1Programa de Ps-graduao em Engenharia Qumica da Universidade Estadual de Maring UEM. E-mail: [email protected]; [email protected] 2Engenharia Qumica da Universidade Estadual de Maring UEM. E-mail: [email protected]; [email protected] 3Engenharia Qumica da Universidade Estadual de Maring UEM. E-mail: [email protected]
ENGEVISTA, V. 16, n. 3, p.384-391, Setembro 2014 384
REFINO DE LEOS VEGETAIS UTILIZANDO LAVAGEM CIDA COM RECIRCULAO
Eduardo Rasi de Almeida Prado
1
Flvio Luis Lemos1
Ivan Lara2
Eduan de Oliveira Claro2
Luiz Mario de Matos Jorge3
Resumo: O refino tradicional do leo de soja consiste em submeter o produto s etapas de
degomagem, neutralizao, branqueamento e desodorizao, buscando a melhoria de sua
aparncia fsica, odor e sabor. Cada uma destas etapas impacta consideravelmente sobre a
qualidade e custo do leo, sendo muitas vezes fator decisivo na competitividade global.
Neste contexto, visando minimizar perdas, o trabalho teve enfoque na lavagem do leo
neutro, processo na qual ocorre na etapa de neutralizao. Nos processos tradicionais, a
neutralizao dos cidos graxos livres ocorre de forma alcalina com adio de hidrxido de
sdio, a saponificao residual desta reao deve ser removida no processo seguinte que
a lavagem do leo neutro. O presente estudo analisou a viabilidade da substituio do
processo de lavagem com gua pelo processo de lavagem cida com recirculao,
verificando as redues nas perdas por arraste que ocorrem nas centrfugas de lavagem
bem como a reduo no consumo de gua. Primeiramente, realizou-se um balano de
massa nas correntes de interesse. Posteriormente foram realizadas anlises do teor de leo
contido nessas linhas mediante o processo de lavagem com gua e o processo proposto,
bem como a quantificao do consumo de cido fosfrico utilizado durante os
experimentos. Atravs dos resultados obtidos, verificou-se que o processo de lavagem
cida reduziu o teor de leo presente na gua residual em mdia de 2,5% para 0,61%, com
a recirculao, foi possvel abaixar o consumo de gua desmineralizada em at 55% e
reduzir o volume de carga contaminante enviada planta de tratamento em at 44,5%.
Palavras-chave: refino de leo de soja, neutralizao, lavagem cida, recirculao de
gua.
Abstract: The traditional soybean oil refining process consists of submitting the product to
degumming stage, neutralization, bleaching and deodorization, looking for improvement in
their physic appearance, smell and flavor. This report had focused on neutralization, step
which the washing of neutral oil occurs. In general, all chemical neutralization installations
are equipped with at least one or often two washing steps. The purpose of washing the oil
is to reduce the residual soap contained after neutralization with caustic soda. This study
aimed to analyze the feasibility of replacing the current process of washing with water by
an acid washing with recirculation, verifying reductions in drag losses that occur in
washing centrifugal and there duction in water consumption. Firstly, the layout of the
facility was assessed and carried out a mass balance in the current so finterest. Later,
analysis was performed of the oil content contained in the selines by the current process
and the proposed process, as well as the consumption of phosphoric acid used during the
experiments. By the results obtained, it was found that the acid washing process with
recirculation reduced the oil content present in the residual water averaged2.5% to 0.61%.
It was also observed that with recirculation, it is possible to reduce the consumption of
demineralized water up to 55% and reduce the amount of contaminant load sent to the treat
ment plant (effluent) by 44,5% compared with the current values. It was also found that the
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acid washing process is economically viable, once there placement of the process, as
proposed, will generate na additional profit to the plant, evidencing the effectiveness of the
proposed modification.
Keywords: soybean oil refining, acid washing, neutralization, water recirculation.
1. INTRODUO
O Brasil responsvel por cerca de
28% da produo mundial de soja, o
segundo maior produtor e exportador
mundial de soja em gro, farelo e leo de
soja. Esta cadeia produtiva um dos
principais itens da Balana Comercial
Brasileira e exportou cerca de US$9,5
bilhes em 2005, colocando o pas na
liderana mundial nas exportaes do
setor em valor (Abiove, 2011).
Do processamento dos gros de
soja, obtm-se trs produtos primrios: o
leo degomado, o farelo de soja e a
lecitina. Os demais produtos obtidos,
como protenas isoladas e concentradas,
leos refinados, gorduras, cidos graxos,
sabes entre outros, so derivados ou
fraes isoladas dos produtos primrios,
obtidos atravs do emprego de
tecnologias especficas (Mendes, 2000).
Neste contexto, o refino do leo de
soja passa a ser um processo
extremamente importante para agregar
valor ao produto. Este processo pode ser
definido como um conjunto de processo
que visam transformar os leos brutos em
leos comestveis. A grande maioria dos
leos e gorduras destinados ao consumo
humano submetida ao refino, cuja
finalidade uma melhora na aparncia,
odor e sabor pela remoo do leo bruto
os componentes que caracterizam tais
aspectos (Mandarino; Roessing, 2001).
1.1. NEUTRALIZAO E LAVAGEM
A finalidade da neutralizao do
leo bruto a eliminao de cidos
graxos livres em que se utilizam solues
alcalinas de soda custica ou, em casos
raros, de carbonato de sdio. Os cidos
graxos neutralizados transformam-se em
sabes e so separados dos glicerdeos
pela diferena de peso especfico.
Como as solues aquosas tanto de
soda custica como de sabo so
insolveis em leo, o processo de
neutralizao se desenvolve entre as duas
fases, a oleosa e a aquosa. Essa etapa
merece ateno especial, pois pode
ocorrer saponificao indesejvel de
triglicerdeos e consequente perda de
material neutro, produzindo glicerol e
uma mistura de sais alcalinos de cidos
graxos (sabes).
O processo bsico para a
neutralizao do leo de soja consiste em
um aquecimento do leo, pr-tratamento
com cido fosfrico (85% de
concentrao) para possibilitar a
eliminao dos fosfatdeos
remanescentes, a neutralizao com soda
custica diluda (16 a 20B) e a separao dos sabes.
O valor comercial do leo neutro
muito superior ao do sabo obtido com a
neutralizao dos cidos graxos. Assim
sendo, sob o ponto de vista econmico,
muito importante que no processo de
neutralizao se obtenha a maior
quantidade possvel do leo neutro, isto
, que os cidos graxos livres sejam
neutralizados com a menos perda
possvel de leo neutro (Rohr, 1978). Aps a neutralizao, o leo neutro
possui ainda alto contedo de sabes que
devem ser removidos (400 a 700 ppm de
sabes). Dependendo do contedo
residual de sabes requerido, um ou dois
estgios de lavagem, so necessrios.
O leo proveniente da etapa de
neutralizao misturado com 5 a 10%
de gua a uma temperatura mnima de
90C e aquecido no trocador a placas at
a temperatura de lavagem. A gua de
lavagem abrandada (mximo 6 graus
ingleses de dureza) dosada na linha de
leo atravs de sistema similar ao
utilizado para o cido/soda e vai ao
misturador. O misturador envia a mistura
leo/gua centrfuga (Dorsa, 2000).
As centrfugas de lavagem separam
o leo como fase leve e a soluo de
sabo em gua juntamente com
insolveis, como a fase pesada. Uma
lavagem comumente remove 90% dos
sabes (Norris, 1982).
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1.2. LAVAGEM CIDA COM RECIRCULAO
O processo de lavagem cida com
recirculao consiste na reutilizao da
gua descartada na etapa da lavagem do
leo, aps prvio tratamento desta com
cido fosfrico, visando recuperao do
leo arrastado e a reduo no consumo de
gua. A gua descarregada pela
centrfuga lavadora recolhida em um
tanque de servio, cuja finalidade
aumentar o volume de gua em
circulao, de forma tal a prolongar o
tempo de operao antes de saturar a
gua com impurezas contaminantes.
Deste tanque, a partir da adio de
gua quente, se restabelece o volume de
gua do sistema para renovar a gua
industrial. Atravs de uma bomba
centrfuga, resistente a ataque de cidos, a
gua acidulada bombeada aos
misturadores de lavagem. Na sada da
bomba instalado um controlador de pH
que controla a dosagem de cido. A gua
volta ao sistema com um pH constante e
controlado da ordem de 5.
Parte da gua descartada
continuamente do tanque. Desta forma se
vo retirando do sistema as impurezas
separadas do leo, junto com os sabes,
como fsforo e metais pesados, para
evitar a saturao da gua com estes
contaminantes. Durante este processo, h
uma renovao em cerca de 20% da gua
industrial utilizada.
2. MATERIAIS E MTODOS
2.1. MATERIAIS
No presente trabalho, as matrias-
primas utilizadas foram o leo de soja e a
gua utilizada no sistema. Como forma
de conhecer as correntes de interesse,
realizou-se primeiramente um estudo do
layout da refinaria de leos. Elaborou-se
um fluxograma simplificado do processo
das principais linhas e realizou-se um
balano de massa para gua e leo nas
etapas analisadas, no qual foram
quantificados os principais fluxos.
A etapa de neutralizao e lavagem
conta com duas centrfugas de
neutralizao e trs centrfugas de
lavagem, dentre as quais, trs apresentam
gua de refrigerao de selos. Toda a
gua usada nos selos dos anis das
centrfugas e para lavar o leo, deve ser
branda e livre de metais (Duff, 1992).
Como a gua a principal matria
prima utilizada na lavagem do leo, foi
desenvolvido um fluxograma mais
detalhado da distribuio desta pela
planta (Figura 1).O primeiro tanque
(tanque I) armazena gua
desmineralizada utilizada na hidratao
do leo bruto. Este tanque fornece a gua
que utilizada atualmente em uma linha
do processo de degomagem do leo, na
etapa de lavagem do leo neutro e na
diluio da soda custica utilizada na
neutralizao do leo.
Figura 1.Distribuio de gua na
refinaria.
O tanque II recebe a gua utilizada
no resfriamento dos selos de carvo das
centrfugas e a gua descartada aps
lavagem do leo neutro.
2.2. MTODOS
Para avaliar a viabilidade e
assertividade do processo proposto,
realizaram-se testes na planta.
Inicialmente, eram coletadas amostras em
condies normais de operao da gua
de lavagem na sada da centrfuga, na
sada do tanque e na entrada e sada do
decantador. Na corrente de entrada do
tanque, foi introduzida uma tubulao
com um dosador de cido fosfrico. Com
o pHmetro, controlava-se a vazo de
cido fosfrico dosado em funo do pH
da gua descartada pelo tanque. O pH
utilizado foi de 4,5 - 5,5. Em seguida,
realizava-se a lavagem com a gua
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acidificada. Passadas de 1 a 2 horas para
estabilizao do processo eram coletadas
novas amostras nas novas condies de
operao e analisadas em laboratrio o
teor de leo arrastado.
3. RESULTADOS E DISCUSSO
3.1. ANLISE DO CONSUMO DE GUA
Foi possvel quantificar o consumo
de gua no processo e o consumo
esperado quando utilizado o processo de
recirculao de gua de lavagem por
meio de um balano de massa no sistema.
Nesta etapa de clculos, assumiu-se a
densidade da gua constante para todas as
correntes, sendo o valor utilizado igual a
1000 kg/m.
Para o processo de degomagem, a
dosagem de gua corresponde a 3% da
vazo de leo de soja que passa pela
linha. Este parmetro foi fixado a partir
de anlises do teor de gomas presente no
leo. A partir do balano de massa
realizado tem-se que a vazo de leo
bruto de soja de 20000 kg/h entrando na
etapa da degomagem I e 5000 kg/h na
degomagem II.
(1)
Por meio da Equao1, tem-se que
a vazo de gua consumida para a
degomagem I de 600 kg/h e para a
degomagem II de 150 kg/h.
Na etapa da neutralizao, o
consumo de gua acontece em dois
pontos do processo: na diluio da soda
custica e na lavagem do leo neutro. O
clculo para o consumo de gua para
diluio da soda custica feita atravs
da seguinte expresso (Dorsa, 2000):
(2)
De acordo com as condies
operacionais estabelecidas, a
concentrao da soda diluda de 14,83%
e utilizando-se a vazo de soda custica
como sendo 107 l/h, obtm-se a partir da
Equao 2 que a vazo de gua de
diluio de 468,79 l/h.
Para o clculo do volume de gua
utilizado na lavagem do leo, utiliza-se a
seguinte expresso (Dorsa, 2000):
(3)
Tomando a vazo total de leo
neutro como 20000 kg/h de leo e a partir
da equao (3), para uma dosagem de
gua de 5% obtm-se que a vazo de
gua utilizada de 1145,48 l/h.
A partir de dados de consumo de
gua desmineralizada da planta,
possvel verificar que a vazo de gua
fornecida a refinaria encontra-se em cerca
de 2.770,00 l/h.
Realizando o balano de massa
global do tanque I, utilizando a Figura 1,
conhecendo a vazo mssica de agua
desmineralizada na entrada do tanque I e
as vazes mssicas da agua para lavagem
de leo neutro, a agua para diluio de
soda caustica e a gua para degomagem,
obtm-se que a vazo de gua descarta
para o decantador de 405,73 kg/h.
A mesma anlise foi realizada para
o tanque de gua II, onde as principais
linhas de entrada de gua so o descarte
das centrfugas de lavagem e o descarte
da gua de refrigerao dos selos de
carvo das centrfugas e o descarte para o
decantador.
A gua de selagem das centrfugas
fornecida diretamente da caldeira para a
refinaria e aps a refrigerao dos selos,
esta descartada no tanque II. Para
quantificar o volume de gua utilizado,
foram realizados testes de vazo. Foi
adotado um volume fixo de medida e
eram realizadas tomadas de tempo. A
partir do volume e do tempo, determinou-
se a vazo de gua em cada centrfuga,
totalizando uma vazo de 1822 kg/h.
Realizando o balano e massa no
tanque II, utilizando a Figura 1,
determinou-se que o volume de gua
descartada para o decantador de
2.967,48 kg/h.
Quantificando os fluxos das
correntes de gua no layout proposto,
tem-se que o tanque I ficaria responsvel
pelo fornecimento da gua de diluio da
soda custica e a gua para hidratao do
leo bruto (degomagem I e II), sendo este
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volume de 1218,79 l/h.A vazo de
entrada do tanque II permaneceria
inalterada, recebendo a gua de lavagem
e a gua dos selos das centrfugas. Essa
gua proveniente dos selos seria
responsvel pela reposio da gua de
lavagem. O tanque II ficaria responsvel
por fornecer os 1145,48 l/h necessrios
para a lavagem e o restante seria
descartado para o decantador.
Comparando as duas situaes de
processo, tem-se que a reduo no
consumo de gua desmineralizada
utilizada no processo sofreria uma
reduo de 2770 l/hpara
aproximadamente 1250 l/h. Isso
representa uma reduo de cerca de 55%
no gasto de gua desmineralizada.
Pode-se evidenciar ainda a reduo
no volume de efluente mandado para a
estao de tratamento, que passaria de
3373,21 l/h para 1853,40 l/h, ou seja,
uma reduo de aproximadamente 44,5%
no volume total.
3.2. CONSUMO DE CIDO FOSFRICO
O objetivo dessas anlises foi
verificar qual o volume ideal a ser dosado
no processo e qual o custo proveniente da
operao.
A dosagem de cido foi realizada
atravs de uma bomba dosadora instalada
prxima ao tanque de gua. O ajuste da
velocidade da bomba era realizado por
meio de um inversor de frequncia,
atravs do qual era possvel ajustar a
vazo de cido desejada.
Variou-se a vazo de cido
fosfrico dosada em cada ensaio a fim de
verificar a influncia da quantidade de
cido no teor de leo arrastado.
Utilizaram-se seis vazes de cido
diferentes, as quais foram escolhidas de
acordo com o pH da gua na entrada do
processo de lavagem.
O ponto de dosagem do cido
fosfrico encontrava-se na sada do
tanque II e o seu consumo foi
determinado por meio de anlises de
consumo especfico da planta, para
verificar a coerncia dos dados de
consumo e gerar a curva de calibrao da
bomba.
As frequncias escolhidas para os
testes foram 30, 50, 70, 100, 125 e 150
RPM. Para cada uma dessas, mensurou-
se o consumo de cido pela diferena de
volume do tanque de cido aps 60
minutos de dosagem (Tabela 1).
Tabela 1. Quantificao da dosagem de
cido.
Frequncia
do inversor
(RPM)
Dosagem no processo
(l/h)
30 3,4
50 3,3
70 2,0
100 4,0
125 5,8
150 9,0
Conhecendo-se a vazo dosada em
cada uma das frequncias utilizadas,
realizaram-se anlises de arraste de leo
visando obter a condio tima de
operao. O ponto de coleta das amostras
restringiu-se apenas ao descarte da
centrfuga de lavagem, uma vez que a
lavagem do leo neutro a etapa
determinante do processo.
Para cada frequncia escolhida,
coletou-se uma amostra de gua o
determinou-se o teor de leo arrastado, o
pH na sada do tanque II e o pH na sada
da centrfuga (Tabela 2).
Tabela 2.Valores do teor de leo e pH da
gua na centrfuga de lavagem.
Frequncia
(RPM)
Teor
de
leo
(%)
pH-
sada
tanque
II
pH - sada
da
centrfuga
25 4,91 10,45 11,17
50 3,28 7,98 10,78
70 2,41 7,40 10,58
100 0,45 6,60 7,19
125 0,16 7,28 7,35
150 0,01 1,12 2,63
Com os resultados obtidos pode-se
prever a quantidade de leo arrastada na
lavagem em diferentes vazes de cido.
De acordo com a literatura, o valor de pH
ideal de operao do processo encontra-
se entre 4,5 e 5,5. Tomando esse critrio
como determinante e analisando os dados
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obtidos nos testes, assumiu-se que a
frequncia ideal de operao para a planta
100 RPM.
3.3. LAVAGEM CIDA COM RECIRCULAO
Os testes na planta possuem um
carter quantitativo, uma vez que as
amostras retiradas foram analisadas em
laboratrio para verificar a assertividade
da lavagem cida. Com a planta operando
em condio usual de lavagem,
coletaram-se amostras em quatro pontos
distintos da planta. Os pontos escolhidos
foram na sada de centrfuga e lavagem, o
descarte do tanque II, a entrada do
decantador e a sada do decantador. Foi
analisado o teor de leo neutro arrastado
na gua e os resultados obtidos so
apresentados na Tabela 3.
De acordo com os valores obtidos,
pode-se verificar o elevado teor de leo
das amostras no acidificadas em todos
os pontos coletados, dando maior
destaque para a sada da centrifuga, onde
se obteve uma mdia de
aproximadamente 2,5% de leo.
Analisando os resultados na sada
do decantador, percebe-se a ineficincia
do processo de separao e recuperao
desse leo arrastado. Uma vez que essa
corrente direcionada a estao de
tratamento de efluente, no possvel
realizar a recuperao desse leo,
evidenciando as perdas e a necessidade
de um processo que reduza a quantidade
de leo arrastado.
Tabela 3.Teor de leo nas amostras em condies normais de operao.
Centrfuga Tanque II Entrada decantador Sada decantador
2.88% 0.45% 1.02% 0.51%
1,89% 1.10% 2.03% 1.72%
1,52% - - -
1,32% - - -
7,52% 1,05% 0,81% 0,66%
4,51% 1,20% 1,25% 1,26%
3,22% 0,73% 0,65% 0,84%
1,55% 1,01% 2,70% 2,75%
0,66% 0,42% 0,66% 1,39%
3,10% 1,19% 1,94% 0,75%
4,72% 2,79% 1,96% 1,70%
Com a nova bateria de testes, o
sistema foi configurado para a realizao
da lavagem cida com recirculao. Uma
bomba dosadora de cido fosfrico foi
instalada prxima ao tanque II e realizou-
se a acidificao da gua circulante do
sistema. Aguardava-se um tempo
aproximado de 60 minutos at a
estabilizao do processo e coletavam-se
as amostras nos mesmo pontos das
amostras anteriores (sada da centrfuga,
sada do tanque II, entrada do decantador
e sada do decantador). Os teores de leo
obtido aps acidificao so apresentados
na Tabela 4.
Analisando os novos resultados,
possvel observar a significante reduo
nos teores de leo arrastado na centrfuga
aps lavagem. Pode-se atribuir essa
diminuio nos valores ao cido presente
na gua, uma vez que esse neutraliza o
excesso de soda presente na
neutralizao, minimizando a
emulsificao entre as fases e facilitando
a sua separao. Esse efeito estende-se
aos demais pontos analisados, uma vez
que o teor de leo presente nessas
amostras tambm reduziu.
3.4. ANLISE ECONMICA
Pelo balano de massa realizado
para a gua na refinaria, tem-se que a
vazo de gua utilizada na lavagem do
leo neutro de 1145 l/h. O leo
arrastado na situao atual 2,5%,
comum volume de leo de 28,63l/h.
Admitindo a densidade do leo de soja
como 0,92 kg/l, a massa de leo
descartada por arraste de 26,34 kg/h.
Tabela 4.Teor de leo nas amostras da gua acidificada.
Centrfuga Tanque II Entrada decantador Sada decantador
0,34% 0,05% 0,06% 0,04%
0,60% 0,26% 0,25% 0,20%
0,42% - - -
0,81% - - -
0,15% 0,75% 0,65% 0,45%
0,38% 0,27% 0,20% 0,20%
0,96% 1,42% 1,08% 0,83%
0,80% 0,47% 1,33% 0,43%
0,91% 0,35% 0,37% 0,74%
0,69% 0,23% 0,18% 0,46%
0,74% 0,35% 0,61% 0,43%
0,72% 0,49% 4,63% 0,36%
0,39% 0,35% 0,21% 0,47%
0,46% 0,38% 0,35% 0,23%
1,00% 0,88% 0,32% 0,75%
0,84% 0,16% 0,15% 0,16%
2,81% 0,39% 0,10% 1,17%
1,53% 0,25% 0,08% 0,36%
Para a nova configurao de
operao, considerando que o teor de
leo diminuir 0,45%, tem-se um volume
de leo arrastado de 5,15 l/h, ou ainda
4,74 kg/h. O valor do leo de soja
utilizado de R$1750,00 a tonelada.
Entretanto, para verificar a
viabilidade econmica do projeto, deve-
se quantificar tambm o custo com o
cido fosfrico utilizado. Pelos resultados
obtidos, tem-se que para a frequncia
ideal e trabalho (100 RPM), a vazo de
cido fosfrico utilizado de 4,0l/h. O
valor comercial do cido fosfrico
encontra-se em torno de R$2500,00 por
tonelada de cido. Admitindo a densidade
do cido fosfrico como 1,684kg/l, tem-
se que a massa utilizada de 6,736kg/h.
Logo o gasto financeiro para realizao
da lavagem cida seria de R$16,84/h.
Atualmente, o volume de gua
fornecida a refinaria para os processos de
degomagem, lavagem e diluio de soda
custica, de, em mdia, 2770 l/h. O
custo de pr-tratamento dessa gua de
R$0,64/m, segundo levantamento na
empresa. Com a substituio do processo
atual, o volume de gua necessria para
abastecer a refinaria seria de 1250 l/h. O
tratamento dos efluentes gerados pela
refinaria tem um custo atual de
R$0,96/m, segundo valores obtidos na
empresa. Considerando como efluente as
correntes descartadas para o decantador,
o volume total gerado pelo processo atual
de 3373,21 l/h enquanto que pelo
processo de lavagem cida, o volume de
efluente gerado de 1853,40 l/h.
Fazendo um comparativo entre os
custos totais dos dois processos, verifica-
se a viabilidade econmica do projeto.
Tabela 5.Comparao entre os dois processos.
Processo leo
(R$/h)
cido fosfrico
(R$/h)
gua
(R$/h)
Efluente
(R$/h)
Sem lavagem cida 46,10 - 1,77 3,24
Com lavagem cida 8,30 16,84 0,80 1,78
Total +37,80 -16,84 +0,97 +1,46
Analisando os valores obtidos,
verifica-se que o projeto
economicamente favorvel, pois pode
gerar um retorno de aproximadamente
R$23,39 por hora de operao da planta.
4. CONCLUSO
A partir do estudo realizado sobre a
substituio do atual processo de lavagem
pelo processo de lavagem cida, pode-se
verificar a assertividade do projeto em
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relao reduo do teor de leo perdido
por arraste nas centrfugas de lavagem.
Utilizando-se apenas de gua para a
execuo da etapa, o teor de leo varia
em torno de 2,5% enquanto que com a
utilizao da gua acidificada este teor
apresentou valores prximos a 0,45%.
Observou-se tambm, atravs do
balano de massa realizado, a reduo no
consumo de gua em cerca de 55%,
devido reutilizao da mesma no
processo, assim como a reduo em
44,5% na gerao de efluentes. Essa
reduo importante, uma vez que no
cenrio atual, com as novas legislaes
ambientais e o uso consciente da gua
tem se tornado uma preocupao
frequente no meio industrial.
Com a melhoria no processo, ir
gerarpara a empresa um retorno adicional
de aproximadamente R$23,39 por hora de
operao, devido a recuperao do leo
arrastado na centrfuga.
5. NOMENCLATURA
Concentrao da soda diluda, %; Densidade da soda bruta, considerado 1,5253 kg/l;
Dosagem de gua de lavagem, %; Vazo de gua de diluio, l/h; Vazo de gua de lavagem, l/h; Vazo de leo neutro, kg/h; Vazo de soda custica, l/h.
6. BIBLIOGRAFIA
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