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B iotecnologia é um termo que nos remete ao estado da arte da ciência da vida. Está associado ao genoma, ao DNA, a clones, enfim, a um extenso leque de descobertas dos tempos modernos. Mas a biotecnolgia é tão antiga quan- to a própria civilização. O primeiro homem que, 12 mil anos atrás, numa remota Mesopotâmia, usou fermento para fazer o pão estava pondo em curso um processo biotecnológico. Hoje a biotecnologia continua a fazer o pão, com a diferença de que o ingrediente pode ser transgênico. Biotecnologia é um termo que tam- bém nos remete à polêmica. Am- bientalistas e agricultores debatem o plantio de alimentos transgênicos, entre eles a soja. Correntes religio- sas, em nome do direito da vida do embrião, se opõem a pesquisadores que defendem o uso de células-tron- co em tratamentos de doenças. O de- bate envolve questões éticas e legais. Há mais perguntas que respostas. O importante é ter os argumentos afiados, tarefa que este fascículo o ajudará a levar a cabo. > Física > Biologia > Química Culturas transgênicas e uso de células-tronco estão no centro de um debate que envolve questões éticas, legais e religiosas Biotecnologia, promessas e polêmicas NESTA EDIÇÃO Em que pé está a Lei da Biossegurança PÁG. 3 Cinco dicas para você estudar melhor PÁG. 8 Representação do DNA

Vestibular Atualidades Biotecnologia Fascículo 11

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Page 1: Vestibular Atualidades Biotecnologia Fascículo 11

B iotecnologia é um termo que nos remete ao estado da arte da ciência da vida. Está

associado ao genoma, ao DNA, a clones, enfim, a um extenso leque de descobertas dos tempos modernos. Mas a biotecnolgia é tão antiga quan-to a própria civilização. O primeiro homem que, 12 mil anos atrás, numa remota Mesopotâmia, usou fermento para fazer o pão estava pondo em curso um processo biotecnológico. Hoje a biotecnologia continua a fazer o pão, com a diferença de que o ingrediente pode ser transgênico. Biotecnologia é um termo que tam-bém nos remete à polêmica. Am-bientalistas e agricultores debatem o plantio de alimentos transgênicos, entre eles a soja. Correntes religio-sas, em nome do direito da vida do embrião, se opõem a pesquisadores que defendem o uso de células-tron-co em tratamentos de doenças. O de-bate envolve questões éticas e legais. Há mais perguntas que respostas. O importante é ter os argumentos afiados, tarefa que este fascículo o ajudará a levar a cabo.

> Física> Biologia> Química

Culturas transgênicas e uso de células-tronco estão no centro de um debate que envolve questões éticas, legais e religiosas

Biotecnologia, promessas e polêmicas

NESTA EDIÇÃO

Em que pé está a Leida Biossegurança PÁG. 3

Cinco dicas para você estudar melhor PÁG. 8

Representação do DNA

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H oje em dia podemos tomar vinhos de ótima qualidade, de várias partes do mundo e a preços acessíveis. Foi longo o caminho para chegar a esse estágio. Começou a ser percorrido há 5 mil anos no Egito, onde encontra-

mos os registros mais antigos do processo de vinificação. Naquela época, o uso de fermentos já não era novidade – afinal, a produção do pão na Mesopotâmia remonta há 12 mil anos.

Os antigos não tinham um nome para o processo, mas, ao produzir o pão e o vinho, estavam usando a biotecnologia. O termo se refere à utilização de seres vivos para a obtenção de serviços ou produtos. É o que a biotecnologia moderna ainda faz, agora com a ajuda da informação genética, que multiplicou sua utili-dade. Atualmente, por exemplo, a biotecnologia está na base da realização de testes de paternidade ou do desenvolvimento de medicamentos.

O passo mais importante, que abriu as portas para a biotecnologia moderna, foi dado em 7 de março de 1953 por Francis Crick e James Watson. Trabalhando no laboratório Cavendish, na Inglaterra, eles foram os primeiros a apresentar um modelo da molécula de DNA, com o formato de dupla hélice (parecida com uma escada em espiral). Essa descoberta causou uma revolução na biotecnolo-gia, possibilitando pesquisas com transgênicos, clonagem, genomas e células-tronco. Tais avanços defrontaram o homem e a sociedade com dilemas e confli-tos éticos, religiosos e legais, ainda passíveis de discussão e solução.

Em 1970, a descoberta das enzimas de restrição (que cortam o DNA em pontos específicos) tornou possível transferir trechos de DNA de uma espécie para outra e, portanto, o desenvolvimento de organismos transgênicos. O pri-

ENTENDA O ASSUNTO

Biotecnologia, entre o milagre e o pecado

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> O biólogo James Watson surpreendeu o mundo duas vezes. A primeira foi em 1953, quando, com Fran-cis Crick, físico britânico, anunciou o modelo de dupla hélice para o DNA, propondo como se daria sua replica-ção. A segunda foi em outu-bro passado, ao declarar seu “pessimismo em relação ao futuro da África pelo fato de os negros terem menos inte-ligência que os ocidentais”. Watson se desculpou publi-camente, mas foi suspenso do Laboratório Cold Spring Harbor, onde trabalhou por 40 anos. Acabou por se apo-sentar. A declaração mancha a biografia do cientista, mas não tira o valor de sua descoberta, que lhe valeu o Prêmio Nobel de Medicina em 1962.

UM BIÓLOGO, DUAS SURPRESAS

JamesWatson

CÉLULAS PLURIPOTENTES(Células de blastocisto de 5-14 dias)

ÓVULO FERTILIZADO EMBRIÃO DE 8 DIASBLASTOCISTO

NEURÔNIO

MÚSCULO

CÉLULAS DO SANGUE

PLURIPOTENTES

A ciência abre novas perspectivas para o tratamento de doenças, mas seu avanço provoca polêmicas e debates sobre a própria noção de vida POR FÁBIO L. OLIVEIRA

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descoberta, que lhe valeu o Prêmio Nobel de Medicina em 1962.

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meiro deles, uma bactéria produtora de insulina humana, foi apresentado em 1982, pela pioneira Genentech, da Califórnia, Estados Unidos. Atualmente existe uma série de organismos geneticamente modificados, desde animais de laboratório (com genes implantados ou suprimidos), usados em pesquisas, até vegetais resistentes a pragas, inseticidas, secas ou enriquecidos nutricionalmente.

Culturas transgênicas podem trazer inúmeros bene-fícios, como é o caso do arroz “dourado”, desenvolvido para combater, em populações subnutridas de países pobres, a deficiência de vitamina A, responsável por 500 mil casos anuais de cegueira infantil. Culturas resisten-

tes a secas ou altas salinidades estão sendo desenvolvidas em países como a África do Sul, podendo aumentar a produção de alimentos nos países africanos. O plantio de culturas resistentes a inseticidas ou pragas permite menor uso de inseticidas, o que reduz o impacto ambiental e o preço dos alimentos e pode contribuir para a diminuição da fome no mundo. Pequenos agricultores, contudo, devem ter acesso a essas sementes, caso se queira que o panorama da fome seja realmente modificado.

Não há só aspectos positivos. Algumas dessas culturas contêm genes que as fazem gerar sementes infecundas, o que obriga os agricultores a comprar as sementes a cada safra. Uma vez plantados, os vegetais transgênicos podem sele-cionar pragas mais resistentes ou os transgenes podem se dispersar por meio do pólen e ser incorporados por outras plantas, com conseqüências imprevisíveis.

Atualmente vários países estão desenvolvendo e cultivando safras transgêni-cas, inclusive o Brasil. Até agora não foi detectado nenhum problema ambiental, mas isso não é conclusivo. A segurança ambiental e alimentar de cada transgê-nico precisa de confirmação anterior a sua liberação para o mercado.

O desenvolvimento de técnicas que possibilitaram a identificação da se-qüência de nucleotídeos dos DNAs e a revelação dos genomas das espécies também têm importantes aplicações. Conhecer o conjunto de genes de espécies patogênicas de plantas ou animais torna possível identificar os genes responsá-veis pela doença e direcionar as pesquisas na busca de cura ou tratamento. Um exemplo bem-sucedido foi o projeto do genoma da bactéria Xilella fastidiosa, cau-sadora do amarelinho, praga que gera enormes prejuízos à citricultura. Financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), o projeto foi concluído em 1999. Na área de saúde, o Instituto Ludwig de Pesquisas sobre o Câncer em São Paulo coordena o projeto Genoma Humano do Câncer, que visa identificar genes ativos nessa doença, ampliando a possibilidade de tratamento.

Em 1953, foiapresentado o modelo damolécula de

DNA comformato dedupla hélice

Sancionada em 24 de março de 2005, a Lei de Biossegurança cria o Conselho Nacional de Biossegurança (CNBS) e reestru-tura a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), ligada ao Ministério de Ciência e Tecnologia.

A aprovação da lei foi acelerada pela necessidade de regulamentar dois assuntos polêmicos e em estágios já bastante adiantados: as células-tronco e os organis-mos geneticamente modificados (OGMs).

Pesquisas com células-tronco mostram resultados promissores no tratamento de câncer e doen-ças degenerativas, como o mal de Alzheimer. Por utilizar embriões de onde são retiradas as células, essas pesquisas sofrem a opo-sição de setores religiosos e de grupos antiaborto.

Quanto aos alimentos transgêni-cos, a soja, plantada principalmen-te no sul do país, está no centro da polêmica dos OGMs. Introduzida no Brasil nos anos 90, ela é resis-tente a pragas e pesticidas, o que aumenta a produtividade e reduz os custos. Os ambientalistas são seus mais ferrenhos críticos.

A polêmica está longe de aca-bar, e a desinformação da socie-dade alimenta e prolonga esse processo. Embora sancionada há mais de dois anos, a Lei de Biossegurança continua no papel.Venerando S. Oliveira, físico formado pela Unicamp, é educador, autor de material didático, professor e coordenador do ensino médio e de cursos pré-vestibulares

BIOSSEGURANÇA, LEI AINDA NO PAPEL Por Venerando S. Oliveira

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Outra faceta da biotecnologia é a geração de indivíduos geneticamente iguais – os clones. O principal marco nesse campo foi o nascimento da ovelha Dolly, anun-ciado por Ian Wilmut em 1997. Como isso foi possível? Uma célula mamária de uma ovelha foi fundida com um óvulo de outra ovelha (cujo núcleo foi previamente removido) e o embrião resultante implantado no útero de uma terceira, gerando uma ovelha genetica-mente idêntica à doadora do óvulo. O sucesso dessa técnica permite imaginar a clonagem reprodutiva de animais de estimação mortos, espécies em extinção ou extintas e até do homem. A clonagem

de seres humanos, além das questões éticas, é bastante combatida pela ciência devido ao risco de haver problemas no clone, como aconteceu com a própria Dolly, vítima de envelhecimento precoce.

A clonagem terapêutica pode dar origem às chamadas células-tronco embrionárias. Tais células, por meio de divisões sucessivas, podem gerar qualquer um dos mais de 200 tipos celulares de nosso corpo, represen-tando esperança para o tratamento ou cura para muitas enfermidades. Células-tronco adultas, como as da medula óssea, podem gerar muitos tecidos, mas não todos. Isso justifica tamanho interesse pelas células-tronco embrionárias. Para obter tais células, é preciso retirá-las de um

embrião com cerca de 5 dias de idade, interrompendo seu desenvolvimento. Isso gera muita resistência, sobretudo de correntes religiosas, que alegam que essa interrupção provoca a morte do embrião. Para a ciência, no entanto, ainda não existe vida no embrião. Biologicamente, considera-se o início da vida quando surge o sistema nervoso, o que acontece somente no final do primeiro mês de gestação.

Há então um grande impasse, pois clínicas de repro-dução humana eliminam os embriões não-utilizados. A mesma sociedade que aceita tal eliminação não permite que esses embriões sejam utilizados para for-

necer as células-tronco para as pesquisas. Em tais pesquisas, a clonagem terapêutica gera células-tronco do

paciente que são injetadas no órgão doente, esperando-se que se trans-formem nesse tecido. Tal técnica não apresenta rejeição, além de ser menos traumática que transplantar um órgão inteiro. A partir disso, abre-se caminho para o tratamento de doenças cardíacas, degenerativas, para-lisia de membros por danos na medula espinhal, entre outros casos.

Todo esse repertório de novos conhecimentos traz promessas de melhoria da qualidade de vida, mas levanta também conflitos éticos e religiosos. A legislação está sendo criada, e tanto legisladores quanto sociedade devem conhecer tais assuntos, pois serão chamados a decidir sobre o futuro da biotecnologia e suas implicações para todos nós.

FÁBIO L. OLIVEIRA, biólogo formado pela Unicamp, é autor de materiais didáticos, professor do ensino médio e de cursos pré-vestibulares

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O principalmarco da

clonagem foio nascimento

da ovelhaDolly, anunciado

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Três filmes, embora de ficção, abordam questões genéticas de forma que podem ajudar no aprendizado. São eles:

O SEXTO DIA O tema desse filme é a clonagem de seres humanos. Espécie de ficção científica em que o protagonista é substituído por seu clone e foge para não ser assassina-do enquanto tenta decobrir a trama por detrás desse mistério.

GATTACA, A EXPERIÊNCIA GENÉTICA Enfoca a eugenia. Numa época futura, seres humanos são criados em laboratório e melho-rados geneticamente. Aqueles con-cebidos biologicamente são coloca-dos à margem dessa nova sociedade geneticamente selecionada. Um ser humano concebido biologicamente vai reverter o status.

PARQUE DOS DINOSSAUROS O homem domina as técnicas de engenharia genética em estado de arte a ponto de recriar os dinos-sauros, confinando-os em um par-que temático. As coisas escapam do controle quando os animais revividos não se comportam den-tro dos padrões esperados.

Os seguintes sites também são recomendados:http://www.ctnbio.gov.br – Comissão Técnica Nacional de Biossegurançahttp://www.comciencia.br/reportagens/clonagem/clone02.htm – Clonagem ainda é técnica em desenvolvimento

Dinossauro recriado pela ficção

O QUE VER E O QUE LER

Ian Wilmut, que anunciou o primeiro clone animal

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Ian Wilmut, que anunciou o primeiro clone animal

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Dinossauro recriado pela ficção

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Seqüenciamento do DNACom esta questão, que aborda projetos genomas, você pode avaliar seus conhecimentos sobre síntese protéica

Projetos genomas visam identi-ficar os genes de um organismo. Para isso, é necessário descobrir a seqüência de nucleotídeos do DNA desse organismo para identificar os genes e as proteínas codificados por eles. Geram-se, a partir de uma única molécula de DNA, vários segmentos com tamanhos diferentes. Estes são colocados em cima de um bloco de gel e o atravessam. Os menores pedaços o fazem mais rapidamente e os maiores, mais lentamente.

A figura aqui reproduzida repre-

senta um gel no qual foram colocados vários segmentos com tamanhos diferentes de uma mesma molécula de DNA. A técnica usada permite saber que o último nucleotídeo de cada segmento da coluna A é a Adenina, da coluna T, é a Timina, e assim por diante. Após a migração e separação desses segmentos, é estabelecida a seqüência da molécula original, colocando-se os nucleotídeos conhecidos de cada colu-na, separados no gel, na ordem, do mais leve para o mais pesado. A partir disso, é possível estabelecer a seqüência de aminoácidos da proteína codificada por esse segmento. Seqüenciando tal segmento e analisando a tabela acima, é possível dizer que a pro-

teína codificada por ele é a: A) Alfa B) Z C) Y D) Beta E) W.

COMENTÁRIOEssa questão aborda de maneira sucin-

ta como se realiza um projeto genoma. A leitura do enunciado é essencial para quem não sabe como se faz a leitura dos trechos de DNA no gel para se achar a ordem dos nucleotídeos do trecho de DNA seqüenciado. Após o estabe-lecimento da ordem dos nucleotídeos do DNA, é necessário que se lembre a ordem de pareamento do DNA com o RNA mensageiro em formação (A com U, T com A, C com G e G com C) para anali-sar a tabela e verificar a proteína codifica-da pelo trecho de DNA seqüenciado.

A questão da semana passada era sobre o cenário geopolítico da América do Sul. A chegada de muitos partidos de esquerda ao poder na região mudou o panorama, mas não implicou a adoção do socialismo como modelo político e econômico, nem o

rompimento com a economia de mercado e dogmas liberais. Ao que tudo indica, essa nova tendência está mais vinculada a uma refreada ao neoliberalismo, interpretado como uma espécie de radicalismo de mercado, do que a uma confrontação

ideológica com o capitalismo.Gabarito: alternativa D (Apesar de

muitos partidos de esquerda terem chegado ao poder na América do Sul, o sistema de economia de mercado foi mantido em todos eles).

RESPOSTA DA QUESTÃO INÉDITA DO FASCÍCULO X

Na América do Sul, a esquerdaconvive com a economia de mercado

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2ª questão Organismos são ditos trans-gênicos quando, por técnica de engenharia genética, recebem e incorporam genes de outra espécie, os quais podem ser transmitidos aos seus descendentes. Exemplos desses organismos são as plantas transgênicas, receptoras de um gene de outro organismo (doador) que lhes confere resistên-cia a certos herbicidas. Para que ocorra a síntese da proteína codificada pelo gene inserido no genoma da espécie receptora, diversas condições devem ser observadas. Entretanto, fundamentalmente, essa técnica é possível porque:A) cada organismo apresenta seu próprio código genético.B) o código genético é comum a todos os seres vivos.C) o código genético é degenerado.

D) a técnica permite trocar o código genético do organismo doador do gene.E) a técnica permite trocar o código genético do organismo receptor do gene.PUC-SP, 2004

COMENTÁRIOO enunciado facilita a compreensão

ao fornecer informações introdutó-rias sobre o assunto que ajudam o candidato a se lembrar dos princi-pais conceitos. Mas também exige atenção redobrada devido à relação entre genoma e código genético. Com relação ao código genético, é bom lembrar que, salvo algumas diferenças em algumas trincas de bases do DNA em algumas poucas espécies, o códi-go genético é universal, ou seja, é o mesmo em todas as espécies, sendo, portanto, usado como uma das evi-dências do processo evolutivo.

1ª questãoEm abril de 2003, a finalização do

Projeto Genoma Humano foi noticia-da por vários meios de comunicação como sendo a “decifração do código genético humano”. A informação, da maneira como foi veiculada, está:A) correta, porque agora se sabe toda a seqüência de nucleotídeos dos cromossomos humanos.B) correta, porque agora se sabe toda a seqüência de genes dos cro-mossomos humanos.

C) errada, porque o código genético diz respeito à correspondência entre os códons do DNA e os aminoácidos nas proteínas.D) errada, porque o projeto decifrou os genes dos cromossomos humanos, não as proteínas que eles codificam.E) errada, porque não é possível decifrar todo o código genético, existem regiões cromossômicas com alta taxa de mutação.Unifesp, 2004

COMENTÁRIOEsse é o típico enunciado “pega-

distraído”, pois reafirma uma confusão já comum nos meios de comunicação, que não diferencia corretamente os conceitos de geno-ma e código genético. Portanto, cuidado. O vestibulando que não faz uma análise crítica das informações veiculadas na mídia pode apreender conceitos errados. Vale lembrar que o genoma é o conjunto de genes de uma espécie e o código genético é a relação entre a trinca de bases do DNA (ou RNA mensageiro) e o aminoácido colocado pelo ribosso-mo na proteína.

QUESTÕES RESPONDIDAS

Projeto Genoma, transgênicos, DNATeste seus conhecimentos com questões que já caíram em vestibulares recentes e confira os comentários dos professores

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4ª questãoNeste ano de 2003, são

comemorados os 50 anos da “descoberta” da estrutura tridimensional do DNA.

Com relação às características dessa molécula, ao papel que ela desempenha nos seres vivos e aos processos em que se encontra envolvida, é CORRETO afirmar que:01) é formada por duas fileiras de nucleotídeos torcidas juntas em forma de hélice.02) em sua composição é possível encontrar quatro bases nitrogenadas diferentes: a adenina, a citosina, o aminoácido e a proteína.04) ela tem a capacidade de se autoduplicar.08) nela está contida a informação genética necessária para a formação de um organismo.16) a mensagem nela contida pode ser transcrita para uma outra molécula denominada RNA.

32) nos organismos procariontes, ela fica estocada dentro do núcleo das células.64) em alguns organismos primitivos, ela apresenta apenas uma fileira de nucleotídeos.UFSC, 2003 (questão 1 da prova branca)

COMENTÁRIONeste caso, a tirinha não agrega

informação que facilite a escolha das alternativas corretas. Outra dificuldade é o excesso de asserti-vas a serem avaliadas e a solicita-ção final do somatório dos valores. Com relação à afirmativa 64, vale lembrar que existem alguns vírus cujo material genético é DNA de fita simples e outros com RNA de fita dupla. Então, o conceito de que moléculas de DNA têm fita dupla e de RNA têm fita simples não se aplica a todos os organismos.

3ª questãoA tira de quadrinhos ao lado faz

referência à manipulação de genes em laboratório. Se esse tipo de expe-rimento realmente fosse concreti-zado, seria possível afirmar que:A) o elefante e o vaga-lume são orga-nismos transgênicos.B) apenas o vaga-lume é um organis-mo transgênico.C) uma seqüência de RNA do vaga-lume foi transferida para células do elefante.D) o gene do vaga-lume controlou a produção de RNA e de proteína no interior das células do elefante.E) uma seqüência de DNA do elefante sofreu mutação devido à introdução do gene do vaga-lume em células

daquele mamífero.PUC-SP, julho 2005

COMENTÁRIOÉ uma daquelas questões conside-

radas fáceis. Uma rápida análise da tirinha já encaminha para a resposta correta. Mesmo que o candidato não perceba a palavra “flash”, o próprio

desenho remete à luz excessiva e instantânea. De qualquer maneira, a análise do quadrinho é essencial na resolução. A partir dela verifica-se que o elefante brilhou como vaga-lume, o que permite responder que um gene do vaga-lume foi transferido ao ele-fante, que pode produzir biolumines-cência como o vaga-lume.

GABARITO: 1 (C), 2 (B), 3 (D), 4 (soma das alternativas corretas: 93)

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Nos dez primeiros fascículos, demos dicas sobre como fazer melhor a prova. Agora, neste último fascículo, ficam sugestões de

como estudar melhor, algo fundamental nesta reta final até a realização dos exames.

1SEU CANTOTenha sempre um local para seus estudos. Seja em

casa, no cursinho, ou em sua escola, esse seu “canto” deve ser bem iluminado e sem ruídos que possam atrapalhar sua concentração.

2SEU LIMITEJamais estude por horas a fio. Especialistas recomen-

dam que a moderação (cerca de três a quatro horas por dia) é mais salutar, além de preservar na memória os conteúdos já apreendidos.

3SEU RITMONunca se apresse em seus estudos. Cada assunto

não deve ser apenas lido, mas sim compreendido e enfocado em seus pontos principais. Para render mais, faça sempre anotações.

4SUA ATITUDENão permaneça com dúvidas, tente solucioná-las

com amigos e/ou professores. Buscando ajuda, além de solucionar a dúvida, sempre se pode acrescentar algo ao que já se sabe.

5SEU BOM SENSONão realize seus estudos se suas condições físicas e/ou

emocionais não estiverem normais. Esse tipo de situação é negativa para o rendimento estudantil. Nesses casos, procu-re alguém de sua confiança e peça orientação.

Cinco sugestões paravocê se preparar melhorSeguindo essas orientações, o vestibulando terá

maiores chances de se sair bem nos exames

DIRETOR DE REDAÇÃO Helio Gurovitz [email protected] David CohenDIRETOR DE CRIAÇÃO Saulo RibasEDITORES-EXECUTIVOS André Fontenelle, David FriedlanderDIRETOR DE ARTE Marcos Marques

O Guia ÉPOCA Vestibular 2008 - Atualidades é um projeto editorial de 11 fascículos desenvolvido pelo UNO Sistema de Ensino da Editora Moderna para a Editora Globo. © 2007 Edi-tora Moderna e Editora Globo. Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta coleção pode ser reproduzida sem autorização prévia da Editora Moderna e da Editora Globo.

COORDENAÇÃO GERAL DO PROJETO Ana Luisa AstizCOORDENAÇÃO PEDAGÓGICA Carlos Piatto (UNO)COORDENAÇÃO DE TEXTOS Antonio Carlos da Silva (Prof. Toni) e Venerando Santiago de Oliveira (Prof. Venê)COMENTÁRIOS AOS ENUNCIADOS E DICAS Jô FortarelEDIÇÃO DE TEXTO Oscar PilagalloEDIÇÃO DE ARTE Leonardo Nery ProttiILUSTRAÇÕES AKE AstburyREVISÃO Bel RibeiroSUPERVISORA DE INTERNET Adriana Isidio (UNO)

DIRETOR GERAL Juan Ocerin

DIRETOR EDITORIAL Paulo NogueiraDIRETOR DE MERCADO ANUNCIANTE Gilberto CorazzaDIRETOR DE FINANÇAS Frederic Zoghaib KacharDIRETOR DE ASSINATURAS Stavros Frangoulidis NetoDIRETORA DE MARKETING Yara Grottera

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o candidatoDicas para

DIRETORA DE MARKETING Yara Grottera