AULA EXTINÇÃO DO CONTRATO DE TRABALHO
Tulio de Oliveira Massoni
IntroduçãoO tema está intimamente ligado ao princípio da continuidade da relação de emprego, de modo que a lei prevê proteções, Indenizações e aviso prévio com objetivo de atenuar os efeitos negativos que a ruptura brusca do contrato possa gerar ao empregado.
É importante o estudo das formas de extinção do contrato de trabalho considerando que cada modalidade terá procedimentos próprios e verbas rescisórias distintas
A forma mais vantajosa ao empregado é a dispensa sem justa causa.
Em caso de dúvida sobre quem tomou a iniciativa de romper o vínculo, presume-se a dispensa sem justa causa (Súmula 212 do TST).
A.extinção por decisão do empregador: dispensa do empregado (resilição)B.extinção por decisão do empregado: demissão (resilição), dispensa indireta C.extinção por iniciativa de ambos: acordo (distrato)D.extinção por desaparecimento dos sujeitos: morte do empregado, morte do empregador pessoa física e extinção da empresaE.extinção por do contrato por prazo determinado pelo decurso do prazo ou pela dispensa do empregado no curso do contratoF.extinção por caso fortuito ou força maior:G.extinção pelo factum principis (artigo 486 da CLT)
FORMAS DE EXTINÇÃO
•Ato pelo qual o empregador põe fim à relação jurídica de emprego.•Função desconstitutiva do vínculo jurídico. Dispensa sem justa causa: •é a que não se fundamenta em qualquer dos motivos previstos em lei como fatores determinantes da quebra da confiança contratual (base artigo 482 da CLT)•Extinção do contrato de trabalho por iniciativa do empregador sem culpa do empregado (sem que este cometa alguma falta grave).
1. DISPENSA DO EMPREGADO SEM JUSTA CAUSA
40% sobre os depósitos do FGTS (Art. 10, I, ADCT)•10% a título de contribuição social (Lei Complementar nº 110, de 29.6.2001)•Aviso prévio de 30 dias – art. 487 CLT + 3 dias por ano de serviço (Lei n. 12.506/2011)•Usufruído: redução de duas horas diárias ou 07 dias corridos.•Pagamento das férias vencidas e proporcionais – artigos 146 e 147 da CLT•Pagamento do 13º salário vencido e proporcional – Lei nº 4.090/62•Levantamento dos depósitos do FGTS – Lei nº 8.036/90•Indenização adicional da Lei nº 6.708/79 – Trintídio anterior à data-base•Seguro-desemprego (Lei n. 7.899/90 e Lei n. 8.900/94)
DIREITO DOS EMPREGADOS NA DISPENSA SEM JUSTA CAUSA
Assistência e prazo para pagamento das verbas rescisórias (art. 477 da CLT)
Empregado com mais de 01 (um) ano:•. Deve ser assistido na rescisão contratual – Sindicato ou MTb (§1º do art. 477).Prazo para pagamento (art. 477, § 6º):A.até o primeiro dia útil imediato ao término do contrato (cumprimento do aviso prévio trabalhado)B.até o décimo dia, contado da data da notificação da despedida (aviso prévio indenizado)OBS: não existe a figura do “aviso prévio cumprido em casa”Quando da ausência de aviso prévio•. indenização do aviso prévio•. dispensa do seu cumprimento
• Inobservância do prazo para pagamento: indenização equivalente a um mês de salário do empregado (multa do 477 da CLT).
Termo de Rescisão do Contrato de Trabalho
• TRCT (termo rescisão do contrato de trabalho): Aos empregados que tenham mais de um ano de serviço prestado é obrigada a homologação do TRCT na entidade sindical. O atraso na homologação não gera indenização para o empregado, diferente do atraso do pagamento das verbas rescisórias, que dá o direito de indenização ao empregado
Seguro desemprego – Novas regras MP 665/14
Com as novas regras, ele terá que comprovar vínculo com o empregador por pelo menos 18 meses na primeira vez em que requerer o benefício. Na segunda solicitação, o período de carência será 12 meses. A partir do terceiro pedido, a carência voltará a ser de 6 meses.
•Extinção do contrato por iniciativa do empregado (resilição unilateral, distrato)•É a comunicação do empregado ao empregador de que não pretende mais dar continuidade ao contrato de trabalho.•Aviso prévio de 30 dias – art. 487 (é o empregado que deverá cumprir o aviso prévio, a menos que o empregador o libere... se não cumprir, o empregador poderá descontar das verbas rescisórias)•Não tem direito à redução da jornada ou diminuição dos dias do período de aviso-prévio
•PERDE: SEGURO DESEMPREGO, MULTA DE 40% DO FGTS
2. DEMISSÃO DO EMPREGADO
•a) Férias vencidas •b) Férias proporcionais (com mais de 1 ano de casa – arts. 146 e 147, paragráfo único)• Aplica-se a Convenção 132 da CLT sobre as férias – são devidas em qualquer hipótese as férias proporcionais• Convenção 132 da OIT – sempre devida e Súmula 171 da TST (salvo falta grave). A jurisprudência aplica o entendimento da Súmula 171 do TST.Súmula 171 do TST. “Salvo na hipótese de dispensa do empregado por justa causa, a extinção do contrato de trabalho sujeita o empregado ao pagamento da remuneração das férias proporcionais, ainda que incompleto o período aquisitivo de 12 (doze) meses.”
c) 13º salário proporcional•não tem direito ao levantamento do FGTS (Lei n. 8.036/90)•não tem direito ao seguro-desemprego (Lei n. 7.899/90 e Lei n. 8.900/94)AVISO PRÉVIO - Art. 7º, XXI, CF/88• Arts. 487 a 491 da CLT• Lei n. 12.506/2011
DIREITO DO EMPREGADO NO PEDIDO DE DEMISSÃO
Conceito:• Extinção do contrato do trabalho por iniciativa do empregador, com base em ato culposo ou doloso do empregado, que faça desaparecer a confiança e a boa-fé entre as partes, tornado impossível a continuidade da relação.
Sistemas: •Genérico: não tipificam ou enumeram as faltas, deixando ao bom senso do aplicador da lei o encargo de distinguir os casos em que há a quebra de confiança •Taxativo: enumeram as hipóteses e às vezes as tipificam, com a previsão legal das situações consideradas faltas graves da relação de emprego.
•Brasil: sistema taxativo, por vezes, não tipificado:
3. DISPENSA POR JUSTA CAUSA
•Art. 482 da CLT•Art. 433, II, da CLT – menor aprendiz•Art. 508 – empregado bancário – falta contumaz de pagamento de dívidas legalmente exigíveis (não em vigor – CF/88).•Art. 158, § único. Não observância das normas de segurança e saúde e não uso dos EPIs fornecidos pela empresa.•Art. 240. § único. Ferroviário que se recusa a fazer horas extras em caso de acidente
HIPÓTESES
Atos e condutas previstos como falta grave (art. 482 da CLT):
A.ato de improbidade;B.incontinência de conduta ou mau procedimento;C.negociação habitual por conta própria ou alheia sem permissão do empregador e quando constituir ato de concorrência à empresa na qual trabalha o empregado, ou for prejudicial ao serviço;D.condenação criminal do empregado, passada em julgado, caso não tenha havido suspensão da execução da pena;E.desídia no desempenho das respectivas funções;F.embriaguez habitual ou em serviço;G.violação de segredo de empresa;H.ato de indisciplina ou insubordinação;I.abandono de emprego;J.ato lesivo da honra e boa fama praticado no serviço contra qualquer pessoa, ou ofensas físicas, nas mesmas condições, salvo em caso de legítima defesa, própria ou de outrem;K.ato lesivo da honra e boa fama ou ofensas físicas praticadas contra o empregador e superiores hierárquicos, salvo em caso de legítima defesa, própria ou de outrem;L.prática constante de jogos de azar.
REQUISITOS DA DISPENSA POR JUSTA CAUSA Subjetivos:
•Culpa ou dolo do empregado; Objetivos:• a) Gravidade do comportamento: a ação ou omissão do empregado deve acarretar uma quebra de confiança que impossibilite a continuidade da relação entre as partes;•Imediatidade: o intervalo de tempo entre a falta do empregado e a sua dispensa deve ser o mínimo suficiente para permitir a decisão do empregador;•Nexo causal entre a justa causa e a dispensa: deve haver uma ligação entre a ação ou omissão do empregado e a dispensa perpetrada pelo empregador;•Singularidade – vedação da dupla punição, “non bis in idem”: o empregado não pode ser dispensado por justa causa quando houve uma punição anterior e suficiente para a situação.
1. advertência;2. suspensão;3. Dispensa.
Características da dispensa por justa causa
Forma: •não há forma prevista em lei; natureza receptícia; • Requer comunicação verbal ou escrita•Algumas convenções coletivas requerem forma escrita
Local: no local de trabalho ou fora dele Tempo: •durante a jornada de trabalho, fora dela, durante as férias ou mesmo nas interrupções e suspensões do contrato de trabalho.• Durante o prazo do aviso prévio.
DIREITOS DO EMPREGADO
•Saldo de salários (sempre devidos em qualquer tipo de extinção contratual);•13º salários vencidos. •Sem direito a aviso-prévio•Sem férias proporcionais (arts. 146 e 147, Súmula 171 do TST)•Sem 13º salário proporcional (art. 3º, Lei 4090, só prevê na rescisão sem justa causa)•Sem saque do FGTS•Sem indenização de 50% sobre o FGTS•Sem fornecimento das guias para o seguro-desemprego•Súmula 171: “Férias proporcionais. Contrato de trabalho. Extinção. Nova Redação. Salvo na hipótese de dispensa do empregado por justa causa, a extinção do contrato de trabalho sujeita o empregador ao pagamento da remuneração das férias proporcionais, ainda que incompleto o período aquisitivo de 12 (doze) meses (art. 147).”
4. Rescisão indireta •È a forma de cessação do contrato de trabalho por decisão do empregado em virtude da justa causa praticada pelo empregador (Ex: empregador não está pagando os salários dos empregados; empregador agride o empregado etc.)
•CLT, art. 483: é a “Justa causa” do empregador. O empregado toma iniciativa do rompimento, mas com base em falta grave cometida pelo empregador. Ex: rigor excessivo, tratar mal, ofensas físicas e verbais, exigir serviços superiores às forças do empregado.•AS VERBAS RESCISÓRIAS SÃO EQUIVALENTES ÀS DA DISPENSA SEM JSUSTA CAUSA
HIPÓTESESArt. 483, CLT. Atos ou condutas consideradas faltas graves do empregador. O empregado poderá pleitear a rescisão indireta nas seguintes hipóteses:A.forem exigidos serviços superiores às suas forças, defesos por lei, contrários aos bons costumes, ou alheios ao contrato;B.for tratado pelo empregador ou por seus superiores hierárquicos com rigor excessivo;C.correr o risco manifesto de mal considerável;D.não cumprir o empregador as obrigações do contrato;E.praticar o empregador ou seus prepostos, contra ele ou pessoas de sua família, ato lesivo da honra ou boa fama;F.o empregador, ou seus prepostos, ofenderem-no fisicamente, salvo em caso de legítima defesa, própria ou de outrem;G.o empregador reduzir o seu trabalho, sendo este por peça ou tarefa, de forma a afetar sensivelmente a importância dos salários;
Art. 483, § 1º. “No caso de morte do empregador constituído em empresa individual, é facultado ao empregado rescindir o contrato de trabalho.” •Mora salarial – 3 meses - § 1º do art. 2º do Decreto-lei nº 368/68.
Direitos do empregado:
•Os mesmos da despedida sem justa causa:
CULPA RECÍPROCA•Ocorrência de falta grave tanto do empregado quanto do empregador.•Caracteriza-se a culpa recíproca na hipótese em que empregado e empregador cometem simultaneamente faltas conexas e suficientemente graves.
Direitos do empregado: •Redução pela metade da indenização de 50% sobre o FGTS (art. 484 CLT)•50% do aviso-prévio, férias proporcionais e 13º salário proporcional (Sum. 14 TST e art. 18, § 1º da L. 8.036/90)•OBS: Poderá sacar FGTS•Súmula 14 do TST: “Reconhecida a culpa recíproca na rescisão do contrato de trabalho (art. 484 da CLT), o empregado tem direito a 50% (cinqüenta por cento) do valor do aviso prévio, do décimo terceiro salário e das férias proporcionais).”
5. FORÇA MAIOR•Consiste em todo acontecimento inevitável, em relação à vontade do empregado, e para o qual ele não tenha concorrido, direta ou indiretamente, que inviabilize a continuidade da relação de emprego (incêndio, tempestade que destrói o local de trabalho, etc.)
Direitos do empregado:•Todos os direitos decorrentes da despedida sem justa causa. É o empregador que assume os riscos da atividade•Exceção: indenização de 50% sobre o FGTS – Redução pela metade (art. 502 da CLT e artigo 18, § 1º, L. n. 8.036/90).
6. Término do contrato por tempo (prazo) determinado
Direitos do Empregado: •Férias proporcionais•13º salário proporcional (L. 4.090, art. 1º)•Levantamento dos depósitos do FGTS, inclusive na hipótese de trabalho temporário (L. 8.036/90, art. 20, IX).
APOSENTADORIA•Não é causa de extinção do contrato de trabalho.•OJ 361 do TST: “Aposentadoria espontânea. Unicidade do contrato de trabalho. Multa de 40% sobre todo o período. A aposentadoria espontânea não é causa de extinção do contrato de trabalho se o empregado permanece prestando serviços ao empregador após a jubilação. Assim, por ocasião da sua dispensa imotivada, o empregado tem direito à multa de 40% do FGTS sobre a totalidade dos depósitos efetuados no curso do pacto laboral.” •TST cancelou a antiga OJ n. 177. “Aposentaria espontânea. Efeitos. A aposentadoria espontânea extingue o contrato de trabalho, mesmo quando o empregado continua a trabalhar na empresa após a concessão do benefício previdenciário. Assim sendo, indevida a multa de 40% sobre o FGTS em relação ao período anterior à aposentadoria. “ (Cancelada em 30.10.06).•
OBRIGADO
Tulio de Oliveira Massoni