Danos colaterais da (des)humanização ou a criação do homem biónicoAs “perdas” da Psicanálise?
Raquel A. V. Félix – Psicóloga Clínica - [email protected]• Sociedade Portuguesa de Psicanálise
• XXIV Colóquio Psicanálise na Era Global
“Contra o temível mundo externo, só podemos defender-
nos por algum tipo de afastamento dele, se
pretendermos solucionar a tarefa por nós mesmos”.
Freud – O mal estar da civilização
“Contra o temível mundo INTERNO, só podemos defender-
nos por algum tipo de afastamento dele, se
pretendermos solucionar a tarefa SEM nós mesmos”
(bio)Freud – O bem estar da civilização
(im)
Positivismo?
Procura no
externo?
Mais corpo
Menos alma?
Projecto do
“corpo”
trágico/
subjectico
vs
Projecto do
corpo biónico/
objectivo
O homem biónico/ o “ser” desumanizado
Sou a perfeição física, sem dor, sem sofrimento, sem
sentido, sem tempo, sem sonho, cada vez mais produtivo,
mais eficiente, eficaz, mais feliz, positivo, rápido. Eu
sou o homem biónico, o ideal de perfeição (des)humanizante!
O homem trágico/ o “ser” humano
Sou o homem trágico, subjectivo que se apercebe do porquê
da criação do homem biónico, bidimensional. O ser humano, a
dado momento, deixou de suportar as suas próprias
negatividades, dores, imperfeições, perdas. O homem biónico
é uma aparente perfeição!
A Psicanálise, ciência do conhecimento do homem trágico,
humano (nem só dentro, nem só fora), da elaboração do
sentir, da relação, da humanização, questiona-(se), para
que este homem não seja apenas um “homem sem qualidades” ou
um homem de quantidades aliado a um tecnomorfismo ampliado.
Nova economia
psíquica ou novas
vicissitudes da
“alma” que se
exprimem de uma
forma que
ainda não
compreendemos?
Esvaziamento da interioridade, “construção” ou falsa
elaboração assente no externo. A tecnologia como meio de
extensão virtual do corpo humano.
Um Narciso que cria o seu próprio reflexo, que o torna real
numa lógica literal de “ama o teu próximo como a ti mesmo”
ou de um Deus de próteses sem alma.
Assegurar o lado humano...
“…o perigo está em modificar o significado de “ser” humano…”Prof. George Annas – Bioética e Direitos Humanos/ U. Boston