A LUDICIDADE NA PRÁTICA PEDAGÓGICA INCLUSIVA
Dirce Miranda ¹
Leonor Dias Paini ²
RESUMO: O presente estudo teve por objetivo verificar como a ludicidade
contribui para o processo do ensino e aprendizagem na educação inclusiva.
Optou-se por uma pesquisa qualitativa, de caráter teórico-prática, pautada na
concepção Histórico-Cultural em que foram utilizados os seguintes procedimentos:
Diagnostico sobre o conhecimento lúdico, aprofundamentos de referenciais
teóricos e práticos sobre a Educação Especial numa perspectiva inclusiva,
formação de professores e estratégias pedagógicas pautada nas questões lúdicas.
Foram realizadas visitas na Escola Especial com as normalistas, que após
confecção de materiais adaptados que foram aplicados aos alunos da modalidade
especial no ensino de conteúdos escolares. E, como resultado, realizou-se uma
feira da ludicidade na escola com exposição dos trabalhos, apresentação de
teatro, jogos e brincadeira. O desenrolar do trabalho aconteceu num Colégio de
Alto Piquiri - Noroeste do Estado do Paraná com as alunas do Curso de Formação
de Docentes, chamadas aqui de normalistas. Este estudo resultou numa ação
reflexiva sobre as metodologias pedagógicas e foi constatada a necessidade de
maior valorização da ludicidade na formação do educador. Foram inseridas novas
práticas educativas e as normalistas conheceram vários subsídios que
contribuíram de maneira significativa e favoreceram a ação pedagógica inclusiva.
Palavras-chave: Ludicidade; Aprendizagem; Metodologia; Prática Inclusiva.
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¹Professora PDE 2016, Professora Pedagoga Especialista da Rede Pública do Estado do Paraná - Pedagoga Colégio Papa
João XXIII e Educação Especial - Escola Pequeno Príncipe - Alto Piquiri – PR. E-mail: [email protected].
² Orientadora do PDE. Doutora em Psicologia Escolar e Desenvolvimento Humano USP/SP. Coordenadora do Curso de
Pedagogia, Professora da área de Psicologia da Educação, Departamento de Educação da UEM (Universidade Estadual de
Maringá), PR. E-mail: [email protected].
Introdução
Esta pesquisa faz parte do componente do Programa de Desenvolvimento
Educacional do Estado do Paraná (PDE), Secretaria Estadual de Educação
(SEED/PR), Núcleo Regional de Educação de Umuarama (NRE) e Universidade
Estadual de Maringá (UEM), que nos proporcionou orientação e fundamentação
teórico-metodológica.
Esta investigação se propôs a tratar sobre A Ludicidade na Prática
Pedagógica Inclusiva, temática esta que esteve presente em seminários,
encontros e congressos e nas formações acadêmicas têm sido discutido e
investigado por se tratar de um objeto de estudo valioso para o processo ensino
aprendizagem e para o desenvolvimento das funções psicossociais da criança,
jovem e adulto, sejam elas normais ou com incapacidade intelectual, com foco
numa prática educativa inclusiva.
O Projeto de Implementação Pedagógica na Escola, aplicado aos 20 alunos
(normalista) do Curso de Formação Docente do Colégio Estadual Papa João XXIII
– Ensino Médio e Normal de Alto Piquiri realizou-se por meio de nove encontros
presenciais, com duração de 34 horas, teve como foco a formação das
normalistas com o objetivo de verificar como a ludicidade contribui para o
processo do ensino e da aprendizagem, através dos embasamentos teóricos e
práticos de vários estudiosos sobre a educação, desenvolvimento infantil, e da
questão lúdica, a saber: Leontiev, Luria, Vygotsky, Kishimoto, Friedmann entre
outros que contribuem de maneira significativa para que a aprendizagem aconteça
de maneira dinâmica e produtiva, com vistas a atender as necessidades referentes
à sua prática profissional, conhecer diferentes estratégias e metodologias
pedagógicas e assim, ter condições de realizar adaptações indispensáveis para o
bom andamento do processo de ensino e da aprendizagem.
No Grupo de Trabalho em Rede (GTR), uma das etapas desta formação
continuada de professores, foi aplicada aos educadores de diversas localidades
do Estado do Paraná, onde se configurou na oportunidade de analisar, discutir e
contribuir com sugestões e trocas de experiências para a formação dos futuros
professores e proporcionou o conhecimento de várias estratégias pedagógicas
ancorada nos aportes da ludicidade de modo que incentivou o conhecimento e
respeito às potencialidades individuais, e possibilitou uma maior compreensão
sobre a Educação Profissional, Educação Especial e Inclusão Escolar.
Em Discussão a Formação Docente
Numa reflexão filosófica aplicada à formação de educadores é necessário
“refletir o ato de retomar, reconsiderar os dados disponíveis, revisar, vasculhar
numa constante de significado. É examinar detidamente, prestar atenção, analisar,
com cuidado, isto é o filosofar” (SAVIANI, 1980, p.23). Como nos apresenta o
autor à reflexão para ser filosófica, deve ser radical, rigorosa e de conjunto.
“Radical significa que precisa ir até as raízes do problema. Rigorosa significa que
a reflexão deve ser sistemática, segundos métodos determinados; e de conjunto,
significa que o problema com o qual está se refletindo não pode ser examinado de
forma parcial” (SAVIANI, 1980, p.23).
No parecer de Santos (1997, p. 11) “educar é ir além da transmissão de
informações ou colocar à disposição do educando apenas um caminho, limitando
a escolha ao seu próprio conhecimento”. Para ele educar é tomar consciência de
si mesmo, dos outros e da sociedade, dando-lhes condições para de exercer a
autonomia para escolher entre outros caminhos, o que lhe for baseado aos seus
princípios morais e éticos. Construindo uma concepção nova de mundo, de
homem e de sociedade para enfrentar as situações adversas que a vida
apresentar.
Ao analisar as contribuições de Santos e Saviani, podemos dizer que a
educação desenvolve no ser humano atitude de valores, respeito, autonomia,
capacidade criadora, para que o cidadão reflita nas suas ações e atue de forma
responsável e consciente na realidade em que vive a fim de colaborar na
construção de uma sociedade mais justa e igualitária.
Concordamos com França, (2000, p. 8) quando diz: “Aos profissionais de
diferentes áreas, comprometidos com o processo de formação e educação social,
cabe à responsabilidade de forjar um saber especial, um saber que estimule e
motive os sujeitos sociais à alegria de estar no mundo (FRANÇA, 2000, p. 8)”.
Este mesmo autor afirma que ao absolver o sonho, a fantasia, a alegria, como
elementos de complementaridade e harmonização dos saberes e melhoria na
qualidade da vida, essas ações, segundo ele alarga-se o horizonte de
possibilidades das relações sociais, interações e formas de comunicação,
permitindo sentimentos de segurança que afloram manifestações de curiosidade,
ludicidade, responsabilidade e felicidade.
O sonho a fantasia e a alegria só têm um lugar dentro do aprendizado, o
lúdico, é através do lúdico que a socialização acontece, não só dentro da escola,
mas durante toda a infância. Assim, o professor que prepara bem as suas aulas,
faz uso de metodologias diversificadas, envolve os alunos na participação, na
socialização, permite que o aluno experimente o conhecimento de várias formas, e
sua atuação acontece de forma segura, com capacidade para conduzir sua ação
com autonomia, criatividade, competência,
Portanto, quando o trabalho lúdico educativo acontece em um ambiente
alegre, dinâmico e harmonioso, através de ações que valorizem o conhecimento
empírico e, considere os aspectos sociais e culturais dos alunos, os resultados na
aprendizagem são mais evidentes e aumentam as possibilidades cognitivas, pois
eles conseguem expor seus sentimentos, desenvolvem a capacidade crítica e
estabelecem novas relações com o conhecimento poderoso.
Desse modo, vale destacar que ao trabalhar com jogos, brinquedos e
brincadeiras, o professor proporcionar aos alunos atividades que promovem a
socialização, a criatividade, autonomia para tomar decisões, desenvolver
abstração do pensamento e adquirir o conhecimento, e assim, podemos dizer que
a ludicidade se torna um instrumento pedagógico riquíssimo no processo de
alfabetização, letramento e desenvolvimento do raciocínio lógico matemático.
Ao estudar sobre ludicidade, vimos que vários autores a definem como a
forma de desenvolver a criatividade através da união de jogos, brincadeiras,
brinquedo e música, cuja finalidade é ensinar e aprender divertindo. Assim ao se
referir à questão lúdica Oliveira (1985), diz que, o lúdico é reconhecido como uma
das atividades mais significativas diante do seu conteúdo pedagógico social. "o
lúdico é: [...] um recurso metodológico capaz de propiciar uma aprendizagem
espontânea e natural. Estimula à crítica, a criatividade, a socialização”.
Ramos, Ribeiro e Santos (2011, p. 42) enfatizam algumas contribuições
referentes à aprendizagem lúdica, que segue:
a) As atividades lúdicas possibilitam fomentar a formação do autoconceito
positivo; b) As atividades lúdicas possibilitam o desenvolvimento; c) integral da
criança já que, através destas atividades, a criança se desenvolve afetivamente,
convive socialmente e opera mentalmente; d) O jogo é produto de cultura, e seu
uso permite a inserção da criança na sociedade; e) Brincar é uma necessidade
básica como é a nutrição, a saúde, a habilitação e a educação; f) Brincar ajuda as
crianças no seu desenvolvimento físico, afetivo, intelectual e social, pois, através
das atividades lúdicas, as crianças formam conceitos, relaciona ideias, estabelece
relações lógicas, desenvolve a expressão oral e corporal, reforça habilidades
sociais, reduz a agressividade, integram-se na sociedade e constroem seu próprio
conhecimento; g) O jogo é essencial para a saúde física e mental. O jogo permite
à criança vivências do mundo adulto, e isto possibilita a mediação entre o real e o
imaginário.
Ao teorizar os conceitos apresentados pelos autores supracitados, que
definem a ludicidade como uma atividade importante para o desenvolvimento da
criança e considerada como uma alavanca que impulsiona a criatividade,
capacidade de tomar decisões, resolver situações problemas e gerir seus
conflitos, capacidade de lidar com dificuldades vencer os desafios, (medos,
perdas, dor), descobrir e criar novas alternativas e possibilidades inventivas.
Nesse contexto para que as situações de aprendizagens aconteçam
através da ludicidade, acreditamos na necessidade da mediação de um adulto e
do meio, afim de que a criança possa construir novos conhecimentos a partir de pensamentos mais elaborados, desperte o prazer em aprender.
Destacamos desse modo, o papel do professor em proporcionar um ensino
ancorado em atividades lúdicas que promovam situações e espaços de
aprendizagem que favoreçam o desenvolvimento das capacidades sócio afetivas,
emocionais e cognitivas. Assim, a criança possa sentir-se segura e ser capaz de
estabelecer relações necessárias para a aprendizagem, e o professor não perca
de vista o foco de seu trabalho, que é o conteúdo propriamente dito.
As abordagens supracitadas enfatizam a necessidade de as universidades
terem um “novo olhar” para a ludicidade na formação do educador e priorizar esse
conhecimento específico a partir de pressupostos teóricos e práticos: os jogos,
brinquedos, brincadeiras, fantasias, imaginação, dança, teatro e outros
mecanismos necessários para a atuação profissional.
Jogo:
Estudos realizados apontam que o jogo busca desenvolver atividades
mentais, soluções rápidas dos problemas e tem sido utilizado como uma valiosa
estratégia pedagógica empregada a serviço da educação, que incorpora as etapas
da vida cultural de forma espontânea, sem limites de idade, e seu objetivo se
aprimora de acordo com a necessidade.
Vygotsky, (2001, p.106), conceitua “que o jogo pode ensinar essa precisão,
o polimento e a diversidade das relações sociais”. Ele enfatiza que ao colocar as
crianças em situações sempre novas, ao submetê-las às condições que se
renovam constantemente, “o jogo as obriga a diversificar de forma ilimitada a
coordenação social de seus movimentos e lhes ensina flexibilidade, plasticidade e
aptidão criativa como nenhum outro âmbito da educação”.
Conforme as explicações de Kishimoto ao se referir aos jogos no âmbito
escolar e confrontado com o que diz Ide, (1997, p.99), “o jogo possibilita à criança
deficiente mental aprender de acordo com seu ritmo e suas capacidades. Há um
aprendizado significativo associado à satisfação e ao êxito, sendo este a origem
da autoestima”. Sendo assim, o jogo é considerado um recurso pedagógico
poderoso, pois consegue estabelecer por meio da ação mediadora do educador a
conexão efetiva dos alunos na busca de uma autonomia cognitiva e social.
Assim, o jogo enquanto prática educativa associada à função lúdica e
pedagógica tem como tendência promover experiências significativas e exitosas,
incentiva novas descobertas, a compreensão através das relações estabelecidas
no seu contexto social, portanto, ele é muito mais que divertimento ou
passatempo, pois apresenta regras que são estabelecidas e discutidas com seus
pares com a finalidade de educar e orientar as pessoas na busca de desenvolver
relações sociais de coordenação de movimentos, flexibilidade, criatividade,
formação de atitudes de respeito às regras e regulamentos. Dentre os jogos mais
usados nas escolas, podemos citar: bola queimada, bingo de números, letras,
palavras, nomes de animais, pessoas, objetos, dominó diversos, quebra-cabeça,
jogo da memória de diversas formas, jogo de argola, entre outros jogos que são
confeccionados e adaptados para trabalhar com os alunos.
Brincadeira:
Nesses estudos torna-se relevante destacar a importância que a brincadeira
ocupa na vida das crianças com a finalidade de desenvolver a interação, a
criatividade, imaginação, habilidades cognitivas contribuem na formação da
personalidade, autoconhecimento e melhora o processo de socialização. Nesta
perspectiva acreditamos que a brincadeira deveria ter lugar garantido em toda a
infância, por se tratar de atividade primordial ao seu desenvolvimento.
Vygotsky (2010) afirma que “a brincadeira é vista como forma dramática
que se diferencia por uma especificidade preciosa, qual seja a de congregar,
numa só pessoa, o artista, o espectador, o autor da peça, o decorador e o
técnico”. Na brincadeira, ele afirma “que a criatividade da criança tem o caráter de
síntese; suas esferas intelectuais, emocionais e evolutivas estão excitadas pela
força direta da vida, sem tencionar, ao mesmo tempo e excessivamente, o seu
psiquismo (VYGOTSKY, 2010, p. 101)”.
Nesta reflexão, notamos que quando as crianças brincam, vivenciam
situações que modificam seu comportamento diário, são capazes de levantar
hipóteses, na intenção de entender os desafios que lhes são impostos, e ao
brincar constroem e conseguem imaginar, criar uma realidade e dessa forma
atuam de forma crítica, interagem na formação sentidos para as coisas.
Segundo, Oliveira, Solé e Fortuna (2010, p.27) É nas brincadeiras que as
crianças vivenciam atitudes no agir, sentir e pensar. “Brincando, a criança busca
se adaptar de forma ativa à realidade onde vive, mas também emite juízos de
valor”.
Quando observamos as crianças pequenas, percebemos como elas agem
diante das brincadeiras, apresentam iniciativa, desenvolvem autonomia e domínio
da brincadeira através do faz-de-conta, imitação e dramatização de situações
vividas no seu contexto. O ato de brincar, portanto, se torna fundamental à medida
que estabelece uma relação entre brincar e aprender, o processo de
aprendizagem se torna prazeroso e enriquecedor, por meio dos jogos e
brincadeiras, o aluno interage, se socializa com os outros e consequentemente
aprende.
Para Santos (1997, p. 20) “Brincar ajuda a criança no desenvolvimento
físico, afetivo, intelectual e social, através da atividade lúdica, a criança cria
conceitos, relaciona ideias, estabelece relações lógicas, desenvolve a expressão
oral e corporal, reforça habilidades sociais, reduz a agressividade, integra-se na
sociedade e constrói seu próprio saber”. Desse modo, é preciso que os
professores, ou os pais incentivem e estimulem a brincar e que brinquem com
elas, pois ao realizarem tais atividades adquirem atitudes, valores, criatividade,
sentimentos e conceitos que contribuem para sua vida. São inúmeras as
brincadeiras, tais como, lenço atrás, pega-pega, amarelinha, pular corda, passar
anel, brincadeiras cantadas, de roda, de boneca de bola, caça ao tesouro,
esconde-esconde, pique, imitação, túnel, e muitas outras que são trabalhadas nas
escolas pelos professores advindas da cultura regional e das tradições populares.
Brinquedo:
Segundo o dicionário da língua Portuguesa, brinquedo são objetos que as
crianças brincam, pode ser utilizada como brincadeiras livres ou para fins
pedagógicos. Verificamos que os brinquedos, as atividades livres, e os jogos, são
atividades que promovem o desenvolvimento da criança, tornando-a mais segura
e autoconfiante. Neste contexto, vale enfatizar o papel do professor em ofertar
atividades lúdicas, planejadas com a intenção possibilitar a aprendizagem,
observar o crescimento e desenvolvimento intelectual do aluno.
Segundo Vygotsky (2007, p.122), o brinquedo cria uma zona de
desenvolvimento proximal da criança. Ele destaca que “ao brincar a criança
sempre age de forma diferente do comportamento habitual, e além do seu
comportamento diário: no brinquedo é como se ela fosse maior do que é na
realidade, é visto como uma grande fonte de desenvolvimento”.
Já Moyles (2002, p. 33) acredita que “por meio do brincar livre, exploratório,
as crianças aprendem alguma coisa sobre situações, pessoas, atitudes e
respostas, materiais, propriedades, textura, estruturas, atributos visuais, auditivos
e sinestésicos”.
Quando analisamos as experiências citadas por Vygostsky e Moyles,
percebemos que no brincar orientado, a reação da criança se torna diferente e tem
como finalidade a aprendizagem. Desta forma, no espaço escolar, a ludicidade
pode ser vista como um meio para o desenvolvimento social, emocional e
intelectual, pode representar uma influência positiva no aspecto psicomotor e
social da criança. A ludicidade é ainda considerada uma atividade recreativa que
permite exercitar o corpo, a mente e servir de lazer e distração, além de adquirir
novas estruturas que permitam o acréscimo de atitudes e capacidade na interação
com o outro.
Nesta premissa, sugerimos ao professor que ao planejar suas aulas,
contemple em seu Plano de Trabalho Docente, atividades lúdicas, com objetivos
definidos para alcançar as suas metas e ao mesmo tempo o aluno adquira uma
aprendizagem significativa que o conduza a novos experimentos, isto resultará na
busca de “brincar e aprender”. Nestes aspectos percebemos a necessidade de
adotar uma postura de mudança de hábitos e atitudes, valorizar os brinquedos
disponíveis no ambiente escolar para favorecer a aprendizagem, e para ilustrar,
destacamos alguns materiais pedagógicos: carrinho, peteca, boliche, bola de
gude, bola de vôlei, de futebol, de queima, cavalo de pau, boneca, utensílios
domésticos em tamanhos pequenos, fantasias e vários materiais que estimule a
criança a brincar e aprender com esses objetos lúdicos.
Música:
Entre os vários recursos pedagógicos utilizados e citados nesse estudo
como metodologia para o ensino nas escolas, não poderíamos esquecer-nos de
citar a “música”, ela pode despertar nas pessoas emoções e sentimentos
diferentes, conforme a capacidade sensitiva de cada um, ela pode ainda ser
considerada como um instrumento valioso para as escolas, por despertar no aluno
a alegria, a emoção, a satisfação e ainda promove a socialização e aprendizagem.
Para Faria (2001, p. 24), “A música sempre esteve presente na vida dos
seres humanos, e também se apresenta na escola para dar vida ao ambiente
escolar, favorece a socialização dos alunos, além de despertar neles o senso de
criação e recreação”. Concordamos com Faria, e ressaltamos que a escola
deveria incentivar e promover atividades musicais incluídas à prática educativa,
onde o professor poderá criar ocasiões de aprendizagem, por meio das inúmeras
produções musicais relacionadas às diferentes culturas: cantigas de rodas,
folclórica, erudita e popular.
Conforme observamos na escola, as atividades musicais podem ser
utilizadas por meio da dramatização, movimentos corporais, aplicação de
conteúdos que valorize o conhecimento prévio das crianças sobre a cultura a qual
está inserida. Faria (2001, p. 4) ainda enfatiza que “A música passa uma
mensagem e revela a forma de vida mais nobre, a qual, a humanidade almeja, ela
demonstra emoção, não ocorrendo apenas no inconsciente, mas toma conta das
pessoas, envolvendo-as trazendo lucidez à consciência”.
E GAINZA (1988), vem concordar com Faria (2001) quando se refere à
música como um elemento de fundamental importância, pois movimenta, mobiliza
e colabora na transformação e no desenvolvimento. Sendo assim, a música pode
ser considerada como um aspecto relevante a vida, pois desenvolve a motricidade
sensorial, incita as pessoas pondo-as em movimentos e assim, por meio do ritmo
e dos sons que a música produz adquirem conhecimento de lateralidade, postura,
espacial e temporal e de um modo positivo as tornam mais alegres, receptivas,
contagia seu humor e favorece a saúde mental e corporal.
Segundo os autores supracitados, a música pode ser direcionada como um
instrumento pedagógico de grande valia, como uma atividade que interligue a
teoria e prática, favorece a aprendizagem de forma dinâmica e prazerosa, permeia
o desenvolvimento cognitivo e social, melhora a expressão corporal, a
socialização e minimizam as tensões e ansiedades e assim, facilita a comunicação
e a atuação no mundo. Diante dessas vantagens, é importante que os professores
explorem as possibilidades positivas que a música apresenta na formação das
crianças e possa utilizá-las com mais frequência como metodologia pedagógica
em suas aulas para ampliar e provocar a aprendizagem de seus alunos.
Espaços Lúdicos Pedagógicos:
Conforme está previsto na Constituição Federal no artigo 227 e na Lei de
Diretrizes e Bases da Educação, artigos 29, 30 e 31, que brincar é fundamental.
Desse modo, é preciso que a escola ofereça para a criança um espaço favorável
às suas brincadeiras, para que ao brincar ela possa combater seus temores,
experimentar novos sentimentos, e fazer novas descobertas sobre si e o outro.
Portanto, cabe à escola organizar os espaços, principalmente a própria sala
de aula, para oportunizar o desenvolvimento da atenção, do raciocínio, da
criatividade e da aprendizagem significativa, e o educador pode proporcionar um
ambiente alegre, motivador, sadio, dispor de vários materiais pedagógicos para
que a criança possa explorar ao máximo e ter gosto pela realização das
atividades. O professor deve mostrar-se atencioso e dinâmico, favorecer a
mediação com os alunos, planejar adequadamente suas aulas e tornar o trabalho
pedagógico em momentos de aprendizagem interativa.
Importante mencionar as contribuições de Maria Montessori (1870-1952)
para a educação. Ela criou materiais adequados à exploração sensorial da
criança, com a finalidade educacional. Os seus aportes teóricos receberam muitas
críticas, era questionada pela ausência de preocupação com a formação do ser
social, a rigidez dos exercícios e a desatualização de sua proposta de ensino
sobre a escrita pelo método alfabético, porém, suas hipóteses ganham relevância
nas escolas que seguem a sua metodologia.
Vários estudos foram realizados sobre metodologias e estratégias
pedagógicas e com isso têm proporcionado novas maneiras de ensinar através de
ambientes escolares adequados e adaptados às possibilidades de aprendizagem.
Conforme Cunha (2001, p.15) e a ABBri (Associação Brasileira de Brinquedo), os
cantos, espaços lúdicos, podem ser muito diferente, dependendo da criatividade e
dedicação do Brinquedista, pois, eles se criam a partir da observação do adulto a
cerca das necessidades infantis.
Diante do exposto, observamos que as crianças hoje brincam bem menos,
visto que seus brinquedos na maioria das vezes são eletrônicos e industrializados.
Como consequência do avanço tecnológico (game, celular, Playstation, Xbox...), o
resultado dessa modernidade faz com que a criança não valorize a cultura
popular, e mergulhe nesse mundo digital. A realidade que se apresenta exige a
necessidade de criar espaços voltados para a realização de atividades alternativas
que valorize o resgate de brincadeiras tradicionais que incentive a criança a
pensar, criar e brincar. Estes espaços são denominados de brinquedoteca ou
cantos pedagógicos.
Schlee (2002) nos alerta que “a brinquedoteca não pode ser confundida
com uma sala de aula, ela deve ser construída com um objetivo claro e com uma
finalidade específica”. Friedmann (1998 a) descreve “a brinquedoteca como um
meio de descobrir e construir conhecimentos sobre o mundo”. Para Kishimoto
(1998b) “a brinquedoteca incentiva a autonomia e desenvolve a capacidade crítica
da criança, além de promover a socialização, o desenvolvimento, a comunicação,
a imaginação e a criatividade nas atividades lúdica”, e Cunha, (2001c, p. 15)
afirma que “a brinquedoteca pode existir até sem brinquedos, ela considera como
brinquedo pedagógico todos os estímulos que são apresentados para a criança”
(FRIEDMANN 1988, KISHIMOTO, 1998; CUNHA, 2001).
De acordo com a visão dos autores supracitados, percebemos a
necessidade de elencar alguns “cantos” importantes para aprendizagem da
criança: a) Canto do Teatro e dos Fantoches: Espaço destinado à criação de
histórias, dramatização, imitação, manuseio de fantoches e representações de
personagens diversos; b) Canto do Faz-de-conta: Canto com mobílias infantis,
panelinhas, louças, roupas, bonecas, supermercado, com carrinho de feira,
produtos alimentícios, limpeza, higiene etc. (reciclável), consultório médico, entre
outros. c) Canto da Leitura: Um espaço organizado com tapetes, almofadas,
livros, revistas, gibis em prateleiras ou em baú de histórias. Nesse espaço a
criança ouve histórias e manipula livros variados para despertar o gosto pela
leitura. d) Canto da Música: Canto com instrumentos musicais como bandinha
rítmica, e outros instrumentos disponíveis para o desenvolvimento da
musicalidade, sensibilidade, compasso, tempo e ritmo musical. e) Canto das
Fantasias: É um local com cabides, roupas de todas as idades e fantasias
diversas, chapéus, sapatos, gravatas, bolsas, jóias, perfumes, maquiagem, entre
outros acessórios, neste espaço a criança cria a partir dos recursos disponíveis e
compõe o personagem que desejar para representar determinada situação. f)
Sucatoteca: Espaço com acervo de materiais recicláveis, organizados para serem
utilizados como oficina de aprendizagem e construção de novos brinquedos.
A partir desses pressupostos entendemos que os gestores, equipe
pedagógica, deveriam priorizar nas escolas espaços como estes em que as
crianças possam brincar e aprender e assim, desenvolver atitudes de respeito,
solidariedade, responsabilidade e autonomia e o professor poderá ter o privilégio
de contar com espaços adequados para a sua atuação pedagógica.
Sobre a Implementação Didático Pedagógica na Escola
A Implementação Didática Pedagógica intitulada “A Ludicidade na Prática
Pedagógica”, foi aplicada no primeiro semestre de 2017, aos sujeitos desta
pesquisa, que foram 20 (vinte) alunas normalistas do Curso de Formação Docente
do Colégio Estadual Papa João XXIII, estes realizaram aos 51 alunos da Escola
Pequeno Príncipe – “APAE de Alto Piquiri”, a parte prática, com o objetivo de
verificar como a ludicidade contribui para o ensino e aprendizagem na educação
inclusiva e proporcionar as futuras professoras informações de práticas
pedagógicas que resgatem a importância da ludicidade, e possibilitem uma ação,
dinâmica e prazerosa e ao mesmo tempo incita novas descobertas de atitudes e
ações dinâmicas a fim de propiciar o acesso ao Currículo Escolar do Ensino
Fundamental Anos Iniciais na Educação Especial e Ensino Regular.
Para iniciar a Implementação Pedagógica, foram promovidos momentos de
estudos e reflexões sobre a formação do professor com ênfase nas metodologias
pedagógicas alargando o conhecimento a cerca da ludicidade na prática
pedagógica inclusiva. Os pais e comunidade escolar foram convidados para uma
reunião para conhecer o projeto, cronograma e as ações que seriam
desenvolvidas com seus filhos durante a implementação, por meio de
planejamento, com o propósito de refletir nos princípios Filosóficos, Legais e
Práticos que contribuem para a formação inicial do professor.
A implementação aconteceu por meio de nove encontros. No primeiro
encontro as normalistas foram submetidas ao um questionário inicial, para verificar
o conhecimento prévio que estas têm sobre a ludicidade. Foram apresentados
alguns relatos pertinentes sobre as brincadeiras que realizaram na infância, as
respostas foram: brincar de boneca de pano, de sabugo de milho, de casinha,
esconde-esconde, lenço atrás, passar anel, três Maria, cobra-cega, amarelinha,
cantigas de roda: a galinha do vizinho, ciranda, cirandinha, e essas brincadeiras
eram realizadas com irmãos e amigos em fundos de quintais, na rua e na escola.
Os brinquedos mais utilizados entre os meninos eram: bola de gude, bola, carrinho
e bicicleta. As meninas brincavam de boneca, bicicleta e ursinho.
Questionou-se também sobre os programas de TV e quando assistiam TV
na Infância. Responderam que quase não assistiam TV, sempre estavam
ocupados com alguma coisa e quando assistiam aos programas eram: desenhos
animados, TV Cultura, Quintal da cultura, Tom e Jerry, Bom dia CIA, Caverna do
Dragão e Xuxa. Quanto ao uso de computadores, internet e celular, a maioria do
grupo respondeu que não tiveram acesso a esses recursos tecnológicos na
infância.
As normalistas foram questionadas ainda sobre como eram as suas aulas
quando estudavam. Responderam que no pré-escolar e 1º ano, as aulas eram
mais lúdicas, tinham à hora da história, observar o tempo, mas não havia muitas
brincadeiras, eram mais músicas e livros, e tinha muita decoreba. As normalistas
foram questionadas sobre qual a importância da ludicidade no trabalho
pedagógico e quais as contribuições dos jogos e brincadeiras para o
desenvolvimento físico e psíquico dos alunos? As estudantes responderam que
consideram a ludicidade importante e que o lúdico deve permear todo o processo
de ensino e aprendizagem, devido a sua relevância para a formação e
desenvolvimento dos alunos na aquisição de conceitos fundamentais e na
apropriação do conhecimento com um todo.
Por meio das respostas obtidas pelo grupo, foi possível identificar os
benefícios que a ludicidade apresenta para o desenvolvimento intelectual dos
alunos, porém observamos que essas práticas pedagógicas são pouco utilizadas
como estratégia de ensino e aquisição do conhecimento. O questionário
demonstrou uma visão geral sobre as especificidades do grupo e a possibilidades
de ampliar os estudos e pesquisas sobre o tema em questão. Para concluir o
encontro foi realizada uma dinâmica. Em uma bola média foram colados adjetivos
como: paz, alegria, carinho, ternura, amizade, segurança, honestidade, humildade,
gratidão, esperança, atitude. Ao iniciar a dinâmica a primeira pessoa retira uma
palavra, elabora uma frase com a palavra escolhida tecendo um elogio para a
pessoa que for lançar a bola, Exemplo: ”alegria” Mara transmite muita alegria. Diz
a frase e joga a bola para Mara, Mara pega a bola, escolhe outra palavra, formula
a frase e lança para outra pessoa e assim sucessivamente até que todos
participassem da dinâmica. Para finalizar foi exibido um recorte do filme O Melhor
vídeo de motivação e liderança, com incentivo reflexivo para o próximo encontro.
O objetivo do encontro foi alcançado por meio da participação e das reflexões que
contribuíram para analisar as questões referentes às estratégias de ensino atuais.
No segundo encontro, através de aula expositiva as normalistas reviram
alguns aspectos históricos da Educação Especial, que teve com intuito
proporcionar as normalistas, conhecimento sobre aspectos relevantes da
Educação Especial. No terceiro encontro as reflexões foram sobre a formação do
professor atrelado aos fatos históricos atuais. Este encontro contribui para a
compreensão dos aspectos importantes que passaram os cursos de Formação de
Professores. Para concluir as atividades desse dia foi realizada a dinâmica: bingo
de palavras, com a participação de todos acontecendo novas sugestões para
trabalhar com numerais, frutas, animais, cores, nomes etc.
Na realização do quarto encontro professora PDE e as normalistas foram à
Escola Pequeno Príncipe (APAE), a fim de conhecer os alunos, professores e os
conteúdos que iriam pesquisar e confeccionar os materiais pedagógicos. Este
encontro proporcionou a socialização entre as normalistas, os profissionais e
alunos da APAE. Antes de encerrar a visita, as normalistas desenvolveram
atividades lúdicas de jogos, brincadeiras e dinâmicas.
O quinto encontro teve início com uma dinâmica com balões, o objetivo foi
formar grupos diversos, identificar ideias e pensamentos de vários autores para
apresentar no seminário sobre a ludicidade. De acordo com o número de
participantes, cada um recebeu um balão de cor diferente, com frases sobre o
tema que iriam estudar. Todos inflaram seus balões e brincaram jogando sem
deixar cair, em seguida a professora conduzia a atividade e dizia palavras de
autoestima. Assim, após brincar com os balões sem saber que continham as
frases, os alunos estouraram e cada um de posse da sua frase foi agrupar-se, e
os grupos foram divididos da seguinte forma: Grupo 1 – Jogos; Grupo 2 –
Brinquedos; Grupo 3 – Brincadeiras; Grupo 4 - Músicas; Grupo 5 – Cantos
pedagógicos. Cada grupo recebeu uma cartolina da cor da sua frase, elegeram
um coordenador do grupo e confeccionaram um cartaz com as frases de todos os
participantes. Na sequência foi entregue o material impresso sobre a temática que
iriam desenvolver. As equipes apresentaram seus temas, usando a criatividade e,
este estudo culminou com a apresentação do seminário, e cada grupo contribuiu
com sugestões referentes a cada temática e isso provocou trocas de experiências
e de aprendizado, e as normalistas perceberam que é importante o conhecimento
teórico para desenvolver ações docentes que contribua com o processo ensino
aprendizagem, dessa forma o objetivo proposto foi atingido.
No sexto encontro, as normalistas realizaram pesquisas em sites
previamente selecionados, referentes aos conteúdos de Matemática e Língua
Portuguesa que serviram de referenciais na construção de jogos e brinquedos,
que seriam posteriormente aplicados aos alunos da APAE. A dificuldade
encontrada foi em relação ao laboratório de informática que não tinha
computadores suficientes para as pesquisas. Foi necessário organizar os grupos
de modo que todos conseguiram pesquisar, planejar e confeccionar seu material.
Sétimo encontro, “Hora de Construir”. As normalistas confeccionaram com
materiais recicláveis jogos como: encaixe de palavras e figuras, alfabeto móvel,
jogo da velha, jogos da memória, dominó de palavras e números, de posse dessas
produções, foram até a Escola Pequeno Príncipe (APAE) para realizar as
atividades educativas com os alunos e também atividades como: teatro de
fantoche e músicas. Percebeu-se por meio da aplicação lúdica que os alunos da
educação especial demonstraram o gosto pelas atividades realizadas, e mesmo
os alunos com grau de comprometimento maior participaram. As normalistas
relataram a importância de trabalhar com materiais pedagógicos, e da
necessidade de tornar as aulas mais dinâmicas e prazerosas. Podemos enfatizar,
que quando o professor planeja bem suas aulas, e as enriquece com uso de
recursos diversificados com materiais que torne os conteúdos mais fáceis de ser
assimilado pelos alunos, o resultado da aprendizagem se torna evidente. Neste
dia os objetivos foram alcançados, pois as normalistas puderam verificar na
prática a importância da ludicidade para a aprendizagem dos alunos. A normalista,
(H. P. 16 Anos), disse que estes estudos foram enriquecedores para sua prática
docente e ampliou o seu conhecimento.
O oitavo encontro, denominado “Feira da Ludicidade”, Foi o momento de
expor as produções realizadas durante a Produção Didática. Foram montados em
forma de oficina: duas salas de aula para teatro, uma apresentou a revolta dos
brinquedos, e na outra sala o teatro “As princesas”. Na quadra de esportes foram
apresentadas as seguintes atividades: jogos pedagógicos: caça-palavras, livro
sensorial, encaixe de palavras, jogo da velha, jogo da adição e subtração, alfabeto
móvel, material para contagem de numerais; brinquedos: encaixe, quebra-cabeça,
boliche, bingo e brincadeiras como: dança da cadeira, vivo e morto, lenço atrás
entre outros. A APAE, Escolas Municipais: alunos da Educação Infantil, 1º ao 5º
ano e os alunos do 9º ano visitaram e participaram das atividades pedagógicas
propostas na Feira da Ludicidade. E ainda visitaram a feira, representantes do
Núcleo Regional Educação, Secretaria Municipal de Educação e comunidade
local.
Durante a feira as normalistas realizaram explicação e aplicação prática dos
jogos e brinquedos, enriqueceram seus conhecimentos com trocas de
experiências e prática inclusiva e ainda tiveram a oportunidade de conhecer várias
atividades e constatar os benefícios que a ludicidade traz para a aprendizagem
por meio da participação, pela expressividade e habilidades motoras.
Percebemos, ainda que a feira provocou nos alunos e visitantes a curiosidade,
participação, o incentivo à pesquisa, e constatou-se a necessidade de realizar
essas atividades em outras escolas e repetir mais vezes.
No último encontro as normalistas responderam ao um questionário final,
com reflexão sobre os conhecimentos adquiridos no decorrer do curso.
Comparados ao questionário inicial, verificamos que algumas brincadeiras e jogos
tradicionais são realizados nas escolas, mas com pouca frequência. Constamos
que as crianças brincam menos que as crianças de outrora, passam muito mais
tempo assistindo TV, e os jogos na maioria são os de vídeo game, eletrônicos e
no celular. Evidencia-se desta forma que os jogos, brincadeiras e brinquedos
cantados são praticados mais nas escolas que trabalham com crianças pequenas
(Educação Infantil e Ensino Fundamental). Percebemos, portanto, que com a
aplicação desta pesquisa, houve um desenvolvimento das normalistas em relação
ao conhecimento sobre a ludicidade. Para elas as atividades lúdicas tinham a
finalidade apenas para descontrair ou descansar os alunos durante os estudos,
porém ao final, perceberam que as atividades lúdicas são aliadas da educação e
servem como recursos para o processo ensino aprendizagem. Ante ao exposto,
podemos afirmar que a participação efetiva das normalistas nos processos
educativos oportunizou aos alunos da APAE certo progresso nos aspectos
psicossociais e cognitivos.
Para ilustrar a ação pedagógica, a qual contribuiu com os resultados
positivos, apresentamos a seguir depoimentos de cursistas que envolvem a
temática em questão:
- Eu pensava que brincar não tinha um sentido, hoje vejo que está
carregado de conhecimentos. (Z. A. S. A., 16 Anos);
- Pude compreender o quanto a ludicidade é importante para o processo
ensino aprendizagem, (T. A. S, 17 Anos);
_ Foi gratificante ver a participação dos alunos da Educação Especial na
realização das atividades proposta por meio dos jogos e brincadeiras, (R. C. A, 16
Anos);
- Na execução das atividades foi possível perceber que os alunos
participam mais das aulas quando estas são enriquecidas com a ludicidade, (F. J.
S. C., 17 Anos);
- Compreendi que o lúdico é muito importante para a formação de
professores, principalmente para desenvolver o trabalho inclusivo, (L. S. S, 17
Anos);
- Quero destacar que as sugestões e reflexões realizadas enriqueceram
meus conhecimentos, (I. S. A., 17 Anos);
- Percebi que é necessário repensar a formação dos futuros professores e
valorizar as questões lúdicas, (N. P. D, 17 Anos).
Para finalizar o curso, a Professora PDE exibiu um vídeo: Brincadeiras
pedagógicas atraem crianças para o aprendizado. O vídeo mostrou que a
ludicidade favorece a aprendizagem de conceitos, percepções, estrutura melhor o
pensamento lógico e desenvolve as funções primordiais para aquisição do
conhecimento.
Consideramos relevante, destacar que as atividades desenvolvidas foram
fundamentais para organizar e planejar ações pedagógicas, e possibilitar ao
professor embasar suas práticas metodológicas, desenvolver um trabalho
diferenciado e incluir a ludicidade como subsídio numa perspectiva de educação
inclusiva.
Considerações Finais
A aplicação desta pesquisa incitou a reflexão sobre a ludicidade e
observou-se que é um tema amplo e relevante para o desenvolvimento
biopsicossocial dos alunos tanto do Ensino Regular como na Educação Especial.
A realização desta pesquisa Projeto de Implementação contribuiu de modo
significativo na formação das normalistas por meio de diagnóstico previamente
efetuado sobre a ludicidade, aprofundamento de estudos e reflexões sobre a
ludicidade na prática pedagógica, a fim de disponibilizar informações referentes
aos aspectos histórico da educação especial numa perspectiva inclusiva, com
intuito de proporcionar embasamentos teóricos e práticos que permitam realizar
adaptações necessárias para o trabalho com os alunos com deficiência intelectual.
A partir desses estudos, foram construídos com os estudantes jogos e
brincadeiras adaptadas com uso de materiais recicláveis, que foram aplicados aos
alunos da educação especial na apropriação de conteúdos de Língua Portuguesa
e Matemática (produção, leitura, escrita e oralidade, sistema de numeração,
operações e resoluções de problemas). Para concluir a implementação foi
realizada uma feira na escola com exposição e aplicação de todo material
confeccionado.
Enfatizamos que todo o trabalho desenvolvido resultou na participação
efetiva nas atividades e favoreceu a formação das normalistas, por meio de
reflexões pertinentes, troca de experiência, pesquisas e vivência prática, na qual
foi possível perceber os benefícios que a ludicidade apresenta para o processo
ensino aprendizagem.
Percebemos ainda, por meio da implementação Pedagógica que nos
ambientes escolares em que o trabalho pedagógico é enriquecido com recursos e
metodologias que favorecem uma prática pautada nas questões lúdicas,
professores e alunos realizam aulas mais criativas e participativas, o trabalho se
torna mais produtivo e os resultados são mais evidentes e eficazes.
Destacamos, portanto que a ação pedagógica permeada por meio da
ludicidade, não é tão simples de ser realizada, há necessidade de uma formação
que priorize em sua matriz escolar os conteúdos que contemplem jogos e
brincadeiras, que o professor conheça esses recursos e saiba como utilizá-los em
sua metodologia, diversificando suas aulas e não corra o risco de trabalhar o
lúdico pelo lúdico, mas aproveitar estes instrumentos como ferramentas que
enriquece o processo ensino-aprendizagem.
Com efetivo deste trabalho, refletiu-se sobre a realidade escolar e a
necessidade de investir na formação inicial do professor, prepará-los para o
exercício da docência de modo que estes se apropriem das diferentes práticas
pedagógicas, possam conhecer seus alunos, suas dificuldades e limitações,
realizar práticas inclusivas, organizar o ambiente agradável e adaptar seu Plano
de Trabalho Docente para melhor atender as especificidades de seus alunos.
Observou-se ainda que a carga horária das disciplinas metodológicas
deveriam ser ampliadas, para priorizar um trabalho acadêmico em forma de
oficinas de confecção e construção de jogos e brinquedos pedagógicos.
Concluímos, portanto, a função lúdica: os jogos, brinquedos, brincadeiras,
música, dança e teatro, contribuíram de maneira significativa para a assimilação
dos conteúdos trabalhados, seja com alunos normais ou especiais. Estes recursos
são fundamentais e auxiliam no desenvolvimento cognitivo e os impulsiona a
novas descobertas de aprendizagem, melhora a participação, desempenho,
atenção, raciocínio e são capazes de testar os limites e capacidades diante de um
desafio proposto e colaborar com o seu desempenho pessoal, social e intelectual.
A afirmação é verdadeira e enfatizo, que a presente pesquisa, contou com a
valiosa participação da Professora Drª. Leonor Dias Paini, atuando como
orientadora nos processos de formação, organização do projeto, na produção
didática pedagógica, na aplicação, acompanhamento das produções e no artigo
final. A qual eu tenho grande apreço e admiração pelo seu desempenho e
conhecimento na área da educação.
Este trabalho foi uma experiência que alcançou o objetivo proposto pela
professora PDE, pelas normalistas e alunos da APAE. Assim a ludicidade não
deve ser adormecida no contexto escolar, pela relevância que apresenta na
educação. Espera-se, portanto, que novos estudos enriqueçam esta temática.
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