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jornal do 29˚ congresso brasileiro de zoologia 8 de março de 2012 n. 4 salvador /ba O impacto que o aumento da temperatura global acarreta nos ecossistemas terres- tres tem sido estuda- do exaustivamente e, por vezes, apre- sentando cenários de destruição dignos de lmes hollywoo- dianos. Um dos mais importantes e frágeis ecossistemas do Planeta não escapa do catastrosmo, uma vez que já foram previstos, no relatório Reefs at Risk Revi- sited, a degradação completa de 75% dos recifes de corais. Outra pesquisa, divulgada na revista Science Express, ar- ma que um terço dos recifes coralíneos em todo o mundo estão ameaçados de extin- ção, de acordo com o primeiro levanta- mento em nível global para determinar seu status de conserva- ção, realizado em no ano de 2008. A boa notícia, contu- do, é que nem todos os cenários possíveis são pessimistas. Um levantamento nas águas baianas, coordenado pela pesquisadora Ph.D. em Geologia Mari- nha Zelinda Leão (UFBA), conclui que, embora tenha apresentado grande grau de degradação, os recifes de corais vêm se adaptando às mudanças brus- cas de temperatura e recuperando-se rapidamente. Para demonstrar os resultados do estudo sobre o branquea- mento dos corais, com a metodologia do protocolo interna- cional AGRRA (Atlan- tic and Gulf Rapid Reef Assessment), a pesquisadora apre- senta a Conferência Magna Recifes de Corais e Mudanças Climáticas Globais, entre 9h e 10h, no Auditório Iemanjá. Pesquisa a ser apresentada em mesa-redonda arma que, apesar do alto grau degradação ambiental, recifes e corais têm se adaptado às mudanças bruscas de temperatura e se recuperado rapidamente Com um ambiente tão rico quanto às florestas tropicais, a biodiversidade contida nos recifes de corais sustenta toda a cadeia alimentar marinha A VIDA NO MAR zelinda leão

Zoonews Edição 4

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jornal do 29˚ congresso brasileiro de zoologia8 de março de 2012 – n. 4 – salvador / ba

O impacto que o aumento da temperatura

global acarreta nos ecossistemas terres-tres tem sido estuda-do exaustivamente e, por vezes, apre-sentando cenários de destruição dignos de fi lmes hollywoo-dianos. Um dos mais importantes e frágeis ecossistemas do Planeta não escapa do catastrofi smo, uma vez que já foram previstos, no relatório

Reefs at Risk Revi-sited, a degradação completa de 75% dos recifes de corais. Outra pesquisa, divulgada na revista Science Express, afi r-ma que um terço dos recifes coralíneos em todo o mundo estão ameaçados de extin-ção, de acordo com o primeiro levanta-mento em nível global para determinar seu status de conserva-ção, realizado em no ano de 2008.

A boa notícia, contu-do, é que nem todos os cenários possíveis são pessimistas. Um levantamento nas águas baianas, coordenado pela pesquisadora Ph.D. em Geologia Mari-nha Zelinda Leão (UFBA), conclui que, embora tenha apresentado grande grau de degradação, os recifes de corais vêm se adaptando às mudanças brus-cas de temperatura

e recuperando-se rapidamente.Para demonstrar os resultados do estudo sobre o branquea-mento dos corais, com a metodologia do protocolo interna-cional AGRRA (Atlan-tic and Gulf Rapid Reef Assessment), a pesquisadora apre-senta a Conferência Magna Recifes de Corais e Mudanças Climáticas Globais, entre 9h e 10h, no Auditório Iemanjá.

Pesquisa a ser apresentada em mesa-redonda afi rma que, apesar do alto grau degradação ambiental, recifes e corais têm se adaptado às mudanças bruscas de temperatura e se recuperado rapidamente

Com um ambiente tão rico quanto às fl orestas tropicais, a biodiversidade contida nos recifes de corais sustenta toda a cadeia alimentar marinha

A VIDA NO MAR

zelinda leão

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editorial cbz cultural

E X P E D I E N T E

ZnZOOnews

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Zoo News Informativo ofi cial do XXIX Congresso Brasileiro de Zoologia Tiragem: 1000 exemplares Endereço: Rua Barão de Geremoabo, 147, Campus de Ondina, Instituto de Biologia. Cep.: 40.170-290 – Salvador/BA Tel.: (71) 3283-6549 E-mail: [email protected] Site: www.cbz2012.com.br Blog: cbznabahia2012.wordpress.com Foto Capa: photobucket.com Presidente: Rejâne Maria Lira da Silva Presidente da Comissão Científi ca: Carla Menegola Presidente de Honra: Tania Kobler Brazil Primeira Secretária: Favízia Freitas de Oliveira Segunda Secretária: Rita Farani Assis Primeira Tesoureira: Marlene Campos Peso de Aguiar Segundo Tesoureiro: André Luís da Cruz Assessoria: Maria Dulcinéia Sales dos Santos Design gráfi co: David Lira Marques Assessoria de Comunicação/Imprensa Jornalista responsável: Mariana Alcântara DRT-BA 2962 Estagiária de Jornalismo: Mariana Sebastião Monitores: Fernanda Barreto e Gabriel Rocha Webdesign: Daniel Amorim Projeto Gráfi co / Paginação: Jonas Santos Colaboração: Raíza Tourinho

Aprendizado é diversão!“Aqui podemos ver um lindo es-pécime de Homo sapiens obser-vando um Rotífera na 10ª Feira dos municípios e 1ª Mostra de Iniciação Científi ca do Instituto Federal da Bahia, Campus de Catu. Nesta fase de vida, algumas cara-cterísticas importantes podem ser destacadas: a curiosidade do in-divíduo e a descoberta de mundo. Ensinar é um dos laboratórios da vida. Quanto mais se vive mais se aprende! Ensino de Zoologia tam-bém é uma categoria do 29º CBZ!”

Gabriel Rocha, estudante do 6º Semestre do curso de Ciências Biológicas da Universidade Federal da Bahia e estagiário do PIBID de Biologia

Foto ou pintura?“Esta foto tirada às margens da Baía de Guanabara, no Piscinão de São Gonçalo, que faz parte do Parque Ambiental da Praia das Pe-drinhas, no Rio de Janeiro. Eu observava aves por detrás das lentes quando me deparei com uma incrível cena de centenas de garças. Não pude deixar este momento passar em branco. Tive que registrar! Trata-se da Ardea alba, comumente conhecida com garça branca grande. Minha presença no 29º CBZ está confi rmadíssima!”

Marcela Chamberlain, estudante do 5º período de Biologia da Universidade Salgado de Oliveira, São Gonçalo, Rio de Janeiro

Neste quarto dia do 29º CBZ, espero que todos os palestrantes, congressistas e visitantes sintam-se calorosamente acolhidos neste evento onde a programação marcadamente diversa e criativa, tanto em atividades como em temas, foi pensada procurando propiciar-lhes oportunidades de contato com interessantes cenários e tendências das áreas da educação e da conservação da biodiversidade por meio de pesquisas básicas e aplicadas.Compartilho hoje com todos do sucesso desta edição do congresso, onde tive a incomum oportunidade de muito aprender como presidente da Comissão Científi ca, cabendo-me dessa forma trazer alguns números importantes do evento, que falam por si só: 309 palestrantes distribuídos em 32 simpósios e 26 minicursos, oriundos de todas as regiões do país e de outros países como Austrália, Argentina, Áustria, Espanha, EUA, Portugal, Cuba e Bélgica.Nesta quinta-feira, o dia começa com as imperdíveis conferências magnas dos cativantes Prof. Dr. Angelo Machado, que nos brindará com uma divertida viagem ao mundo da educação infantil e da premente necessidade de trabalharmos pela conservação da biodiversidade; e da Profa. Dra. Zelinda Leão, que apresentará o estado da arte do conhecimento dos recifes coralinos do Brasil, mais particularmente da Bahia, além de sua conectividade com outros ecossistemas costeiros. Vale lembrar que teremos hoje uma vasta programação, contemplando 17 simpósios das mais variadas áreas de estudo da fauna de invertebrados e de vertebrados, culminando, no fi m da tarde, com o terceiro dia de apresentações de paineis e com o lançamento do livro “Paleontologia de Vertebrados: Relações entre América do Sul e África”, no louge do Centro de Convenções.Desejo aos mais de 3.400 inscritos momentos de agradável convívio e um excelente dia!

CARLA MENEGOLA, MEMBRO DA COMISSÃO ORGANIZADORA DO 29º CBZ

excelente dia!

CARLA MENEGOLA

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entrevista

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Na sua opinião, como deve ser o incentivo para que os jovens brasileiros se interes-sem por literatura e ciência?Eu acho que o principal é tentar estimular nas crian-ças o hábito da leitura. A leitura é a base principal. E acima de tudo, tem que desenvolver a criatividade. A qualidade maior do cientista é ser curioso. E a criança também é curiosa! Existe uma fase na educação das crianças em que os pais inibem esta curiosidade. Se o menino pergunta muito e mexe em tudo, o menino é chato. Eu falo sobre isso numa coleção de livros que tem o objetivo de manter a curiosidade na fase em que ela é reprimida.

Grande parte de seu trabalho é voltado para divulgação e educação científi cas. Qual a sua visão sobre o papel social dos cientistas frente à sociedade? Eu acho que o cientista tem obrigação de colaborar com a divulgação cientí-fi ca. A maioria dos pesquisadores brasileiros tem a sua pesquisa paga pelo povo. Então, ele tem obrigação de, na medida do possível, retornar ao

povo o conhecimento que ele está produzindo. Na área biológica é mais fácil, na área de física ou matemática é mais difícil, mas é uma obrigação do cientista.

Mas a opinião dos cientistas nem sempre foi essa, não é?Você tem razão. O cientista tem medo do jornalista. Mas nem todos. Eu classifi co assim: tem cientista que tem pavor: “é jornalista? Não estou!”. Tem também o segundo grupo que acha importante e colabora com jornalista, e tem outro grupo que adora o jornalista porque quer exaltar a sua pesquisa. Eu acho que temos que desen-volver mais este segundo grupo. A gente vê, por exemplo, na Ciência Hoje das Crianças, que o número de cientistas que consegue escrever pra criança é muito maior do que a gente imaginava.

Durante esses quase 35 anos como ambientalista, como o senhor avalia as mudanças no cenário ambiental brasileiro?Hoje, não existe um governo que não tenha uma Secretaria, um Ministério do Meio ambiente e todas as empresas que se prezem possuem algum setor ligado à preocupação com o meio ambiente, mesmo que seja somente de fachada. A conscientização popular também aumentou e isto é importante porque estamos num país democrático e a opinião do povo é importante para ser le-vada aos legisladores. Em todo o mundo, há uma grande movimentação sobre questões ambientais na internet. O e-mail confi gurou-se como uma importante arma para mobilizar as massas para esta causa.

Professor emérito da Universidade Federal de Minas Gerais, o neuroanatomista, escritor e dramaturgo Ângelo Barbosa Monteiro Machado formou-se em medici-na pela UFMG em 1958, mas tinha o hobby de estudar insetos. Depois, tornou-

se professor de zoologia e encontrou um novo hobby: a literatura. Encantado por insetos desde garoto, foi nos animais que ele encontrou inspiração para a maioria dos seus 33 livros infanto-juvenis. Tanta dedicação lhe rendeu um Prêmio Jabuti em 1983, na categoria de Literatura Infantil. Já recebeu o Prêmio Adolfo Aizen da Academia Brasileira de Letras e o selo Altamente Recomendável da Fundação Nacional do Livro Infantil. O escritor entrou para a lista dos mais vendidos e, como se não bastasse, foi sucesso nas bilheterias do teatro. No 29º CBZ, ele apresenta, nesta quinta-feira (8/03), uma conferência magna sobre Conservação da Biodiversidade e Educação, além de ser um dos pesquisadores homenageados pela Sociedade Brasileira de Zoologia durante o evento. Confi ra a entrevista concedida à Web Rádio CBZ, disponível no blog cbznabahia2012.wordpress.com, e adaptada para o Zoo News!

O senhor pode adiantar alguns tópicos de sua conferência?Eu vou falar sobre a importância da conservação da biodiversidade. E aí eu entro no ponto central da palestra: que a gente deve desenvolver na criança um relacionamento amistoso, de amor à natureza, porque quem gosta protege. A maioria das crianças vive hoje isolada do contato direto com a natureza nas grandes cidades. Eu vou analisar uma série de fatores que deturpam a imagem da natureza. Vou mostrar que há uma tendência que afasta a criança principalmente pelo medo, medo de bicho, medo de fl oresta.

Eu acho que o principal é tentar estimular nas crian-ças o hábito da leitura. A leitura é a base principal. E acima de tudo, tem que desenvolver a criatividade

Ângelo Machado

Angelo Machado recebeu o Prêmio Jabuti em 1983, na categoria Literatura Infantil

foto: divulgação

reprodução

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ORGANIZADORA E OPERADORA DE TURISMOOFICIAIS:

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zoo dicas homenagem

É natural vir a Salvador e pensar em comer o famoso acarajé.

O bolinho feito de feijão fradinho e frito no óleo de dendê é patrimônio nacional tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Diante da importância desta iguaria, a Zoo Dica de hoje apresenta um passeio gastronômico pelos principais tabuleiros das famosas Baianas.

Um ponto especial da cidade merece atenção redobrada. É o Bairro Rio Vermelho, onde estão os melhores acarajés da cidade. O Acarajé da Cira é localizado no Largo da Mariquita, próximo a diver-sos restaurantes, bares e lanchonetes. Para saboreá-lo, é possível sentar numa das mesas próximas e pedir alguma bebida para acompanhar.

Tania Kobler Brazil é mestre em Fisiologia Geral pela USP. Docente aposentada da UFBA, atualmente, é professora da Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública. Desde 1998, é assessora do MEC e do INEP para avaliação de cursos de Ciências Biológicas e outros afi ns. Fundou, em 1987, o Laboratório de Animais Peçonhentos da UFBA, atual Núcleo Regional de Ofi dismo e Animais Peçonhentos da Bahia. É curadora assistente da coleção de aracnídeos do Museu de Zoologia do Ibio/UFBA e coordenadora da Rede Vital para o Brasil.

O que o tabuleiro da baiana tem? Tem acarajé, abará...

foto: fernanda barreto

foto: divulgação

fotos: solange rossini

Estou muito contente em receber esta homenagem no 29º CBZ. Ainda mais de poder participar ativamente como presidente de honra deste evento. Só tenho a agradecer! tania kobler brazil

É nesse bairro que também está o Acarajé da Dinha, no Largo de Santana, e o Acarajé da Regina, que também serve um delicioso abará, outro tipo de bolinho, feito com a mesma massa do acarajé, porém cozida. O preço médio de um acarajé ou abará acompanhado de vatapá, salada e camarão é R$ 5,00.

Importante lembrar: caso a baiana lhe pergunte se quer o acarajé quente, ela não está se referindo à temperatura, mas sim à quantidade de pimenta! É bom tomar bastante cui-dado para não ser pego de surpresa, uma picante surpresa! Além de acarajé e abará, o tabuleiro das Baianas também possui outras delícias: bolinho de estudante, feito de farinha de tapioca, açúcar, canela e outros ingredientes, que é vendido por R$ 2,50 e as cocadas branca ou preta, que custam R$ 3,00 a unidade. Com tantas opções, difícil é fi car somente no acarajé!

ZOO DICA DO DIA

Acarajé da CiraLargo da Mariquita, s/n, Rio Vermelho

Acarajé da DinhaLargo de Santana, s/n, Rio Vermelho

Acarajé da ReginaLargo de Santana, s/n, Rio Vermelho

Preço: Varia de R$ 3,50 (sem camarão) e R$ 5 (com camarão)

Paulo Nogueira-Neto prestou ao Brasil notável contribuição científi ca, institucional e administrativa. Possui doutorado em Ciências Biológicas (Zoologia) pela Universidade de São Paulo (1963). Atualmente é professor emérito da desta universidade e presidente da Fundação Florestal.

Tem experiência na área de ecologia, com ênfase em conservação, atuando principalmente nos seguintes temas: abelhas sem ferrão, comportamento, populações, sobrevivência e criação de abelhas. Paulo Nogueira-Neto foi membro da Comissão Brundtland de Meio Ambiente e Desenvolvimento das Nações Unidas, que criou o conceito de desenvolvimento sustentável.