APOSTILA DIGITAL DE
REVISO TEMTICA EM
EPIDEMIOLOGIA
DESCRITIVA
UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE
DISCIPLINA: EPIDEMIOLOGIA II 3 PERODO DO CURSO DE MEDICINA
MONITORA: AMANNDA OLIVEIRA RODRIGUES
ORIENTADORAS: PROF HELIA KAWA / PROF ILCE FERREIRA
TEMAS ABORDADOS
- Coeficientes de Mortalidade
- Indicadores Demogrficos
- Transio Demogrfico-Epidemiolgica
- O Processo Endmico-Epidmico
Coeficientes de Mortalidade
Os Coeficientes de Mortalidade so os mais
tradicionais Indicadores de Sade. Vamos, agora,
relembrar as principais taxas e os conceitos
importantes relacionados a esse tema.
1) Taxa De Mortalidade Geral (TMG): Estima o
risco de morte para o total da populao, sem
levar em conta idade, sexo ou causa de bito.
TMG = (n bitos / populao total) X 1000
A TMG sofre influncia da estrutura etria da
populao. Populaes com muitos idosos,
por exemplo, apresentam altas taxas de
mortalidade, que no necessariamente
significam ms condies de vida e sade,
mas sim revelam o processo natural de
envelhecimento populacional.
2) Taxa de Mortalidade Especfica (TME): Estima
o risco de morte de uma parcela especfica da
populao.
TME por sexo = (n bitos de um sexo /
populao total desse sexo) X 1000
TME por causa = (n bitos por uma causa
Y/populao sob risco para a causa Y) X1000
TME por faixa etria = (n bitos de uma faixa
etria/populao total dessa faixa etria) X
1000
3) Taxa de Mortalidade Infantil (TMI): Estima o
risco de morte no 1 ano de vida. um
indicador bastante sensvel s condies de
vida da populao (socioeconmicas, acesso
aos servios de ateno bsica sade infantil,
assistncia perinatal, etc.
TMI geral = (n bitos < 1 ano / total de
nascidos-vivos) X 1000
A TMI geral pode ser subdividida em 4 outras
taxas, a fim de se estudar, separadamente, o
grupo de causas de morte mais freqente em
grupo etrio, dentro do 1 ano de vida.
TMI neonatal geral = (n bitos 0 -28*dias /
total de nascidos-vivos) X 1000
TMI neonatal precoce = n bitos 0 -7*dias /
total de nascidos-vivos) X 1000
TMI neonatal tardia = n bitos 7** -28*dias /
total de nascidos-vivos) X 1000
TMI ps-neonatal = n bitos 28**dias - 1 ano/
total de nascidos-vivos) X 1000
LEIA-SE:
* = dias incompletos
** = dias completos
Interpretao da TMI:
Valor
da taxa Interpretao
50 ou
mais Alta
20-49 Mdia
Menor
que 20 Baixa
4) Taxa de Mortalidade Materna (TMM): Estima
o risco de morte de mulheres por causas
maternas, relacionadas gravidez, ao parto e
ao puerprio. Quando alta, essa taxa reflete o
impacto negativo da falta de assistncia pr-
natal e obsttrica.
No denominador, usamos o total de nascidos-
vivos, considerando desprezvel o nmero de
natimortos.
TMM = n bitos por causa materna / total de
nascidos-vivos) X 1000
5) Mortalidade Proporcional: a distribuio
proporcional dos bitos em relao a algumas
variveis de interesse, como idade e causa
do bito. Por se tratarem de propores,
multiplicamos por 100, e no por 1000.
ndice de Swaroop-Uemura (ISU): o
percentual de bitos ocorridos em indivduos
de 50 anos ou mais. Quanto maior for essa
proporo, melhores as condies de vida da
populao, porque significa que os jovens
(bitos evitveis) morrem menos.
ISU = n bitos >50 anos/ total de bitos) X100
*Valores iguais ou superiores a 75% indicam
boas condies de vida.
ISU em Belo Horizonte e Porto Alegre 1980 e
2000
Curva de Nelson Moraes (CNM): a
representao grfica da Mortalidade
Proporcional por idade.
Formas da CNM
- N invertido: Condies socioeconmicas muito
baixas.
- J invertido (ou L): Condies socioeconmicas
baixas.
- V ou U: Condies socioeconmicas regulares.
- J: Condies socioeconmicas elevadas.
Mortalidade Proporcional por Causa (MPC):
MPC = n bitos por uma causa Y / total de
bitos) X 100
O agrupamento tradicional de causas de bito
preconizado pela Classificao Internacional
de Doenas (CID).
Mortalidade Proporcional por Grupo de
Causas no Brasil e grandes Regies 1998 e
2007
6) Letalidade (L): a porcentagem de bitos por
uma determinada doena que ocorreram no
total de casos dessa doena. Expressa a
gravidade da doena.
L = n bitos por uma causa Y / total de casos
da doena Y) X 100
ATENO:
Mortalidade = Incidncia X Letalidade
Indicadores Demogrficos
Assim como os Coeficientes de
Mortalidade, os Indicadores Demogrficos
tambm so indicadores de sade. Descrevem
as caractersticas de uma populao, em um
intervalo de tempo e em um local especficos.
1) Taxa de Natalidade Geral (TNG): Relaciona o
nmero de nascidos vivos com o total da
populao. uma taxa fundamental para a
estimativa de crescimento populacional.
TNG = n nascidos-vivos / populao total) X
1000
2) Taxa de Fecundidade Geral (TFG): uma
medida mais apropriada da intensidade da
gerao de filhos em uma populao do que
a taxa de natalidade. No denominador,
consideramos como aproximada a idade frtil
de 15 a 49 anos.
TFG = n nascidos-vivos / populao
feminina 15 49 anos) X 1000
3) Taxa de Fecundidade Especfica (TFE): Para
seu clculo, divide-se a chamada idade
frtil em grupos qinqenais. Mede a
contribuio de cada faixa etria para a taxa
de fecundidade total.
TFE = (n nascidos-vivos de mulheres de uma
faixa etria/ populao feminina dessa faixa
etria) X 1000
4) Taxa de Fecundidade Total (TFT): o
somatrio das taxas de fecundidade
especficas de cada faixa etria qinqenal.
Estima quantos filhos, em mdia, uma
mulher ter ao longo de toda a sua vida
reprodutiva.
5) Taxa Bruta de Reproduo (TBR): Estima a
fecundidade da populao na gerao
seguinte, ou seja, quantas filhas uma mulher
ter ao longo de toda a sua vida reprodutiva.
TBR = TFT X ( n nascidos-vivos do sexo
feminino/ total de nascidos-vivos)
6) Taxa de Crescimento Populacional (TCP):
Estima a velocidade (o ritmo) de crescimento
da populao. Trata-se de uma
porcentagem, influenciada por natalidade,
mortalidade, imigraes e emigraes.
7) Densidade Demogrfica (DD): Revela o grau
de concentrao populacional de uma
determinada rea.
DD = (populao total/ rea em km )
8) Razo de Dependncia (RD): a razo entre
as faixas etrias economicamente
dependentes (
RD = populao 0 14 anos e 65 anos ou
mais / populao 15 64 anos) X 100
9) Expectativa de Vida ao Nascer: Estima o
nmero mdio de anos que se espera que
um recm-nascido viva, caso o padro de
mortalidade do local onde ele vive no se
altere muito ao longo de sua vida.
Quanto maior a expectativa de vida de
uma populao, melhores so suas condies
de vida e sade.
Transio Demogrfico-
Epidemiolgica
um processo descrito em 4 fases, que
representam uma mudana considervel no
perfil da populao.
Em sntese, trata-se de um processo de
transio de uma situao de altas taxas de
mortalidade e de fecundidade (quando, em
geral, predominam as doenas infecciosas)
para uma situao de baixas taxas (quando as
doenas neurodegenerativas assumem
grande importncia quantitativa).
Durante esse processo, a populao passa
por um notvel desenvolvimento
socioeconmico, e adquire condies mais
salubres e tecnologia mais avanada.
Fase 1 - Idade da Pestilncia e da Fome: A
mortalidade alta, e impede o crescimento
populacional. A expectativa de vida ao
nascer baixa (cerca de 20 a 40 anos).
Fase 2 - Idade da Pandemia Retrocedente: A
mortalidade reduz progressivamente, e a
taxa de crescimento populacional aumenta.
A expectativa de vida chega a cerca de 50
anos.
Fase 3 Idade das Doenas Degenerativas e
das Doenas Criadas pelo Homem: A
mortalidade cai e estabiliza-se em nveis
baixos. A expectativa de vida chega aos 70
anos, aproximadamente (Efeito da
Longevidade).
Fase 4 Idade das Doenas Degenerativas
Adiada: A maioria das mortes ocorre em
idade avanada, por doenas degenerativas.
ATENO
Classificao de Sundbarg para o estgio em
eu a populao se encontra no Processo de
Transio Demogrfico-Epidemiolgico:
Populao Progressiva: Natalidade e
Mortalidade Infantil elevadas. Condies
socioeconmicas baixas. Ex.: Pases
subdesenvolvidos da frica e da Amrica
Latina.
Populao Estacionria: Natalidade
decrescente, Mortalidade Infantil baixa.
Populao Regressiva: Natalidade e
Mortalidade Infantil baixas. Ex.: Atualmente,
Europa Ocidental e Japo.
Etapas da Transio Demogrfica Considerando-se a fecundidade e a mortalidade: Quando as taxas de fecundidade e mortalidade, principalmente infantil, so elevadas, a populao jovem e estvel. Quando a reduo da mortalidade, principalmente por doenas infecciosas, no acompanhada da reduo da fecundidade, h ganho de vidas em todas as idades, o ritmo de crescimento populacional aumenta e a populao permanece jovem. EVOLUO DA POPULAO NO BRASIL Mudanas nos parmetros demogrficos no Brasil Mortalidade Comea a declinar a partir de 1940. Declnio muito rpido. Domnio e tratamento das doenas infecciosas e parasitrias. Programas de vacinao em massa. Melhoria nas condies sanitrias.
O declnio muito rpido dos nveis de mortalidade, aliado manuteno dos altos nveis de fecundidade, causou um aumento do volume populacional. Taxa de crescimento do Brasil durante a dcada de 60: prxima de 3% ao ano. Fecundidade Permanece constante em nveis elevados at os anos 60. Queda da fecundidade - comea no final da dcada de 60 e incio dos anos 70, acentuando-se durante a dcada de 80.
O Processo Endmico-
Epidmico
Veremos, agora, alguns conceitos importantes
para descrever a situao de uma doena, em uma
populao, em um determinado momento.
Uma doena pode, em um dado momento,
estar Ausente ou Presente em uma populao.
Se Presente, ela pode ser:
- Epidmica
- Endmica
- Espordica
Epidemia: a ocorrncia de uma doena em
uma populao de forma no constante, ou
seja, de forma crescente, ao longo do tempo.
Endemia: a ocorrncia de uma doena em
uma populao de forma constante ao longo
de tempo, sendo permitidas flutuaes
cclicas e sazonais.
Para determinar se uma doena
epidmica ou endmica em uma
populao:
Inicialmente, deve-se calcular a Incidncia
Mensal Mdia, comparando perodos de
tempo anteriores. Por exemplo: Considerar
um perodo de 10 anos anteriores, e, para
cada ano, calcular a mensal mdia de uma
determinada doena.
Depois, calcular a Incidncia Mensal Mnima
Esperada e a Incidncia Mensal Mxima
Esperada.
Inc. Mens. Mn. Esp. = Inc. Mens. Md. 1,96
desvios-padro
Inc. Mens. Mx. Esp. = Inc. Mens. Md. + 1,96
desvios-padro
Delimitar a Faixa Endmica, que fica entre
a Inc. Mens. Mx. Esp. (tambm chamada de
Limiar Endmico Superior, ou Limiar
Epidmico) e a Inc. Mens. Mn. Esp. (Limiar
Endmico Inferior).
Avaliar se a Incidncia da doena, na
populao em questo, em um dado
momento, encontra-se dentro da Faixa
Endmica.
- Se Sim: Trata-se de uma doena
Endmica na populao e no momento em
questo.
- Se ultrapassa o Limiar Epidmico: Trata-se
de uma doena Epidmica na populao e no
momento em questo.
Outros conceitos importantes:
Surto: uma epidemia que ocorre em um
espao limitado, como escola, creche, navio,
condomnio, bairro, etc.
Pandemia: uma epidemia distribuda em
um amplo espao geogrfico (pases,
continentes).
Epidemia Explosiva: uma epidemia de
rpida progresso. Ex.: Intoxicao alimentar.
Epidemia Lenta: uma epidemia de lenta
progresso. Ex.: AIDS.
Epidemia Progressiva / Propagada: uma
epidemia na qual h uma transmisso pessoa
a pessoa (ex.: sarampo, gripe, DST) ou
atravs de vetores (ex.: malria, dengue).
Epidemia por Fonte Comum: A transmisso
atravs de uma Fonte Pontual (que existe
por um tempo limitado ex.: intoxicao
alimentar) ou de uma Fonte Persistente (que
permanece por um tempo longo ex.:
doenas transmitidas por gua e alimentos
contaminados por ausncia de saneamento
adequado).
Caso Autctone: um caso da doena
originada no prprio local de ocorrncia da
epidemia. Ex.: Caso de dengue em indivduo
que no viajou nos ltimos 15 dias.
Caso Alctone ou Importado: um caso da
doena que se originou fora do local de
ocorrncia da epidemia. Ex.: Paciente vindo
da Amaznia h menos de 3 meses com
diagnstico de malria.
REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS
- Medronho , RA; Bloch KV; Luiz RR;
Werneck GL (eds.). Epidemiologia. Atheneu,
Rio de Janeiro, 2008, 2 Edio.
- Gordis L. Epidemiologia. Editora Revinter.
2004. 2 Edio.
- Rouquayrol ZM, Almeida-Filho N.
Epidemiologia e Sade. Guanabara Koogan.
2009. 6 Edio.