redução da CTC pela protonação das cargas na superfície (Tabela 4), proporciona um ambiente
pouco adsortivo para esse solo. Segundo Kabata-Pendias e Adriano (1995), entre as
propriedades que afetam a mobilidade e disponibilidade de elementos-traço no solo, o pH é que
96
mais influencia nessa dinâmica, uma vez que solos ácidos possuem, em geral, baixa CTC. Em
estudo sobre o efeito de dejeto líquido de suínos em organismos da espécie E. andrei, Segat et
al. (2015) encontraram redução na reprodução desses organismos com doses de 30 m3 ha-1 em
Neossolo Quartzarênico e associaram essa redução à disponibilidade de metais no solo,
proporcionados pela baixa CTC.
Dentre os solos abordados nesta pesquisa, o SAT foi o que apresentou a menor
capacidade máxima de adsorção (1.609 mg kg-1) (Tabela 8). As relações entre os teores de Cu
na solução de equilíbrio e os adsorvidos no solo estão apresentados na Figura 11c, demonstram
que esse solo também apresenta isoterma do tipo L (SPOSITO, 1989), com baixa energia de
adsorção.
Essa baixa capacidade de adsorção do Cu está relacionada aos baixos teores de MOS
que o SAT apresenta (Figura 7) que, como já citado, é o atributo mais importante na retenção
de Cu no solo (ALLOWAY, 1995). Por se tratar de um solo essencialmente caulinítico, com
caulinita de excelente cristalinidade (LMA: 0,2307 nm), com pouca substituição isomórfica nos
tetraedros, determina baixa quantidade de cargas permanentes e, consequentemente, baixa CTC
(CASTRO, VENDRAME & PINESE, 2014).
3.3.6.2 CMA - Zinco
Para o Zn no Nitossolo, as relações entre os seus teores na solução de equilíbrio e os
adsorvidos (Figura 12a) demonstram que esse solo possui a maior capacidade de adsorção de
Zn entre os três estudados (2.001 mg kg-1) (Tabela 8). Esse solo apresenta isoterma do tipo L
(SPOSITO, 1989), onde se observa um incremento na adsorção à medida em que se aumenta a
concentração de Zn da solução de equilíbrio (Ce) até atingir a estabilização, que acontece
quando o solo atinge sua capacidade máxima de adsorção.
Essa alta capacidade de adsorção de Zn pelo Nitossolo pode ser explicada pela textura
argilosa desse solo (Tabela 3), em virtude da elevada afinidade dessa característica com o Zn
(NASCIMENTO et al., 2002), além do alto teor de MOS encontrada nesse solo (Figura 6).
Segundo Kabata-Pendias e Pendias (2011), o teor de argila e de MOS são os principais atributos
responsáveis pela adsorção de Zn no solo, sendo o teor de argila ainda mais determinante na
adsorção de Zn do que a MOS (NASCIMENTO & FONTES, 2004). As propriedades já citadas
anteriormente para esse solo, como a mineralogia predominantemente caulinítica de baixa
cristalinidade (Tabela 6) e a elevada CTC (Tabela 4), também favorecem a adsorção de metais
nesse solo (ALLEONI, IGLESIAS & MELLO, 2005).
97
Figura 12 - Isotermas de adsorção de Zn em Nitossolo Vermelho (a), Cambissolo Húmico (b)
e Solo Artificial Tropical (SAT) (c), indicando a quantidade adsorvida (q) de Zn em
função da concentração de equilíbrio (Ce).
q
Zn (
mg k
g -1
)
Ce (mg kg -1)
Fonte: Elaborado pela autora, 2019.
y = -0,0537x2 + 19,203x - 265,27R² = 0,8122
0
1.000
2.000
3.000
4.000
0 50 100 150 200 250 300 350
a)
y = -0,0105x2 + 6,7119x + 42,57R² = 0,9824
0
1.000
2.000
3.000
4.000
0 50 100 150 200 250 300 350
y = 0,0647x2 - 6,3365x + 78,235R² = 0,9932
0
1.000
2.000
3.000
4.000
0 50 100 150 200 250 300
b)
c)
98
O Cambissolo, por sua vez, apresentou menor capacidade máxima de adsorção quando
comparado ao Nitossolo (1.116 mg kg-1) (Tabela 8). As relações entre os teores de Zn na solução
de equilíbrio e os adsorvidos no solo (Figura 12b), demonstram que esse solo também apresenta
isoterma do tipo L (SPOSITO, 1989), com baixa energia de adsorção. Essa menor capacidade
de adsorção era esperada, em função da textura que esse solo apresenta, da classe Franco-
Arenosa (Tabela 3) com baixos teores de argila.
Essa adsorção só não foi mais baixa devido aos altos teores de MOS que esse solo
apresenta (Figura 12c), que, segundo (NASCIMENTO & FONTES, 2004), é o segundo atributo
mais importante na regulação da adsorção de Zn nos solos. Adicionalmente, devido à acidez
que esse solo apresenta (Tabela 4) a CTC é reduzida, proporcionando um ambiente pouco
adsortivo (KABATA-PENDIAS & ADRIANO, 1995).
A exemplo do que aconteceu com o Cu, para o Zn o SAT apresentou a menor capacidade
máxima de adsorção (233 mg kg-1) dentre os solos estudados (Tabela 8). As relações entre os
teores de Zn na solução de equilíbrio e os adsorvidos demonstram que esse solo apresenta
isoterma do tipo S (Figura 12c), segundo classificação proposta por Sposito (1989), o que indica
baixa taxa de adsorção em pequenas concentrações de metal na solução de equilíbrio, seguido
de um aumento abrupto na adsorção e novamente diminuição da adsorção até atingir a
estabilização.
A baixa capacidade de adsorção de Zn nesse solo está relacionada aos baixos teores
argila (Tabela 3), que confere textura franco-arenosa a esse solo e que, como já citado, é o
atributo mais importante na retenção de Zn no solo (NASCIMENTO & FONTES, 2004).
Adicionalmente, o teor de MOS é baixo (Figura 6), a mineralogia é essencialmente caulinítica
com alta cristalinidade (LMA: 0,2307 nm), o que confere a esse solo baixa CTC (CASTRO,
VENDRAME & PINESE, 2014) e capacidade limitada de adsorção.
3.4 CONCLUSÃO
1. A disponibilidade de Cu e Zn é menor em solos de pH elevado, com altos teores de
argila, MOS e óxidos.
2. O Nitossolo Vermelho suportaria mais o descarte de resíduos contendo Cu e Zn
comparativamente ao Cambissolo Húmico e ao Solo Artificial Tropical, devido à maior
capacidade máxima de adsorção de Cu e do Zn do Nitossolo.
99
REFERÊNCIAS
ABNT NBR ISO 17616. Qualidade do solo – Guia para a seleção e a avaliação de
bioensaios para caracterização ecotoxicológica de solos e materiais de solo. Rio de
Janeiro: Associação Brasileira de Normas Técnicas, p. 15, 2010.
ALMEIDA, J.R. Cronocromoseqüência de solos originários de rochas pelíticas do grupo
Bambuí. Viçosa, MG, Universidade Federal de Viçosa, 1979. 150p. (Tese de Mestrado).
ALVES, M. E.; LAVORENTI, A. Remaining phosphorus and sodium fluoride pH in soils
with different clay contents and clay mineralogies. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília,
v. 39, n. 3, p. 241-246, 2004.
ALLOWAY, B. J. Heavy metais in soils. 2nd ed. Colchester: University of Essex, 1995. 363 p.
ALLEONI, L.R.F.; IGLESIAS, C.S.M.; MELLO, S.C. et al. Atributos do solo relacionados à
adsorção de cádmio e cobre em solos tropicais. Acta Scienciarum. Agronomy, v.27, n.4,
p.729-737, 2005.
ALVARENGA, P., PALMA, P., GONÇALVES, A.P., FERNANDES, R.M., DE
VARENNES, A., VALLINI, G., DUARTE, E., CUNHA-QUEDA, A.C. Organic residues as
immobilizing agents in aided phytostabilization: (II) effects on soil biochemical and
ecotoxicological characteristics. Chemosphere 74: 1301-1308, 2009.
ALVAREZ V., V.H.; NOVAIS, R.F. de; DIAS, L.E.; OLIVEIRA, J.A. Determinação e uso
do fósforo remanescente. Boletim Informativo da Sociedade Brasileira de Ciência do Solo,
v.25, p.27-32, 2000.
ANDRADE; A.T.; FERNANDES L. A.; FAQUIN V. Organic residue, limestone, gypsum,
and phosphorus adsorption by lowland soils. Scientia Agricola, v.59, n.2, p.349-355, 2002.
ANDRADE, F. V.; MENDONÇA E. S.; ALVAREZ V. H.; NOVAIS, R. F. Adição de ácidos
orgânicos e húmicos em Latossolos e adsorção de fosfato. Revista Brasileira de Ciência do
Solo, Viçosa, v. 27, n. 6, p. 1003-1011, 2003.
BENITES, V. M.; KER, J. C.; MENDONÇA, E. S. Fracionamento quantitativo de
substâncias húmicas como auxiliar na identificação de diferentes solos da região Sul do Brasil
In: Reunião de classificação, correlação de solos e interpretação de aptidão agrícola, 6. , 2000.
Guia de excursão de estudos de solos nos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e
Paraná. Colombo: Embrapa Florestas, 2000. p.184-192
100
BENITES, V.M.; MADARI, B.; MACHADO, P.L.O. de A. Extração e fracionamento
quantitativo de substâncias húmicas do solo: um procedimento simplificado de baixo custo.
Comunicado Técnico nº 16, EMBRAPA SOLOS, 2003. 7p.
BORCHADT, G. Smectites. In: DIXON, J. B.; WEED, S. B. (Eds). Mineral in soils
environments. Madison: SSSA, 1989. p. 675-728.
BRASIL. Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução nº 420, de 28 de dezembro
de 2009. Dispõe sobre critérios e valores orientadores de qualidade do solo quanto à
presença de substâncias químicas e estabelece diretrizes para o gerenciamento ambiental
de áreas contaminadas por essas substâncias em decorrência de atividades antrópicas.
Diário Oficial da União, Brasília, DF, n. 249, 2009. Disponível em:
<http://www.mma.gov.br/port/conama/res/res09/res42009.pdf >. Acesso em: 01 de maio
2018.
BRINDLEY, G. W.; BROWN, G. Cristal structures of clay minerals and their X ray
identification. London: Mineralogical Society, 1980. 495p.
CASTRO, P. H. M.; VENDRAME, P. R. S.; PINESE, J. P. P. Mineralogia da fração argila de
solos localizados em ilhas no alto Rio Paraná, PR/MS. Semina: Ciências Exatas e
Tecnológicas, Londrina, v. 35, n. 2, p. 181-188. 2014.
CASARTELLI, E.A.; MIEKELEY, N. Determination of thorium and light rare-earth
elements in soil water and its humic fraction by ICP-MS and on-line coupled size exclusion
chromatography. Anal Bional Chem, 2003.
CURI, N. & FRANZMEIER, D.P. Toposequence of Oxisols from the Central Plateau of
Brazil. Soil Sci. Soc. Am. J., 48:341-346, 1984.
DAY, P. R. Particle ffactionation and particle-size analysis. In: BLACK, C. A. (Ed.).
Methods of soil analysis: physical and mineralogical properties including statistics of
measurement and sampling, part 1. Madison: American Society of Agronomy, 1965. p. 545-
567.
DUCHAUFOUR, P. Pedology: pedogenesis and classification. London: George Allen &
Unwin, 1982. 187 p.
DUFLOTH, J. H. et al. Estudos básicos regionais de Santa Catarina. Florianópolis: Epagri,
2005. CD-ROM.
101
EBERHARDT, D.N.; VENDRAME, P. R. D.; BECQUER, T.; GUIMARÃES, M. F.
Influência da granulometria e da mineralogia sobre a retenção do fósforo em latossolos sob
pastagens do cerrado. Revista Brasileira de Ciência do Solo, v. 32, n. 3, p. 1009-1016, 2008.
EMBRAPA. EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA. CENTRO
NACIONAL DE PESQUISA DE SOLOS. Solos do Estado de Santa Catarina. Rio de Janeiro:
EMBRAPA/CNPS, 2004. 1 CD-ROM.; mapa color. (Embrapa Solos. Boletim de Pesquisa e
Desenvolvimento, 46).
EMBRAPA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA – EMBRAPA. Sistema
Brasileiro de Classificação de Solos. Rio de Janeiro, 3 ed. 356p., 2013.
EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA. EMBRAPA- Centro
Nacional de Levantamento e Conservação do Solo. Manual de métodos de análises de solo.
Rio de Janeiro, 1997. 212 p.
FABRIS, J. D.; VIANA, J. H. M.; SCHAEFER, C. E. G. R.; WYPYCH, F.; STUCKI, J. W.
Métodos Físicos de Análises em Mineralogia do Solo. In: ALLEONI, L. R. F.; MELO, V. F.
Química e mineralogia dos solos. v.1. 1 ed. Viçosa: Sociedade Brasileira de Ciência do Solo,
695p. p. 611-694, 2009.
FONTANA, A.; PEREIRA, M. G.; SANTOS, A. C dos; BERNINI, T. A.; ANJOS, L. H. C.
dos; FERNÁNDEZ, C. F. D.; PEINADO, F. J. M. Fósforo remanescente em solos formados
sob diferentes materiais de origem em três topossequências, Ciências Agrárias, 34: 2089-
2102, 2013.
GARCIA, M. V. B.; ROEMBKE, J.; MARTIUS, C. Proposal for an artificial soil substrate for
toxicity tests in tropical regions. In: ANNUAL MEETING OF SOCIETY OF
ENVIRONMENTAL TOXICOLOGY AND CHEMISTRY, 25., 2004, Portland.
Proceedings... Portland: SETAC, 2004. Disponível em: <http://abstracts.co.
allenpress.com/pweb/setac2004/document/?id=41943>. Acesso em: 10 nov. 2015.
GONÇALVES, G. K.; MEURER, E. J.; BORTOLON, L.; GONÇALVES, D. R. N. Relação
entre óxidos de ferro e de manganês e a sorção de fósforo em solos no Rio Grande do Sul.
Revista Brasileira de Ciência do Solo, Viçosa, v. 35, n. 6, p. 1633-1639, 2011.
GRÄBER, I.; HANSEN, J. F.; OLESEN, S. E.; PETERSEN, J.; OSTERGAARD, H. S.;
KROGH, L. Accumulation of copper and zinc en Danish agricultural soils in intensive pig
production areas. Danish Journal of Geography, Copenhagen, n. 105, p. 15-22, 2005.
102
GHIDIN, A.A.; MELO, V.F.; LIMA, V.C. & LIMA, J.M.J.C. Toposseqüências de Latossolos
originados de rochas balsáticas no Paraná. I - Mineralogia da fração argila. R. Bras. Ci. Solo,
30:293-306, 2006.
HOSSAIN MA, FURUMAI H, NAKAJIMA F. Competitive adsorption of heavy metals in
soil underlying an infiltration facility installed in an urban area. Water Science and
Technology. 2009;59(2):303–310.
INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS NATURAIS
RENOVÁVEIS. Portaria Normativa IBAMA n° 84, de 15 de outubro de 1996. Brasília,
<http://servicos.ibama.gov.br/ctf/manual/html/Portaria_84.pdf Acesso em: 8 dezembro 2015.
ISO – INTERNATIONAL ORGANIZATION FOR STANDARDIZATION – Soil
quality – Effects of pollutants on Enchytraeidae (Enchytraeus sp.) – Determination
of Effects on Reproduction and Survival. 16387. Geneva, 2004.
KABATA-PENDIAS, A.; ADRIANO, D.C. Trace metals. In: REICHCIGL, J. E. Soil
amendments and environmental quality. p.139-167, 1995.
KABATA PENDIAS, A.; PENDIAS, H. Trace elements in soil and plants. New York: CRC
Press, v. 4, 2011. 534 p.
KABATA PENDIAS, A.; SZTEKE, B. Trace elements in abiotic and biotic environments.
New York: CRC Press, 2015. 458 p.
KÄMPF, N.; CURI, N.; MARQUES, J.J. Intemperismo e ocorrência de minerais no ambiente
do solo. In: Alleoni, L. Freitas Melo, V. Química e mineralogia do solo – Parte I: conceitos
básicos. 1 ed. Viçosa, 2009. 695p.
KÖPPEN, W. Climatologia: con um estúdio de lós climas de La Terra. Mexico: Fundo de
Cultura Economica, 1948. 478p
LOCK, K.; JANSSEN, C. R. Effect of clay and organic matter type on the ecotoxicity of zinc
and cadmium to the potworm Enchytraeus crypticus. Chemosphere, Amsterdam, v. 44, p.
1669-1672, 2001.
LOCK, K. C. R. JANSSEN, and. DECOEN, W. M. Multivariate test designs to assess the
influence of zinc and cadmium bioavailability in soils on the toxicity to enchytraeus albidus.
Environmental Toxicology and Chemistry, Vol. 19, No. 11, pp. 2666–2671, 2000.
LOSS A, PEREIRA MG, SCHULTZ N, ANJOS LHC, SILVA EMR, Carbon quantification of
103
humic substances in different soil use systems and evaluation periods. Bragantia 69: 913-922.
2010.
MA, J.F.; MIYAKE, Y.; TAKAHASHI, E. Silicon as a beneficial element for crop plants, In:
DATNOFLF, L.E.; SNYDER, G.H.; KORNDÖRFER, G.H. (Eds). Silicon in Agriculture. The
Netherland, Elsevier Science, p.17-39. 2001.
McBRIDE, M.B. Environmental chemistry of soil. New York, Oxford University Press, 1994.
406p.
McLAREN, R.G. & CRAWFORD, D.V. Studies of soil copper. II. The specific adsorption of
copper by soils. J. Soil Sci., 24:445452, 1973.
MURPHY, J.; RILEY, J. P. A modified single solution method for the determination of
phosphate in natural waters. Analytica Chimica Acta, v. 27, p. 31–36, 1962.
NASCIMENTO, C.W.A. & FONTES, R.L.F. Correlação entre características de Latossolos e
parâmetros de equações de adsorção de cobre e zinco. R. Bras. Ci. Solo, 28:965-971, 2004.
NASCIMENTO, C.W.A.; FONTES, R.L.F.; NEVES, J.C.L. & MELÍCIO, A.C.F.C.
Fracionamento, dessorção e extração química de zinco em Latossolos. R. Bras. Ci. Solo,
26:599606, 2002.
NASCIMENTO FILHO, V.F. Técnicas analíticas nucleares de fluorescência de raios X por
dispersão de energia (EDXRF) e por reflexão total (TXRF). Piracicaba: Depto. de Ciências
Exatas; CENA, Laboratório de Instrumentação Nuclear, 1999. 32p.
RAIJ, B. van et al. Recomendações de adubação e calagem para o estado de São Paulo.
Campinas: Instituto Agronômico/Fundação IAC, 1997.
RAO, S.M.; SRIDHARAN, A. Mechanism of sulfate adsorption by kaolinite. Clays and clay
minerals, v. 32, n. 5, p. 414-418, 1984.
REICHARDT, K. A água em sistemas agrícolas. São Paulo: Editora Manole Ltda., 1990.
188p.
REICHERT, J.M.; REINERT, D.J. & BRAIDA, J.A. Qualidade dos solos e sustentabilidade
de sistemas agrícolas. Ci. Amb., 27:29-48, 2003.
104
REICHERT, J.M.; VEIGA, M. ; CABEDA, M.S.V. Índices de estabilidade de agregados e
suas relações com características e parâmetros do solo. R. Bras. Ci. Solo, Campinas, 17:283-
290, 1993.
REINECKE, A. J.; REINECKE, S. A.; MABOETA, M. S. Cocoon production and viability as
endpoints in toxicity testing of heavy metals with three earth worm species. Pedobiologia,
Jena, v. 45, p. 61–68, 2001.
RICE, J. A.; MacCARTHY, P. A model of humin. Environmental Science and Biotechnology,
New Orleans, v. 24, p. 1875-1877, 1990.
SANTOS, H. G. dos; JACOMINE, P. K. T.; ANJOS, L. H. C. dos; OLIVEIRA, V. A. de;
LUMBRERAS, J. F; COELHO, M. R.;.ALMEIDA J. A.; CUNHA, T. J. F.; OLIVEIRA, J. B.
de. Sistema brasileiro de classificação de solos. 3nd ed. Brasília. 2013. 353 p.
SEGAT, J. C.; ALVES, P. R. L.; BARETTA, D.; CARDOSO, E, J. B. N. Ecotoxicological
evaluation of swine manure disposal on tropical soils in Brazil. Ecotoxicology and
Environmental Safety, Paris, v. 122, p. 91-97, 2015
SILVEIRA, M. L. A. ; ALLEONI, L. R. F.; CASAGRANDE, J.C. Energia livre da reação de
adsorção de cobre em latossolos ácricos. Scientia Agricola, Piracicaba, v. 56, n. 4, p. 742-749,
out./dez. 1999.
SPARKS, D. L. Environmental soil chemistry. San Diego: Academic Press, 1995. 267p.
SPOSITO, G. The chemistry of soils. Oxford University Press: New York, 1989. 277p.
SPURGEON, D. J., HOPKIN, S. P., & JONES, D. T. Effects of cadmium, copper, lead and
zinc on growth, reproduction and survival of the earthworm Eiseniaf fetida (Savigny) -
assessing the environmental impact of point-source metal contamination in terrestrial
ecosystems. Environmental Pollution, 84(2), 123–130. 1994
STEVENSON, F.J. Cycles of soil. C, N, P, S, micronutrients. A Wiley-Interscience
publication, 1986. 380p.
SWIFT, R. S. Organic matter characterization. In: SPARKS, D. L.; PAGE, A. L.; HELMKE,
P. A.; LOEPPERT, R. H.; SOLTANPOUR, P. N.; TABATABAI, M. A.; JOHNSTON, C. T.;
SUMNER, M. E. (Ed.) Methods of soil analysis. Madison: Soil Science Society of America/
American Society of Agronomy, 1996. p.1011-1020.,Pt. 3. (Soil Science Society of America
Book Series, 5).
105
TISDALE, S.L.; BEATON, J.D.; NELSON, W.L. Soil fertility and fertilizers. 4.ed. New York:
Mac Millan, 1985. 754p
UNITED STATES ENVIRONMENTAL PROTECTION AGENCY. Microwave assisted acid
digestion of sediments sludges, soils, and oils: EPA SW 846 3051a. Washington, 1999. 24 p.
VAN GESTEL, C. A. M.; BORGMAN, E.; VERWEIJ, R. A. ORTIZ, M. D. The influence of
soil properties on the toxicity of molybdenum to three species of soil invertebrates.
Ecotoxicology and Environmental Safety, v. 74, p. 1-9, 2011.
VAN GESTEL, C. A. M.; WEEKS, J. M.. Recommendations of the 3rd International
Workshop on Earthworm Ecotoxicology, Aarhus, Denmark, August 2001. Ecotoxicology
and Environmental Safety. 57: 100-105. 2004.
VENDRAME, P.R.S.; EBERHARDT, D.N.; BRITO, O.R.; MARCHÃO, R.L.; QUANTIN,
C.; BECQUER, T. Iron and aluminum forms and their relationship with texture, mineralogy
and organic carbon in the Cerrado Oxisol. Semina: Ciências Agrárias 32:1657-1666. 2011.
VILAR, C.C.; COSTA, A.C.S. da; HOEPERS, A.; SOUZA JUNIOR, I.G. Maximum
phosphorus adsorption capacity as related to iron and aluminum forms in subtropical soils.
Revista Brasileira de Ciência do Solo, v.34, n.4, p.1059-1068, 2010.
WANG, S.Q.; ZHOU, D.M.; WANG, Y.J.; CHEN, H.M.. Effect of o-phenylenediamine on
Cu adsorption and desorption in red soil and its uptake by paddy rice (Oryza sativa).
Chemosphere, Amsterdam, v.51, p.77-83, 2003.
WARDLE, D. A.; LAVELLE, P. Linkages between soil, plant litter quality and
decomposition. In: CADISCH, G.; GILLER, K.E. (Ed.). Driven by nature: plant litter quality
and decomposition. Wallingford: CAB International, 1997. p. 107-124.
WHITTIG, L. D.; ALLARDICE, W. R. X-ray diffraction techniches. In: KLUTE, A. (ed).
Methods of soil analysis. Part 1. Physical and mineralogical methods. 2 ed. Madison: Soil
Science Society of America, 1986. p. 331.
106
107
4 CAPÍTULO 2: EFEITOS ECOTOXICOLÓGICOS DO COBRE E DO ZINCO
SOBRE OS ANELÍDEOS DO SOLO
RESUMO
A avaliação do comportamento e da toxicidade de um elemento químico não deve se basear
única e exclusivamente nas caracterizações químicas e físicas do solo, mas também, em
parâmetros biológicos. Na literatura cientifica brasileira são poucos os trabalhos que
apresentam valores de concentração letal na sobrevivência (CL) e concentração de efeito na
reprodução (CE) para organismos em solos contaminados por Cu e Zn. O presente trabalho
propõe a avaliação ecotoxicológica de Nitossolo, Cambissolo e solo artificial de referência
(SAT) contaminados com concentrações crescentes de Cu e Zn, utilizando testes agudos e
crônicos com anelídeos terrestres. Almeja-se utilizar esta estimativa para propor um valor
orientador de prevenção para solos subtropicais contaminados por Cu e Zn em Santa Catarina.
Foram realizados teste de sobrevivência e reprodução Eisenia andrei, Perionyx excavatus,
Enchytraeus crypticus e Enchytraeus. bigeminus seguindo padrões metodológicos da ISO, para
solos representativos de Santa Catarina. O delineamento experimental foi inteiramente
casualizado, com quatro repetições. Foram realizados testes prévios de sobrevivência com o
objetivo de avaliar a taxa de letalidade dos anelídeos quando expostos aos solos com doses
crescentes de Cu e Zn (0; 10; 50; 75, 150; 300, 500, 750 e 1000 mg kg-1). Baseado na resposta
destes testes, novas doses foram estabelecidas para o Nitossolo, Cambissolo e SAT, e testadas
para avaliar os efeitos crônicos. O experimento foi conduzido em delineamento inteiramente
casualizado com quatro repetições. Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância
(ANOVA One-way) e as médias comparadas pelo teste de Dunnett (p≤0,05). Os valores de
CE50 (Concentração que causa Efeito em 50% da população) foram determinados por análise
de regressão não linear. Os resultados mostraram toxicidade do Cu e Zn causando redução na
sobrevivência e no número de juvenis com o aumento da dose aplicada, para ambos os solos.
Para o Cu, o Cambissolo apresentou os menores valores de CE50, sendo 67,8 mg kg-1 para
minhocas e 126,7 mg kg-1 para enquitreídeos, no SAT os valores de CE50 foram de 110,5 mg
kg-1 para minhocas e 213,7 mg kg-1 para enquitreídeos, enquanto no Nitossolo foram
encontrados os maiores valores de CE50, 265,0 mg kg-1 para minhocas e 366,6 mg kg-1 para
enquitreídeos, mostrando que as características do solo têm influência na toxicidade dos
contaminantes. Para o Zn, o Cambissolo apresentou os valores de CE50, 248,70 mg kg-1 para
minhocas e 152,41 mg kg-1 para enquitreídeos, no SAT os valores de CE50 foram de 224,09 mg
kg-1 para minhocas e 230,18 mg kg-1 para enquitreídeos, enquanto no Nitossolo foram
encontrados os maiores valores de CE50, 402,34 mg kg-1 para minhocas e 410,77 mg kg-1 para
enquitreídeos, mostrando que as características do solo têm influência na toxicidade dos
contaminantes. Os valores de CE50 encontrados foram diferentes para cada organismo e para
cada classe de solo o que mostra a importância de utilizar diferentes espécies como indicadoras
de toxicidade.
Palavras-chave: Ecotoxicologia terrestre; invertebrados edáficos; elementos-traço;
108
109
ABSTRACT
The evaluation of the behavior and toxicity of a chemical element should not be based solely
and exclusively on the chemical and physical characterization of the soil, but also on biological
parameters. In the Brazilian scientific literature, few studies show values of CL and EC50 for
soils contaminated by Cu and Zn. The present work proposes the ecotoxicological evaluation
of Nitossolo, Cambissolo and artificial reference soil (SAT) contaminated with increasing
concentrations of Cu and Zn, using acute and chronic tests with terrestrial annelids. It is hoped
to use this estimate to propose a value of prevention guideline for soils contaminated by Cu and
Zn in Santa Catarina. Survival and reproduction test Eisenia andrei, Perionyx excavatus,
Enchytraeus crypticus and Enchytraeus were performed. bigeminus following ISO
methodological standards, for representative soils of Santa Catarina. The experimental design
was completely randomized, with four replications. Preliminary survival tests were carried out
with the objective of evaluating the lethality rate of annelids when exposed to soils with
increasing doses of Cu and Zn (0, 10, 50, 75, 150, 300, 500, 750 and 1000 mg kg-1). Based on
the response of these tests, new doses were established for Nitosol, Cambisol and SAT,
respectively and tested for chronic effects. The experiment was conducted in a completely
randomized design with four replicates. Data were submitted to analysis of variance (ANOVA
One-way) and means were compared by the Dunnett test (p≤0.05). The EC50 values
(Concentration causing Effect in 50% of the population) were determined by non-linear
regression analysis. From the EC50 values the Species Sensitivity Distribution Curves (SSD)
were constructed. The results showed Cu and Zn toxicity causing reduction in survival and
number of juveniles with increasing dose applied to both soils. For Cu, Cambisols presented
the lowest values of EC50, 67.8 mg kg-1 for earthworms and 126.7 mg kg-1 for enquitreídeos,
in the SAT EC50 values were 110.5 mg kg-1 for earthworms and 213.7 mg kg-1 for
enquitreídeos, whereas in the Nitossolo the highest values of EC50, 265.0 mg kg-1 for
earthworms and 366.6 mg kg-1 for enquitreídeos were found, showing that the soil
characteristics have influence on the toxicity of contaminants. For the Zn, the Cambisols
presented the lowest values of EC50, 248.70 mg kg-1 for earthworms and 152.41 mg kg-1 for
enquitreídeos, in the SAT EC50 values were 224.09 mg kg-1 for earthworms and
230.18 mg kg-1 for enquitreídeos, whereas in the Nitossolo the highest values of EC50, 402,34
mg kg-1 for earthworms and 410.77 mg kg-1 were found for enquitreídeos, showing that the soil
characteristics have influence on the toxicity of contaminants. The EC50 values found were
different for each organism and for each soil class, which shows the importance of using
different species as indicators of toxicity.
Keywords: Terrestrial Ecotoxicology; edaphic invertebrates; trace elements
110
111
4.1 INTRODUÇÃO
A preocupação com a rápida degradação dos solos, despertou o interesse da comunidade
acadêmica pela pesquisa em qualidade e sustentabilidade dos ecossistemas, fazendo surgir
vários conceitos de qualidade do solo. Segundo Doran e Parkin (1994), a qualidade do solo
consiste na sua capacidade em manter, de forma saudável, a produtividade biológica, a
qualidade ambiental e a vida vegetal e animal.
A qualidade do solo é influenciada por diversos fatores, dentre os quais, destaca-se o
teor de elementos traço no solo, que pode variar de um solo para outro, em função das condições
edafoclimáticas da região e das atividades antrópicas presentes no meio. O crescente
desenvolvimento populacional, industrial e a expansão agrícola vêm contribuindo de forma
significativa para o aporte de elementos-traço nos ecossistemas (GARCÍA-GOMEZ et al.,
2014). As fontes antropogênicas que contribuem para a presença dos elementos-traço no solo
estão associadas, principalmente, à mineração, resíduos agropecuários, aplicação de produtos
agrícolas e fertilizantes, lodos de esgotos, queima de combustíveis fosseis, águas residuárias e
resíduos industriais. Enquanto os processos naturais contribuem para a presença dos elementos-
traço no solo são a composição do material de origem e o intemperismo das rochas (KABATA
– PENDIAS & PENDIAS, 2011).
A toxicidade dos elementos químicos pode ser estimada, segundo Natal da Luz (2011),
por meio de análises químicas, físicas e/ou mineralógicas e, também, por análises que abrangem
os parâmetros biológicos. Enquanto os parâmetros químicos determinam as concentrações das
substâncias tóxicas no meio, os testes ecotoxicológicos avaliam o efeito dessas substâncias nos
organismos, de forma que as ambas se completam (COSTA et al., 2008; NATAL DA LUZ,
2011). Os testes de ecotoxicidade são geralmente considerados a melhor abordagem para
avaliar a toxicidade dos compostos devido ao caráter sistêmico dos ensaios pois integram o
efeito de contaminantes que nem sempre são detectados nas análises químicas (THOMAS et al.
1986; SISINNO et al., 2006).
As minhocas e os enquitreídeos, anelídeos pertencentes à classe oligoqueta, representam
um elo importante da cadeia trófica terrestre e estão entre os organismos edáficos com potencial
para indicar alterações ambientais (NAHMANI et al., 2007; CESAR et al., 2010). Além disso,
são sensíveis e reagem às mudanças induzidas por atividades antrópicas no ambiente (BROWN
& DOMINGUES, 2010). As minhocas, por se locomoverem ao longo do interior da camada de
solo, são importantes organismos bioindicadores da qualidade ambiental. Adicionalmente, seu
112
tecido de preenchimento (celoma) é sensível à presença de contaminantes, e, portanto, possuem
elevado potencial de complexação de elementos-traço (VIJVER et al., 2003; LIU et al., 2005).
Vários estudos têm relatado a toxicidade dos elementos-traço em anelídeos do solo.
Elementos-traço tem causado alteração no crescimento em minhocas (VAN GESTEL et al,
1991; LOCK & JANSSEN, 2001), diminuição na viabilidade de casulos (VAN GESTEL et al,
1992; LIU et al., 2005), mortalidade e redução da reprodução (LANGDON et al., 1999;
SPURGEON et al., 2000; LUKKARI et al., 2005; DOMÍNGUEZ-CRESPO et al., 2012;
ALVES et al., 2016). E, também, na sobrevivência e reprodução de enquitreídeos (LOCK &
JANSSEN, 2002; AMORIN et al., 2005; CHELINHO et al., 2011; AMORIN et al., 2012).
Nesse sentido, as minhocas, principalmente as espécies Eisenia fetida e E. andrei e o
enquitreídeos da espécie Enchytraeus albidus e E. crypticus, foram escolhidos para diversos
testes de toxicidade junto aos órgãos regulamentadores de diversos países (NAHMANI et al.,
2007). Contudo, apesar dos protocolos sugerirem a utilização desses organismos em seus
ensaios, e estes serem utilizados em uma gama de avaliações ecotoxicológicas para os mais
diversos poluentes (SPURGEON et al., 2003), a sensibilidade de outras espécies aos
contaminantes pode apresentar resultados diferentes (NIVA et al., 2010). Adicionalmente, essas
espécies, apesar da sua relevância ecológica, são nativas de regiões temperadas
(DOMÍNGUEZ, VELANDO, & FERREIRO, 2005) o que faz com que seu uso, para solos e
regiões tropicais, seja questionável (KUPERMAN et al., 2009). Em um estudo em solo
contaminado por chumbo, os autores constataram que minhocas da espécie E. andrei foram
mais resistentes ao chumbo que A. caliginosa e L. rubellus (LANGDOM et al., 2005). Desse
modo, o estudo com outras espécies se faz necessário para tornar o ensaio mais representativo
(ANDREA, 2010).
Peryonix excavatus é uma espécie de minhoca nativa e de ampla distribuição da Ásia
tropical, (GATES, 1972), comumente encontrada em solos agrícolas, florestais e solos com
perturbações antropogênicas de regiões subtropicais (BIRUNDHA, PAUL & MARIAPAN,
2013), e, portanto, apresenta maior relevância ecológica do que as espécies padrão de clima
temperado, sendo uma alternativa para testes ecotoxicológicos em solos tropicais e subtropicais.
Apesar desses aspectos importantes, poucos testes ecotoxicológicos usaram essas espécies para
estudos de contaminantes, especialmente de Cu e Zn.
Nesse contexto e devido à grande importância da comunidade biológica do solo no
funcionamento do ecossistema, em estudos com abordagem e monitoramento de práticas
antrópicas, é fundamental considerar os parâmetros biológicos como um indicador no
monitoramento de solos contaminados , além do comportamento de diferentes organismos nos
113
diferentes tipos de solos quando expostos à estes contaminantes (MENEZES-OLIVEIRA et al.,
2017). Dessa forma, o presente trabalho foi conduzido para avaliar o efeito de doses de Cu e
Zn, aplicadas em solos naturais do Estado de Santa Catarina sobre a sobrevivência e reprodução
de anelídeos das espécies E. andrei, P. excavatus, E. crypticus e E. bigeminus.
4.2 MATERIAL E MÉTODOS
4.2.1 Critérios para seleção dos solos e amostragem
O experimento foi realizado em amostras dos mesmos solos descritos no Capítulo 1, ou
seja, Cambissolo Húmico, Nitossolo Vermelho e Solo Artificial Tropical (SAT), cuja descrição
encontra-se no Item 3.2.1, p. 70.
4.2.2 Ensaios ecotoxicológicos
4.2.2.1 Contaminação dos solos com Cu e Zn
Os solos foram contaminados com uma solução de Nitrato de Cobre, Cu (NO)3, e Nitrato
de Zinco, Zn (NO)3, separadamente. Sais de nitrato são os frequentemente utilizados, devido à
sua elevada solubilidade, o que permite que uma solução seja adicionada ao solo, resultando
em concentrações elevadas de metais (NAHAMI, 2007). Os solos foram colocados em sacos
plásticos, onde as soluções foram misturadas até atingir o máximo de homegeneidade.
Cada solo ficou incubado, separadamente, para a estabilização, durante três semanas
antes da realização dos ensaios (introdução dos organismos) (NATAL-DA-LUZ et al., 2011).
Esse procedimento se faz necessário, porque, segundo Bruemmer, Gerth e Tiller (1988), a
adsorção de metais pode continuar aumentando mesmo após vários dias de reação fazendo com
que maior quantidade do metal seja imobilizada com o passar do tempo. Para Mckenzie (1980),
essa reação ocorre devido a cristalização ou envelhecimento dos produtos de reação.
A capacidade de retenção de água (CRA) dos solos naturais e do SAT foi ajustada para
50% da capacidade máxima de retenção de acordo com a ISO 11268-2 (ISO, 1998) e ISO
17512-1.2 (ISO, 2006), para tanto, foram utilizados tubo plásticos com fundo aberto conectados
a um papel filtro preenchido com o solo até uma altura aproximada de 5 cm. O tubo foi
submergido gradualmente em um recipiente contendo água destilada até o ponto em que a água,
por capilaridade, atingisse a superfície do solo, mas não atingisse o solo pela borda superior do
114
tubo. As amostras foram deixadas nesta condição pelo período de 3 horas e, posteriormente,
foram levadas a um recipiente com areia contendo altura de aproximadamente 5 cm por 2 horas,
para ocorrer o processo de drenagem gravitacional; após este período foi determinada a massa
das amostras em balança de precisão e levadas à estufa com temperatura constante de 105 °C ,
por 17 horas.
Para calcular a capacidade máxima de campo do solo utilizou-se a seguinte fórmula:
WHC = S-T-D/D x 100
Onde:
S = substrato saturado de água + massa de tubo + massa de papel de filtro;
T = tara (massa de papel de filtro + massa do tubo);
D = massa seca de substrato.
Os solos foram desfaunados por meio da aplicação de três ciclos de congelamentos à -
20 ºC e descongelamento a temperatura ambiente durante 24 horas para cada ciclo. Todos os
ensaios foram conduzidos no laboratório de Ecologia do Solo da UDESC/CAV, em Lages –
SC, e mantidos sob temperatura 25 ± 2 ºC, conforme proposto por Alves et al. (2015) para
regiões tropicais e fotoperíodo controlado de 12 horas de luz e 12 horas de escuro (12:12).
4.2.2.2 Teste de toxicidade aguda – Letalidade
Foram realizados teste de toxicidade aguda (letalidade), seguindo a metodologia (ABNT
NBR 15537:2007) em organismos terrestres de duas diferentes espécies: Enchytraeus crypticus
(Enchytraedae) e Eisenia andrei (Lubricidae). Ambos os organismos foram expostos a nove
concentrações de Cu e Zn (0, 10, 50, 75, 150, 300, 500, 750 e 1000 mg kg-1 de peso seco). As
concentrações foram baseadas em dados de toxicidade para esses elementos, descritos na
literatura, atuando isoladamente, segundo Spurgeon et al. (1994), Langdon et al. (2005),
Lukkari et al. (2005), Domínguez- Crespo et al. (2012), Gomes et al. (2014) e Ferreira (2015).
4.2.2.3 Testes de toxicidade crônica - Reprodução
Com base nos testes de toxicidade aguda foram estabelecidas as concentrações para os
testes de toxicidade crônica (reprodução) (Tabela 9). A escolha dos organismos-teste, a
manutenção em laboratório e exigências para sua utilização foram baseadas nas recomendações
dos protocolos ISO (ISO, 1998, 2004) e ABNT NBR ISO (ABNT NBR ISO, 2007, 2012), com
adaptações descritas nos trabalhos de Kuperman et al. (2004) e Bandow et al. (2013). Para os
115
ensaios foram utilizados organismos terrestres de quatro diferentes espécies cultivadas em
laboratório: enquitreídeos (E. crypticus e E. bigeminus), e minhocas (E. andrei e P. excavatus).
Tabela 9 – Concentrações nominais dos elementos-traço cobre e zinco em mg kg-1 de solo seco,
utilizadas nos testes de toxicidade crônica com os organismos terrestres em cada
tipo de solo. Organismos Minhocas Enquitreídeos
Cobre mg kg-1
Nitossolo 100, 200, 400, 800, 1200, 1600, 2000 75, 150, 300, 450, 600, 750, 1000
Cambissolo 50, 100, 200, 300, 500, 700, 1000 25, 50, 75, 150, 250, 500, 750
SAT 100, 200, 400, 800, 1200, 1600, 2000 25, 50, 75, 150, 250, 500, 750
Zinco mg kg-1
Nitossolo 100, 200, 300, 600, 1200, 1600, 2000 75, 150, 300, 450, 600, 750, 1000
Cambissolo 50, 100, 200, 300, 500, 700, 1000 25, 50, 75, 150, 250, 500, 750
SAT 100, 200, 300, 600, 1200, 1600, 2000 25, 50, 100, 200, 300, 400, 800
Fonte: Elaborado pela autora, 2019.
4.2.2.4 Testes de toxicidade crônica (reprodução) com minhocas
As matrizes de minhocas, sua manutenção em laboratório e exigências para sua
utilização nos testes basearam-se nas recomendações do protocolo ISO 11268 - 2 (ISO, 1998).
As minhocas das espécies E. andrei, e P. excavatus foram obtidos da empresa Minhobox®,
cultivadas e mantidas em meio de cultivo em caixas plásticas com volume de 12 L em sala
climatizada do laboratório de Ecologia do Solo. O meio de cultivo utilizado foi composto de
uma mistura de duas partes de esterco equino seco (livre de contaminantes químicos) peneirado
(2 mm), uma parte de fibra de coco (Amafibra® – Golden Mix, tipo 80) e 10% do peso dos dois
primeiros de areia fina. O pH da mistura foi corrigido (quando necessário) para faixa entre 6 e
7, com adição de CaCO3.
A desfaunagem do meio foi realizada da mesma maneira que a desfaunagem dos solos
(Item 4.2.2.1, p. 107). Posteriormente foi acrescida quantidade suficiente de água destilada para
deixar o meio de cultivo úmido. Em cada caixa de cultivo foram colocadas cerca de 300
minhocas adultas das espécies E. andrei e P. excavatus. O substrato foi totalmente substituído
quando se observava pouca presença de fibra de coco, fazendo a relocação dos organismos para
caixas com substrato novo sempre que necessário. A alimentação dos organismos consistiu em
fornecimento semanal de flocos de aveia, previamente cozidos em água destilada. Os cultivos
foram mantidos à 25 ± 2oC e fotoperíodo 12:12 (claro: escuro).
116
Foram realizados teste de sobrevivência (14 dias) seguindo a metodologia ISO 11268-
1 (ISO, 1998) e testes de reprodução (56 dias), seguindo a metodologia ISO 11268 - 2 (ISO,
1998). Nos ensaios foram utilizados dez organismos adultos (clitelados) e com peso médio de
250 – 600 mg para as espécies E. andrei e P. excavatus. Os organismos foram mantidos em
recipientes de 1000 mL, preenchidos com 500 g de solo contaminado ou controle,
correspondendo a altura do solo entre cinco e seis centímetros. Conduziram-se quatro
repetições, sendo verificada, ao final de cada teste, a umidade e o pH. Para evitar a fuga dos
indivíduos, os recipientes de ensaio foram cobertos com tampas transparentes, a aeração foi
permitida fazendo-se alguns furos na tampa.
Os organismos foram alimentados (uma vez por semana) com, aproximadamente, 15 g
de esterco equino, desfaunado e livre de contaminantes. A umidade, quando necessária, foi
corrigida adicionando-se água destilada uma vez por semana. Ao final de 28 dias as minhocas
adultas foram removidas, contadas e pesadas, deixando os casulos incubados por mais 28 dias
para a eclosão. Ao final do teste, as unidades experimentais (réplicas) foram colocadas em
banho-maria à 60 ºC por no mínimo 60 minutos para forçar a migração dos indivíduos juvenis
à superfície do solo, que foram coletados com pinças para posterior contagem.
4.2.2.5 Testes de toxicidade crônica (reprodução) com enquitreídeos
Os ensaios com os enquitreídeos foram realizados conforme as diretrizes da normativa
ABNT NBR ISO 16387:2004 (ABNT NBR ISO, 2012), com adaptações sugeridas por
Kuperman et al. (2004), sendo o ensaio conduzido durante quatro semanas para E. crypticus e
três semanas para E. bigeminus, conforme Bandow et al. (2013). O critério de seleção de
indivíduos adultos para E. crypticus foi a presença de clitelo, para E. bigeminus, a escolha dos
organismos foi conforme o seu tamanho (8 a 12 mm), pois essa espécie é fragmentadora. As
espécies de enquitreídeos fragmentadoras possuem clitelo, no entanto, são capazes de
segmentar o seu corpo e, a partir dos fragmentos, novos indivíduos são formados não sendo
possível identificar quais foram os indivíduos inseridos no início dos testes ao final do
experimento (BANDOW et al., 2013).
Os organismos foram acondicionados em recipientes de 125 mL, preenchidos com 30 g
de solo contaminado e controle (não contaminado), totalizando cinco repetições, sendo quatro
delas com dez organismos e uma sem organismos para a verificação da umidade e pH ao final
do ensaio. Os indivíduos foram alimentados uma vez por semana com 2 mg de aveia moída e a
umidade do solo foi mantida à 50% da capacidade máxima de retenção de água com adição de
117
água destilada sempre que necessário. Ao final dos testes, foram adicionados 5 mL de álcool
absoluto para preservação dos enquitreídeos, dez gotas de solução corante rosa bengala em
etanol (1%) e aproximadamente 80 mL de água, para evitar o ressecamento da amostra e/ou
organismos. Após 5 dias (com os organismos previamente corados de rosa), as amostras foram
lavadas em filtro coador de café de poliéster 103 para a retirada do excesso de solo, o que
facilita a visualização dos organismos. Posteriormente, cada amostra foi acondicionada em uma
bandeja com água, e por fim, os organismos foram contabilizados com auxílio de uma lupa.
4.2.3 Análise dos dados
Os resultados obtidos nos testes de ecotoxicidade com os anelídeos (sobrevivência e
reprodução) para as diferentes concentrações de Cu e de Zn testadas, foram submetidos ao teste
de normalidade de Shapiro-Wilk (p>0,05), homogeneidade de Bartlett (p>0,05), à análise de
variância (ANOVA One-way) e as médias comparadas pelo teste de Dunnett (p≤0,05), de modo
a detectar as diferenças estatisticamente significativas observadas entre os três solos estudados
(Nitossolo, Cambissolo e SAT).
Valores CL50 (concentração letal à 50% dos indivíduos) foram estimados utilizando o
Software PriProbit® 1.63 (SAKUMA, 1998) para os testes de toxicidade aguda.
Para os testes de toxicidade crônica, os dados obtidos em cada unidade experimental,
nas diferentes concentrações testadas, foram submetidos à uma análise de regressão não linear,
de modo a determinar a dose de contaminante correspondente a um efeito de 50% na população
de organismos (CE50).
Os valores de CE50 foram determinados usando o modelo (Tabela 10) que melhor se
ajustou aos dados, ou seja, o modelo que apresentou o melhor valor de R2 e menor intervalo de
confiança (VLAARDIGEN, 2004), determinados por meio do software STATISTICA, versão
7.0 (STATSOFT, 2004).
Tabela 10 - Equações dos modelos utilizados nos testes ecotoxicológicos para determinação da
CE50. Modelo: Equação
Logistic CE50:V2 =t/(1+ (conc/X) b
Exponencial CE50: V2 =a x exp (log ((a- a x 0,5-bx0,5) /a) x (conc/X)) +b
Hormesis CE50: V2= (t x (1+h x logconc))/(1+((0,5 x(logconc)/0,5) x(logconc/X)b)
Gompertz CE50: V2 = g x exp ((log (0,5)) x (conc/X) b)
V2 Váriável resposta; b = Parâmetro de escala de ajuste da curva estimado entre 1 e 4; X = Concentração percentual
de inibição; logconc = log da concentração de exposição; a, g ou t = interseção y (resposta do controle).
118
4.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na presente pesquisa foram realizados testes de toxicidade aguda e crônica com dois
elementos-traço sobre quatro diferentes invertebrados edáficos em dois solos naturais distintos,
e em solo tropical artificial (SAT). Sendo apresentados resultados inéditos de testes de
toxicidade crônica com o Cu e o Zn em solos naturais subtropicais, envolvendo as espécies de
anelídeos P. excavatus e E. bigeminus. Lowe e Butt (2007), em um estudo sobre a seleção de
espécies para testes ecotoxicológicos subletais, sugerem que a utilização mais ampla de técnicas
de cultura estabelecidas aliadas aos requisitos ecológicos e ao comportamento das espécies
aumentará a representatividade e a validação dos testes crônicos dos organismos, incluindo
espécies de clima tropical, como organismos da espécie P. excavatus (SILVA & VAN
GESTEL, 2009) e E. bigeminus, que além de serem espécies de clima tropical, fragmentam o
seu corpo e formam outro indivíduo a partir de cada fragmento (BANDOW, COORS, &
ROMBKE, 2013).
O SAT foi utilizado como auxílio na comparação com outros estudos realizados com o
mesmo grupo de organismos. Os solos naturais, por sua vez, permitiram gerar informações
sobre os efeitos de diferentes elementos-traço para solos subtropicais, dada a importância
ecológica e relevância destes testes (AMORIM et al., 2005) especialmente para a região Sul,
onde há uma escassez considerável de informações ecotoxicológicas sobre os mais diversos
poluentes (ALVES et al., 2013). Adicionalmente, de maneira geral, os dados gerados a partir
de regiões de clima temperado são extrapolados para se realizarem as tomadas de decisões sobre
regiões de clima tropical, o que nem sempre é apropriado, uma vez que, devido à diversidade
pedológica e climática das diferentes regiões que dão origem aos mais diversos solos, estes
originam sensibilidades particulares (AMORIM et al., 2005).
4.3.1 Validação dos testes
Os ensaios de toxicidade aguda (letalidade) de enquitreídeos (Enchytraeus crypticus) e
de minhocas (Eisenia andrei) cumpriram os critérios de validação de acordo com as diretrizes
ISO 16387 (2004) e OECD 207 (OECD, 1984), respectivamente. Onde, para o controle, a
mortalidade dos adultos no solo não ultrapassou 20% e 10%, respectivamente, e o coeficiente
de variação (CV) dos testes foi < 30%.
Nos testes de reprodução, os testes com enquitreídeos cumpriram os critérios de
validação ISO 16387 (ISO, 2004) e ABNT NBR ISO 16387:2004 (ABNT NBR ISO, 2012),
119
para efeito de poluentes na reprodução de enquitreídeos. Onde, para os controles, a mortalidade
dos adultos no solo não foi superior à 20% para E. crypticus. Para o E. bigeminus, esse critério
não foi considerado, devido a impossibilidade da identificação de indivíduos adultos clitelados,
por se tratarem de espécies fragmentadoras. Desse modo, a validação dessa espécie se deu pelo
critério de sobrevivência de 25 juvenis, por unidade experimental (réplica) e coeficiente de
variação inferior à 50%. Os testes com E. andrei e P. excavatus foram validados conforme os
critérios ISO 11268 - 2 (ISO, 1998), onde, a mortalidade dos adultos foi inferior à 10%, tendo
número superior à 30 indivíduos juvenis em cada repetição e o coeficiente de variação não
excedeu à 30%. Na tabela 11, encontram-se o número médio de juvenis nos controles ao fim
dos testes de ecotoxicidade terrestre crônicos realizados.
Tabela 11 – Número médio de juvenis (± desvio padrão) nos controles dos testes crônicos de
ecotoxicidade realizados em quatro espécies de anelídeos em um Nitossolo
Vermelho (Nitossolo), Cambissolo Húmico (Cambissolo) e Solo Artificial
Tropical (SAT), para Cu e Zn.
Organismos Nitossolo
Indivíduos/DesvPad
Cambissolo
Indivíduos/DesvPad
SAT
Indivíduos/DesvPad Cu
E. andrei 51 ± 9
53 ± 11
841 ± 47
620 ±15
38 ± 3
47 ± 8
501 ± 9
420 ± 46
93 ± 11
P. excavatus 73 ± 5
E. crypticus 908 ± 21
E. bigeminus 496 ± 57
Zn
E. andrei 76 ± 13
106 ± 17
925± 23
590 ± 34
82 ± 4
50 ± 6
420 ± 45
440 ± 32
108 ± 11
P. excavatus 48 ± 9
E. crypticus 716 ± 16
E. bigeminus -
– Teste não realizado.
Fonte: Elaborado pela autora, 2019.
4.3.2 Testes de toxicidade - Cu
4.3.2.1 Toxicidade aguda (letalidade) e toxicidade crônica (reprodução) de minhocas
A taxa de sobrevivência de E. andrei obtida no Nitossolo para as doses de 0, 10, 75, 150
e 300 mg kg -1 de Cu foi de 100% (Figura 13a). Foi observado efeito significativo na
sobrevivência de E. andrei a partir da concentração de 500 mg kg -1 de Cu.
120
Figura 13 - Média de indivíduos vivos de E. andrei em Nitossolo Vermelho (Nito) (a),
Cambissolo Húmico (Cam) (b) e Solo Artificial Tropical (SAT) (c), contaminado
com doses de Cu.
Méd
ia d
e in
div
ídu
os
viv
os
de
E. andre
i
Doses Cu (mg kg -1)
* Diferença estatística significativa (p ≤ 0,05) pelo teste de Dunnett. (┬) Desvio padrão.
Fonte: Elaborado pela autora, 2019.
Para o Cambissolo, a taxa de sobrevivência de E. andrei obtida sem aplicação de Cu (0
mg kg -1) foi de 100%. Nos solos com aplicação de 10, 75 e 150 mg kg -1 de Cu não foi observado
letalidade significativa dos organismos e a taxa de sobrevivência obtida nessas doses foi ≥ 95%
(Figura 13b). Foi observado efeito significativo na sobrevivência de E. andrei a partir da
concentração de 300 mg kg -1 de Cu.
**
*
0
2
4
6
8
10
12
Ctrl Nito 10 50 75 150 300 500 750 1000
* *
* *
0
2
4
6
8
10
12
Ctrl Cam 10 50 75 150 300 500 750 1000
0
2
4
6
8
10
12
Ctrl SAT 10 50 75 150 300 500 750 1000
*
*
*
a)
b)
c)
121
Para o SAT, a taxa de sobrevivência de E. andrei, para as doses de 0, 10, 75, 150 e 300
mg kg -1 de Cu foi de 100% (Figura 13c). A mortalidade significativa dos organismos do solo
foi observada nas concentrações mais elevadas de Cu, com efeito significativo na sobrevivência
de E. andrei a partir da concentração de 500 mg kg -1.
Os resultados obtidos na estimativa da concentração letal para 50% (CL50) dos
organismos (Tabela 12), evidenciaram efeitos mais expressivos na taxa de sobrevivência de E.
andrei para o Cambissolo, quando comparado aos outros solos avaliados, uma vez que o valor
de CL50 estimado para o Cambissolo foi de 684,35 mg kg -1 de Cu, enquanto para o SAT esse
valor foi de 749,92 mg kg -1 e para o Nitossolo, de 1.135,12 mg kg -1 de Cu.
Tabela 12 - Concentração letal (CL50) calculada para o teste de letalidade com E. andrei em
Nitossolo Vermelho Cambissolo Húmico e Solo Artificial Tropical (SAT),
contaminados com doses de Cu *. Solo CL50 (mg kg -1)
Nitossolo 1.135,12
Cambissolo 684,35
SAT 749,92
*Intervalo de confiança não calculado.
Fonte: Elaborado pela autora, 2019.
Há muito que as minhocas são utilizadas como organismos indicadores em ensaios de
ecotoxicidade (VAN GESTEL et al., 1993; SPURGEON, HOPKIN & JONES, 1994;
KUPERMAN et al., 2004; HOBELLEN et al., 2006, NIEMEYER et al., 2010) NATAL-DA-
LUZ et al., 2011) e vários estudos corroboram para os resultados encontrados nesse estudo.
Conder, Lanno e Basta (2001) determinaram alterações no tempo de sobrevivência para E.
fetida em solo contaminado com Cu à 167 mg kg -1, enquanto Spurgeon, Hopkin e Jones,
(1994), ao avaliar o solo artificial, observaram efeito na sobrevivência de E. fetida a partir da
dose de 555 mg kg -1 de Cu. Dominguez-Crespo et al. (2012), avaliando a toxicidade de resíduos
de depuração de dejetos de bovinos sobre a taxa de sobrevivência de E. fetida, encontraram
letalidade de 100% dos indivíduos no tratamento em que o resíduo apresentava concentrações
de 323 mg kg-1 de Cu.
Os efeitos sobre a espécie E. andrei, observadas nos testes de toxicidade aguda,
demonstraram que, no Cambissolo, há maior risco ambiental para solos contaminados com Cu,
quando comparados ao SAT e ao Nitossolo. A maior ecotoxicidade observada no Cambissolo
está associada, provavelmente, às propriedades físicas, químicas e mineralógicas desse solo
(Capítulo 1). Os baixos valores de pH (Tabela 4) e a textura arenosa (Tabela 3) podem ter
122
influenciado negativamente na taxa de sobrevivência dos indivíduos nesse solo. Minhocas da
espécie E. andrei, toleram diferentes ambientes e podem suportar faixas de pH entre 4 e 9, mas
preferem condições em que o pH esteja entre 5 e 7 (JÄNSCH et al., 2005). Chelinho et al.
(2011), estudando a influência das propriedades dos solos em ensaios ecotoxicológicos de fuga
com a espécie E. andrei, observaram o evitamento dessa espécie para solos extremamente
arenosos. Adicionalmente, segundo Natal-da-luz et al. (2008), os atributos físicos e químicos
do solo podem afetar diretamente os organismos, uma vez que influenciam na concentração e
disponibilidade de contaminantes nos solos. Desse modo, a maior disponibilidade de Cu
encontrada no Cambissolo, pode ter sido outro fator que ocasionou a letalidade
significativamente maior dos organismos para esse solo. O que pode ser comprovado pela
menor capacidade de adsorção de Cu observada nesse solo (Figura 11b) quando comparado ao
Nitossolo (Figura 11a). Segat et al. (2015), avaliando a toxicidade de solos contaminados com
resíduos contendo metais em E. andrei, relacionaram a mortalidade dos organismos à menor
capacidade de solos arenosos em reter esses poluentes.
Os resultados sobre os ensaios crônicos foram ainda mais sensíveis que os ensaios de
toxicidade aguda e sugerem que o aumento da concentração de Cu reduz a reprodução das
minhocas em todos os solos avaliados. Esses ensaios, que refletem os efeitos sub-letais dos
organismos, são os de maior relevância, pois permitem predizer impactos sobre os ecossistemas
do solo, uma vez que demonstram perdas de várias funções biológicas, como: inibição do
crescimento e diminuição da taxa de reprodução, parâmetros que influenciam na dinâmica
populacional dos organismos edáficos ao longo do tempo (MAGALHÃES & FERRÃO-
FILHO, 2008).
Os ensaios de reprodução da espécie E. andrei revelam que a reprodução foi afetada
(p≤0,05) pela aplicação de Cu em todos os testes realizados tanto para o Nitossolo, quanto para
o Cambissolo e SAT (Figura 14). Sendo os efeitos mais expressivos observados no Cambissolo,
onde a redução no número de juvenis ocorreu a partir da concentração de 50 mg kg -1 (Figura
14b). Os valores de CE50 para esse solo, calculados através de modelos de regressão não
lineares, foram de 77,52 mg kg-1 de Cu. No SAT, a redução no número de juvenis ocorreu a
partir da dose de 100 mg kg -1 (Figura 14c) e a CE50 para esse solo foi de 173,81 mg kg-1 (Tabela
13). Já para o Nitossolo, essa redução aconteceu apenas a partir da dose de 200 mg kg -1 (Figura
14a), com valores de CE50 de 428,01 mg kg-1 de Cu, demonstrando que nesse solo a reprodução
desse organismo foi menos afetada.
123
Figura 14 – Número de indivíduos juvenis de E. andrei e P. excavatus em Nitossolo Vermelho (Nito) (a, d), Cambissolo Húmico (Cam) (b, e) e
Solo artificial tropical (SAT) (c, f), contaminados com doses de Cu. N
úm
ero d
e in
div
íduo
s ju
ven
is d
e E
. an
dre
i
Núm
ero d
e in
div
íduo
s ju
ven
is d
e P
. ex
cava
tus
Doses Cu (mg kg -1 solo seco) * Diferença estatística significativa (p ≤ 0,05) pelo teste de Dunnett. (┬) Desvio padrão.
Fonte: Elaborado pela autora, 2019.
0
20
40
60
80
100
Ctrl Nito 100 200 400 800 1200 1600 2000
*
***
**
a)
0
20
40
60
80
Ctrl Nito 100 200 400 800 1200 1600 2000
*
*
** * *
*
d)
0
20
40
60
80
100
Ctrl Cam 50 100 200 300 500 700 1000
*
******
b)
0
20
40
60
80
Ctrl Cam 50 100 200 300 500 700 1000
*
** * * *
*
e)
0
20
40
60
80
100
Ctrl SAT 100 200 400 800 1200 1600 2000
*
*
*
* * *
*
c)
0
20
40
60
80
Ctrl SAT 100 200 400 800 1200 1600 2000
*
*
* * * *
*
f)
123
124
Tabela 13 – Concentração efetiva (CE50) e intervalo de confiança, Modelo estatístico e R² (%
do ajuste dos dados na curva) para os testes de reprodução de minhocas em Nitossolo
Vermelho (Nitossolo), Cambissolo Húmico (Cambissolo) e Solo Artificial Tropical
– SAT, com aplicação de doses de Cu.
CE50
(mg kg-1) Modelo Estatístico
r²
(%)
Nitossolo
E. andrei 428,01 (300,58 - 555,44) Gompertz 96
P. excavatus 264,96 (184,08 - 345,15) Logístico 96
Cambissolo
E. andrei 77,52 (66,16 - 88,87) Logístico 98
P. excavatus 67,83 (54,95 - 80,72) Exponencial 97
SAT
E. andrei 173,81 (148,99 - 198,63) Exponencial 96
P. excavatus 110,46 (73,82 - 137,10) Logístico 96
Fonte: Elaborado pela autora, 2019.
Esses resultados reafirmam que as diferentes propriedades físicas, químicas e
mineralógicas dos três solos avaliados nesse estudo influenciaram de maneira diferente na
disponibilidade de Cu para os organismos testados, e essa disponibilidade teve influência direta
na reprodução dos organismos. De acordo com Van Gestel et al. (1995), ao analisarem a
toxicidade de metais sobre minhocas, o pH, a MOS e o teor de argila, influenciam diretamente
a CTC do solo, e esta afeta a biodisponibilidade dos metais. O que pode ser confirmado nesse
estudo, onde a menor taxa reprodutiva foi observada no Cambissolo, seguida do SAT,
justamente os solos com a menor capacidade de adsorção de Cu (Figura 11b) e (Figura 11c),
respectivamente, e que, provavelmente tiveram a maior disponibilidade desse metal.
Para os indivíduos da espécie P. excavatus (Figura 14) os efeitos mais expressivos da
toxicidez causada pelo Cu foram observados no Cambissolo, onde a redução no número de
juvenis ocorreu a partir da concentração de 50 mg kg -1 (Figura 14e), com valores de CE50
estimados em 67,83 mg kg-1 de Cu (Tabela 13). Para o SAT e o Nitossolo, a redução no número
de juvenis ocorreu a partir da dose de 100 mg kg -1(Figura 14f) e (Figura 14d), respectivamente.
Onde os valores de CE50 estimados para o SAT foram menores (110,46 mg kg-1) quando
comparados ao Nitossolo, (264,96 mg kg-1) (Tabela 13). Ma e Bodt (1993), em ensaios letais
com espécies ecologicamente relevantes como Lumbricus rubellus e L. terrestris mostraram
que esse gênero é mais sensível quando comparado à Eisenia sp. Isso corrobora com o presente
estudo, observamos que espécie a P. excavatus foi mais sensível do que a E. andrei (Tabela
13). Silva et al. (2010) em estudo sobre a toxicidade crônica de xenobióticos, afirmaram que a
125
minhoca P. excavatus é mais sensível que as espécies E. andrei e E. fetida, recomendando o
uso da espécie P. excavatus para condições tropicais.
Essa diferença de sensibilidade entre as espécies testadas, ressalta a importância de
inserir outras espécies em estudos de análise de risco ambiental e levanta a discussão sobre as
espécies utilizadas em protocolo, pois estas nem sempre refletem as condições que teriam as
espécies nativas. Sabendo-se que, além das propriedades químicas e físicas, cada solo possui
particularidades distintas que proporcionam estruturas únicas, e que, consequentemente,
proporcionam diferentes nichos às diferentes espécies. Faz-se necessário utilizar espécies que
reflitam as condições locais para avaliações que envolvam a determinação de valores de
contaminação em solos com condições ecológicas exclusivas.
4.3.2.2 Toxicidade aguda (letalidade) e toxicidade crônica (reprodução) de enquitreídeos
Para os indivíduos da espécie E. crypticus, as concentrações de Cu, também resultaram
em efeitos negativos sobre a sobrevivência desses organismos para os três solos abordados
nessa pesquisa. Não foi observada letalidade significativa no Nitossolo para esses até a
concentração de 150 mg kg -1 de Cu, sendo que, a taxa de sobrevivência obtida nessas doses foi
≥ 95% (Figura 15a). Foi observado efeito significativo na sobrevivência de E. crypticus a partir
da concentração de 300 mg kg -1 de Cu, com valor de CL50 estimado de 544,52 mg kg -1 (Tabela
14).
Para o SAT, a taxa de sobrevivência de E. crypticus, sem aplicação de Cu (0 mg kg-1)
foi de 100% (Figura 15c). Nos solos com aplicação de 10, 50, 75 e 150 mg kg -1 de Cu não foi
observado letalidade significativa desses organismos e a taxa de sobrevivência obtida nessas
doses foi ≥ 90% (Figura 19c). A mortalidade significativa dos organismos do solo foi observada
nas concentrações mais elevadas de Cu, com efeito significativo na sobrevivência de E.
crypticus a partir da concentração de 300 mg kg -1 e valor de de CL50 estimado em 512,39 mg
kg -1 (Tabela 14).
Os resultados obtidos para o Cambissolo evidenciaram efeitos mais expressivos na
letalidade, onde a taxa de sobrevivência de E. crypticus obtida sem aplicação (0 mg kg -1) e na
dose de 10 mg kg -1 de Cu foi de 100% (Figura 15b). Foi observado efeito significativo na
sobrevivência de E. crypticus a partir da concentração de 50 mg kg -1. O valor de CL50 estimado
para o Cambissolo, foi de 319,11 mg kg -1, esses valores refletem maior toxicidade do Cu para
esses organimos, comparativamente ao SAT e ao Nitossolo, onde as concentrações letais foram
menores (Tabela 14).
126
Figura 15 - Média de indivíduos vivos de E. crypticus em Nitossolo Vermelho (a), Cambissolo
Húmico (b) e Solo Artificial Tropical (SAT) (c) contaminado com doses de Cu. M
édia
de
indiv
ídu
os
viv
os
de
E. cr
ypti
cus
Doses Cu (mg kg -1)
* Diferença estatística significativa (p ≤ 0,05) pelo teste de Dunnett. (┬) Desvio padrão. Fonte: Elaborado pela autora, 2019.
*
*
*
0
2
4
6
8
10
12
Ctrl Nito 10 50 75 150 300 500 750 1000
*
* * *
**
*
*0
2
4
6
8
10
12
CtrlCam
10 50 75 150 300 500 750 1000
0
2
4
6
8
10
12
CtrlSAT
10 50 75 150 300 500 750 1000
*
**
*
a)
b)
c)
127
Tabela 14 - Concentração letal (CL50) calculada para o teste de letalidade com E. crypticus em
Nitossolo Vermelho, Cambissolo Húmico e Solo Artificial Tropical (SAT),
contaminados com doses de Cu. Solo CL50 (mg kg -1)
Nitossolo 544,52
Cambissolo 319,11
SAT 512,39
*Intervalo de confiança não calculado.
Fonte: Elaborado pela autora, 2019.
Até a presente data são poucas as publicações envolvendo o efeito de Cu sobre a
sobrevivência e a reprodução de enquitreídeos da espécie E. crypticus para solos tropicais.
Entretanto, Maraldo et. al. (2009), ao avaliarem a sobrevivência de E. crypticus em solos
contaminados com rejeitos de minas, encontraram redução na sobrevivência desse organismo a
partir da concentração de 600 mg kg-1 de Cu. Amorim e Scott-Fordsmand (2012), ao estudarem
o efeito de solos contaminados com CuCl2 sobre a sobrevivência de organismos do solo,
verificaram que a taxa de sobrevivência de E. albidus foi afetada a partir da concentração de
241 mg kg-1 de Cu, encontrando valores de CL50 de 475 mg kg-1 para esse organismo. Amorim
et al. (2008) realizaram ensaios de fuga com enquitreídeos da espécie E. albidus, com diferentes
contaminantes, e observaram o evitamento desses organismos a partir da concentração de 133
mg kg-1 Cu.
A reprodução de enquitreídeos da espécie E. crypticus foi afetada (p≤0,05) pela
aplicação de Cu em todos os testes realizados tanto para o Nitossolo quanto para o Cambissolo
e para o SAT (Figura 16).
À exemplo do ocorrido para as minhocas, os efeitos mais expressivos para os
enquitreídeos também foram observados no Cambissolo. Onde, para este solo, a redução no
número de juvenis para a espécie E. crypticus, ocorreu a partir da concentração de 50 mg kg -1
de Cu (Figura 16b) e os valores de CE50 eestimados foram de 142,25 mg kg-1 (Tabela 15). Para
o SAT, a redução no número de juvenis ocorreu a partir da dose de 25 mg kg -1(Figura 16c) e a
CE50 foi de 171,71 mg kg-1 de Cu (Tabela 15). Enquanto para o Nitossolo, essa redução
aconteceu apenas a partir da dose de 150 mg kg -1 (Figura 16a) com valores de CE50 eestimados
em 366,61 mg kg-1 (Tabela 15).
128
Figura 16 – Número de indivíduos juvenis de E. crypticus e E. bigeminus em Nitossolo Vermelho (Nito) (a, d), Cambissolo Húmico (Cam) (b, e)
e Solo artificial tropical (SAT) (c, f), contaminados com doses de Cu. N
úm
ero d
e in
div
íduo
s ju
ven
is d
e E
. cr
ypti
cus
Núm
ero d
e in
div
íduo
s ju
ven
is d
e E
. big
emin
us
Doses Cu (mg kg -1 solo seco) * Diferença estatística significativa (p ≤ 0,05) pelo teste de Dunnett. (┬) Desvio padrão. Fonte: Elaborado pela autora, 2019.
0
200
400
600
800
1000
Ctrl Nito 75 150 300 450 600 750 1000
*
*
*
* **
*
a)
0
200
400
600
800
Ctrl Nito 75 150 300 450 600 750 1000
*
**
* *
*
*
d)
0
200
400
600
800
1000
Ctrl Cam 25 50 75 150 250 500 750
**
*
**
*
b)
0
200
400
600
800
Ctrl Cam 25 50 75 150 250 500 750
** *
**
*
e)
0
200
400
600
800
1000
Ctrl SAT 25 50 75 150 250 500 750
*
*
*
*
*
*
*
c)
0
200
400
600
800
Ctrl SAT 25 50 75 150 250 500 750
*
**
f)
128
129
Tabela 15 – Concentração efetiva (CE50) e intervalo de confiança, Modelo estatístico e R² (%
do ajuste dos dados na curva) para os testes de reprodução de enquitreídeos em
Nitossolo Vermelho (Nitossolo), Cambissolo Húmico (Cambissolo) e Solo Artificial
Tropical - SAT com aplicação de doses de Cu.
CE50
(mg kg-1) Modelo Estatístico
R²
(%)
Nitossolo
E. crypticus 366,61 (328,56 - 404,67) Hormesis 99
E. bigeminus 444,71 (303,99 - 585,44) Gompertz 91
Cambissolo
E. crypticus 142,25 (109,50 - 175,00) Hormesis 96
E. bigeminus 126,77 (56,30 - 197,24) Logístico 97
SAT
E. crypticus 171,71 (124,79- 218,63) Gompertz 96
E. bigeminus 213,70 (181,36 - 246,03) Hormesis 96
Fonte: Elaborado pela autora, 2019.
Para a espécie E. bigeminus, os efeitos sobre a reprodução também foram mais
expressivos no Cambissolo, onde a redução no número de juvenis ocorreu a partir da
concentração de 50 mg kg -1 (Figura 16e) e a CE50 estimada foi de 126,77 mg kg-1 de Cu (Tabela
15). Para o SAT, essa redução ocorreu a partir da dose de 250 mg kg -1 (Figura 16f) e os valores
de CE50 estimados foram de 213,70 mg kg-1 de Cu (Tabela 15). Para o Nitossolo, a redução no
número de juvenis ocorreu a partir da dose de 75 mg kg -1 (Figura 16d) com valores de CE50 de
444,71 mg kg-1 de Cu. As diferenças observadas na toxicidade entre as espécies podem ser
reflexo da preferência de habitat pelos organismos, que por vezes, se desenvolvem em solos
com características distintas. Segundo Bandow, Coors, e Rombke, (2013), ao testarem a
viabilidade de utilizar o enquitreídeo fragmentador E. bigeminus em testes ecotoxicológicos,
concluíram ser uma espécie com alta tolerância à fatores abióticos, uma vez que esta é adaptada
às condições ambientais de clima mais quente.
As concentrações estimadas para este trabalho, são próximas das encontradas por outros
autores. Konecny et al. (2014), ao estudarem solos de mineração contaminados com Cu,
encontraram valores de CE50 para E. crypticus de 351 mg kg-1 de Cu. Lock e Janssen (2002) ao
avaliarem a reprodução de E. albidus expostos a solos contaminados por Cu, encontraram
valores de CE50 de 305 mg kg-1. Já Maraldo et. al. (2009), ao avaliarem a a capacidade
reprodutiva de E. crypticus em solos contaminados com rejeitos de minas, encontraram redução
na reprodução desse organismo a partir da concentração de 300 mg kg-1 de Cu.
130
Dessa forma, é possível identificar diferentes efeitos na toxicidade do Cu para os
organismos testados nos solos avaliados, onde a magnitude desses efeitos sobre a sobrevivência
e a reprodução, foi mais pronunciada no Cambissolo, seguido do SAT e do Nitossolo. Conforme
comentado anteriormente, os efeitos negativos sobre esses parâmetros biológicos têm relação
direta com os atributos dos solos e a diferentes capacidades de adsorção de Cu dos mesmos,
tornando-o mais ou menos disponível, e afetaram, sobre maneira, a sobrevivência e a
reprodução dos enquitreídeos. Segundo Kuperman et al. (2006), ao avaliarem a adaptação de
diferentes espécies de enquitreídeos em solos naturais, observaram que a sobrevivência de
adultos e a produção de juvenis de E. albidus e E. luxuriosus foram inibidas em pH menor do
que 5, já E. crypticus suportou faixas de pH entre 4,4 e 8,2, contudo, segundo os autores, tem
preferências por solos menos ácidos. Isso justifica os resultados encontrados nesses trabalho,
onde a menor taxa de sobrevivência e reprodução foi encontrada no Cambissolo, justamente o
solo com o menor pH.
4.3.3 Testes de toxicidade - Zn
4.3.3.1 Toxicidade aguda (letalidade) e toxicidade crônica (reprodução) de minhocas
A taxa de sobrevivência de E. andrei obtida no Nitossolo para as doses de 0, 10, 75,
150, 300 e 500 mg kg -1 de Zn foi de 100% (Figura 17a). Foi observado efeito significativo na
sobrevivência de E. andrei a partir da concentração de 750 mg kg -1 de Zn.
Os resultados obtidos para o Cambissolo evidenciaram efeitos mais expressivos na
letalidade, onde a taxa de sobrevivência de E. andrei obtida sem aplicação de Zn (0 mg kg -1)
foi de 100%. Nos solos com aplicação de 10, 75, 150 e 300 mg kg -1 de Zn não foi observado
letalidade significativa dos organismos. A taxa de sobrevivência obtida nessas doses foi ≥ 95%
(Figura 17b). Foi observado efeito significativo na sobrevivência de E. andrei a partir da
concentração de 500 mg kg -1 de Zn.
131
Figura 17 - Média de indivíduos vivos de E. andrei em Nitossolo Vermelho (a), Cambissolo
Húmico (b) e Solo Artificial Tropical (SAT) (c) contaminado com doses de Zn.
Méd
ia d
e in
div
ídu
os
viv
os
de
E. andre
i
Doses Zn (mg kg -1)
* Diferença estatística significativa (p ≤ 0,05) pelo teste de Dunnett. (┬) Desvio padrão.
Fonte: Elaborado pela autora, 2019.
Vários estudos corroboram os resultados encontrados nesse estudo. Conder, Lanno e
Basta (2001) determinaram alterações no tempo de sobrevivência para E. fetida em solo
contaminado com Zn em 127 mg kg-1 de solo. Dominguez-Crespo et al. (2012), ao avaliarem a
toxicidade de resíduos contaminados por Zn sobre a de sobrevivência de E. fétida, encontraram
letalidade de 100% dos indivíduos para concentrações de 84,12 mg kg-1 de Zn.
Para o SAT, a taxa de sobrevivência de E. andrei, para as doses de 0, 10, 75, 150 e 300
mg kg -1 de Zn foi de 100% (Figura 17c). A mortalidade significativa dos organismos do solo
0
2
4
6
8
10
12
Ctrl Nito 10 50 75 150 300 500 750 1000
**
0
2
4
6
8
10
12
Ctrl Cam 10 50 75 150 300 500 750 1000
*
*
*
0
2
4
6
8
10
12
Ctrl SAT 10 50 75 150 300 500 750 1000
**
*
a)
b)
c)
132
foi observada nas concentrações mais elevadas de Zn, com efeito significativo na sobrevivência
de E. andrei a partir da concentração de 500 mg kg -1.
Os resultados obtidos na CL50 (Tabela 16), evidenciaram efeitos mais expressivos na
sobrevivência para o Cambissolo, quando comparado aos outros solos avaliados, uma vez que
o valor de CL50 estimado para esse solo foi 621,09 mg kg -1 de Zn, enquanto para o SAT esse
valor foi de 741,14 mg kg -1 e para o Nitossolo, de 1.399,35 mg kg -1 de Zn.
Tabela 16 - Concentração letal (CL50) calculada para o teste de letalidade com E. andrei em
Nitossolo Vermelho Cambissolo Húmico e Solo Artificial Tropical (SAT),
contaminados com doses de Zn Solo CL50 (mg kg -1)
Nitossolo 1399,35
Cambissolo 621,09
SAT 741,14
* Diferença estatística significativa (p ≤ 0,05) pelo teste de Dunnett. (┬) Desvio padrão.
Fonte: Elaborado pela autora, 2019.
Os resultados encontrados para os ensaios crônicos foram ainda mais sensíveis que os
ensaios de toxicidade aguda, e sugerem que o aumento da concentração de Zn reduz a
reprodução das minhocas em todos os solos avaliados. Segundo Zaltauskaite e Sodiene (2010),
os ensaios de reprodução de minhocas, uma vez que, permitem avaliar os efeitos de
concentrações subletais, é considerado um parâmetro mais sensível do que o teste de toxicidade
aguda. Adicionalmente, esses parâmetros influenciam na dinâmica populacional dos
organismos edáficos ao logo do tempo, e são considerados o de maior importância para a
previsão dos impactos sobre os ecossistemas do solo (MAGALHÃES & FERRÃO-FILHO,
2008).
Os ensaios de reprodução da espécie E. andrei, revelam que a reprodução foi afetada
(p≤0,05) pela aplicação de Zn em todos os testes realizados tanto para o Nitossolo, como para
o Cambissolo e para o SAT (Figura 18). Sendo os efeitos mais expressivos observados no
Cambissolo, onde a redução no número de juvenis ocorreu a partir da concentração de 50 mg
kg -1 de Zn (Figura 18b), o que pode ser confirmado pelos menores valores de CE50 encontrados
para esse solo que foram de 256,73 mg kg-1 de Zn (Tabela 17). No SAT, onde a redução no
número de juvenis ocorreu a partir da dose de 100 mg kg -1(Figura 18c) com valores de CE50
estimados em 224,09 mg kg-1 de Zn. Enquanto para o Nitossolo, essa redução aconteceu apenas
a partir da dose de 300 mg kg -1 de Zn (Figura 18a) evidenciando a menor toxicidade de E.
133
andrei dentre os solos avaliados, o que pode ser confirmado pelos maiores valores de CE50 para
esse solo que foi de 402,34 mg kg-1 de Zn (Tabela 17).
Tabela 17 – Concentração efetiva (CE50) e intervalo de confiança, Modelo estatístico e R² (%
do ajuste dos dados na curva) para os testes de reprodução de minhocas testados em
Nitossolo Vermelho (Nitossolo), Cambissolo Húmico (Cambissolo) e Solo Tropical
Artificial - SAT com aplicação de doses de Zn.
CE50
(mg kg-1) Modelo Estatístico
R²
(%)
Nitossolo
E. andrei 402,34 (299,50 - 505,18) Gompertz 96
P. excavatus 427,94 (385,50 - 470,38) Hormesis 98
Cambissolo
E. andrei 256,73 (208,78 - 304,70) Gompertz 97
P. excavatus 248,70 (158,18 - 339,22) Logístico 91
SAT
E. andrei 224,09 (194,1 - 254,08) Gompertz 99
P. excavatus 364,96 (254,35 - 475,56) Gompertz 95
Fonte: Elaborado pela autora, 2019.
134
Figura 18 – Número de indivíduos juvenis de E. andrei e P. excavatus em Nitossolo Vermelho (Nito) (a, d), Cambissolo Húmico (Cam) (b, e) e
Solo artificial tropical (SAT) (c, f), contaminados com doses de Zn. N
úm
ero d
e in
div
íduo
s ju
ven
is d
e E
. an
dre
i
Núm
ero d
e in
div
íduo
s ju
ven
is d
e P
. ex
cava
tus
Doses Zn (mg kg -1 solo seco) * Diferença estatística significativa (p ≤ 0,05) pelo teste de Dunnett. (┬) Desvio padrão. Fonte: Elaborado pela autora, 2019.
0
20
40
60
80
100
120
Ctrl Nito 100 200 300 600 1200 1600 2000
*
*
** *
a)
0
20
40
60
80
100
120
Ctrl Nito 100 200 300 600 1200 1600 2000
*
** * *
d)
0
20
40
60
80
100
120
Ctrl Cam 50 100 200 300 500 700 1000
*
*
*
*
* *
*
b)
0
20
40
60
80
100
120
Ctrl Cam 50 100 200 300 500 700 1000
* **
** *
*
e)
0
20
40
60
80
100
120
Ctrl SAT 100 200 300 600 1200 1600 2000
*
*
*
* * *
*
c)
0
20
40
60
80
100
120
Ctrl SAT 100 200 300 600 1200 1600 2000
**
* * *
*
f)
134
135
Para as minhocas da espécie P. excavatus, os efeitos da aplicação de Zn afetaram a
reprodução desses organismos à medida em que a concentração de Zn foi aumentada, para os
solos avaliados (Figura 18). Os efeitos mais expressivos foram observados no Cambissolo, onde
a redução no número de juvenis ocorreu a partir da concentração de 50 mg kg -1 (Figura 18e)
com valores de CE50 estimados em 248,70 mg kg- de Zn (Tabela 17). Para o SAT, a redução no
número de juvenis ocorreu a partir da dose de 200 mg kg -1(Figura 18f) com valores de CE50 de
364,96 mg kg-1 de Zn (Tabela 17) e para o Nitossolo o efeito só foi observado à partir da
concentração de 300 mg kg -1de Zn (Figura 18d), os valores de CE50 estimados para o Nitossolo
foram de 427,94 mg kg-1 de Zn.
Os efeitos do Zn sobre a reprodução de minhocas também foram observados por Van
Gestel et al. (1993), estudando efeitos sobre reprodução de E. andrei em solo artificial, onde
encontraram uma CE50 de 512 mg Zn kg-1. César et al. (2008), avaliando a subletalidade de E.
andrei em solos contaminados em área de mineração, verificaram que o Zn foi o metal com
maior capacidade de transposição para os organismos. Dominguez-Crespo et al. (2012), em
estudo sobre reprodução em solos com aplicação de dejetos de bovinos, constataram que o
aumento das concentrações de Zn ocasionou a redução do número de casulos de E. fetida.
Os resultados observados nos testes de toxicidade aguda e crônica, demonstraram que,
no Cambissolo, há maior risco ambiental para as minhocas da espécie E. andrei e P. excavatus
para solos contaminados com Zn, quando comparados ao SAT e ao Nitossolo. A elevada taxa
de mortalidade e os efeitos sobre a reprodução observada no Cambissolo está associada,
provavelmente, às propriedades físicas, químicas e mineralógicas desse solo (Capítulo 1).
Segundo Kabata-pendias e Pendias (2011), o teor de argila e de MOS são os principais atributos
responsáveis pela adsorção de Zn no solo, sendo, o teor de argila ainda mais determinante na
adsorção de Zn do que a MOS (NASCIMENTO & FONTES, 2004). Essa capacidade de
adsorção influencia diretamente na disponibilidade de Zn para os organismos, e em solos
arenosos, como é o caso do Cambissolo (Tabela 3), essa disponibilidade tende a ser maior
(GRÄBER et al., 2005), principalmente em solos com baixos valores de pH (JÄNSCH et al.,
2005) e baixa CTC (LANNO et al., 2004). Isto pode ser pode ser comprovado pela menor
capacidade de adsorção de Zn observada nesse solo (Figura 12b) quando comparado ao ao
Nitossolo (Figura 12a), o que provavelmente, proporcionou maior disponibilidade desse
elemento no solo e consequentemente maior mortalidade e redução na reprodução desses
organismos.
136
4.3.3.2 Toxicidade aguda (letalidade) e toxicidade crônica (reprodução)de enquitreídeos
Os resultados observados para o E. crypticus também demonstraram efeitos negativos
da aplicação de Zn sobre a sobrevivência desse organismo para os três solos testados (Figura
19).
Figura 19 - Média de indivíduos vivos de E. crypticus em Nitossolo Vermelho (a), Cambissolo
Húmico (b) e Solo Artificial Tropical (SAT) (c), contaminados com doses de Zn.
Méd
ia d
e in
div
ídu
os
viv
os
de
E. cr
ypti
cus
Doses Zn (mg kg -1)
* Diferença estatística significativa (p ≤ 0,05) pelo teste de Dunnett. (┬) Desvio padrão.
Fonte: Elaborado pela autora, 2019.
0
2
4
6
8
10
12
Ctrl Nito 10 50 75 150 300 500 750 1000
*
*
0
2
4
6
8
10
12
Ctrl Cam 10 50 75 150 300 500 750 1000
*
*
*
*
0
2
4
6
8
10
12
Ctrl SAT 10 50 75 150 300 500 750 1000
a)
b)
c)
* *
*
137
A exemplo dos outros testes, no Nitossolo, foi observada a maior sobrevivência para E.
crypticus, onde até a dose de 500 mg kg -1 de Zn não foi observado letalidade significativa
desses organismos e a taxa de sobrevivência obtida nessas doses foi ≥ 95% (Figura 19a). A
mortalidade significativa dos organismos do solo foi observada apenas nas concentrações mais
elevadas de Zn a partir de 750 mg kg -1.
A Figura (Figura 19c) mostra reduções na sobrevivência de E. crypticus no SAT a partir
da concentração de 500 mg kg -1 de Zn. No Cambissolo (Figura 19b), os efeitos do Zn sobre a
sobrevivência de E. crypticus foram ainda mais pronunciados, com mortalidade significativa a
partir da concentração de 300 mg kg -1.
Os valores de CL50 calculados para o Cambissolo foram de 228,08 mg kg -1 de Zn. Essa
concentração foi menor do que a encontrada no SAT (305,47 mg kg -1) e no Nitossolo (631,33
mg kg -1) (Tabela 18). Esses valores estão dentro do observado por Lock e Janssen (2001), que
ao avaliarem a influência dos atributos do solo sobre a sobrevivência E. albidus em solo
artificial OECD, encontraram valores de CL50 com variações de 83 a 1140 mg kg-1 de Zn.
Tabela 18 - Concentração letal (CL50) calculada para o teste de letalidade com E. crypticus em
Nitossolo Vermelho, Cambissolo Húmico e Solo Artificial Tropical (SAT),
contaminados com doses de Zn. Solo CL50 (mg kg -1)
Nitossolo 631,33
Cambissolo 228,08
SAT 305,47
* Diferença estatística significativa (p ≤ 0,05) pelo teste de Dunnett. (┬) Desvio padrão.
Fonte: Elaborado pela autora, 2019.
Os ensaios sobre a reprodução de enquitreídeos seguiram a mesma tendência dos outros
organismos resultando em efeitos negativos sobre o número de juvenis para os três solos
testados. A reprodução de enquitreídeos da espécie E. crypticus foi afetada (p≤0,05) pela
aplicação de Zn em todos os testes realizados (Figura 20). Os efeitos mais expressivos foram
observados no Cambissolo e no SAT, onde a redução no número de juvenis ocorreu a partir da
concentração de 25 mg kg-1 de Zn para ambos os solos (Figura 20b) e (Figura 20c),
respectivamente. Para o Nitossolo, essa redução aconteceu a partir da dose de 150 mg kg -1 de
Zn (Figura 20a). Os valores de CE50 foram de 410,77 mg kg-1 de Zn para o Nitossolo, 224,70
mg kg-1 de Zn para o Cambissolo e de 230,18 mg kg-1 de Zn para o SAT (Tabela 19).
138
Figura 20 – Número de indivíduos juvenis de E. crypticus e E. bigeminus em Nitossolo Vermelho (Nito) (a, d), Cambissolo Húmico (Cam) (b, e)
e Solo artificial tropical (SAT) (c, f), contaminados com doses de Zn N
úm
ero d
e in
div
íduo
s ju
ven
is d
e E
. cr
ypti
cus
Núm
ero d
e in
div
íduo
s ju
ven
is d
e E
. big
emin
us
Doses Zn (mg kg -1 solo seco) * Diferença estatística significativa (p ≤ 0,05) pelo teste de Dunnett. (┬) Desvio padrão. Fonte: Elaborado pela autora, 2019.
0
200
400
600
800
1000
Ctrl Nito 75 150 300 450 600 750 1000
*
*
**
*
*a)
0
200
400
600
800
Ctrl Nito 75 150 300 450 600 750 1000
*
*
* * *
*
*
d)
0
200
400
600
800
1000
Ctrl Cam 25 50 75 150 250 500 750
*
* *
**
*
*
b)
0
200
400
600
800
Ctrl Cam 25 50 75 150 250 500 750
**
* *
*
e)
0
200
400
600
800
1000
Ctrl SAT 25 50 100 200 300 400 800
*
*
*
*
**
*
c)
138
139
Para os enquitreídeos da espécie E. bigeminus, observou-se redução no número de
juvenis a medida em que ocorreu o aumento da concentração de Zn, tanto para o Cambissolo
quanto para o Nitossolo (Figura 20). Os testes para esse organismo com o SAT não foram
realizados em função da mortalidade da coleção dessa espécie que se encontrava em BOD e
teve sua temperatura (acidentalmente) elevada à 40ºC. Outras tentativas de cultivo foram
realizadas com coleções de outras instituições, mas sem sucesso. Em última tentativa,
indivíduos dessa espécie estão sendo isolados no laboratório, para cultivo e posterior realização
dos testes.
À exemplo dos outros testes, os efeitos mais expressivos na redução no número de
juvenis da espécie E. bigeminus foram observados no Cambissolo, onde a redução foi observada
a partir da concentração de 50 mg kg -1 (Figura 20e). Para o Nitossolo, a redução no número de
juvenis ocorreu a partir da dose de 75 mg kg -1(Figura 20d). Os valores de CE50 estimados para
o Nitossolo foram de 443,7 mg kg-1 de Zn, enquanto para o Cambissolo esses valores foram de
152,41 mg kg-1 de Zn (Tabela 19).
Tabela 19 –Concentração efetiva (CE50) e intervalo de confiança, Modelo estatístico e R² (%
do ajuste dos dados na curva) para os testes de reprodução dos organismos testados
em Nitossolo Vermelho (Nitossolo), Cambissolo Húmico (Cambissolo) e Solo
Artificial Tropical - SAT com aplicação de doses de Zn.
CE50
(mg kg-1) Modelo Estatístico
R²
(%)
Nitossolo
E. crypticus 410,77 (373,25 - 448,29) Hormesis 99
E. bigeminus 443,70 (370,21 - 517,19) Gompertz 97
Cambissolo
E. crypticus 224,70 (158,40 - 291,00) Hormesis 89
E. bigeminus 152,41 (61,31 - 243,53) Hormesis 82
SAT
E. crypticus 230,18 (202,21 - 258,15) Gompertz 98
E. bigeminus - - -
- Teste não realizado.
Fonte: Elaborado pela autora, 2019.
Esses valores se assemelham aos resultados encontrados por Lock e Janssen (2002) em
estudo sobre a reprodução de E. albidus expostos a solos contaminados por Zn, onde
encontraram valores de CE50 de 267 mg kg -1 de Zn e em outro estudo conduzido por esses
140
mesmos autores, onde encontraram redução na reprodução de E. albidus expostos a solos
contaminados por diferentes sais de Zn, com valores de CE50 de 391 mg kg -1.
Diante dos resultados encontrados foi possível identificar diferentes efeitos para solos
contaminados por Zn na sobrevivência e reprodução de enquitreídeos entre os solos avaliados.
Os efeitos foram mais pronunciados no Cambissolo, comparativamente ao SAT e ao Nitossolo,
para ambos os organismos avaliados. Segundo Natal-da-luz et al. (2008), os efeitos sobre a
biota do solo, geralmente decorrem em função da biodisponibilidade de metais para esses
organismos, que estão associadas aos atributos químicos (Waalewijn-kool et al., 2013) e físicos
do solo (Cesar et al., 2008). Mas invariavelmente, os fatores fisiológicos e comportamentais
desses organismos influenciam de forma direta nesses parâmetros (LANNO et al., 2004) uma
vez da capacidade do organismo em se desenvolver sobre determinadas características do solo.
Segundo Amorin et al. (2005), cada solo possui diferentes níveis de toxicidade para os
enquitreídeos, onde os efeitos mais pronunciados são observados em solos com menor teor de
MOS e menor teor de argila (LOCK & JANSSEN, 2001). Uma vez que esses atributos têm
relação direta com a CTC do solo e com a disponibilidade de metais afetando, desta maneira, a
reprodução dos organismos do solo.
De maneira geral, com os resultados obtidos nesse trabalho, é possível afirmar que solos
contaminados com Cu causaram redução na reprodução de minhocas do solo nas doses acima
de 50 mg kg-1 para Cambissolo Húmico, 100 mg kg-1 para o solo artificial tropical e 100 mg kg-
1 para o Nitossolo Vermelho. Para os enquitreídeos a sensibilidade foi ainda maior e sua taxa
de reprodução foi significativamente reduzida do solo nas doses acima de 25 mg kg-1 para solo
artificial tropical, 25 mg kg-1 para o Cambissolo Humico distrófico e 75 mg kg-1 para o
Nitossolo Vermelho. Já os solos contaminados com Zn causaram redução na reprodução de
minhocas do solo nas doses acima de 50 mg kg-1 para Cambissolo Húmico, 100 mg kg-1 para o
solo artificial tropical e 300 mg kg-1 para o Nitossolo Vermelho. Para os enquitreídeos a
sensibilidade foi ainda maior e sua taxa de reprodução foi significativamente reduzida do solo
nas doses acima de 25 mg kg-1 para Cambissolo Humico distróficoe também para o solo
artificial tropical e 75 mg kg-1 para o Nitossolo Vermelho.
É importante destacar também que solos com diferentes mineralogias, classes texturais,
níveis de acidez e teores de óxidos apresentam diferentes níveis de toxicidade para os anelídeos
do solo quando este estiver contaminado por Cu e Zn. Nesse sentido, destaca-se a importância
dos testes realizados em solo natural quando do monitoramento de solos contaminados por Cu
e Zn, pois as características físicas e químicas dos solos ultilizados como padrão nem sempre
141
refletem a diversidade de propriedades dos solos naturais e podem ser substitutos inadequados
das condições de exposição da biota do solo no campo.
Adicionalmente, em função da diferença de sensibilidade entre as espécies testadas
ressalta a importância de inserir espécies de clima tropical e/ ou subtropical em estudos
ecotoxicológicos que envolvam solos com esse tipo de clima, uma vez que, além das
propriedades químicas, físicas e mineralógicas que cada solo possui, existem particularidades
distintas que proporcionam estruturas únicas e diferentes nichos às diferentes espécies. Desse
modo, a utilização de espécies que reflitam tais condições para avaliações que envolvam a
determinação de valores de contaminação em solos com condições ecológicas exclusivas,
parece mais plausível.
4.4 CONCLUSÃO
1. Solos contaminados com Cu e Zn reduziram a taxa de sobrevivência e a reprodução de
E. andrei, P. excavatus, E. crypticus e E. bigeminus, sendo a magnitude desse efeito
dependente do tipo de solo.
2. Os efeitos do Cu e Zn na sobrevivência e reprodução de enquitreídeos foram mais
expressivos quando comparado às minhocas mostrando maior sensibilidade dos
enquitreídeos aos elementos-traço testados.
3. No Cambissolo Húmico os valores de CL50 e CE50 foram menores que os valores
encontrados no Nitossolo Vermelho mostrando que os efeitos de solos contaminados
com Cu e Zn, na sobrevivência e na reprodução de anelídeos, dependem das
propriedades físicas, químicas e mineralógicas desses solos, sendo mais pronunciados
em solos com baixo teor de argila e baixo pH.
142
143
REFERÊNCIAS
ABNT NBR ISO 15537. Ecotoxicologia terrestre: ecotoxicidade aguda: método de ensaio
com minhocas. Rio de Janeiro, 2007. 11 p.
ABNT NBR ISO 16387. Qualidade do solo – Efeitos de poluentes em Enchytraeidae
(Enchytraeus sp.) – Determinação de efeitos sobre a reprodução e sobrevivência. Rio de
Janeiro: Associação Brasileira de Normas Técnicas, p. 35, 2012.
ALVES, P. R. L; DA SILVA, E. B. ; Cardoso, E. J. B. N. ; ALLEONI, L. R. F..
Ecotoxicological impact of arsenic on earthworms and collembolans as affected by
attributes of a highly weathered tropical soil. Environmental Science and Pollution
Research, v. 25, p. 13217-13225, 2016.
ALVES, P. R. L.; NATAL-DA-LUZ, T.; SOUSA, J. P.; CARDOSO, E. J. Ecotoxicological
characterization of sugarcane vinasses when applied to tropical soils. Science of the Total
Environment. v. 526, p. 222-232, 2015.
AMORIM, M. J.; NOVAIS, S.; RÖMBKE, J.; SOARES, A. M. Enchytraeus albidus
(Enchytraeidae): a test organism in a standardised avoidance test? Effects of different
chemical substances. Environment International. v. 34, n. 3, p. 363-371, 2008.
AMORIM, M.J.B.; PEREIRA, C.; MENEZES-OLIVEIRA, V.B.; CAMPOS B.; SOARES
A.M.V.M.; LOUREIRO, S. Assessing single and joint effects of chemicals on the survival
and reproduction of Folsomia candida (Collembola) in soil. Environmental pollution,
160:145-52, 2012.
AMORIM, M.J.B., SCOTT-FORDSMAND, J.J. Toxicity of copper nanoparticles and CuCl2
salt to Enchytraeus albidus worms: survival, reproduction and avoidance responses. Environ.
Pollut. 164, 164–168. 2012.
AMORIM, M. J. B.; RÖMBKE, J.; SCHALLNASS, H.; SOARES, A. M. V. M. Effect of soil
properties and aging on the toxicity of copper for Enchytraeus albidus, Enchytraeus
luxuriosus and Folsomia candida. Environmental Toxicology and Chemistry. v. 24, p. 1875-
1885, 2005.
ANDRÉA, M. M. de. 2010. O uso de minhocas como bioindicadores de contaminaçao de
solos. Acta. Zoológica Mexicana (n.s.), Número Especial 2: 95-107.
144
BANDOW, C.; COORS, A.; RÖMBKE, J. Enchytraeus bigeminus (Enchytraeidae,
Oligochaeta) as a new candidate for ecotoxicological laboratory tests. Soil Org. v. 85, p.
103-112, 2013.
BIRUNDHA, M.; JOHN PAUL J.A.; MARIAPPAN, P..Growth and reproduction of Perionyx
excavatus in different organic wastes. Int.J.Curr.Microbiol.App.Sci (2013) 2(2):28-35. 2013.
BROWN, G.G.; DOMÍNGUEZ, J. Uso das minhocas como bioindicadoras ambientais:
princípios e práticas – o 3° Encontro Latino Americano de Ecologia e Taxonomia de
Oligoquetas (ELAETAO3). Acta Zoológica Mexicana, v. 26, p. 1-18, (Série Especial), 2010.
BRUEMMER, G.W.; GERTH. J.; TILLER, G. Reaction kinetics of he adsorption and
desorption of nickel, zinc and cadmium by goethite. I. Adsorption and diffusion of metals.
Journal of Soil Science, London, n. 39, p. 37-52, 1988.
CONDER, J. M.; LANNO, R. P.; BASTA, N. T. Assessment of metal availability in smelter
soil using earthworms and chemical extractions. Journal of Environmental Quality,
Madison, v. 30, n. 4, p. 1231-1237, July 2001.
COSTA C.R.; OLIVI P.; BOTTA C.M.R.; ESPINDOLA E.L.G. A toxicidade em ambientes
aquáticos: discussão e métodos de avaliação. Química Nova, v. 31, p.1820-1830, 2008.
CESAR, R.G.; EGLER, S.G.; POLIVANOV, H.; CASTILHOS, Z.C; RODRIGUES, A.P.C.;
ARAUJO, P.C. Biodisponibilidade de metilmercúrio, zinco e cobre em distintas frações
granulométricas de solo contaminado utilizando oligoquetas da espécie Eisenia andrei.
Anuário do Instituto de Geociências, v 31, p. 33-41, 2008.
CESAR, R. G; ALVARO, T.; SILVA, M., COLONESE J.; MOREIRA C.; POLIVANOV H.;
EGLER, S.; BIDONE E.; CASTILHOS Z. Biodisponibilidade de contaminantes em solos
brasileiros tratados com lodo de esgoto: uma abordagem ecotoxicológica utilizando
bioensaios com organismos aquáticos e edáficos. Revista Geochimica Brasiliensis, v. 24, p.
41-49, 2010.
CHELINHO, S.; DOMENE, X.; CAMPANA, P.; NATAL-DA-LUZ, T.; SCHEFFCZYK,
A.; RÖMBKE, J.; ANDRÉS, P.; SOUSA, J. P. Improving Ecological Risk Assessment in
the Mediterranean Area: selection of reference soils and evaluating the influence of soil
properties on avoidance and reproduction of two Oligochaeta species. Environmental
Toxicology and Chemistry. v. 30, p. 1050-1058, 2011.
DOMÍNGUEZ-CRESPO, M. A., SÁNCHEZ-HERNÁNDEZ, Z. E., TORRES-HUERTA, A.
M., NEGRETE-RODRÍGUEZ, M. D. L. L. X., CONDE-BARAJAS, E., & FLORES-VELA,
145
A. Effect of the heavy metals Cu, Ni, Cd and Zn on the growth and reproduction of epigeic
earthworms (E. fetida) during the vermistabilization of municipal sewage sludge. Water, Air,
and Soil Pollution, 223(2), 915–931. 2012
DOMÍNGUEZ, J., VELANDO, A., FERREIRO, A. Are Eisenia fetida (Savigny, 1826) and
Eisenia andrei Bouché (1972) (Oligochaeta, Lumbricidae) different biological species?
Pedobiologia 49 (1), 81–87. 2005.
DORAN, J.W.; PARKING, T.B. Defining and assessing soil quality. In: DORAN, J. W.;
COLEMAN, D. C.; BEZDOCEK, D. F.; STEWART, B. A. (eds). Defining soil quality for a
sustainable environment. Soil Science Society of America, Madison, p.3-22,1994.
FERREIRA, Talita. Biomarcadores enzimáticos e ecotoxicidade por cobre em Eisenia andrei
(Bouché 1972). Dissertação (mestrado) – Universidade Federal de Santa Maria - Santa
Maria, RS 2015
GARCÍA-GÓMEZ, C., ESTEBAN, E., SÁNCHEZ-PARDO, B., & FERNÁNDEZ, M. D.
Assessing the ecotoxicological effects of long-term contaminated mine soils on plants and
earthworms: Relevance of soil (total and available) and body concentrations. Ecotoxicology,
23(7), 1195–1209, 2014.
GATES, G.E., 1972. Burmese earthworms. An introduction to the systematics and biology of
megadrile oligochaetes with special reference to Southeast Asia. Trans. Am. Philos. Soc. 62:
1-326.
GRÄBER, I.; HANSEN, J. F.; OLESEN, S. E.; PETERSEN, J.; OSTERGAARD, H. S.;
KROGH, L. Accumulation of copper and zinc en Danish agricultural soils in intensive pig
production areas. Danish Journal of Geography, Copenhagen, n. 105, p. 15-22, 2005.
GOMES, S. I. L., SCOTT-FORDSMAND, J. J., & AMORIM, M. J. B. Profiling
transcriptomic response of Enchytraeus albidus to Cu and Ni: Comparison with Cd and Zn.
Environmental Pollution, 186, 75–82. 2014.
HOBBELEN, P. H. F., KOOLHAAS, J. E., & VAN GESTEL, C. A. M. Effects of heavy
metals on the litter consumption by the earthworm Lumbricus rubellus in field soils.
Pedobiologia, 50 (1), 51–60, 2006.
ISO – INTERNATIONAL ORGANIZATION FOR STANDARDIZATION – Soil
quality – Effects of pollutants on earthworms (Eisenia fetida): part 2, determination
of effects on reproduction. 11268 – 2. Geneva, 1998.
146
ISO – INTERNATIONAL ORGANIZATION FOR STANDARDIZATION – Soil
quality – Effects of pollutants on Enchytraeidae (Enchytraeus sp.) – Determination
of Effects on Reproduction and Survival. 16387. Geneva, 2004.
JÄNSCH, S.; AMORIM, M.; RÖMBKE, J. Identification of the ecological requirements of
important terrestrial ecotoxicological test species. Environmental Reviews, v.13, p.51-83,
2005.
KABATA PENDIAS, A.; PENDIAS, H. Trace elements in soil and plants. New York: CRC
Press, v. 4, 534 p. 2011.
KONECNY, L., ETTLER, V., KRISTIANSEN, S.M., AMORIM, M.J.B., KŘÍBEK, B.,
MIHALJEVIČ, M., ŠEBEK, O., NYAMBE, I. & SCOTT‐FORDSMAN, J.J. Response
of Enchytraeus crypticus worms to high metal levels in tropical soils polluted by copper
smelting. Journal of Geochemical Exploration, 144, 427–432. 2014.
KUPERMAN, R. G.; AMORIM, M. J. B.; RÖMBKE, J.; LANNO, R.; CHECKAI, R. T.;
DODARD, S. G.; SUNAHARA, G. I.; SCHEFFCZYK, A. Adaptation of the enchytraeid
toxicity test for use with natural soil types. European Journal of Soil Biology. v. 42, p.
S234-S243, 2006.
KUPERMAN, R.G., CHECKAI, R.T., GARCIA, M.V.B., RÖMBKE, J., STEPHENSON,
G.L., SOUSA, J.PState of the science and the way forward for the ecotoxicological assessment
of contaminated land. Pesq. Agrop. Brasileira 44 (8), 811–824, 2009.
KUPERMAN, R.G.; CHECKAI, R.T.; SIMINI, M.; PHILLIPS, C.T. Manganese toxicity in
soil for Eisenia fetida, Enchytraeus crypticus (Oligochaeta), and Folsomia candida
(Collembola). Ecotoxicology and Environmental Safety, v.57, p.48-53, 2004.
LANGDON, C.J., HODSON, M.E., ARNOLD, R.E., BLACK, S., Survival, Pb-uptake and
behaviour of three species of earthworm in Pb treated soils determined using an OECD-style
toxicity test and a soil avoidance test. Environmental Pollution, 138, 368-375, 2005.
LANGDON, C. J., T. G. PIEARCE, S. BLACK ; K. T. SEMPLEResistance to arsenic-
toxicity in a population of the earthworm Lumbricus rubellus. Soil Biology and
Biochemistry. 31: 1963-1967. 1999.
LANNO, R., WELLS, J., CONDER, J., BRADHAM, K., BASTA, N. The bioavailability of
chemicals in soil for earthworms. Ecotoxicology and Environmental Safety, Paris, v. 57, p.
39-47, 2004.
147
LIU, X. CHENGXIAO, H. ZHANG, S. Effects on earthworm activity on fertility and heavy
metals bioavaibility in sewage sludge. Enviroment International, Amsterdam, v 31, p 874-
879, 2005
LOCK, K.; JANSSEN, C. R. Effect of clay and organic matter type on the ecotoxicity of zinc
and cadmium to the potworm Enchytraeus crypticus. Chemosphere, Amsterdam, v. 44, p.
1669-1672, 2001.
LOCK, K. JANSSEN, C.R. Mixture toxicity of zinc, cadmiun, copper and lead to the
potworm Enchytraus albidus. Ecotoxicol Environ. 52, 1-7, 2002.
LUKKARI, T. AATSINKI, M. VAISANEN, A. HAIMI, J.toxicity of copper and zinc
assessed with three Different earthworm tests. Applied soil ecology, 30, 133–146. 2005.
MA, W.; BODT, J. Differences in toxicity of the insecticide chlorpyrifos to six species of
earthworms (Oligochaeta, Lumbricidae) in standardized soil tests. Bulletin of
Environmental Contamination andToxicology. v. 50, n. 6, p. 864-870, 1993.
MAGALHÃES, D.P. & FERRÃO FILHO, A.S. A ecotoxicologia como ferramenta no
biomonitoramento de ecossistemas aquáticos. Oecologia Brasiliensis, v. 12, p.355-381, 2008.
MARALDO K, CHRISTENSEN B, STRANDBERG B, HOLMSTRUP M. Effects of copper on
enchytraeids in the field under differing soil moisture regimes. Environ Toxicol Chem , 25(2): 604–
612. 2006.
McKENZIE, R.M. The adsorption of lead and other heavy metals on oxides of manganese
and iron. Australian Journal of Soil Research, Melbourne, v. 18, p. 61-73, 1980.
MENEZES-OLIVEIRA, V. B.; BIANCHI, M. O.; ESPÍNDOLA, E. L. G. Hazardous
assessment of the pesticides Kraft® 36 ec and Score® in a tropical natural soil using an
ecotoxicological test battery. Environmental Toxicology and Chemistry. 2017.
NAHMANI, J.; HODSON, M. E.; BLACK, S.; Effects of metals on life cycle parameters of
the earthworm Eisenia fetida exposed to fieldcontaminated, metal-polluted soils.
Environmental Pollution, v. 149, p. 44-58, 2007.
NASCIMENTO, C.W.A & FONTES, R.L.F. Correlações entre características de latossolos e
parâmetros de equações de adsorção de cobre e zinco. R. Bras. Ci. Solo, 28:965-971, 2004.
148
NATAL-DA-LUZ, T.M.F. Integrated evaluation ofthe ecotoxicological risk of using sewage
sludges in agriculture and in soil restoration. Departamento de Ciências da Vida. Faculdade de
Ciências e Tecnologia, Universidade de Coimbra, 2011.
NATAL-DA-LUZ, T. OJEDA, G. PRATAS, J. VAN GESTEL, C.A.M. SOUSA, J.P.
Toxicity to eisenia andrei and folsomia candida of a metal mixture applied to soil directly or
via an organic matrix. Ecotoxicology and Environmental Safety, 74, 1715–1720. 2011.
NATAL-DA-LUZ, T.; RÖMBKE, J.; SOUSA, J.P. Avoidance tests in site-specific risk
assessment - influence of soil properties on the avoidance response of Collembola and
earthworms. Environmental Toxicology and Chemistry, v.27, p.1112-1117, 2008.
NIEMEYER, J. C.; MOREIRA-SANTOS, M.; NOGUEIRA, M. A.; CARVALHO, G.
M.; RIBEIRO, R.; DA SILVA, E. M.; SOUSA, J. P. Environmental risk assessment of a
metal-contaminated area in the Tropics. Tier I: screening phase. Journal of Soils and
Sediments. v. 10, n. 8, p. 1557-1571, 2010.
NIVA, C. C.; RÖMBKE, J.; SCHMELZ, R.M.; BROWN, G. G. Enquitreídeos (Enchytraeidae,
Oligochaeta, Annelida). In Moreira, F. M. S., E. J. Huising & D. E. Bignell (eds), Manual de
biologia dos solos tropicais: amostragem e caracterização da biodiversidade. UFLA, Lavras,
Brazil: 351-365, 2010.
OECD – ORGANIZATION FOR ECONOMIC COOPERATION AND
DEVELOPMENT; FOOD AND AGRICULTURE ORGANIZATION OF THE UNITED
NATIONS. 2010. Agricultural Outlook 2010-2019. Disponível em: <http://www.agri-
outlook.org/dataoecd/ >. Acesso 11/2017.
SAKUMA, M. Probit analysis of preference data. Applied Entomology and Zoology,
Tokyo, v. 33, p. 339-347, Mar. 1998.
SEGAT J.C., ALVES P.R., BARETTA D. & CARDOSO E.J.B.N. Ecotoxicological
evaluation of swine manure disposal on tropical soils in Brazil. Ecotoxicology Environmental
Safety. 122: 91-97. 2015.
SISINNO, C. L. S.; BULUS, M. R. M.; RIZZO, A. C.; MOREIRA, J. C. Ensaio de
comportamento com minhocas (Eisenia foetida) para avaliação de áreas contaminadas:
resultados preliminares para contaminação por hidrocarbonetos. Revista Brasileira da
Sociedade de Ecotoxicologia. v. 2, p. 41-44, 2006.
SPURGEON, D. J.; HOPKIN, S. P.; JONES, D. T. Effects of cadmium, copper, lead and
zinc on growth, reproduction and survival of the earthworm Eisenia fetida (Savigny):
149
assessing the environmental impact of point-source metal contamination in terrestrial
ecosystems. Environmental Pollution, Londres, v. 84, p. 123–130, 1994.
SPURGEON, D.J., WEEKS, J.M., VAN GESTEL, C.A.M.V., A summary of eleven years
progress in earthworm ecotoxicology. Pedobiologia 47, 588–606,2003.
STATSOFT, Inc., STATISTICA (Data analysis software system). Version 7. Disponível
em: www.statsoft.com, 2004.
THOMAS JM, SKALSKI JR, CLINE JF, MCSHANE MC, SIMPSON JC, MILLER WE,
PETERSON SA, CALLAHAN CA, GREENE JC, 1986. Characterization of chemical waste
site contamination and determination of its extent using bioassays. Environmental Toxicology
and Chemistry5: 487 – 501.
VLAARDINGEN, P. L. A. van et al. ETX 2.0: a program to calculate hazardous
concentrations and fraction affected, based on normally distributed toxicity data: RIVM report
601501028/2004. Bilthoven: Rijks Instituutvoor Volksgezondheid en Milieu, 2004. Software.
VAN GESTEL, C. A. M, DIRWN-VAN BREEMEN, E. M., BAERSELMAN, R. EMANS,
H.J.B., JANSSEN, J.A.M., POSTUMA, R., VAN VLIET, P.J.M. Comparison of Sublethal
and Lethal Criteria for Nine Different Chemicals in Standardized Toxicity Tests Using the
Earthworm Eisenia Andrei. Ecotoxicology and Environmental safety 23, 206-220, 1992.
VAN GESTEL, C.A.M.; DIRVEN-VAN BREEMEN E. M.; BAERSELMAN R.
Accumulation and elimination of cadmium, chromium and zinc and effects on growth and
reproduction in Eisenia andrei (Oligochaeta, Annelida) Science of the Total Environment, v.
134, p. 585–597, 1993.
VAN GESTEL CAM, RADEMAKER MCJ, VAN STRAALEN NM. Capacity controlling
parameters and their impact on metal toxicity. In Salomons W, Stigliani WM, eds,
Biogeodynamics of Pollutants in Soils and Sediments. Springer-Verlag, New York, NY,
USA, pp 171–192. 1995.
VAN GESTEL, M., VAN DIS, W.A., DIRVEN-VAN BREEMEN, E.M., SPARENBURG,
P.M., BAERSELMAN, R., Influence of cadmium copper and pentachlorophe-nol on growth
and sexual development of Eisenia andrei (Oligochaeta, Annelida). Biol. Fertil. Soils 12, 117-
121. 1991.
VIJVER, M. G., J. P. M. VINK, C. J. H. MIERMANS & C. A. M. VAN GESTEL. Oral
sealing using glue: a new method to distinguish between intestinal and dermal uptake of
metals in earthworms. Soil Biology and Biochemistry. 35: 125-132. 2003.
150
WAALEWIJN-KOOL, P. L.; ORTIZ, M. D.; LOFTS, S.; VAN GESTEL, C. A. M. The
effect of pH on the toxicity of zinc oxide nanoparticles to Folsomia candida in amended field
soil. Environmental Toxicology and Chemistry, v. 32, p. 2349–2355, 2013.
ŽALTAUSKAITĖ, J. & SODIENĖ, I. Effects of total cadmium and lead concentrations in
soil on the growth, reproduction and survival of earthworm Eisenia fetida. Ekologija, v. 56, p.
10 – 16, 2010.
151
5 CAPÍTULO 3: EFEITOS ECOTOXICOLÓGICOS DO COBRE E DO ZINCO
SOBRE ARTRÓPODES DO SOLO
RESUMO
O objetivo deste trabalho foi conhecer o comportamento de artrópodes do solo quando expostos
a concentrações crescentes de Cu e Zn e determinar a concentração que limita a reprodução e a
sobrevivência dos organismos do solo em 50%. Foram realizados teste de sobrevivência e
reprodução com as espécies de colêmbolos em Folsomia candida e Proisotoma minuta
seguindo padrões metodológicos da ISO, para solos representativos de Santa Catarina. O
delineamento experimental foi inteiramente casualizado, com quatro repetições. Foram
realizados testes prévios de sobrevivência com o objetivo de avaliar a taxa de letalidade dos
colêmbolos quando expostos aos solos contaminados com concentrações crescentes de Cu e Zn
(0; 10; 50; 75, 150; 300, 500, 750 e 1000 mg kg-1). Baseado na resposta destes testes, novas
doses foram estabelecidas para o Nitossolo, Cambissolo e SAT e testadas para avaliar os efeitos
crônicos. Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância (ANOVA One-way) e as
médias comparadas pelo teste de Dunnett (p≤0,05). Os valores de CE50 (Concentração que
causa Efeito em 50% da população) foram determinados por análise de regressão não linear.
Os resultados mostraram toxicidade do Cu e Zn causando redução na sobrevivência e no
número de juvenis com o aumento da dose aplicada para ambos os solos. Para o Cu, o
Cambissolo apresentou os menores valores de CE50, 255,0 mg kg-1 para F. candida e 513,17
mg kg-1 para P. minuta; no SAT, os valores de CE50 foram de 338,4 mg kg-1 para F. candida e
578,7 mg kg-1 para P. minuta, enquanto no Nitossolo foram encontrados os maiores valores,
CE50, 456,2 mg kg-1 para F. candida e 636,0 mg kg-1 para P. minuta. Para o Zn, o Cambissolo
apresentou os menores valores de CE50, 256,2 mg kg-1 para F. candida e 324,0 mg kg-1 para P.
minuta; no SAT, os valores de CE50 foram de 390,2 mg kg-1 para F. candida e 503,6 mg kg-1
para P. minuta, enquanto no Nitossolo foram encontrados os maiores valores de CE50, 479,2
mg kg-1 para F. candida e 784,7 mg kg-1 para P. minuta, mostrando que as características do
solo têm influência na toxicidade dos contaminantes. Os efeitos sobre a sobrevivência e a
reprodução foram diferentes para cada espécie o que mostra a importância de utilizar diferentes
espécies como indicadoras de toxicidade.
Palavras-chave: Ecotoxicologia terrestre. Folsomia candida. Proisotoma minuta
152
153
ABSTRACT
The objective of this work was to know the behavior of soil arthropods when exposed to
increasing concentrations of Cu and Zn and to determine the concentration limiting the
reproduction and survival of soil organisms by 50%. Survival and reproduction tests were
performed in Folsomia candida and Proisotoma minuta following ISO methodological
standards for representative soils of Santa Catarina. The experimental design was completely
randomized, with four replications. In order to evaluate the colony-lethality rate when exposed
to soils contaminated with increasing concentrations of Cu and Zn (0, 10, 50, 75, 150, 300, 500,
750 and 1000 mg kg-1). Based on the response of these tests, new doses were established for
Nitosol, Cambisol and SAT, respectively and tested for chronic effects. Data were submitted to
analysis of variance (ANOVA One-way) and means were compared by the Dunnett test
(p≤0.05). The EC50 values (Concentration causing Effect in 50% of the population) were
determined by non-linear regression analysis. From the EC50 values the Species Sensitivity
Distribution Curves (SSD) were constructed. The results showed Cu and Zn toxicity causing
reduction in survival and number of juveniles with increasing dose applied to both soils. For
Cu, Cambisols presented the lowest values of EC50, 255.0 mg kg-1 for F. candida and 513.17
mg kg-1 for P. minuta, in the SAT EC50 values were 338.4 mg kg-1 for F. candida and 578.7
mg kg-1 for P. minuta, while in Nitosol the highest values of EC50, 456.2 mg kg-1 were found
for F. candida and 636.0 mg kg-1 for P. minute. For Zn, Cambisols presented the lowest values
of EC50, 256.2 mg kg-1 for F. candida and 324.0 mg kg-1 for P. minuta, in the SAT EC50 values
were 390.2 mg kg-1 for F. candida and 503.6 mg kg-1 for P. minuta, whereas in Nitosol the
highest values of EC50, 479.2 mg kg-1 were found for F. candida and 784.7 mg kg-1 for P.
minuta, showing that soil characteristics influence the toxicity of contaminants. The effects on
survival and reproduction were different for each organism, which shows the importance of
using different species as indicators of toxicity.
Keywords: Terrestrial ecotoxicology. Folsomia candida. Proisotoma Minuta
154
155
5.1 INTRODUÇÃO
O solo é um dos maiores sistemas ambientais e possui função tampão natural na retenção
de metais, desempenhando um importante papel no controle e transporte desses elementos para
outros compartimentos (KABATA-PENDIAS & PENDIAS, 2011).
A mobilidade do Cu e Zn nos compartimentos ambientais depende diretamente da
energia de ligação e número de sítios de adsorção em cada compartimento do solo
(ALLOWAY, 1995).
A aplicação de altas concentrações de elementos-traço no solo pode ser prejudicial à
fauna edáfica (VAN GESTEL, 1997) já que o solo tem uma capacidade limitada de suporte
(BASSO et al., 2012). Para estudar o comportamento desses elementos-traços no solo, análises
químicas são frequentemente utilizadas. Contudo, a avaliação do poder tóxico de um elemento
não deve ser realizada apenas pelo método químico, para tanto, os ensaios ecotoxicológicos
devem ser incluídos nesse tipo de análise. A utilização de testes de ecotoxicidade para a
determinação de solos contaminados é internacionalmente reconhecida como uma ferramenta
complementar à análise química (CROUA & MOIA, 2006).
Em função da grande importância dos organismos do solo em manter e sustentar os
serviços ecossistêmicos, o monitoramento atividades antrópicas potencialmente poluidoras do
ambiente, tais como a adição de elementos-traço no solo, também deve considerar os
parâmetros biológicos como um indicador (MATOS-MOREIRA et al., 2012). Dentre os
organismos edáficos com potencial para serem utilizados como bioindicadores em ensaios
ecotoxicológicos em solos contaminados por elementos-traço, destacam-se os colêmbolos,
devido à sua sensibilidade a alterações ambientais, facilidade de cultivo e manipulação e
sensibilidade à poluentes (GREENSLADE & VAUGHAN 2003).
Não obstante, alguns trabalhos relatam sobre as diferenças de sensibilidade entre
organismos do solo, confirmando que não devemos considerar as minhocas como único
indicador de toxicidade (NIEMEYER et al., 2012; DEL SIGNORE et al., 2016). Além disso,
os colêmbolos representam a mesofauna edáfica e são um grupo que executa funções-chave nos
ecossistemas (FOUNTAIN & HOPKIN, 2005), com um importante papel na mineralização da
matéria orgânica do solo e nos processos de decomposição pelo pastoreio de bactérias e fungos,
além da ciclagem de nutrientes (HOPKIN, 1997; PETERSEN, 2002).
Vários estudos têm relatado a toxicidade dos elementos-traço em colêmbolos do solo
(VAN GESTEL et al., 1997; VIJVER et al., 2001; NATAL-DA-LUZ et al., 2004; AMORIM
et al,m 2012; ALVES et al., 2016; BUCH et al., 2016). A sensibilidade desses artrópodes é
156
notadamente reconhecida, à exemplo de estudos realizados por Fiera (2009), os quais
verificaram menor biodiversidade de colêmbolos em área de maior contaminação, em um
levantamento da biodiversidade de colêmbolos em solos contaminados com Cu e Zn. Em um
levantamento sobre o desenvolvimento de colêmbolos em Argissolo Vermelho distrófico com
Cu e Zn, Antoniolli et al (2013), verificaram que esses metais têm efeito negativo sobre essa
população, diminuindo sua reprodução em todas concentrações testadas.
Sendo assim, os colêmbolos são considerados excelentes bioindicadores de alterações
ambientais (CASSAGNE et al., 2006) e muito utilizados em estudos ecotoxicológicos, pela
facilidade de manipulação e cultivo em condições em laboratório (FOUNTAIN & HOPKIN,
2005). Contudo, a utilização apenas de organismos-padrão, nem sempre reflete as condições do
meio e por vezes, essa abordagem na definição das concentrações máximas de substâncias
permitidas é falha, pois no intuito de proteger apenas a espécie testada, não considera as
particularidades dos demais membros da fauna edáfica (TEREKHOVA, 2011).
Adicionalmente, a falta de conhecimento sobre a biodiversidade das espécies de países tropicais
e subtropicais e de sua sensibilidade à contaminação ambiental, pode reduzir ou, até mesmo,
extinguir espécies (LEWINSOHN & PRADO, 2005). A ecotoxicidade do Cu e Zn ainda é
pouco conhecida para a fauna edáfica, especialmente sobre colêmbolos, em regiões tropicais e
sub tropicais.
Nesse sentido, o presente estudo foi conduzido para avaliar o efeito de doses de Cu e Zn
sobre a sobrevivência e a reprodução de colêmbolos das espécies F. candida e P. minuta em
Cambissolo Húmico e Nitossolo Vermelho do Estado de Santa Catarina.
5.2 MATERIAL E MÉTODOS
5.2.1 Critérios para seleção dos solos e amostragem
O experimento foi realizado em amostras dos mesmos solos descritos no Capítulo
anterior, ou seja, Cambissolo Húmico, Nitossolo Vermelho e Solo Artificial Tropical (SAT),
cuja descrição encontra-se no Item 3.2.1, p. 70.
157
5.2.2 Ensaios ecotoxicológicos
5.2.2.1 Contaminação dos solos com concentrações de Cu e Zn
Os solos foram contaminados com uma solução de Nitrato de Cobre, Cu(NO)3, e Nitrato
de Zinco, Zn(NO)3, conforme procedimento descrito no capítulo 3 (ítem 4.2.2.1, pág. 106)
5.2.2.2 Teste de toxicidade aguda – Letalidade
Foram realizados teste de toxicidade aguda (letalidade), seguindo a metodologia ISO
(ISO, 1999) em organismos terrestres da espécie F. candida. Os organismos foram expostos a
nove concentrações de Cu e Zn (0, 10, 50, 75, 150, 300, 500, 750 e 1000 mg kg-1 de peso seco).
As concentrações foram baseadas em dados de toxicidade de cobre e zinco descritos na
literatura, para os metais atuando isoladamente, segundo Sandifer et al. (1997) e Amorin et al.
(2005).
5.2.2.3 Testes de toxicidade crônica - Reprodução
Com base nos testes de toxicidade aguda foram estabelecidas as concentrações para os
testes de toxicidade crônica (reprodução) (Tabela 5). Os testes de toxicidade crônica
(reprodução) tiveram a escolha dos organismos-teste, a manutenção em laboratório e exigências
para sua utilização baseadas nas recomendações dos protocolos ISO (ISO, 1999) e ABNT
(ABNT NBR ISO 11267:2011). Para os ensaios foram utilizados organismos terrestres de duas
diferentes espécies cultivadas em laboratório: F. candida e P. minuta.
Tabela 20 – Concentrações nominais dos metais Cu e Zn em mg kg-1 de solo seco utilizadas
nos testes de toxicidade crônica com os colêmbolos em cada tipo de solo. Solos Cobre Zinco
Nitossolo 75, 150, 300, 450, 600, 750, 1000 75, 150, 300, 450, 600, 750, 1000
Cambissolo 75, 150, 300, 450, 600, 750, 1000 25, 50, 100, 200, 300, 400, 800
SAT 75, 150, 300, 450, 600, 750, 1000 75, 150, 300, 450, 600, 750, 1000
Fonte: Elaborado pela autora, 2019.
As matrizes de colêmbolos da espécie F. candida e P. minuta vieram de criações já
estabelecidas do Laboratório de Ecologia do Solo. Os colêmbolos foram cultivados em
recipientes plásticos (caixas) com capacidade de um litro, em meio de cultura composto de uma
158
mistura de carvão ativado, gesso e água destilada na proporção de 1:11:7. Adicionalmente,
foram alimentados três vezes por semana com 1 g de fermento biológico seco e umedecidos
com água destilada. Os adultos foram trocados de meio para estimular sua reprodução. Após
cinco a sete dias, os ovos depositados foram coletados e colocados em novo recipiente, sob
pequenos pedaços de gesso. Após a eclosão dos primeiros ovos, esperam-se mais dois dias para
retirar o restante dos ovos não eclodidos, de forma que o recipiente possua organismos com
diferença de idade entre um e dois dias. Estes organismos sincronizados foram utilizados para
os testes quando tinham dez a doze dias de idade. Os cultivos foram mantidos em incubadora
BOD com temperatura de 20 ± 2 °C e fotoperíodo de 12:12 (luz: escuro) conforme protocolo
ISO (ISO, 1999). Dois dias antes dos ensaios as caixas com os organismos sincronizados foram
levadas a sala climatizada em 25 ± 2 ºC para aclimatação de temperatura, onde foram mantidos
os testes.
Para os testes os organismos foram mantidos em recipientes (pote) com capacidade para
120 mL, preenchidos com 30 g de solo úmido contaminado ou controle. Foram conduzidas
cinco repetições, sendo quatro delas com dez organismos e uma como referência, sem
organismos para medição do pH e umidade no final dos testes. O alimento foi adicionado uma
vez por semana, consistindo em 2 mg de fermento biológico seco assim como corrigida a
umidade de cada pote. No final do período de 28 dias do teste, para os juvenis de F. candida,
cada unidade experimental de ensaio foi transferida para um recipiente maior, onde foi
adicionada água e algumas gotas de tinta de carimbo preta. Após leve agitação, para que os
organismos flutuassem na superfície da água, foram determinados o número de indivíduos
adultos e então foram fotografados, para posterior contagem dos indivíduos juvenis no
programa computacional ImageJ (IMAGEJ, 2004). Para os juvenis da espécie P. minuta, no
final do teste (28 dias), cada unidade experimental de ensaio foi inserida em funis de Berlese –
Tullgren, por um período de 24 horas para que os organismos fossem estimulados a migrarem
da parte superior da amostra para a parte inferior em função do gradiente de temperatura que
este método proporciona. Posteriormente as amostras foram transferidas para um recipiente de
maior diâmetro, onde foi adicionada água e algumas gotas de tinta de carimbo vermelha. Essa
adaptação foi necessária em função do tamanho menor e da cor do exoesqueleto da espécie P.
minuta (escura) ser diferente que F. candida (HOPKIN, 2007; MENDONÇA; QUEIROZ &
DA SILVEIRA, 2015), fazendo com que o método tradicional de coleta não fosse eficaz.
Posteriormente os organismos foram levemente agitados, para que os mesmos flutuassem na
superfície da água, e, então, foram determinados o número de indivíduos adultos, fotografados,
159
para posterior contagem dos indivíduos juvenis no programa computacional ImageJ (IMAGEJ,
2004).
5.2.3 Análise dos dados
Os resultados obtidos nos testes de ecotoxicidade com os artrópodes (sobrevivência e
reprodução) para as diferentes concentrações de Cu e de Zn testadas, foram submetidos ao teste
de normalidade de Shapiro-Wilk (p>0,05), homogeneidade de Bartlett (p>0,05), à análise de
variância (ANOVA One-way) e as médias comparadas pelo teste de Dunnett (p≤0,05).
Valores CL50 (concentração letal a 50% dos indivíduos) foram estimados utilizando o
Software PriProbit® 1.63 (SAKUMA, 1998) para os testes de toxicidade aguda.
Nos testes de toxicidade crônica, os dados obtidos em cada unidade experimental, nas
diferentes concentrações testadas, foram submetidos à uma análise de regressão não linear, de
modo a determinar a dose de contaminante correspondente a um efeito de 50% na população
de organismos (CE50). Os valores de CE50 foram determinados usando o modelo que melhor se
ajustou aos dados (logístico, hormesis, gompertz ou exponencial) determinados por meio do
software STATISTICA, versão 7.0 (STATSOFT, 2004).
5.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
5.3.1 Validação dos testes
Ambos os testes cumpriram os critérios de validação de acordo com as respectivas
normas da ISO 11267 (ISO, 1999) e ABNT NBR ISO 11267 (ABNT NBR ISO, 2011). No teste
toxicidade aguda a taxa de letalidade dos colêmbolos adultos da espécie F. candida não excedeu
20% do total de indivíduos nos controles (média de 93% de sobrevivência). Nos testes de
reprodução para as espécies F. candida e P. minuta a sobrevivência de adultos foi ≥ 80%, o
número de juvenis nos controles foi maior que 100 indivíduos por unidade experimental
(réplica) e o coeficiente de variação (CV) foi < 30%.
O teor de água dos tratamentos não foi significativamente diferente do grupo controle,
tanto no início quanto no final dos testes crônicos. A variação do pH entre o início e o final,
para todas as doses, foi igual ou inferior à 0,5 para os três solos e metais testados em relação
aos controles. Na tabela 21 encontram-se o número médio de juvenis nos controles ao fim dos
testes de ecotoxicidade terrestre crônicos realizados.
160
Tabela 21 – Número médio de juvenis (± desvio padrão) nos controles encontrados ao fim dos
testes crônicos de ecotoxicidade realizados com duas espécies de artrópodes do solo
usando um Nitossolo Vermelho (Nitossolo), Cambissolo Húmico (Cambissolo) e
Solo Artificial Tropical (SAT) para Cu e Zn.
Organismos Nitossolo
Indivíduos/DesvPad
Cambissolo
Indivíduos/DesvPad
SAT
Indivíduos/DesvPad
Cobre
F. candida 2.427± 195
260 ± 16
1.239 ± 163
164 ± 40
1.263 ± 79
P. minuta 138 ± 15
Zinco
F. candida 956 ± 20
314 ± 14
823 ± 52
204 ± 25
938 ± 32
P. minuta 322 ± 3
Fonte: Elaborado pela autora, 2019.
5.3.2 Testes de toxicidade - Cu
5.3.2.1 Toxicidade aguda (letalidade) e toxicidade crônica (reprodução)
Os resultados para os testes obtidos no Nitossolo evidenciaram efeito significativo na
taxa de sobrevivência de F. candida a partir da concentração de 500 mg kg -1 de Cu. (Figura
21a). Para o Cambissolo e SAT, esses efeitos foram observados a partir da concentração de 300
mg kg -1(Figura 21b) e (Figura 21c), respectivamente. Os resultados obtidos com a estimativa
da concentração letal (CL) para 50% dos organismos, evidenciaram efeitos mais expressivos
na sobrevivência de F. candida para o Cambissolo, onde a CL50 foi de 403,09 mg kg -1, quando
comparado ao Nitossolo (733,22 mg kg -1), (Tabela 22).
161
Figura 21 - Média de indivíduos vivos de F. candida em Nitossolo Vermelho (a), Cambissolo
Húmico (b) e Solo Artificial Tropical (SAT) (c) contaminado com doses de Cu.
Méd
ia d
e in
div
ídu
os
viv
os
de
F. ca
ndid
ai
Doses Cu (mg kg -1)
* Diferença estatística significativa (p ≤ 0,05) pelo teste de Dunnett. (┬) Desvio padrão.
Fonte: Elaborado pela autora, 2019.
Tabela 22 - Concentração letal (CL50) calculada para o teste de letalidade com F. candida em
Nitossolo Vermelho, Cambissolo Húmico e Solo Artificial Tropical (SAT)
contaminados com doses de Cu. Solo CL50 (mg kg -1)
Nitossolo 733,22
Cambissolo 403,09
SAT 413,97
*Intervalo de confiança não calculado.
Fonte: Elaborado pela autora, 2019.
0
2
4
6
8
10
12
Ctrl Nito 10 50 75 150 300 500 750 1000
**
*
0
2
4
6
8
10
12
Ctrl Cam 10 50 75 150 300 500 750 1000
**
**
0
2
4
6
8
10
12
Ctrl SAT 10 50 75 150 300 500 750 1000
*
**
*
a)
b)
c)
162
Os resultados sobre os ensaios crônicos para F. candida, foram ainda mais sensíveis que
os ensaios de toxicidade aguda, e sugerem que o aumento da concentração de Cu afeta
negativamente a reprodução dos colêmbolos. Os ensaios sub-letais são os de maior relevância,
pois permitem predizer impactos sobre os ecossistemas do solo através de parâmetros que
influenciam na dinâmica populacional dos organismos edáficos ao logo do tempo
(MAGALHÃES & FERRÃO-FILHO, 2008).
Os ensaios de reprodução de colêmbolos da espécie F. candida demonstraram que essa
espécie foi afetada (p≤0,05) pela aplicação de Cu em todos os testes realizados tanto para o
Nitossolo, como para o Cambissolo e para o SAT (Figura 22). Sendo os efeitos mais expressivos
observados no Cambissolo, onde a redução no número de juvenis ocorreu a partir da
concentração de 300 mg kg -1 (Figura 22b). No SAT, a redução no número de juvenis também
ocorreu a partir da dose de 300 mg kg -1 (Figura 22c). Enquanto para o Nitossolo, a redução no
número de juvenis aconteceu a partir da primeira concentração testada (75 mg kg -1) de Cu
(Figura 22a), onde o número mais expressivo dessa redução aconteceu nas doses mais altas de
Cu, o que pode ser confirmado pelo maior valor de CE50 encontrado para esse solo que foi de
456,22 mg kg-1 de Cu (Tabela 23). Os valores de CE50 encontrado para o SAT foi de 333,38
mg kg-1 de Cu para (Tabela 23), já para o Cambissolo, foi observado o menor valor entre os
solos testados, 255,03 mg kg-1 de Cu (Tabela 23).
Os efeitos do Cu sobre a reprodução de F. candida também foram observados por
Sandifer e Hopkin (1997) em solo artificial, onde encontraram valores de CE50 de 700 mg kg-1
para esse organismo. Bruss Perdensen et al. (2000) ao avaliarem a reprodução de F. candida
em solo artificial, encontraram uma CE50 de 657 mg kg-1. Já Amorin et al. (2005), ao avaliar a
reprodução de F. candida expostos em solos naturais contaminados por Cu, encontraram
valores de CE50 de 262 mg kg-1. Xu et al. (2009), estudando efeitos subletais sobre a viabilidade
de ovos e a reprodução desse organismo encontraram valores de de CE50 de 625 mg kg-1 de Cu.
Já, Natal-da-Luz et al. (2011), estudando o efeito de metais em lodo de esgoto aplicado em
solos sobre a reprodução de F. candida encontrou um valor de CE50 de 42,4 mg kg-1 de Cu, esse
baixo valor encontrado, segundo os autores, foi potencializado, provavelmente, pelo efeito
tóxico aditivo de outros poluentes contidos no lodo.
163
Figura 22 – Número de indivíduos juvenis de F. candida e P. minuta em Nitossolo Vermelho (Nito) (a, d), Cambissolo Húmico (Cam) (b, e) e Solo
artificial tropical (SAT) (c, f), contaminados com doses de Cu. N
úm
ero d
e in
div
íduo
s ju
ven
is d
e F
. ca
ndid
ai
Núm
ero d
e in
div
íduo
s ju
ven
is d
e P
. m
inu
ta
Doses Cu (mg kg -1 solo seco)
* Diferença estatística significativa (p ≤ 0,05) pelo teste de Dunnett. (┬) Desvio padrão.
Fonte: Elaborado pela autora, 2019.
0
400
800
1200
1600
2000
2400
2800
Ctrl Nito 75 150 300 450 600 750 1000
**
*
** *
*
0
50
100
150
200
250
300
Ctrl Nito 75 150 300 450 600 750 1000
**
*
*
*
*
0
400
800
1200
1600
2000
2400
2800
Ctrl Cam 75 150 300 450 600 750 1000
*
** * *
0
50
100
150
200
250
300
Ctrl Cam 75 150 300 450 600 750 1000
*
*
*
**
*
0
400
800
1200
1600
2000
2400
2800
Ctrl SAT 75 150 300 450 600 750 1000
**
** *
0
50
100
150
200
250
Ctrl SAT 75 150 300 450 600 750 1000
**
*
*
\ 163
164
Tabela 23 – Concentração efetiva (CE50) e intervalo de confiança, Modelo estatístico e R² (%
do ajuste dos dados na curva) para os testes de reprodução de colêmbolos em
Nitossolo Vermelho (Nitossolo), Cambissolo Húmico (Cambissolo) e Solo Artificial
Tropical - SAT com aplicação de doses de Cu.
CE50
(mg kg-1) Modelo Estatístico
R²
(%)
Nitossolo
F. candida 456,22 (305,94 - 606,51) Exponencial 90
P. minuta 636,00 (597,15- 674,86) Gompertz 97
Cambissolo
F. candida 255,03 (223,52-286,53) Hormesis 99
P. minuta 513,17 (453,78 - 572,56) Hormesis 93
SAT
F. candida 333,38 (297,35 - 369,42) Hormesis 99
P. minuta 578,74 (512,03 - 645,45) Hormesis 93
Fonte: Elaborado pela autora, 2019.
A reprodução da espécie P. minuta diminuiu com o aumento da concentração de Cu
para os três solos avaliados. (Figura 22). Contudo, os efeitos sobre o número de juvenis foram
menos expressivos quando comparados ao F. candida. Novamente, dentre os solos estudados,
a redução no número de juvenis foi mais pronunciada no Cambissolo, onde, o efeito na
reprodução foi observado a partir da concentração de 75 mg kg -1 (Figura 22e) com valores de
CE50 estimados em 513,17 mg kg-1 de Cu (Tabela 13). Para o SAT, essa redução aconteceu a
partir da concentração de 450 mg kg -1 de Cu (Figura 22f) com valores de CE50 de 578,74 mg
kg-1 (Tabela 13). Enquanto para Nitossolo, a redução no número de juvenis ocorreu a partir da
dose de 150 mg kg -1(Figura 22d) com valores de CE50 estimados em 636,00 mg kg-1 de Cu
(Tabela 13).
Os efeitos do Cu sobre a reprodução de P. minuta também foram observados por
Nursita, Singh e Lees. (2005), ao estudarem o efeito de diferentes metais em solo natural
arenoso, onde encontraram um valor de CE50 696 mg.kg-1 de Cu.
Essa diferença de sensilibidade entre as espécies testadas, indicando menor
sensibilidade para o Cu da espécie P. minuta quando comparado à F. candida, reflete a
importância de se incluir mais de uma espécie nos ensaios ecotoxicológicos. Segundo Salmon
et al., (2014), os colêmbolos podem demonstrar efeitos distintos na resposta aos contaminantes
porque habitam e se alimentam de diferentes estratificações no solo, o que resulta em diferenças
na exposição aos contaminantes pelos diferentes grupos. Não obstante, essa resistência de
algumas espécies pode estar relacionada com as características morfológicas e inerentes de cada
165
espécie, como a sua fisiologia, que refletem sua capacidade de absorção, eliminação e
imobilização dos metais (JANSSENS, ROELOFS & STRAALEN, 2009).
Vários estudos realizados em solos tropicais contaminados com metais testaram a
espécie P. minuta na avaliação da qualidade do solo indicando a importância dessa espécie
como biodindicadora ambiental. Alguns destes estudos indicam que P. minuta é altamente
sensível ao Cu (NURSITA, SINGH & LEES, 2005a). Contudo, outros estudos mostraram
maior tolerância dessa espécie ao arsênio (GREENSLADE & VAUGHAN, 2003), ao chumbo
(NURSITA, SINGH & LEES, 2005b) ao cadmio (NURSITA, SINGH & LEES, 2009) e ao
mercúrio, (BUCH et al., 2016).
Apesar de ambas as espécies utilizadas nesse estudo serem cosmopolitas e o uso de P
minuta ter sido o mais indicado para solos subtropicais segundo Greenslade e Vaughan (2002),
para o Cu, percebe-se neste estudo que F candida foi mais sensível para ambos os solos
estudados, indicando que, para tais condições, o uso da espécie F. candida reflete em estudos
mais protetores do que a espécie P. minuta, uma vez que a principal característica de um bom
bioindicador é ser sensível aos contaminantes, o que indica a proteção de um maior número de
espécies.
Adicionalmente, de acordo com Domene et al. (2010), a toxicidade dos contaminantes
pode ser diferente para os diferentes organismos que compõe a fauna edáfica, uma vez que
podem apresentar níveis de toxicidade diferente dependendo dos atributos do solo, as quais,
consequentemente, determinam a biodisponibilidade de contaminantes. O que pode ser
confirmado pelos resultados sobre a reprodução de ambas as espécies que demonstraram efeito
mais pronunciado no Cambissolo comparativamente ao SAT e ao Nitossolo. Essa maior
sensibilidade na reprodução dos colêmbolos observada no Cambissolo está associada,
provavelmente, às propriedades físicas, químicas e mineralógicas desse solo (Capítulo 1). Os
baixos valores de pH (Tabela 4) e a textura arenosa (Tabela 3) do Cambissolo podem ter
influenciado negativamente na taxa reprodutiva desses indivíduos. Segundo Nursita, Singh e
Lees, (2004) estudando a influência das propriedades dos solos em ensaios ecotoxicológicos,
observaram que os colêmbolos da espécie P. minuta são mais sensíveis a pH ácidos. Já Jansch,
Amorin e Rombke, (2005), citam que os colêmbolos da espécie F. candida, apesar de serem
tolerantes a uma gama de ambientes e suportarem faixas de pH entre 3,2 e 7,6, tem preferência
por ambientes com pH 6,0. Adicionalmente, segundo Natal-da-luz, Rombker e Sousa, (2008),
as propriedades físicas e químicas do solo podem afetar diretamente os organismos, uma vez
que influenciam diretamente na concentração e disponibilidade de contaminantes nos solos.
Nesse sentido, a maior disponibilidade de Cu encontrada no Cambissolo, pode ter sido outro
166
fator que ocasionou a redução na reprodução significativamente maior dos organismos para
esse solo. O que pode ser comprovado pela menor capacidade de adsorção de Cu observada
nesse solo (Figura 11b) quando comparado ao Nitossolo (Figura 11a).
5.3.3 Testes de toxicidade - Zn
5.3.3.1 Toxicidade aguda (letalidade) e toxicidade crônica (reprodução)
Os resultados para os testes obtidos no Nitossolo evidenciaram efeito significativo na
taxa de sobrevivência de F. candida a partir da concentração de 750 mg kg -1 de Zn. (Figura
23a). Para o Cambissolo e SAT, esses efeitos foram observados a partir da concentração de 300
mg kg -1 (Figura 23b) e (Figura 23c), respectivamente. Os resultados obtidos com a estimativa
da concentração letal para 50% dos organismos (CL50), evidenciaram efeitos mais expressivos
na sobrevivência de F. candida para o Cambissolo, onde a CL foi de 376,87 mg kg-1, quando
comparado ao SAT (473,91 mg kg-1) e ao Nitossolo (632,44 mg kg-1), (Tabela 24).
Tabela 24 - Concentração letal (CL50) calculada para o teste de letalidade com F. candida em
Nitossolo Vermelho, Cambissolo Húmico e Solo Artificial Tropical (SAT)
contaminados com doses de Zn. Solo CL50 (mg kg -1)
Nitossolo 632,44
Cambissolo 376,87
SAT 473,91
*Intervalo de confiança não calculado.
Fonte: Elaborado pela autora, 2019.
167
Figura 23 - Média de indivíduos vivos de F. candida em Nitossolo Vermelho (a), Cambissolo
Húmico (b) e Solo Artificial Tropical (SAT) (c) contaminado com doses de Zn.
Méd
ia d
e in
div
ídu
os
viv
os
de
F.
candid
a
Doses Zn (mg kg -1)
* Diferença estatística significativa (p ≤ 0,05) pelo teste de Dunnett. (┬) Desvio padrão.
Fonte: Elaborado pela autora, 2019.
Os resultados sobre os ensaios crônicos para F. candida foram mais pronunciados que
os ensaios de toxicidade aguda, e, sugerem, que o aumento da concentração de Zn afeta
negativamente a reprodução dos colêmbolos em todos os testes realizados tanto para o
Nitossolo, como para o Cambissolo e para o SAT (Figura 24). Os resultados dos testes
mostraram efeitos significativos a partir da concentração de 75 mg kg -1 de Zn para o Nitossolo
(Figura 24a), 200 mg kg -1 para o Cambissolo (Figura 24b) e de 300 mg kg -1 para o SAT (Figura
0
2
4
6
8
10
12
Ctrl Nito 10 50 75 150 300 500 750 1000
*
*
0
2
4
6
8
10
12
Ctrl Cam 10 50 75 150 300 500 750 1000
*
*
*
*
0
2
4
6
8
10
12
Ctrl SAT 10 50 75 150 300 500 750 1000
*
* *
*
a)
b)
c)
168
28c), mostrando que o Zn causa efeitos negativos na taxa de reprodução dos organismos. Os
efeitos mais expressivos foram observados no Cambissolo, com valores de CE50 estimados em
256,20 mg kg-1 de Zn. Para os SAT os valores encontrados foram de 390,19 mg kg-1 de Zn e
para o Nitossolo a CE50 estimada foi de 479,20 mg kg-1 de Zn (Tabela 25).
Os efeitos do Zn sobre a reprodução de F. candida também foram observados por Jensen
& Pedersen (2006), em solo natural contaminado com Zn, onde observaram valores de CE50 de
184 mg kg-1 de Zn para essa espécie. Já Smit e Van Gestel (1998) encontraram valores de EC50
de 261 mg de Zn kg-1 para esse organismo. Xu et al. (2009), estudando efeitos subletais sobre
a viabilidade de ovos e a reprodução F. candida encontraram valores de CE50 de 800 mg kg-1
de Zn.
Tabela 25 – Concentração efetiva (CE50) e intervalo de confiança, Modelo estatístico e R² (%
do ajuste dos dados na curva) para os testes de reprodução de colêmbolos testados
em Nitossolo Vermelho (Nitossolo), Cambissolo Húmico (Cambissolo) e SAT com
aplicação de doses de Zn.
CE50
(mg kg-1) Modelo Estatístico
R²
(%)
Nitossolo
F. candida 479,20 (332,35 - 626,06) Gompertz 89
P. minuta 784,74 (655,79 - 913,70) Hormesis 84
Cambissolo
F. candida 256,20 (187,41 - 324,96) Hormesis 95
P. minuta 324,07 (248,91 - 399,23) Hormesis 89
SAT
F. candida 390,19 (348,27 - 432,10) Hormesis 98
P. minuta 503,59 (478,00 - 529,18) Hormesis 99
Fonte: Elaborado pela autora, 2019.
169
Figura 24 – Número de indivíduos juvenis de F. candida e P. minuta em Nitossolo Vermelho (Nito) (a, d), Cambissolo Húmico (Cam) (b, e) e Solo
artificial tropical (SAT) (c, f), contaminados com doses de Zn. N
úm
ero d
e in
div
íduo
s ju
ven
is d
e F
. ca
ndid
ai
Núm
ero d
e in
div
íduo
s ju
ven
is d
e P
. m
inu
ta
Doses Zn (mg kg -1 solo seco) * Diferença estatística significativa (p ≤ 0,05) pelo teste de Dunnett. (┬) Desvio padrão. Fonte: Elaborado pela autora, 2019.
0
200
400
600
800
1000
1200
Ctrl Nito 75 150 300 450 600 750 1000
*
*
*
*
*
*
*
0
200
400
600
800
Ctrl Nito 75 150 300 450 600 750 1000
*
*
0
200
400
600
800
1000
1200
Ctrl Cam 25 50 100 200 300 400 800
* *
*
*
0
200
400
600
800
Ctrl Cam 25 50 100 200 300 400 800
****
*
0
200
400
600
800
1000
1200
Ctrl SAT 75 150 300 450 600 750 1000
*
*
*
*
*
0
200
400
600
Ctrl SAT 75 150 300 450 600 750 1000
**
*
*
169
170
A exemplo do Cu, para o Zn, a espécie P. minuta foi menos sensível do que F.
candida e novamente, dentre os solos estudados, a redução no número de juvenis foi mais
pronunciada no Cambissolo, onde o efeito na reprodução foi observado a partir da
concentração de 25 mg kg -1 (Figura 24e). O que pode ser confirmado pelo menor valor de
CE50 encontrado para esse solo que foi de 324,07 mg kg-1 de Zn (Tabela 25). Para o SAT, a
redução no número de juvenis ocorreu a partir da concentração de 450 mg kg -1 (Figura 14f),
com valores de CE50 estimados em 503,59 mg kg-1 de Zn (Tabela 25). Para o Nitossolo a
redução no número de juvenis ocorreu a partir da concentração de 750 mg kg -1 de Zn (Figura
14d), com valores de CE50 estimados em 784,74 mg kg -1 de Zn.
Os efeitos do Zn sobre a reprodução de P. minuta também foram observados por
Nursita, Singh e Lees. (2005), ao estudarem o efeito de diferentes elementos-traço em solo
natural arenoso, onde encontraram um valor de CE50 286 mg kg-1 de Zn. Segundo Greenslade
e Vaughan (2003), ao estudarem diferentes espécies de colêmbolos para substituição de F.
candida na Austrália, indicaram P. minuta ou Sinella communis por representarem melhor
as condições daquele local e indicaram estas espécies para estudos em solos tropicais.
Contudo, para os solos contaminados com Zn, neste estudo, percebe-se que a espécie F
candida foi mais sensível do que P. minuta. A exemplo do ocorrido nos estudos realizados
por Buch et al. (2016), que ao avaliarem a toxicidade do mercúrio para F. candida e P.
minuta em solos tropicais, encontraram menor sensibilidade do P. minuta ao mercúrio,
indicando a espécie F. candida para testes ecotoxicológicos em solos tropicais, uma vez que
esta representa melhor as condições vistas nesses solos.
Apesar de ambas as espécies utilizadas nesse estudo serem cosmopolitas e, portanto,
serem encontradas nos mais diversos locais, algumas espécies de colêmbolos podem ser mais
sensíveis aos fatores ambientais do que outras (JANSSENS, ROELOFS & STRAALEN,
2009). O que justifica a maior sensibilidade encontrada nesse trabalho para F. candida, que
pode estar relacionada, além do efeito do contaminante, também aos efeitos ambientais.
Apesar dos resultados desse estudo estarem de acordo com os encontrados por Niemeyer et
al. (2015), que obtiveram sucesso na reprodução de F. candida (em laboratório incubados à
25ºC) em solos naturais do Brasil, Sandifer e Hopkin (1997), relataram inatividade quase
total de F. candida em testes crônicos à 25 ° C, ao estudarem os efeitos de alguns metais,
dentre eles o Cu, em testes crônicos para colêmbolos em solo artificial da OCDE. O que se
pode concluir, desse modo, em uma potencialização significativa dos efeitos dos
contaminantes quando a temperatura está fora do ideal para a espécie.
171
Adicionalmente, os resultados encontrados sobre o efeito do Zn na sobrevivência e
reprodução de colêmbolos demonstram maior sensibilidade das espécies no Cambissolo
comparativamente ao SAT e ao Nitossolo. Tais efeitos foram proporcionados pela maior
disponibilidade de Zn oferecida pelo Cambissolo. Essa maior disponibilidade foi
proporcionada pelo menor teor de argila (Tabela 3), baixo pH e a baixa CTC (Tabela 4)
apresentada por esse solo. Gräber et al. (2005) afirmam que a mobilidade e disponibilidade
de Zn são influenciadas pelo teor de argila. Já Antoniolli et al. (2013), afirmam que, dentre
as características do solo, o pH é o que tem maior influência, pois pode aumentar a
disponibilidade de metais no solo. O que pode ser confirmado por Waalewijn-kool et al.
(2013), em estudo sobre o efeito do pH do solo na reprodução de indivíduos da espécie F.
candida, observaram redução na toxicidade do Zn a medida em que se aumentava o pH do
solo. Já Sandifer e Hopkins (1996), em estudo em solo artificial sobre a influência do pH
para esse mesmo organismo, encontraram um valor de CE50 de 900 mg kg-1 de Zn quando
os solos apresentaram pH 6. Essas características justificam os efeitos mais pronunciados no
Cambissolo e podem ser confirmados pela menor capacidade de adsorção de Zn observada
nesse solo (Figura 12b) quando comparado ao SAT (Figura 12c) e ao Nitossolo (Figura 12a).
De maneira geral, com os resultados obtidos nesse trabalho, é possível afirmar que
solos contaminados com Cu causaram redução na reprodução de colembolos nas doses
acima de 75 mg kg-1 para Cambissolo Humico distrófico, 300 mg kg-1 para o SAT e 75 mg
kg-1 para o Nitossolo Vermelho. Já os solos contaminados com Zn causaram redução na
reprodução de colembolos nas doses acima de 25 mg kg-1 para Cambissolo Humico
distrófico, 300 mg kg-1 para o solo artificial tropical e 75 mg kg-1 para o Nitossolo Vermelho.
É importante destacar também que solos com diferentes mineralogias, classes texturais,
níveis de acidez e teores de óxidos apresentam diferentes níveis de toxicidade para os
colembolos do solo quando este estiver contaminado por Cu e Zn. Nesse sentido, destaca-se
a importância dos testes realizados em solo natural quando do monitoramento de solos
contaminados por Cu e Zn, pois as características físicas e químicas dos solos ultilizados
como padrão nem sempre refletem a diversidade de propriedades dos solos naturais e podem
ser substitutos inadequados das condições de exposição da biota do solo no campo.
172
5.4 CONCLUSÃO
1. Solos contaminados com Cu e Zn reduziram a taxa de sobrevivência e a reprodução
de F. candida e P. minuta, sendo a magnitude desse efeito dependente do tipo de
solo.
2. A espécie F. candida foi mais sensível ao Cu e a ao Zn que a espécie P. minuta e,
portanto, é adequada para ser utilizada como espécie bioindicadora de testes de
ecotoxicidade de Cu e Zn em solos subtropicais.
3. No Cambissolo Húmico os valores de CL50 e CE50 foram menores que os valores
de encontrados para o Nitossolo Vermelho, respectivamente, mostrando que a
magnitude dos efeitos de solos contaminados com Cu e Zn, na sobrevivência e na
reprodução de colembolos, dependem das propriedades físicas, químicas e
mineralógicas desses solos, sendo mais pronunciados em solos com baixo teor de
argila e pH.
173
REFERÊNCIAS
ABNT NBR ISO 11267. Qualidade do solo – Inibição da reprodução de Collembola
(Folsomia candida) por poluentes do solo. Rio de Janeiro: Associação Brasileira de
Normas Técnicas, p. 24, 2011.
ALLOWAY, B. J. Heavy metais in soils. 2nd ed. Colchester: University of Essex, 1995.
363 p.
ALVES, P. R. L, DA SILVA, E. B. ; CARDOSO, E. J. B. N. ; ALLEONI, L. R. F..
Ecotoxicological impact of arsenic on earthworms and collembolans as affected by
attributes of a highly weathered tropical soil. Environmental Science and Pollution
Research, v. 25, p. 13217-13225, 2016.
ANTONIOLLI, Z.I., RENDIN, M., SOUZA, E.L., POCOJESKI, E. Metais Pesados,
Agrotóxicos e Combustíveis: Efeito na População de Colêmbolos no Solo. Ciência
Rural, Santa Maria, v.43, n.6, p 992-998, 2013.
AMORIM, M.J.B.; PEREIRA, C.; MENEZES-OLIVEIRA, V.B.; CAMPOS B.; SOARES
A.M.V.M.; LOUREIRO, S. Assessing single and joint effects of chemicals on the survival
and reproduction of Folsomia candida (Collembola) in soil. Environmental pollution,
160:145-52, 2012.
AMORIM, M. J. B.; RÖMBKE, J.; SCHALLNASS, H.; SOARES, A. M. V. M. Effect of
soil properties and aging on the toxicity of copper for Enchytraeus albidus, Enchytraeus
luxuriosus and Folsomia candida. Environmental Toxicology and Chemistry. v. 24, p.
1875-1885, 2005.
BASSO, C.J.; CERETTA, C.A.; FLORES, É.MM.; GIROTTO, E. Teores totais de
metais pesados no solo após aplicação de dejeto líquido de suínos. Revista Ciência
Rural, v.42, p.653-659, 2012.
BUCH, A. C.; NIEMEYER, J. C.; CORREIA, M. E. F.; SILVA-FILHO, E. V.
Ecotoxicity of mercury to Folsomia candida and Proisotoma minuta (Collembola:
Isotomidae) in tropical soils: Baseline for ecological risk assessment. Ecotoxicology
and Environmental Safety. v. 127, p. 22-29, 2016.
BRUUS PEDERSEN, M. VAN GESTEL, C.A.M.; ELMEGAARD, N. effects of
copper on reproduction of two collembolan species exposed through soil, food, and
water. Environmental Toxicology and Chemistry, Vol. 19, No. 10, pp. 2579–2588,
2000.
174
CASSAGNE, N., GAUQUELIN, T., BAL-SERIN, M.-C., GERS, C., 2006. Endemic
Collembola, privileged bioindicators of management. Pedobiologia 50, 127–134.
CROUA, Y. MOIA, C. Rapid communication: The relative sensitivity of growth and
reproduction in the springtail, Folsomia candida, exposed to xenobiotics in the laboratory:
An indicator of soil toxicity, Ecotoxicology and Environmental Safety 64 (2006) 115–121
DEL SIGNORE, A.; HENDRIKS, J.; LENDERS, R. H. J.; LEUVEN, R. S. E. W.;
BREURE, A. M. Development and application of SSD approach in scientific case
studies for ecological risk assessment. Environmental Toxicology and Chemistry. v.
32, p. 390-398, 2016.
DOMENE, X.; RAMÍREZ, W.; MATTANA, S.; ALCANIZ, J. M.; ANDRÉS, P.
Ecological risk assessment of organic waste amendments using the species sensitivity
distribution from a soil organisms test battery. Environmental Pollution. v. 155, n. 2,
p. 227-236, 2008.
FIERA, C. Biodiversity of Collembola in urban soils and their use as bioindicators for
pollution. Pesq. agropec. bras., Brasília, v.44, n.8, p.868-873, ago. 2009
FOUNTAIN, M.T.; HOPKIN, S. P. Folsomia candida (Collembola): A “Standard” Soil
Arthropod. Annual Review of Entomology, v.50, p.201–22, 2005.
GREENSLADE, P., VAUGHAN, G.T. A comparison of Collembola species for toxicity
testing of Australian soils. Pedobiologia, v.47, p. 171–179, 2003.
HOPKIN, S.P. Biology of the Springtails (Insecta: Collembola). Oxford University Press
Inc, New York, 1997.
ISO – INTERNATIONAL ORGANIZATION FOR STANDARDIZATION – Soil
quality – Inhibition of reproduction of Collembola. 11267, Geneva, 1999.
IMAGEJ. Image processing and analysis in Java. 2004. Disponível em: <
https://imagej.nih.gov/ij/index.html >.
JANSCH, S. AMORIM, M.J.B. ROMBKE, J. Identification of the ecological requirements
of important terrestrial ecotoxicological test species. Environ Rev13:51–83, 2005.
175
JANSSENS, T.K.S., ROELOFS, D., VAN STRAALEN, M., Molecular mechanisms of
heavy metal tolerance and evolution in invertebrates. Insect Sci. 16, 3–18, 2009.
JENSEN, J.; PEDERSEN, M.B. Ecological risk assessment of contaminated soil. Reviews
of Environmental Contamination and Toxicology, v.186, p.73-105, 2006.
KABATA PENDIAS, A.; PENDIAS, H. Trace elements in soil and plants. New York:
CRC Press, 2011. v. 4, 534 p.
LEWINSOHN, T.M., PRADO, P.I. How many species are there in Brazil? Conserv. Biol.
19 (3), 619–624, 2005.
MAGALHÃES, D. P.; FERRÃO-FILHO, A. S. Ecotoxicologia como ferramenta no
biomonitoramento de ecossistemas aquáticos. Oecologia Brasiliensis. v. 3 p. 355-381,
2008.
MATOS-MOREIRA, M.; NIEMEYER, J. C.; SOUSA, J. P. CUNHA, M.; CARRAL, E.
Behavioral avoidance tests to evaluate effects of cattle slurry and sludge application to soil.
Revista Brasileira de Ciência do Solo, v. 56, p. 1471 – 1477, 2011.
MENDONÇA, M.C., QUEIROZ, G.C., DA SILVEIRA, T.C., Two new species of
Proisotoma Börner, 1901 from Southeastern Brazil (Collembola: Isotomidae). Soil Org. 28
A.C. Buch et al. / Ecotoxicology and Environmental Safety 127 (2016) 22–29 87 (1), 51–
60. 2015.
NATAL-DA-LUZ, T., OJEDA, G., PRATAS, J., VAN GESTEL, C. A. M., & SOUSA, J.
P. Toxicity to Eisenia andrei and Folsomia candida of a metal mixture applied to soil
directly or via an organic matrix. Ecotoxicology and Environmental Safety, 74(6), p.
1715–1720, 2011..
NATAL-DA-LUZ, T.; RIBEIRO, R; SOUSA, J. P. Avoidance tests with collembola and
earthworms as early screening tools for site-specific assessment of polluted soils.
Environmental Toxicology and Chemistry, New York, v. 23, n. 9, p. 2188-2193, Sept.
2004.
NATAL-DA-LUZ, T. ROMBKER, J. SOUSA, J.P. Avoidance tests in site-specific risk
assessment—influence of soil properties on the avoidance response of Collembola and
Earthworms. Environmental Toxicology and Chemistry, Vol. 27, No. 5, pp. 1112–1117,
2008
176
NIEMEYER, J. C.; NOGUEIRA, M. A.; CARVALHO, G. M.; COHIN-DE-PINHO,
S. J.; OUTEIRO, U. S.; RODRIGUES, G. G.; DA SILVA, B. E. M.; SOUSA, J. P.
Functional and structural parameters to assess the ecological status of a metal
contaminated area in the tropics. Ecotoxicology and Environmental Safety. v. 86, p.
188-197, 2012.
NIEMEYER, J.C., MOREIRA-SANTOS, M., RIBEIRO, R., RUTGERS, M.,
NOGUEIRA, M.A., DA SILVA, E.M., SOUSA, J.P., Ecological risk assessment of a
metal-contaminated area in the tropics. Tier II: Detailed assessment. PLoS One 10,
e0141772. 2015.
NURSITA, A.I. SINGH, B. LEES. E. The effects of cadmium, copper, lead, and zinc on
the growth and reproduction of proisotoma minuta tullberg (collembola). Ecotoxicology
and Environmental Safety, 60, 306–314. 2005a.
NURSITA, A.I., SINGH, B., LEES, E.The effects of cadmium on population, growth and
cadmium accumulation of Proisotoma minuta in some Australian soils. Aust. J. Ecotoxicol.
11, 73–83. 2005b
NURSITA, AI, SINGH, B; LEES, E. Evaluation of cadmium toxicity to Collembola
(Proisotoma minuta) using electron microscopy. In SuperSoil. Proceedings 3rd Australian
New Zealand Soils Conference’, Singh B (Ed.), pp. 1–8. Gosford, NSW: The Regional
Institute Ltd. 2004.
NURSITA, A.I., SINGH, B., LEES, E., Cadmium bioaccumulation in Proisotoma minuta
in relation to bioavailability in soils. Ecotoxicol. Environ. Saf. 72, 1767–1773, 2009.
PETERSEN, H. General aspects of collembolan ecology at the turn of the millennium.
Pedobiologia. 46: 246-260. 2002
SALMON, S., PONGE, J.P., GACHET, S., DEHARVENG, L., LEFEBVRE, N.,
DELABROSSE, F., Linking species, traits and habitat characteristics of Collembola at
European scale. Soil Biol. Biochem. 75, 73–85. 2014.
SAKUMA, M. Probit analysis of preference data. Applied Entomology and Zoology,
Tokyo, v. 33, p. 339-347, Mar. 1998.
SANDIFER, R. D.; HOPKIN, S. P. Effects of temperature on the relative toxicities of Cd,
Cu, Pb, and Zn to Folsomia candida (Collembola). Ecotoxicology and Environmental
Safety, New York, v. 37, p. 125-130, July 1997.
177
SMIT, C.E. & VAN GESTEL, C.A.M. “Effects of soil type, prepercolation, and ageing
on bioaccumulation and toxicity of zinc for the springtail Folsomia candida,”
Environmental Toxicology and Chemistry, v. 17, p. 1132–1141, 1998.
STATSOFT, Inc., STATISTICA (Data analysis software system). Version 7.
Disponível em: www.statsoft.com, 2004.
TEREKHOVA, V.A. Soil Bioassay: Problems and Approaches. Eurasian Soil Science,
44:173-179, 2011.
VAN GESTEL, C. A. M.; HENSBERGEN, P. J. Interaction of Cd and Zn toxicity for
Folsomia candida Willem (Collembola: Isotomidae) in relation to bioavailability in soil.
Environmental Toxicology and Chemistry, New York, v. 16, p. 1177-1186, 1997.
VIJVER, M.; JAGER, T.; POSTHUMA, L.; PEIJNENBURG, W. Impact of metal
pools and soil properties on metal accumulation in F. candida (Collembola).
Environmental Toxicology and Chemistry, sl, v. 20, p. 712-720, 2001
XU, J., WANG, Y., LUO, Y.-M., KE, X., Effects of copper, leadand zinc in soil on
egg development and hatching of Folsomia candida. Insect Sci,16, 51–55. 2009.
WAALEWIJN-KOOL, P. L.; ORTIZ, M. D.; LOFTS, S.; VAN GESTEL, C. A. M.
The effect of pH on the toxicity of zinc oxide nanoparticles to Folsomia candida in
amended field soil. Environmental Toxicology and Chemistry, v. 32, p. 2349–2355,
2013.
178
179
6 CAPÍTULO 4: DERIVAÇÃO DE VALORES ORIENTADORES PARA SOLOS
CONTENDO COBRE E ZINCO EM SANTA CATARINA
RESUMO
Apesar da essencialidade de alguns dos elementos-traço ser comprovada para plantas
e animais, quando encontrados acima de limites permissíveis estes podem causar diversos
desequilíbrios ecológicos. Dentre estes, o Cu e o Zn são objetos de estudo do presente
trabalho, pois quando encontrados em concentrações elevadas são potencialmente perigosos
à saúde humana e ao equilíbrio ambiental. O presente estudo pretende contribuir com uma
bateria de testes de ensaios ecotoxicológicos em solos do Estado de Santa Catarina. Este
trabalho fornece informações para a proposição de um valor de prevenção para solos que
contenham Cu e Zn. Duas classes de solo foram testadas, Nitossolo Vermelho e Cambissolo
Húmico por meio de testes de reprodução com Enchytraeus crypticus, E. bigeminus, Eisenia
andrei, Perionyx excavatus, Folsomia candida, e Proisotoma minuta.
Os tratamentos consistiram de doses crescentes de Cu e Zn. Os dados obtidos foram
submetidos à análise de variância (ANOVA One-way) e as médias comparadas pelo teste de
Dunnett (p≤0,05). Os valores da concentração que causa efeito em 50% da população (EC50)
foram determinados por análise de regressão não linear. A partir dos valores de CE50 foram
construídas as Curvas de Distribuição de Sensibilidade das Espécies (SSD) e obtidos os
valores de concentração de risco para 5% (HC5) e 50% (HC50) da população, e os valores
orientadores de prevenção (VP) para cada classe de solo. No Nitossolo, contaminado com o
Cu, a espécie mais sensível foi a P. excavatus e a menos sensível P. minuta e, o valor de HC5
foi 252,90 (144,10 – 325,40) mg kg-1 de solo seco. Para essas mesmas condições no
Cambissolo o HC5 foi 40,21 (9,08 – 78,25) mg kg-1 de solo seco e a espécie mais sensível
foi a P. excavatus e a menos sensível P. minuta. Em relação ao Zn, quando aplicado no
Nitossolo, o valor HC5 foi de 316,42 (193,29 – 394,49) mg kg-1 de solo seco e a espécie mais
sensível foi o E. andrei e a menos sensível foi P. minuta. No Cambissolo, o valor de HC5 foi
de 153,85 (94,48 – 191,36) mg kg-1 de solo seco e a espécie mais sensível foi a E. bigeminus
e a menos sensível foi P. minuta. O VP para o Cu para o Cambissolo apresentou um valor
mais restritivo (141,21 mg kg-1), devido a suas características que propiciam menor retenção
do Cu. Para o Nitossolo, o maior valor de VP encontrado (363,90 mg kg-1) foi atribuído ao
caráter mais argiloso, deste último, sua riqueza em ferro, mais elevada de capacidade de
troca de cátions. O VP para o Zn para o Cambissolo apresentou um valor mais restritivo
(214,85 mg kg-1), quando comparado ao Nitossolo (377,70 mg kg-1) foi atribuído ao seu
caráter mais argiloso, sua riqueza em ferro, mais elevada de capacidade de troca de cátions.
Recomendamos utilizar o valor de 151,21 mg kg-1 como valor o preventivo para Cu e 214,85
mg kg-1 para Zn em solos do Estado de Santa Catarina.
Palavras–chave: Elementos-traço. Ecotoxicologia terrestre. Fauna edáfica. SSD.
180
181
ABSTRACT
lthough the essentiality of some of the trace elements is proven for plants and
animals, when found above permissible limits these can cause various ecological
imbalances. Among these, Cu and Zn are objects of study of the present work, because when
found in high concentrations it is potentially dangerous to human health and environmental
balance. The present study intends to contribute with a battery of tests of ecotoxicological
tests in soils of the State of Santa Catarina. This work provides information for proposing a
prevention value for soils containing Cu and Zn. Two soil classes were tested, Eutrophic Red
Nitosol and Dystrophic Humic Cambisol by means of breeding tests with Enchytraeus
crypticus, E. bigeminus, Eisenia andrei, Perionyx excavatus, Folsomia candida, and
Proisotoma minuta. The treatments consisted of increasing doses of Cu and Zn. Data were
submitted to analysis of variance (ANOVA One-way) and means were compared by the
Dunnett test (p≤0.05). The EC50 values (Concentration causing Effect in 50% of the
population) were determined by non-linear regression analysis. From the EC50 values the
Species Sensitivity Distribution Curves (SSD) were constructed and the values of HC5 and
HC50 were obtained. and guiding values for each soil class. In Nitossolo, contaminated with
Cu, the most sensitive species was P. excavatus and the least sensitive P. minuta, and the
value of HC5 was 252.90 (144.10 - 325.40) mg kg-1 of dry soil. For these same conditions
in the Cambisol the HC5 was 40.21 (9.08 - 78.25) mg kg-1 of dry soil and the most sensitive
species was P. excavatus and the least sensitive P. minuta. In relation to Zn, when applied to
Nitosol, the HC5 value was 316.42 (193.29 - 394.49) mg kg-1 of dry soil and the most
sensitive species was E. andrei and the least sensitive was P minute In the Cambisol, the
HC5 value was 153.85 (94.48 - 191.36) mg kg-1 of dry soil and the most sensitive species
was E. bigeminus and the least sensitive was P. minuta. The PV for Cu for the Cambisols
presented a more restrictive value (141.21 mg kg-1), due to its characteristics that lead to
lower retention of Cu. For Nitossolo, the highest VP value found (363.90 mg kg-1) was
attributed to its more clayey character, its iron richness, and higher cation exchange capacity.
The VP for Zn for Cambisols presented a more restrictive value (214.85 mg kg-1), when
compared to Nitossolo (377.70 mg kg-1) it was attributed to its more clayey, iron rich, more
high cation exchange capacity. We recommend using the value of 141.21 mg kg-1 as the
preventive value for Cu and 214.85 mg kg-1 for Zn in soils of the State of Santa Catarina.
Keywords: Trace elements. Terrestrial ecotoxicology. Edaphic fauna. SSD.
182
183
6.1 INTRODUÇÃO
O solo tem sido reconhecido devido à sua importante função para a sustentabilidade
dos ecossistemas. Não somente como um filtro para contaminantes, mas também como um
tampão natural que controla o transporte de elementos químicos e diversas outras substâncias
para o meio ambiente (KABATA-PENDIAS & PENDIAS, 2011).
Como medida de prevenção e controle de áreas contaminadas, os valores
orientadores estão sendo utilizados como norteadores para a qualidade do solo e de águas
subterrâneas (BRASIL, 2009). A ausência de valores orientadores cria um cenário onde é
quase impossível implementar ações para a proteção da biodiversidade edáfica. Os Valores
de Prevenção (VPs) são indicados no gerenciamento ambiental da qualidade do solo, pois
auxiliam na determinação de valores limites de adição de uma substância potencialmente
tóxica, e garantem que o solo seja capaz de manter suas principais funções e serviços
ecossistêmicos (CETESB, 2016).
A determinação dos VPs leva-se em conta os elementos traços, que formam um grupo
de substâncias químicas relevantes que ocorrem naturalmente no ambiente, e que podem
sofrer consideráveis incrementos pelas atividades antrópicas (BIONDI, 2010). Nesse
sentido, o VP representa um limite para adição de metais no solo, seja pela aplicação de
insumos agrícolas, por disposição de resíduos sólidos, pela aplicação de efluentes ou por
deposição atmosférica (CETESB, 2016).
Dentre os os elementos traço com maior relevância ambiental, o Cu e o Zn se
destacam devido às inúmeras fontes antropogênicas poluidoras, como: as emissões pelas
atividades de mineração e fundição (PEDROZO & LIMA, 2001), pela pecuária
(DORTZBACK, 2009), resíduos de animais em áreas agrícolas (GRABER et al, 2005) e
fertilizantes (BRADY &WEIL, 2013).
O artigo II da Resolução 420/2009 permite a revisão dos valores de prevenção dos
solos para níveis estaduais e regionais (BRASIL, 2009). A determinação de VPs regionais
permite tomadas de decisões mais seguras quanto ao uso dos solos em função das
propriedades físicas, químicas e biológicas de cada região. Nesse sentido, a avaliação do
risco ecológico deve ser feita de forma integrada, usando a abordagem que inclui testes a
partir de três linhas de evidências, química, ecotoxicológica e ecológica (TRIADE)
(CHAPMAN, 1986; JENSEN & MESMAN, 2006). Esta abordagem é baseada na
implantação simultânea e conjunta da avaliação química e toxicológica local e conduz a
184
respostas mais representativas do que uma abordagem que se baseia unicamente na
concentração de poluentes no local (RUTGERS et al., 2000).
Atualmente, o método para determinar as concentrações máximas de componentes
tóxicos no ambiente é baseado nos valores das concentrações de efeito (CE) que são
agrupados e expressos graficamente em uma Curva de Distribuição de Sensibilidade de
Espécies (SSD), onde a variável independente é a concentração de uma dada substância,
expressa pelo log da concentração de efeito, e a variável dependente é o efeito desta
substância sobre um dado organismo. Através do método SSD, pode-se calcular a
concentração de risco (HC5), ou seja, a concentração do elemento tóxico perigosa para 5 %
das espécies, ou que proporciona um nível de proteção de 95%. (XU et al., 2015; DEL
SIGNORE et al., 2016).
Neste capítulo objetiva-se unir os resultados encontrados nos ensaios de
ecotoxicidade de Cu e Zn (capítulos 2 e 3), e disponibilidade desses elementos - traço dos
solos estudados, apresentados no capítulo 1. Desse modo, a proposta do presente estudo foi
a derivação dos valores orientadores de prevenção para Cu e Zn em Nitossolo Vermelho e
Cambissolo Húmico do Estado de Santa Catarina com base na Curva de Distribuição de
Sensibilidade de Espécies para E. andrei, P. excavatus, E. crypticu, E. bigeminus, F. candida
e P. minuta, como contribuição para o fortalecimento de políticas públicas com relação ao
estabelecimento de parâmetros estaduais de prevenção.
6.2 MATERIAL E MÉTODOS
6.2.1 Determinação do CEx
A CEx (Concentração de Efeito) ou ECx (Concentration effect) é definida
como a concentração que reduz a taxa de reprodução de uma espécie
em uma certa porcentagem em relação ao controle e, portanto, é utilizada
para se observar os danos que causam x% de redução em uma
determinada variável (VLAARDINGEN et al., 2004).
Os valores de CEx determinados para diferentes espécies podem ser
agrupados em uma curva de distribuição de sensibilidade de espécies (DSE)
ou Species Sensitivity Distribution (SSD) e nesta são derivados valores
de uma determinada concentração para uma substância que proteja uma
certa proporção dos indivíduos expostos à esta substância, e que,
185
consequentemente, causarão risco em x % das espécies. A este valor é dado
a denominação de hazard concentration (HC), ou, concentração de risco (CR),
como por exemplo, a mais comumente aceita é o HC5, isto é, 5% do total das
espécies podem ser afetadas e 95 % estão “protegidas” (POSTHUMA; SUTER II; TRAAS,
2001) uma vez que assume-se que o ecossistema tem a capacidade de
tolerar certo grau de estresse químico (XU et al., 2015) Nesse sentido, e de
posse desses dados, pode ser proposto um valor limite do elemento
no ambiente de acordo com a magnitude de espécies que se deseja proteger (BELANGER
et al., 2017).
Neste trabalho, optou-se por utilizar o CE50 (concentração que reduz
a taxa de reprodução em 50% em relação ao controle), conforme determinado para
derivação de valores orientadores de prevenção (VPs) para metais. Estudos
utilizando outros metais como, chumbo (ALEXANDRINO, 2014; TEODORO, 2016;
CÂNDIDO, 2017) cadmio (ALVARENGA, 2014), cromo (MARQUES, 2015; SANTOS,
2015) e mercúrio (LIMA, 2017) utilizaram valores de CE50 para a derivação de
valores de prevenção em solos.
Para obter o valor de prevenção para solos os valores de CE50
devem ser determinados, para cada concentração teste, utilizando
organismos do solo padrozinados e que sejam representativos da região de estudo.
Após os CE50 serem determinados, as concentrações de risco HC5
para 5 % e HC50 para 50% das espécies testadas, pode ser calculada para cada solo
avaliado.
Desse modo, os valores de HC5 e HC50 foram baseados nos valores de
CE50 obtidos nos ensaios de ecotoxicidade dos anelídeos (Capítulo 2) e
artrópodes (Capítulo 3) em solos contaminados com Cu e Zn. Na Tabela 26
são apresentados os valores de CE50, seus intervalos de confiança e valor do
R2 dos modelos matemáticos encontrados para cada solo contaminado com Cu nos ensaios
realizados com os organismos do solo.
186
Tabela 26 – Concentração efetiva (CE50) e intervalo de confiança, Modelo estatístico e R²
(% do ajuste dos dados na curva) para os testes de reprodução dos organismos
testados em Nitossolo Vermelho (Nitossolo), Cambissolo Húmico (Cambissolo)
e SAT com aplicação de doses de Cu.
CE50
(mg kg-1) Modelo Estatístico
R²
(%)
Nitossolo
E. andrei 428,01 (300,58 - 555,44) Gompertz 96
P. excavatus 264,96 (184,08 - 345,15) Logístico 96
E. crypticus 366,61 (328,56 - 404,67) Hormesis 99
E. bigeminus 444,71 (303,99 - 585,44) Gompertz 91
F. cândida 456,22 (305,94 - 606,51) Exponencial 90
P. minuta 636,00 (597,15- 674,86) Gompertz 97
Cambissolo
E. andrei 77,52 (66,16 - 88,87) Logístico 98
P. excavatus 67,83 (54,95 - 80,72) Exponencial 97
E. crypticus 142,25 (109,50 - 175,00) Hormesis 96
E. bigeminus 126,77 (56,30 - 197,24) Logístico 87
F. cândida 255,03 (223,52-286,53) Hormesis 99
P. minuta 513,17 (453,78 - 572,56) Hormesis 93
SAT
E. andrei 173,81 (148,99 - 198,63) Exponencial 96
P. excavatus 110,46 (73,82 - 137,10) Logístico 96
E. crypticus 171,71 (124,79- 218,63) Gompertz 96
E. bigeminus 213,70 (181,36 - 246,03) Hormesis 96
F. cândida 333,38 (297,35 - 369,42) Hormesis 99
P. minuta 578,74 (512,03 - 645,45) Hormesis 93
Fonte: Elaborado pela autora, 2019.
187
Na Tabela 27 são apresentados os valores de CE50, seus intervalos de confiança e
valor do R2 dos modelos matemáticos encontrados para cada solo contaminado com Zn nos
ensaios realizados com os organismos do solo.
Tabela 27 – Concentração efetiva (CE50) e intervalo de confiança, Modelo estatístico e R²
(% do ajuste dos dados na curva) para os testes de reprodução dos organismos
testados em Nitossolo Vermelho (Nitossolo), Cambissolo Húmico (Cambissolo)
e SAT com aplicação de doses de Zn.
CE50
(mg kg-1) Modelo Estatístico
R²
(%)
Nitossolo
E. andrei 402,34 (299,50 - 505,18) Gompertz 96
P. excavatus 427,94 (385,50 - 470,38) Hormesis 98
E. crypticus 410,77 (373,25 - 448,29) Hormesis 99
E. bigeminus 443,70 (370,21 - 517,19) Gompertz 97
F. cândida 479,20 (332,35 - 626,06) Gompertz 89
P. minuta 784,74 (655,79 - 913,70) Hormesis 84
Cambissolo
E. andrei 256,73 (208,78 - 304,70) Gompertz 97
P. excavatus 248,70 (158,18 - 339,22) Logístico 91
E. crypticus 224,70 (158,40 - 291,00) Hormesis 89
E. bigeminus 152,41 (61,31 - 243,53) Hormesis 82
F. cândida 256,20 (187,41 - 324,96) Hormesis 95
P. minuta 324,07 (248,91 - 399,23) Hormesis 89
Fonte: Elaborado pela autora, 2019.
6.2.2 Determinação dos valores orientadores de prevenção
Por meio do programa ETX 2.0 (VLAARDINGEN et al., 2004) foram determinadas
as curvas de sensibilidade para as espécies testadas (SSD). As SSDs foram construídas a
partir dos valores de CE50 dos organismos para cada solo testado (Tabela 26 e Tabela 27),
realizadas de acordo com Aldenberg e Jaworska (2000). Através das SSDs foram gerados os
valores de HC5 e HC50 para se inferir sobre os possíveis VPs que protegeriam as espécies E.
andrei, P. excavatus, E. crypticus, E. bigeminus, F. candida, P. minuta e as demais espécies
do ecossistema, quando estas estiverem em contato com Nitossolo Vermelho, Cambissolo
Húmico e Solo Artificial Tropical (SAT), testados nesse trabalho.
188
Ressalta-se que a SSD é uma distribuição estatística que descreve a variação da
toxicidade de um determinado poluente para um conjunto de espécies. Este método
considera que há uma variação na sensibilidade dos organismos aos contaminantes
ambientais (NEWMAN, 2000). Nesse sentido, a quantidade de dados é extremamente
relevante para a derivação de uma SSD representativa para as conclusões baseadas nela e,
portanto, para as SSD´s geradas para organismos do solo é recomendado o uso de no mínimo
seis espécies pertencentes a seis famílias diferentes (OECD, 2006; POSTHUMA; SUTER
II; TRAAS, 2001). Desse modo, não foi possível a realização da curva para o o solo SAT
com contaminante Zn, uma vez que só foram gerados dados de CE50 para um número de 5
espécies, e estes não são suficientes para gerarem dados representativos.
Como os valores de HC5 são mais protetores que os de HC50, os primeiros se tornam
normalmente mais recomendáveis para se estabelecer o valor de VP (NEWMAN, 2000;
VLAARDINGEN, 2004). Após os HC5 estabelecidos, estes serão somados aos Valores de
Referência de Qualidade (VRQ) do Estado de Santa Catarina (HUGEN et al., 2013), por
meio da equação:
VP = VRQ + HC5
Onde:
VP: Valor orientador de Prevenção
VRQ: Valor de referência para SC
HC5: Concentração de risco para 5% das espécies testadas.
6.2.3 Análise dos dados
A curva de sensibilidade e os valores de HC5 e HC50 foram gerados com limite de
confiança de 95%. Uma vez que o modelo assume uma distribuição log-normal dos dados,
a log-normalidade foi testada pelos testes de normalidade de Anderson-Darling,
Kolmogorov-Smirnov e Cramer von Mises (p < 0,01), inclusos no pacote do software ETX
2.0 (VLAARDINGEN et al., 2004).
6.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
6.3.1 Curvas de Distribuição de Sensibilidade das Espécies (SSD)
6.3.1.1 SSD - Cu
189
As distribuições de sensibilidade para o grupo de invertebrados do solo expostos ao
Nitossolo Vermelho, contaminados com Cu, são apresentadas na Figura 25. No Nitossolo, o
valor de HC5 estimado para as seis espécies de invertebrados do solo foi de 252,90 (144,10
– 325,40) mg kg-1 de solo seco, e o HC50 418,40 (330,30 – 530,00) mg kg-1 de solo seco
(Tabela 28). Pode se observar nesta curva que a ordem crescente de sensibilidade das
espécies é P. excavatus > E. crypticus > E. andrei >E. bigeminus > F. candida > P. minuta
(Figura 25).
Figura 25 - Curva de Distribuição da Sensibilidade de Espécies para o Cu em um Nitossolo
Vermelho com base nos valores de CE50 para diferentes espécies de
invertebrados do solo. O tracejado representa o (HC5): a concentração de risco
para 5% (eixo y=0,05) das espécies avaliadas. e (HC50): a concentração de risco
para 50% (eixo y=0,5) das espécies avaliadas.
Fra
ção
afe
tada
(%)
Log (EC 50)
CE50: Concentração efetiva que causou redução em 50% da reprodução dos organismos do solo testados.
Fonte: Elaborado pela autora, 2019.
Tabela 28 - Concentração de risco das espécies para 5% (HC5) e 50% (HC50) e limites
superiores e inferiores do intervalo de confiança (95%) em Nitossolo Vermelho,
Cambissolo Húmico e Solo Artificial Tropical (SAT) contaminados com doses de
Cu. Solo HC5 (mg kg -1) HC50 (mg kg -1)
Nitossolo 252,90 (144,10 – 325,40) 418,40 (330,30 – 530,00)
Cambissolo 40,21 (9,08 – 78,25) 152,16 (81,41 – 284,39)
SAT 76,12 (21,74 – 133,35) 233,48 (137,88 – 395,37)
Fonte: Elaborado pela autora, 2019.
Eisenia andrei Perionyx excavatus
Enchytraeus crypticus Enchytraeus bigeminus Folsomia candida
Proisotoma minuta
HC50: 418,40
HC5: 252,90
190
No Cambissolo, o valor de HC5 para as espécies de invertebrados testados, foi menor
quando comparado ao Nitossolo e ao SAT, sendo HC5 estimado em 40,21 (9,08 – 78,25 mg
kg-1 de solo seco, e o HC50 em 152,16 (81,41 – 284,39) mg kg-1 de solo seco (Tabela 28).
Nesta curva, a ordem crescente de sensibilidade das espécies foi P. excavatus > E. andrei >
E. bigeminus > E. crypticus > F. candida > P. minuta (Figura 26).
Figura 26 - Curva de Distribuição da Sensibilidade de Espécies para o Cu em um
Cambissolo Húmico com base nos valores de CE50 para diferentes espécies de
invertebrados do solo. O tracejado representa o (HC5): a concentração de risco
para 5% (eixo y=0,05) das espécies avaliadas. e (HC50): a concentração de risco
para 50% (eixo y=0,5) das espécies avaliadas.
Fra
ção
afe
tada
(%)
Log (CE 50)
CE50: Concentração efetiva que causou redução em 50% da reprodução dos organismos do solo testados. Fonte: Elaborado pela autora, 2019.
No SAT, o valor de HC5 para as espécies de invertebrados testados, foi menor quando
comparados ao Nitossolo, e maior quando comparados ao Cambissolo, sendo o HC5
estimado em 76,12 (21,74 – 133,35) mg kg-1 de solo seco, e o HC50 em 233,48 (137,88 –
395,37) mg kg-1 de solo seco (Tabela 28). Nesta curva, a ordem crescente de sensibilidade
das espécies foi P. excavatus > E. crypticus > E. andrei > E. bigeminus > F. candida > P.
minuta (Figura 27). Em testes utilizando metais e realizados em diferentes solos, a literatura
demonstra que os testes ecotoxicológicos realizados em solos artificiais da OCDE são menos
sensíveis para os organismos do que aqueles realizados com solos de campos naturais
(RÖMBKE, COLLADO, SCHMELZ, 2007) dependendo do contaminante, o que
HC50: 152,16
HC5: 40,21
Eisenia andrei Perionyx excavatus Enchytraeus crypticus Enchytraeus bigeminus Folsomia candida
Proisotoma minuta
191
geralmente é explicado pelo conjunto das propriedades intrínsecas dos solos naturais que,
por vezes, interferem na disponibilidade da substância teste.
Figura 27 - Curva de Distribuição da Sensibilidade de Espécies para o Cu em um um Solo
Artificial Tropical (SAT) com base nos valores de CE50 para diferentes espécies
de invertebrados do solo. O tracejado representa o (HC5): a concentração de risco
para 5% (eixo y=0,05) das espécies avaliadas. e (HC50): a concentração de risco
para 50% (eixo y=0,5) das espécies avaliadas.
Fra
ção
afe
tada
(%)
Log (EC 50)
CE50: Concentração efetiva que causou redução em 50% da reprodução dos organismos do solo testados.
Fonte: Elaborado pela autora, 2019.
Os valores encontrados de HC5 para os anelídeos foi menor quando comparado aos
artrópodes (Figuras 25, 26 e 27). Isso pode ser explicado pelo mecanismo de absorção dos
elementos químicos pelos anelídeos que se dá por difusão através dos compostos presentes
na solução do solo (DE SILVA, PATHIRATNE, & VAN GESTEL, 2009). Nos organismos
do solo que possuem tegumento mole (ausência de exoesqueleto), tais como minhocas e
enquitreídeos, a troca de substâncias e por consequência a absorção dos metais se dá por
meio da difusão passiva através do epitélio e/ou pela ingestão, juntamente com as partículas
do solo, e é facilitada pela secreção de um muco epidérmico, bem como excreção de
nefridióides, (SIVAKUMAR, 2015) o que mantêm a pele desses organismos úmida
facilitando, dessa forma, o contato com os elementos-traço (ANDRE et al., 2010). Já os
colêmbolos possuem exoesqueleto recoberto por um polissacarídeo, a quitina, composta por
monômeros de N-acetilglicosamina (JANSSENS, ROELOFS & VAN STRAALEN, 2009),
HC50: 233,48
HC5: 76,12)
Eisenia andrei Perionyx excavatus Enchytraeus crypticus Enchytraeus bigeminus Folsomia candida
Proisotoma minuta
192
o que por vezes, dificulta a passagem dos metais diretamente pelo tegumento uma vez que a
quitina tende a ser impermeável (SALMON et al., 2014).
Outro ponto que deve ser observado para a maior toxicidade dos anelídeos expostos
ao Cu, quando comparado aos artrópodes, é o nicho ecológico de cada grupo. Os anelídeos
vivem dentro do solo, alimentam-se de matéria orgânica e, portanto, têm contato íntimo com
o solo, consumindo grandes quantidades de solo ao longo da vida, principalmente as espécies
geófagas (DOMINGUEZ, VELANDO & FERREIRO, 2005), e geralmente carecem de
barreiras externas para produtos químicos na solução do solo (LAGAUZÈRE, TERRAIL &
BONZOM, 2009; SIVAKUMAR, 2015). Os colêmbolos, por sua vez, como os indivíduos
da espécie F. cândida e P. minuta, tem seu habitat entre os poros do solo, vivendo mais
superficialmente e se alimentam principalmente de fungos (BRUSS PEDENSEN, VAN
GESTEL, & ELMEGAARD, 2000). Isso faz com que o contato entre o contaminante e os
diferentes grupos do solo seja diferente, fazendo com quem as minhocas sejam mais
suscetíveis ao elementos-traço (LAGAUZÈRE, TERRAIL & BONZOM, 2009).
Os resultados obtidos com as curvas de sensibilidade para os três solos utilizados
nesse estudo, demonstram maior risco aos organismos quando expostos ao Cambissolo em
comparação ao SAT e ao Nitossolo. Essa diferença pode ser explicada pela combinação dos
efeitos do Cu e das propriedades físicas, mineralógicas e químicas dos solos utilizados nesse
estudo. Os baixos teores de argila do Cambissolo (Tabela 3), aliados ao seu baixo pH (Tabela
4), baixo teor de óxidos (Tabela 5) e mineralogia essencialmente caulinítica de boa
cristalinidade (Figura 9), resultaram na menor adsorção do contaminante (Figura 11b), e,
consequentemente, alta disponibilidade desses compostos para os organismos do solo
(REGITANO et al., 2001).
Sabe-se que as propriedades do solo influenciam na disponibilidade de metais
(ALLOWAY, 1995), e uma vez estando biodisponíveis, influenciam na toxicidade dos
contaminantes para os organismos do solo (CHELINHO et al., 2011). Adicionalmente,
segundo Wang et al. (2003), a adsorção eletrostática do Cu na CTC aumenta em solos com
pH entre 5,5 e 6,0, como é o caso do Nitossolo (Tabela 4) diminuindo a disponibilidade
desse elemento no solo. Não obstante, o pH também é importante no favorecimento de
reações de adsorção mais fortes, as especificas, entre os metais, a matéria orgânica e óxidos
(ALLOWAY, 1995).
193
6.3.1.2 SSD - Zn
As distribuições de sensibilidade para o grupo de invertebrados do solo expostos ao
Nitossolo Vermelho contaminados com Zn são apresentadas na Figura 28. Para o Nitossolo,
o valor de HC5 estimado para as seis espécies de invertebrados do solo foi de 316,42 (193,29
– 394,49) mg kg-1 de solo seco, e o HC50 491,70 (399,70 – 604,88) mg kg-1 de solo (Tabela
29). Pode se observar nesta curva que, a ordem crescente de sensibilidade das espécies é E.
andrei >E. crypticus > P. excavatus > F. candida > E. bigeminus > P. minuta (Figura 29).
Figura 28 - Curva de Distribuição da Sensibilidade de Espécies para o Zn em um Nitossolo
Vermelho com base nos valores de CE50 para diferentes espécies de invertebrados
do solo. O tracejado representa o (HC5): a concentração de risco para 5% (eixo
y=0,05) das espécies avaliadas. e (HC50): a concentração de risco para 50% (eixo
y=0,5) das espécies avaliadas.
Fra
ção
afe
tada
(%)
Log (EC 50)
CE50: Concentração efetiva que causou redução em 50% da reprodução dos organismos do solo testados.
Fonte: Elaborado pela autora, 2019.
Para o Cambissolo, o valor de HC5 para as espécies de invertebrados testados, foi
menor quando comparados ao Nitossolo, sendo HC5 estimado em 153,85 (94,48 – 191,36)
mg kg-1 de solo seco, e o HC50 em 237,96 (193,86 – 292,08) mg kg-1 de solo seco (Tabela
29). Nesta curva, a ordem crescente de sensibilidade das espécies foi E. bigeminus > E.
crypticus > P. excavatus > F. candida > E. andrei >P. minuta (Figura 29).
HC50: 491,70
HC5: 316,42
Eisenia andrei Perionyx excavatus
Enchytraeus crypticus Enchytraeus bigeminus Folsomia candida
Proisotoma minuta
194
Figura 29 - Curva de Distribuição da Sensibilidade de Espécies para o Zn em um
Cambissolo Húmico com base nos valores de CE50 para diferentes espécies de
invertebrados do solo. O tracejado representa o (HC5): a concentração de risco
para 5% (eixo y=0,05) das espécies avaliadas. e (HC50): a concentração de risco
para 50% (eixo y=0,5) das espécies avaliadas.
Fra
ção a
feta
da
(%)
Log (EC 50)
CE50: Concentração efetiva que causou redução em 50% da reprodução dos organismos do solo testados.
Fonte: Elaborado pela autora, 2019.
Tabela 29 - Concentração de risco das espécies para 5% (HC5) e 50% (HC50) e limites
superiores e inferiores do intervalo de confiança (95%) e em Nitossolo Vermelho,
Cambissolo Húmico contaminados com doses de Zn. Solo HC5 (mg kg -1) HC50 (mg kg -1)
Nitossolo 316,42 (193,29 – 394,49) 491,70 (399,70 – 604,88)
Cambissolo 153,85 (94,48 – 191,36) 237,96 (193,86 – 292,08)
Fonte: Elaborado pela autora, 2019.
Os organismos apresentaram diferentes respostas de toxicidade ao Zn, o que pode ser
observado pelos menores valores de HC5 para as minhocas e os enquitreídeos quando
comparados aos colêmbolos (Figura 28 e 29). Conforme relatado anteriormente, essa
sensibilidade maior dos anelídeos vem da ausência de exoesqueleto que permite que seu
tegumento absorva os elementos-traço por meio da difusão passiva através da pele ou, ainda,
pela ingestão juntamente com partículas do solo (DE SILVA et al., 2009; ANDRÉ et al.,
2010; SIVAKUMAR, 2015). Adicionalmente, nos colêmbolos, além do exoesqueleto, a
presença de órgãos sensoriais como os ocelos, antenas e furca, podem ajudá-los na percepção
HC50: 237,96
HC5: 153,85
Eisenia andrei Perionyx excavatus Enchytraeus crypticus Enchytraeus bigeminus Folsomia candida
Proisotoma minuta
195
do ambiente (SALMÃO & PONGE, 2012), e evitação quando na presença de contaminantes
(JANSSENS, ROELOFS, & VAN STRAALEN, 2009).
Desse modo, a busca por um organismo único nas avaliações ecotoxicológicas é
totalmente inviável, devido as características distintas de cada organismo do solo. Não
obstante, os solos possuem características particulares, como teor de MOS, pH, CTC,
mineralogia e textura que podem ser importantes condicionantes nas inter-relações entre os
três componentes (solo, organismo, elemento-traço) (ALLOWAY,1995; KAMOUN et al.,
2017). Prova disso, são os resultados obtidos com as curvas de sensibilidade para o Zn, que
demonstraram maior toxicidade dos organismos quando expostos ao Cambissolo em
comparação com o Nitossolo (Tabela 29). Sabe-se que as propriedades do solo influenciam
na disponibilidade dos elementos-traço (KABATA-PENDIAS e PENDIAS, 2011), e,
consequentemente, na toxicidade dos contaminantes para os organismos do solo
(CHELINHO et al., 2011). Portanto, a maior toxicidade observada no Cambissolo pode ser
atribuída pela combinação dos efeitos do Zn e os baixos teores de argila do Cambissolo
(Tabela 3) aliados ao seu baixo pH (Tabela 4), que resultaram na menor adsorção do
contaminante (Figura 12b), e consequentemente, maior disponibilidade desses compostos
para os organismos expostos no Cambissolo (REGITANO et al., 2001; KAMOUN et al.,
2017).
Assim, em um contexto geral, as curvas de sensibilidade são importantes ferramentas
e podem ser utilizadas para avaliação do risco ecológico das populações edáficas (DEL
SIGNORE et al., 2016). Apesar da busca pelo indicador universal ainda não ser possível, a
indicação de SSDs para diferentes tipos de solo é altamente recomendável, devido a
heterogeneidade do solo em uma mesma região (CHELINHO et al., 2011). Desta forma,
para melhor compreensão destas interações, é possível construir curvas que demonstram a
sensibilidade dos organismos à exposição dos elementos-traço e/ou outros contaminantes.
6.3.2 Valores de prevenção (VP)
6.3.2.1 VP - Cu
Foram utilizados os valores médios de HC5 para a determinação dos VP´s e,
conforme apresentado na Tabela 30, os valores foram distintos entre si, sendo que o valor
encontrado para o Nitossolo é quase três vezes mais alto que os VP´s determinados para o
Cambissolo.
196
Tabela 30 - Valores de HC5 calculados a partir das CE50 determinadas para diferentes
invertebrados do solo, valores de VP para o Cu, resultantes da soma de cada HC5
com o VRQ.
Solo LL HC5 HC5 UL HC5 VP (HC5 + VRQ)
(mg kg -1)
Nitossolo 144,10 252,90 325,40 363,90
Cambissolo 9,08 40,21 78,24 151,21
Nitossolo + Cambissolo 156,88 69,66 295,51 180,66
CE50: concentração efetiva que causou redução em 50% do parâmetro biológico avaliado; LL HC5: menor
estimativa para HC5; HC5: concentração perigosa para 5% dos parâmetros biológicos avaliados; UL HC5:
maior estimativa para HC5; VP: valor de prevenção; VRQ: valor de referência de qualidade (= 111,00 mg kg-
1).
O Cambissolo, por apresentar condições que favoreceram uma maior disponibilidade
de Cu, como textura arenosa, caráter distrofico, e baixo pH, apresentou um VP de 151,21
mg kg-1, que é menor quando comparado ao Nitossolo que apresentou o valor de 363,90 mg
kg-1. Verifica-se, na Tabela 30, que a toxicidade por Cu é maior quando se unem os valores
medios de HC5 para Cambissolo e Nitossolo (180,66 mg kg-1). Isso quer dizer que, até a
concentração de 180,66 mg kg-1, 95% das variáveis estudadas para o solo estão protegidos
(não terão reduções superiores a 50%); ao passo que 5% das variáveis sofrerão redução
superior a 50%. Esse valor é maior que o VP de 60 mg kg-1, instituído pela CETESB (2016),
e vigente na legislação BRASIL, (2009). Isso torna evidente que as características intrínsecas
de cada solo são determinantes para o estabelecimento dos valores de prevenção, pois são
elas que determinam a fração disponível do elemento-traço no solo. Os resultados de HC5
expressam de maneira indireta esta disponibilidade.
6.3.2.2 VP - Zn
Conforme apresentado na Tabela 31, os valores medios de HC5 foram diferentes para
Cambissolo e Nitossolo, logo a toxicidade no Cambissolo foi maior quando comparada ao
Nitossoto. O Cambissolo, por apresentar condições que favoreceram uma maior
disponibilidade de Zn, como textura arenosa, caráter distrofico, e baixo pH, apresentou um
VP 214,85 mg kg-1, esse valor é menor quando comparado ao Nitossolo que apresentou o
valor de 377,70 mg kg-1. Verifica-se na Tabela 30 que a toxicidade por Zn é maior quando
se une os valores medios de HC5 para Cambissolo e Nitossolo (222,56 mg kg-1). Esse valor
é maior que o VP de 86 mg kg-1, instituído pela CETESB, (2016), contudo, é menor que o
VP de 300 mg kg-1 vigente na legislação BRASIL, (2009).
197
Tabela 31 - Valores de HC5 calculados a partir das CE50 determinadas para diferentes
invertebrados do solo, valores de VP para o Zn, resultantes da soma de cada HC5
com o VRQ.
Solo LL HC5 HC5 UL HC5 VP (HC5 + VRQ)
(mg kg -1)
Nitossolo 193,29 316,42 394,49 377,40
Cambissolo 94,48 153,85 191,36 214,85
Nitossolo + Cambissolo 102,56 161,56 212,32 222,56
LL HC5: menor estimativa para HC5; UL HC5: maior estimativa para HC5; VP: valor de prevenção; VRQ:
valor de referência de qualidade (= 61,00 mg kg-1).
Esses resultados evidenciam a importância de se estabelecer VP’s para cada estado
brasileiro. Adicionalmente, torna-se evidente que uma única classe de solo, não pode ser
considerada representativa para todo o Estado de Santa Catarina devido às características
climatológicas e pedológicas que formam cada classe de solo. Desse modo, utilizar um valor
único de VP, que proteja os solos em geral, para se determinar um valor limite preventivo e
específico para um elemento químico, é arriscado. O ideal é a determinação de valores de
prevenção diferentes para os diferentes grupos de solo com características físico-químicas
similares para à obtenção de resultados mais confiáveis e representativos. Contudo, a
fiscalização por classes de solos, para o gerenciamento de áreas contaminadas dos órgãos
ambientais, pode se tornar onerosa e inviável. Desse modo, cabe ao órgão ambiental do
Estado de Santa Catarina, mediante câmara técnica, discutir a metodologia mais adequada
visando um gerenciamento que atenda a prevenção da funcionalidade do solo e ao mesmo
tempo auxilie os trabalhos dos estudos de qualidade do solo.
Espera-se que este trabalho possa auxiliar nos valores de doses de Cu e Zn a ser
utilizadas para solos representativos de Santa Catarina, contaminados por tais elementos.
6.4 CONCLUSÃO
1. O Cu e o Zn causaram efeito de toxicidez nas espécies E. andrei, P. excavatus, E.
crypticus, E. bigeminus, F. cândida e P. minuta sendo mais pronunciado em
anelídeos do que em artrópodes, sendo a magnitude desse efeito dependente das
propriedades do solo, causando maior toxicidade em solos com baixo teor de argila
e baixo pH.
2. Os resultados de CE50 das espécies individualmente observadas se comportam
diferentemente em relação ao tipo de solo com o mesmo elemento-traço em
comparação aos HC5, quando são consideradas o conjunto de espécies.
198
3. A curva de Distribuição de Sensibilidade de Espécies (SSD) pode ser utilizada como
ferramenta para indicar a toxicidade de elementos-traço para uma comunidade de
organismos edáficos em solos subtropicais.
4. O Valor de Prevenção para o elemento Cu, em solos do Estado de Santa Catarina,
para Nitossolo Vermelho e Cambissolo Húmico são 363,90 e 141,21 mg kg-1,
respectivamente. Quando se considera os valores médios de CE50 das duas classes de
solos analisadas o valor de prevenção é 180,66 mg kg-1. Como o valor obtido no
Cambissolo proporcionou um VP mais preventivo, sugere-se, portanto, este valor
como o preventivo para Cu em solos do Estado de Santa Catarina.
5. O Valor de Prevenção para o elemento Zn, em solos do Estado de Santa Catarina,
para Nitossolo Vermelho e Cambissolo Húmico são 377,40 e 214,85 mg kg-1,
respectivamente. Quando se considera os valores médios de CE50 das duas classes de
solos analisadas, o valor de prevenção é 222,56 mg kg-1. Como o valor obtido no
Cambissolo proporcionou um VP mais preventivo, sugere-se, portanto, este valor
como o preventivo para Zn em solos do Estado de Santa Catarina.
199
REFERÊNCIAS
ALEXANDRINO, R. C. S. Determinação do valor de prevenção para solos contaminados
por chumbo no Estado de Minas Gerais. 2014. 147 p. Dissertação (Mestrado em Ciência
do Solo) - Universidade Federal de Lavras, Lavras, 2014.
ALVARENGA, I. F. S. Fisiologia e ecotoxicologia de espécies vegetais para a
determinação do valor de prevenção de cádmio em solos. 2014. 181 p. Dissertação
(Mestrado em Fisiologia Vegetal) - Universidade Federal de Lavras, Lavras, 2014.
ALDENBERG, T.; JAWORSKA, J. S. Uncertainty of the Hazardous concentration and
fraction affected for normal species sensitivity distributions. Ecotoxicology and
Environmental Safety. v. 46, p. 1-18, 2000.
ALLOWAY, B. J. Heavy metais in soils. 2nd ed. Colchester: University of Essex, 1995.
363 p.
ANDRE, J., STÜRZENBAUM, S.R., KILLE, P., MORGAN, A.J., HODSON, M.E.,
Metal bioaccumulation and cellular fractionation in an epigeic earthworm (Lumbricus
rubellus): the interactive influences of population exposure histories, site-specific
geochemistry and mitochondrial genotype. Soil Biol. Biochem. 42, 1566–1573, 2010.
BELANGER, S.; BARRON, M.; CRAIG, P.; DYER, S.; GALAY‐BURGOS, M.;
HAMER, M.; MARSHALL, S.; POSTHUMA, L.; RAIMONDO, S.; WHITEHOUSE,
P. Future needs and recommendations in the development of species sensitivity
distributions: Estimating toxicity thresholds for aquatic ecological communities and
assessing impacts of chemical exposures. Integrated environmental assessment and
management. v. 13, n. 4, p. 664-674, 2017.
BIONDI, C. M.; NASCIMENTO, C. W. A.; FABRICIO NETA, A. B.; RIBEIRO, M.
R. Teores de Fe, Mn, Zn, Cu, Ni e Co em solos de referência de Pernambuco. Revista
Brasileira de Ciência do Solo, v.35, n.3, 2011.
BRADY, N.C.; WEIL, R.R. Elementos da natureza e propriedades dos solos. 3.ed. Porto
Alegre: Bookman, 2013.
BRASIL. Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução nº 420, de 28 de
dezembro de 2009. Dispõe sobre critérios e valores orientadores de qualidade do solo
quanto à presença de substâncias químicas e estabelece diretrizes para o gerenciamento
ambiental de áreas contaminadas por essas substâncias em decorrência de atividades
antrópicas. Diário Oficial da União, Brasília, DF, n. 249, 2009. Disponível em:
<http://www.mma.gov.br/port/conama/res/res09/res42009.pdf >. Acesso em: 01 de
maio 2018.
200
BRUUS PEDERSEN, M. VAN GESTEL, C.A.M.; ELMEGAARD, N. effects of
copper on reproduction of two collembolan species exposed through soil, food, and
water. Environmental Toxicology and Chemistry, Vol. 19, No. 10, pp. 2579–2588,
2000.
CÂNDIDO, G. D. S. Avaliação de plantas cultivadas em solos de Minas Gerais
contaminados por chumbo e derivação de seu valor de prevenção. 2017. 118 p. Dissertação
(Mestrado profissional) - Universidade Federal de Lavras, Lavras, 2017.
CHAPMAN, P. M. Sediment quality criteria from the sediment quality triad: an example.
Environmental Toxicology and Chemistry, New York, v. 5, n. 11, p. 957-964, Nov. 1986.
CHELINHO, S.; DOMENE, X.; CAMPANA, P.; NATAL-DA-LUZ, T.; SCHEFFCZYK,
A.; RÖMBKE, J.; ANDRÉS, P.; SOUSA, J. P. Improving Ecological Risk Assessment in
the Mediterranean Area: selection of reference soils and evaluating the influence of soil
properties on avoidance and reproduction of two Oligochaeta species. Environmental
Toxicology and Chemistry. v. 30, p. 1050-1058, 2011.
COMPANHIA DE TECNOLOGIA DE SANEAMENTO AMBIENTAL - CETESB.
Relatório de estabelecimento de valores orientadores para solos e águas subterrâneas no
Estado de São Paulo: DECISÃO DE DIRETORIA Nº 256/2016/E, DE 22 DE NOVEMBRO
DE 2016. Diário Oficial do Estado de São Paulo, Poder Executivo, São Paulo, 2016.
Disponível em: <http://www.cetesb.sp.gov.br>. Acesso em: 25 ago. 2017.
DEL SIGNORE, A.; HENDRIKS, J.; LENDERS, R. H. J.; LEUVEN, R. S. E. W.;
BREURE, A. M. Development and application of SSD approach in scientific case
studies for ecological risk assessment. Environmental Toxicology and Chemistry. v.
32, p. 390-398, 2016.
DE SILVA, P. M. C.; PATHIRATNE, A.; VAN GESTEL, C. A. Influence of
temperature and soil type on the toxicity of three pesticides to Eisenia andrei.
Chemosphere. v. 76, n. 10, p. 1410-1415, 2009.
DOMÍNGUEZ, J., VELANDO, A., FERREIRO, A. Are Eisenia fetida (Savigny, 1826) and
Eisenia andrei Bouché (1972) (Oligochaeta, Lumbricidae) different biological species?
Pedobiologia 49 (1), 81–87. 2005.
DORTZBACH D. Dinâmica de atributos físicos e químicos em solos sob plantio direto
adubado com dejetos suínos e uréia. 2009, f. 146. Florianópolis, SC. Dissertação
(Mestrado) – Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Ciências Agrárias.
Programa de PósGraduação em Agroecossistemas
201
GRÄBER, I.; HANSEN, J.F.; OLESEN, S.E.; PETERSEN, J.; ØSTERGAARD, H.S. &
KROGH, L. Accumulation of copper and zinc in danish agricultural soils in intensive pig
production areas. Danish J. Geogr., 105:15-22, 2005.
HUGEN, C., MIQUELLUTI, D. J., CAMPOS, M. L., ALMEIDA, J. A. DE, FERREIRA,
É. R. N. C., & POZZAN, M. Teores de Cu e Zn em perfis de solos de diferentes litologias
em Santa Catarina. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, 17(6), 622–
628, 2013.
JANSSENS, T.K.S., ROELOFS, D., VAN STRAALEN, M., Molecular mechanisms of
heavy metal tolerance and evolution in invertebrates. Insect Sci. 16, 3–18, 2009.
JENSEN, J.; MESMAN, M. Ecological risk assessment of contaminated land: decision
support for site specific investigations. New York: RIVM, 2006. 138 p.
KABATA PENDIAS, A.; PENDIAS, H. Trace elements in soil and plants. New York:
CRC Press, 2011. v. 4, 534 p.
KAMOUN, J. I.; JEGEDE, O. O.; OWOJORI, O. J.; BOUZID, J.; GARGOURI, R.;
RÖMBKE, J. Effects of deltamethrin, dimethoate, and chlorpyrifos on survival and
reproduction of the collembolan Folsomia candida and the predatory mite Hypoaspis
aculeifer in two african and two european soils. Integrated Environmental Assessment
and Management. v. 9999, n. 9999 p. 1-13, 2017.
LAGAUZÈRE, S., TERRAIL, R., BONZOM, J.-M.. Ecotoxicity of uranium to Tubifex
tubifex worms (Annelida, Clitellata, Tubificidae) exposed to contaminated sediment.
Ecotoxicol. Environ. Saf. 72, 527–537, 2009.
LIMA, FRANCIELLE ROBERTA DIAS. Mercúrio em solos: determinação de valores de
prevenção para o Estado de Minas Gerais e avaliação de extratores para fitodisponibilidade
/. Dissertação (Mestrado em Ciência do Solo - Universidade Federal de Lavras, Lavras, -
2017. 88 p.
MARQUES, E. A. Determinação do valor de prevenção para cromo em solos do estado de
Minas Gerais. 2015. 96 p. Dissertação (Mestrado Profissional em Tecnologias e Inovações
Ambientais) - Universidade Federal de Lavras, Lavras, 2015.
NEWMAN, M. C.; OWNBY, D. R.; MEZIN, L. C. A.; POWELL, D. C. Applying species
sensitivity distributions in ecological risk assessment: assumptions of distribution type and
sufficient number of species. Environmental Toxicology and Chemistry. v. 19, p. 508-
515, 2000.
202
ORGANIZATION FOR ECONOMIC CO-OPERATION AND DEVELOPMENT -
OECD. Guidelines for testing of chemicals nº 208: terrestrial plant test: seedling
emergence and seedling growth test. Paris, 2006. Disponível em:
<http://www.oecd.org/dataoecd/11/31/33653757.pdf>. Acesso em: 18 ago. 2018.
PEDROZO, M. F. M.; LIMA, I. V. Ecotoxicologia do cobre e seus compostos.
Salvador: CRA, 2001. 128 p.
POSTHUMA, L.; SUTER II, G. W.; TRAAS, T. P. (Eds.). Species Sensitivity
Distributions in Ecotoxicology. New York: CRC press, 2001. 617 p.
REGITANO, J. B.; TORNISIELO, V. L.; LAVORENTI, A.; PACOVSKY, R. S.
Transformation pathways of 14C-chlorothalonil in tropical soils. Archives of
Environmental Contamination and Toxicology. v. 40, n. 3, p. 295-302, 2001.
RÖMBKE, J., COLLADO, R.; SCHMELZ, RM., Abundance, distribution and indicator
potential of enchytraeid genera (Enchytraeidae, Clitellata) in secondary forests and
pastures of the Mata Atlântica. Acta Hydrobioica Sinica, vol. 3, p. 139- 150 2007.
RUTGERS, M. et al. Site-specific ecological risks: a basic approach to the function-
specific assessment of soil pollution. Rapporten Programma Geïntegreerd
Bodemonderzoek, Netherlands, v. 28, p. 1-18, 2000.
SALMON, S., PONGE, J.F., Species traits and habitats in springtail communities: a
regional scale study. Pedobiologia 55, 295–301. 2012.
SALMON, S., PONGE, J.P., GACHET, S., DEHARVENG, L., LEFEBVRE, N.,
DELABROSSE, F., Linking species, traits and habitat characteristics of Collembola at
European scale. Soil Biol. Biochem. 75, 73–85. 2014.
SANTOS, J. L. Valores de prevenção para fitotoxidez por cromo em solos de Minas
Gerais. Dissertação (Mestrado em Ciência do Solo) - Universidade Federal de Lavras,
Lavras, 97p. 2015.
SIVAKUMAR, S. Effects of metals on earthworm life cycles: a review. Environ.
Monit. Assess. 187 (530), 1–14, 2015
TEODORO, J. C. Determinação do valor de prevenção para o chumbo em solos: testes
fitotoxicológicos. 2016. 93 p. Dissertação (Mestrado em Agronomia/Fisiologia
Vegetal)Universidade Federal de Lavras, Lavras, 2016.
203
VAN VLAARDINGEN, P. L. A.; TRAAS, T.P.; WINTERSEN, A. M.;
ALDENBERG, T. ETX 2.0. A program to calculate hazardous concentrations and
fraction affected, based on normally distributed toxicity data. Bilthoven, the
Netherlands: National Institute for Public Health and the Environment (RIVM). Report
no. 601501028/2004. p. 68, 2004.
XU, F. L.; LI, Y. L.; WANG, Y.; HE. W.; KONG, X. Z.; QNI, N.; LIU, W.X.; WU, W. J.;
JORGENSEN, S. E. Key issues for the development and application of the species
sensitiviti distribution (SSD) model for ecological risk assessement. Ecological
Indicators. v. 54, p. 227-237, 2015. ,
WANG, S.Q.; ZHOU, D.M.; WANG, Y.J.; CHEN, H.M.. Effect of o-phenylenediamine
on Cu adsorption and desorption in red soil and its uptake by paddy rice (Oryza sativa).
Chemosphere, Amsterdam, v.51, p.77-83, 2003.
204
205
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os resultados obtidos nos testes ecotoxicológicos com invertebrados do solo
evidenciaram redução na taxa de sobrevivência e no número de juvenis gerados com
aumento da dose de Cu e Zn, sendo os efeitos mais expressivos em solos de pH baixo, com
baixos teores de argila, MOS e óxidos.
Nesse sentido, foi possível entender que o comportamento de Cu e Zn no ambiente é
diferente para os diferentes grupos da fauna edáfica. Sendo assim, para obter-se um VP
abrangente e efetivo, entende-se que é necessário não só avaliar a fauna edáfica, como foi
realizado neste trabalho, mas, também, aumentar o número de parâmetros para estabelecer
um conjunto de CE50 e uma curva de sensibilidade mais representativa, além de avaliar o
efeito das substâncias tóxicas em outras espécies, como microrganismos e plantas, por
exemplo. Não obstante, os VP´s encontrados neste estudo servem como referência para
estudos com outros organismos edáficos submetidos à toxidez de Cu e Zn.
Adicionalmente, a disponibilidade de Cu e Zn no ambiente é diferente para as
diferentes classes de solo analisadas. Sendo assim, para obter-se um VP representativo,
entende-se que existe urgência na condução de pesquisas mais aprofundadas para avaliações,
especialmente na biota do solo em diferentes condições ambientais e em diferentes classes
de solo. E recomenda-se, portanto, ter valores de prevenção diferentes para diferentes grupos
de solo, com características físico-químicas similares.
Os dados deste trabalho são sugeridos como uma alternativa para somar ao banco de
dados de valores orientadores do Estado de Santa Catarina e a metodologia como uma
primeira aproximação para derivar valores de prevenção, tendo em vista que ainda não há
em SC, valores de prevenção para qualquer elemento-traço. Desse modo, sugere-se urgência
na condução de pesquisas com outros elementos-traço potencialmente contaminantes.