7/25/2019 As Estrategias de Manutencao Das Familias Durante o Periodo de Bloqueio Do Programa Bolsa Familia Devido Des
1/146
FACULDADE CATLICA SALESIANA DO ESPRITO SANTO
LORENA TORRES DE LEMOS
MARCIELE VIEIRA RIBEIRO
AS ESTRATGIAS DE MANUTENO DAS FAMLIAS DURANTE O PERODO
DE BLOQUEIO DO PROGRAMA BOLSA FAMLIA DEVIDO DESCUMPRIMENTO
DE CONDICIONALIDADES
VITRIA
2012
7/25/2019 As Estrategias de Manutencao Das Familias Durante o Periodo de Bloqueio Do Programa Bolsa Familia Devido Des
2/146
LORENA TORRES DE LEMOS
MARCIELE VIEIRA RIBEIRO
AS ESTRATGIAS DE MANUTENO DAS FAMLIAS DURANTE O PERODO
DE BLOQUEIO DO PROGRAMA BOLSA FAMLIA DEVIDO DESCUMPRIMENTO
DE CONDICIONALIDADES
Trabalho de Concluso de Curso apresentado Faculdade Catlica Salesiana do Esprito Santo,
como requisito obrigatrio para obteno do ttulo deBacharel em Servio Social.
Orientador: Prof Ms. Alasa de Oliveira Siqueira
VITRIA
2012
7/25/2019 As Estrategias de Manutencao Das Familias Durante o Periodo de Bloqueio Do Programa Bolsa Familia Devido Des
3/146
LORENA TORRES DE LEMOS
MARCIELE VIEIRA RIBEIRO
AS ESTRATGIAS DE MANUTENO DAS FAMLIAS DURANTE O PERODO
DE BLOQUEIO DO PROGRAMA BOLSA FAMLIA DEVIDO DESCUMPRIMENTO
DE CONDICIONALIDADES
Trabalho de Concluso de Curso apresentado Faculdade Catlica Salesiana doEsprito Santo, como requisito obrigatrio para obteno do ttulo de Bacharel emServio Social.
Aprovado em 06 de dezembro de 2012, por:
_____________________________________Prof. Ms. Alasa de Oliveira Siqueira(Orientadora)
_____________________________________Prof. Ms. Camila TaquettiFaculdade Catlica Salesiana do Esprito Santo(Examinadora)
_____________________________________Bruna de Andrade MartinsAssistente Social
Coordenadora da Central de Cadastro nico e Programa Bolsa Famliado Municpio de Cariacica/ES(Examinadora)
7/25/2019 As Estrategias de Manutencao Das Familias Durante o Periodo de Bloqueio Do Programa Bolsa Familia Devido Des
4/146
DEDICATRIA
Com muito amor a Deus, aos nossos pais, e
a todas as vtimas da fome, fruto do sistema
capitalista.
(Lorena e Marciele).
7/25/2019 As Estrategias de Manutencao Das Familias Durante o Periodo de Bloqueio Do Programa Bolsa Familia Devido Des
5/146
AGRADECIMENTOS
Ao grande DEUSque nunca me desamparou e que quando eu percebia que estava
cansada e que as coisas no estavam fceis ele me confortava e iluminava os meuspensamentos.
Aos meus pais, Carlos Srgio e Shirley, que so minha vida que me deram muito
apoio, que fizeram e fazem de tudo para que eu seja quem eu sou hoje, quero
sempre me espelhar em vocs.
Meu namorado Marlon que sempre foi compreensvel, que entendeu muitas das
vezes que eu necessitei me ausentar, que me acompanhou durante toda essa
caminhada.
A todos da minha famlia materna quando da paterna que sempre acreditaram,
torceram por mim e me ajudaram no que foi preciso.
Aos meus amigos de infncia que infelizmente estou um pouco distante devido
graduao, mas, so muito especiais e carrego todos os dias em meu corao.
Tambm as minhas colegas e amigas formadas na academia que irei lev-las para
sempre em minha vida. Em especial um agradecimento as minhas amigas de
risadas, de segredos, de um simples bom dia, de compreenso e que transmitiram
momentos de descontrao naquela tenso, sendo essas: Aline, Bruna, Janini,
Leda , Marciele e Sarize.
Aos profissionais do Instituto Federal do Esprito Santo campus Serra, que meproporcionaram um primeiro olhar da minha real profisso, que me acolheram e me
deram ensinamentos. Aos profissionais do Centro de Referencia de Assistncia
Social de Serra Dourada,aos tcnicos que me ensinaram como ser uma Assistente
Social na prtica, a toda equipe que sempre foi amiga, divertida e que realiza um
trabalho com unio e com amor. Tanto a equipe de quando eu entrei como aquela
em que eu estou saindo, tenho um grande prazer em ter feito parte dessa equipe.
Em especial as minhas supervisoras de estgio Cibelle, Mira, Silvia e Andriamuito obrigado por me passarem da melhor forma tudo que vocs sabem, por terem
7/25/2019 As Estrategias de Manutencao Das Familias Durante o Periodo de Bloqueio Do Programa Bolsa Familia Devido Des
6/146
confiado no meu potencial, por ter permitido que eu me sentisse reconhecida. Levo
vocs no s como minhas supervisoras, mas como minhas grandes amigas,
lembrando tambm da Psicloga e minha amiga Libnaque conheci no CRAS e que
gosto de corao.
Agradeo tambm ao CRAS de Serra Dourada e a Central de Cadastro nico de
Cariacica por permitirem que coleta de dados para a realizao desta pesquisa
tenha sido realizada dentro de seus espaos.
Aos mestres e professoresque me ensinaram e me tornaram a profissional que eu
sou hoje, obrigado por esses quatro anos de dedicao, em especial: Camila
Taquetti, Jaqueline Silva, Renato Andrade e Silvia Trugilho.
A minha grande amiga e parceira desta pesquisa Marciele, no tnhamos ideia da
amizade iria vir a se formar atravs de um trabalho to rspido. Obrigado minha
amiga por ter tido pacincia comigo nos meus momentos de stress, por ter
construdo essa unio, por ter sido essa pessoa alegre, extrovertida e companheira.
Fico muito feliz em dizer que eu tive uma parceira de TCC que realmente se dedicou
e trabalhou comigo.
A minha orientadora Prof Ms. Alasa de Oliveira Siqueira que com muita pacincia e
ateno, dedicou do seu valioso tempo para nos auxiliar em cada passo deste
trabalho.
Aos usurios que colaboraram efetivamente para que este trabalho se tornasse
possvel, vocs so as peas chave deste processo.
Agradeo tambm a Prof. Ms. Camila Taquetti e pela Assistente Social Bruna de
Andrade Martins por terem aceitado compor a banca examinadora deste trabalho,
enriquecendo-o com seus conhecimentos.
Obrigado por todos, aos que no foram descritos acima, mas que lutam diariamente
ao meu lado, transmitindo f, amor, alegria, determinao, pacincia, coragem e que
tornam os meus dias mais felizes e bonitos.
LORENA TORRES DE LEMOS
7/25/2019 As Estrategias de Manutencao Das Familias Durante o Periodo de Bloqueio Do Programa Bolsa Familia Devido Des
7/146
AGRADECIMENTOS
Agradeo a Deus pela oportunidade de cursar o ensino superior, por me dar
sabedoria e perseverana na busca pelo saber mesmo nos momentos mais difceis,
e pela linda profisso que agora devo honrar.
Agradeo aos meus pais Nilda e Jacy e ao meu irmo Marciel, pelo apoio e
confiana, afinal foram quatro anos sem ter vocs comigo todos os dias, essa vitria
para vocs meus grandes amores.
Ao meu amor Chesley, por estar sempre comigo me apoiando nos momentos emque achei que no dava mais, obrigada por no ter me deixado desistir nunca, voc
muito especial para mim.
Ao afeto das minhas famlias, Ribeiro e Vieira (tios, madrinhas, primas e primos) e as
famlias Wendler e Lemos que me adotaram e me aturaram durante esse tempo
vocs so demais, as irms Prando minhas colegas da repblica, pela amizade e
companheirismo.
A minha parceira de TCC Lorena Torres de Lemos, obrigada pela amizade que
construmos, pelos momentos em que fomos escritoras e verdadeiras estudiosas,
pela cumplicidade, pacincia, pelo esforo de comear e recomear, pela
compreenso, pelas gargalhadas e vrias histrias e momentos engraados que
vamos guardar sempre, obrigada por fazer parte e dividir comigo a concretizao
desse nosso sonho profissional, vou sentir falta da nossa convivncia diria, nossaparceria deu certo e construiu laos eternos que tenho certeza que no vo parar
por aqui, voc dez caulinha da turma!
Agradeo ao carinho e estmulo de todas as minhas amigas e amigos de velhos e
poucos anos, a todos colegas de sala que com certeza sero excelentes
profissionais, a quem aprendi a amar cada um com seu jeito e esquisitice, em
especial a Bruna, Aline, Sarize, Leda e Janini vocs souberam me aturar direitinho
durante esses 4 anos !!!
7/25/2019 As Estrategias de Manutencao Das Familias Durante o Periodo de Bloqueio Do Programa Bolsa Familia Devido Des
8/146
Grata a todos profissionais que me supervisionaram durante o perodo de estgio ou
contriburam de alguma forma para a evoluo da minha prxis profissional, de cada
um de vocs levo o que h de mais especial, o profissionalismo, o compromisso
tico e o entusiasmo na busca por uma sociedade mais justa, em especial as
supervisoras Juliane Mateddi, Elielma Griggio, Tabita Gonalves,Bruna Martins,
Marilcia Mattos, Denise Lemos e Gabriela Corra, obrigada pelas trocas de
saberes, pela compreenso dos erros de quando ainda estava comeando a
caminhar.
Aos usurios atendidos por mim, pelo respeito enquanto ainda era estagiria. Aosusurios, funcionrios e profissionais dos Campos de Pesquisa que contriburam
pela concretizao deste trabalho, muito obrigada!
Agradeo a todos professores da faculdade Salesiana que desempenharam com
dedicao as aulas ministradas e foram fundamentais para o meu aprendizado, um
abrao aos professores, Renato Andrade, Silvia Trugilho, Camila Taquetti, Jaqueline
Silva e especialmente a Professora e Mestra Alaiza de Oliveira Siqueira peloestmulo intelectual e pela confiana depositada na nossa capacidade de levar
adiante este trabalho. Quero deixar registrada a vocs minha admirao tanto pelo
acmulo terico e rigor intelectual, como pela postura humana frente aos seus
ideais.
Aos convidados da banca, por dedicar parte do precioso tempo a leitura e anlise do
contedo exposto neste trabalho. Enfim, meu muito obrigada a todos que, mesmono estando citados aqui, contriburam para a concluso desta importante vitria.
MARCIELE VIEIRA RIBEIRO
7/25/2019 As Estrategias de Manutencao Das Familias Durante o Periodo de Bloqueio Do Programa Bolsa Familia Devido Des
9/146
"Se voc capaz de tremer de indignao a
cada vez que se comete uma injustia no
mundo, ento somos companheiros.
Che Guevara
7/25/2019 As Estrategias de Manutencao Das Familias Durante o Periodo de Bloqueio Do Programa Bolsa Familia Devido Des
10/146
RESUMO
Esta pesquisa consiste em um trabalho de concluso de curso, requisito paraobteno de titulo em bacharel de Servio Social. Possui enquanto objetivo geral:
Analisar as estratgias de sobrevivncia utilizadas pelas famlias em situao de
bloqueio do Programa Bolsa Famlia (PBF). Dentre os objetivos especficos
esto: Discutir e analisar as principais situaes que ocasionam o bloqueio do PBF
dos municpios de Cariacica e Serra, dos usurios dos servios da Central de
Cadastro nico (Cadnico) e do Centro de Referncia e Assistncia Social (CRAS)
de Serra Dourada; identificar como as famlias se organizam para garantir a
obteno de renda durante o perodo de bloqueio do PBF. Metodologia:Quanto a
sua finalidade, se classificou como uma pesquisa descritiva e qualitativa, pois esta
nos permitiu uma melhor compreenso a cerca do tema abordado. Em relao aos
sujeitos participantes da pesquisa, foram os usurios dos servios de ambas
instituies que encontravam-se com o beneficio retido por descumprimento de
condicionalidades do PBF. A coleta de dados com os sujeitos participantes foi
realizada por meio de entrevista do tipo semi-estruturada, com perguntas abertas e
fechadas, seguindo um roteiro previamente elaborado. O perodo da coleta de
dados foi no ms de setembro do ano de 2012, ms em que ocorreu a repercusso
dos benefcios. Para o tratamento dos dados obtidos, foi adotada a anlise
qualitativa que contempla trs passos: Reduo, categorizao e interpretao dos
dados.Resultados:Atravs da anlise das entrevistas obtivemos como resultados,
que as famlias possuem como estratgias de manuteno no perodo do bloqueio
do PBF o trabalho informal e o emprstimo de dinheiro com terceiros.
Palavras Chaves: Bolsa Famlia, condicionalidades, pobreza, CRAS, Cadnico.
7/25/2019 As Estrategias de Manutencao Das Familias Durante o Periodo de Bloqueio Do Programa Bolsa Familia Devido Des
11/146
ABSTRACT
This research is a work of completion, a prerequisite for obtaining title in Bachelor of
Social Work. It has as main objective: To analyze the coping strategies used byfamilies in blocking the Bolsa Famlia Program. Among the specific objectivesare:
Discuss and analyze key situations that cause blockage of the BFP and the
municipalities of Cariacica Serra, the service users' Center Unified Register
(Cadnico) and the Centre for Reference and Social Assistance (CRAS) Sierra Gold;
identify how families organize themselves to ensure the achievement of income
during the BFP block. Methodology: For the purpose, qualified as a descriptive and
qualitative, as this allowed us a better understanding about the theme. Regarding the
subject of the research participants were service users of both institutions were
retained with the benefit of noncompliance by conditionalities were interviewed PBF.
Data collection with the participating subjects was conducted through interviews of
semi-structured, with open and closed questions, following a previously elaborated.
The period of data collection was in September of 2012, the month in which occurred
the transmission of benefits. For the treatment of the data, we adopted the qualitative
analysis that involves three steps: reduction, categorization and interpretation details.
Results:Through the analysis of interviews obtained as a result that families have as
maintenance strategies during the blockade of PBF informal work and lending money
to third parties.
Key Words: Bolsa Familia, conditionalities, poverty, CRAS, Cadnico.
7/25/2019 As Estrategias de Manutencao Das Familias Durante o Periodo de Bloqueio Do Programa Bolsa Familia Devido Des
12/146
LISTA DE GRFICOS
Grfico 1 Distribuio dos usurios atendidos por gnero no CRAS de Serra
Dourada......................................................................................................................72Grfico 2 - Faixa etria dos usurios atendidos no CRAS de Serra Dourada...........73
Grfico 3Distribuio dos usurios atendidos por procedncia no CRAS de Serra
Dourada......................................................................................................................74
Grfico 4Idade dos entrevistados...........................................................................83
Grfico 5 - Situao Empregatcia..............................................................................84
Grfico 6 - Renda Familiar.........................................................................................86
Grfico 7 - Tempo de Permanncia no Programa......................................................87
Grfico 8 - Conscincia sobre o motivo de bloqueio do benefcio ............................89
7/25/2019 As Estrategias de Manutencao Das Familias Durante o Periodo de Bloqueio Do Programa Bolsa Familia Devido Des
13/146
LISTA DE MAPAS
Mapa 1Cariacica e bairros, e municpios vizinhos ................................................ 78
7/25/2019 As Estrategias de Manutencao Das Familias Durante o Periodo de Bloqueio Do Programa Bolsa Familia Devido Des
14/146
LISTAS DE QUADROS
Quadro 1Valores que as Famlias com renda per capita familiar mensal de at R$
70,00 reais (setenta reais) podem receber ................................................................ 54
Quadro 2Valores que as famlias com renda per capita familiar mensal de R$ 70
(setenta reais) a R$ 140 (cento e quarenta reais) podem receber ............................ 55
Quadro 3Calendrio de 2012 de pagamento do PBF .......................................... 56
7/25/2019 As Estrategias de Manutencao Das Familias Durante o Periodo de Bloqueio Do Programa Bolsa Familia Devido Des
15/146
LISTAS DE TABELAS
Tabela 1Territrio de abrangncia do CRAS de Serra Dourada ........................... 67
7/25/2019 As Estrategias de Manutencao Das Familias Durante o Periodo de Bloqueio Do Programa Bolsa Familia Devido Des
16/146
LISTA DE SIGLAS
AIDS -Sndrome da Imunodeficincia Adquirida
BPCBenefcio de Prestao Continuada
BSP -Benefcio de Superao da Extrema Pobreza na Primeira Infncia
BVCEBenefcio Varivel de Carter Extraordinrio
BVJBenefcio Varivel Jovem
CADBES - Cadastro do Bolsa Escola
CadnicoCadastro nico
CEFCaixa Econmica Federal
CEP - Comit de tica e PesquisaCF - Constituio Federal
CNAS - Conselho Nacional de Assistncia Social
COFAVI - Companhia de Ferro e Ao de Vitria
CRAS - Centro de Referncia de Assistncia Social
CREAS - Centro de Referncia Especializado da Assistncia Social
CVRD - Companhia Vale do Rio Doce
DFDistrito FederalDSTs - Doenas Sexualmente Transmissveis
ES - Esprito Santo
IBGEInstituto Brasileiro de Geografia e Estatstica
IDH - ndice de Desenvolvimento Humano
INSS - Instituto Nacional de Seguro Social
LA - Liberdade Assistida
LOAS - Lei Orgnica de Assistncia Social
MDSMinistrio do Desenvolvimento Social e Combate Fome
MP - Medida Provisria
NIS - Nmero de identificao Social
NOB/SUAS - Norma Operacional Bsica do SUAS
PAIF - Programa de Ateno Integral a Famlia
PBC - Projeto Bolsa Capixaba
PBF- Programa Bolsa Famlia
PETIPrograma de Erradicao do Trabalho Infantil
7/25/2019 As Estrategias de Manutencao Das Familias Durante o Periodo de Bloqueio Do Programa Bolsa Familia Devido Des
17/146
PGRFMPrograma de Garantia de Renda Familiar Mnima
PGRMPrograma de Garantia de Renda Mnima
PIB - Produto Interno Bruto
PNAS - Poltica Nacional de Assistncia Social
PSC - Prestao de Servios Comunidade
RFResponsvel Familiar
RMV - Renda Mensal Vitalcia
SCFV - Servios de Convivncia e Fortalecimento de Vnculos
SENARC - Secretaria Nacional de Renda de Cidadania
SEPROM - Secretaria de Promoo Social
SICON - Sistema de Condicionalidades do Programa Bolsa FamliaSIBEC - Sistema de Gesto de Benefcios SIBEC
SPSo Paulo
SUAS - Sistema nico de Assistncia Social
TCC- Trabalho de Concluso de Curso
7/25/2019 As Estrategias de Manutencao Das Familias Durante o Periodo de Bloqueio Do Programa Bolsa Familia Devido Des
18/146
SUMRIO
1 INTRODUO........................................................................................................19
2 PROCEDIMENTOS METODOLGICOS...............................................................23
3 POLTICA SOCIAL, OS PERODOS HISTRICOS DA CONFIGURAO DAASSISTNCIA SOCIAL NO BRASIL E A POLTICA DE ASSISTNCIA SOCIAL APARTIR DA CONSTITUIO FEDERAL DE 1988..................................................27
3.1BREVE CONTEXTUALIZAO DA POLTICA SOCIAL E OS PERODOSHISTRICOS DA CONFIGURAO DA ASSISTNCIA SOCIAL NOBRASIL......................................................................................................................27
3.2 POLTICA DE ASSISTNCIA SOCIAL A PARTIR DA CONSTITUIOFEDERAL DE 1988....................................................................................................28
4 OS PROGRAMAS DE TRANSFERNCIA DE RENDA NO BRASIL E O BOLSAFAMILIA.........39
4.1 BREVE HISTRICO DOS PROGRAMAS DE TRANSFERNCIA DE RENDA
NO BRASIL...........................................................................................................39
4.2 JUSTIFICATIVAS PARA UNIFICAO DOS PROGRAMAS NACIONAIS DE
TRANSFERENCIA DE RENDA.............................................................................46
4.3 CARACTERIZAO E DEFINIO DO PROGRAMA BOLSA FAMLIA........48
4.3.1 Critrios de Incluso e Valores do Beneficio....................................51
4.3.2 Condicionalidades do PBF..................................................................58
4.3.3 O Cadastro nico Para Programa Sociais do Governo Federal.....59
4.3.4 Programas Complementares..............................................................61
5 CONTEXTUALIZANDO OS CAMPOS DE PESQUISA..........................................65
5.1 CARACTERSTICAS DO MUNICPIO DE SERRA (ES).................................65
5.2 CAMPO DE PESQUISA E PERFIL DAS FAMLIAS ATENDIDAS NO CRASDE SERRA DOURADASERRA (ES).................................................................66
5.3 CARACTERSTICAS DO MUNICPIO DE CARIACICA.................................75
5.4 CAMPO DE PESQUISA: CENTRAL DE CADASTRO NICO (CADNICO)DE CARIACICA....................................................................................................78
7/25/2019 As Estrategias de Manutencao Das Familias Durante o Periodo de Bloqueio Do Programa Bolsa Familia Devido Des
19/146
6 ANALISANDO AS ESTRTEGIAS DE MANUTENO DAS FAMLIAS
DURANTE O PERIODO DE BLOQUEIO DO BOLSA FAMILIA ............................82
6.1 PERFIL SOCIOECONOMICO DAS FAMLIAS DOS USURIOS
ENTREVISTADOS NOS MUNCIPIOS DE SERRA E CARIACICA.....................82
6.2 O TEMPO DE PERMANNCIA NO PBF E O CONHECIMENTO SOBRE AS
CONDICIONALIDADES.........................................................................................87
6.3 O PODER DE COMPRA DAS FAMLIAS E AS DIFICULDADES
ENCONTRADAS NO PERODO DE BLOQUEIO DO BENEFCIO.......................90
6.4 ESTRATGIAS DE MANUTENO APRESENTADAS PELAS FAMLIAS NO
PERODO DE BLOQUEIO DO BOLSA FAMLIA..................................................92
7 CONSIDERAES FINAIS....................................................................................96
REFERNCIA............................................................................................................99
APNDICE...............................................................................................................104
APNDICE A - ROTEIRO DE ENTREVISTA COM OS BENEFICIRIOS..............105
APNDICE BPARECER DO CONSUBSTANCIADO DO COMIT DE TICA E
PESQUISA (CEP) DA FACULDADE CATLICA SALESIANA DO ESPRITO
SANTO.....................................................................................................................106
APNDICE C - DECLARAO DA INSTITUIO CO-PARTICIPANTE CRAS DE
SERRA DOURADA..................................................................................................108
APNDICE D - DECLARAO DA INSTITUIO CO-PARTICIPANTE CENTRAL
DE CADASTRO NICO PARA PROGRAMAS SOCIAIS DE CARIACICA.............109
APNDICE E - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO...........120
ANEXO.....................................................................................................................113
ANEXO A FORMULRIO PRINCIPAL DO CADASTRO NICO PARA
PROGRAMAS SOCIAS............................................................................................114
7/25/2019 As Estrategias de Manutencao Das Familias Durante o Periodo de Bloqueio Do Programa Bolsa Familia Devido Des
20/146
19
1 INTRODUO
Constituiu-se como foco deste estudo o Programa Bolsa Famlia (PBF), os valores
do benefcio, critrios de incluso, condicionalidades do programa, dentre outros.
Este Trabalho de Concluso de Curso (TCC)1 possui enquanto objetivo geral
identificar as estratgias de sobrevivncia utilizadas pelas famlias em situao de
bloqueio do PBF. Dentre os objetivos especficos esto: discutir e analisar as
principais situaes que ocasionam o bloqueio do PBF dos municpios de Cariacica
e Serra, dos usurios dos servios da Central de Cadastro nico de Cariacica e do
Centro de Referncia e Assistncia Social (CRAS) de Serra Dourada e identificar
como as famlias se organizam para garantir a obteno de renda durante o perodo
de bloqueio do PBF.
A reviso de literatura abarcou a poltica social, os perodos histricos da
configurao da assistncia social no Brasil e a poltica de assistncia social a partir
da Constituio Federal de 1988; e o Programa Bolsa Famlia (PBF). Foi realizada
por meio de busca de informaes tericas em autores tais como: Andrade (2011);
Cunha (2001, 2009); Behring (2007), Garcia (2003); Hfling (2001), Silva (2004),
Sposati (2005), Pereira (2008), Yasbek (2003 e 2004), que possuem um debate
terico, histrico e atual acerca do objeto de pesquisa.
Foram tomadas como referncia a Poltica Nacional de Assistncia Social (PNAS), o
Sistema nico de Assistncia Social (SUAS), a Lei Orgnica de Assistncia Social
(LOAS) e demais legislaes vigentes, bem como o processo de efetivao e gestodo PBF, com discusso entre os municpios de Cariacica na Central de Cadastro
1De acordo com o Guia de Normalizao de Trabalhos acadmicos e pesquisa da faculdade CatlicaSalesiana do Esprito Santo (2012), o Trabalho de Concluso de Curso (TCC) um tipo de trabalhoexigido como requisito obrigatrio para a concluso de cursos de graduao. O grau de profundidadedo TCC pode ser menor que o da monografia dos cursos de ps-graduao lato sensu. O TCC umimportante instrumento acadmico para auxiliar o desenvolvimento da capacidade de raciocnio,escrita, argumentao, sistematizao e de aplicao dos conhecimentos adquiridos durante o curso.A elaborao deste tipo de trabalho exige o conhecimento e a aplicao das normas tcnicas de
elaborao de trabalhos cientficos.
7/25/2019 As Estrategias de Manutencao Das Familias Durante o Periodo de Bloqueio Do Programa Bolsa Familia Devido Des
21/146
20
nico para Programas Sociais (Cadnico) e no municpio da Serra no Centro de
Referncia de Assistncia Social (CRAS) de Serra Dourada, locais que se
classificam como campo de pesquisa e onde foram realizadas as coletas de dados
com os usurios desses servios em ambos municpios.
O percurso metodolgico dessa pesquisa a priori se deu por meio de elaborao de
um projeto de pesquisa inicial, que foi reescrito depois, para apresentao e
aprovao dos campos de pesquisa e do Comit de tica e Pesquisa (CEP) da
Faculdade Catlica Salesiana do Esprito Santo.
A pretenso em realizar esta pesquisa, foi de estimular os gestores de ambos os
municpios a elaborar novos meios de instigar as famlias a evitar que ocorresse
descumprimento de condicionalidade, motivo que ocasiona o bloqueio do PBF, alm
disso, buscar novas estratgias para que as famlias em situao de bloqueio
pudessem se manter durante esse perodo. O interesse pela realizao desta
pesquisa teve por referncia as vivncias obtidas pelas pesquisadoras nos campos
de estgio.
Pelo fato do Bolsa famlia ser um dos maiores programas de transferncia de renda 2
do Brasil, com abrangncia de mais de 13 milhes de famlias 3 em todo territrio
nacional, consideramos que foi relevante realizar o estudo acerca deste tema, pois
este propiciou as instituies Central de Cadastro nico no municpio de Cariacica e
o Centro de Referncia de Assistncia Social (CRAS) de Serra Dourada, conhecer
mais a fundo o perfil dos usurios atendidos nessas instituies e os profissionais
que se encontram nesses locais podero intervir de uma forma melhor, pois iroconhecer e ter informaes mais precisas sobre os aspectos socioeconmicos
destes usurios.
2Segundo Santana (2007, p.3), [...] Os programas de transferncia de renda surgiram como umaalternativa para combate a pobreza. Eles foram concebidos segundo a ideia de que o beneficirio tema autonomia para definir como melhor utilizar o benefcio por saber quais so suas necessidadesmais urgentes [...].3
Informao retirada do site do Ministrio de Desenvolvimento Social e Combate a Fome.Disponvel em:. Acesso em: 10 abr. de 2012.
http://www.mds.gov.br/bolsafamiliahttp://www.mds.gov.br/bolsafamiliahttp://www.mds.gov.br/bolsafamilia7/25/2019 As Estrategias de Manutencao Das Familias Durante o Periodo de Bloqueio Do Programa Bolsa Familia Devido Des
22/146
21
Com a realizao deste estudo foi possvel adquirir conhecimentos tericos
cientficos e identificar como as famlias se organizam para garantir a obteno de
renda durante o perodo de bloqueio. Foi realizada uma breve discusso e anlise
das principais situaes que ocasionaram o bloqueio do Programa Bolsa Famlia nos
municpios de Cariacica e Serra, dos usurios dos servios da Central de Cadastro
nico para Programas Sociais (Cadnico) e do Centro de Referncia e Assistncia
Social (CRAS) de Serra Dourada.
Para a realizao da investigao cientfica a partir da qual se materializou o estudo,
foi desempenhada uma pesquisa de abordagem qualitativa, quanto a sua finalidade,
foi classificada como uma pesquisa exploratria.
Foram realizadas 5 (cinco) entrevistas em cada campo de pesquisa. Para a coleta
de dados foi aplicada uma entrevista do tipo semi-estruturada com os sujeitos
participantes da pesquisa. Tomamos como dimenso temporal da coleta de dados o
ms de setembro de 2012. Consideramos que esse mtodo de coleta de dados,
pde resultar na obteno dos objetivos do estudo apresentando os resultados
necessrios para responder nosso problema de pesquisa.
O presente TCC foi estruturado por uma introduo, procedimentos metodolgicos
seguido de quatro captulos e as consideraes finais.
No primeiro captulo, a partir da reviso bibliogrfica, abordamos uma discusso
sobre a poltica social, os perodos histricos da configurao da assistncia social
no Brasil e a poltica de assistncia social a partir da constituio federal de 1988.
No segundo captulo, foi apresentado um breve histrico de como surgiram os
programas de transferncia de renda no Brasil com nfase no PBF, explicitamos o
Cadastro nico Para Programas Sociais (Cadnico), destacando os critrios de
seleo e de incluso no PBF, suas condicionalidades, e valores do benefcio.
No terceiro captulo, foi abordado um breve perfil dos municpios de Serra (ES) e
Cariacica (ES), evidenciando as caractersticas especficas do CRAS de Serra
7/25/2019 As Estrategias de Manutencao Das Familias Durante o Periodo de Bloqueio Do Programa Bolsa Familia Devido Des
23/146
22
Dourada e da Central de Cadastro nico caracterizando, os perfis dos usurios
atendidos nestas instituies, locais onde foram realizadas as coletas de dados.
No quarto e ltimo captulo, apresentamos os dados e resultados obtidos na coletade dados realizada com os beneficirios do PBF dos municpios citados acima,
constatamos neste capitulo as estratgias de manuteno das famlias no perodo
de bloqueio do PBF e possveis intervenes que os municpios podem realizar a
cerca deste motivo.
Por fim, apresentamos as consideraes finais resultantes das observaes,
reflexes e estudos, expressando nossas opinies em relao s possibilidades e oslimites do PBF e indicamos opes de trabalhos que podem dar continuidade a esta
pesquisa.
7/25/2019 As Estrategias de Manutencao Das Familias Durante o Periodo de Bloqueio Do Programa Bolsa Familia Devido Des
24/146
23
2 PROCEDIMENTOS METODOLGICOS
O presente estudo, quanto a sua finalidade, se classificou como uma pesquisa
descritiva, tendo em vista o maior conhecimento a respeito das estratgias mantidas
pelas famlias beneficirias do Programa Bolsa Famlia (PBF) em condio de
suspenso do benefcio, identificamos os meios usados por elas para sobrevivncia.
As pesquisas descritivas tm como objetivo primordial a descrio das
caractersticas de determinada populao ou fenmeno ou, ento, o
estabelecimento de relaes entre variveis. Uma de suas caractersticas mais
significativas est na utilizao de tcnicas padronizadas de coleta de dados, tais
como o questionrio e a observao sistemtica. Habitualmente quem realiza este
tipo de pesquisa so os pesquisadores sociais preocupados com a atuao prtica
(GIL, 2002).
Para aprofundarmos os conhecimentos a respeito das estratgias de manuteno
das famlias no perodo de bloqueio do PBF, foi utilizada a pesquisa qualitativa, pois
esta nos permitiu uma melhor compreenso a cerca do tema pesquisado.
A pesquisa qualitativa proporcionou um contato mais direto com os sujeitos da
pesquisa, ampliando nosso conhecimento sobre os objetivos propostos por esse
trabalho. Segundo Martinelli (1999, p.26) [...] uma considerao importante que a
pesquisa qualitativa participante, ns tambm somos sujeitos da pesquisa [...].
Considerando o descrito acima, em relao ao mtodo, cabe aqui afirmar que opresente estudo se constituiu em uma pesquisa qualitativa e descritiva.
A coleta de dados com os sujeitos participantes foi realizada por meio de uma
entrevista do tipo semi-estruturada, com perguntas abertas e fechadas, seguindo um
roteiro previamente elaborado (APNDICE A), foi atravs dessa entrevista semi-
estruturada que verificamos as estratgias de manuteno das famlias no momento
do bloqueio do beneficio.
7/25/2019 As Estrategias de Manutencao Das Familias Durante o Periodo de Bloqueio Do Programa Bolsa Familia Devido Des
25/146
24
A entrevista um procedimento utilizado na investigao social para a coleta de
dados ou no diagnstico ou tratamento de um problema social. Esta tcnica de
pesquisa pode ser utilizada com todos os segmentos da populao, o entrevistado
no precisa saber ler ou escrever, ao contrrio do questionrio onde necessrio
que o entrevistado seja alfabetizado. A entrevista ainda possibilita que sejam
utilizadas tanto as abordagens quantitativas submetidas ao tratamento estatstico,
quanto s abordagens qualitativas que so referncia nesse tipo de abordagem
(MARCONI; LAKATOS, 2011, p. 80-81), neste caso foi utilizada a pesquisa
qualitativa.
Vale destacar que a coleta de dados s foi iniciada aps a aprovao do Comit de
tica e Pesquisa (CEP) da Faculdade Catlica Salesiana do Esprito Santo
(APNDICE B).
O Centro de Referncia de Assistncia Social (CRAS) de Serra Dourada e a Central
de Cadastro nico para programas sociais do municpio de Cariacica foram os
campos de pesquisa e onde ocorreram s entrevistas, sendo estes espaos
destinados ao atendimento dos beneficirios do Programa Bolsa Famlia (PBF)conforme territrio de abrangncia, com isso foi assegurado privacidade e
confidencialidade aos sujeitos.
A escolha dos campos de pesquisa se deu pelo fato das pesquisadoras estarem
inseridas como acadmicas de Servio Social nas instituies, o que facilitou o
acesso aos usurios com o perfil que se busca nessa pesquisa e a coleta dos dados
necessrios.
Essas instituies tambm assinaram uma declarao (APNDICES C e D) onde
afirmaram estar de acordo para que as pesquisadoras utilizassem esses espaos
para a coleta de dados.
Em relao aos sujeitos participantes da pesquisa, foram realizadas 5 (cinco)
entrevistas em cada campo de pesquisa com os usurios dos servios de ambas as
instituies, que so beneficirios do PBF e que residem nos territrios de
7/25/2019 As Estrategias de Manutencao Das Familias Durante o Periodo de Bloqueio Do Programa Bolsa Familia Devido Des
26/146
25
abrangncia dessas instituies. O acesso a estes sujeitos foi atravs de
atendimentos por demanda espontnea, realizados nas instituies mencionadas.
O perodo da coleta de dados foi no ms de setembro do ano de 2012, ms em que
ocorreu a repercusso dos benefcios4, os perodos que impactam nessa
repercusso so os meses de junho e julho de 2012.
As entrevistas ocorreram nos dias em que os participantes estiveram nas instituies
para solucionar demandas referentes ao descumprimento de condicionalidades, com
isso foi evitado o gasto dos usurios com transporte, e tambm foi impedido que se
deslocassem de suas casas especialmente para a participao na pesquisa.
Estes foram convidados a participar da pesquisa, e ela foi realizada com aqueles
que concordaram em participar, sendo assim foi entregue aos participantes um
Termo de Consentimento Livre Esclarecido (TCLE) (APNDICE E) para que os
mesmos autorizassem o uso dos dados.
No roteiro da entrevista foi utilizada uma linguagem simples e objetiva, devido obaixo nvel de escolaridade dos sujeitos, com isso facilitou a compreenso dos
mesmos. Todavia, no tratamento dos dados foi utilizada uma linguagem tcnica.
Para o tratamento dos dados obtidos, foi adotada a anlise qualitativa descrita por
Gil (2002, p. 134). Segundo o autor, a anlise qualitativa dos dados contempla trs
passos: reduo, categorizao e interpretao dos dados.
Reduo dos dados: Consiste em processo de seleo, simplificao,abstrao, e transformao dos dados originais provenientes dasobservaes de campo. Para que essa tarefa seja desenvolvida a contento, necessrio ter objetivos claros, at mesmo porque estes podem ter sidoalterados ao longo do estudo de campo. Quando os objetivos no estoclaros, o que costuma ocorrer o acmulo de grande quantidade de dadose consequentemente dificuldade para selecionar os que possam sersignificativos para a pesquisa.
4Segundo Ministrio de Desenvolvimento Social e Combate a Fome: Programa Bolsa Famlia gesto
de condicionalidades (s.d). Repercusso o efeito no benefcio da famlia em decorrncia dodescumprimento da condicionalidade de sade, educao ou assistncia social. Esse efeito pode seradvertncia, bloqueio, suspenso ou o cancelamento do benefcio. A repercusso no benefcio dasfamlias ocorre nos meses mpares: JAN, MAR, MAI, JUL, SET, NOV.
7/25/2019 As Estrategias de Manutencao Das Familias Durante o Periodo de Bloqueio Do Programa Bolsa Familia Devido Des
27/146
26
Categorizao dos dados: Consiste na organizao dos dados de forma queo pesquisador consiga tomar decises e tirar concluses a partir deles. Issorequer a construo de um conjunto de categorias descritivas, que podemser fundamentadas no referencial terico da pesquisa [...].
Interpretao dos dados: [...] necessrio que o pesquisador ultrapasse
a mera descrio, buscando acrescentar algo ao questionamento existentesobre o assunto. Para tanto, ele ter que fazer um esforo de abstrao,ultrapassando os dados, tentando possveis explicaes, configuraes efluxos de causa e efeito. Isso ir exigir constantes retomadas s anotaesde campo e ao campo e literatura e at mesmo coleta de dadosadicionais.
Para efeito de tratamento de dados neste estudo, conforme o descrito acima foi
procedido da seguinte maneira:
A reduo de dados foi realizada a partir do material transcrito das entrevistas, deonde foram extrados os dados necessrios para anlise.
Em seguida, foi realizado o agrupamento das unidades semelhantes, compondo
nossas categorias de anlise.
Por fim, apresentamos descritivamente cada categoria interpretando-as luz do
referencial terico adotado.
No momento da apresentao das falas dos usurios neste estudo eles foram
apresentados por nome de pssaros para com isso manter o sigilo e segurana dos
entrevistados.
O presente estudo encontra-se em consonncia com os aspectos ticos inerentes
pesquisa com seres humanos, estabelecidos na resoluo 196/96 do Conselho
Nacional de Sade (CNS) e suas complementares. As informaes coletadas sero
mantidas com privacidade na coleta, assegurando a proteo e a identidade dos
participantes da pesquisa.
A escolha por essas abordagens metodolgicas foram fundamentais para esse tipo
de pesquisa, uma vez que foi realizada atravs da realidade vivncias pelos
beneficirios do PBF que se encontram com o benefcio retido. Esse tipos de
abordagens nos proporcionou ir alm de descrever um objeto, mas tambm
identificar diferentes experincias sociais.
7/25/2019 As Estrategias de Manutencao Das Familias Durante o Periodo de Bloqueio Do Programa Bolsa Familia Devido Des
28/146
27
3 POLTICA SOCIAL, OS PERODOS HISTRICOS DA CONFIGURAO DA
ASSISTNCIA SOCIAL NO BRASIL E A POLTICA DE ASSISTNCIA SOCIAL A
PARTIR DA CONSTITUIO FEDERAL DE 1988
Neste captulo, discorremos superficialmente sobre a origem da Poltica Social,
citando os perodos histricos que a Assistncia Social se configurou no Brasil, com
aprofundamento na trajetria da Poltica de Assistncia Social no Brasil a partir da
Constituio Federal de 1988. A escolha e discusso a partir deste perodo se faz
importante visto que o tema a ser trabalhado nos captulos seguintes se efetiva na
realidade presente, e se configura na atual conjuntura das principais polticas sociais
pblicas geridas no Brasil at este momento, no obtendo a exigncia em buscar
fazer um resgate histrico desta poltica.
3.1 BREVE CONTEXTUALIZAO DA POLTICA SOCIAL E OS PERODOS
HISTRICOS DA CONFIGURAO DA ASSISTNCIA SOCIAL NO BRASIL
As polticas sociais tm sua origem relacionada ao desenvolvimento da primeirarevoluo industrial, no sculo XIX, quando o Estado se organizava para responder
s demandas sociais produzidas pelo sistema capitalista. O acesso aos direitos
bsicos era restrito, e nem todas as pessoas tinham acesso, desde ento a
sociedade considerada como classe trabalhadora passa a lutar para universaliz-los.
Neste sentido, a poltica social se d como uma estratgia de interveno e
regulao do Estado no que diz respeito questo social5
. O Estado passa a serimplementador de polticas sociais baseadas nos princpios sociais universais,
igualitrios e solidrios, tais princpios inspirados pelo chamado Estado de bem estar
social, onde esto includos os direitos a educao, assistncia mdica gratuita,
auxlio no desemprego, garantia de uma renda mnima dentre outros (SILVA, 2004).
5A questo social aqui considerada como o conjunto de problemas polticos, sociais e econmicosengendrados pela sociedade capitalista historicamente resultante da constituio do operariado.
Vincula-se, pois, visceralmente relao capital trabalho. Aparece no Brasil como questo concretae reconhecida legitimamente na dcada de 30 (Filho, apud Sposati, 2003, p. 27).
7/25/2019 As Estrategias de Manutencao Das Familias Durante o Periodo de Bloqueio Do Programa Bolsa Familia Devido Des
29/146
28
Segundo Hfling (2001, p. 31):
As polticas sociais se referem a aes que determinam o padro de
proteo social implementado pelo Estado, voltadas, em princpio, para aredistribuio dos benefcios sociais visando diminuio dasdesigualdades estruturais produzidas pelo desenvolvimentosocioeconmico.
Historicamente, a assistncia social se configurou no Brasil de maneira marginal aos
direitos sociais, ligada a atividade voluntarista carregada por uma forte carga
moralista de patrimonialismo, clientelismo e das diversas expresses da cultura do
favor (RAICHELIS apud ANDRADE, 2011, p. 25).
Pereira (2008, p.127), complementa que as polticas de satisfao de necessidades
bsicas, foram divididas em cinco perodos histricos de acordo com o perfil de
regulao poltica, econmica e social prevalecente:
1. perodo anterior a 1930: poltica social do laissez-faire;
2. de 1930-1964: poltica social predominantemente populista, com laivosdesenvolvimentistas;
3. de 1964-1985: poltica social do regime tecnocrtico-militar, incluindo afase da abertura poltica;
4. de 1985-1990: poltica social do perodo de transio para democracialiberal;
5. a partir dos anos 1990: poltica social neoliberal.
Antes de 1988, os direitos eram sempre ligados e vinculados ordem econmica e
social ligados aos direitos trabalhistas e previdencirios pouco se pensava em
assistncia como poltica pblica e dever do Estado.
3.2 POLTICA DE ASSISTNCIA SOCIAL A PARTIR DA CONSTITUIO
FEDERAL DE 1988
No Brasil, somente na dcada de 80, a partir das lutas sociais, especialmente dos
movimentos sociais organizados, que culminou na Constituio Federal de 1988, foiinstitudo o modelo da Seguridade Social, passando a compor um trip: Assistncia
7/25/2019 As Estrategias de Manutencao Das Familias Durante o Periodo de Bloqueio Do Programa Bolsa Familia Devido Des
30/146
29
Social garantida no art. 203 e 204, Previdncia art. 201 e Sade art. 196, estes
passam a serem reconhecidos como direito social, [...] rompendo a viso de
favoritismo e caridade, delegando ao Estado a responsabilidade de propor polticas
pblicas que assegurassem os direitos voltados a Seguridade Social (NETO;
TEIXEIRA, 2011, p.24).
A Poltica Social no Brasil instituda como direito a partir da Constituio Federal
Brasileira de 1988 que em seu primeiro captulo art. 5 assegura que:
Todos so iguais perante a lei, sem distino de qualquer natureza,garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no Pas a
inviolabilidade do direito vida, liberdade, igualdade, segurana e propriedade [...].
Os Artigos 203 e 204 desta constituio definem a assistncia social:
Art.203 A assistncia social ser prestada a quem dela necessitar,independentemente de contribuio seguridade social, e tem porobjetivos:
I - a proteo famlia, maternidade, infncia, adolescncia e velhice;II - o amparo s crianas e adolescentes carentes;
III - a promoo da integrao ao mercado de trabalho;IV - a habilitao e reabilitao das pessoas portadoras de deficincia e apromoo de sua integrao vida comunitria;V - a garantia de um salrio mnimo de benefcio mensal pessoa portadorade deficincia e ao idoso que comprovem no possuir meios de prover prpria manuteno ou de t-la provida por sua famlia, conforme dispuser alei.
Art. 204. As aes governamentais na rea da assistncia social serorealizadas com recursos do oramento da seguridade social, previstos noart. 195, alm de outras fontes, e organizadas com base nas seguintesdiretrizes:I - descentralizao poltico-administrativa, cabendo a coordenao e as
normas gerais esfera federal e a coordenao e a execuo dosrespectivos programas s esferas estadual e municipal, bem como aentidades beneficentes e de assistncia social;II - participao da populao, por meio de organizaes representativas, naformulao das polticas e no controle das aes em todos os nveis.
O artigo 203 da Constituio Federal de 1988 foi regulamentado na Lei Orgnica de
Assistncia Social (LOAS) em seu artigo 1 como poltica de Seguridade Social,
sendo direito do cidado e dever do Estado prover os mnimos sociais atravs de um
conjunto integrado de aes de iniciativa pblica e da sociedade, garantindo assim
as necessidades bsicas a quem dela necessitar, independentemente de
contribuio.
7/25/2019 As Estrategias de Manutencao Das Familias Durante o Periodo de Bloqueio Do Programa Bolsa Familia Devido Des
31/146
30
A apresentao dos motivos que levaram a incluso da assistncia social na
Constituio rompe com o conceito de populao beneficiria como marginal ou
carente o que seria vitimiz-la, pois as necessidades desta populao resultam da
estrutura social e no do carter pessoal (SPOSATI, 2005, p.42).
Quando o pas esperava pela democracia social e poltica, os escndalos da Era
Collor provocaram um desmonte de esperana na sociedade, devido o ento
presidente adotar a opo de governo neoliberal6, ocorrendo nesse perodo um
crescimento das demandas sociais representadas pelo desemprego e pobreza,
decorrendo da o trinmio do neoliberalismo: privatizao, focalizao/seletividade e
descentralizao (DRAIBE apud BEHRING; BOSCHETTI, 2007).
As lutas sociais entre democracia e direitos sociais se repetem e a implementao
da Lei Orgnica da Assistncia Social (LOAS) foi adiada, pois outras questes mais
fortes se levantavam (SPOSATI, 2005, p. 50).
Pereira (1996) ressalta que a assistncia social como poltica pode ter um carter
ambguo, que resulta de interesses contrrios entre a lgica produtiva e as
necessidades sociais, podendo ser efetiva mediante a correlao de fora que a
permeia.
Aps surgirem vrios projetos de lei, somente em 07 de dezembro do ano de 1993
foi promulgada a LOAS determinada pela Lei n 8.742/1993, onde se define que a
assistncia social uma Poltica de Seguridade Social no contributiva, responsvel
por prover os mnimos sociais, sendo realizada atravs de um conjunto integrado deaes de iniciativa pblica e da sociedade, para garantir o atendimento s
necessidades bsicas da populao.
6O neoliberalismo nasceu logo depois da II Guerra Mundial, na regio da Europa e da Amrica doNorte onde imperava o capitalismo. Foi uma reao terica e poltica veemente contra o Estado
intervencionista e de bemestar. Seu texto de origem O Caminho da Servido, de Friedrich Hayek,escrito em 1944 (Anderson, 1998, p. 9).
7/25/2019 As Estrategias de Manutencao Das Familias Durante o Periodo de Bloqueio Do Programa Bolsa Familia Devido Des
32/146
31
Prevista nos artigos 18 e 19 da Lei Orgnica de Assistncia Social (LOAS), a Poltica
Nacional de Assistncia Social (PNAS) foi aprovada em setembro de 2004. Esta
define um Sistema nico de Assistncia Social (SUAS) para o Brasil que entrou em
vigor atravs da Lei n 12.435 de 6 de julho de 2011.
Dos benefcios garantidos pela LOAS podemos destacar o Beneficio de Prestao
Continuada (BPC), que garante um salrio mnimo a pessoa com deficincia fsica e
ao idoso a partir de 65 anos, que comprovem no possuir meios para manter a sua
sobrevivncia ou de t-las provida pela sua famlia.
Em relao aos benefcios eventuais so aqueles que visam cobrir necessidades
temporrias em razo de contingncias, relativas a situaes de vulnerabilidades
temporrias, em geral relacionadas ao ciclo de vida, a situaes de desvantagem
pessoal ou a ocorrncias de incertezas que representam perdas e danos. So
exemplos de benefcios eventuais o pagamento do auxilio por natalidade ou morte
as famlias que possuam uma renda per capita7 (um quarto) do salrio mnimo
vigente (LOAS, 1993).
O art. 203 da Constituio Federal de 1988, discute os objetivos da assistncia
social presentes no art. 2 da LOAS, com os quais se compatibilizam os previstos
nos incisos I a V do presente artigo.
A assistncia social realiza-se de forma integrada s polticas setoriais, visando ao
enfrentamento da pobreza, garantia dos mnimos sociais, ao provimento de
condies para atender contingncias sociais e universalizao dos direitos sociais(LOAS, 1993).
7Renda per capita compreendida como a soma de todos os rendimentos recebidos no ms poraqueles que compem a famlia, divida pela quantidade de membros. Os rendimentos que entram noclculo da renda bruta mensal so aqueles provenientes de: salrios; proventos; penses; pensesalimentcias; benefcios de previdncia pblica ou privada; seguro desemprego; comisses; pr-labore; outros rendimentos do trabalho no assalariado; rendimentos do mercado informal ouautnomo; rendimentos auferidos do patrimnio; Renda Mensal Vitalcia (RMV), e o Benefcio dePrestao Continuada da Assistncia Social (BPC). Texto construdo com base nas informaescontidas no site do Ministrio de Desenvolvimento Social e Combate a Fome (MDS). Disponvel em:
. Acesso em: 21 set. 2012.
http://www.mds.gov.br/assistenciasocial/beneficiosassistenciais/bpc/como-calcular-a-renda-familiar-per-capita/?searchterm=renda%20per%20capitahttp://www.mds.gov.br/assistenciasocial/beneficiosassistenciais/bpc/como-calcular-a-renda-familiar-per-capita/?searchterm=renda%20per%20capitahttp://www.mds.gov.br/assistenciasocial/beneficiosassistenciais/bpc/como-calcular-a-renda-familiar-per-capita/?searchterm=renda%20per%20capitahttp://www.mds.gov.br/assistenciasocial/beneficiosassistenciais/bpc/como-calcular-a-renda-familiar-per-capita/?searchterm=renda%20per%20capitahttp://www.mds.gov.br/assistenciasocial/beneficiosassistenciais/bpc/como-calcular-a-renda-familiar-per-capita/?searchterm=renda%20per%20capita7/25/2019 As Estrategias de Manutencao Das Familias Durante o Periodo de Bloqueio Do Programa Bolsa Familia Devido Des
33/146
32
As aes realizadas pelo Sistema nico de Assistncia Social (SUAS) tomam como
base a Poltica Nacional de Assistncia (PNAS) que foi aprovada pelo Conselho
Nacional de Assistncia Social (CNAS) no ano de 2004, a qual se compatibiliza com
a Norma Operacional Bsica do SUAS (NOB/SUAS), que tem como objetivo fazer a
organizao e disciplinar as instncias e as trs esferas de governo (federal,
estadual e municipal) responsveis pela aplicao dos recursos pblicos nas aes
socioassistenciais, dentre tais aes a primeira determina e d orientaes para a
execuo de aes visando o enfrentamento das desigualdades sociais, ela prope
que sejam garantidos os mnimos sociais e a universalizao dos direitos.
De acordo com a PNAS (2004, p.33) a Poltica Pblica de Assistncia Social,
objetiva:
Promover servios, programas, projetos e benefcios de proteo socialbsica e, ou, especial para famlias, indivduos e grupos que delesnecessitarem;
Contribuir com a incluso e a eqidade dos usurios e grupos especficos,ampliando o acesso aos bens e servios socioassistenciais bsicos eespeciais, em reas urbana e rural;
Assegurar que as aes no mbito da assistncia social tenhamcentralidade na famlia, e que garantam a convivncia familiar e comunitria.
A PNAS objetiva ainda, tornar clara as suas diretrizes na efetivao da assistncia
social como direito de cidadania e responsabilidade do Estado. Nela so definidos
tambm os tipos de proteo social, garantidas por esta poltica e d outras
providncias, sendo assim, as protees so dividas em:
Proteo Social Bsica: tem como objetivos prevenir situaes de risco por meiodo desenvolvimento de potencialidades e aquisies e o fortalecimento de vnculos
familiares e comunitrios, ela destinada a populao que se encontra em
vulnerabilidade social8. Prope ainda o desenvolvimento de servios, programas e
projetos locais de acolhimento, convivncia e socializao de famlias e de
indivduos, com atendimento integral, organizados em rede. Deve-se incluir as
8
De acordo com a Politica de Assistncia Social (PNAS) a vulnerabilidade social decorrente dapobreza, privao (ausncia de renda, precrio ou nulo acesso aos servios pblicos e etc.) e, oufragilizao de vnculos afetivos (discriminaes etrias, tnicas, de gnero ou por deficincias,dentre outras).
7/25/2019 As Estrategias de Manutencao Das Familias Durante o Periodo de Bloqueio Do Programa Bolsa Familia Devido Des
34/146
33
pessoas com deficincia de modo a inseri-las nas diversas aes ofertadas. Os
benefcios que compem a proteo social bsica so o Benefcio de Prestao
Continuada (BPC) e os benefcios eventuais, conforme foram explicitados nesse
captulo (PNAS, 2004).
Conforme prev a PNAS (2004, p. 35):
Os servios de proteo social bsica so executados nos Centros deReferencia de Assistncia Social (CRAS)9e em outras unidades bsicas epblicas de assistncia social, bem como de forma indireta nas entidades eorganizaes de assistncia social da rea de abrangncia dos CRAS.
Proteo Social Especial: Conforme a PNAS (2004, p. 37), esse tipo de proteo se
subdivide em Proteo Social Especial de Mdia e Alta Complexidade, estas se
resumem em:
[...] uma modalidade de atendimento assistencial destinada a famlias eindivduos que se encontram em situao de risco pessoal e social, porocorrncia de abandono, maus tratos fsicos e, ou, psquicos, abuso sexual,uso de substncias psicoativas, cumprimento de medidas scio-educativas,situao de rua, situao de trabalho infantil [...].
Os servios de proteo especial tm estreita interface com o sistema de
garantia de direito exigindo, muitas vezes, uma gesto mais complexa ecompartilhada com o poder Judicirio, Ministrio Pblico e outros rgos eaes do executivo.
Proteo Social Especial de Mdia Complexidade: Oferece atendimentos as
famlias e indivduos com seus direitos violados, mas cujo vnculos familiares e
comunitrios no foram rompidos. A instituio responsvel pela Proteo Social
Especial de Mdia Complexidade o Centro de Referncia Especializado da
Assistncia Social (CREAS).
A lei do SUAS n 12.435/2011, define o CREAS como uma unidade pblica estatal
de abrangncia municipal ou regional que tem como papel construir-se em lcus de
referncia, nos territrios, da oferta de trabalho social especializado no SUAS a
famlias e indivduos em situao de risco pessoal e social, por violao de direitos.
9Para maior detalhamento a respeito do CRAS verificar o cap. 5, subitem 5.2 desse trabalho.
7/25/2019 As Estrategias de Manutencao Das Familias Durante o Periodo de Bloqueio Do Programa Bolsa Familia Devido Des
35/146
34
Os servios ofertados pelo CREAS no podem sofrer interrupes, por questes
relativas alternncia da gesto ou qualquer outro motivo (MDS, 2011). Segundo a
PNAS (2004), o CREAS visa orientao e o convvio-scio familiar e comunitrio.
Difere-se da proteo social bsica por se tratar de um atendimento dirigido s
situaes de violao de direitos.
Dentre os servios realizados no CREAS esto (PNAS, 2004):
Medidas scio-educativas em meio-aberto: Prestao de Servios
Comunidade (PSC) e Liberdade Assistida (LA): o servio tem por finalidade
prover ateno socioassistencial e acompanhamento a adolescentes e jovens
em cumprimento de medidas socioeducativas em meio aberto, determinadas
judicialmente. Servio de orientao e apoio sociofamiliar.
Abordagem de Rua: o servio tem como finalidade assegurar trabalho social
de abordagem e busca ativa que identifique, nos territrios, a incidncia de
trabalho infantil, explorao sexual de crianas e adolescentes, situao de
rua, dentre outras.
Planto Social: oferece atendimento social as famlias que demandam dealguma situao emergencial, e no podem aguardar pelo agendamento do
atendimento, as situaes emergenciais mais comuns so para concesso de
Auxilio Funeral, Atendimento em situaes de violncia domstica e ao idoso,
Abuso Sexual, Cesta Bsica Emergencial, dentre outras expresses da
questo social.
Cuidado no domiclio: atravs de visitas domiciliares, o assistente social frente
a diversas intervenes e encaminhamentos realizados, visa intervir nasexpresses da questo social apresentadas pela famlia.
Servio de Habilitao e Reabilitao na comunidade das pessoas com
deficincia: servio destinado promoo de atendimento especializado a
famlias com pessoas com deficincia e idosos com algum grau de
dependncia, que tiveram suas limitaes agravas por violaes de direito.
Proteo Social de Alta Complexidade: Os servios so voltados para famlias e
indivduos que se encontram sem referncia, em situao de ameaa precisando ser
7/25/2019 As Estrategias de Manutencao Das Familias Durante o Periodo de Bloqueio Do Programa Bolsa Familia Devido Des
36/146
35
retirados da convivncia familiar ou comunitrio, eles garantem a proteo integral
ao indivduo. Como moradia alimentao higienizao e etc. Destacamos os
servios (PNAS, 2004).
Casa Lar: a Casa Lar integra a rede de proteo social especial que, de
acordo com a Poltica Nacional de Assistncia Social (PNAS), estabelece
servios de abrigamento a pessoas que, por vrios motivos, no contam mais
com proteo de suas famlias.
Albergue: em alguns municpios os servios de Albergue so destinados a
Migrantes e a populao em situao de rua. Integra a rede de proteo
social especial que, estabelece servios de abrigamento a pessoas que, por
vrios motivos, no contam mais com proteo de suas famlias.
Repblica: trabalha atravs da oferta de proteo, apoio e moradia a grupos
de pessoas maiores de 18 anos em situao de abandono, vulnerabilidade e
risco pessoal e social, com vnculos familiares rompidos ou extremamente
fragilizados e sem condies de moradia e autossustento. Nas repblicas de
jovens o servio destinado, prioritariamente ao pblico 18 e 21 anos aps
desligamento de servios de acolhimento para crianas e adolescentes ou emoutra situao que demande este servio. Possui tempo de permanncia
limitado, podendo ser reavaliado e prorrogado, tambm podem ser ofertadas
de acordo com a poltica de cada municpio repblicas para idosos.
Famlia Substituta: aquela que se prope trazer para dentro de sua prpria
casa, uma criana ou um adolescente que por qualquer circunstncia foi
desprovido da famlia natural, para que faa parte integrante dela e nela se
desenvolva.Famlia Acolhedora: as famlias acolhedoras assumem o compromisso de
tornarem-se parceiras no atendimento e na preparao para o retorno da
criana e/ou adolescente famlia de origem.
Trabalho Protegido: para famlias e indivduos que se encontram sem
referncia e, ou, em situao de ameaa.
Medidas Scio-educativas restritivas e privativas de liberdade semiliberdade,
internao provisria e sentenciada.
http://www.vitoria.es.gov.br/semas.php?pagina=protecaosocialespecialhttp://www.vitoria.es.gov.br/semas.php?pagina=protecaosocialespecialhttp://www.vitoria.es.gov.br/semas.php?pagina=protecaosocialespecialhttp://www.vitoria.es.gov.br/semas.php?pagina=protecaosocialespecialhttp://www.vitoria.es.gov.br/semas.php?pagina=protecaosocialespecialhttp://www.vitoria.es.gov.br/semas.php?pagina=protecaosocialespecialhttp://www.vitoria.es.gov.br/semas.php?pagina=protecaosocialespecial7/25/2019 As Estrategias de Manutencao Das Familias Durante o Periodo de Bloqueio Do Programa Bolsa Familia Devido Des
37/146
36
Casa de Passagem: atende crianas e adolescentes sob medida de proteo,
inclusive com deficincia, em situao de risco pessoal e social, em situao
de abandono ou cujas famlias ou responsveis encontram-se
temporariamente impossibilitados de cumprir sua funo de cuidado e
proteo.
Atendimento integral Institucional: consiste no atendimento integral e
institucional a crianas, idosos e portadores de deficincia, que se encontra
em situao de abandono, risco pessoal ou social.
Por fim, a PNAS que norteia e d diretrizes para implementao das aes do
SUAS. O SUAS coordenado pelo Ministrio de Desenvolvimento Social e Combate
Fome (MDS), responsvel pela gesto das aes na rea de assistncia social
ficando organizado sob a forma de sistema descentralizado e participativo.
O SUAS tem como foco organizar os elementos necessrios para a execuo da
Poltica de Assistncia tornando possvel a normatizao nos servios, qualidade no
atendimento, indicadores de avaliao e resultado, nomenclatura dos servios e da
rede socioassistencial10 que priorizam as aes voltadas para a vigilncia social,
proteo social, defesa social e institucional com o intuito de promover o bem-estar e
proteo social famlia, crianas, adolescentes e jovens, pessoas com deficincias
e idosos.
Vale destacar o que Andrade (2011, p. 42) caracteriza a respeito da gesto do
Sistema nico de Assistncia Social (SUAS):
O SUAS no apenas um instrumento gerencial, mas, sobretudo uminstrumento poltico, que expressa um campo de lutas e contradiesinerentes poltica de Assistncia Social em nosso pas, que busca seassentar na concretizao e ampliao da proteo social no contributivano campo socioassistencial.
10
De acordo com a NOB SUAS 2005, a rede socioassistencial um conjunto integrado de iniciativaspblicas e da sociedade, que ofertam e operam benefcios, servios, programas e projetos, o quesupe a articulao entre todas estas unidades de proviso de proteo social, sob a hierarquia debsica e especial e ainda por nveis de complexidade.
7/25/2019 As Estrategias de Manutencao Das Familias Durante o Periodo de Bloqueio Do Programa Bolsa Familia Devido Des
38/146
37
Andrade (2011) referencia-se na idia de que a Assistncia Social, enquanto
partcipe do sistema de proteo social brasileiro, deve ser uma poltica com
contedo prprio voltado para a proviso [...] da universalizao dos mnimos sociais
como padres bsicos de incluso.
Andrade (2011, p. 28) complementa que:
As aes no mbito da assistncia social acabam se restringindo a grupossociais especficos e, sobretudo, condicionados ao nvel de renda, em que oacesso a servios e benefcios operacionalizado pela focalizao 11 eseletividade12 atravs dos testes de meios. Tal situao demarca a nocobertura de significativos contingentes populacionais, que invariavelmente
dependem de aes individuais e particulares para a garantia dasobrevivncia.
Podemos afirmar que o ano de 2011 marcou a sano da Lei do SUAS. A criao do
SUAS institucionalizou uma nova concepo socioassistencial no Brasil: o
rompimento da Lgica da assistncia como filantropia e adoo da concepo de
direito a todo cidado brasileiro.
Na medida em que o SUAS estava sendo implementado, houve propostas para
melhoria do trabalho, sendo necessria a criao de um instrumento capaz de
identificar e caracterizar as famlias brasileiras de baixa renda, por meio de
informaes e dados coletados, com o objetivo e necessidade de inclu-las em
programas de Assistncia Social e redistribuio de renda, denominado como
Cadastro nico para Programas Sociais13(Cadnico).
11
A seletividade rege-se pela inteno de eleger, selecionar, optar, definir quem deve passar pelapeneira ou pelo crivo. Os objetivos da seletividade no so estabelecer e stratgias para ampliar oacesso aos direitos, mas definir regras e critrios para escolher, para averiguar minuciosa ecriteriosamente, quem vai ser selecionado, quem vai ser eleito para ser includo (Boschetti, 2003, p.85-86).
12A focalizao, [...] no pode ser entendida como sinnimo de seletividade. [...] focalizar significa porem foco, fazer voltar a ateno para algo que se quer destacar, salientar, evidenciar. [...] Focalizar,nessa direo, no restringir o acesso aos direitos, mas no universo atendido, diferenciar aquelesque necessitam de ateno especial para reduzir as desigualdades. A focalizao passa a sernegativa quando, associada seletividade, restringe e reduz as aes a poucos e pequenos grupos,desconsiderando o direito de todos (Boschetti, 2003, p. 86).
13
O Cadastro nico conhecido como Cadnico, foi criado em 2001, regulamentado pelo Decreton 6.135/07 e coordenado pelo Ministrio de Desenvolvimento Social e Combate Fome (MDS), deveser obrigatoriamente utilizado para seleo de beneficirios e integrao de programas sociais doGoverno Federal.
7/25/2019 As Estrategias de Manutencao Das Familias Durante o Periodo de Bloqueio Do Programa Bolsa Familia Devido Des
39/146
38
No decorrer do capitulo 4 item 4.3.3 do presente trabalho, o Cadnico ser
abordado detalhadamente, bem como sua contribuio para a incluso das famlias
cadastradas em programas e benefcios socioassistenciais associados a este,
impreterivelmente os programas de transferncia de renda.
7/25/2019 As Estrategias de Manutencao Das Familias Durante o Periodo de Bloqueio Do Programa Bolsa Familia Devido Des
40/146
39
4 OS PROGRAMAS DE TRANSFERNCIA DE RENDA NO BRASIL E O BOLSA
FAMLIA
Neste captulo abordaremos um breve histrico de como surgiram os Programas de
Transferncia de Renda14no Brasil. Evidenciando o Programa Bolsa Famlia (PBF),
criado em 2003, um dos principais programas de transferncia de renda que vem se
destacando at o presente momento. Dentro deste programa explicitaremos os
critrios de seleo e incluso, salientando as condicionalidades e valores do
benefcio, com precisa apresentao dos programas que esto relacionados ao PBF,
discorrendo tambm sobre o Cadastro nico para Programas Sociais do Governo
Federal (Cadnico). Vale lembrar, que este captulo foi descrito com bases nas
informaes do MDS sem pontuar uma anlise crtica sobre o programa, na qual
ser discutida na anlise dos dados deste trabalho.
4.1 BREVE HISTRICO DOS PROGRAMAS DE TRANSFERNCIA DE RENDA NO
BRASIL
Os marcos iniciais de constituio de um sistema de proteo social no Brasil
situam-se no perodo compreendido entre 1930 e 1943. Sendo um momento
assinalado por grandes modificaes socioeconmicas, pela passagem do modelo
de desenvolvimento agro-exportador para um modelo urbano-industrial.
Esse Sistema de Proteo Social progrediu rumo a sua consolidao e expanso
durante as dcadas de 1970 e 1980, sobre a orientao do autoritarismo da ditadura
militar, fazendo com que a expanso dos programas e servios sociais passasse a
funcionar como compensao represso e ao arbtrio. Desenvolver-se os
14Segundo Santana (2007, p. 3), [...] Os programas de transferncia de renda surgiram como umaalternativa para combate a pobreza. Eles foram concebidos segundo a ideia de que o beneficirio tema autonomia para definir como melhor utilizar o benefcio por saber quais so suas necessidadesmais urgentes [...].
7/25/2019 As Estrategias de Manutencao Das Familias Durante o Periodo de Bloqueio Do Programa Bolsa Familia Devido Des
41/146
40
programas sociais como uma espcie de compensao pela represso aberta
direcionada aos movimentos sociais e aos movimentos sindicais (SILVA, 2004).
Expressando a inteno de enfrentar a pobreza absoluta15, foi instituda a poltica de
renda mnima ou de manuteno de renda, denominada como poltica de
transferncia de renda.
Considerando que a pobreza no que diz respeito ausncia de renda, traz
consequncias para formulao e criao de polticas sociais de transferncia de
renda no Brasil, adotaremos como significado no presente estudo o conceito de
pobreza agregado proposio das polticas sociais brasileiras que entendido
apenas como ausncia de renda, sem que sejam consideradas as determinaes
estruturais geradoras da pobreza estrutural e da desigualdade social.
As polticas sociais se restringem a permanncia e controle da pobreza, ao mesmo
tempo em que refora a legitimao do Estado. Mantm um estrato de pobres no
limite de sua sobrevivncia, inserido no circuito do consumo marginal. Nesse
processo, questes estruturais fundamentais, como a elevada concentrao dapropriedade e a extrema situao de desigualdade social, to marcantes e histricas
na sociedade brasileira, so secundarizadas, criando-se a iluso de que a pobreza
pode ser erradicada pela poltica social, mediante programas de transferncia de
renda (SILVA, 2010, p.8).
Anteriormente a implementao dos programas de transferncia de renda, j haviam
vrios debates sobre quem deveria ser os beneficiados pelas polticas detransferncia de renda e se essas devem ou no ser condicionadas, esse debates
permanecem at os dias atuais, existindo nestes, trs concepes a serem
destacadas.
15A situao de pobreza absoluta ocorre quando um indivduo ou grupo se encontra num nvel decondio abaixo do rendimento mnimo, o que no lhes permite comprar bens essenciais como
alimentos e gua potvel.Texto elaborado com base nas informaes contidas na enciclopdia livreWikipdia. Disponvel em:. Acesso em: 12. nov.2012.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Pobreza_absolutahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Pobreza_absoluta7/25/2019 As Estrategias de Manutencao Das Familias Durante o Periodo de Bloqueio Do Programa Bolsa Familia Devido Des
42/146
41
Cunha (2009, p. 333-334) afirma que:
A primeira delas entende que as transferncias de renda devem ser
universais, garantidas como direito de todos os cidados sem levar emconta a renda, e sem a necessidade de contrapartida por parte dosbeneficirios. Portanto, as transferncias seriam incondicionais. Essaconcepo se materializa em proposta como as de renda bsica ou rendade cidadania. Uma segunda concepo aquela que entende que devemse restringir queles extremamente pobres ou incapazes de prover suaprpria sobrevivncia. Tal concepo no se restringe transferncia derenda, mas tambm entende que a atuao do Estado em reas comosade, educao, assistncia social, dentre outras, tambm devem serresiduais. J o terceiro grupo, entende que polticas para reduo dapobreza e das desigualdades pressupem uma opo do Poder Publico emprivilegiar os mais pobres. Para eles preciso um tratamento diferenciado,de forma a reduzir desigualdades vividas e, no futuro, promover a igualdade.
As experincias brasileiras no que diz respeito ao carter dos programas de
transferncia de renda inspiram-se em duas experincias, segundo Silva (2004):
uma orientao de programas com carter compensatrios e residuais
fundamentados nas propostas liberais/neoliberais, norteados pelo entendimento que
o desemprego e a excluso so inevitveis, esses programas so orientados com
base em focalizar a extrema pobreza, buscando estimular o sujeito a prover sua
autonomia enquanto consumidor, sem considerar o crescimento do desemprego e a
distribuio de renda no pas, essa distribuio de renda mnima, que no garante
na ntegra uma alternativa ou sada da linha da pobreza, isso ocorre para que no
acontea desestmulo na busca pelo trabalho.
Outra orientao parte de pressuposto de programas que visam redistribuio de
renda orientada por uma ideologia de cidadania universal, possuem enquanto
objetivo alcanar a autonomia do cidado, e orientam-se por uma focalizao
positiva, visando uma vida digna para todos, tendo como impacto a incluso social.
As primeiras experincias de programas de transferncia de renda no Brasil tiveram
incio em nvel local, no entanto, foi em mbito nacional que iniciou-se a discusso e
adeso de uma proposta do Programa de Garantia de Renda Mnima (PGRM)16,
proferida pelo Senador Eduardo Suplicy no Senado Federal, que foi aprovada em 16
de dezembro de 1991. O ento Senador Suplicy, justificava e orientava o seu PGRM
16Para maior detalhamento sobre a Renda Bsica de Cidadania apresentada pelo senador Suplicy,verificar livro Renda de Cidadania: a sada pela porta.Cortez. 2002.
7/25/2019 As Estrategias de Manutencao Das Familias Durante o Periodo de Bloqueio Do Programa Bolsa Familia Devido Des
43/146
42
com base no art. 3, inciso III da Constituio Federal de 1988, no qual descreve a
erradicao da pobreza e da marginalizao e a reduo das desigualdades sociais
e regionais.
O PGRM tinha como proposta a transferncia de renda mnima atravs do imposto
de renda negativo para beneficiar todos os residentes no pas, que no tinham como
satisfazer suas necessidades mnimas bsicas. Para ter direito e acesso ao
beneficio era preciso ter idade acima de 25 anos e possuir uma renda menor
naquele perodo, correspondente a 45 mil cruzeiros, equivalente segundo Silva
(2004) cerca de 2,25 salrios mnimos.
O PGRM iniciaria no ano de 1995, com idosos acima de 60 anos, finalizando a
implantao no ano de 2002, incluindo todos os cidados maiores de 25 anos.
Porm o programa sofreu muitas crticas e no se efetivou da forma que foi
proposto.
As polticas de transferncia de renda passam a designar tarefas por opo do
poder pblico, aproximadamente na dcada dos anos 90, a partir do momento emque as polticas sociais passaram a acrescentar em sua formulao e considerar a
pobreza tambm como questo social e coletiva.
Foram vrias experincias que serviram de referncias para o aperfeioamento e
ampliao dos programas de transferncia de renda, mas no ano de 1995 que se
obteve um marco inicial atravs da criao do PGRM, com programas municipais
implantados em certos estados, de acordo com SILVA, YASBEK, GIOVANNI (2004),dentre as principais destacamos:
Experincias pioneiras de Campinas (SP), Ribeiro Preto (SP), Santos (SP) e
Braslia (DF), denominados Programa de Garantia de Renda Familiar Mnima
(PGRM) e o programa Bolsa Escola, com transferncia de recursos a famlias que
garantissem a frequncia escolar de suas crianas.
7/25/2019 As Estrategias de Manutencao Das Familias Durante o Periodo de Bloqueio Do Programa Bolsa Familia Devido Des
44/146
43
De acordo com Siqueira (2008, p. 45):
[...] a primeira experincia de um programa de governo em nvel nacional,com carter de Transferncia de Renda, foi o Programa Bolsa Escola,quando o presidente Fernando Henrique Cardoso em seu segundo mandato(1999-2002), influenciado pelas experincias dos municpios pioneiros,adotou em seu governo os programas de transferncia de renda parafamlias pobres.
Eram 7 (sete) os principais programas federais17at maro de 2003: o Bolsa Escola
institudo pela Lei n 10.219, de 11 de abril de 2001; o Bolsa Alimentao
assegurado pela Medida Provisria n 2.206, de 06 de setembro de 2001; o
Programa de Erradicao do Trabalho Infantil (PETI) garantido pela Portaria n 458,
de 04 de outubro de 2001; o Auxlio Gs adotado pelo Decreto n 4.102, de 24 de
janeiro de 2002; o Carto Alimentao conforme a Lei n 10.689, de 13 de junho de
2003; e o Projeto Agente Jovem de Desenvolvimento Social do Ministrio de
Assistncia Social e Humano18 e o Benefcio de Prestao Continuada (BPC)19
(SIQUEIRA, 2008, p. 45).
Vejamos algumas caractersticas dos chamados Programas Remanescentes20(Bolsa
Escola, Bolsa Alimentao, Auxlio Gs e Carto Alimentao), do Programa de
Erradicao do Trabalho Infantil (PETI)21, do Projeto Agente Jovem de
17 Todos esses programas estavam destinados a um pblico especfico, cujo corte de renda, parafixao da linha da pobreza, era de salrio mnimo de renda per capita, com exceo do BPC quedetermina uma rendaper capitaainda menor, ou seja, inferior a do salrio mnimo.
18Compreendido como uma conjugao da Bolsa Agente Jovem e da ao socioeducativa, deveriapromover atividades continuadas que proporcionem ao jovem, entre 15 e 17 anos, experinciasprticas e o desenvolvimento do protagonismo juvenil, fortalecendo os vnculos familiares ecomunitrios e possibilitando a compreenso sobre o mundo contemporneo com especial nfasesobre os aspectos da educao e do trabalho.
19Para maior detalhamento sobre o BPC, verificar o capitulo 3 deste trabalho.
20CUNHA, R. Concepo e gesto da proteo social no contributiva no Brasil. Braslia, Ministriodo Desenvolvimento Social e Combate a Fome. UNESCO, 2009, p. 344.
21CUNHA, R. Concepo e gesto da proteo social no contributiva no Brasil. Braslia, Ministriodo Desenvolvimento Social e Combate a Fome. UNESCO, 2009, p. 345.
7/25/2019 As Estrategias de Manutencao Das Familias Durante o Periodo de Bloqueio Do Programa Bolsa Familia Devido Des
45/146
44
Desenvolvimento Social do Ministrio de Assistncia Social e Humano e do
Benefcio de Prestao Continuada (BPC):
1) Bolsa-Escola: criado em 2001 por iniciativa do Ministrio da Educao. O
pblico-alvo era formado por crianas entre 6 e 15 anos de idade onde as
famlias possuam rendaper capita abaixo de R$ 90,00. O valor do benefcio
era de R$ 15,00 por criana, com limite mximo de 3 benefcios no valor de
R$ 45,00 (trs crianas). Em termos de condicionalidades, as crianas
beneficirias deviam ter frequncia s aulas de pelo menos 85%. A maior
parte das crianas beneficiadas foram cadastradas no Cadastro do Bolsa
Escola (Cadbes).
2) Bolsa Alimentao: criado em setembro de 2001 por iniciativa do Ministrio
da Sade. Tinha como objetivo combater a mortalidade infantil em famlias
com renda per capita mensal de R$ 90,00. O valor do benefcio era de R$
15,00 por criana entre 0 e 6 anos ou gestantes at um mximo de R$ 45,00
(trs crianas). Em termos de condicionalidades, a famlia se comprometeria a
atualizar o carto de vacinao para crianas entre 0 e 6 anos, e, para as
mes, a fazer visitas regulares ao posto de sade para o pr-natal e enquantoestivesse amamentando.
3) Auxlio Gs: criado em dezembro de 2001 como medida compensatria para
o fim do subsdio ao gs de cozinha. Destinado a famlias com renda mensal
per capitade at salrio mnimo, no impunha nenhuma condicionalidade
famlia a no ser estar registrada no Cadastro nico. Quanto ao valor do
benefcio, este era de R$ 7,50 mensais, pagos bimestralmente. O Ministrio
de Minas e Energia era responsvel por sua administrao.4) Carto Alimentao: criado em 2003, consiste em uma transferncia de R$
50,00 para famlias com uma renda familiar per capita menor do que metade
do salrio mnimo por 6 meses podendo tal perodo ser prorrogado, at o
limite mximo de 18 meses. O objetivo era lutar contra a insegurana
alimentar enquanto outras medidas aes estruturantes seriam
implementadas a fim de assegurar que as famlias deixariam de padecer de
insegurana alimentar. O programa no possua condicionalidades, e sua
implementao ficou a cargo dos Comits Gestores.
7/25/2019 As Estrategias de Manutencao Das Familias Durante o Periodo de Bloqueio Do Programa Bolsa Familia Devido Des
46/146
45
5) Programa de Erradicao ao Trabalho Infantil (PETI):foi criado em 1996e
consiste na transferncia de renda para famlias que possuem crianas e
adolescentes, trabalhando ou em risco de trabalhar em atividades
consideradas perigosas e prejudiciais sade. O programa tambm prev o
repasse de verbas para que os municpios desenvolvam atividades
socioeducativas e de convivncia. O valor do benefcio de R$ 25,00 por
criana nas reas rurais e R$ 40,00 nas reas urbanas. As famlias se
comprometem a no permitir que crianas menores de 16 anos trabalhem e
que elas tenham pelo menos 75% de presena na escola.
6) Outro Programa de Transferncia de Renda, com mbito nacional de
responsabilidade do Ministrio de Assistncia Social, foi o Agente Jovem de
Desenvolvimento Social e Humano22 criado em 2001, tinha como pblico
alvo jovens de 15 17 anos de idade, preferencialmente aqueles que
estavam evadidos do sistema escolar; membros de famlias pobres; com
renda per capita (por pessoa) de at meio salrio mnimo; em situao de
risco social, participantes de outros programas sociais como PETI e de
atendimento a explorao sexual; em liberdade assistida; sob medida
protetiva; ou jovens com alguma deficincia. O valor do beneficio era deR$65,00 reais mensais pago diretamente ao jovem no perodo de doze
meses. O projeto propunha oferecer atividades de capacitao aos jovens
preparando-os para o mercado de trabalho futuro, possibilitando a
permanncia dos jovens no sistema de ensino, com objetivos de
fortalecimento de vnculos familiares e comunitrios, e contribui para reduo
de ndices de violncia, uso de drogas, Doenas Sexualmente Transmissveis
(DSTs), Sndrome da Imunodeficincia Adquirida (AIDS).7) Em relao ao Benefcio de Prestao Continuada (BPC)23 o nico
Programa de Transferncia de Renda inscrito na Constituio Federal de
1988 e regulamentado por lei. um programa de poltica social, garantido
pela Constituio Federal de 1988, no captulo II da Assistncia Social, seo
22 SIQUEIRA, Alasa de Oliveira. Programa Bolsa Famlia (PBF): autonomia ou legitimao dapobreza? Dissertao de Mestrado (Servio Social). Pontifcia Universidade Catlica do Rio de
Janeiro (PUC - Rio), Rio de Janeiro, 2008.23 SIQUEIRA, Alasa de Oliveira. Programa Bolsa Famlia (PBF): autonomia ou legitimao dapobreza? Dissertao de Mestrado (Servio Social). Pontifcia Universidade Catlica do Rio deJaneiro (PUC - Rio), Rio de Janeiro, 2008.
7/25/2019 As Estrategias de Manutencao Das Familias Durante o Periodo de Bloqueio Do Programa Bolsa Familia Devido Des
47/146
46
IV, inciso V e regulamentada pela Lei Orgnica da Assistncia Social (LOAS),
captulo I, artigo 2, inciso V (Lei n 8.742 de 7 de dezembro de 1993) e est
em vigor desde 1 de janeiro de 1996. um benefcio de 01 (um) salrio
mnimo destinado a pessoas idosas, a partir de 65 (sessenta e cinco) anos
(Estatuto do Idoso lei n 10.741, artigo 34 de 03 de outubro de 2003) e a
pessoa portadora de deficincia, incapacitada para a vida independente e
para o trabalho, cuja renda mensal per capita seja inferior a (um quarto) do
salrio mnimo.
J no ano de 2005, ao identificar que o PBF e o PETI tinham objetivos em comum e
atendiam as famlias com perfis similares o governo decidiu pela sua integrao. As
crianas em situao de trabalho infantil alm de cumprir as condicionalidades do
PBF, precisavam exercer uma jornada de atividades socioeducativas, esportivas e
culturais, de cidadania, reforo escolar, dentre outras.
4.2 JUSTIFICATIVAS PARA UNIFICAO DOS PROGRAMAS NACIONAIS DE
TRANSFERENCIA DE RENDA
importante verificar qual vem sendo a argumentao e justificativas que
demandam as necessidades de unificao dos programas de transferncia de renda
no Brasil24, essa questo foi colocada a partir de um relatrio e um diagnstico sobre
os programas sociais em desenvolvimento no Brasil, elaborado durante a transio
do governo Fernando Henrique Cardoso para o governo de Luiz Incio Lula da Silva,
no terceiro trimestre de 2012.
A concluso desse relatrio foi de que era necessrio que houvesse a unificao
desses programas. Tal relatrio afirma que a poltica compensatria representada
pela transferncia de renda que permite a sobrevivncia imediata de famlias
extremamente pobres e outra de acesso a polticas universais, que possui a ideia
anteriormente definida de oferecer a autonomia dessas famlias, no foi
devidamente implementada em decorrncia de problemas identificados. Foram
24Os programas de Transferncia de Renda do Governo Federal foram considerados no item 4.1.
7/25/2019 As Estrategias de Manutencao Das Familias Durante o Periodo de Bloqueio Do Programa Bolsa Familia Devido Des
48/146
47
levantadas indicaes de problemas e sugestes para superao da situao
identificada.
Dentre as principais justificativas para a unificao dos programas de transferncia
de renda, Silva, Yazbek, Giovanni (2004, p. 132-133) apontam:
Existncia de programas concorrentes e sobrepostos nos seus objetivos eno sue pblico alvo, como ocorre com os programas Bolsa-Escola, Bolsa-Alimentao e PETI, implementados por trs Ministrios distintos(Educao, Sade, Assistncia Social), gerando s vezes, tratamentodiferenciado, inclusive no valor do benefcio, com competio entreinstituies;
Ausncia de uma coordenao geral dos programas [...] gerandodesperdcios de recursos, cuja a conseqncia maior uma limitadaefetividade nos resultados decorrentes desses programas;Ausncia de planejamento gerencial dos programas [...];
[...] falta estratgia mais ampla que garanta autonomizao das famliasaps o desligamento dos programas, verificando-se a no vinculaosistemtica dos programas de transferncia de renda com outrosprogramas, projetos e aes, como projetos de desenvolvimento localcooperativas banco do povo e outros que ofeream opes reais para aautonomia das famlias. Nesse sentido, esses programas se apresentamcomo um fim em si mesmos, no apontando para real superao dasituao de pobrez