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1 Entendendo o Meio Ambiente Entendendo o Meio Ambiente Entendendo o Meio Ambiente Entendendo o Meio Ambiente Entendendo o Meio Ambiente Volume XI Volume XI Volume XI Volume XI Volume XI A União Européia e a Legislação Ambiental GOVERNO DO ESTADO GOVERNO DO ESTADO GOVERNO DO ESTADO GOVERNO DO ESTADO GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO DE SÃO PAULO DE SÃO PAULO DE SÃO PAULO DE SÃO PAULO São Paulo Ambiente do Meio Secretaria

Vol 11 - A União Européia e a Legislação Ambiental

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Entendendo o Meio Ambiente - Volume 11 A União Européia e a Legislação Ambiental Ambiente SP

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A União Européia e a Legislação Ambiental

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Entendendo o Meio AmbienteEntendendo o Meio AmbienteEntendendo o Meio AmbienteEntendendo o Meio AmbienteEntendendo o Meio Ambiente

Volume XIVolume XIVolume XIVolume XIVolume XI

A União Européiae a Legislação

Ambiental

GOVERNO DO ESTADOGOVERNO DO ESTADOGOVERNO DO ESTADOGOVERNO DO ESTADOGOVERNO DO ESTADO

DE SÃO PAULODE SÃO PAULODE SÃO PAULODE SÃO PAULODE SÃO PAULO

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Pau

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Ambiente

do Meio

Secretaria

Entendendo o Meio Ambiente – Volume XI

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Ficha CatalográficaFicha CatalográficaFicha CatalográficaFicha CatalográficaFicha Catalográfica(preparada pelo Setor de Biblioteca da CETESB)

S 2 4 2 e São Paulo (Estado). Secretaria de Estado do Meio Ambiente.Entendendo o meio ambiente / Coordenação geral [do]

Secretário de Estado do Meio Ambiente de São Paulo FabioFeldmann. - - São Paulo: SMA, 1997.

8 v.; 22cm

Conteúdo: v. 1. Tratados e organizações internacionais emmatéria de meio ambiente. 33 p. - - v.2. Convenção da biodiversi-dade. 47 p. - - v.3. Convenção de RAMSAR: sobre zonas úmidasde importância internacional, especialmente como habitat deaves aquáticas. 23 p. - - v.4.Convenção CITES: convenção sobreo comércio internacional das espécies da fauna e da flora selva-gens em perigo de extinção. 69 p. - - v.5. Convenção de Vienapara a proteção da camada de ozônio e protocolo de Montrealsobre substâncias que destroem a camada de ozônio. 71 p. --v.6. Convenção sobre mudança do clima. 50 p. - - v.7.Convençãoda Basiléia sobre o controle de movimentos transfronteiriços deresíduos perigosos e seu depósito. 62 p. - - v.8. CooperaçãoInternacional. 35 p. - - v.9. Programa Estadual de Apoio às ONGsPROAONG: Atividades 1995-1996. 94p. - - v.10. BancosMultilaterais de Desenvolvimento e Meio Ambiente: O BancoMundial e o Banco Interamericano de Desenvolvimento. 45 p. - -v.11. A União Européia e a Legislação Ambiental. 137 p. - - v.12.O Mercosul e o Meio Ambiente. 64 p.

1. Biodiversidade 2. Controle da poluição ambiental 3. Gestãoambiental - programas 4. Meio Ambiente - preservação I. Título

CDD (18.ed.) 614 . 7CDU (2.ed. med. port.) 504 . 064

Tiragem: 2.000 exemplares

Impresso no Brasil - Printed in Brazil

A União Européia e a Legislação Ambiental

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ÍNDICEÍNDICEÍNDICEÍNDICEÍNDICE

APRESENTAÇÃO 5

INTRODUÇÃO 9

I - História 9 II - As Instituições da União Européia 1 6 III - Tipos de Legislação da União Européia 1 9 IV - A Evolução das Políticas Ambientais na 2 0

União Européia V - Conclusão 2 4

LEGISLAÇÃO

- Tratado que Institui a Comunidade Econômica 2 5 Européia

(Disposições em matéria de proteção do ambiente)

- Recomendação do Conselho 2 9 75/436/Euratom, CECA, CEE de 3 de Março de 1975 relativa à imputação dos custos e à interven- çãodos poderes públicos em matéria de ambiente

- Diretiva do Conselho 3 9 85/337/CEE de 27 de Junho de 1985 relativa à avaliação dos efeitos de determinados projetos públicos e privados no ambiente

- Diretiva do Conselho 6 1 86/609/CEE de 24 de Novembro de 1986 relativa à aproximação das disposições legislativas regulamentares e administrativas dos Estados- membros respeitantes à proteção dos animais utilizados para fins experimentais e outros fins científicos

- Diretiva do Conselho 9 9 90/313/CEE de 7 de junho de 1990 relativa à liberdade de acesso à informação em matéria

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de ambiente

- Resolução do Conselho das Comunidades 105 Européias e dos Representantes dos Governos dos Estados-membros reunidos no Conselho 93/C 138/01 de 1 de Fevereiro de 1993 relativa a um programa comunitário de política e ação relacionado com o ambiente e o desenvolvimento sustentável

.Em direção a um desenvolvimento sustentável 117 Um programa da Comunidade Européia em ma-

téria de ambiente e desenvolvimento sustentável

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ApresentaçãoApresentaçãoApresentaçãoApresentaçãoApresentação

Em março de 1957, portanto há 40 anos, França,Alemanha, Bélgica, Itália, Holanda e Luxemburgo reuniam-seem Roma para criar a Comunidade Econômica Européia, ouMercado Comum Europeu. Segundo o jornal O Estado de SãoPaulo (27/03/1997), “O organismo que hoje é a União Européiaresume a mais ousada experiência de integração econômica epolítica jamais tentada por um grupo de países altamenteindustrializados. Se tudo der certo, dentro de 20 meses, paísesque há 50 anos tentavam se aniquilar terão uma moeda únicae políticas externas e de segurança comuns”.

Nesses 40 anos a União Européia produziu uma vastalegislação ambiental de caráter mais geral, além de normasespecíficas sobre os mais diferentes aspectos da proteção aomeio ambiente, sempre com o objetivo de elevar os padrõesde qualidade de vida dos cidadãos da Comunidade. Neste livroreproduzimos apenas parte dessa legislação geral, o que nos

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permitirá ter um vislumbre dos avanços, concepções e limitesda legislação de proteção ao meio ambiente produzida naquelaque é uma das regiões mais industrializadas do mundo.

Dentre essa legislação de caráter mais geral, os pilaresde toda a legislação e normas sobre proteção ao meio ambienteproduzida no âmbito da União Européia, tivemos o cuidado deselecionar algumas normas que nos interessamparticularmente. Assim, publicamos a Recomendação relativaao Princípio “poluidor-pagador”, ou seja, a imputação aospoluidores da poluição que eles próprios provocam, obrigando-os a reduzir a poluição e a procurar produtos ou tecnologiasmenos poluentes, ou ainda racionalizando o uso de matérias-primas, permitindo deste modo uma utilização sustentável dosrecursos naturais. Em um país onde os lucros da atividadeprodutiva têm apropriação individual, mas os custos do combateà poluição são coletivos, este é um assunto que nos interessade perto.

Outra das normas publicadas é a Diretiva relativa àavaliação dos impactos ambientais de determinados projetospúblicos ou privados sobre o meio ambiente. No Brasil, aobrigatoriedade da análise e aprovação de estudos de impactoambiental para determinadas obras e empreendimentos foiestabelecida pela Resolução 1/86 do CONAMA. O Estado deSão Paulo foi o pioneiro no atendimento à Resolução CONAMA,tendo organizado seu departamento de avaliação de estudosde impacto ambiental entre o final de 1986 e o início de 1987.Como o assunto continua controverso, especialmente no quediz respeito aos empreendimentos que devem passar pelo crivodo EIA/RIMA, é possível que a publicação dessa Diretiva possalançar alguma luz ao debate.

Foram publicadas também a Diretiva relativa à proteçãodos animais utilizados para fins experimentais e outros finscientíf icos, e a Diretiva relativa à l iberdade de acesso àinformação em matéria de meio ambiente. A primeira tem umaimportância óbvia em um momento em que experiênciasgenéticas com animais assombram o mundo e colocamdúvidas com relação ao futuro do homem. A segunda foiutilizada como fundamento por esta Secretaria para a ediçãoda Resolução SMA nº 66, de 17 de dezembro de 1996, queobriga os “órgãos da administração direta, indireta e fundacionalvinculados à Secretaria do Meio Ambiente a permitir o acessopúblico aos processos administrativos que tratem de matériaambiental e a fornecer todas as informações desta natureza

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que estejam sob sua guarda”. Neste caso, a preocupação foiessencialmente polít ica, pois administrações democráticasdevem colocar à disposição de seus cidadãos as informaçõesde que estes necessitam. Nesse sentido, e com base na Diretivada União Européia, a Secretaria do Meio Ambiente talvez seja oúnico órgão de meio ambiente ou de qualquer outro setor daatividade estatal que tem na disponibilidade da informação umanorma de administração.

Finalmente, publicamos a Resolução relat iva a umprograma comunitário de política e ação relacionado com omeio ambiente e o desenvolvimento sustentado. O programa,de 1993, é suficientemente recente para que o leitor possaavaliar as concepções que presidem a elaboração eimplantação das políticas ambientais nos países da UniãoEuropéia.

Em um mundo cada vez mais globalizado einterdependente, a informação é de fundamental importânciapara a tomada de decisões. A coleção Entendendo o MeioEntendendo o MeioEntendendo o MeioEntendendo o MeioEntendendo o MeioAmbienteAmbienteAmbienteAmbienteAmbiente tem o objetivo de colocar à disposição dosformadores de opinião e das pessoas que têm aresponsabilidade de tomar decisões e de formular políticas naárea ambiental as informações que lhes permitam exercer comcompetência os seus encargos. Esperamos que também estevolume tenha alcançado esses objetivos.

Fabio FeldmannSecretário do Meio Ambiente

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IntroduçãoIntroduçãoIntroduçãoIntroduçãoIntroduçãoAntonio Augusto da Costa Faria

I - HistóriaI - HistóriaI - HistóriaI - HistóriaI - História

O processo de unificação política e econômica em cursona Europa deita suas raízes mais fundas no passado histórico.Em primeiro lugar, na Idade Média quando, sobre as ruínas doImpério Romano, desenvolveu-se uma civilização que unificou,na base comum deixada pela tradição greco-romana, todos oshomens da Europa sob o signo do cristianismo.

Em segundo lugar, a Europa possui uma tradiçãointernacionalista invejável. Primeiro, uma noção burguesa deinternacionalismo que aparece na segunda metade do séculoXIX, sendo inicialmente utilizada para designar movimentos deidéias e fenômenos polít icos diversos, mas todos elescaracterizados, de uma maneira geral, pela preponderânciaatribuída à comunidade de interesses das nações, àsolidariedade política e econômica de todos os povos e ao seudesejo de cooperação mútua, acima dos interesses do Estado-nação. Essa acepção bastante ampla compreende tendênciastão diversas como a genérica aspiração humanitária a umacomunidade de idéias e ideais capaz de unir todos os povosnuma só sociedade civil, o esforço para fazer avançar a causa

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da paz por meio de um sistema de instituições e normassupranacionais, como a arbitragem obrigatória e as cortesinternacionais de justiça, ou a utopia da completa liberalizaçãodas trocas comerciais, visando ajustar as relações mundiais auma suposta harmonia de interesses de todos os povos. Todasestas formas de internacionalismo, que acompanham aascensão social da burguesia e se inscrevem no universo idealdo liberalismo, irmanam-se com a convicção, expressa quandomuito em projetos nebulosos e moralizantes, de que é possívelmelhorar de forma pacífica e gradual a ordem social existentecom a superação dos contrastes nacionais, mediante a criaçãode novas instituições e a reforma das concepções políticaspredominantes.

A esse Internacionalismo burguês se contrapôs demaneira consistente o Internacionalismo proletário, que derivada solidariedade das classes trabalhadoras oprimidas pelaordem social vigente e vê na eliminação da sociedade divididaem classes, por meios revolucionários, a base da superaçãodos antagonismos nacionais. A consciência da existência deuma solidariedade internacional entre os trabalhadores dosdiversos países foi um fenômeno mais ou menoscontemporâneo do aparecimento dos primeiros movimentosoperários organizados, em torno de 1830. São diversos osfatores que estimulam seu crescimento: a emigração maciça,a concorrência nos mercados mundiais, a vontade dostrabalhadores de diversos países de se apoiaremreciprocamente nos respectivos confl i tos econômicos, acomunhão dos ideais democráticos, a tendência à defesa daindependência das pequenas nacionalidades, a defesa da paze a difusão do ideal socialista da emancipação da classeoperária.

O Internacionalismo proletário converteu-se empatrimônio comum das minorias revolucionárias que atuavamna Europa. Nas vésperas da insurreição parisiense de fevereirode 1848, o Manifesto Comunista de Marx e Engels apresentoupela primeira vez uma formulação completa doInternacionalismo proletário, baseando-o numa análise precisadas relações existentes entre as classes na época dasrevoluções burguesas: “As divisões e antagonismos nacionaisdos povos vão desaparecendo cada vez mais com odesenvolvimento da burguesiaburguesiaburguesiaburguesiaburguesia, com a liberdade do comércio,com a uniformidade da produção industrial e dascorrespondentes condições de vida. O domínio do proletariado

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as fará desaparecer ainda mais. Uma das primeiras condiçõesda sua emancipação é a ação unida, pelo menos nos paísescivilizados.” Alguns anos mais tarde, em A ideologia Alemã, Marxescrevia: “Enquanto a burguesia de cada nação conserva aindainteresses nacionais particulares, a grande indústria criou umaclasse que tem o mesmo interesse em todas as nações e paraa qual a nacionalidade já não é nada, uma classe que, narealidade, se libertou totalmente do velho mundo e, ao mesmotempo, lhe é adversa.”

O Internacionalismo proletário sofreu seu mais sério revésem 1914, quando as classes operárias dos países europeusseguiram alegremente para morrer no front sob o comando desuas respectivas classe dominantes, preferindo a “uniãosagrada” em torno das nações em luta à solidariedade dasclasses trabalhadoras oprimidas.

Mais de que a herança greco-romana, o cristianismo ouo internacionalismo foram as guerras mundiais que tornaram aunificação européia um objetivo polí t ico concretamenterealizável. Ou seja, a destruição causada pelas duas guerrasdeixou claro que o papel histórico do Estado nacional haviachegado a seu fim, que era impossível continuar a viver sob oregime do Estado-nação, cuja dimensão e estrutura tinham setornado incompatíveis com o mínimo de equilíbrio e de ordeminternacional, de desenvolvimento econômico e de estabilidadedemocrática.

A Primeira Guerra Mundial (1914-1918), uma guerraessencialmente travada em território europeu, e que consumiua fina-flor da juventude dos países beligerantes, acabou com opredomínio mundial das potências européias. Os EstadosUnidos já eram naquela altura a maior potência do globo e aRússia, apesar de destruída pela guerra e pela revolução, aospoucos constituía-se como uma alternativa aos povos do mundoem termos de organização social e econômica.

A constatação de declínio da Europa e o reconhecimentode que a guerra entre as potências não beneficiou a qualquerdos países envolvidos, acarretando, por outro lado, sofrimentosindiscritíveis às populações envolvidas, promoveu o surgimentode uma incipiente consciência européia entre algumas pessoasmais conscientes dos problemas europeus, inclusive liderançaspolíticas. O movimento por uma Europa unida que pudesseresolver seus problemas sem a utilização da guerra naufragoucom o surgimento, na década de 1930, do nazifascismo, quetinha no nacionalismo um componente essencial de sua

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ideologia e cujo movimento mais radical e trágico, o nacional-socialismo, foi observado na Alemanha de Adolf Hitler. Para osnazifascistas tanto o adjetivo europeu quanto a designação dealguém como europeu eram pejorativos, significando algo oualguém cosmopolita, anti-racional, decadente.Compreensivelmente, foi somente após à Segunda GuerraMundial (1939-1945), que destruiu quase que completamentea Europa, que essa conotação pejorativa desapareceu.

É curioso que na medida em que a Alemanha buscouseu próprio “espaço vital” no território dos Estados limítrofes,consequentemente se transformando num império europeu,evidenciou a decadência histórica do Estado nacional. Esse fato,se abstrairmos a evidência de que Hitler não dava aos povosda Europa Oriental o direito de constituírem Estados nacionais,mas de serem talvez um pouco menos que servos da raçasuperior ariana, era uma manifestação de necessidade daunidade européia. Caso se tivesse concretizado o plano alemão,a própria Alemanha teria negado sua característica de Estadonacional e destruído o sistema europeu de Estados.

Depois de duas desastrosas guerras mundiais aslideranças da Europa ocidental admitiram finalmente que aresolução dos problemas através do confli to armado nãobeneficiava qualquer interesse nacional. Além disso, ocrescimento do poderio soviético tornou imperativo, para ospaíses que não estivessem sob o seu domínio, alguma formade unidade. É preciso acentuar que a Organização do Tratadodo Atlântico Norte -OTAN, criada em 1949, e que visava asalvaguarda da integridade da Europa contra a ameaça daUnião Soviética, não significou apenas a submissão dos Estadoseuropeus à hegemonia norte-americana, mas tambémconstituiu-se em um embrião, no plano político-militar, da futuraunificação européia, da mesma forma que o Plano Marshalldesencadeou o processo de cooperação econômica. Issosignifica que o início da unificação européia deve muitoprovavelmente ser atribuído ao impulso determinante dosEstados Unidos.

O primeiro grande líder que após à Segunda Guerraexortou pela unidade européia foi Winston Churchill, que em1946 declarou: “Devemos construir uma espécie de EstadosUnidos da Europa”. Essa não seria uma tarefa fácil, pois osgovernos da Europa Ocidental e seus povos não estavampreparados para, repentinamente, abandonar suas tradiçõesnacionais por um governo que deveria governar acima dos

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interesses específicos de cada um dos Estados e nações daEuropa.

A unificação européia foi aos poucos tornando-se aorientação fundamental da política externa dos Estados daEuropa Ocidental. Já em 1948, Bélgica, Holanda e Luxemburgoformavam o Benelux, abolindo as barreiras alfandegárias entreesses países. O processo de unif icação implicou numaverdadeira inversão das tendências básicas da história européiatal como estas se delinearam desde o final do século XV e semantiveram até o final da Segunda Guerra Mundial. A base destamudança de direção histórica encontra-se na incapacidade dosEstados nacionais de assegurarem sozinhos tanto a defesa dopaís quanto o desenvolvimento econômico a seus cidadãos.

A cooperação entre os países da Europa Ocidental iniciou-se modestamente pela via econômica com a criação, em 1951,da Comunidade Européia do Carvão e do Aço (CECA). Estareuniu os principais consumidores e produtores dos doisprodutos mais importantes para a reconstrução da EuropaOcidental. Os países criadores da CECA foram a França, aAlemanha, Bélgica, Holanda, Luxemburgo e Itália, que setransformaram assim, nos fundadores da unidade européia.

O sucesso da CECA estimulou os Seis a dar um passode fundamental importância: “Para conservar o lugar da Europano mundo, para restabelecer-lhe a influência e o prestígio e paraassegurar um crescimento contínuo nos padrões de vida deseu povo” os ministros do Exterior dos países-membros,reunidos em Roma em março de 1957, estabeleciam aComunidade Econômica Européia ou o Mercado comumEuropeu. O Tratado de Roma propunha:

1. a remoção das barreiras comerciais entre os países-membros ;

2. o estabelecimento de uma política comercial únicacom os países não-associados;

3. a coordenação dos sistemas de transportes e daspolíticas agrícolas;

4. a remoção das medidas públicas ou privadas quepudessem restringir a livre competição entre seus membros; e

5. a garantia de mobilidade da mão-de-obra, do capital

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e da capacidade de empreendimento dos associados.

Um outro tratado criou a Comunidade Européia deEnergia Atômica (EURATOM), destinada à pesquisa conjuntasobre energia nuclear.

Em 1973 a CEE recebia a adesão de três novos membros;a Grã-Bretanha, a Irlanda e a Dinamarca. A Grécia ingressouem 1981, e Portugal e Espanha em 1986. Ficaram de fora daCEE apenas a Suíça, a Áustria, a Noruega, a Suécia e a Finlândia.Atualmente, a lista dos países que declararam sua intenção deaderir à essa associação inclui a maior parte da Europa,especialmente os países da Europa Central que vêem aaproximação com a CEE um fator crucial para seudesenvolvimento econômico e estabilidade democrática.

As políticas econômicas patrocinadas pela ComunidadeEconômica Européia foram claramente bem sucedidas emaumentar a prosperidade na Europa Ocidental. Na esteira dosucesso econômico da CEE um novo passo político foi dadoatravés da criação da Comunidade Européia em 1º de julho de1967, fusão dos Órgãos de governo das insti tuições queformavam a CEE, ou seja, a Comunidade Européia do Carvão edo Aço - CECA e a Comunidade Européia de Energia Atômica- EURATOM.

Os marcos históricos da unificação européia foram oacordo de 1967, que criou a Comunidade Européia, e o ato de1976, que estabeleceu o sufrágio direto dos membros doParlamento Europeu, cuja primeira eleição ocorreu em 1979.Em 1º de julho de 1987 foi dado um passo ainda maissignificativo: entrava em vigor o Ato Único Europeu, que reiteravao objetivo da União Econômica e Monetária, declaradaformalmente pelos chefes de Estado na Reunião de Cúpula deParis de 1972. O Ato altera e complementa os TratadosFundadores e inclui disposições que criam princípios decooperação política, especialmente a intenção de “formular eaplicar em comum uma política externa européia”.

O Tratado de Maastricht eO Tratado de Maastricht eO Tratado de Maastricht eO Tratado de Maastricht eO Tratado de Maastricht e aaaaa União EuropéiaUnião EuropéiaUnião EuropéiaUnião EuropéiaUnião Européia. Em 7 defevereiro de 1992 era assinado em Maastricht (Holanda), pelosmembros da Comunidade Européia, o Tratado da UniãoEuropéia, denominação que passa a designar a união políticae econômica dos principais países europeus. Mais conhecidocomo Tratado de Maastricht, é formado por dois outros tratados:o da União Política e o da União Monetária e Econômica. Essestratados prevêem um mercado interno único e um sistema

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financeiro e bancário comuns, com moeda própria - o euro -que deverá entrar em circulação em 1999. O acordo garantia acidadania única dos cidadãos dos países membros e lançavaos alicerces de uma política externa e de defesa comuns. OTratado de Maastricht definia ainda os direitos básicos doshabitantes da união européia: l ivre-circulação, assistênciaprevidenciária, igualdade entre homens e mulheres e melhorescondições de trabalho. O Tratado previa também a unificaçãodas leis trabalhistas, criminais e de imigração.

Os obstáculos ao Tratado são inúmeros, especialmenteaqueles de ordem política e econômica, ou seja, a adesão aum banco central e a uma moeda comuns e a transferência dopoder dos governos nacionais para a poderosa euroburocraciainstalada em Bruxelas. Apesar de todas essas dificuldades, aorganização plena da União Européia será uma tentativa, semprecedentes no mundo contemporâneo, de comparti lharfundamentos de soberania para a constituição de uma grandeárea no interior da qual praticamente não existam fronteirasnacionais.

Em janeiro de 1995 três novos países aderiam à UniãoEuropéia: Áustria, Finlândia e Suécia. Na Áustria, plebiscitorealizado em junho de 1994 aprovava sua associação pormaioria de dois terços; em outubro, referendo aprovada aparticipação da Finlândia por 57% dos votos; em novembro,uma estreita maioria de 52,2% aprovava em plebiscito a adesãoda Suécia à União Européia.

Com a adesão, em 1995, da Áustria, Finlândia e Suécia,completava-se o atual quadro de 15 países formadores da UniãoEuropéia, a saber: França, Alemanha, Bélgica, Holanda,Luxemburgo e Itália (1951); Grã-Bretanha, Irlanda e Dinamarca(1973); Grécia (1981); Portugal e Espanha (1986).

Somente dois países da Europa Ocidental ficaram de forada União Européia: a Noruega e a Suíça. Em 1991, partidoscontrários à entrada da Noruega na UE venciam as eleiçõesregionais. Já em 1990, divergências sobre a entrada da Noruegana então Comunidade Econômica Européia, levaram o primeiro-ministro Jan Syse a renunciar. Em novembro de 1994, oeleitorado norueguês mais uma vez rejeitava a proposta deadesão à União Européia, com 52,2% dos votos. A Noruega éhoje o único país escandinavo que não faz parte da organização.A rejeição deveu-se ao temor dos agricultores de que a entradade produtos agrícolas mais baratos vindos da UE pudesse levarmuitos fazendeiros à falência. Os pescadores, por sua vez, se

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opõem a partilhar as águas norueguesas com embarcaçõesdos vizinhos europeus. Na Suíça, em 1992, um plebiscitorejeitava a entrada do país no recém criado Espaço EconômicoEuropeu, congelando as pretensões do governo de associar-se à União Européia.

II – As Instituições da União EuropéiaII – As Instituições da União EuropéiaII – As Instituições da União EuropéiaII – As Instituições da União EuropéiaII – As Instituições da União Européia

As principais Instituições da União Européia são:Parlamento EuropeuParlamento EuropeuParlamento EuropeuParlamento EuropeuParlamento Europeu, eleito diretamente;Conselho de MinistrosConselho de MinistrosConselho de MinistrosConselho de MinistrosConselho de Ministros, que detém o poder principal na

adoção de legislação;Comissão da Comunidade EuropéiaComissão da Comunidade EuropéiaComissão da Comunidade EuropéiaComissão da Comunidade EuropéiaComissão da Comunidade Européia, a instituição que tem

o poder para propor legislação, implementá-la e reforçá-la;Tribunal de JustiçaTribunal de JustiçaTribunal de JustiçaTribunal de JustiçaTribunal de Justiça, que assegura o cumprimento do

direito comunitário e dos Tratados.ComissãoComissãoComissãoComissãoComissão. A Comissão Européia é o órgão executivo da

Comunidade Européia. É composta por comissários indicadospelos países-membros, que formam um Colegiado que governadurante quatro anos. A comissão tem sua sede em Bruxelas eemprega 15.000 funcionários, a burocracia que zela pelaimplementação e cumprimento dos tratados e das váriasnormas emanadas do Conselho de Ministros.

Conselho de MinistrosConselho de MinistrosConselho de MinistrosConselho de MinistrosConselho de Ministros. O Conselho de Ministros,composto por um representante de cada um dos países-membros, detém o real poder de decisão da Comunidade. É oprincipal órgão de formulação de normas e leis da Comunidadee representa os interesses dos Estados-membros. Ele determinacomo os tratados devem ser executados e como as diversaspolíticas econômicas das nações-membros são coordenadascom o objetivo maior de consolidar a Comunidade Européia e,consequentemente, o bem estar dos cidadãos da EuropaOcidental.

Parlamento EuropeuParlamento EuropeuParlamento EuropeuParlamento EuropeuParlamento Europeu. O Parlamento Europeu representao interesse dos cidadãos da Comunidade Européia, mas nãotem o poder de propor legislação nem de a adotar, função essareservada ao Conselho de Ministros. O Parlamento tem, noentanto, o poder de aprovar o orçamento da Comunidade e dedemitir a Comissão. Os deputados são eleitos diretamente pelapopulação da Comunidade Européia para um mandato dequatro anos. O Parlamento reúne-se uma semana por mês,normalmente em Estrasburgo, na França, e suas sessões são

A União Européia e a Legislação Ambiental

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abertas ao público.No processo legislativo a Comissão formula e apresenta

proposta de ato ao Conselho de Ministros, que deve obter oparecer do Parlamento e do Comitê Econômico e Social, outrainstituição da Comunidade. Em poder do parecer do Parlamentoo Conselho adota uma “Posição Comum”. Esta posição énovamente enviada ao Parlamento para uma segunda leitura esó então adotada por maioria qualificada pelo Conselho. Se oParlamento rejeitar a posição comum, ou se o Parlamento e aComissão chegarem a acordo sobre um texto diferente, o atosomente poderá ser adotado pelo Conselho de Ministros porunanimidade.

O processo legislativo implica em numerosos consultasàs administrações nacionais e às organizações privadas queatuam na Comunidade. Nesse complexo processo de consultae discussão que envolve a aprovação da legislação comunitáriaos Estados-membros procedem normalmente a consultaformais aos seus parlamentares, mantendo também consultasinformais com os inúmeros grupos de interesse.

Esse penoso e demorado processo de elaboraçãolegislat iva é uma parte necessária do desenvolvimento eaprimoramento da legislação comunitária, a qual deve:providenciar um nível de proteção elevado da saúde humana edo ambiente; harmonizar as normas e processos industriais naComunidade Européia; ser integrada nos diferentes sistemaslegais dos Estados-membros; ser implementada por variadase diferentes administrações e níveis de governo.

Tribunal de JustiçaTribunal de JustiçaTribunal de JustiçaTribunal de JustiçaTribunal de Justiça. O Tribunal de Justiça é o guardiãodos Tratados e do Direito Comunitário. É composto por juizesnomeados através de acordo entre os Estados-Membros, sendoassist idos por advogados gerais. Os casos submetidos àdeliberação do Tribunal podem ser apresentados por cidadãosou pessoa jurídica contra os países ou contra a Comissão,sempre em conformidade com o direito comunitário.

Além dessas insti tuições, outras quatro merecemdestaque: o Conselho EuropeuConselho EuropeuConselho EuropeuConselho EuropeuConselho Europeu, o Comitê EconômicoComitê EconômicoComitê EconômicoComitê EconômicoComitê Econômico e Sociale Sociale Sociale Sociale Social,o Comitê das RegiõesComitê das RegiõesComitê das RegiõesComitê das RegiõesComitê das Regiões e, por fim, a instituição do Ombudsman Ombudsman Ombudsman Ombudsman Ombudsman.

Conselho EuropeuConselho EuropeuConselho EuropeuConselho EuropeuConselho Europeu. Este órgão tem como suasresponsabilidade fixar as grandes metas políticas, sociais eeconômicas da Comunidade Européia. Desde 1974, o Conselhoreúne-se duas ou três vezes por ano e dele fazem parte oschefes de Estado e os governantes da União Européia, além dopresidente da Comissão, sendo assistidos pelos ministros das

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relações exteriores dos 15 Estados-membros. O ConselhoEuropeu também arbitra questões pendentes e para as quaiso Conselho de Ministros não chegou a um acordo. Cada paísmembro preside o conselho por um período de seis meses:Grécia e Alemanha em 1994, França e Espanha em 1995, Itáliae Irlanda em 1996, etc.. Em se tratando de um Conselho quereúne os líderes de cada um dos países que compões a UniãoEuropéia acentuar sua importância é supérfluo. Na verdade, édo Conselho que emanam todas as grandes ações políticasque têm por objetivo consolidar uma Europa unificada. Desdesua criação tomou decisões de grande relevância, como acriação do Sistema Monetário Europeu (SME) e a eleição diretado Parlamento Europeu.

Com a primeira eleição européia, realizada em 1979, aComunidade deu um passo de grande importância na buscade seus objetivos. Quarenta anos após a deflagração daSegunda Guerra Mundial os europeus, ao elegerem seuParlamento através do sufrágio universal direto, talvez tenhamcolocado sob seu controle aquele setor da vida política que atéentão tinha se constituído em domínio exclusivo de diplomatase militares, ou seja, o terreno das relações de força entre osEstados.

Comitê Econômico e SocialComitê Econômico e SocialComitê Econômico e SocialComitê Econômico e SocialComitê Econômico e Social e Comitê das Regiõese Comitê das Regiõese Comitê das Regiõese Comitê das Regiõese Comitê das Regiões. Todosos principais documentos e todas as proposições de leiseuropéias são submetidas para consulta dos dois comitês, osquais representam as categorias profissionais e sociais. OComitê Econômico e Social é formado por representantes dostrabalhadores, grandes e pequenos comerciantes, fazendeiros,famílias e consumidores de cada país. O Comitê das Regiões éa voz das municipalidades, departamentos e regiões daComunidade.

OmbudsmanOmbudsmanOmbudsmanOmbudsmanOmbudsman. O Ombudsman é nomeado peloParlamento Europeu depois de cada eleição para a duração desua legislatura. O Ombudsman recebe queixas de cidadãos daComunidade ou de qualquer pessoa residindo ou tendoatividades legais em qualquer dos Estados-membros. Asqueixas envolvem sempre casos de má administração deinstituições ou órgãos da Comunidade Européia.

Em termos mundiais a Comunidade Européia temcaracterísticas que a tornam única:

� Órgãos de governo legislativo, executivo e judiciário.

A União Européia e a Legislação Ambiental

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� Transferência das competências dos Estados-membrospara a Comunidade

� Supremacia do direito comunitário sobre o direitonacional, que está sujeito à revisão exclusiva do Tribunal deJustiça da Comunidade.

III – Tipos de Legislação da União EuropéiaIII – Tipos de Legislação da União EuropéiaIII – Tipos de Legislação da União EuropéiaIII – Tipos de Legislação da União EuropéiaIII – Tipos de Legislação da União Européia

Em termos de legislação, a União Européia pode adotar:

� Recomendações Recomendações Recomendações Recomendações Recomendações e ResoluçõesResoluçõesResoluçõesResoluçõesResoluções não obrigatórias.

� RegulamentosRegulamentosRegulamentosRegulamentosRegulamentos que são obrigatórios e diretamenteaplicáveis em todos os Estados-membros.

�DecisõesDecisõesDecisõesDecisõesDecisões que são obrigatórias para os destinatários,incluindo Estados-membros, pessoas individuais e coletivas.

� DiretivasDiretivasDiretivasDiretivasDiretivas que devem ser implementadas pelosinstrumentos legais dos Estados-membros durante um períodode tempo determinado, normalmente de 18 meses a dois anos.

Neste último caso a União define objetivos, normas eprocedimentos, permitindo, no entanto, aos Estados-membros,uma certa flexibilidade na integração destas medidas nos seussistemas de administração e direito nacional. Assim, enquantoum Estado-membro pode escolher produzir uma nova lei quereproduz virtualmente o texto da diretiva, outro Estado-membro,que já tenha legislação sobre a matéria coberta pela diretiva,pode escolher implementar a diretiva através da lei existenteou por normas administrativas. A diretiva foi, durante mais de20 anos, o principal instrumento da política ambiental daComunidade.

Dado que algumas vezes a implementação completa dasdiretivas dura anos e que os Estados-membros podem divergirem relação à integração das diretivas no direito nacional, aComunidade voltou-se recentemente para a uti l ização deregulamentos porque estes têm efeito mais rápido e aplicam-se diretamente em toda a União Européia.

O Tratado CEE (1957) estabeleceu diferentes disposiçõespara a entrada em vigor dos diferentes tipos de legislação

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comunitária:� Os regulamentos entram em vigor na data neles

mencionada ou, na falta desta, no vigésimo dia após a suapublicação no Jornal Oficial das Comunidades Européias.

� As diretivas e as decisões devem ser notificadas aosdestinatários e têm efeito após essa notificação. As diretivascontém freqüentemente uma data limite que o Estado-membrodeve respeitar para a sua implementação.

� Os tratados internacionais entram em vigor depois desua retif icação por um determinado numero de Estados-membros .

IV – A Evolução das Políticas AmbientaisIV – A Evolução das Políticas AmbientaisIV – A Evolução das Políticas AmbientaisIV – A Evolução das Políticas AmbientaisIV – A Evolução das Políticas Ambientaisna União Européiana União Européiana União Européiana União Européiana União Européia

Nos anos 50, os europeus basearam a reconstrução daEuropa na criação de uma zona comercial comum. O objetivoessencial do Tratado de Roma de 1957, que insti tuiu aComunidade Econômica Européia, foi o “constante desenvolvi-mento do nível de vida e das condições de trabalho” dos povoseuropeus.

A proteção do ambiente como tal não foi contempladano Tratado CEE. Contudo, não muitos anos mais tarde, osresponsáveis pela legislação comunitária reconheceram anecessidade de criar disposições comuns para a proteção domeio ambiente. A legislação ambiental, basicamente voltadapara determinados produtos industriais e as indústrias com elesrelacionadas, foi baseada no artigo 100 do Tratado CEE, relativoà harmonização da legislação dos Estados-membros quetenham incidência direta no estabelecimento ou nofuncionamento do mercado comum. Adicionalmente, alegislação ambiental foi baseada também no artigo 235 que,discorria sobre as medidas consideradas necessárias paraatingir os objetivos da Comunidade. Até 1987, toda a legislaçãocomunitária relativa ao meio ambiente baseou-se quer no artigo100, quer no artigo 235, quer em ambos os artigos.

Nos anos 60, tornou-se óbvio que seriam necessáriasmedidas drásticas e globais para proteger o ambiente daComunidade da degradação resultante do crescimentoeconômico. Em 1970, as dimensões globais da poluição domeio ambiente começaram a ser notadas e, em 1972 - ano daprimeira Conferência das Nações Unidas sobre o Meio

A União Européia e a Legislação Ambiental

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Ambiente - a Comunidade Européia adotou o seu primeiroprograma de ação em matéria de ambiente (1973-1977)estabelecendo princípios e prioridades que governariam as suaspolíticas no futuro.

O primeiro e o segundo programas de ação em matériade meio ambiente estabeleceram listas pormenorizadas deações para controlar os variados problemas de poluição. Foramenunciados onze princípios que se mantiveram válidos nossubsequentes programas de ação:

1. Prevenir é melhor que remediar. (Este princípio tornou-se proeminente no quarto programa de ação em matéria demeio ambiente)

2. Os impactos sobre o meio ambiente devem serconsiderados o mais cedo possível no processo de tomada dedecisões.

3. A exploração dos recursos naturais que provoquedanos significativos no equilíbrio ecológico deve ser evitada.

4. Os conhecimentos científicos devem ser desenvolvidoscom o objetivo de permitir a implementação de determinadasações de preservação ambiental.

5. O princípio “poluidor/pagador”, isto é, o custo daprevenção e da reparação dos danos ao ambiente devem sersuportados pelo poluidor.

6. As atividades de um Estado-membro não devemdeteriorar o ambiente de outro.

7. A polí t ica ambiental dos Estados-membros deveconsiderar os interesses dos países em desenvolvimento.

8. A Comunidade Européia e os Estados-membros devempromover a proteção internacional e mundial do meio ambienteatravés das organizações internacionais.

9. A proteção ambiental é da responsabilidade de todos,sendo necessário promover a educação nesse domínio.

10. As medidas de proteção ao meio ambiente devemser tomadas no “nível mais apropriado”, levando em

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consideração o tipo de poluição, a ação necessária e a zonageográfica a proteger. Este princípio é conhecido como “princípioda subsidiaridade”.

11. Os programas de meio ambiente dos Estados-membros devem ser coordenados a longo prazo com baseem um conceito comum e as políticas nacionais não podempermanecer isoladas mas devem ser harmonizadas no seioda Comunidade.

O terceiro programa de ação em matéria de proteçãoambiental, adotado em 1983, procurou introduzir uma estratégiaglobal que envolvesse também a preservação dos recursosnaturais dos países da Comunidade Européia. Acentuou aimportância da prevenção da poluição em relação ao controleda poluição e alargou o conceito de proteção ao meio ambienteincorporando o conceito de utilização planificada do solo einserindo a variável ambiental na formulação de outras políticas.Dentre as áreas abrangidas incluem-se os fundos para asatividades agrícolas, o desenvolvimento econômico regional ea ajuda aos países do Terceiro Mundo que foram outroracolônias de alguns dos países da Comunidade.

O quarto programa de ação ambiental (1987-1992)procurou integrar a dimensão ambiental noutras áreas e políticascomunitárias, destacando quatro áreas de atividades:

1. Implementação efetiva da legislação comunitáriaexistente.

2. Regulamentação das “matérias” e “fontes de poluição”e de todos os seus impactos sobre o meio ambiente.

3. Incrementar o acesso do público à informação e a suadisseminação.

4. Criação de empregos.

O Ato Único Europeu e a Proteção ao Meio AmbienteO Ato Único Europeu e a Proteção ao Meio AmbienteO Ato Único Europeu e a Proteção ao Meio AmbienteO Ato Único Europeu e a Proteção ao Meio AmbienteO Ato Único Europeu e a Proteção ao Meio Ambiente. Asalterações do Tratado de Roma, através do Ato Único Europeude 1º de julho de 1987, aditaram à parte três do velho Tratadouma série de novos art igos relativos ao meio ambiente,abrangendo os “fundamentos e a política da comunidade”. Trêsartigos (130-R, 130-S e 130-T) estabeleceram os objetivos e oselementos das ações de proteção ao meio ambiente da

A União Européia e a Legislação Ambiental

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Comunidade. Os objetivos são os seguintes:

� preservar, proteger e melhorar a qualidade do meioambiente;

� contribuir para a proteção da saúde das pessoas;

� assegurar uma utilização prudente e racional dosrecursos naturais.

As ações de proteção ao meio ambiente da UniãoEuropéia devem ser integradas noutras polí t icas daComunidade, das quais as mais importantes são a agricultura,o desenvolvimento regional e a energia, devendo basear-se emtrês princípios:

� devem ser empreendidas ações preventivas;

� os danos ao meio ambiente devem ser retificados naorigem;

� o poluidor deve pagar pelos danos causados.

O princípio da integração é, sem dúvida, a disposição maissignificativa dos artigos. A proteção ao meio ambiente é a únicaárea da política da União Européia que impõe uma ação tãovasta e integrada. A UE deve adotar procedimentos paraimplementar e reforçar este importante princípio.

O art igo 130-S impõe a necessidade de se obter aunanimidade do Conselho. Contudo, a Comissão e o Tribunalde Justiça tornaram claro que a legislação comunitária relativaao meio ambiente estabelece padrões mínimos mas que nãodevem impedir os Estados-membros de ir mais além: “Asmedidas de proteção adotadas em comum nos termos do artigo130-S não consti tuem obstáculo à manutenção e aoestabelecimento por cada Estado-membro de medidas deproteção reforçadas compatíveis com o presente Tratado.”

O Ato Único Europeu reconheceu a complexa relaçãoentre o meio ambiente e o comércio no seu novo artigo 100-A,o qual institui que quando a Comissão propõe uma disposiçãorelativa à saúde, à segurança, à proteção do meio ambienteque tenha implicações com o mercado comum, esta proposta“basear-se-á num nível de proteção elevado”. Mais uma vez os

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Estados-membros têm a possibilidade de adotar disposiçõesmais restritivas se sentirem ser necessário.

O processo de cooperação em conformidade com oartigo 100-A foi inicialmente utilizado para desfazer o impasserelativo aos limites de emissão veicular dos motores de médiae grande potência. Em abril de 1987, o Parlamento alterou oprojeto do Conselho de forma a impor controles mais severosdas emissões de motores de fraca potência e persuadiu aComissão a introduzir o mesmo tipo de disposições.

V – ConclusãoV – ConclusãoV – ConclusãoV – ConclusãoV – Conclusão

A proteção ao meio ambiente na União Européia não sedá, portanto, apenas através do aprimoramento de normas,padrões e leis ambientais, mas também através de um embatepolítico-institucional entre os órgãos da Comunidade para amelhor aplicação dessa legislação. Em se tratando da Europa,ou melhor, da Europa mais rica e politicamente organizada, épreciso considerar ainda a opinião pública, os combativospartidos verdes e as organizações não-governamentais ricas,bem estruturadas e que se uti l izam sempre da precisalinguagem da ciência nos seus embates com a burocraciaencastelada em Bruxelas.

Do ponto de vista mais amplo, não é apenas umaobviedade dizer que a União Européia mais que um fato é acimade tudo um complexo processo de superação de dificuldadestécnicas, institucionais, políticas e culturais. É preciso nãoesquecer que o nacionalismo foi, e é, como mostram os diversosmovimentos existentes na Europa e, especialmente, na EuropaOriental em decorrência do desmoronamento do ImpérioSoviético, um dos fatos políticos predominantes do século XX,nacionalismo esse que continua a criar inúmeras dificuldadespara a implantação de uma sociedade supranacional. Como jáfoi dito, apesar dos enormes obstáculos que se erguem nocaminho da plena organização da União Européia, só podemostorcer para que essa tentativa sem precedentes no mundocontemporâneo de constituir uma área no interior da qualpraticamente não existam fronteiras nacionais possa ser bemsucedida.

A União Européia e a Legislação Ambiental

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Tratato que institui a ComunidadeTratato que institui a ComunidadeTratato que institui a ComunidadeTratato que institui a ComunidadeTratato que institui a ComunidadeEconômica EuropéiaEconômica EuropéiaEconômica EuropéiaEconômica EuropéiaEconômica Européia

(Disposições em matéria de proteção do ambiente)

Artigo 100-AArtigo 100-AArtigo 100-AArtigo 100-AArtigo 100-A

1. Em derrogação do artigo 100 e salvo disposiçõescontrárias do presente Tratado, aplicam-se as disposiçõesseguintes para a realização dos objetivos enunciados no artigo8º-A. O Conselho, deliberando por maioria qualificada, sobproposta da Comissão, em cooperação com o ParlamentoEuropeu e após consulta do Comitê Econômico e Social, adotaráas medidas relativas à aproximação das (disposiçõeslegislativas, regulamentares e administrativas dos Estados-membros, que têm por objeto o estabelecimento e ofuncionamento do mercado interno.

2. O nº 1 não se aplica às disposições fiscais, àsrelativas à livre circulação das pessoas e às relativas aos direitose interesses dos trabalhadores assalariados.

3. A Comissão, nas suas propostas previstas no nº 1

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em matéria de saúde, de segurança, de proteção do ambientee de proteção dos consumidores, basear-se-á num nível deproteção elevado.

4. Se, após adoção de uma medida de harmonizaçãopelo Conselho, deliberando por maioria qualificada, um Estado-Membro considerar necessário aplicar disposições nacionais,justificadas por exigências importantes referidas no artigo 36ou relativas à proteção do meio de trabalho ou do meioambiente, notificá-las-á à Comissão.

A Comissão confirmará as disposições em causa, depoisde ter verificado que não constituem um meio de discriminaçãoarbitrária ou uma restrição dissimulada no comércio entreEs tados-membros

Em derrogação do procedimento dos artigos 169 e 170,a Comissão ou qualquer Estado-Membro pode recorrerdiretamente ao Tribunal de Justiça se considerar que um outroEstado-membro utiliza de forma abusiva os poderes previstosneste artigo.

5. As medidas de harmonização acima referidascompreendem, nos casos adequados, uma cláusula desalvaguarda que autoriza os Estados-membros a tomar, poruma ou várias das razões não econômicas referidas no artigo36, medidas provisórias sujeitas a um procedimento comuni-tário de controle.

Título VII AmbienteTítulo VII AmbienteTítulo VII AmbienteTítulo VII AmbienteTítulo VII Ambiente

Artigo 130-RArtigo 130-RArtigo 130-RArtigo 130-RArtigo 130-R

1. A ação da Comunidade em matéria de ambientetem por objetivo:

- preservar, proteger e melhorar a qualidade doambiente;

- contribuir para a proteção da saúde das pessoas:

- assegurar uma utilização prudente e racional dosrecursos naturais.

2. A ação da Comunidade em matéria de ambiente

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fundamenta-se nos princípios da ação preventiva, da reparação,prioritariamente na fonte, dos danos ao ambiente, e no princípiodo poluidor-pagador. As exigências em matéria de proteção doambiente são uma componente das outras polí t icas daComunidade

3. Na elaboração da sua ação em matéria deambiente, a Comunidade terá em conta:

- os dados científicos e técnicos disponíveis;

- as condições do ambiente nas diversas regiões daComunidade;

- as vantagens e os encargos que podem resultarda ação ou da ausência de ação;

- o desenvolvimento econômico e social da Comuni-dade no seu conjunto e o desenvolvimento equi-librado das suas regiões.

4. A Comunidade intervirá em matéria de ambiente,na medida em que os objetivos referidos no nº 1 possam sermelhor realizados a nível comunitário do que a nível dos Estados-membros considerados isoladamente. Sem prejuízo de certasmedidas de caráter comunitário, os Estados-Membrosassegurarão o financiamento e a execução das outras medidas.

5. A Comunidade e os Estados-membros cooperarão,no âmbito das suas respectivas competências, com os paísesterceiros e as organizações internacionais competentes. Asmodalidades da cooperação da Comunidade podem ser objetode acordos entre esta e as partes terceiras interessadas, queserão negociados e celebrados nos termos do artigo 228.

O parágrafo anterior não prejudica a competência dosEstados-membros para negociarem nas instâncias interna-cionais e para concluírem acordos internacionais.

Artigo 130-SArtigo 130-SArtigo 130-SArtigo 130-SArtigo 130-S

O Conselho, deliberando por unanimidade, sob propostada Comissão e após consulta do Parlamento Europeu e doComitê Econômico e Social, decidirá qual a ação a empreender

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pela Comunidade.O Conselho definirá, nas condições previstas no parágrafo

anterior, as matérias que devem ser objeto de decisões a adotarpor maioria qualificada.

Artigo 130-TArtigo 130-TArtigo 130-TArtigo 130-TArtigo 130-T

As medidas de proteção adotadas em comum nos ter-mos do artigo 130-S não constituem obstáculo à manutençãoe ao estabelecimento por cada Estado-membro de medidasde proteção reforçadas compatíveis com o Tratado.

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Recomendação do ConselhoRecomendação do ConselhoRecomendação do ConselhoRecomendação do ConselhoRecomendação do Conselho

75/436/Euratom, CECA, CEE de 3 de Março de 197575/436/Euratom, CECA, CEE de 3 de Março de 197575/436/Euratom, CECA, CEE de 3 de Março de 197575/436/Euratom, CECA, CEE de 3 de Março de 197575/436/Euratom, CECA, CEE de 3 de Março de 1975relativa à imputação dos custos e à intervençãorelativa à imputação dos custos e à intervençãorelativa à imputação dos custos e à intervençãorelativa à imputação dos custos e à intervençãorelativa à imputação dos custos e à intervençãodos poderes públicos em matéria de ambientedos poderes públicos em matéria de ambientedos poderes públicos em matéria de ambientedos poderes públicos em matéria de ambientedos poderes públicos em matéria de ambiente

O CONSELHO DAS COMUNIDADES EUROPÉIAS,

Tendo em conta o Tratado que institui a ComunidadeEuropéia do Carvão e do Aço,

Tendo em conta o Tratado que institui a ComunidadeEconômica Européia,

Tendo em conta o Tratado que institui a ComunidadeEuropéia da Energia Atômica,

Tendo em conta o projeto de recomendação apresentadopela Comissão,

Tendo em conta o parecer do Parlamento Europeu,

Entendendo o Meio Ambiente – Volume XI

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Tendo em conta o parecer do Comitê Econômico e Social,

Considerando que, no âmbito da Declaração do Conselhodas Comunidades Européias e dos Representantes dosGovernos dos Estados-membros, reunidos no Conselho, de 22de Novembro de 1973, relativa a um programa de ações dasComunidades Européias em matéria de ambiente, foi adotadoo princípio dito do"poluidor-pagador";

Considerando que convém, com efeito, imputar os custosligados à proteção do ambiente contra a poluição, de acordocom os mesmos princípios em toda a Comunidade a fim deevitar a criação, nas trocas comerciais e na concorrência, dedistorções incompatíveis com o bom funcionamento domercado comum e com o objetivo de expansão econômicaequilibrada prosseguido pela Comunidade, e a fim de promoveros objetivos do programa de ação das Comunidades Européiasem matéria de ambiente;

Considerando que, para facilitar a aplicação do referidoprincípio é necessário que as Comunidades Européias e osEstados-membros o definam mais claramente, estabelecendoas modalidades de sua aplicação bem como certas exceçõesque possam ser introduzidas, tendo em conta as dificuldadesde aplicação deste princípio ou a interferência de outras políticascom a política de proteção do ambiente:

RECOMENDA, na acepção do Tratado CEE, aos Estados-membros que dêem cumprimento, no que diz respeito àafetação dos custos e à intervenção dos poderes públicos emmatéria de ambiente, aos princípios e às modalidades deaplicação constantes da comunicação da Comissão anexa àpresente Recomendação.

Feito em Bruxelas em 3 de Março de 1975

Pelo ConselhoO Presidente – J. KEATING

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AnexoAnexoAnexoAnexoAnexo

Comunicação da Comissão ao Conselho relativa à imputaçãoComunicação da Comissão ao Conselho relativa à imputaçãoComunicação da Comissão ao Conselho relativa à imputaçãoComunicação da Comissão ao Conselho relativa à imputaçãoComunicação da Comissão ao Conselho relativa à imputaçãodos custos e à intervenção dos poderes públicos em matériados custos e à intervenção dos poderes públicos em matériados custos e à intervenção dos poderes públicos em matériados custos e à intervenção dos poderes públicos em matériados custos e à intervenção dos poderes públicos em matériade ambiente.de ambiente.de ambiente.de ambiente.de ambiente.

Princípios e modalidades de aplicaçãoPrincípios e modalidades de aplicaçãoPrincípios e modalidades de aplicaçãoPrincípios e modalidades de aplicaçãoPrincípios e modalidades de aplicação

1. No âmbito da Declaração do Conselho dasComunidades Européias e dos Representantes dos Governosdos Estados-membros, reunidos no Conselho, de 22 deNovembro de 1973, relativa a um programa de ação dasComunidades européias em matéria de ambiente, foi adotadoo princípio do "poluidor-pagador". O programa de ação prevêque a Comissão transmita ao Conselho uma proposta relativaà aplicação deste princípio, incluindo as eventuais exceções.

A imputação aos poluidores dos custos da luta contra apoluição que eles provoquem incentiva-os a reduzir esta últimae a procurar produtos ou tecnologias menos poluentes,permitindo deste modo uma uti l ização mais racional dos

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recursos do ambiente; além disso, obedece aos critérios deeficácia e equidade.

A fim de evitar que as distorções de concorrência afetemas trocas comerciais e a localização dos investimentos, o queseria incompatível com o bom funcionamento do mercadocomum, convém imputar os custos ligados à proteção doambiente contra a poluição, de acordo com os mesmosprincípios em toda a Comunidade.

2. Com este fim, tanto as Comunidades Européias anível comunitário, como os Estados-membros nas suaslegislações nacionais, em matéria de proteção do ambientedevem aplicar o princípio do "poluidor-pagador", de acordo como qual as pessoas singulares ou coletivas, de direito privado oupúblico, responsáveis por uma poluição, devem pagar asdespesas das medidas necessárias para evitar essa poluiçãoou para a reduzir, a fim de respeitar as normas e as medidasequivalentes, permitindo atingir os objetivos de qualidade ou,quando tais objetivos não existam, a fim de respeitar as normase as medidas equivalentes fixadas pelos poderes públicos1.

A proteção do ambiente não deve, pois, em princípio serassegurada por políticas baseadas na concessão de auxílios eque transfiram para a coletividade o encargo da luta contra apoluição.

3. O "poluidor" é aquele que degrada direta ouindiretamente o ambiente ou cria condições que levam à suadegradação.

Se a determinação do poluidor se revelar impossível oumuito difícil e, por conseguinte, arbitrária, e no caso da poluiçãodo ambiente ser o resultado, quer da conjugação simultâneade várias causas - poluição cumulativa1 - quer da sucessão devárias dessas causas - cadeias de poluidores - os custos daluta antipoluição devem ser imputados aos pontos - por exemploda cadeia ou da poluição cumulativa - e por meios legislativos

1 Enquanto um tal nível não é estabelecido pelos poderes públicos, asmedidas tomadas por estes últimos para evitar a poluição devem serigualmente respeitadas pelos poluidores, em aplicação do princípio"poluidor-pagador".

A União Européia e a Legislação Ambiental

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ou administrativos que ofereçam a melhor solução nos planosadministrativo e econômico, e que contribuam da maneira maiseficaz para a melhoria do ambiente.

No caso de poluições em cadeia, a imputação dos custospode, pois, fazer-se no ponto onde o número dos operadores éo mais fraco possível e o mais fácil de controlar, ou então ondecontribua mais eficazmente para a melhoria do ambiente e ondesejam evitadas as distorções de concorrência.

4. Na aplicação do princípio do "poluidor-paga-dor",os principais instrumentos à disposição dos poderes públicospara evitar a poluição são as normas e as taxas. É possívelprever a aplicação conjugada destes.

a) Entre as normas, podem distinguir-se:

i) As "normas de qualidade do ambiente", queprescrevem, através de instrumentos jurídicoscoercivos, os níveis de poluição ou de perturba-ções a não ultrapassar num meio ou parte demeio considerado;

ii) As "normas de produtos", (sendo a palavra"produto", uti l izada aqui na sua acepção maislarga) que:

- fixem limites no que respeita aos níveis depoluentes ou aspectos nocivos a não ultra-apassar na composição ou nas emissõesde um produto ou,

- especif iquem as propriedades ou ascaracteríst icas de concepção de umproduto ou,

1 Por exemplo, no caso de uma aglomeração onde vários poluidoressão simultaneamente responsáveis pela poluição do ar por SO

2 tais

como lares, utilizadores de veículos a motor e instalações industriais.2 Por exemplo, no caso da poluição do ambiente por gás de escapede veículos a motor, estão na origem da poluição atmosférica não só outente do veículo, mas também os fabricantes desse veículo e docarburante.

Entendendo o Meio Ambiente – Volume XI

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- digam respeito às modalidades de utiliza-ção de um produto;

Quando for adequado, as normas de produtospodem incluir especif icações relativas aosmétodos de ensaio, ao acondicionamento, àmarcação e etiquetagem dos produtos;

iii) As normas para instalações fixas, chamadaspor vezes "normas de procedimento" que com-preendem:

a) As "normas de emissão" que fixamos níveis de poluentes ou perturbaçõesa não ultrapassar nas emissões prove-nientes de instalações fixas;

b) As "normas de concepção ou de constru-trução de instalações fixas" que determinamas especificações a observar na concepçãoconstrução de instalações fixas tendo emvistaproteger o ambiente;

c) As "normas de exploração" que determi-nam as especificações a observar na explo-ração das instalações fixas, tendo em vistavista proteger o ambiente.

b) A taxa tem por objetivo incitar o poluidor a tomarpor si próprio, pelo menor custo, as medidas neces-sárias para reduzir a poluição de que é autor (fun-ção de incentivo) e/ou fazer com que suporte asua quota-parte das despesas das medidas coleti-vas, como por exemplo, as despesas de depura-ção (função de redistribuição). A taxa deve serimposta segundo o grau de poluição emitido, combase num procedimento administrativo adequado.A taxa deve ser estabelecida de modo a desem-penhar principalmente a sua função de incentivo.Uma vez que a taxa tem sobretudo uma fun-ção de redistribuição, deve, no âmbito das medidasacima referidas, ser estabelecida pelo menos demodo a que para uma dada região e/ou para umdado objetivo de qualidade, o montante global da

A União Européia e a Legislação Ambiental

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taxa seja igual à soma dos encargos coletivos deeliminação das perturbações.O produto da taxa será utilizado quer para o finan-ciamento das medidas tomadas pelos poderes pú-blicos, quer para contribuir para o financiamentode instalações realizadas por poluidores individuaisna medida em que estes prestem um serviço espe-cial à coletividade reduzindo, por pedido específicodos poderes públicos, as suas poluições para alémdonível f ixado pelas autoridades competentes.Nes te último caso, a contribuição concedida ao fi-nanciamento deve compensar apenas os serviçosassim prestados por estes poluidores à coletividade.Além disso, o produto das taxas pode, na obser-vância dos artigos 92 e seguintes do Tratado CEE,ser destinado a financiar as instalações de polui-dores individuais para proteger o ambiente, tendoem conta o objetivo que representa a reduçãoenérgica das perturbações existentes. Neste caso,estas medidas de financiamento devem ser inte-gradas num programa de financiamento plurianualelaborado pelas autoridades competentes.No caso em que o produto das taxas ultrapasse ototal das despesas efetuadas pelos poderes pú-blicos em aplicação dos dois parágrafos anteriores,o excedente deve ser utilizado de preferência porcada Governo no âmbito da sua política de am-biente; contudo, este excedente não podia serutilizado para a concessão de auxílios senão nascondições previstas acima nos nos 6 e 7.Convém que a Comunidade se esforce por unifor-mizar tanto quanto possível os métodos de cálculoutilizados pelos Estados-membros para fixar astaxas;

c) A fim de evitar as distorções de concorrência queque afetam as trocas e a localização dos investi-mentos na Comunidade será certamente necessá-rio atingir, no plano comunitário, uma maior harmo-nização de diferentes instrumentos quando aplica-dos em casos similares.Enquanto tal não for feito, a questão da imputa-ção dos custos da luta contra a poluição não será

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resolvida completamente no plano comunitário.A presente comunicação da Comissão não é apenasum primeiro passo na aplicação do princípio do"poluidor-pagador". Este primeiro passo deve serseguido tão rapidamente quanto possível por umaharmonização, na Comunidade, dos instrumentosde aplicação do referido princípio quando aplicadosem casos similares como, aliás, está indicado noterceiro parágrafo do nº 8.

5. Os poluidores são obrigados a suportar, de acordocom instrumentos uti l izados e sem prejuízo de eventuaisindenizações devidas, com base no direito nacional ouinternacional, e/ou de uma regulamentação a elaborar naComunidade:

a) As despesas correspondentes às medidas que to-marem para lutar contra a poluição (investimentosem equipamento e material antipoluição, execuçãode novos processos, despesas de funcionamentode instalações antipoluição etc), mesmo quandoestas medidas vão mais longe do que as normasimpostas pelos poderes públicos;

b) as taxas.Os custos a suportar pelos poluidores no âmbitoda aplicação do princípio do "poluidor-pagador",deviam englobar todas as despesas necessáriaspara atingir um objetivo de qualidade do ambiente,incluindo os custos administrativos diretamenteligados à execução das medidas antipoluição.As despesas de construção, de compra e de funcio-namento das instalações de vigilância e de controleda poluição, realizadas pelos poderes públicospodem, pelo contrário, estar a cargo destes últimos.

6. Podem justificar-se, em casos limitados, exceçõesà aplicação do princípio do "poluidor-paga-dor":

a) Quando a aplicação imediata de normas muitocoercivas ou em que a imputação de taxas impor-tantes forem suscetíveis de provocar perturbaçõeseconômicas graves, a integração rápida do custo

A União Européia e a Legislação Ambiental

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da luta antipoluição nos custos de poluição corre orisco de fazer surgir custos sociais mais elevados.Deste modo, pode revelar-se necessário:

- conceder a certos poluidores um prazo limi-tado para adaptar os seus produtos ou osseus processos de produção às novas nor-mas, e/ou

- conceder auxílios limitados no tempo e even-tualmente de caráter degressivo.

Tais medidas só podem, em qualquer caso, apli-car-se às instalações de produção existentes 1

assim como aos produtos existentes;

b) Quando, no âmbito de outras políticas (por exemplo,política regional, industrial, social e política agrícola,polít ica de investigação e de desenvolvimentocientífico), os investimentos que tenham efeito sobrea proteção do ambiente, beneficiem de auxíliosdestinados a resolver certos problemas estruturaisde natureza industrial, agrícola ou regional. Os au-xílios das alíneas a) e b) só podem, evidentemente,ser concedidos pelos Estados-membros no res-peito das disposições em matéria de auxílios deEstado previstos nos Tratados que instituem asComunidades Européias e, nomeadamente, osartigos 92 e seguintes do Tratado CEE. Na aplicaçãodos artigos 92 e seguintes do Tratado CEE a estesauxílios, serão tidas em conta as necessidades aque tais auxílios correspondem em matéria deambiente.

7. Não são considerados contrários ao princípio do"poluidor-pagador":

a) As contribuições financeiras que sejam eventual-mente concedidas às coletividades locais para

1 O alargamento ou a transferência de instalações existentes sãoconsiderados como criações de novas instalações na medida em queo alargamento ou a transferência em questão impliquem um aumentoda capacidade de produção.

Entendendo o Meio Ambiente – Volume XI

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construir e gerir as instalações públicas de proteçãodo ambiente, cujas despesas não possam deimediato ser totalmente cobertas pelas taxas dospoluidores que utilizem estas instalações. Na me-dida em que, além dos resíduos domésticos, estasinstalações tratem outros efluentes, os serviçosassim prestados às empresas devem-lhes ser fa-turados de modo a refletir os custos reais dessestratamentos;

b) Os financiamentos destinados a compensar osencargos especialmente onerosos que sejamimpostos a certos poluidores para obter um graude pureza excepcional do ambiente;

c) As contribuições concedidas com o fim de estimu-lar os esforços de investigação e desenvolvimento,tendo em conta a aplicação de técnicas, de proces-sos de fabrico ou de produtos menos poluentes.

8. Na execução das suas tarefas no âmbito da políticade ambiente da Comunidade, a Comissão dará cumprimento,em especial às definições e modalidades de aplicação doprincípio do "poluidor-pagador" acima referidas.

A Comissão pede ao Conselho que tome nota destasdefinições e modalidades de aplicação e que recomende aosEstados-membros que lhes dêem cumprimento nas suaslegislações e atos administrativos que impliquem a imputaçãode custos em matéria de ambiente.

A Comissão submeterá posteriormente ao Conselhotodas as propostas necessárias no domínio em questão, noque respeita, nomeadamente, à harmonização dosinstrumentos de gestão do princípio do •poluidor-pagador• eà sua aplicação específ ica aos problemas de poluiçãotransfronteira.

Cada Estado-Membro aplica o princípio do "poluidor-pagador", em relação a todas as formas de poluição no interiordo seu país indistintamente do país que é afetado pela poluição.

A União Européia e a Legislação Ambiental

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O CONSELHO DAS COMUNIDADES EUROPÉIAS

Tendo em conta o Tratado que institui a ComunidadeEconômica Européia e, nomeadamente, os seus artigos 100 e235 ,

Tendo em conta a proposta da Comissão,

Tendo em conta o parecer do Parlamento Europeu

Tendo em conta o parecer do Comitê Econômico e Social,

Considerando que os programas de ação dasComunidades Européias em matéria de ambiente de 1973 ede 1977, bem como o programa de ação de 1983, cujasorientações gerais foram aprovadas pelo Conselho dasComunidades Européias e pelos representantes dos governosdos Estados-membros, salientam que a melhor política deambiente consiste mais em evitar a criação de poluições ou de

Diretiva do ConselhoDiretiva do ConselhoDiretiva do ConselhoDiretiva do ConselhoDiretiva do Conselho

85/337/CEE de 27 de Junho de 198585/337/CEE de 27 de Junho de 198585/337/CEE de 27 de Junho de 198585/337/CEE de 27 de Junho de 198585/337/CEE de 27 de Junho de 1985relativo à avaliação dos efeitos de determinadosrelativo à avaliação dos efeitos de determinadosrelativo à avaliação dos efeitos de determinadosrelativo à avaliação dos efeitos de determinadosrelativo à avaliação dos efeitos de determinadosprojetos públicos e privados no ambienteprojetos públicos e privados no ambienteprojetos públicos e privados no ambienteprojetos públicos e privados no ambienteprojetos públicos e privados no ambiente

Entendendo o Meio Ambiente – Volume XI

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perturbações na origem, do que em combater posterior-menteos seus efeitos; considerando que nesses programas se afirmaa necessidade de ter em conta, no mais breve prazo, o impactono ambiente de todos os processos técnicos de planificação ede decisão; que, com esse f im, prevêem a aplicação deprocessos de avaliação de tais efeitos;

Considerando que as disparidades entre as legislaçõesem vigor nos diferentes Estados-Membros em matéria deavaliação dos efeitos no ambiente dos projetos públicos eprivados podem criar condições de concorrência desiguais eter, por esse fato, uma incidência direta no funcionamento domercado comum; que é, pois, conveniente proceder àaproximação das legislações prevista no artigo 100 do Tratado;

Considerando, por outro lado, que é necessário realizarum dos objetivos das Comunidades do domínio da proteçãodo meio e da qualidade de vida;

Considerando que, não tendo sido previstos no Tratadoos poderes de ação necessários para o efeito, é convenienterecorrer ao seu artigo 235;

Considerando que deviam ser introduzidos princípiosgerais de avaliação dos efeitos no ambiente, com vista acompletar e coordenar os processos de aprovação dos projetospúblicos e privados que possam ter um impacto importante noambiente;

Considerando que a aprovação dos projetos públicos eprivados que possam ter um impacto significativo no ambientesó deveria ser concedida após uma avaliação prévia dos efeitossignificativos que estes projetos possam ter no ambiente; queesta avaliação se deve efetuar com base na informaçãoadequada fornecida pelo dono da obra e eventualmentecompletada pelas autoridades e pelo público a quem o projetodiga respeito;

Considerando que se afigura necessário que sejamharmonizados os princípios de avaliação dos efeitos noambiente, no que respeita, nomeadamente, aos projetos quedeveriam ser sujeitos à avaliação, às principais obrigações dosdonos da obra e ao conteúdo da avaliação;

A União Européia e a Legislação Ambiental

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Considerando que os projetos que pertencem adeterminadas categorias têm um impacto significativo noambiente e que esses projetos devem em princípio ser sujeitosa uma avaliação sistemática;

Considerando que os projetos pertencentes a outrascategorias não têm necessariamente um impacto significativono ambiente em todos os casos e que devem ser sujeitos auma avaliação quando os Estados-membros considerarem queas suas características o exigem;

Considerando que, para os projetos que ficam sujeitos auma avaliação, devem ser dadas determinadas informaçõesmínimas relativas ao projeto e aos seus efeitos;

Considerando que os efeitos de um projeto no ambientedevem ser avaliados para proteger a saúde humana, paracontribuir através de um ambiente melhor para a qualidade devida, para garantir a manutenção da diversidade das espéciese para conservar a capacidade de reprodução do ecossistemaenquanto recurso fundamental da vida;

Considerando, todavia, que não é conveniente aplicar apresente diretiva aos projetos cujos pormenores são adotadospor um ato legislativo nacional específico, visto os objetivos dapresente diretiva, incluindo o objetivo de fornecer informações,serem atingidos através do processo legislativo;

Considerando, ainda, que em casos excepcionais se poderevelar oportuno dispensar um projeto específico dos processosde avaliação previstos na presente diretiva, sob reserva deinformar convenientemente a Comissão,

ADOTOU A PRESENTE DIRETIVA:

Artigo 1ºArtigo 1ºArtigo 1ºArtigo 1ºArtigo 1º

1. A presente diretiva aplica-se à avaliação dos efeitosno ambiente de projetos públicos e privados suscetíveis deterem um impacto considerável no ambiente.

Entendendo o Meio Ambiente – Volume XI

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2. Na acepção da presente diretiva, entende-se por:"projeto":

- a realização de obras de construção ou deoutras instalações ou obras,

- outras intervenções no meio natural ou napaisagem, incluindo as intervenções destina-das à exploração dos recursos do solo;

"dono da obra":

- o autor de um pedido de aprovação de umprojeto privado, ou a autoridade pública quetoma a iniciativa relativa a um projeto;

"aprovação":

- a decisão da autoridade ou das autoridadescompetentes que confere ao dono da obra odireito de realizar o projeto.

3. A autoridade ou autoridades competentes serão asque os Estados-membros designarem como responsáveis pelodesempenho das tarefas resultantes da presente diretiva.

4. A presente diretiva não se aplica aos projetosdestinados à defesa nacional.

5. A presente diretiva não se aplica aos projetos quesão adotados em pormenor por um ato legislativo nacional es-pecífico, visto os objetivos da Presente diretiva, incluindo o defornecer informações, serem atingidos através do processolegislativo.

Artigo 2ºArtigo 2ºArtigo 2ºArtigo 2ºArtigo 2º

1. Os Estados-membros tomarão as disposiçõesnecessárias para que, antes de concessão da aprovação, osprojetos que possam ter um impacto significativo no ambiente,nomeadamente pela sua natureza, dimensões ou localização,sejam submetidos à avaliação dos seus efeitos. Estes projetossão definidos no artigo 4º.

A União Européia e a Legislação Ambiental

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2. A avaliação do impacto no ambiente pode serintegrada nos processos de aprovação dos projetos existentesnos Estados-membros, ou na falta deles, noutros processos ouem processos a estabelecer para responder aos objetivos dapresente diretiva.

3. Em casos excepcionais, os Estados-Membrospodem isentar um projeto específico, na totalidade ou em parte,das disposições previstas na presente diretiva.

Neste caso, os Estados-Membros:

a) examinarão se é conveniente uma outra formade avaliação e se as informações assim reunidasdevem ser postas à disposição do público;

b) porão à disposição do público interessado as in-formações relativas a essa isenção e às razõespelas quais a concederam;

c) informarão a Comissão, antes de concederem aaprovação, dos motivos que justificam a isençãoconcedida e fornecer-lhe-ão as informações queporão, se for caso disso, à disposição dos seusnacionais.

A Comissão transmite imediatamente aos outros Estados-membros os documentos recebidos.

A Comissão informará anualmente o Conselho da apli-cação do presente número.

Artigo 3ºArtigo 3ºArtigo 3ºArtigo 3ºArtigo 3º

A avaliação dos efeitos no ambiente identificará, descre-verá e avaliará, de modo adequado, em função de cada casoparticular e nos termos dos artigos 4º a 11, os efeitos diretos eindiretos de um projeto sobre os seguintes fatores:

c) ohomem, a fauna e a flora,- o solo, a água, o ar, o clima e a paisagem,- a interação entre os fatores referidos nos primeiro e segundo travessões,

Entendendo o Meio Ambiente – Volume XI

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- os bens materiais e o patrimônio cultural.

Artigo 4ºArtigo 4ºArtigo 4ºArtigo 4ºArtigo 4º

1. Sem prejuízo do disposto no nº 3 do artigo 2º osprojetos que pertencem às categorias enumeradas no Anexo Isão submetidos a uma avaliação, nos termos dos artigos 5º a10º.

2. Os projetos pertencentes às categoriasenumeradas no Anexo II são submetidos a uma aplicação nostermos dos artigos 5º a 10º, sempre que os Estados-membrosconsiderarem que as suas características assim o exigem.

Para este f im, os Estados-membros podem nomea-damente especificar determinados tipos de projetos a submetera uma avaliação ou fixar critérios e/ou limiares a reter parapoderem, de entre os projetos pertencentes às categoriasenumeradas no Anexo II, determinar quais os que devem sersubmetidos a uma avaliação nos termos dos artigos 5º a 10º.

Artigo 5ºArtigo 5ºArtigo 5ºArtigo 5ºArtigo 5º

1. No caso de projetos que, nos termos do dispostono artigo 4º, devem ser submetidos à avaliação dos efeitos noambiente, nos termos dos artigos 5º a 10º, os Estados-membrosadotarão as medidas necessárias para assegurar que o donoda obra forneça, de uma forma adequada, as informaçõesespecificadas no Anexo lll, na medida em que:

a) Os Estados-membros considerem que essasinformações são adequadas a uma determinadafase do processo de aprovação e às característicasespecíficas de um projeto determinado ou de umtipo de projeto e dos elementos do ambiente quepossam ser afetados;

b) Os Estados-membros considerem que se podeexigir razoavelmente que um dono da obra reúnaos dados, atendendo, nomeadamente aos conhe-cimentos e aos métodos de avaliação existentes.

2. As informações a fornecer pelo dono da obra nos

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termos do nº 1, devem incluir pelo menos:

- uma descrição do projeto com informações relati-vas à sua localização, concepção e dimensões,

- uma descrição das medidas previstas para evitar,reduzir e, se possível, remediar os efeitos negativossignificativos,

- os dados necessários para identificar e avaliar osefeitos principais que o projeto possa ter sobre oambiente,

- um resumo não técnico das informações referidasnos primeiro, segundo e terceiro travessões.

3. Sempre que o considerem necessário, os Estados-membros providenciarão para que as autoridades que pos-suem informações adequadas as coloquem à disposição dodono da obra.

Artigo 6ºArtigo 6ºArtigo 6ºArtigo 6ºArtigo 6º

1. Os Estados-membros tomam as medidas neces-sárias para que as autoridades a quem o projeto possa inte-ressar, em virtude da sua responsabilidade específica emmatéria de ambiente, tenham a possibilidade de dar o seu pare-cer sobre o pedido de aprovação. Para o efeito, os Estados-membros designarão as autoridades a consultar, em geral oupara cada caso, na altura da apresentação do pedido deaprovação. As informações reunidas nos termos do artigo 5ºdevem ser transmitidas a essas autoridades. As modalidadesdesta consulta são fixadas pelos Estados-membros.

2. Os Estados-membros devem assegurar que:

- todos os pedidos de aprovação, bem como as in-formações recolhidas nos termos do artigo 5º,sejam colocados à disposição do público,

- seja dada ao público interessado a possibilidadede exprimir a sua opinião antes de o projeto seriniciado.

Entendendo o Meio Ambiente – Volume XI

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3. As modalidades de informação e de consulta sãodefinidas pelos Estados-membros que, em função das caracte-rísticas particulares dos projetos ou dos locais em questão,podem nomeadamente:

- definir o público interessado,

- precisar os locais onde podem ser consultadas asinformações;

- especificar o modo de informação do público,por exemplo, por meio de afixação no âmbito deuma zona determinada, de publicação nos jornaislocais, de organização de exposições com planos,desenhos, quadros, gráficos e modelos,

- determinar a forma de consulta do público, porexemplo, por escrito e por inquérito público,

- fixar os prazos adequados para as diversas fasesdo processo, a fim de assegurar que seja tomadauma decisão num período de tempo razoável.

Artigo 7ºArtigo 7ºArtigo 7ºArtigo 7ºArtigo 7º

Sempre que um Estado-membro verificar que um projetopode ter um impacto significativo no ambiente de outro Estado-membro, ou a pedido expresso de um Estado-membro em cujoterritório está prevista a realização do projeto, transmitirá ao outroEstado-membro as informações recolhidas nos termos do artigo5º, colocando-as simultaneamente à disposição dos seuspróprios nacionais. Essas informações servirão de base paratodas as consultas necessárias no âmbito das relações bilateraisdos dois Estados-membros numa base de recipro-cidade e deequivalência.

Artigo 8ºArtigo 8ºArtigo 8ºArtigo 8ºArtigo 8º

As informações reunidas nos termos dos artigos 5º, 6º e7º devem ser tomadas em consideração no âmbito do processode aprovação.

Artigo 9ºArtigo 9ºArtigo 9ºArtigo 9ºArtigo 9º

Logo que tenha sido tomada uma decisão, a autoridadeou autoridades competentes porão à disposição do públicointeressado:

A União Européia e a Legislação Ambiental

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- o teor da decisão e as condições que eventual-mente a acompanhem,

- os motivos e considerações em que se baseia adecisão, sempre que a legislação dos Estados-membros assim o preveja.

As modalidades de informação são definidas pelosEstados-Membros.

Se um outro Estado-membro tiver sido informado nostermos do artigo 7º, será igualmente informado da decisão emquestão.

Artigo 10ºArtigo 10ºArtigo 10ºArtigo 10ºArtigo 10º

As disposições da presente diretiva não prejudicam aobrigação das autoridades competentes respeitarem os limitesimpostos pelas disposições regulamentares e administrativasnacionais e pelas práticas estabelecidas em matéria de segredoindustrial e comercial, bem como em matéria de proteção dointeresse público,

Nos casos em que o artigo 7º for aplicável a transmissãode informações a outro Estado-membro e a recepção deinformações doutro Estado-membro estão sujeitas às restriçõesem vigor no Estado-membro onde o projeto foi proposto.

Artigo 11Artigo 11Artigo 11Artigo 11Artigo 11

1. Os Estados-membros e a Comissão trocarãoinformações sobre a experiência adquirida com a aplicação dapresente diretiva,

2. Em especial , os Estados-membros indicarão àComissão os critérios e/ou os limiares fixados, se for caso disso,para a seleção dos projetos em questão, nos termos do dispostonº 2 do artigo 4º, ou os tipos de projetos em causa que sãoobjeto de uma avaliação nos termos dos artigos 5º a 10º, emaplicação do nº 2 do artigo 4º.

3. Cinco anos após a notificação da presente diretivaa Comissão enviará ao Parlamento Europeu e ao Conselho um

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relatório sobre a sua aplicação e eficácia. O relatório é elaboradocom base na referida troca de informações.

4. Com base nessa troca de informações, a Comissãoapresenta ao Conselho propostas suplementares, se tal serevelar necessário, tendo em vista uma aplicaçãosuficientemente coordenada da presente diretiva.

Artigo 12Artigo 12Artigo 12Artigo 12Artigo 12

1. Os Estados-membros tomarão as medidas neces-sárias para darem cumprimento à presente diretiva no prazode três anos a contar da sua notificação1

2. Os Estados-membros comunicarão à Comissão otexto das disposições de direito nacional que adotem no domínioregulado pela presente diretiva.

Artigo 13Artigo 13Artigo 13Artigo 13Artigo 13

A presente diretiva não prejudica a faculdade que osEstados-membros têm de fixar regras mais restritas quanto aoâmbito de aplicação e ao procedimento em matéria de avaliaçãodas incidências no ambiente.

Artigo 14Artigo 14Artigo 14Artigo 14Artigo 14

Os Estados-membros são destinatários da presentediretiva.

Feito em Luxemburgo, em 27 de junho de 1985;

Pelo ConselhoO Presidente – A. BIONDI

1 A presente diretiva foi notificada aos Estados-Membros em 3 de Julhode 1985.

A União Européia e a Legislação Ambiental

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ANEXO IANEXO IANEXO IANEXO IANEXO I

Projetos referidos no nº 1 do artigo 4ºProjetos referidos no nº 1 do artigo 4ºProjetos referidos no nº 1 do artigo 4ºProjetos referidos no nº 1 do artigo 4ºProjetos referidos no nº 1 do artigo 4º

1. Refinarias de petróleo bruto (excluindo as empresasque produzem unicamente lubrificantes a partir do petróleobruto) e instalações de gaseificação e de liquefação de pelomenos 500 toneladas de carvão ou de xisto betuminoso pordia.

2. Centrais térmicas e outras instalações decombustão com uma potência calorífica de pelo menos 300MW e centrais nucleares e outros reatores nucleares (excluindoas instalações de pesquisa para a produção e transformaçãode matérias cindíveis e férteis, cuja potência máxima nãoultrapasse 1 KW de carga térmica contínua).

3. Instalações exclusivamente destinadas à arma-zenagem permanente ou à eliminação definitiva de resíduosradioativos.

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4. Fábricas integradas para a primeira fusão de ferrofundido e de aço.

5. Instalações destinadas à extração de amianto e aotratamento e transformação do amianto e de produtos quecontêm amianto: em relação aos produtos de amianto-cimento,uma produção anual de mais de 20.000 toneladas de produtosacabados; em relação ao material de atrito, uma produção anualde mais de 50 toneladas de produtos acabados; em relação àsoutras utilizações do amianto, uma utilização de mais de 200toneladas por ano.

6. Instalações químicas integradas.

7. Construção de auto-estradas, de vias rápidas devias para o tráfego de longa distância, de trens e de aeroportoscuja pista de decolagem e de aterragem tenha um compri-mento de 2.100 metros ou mais.

8. Portos de comércio marítimos e vias navegáveis eportos de navegação interna que permitam o acesso a barcoscom mais de 1.350 toneladas.

9. Instalações de eliminação dos resíduos tóxicos eperigosos por incineração, tratamento químico ou armazena-gem em terra.

A União Européia e a Legislação Ambiental

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ANEXO lIANEXO lIANEXO lIANEXO lIANEXO lI

Projetos referidos no nº 2 do artigo 4ºProjetos referidos no nº 2 do artigo 4ºProjetos referidos no nº 2 do artigo 4ºProjetos referidos no nº 2 do artigo 4ºProjetos referidos no nº 2 do artigo 4º

1.1.1.1.1. AgriculturaAgriculturaAgriculturaAgriculturaAgricultura

a) Projetos de emparcelamento rural;

b) Projetos para destinar as terras não cultivadas ouas áreas semi naturais à exploração agrícolaintensiva;

c) Projetos de hidráulica agrícola;

d) Primeiros repovoamentos florestais, quando po-dem provocar transformações ecológicas negati-vas, e reclamação de terras para permitir a conver-são num outro tipo de exploraração do solo;

e) Instalações para a criação de aves de capoeira,

Entendendo o Meio Ambiente – Volume XI

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f) Instalações para a criação de gado porcino;

g) Piscicultura de salmônidas;

h) Recuperação de terrenos ao mar.

2.2.2.2.2. Indústria extrativaIndústria extrativaIndústria extrativaIndústria extrativaIndústria extrativa

a) Extração de turfa;

b) Perfurações em profundidade, com exceção dasperfurações para estudar a estabilidade dos solos,nomeadamente:

- perfurações geométricas,

- perfurações para a armazenagem de resí-duos nucleares,

- perfurações para o abastecimento de água;

c) Extração de minerais não metálicos nem produto-res de energia, como o mármore, a areia, o casca-lho, o xisto, o sal, os fosfatos e a potassa;

d) Extração de hulha e de linhito em exploraçõessubterrâneas;

e) Extração de bulha e de linhito em explorações acéu aberto;

f) Extração de petróleo;

g) Extração de gás natural;

h) Extração de minérios metálicos;

i) Extração de xistos betuminosos;

j) Extração a céu aberto de metais não metálicosnem produtores de energia;

k) Instalações de superfície para a extração de hulha,

A União Européia e a Legislação Ambiental

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de petróleo, de gás natural, de minérios e de xistosbetuminosos;

I) Instalações para fabrico de coque (destilação secado carvão);

m) Instalações destinadas ao fabrico de cimento

3.3.3.3.3. Indústria da energiaIndústria da energiaIndústria da energiaIndústria da energiaIndústria da energia

a) Instalações industriais destinadas à produção deenergia elétrica, de vapor e de água quente (quenão constem do Anexo I);

b) Instalações industriais destinadas ao transporte degás, vapor e água quente, transporte de energiaelétrica por cabos aéreos;

c) Armazenagem à superfície de gás natural;

d) Armazenagem subterrânea de gases combus-tíveis;

e) Armazenagem à superfície de combustíveisfósseis;

f) Aglomeração industrial de hulha e de linhito;

g) Instalações para a produção ou enriquecimento decombustíveis nucleares;

h) Instalações para o reprocessamento de combus-tíveis nucleares irradiados;

i) Instalações para a recolha e processamento de re-síduos radioativos (que não constem do Anexo I);

j) Instalações destinarias à produção de energiahidroelétrica.

4.4.4.4.4. Processamento de metaisProcessamento de metaisProcessamento de metaisProcessamento de metaisProcessamento de metais

a) Siderurgias, incluindo fundições; forjas, trefilarias e

Entendendo o Meio Ambiente – Volume XI

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lanimadores (exceto os referidos no Anexo I);

b) Instalações de produção, incluindo, fusão, refinação,estiragem e laminagem dos metais não ferrosos,exceto os metais preciosos;

c) Estampagem e corte de grandes peças;

d) Tratamento de superfície e revestimento de metais;

e) Fabrico de caldeiras, fabrico de reservatórios eoutras peças de chapa;

f) Fabrico e montagem de veículos automotores e demotores de automóveis;

g) Estaleiros navais;

h) Instalações para construção e reparação de aero-naves;

i) Fabrico de material ferroviário;

j) Estampagem de fundos por explosivos;

k) Instalações de calcinação e de sinterização deminérios metálicos.

5.5.5.5.5. Fabrico de vidroFabrico de vidroFabrico de vidroFabrico de vidroFabrico de vidro

6.6.6.6.6. Indústria químicaIndústria químicaIndústria químicaIndústria químicaIndústria química

a) Tratamento de produtos intermédios e fabrico deprodutos químicos (que não constem do Anexo I);

b) Fabrico de pesticidas e produtos farmacêuticos, detintas e vernizes, elastômeros e peróxidos;

c) Instalações para armazenagem de petróleo, deprodutos petroquímicos e químicos.

7.7.7.7.7. Indústria dos produtos alimentaresIndústria dos produtos alimentaresIndústria dos produtos alimentaresIndústria dos produtos alimentaresIndústria dos produtos alimentares

A União Européia e a Legislação Ambiental

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a) lndústria de gorduras vegetais e animais;

b) Fabrico de conservas de produtos animais e ve-getais;

c) Produção ele laticínios;

d) Indústria da cerveja e de malte;

e) Confeitaria e fabrico de xaropes;

f) Instalações destinadas ao abate de animais;

g) Instalações para o fabrico industrial de amido;

h) Fábricas de farinha de peixe e de óleo de peixe;

i) Açucareiras.

8.8.8.8.8. Indústria têxtil, Indústria de couro, da madeira e doIndústria têxtil, Indústria de couro, da madeira e doIndústria têxtil, Indústria de couro, da madeira e doIndústria têxtil, Indústria de couro, da madeira e doIndústria têxtil, Indústria de couro, da madeira e dopapel.papel.papel.papel.papel.

a) Fábricas de lavagem, desengorduramento e bran-queamento de lã;

b) Fábricas de painéis de fibra, de partículas e decontraplacados;

c) Fabrico de pasta de papel, de papel e de papelão;

d) Tinturarias de fibras;

e) Fábricas de produção e tratamento de celulose;

f) Fábricas de curtumes e vestuário de couro.

9.9.9.9.9. Indústria da borrachaIndústria da borrachaIndústria da borrachaIndústria da borrachaIndústria da borracha

Fabrico e tratamento de produtos à base de elastômeros.

10 .10 .10 .10 .10 . Projetos de Infra-estruturasProjetos de Infra-estruturasProjetos de Infra-estruturasProjetos de Infra-estruturasProjetos de Infra-estruturas

a) Projetos de desenvolvimento de zonas industriais;

Entendendo o Meio Ambiente – Volume XI

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b) Projetos de desenvolvimento urbano;

c) Funiculares e teleféricos;

d) Construção de estradas, de portos (incluindo portosde pesca) e de aeródromos (projetos que nãoconstem do Anexo I);

e) Obras de canalização e de regularização doscursos de água;

f) Barragens e outras instalações destinadas a retera água ou a armazená-la a longo prazo;

g) Elétricos, metropolitanos aéreos ou subterrâneoslinhas suspensas ou linhas análogas de um tipoespecial utilizadas principal ou exclusivamente parao transporte de passageiros;

h) Instalações de oleodutos e gasodutos;

i) Instalações de aquedutos em longas distâncias;

j) Marinas.

11 .11 .11 .11 .11 . Outros projetosOutros projetosOutros projetosOutros projetosOutros projetos

a) Aldeias de férias, complexos hoteleiros,

b) Pistas permanentes de corrida e de treinos paraautomóveis e motociclos;

c) Instalações de eliminação de resíduos industriaise de lixos domésticos (que não constem do Anexo I);

d) Estações de depuração;

e) Locais de depósito de lamas;

f) Armazenagem de sucatas;

g) Bancos de ensaio para motores, turbinas ou rea-tores;

A União Européia e a Legislação Ambiental

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h) Fabrico de fibras mineiras artificiais;

i) Fabrico, acondicionamento, carregamento ou colo-cação em cartuchos de pólvora e explosivos;

j) Instalações de esquartejamento de animais impró-prios para o consumo alimentar.

12 .12 .12 .12 .12 . Alteração dos projetos que constam do Anexo I eAlteração dos projetos que constam do Anexo I eAlteração dos projetos que constam do Anexo I eAlteração dos projetos que constam do Anexo I eAlteração dos projetos que constam do Anexo I edos projetos do Anexo II que se destinam exclusiva oudos projetos do Anexo II que se destinam exclusiva oudos projetos do Anexo II que se destinam exclusiva oudos projetos do Anexo II que se destinam exclusiva oudos projetos do Anexo II que se destinam exclusiva ouprincipalmente a desenvolver ou ensaiar novos métodos ouprincipalmente a desenvolver ou ensaiar novos métodos ouprincipalmente a desenvolver ou ensaiar novos métodos ouprincipalmente a desenvolver ou ensaiar novos métodos ouprincipalmente a desenvolver ou ensaiar novos métodos ouprodutos e que não são utilizados durante mais de um ano.produtos e que não são utilizados durante mais de um ano.produtos e que não são utilizados durante mais de um ano.produtos e que não são utilizados durante mais de um ano.produtos e que não são utilizados durante mais de um ano.

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A União Européia e a Legislação Ambiental

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ANEXO IIIANEXO IIIANEXO IIIANEXO IIIANEXO III

Informações referidas no nº 1 do artigo 5ºInformações referidas no nº 1 do artigo 5ºInformações referidas no nº 1 do artigo 5ºInformações referidas no nº 1 do artigo 5ºInformações referidas no nº 1 do artigo 5º

1. Descrição do projeto, incluindo, em especial:

- uma descrição das características físicas datotalidade do projeto e exigências no domínioda utilização do solo, quando das fases deconstrução e de funcionamento,

- uma descrição das principais característicasdos processos de fabrico, por exemplo, anatureza e as quantidades de materiaisutilizados,

- uma estimativa dos tipos e quantidades deresíduos e emissões esperados (poluição daágua, da atmosfera e do solo, ruído, vibração,luz, calor, radiação, etc.) em resultado dofuncionamento do projeto proposto.

2. Se for o caso, um esboço das principais soluções

Entendendo o Meio Ambiente – Volume XI

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da substituição examinadas pelo dono da obra e a indicaçãodas principais razões dessa escolha, atendendo aos efeitos noambiente.

3. Uma descrição dos elementos do ambiente quepossam ser consideravelmente afetados pelo projeto proposto,nomeadamente, a fauna, a flora, o solo, a água, a atmosfera, osfatores climáticos, os bens materiais, incluindo o patrimônioarquitetônico e arqueológico, a paisagem, bem como a inter-relação entre os fatores mencionados.

4. Uma descrição1 dos efeitos importantes que oprojeto proposto pode ter no ambiente resultantes:

- da existência da totalidade do projeto,

- da utilização dos recursos naturais,

- da emissão de poluentes, da criação de per-turbações ou da eliminação dos resíduos,

e a indicação pelo dono da obra dos métodos dede previsão utilizados para avaliar os efeitos noambiente.

6. Um resumo não técnico das informaçõestransmitidas com base nas rubricas mencionadas.

7. Um resumo das eventuais dificuldades lacunastécnicas ou nos conhecimentos) encontradas pelo dono daobra na compilação das informações requeridas.

1 Esta descrição deve mencionar os efeitos e, se for caso disso, osefeitos indiretos secundários, cumulativos, a curto, médio e longoprazos, permanentes e temporários, positivos e negativos do projeto

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Diretiva do ConselhoDiretiva do ConselhoDiretiva do ConselhoDiretiva do ConselhoDiretiva do Conselho

86/609/CEE de 24 de Novembro de 198686/609/CEE de 24 de Novembro de 198686/609/CEE de 24 de Novembro de 198686/609/CEE de 24 de Novembro de 198686/609/CEE de 24 de Novembro de 1986relativa à aproximação das disposições legislativasrelativa à aproximação das disposições legislativasrelativa à aproximação das disposições legislativasrelativa à aproximação das disposições legislativasrelativa à aproximação das disposições legislativasregulamentares, e administrativos dosregulamentares, e administrativos dosregulamentares, e administrativos dosregulamentares, e administrativos dosregulamentares, e administrativos dosEstados-membros respeitantes à proteçãoEstados-membros respeitantes à proteçãoEstados-membros respeitantes à proteçãoEstados-membros respeitantes à proteçãoEstados-membros respeitantes à proteçãodos animais utilizados para fins experimentais edos animais utilizados para fins experimentais edos animais utilizados para fins experimentais edos animais utilizados para fins experimentais edos animais utilizados para fins experimentais eoutros fins científicosoutros fins científicosoutros fins científicosoutros fins científicosoutros fins científicos

O CONSELHO DAS COMUNIDADES EUROPÉIAS,

Tendo em conta o Tratado que institui a ComunidadeEconômica Européia e, nomeadamente, o seu artigo 100,

Tendo em conta a proposta da Comissão,

Tendo em conta o parecer do Parlamento Europeu,

Tendo em conta o parecer do Comitê Econômico e Social,

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Considerando que existem atualmente, entre aslegislações nacionais em vigor para a proteção dos animaisutilizados para determinados fins experimentais, disparidadesque podem afetar o funcionamento do mercado comum;

Considerando que as legislações dos Estados-membrosdevem ser harmonizadas no sentido de se eliminarem taisdisparidades; considerando que essa harmonização deve ga-rantir que o número de animais utilizados para fins experimen-tais ou outros fins científicos seja reduzido ao mínimo, que taisanimais sejam adequadamente tratados, que não lhes sejaminfligidos desnecessariamente dor, sofrimento, aflição ou danoduradouro e que, se inevitáveis, tais padecimentos sejamreduzidos ao mínimo;

Considerando nomeadamente que devem ser evitadastanto quanto possível quaisquer duplicações de experiências,

ADOTOU A PRESENTE DIRETIVA:

Artigo 1ºArtigo 1ºArtigo 1ºArtigo 1ºArtigo 1º

A presente diretiva tem por objetivo garantir que, quandoforem utilizados animais para fins experimentais ou outros finscientíf icos, as disposições legislativas, regulamentares ouadministrativas em vigor nos Estados-membros destinadas àsua proteção sejam aproximadas, de modo a não prejudicar oestabelecimento ou o funcionamento do mercado comum,nomeadamente, por meio de distorções de concorrência ouentraves de ordem comercial.

Artigo 2ºArtigo 2ºArtigo 2ºArtigo 2ºArtigo 2º

Para efeitos da presente diretiva, entende-se por:

a) "Animal", salvo especificação em contrário, qual-quer animal vertebrado vivo não humano, incluindoformas larvares autônomas e/ou de reprodução, àexceção de formas fetais ou embrionárias;

b) "Animais para experiências", qualquer animal uti-lizado ou destinado a ser utilizado em experiências;

A União Européia e a Legislação Ambiental

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c) "Animais de criação especial", qualquer animalespecialmente criado para ser utilizado em expe-riências em locais aprovados pela autoridade oudevidamente registados;

d) "Experiência", a utilização de um animal para finsexperimentais ou científicos que possam causar--lhe dor, sofrimento, aflição ou dano duradouro,incluindo qualquer ação que tenha em vista ou quepossa resultar no nascimento de um animal emtais condições, à exceção dos métodos menosdolorosos de matar ou marcar um animal aceitespela prática moderna (métodos "humanos"); aexperiência começa no momento em que umanimal é preparado pela primeira vez para serutilizado e acaba quando já não há mais observa-ções a fazer para tal experiência; a eliminação dador, sofrimento, aflição ou dano duradouro graçasà utilização eficaz de anestésicos, analgésicos ououtros métodos não exclui a utilização dos animaisdo âmbito desta definição. Excluem- se as práticasnão experimentais, agrícolas ou de clínica veteri-nária;

e) "Autoridade", a autoridade designada por cadaEstado-membro como responsável pela supervi-são das experiências na acepção da presentediretiva;

f) "Pessoa competente", qualquer pessoa conside-rada por um Estado-membro como sendo compe-tente para desempenhar qualquer das funçõesdescritas na presente diretiva;

g) "Estabelecimento", qualquer instalação, edifício,grupo de edifícios ou outro local, podendo incluiruma zona não completamente fechada ou cobertae instalações móveis;

h) "Estabelecimento de criação", qualquer estabele-cimento onde os animais são criados com vista àsua utilização em experiências;

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i) "Estabelecimento fornecedor", qualquer estabele-cimento, que não o estabelecimento de criação, queforneça animais destinados a serem utilizados emexperiências;

j) "Estabelecimento de utilização", qualquer estabe-lecimento onde os animais são uti l izados emexperiências;

k) "Devidamente anestesiado", privado de sensibilida-de mediante métodos de anestesia local ou geraltão eficazes quanto os utilizados nas boas práticasveterinárias;

I) "Morte por métodos humanos", a morte de umanimal em condições que envolvam, segundo asespécies, um mínimo de sofrimento físico ou mental.

Artigo 3ºArtigo 3ºArtigo 3ºArtigo 3ºArtigo 3º

A presente diretiva é aplicável à utilização de animais emexperiências realizadas com um ou vários dos seguintesobjetivos:

a) O desenvolvimento, a produção, o controle de qua-lidade, da eficácia e da segurança de medica-mentos, alimentos e outras substâncias ou produtos:

i) Destinados a evitar, prevenir, diagnosticar ou tra-tar doenças, estados precários de saúde ou outrassituações anormais ou os seus efeitos no homem,nos animais ou nas plantas;

ii) Destinados à avaliação, detecção, regulação oumodificação de condições fisiológicas no homem,nos animais ou nas plantas;

b) A proteção do ambiente natural, no interesse dasaúde ou do bem-estar do homem ou dos animais.

Artigo 4ºArtigo 4ºArtigo 4ºArtigo 4ºArtigo 4º

Cada Estado-membro deve garantir a proibição de expe-

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r iências em que sejam uti l izados animais pertencentes aespécies consideradas ameaçadas de extinção ao abrigo doApêndice 11 da Convenção Internacional sobre o Comércio deEspécies da Fauna e da Flora Ameaçadas de Extinção do AnexoC1 do Regulamento CEE/3626/82, exceto se tais expe-riênciasforem conformes a esse regulamento e os seus obje-tivos forem:

- a investigação orientada para a preservação dasespécies em questão, ou

- fins essencialmente biomédicos, quando se provarque a espécie em questão é excepcionalmente aúnica indicada para tais fins.

Artigo 5ºArtigo 5ºArtigo 5ºArtigo 5ºArtigo 5º

Os Estados-membros zelarão para que, relativamente aoscuidados de ordem geral e à acomodação dos animais:

a) Todos os animais para experiências sejam alojados,tenham um meio ambiente adequado, pelo menosalguma liberdade de movimentos, alimentação,água e recebam os cuidados necessários à suasaúde e ao seu bem-estar;

b) Qualquer limitação à capacidade de um animalpara experiências deve satisfazer as suasnecessidades físicas e etológicas seja limitada aomínimo absolutamente necessário;

c) As condições ambientais nas quais os animais pa-ra experiências são criados, conservados ou utili-zados sejam sujeitas a controles diários;

d) O bem-estar e o estado de saúde dos animais pa-ra experiências sejam controlados por uma pessoacompetente para evitar dor ou sofrimentos desne-cessários, aflição ou dano duradouro,

e) Sejam tomadas medidas destinadas a garantirque qualquer deficiência ou sofrimento sejameliminados o mais rapidamente possível.

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Na aplicação do disposto nas alíneas a) e b), os Estados-Membros devem ter em conta as orientações definidas noAnexo II.

Artigo 6ºArtigo 6ºArtigo 6ºArtigo 6ºArtigo 6º

1. Cada Estado-membro designará a autoridade ouautoridades responsáveis pela boa execução das disposiçõesda presente diretiva.

2. No âmbito da aplicação da presente diretiva, osEstados-membros adaptarão as medidas necessárias para quea autoridade designada mencionada no nº 1 possa recorrer aperitos competentes nas matérias em questão.

Artigo 7ºArtigo 7ºArtigo 7ºArtigo 7ºArtigo 7º

1. As experiências só podem ser realizadas porpessoas competentes autorizadas, ou sob a suaresponsabilidade direta, ou se os projetos experimentais ououtros projetos científicos forem autorizados em conformidadecom o disposto na legislação nacional.

2. Não deve ser realizada uma experiência se, paraobter o resultado desejado, for razoável e praticamente possívelutil izar outro método cientificamente satisfatório que nãoimplique a utilização de um animal.

3. Quando a experiência for indispensável, a escolhadas espécies deve ser cuidadosamente realizada e, senecessário, justificada junto da autoridade. Caso sejam possíveisvárias experiências, devem ser selecionadas as que exigiremmenor número de animais, envolverem animais com o menorgrau de sensibilidade neuro-fisiológica, causarem menor dor,sofrimento, angústia ou danos permanentes e que ofereceremmaiores probabilidades de resultados satisfatórios.

Só devem ser realizadas experiências com animaisbravios quando as experiências com outros animais nãosatisfizerem os objetivos da experiência.

4. Todas as experiências devem ser organizadas deforma a evitar aflição, dor e sofrimento desnecessários aos

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animais utilizados. Todas as experiências devem conformar-secom o disposto no artigo 8º. As medidas estabelecidas no artigo9º serão respeitadas em todos os casos.

Artigo 8ºArtigo 8ºArtigo 8ºArtigo 8ºArtigo 8º

1. Todas as experiências devem ser realizadas sobanestesia geral ou local.

2. Não se aplica o disposto no nº 1 quando:

a) A anestesia for considerada mais traumatizantepara o animal que a própria experiência;

b) A anestesia for incompatível com o objetivo daexperiência. Nestes casos, devem ser tomadasmedidas legislativas e/ou administrativas que ga-rantam que tais experiências não sejam levadas acabo desnecessariamente.

A anestesia deve ser usada em caso de lesões gravesque possam causar dores violentas.

3. Se a anestesia não for possível, devem ser utilizadosanalgésicos ou outros métodos adequados para garantir que ador, o sofrimento, a aflição ou dano sejam tanto quanto possívellimitados e que o animal não seja, em caso algum, sujeito a dor,aflição ou sofrimento violentos.

4. Desde que essa ação seja compatível com oobjetivo da experiência, o animal anestesiado que venha a sofrerdores consideráveis uma vez passado o efeito da anestesia deveser tratado a tempo com analgésicos ou, se tal não for possível,imediatamente abatido por métodos humanos.

Artigo 9ºArtigo 9ºArtigo 9ºArtigo 9ºArtigo 9º

1. No fim de cada experiência, decidir-se-á se o ani-mal deve ser mantido com vida ou abatido por um métodohuma-no, sob condição de que o animal não seja mantido comvida se, mesmo tendo recuperado o seu estado normal desaúde sob todos os outros aspectos, for provável que fique emcondições de sofrimento e aflição permanentes.

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2. As decisões referidas no número anterior serãotomadas por uma pessoa competente, de preferência umveterinário.

3. Quando, no fim de uma experiência:

a) Um animal deva ser conservado vivo, deve receberos cuidados adequados ao seu estado de saúde,ser colocado sob a vigilância de um veterinário oude outra pessoa competente e ficar sob condiçõesconformes as disposições do art igo 5º; ascondições definidas na presente alínea podem, noentanto, ser derrogadas se, na opinião de um vete-rinário, isso não acarretar sofrimento para o animal;

b) Um animal não deve ser mantido vivo ou não possabeneficiar das disposições do artigo 5º relativas aoseu bem-estar, deve ser abatido por um métodohumano o mais depressa possível.

Artigo 10ºArtigo 10ºArtigo 10ºArtigo 10ºArtigo 10º

Os Estados-membros devem assegurar que a utilizaçãode um mesmo animal em novas experiências é compatível como disposto na presente diretiva.

Em especial, um animal não pode ser utilizado mais queuma vez em experiências que envolvam dores violentas, afliçãoou sofrimento equivalente.

Artigo 11Artigo 11Artigo 11Artigo 11Artigo 11

Sem prejuízo das outras disposições da presente diretiva,quando tal for necessário para os objetivos legítimos de umaexperiência, a autoridade pode permitir que o animal emquestão seja posto em liberdade, desde que esteja certa deque serão tomadas todas as medidas necessárias parasalvaguardar o seu bem-estar e desde que o seu estado desaúde o permita e não constitua perigo para a saúde pública epara o ambiente.

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Artigo 12Artigo 12Artigo 12Artigo 12Artigo 12

1. Os Estados-membros estabelecerão mecanismospelos quais as experiências ou os dados relativos às pessoasque procedem a tais experiências sejam previamentenotificadas à autoridade.

2. Quando estiver previsto submeter um animal a umaexperiência que lhe provoque ou possa provocar dores violentassuscetíveis de se prolongarem, tal experiência deve serespecificamente declarada e justificada junto da autoridade ouexpressamente autorizada por ela. A autoridade tomará asmedidas judiciais e administrativas adequadas se não puderprovar que a experiência é suficientemente importante para asnecessidades essenciais do homem e do animal.

Artigo 13Artigo 13Artigo 13Artigo 13Artigo 13

1. Com base nos pedidos de autorização enotificações recebidos e nos relatórios feitos, a autoridade decada Estado-membro deve recolher e, na medida do possível,publicar periodicamente informações estatísticas sobre o usode animais em experiências, referindo:

a) O número e a espécie dos animais utilizados parafins experimentais;

b) O número de animais, subdivididos por categorias,utilizados nas experiências referidas no artigo 3º;

c) O número de animais, subdividido por categorias,utilizados em experiências exigidas pela lei.

2. Os Estados-membros tomarão todas as medidasnecessárias para assegurar a proteção da confidencialidadede quaisquer informações sensíveis do ponto de vista comercialdivulgadas ao abrigo da presente diretiva.

Artigo 14Artigo 14Artigo 14Artigo 14Artigo 14

As pessoas que realizarem experiências ou nelas toma-rem parte e as pessoas que se ocuparem de animais utilizadosem experiências, desempenhando tarefas de supervisão,

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devem ter uma instrução e uma formação adequadas.

Em especial, as pessoas que realizem ou supervisionema execução de experiências devem ter recebido formação numdomínio científico relacionado com o trabalho experimental querealizem e serem capazes de manusear animais de laboratórioe deles se ocuparem; devem também ter provado à autoridadeque atingiram um nível de formação suficiente paradesempenharem as suas tarefas.

Artigo 15Artigo 15Artigo 15Artigo 15Artigo 15

Os estabelecimentos de criação e fornecedores devemser aprovados ou registrados junto da autoridade e satisfazeras disposições dos artigos 5º e 14, salvo se tiver sido concedidauma isenção ao abrigo do nº 4 do artigo 19 ou do artigo 21.Um estabelecimento fornecedor apenas pode receber umanimal de outro estabelecimento de criação ou fornecedor, amenos que o animal tenha sido legalmente importado e nãoseja um animal feroz ou vadio. Um estabelecimento fornecedorpode obter, em conformidade com as disposiçõesdeterminadas pela autoridade, uma isenção geral ou especialdesta última disposição.

Artigo 16Artigo 16Artigo 16Artigo 16Artigo 16

Na aprovação ou registo previstos no artigo 15, deve serexplicitamente indicada a pessoa competente responsável peloestabelecimento encarregado de fornecer ou de organizar aadministração dos cuidados adequados aos animais dasespécies criadas ou mantidas no estabelecimento e deassegurar o cumprimento das disposições dos artigos 5º e 14.

Artigo 17Artigo 17Artigo 17Artigo 17Artigo 17

1. Os estabelecimentos de criação e fornecedo-resdevem registar o número e as espécies de animais vendidosou fornecidos, as datas em que são vendidos ou fornecidos, onome e a direção do receptor e o número e as espécies deanimais que morreram nos estabelecimentos em questão.

2. Cada autoridade determinará os registos quedevem ser conservados e postos à disposição pela pessoa

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responsável pelos estabelecimentos mencionados no nº 1; taisregistos devem ser conservados durante um período mínimode três anos a contar da data da última entrada e devem sersubmetidos a uma inspeção periódica por representantes daautoridade.

Artigo 18Artigo 18Artigo 18Artigo 18Artigo 18

1. Em todos os estabelecimentos de criação,fornecedores ou de utilização, todos os cães, gatos ou primatasnão humanos devem ser dotados, antes de seremdesmamados, de uma marca de identificação individual, daforma menos dolorosa possível, exceto nos casos referidos nonº 3.

2. Os cães, gatos ou primatas não humanos nãomarcados levados para um estabelecimento pela primeira vezdepois de terem sido desmamados devem ser marcados omais depressa possível.

3. Para os cães, gatos ou primatas não humanos aindanão desmamados transferidos de um estabelecimento referidono nº 1 para outro, e que não foi possível por razões práticasmarcar antes, o estabelecimento de destino deve conservar,até à marcação, documentação contendo informaçõesexaustivas e referindo, em particular, a identidade da mãe.

4. Nos relatórios de cada estabelecimento devemfigurar as particularidades de identidade e de origem de todosos cães, gatos ou primaras não humanos.

Artigo 19Artigo 19Artigo 19Artigo 19Artigo 19

1. Os estabelecimentos de uti l ização devem serregistrados junto das autoridades ou aprovados por elas. Osestabelecimentos de utilização devem providenciar no sentidode dispor de instalações e equipamentos adequados àsespécies de animais utilizados e às experiências realizadas. Oseu planejamento, construção e funcionamento devem ser deforma a garantir que as experiências se realizem de uma formatão eficaz quanto possível, com objetivo de obter resultadossólidos com o maior número possível de animais e o mínimode dor, sofrimento, aflição ou danos duradouros possível.

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2. Em cada estabelecimento de utilização:

a) Devem estar devidamente identificadas a pessoaou pessoas responsáveis, do ponto de vista admi-nistrativo, pelos cuidados a prestar aos animais epelo funcionamento do equipamento;

b) Deve haver um número suficiente de pessoas de-vidamente preparadas;

c) Devem ser tomadas medidas adequadas paratornar possível uma consulta e tratamento veteri-nário;

d) Deve existir um veterinário ou outra pessoa com-petente, com funções de consultor sobre o bem-estar dos animais.

3. Quando as autoridades o permitirem, podem serfeitas experiências fora dos estabelecimentos de utilização.

4. Nos estabelecimentos de utilização apenas podemser uti l izados animais de estabelecimentos de criação oufornecedores, a menos que tenha sido obtida uma isenção, deacordo com as determinações da autoridade. Sempre quepossível, devem ser utilizados animais de criação especial. Osanimais vadios das espécies domésticas não devem serutilizados em ensaios. Não pode tornar-se extensiva a cães egatos vadios qualquer isenção geral estabelecida ao abrigo dodisposto no presente número.

5. Os estabelecimentos de utilização devem conservarregistos de todos os animais utilizados e pô-los à disposição daautoridade, sempre que estas os solicitarem. Tais registosdevem indicar, em particular, o número e espécie de todos osanimais adquiridos, a sua proveniência e data de chegada. Taisregistros devem ser conservados durante um período mínimode três anos e ser submetidos à autoridade que os solicitar. Osestabelecimentos de uti l ização serão submetidos a umainspeção periódica por representantes da autoridade.Artigo 20Artigo 20Artigo 20Artigo 20Artigo 20

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Quando os estabelecimentos de uti l ização criaremanimais para serem uti l izados em experiências nas suaspróprias instalações, apenas um registo ou aprovação seránecessário para efeitos do disposto nos art igos 15 e 19.Contudo, os estabelecimentos devem respeitar as disposiçõesda presente diretiva relativas aos estabelecimentos de criaçãoe de utilização.

Artigo 21Artigo 21Artigo 21Artigo 21Artigo 21

Os animais pertencentes às espécies referidas no AnexoI e que se destinem a ser utilizadas para fins experimentaisdevem ser animais de criação especial, exceto se tiver sidoobtida uma isenção geral ou especial nos termos de disposiçõesestabelecidas pela autoridade.

Artigo 22Artigo 22Artigo 22Artigo 22Artigo 22

1. Para evitar duplicações inúteis das experiênciasdestinadas a satisfazer as disposições legais nacionais oucomunitárias relativas à saúde e segurança, os Estados-membros reconhecerão, na medida do possível, a validade dosdados resultantes das experiências realizadas no território deoutro Estado-membro, exceto se forem necessários novostestes para proteger a saúde pública e a segurança.

2. Para esse fim, se tal for exequível e sem prejuízodas disposições das diretivas comunitárias em vigor, os Estados-membros fornecerão à Comissão informações sobre asrespectivas legislações e práticas administrativas relativas àsexperiências com animais, incluindo as obrigações a satisfazerantes da comercialização dos produtos, bem como informaçõesconcretas sobre todas as experiências realizadas nosrespectivos territórios, sobre autorizações ou outros elementosde ordem administrativa relativos a essas expe-riências.

3. A Comissão constituirá um comitê consultivo per-manente, em que os Estados-membros estejam representados,que assistirá a Comissão na organização do intercâmbio deinformações apropriadas, assegurando a sua confidencialidade,e que assistirá igualmente a Comissão nas demais questõesdecorrentes da aplicação da presente diretiva.

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Artigo 23Artigo 23Artigo 23Artigo 23Artigo 23

1. A Comissão e os Estados-membros encorajarão ainvestigação orientada no sentido de desenvolver e aferir astécnicas suscetíveis de fornecer o mesmo nível de informaçãoque as experiências com animais, mas que utilizem menosanimais ou impliquem sofrimentos menores, e tomarão todasas outras medidas que considerem oportunas para favorecera investigação neste setor. A Comissão e os Estados-membroscontrolarão a evolução dos métodos experimentais.

2. Antes do fim de 1987, a Comissão elaborará umrelatório sobre a possibil idade de modificar os testes eorientações estabelecidas nas diretivas comunitárias em vigor,atendendo aos objetivos referidos no nº 1.

Artigo 24Artigo 24Artigo 24Artigo 24Artigo 24

A presente diretiva não limita o direito dos Estados-membros de aplicarem ou adaptarem medidas mais rígidaspara a proteção dos animais utilizados para fins experimentaisou para o controle e l imitação do uso de animais emexperiências. Os Estados-membros podem, nomeadamente,exigir uma autorização prévia para a realização das expe-riências ou programas de trabalho notificados de acordo com odisposto no nº 1 do artigo 12.

Artigo 25Artigo 25Artigo 25Artigo 25Artigo 25

1. Os Estados-membros tomarão as medidas neces-sárias para, o mais tardar em 24 de Novembro de 1989, daremcumprimento à presente diretiva. Informarão imedia-tamente aComissão das medidas tomadas.

2. Os Estados-membros comunicarão à Comissão asmedidas legislativas nacionais que adotarem no setor abran-gido pela presente diretiva.

Artigo 26Artigo 26Artigo 26Artigo 26Artigo 26

A intervalos regulares que não ultrapassem os três anos,os Estados-membros informarão a Comissão das medidasadaptadas nesta área e apresentarão um resumo adequadodas informações recolhidas nos termos do disposto no segundo

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parágrafo do artigo 131; a Comissão preparará um relatório, aapresentar ao Conselho e ao Parlamento Europeu.

Artigo 27Artigo 27Artigo 27Artigo 27Artigo 27

Os Estados-Membros são destinatários da presentediretiva.

Feito em Bruxelas, em 24 de Novembro de 1986.

Pelo ConselhoO Presidente – W. WALDEGRAVE

1 A presente diretiva foi notificada aos Estados-Membros em 28 deNovembro de 1986.

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ANEXO IANEXO IANEXO IANEXO IANEXO I

Lista dos animais uti l izados para fins experimentaisLista dos animais uti l izados para fins experimentaisLista dos animais uti l izados para fins experimentaisLista dos animais uti l izados para fins experimentaisLista dos animais uti l izados para fins experimentaisabrangidos pelas disposições do artigo 21abrangidos pelas disposições do artigo 21abrangidos pelas disposições do artigo 21abrangidos pelas disposições do artigo 21abrangidos pelas disposições do artigo 21

� Rato � Musmusculus� Ra tazana � Rattus norvegicus� Cobaia � Cavia porcellus� Hamster dourado � Mesocricetus auratus� Coelho � Oryctolagus cuniculus

� primatas não humanos

� C ã o � Canis familiaris� Gato � Felis catus� Codorniz � Coturnix coturnix

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ANEXO IIANEXO IIANEXO IIANEXO IIANEXO II

Diretrizes relativas ao alojamento eDiretrizes relativas ao alojamento eDiretrizes relativas ao alojamento eDiretrizes relativas ao alojamento eDiretrizes relativas ao alojamento ecuidados a prestar aos animaiscuidados a prestar aos animaiscuidados a prestar aos animaiscuidados a prestar aos animaiscuidados a prestar aos animais

(Artigo 5º da diretiva)(Artigo 5º da diretiva)(Artigo 5º da diretiva)(Artigo 5º da diretiva)(Artigo 5º da diretiva)

INTRODUÇÃOINTRODUÇÃOINTRODUÇÃOINTRODUÇÃOINTRODUÇÃO

1. O Conselho da Comunidade Econômica Européiadecidiu que o objetivo da diretiva consiste na harmonização daslegislações dos Estados-membros relativas à proteção dosanimais uti l izados para f ins experimentais e outros f inscientíficos, a fim de eliminar as disparidades que presentementepossam afetar o funcionamento do Mercado Comum. Estaharmonização deve garantir que tais animais sejam objeto decuidados adequados, que não lhes sejam desnecessariamente

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infligidos qualquer dor, sofrimento, aflição ou dano permanentee que, quando inevitáveis, estes últimos sejam reduzidos aomínimo.

2. É um fato que algumas experiências são realizadascom animais selvagens, em liberdade e auto-suficientes, norespectivo hábitat, mas tais experiências são relativamente raras.A grande maioria dos animais utilizados em experiências deve,por razões práticas, ser mantida sob qualquer forma de controlefísico em instalações que vão de cercas ao ar livre e gaiolaspara animais pequenos num biotério. É uma situação em quehá grandes conflitos de interesses. De um lado, o animal, cujasnecessidades no que se refere a movimento, relações sociaise outras manifestações de vida têm de ser restringidas; do outro,o investigador e os seus assistentes, que requerem o totalcontrole do animal e do seu ambiente. Neste conflito deinteresses, pode por vezes acontecer que seja atribuído aoanimal apenas um interesse secundário.

3. Por conseguinte, a diretiva dispõe no seu artigo 5ºque: "relativamente aos cuidados de ordem geral e à acomo-dação dos animais":

a) Todos os animais para experiências sejam alojados,tenham um meio ambiente adequado, pelo menosalguma liberdade de movimentos, alimentação,água e recebam os cuidados necessários à suasaúde e ao seu bem-estar;

b) Qualquer limitação à capacidade de um animalpara experiências deve satisfazer as suas necessi-dades físicas e etológicas e seja limitada ao mínimoabsolutamente necessário.

4. O presente anexo inclui um certo número de diretri-zes baseadas nos atuais conhecimentos e processos relativosao alojamento e cuidados a prestar aos animais. Esclarece ecompleta os princípios básicos adotados no artigo 5º. O seuobjetivo é pois ajudar as autoridades, instituições e indivíduos aalcançar os objetivos da diretiva nesta matéria.

5. A palavra "cuidados", quando usada em relação aanimais destinados ou utilizados em experiências, abrangetodos os aspectos das relações entre o animal e o homem. A

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sua essência é o somatório dos recursos materiais ou nãomateriais mobilizados pelo homem para obter e conservar umanimal num estado físico e mental em que sofra o menospossível e dê o máximo rendimento em experiências. Começano momento em que o animal é destinado a ser utilizadoexperimentalmente e prossegue até que este seja abatido semsofrimento inútil ou dispensado de qualquer outro modo pelainstituição, de acordo com o artigo 9º da Diretiva, uma vezconcluída a experiência.

6. O presente anexo tem por objetivo fornecer indica-ções relativas à concepção dos locais destinados aos animais.Existem, contudo, vários métodos de criação e conservaçãode animais de laboratório que diferem essencialmente no graude controle do meio microbiológico. Há que ter presente que opessoal em causa terá por vezes que decidir, de acordo comas características e o estado de saúde dos animais, que asnormas de espaço recomendadas possam não ser suficientes,como no caso de animais especialmente agressivos. Ao aplicaras diretrizes do presente anexo, deverão ter-se em conta osimperativos destas diferentes situações. Para além disso, énecessário que fique claro o estatuto destas diretrizes. Aocontrário da diretiva em si, não são obrigatórias; trata-se derecomendações de utilização facultativa, destinadas a servir deguia em matéria de práticas e de normas de qualidade quetodos os interessados deveriam conscienciosamente procurarcumprir. Por este motivo, teve de ser utilizada em todo o texto apalavra "deveria (m)", mesmo nos casos em que "terá(ão)de",fosse aparentemente mais adequado. É evidente, por exemplo,que alimentação e água terão de ser fornecidas (ver 3.7.2 e3.8).

7. Para concluir, e por razões práticas e financeiras, oequipamento das instalações para animais ainda existente emlaboratórios não deveria ser substituído enquanto não se tiverdeteriorado ou não se tiver de qualquer outro modo tornadoinútil. Enquanto não se tiver procedido à sua substituição porequipamento conforme com as presentes diretrizes, estasdeveriam, na medida do possível, ser observadas, adaptandoo número e a dimensão dos animais às gaiolas e recintosfechados existentes.

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DEFINIÇÕESDEFINIÇÕESDEFINIÇÕESDEFINIÇÕESDEFINIÇÕES

Na acepção do presente anexo, para além das definiçõescontidas no artigo 2º da Diretiva, entende-se por:

a) "Locais de alojamento": compartimentos em queos animais são normalmente alojados, quer parareprodução e criação, quer no decurso de umaexperiência;

b) "Gaiola ou jaula": espaço fixo ou móvel, fechadopor paredes sólidas, uma das quais, pelo menos, éconstituída por grades, redes metálicas ou eventual-mente por redes de outro tipo, em que são manti-dos ou transportados um ou vários animais; aliberdade de movimento destes animais é mais oumenos limitada em função da taxa de povoamentoe das dimensões da gaiola ou jaula;

c) "Recinto fechado": superfície cercada, por exem-plo, por paredes, grades ou redes metálicas, naqual são mantidos um ou vários animais; emboraseja função das dimensões da cerca e da taxa depovoamento, a liberdade de movimento dos ani-mais é, em regra, menos limitada do que numagaiola;

d) "Recinto fechado exterior": superfície cercada, porexemplo, por uma vedação, paredes, grades ouredes metálicas frequentemente situada no exteriorde uma construção fixa, na qual os animais manti-dos em gaiola ou jaula ou recinto fechado podemmovimentar-se livremente durante determinadosperíodos de tempo, segundo as suas necessidadesetológicas e fisiológicas como, por exemplo, a defazerem exercício;

e) "Baía": pequeno compartimento de três lados,dispondo normalmente de uma mangedoura e eleseparações laterais, no qual podem ser mantidospresos um ou dois animais.

11111 INSTALAÇÕESINSTALAÇÕESINSTALAÇÕESINSTALAÇÕESINSTALAÇÕES

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1 .11 .11 .11 .11 .1 Funções e concepção geralFunções e concepção geralFunções e concepção geralFunções e concepção geralFunções e concepção geral

1.1.1. Todas as instalações deveriam ser concebidas demodo a assegurar um meio adequado às espéciesnelas alojadas, bem como a impedir o acesso depessoas não autorizadas.As instalações integradas em edifícios maioresdeveriam igualmente ser protegidas por normasde construção adequadas e por disposições quelimitassem o número de entradas e impedissem acirculação de pessoas não autorizadas.

1.1.2 A fim de evitar qualquer falha técnica, aconselha--se a organização de um programa de manutençãodas instalações.

1 .21 .21 .21 .21 .2 Locais de alojamentoLocais de alojamentoLocais de alojamentoLocais de alojamentoLocais de alojamento

1.2.1 Deveriam ser tomadas todas as medidas necessá-rias para assegurar a limpeza regular e eficaz doslocais e a manutenção de normas higiênicas satis-fatórias. Os tetos e as paredes deveriam ser resis-tentes e apresentar uma superfície lisa, estanquee facilmente lavável. As juntas das portas, condutas,tubos e cabos deveriam merecer especial atenção.As portas e as janelas existentes deveriam tambémser construídas ou protegidas de modo a impediro acesso de animais indesejáveis, poderá ser colo-cado um visor na porta, se tal se revelar convenien-te. O chão deveria ser liso, impermeável, com umasuperfície não escorregadia e fácil de lavar, nãosuscetível de ser danificada pelo peso dos armáriose outras instalações pesadas. Os canos de esgoto,se os houver, deveriam ser convenientementecobertos e munidos de uma grade a fim de impedira entrada de animais.

1.2.2 O chão e as paredes dos locais onde os animaispodem deslocar-se livremente deveriam ser cober-tos por um revestimento especialmente resistentepara suportar o considerável desgaste causadopelos animais e pela limpeza. Este revestimento não

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deveria ser prejudicial à saúde dos animais, masconcebido de forma a evitar-lhes ferimentos. Éaconselhável a instalação de canos de esgotonestes locais. É necessária proteção suplementarpara o equipamento ou para as instalações a fimde evitar que sejam eventualmente dani ficadospelos animais ou possam feri-los. Quando existiremrecintos fechados exteriores, e se necessário, de-veriam ser tornadas medidas para impedir oacesso do público e de animais.

1.2.3 Os locais destinados ao alojamento de animais decriação (bovinos, ovelhas, cabras, porcos, cavalos,aves de capoeira, etc.) deveriam, pelo menos, res-peitar as normas estabelecidas pela ConvençãoEuropéia para a Proteção dos Animais de Criaçãoe pelas autoridades nacionais veterinárias e outras.

1.2.4 A maior parte dos locais destinados aos ani mais éhabitualmente planeada para alojamento de roedo-res. Frequentemente, tais locais podem igualmenteser uti l izados para alojar espécies de maioresdimensões. Deveria ser assegurado que espéciesincompatíveis não sejam colocadas em coabitação.

1.2.5 Os locais onde os animais são alojados deveriamdispor de instalações que permitissem, se neces-sário, a realização de pequenas experiências emanipulações.

1 .31 .31 .31 .31 .3 Laboratórios e salas gerais e especiais deLaboratórios e salas gerais e especiais deLaboratórios e salas gerais e especiais deLaboratórios e salas gerais e especiais deLaboratórios e salas gerais e especiais deexperiênciaexperiênciaexperiênciaexperiênciaexperiência

1.3.1 Os estabelecimentos de criação ou fornecimentodeveriam dispor de instalações adequadas para apreparação de remessas de animais a expedir.

1.3.2 Todos os estabelecimentos deveriam também dis-por, no mínimo, de instalações laboratoriais quepermitissem efetuar diagnósticos simples, realizarexames post-mortem e/ou recolher amostras paraexames laboratoriais mais aprofundados a efetuarnoutro local.

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1.3.3 Deveriam ser tomadas disposições para a recep-ção dos animais de modo a que estes, ao chega-rem, não ponham em perigo os animais que já seencontram nas instalações, instituindo por exemploum período de quarentena. Dever-se-ia dispor desalas gerais e especiais de experiência para oscasos em que não é aconselhável efetuar asexperiências ou as observações nos locais dealojamento.

1.3.4 Deveriam existir instalações adequadas que per-mitissem alojar à parte os animais doentes ouferidos.

1.3.5 Deveriam também existir, quando necessário, umaou várias salas de operações separadas, cujoequipamento permitisse a realização de experiên-cias cirúrgicas em condições de assepsia. Seriaainda conveniente dispor de locais destinados aorestabelecimento dos animais após uma operação,quando tal se revelasse necessário.

1 .41 .41 .41 .41 .4 Locais de serviçoLocais de serviçoLocais de serviçoLocais de serviçoLocais de serviço

1.4.1 Os locais utilizados para armazenar os alimentosdeveriam ser frescos, secos e estar também aoabrigo de parasitas e de insetos, devendo os locaisutilizados para as camas dos animais ser igual-mente secos e estar também ao abrigo de parasi-tas e de insetos. Outras matérias suscetíveis deserem contaminadas ou de constituir um riscodeveriam ser conservadas à parte.

1.4.2 Deveriam existir locais para armazenar as gaiolaslimpas,instrumentos e outros equipamentos.

1.4.3 Os locais de limpeza e de lavagem deveriam sersuficientemente espaçosos para albergarem osequipamentos necessários à descontaminação eà limpeza do material utilizado. O circuito de limpezadeveria ser organizado de modo a separar a pas-sagem do material sujo e do material limpo, a fim

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de evitar qualquer contaminação do equipamentoque acabou de ser lavado. As paredes e o solo de-veriam estar revestidos de um material com umaresistência adequada e o sistema de ventilaçãodeveria ser suficientemente forte para eliminar ocalor e umidade excessivos.

1.4.4 Deveriam ser tomadas disposições com vista àarmazenagem e eliminação das carcaças de detri-tos dos animais em boas condições de higiene. Noscasos em que não seja possível ou desejávelefetuar a incineração no próprio local, deveriamtomar-se disposições adequadas para assegurara eliminação destas substâncias em conformidadecom os regulamentos e decisões das autoridadeslocais. Deveriam tomar-se precauções especiaisno que se refere a resíduos altamente tóxicos ouradioativos.

1.4.5 A concepção e construção das áreas de circulaçãodeveriam obedecer às normas de alojamento dosanimais. Os corredores deveriam ser suficiente-mente largos para permitir uma circulação fácil domaterial rolante.

2.2.2.2.2. MEIO AMBIENTE NOS LOCAIS DEMEIO AMBIENTE NOS LOCAIS DEMEIO AMBIENTE NOS LOCAIS DEMEIO AMBIENTE NOS LOCAIS DEMEIO AMBIENTE NOS LOCAIS DEALOJAMENTO E CONTROLE DO MESMOALOJAMENTO E CONTROLE DO MESMOALOJAMENTO E CONTROLE DO MESMOALOJAMENTO E CONTROLE DO MESMOALOJAMENTO E CONTROLE DO MESMO

2.12 .12 .12 .12 .1 VentilaçãoVentilaçãoVentilaçãoVentilaçãoVentilação

2.1.1 Os locais de alojamento dos animais deveriam dis-por de um sistema de ventilação adequado àsexigências das espécies alojadas. O sistema deventilação tem por objetivo fornecer ar puro e redu-zir os maus cheiros, os gases tóxicos, a poeira e osagentes de infecção de qualquer tipo. Deve aindaeliminar o calor e a umidade em excesso.

2.1.2 Nos locais de alojamento, o ar deveria ser frequen-temente renovado. Em regra, é suficiente uma taxade ventilação de 15-20 renovações de ar por hora.Contudo, em determinarias circunstâncias, quandoa densidade de povoamento é fraca, pode ser sufi-

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ciente uma taxa de ventilação de 8-10 renovaçõesde ar por hora e a ventilação mecânica pode mes-mo revelar-se supérflua. Noutros casos, pode havernecessidade de efetuar renovações com maiorfrequência. Deveria evitar-se fazer voltar a circularar não tratado. Deve, no entanto, salientar-se quenem mesmo o sistema mais eficaz pode compen-sar maus hábitos de limpeza ou negligência.

2.1.3 Os sistemas de ventilação deveriam ser concebidosde modo a evitar correntes de ar prejudiciais.

2.1.4 Deveria ser proibido fumar nos locais onde se en-contram os animais.

2 .22 .22 .22 .22 .2 TemperaturaTemperaturaTemperaturaTemperaturaTemperatura

2.2.1. Os animais devem ser mantidos sob temperaturasadequadas. Conviria, também, salientar que osnúmeros apenas se aplicam a animais adultos enormais. Os animais recém-nascidos e jovens ne-cessitam frequentemente de uma temperaturamuito mais elevada. A temperatura dos locais deve-ria ser regulada tendo em conta eventuais modifica-ções da termo-regulação dos animais devidos acondições fisiológicas especiais ou aos efeitos dasexperiências.

2.2.2 Nas condições climáticas verificadas na Europa,pode ser necessário prever um sistema de venti-lação munido de dispositivos que sirvam, simulta-neamente, para aquecer e arrefecer o ar.

2.2.3 Nos estabelecimentos utilizadores, a temperaturados locais de alojamento dos animais deveria serrigorosamente controlada, uma vez que a tempera-tura ambiente é um fator físico que produz efeitosconsideráveis no metabolismo de todos os animais.

2 .32 .32 .32 .32 .3 UmidadeUmidadeUmidadeUmidadeUmidade

As variações extremas da umidade relativa (UR)têm consequências nefastas na saúde e no bem-

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estar dos animais. Por conseguinte, recomenda--se que o nível de UR nos locais seja adequado àsespécies alojadas e normalmente mantido a 55%-10%. Deveriam evitar-se valores inferiores a 40%ou superiores a 70% durante um período prolon-gado.

2 .42 .42 .42 .42 .4 IluminaçãoIluminaçãoIluminaçãoIluminaçãoIluminação

Nos locais desprovidos de janelas, é necessárioassegurar uma iluminação artificial controlada, nãosó para satisfazer as exigências biológicas dosanimais, mas também para proporcionar um am-biente de trabalho satisfatório. É também neces-sário exercer um controle da intensidade luminosa,bem como do ciclo luz-obscuridade. Na criação deanimais albinos, deveria ter-se em conta a sensi-bilidade destes animais à luz (ver também 2.6).

2 .52 .52 .52 .52 .5 RuídoRuídoRuídoRuídoRuído

Nos locais destinados aos animais, o ruído podeser um importante fator de perturbação. Os locaisde alojamento e as salas de experiência deveriamser isoladas das fontes de ruídos elevados na gamade sons audíveis e de alta frequência, a fim deevitar perturbações do comportamento e da fisio-logia dos animais. Os ruídos súbitos podem ocasio-nar consideráveis alterações nas funções orgâni-cas; no entanto, como são frequentemente inevitá-veis, pode revelar-se oportuno, em determinadascircunstâncias, manter nos locais de alojamento esalas de experiência um fundo sonoro contínuo, deintensidade moderada, como, por exemplo, músicasuave.

2 .62 .62 .62 .62 .6 Sistemas de alarmeSistemas de alarmeSistemas de alarmeSistemas de alarmeSistemas de alarmeUma instalação que abrigue um grande númerode animais é vulnerável. Assim, recomenda-se queas instalações sejam devidamente protegidasatravés da previsão de sistemas de detecção deincêndios e da entrada de pessoas não autoriza-das. As falhas técnicas ou avarias do sistema de

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ventilação constituem outro perigo que podeoriginar perturbações e mesmo a morte dosanimais por asfixia ou excesso de calor ou, emcasos de menor gravidade, ter consequências detal modo negativas numa experiência que provo-quem o seu insucesso e tornem necessária a suarepetição. Seria portanto conveniente instalar dis-positivos de vigilância adequados, ligados ao sis-tema de aquecimento e de ventilação, a fim depermitir ao pessoal vigiar o seu funcionamentogeral. Se necessário, deveria ser instalado umgerador de emergência para assegurar o funcio-namento dos aparelhos indispensáveis à sobre-vivência dos animais e à iluminação, em caso deavaria ou de interrupção do fornecimento de eletri-cidade. Deveriam ser afixadas, em local bem visível,instruções claras sobre as disposições a tomar emcaso de emergência. Nos viveiros de peixes, reco-menda-se a previsão de um sistema de alarmepara os casos de avaria dos dispositivos de abas-tecimento de água. Seria conveniente verificar queo funcionamento do sistema de alarme pertube omenos possível os animais.

3.3.3.3.3. CUIDADOSCUIDADOSCUIDADOSCUIDADOSCUIDADOS

3.13 .13 .13 .13 .1 S aúdeS aúdeS aúdeS aúdeS aúde

3.1.1 A pessoa responsável pelo estabelecimento deve-ria assegurar-se de que um veterinário ou outrapessoa competente procedessem a uma inspeçãoperiódica dos animais e a um controle das condi-ções de alojamento.

3.1.2 A saúde e a higiene do pessoal deveriam ser objetode especial atenção, de acordo com a avaliaçãodo risco que possam constituir para os animais.

3 .23 .23 .23 .23 .2 CapturaCapturaCapturaCapturaCaptura

Os animais selvagens e bravios deveriam ser sem-pre capturados através de métodos que não cau-sem sofrimento inútil e por pessoas experientes,

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com profundo conhecimento dos hábitos e hábitatsdos animais a capturar. Se para a captura houvernecessidade de utilizar um anestésico ou qualqueroutro medicamento, este deve ser ministrado porum veterinário ou outra pessoa competente. Qual-quer animal gravemente ferido deveria ser levadoa um veterinário logo que possível a fim de sertratado. Se o veterinário for de opinião que a sobre-vivência do animal lhe acarretará inevitavelmentesofrimento e dores, o animal deverá ser imedia-tamente abatido por um método que não causesofrimento inútil. Na falta de veterinário, qualqueranimal gravemente ferido deveria ser imediatamente abatido de forma semelhante.

3 .33 .33 .33 .33 .3 Condições de acondicionamento e deCondições de acondicionamento e deCondições de acondicionamento e deCondições de acondicionamento e deCondições de acondicionamento e detransportetransportetransportetransportetransporte

O transporte constitui para os animais uma expe-riência indubitavelmente penosa que conviria sua-vizar na medida do possível. Para poderem sertransportados os animais deveriam gozar de boasaúde incumbindo ao expedidor o dever de zelarpara que tal se verifique. Nunca deveriam ser trans-portados animais doentes ou em más condiçõesexceto por razões terapêuticas ou de diagnóstico.Deveriam prestar-se cuidados especiais às fêmeasem estado avançado de gestação. As fêmeas cujoparto possa ocorrer durante o transporte ou tenhaocorrido nas quarenta e oito horas anteriores, bemcomo as respectivas crias, não deveriam ser trans-portadas. O expedidor e o transportador, nas fasesde acondicionamento, de carregamento e de trânsi-to, deveriam tomar todas as precauções necessá-rias para evitar sofrimentos inúteis causados porventilação inadequada, exposição a temperaturasexcessivas, falta de alimentação e de água, grandesatrasos, etc. O destinatário deveria ser conveniente-mente informado dos pormenores do transporte edos respectivos documentos, a fim de assegurar arapidez de tratamento e de entrega no local dedestino. Recorde-se que, no que diz respeito aotransporte internacional dos animais, são aplicáveis

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as Diretivas 77/489/CEE e 81/389/CEE. Recomen-da-se a estrita observância das leis e regulamentosnacionais, bem como dos regulamentos relativosaos animais vivos da Associação Internacional dosTransportes Aéreos e da Associação para Trans-porte Aéreo dos Animais (Animal Air TransportAssociation).

3 .43 .43 .43 .43 .4 Recepção e desembalagemRecepção e desembalagemRecepção e desembalagemRecepção e desembalagemRecepção e desembalagemAs embalagens contendo animais deveriam serrecuperadas e abertas sem demoras desneces-sárias. Após uma inspeção, os animais deveriamser transferidos para gaiolas ou recintos fechadoslimpos, onde lhes fossem fornecidas alimentaçãoe água, segundo as suas necessidades. Os animaisdoentes ou em más condições físicas deveriam sermantidos sob observação e separados dos outros.Logo que possível, deveriam ser examinados porum veterinário ou outra entidade competente e, senecessário, tratados. Os animais cujo restabeleci-mento não seja possível deveriam ser imediata-mente abatidos sem sofrimento inútil. Finalmente,todos os animais que tenham dado entrada deve-riam ser registrados e marcados em conformidadecom o disposto nos artigos 17, 18 e nº 5 do artigo19 da diretiva. As embalagens utilizadas no trans-porte deveriam ser imediatamente destruídas casonão existam instalações de descontaminação.

3 .53 .53 .53 .53 .5 Quarentena, Isolamento e aclimataçãoQuarentena, Isolamento e aclimataçãoQuarentena, Isolamento e aclimataçãoQuarentena, Isolamento e aclimataçãoQuarentena, Isolamento e aclimatação

3.5.1 A quarentena tem por objetivos:

a) Proteger os outros animais do estabelecimento;

b) Proteger o homem contra infecções zoonóticas;

c) Desenvolver uma boa prática científica

Recomenda-se que os animais que dêem entradanum estabelecimento sejam postos em quarentena,exceto se o seu estado de saúde for satisfatório.Em determinados casos, como por exemplo em

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caso de raiva, o período de quarentena pode estarfixado pela legislação nacional do Estado-membro.Noutros casos tal período poderá variar e deveriaser determinado em função das circunstâncias poruma pessoa competente, normalmente o veteriná-rio escolhido pelo estabelecimento.Durante o período de quarentena, os animais pode-derão ser utilizados em experiências desde queestejam aclimatados ao seu novo meio e não cons-tituam um risco significativo para os outros animaisou para o homem.

3.5.2 Recomenda-se que sejam previstos locais destina-dos a isolar os animais que apresentem sinais dedoença ou que se suspeite estarem doentes epossam constituir um risco para o homem ou paraoutros animais.

3.5.3 Mesmo que se verifique que os animais gozam deboa saúde, é de boa prática zootécnica fazê-lospassar por um período de aclimatação antes deserem utilizados numa experiência. O tempo neces-sário depende de diversos fatores, tais como atensão sofrida pelo animal, ela própria função devários fatores como a duração do transporte e aidade do animal. A duração deste período serádeterminada pela pessoa competente.

3 .63 .63 .63 .63 .6 EncarceramentoEncarceramentoEncarceramentoEncarceramentoEncarceramento

3.6.1 Podemos distinguir dois sistemas gerais para aloja-mento dos animais.O primeiro sistema existe nos estabelecimentos decriação, de fornecimento e utilizadores do setorbiomédico e destina-se ao alojamento de animaistais como roedores, coelhos, carnívoros, pássarose primatas não humanos e, por vezes, ruminantes,porcos e cavalos. O segundo sistema existe fre-quentemente em estabelecimentos que apenasefetuam experiências com animais de criação oude dimensões análogas. As instalações existentesnestes estabelecimentos não deveriam ser inferio-res às preconizadas pelas normas veterinárias

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correntes.

3.6.2 As gaiolas ou jaulas e recintos fechados não deve-riam ser fabricados com material prejudicial à saú-de; deveriam ser concebidos de forma a evitar queos animais se firam e, exceto quando se destinema uma só utilização, construídos com um materialresistente, adaptado às técnicas de limpeza e dedescontaminação. Deveria ser dedicada especialatenção à concepção do pavimento das gaiolasou jaulas e recintos fechados, devendo este variarconforme as espécies e a idade do animal e serplanejado de modo a facilitar a evacuação dosexcrementos.

3.6.3 Os recintos fechados exteriores deveriam ser con-cebidos tendo em vista o bem-estar das espécies.Deveriam permitir a satisfação de determinadasnecessidades etológicas (possibilidade de trepar,de se esconder ou de se abrigar temporariamente,por exemplo) e ser concebidos de forma a permitiruma limpeza eficaz e evitar o contato com outrosanimais.

3 .73 .73 .73 .73 .7 AlimentaçãoAlimentaçãoAlimentaçãoAlimentaçãoAlimentação

3.7.1 Na escolha, produção e preparação dos alimentos,deveriam ser tomadas precauções a fim de evitarqualquer contaminação química, física e microbio-lógica. Se necessário, os alimentos deveriam serembalados em sacos fechados e estanques, comindicação da data de fabrico. A embalagem, otransporte e a armazenagem deveriam serconcebidos de forma a evitar a contaminação, adeterioração ou a destruição. Os locais destinadosà armazenagem deveriam ser frescos, com poucaluz, secos e ao abrigo de parasitas e de insetos.Os alimentos deterioráveis como a forragem verde,legumes, frutas, carne, peixe, etc., deveriam serconservados em câmaras fr ias, fr igoríf icos oucongeladores. Todos os comedouros, bebedourose outros utensílios destinados à alimentação dosanimais deveriam ser regularmente limpos e, se

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necessário, esterilizados. Caso se utilizem alimentosúmidos ou os alimentos sejam facilmente contami-nados pela água, urina, etc. torna-se necessáriauma limpeza diária.

3.7.2 A apresentação dos alimentos pode variar confor-me a espécie, mas deveria ser de forma a permitira satisfação das necessidades fisiológicas do ani-mal; deveriam tomar-se as disposições necessáriaspara possibilitar a qualquer animal o acesso aosalimentos.

3 .83 .83 .83 .83 .8 ÁguaÁguaÁguaÁguaÁgua

3.8.1 Todos os animais deveriam ter permanentementeà disposição água potável não contaminada. Éadmissível que, durante o transporte, a água sejafornecida através de uma alimentação úmida. Noentanto, a água é um veículo de microorganismose deveria por isso ser fornecida de modo aminimizar os riscos. São correntemente utilizadosdois métodos: as mamadeiras e os sistemas debebedouros automáticos.

3.8.2 Com animais pequenos, como os roedores e coe-lhos, s mamadeira é frequentemente utilizada. Estesrecipientes deveriam ser feitos com um materialtranslúcido, a fim de permitir verificar o seu con-teúdo. O gargalo deveria ser suficientemente largopara permitir uma limpeza fácil e eficaz e, no casode a mamadeira ser de matéria plástica, deveria serresistente à lixívia. As cápsulas, rolhas e tubos deve-riam também ser fáceis de lavar e poder ser este-rilizados. Todas as mamadeiras e acessórios deve-riam ser desmontadas, limpas e esteril izadas aintervalos adequados e periódicos. Em vez de tor-nar a encher as mamadeiras nos locais de aloja-mento dos animais, seria preferível proceder sem-pre à sua substituição por mamadeiras limpas eesterilizadas.

3.8.3 Os bebedouros automáticos deveriam ser objetode inspeção e manutenção periódicas e o seu

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funcionamento deveria ser periodicamente contro-lado a fim de evitar os acidentes e a propagaçãode infecções. Se forem utilizadas gaiolas ou jaulasde pavimento compacto, seria necessário procurardiminuir o risco de inundação. É igualmente reco-mendável a realização periódica de um examebacteriológico do sistema a fim de controlar aqualidade da água.

3.8.4 A água da rede de abastecimento público contémalguns microorganismos geralmente consideradosinofensivos, exceto no caso das experiências efe-tuadas em animais microbiologicamente definidos.Nesses casos, a água deveria ser tratada. A águada rede de abastecimento público é geralmenteclorada para limitar o desenvolvimento de microor-ganismos. Esta clorização nem sempre é suficientepara limitar o crescimento de certos germes pato-gênicos potenciais como as pseudomonas, porexemplo. Uma precaução suplementar podeconsistir em aumentar a taxa de cloro na água ouem acidificar a água para obter o efeito desejado.

3.8.5 A tolerância dos peixes, anfíbios e répteis em rela-ção à acidez, ao cloro e a outros produtos químicosvaria muito de espécie para espécie. Deveriam,portanto, ser tomadas disposições para adaptar aalimentação em água dos aquários e viveiros àsnecessidades e l imiares de tolerância de cadaespécie.

3 .93 .93 .93 .93 .9 Camas dos animaisCamas dos animaisCamas dos animaisCamas dos animaisCamas dos animaisAs camas deveriam ser secas, absorventes, sempoeiras, não tóxicas, isentas de qualquer de in-fecção, de parasitas ou de qualquer outra formade contaminação. Conviria muito especialmenteevitar a utilização de serragem ou de materiais paracama derivados de madeira tratada por processosquímicos. Podem utilizar-se alguns subprodutosou resíduos industriais (como desperdícios depapel).

3 .103 .103 .103 .103 .10 Exercício e manuseamentoExercício e manuseamentoExercício e manuseamentoExercício e manuseamentoExercício e manuseamento

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3.10.1 Seria conveniente aproveitar todas as oportunida-des possíveis para permitir aos animais fazeremexercício.

3.10.2 O comportamento do animal durante uma expe-riência depende em larga medida da sua confiançano homem, confiança essa que é necessário de-senvolver. O animal selvagem ou bravio não seráprovavelmente nunca o animal ideal para experiên-cias. É diferente o caso do animal doméstico, nasci-do e criado em contato com o homem.A confiança já estabelecida deveria, no entanto, serpreservada. Recomenda-se, pois, que sejam man-tidos contatos frequentes de modo a que os animaisse familiarizem com a presença e atividade huma-nas. Se necessário, dever-se-ia dedicar algumtempo a falar com os animais, mexer-lhes e a proce-der à sua limpeza. Ao contatar com os animais, opessoal deveria usar de benevolência, brandura efirmeza.

3 .113 .113 .113 .113 .11 LimpezaLimpezaLimpezaLimpezaLimpeza

3.11.1 A qualidade de uma instalação reservada a animaisdepende muito de uma boa higiene. Deveriam serdadas instruções claras sobre a renovação dascamas nas gaiolas ou jaulas e recintos fechados.

3.11.2 Seria conveniente estabelecer um programa ade-quado para a limpeza, lavagem, descontaminaçãoe, se necessário, esterilização das gaiolas ou jaulas,acessórios, mamadeiras e restante material. Seriaigualmente conveniente manter normas elevadasde limpeza e ordem nos locais reservados aosanimais, bem como nos locais de lavagem e dearmazenagem.

3.11.3 Seria conveniente proceder periodicamente à lim-peza e, se necessário, à substituição dos materiaisque revestem o pavimento das gaiolas ou jaulas edos recintos fechados interiores e exteriores, a fimde evitar que esses locais se tornem fonte de in-

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fecções e sejam infestados por parasitas.

3 .123 .123 .123 .123 .12 Abate dos animais sem sofrimento InútilAbate dos animais sem sofrimento InútilAbate dos animais sem sofrimento InútilAbate dos animais sem sofrimento InútilAbate dos animais sem sofrimento Inútil

3.12.1Qualquer método de abate dos animais sem sofri-mento inútil exige conhecimentos que apenas po-podem ser adquiridos através de formação ade-quada.

3.12.2Pode sangrar-se um animal em estado de profundainconsciência, mas os medicamentos que parali-sam os músculos antes da perda de consciência,os que têm efeitos análogos ao curare e a eletro-cussão sem passagem da corrente pelo cérebronão deveriam ser utilizados sem anestesia prévia.O corpo não deveria ser eliminado antes da apari-ção do rigor mortis.

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Diretiva do ConselhoDiretiva do ConselhoDiretiva do ConselhoDiretiva do ConselhoDiretiva do Conselho

90/313/CEE de 7 de Junho de 199090/313/CEE de 7 de Junho de 199090/313/CEE de 7 de Junho de 199090/313/CEE de 7 de Junho de 199090/313/CEE de 7 de Junho de 1990relativa à liberdade de acesso à informaçãorelativa à liberdade de acesso à informaçãorelativa à liberdade de acesso à informaçãorelativa à liberdade de acesso à informaçãorelativa à liberdade de acesso à informaçãoem matéria de ambienteem matéria de ambienteem matéria de ambienteem matéria de ambienteem matéria de ambiente

O CONSELHO DAS COMUNIDADES EUROPÉIAS,

Tendo em conta o Tratado que institui a ComunidadeEconômica Européia e, nomeadamente, o seu artigo 130-S,

Tendo em conta a proposta da Comissão,

Tendo em conta o parecer do Parlamento Europeu,

Tendo em conta o parecer do Comitê Econômico e Social,

Considerando os princípios e os objetivos definidos pelosprogramas de ação das Comunidades Européias em matériade ambiente de 1973, 1977 e 1983 e, mais especialmente, peloprograma de ação de 1987, que preconiza, designadamente,

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"conceber procedimentos que permitam melhorar o acesso dopúblico à informação detida pelas autoridades responsáveis peloambiente";

Considerando que o Conselho das ComunidadesEuropéias e os representantes dos Governos dos Estados-membros, reunidos no Conselho, declararam, na sua resolução,de 19 de Outubro de 1987, relativa ao prosseguimento erealização de uma política e de um programa de ação dasComunidades Européias em matéria de ambiente (1987-1992),ser importante, no respeito das competências respectivas daComunidade e dos Estados-membros, concentrar a açãocomunitária em certos domínios prioritários, entre os quais figuraa melhoria do acesso à informação em matéria de ambiente;

Considerando que o Parlamento Europeu salientou, noseu parecer sobre o quarto programa de ação dasComunidades Européias em matéria de ambiente, que "deveráser facilitado o acesso de todos os cidadãos à informação,mediante uma ação específica a nível comunitário";

Considerando que o acesso à informação sobre oambiente detida pelas autoridades públicas melhorará aproteção do ambiente;

Considerando que a existência de disparidades entre aslegislações em vigor nos Estados-membros, no que respeitaao acesso à informação sobre o ambiente detida pelasautoridades públicas, pode criar dentro da Comunidadedesigualdades no acesso à informação e/ou nas condições deconcorrência;

Considerando que é necessário garantir a toda e qualquerpessoa singular ou coletiva, no conjunto da Comunidade, aliberdade de acesso à informação sobre o ambiente detida pelasautoridades públicas disponível sob forma escrita, visual, sonoraou de base de dados e relativa ao estado do ambiente, àsatividades ou medidas que causem danos ao ambiente ousejam suscetíveis de os causar, bem como as que visem a suadefesa;

Considerando que, em certos casos específ icos eclaramente definidos, se pode justificar a recusa de um pedido

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de informação relacionada com o ambiente;

Considerando que a recusa da autoridade pública emprestar a informação pedida deve ser fundamentada;

Considerando que o requerente deve ter a possibilidadede interpor um recurso contra a decisão da autoridade pública;

Considerando que deve ser igualmente assegurado oacesso à informação relativa ao ambiente detida pelosorganismos com responsabilidades públicas no domínio doambiente e controlados pelas autoridades públicas;

Considerando que, no âmbito de uma estratégia globalde difusão da informação em matéria de ambiente, haverá quecomunicar ativamente ao público informações gerais sobre oestado do ambiente;

Considerando que a aplicação da presente diretiva deveser revista em função da experiência adquirida,

ADOTOU A PRESENTE DIRETIVA:

Artigo 1ºArtigo 1ºArtigo 1ºArtigo 1ºArtigo 1º

É o objetivo da presente diretiva assegurar a liberdade deacesso e de divulgação das informações relativas ao ambientena posse das autoridades públicas e determinar a forma e ascondições em que essas informações devem ser postas àdisposição.

Artigo 2ºArtigo 2ºArtigo 2ºArtigo 2ºArtigo 2º

Para os efeitos da presente diretiva, entende-se por:

a) "lnformação relativa ao ambiente", qualquer infor-mação disponível sob forma escrita, visual, oral oude base de dados relativa ao estado das águas,do ar, do solo, da fauna, da flora, dos terrenos edos espaços naturais, às atividades (incluindo asque provocam perturbações, tais como os ruídos)ou medidas que os afetem ou possam afetar nega-tivamente e as atividades ou medidas destinadas

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a protegê-los, incluindo medidas administrativas eprogramas de gestão ambiental;

b) "Autoridades públicas", qualquer administraçãopública a nível nacional regional ou local com res-ponsabilidades sobre o ambiente e que possuainformações relacionadas com o ambiente, comexceção dos organismos que atuem com poderesjudiciais ou legislativos.

Artigo 3ºArtigo 3ºArtigo 3ºArtigo 3ºArtigo 3º

1. Sem prejuízo do presente artigo, os Estados-membrosassegurarão que as autoridades públicas dêem acesso àsinformações relacionadas com o ambiente a qualquer pessoasingular ou coletiva que o solicite, sem que tenha de provar terum interesse na questão.

Os Estados-membros definirão as modalidades práticassegundo as quais essas informações serão efetivamentefornecidas.

2. Os Estados-membros podem providenciar no sentido deindeferir um tal pedido de informações sempre que esteja emcausa :

- a confidencialidade das diligências das autorida-des públicas, das relações internacionais e dadefesa nacional,

- a segurança pública,

- matérias que estejam ou que tenham estado emjulgamento ou em fase de instrução (incluindoprocessos disciplinares) ou de investigação preli-minar,

- a confidencialidade comercial e industrial, incluindoa propriedade intelectual,

- a confidencialidade dos dados e/ou registros pes-soais,

- material fornecido por terceiros, sem que estes se

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encontrem juridicamente obrigados a fazê-lo,

- material relativo ao ambiente cuja divulgação possacausar danos ao ambiente.

As informações na posse de autoridades públicas serãoobjeto de uma comunicação parcial, sempre que for possívelapartar a informação sobre questões relacionadas com osinteresses acima referidos.

3. Um pedido de informação pode ser recusado sempre queenvolva o fornecimento de documentos ou dados inaca-badosou ainda de comunicações internas, ou se o pedido carecermanifestamente de razoabilidade ou tiver sido formu-lado demodo demasiado vago.

4. As autoridades públicas responderão o mais rapida-mente possível às pessoas que solicitem informações, no prazomáximo de dois meses. Terão de ser apresentadas as razõesde qualquer recusa a prestar as informações.

Artigo 4ºArtigo 4ºArtigo 4ºArtigo 4ºArtigo 4º

Uma pessoa que considere que o seu pedido deinformação foi infundadamente indeferido ou ignorado, ou querecebeu uma resposta inadequada de uma autoridade pública,pode recorrer a nível judicial ou administrativo da decisão, emconformidade com a legislação nacional aplicável.

Artigo 5ºArtigo 5ºArtigo 5ºArtigo 5ºArtigo 5º

Os Estados-membros podem cobrar o fornecimento dainformação, mas o pagamento não pode ser superior a umcusto razoável.

Artigo 6ºArtigo 6ºArtigo 6ºArtigo 6ºArtigo 6º

Os Estados-membros tomarão as medidas necessáriaspara assegurar que as informações relativas ao ambiente naposse de organismos com responsabil idades públicas emmatéria de ambiente e sob o controle das autoridades públicassejam postas à disposição nos mesmos termos e condiçõesque os referidos nos artigos 3º, 4º e 5º, quer através da

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autoridade pública competente quer diretamente pelo próprioorganismo.

Artigo 7ºArtigo 7ºArtigo 7ºArtigo 7ºArtigo 7º

Os Estados-membros tornarão as medidas necessáriasno sentido de fornecer ao público informações gerais acercado estado do ambiente por meios como a publicação periódicade relatórios descritivos.

Artigo 8ºArtigo 8ºArtigo 8ºArtigo 8ºArtigo 8º

Quatro anos após a data referida no nº 1 do artigo 9º, osEstados-membros apresentarão um relatório à Comissãoacerca da experiência adquiriria, à luz do qual a Comissãoapresentará um relatório ao Parlamento Europeu e ao Conselho,juntamente com eventuais propostas de revisão que possaconsiderar adequadas.

Artigo 9ºArtigo 9ºArtigo 9ºArtigo 9ºArtigo 9º

1. Os Estados-membros porão em vigor as disposiçõeslegislativas, regulamentares e administrativas necessárias paradar cumprimento à presente diretiva o mais tardar até 31 deDezembro de 1992. Desse fato informarão imediatamente aComissão.

2. Os Estados-Membros comunicarão à Comissão o textodas principais disposições de direito nacional que adotarem nodomínio regulado pela presente diretiva.

Artigo 10ºArtigo 10ºArtigo 10ºArtigo 10ºArtigo 10º

Os Estados-membros são os destinatários da presentediretiva.

Feito em Luxemburgo, em 7 de junho de 1990.

Pelo ConselhoO Presidente – P. FLYNN

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Resolução do Conselho das ComunuidadesResolução do Conselho das ComunuidadesResolução do Conselho das ComunuidadesResolução do Conselho das ComunuidadesResolução do Conselho das ComunuidadesEuropéias e dos Representantes dos Governos dos Estados-Européias e dos Representantes dos Governos dos Estados-Européias e dos Representantes dos Governos dos Estados-Européias e dos Representantes dos Governos dos Estados-Européias e dos Representantes dos Governos dos Estados-

membros reunidos no Conselhomembros reunidos no Conselhomembros reunidos no Conselhomembros reunidos no Conselhomembros reunidos no Conselho

93/C 138/01 de 1 de Fevereiro de 1993 *93/C 138/01 de 1 de Fevereiro de 1993 *93/C 138/01 de 1 de Fevereiro de 1993 *93/C 138/01 de 1 de Fevereiro de 1993 *93/C 138/01 de 1 de Fevereiro de 1993 *relativa a um programa comunitário de política e açãorelativa a um programa comunitário de política e açãorelativa a um programa comunitário de política e açãorelativa a um programa comunitário de política e açãorelativa a um programa comunitário de política e açãorelacionado com o ambiente e o desenvolvimentorelacionado com o ambiente e o desenvolvimentorelacionado com o ambiente e o desenvolvimentorelacionado com o ambiente e o desenvolvimentorelacionado com o ambiente e o desenvolvimentosustentávelsustentávelsustentávelsustentávelsustentável

O CONSELHO DAS COMUNIDADES EUROPÉIAS E OSREPRESENTANTES DOS GOVERNOS DOS ESTADOS-MEMBROS DAS COMUNIDADES EUROPÉIAS REUNIDOS NOCONSELHO,

* * * * * Em 16 de dezembro de 1992, o Conselho de Ministros do Ambienteadotou uma resolução baseada na proposta da Comissão Européiarelativa ao 5º programa de política e ação relacionado com o ambientee o desenvolvimento sustentável. O programa teve como objetivocontinuar o 4º Programa de Ação Ambiental, que expirou no final de1992. O programa apresentou uma nova abordagem dos problemasambientais baseada no princípio do desenvolvimento sustentável. Oprograma baseia-se também nas ações preventivas e cautelares e napartilha das responsabilidades a que se refere o Tratado da UniãoEuropéia, assinado em Maastricht em 7 de fevereiro de 1992. Nestevolume, foi incluído um resumo do 5º Programa.

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Tendo em conta o Tratado que institui a ComunidadeEuropéia do Carvão e do Aço,

Tendo em conta Tratado que institui a ComunidadeEconômica Européia,

Tendo em conta o Tratado que institui a ComunidadeEuropéia da Energia Atômica,

Tendo em conta o projeto da Comissão,

Tendo em conta o parecer do Parlamento Europeu,

Tendo em conta o parecer do Comitê Econômico e Social.

Considerando que o Tratado que institui a ComunidadeEconômica Européia, com a redação que lhe foi dada pelo AtoÚnico Europeu, prevê expressamente o desenvolvimento e aimplementação de urna política comunitária em matéria deambiente; que o Tratado da União Européia, assinado emMaastricht em 7 de Fevereiro de 1992, tem como um dos seusprincipais objetivos a promoção de um crescimento sustentávelque respeite o ambiente, e especifica os objetivos e princípiosorientadores dessa política e os fatores a ter em conta na suaelaboração;

Considerando que a Declaração dos Chefes de Estado ede Governo reunidos no Conselho em 26 de junho de 1990prevê nomeadamente um novo programa de ação em matériade ambiente, a elaborar com base nos princípios de umdesenvolvimento sustentável, de uma ação preventiva e cautelare da partilha de responsabilidades;

Considerando que a Comunidade e os seus Estados-membros adquiriram uma importante experiência no desenvol-vimento e execução de políticas e legislação em matéria deambiente, tendo assim reforçado a proteção do ambiente;

Considerando que a Conferência das Nações Unidassobre o Ambiente e o Desenvolvimento (CNUAD), reunida noRio de janeiro de 3 a 14 de junho de 1992, adotou a Declaraçãodo Rio e a Agenda 21, que têm por objetivo alcançar padrõesde desenvolvimento sustentáveis a nível mundial, bem como

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uma Declaração de Princípios sobre as Florestas; que foramabertas à assinatura importantes convenções sobre alteraçõesclimáticas e biodiversidade, que foram assinadas pela Comu-nidade e pelos seus Estados-membros, e que a Comunidade eos seus Estados-membros subscreveram igualmente a Agenda21 e as referidas declarações;

Considerando que, por ocasião do Conselho Europeu deLisboa de 27 de junho de 1992, a Comunidade e os seusEstados-Membros se comprometeram a por rapidamente emprática as principais medidas acordadas na CNUAD;

Considerando que, nas sessões de Lisboa, de 27 de junhode 1992, e de Birmingham, de 16 de Outubro de 1992, oConselho Europeu convidou a Comissão e o Conselho adesenvolver trabalhos relativos à implementação do princípioda subsidiariedade e que o Conselho Europeu de Edimburgode 11-12 de Dezembro de 1992 aprovou princípios, orientaçõese processos para a sua aplicação prática; que, de acordo como princípio da subsidiariedade, muitos aspectos da política edas ações específ icas contidas no Programa "Para umDesenvolvimento Sustentável", adiante designado o "Programa",devem ser desenvolvidos a outros níveis para além daquelesque envolvem as competências das Comunidades Européias;

Considerando que a estratégia preconizada no Programase baseia numa integração satisfatória das políticas ambientaise de outras políticas pertinentes;

RECONHECEM que o Programa apresentado pelaComissão foi concebido de modo a refletir os objetivos eprincípios do desenvolvimento sustentável, das açõespreventivas e cautelares e da partilha de responsabilidades,estabelecidos na Declaração dos Chefes de Estado e de Gover-no da Comunidade reunidos no Conselho em 26 de junho de1990 e no Tratado da União Européia assinado em Maastrichtem 7 de Fevereiro de 1992;

CONSIDERAM que, enquanto instrumento de enquadra-mento global e de abordagem estratégica do desenvolvimentosustentável, o Programa constitui um ponto de partida adequadopara a implementação da Agenda 21 pela Comunidade e pelosEstados-membros;

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REGISTRAM que muitas das atuais formas de atividadee desenvolvimento não são sustentáveis em termos ambientaise SUBSCREVEM assim o objetivo geral de orientar gradual-mente a atividade e o desenvolvimento humanos para formassustentáveis;

CONCORDAM que a realização de um desenvolvimentosustentável exige alterações significativas dos atuais padrõesde desenvolvimento, produção, consumo e comportamento;

DECLARAM que essas alterações implicam a partilha deresponsabilidades a nível mundial, comunitário, nacional,regional, local e mesmo individual;

RECONHECEM que, quando da sua aplicação, o Progra-ma levará em consideração a diversidade das várias regiõesda Comunidade, será coerente com os objetivos de reforço dacoesão econômica e social e tenderá para um elevado nível deproteção do ambiente;

REGISTRAM que as Conclusões dos Conselhos Euro-peus de Birmingham de 16 de Outubro de 1992, e de Edim-burgo de 11 e 12 de Dezembro de 1992, nortearão as açõescomunitárias relacionadas com o princípio da subsidiariedade;

INSTAM a Comissão a assegurar que todas as propostasrelativas às questões ambientais que venha a formular reflitaminteiramente esse princípio e COMPROMETEM-SE a analisaressas propostas caso a caso para garantir o respeito do mesmoprincípio;

RECONHECEM que, de acordo com o princípio dasubsidiariedade e o conceito da partilha de responsabilidades,alguns dos aspectos da política e ações específicas indicadasno Programa terão que vir a ser implementados a outros níveisque não o comunitário;

REGISTRAM que a aplicação do princípio da subsidiarie-dade não conduzirá a um retrocesso na política comunitárianem entravará o seu efetivo desenvolvimento no futuro;REGISTRAM todavia que a eficácia desta política será reforçadase forem tomadas iniciativas ao nível adequado;

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No que respeita ao ambiente e desenvolvimento nasComunidades Européias:

REGISTRAM o Relatório sobre o estado do ambientepublicado pela Comissão em conjunto com o Programa;REGISTAM o impacto de um modo geral positivo dos anterioresprogramas de ação relativamente a determinados problemasambientais; REGISTRAM que o termo do atual programa deação em matéria de ambiente coincide com a realização doMercado Interno; REGISTRAM que, no decurso do Quinto Pro-grama, a dimensão ambiental do Mercado Interno deverá serreforçada;

CONSIDERAM no entanto que as atuais medidas nãoparecem ser por si só suficientes para fazer face ao aumentodas pressões sobre o ambiente que podem surgir emconsequência das tendências, atuais e esperadas, da atividadeeconômica e social da Comunidade e da evolução nas regiõesvizinhas, especialmente na Europa Central e Oriental e a nívelinternacional em geral;

CONCORDAM que são necessárias políticas e estratégiasde ambiente e desenvolvimento mais progressivas, maiscoerentes e melhor coordenadas, que impliquem todos os níveisda sociedade;

DEFENDEM, a fim de evitar nomeadamente um consumoexagerado de recursos naturais e de impedir a poluição, aexploração do conceito de gestão do ciclo de vida dos produtose processos, particularmente no que se refere à gestão dosresíduos, à utilização de tecnologias limpas ou mais limpas e àsubsti tuição de determinados processos e substânciasperigosos por outros menos perigosos do modo mais eficazpossível do ponto de vista da relação custo/benefício;

SUBSCREVEM a estratégia que leva a atribuir uma maiore devida atenção a determinados setores-chave de formacoordenada e global, inclusive através de um reforço do diálogocom os principais agentes dos setores referidos no Programa;

RECONHECEM a necessidade de ter em conta umaestratégia e um plano de ação globais da Comunidade para aconservação e proteção da natureza, especialmente no que se

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refere à biodiversidade e às florestas;

REAFIRMAM que é de crucial importância garantir queas preocupações ambientais sejam plenamente tomadas emconsideração, a partir da fase inicial, no desenvolvimento deoutras políticas e respectiva implementação, e a necessidadede mecanismos adequados nos Estados-membros, noConselho e na Comissão que ajudem a consumar esta inte-gração, sobre a qual assenta a estratégia preconizada peloPrograma;

CONVIDAM a Comissão a contemplar o desenvolvimentode iniciat ivas nesse sentido, incluindo o exame daspossibilidades nas áreas a seguir indicadas, e a comunicaroportunamente as suas conclusões:

- novos mecanismos no âmbito da Comissão desti-nados a reforçar a cooperação entre as diversaspolíticas no desenvolvimento da legislação proposta,incluindo os aspectos organizativos;

- a integração nos relatórios regulares sobre o estadode avanço da implementação do Programa e daAgenda 21, de avaliações específicas setor a setor,da contribuição de outras políticas para o cumpri-mento dos objetivos ambientais;

- a inclusão, nas novas propostas legislativas, de umaseção relativa às possíveis repercussões sobre oambiente;

- a dimensão ambiental na atribuição de fundos co-munitários;

COMPROMETEM-SE a considerar, a nível nacional e anível do Conselho, nas suas várias formações, a introdução demedidas comparáveis para atingir objetivos idênticos;

RECONHECEM que a participação de todos os setoresda sociedade num espírito de partilha de responsabilidadesexige que a gama de instrumentos para complementar alegislação normativa seja quando for caso disso aprofundada ealargada mediante,

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- instrumentos baseados no mercado e outros instru-mentos econômicos;

- investigação e desenvolvimento, informação, ensinoe formação;

- mecanismos de apoio financeiro:

- esquentas voluntários;

TOMAM NOTA dos objetivos, metas, ações e prazosindicados no Programa, que consideram um ponto de partidaútil na evolução para um desenvolvimento sustentável;

RECONHECEM a contribuição do Programa para osesforços desenvolvidos no sentido de cumprir o objetivo definidono Tratado que institui a Comunidade Econômica Européia esegundo o qual a política comunitária no domínio do ambientedeve ter em conta as vantagens e os encargos que podemresultar da atuação ou da ausência de atuação; e CONVIDAMa Comissão a elaborar propostas adequadas à luz dos estudosque possam vir a revelar-se necessários;

TOMAM NOTA de que a sustentabilidade da atividade edo desenvolvimento não será alcançada durante o período deduração do Programa e, que, portanto, serão provavelmentenecessárias outras medidas ainda mais progressivas para alémdo ano 2000, a fim de que o ambiente seja transmitido em bomestado à próxima geração, de forma a manter a saúde públicae o bem-estar social e econômico a um nível elevado;

TOMAM NOTA igualmente de que, embora muitas dasmedidas e ações abranjam um período que se estende até aoano 2000, e mesmo para além, está prevista uma revisão globaldo Programa antes do final de 1995; CONVIDAM entretanto oGrupo de Revisão da Política de Ambiente proposto no Progra-ma, logo que esteja constituído, a sujeitar a implementação doPrograma a uma revisão com base em relatórios periódicos daComissão onde se faça uma síntese dos progressos reali-zadosno âmbito do Programa; devem ser ponderadas as rela-çõesentre comércio e ambiente, no âmbito do processo de revisão;

INSTAM a Comissão a dedicar especial atenção, nas suasrevisões do programa, a qualquer revisão necessária dos

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objetivos e prioridades, depois de ter efetuado as consultasadequadas, nomeadamente junto dos Estados-membros;

CONSIDERAM que, a fim de garantir uma execução maiseficaz das medidas comunitárias em matéria de ambiente, háque aperfeiçoar os processos de cooperação entre a Comissãoe os Estados-membros;

ACENTUAM a importância de uma execução e aplicaçãoeficazes da legislação comunitária em todos os Estados-membros; SALIENTAM que deve ser dada a devida atenção,quer na fase de proposta de legislação, quer na da sua adoção,à qualidade dos textos legislativos, em especial em termos deexequibil idade da sua implementação e aplicação; ecomprometem-se a discutir no Conselho o relatório anual daComissão sobre o estado da execução e aplicação da legislaçãocomunitária nos Estados-membros;

REGISTRAM que, embora os Estados-Membros sejamresponsáveis pela execução e aplicação das medidasacordadas pelo Conselho, a Comissão continua a ser o órgãoapropriado para controlar essa execução e aplicação; e INSTAMa Comissão a ponderar a apresentação de propostasdestinadas a melhorar o funcionamento das agências deaplicação da legislação nos Estados-membros e a incentivar adifusão das melhores práticas;

SALIENTAM a necessidade de que a Agência Européiado Ambiente entre em funcionamento o mais rapidamentepossível;

TOMAM NOTA da proposta do Programa para a criaçãode um Fórum Consultivo e de um Grupo de Revisão da Políticade Ambiente e de uma rede de agências de aplicação dalegislação dos Estados-membros;

ACOLHEM FAVORAVELMENTE o princípio de uma maisvasta e mais sistemática consulta dos órgãos interessados;

No que respeita ao ambiente e desenvolvimento a nívelinternacional,

AFIRMAM que a Comunidade e os Estados-membros

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contribuirão positivamente para a implementação de estra-tégias eficazes para abordar problemas como as alteraçõesclimáticas, o desflorestamento, a desertificação, o empobreci-mento da camada de ozônio e a perda da biodiversidade epara cumprir, no mais breve prazo, os compromissos assumi-dos após a ratificação das convenções internacionais rele-vantes;

COMPROMETEM-SE a desempenhar um papel positivona formulação de programas de desenvolvimento sustentável,inclusive nos países em desenvolvimento e nos países daEuropa Central e Oriental, no âmbito dos acordos comunitáriosde cooperação e associação;

TOMAM NOTA de que muitas das medidas comunitáriasprevistas no Programa se destinam a diminuir o consumo exa-gerado de recursos e, por conseguinte, contribuirão para umamaior eficiência na gestão dos recursos a nível internacional;

REAFIRMAM o seu empenho em implementar o planode oito pontos de acompanhamento da CNUAD acordado noConselho Europeu de Lisboa. Entre as tarefas atribuídas àComunidade e aos seus Estados-membros inclui-se:

- estabelecer a base para a ratificação até finais de1993 das Convenções relativas às alteraçõesclimáticas e à biodiversidade e elaborar até à mes-ma data as estratégias nacionais pertinentes;

- integrar o mais rapidamente possível a Declaraçãodo Rio, a Agenda 21 e a Declaração de Princípiossobre as Florestas em políticas adequadas daComunidade e dos seus Estados-membros;

- envidar esforços para proceder a uma revisão daaplicação dos princípios sobre as florestas sob aégide da Comissão do Desenvolvimento Susten-tável (CDS) e preparar a elaboração de uma even-eventual Convenção sobre as florestas;

- participar de forma positiva nas negociações rela-tivas a uma eventual Convenção sobre a Deser-tificação;

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- cumprir os compromissos de reforçar a ajuda aospaíses em desenvolvimento no campo do desen-volvimento sustentável e aumentar o financiamentoda Agenda 21, identificando o suporte financeiro aconceder a esses países, incluindo recursos novose adicionais significativos;

a este respeito, concretizar o compromisso de 3 milharesde milhões de ecus assumido no Rio pela Comunidade Euro-péia e os seus Estados-membros como uma primeira contribui-ção para a implementação rápida e eficaz da Agenda 21, comprioridade para a transferência de tecnologias, o desenvol-vimento da capacidade institucional e a redução da pobreza;

envidar esforços para a reestruturação e o reaprovisio-namento do Fundo Mundial para a Proteção do Ambiente, demodo a que este passe a constituir o mecanismo financeiropermanente para as novas Convenções mundiais pertinentesem matéria de ambiente, nomeadamente as Convenções sobrealterações climáticas e biodiversidade;

continuar a refletir sobre a possibilidade de a Terra serincluída nas ações da Associação Internacional doDesenvolvimento (AID) para efeitos de proteção do ambiente;

REGISTRAM que a implementação do Programa consti-tuirá uma importante contribuição da Comunidade Européia edos seus Estados-membros para o acompanhamento doAgenda 21;

SALIENTAM a necessidade de incentivar a participaçãode Organizações não Governamentais (ONG) e dos outrosprincipais grupos no seguimento da CNUAD, a nível nacional eda CDS;

SALIENTAM a importância da criação da CDS e anecessidade de uma plena participação da Comunidade nosseus trabalhos, na l inha das conclusões aprovadas peloConselho em 23 de Novembro de 1992, e TOMAM NOTA deque a Comunidade e os Estados-membros deverão apresentarregularmente à CDS relatórios sobre o avanço da implemen-tação da Agenda 21;

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e, em face do que precede,

CONFIRMAM a necessidade de um programa de políticae de ação relacionado com o ambiente que tenha por objetivoalcançar a via para um desenvolvimento sustentável;

APROVAM a abordagem e a estratégia globais doPrograma "Para um Desenvolvimento Sustentável" apresentadopela Comissão;

CONVIDAM a Comissão a apresentar propostas ade-quadas de aplicação concreta do Programa no que se refereàs ações a nível comunitário:

COMPROMETEM-SE a decidir sobre as propostasapresentadas pela Comissão o mais rapidamente possível,tendo em conta os objetivos, metas e prazos indicativospertinentes previstos no Programa, que serão objeto dediscussão no contexto dessas propostas;

CONVIDAM todas as insti tuições comunitárias, osEstados-membros, as empresas e os cidadãos a assumiremas respectivas responsabilidades na proteção do ambiente emprol das gerações presentes e futuras e a desempenharemcabalmente o papel que lhes cabe na implementação doPrograma.

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Em direção a um desenvolvimento sustentávelEm direção a um desenvolvimento sustentávelEm direção a um desenvolvimento sustentávelEm direção a um desenvolvimento sustentávelEm direção a um desenvolvimento sustentável

Um programa da Comunidade EuropéiaUm programa da Comunidade EuropéiaUm programa da Comunidade EuropéiaUm programa da Comunidade EuropéiaUm programa da Comunidade Européiade política e ação em matéria de ambiente ede política e ação em matéria de ambiente ede política e ação em matéria de ambiente ede política e ação em matéria de ambiente ede política e ação em matéria de ambiente edesenvolvimento sustentáveldesenvolvimento sustentáveldesenvolvimento sustentáveldesenvolvimento sustentáveldesenvolvimento sustentável

IntroduçãoIntroduçãoIntroduçãoIntroduçãoIntrodução

1. Nas últ imas duas décadas, quatro programascomunitários de ação em matéria de ambiente deram origema cerca de 200 textos legislativos cobrindo a poluição daatmosfera, da água e dos solos, a gestão dos resíduos, assalvaguardas face aos produtos químicos e à biotecnologia, asnormas de produtos, a avaliação do impacto ambiental e aproteção da natureza. O 4º Programa Comunitário de Ação emmatéria de Ambiente ainda não terminou - decorre até ao fimde 1992 - e o seu impacto só será conhecido daqui a algunsanos. Embora estes programas e medidas tenham permitidoobter resultados em muitas áreas, a conjugação de váriosfatores exige, na atual situação, uma política com um alcance

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mais vasto e uma estratégia mais eficiente:

(i) o novo Relatório sobre o Estado do Ambiente pu-blicado ao mesmo tempo que este programaindica uma lenta mas constante deterioração doestado geral do ambiente na Comunidade apesardas medidas tomadas nas últimas duas décadas,nomeadamente no que diz respeito às questõesabordadas no ponto 16 infra; o relatório apontaainda deficiências significativas a nível da qualidade,quantidade e comparabilidade de dados cruciaispara as políticas e decisões relacionadas com oambiente. Neste contexto, é da máxima importânciaque a Agência Européia do Ambiente fique ope-racional.

(ii) a abordagem atual e as medidas existentes nãoforam concebidas para dar resposta ao aumentoprevisto da concorrência internacional e à tendênciade crescimento dos níveis de atividade e desenvol-vimento na Comunidade, que imporão pressõesainda maiores aos recursos naturais, ao ambientee, em última análise, à qualidade de vida;

(iii) as preocupações globais relativas à mudança cli-mática/desflorestamento/crise energética, a gravi-dade e persistência dos problemas de subdesen-volvimento e o progresso das alterações políticase econômicas na Europa Central e de Leste aumen-tam a responsabilidade da Comunidade Européiana esfera internacional.

2. O novo Tratato de União Européia, assinado portodos os Estados-membros em 7 de Fevereiro de 1992, intro-duziu a promoção de um crescimento sustentável que respeiteo ambiente como um objetivo principal (art. 2º). O Tratado incluientre as atividades da União uma política no domínio doambiente (alínea k do artigo 3º), especifica que essa políticadeve ter por objetivo um nível de proteção elevado e que asexigências em matéria de proteção do ambiente devem serintegradas na definição e aplicação das demais polí t icascomunitárias (nº 2 do artigo 130-R). O novo Tratado atribui aindagrande importância ao princípio da subsidiariedade (artigo 3º-

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B) e estipula que as decisões devem ser tomadas ao nível maispróximo possível dos cidadãos (art. A). Para além disso, a políticacomunitária em matéria de ambiente deve contribuir para apromoção, no plano internacional, de medidas destina-das aenfrentar os problemas regionais ou mundiais do am-biente (nº1 do artigo 130-R). Neste último contexto, a Comuni-dadeempenhar-se-á em encontrar soluções no domínio dodesenvolvimento e do ambiente na Conferência das NaçõesUnidas sobre o Ambiente e o Desenvolvimento (CNUAD), queterá lugar no Rio de janeiro em junho de 1992.

3. Todas as atividades humanas têm um impacto nomundo biofísico e são, por sua vez, afetadas por este. A capaci-dade de controlar esta inter-relação condiciona a continuidadeao longo do tempo dos diferentes tipos de atividade e o potencialde desenvolvimento econômico e social. Na Comuni-dade, osucesso a longo prazo das iniciativas mais importantes, comoo mercado interno e a união econômica e monetária, dependeráda sustentabilidade das políticas adotadas nos domínios daindústria, energia, transportes, agricultura e desenvolvimentoregional; mas cada uma destas políticas, quer consideradasisoladamente, quer ao nível das suas inter-relações, dependepor sua vez da capacidade de carga do ambiente.

4. O equilíbrio pretendido entre a atividade humana eo desenvolvimento e a proteção do ambiente exige uma repar-tição de responsabilidades equitativa e claramente definida porreferência ao consumo e ao comportamento face ao ambientee aos recursos naturais. Isto implica a integração de consi-derações ambientais na formulação e implementação daspolíticas econômicas e setoriais, nas decisões das autoridadespúblicas, na operação e desenvolvimento dos processos deprodução e nos comportamentos e escolhas individuais. Implicaigualmente a existência de um diálogo real e a concertação deações de parceiros que podem ter prioridades de curto prazodiferentes; tal diálogo terá de ser apoiado por informação objetivae crível.

5. Na acepção em que é utilizada no documento, apalavra "sustentável" pretende refletir uma política e estratégiade desenvolvimento econômico e social contínuo, sem prejuízodo ambiente e dos recursos naturais, de cuja qualidade depen-de a continuidade da atividade humana e do desenvolvimento.

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O Relatório da Comissão Mundial do Ambiente e Desenvol-vimento (Brundtland) definiu o desenvolvimento sustentávelcomo um desenvolvimento que satisfaz as necessidades dopresente sem comprometer a capacidade das gerações futurasde satisfazer as suas próprias necessidades. Este desen-volvimento implica a preservação do equilíbrio global e o valordas reservas de capital natural, a redefinição dos critérios einstrumentos de avaliação custo/beneficio de curto, médio elongo prazo de forma a refletirem os efeitos socioeconômicose os valores reais do consumo e da conservação, e a distribuiçãoe utilização equitativa dos recursos entre as nações e as regiõesa nível global e à escala mundial. No tocante a este último ponto,o Relatório Brundtland apontou o fato de os paísesdesenvolvidos, com apenas 26% da população mundial, seremresponsáveis por cerca de 80% do consumo mundial deenergia, aço e outros metais e de papel, bem como por cercade 40% dos alimentos.

6. A realização do desenvolvimento sustentável exigeem termos práticos, entre outras coisas, que:

- uma vez que as reservas de matérias-primas sãofinitas, o fluxo de substâncias ao longo das váriasfases da transformação, consumo e utilização sejagerido de forma a facilitar ou encorajar a otimizaçãoda reutilização e reciclagem, evitando-se assim osdesperdícios e o esgotamento das reservas derecursos naturais;

- a produção e o consumo de energia sejam racio-nalizadas;

- os padrões de consumo e de comportamento daprópria sociedade sejam alterados.

7. É evidente que o desenvolvimento sustentável nãoé um objetivo que seja possível atingir num período tão curtocomo o abrangido por este programa. Consequentemente, oprograma "Em Direção a um Desenvolvimento Sustentável" deveser considerado apenas como um passo importante numesforço de mais longo prazo para salvaguardar o ambiente e aqualidade de vida na Comunidade e, em última instância, nonosso planeta.

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O papel da Comunidade na esfera internacional alargadaO papel da Comunidade na esfera internacional alargadaO papel da Comunidade na esfera internacional alargadaO papel da Comunidade na esfera internacional alargadaO papel da Comunidade na esfera internacional alargada

8. Nas primeiras fases, a política e as ações da Comu-nidade em matéria de ambiente centraram-se principalmentena resolução de problemas especialmente graves naComunidade. Mais tarde, reconheceu-se claramente que apoluição não parava nas fronteiras da Comunidade e que,consequentemente, era necessário intensificar a cooperaçãocom países terceiros. Nos anos mais recentes deu-se mais umpasso, sendo agora geralmente aceite que os problemas denatureza globaI – mudança climática, redução da camada deozônio, diminuição da biodiversidade, etc. – estão a ameaçarseriamente o equilíbrio ecológico de todo o nosso planeta.

9. Estas questões devem ser abordadas no mais altonível na Conferência das Nações Unidas sobre o Ambiente e oDesenvolvimento (CNUAD). Tal como a Conferência da ONUde 1972, em Estocolmo, deu origem a uma nova sensibilizaçãoe preocupação com o ambiente a nível internacional, tambéma CNUAD pode dar uma nova dimensão à vontade política globale ao empenho numa ação eficaz. Para além da esperadaadoção de convenções-quadro sobre a mudança climática e abiodiversidade e de princípios de conservação edesenvolvimento das florestas, a CNUAD deve igualmentepreparar o caminho através da adoção de:

- uma "Carta da Terra" ou Declaração de direitos eobrigações básicas no domínio do ambiente e do desenvol-vimento;

- um plano de ação, a "Agenda 21", que constituirá oprograma de trabalhos acordado pela comunidade inter-nacional para o período posterior a 1992, incluindo o séculoXXI.

10 . Na declaração sobre o ambiente feita em Dublim,em junho de 1990, o Conselho Europeu sublinhou a responsa-bilidade especial da Comunidade e dos seus Estados-Membrosna esfera internacional alargada ao declarar que "a Comuni-dade deve utilizar de forma mais eficaz a sua autoridade moral,econômica e política para promover os esforços internacionaisno sentido da resolução dos problemas planetários e para

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incentivar um desenvolvimento duradouro e o respeito pelosdomínios comuns do ambiente". Em conformidade com estadeclaração, a Comunidade e os Estados-membros devemredobrar os seus esforços para promover as ações interna-cionais de proteção do ambiente e para contribuir para asatisfação das necessidades e exigências específicas dos seusparceiros dos países em desenvolvimento e da Europa Centrale de Leste.

A credibilidade do mundo industrializado, incluindo aComunidade, do ponto de vista dos países em desenvolvi-mento, será proporcional à medida em que os países indus-trializados arrumem as suas próprias casas. Ao adotar e imple-mentar o programa, a Comunidade ficará em posição de assu-mir a liderança prevista na Declaração de Dublim.

A nova estratégia para o ambiente e o desenvolvimentoA nova estratégia para o ambiente e o desenvolvimentoA nova estratégia para o ambiente e o desenvolvimentoA nova estratégia para o ambiente e o desenvolvimentoA nova estratégia para o ambiente e o desenvolvimento

11 . A abordagem adotada na concepção deste novoprograma de política é diferente da aplicada nos anterioresprogramas de ação ambientar:

- a atenção é focada nos agentes e atividades queesgotam os recursos naturais e causam danos aoambiente, em vez de se esperar que os problemassurjam;

- propõe-se desencadear alterações das tendênciase práticas atuais que são prejudiciais ao ambiente,de forma a garantir condições otimizadas para ocrescimento e bem-estar socioeconômico das ge-rações atuais e futuras;

- tem por objetivo a realização dessas alterações dospadrões sociais de comportamento através daparticipação otimizada de todos os setores dasociedade num espírito de responsabilidade parti-lhada, incluindo a administração pública, as empre-sas públicas e privadas e o público em geral (querna qualidade de cidadãos, quer na de consumi-dores);

- a responsabilidade será repartida através de umalargamento significativo da gama de instrumentos

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a aplicar simultaneamente para a resolução dequestões ou problemas específicos.

12 . Para cada uma das questões principais, sãoavançados objetivos a longo prazo como uma indicação dosentido dos esforços a desenvolver com vista à realização dodesenvolvimento sustentável, sendo igualmente indicadasmetas a atingir até ao ano 2000, bem como uma seleçãorepresentativa de ações orientadas para a realização dessasmetas. Estes objetivos e metas não constituem compromissosjurídicos, mas antes níveis de realização para que se deveapontar agora de forma a que seja possível entrar numa via dedesenvolvimento sustentável. Por outro lado, nem todas asações indicadas exigem legislação a nível comunitário ounacional. (Nota: devido às disparidades e lacunas substanciaisa nível da qualidade e quantidade dos dados disponíveis, nãofoi possível estabelecer os objetivos e metas do programa comníveis homogêneos de precisão).

13 . O programa leva em consideração a diversidadede situações das várias regiões da Comunidade e, em especial,a necessidade de desenvolvimento econômico e social dasregiões menos prósperas da Comunidade. Está vocacionadopara a proteção e valorização das vantagens intrínsecas dessasregiões, bem como para a proteção dos seus recursos naturaismais valiosos, enquanto base de recursos do desenvolvimentoeconômico e da melhoria social e prosperidade. No que dizrespeito às regiões mais desenvolvidas da Comunidade, oobjetivo é o de restabelecer ou manter a qualidade do seuambiente e base de recursos naturais, para garantir acontinuidade da sua atividade econômica e a qualidade de vidanessas regiões.

14 . O sucesso desta abordagem dependeráfortemente da circulação e da qualidade da informação relativaao ambiente trocada entre os vários agentes, incluindo o públicoem geral. O papel da Agência Européia do Ambiente é crucialno que diz respeito à avaliação e divulgação da informação, àdistinção entre os riscos reais e os riscos aparentes e aoestabelecimento de uma base científica e racional para asdecisões e ações que afetam o ambiente e os recursos naturais.

15 . No que se refere à motivação do público em geral,as principais tarefas ficarão a cargo de outros níveis, que não o

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comunitário. A Comissão contribuirá para este objetivo atravésde uma campanha de informação e sensibilização ambientalpromovida pelos seus serviços de informação.

Nunca é demais realçar a importância do ensino nodesenvolvimento da consciencialização ambiental, devendo aeducação ambiental integrar os currículos escolares logo a partirdo ensino primário.

Desafios o prioridades ambientaisDesafios o prioridades ambientaisDesafios o prioridades ambientaisDesafios o prioridades ambientaisDesafios o prioridades ambientais

16 . O programa foca vários temas ambientais:mudança climática, acidif icação e poluição atmosférica,esgotamento dos recursos naturais e da biodiversidade,esgotamento e poluição dos recursos hídricos, deterioração doambiente urbano, deterioração das zonas costeiras e resíduos.Esta lista não é exaustiva, mas, em conformidade com o princípioda subsidiariedade, inclui questões especialmente importantesque têm uma dimensão comunitária, quer devido àsimplicações a nível do mercado interno, das característicastransfronteiriças, da repartição dos recursos ou da coesão, querporque têm uma importância crucial na qualidade e condiçõesambientais em quase todas as regiões da Comunidade.

17 . As questões não são abordadas tanto comoproblemas, mas mais como sintomas de má gestão e abusos.Os "problemas" reais, que causam perdas e danos ambientais,são os padrões atuais de consumo e comportamento humano.Tendo presente esta distinção e o respeito pelo princípio dasubsidiariedade, serão considerados prioritários os seguintesdomínios de ação, com o objetivo de realizar melhorias oualterações sensíveis durante o período abrangido peloprograma:

- Gestão Sustentável dos Recursos Naturais: solo,água, áreas naturais e zonas costeiras;

- Controle Integrado da Poluição e Prevenção da Pro-dução de Resíduos;

- Redução do Consumo de Energia Não Renovável;- Gestão Mais Eficiente da Mobilidade, incluindo mo-

dos de transporte e decisões de localização mais

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eficientes e racionais do ponto de vista do ambiente;

- Conjuntos coerentes de medidas orientadas paraa melhoria da qualidade ambiental nas áreas ur-banas,

- Melhorla da Saúde e Segurança da População ,com destaque para a avaliação e gestão do riscoindustrial, segurança nuclear e proteção contra asradiações.

Setores-alvo selecionadosSetores-alvo selecionadosSetores-alvo selecionadosSetores-alvo selecionadosSetores-alvo selecionados

18 . Foram selecionados cinco setores-alvo que rece-bem uma atenção especial neste programa: indústria, energia,transportes, agricultura e turismo. Os setores em causa sãosetores em que a Comunidade, enquanto tal, tem um papelinigualável a desempenhar e em que o nível mais eficiente deabordagem dos problemas que esses setores causam ouenfrentam é o comunitário. Os setores foram ainda escolhidosdevido aos impactos particularmente significativos que têm, oupodem ter, no conjunto do ambiente e porque, devido à suanatureza, lhes cabe um papel crucial no esforço que visaalcançar um desenvolvimento sustentável. A abordagem aossetores-alvo foi concebida não apenas para a proteção da saúdepública e do ambiente, enquanto tal, mas também para beneficioe sustentabilidade dos próprios setores.

IndústriaIndústriaIndústriaIndústriaIndústria

19 . Enquanto as anteriores medidas ambientaistendiam a ser de natureza proibitiva, com a tônica colocadanuma abordagem do tipo "não poderás", a nova estratégiabaseia-se mais numa abordagem do tipo "trabalhemos emconjunto". Isto reflete a progressiva tomada de consciência nomundo industrial e empresarial de que a indústria, para alémde ser uma componente significativa do problema (ambiental),deve igualmente ser parte integrante da solução. A novaabordagem implica, em especial, o reforço do diálogo com aindústria e o encorajamento, nas circunstâncias apropriadas,de acordos voluntários e outras formas de auto-regulação.

Em todo o caso, a ação comunitária é e continuará a serum importante elemento para evitar a ocorrência de distorções

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nas condições de concorrência e para preservar a integridadedo mercado interno.

20 . Os três pilares em que a relação ambiente/indústriase baseará são os seguintes:

- melhor gestão dos recursos tendo em vista a suautilização racional e a melhoria da posição concor-rencial;

- utilização da informação para promover melhoresescolhas do consumidor e aumento da confiançado público na atividade e nos controles industriaise na qualidade dos produtos;

- normas comunitárias para os produtos e processosde produção.

Na concepção das medidas destinadas a garantir asustentabilidade do setor industrial, será dada especial atençãoà situação das pequenas e médias empresas e à questão dacompetitividade internacional.

Em meados de 1992, a Comissão publicará uma comuni-cação completa sobre a competitividade internacional e aproteção do ambiente.

EnergiaEnergiaEnergiaEnergiaEnergia

21 . A política da energia é um fator-chave na realizaçãodo desenvolvimento sustentável. Embora o setor comunitárioda energia esteja a fazer progressos constantes na resoluçãode problemas ambientais locais e regionais, como a acidificação,as questões globais aumentam diariamente de importância. Odesafio do futuro será assegurar que o crescimento econômico,o fornecimento eficiente e seguro de energia e um ambientelimpo sejam objetivos compatíveis.

22 . A obtenção de um equilíbrio deste tipo exige umaperspectiva estratégica muito para além do período abrangidopor este programa. Os elementos-chave da estratégia até aoano 2000 são a melhoria da eficiência energética e o desenvol-vimento de programas estratégicos de tecnologia orientados

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para uma estrutura energética menos carbono intensivaincluindo, em especial, opções de energias renováveis.

TransportesTransportesTransportesTransportesTransportes

23 . Os transportes são vitais para a distribuição demercadorias e serviços, para o comércio e para o desenvol-vimento regional. Todas as tendências atuais do setor comuni-tário dos transportes vão no sentido de conduzir a uma maiorineficiência, congestionamento, poluição, desperdício de tempoe dinheiro, danos para a saúde, riscos para a vida e perdaeconômica geral. Prevê-se que a procura de transportes e otráfego aumentem ainda mais rapidamente com a realizaçãodo mercado interno e com os desenvolvimentos políticos eeconômicos na Europa Central e de Leste.

24 . Uma estratégia de mobilidade sustentável exigeuma combinação de medidas incluindo:

- melhor planeamento da utilização do solo/desen-volvimento econômico a nível local, regional, nacio-nal e transnacional;

- melhor planejamento, gestão e utilização da infra-estrutura e equipamento de transportes; incorpo-ração dos custos reais da infra-estrutura e do am-biente nas políticas e decisões de investimento enos custos para o utilizador;

- desenvolvimento dos transportes públicos e melho-ria da sua posição concorrencial;

- contínuo aperfeiçoamento técnico dos veículos ecombustíveis; encorajamento da utilização de com-bustíveis menos poluentes;

- promoção de uma utilização mais racional do auto-móvel privado do ponto de vista do ambiente, incluin-do alterações das regras e hábitos de condução.

A Comissão publicou conjuntamente com este programauma comunicação mais completa relativa aos transportes, aoambiente e à necessidade de promover uma mobil idadesustentável.

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AgriculturaAgriculturaAgriculturaAgriculturaAgricultura

25 . Os agricultores são os guardiões da terra e docampo. O aumento da eficiência das técnicas agrícolas e dosníveis de mecanização, o aperfeiçoamento dos mecanismosde transporte e de marketing e o aumento do comérciointernacional de gêneros alimentícios contribuíram para arealização dos objetivos de garantia da existência de oferta degêneros alimentícios a preços razoáveis, de estabilização dosmercados e de um nível justo de vida para a comunidadeagrícola, objetivos que constavam do Tratado original. Contudo,as alterações das práticas agrícolas que ocorreramsimultaneamente em muitas regiões da Comunidade levaramà sobre-exploração e degradação dos recursos naturais de quea própria agricultura depende em última instância: os solos, aágua e o ar.

26 . Para além da degradação ambiental, têm surgidoproblemas graves a nível da sobreprodução e armazenagemde mercadorias, despovoamento rural, orçamento comunitárioe comércio internacional (quer no que diz respeito aos produtosagrícolas, quer no relativo a acordos comerciais mais latos).Consequentemente, é não só desejável do ponto de vista doambiente, mas faz também todo o sentido em termos agrícolas,sociais e econômicos, procurar atingir um equilíbrio maissustentável entre a atividade agrícola, as outras formas dedesenvolvimento rural e os recursos naturais do ambiente.

27 . O programa baseia-se nas propostas da Comissãorelativas à reforma da PAC e ao desenvolvimento das florestasna Comunidade, tendo em vista um desenvolvimento equili-brado e dinâmico das áreas rurais da Comunidade que satis-faça as funções produtivas, sociais e ambientais do setor.

TurismoTurismoTurismoTurismoTurismo

28. O turismo é um elemento importante da vida sociale econômica da Comunidade. Reflete as aspirações legítimasdos indivíduos no sentido de desfrutar de novos lugares eabsorver culturas diferentes, bem como de beneficiar deatividades ou descansar longe do local habitual de residênciaou de trabalho. É igualmente um importante valor econômicode muitas regiões e cidades da Comunidade e tem uma

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contribuição especial a fazer para a coesão econômica e socialdas regiões periféricas. O turismo representa um bom exemploda relação fundamental que existe entre o desenvolvimentoeconômico e o ambiente, com todos os benefícios, tensões econflitos potenciais associados. Se forem bem planejados egeridos, o turismo, o desenvolvimento regional e a proteção doambiente podem evoluir paralelamente. O respeito pela naturezae pelo ambiente, nomeadamente nas zonas costeiras e demontanha, pode fazer do turismo uma atividade não só lucrativacomo também duradoura.

29 . A Organização Mundial do Turismo prevê um au-mento significativo da atividade turística na (e para a) Europa,durante esta década. A maior parte do aumento deve-se fazersentir na Região Mediterrânea e em zonas específicas comocidades e vilas históricas, áreas de montanha zonas costeiras.O Plano Azul relativo ao Mediterrâneo do PNUA prevê umaduplicação, pelo menos, dos resíduos sólidos e águas residuaisresultantes do turismo até ao ano 2000 e uma potencial dupli-cação do solo ocupado pelos alojamentos turísticos.

30 . A Comunidade Européia apoia o turismo atravésdos investimentos que faz nas infra-estruturas necessárias; podeainda facilitar os contatos com outros interesses. Mas, o princípioda subsidiariedade e o espírito da responsabilidade repartidaimplicam, em termos práticos, que a tarefa de recon-ciliação emanutenção de um equilíbrio sustentável entre a ativi-dadeturística e o desenvolvimento e a conservação dos valoresnaturais e culturais caiba, no essencial, a outros níveis que nãoo comunitário, i.e., aos Estados-membros, às autoridades regio-nais e locais, à própria indústria turística e aos turistas.

As três principais linhas de ação indicadas no programadizem respeito:

- à diversificação das atividades turísticas, incluindomelhor gestão do fenômeno do turismo de massase encorajamento de tipos diferentes de turismo;

- à qualidade dos serviços turísticos, incluindo infor-mação e sensibilização, instalações e gestão dofluxo de turistas;

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- comportamento dos turistas, incluindo campanhasde informação, códigos de conduta e escolha dosmeios de transporte.

Alargamento da gama de InstrumentosAlargamento da gama de InstrumentosAlargamento da gama de InstrumentosAlargamento da gama de InstrumentosAlargamento da gama de Instrumentos

31 . Os anteriores programas de ação basearam-sequase exclusivamente em medidas legislativas. Para tornarpossíveis alterações substanciais das tendências e práticasatuais e envolver todos os setores da sociedade num esquemade total repartição das responsabilidades, é necessária umacombinação mais vasta de instrumentos. A combinação pro-posta pode ser classificada em quatro categorias:

(i) Instrumentos legislativos concebidos para estabe-lecer níveis fundamentais de proteção da saúdepública e do ambiente, especialmente nos casosde alto risco, implementar compromissos interna-cionais de âmbito mais vasto e criar as regras enormas de nível comunitário necessárias parapreservar a integridade do mercado interno;

(ii) Instrumentos baseados no mercado concebidospara sensibilizar os produtores e consumidores nosentido de uma utilização responsável dos recursosnaturais e de evitar a poluição e a produção deresíduos, através da internalização dos custosambientais externos (mediante a aplicação deincentivos e desincentivos econômicos e fiscais,responsabilidade civil, etc.), e orientados para o"nivelamento correto dos preços", de forma a queos produtos e serviços não agressivos do ambientenão fiquem em posição desfavorável no mercadoface a concorrentes poluidores ou que dêem ori-gem a desperdícios;

(iii) Instrumentos horizontais, de apoio, incluindo aper-feiçoamento dos dados estatísticos e de referência,melhoria da investigação científica e desenvolvi-mento tecnológico (quer no que diz respeito a novastecnologias menos poluentes, quer a tecnologias etécnicas para resolver os problemas ambientaisatuais), do planejamento setorial e ordenamento,

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da informação e educação do público/consumido-res e da formação profissional;

(iv) Mecanismos de apoio fínanceiro: para além daslinhas orçamentais que têm objetivos ambientaisdiretos, como LIFE, os Fundos Estruturais, nomea-damente ENVIREG, contribuem com montantessignificativos para o financiamento de ações cujoobjetivo é a melhoria do ambiente. Para além disso,o novo Fundo de Coesão decidido na cúmeira deMaastricht tem por objetivo o cofinanciamento deprojetos destinados a melhorar o ambiente na Es-panha, Grécia, Portugal e Irlanda. O nº 2 do artigo130-R do novo Tratado estipula que a política nodomínio do ambiente deve ter por objetivo um nívelde proteção elevado com base nos princípios daprecaução e da ação preventiva, tendo em conta adiversidade das situações existentes nas diferentesregiões da Comunidade, e que a política ambientaldeve ser integrada na definição e aplicação dasdemais políticas comunitárias. Neste contexto, seránecessário garantir que todas as operações comu-nitárias de financiamento, em especial as que en-volvem os Fundos Estruturais, sejam tão permeá-veis quanto possível a considerações ambientais erespeitem a legislação comunitária. Chama-se aatenção para o fato de o novo Tratado estipular, nonº 4 do artigo 130-S, que, sem prejuízo de certasmedidas de caráter comunitário, os Estados-mem-bros são responsáveis pelo financiamento e exe-cução da política em matéria de ambiente.

O princípio da subsidiariedadeO princípio da subsidiariedadeO princípio da subsidiariedadeO princípio da subsidiariedadeO princípio da subsidiariedade

32 . O princípio da subsidiariedade desempenhará umpapel importante para garantir que os esforços e iniciativasapropriadas de nível nacional, regional e local dêem plenocumprimento aos objetivos, metas e ações programadas. Naprática, permitirá levar totalmente em consideração as tradiçõese sensibilidades das diferentes regiões da Comunidade e aproblemática da eficiência econômica das várias ações, bemcomo melhorar a escolha de ações e das combinaçõesapropriadas de instrumentos ao nível comunitário e/ou a outros

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níveis.

Os objetivos e metas apresentados no programa e oobjetivo final do desenvolvimento sustentável só podem seratingidos com a ação concertada de todos os agentesrelevantes trabalhando em parceria. Com base no Tratado daUnião Européia (artigo 3º-B), a Comunidade apenas intervirá,de acordo com o princípio da subsidiariedade, se e na medidaem que os objetivos da ação proposta não possam sersuficientemente realizados pelos Estados-membros, e possampois, devido à dimensão ou aos efeitos da ação prevista, sermelhor alcançados ao nível comunitário.

33 . O programa combina o princípio da subsidiarie-dade com o conceito mais lato de responsabilidade partilhada;este conceito envolve menos o problema da escolha de umnível de execução da ação, com exclusão dos outros, do que oproblema da combinação de agentes e instrumentos aos níveisapropriados, sem se pôr em causa a divisão de competênciasentre a Comunidade, os Estados-membros e as autoridadesregionais e locais.

Tornar o programa eficazTornar o programa eficazTornar o programa eficazTornar o programa eficazTornar o programa eficaz

34 . Até ao presente, a proteção do ambiente na Comu-nidade baseou-se essencialmente numa abordagem legislativa("descendente"). A nova estratégia apresentada neste pro-gramaimplica o envolvimento de todos os parceiros econômi-cos esociais ("ascendente"). A complementaridade e eficácia dasduas abordagens dependerá, em grande medida, do nível equalidade do diálogo que se estabelecer entre os parceiros.

35 . Inevitavelmente, levará bastante tempo até que ospadrões atuais de consumo e comportamento evoluam nosentido da sustentabilidade. Em termos práticos, a eficácia daestratégia dependerá, no horizonte de tempo que é possívelprever, da qualidade intrínseca das medidas decididas e dasdisposições práticas adotadas para a sua aplicação efetiva. Istoexigirá melhor preparação das medidas, coordenação eintegração mais eficientes relativamente às outras políticas, umacompanhamento mais sistemático e maior rigor na verificaçãoda conformidade e aplicação efetiva.

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36 . Por estes motivos – mas sem prejuízo do direito deiniciativa da Comissão e da sua responsabilidade na vigilânciada implementação em termos satisfatórios das regras comu-nitárias – a Comissão organizará os seguintes grupos ad hocde diálogo:

(i) um Fórum Consultivo Geral compreendendo repre-sentantes das empresas, consumidores, organiza-ções sindicais e profissionais, organizações nãogovernamentais e autoridades locais e regionais;

(ii) uma Rede de Implementação compreendendo re-presentantes das autoridades nacionais relevantese da Comissão no domínio da implementação prá-tica das medidas comunitárias; o seu objetivo essen-cial será a troca de informações e experiências e odesenvolvimento de abordagens comuns, a nívelprático, sob a supervisão da Comissão;

(iii) um Grupo de Análise da Política em matéria deAmbiente compreendendo representantes daComissão e dos Estados-membros a nível dediretor-geral para desenvolver a compreensão recí-proca e as trocas de pontos de vista sobre a po-lítica e as medidas ambientais.

37 . Estes três grupos de diálogo terão um papelespecial a desempenhar para promover um maior sentido daresponsabilidade entre os principais agentes da parceria e paragarantir a aplicação eficaz e transparente das medidas. A suafunção não é a de duplicar o trabalho dos comitês criados pelalegislação comunitária para acompanhamento de medidasespecíficas, ou pela Comissão no domínio de áreas específicasde interesse como a proteção do consumidor, o desenvol-vimento turístico, etc., ou ainda pelos Estados-membros para aimplementação e aplicação efetiva da política a nível nacional.Finalmente, não substituirão o diálogo existente entre a indústriae a Comissão, diálogo que, em qualquer caso, se pretende verreforçado.

Revisão do programaRevisão do programaRevisão do programaRevisão do programaRevisão do programa

38 . Embora esteja essencialmente orientado para o ano

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2000, o programa será revisto e adaptado no final de 1995 à luzdo aperfeiçoamento dos dados significativos, dos resul-tadosda investigação em curso e das revisões previstas de outraspolíticas comunitárias (por ex., da indústria, energia, transportese da agricultura) e dos fundos estruturais.

ConclusõesConclusõesConclusõesConclusõesConclusões

39 . O programa representa um ponto de viragem paraa Comunidade. Enquanto que o desafio dos anos 80 foi arealização do mercado interno, a reconciliação do ambiente edo desenvolvimento é um dos principais desafios que se colocaà Comunidade e ao mundo em geral nos anos 90. "Em Direçãoa um Desenvolvimento Sustentável" não é um programa só paraa Comissão, nem um programa dirigido apenas aosambientalistas. O programa fornece o enquadramento de umanova abordagem ao ambiente e à atividade e desenvolvimentoeconômico e social, mas, para que produza resultados, énecessário que haja vontade política em todos os níveis dahierarquia polít ica e empresarial e que todos participem,assumindo as suas responsabilidades enquanto cidadãos econsumidores.

40 . O programa não pretende "corrigir tudo". Levarámuito tempo para mudar os padrões de comportamento econsumo e para atingir um desenvolvimento sustentável. Assim,o presente programa pretende essencialmente fazer infletir astendências atuais. O princípio de base é que a geração atualdeve transmitir o ambiente à próxima geração num estadoadequado de conservação que permita manter a saúde públicae o bem-estar social e econômico em padrões elevados dequalidade. Como objetivo intermediário, o estado do ambiente,a quantidade e qualidade dos recursos naturais e o potencialde desenvolvimento futuro devem, no final da presente década,refletir uma nítida melhoria relativamente à situação atual. Aestrada para o desenvolvimento sustentável pode ser longa edifícil ... mas os primeiros passos devem ser dados agora!

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A União Européia e a Legislação Ambiental

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Coordenação GeralCoordenação GeralCoordenação GeralCoordenação GeralCoordenação Geral

Secretário de Estado do Meio Ambiente de São PauloFabio Feldmann

Texto e PesquisaTexto e PesquisaTexto e PesquisaTexto e PesquisaTexto e Pesquisa

Antonio Augusto da Costa Faria

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Dirceu Rodrigues

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