Ze Praxede

Embed Size (px)

Citation preview

  • 8/17/2019 Ze Praxede

    1/3

     

    ZE PRAXEDE

     Nasceu em Natal e morreu no Rio de Janeiro. Era chamado o POETA

    VAQUEIRO, recitando poesias nas rádios do Nordeste, nos circos, nos teatros,

    na Festa da Mocidade, na Feira de São Cristóvão.

    CARRO DE BOI

    Carro de boi, priguiçoso . . . 

    puxado pur Pintadin 

    e seu pareia: o Mimoso!

    Tenho viva a tua musga 

    na minha arrescordação . 

     As risca qui tu dexasse 

    pelas istrada isquisita 

    a istória qui tem iscrita 

    dos teus tempo no Sertão.

    - Macha pra lá. . Mimoso! . . 

    Puxa o carro! Pintadin... - 

    U'a subida, u'a baxada, 

    as duas roda infincada 

    nas areia dos camin .

  • 8/17/2019 Ze Praxede

    2/3

    E quato legua pur dia . 

    Se tira mais, cansa o boi! 

    Essa macha demorada 

    papai cortô, já, não quis. 

    Meu avô foi tão filiz. . . 

    meu pobe pai já nao foi, 

    Vovó, tão santa, tão boa,

    mandava tirá a canga 

    pra Pintadin discansá. 

    Meu avô tao carinhoso. . . 

    dava capim ao Mimoso, 

    era outo boi no oiá!

    Patrão, patroa e carrero, 

    na sombra do ingazero .

     Agua de chuva im marimba, 

    banho de cuia im caçimba 

    no rio do Putengi. 

    Rapadura, carne-seca, 

    comprada no Cariri .

    Chego o tempo muderno: 

    o artomove, o avião. 

    O trem, essa besta-fera, 

  • 8/17/2019 Ze Praxede

    3/3

    tarvez pra fazê fiasco, 

    toca fogo no panasco 

    das terra do meu Sertão

    - oi... oi... -

    O carro de boi parô 

    Pintadin saiu pastando 

    cum seu pareia: o Mimoso! 

    Minha avó e meu avô 

    im seu eterno reposo .

    E lá na fazenda veia, 

    duas cavera branca 

    tã infeitando o camin: 

    de um lado morreu Mimoso! 

    Do outo lado: Pintadin!