21
 X ANPED SUL, Florianópolis, outubro de 2014.                                                                            p.1         Espaço e tempo: entrelaçamentos no processo de leitura e escrita do bloco alfabetizador     Resumo Este texto é fruto de investigações realizadas com professoras da rede pública que trabalham no bloco alfabetizador e pesquisadoras que compõe o grupo de pesquisa do subprojeto Alfabetização com Letramento: desafios da articulação entre teoria e prática, vinculado ao projeto do Observatório da Educação. O objetivo foi analisar as implicações do espaço e do tempo no processo de leitura e escrita do bloco alfabetizador. A metodologia teve uma abordagem qualitativa, e os instrumentos de coleta de dados utilizados foram questionários e registros fotográficos. A pesquisa procurou dar visibilidade ao modo como as professoras alfabetizadoras organizam o tempo e o espaço relacionados à leitura e escrita. As análises permitiram compreender que, na sistematização da leitura e da escrita, tempo e espaço não são concebidos como relevantes para o processo de aprendizagem dos alunos.   Palavraschave: Espaço. Tempo. Leitura. Escrita.   Mara Luciane da Silva Furghestti UNISUL [email protected]   Marileia Mendes Goulart UNISUL [email protected]   Rosinete Costa Fernandes Cardoso UNISUL [email protected]         

X Anped Sulxanpedsul.faed.udesc.br/arq_pdf/1260-0.pdforganização do tempo e do espaço, que demonstram a adesão à concepção do tempo linear, da ordem, da hierarquia, caracteres

  • Upload
    others

  • View
    1

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: X Anped Sulxanpedsul.faed.udesc.br/arq_pdf/1260-0.pdforganização do tempo e do espaço, que demonstram a adesão à concepção do tempo linear, da ordem, da hierarquia, caracteres

 

X ANPED SUL, Florianópolis, outubro de 2014.                                                                                p.1 

 

 

 

 

    Espaço e tempo: entrelaçamentos no processo de leitura e escrita do bloco alfabetizador    

 

Resumo Este  texto  é  fruto  de  investigações  realizadas  com professoras  da  rede  pública  que  trabalham  no  bloco alfabetizador  e  pesquisadoras  que  compõe  o  grupo  de pesquisa  do  subprojeto  Alfabetização  com  Letramento: desafios da articulação entre teoria e prática, vinculado ao projeto  do  Observatório  da  Educação.  O  objetivo  foi analisar as  implicações do espaço e do tempo no processo de  leitura e escrita do bloco alfabetizador. A metodologia teve  uma  abordagem  qualitativa,  e  os  instrumentos  de coleta de dados utilizados  foram questionários e  registros fotográficos. A pesquisa procurou dar visibilidade ao modo como as professoras alfabetizadoras organizam o tempo e o  espaço  relacionados  à  leitura  e  escrita.  As  análises permitiram compreender que, na sistematização da  leitura e  da  escrita,  tempo  e  espaço  não  são  concebidos  como relevantes para o processo de aprendizagem dos alunos.   Palavras‐chave: Espaço. Tempo. Leitura. Escrita.  

 Mara Luciane da Silva Furghestti 

UNISUL [email protected] 

  

Marileia Mendes Goulart UNISUL 

[email protected]   

Rosinete Costa Fernandes Cardoso UNISUL 

[email protected]   

 

 

 

 

 

 

Page 2: X Anped Sulxanpedsul.faed.udesc.br/arq_pdf/1260-0.pdforganização do tempo e do espaço, que demonstram a adesão à concepção do tempo linear, da ordem, da hierarquia, caracteres

 Espaço e tempo: entrelaçamentos no processo de leitura e escrita do bloco alfabetizador  Mara Luciane da Silva Furghestti ‐ Marileia Mendes Goulart ‐ Rosinete Costa Fernandes Cardoso 

X ANPED SUL, Florianópolis, outubro de 2014.                                                                                p.2 

 

X A

nped Sul

Introdução 

O projeto do Observatório da Educação financiado pela CAPES/INEP1, intitulado: A 

criança  durante  o  processo  de  alfabetização  e  a  dificuldade  no  acompanhamento  da 

turma na leitura e na escrita, propõe‐se a compreender os aspectos sociais, econômicos e 

pedagógicos que determinam o perfil das crianças que não acompanham o processo de 

alfabetização em relação à aprendizagem da leitura e da escrita. A partir desse objetivo, 

pesquisadores  e  professoras  do  Bloco  Alfabetizador2  se  articulam  em  torno  do 

subprojeto  “Alfabetização  com  Letramento:  desafios  da  articulação  entre  teoria  e 

prática”, que tem como foco o estudo, a pesquisa e a reflexão de questões pedagógicas 

que interferem na aprendizagem das crianças das classes de alfabetização. 

Este  artigo,  que  representa  um  recorte  do  subprojeto  acima  referido,  propõe 

analisar as  implicações do espaço e do tempo no processo de  leitura e escrita do bloco 

alfabetizador,  partindo  do  pressuposto  que  a  organização  destes  norteia  a  prática 

pedagógica, mobilizando atividades de  leitura e escrita, nem sempre resultando no uso 

social destas habilidades.  

O percurso metodológico procurou dar visibilidade ao modo como as professoras 

alfabetizadoras  organizam  o  tempo  e  o  espaço  relacionados  à  leitura  e  à  escrita, 

utilizando,  como  instrumentos  de  coleta  de  dados,  o  questionário  e  os  registros 

fotográficos3.  Os  autores  que  sustentaram  as  discussões  sobre  o  tempo  e  o  espaço 

foram: Antonio Viñao Frago; Agustín Escolano, e Gimeno Sacristán.   Para  leitura, escrita, 

alfabetização e  letramento, utilizamos Magda Soares, Luiz Carlos Cagliari, Sílvia Colello, 

José Barbosa, entre outros.   

A  relevância  do  estudo  justifica‐se  pela  constatação  de  que, muito  embora,  o 

processo de ensino e de aprendizagem da leitura e da escrita figura como alvo de muitos 

                                                            1 O projeto aprovado em 2012 reúne uma doutoranda, três mestrandas, cinco graduandas, duas professoras 

do Mestrado em Educação e três do curso de Pedagogia, e seis professoras das seis escolas públicas que constituem a amostra do projeto.  

2 Adota‐se o termo Bloco Alfabetizador para referir‐se aos três primeiros anos do Ensino Fundamental. 3  Trinta  e  três  (33)  professoras  do  Bloco Alfabetizador  responderam  ao  questionário  composto  de  dez 

questões, sendo estas abertas e fechadas, sobre a organização do tempo e espaço. Neste trabalho, são consideradas  para  as  análises  as  questões  voltadas,  especificamente,  para  a  leitura  e  a  escrita.  Os registros fotográficos foram realizados pelas pesquisadoras nas seis escolas componentes da amostra. 

Page 3: X Anped Sulxanpedsul.faed.udesc.br/arq_pdf/1260-0.pdforganização do tempo e do espaço, que demonstram a adesão à concepção do tempo linear, da ordem, da hierarquia, caracteres

 Espaço e tempo: entrelaçamentos no processo de leitura e escrita do bloco alfabetizador  Mara Luciane da Silva Furghestti ‐ Marileia Mendes Goulart ‐ Rosinete Costa Fernandes Cardoso 

X ANPED SUL, Florianópolis, outubro de 2014.                                                                                p.3 

 

X A

nped Sul

estudos e pesquisas, permanece como um campo que suscita muitos questionamentos, 

tendo em vista que, estando no bloco alfabetizador ou mesmo tendo concluído o Ensino 

Fundamental, muitos alunos não conseguem  ler e   escrever, apresentando dificuldades 

ou impedimentos na apropriação de outros conhecimentos.  

Alguns anos após a  implantação do ensino  fundamental de nove anos, ainda há 

questões que nos desafiam: qual  é  a  lógica que hoje  compõe o  tempo  e o espaço no 

bloco  alfabetizador?  O  que  se  tem  privilegiado  no  cotidiano  escolar  no  que  tange  à 

alfabetização  e  ao  letramento?  Como  os  professores  têm  estruturado  atividades  de 

leitura  e  escrita  em  relação  ao  tempo  e  ao  espaço  nos  anos  iniciais  do  ensino 

fundamental?  

Essas  indagações mobilizaram o grupo de pesquisa  tendo em vista os  índices de 

desempenho dos alunos, especialmente, na primeira etapa da Educação Básica. 

 

O percurso do bloco alfabetizador  

Em dezembro de 2006, há uma alteração na Lei de Diretrizes e Bases Nacionais4, 

que muda  o  tempo  do  Ensino  Fundamental  de  oito  para  nove  anos,  embora,  naquele 

momento,  as  escolas  não  tivessem  conhecimento  real  sobre  as  implicações  e 

desdobramento que essa mudança traria para o cotidiano das escolas e as conseqüências 

dessa reforma nas questões curriculares.  

Com  a  aprovação  e  publicação  dessa  lei,  foram  criadas  normatizações  que 

orientam a organização do currículo, dentre elas o Parecer CNE/CEB nº 4, aprovado em 

20/02/2008, que discorre sobre os três anos iniciais do ensino fundamental de nove anos, 

com  ingresso  aos  seis  anos  de  idade.    Esse  parecer  apresenta  sustentação  para  as 

questões pedagógicas, dentre elas destacamos o  “ciclo da  infância”  com  três  anos de 

duração, sendo o 1º ano parte  integrante do mesmo, ratificando que este é um período 

                                                            4 A Lei nº 11.274, aprovada em 06/02/ 2006, materializa a alteração dos artigos 32 e 87 da LDB nº 9.394/96, 

instituindo  sobre  a  ampliação  do  ensino  fundamental  de  nove  anos  de  duração,  com  matrícula obrigatória a partir dos 6 (seis) anos de idade.  

 

Page 4: X Anped Sulxanpedsul.faed.udesc.br/arq_pdf/1260-0.pdforganização do tempo e do espaço, que demonstram a adesão à concepção do tempo linear, da ordem, da hierarquia, caracteres

 Espaço e tempo: entrelaçamentos no processo de leitura e escrita do bloco alfabetizador  Mara Luciane da Silva Furghestti ‐ Marileia Mendes Goulart ‐ Rosinete Costa Fernandes Cardoso 

X ANPED SUL, Florianópolis, outubro de 2014.                                                                                p.4 

 

X A

nped Sul

dedicado à alfabetização e ao letramento, ao desenvolvimento das diversas expressões e 

ao aprendizado das áreas de conhecimento.  

Destaca‐se também a Resolução CNE/CBE nº 7, aprovada em 14/12/2010, onde são 

definidas as Diretrizes Curriculares Nacionais para o ensino  fundamental de nove anos, 

sendo que, a partir delas, a organização curricular passa a ser de 5 (cinco) anos para os 

anos  inicias,  com  ênfase  ao  ciclo  alfabetizador.  Esta  Resolução  (BRASIL,  2010,  p.  08) 

define em  seu  artigo  30,  inciso  I:  “Os  três  anos  iniciais do Ensino  Fundamental devem 

assegurar: I – a alfabetização e o letramento”. 

Os  documentos  legais,  sinalizam  obrigatoriedade  do  ensino  fundamental  de  9 

anos, enfatizam no bloco alfabetizador (1º  , 2º e 3º ano) a aprendizagem da  leitura e da 

escrita,   oferecendo um tempo maior para apropriação dos fundamentos da  leitura e da 

escrita, tanto para a vida escolar da criança, quanto para sua participação social.   

                 A  escola,  lugar  onde  o  aluno‐criança  expressa  suas  relações  sociais, 

precisa  ser    repensada,  em  relação  a organização do  tempo  e do  espaço, partindo da 

lógica da criança e não da lógica do adulto.  

Para que a alfabetização seja trabalhada na perspectiva do letramento, conforme 

as  orientações,  é  preciso  romper  com  paradigmas  que  concebem  o  ensino  atrelado  a 

tempos rígidos e  ,exclusivamente, entre quatro paredes. É preciso fazer da sala de aula 

um ambiente propício para se desenvolver a leitura e a escrita, de modo significativo.   

 

Espaços e tempos escolares 

Os  espaços  e  as  estruturas  das  salas  de  aula  e  das  escolas  são  extremamente 

significativos. Por meio deles podemos compreender os propósitos, os ideais e os valores 

de uma determinada época.  

Na  Idade Média, a educação  se  tornou  compromisso da escola e a atividade de 

ensinar passou a se desenvolver em espaços específicos, sem qualquer relação com a vida 

prática  dos  alunos.  Na  primeira  metade  do  século  XVI,  os  colégios  incorporaram  a 

organização espacial dos modelos de escolas realizados nos seminários, pois estavam em 

Page 5: X Anped Sulxanpedsul.faed.udesc.br/arq_pdf/1260-0.pdforganização do tempo e do espaço, que demonstram a adesão à concepção do tempo linear, da ordem, da hierarquia, caracteres

 Espaço e tempo: entrelaçamentos no processo de leitura e escrita do bloco alfabetizador  Mara Luciane da Silva Furghestti ‐ Marileia Mendes Goulart ‐ Rosinete Costa Fernandes Cardoso 

X ANPED SUL, Florianópolis, outubro de 2014.                                                                                p.5 

 

X A

nped Sul

consonância com a RatioStudiorun e com os propósitos educacionais  idealizados para a 

época. O modelo da RatioStudiorun, introduzido pelos jesuítas no Brasil, oficialmente, até 

1759,  incorporou o modelo de Seminário e serviu de base para as escolas, em relação à 

organização do  tempo e do espaço, que demonstram a adesão à concepção do  tempo 

linear, da ordem, da hierarquia, caracteres importantes do modelo de educação.   

Na  idade moderna,  conseqüência  do  processo  de  industrialização,  a  escola  e  o 

relógio  surgem  como  novos  símbolos  e  desenham  outra  concepção  espaço‐temporal, 

estabelecendo‐se  o  tempo  linear:  do  trabalho,  da  disciplina,  do  início  e  do  fim,  da 

hierarquia e da ordem. E, nessa lógica, é que as escolas se organizam.  

Segundo, Mariano Enguita (1989) e André Petitat (1994), as mudanças que foram 

ocorrendo  na  vida  dos  sujeitos,  impostas  pela  passagem  do  tempo  natural  ao  tempo 

racional do relógio e o uso do tempo como um  instrumento de exploração do trabalho, 

desvendam aspectos  importantes da organização espaço‐temporal da escola moderna, 

que mesmo originada a mais de duzentos anos, ainda mantém a mesma estrutura.  

Assim,  o  tempo  e  o  espaço  à  medida  que  passaram  a  disciplinar,  organizar, 

regularizar, homogeneizar, enfim, criar hábitos relacionados ao trabalho industrial, foram 

introjetando nas crianças, adolescentes e jovens, sobretudo das classes trabalhadoras, os 

sentimentos de docilidade e obediência para que, mais tarde, pudessem se adequar aos 

modelos de vida de trabalho nas indústrias. 

Na  atualidade, esse modelo parece  ainda estar muito presente nas escolas. Por 

isso,  pensamos  em  discutir  com  as  professoras  sobre  a  organização  do  tempo  e  do 

espaço nos processos de alfabetização. Pensando no quanto a estrutura física e a lógica 

na  distribuição  das  atividades  pode  contribuir  para  uma  alfabetização  que  mobilize 

conhecimentos sociais.  

É  importante, mergulhar  nas  experiências  das  professoras  para  conhecer  como 

utilizam  espaço  e  tempo  e  qual  a  lógica  que  está  sendo  pensada,  uma  vez  que 

acreditamos que esses revelam aquilo que, muitas vezes, não é dito, mas vai formando e 

estruturando  concepções  e metodologias,  subjacentes  ao  próprio  projeto  pedagógico 

das escolas.  

Page 6: X Anped Sulxanpedsul.faed.udesc.br/arq_pdf/1260-0.pdforganização do tempo e do espaço, que demonstram a adesão à concepção do tempo linear, da ordem, da hierarquia, caracteres

 Espaço e tempo: entrelaçamentos no processo de leitura e escrita do bloco alfabetizador  Mara Luciane da Silva Furghestti ‐ Marileia Mendes Goulart ‐ Rosinete Costa Fernandes Cardoso 

X ANPED SUL, Florianópolis, outubro de 2014.                                                                                p.6 

 

X A

nped Sul

Nesse sentido, questionamos quais os espaços que a escola possui, além da sala 

de  aula  e  como  se  organizam  para  utilizá‐los  caso  os  tenham. Nas  respostas  trazidas, 

aparecem  dados  significativos  que  nos  levam  a  crer  que  ainda  há  uma  lógica  de 

disciplinarização, pois, as turmas se organizam, segundos as professoras, quase sempre 

em filas:  

Professor 6 Escola C5 ‐ [...] As carteiras são enfileiradas (4 filas). O espaço não  é  bom  é  apertado,  para  fazermos  um  círculo  fica  difícil  estar passando entre eles. Professor 2 Escola F ‐ As vezes uma carteira atrás da outra, outras vezes, em forma de U, outras vezes em duplas. Professor  3  escola D  ‐   A minha  sala de  aula  é organizada da  seguinte forma: formação de cinco filas de carteiras, tendo 6 carteiras e cadeiras de cada fila. 

 

E assim, cada professora vai descrevendo seu modo de se organizar. Por meio de 

seus  textos é possível perceber,  também,  as dificuldades, em  relação  ao  tamanho das 

salas e as condições existentes. Algumas professoras relatam que essa ordem, em fileiras, 

se dá pelo fato de a sala ser muito pequena. Como podemos ver na resposta de uma das 

professoras, que há tentativas por movimentos que privilegiem a aprendizagem:  

 

Professor  6 da  escola D. As mesas  e  cadeiras  são distribuídas  em  filas organizadas e todos os alunos têm seu  lugar pré‐determinado, porém a escolha  prioriza  os  alunos  com  dificuldade  de  aprendizado,  visão  ou outro motivo que mereça mais atenção da minha parte. Essas  filas não são  estáticas  e  podem  ser mudadas  de  acordo  com  o  planejamento  e com  as  dinâmicas  que  irão  ser  desenvolvidas  assim  como  os  alunos podem  mudar  de  lugar  sempre  que  necessário.  Como  o  espaço  é apertado inviabiliza, por exemplo, por os alunos num circulo. Professor  3  da  escola  E.    Minha  sala  tem  o  cantinho  da  leitura,  as carteiras são organizadas em fila. Gosto de mudar, pôr em círculos ou em grupos  mas,  às  vezes,  isso  se  torna  empecilho,  pois  as  meninas  da limpeza  não  gostam  muito,  por  isso  quando  tenho  planejado  uma atividade que necessite dessa disposição diferentes das carteiras, recorro a sala de jogos.  

 

                                                            5 Os professores são identificados  por um número e as escolas  pesquisadas  são identificadas por uma 

letra. 

Page 7: X Anped Sulxanpedsul.faed.udesc.br/arq_pdf/1260-0.pdforganização do tempo e do espaço, que demonstram a adesão à concepção do tempo linear, da ordem, da hierarquia, caracteres

 Espaço e tempo: entrelaçamentos no processo de leitura e escrita do bloco alfabetizador  Mara Luciane da Silva Furghestti ‐ Marileia Mendes Goulart ‐ Rosinete Costa Fernandes Cardoso 

X ANPED SUL, Florianópolis, outubro de 2014.                                                                                p.7 

 

X A

nped Sul

Segundo os pareceres das professoras, vemos uma escola que se ocupa de muitas 

funções, sem priorizar as questões pedagógicas.  

 

Foto registrada por uma das pesquisadoras do grupo Sala de aula de uma das escolas – 2013   

  As  carteiras  estão  voltadas  para  frente  da  sala,  onde  se  localiza  uma  mesa 

retangular destinada à professora; atrás dessa mesa, está o quadro de giz. A disposição 

dos móveis evidencia a posição social que ocupam professores e alunos e, deixa implícita 

uma concepção pedagógica que disciplina gestos,  falas e movimentos. Sacristan  (2005, 

p.17) faz um interessante comentário a respeito das salas de aula, ao dizer que estas não 

são somente os móveis, mas um conjunto entre esses e as pessoas que a habitam, “seres 

reais em processo de mudança, que estão enraizados em contextos concretos, que têm 

suas próprias aspirações”.   

Outro fato que chama atenção é que somente a sala de aula é vista como o espaço 

da alfabetização. Assim, as professoras foram questionadas sobre a utilização de outros 

espaços,  além  da  sala  de  aula.    Percebe‐se  que  das  33  professoras,  10  (30,3%)  não 

mencionaram nada,  11  (33,3%) disseram não utilizar outros espaços e apenas  14  (42,4%) 

disseram utilizar.   

Page 8: X Anped Sulxanpedsul.faed.udesc.br/arq_pdf/1260-0.pdforganização do tempo e do espaço, que demonstram a adesão à concepção do tempo linear, da ordem, da hierarquia, caracteres

 Espaço e tempo: entrelaçamentos no processo de leitura e escrita do bloco alfabetizador  Mara Luciane da Silva Furghestti ‐ Marileia Mendes Goulart ‐ Rosinete Costa Fernandes Cardoso 

X ANPED SUL, Florianópolis, outubro de 2014.                                                                                p.8 

 

X A

nped Sul

Tais dados  fazem  refletir que  ainda  se  tem  a  sala de  aula  como  um dos  únicos 

espaços para o aprendizado, embora as professoras  tenham mencionado que a escola 

possua laboratório de informática e biblioteca.  

Ao  serem  questionadas  sobre  laboratório  de  informática,  30  (90,9%)  delas 

disseram que a escola possui, apenas 03 (9,9%) disseram não ter. Em relação à utilização 

do mesmo, 15 (45,4%) disseram utilizar, geralmente, para  jogos educativos e pesquisas e 

18 (54,5%) não os utilizam.  

Também em relação à biblioteca, 30 (90,9%) das professoras disseram que a escola 

a  possui  e  03  (9,9%)  disseram  não  possuir.  O  curioso  é  que  28  (84,8%)  professoras 

disseram que não utilizam esse espaço e apenas 05 (15,1%) utilizam. Em geral a utilização 

ocorre através das trocas dos livros literários na biblioteca. 

 

Foto registrada por uma das pesquisadoras do grupo Biblioteca de uma das escolas – 2013   

As fotografias das bibliotecas mostram que em geral elas são pequenas, a maioria 

dos  livros são  livros didáticos e o ambiente não é acolhedor, talvez estes sejam motivos 

para o não uso desse espaço. Mas  fica o questionamento: esse  lugar é pensado  como 

espaço  para  a  alfabetização? A  escola  olha  para  o  espaço  como  um  lugar  também  de 

ampliação e qualificação do conhecimento?  

Page 9: X Anped Sulxanpedsul.faed.udesc.br/arq_pdf/1260-0.pdforganização do tempo e do espaço, que demonstram a adesão à concepção do tempo linear, da ordem, da hierarquia, caracteres

 Espaço e tempo: entrelaçamentos no processo de leitura e escrita do bloco alfabetizador  Mara Luciane da Silva Furghestti ‐ Marileia Mendes Goulart ‐ Rosinete Costa Fernandes Cardoso 

X ANPED SUL, Florianópolis, outubro de 2014.                                                                                p.9 

 

X A

nped Sul

As professoras citam ainda que possui auditório, quadra coberta, pátios, salas de 

vídeo e somente uma delas menciona o parque.  No entanto, quando questionadas sobre 

como planejam o uso desses espaços, elas dizem não utilizá‐los. Algumas utilizam‐nos, 

esporadicamente, e uma usa quinzenalmente.  

 Professor 10 Escola C ‐ .   [...] Além da sala de aula, o pátio e o auditório. São usados esporadicamente para atividades com jogos que envolvem a Matemática e a Língua Portuguesa e no auditório quando há eventos que envolvem toda a escola e filmes relacionados a conteúdos.  Professor 1 Escola B ‐  Refeitório, auditório, quadra coberta, pátio, sala de informática,  biblioteca,  costumo  usar  o  áudios  fundos,  auditório  e  a biblioteca, o auditório para teatros e vídeos, a biblioteca para contação de histórias, costumamos freqüentar quinzenalmente.   

Talvez  haja  a  necessidade  de  discutir  espaço  como  lugar  de  produção  do 

conhecimento. Para Agustín Escolano  (apud Viñao,  1995), nem o espaço, nem o  tempo 

escolares  são  dimensões  neutras  do  ensino,  simples  esquemas  formais  ou  estruturas 

vazias da educação.  Como pedagogias, tanto o espaço quanto o tempo escolar ensinam, 

permitindo  a  interiorização  de  comportamentos  e  de  representações  sociais.  Nessa 

perspectiva,  atuam  como  elementos  destacados  na  construção  social  e  histórica  da 

realidade.  

 

Espaços e tempos para a escrita 

A  vida  das  pessoas  em  nossa  sociedade  se  organiza  em  torno  da  escrita.  As 

práticas  de  leitura  e  escrita  estão  inseridas  nos  mais  diversos  momentos  e  espaços, 

determinando várias funções.  Segundo Colello (2010, p. 77) a escola é o lugar onde: 

 [...] o  ensino  da  escrita  abarca  uma  infinidade  de  saberes,  habilidades, procedimentos  e  atitudes  que  se  constroem  em  longo  prazo  pela possibilidade  de,  entre  tantas  coisas,  conhecer  letras  e  expressar sentimentos,  decodificar  sinais  e  interpretar  o  mundo,  selecionar informações  e  articular  ideias,  escrever  palavras  e  se  relacionar  com  o outro, conhecer as arbitrariedades do sistema e aprimorar esquemas de organização do pensamento, desenhar traçados convencionais e recriar as dimensões humanas de tempo e espaço, respeitar normas e constituir‐se  como  sujeito  autor,  adestrar  os  olhos  e  viajar  por meio  da  leitura, dominar a mão e usufruir o direito à palavra. 

Page 10: X Anped Sulxanpedsul.faed.udesc.br/arq_pdf/1260-0.pdforganização do tempo e do espaço, que demonstram a adesão à concepção do tempo linear, da ordem, da hierarquia, caracteres

 Espaço e tempo: entrelaçamentos no processo de leitura e escrita do bloco alfabetizador  Mara Luciane da Silva Furghestti ‐ Marileia Mendes Goulart ‐ Rosinete Costa Fernandes Cardoso 

X ANPED SUL, Florianópolis, outubro de 2014.                                                                                p.10 

 

X A

nped Sul

Considerando  essa  ideia  sobre  o  ensino  da  escrita,  percebe‐se  que  é  na  escola 

onde  as  crianças  têm mais  oportunidades  de  escrever,  pois  deveria  ser  uma  atividade 

planejada  com  o  intuito  de  oportunizar  as  crianças  a  conviver  com  práticas  reais  de 

escrita,  por  isso  é  preciso  saber  “o  que  se  escreve,  para  quê,  para  quem  e  como”. 

(Colello, 2012, p.136). 

Ao  serem  questionadas  sobre  o  tempo  no  horário  escolar,  destinados  à  escrita 

como atividade de produção textual, obtivemos os seguintes resultados: 04 professoras 

(12,1%)  trabalham  as  atividades  de  escrita  diariamente;  24  professoras  (72,7%), 

semanalmente;  02  professoras  (6,6%),  quinzenalmente;  02  professoras  (6,6%), 

mensalmente e 01 professora (3,3%) eventualmente. 

Os dados acima revelam que a maior parte das professoras pesquisadas considera 

relevante organizar o tempo escolar, semanalmente, pensando na importância da escrita 

com atividades de produção  textual para efetivar o processo de alfabetização, onde as 

crianças  produzem  textos  individuais,  coletivos,  frases  e  palavras  de  acordo  com  o 

planejamento proposto.   

 Entretanto,  o  tempo  destinado  às  produções  escritas  ainda  não  é  o  ideal,  se 

considerarmos que esta atividade deveria estar consolidada na rotina do planejamento, e 

apenas 12,1% das professoras a organizam diariamente.  

Por  outro  lado,  somando‐se  as  produções  diárias  e  semanais  percebemos  que 

84,8% das professoras pesquisadas trabalham na tentativa de estabelecer uma rotina que 

privilegia  a  escrita  no  bloco  alfabetizador,  o  que  representa  um  avanço  nas  práticas 

efetivadas, no decorrer dos tempos. 

Sobre a organização da escrita através da atividade de produção textual, seguem 

alguns relatos das professoras pesquisadas:  

 Professora  1  da  escola D: A  produção  textual  ocorre  todos  os  dias  ou através de textos coletivos, ou frases, ou então, até mesmo, através da interpretação de histórias ou  frases por meio de desenhos ou palavras. Há  também  a  construção  de  novas  palavras  para  a  ampliação  do vocabulário.  Professor  3 da escola E:   A Produção  textual está  implantada em meu planejamento. Acho  importantíssimo  o  estímulo  à  produção  textual. A 

Page 11: X Anped Sulxanpedsul.faed.udesc.br/arq_pdf/1260-0.pdforganização do tempo e do espaço, que demonstram a adesão à concepção do tempo linear, da ordem, da hierarquia, caracteres

 Espaço e tempo: entrelaçamentos no processo de leitura e escrita do bloco alfabetizador  Mara Luciane da Silva Furghestti ‐ Marileia Mendes Goulart ‐ Rosinete Costa Fernandes Cardoso 

X ANPED SUL, Florianópolis, outubro de 2014.                                                                                p.11 

 

X A

nped Sul

introdução  de  trabalho  com  gêneros  textuais  abriu  um  leque  de possibilidades  de  exploração  para  o  incentivo  à  produção  textual, formando  consequentemente  alunos  letrados.  [...]  Tudo  isso  exige prática contínua da produção de textos em sala de aula e o contato com a diversidade de estilos textuais, os gêneros textuais. Professor  3  da  escola  C:  Produção  textual  ocorre  semanalmente  com ajuda e mediação da professora. Professora 4 da escola D:  Toda semana é criada uma oportunidade para criança  usar  sua  imaginação,  expor  seus  pensamentos  e  questionar‐se sobre a escrita das palavras que tem dúvidas.   

As  falas  das  professoras  do  bloco  alfabetizador  demonstram  a  necessidade  de 

organizar  de  modo,  relativamente  constante,  o  tempo  escolar  para  que  as  crianças 

produzam  textos  escritos,  sejam  coletivos  com  ajuda  do  professor,  textos  individuais, 

frases  ou  outras  formas  de  escrita  espontânea.  A  produção  escrita  ainda  precisa  ser 

melhor e mais valorizada pelos professores, uma vez que os conhecimentos podem ser 

interpretados nos mais variados contextos,  reais ou  fictícios, por  isso a necessidade de 

ocorrer com mais frequência.  De acordo com Cagliari (2009, p. 211): 

 Na  alfabetização,  a  prática  da  produção  de  textos  tem  como  objetivo ensinar os alunos a passar  seus  conhecimentos  sobre a  linguagem oral para a forma escrita. Numa segunda etapa, se cuidará para que o aluno aprenda  a  produzir  textos  de  todos  os  tipos,  conforme  as  exigências culturais e escolares.  

Para desenvolver um trabalho comprometido com a alfabetização das crianças, os 

professores  podem  oportunizar,  constantemente,  que  as  crianças  produzam  textos 

espontâneos,  feitos  com  liberdade,  usando  sua  imaginação,  seja  com  histórias 

verdadeiras ou não, mas que sejam momentos de escrever sobre o que sabem ou o que 

tiverem vontade.  

De acordo com Colello (2010, p.117) “cabe ao educador criar condições para utilizar 

o tempo e o espaço escolar em prol da intensificação das experiências de leitura e escrita, 

um exercício constante e sistemático para promover a progressiva aprendizagem e o uso 

das habilidades”.   

Este  contexto  possibilita  entender  melhor  a  respeito  da  alfabetização  e 

letramento.  Ao discutir sobre esta questão Soares (2010, p.47) afirma que “alfabetizar e 

letrar  são duas ações distintas, mas  inseparáveis, ao  contrário: o  ideal  seria alfabetizar 

Page 12: X Anped Sulxanpedsul.faed.udesc.br/arq_pdf/1260-0.pdforganização do tempo e do espaço, que demonstram a adesão à concepção do tempo linear, da ordem, da hierarquia, caracteres

 Espaço e tempo: entrelaçamentos no processo de leitura e escrita do bloco alfabetizador  Mara Luciane da Silva Furghestti ‐ Marileia Mendes Goulart ‐ Rosinete Costa Fernandes Cardoso 

X ANPED SUL, Florianópolis, outubro de 2014.                                                                                p.12 

 

X A

nped Sul

letrando, ou seja, ensinar a  ler e escrever no contexto de práticas sociais da  leitura e da 

escrita”.  

Entretanto,  diante  dos  dados  apresentados,  inicialmente,  sobre  o  tempo  da 

escrita, ainda há uma realidade em que professores não consideram relevante o ensino e 

a aprendizagem da escrita pelas crianças a partir de suas tentativas constantes, na qual 

elas arrisquem a produzir palavras, frases ou pequenos textos espontâneos. Isto se revela 

quando se verifica que 15,5% dos professores pesquisados não planejam com frequência 

atividades em que as crianças possam produzir suas escritas.  Esta realidade é reafirmada 

nas respostas das professoras: 

 Professora  5  da  escola  B: A  produção  textual  ocorre mensalmente  de acordo com os temas estudados.  Professora  2  da  escola  D:  Eventualmente  de  maneira  diversificada  e simplificada,  de  modo  que  o  educando  passa  entender  o  que  está fazendo.  

Para  Colello  (2012),  a  segregação  entre  aprender  e  usar  a  escrita  em  práticas 

alfabetizadoras quase sempre está relacionado à desvinculação de contextos sociais do 

uso da  língua.  Isso nos  faz  refletir sobre a necessidade de ampliar as oportunidades de 

produção  textual no espaço escolar, uma vez que essa atividade permite  reproduzir ou 

recriar a realidade por meio de inúmeras possibilidades de interpretação. 

Ainda  ao  serem  questionadas  sobre  o  tempo  no  espaço  escolar,  destinado  à 

escrita  como  atividade  de  cópia,  obtivemos  os  seguintes  resultados:  24  professoras 

(72,7%) dizem realizá‐la diariamente; 03 professoras (9,9%), semanalmente; 01 professora 

(3,3%),  quinzenalmente;  01  professora  (3,3%),  mensalmente;  02  professoras  (6,6%), 

eventualmente e 02 professoras (6,6%), não responderam. 

Os dados acima evidenciam que a maioria das professoras pesquisadas considera 

relevante organizar o tempo escolar, pensando na importância da escrita com atividades 

que  envolvam  a  cópia,  diariamente,  para  efetivar  o  processo  de  alfabetização.    Estes 

também revelam que tais atividades ocorrem, exclusivamente, no espaço da sala de aula. 

Tradicionalmente,  a  prática  da  alfabetização  no  Brasil  era  o  trabalho  feito  com 

leitura  e  cópia  de  forma mecanizada  na  transmissão  do  conhecimento.   Mesmo  com 

Page 13: X Anped Sulxanpedsul.faed.udesc.br/arq_pdf/1260-0.pdforganização do tempo e do espaço, que demonstram a adesão à concepção do tempo linear, da ordem, da hierarquia, caracteres

 Espaço e tempo: entrelaçamentos no processo de leitura e escrita do bloco alfabetizador  Mara Luciane da Silva Furghestti ‐ Marileia Mendes Goulart ‐ Rosinete Costa Fernandes Cardoso 

X ANPED SUL, Florianópolis, outubro de 2014.                                                                                p.13 

 

X A

nped Sul

todas  as  tentativas  de  incorporar  novas metodologias  e  práticas  na  alfabetização  das 

crianças  e  superar  aquelas,  exclusivamente  tradicionais,  ainda  é  comum,  nas  escolas, 

professores  que  planejam  atividades  de  escrita  para  as  crianças,  por  meio  da  cópia, 

seguindo a lógica mecânica, fragmentada e descontextualizada, existente nas cartilhas. 

 Na  sequência,  algumas  declarações  sobre  a  organização  da  escrita  através  das 

atividades que envolvem o tempo destinado às cópias no espaço escolar: 

 Professora 3 da escola D: A cópia ela acontece diariamente, e para mim é de  fundamental  importância.  Porque  a  escrita  é  parte  necessária  para  o processo  de  alfabetização  e  letramento.  Pois  o  aluno  tem  que  saber escrever corretamente.  Professora 2 da escola F: A escrita faz parte do dia‐a‐dia da alfabetização: para  ensinarmos    a  ortografia  que  é  um  dos  assuntos  que  devemos trabalhar pois está no plano de curso. Professora 2 da escola E: Os alunos copiam do quadro, quando o professor trabalha algo diferente. Como por ex: Folclore, 07 de setembro, etc.   

Nos  relatos  expostos,  observa‐se  que  algumas  professoras  consideram  a  cópia 

como  uma  estratégia  de  ensino  a  qual  possibilita  ao  aluno  refletir  sobre  a  escrita 

enquanto lê e copia. O que, muitas vezes, pode ser um grande engano. A criança copia o 

que  vê  no  quadro,  no  livro,  nos  cartazes  da  parede  da  sala  de  aula, mas  pode  não 

compreende o significado do que escreve e porque escreve. 

 O professor  ao propor  a  cópia para  a  criança precisa dialogar e explicar qual o 

objetivo eles terão na tarefa de copiar, seja descobrir uma letra, copiar uma receita para 

ser trabalhada, para saber a letra que vem antes ou depois, diferenciar a letra maiúscula 

da  minúscula,  entre  outras.  Para  Cagliari  (2009)  essa  proposta  terá  que  despertar  a 

curiosidade do aluno e levá‐lo a refletir sobre esta escrita‐cópia. Caso contrário, a cópia se 

traduz em ato mecânico que pouco – ou nada ‐ contribui para a alfabetização. O relato da 

professora, a seguir, corrobora o que diz este autor.  

 Professora 3 da escola E: Em relação às cópias, posso dizer que não sou a favor.  Não  trabalho  dessa  forma.  Se meus  alunos  copiam  do  quadro  ou livro,  o  que  é  raro,  temos  um  intuito.  É  uma  atividade  ou  texto  já trabalhando  com  eles,  lido,  explicado,  discutido  e  daí  então  repassamos para  os  cadernos para  futuros  estudos  e  resoluções de  atividades  com  o mesmo. 

Page 14: X Anped Sulxanpedsul.faed.udesc.br/arq_pdf/1260-0.pdforganização do tempo e do espaço, que demonstram a adesão à concepção do tempo linear, da ordem, da hierarquia, caracteres

 Espaço e tempo: entrelaçamentos no processo de leitura e escrita do bloco alfabetizador  Mara Luciane da Silva Furghestti ‐ Marileia Mendes Goulart ‐ Rosinete Costa Fernandes Cardoso 

X ANPED SUL, Florianópolis, outubro de 2014.                                                                                p.14 

 

X A

nped Sul

Uma das atividades de cópia ainda comum na escola é das  letras do alfabeto. As 

crianças não conseguem visualizar na cópia das letras do alfabeto, algo além do que ela é, 

a  aprendizagem  do  traço  oficial  das  letras.    Mesmo  que  seja  necessário  saber  esse 

traçado,  esta  cópia, muitas  vezes,  torna‐se,  aos  olhos  das  crianças,  perda  de  tempo 

perante as suas iniciativas de aprender a escrever e ler.  

 

Foto registrada por uma das pesquisadoras do grupo Sala de aula de uma das escolas – 2013 

 

Atualmente, saber escrever e ler apenas usando a codificação e decodificação dos 

sinais  gráficos  não  é  mais  condição  suficiente  para  a  inserção  plena  da  pessoa  no 

contexto social e cultural. Por isso, Soares (2010) defende a ideia de que não basta ser um 

sujeito  alfabetizado,  em  seu  sentido  específico  na  aquisição do  código, mas que  saiba 

fazer uso da leitura e da escrita em práticas sociais, ou seja, ser também letrado. 

Nesta direção, a organização do tempo destinado à escrita no espaço escolar deve 

ser planejado e distribuído de forma a articular atividades que atribuam sentido à escrita, 

que  tem  início quando  a  criança  começa  a  conviver  com  as diversas manifestações da 

escrita na  sociedade e que  se estende por  toda vida  com a possibilidade de usá‐la nas 

práticas sociais. Contudo, é fundamental respeitar o desenvolvimento das crianças e suas 

manifestações por meio do trabalho, envolvendo as diversas linguagens, pois se há uma 

Page 15: X Anped Sulxanpedsul.faed.udesc.br/arq_pdf/1260-0.pdforganização do tempo e do espaço, que demonstram a adesão à concepção do tempo linear, da ordem, da hierarquia, caracteres

 Espaço e tempo: entrelaçamentos no processo de leitura e escrita do bloco alfabetizador  Mara Luciane da Silva Furghestti ‐ Marileia Mendes Goulart ‐ Rosinete Costa Fernandes Cardoso 

X ANPED SUL, Florianópolis, outubro de 2014.                                                                                p.15 

 

X A

nped Sul

lógica  de  tempo  e  espaço  na  escola,  há  também  uma  lógica,  nas manifestações  das 

crianças, esta se dá por meio das múltiplas linguagens e, uma delas, é a leitura.  

 

Espaços e tempos para a leitura 

De acordo com Cagliari (2009), ler é mais importante e mais fácil que escrever e, a 

prática da  leitura deve  iniciar  logo no primeiro  ano, oferecendo  à  criança,  a escuta de 

histórias,  a decifração do  som das  letras  em diversos  contextos, pequenos  textos dos 

quais  conheça  o  teor,  como  músicas,  provérbios,  adivinhações,  entre  outros, 

promovendo  um  contato  com  a  leitura  que  supere  a montagem  e  desmontagem  de 

sílabas e palavras. Segundo o autor (2009, p.149): 

 Para ler não é preciso que a criança conheça todas as palavras do texto. Deixá‐la  ler,  levando‐a  a  refletir  sobre  as  estratégias  de  leitura  e  o conteúdo do  texto, é  fundamental. Se se  resolvem  todos os problemas de antemão, não se está ensinando a criança, mas exigindo dela apenas o que já sabe.                                         

Cagliari (2009, p.306) também nos diz que “Ler é decifrar e buscar  informações”, 

sendo a busca de  informações uma ação que se dá depois da que a criança  já decifra a 

escrita.  Quando  a  criança  lê  ou  aprecia  a  leitura  compartilhada,  feita  pelo  professor, 

materializa‐se aí uma ação fundamental na direção do desvelamento da linguagem escrita 

e o conhecimento sobre o uso dos diversos tipos de texto. 

A  atuação  do  adulto  na  prática  da  leitura  é  exaltada  por  Barbosa,  pois  a 

experiência deste o coloca como mediador entre a leitura e as crianças. O autor (1994, p. 

136) afirma:  

O  adulto  mediador  da  leitura  é  interprete  de  um  mundo  repleto  de aventuras que permitem  à  criança  alargar  as  fronteiras do  seu próprio mundo. Com o apoio do adulto, ela descobre que a  leitura  lhe permite viver  experiências  pouco  comuns  no  seu  cotidiano;  a  trama  do  texto permite‐lhe  experimentar  sentimentos  de  alegria,  tristeza,  medo, angústia,  encantamento.  Com  essas  leituras,  a  criança  já  começa  a conceber o livro como uma possibilidade de trocas interpessoais.  

Quando  questionadas  sobre  o  tempo  destinado  à  leitura,  como  atividade  de 

contação  de  história,  os  resultados  foram:    08  professoras  (24,2%)  afirmam  realizá‐las 

Page 16: X Anped Sulxanpedsul.faed.udesc.br/arq_pdf/1260-0.pdforganização do tempo e do espaço, que demonstram a adesão à concepção do tempo linear, da ordem, da hierarquia, caracteres

 Espaço e tempo: entrelaçamentos no processo de leitura e escrita do bloco alfabetizador  Mara Luciane da Silva Furghestti ‐ Marileia Mendes Goulart ‐ Rosinete Costa Fernandes Cardoso 

X ANPED SUL, Florianópolis, outubro de 2014.                                                                                p.16 

 

X A

nped Sul

diariamente;  21  professoras  (64,6%),  semanalmente;  01  professora  (3,3%), 

quinzenalmente;  e 03 professoras  (9,9%),  eventualmente. Percebe‐se que o percentual 

mais significativo da prática de contação de história, 64,6%, se dá, semanalmente.   

É  sabido  que  ambientes  promotores  de  férteis  experiências  com  a  leitura  e  a 

escrita,  além  de  estimular  às  crianças  a  ler  e  a  escrever,  cedo  leva‐as  a  perceber  os 

diferentes  textos  que  circulam  em  seu  meio,  sendo  possível  que  identifiquem  suas 

características, emprego e propósitos. De tal constatação surge outra: é necessário que a 

experiência  com  práticas  reais  de  leitura,  assim  como  aquelas  voltadas  à  produção 

textual, estejam presentes  todos os dias na escola, possibilitando dirimir  as diferenças 

sociais que marcam a trajetória de muitas crianças.  

Nos relatos abaixo apresentamos a descrição das professoras sobre a prática da 

contação de histórias: 

 Professora 5 da escola C: Sim,  sempre  coloco nos planejamentos que de acordo com os conteúdos abordados utilizarei a  leitura de alguma história para complementar. Também faço leitura para deleite no início ou final das aulas.  Professora 3 da escola A: Na contação da professora procuro um livro que traga mensagem  a  respeito  de  nossa  necessidade  no momento:  sextas‐feiras geralmente após a observação dos assuntos e questionamentos das crianças, as vezes notícias de jornais, assuntos da atualidade.  

Para  Barbosa  (1994,  p.  136)  “antes  de  ser  uma  aprendizagem  escolar,  a  leitura 

revela uma dimensão social em que a criança vivencia antes de entrar na escola, por isso 

as  leituras na escola devem começar com textos e  livros que tenham circulação social”, 

possibilitando‐se condições para que compreendam o valor da leitura no meio social. 

Ainda  que  a  presença  da  contação  de  histórias  na  sala  de  aula  não  seja  a 

recomendada para atender as necessidades do processo de alfabetização, tendo em vista 

que o  índice mais expressivo foi para a prática semanal, considera‐se que esta atividade 

tem  sido mais  explorada  por  parte  dos  professores,  que  passam  a  incluí‐la  em  seus 

planejamentos.   Sobre a  leitura  feita pelo professor Carvalho e Mendonça (2006, p. 36) 

afirmam: 

   

Page 17: X Anped Sulxanpedsul.faed.udesc.br/arq_pdf/1260-0.pdforganização do tempo e do espaço, que demonstram a adesão à concepção do tempo linear, da ordem, da hierarquia, caracteres

 Espaço e tempo: entrelaçamentos no processo de leitura e escrita do bloco alfabetizador  Mara Luciane da Silva Furghestti ‐ Marileia Mendes Goulart ‐ Rosinete Costa Fernandes Cardoso 

X ANPED SUL, Florianópolis, outubro de 2014.                                                                                p.17 

 

X A

nped Sul

A  leitura  compartilhada  tem  sido  uma  das  estratégias mais  eficientes para  favorecer  esse  processo,  para  aproximar  os  alunos  do  mundo letrado, mesmo  quando  ainda  não  sabem  ler.  A  leitura  contribui  para ampliar a visão de mundo, estimular o desejo de outras leituras, exercitar a  fantasia e a  imaginação, compreender o  funcionamento comunicativo da escrita, compreender a relação fala/escrita, desenvolver estratégias de leitura,  ampliar  a  familiaridade  com  textos  [...]  conhecer  as especificidades dos diferentes tipos de textos, favorecer a aprendizagem das  convenções  da  escrita,  isso  são  algumas  possibilidades.  Para experimentá‐las, não é preciso  ler por si mesmo. É possível  ler  ‘através’ do professor.  

Ao comentar sobre a sala de aula enquanto espaço para as atividades de leitura 09 

professoras  (27,2%)  mencionam  existência  do  “cantinho  da  leitura”,  como  pode  ser 

observado na declaração abaixo: 

  Professor  2  da  escola  E:  Sim!  Na  sala  de  aula  existe  o  “cantinho  da Leitura”, com os livros para os alunos ler. Cada aluno, durante o período em que é proposto para a leitura, pega seu livrinho e leva para a sua carteira, se houver dúvidas, o professor está disposto a socializar.   

Araújo  (2008)  nos  alerta  para  o  fato  de  que,  muitas  vezes,  as  professoras 

equivocam‐se na apropriação do “cantinho da leitura” quando, trazem para a sala de aula 

textos variados, mas não sabem ao certo como explorá‐los. Neste sentido, Araújo (2008, 

p.144)  relata  que  “[...]  é  preciso  que  a  ação  docente  se  dê  no  sentido  de  provocar 

múltiplas  interações das crianças com os materiais que estão em exposição e, mais que 

tudo,  propondo  situações  de  uso  da  linguagem  escrita.” Na  foto  a  seguir,  um  desses 

espaços que, como pode ser observado, está sujeito,  também, às condições  físicas das 

escolas, carecendo de melhorias que o tornem mais atrativo e acolhedor. 

 

Page 18: X Anped Sulxanpedsul.faed.udesc.br/arq_pdf/1260-0.pdforganização do tempo e do espaço, que demonstram a adesão à concepção do tempo linear, da ordem, da hierarquia, caracteres

 Espaço e tempo: entrelaçamentos no processo de leitura e escrita do bloco alfabetizador  Mara Luciane da Silva Furghestti ‐ Marileia Mendes Goulart ‐ Rosinete Costa Fernandes Cardoso 

X ANPED SUL, Florianópolis, outubro de 2014.                                                                                p.18 

 

X A

nped Sul

                          Foto registrada por uma das pesquisadoras do grupo                          “Cantinho da leitura” de uma das escolas – 2013 

 

Na  questão  que  tratava  do  tempo  para  a  leitura  pelas  crianças,  26  professoras 

(79,7%) declaram que isto ocorre, diariamente; 06 professoras (18,1%), semanalmente; e 01 

professora  (3,3%),  mensalmente.  Supõe‐se  que  o  índice  de  79,7%  (leitura  diária  pelas 

crianças) tenha relação com o fato de que 04 professoras (15,1%) consideram que a leitura 

de enunciados de atividades é atividade de leitura, como se pode observar nas respostas 

abaixo: 

 Professora 8   da escola C: Leitura na biblioteca, os alunos  leem  tudo do quadro, e em folhas também que é preciso para resolver suas atividades.     Professora 10 da escola C: As crianças leem tudo que é escrito no quadro (quando solicitado) atividades que recebem em folha e também os textos que trabalhamos. Leitura individual e coletiva.   

Depreende‐se que as professoras se utilizam da leitura dos enunciados e textos de 

forma a contribuir para que as crianças exercitem a decifração que, sem dúvida, é uma 

ação  importante  no  processo  do  aprendizado  da  leitura.  Entretanto,  ressalta‐se  que  a 

urgência  de  se  elevar  os  índices  de  letramento  exigem  novas  práticas  que  possam 

difundir a leitura, nelas incluídas gêneros e suportes com quais as crianças se sintam mais 

familiarizadas, sendo possível à escola constituir‐se como elo mediador entre o mundo da 

criança e o ato de ler.  

Segundo Carvalho e Mendonça (2006, p. 21):  

Page 19: X Anped Sulxanpedsul.faed.udesc.br/arq_pdf/1260-0.pdforganização do tempo e do espaço, que demonstram a adesão à concepção do tempo linear, da ordem, da hierarquia, caracteres

 Espaço e tempo: entrelaçamentos no processo de leitura e escrita do bloco alfabetizador  Mara Luciane da Silva Furghestti ‐ Marileia Mendes Goulart ‐ Rosinete Costa Fernandes Cardoso 

X ANPED SUL, Florianópolis, outubro de 2014.                                                                                p.19 

 

X A

nped Sul

A  leitura  é  uma  atividade  que  se  realiza  individualmente, mas  que  se insere  num  contexto  social,  envolvendo  disposições  atitudinais  e capacidades que vão desde a decodificação do sistema de escrita até a compreensão e a produção de sentido para o texto  lido. Abrange, pois, desde capacidades desenvolvidas no processo de alfabetização “stricto sensu”  até  capacidades que  habilitam o  aluno  à participação  ativa  nas práticas sociais letradas que contribuem para o seu letramento.  

As  reflexões  sobre  as  práticas  referentes  à  leitura  nas  seis  escolas  pesquisadas 

indicam a possibilidade de que este  conhecimento e, portanto, as estratégias para  sua 

apreensão, sejam concebidas por algumas professoras de tal forma que, podem  levar a 

um  acesso  limitado  desta  habilidade,  especialmente,  pelas  crianças  que  tenham  uma 

experiência  mais  restrita  com  a  leitura.  Pois,  ao  organizar  o  tempo  e  os  recursos 

empregados,  apontam  o  desconhecimento  de  que  se  deve  considerar  que  as  crianças 

constroem  hipóteses  sobre  a  leitura  e  a  escrita  a  partir  das  experiências  de  seu meio 

social, bem como, que o contato  frequente com os materiais de  leitura é  fundamental 

para ensinar a ler.  Para ler é preciso ter contato com a leitura. 

   

Considerações finais  

A organização do tempo e do espaço escolar é edificação humana que vai sendo 

construída no transcorrer da história assim, mudanças na estrutura espaço‐tempo das 

escolas, podem favorecer o processo de ensino e aprendizagem, respeitando as crianças 

enquanto sujeitos de direitos.  Tais mudanças não se referem apenas a peças materiais ou 

móveis dispostos num ambiente, mas representam formas de organizar e qualificar as 

relações estabelecidas quer seja, entre o sujeito e o espaço ou deste com as outras 

pessoas. 

Foram constatadas limitações na organização do espaço e do tempo referentes à 

prática da leitura e da escrita nas escolas pesquisadas, traduzidas na insuficiência quanto 

à frequência com que as crianças leem e produzem textos, nos espaços pensados na 

lógica do adulto e na exclusividade no uso a sala da aula como espaço de aprendizagem, 

em detrimento de outros espaços existentes na escola. Contudo, há que se estacar a 

presença da contação de histórias e o estabelecimento de uma temporalidade, mesmo 

que semanal, nas tentativas de inovar a prática com a leitura e a escrita, apontando 

Page 20: X Anped Sulxanpedsul.faed.udesc.br/arq_pdf/1260-0.pdforganização do tempo e do espaço, que demonstram a adesão à concepção do tempo linear, da ordem, da hierarquia, caracteres

 Espaço e tempo: entrelaçamentos no processo de leitura e escrita do bloco alfabetizador  Mara Luciane da Silva Furghestti ‐ Marileia Mendes Goulart ‐ Rosinete Costa Fernandes Cardoso 

X ANPED SUL, Florianópolis, outubro de 2014.                                                                                p.20 

 

X A

nped Sul

mudanças em curso, cabendo aos interessados fortalecer esses movimentos. 

Nas salas de aula, as crianças encontram‐se em processos de mudança, imbricadas 

em  contextos  reais,  com necessidades e  sonhos próprios que não mais  se adaptam às 

ideias que os adultos fizeram delas. Por isso, a organização do espaço e do tempo para as 

práticas  de  escrita  e  leitura,  deve  superar  os  espaços  geometricamente  estruturados: 

carteiras  ordenadas  e  com  atividades  linearmente  distribuídas,  em  horários  e  tempos 

fixos.  Esta  organização  deve  viabilizar  atividades  pedagógicas  de  leitura  e  escrita  que 

propiciem  a  aprendizagem  para  todos,  caso  contrário,  nossas  crianças  e  jovens 

continuarão  passando  durante  anos  no  espaço  escolar  e  não  serão  plenamente 

alfabetizados. 

 

 

Referências 

BARBOSA, José Juvêncio. Alfabetização e leitura. 2 ed.  São Paulo: Cortez, 1994. 

 BRASIL. Ministério da Educação. Conselho Nacional de Educação. Resolução CNE/CEB n. 7/2010. Fixa Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental de 9 (nove) anos.  Disponível em: <www.mec.gov.br/cne>. Acesso em: 02 jun. 2011. 

 

CAGLIARI. Luiz Carlos. Alfabetização e Linguística.São Paulo: Scipione, 2009. 

 

______. Alfabetizando sem o bá‐bé‐bi‐bó‐bu. 2. ed. São Paulo: Scipione, 2009. 

  

CARVALHO, Mª Angélica F. de e MENDONÇA, Rosa H. (Orgs.) Práticas de leitura e escrita. Brasília: Ministério da Educação, 2006. 

 

COLELLO, Silvia M.G. Alfabetização e letramento: o que será que será? In: LEITE, Sérgio A. S; COLELLO, Silvia M.G. ARANTES, Valéria (Org.). Alfabetização e letramento: pontos e contrapontos. São Paulo: Summus, 2010. 

 

COLELLO, Silvia M.G. A escola que (não) ensina escrever. 2. ed. revisada – São Paulo: Summus, 2012. 

 

ENGUITA, Mariano. A face oculta da escola: educação e trabalho no capitalismo. Porto 

Page 21: X Anped Sulxanpedsul.faed.udesc.br/arq_pdf/1260-0.pdforganização do tempo e do espaço, que demonstram a adesão à concepção do tempo linear, da ordem, da hierarquia, caracteres

 Espaço e tempo: entrelaçamentos no processo de leitura e escrita do bloco alfabetizador  Mara Luciane da Silva Furghestti ‐ Marileia Mendes Goulart ‐ Rosinete Costa Fernandes Cardoso 

X ANPED SUL, Florianópolis, outubro de 2014.                                                                                p.21 

 

X A

nped Sul

Alegre: Artes Médicas, 1989.  

 

ESCOLANO, Agustin, (1998). Arquitetura como programa. Espaço escola e currículo. In: ESCOLANO, A. e VIÑAO Frago, A. Currículo, espaço e subjetividade. A arquitetura como programa. 

 

GARCIA, Regina Leite (Org.). Novos olhares sobre a alfabetização. 3. ed. São Paulo: Cortez, 2008. 

 

GIMENO SACRISTÁN, José. O aluno como invenção. Porto Alegre: Artmed, 2005.  

 

PETITAT, André. Produção da escola/produção da sociedade: análise sócio‐histórica de alguns momentos decisivos da evolução escolar no ocidente. Porto Alegre: Artes Médicas, 1994.  

 

SOARES, Magda B. Letramento: um tema em três gêneros. 4. ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2010.