1. A Organizao do Sistema Educacional BrasileiroINTRODUOA
estrutura do Sistema Educacional Brasileiro resultado de uma srie
de mudanas ao longo da histria da educao no Brasil.Ao desenvolver
este trabalho foi fundamental a concepo dos aspectos sobre as fases
e contextualizao deste sistema na seleo dos contedos e at na
estruturao deste trabalho. Os primeiros Sistemas Educacionais
Brasileiro,que vigorou durante vrios anos,teve um carter excludente
desfavorecendo a grande massa popular e garantindo o acesso educao
somente elite brasileira.Segundo Ribeiro (1989),ao referir-se a
esse longo perodo afirma que ramos um pas de Doutores e
Analfabetos,pois tnhamos cursos superiores para poucos,nenhum
incentivo formao de professores e escassos recursos para a escola
pblica. Com a Lei n9 9.394/96 (LDB) buscou-se,levando em considerao
a realidade educacional acima descrito,normatizar o sistema
educacional e garantir acesso a educao de igual modo a todos.Essa
Iei traz um conjunto de definies polticas que orientam o sistema
educacional e introduz mudanas significativas na educao bsica do
Brasil. Para compreender a evoluo e dimenso do Sistema Educacional
Brasileiro,enquanto parte do processo de desenvolvimento
social,foram levadas em considerao algumas premissas: ?A compreenso
do sistema educacional brasileiro exige que no se perca de vista a
totalidade social da qual o sistema educativo faz parte
(SAVIANI,1987).? O sistema escolar um dos elementos da
superestrutura que forma,em unidade com o seu contrrio - a
infra-estrutura - estrutura social (RIBEIRO,1987). ?Entende-se
infra-estrutura como os modos e os meios do homem produzir sua
existncia.Neste sentido as transformaes,desses processos,devem ser
compreendidas como alavancas que pressionam a ocorrncia de mudanas
na superestrutura que,por sua vez se movimenta entre dois
elementos:as instituies e as idias. ?A relao entre a
infra-estrutura e a superestrutura uma relao determinante que no se
d de fora linear,direta ou absoluta,haja vista que a superestrutura
tem refletido em si a contradio fundamental da infra-estrutura
?conservao X transformao.Cada uma e ambas,enquanto unidades de
contrrios reagem e agem combinada e contraditoriamente,via
processos de resistncias,aceleramentos e recuos,intermediados por
normas,regulamentos,concepes filosficas e polticas,recursos e
instituies,entre tantos outros (FREITAG,1986). Tomando como
referncias estas concepes iniciais,o contedo do trabalho toma
forma,privilegiando dois mediadores da organizao educacional
brasileira,que complementam-se: ?As concepes de educao - seus
postulados e expresses na organizao da escola brasileira; ?A
organizao,propriamente dita,do sistema educacional ?onde a formao
educacional (bsica e superior) determinante do desenvolvimento
social do pais.
2. Desta maneira ser demonstrado que a nova proposta
educacional brasileira objetiva a democratizao e universalizao do
conheci mento bsico,proporcionando educao e cuidado com a
escolarizao,assumindo um carter intencional e sistemtico,que d
especial relevo ao desenvolvimento intelectual,sem,contudo
descuidar de outros aspectos,tais como o fsico,o emocional,o moral
e o social (Lei n9 9394/96). DESENVOLVIMENTOSobre a Educao e a
Escola no Brasil Saviani identifica quatro grandes concepes na
organizao,orientao e funcionamento da escola:a concepo humanista
tradicional,moderna,analtica e dialtica. A concepo humanista
tradicional conceitua educao a partir de uma viso de homem pr -
determinada,onde cada homem uma essncia imutvel.Neste sentido,prope
que a educao conforme-se essncia humana,resultando da o
entendimento de que as mudanas realizadas,via processo educativo,so
acidentais.Nesse conceito concentra-se no adulto que representa o
homem completo,em detrimento da criana (ser incompleto,"por
fazer").E importante distinguir na linha tradicional suas duas
vertentes:uma religiosa (prevalecente na idade mdia) e outra leiga
(elaborada por pensadores modernos como "expresso da ascenso da
burguesia e instrumento de consolidao da sua hegemonia")
(Saviani,1987).Entre outros princpios,esta concepo defende os
sistemas pblicos de ensino,sejam eles:leigos,obrigatrios,universais
e gratuitos.Centra no educador (homem completo) o modelo a ser
seguido,imitado e reproduzido pelos educandos (seres incompletos)
cuja essncia poder ser potencializada ou atualizada atravs do
processo educativo,porm jamais transformada. A concepo humanista
moderna deriva seu conceito de educao de uma pr-determinada viso de
homem,a exemplo do que faz a "tradicional".Difere dessa,no
entanto,quando afirma que a existncia do Homem precede a sua
essncia,resultando da seu conceito de homem:"um ser completo desde
o nascimento e inacabado at a morte".Defende a predominncia do
psicolgico sobre o lgico e descola o centro do processo educativo
do adulto para a criana (o educando),para a vida e para as
atividades da existncia.Admite formas descontnuas de educao,em dois
sentidos: ?Considera que a educao caminha segundo o ritmo vital que
varia conforme diferenas existenciais e
individuais,desconsiderando,na educao,esquemas pr - definidos e
lgicos; ?Afirma que os verdadeiros momentos educativos so
"transitrios,raros,fugazes" e decorrem da predisposio e
possibilidade de cada um. Em geral observa-se que as propostas de
reformulao da educao,fundamentadas na concepo humanista
moderna,priorizam o aparato interno da
escola:mtodos,metodologias,relao educador educando. A concepo
analtica,diferentemente das duas concepes anteriores,no embasa seu
conceito de educao em uma viso apriorstica de Homem.Sua formulao
tem como ncleo conceitual a tarefa da educao,definida como aquela
que confere significado lgico linguagem em funo do contexto.Concebe
o contexto como o tempo,o lugar,a situao,a identidade,os temas de
interesse e as histrias pessoais do educador e daqueles a quem este
se dirige (SAVIANI,1987).Essa concepo exclui do processo educativo
o contexto histrico e sustenta o carter utilitrio da educao e a
neutralidade
3. do conhecimento.Teve destaque no Brasil a partir da dcada de
60, aps a crise da tendncia humanista moderna,predominante no
perodo de 1945 a 1960.A concepo dialtica,assim como a analtica,no
compreende a educao a partir de um conceito pr-definido de Homem.O
conjunto das relaes sociais (sntese de mltiplas determinaes) forma
a gnese dos seus postulados.Defende que educao explicita os
problemas educacionais compreendidos no contexto histrico.Essa
concepo,a exemplo da humanista moderna,afirma se na
realidade.Contudo difere desta quando explica a realidade como um
processo dinmico,caracterizado pela interao recproca do todo com as
partes e com estas entre si.Forma-se no pressuposto de que toda
organizao social engendra sua prpria negao,evoluindo no sentido de
uma nova formao social.Nessa concepo a tarefa da educao colocar-se
a servio da formao do "novo",que se constri no interior do "antigo"
(CURY,1978).Integrando as concepes de educao e sociedade a
organizao social na qual vivemos,assumiu suas feies caractersticas
com a consolidao do poder burgus e a consequente formulao de
mundo,segundo o Liberalismo (SAVIANI,1987).Apoiando-se nesta
assertiva tm-se que a Escola surge,no Brasil,como instrumento de
realizao do iderio liberal,organizando-se como sistema de ensino a
partir do sculo XIX,apesar de existir,como funo,desde o Brasil
Colnia. A escola brasileira,pensada segundo os ideais liberais,foi
confiada misso de redimir os homens do seu duplo pecado histrico:a
ignorncia (misria moral) e a opresso (misria poltica)
(ZANO'I'I'I,1972).Para Cunha (1975),essa misso foi tomada pela
lgica capitalista,como a maneira legal e legtima de reclassificar
as pessoas das diferentes classes sociais,conforme suas motivaes e
potencialidades inatas (CHRISTOFARO,1999). A crena na escola
redentora da humanidade,na sua verso original (Liberal) e na traduo
capitalista,marcou a organizao do sistema brasileiro,que foi alvo
de diversos movimentos de reformas.Todos eles buscavam cumprir
satisfatoriamente essa misso,e superar a insuficincia e ineficincia
do prprio sistema,atravs da incorporao de programas e objetivos
mais imediatos que emergiam do processo de desenvolvimento da
sociedade.Christofaro (op.Cit. ) menciona que mesmo quando o
projeto social privilegiou os sistemas no escolares,como forma de
produzir o cidado til Nao,foi conferida Escola o papel de realizar
a produo do saber dito "literrio" ou "desinteressado",atrelando o
sistema escolar aos sistemas no escolares pelo postulado da
neutralidade do conhecimento.Nessa perspectiva,a articulao das
concepes de educao com a sociedade brasileira estrutural e se
sustenta nas prticas e projetos sociais,atravs dos quais os
interesses,os princpios e os pressupostos do grupo social dominante
tornam-se propsitos e valores do senso comum,ideologia
compartilhada pelo conjunto de sociedade e essa lgica que torna o
pensamento liberal hegemnico e a burguesia alm de classe
dominante,tambm dirigente. De acordo com Saviani (1986) a escola
idealizada no sculo XIX tinha como perspectivas assegurar o direito
a educao para todos com qualidade,gratuidade e Iaicidade e a
expectativa da classe dominante era que os membros das classes
subalternas,uma vez instrudos,se ajustariam aos projetos
dominantes,com o entendimento de que a instruo transformaria os
"sditos em cidados".No entanto,no incio do sculo XX,em especial
depois
4. da I Guerra Mundial,a avaliao da escola indicava que as
esperanas nela depositada haviam sido frustradas,pois nem todos
nela ingressavam e mesmo os que ingressavam nem sempre eram bem
sucedidos e os bem sucedidos nem todos se ajustavam ao tipo de
sociedade que se queria consolidar.Esta avaliao fundamentou o
primeiro movimento de reforma da Escola no Brasil.Visto que o
projeto educacional inicial que havia sido construdo segundo a
concepo tradicional,no havia dado certo,foi ento substitudo pelo da
Escola Nova,cujos postulados conformam a concepo humanista
moderna.Enfatizando a qualidade de ensino,o escolanovismo desloca o
centro de organizao da escola do professor para o aluno e,mais que
isso,desloca o eixo de preocupao da educao do mbito poltico para o
mbito tcnico pedaggico.O escolanovismo colaborou para a melhora da
qualidade de ensino,mas dado aos poucos recursos da rede escolar
pblica,esta melhora restringiu-se aos centros escolares
experimentais.A escola pblica,sem recursos financeiros e humanos
para adotar e realizar o que promulgava a pedagogia nova levou dela
apenas os postulados (SAVIANI 1986). Em um contexto de crescente
participao poltica de seguimentos de trabalhadores,que
reivindicavam escola universal e gratuita para todos,o eixo do
projeto social deslocou-se para o desenvolvimento industrial.
escola coube,nesse projeto,incorporar a lgica que presidia a produo
ou elaborar um saber extemporneo.Assim que o movimento da escola
nova,desencadeado para corrigir o que havia sido um insucesso pela
escola tradicional,resulta no que Saviani (1987) identifica como
"recomposio de hegemonia da classe dominante" (CHISTOFARO,1996).
Tomando como base o que j foi relatado,o propsito agora ser
demonstrar como se deu a evoluo da Organizao do Sistema Educacional
Brasileiro,concomitantemente com a sociedade brasileira.Para
compreendermos esse processo histrico-social
necessrio,primeiramente,reconhecer que a reflexo sobre a educao no
Brasil deve ser feita na perspectiva da dependncia,em segundo
lugar, necessrio adotar uma periodizao histrica.Esta tem como base
os modelos econmicos predominantes em largos estgios do
desenvolvimento da sociedade,destacando em cada um a Escola,como
foi pensada e realizada (RIBEIRO 1989). O primeiro perodo (1500 a
1930): Este perodo abrange o Brasil Colnia,Imprio e a Primeira
Repblica,quando prevaleceu o modelo ag ro-exportador da economia e
a concepo tradicional de educao. Da fase inicial deste perodo
merece destaque o Regimento da Colnia,de 1548, que regulamenta a
converso dos indgenas f catlica pela catequese e instruo,trabalho
este realizado pelos padres Jesutas.Embora tenham sido expulsos em
1759, os jesutas implantaram as bases,estrutura e funcionamento da
escola brasileira,diferentemente do que estava previsto no
Regimento,instala-se como direito de todos e no apenas da populao
indgenas.Cabe ressaltar que a sociedade neste perodo era organizada
para garantir o modelo agro-exportador e a monocultura Iatifundiria
no dependia de mo de obra qualificada ou diversificada,poiso trfico
de negros supria a necessidade de mo-de-obra. Diante dessa
realidade surge na colnia dois tipos de escolas,uma para as
5. populaes indgenas (catequese) e outra para os mamelucos,rfos
e filhos dos principais caciques da terra (a instruo atravs dos
internatos ?recolhimentos).Posteriormente foram criados colgios e
seminrios destinados aos filhos dos colonos brancos. Os jesutas
sendo os responsveis pela educao na colnia,tornam a Igreja
participante privilegiada da sociedade civil e poltica da poca e a
Escola um instrumento de grande alcance na reproduo dos valores de
uma cultura externa,embasada na viso liberal,j consolidada na
Europa. No ltimo sculo deste perodo a Escola Funo deixa de ser a
caracterstica da educao na Colnia e a Escola Estrutura passa a ser
organizada e regulamentada nacionalmente.Deste ento,o aumento
numrico de escolas de instruo bsica acompanhado da cri ao de
colgios e cursos cuja finalidade era formar profissionais.Desta
maneira nascem os primeiros cursos de Medicina e Direito,os
primeiros cursos tcnicos de artes e ofcios e os colgios Militares.
Segundo Teixeira (1989) o sistema escolar era o de formao de clero
ou de legista ou do canonista,na forma em que a concebia o RATTIO
STUDIORUM os jesutas,elaborado no sculo XVI e mantido at a metade
do sculo XVIII,quando surgem as primeiras crticas
escola,representadas por controvrsias pedaggicas.Machado (1989) ao
fazer uma retrospectiva histrica da educao brasileira demonstra o
carter fragmentrio e dispersivo do ensino de ofcios,cujo primeiro
regulamento data de 1826.No fim do Imprio e incio da Repblica so
delineados os primeiros traos de uma poltica educacional estatal
fruto do fortalecimento do Estado,sob a forma de sociedade poltica.
Com a primeira Constituio,promulgada em 1824, houve a substituio da
proposta de uma poltica nacional de ensino pela regulamentao da
instruo primria gratuita a todos os cidados e pela cri ao de
colgios e Universidades onde sero ensinados os elementos das
cincias,belas artes e artes.Em relao escola primria,a Lei de 15 de
outubro de 1827 foi a nica Iei geral sobre este nvel de ensino,at
1946. Nesta Constituio o Decreto n9 7.147/1879 deve ser
destacado,pois dispe sobre a reforma do ensino primrio e secundrio
no Municpio da Corte e o Superior em todo o Imprio.Nele
estabelecido que completamente livre o ensino primrio e secundrio
no municpio da Corte e superior em todo o Imprio,define-se tambm
que at se mostrarem habilitados em todas as disciplinas que
constituem o programa das escolas primrias do 19 grau,so obrigados
a freqent-Ias,os indivduos de um e outro sexo,de 7 a 14 anos de
idade.Porm esta obrigatoriedade no compreendia aquelas crianas
cujos pais,tutores ou protetores provassem que recebiam instruo
conveniente,em escolas particulares ou em suas prprias casas e
aqueles que residissem distantes da Escola Pblica ou subsidiadas
mais prximo (de 1,5 Km para os meninos e 1.0 Km para as meninas).
Alguns autores afirmam que foi o Governo Republicano quem
proporcionou o maior cresci mento de oportunidades escolares,at
ento,porm essas escolas tinham eram elitistas e com o tempo
tornaram-se insuficientes,como demonstra o trecho de Ribeiro (1989)
citado a seguir: "Sobre a formao das elites. ..no Brasil est
processando a seleo dos incapazes feita pelo ensino secundrio.Na
escola primria,o filho do rico,irmanado com os do pobre,so bons e
maus alunos,mas como os pobres so infinitamente mais numerosos,se
tem numerosos alunos maus e tambm,
6. muitos bem dotados,digamos,em dez ricos h um aluno
inteligente em noventa pobres,haver nove alunos iguais a esse
ricoQuando comea o ensino secundrio o pobre no pode frenquent-Io;o
liceu,o ginsio,o colgio custam muito caro.Os noventa pobres vo para
as fbricas,para a lavoura,para a mo-de-obra.Os dez ricos,esses faro
exames,depois sero
bacharis,mdicos,engenheiros,jornalistas,burocratas,poltico,constituiro
a elite nacional dominadora. ... Mas como nesses dez,apenas um
inteligente,nossa elite tem apenas 0,1 de capacidade. "A organizao
poltica advinda com a Proclamao da Repblica apoiou-se na
descentralizao poltico econmico,refletindo-se tambm na organizao
escolar,como evidenciado no texto da Constituio de 1891. Mediante a
essas definies a Escola se organiza em graus de ensino:o 19 grau
para crianas de 7 aos 13 anos e o 29 grau para crianas a partir dos
13 anos. Uma das intenes desta nova organizao escolar era que os
diversos nveis de ensino se tornassem formadores e no apenas
preparadores para o grau seguinte.O ingresso nos cursos superiores
seria precedido de exames (no final do curso secundrio) objetivando
medir a capacidade intelectual dos formandos/ ingressistas.Outra
inteno era assegurar que a formao no 29 grau ocorresse tendo como
base a cincia,substituindo assim o que chamavam "academismo
literrio",criticado como resultado do predomnio da escola
tradicional.Portanto,as controvrsias e propostas de reformas
giravam em torno de 2 dilemas: ?Formao humana X preparao para o
ensino superior?Formao humana baseada na cincia X formao humana
baseada na literatura. Resultado desse impasse que ambos os ensinos
(19 e 29) tornaram enciclopdicos.Acrescentando ao contedo
tradicional os contedos ditos cientficos,no resolvendo o dilema nem
o nvel de idias,muito menos da suficincia da escola.Na prtica,a
escola se manteve como preparadora daqueles que iriam ingressar no
grau de ensino subseqente. O segundo perodo (1930 a 1960): Este
perodo marcado por intensas movimentaes e tenses.A crise de 1929
provocou no Brasil duas transformaes estruturais importantes: ?A
substituio da importao de bens de consumo por produtos nacionais,o
que fortalece a indstria nacional e a nova burguesia
urbano-industrial; ?A diversificao da produo e relativizao do poder
econmico dos cafeicultores,levando tanto o Estado como a sociedade
civil significativas reestruturaes. As modificaes da estrutura
econmica fazem surgir novas foras sociais e graves confrontos com o
governo e com o poder estabelecido.A burguesia industrial,o
operariado,a classe mdia ou a pequena burguesia das cidades ora
polarizavam entre si,ora articulavam-se contra as orientaes do
governo.Para o Governo o desenvolvimento da sociedade dar-se-ia com
o desenvolvimento do modelo capitalista,mesmo que dependente.J o
movimento das foras sociais pretendia romper com a dependncia
externa e reorientar o desenvolvimento no sentido da transformao
econmica,poltica e social,cujo resultado desejado era o crescimento
automtico e autnomo do padro de vida de toda a populao e no da
pequena parcela dela. De acordo com Ribeiro (1989) com o fim da
Segunda Grande Guerra e derrota dos pases do Eixo o Brasil
amarra-se definitivamente com os Estado Unidos,
7. nico pas capitalista que sobrou da Segunda Guerra Mundial em
condies de sobrevivncia.E neste contexto comea a penetrao
norte-americana no pas,que ir atingir o apogeu em 1955. A escola e
a educao reassumem,neste momento,um espao privilegiado no projeto
social,mantendo,no entanto,a convico de que seus fracassos at ento
diagnosticados estavam na forma de fazer escola e no nos seus
contedos,no acesso restrito e na falta de recursos. O texto
principal no tema educacional agora ser baseado na concepo
humanista moderna e em seus defensores.No entanto,entre os
"bastidores",j fermentava o dilema da "escola literria" X o
"aprender til" defendido como sendo de aplicao imediata,menos
demorada e direcionada para a produo do desenvolvimento.Os
pioneiros da educao,contrrios a essa "idia" de escola,apresentam um
projeto de sistema educacional,baseado no pressuposto de que
medidas educacionais deveriam ser tomadas e apoiadas a partir de um
programa educacional amplo,com unidade de propsitos e seqncia
determinada.Propunham a organizao de cursos acadmicos e
profissionais em um mesmo estabelecimento;combatiam o dualismo
entre ensino profissional e cultural sendo contrrios ao centralismo
que confundia unidade com uniformidade.O movimentodos "pioneiros"
marcou o tipo de escola e sistema escolar da poca,mas no
impossibilitou o crescimento da escola tecnicista.Com a criao do
Ministrio da Educao e Sade (1930),houve uma reformulao no ensino
que abrangeu todos os graus (Decretos n.19851, n.19852 e
n.19890).Em relao ao ensino superior,determinava a organizao dos
cursos isolados em Universidades e exigia que estas se
estabelecessem,obrigatoriamente,com um mnimo de trs
institutos:Medicina,Direito e Engenharia.Permitia-se a substituio
de um desses institutos pela Faculdade de Cincias e Letras que
"deveria dar,ao conjunto de Faculdades integradas Universidades,o
carter especificamente universitrio pela cultura desinteressada [.
..] e,porsua funo sintetizadora". .. (Miranda,1966).Quanto ao
ensino secundrio,a reforma objetivou imprimir-lhe "carter
eminentemente educativo" e o dividiu em duas etapas: ?A
primeira,com cinco anos (fundamental),deveria formar o homem atravs
de "hbitos",atitudes e comportamento,habilitando aviver
integralmente e capacitando-o decises e convenientes e seguras,em
qualquer situao (MIRANDA,1966). ?A segunda,de dois anos,objetivava
adaptar o aluno s futuras habilitaes profissionais. Praticamente
estas reformas vieram responder ao projeto dos Pioneiros da
Educao.Na Constituio de 1937, o ensino tcnico objeto de
definies,estabelecendo-se formalmente sua clientela:as classes
menos favorecidas.O perodo de 1930-1937 foi especialmente fecundo
do ponto de vista do debate sobre a educao no
Brasil,facilitada,inclusive,pela indefinio do governo diante das
duas principais correntes que se opunham.Tais tendncias e grupos
combatiam o princpio do monoplio do ensino pelo Estado,identificado
por ambos como um princpio de sustentao tanto do Estado Fascista
como do Estado Comunista.Uma anlise mais acurada da situao
demonstra,porm,que os dois grupos oponentes estavam pactuados no
postulado bsico e fundamental do liberalismo:a defesa do
individualismo e jamais de qualquer outro organismo,instituio ou
ideologia.No entanto,o que aparecia para o
8. grande pblico era a oposio entre escola pblica e escola
privada,entre o ensino leigo e Confessional,entre o saber literrio
e o saber til.Na verdade,a luta era entre duas formas de defesa de
interesses particulares:a forma "conservadora" (identificada com as
tendncias humanistas) e a forma "moderna" (tecnicista).Apesar das
mltiplas reformas do ensino e da promulgao de trs cartas
constitucionais,tambm nesse perodo,o sistema educacional brasileiro
no chegou a responder satisfatria e suficientemente a situaes
como:a melhora do rendimento escolar,o aperfeioamento
administrativo e a bifurcao dos caminhos escolares aps o primrio.
Em 1942 a Reforma Capanema abrangeu o ensino secundrio e o tcnico-
industrial,afirmando que daria resposta a essas questes.Para tanto
modificou os ciclos de estudo:quatro anos (ginasial) e trs anos
(colegial).Este ltimo seria oferecido em duas modalidades:o
cientfico e o clssico,ambos permitindo o ingresso em qualquer curso
superior.No entanto,o que aconteceu na prtica, que a nfase dada s
"letras",no curso clssico,dirigiu seus egressos para as Faculdades
de Filosofia,Letras e Direito e o cientfico,voltado para as
cincias,orientou seus concluintes para os cursos das reas de
sade,biolgicase engenharias,e nenhum deles foi "dirigido" s classes
baixas da sociedade. O ensino mdio industrial tambm foi
regulamentado em dois ciclos:um de quatro anos para formar artfices
especializados em escolas industriais e o outro,de trs anos,a ser
ministrado em escolas tcnicas para formar tcnicos
especializados.Uma variao sobre este "tema" foi a regulamentao da
formao de normalistas com trs anos aps o ginasial que no se
concentrava nem nas "letras" e nem nas "cincias",mas em cadeiras
ditas pedaggicas.Estruturou-se o ensino comercial,como o ramo do
ensino mdio.Na verdade,a Reforma Capanema que vigorou at 1961,
quando foi aprovada a atual Lei de Diretrizes e Bases (LDB),pensou
cada grau e ramo de ensino como forma de "orientar" o ingresso da
clientela na escola conforme sua classe social.O ensino superior no
recebeu,no perodo,a mesma ateno,em que pese o aumento no nmero de
matrculas. A Constituio de 46 e a reorganizao da economia,no fim do
Estado Novo,apontaram mudanas polticas e econmicas na perspectiva
de consolidar o novo projeto social que se desenhou aps a Ditadura
Vargas e o fim da Segunda Guerra Mundial.No caso da educao,o
projeto de lei de diretrizes e bases,indicado na Constituio e,a
Campanha da Escola Pblica mobilizaram todos os grupos sociais.Dos
muitos debates e confrontos da poca resultou a atual LDB onde esto
contempladas as duas tendncias que se polarizavam na sociedade
poca.Contudo,a Lei n.4.024, aprovada em dezembro de 1961, s vai
corporificar-se na rede escolar no perodo seguinte.J nasce como uma
lei tardia buscando estabelecer um compromisso entre os interesses
da burguesia nacional e de fraes mais tradicionais da
sociedade,ligadas ao capital internacional e articuladas em torno
da internacionalizao do mercado interno. Terceiro perodo (1960 at
os dias atuais): Durante a primeira dcada deste perodo entra em
crise a tendncia humanista moderna,predominante de 1945 a 1960,
comeando uma forte articulao social que privilegiou a concepo
tecnicista de educao,que novamente foi considerada a adequada ao
projeto social e econmico do pas.Contudo por
9. volta de 1968, paralelamente ao predomnio dessa
tendncia,emergiram as crticas essa pedagogia dita a oficial e
poltica educacional que pretendia impIement-las.Essas crticas foram
sustentadas pelas teorias crtico- reprodutivistas tendo o mrito de
promover a denncia sistemtica da tendncia humanista.Essas
teorias,por considerar as relaes entre determinantes sociais e
educao de modo externo e mecnico acentuam as posturas pessimistas e
imobilistas nos espaos sociais e educacionais,"minando" a crena da
educao "redentora da humanidade" e da autonomia da educao em relao
sociedade.Deste modo,cabe a tendncia dialtica tomar a si a tarefa
de abrir caminhos no sentido de captar a especificidade de
articulao entre educao e o conjunto das relaes sociais.Movimentos
contra-hegemnicos defendem que o "espao" prprio da educao o da
apropriao/ desapropriao/ reapropriao do saber e que esse espao est
atravessado pela contradio essencial do modo de produo
capitalista:a contradio capital-trabalho. "Sendo o saber fora
produtiva e sendo a sociedade capitalista caracterizada pela
propriedade privada dos meios de produo,a classe que os detm
empenha-se na apropriao do saber,desapropriando-o da classe
trabalhadora.Sendo impossvel a apropriao exclusiva do saber,j que a
contradio inerente sociedade capitalista insolvel no seu mbito,a
classe capitalista sistematiza o saber de que se apropria e o
devolve parcelado ao trabalhador.Assim,fazendo,detm a propriedade
do saber relativo ao conjunto do processo produtivo restando ao
trabalhador apenas o saber correspondente parcela do trabalho que
lhe cabe executar".(SAVIANI,1987). Configura-se assim a educao como
espao de luta,sustentada pela tendncia dialtica. Na dcada de 60
surgiu uma nova organizao educacional,sob a gide da Lei n.4.024/61
(LDB),tornando o sistema de ensino um ponto de conflito entre
segmentos e grupo sociais.As "prescries" da LDB,das Reformas
Universitrias e do Ensino de 19 e 29 Graus,caracterizaram a escola
da seguinte maneira: ?currculos definidos nacionalmente;
?minuciosas instrues e formulrios,a serem obedecidose preenchidos
como forma de controle,fiscalizao e reconhecimento da escola e do
ensino ministrado; ?professores,alunos e mltiplos tcnicos de educao
moldados conforme diretrizes tcnico-operacionais. Com essas
prescries sendo aplicadas e operacionalizadas igualmente por todo o
sistema e em todo o territrio nacional,pretenderam reafirmar o
pressuposto da igualdade da escola.Porm os dados do MEC/ SEEC,no
documento Sinopse Estatstica do Ensino Primrio (1972),demonstram
que em 1964 somente 2/3 das crianas de 7 a 14 anos estavam
matriculados,cinco milhes no estavam escolarizadas e destas 3,3
milhes nem se quer conheciam uma escola e que em 1972 (onze anos
aps ser sancionada a LDB) ainda no havia escola para 4,4 milhes de
crianas nesta faixa etria. Diante dessas circunstncias de excluso
social o princpio do direto e do dever da educao para todos os
cidados cai em descrdito.Vrias explicaes para esse fato foram
formuladas,mas a mais simples foi a de que
10. o fenmeno da seletividade e da excluso do sistema
educacional era decorrente das diferenas inatas,da dedicao ou de
esforos individuais. A LDB no foi criada para resolver problemas de
seletividade (quem so os escolhidos e rejeitados) ou dificuldades
de acesso escola acumuladas desde perodos anteriores,porm visa
assegurar os direitos educacionais para a populao e esta ter um
meio seguro de cobrar seus direitos mediante seus governantes. O
Censo Educacional de 1964 demonstrava,detalhadamente,as
dificuldades que as crianas encontravam para ingressar e permanecer
na escola,como: ?currculos inadequados (no esqueamos que a histria
dos Trs Porquinhos foi usada para alfabetizar,pelo mtodo
global,todas as crianas que Iograram um lugar na escola em todo o
Territrio Nacionall); ?professores mal qualificados; ?equipamentos
deficientes (inexistentesl); ?distncia de casa escola; ? falta de
transporte; ?ingresso das crianas no mercado de trabalho para
colaborar no sustento da famlia; ? falta de roupas,alimentao e
material escolar. Contra essas dificuldades a LDB,assim como as
leis,os decretos,as resolues e as portarias em que foi "desdobrada"
(Lei da Reforma Universitria n9 5.540/68; Lei n.5.692/71 de Reforma
de Ensino de 19 e 29 Graus;Dec.Leis n9 5.379/67 e 62.484/67 que
institucionalizam o MOBRAL;Dec.Lei n.7.737U1 que institucionaliza o
"ensino supletivo" previsto na Lei n9 5.69201 ,entre
outros),"traduzem as estratgias tpicas da classe dominante que ao
mesmo tempo em que institucionaliza a desigualdade social,ao nvel
da ideologia,postulam sua inexistncia" (Freitag,1986).Nessa
lgica,as classes subalternas estavam submetidas aos padres da
escola da igualdade,onde a desigualdade social estava perpetuada
nos modos de organizar o sistema educacional e o ensino.Nesse
processo,as classes "desfavorecidas" acabaram por assumir a culpa
da sua "incapacidade" em responder,satisfatoriamente,as regras do
jogo educacional definidas pelas classes dominantes. Porm essa
culpa no foi aceita natural e passivamente.O movimento de articulao
social das classes subalternas,na sociedade civil e
poltica,procuraram valer-se da educao como canal de
mobilidade,ascenso social ou pr-requisito de entrada e
reconhecimento no mercado de trabalho.Para tanto usaram a
flexibilidade e a equivalncia formal dos cursos,asseguradas pela
primeira vez no Brasil a partir desse perodo.Assim que a estrutura
e o funcionamento do sistema educacional refletiram as ambigidades
e contradies da prpria ordem social.Aparentemente todos os grupos e
classes sociais estavam contemplados na organizao do sistema e seu
funcionamento vinha ao encontro dos diferentes interesses.Na
verdade,so os interesses da classe hegemnica que esto
preservados,como pode ser constatado atravs do caso da privatizao
do ensino secundrio.O "mecanismo" de privatizao do ensino secundrio
funciona como uma das barreiras entrada das classes subalternas e
no ensino superior,ao mesmotempo que faculta ao setor privado
transformar a educao em uma empresa lucrativa.Ocurso
profissionalizante de nvel mdio,cujo objetivo qualificar
11. pessoal em habilidades necessrias ao mercado e ao
desenvolvimento,vai sendo gradual e freqentemente desvirtuado,tanto
por parte do sistema como da clientela.Esses cursos,em geral,esto
reduzidos a uma grade curricular e so implantados,apesar da
inexistncia dos meios e dos recursos exigidos pela sua
especificidade.Nesse sentido acabam por falsear as habilitaes que
"anunciam",ao mesmo tempo que so uma fonte de lucro.implantados
para assegurar a entrada no mercado de trabalho,no so procurados
pela clientela com esta finalidade,mas sim porque constituem a
possibilidade das classes baixas almejarem a Universidade;como no
tm acesso aos cursos de segundo grau,preparatrios para o ensino
superior,os "desfavorecidos" se "preparam" para a Universidade nos
cursos profissionalizantes,oferecidos,em geral,no turno da noite. O
processo ditatorial,instalado com o golpe militar de 1964 e que se
prolongou at a dcada de 80, redefiniu o alinhamento dos processos
de organizao e participao da sociedade civil,conferindo ao setor
educacional,aos partidos polticos e classe operria particular ateno
(FREITAG,1986).A adoo desse "modelo" econmico vai
colidir,frontalmente,com os setores organizados da populao que
reivindicavam reformas estruturais que permitissem um padro de
produo e consumo democratizado.Estabelece-se o Estado de fora cujo
impacto social,poltico e econmico est presente ainda hoje na
sociedade.A organizao,estruturao e funcionamento do sistema
educacional so tomados como objetos a serem reordenados e
fortemente fiscalizados.Num primeiro momento dois Decretos-Lei do o
tom da poltica do governo em relao educao: ?a Lei n.4.464/64 que
probe o funcionamento da Unio Nacional dos Estudantes (UNE), criada
em 1937;?a Lei n.4.440/64 que institucionaliza o salrio-educao:2%
do salrio mnimo regional pago pelas empresas Previdncia Social,em
relao a todos os empregados;do valor arrecadado,50% compete aos
governos estaduais aplicar no ensino fundamental e o restante
destina-se aos Estados mais carentes,atravs do Fundo Nacional do
Desenvolvimento da Educao,gerido pelo MEC. Em 1965 o governo
constituiu uma Comisso para estudar,detalhadamente,a universidade
brasileira.Compem tal Comisso cinco americanos e dois brasileiros
que elaboraram um relatrio que no foi publicado (1967).Considerando
o modelo de universidade e a organizao que se deu aos cursos atravs
da Lei 5.540/68, impossvel no inferir que a universidade que temos
hoje uma cpia atrasada da universidade norte-americana.Seus
parmetros esto at hoje orientando o funcionamento do ensino
superior: ?departamentalizao (extino das ctedras); ?criao dos
ciclos bsicos por rea de conhecimento (cincias humanas,exatas e
biolgicas); ?sistema de crditos e extino dos cursos seriados; ?
formas jurdico-administrativas mltiplas; ?regime de tempo integral
para professores; ?vestibular unificado e classificatrio;
?estabelecimento de dois nveis de ps-graduao (mestrado e
doutorado). Estes parmetros,entre outros,conformam a Universidade.O
ensino superior,
12. no Brasil,passa a viver a lgica que a Universidade
Americana viveu setenta anos atrs.Somando o que se estabeleceu para
o ensino superior com a Reforma do Ensino de 19 e 29 Graus
constata-se que a lgica da organizao atual do sistema educacional
caminha sob o empuxo das seguintes contradies:conteno x liberao e
autoritarismo x democratizao.Em relao primeira,temos o ensino
profissionalizante como forma de "desviar" da Universidade todos os
que concluem o segundo grau;o vestibular classificatrio e no
seletivo por nota mnima;e o jubi lamento;estes procedimentos so
exemplos das estratgias que resultam ora na conteno ora na
liberao.A racionalidade est presente na adoo dos ciclos bsicos
gerando a irracionalidade da troca entre qualidade/ quantidade,da
"perda" de identidade dos cursos.Estes aspectos somam-se e se
completam fazendo emergir a contradio autoritarismo/
democracia,assentada em normas repressivas em relao a professores e
alunos,paralelamente a medida que aumentam cursos e vagas
objetivando ampliar a capacidade das Universidades em receber um
nmero maior de alunos. A reforma do primeiro e do segundo graus
visou: ?controlar a crise educacional gerada pela presso do nmero
cada vez maior de jovens chegando ao vestibular (esse foi o sinal
mais prtico da equivalncia entre cursos profissionalizantes e
cursos "preparatrios",no segundo grau); ?colaborar para atenuar o
impacto do desemprego resultando da crise no setor de produo,em
especial a que ocorreu no perodo de 1964-1968.Na reforma do 19 e 29
graus merece destaque a flexibilidade como o princpio mais inovador
para a organizao e funcionamento do sistema educacional
brasileiro,em toda a sua histria.Saviani (1986) chega a dizer que a
Lei 5.692/71 to flexvel que pode at no ser implantada ou ser
revogada sem realmente o ser.Como exemplo confronta os termos do
Parecer n.45/72 ?da profissionalizao,com o Parecer n.76/75 tambm
sobre a profissionalizao:"o primeiro parecer regulamentou o artigo
59 da Lei;o segundo revogou o primeiro e,com ele,revogou tambm o
artigo 59 da Lei;s que,mediante o princpio da flexibilidade,ele no
revogou,ele reinterpretou. .. e o artigo 59 permanece. ..".Tal
flexibilidade permite,inclusive diferenciar "terminalidade legal ou
ideal" (o contedo de aprendizagem do primeiro grau ser dado em oito
anos) de "terminalidade real" ( possvel,com base nas diferenas
regionais,de escola ou do aluno,que esse contedo seja dado de
formas "mais ligeiras",encaminhando o aluno para o mercado de
trabalho).O que tem acontecido,com muita freqncia
,portanto,o,aligeiramento do ensino de primeiro e segundo graus a
partir da reforma de 1971, em especial para os jovens de classes
sociais "menos favorecidas".A escola de 19 e 29 graus chega a
constituir-se uma mera formalidade legal,cujos contedos da chamada
"educao geral" e da "educao especial" (atravs da qual se pretende a
profissionalizao em mltiplas e diversas "habilitaes") podem ou no
ser ministrados.Se este "procedimento" facilita a entrada do aluno
na Escola,a sada conferir-Ihe- o ttulo da diferena social na qual
ser inserido. A Lei n9 9.394/96 (LDB) e a Realidade
EducacionalAtramitao no Congresso Nacional para aprovao e
implementao desta Lei foi longo e conflituoso,mas apesar das
inmeras tentativas de eliminar as conquistas obtidas,ao final,a Lei
promulgada,oferece novas oportunidades educacionais a todo o povo
brasileiro,trazendo um conjunto de definies
13. polticas que visam orientar o sistema educacional e
introduz mudanas significativas na educao bsica do pas. Aps a
retrospectiva histrica da educao brasileira a cima
descrito,atentemos as mudanas ocorridas na estrutura educacional no
Brasil,aps a atual LDB,vigorando em todo o territrio nacional
brasileiro. Educao Infantil: A especificidade atribuda a essa etapa
da escolarizao ope-se a viso da pr-escola com base na noo de privao
ou carncia cultural,to expressivo no passado,segundo o qual o papel
da pr-escola seria o de suprir as "deficincias" das
crianas,especialmente as de origens populares. A manuteno da educao
infantil como primeira etapa da educao bsica representa uma vitria
e a dimenso pedaggica do atendimento de crianas de 0 a 6 anos tem
por objetivo o desenvolvimento integral da criana em seus aspectos
fsico,psicolgico intelectual e social (artigo 29 da LDB). Segundo
Corra (2007),as primeiras instituies voltadas para a educao
infantil no Brasil surgiram em 1896, na cidade de So Paulo e a
difuso deste nvel de ensino s se deu em meados de 1940,
principalmente na cidade de Porto Alegre capital gacha que j
contava com 40 jardins de infncia.Foi a partir de 1970 que
creches,jardins de infncia e pr-escola expandiram-se de maneira
tmida principalmente em funo da presso promovida as autoridades
competentes pela sociedade civil. Foi somente com a Constituio
Federal de 1988, que comeou a alargar os horizontes do ensino
infantil no Brasil,pois,em seu artigo 208, inciso IV,afirma que "o
dever do Estado com a educao ser efetivado mediante a garantia
de:"atendimento em creches e pr-escolas a crianas de 0 a 5
anos".Isso significa que o Estado obrigado pela Constituio Federal
a disponibilizar vagas para este nvel de ensino,pois,a famlia que
achar-se lesada por no conseguir matrcula na rede pblica para o
ensino infantil,pode recorrer promotoria pblica que por sua vez
acionar judicialmente os rgos competentes.Direitos estes
conquistados com a Constituio Federal de 1988, principalmente
devido enorme procura de vagas para crianas de 0 a 6 anos,uma vez
que cada vez mais as mulheres conquistavam de maneira significativa
posto no mercado de trabalho no dispondo mais do tempo que outrora
tinha para cuidar de suas crianas. importante ressaltar que hoje
este nvel de ensino por fora da Emenda Constitucional n9 53 de
2006, corresponde as crianas de 0 a 5 anos de idade. A respeito do
Estatuto da Criana e do Adolescente (E. C. A) Lei federal n9 8.069,
de 1990, que mais uma conquista da sociedade civil em defesa dos
direitos da criana,principalmente das de 0 a 5 anos de
idade.Pois,em seu artigo n9 4 afirma: ?E dever da famlia,da
comunidade,da sociedade em geral e do poder pblico assegurar,com
absoluta prioridade,a efetivao dos direitos referente vida, sade,
alimentao, educao,ao esporte,ao lazer, profissionalizao, cultura,
dignidade,ao respeito, liberdade e convivncia familiar e
comunitria.(BRASIL,1990). Ainda em seu artigo n9 53 o Estatuto da
Criana e do Adolescente (E. C.A),afirma que a criana tem o direito
de ser respeitada por seus,educadores em razo de suas limitaes de
autodefesa por serem de pouca idade.Pois,so comuns muitas
instituies de ensino infantil praticar castigos de toda natureza
inclusive fsicos,alm do espao ser inadequado e a falta de formao
prpria
14. dos profissionais para este nvel de ensino.Tanto a
Constituio Federal quanto o Estatuto da Criana e do Adolescente (E.
C.A),buscam a proteo e a garantia dos direitos das
crianas,garantindo o acesso das mesmas em instituies de ensino de 0
a 5 anos.Pois no artigo n9 54 da (E. C. A) reafirma o dever do
Estado em assegurar o atendimento em creches e pr-escolas. Para
reforar o que acima foi descrito a Lei de Diretrizes e Bases da
Educao Nacional (L. D.B) Iei Federal n9 9394 de 1996, afirma em seu
artigo n9 29 "que a educao infantil a primeira etapa da educao
bsica e tem como finalidade o seu desenvolvimento
fsico,psicolgico,intelectual e social".J no artigo 31 diz que na
educao infantil a avaliao no ter o objetivo de promoo,mesmo para o
acesso ao ensino fundamental.Vale ressaltar que em seu artigo n9 30
a LDB,subdividem a educao infantil em creches para crianas de at 3
anos e pr-escola para as crianas de 4 a 5 anos de idade. Em virtude
dos acontecimentos j mencionados chegamos concluso que apesar dos
enormes esforos por parte do governo federal e sociedade civil em
prol da melhoria na qualidade do ensino infantil,ainda tem muito
que se fazer,principalmente na formao dos educadores que atuam
neste nvel de ensino.No precisamos de mais leis que assegure os
direitos das crianas e sim cumprir as que j existem. Ensino
fundamental: Relembrando o histrico desta modalidade,no Brasil a
educao obrigatria e gratuita foi introduzida com a Constituio
Federal em 1934 e era composto de apenas ci nco anos,somente por
fora da Lei n9 5.69201 esse ensino obrigatrio estendeu-se para oito
anos com a nomenclatura de primeiro grau.Mas foi com a Constituio
de 1988 que esta nomenclatura foi alterada para Ensino Fundamental.
Segundo Romualdo (2007) o ensino fundamental uma etapa da educao
bsica destinada a crianas e adolescentes com durao mnima de nove
anos,obrigatrio e gratuito a partir dos seis anos de idade,de
acordo a Lei n9 11.114/05 e conforme a LDB em seu artigo n9 32
afirma que o Ensino Fundamental ter como objetivo a formao bsica do
cidado mediante inciso III:"o desenvolvimento da capacidade de
aprendizagem,tendo em vista a aquisio de conhecimentos e
habilidades e a formao de atitudes e valores. " E importante
observar que esse artigo,mediante a eliminao do Ii mite de idade
para o direto ao ensino fundamental obrigatrio,significa a
possibilidade de todos os brasileiros,de qualquer faixa etria acima
de sete anos de idade ter acesso a esta etapa da
escolarizao,podendo exigi-Ia legalmente do poder pblico,pois antes
a obrigao do Estado na oferta dessa escolarizao exclua os que
ultrapassassem a faixa dos quatorze anos. Essa alterao na LDB do
ensino fundamental de 8 anos para 9 anos devido da necessidade da
melhoria no ensino obrigatrio,sendo assim,o Presidente da
Repblica,Luis Incio Lula da Silva,sancionou no dia 06/02/2006 a Lei
n9 11.274 que regulamenta o ensino fundamental de nove
anos,alterando os artigos 29, 30, 32 e 87 da LDB,que estabelece as
diretrizes da educao nacional. No entanto,devemos estar atentos
para o fato de que a incluso de crianas de seis anos de idade no
dever significar a antecipao dos contedos e atividades que
tradicionalmente foram compreendidos como adequados primeira
srie.Faz necessrio,portanto,que se construa uma nova estrutura
e
15. organizao dos contedos em um ensino fundamental,agora de
nove anos.Outra inovao da LBD em seu artigo 26 a obrigatoriedade do
ensino de Artes na grade curricular do ensino fundamental,porm,o
ensino da educao fsica compe a proposta pedaggica do
estabelecimento de ensino,ms,torna-se facultativa aos cursos
noturnos. Todas essas mudanas que ocorreram na estrutura do ensino
fundamental tm melhorado de maneira significativa a qualidade neste
nvel de ensino,no entanto ainda no o suficiente. Ensino mdio:
Segundo os artigos 35 e 36 da LDB,esta fase do ensino a etapa final
da educao bsica,e observamos que ela vem buscando sua
identidade.Ora lhe delegada a funo de preparatrio para a
universidade,ora sua finalidade atender ou preparar para o mercado
de trabalho. Segundo Pinto (2007),o governo Vargas em 1937,
implantou um sistema de ensino profissionalizante para atender as
camadas populares com objetivo de preparar "Mo de obra para o
mercado de trabalho",porm,somente o ensino mdio propedutico
permitia acesso ao ensino superior. Mas foi no governo do regime
militar em que o ensino mdio teve grandes alteraes,pois o
presidente Mdici atravs da Lei n9 5692/71, determinou que todas as
escolas do pas ministrassem um ensino mdio de 3 anos estritamente
de carter profissionalizante,tudo indica que era uma tentativa de
diminuir a demanda de vagas nas universidade pblicas e barrar as
manifestaes estudantis que ocorria pelo pas. No atual texto da LDB
(artigo 35, inciso III),o ensino mdio objetiva preservar o carter
unitrio,partindo da proposta de educao geral.Este nvel de ensino
desempenha a funo de contribuir para que os jovens consolidem e
aprofundem conhecimentos anteriormente adquiridos,visando uma maior
compreenso do significado das Cincias,arte,letras e de outras
manifestaes culturais.Outra funo delegada a esta fase final do
ensino bsico de possibilitar que os jovens possam ter acesso educao
profissionalizante,aprofundando sua compreenso sobre os fundamentos
cientficos e tecnolgicos. Assim a Lei objetiva-se em possibilitar o
aprimoramento do educando como pessoa humana,incluindo a formao
tica e o desenvolvimento da autonomia intelectual e do pensamento
crtico. Por fim destaca-se ampliao da carga horria mnima anual de
200 dias letivos de efetivo trabalho escolar,no nvel fundamental e
mdio,segundo o artigo 24 inciso I.E tambm a progresso
continuada,uma inovao que viabilizou procedimentos que contriburam
para minimizar os problemas de evaso e repetncia,bem como o
tratamento dado com relao a educaoindgena e a educao especial. A
educao de Jovens e Adultos (EJA): Segundo Kruppa (2007),em 1990
(ano internacional da Alfabetizao) com Paulo Freire frente da
Secretaria de Educao do Municpio de So Paulo,organizava-se a
Primeira Conferncia Brasileira de Alfabetizao,no qual
representantes do Ministrio da Educao (MEC) se comprometeram em
priorizar a alfabetizao de adultos.Em 1997 o governo Federal
desvincula a EJA do MEC e cria o Programa Alfabetizao Solidria,com
o objetivo de
16. reduzir as altas taxas de analfabetismo que ainda vigorava
em algumas regies do pas.Programa este presidido pela primeira dama
do pas e atendendo 1,5 milho e meio de brasileiros em 1200
municpios brasileiros de 15 Estados,trabalhando em parcerias com
empresas,instituies universitrias,pessoas fsicas,prefeituras e o
Mistrio da Educao (MEC). Alm das turmas tradicionais da (EJA),em
2003 o governo do presidente LULA,criou o Programa Brasil
Alfabetizado,que priorizou de inicio as instituies
filantrpicas,somente a partir do segundo ano as Secretarias
Estaduais e Municipais de Educao que receberam mais recursos do
programa,chegando em 2007 com quase 50 % de todos os recursos
destinados ao Brasil Alfabetizado. Em consonncia com a Constituio,a
LDB,estabelece que "O dever do Estado com a educao escolar pblica
ser efetivado mediante a garantia de ensino,obrigatrio e gratuito,
inclusive para os que a ele no tiveram acesso idade prpria" (Artigo
4, j mencionado). No seu artigo 37, refere-se educao de jovens e
adultos determinando que "A educao de jovens e adultos ser
destinada queles que no tiveram acesso ou continuidade de estudos
no ensino fundamental e mdio na idade prpria".No inciso I,deixa
clara a inteno de assegurar educao gratuita e de qualidade a esse
segmento da populao,respeitando a diversidade que nele se
apresenta. O desafio imposto para a EJA na atualidade se constitui
em reconhecer o direito do jovem/ adulto de ser sujeito;mudar
radicalmente a maneira como a EJA concebida e praticada;buscar
novas metodologias,considerando os interesses dos jovens e
adultos;pensar novas formas de EJA articuladas com o mundo do
trabalho;investir seriamente na formao de educadores;e renovar o
currculo de forma interdisciplinar e transversal,entre outras
aes,de modo que este passe a constituir um direito,e no um favor
prestado em funo da disposio dos governos,da sociedade ou dos
empresrios. Educao Inclusiva: A educao inclusiva uma educao onde os
ditos "normais" e os portadores de algum tipo de deficincia podero
aprender uns com os outros.Uma depende da outra para que realmente
exista uma educao de qualidade.A educao inclusiva no Brasil um
desafio a todos os profissionais de educao. Diante deste desafio
importante esclarecer que a Educao Inclusiva : ?atender aos
estudantes portadores de necessidades especiais na vizinhana da sua
residncia; ?propiciar a ampliao do acesso destes alunos s classes
regular; ?propiciar aos professores da classe regular um suporte
tcnico; ?perceber que as crianas podem aprender juntas,embora tendo
objetivos e processos diferentes; ?levar os professores a
estabelecer formas criativas de atuao com as crianas portadoras de
deficincia; ?propiciar um atendimento integrado ao professor de
classe comum do ensino regular. E que a Educao inclusiva no :
?levar crianas s classes comuns sem o acompanhamento do professor
especializado;
17. ? ignorar as necessidades especficas da criana; ? fazer as
crianas seguirem um processo nico de desenvolvimento,ao mesmo tempo
e para todas as idades; ?extinguir o atendimento de educao especial
antes do tempo; ?esperar que os professores de classe regular
ensinem as crianas portadoras de necessidades especiais sem um
suporte tcnico. Percebe-se ao longo da histria e,tambm na
atualidade,que a maioria dos profissionais envolvidos na educao no
sabe ou desconhece a importncia e a diferena da educao especial e
educao inclusiva.Por essa razo,veio realizao deste item para o
esclarecimento das pessoas envolvidas na educao e interessados.
Educao especial: A Carta Magna a Iei maior de uma sociedade
poltica,como o prprio nome nos sugere.Em 1988, a Constituio
Federal,de cunho liberal,prescrevia,no seu artigo 208, inciso
III,entre as atribuies do Estado,isto ,do Poder Pblico,o
"atendimento educacional especializado aos portadores de
deficincia,preferencialmente na rede regular de ensino".No
entanto,Muito se tem falado sobre as carncias do Sistema
Educacional Brasileiro,mas,poucas s vezes mencionado o seu primo
pobre - a Educao Especial.Muito menos so reivindicadas melhores
condies para esse segmento que,ao contrrio do que parece a primeira
vista abrange um nmero significativo de brasileiros.Segundo os
ltimos dados oficiais disponveis do censo escolar,promovido pelo
Ministrio da Educao,existem milhes de crianas e jovens em idade
escolar com algum tipo de deficincia.Boa parte deles no tem
atendimento especializado,estando matriculados em escolas regulares
ou pior,no estudam.A Educao Especial Brasileira atinge somente
pequena parcela dos deficientes,quase a metade deles atravs de
escolas particulares e as demais so federais,estaduais e
municipais. A educao especial trata-se de uma educao voltada para
os portadores de deficincias
como:auditivas,visuais,intelectual,fsica,sensorial,surdocegueira e
as mltiplas deficincias. Para que esses educandos to especiais
possam ser educados e reabilitados, de extrema importncia a
participao deles em escolas e instituies especializadas.E que eles
disponham de tudo o que for necessrio para o seu desenvolvimento
cognitivo. A educao profissional no Brasil: A Lei 9.394/96,
constitui-se num marco para a educao profissional,pois as leis de
diretrizes e bases anteriores ou as leis orgnicas para os nveis e
modalidades de ensino,sempre trataram da educao profissional com
parcialidade.Legislavam sobre a vinculao da formao para o trabalho
a determinados nveis de ensino,como a educao formal,quer na poca
dos ginsios comerciais e industriais,quer posteriormente atravs da
Lei 5.69201, com o segundo grau profissionalizante. Na atual lei,o
Captulo III do Ttulo V (Dos nveis e das modalidades de educao e
ensino) totalmente dedicado educao profissional,tratando-a na sua
inteira dimenso,como parte do sistema educacional.Neste novo
enfoque a educao profissional tem como objetivos no s a formao de
tcnicos de nvel mdio,mas a qualificao,a requalificao,a
18. reprofissionalizao de trabalhadores de qualquer nvel de
escolaridade,a atualizao tecnolgica permanente e a habilitao nos
nveis mdio e superior.Enfim,regulamenta a educao profissional como
um todo,contemplando as formas de ensino que habilitam e esto
referidas a nveis da educao escolar no conjunto da qualificao
permanente para as atividades produtivas. Mais uma vez aparece na
Lei de Diretrizes e Bases,no Art.39, a referncia ao conceito de
"aprendizagem permanente".A educao profissional deve levar ao
permanente desenvolvimento de aptides para a vida produtiva.E mais
uma vez,tambm,destaca a relao entre educao escolar e processos
formativos,quando faz referncia integrao entre a educao
profissional e as "diferentes formas de educao",o trabalho,a cincia
e a tecnologia.O pargrafo nico deste artigo e os artigos 40 e 42
introduzem o carter complementar da educao profissional e ampliam
sua atuao para alm da escolaridade formal e seu locus para alm da
escola. Finalmente,estabelece a forma de reconhecimento e
Certificao das competncias adquiridas fora do ambiente escolar,quer
para prosseguimento de estudos,quer para titulao,de forma
absolutamente inovadora em relao legislao preexistente. CONSIDERAES
FINAISTomando as Concepes de educao como ponto de partida para
analisar o funcionamento e a organizao do sistema educacional
brasileiro,dois momentos so especiais:um,em torno da dcada de 30
e,o outro,aps 1970. Em ambos a polarizao entre concepes
educacionais estava nitidamente atrelada organizao da
sociedade,resultando assim nas reformas mais significativas para a
educao. At 1920, o frenesi pela educao tomava o processo educativo
como instrumento poltico,que colaboraria no Cresci mento da
participao das classes subalternas no processo poltico.Em 30, o oti
mismo pedaggico assumido pela Pedagogia Nova resulta na
problematizao dos processos internos da escola,atingindo o auge
mais ou menos em 60. Logo em seguida,emerge,em funo dos novos
mecanismos sociaise polticos de recomposio da hegemonia,a linha
tecnicista que secundou a essncia e a existncia como parmetros de
educao e privilegiou os processos e objetivos da produo.Em que
pesem as diferenas e o potencial mais ou menos reacionrio/
revolucionrio dessas concepes.Constata-se que desde o Brasil Colnia
movimentos contra-hegemnicos buscaram retirar a educao da vala
comum de apenas reproduzir e manter o status quo.Marcada pelo signo
da elitizao e,ao mesmo tempo,produtora de iletrados e excludos. A
educao tem sido um mecanismo de recomposio da hegemonia.No
entanto,em todo o processo de desenvolvimento Civil e poltico do
pas,os movimentos que geraram as reformas educacionais contaram com
foras sociais que entendem a educao como elemento determinado cujo
determinante por ela influenciado.Para estes movimentos a educao um
instrumento que se situa para alm das pedagogias da essncia,da
existncia e dos objetivos operacionais. Ao longo deste estudo foi
possvel constatar que nosso sistema de ensino deixa em muito a
desejar e ainda no assegura a todos os cidados uma
19. educao com a qualidade desejada,que proporcione um
desenvolvimento fsico,emocional,moral e social ao educando.Talvez
pelo fato de no ser ao todo obrigatrio,somente o ensino
fundamental,deste modo nossos legisladores (deputados e senadores)
deveriam Criar uma emenda Constitucional tornando obrigatrio e
gratuito toda a educao bsica,contemplando assim o ensino mdio,uma
vez que a ponte do educando rumo ao ensino superior ou diretamente
ao mercado de trabalho.No esquecendo ainda dos profissionais da
educao,que hoje se encontram desvalorizados e desmotivados,sem uma
proposta de formao Conti nuada com qualidade e no gozam de uma
poltica salarial e um plano de carreira que vise o desenvolvimento
desses profissionais e garanta o bem estar social e moral dos
mesmos. REFERNCIAS BIBLIOGRFICASAPPLE,Michael.Ideologia e
Currculo,So Paulo:ed.Brasiliense,1979. 246 p. BRASIL.MINISTRIO DA
SADE.FUNDAO SERVIOS DE SADE PUBLICA. BRASIL.Constituio
(1988).Constituio da Repblica Federativa do Brasil,1988.
Braslia:Senado Federal,Centro Grfico,1988. 292p. BRASIL.Lei de
Diretrizes e Bases da Educao Nacional (LDB n9
9394/1996).Braslia:Senado Federal,Centro Grfico,1996. 29p.
BRASIL.Ministrio da Educao e Cultura:Educao de Jovens e
Adultos.Braslia:MEC,2009.CHRISTOFARO,Maria Auxiliadora.A organizao
do sistema educacional brasileiro e a formao na rea da sade,1996.
Disponvel:wvvw. opas. org. br/ rh/ publicacoes/ te>