125
UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE OCEANOGRAFIA E LIMNOLOGIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO SUSTENTABILIDADE DE ECOSSISTEMAS AVALIAÇÃO DO SISTEMA INTEGRADO DE GESTÃO AMBIENTAL DA AUTORIDADE PORTUÁRIA DE ITAQUI/MA (EMAP) COMO BASE PARA A SUSTENTABILIDADE DAS ATIVIDADES PORTUÁRIAS Dairle Santos Costa Dissertação de Mestrado São Luís MA 2011

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO

CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE

DEPARTAMENTO DE OCEANOGRAFIA E LIMNOLOGIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO

SUSTENTABILIDADE DE ECOSSISTEMAS

AVALIAÇÃO DO SISTEMA INTEGRADO DE GESTÃO AMBIENTAL

DA AUTORIDADE PORTUÁRIA DE ITAQUI/MA (EMAP) COMO

BASE PARA A SUSTENTABILIDADE DAS ATIVIDADES

PORTUÁRIAS

Dairle Santos Costa

Dissertação de Mestrado

São Luís – MA

2011

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO

CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE

DEPARTAMENTO DE OCEANOGRAFIA E LIMNOLOGIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO

SUSTENTABILIDADE DE ECOSSISTEMAS

AVALIAÇÃO DO SISTEMA INTEGRADO DE GESTÃO AMBIENTAL

DA AUTORIDADE PORTUÁRIA DE ITAQUI/MA (EMAP) COMO

BASE PARA A SUSTENTABILIDADE DAS ATIVIDADES

PORTUÁRIAS

DAIRLE SANTOS COSTA

ORIENTADOR:

Prof. Dr. Marco Valério Jansen Cutrim

São Luís

2011

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Sustentabilidade de

Ecossistemas da Universidade Federal do

Maranhão como parte dos requisitos para

obtenção do grau de Mestre em

Sustentabilidade de Ecossistemas.

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Costa, Dairle Santos

Avaliação do Sistema Integrado de Gestão Ambiental da

autoridade portuária de Itaqui/MA (EMAP) como base para a

sustentabilidade das atividades portuárias. / Dairle Santos Costa. –

São Luís, 2011.

125 folhas

Dissertação (Mestrado em Sustentabilidade de Ecossistemas) –

Universidade Federal do Maranhão, 2011.

1. Gestão Ambiental Portuária. 2. Sistema Integrado de Gestão

Ambiental I. Título.

CDU 504.06: 627.2

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO

DEPARTAMENTO DE OCEANOGRAFIA E LIMNOLOGIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO

SUSTENTABILIDADE DE ECOSSISTEMAS

MESTRADO

DEFESA DE DISSERTAÇÃO

CERTIFICADO DE APROVAÇÃO

TÍTULO: “AVALIAÇÃO DO SISTEMA INTEGRADO DE GESTÃO AMBIENTAL

DA AUTORIDADE PORTUÁRIA DE ITAQUI/MA (EMAP) COMO BASE

PARA A SUSTENTABILIDADE DAS ATIVIDADES PORTUÁRIAS”

AUTORA: DAIRLE SANTOS COSTA

ORIENTADOR: PROF. DR. MARCO VALÉRIO JANSEN CUTRIM

Aprovado pela Banca Examinadora:

____________________________________________________

PROF. DR. MARCO VALÉRIO JANSEN CUTRIM

_____________________________________________________

PROF. DRA. ANDREA CHRISTINA G. AZEVEDO CUTRIM

________________________________

PROF. DR. JOSÉ POLICARPO COSTA NETO

Data de Realização: 31/03/11.

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Dedico esta Dissertação

À minha família:

Firmino Ferreira Costa (pai)

Roquina Olímpia dos Santos Costa (mãe)

Por todo o amor e carinho demonstrado ao longo de

toda a minha vida.

Danielle dos Santos Costa (irmã)

Danilo dos Santos Costa (irmão)

Denise dos Santos Costa (irmã)

Simplesmente por existirem e dividirem comigo a

alegria de viver.

Carlos Yuri dos Santos Costa & Kyara Lorane

Santos Morais (sobrinhos)

Fonte de alegria para nossas vidas.

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AGRADECIMENTOS

- Ao meu bom e eterno Deus Jeová por ter me concedido saúde, paz e força para vencer mais

uma etapa.

- A minha família, em especial a minha mãe Roquina, pelo apoio, força e encorajamento

durante a realização deste trabalho e aos meus irmãos Danilo e Denise, pela companhia e

ajuda prática nos momentos decisivos;

- Ao Prof. Dr. Marco Cutrim, pela orientação, paciência, valiosas informações cientificas e

discernimento para definir a hora certa de mudar de estratégia para atingir os objetivos da

pesquisa e cumprir os prazos;

- À FAPEMA pela concessão de bolsa;

- Aos profº Drs. Cláudio Urbano B. Pinheiro e José Policarpo Costa Neto pela leitura crítica

do documento de qualificação e sugestões oferecidas a este trabalho;

- Aos profº. Drs. José Policarpo Costa Neto e Andrea Azevedo por aceitarem o convite para

compor a banca e prestar valiosa contribuição na etapa final de desenvolvimento deste

trabalho;

- A Henrique Soares, Técnico em regulação da ANTAQ, por ter me encaminhado as pessoas

certas dos órgãos reguladores do setor portuário;

- A Marcos Maia Porto, Gerente de Meio Ambiente, por ter solicitado a Uirá que me

atendesse;

- A Uirá Cavalcante de Oliveira, Especialista em regulação da GMA/ANTAQ por ter me

fornecido as informações sobre a gestão ambiental e segurança ocupacional no porto de

Itaqui, quando os gestores dos terminais arrendados mostraram pouca disposição em

colaborar com o presente estudo;

- Ao Coordenador de Meio Ambiente da EMAP, Daniel da Conceição Aroucha Filho, por

concordar em preencher o questionário;

- Ao Coordenador do curso, em primeiro momento Dr. Cláudio Pinheiro e depois o Dr.

Ricardo Barbieri, pela disposição em ajudar;

- A todos os professores que contribuíram para o meu crescimento profissional;

- A todos do Labohidro, pela simpatia, em especial a César, Henrique, Júnior e Floripes;

- Aos colegas de turma, pelo carinho, momentos de descontração, apoio e cumplicidade.

- E, finalmente, a todos aqueles que direta ou indiretamente contribuíram para a realização

deste trabalho.

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―O desenvolvimento sustentável, somente pode

tornar-se possível por uma nova visão de mundo

tridimensional, que incorpora e dá igual valor às

dimensões ambientais, econômicas e sociais e tripolar,

pela qual o poder transformador é exercido através de

trocas dinâmicas entre o governo, as empresas e a

sociedade civil organizada.‖

Almeida, 2002

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RESUMO

AVALIAÇÃO DO SISTEMA INTEGRADO DE GESTÃO AMBIENTAL DA

AUTORIDADE PORTUÁRIA DE ITAQUI (EMAP) COMO BASE PARA A

SUSTENTABILIDADE DAS ATIVIDADES PORTUÁRIAS. Os portos estão localizados

em áreas marítimas, baías, estuários, lagos ou foz de rios; e para suas implantações e

desenvolvimentos requerem intervenções que resultam em impactos no ambiente pré-

existente. Para que os portos não se transformem num fator de degradação ambiental e de

conflito social, faz-se necessário, buscar de uma forma interdisciplinar a sua sustentabilidade

física e operacional. Este trabalho tem como objetivo avaliar o Sistema Integrado de Gestão

Ambiental – SGA implementado pela Autoridade Portuária de Itaqui/MA (EMAP). A

metodologia de pesquisa incluiu levantamentos, por coleta de documentos oficiais, relatórios

ambientais e acompanhamento de noticiário. Para coleta de dados foi aplicado questionário

semi-estruturado baseado nos requisitos da norma ABNT NBR ISO 14001:2004 com o

Coordenador de Meio Ambiente da EMAP. A EMAP está buscando a conformidade legal a

fim de estabelecer um Sistema de Gestão que atenda as exigências da ANTAQ, enquanto

órgão regulador de sua atividade e os requisitos relativos a um Sistema de Gestão controlado,

baseado na estrutura e funcionalidade da Norma NBR ISO 14001:04, acumulando assim duas

certificações, visto que a autoridade portuária já tem a certificação pelo sistema ISO 9001:00,

referente à qualidade da gestão portuária. O porto de Itaqui atende parcialmente os seguintes

instrumentos de gestão ambiental e segurança ocupacional: qualificação do núcleo ambiental,

Agenda Ambiental Institucional, manual de procedimentos internos, Plano de Gerenciamento

de Resíduos Sólidos (PGRS) e Plano de Controle de Emergência. A Coordenadoria de Meio

Ambiente – COAMB deve possuir mais funcionários para conseguir atender a demanda. A

EMAP está em processo de formulação da sua política ambiental, portanto a alta

administração da EMAP trabalha sem objetivos, metas e programas definidos para determinar

o desempenho máximo que a empresa pretende alcançar, se limitando a atender aos requisitos

de desempenho mínimo, estabelecidos por determinações legais, ainda que de forma

deficiente. A Agenda Ambiental Institucional do porto de Itaqui está em estágio de

implantação e a Agenda Ambiental Local ainda não foi elaborada. O manual de

procedimentos internos da EMAP e empresas arrendatárias deve ser submetido ao órgão

ambiental competente para obtenção de aprovação. O documento Boas Práticas no

Gerenciamento de Resíduos (PGRS) foi elaborado pela EMAP e enviado para a ANVISA.

Ainda não foi aprovado por esse órgão, mas o porto fez a sua implantação. Ainda assim, a

SEMA aceitou o PGRS para a liberação da Licença de Operação do Porto. A presença de

grande quantidade de granel sólido espalhado no cais público demonstra que a retirada desses

resíduos pode ser melhorada. O Plano de Controle de Emergência do porto de Itaqui deverá

contemplar uma maior quantidade de procedimentos preconizados pela NR-29 do Ministério

do Trabalho e Emprego, tais como: vazamento de produtos perigosos, queda do homem ao

mar, condições adversas de tempo que afetem a segurança. A EMAP tem buscado aprimorar

sua atuação, por acompanhar e fiscalizar a gestão ambiental dos arrendatários, que deve ser

vista pelos mesmos com um produto final, igual a outro qualquer. Após análises e discussões

detalhadas, podemos observar que a EMAP está ainda muito distante da obtenção de práticas

sustentáveis e de alcançar a ISO 14001:04.

Palavras-chave: Gestão Ambiental Portuária. Sistema Integrado de Gestão Ambiental. NBR

ISO 14.001.

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ABSTRACT

EVALUATION OF INTEGRATED ENVIRONMENTAL MANAGEMENT PORT

AUTHORITY OF ITAQUI/MA (EMAP) AS A BASIS FOR THE SUSTAINABILITY OF

PORT ACTIVITIES. The ports are located in offshore areas, bays, estuaries, lakes or rivers

mouth, and for their deployments and developments require interventions that result in

impacts on the pre-existing. For the ports do not become a factor in environmental

degradation and social conflict, it is necessary to seek an interdisciplinary way of its physical

and operational sustainability. This study aims to evaluate the Environmental Management

System - EMS implemented by the Port Authority of Itaqui / MA (EMAP). The research

methodology included surveys for collection of official documents, reports and monitoring of

environmental news. For data collection was applied semi-structured questionnaire based on

the requirements of ISO 14001:2004 standard with the Environment Coordinator of EMAP.

The EMAP is seeking legal compliance in order to establish a Management System that meets

the requirements of ANTAQ as regulator of its activity and the requirements for a controlled

Management System, based on the structure and function of NBR ISO 14001: 04,

accumulating two certifications, as the Port Authority already has a certification system by

ISO 9001:00, referring to the quality of port management. The port of Itaqui partially meets

the following instruments of environmental management and occupational safety,

environmental qualification of the nucleus, Institutional Environmental Agenda, operating

procedures, Management Plan for Solid Waste (MPSW) and Emergency Control Plan. The

Office of Environment - COAMB should have more staff to be able to meet the demand. The

EMAP is in the process of formulating its environmental policy, so the senior management of

EMAP working without goals, objectives and programs established to determine the

maximum performance the company wants to achieve, limited to meet the minimum

performance requirements established by determinations legal, albeit poorly. The

Environmental Agenda Institutional Itaqui port is in stage of development and local

environmental agenda has not yet been drafted. The manual of internal procedures of the

EMAP and tenant companies should be submitted to the competent environmental agency to

obtain approval. The document Good Practice in Waste Management (MPSW) was prepared

by EMAP and sent to ANVISA. Has not been approved by that body, but the port has made

its deployment. Still, the SEMA took the MPSW for the release of the Operating License of

Porto. The presence of large amounts of bulk solid spread on the public pier shows that

removal of these wastes can be improved. The Emergency Management Plan of the port of

Itaqui should include a greater number of procedures recommended by the NR-29 from the

Ministry of Labor, such as leakage of dangerous products, fall of man overboard, adverse

weather conditions affecting security. The EMAP has sought to improve its performance, to

monitor and supervise the environmental management of tenants, which should be seen by

them with a final product, like any other. After detailed analysis and discussion, we can

observe that EMAP is still far from achieving sustainable practices and to achieve ISO

14001:04.

Keywords: Port Environmental Management. Integrated Environmental Management. NBR

ISO 14.001.

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LISTA DE FIGURAS

Página

Figura 3.1 Principais Portos do Brasil. 29

Figura 3.2 Modelo de sistema da gestão ambiental para a NBR ISO

14001: 2004.

47

Figura 4.1 Localização do Porto de Itaqui, baía de São Marcos, São

Luís/MA.

55

Figura 4.2 Instalações de atracação e acostagem do Porto de Itaqui. 57

Figura 6.1 Terminal da Ponta da Madeira da CVRD e esteira

transportadora de granéis.

70

Figura 6.2 Área destinada a construção do berço 100 e retroárea. 71

Figura 6.3 Draga utilizada na dragagem de aprofundamento do canal de

navegação e bacia de atracação no Porto de Itaqui/MA.

71

Figura 6.4 Área dos berços 104, 105 e 106 (a) e prolongamento com a

construção do berço 108 (b).

72

Figura 6.5 Área prevista para construção de 200 mil m2 de retroárea nos

berços 104 e 105.

72

Figura 6.6 Plano Diretor do Porto Organizado de Itaqui/MA. 73

Figura 6.7 Base de atendimento à emergência da Hidroclean. 79

Figura 6.8 Barreiras de contenção de óleo utilizadas pela base de

atendimento à emergência da Hidroclean.

80

Figura 6.9 Área de concentração de resíduos sólidos. 81

Figura 6.10 Coleta seletiva prevista no PGRS do Porto de Itaqui. 82

Figura 6.11 Área de oficina da EMAP com cobertura, canaleta e piso

impermeável.

84

Figura 6.12 Movimentação total de cargas no Complexo Portuário da

baía de São Marcos/MA em 2009 e no 1º, 2º e 3º trimestre de

2010.

96

Figura 6.13 Participação relativa do porto de Itaqui e dos TUPs Ponta da

Madeira e Alumar no total geral de cargas movimentadas até

o 3º trimestre de 2010 no Complexo Portuário da baía de São

96

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Marcos/MA.

Figura 6.14 Movimentação de graneis sólidos no Complexo Portuário da

baía de São Marcos/MA em 2009 e no 1º, 2º e 3º trimestre de

2010.

97

Figura 6.15 Participação relativa das mercadorias no total geral de granel

sólido movimentado até o 3º trimestre de 2010 no Complexo

Portuário da baía de São Marcos/MA.

98

Figura 6.16 Movimentação de granel líquido no Complexo Portuário da

baía de São Marcos/MA em 2009 e no 1º, 2º e 3º trimestre de

2010.

98

Figura 6.17 Movimentação total de cargas no Complexo Portuário da baía

de São Marcos/MA no 1º, 2º e 3º trimestre de 2009 e 2010,

por tipo de navegação.

99

Figura 6.18 Movimentação total de cargas em longo curso no Complexo

Portuário da baía de São Marcos/MA no 1º, 2º e 3º trimestre

de 2009 e 2010, por sentido de navegação.

100

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LISTA DE TABELAS

Página

Tabela 4.1 Características dos berços para carga seca/multiuso. 57

Tabela 6.1 Movimentação geral de cargas no Porto organizado de

Itaqui/MA e Terminais de Uso Privativo em 2008 e 2009.

92

Tabela 6.2 Mercadorias movimentadas no Porto organizado de

Itaqui/MA e Terminais de Uso Privativo em 2008 e 2009.

93

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LISTA DE QUADROS

Página

Quadro 3.1 Portos brasileiros classificados de acordo com suas

concessões e autoridades portuárias.

30

Quadro 3.2 Principais dispositivos de controle ambiental necessários ao

licenciamento.

35

Quadro 3.3 Instrumentos de gestão ambiental de empreendimentos e os

diversos usos da avaliação de impacto ambiental.

36

Quadro 3.4 Principais instrumentos do SIGA com base em determinações

legais.

43

Quadro 4.1 Coordenadas geográficas da localização do Porto de

Itaqui/MA.

54

Quadro 5.1 Documentos oficiais e relatórios ambientais levantados na

pesquisa

61

Quadro 6.1 Obras em andamento no Porto Organizado de Itaqui/MA. 68

Quadro 6.2 Correspondência entre a ABNT NBR ISO 9001:2000 e a

ABNT NBR ISO 14001:2004.

75

Quadro 6.3 Evolução do SIGA do Porto de Itaqui/MA. 89

Quadro 6.4 Efeitos tóxicos dos poluentes sobre os organismos aquáticos e

sobre o ser humano.

94

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LISTA DE ANEXOS

Página

Anexo A Organograma da Autoridade Portuária de Itaqui/MA - EMAP. 113

Anexo B Formulário de avaliação da gestão ambiental das empresas

arrendatárias do Porto de Itaqui.

114

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LISTA DE APÊNDICES

Página

Apêndice A Questionário referente aos requisitos de implantação do

sistema de gestão ambiental.

123

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LISTA DE SIGLAS

AAP - Agenda Ambiental Portuária

ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas

ANTAQ - Agência Nacional de Transporte Aquaviário

ANVISA - Agência Nacional de Vigilância Sanitária

APR - Análise Preliminar de Riscos

BVC - Bureau Veritas

CAP - Conselho de Autoridade Portuária

CIRM - Comissão Interministerial para os Recursos do Mar

Código IMDG - Código Marítimo de Cargas Perigosas

CODOMAR - Companhia Docas do Maranhão

CFN - Companhia Ferroviária do Nordeste

COAMB - Coordenadoria do Meio Ambiente

CONMETRO - Conselho Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial

CVRD - Companhia Vale do Rio Doce

CONAMA - Conselho Nacional do Meio Ambiente

DISAL - Distrito Industrial de São Luís

DNPRC - Departamento Nacional de Portos, Rios e Canais

DNPVN - Departamento de Portos e Vias Navegáveis

DRT – Delegacia Regional do Trabalho

EFC - Estrada de Ferro Carajás

EIA/RIMA - Estudo de Impacto Ambiental / Relatório de Impacto Ambiental

EMAP - Empresa Maranhense de Administração Portuária

GAP - Gestão Ambiental Portuária

GERCO - Gerenciamento Costeiro

GMA - Gerência de Meio Ambiente

IBAMA - Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis

ISO - International Organization for Standardization

ISPS Code - Código Internacional Para a Proteção de Navios e Instalações Portuárias

IMO - Organização Marítima Internacional

JICA - Agência Internacional Japonesa de Cooperação

LI - Licença de Instalação

LO - Licença de Operação

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LP - Licença Prévia

MTE - Ministério do Trabalho e Emprego

OGMO - Órgão Gestor de Mão de Obra

PAC - Programa de Aceleração do Crescimento

PBA- Plano Básico Ambiental

PAM - Plano de Ajuda Mútua

PCA - Plano de Controle Ambiental

PCE - Plano de Controle de Emergência

PDZ - Plano de Desenvolvimento e Zoneamento do porto

PEGC - Plano Estadual de Gerenciamento Costeiro

PEI - Plano de Emergência Individual

PGA - Programa de Gestão Ambiental

PGRS - Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos

PMGC - Plano Municipal de Gerenciamento Costeiro

PNMA - Política Nacional de Meio Ambiente

PNGC - Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro

PPRA - Programa de Prevenção de Riscos Ambientais

PRAD - Plano de Recuperação de Áreas Degradadas

PSPP - Plano de Segurança Pública Portuária

SEMA – Secretaria de Meio Ambiente

SEP/PR - Secretaria Especial de Portos da Presidência da República

SESMT – Serviço Especializado em Segurança e Medicina do Trabalho

SESSTP – Serviço Especializado em Segurança e Saúde do Trabalhador Portuário

SGA - Sistema de Gestão Ambiental

SIGA - Sistema Integrado de Gestão Ambiental

SISNAMA - Sistema Nacional do Meio Ambiente

TEGRAM - Terminal de Grãos do Maranhão

TR - Termo de Referência

TUP - Terminal de Uso Privativo

UAR - Unidades Administrativas Regionais

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SUMÁRIO

Página

RESUMO

LISTA DE FIGURAS

LISTA DE TABELAS

LISTA DE QUADROS

LISTA DE ANEXOS

LISTA DE APÊNDICES

LISTA DE SIGLAS

1 INTRODUÇÃO 22

2 OBJETIVOS 26

2.1 Geral 26

2.2 Específicos 26

3. REVISÃO DE LITERATURA 27

3.1 Gestão Ambiental Portuária e as políticas públicas no Brasil 27

3.2 Sistema Portuário Brasileiro 28

3.3 Gestão Ambiental Empresarial 31

3.4 Principais Instrumentos de Gestão Portuária 32

3.4.1 Meio Ambiente 32

3.4.1.1 Núcleo ambiental 32

3.4.1.2 Planejamento ambiental 32

3.4.1.3 Licenciamento Ambiental 33

3.4.1.4 Agenda Ambiental Institucional 37

3.4.1.5 Agenda Ambiental Local 37

3.4.1.6 Auditoria ambiental

3.4.1.7 Plano de emergência individual – PEI

38

38

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3.4.1.8 Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos – PGRS 39

3.4.2 Segurança ocupacional 39

3.4.2.1 Unidade Ocupacional de Engenharia de Segurança 39

3.4.2.2 Manual de procedimentos internos 40

3.4.2.3 Programa de Prevenção de Riscos Ambientais – PPRA 41

3.4.2.4 Plano de Controle de Emergência – PCE 42

3.4.2.5 Plano de Ajuda Mútua – PAM 42

3.4.2.6 Código IMDG para cargas perigosas 42

3.4.2.7 Plano de Segurança Pública Portuária – PSPP 42

3.5 Implementação do SIGA em Portos e Terminais 44

3.6 Norma ISO 14001:04 45

3.6.1 Requisitos Gerais 48

3.6.2 Política Ambiental 48

3.6.3 Planejamento 48

3.6.3.1 Aspectos Ambientais 48

3.6.3.2 Requisitos Legais e Outros 49

3.6.3.3 Objetivos, metas e programa(s) 49

3.6.4 Implementação e Operação 49

3.6.4.1 Recursos, funções, responsabilidades e autoridades 50

3.6.4.2 Competência, treinamento e conscientização 50

3.6.4.3 Comunicação 50

3.6.4.4 Documentação 51

3.6.4.5 Controle de documentos 51

3.6.4.6 Controle Operacional 51

3.6.4.7 Preparação e resposta às emergências 52

Page 20: web/uploads/files/Dairle Costa.pdf

3.6.5 Verificação e Ação Corretiva 52

3.6.5.1 Monitoramento e medição 52

3.6.5.2 Avaliação do atendimento a requisitos legais e outros 52

3.6.5.3 Não conformidade, ação corretiva e ação preventiva 52

3.6.5.4 Controle dos registros 53

3.6.5.5 Auditoria interna 53

3.6.6 Análise pela Administração 53

4 DESCRIÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO 54

4.1 Área do Porto Organizado de Itaqui/MA 54

4. 2 Área de Influência do Porto Organizado de Itaqui/MA 56

4.3 Instalações de atracação e acostagem 56

4.4 Instalações de armazenagem 57

4.5 Áreas sob contratos operacionais 58

4.6 Dados meteorológicos 59

4.7 Dados hidrográficos 59

4.8 Unidades de Paisagem 60

5 METODOLOGIA 61

5.1 Levantamento de documentos oficiais e relatórios ambientais 61

5.2 Aplicação de questionários e Avaliação dos Relatórios de Vistoria da

ANTAQ

62

6. RESULTADOS E DISCUSSÃO 63

6.1 Histórico do Porto Organizado de Itaqui/MA 63

6.2 A Autoridade Portuária no Porto de Itaqui – EMAP 64

6.3 Principais Instrumentos de Gestão Ambiental e Segurança

Ocupacional do Porto de Itaqui

64

6.3.1 Meio Ambiente 65

Page 21: web/uploads/files/Dairle Costa.pdf

6.3.1.1 Núcleo Ambiental 65

6.3.1.2 Planejamento ambiental 66

6.3.1.3 Licenciamento Ambiental 67

6.3.1.3.1 Obras em andamento no Porto de Itaqui/MA 68

6.3.1.3.2 Perspectivas de expansão do Porto de Itaqui 72

6.3.1.4 Agenda Ambiental Institucional 74

6.3.1.5 Agenda Ambiental Local 77

6.3.1.6 Auditoria Ambiental 77

6.3.1.7 Plano de emergência individual – PEI 78

6.3.1.8 Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos – PGRS 80

6.3.2 Saúde Ocupacional 83

6.3.2.1 Unidade Ocupacional de Engenharia de Segurança 83

6.3.2.2 Manual de procedimentos internos 84

6.3.2.3 Programa de Prevenção de Riscos Ambientais – PPRA 85

6.3.2.4 Plano de Controle de Emergência – PCE 86

6.3.2.5 Plano de Ajuda Mútua – PAM 86

6.3.2.6 Código IMDG para cargas perigosas 87

6.3.2.7 Plano de Segurança Pública Portuária – PSPP 88

6.4 Avaliação da dimensão social e econômica no SIGA do porto de

Itaqui

89

6.4.1 Movimentação de cargas no Complexo Portuário da baía de São

Marcos

91

6.5 EMAP e Terminais Arrendados 101

6.5.1 Sistema de gestão ambiental da EMAP 101

7. CONCLUSÃO 103

REFERÊNCIAS 105

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1 INTRODUÇÃO

As recomendações do relatório Nosso Futuro Comum, produzido pela

Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento tornaram o Rio de Janeiro, em

junho de 1992, cenário da II Conferência da Organização das Nações Unidas para o Meio

Ambiente, que dentre outros documentos propôs a Agenda 21 Global, um roteiro de

planejamento para conduzir o crescimento econômico, sem abrir mão do desenvolvimento

sustentável (MOSSINI, 2005).

No que concerne ao mar, a Agenda 21 foi extremamente minuciosa e criativa,

contemplando no Capítulo 17 a proteção dos oceanos, de todos os tipos de mares, das regiões

costeiras, além da proteção, do uso racional e do desenvolvimento dos recursos vivos que nele

habitam (VIANNA, 2004), declarando em sua introdução que o meio ambiente marinho é

uma riqueza que oferece possibilidades para um desenvolvimento sustentável (CNUMAD,

1992).

Os portos estão localizados em áreas marítimas, baías, estuários, lagos ou ao

longo do curso de rios; e para suas implantações e desenvolvimentos requerem intervenções

que resultam em impactos no ambiente pré-existente (GIBERTONI, 2000). Para que os portos

não se transformem num fator de degradação ambiental e de conflito social, faz-se necessário,

buscar de uma forma interdisciplinar a sua sustentabilidade física e operacional (MOSSINI,

2005).

No entanto, para KITZMANN & ASMUS (2006), a solução dos problemas

ambientais nas áreas portuárias é complexa, exigindo um somatório de esforços dos setores

público, que deve assumir plena e corretamente o seu papel de regulador do sistema portuário;

privado, que deve assumir um papel socioambiental, ou seja, o de propiciar emprego e renda,

considerando a variável ambiental, e a sociedade como um todo, que deve acompanhar e

fiscalizar as ações de ambos.

Para se estudar e propor qualquer metodologia de gestão para os Portos

Organizados Brasileiros, entender as suas carências e atender as exigências do mundo

globalizado, é necessário usar como referência inicial a Lei 8.630/93, que atualmente dá as

diretrizes do setor portuário ora subordinado à Secretaria Especial de Portos - SEP, cujo titular

tem a qualificação e as prerrogativas de ministro (GIANNETTO & LIMA, 2008).

De acordo com a Lei nº 8.630/93, Porto Organizado ―é o construído e

aparelhado para atender às necessidades da navegação e a movimentação e armazenagem de

mercadorias, concedido ou explorado pela União, cujo tráfego e operações portuárias estejam

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sob a jurisdição de uma autoridade portuária‖.

A Lei dos Portos define algumas competências: 1. ao CAP - Conselho de

Autoridade Portuária: ―... assegurar o cumprimento das normas de proteção do ambiente...‖

(Art. 30, 1º, XII); 2. à Administração do Porto: ―... fiscalizar as operações portuárias, zelando

para que os serviços se realizem com ... respeito ao meio ambiente ...‖ (Art. 33, § 1º, VII).

Com isso, ambos estariam passando, implicitamente, a integrar o Sistema Nacional do Meio

Ambiente - SISNAMA, com suas respectivas funções (GIBERTONI, 2000).

A Agenda Ambiental Portuária - AAP definiu a inserção da dimensão

ambiental no processo brasileiro de modernização portuária como procedimento geral para

implementação da Gestão Ambiental Portuária – GAP (CIRM, 1998).

Segundo FILHO & WATZLAWICK (2008) a gestão ambiental é um processo

adaptativo e contínuo, através do qual as organizações1 definem e redefinem seus objetivos e

metas relacionadas à proteção do ambiente, à saúde e segurança de seus empregados, bem

como clientes e comunidade, além de selecionar estratégias e meios para atingir estes

objetivos num tempo determinado através de constante avaliação de sua interação com o

ambiente externo.

Para administrar o conjunto de procedimentos e instrumentos de Gestão

Ambiental de uma organização é utilizado o Sistema de Gestão Ambiental - SGA, definido

pela norma ABNT NBR ISO 14001 (2004) como a parte do Sistema de Gestão Geral de uma

organização, que tem a finalidade de desenvolver e efetivar sua política ambiental e gerenciar

seus aspectos ambientais.

Os CAPs devem estabelecer os requisitos mínimos do SGA e a Política

Ambiental dos portos, a serem assumidos, mantidos e seguidos por todos os Operadores

Portuários. O Conselho deve formular um guia para o Operador Portuário implantar o SGA,

que norteará as suas ações (OLIVEIRA & MATTOS, 2003).

Segundo TOLEDO, TURRIONI & BALESTRASSI (2003) a adoção de um

SGA traz para a empresa os seguintes benefícios internos: redução de custos causados por

agressões ao ambiente, através da prevenção e controle de acidentes; utilização racional de

recursos e redução de impactos em atendimento da exigência de melhoria continua dos

processos, produtos e serviços. Em relação ao mercado, a empresa se beneficia com a

certificação ambiental, com a melhoria de sua imagem institucional e com a redução de riscos

de envolvimento com passivos ambientais.

A AAP estabeleceu a certificação das operadoras como um objetivo a ser

promovido pelas unidades de gestão ambiental das autoridades portuárias, tais como as da

1Segundo NBR ISO 14001 (2004): organização refere-se à empresa, corporação, firma, empreendimento, autoridade ou

instituição, que tenha funções e administração próprias.

23

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série ISO 9000 e 14000 (CIRM, 1998). A ISO 14001 é a única norma certificável dentro do

conjunto ISO 14000 (CAMPOS et al., 2006) e que diz respeito ao SGA de uma organização.

Pela Portaria SEP nº 104/2009 os portos, terminais marítimos e instalações

hidroviárias têm a responsabilidade de implementar um Sistema Integrado de Gestão

Ambiental - SIGA que inclua ações relativas à proteção do meio ambiente, à segurança e

saúde ocupacional (ANTAQ, 2011). Segundo GIANNETTO & LIMA (2008) estas questões,

juntamente com as de responsabilidade social e qualidade, passaram a significar posições no

mercado, o que contribuiu para sua incorporação na gestão estratégica das empresas.

Embora não seja uma exigência dos órgãos reguladores GIANNETTO &

LIMA (2008) ressaltam que os conceitos, práticas e características de gerenciamento destas

questões são semelhantes, logo podem ser tratadas através de uma única ferramenta de gestão,

o SIGA, embasado nas diversas competências dos antigos e novos atores advindos da Lei nº

8.630/93 e da aplicação específica e de forma integrada das normas ISO 9001 (Sistema de

Gestão da Qualidade), ISO 14001 (Sistema de Gestão Ambiental), OHSAS 18001 (Sistema de

Gestão de Segurança e Saúde Ocupacional) e NBR 16001/8000 (Responsabilidade Social), de

maneira que os portos prestem os seus serviços e gerenciem seus processos tendo como valor

os cuidados necessários ao meio ambiente, à qualidade de vida no trabalho e nas comunidades

que possam ser atingidas de forma direta ou indireta pelos riscos inerentes à atividade

portuária.

Apesar das dificuldades existentes OLIVEIRA & MATTOS (2003) verificaram

que, uma vez modificada a cultura ambiental dos operadores portuários e obtidos

financiamentos para as estruturas necessárias, é perfeitamente viável que adotem o SIGA,

desde que os mesmos estejam organizados, integrados, sob controle e acompanhamento de

um órgão interno do CAP.

Segundo CUNHA (2006) já é possível confirmar junto a gestores de portos

como Santos (SP), Rio Grande (RS) e São Sebastião (SP) que os responsáveis por grandes

cargas hoje definem a opção por operar num ou noutro porto seguindo critérios que incluem a

verificação do estágio de gestão ambiental e a situação de conformidade legal dos terminais.

Diante disto, é preciso ir além, abandonando de vez a postura defensiva e reativa, pois nada é

mais ―moderno‖ do que ser proativo, antecipar-se aos problemas.

A gestão ambiental provoca mudanças profundas, tanto estruturais quanto

culturais, que definem um novo modus operandi portuário. Assim, para se fazer gestão

ambiental é essencial preparar-se, qualificar-se, investir, mudar estruturas, processos e rotinas.

É por isso que do ponto de vista dos empreendedores, geralmente preocupados com o lucro

24

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imediato, a gestão ambiental sempre foi identificada como custo adicional. No entanto, essa

lógica vem sendo superada por outra, que identifica a conservação ambiental como fator de

vantagem competitiva sustentável, especialmente quando somada às ações de

responsabilidade social corporativa (KITZMANN & ASMUS, 2006).

Os portos constituem-se um ambiente de pesquisa muito rico, devido ao alto

impacto que causam sobre o ambiente, em conseqüência das operações que neles são

efetuadas para a realização do comércio nacional e internacional. Para os gestores das

empresas que operam nos portos é grande o desafio de conciliar os objetivos delineados nas

estratégias empresariais com um ambiente altamente formatado e influenciado por leis, por

riscos e por conflitos (ALMEIDA, 2010).

No porto de Itaqui/MA, além da movimentação de derivados de petróleo, há

movimentação de substâncias líquidas nocivas a granel e fertilizantes (PETCON, 2005), o que

aumenta a probabilidade de ocorrência de acidentes, envolvendo principalmente derrames de

grandes quantidades de combustíveis ao mar, sendo imprescindível a elaboração de planos e

programas de gestão para cumprimento de objetivos e metas relacionados com a

implementação e/ou operação do SGA.

Diante desta nova realidade de gestão ambiental, formulou-se a seguinte

questão central de pesquisa: O SIGA foi adequadamente implementado pela Autoridade

Portuária de Itaqui/MA (EMAP) e é mantido em conformidade com a política ambiental e

com os objetivos, metas e programas derivados da mesma?

O que torna essa questão relevante é a nova lógica de mercado, que poderá ser

a médio ou longo prazo um novo paradigma, na qual se considera a poluição um sinal de

ineficiência produtiva e de desperdício, não uma inevitabilidade inerente ao processo,

encarando as regulamentações ambientais como oportunidades de melhoria e de novos

negócios (KITZMANN & ASMUS, 2006).

Numa competição entre portos, especialmente aqueles que estão

geograficamente próximos, tais situações podem ser decisivas na escolha do que será utilizado

para a movimentação de um determinado produto. Assim, os portos que estiverem

ambientalmente mais adequados poderão ter uma vantagem adicional sobre os demais, tanto

por diminuir impactos e custos, quanto por conseguir atrair e manter determinadas cargas

(KITZMANN & ASMUS, 2006).

25

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2 OBJETIVOS

2.1 Geral

Avaliar o Sistema de Gestão Ambiental – SGA implementado pela Autoridade

Portuária de Itaqui/MA (EMAP) quanto ao cumprimento da política ambiental e os objetivos,

metas e programas derivados da mesma, utilizando como referência os requisitos da norma

ABNT NBR ISO 14001:2004.

2.2 Específicos

Identificar o modelo de gestão ambiental adotado pela EMAP;

verificar os principais instrumentos de gestão ambiental adotados;

avaliar a fase de implementação do Sistema de Gestão Ambiental – SGA;

estimar o êxito do Sistema de Gestão Ambiental – SGA em cumprir a

política ambiental e os objetivos, metas e programas derivados da mesma;

propor para o Sistema de Gestão Ambiental do Porto de Itaqui/MA medidas

que visem atender o requisito de melhoria contínua proposto na NBR ISO 14001: 2004.

26

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3. REVISÃO DE LITERATURA

3.1 Gestão ambiental portuária e as políticas públicas no Brasil

A costa brasileira chega a 8.698 km de extensão, quando se levam em conta

todas as reentrâncias (SCHERER; SANCHES & NEGREIROS, 2009), cujo conjunto de

ecossistemas contempla uma área de 324 mil km2

(MORAES, 2008), abrangendo 17 estados e

mais de 400 municípios. Inclui também uma faixa marítima formada pelo mar territorial, com

largura de 12 milhas náuticas (22,2 km) a partir da linha de costa (CUNHA, 2005).

Isto faz com que a extensão da fronteira marítima brasileira represente 32% das

fronteiras nacionais, tornando sua gestão uma tarefa desafiadora (SCHERER; SANCHES &

NEGREIROS, 2009). As zonas costeiras são regiões de transição ecológica, com importante

papel de ligação e trocas energéticas entre os ecossistemas terrestres e marítimos (CUNHA,

2005; FERNANDES; MARQUES & MALCHEREK, 2009). Devido à diversidade de habitats

e condições existentes, estas zonas são apontadas por BURKE et al. (2001 apud BELCHIOR,

2008) como focos de biodiversidade e fonte de recursos naturais consideráveis, apresentam

alta produtividade primária, servem como filtros para a poluição originada em terra e

protegem as linhas de costa de erosão e tempestades, entre outros serviços.

Desde 1987 o Brasil possui um programa estruturado e implantado pela

Comissão Interministerial para os Recursos do Mar - CIRM como Programa Nacional de

Gerenciamento Costeiro (GERCO), fundamentado na Lei nº 7.661/88, que institui o Plano

Nacional de Gerenciamento Costeiro – PNGC. O GERCO tem o propósito de planejar e

gerenciar de forma integrada, descentralizada e participativa as atividades socioeconômicas na

zona costeira, de forma a garantir a utilização sustentável dos recursos e ecossistemas

costeiros por meio de medidas de controle, proteção, preservação e recuperação (BELCHIOR,

2008). O PNGC é executado pelos órgãos de meio ambiente estaduais e municipais. Assim, o

PNGC se desdobra no Plano Estadual de Gerenciamento Costeiro – PEGC e no Plano

Municipal de Gerenciamento Costeiro – PMGC (MORAES, 2008).

A Lei nº 7.661/88 estabelece que o PNGC deva ser elaborado contemplando

entre outros aspectos a ocupação e uso do solo, definindo que entre os vários planos

elaborados prevalecerá o mais restritivo com relação ao uso do solo, subsolo e das águas (Art.

5º, §§ 1 e 2°), tendo como conseqüência direta para os municípios costeiros que seu plano

diretor e Plano de Desenvolvimento e Zoneamento do porto – PDZ2 deverão observar e

respeitar as restrições dos Planos de Zoneamento Costeiro (MORAES, 2008).

A Lei nº 8.630/93, Art. 30º, § 1°, inc. X estabelece como competência do CAP 2Segundo MORAES (2008) o PDZ é o plano diretor portuário que define as restrições para o uso e ocupação da área do porto, as

áreas de interesse para expansão dos terminais portuários, retro-porto e vias de movimentação e escoamento de cargas.

27

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aprovar o PDZ elaborado pela Administração do Porto, a qual implica, para o Conselho, o

exame e a análise do plano, a proposição de alterações, quando couber, e, posteriormente, o

acompanhamento de sua implementação (ANTAQ, 2006). Segundo MORAES (2008) um dos

principais objetivos do PDZ deverá ser reconhecer as vocações do porto, funcionando como

um facilitador das atividades portuárias, abordando itens como zoneamento de áreas e

atividades, controle e facilidades de acesso, aspectos tarifários e alfandegários, estímulo à

cabotagem, ação comercial, infra-estrutura e expansão.

Para atingir a sustentabilidade do negócio portuário é preciso adotar

abordagens gerenciais em diferentes escalas, capazes de abranger todos os sistemas

envolvidos (ambientais, sociais e econômicos), que estão profundamente integrados. É

necessário ir da microescala (a gestão ambiental do porto), até a macroescala (a gestão da

zona costeira). Isso significa que a gestão portuária deve planejar o desenvolvimento portuário

no âmbito costeiro, integrando os seus interesses de expansão aos contextos socioambientais

regionais e às políticas públicas que os norteiam (KITZMANN & ASMUS, 2006).

As dificuldades de regularização das atividades portuárias em relação aos

parâmetros ambientais são conseqüência da ausência histórica das preocupações ambientais

por parte de gestores e operadores destas atividades e das limitações da política ambiental

pública em seu atual estágio de evolução no país, limitações estas tanto mais relevantes

quando se trata de administrar situações e atividades preexistentes, que não passaram por

licenciamentos prévios (CUNHA; FREDDO & AGUIAR, 2006).

3.2 Sistema Portuário Brasileiro

A Lei 8.630/93 determina que a administração do porto deve ser exercida

diretamente pela União ou por entidade concessionária, tendo a sua esfera de competência

ampliada e reestruturada para desempenhar o papel de Autoridade Portuária, juntamente com

as demais autoridades. Para cumprir suas prerrogativas reguladoras dentro dos portos, o

governo federal criou, através da Lei nº 10.233/01, a ANTAQ – Agência Nacional de

Transporte Aquaviário (GIANNETTO & LIMA, 2008).

No art. 27 da mesma lei, são descritas as atribuições da ANTAQ, destacando se

os seguintes incisos: XIV - estabelecer normas e padrões a serem observados pelas

autoridades portuárias; XIX - estabelecer padrões e normas técnicas relativos às operações de

transporte aquaviário de cargas especiais e perigosas. No tocante à fiscalização o art. 51-A,

assim dispõe: fica atribuída à ANTAQ a competência de supervisão e de fiscalização das

28

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atividades desenvolvidas pelas Administrações Portuárias nos portos (ANTAQ, 2011).

Foi criada a SEP por meio da MP nº 369/07, que após aprovação pelo

Congresso Nacional foi sancionada pelo presidente e convertida na Lei nº 11.518 que

delimitou o funcionamento da secretaria em 05/09/07 (SÁ, 2008). Atualmente o sistema

portuário brasileiro é composto por 37 portos públicos, entre marítimos e fluviais. Dos 34

portos públicos marítimos sob gestão da SEP, 16 encontram-se delegados, concedidos ou têm

sua operação autorizada aos governos estaduais e municipais. Os outros 18 são administrados

diretamente pelas Companhias Docas, sociedades de economia mista, cujo acionista

majoritário é o Governo Federal, e, portanto, estão diretamente vinculadas à SEP (SEP, 2009).

A figura 3.1 mostra os principais portos e suas localizações em todo o território brasileiro.

Fonte: http://www.transportes.gov.br/bit/mapas/mapclick/portos/jporto.htm. Acesso em:

19/11/10.

Figura 3.1 Principais Portos do Brasil.

29

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O Quadro 3.1 mostra os portos brasileiros classificados segundo suas concessões e

autoridades portuárias.

Quadro 3.1 Portos brasileiros classificados de acordo com suas concessões e autoridades

portuárias.

MARÍTIMO

FLUVIAL E LACUSTRE

CONCESSÃO A

GOVERNOS

ESTADUAIS

PORTO SÃO FRANCISCO DO SUL

(SC)

CONCESSÃO A

ENTIDADES

PRIVADAS

PORTO DE IMBITUBA (SC)

PORTO PONTA UBU (ES)

PORTO PRAIA MOLE (ES)

PORTO DE SERGIPE (SE)

PORTO DE TUBARÃO (ES)

PORTO BARRA DO RIACHO (ES)

PORTO DE PANORAMA (SP)

PORTO DE PRESIDENTE

EPITÁCIO (SP)

DELEGAÇÃO A

GOVERNOS

ESTADUAIS E

MUNICIPAIS

PORTO DE ITAQUI (MA)

PORTO DE CABEDELO (PB)

PORTO DO RECIFE (PE)

PORTO DE FORNO (RJ)

PORTO DE SÃO SEBASTIÃO (SP)

PORTOS DE PARANAGUÁ (PR)

PORTOS DE ANTONINA (PR)

PORTO DO RIO GRANDE (RS)

PORTO DE PORTO VELHO (RO)

PORTO DE MANAUS (AM)

PORTO DE ITAJAÍ (SC)

PORTO DE PORTO ALEGRE

(RS)

PORTO DE PELOTAS (RS)

PORTO DE CÁCERES (MT)

PORTO DE CORUMBÁ

/LADÁRIO (MS)

PORTO DE MACAPÁ (AP)

AUTORIZAÇÃO A

GOVERNO

ESTADUAL

PORTO DE SUAPE (PE)

ADMINISTRADOS

POR EMPRESAS

VINCULADAS À

SECRETARIA

ESPECIAL DE

PORTOS

PORTO DE BELÉM (PA)

PORTO DE FORTALEZA (CE)

PORTO DE AREIA BRANCA (RN)

PORTO DE MACEIÓ (AL)

PORTO DE SALVADOR (BA)

PORTO DE ARATU (BA)

PORTO DE ILHÉUS (BA)

PORTO DE VITÓRIA (ES)

PORTO DE NITERÓI (RJ)

PORTO DE RIO DE JANEIRO (RJ)

PORTO DE ITAGUAÍ (RJ)

PORTO DE ANGRA DOS REIS (RJ)

PORTO DE SANTOS (SP)

PORTO DE SANTARÉM (PA)

PORTO DE VILA DO CONDE

(PA)

PORTO DE NATAL (RN)

PORTO DE PIRAPORA (MG)

PORTO DE ESTRELA (RS)

PORTO DE CHARQUEADAS

(RS)

Fonte: ANTAQ (2010a)

30

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3.3 Gestão ambiental empresarial

Configura-se como tecnologicamente impossível construir e operar um porto

sem interferir na dinâmica dos ecossistemas que integram e circundam o sítio ambiental no

qual se inserem as instalações portuárias e se desenvolvem as suas atividades (MOSSINI,

2005). Os impactos da atividade portuária no ambiente são provenientes da implantação de

infraestrutura marítima e terrestre; resíduos das embarcações; operações com as embarcações;

serviços correlatos, como abastecimento das embarcações e outros atendimentos; obras de

acostagem; serviços de dragagem; geração de resíduos pela atividade portuária; operação de

máquinas e veículos portuários; manuseio de cargas perigosas; abastecimento e limpeza de

embarcações e bioinvasão por meio da água de lastro e incrustações no casco das

embarcações (ANTAQ, 2011).

Os principais impactos causados pela implantação dos portos são alteração da

linha de costa, alteração do padrão hidrológico e da dinâmica sedimentar, destruição ou

alteração de áreas naturais costeiras (habitats, ecossistemas), supressão de vegetação,

modificação no regime e alteração no fundo dos corpos d’água, agressão a ecossistemas,

poluição da água, do solo, subsolo e do ar (ANTAQ, 2011).

A operação portuária gera alteração da qualidade da água, poluição do ar por

emissão de gases e partículas sólidas, perturbações diversas por trânsito de veículos pesados

em ambientes urbanos, geração de odores e ruídos, alteração da paisagem, geração de ruídos

em ambientes urbanos, distúrbios da fauna e flora, interação com outras atividades (pesca,

turismo, aqüicultura, recreação), atração de vetores de doenças (ratos, pombos), introdução de

espécies exóticas, entre outras (ANTAQ, 2011).

Com um novo paradigma ambiental, defendido pela sociedade, a mesma passa

a exigir e influenciar em modificações nos demais atores sociais, como: o Estado e as

organizações empresariais. O primeiro passa a agir por meio da criação de regulamentações

que visam adequar e minimizar os níveis de poluição, buscando reduzir os impactos

ambientais gerados pela ação antrópica. O setor empresarial sofre influência de ambos e teve

que se adaptar a essa nova realidade (LIMA & LIRA, 2007).

As leis que regulam o setor portuário são extensas, variando desde as

Convenções Internacionais ratificadas pelo Brasil até a legislação nacional e as políticas

públicas estabelecidas em diferentes níveis (principalmente federal e estadual), muitas

refletindo a internalização dos acordos internacionais (KITZMANN & ASMUS, 2006).

31

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3.4 Principais Instrumentos de Gestão Portuária

Imensa parte da degradação ambiental tem origem nas organizações, e somente

por meio de melhorias em seus produtos, processos e serviços, reduções serão obtidas nos

impactos ambientais por elas causados. Cada vez mais, aumentam as evidências de que

empresas que gerenciam não apenas os fatores econômicos comuns, mas também os fatores

ambientais e sociais que afetam seus negócios demonstram um desempenho financeiro

superior ao de empresas que deixam de gerenciar os três tipos de fatores (FILHO &

WATZLAWICK, 2008).

Para evitar, minimizar ou controlar o desequilíbrio ecológico é de fundamental

importância para as empresas que operam nos portos o controle ambiental de suas atividades,

utilizando-se dos instrumentos disponíveis (SÁ, 2008). Abaixo estão listados os principais

instrumentos de gestão apontados e descritos pela ANTAQ (2007a) a serem implementados

pelas instalações portuárias.

3.4.1 Meio Ambiente

3.4.1.1 Núcleo ambiental

Constante da AAP, promulgada pela Resolução CIRM 6/98, os portos

organizados e demais instalações portuárias devem constituir núcleos ambientais para, e, a

partir deles, internalizarem as conformidades ambientais. O núcleo ambiental é o principal

ponto de sustentação da gestão, devendo ser inicialmente composto por um quadro mínimo de

profissionais, integrado por engenheiro, oceanógrafo e biólogo e, evoluir para um quadro mais

amplo, segundo suas demandas ambientais, acrescentando o químico, o urbanista, o arquiteto,

geólogo, e outros. A parte da saúde e segurança do trabalhador portuário é uma vertente da

gestão ambiental que deve estar integrada à gestão dos recursos naturais (SEP, 2009).

3.4.1.2 Planejamento ambiental

O planejamento ambiental consiste em avaliar antecipadamente a intervenção

antes de realizá-la, resultando numa ação com maior eficiência socioeconômica e ecológica. É

um dos pressupostos de uma atividade ambientalmente correta.

Para que esse instrumento esteja presente na expansão da atividade portuária,

32

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as Administrações Portuárias devem incorporar estudos ambientais ao seu PDZ, sendo um

deles o inventário dos recursos naturais utilizados pelo porto, com suas restrições de uso,

vulnerabilidades e potenciais passivos. Também devem ser considerados os fatores

socioeconômicos a eles agregados. Esses estudos formam a base de dados ambientais,

ecossocioeconômicos, a serem utilizados pelos técnicos do Núcleo Ambiental no

planejamento e controle da atividade com vistas à uma maior qualidade ambiental.

3.4.1.3 Licenciamento Ambiental

O licenciamento ambiental, instituído pela Lei nº 6.938/81 como instrumento

da Política Nacional do Meio Ambiente - PNMA (art. 10), e com sua nova redação dada pela

Lei Federal nº 7.804/89, é o procedimento administrativo capaz de garantir ao empreendedor

o reconhecimento público de que suas atividades estão sendo desenvolvidas em conformidade

com a legislação ambiental e em observância à qualidade ambiental dos recursos naturais. Ele

é efetivado perante um dos órgãos que compõem o SISNAMA, na maior parte dos casos o

órgão estadual, e do IBAMA (BOLDRINI & ABREU, 2009; CARVALHO, 2008).

A Resolução 237/97 do CONAMA prevê a atividade portuária como sujeita ao

licenciamento ambiental. A licença ambiental é o documento, com prazo de validade definido,

em que o órgão ambiental estabelece regras, condições, restrições e medidas de controle

ambiental a serem seguidas pelo empreendedor (KOEHLER & ASMUS, 2009). O art. 8º

dessa resolução explicita os três tipos de licença ambiental:

1. Licença Prévia (LP): é concedida na fase preliminar do planejamento do empreendimento

ou atividade, aprovando sua localização e concepção, e estabelecendo os requisitos básicos a

serem atendidos nas próximas fases de sua implementação. Nessa fase, poderá ser exigida a

elaboração de Estudo de Impacto Ambiental - EIA.

2. Licença de Instalação (LI): autoriza a instalação do empreendimento ou atividade, de

acordo com as especificações constantes dos planos, programas e projetos aprovados,

incluindo medidas de controle ambiental.

3. Licença de Operação (LO) autoriza a operação da atividade ou empreendimento, após a

verificação do efetivo cumprimento do que consta das licenças anteriores, com as medidas de

controle ambiental para a operação. A licença está sujeita a renovação periódica.

Pela Constituição de 1988 e Resolução CONAMA n° 01/86, toda atividade

com potencial poluidor deve apresentar um Estudo de Impacto Ambiental com respectivo

Relatório de Impacto Ambiental - EIA/RIMA como subsídio para o processo de

licenciamento (CARVALHO, 2008), cuja avaliação deve incluir pontos específicos das

atividades realizadas nos portos (ANTAQ, 2011).

33

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A execução do EIA tem três etapas principais. Os estudos de base fornecem um

retrato da situação da área antes da construção do empreendimento – é o diagnóstico

ambiental. A análise dos impactos fornece um prognóstico da situação ambiental futura e é

composta de três atividades: a identificação, a previsão da magnitude ou intensidade dos

impactos e a avaliação de sua importância ou significância. A análise dos impactos leva à

formulação de medidas de gestão ambiental (SÁNCHEZ, 2006).

O licenciamento portuário está sendo feito observando-se a implantação de

novos projetos, ampliação das instalações existentes e a regularização das atividades que já

estão em operação. Os primeiros serão objeto de licenciamento pleno, compreendendo a

obtenção das licenças Prévia (LP), de Instalação (LI) e de Operação (LO). A LO das

atividades que já estão em operação é liberada mediante a apresentação de um Plano de

Controle Ambiental – PCA. O licenciamento impõe a implantação de uma série de

dispositivos de controle e proteção ambientais (Quadro 3.2) que devem fazer parte de um

SIGA a ser elaborado, implantado e aprimorado periodicamente (ANTAQ, 2011).

A avaliação de impactos ambientais não termina quando um projeto recebe

aprovação na forma de uma licença ambiental. O processo de avaliação prossegue durante

todo o período de vida do empreendimento, ou seja, as etapas de implantação, de operação e

mesmo de desativação, incluindo as modificações que usualmente ocorrem durante o

funcionamento de todo empreendimento (SÁNCHEZ, 2006).

O acompanhamento é composto pelas atividades de monitoramento;

supervisão, fiscalização ou auditoria; e documentação e análise. A articulação dessas

atividades promove a integração entre o planejamento e gestão ambiental. Assim, as

atividades de planejamento ambiental dizem respeito aos estudos prévios, à análise de

alternativas, à consulta pública e à decisão final sobre um projeto ou investimento, enquanto

as atividades de gestão ambiental significam a aplicação das medidas preventivas, mitigadoras

e demais programas ambientais durante as três principais fases do período de vida do

empreendimento (SÁNCHEZ, 2006).

Um cuidado especial deve se dado ao licenciamento de dragagem. A resolução

CONAMA nº 344 tratou com rigor os sedimentos contaminados, provenientes das dragagens,

o que exige do Administrador Portuário ações de planejamento ambiental, de modo a dar

continuidade a esses serviços, primordiais para a evolução e segurança dos portos.

34

Page 35: web/uploads/files/Dairle Costa.pdf

Quadro 3.2 - Principais dispositivos de controle ambiental necessários ao licenciamento.

Dispositivo Ação Legislação e Normas

aplicáveis Plano de

Gerenciamento

de Resíduos

Sólidos - PGRS

Promover o gerenciamento de resíduos sólidos. Norma NBR 10.004,

Resolução CONAMA nº

005/1993, Resolução da

Anvisa RDC 56/2008, Art.

5º da Lei 9.966/2000.

Gerenciamento

de riscos de

poluição

Elaborar manuais de procedimentos internos para

o gerenciamento de riscos de poluição, bem como

para a gestão dos diversos resíduos gerados ou

provenientes das atividades de movimentação e

armazenamento de óleo e substâncias nocivas e

perigosas.

Art. 6º da Lei 9.966/2000.

Educação

Ambiental;

Programas de ca-

pacitação e trei-

namento

Promover programas de Educação Ambiental

destinados à capacitação dos trabalhadores.

Art. 3º (V) da Lei

9.795/1999.

Plano de Emer-

gência Individual

- PEI

Dispor de planos de emergência individual para o

combate à poluição por óleo e substâncias nocivas

ou perigosas.

Art. 7º da Lei 9.966/2000,

Resolução CONAMA nº

398/2008.

Controle de emis-

sões atmosféricas

Controlar a poluição do ar. Resolução CONAMA nº

005/1989, nº 003/1990, nº

008/1990, nº 382/2006, NR-

15, NBR 9547/86.

Gerenciamento

de Efluentes Lí-

quidos

Controlar a poluição da água (controle de

efluentes)

Resolução CONAMA nº

357/2005.

Auditoria

Ambiental

Realizar auditorias ambientais bienais,

independentes, com o objetivo de avaliar os

sistemas de gestão e controle ambiental de suas

unidades.

Art. 9º da Lei 9.966/2000,

Resolução CONAMA nº

306/2002.

PCE

PPRA

PAM

Plano de Controle de Emergência – PCE;

Programa de Prevenção de Riscos Ambientais

(PPRA);

Plano de Ajuda Mútua – PAM.

NR 29.

Plano de Recupe-

ração de Áreas

Degradadas -

PRAD

Obrigação do poluidor ou predador de recuperar

os danos causados ao meio ambiente.

Art. 4, VII, da Lei nº

6.938/1981; Art. 1 do

Decreto nº 97.632/89

(aplicado por analogia).

Gerenciamento

de Resíduos de

Dragagem

Diretrizes gerais e procedimentos mínimos para a

avaliação do material a ser dragado, visando o

gerenciamento de sua disposição em águas

jurisdicionais brasileiras.

Resolução CONAMA nº

344/2004.

Monitoramento

Ambiental

Obrigatoriedade de existir um programa de

monitoramento delineado no estudo ambiental.

Resolução CONAMA nº

01/1986.

Fonte: ANTAQ (2011)

O Quadro 3.3 apresenta os instrumentos de gestão ambiental de

35

Page 36: web/uploads/files/Dairle Costa.pdf

empreendimentos e os diversos usos da avaliação de impacto ambiental.

Quadro 3.3 - Instrumentos de gestão ambiental de empreendimentos e os diversos usos da

avaliação de impacto ambiental.

Fase do em-

preendimento

Instrumentos de planeja-

mento e gestão

Relação com o

governo

Relação com a

sociedade / partes

interessadas

Planejamento

do projeto

Avaliação de impacto ambiental

Análise de risco

Investigação e avaliação do

passivo ambiental

Análise de ciclo de vida

LP e outras licenças

exigíveis (i. e. re-

moção de vegeta-

ção, uso de água,

avará municipal,

etc.)

Audiência pública

Reuniões públicas

Programas de co-

municação

Implantação/

Construção

Monitoramento Ambiental

Programas de gestão ambiental

SGA

Auditoria Ambiental

LI

Relatórios de moni-

toramento

Relatórios de anda-

mento

Vistória e fiscali-

zação

Comitês de acom-

panhamento

Relatórios de ativi-

dades

Programas de co-

municação

Operação

/Funciona-

mento

Monitoramento Ambiental

Programas de gestão ambiental

Auditoria Ambiental

Avaliação de desempenho

ambiental

Contabilidade ambiental e

provisão financeira

LO

Normas e padrões

ambientais

Relatórios de moni-

toramento e desem-

penho

Comitês de acom-

panhamento

Relatórios de de-

sempenho ambi-

ental

Balanço Social

Relatório de Sus-

tentabilidade

Desativação

/Fechamento

Investigação e avaliação do

passivo ambiental

Plano de fechamento ou de

desativação

Avaliação de impacto ambiental

PRAD ou Plano de remediação

de solos contaminados

Monitoramento Ambiental

Auditoria Ambiental

Normas e padrões

ambientais

Valores de refe-

rência (solos e

águas subterrâneas)

Futura autorização

de fechamento

Relatórios de de-

sempenho am-

biental

Audiência pública

Reuniões públicas

Fonte: SÁNCHEZ (2006).

36

Page 37: web/uploads/files/Dairle Costa.pdf

3.4.1.4 Agenda Ambiental Institucional

As obrigações relacionadas às matérias ambientais extrapolam as atribuições

do núcleo ambiental, pois envolvem ações de fiscalização, de elaboração de orçamento, de

comunicação institucional, para citar algumas delas, que são de competência de outras

unidades da organização, o que evidência a necessidade de uma ação partilhada.

A Agenda Ambiental Institucional deve nascer da iniciativa da Administração

Portuária e envolver o máximo das unidades da organização do porto. A implantação de uma

Agenda Ambiental Institucional torna possível a transversalidade na condução das questões

ambientais nas organizações portuárias. Essa Agenda formaliza um compromisso ambiental

da empresa portuária, assumido por todo o seu corpo organizacional.

As matérias de uma Agenda Ambiental Institucional são: criar uma missão

ambiental própria da instituição; observar as diretrizes ambientais emanadas de seus

dirigentes máximos; instituir a política ambiental da instituição; formular e dar consecução a

planos e programas ambientais na organização; estabelecer horizontes e metas a serem

alcançadas pela organização e aprimorar a capacitação dos agentes ambientais portuários.

Algumas ações dessa Agenda dizem respeito à criação de oportunidades de

comunicação institucional, momento em que é veiculada pela organização uma mensagem

ambiental, criando uma imagem clara de defesa da qualidade dos ambientes portuários, à

elaboração e execução de um orçamento para trabalhos ambientais, à constituição de uma

base de dados para o planejamento ambiental e à realização de parcerias com instituições que

atuem nesse campo, entre outras ações.

Segundo SÁ (2008) a implantação dessa Agenda encaminha a organização para

a execução dos passos necessários para a implantação do SGA, esclarecendo os papéis de

cada setor e suas etapas, além de contribuir na mudança de cultura em relação aos cuidados

ambientais que cada um deve ter.

3.4.1.5 Agenda Ambiental Local

Essa agenda celebra o compromisso dos agentes portuários locais na área de

saúde, de meio ambiente, de segurança do trabalhador e institucional, com os ganhos de

qualidade ambiental. Sua força está baseada na compreensão da necessidade de partilha das

responsabilidades ambientais entre todas as autoridades presentes no porto. Elas comportam

ações para um melhor desempenho ambiental, determinam os papéis de cada agente portuário,

37

Page 38: web/uploads/files/Dairle Costa.pdf

instituem metas, estabelecem prazos a serem observados e designam um coordenador para

cada uma das ações nelas contidas, a quem se subordina sua condução. A Agenda Ambiental

Local deve nascer da iniciativa da Administração Portuária e envolver o máximo de agentes

ambientais portuários.

3.4.1.6 Auditoria ambiental

Segundo FILHO & WATZLAWICK (2008) a auditoria ambiental é um

instrumento que permite fazer uma avaliação sistemática, periódica, documentada e objetiva

dos sistemas de gestão e do desempenho dos equipamentos instalados em uma empresa, para

fiscalizar e limitar o impacto de suas atividades sobre o ambiente.

De acordo com os autores ela pode ser voluntária, por decisão da empresa em

conformidade com sua Política Ambiental, imposta por legislação local, ou resultante de

circunstâncias especiais que afetem a empresa, tais como a ocorrência de acidentes ambientais

graves, ou ainda, como exigência de compradores interessados nos ativos do estabelecimento

e na identificação de eventuais passivos ambientais.

Pode ainda ser interna, realizada por pessoal da própria empresa, de forma

rotineira, dentro do que estatui sua Política Ambiental, ou externa, realizada por empresas

especializadas, quando houver motivos legais ou políticos que os justifiquem, preocupação

com futuras ações indenizatórias, exigências de companhias seguradoras, exigências de

clientes, particularmente importadores, desejo de melhorar a transparência da imagem da

empresa. Quando o motivo for a certificação do estabelecimento pela ISO 14001/04, a

auditoria deverá ser feita por uma terceira-parte devidamente credenciada (FILHO &

WATZLAWICK, 2008).

No setor portuário brasileiro, a auditoria ambiental deriva de obrigação legal,

conforme disposto no art. 9° da Lei 9.966/00. A Resolução CONAMA 306/02 estabelece os

requisitos mínimos e o termo de referência para a realização de auditorias ambientais. Ao

avaliar o grau de implementação e a eficiência dos planos e programas no controle da

poluição ambiental, a auditoria identifica os pontos fracos e fortes do processo de gestão,

razão pela qual é imprescindível (ANTAQ, 2011).

3.4.1.7 Plano de emergência individual – PEI

O Plano de Emergência Individual - PEI dos portos e terminais deve estar

38

Page 39: web/uploads/files/Dairle Costa.pdf

aprovado e implantado em todos os portos brasileiros, por exigência da Lei 9.966/00 (art. 7°)

e da Resolução CONAMA 293/01. De acordo com o art. 3º da Resolução, o porto deve obter

a aprovação do PEI para a obtenção da LO. A Resolução CONAMA nº 398/08, que revisou a

293/01, dispõe sobre o conteúdo mínimo do PEI (ANTAQ, 2011).

3.4.1.8 Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos – PGRS

O Art. 5º da Lei 9.966/00 estabelece a obrigatoriedade de retirada pelos portos

dos diversos resíduos produzidos por ele ou provenientes das embarcações para instalação

própria ou de terceiros. Todo resíduo oriundo de área portuária deve ser coletado por empresa

com licença ambiental expedida pelo órgão ambiental competente e cadastrada na ANVISA.

Todo porto organizado e demais instalações portuárias de mesma natureza

devem, obrigatoriamente, pela Resolução RDC nº 217/01 da ANVISA, ter o seu PGRS. Esse

Plano deve ser aprovado pela própria ANVISA e pelo órgão ambiental competente (Lei

9.966/00), sendo a autoridade portuária responsável pelo gerenciamento integrado dos

resíduos, o que inclui sua coleta e sua disposição final. A Resolução da ANVISA nº 217, em

seu Art. 35º, proíbe a retirada de resíduos sólidos de embarcações em Postos de Controle

Sanitário, que não disponham de PGRS.

A RDC nº 72, de 29 de dezembro de 2009/ANVISA institui novos conceitos

para a retirada de resíduos sólidos de embarcações, definindo responsabilidades e

procedimentos para sua retirada e descarte. Substitui o PGRS por ―Boas Práticas do

Gerenciamento de Resíduos Sólidos‖. A partir da entrada em vigor dessa resolução, em 1º de

março de 2010, o gerenciamento de resíduos sólidos gerados na área de responsabilidade da

administração portuária, consignatários, locatários ou arrendatários deve ser feito de forma

integrada por tais atores, visando a evitar agravos à saúde pública e ao ambiente (ANTAQ,

2011).

3.4.2 Segurança ocupacional

3.4.2.1 Unidade Ocupacional de Engenharia de Segurança

Todos os portos organizados deveriam dispor de uma Unidade de Engenharia

de Segurança, integrada à Unidade Ambiental, cujo dimensionamento mínimo deveria estar

de acordo com o constante do Quadro I da Norma Regulamentadora NR-29 do Ministério do

39

Page 40: web/uploads/files/Dairle Costa.pdf

Trabalho e Emprego - MTE, levando-se em conta a formação, qualificação e dedicação

laboral (integral ou parcial) daqueles profissionais, de forma a acompanhar e monitorar o

cumprimento das conformidades exigidas pela legislação em vigor. Trata-se de uma

atribuição da Autoridade Portuária, que deve exercê-la com recursos próprios, o que inclui

convênios com outras entidades do porto organizado como o OGMO (ANTAQ, 2007a).

Os portos devem realizar auditorias bianuais de segurança ocupacional ou

sempre que ocorrerem modificações substanciais que justifiquem uma nova auditoria, tendo

como meta abordar as conformidades abaixo descritas com base no Relatório Consolidado das

Avaliações em 2006 e 2007 da Gestão Ambiental nos Portos Organizados (ANTAQ, 2007a).

3.4.2.2 Manual de procedimentos internos

Os Manuais de Procedimentos Internos previstos no art. 6º da Lei 9.966/00

subsidiam o gerenciamento dos riscos de poluição, pela correta gestão dos diversos resíduos

gerados ou provenientes das atividades de movimentação e armazenamento de óleo e

substâncias nocivas ou perigosas nos portos. De acordo com a referida lei, esses manuais

devem ser elaborados pelos portos e aprovados pelo órgão ambiental competente, em

conformidade com a legislação, normas e diretrizes técnicas vigentes.

Os procedimentos de gerenciamento de riscos de poluição se baseiam na

avaliação dos riscos tanto da implementação quanto da operação de uma atividade ou

empreendimento no que se refere aos perigos envolvendo tanto a emissão de poluentes

resultantes dos processos utilizados pela instalação, quanto o manejo de produtos perigosos e

suas conseqüências na ocorrência de eventuais acidentes, tanto para o público interno

(funcionários) quanto para o externo ao empreendimento.

Os riscos são proporcionais às cargas manuseadas, ao seu potencial poluidor,

às condições de manuseio das cargas e à vulnerabilidade da região onde a instalação está ou

será localizada. De acordo com a ANTAQ (2007a) os elementos da avaliação de risco são:

os níveis efetivos ou potenciais de poluição ou de degradação ambiental provocadas

por atividades de pessoas físicas ou jurídicas;

as condições de operação e de manutenção dos equipamentos e sistemas de controle

da poluição;

a capacitação dos responsáveis pela operação e manutenção dos sistemas, rotinas,

instalações de proteção do meio ambiente e de segurança e saúde do trabalhador;

a qualidade do desempenho das funções do gerenciamento ambiental;

40

Page 41: web/uploads/files/Dairle Costa.pdf

o encaminhamento dado às diretrizes e aos padrões do porto ou terminal portuário,

objetivando preservar o meio ambiente e a vida e

as soluções que permitam minimizar a probabilidade de exposição de operadores e

do público a riscos provenientes de acidentes hipotéticos, mas prováveis, e de emissão

contínuas que possam afetar direta ou indiretamente sua saúde ou segurança.

O passivo ambiental representa os danos causados ao ambiente por acidentes

eventuais ou por degradação contínua, que permaneceram por um determinado tempo sem

que tivessem sido tratados. Na maioria das vezes, é o resultado de anos de negligência quanto

à proteção ambiental. Passivos são custos herdados do passado, externalidades que agora

desafiam à sua internalização e para tanto demandam investimentos que fazem falta para a

expansão dos negócios (CUNHA; FREDDO & AGUIAR, 2006).

3.4.2.3 Programa de Prevenção de Riscos Ambientais – PPRA

A Análise Preliminar de Riscos – APR tem por objetivo a identificação dos

riscos e impactos potenciais relacionados com as atividades portuárias, bem como apontar

ações para eliminação ou controle desses riscos. A Norma Regulamentadora NR-29 do MTE

estabelece a obrigatoriedade de elaboração e implementação do Programa de Prevenção de

Riscos Ambientais - PPRA, visando a necessidade de medidas de prevenção quanto à saúde e

integridade do trabalhador portuário, sendo de suma importância a avaliação acima descrita

para os riscos ocupacionais que os locais de trabalho possam oferecer, independentemente do

número de empregados.

De acordo com a GMA/ANTAQ todos os portos organizados devem dispor do

equipamento necessário que possa atender às exigências do Corpo de Bombeiro local e ao

diagnóstico realizado quando da elaboração do PPRA. O mesmo Plano demanda que o porto

organizado deve dispor de uma brigada de combate à incêndio, de caminhões tanques, o que

pode ser conveniado com a unidade de Corpo de Bombeiro local. Essa disponibilização

atende à norma sem que haja necessariamente aquisição dos mesmos equipamentos que uma

unidade do Corpo de Bombeiros possui, com a devida capacitação para operá-los.

As ações do PPRA devem ser desenvolvidas no âmbito das instalações

portuárias, tais como escritórios, armazéns, faixa de cais, pátio de contêineres, silos verticais e

horizontais, que estejam sob a responsabilidade da Autoridade Portuária, sendo sua

abrangência e profundidade dependente das características, dos riscos e das necessidades de

controle.

41

Page 42: web/uploads/files/Dairle Costa.pdf

3.4.2.4 Plano de Controle de Emergência – PCE

O PCE tem por finalidade definir a estrutura operacional que possa fazer frente

às situações de emergência que ameacem o homem, o meio ambiente e o patrimônio

portuário, como situações de incêndio e explosão, segurança nas operações portuárias,

derramamento ou vazamento de produtos perigosos, poluição ou acidentes ambientais e

socorro a acidentados.

3.4.2.5 Plano de Ajuda Mútua – PAM

A diferença básica entre o PCE e o PAM, é que esse último caracteriza-se por

ser um plano de ação conjunta de emergência, necessitando de um planejamento maior e em

grande escala do que àqueles possíveis de serem controlados no âmbito do PCE.

3.4.2.6 Código IMDG3 para cargas perigosas

Em se tratando de cargas perigosas, é importante que os portos que

movimentam esse tipo de mercadoria disponibilizem em suas zonas primárias uma área

especial, tanto para segregação e armazenagem quanto para reparos de vazamento em

contêineres contendo carga IMO - Organização Marítima Internacional.

Cabe a elaboração desse procedimento ao Núcleo Ambiental do porto

organizado e sua aplicação numa ação conjunta com outras unidades da Administração

Portuária. Ações para a implantação dos procedimentos operacionais devem constar da

Agenda Ambiental Institucional e Local da Administração Portuária.

3.4.2.7 Plano de Segurança Pública Portuária – PSPP

Todos os portos que mantenham comércio marítimo internacional de

navegação, portanto de longo curso, devem possuir um Plano de Segurança Pública Portuária

– PSPP, com suas Unidades de Segurança Portuária, em observância às exigências do ISPS

Code, da Convenção SOLAS, da IMO, com a obtenção do Termo de Aptidão ou da

Declaração de Cumprimento - DC em termos de segurança portuária. O Quadro 3.4 apresenta

os principais instrumentos do SIGA adotados no Brasil por força da legislação.

3IMDG Code (Código Marítimo de Cargas Perigosas): o documento atualizado da IMO Revision of the Recommendations

on the Safe Transport of Dangerous Cargoes and Related Activities in Port Areas, a NBR 14253/98 da ABNT, a Norma

Regulamentadora 29 (NR - 29) do Ministério do Trabalho e Emprego – MTE (ANTAQ, 2010)

42

Page 43: web/uploads/files/Dairle Costa.pdf

Quadro 3.4 - Principais instrumentos do SIGA com base em determinações legais.

INSTRUMENTOS LEGISLAÇÃO

ME

IO A

MB

IEN

TE

Licenciamento Ambiental

EIA/RIMA

Lei nº 6.938/81

Resolução CONAMA nº 01/86,

nº 09/87 e nº 237/97

Lei nº 7.661/88

Constituição 1998

Licenciamento de dragagem Resolução CONAMA nº 344/04 e nº 357/05 Núcleo Ambiental /Capacitação Ambiental

Agenda Ambiental Institucional

Agenda Ambiental Local

Resolução CIRM 06/98

Auditoria Ambiental Lei nº 9966/00

Resolução CONAMA nº 306/02

Plano de Emergência Individual – PEI

Lei nº 9.966/00

Resolução CONAMA nº 293/01 e

nº 398/08

Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos -

PGRS

Resolução CONAMA nº 05/93

ANVISA RDC nº 217/01, nº

56/08 e nº 72/09

Lei nº 9966/00

Lei nº 12.305/10

Gerenciamento de água de lastro

ANVISA RDC nº 217/01

Lei nº 9.966/00

NORMAN 20/05

SE

GU

RA

A O

CU

PA

CIO

NA

L

Manual de Procedimento Interno

Procedimento operacional para cargas

perigosas

MARPOL 73/78

CLC/69

OPRC/90

Lei nº 9966/00

Código IMDG

Decreto nº 4.871/03

Núcleo de Segurança Ocupacional

Auditoria de Segurança Ocupacional

Análise Preliminar de Riscos – APR

PPRA (Brigadas/Instalações e equipamentos de

incêndio)

Programa de Controle de Emergência – PCE

Plano de Ajuda Mútua - PAM

MT NR nº 29

Portaria da SEP 104/09

Plano de Segurança Pública Portuária – PSPP

ISPS Code, da Convenção

SOLAS, da IMO.

Fonte: ANTAQ (2007a, 2011).

43

Page 44: web/uploads/files/Dairle Costa.pdf

3.5 Implementação do SIGA em Portos e Terminais

Uma das demonstrações das mudanças que o país está conquistando é o

crescimento do número de organizações em busca de um SGA. BARBIERI (2007 apud

ALMEIDA, 2010) observa que a empresa pode adotar um dos modelos genéricos propostos

por outras entidades nacionais ou internacionais. Qualquer que seja a escolha do SGA, trata-se

de um acordo voluntário unilateral. O que se espera com a implantação de um SGA é que, no

mínimo, contribua para que a empresa atue conforme a legislação num primeiro momento, e

avance na direção de melhorias que a levem a superar as exigências legais.

O autor indica a existência de três modelos de gestão ambiental: sistema de

gestão ambiental e de auditoria ambiental de adesão voluntária, proposto pela Câmara de

Comércio Internacional - ICC; sistema comunitário de ecogestão e auditoria (EMAS),

proposto pelo Conselho da Comunidade Européia, e o modelo de norma ISO 14001. O

sistema proposto pelo ICC não define a abordagem dos problemas ambientais, enquanto o

EMAS se volta claramente para prevenção da poluição. O sistema EMAS trata da melhoria do

desempenho ambiental, enquanto a ISO 14001 trata da melhoria do sistema de gestão

ambiental, sem estabelecer critérios de desempenho ambiental. No Brasil, o número de

certificações da ISO 14001 indica uma grande aceitação do modelo de sistema de gestão

ambiental sugerido pela norma.

Após quatro dias de auditoria a empresa Bureau Veritas – BVC concluiu que o

SIGA do Terminal Portonave (Navegantes/SC) atende a todos os requisitos da ISO

14001:2004 (FABRICA DE COMUNICAÇÃO, 2010). O Terminal de passageiros Giusfredo

Santini (Porto de Santos/SP), administrado pela empresa Concais S/A, é um modelo para

outros portos da costa brasileira que recebem cruzeiros marítimos. O terminal conquistou o

certificado da ISO 14001:2004 e a recertificação da NBR ISO 9001:2008, também obedece

rigorosamente todas as normas do ISPS Code – Código Internacional Para a Proteção de

Navios e Instalações Portuárias desde 2005, estabelecido e assinado por 166 nações

integrantes da IMO (CONCAIS, 2010).

ALMEIDA (2010) avaliou o SGA dos Terminais do Porto de Santos,

administrado pelas empresas Companhia Auxiliar de Armazéns Gerais /Grupo Copersucar,

Terminal Citrosuco Serviços portuários S/A - Grupo Fischer, Libra Terminais/Grupo Libra e

Stolthaven Santos/Grupo STT, ratificando que todos aderem às normas ABNT NBR ISO

9001 e 14001, com os certificados válidos e auditorias em dia, e têm rígido controle sobre as

leis a que estão sujeitos.

44

Page 45: web/uploads/files/Dairle Costa.pdf

A Companhia Docas do Ceará implementou ações que visam proteger o

ambiente que abrange o Porto de Fortaleza, de modo a definir um SGA (BEZERRA et al,

2005). O SGA da empresa Terminais Portuários da Ponta do Félix, no Paraná, foi construído

ao longo de mais de cinco anos (2003-2009), e atualmente concebe a totalidade da GAP a

partir de três cenários sócio-ambientais, quais sejam: o cenário das instalações portuárias, o

cenário dos acessos terrestre e marítimo ao porto e o cenário dos navios (BOLDRINI, 2009).

EPELBAUM (2006) aponta que o fator que contribuiu para isso é a abordagem

pragmática com relação ao desempenho ambiental mínimo, atrelado ao atendimento da

legislação. A certificação não tem o papel de definir padrões mínimos legais, mas sim

trabalhar com os existentes. Cabendo a administração, ao definir os objetivos, estabelecer os

critérios de desempenho máximo. Não predefinir requisitos de excelência ambiental

promoveu a adesão das empresas, com a possibilidade de que, a cada auditoria de

manutenção, elas possam ter renovado seu certificado, mediante a comprovação de melhoria

de seu desempenho.

3.6 Norma ISO 14001:04

Para a publicação de normas internacionais, a International Organization for

Standardization (ISO) divide-se em comitês técnicos responsáveis pela discussão e

elaboração de documentos em diversas áreas. O comitê técnico responsável pela elaboração

de normas de gestão ambiental é o ISO/TC 207. A Associação Brasileira de Normas Técnicas

(ABNT), um dos membros fundadores e que participa ativamente das discussões a respeito de

normas técnicas na ISO, também possui o seu comitê técnico de gestão ambiental, o

ABNT/CB-38, que possui estrutura semelhante ao ISO/TC 207 e realiza as traduções para o

português de normas internacionais, publicando as respectivas NBR-ISO (POMBO &

MAGRINI, 2008).

Logo após a publicação da BSI 7750, em 1992, a ISO deu início a criação da

ISO 14000. Quatro anos após o início das discussões teve sua primeira publicação, com a ISO

14001, norma referente aos requisitos necessários a implantação de um SGA. Esta norma foi

revisada em 2004, sendo que as modificações realizadas buscaram uma adequação à NBR

ISO 9001:2000 e uma melhor elucidação do texto normativo (CAMPOS et al., 2006; LIMA &

LIRA, 2007).

Como a ISO 9001 serviu para atestar que as organizações, detentoras da

certificação, possuíam suas atividades desenvolvidas por meio de um sistema de qualidade

45

45

Page 46: web/uploads/files/Dairle Costa.pdf

total a ISO 14001 tornou-se a norma utilizada para que as empresas pudessem implantar um

SGA e demonstrar, por meio, da certificação que estão em conformidade com o controle de

suas ações sobre a natureza (LIMA & LIRA, 2007).

No Brasil, foi estabelecido pelo Conselho Nacional de Metrologia,

Normalização e Qualidade Industrial (CONMETRO), o Sistema Brasileiro de Avaliação da

Conformidade, tendo sido o Inmetro designado por aquele Conselho como organismo

acreditador, ou seja, é a instituição responsável por credenciar as empresas responsáveis pela

emissão dos certificados ISO 14001 (POMBO & MAGRINI, 2008).

Segundo FILHO & WATZLAWICK (2008) a adesão à ISO 14001 vai

proporcionar à empresa, além de uma maior inserção no mercado internacional, vantagens

organizacionais (mudança na gestão global da empresa, incorporação de práticas gerenciais na

área ambiental, legitimidade da responsabilidade ambiental, conscientização dos

funcionários), redução de custos (eliminação de desperdícios do processo de produção,

racionalização na alocação dos recursos naturais e humanos), minimização de acidentes

(identificação prévia das vulnerabilidades ambientais da empresa) e vantagens competitivas

(novas oportunidades de negócios e mudança na concepção do consumidor).

A NBR ISO 14001: 2004 – Sistemas de Gestão Ambiental: requisitos com

orientações para uso é a norma que contém os requisitos passíveis de auditoria para fins de

certificação, registro ou autodeclaração, e uma diretriz não-certificável destinada a prover

orientação genérica a uma organização para estabelecer, implementar ou melhorar seu

Sistema de Gestão Ambiental.

A implementação de um SGA, segundo a ISO 14001, exige o cumprimento de

17 requisitos normativos que devem ser estruturados de forma a se estabelecer um sistema de

melhoria contínua. Os 17 requisitos da ISO 14001 estão divididos em 5 grupos ou fases de

implementação: a política ambiental; o planejamento; a implementação e operação; a

verificação e ação corretiva; e a análise crítica (CAMPOS et al.; 2006).

De acordo com a ISO 14001:2004 a norma se baseia na metodologia conhecida

como Plan–Do–Check–Act (PDCA), conforme ilustrado na Figura 3.2. O PDCA pode ser

brevemente descrito da seguinte forma:

- Planejar: Estabelecer os objetivos e processos necessários para atingir os resultados em

concordância com a política ambiental da organização.

- Executar: Implementar os processos.

- Verificar: Monitorar e medir os processos em conformidade com a política ambiental,

objetivos, metas, requisitos legais e outros, e relatar os resultados.

46

Page 47: web/uploads/files/Dairle Costa.pdf

- Agir: Agir para continuamente melhorar o desempenho do sistema da gestão ambiental.

Figura 3.2 — Modelo de sistema da gestão ambiental para a NBR ISO 14001: 2004.

Na sua introdução, a norma destaca sua aplicação a qualquer tipo e/ou tamanho

de organização, razão pela qual não devem ser estabelecidas quaisquer formas pré-definidas e

específicas para o desenvolvimento de um SGA. Dada a diversidade de culturas

organizacionais e de meios de produção de bens e de serviços, FILHO & WATZLAWICK

(2008) consideram que dificilmente será possível adotar uma prática que possa ser aceita

como única e universal, afinal cada organização se constitui em atividades geralmente

específicas, ditadas por um conjunto de elementos regidos por fatores internos e externos que

possuem um dinamismo próprio e bastante particularizado.

Além disso, os autores ressaltam que a ISO 14001 e as demais normas voltadas

a outras dimensões de Sistema de Gestão não estabelecem o modo pelo qual uma organização

deve atender a um determinado requisito, definindo apenas o que deve ser realizado. Portanto,

ao priorizar e expressar ―o que fazer‖ e não ―como fazer‖, a norma propicia liberdade e

flexibilidade para que uma organização opte por modelos distintos de implementação e,

também, de demonstração no cumprimento de um ou outro requisito. Diante dessa

constatação, ao se comparar SGAs de diferentes organizações certificadas, torna-se plausível

esperar alguma variabilidade e diversidade em relação à consistência de cada sistema.

Para uma melhor compreensão dos requisitos são apresentadas abaixo

descrições breves dos itens da norma:

47

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3.6.1 Requisitos Gerais

Que orientam como a organização deve implantar, documentar, manter e

melhorar continuamente um SGA conforme os demais requisitos da norma. Referem-se

também à definição e documentação do escopo do SGA.

3.6.2 Política Ambiental

A Política Ambiental é uma declaração da organização em que constam suas

intenções e princípios gerais em relação a seu desempenho ambiental, provê uma estrutura

para ação e a definição de objetivos e metas ambientais (ABNT NBR ISO 14001:2004).

A norma determina que a alta administração deva definir a política ambiental

da organização, dentro do escopo definido de seu SGA, devendo considerar o

comprometimento com a melhoria contínua, com os impactos ambientais de sua atividade,

com o atendimento aos requisitos legais, com o processo de implementação e documentação e

com a comunicação com seus públicos interno e externo (ABNT NBR ISO 14001:2004). A

política ambiental, como um instrumento para o desenvolvimento de ações de melhorias da

gestão de uma organização, pode ser considerada parte de um item maior da norma, que é o

planejamento, resumido no próximo parágrafo.

3.6.3 Planejamento

Nesta etapa, elabora-se um conjunto de procedimentos para a implementação e

operação do SGA. A norma NBR ISO 14001 divide o item Planejamento, nos seguintes

requisitos: Aspectos ambientais; Requisitos legais e outros; Objetivos, metas e programa(s).

3.6.3.1 Aspectos Ambientais

A empresa deve estabelecer uma sistemática para identificar, avaliar e atualizar

os aspectos e impactos ambientais, sob condições normais de operação. Segundo TOLEDO,

TURRIONI & BALESTRASSI (2003) aspectos ambientais significativos são aqueles que têm

ou podem ter impactos ambientais significativos.

Para identificar os aspectos ambientais, a organização deve levar em

consideração todas as atividades e tarefas do processo produtivo que possa controlar e

48

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influenciar, avaliando seus respectivos impactos ambientais4, com o objetivo de determinar

quais aspectos4 são significativos, a fim de que sejam tratados prioritariamente pelo SGA.

3.6.3.2 Requisitos Legais e Outros

Para manter-se a par das exigências legais e de outros requisitos que se

apliquem aos aspectos ambientais de suas atividades, produtos e serviços a organização deve

estabelecer um procedimento de levantamento e atualização da legislação ambiental

internacional, federal, estadual e municipal.

3.6.3.3 Objetivos, metas e programa(s)

A norma ABNT ISO 14001 requer especificamente que a organização

estabeleça objetivos e metas para prevenir a poluição4 - PGA e, que estas estejam coerentes

com a política ambiental, e estabeleça e mantenha um SGA que possa alcançar os mesmos.

Na opinião de CAJAZEIRA (1998) é este item da norma que leva o SGA à melhoria contínua.

Segundo HARRINGTON & KNIGHT (2001) um Programa de Gestão

Ambiental - PGA4 deve ser dinâmico e passível de correção sempre que necessário, de forma

a ser ajustado para refletir qualquer alteração sofrida pela estrutura da empresa. WEBER et al.

(2000), complementa ainda que os referidos PGAs devam ser monitorados visando à melhoria

contínua do SGA.

3.6.4 Implementação e Operação

Este item trata dos meios para a implementação dos programas. Conforme a

norma NBR ISO 14001/2004, faz parte desta etapa: Recursos, funções, responsabilidades e

autoridades; Competência, treinamento e conscientização; Comunicação; Documentação;

Controle de documentos; Controle Operacional e Preparação e resposta às emergências.

4 Segundo NBR ISO 14001 (2004):

Aspecto ambiental: é o elemento das atividades, produtos ou serviços de uma organização, que pode interagir com o meio

ambiente. Impacto ambiental: qualquer modificação do meio ambiente, adversa ou benéfica, que resulte, no todo ou em

parte, dos aspectos ambientais da organização. A relação entre aspectos e impactos é de causa e efeito. Objetivo ambiental: é

um propósito ambiental global, decorrente da política ambiental, que uma organização se propõe a atingir, sendo quantificado

sempre que exeqüível. Meta ambiental: é um requisito de desempenho detalhado, quantificado sempre que exeqüível,

aplicado à organização ou parte dela, resultante dos objetivos ambientais e que necessita ser estabelecido e atendido para que

tais objetivos sejam atingidos; Prevenção da poluição: é o uso de processos, práticas, técnicas, materiais, produtos, serviços,

ou energia para evitar, reduzir ou controlar a poluição que é a geração, emissão ou descarga de qualquer tipo de poluente ou

rejeito, para redução dos impactos ambientais adversos. Programa de Gestão Ambiental (PGA): é o desdobramento das

metas em um plano de ação detalhado, no qual estejam definidos os meios para se atingirem as metas, os responsáveis pelas

ações e os prazos.

49

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3.6.4.1 Recursos, funções, responsabilidades e autoridades

De acordo com a NBR ISO 14001, a administração deve: definir, documentar e

comunicar funções, responsabilidades e autoridades a todos que trabalhem para a organização

ou atuem em seu nome; indicar representantes da administração para assegurar que seja

estabelecido, implementado e mantido um SGA e relatar o desempenho5 do mesmo, incluindo

recomendações para sua melhoria; e assegurar a disponibilidade de recursos para atingir esse

fim. Esses recursos incluem recursos humanos e habilidades especializadas, infra-estrutura

organizacional, tecnologia e recursos financeiros.

3.6.4.2 Competência, treinamento e conscientização

Segundo a NBR ISO 14001/2004 a organização deve: assegurar que qualquer

pessoa que, para ela ou em seu nome, realize tarefas que tenham o potencial de causar

impacto(s) ambiental(is) significativo(s) seja competente com base em formação educacional,

treinamento ou experiência; identificar as necessidades de treinamento e provê-lo; e

estabelecer, implementar e manter procedimento(s) para torná-los conscientes da importância

de se estar em conformidade com a política ambiental e com os requisitos do SGA; dos

aspectos ambientais significativos e respectivos impactos reais ou potenciais associados com

seu trabalho e dos benefícios ambientais proveniente da melhoria do desempenho pessoal; de

suas funções e responsabilidades em atingir a conformidade com os requisitos do SGA; e das

potenciais conseqüências da inobservância de procedimento(s) especificado (s).

3.6.4.3 Comunicação

A NBR ISO 14001/2004 define que a organização deve estabelecer e manter

procedimentos que atendam as demandas de comunicação interna entre os vários níveis e

funções relativa a seus aspectos ambientais, considerando que estes devam ser registrados

desde o recebimento até a resposta às partes interessadas. HARRINGTON & KNIGHT

(2001), afirmam que a comunicação é a vida do sistema, visto que é a forma mais eficaz de

fazer um SGA funcionar em conjunto.

5Segundo NBR ISO 14001 (2004): desempenho ambiental são os resultados mensuráveis da gestão de uma organização

sobre seus aspectos ambientais. Os resultados podem ser medidos com base na política ambiental, objetivos ambientais e

metas ambientais da organização e outros requisitos de desempenho ambiental.

50

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3.6.4.4 Documentação

Neste requisito a NBR ISO 14001 exige que a política, objetivos e metas

ambientais, o escopo e os elementos-chaves do SGA sejam documentados, fornecendo

orientação sobre fontes de informação mais detalhadas sobre o funcionamento de partes

específicas do mesmo. Exemplos de documentos incluem: declarações das políticas, objetivos

e metas; informações sobre os aspectos ambientais significativos; procedimentos; informações

de processo; organogramas; normas internas e externas; planos locais de emergência e

registros. MOREIRA (2001), descreve que o Manual do Sistema, é o documento de primeiro

nível da hierarquia dos padrões, que descreve de maneira genérica o funcionamento de todos

os elementos do SGA e indica a documentação específica de cada elemento.

3.6.4.5 Controle de documentos

Para SEIFFERT (2006), o objetivo do controle documental é proporcionar à

empresa o estabelecimento e manutenção de procedimentos para o controle de todos os

documentos exigidos pela ISO 14001, sendo que a organização pode optar em ter um controle

físico e/ou eletrônico, mas com a preocupação de que o acesso a estes seja de forma prática e

rápida, assegurando que as versões sejam sempre atualizadas e estejam disponíveis em todos

os locais onde são executadas operações essenciais ao efetivo funcionamento do SGA.

HARRINGTON & KNIGHT (2001), orientam que a documentação deve ser

legível, datada, inclusive com datas de revisão, que seja facilmente identificável, mantida de

forma organizada e retida por um período de tempo especificado, além de haver

procedimentos e responsabilidades em relação à criação e alteração dos vários tipos de

documentos.

3.6.4.6 Controle Operacional

Neste requisito a NBR ISO 14001 recomenda que se estabeleça controles

operacionais para cada um dos aspectos ambientais significativos identificados a fim de

assegurar que a política ambiental, os objetivos e metas da organização sejam atingidos e que

as atividades irrelevantes ou inadequadas sejam eliminadas.

51

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3.6.4.7 Preparação e resposta às emergências

A organização deve assegurar que suas operações sejam conduzidas de modo a

controlar ou reduzir os impactos, por estabelecer, implementar, manter, revisar e testar

periodicamente procedimento(s) para responder às situações reais de emergência e aos

acidentes, e prevenir ou mitigar os impactos ambientais adversos associados (ABNT NBR

ISO 14001, 2004).

3.6.5 Verificação e Ação Corretiva

As etapas de verificação estabelecidas pela norma NBR ISO 14001/2004, são:

Monitoramento e medição, Avaliação do atendimento a requisitos legais e outros, Não

conformidade, ação corretiva e ação preventiva, Controle dos registros e Auditoria interna.

3.6.5.1 Monitoramento e medição

Os aspectos ambientais significativos devem ter suas características medidas

periodicamente e seus resultados comparados com os padrões aplicáveis.

3.6.5.2 Avaliação do atendimento a requisitos legais e outros

A NBR ISO 14001 estabelece que a organização deve estabelecer, implementar

e manter procedimentos para avaliar periodicamente o atendimento aos requisitos legais

aplicáveis, dando especial atenção a manutenção dos registros pertinentes.

3.6.5.3 Não conformidade, ação corretiva e ação preventiva

Segundo a NBR ISO 14001 não conformidade é o não atendimento dos

padrões estabelecidos. Para a qual deve ser estabelecida ação corretiva. Posteriormente, deve

ser analisado o que contribuiu para o não cumprimento das propostas, e a partir disto, definir

ações preventivas, o que significa atuar na sua causa básica, tomando as medidas necessárias,

de modo a evitar sua ocorrência novamente.

52

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3.6.5.4 Controle dos registros

MOREIRA (2001) esclarece que registro é um comprovante do que foi feito,

ou seja, o documento diz o que deve ser feito, enquanto o registro comprova de que forma se

deu esta ação. A organização deve estabelecer, implementar e manter procedimento(s) para a

identificação, armazenamento, proteção, recuperação, retenção e descarte de registros, que

devem ser e permanecer legíveis, identificáveis e rastreáveis (NBR ISO 14001, 2004).

3.6.5.5 Auditoria interna

A organização deve assegurar que as auditorias internas6 do SGA sejam

conduzidas em intervalos planejados para determinar se o SGA está em conformidade com os

arranjos planejados para a gestão ambiental e foi adequadamente implementado e é mantido, e

fornecer informações à administração sobre os resultados das auditorias (NBR ISO 14001,

2004).

3.6.6 Análise pela Administração

A alta administração é responsável pelo alcance permanente dos objetivos

econômicos, ambientais e sociais. Portanto, a administração precisa realizar avaliação

periódica de todos os fatos levantados a respeito da situação ambiental da organização através

de auditorias, monitoramentos, controles operacionais e outros dados e informações. Ela

precisa comparar os fatos com a política ambiental e com os objetivos, metas e programas

derivados da mesma. A revisão do SGA é a chave para a melhoria contínua e também a

garantia de que o SGA continua a atender as necessidades da empresa.

Quando o motivo da auditoria for a certificação do estabelecimento pela ISO

14001, deverá ser feita por uma terceira-parte devidamente credenciada.

6Segundo NBR ISO 14001 (2004): auditoria interna é o processo sistemático, independente e documentado para obter

evidência e avaliá-la objetivamente para determinar a extensão na qual os critérios de auditoria do sistema da gestão ambiental

estabelecidos pela organização são atendidos.

53

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4 DESCRIÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO

4.1 Área do Porto Organizado de Itaqui/MA

O Maranhão tem em extensão litorânea 640 km, sendo o segundo maior do

Brasil e do nordeste (NOVAES et al., 2007). De oeste para leste seu litoral apresenta as

reentrâncias, o golfão maranhense, os lençóis e o delta do Parnaíba (AZEVEDO-CUTRIM,

2008). A baía de São Marcos é um dos acidentes geográficos do golfão maranhense

(FEITOSA & TROVÃO, 2006).

O Porto de Itaqui situa-se na margem leste da baía de São Marcos (Fig. 4.1), ao

sul da Ponta da Madeira, a sua frente é encontrada a Ilha de Guarapirá. A área portuária dista

11 km do centro da cidade de São Luís/MA, a ele se interligando através do acesso à rodovia

BR-135. A Zona de Itaqui está localizada em área pertencente ao Módulo G do Distrito

Industrial de São Luís – DISAL (VIEIRA DA SILVA, 2006), que possui 190 km2. A área do

Porto é constituída aproximadamente por 495 ha, dos quais cerca de 209 ha encontram-se em

terra e o restante no mar (ROSENBERG ASSOCIADOS, 2001), e está localizada nas

coordenadas descritas no Quadro 4.1.

Quadro 4.1 - Coordenadas geográficas da localização do Porto de Itaqui/MA.

Ponto

Latitude Longitude

M 01 2º34’58,4"S 44º22’07,0"W

M 02 2º34’35,7"S 44º22’10,8"W

PT A’ 2º34’12,0"S 44º22’46,7"W

PT A 2º34’04,2"S 44º22’29,1"W

PT B 2º33’59,7"S 44º22’26,8"W

M F 2º33’41,8"S 44º21’47,0"W

MG 2º34’10,1"S 44º21’26,5"W

PT 6 2º34’36,4"S 44º21’50,7"W

PT H 2º37’06,2"S 44º21’25,6"W

PT J 2º37’09,5"S 44º21’45,1"W

Fonte: Decreto nº 250.705/05.

54

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Figura 4.1 – Localização do Porto de Itaqui, baía de São Marcos, São Luís/MA.

Segundo o Decreto nº 250.705 de 25 de julho de 2005 a área do Porto

Organizado de Itaqui é constituída:

a) pelas instalações portuárias terrestres e marítimas, delimitadas pela poligonal definida pelos

pontos de coordenadas geográficas constantes no Quadro 4.1, abrangendo todos os cais7,

docas, pontes, berços de atracação e de acostagem7, armazéns, silos, rampas ro-ro

7, pátios

7,

edificações em geral, vias internas de circulação rodoviária e ferroviária e ainda os terrenos ao

longo dessas faixas marginais e em suas adjacências, pertencentes à União, incorporados ou

não ao patrimônio do Porto de Itaqui ou sob sua guarda e responsabilidade; e

b) pela infra-estrutura de proteção e acesso aquaviário, tais como áreas de fundeio, bacias de

evolução7, canal de acesso

7 e áreas adjacentes a estes, até as margens das instalações terrestres

do porto organizado, existentes ou que venham a ser construídas e mantidas pela

Administração do Porto ou por outro órgão do Poder Público.

Fonte: VIEIRA DA SILVA (2006).

Lat 2°47’45’’S

Lat 2°28’54’’S

Long 44°13’34’’W

ESTADO DO MARANHÃO

Long 44°31’42’’ W

PORTO DO

ITAQUI

IMAGEM LANDSAT, MA-10-26 (EMBRAPA)

BAÍA DE SÃO

MARCOS

7Segundo a (ANTAQ, 2010a)

Cais do porto: é uma parte contínua de um porto que tem contato direto com o mar onde se localizam os berços de

atracação e que podem ser especializados (terminais) ou não (cais comercial). Berço de atracação e de acostagem: é um

espaço no cais, entre cabeços de amarração, em que o navio pode atracar para operar, embarcar e desembarcar, cargas em

segurança. Roll-on-roll-off (ro-ro): navio especial que opera por rolamento. A carga embarca e desembarca sobre rodas.

Dispõe de abertura (prancha) na proa e/ou na popa para essa movimentação. Pátio: áreas descobertas que se encontram

localizadas na área de um porto intercalado aos armazéns ou isoladas, destinadas ao recebimento de cargas pesadas ou de

natureza especial. Bacia de Evolução: é um local no espaço aquático nas proximidades do cais, dotado de dimensão e

profundidade adequadas, para manobrar as embarcações. Canal de acesso: liga o alto mar com as instalações portuárias,

podendo ser natural ou artificial, dotado de profundidade e largura adequadas, com a devida sinalização, com o objetivo de

dar acesso das embarcações ao porto.

55

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4. 2 Área de Influência do Porto Organizado de Itaqui/MA

A área de influência de um porto, segundo ROSENBERG ASSOCIADOS

(2001) está fortemente atrelada não só as atividades das áreas que o circundam, mas também

pela facilidade de acesso às suas instalações e pelas condições comerciais oferecidas por

portos próximos e concorrentes.

A Estrada de Ferro Carajás - EFC viabiliza a chegada do minério e de outros

minerais do leste do Pará. Apesar da Companhia Ferroviária do Nordeste - CFN ligar

praticamente todas as capitais nordestinas ao porto, a concorrência dos portos nordestinos

acaba por limitar a área de influência do porto nesta região. Assim, atualmente a área de

influência atinge a parte oeste do Piauí e parte noroeste da Bahia. A Hidrovia Araguaia-

Tocantins permite o acesso das cargas com origem no centro-oeste brasileiro, o que contribui

para que a área de influência do Porto atinja todo o Tocantins, o noroeste de Goiás e o leste de

Mato Grosso (ANTAQ, 2010b; ROSENBERG ASSOCIADOS, 2001).

O Porto de Itaqui compreende as áreas das instalações de atracação e

acostagem, as áreas das instalações de armazenagem, as áreas e instalações portuárias

diversas com contratos de arrendamento a empresas várias, e as áreas de serviços.

4.3 Instalações de atracação e acostagem

O porto de Itaqui dispõe de 1.616m de cais (ANTAQ, 2010b), suas instalações

de atracação e acostagem compreendem cinco berços de cais acostável (Berços 101, 102, 103,

104 e 105) e um Píer Petroleiro com dois berços, sendo um no lado externo (berço 106) que

se encontra operacional, e outro no lado interno - berço 107. Destes, o 105 está arrendado para

a Companhia Vale do Rio Doce - CVRD e os demais são públicos (PETCON, 2005). Na Fig.

4.2 são apresentadas as instalações mencionadas.

56

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Figura 4.2 – Instalações de atracação e acostagem do Porto de Itaqui.

ROSENBERG ASSOCIADOS (2001) os classificou em berços de atracação de

carga seca/multiuso e terminal de granéis líquidos. As características do primeiro são

apresentadas na Tabela 4.1. Para o manuseio de granéis líquidos, o Porto de Itaqui dispõe de

um pier de atracação tipo finger, com dois berços (106 e 107), que apresentam profundidades

de 21 e 11 metros, respectivamente.

Tabela 4.1 - Características dos berços para carga seca/multiuso.

BERÇOS

101 102 103 104 105

Comprimento (m) 237 237 237 200 280

Largura (m) 37 35 35 23 23

Profundidade (m) 9 -9.5 -13 -14 -19

Fonte: ROSENBERG ASSOCIADOS (2001).

4.4 Instalações de armazenagem

Segundo a ANTAQ (2010) as instalações de armazenagem do Porto de Itaqui

compreendem:

Pátios de armazenagem desabrigada

Berço 101

Berço 102

Berço 103

Berço 104

Berço 105

Píer Petroleiro

Armazém de carga geral

Canal de acesso ao Porto

Fonte: PETCON (2005)

57

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a) 1 armazém de carga geral com capacidade de 6.000 t, com 150 m de comprimento e 50 m

de largura apresenta área de 7.500 m2, localizado na retaguarda do Berço 102;

b) 1 armazém de 3.000 m2 para granéis sólidos;

c) 4 pátios para armazenagem desabrigada com área total de 42.200 m2:

Pátio sul, atrás do berço 101 com área total de 7.700 m2,

Pátio de estocagem, situado atrás do armazém de carga geral, cujas dimensões

totalizam cerca de 20.000 m2,

Pátio na retaguarda do Berço 103, com as seguintes dimensões: 181 m de

comprimento e 55 m de largura, totalizando uma área retangular de 10.000 m2,

Pátio com cerca de 4.500 m2, junto ao portão de acesso ao Porto, em frente ao

refeitório;

d) 4 silos verticais com capacidade de armazenagem estática de 12.000 t de grãos; e,

e) 1 silo horizontal com capacidade de 8.000 t de grãos;

f) 50 tanques para depósito de granéis líquidos com capacidade de 210.000 m3;

g) 8 silos verticais, com capacidade de 7.200 t; e

h) 2 esferas para armazenar 8.680 m3 de GLP.

4.5 Áreas sob contratos operacionais

De acordo com a COAMB - Coordenadoria do Meio Ambiente (Anexo A), as

empresas arrendatárias8 do Porto de Itaqui são: Petróleo Sabbá S/A, Petróleo Brasileiro –

Petrobrás, CONAB, Pedreiras Transporte do Maranhão, Ipiranga Produtos de Petróleo, Bunge

Fertilizantes, Granel Química LTDA; OGMO/Itaqui, SYNGMAR, CBR, TEMMAR,

ANVISA, Netuno Alimentos, VALE, Moinhos Cruzeiro do Sul S/A, SERVIPORTO, TRJ

Restaurante, Restaurante Manducare, Restaurante Catalana, COPI, UTE PORTO DE

ITAQUI/MPX e Total Distribuidora S.A.

Em 1994 a CVRD arrendou e passou a operar o berço 105, denominado por ela

Píer II, por onde faz o carregamento de seus produtos, pagando pelo uso do berço uma tarifa

pela tonelagem movimentada especialmente criada para este caso. Neste berço, a CVRD

instalou um carregador de navios, próprio, com capacidade de 8.000 t/h. Nesse berço são

realizadas também exportação de soja através de uma correia transportadora cone

(ROSENBERG ASSOCIADOS, 2001).

O Complexo Portuário de São Luís/MA possui ainda dois TUPs, o Terminal da

8De acordo com a ANTAQ (2010a) o contrato de arrendamento é celebrado com a União, no caso de exploração direta,

ou com sua concessionária, sempre através de licitação, quando localizada dentro dos limites da área do porto organizado

(Lei 8.630/93).

58

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Ponta da Madeira – C. A. nº 004/93, pertencente à CVRD, denominado pela empresa Pier I,

constituído de um píer de acostagem para navios de até 450.000 TPB9, um pátio descoberto de

125.000 m2 para estoque de minério de ferro e manganês, e um silo horizontal para grãos com

capacidade de 25.000 t, e o Terminal Alumar C. A. nº 003/94 pertencente a Alcoa Alumínio

S. A – Billitan Metais e Alcan, localizado no Estreito dos Coqueiros, onde atracam navios

graneleiros em um cais de 252 m de comprimento (ANTAQ, 2010b).

4.6 Dados meteorológicos

A temperatura atmosférica média no Porto de Itaqui é de 26,7 °C, variando da

média mínima de 23,4°C no período chuvoso até a média máxima de 31 °C no período de

estiagem. Os valores da velocidade do vento são praticamente constantes durante todo o ano

(variam entre 6,0 e 7,8 nós), apresentando um valor médio anual de 6,93 nós, sendo mais

intenso no segundo semestre, especialmente outubro e novembro. A precipitação anual no

Porto de Itaqui é de 1952,8 mm, com o período chuvoso, compreendendo os meses de janeiro

a maio, e tendo no mês de abril a sua maior precipitação, com 416,2 mm (PETCON, 2005).

4.7 Dados hidrográficos

A maré observada no Porto de Itaqui é do tipo semidiurna, com o nível médio

das preamares de sizígia de 6,27 m e de quadratura 5,02 m e o nível médio das baixa-mares

de sizígia 0,59 m e de quadratura 1,84 m. As marés máximas atingem 7,1 m, ocorrendo nos

meses de março e setembro, sendo a variação média das marés de 3,4 m. A circulação das

águas na baía de São Marcos é governada pelas variações de maré. Os valores mínimos das

correntes ocorrem próximos às estofas e os máximos ocorrem de 3 a 4 horas após a preamar

nas vazantes, e de 2 a 3 horas após a baixa-mar nas enchentes. As correntes são reversas,

apresentam a direção norte a nordeste nas vazantes e, após as estofas, invertem a direção para

sul a sudoeste durante as enchentes. Na bacia de evolução as correntes de enchente variam de

4,3 nós em sizígia, a 3,7 nós em quadratura, e na vazante, variam de 5,1 nós em sizígia e 4,2

nós em quadratura (PETCON, 2005).

9TPB (Tonelada de porte bruto) é o peso em toneladas que o navio pode transportar, incluídos carga, combustível,

aguada, lubrificantes, víveres, sobressalentes, enfim, tudo que necessita para sua completa operação, incluindo a

tripulação e seus pertences (ANTAQ, 2010a).

59

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4.8 Unidades de Paisagem

Segundo ROSENBERG ASSOCIADOS (2001) na área de terra do porto foram

identificadas as seguintes unidades de paisagem, mangue, vegetação arbustiva, vegetação

arbórea e solo exposto com atividades de engenharia (atividade antrópica). Predominando no

local áreas com solo exposto e atividades de engenharia (54,63%), seguido por mangue

(22,41%), vegetação arbustiva (15,03%) e vegetação arbórea (7,93%).

Através da análise do mapa de sensibilidade da região NOVAES et al. (2007)

concluíram que o manguezal é sensível ao derrame de hidrocarbonetos e outros produtos

perigosos, caso um acidente ocorra poderá prejudicar a população local que depende destas

áreas para se sustentarem e devido ao seu baixo poder aquisitivo, tem como área de lazer as

praias do local, logo os impactos prejudicarão a biota e todo o meio social.

60

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5 METODOLOGIA

5.1 Levantamento de documentos oficiais e relatórios ambientais

Conforme ilustra o Quadro 5.1 a metodologia incluiu levantamentos, por coleta

de documentos oficiais e relatórios ambientais, via e-mail, endereços eletrônicos, pesquisa

bibliográfica e visita a escritório de órgãos reguladores, além do acompanhamento de

noticiário.

Quadro 5.1- Documentos oficiais e relatórios ambientais levantados na pesquisa.

Documentos oficiais

Relatórios ambientais

Constituição Federal, Lei nº 6.938/81,

Resolução CONAMA nº 1/86, Lei nº

8.630/93, Lei nº 7661/98, Resolução CIRM nº

9/98 – Agenda Ambiental Portuária, Lei nº

9.433/97, Lei nº 9.537/97, Lei nº 12.305/10,

Lei nº 9.605/98, Lei nº 9.966/00 - Lei do óleo,

RDC ANVISA nº 217/01, Resolução

CONAMA nº 05/93, Resolução CONAMA nº

237/97, Resolução CONAMA nº 293/01,

Resolução CONAMA nº 306/02, Resolução

CONAMA nº 344/04, Resolução CONAMA

nº 357/05, Resolução CONAMA nº 398/08,

RDC ANVISA nº 56/08, RDC ANVISA nº

72/09, NORMAM nº 08/03, NORMAM nº

20/05, Portaria SEP nº 104/09, Portaria SEP nº

414/09, Portaria TEM nº 3.114/78, MT NR 29

e NR 30, NBR ISO 14001/04 e Ata da 165ª

Reunião Ordinária do CAP/Porto de Itaqui.

Relatório Consolidado das Avaliações em 2006 e

2007 da Gestão Ambiental nos Portos Organizados,

Relatório de Vistoria nº 004/2007 – GMA,

Relatório de Vistoria no 14/2007 - GMA,

Relatório de Vistoria nº 019 /2007 – GMA,

Relatório de Vistoria nº 004/2008–GMA,

Relatório de Vistoria nº 13/2010–GMA,

Relatório de Vistoria nº 010 /2007–GMA,

Porto de Itaqui: Plano de Controle de Emergência

contra derrames de hidrocarbonetos e de outras

substâncias perigosas, incêndio em armazenagens e

homem ao mar,

Plano de Desenvolvimento e Zoneamento do Porto

de Itaqui,

RIMA: Implantação do Distrito Industrial Portuário

do Porto de Itaqui e

EIA do Porto de Itaqui.

61

Page 62: web/uploads/files/Dairle Costa.pdf

5.2 Aplicação de questionários e Avaliação dos Relatórios de Vistoria da ANTAQ

Para coleta de dados foi enviado questionário semi-estruturado baseado nos

requisitos da norma ABNT NBR ISO 14001:2004 (APÊNDICE A) para o Coordenador de

Meio Ambiente da Empresa Maranhense de Administração Portuária - EMAP, a fim de

avaliar as práticas de gerenciamento ambiental existentes nas atividades de rotina, frente à

legislação ambiental vigente e às diretrizes e programas de gerenciamento ambiental da

organização.

A NBR ISO 14001 foi selecionada como referência, por ser uma norma

flexível, uma vez que exige apenas que a organização cumpra os padrões de desempenho

ambiental mínimo local. O nível de dificuldade para obtenção da certificação é determinado

pelas restrições ambientais associadas à legislação ambiental da cidade, estado, região ou país

onde a empresa está instalada.

Por meio dos Relatórios Ambientais fornecidos pela GMA/ANTAQ foi

avaliado os aspectos da gestão portuária ligada a conservação do ambiente e a preocupação

com a saúde e segurança do trabalhador e das comunidades afetadas direta ou indiretamente

pelas atividades portuárias (SIGA) enquanto o questionário destinou-se a avaliar como o

conjunto de procedimentos e instrumentos foram administrados pelo SGA da EMAP.

62

Page 63: web/uploads/files/Dairle Costa.pdf

6 RESULTADOS E DISCUSSÃO

6.1 Histórico do Porto Organizado de Itaqui/MA

O governo do estado do Maranhão solicitou ao governo federal, em 1918,

concessão para iniciar as obras de um porto em São Luís, e conseqüentemente, o uso e gozo

das instalações portuárias por um período de 60 anos (ROSENBERG ASSOCIADOS, 2001).

Em 1939, o Departamento Nacional de Portos e Navegação, do Ministério da

Viação e Obras Públicas, promoveu estudos técnicos que apontaram a região de Itaqui como a

área ideal para a implantação de um porto capaz de atender às necessidades do Maranhão.

Isso ocorreu após serem abandonadas as tentativas - em 1957 e 1961 - de construção de

instalações para acostagem unidas ao centro comercial da cidade de São Luís, previstas no

Decreto nº 13.133, de 7 de agosto de 1918, e definidas na concessão outorgada pela União ao

governo estadual, pelo Decreto nº 13.270, de 6 de novembro do mesmo ano. Tal construção,

embora com a execução contratada à empresa C.H. Walker & Co. Ltda., não prosperou. Pelo

Decreto nº 16.108, de 31 de julho de 1923, a aludida concessão foi extinta, surgindo, então, o

desenvolvimento do projeto para Itaqui (ANTAQ, 2010b).

As obras em Itaqui, tiveram início em 1960, sob a gestão do Departamento

Nacional de Portos, Rios e Canais - DNPRC, transformado em autarquia em abril de 1963,

com a denominação de Departamento de Portos e Vias Navegáveis - DNPVN que deu

prosseguimento as obras de construção do porto (ANTAQ, 2010b).

Em 1966, as obras portuárias foram iniciadas pela firma Serveng-Civilsan S.A,

com a construção do primeiro trecho do cais acostável, com 367 m. As obras de

prolongamento prosseguiram até 1972, quando concluíram mais 270 m de frente de atracação,

para o lado norte e mais 80 m, para o sul. Em 28 de dezembro de 1973, realizou-se a sessão

pública de constituição da Companhia Docas do Maranhão - CODOMAR, que foi aprovada

pelo decreto nº 73.725, de 4 de março de 1974 (ROSENBERG ASSOCIADOS, 2001).

Somente em 1976, foram concluídos os trechos de cais denominados Cais

Norte (berço 103) e Cais Sul (berço 101), respectivamente, que permaneceram com as suas

características até meados de 1984, quando a CODOMAR promoveu obras de substituição de

150 m de cais apoiados em gabiões, no berço 102, por estrutura moderna em tubulões

verticais e inclinados em frente ao armazém (PETCON, 2005).

Em maio de 1994, o porto de Itaqui passou a contar com 480 m de cais,

constituído pelos berços de atracação denominados 104 e 105, apoiados sobre tubulões e

vigas protendidas. O píer petroleiro foi concluído em maio de 1999, com 420 m de extensão e

63

Page 64: web/uploads/files/Dairle Costa.pdf

dois berços de atracação, um externo (106) com capacidade para atracar navios de até 150.000

TPB e outro interno (107), que não se encontra em operação por motivos de profundidade

limitada, dependendo de dragagem e derrocamento para possibilitar a sua operacionalidade

(PETCON, 2005). Além dessas obras, foram realizadas várias modificações na área estuarina,

tais como dragagens, aterros etc.

6.2 A Autoridade Portuária no Porto de Itaqui – EMAP

A EMAP foi criada pela Lei Estadual n.o

7.225 de 31 de agosto de 1998 em

substituição à CODOMAR. Em 1º de fevereiro de 2001, através do Convênio de Delegação

de serviços portuários n.º 16/00 entre a União, por intermédio do Ministério dos Transportes e

o Governo do Estado do Maranhão, o Porto de Itaqui, o cais de São José do Ribamar e os

terminais de Ferry-Boat, da Ponta da Espera e do Cujupe passaram a ser administrados pela

EMAP (ANTAQ, 2010b).

A EMAP, enquanto Autoridade Portuária, no exercício de suas competências

deve proceder de forma que seja elaborada, implementada e assumida por todos os segmentos

que atuem na área do Porto Organizado de Itaqui, uma ferramenta de gestão própria que

atenda aos requisitos de um Sistema Integrado de Gestão de Segurança, Meio Ambiente,

Saúde Ocupacional, Qualidade e Responsabilidade Social. Este Sistema Integrado de Gestão

Portuária deverá ter por objetivo desenvolver uma padronização de trabalho que se adeque às

normas nacionais e internacionais para assegurar a qualidade, permitindo o funcionamento

correto dos processos num ambiente seguro e saudável e preservando o meio ambiente e

social para as gerações futuras.

6.3 Principais Instrumentos de Gestão Ambiental e Segurança Ocupacional do Porto de

Itaqui

Do final de 2006 até agosto de 2007, a Gerência de Meio Ambiente – GMA em

conjunto com as Unidades Administrativas Regionais – UAR da ANTAQ, realizaram uma

série de visitas aos portos, inclusive o Itaqui (período de 26 a 28 de maio de 2007), para

verificar o atendimento às conformidades legais de gestão ambiental e de segurança

ocupacional adotados pela Autoridade Portuária e apontar os seus pontos fortes e fracos e

delinear medidas para o seu aprimoramento. Com essa finalidade foi considerado três

aspectos importantes: 1. quais os instrumentos de gestão que estão implantados e os que não

64

Page 65: web/uploads/files/Dairle Costa.pdf

estão; 2. como esses instrumentos deveriam estar sendo trabalhados e 3. qual o caminho a

seguir para se alcançar um melhor resultado da gestão (ANTAQ, 2007a).

A avaliação verificou o atendimento pela atividade aos principais regulamentos

vigentes, às conformidades deles decorrentes, aos dispositivos não compulsórios aplicáveis ao

setor - agendas ambientais, assim como levantou outros aspectos importantes, como o grau de

dificuldade dos portos em tratar seus instrumentos de gestão.

Nessa avaliação foi constatado que os administradores portuários vêm, pouco a

pouco, compreendendo a importância da relação da sua atividade com o espaço físico e sócio-

econômico a que se integra, consequentemente, um componente a ser tratado dentro da

estratégia gerencial, operacional e comercial da organização portuária, incluído neste último o

marketing ambiental. Assim as Administrações Portuárias estão em processo de implantação

de um sistema de gestão portuária (ANTAQ, 2007a), o que inclui a EMAP.

Durante o período de 14 à 17 de abril de 2008 e 22 à 24 de novembro de 2010

a GMA procedeu a atualização da avaliação da gestão ambiental e segurança ocupacional no

Porto de Itaqui por meio de visitas às instalações do porto, entrevistas com técnicos e análise

de documentos. Abaixo estão listados os principais instrumentos de gestão portuária de Itaqui.

6.3.1 Meio Ambiente

6.3.1.1 Núcleo Ambiental

A EMAP possui um núcleo ambiental denominado Coordenação de Meio

Ambiente – COAMB. Considerando sua disposição no organograma institucional da EMAP

(ANEXO A), a COAMB anteriormente estava ligada a uma diretoria de engenharia e

operações. Essa diretoria foi dividida em duas específicas e o setor acabou sendo vinculado à

Diretoria de Engenharia. Porém, conforme os próprios técnicos do setor, considerando suas

atribuições (acompanham a operação portuária, fiscalização), o ideal seria a vinculação da

COAMB com a Diretoria de Operações.

Segundo o Coordenador de Meio Ambiente, a empresa está passando por uma

reestruturação organizacional, onde a COAMB na nova proposta, estará vinculada a uma

Gerencia de Meio Ambiente, Saúde e Segurança, sendo que a Gerência estará ligada

diretamente a Presidência da empresa.

Assim como o porto de Itaqui, os portos da Companhia Docas do Estado de

São Paulo – CODESP, Rio Grande, Paranaguá e Antonina possuem na sua estruturação

65

66

Page 66: web/uploads/files/Dairle Costa.pdf

organizacional uma unidade ambiental denominada Superintendência de Qualidade, Meio

Ambiente e Normalização (ANTAQ, 2006a), Assessoria Técnica de Meio Ambiente

(ANTAQ, 2007b) e Grupo Setorial de Gestão Ambiental Mar e Terra, respectivamente

(ANTAQ, 2007c).

De acordo com o Coordenador da COAMB o quadro de pessoal da

Coordenação da EMAP é composto por técnicos de nível superior (geógrafo com

especialização em engenharia ambiental e uma administradora) e 3 estagiários cursando

gestão em meio ambiente e um gerente especialista em engenharia ambiental.

A qualificação da COAMB foi considerada insatisfatória pela ANTAQ nas

vistorias de 2008 e 2010. Apesar da EMAP contar com técnicos com formação na área

ambiental, a COAMB teria identificado a necessidade de contratação de mais alguns

profissionais, um indicativo de que o número de funcionários seria insuficiente. Situação

semelhante foi identificada pela CODESP no porto de Santos (ANTAQ, 2006a) e pela

ANTAQ (2007b e 2007c) nos portos do Rio Grande (RS), Paranaguá e Antonina (PR).

A EMAP, através da atuação da equipe da COAMB, tem participado de

discussões técnicas sobre planos e projetos importantes para a gestão ambiental do sistema

portuário do Maranhão, inclusive dando apoio à iniciativas da Universidade Federal do

Maranhão - UFMA, como um estudo relacionado aos impactos do descarte da água de lastro

no litoral maranhense (ANTAQ, 2008). Dessas discussões resultaram contratos e convênio de

cooperação técnica com a Consultoria Ambiental Ênfase e com a UFMA para a realização de

estudos ambientais (ANTAQ, 2010c).

6.3.1.2 Planejamento ambiental

Poucas empresas privadas do setor portuário tratam as questões ambientais no

âmbito do planejamento, com uma estratégia proativa, que reduz custos e diminui impactos

ambientais, evitando as ações de comando e controle que são reativas, dispendiosas e

ineficazes em termos socioambientais (KITZMANN & ASMUS, 2006; ANTAQ, 2007a).

As Administrações Portuárias devem contratar estudos antes de iniciarem a

revisão de seu PDZ. A Autoridade Portuária, EMAP, tem registro de quatro trabalhos de

desenvolvimentos de PDZs no Porto de Itaqui/MA e que o último deles foi feito com dados de

2008, aprovado em 2009, realizado pela empresa DTA Engenharia (CAP/ITAQUI-MA,

2010).

Em julho de 2010 foi reiterado acordo assinado em março de 2010, firmando

66

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convênio da EMAP com a Agência Internacional Japonesa de Cooperação (JICA). A JICA

desenvolveu o projeto de modernização do Porto de Itaqui, projetando a sua infra-estrutura

para os anos seguintes, até 2030. Para isso, os pesquisadores vinculados às empresas Nipon

Koei e Ides analisaram e revisaram o PDZ Portuário e o Plano de Expansão de Itaqui, que está

servindo de base para a elaboração de um plano diretor.

Segundo a ANTAQ (2010c), o PDZ do Porto de Itaqui já foi aprovado pelo

CAP e está em via de publicação DOU, o que o torna indisponível para terceiros. A

elaboração do PDZ contemplou aspectos ambientais. As empresas contratadas levaram em

consideração as informações pertencentes ao EIA/RIMA elaborado para a licença ambiental,

assim como, mapa de cobertura vegetal e unidades de conservação. O que evidencia avanços

em termos de gestão ambiental, visto que a versão de 2001 do PDZ trata da dimensão

ambiental e social de forma superficial, sem fazer referência a determinações legais ou

estudos ambientais que deveriam ter precedido sua elaboração.

A elaboração atual do PDZ, na parte ambiental, contou com a presença do

órgão estadual de meio ambiente (SEMA) e do Corpo de Bombeiros.

6.3.1.3 Licenciamento Ambiental

O Porto de Itaqui opera desde o início dos anos 70, porém sem as devidas

preocupações ambientais hoje existentes sob a administração da EMAP. Durante o período de

administração CODOMAR a questão ambiental não era prioridade, até porque as exigências

de controle só foram expressas em Lei em 1986 com a Resolução CONAMA nº 01

(ROSENBERG ASSOCIADOS, 2001).

Para a concessão da Licença de Operação (LO) torna-se necessário a

elaboração de um EIA/RIMA. O Porto de Itaqui possui LO nº 160/2007 emitida pela SEMA

em 10/07/2007 com validade de 2 anos e sua renovação estende-se até 07/07/11. Segundo a

ANTAQ (2007b) o porto do Rio Grande (RN) possui LO emitida pela Fundação Estadual de

Proteção Ambiental (FEPAM) com validade até 2013 e a Autoridade Portuária e os

arrendatários do porto de Fortaleza (CE), possuem LO emitida pelo órgão ambiental estadual

(SEMACE), bem como as licenças para dragagem (ANTAQ, 2007e).

Em relação às empresas arrendatárias do porto de Itaqui, todas possuem a LO

emitida pela SEMA. Os instrumentos de gestão ambiental e saúde ocupacional das mesmas

(PEI, gerenciamento de resíduos e alguns manuais de procedimentos interno) são

acompanhados pela Autoridade Portuária (ANTAQ, 2010c).

67

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A SEP possui uma série de projetos previstos nas duas fases do Programa de

Aceleração do Crescimento do Governo Federal (PAC 1 e 2) para a ampliação da eficiência

logística dos portos brasileiros, nos quais o Maranhão está sendo contemplado com obras de

melhorias, ampliação, construção, dragagem, terraplenagem e pavimentação (SEP, 2010a;

SEP, 2010b). Abaixo está a relação das obras de expansão do Porto de Itaqui/MA em

andamento, financiadas pela SEP e iniciativa privada.

6.3.1.3.1 Obras em andamento no Porto de Itaqui/MA

De acordo com BRASIL (2009a), estão em execução no Porto de Itaqui/MA de

2008 até 2011 as obras apresentadas no Quadro 6.1.

Quadro 6.1 Obras em andamento no Porto Organizado de Itaqui/MA.

Empreendimento Instrumentos de planejamento e gestão

Terraplenagem e pavimenta-

ção de aproximadamente

3.500 m2 da área do Porto

Informação não obtida

Construção do berço 100 e

alargamento do Cais Sul em

320 m

Plano de Controle Ambiental – PCA para a concessão da LP e LI.

LI nº 030/2007, expedida pela SEMA em 22/02/2007, com validade

até 22/02/2008.

Compensação ambiental no valor de R$ 300.000,00

Medida compensatória para a supressão do manguezal: projeto

―Revitalizando o Manguezal‖ e de ―Educação Ambiental da

comunidade portuária e vizinha a ele‖.

Dragagem de aprofunda-

mento do canal de acesso

(28m) e bacia de evolução

(28m)

PCA para a obtenção da LO junto a SEMA.

As 2 regiões de bota fora estão a 2 e 4 km do porto, atenderão a

dragagem de aprofundamento e manutenção.

Programas de monitoramento para a concessão da LO, tais como:

monitoramento da dragagem (realizado pela UFMA baseado na

Resolução do CONAMA 344/04, atendendo seus limites a um custo

de R$ 298.000,00 por 9 meses), de qualidade da água, ictiofauna,

avifauna, ruídos, ar, bentônicos e de educação ambiental.

Dragagem dos berços 100,

101, 102 e 103 (15m)

LI nº 102/2006, com validade até 07/07/2007.

Dragagem e construção do

aterro hidráulico da retroárea

dos berços 100 e 101 (pro-

fundidade: 12 e 15 m)

PCA para a concessão da LP e de LI.

LI nº 102/2006, com validade até 07/07/2007.

Continua .....

68

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Empreendimento Instrumentos de planejamento e gestão

Dragagem de manutenção

para permanência da cota de

12m.

PCA para a concessão da LO que tem validade até 25/10/11.

A última dragagem ocorreu em 02/2009.

Plano Básico Ambiental – PBA prevê diversos tipos de

monitoramento, entre eles: caracterização físico-química do

sedimento, na obra de dragagem e na região do bota fora e

monitoramento da qualidade da água.

Melhorias e ampliação dos

berços 101 e 102 e sua

retroárea (72.000 m2) por

meio da retirada do armazém

de carga geral

PCA para a concessão da LP e LI.

Construção do berço 108 –

480 m

PCA para a concessão da LP e LI.

Melhorias do dolfim do píer

A-01 petroleiro.

Expedição do Termo de Referência – TR para contratação de

empresa que elaborará PCA.

Implantação do terminal da

BUNGE fertilizantes

Expedição do TR para contratação de empresa que elaborará PCA.

Construção do prédio da ad-

ministração

Expedição do TR para contratação de empresa que elaborará PCA.

Ampliação do terminal da

Granel Química

Expedição do TR para contratação de empresa que elaborará PCA.

Ampliação do terminal da

Petrobras

Expedição do TR para contratação de empresa que elaborará PCA.

Ampliação de graneis

líquidos (TEMMAR)

Expedição do TR para contratação de empresa que elaborará PCA.

Ampliação do terminal de

grãos (TEGRAM)

Expedição do TR para contratação de empresa que elaborará PCA.

Fonte: BRASIL (2009a), ANTAQ (2007d, 2010c).

De acordo com ANTAQ (2007d) historicamente, o porto de Itaqui não

necessitava de dragagem de manutenção. Há uma grande corrente de varredura de sedimentos

provocada por variação de maré de aproximadamente 7m. Entretanto, a partir do ano 2000,

iniciou-se um processo artificial de assoreamento do porto, com mudanças das correntes de

maré, devido principalmente à ações antrópicas ocorridas próximo à área do Terminal da

CVRD - Pier I (Figura 6.1). Em 2004, foi realizado estudo batimétrico que mostrou a

necessidade de dragagem de manutenção para restabelecimento da situação anterior (cota -13

69

Page 70: web/uploads/files/Dairle Costa.pdf

metros).

Figura 6.1 - Terminal da Ponta da Madeira da CVRD e esteira transportadora de granéis, ao

fundo. Fonte: ANTAQ

A imprensa divulgou de janeiro de 2009 a setembro de 2010 o seguinte sobre

essas obras:

O estudo da Jica prevê, principalmente, o planejamento do lado sul de Itaqui, que deve

abrigar o Terminal de Grãos do Maranhão (Tegram), píeres petroleiros, de carvão e

um terminal de contêineres. A investigação do solo nas proximidades do berço 100 (a

ser construído) e a batimetria (profundidade marítima) são alguns dos estudos

previstos pela Jica, que propõe atenção prioritária às questões ambientais (ESTADO

DO MARANHÃO, 2009).

De acordo com o secretário de Estado de Indústria e Comércio (Sinc), Maurício

Macedo, há previsão de investimentos da ordem de R$ 400 milhões nos próximos dois

anos no Porto de Itaqui, para recuperar a sua capacidade de carga, construir o píer 100

e mais o píer petrolífero 108 (ESTADO DO MARANHÃO, 2009).

A Empresa Maranhense de Administração Portuária (Emap) já tem um plano de ação

pronto para executá-lo a partir do mês de fevereiro. A prioridade da empresa será a

execução de obras de recuperação estrutural do cais e a dragagem de todos os berços

do Porto de Itaqui. ...

Ângelo Baptista disse que, paralelamente às obras de recuperação do cais, será

colocado em execução o projeto de construção de um novo berço no Porto de Itaqui.

―É uma notícia muito alvissareira: conseguimos a aprovação de um importante projeto

para a construção de um novo berço, que é o 108, uma espécie de prolongamento do

berço 106, ... Este berço 108 é uma obra estimada em R$ 80 milhões, que nós

conseguimos incluir na agenda do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC)‖,

declarou o presidente da Emap (SKYSCRAPERCITY, 2009).

70

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As Figuras 6.2, 6.3 e 6.4 mostram a área destinada a construção do berço 100 e

alargamento do Cais Sul, a draga utilizada na dragagem de aprofundamento do canal de

navegação e bacia de atracação no Porto de Itaqui e área prevista para construção do berço

108, respectivamente.

Figura 6.2 - Área destinada a construção do berço 100 e retroárea. Fonte: EMAP

Figura 6.3 – Draga utilizada na dragagem de aprofundamento do canal de navegação e bacia

de atracação no Porto de Itaqui/MA. Fonte: Marco Cutrim.

71

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Figura 6.4 - Área dos berços 104, 105 e 106 (a) e prolongamento com a construção do berço

108 (b). Fonte: EMAP

6.3.1.3.2 Perspectivas de expansão do Porto de Itaqui

As obras previstas por BRASIL (2009a) para execução entre 2012 e 2015

abrangem: construção do berço 98 (200 m) e 99 (280 m), construção do pátio de estocagem de

carga geral, construção da retroárea dos berços 104 e 105 (Figura 6.5), construção do pátio

para carga geral, expansão do terminal da TEGRAM (220.000 m2), construção da retroárea

dos berços 95, 96 e 97 e ampliação da sede da EMAP.

Figura 6.5 - Área prevista para construção de 200 mil m2 de retroárea nos berços 104 e 105.

Fonte: ANTAQ.

a b

72

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A figura 6.5 não deixa dúvida de que a EMAP precisará pedir autorização para

supressão do manguezal. A imprensa divulgou em 08/09/10 o seguinte sobre uma das

obras:

O Governo do Maranhão, a Emap e a JICA assinaram ... acordo para realização

de estudos de viabilidade técnica para a expansão do Porto de Itaqui. O acordo

prevê a análise da construção dos berços 98 e 99 e a melhoria do canal de acesso

sul (PANORAMA ECONÔMICO DO NORDESTE, 2010).

As obras previstas por BRASIL (2009a) para execução após 2015 abrangem a

construção da área do Distrito Industrial (628 ha) e dos berços 86, 89, 90, 91, 92, 93 e 94. O

Plano Diretor ilustrado na Figura 6.6 demonstra como ficará a área do Porto de Itaqui/MA

após as obras.

Figura 6.6 – Plano Diretor do Porto Organizado de Itaqui/MA. Fonte: EMAP

As principais fontes de poluição sonora identificadas na área portuária são:

caminhões, embarcações, locomotivas, máquinas e equipamentos de operação portuária, obras

de reconstrução e ampliação do cais. A última campanha de monitoramento de ruído foi

realizada em maio/2010. Esse monitoramento está previsto no PCA elaborado para obtenção

da LO. É realizado monitoramento dos Gases do Efeito Estufa (GEE), previsto no PCA da LO

do Porto. As principais fontes de poluição do ar na área portuária são: caminhões, veículos,

73

Page 74: web/uploads/files/Dairle Costa.pdf

embarcações e locomotivas (ANTAQ, 2010c).

Somente é permitida a entrada de caminhões regularizados e que atendem

normas internas. Existe uma estação de monitoramento fixa e móvel e 2 fixas com campanha

de amostragem trimestral. São coletados dados de monóxidos, sólidos em suspensão e GEE.

O Porto possui problemas com material particulado em suspensão no ar, principalmente

devido à movimentação de minério no terminal da Ponta da Madeira – Pier I (ANTAQ,

2010c).

6.3.1.4 Agenda Ambiental Institucional

Segundo o Coordenador da COAMB a EMAP elaborou a Agenda Ambiental

Institucional para envolver suas unidades organizacionais com as questões ambientais e, dessa

forma, atuar de forma integrada, tendo como foco atingir metas de qualidade ambiental. No

entanto, a ANTAQ (2010c) constatou que não se trata de uma agenda ambiental formal.

Entretanto, há ações de planejamento previstas nesta agenda, sendo executadas com

cronograma físico-financeiro, responsáveis e previsão de custos, estando em estágio atual de

implantação.

A questão ambiental está, na maioria das organizações portuárias, restrita ao

grupo de profissionais lotados no núcleo ambiental. Há uma deficiência de transversalidade na

condução das questões ambientais nas organizações portuárias. A forma como foi concebida e

estruturada a CODESP evidência este fato, parte do resultado das ações do seu núcleo

depende de ações complementares ou correspondentes de outras unidades da organização.

Essas unidades têm seus objetivos específicos e estão localizadas em áreas diversas como de

fiscalização, de contratos, de orçamento entre outras (ANTAQ, 2006a).

Dessa forma, o núcleo não tem suas ações como finalistas, dependendo

desproporcionalmente da colaboração dos demais parceiros institucionais (ANTAQ, 2006a).

Esta realidade não é vivenciada somente pela EMAP e CODESP, pois em 2007 não foi

encontrada em nenhum porto visitado pelos técnicos da GMA/ANTAQ uma agenda ambiental

institucional elaborada ou em execução.

Outro fato relevante foi a certificação da EMAP pelo sistema ISO 9001:00,

referente à qualidade da gestão portuária. A certificação foi recebida em abril de 2008, após

três dias de auditoria realizada pela empresa Bureau Veritas, que chegou à conclusão de que a

EMAP atende aos requisitos impostos pelas normas de qualidade que regem a certificação. O

próximo passo seria a certificação pelo sistema ISO 14001:04, que diz respeito à gestão

74

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ambiental da empresa (ANTAQ, 2008), o que é perfeitamente possível, uma vez que esta

norma depois de revisada passou a contar com requisitos que se ajustam ao da ISO 9001:00,

conforme ilustrado no Quadro 6.2.

Quadro 6.2 - Correspondência entre a ABNT NBR ISO 9001:2000 e a ABNT NBR ISO

14001:2004.

ABNT NBR ISO 9001:2000 ABNT NBR ISO 14001:2004

Sistema de gestão da qualidade (título

somente)

4 4 Requisitos do sistema da gestão ambiental

Requisitos gerais 4.1 4.1 Requisitos gerais

Requisitos de documentação (título somente) 4.2

Generalidades 4.2.1 4.4.4 Documentação

Manual da qualidade 4.2.2

Controle de documentos 4.2.3 4.4.5 Controle de documentos

Controle de registros 4.2.4 4.5.4 Controle de registros

Responsabilidade da direção (título somente) 5

Comprometimento da direção 5.1 4.2

4.4.1

Política ambiental

Recursos, funções, responsabilidades e

autoridades

Foco no cliente 5.2 4.3.1

4.3.2

4.6

Aspectos ambientais

Requisitos legais e outros

Análise pela Administração

Política da qualidade 5.3 4.2 Política ambiental

Planejamento (título somente) 5.4 4.3 Planejamento

Objetivos da qualidade 5.4.1 4.3.3 Objetivos, metas e programa(s)

Planejamento do sistema de gestão da

qualidade

5.4.2

Responsabilidade, autoridade e comunicação

(título somente)

5.5

Responsabilidade e autoridade 5.5.1 4.4.1 Recursos, funções, responsabilidades e

autoridades

Representante da direção 5.5.2 4.4.1 Recursos, funções, responsabilidades e

autoridades

Comunicação interna 5.5.3 4.4.3 Comunicação

Análise crítica pela direção (título somente) 5.6

Generalidades 5.6.1 4.6 Análise pela administração

Entrada para análise crítica 5.6.2 4.6 Análise pela administração

Saídas da análise crítica 5.6.3 4.6 Análise pela administração

Gestão de recursos (título somente) 6

Provisão de recursos 6.1 4.4.1 Recursos, funções, responsabilidades e

autoridades

Recursos humanos (título somente) 6.2

Generalidades 6.2.1 4.4.2 Competência, treinamento e conscientização

Competência, conscientização e treinamento 6.2.2 4.4.2 Competência, treinamento e conscientização

Infra-estrutura 6.3 4.4.1 Recursos, funções, responsabilidades e

autoridades

Ambiente de trabalho 6.4

Realização do produto (título somente) 7 4.4 Implementação e operação

Planejamento da realização de produto 7.1 4.4.6 Controle operacional

Processos relacionados a clientes (título

somente)

7.2

Determinação de requisitos relacionados ao

produto

7.2.1 4.3.1

4.3.2

4.4.6

Aspectos ambientais

Requisitos legais e outros

Controle operacional

Continua .....

75

Page 76: web/uploads/files/Dairle Costa.pdf

ABNT NBR ISO 9001:2000 ABNT NBR ISO 14001:2004

Análise crítica de requisitos relacionados ao

produto

7.2.2 4.3.1

4.4.6

Aspectos ambientais

Controle operacional

Comunicação com o cliente 7.2.3 4.4.3 Comunicação

Projeto e desenvolvimento (título somente) 7.3

Planejamento do projeto e desenvolvimento 7.3.1 4.4.6 Controle operacional

Entradas de projeto e desenvolvimento 7.3.2 4.4.6 Controle operacional

Saídas de projeto e desenvolvimento 7.3.3 4.4.6 Controle operacional

Análise crítica de projeto e desenvolvimento 7.3.4 4.4.6 Controle operacional

Verificação de projeto e desenvolvimento 7.3.5 4.4.6 Controle operacional

Validação de projeto e desenvolvimento 7.3.6 4.4.6 Controle operacional

Controle de alterações de projeto e

desenvolvimento

7.3.7 4.4.6 Controle operacional

Aquisição (título somente) 7.4

Processo de aquisição 7.4.1 4.4.6 Controle operacional

Informações de aquisição 7.4.2 4.4.6 Controle operacional

Verificação do produto adquirido 7.4.3 4.4.6 Controle operacional

Produção e fornecimento de serviço (título

somente)

7.5

Controle de produção e fornecimento de

serviço

7.5.1 4.4.6 Controle operacional

Validação dos processos de produção e

fornecimento de serviço

7.5.2 4.4.6 Controle operacional

Identificação e rastreabilidade 7.5.3

Propriedade do cliente 7.5.4

Preservação do produto 7.5.5 4.4.6 Controle operacional

Controle de dispositivos de medição e

monitoramento

7.6 4.5.1 Monitoramento e medição

Medição, análise e melhoria (título somente) 8 4.5 Verificação (título somente)

Generalidades 8.1 4.5.1 Monitoramento e medição

Medição e monitoramento (título somente) 8.2

Satisfação dos clientes 8.2.1

Auditoria interna 8.2.2 4.5.5 Auditoria interna

Medição e monitoramento de processos 8.2.3 4.5.1

4.5.2

Monitoramento e medição

Avaliação do atendimento a requisitos legais e

outros

Medição e monitoramento de produtos 8.2.4 4.5.1

4.5.2

Monitoramento e medição

Avaliação do atendimento a requisitos

legais e outros

Controle de produto não-conforme 8.3 4.4.7

4.5.3

Preparação e resposta a emergência

Não-conformidade, ação corretiva e ação

preventiva

Análise de dados 8.4 4.5.1 Monitoramento e medição

Melhoria (título somente) 8.5

Melhoria contínua 8.5.1 4.2

4.3.3

4.6

Política ambiental

Objetivos, metas e programa(s)

Análise pela administração

Ação corretiva 8.5.2 4.5.3 Não-conformidade, ação corretiva e ação

preventiva

Ação preventiva 8.5.3 4.5.3 Não-conformidade, ação corretiva e ação

preventiva

Fonte: NBR ISO 14001:04.

No final de 2010, a Autoridade Portuária atualizou a Política Ambiental do

porto, conforme relatório da ANTAQ (2010c). Todavia, o Coordenador da COAMB

76

Page 77: web/uploads/files/Dairle Costa.pdf

esclareceu que a mesma está em fase de formulação, o que indica deficiência da política

anterior em atender os requisitos da ISO 14001:04.

No porto de Santos a Companhia Docas do estado de São Paulo/CODESP ao

arrendar terminais portuários coloca no contrato a exigência de a empresa arrendatária se

comprometer a conquistar o certificado de procedimentos ambientais ISO 14001 (ALMEIDA,

2010). Tal política deu resultado, o porto apresenta cerca de 30 empresas com a ISO 14001,

44 com o certificado de qualidade internacional ISO 9001 e 25 com a ISO 18000, entre outras

normas (ANTAQ, 2006a).

6.3.1.5 Agenda Ambiental Local

A avaliação da GMA/ANTAQ mostrou que começam a ser construídas pela

Administração Portuária dos portos organizados agendas ambientais locais, como a do Porto

de Rio Grande (RS) e de Santos (SP). Segundo o Coordenador da COAMB a Autoridade

Portuária de Itaqui (MA) ainda não tomou a iniciativa de envolver as autoridades presentes no

porto (aduaneira, marítima, sanitária, de saúde e de polícia marítima) em ações de cooperação

mútua que resultem na sustentabilidade de suas atividades.

Vale ressaltar que a ausência de esclarecimento dos papeis de cada agente

portuário com conseqüente comprometimento dos mesmos em cumpri-los, alcançar um

melhor desempenho ambiental torna-se inviável.

6.3.1.6 Auditoria Ambiental

A última auditoria ambiental realizada no Porto de Itaqui foi elaborada por

consultores externos em dezembro de 2005. Entretanto, as auditorias ambientais compulsórias

devem ser bienais. Portanto, a não realização de uma nova auditoria em 2007 resultou no não

atendimento da legislação (ANTAQ, 2008).

Os técnicos da GMA/ANTAQ identificaram situação semelhante em 2007

quando realizaram a vistoria dos portos de Rio Grande – RS (ANTAQ, 2007b), de Paranaguá

– PR (ANTAQ, 2007c) e de Natal – RN (ANTAQ, 2007f). Já no porto de Fortaleza foi

realizada auditoria, por consultoria externa, em 2006. No entanto, as instalações dos

arrendatários não integraram a auditagem e os mesmos não realizaram suas auditorias

(ANTAQ, 2007e).

De acordo com a COAMB, em novembro de 2010, a EMAP realizou uma

77

Page 78: web/uploads/files/Dairle Costa.pdf

auditoria ambiental interna, na qual caracterizou a situação atual das empresas Petróleo Sabbá

S/A, Petróleo Brasileiro – Petrobrás, Pedreiras Transporte do Maranhão, Granel Química

Ltda, CBR, Moinhos Cruzeiro do Sul S/A, Serviporto, Restaurante Manducare e Restaurante

Catalana em relação a critérios estabelecidos pela legislação, visando assegurar a renovação

da certificação ISO 9001:00, que exige auditorias semestrais. Segue no Anexo B o formulário

de avaliação da gestão ambiental das empresas arrendatárias do Porto de Itaqui.

A certificação ISO 9001 está válida até 2011 (ANTAQ, 2010c), razão pela qual

a ANTAQ considerou que atualmente a EMAP está atendendo o que exige o art. 9° da Lei

9.966/00 e a Resolução CONAMA 306/02.

6.3.1.7 Plano de Emergência Individual – PEI

Por meio da comparação entre as avaliações realizadas em 2007, 2008 e 2010

verificou-se que ocorreu uma melhoria progressiva no atendimento ao PEI do porto de

Itaqui/MA. Segundo ANTAQ (2007) foi elaborada uma versão do PEI em 2005 e enviada

para a SEMA, que solicitou alterações. O órgão ambiental não vinculou a sua aprovação à

concessão da LO do porto. O PEI apresentado para o órgão ambiental foi elaborado por

pessoal próprio, baseado no plano da PETROBRÁS. Atualmente o porto possui PEI aprovado

pelo órgão ambiental estadual e implantado. Encontra-se em fase de revisão a proposta para

que a UFMA realize a modelagem matemática. Todos os PEIs dos arrendatários foram

implantados, mas nenhum foi aprovado pela SEMA (ANTAQ, 2010c).

A última versão do PEI da CODESP foi enviada em 29/07/2006, mas o órgão

ambiental ainda não se pronunciou. De acordo com a resolução CONAMA 293/01, isso

inviabiliza a concessão da LO do Porto de Santos (SP). Dentro da Área do Porto Organizado

existem alguns terminais com PEIs aprovados e outros que não possuem PEI (ANTAQ,

2006a). O porto de Rio Grande – RS (ANTAQ, 2007b) e o de Paranaguá (ANTAQ, 2007c)

ainda não dispõem de PEI . O porto de Fortaleza possui PEI aprovado pela SEMACE

(Secretaria Estadual do Ceará). Os arrendatários e operadores estão integrados no mesmo

plano, que está implantado (ANTAQ, 2007e).

O porto de Natal possui PEI aprovado pelo IDEMA - Instituto de

Desenvolvimento Econômico e Meio Ambiente, órgão estadual de meio ambiente do estado

do Rio Grande do Norte, tendo sua elaboração realizada por Consultoria Externa. O plano

encontra-se implantado, porém não há consolidação com outros PEIs, pois no porto de Natal

não existem áreas arrendadas que justifiquem sua consolidação com outros terminais

78

Page 79: web/uploads/files/Dairle Costa.pdf

(ANTAQ, 2007f).

A empresa Hicroclean presta serviço para a implantação do PEI no Porto de

Itaqui (Figura 6.7). O contrato é formalmente firmado com os arrendatários e a EMAP entra

como parceira, inclusive com a cessão de área. Há a utilização de equipe especializada e

disponibilização de alguns equipamentos (barreira de contenção, manta absorvente, separação

de água/óleo, skinner, recolhedor, bote inflável, embarcação, viaturas, EPI). Há um local

(Figura 6.7) que concentra essas pessoas e equipamentos (ANTAQ, 2010c).

Figura 6.7 - Base de atendimento à emergência da Hidroclean. Fonte: ANTAQ

A Resolução CONAMA 293/01 diz que o porto deve possuir recursos próprios

ou de terceiros para atender a um derramamento de óleo de até 8 m³. A EMAP conta com

recursos próprios para área de incêndio e explosão. São utilizadas barreiras de contenção

(Figura 6.8) no momento de abastecimento de navios, mas isso ainda não é uma regra legal.

Paga-se pelo atendimento no caso de utilização do serviço e o custo depende da gravidade do

acidente. No caso de derramamento de empresas terceirizadas, estas se responsabilizam pelo

pagamento do serviço (ANTAQ, 2010c).

79

Page 80: web/uploads/files/Dairle Costa.pdf

Figura 6.8 - Barreiras de contenção de óleo utilizadas pela base de atendimento à emergência

da Hidroclean. Fonte: ANTAQ

De acordo com a COAMB capacitações, treinamentos e simulados estão

previstos (ANTAQ, 2010c). Segundo a ANTAQ (2008) participam dos simulados a equipe

técnica da COAMB, colaboradores (os próprios órgãos ambientais – estadual e o Ibama,

bombeiros, Capitania dos Portos, etc) e a equipe da Hidroclean.

O Coordenador de Meio Ambiente da EMAP informou que as capacitações são

realizadas por empresas contratadas com freqüência mensal ou bimestral, que abrangem as

seguintes áreas do conhecimento: gestão ambiental, direito ambiental, emergências

ambientais, educação ambiental, entre outros.

O último derramamento de proporções relevantes ocorreu em 2006 devido ao

rompimento de um duto da PETROBRÁS. Imediatamente após o acidente, foram promovidas

ações ambientais remediadoras que foram consideradas satisfatórias pelo órgão ambiental,

que inclusive retirou a multa aplicada (ANTAQ, 2007d).

6.3.1.8 Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos – PGRS

O PGRS foi elaborado pela EMAP e enviado para a ANVISA - Agência

Nacional de Vigilância Sanitária. Ainda não foi aprovado por esse órgão em função da

alteração no modelo de gerenciamento de resíduos sólidos nos portos com a publicação da

RDC ANVISA nº 56/08, que dispõe sobre o ―Regulamento Técnico de Boas Práticas

Sanitárias no Gerenciamento de Resíduos Sólidos nas Áreas de Portos, Aeroportos, Passagens

de Fronteira e Recintos Alfandegados‖, mas o porto fez a sua implantação. O plano ter sido

80

Page 81: web/uploads/files/Dairle Costa.pdf

implantado deveria ter facilitado a sua adequação a nova norma. No entanto, o documento

―Boas Práticas no Gerenciamento de Resíduos‖ elaborado posteriormente não correspondeu a

tal expectativa, pois foi enviado ao órgão competente, mas não foi aprovado. Mesmo assim, a

SEMA aceitou o PGRS para a liberação da LO do Porto (ANTAQ, 2010c).

O porto de Itaqui/MA dispõe de instalações próprias para coleta e triagem dos

resíduos das embarcações que chegam ao porto (Figura 6.9). Quando a coleta desses resíduos

é realizada por empresas terceirizadas, a destinação é adequada, com encaminhamento para

aterro sanitário, incinerador ou reciclagem, dependendo do tipo de resíduo e da origem da

embarcação: comum para aterro sanitário; oleoso para reciclagem; oleoso sólido para

incineração.

Figura 6.9 - Área de concentração de resíduos sólidos. Fonte: ANTAQ

Atualmente o porto de Itaqui envia para a ANTAQ os dados referente ao

Sistema GISIS da IMO sobre recebimento de resíduos de embarcações. As empresas

cadastradas no portal do Sistema GISIS como receptoras de resíduos doméstico são: Açomar

Recicladora e Froz & Pereira. O Porto de Itaqui está cadastrado no Sistema GISIS como

receptor de água oleosa e de água de tanque de lavagem. No porto existem registros sobre a

prestação de retirada de resíduos de embarcações semelhantes ao padrão da futura norma da

ANTAQ (ANTAQ, 2010c).

Em relação ao resíduo operacional do porto, é realizada a

coleta/confinamento/destinação final dos comuns, oleosos, movimentação de carga e de

refeitório/restaurante. Durante vistoria ao cais público, observou-se grande quantidade de

81

Page 82: web/uploads/files/Dairle Costa.pdf

granel sólido espalhado no cais, mostrando que a retirada desses resíduos pode ser melhorada.

Há coleta seletiva no porto (Figura 6.10), mas a mesma não é realizada em São

Luís (MA). Portanto, o lixo separado permanecer na capital torna todo o processo ineficiente.

Na casa de triagem do Porto de Itaqui, os resíduos potencialmente recicláveis (principalmente

os da área administrativa) são selecionados e encaminhados para organizações como a

Fundação Nacional da Criança e do Adolescente (FUNAC) e a Associação de catadores de

materiais recicláveis do Maranhão - ASCAMAR (ANTAQ, 2008).

Figura 6.10 - Coleta seletiva prevista no PGRS do Porto de Itaqui. Fonte: ANTAQ

O porto de Fortaleza possui um PGRS implementado, do qual fazem parte os

arrendatários. Embora haja empresas credenciadas que prestam serviços no porto, não há

segregação de resíduos gerados ou recebido de navios. A destinação final é adequada e a CDC

acompanha tais destinações (ANTAQ, 2007e). O PGRS, elaborado por pessoal próprio do

porto de Rio Grande (RS) em 2004, encontrava-se em fase de revisão em 2007 após

exigências feitas pela ANVISA (ANTAQ, 2007b). O porto de Paranaguá possui PGRS

elaborado por consultoria externa e aprovado pela ANVISA. Esse ―Plano Operacional de

Manejo de Resíduos Sólidos na Zona Portuária‖ encontrava-se em implantação em 2007

(ANTAQ, 2007c).

O PGRS do porto de Natal (RN) foi elaborado por técnicos do próprio porto e

encaminhado para a ANVISA em 18 de abril de 2005. A coleta, o transporte e o destino final

dos resíduos em 2007 era feito por empresas terceirizadas licenciadas pela ANVISA e

possuidora da Autorização de Funcionamento de Empresas – AFE (ANTAQ, 2007f).

82

Page 83: web/uploads/files/Dairle Costa.pdf

6.3.2 Saúde Ocupacional

6.3.2.1 Unidade Ocupacional de Engenharia de Segurança

A Autoridade Portuária possui Serviço Especializado em Segurança e

Medicina do Trabalho (SESMT) denominado Coordenação de Segurança do Trabalho. A

equipe do SESMT é composta por 1 engenheira de segurança, 2 técnicos de segurança, 1

médico do trabalho, 1 enfermeiro, 1 fisioterapeuta e 1 auxiliar de serviços administrativos.

O OGMO possui Serviço Especializado em Segurança e Saúde do Trabalhador

Portuário (SESSTP), que é composto por um engenheiro de segurança do trabalho, cinco

técnicos de segurança do trabalho, um médico do trabalho e dois auxiliares de enfermeiros do

trabalho.

Há uma boa integração entre os serviços especializados do porto de Itaqui, do

OGMO e dos operadores, com a realização de reuniões periódicas para uniformização de

procedimentos. Existem grupos de trabalho junto aos arrendatários e empreiteiras no sentido

da implantar uma correta gestão na área de segurança e saúde ocupacional. Posteriormente

esses grupos serão criados junto ao OGMO e outros operadores portuários (ANTAQ, 2010c).

A Companhia Docas do Ceará não possui o SESSTP (ANTAQ, 2007e). Ela

participa, juntamente com os arrendatários, de um SESSTP coordenado pelo OGMO. O porto

do Rio Grande (RS) possui SESSTP - vinculado à Assessoria de Meio Ambiente (ANTAQ,

2007b). A Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina - APPA não possui SESSTP.

Em 2007 a APPA estava implantando um Serviço de Pronto Atendimento – SIATE e

realizando simulados para testes operacionais de atendimento à acidentes, como

atropelamentos, quedas, etc. (ANTAQ, 2007c). A CODESP possui SESSTP subordinado à

Superintendência de Qualidade, Meio Ambiente e Normalização da Diretoria Comercial e de

Desenvolvimento (ANTAQ, 2006a).

O Porto de Itaqui não foi contemplado no primeiro grupo de 10 portos

brasileiros que promoveriam ações e receberiam recursos para o combate à pandemia de

influenza. O Porto está na lista dos portos que participarão da segunda fase para

enfrentamento da Influenza. O plano será ampliado para contemplar outros tipos de pandemia,

além da Influenza. Todo mês há a realização de palestra e capacitação. Foi formado comitê

para disseminação das informações e convergência de ações dos mais diversos órgãos. Haverá

adequação de sala de situação no valor de R$ 30.000,00, financiado pela SEP (ANTAQ,

2010c).

83

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6.3.2.2 Manual de procedimentos internos

O Manual de Procedimento Interno não possui regulamentação técnica com

diretrizes para sua elaboração (ANTAQ, 2008). Assim, o porto de Itaqui possui programas de

Gestão de Riscos e Manual de Procedimentos Internos publicados por meio de normas

internas de mapeamento e protocolo de atividades, inclusive com cronograma físico-

financeiro de implantação. O EIA/RIMA do porto também contempla o gerenciamento de

riscos ambientais (ANTAQ, 2010c).

A Autoridade Portuária possui diversas normas internas que disciplinam

diversas atividades tais como: abastecimentos de navios; uso de equipamento de proteção

individual (EPI); arquivamento de documentos; armazenagem de cargas perigosas; limpeza de

cais; trânsito interno de veículos, acesso de caminhões e fornecimento de água aos navios

(ANTAQ, 2010c).

O fornecimento de água para os navios é realizado por meio de dutos pela

empresa pública de saneamento licenciada pelo órgão ambiental de meio ambiente e atende às

exigências da ANVISA. Não são realizados serviços de pintura e manutenção de cascos de

navios na área portuária. O porto possui oficina para manutenção de veículos e equipamentos

(Figura 6.11). A área é adequada, com piso impermeável, cobertura, separador água e óleo e

canaletas. As oficinas dos arrendatários são visitadas periodicamente pela Autoridade

Portuária no momento das ações fiscalizatórias (ANTAQ, 2010c).

Figura 6.11 - Área de oficina da EMAP com cobertura, canaleta e piso impermeável. Fonte:

ANTAQ

84

Page 85: web/uploads/files/Dairle Costa.pdf

A Companhia Docas do Ceará - CDC (ANTAQ, 2007e) e a Superintendência

do Porto do Rio Grande - SUPRG (ANTAQ, 2007b) não possuem Manuais de Procedimentos

Internos (ou regulamentos formais). Praticamente nenhum porto elaborou e encaminhou esse

manual para análise e aprovação. Esses procedimentos existem, padronizados e exigidos por

meio de ordens de serviço, que disciplinam atividades relacionadas a movimentação de

hidrocarbonetos para abastecimento, pintura e manutenção de casco de embarcações, a serem

seguidas por operadores portuários e terminais arrendados (ANTAQ, 2007b).

De acordo com auditoria externa realizada e técnicos do porto, existe um

passivo ambiental na área portuária. Refere-se à antiga tubulação da Transpetro que está

inativada. Como mediação, segundo a EMAP, esta será retirada da área do porto (ANTAQ,

2010c).

6.3.2.3 Programa de Prevenção de Riscos Ambientais – PPRA

O porto de Itaqui possui Plano de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA)

contemplando as seguintes áreas: administração, operacional e pátio de carretas. Entretanto,

ele encontra-se em processo de revisão estrutural. Ainda não há mapa atualizado de risco,

sendo o último elaborado em 2008. Ele contempla a administração, prédios, guarda portuária.

A Delegacia Regional do Trabalho (DRT) aprovou o PPRA e fiscaliza periodicamente o porto

na sua implantação (ANTAQ, 2010c).

O porto de Rio Grande (RS) possui PPRA aprovado pela DRT e implantado. A

CODESP possui PPRA aprovado desde o ano 2000. O Plano foi elaborado pela empresa de

consultoria Quality Ambiental. O OGMO também possui PPRA, mas não há integração entre

os planos desse órgão e da CODESP. O PPRA do porto de Paranaguá foi elaborado em

outubro de 2004, junto com um levantamento de riscos ambientais setorizado, o LTCAT

(laudo técnico das condições ambientais do trabalho) e o laudo técnico de periculosidade

(ANTAQ, 2007).

O porto de Natal possui PPRA extensivo a todas as instalações (armazéns,

pátios e escritórios). Sua elaboração se fez por meio de contratação de Consultoria Externa. O

PPRA descreve em suas ações, estudos de antecipação e reconhecimento dos riscos

existentes, adequação dos níveis de iluminação em conformidade com o exigido pela NBR –

5413, realização de treinamento sobre o uso adequado e obrigatório de EPIs e realização de

palestras sobre saúde e segurança (ANTAQ, 2007).

85

Page 86: web/uploads/files/Dairle Costa.pdf

6.3.2.4 Plano de Controle de Emergência – PCE

O porto de Itaqui possui PCE, preconizado na NR 29 do Ministério do

Trabalho e Emprego, aprovado pela DRT. Ele contempla apenas procedimentos para

incêndio, explosão, poluição e acidentes ambientais. O porto não possui brigada própria de

combate a incêndio e nem alvará do Corpo de Bombeiros. A rede de alta pressão para

combate a incêndio está sendo revisada e ampliada para os novos berços pela empresa JMC.

O porto possui hidrantes de parede e sobre carretas para combate a incêndio.

No porto de Fortaleza existe PCE para incêndio e explosão implantado. A

brigada de incêndio é composta pelos membros da Guarda Portuária e amarradores. O porto

possui apenas hidrantes de coluna no pier e hidrantes de parede no prédio administrativo para

combate a incêndio (ANTAQ, 2007e).

O PCE do porto de Rio Grande (RS), diferentemente do PCE do OGMO, não

contempla vazamentos de produtos perigosos. O porto não possui brigada contra incêndio.

Entretanto, existe uma unidade do Corpo de Bombeiros dentro da Área do Porto Organizado

(Porto Novo). Além disso, nesse local existe rede de combate a incêndio de alta pressão

(ANTAQ, 2007b). O porto de Natal (RN) possui um PCE voltado para incêndio ou explosão e

foi elaborado por Consultoria Externa. Não possui PCE para vazamento de produtos

perigosos, pois não movimenta, transporta ou armazena cargas dessa natureza (ANTAQ,

2007f).

A CODESP enviou a última versão do PCE para a CETESB e para o

Ministério do Trabalho, aprovado pela primeira instituição em novembro de 2006. A primeira

versão do PCE foi feita pela empresa de consultoria Quality. A revisão foi realizada pela

empresa ITSEMAP do Brasil, sob supervisão da CODESP (ANTAQ, 2006a).

6.3.2.5 Plano de Ajuda Mútua – PAM

Há um Plano de Ajuda Mútua (PAM), também previsto na NR 29, para

compartilhamento de recursos humanos e materiais em caso de emergências. A EMAP é a

coordenadora do PAM, que conta também com a participação da ALUMAR, BR, Granel,

Ipiranga, Nacional Gás, SABBÁ, TEMMAR, TRANSPETRO e VALE. Ele teve revisão em

julho/2010 e atualmente as empresas estão analisando junto aos seus departamentos jurídicos

a celebração do novo PAM (ANTAQ, 2010c).

86

Page 87: web/uploads/files/Dairle Costa.pdf

Existe um PAM, coordenado pelo porto de Rio Grande (RS), para atendimento

à emergências. De acordo com a Administração do Porto, são realizadas simulações e

treinamentos mensais para atendimento à emergências. O Porto possui uma pequena estrutura

própria para atender casos de derramamento de óleo, inclusive com barreiras e equipamentos

(ANTAQ, 2007b).

O PAM do porto de Santos é coordenado pela CODESP. Os recursos materiais

do PAM que porventura são utilizados ficam sob responsabilidade e são centralizados na

CODESP. Ao mesmo tempo, a Transpetro e as empresas da área química possuem uma

espécie de PAM específico chamado PII. O PAM no Porto de Santos é integrado,

participando as empresas localizadas em Santos, Guarujá e Cubatão. A comunicação que

viabiliza as operações previstas no PAM é realizada por um sistema de comunicação via rádio

e telefone (ANTAQ, 2006a).

Entre julho e agosto de 2006, a APPA deu inicio a reuniões para elaboração do

PAM. Sua conclusão estaria dependendo da aprovação dos PEIs de todos os terminais. Tão

logo estejam concluídos os PEI dos terminais da Cattalini, União/Vopak, Ponta do Félix e

Fospar, eles seriam integrados a um Plano de Área, a ser coordenado pelo Instituto Ambiental

do Paraná - IAP (ANTAQ, 2007c).

6.3.2.6 Código IMDG para cargas perigosas

O porto de Itaqui não armazena nem movimenta cargas perigosas na área

portuária. Nos casos raros de um recebimento de carga, o descarregamento é realizado direto

nos caminhões. Segundo a ANTAQ (2007e) situação semelhante foi encontrada no porto de

Fortaleza (CE). Nos terminais arrendados de Itaqui há armazenagem de cargas perigosas, e,

segundo funcionários do porto, é realizada de forma adequada (ANTAQ, 2010c).

A CODESP foi pioneira na gestão de cargas perigosas dentro da área portuária

no Brasil. Atualmente, quase toda a movimentação e armazenagem de cargas perigosas ocorre

dentro dos terminais especializados. Nos terminais visitados pelos técnicos da ANTAQ,

Transpetro e Santos – Brasil, verificou-se que as normas de segurança são seguidas, inclusive

em relação à segregação de cargas perigosas e utilização de Equipamentos de Proteção

Individual – EPI (ANTAQ, 2006a).

A quantidade de EPIs e de equipamentos para serem usados em situações de

emergência foi muito menor se comparada com a que havia anteriormente ao arrendamento de

áreas portuárias. Já houve capacitação e treinamento sobre o tema ―Cargas Perigosas‖ na

87

Page 88: web/uploads/files/Dairle Costa.pdf

CODESP. De acordo com os dados coletados na CODESP, não existem instalações para

contêineres com vazamento, até porque essa armazenagem é muito pequena. Em alguns

terminais, como na LIBRA, há. A CODESP e a CETESB promovem a fiscalização nesses

casos (ANTAQ, 2006a).

O porto da CODESP armazena todas as classes de produtos perigosos,

excluindo as da classe 7 (materiais radioativos). Na área do porto público, há um armazém

denominado A5 para essa finalidade. Nele, é seguida a segregação prevista no IMDG Code da

IMO (ANTAQ, 2006a).

6.3.2.7 Plano de Segurança Pública Portuária – PSPP

O porto de Itaqui possui Unidade de Segurança para a implantação do ISPS

Code denominada Coordenadoria de Segurança Portuária. Essa unidade contribui com o

núcleo no controle ambiental do porto. Cinco pessoas foram habilitadas pela CONPORTOS

para serem supervisoras de vigilância. Houve retirada de câmera para monitorar a área de

fundeio por motivos de perda de qualidade de imagem, risco de furto, manutenção diária

elevada de empresa terceirizada e ausência de efetividade. Há 38 câmeras de vigilância em

funcionamento na área do porto. O porto elaborou o PSPP e atualmente ele encontra-se em

fase de revisão devido às obras de ampliação do porto. O porto obteve a certificação por meio

da Declaração de Cumprimento – DC (ANTAQ, 2010c).

O processo de instalação da Unidade de Segurança da CODESP foi conduzido

pela Presidência da CODESP. A sua operacionalização é realizada pela Guarda Portuária.

Essa está inserida na Unidade da Guarda Portuária e Vigilância Patrimonial (DFG),

subordinada à Diretoria de Administração e Finanças (DF). A Avaliação de Risco do Porto foi

aprovada pela CONPORTOS / SISPORTOS em fevereiro de 2004. O Plano de Segurança, em

junho de 2004. A Autoridade Portuária possui Termo de Aptidão (TA). Alguns terminais

possuem TA e outros DC. No caso da CODESP, faltam apenas pequenas adequações para que

a companhia receba o DC (ANTAQ, 2006a).

O APPA possui Unidade de Segurança responsável pela implantação do ISPS

Code, denominado Plano de Segurança Pública Portuária - PSPP. Ela tem atribuição formal e

é coordenada pela Guarda Portuária, bombeiros, polícia militar e outros agentes que atuam na

área portuária. A unidade operacional é chefiada pelo comandante da Guarda. O porto possui

Plano de Segurança Pública Portuária – PSPP aprovado pela CONPORTOS. A sua

certificação foi obtida por meio de DC (ANTAQ, 2007c).

88

Page 89: web/uploads/files/Dairle Costa.pdf

O Porto de Rio Grande (RS) possui Unidade de Segurança denominada Guarda

Portuária. Essa unidade é vinculada diretamente à Diretoria Técnica. O dois supervisores de

segurança, titular e substituto, são credenciados pela CONPORTOS. O porto possui PSPP,

aprovado pela CONPORTOS, e certificação por meio de TA (ANTAQ, 2007b).

O Quadro 6.3 ilustra a evolução do desempenho ambiental do Porto de Itaqui

em função do cumprimento das principais conformidades ambientais e adequação da estrutura

administrativa da EMAP às demandas do seu setor de meio ambiente (COAMB).

Quadro 6.3 – Evolução do SIGA do Porto de Itaqui/MA.

Principais Instrumentos de Gestão Ambiental Portuária 2007 2008 2010

Núcleo Ambiental

Qualificação do Núcleo Ambiental

Licenciamento Ambiental

Agenda Ambiental Institucional

Agenda Ambiental Local

Planejamento ambiental

Auditoria ambiental

Plano de Emergência Individual - PEI

Manual de Procedimentos internos para gerenciamento de riscos de poluição

Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos - PGRS

SESSTP

Programa de Prevenção de Riscos Ambientais - PPRA

Plano de Controle de Emergência - PCE

Plano de Ajuda Mútua - PAM

Procedimento Operacional para cargas perigosas do Código IMDG

Plano de Segurança Pública Portuária - PSPP

Núcleo de Segurança (ISPS)

Certificação ISPS

Atende

Atende parcialmente

Não atende

Fonte: ANTAQ (2007d, 2008, 2010c) e Coordenador de Meio Ambiente da EMAP.

6.4 Avaliação da dimensão social e econômica no SIGA do porto de Itaqui

Nos anos 60, com a construção da barragem do Bacanga, foi desencadeado um

89

Page 90: web/uploads/files/Dairle Costa.pdf

importante processo de ocupação de terras intocadas. O avanço urbano foi acelerado com a

construção do porto de Itaqui, dando origem a comunidade de Itaqui-Bacanga, cujo

povoamento se deu a partir de ocupações indevidas, que aconteceram de forma desordenada,

resultando em condições bastante precárias de infra-estrutura urbanística. Estima-se que na

área de Itaqui-Bacanga esteja assentada uma população da ordem de 91.362 pessoas (IBGE,

2002).

Os principais bairros da área Itaqui-Bacanga são: Alto da Esperança, Anjo da

Guarda, Jambeiro, Gancharia, Sá Viana, São Raimundo Bacanga, Vila Bacanga, Vila Dom

Luis, Vila Embratel, Vila Isabel e Vila Nova. A área de Itaqui-Bacanga faz parte do Distrito

Industrial de São Luís (DISAL), cuja área de influencia direta é de aproximadamente 80 km2

(IBGE, 2002).

A população é servida por linhas regulares de ônibus, sendo eminentemente

residencial, com infra-estrutura de luz, água, telefone, escolas, mas carente em saneamento

ambiental e serviços de atenção à saúde. Quanto à participação no setor produtivo, de modo

geral, a comunidade participa tanto das atividades portuárias, basicamente: estiva, serviços de

limpeza e gerais, como daquelas do setor primário, a saber: agricultura, pecuária, extrativismo

vegetal e principalmente a pesca de subsistência. Quanto ao lazer, o principal atrativo é a

praia do Boqueirão (PETCON, 2005; VIEIRA SILVA, 2006).

De acordo com BARROS, WASSERMAN & ALVES (2010) os riscos

ambientais são decorrentes da apropriação conflituosa dos espaços públicos através dos usos

dos recursos sociais, econômicos, ecológicos e naturais por empreendimentos econômicos

cujas externalidades são repassadas à sociedade. Essas externalidades podem ser: positivas -

como a criação de emprego, renda e dividendos aos acionistas - e negativas - causadoras de

degradação ambiental.

A análise sócio-espacial que foi realizada pelos autores visando caracterizar o

risco ambiental na área através de um diagnóstico preliminar das características do território,

seus ecossistemas e unidades de conservação, dos conflitos de usos gerados pela atividade e

da quantidade de atores sociais no entorno concluiu que o risco ambiental é baixo, em

decorrência da faixa de ocupação da atividade e da sua distância dos centros urbanos.

O porto de Itaqui/MA está com sua atividade concentrada em áreas industriais

e com baixa densidade demográfica. Segundo o Coordenador da COAMB é oferecida

capacitação com periodicidade trimestral na forma de treinamentos, cursos e simulados de

emergência para toda a comunidade portuária, tratando de Educação Ambiental e como

proceder em situações de emergência envolvendo acidentes.

90

Page 91: web/uploads/files/Dairle Costa.pdf

6.4.1 Movimentação de cargas no Complexo Portuário da baía de São Marcos

A quantidade total de carga manuseada no Complexo Portuário da baía de São

Marcos em 2009 foi de 105.025.621 t (Tabela 6.1), das quais a exportação de minério de ferro

pelo Píer I da CVRD ( TUP Ponta da Madeira) representou 86.758.632t e o recebimento de

matérias primas e o embarque de alumina pelo TUP Alumar representaram 5.620.180 t

(Tabela 6.2). Os 11.689.425 t restantes são referentes ao volume movimentado no Porto de

Itaqui (Tabela 6.1 e 6.2). O Quadro 6.4 informa os efeitos das mercadorias movimentadas no

Porto de Itaqui sobre os organismos aquáticos e a saúde humana.

A crise financeira global teve seu início a partir da falência do banco Lehman

Brothers, nos EUA, em setembro de 2008. Os efeitos da crise, para as instalações portuárias

brasileiras, foram sentidos a partir do ano de 2009. Conforme a Tabela 6.1 a maior redução

absoluta foi na movimentação de longo curso (-1.788.187 t), seguida de granel sólido, menos

272.674 t, puxada pela expressiva queda na movimentação de minério de ferro (-1.130.681 t),

o principal produto (82,72%) operado no Complexo Portuário da baía de São Marcos/MA

(Tabela 6.2).

Apesar da crise econômica, a Tabela 6.1 mostra que a movimentação de

graneis líquidos obteve pequeno aumento relativo (1,51%) e a movimentação de carga geral e

a navegação de cabotagem, obtiveram expressivos aumentos relativos (9,38% e 18,17%

respectivamente).

A operação de combustíveis, óleos minerais e produtos, principalmente carga

liquida em movimentação, em 2009 atingiram 6.304.507 t no Porto de Itaqui/MA, aumento de

1,78% em relação a 2008. O que mostra que o setor petrolífero não foi atingido pela crise

mundial (Tabela 6.2). As principais cargas que sofreram declínio na movimentação, em

comparação ao ano anterior, foram bentonita, alumínio, ferro gusa e minério de ferro, este

último item teve como principal causa a diminuição das importações chinesas.

Embora o ano de 2009 não tenha sido um dos melhores para o setor portuário

brasileiro, KIRCHNER & MEDEIROS (2010) perceberam que em 2010 a economia

brasileira já recuperou boa parte da corrente de comércio perdida durante a crise. Esta

recuperação da movimentação de cargas está relacionada à melhora do cenário econômico

internacional, ao desempenho apresentado pelas commodities brasileiras no período e à

pujante economia chinesa.

Os números do terceiro trimestre de 2010 demonstram que a quantidade total

de cargas movimentadas pelo Complexo Portuário da baía de São Marcos/MA alcançou a

91

Page 92: web/uploads/files/Dairle Costa.pdf

cifra de 81.916.790t, equivalente a um crescimento expressivo de 15,5% frente a igual

trimestre de 2009 (Figura 6.12).

Tabela 6.1 – Movimentação geral de cargas no Porto organizado de Itaqui/MA e Terminais de

Uso Privativo em 2008 e 2009.

GRUPO / ANO

2008 2009

t % t % VAR

1. NATUREZA DA CARGA

GRANEL SÓLIDO10

98.548.694 93,69 98.276.020 93,57 0,28

GRANEL LÍQUIDO10

6.529.560 6,21 6.629.661 6,31 1,51

CARGA GERAL

108.685 0,10 119.940 0,12 9,38

TOTAL 105.186.939 100 105.025.621 100 0,15

2. TIPO DE NAVEGAÇÃO

LONGO CURSO10

97.858.454 93,03 96.070.267 91,47 1,83

CABOTAGEM10

7.328.485 6,97 8.955.354 8,53 18,17

TOTAL 105.186.939 100 105.025.621 100 0,15

3. INSTALAÇÕES

PORTO DE ITAQUI/MA 13.315.546 12,66 11.689.425 11,13 12,21

TUP PONTA DA MADEIRA/MA 86.902.994 82,62 87.716.016 83,52 0,93

TUP ALUMAR/MA 4.968.399 4,72 5.620.180 5,35 11,60

TOTAL 105.186.939 100 105.025.621 100 0,15

4. SENTIDO10

EMBARQUE 95.298.123 90,60 94.926.875 90,38 0,39

DESEMBARQUE 9.888.816 9,40 10.098.746 9,62 2,08

TOTAL 105.186.939 100 105.025.621 100 0,15

10 Segundo a ANTAQ (2010a):

Granel Sólido: É toda carga seca fragmentada, minérios, grãos, transportada em grandes quantidades diretamente nos

porões do navio, sem embalagem.

Granel Liquido: É toda a carga líquida transportada diretamente nos porões do navio, sem embalagem e em grandes

quantidades e que é movimentada em dutos por meio de bombas, como petróleo e seus derivados, óleos vegetais, sucos de

laranja, etc.

Navegação de Longo Curso: É a realizada entre portos brasileiros e portos estrangeiros, sejam marítimos fluvial ou

lacustre (Lei nº 10.893/04).

Navegação de Cabotagem: É a realizada entre portos brasileiros, utilizando exclusivamente a via marítima ou a via

marítima e as interiores (Lei nº 10.893/04).

Sentido da Navegação: Usado – embarque e desembarque – quando a navegação é entre portos brasileiros e importação e

exportação, quando a navegação utiliza portos brasileiros e estrangeiros.

92

Page 93: web/uploads/files/Dairle Costa.pdf

Tabela 6.2 – Mercadorias movimentadas no Porto organizado de Itaqui/MA e Terminais de Uso Privativo em 2008 e 2009.

GRUPO

/MERCADORIA PORTO DE ITAQUI TUP PONTA DA MADEIRA TUP ALUMAR

2008 % 2009 % VAR 2008 % 2009 % VAR 2008 % 2009 % VAR

ÁLCOOL ETÍLICO 14.381 0,12 - - - - - - - - - - - - -

ALUMINA - - - - - - - - - - 643.566 12,95 812.453 14,45 0,45

ALUMÍNIO E SUAS

OBRAS 245.032 1,84 125.255 1,06 48,88 - - - - - - - - - -

ARROZ 91.758 0,69 111.308 0,95 17,56 - - - - - - - - - -

BAUXITA - - - - - - - - - - 3.577.246 72,00 4.126.442 73,42 13,31

BENTONITA 184.471 1,39 25.579 0,23 86,13 - - - - - - - - - -

CALCÁRIO 122.677 0,92 - - - - - - - - - - - - -

CARGA GERAL

108.685 0,82 119.940 1,03 9,38 - - - - - - - - - -

CARVÃO/COQUE - - - - - - - - - - 451.038 9,08 351.114 6,25 22,15

COBRE 470.966 3,54 430.517 3,68 8,59 - - - - - - - - - -

COMBUSTÍVEIS,

ÓLEOS

MINERAIS E

PRODUTOS

6.191.938

46,49

6.304.507

53,94

1,78

-

-

-

-

-

-

-

-

-

-

FARELO DE SOJA

- - 162.086 1,39 - - - - - - - - - - -

FERRO GUSA

3.263.842 24,50 1.678.413 14,36 48,57 - - - - - - - - - -

FERTILIZANTES /

ADUBOS 485.882 3,65 515.077 4,41 5,67 - - - - - - - - - -

MANGANÊS 79.254 0,6 220.109 1,87 63,99 1.317.731 1,52 957.384 1,09 27,35 - - - - -

MINÉRIO DE

FERRO 162.849 1,22 120.161 1,03 26,21 85.585.263 98,48 86.758.632 98,91 1,35 - - - - -

ÓLEO DE SOJA

26.692 0,2 29.399 0,25 9,21 - - - - - - - - - -

PICHE - - - - - - - - - - - - 34.416 0,61 -

SODA CÁUSTICA - - - - - - - - - - 296.549 5,97 295.755 5,26 0,27

SOJA 1.779.269 13,36 1.750.853 14,98 0,02 - - - - - - - - - -

TRIGO

87.850 0,66 96.221 0,82 8,70 - - - - - - - - - -

TOTAL (t) 13.315.546 100 11.689.425 100 12,21 86.902.994 100 87.716.016 100 0,93 4.968.399 100 5.620.180 100 11,6

93

Page 94: web/uploads/files/Dairle Costa.pdf

Quadro 6.4 - Efeitos tóxicos dos poluentes sobre os organismos aquáticos e sobre o ser

humano.

POLUENTE

EFEITO TÓXICO

SAÚDE HUMANA BIOTA

Álcool etílico

O contato do líquido com os olhos provoca irritação da

conjuntiva; eventual lesão da córnea. O contato do

líquido com a pele provoca discreta irritação local.

Absorvido em altas doses pode provocar torpor,

alucinações visuais, embriaguez, podendo evoluir até à

total perda de consciência. Pode provocar lesões

gástricas graves. Provoca irritação da mucosa e trato

respiratório.

-

Alumínio

Suas propriedades neurotóxicas estão relacionadas com

doenças como a neurodegeneração, encefalopatia,

demência dialítica, doença de Alzheimer e alterações

neuro-comportamentais. Nos ossos o alumínio pode

interferir com a captação de cálcio, conduzindo a

osteomalacia, sendo que a sua presença bloqueia a

captação do Ca2+

, o que promove perda de cálcio por

excreção. Concentrações de alumínio abaixo dos 135

µg/l têm um impacto na performance cognitiva.

Compostos de alumínio

tal como AlCL3 são

extremamente tóxicos

para os ovos dos peixes

e algas e tóxico para

peixes e consumidores

de primeira ordem.

Bentonita Sob condições normais de uso não deve apresentar

riscos significativos à saúde. Contato prolongado e

repetido com a pele pode causar dermatite.

Não se espera nenhum

efeito sobre o meio

ambiente.

Cobre Elevados níveis intracelulares de cobre podem ser

tóxicos, incluindo alterações no mecanismo intracelular

de proteínas.

Pode ser acumulado pelo

fitoplâncton, moluscos e

peixes. A concentração

de apenas 0,1 mg/l é

tóxica para ostras

bivalves, sendo letal

quando em concen-

trações superiores a 3,0

mg/l.

Combustiveis O contato do líquido e de vapores com os olhos provoca

irritação.O contato do líquido com a pele provoca

irritação e dermatites em exposição prolongada.

Perigoso se ingerido, causa náuseas ou vômitos e pode

causar arritmia. Se o líquido entra nos pulmões, provoca

irritação grave, tosse, obstruções, edema pulmonar e

mais tarde sinais de broncopneumonia e pneumonia. Os

vapores são irritantes para o nariz e garganta. A inalação

provoca tonturas, dores de cabeça, dificuldades

respiratórias e perda de consciência. Em casos mais

graves, provoca, anestesia, coma e parada respiratória.

Perigoso para a vida

aquática mesmo em

concentrações muito

baixas.

94

Continua .....

Page 95: web/uploads/files/Dairle Costa.pdf

POLUENTE SAÚDE HUMANA BIOTA

Ferro O excesso de exposição ou ingestão de ferro na forma de

pó pode trazer conseqüências drásticas à saúde, que

surgem como irritação da parede gastrintestinal,

problemas cardiovasculares e respiratórios e diabetes.

Em concentrações

reduzidas se constituem

em fatores limitantes ao

crescimento dos organis-

mos vegetais.

Fertilizantes São reconhecidos cinco tipos de envenenamentos

causados pela ingestão de algas tóxicas: envenenamento

paralisante, envenenamento neurotóxico,

envenenamento diarréico, envenenamento amnésico e

envenenamento por ciguatera.

Problemas de florações

massivas de algas

tóxicas e não tóxicas

podem causar

decréscimo acentuado de

oxigênio, acarretando

em morte massiva da

fauna marinha, afetando

a recreação, comércio

pesqueiro, turismo e a

saúde pública.

Manganês O trato respiratório é a principal via de introdução e

absorção desse metal nas exposições ocupacionais. No

sangue, esse metal encontra-se nos eritrócitos, 20-25

vezes maior que no plasma. Os sintomas dos danos

provocados pelo manganês no Sistema Nervoso Central

podem ser divididos em três estágios: 1º: subclínico

(astenia, distúrbios do sono, dores musculares,

excitabilidade mental e movimentos desajeitados); 2º:

início da fase clínica (transtorno da marcha, dificuldade

na fala, reflexos exagerados e tremor), e 3º: clínico

(psicose maníaco-depressiva e a clássica síndrome que

lembra o Parkinsonismo). Além dos efeitos

neurotóxicos, há maior incidência de bronquite aguda,

asma brônquica e pneumonia.

Em concentrações redu-

zidas se constituem em

fatores limitantes ao

crescimento dos organis-

mos vegetais.

Soda cáustica Irritante para os olhos. As lesões oculares podem atingir

a córnea ou a conjuntiva; as cicatrizes que deixam

conduzem muitas vezes à perda de visão. Irritante para a

pele, produzindo queimaduras e ulcerações profundas.

Ação corrosiva sobre a pele, sendo os seus efeitos mais

ou menos graves conforme a concentração do produto,

tempo de exposição e local do corpo atingido. O contato

com soluções diluídas tem efeitos destruidores da derme.

A ingestão pode provocar queimaduras nas mucosas

digestivas, com estomatites e lesões esofágicas,

dependendo da concentração do produto e duração do

contato. A inalação de pó ou misturas concentradas,

pode causar danos ao nível das vias respiratórias

superiores e tecidos da língua, dependendo do tempo de

exposição.

Perigoso para a vida

aquática em altas

concentrações; pode ser

perigoso quando entra

em drenos.

Fonte: PETCON (2005), COSTA (2005), AVILA-CAMPOS (2010), CASTRO, SILVA &

VIEIRA (2007), MOURA et al. (2008) e RAUPP (2008).

95

Page 96: web/uploads/files/Dairle Costa.pdf

Total Geral de Cargas Movimentadas (acum. 12 meses)

21,3 22,425,4

35,8

25,323,6

32,8

0

5

10

15

20

25

30

35

40

20

09

I

20

09

II

20

09

III

20

09

IV

20

10

I

20

10

II

20

10

III

Mil

es d

e to

nel

ad

as

Figura 6.12 - Movimentação total de cargas no Complexo Portuário da baía de São

Marcos/MA em 2009 e no 1º, 2º e 3º trimestre de 2010.

Os terminais de uso privativo alcançaram a marca de 72.529.512t

movimentadas no acumulado do ano de 2010, o que reflete um crescimento de 11,21% contra

igual período do ano anterior. Atualmente os TUPs movimentam 89% do total de cargas do

Complexo (Figura 6.13). Ainda assim, o porto de Itaqui apresenta taxa de crescimento maior,

48,61% no acumulado do ano, frente a 2009 (Tabela 6.1).

89%

11%

TUPs

Porto de Itaqui

Figura 6.13 - Participação relativa do porto de Itaqui e dos TUPs Ponta da Madeira e Alumar

no total geral de cargas movimentadas até o 3º trimestre de 2010 no Complexo Portuário da

baía de São Marcos/MA.

A movimentação de granel sólido fechou o primeiro trimestre de 2010 com

14,51% de crescimento, frente à igual período de 2009 (Tabela 6.2). A taxa de crescimento da

96

Page 97: web/uploads/files/Dairle Costa.pdf

exportação de granel sólido tem como um de seus maiores determinantes a expansão das

importações de minério de ferro por parte da China. Embora a crise econômica tenha afetado

a movimentação de granel sólido, a mesma conseguiu fechar o primeiro trimestre de 2010

acima do patamar movimentado em igual período de 2009.

Os granéis sólidos representaram 92,7% do total movimentado de cargas no

acumulado do ano de 2010. Movimentou-se 30.795.134t no terceiro trimestre do ano,

crescimento de 23,09% da tonelagem movimentada por este tipo de carga, contra igual

período do ano anterior (Figura 6.14).

Movimentação de Graneis Sólidos (acum. 12 meses)

20.045.74121.323.308

23.684.233

33.222.738

23.449.22321.700.930

30.795.134

15.000.000

20.000.000

25.000.000

30.000.000

35.000.000

20

09

I

20

09

II

20

09

III

20

09

IV

20

10

I

20

10

II

20

10

III

Mil

es

de t

on

ela

da

s

Figura 6.14 - Movimentação de graneis sólidos no Complexo Portuário da baía de São

Marcos/MA em 2009 e no 1º, 2º e 3º trimestre de 2010.

Ao se analisar os granéis sólidos por grupo de mercadoria verifica-se a elevada

participação do minério de ferro (85,48%), por conta de sua elevada densidade. Tal produto

tem sido um dos importantes determinantes da taxa de crescimento das exportações brasileiras

nos últimos anos. A forte concentração de exportação de produtos primários também

contribuiu para a participação bastante elevada de granéis sólidos no total movimentado de

cargas no Complexo Portuário (Figura 6.15).

97

Page 98: web/uploads/files/Dairle Costa.pdf

Granéis Sólidos - Participação Relativa

9%6%

85% Minério de ferro

Bauxita

Outros

Figura 6.15 - Participação relativa das mercadorias no total geral de granel sólido

movimentado até o 3º trimestre de 2010 no Complexo Portuário da baía de São Marcos/MA.

Com relação ao granel líquido, tivemos no primeiro trimestre de 2010

crescimento de 36,59%, frente ao mesmo período de 2009. A movimentação de granel líquido

do terceiro trimestre situou-se em 1.844.236t, nível 4,81% acima do mesmo período do ano

anterior, enquanto o acumulado do ano ficou em 29,17%, alcançando a cifra de 5.610.252t

(Figura 6.16).

Movimentação de Granel Líquido (acum. 12 meses)

1.170.6731.047.616

1.776.3781.846.209

1.919.8071.844.236

2.655.845

1.000.000

1.500.000

2.000.000

2.500.000

3.000.000

20

09

I

20

09

II

20

09

III

20

09

IV

20

10

I

20

10

II

20

10

III

Mil

hões

de

ton

elad

as

Figura 6.16 - Movimentação de granel líquido no Complexo Portuário da baía de São

Marcos/MA em 2009 e no 1º, 2º e 3º trimestre de 2010.

98

Page 99: web/uploads/files/Dairle Costa.pdf

A navegação de longo curso e cabotagem exibiram crescimento da carga

transportada de 11,26% e 58,08%, respectivamente, no acumulado do ano de 2010 com

relação a igual período do ano anterior, havendo uma pequena desaceleração da taxa de

crescimento trimestral da navegação por longo curso da ordem de 0,27% no segundo trimestre

(Figura 6.17).

30.074.365

24.238.86321.529.81221.588.75122.905.305

20.289.959

2.781.995

1.235.9132.139.718824.348

1.144.046

1.044.791

0

6.000.000

12.000.000

18.000.000

24.000.000

30.000.000

36.000.000

1° Tri/2009 1° Tri/2010 2° Tri/2009 2° Tri/2010 3°Tri/2009 3° Tri/2010

Longo curso Cabotagem

Figura 6.17 - Movimentação total de cargas no Complexo Portuário da baía de São

Marcos/MA no 1º, 2º e 3º trimestre de 2009 e 2010, por tipo de navegação.

Com relação à navegação de longo curso, destaca-se a importação, que

apresentou taxa de crescimento de 64,56% ante 9,86% de crescimento da carga exportada.

Quando analisamos a movimentação de cargas no longo curso, sob a ótica do sentido de

navegação, outros fatos interessantes podem ser observados. Mesmo com a crise, a exportação

no Complexo Portuário da baía de São Marcos vem aumentando gradativamente em volume,

conforme ilustrado na Figura 6.18.

A elevada densidade do minério de ferro tem sido um dos importantes

determinantes da taxa de crescimento das exportações brasileiras nos últimos anos. Isso

também se deve ao fato do Porto de Itaqui ser exportador de bens agrícolas (arroz, soja e

trigo). Os exportadores agrícolas do país não sofreram perdas nesse período, considerado o

mais crítico da época.

99

Page 100: web/uploads/files/Dairle Costa.pdf

20.044.96721.786.040

20.003.198 20.233.23023.494.286

28.475.522

244.992

1.118.765

433.231 1.296.582

744.577

1.598.842

0

6.000.000

12.000.000

18.000.000

24.000.000

30.000.000

36.000.000

1° Tri/2009 1° Tri/2010 2° Tri/2009 2° Tri/2010 3°Tri/2009 3° Tri/2010

Exportação Importação

Figura 6.18 - Movimentação total de cargas em longo curso no Complexo Portuário da baía

de São Marcos/MA no 1º, 2º e 3º trimestre de 2009 e 2010, por sentido de navegação.

Os dados até junho de 2010 não são tão animadores, revelando queda de 57,5%

na movimentação de contêineres11

– quantidade TEU – em relação ao mesmo período de

2009. Por se tratar de movimentação de cargas de maior valor agregado, torna-se interessante

para o país a recuperação da movimentação de carga conteinerizada. Os dados revelaram que

tal modalidade de movimentação de cargas apresentou taxa de crescimento positiva (18,29%)

no terceiro trimestre de 2010, recuperando parte da queda ocorrida em 2009.

11Contêiner: é qualquer caixa metálica principalmente na medida de 20´ou 40´pés que tenha estrutura para engate

automático pelos equipamentos de movimentação, seja horizontal ou vertical. No cais: os principais equipamentos de

movimentação são: os portêiner panamax, portêiner post panamax, portêiner super post panamax, portêiner takraf,

portêiner de torque e portêiner sobre rodas. No pátio: as empilhadeiras reach staker, transtêiner sobre rodas, terminal

tractors, guindastes sobre pneus para pátio, e empilhadeiras para ovar e desovar contêineres (ANTAQ, 2010a).

100

Page 101: web/uploads/files/Dairle Costa.pdf

6.5 EMAP e Terminais Arrendados

6.5.1 Sistema de gestão ambiental da EMAP

a) Requisitos Gerais

Comprometimento e liderança da alta administração: A certificação da EMAP em abril de

2008 pelo sistema ISO 9001:00, referente à qualidade da gestão portuária comprovou que a

EMAP atende aos requisitos impostos pela norma de qualidade. O próximo passo seria a

certificação pelo sistema ISO 14001:04.

Escopo do SGA: operacional, administrativo e todas as áreas ligadas diretamente e

indiretamente a administração da empresa.

b) Política ambiental

Definição: A empresa está em fase de formulação da sua política ambiental.

c) Planejamento

Aspectos ambientais: a EMAP possui contrato com empresa especializada para realizar o

levantamento dos aspectos e impactos da atividade portuária.

Requisitos Legais: Cumprimento das determinações legais.

d) Implementação e Operação

Recursos disponibilizados: estrutura física (salas administrativas, operacionais, veículos para

fiscalização, rádios portáteis, celulares, maquinas, centro de controle operacional), estrutura

financeira (orçamento disponível para qualquer projeto que possa favorecer melhoria continua

para o SGA da empresa. Atualmente a Coordenadoria é composta um profissional formado

em Geografia, especialista em Engenharia Ambiental, uma administradora, três estagiários

cursando gestão em meio ambiente e um gerente especialista em engenharia ambiental.

Competência, treinamento e conscientização: as capacitações para o público interno são

realizadas por empresas contratadas com freqüência mensal ou bimestral, que abrangem as

seguintes áreas do conhecimento: gestão ambiental, direito ambiental, emergências

101

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ambientais, educação ambiental, entre outros. Com periodicidade trimestral é oferecida

capacitação na forma de treinamentos, cursos e simulados de emergência para toda a

comunidade portuária, tratando de Educação Ambiental e como proceder em situações de

emergência envolvendo acidentes.

Comunicação: os procedimentos de comunicação interna envolvem reuniões regulares de

grupos de trabalho, boletins informativos, quadros de aviso e intranet; a empresa estabelece

comunicação externa com as partes interessadas de empreendimentos desenvolvidos por ela e

autoridades públicas por meio de boletins informativos e página na internet.

Documentação e controle de documentos: é feita por meio de lista de assinatura, certificados

e controle pelo setor de treinamento.

e) Verificação

Monitoramento e medição: a EMAP possui contrato com empresa especializada, para realizar

monitoramento de qualidade de ar, águas superficiais salinas e ruído ambiental. Além de

mecanismos de gestão para realizar o levantamento dos aspectos e impactos da atividade

portuária, com a realização de auditorias internas.

Auditorias: a EMAP possui contrato com empresa especializada para a realização de auditoria

interna anual.

Avaliação do atendimento a requisitos legais e outros: auditoria anual.

Não conformidade, ação corretiva e ação preventiva: são gerados planos de ação para a

correção das não conformidades levantadas na auditoria.

f) Análise pela administração:

O envolvimento da alta administração na avaliação periódica do SGA é

considerado excelente, pois a mesma tem um comprometimento total com a gestão ambiental,

tendo sido registrados no período de existência do SGA os seguintes os avanços: elaboração e

implantação de procedimentos ambientais, envolvimento de todos os colaboradores da

empresa com a gestão ambiental e recursos físicos, financeiros e humanos para aperfeiçoar o

SGA do Porto de Itaqui. Após a implementação do SGA no terminal são apontadas as

seguintes mudanças como significativas: eficácia no controle operacional dos terminais,

redução dos impactos ambientais gerados durante a operação e comprometimento de todos os

agentes envolvidos.

102

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7 CONCLUSÃO

1. A EMAP busca a certificação pela ISSO 14001, mas ainda não implantou um Sistema de

Gestão Ambiental, uma vez que apenas executa ações que visam atender a legislação.

Portanto, o que deflagrou a série de mudanças que resultaram na melhor eficiência da gestão

foram as visitas feitas pelos técnicos de regulação da GMA/ANTAQ, que indicaram para a

administração do porto de Itaqui as deficiências na sua atuação e os ajustes necessários para

adequação de suas atividades;

2. A revisão do Plano de Desenvolvimento e Zoneamento - PDZ ter dado uma maior ênfase

ao estudo atual da qualidade do meio ambiente do porto de Itaqui e seu entorno, demonstra

que a EMAP se apercebe da importância de cumprir a legislação e assegurar a

sustentabilidade de sua atividade, evitando o não recebimento das licenças dadas pela SEMA

e conflitos com as partes interessadas;

3. O porto de Itaqui atende parcialmente os seguintes instrumentos de gestão ambiental e

segurança ocupacional: qualificação do núcleo ambiental, Agenda Ambiental Institucional,

Manual de Procedimentos Internos, Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos - PGRS,

Plano de Controle de Emergência. Em relação ao instrumento Agenda Ambiental Local este

ainda não foi elaborado, porém reveste-se de importância, pois une em torno de um mesmo

objetivo – a sustentabilidade das atividades portuárias – as autoridades aduaneira, marítima,

sanitária, de saúde e de polícia marítima, firmando acordos de cooperação mútua;

4. A qualificação do núcleo ambiental implantado pela EMAP atende parcialmente as

necessidades da gestão ambiental, uma vez que a formação de seus funcionários é adequada,

mas o seu número é insuficiente para suprir a demanda;

5. A Agenda Ambiental Institucional do porto de Itaqui está em estágio incipiente de

implantação, o que é negativo, pois significa que as questões ambientais se restringem ao

Núcleo Ambiental, que depende dos demais setores da instituição para finalizar suas ações;

6. A SEMA liberou a LO do porto de Itaqui, mesmo sem o atendimento total dos

instrumentos, o que indica que a EMAP é privilegiada por ser uma instituição estadual, sendo

dispensada de obrigações que normalmente impedem a atividade de portos que são

federalizados. Entre os instrumentos que se encontram nessa situação estão o Manual de

Procedimentos Internos e o PGRS, que foram implantados, mas não foram aprovados pelo

órgão competente;

7. O Plano de Controle de Emergência do porto de Itaqui deverá contemplar uma maior

quantidade de procedimentos preconizados pela NR-29 do Ministério do Trabalho e Emprego,

103

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tais como: vazamento de produtos perigosos, queda do homem ao mar, condições adversas de

tempo que afetem a segurança;

8. A EMAP tem buscado aprimorar sua gestão, por acompanhar e fiscalizar a gestão

ambiental dos arrendatários (licenciamento, planos de emergência individual e de resíduos,

auditoria e outros). Uma vez que a variável ambiental já vem sendo trabalhada pela EMAP,

não sendo assim um produto desconhecido, a alteração a ser processada restringe-se a

entender e tratar a gestão ambiental como um produto final, igual a outro qualquer, da

autoridade portuária e empresas arrendatárias de área do porto de Itaqui;

9. A EMAP está em processo de formulação da sua política ambiental, portanto a alta

administração da EMAP trabalha sem objetivos, metas e programas definidos para determinar

o desempenho máximo que a empresa pretende alcançar, se limitando a atender os requisitos

de desempenho mínimo, estabelecidos por determinações legais, ainda que de forma

deficiente.

10. A movimentação de mercadorias no Porto de Itaqui pode provocar o aumento da poluição

no sistema aquático, principalmente pela liberação de substâncias nocivas para a coluna

d’água ou sedimento, gerando impactos sobre hábitats da fauna aquática e bentônica, podendo

afetar a pesca da região. As obras de dragagem podem acentuar o problema, pois o metal

pesado, quando contido no sedimento sob a forma reduzida, pode ser inerte, ao passo que, se

revolvido e sob condições oxidantes, pode adquirir forma química que seja assimilável pela

biota e tornar-se disponível para toda a cadeia trófica, atingindo o homem que está no topo da

mesma.

104

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ANEXOS

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ANEXO A. Organograma da Autoridade Portuária de Itaqui/MA - EMAP. Fonte:

http://www.emap.ma.gov.br/frmPagina.aspx?id_pagina_web=151.

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ANEXO B. Formulário de avaliação da gestão ambiental das empresas arrendatárias do Porto

de Itaqui.

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APÊNDICES

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APÊNDICE A. Questionário referente aos requisitos de implantação do sistema de

gestão ambiental.

Requisitos Gerais

1. O terminal possui certificações?

( ) Sim ( ) Não ( ) processo em tramitação

2. Em caso positivo qual(is) certificação o terminal possui?__________________________

3. Se possui quando foi implantada? ____________ Renovada? ______________________

4. Em caso de tramitação em que etapa se encontra?________________________________

4.1 Quanto tempo desde o início? _______________________________________________

4.2 Quais os principais entraves no processo de tramitação da certificação?

___________________________________________________________________________

5. Como o setor ou área ambiental se configura no organograma do terminal?

__________________________________________________________________________

5.1 E em relação à matriz?_____________________________________________________

6. Qual é o escopo do SGA? __________________________________________________

Planejamento da Política Ambiental

1. Quem ou como é definida a política ambiental do terminal?__________________

___________________________________________________________________________

2. Como se dá a participação dos diferentes níveis hierárquicos?

___________________________________________________________________________

3. Como é documentada? _____________________________________________________

4. Como é comunicada? E a quem?______________________________________________

5. Na política ambiental do terminal, quais foram os aspectos apontados como prioritários

devido aos seus impactos significativos sobre o meio ambiente? E por quê?

___________________________________________________________________________

QUESTIONÁRIO

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6. Quais são os requisitos legais que o terminal tem que cumprir relacionados aos seus

aspectos ambientais?__________________________________________________________

7. Que mudanças podem ser apontadas como significativas após a implementação do SGA no

terminal? ___________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

Implementação e Operação

1. Que recursos (físicos, financeiros e humanos) a empresa disponibiliza para implementar e

operar a gestão ambiental?______________________________________________________

___________________________________________________________________________

2. Quais são os recursos (físicos, financeiros e humanos) utilizados para controle de

emergências?________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

3. Quais são as categorias de trabalhadores presentes no terminal? Quantos trabalhadores

cada categoria apresenta?

( ) Universitários __________ ( ) Nível Médio _________

( ) Fundamental ___________ ( ) Analfabeto ___________

( ) Outros _________________________________

4. O terminal tem um processo estruturado de capacitação ambiental continuada para esses

trabalhadores?

( ) Sim ( ) Não Quais?_____________________________________________________

5. Qual a freqüência do processo? ______________________________________________

5.1 Que recursos pedagógicos são utilizados?

Quadro ( ) Transparência ( ) Datashow ( ) Aulas teóricas ( ) Aulas práticas ( )

6. Quem prepara o processo de capacitação? ______________________________________

6.1 Que tipos de conhecimentos fazem parte da capacitação?__________________________

7. Como é feita a documentação e o controle de documentos?

__________________________________________________________________________

8. E para o público externo é oferecida alguma capacitação? ( ) Sim ( ) Não

8.1 Que tipo? ______________________________________________________________

8.2 De que forma? __________________________________________________________

8.3 Com que periodicidade? ___________________________________________________

8.4 Para quem? ______________________________________________________________

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9. Como estão organizados os procedimentos de comunicação interna?

( ) reuniões regulares de grupos de trabalho ( ) boletins informativos

( ) quadros de aviso ( ) intranet ( ) outros. Quais sejam: __________________________

10. Com quem se estabelece comunicação externa?

( ) partes interessadas ( ) autoridades públicas

( ) outros. Quais sejam: ______________________________________________________

11. Como estão organizados os procedimentos de comunicação externa?

( ) relatórios anuais ( ) boletins informativos ( ) página na internet

( ) reuniões com a comunidade ( ) outros. Quais sejam: _____________________________

Verificação

1. Que recursos a empresa desenvolveu para proceder o monitoramento e medição das suas

operações que possam ter impacto ambiental significativo?

___________________________________________________________________________

2. Qual a periodicidade das auditorias internas e quem participa delas?

___________________________________________________________________________

3. Quais os procedimentos para tratar as não conformidades reais ou potenciais e para

executar ações corretivas e preventivas?

___________________________________________________________________________

Análise pela administração

1. Qual é o envolvimento da alta administração na avaliação periódica do sistema de gestão

ambiental? _________________________________________________________________

2. Quais foram os avanços registrados no período de existência do SGA escolhido?

___________________________________________________________________________

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