Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará – IFCE
Pró-Reitoria de Pesquisa, Pós-Graduação e Inovação – PRPI
Diretoria de Educação a Distância – DEAD
CAROLINE ALVARENGA PERTUSSATTI
REVISÃO DO PLANO NACIONAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS
– EVOLUÇÃO DA POLÍTICA NACIONAL DE RESÍDUOS
SÓLIDOS
Brasília- DF
2018
2
CAROLINE ALVARENGA PERTUSSATTI
REVISÃO DO PLANO NACIONAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS
– EVOLUÇÃO DA POLÍTICA NACIONAL DE RESÍDUOS
SÓLIDOS
Trabalho de Conclusão de Curso
apresentado ao Instituto Federal de
Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará -
IFCE, como parte das exigências para a
obtenção do título de Especialização a
Distância em Elaboração e Gerenciamento
de Projetos para a Gestão Municipal de
Recursos Hídricos.
Orientadora: Profa Ms. Joyce Costa
Gomes de Santana
Brasília- DF
2018
3
CAROLINE ALVARENGA PERTUSSATTI
REVISÃO DO PLANO NACIONAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS
– EVOLUÇÃO DA POLÍTICA NACIONAL DE RESÍDUOS
SÓLIDOS
Trabalho de Conclusão de Curso
apresentado ao Instituto Federal de
Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará -
IFCE, como parte das exigências para a
obtenção do título de Especialização a
Distância em Elaboração e Gerenciamento
de Projetos para a Gestão Municipal de
Recursos Hídricos.
Aprovado em 19/07/2018
BANCA EXAMINADORA
________________________________________
Profa Ms. Joyce Costa Gomes de Santana
Secretaria da Educação do Estado do Ceará
Orientadora
________________________________________
Prof. Dr. Luis Gonzaga Pinheiro Neto
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará - Campus Sobral
________________________________________
Prof. Ms. Francisco das Chagas da Silva Júnior
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte
4
“Ainda que os teus passos pareçam
inúteis, vai abrindo caminhos, como a
água que desce cantando da montanha.
Outros te seguirão...”.
(SAINT-EXUPÉRY)
5
RESUMO
O planejamento para gestão de resíduos sólidos é exigido desde 2007 a partir do
estebelecimento da Lei nº 11.445/2007, que instituiu diretrizes nacionais para o
saneamento básico ratificado pela Lei nº 12.305/2010 que determina a Política Nacional de
Resíduos Sólidos (PNRS). Esses institutos jurídicos apontam diretrizes para gestão de
resíduos cujo caráter estratégico encontram-se nos Planos de Saneamento Básico e de
Resíduos Sólidos em cada unidade da federação e nas entidades privadas. Como
documento central da PNRS, o Plano Nacional de Resíduos Sólidos (Planares) contempla
diretrizes nacionais para a gestão de resíduos envolvendo todos os atores da Política, desde
a população até o próprio governo, em todos os níveis das unidades da federação. A versão
preliminar do Planares, de 2012, não foi sancionada como Decreto e, passados seis anos
desde sua conclusão, necessita de revisão e atualização de acordo com o conteúdo mínimo
previsto na legislação bem como com objetivo de incluir os avanços ocorridos desde a
publicação do marco regulatório, em 2010. Desta forma, este trabalho apresenta uma
proposta de revisão do documento visando incorporar os avanços da PNRS e atender a
legislação. O projeto de intervenção proposto identifica os procedimentos administrativos e
técnicos necessários para tal tarefa, esperando com resultado e impacto o atingimento dos
objetivos da Política Nacional levando-se em consideração a conjuntura atual.
Palavras-chave: Política Nacional de Resíduos Sólidos, Plano Nacional de Resíduos
Sólidos, planejamento e gestão de resíduos sólidos
6
ABSTRACT
Planning for solid waste management is required since 2007 as of the establishment of Law
11,445 / 2007, which established national guidelines for basic sanitation, ratified by Law
No. 12,305 / 2010, which determines the National Solid Waste Policy (PNRS). These legal
institutes point to guidelines for waste management whose strategic character are found in
the Plans of Basic Sanitation and Solid Waste in each unit of the federation and in private
entities. As a central document of the PNRS, the National Plan for Solid Waste (Planares)
includes national guidelines for waste management involving all policy actors, from the
population to the government itself, at all levels of the federation units. The preliminary
version of Planares, 2012, was not sanctioned as a Decree and, six years after its
conclusion, it needs to be revised and updated in accordance with the minimum content
provided for in the legislation, as well as to include progress since the publication of the
Plan. regulatory framework in 2010. In this way, this paper presents a proposal to revise
the document in order to incorporate the advances of the PNRS and to comply with the
legislation. The proposed intervention project identifies the necessary administrative and
technical procedures for this task, expecting with result and impact the achievement of
National Policy objectives taking into account the current situation.
Key-words: National Solid Waste Policy, National Solid Waste Plan, solid waste planning
and management
7
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Conteúdo da versão de agosto de 2012 do Plano Nacional de Resíduos Sólidos e
da proposta de revisão em 2016........................................................................................21
Tabela 2 - Esquema de revisão do Plano Nacional de Resíduos Sólidos no DQAR. ..........26
Tabela 3 - Definição de local e organizadores das Audiências Públicas ............................27
Tabela 4 - Expectativa dos setores a serem envolvidos na revisão do Plano Nacional e
respectiva área de interesse ..............................................................................................27
8
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Destinação final de resíduos sólidos urbanos por país (2013) na Europa
(EUROSTAT, 2013). .......................................................................................................13
9
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO..................................................................................................... 09
1.1 PROBLEMA .....................................................................................................10
1.2 JUSTIFICATIVA ..............................................................................................11
1.3 OBJETIVOS ......................................................................................................11
1.3.1 Objetivo Geral ...................................................................................................11
1.3.2 Objetivo Específico ............................................................................................12
1.4 METODOLOGIA ..............................................................................................12
2. REFERENCIAL TEÓRICO ..................................................................................13
3. PROPOSTA DE INTERVENÇÃO ........................................................................17
3.1 IDENTIFICAÇÃO DO PROBLEMA ................................................................17
3.2 JUSTIFICATIVA ..............................................................................................19
3.3 OBJETIVO ........................................................................................................20
3.4 RESULTADOS E IMPACTOS ESPERADOS...................................................20
3.5 AÇÕES DE INTERVENÇÃO ...........................................................................21
3.5.1 Etapa 1 – Revisão do documento “Plano Nacional de Resíduos Sólidos” ...........22
3.5.2. Etapa 2 – Participação social ..............................................................................26
3.5.3 Etapa 3 – Apreciação e Aprovação do Plano Nacional .......................................28
3.5.4 Etapa 4 – Decreto ...............................................................................................28
3.6 ATORES ENVOLVIDOS..................................................................................28
3.7 RECURSOS NECESSÁRIOS............................................................................29
3.8 ORÇAMENTO ..................................................................................................30
3.9 VIABILIDADE .................................................................................................30
3.10 RISCOS E DIFICULDADES.............................................................................30
3.11 CRONOGRAMA ..............................................................................................31
3.12 GESTÃO, ACOMPANHAMENTO E AVALIAÇÃO........................................32
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................33
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..........................................................................34
10
1. INTRODUÇÃO
O progresso da humanidade possibilitou a aquisição e produção de bens e utensílios
que deixaram de ser naturalmente incorporados na natureza após seu descarte, como
outrora, passando a conter compostos não biodegradáveis, que apesar de facilitarem o
transporte e armazenamento, tornaram-se um dos principais responsáveis pelo aumento do
volume de resíduos sólidos gerado pelas cidades.
Assim, os produtos orgânicos que eram reciclados nas próprias propriedades, como
alimentos aos animais e adubo, passaram a ser considerados rejeitos e encaminhados para
disposição no solo em larga escala (adequada ou inadequada). De igual modo, com a
modernização da indústria, as embalagens deixaram de ser retornáveis e reutilizáveis,
passando a serem descartáveis e utilizadas sem restrição ou senso de reaproveitamento.
Toda esta alteração de rotinas e procedimentos favoreceu o acúmulo de resíduos,
influenciando negativamente a saúde pública e ambiental, fazendo-se necessária uma
discussão de planejamento e gestão em resíduos sólidos.
Alguns países, como Alemanha, Coreia do Sul, Japão e outros que estão em uma
fase mais adiantada de planejamento e são referências mundiais no tema, tiveram que
iniciar a gestão dos resíduos devido a graves problemas ocasionados como consequência
da poluição ambiental, tais como epidemias graves, peste negra, falta de espaço físico para
a destinação dos resíduos e a degradação da qualidade de vida dos trabalhadores de
limpeza urbana (catadores e garis).
Ressalta-se, porém, que o nível em que esses países encontram-se hoje em relação a
adequada gestão de resíduos sólidos não se deu de forma rápida; é resultado de um
processo baseado na experiência. Cada equipamento, metodologia, tecnologia,
infraestrutura e sistema de gestão foram desenvolvidos visando responder às perguntas que
foram surgindo a cada etapa. Perguntas das quais: O que fazer com todo esse material?
Como resolver os problemas decorrentes do aterramento? Qual alternativa para o
aterramento? Qual seria a forma de reduzir o volume de resíduos e sua contaminação?
Como reaproveitar e reciclar os materiais descartados? Há possibilidade de incentivar o
reuso e reciclagem dos materiais descartados? Como diminuir a geração de resíduos na
fonte? Quais os custos envolvidos em uma gestão adequada? Qual a viabilidade da gestão
proposta e as garantias de funcionamento?
11
1.1 PROBLEMA
Em se tratando de Brasil, uma política nacional para orientar e definir os princípios
para o enfrentamento dos problemas causados pelos resíduos sólidos só surgiu basicamente
no século XXI com a Lei nº 11.445/2007 (BRASIL, 2007), que estabelece diretrizes
nacionais para o saneamento básico, e com a Lei nº 12.305/2010 (BRASIL, 2010a), que
institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS). Ambas as leis trouxeram aos
municípios, titulares dos serviços de limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos, a
obrigatoriedade de se pensar em um planejamento adequado a partir da cobrança da
elaboração de planos municipais de saneamento básico e planos municipais de gestão de
resíduos sólidos, planos estaduais e nacional de resíduos sólidos e planos de gerenciamento
de resíduos sólidos.
Instrumento da PNRS, os planos de resíduos sólidos devem subsidiar as ações em
cada unidade da federação e nas entidades privadas, sendo o Plano Nacional de Resíduos
Sólidos (Planares) a orientação macro para os demais entes federados, trazendo as
disposições nacionais para guiar a gestão a nível local.
A esse respeito, o Ministério do Meio Ambiente, coordenador da PNRS, formulou e
divulgou uma proposta preliminar do Plano Nacional de Resíduos Sólidos, em 28 de junho
de 2011, conforme estabelecia o prazo prescrito pelo Decreto n. 7.404/2010.
“Art. 47. A elaboração do Plano Nacional de Resíduos Sólidos deverá ser feita
de acordo com o seguinte procedimento:
I - formulação e divulgação da proposta preliminar em até cento e oitenta dias,
contados a partir da publicação deste Decreto, acompanhada dos estudos que a
fundamentam;” (BRASIL, 2010a)
Além dos prazos dados, a PNRS e seu Decreto regulamentador preveem que o
Planares deve ser elaborado num amplo processo de mobilização e participação popular.
Dessa feita, a minuta preliminar foi amplamente discutida com os setores público e
privado; passou por discussão no Comitê Interministerial da Política Nacional de Resíduos
Sólidos (CI), audiências e consulta públicas e apreciação dos Conselhos Nacionais de Meio
Ambiente, das Cidades, de Recursos Hídricos e de Saúde, finalizando uma versão
preliminar consolidada em agosto de 2012.
Esta versão ficou pendente de apreciação pelo Conselho Nacional de Política
Agrícola, que inviabilizou o prosseguimento da publicação do Planares como Decreto
presidencial. Apesar disso, a versão preliminar final de agosto de 2012 segue disponível
12
como documento referência no Portal SINIR - Sistema Nacional de Informações sobre
Resíduos Sólidos carecendo de atualização para nova consulta aos Conselhos, Comitê e
sociedade, para posterior publicação do documento como Decreto
1.2 JUSTIFICATIVA
Considerando toda a problemática de apreciação e aprovação como Decreto, do
Plano Nacional de Resíduos Sólidos, a necessária revisão do mesmo a cada quatro anos,
conforme definido na PNRS (BRASIL, 2010a), e que já se passaram quase seis anos desde
a publicação da versão preliminar; faz-se necessário promover a sua revisão e atualização,
de acordo com o conteúdo mínimo previsto na legislação e os avanços ocorridos desde a
publicação do marco regulatório, em 2010.
O Planares foi instituído com a finalidade de contribuir de forma abrangente e
orientativa para as políticas estaduais e municipais de resíduos sólidos e a sua revisão é
primordial para manter atualizada as ações do Ministério do Meio Ambiente e dos demais
envolvidos na PNRS. Caso contrário, os municípios e estados não terão um guia para
definir suas ações, podendo os objetivos futuros da PNRS não serão alcançados,
impactando negativamente na política ambiental e de saneamento no Brasil.
Tendo em vista esta justificativa, o projeto de intervenção proposto visa estudar os
procedimentos para a revisão do Planares, visando orientar o Ministério do Meio Ambiente
nas suas ações e procedimentos para que possa cumprir a legislação e subsidiar a sociedade
com um documento condizente com a realidade atual.
1.3 OBJETIVOS
1.3.1 Objetivo Geral
O objetivo geral deste trabalho é elaborar um plano de intervenção que possa
subsidiar a revisão do Plano Nacional de Resíduos Sólidos (Planares) de forma a atender
uma prescrição legal da PNRS incorporando, ao mesmo, os avanços ocorridos na
sociedade desde sua implementação até os dias atuais.
13
1.3.2 Objetivo Específico
Definir os temas e informações necessárias para a revisão do Plano Nacional de
Resíduos Sólidos.
1.4 METODOLOGIA
O Trabalho de Conclusão do Curso de Especialização em Elaboração e
Gerenciamento de Projetos para a Gestão Municipal de Recursos Hídricos trata-se de uma
proposta de intervenção constituída para atuar junto a um problema identificado de forma a
minimiza-lo ou soluciona-lo. Para tanto, uma vez identificada a necessidade de revisão do
Plano Nacional de Resíduos Sólidos, inicou-se o detalhamento dos procedimentos a serem
desenvolvidos pelo ente público para perfeita consecução do objeto final.
O projeto de intervenção é dividido em duas partes. A primeira é referente ao
conteúdo técnico necessário para identificar as atividades que serão executadas, contendo,
a identificação do problema, justificativa, razão e relevância do projeto de intervenção,
exposição dos objetivos, as ações necessárias para a intervenção, bem como os resultados
esperados e impactos dos procedimentos realizados. A segunda parte refere-se aos
procedimentos administrativos e burocráticos que devem ser observados quando do
desenvolvimento da intervenção, tais como: mapeamento dos atores envolvidos, recursos
necessários e orçamento, viabilidade, mapeamento dos riscos e dificuldades e definição da
gestão do projeto. O levantamento destes procedimentos foram feitos com base na
legislação que rege o serviço público e nas diretrizes do Ministério.
Em relação aos atores chave, estes foram identificados de acordo com as obrigações
legais, bem como a necessidade de participação de diversos setores da sociedade. Os
demais conteúdos foram apresentados considerando as obrigações do Ministério do Meio
Ambiente como coordenador da PNRS, bem como dos processos necessários a
implementação da intervenção.
14
2. REFERENCIAL TEÓRICO
Importante fator para se entender a necessidade do planejamento em resíduos
sólidos é conhecer a evolução histórica da humanidade. Na Idade Média, a maioria dos
restos resultantes da atividade do homem estava diretamente relacionado aos resíduos
produzidos pelo seu corpo - fezes, urina, secreções em geral e o próprio corpo humano em
decomposição. Também havia os restos provenientes da alimentação: carcaças de animais,
cascas de frutas e hortaliças (VELLOSO, 2008).
Com o advento da sociedade de consumo, que começou a gerar grandes
quantidades de resíduos inorgânicos (como plásticos); manejar os resíduos passou a ser
mais complexo. Os grandes marcos dessa mudança foram a Revolução Industrial e a
utilização do petróleo na produção de materiais que proporcionaram a consolidação do
sistema capitalista e a explosão do crescimento demográfico.
Diante dessa situação, após a Revolução Industrial, materiais além dos orgânicos,
como: vidro, metal e papel, se intensificaram e se diversificaram. Estes materiais não se
degradam facilmente na natureza e sua destinação passou a ser um problema ambiental
muito sério desencadeando uma série de discussões sobre a necessidade de se instituir
políticas voltadas à preservação do meio ambiente no Brasil haja vista a implementação
dessas em outros países, em especial as relacionadas a saneamento e gestão de resíduos.
Segundo Andrade e Ferreira (2011), os sistemas de gestão de resíduos sólidos nos
países centrais, sobretudo nos Estados Unidos, Japão e nos países da União Europeia são
os mais complexos do mundo. Os autores afirmam que, para dar conta de todos, ou de
grande parte dos resíduos em seus territórios, esses países aplicam várias modalidades de
tratamento antes da disposição final, obedecendo cada vez mais a critérios rígidos, a fim de
proteger sua população dos efeitos nocivos decorrentes dos resíduos sólidos.
É de amplo conhecimento na comunidade científica e de gestão de resíduos sólidos
que, na Europa, como começo de uma política visando sanar os problemas relacionados
aos resíduos, o aterramento em locais apropriados (aterros sanitários) foi adotado como a
primeira medida para solucionar os problemas relacionados ao lixo das cidades.
Posteriormente, com a necessidade de mais espaços, o elevado custo da terra e o
avanço das políticas de recuperação energética dos resíduos, de mudanças climáticas, do
retorno da reciclagem da matéria orgânica e dos outros materiais e de redução do volume a
ser aterrado, a gestão dos resíduos evoluiu para uma gestão integrada em diversas frentes,
15
investindo na redução da geração e na redução dos aterramentos, com origem de
tratamentos e reciclagem dos materiais. Esse processo pode ser observado a partir da
descrição de Demajorovic (1996) apud Brollo & Silva (2001), que identificou que o rumo
tomado pela política de gestão de resíduos nos últimos 25 anos, nos países desenvolvidos,
pode ser identificado em três fases, marcadas por objetivos distintos, quais sejam: uma
primeira fase de priorização da disposição final, buscando a eliminação do lixão e o envio
dos resíduos para aterros sanitários e incineradores; uma segunda fase onde a recuperação
e a reciclagem dos materiais passaram a ser metas prioritárias, considerando ao menos o
reaproveitamento dos resíduos em parceira entre consumidores e produtores; e uma
terceira fase, iniciada no final da década de 80 nos países desenvolvidos, com foco na
redução do volume de resíduos desde o processo produtivo.
A Figura 1, abaixo, exemplifica a situação da gestão dos resíduos na Europa, que
varia conforme o nível de gestão. Países com a gestão mais avançada possui menos aterros
sanitários e maior é a porcentagem reciclagem e compostagem, vide Alemanha (Germany,
em inglês), Dinamarca (Denmark) e Suécia (Sweden).
Figura 1 - Destinação final de resíduos sólidos urbanos por país (2013) na Europa
(EUROSTAT, 2013).
FONTE: Disponível em: <http://ec.europa.eu/eurostat/statistics-
explained/index.php/File:Municipal_waste_ treatment_ by_country_2013.jpg>. Acesso em:
02.03.2018.
A história da gestão de resíduos no Brasil é um pouco mais lenta. Segundo Brollo
& Silva (2001), em 1991, segundo dados da Pesquisa Nacional de Saneamento Básico,
76% dos resíduos eram dispostos a céu aberto e apenas 24% recebiam tratamento
16
adequado (13% vão para aterros controlados, 10% para aterros sanitários, 0,9% para usinas
de compostagem e 0,1% para usinas de incineração). Lembrando que nos dias de hoje,
aterros controlados são considerados forma de disposição final inadequada.
Considerando os dados mais atuais disponíveis hoje no Brasil disponibilizados pelo
Diagnóstico do Manejo de Resíduos Sólidos Urbanos – 2016, do Sistema Nacional de
Informacoes sobre Saneamento (BRASIL, 2018); “ 66,8% da massa total coletada no Pais
e disposta de forma adequada, em aterros sanitarios, sendo o restante distribuido por
destinacoes em lixoes e aterros controlados.”
Para o Brasil, segundo Andrade e Ferreira (2011), sobretudo nos municípios mais
pobres, a realidade de escassos recursos financeiros, aliada à falta de prioridade para o
setor de saneamento, constituem fortes obstáculos ao estabelecimento de uma gestão
adequada para os resíduos sólidos urbanos. Mesmo as cidades economicamente mais
importantes e as mais populosas têm forte carência nesse sistema – que, por certo, não se
resume à coleta dos resíduos. O entendimento do motivo desta situação reproduzir-se em
grande parte dos municípios brasileiros é importante para a concretização de mudanças na
direção de uma gestão (integrada) mais eficiente dos resíduos urbanos (ANDRADE e
FERREIRA, 2011).
Em se tratando de legislação brasileira, os resíduos sólidos são abordados na
Política Nacional de Saneamento Básico, Lei nº 11.445/2007 (BRASIL, 2007) e na Política
Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), Lei nº 12.305/2010 de 02 de agosto de 2010
(BRASIL, 2010a), podendo ambos regulamentos estarem integrados no mesmo Plano,
desde que considerado todo conteúdo mínimo obrigatório das respectivas leis. Em relação
à PNRS, após mais de 20 anos em discussão no Congresso Nacional introduziu princípios,
objetivos e instrumentos, bem como as diretrizes relativas à gestão integrada e ao
gerenciamento de resíduos sólidos, incluídos os perigosos, às responsabilidades dos
geradores e do poder público e aos instrumentos econômicos aplicáveis.
Para orientar a gestão adequada dos resíduos, foi previsto o estímulo ao
planejamento adequado a partir da elaboração de planos nacional, estaduais e municipais
de gestão de resíduos sólidos e planos de gerenciamento de resíduos sólidos. Os
respectivos planos devem, a partir do diagnóstico da situação dos resíduos sólidos, definir
os cenários, estabelecer as metas, programas e ações com objetivo de melhorar a gestão
dos resíduos, assim como prever as melhores alternativas e quais as soluções que se
aplicam para resolver o diagnóstico apresentado, segundo o grau de abrangência do plano.
17
Assim, os planos, instrumentos da PNRS, devem subsidiar as ações em cada
unidade da federação e nas entidades privadas, sendo o Plano Nacional de Resíduos
Sólidos (Planares) a orientação macro para os demais entes federados, trazendo as
disposições nacionais para guiar a gestão a nível local e alcançar os objetivos trazidos pela
Lei nº 12.305/2010.
O referido plano está previsto no art. 47 do Decreto nº 7.404/2010 (BRASIL,
2010b) que regulamenta a Lei 12.305/2010, cabendo à União, sob a coordenação do
Ministério do Meio Ambiente - MMA, no âmbito do Comitê Interministerial, elaborar o
Plano Nacional de Resíduos Sólidos. Sua vigência deve ter prazo indeterminado e
horizonte de 20 (vinte) anos, com atualização a cada 4 (quatro) anos e conteúdo mínimo
definido nos incisos I ao XI do artigo 15 da Lei nº 12.305/2010 (BRASIL, 2010a):
“I - diagnóstico da situação atual dos resíduos sólidos;
II - proposição de cenários, incluindo tendências internacionais e
macroeconômicas;
III - metas de redução, reutilização, reciclagem, entre outras, com vistas a reduzir
a quantidade de resíduos e rejeitos encaminhados para disposição final
ambientalmente adequada;
IV - metas para o aproveitamento energético dos gases gerados nas unidades de
disposição final de resíduos sólidos;
V - metas para a eliminação e recuperação de lixões, associadas à inclusão social e à emancipação econômica de catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis;
VI - programas, projetos e ações para o atendimento das metas previstas;
VII - normas e condicionantes técnicas para o acesso a recursos da União, para a
obtenção de seu aval ou para o acesso a recursos administrados, direta ou
indiretamente, por entidade federal, quando destinados a ações e programas de
interesse dos resíduos sólidos;
VIII - medidas para incentivar e viabilizar a gestão regionalizada dos resíduos
sólidos;
IX - diretrizes para o planejamento e demais atividades de gestão de resíduos
sólidos das regiões integradas de desenvolvimento instituídas por lei
complementar, bem como para as áreas de especial interesse turístico; X - normas e diretrizes para a disposição final de rejeitos e, quando couber, de
resíduos;
XI - meios a serem utilizados para o controle e a fiscalização, no âmbito
nacional, de sua implementação e operacionalização, assegurado o controle
social”.
Segundo informações disponíveis no Sistema de Informações sobre a Gestão de
Resíduos Sólidos (SINIR, 2018), a primeira versão do Planares foi divulgada em 28 de
junho de 2011, seguindo para discussão com os setores público e privado e com a
sociedade em geral, por meio de 5 audiências públicas regionais (Curitiba, Recife, Campo
Grande, São Paulo e Belém), duas audiências extraoficiais (Rio de Janeiro e Belo
Horizonte) e a audiência pública nacional, em Brasília. O Plano foi, então, submetido à
consulta pública, tendo sido apreciado pelos Conselhos Nacionais de Meio Ambiente, das
18
Cidades, de Recursos Hídricos e de Saúde. A sua versão final, após todo este processo, foi
aprovada pelo Comitê Interministerial da Política Nacional de Resíduos Sólidos (CI), para
publicação em decreto, em agosto de 2012.
Porém, o Planares não foi apreciado por um dos 5 Conselhos Nacionais que
deveriam examiná-lo conforme previsto no Decreto nº 7.404/2010, o Conselho Nacional de
Política Agrícola, pelo fato deste não se reunir há anos. Por este motivo, o Plano não foi
aprovado como decreto presidencial, apesar de estar concluído, disponível no SINIR e ter
sido discutido com toda a sociedade.
É essencial, tendo em vista toda a evolução ocorrida desde a instituição da Política
Nacional de Resíduos Sólidos, 2010, à publicação da primeira versão final do Plano
Nacional, em 2012, que se promova uma revisão do Plano Nacional, incorporando os
avanços na gestão de resíduos sólidos, assim como revendo as orientações aos Estados e
Municípios a partir de novas diretrizes nacionais para o tema.
19
3. PROPOSTA DE INTERVENÇÃO
3.1 IDENTIFICAÇÃO DO PROBLEMA
A Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) instituída pela Lei nº 12.305, de
02 de agosto de 2010, é uma complexa política integrada de resíduos sólidos, envolvendo
as Políticas Nacionais de Meio Ambiente (Lei nº 6.938/1981), de Mudanças do Clima (Lei
nº 12.187/2009), de Recursos Hídricos (Lei nº 9.433/1997) e de Educação Ambiental (Lei
nº 9.795/1999); a Lei de Crimes Ambientais (Lei nº 9.605/1989); a Lei dos Consórcios
Públicos (Lei nº 11.107/2005), bem como a Lei nº 11.445/2007, que estabelece as
diretrizes nacionais para o saneamento básico e para a política federal de saneamento
básico. Esta última contempla a limpeza urbana e manejo dos resíduos sólidos,
considerados em seu artigo 3º como o conjunto de atividades, infraestruturas e instalações
operacionais de coleta, transporte, transbordo, tratamento e destino final do lixo doméstico
e do lixo originário da varrição e limpeza de logradouros e vias públicas.
Desta forma, a PNRS não é só uma política de gestão de resíduos sólidos, ela
permeia as questões ambientais, sociais, culturais, econômicas, tecnológicas, de saúde
pública, atribuindo responsabilidades a todos os atores envolvidos (fabricantes,
importadores, distribuidores e comerciantes, consumidores e titulares dos serviços públicos
de limpeza urbana e de manejo dos resíduos sólidos), o que se traduz na responsabilidade
compartilhada pelo ciclo de vida dos seus produtos, definida no artigo 3º da PNRS.
A supracitada lei traz ainda a necessidade de que a União, estados, municípios,
setor privado e a sociedade civil participem e articulem soluções para a gestão dos resíduos
sólidos, incluindo a responsabilidade compartilhada consubstanciada em seu artigo 25,
bem como instrui observância a ordem de prioridade na gestão e no gerenciamento dos
resíduos sólidos, de não geração, redução, reutilização, reciclagem, tratamento dos
resíduos sólidos e disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos, materializada no
artigo 9º da dita lei.
Visando firmar a gestão nacional no enfrentamento dos principais problemas
ambientais, a PNRS trouxe, dentre outros instrumentos, os planos de resíduos a nível
federal, estadual, distrital e municipal, no qual se destaca pela provocação de que os entes
federados passem pelo planejamento de suas ações visando a implementação de uma
política mais eficaz a médio e longo prazo.
20
No âmbito do Governo Federal, o Plano Nacional é documento norteador das
diretrizes nacionais, tanto para os demais entes federativos como para o setor privado,
devendo trazer estratégias e metas para que se cumpram os objetivos da Política Nacional
de Resíduos Sólidos.
De acordo com o artigo 15 da PNRS, a União elaborará, sob a coordenação do
Ministério do Meio Ambiente, o Plano Nacional de Resíduos Sólidos, com vigência por
prazo indeterminado e horizonte de 20 (vinte) anos, a ser atualizado a cada 4 (quatro) anos,
mediante processo de mobilização e participação social, incluindo a realização de
audiências e consultas públicas, cujo conteúdo mínimo segue:
“I - diagnóstico da situação atual dos resíduos sólidos;
II - proposição de cenários, incluindo tendências internacionais e
macroeconômicas;
III - metas de redução, reutilização, reciclagem, entre outras, com vistas a
reduzir a quantidade de resíduos e rejeitos encaminhados para disposição final
ambientalmente adequada;
IV - metas para o aproveitamento energético dos gases gerados nas unidades de
disposição final de resíduos sólidos;
V - metas para a eliminação e recuperação de lixões, associadas à inclusão social e à emancipação econômica de catadores de materiais reutilizáveis e
recicláveis;
VI - programas, projetos e ações para o atendimento das metas previstas;
VII - normas e condicionantes técnicas para o acesso a recursos da União, para
a obtenção de seu aval ou para o acesso a recursos administrados, direta ou
indiretamente, por entidade federal, quando destinados a ações e programas de
interesse dos resíduos sólidos;
VIII - medidas para incentivar e viabilizar a gestão regionalizada dos resíduos
sólidos;
IX - diretrizes para o planejamento e demais atividades de gestão de resíduos
sólidos das regiões integradas de desenvolvimento instituídas por lei complementar, bem como para as áreas de especial interesse turístico;
X - normas e diretrizes para a disposição final de rejeitos e, quando couber, de
resíduos;
XI - meios a serem utilizados para o controle e a fiscalização, no âmbito
nacional, de sua implementação e operacionalização, assegurado o controle
social”.
O Decreto Regulamentador da PNRS (Decreto nº 7.404/2010) desenvolve mais este
tema, trazendo em seu artigo 46 que cabe à União, sob a coordenação do Ministério do
Meio Ambiente - MMA, elaborar o Plano Nacional de Resíduos Sólidos e, em seu artigo
47, explicita os procedimentos para a elaboração do dito documento.
“I - formulação e divulgação da proposta preliminar em até cento e
oitenta dias, contados a partir da publicação deste Decreto,
acompanhada dos estudos que a fundamentam; II - submissão da proposta à consulta pública, pelo prazo mínimo de
sessenta dias, contados da data da sua divulgação;
III - realização de, no mínimo, uma audiência pública em cada região
geográfica do País e uma audiência pública de âmbito nacional, no
21
Distrito Federal, simultaneamente ao período de consulta pública
referido no inciso II;
IV - apresentação da proposta daquele Plano, incorporadas as contribuições advindas da consulta e das audiências públicas, para
apreciação dos Conselhos Nacionais de Meio Ambiente, das Cidades, de
Recursos Hídricos, de Saúde e de Política Agrícola; e V - encaminhamento pelo Ministro de Estado do Meio Ambiente ao
Presidente da República da proposta de decreto que aprova aquele
Plano.”
Visando cumprir o artigo 47, o Ministério do Meio Ambiente formulou e divulgou
uma proposta preliminar do Plano Nacional de Resíduos Sólidos (Planares), em 28 de
junho de 2011, conforme estabelecia o prazo prescrito no item I.
Após isto, a minuta preliminar foi amplamente discutida com os setores público e
privado; passou por discussão no Comitê Interministerial da Política Nacional de Resíduos
Sólidos (CI), audiências e consulta públicas e apreciação dos Conselhos Nacionais de Meio
Ambiente, das Cidades, de Recursos Hídricos e de Saúde, finalizando uma versão
preliminar consolidada em agosto de 2012.
A versão preliminar ficou pendente de apreciação pelo Conselho Nacional de
Política Agrícola, desta forma, o Planares não foi publicado como Decreto presidencial.
Apesar disso, a versão preliminar, de final de agosto de 2012, segue disponível como
documento referência no Portal SINIR - Sistema Nacional de Informações sobre Resíduos
Sólidos.
Desta forma, tendo se passado quase seis anos da finalização da versão final, é
necessário promover a revisão do Plano para incluir as atualizações ocorridas desde 2012,
essenciais para realizar nova consulta aos Conselhos, Comitê e sociedade, para posterior
publicação do documento como Decreto.
3.2 JUSTIFICATIVA
Instrumento importante da PNRS, os planos de resíduos são essenciais para a
melhoria da gestão integrada de resíduos sólidos, entendida como o conjunto de ações
voltadas para a busca de soluções para os resíduos sólidos, de forma a considerar as
dimensões política, econômica, ambiental, cultural e social, com controle social e sob a
premissa do desenvolvimento sustentável.
22
Os planos devem facilitar a identificação da situação atual, os problemas existentes
e conjecturar as alternativas e soluções visando melhorar a gestão dos resíduos,
estabelecendo metas e estratégias de implementação das ações propostas.
O Plano Nacional de Resíduos Sólidos, que não possui informações detalhadas à
nível municipal como, por exemplo, identificação de áreas favoráveis para disposição final
ambientalmente adequada de rejeitos, tem como objetivo central a orientação e a definição
de diretrizes para a melhoria da gestão dos resíduos em todo território nacional.
Tendo em vista este objetivo, o Plano Nacional necessita de revisão em seu
conteúdo, principalmente no que diz respeito à incorporação dos progressos logrados pela
sociedade desde seu nascedouro, em 2010 e inserção de novas diretrizes fundamentais para
a gestão adequada dos resíduos sólidos neste país continental. Nessa direção, é primordial
que sejam identificados os avanços desde os primeiros movimentos para elaboração do
Planares, em 2010 até a publicação de sua versão final, em 2012; identificando os impactos
da Política no país de forma a atualizá-lo levando-se em consideração a
contemporaneidade e as fragilidades detectadas no documento em vigência.
3.3 OBJETIVO
Fundamentar o trabalho de revisão do Plano Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS),
versão 2012, considerando os avanços ocorridos no pais desde sua elaboração, propondo
atualizações que compreendam orientações e estratégias para a gestão de resíduos sólidos
no país.
3.4 RESULTADOS E IMPACTOS ESPERADOS
Espera-se, com esta revisão, que o Ministério do Meio Ambiente, bem como os
demais atores envolvidos na gestão dos resíduos sólidos, como demais ministérios, estados,
municípios, setor privado e sociedade civil, revejam suas atuações no que diz respeito ao
tema, incorporando, em suas ações, atividades que sigam as diretrizes elaboradas.
Espera-se que o impacto da revisão do Plano seja o atingimento dos objetivos da
PNRS em todo o Brasil, principalmente no que diz respeito a não geração, redução,
reutilização, reciclagem e tratamento dos resíduos sólidos, bem como disposição final
ambientalmente adequada dos rejeitos, itens que se desdobram numa gama de atividades
dentro dos mais variados setores.
23
3.5 AÇÕES DE INTERVENÇÃO
Na estrutura do Ministério do Meio Ambiente, o setor responsável pela Política
Nacional de Resíduos Sólidos é o Departamento de Qualidade Ambiental e Gestão de
Resíduos (DQAR/MMA). Este Departamento promoveu, de 2014 a 2016, discussões
visando definir uma metodologia de revisão do Plano Nacional; que culminou com uma
proposta de reestruturação de seus capítulos, comparada na Tabela 1.
Tabela 1 - Conteúdo da versão de agosto de 2012 do Plano Nacional de Resíduos Sólidos e da
proposta de revisão em 2016.
PLANO ATUAL (2012) REVISÃO PROPOSTA (2016)
Capítulo 1 - Diagnóstico da Situação dos
resíduos Sólidos no Brasil 1. Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil
1.1. Resíduos Sólidos Urbanos 1.1 Diagnóstico dos Resíduos Sólidos
1.2 Resíduos da Construção Civil 1.1.1 Resíduos Sólidos Urbanos
1.3 Resíduos da Logística Reversa 1.1.2 Resíduos da Construção Civil - RCC
1.4 Catadores 1.1.3 Resíduos Industriais
1.5. Resíduos Industriais 1.1.4 Resíduos dos Serviços Públicos de Saneamento Básico
1.6. Resíduos Sólidos de Serviços de Transporte
1.1.5 Resíduos de Serviços de Transportes
1.7. Resíduos Sólidos de Serviços de Saúde 1.1.6 Resíduos de Serviços de Saúde
1.8. Resíduos Sólidos de Mineração 1.1.7 Resíduos da Mineração
1.9. Resíduos Sólidos Agrossilvopastoris I
(orgânicos) 1.1.8 Resíduos Agrossilvopastoris
1.10. Resíduos Sólidos Agrossilvopastoris II (inorgânicos)
1.2 Inclusão Socioeconômica dos Catadores de Materiais Reutilizáveis e Recicláveis no Brasil
1.11 Educação Ambiental 1.3 Implementação da Logística Reversa no Brasil
1.12 Instrumentos econômicos 1.4 Papel da Educação Ambiental na Implementação da PNRS
1.13 Sistema Nacional de Informações sobre
a Gestão de Resíduos Sólidos 1.5 Planejamento e Gestão dos Resíduos Sólidos no Brasil
Capítulo 2 - Cenarização 1.5.1 Diagnóstico dos Planos de Resíduos, com destaque das iniciativas estaduais na gestão dos resíduos sólidos
Capítulo 3 - Educação Ambiental 1.5.2 Diagnóstico da Capacidade institucional e Panorama dos
Consórcios Públicos
Capítulo 4 - Diretrizes e Estratégias 1.6 Instrumentos Econômicos e Fontes de Financiamento
Capítulo 5 - Metas 2 Projeções e Cenários
Capítulo 6 - Programas e Ações de Resíduos
Sólidos
3 Diagnóstico das Necessidades de Investimentos, Custos da Gestão Municipal de Resíduos Sólidos e Custos Evitados com
a Gestão Ambientalmente Adequada
Capítulo 7 - Participação e Controle Social
na Implementação do Plano 4 Eixos Prioritários, Indicadores, Metas e Programas
5 Sistema de Acompanhamento (Monitoramento e Avaliação)
da Implementação do Plano Nacional
Fonte: Própria autora
24
A proposta de revisão mantém os temas abordados no documento anterior e
contempla outras proposições, principalmente aquelas que tiveram resultados após a
política, como Logística Reversa e Planos de Resíduos.
No entanto, desde 2016, algumas mudanças ocorreram no Departamento
responsável pela implementação da PNRS, bem como a própria Política teve avanços
identificados por sua equipe e parceiros, o que implica na necessidade de rever o sumário
apresentado na Tabela 1.
Diante do exposto, a ação de intervenção proposta neste Trabalho de Conclusão de
Curso é fundamentar trabalho de revisão do Planares, tendo como eixos norteadores a
Revisão do Plano Nacional de Resíduos Sólidos, participação social, apreciação e
aprovação do plano, cada um desses com os seus devidos desdobramentos.
3.5.1 Etapa 1 – Revisão do documento “Plano Nacional de Resíduos Sólidos”
O Plano Nacional de Resíduos Sólidos deve ser elaborado a partir de dados
secundários, obtidos de consultorias já contratadas pelo Ministério do Meio Ambiente e
por dados disponíveis dos órgãos de governo e setores afins.
Tais documentos deverão passar por uma análise do setor responsável do Ministério
do Meio Ambiente, DQAR/MMA, para adequar as informações e textos visando qualificar
as informações relevantes, bem como avaliar a confiabilidade dos dados.
O diagnóstico é o cerne do Planares, uma vez que é a partir das informações ali
retratadas que será possível traçar projeções e metas futuras que deverão ser consolidadas
nos seguintes capítulos:
1 Diagnóstico da Gestão dos Resíduos Sólidos
1.1 Diagnóstico dos Resíduos Sólidos
1.1.1 Resíduos Sólidos Urbanos
Tal capítulo deverá conter um resumo da situação atual da gestão de resíduos
sólidos urbanos no país, abordando obrigatoriamente os seguintes temas:
Composição gravimétrica dos resíduos no Brasil
Evolução do número de unidades de disposição final de resíduos
sólidos (lixão, aterro controlado e aterro sanitário)
Situação dos Planos Estaduais de Resíduos Sólidos
Mapeamento dos estudos de regionalização por UF
25
Situação dos Planos Municipais de Gestão Integrada de Resíduos
Sólidos
Mapeamento dos consórcios públicos com foco em resíduos sólidos
Levantamento de dados referentes à Inclusão Socioeconômica dos
Catadores de Materiais Reutilizáveis e Recicláveis
1.1.2 Resíduos da Construção Civil – RCC
Os resíduos da construção civil possuem interface tanto com o setor público quanto
com o setor privado. Para compor este diagnóstico, deverão ser considerados dados do
SNIS – Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento, para informações públicas, e
dados das associações dos setores, para o setor privado. Para esta tipologia, deve-se
considerar quais as informações relevantes para se promover uma política pública para o
tema.
1.1.3 Resíduos Industriais
Para esta tipologia, deve-se considerar quais as indústrias existentes no país e seu
impacto na geração e gerenciamento de resíduos sólidos, uma vez que este setor é
responsável pelos resíduos gerados nos próprios empreendimentos, porém, não menos
importante que as demais tipologias uma vez que podem ser responsáveis por afetar a
saúde pública e o meio ambiente, em caso de não gerenciamento.
1.1.4 Resíduos dos Serviços Públicos de Saneamento Básico
Para esta tipologia, deve-se considerar o Atlas Esgoto bem como o SNIS para água
e esgoto visando obter informações sobre a quantidade de estações de tratamento de água e
esgoto disponíveis e qual a quantidade de pessoas sem atendimento nas áreas urbanas para
identificar o potencial de aumento da geração deste resíduo, permitindo, assim a
fiscalização por parte dos órgãos ambientais estaduais e locais nas exigências legais de
planos de gerenciamento.
1.1.5 Resíduos de Serviços de Transportes
Para esta tipologia, como é difícil a medição da geração de resíduos, deve-se
mapear os terminais portuários, aeroportuários, ferroviários, bem como os rodoviários,
visando identificar os pontos de geração de resíduos, permitindo, assim a fiscalização por
26
parte dos órgãos ambientais estaduais e locais nas exigências legais de planos de
gerenciamento.
1.1.6 Resíduos de Serviços de Saúde
Assim como resíduos da construção civil, os resíduos de serviço de saúde possuem
interface pública e privada. Para compor este diagnóstico, deverão ser considerados dados
do SNIS – Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento, para informações
públicas, e dados das associações dos setores, para o setor privado. Para esta tipologia,
deve-se considerar quais as informações relevantes para se promover uma política pública
para o tema.
1.1.7 Resíduos da Mineração
Para esta tipologia, deve-se considerar quais as mineradoras existentes no país e seu
impacto na geração e gerenciamento de resíduos sólidos, uma vez que este setor é
responsável pelos resíduos gerados nos próprios empreendimentos, porém, não menos
importante que as demais tipologias uma vez que podem ser responsáveis por afetar a
saúde pública e o meio ambiente, em caso de não gerenciamento.
1.1.8 Resíduos Agrossilvopastoris
Para esta tipologia, deve-se considerar o impacto deste setor na geração e
gerenciamento de resíduos sólidos, uma vez que este setor é responsável pelos resíduos
gerados nos próprios empreendimentos, porém, não menos importante que as demais
tipologias uma vez que podem ser responsáveis por afetar a saúde pública e o meio
ambiente, em caso de não gerenciamento.
1.2 Logística Reversa
A Logística Reversa possui, atualmente, nove cadeias em discussão ou finalizadas:
I - agrotóxicos, seus resíduos e embalagens, assim como outros produtos cuja
embalagem, após o uso, constitua resíduo perigoso, observadas as regras de gerenciamento
de resíduos perigosos previstas em lei ou regulamento, em normas estabelecidas pelos
órgãos do SISNAMA, do SNVS e do Sistema Unificado de Atenção à Sanidade
Agropecuária - SUASA, ou em normas técnicas;
II - Pilhas e baterias;
27
III - Pneus;
IV - Óleos lubrificantes, seus resíduos e embalagens;
V - Lâmpadas fluorescentes, de vapor de sódio e mercúrio e de luz mista;
VI - Produtos eletroeletrônicos e seus componentes.
VII – Medicamentos e suas embalagens;
VIII – Embalagens em geral;
IX – Embalagens de Aço.
Para estas cadeias, fazer um levantamento do status atual conforme documentos do
SINIR e dos setores relacionados.
Os demais capítulos do Plano Nacional deverão ser avaliados ponto a ponto pela
equipe técnica do DQAR, sem que seja possível afirmar o que será definido sem antes a
finalização do diagnóstico. Desta forma, os cenários deverão ser atualizados, considerando
a situação atual do país.
O cenário do Plano, versão 2012, permite que seja feita esta atualização,
considerado que estão previstas três situações para os 20 anos de vigência do plano,
devendo somente ser atualizada em função dos dados atuais.
Os eixos prioritários, bem como indicadores, metas, entre outros, somente serão
finalizados após o diagnóstico, que envolverá análise da equipe do DQAR, com reuniões e
discussões diversas. O cronograma para esta etapa consta no capítulo 3.11 – Cronograma.
Os itens abaixo deverão seguir o conteúdo do Plano Nacional após a finalização do
diagnóstico:
2 Projeções e Cenários
3 Eixos Prioritários, Indicadores, Metas e Programas
4 Sistema de Acompanhamento (Monitoramento e Avaliação) da Implementação do
Plano Nacional
O DQAR conta atualmente com 11 analistas ambientais e de infraestrutura, uma
estagiária, dois agentes administrativos e dois coordenadores. Para a revisão do
documento, os capítulos do Plano serão divididos conforme a expertise dos analistas. Após
a definição dos temas, a distribuição deverá seguir a Tabela abaixo:
28
Tabela 2 - Esquema de revisão do Plano Nacional de Resíduos Sólidos no DQAR.
Plano Nacional Revisado Responsável
1 Diagnóstico da Gestão dos Resíduos Sólidos Analista 1 (consolidar)
1.1 Diagnóstico dos Resíduos Sólidos Analista 2
1.1.1 Resíduos Sólidos Urbanos Analista 3
1.1.2 Resíduos da Construção Civil - RCC Analista 4
1.1.3 Resíduos Industriais Analista 5
1.1.4 Resíduos dos Serviços Públicos de Saneamento Básico Analista 6
1.1.5 Resíduos de Serviços de Transportes Analista 7
1.1.6 Resíduos de Serviços de Saúde Analista 8
1.1.7 Resíduos da Mineração Analista 9
1.1.8 Resíduos Agrossilvopastoris Analista 10
1.2 Logística Reversa Analista 11
2 Projeções e Cenários Conjunto Analistas
3 Eixos Prioritários, Indicadores, Metas e Programas Conjunto Analistas
4 Sistema de Acompanhamento (Monitoramento e Avaliação) da Implementação do Plano Nacional
Conjunto Analistas
Layout / formatação Estagiário / Agentes
administrativos
Fonte: Própria autora
3.5.2. Etapa 2 – Participação social
Após a versão preliminar do documento revisado, este deverá seguir para as etapas
de consulta e audiência pública para contribuições da sociedade e setores envolvidos, que
deverá seguir o formato:
1) Consulta Pública
O documento ficará disponível por 30 dias na página do Ministério do Meio
Ambiente específica para consultas públicas. Após este período, o Ministério deverá
consolidar as contribuições em 30 dias.
2) Cinco audiências públicas regionais
A discussão do Plano Nacional deverá seguir, ainda com a versão preliminar para
05 audiências regionais a serem realizadas em: São Paulo-SP (Sudeste), Florianópolis-SC
(Sul), Fortaleza-CE (Nordeste), Manaus-AM (Norte) e Brasília-DF (Centro-Oeste).
A organização das audiências será feita pelo DQAR e deverá ter início 60 dias após
a data inicial da Consulta Pública, permitindo, assim, divulgação e organização dos
eventos em cada uma das regiões. Cada audiência pública terá duração de um dia e deverão
29
estar espaçadas em sete dias cada, ocorrendo uma por semana, conforme cronograma
previsto na Tabela 3.
Tabela 3 - Definição de local e organizadores das Audiências Públicas
Local Data Responsável
São Paulo Dia 1 2 analistas e 1 agente administrativo
Florianópolis Dia 8 2 analistas e 1 agente administrativo
Fortaleza Dia 15 2 analistas e 1 agente administrativo
Manaus Dia 22 2 analistas e 1 agente administrativo
Brasília Dia 29 2 analistas e 1 agente administrativo
Fonte: Própria autora
As audiências deverão ser abertas a toda a sociedade e setores interessados. Serão
distribuídos convites via e-mail para os contatos do Ministério do Meio Ambiente, bem
como solicitado apoio dos estados e municípios sede das audiências públicas para a
divulgação. Não é possível prever desde já a efetiva participação de todos os interessados,
no entanto, espera-se que os setores listados na Tabela 4 estejam envolvidos em todo o
processo desde a consulta pública, conforme segue:
Tabela 4 - Expectativa dos setores a serem envolvidos na revisão do Plano Nacional e
respectiva área de interesse.
Setor Assunto relacionado
Associação Nacional de Órgãos Municipais de
Meio Ambiente – ANAMMA
Representa as secretarias de meio ambiente
dos municípios
Associação Brasileira de Entidades Estaduais de Meio Ambiente – Brasil – ABEMA
Representa as secretarias de meio ambiente dos estados
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos
Recursos Naturais Renováveis – IBAMA Representa órgão fiscalizador nacional
Ministério do Meio Ambiente Órgão coordenador da PNRS
Frente Parlamentar Ambientalista Congresso Nacional
Associação Brasileira de Municípios – ABM Representantes dos municípios e prefeitos
Confederação Nacional de Municípios – CNM Representantes dos municípios e prefeitos
Frente Nacional de Prefeitos – FNP Representantes dos municípios e prefeitos
Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e
Ambiental – ABES
Reúne profissionais e diversos especialistas do
setor do saneamento
Associação Brasileira de Empresas de Tratamento
de Resíduos e Efluentes – ABETRE
Relacionado ao setor de tratamento de
resíduos
Associação Brasileira de Resíduos Sólidos e
Limpeza Pública – ABLP Relacionado ao setor de limpeza pública
Associação Brasileira de Empresas de Limpeza
Pública e Resíduos Especiais – ABRELPE Relacionado ao setor de limpeza pública
Associação Nacional dos Serviços Municipais de
Saneamento – ASSEMAE
Relacionado ao setor de limpeza pública e
resíduos sólidos dos municípios
Fundação Nacional de Saúde – Funasa Órgão que apoia ações em saneamento
Ministério das Cidades Órgão que apoia ações em saneamento
30
Câmara Brasileira da Indústria da Construção –
CBIC Relacionado a Resíduos da Construção Civil
Confederação Nacional da Indústria – CNI Relacionado a Logística Reversa e Resíduos Sólidos Industriais
Confederação Nacional do Comércio – CNC Relacionado a Logística Reversa e Resíduos
Sólidos Industriais
Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços
Relacionado a Logística Reversa e Resíduos Sólidos Industriais
Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e
Comunicações
Relacionado a Logística Reversa e Resíduos
Sólidos Industriais
Movimento Nacional dos Catadores de Materiais
Recicláveis – MNCR
Relacionado a Catadores de Materiais
Recicláveis
Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário Relacionado a Catadores de Materiais Recicláveis
Ministério Trabalho – MT Relacionado a Catadores de Materiais
Recicláveis
Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA
Relacionado a Resíduos de Serviço de Saúde
Ministério da Saúde Relacionado a Resíduos de Serviço de Saúde
Ministério de Minas e Energia Relacionado a Resíduos da Mineração
Agência Nacional de Mineração (Antigo DNPM) Relacionado a Resíduos da Mineração
Departamento de Educação Ambiental do MMA - DEA/SAIC/MMA
Relacionado a Educação Ambiental
Ministério da Educação Relacionado a Educação Ambiental
Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento Relacionado a Resíduos Agrossilvopastoris
Confederação da Agricultura e Pecuária – CNA Relacionado a Resíduos Agrossilvopastoris
Secretaria de Governo da Presidência da
República
Relacionado a Instrumentos Econômicos e
Planejamento
Ministério da Fazenda Relacionado a Instrumentos Econômicos e Planejamento
Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e
Gestão
Relacionado a Instrumentos Econômicos e
Planejamento
Casa Civil da Presidência da República Relacionado a Instrumentos Econômicos e Planejamento
Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada - IPEA Relacionado a Instrumentos Econômicos e
Planejamento, Pesquisa e Estudos
Banco Nacional do Desenvolvimento – BNDES Relacionado a Instrumentos Econômicos e Planejamento
Ministério dos Transportes, Portos e Aviação
Civil
Relacionado a Resíduos de Serviços de
Transportes
Sociedade Civil Sociedade em geral
Fonte: Própria autora
Todo o planejamento e convites deverão ser providenciados após a finalização da
minuta preliminar do Plano e esta deverá ser o documento base para as discussões, uma
vez que a sociedade já terá acesso ao documento durante a consulta pública.
Após as audiências, o DQAR terá 30 dias para consolidar o documento em sua
versão final, apresentando a sociedade um documento com as contribuições realizadas e as
31
justificativas de aceite ou rejeição da proposta feita. Este documento deverá ser divulgado
na página do Ministério do Meio Ambiente para consulta de toda a sociedade.
3.5.3 Etapa 3 – Apreciação e Aprovação do Plano Nacional
O documento, em sua versão final consolidada, deverá ser encaminhado para o
Comitê Interministerial da Política Nacional de Resíduos Sólidos e Conselhos, previstos
pelo Decreto nº 7.404/2010. Prevê-se, para esta etapa, três meses, conforme Cronograma
do item 3.11. Os Conselhos previstos são:
a) Conselho Nacional do Meio Ambiente
b) Conselho Nacional das Cidades
c) Conselho Nacional de Recursos Hídricos
d) Conselho Nacional de Saúde
e) Conselho Nacional de Política Agrícola
3.5.4 Etapa 4 – Decreto
A versão apreciada na Etapa 3 deverá ser encaminhada à Casa Civil pelo Ministério
do Meio Ambiente - MMA, visando a publicação do decreto presidencial. Esta fase
depende de articulação política para ser concretizada.
3.6 ATORES ENVOLVIDOS
Os atores envolvidos na revisão do Plano foram citados ao longo do item 3.5 deste
Projeto, em cada fase de trabalho. Resumidamente, serão envolvidos basicamente, os
seguintes atores:
a) Ministério do Meio Ambiente:
Secretaria de Qualidade Ambiental e Recursos Hídricos:
- Departamento de Qualidade Ambiental e Gestão de Resíduos
Secretaria de Articulação Institucional e Cidadania:
- Departamento de Educação Ambiental
- Departamento de Produção e Consumo Sustentável
b) Comitê Interministerial da Política Nacional de Resíduos Sólidos, de acordo
com Decreto n. 7.404/2010:
I - Ministério do Meio Ambiente, que o coordenará;
32
II - Casa Civil da Presidência da República;
III - Ministério das Cidades;
IV - Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome;
V - Ministério da Saúde;
VI - Ministério de Minas e Energia;
VII - Ministério da Fazenda;
VIII - Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão;
IX - Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior;
X - Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento;
XI - Ministério da Ciência e Tecnologia; e
XII - Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República.
c) Conselho Nacional do Meio Ambiente
d) Conselho Nacional das Cidades
e) Conselho Nacional de Recursos Hídricos
f) Conselho Nacional de Saúde
g) Conselho Nacional de Política Agrícola
h) Entes privados
i) Sociedade Civil
3.7 RECURSOS NECESSÁRIOS
Os recursos necessários para esta ação de intervenção envolvem investimentos de
natureza logística para custeio de despesas relativas aos eventos de audiências públicas
regionais, cuja previsão é de um por região do país, totalizando cinco, conforme descrito
no item 3.5.
No mais, para organização e realização dessas audiências há necessidade também
de recursos humanos os quais pretende-se contar com apoio de pessoal constante no
quadro funcional do Ministério do Meio Ambiente.
Serão solicitadas parcerias com órgãos estaduais e municipais no fornecimento de
apoio dos auditórios e equipamentos para a realização dos eventos; desta forma, os gastos
envolvidos são de deslocamento e diárias da equipe técnica do MMA e parceiros aos locais
das audiências.
33
3.8 ORÇAMENTO
O fornecimento de diária e passagem para o Departamento de Qualidade Ambiental
e Gestão de Resíduos - DQAR é previsto no orçamento trimestral da Secretaria, não sendo
custo adicional e sim, custos decorrentes das atividades dos servidores.
3.9 VIABILIDADE
A revisão do Plano Nacional é essencial para a continuidade da Política Nacional
de Resíduos Sólidos no Brasil. O MMA, por ter em seu quadro especialistas no tema, é
mais do que qualificado para promover a revisão no documento com base nos estudos
contratados e disponível dos setores relacionados, bem como tem a expertise para
articulação e promoção dos eventos.
Desta forma, conclui-se pela viabilidade de conclusão da revisão. O processo,
apesar disto, é submisso à alterações do quadro de chefias e tomadores de decisão,
conforme detalhado no item 3.10.
3.10 RISCOS E DIFICULDADES
As dificuldades para a revisão do Plano Nacional estão relacionados aos dados
secundários necessários para a elaboração do diagnóstico. Estes terão origem em diversos
órgãos e instituições, contudo, por possuírem objetivos e metodologias que podem ser
diferentes entre si, poderá ser um complicador na comparação dos dados.
O Plano Nacional é complexo e possui abrangência múltipla, abarcando os setores
sociais, ambientais, públicos, privados, destacando-se a necessidade de inclusão social dos
catadores de materiais recicláveis de forma a envolver todo ciclo produtivo; consumidores,
governos e outros. A diversidade desses autores e suas intencionalidades talvez seja um
elemento que poderá trazer discussões e gerar conflitos nos momentos das audiências
públicas, mas que é salutar na consolidação de políticas com viés democrático.
Talvez o maior risco no desenvolvimento deste trabalho esteja na atuação do
Conselho Nacional de Política Agrícola, que não se reúne a muitos anos e que poderá
prejudicar mais uma vez o envio do Plano revisado à Casa Civil. No entanto, o MMA já
está tomando as providências para a resolução deste tema por meio de articulação junto a
Casa Civil e ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
Outro provável risco diz respeito às alterações que estão por vir pelas eleições
presidenciais, que poderão atrasar os trabalhos e a convocação dos Conselhos e Comitês.
34
3.11 CRONOGRAMA
ETAPAS
Mês
1
Mês
2
Mês
3
Mês
4
Mês
5
Mês
6
Mês
7
Mês
8
Mês
9
Mês
10
Mês
11
Mês
12
Etap
a 1
– R
evis
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o
do
cum
ento
“P
lan
o N
acio
nal
de
Res
ídu
os
Sólid
os”
1 Diagnóstico da Gestão
dos Resíduos Sólidos
2 Projeções e Cenários 3 Eixos Prioritários,
Indicadores, Metas e
Programas 4 Sistema de
Acompanhamento
(Monitoramento e
Avaliação) da
Implementação do Plano
Nacional
Etap
a 2
– P
arti
cip
açã
o
soci
al
Consulta Pública
Audiência - São Paulo
Audiência - Florianópolis
Audiência – Fortaleza
Audiência – Manaus
Audiência – Brasília Plano Nacional, versão
final consolidada
Etap
a 3
– A
pre
ciaç
ão
e
Ap
rova
ção
do
Pla
no
Nac
ion
al
Comitê Interministerial Conselho Nacional do
Meio Ambiente Conselho Nacional das
Cidades Conselho Nacional de
Recursos Hídricos Conselho Nacional de
Saúde Conselho Nacional de
Política Agrícola
Etap
a 4
Dec
reto
Plano Nacional de
Resíduos Sólidos (Final)
35
3.12 GESTÃO, ACOMPANHAMENTO E AVALIAÇÃO
Toda gestão e acompanhamento do processo de revisão do Plano Nacional será
realizado pelo Departamento de Qualidade Ambiental e Gestão de Resíduos Sólidos,
pertencente ao Ministério do Meio Ambiente, que deverá atribuir técnicos responsáveis
para dinamização e monitoramento de cada etapa anteriormente definida.
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4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O processo de revisão do Plano Nacional de Resíduos Sólidos é obrigação legal e
deve ser feito considerando todos os setores envolvidos, bem como todos os eixos
relacionados à temática: ambiental, social, econômico.
Por ser um país continental, o Brasil possui características social, ambiental,
econômicas e geográficas completamente. Desta forma, a principal dificuldade no processo
de revisão do plano será na etapa inicial de diagnóstico no que diz respeito à aquisição de
informações, uma vez que a origem em diversos órgãos e instituições, com objetivos e
metodologias que podem ser diferentes entre si, poderão dificultar a comparação dos
dados. O processo de mobilização e participação social será outro desafio valoroso e que
deverá ser trabalhado assim que finalizada a minuta revisada do documento.
O trabalho de revisão do Plano Nacional de Resíduos Sólidos não é um processo
fácil, porém necessário vez que o país precisa de novas orientações para gestão de políticas
públicas nessa área levando-se em consideração toda evolução vivenciada no Brasil no
gerenciamento desses resíduos bem como a redução dos impactos ambientais para as
próximas gerações.
Ressalta-se, porém, que a necessidade de urgência na revisão deste documento, não
deve ser motivo de simplificação das etapas necessárias. Todos os passos para a revisão e
discussão do documento devem ser cuidadosamente planejados e com a maior
transparência possível em todos os processos.
Busca-se, com a revisão do PNRS não uma mudança da legislação já vigente, mas
incluir nessa os avanços ocorridos na sociedade de 2010 aos dias atuais contemplando as
dificuldades vivenciadas na implementação do mesmo de forma a orientar novas
estratégias para atingimento dos objetivos da PNRS.
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11 de maio de 1990, 8.666, de 21 de junho de 1993, 8.987, de 13 de fevereiro de
1995; revoga a Lei no 6.528, de 11 de maio de 1978; e dá outras providências.
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providências.
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de 2 de agosto de 2010, que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos, cria o
Comitê Interministerial da Política Nacional de Resíduos Sólidos e o Comitê
Orientador para a Implantação dos Sistemas de Logística Reversa, e dá outras
providências.
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