523-1788-2-PB

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  • 1Programa de Ps-graduao em Engenharia Qumica da Universidade Estadual de Maring UEM. E-mail: [email protected]; [email protected] 2Engenharia Qumica da Universidade Estadual de Maring UEM. E-mail: [email protected]; [email protected] 3Engenharia Qumica da Universidade Estadual de Maring UEM. E-mail: [email protected]

    ENGEVISTA, V. 16, n. 3, p.384-391, Setembro 2014 384

    REFINO DE LEOS VEGETAIS UTILIZANDO LAVAGEM CIDA COM RECIRCULAO

    Eduardo Rasi de Almeida Prado

    1

    Flvio Luis Lemos1

    Ivan Lara2

    Eduan de Oliveira Claro2

    Luiz Mario de Matos Jorge3

    Resumo: O refino tradicional do leo de soja consiste em submeter o produto s etapas de

    degomagem, neutralizao, branqueamento e desodorizao, buscando a melhoria de sua

    aparncia fsica, odor e sabor. Cada uma destas etapas impacta consideravelmente sobre a

    qualidade e custo do leo, sendo muitas vezes fator decisivo na competitividade global.

    Neste contexto, visando minimizar perdas, o trabalho teve enfoque na lavagem do leo

    neutro, processo na qual ocorre na etapa de neutralizao. Nos processos tradicionais, a

    neutralizao dos cidos graxos livres ocorre de forma alcalina com adio de hidrxido de

    sdio, a saponificao residual desta reao deve ser removida no processo seguinte que

    a lavagem do leo neutro. O presente estudo analisou a viabilidade da substituio do

    processo de lavagem com gua pelo processo de lavagem cida com recirculao,

    verificando as redues nas perdas por arraste que ocorrem nas centrfugas de lavagem

    bem como a reduo no consumo de gua. Primeiramente, realizou-se um balano de

    massa nas correntes de interesse. Posteriormente foram realizadas anlises do teor de leo

    contido nessas linhas mediante o processo de lavagem com gua e o processo proposto,

    bem como a quantificao do consumo de cido fosfrico utilizado durante os

    experimentos. Atravs dos resultados obtidos, verificou-se que o processo de lavagem

    cida reduziu o teor de leo presente na gua residual em mdia de 2,5% para 0,61%, com

    a recirculao, foi possvel abaixar o consumo de gua desmineralizada em at 55% e

    reduzir o volume de carga contaminante enviada planta de tratamento em at 44,5%.

    Palavras-chave: refino de leo de soja, neutralizao, lavagem cida, recirculao de

    gua.

    Abstract: The traditional soybean oil refining process consists of submitting the product to

    degumming stage, neutralization, bleaching and deodorization, looking for improvement in

    their physic appearance, smell and flavor. This report had focused on neutralization, step

    which the washing of neutral oil occurs. In general, all chemical neutralization installations

    are equipped with at least one or often two washing steps. The purpose of washing the oil

    is to reduce the residual soap contained after neutralization with caustic soda. This study

    aimed to analyze the feasibility of replacing the current process of washing with water by

    an acid washing with recirculation, verifying reductions in drag losses that occur in

    washing centrifugal and there duction in water consumption. Firstly, the layout of the

    facility was assessed and carried out a mass balance in the current so finterest. Later,

    analysis was performed of the oil content contained in the selines by the current process

    and the proposed process, as well as the consumption of phosphoric acid used during the

    experiments. By the results obtained, it was found that the acid washing process with

    recirculation reduced the oil content present in the residual water averaged2.5% to 0.61%.

    It was also observed that with recirculation, it is possible to reduce the consumption of

    demineralized water up to 55% and reduce the amount of contaminant load sent to the treat

    ment plant (effluent) by 44,5% compared with the current values. It was also found that the

  • ENGEVISTA, V. 16, n. 3, p.384-391, Setembro 2014 385

    acid washing process is economically viable, once there placement of the process, as

    proposed, will generate na additional profit to the plant, evidencing the effectiveness of the

    proposed modification.

    Keywords: soybean oil refining, acid washing, neutralization, water recirculation.

    1. INTRODUO

    O Brasil responsvel por cerca de

    28% da produo mundial de soja, o

    segundo maior produtor e exportador

    mundial de soja em gro, farelo e leo de

    soja. Esta cadeia produtiva um dos

    principais itens da Balana Comercial

    Brasileira e exportou cerca de US$9,5

    bilhes em 2005, colocando o pas na

    liderana mundial nas exportaes do

    setor em valor (Abiove, 2011).

    Do processamento dos gros de

    soja, obtm-se trs produtos primrios: o

    leo degomado, o farelo de soja e a

    lecitina. Os demais produtos obtidos,

    como protenas isoladas e concentradas,

    leos refinados, gorduras, cidos graxos,

    sabes entre outros, so derivados ou

    fraes isoladas dos produtos primrios,

    obtidos atravs do emprego de

    tecnologias especficas (Mendes, 2000).

    Neste contexto, o refino do leo de

    soja passa a ser um processo

    extremamente importante para agregar

    valor ao produto. Este processo pode ser

    definido como um conjunto de processo

    que visam transformar os leos brutos em

    leos comestveis. A grande maioria dos

    leos e gorduras destinados ao consumo

    humano submetida ao refino, cuja

    finalidade uma melhora na aparncia,

    odor e sabor pela remoo do leo bruto

    os componentes que caracterizam tais

    aspectos (Mandarino; Roessing, 2001).

    1.1. NEUTRALIZAO E LAVAGEM

    A finalidade da neutralizao do

    leo bruto a eliminao de cidos

    graxos livres em que se utilizam solues

    alcalinas de soda custica ou, em casos

    raros, de carbonato de sdio. Os cidos

    graxos neutralizados transformam-se em

    sabes e so separados dos glicerdeos

    pela diferena de peso especfico.

    Como as solues aquosas tanto de

    soda custica como de sabo so

    insolveis em leo, o processo de

    neutralizao se desenvolve entre as duas

    fases, a oleosa e a aquosa. Essa etapa

    merece ateno especial, pois pode

    ocorrer saponificao indesejvel de

    triglicerdeos e consequente perda de

    material neutro, produzindo glicerol e

    uma mistura de sais alcalinos de cidos

    graxos (sabes).

    O processo bsico para a

    neutralizao do leo de soja consiste em

    um aquecimento do leo, pr-tratamento

    com cido fosfrico (85% de

    concentrao) para possibilitar a

    eliminao dos fosfatdeos

    remanescentes, a neutralizao com soda

    custica diluda (16 a 20B) e a separao dos sabes.

    O valor comercial do leo neutro

    muito superior ao do sabo obtido com a

    neutralizao dos cidos graxos. Assim

    sendo, sob o ponto de vista econmico,

    muito importante que no processo de

    neutralizao se obtenha a maior

    quantidade possvel do leo neutro, isto

    , que os cidos graxos livres sejam

    neutralizados com a menos perda

    possvel de leo neutro (Rohr, 1978). Aps a neutralizao, o leo neutro

    possui ainda alto contedo de sabes que

    devem ser removidos (400 a 700 ppm de

    sabes). Dependendo do contedo

    residual de sabes requerido, um ou dois

    estgios de lavagem, so necessrios.

    O leo proveniente da etapa de

    neutralizao misturado com 5 a 10%

    de gua a uma temperatura mnima de

    90C e aquecido no trocador a placas at

    a temperatura de lavagem. A gua de

    lavagem abrandada (mximo 6 graus

    ingleses de dureza) dosada na linha de

    leo atravs de sistema similar ao

    utilizado para o cido/soda e vai ao

    misturador. O misturador envia a mistura

    leo/gua centrfuga (Dorsa, 2000).

    As centrfugas de lavagem separam

    o leo como fase leve e a soluo de

    sabo em gua juntamente com

    insolveis, como a fase pesada. Uma

    lavagem comumente remove 90% dos

    sabes (Norris, 1982).

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    1.2. LAVAGEM CIDA COM RECIRCULAO

    O processo de lavagem cida com

    recirculao consiste na reutilizao da

    gua descartada na etapa da lavagem do

    leo, aps prvio tratamento desta com

    cido fosfrico, visando recuperao do

    leo arrastado e a reduo no consumo de

    gua. A gua descarregada pela

    centrfuga lavadora recolhida em um

    tanque de servio, cuja finalidade

    aumentar o volume de gua em

    circulao, de forma tal a prolongar o

    tempo de operao antes de saturar a

    gua com impurezas contaminantes.

    Deste tanque, a partir da adio de

    gua quente, se restabelece o volume de

    gua do sistema para renovar a gua

    industrial. Atravs de uma bomba

    centrfuga, resistente a ataque de cidos, a

    gua acidulada bombeada aos

    misturadores de lavagem. Na sada da

    bomba instalado um controlador de pH

    que controla a dosagem de cido. A gua

    volta ao sistema com um pH constante e

    controlado da ordem de 5.

    Parte da gua descartada

    continuamente do tanque. Desta forma se

    vo retirando do sistema as impurezas

    separadas do leo, junto com os sabes,

    como fsforo e metais pesados, para

    evitar a saturao da gua com estes

    contaminantes. Durante este processo, h

    uma renovao em cerca de 20% da gua

    industrial utilizada.

    2. MATERIAIS E MTODOS

    2.1. MATERIAIS

    No presente trabalho, as matrias-

    primas utilizadas foram o leo de soja e a

    gua utilizada no sistema. Como forma

    de conhecer as correntes de interesse,

    realizou-se primeiramente um estudo do

    layout da refinaria de leos. Elaborou-se

    um fluxograma simplificado do processo

    das principais linhas e realizou-se um

    balano de massa para gua e leo nas

    etapas analisadas, no qual foram

    quantificados os principais fluxos.

    A etapa de neutralizao e lavagem

    conta com duas centrfugas de

    neutralizao e trs centrfugas de

    lavagem, dentre as quais, trs apresentam

    gua de refrigerao de selos. Toda a

    gua usada nos selos dos anis das

    centrfugas e para lavar o leo, deve ser

    branda e livre de metais (Duff, 1992).

    Como a gua a principal matria

    prima utilizada na lavagem do leo, foi

    desenvolvido um fluxograma mais

    detalhado da distribuio desta pela

    planta (Figura 1).O primeiro tanque

    (tanque I) armazena gua

    desmineralizada utilizada na hidratao

    do leo bruto. Este tanque fornece a gua

    que utilizada atualmente em uma linha

    do processo de degomagem do leo, na

    etapa de lavagem do leo neutro e na

    diluio da soda custica utilizada na

    neutralizao do leo.

    Figura 1.Distribuio de gua na

    refinaria.

    O tanque II recebe a gua utilizada

    no resfriamento dos selos de carvo das

    centrfugas e a gua descartada aps

    lavagem do leo neutro.

    2.2. MTODOS

    Para avaliar a viabilidade e

    assertividade do processo proposto,

    realizaram-se testes na planta.

    Inicialmente, eram coletadas amostras em

    condies normais de operao da gua

    de lavagem na sada da centrfuga, na

    sada do tanque e na entrada e sada do

    decantador. Na corrente de entrada do

    tanque, foi introduzida uma tubulao

    com um dosador de cido fosfrico. Com

    o pHmetro, controlava-se a vazo de

    cido fosfrico dosado em funo do pH

    da gua descartada pelo tanque. O pH

    utilizado foi de 4,5 - 5,5. Em seguida,

    realizava-se a lavagem com a gua

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    acidificada. Passadas de 1 a 2 horas para

    estabilizao do processo eram coletadas

    novas amostras nas novas condies de

    operao e analisadas em laboratrio o

    teor de leo arrastado.

    3. RESULTADOS E DISCUSSO

    3.1. ANLISE DO CONSUMO DE GUA

    Foi possvel quantificar o consumo

    de gua no processo e o consumo

    esperado quando utilizado o processo de

    recirculao de gua de lavagem por

    meio de um balano de massa no sistema.

    Nesta etapa de clculos, assumiu-se a

    densidade da gua constante para todas as

    correntes, sendo o valor utilizado igual a

    1000 kg/m.

    Para o processo de degomagem, a

    dosagem de gua corresponde a 3% da

    vazo de leo de soja que passa pela

    linha. Este parmetro foi fixado a partir

    de anlises do teor de gomas presente no

    leo. A partir do balano de massa

    realizado tem-se que a vazo de leo

    bruto de soja de 20000 kg/h entrando na

    etapa da degomagem I e 5000 kg/h na

    degomagem II.

    (1)

    Por meio da Equao1, tem-se que

    a vazo de gua consumida para a

    degomagem I de 600 kg/h e para a

    degomagem II de 150 kg/h.

    Na etapa da neutralizao, o

    consumo de gua acontece em dois

    pontos do processo: na diluio da soda

    custica e na lavagem do leo neutro. O

    clculo para o consumo de gua para

    diluio da soda custica feita atravs

    da seguinte expresso (Dorsa, 2000):

    (2)

    De acordo com as condies

    operacionais estabelecidas, a

    concentrao da soda diluda de 14,83%

    e utilizando-se a vazo de soda custica

    como sendo 107 l/h, obtm-se a partir da

    Equao 2 que a vazo de gua de

    diluio de 468,79 l/h.

    Para o clculo do volume de gua

    utilizado na lavagem do leo, utiliza-se a

    seguinte expresso (Dorsa, 2000):

    (3)

    Tomando a vazo total de leo

    neutro como 20000 kg/h de leo e a partir

    da equao (3), para uma dosagem de

    gua de 5% obtm-se que a vazo de

    gua utilizada de 1145,48 l/h.

    A partir de dados de consumo de

    gua desmineralizada da planta,

    possvel verificar que a vazo de gua

    fornecida a refinaria encontra-se em cerca

    de 2.770,00 l/h.

    Realizando o balano de massa

    global do tanque I, utilizando a Figura 1,

    conhecendo a vazo mssica de agua

    desmineralizada na entrada do tanque I e

    as vazes mssicas da agua para lavagem

    de leo neutro, a agua para diluio de

    soda caustica e a gua para degomagem,

    obtm-se que a vazo de gua descarta

    para o decantador de 405,73 kg/h.

    A mesma anlise foi realizada para

    o tanque de gua II, onde as principais

    linhas de entrada de gua so o descarte

    das centrfugas de lavagem e o descarte

    da gua de refrigerao dos selos de

    carvo das centrfugas e o descarte para o

    decantador.

    A gua de selagem das centrfugas

    fornecida diretamente da caldeira para a

    refinaria e aps a refrigerao dos selos,

    esta descartada no tanque II. Para

    quantificar o volume de gua utilizado,

    foram realizados testes de vazo. Foi

    adotado um volume fixo de medida e

    eram realizadas tomadas de tempo. A

    partir do volume e do tempo, determinou-

    se a vazo de gua em cada centrfuga,

    totalizando uma vazo de 1822 kg/h.

    Realizando o balano e massa no

    tanque II, utilizando a Figura 1,

    determinou-se que o volume de gua

    descartada para o decantador de

    2.967,48 kg/h.

    Quantificando os fluxos das

    correntes de gua no layout proposto,

    tem-se que o tanque I ficaria responsvel

    pelo fornecimento da gua de diluio da

    soda custica e a gua para hidratao do

    leo bruto (degomagem I e II), sendo este

  • ENGEVISTA, V. 16, n. 3, p.384-391, Setembro 2014 388

    volume de 1218,79 l/h.A vazo de

    entrada do tanque II permaneceria

    inalterada, recebendo a gua de lavagem

    e a gua dos selos das centrfugas. Essa

    gua proveniente dos selos seria

    responsvel pela reposio da gua de

    lavagem. O tanque II ficaria responsvel

    por fornecer os 1145,48 l/h necessrios

    para a lavagem e o restante seria

    descartado para o decantador.

    Comparando as duas situaes de

    processo, tem-se que a reduo no

    consumo de gua desmineralizada

    utilizada no processo sofreria uma

    reduo de 2770 l/hpara

    aproximadamente 1250 l/h. Isso

    representa uma reduo de cerca de 55%

    no gasto de gua desmineralizada.

    Pode-se evidenciar ainda a reduo

    no volume de efluente mandado para a

    estao de tratamento, que passaria de

    3373,21 l/h para 1853,40 l/h, ou seja,

    uma reduo de aproximadamente 44,5%

    no volume total.

    3.2. CONSUMO DE CIDO FOSFRICO

    O objetivo dessas anlises foi

    verificar qual o volume ideal a ser dosado

    no processo e qual o custo proveniente da

    operao.

    A dosagem de cido foi realizada

    atravs de uma bomba dosadora instalada

    prxima ao tanque de gua. O ajuste da

    velocidade da bomba era realizado por

    meio de um inversor de frequncia,

    atravs do qual era possvel ajustar a

    vazo de cido desejada.

    Variou-se a vazo de cido

    fosfrico dosada em cada ensaio a fim de

    verificar a influncia da quantidade de

    cido no teor de leo arrastado.

    Utilizaram-se seis vazes de cido

    diferentes, as quais foram escolhidas de

    acordo com o pH da gua na entrada do

    processo de lavagem.

    O ponto de dosagem do cido

    fosfrico encontrava-se na sada do

    tanque II e o seu consumo foi

    determinado por meio de anlises de

    consumo especfico da planta, para

    verificar a coerncia dos dados de

    consumo e gerar a curva de calibrao da

    bomba.

    As frequncias escolhidas para os

    testes foram 30, 50, 70, 100, 125 e 150

    RPM. Para cada uma dessas, mensurou-

    se o consumo de cido pela diferena de

    volume do tanque de cido aps 60

    minutos de dosagem (Tabela 1).

    Tabela 1. Quantificao da dosagem de

    cido.

    Frequncia

    do inversor

    (RPM)

    Dosagem no processo

    (l/h)

    30 3,4

    50 3,3

    70 2,0

    100 4,0

    125 5,8

    150 9,0

    Conhecendo-se a vazo dosada em

    cada uma das frequncias utilizadas,

    realizaram-se anlises de arraste de leo

    visando obter a condio tima de

    operao. O ponto de coleta das amostras

    restringiu-se apenas ao descarte da

    centrfuga de lavagem, uma vez que a

    lavagem do leo neutro a etapa

    determinante do processo.

    Para cada frequncia escolhida,

    coletou-se uma amostra de gua o

    determinou-se o teor de leo arrastado, o

    pH na sada do tanque II e o pH na sada

    da centrfuga (Tabela 2).

    Tabela 2.Valores do teor de leo e pH da

    gua na centrfuga de lavagem.

    Frequncia

    (RPM)

    Teor

    de

    leo

    (%)

    pH-

    sada

    tanque

    II

    pH - sada

    da

    centrfuga

    25 4,91 10,45 11,17

    50 3,28 7,98 10,78

    70 2,41 7,40 10,58

    100 0,45 6,60 7,19

    125 0,16 7,28 7,35

    150 0,01 1,12 2,63

    Com os resultados obtidos pode-se

    prever a quantidade de leo arrastada na

    lavagem em diferentes vazes de cido.

    De acordo com a literatura, o valor de pH

    ideal de operao do processo encontra-

    se entre 4,5 e 5,5. Tomando esse critrio

    como determinante e analisando os dados

  • ENGEVISTA, V. 16, n. 3, p.384-391, Setembro 2014 389

    obtidos nos testes, assumiu-se que a

    frequncia ideal de operao para a planta

    100 RPM.

    3.3. LAVAGEM CIDA COM RECIRCULAO

    Os testes na planta possuem um

    carter quantitativo, uma vez que as

    amostras retiradas foram analisadas em

    laboratrio para verificar a assertividade

    da lavagem cida. Com a planta operando

    em condio usual de lavagem,

    coletaram-se amostras em quatro pontos

    distintos da planta. Os pontos escolhidos

    foram na sada de centrfuga e lavagem, o

    descarte do tanque II, a entrada do

    decantador e a sada do decantador. Foi

    analisado o teor de leo neutro arrastado

    na gua e os resultados obtidos so

    apresentados na Tabela 3.

    De acordo com os valores obtidos,

    pode-se verificar o elevado teor de leo

    das amostras no acidificadas em todos

    os pontos coletados, dando maior

    destaque para a sada da centrifuga, onde

    se obteve uma mdia de

    aproximadamente 2,5% de leo.

    Analisando os resultados na sada

    do decantador, percebe-se a ineficincia

    do processo de separao e recuperao

    desse leo arrastado. Uma vez que essa

    corrente direcionada a estao de

    tratamento de efluente, no possvel

    realizar a recuperao desse leo,

    evidenciando as perdas e a necessidade

    de um processo que reduza a quantidade

    de leo arrastado.

    Tabela 3.Teor de leo nas amostras em condies normais de operao.

    Centrfuga Tanque II Entrada decantador Sada decantador

    2.88% 0.45% 1.02% 0.51%

    1,89% 1.10% 2.03% 1.72%

    1,52% - - -

    1,32% - - -

    7,52% 1,05% 0,81% 0,66%

    4,51% 1,20% 1,25% 1,26%

    3,22% 0,73% 0,65% 0,84%

    1,55% 1,01% 2,70% 2,75%

    0,66% 0,42% 0,66% 1,39%

    3,10% 1,19% 1,94% 0,75%

    4,72% 2,79% 1,96% 1,70%

    Com a nova bateria de testes, o

    sistema foi configurado para a realizao

    da lavagem cida com recirculao. Uma

    bomba dosadora de cido fosfrico foi

    instalada prxima ao tanque II e realizou-

    se a acidificao da gua circulante do

    sistema. Aguardava-se um tempo

    aproximado de 60 minutos at a

    estabilizao do processo e coletavam-se

    as amostras nos mesmo pontos das

    amostras anteriores (sada da centrfuga,

    sada do tanque II, entrada do decantador

    e sada do decantador). Os teores de leo

    obtido aps acidificao so apresentados

    na Tabela 4.

    Analisando os novos resultados,

    possvel observar a significante reduo

    nos teores de leo arrastado na centrfuga

    aps lavagem. Pode-se atribuir essa

    diminuio nos valores ao cido presente

    na gua, uma vez que esse neutraliza o

    excesso de soda presente na

    neutralizao, minimizando a

    emulsificao entre as fases e facilitando

    a sua separao. Esse efeito estende-se

    aos demais pontos analisados, uma vez

    que o teor de leo presente nessas

    amostras tambm reduziu.

    3.4. ANLISE ECONMICA

    Pelo balano de massa realizado

    para a gua na refinaria, tem-se que a

    vazo de gua utilizada na lavagem do

    leo neutro de 1145 l/h. O leo

    arrastado na situao atual 2,5%,

    comum volume de leo de 28,63l/h.

    Admitindo a densidade do leo de soja

    como 0,92 kg/l, a massa de leo

    descartada por arraste de 26,34 kg/h.

  • Tabela 4.Teor de leo nas amostras da gua acidificada.

    Centrfuga Tanque II Entrada decantador Sada decantador

    0,34% 0,05% 0,06% 0,04%

    0,60% 0,26% 0,25% 0,20%

    0,42% - - -

    0,81% - - -

    0,15% 0,75% 0,65% 0,45%

    0,38% 0,27% 0,20% 0,20%

    0,96% 1,42% 1,08% 0,83%

    0,80% 0,47% 1,33% 0,43%

    0,91% 0,35% 0,37% 0,74%

    0,69% 0,23% 0,18% 0,46%

    0,74% 0,35% 0,61% 0,43%

    0,72% 0,49% 4,63% 0,36%

    0,39% 0,35% 0,21% 0,47%

    0,46% 0,38% 0,35% 0,23%

    1,00% 0,88% 0,32% 0,75%

    0,84% 0,16% 0,15% 0,16%

    2,81% 0,39% 0,10% 1,17%

    1,53% 0,25% 0,08% 0,36%

    Para a nova configurao de

    operao, considerando que o teor de

    leo diminuir 0,45%, tem-se um volume

    de leo arrastado de 5,15 l/h, ou ainda

    4,74 kg/h. O valor do leo de soja

    utilizado de R$1750,00 a tonelada.

    Entretanto, para verificar a

    viabilidade econmica do projeto, deve-

    se quantificar tambm o custo com o

    cido fosfrico utilizado. Pelos resultados

    obtidos, tem-se que para a frequncia

    ideal e trabalho (100 RPM), a vazo de

    cido fosfrico utilizado de 4,0l/h. O

    valor comercial do cido fosfrico

    encontra-se em torno de R$2500,00 por

    tonelada de cido. Admitindo a densidade

    do cido fosfrico como 1,684kg/l, tem-

    se que a massa utilizada de 6,736kg/h.

    Logo o gasto financeiro para realizao

    da lavagem cida seria de R$16,84/h.

    Atualmente, o volume de gua

    fornecida a refinaria para os processos de

    degomagem, lavagem e diluio de soda

    custica, de, em mdia, 2770 l/h. O

    custo de pr-tratamento dessa gua de

    R$0,64/m, segundo levantamento na

    empresa. Com a substituio do processo

    atual, o volume de gua necessria para

    abastecer a refinaria seria de 1250 l/h. O

    tratamento dos efluentes gerados pela

    refinaria tem um custo atual de

    R$0,96/m, segundo valores obtidos na

    empresa. Considerando como efluente as

    correntes descartadas para o decantador,

    o volume total gerado pelo processo atual

    de 3373,21 l/h enquanto que pelo

    processo de lavagem cida, o volume de

    efluente gerado de 1853,40 l/h.

    Fazendo um comparativo entre os

    custos totais dos dois processos, verifica-

    se a viabilidade econmica do projeto.

    Tabela 5.Comparao entre os dois processos.

    Processo leo

    (R$/h)

    cido fosfrico

    (R$/h)

    gua

    (R$/h)

    Efluente

    (R$/h)

    Sem lavagem cida 46,10 - 1,77 3,24

    Com lavagem cida 8,30 16,84 0,80 1,78

    Total +37,80 -16,84 +0,97 +1,46

    Analisando os valores obtidos,

    verifica-se que o projeto

    economicamente favorvel, pois pode

    gerar um retorno de aproximadamente

    R$23,39 por hora de operao da planta.

    4. CONCLUSO

    A partir do estudo realizado sobre a

    substituio do atual processo de lavagem

    pelo processo de lavagem cida, pode-se

    verificar a assertividade do projeto em

  • ENGEVISTA, V. 16, n. 3, p.384-391, Setembro 2014 391

    relao reduo do teor de leo perdido

    por arraste nas centrfugas de lavagem.

    Utilizando-se apenas de gua para a

    execuo da etapa, o teor de leo varia

    em torno de 2,5% enquanto que com a

    utilizao da gua acidificada este teor

    apresentou valores prximos a 0,45%.

    Observou-se tambm, atravs do

    balano de massa realizado, a reduo no

    consumo de gua em cerca de 55%,

    devido reutilizao da mesma no

    processo, assim como a reduo em

    44,5% na gerao de efluentes. Essa

    reduo importante, uma vez que no

    cenrio atual, com as novas legislaes

    ambientais e o uso consciente da gua

    tem se tornado uma preocupao

    frequente no meio industrial.

    Com a melhoria no processo, ir

    gerarpara a empresa um retorno adicional

    de aproximadamente R$23,39 por hora de

    operao, devido a recuperao do leo

    arrastado na centrfuga.

    5. NOMENCLATURA

    Concentrao da soda diluda, %; Densidade da soda bruta, considerado 1,5253 kg/l;

    Dosagem de gua de lavagem, %; Vazo de gua de diluio, l/h; Vazo de gua de lavagem, l/h; Vazo de leo neutro, kg/h; Vazo de soda custica, l/h.

    6. BIBLIOGRAFIA

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    Processamento de leos e Gorduras

    Vegetais e Derivados.3 Ed., 2000.

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    A. C. Tecnologia para produo do leo

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    Londrina: Embrapa Soja, p. 40, 2001.

    MENDES, A.C. Lecitina de Soja:

    processo de obteno e refino. Porto

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    Engenharia de Alimentos), Instituto de

    Cincia e Tecnologia de Alimentos,

    Universidade Federal do Rio Grande do

    Sul, 2000.

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    ROHR, R. leos e Gorduras Vegetais e

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