CENTRO UNIVERSITÁRIO SÃO CAMILO Curso de Especialização em Enfermagem em Centro
Cirúrgico
Renata Carolina Belorte
PROPOSTA DE ALGORITMO DIRECIONADOR PARA REUSO DE MATERIAL DE USO ÚNICO
SÃO PAULO 2011
Renata Carolina Belorte
PROPOSTA DE ALGORITMO DIRECIONADOR PARA REUSO DE MATERIAL DE USO ÚNICO
Monografia apresentada ao Curso de Especialização em Enfermagem em Centro Cirúrgico do Centro Universitário São Camilo – São Paulo, orientado pela Profª Mª Eliane Molina Psaltikidis, como requesito parcial para obtenção do título de especialista em Centro Cirúrgico.
SÃO PAULO 2011
Ficha Catalográfica elaborada pela Biblioteca Pe. Inocente Radrizzani
Belorte, Renata Carolina Proposta de algoritmo direcionador para reuso de material de uso único
/ Renata Carolina Belorte. -- São Paulo: Centro Universitário São Camilo, 2011.
47p.
Orientação de Eliane Molina Psaltikidis
Trabalho de Conclusão de Curso de Especialização em Enfermagem em Centro Cirúrgico (Pós- Graduação), Centro Universitário São Camilo, 2011.
1. Algoritmos 2. Equipamentos descartáveis 3. Reutilização de equipamento I. Psaltikidis, Eliane Molina II. Centro Universitário São Camilo III. Título.
Renata Carolina Belorte
PROPOSTA DE ALGORITMO DIRECIONADOR PARA REUSO DE MATERIAL DE USO ÚNICO
São Paulo, 17 de Setembro de 2011
Professor Orientador (Eliane Molina Psaltikidis )
Professor Examinador (Soraya Palazzo)
AGRADECIMENTOSAGRADECIMENTOSAGRADECIMENTOSAGRADECIMENTOS
Inicialmente agradeço a Deus por ser meu
companheiro em minha vida. E ao meu mentor espiritual, pois
sempre me guia e protege.
Aos meus pais, Hilda e Ronaldo, me apoiaram e
apoiam sempre em minhas decisões e guiando em meus caminhos.
Agradeço aos meus irmãos, Rita e Mario, que muitas
vezes discutimos nossas opiniões, mas sempre nos ajudamos.
Agradeço ao meu amado, Welington, que inúmeras
vezes apoiou e respeitou minhas ausências, assim como não
hesitou em dar os puxões de orelha para eu concluir este
trabalho, pois mesmo sem conhecer o assunto me ajudou muito.
Agradeço a uma professora do curso em especial,
Kazuko Uchikawa Graziano, pois foi quem me iluminou para
escolha deste tema e me guiou no inicio deste trabalho.
Em especial, agradeço de coração a minha
orientadora, Eliane Molina Psaltikidis, que foi a responsável pelo
andamento e finalização desta monografia, pois mesmo com
minhas ausências, me orientava e nunca hesitou em me ajudar. E
mais uma vez peço desculpas pelas ausências e prolongamentos
da conclusão deste trabalho. Obrigada por tudo!
“Todos os dias fazemos o trabalho certo
sem ninguém observar ou elogiar, mas o único
dia que não nos vigiam ou observam, sai algo
errado, que por menor que seja este erro, pode
nos prejudicar para o resto da vida. Por este
motivo, faça o seu trabalho como se fosse
observado sempre, pois desta forma todos os
passos de seu trabalho sempre estará correto,
e nunca precisará refazê-lo ou se prejudicar”.
(Renata C. Belorte)
BELORTE, Renata Carolina. Proposta de algoritmo direcionador para reuso de material de uso único. 2011. 47f. Trabalho de Conclusão de Curso (Curso de Especialização em Enfermagem em Centro Cirúrgico) - Centro Universitário São Camilo, São Paulo, 2011.
Os materiais médico-hospitalares de uso único, também denominados de
descartáveis, são reutilizados pelos serviços de saúde na vasta maioria dos países.
Porém, na maioria das vezes, são materiais termossensíveis, não desmontáveis e
com espaços internos inacessíveis, que dificultam a execução do reprocesso
adequadamente, gerando dúvidas quanto ao modo adequado de execução. Frente a
esta problemática, foram aprovadas as Resoluções Específicas RE nº 2605 e nº
2606 que estabelecem diretrizes e limites para a reutilização destes itens. Desta
forma, foi desenvolvido o estudo para direcionar o profissional para uma tomada de
decisão, segura e eficaz, para o reprocessamento de materiais de uso único. Com o
objetivo de propor um algoritmo direcionador para esta decisão, este estudo
metodológico analisou a literatura sobre o tema a fim de constituir a proposta, com
bases principais nas legislações nacionais. O algoritmo foi formado por conjunto de
passos/instruções, colocados em ordem sequencial lógica, para nortear o
profissional propondo um padrão de conduta técnica a ser seguida, uma norma de
execução a ser trilhada e um método para direcionar a tomada de decisão quanto ao
reuso de material de uso único. A partir desta proposta, a Central de Material pode
estabelecer e descrever os passos do procedimento, através de um algoritmo
adaptado a cada instituição, visando garantir a qualidade e segurança do material de
uso único ao reuso.
Palavras-chave: Reuso. Material de uso único. Reutilização de material.
Reprocessamento. Uso único.
BELORTE, Renata Carolina. Proposed algorithm driver for reuse of single use
material. 2011. 4f. Conclusion of Course Work (Specialization Course in Surgical
Nursing) - Centro Universitário São Camilo, São Paulo, 2011.
The medic hospital materials of single use, also named as disposable, are reused by
the health services in the vast majority countries. But, mostly, are heat sensitive
materials, not collapsible and with inaccessible internal spaces, that hinder the
implementation of appropriate reprocessing, generating doubts about the correct way
of implementation. Facing this problem, has been approved the Specific Resolutions
RE nº 2605 and nº 2606 wich stablish guidelines and limits to its items reuse. So, has
been developed the study to teach the professional for a decision making, safe and
effective, to the reprocessing of single use materials. With the aim to propose a direct
algorithm to this decision, this methodological study reviewed the literature on the
subject to constitute the proposed, with main bases in national legislation. The
algorithm was formed by a set of steps / instructions, placed in logic sequencial
order, to guide the professional proposing a technical standard of conduct to be
followed, a standard of execution to be traced and a method to guide decision
making regarding reuse of single use material. From this proposal, the Material
Central can establishes and describes the procedure rules, through an adapted
algorithm to each institution, order to ensure the quality and safety of single use
material for reuse.
Key words: Reuse. Single use material. Material reuse. Reprocessing. Single Use.
SUMÁRIO
RESUMO
ABSTRACT
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................ 9
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................................................ 13
2.1 Etapas de processamento de materiais ....................................................... 13
2.1.1 Desinfecção ............................................................................................... 15
2.1.1.1 Métodos físicos ...................................................................................... 15
2.1.1.2 Métodos químicos .................................................................................. 16
2.1.2 Esterilização .............................................................................................. 18
2.1.2.1 Métodos físicos ...................................................................................... 18
2.1.2.2 Métodos físico-químicos ........................................................................ 19
2.1.2.3 Métodos químicos .................................................................................. 20
2.1.3 Preparo do material ................................................................................... 20
2.1.3.1 Tipos de embalagens disponíveis .......................................................... 20
2.1.4 Controle da esterilização ........................................................................... 21
3 OBJETIVO ...................................................................................................... 24
4 MATERIAL E MÉTODO .................................................................................. 25
4.1 Tipo de pesquisa .......................................................................................... 25
4.2 Etapas do desenvolvimento ......................................................................... 25
4.2.1 Busca bibliográfica .................................................................................... 25
4.2.1.1 Palavras-chaves e lógica Booleana ....................................................... 25
4.2.1.2 Bases de dados eletrônicas acessadas ................................................. 25
4.2.1.3 Período de busca bibliográfica ............................................................... 26
4.2.1.4 Idiomas .................................................................................................. 26
4.2.2 Elaboração da proposta ............................................................................ 26
5 RESULTADOS ................................................................................................ 27
5.1 Descrição do algoritmo ................................................................................ 27
5.1.1 Algoritmo para decisão inicial sobre o reprocessamento .......................... 27
5.1.2 Algoritmo para análise e validação do reuso ............................................ 32
6 CONCLUSÃO ................................................................................................. 38
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................ 39
REFERÊNCIAS ................................................................................................. 40
GLOSSÁRIO ...................................................................................................... 45
9
1 INTRODUÇÃO
Os materiais médico-hospitalares, decorrente das grandes evoluções
tecnológicas, no país e no mundo, a cada dia estão sendo substituídos e muitas
vezes reformulados para se adaptarem as grandes atualizações. De acordo com a
Agência Nacional de Vigilância Sanitária - ANVISA (BRASIL, 2006a), material
médico-hospitalar é definido como “produto para a saúde, tal como equipamento,
aparelho, material, artigo ou sistema de uso ou aplicação médica, odontológica ou
laboratorial, destinado à prevenção, diagnóstico, tratamento, reabilitação ou
anticoncepção e que não utiliza meio farmacológico, imunológico ou metabólico para
realizar sua principal função em seres humanos”.
Segundo Psaltikidis (2004), os materiais médico-hospitalares podem ser
classificados em: reutilizáveis ou de uso único. Os reutilizáveis, chamados de
permanentes, são produzidos a partir de metais, borrachas, vidros ou tecidos. Já os
materiais de uso único (MUU), também denominados de descartáveis, são
produzidos a partir de plásticos ou elastômeros, na maioria das vezes materiais
termossensíveis (LOPES, 2006; COHOON, 2002).
Até 1948, só existiam os produtos para saúde reutilizáveis. A partir de 1970 a
tecnologia médica apresentou uma revolução, e com isto houve a substituição de
vários produtos para saúde reutilizáveis pelos descartáveis, implementando no rótulo
a advertência “USO ÚNICO” (PSALTIKIDIS, 2004). Cohoon (2002) complementa,
dizendo que devido o alto custo dos MUU, decorrente deste avanço tecnológico,
estes se tornaram menos acessíveis para serem utilizados como uso único. Com
isto, as instituições nacionais e internacionais começaram a reprocessá-los, a fim de
reduzir os custos.
Assim, Lopes (2006), diz que os materiais comercializados como sendo de uso
único são adquiridos pelas instituições previamente esterilizados e prontos para uso,
onde devem ser descartados após um único uso. Devido à grande maioria dos MUU
não serem desmontáveis e possuírem espaços internos inacessíveis, dificulta a
limpeza e esterilização, com isto questionando a segurança do reprocessamento.
Segundo Cohoon (2002) se um material não pode ser limpo, a esterilidade pós-
processamento de um material não pode ser demonstrada. Também se a
10
integridade e funcionalidade do MUU reprocessado não puderem ser demonstradas
e documentadas como seguro para a saúde do paciente ou igual à especificação
original, o material não pode ser reprocessado e usado.
Garantida a segurança, há vantagens em utilizar os métodos de
reprocessamento e reutilização, pois além de reduzirem custos, proporcionam
preservação ambiental através da redução da poluição, devido ações que interferem
ao descarte de resíduos (DENSER, 2004).
Lopes (2006), afirma: “vários países vem produzindo evidências científicas para
referendar ou contestar o reprocessamento de MUU” [...]. Pesquisa de Amarante
(2008) sobre um levantamento nacional para determinar o número de instituições no
Brasil que reutilizavam materiais de uso único em procedimentos de hemodinâmica,
apontaram que estas práticas são quase universais, independentemente do tipo,
tamanho ou da região onde está localizada a instituição.
Denser (2004) concluiu em seu estudo, que é possível selecionar MUU para
testar e validar protocolos de reprocessamento e reuso, com base em
conhecimentos científicos para utilizá-los em construção de políticas nacionais de
saúde.
A legislação para os MUU, durante um tempo sofreu mudanças, algumas
portarias e resoluções foram publicadas e logo revogadas, mas outras que
atualmente estão vigentes podem vir a sofrerem mudanças, devido à rapidez com
que a tecnologia, utilizada na produção de material médico-hospitalar, vem
evoluindo.
A portaria nº 3, de 07 de fevereiro de 1986 (BRASIL, 1986a), dispõe sobre
produto correlato, dizia que todo MUU, utilizado para monitoração diagnóstica e
terapêutica, deve ser registrado no órgão competente de vigilância sanitária do
Ministério da Saúde. Na mesma data, o Ministério da Saúde publicou a portaria nº 4
(BRASIL,1986b), onde destacava a proibição do reprocessamento, em todo território
nacional, de determinados materiais, como: “agulhas com componentes plásticos
(inclusive cânulas para fístula): escalpes; bisturis descartáveis e lâminas; cateteres
para punção venosa; equipos para administração de soluções endovenosas,
sangue, plasma e nutrição parenteral, bolsas de sangue; seringas plásticas; sondas
uretrais simples, de aspiração e gástricas; coletores de urina de drenagem aberta;
dreno de Penrose e de Kehr; cateteres de diálise peritoneal”. Definia material
11
médico-hospitalar de uso único como sendo um correlato que, após o uso, perde
suas características originais.
Aprovada em julho de 1988, Portaria n° 8 (BRAS IL, 1988) que complementou a
Portaria nº 4, onde autorizava a execução de serviço de reesterilização e
reprocessamento de materiais médico-hospitalares descartáveis, com exceção
daqueles cujo reprocessamento era vedado pela Portaria nº 4. Quando ainda não
utilizados, podiam ser reesterilizados, caso haja vencimento do prazo de validade da
esterilização inicial.
Na Consulta Pública nº 98 (BRASIL, 2001), de 06 de dezembro de 2001,
atualizaram-se as definições relacionadas ao reuso de MUU e os materiais que
constavam na listagem de proibição de reuso, propunha que se colocasse no rótulo
“USO ÚNICO - PROIBIDO REPROCESSAR” e propunha normas para
reprocessamento seguro. No entanto, esta consulta foi reformulada para a Consulta
Pública nº 17 (BRASIL, 2004), de 19 de março de 2004, que atualizou a listagem da
consulta anterior.
Em 2006, a ANVISA, publicou a Resolução da Diretoria Colegiada- RDC nº 30
(BRASIL, 2006b), que atualizou as Portarias nº 3, nº 4 de 07/02/1986 e nº 8 de
08/07/1988. Estabeleceu regras para o registro, rotulagem e reprocessamento de
produtos, a fim de garantir a qualidade dos resultados de todas as etapas do
processo e, para complementá-la foi publicada a Resolução Específica - RE nº 515
(BRASIL, 2006c), atualizando mais uma vez a lista de produtos.
Atualmente, encontra-se em vigor a RDC nº 156 (BRASIL, 2006a), de
11/08/2006, que dispõe sobre registro, rotulagem e reprocessamento de produtos
médicos, e dá outras providências. Junto foram publicadas as resoluções, RE nº
2605/06 (BRASIL, 2006d) que contém a lista de produtos que não podem ser
reprocessados e RE nº 2606/06 (BRASIL, 2006e) que dispõe sobre as diretrizes
para elaboração, validação e implantação de protocolos de reprocessamento de
produtos médicos e dá outras providências. Estas revogaram as portarias nº 3, nº 4
de 07/02/1986 e nº 8 de 08/07/1988 e a RDC nº 30/06.
Assim como a nossa legislação, há entidades e órgãos públicos no mundo que
interferem na prática do reprocessamento e reutilização MUU. Não há política
uniforme na comunidade Europeia. No Reino Unido, França, Itália, Espanha e Suíça,
as recomendações ou legislações são contrárias à reutilização. Já na Alemanha,
12
recomenda-se aos usuários e instituições o uso de julgamento próprio (DENSER,
2004).
De acordo com Baffi e Lacerda (2003), o Canadá e os Estados Unidos da
América-EUA elaboraram guias e manuais para fornecer subsídios para reprocessar
e reutilizar MUU.
O início do processo de reuso MUU não proibidos pela legislação vigente é
baseado na escolha da alta administração do hospital, que optará em reprocessar
ou descartar estes materiais, sendo fundamental criar um comitê multiprofissional
para direcionar e balizar todas as informações que envolvam o processo. O comitê
formulará um protocolo de análise e validação ao reuso, para se adequar melhor as
rotinas do hospital a estes algoritmos propostos.
Segundo Dunn (2002), pela falta de suporte baseado em evidências científicas,
não podemos tratar o reprocessamento de materiais médico-hospitalares como um
processo seguro em todas as situações, devido alguns modelos de materiais
descartáveis tornarem impossível a garantia de processos de limpeza e esterilização
eficazes. Porém há evidências clínicas de que outros modelos de materiais podem
ser submetidos ao reprocessamento com segurança. Ainda de acordo com o autor,
vale destacar que a qualidade do material de reuso deve ser igual àquela fornecida
pelo fabricante e devem considerar os riscos potenciais associados ao reuso que
incluem alterações na funcionalidade original, apirogenicidade, atoxicidade e
esterilidade.
Diante de todas as informações apresentadas, torna-se relevante desenvolver um
estudo para que direcione o profissional para uma tomada de decisão, segura e
eficaz, para o reprocessamento de materiais de uso único. Com isto, a questão
norteadora para o desenvolvimento deste trabalho, se baseia em: Qual é o algoritmo
direcionador para a tomada de decisão ao reuso seguro de material de uso único?
13
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 Etapas de processamento de materiais
Primeiramente, antes de escolher o método que será utilizado ao processamento,
devemos classificar os materiais. Segundo Spaulding (1968), os materiais podem
ser classificados conforme a utilização e o grau de risco para causar infecção;
somente após esta classificação pode-se determinar a necessidade de desinfecção
ou esterilização do material. Os produtos para a saúde podem ser classificados
como:
o Críticos: que entram em contato direto com tecidos humanos
considerados estéreis ou sistema vascular. Processo de escolha,
esterilização.
o Semicríticos: que entram em contato com mucosas colonizadas,
mucosas íntegras ou pele não intacta. Requerem, no mínimo,
desinfecção de alto nível. Já a esterilização desses materiais não é
obrigatória, porém é desejável em diversas circunstâncias.
o Não críticos: que entram em contato com pele íntegra ou não entram
em contato direto com o paciente. Necessitam de limpeza com água e
detergente como procedimento mínimo entre um uso e outro, e/ou
desinfecção de baixo ou médio nível.
Após a classificação dos materiais, a próxima etapa é fundamental para o
processamento de materiais: a limpeza, método que não pode ser substituído e/ou
ignorado. Este é o passo mais importante, porém, muitas vezes negligenciado ou
considerado como simples. Consiste na retirada da sujidade visível, incluindo a
matéria orgânica, por meio de ação manual ou mecânica, utilizando detergente e
água. A limpeza é um processo que garante a eficácia dos processos de
desinfecção ou esterilização (GRAZIANO, 2003; RIBEIRO, 2010).
Para que o processo de limpeza dos materiais seja eficaz, estes devem ser
desmontados por completo. Desta forma o design destes produtos é de grande
importância quando se trata em reprocessar materiais, pois se o design atrapalhar
para desmontar o material, desta forma acaba comprometendo todo o processo,
14
pois não garante a entrada do agente esterilizante em todo o conteúdo do material e
comprometendo assim a esterilidade (RIBEIRO, 2010).
A limpeza pode ser realizada por dois métodos, manual ou automatizada. A
limpeza manual é um método que combinam componentes como: fricção, a limpeza
com auxilio de escovas e detergentes. Já a automatizada é executada por meio de
máquinas como (RIBEIRO, 2010; RUTALA; WEBER, 2008):
o Lavadoras ultrassônicas - produzem ondas sonoras inaudíveis, que
criam bolhas, cavidades microscópicas, que crescem e se estouram,
resultando em um processo chamado cavitação, onde formam vácuos
que aspiram aos resíduos da superfície dos materiais, sendo liberados
e removidos.
o Lavadoras desinfetadoras - realizam os processos de limpeza por jato
de água e a desinfecção por ação térmica. Apresentam controle da
temperatura, de concentração do detergente e do tempo necessário ao
processamento.
Tanto no método manual quanto no automatizado, o profissional executante tem
que se atentar à paramentação com Equipamentos de Proteção Individual (EPI):
óculos de proteção, máscara, luva de cano longo, avental impermeável e sapato
fechado (GRAZIANO, 2003).
A escolha do método de limpeza a ser utilizado é baseada no material. O método
automatizado é utilizado para facilitar à limpeza e prevenir, acima de tudo, a
exposição dos profissionais à matéria orgânica. Em contrapartida, neste método há
restrições a alguns tipos de materiais, tais como os delicados, complexos e/ou
termossensíveis. O método mais eficaz a estes materiais é o manual, este que deve
ser executado com toda atenção do profissional tanto às etapas do processo, quanto
à própria proteção, utilizando sempre paramentação com EPI (GRAZIANO, 2003).
Graziano (2003) afirma em seu estudo que, independente de qual método será
utilizado, antes de executar a limpeza, é de extrema importância a retirada do
excesso de resíduos grosseiros dos materiais. Deve iniciar o mais rápido após o
uso, para que não resseque estes resíduos e dificultem sua remoção.
Os detergentes possuem ação de quebrar partículas de sujidade em partículas
bem menores. Existem diferentes tipos de detergentes, os enzimáticos, os alcalinos
e os neutros. Os enzimáticos que são compostos com enzimas que facilitam a
dissolução de matéria orgânica, protease, lipase e amilase. Podem ser usados na
15
limpeza manual ou mecânica, são bastante eficientes na remoção de matéria
orgânica, principalmente em lumens e em locais de difícil acesso às esponjas e
escovas. Os alcalinos são utilizados com capacidade de dissolver proteínas e
gordura, porém podendo ser corrosivos. Já os neutros utilizados para limpeza de
materiais com pouca matéria orgânica e sujidade (RUTALA; WEBER, 2008).
Porém somente a imersão no detergente não é eficaz, por este motivo, a
utilização não dispensa a ação mecânica ou manual. Quando se realiza a ação com
escovas, deve-se evitar a produção de aerossóis por meio de ação sob imersão na
solução (PADOVEZE, 2003).
Uma etapa importante é a inspeção visual, pois deve ser criteriosa, a fim de evitar
sujidades permaneçam em áreas de maior dificuldade. Inicia-se no enxague
(remoção total de sujidade e detergentes), passando pela secagem e preparo. Caso
se encontre algum resíduo, há necessidade de realizar a limpeza novamente; é
contraindicada a remoção da sujidade somente com fricção com álcool 70%
(RIBEIRO, 2010).
Após a etapa da limpeza, é realizada a escolha dos processos, desinfecção ou
esterilização. O método de desinfecção é escolhido de acordo com a classificação
do material. Para material não crítico, o mínimo a ser realizado é limpeza, podendo
ser submetido à desinfecção de nível baixo ou intermediário. Material semicrítico, o
mínimo a ser realizado é desinfecção de alto nível. Já a esterilização é o método de
escolha obrigatório para materiais críticos (GRAZIANO, 2003).
2.1.1 Desinfecção
Pode-se realizar a desinfecção por agentes físicos ou químicos. Os agentes
físicos podem ser por lavadoras termodesinfetadoras e pasteurizadoras. Já os meios
químicos podem ser por aldeídos, fenólicos, quaternário de amônia, compostos de
cloro ativo, iodo, alcoóis entre outros (GRAZIANO, 2003).
2.1.1.1 Métodos físicos
O meio empregado pelo este método é o calor, sendo a primeira opção em
desinfecção pela segurança, largo espectro (realiza desinfecção de alto nível) e
baixo custo operacional. As lavadoras termodesinfetadoras são equipamentos que
realizam a limpeza juntamente com a desinfecção. Atua por jatos de água (morna ou
fria) sob pressão, turbilhonamento com a ajuda de detergentes (enzimáticos ou
16
alcalinos), enxágue, aplicação de água quente ou vapor para a desinfecção e, após,
a secagem. Neste método há restrição de alguns materiais, como para os que
possuem lumens (os jatos de água não são potentes para remoção de sujidade
nestes canais) e aos materiais com óticas (possível deslocamento das lentes). É
indicado para materiais de assistência respiratória, metálicos e de plástico
(PSALTIKIDIS; QUELHAS, 2010).
As lavadoras de descargas não necessitam que se realize a pré-limpeza do
material, pois atua removendo os dejetos; em seguida, faz a limpeza e, por fim, a
desinfecção. Pode ser utilizada com facilidade para materiais não críticos
(PSALTIKIDIS; QUELHAS, 2010).
Já as pasteurizadoras realizam a desinfecção dos materiais pela imersão em
água quente, utilizados para materiais semicríticos. Porém este método não realiza a
limpeza e a secagem dos materiais (PSALTIKIDIS; QUELHAS, 2010).
2.1.1.2 Métodos químicos
O meio empregado neste método são os desinfetantes, é a ultima opção em
desinfecção devido ao risco químico ocupacional, possibilidade de permanência de
resíduos tóxicos nos materiais e complexidade do processo manual. Este meio deve
restringir-se a materiais semicríticos termossensíveis (PSALTIKIDIS; QUELHAS,
2010).
Os desinfetantes podem ser classificados por níveis, segundo seu espectro de
ação dos agentes químicos sobre os micro-organismos (PSALTIKIDIS; QUELHAS,
2010):
o Alto Nível: Ocorre quando a ação dos desinfetantes é eficaz na
eliminação de todos os micro-organismos em forma vegetativa e alguns
esporos. Exemplos: Glutaraldeídos, peróxido de hidrogênio, ácido
peracético e solução clorada.
o Nível Intermediário: Ocorre quando a ação dos desinfetantes é eficaz
contra todas as bactérias na forma vegetativa, o bacilo da tuberculose,
os fungos e alguns vírus, mas não é eficaz contra esporos bacterianos.
Exemplos: Soluções cloradas e alcoóis.
o Baixo Nível: Ocorre quando a ação dos desinfetantes é eficaz contra as
bactérias vegetativas, alguns vírus e alguns fungos, mas não é eficaz
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contra mico-bactéria ou esporos bacterianos. Exemplos: Quaternários
de amônia.
Como agentes utilizados para desinfecção, temos (RUTALA; WEBER, 2008;
PSALTIKIDIS; QUELHAS, 2010):
o Glutaraldeído: Desinfetante de alto nível. Tem a vantagem de não
agredir metal, ópticas, borracha e plásticos. Porém tem a
desvantagem de fixar matéria orgânica na superfície dos materiais,
ocasionando incrustações e obstruções de lumens, além de sua
toxicidade ao paciente, ao profissional e ao ambiente, há necessidade
de enxágue abundante após imersão do material.
o Ortoftaldeído (OPA): Ação superior ao Glutaraldeído como,
desinfetante de alto nível; não é esterilizante. Tem vantagem a rápida
ação desinfetante e como desvantagem a baixa ação contra esporos.
o Formaldeído: Desinfetante de alto nível. Este agente foi proibido pela
ANVISA decorrente da alta toxicidade. Somente é permitido quando
associado a um equipamento de esterilização.
o Ácido peracético: Desinfetante de alto nível. Está associado ao
peróxido de hidrogênio. Combina a ação de desinfecção e
esterilização, dependendo do período de tempo que o material é
submetido ao produto. Vantagem de não ser tóxico ao meio ambiente e
baixa toxicidade ao paciente e profissional, é efetivo na presença de
matéria orgânica. Tem a desvantagem de ser corrosivo ao cobre, latão,
bronze, aço comum e ferro galvanizado, mas estes efeitos podem ser
reduzidos ao uso de aditivos e modificando o pH.
o Peróxido de hidrogênio: Desinfetante de alto nível. No Brasil é utilizado
sempre em associação ao ácido peracético. Tem vantagem de baixa
toxicidade e não ser inativado na presença de matéria orgânica.
Desvantagem de não ser compatível com chumbo, latão, cobre, zinco,
borrachas naturais e tecidos.
o Soluções cloradas: Desinfetante de nível intermediário. Desvantagem
de ser inativo na presença de matéria orgânica e ser bastante
corrosivo, principalmente a metais e a tecidos de algodão e sintéticos.
o Álcool: Desinfetante de nível intermediário. Álcool etílico e álcool
isopropílico. Vantagem pela ação rápida, baixo custo e ser compatível
18
com metais. Desvantagem de ressecar plásticos e borrachas, e
opacificar material acrílico.
o Fenólicos: Desinfecção de nível intermediário. Vantagem de não ser
inativado por matéria orgânica. Desvantagem de impregnar em
materiais porosos, contraindicados em materiais que entram em
contato com o trato respiratório ou com recém-nascidos.
o Quaternário de amônia: Desinfetante de baixo nível. Vantagem de ter
baixo nível de toxicidade. Desvantagem de ser poluente ambiental
pode danificar borrachas sintéticas, cimento e alumínio.
2.1.2 Esterilização
A escolha do método de esterilização depende das características físicas do
material, podendo ser resistentes ou sensíveis ao calor. Os métodos de esterilização
dividem-se em físico, físico-químico e químico (PADOVEZE; QUELHAS;
NAKAMURA, 2010).
2.1.2.1 Métodos físicos
Esterilização por calor ou por radiação. Por calor inclui vapor saturado sob
pressão e calor seco. Já por radiação inclui raios gama e feixe de elétrons
(PADOVEZE; QUELHAS; NAKAMURA, 2010; GRAZIANO, 2003).
o Vapor saturado sob pressão: age por calor úmido, realizado por
autoclaves, que são também denominados vasos de pressão. Os
micro-organismos são destruídos pela ação combinada do calor, da
pressão e da umidade, que provocam a termocoagulação e destruição
das proteínas da estrutura genética celular. As autoclaves podem ser:
gravitacionais (onde o ar é removido por gravidade) ou de pré-vácuo,
(onde o ar é removido mecanicamente, com formação de vácuo, e
facilitando a penetração do vapor nos pacotes e reduzindo a chance de
ar residual. Os parâmetros do processo são o vapor, a pressão, a
temperatura e o tempo (RUTALA; WEBER, 2008; PADOVEZE;
QUELHAS; NAKAMURA, 2010).
o Calor seco: um método atualmente considerado obsoleto e em desuso.
Realizado por estufa, também denominada forno de Pasteur. Os
materiais podem ser aquecidos por condução ou por convecção. As
19
estufas de convecção permitem a circulação do ar quente lentamente
ocasionando distribuição ineficaz de calor.
o Radiação ionizante: Método que age pela alteração da carga elétrica
decorrente do impacto dos átomos sobre o material irradiado. Este
método pode ser utilizado em materiais termossensíveis, por ser a
baixa temperatura. Devido ao alto custo de instalação e de operação,
além dos riscos ocupacionais e ambientais, seu uso restringe-se a
esterilização industrial (RUTALA; WEBER, 2008; PADOVEZE;
QUELHAS; NAKAMURA, 2010).
2.1.2.2 Métodos físico-químicos
A esterilização físico-química, conhecida amplamente como esterilização a baixa
temperatura, é a opção de eleição quando não é possível aplicar calor nos materiais,
ou seja, são termossensíveis.
o Oxido de etileno: O óxido de etileno (ETO) é agente químico que age à
baixas temperaturas e possui alto poder de penetração, sem ser
corrosivo. A esterilização por este método é realizada na presença de
vapor de água. O deve ser avaliados os parâmetros do processo:
tempo de exposição, temperatura, umidade relativa, concentração do
gás e aeração. Vantagens, uso em diversos tipos de materiais; ação
bactericida, fungicida, viruscida e esporicida. Desvantagens, tempo de
aeração (GRAZIANO, 2003).
o Vapor a baixa temperatura de formaldeído- VBTF: é o agente
formaldeído na forma de vapor, com temperatura, umidade e vácuo
controlados em equipamento automatizado. Este método, em
comparação ao ETO, é mais barato, mais rápido e menos tóxico
(GRAZIANO; PINTO; STEMPLIUK, 2010).
o Plasma de peróxido de hidrogênio: O plasma é produzido através da
aceleração de moléculas de peróxido de hidrogênio (água oxigenada) e
ácido peracético, por carga elétrica produzida por um campo
eletromagnético (micro-ondas ou radiofrequência). Tem como
vantagem a rapidez do processo, baixa toxicidade e facilidade de
instalação do equipamento. As desvantagens são a baixa
penetrabilidade por lumens longos e estreitos, o alto custo de aquisição
20
e de operação, além exigir embalagens livres de celulose (GRAZIANO,
2003).
2.1.2.3 Métodos químicos
O método consiste em imersão dos materiais em líquidos esterilizantes. O
método manual está proibido (Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução
da Diretoria Colegiada nº 33, de 16 de agosto de 2010) em decorrência da
complexidade do processo, pelo risco de re-contaminação do material, dificuldades
de rastreabilidade do processo e toxicidade ocupacional.
Dentre os germicidas, estão descritos abaixo os que tem potencial esterilizante.
o Ácido Peracético: Agente que apresenta rápida ação sobre todas as
formas de vida de micro-organismos. Vantagens pela ação microbicida
rápida e eficaz, atóxico, biodegradável, ativo na presença de soro,
sangue, fluidos corpóreos e gorduras (GRAZIANO, 2003, 2010).
o Glutaraldeído: Agente usado para esterilização de equipamentos
termossensíveis que não possam ser esterilizados pelos métodos
físicos tradicionais. Vantagens: ativo mesmo em presença de matéria
orgânica, não altera borracha ou plástico. Desvantagens: toxicidade
para paciente (requer enxágue rigoroso), toxicidade ocupacional
(requer uso de equipamentos de proteção individual e controles
ambientais), corroem aço, ferro galvanizado, alumínio, estanho e zinco
(GRAZIANO, 2003, 2010).
o Formaldeído: Agente esterilizante que, pela alta toxicidade, está
proibido para esterilização química. Somente permitido para
esterilização físico-química (GRAZIANO, 2003).
2.1.3 Preparo do material
As embalagens dos materiais são escolhidas de acordo com o processo
realizado.
2.1.3.1 Tipos de embalagens disponíveis
Todo material que sofrerá o processo de esterilização deve ser obrigatoriamente
embalado, pois esta é o único meio que preserva o estado asséptico e permite
apresentação asséptica do produto até o momento do uso (PEREIRA, 2010).
21
o Tecido de algodão duplo: Tecido composto por fibra de algodão cru
100% ou mistura de poliéster. Compatível com esterilização a vapor
sob pressão, há custo-benefício favorável, porém não repele os
líquidos. Deve-se estabelecer números de reusos para evitar perda da
barreira microbiana pelo desgaste.
o Contêiner: Caixa composta por aço inox, plástico termorresistente ou
alumínio anodizado. Compatível com esterilização a vapor sob
pressão, óxido de etileno, gás de formaldeído, plasma de peróxido de
hidrogênio e radiação ionizante. Tem custo elevado frente a outras
embalagens, porém é reutilizável.
o Vidros refratários: Utilizados para esterilização de líquidos, compatível
com autoclaves ou estufas.
o Papel grau cirúrgico: Papel combinado com filme plástico-polipropileno,
compatível com vapor sob pressão e óxido de etileno, há a vantagem
de facilitar a visualização do conteúdo da embalagem.
o Papel crepado: Composto por celulose tratada. Compatível com vapor
sob pressão, gás de óxido de etileno, gás de formaldeído e radiação
ionizante. É biodegradável, porém há baixa resistência mecânica.
o Tecido não tecido-SMS: Estrutura plana, flexível e porosa, constituída
de véu ou manta de fibras. Compatível com vapor sob pressão, gás de
óxido de etileno, gás de formaldeído, radiação ionizante e plasma de
peróxido de hidrogênio. Repelência de líquidos, alta resistência
mecânica e maleável.
o Tyvek: Poliolefina de fibras entrelaçadas de polietileno de alta
densidade. Compatível com vapor sob pressão, gás de óxido de
etileno, gás de formaldeído e radiação ionizante. Altamente resistente,
proporciona visualização do conteúdo interno, porém é de alto custo.
2.1.4 Controle da esterilização
Os indicadores que demonstram a eficácia dos métodos de esterilização podem
ser mecânicos, físicos, químicos e biológicos. São utilizados mais frequentemente
para métodos automatizados, a fim de demonstrar a eficiência do processo de
esterilização (CALICCHIO; LARANJEIRA, 2010).
22
o Indicadores mecânicos: relacionados ao equipamento onde contempla,
registros de manutenção preventiva e corretiva realizadas, problemas
durante a prática e registro da validação.
o Indicadores físicos: relacionados aos parâmetros específicos dos
processos, monitores de tempo, temperatura, pressão e relatórios
impressos computadorizados.
o Indicadores químicos: controlam a exposição interna e externa dos
pacotes. Realizado por meio de indicadores e integradores químicos.
Estes indicadores dispõem de seis classes de indicadores:
Classe 1- Indicadores de Processo: Indicados para uso em pacotes
individuais para demonstrar que houve exposição ao processo de
esterilização e distinguir unidades processadas das não
processadas. Ex: Fita zebrada.
Classe 2- Indicadores para uso em testes específicos: Designados para
uso em procedimentos de testes específicos como definido nos
padrões para esterilizadores ou processos de esterilização. Ex: Bowie
e Dick.
Classe 3- Indicadores de parâmetro único: Indicador de um único
parâmetro pode ser designado para um dos parâmetros críticos
indicando exposição a um ciclo de esterilização com um valor
específico do parâmetro escolhido.
Classe 4- Indicadores Multiparamétricos: Pode ser designado para 2
ou mais dos parâmetros críticos e pode indicar exposição a um ciclo de
esterilização aos valores especificados dos parâmetros escolhidos.
Classe 5- Indicadores Integradores: Indicados para reagir a todos os
parâmetros críticos dentro de um ciclo de esterilização. Os valores
especificados são comparados à inativação de um micro-organismo de
teste.
Classe 6- Indicadores Emuladores: Indicados para reagir a todos os
parâmetros críticos dentro de um ciclo de esterilização, para os quais
os valores especificados são baseados nos ajustes dos ciclos de
esterilização selecionados.
o Indicadores biológicos: Indicam que a esterilização foi efetiva através
da inativação de micro-organismos altamente resistentes ao processo
23
de esterilização analisado, com contagem prévia de esporos viáveis
conhecida.
Desta forma, quando reprocessamos um material de uso único, devemos
observar todos os contextos e ter domínio das bases teóricas e operacionais para o
processamento. O conhecimento da matéria prima empregada para a confecção
deste material e forma de uso do item (levando à classificação de risco) são
determinantes para a escolha do método de reprocesso. Portanto uma classificação
errada pode gerar riscos ao paciente ou a danos no material, podendo ser citado
que, se colocarmos para esterilizar uma traqueia termossensível em uma autoclave
a vapor em temperatura a 134ºC, o material irá sofrer um processo de derretimento,
pois a escolha do método ideal foi rejeitado devido o processo ter sido escolhido
erroneamente.
24
3 OBJETIVO
Esta pesquisa teve como objetivo:
Propor um algoritmo direcionador para a tomada de decisão do Enfermeiro ao
reuso de material de uso único.
25
4 MATERIAL E MÉTODO
4.1 Tipo de pesquisa
O trabalho caracteriza-se como uma pesquisa metodológica que, segundo Polit,
Beck e Hungler (1995), se aplica para desenvolver ou aperfeiçoar procedimentos
para obtenção, organização e análise dos dados, tratando assim da elaboração,
validação e avaliação dos instrumentos e técnicas de pesquisa. Visa elaborar um
instrumento confiável, baseado em literatura científica, que possa ser utilizado,
posteriormente, por profissionais em suas práticas.
4.2 Etapas do desenvolvimento
4.2.1 Busca bibliográfica
4.2.1.1 Palavras-chaves e lógica Booleana
Foram abordados de inicio os descritores em português: Reprocessamento de
materiais, reutilização de materiais, materiais de uso único, reuso de materiais,
materiais médico-hospitalares, produto de uso único, reprocessamento, reuso. Em
Inglês: equipment reuse, single-use, equipment reutilization. Espanhol: la
reutilización de los equipos, de un solo uso, reutilización de los equipos. A lógica
Booleana utilizada foi: português, reprocessamento and reuso, reprocessamento and
materiais, reutilização or reprocessamento, artigos or materiais, reutilização not
reciclagem.
4.2.1.2 Bases de dados eletrônicas acessadas
BIREME – É um Centro Especializado da OPAS (Pan American Health
Organization- Organização Pan Americana de saúde), estabelecido no Brasil desde
1967, em colaboração com Ministério de Saúde, Ministério da Educação, Secretaria
da Saúde do Estado de São Paulo e Universidade Federal de São Paulo. Onde
reúne as fontes de ciências da saúde: LILACS, IBECS, MEDLINE, COCHRANE,
SCIELO. Áreas Especializadas: ADOLEC, BBO, BDENF, CIDSAÚDE,
DESASTRES, HISA, HOMEOINDEX, LEYES, MEDCARIB, REPIDISCA.
26
Organismos Internacionais: PAHO, WHOLIS. Possui referência bibliográfica, resumo
e texto completo (em algumas bases). Sua abrangência é nacional e internacional.
PUBMED – Trata-se de um serviço da National Library of Medicine do Instituto
Nacional de Saúde, que compreende mais de 19 milhões de citações de artigos
biomédicos em MEDLINE e outros artigos de periódicos das ciências da saúde e
biomédicas editadas a partir de 1950. Inclui links com artigos de texto completo,
citações e resumos da literatura biomédica. Tem abrangência internacional.
USP/Sibi-DEDALUS - Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da Universidade
de São Paulo, desde 2003, é um pacote que utiliza softwares de domínio público,
onde é adaptado para o contexto da Universidade, integrando-se com o sistema
administrativo da pós-graduação e com o sistema DEDALUS (Banco de Dados
Bibliográficos da USP, mantido pelo Sistema Integrado de Bibliotecas, SIBi). Esta
adaptação também envolve uma atualização tecnológica do banco de dados e da
linguagem utilizados.
4.2.1.3 Período de busca bibliográfica
O período inicial foi de publicações dos últimos cinco anos, porém o material foi
escasso, desta forma a busca foi ampliada para base toda.
4.2.1.4 Idiomas
Inicialmente foi pesquisado no idioma português, porém o material foi escasso
sendo expandido para os idiomas inglês e espanhol.
4.2.2 Elaboração da proposta
Por meio da análise da literatura levantada, foi elaborado um algoritmo
direcionador, com um conjunto de passos/instruções colocados em ordem
sequencial lógica. Isto significa que o algoritmo propõe um padrão de conduta
técnica a ser seguida, uma norma de execução a ser trilhada, um método para
direcionar a tomada de decisão quanto ao reuso de material de uso único.
27
5 RESULTADOS
5.1 Descrição do Algoritmo
5.1.1 Algoritmo para decisão inicial sobre o reproc essamento
Atualmente, o reprocessamento de MUU está cada vez mais comum e, para
direcionar o profissional para uma tomada de decisão mais segura e eficaz, é
extremamente necessária a construção de um método que seja seguido, passo a
passo, para se desenvolver este processo (Figura 1).
Desta forma o algoritmo, que segundo Farrer et al. (1989) define-se por
“descrição de um conjunto de comandos que, obedecidos, resultam numa sucessão
finita de ações”, será um método eficaz para direcionar a prática do reuso nas
instituições hospitalares. Ainda, de acordo com os autores, o algoritmo deve prever
todas as situações que possam ocorrer quando estiver em execução.
Com isto, para dar início à decisão sobre o reuso, a alta administração do
hospital deverá criar um comitê/comissão de reuso. Sendo esta uma equipe que se
responsabilizará pela decisão do reuso ou não dos MUU, se baseado nas
informações técnico-científicas e legislações existentes, a fim de facilitar seu
julgamento (BAFFI, 2001). De acordo com Emergency Care Research Institute-
ECRI (1997), a primeira ordem do comitê pode ser a de decidir se a organização irá
considerar a reutilização de dispositivos de uso único. Desta forma, esta equipe tem
uma autonomia e respaldo da administração frente a todas as informações
referentes aos materiais de uso único.
Padoveze, Graziano e Leichsenring (2008) e ECRI (1997), sugerem que este
comitê seja composto por representantes da Comissão de Controle de Infecção
Hospitalar (CCIH), Central de Material e Esterilização (CME), Centro Cirúrgico (CC),
serviço de hemodinâmica, administração, gestão de risco, área de suprimentos de
materiais, assessoria jurídica, engenharia clínica, enfermagem e microbiologia. Para
que haja uma aderência aos protocolos determinados, este grupo deverá definir e
documentar o fluxo de trabalho e suas atividades.
28
Esta equipe deve ser multiprofissional, afim de que cada departamento
represente um ponto primordial sobre o reuso. Destaca-se a relevância da CCIH que
visa à atenção voltada ao controle rigoroso dos índices de infecção em pacientes e
profissionais. À CME cabe a análise de cada etapa detalhada dos processos
correspondentes ao reuso, desde o processo de limpeza até a validação da
esterilidade. O profissional do CC e do serviço de hemodinâmica são necessários,
com o objetivo de acompanhar os MUU que estão sendo reprocessados na
instituição e analisar seu uso corriqueiro, se é pertinente ou não. A assessoria
jurídica é importante pelo risco de ações judiciais por danos causados pelo reuso de
MUU, esta equipe pode não ser tão conhecida em nosso país, mas é um
departamento fundamental. Em seu estudo, Lopes (2006) enfatiza que no hospital
estudado a criação de uma comissão de reuso reflete-se na padronização das
condutas relacionadas ao reprocessamento, direciona a compra, confere maior
conhecimento e credibilidade aos profissionais para a tomada de decisão.
Estes representantes deverão estar atualizados frente aos conhecimentos
relacionados ao reuso, tais como: legislações, normatizações, técnicas e literaturas.
Deve desenvolver e acompanhar normas para o controle dos passos do
processamento, dando respaldo aos profissionais envolvidos diante de aspectos
técnicos, legais e éticos (CANADIAN HEALTHCARE ASSOCIATION- CHA, 1996).
Em sua conclusão, Denser (2004) salienta que “a efetividade e a segurança da
prática de reprocessamento e reutilização de materiais odonto-médico hospitalares
de uso único depende, em grande parte, da base científica de quem a pratica, visto
que comprovadamente são necessários procedimentos normatizados e bem
estabelecidos ou implantados para que esta garantia se estenda ao paciente.”
Para que o reprocessamento seja feito adequadamente, é necessário realizar o
mapeamento (identificação e listagem) dos MUU com indicação para o
reprocessamento na instituição.
Segundo Padoveze, Graziano e Leichsenring (2008), este mapeamento pode ser
obtido através de auditoria nos setores da instituição, identificando e obtendo
diversas informações dos materiais reprocessados. Informações estas, que podem
ser colhidas através de fichas padronizadas pelo comitê que contenham,
basicamente, o nome do material, o fabricante ou marca, a composição, a
classificação (crítico, semicrítico, não crítico), se tem registro no ministério da saúde,
entre outras informações relevantes a fim de facilitar o mapeamento. Ainda, de
29
acordo com as autoras, é importante que a avaliação do material, de fundamental
importância, seja realizada com a presença do usuário, para esclarecer
perfeitamente a utilização do material.
Após esta etapa de mapear todos os materiais que a instituição reprocessa,
devem-se identificar os materiais que estão contemplados na Lista Negativa atual da
ANVISA, salientando que esta listagem pode ser atualizada, visto que acontecem
avanços tecnológicos dos materiais médico-hospitalares. Com isto é importante,
sempre se manter atualizado o conhecimento das legislações (PADOVEZE;
GRAZIANO; LEICHSENRING, 2008).
Diante de materiais não permanentes que constem na lista, o comitê junto aos
usuários deve implantar o descarte dos MUU. Mesmo para os casos em que o MUU
não conte na lista negativa, a primeira alternativa será verificar as várias opções no
mercado, em especial produtos permanentes similares a fim implantá-los para uso
substituindo os MUU. Caso não haja estes permanentes, será importante analisar o
custo benefício com os usuários, antes de decidir pelo reuso (PADOVEZE;
GRAZIANO; LEICHSENRING, 2008).
Caso a relação custo-benefício seja favorável ao reuso, o comitê deverá
desenvolver o protocolo para a análise e validação do processamento dos materiais.
Deve-se salientar, principalmente, a etapa de limpeza, seguindo recomendações
básicas direcionadas aos MUU, como o uso de água morna ou fria para a pré-
lavagem, após pré-lavagem uso de soluções enzimáticas, água filtrada para
enxágue e uso de lavadora ultrassônica após lavagem manual (BAFFI, 2001).
Está evidente, diante de várias pesquisas, que o motivo maior para o reuso de
MUU é o custo, devido à evolução tecnológica. Destaca Psaltikidis (2004) que a
análise de custos dos MUU envolve basicamente três variáveis: mão de obra,
materiais e despesas gerais.
O aspecto importante para se observar é entre o custo e o benefício. Sendo que,
a cada reuso de MUU, o custo final do material é reduzido, proporcionalmente, pode-
se elevar os custos associados ao risco do paciente, devido sua utilização e seu
atendimento (ECRI, 1997). Psaltikidis (2004) ainda afirma em seu estudo que,
“Colocando-se o custo a cada reuso em uma curva, observa-se que depois de certo
número de reusos, a economia real não mais se verifica”, ou seja, o reuso de MUU é
vantajoso, desde que seja observado o número de reprocessos, e com isto
avaliando seus benefícios.
30
Assim sendo, caso não haja no mercado produtos permanentes similares para a
substituição dos MUU, é necessário fazer esta análise de custo-benefício com os
usuários, pois caso haja a relação favorável é aconselhável manter o uso único.
Porém se há motivos técnicos que justifiquem o uso destes MUU, mesmo que haja
custos elevados, devem-se rever as técnicas envolvidas, mas não deixando de
utilizar os MUU.
A fim de reduzir os custos dos MUU, deve-se atentar para medidas empregadas,
que poderão ser mudadas, como a compra destes materiais em quantidades
maiores, a fim de reduzir custos, planejar e prever a quantidade dos materiais a
serem utilizados em um determinado período. Negociar com todos os fornecedores,
distribuidores e produtores ao mesmo tempo, para que possa realizar uma
comparação entre eles e buscar o melhor produto pelo menor preço, sendo que
provocará uma competição entre eles favorável a compra (ECRI, 1997).
De acordo com as recomendações de CHA e ECRI, mesmo que o preço do
material esteja elevado, se não houver condições seguras para seu
reprocessamento, deve-se manter o uso único. Mas se o preço for baixo, somente o
preço já justificará o uso único, pois não compensará os investimentos em
treinamentos, equipamentos, equipes e supervisão. Para isto a instituição pode
estabelecer limites mínimos de custo e de consumo, no momento da escolha, pois
muitas vezes o reprocessamento pode sair mais caro do que a aquisição de um
produto novo.
Figura 1. Algoritmo para decisão inicial sobre o re processamento.
D E C IS Ã O IN IC IA L S O B R E O R E U S OC
OM
ITÊ
DE
RE
US
OA
LTA
AD
MIN
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O
DO
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SP
ITA
L
R e fo rm u le a co m p os içã o da
e q u ip e .
A tu a liz a r-se n o s c o nh e c im e n tos d as
le g is la çõ e s , no rm a tiz aç õ es
té cn ica s e lite ra tu ra .
F a ze r m a p e a m en to d o s p ro d u to s n ã o
p e rm a n e n tes p as s ív e is de p ro ce ssa m e n to
u t iliza d os n a in s titu iç ão , ju n to co m o s u su á rio s .
E s ta be le ce r C om itê c o m po s to po r
re p res en ta n te s d o s d ive rso s se to re s
e n vo lv ido s
S im S im
S imN ã o N ã o
N ã o
Im p la n ta r u so d e p e rm a n e n te s
In íc ioO h o sp ita l tem
C o m itê d e R e us o ?
C o m p os iç ã o d o co m itê e s tá ad e q ua d a ?
A e q u ip e d o m in a o s c o n h e c im e n to s re la c io n a d a s
a o re u s o ?
Im p la n ta r , co m us uá r ios o
d es ca rte ao s a r tig os d e U S O
Ú N IC O
P rod u to sn ão p e rm a n e n tes q u e
co n s ta m d a L is ta N e g a tiv a a tu a l?
S im
H á n o m e rca do p ro d u to s p e rm a n en te s
s im ila re s?
S im F im
F a ze r a n á lise d e cu s to -b e ne fíc io co m u su á r io s
N ã o
R e -n e g o c ia r p reç os co m fo rn e ce d o re s e re ve r
e s tra té g ia s de a q u is iç ã o p a ra o h o sp ita l
R e la çã o cu s to -be n e fíc io fa vo rá ve l ao
us o ú n ico ?
S imM a n te r us o
ú n ic o
H á m o tiv o s té cn ico s q u e jus tif iqu e m
us o ?
N ã o
S im
R e ve r té cn ica s e n vo lv id a s
F im
P ro to c o lo p a ra a n á lise e va lid a çã o d o re u so d o s
m a te r ia is
S imN ã o
H á n o m e rc ad o p rod u to s p e rm a n e n tes
s im ila re s?
N ã o
Im p la n ta r us o de p e rm a n en te s
F a ze r a n á lis e d e c us to -b e ne fíc io c o m us u á r ios
N ã o
S im
R e la çã o c us to -b en e fíc io fa v o rá ve l ao
re us o ?
Im p la n ta r , c om u su á rio s o
de s ca rte a o s a rt ig o s d e U S O
Ú N IC O
F im
F imN ã o
P ro d u to in d ica do p a ra p ro to co lo de a n á lis e e
va lid aç ão d o reu s o
31
5.1.2 Algoritmo para análise e validação do reuso
A partir do momento em que a comissão de reuso chega à conclusão de que é
viável o reprocessamento de MUU, será dado início à próxima etapa:
desenvolvimento de um protocolo direcionador (Figura 2). Deve-se abordar o
parecer dos usuários, da CCIH, da CME e da Alta administração hospitalar, com
análise dos riscos potenciais quanto à funcionalidade, à infecção em pacientes e
profissionais, aos processos e rotinas da CME e, por fim, a aprovação da alta
administração.
O usuário direto analisa os riscos potenciais do reuso quanto à funcionalidade do
produto, abrangendo aspectos como danos estéticos, perda da capacidade de corte
e perfuração, falhas em isolamentos, meios que favorecem a adesão de micro-
organismos e perda de funções que podem provocar riscos aos procedimentos
específicos do material. Estes e outros potenciais riscos apresentados, muitas
vezes, podem ser pré-avaliados após a primeira e a mais importante etapa do
reprocessamento, a limpeza. Pode-se reforçar que no material já reprocessado o
teste de sua funcionalidade é um dos critérios indispensáveis para auxiliar na
decisão da reutilização desses materiais, analisando o risco de um dano maior ao
cliente (PADOVEZE, 2003).
O estudo de Lucas, Souza e Ferreira (2009) mostra que, após o
reprocessamento dos MUU, as principais alterações de funcionalidade e integridade
são: ranhuras; fendas; depressões e furos microscópicos; opacidade e mudança de
coloração; dilatação de diâmetro dos lumens; aumento de rigidez, fragilidade e
enrugamento de cateteres; falhas no isolamento ou fuga de correntes em
componentes elétricos; e a perda da capacidade de corte e perfuração de lâminas.
Os autores salientam ainda que, quando se analisa a funcionalidade, há
necessidade de observar as alterações dos materiais, que estão correlacionadas ao
aumento do número de reprocessamentos.
Baffi (2001) reforça que, espera-se que a funcionalidade original do material
perca-se gradualmente, decorrente de vários reprocessos. Fazendo com a idade e o
uso repetitivo a deterioração das propriedades físicas, ópticas, mecânicas e
eletrônicas do material. Manter a qualidade original do fabricante torna-se difícil, em
vista que todo material há vida útil. Desta forma, determinar o número de vezes que
o material possa ser reutilizado fica interrogado.
32
Ao analisar a funcionalidade, levando em conta os riscos potenciais, a CCIH
deverá analisar os riscos potenciais de infecção, tanto para o paciente que receberá
o MUU, quanto para o profissional que executará o reprocesso (PADOVEZE;
GRAZIANO; LEICHSENRING, 2008).
Silvia et al. (2008), descrevem que “os riscos potenciais ao paciente podem ser:
presença de resíduos de matéria orgânica devido à dificuldade no processo de
limpeza em função da conformidade do artigo; quebra pelo uso repetido; danos à
matéria-prima causados pelos produtos e métodos empregados na limpeza,
esterilização ou desinfecção; articulações endurecidas e perda da qualidade de corte
podendo ocasionar uma série de iatrogenias”.
Já os riscos aos profissionais envolvidos, abrangem principalmente os agentes
físicos, químicos e biológicos. De modo geral estes riscos são básicos e inevitáveis
aos profissionais da CME. Porém podem ser citados como (SILVIA et al., 2008):
o Físicos - detectados sem envolver o corpo humano; ruídos, iluminação
e temperatura;
o Químicos - contato do corpo com substâncias, vapor, líquidos e
fumaça;
o Biológicos - micro-organismos que entram em contato com o corpo;
materiais com sangue.
A CME é responsável pela análise prévia do que pode ser realizado quanto à
limpeza frente aos processos e rotinas disponíveis do setor. Esta fase é a mais
crítica e importante do processo, devido reduzir a carga microbiana e sujidades
extremas, garantindo a efetividade da esterilização.
De acordo com CHA (1996), caso o material não possa ser desmontado, para ser
efetuada a limpeza, a secagem e a inspeção, recomenda-se desprezar este
material. Desta forma Silvia et al. (2008) recomendam que, antes de realizar as
etapas do reprocessamento, é necessário que a CME estabeleça e descreva todos
os passos do procedimento, a fim de garantir que o MUU esteja realmente limpo.
A CHA (1996) orienta também as recomendações básicas de limpeza para os
MUU, como: água morna ou fria (abaixo do 25ºC) para retirar resíduos mais grossos;
detergentes enzimáticos após a pré-lavagem para a completa remoção da matéria
orgânica; manter a água abaixo de 55ºC para não coagular proteínas nem inativar as
enzimas da solução; água destilada para enxágue; evitar soluções à base de cloro,
para não comprometer a estrutura do aço inoxidável ou do alumínio, devido o pH ser
33
corrosivo; verificar a compatibilidade do agente de limpeza com o material do MUU;
utilizar lavadora ultrassônica após a lavagem manual.
É importante salientar que os materiais e equipamentos utilizados para a
execução da etapa de limpeza, são escolhidos de acordo com a instituição e a
matéria-prima do material, pois o importante não é padronizar os recursos materiais,
mas sim garantir um MUU reprocessado de qualidade.
Outro aspecto a ser observado pela Central de Material é a relação entre os
custos do reprocesso. De acordo com ECRI (1997), reduz-se o custo final do
material a cada reuso, na mesma razão que pode ser elevado o risco do paciente
decorrente de sua utilização e o custo de seu atendimento.
Após as análises, documentam-se todas as informações e encaminha ao Comitê
de Reuso, para darem continuidade ao processo.
O Comitê de Reuso, por sua vez tem a responsabilidade de analisar os pareceres
do estudo de custo-benefício inicial e realizar uma análise mais concreta, dando seu
parecer.
Se a análise do custo-benefício não for aceitável, a medida a ser adotada é
implantar, com o usuário, o “USO ÚNICO” do material, respeitando seu descarte
após o único uso. Mas caso seja aceitável o risco benefício, deve-se dar
continuidade ao protocolo e passar para a fase de validação de cada etapa do
processo.
A CME mais uma vez é responsável por mais uma etapa importante ao processo,
de validação do processo de limpeza.
Ribeiro (2008), afirma em seu estudo que o processo de limpeza interfere
diretamente na qualidade da desinfecção ou esterilização, desta forma sendo de
total relevância a validação desta etapa.
“Os testes de eficácia da limpeza são realizados após o
reprocessamento para verificar a habilidade do processo de
limpeza em remover ou reduzir um nível aceitável de sujidade
orgânica e contaminação microbiana que ocorre durante o uso
de artigos reutilizáveis” (RIBEIRO, 2008).
O nível de inspeção e sua funcionalidade dependem da complexidade do
material. Esta inspeção pode ser realizada através de uma checagem visual simples
“olho nu” ou por microscopia “lente de aumento”, identificando facilmente danos e
degradações, sendo um processo aceitável de validar a limpeza. Se os resultados
34
forem aceitos pelo comitê de reuso e os procedimentos de limpeza não forem
alterados em nenhuma etapa, o reprocessamento fica validado (CHA, 1996).
Já os testes mais complexos para se avaliar o desempenho da integridade física
e funcionalidade do material reprocessado são os mais indicados, que podem ser
realizados através da engenharia biomédica, caso o hospital tenha condições de
fazê-lo (ECRI, 1997).
Caso o protocolo de limpeza não seja validado, o comitê de reuso deverá
implantar junto ao usuário, o USO ÚNICO do material. Mas se for validado, o comitê
deverá solicitar ao usuário critérios de avaliação da integridade e funcionalidade a
serem observados no processamento.
Após o comitê solicitar a avaliação da integridade e funcionalidade, o usuário
deverá orientar sobre estes critérios, para que o comitê desenvolva sistemáticas de
análise da funcionalidade, critérios de descarte, de rastreabilidade e de controle do
número de usos do produto.
Com todos estes dados desenvolvidos a CCIH, desenvolve sistemáticas de
acompanhamento dos pacientes que utilizarem o produto reusado.
A CME tem a responsabilidade de definir o processo de esterilização mais
adequado ao produto. Após definir e realizar o processo de esterilização em
algumas amostras, estas são analisadas frente danos ocorridos aos MUU
decorrentes da esterilização. A Central de Material deve encaminhar ao comitê de
reuso as amostras dos MUU já esterilizados.
O comitê por sua vez, define as análises de validação necessárias, como os
testes de esterilidade, teste de resíduos de ETO, teste de pirógenos entre outros.
Nesta parte do processo, se aplica a questão mais fidedigna do controle de
qualidade, pois se define o laboratório que realizará as análises de validação e os
números de amostras necessárias para serem analisadas.
Ao comitê receber os resultados das análises de validação, deve ser realizada
uma avaliação completa dos resultados e do protocolo. Repetir as análises e corrigir
o protocolo, caso seja necessário.
Após isto, se o protocolo e os resultados estiverem adequados, o comitê
documenta todas as informações e encaminha para a alta administração poder
deliberar. Caso o protocolo e resultados não estejam conformes, o comitê implanta
junto aos usuários o USO ÚNICO dos materiais.
35
A alta administração da instituição, ao receber a documentação, realiza uma
análise do processo de validação, do protocolo detalhado para o reuso e, desta
forma, confronta-o com as repercussões institucionais deste procedimento, podendo
assim ser aprovado ou não.
Caso seja reprovado, o comitê de reuso, junto aos usuários implanta o USO
ÚNICO do material. E caso seja aprovado, a administração define a implantação do
protocolo de reuso de MUU e encaminha para o comitê de reuso.
O comitê por sua vez, implanta junto aos usuários e os serviços envolvidos o
protocolo de reuso de MUU na instituição.
36
Figura 2. Algoritmo para análise e validação do reu so
P R O T O C O L O D E A N Á L IS E E V A L ID A Ç Ã O D O R E U S OA
LTA
AD
MIN
IST
RA
-
ÇÃ
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HO
SP
ITA
L
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MIT
Ê D
E R
EU
SO
D o c u m e n ta r e
e n c a m in h a r p a ra C o m itê
d e R e u s o
P ro d u to in d ic a d o p a ra p ro to c o lo d e a n á lis e e
v a l id a ç ã o d o re u s o
A n a lis a r o s r is c o s
p o te n c ia is d o re u s o q u a n to à
in fe c ç ã o e m p a c ie n te s e
p ro f is s io n a is
In íc io
A n a lis a r o s r is c o s
p o te n c ia is d o re u s o q u a n to à fu n c io n a l id a d e
A n a l is a r p a re c e re s e s tu d o d e c u s to -b e n e fíc io in ic ia l ,
A n á l is e p ré v ia d o s c u s to s d o
p ro c e s s a m e n to
A n á lis e p ré v ia d a v ia b i lid a d e
d e lim p e z a , p e lo s
p ro c e s s o s e ro t in a s
h a b itu a is d a C M E
A n á lis e d e r is c o -b e n e f íc io a c e itá v e l?
O r ie n ta r s o b re o s c r ité r io s d e a v a l ia ç ã o d a in te g r id a d e
e fu n c io n a l id a d e a s e re m o b s e rv a d o s n o p ro c e s s a m e n to
S o l ic i ta r p a re c e r d o u s u á r io , C C IH e C M E
D o c u m e n ta r e
e n c a m in h a r p a ra C o m itê
d e R e u s o
D o c u m e n ta r e
e n c a m in h a r p a ra C o m itê
d e R e u s o
D a r c o n t in u id a d e a o p ro to c o lo
N ã o
S im
D e s e n v o lv e r s is te m á t ic a d e
a c o m p a n h a m e n to d o s p a c ie n te s q u e u ti liz a re m
o p ro d u to re u s a d o
V a l id a r p ro c e s s o d e l im p e z a :ϕ E ta p a s e m é to d o s ;ϕ In s p e ç ã o v is u a l c o m
le n te d e a u m e n to ;ϕ T e s te s q u ím ic o s
P ro to c o lo d e lim p e z a v a lid a d o ?
S o l ic ita r a o u s u á r io c r i té r io s d e a v a l ia ç ã o d a in te g r id a d e
e fu n c io n a lid a d e a s e re m o b s e rv a d o s n o p ro c e s s a m e n to
S im
N ã o
D e f in ir p ro c e s s o d e e s te r i liz a ç ã o a d e q u a d o
a o p ro d u to
E n c a m in h a r a m o s tra s
e s te r il iz a d a s p a ra C o m itê d e R e u s o
D e f in ir a n á lis e s d e v a lid a ç ã o n e c e s s á r ia s :ϕ T e s te d e e s te r i l id a d eϕ T e s te d e re s íd u o s d e
E T O ;ϕ T e s te d e p iró g e n o sϕ O u tro s
D e fin ir :ϕ L a b o ra tó r io p a ra
re a l iz a r a s a n á l is e s d e v a lid a ç ã o
ϕ N ú m e ro d e a m o s tra s a s e re m a n a l is a d a s
E n c a m in h a r p a ra a n á lis e s
A n a l is a r re s u lta d o s e
p ro to c o lo
D e s e n v o lv e r s is te m á t ic a d e a n á lis e
d a fu n c io n a lid a d e , c r i té r io s d e d e s c a r te , d e
ra s tre a b il id a d e e c o n t ro le d o n ú m e ro d e
u s o s d o p ro d u to
Im p la n ta r , c o m u s u á r io s o U S O
Ú N IC O d o p ro d u to
C o m itê d e R e u s oIm p la n ta r , c o m
u s u á r io s o U S O Ú N IC O d o p ro d u to
A n a l is a r d a n o s a o m a te r ia l p e la e s te r i liz a ç ã o
P ro to c o lo e re s u lta d o s
c o n fo rm e s ?
R e p e t ir a n á l is e s e
c o rr ig ir p ro to c o lo s e n e c e s s á r io
D o c u m e n ta r e n v ia r p a ra a d m in is t ra ç ã o
a u to r iz a r
S im
A n a l is a r p ro c e s s o d e v a l id a ç ã o , p ro to c o lo
p ro p o s to p a ra o re u s o e c o n f ro n ta r c o m
re p e rc u s s õ e s in s t itu c io n a is
A p ro v a d o re u s o ?
D e f in ir im p la n ta ç ã o d o p ro to c o lo d e re u s oD e fin ir u s o ú n ic o d o
p ro d u to
C o m itê d e R e u s oIm p la n ta r , c o m
u s u á r io s o U S O Ú N IC O d o p ro d u to
N ã o
S im
Im p la n ta r , c o m u s u á r io s e s e rv iç o s
e n v o lv id o s o p ro to c o lo d e re u s o
N ã o
37
6 CONCLUSÃO
De acordo com a literatura analisada, é possível concluir que um algoritmo
direcionador para a tomada de decisão do profissional ao reuso de material de uso
único, é de grande importância. Consiste em ferramenta para garantia da efetividade
e da segurança do reprocessamento de materiais hospitalares de uso único.
Assim como é permitida no Brasil, a reutilização de materiais de uso único,
mediante a implantação de protocolos de toda a rotina realizada, fica frisada que
somente seguir os passos apresentados nos algoritmos não garante que o processo
estabelecido na instituição esteja favorável, pois, antes de tudo, cada serviço de
saúde deverá adaptar o algoritmo conforme sua realidade. Desta forma, a base
técnica-científica é de extrema importância, assim como o cumprimento da
legislação vigente, considerando as mudanças no âmbito dos procedimentos
recomendados, tecnologia dos produtos para a saúde e normas sanitárias.
Consequentemente, o questionamento sobre um único algoritmo direcionador
para a tomada de decisão ao reuso seguro de material de uso único, aplicado a
todas as situações, terá como resposta um não. É evidente que não há um único
algoritmo, mas pode haver um que trará subsídios para a construção de outros
algoritmos direcionadores em cada instituição. A reflexão sobre as etapas do
processo e as medidas de controle, culminando na construção do algoritmo
institucional poderão tornar o reuso de MUU mais qualificado e eficaz.
É possível, com este estudo, chegar à conclusão de que, caso não haja no
mercado produtos permanentes similares para a substituição dos MUU, é de
extrema importância realizar uma análise de custo-benefício. No entanto, havendo
relação favorável, é aconselhável manter o uso único. Mesmo que o custo do
material esteja elevado, se não houver condições seguras para seu reprocesso,
deve-se manter o uso único. Mas se o custo for baixo, isto já justificará o uso único.
Desta forma, fica evidente com este estudo que, antes de realizar as etapas do
reprocessamento de um MUU, é necessário que a CME estabeleça e descreva
todos os passos do procedimento, a fim de garantir que o MUU esteja realmente em
condições de reuso. Para isto, este algoritmo pode ser uma diretriz inicial à
instituição quando se cogita em reprocessar um material de uso único.
38
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A validação da proposta do algoritmo direcionador para a tomada de decisão do
Enfermeiro ao reuso de material de uso único, não foi realizada neste estudo. Esta
validação envolveria um novo estudo com objetivos e metodologia diferenciados, em
campo, com cronograma e financiamento a serem realinhados, necessários para
poder avaliar todos os parâmetros do processo, junto a profissionais competentes e
qualificados. Desta forma, fica desenhada a oportunidade de ampliação da presente
pesquisa.
39
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40
______. Ministério da Saúde. Consulta Pública nº 17, de 19 de março de 2004. Relaciona produtos médicos de uso único, dispõe sobre o reprocessamento do grupo de produtos médico-hospitalares que especifica e dá providências correlatas. D.O.U. - Diário Oficial da União ; Poder Executivo, Brasília, DF, 22 mar. 2004. Disponível em: <http://www4.anvisa.gov.br/base/visadoc/CP/CP[6781-1-0].PDF>. Acesso em: 05 mar. 2010. ______. Ministério da Saúde. Resolução RDC nº 156, de 11 de agosto de 2006. Dispõe sobre o registro, rotulagem e re-processamento de produtos médicos, e dá outras providências. D.O.U. - Diário Oficial da União ; Poder Executivo, Brasília, DF, 14 ago. 2006. Disponível em: <http://e-legis.bvs.br/leisref/public/showAct.php ?mode=PRINT_VERSION&id=23594>. Acesso em: 05 mar. 2010. ______. Ministério da Saúde. Resolução RDC nº 30, de 15 de fevereiro de 2006. Dispõe sobre o registro, rotulagem e re-processamento de produtos médicos, e dá outras providências. D.O.U. - Diário Oficial da União ; Poder Executivo, Brasília, DF, 16 fev. 2006. Disponível em: <http://e-legis.bvs.br/leisref/public/showAct.php ?mode=PRINT_VERSION&id=20926>. Acesso em: 05 mar. 2010. ______. Ministério da Saúde. Resolução Específica RE nº 515, de 15 de fevereiro de 2006. Estabelece a lista de produtos médicos enquadrados como de uso único proibidos de serem reprocessados. D.O.U. - Diário Oficial da União ; Poder Executivo, Brasília, DF, 16 fev. 2006. Disponível em: <http://e-legis.bvs.br/leisref/ public/showAct.php?mode=PRINT_VERSION&id=20994>. Acesso em: 05 mar. 2010. ______. Ministério da Saúde. Resolução Específica RE nº2605, de 11 de agosto de 2006. Estabelece a lista de produtos médicos enquadrados como de uso único proibidos de ser reprocessados. D.O.U. - Diário Oficial da União ; Poder Executivo, Brasília, DF, 14 ago. 2006. Disponível em: <http://e-legis.anvisa.gov.br/leisref/public/showAct.php?mode=PRINT_VERSION&id=23407>. Acesso em: 05 mar. 2010. ______. Ministério da Saúde. Resolução Específica RE nº2606, de 11 de agosto de 2006. Dispõe sobre as diretrizes para elaboração, validação e implantação de protocolos de reprocessamento de produtos médicos e dá outras providências. D.O.U. - Diário Oficial da União ; Poder Executivo, Brasília, DF, 14 ago. 2006. Disponível em: < http://e-legis.bvs.br/leisref/public/showAct.php?mode=PRINT_VE RSION&id=23598>. Acesso em: 05 mar. 2010. ______. Ministério da Saúde. Resolução RDC nº 33, de 16 de agosto de 2010. Dispõe sobre a proibição de registro de novos produtos saneantes na categoria "esterilizantes" para aplicação sob a forma de imersão, a adequação dos produtos esterilizantes e desinfetantes hospitalares para artigos semicríticos já registrados na
41
ANVISA e dá outras providências. D.O.U. - Diário Oficial da União ; Poder Executivo, Brasília, DF, 18 ago. 2010. Disponível em: < http://www.brasilsus.com.br/legislacoes/rdc/105104-33.html>. Acesso em: 15 mai. 2010. CALICCHIO, L. G.; LARANJEIRA, P. R. Controle da esterilização: monitoramento e validação do processo. In: Padoveze, M. C., Graziano, K. U. Limpeza, desinfecção e esterilização de artigos em serviços de saúde. 1.ed. São Paulo: APECIH- Associação Paulista de Estudos e Controle de Infecção Hospitalar, 2010. cap. 8, p. 193-218. CANADIAN HEALTHCARE ASSOCIATION (CHA). The reuse of single-use medicals devices: guidelines for healthcare facilit ies . Otawa: CHA, 1996. 149f. COHOON, B. D. Reprocessing of single-use devices. AORN Journal , Denver, v.75, n.3, p.557-567, Mar. 2002. DENSER, C. P. A. C. Reprocessamento e reutilização de material odonto-médico-hospitalar de uso único: busca de evidências pela revisão sistemática de literatura científica. 187f. Dissertação (Mestrado)- Escola de Enfermagem, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2004. DUNN, D. Reprocessing single-use devices: the ethical dilemma. AORN Journal , Denver, v.75, n.5, p.989-1004, May. 2002. Emergency Care Research Institute (ECRI). Special report: reuse of single-use medical devices: making informed decisions. Plymouth Meeting, USA: Butler Pike; 1997. FARRER, H. et al. Programação estruturada de computadores: Algoritmos estruturados. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1989. 259p. GRAZIANO, K. U. Processos de limpeza, desinfecção e esterilização de artigos odonto-médico-hospitalares e cuidados com o ambiente de centro cirurgico. In: LACERDA, R. A. Controle de infecção em Centro Cirúrgico: fatos, mi tos e controvérsias . São Paulo: Atheneu, 2003. cap.11, p.163-195. GRAZIANO, K. U. Métodos muímicos de esterilização por imersão. In: Padoveze MC, Graziano, K. U. Limpeza, desinfecção e esterilização de artigos em serviços de saúde. São Paulo: APECIH- Associação Paulista de Estudos e Controle de Infecção Hospitalar, 2010. cap. 7, p.182-192.
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44
GLOSSÁRIO Desinfecção: processo de eliminação de micro-organismos presentes em
superfícies e materiais, em que há morte de vírus e bactérias vegetativas e não
destruição de esporos (RUTALA; WEBER, 2008).
Esterilização: processo de destruição de todas as formas de vida microbiana.
Realizada por meio de processos físicos ou químicos e aplica-se a objetos
inanimados (RUTALA; WEBER, 2008).
Limpeza: remoção da sujidade visível por processo manual ou mecânico, utilizando-
se detergentes e água, com a finalidade de remover a matéria orgânica e reduzir a
carga microbiana dos materiais (RIBEIRO, 2010).
Materiais médico-hospitalares de uso único: produtos que, após o uso, perdem
suas características originais ou que, em função de outros riscos reais ou potenciais
à saúde do usuário, não devem ser reutilizados (BRASIL, 1986a).
Materiais não críticos: são todos aqueles que entram em contato apenas com pele
íntegra e ainda os que não entram em contato direto com a pele do paciente
(RUTALA; WEBER, 2008).
Materiais semicríticos: são todos aqueles que entram em contato com mucosa e
pele íntegra, capazes de impedir a invasão dos tecidos subepiteliais (RUTALA;
WEBER, 2008).
45
Materiais críticos: são todos aqueles que entram em contato com o tecido
subepitelial, sangue e cavidades (RUTALA; WEBER, 2008).
Reesterilização: processo de esterilização de materiais já esterilizados que não
foram utilizados, em razão do vencimento do prazo de validade da esterilização ou
de outra situação na qual não haja segurança quanto ao processo ou resultados da
esterilização anterior (BRASIL, 2001).
Reprocessamento: processo a ser aplicado a materiais médico-hospitalares para
permitir sua reutilização, inclui limpeza, desinfecção, esterilização, preparo,
embalagem, rotulagem e controle de qualidade (BRASIL, 2001).
Reuso: processo a ser aplicado a materiais médico-hospitalares de uso único já
utilizado para uso em outro paciente, que inclui limpeza, desinfecção, preparo,
embalagem, rotulagem, esterilização, testes biológicos e químicos, análise residual
do agente esterilizante conforme legislação vigente, de integridade física de
amostras e controle de qualidade de um material aberto e não utilizado (BRASIL,
2004).
46