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UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE AGRONOMIA E MEDICINA VETERINÁRIA VARIAÇÕES NAS FRAÇÕES DA MATÉRIA ORGÂNICA DO SOLO EM FUNÇÃO DA ADOÇÃO DE SISTEMA DE INTEGRAÇÃO LAVOURA PECUÁRIA EM PASTAGEM DEGRADADA DO CERRADO THIAGO DOS SANTOS EVANGELISTA

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UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE AGRONOMIA E MEDICINA VETERINÁRIA

VARIAÇÕES NAS FRAÇÕES DA MATÉRIA

ORGÂNICA DO SOLO EM FUNÇÃO DA

ADOÇÃO DE SISTEMA DE INTEGRAÇÃO

LAVOURA PECUÁRIA EM PASTAGEM

DEGRADADA DO CERRADO

THIAGO DOS SANTOS EVANGELISTA

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THIAGO DOS SANTOS EVANGELISTA

VARIAÇÕES NAS FRAÇÕES DA MATÉRIA

ORGÂNICA DO SOLO EM FUNÇÃO DA

ADOÇÃO DE SISTEMA DE INTEGRAÇÃO

LAVOURA PECUÁRIA EM PASTAGEM

DEGRADADA DO CERRADO

Monografia apresentada à Faculdade de

Agronomia e Medicina Veterinária da

Universidade de Brasília – UnB, como parte das

exigências do curso de Graduação em

Agronomia, para a obtenção do título de

Engenheiro Agrônomo.

Orientador: Prof. Dr. CÍCERO CÉLIO DE

FIGUEIREDO

Brasília, DF

Novembro de 2015

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FICHA CATALOGRÁFICA

EVANGELISTA, Thiago dos Santos

“VARIAÇÕES NAS FRAÇÕES DA MATÉRIA ORGÂNICA DO SOLO EM FUNÇÃO DA

ADOÇÃO DE SISTEMA DE INTEGRAÇÃO LAVOURA PECUÁRIA EM PASTAGEM

DEGRADADA DO CERRADO”. Orientação: Cícero Célio de Figueiredo, Brasília 2015. 44 páginas

Monografia de Graduação (G) – Universidade de Brasília / Faculdade de Agronomia e Medicina

Veterinária, 2015.

1. Carbono orgânico, pastagem degradada, forrageiras, Cerrado.

I. Figueiredo, C.C.de. II. Drº.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

EVANGELISTA, T.S. Variações nas Frações da Matéria Orgânica do Solo em Função da

Adoção de Sistema de Integração Lavoura Pecuária em Pastagem Degradada do Cerrado.

Brasília: Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária, Universidade de Brasília, 2015, 44

páginas. Monografia.

CESSÃO DE DIREITOS

Nome do Autor: THIAGO DOS SANTOS EVANGELISTA

Título da Monografia de Conclusão de Curso: Variações nas Frações da Matéria Orgânica do

Solo em Função da Adoção de Integração Lavoura Pecuária em Pastagem Degradada do

Cerrado.

Grau: 3o Ano: 2015

É concedida à Universidade de Brasília permissão para reproduzir cópias desta monografia de graduação

e para emprestar ou vender tais cópias somente para propósitos acadêmicos e científicos. O autor

reserva-se a outros direitos de publicação e nenhuma parte desta monografia de graduação pode ser

reproduzida sem autorização por escrito do autor.

THIAGO DOS SANTOS EVANGELISTA

CPF: 036.357.711-47

QN0 16 Conj B casa 09 - CEP: 72.260.682 Ceilândia, DF. Brasil

(61) 9250-5213/ email: [email protected]

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THIAGO DOS SANTOS EVANGELISTA

VARIAÇÕES NAS FRAÇÕESDA MATÉRIA

ORGÂNICA DO SOLO EM FUNÇÃO DA

ADOÇÃO DE SISTEMA DE INTEGRAÇÃO

LAVOURA PECUÁRIA PASTAGEM

DEGRADADA DO CERRADO

Monografia apresentada à Faculdade de

Agronomia e Medicina Veterinária da

Universidade de Brasília – UnB, como parte das

exigências do curso de Graduação em

Agronomia, para a obtenção do título de

Engenheiro Agrônomo.

Orientador: Prof. Dr. CÍCERO CÉLIO DE

FIGUEIREDO

BANCA EXAMINADORA:

____________________________________________

Cícero Célio de Figueiredo

Doutor, Universidade de Brasília – UnB

Orientador / email: [email protected]

__________________________________________

Gilberto Gonçalves Leite

PhD, Universidade de Brasília – UnB

Examinador / email: [email protected]

__________________________________________

Thais Rodrigues Coser

Doutora, Universidade de Brasília – UnB

Examinadora / email: [email protected]

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Dedico este trabalho aos meus pais

Marlucia Cardozo dos Santos e Orlando

dos Santos Evangelista, grandes exemplos

de vida.

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AGRADECIMENTOS

Antes de tudo agradeço a Deus pelo dom da vida a nós concedido, por todas as bênçãos

na minha vida e por colocar pessoas magníficas no meu caminho.

Aos meus pais, Marlucia Cardozo dos Santos e Orlando dos Santos Evangelista por

acreditar em minha pessoa e por todo amor e esforço realizado por mim. A minha irmã

Mirelly a quem tanto amo, aos meus irmãos Lucas e Ruan. E a todos os familiares pelo

apoio concedido e pela fé depositada.

Agradeço imensamente ao professor Dr. Cícero Célio de Figueiredo pela inestimável

orientação prestada, por toda a compreensão, pela dedicação, pelos ensinamentos, pela

paciência e por acreditar em mim quando nem eu mesmo acreditava mais. Que continue

sendo fonte de inspiração e exemplo de vida para muitos outros que virão.

Ao professor Dr. Gilberto Gonçalves Leite e a Doutora Thais Rodrigues Coser que

cordialmente aceitaram fazer parte da minha banca avaliadora.

A todos que participaram da minha trajetória dentro do curso, muito obrigado pelos

incentivos e ensinamentos. A todos aqueles que participaram direta e indiretamente do

trabalho realizado, em especial ao Gustavo Zafalon, companheiro de trabalho, ao Túlio

Nascimento, a Isabela, a Beatriz Cruvinel, a Harumi Sato, Juliana Sato e a toda equipe

do Laboratório de Matéria Orgânica do Solo e funcionários da Fazenda Água Limpa,

em especial para o senhor Antônio.

Aos meus amigos Rhuan Carlos, Wenderson Magno e Dalila Gonzaga pelo incentivo e

apoio depositado.

E a todos os professores da Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária que

marcaram minha vida acadêmica.

Por fim a todos aqueles que de alguma forma contribuíram para a realização desse

trabalho e da minha vida acadêmica.

Muito obrigado!

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“Os que semeiam com lágrimas segarão com alegria.”

(Salmos 126:5)

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EVANGELISTA, THIAGO DOS SANTOS EVANGELISTA. VARIAÇÕES NAS

FRAÇÕES DA MATÉRIA ORGÂNICA DO SOLO EM FUNÇÃO DA ADOÇÃO

DE SISTEMA DE INTEGRAÇÃO LAVOURA PECUÁRIA EM PASTAGEM

DEGRADADA DO CERRADO. 2015. Monografia (Bacharelado em Agronomia).

Universidade de Brasília – UnB.

RESUMO

No Brasil, é crescente a adoção de sistemas integrados de produção agropecuária. A

integração lavoura-pecuária é um desses sistemas que integram a produção de grãos,

pasto e animal. Entre as vantagens desses sistemas, destaca-se a sua influência no

acúmulo de carbono (C) do solo, com efeitos benéficos na mitigação de gases do efeito

estufa. Este projeto teve por objetivo avaliar o efeito da implantação de sistema de

integração lavoura-pecuária sobre frações lábeis e estáveis da matéria orgânica do solo.

O estudo foi realizado na área experimental da “Fazenda Água Limpa” da Universidade

de Brasília. Em duas áreas de 1 ha cada que se encontravam em avançado processo de

degradação foram implantados os consórcios de milho com espécies forrageiras no ano

de 2012. A partir deste ano em uma das áreas foi utilizada a gramínea forrageira Panicum

maximum cv. Aruana e na outra a forrageira Panicum maximum cv. Massai, ambas em

consórcio com o milho. Amostras de solos foram coletadas nessas áreas antes da

implantação do experimento (outubro de 2012) e em março de 2014, nas profundidades

de 0-10; 10-20 e 20-40 cm. Foram obtidos os seguintes teores de carbono da matéria

orgânica: carbono orgânico particulado (COP) e associada aos minerais (COAM), além

do carbono inerte (CI). A comparação entre as áreas antes e após a recuperação foi

realizada por ANOVA e teste de comparação de médias (LSD; p<0,05). Na área sob

consórcio de milho com Panicum maximum cv. Aruana, na camada superficial, as frações

COP e CI foram superiores na área recuperada (P<0,05), e não foram verificadas

diferenças nas demais frações. Os efeitos positivos da recuperação da pastagem foram

verificados na profundidade de 10-20 cm. Nesta camada, após a recuperação, o solo

apresentou os maiores valores do carbono orgânico total e em todas as frações da matéria

orgânica do solo. Na camada mais profunda (20-40 cm) não houve efeito da recuperação

da pastagem nas propriedades avaliadas (P<0,05). Na área sob consórcio de milho com

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Panicum maximum cv. Massai, a recuperação da pastagem elevou os teores de COP em

todas as profundidades. A fração COAM apresentou as menores variações com o

processo de recuperação da pastagem. O COP foi a fração mais sensível às alterações,

apresentando valores superiores na coleta após o processo de recuperação da pastagem.

Por outro lado, o COAM, pela sua natureza mais recalcitrante, sofreu pouca alteração

após o processo de recuperação.

Palavras-chave: Carbono orgânico, carbono orgânico particulado, carbono inerte,

Panicum maximum cv. Aruana, Panicum maximum cv. Massai.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Representação esquemática do processo de degradação de pastagens em suas

diferentes etapas no tempo (MACEDO, 2001).. ............................................................ 14

Figura 2 Vista aérea do centro de manejo de ovinos, com indicação da área experimental

da FAL/UnB (Fonte: Google Earth) ............................................................................... 25

Figura 3. Exemplo de coleta de 3 sub-amostras da linha de plantio em direção às

entrelinhas.. ..................................................................................................................... 28

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Precipitação pluviométrica e temperatura média (2012/2014). ...................... 26

Tabela 2. Atributos químicos do solo antes da implementação do experimento, na camada

de 0 a 20 cm .................................................................................................................... 27

Tabela 3. Carbono orgânico total (COT), particulado (COP), associado aos minerais

(COAM) e inerte (CI), em diferentes profundidades, em área sob consórcio de milho com

Panicum maximum cv. Aruana

........................................................................................................................................ 30

Tabela 4. Carbono orgânico total (COT), particulado (COP), associado aos minerais

(COAM) e inerte (CI), em diferentes profundidades, em área sob consórcio de milho com

Panicum maximum cv. Massai

........................................................................................................................................ 31

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 13

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................................................... 14

2.1. Pastagem Degradada e sua Recuperação .......................................................... 14

2.2. Sistema de Integração Lavoura Pecuária: Definição, Importância e Abrangência

.......................................................................................................................... 17

2.2.2 Influência do Uso de Integração Lavoura Pecuária na Matéria Orgânica do Solo

.......................................................................................................................... 21

3. MATERIAL E MÉTODOS .................................................................................... 25

3.1. Descrição do experimento ................................................................................ 25

3.2. Amostragem do solo ......................................................................................... 27

3.3. Procedimentos analíticos .................................................................................. 28

3.4. Análises estatísticas .......................................................................................... 29

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................... 30

5. CONCLUSÕES ...................................................................................................... 34

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................... 35

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1. INTRODUÇÃO

O modelo atual de exploração pecuária na região Centro Oeste do Brasil predispõe

à degradação de pastagens e processos erosivos do solo, que configuram o maior

obstáculo para uma pecuária sustentável em termos agronômicos, econômicos,

ambientais e sociais. Além disso, nessa região, o uso inadequado do solo pode contribuir

com significativas taxas de emissão de gases de efeito estufa (GEE’s).

Diante desta realidade, o governo brasileiro, em cumprimento aos compromissos

firmados na COP 15 da Organização das Nações Unidas, estabeleceu metas para a

redução das emissões de GEE´s. Como parte do atendimento dessas metas relacionadas

às atividades agropecuárias, o ministério da agricultura, pecuária e abastecimento

(MAPA) instituiu em junho de 2010 o programa Agricultura de Baixo Carbono

(Programa ABC).

Este programa incentiva processos tecnológicos que neutralizam ou minimizam

os efeitos dos gases de efeito estufa no campo, a serem adotados pelos agricultores nos

próximos anos (MAPA, 2011). Entre as técnicas contempladas pelo programa estão: o

plantio direto na palha, a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) e a recuperação de

pastagens degradadas. Dentre os objetivos do programa está o incentivo ao uso de

sistemas conservacionistas que apresentem, ao longo do tempo, balanço positivo do

estoque de carbono (C) no solo.

Além de sua importância ambiental para o sequestro de C, a matéria orgânica do

solo (MOS) tem importância fundamental para os solos agrícolas, principalmente nas

regiões tropicais, onde predominam solos com elevado grau de intemperismo

(Figueiredo, 2009).

Portanto, a MOS, por meio de suas frações, pode representar um importante

indicador das mudanças ocorridas no solo durante o processo de recuperação de pastagens

degradadas em curto prazo. No entanto, ainda são escassos os trabalhos que avaliam as

alterações das frações lábeis e estáveis da MOS sob integração lavoura-pecuária durante

a recuperação de pastagem degradada.

Dessa forma este trabalho teve por objetivo avaliar o efeito da implantação de

sistema de integração lavoura-pecuária nas frações lábeis e estáveis da matéria orgânica

do solo sob pastagem degradada no Cerrado.

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2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1. Pastagem Degradada e sua Recuperação

O Bioma Cerrado ocupa aproximadamente um quarto do território brasileiro.

Abrange cerca de 204 milhões de hectares e é considerado um ecossistema de grande

biodiversidade, elevado potencial para produzir alimentos além de ser considerado a

última fronteira agrícola do mundo (Sano et al., 2009).

Aproximadamente 80 milhões de hectares do Cerrado encontram-se sob diferentes

usos da terra, o que corresponde a 39,5% da área total do Cerrado, as duas classes mais

representativas de uso da terra, isto é, as pastagens cultivadas e as culturas agrícolas,

ocupam 26,5 e 10,5% do Cerrado, respectivamente. Considerando áreas de pastagens no

Cerrado, têm-se 18,4 milhões de hectares (35%) de pastagens plantadas com indicativos

de degradação (Andrade et al., 2015).

Encontram-se várias definições na literatura para pastagem degradada, entre elas

Macedo e Zimmer (1993) definem degradação de pastagens como sendo um processo

evolutivo de perda de vigor, de produtividade e da capacidade de recuperação natural das

pastagens para sustentar os níveis de produção e a qualidade exigida pelos animais, bem

como o de superar os efeitos nocivos de pragas, doenças e invasoras, culminando com a

degradação avançada dos recursos naturais.

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O processo de degradação de pastagens ao longo do tempo pode ser visualizado

no esquema apresentado na figura 1.

Figura 1. Representação esquemática do processo de degradação de pastagens em

suas diferentes etapas no tempo. Fonte: MACEDO, 2001.

Segundo Dias Filho (2007) pastagem degradada pode ser definida como área com

acentuada diminuição da produtividade agrícola (diminuição acentuada da capacidade de

suporte ideal) que seria esperada para aquela área, podendo ou não ter perdido a

capacidade de manter a produtividade do ponto de vista biológico (acumular carbono). Já

Kichel et al. (2012a) define pastagem degradada como aquela que está produzindo abaixo

de 50% do seu potencial produtivo em relação às condições edafoclimáticas do local onde

foi implantada e da espécie ou cultivar da forrageira utilizada.

Para o Cerrado estima-se que em média 6% do potencial produtivo de pastagens

cultivadas é perdido ao ano, mesmo utilizando-se a espécie correta e bem implantada.

Essa perda deve-se principalmente ao manejo inadequado e à falta de adubação de

manutenção (Kichel et al, 2012b).

As principais causas de degradação das pastagens no Brasil são: o excesso de

lotação e a falta de reposição de nutrientes. Entretanto, os demais fatores também são

relevantes e contribuem conjuntamente para a degradação. Entre esses fatores estão:

germoplasma inadequado ao local; má formação inicial da pastagem causada pela

ausência ou mau uso de práticas de conservação do solo, preparo do solo, correção da

acidez e/ou adubação, sistemas e métodos de semeadura/plantio, manejo animal da fase

de formação; manejo e práticas culturais, como o uso rotineiro de fogo, métodos, épocas

e excesso de roçagens, ausência ou uso inadequado de adubação de manutenção;

ocorrência de pragas, doenças e plantas daninhas;; ausência ou aplicação incorreta de

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práticas de conservação do solo após relativo tempo de uso de pastejo (Macedo, 2001;

Zimmer et al., 2012).

As pastagens cultivadas, em sua grande maioria, foram estabelecidas em solos

ácidos e de baixa fertilidade, deficientes, principalmente, em fósforo, cálcio e magnésio.

As gramíneas forrageiras cultivadas mais importantes em uso foram introduzidas da

África e pertencem, em sua maioria, aos gêneros Brachiaria, Panicum e Andropogon.

Das áreas com forrageiras do gênero Brachiaria, 90% são ocupados por duas espécies:

Brachiaria brizantha e Brachiaria decumbens (Kichel et al., 2012b). Desde 1970, quando

houve intensificação do processo de abertura e estabelecimento de pastagens cultivadas

no Centro-Oeste brasileiro, até 2006, a área total de pastagens no Brasil cresceu apenas

12%, enquanto o rebanho cresceu mais de 115% (Zimmer et al., 2011). De forma geral,

são espécies que se adaptam bem ao clima tropical e diversos tipos de solo, além de

possuírem alta produção de matéria seca e crescimento regular durante todo o ano.

O gênero Panicum possui grande potencial de produção de matéria seca em solos

férteis, ampla adaptabilidade aos trópicos, excelente qualidade de forragem e facilidade

de estabelecimento (Jank et al., 2008). No Cerrado as braquiárias continuam ocupando a

maior área plantada, com cerca de 85% do total e as forrageiras do gênero Panicum em

torno de 12% (Macedo, 2005).

Por ser historicamente a atividade preferencial na ocupação da fronteira agrícola,

ou das áreas já desbravadas, mas ainda não apropriadas para a agricultura, a pecuária

desenvolvida a pasto tem sido penalizada como atividade pouco exigente no uso de

insumos e tecnologia (Dias Filho, 2014).

A degradação das pastagens compromete a sustentabilidade da produção animal,

gera graves riscos ambientais, como erosão, redução da matéria orgânica do solo,

podendo em última instância levar a degradação do solo, além de contribuir para emissões

dos GEE´s.

Segundo Dias-Filho (2007) o aumento da sustentabilidade de pastagens plantadas

tropicais e subtropicais requer que o manejo da fertilidade do solo seja baseado em

práticas que maximizem a ciclagem de nutrientes, minimizem suas perdas e priorizem a

entrada desses nutrientes no sistema (e.g., por meio de adubação mineral periódica e

aumento da matéria orgânica do solo).

As pastagens podem ser recuperadas ou renovadas de forma direta ou indireta.

Compreende-se por recuperação direta de pastagem as práticas mecânicas e químicas

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aplicadas a uma pastagem com o intuito de revigorá-la sem, no entanto, substituir a

espécie forrageira existente. A renovação direta de pastagens diz respeito às ações

relativas às práticas agronômicas aplicadas sobre pastagens degradadas no sentido de

substituir a espécie presente e reverter o processo de degradação pela implantação de uma

nova espécie forrageira (Macedo, 2001).

A recuperação indireta de pastagens degradadas pode ser compreendida como

aquela efetuada por meio de práticas mecânicas, químicas e culturais, utilizando-se de

uma pastagem anual (milheto, aveia) ou de uma cultura anual de grãos (milho, soja, arroz)

por um certo período de tempo a fim de revigorar a espécie forrageira existente. Por vez

a renovação indireta de pastagens, pode ser entendida como aquela efetuada por meio de

práticas mecânicas, químicas e culturais, também utilizando-se de uma pastagem anual

(milheto, aveia) ou de uma lavoura anual de grãos (milho, soja, arroz) por um certo

período de tempo, a fim de substituir a espécie forrageira existente por outra de melhor

valor nutritivo ou de maior produção de matéria seca por exemplo (Macedo, 2001).

Tendo em vista a pressão ambiental por sustentabilidade, a problemática da

degradação de pastagens deve ser encarada como oportunidade para incrementar a

produtividade a pasto e reduzir a abertura de novas áreas a partir da adoção de tecnologias

como a Integração Lavoura Pecuária (ILP) e Integração Lavoura Pecuária Floresta (ILPF)

e sistema de plantio direto (SPD), além da recuperação de pastagens.

2.2. Sistema de Integração Lavoura Pecuária: Definição, Importância e

Abrangência

A ILP é definida como sistemas produtivos de grãos, fibras, carne, leite, lã, e

outros, realizados na mesma área, em plantio simultâneo, sequencial ou rotacionado onde

se objetiva maximizar a utilização dos ciclos biológicos das plantas, animais, e seus

respectivos resíduos, aproveitar efeitos residuais de corretivos e fertilizantes, minimizar

e otimizar a utilização de agroquímicos, aumentar a eficiência no uso de máquinas,

equipamentos e mão-de-obra, gerar emprego e renda, melhorar as condições sociais no

meio rural, diminuir impactos ao meio ambiente, visando a sustentabilidade (Macedo,

2009).

Para adoção dos sistemas de ILP são necessárias diversas condições, que são

determinadas pelo diagnóstico realizado na região, de acordo com os objetivos do

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proprietário, da disponibilidade e qualificação da mão de obra e do nível gerencial e

operacional da propriedade. O tempo de exploração da lavoura ou da pecuária vai

depender do ILP a ser adotado, podendo-se utilizar a pecuária por um período curto de

meses ou até vários anos e retornar novamente com a lavoura, e assim, em ciclos

sucessivos (Zimmer et al., 2012).

Os sistemas conservacionistas de manejo do solo como plantio direto em conjunto

com sistemas de ILPF vem sendo bastante difundidos nos biomas brasileiros e se

apresentam como alternativas viáveis para se atingir metas de valorização dos recursos

naturais e ambientais, bem como promover a manutenção desses ecossistemas em

produção crescente e sustentável.

Com a adoção do sistema ILP, aumenta-se a produção de alimentos ou de

biomassa para a produção de energia, marcadamente em áreas de pastagens de baixa

produtividade no Cerrado. Essa alternativa de uso mais eficiente da terra é reforçada pelo

baixo retorno econômico da pecuária extensiva e da extensa área de pastagens em

degradação (Martha Junior et al., 2007).

Os sistemas de ILP são alternativas para a recuperação de pastagens degradadas e

para a agricultura anual, pois melhoram a produção de palha para o SPD e as propriedades

químicas, físicas e biológicas do solo. Esses sistemas também possibilitam a utilização

mais eficiente de equipamentos e o aumento de emprego e renda no campo (Macedo,

2009),

Sabe-se que a integração lavoura-pastagem é praticada há muitos anos em

diversos países onde são utilizados resíduos de culturas na alimentação de animais,

contudo a integração lavoura-pastagem diverge da integração lavoura-pecuária pois a

introdução de lavouras em áreas de pastagem não ocorre de eventualmente e sim como

prática constante do sistema de produção integrado, ademais de que são realizadas sempre

na mesma área para que se possa usufruir do sinergismo entre as atividades (Macedo,

2009).

Muitas tecnologias foram e estão sendo geradas em todo o país nos mais diferentes

ecossistemas. Podem ser utilizados diferentes modelos envolvendo agricultura e pecuária,

cultivando-se espécies solteiras ou consorciadas, em rotação ou não, ou ainda, sistemas

mistos, com alternância de períodos de agricultura e pecuária, numa mesma área

(Gonçalves & Franchini, 2007).

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A integração lavoura-pecuária enquadra-se como uma técnica de recuperação

indireta de pastagens degradadas. As técnicas agronômicas podem variar desde a

dessecação da pastagem com herbicida e semeadura direta de um pasto anual, ou de uma

lavoura anual com cultivo mínimo, até o preparo do solo e sua semeadura convencional.

Após a utilização do pasto anual, ou a colheita de grãos da lavoura, deixa-se a pastagem

retornar através do banco de sementes existente ou procede-se a uma semeadura

complementar para uniformizar a população de plantas (Kluthcouski et al., 2003).

Compreende-se por consórcio o cultivo simultâneo de duas ou mais culturas em

um mesmo espaço, ex.: milho e Brachiaria ruziziensis. Considera-se sucessão o cultivo

de duas ou mais espécies que ocupam um mesmo espaço em diferentes períodos, ex.: soja

(safra) e milho (safrinha). A rotação é o cultivo de duas ou mais espécies que ocupam um

mesmo espaço em anos diferentes, porém numa mesma estação (Machado et al., 2011).

Desde a década de 1960, os próprios produtores estabeleceram a consorciação do

arroz de terras altas com algumas espécies de Brachiaria, com os objetivos de tornar mais

eficiente o uso da terra e reduzir os custos de formação das pastagens nos Cerrados

(Kluthcouski et al, 2003).

São diferentes os objetivos pretendidos com a ILP. Três modalidades de

integração se destacam: fazendas de pecuária, em que culturas de grãos (arroz, soja, milho

e sorgo) são introduzidas em áreas de pastagens para recuperar a produtividade dos

pastos; fazendas especializadas em lavouras de grãos, que utilizam gramíneas forrageiras

para melhorar a cobertura de solo em sistema plantio direto, e, na entressafra, para uso da

forragem na alimentação de bovinos ("safrinha de boi"); e fazendas que,

sistematicamente, adotam a rotação de pasto e lavoura para intensificar o uso da terra e

se beneficiar do sinergismo entre as duas atividades. Esses sistemas podem ser praticados

por parcerias entre lavoureiros e pecuaristas (Vilela et al., 2011).

Pode-se destacar o Sistema Barreirão (Kluthcouski et al., 1991) e o Sistema Santa

Fé (Kluthcouski et al., 2000) como as principais tecnologias na Integração-Lavoura-

Pecuária, contudo existe diversos outros sistemas e alternativas.

O Sistema Barreirão é uma tecnologia de recuperação/renovação de pastagens em

consórcio com culturas anuais. Consorciam-se o arroz de sequeiro, o milho, o sorgo e o

milheto com forrageiras, principalmente dos gêneros Brachiaria e Andropogon e/ou com

leguminosas forrageiras, como Stylosanthes sp, Calopogonio mucunoides e Arachis

pintoe (Kluthcouski et al.,1991).

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Segundo Kluthcouski et al. (2000), o sistema Santa Fé, tecnologia desenvolvida

na Embrapa Arroz e Feijão, fundamenta-se na produção consorciada de culturas de grãos,

especialmente milho, sorgo, arroz, soja e milheto, com forrageiras tropicais de preferência

do gênero Brachiaria, no sistema de plantio direto, em áreas de Integração lavoura-

pecuária, com solo parcial ou devidamente corrigido.

Áreas com solo e pastagem degradados podem ainda ser recuperadas com a

cultura da soja em rotação com forrageiras, desde que o solo tenha suas propriedades

físicas e químicas devidamente corrigidas. Nas áreas em que apenas a pastagem está

degradada, a inclusão da rotação soja/braquiárias (ou Panicum maximum) revigora as

forrageiras significamente, inclusive com vantagens comparativas para a produção de

grãos no sistema de rotação (Kluthcouski et al., 2003).

O plantio de milho safrinha, em fevereiro-março, consorciado com diferentes

espécies forrageiras, nos Cerrados, é uma nova realidade com o uso de herbicidas

supressores, que aliado ao plantio direto, tem auxiliado o processo de manutenção da

produção das pastagens, a recuperação de pastagens degradadas ou em início de

degradação. Uma vez recuperadas, as pastagens apresentam melhor valor nutritivo no

outono-inverno, aliviando o efeito acentuado da estacionalidade. Outras culturas anuais

também têm sido utilizadas no plantio simultâneo com gramíneas forrageiras, com bons

resultados, tais como: sorgo forrageiro, o granífero, e o girassol (Macedo, 2009).

O milho apresenta vantagem sobre o desenvolvimento da Brachiaria brizantha,

constatado a partir da maior taxa de matéria seca produzida nas primeiras quinzenas após

emergência. Assim, o milho é considerado um ótimo competidor com plantas de menor

porte (Silva et al., 2004).

Dos herbicidas aplicados em pós-emergência das plantas daninhas utilizados na

cultura do milho consorciado com braquiária, merecem destaque o atrazine e alguns

herbicidas do grupo químico das sulfoniluréias, como nicosulfuron, foramsulfuron e

iodosulfuron methyl sodium (Freitas et al., 2005).

Têm-se pouco estudos sobre o uso de Panicum e ovinos em sistemas de integração

lavoura-pecuária no Centro-Oeste do Brasil. Desta forma, deve-se salientar maiores

pesquisas neste âmbito.

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21

2.2.2 Influência do Uso de ILP na Matéria Orgânica do Solo

A matéria orgânica do solo (MOS) compreende todo o material orgânico presente

no solo incluindo a liteira (palhada), fração leve, biomassa microbiana, compostos

orgânicos solúveis em água, e a matéria orgânica humificada (Stevenson, 1994).

Numa conceituação mais ampla e recente, Roscoe & Machado (2002) definem

por MOS todo o carbono orgânico presente no solo na forma de resíduos frescos ou em

diversos estágios de decomposição, compostos humificados e materiais carbonizados

(ex.: carvão em solos de savana), associados ou não à fração mineral, assim como a

porção viva, composta por raízes e pela micro, meso e macrofauna. Entretanto, esta é uma

conceituação teórica e na maioria das vezes o que se convenciona chamar de MOS

compreende somente parte dos componentes citados, dependendo enormemente do

preparo da amostra e da metodologia utilizada na determinação. Por exemplo, em análises

de rotina de fertilidade do solo, as amostras são destorroadas e tamisadas, eliminando-se

todos os resíduos orgânicos maiores que 2 mm (incluindo-se toda a macro e parte da

mesofauna), e analisados por oxidação via úmida (Embrapa, 1997), que é pouco sensível

a frações com alto grau de humificação e a formas carbonizadas.

A matéria orgânica, principal reserva de carbono no solo, é componente-chave

para a sustentabilidade de ecossistemas nativos e manejados, especialmente nos trópicos.

No solo, o carbono pode acumular-se em frações lábeis ou estáveis da MOS, o que pode

ter implicações na durabilidade do seu efeito no solo nas alterações das propriedades

físicas, químicas e biológicas dos solos (Bayer et al., 2004). Essas alterações da MOS são

dependentes, entre outros fatores, do aporte de carbono pelas espécies de plantas

utilizadas e da frequência de pastejo da área (Nicoloso et al., 2008). Dessa forma, o solo

sob integração lavoura-pecuária pode funcionar como fonte ou como dreno de carbono

atmosférico.

Sob vegetação natural, o conteúdo de MOS encontra-se estável. O uso agrícola

altera esse conteúdo, sendo observada, normalmente, uma redução acentuada quando

utilizados métodos de preparo com intenso revolvimento do solo e sistemas de cultura

com baixa adição de resíduos vegetais. Nessa situação, é estabelecido um processo de

degradação das condições químicas, físicas e biológicas do solo, além de perda da

produtividade das culturas (Bayer & Mielniezuk, 2008; Cunha et al., 2005).

A transformação, nas últimas décadas, de áreas nativas do Cerrado em áreas de

atividades agrossilvipastoris foi acompanhada do uso indiscriminado de diversos

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implementos de preparo do solo, sobretudo a grade pesada e o arado de discos, a fim de

melhorar a fertilidade do solo, pela correção da acidez, para o fornecimento adequado de

água e nutrientes necessários ao desenvolvimento das plantas. Os solos no domínio

Cerrado têm apresentado as consequências do uso inadequado desses implementos,

principalmente relacionadas à diminuição dos teores de matéria orgânica (Figueiredo,

2009).

Sistemas de produção que resultam no aumento dos teores da MOS são

considerados mais sustentáveis, uma vez que a matéria orgânica relaciona-se a múltiplos

aspectos do ambiente e da qualidade do solo, o que o torna um dos principais responsáveis

pela sustentabilidade dos sistemas agropecuários (Mielniezuk et al., 2003). A reposição e

manutenção da MOS por meio do uso de ILP proporciona solos bem estruturados,

favorecendo: maior taxa de infiltração de água das chuvas e, subsequentemente, maior

disponibilidade para os cultivos; redução do escorrimento superficial, melhor penetração

das raízes no perfil do solo, o que aumenta o volume de solo explorado pelo sistema

radicular dos cultivos e, consequentemente, a eficiência de uso de água e nutrientes

(Vilela et al., 2011).

No solo o carbono pode acumular-se em frações lábeis ou estáveis da MOS, o que

pode ter implicações na sua persistência no solo e nos efeitos nas propriedades físicas,

químicas e biológicas dos solos sob PD (Bayer et al., 2004). Essas alterações são

dependentes, entre outros fatores, do aporte de carbono pelas espécies utilizadas e da

frequência de pastejo da área (Nicoloso et al., 2008). Dessa forma, o solo sob integração

lavoura-pecuária pode funcionar como fonte ou como dreno de carbono atmosférico.

Alterações na MO podem não ser verificadas em sistemas recém implantados

quando medidas pelo carbono orgânico total do solo, dependendo dos aportes de carbono

no solo (Roscoe & Buurman, 2003; Figueiredo et al., 2013). O estudo de frações da

matéria orgânica, com tempo de ciclagem e formas de proteção diferentes, tem sido usado

para melhor detectar a dinâmica da matéria orgânica em solos sob diferentes sistemas de

manejo (Figueiredo et al., 2013). Entre essas frações, as mais lábeis – como a matéria

orgânica particulada – e ativas – como a biomassa microbiana – apresentam-se como as

mais sensíveis para verificar mudanças na matéria orgânica em função do uso do solo

(Cambardella & Elliot, 1992; Conceição et al., 2005).

Diversas conceituações foram criadas para o entendimento dos compartimentos

da MOS. A obtenção das frações de MOS pode ser alcançada por meio de métodos físicos

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ou químicos. Segundo Roscoe & Machado (2002) o fracionamento físico consiste em

dois grupos de métodos: os baseados na diferença em densidade entre os compartimentos

(métodos densimétricos); e os que levam em consideração diferenças no tamanho de

partículas (métodos granulométricos).

Cambardella e Elliot (1992) apresentaram um método simples de separação com

base no tamanho das partículas do solo, possibilitando a identificação doo carbono

orgânico particulado - COP (diâmetro ≥ 53μm), e do carbono associado às frações silte e

argila – COAM (diâmetro <53μm).

Geralmente os valores de COT decrescem em profundidade em sistemas de

integração lavoura-pecuária, devido a maior concentração de raízes e deposição

superficial de resíduos (Conceição et al., 2005; Silva et al., 2011; Batista et al., 2013) e

em estudo realizado por Gazolla et al (2015) em Latossolo Vermelho no Sudoeste de

Goiás observaram maior conteúdo de COT na ILP em relação SPD e PA (pastagem

plantada, Brachiaria decumbens).

Em estudo realizado sob PD, Bayer et al. (2004) constataram que o carbono

orgânico da matéria orgânica particulada (>53 μm) foi mais sensível ao manejo do solo

do que o COT com um incremento entre 37% e 52% sob PD, em comparação ao PC (0–

20 cm). Nesse estudo, o estoque de C na MO associada aos minerais não foi afetado pelos

sistemas de manejo, o que pode estar relacionado ao curto período sob PD e à

microagregação altamente estável. Tal estudo foi realizado em Latossolo Vermelho

Distrófico no estado de Mato Grosso do Sul.

O carbono orgânico particulado pode ser rapidamente decomposto, constituindo,

assim, uma reserva frágil de C no solo. Uma redução dessa fração C pode significar

aumento de emissões de CO2 (Figueiredo et al., 2010).

O carbono associado aos minerais (COAM) apresenta uma ciclagem bem mais

lenta, no que se refere à sua formação e decomposição (Bayer et al., 2004). Gazolla et al.

(2015) obtiveram valores semelhantes entre ILP e Cerrado, tal resultado foi resultado do

maior aporte de resíduos vegetais oriundos de gramíneas.

Uma das características do Cerrado é o fogo, o qual pode ocorrer naturalmente ou

ser induzido pela ação humana. O carvão proveniente das queimas de resíduos vegetais

não é utilizado pelos microrganismos do solo, portanto, torna-se inerte tanto do ponto de

vista biológico como químico (Skejemastad & Taylor, 1999; Jantalia et al., 2007)

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Ainda são poucos os trabalhos que consideram a participação do carbono inerte

presente no carvão de solos do Cerrado na composição da matéria orgânica total. Além

disso, os impactos de sistemas de manejo em frações oxidáveis e estáveis, como o carbono

inerte, precisam ser melhores estudadas.

Tendo em vista que o COT pode não ser um bom indicador das mudanças na

qualidade do solo, principalmente na comparação de diferentes sistemas de manejo, uma

das alternativas é a adoção de métodos que quantifiquem as frações lábeis e estáveis do

C do solo, indicadores da qualidade dos resíduos aportados e da matéria orgânica

estabelecida no solo.

Nesse sentido, ainda são poucos os trabalhos que utilizam frações da MOS para

indicar as mudanças ocorridas no solo durante o processo de recuperação de pastagem

degradada por meio do sistema de integração lavoura-pecuária.

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3. MATERIAL E MÉTODOS

3.1. Descrição das áreas experimentais

Foram estabelecidos dois experimentos na área experimental do Centro de

Manejo de Ovinos (CMO) localizado na Estação Experimental “Fazenda Água Limpa”

da Universidade de Brasília –Distrito Federal (15°56’00’’S, 47°56’’00W e altitude de

1090 m) (Figura 2). As áreas experimentais foram estabelecidas em um Latossolo

Vermelho de textura argilosa (Embrapa, 2006).

Figura 2. Vista aérea do Centro de Manejo de Ovinos, com indicação da área

experimental da Fazenda Água Limpa da Universidade de Brasília, Distrito Federal

(Fonte: Google Earth, acesso em 07 de maio de 2015)

O clima do local, segundo a classificação de Köppen, enquadra-se como sendo

tropical de savana, com duas estações bem definidas: uma chuvosa e quente, de outubro

a abril, e outra, fria e seca, de maio a setembro. Os resultados de precipitação

pluviométrica e temperatura média do período experimental de abrangeu de 2012 a 2014

aproximadamente, encontram-se na Tabela 01.

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Tabela 1. Precipitação pluviométrica mensal e temperatura média (2012/2014).

Ano Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Precipitação pluviométrica (mm)

2012 243,4 196,4 131,8 76,4 59,4 16,2 1,0 0,0 26,4 74,4 374,4 136,0

2013 368,8 128,2 196,2 132,8 36,2 3,2 0,0 0,0 27,2 160,8 207,2 297,4

2014 101,6 131,4 407,4 206,4 12,6 4,6 1,4 0,0 11,6 69,4 437,8 189,6

Temperatura média (°C)

2012 20,35 20,75 21,13 21,23 18,42 18,71 17,62 18,61 21,53 22,20 21,37 21,75

2013 21,12 21,83 21,72 20,02 18,91 18,63 18,03 18,97 21,28 21,10 21,21 21,29

2014 21,15 20,99 20,73 20,85 18,81 17,64 17,10 18,86 22,02 21,96 21,44 20,89

Em 2012, com o intuito de recuperação das áreas, foi estabelecido o Sistema de

Integração Lavoura-Pecuária com o cultivo do milho em consórcio com as gramíneas

forrageiras Panicum maximum cv. Aruana e Panicum maximum cv. Massai.

Em dezembro de 2012 foram aplicados 1,5 t ha-1 de calcário dolomítico (PRNT

100%) e aplicados 200 kg ha-1 de P2O5 na forma de super fosfato simples, como adubação

corretiva, sendo realizada incorporação via grade aradora e niveladora.

Em 18 de janeiro de 2013 foi realizado o plantio em ambos os experimentos do

milho híbrido AG 1051, cuja adubação foi realizada com base na análise de solo (Tabela

2). O plantio das gramíneas forrageiras foi realizado a lanço, após a semeadura do milho

em 21 de janeiro de 2013 em seus respectivos piquetes com taxa de semeadura de 10

kg/ha. A adubação de semeadura do milho constou de 20 kg de N ha-1, 100 kg de PsO5

ha-1 e 84 kg de K2O ha-1. O milho foi semeado com espaçamento entre linhas de 90 cm,

sendo obtido densidade de 66000 plantas no experimento 1 (Milho+ Aruana) e 65533

plantas de milho ha-1 no experimento 2 (Milho + Massai). A colheita do milho foi

realizada em julho de 2013 e obteve-se as seguintes produtividades: Milho + Aruana =

2.623 kg/ha de grãos, Milho + Massai = 2.425 kg/ha de grãos.

Após a colheita do milho em ambos piquetes foram colocados animais bovinos e

depois ovinos para consumir a massa de forragem.

Para a segunda safra (2013/2014), foram aplicados 1,5 t de calcário dolomítico

(PRNT = 100%), em outubro de 2013, em ambas as áreas. O plantio do milho foi realizado

em dezembro, sendo utilizado o híbrido 3360. A adubação de plantio constou de 30 kg N

ha-1, 120 kg P2O5 ha-1 e 64 K2O kg ha-1. A primeira adubação de cobertura foi realizada

nos dias 20 e 21 de janeiro de 2014, que constou de 65 kg/ha de. A segunda adubação em

cobertura ocorreu em 18/02/2014 com a aplicação de 325 kg ha-1 do fertilizante 20-05-20

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(65 kg N ha-1, 16 kg P2O5 ha-1 e 65 K2O kg ha-1). Houve a ocorrência de veranico,

prejudicando a produtividade do milho. Não foi possível realizar a colheita dos grãos de

milho da área (Milho+Massai), já para a área (Milho+Aruana) foi obtida a produtividade

de 1070 kg/ha. Após a colheita do milho a área dos dois piquetes foram pastejadas com

animais bovinos e depois com ovinos. Na segunda semana de setembro de 2014 as áreas

dos dois piquetes foram roçadas a uma altura de 20 centímetros.

Tabela 2. Atributos químicos do solo antes da implementação do experimento, na

camada de 0 a 20 cm.

Característica Área 1 Área 2

Tipo de solo LV LV

pH em CaCl2 4,7 5,2

Al (cmolc dm-3) 0,05 0,09

Ca (cmolc dm-3) 2,31 2,56

Mg (cmolc dm-3) 0,90 0,97

P-Mehlich (mg dm-3) 1,08 1,35

K (cmolc dm-3) 0,90 0,05

K (mg dm-3)

25 19

SB

3,27 3,58

V% 36,5 42,7

LV, Latossolo Vermelho; SB, Soma de Bases, V%, Saturação de Bases.

3.2. Amostragem do solo

Amostras de solo foram coletadas nas duas áreas experimentais antes da

implantação do experimento (outubro de 2012) e em março de 2014 (na floração do

milho). A primeira coleta foi realizada por amostragem simples de solo para cada área

experimental. Na segunda coleta foi efetuada a amostragem composta em três camadas

(0 a 10; 10 a 20 e 20-40 cm), com cinco repetições para cada área experimental. Cada

amostra composta foi formada de 15 sub-amostras: 5 pontos em cada parcela x 3 sub-

amostras por ponto (uma na linha e 2 nas entrelinhas do milho), para cada profundidade,

conforme apresentado na figura 3.

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Figura 3. Exemplo de coleta de 3 sub-amostras, sendo uma na linha de plantio e as outras

duas nas entrelinhas do milho na área experimental

3.3. Procedimentos analíticos

As análises de solo foram realizadas no laboratório de estudos da matéria orgânica

do solo da Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária (FAV) da Universidade de

Brasília (UnB).

As amostras de solo coletadas no campo foram secas ao ar e peneirada em malha

de 2 mm (Terra fina seca ao ar) para as análises de C no solo. Foram determinados os

teores de C orgânico total (COT), C orgânico particulado (COP), C associado aos

minerais (COAM) e C inerte (CI).

Foi realizado o fracionamento físico granulométrico da matéria orgânica segundo

Cambardella & Elliott (1992), com adaptações no peso da amostra utilizada, conforme

Bayer et al. (2004) e Bongiovanni & Lobartini (2006). Vinte gramas de solo foram

colocados em frascos do tipo snap-cap de 250 mL, em seguida adicionados 80 mL de

solução de hexametafosfato de sódio (5 g L-1), agitado por 16 h em agitador horizontal a

150 rotações por minuto. Após a agitação, o material foi passado em peneira de 53 μm,

com auxílio de jatos de água e o material retido na peneira foi seco em estufa a 50 °C até

atingir peso constante e em seguida moído em gral de porcelana até passar em peneira de

0,149 mm, para avaliação do teor de C orgânico total da fração particulada da matéria

orgânica do solo (COP). O C foi determinado por combustão seca em analisador. O

COAM foi obtido a partir da diferença ente COT e COP.

Linha Entrelinha Entrelinha

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O COT foi determinado pela oxidação via úmida com dicromato de potássio em

meio sulfúrico, seguido da titulação com sulfato ferroso amoniacal sem aquecimento e

sem fator de correção (Walkley & Black, 1934). 500 mg de amostra de solo passado em

peneira de malha 2,0 mm foram pesados e colocados em erlenmeyer de 500 ml. Foram

adicionados 10 ml de dicromato de potássio (K2Cr2O7) 0,167 mol L-1 e 20 ml de ácido

sulfúrico H2SO4 concentrado, agitando bem para garantir a mistura do solo com os

reagentes. Após o repouso de 30 minutos adicionaram-se 200 ml de água destilada, 10 ml

de H3PO4 concentrado e 1 ml de difenilamina 0,16 %. A titulação foi feita com sulfato

ferroso amoniacal [(NH4)2 Fe(SO4)2.6H2O)] 1 mol L-1, também chamado de Sal de Mohr.

A determinação de C inerte foi realizada de acordo com Jackson (1958) e Jantalia

(2007). 1,0 g de solo foi colocado em um Becker de 100 ml, contendo 10 ml de Peróxido

de Hidrogênio 30% (w/v). O becker foi então colocado numa placa aquecedora a 100 °C,

promovendo a fervura do Peróxido de Hidrogênio (30%) juntamente com o solo até sua

secura. Um volume adicional de 5 mL de solução de peróxido de hidrogênio foi

adicionado e deixado (a 100 °C) até não possuir mais efervescência. Em seguida os

frascos foram secados numa estufa a 100 °C > 12h e, em seguida, sob a temperatura

ambiente foram novamente pesados. Estas amostras foram então finamente moídas e

analisadas quanto à concentração total de C usando o analisador elementar. A

concentração do C não oxidável (inerte) total do solo, após a oxidação com H2O2, foi

calculada a partir dos resultados da concentração de C, determinada utilizando o

analisador elementar e o peso de solo nos frascos, após a oxidação.

3.4. Análises estatísticas

Em cada área, considerou-se o delineamento inteiramente casualizado. Os dados

foram submetidos a análise de variância (Anova) e as médias, de cada profundidade,

foram comparadas pelo teste LSD (p<0,05). As análises foram realizadas por meio do

software XLSTAT 2013.

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4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Nas tabelas 3 e 4 são apresentados os teores de COT, COP, COAM e CI nas

profundidades 0-10, 10-20 e 20-40 cm nos dois experimentos, na primeira e segunda

coleta de solo. De maneira geral os maiores teores de C nas diferentes frações foram

verificados no segundo ano de coleta após iniciado o processo de recuperação da

pastagem. As diferenças entre as épocas de coleta foram verificadas predominantemente

até 20 cm de profundidade, com pouca alteração na camada de 20-40 cm. Esses efeitos

estão associados ao maior aporte e decomposição de resíduos vegetais, raízes e liberação

de exudatos que predominam nas camadas superficiais do solo (Lal, 2006; Salton et al.,

2008).

De uma forma geral deve-se destacar a evolução da recuperação mesmo em um

curto espaço de tempo, equivalente a aproximadamente um ano e meio. O efeito na

melhoria da qualidade do solo é percebido por aumentos nos teores de COT e COP.

Tabela 3. Carbono orgânico total (COT), particulado (COP), associado aos minerais

(COAM) e inerte (CI), em diferentes profundidades, em área sob consórcio de milho com

Panicum maximum cv. Aruana

COT

(g kg-1)

COP

(g kg-1)

COAM

(g kg-1)

CI

(g kg-1)

0-10 cm

Ano 1 18,1 a 1,92 b 16,2 a 4,79 b

Ano 2 19,3 a 3,06 a 16,2 a 6,57 a

10-20 cm

Ano 1 18,4 b 2,50 b 15,9 b 4,53 b

Ano 2 19,7 a 2,95 a 16,8 a 6,06 a

20-40 cm

Ano 1 16,9 a 2,13 a 14,8 a 4,29 a

Ano 2 17,2 a 2,18 a 15,0 a 4,65 a

* Ano 1: a área encontrava-se degradada (2012); Ano 2: primeiro ano após a recuperação da pastagem

(2014). Médias seguidas por letras iguais na coluna, por profundidade não apresentam diferenças estatística

pelo teste LSD (P<0,05).

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Tabela 4. Carbono orgânico total (COT), particulado (COP), associado aos minerais

(COAM) e inerte (CI), em diferentes profundidades, em área sob consórcio de milho com

Panicum maximum cv. Massai

COT

(g kg-1)

COP

(g kg-1)

COAM

(g kg-1)

CI

(g kg-1)

0-10 cm

Ano 1 18,9 b 1,57 b 17,34 a 4,36 b

Ano 2 20,6 a 3,30 a 17,34 a 6,73 a

10-20 cm

Ano 1 18,1 b 1,73 b 16,4 a 3,79 b

Ano 2 19,4 a 2,97 a 16,4 a 6,52 a

20-40 cm

Ano 1 15,0 a 1,22 b 12,8 b 5,00 a

Ano 2 15,2 a 2,33 a 13,8 a 5,20 a

* Ano 1: a área encontrava-se degradada (2012); Ano 2: primeiro ano após a recuperação da pastagem

(2014). Médias seguidas por letras iguais na coluna, por profundidade não apresentam diferenças estatística

pelo teste LSD (P<0,05).

Os teores de COT variaram de 16,9 g kg-1 a 19,3 g kg-1 na área com Milho+/Aruana

(Tabela 3) e 15 g kg-1 a 20,6 g kg-1 na área com Milho+/Massai (Tabela 4). Houve

incremento de COT nas camadas de 0-10 e 10-20 cm na área com Milho+Massai e de 0-

20 cm na área com Milho+Aruana. Maiores teores de COT verificados no segundo ano

podem estar associados ao efeito da maior entrada de biomassa oriunda das forrageiras e

do milho que apresentaram maior produtividade após a aplicação dos corretivos (calcário

e adubação corretiva com fósforo e potássio) e de adubação de plantio do milho

Foi observado decréscimo dos teores de COT em profundidade, refletindo a

deposição superficial dos resíduos e a maior concentração de raízes (Salton et al., 2005;

Batista et al., 2013).

Os teores de COP variaram de 1,92 a 3,06 g kg-1 na área com Milho+Aruana e de

1,22 a 3,30 a área com Milho+Massai. Assim como foi observado para o COT, os maiores

valores de COP foram observados nas camadas superficiais do solo, diminuindo em

profundidade.

O COP aumentou após a adoção dos dois sistemas de integração e para todas as

profundidades, com exceção da área com Milho+Aruana na camada de 20-40 cm. O C da

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matéria orgânica particulada mostra-se mais sensível às alterações de manejo do solo

(Bayer et al., 2004).

Na área sob consórcio de milho com Massai o valor de COP praticamente dobrou

na camada de 0-10 cm, após um ano e meio de adoção da ILP para recuperação da

pastagem degradada. Da mesma forma, na área sob consórcio de milho com Aruana a

adoção da ILP também elevou significativamente os teores de COP na camada de 0-10

cm. A fração particulada da MOS é mais sensível às práticas de manejo do solo, pois

altera-se conforme as variações no aporte de material vegetal e nas taxas de decomposição

promovidas por práticas de preparo do solo (Bayer et al., 2002;Loss, 2011;Rossi et al.,2012)

Este aumento nos teores de COP em curto prazo pode ser resultado do incremento

de MOS pelo maior volume de raízes produzidas pela pastagem na camada de 10-20 cm.

Gramíneas forrageiras possuem sistema radicular agressivo, com rizodeposição e

constante renovação de suas raízes apresentando-se como opção para aumento do

sequestro de carbono nos trópicos (Lal, 2006; Salton et al., 2008).

Os teores de COAM variaram de 14,8 g kg-1 a 16,8 g kg-1 na área com

Milho+Aruana e 13,8 g kg-1 a 17,34 g kg-1 na área com Milho+Massai. Houve diferença

estatística nos teores de COAM na camada de 10-20 cm na área com Milho+Aruana e na

camada de 20-40 cm na área com Milho+Massai. Considerando os dois sistemas de

manejo e profundidades, esta fração representou de 83,94 % a 91,74 % do COT. Marchetti

(2005) verificou que a fração COAM foi superior ao COP em todas as profundidades

estudadas, sob plantio direto no Cerrado. Nicoloso et al. (2005) em experimento

conduzido sob Argissolo Vermelho-Amarelo no Rio Grande do Sul relataram que

estoques de COT são compostos em mais de 80% pela fração COAM, o que também pode

ser visualizado no presente trabalho. Da mesma forma, Salton et al. (2005) em

experimento realizado sob Latossolo Vermelho no Centro-Oeste brasileiro verificaram

valores entre 77 % e 93 % do COT correspondendo a fração associada aos minerais do

solo.

No presente estudo, COAM foi a fração que sofreu menos alteração durante o

intervalo de dois anos da recuperação da pastagem. Em estudo com diferentes sistemas

de manejo, Bayer et al. (2004) verificaram que o estoque de C na matéria orgânica

associada aos minerais (COAM) não foi afetado pelos sistemas de manejo nas diferentes

camadas de solo. De acordo com esses autores, essa ausência de alteração nessa fração é

decorrente do seu avançado estágio de humificação, e da elevada estabilidade decorrente

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da sua interação com a fração mineral e localização no interior dos microagregados (<53

µm) estáveis (proteção física).

Mesmo sendo considerada uma fração recalcitrante da matéria orgânica, esta pode

ser alterada pelo uso frequente de implementos como arados de discos (Figueiredo, 2010)

e também ao maior aporte de resíduos vegetais oriundo de gramíneas (Gazolla et al.,

2015). Loss (2011) verificou diferenças impostas pelo manejo, onde a utilização de

rotação de culturas, com plantas C3 e C4, como o milheto no SPD e a braquiária na ILP,

pode acarretar juntamente com os óxidos da fração argila (Fe e Al) condições para a

formação de maiores proporções de microagregados (< 53 um) tendo assim maiores

teores de COAM protegido nessa classe de agregados.

Sá & Lal (2009) encontraram maiores teores de COAM no sistema de preparo

convencional com arado de discos do que sistemas sob plantio direto e mata nativa. Para

Latossolos no Cerrado, a incorporação dos resíduos no sistema de preparo convencional

do solo favorece a estocagem de C no compartimento organo-argiloso, embora estudos

adicionais devam ser realizados para a detecção da participação do carbono pirogênico

nessa fração da matéria orgânica (Figueiredo, 2010).

Em ambas as áreas, os teores de CI foram maiores na segunda coleta, após a

adoção do ILP nas camadas até 20 cm. Não houve diferença entre as coletas na camada

de 20-40 cm. Considerando os dois sistemas de manejo/integração, época de coleta e as

profundidades, o CI representou de 20,9 a 34,1 % do COT

Os solos da região do Cerrado contêm normalmente quantidades consideráveis de

carvão que resultou historicamente de incêndios que ocorrem naturalmente e, nas últimas

décadas, de queimadas mais frequente da vegetação de forma intencional e acidental

(Eiten, 1992). Na região do Cerrado há uma grande quantidade de carbono inerte, na

forma de carvão, provenientes de queimadas, típicas dessa região (Jantalia et al., 2001) e

que não é considerado na interpretação da qualidade da matéria orgânica. Segundo

Jantalia et al. (2007) as técnicas de quantificação do CI no solo precisam ser aprimoradas

para melhorar avaliação da proporção de carvão vegetal no solo tendo em vista a

existência de um grande estoque desta fração no solo.

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5. CONCLUSÕES

O carbono orgânico particulado foi a fração mais sensível às variações de manejo,

apresentando valores superiores após o processo de recuperação da pastagem. As maiores

variações das frações estudadas ocorreram na camada de 0-20cm do solo e podem estar

associadas ao efeito das raízes das forrageiras. Já o carbono associado aos minerais, pela

sua natureza mais recalcitrante, sofreu pequena alteração, em curto prazo, após o processo

de recuperação da pastagem, representou aproximadamente de 83 a 91 % do carbono

total. O carbono inerte representou uma importante reserva de carbono no solo, em média,

25% do carbono orgânico total. Esta importante fração da matéria orgânica merece

maiores estudos, principalmente para a região Centro-Oeste.

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